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Destarte, Literatura.
Carregada das mais diversas antíteses, nemesis, realidades, denúncias,
ideologias, questionamentos, transformações; carregada de visões, “coisificações” e
“descoisificações” do mundo. Carregada de reflexos históricos, sociais e políticos.
O crítico literário, sociólogo e professor brasileiro Antonio Candido define três
de suas faces: “(1) ela é uma construção de objetos autônomos como estrutura e
significado; (2) ela é uma forma de expressão, isto é, manifesta emoções e a visão do
mundo dos indivíduos e dos grupos; (3) ela é uma forma de conhecimento, inclusive
como incorporação difusa e inconsciente.”, as quais atuam interagindo entre si. Pode-se
associar tais faces a um modelo construtivo de realidade na medida em que são capazes
de fragmentar estruturas e abrir um caminho de possibilidades para reinventá-las.
Manoel de Barros, em um de seus poemas, não deixou de tentar fotografar o
silêncio, ainda que tenha reconhecido a dificuldade para tanto. A literatura na história
brasileira foi capturada em dois períodos: a literatura de um passado colonial e a
literatura de uma era nacional. A primeiro caracterizada por um retrato de molduras
estrangeiras, basicamente de caráter utilitário e a segunda construída a partir de 1836
reverberando o caráter nacionalista após a independência do Brasil em 1822. Reflete-se
uma nova sociedade, na qual o escritor reconhece um novo papel:
Destarte, Literatura.
CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. 4ª ed. São Paulo/Rio de
Janeiro: Duas Cidades/Ouro sobre Azul, 2004, p. 169-191.