Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
faces e materialidades, que acontecem em muitos ção nas clinicas. Portanto, a partir disso, sugere-se
lugares diferentes” (p.28). que a Psicologia, enquanto um campo, possui a
área Clínica ainda como representante de sua ca-
mada central, caracterizando-se por um movimento
3.3 Participantes ortodoxo. Sendo assim, o “Trabalho”, mesmo em
Foram entrevistados quatro estudantes que cursa- relação à Psicologia Organizacional, ocupa uma
vam o último ano de psicologia de duas instituições posição mais marginal do campo. Dessa forma,
de ensino universitário no período da realização das podemos inferir que esses estudantes vislumbram a
entrevistas. área organizacional apenas como uma oportunidade
para entrarem no mercado de trabalho e consegui-
rem apoio financeiro para fazerem o que realmente
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO desejam, possuindo uma aspiração de ordem se-
Essa análise tem como finalidade procurar identificar cundária no que se trata de construir uma carreira
nas falas dos entrevistados como eles entendem a no âmbito do trabalho.
atuação da Psicologia no mundo do trabalho. Para
tanto, foram destacadas as seguintes categorias de 4.2 Psicologia no trabalho: a visão ortodoxa da
analise: (1) Psicologia organizacional: um “mal ne- neutralidade e da conciliação entre saúde e pro-
cessário”?; (2) Psicologia no trabalho: a visão orto- dução
doxa da neutralidade e da conciliação entre saúde e
produção; (3) Psicologia no trabalho = Psicologia Geraldo, que tem vivência mais longa de estágio em
organizacional?; (4) A formação universitária é uma empresa, parece reproduzir o discurso atual da Psi-
reprodutora das posições dominantes no campo? A cologia Organizacional. Ele defende que o psicólogo
partir desses tópicos, procuraremos abordar os prin- tem a função de prevenir e solucionar problemas
cipais resultados deste estudo e finalizamos com dentro do âmbito organizacional. Entre as atividades
perspectivas para futuras pesquisas. previstas para esse profissional, ele inclui “tentar
mostrar para a empresa como suprir a sua deman-
da”, “observar os problemas e propor intervenções
4.1 A Psicologia organizacional: um “mal neces- com foco na saúde das pessoas...”, uma vez que “se
sário”? o colaborador está bem, ele produz mais, rende
O participante Geraldo, ao ser indagado sobre o que mais”. Geraldo também descreveu o psicólogo nas
fazer dentro da psicologia após finalizar a graduação, empresas como o profissional que fará a seleção,
defende a atuação em uma empresa de consultoria, bem como auxiliar na solução de questões da ges-
na qual ele já trabalha atualmente, em prol da aber- tão, por meio da aplicação de testes e organização
tura de uma clinica particular posteriormente, que é o de treinamentos.
que ele realmente deseja. Assim, alega que esse é o Interessante observar que sua fala se afina com o
caminho possível para realizar seus planos. que era preconizado na época da entrada da Psico-
Carlos, outro entrevistado, apresenta um posiciona- logia no mundo do trabalho por Münstenberg ou
mento semelhante, falando do respaldo que a atua- Mayo. Além disso, também faz referência ao papel
ção em empresas parece oferecer: estratégico desse profissional nas demandas da
gerência. Desse modo, ele demonstra certa afinida-
Eu estou querendo experiência. Seja de com a afirmação de Goulart (1998) de que essas
em escola, empresas, conhecer pesso- atividades que vão além da mera execução de tare-
as, contato, ver o que as pessoas estão fas se apresentam como uma tendência crescente.
fazendo mesmo. Gosto da clínica, mas
penso que o trabalho em uma empresa Raul, outro participante, diz que há pessoas de seu
é uma coisa mais fixa, até pra poder fa- circulo de amizades que trabalham em empresas e
zer um investimento em uma sala de- que não se sentem “psicólogos”, por conta de uma
pois ou até me especializar nesta área suposta falta de especificidade dessa ciência na
mesmo... área, perdendo espaço ou assumindo compromissos
muito semelhantes aos de outros profissionais, ci-
É importante destacar também que, de forma geral, tando, por exemplo, a Administração de Empresas.
as falas dos entrevistados mostram que a atuação
na área do trabalho, para eles, se dá secundaria- Observa-se aqui uma dada compreensão dos estu-
mente, servindo apenas como suporte para a atua- dantes, citados por Raul, acerca do fazer psicológico
e do papel da Psicologia nas empresas, aproximan-
Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0423
24 e 25 de setembro de 2013
do-se novamente da afirmação de Goulart (1998). tistas, que procuram atribuir ao trabalhador um sta-
Em adição, esse estudante também fala que, muitas tus mais ativo, relativo à “responsabilidade de todos”
vezes, a empresa exige demasiadamente do funcio- na produção e, consequentemente, no atendimento
nário adoecendo-o e que, sendo assim, a psicologia dos interesses do capital (Antunes,1995); E apesar
tem de atuar nesse momento. Porém isso pode es- de não parecer ser a tônica da atuação para esses
barrar na demanda por produção e então, os psicó- estudantes, cabe ao psicólogo assumir um papel
logos acabam sendo relegados a apenas os clássi- relativo a elaboração das estratégias de gestão
cos treinamentos e seleções, sem possuírem espa- (Goulart, 1998).
ço para maiores questionamentos. Nota-se mais Tendo entendido as concepções dos entrevistados
uma vez que o Psicólogo acaba sendo visto como o sobre as atividades da Psicologia nas empresas
tradicional “selecionador” e “treinador”. chega o momento de falarmos sobre a relação dada
Carlos, por sua vez, fala do Psicólogo enquanto um entre empregadores e trabalhadores. Sendo assim,
profissional que pode conscientizar os funcionários é relevante mencionar que de acordo com a pers-
acerca do processo de produção. No entanto, a ideia pectiva adotada nessa pesquisa – a Psicologia So-
de ‘conscientização’ do trabalhador que ele apresen- cial do Trabalho – os interesses dos trabalhadores e
ta não diz respeito à sua relação com o empregador, da gerência são diferentes, antagônicos e, que, por-
mas a dos preceitos gerenciais, buscando garantir a tanto, as ciências, inclusive a Psicologia, não são
qualidade do produto e também da produção. neutras, mas assumem uma posição em prol de um
Carlos também indica como foi sua vivência em um desses dois grupos. E, como discorrido na introdu-
estágio em uma multinacional. Observa-se que ali ção, hegemonicamente, em sua história, a Psicolo-
foram reproduzidas atividades mais tradicionais da gia esteve a serviço dos interesses elitistas.
Psicologia organizacional com o intuito de melhorar Agora ressaltaremos, com falas dos agentes, ele-
a motivação dos trabalhadores e seu compromisso mentos que demonstrem seu posicionamento sobre
com os interesses da empresa. isso. Geraldo, por exemplo, falando sobre a Psicolo-
Mariana, outra entrevistada descreve o trabalho do gia nas empresas, acredita que o Psicólogo pode
psicólogo em uma empresa da seguinte maneira: desenvolver ações que “podem consertam os pro-
blemas da empresa” e que acabam afetando “positi-
Acho que o profissional tem que saber vamente a todos”. Essa afirmação parece evidenciar
da história da empresa. Dos valores, do que, em sua opinião, há a possibilidade de neutrali-
tamanho, da demanda, missão, hierar- dade na atuação do (a) psicólogo (a), desconside-
quia, produto. Mas a empresa, por outro rando os conflitos de interesses entre o capital e o
lado, muitas vezes vai querer que a trabalho.
gente faça uma seleção, identifique
pontos que estejam atrapalhando... dar Carlos se assemelha bastante ao entrevistado ante-
uma atuação até um pouco mais ‘clini- rior, uma vez que em sua entrevista ele parece des-
ca’ mesmo... conhecer ou, ao menos desconsiderar, essa discus-
são sobre o antagonismo de interesses. Ele comen-
É importante ressaltar que a “seleção” e a “identifi- ta sobre “levar em consideração o bem estar do
cação de pontos que estejam atrapalhando” voltam funcionário” ou “lidar com um chefe tirânico”, “mos-
a ser ditas na entrevista, evidenciando as semelhan- trar como isso é bom para a empresa e para o fun-
ças no entendimento dessa participante com os cionário” como pudemos ver em suas falas anterio-
demais. res, explicitadas nesse mesmo tópico. Esse discurso
Pode-se considerar, a princípio, que as práticas inclui, ainda, o foco na produção, no “fazer de modo
psicológicas exemplificadas nas entrevistas caracte- mais eficiente” evidenciando a tendência assumida
rizam o campo da psicologia que se vincula às in- pela Psicologia e, portanto, evidenciando que cai por
dústrias desde o século XIX. Isto é, o trabalho com terra a sua suposta neutralidade.
seleção de pessoal, vinda desde o advento do taylo- Raul parece aproximar-se do discurso da Psicologia
rismo (Pinto, 2010); A motivação e o gerenciamento Organizacional. Como também pudemos ver anteri-
de conflitos que passaram a ser estudados e mais ormente, ele criticou o funcionamento empresarial,
levados em consideração desde 1920 com Elton defendendo que o lucro é, muitas vezes, o principal
Mayo; A tese de “colaboração” entre os diferentes objetivo das empresas em detrimento do bem-estar
polos da empresa, em prol do bem estar e do su- do trabalhador. Porém, conclui que o que se pode
cesso no trabalho (Huczynski, 1993); As ideias toyo- fazer em relação a isso é mostrar que, na medida
Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0423
24 e 25 de setembro de 2013
em que se “aumenta muito o stress, o rendimento instituição quer que o profissional atue
acaba caindo também...” e que, então, “Temos que e o posicionamento dele mesmo nessas
achar um ponto de equilíbrio...Porque se a gente questões...
busca garantir o bem-estar do trabalhador, ele rende Percebe-se então que há, de maneiras diferentes, a
mais e fica melhor também...”. aproximação de todos esses agentes, ao discurso
Mariana, em relação a isso, aparentemente, identifi- conciliatório da Psicologia Organizacional, no qual
ca os conflitos de interesse entre a empresa e os considera-se possível a conciliação de interesses
trabalhadores e como o psicólogo acaba servindo ao dos trabalhadores e do capital e na Psicologia então,
primeiro: a neutralidade.
Mas eu tenho um pouco de preconceito
com a atuação em uma empresa. Por- 4.3 Psicologia no trabalho = Psicologia organiza-
que parece que, muitas vezes, a em- cional?
presa vai olhar para o funcionário e o
transformar em função dos objetivos Nas entrevistas, também foi possível notar que, ao
dela mesma. Não vai olhar para o fun- serem indagados da seguinte forma: “o que você
cionário como alguém que é mais do pensa sobre a atuação da Psicologia no campo do
que um empregado, alguém que é pai, trabalho? Como você entende esta atuação?”, al-
irmão, filho, não leva em considerações guns estudantes, em um primeiro momento já apro-
os interesses do funcionário... Entende? ximavam ou mesmo reduziam a “atuação da Psico-
Vai passar por cima disso, por causa da logia no campo do trabalho” com a presença desses
produtividade. E a gente sabe que mui- profissionais nas empresas.
tas vezes as pessoas não têm muita Carlos, por exemplo, ao ouvir esta questão, respon-
escolha sobre onde ir trabalhar, tem deu prontamente:
muita gente que não tem condição, tem Isto é algo muito interessante. Porque
que ir onde dá mesmo e não tem con- tem relação direta com o meu estágio.
versa. E acho que a gente tem que Pude ver o que penso que tem a psico-
compreender a pessoa que ta ali traba- logia em vários assuntos, quanto à mo-
lhando como um ser humano... Mas eu tivação, relações entre as pessoas, pre-
acho que a realidade de hoje é que paro e treinamento pras funções desig-
sempre há uma segunda intenção, ten- nadas e também que existem certas
tando fazer com que o funcionário pro- funções que carregam uma responsabi-
duza mais...uma visão individualista das lidade muito grande e que as pessoas
pessoas. Meio descontextualizado, cul- não enxergam. Nós podemos atuar nas
pabilizando as pessoas, dizendo que a contratações, análise de cargo, “clima”...
natureza do ser humano é ruim e não é
bem assim. Como pode ser visto, em sua discussão, Carlos rela-
ta a importância de suas oportunidades na gradua-
Apesar dessa fala aparentemente crítica, Mariana ção para a formação de sua opinião sobre o tema.
parece passar por um processo semelhante ao de Há então, uma redução e/ou uma ligação direta entre
Raul. Ela apresenta teses que ainda se aproximam, a Psicologia no campo do trabalho e as empresas,
algumas vezes, da psicologia organizacional. Nota- além das atividades e concepções dadas como orto-
se isso, por exemplo, quando, ao discorrer sobre o doxas dessa atuação, desconhecendo enfoques que
que fazer em relação a este quadro, defende uma diferem dessa lógica. Torna-se, de certo modo, evi-
atuação conciliatória, isto é, considera a possibilida- dente a ação das camadas centrais desse campo em
de da junção de interesses e o papel neutro do psi- prol de sua perpetuação.
cólogo. Como se vê a diante:
Tentaria ver de que forma o trabalho
pode ficar menos penoso ao trabalha- 4.4 A formação universitária é uma reprodutora
dor e ao mesmo tempo, de que forma a das posições dominantes no campo?
empresa poderia dar um respaldo para Uma vez discutidos todos estes temas, levanta-se a
ele, tentando ver porque que aquilo es- seguinte questão: qual é o papel da formação uni-
tá sendo tão penoso... Tem que existir versitária no desenvolvimento desses entendimen-
um casamento entre a forma como a tos? Para tentar responder, traremos algumas consi-
Anais do XVIII Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178
Anais do III Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0423
24 e 25 de setembro de 2013
derações. Bourdieu (1975 apud Stival e Fortunato [5] Hammersley, M. e Atkinson, P. (2001) Etnografía:
s/d) argumenta que a escola, de forma geral, vem métodos de investigación. Barcelona: Paidós.
assumindo, historicamente, o papel de fomentar a
[6] Huczyski, A. (1993) Management gurus. London:
ideologia dominante, legitimando o status quo, uma
Routledge.
vez que cada camada dos campos possui sua cultu-
ra, ou seja, seus modos de falar, seus valores, suas [7] Oliveira, V. M., Martins, M. F., Vasconcelos, A. C.
expectativas e a escola, enquanto reprodutora da F. (2012). Entrevistas “em profundidade” na pesquisa
ortodoxia, fomenta, impõe esse modo de ser, na qualitativa em administração: pistas teóricas e meto-
medida em que treina e prepara indivíduos para ati- dológicas. UFCG. Simpoi. Campina Grande: PB.
vidades que interessam às camadas dominantes, ao
invés de sujeitos críticos, para tal ação se dá o nome [8] Oliveira, F. (2007) Os sentidos do cooperativismo
de trabalho: as cooperativas de mão-de-obra à luz da
de “arbitrariedade”.
vivência dos trabalhadores. Psicologia e Sociedade,
v.19, p.75-83.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
[9] Pinto, G.A. (2010) A organização do trabalho no
É possível dizer, com base apenas no âmbito dessa século 20: taylorismo, fordismo e toyotismo. 2. ed.
amostra de participantes, que as universidades, em São Paulo: Expressão Popular.
função da estruturação social presente, têm sido
instrumentos da ortodoxia, um espaço de reprodu- [10] Prilleltensky, I. (1994). Aspectos políticos e
ção da ideologia das posições dominantes na socie- éticos da psicologia organizacional. In: I.
dade, por meio, inclusive, da arbitrariedade, eviden- Prilleltensky. The moral and politics of psychological
ciada pelo aparente desconhecimento de outras discourse and the status quo. (tradução de Fábio de
atividades e concepções produzidas na Psicologia Oliveira). New York: State University of New York
acerca do trabalho. Sendo assim, a Psicologia Soci- Press.
al do Trabalho, pilar da presente composição, a qual [11] Sato, L., Bernardo, M. Hl., Oliveira, F. (2008).
propõe uma visão heterodoxa dessa relação se co- Psicologia social do trabalho e cotidiano: a vivência
loca ainda de forma periférica na formação desses de trabalhadores em diferentes contextos micropolíti-
estudantes. cos. Instituto de Psicologia da Universidade de São
Paulo (Brasil). Psicologia Del trabajo y la empresa
AGRADECIMENTOS (N. 15).
Agradeço ao PIBIC/CNPq, à Márcia Hespanhol Ber- [12] Scopinho, R. A. (2010) Cooperação e cooperati-
nardo e Heloisa Aparecida de Souza pelas orienta- vismo nos assentamentos rurais brasileiros: perspec-
ções e disponibilidade. tivas, impasses e representações dos trabalhadores
rurais. Revista Académica Procoas - AUGM, v.2,
p.26-39.
REFERÊNCIAS [13] Spink, M. J. (2003). Pesquisa de Campo em
[1] Antunes, R. (1995) Adeus ao trabalho? Ensaio Psicologia Social: Uma Perspectiva Pós-
sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo Construcionista. Psicologia e Sociedade, v.15, n. 2.
do trabalho. 2ª ed. São Paulo: Ed. Cortez. [14] Stival, M. C. E. E; Fortunato, S. A. O. (s/d). Do-
[2] Bernardo, M. H. (2011). A relação entre Psicolo- minação e reprodução na escola: visão de Pierre
gia e trabalho no contexto contemporâneo. Puc- Bourdieu. SME – PR.
Campinas. Pós-graduação. Campinas – SP. [15] Zanelli, J.C. e Bastos, A.V.B. (2004) Inserção
[3] Demo, P. (2001). Pesquisa e informação qualita- profissional do psicólogo em organizações e no tra-
tiva: aportes metodológicos. Campinas: Papirus. balho. In Zanelli, J.C.; Borges-Andrade, J.E. e Bas-
tos, A.V.B. (orgs.) (2004) Psicologia, organizações e
[4] Goulart, I. B. (1998). Expectativa de desempenho
trabalho. Porto Alegre:Artmed.
de psicólogos em modernas organizações. In. Gou-
lart, I.B. Psicologia do trabalho e gestão de recursos
humanos: estudos contemporâneos. São Paulo:
Casa do Psicólogo.