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ISSN: 1981-8963 DOI: 10.5205/reuol.

9978-88449-6-ED1012201615

Simonetti SH, Bianchi ERF. Estresse do enfermeiro que atua em unidade...

ARTIGO ORIGINAL
ESTRESSE DO ENFERMEIRO QUE ATUA EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO
STRESS OF THE NURSE THAT WORKS IN HOSPITALIZATION UNIT
ESTRÉS DEL PERSONAL DE ENFERMERÍA QUE ACTÚA EN LA UNIDAD DE HOSPITALIZACIÓN
Sérgio Henrique Simonetti1, Estela Regina Ferraz Bianchi2
RESUMO
Objetivo: analisar o estresse no trabalho do enfermeiro de unidade em internação e relacionar com a
percepção do estresse. Método: estudo descritivo, transversal, de abordagem quantitativa com 141
enfermeiros que atuavam em unidades de internação de hospitais públicos. Para análise dos dados, utilizou-se
o Programa Statistical Package for the Social Science SPSS - versão 16.0. Resultados: 92,1% feminino; 31,2%
de 41 a 50 anos; 92,2% assistenciais; 36,2% mais de 16 anos de tempo de formação; 79,4% cursando pós-
graduação. Quanto aos níveis de estresse, os enfermeiros apresentaram escore de 5,49, considerado médio
para alto nível de estresse e englobados nos domínios; relações interpessoais, coordenação das atividades da
unidade e condições de trabalho para o exercício de sua profissão. Os enfermeiros mais estressados foram os
que apontaram média baixa de valorização no trabalho e foi estatisticamente significante (p<0,05).
Conclusão: os enfermeiros que atuam em Unidade de Internação apresentaram nível médio de estresse.
Descritores: Estresse Psicológico; Satisfação no Emprego; Enfermagem; Unidades de Internação.
ABSTRACT
Objective: to analyze the stress in the unity of nursing work in hospital and relate to the perception of stress.
Method: a descriptive, cross-sectional study with a quantitative approach, with 141 nurses working in public
hospitals inpatient units. For data analysis, we used the Statistical Package for the Social Sciences Program
SPSS - version 16.0. Results: 92.1% female; 31.2% 41-50 years; 92.2% assistance; 36.2% more than 16 years of
training time; 79.4% enrolled in graduate school. As for the stress levels, the nurses had a score of 5.49,
considered medium to high level of stress and involved in the fields; interpersonal relations, coordination of
activities of the unit and working conditions for the exercise of their profession. The more stressed nurses
were the ones that showed low average value at work and it was statistically significant (p <0.05).
Conclusion: nurses working in inpatient unit had an average stress level. Descriptors: Stress Psychological;
Job Satisfaction; Nursing; Inpatient Care Units.
RESUMEN
Objetivo: analizar el estrés en el trabajo de enfermero en unidad de hospitalización y relacionar con la
percepción del estrés. Método: estudio descriptivo, transversal, un enfoque cuantitativo con 141 enfermeros
que actuaban en unidades de internación de los hospitales públicos. Para análisis de datos, se utilizó el
paquete estadístico del programa para la versión de las ciencias sociales SPSS 16.0. Resultados: 92.1%
mujeres; 31.2% de 41 a 50 años; 92,2% asistencia social; 36.2% más de 16 años de tiempo de formación; 79,4%
cursando post-grado. En relación a los niveles de estrés, los enfermeros presentaron 5,49, considerado
promedio para el alto nivel de estrés y dentro de los domínios; relaciones interpersonales, coordinación de las
actividades de la unidad y condiciones de trabajo para el ejercicio de su profesión. Los enfermeros más
estresados fueron los que mostraron baja promedio de valoración en el trabajo y fue estadísticamente
significativo (p < 0.05). Conclusión: los enfermeros que trabajan en las unidades de hospitalización
demostraron nivel medio de estrés. Descriptores: Estrés Psicológico; Satisfacción en el Trabajo; Enfermería;
Unidades de Internación.
1
Enfermeiro, Doutor em Ciências pelo Programa Interunidade de Doutoramento da EEUSP-RP. Pesquisador da Assessoria em Pesquisa em
Enfermagem do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC). São Paulo (SP), Brasil. E-mail: shs.nurse04@gmail.com; 2Enfermeira,
Professor Associado do Departamento de Enfermagem Médico-Cirúrgico da EEUSP (aposentada). Assessora em Pesquisa do IDPC. São Paulo
(SP), Brasil. E-mail: erfbianc@usp.br

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Nessa perspectiva, o enfermeiro que atua


INTRODUÇÃO
em Unidade de Internação está propenso à
A Organização Mundial de Saúde revela que exposição de estressores presentes no
o trabalho se torna adequado às condições do processo de trabalho do seu cotidiano que, a
trabalhador quando ocorre um favorecimento níveis extremos, podem desencadear doenças
de saúde física e mental e quando os riscos de associadas que influenciam sua qualidade de
saúde estão sob controle. 1 vida, a assistência prestada ao paciente e a
O modelo Interacionista, proposto por estrutura organizacional.
Lazarus e Folkman, considera uma interação O estudo visa, a priori, a responder a
dinâmica e processual do homem com o seguinte pergunta: há relação entre os
estresse. Essa interação atua como mediador processos de trabalho do enfermeiro de
na avaliação cognitiva, processo mental que unidade de internação com os estressores
intervém do encontro do estressor e a identificados/percebidos?
reação.2 Estudo de revisão de literatura identificou
Tais eventos são reconhecidos por uma que o estresse em trabalhadores de
série de categorias avaliativas, recursos esses enfermagem de Unidade de Terapia Intensiva
de enfrentamento para manter ou não o e Centro Cirúrgico estão relacionados com
equilíbrio e bem-estar de cada indivíduo. Este fatores desencadeantes, e destacaram-se os
processo avaliativo ocorre no sistema límbico, fatores intrínsecos: ambiente de trabalho;
tendo como funções interligadas a cognição, a sobrecarga de trabalho; relações
emoção e o comportamento. interpessoais; trabalho noturno e tempo de
Sabe-se que o estresse, como fenômeno, serviço e os extrínsecos: condições pessoais e
faz parte da vida do ser humano em todos os características da personalidade. 9
aspectos, sejam eles: pessoais, sociais como, Assim, pela relevância que o tema sugere,
também, os profissionais. Estudos realizados o estresse do enfermeiro que atua em unidade
com trabalhadores estressados demonstram de internação, e pela lacuna na literatura que
que seu empenho é diminuído e os custos aborde em específico este fenômeno,
organizacionais são elevados por problemas de considera-se oportuna a proposição do estudo,
saúde, aumento do absenteísmo, da pois permitiu contribuir para a ampliação e
rotatividade e número elevado de acidentes compreensão dos estressores presentes e que
de trabalho.3 podem colocar em risco a integridade física e
No trabalho, o estresse está diretamente mental dos profissionais de enfermagem.
relacionado às respostas ameaçadoras, Além de favorecer o impacto sobre o
emocionais e físicas que ocorrem, quando as estresse no contexto da atuação deste
demandas da função/cargo do trabalhador não profissional, de forma que minimize este
atingem as capacidades e recursos fenômeno e valorize o julgamento e a
necessários, levando à dificuldade de percepção dos enfermeiros em relação ao seu
enfrentamento. 4 ambiente de trabalho. Com isso, assegurar o
O alto nível de estresse para o enfermeiro alcance da elaboração e a implementação de
de unidades abertas está diretamente políticas de saúde do trabalhador de
relacionado ao relacionamento com outras enfermagem e que visem a melhores
unidades e supervisores, à assistência de condições no ambiente de trabalho de
enfermagem prestada ao paciente, à maneira saudável e segura. 10
coordenação das atividades da unidade e às Este estudo tem como objetivo analisar o
condições de trabalho para o desempenho das estresse no trabalho do enfermeiro de unidade
atividades do enfermeiro. Tais condições em internação e relacionar com a percepção
podem favorecer o aparecimento do estresse do estresse e a valorização no trabalho.
ocupacional.5
MÉTODO
A Unidade de Internação é reconhecida
como um setor que garante a permanência de Estudo descritivo, comparativo,
pacientes internados após 24 horas, de transversal, de abordagem quantitativa,
diversidades clínicas ou até mesmo realizado em hospitais públicos do Município
específicas, conforme a necessidade de de São Paulo/SP, Brasil. A amostra foi
recuperação, seja em instituições gerais, que constituída por 141 enfermeiros que atuam
compreendem todas as clínicas médicas ou em Unidade de Internação, do total de 425
cirúrgicas atendidas ou de especializações, enfermeiros.
tais como: cardiologia, nefrologia, obstetrícia, Para a coleta dos dados foram aplicados o
pediatria, oftalmologia, neurologia e outras. 6- instrumento Escala Bianchi de Estresse (EBS).
8
Este instrumento compreende, na primeira
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etapa, duas escalas analógicas visuais que estresse geral, estresse percebido e estresse
permitem obter os valores autoatribuídos no trabalho e as variáveis sociodemográficas
sobre a valorização no trabalho e nível de quantitativas, utilizaram-se os testes de
estresse, assinalados em uma régua de 15 correlação de Pearson ou teste de correlação
centímetros, na qual o zero corresponde à de Spearman, de acordo com a adequação à
sensação mais negativa e dez corresponde à distribuição normal. Os testes não
sensação mais positiva. A etapa dois é paramétricos de Mann-Whitney e Kruskall-
composta por 51 itens onde o enfermeiro Wallis e foram utilizados para testar a
assinala como se sente diante da situação diferença nas classificações dos grupos
vivenciada no trabalho, sendo zero para independentes.
quando o enfermeiro não realiza a atividade; O projeto foi aprovado pela Comissão de
um para “pouco desgastante” até sete como Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem
“altamente desgastante” e quatro, o valor da USP (Processo nº. 598/2006).
médio. Os níveis obtidos foram considerados
como baixos (até 3,0), médio (de 3,1 a 4,0), RESULTADOS
alerta (de 4,1 a 5,9) e alto (acima de 6,0).
 Caracterizações da População
Foi utilizada também a Escala de Estresse
Houve predominância do sexo feminino
no Trabalho (EET), considerado um
com 128 respondentes, perfazendo 92,1% do
instrumento de stress ocupacional geral e que
total da população. Em relação à faixa etária,
pode ser aplicado em diversos ambientes de
observa-se uma predominância de 44 (31,2%)
trabalho e ocupações variadas, e a Escala de
enfermeiros entre 41 a 50 anos e 40 (28,4%),
Estresse Percebido (PSS), que aborda
entre 31 a 40 anos. Percebe-se que existe um
pensamentos e sentimentos experenciados na
número significativo de profissionais na faixa
vida, independente de ocorrerem no ambiente
etária entre 20 a 30 anos - 32 (27,2%) como,
de trabalho ou não. Cada escala é
também, na faixa de mais que 50 anos - 25
autoaplicável, com itens tipo Likert e são
(17,7%).
validadas para a realidade brasileira.
Quanto ao cargo em que estes profissionais
Para o procedimento da coleta, após
atuam, há predomínio da área assistencial,
aceitação da instituição hospitalar, foi
com 130 (92,2%) enfermeiros, seguido dos
encaminhado um envelope, contendo os
gerenciais, com nove (6,4%) profissionais.
instrumentos autoaplicáveis, o envelope
Estes dados estão compatíveis com a faixa
resposta, a carta convite com esclarecimentos
etária (entre 30 e 50 anos) e com o tempo de
e o termo de responsabilidade, para facilitar a
formado, que é superior a 16 anos. Em relação
resposta dos enfermeiros. Após o prazo de
ao turno de trabalho, 35 (25,0 %) referiram o
uma semana, os questionários foram
período da manhã; 26 (18,0%) como tarde; 38
recolhidos junto a cada hospital e, feito o
(28,0%) como noite; 15 (11,0%) que fazem
banco de dados em planilha de Excel para
rodízio de horário; 14 (10,0%) manhã e tarde;
posterior análise estatística.
três (2,0%) tarde e noite e cinco (3,0%)
Para análise quantitativa, utilizou-se
enfermeiros descreveram como “outro”, sem
programa SPSS (Statistical Package for the
especificar o turno, totalizando 136
Social Science), versão 16.0. Todas as
enfermeiros que responderam e cinco (3%) não
variáveis quantitativas foram avaliadas pelo
responderam.
teste de Kolmogorov-Smirnov para verificar
adequação à distribuição normal. Para
verificar a relação entre as variáveis de
Tabela 1. Distribuição das médias e desvio-padrão - São Paulo (SP), 2011, Brasil.
Escalas Média Desvio-padrão
Valorização (0- 10) 5,64 3,4716
Nível de stress (0 –10) 5,49 2,7413
EBS geral (34-319) 168,15 56,421
EBS – domínio A (1,0 – 7,0) 3,16 1,3148
EBS - domínio B (1,0 – 6,5) 3,15 1,4530
EBS – domínio C (1,0 – 7,0) 3,91 1,4384
EBS – domínio D (1,3 – 6,8) 3,74 1,2802
EBS – domínio E (1,0 – 6,4) 3,77 1,2072
EBS – domínio F (1,0 – 7,0) 3,93 1,3680
PSS (34 – 319) 168,15 56,421
EET (23-109) 58,74 17,176
A média do nível de stress autoatribuído de dez e mínimo de um, de acordo com a
pelos enfermeiros foi de 5,49, o que não tabela 1.
difere do valor encontrado na sensação de
valorização (5,64), dentro dos valores máximo
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Os dados relativos às médias dos domínios Obteve se maior média para a sensação de
da EBS se relacionam com os dados obtidos valorização para os enfermeiros que atuam
quanto ao nível de Estresse referido, pois as em unidade de internação e relataram não ter
médias podem ser classificadas como “médio pós-graduação (5,99; dp=0, 312), conforme
nível de Estresse” por estarem na faixa entre Teste de Mann-Withney. Nos escores obtidos
3,0 e 4,0 pontos. Pode-se observar, ainda, que para a variável idade, a maior média foi para
o domínio F (condições do trabalho) os enfermeiros que atuam em dois turnos -
apresentou uma pequena elevação de média manhã e tarde (46,43; dp = 2,088) - e os que
3,93 em relação aos demais, seguido pelo trabalham no período da manhã (42,54; dp =
domínio C (administração de pessoal), com 1,686) mantiveram em segunda colocação
média de 3,91. relacionada ao turno manhã e tarde.
 Análise das Correlações entre os Dos enfermeiros que têm maior média de
Escores de Estresse tempo de trabalho na unidade relacionado ao
turno de trabalho, mantém-se para os que
Pode-se observar que há correlação
significativa (p-valor=0,008) entre a sensação atuam durante o período da manhã e tarde
(8,62). Os enfermeiros que não trabalham em
de valorização e estresse percebido, sendo
que quanto maior for a valorização, menor turno noturno apresentaram sensação de
valorização maior (6,02; dp =0, 355) e com p =
será o estresse percebido pelo enfermeiro.
0, 056 considerado, limítrofe à significância.
Diferente da relação entre o nível de estresse
geral em relação ao estresse percebido e DISCUSSÃO
estresse no trabalho (p-valor < 0,001), que
aponta que, quanto maior for o nível de O número de enfermeiros assistenciais, ou
estresse geral, maior será o estresse seja, que atuam em Unidade de Internação,
percebido e estresse no trabalho. torna-se um determinante ao quadro
Quanto ao nível de estresse geral da EBS, funcional, pela necessidade estrutural e a
houve diferença estatisticamente significante classificação de cuidado encontrado na
(p-valor=0,030) com os domínios A literatura.11
(relacionamento com outras unidades e Estudo realizado11relaciona a mesma faixa
superiores), E (coordenação das atividades da etária e tempo de formado para 50% dos
unidade) e F (p-valor=0,004) (condições de enfermeiros que atuavam em Unidade de
trabalho para desempenho das atividades do Internação, com idade entre 35 e 60 anos,
enfermeiro), sendo que quanto maior for o com 70% dos enfermeiros que atuam em
nível estresse geral maior será o nível de Unidade Hospitalar e concluíram pós-
estresse obtido para cada domínio descrito. graduações. Esses resultados coincidem com
Relacionado ao estresse no trabalho, nota- os resultados desta pesquisa.
se que houve diferença estatisticamente A maioria desses problemas de
significante (p-valor=0,036) nos domínios A afastamentos certamente está associada às
(relacionamento com outras unidades e condições de trabalho, inadequação de
superiores) e F (p-valor=0,021) (condições de mobiliários e instrumentos utilizados,
trabalho para desempenho das atividades do organização do trabalho, atividades
enfermeiro), isto é, quanto maior o nível de executadas e fatores do próprio ambiente.12
estresse no trabalho, maior o escore para os Houve significância importante nas
domínios A e F. comparações da EBS geral e os domínios, pois
 Análise Comparativa dos Escores de identificou que quanto maior nível de estresse
Estresse em todos os domínios da EBS que abarcam
variedades de atividades exercidas pelos
Para realizar a análise de dois grupos
enfermeiros, como as relações com unidades e
independente, utilizaram-se o teste Mann-
superiores, coordenação das atividades da
Withney e o teste de Kruskall-Wallis para
unidade e as condições de trabalho para o
comparar mais que dois grupos.
exercício profissional, dentro de suas
Há diferença significativa na variável
competências profissionais, maior estresse nos
idade, onde há a maior média para os
domínios citados.
enfermeiros atuantes na Unidade de
Este fenômeno, o estresse, tem sido
Internação com cargo assistencial (39,94). Os
considerado, por pesquisadores, como
enfermeiros de cargo gerencial apresentam
manifestações de tensões e problemas
maior média de tempo de formado (23,55; dp
advindos do exercício de uma atividade
= 2, 230), e mais tempo de trabalho na
exercida durante o trabalho. As atividades
unidade (11,12; dp = 2, 039), diferença
desenvolvidas pelo enfermeiro por sua própria
significativa (p < 0,05).

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natureza e características demonstram-se a prestação de assistência, seja para opinar na


suscetíveis ao fenômeno, o estresse. 13 tomada de decisão ou resolver problemas
A cada situação vivenciada, o enfermeiro diversos, no que diz respeito ou não às
lança mão de várias avaliações primárias e atividades próprias da enfermagem.
secundárias, no modelo de Lazarus e Folkman, Frente ao anseio da contemporaneidade,
tornando os recursos de enfrentamento para a gerenciar informações e o conhecimento passa
manutenção do equilíbrio entre o sujeito e o a ser a tarefa mais importante do enfermeiro
meio. na sua prática clínica, principalmente, no que
O enfermeiro de unidade de internação diz respeito à área hospitalar, mas, para isso,
enfrenta vários fatores e eventos estressores, depende das novas habilidades.15
no contexto e condições do trabalho e, diante As metas e estratégias do gerenciamento
das suas atividades de gerir, assistir, educar e neste percurso incluem atingir resultados,
pesquisar, propiciando o desgaste emocional e desenvolver a consciência interdependência, a
físico, as dificuldades nas relações de visão comum do interesse pelos objetivos
trabalho, interferindo na manutenção de sua propostos do serviço, a valorização e a
qualidade de vida. tomada de decisões criativas em equipe e o
Embora a enfermagem seja considerada, envolvimento da equipe com novos
14
dentre outras profissões de saúde no setor conhecimentos. Contrários a estes
público, uma das mais estressantes, no paradigmas podem influenciar o
cotidiano vem buscando, profissionalmente, descontentamento e, consequentemente, o
seu espaço e reconhecimento social. Inseridos enfermeiro se sentir desvalorizado na sua
neste ambiente, no qual, o enfermeiro atua, atuação profissional.
estão firmadas as relações interpessoais e de O estresse está presente na prática de
trabalho, que impõem demandas emocionais e enfermagem desde tempos remotos, e o
psíquicas, na execução de atividades e do enfermeiro é responsável desde gerenciar o
controle sobre seu trabalho e, junto de tudo, cuidado, como a unidade da qual é
encontra-se o desgaste emocional, podendo responsável. Os fatores próprios das ações de
levar a distúrbios desta ordem.14 enfermagem são considerados fontes de
Para articular o trabalho de enfermagem estresse, como as diferentes opiniões nas
com os trabalhos dos diversos executores de relações interpessoais e as exigências em
funções especializadas (médicos, excesso. Esses dados, relacionados aos
fisioterapeutas, assistentes sociais e outros), o domínios de EBS e os maiores estressores
enfermeiro torna-se o mediador principal, o relacionados às condições de trabalho e de
que pode ser um fator desencadeante de administração de pessoal, são coincidentes
estresse diante das adversidades na tomada aos demais trabalhos realizados com base nos
de decisões, recursos disponíveis e relações dados coletados com a mesma escala.16-9
interpessoais, quando não se obtêm os A enfermagem enfrenta uma sobrecarga
resultados esperados. evidenciada pela responsabilidade em assumir
A relação entre os níveis de estresse da EBS mais que uma unidade hospitalar, quanto à
e dados obtidos na EET foi significante com os complexidade das relações humanas, sejam
domínios que englobam as relações elas, enfermeiro/cliente,
interpessoais com unidades e superiores e enfermeiro/profissional de saúde e
condições de trabalho para exercer suas enfermeiro/familiares.11 Caso a instituição
funções, isto é, o estresse no trabalho se hospitalar não ofereça a infraestrutura para o
torna maior à medida que o relacionamento se desempenho das atividades do enfermeiro, em
torna menor com demais unidades e qualquer área de atuação e, em especial, nas
superiores e quanto maior for a deficiência unidades de internação, esse fator será
nas condições de trabalho para o enfermeiro estressante para o enfermeiro que não poderá
executar suas atividades na unidade, maior realizar com qualidade o trabalho para o qual
será o estresse ocupacional. tem sua competência.
Ao analisar o escore obtido pelos O processo histórico da enfermagem no
enfermeiros, na sensação de valorização em Brasil revela que o enfermeiro vem
relação ao estresse percebido, observou-se conquistando seu espaço profissional e busca
que, quanto maior for a sensação de consolidar sua profissão, sem necessitar do
valorização para o enfermeiro, menor será o apoio e compreensão de outros profissionais
estresse por ele percebido. e, sendo reconhecido como uma profissão
O enfermeiro tem sido solicitado por outros científica, a enfermagem perfaz seu trajeto,
profissionais da equipe de saúde, nos nas suas ações diárias e formação profissional,
hospitais, como elemento imprescindível para no reconhecimento e definição do seu papel
em comparação aos profissionais de ensino
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médio e técnico, no reconhecimento público e enfermeiros. Para estes, a insatisfação com o


socioeconômico, condições estas que esquema de trabalho adotado é um fator na
estimulam a maioria dos enfermeiros a atuar apresentação de sintomas e sinais de fadiga
em uma carga horária excessiva em busca de mental.21
melhorias salariais.11 Os enfermeiros que trabalham no período
Todas essas características do processo noturno, geralmente, se responsabilizam por
histórico da enfermagem, em paralelo às suas mais de um setor, devido à necessidade e
condições políticas e socioeconômicas no quadro reduzido de recursos humanos com
trabalho, podem contribuir para o estresse maior possibilidade de sobrecarga de
ocupacional. trabalho. A possibilidade de trabalhadores
Em relação ao cargo ocupado pelos apresentarem o estado mental comprometido
enfermeiros, os gerentes de enfermagem é maior, para quem trabalha à noite, e a
assumem a assistência do paciente em maioria destes apresenta irritabilidade. 11
situações emergenciais, na maioria das vezes, O enfermeiro, diante dessa situação, pode
quando há necessidade de mudança presenciar sintomas de estresse, tornando-o
administrativa ou nas relações de trabalho suscetível a distúrbios relacionados ao bem-
dentro do setor de origem, deparando-se com estar e à sua saúde, fazendo com que o
conflitos difíceis de resolver, exigindo do profissional busque estratégias que minimizem
gestor facilidade de negociação, maturidade, os estressores vivenciados.
experiência, e discernimento para desenvolver No cotidiano, compete ao enfermeiro,
suas ações de maneira a satisfazer as dentre outras atividades, atuar de forma
necessidades do cliente e corpo funcional da colaborativa, participativa no gerenciamento
instituição.20 da assistência, serviços e unidades, bem como
Ao partir da premissa de que a média os recursos materiais, físicos e humanos,
identificada entre o cargo e a variável idade, podendo, tal atuação, ocasionar desgastes
há o predomínio de ações gerenciais as quais físico-emocionais. 22
podem estar relacionadas à maturidade, Torna-se necessária a busca de ações
tempo de atuação e experiência, coordenadas para a manutenção da saúde do
conhecimento sobre os processos trabalhador no que tange à melhoria da
administrativos e assistenciais. Assim, quanto qualidade de vida no trabalho e o autocuidado
mais anos de atuação e experiência do trabalhador, uma vez que a Enfermagem,
profissional tiver o enfermeiro no âmbito de historicamente, se estabelece tanto pelo
trabalho de unidade de internação cuidar como pelo gerenciamento de atividades
assistencial, a tendência é assumir cargos correlatas, voltada ao desenvolvimento das
gerenciais. boas práticas sejam ao indivíduo, à família e
Em relação à sensação de valorização ao próprio profissional.
comparada ao enfermeiro que fez pós-
CONCLUSÃO
graduação, a maior média foi observada para
os que não realizaram (5,99). Foi constatado Conforme o objetivo proposto, foi possível
que a maioria apresentou mais de uma pós- verificar que o enfermeiro da unidade de
graduação, podendo-se inferir que a procura internação apresentou nível médio de estresse
por outras opções de trabalho pode acarretar na realização de seu trabalho.
insatisfação em trabalhar em unidade de
A sua percepção de estresse é compatível
internação.
com o nível de estresse avaliado pelos
Na década de 90, o número de enfermeiros instrumentos usados no estudo e os dados são
que procuravam e concluíam a pós-graduação relacionados com a valorização relatada por
era menor. Observa-se, atualmente, que há eles.
um crescente número de cursos de pós-
Sobre os estressores que mais acometem os
graduação e os enfermeiros têm buscado se
enfermeiros, são os relacionados às condições
especializar e se aprimorar, pois a
de trabalho e na administração de pessoal.
especialização não somente aperfeiçoa o
Assim, o enfermeiro de unidade de
profissional, como melhora a assistência
internação poderá buscar e utilizar estratégias
prestada ao cliente, atenua o estresse,
que diminuam a ocorrência de estresse,
possibilita o conhecimento e pode gerar maior
atuando em consonância com a instituição
domínio situacional.11
hospitalar que deve oferecer condições de
A grande alternância existente entre os
trabalho e de pessoal de maneira a prestar
turnos de trabalho, observada neste estudo, é
assistência qualificada aos pacientes e
considerada prejudicial à saúde e à vida
familiares assistidos em unidade de
socioeconômica familiar e profissional dos
internação.
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Submissão: 02/06/2016
Aceito: 03/11/2016
Publicado: 01/12/2016
Correspondência
Sérgio Henrique Simonetti
Escola de Enfermagem - Universidade
de São Paulo
Rua Ribeiroles, 126
Bairro Jardim Jabaquara
CEP 04356-010 – São Paulo (SP), Brasil
Português/Inglês
Rev enferm UFPE on line., Recife, 10(12):4539-46, dez., 2016 4546

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