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Aula 03
"Os antigos povoadores de Goiás-Tocantins deixaram rico acervo de arte rupestre. Muitas
pinturas, petróglifos em variedades de estilos. O acervo também é farto em distribuição e
quantidade de sítios."
Foram identificadas oito principais áreas com arte rupestre entre os estados de Goiás e
Tocantins, correspondendo a Monte do Carmo, que possui um abrigo com grandes dimensões. As
paredes contêm gravuras simples, preenchidas com pinturas de formas variadas. Os artefatos
encontrados indicam a presença humana a pelo menos 12.000 anos, e que entre 2.400 e 800 anos
haviam tribos com conhecimentos agrícolas.
Os povos pré-históricos da região do Tocantins preferiram ocupar áreas próximas de
córregos e rios de menor porte. Tudo indica que o rio Tocantins tenha servido como eixo de
penetração dos grupos ceramistas vindos da Amazônia. Podemos encontrar pinturas rupestres em
quase todos os municípios do Tocantins e há duas formas básicas: pinturas e gravuras rupestres. A
primeira é pintada com pigmentos da natureza e a outra são gravações na superfície da rocha.
Tocantins possui uma das maiores populações indígenas do país. Há vários grupos
principalmente do tronco linguístico Jê. Os principais indígenas originários do Tocantins são os
Apinagé, Carajá, Xerente, Krahô, Javaés, Xambioá, Avá- Canoeiros, Tapirapés e Guarani. Karajá,
Javaé e Xambioá são o mesmo povo e se autodenominam Iny. Pertencem ao tronco linguístico
Macro-Jê, família Karajá e língua Karajá. Os Akroá foram totalmente dizimados e já não existem
mais. Viveram na região dos rios do Sono e Manoel Alves no Jalapão. O contato com o homem
branco levou ao extermínio das populações indígenas seja pela violência seja principalmente-
pelas doenças. Poucos que sobreviveram vivem hoje nas reservas demarcadas e protegidas pelo
governo como política de conservação de sua cultura, modo de vida, língua entre outras práticas
que os caracterizam, diante das transformações promovidas pela colonização e modernização
através de um processo de aculturação (perda das culturas tradicionais).
O Tocantins durante o período colonial era uma região muito interiorana. Sua ocupação
ocorreu devido ao contato com a Amazônia e as rotas para o Pará e Maranhão, e ao sul o
povoamento era maior pois as minas de ouro encontradas no sul de Goyas (que equivale ao
território do atual estado de Goiás de onde o Tocantins emancipou-se) eram mais numerosas. O
povoamento dependeu principalmente da ação missionária jesuítica e principalmente das
expedições bandeirantes que chegavam às minas tocantinenses através de longas expedições
fluviais denominadas monções. Ocorriam basicamente 4 formas de expedições de penetração: As
entradas e descidas, eram a primeira expedições oficiais da coroa portuguesa para defesa,
reconhecimento e exploração, enquanto a segunda consistia nas expedições feitas pelos padres
jesuítas, franciscanos ou capuchinhos- que desciam os cursos dos rios em busca de indígenas para
a catequese nas missões. Outras duas espontâneas, eram as bandeiras e a movimentação dos
tropeiros. As bandeiras percorreram todo o território nacional em busca de ouro, escravizar
indígenas e capturar escravos fugidos e destruir quilombos. Tanto as bandeiras, quanto as tropas,
foram responsáveis por abrir caminhos por onde surgiram povoamentos e ultrapassar o limite do
tratado de Tordesilhas que dividia Tocantins ao meio. A conquista do lado ocidental que pertencia
à Espanha ocorreu durante o período da chamada União Ibérica, em que Portugal e Espanha foram
unificados pelo imperador castelhano Felipe II. Neste momento, o tratado de Tordesilhas tornou-
se obsoleto e as missões, expedições e tropas de gado ultrapassaram os limites de Tordesilhas e
garantiram mais tarde a posse da região para os lusitanos.
A descida coordenada pelo padre Cristóvão de Lisboa, em 1625, ficou mais conhecida por
ter deixado grande número de relatos. Alguns historiadores registraram que o padre e seus
aventureiros navegaram pelas águas do rio Tocantins em torno de 780 quilômetros da foz até as
cachoeiras que hoje formam a usina de Tucuruí. As diversas dificuldades de sobrevivência em um
ambiente tropical tão quente e úmido impunham condições que os europeus demoraram a
dominar, e a expedição não conseguiu completar seu trajeto e não conheceram o rio Araguaia e
beirou, mas não chegou onde está o estado do Tocantins.
1.3. AS BANDEIRAS
As bandeiras eram expedições com objetivos comerciais e privados. Não eram as únicas
expedições que ocorriam em nosso território. A atividade dos bandeirantes iniciou em São Vicente.
A capitania, nos primeiros anos de ciclo do açúcar, junto com Pernambuco foram as únicas que
tiveram sucesso. No entanto a atividade açucareira logo entrou em decadência (principalmente
devido à distância maior de Portugal, o que encarecia o frete, além disso, o açúcar pernambucano
era de melhor qualidade). Os paulistas viram-se obrigados a dedicar-se a uma atividade econômica
alternativa, que foi o bandeirismo. Haviam basicamente três tipos de expedições bandeirantes:
Bandeirismo de Contrato: Grupos contratados para capturar escravos fugidos e destruir
quilombos.
Bandeirismo de Preação ou apresamento: Expedições cujo objetivo era capturar indígenas
e escravizá-los. (Por isso sempre entravam em conflito com os padres jesuítas que os
protegiam).
Bandeirismo de Prospecção: Expedições para buscar jazidas ouro, prata ou pedras
preciosas. Foram os paulistas que encontraram o ouro no início do século XVIII, dando início
ao ciclo da mineração.
Como a movimentação pelo território era muito difícil devido as florestas e relevo
planáltico, os rios ocupavam uma posição de destaque para viabilizar as expedições. Eram
chamadas de Monções, as expedições bandeirantes feitas por rio.
Muitas bandeiras partiam de São Paulo através do rio Tietê. Ele faz parte de uma rede
hidrográfica complexa que permite o acesso ao interior do país, por exemplo, por caminhos que
eram percorridos prioritariamente pelos rios e permitiam chegar até o vale do rio Guaporé, e um
acesso quase direto ao território goiano e tocantinense, em que encontraram ouro e o
povoamento passou a trazer importantes oportunidades de negócios aos paulistas. Entre as mais
importantes que temos registros são:
1596: Domingos Rodrigues.
1607: Belchior Dias Carneiro.
1615: Antônio Pedroso Alvarenga.
1673: Manuel Campos Bicudo.
1720: Bartolomeu Bueno da Silva Filho Anhanguera.
Vamos sintetizar algumas características das regiões mineradoras, que devemos lembrar
que são urbanas: Os primórdios de Tocantins e Goiás surgiram uma sociedade urbana. Impactos
gerais da mineração em Goiás/Tocantins e nas regiões mineradoras em geral (Vila Rica e Cuiabá se
incluem).
Migração para a região goiana que provocou aumento populacional nas minas do norte
(atual Tocantins) e do Sul.
Urbanização da região com surgimento de vários núcleos de povoamento. É a primeira
urbanização espontânea do Brasil.
Mudança do eixo econômico do Nordeste para as minas de Vila Rica e Goiás.
Transferência da capital de Salvador para o Rio de Janeiro.
Surgimento de trabalhadores livres, e pela primeira vez na colônia (a pecuária era uma
exceção).
Surgimento de vias de comunicação entre as regiões brasileiras e a região mineradora.
No final do século XVIII, o Brasil deixou de mandar os carregamentos de ouro, então Portugal
decretou a cobrança forçada, a Derrama.
Para a região das minas de Goiás, o primeiro superintendente nomeado foi Bartolomeu Bueno
da Silva Filho, o segundo Anhanguera como recompensa por ter descoberto o ouro e todos os
cargos foram distribuídos a seus familiares. Ficou pouco tempo no cargo, em torno de cinco anos e
em 1773 foi substituído pelo superintendente Gregório Dias da Silva.
Sabemos que as tentativas de controle eram severas e, por exemplo, interditaram a navegação
e o acesso pelas trilhas nordestinas da Bahia e Piauí, proibiram novas estradas e estabeleceram
postos fiscais nos principais entroncamentos de estradas e passagens de rios. Os portugueses
achavam que a pecuária fomentava o contrabando, sobretudo nos caminhos para os currais
baianos às margens do rio São Francisco.
A civilização do ouro era essencialmente urbana, então o comércio era muito importante. O
preço do ouro caiu (lei da oferta e da procura) então a prata passou a ser mais valiosa em alguns
momentos e o preço dos alimentos era altíssimo. Como lembra o intelectual Cunha Matos, mesmo
com a riqueza do ouro, a fome era constante e os alimentos e roupas tinham que vir de fora e
eram pagos literalmente à peso de ouro. Um frango poderia custar uma fortuna e muitas pessoas
morriam desnutridas com ouro nas algibeiras. A paisagem era toda desordenada e sem
saneamento adequado. Uma modalidade diferente de escravidão surgiu ali: O escravo de ganho.
Eles pertenciam a algum comerciante e eram vendedores ambulantes. Com o tempo de trabalho
compravam sua alforria.
O ambiente era bastante violento, com uma grande quantidade de mendigos, e gente de
toda sorte que iam para a região para se refugiarem.
É muito interessante observar que o ouro era muito abundante e isso gerou uma situação
econômica interessante, já citada, mas agora vamos tentar explicar melhor:
1º o preço do ouro caiu no chão, e todos os gêneros de consumo, principalmente alimentos
inflaram as alturas.
2º As grandes fortunas foram criadas não por mineradores, mas por comerciantes que
abasteciam às minas com todo tipo de produtos. Muitas fazendas no interior mineiro
fizeram fortunas plantando alimentos e processando produtos básicos.
Em 1752, foi instalada uma casa de fundição em Vila Boa (atual município de Goiás) e em
1755 outra em São Félix, para receber o ouro do norte goiano.
A navegação pelo rio Tocantins, apesar de precária, era o principal meio de transporte da
população ribeirinha tanto que o foi até 1960 quando foi construída a BR 153. As autoridades
portuguesas e os governadores de Goiás, do Grão Pará-Maranhão e Mato Grosso viam o rio como
muito estratégico para toda a região central, principalmente por estar localizado entre as duas
maiores bacias hidrográficas brasileiras, a do Amazonas e do Paraná. Seria uma espécie de
conexão, pois através do Mato Grosso era possível comunicar-se com a américa espanhola através
do rio da Prata.
O principal empecilho à navegação eram os frequentes ataques indígenas, que fizeram com
que o príncipe regente dom João VI (logo que a corte portuguesa foi transferida para o Brasil em
1808), emitisse uma Carta Régia que autorizava o aprisionamento e extermínio dos índios Karajá,
Apinayé, Canoeiro e Xavante. Além disso autorizou a construção de vários presídios indígenas
junto à postos de fiscalização dos rios. Um exemplo é o presídio de Santa Maria do Araguaia entre
Aguacema e Couto Magalhães. Os relatos da época sugerem que os presídios serviam para afastar
índios hostis, garantir apoio logístico à navegação, dar suporte ao povoamento, dando segurança
aos ribeirinhos e proteger o interior da colônia de possíveis invasões de estrangeiros. Na época do
império destacou-se um homem de grande influência junto a Dom Pedro II, Couto Magalhães, que
chegou a criar uma Companhia de navegação a Vapor do rio Araguaia que funcionou por 20 anos
e também uma política de aldeamentos indígenas com apoio de padres franciscanos, cujo objetivo
era aldear os índios para tornar amplas terras disponíveis para a agropecuária.
O baixo povoamento e um certo abandono, fez com que a população se dispersasse pelo
sertão. Muitos tornaram-se posseiros ou chegaram a receber sesmarias até a independência. Em
1950 a lei de terras regularizou a propriedade de muitos fazendeiros poderosos e proibiu
pequenos posseiros. A pecuária extensiva foi aos poucos tomando conta da fisionomia da
paisagem. O gado criado era de baixa qualidade e era vendido para outras regiões para que
continuassem a engorda, criando um grande fluxo de tropeiros entre todas as regiões de então
Goiás, tanto ao norte quanto ao sul, para o interior de MG em que eram engordados com o
nutritivo capim gordura e vendido para a corte e várias partes do país.
O século XIX nos legou algumas ruínas e obras arquitetônicas como, por exemplo, A Igreja
Nossa Senhora das Mercês, em Porto Nacional, que foi construída entre o final do século XIX e o
início do século XX, resultado dos esforços dos Frades Dominicanos.
==de58a==
Suas paredes são de alvenaria de pedra canga e tijolo cerâmico com acabamento de reboco
liso, com relevo de arcos emoldurando os vão das portas e janelas. Uma enchente do rio Araguaia
na década de 80 desmoronou quase toda sua estrutura.
Os presídios que já citamos significavam outra coisa para os portugueses e brasileiros do
Brasil recém independente: era apoio militar, logístico, com abastecimento alimentício, socorro
aos viajantes e proteção aos residentes nas margens dos rios e auxílio contra ataques indígenas. Ao
longo do Araguaia foram criados os seguintes presídios: Leopoldina (atual Aruanã), Goiás (Alto
Araguaia), Santa Maria do Araguaia (atual Araguacema) e São João das duas Barras, alto, médio e
baixo Araguaia respectivamente.
Cristal de rocha é o nome popular que recebe o Quartzo. Foi encontrado na década de 30
d à à à à E àV àP à à à à à à à à à à à
época (a fronteira agrícola era Goiás), Vargas lançou um ambicioso projeto que foi chamado de
M à à àO àF à à à à àCERE“àem Goiás e Dourados no MT,
estímulo à modernização do sul goiano com a construção de Goiânia. Neste projeto foi organizada
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divisor de águas entre o rio das Mortes (Bacia do Araguaia) e o rio Xingu no leste do Mato Grosso.
A missão foi comandada pelo Marechal Rondon, o criador do SPI (Serviço de Proteção ao
Índio, atualmente Funai). As rotas traçadas pelo Marechal foram usadas como orientação para a
construção de estradas, interligou até Rondônia através de postos telegráficos. Em Tocantins
Marcha para o Oeste descobriu quartzo no vale do Araguaia. Na época o produto tinha grande
demanda internacional e, portanto bons preços, pois era usado na indústria bélica e materiais
cirúrgicos, principalmente porque o Brasil passou a fornecer o produto em plena Segunda Guerra
Mundial.
Em pouco tempo ocorreu um grande fluxo de imigrantes que fez surgir povoados que se
proliferavam rapidamente. Surgiram municípios como Xambioá, Cristalândia, Pium, Dois irmãos,
Ananás, Araguaçu, Formoso do Araguaia, Dueré e Arapoema. Com a demanda por estes novos
municípios, eles vieram de Porto Nacional que foi fracionado em mais 5 núcleos urbanos.
O minério era extraído artesanalmente, levado em lombo de burro para Porto Nacional de
onde seguia de barco até os portos no litoral. A extração do cristal de rocha foi um fenômeno
rápido que durou em torno de duas décadas e perdeu a importância econômica internacional com
o fim da Segunda Guerra.
Na década de 50 a presidência da República foi de Juscelino Kubitschek, cujo projeto de
à à à à à à à à à à à
modernização a qualquer custo e através da abertura de mercado para as potências
industrializadas, pois a ideia era ao menos usufruir dos avanços da tecnologia e capitais de que não
dispúnhamos, já que não tínhamos condições de competir. Uma modernização administrada pelo
Estado que investiria pesado em obras de infraestrutura, mas o capital era principalmente
internacional. Seu programa ficou conhecido como plano de metas, que prometia desenvolver o
país 50 anos em 5. As metas eram: Industrialização, transporte, energia, educação e saúde. Toda a
gestão foi concentrada nas 3 primeiras metas. Um dos desafios era integrar o território nacional
através de rodovias construídas com tecnologia estrangeira e mão de obra nacional, para estimular
o fluxo de automóveis, que seriam comprados das multinacionais. O automóvel e a rodovia são
símbolos de seu à à à à à à à à à à à
Estado, que permaneceu ao longo das décadas seguintes. Um dos maiores emblemas foi a
construção da Rodovia Belém-Brasília. O nome não é o de uma rodovia, mas de um trecho
compostos por várias rodovias interligadas e que faz parte de um projeto de integração maior, a
BR-153, uma rodovia também chamada de Transbrasiliana, portanto o trajeto rodoviário que liga
Anápolis à Belém é uma parte da transbrasiliana. Para a construção foi criada a RODOBRÁS em
1958, uma autarquia para administrar a obra. O engenheiro responsável foi Bernardo Sayão que
abriu todo o trajeto e construiu a ponte do Estreito sobre o rio Tocantins na divisa com o
Maranhão e a do rio Guamá, no estado do Pará. A rodovia só foi asfaltada nos governos militares e
concluída no governo do Gal Médice.
ocorreram várias epidemias como malária e meningite. As técnicas eram simples e o cascalho era
socado por cilindros de cimento, que rolavam puxados por juntas de boi para compactarem o solo.
A rodovia transformou a paisagem e os costumes do norte goiano. Proporcionou o
escoamento da produção agrícola, que criou grandes fortunas, e permitiu a chegada de produtos
industrializados dos grandes centros urbanos. Ocorreu um grande aumento demográfico de
pessoas vindas principalmente do nordeste brasileiro, os lambaios, como os trabalhadores
nordestinos eram chamados.
O norte do estado é uma região de conflitos muito intensos, na região conhecida como o
Bico do Papagaio. É o limite entre Tocantins, Maranhão, Piauí e Bahia. É uma região de
povoamento recente e a expansão da fronteira agrícola tornou as terras muito disputadas.
Houveram sangrentos conflitos entre indígenas e comunidades tradicionais (como as quebradeiras
de coco) contra grileiros e mineradores. A região do Araguaia durante o período da Ditadura
Militar foi o palco de uma das mais conhecidas guerrilhas da década de 70: A guerrilha do
Araguaia, feita por militantes comunistas armados que combatiam o governo. Os agentes militares
em nome do Estado tiveram enfrentamentos com os guerrilheiros, poucos, jovens e a maioria
estudantes. Desde aquela época alguns desaparecimentos não foram esclarecidos, e o tema é
cercado de polêmicas que novamente foram levantadas pela CNV Comissão Nacional da Verdade
que tentou o depoimento de testemunhas do confronto, como os militares que atuaram para a
eliminação de guerrilha.
Oà à à àJ àC à àN à à à à distas
ligados ao movimento que infiltrou militantes armados ligados ao PC do B entre 1972-1974
na região que hoje abrange o norte do Tocantins e o sudeste do Pará, foi convocado para
comparecer à Comissão da Verdade no dia 8 de setembro de 2014. Conegundes respondeu
à à à à à à à à à àE à à à à
à à à à “ à à
Fonte: (Folha de S.Paulo, 9 de set. de 2014. Adaptado.)
O Tocantins foi o último estado brasileiro a ser criado, e foi pela promulgação da
Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Antes da sua criação, o território pertencia
estado de Goiás, mas o sul se desenvolveu mais desde a mineração e os rumos do
desenvolvimento ao longo do século XX foram diferentes. A sua criação ocorreu na constituição de
1988 e possuía somente 60 municípios. A instalação das instituições administrativas e
representativas de um estado exigem um grande esforço, pois além da infraestrutura é necessário
eleger os representantes do novo ente da União. São mais 3 senadores, 8 deputados (cota
mínima), um governador e era necessário organizar o processo eleitoral. Essa missão ficou à cargo
do TER de Goiás (Tribunal eleitoral regional de Goiás). A eleição dos primeiros representantes
tocantinenses foi realizada em 15 de novembro de 1988. Note que o TRE goiano ficou
encarregado das eleições de Tocantins antes da instalação oficial das instituições estaduais.
A banca pode fazer uma pegadinha que se não ficar muito atento é fácil cair: Tocantins foi
desmembrado de Goiás em 1988, mas as instituições administrativas foram
OFICIáLMENTE àinstaladas no ano seguinte, em 1989.
com a sede em Vila Boa cidade de Goiás e comarca norte com sede a ser construída em local
designado entre os rios Tocantins e Itacaiúnas, com nome de São João das duas Barras. Natividade
seria a sede provisória até que a construção da nova vila. Em 21 de julho de 1809, o regente
nomeou como ouvidor (juiz) dessa nova comarca o desembargador Joaquim Teotônio Segurado,
que ocupou antes a comarca de Vila Boa.
O discurso autonomista do Tocantins teve como primeira referência histórica, a
Proclamação de 1821, de Teotônio Segurado.
São João das duas Barras foi submetida à Goiás até 1920, quando foi integrada ao estado do
Pará. Quando foi criada, a intenção era um local estratégico para dinamizar os fluxos de navegação
na região. O local foi escolhido pessoalmente por Segurado com o aval do capitão/governador de
Goiás Francisco de Assis Mascarenhas, sendo a barra os rios São João da Palma. O novo local foi
chamado de Vila de São João da Palma em homenagem à D. João VI e Palma devido ao rio. Após a
proclamação da República, passou simplesmente a ser chamada de Vila da Palma. Em 1815,
Segurado levantou um pelourinho (símbolo da Justiça da época) e fundou a Vila. Com o retorno da
família real a Portugal, as ideias de independência do país passaram a tornar-se populares em
várias partes do Brasil, principalmente no nordeste, mas as discussões chegaram ao norte de
Goiás. A criação da comarca não foi o suficiente para satisfazer a elite local que queriam derrubar o
Governador da Província. Após várias reuniões dos emancipacionistas o desembargador Joaquim
Teotônio Segurado foi indicado como presidente da junta governativa provisória. A independência
da Província de Palmas foi proclamada em 15 de setembro de 1821 (perceba que foi a
independência de uma província se separando a outra). O grupo de segurado queria permanecer
unido ao reino português. Segundo o manifesto que criou a província, a região estava abandonada
administrativamente e sem assistência da coroa e sem representatividade política e isentava
criadores de gado de muitos impostos. O movimento da província de Palmas durou menos de dois
anos entre 1821 e 1823. O grupo se dividiu entre aqueles que queriam que Tocantins fizesse a
independência do Brasil e os que não queriam. Teotônio Segurado foi eleito deputado constituinte
das cortes portuguesas e partiu para a Europa, e de lá se correspondia politicamente com a
província.
D à à à à àT àH à àG à à à à à à imento
ficou fragilizado e acabou tendo dois governadores ao mesmo tempo um em Natividade
independentista e outro em Cavalcante. Com a coroação de D. Pedro I como imperado do Brasil
enviou Padre Inácio Sampaio munido de um pequeno exército fortemente armado para apaziguar
a região e retorna o controle imperial. O padre realizou uma grande devassa com prisões, dissolveu
o clube de Natividade, o principal foco de oposição à unidade política. O padre Luiz Gonzaga
à à à à P à à à do presidente da província de Goiás pelo regente
Padre Diogo Antônio Feijó. No império ocorreram propostas de novas divisões entre as províncias
que podemos citar entre elas a do Visconde de Taunay, baseado nos estudos do grande estadista,
diplomata, historiador e geógrafo Francisco Varnhagen. Também teve a proposta do deputado
paraense João Cardoso de Meneses, que sugeria a separação do norte goiano e a anexação de
parte do Pará e Maranhão.
com um forte mandonismo local e disputa política entre os coronéis da região. O acadêmico foi
membro da academia brasileira de letras- goiano Bernardo Élis retratou este mundo rural em sua
obra. N à à O Tronco" que foi publicado pela primeira vez em 1956 e se é das grandes obras da
literatura regional. Baseia a narrativa em disputas pelo controle político no norte goiano,
envolvendo o coronel Abílio Wolney. Poucas eram as oportunidades para qualquer pessoa, até
mesmo quem dispunha de condições materiais, e só conseguia estudar ou seguir carreira
normalmente quem se enveredava pela carreira militar ou no seminário católico.
Porto Nacional, patrimônio histórico de Tocantins, era o principal centro econômico,
cultural e político. Feliciano Machado, Fabrício César Freire e Oswaldo Aires da Silva passaram a
militar pela criação do estado e realizaram manifestações cívicas, entre elas em 20 de maio de
1956 realizaram uma passeata cívica com quase quinhentas pessoas. Os líderes chegaram inclusive
à à à à à à à à à OàE à àT
Feliciano, que era juiz, foi transferido para a comarca de Anápolis. Os deputados Francisco
Ayres e Francisco Brito discutiram abertamente na assembleia de Goiás a proposta de separação.
Poucas foram as manifestações contrárias, mas podemos registrar a oposição do deputado João
Abreu, que lançou um manifesto contra a separação conclamando a união do povo goiano.
N à à à à à à à à à à à à à à à
contraditórios sacodem a terra goiana: um eminentemente unionista propugnado pela
mudança da capital federal para o planalto central, e outro, do qual estou pronunciando,
à à à à à à à àE
de JK e a materialização da construção de Brasília. Diz que estão divididos entre os que querem
Goiás unido com a nova capital e outro que quer dividir.
Durante a década de 60 surgiu um grupo de estudantes que realizou um importante debate
sobre a separação do Estado a CENOG.
A casa do Estudante do Norte Goiano, que teve uma importante participação no
movimento separatista e era formada predominantemente por estudantes, caracterizou-se pelo
regionalismo. Mobilizou os estudantes na luta pela criação do Tocantins e se transformou em palco
de intensa atividade política, e foi um dos principais focos de resistência à Ditadura Militar. Sua
origem era prestar assistência aos jovens do norte de Goiás que eram muito pobres e estudantes
em Goiânia. Tinha uma sede em Porto Nacional e outra em Goiânia. Foi fechada pelo regime
militar e seus membros perseguidos. A sede em Porto Nacional foi construída por um mutirão de
estudantes com apoio dos locais. O patrimônio depois que foi dissolvida a entidade foi absorvida
pela UFG. d
Mesmo tratando-se de um assunto delicado, este tema durante o regime militar o
deputado federal Siqueira Campos beneficiado pela imunidade parlamentar e propôs no
congresso em 1972 a redivisão da Amazônia com a criação de 12 novos territórios entre eles o
Tocantins. O que se segui foi revoltante para os divisionistas: Em 1977 o presidente Ernesto Geisel
separou o Mato Grosso criando o MS.
Em 1981 foi criada a CONORTE Comissão de Estudo dos Problemas do Norte Goiano
também chamada União Tocantinense. Era uma organização da sociedade civil, não vinculada a
partidos políticos. Foi muito importante, pois começou a massificar a proposta emancipatória ao
usar uma estratégia de comunicação que levava a questão da autonomia tocantinense para o
debate nacional. O norte do Tocantins ao logo do século XX foi palco de intensos conflitos pela
terra. É um dos lugares do país com maior violência no campo tanto entre indígenas e
comunidades tradicionais contra mineradores e madeireiros. Na década de 80 o debate pela
divisão estava tão forte que foi capaz de unir os conservadores da ARENA do então deputado
Siqueira Campos e o GETAT Grupo de trabalhadores da Terra que militavam pela reforma agrária
no extremo norte, no foco dos conflitos fundiários. Siqueira Campos apresentou o projeto de
criação do Tocantins em abril de 1985 e o congresso nacional aprovou por unanimidade. O
presidente Sarney vetou o projeto. Meses depois o senador goiano Benedito Ferreira apresentou
o mesmo projeto e Sarney vetou pela segunda vez. O argumento presidencial era que o novo
estado não seria capaz de se manter com recursos próprios, que o governo federal não poderia
arcar e que o tema deveria ser discutido na assembleia constituinte, que entraria em vigor em
breve, em 87. Na onda positiva ao projeto criaram o comitê pró-criação do Tocantins, que
entregaram uma emenda popular com milhares de assinaturas à Ulisses Guimarães.
O ano era 1987. As lideranças souberam aproveitar o momento oportuno para mobilizar a
população [...]. A Conorte apresentou à Assembleia Constituinte uma emenda popular com
cerca de 80 mil assinaturas como reforço à proposta de criação do Estado. Naquele
momento, foi criada uma organização suprapartidária com o objetivo de conscientização
política em toda a Região Norte para lutar pelo Tocantins também através de emenda
popular. e
E o sonho tornou-se realidade! Uma frase forte bem elaborada, expressou o desfecho
vitorioso da bandeira pró- à à à àT à E à à à
Quando o Estado do Tocantins foi criado, havia apenas 60 municípios. A seguir, ainda pela
assembleia legislativa de Goiás, foram criados mais 19 novos municípios, dois dos quais, Aliança do
Tocantins e São Valério da Natividade, foram instalados a 1º de janeiro de 1989.
A partir da aprovação era agora necessário seguir os passos para a implantação da máquina
pública, a começar pelo estabelecimento de eleições sob a responsabilidade do Tribunal Regional
eleitoral de Goiás (TRE).
Art. 13. É criado o Estado do Tocantins, pelo desmembramento da área descrita neste artigo,
5
dando-se sua instalação no quadragésimo sexto dia após a eleição prevista no parágrafo 3°, mas
não antes de 1° de janeiro de 1989.
A partir daí, o Tocantins efetivamente passou por três etapas: criação, eleição (do legislativo
e executivo) e instalação.
As características físicas do Tocantins são muito mais parecidas com as do centro-oeste
(predomínio de cerrado) que do norte (predomínio amazônico), mas então porque foi
desmembrado de Goiás e incluído na região norte? A resposta é simples: porque assim seria
beneficiado com uma fatia maior do orçamento público na divisão do Fundo de Participação dos
Estados. A inclusão na região norte foi simplesmente econômica. Três principais cidades
pleiteavam a posição de capital provisória, que poderia tornar-se definitiva: Araguaína, Gurupi e
Porto Nacional. Mas a decisão de escolher a capital provisória cabia a José Sarney que escolheu
Miracema do Tocantins.
3. A CAPITAL PALMAS
A capital é a maior cidade do Tocantins. Foi fundada em maio de 1989 para ser a capital
definitiva do estado. O primeiro governador eleito foi o ex-deputado divisionista Siqueira Campos,
que ocupou por sucessivos anos a chefia do executivo estadual. A construção da capital foi
entregue ao arquiteto Luís Fernando Cruvinel e Walfredo Antunes de Oliveira Filho. Só tornou-se
capital oficialmente em 1° de janeiro de 1990. Foi a última grande cidade planejada no país no
século XX e é a melhor qualidade de vida das capitais da região norte. O crescimento da capital foi
vertiginoso: em 1991 tinha pouco mais que 24 mil habitantes e hoje 2018 a projeção é de
aproximadamente 286 mil habitantes. Com um crescimento tão acelerado é muito difícil que a
infraestrutura e a economia acompanhe o mesmo ritmo de crescimento da população e os espaços
urbanos passam a ser ocupados irregularmente, surgindo favelas e aumentando a criminalidade.
8
Palmas passa por todos os problemas comuns a uma capital como o crescimento desordenado,
problemas na infraestrutura urbana, déficit habitacional, violência e muitas pessoas atuando na
informalidade.
Siqueira Campos encomendou um estudo para estabelecer o melhor local para a capital,
cuja localização deveria servir para irradiar o desenvolvimento econômico e social do estado, e o
resultado foi que deveria ser em uma área entre Porto Nacional e Taquaruçu do Porto, a leste do
povoado do Canela. O primeiro prefeito de Palmas foi Fenelon Barbosa.
A cidade foi ornamentada com várias obras de arte, mas destacam-se dois monumentos
republicanos que homenageiam os militares de 20 que lutaram contra a República Oligárquica no
movimento conhecido como tenentismo, que foi marcado por dois grandes momentos: Os 18 do
forte de Copacabana e a Coluna Prestes.
4. EXERCÍCIOS.
A) 1987.
B) 1988.
C) 1989.
D) 1990.
E) 1991.
áà à à à à E à à à à à à à
marcante da luta pela criação do Tocantins, a participação.
A) das elites agrárias do norte goiano, que buscavam fazer frente ao domínio econômico dos
migrantes estrangeiros.
B) das populações do norte goiano, que visavam alcançar o reconhecimento de suas
necessidades e potencialidades.
C) dos nativos do norte goiano, que objetivavam garantir a posse das terras ocupadas para os
seus descendentes.
D) dos políticos do norte goiano, que desejavam associar a sua luta ao movimento de
abertura política nacional.
D) A semente do discurso autonomista do estado do Tocantins foi plantada por Bernardo Élis
quando coordenava a Junta Provisória da Comarca do Norte.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Muito bem, querido concurseiro. Se você chegou até aqui é um bom sinal: o de que tentou
praticar todos os exercícios. Não se esqueça da importância de ler a teoria completa e sempre
consultá-la. Não se esqueça dos seus objetivos e dedique-se com toda a força para alcançá-los.
“ à à à à à à à à à à à à à à àEncontro
você na nossa próxima aula.
Bons estudos, um grande abraço e foco no sucesso.
Até logo...