A proteção não contributiva não se restringe ao combate à
pobreza, sendo o direito à inclusão social um direito humano
inalienável e protegido pela Constituição Federal de 1988.
Conforma Aldaíza Sposati : a proteção social não contributiva se refere àquela
em que não é necessária uma contrapartida monetária para o cidadão ter acesso, ou seja, o seu conceito é referente a universalidade, já que todos possuem direito de acessá-la. Restringir a proteção social não contributiva a segmentos da população ou ao combate específico da pobreza, por exemplo, significa reduzir os direitos de toda a população. A partir da promulgação da Constituição Federal (CF) de 1988 e da aprovação da Assistência Social enquanto política pública não contributiva aponta-se que os usuários são sujeitos de direito, e que essa proteção é destinada à toda a população (ou deveria ser, mas infelizmente muitas vezes ela é excludente). Busca- se ultrapassar a noção de uma proteção social voltada ao atendimento dos mais pobres, já que o acesso a ela é "gratuito" e fora das relações mercantilizadas, implementando uma política de caráter e abrangência universal. Deste modo, a proteção social não contributiva deve ser compreendida enquanto uma política voltada a todos os cidadãos buscando sanar suas necessidades, possibilitando a inclusão social no sentido de garantir o acesso e a participação de todos de forma igualitária na sociedade, consoante com o postulado pelos direitos humanos - que assegura a inclusão social a todos - e pela própria CF brasileira que defende tais direitos. Pode-se citar como exemplo, como a própria autora aponta o Estatuto da Criança e do Adolescente que assegura e defende a proteção de todas as crianças e adolescentes, sejam pobres ou ricos. Portanto, o Estatuto de forma universal protege esse grupo específico, já que violações de direitos podem ocorrer em todos os lugares, por isso faz-se importante a proteção às pessoas. Assim, se o objetivo é a equidade entre as pessoas, é necessário romper com a antiga concepção de que somente na pobreza se tem violações de direitos, vulnerabilidades sociais ou necessidade de intervenções, promovendo uma proteção social, de fato, universal.
Os assistentes sociais assim como o conjunto CFESS/CRESS (Conselho Federal
de Serviço Social e Conselho Regional de Serviço Social) tiveram importância singular tanto para a elaboração da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social - Lei n. 8.742/1993) quanto para sua implementação. Foram realizadas por esses atores várias tentativas, algumas bem sucedidas, de emendas ao projeto de lei que veio a ser aprovado, no sentido de ampliar suas garantias e direitos a população. Conforme o documento elaborado pelo CFESS (Subsídios para atuação de assistentes sociais na política de assistência social, 2011), alguns dos projetos de lei sugeridos na época apresentavam a Assistência Social como ações bastante limitadas e estes foram duramente questionados e impedidos de serem aprovados através de organização do conjunto e da categoria; o conjunto também propôs um projeto de lei de Assistência Social que, obviamente, não foi aprovado por ser amplo e não coincidir com os interesses de minimização do Estado perante as políticas sociais. E após a aprovação da LOAS em 1993 a luta da categoria e dos demais movimentos continuou para que, de fato, a Lei viesse a ser implementada. Assim, foram realizadas diversas manifestações e tentativas junto ao judiciário para efetivar a implementação da LOAS. Portanto, a atuação dos assistentes sociais e de seus órgãos representativos foram fundamentais para a existência da LOAS, assim como a atuação de outras categorias e movimentos sociais do país. Com relação a ultrapassagem da condição de mero executor de políticas sociais, é no contexto da década de 1980 que os assistentes sociais comprometidos com a implementação de diversas políticas sociais, passam a possuir como competência também a gestão e o planejamento dessas políticas. Esses profissionais deixam de somente executar ações institucionalizadas para participar também da elaboração de políticas sociais. Assim, abre-se para o Serviço Social um novo mercado de trabalho com diversificadas demandas para os profissionais durante esse período que possuiu significativos avanços para a consolidação da profissão no país.
Seguridade social acabou se caracterizando como um sistema híbrido.
Com a Constituição Federal de 1988 e a implementação da Seguridade Social
brasileira é fato que se obteve um avanço no que se refere à proteção social no país, no entanto, a lógica do seguro social ainda permeia a seguridade. Deste modo, a seguridade social brasileira, apesar de possuir diretrizes como universalidade na cobertura, uniformidade e equivalência dos benefícios, irredutibilidade do valor dos benefícios, seletividade e distributividade nos benefícios, equidade no custeio, diversidade na base de financiamento e caráter democrático e descentralizado da administração, não as efetiva integralmente e em todas as políticas que compõem a proteção social. Tem-se, dessa forma, um sistema híbrido de seguridade que conjuga universalidade com seletividade e exclusão. Posto isto, observa-se que a Saúde possui caráter universal; Assistência Social é de quem dela necessitar e, portanto, apresenta caráter seletivo; Previdência Social permanece a lógica do seguro, dependente de prévia contribuição e relacionada e dependente do trabalho.
A instância coordenadora da Política Nacional de Assistência
Social é o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. (Incluído pela Lei nº 12.435, de 2011)