Sunteți pe pagina 1din 33

Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)

O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Sumário
1. Considerações preliminares. ................................................................................... 2
2. Normas Fundamentais do Processo Civil ................................................................. 2
3. Aplicação das normas processuais ........................................................................ 29

1
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

1. Considerações preliminares.1
O presente Curso fará um estudo sistemático de todo o NCPC. Um conjunto de artigos
por aula. Há grupos de artigos mais complexos, outros mais simples.
No início serão alguns artigos de Teoria Geral do Processo, de normas fundamentais
de Processo Civil, portanto, mais complexas, depois serão estudados artigos mais simples.
Mais a frente serão estudados os recursos, os precedentes.
Sempre será um grupo de artigos por aula, de forma que o estudo será concluído com
o cotejo de todos os artigos, incisos, alíneas e parágrafos do NCPC.
Não significa que o curso será extremamente apegado à letra da Lei. O Curso
procurará, sempre, a melhor doutrina, que se encaixa naquilo que precisa ser explicado e,
sobretudo, o curso estará atento ao que vêm decidindo os dois tribunais, STF e STJ, acerca do
NCPC. No limite, é o que esses dois tribunais decidem, é o que interessa. Eles é que vão
uniformizar a jurisprudência e a interpretação acerca do NCPC.
O STF muito apegado aos recursos extraordinários e aos precedentes e ao acesso à
Justiça e outros temas que envolvem o que se chama de modelo constitucional de processo
civil e o STJ apegado a todo o restante, afinal a legislação processual é Federal.
Esse momento é de suma importância para quem estuda o Direito Processual Civil,
porque o Direito pátrio é um Direito muito positivo, claro que com influência da
jurisprudência, como fonte normativa, mas, se uma pessoa quer advogar, ela precisa conhecer
o NCPC, se uma pessoa quiser prestar concursos públicos é necessário conhecer a legislação
processual e a jurisprudência dos tribunais superiores a respeito.
Tudo isso esse curso proporcionará.
O que não se verá nesse curso são as matérias que estão fora do NCPC. No curso de A
à Z tem as aulas sobre os temas extra Código, como o mandado de segurança, processo
tributário, mandado de injunção, e outras normas que estão fora do NCPC.
2. Normas Fundamentais do Processo Civil
Adentrando, efetivamente ao curso, veja-se o artigo 1o:
PARTE GERAL
LIVRO I
DAS NORMAS PROCESSUAIS CIVIS
TÍTULO ÚNICO
DAS NORMAS FUNDAMENTAIS E DA APLICAÇÃO DAS NORMAS PROCESSUAIS
CAPÍTULO I

1
Referência no vídeo: aqui se inicia a Parte 1, da Aula dada no dia 20/02/2017, com 39:28 de duração.

2
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL

NCPC - Art. 1º O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme os


valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da República Federativa
do Brasil, observando-se as disposições deste Código.

Artigo sem correspondente no CPC/1973.


Esse Título e esse Capítulo, Normas Fundamentais e Aplicação das Normas Processuais
é uma inspiração do Código de Processo Civil Português, o que o Professor não entende que
seja uma boa inspiração, porque lá, o Processo Civil não funciona muito bem.2
O importante de se dizer aqui é que o NCPC começa a “dialogar” com leitor, dizendo,
“em primeiro lugar, respeite a CF”, o que é algo absolutamente óbvio, mas, que remete a um
termo utilizado, não se sabe se pela primeira vez ou não, mas, a primeira vez que o Professor
viu esse termo foi ainda fazendo mestrado na PUCSP, como aluno do Prof. Cassio Scarpinella
Bueno, e ele dizia do modelo constitucional do processo civil. O que o Professor Erik Navarro
entende que é verdade.
O Brasil tem um modelo processual com linhas mestras estipuladas na Constituição.
Então, tudo que se quiser fazer em termos de legislação infraconstitucional, ou em termos de
decisões jurisprudenciais, tem de “caber” dentro desse modelo constitucional.
Qual foi a ideia?
O capítulo I, ao trazer normas fundamentais de processo civil, em parte ele repete
princípios processuais constitucionais, ou seja, normas de processo civil, normas princípio e
até mesmo normas regra, que estão na Constituição.
Mas, pra que, se já está na Constituição? Porque, a ideia de repetição tem a ideia de
reafirmação daquela norma. De tornar a norma mais conhecida e, consequentemente, mais
respeitada.
De outro lado, há aqui outras normas que não estão na Constituição, mas que acabam
sendo tratadas aqui como normas fundamentais de processo civil.
Por exemplo, o princípio do Juiz Natural ou a proibição da prova ilícita, estão na CF e,
curiosamente, não estão nas normas fundamentais no NCPC [não estão reproduzidas no
Capítulo I]. 3
Mas, por exemplo, o dever de observância dos precedentes (art. 927) é, no entender
do Professor, uma norma fundamental, que não está neste Capítulo I e não está

2
Referência no vídeo: minuto 3:16 em diante.
3
[correção feita acerca desse ponto no minuto 7:50]

3
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

explicitamente na CF. O Professor acompanha a tese de que, ele entende que se tornará
majoritária, a CF obriga, sim, a observância dos precedentes. E os precedentes dos tribunais
superiores são, por uma questão de segurança jurídica, vinculantes [não há nada mais
importante para o Direito do que a Segurança Jurídica], então, de observância obrigatória.
Algumas dessas normas fundamentais são o que é chamado de direitos fundamentais,
por exemplo: o princípio do contraditório e o do acesso à Justiça.
Outras normas fundamentais não são direitos fundamentais, exemplo: o julgamento,
prioritariamente, em ordem cronológica.
Voltando ao início, por que parece que houve uma pequena confusão. Na verdade, o
princípio do juiz natural e a norma de proibição da prova ilícita são normas processuais
constitucionais e curiosamente não estão reproduzidas no Capítulo I. Se a ideia do Capítulo I,
em parte foi reforçar as normas processuais constitucionais, parece que houve um
esquecimento no que se refere ao princípio do juiz natural ao princípio da proibição da prova
ilícita [fica aí a correção acerca desse tema tratado há pouco].
Exemplo de normas fundamentais que estão no Capítulo I e também na CF são o
princípio do contraditório e do acesso à Justiça.
Aos olhos do Professor, o Capítulo I é “bacana”, mas esse mesmo Capítulo aponta para
um problema que se espera seja resolvido pelo STF e pelo STJ, decorrentes da chamada
“infraconstitucionalização” de normas constitucionais.
Isso significa que se há algumas garantias constitucionais processuais [portanto, na CF],
mas não constavam do CPC/73 e, a partir do momento em que o NCPC reproduz essas normas,
pergunta-se: passa a existir a possibilidade de recurso especial, caso essas normas sejam
violadas em decisão do Tribunal [da qual não caiba mais nenhum tipo de recurso ordinário]?
Veja, se elas eram normas constitucionais, havia, em tese, a possibilidade do recurso
extraordinário, mas não havia a possibilidade do recurso especial, na medida em que elas não
constavam no CPC. A partir do momento em que elas constam da Lei Federal [CPC] passa a
caber também o recurso especial, ou também, passa a caber somente o especial? No lugar do
recurso extraordinário? Dá pra perceber o problema?
Duas observações a esse respeito:
Primeira: não se pode esquecer que, para que caiba recurso extraordinário, mais do
que estar na CF, é preciso que a decisão que abordou aquela norma, ou que violou aquela
norma tenha repercussão geral. Então, sem repercussão geral, não há possibilidade de
recursos extraordinário. Mas ainda pode ter recurso especial. Então, surgiu a oportunidade
para se acessar as instâncias superiores, já que a decisão, com violação de uma garantia
processual constitucional não tem repercussão geral, então nunca caberia recurso

4
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

extraordinário. Mas, agora, como esta norma está no CPC, pode caber recurso especial. Esse
raciocínio está certo ou errado? Depende.4
Existe o conceito de “clone legal”, cunhado pela própria Jurisprudência do STJ, [Edcl no
Resp. 181.913, precedente]. No seguinte sentido: se a legislação federal apenas reproduz a
norma constitucional, que é basicamente quando há o reforço das garantias constitucionais
[o que ocorre no Capítulo I no NCPC], não cabe recurso especial. Caberá, se for o caso, recurso
extraordinário e, mesmo assim, somente se houver repercussão geral.
Então, se houver uma decisão que aborda uma garantia constitucional, que é objeto
de “clone legal” pelo NCPC, não caberá recurso especial e, se não houver repercussão geral,
não caberá também o recurso extraordinário. Ou seja, não caberá absolutamente nada.
O lado negativo, da chamada “constitucionalização” dos diversos ramos do Direito
[fazendo o caminho inverso do NCPC], quando vem a CF e transforma normas “ordinárias”,
“normas absolutamente comuns”, normas que talvez não merecessem o status constitucional
e vem a CF de 1988 e constitucionaliza essas normas [a ponto de no Brasil a gente poder falar
em Direito Civil Constitucional, Direito Processual Constitucional] ela, a CF, acaba criando uma
“força magnética”, para que todos esses processos que tratam de questões triviais alcancem
o STF. Essa é uma das razões que “destruíram” o STF, como Tribunal Constitucional.
E a partir de 2005, com a introdução do filtro da repercussão geral há um começo de
reversão desse processo. Mas, ainda há muito problema para resolver nesse sentido.
NCPC - Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso
oficial, salvo as exceções previstas em lei.

Artigos correspondentes no CPC/1973:


CPC/1973 - Art. 262. O processo civil começa por iniciativa da parte, mas se desenvolve
por impulso oficial.
CPC/1973 - Art. 2º Nenhum juiz prestará a tutela jurisdicional senão quando a parte ou o
interessado a requerer, nos casos e forma legais.
Tem-se aqui, claramente [para usar a tradição da doutrina brasileira]:5
O processo começa por iniciativa da parte (...), equivale ao Princípio da Demanda.
(...) e se desenvolve por impulso oficial (...), que corresponde ao Princípio Dispositivo.

4
Referência no vídeo: minuto 11:28 em diante.

5
Referência no vídeo: minuto 13:56 em diante.

5
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Demandar é exercitar o direito de ação [definir o objeto do processo e instaurar o


processo – Princípio da Demanda].
Uma vez que o processo está instaurado ele se desenvolve por impulso oficial e aqui,
na parte do impulso oficial, há a ideia de princípio dispositivo ligado à ideia de condução do
processo. Quer dizer, sim, o processo se desenvolve por impulso oficial [princípio da inércia],
mas, o juiz não pode fazer tudo no processo. O juiz não pode sair instaurando incidentes
processuais, ele não pode, com toda a liberdade do mundo, determinar quais provas serão
produzidas, ele não pode fazer uma série de coisas. Por quê? Para não se parcializar.
Então, a ideia é que a condução do processo obedeça ao princípio dispositivo. Agora,
no momento em que as partes não conduzem o processo aí sim, a inércia processual, a inércia
judicial [princípio da inércia], levará esse processo para um fim. Que, possivelmente será a
extinção, sem resolução do mérito.
O processo não fica parado, esperando a iniciativa das partes.
Quando se fala em princípio dispositivo na Doutrina Alemã, chama-se de
dispositionprinzip.
Quando se fala em princípio da condução do processo, a Doutrina Alemã chama de
verhandlungsmaxime. Esse é o termo que se usava no início do desenvolvimento desse
princípio. Sobre o verhandlungsmaxime se congregava tanto o princípio dispositivo, quanto o
princípio da demanda. Isso mostra como esses princípios tinham um núcleo comum.
Hoje esses princípios não têm mais o mesmo núcleo, tanto que, para o princípio
dispositivo a Doutrina Alemã tem um nome próprio [dispositionprinzip] e a Doutrina Brasileira,
fala, ainda, em princípio da demanda.
Essa parte teórica talvez seja a menos importante, talvez a coisa mais importante desse
artigo seja que a Lei ressalva hipóteses em que o processo não começa por iniciativa da parte,
ou, mesmo se desenvolvendo por impulso oficial, não se respeita o princípio dispositivo, salvo
as exceções previstas em lei.
Quais são esses exceções?
Algumas exceções são conhecidas de todos, exemplo:
a) a instauração do procedimento de herança jacente [artigo 736], que pode ser feita
de ofício pelo Juiz [clara exceção ao princípio da demanda];
b) incidente de julgamento de demandas repetitivas [IRDR]. Processos iguais, instaura-
se o incidente, os processos ficam suspensos e aqueles processos que foram eleitos vão ser
julgados para gerar o precedente e depois o precedente será aplicado para todos os processos
que ficaram suspensos [apesar de algumas divergências doutrinárias, o IRDR pode ser

6
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

instaurado de ofício]. O IRDR não é uma ação, porque não está se falando de princípio da
demanda, mas ele é uma exceção ao princípio dispositivo;
c) execução da sentença no processo trabalhista [CLT, artigo 878], pode ser feita de
ofício [lembre-se que o artigo 108 da CF estipula que as execuções fiscais, decorrentes do
reconhecimento de vínculo trabalhista, porque há tributos incidentes sobre o contrato de
trabalho, e, no momento que o juiz reconhece o vínculo, ele pode iniciar a execução fiscal,
intimando a Fazenda Pública para continuar com o processo. Mais uma clara exceção
constitucional ao princípio da demanda, porque inicia-se uma ação de execução fiscal e isso
se relaciona com a CLT, artigo 878].
Quando se falava em princípio da demanda, usava-se como exceção o inventário
[CPC/73, artigo 989], mas a instauração do inventário de ofício deixou de existir no NCPC,
somente a herança jacente é possível agora.
NCPC - Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos
deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do
Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.

Artigo sem correspondente no CPC/73.


Trata-se de um artigo importante6, porque ele começa com o princípio da
inafastabilidade da jurisdição, ou seja, mais um claro caso de “clone legal” [artigo 5o, inciso
XXXV]. O NCPC continua e ressalva a instituição da arbitragem, bem como as formas
consensuais de solução de conflitos, dentre elas, reforça a possibilidade de conciliação de
mediação e de outros métodos consensuais que deverão ser estimulados pelo magistrado,
pelos advogados, pelo defensores públicos e membros do MP, inclusive no curso do processo.
Quando, no âmbito desse curso, quando se for estudar os artigos que tratam da
mediação e da conciliação, será um dos poucos momentos em que se sairá do NCPC, para
estudar a Lei de Mediação. Se estudará a arbitragem também. Saindo do NCPC e entrando na
Lei da Arbitragem, porque isso é muito importante.
O Professor não vê qualquer outra saída para a crise da Justiça Brasileira, que não a
utilização dos meios alternativos de solução de conflitos.
Há uma expressão que precisa ser decorada: “Justiça Multiportas”.

6
Referência no vídeo: minuto 20:49 em diante.

7
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Essa é uma expressão extremamente feliz, para essa nova fase que o Brasil está
vivendo de parar de achar que todos os nossos conflitos serão resolvidos pelo Poder Judiciário.
Ou seja, é para se sair de um paradigma, de uma certa dependência do Estado, para se
constatar que os problemas podem ser resolvidos fora do Judiciário. Podem ser resolvidos
pela arbitragem, ou pela mediação, ou pela conciliação. E a mediação pode se dar dentro do
processo ou fora do processo. Mediação extrajudicial.
Então, a expressão “Justiça Multiportas”, que e muito utilizada pelos Professores
Hemes Zaneti, Leonardo Carneiro da Cunha.
“Justiça Multiportas”.
Para favorecer a mediação e conciliação nos processos que já existem, a Lei impõe a
criação de centros judiciários de mediação e conciliação [artigos 166 e seguintes]. Tudo que
for discutido nesses centros não pode ser aproveitado, em hipótese alguma, pelo juiz, para
decidir a lide, caso não haja a composição do conflito. Então, nada melhor que essas tratativas
se deem fora da unidade jurisdicional, se for possível.
O outro dispositivo que o NCPC usou para tentar estimular a mediação e a conciliação
foi o artigo 335, que coloca a audiência de conciliação antes mesmo da resposta do réu. Isso
é algo absolutamente controvertido. Ainda não se sabe se dará certo ou não. Há juízes que
não estão aplicando. Há uma certa má vontade por parte do Poder Público em comparecer a
essa audiência, há muitos problemas que serão bem estudados, quando da análise do artigo
335, e quando se estudar a mediação e conciliação.
Com relação à arbitragem, num primeiro momento, aponta-se a existência da Lei
Federal 9.307/96, que sofreu recentes modificações.
Por agora, é importante se saber qual seria a natureza jurídica da arbitragem.
Há um anos atrás se gastava um “tempão” ponderando acerca das diversas opiniões
referentes ao tema. Hoje parece muito tranquilo dizer que trata-se de uma atividade
jurisdicional.
A arbitragem é jurisdição exercida fora do Poder Judiciário. Inspirado nas lições do
Professor Leonardo Greco, pode-se dizer o principal da jurisdição é a ideia de independência
e definitividade. Jurisdição é independência e definitividade. Não precisa, necessariamente,
ser algo que provem do Poder Público.
A Arbitragem é Jurisdição realizada fora do Poder Judiciário.
O STJ vem reconhecendo essa natureza jurídica da Arbitragem o tempo todo. O STJ
reconhece conflito de competência entre juiz togado e árbitro e há uma prevalência da
arbitragem.

8
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

O Legislador falou em inafastabilidade da apreciação jurisdicional. Como dito, há


jurisdição dentro e fora do Judiciário. Mas a garantia da inafastabilidade da prestação
jurisdicional não é essa. Porque o que fala a CF, no artigo 5o, XXXV, é somente a
inafastabilidade da apreciação do conflito pelo Poder Judiciário. Isso significa que, por mais
que o NCPC garanta a inafastabilidade da apreciação jurisdicional, essa inafastabilidade pode
ser reduzida, no que se refere à jurisdição exercida fora do Poder Judiciário, como é o caso da
arbitragem. Porque não é garantia constitucional. Agora, a jurisdição estatal é uma garantia
constitucional e não pode ser diminuída em hipótese alguma.
NCPC - Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do
mérito, incluída a atividade satisfativa.
Artigo correspondente no CPC/1973:
CPC/1973 - Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código,
competindo-lhe:
II - velar pela rápida solução do litígio;
Esse é um dispositivo muito importante7, desde que se dê a ele o conteúdo que ele
realmente deve ter. Aliás, ao dar a ele o conteúdo que ele deve ter é dar à CF o poder que ela
deveria ter. Porque o Princípio da Duração Razoável foi introduzido na Reforma do Poder
Judiciário, em 2004 [Emenda Constitucional 45], no artigo 5o, LXXVII.
Quais seriam os reflexos que se poderia destacar desse dispositivo? E também do
artigo 5o da CF?
Primeiro, feitos repetitivos e formação de precedentes. A formação de precedentes
em feitos repetitivos valoriza a duração razoável, porque resolve todos os processos no
mesmo momento, de acordo com a diretriz do precedente e deve evitar que outros processos
idênticos venham ao Poder Judiciário, porque a ideia é que se respeite aquela decisão judicial
e que as pessoas se adaptem e que o Estado adapte também a sua postura nas relações
jurídicas ao precedente. Diminui-se o número de processos e os processos que realmente têm
que tramitar, passam a tramitar de maneira mais rápida.
Então, tem-se que dar toda a “força” aos precedentes. Essa é a ideia.
Problema: no que se refere ao Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas –
IRDR, existe um prazo na Lei para que ele seja julgado, que é o prazo de um ano. Dentro desse
prazo, os feitos repetitivos ficam esperando, mas, se passar de um ano, eles voltam a correr.
Existia regra semelhante, para o julgamento de recursos especial e extraordinário repetitivo,
porque, no momento em que o processo chega no STF ou no STJ como questão repetitiva,
todos os demais processos, em todas as instâncias inferiores ficam sobrestados. A redação

7
Referência no vídeo: minuto 28:04 em diante.

9
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

original do NCPC dizia: “ficam sobrestados por até um ano”, se o processo não for julgado em
um ano, eles voltam a tramitar. Infelizmente, por pressão dos próprios ministros, esse artigo
foi retirado numa reforma, ainda em 2015. Portanto, não há limite para que os processos
fiquem sobrestados. Isso é lamentável, porque, mesmo na égide do CPC/73, o STJ já
determinada, eventualmente, a suspensão de feitos. O STJ fez isso, por exemplo, com a
discussões sobre taxa de correção de depósitos de FGTS, em determinados momentos, e levou
muito mais de um ano para julgar. Aliás, o Professor não sabe dizer se o STJ julgou essa
questão. E aí os processos ficam lá acumulados, durante dois, três, quatro anos e, obviamente,
isso não favorece nem um pouco a ideia de duração razoável do processo.
Veja-se que o Professor quase falou em celeridade, e pergunta-se: duração razoável e
a mesma coisa que celeridade? Não. Porque, se se pensar somente em celeridade o processo
pode ser rápido demais e aí o tempo do processo não é razoável.
Qual o tempo razoável? Aquele que é rápido e efetivo, mas que respeita, também, o
momento e o tempo que as partes precisam ter para se manifestar de maneira adequada e
de influenciar [porque a ideia de influenciar, o contraditório com influência] no julgamento do
juiz. Então, muito cuidado com a ideia de celeridade, o Professor prefere ficar com a ideia de
duração razoável do processo.
O artigo que trata da ordem de julgamento cronológica [artigo 12], era trazido com um
suporte para a celeridade processual, mas, no entender do Professor, esse dispositivo era um
grande “vilão” para a celeridade processual [isso será tratado no âmbito do artigo 12]. Mas,
hoje, a ordem cronológica é apenas preferencial. Não quer dizer que ela não exista, mas isso
será tratado mais à frente.
Uma outra questão importante, é que o juiz tem o dever de distribuir o ônus do
processo, na medida da probabilidade do direito das partes. Então, tem-se agora a tutela da
evidência e se tinha a tutela da urgência, no caso em que havia periculum in mora, em que o
juiz pode antecipar alguns efeitos da tutela. Porque, apesar do processo demorar, essa
demora pode ser mitigada, se o juiz mitigar o ônus desse tempo processual, que “pesaria nas
costas” daquele que aparentemente tem o direito. Então, as tutela da evidência e da urgência
podem ser usadas para mitigar esse prejuízo.
O que parece ser mais importante é que, ao incluir a atividade satisfativa no artigo 4o,
o Legislador prestou uma grande contribuição para o sistema de Justiça Brasileiro. Porque, no
modo de pensar do Professor [acompanhado pelo Prof. Luiz Guilherme Marinoni e outros],
esse dispositivo se liga diretamente ao artigo 139, inciso IV, do NCPC, que diz respeito aos
poderes do juiz e diz que o juiz pode tomar todas as medidas necessárias, sem especificar
quais sejam, para efetivação das suas decisões, incluídas as condenações no pagamento de
prestações pecuniárias, ou seja, poderia haver a utilização de medidas mandamentais
executivas lato sensu, para efetivar a condenação de obrigações pecuniárias, sem a

10
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

necessidade de se observar os meios executivos típicos do cumprimento de sentença


[penhora, avaliação, adjudicação, alienação em hasta pública, arrematação, enfim, essas
formas de expropriação patrimonial que costumam não resolver nada]. A ideia é essa, que
será aprofundada no estudo do artigo 139 [mas será necessário que se busque a conexão com
este artigo 4o], que, ao falar de duração razoável, esclarece que está incluída a atividade
satisfativa. Porque não é possível, não se pode um procedimento executivo, ou um fase de
cumprimento de sentença, que leve mais tempo do que o processo de conhecimento. Porque
os relatórios do CNJ dizem isso. Se a média de um processo de conhecimento é de quatro
anos, a média de uma execução é de oito anos. Isso não faz o menor sentido, uma vez que
nesse segundo momento o direito já foi efetivamente reconhecido.
Uma pergunta que o Professor entende pertinente é: o que seria duração razoável? É
aquela que é rápida, mas que dá o tempo para que as partes possam se manifestar e influir
no convencimento do juiz.
A Corte Europeia dos Direitos do Homem traz três critérios para o auxílio da
parametrização, e para saber se em um determinado processo se está respeitando a ideia de
duração razoável do processo ou não. Então há que se levar em consideração:
a) a complexidade do assunto;
b) o comportamento dos litigantes e procuradores [o comportamento colaborativo
dos litigantes e procuradores];
c) a atuação do órgão jurisdicional [que também envolve colaboração].
A complexidade do assunto e o comportamento colaborativo dos atores processuais.
As partes, os advogados [sim, porque não são a mesma coisa, pois nem sempre o que o
advogado faz é o que a parte quer] e também o juiz.
Os professores Marinoni e Mitidiero fazem uma colocação interessante: “tá bom, mas
se a duração razoável é uma norma cogente, tem de haver alguma punição, para quando não
haja duração razoável” e dizem mais “se a violação já se consumou seria possível um tutela
ressarcitória contra o Estado”, ou seja, uma ação de responsabilidade civil contra o Estado.
O Professor Erik observa que a culpa pode não ser do Estado, pode ser que a culpa
pode ser das próprias partes. Se a culpa foi exclusiva de uma das partes, a outra pode acionar
a parte culpada. O Professor Erik tem dúvidas e não sabe se concorda com essa posição dos
professores Marinoni e Mitidiero.
O Professor Erik acrescentaria a possibilidade de mandado de segurança contra ato
omissivo se a violação está em curso. Se o juiz simplesmente não julga o processo, poderia
caber mandado de segurança contra ato omissivo, como também, deve caber [na verdade em
tese já cabe, mas é muito pouco aplicada] a punição administrativa do juiz pelos órgãos de
corregedoria ou mesmo pelo CNJ. A desculpa que normalmente é utilizada é o acúmulo de

11
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

trabalho. O Professor Erik entende que, a depender da carga de trabalho que cada unidade
jurisdicional tem, há que se dimensionar, de acordo com essa carga, o que é, para aquela
jurisdição, a duração razoável ou não de um processo. O que seria somente um primeiro passo
para se punir ou não um juiz. Mas, daí em diante, há que se cuidar de todo o sistema de justiça,
para que haja duração razoável para todos, dentro do que preconiza a Corte Europeia de
Direitos do Homem.
Que se possa ver o fim dos processos. O Ministro Barroso diz que: “Olha, um processo
não pode durar mais de dois anos. Mais do que isso não é razoável.” Comentário com o qual
o Professor Erik concorda.
NCPC - Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de
acordo com a boa-fé.
Artigo correspondente no CPC/1973:
CPC/1973 - Art. 14. São deveres das partes e de todos aqueles que de qualquer forma
participam do processo:
II - proceder com lealdade e boa-fé;

Os dois próximos artigos8 [5o e 6o] vão falar de dois princípios muito importante do
NCPC e muito difíceis de serem entendidos e diferenciados.
Artigo 5o, princípio da boa-fé.
Artigo 6o princípio da cooperação.
Veja-se, em primeiro lugar, o princípio da boa-fé: “Aquele que de qualquer forma
participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.”
Curioso. Porque no CPC/73 havia também deveres de boa-fé, estabelecidos no artigo
14. Então, o que de tão diferente tem o artigo 5 o, em relação ao artigo 14 do CPC/73?
Bom, no CPC/73, “proceder com lealdade e boa-fé” não era norma fundamental de
processo civil. Então, em termos “topográficos” o NCPC já mostra que dá aqui um importância
maior. Mas, não é somente isso. No CPC/73 tinha-se somente o artigo 14 falando de boa-fé.
No NCPC tem-se o artigo 5o e, lá na frente, há os artigos 79 e 81, que punem a litigância de
má-fé.
Na verdade, o que se tem no NCPC e não se tinha no CPC/73 é a divisão entre boa-fé
subjetiva e boa-fé objetiva.

8
Referência no vídeo: aqui se inicia a Parte 2, da Aula dada no dia 20/02/2017, com 25:13 de duração.

12
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Os artigos 79 e 81 tratam da necessidade de boa-fé subjetiva. Então, se houver atuação


dolosa, se se utilizar condutas protelatórias, com intenção de prejudicar a outra parte, ou de
protelar o julgamento do processo, há, aí a atuação de má-fé, subjetivamente falando.
Por sua vez, o artigo 5o vai além, estipulando um dever de boa-fé objetiva.
Pergunta-se: o que é um dever de boa-fé objetiva?
O dever de boa-fé objetiva é um dever de conduta coerente e esperada.
A parte precisa ser coerente e não pode agir de forma a surpreender a parte contrária,
por tê-la feito crer, de maneira razoável, em um outro tipo de postura.
Explicando mais, a melhor coisa é “colocar um lupa”, na ideia de boa-fé objetiva e
estudar a boa-fé objetiva com quem mais entende de boa-fé objetiva no mundo. Essa pessoa
é o Português Antônio Menezes Cordeiro (colocar isso em prova fica “bonito”).
Ele identifica quatro corolários, quatro consequências da “conduta coerente e
esperada”9:
Primeira consequência: exceptio doli - exceção para paralisar o comportamento de
quem age dolosamente; [o Professor Erik entende que isso não estaria na boa-fé objetiva, mas
sim na violação da boa-fé subjetiva. Mas, é interessante repetir o que ensina Antônio Menezes
Cordeiro.
Segunda consequência: venire contra factum proprium - proibição do comportamento
contraditório. [observe-se que o dever de boa-fé envolve não somente as partes, mas também
o juiz]. Para se dar um exemplo: não pode o juiz, simplesmente, sob o pretexto de agilizar o
processo, agir assim “vou determinar o julgamento antecipado da lide, portanto indefiro as
provas a serem produzidas.” E, aí, depois o juiz julga o feito improcedente por falta de provas.
Veja-se aí o comportamento contraditório. Se o juiz partiu par ao julgamento antecipado é
que ele entendeu que o processo estava devidamente instruído. Então, nessa hipótese, o juiz
não pode julgar improcedente por falta de provas. Então, o que vai acontecer com essa
sentença? Ela será anulada, com a reabertura do processo para instrução probatória.
Terceira consequência: inalegabilidade das nulidades formais - quem deu causa, não
pode alegar nulidades em proveito próprio. Já era assim no CPC/73 e continua assim no NCPC.
É a ideia de que ninguém pode se valer da própria torpeza. Também a ideia de que, no sistema
de nulidades, as nulidades relativas não podem ser reconhecidas a partir daquele que causou
as nulidades. Isso será estudado no momento específico, para perceber que esse conceito
avança também para as nulidades absolutas.

9
[foi feita uma correção a esse comentário no minuto 7:21, com o Professor Erik dizendo que são, na
verdade, seis consequências, e não quatro, como dito agora]

13
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Quarta consequência: supressio - perda de uma posição jurídica pela constante falta
de exercício por tempo suficiente que leve o outro a crer razoavelmente que ela não será mais
exercida. Então, aí mesmo uma nulidade absoluta, se a parte percebeu essa nulidade, ou se
era uma nulidade absolutamente perceptível, aquela parte, mesmo que ela não tenha dado
causa, mas se ela guarda essa nulidade [o Professor faz um gesto simulando a colocação de
uma coisa na manga da camisa], para usar essa nulidade no final do processo, para se anular
tudo [para provocar uma prescrição, por exemplo], não vai poder. Não será admitido esse
comportamento, porque ela poderia ter alegado a nulidade, ela não alegou, então, o que se
espera, é que ela não vai mais alegar. Essa nulidade não será mais reconhecida. É a chamada
“nulidade de algibeira”. A parte guarda a nulidade, para trazer lá na frente. “Ah, mas era
aboluta!”, não importa.
Quinta consequência: O “outro lado da moeda da supressio é a surrectio – ela decorre
da supressio. É o direito que surge para a outra parte em sua decorrência. Ex. a parte guardou
a nulidade “na algibeira” e, depois de anos de processo, lá no último apelo que a parte tem
ela traz a nulidade à baila. Não pode, supressio.
O que vem a ser a surrectio? É o direito que a outra parte tem de dizer assim: “essa
nulidade não pode ser alegada, eu tenho o direito a que essa nulidade não seja reconhecida”.
Então, é o direito que surge para um, em decorrência da supressão do direito da outra parte.
A surrectio para um, decorre da supressio para outro.
É de se ressaltar que os dois termos supressio e surrectio são termos cunhados por
esse autor, o Professor Antônio Menezes Cordeiro.
Sexta consequência: tu quoque - proibição de exercer posição jurídica decorrente da
violação de uma norma jurídica pela própria pessoa. Exemplo: alguém, em um execução
nomeia um bem de terceiro a penhora e, mais a frente, essa penhora é desfeia [o Professor
se refere ao exequente], porque, obviamente esse bem pertencia a um terceiro e aí vem o
exequente e diz: “olha, eu quero uma indenização, porque a execução está demorando e eu
tenho o direito da duração razoável do processo”. Não, o exequente é que deu causa e ele
não pode exercer uma posição jurídica, um direito, decorrente de um violação de norma
jurídica, que foi o próprio exequente que violou. É importante que se saiba que o tu quoque é
uma das consequências que muito se parece com a supressio, mas, com a diferença que ele
decorre não de um não exercício de um direito, mas decorre da inexistência do direito, porque
o direito não pode ser gerado pela violação que a própria parte empreendeu.
Há reflexos mais práticos do dever de boa-fé, no próprio NCPC, por exemplo:
a) a condenação em Honorários Recursais (85, §11). Se a parte perdeu e recorreu, os
honorários que ela terá de pagar serão aumentados.
Art. 85. A sentença condenará o vencido a pagar honorários ao advogado do vencedor.

14
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Omissis
§ 11. O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando
em conta o trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso,
o disposto nos §§ 2o a 6o, sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de
honorários devidos ao advogado do vencedor, ultrapassar os respectivos limites
estabelecidos nos §§ 2o e 3o para a fase de conhecimento.

b) Melhor e mais rigorosa regulação da litigância de má fé e dos deveres de não


violação da boa-fé objetiva – art. 79-81 (art. 77, §2o).
c) interpretação da decisão judicial (art. 486, §3o);
Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte
proponha de novo a ação.
Omissis
§ 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa,
não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada,
entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

d) interpretação do pedido (art. 322, §2o)


Art. 322. O pedido deve ser certo.
omissis
§ 2o A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o
princípio da boa-fé.

Esses dois dispositivos, art. 486, §3 o e art. 322, §2o trazem algo interessante que é: o
dispositivo da sentença tem que ser interpretado de acordo com a boa-fé, bem como, que a
o pedido tem que ser interpretado, para se definir a sua extensão, também de acordo com a
boa-fé.
Isso é bom e ruim. Porque, se nessa interpretação, que não seja uma interpretação
literal e reduzida do pedido [como era no CPC/73], o juiz avançar para algo que a parte não
pediu, ele, juiz estará violando o princípio da demanda. E se o juiz julga um pedido que a outra
parte não percebeu que estava ali, ele, juiz, viola o princípio do contraditório. Isso, então, é
muito problemático.
Por outro lado, o próprio dispositivo da sentença tem que ser interpretado de acordo
com a boa-fé. Então, na verdade, o que o NCPC fez foi tornar a relação de congruência entre
o dispositivo da sentença e o pedido da parte um pouco mais obscura, um pouco mais
“borrada”. Isso talvez gere algumas discussões a respeito de quando uma sentença deve ser
desfeita, ou então não. Quando a sentença é nula ou não, para aqueles que entendem que a
sentença extra petita é nula, ou quando ela é inexistente ou não, para aqueles que entendem
que o vício é de inexistência e assim por diante.

15
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Já se viu exceções de interpretação restritiva do pedido pelo próprio STF, que disse que
correção monetária e juros, mesmo que não forem pedidos, estão lá como pedido implícito.
Talvez seja a ideia de valorizar os pedidos implícitos [Súmula 551 do STF]
e) tutela da evidência contra comportamento protelatório, que é a chamada tutela
sansão [art. 311, I], e é uma decorrência do dever de boa-fé.
Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de
perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório
da parte;
Algumas questões complexas:
a) existe a possibilidade de multar a parte por violação da boa-fé, mas não há a
possibilidade de se multar o advogado (art. 77, 2o. “contempt of court”). Isso é um problema,
porque muitas vezes o advogado age em busca de seus próprios interesses e nem sempre de
acordo com os interesses da parte. Então, pode ser que se multe a pessoa errada e se
prejudique quem não tem nada a ver e deixe de punir e de desincentivar a conduta de quem
realmente é o causador do problema.
Enfim, por conta do dever de boa-fé cunhou-se a expressão: “devido processo leal”
(Autor espanhol chamado Junoy).
Pergunta-se: a proibição do comportamento contraditório entre processos diferentes?
No modo de entender o Professor, sim. Aos litigantes de massa e ao Estado, se eles
defendem constantemente uma determinada posição num determinado processo sobre a
mesma questão de direito eles não podem mudar de posição em outro processo, sem que se
justifique essa mudança [uma peculiaridade por exemplo].
Obs.: Essa é uma tese do Professor, que ele não quer que seja colocada em prova. Ele
traz aqui porque o curso não é somente para quem quer fazer prova. Então ele traz para que
haja uma reflexão, na condição de estudantes de Direito, e de processo, que todos são.
Para finalizar o estudo da boa-fé, o Professor ilustra com o julgado abaixo, do ano
passado, em que a Segunda Seção do STJ determinou que uma pessoa que tinha conseguido
uma tutela antecipada para receber um determinado direito previdenciário, no momento em
que a tutela é cassada e ela perde a ação ela tem o dever de devolver.
DIREITO PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. DEVOLUÇÃO DE VALORES RECEBIDOS
TÍTULO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA POSTERIORMENTE REVOGADA. Se a antecipação da
tutela anteriormente concedida a assistido de plano de previdência complementar
fechada houver sido revogada em decorrência de sentença de improcedência do seu
pedido, independentemente de culpa ou má-fé, será possível à entidade previdenciária -
administradora do plano de benefícios que tenha suportado os prejuízos da tutela

16
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

antecipada - efetuar descontos mensais no percentual de 10% sobre o montante total de


cada prestação do benefício suplementar que vier a ser recebida pelo assistido, até que
ocorra a integral compensação, com atualização monetária, da verba que fora
antecipada, ainda que não tenha havido prévio pedido ou reconhecimento judicial da
restituição.(...) REsp 1.548.749-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 13/4/2016,
DJe 6/6/2016. (Informativo 585)

Pergunta-se: qual problema?


O problema é que entendia-se, há um tempo atrás, pela irrepetibilidade de verba
alimentícia e é o caso de uma verba previdenciária. Só que o STJ vem confrontando essa
irrepetibilidade, com a ideia de boa-fé objetiva. A ideia é que se a parte pede uma tutela
antecipada sabe que se ela for concedida, tudo aquilo que a parte vai auferir tem a mesma
natureza da tutela. Que natureza? Uma natureza temporária. Uma natureza provisória, que
pode ser confirmada, ou não, no final do processo.
Então, não se pode receber algo, que a parte recebe como provisório, e depois, quando
aquilo cai, não querer devolver, como se fosse recebimento em definitivo.
Então, o problema da proibição do comportamento contraditório alterando um
paradigma que parecida imutável, que era a não repetição desses valores.
O Professor traz outro julgado de 2016, falando de intimação da Defensoria Pública e
da preclusão:
SEGUNDA TURMA. Intimação pessoal da Defensoria Pública e preclusão. A não
observância da intimação pessoal da Defensoria Pública — prerrogativa para o efetivo
exercício de sua missão institucional — deve ser impugnada, imediatamente, na primeira
oportunidade processual, sob pena de preclusão. Com base nesse entendimento, a
Segunda Turma indeferiu a ordem de “habeas corpus”. No caso, no julgamento da
apelação, não teria havido intimação pessoal da Defensoria Pública. No entanto, tal
insurgência somente fora veiculada no recuso especial, não obstante a Defensoria
anteriormente houvesse oposto embargos de declaração. HC 133476, rel. Min. Teori
Zavascki, 14.6.2016. (HC-133476) (Informativo 830).

Isso pode ser considerado uma supressio, porque a Defensoria Pública poderia ter
alegado e não alegou. Ela não deu causa, mas poderia ter exercido e não exerceu. E isso foi
julgado em um HC. Então, é mais grave ainda, por se tratar de matéria criminal. Mas, a ideia
de boa-fé vale da mesma forma.
O Professor Erik rende homenagens ao Min. Teori Zavaski.
NCPC - Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha,
em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Artigo sem correspondente no CPC/1973.

17
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Ao lado da ideia de boa-fé tem-se a ideia da cooperação. 10 Não há no NCPC um artigo


com interpretações mais desconjuntadas do que o artigo 6o.
Primeira dificuldade seria a de se estabelecer quem deve colaborar com quem.
Todos os atores processuais devem colaborar entre si?
Autor, réu e juiz devem colaborar?
Ou apenas o juiz para com as partes?
A colaboração das partes inclui também a colaboração dos advogados?
Colaboração é uma quimera ou ela é efetivamente possível?
E o que significa colaborar?
Bom, majoritariamente, se entende que a colaboração é devida a todos os atores
processuais.
A Doutrina fala em partes e juiz e não diferencia muito a parte do advogado da parte.
Ninguém acha que o juiz não deve colaborar, mas alguns autores acham que a parte
não deve colaborar, porque o processo é basicamente um disputa, um jogo de disputa e,
portanto, não é possível imaginar colaboração das partes.
Bem, uma expressão que tem ficado “famosinha” na doutrina é a ideia de condução
simétrica e decisão assimétrica. O que isso significa? Significa que, como o juiz tem que
colaborar com as partes, na verdade todo mundo participa da condução do processo. As
partes e juiz em posição de igualdade [o Professor Erik não acha que seja bem assim, porque
o juiz vai sempre resolvendo as questões ao longo do processo e é ele que é o presidente do
processo]. Enfim, condução simétrica e decisão assimétrica, porque a assimetria viria no
momento da decisão, pois, claramente, ainda é o juiz que decide.
Com relação ao conteúdo do princípio da colaboração, a maior parte da doutrina tem
colocado, por parte do juiz:
a) o dever de esclarecimento [ou seja, de deixar as partes bem informadas a respeito
do processo];
b) o dever de consulta [(art. 10) o Professor não gosta desse nome, ele prefere falar
em contraditório, para todos os casos, inclusive para aqueles em que o juiz pode decidir de
ofício];

10
Referência no vídeo: minuto 16:26 em diante.

18
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

d) o dever de prevenir/auxiliar [que o Professor acha muito paternalista, sempre


cuidando das partes, quando elas deveriam cuidar delas mesmas, a não ser que houvesse uma
evidente hipossuficiência de alguém. Esse dever vem muito do Direito Português. Dever de
auxílio cria o “juiz babá”, e o juiz não tem tempo para ser babá de ninguém e mesmo os
hipossuficientes têm lá a Defensoria Pública. Mas, é claro, o juiz pode reconhecer alguma
assimetria e tentar igualar as partes no processo. Mas, reitera que o juiz não tem o dever
genérico de prevenir ou auxiliar, mas a doutrina entende que sim].
Ainda, com relação ao conteúdo do princípio da colaboração, o Professor entende que,
com referência às partes:
a) traz alguns limites aos negócios processuais, porque os negócios processuais não
podem ter determinadas externalidades que prejudiquem a atividade jurisdicional, ou seja, o
trabalho do juiz não pode ficar mais difícil e o processo mais lento, por conta de negócios
processuais, ou, os negócios processuais de um processo não podem prejudicar outros
processos, não podem ocorrer externalidades negativas;
b) está na elaboração de todas as manifestações processuais, então, petições iniciais,
contestações genéricas, ou com milhares de argumentos totalmente dissociados dos fatos da
causa, não devem ser aceitos pelos juiz, porque não respeitam o dever de colaboração e o
mesmo vale para recursos genéricos e aí o NCPC, quando fala, salvo engano, do agravo
interno, diz que a petição deve estar estritamente relacionada com os fatos da causa e que,
também, o recurso não pode ser julgado com mera repetição do argumentos da decisão
agravada. O Professor entende que isso não vale somente para agravo interno, mas para todos
os recursos e, melhor, isso vale para todas as decisões judiciais.
Como diferenciar o conteúdo da cooperação e da boa-fé?
O Professor entende que a boa-fé impõe mais limites propriamente às partes e ao juiz,
do que deveres de condutas ativas. Ela trabalha mais com alteração de supressão de direitos
e deveres, como sansões decorrentes do comportamento de má-fé.
A Cooperação tem uma conotação mais positiva. Ela impõe uma conduta mais
participativa, no sentido de buscar uma solução rápida do litígio para todos.
A Doutrina não fala isso. Essa é uma opinião e uma tentativa do Professor. Na verdade,
a Doutrina não se preocupa com essa diferenciação. O que ela, Doutrina, faz é [alguns autores]
de maneira vazia, simplesmente, dizem que “a colaboração está mais ligada à ideia de
contraditório participativo, como dever de influência”. Mas, o Professor entende que não, que
o contraditório participativo e o dever de influência é o espaço que o juiz deve deixar para as
partes se manifestarem. Mas e a manifestação das partes em si? E os outros deveres do juiz?
A cooperação está muito além disso.

19
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Hoje, por conta do princípio da cooperação, se fala em Modelo cooperativo de


processo x modelo adversarial [onde as partes litigam num jogo fratricida, uma contra a outra]
x modelo inquisitivo.
No Modelo Cooperativo haveria um objetivo comum, que é solucionar o feito da
maneira mais barata e da maneira mais eficiente possível e, claro, já abandonado há muito
tempo no Brasil o modelo inquisitivo [em que o juiz conduz o processo com plenos poderes e
produz todas as provas que quiser e assim por diante].
O Professor entende sim, que é possível a colaboração, envolvendo as partes, os
advogados, mas, desde que se puna o tempo todo e com rigor, o comportamento não
colaborativo, seja das partes, seja do juiz [esse por parte da Corregedoria].
Aqui é colocado um julgado recente, que trata do princípio da colaboração:
Execução em juizado e apresentação de cálculo pelo devedor – 2 O relator explicou que,
de acordo com o art. 139 do CPC/2015, caberia ao magistrado conduzir o processo, de
modo a assegurar a igualdade de tratamento entre as partes — princípio da paridade de
armas, corolário dos princípios constitucionais da igualdade, do contraditório e do devido
processo legal. Ponderou que a relação estabelecida entre o particular que procurasse o
juizado e a União seria evidentemente assimétrica. O Poder Público possuiria corpo de
servidores especializados nas questões discutidas em juízos.
A advocacia pública hoje estaria satisfatoriamente aparelhada, sendo composta por
pessoas altamente qualificadas para a defesa das pretensões do Estado. O particular, às
vezes, nem de advogado disporia, porquanto a legislação lhe conferiria capacidade
postulatória. Ademais, a legislação permitiria que a execução nos juizados especiais fosse
feita mediante simples expedição de ofício do Juízo à Administração Pública (Lei
10.259/2001, art. 16). Além disso, o art. 11 desse mesmo diploma imporia à Administração
o dever de apresentar a documentação alusiva à causa. O art. 10, por sua vez, deferiria ao
representante judicial da Fazenda a possibilidade de transigir com os particulares —
exceção ao conhecido princípio da indisponibilidade do interesse público —, pressupondo
que, desde logo, a Administração agiria no intuito de buscar a efetividade dos direitos dos
administrados. Realçou que os cálculos, quando efetuados por perito, deveriam ser
posteriormente revistos pela própria Administração fazendária, a fim de verificar a
correção — a viabilizar, eventualmente, a interposição de embargos. A nomeação de
perito representaria, portanto, duplo custo para o erário: primeiro, com os
correspondentes honorários periciais; segundo, com o servidor público responsável pela
revisão daquele trabalho. Exigir que existisse sempre a intervenção de perito designado
pelo juízo revelaria incompatibilidade com os princípios da economia processual, da
celeridade e da efetividade do processo. Portanto, o dever de colaboração imputável ao
Estado, consoante essa visão, decorreria, em última análise, dos princípios da legalidade,
da moralidade e da eficiência, e do subprincípio da economicidade, que norteariam a
interpretação a ser adotada. Por último, caso o exequente apresentasse valor excessivo,
como devido, caberia à Fazenda “declarar de imediato o valor que entendesse correto, sob

20
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

pena de não conhecimento da arguição” (CPC/2015, art. 535, § 2º). A União, todavia, teria
insistido em projetar no tempo o cumprimento de decisão transitada em julgado, mesmo
sendo detentora de dados necessários sobre a exatidão do valor. Em seguida, pediu vista
o Ministro Luiz Fux. ADPF 219/DF, rel. Min. Marco Aurélio, 23.6.2016. (ADPF-219)
(Informativo 831)

O julgado preconiza que não se podia exigir de uma parte hipossuficiente, autora no
Juizado Especial, que pedisse prova pericial e pagasse perito, quando a própria Fazenda
Pública, já teria nos seus quadros, pessoa aptas a verificar quais seriam os cálculos corretos.
Então, ao invés de mandar um hipossuficiente fazer prova pericial, simplesmente o juiz virou
para a Fazenda e disse: “olha, qual é o valor correto?”. A Fazenda disse: “Ah não, isso não é
prova que a Fazenda tenha que produzir, tem que mandar para o perito”, e o juiz disse: “não,
nesse caso não tem necessidade porque a parte é hipossuficiente e porque se o perito fizer os
cálculos, a Fazenda terá de ser ouvida do mesmo jeito e se houver discordância, haverá
necessidade de uma discussão, então me diga, em primeiro lugar, quais seriam os cálculos
corretos”. Isso foi uma clara expressão do dever de colaborar.
Essa foi uma decisão do pleno do STJ, mostrando que o STJ inclina-se por um dever de
colaboração, que, sim, abrange não só o juiz, mas também as partes.
NCPC - Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de
direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação
de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Artigo correspondente no CPC/1973:
CPC/1973 - Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste
Código, competindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
Essa parte final da aula será mais simples, ainda que seja muito importante.11
O artigo 7o assegura a paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e
faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções
processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
Na verdade aqui se trata mais do princípio da paridade de armas do que princípio do
contraditório. Mas, o NCPC já junta os dois, numa demonstração muito clara de que, de todos
os princípios, aquele que o Legislador mais se preocupou foi o princípio do contraditório [pelo
menos dos princípios constitucionais].
Há uma obsessão pelo princípio do contraditório no NCPC.

11
Referência no vídeo: aqui se inicia a Parte 3, da Aula dada no dia 20/02/2017, com 27:58 de duração.

21
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

No NCPC, para além do CPC/73, onde havia a necessidade de se equalizar as armas das
partes no processo, de se cuidar efetivamente de uma igualdade no processo, existe uma
preocupação [e essa é a maior virtude do NCPC] de se procurar um igualdade pelo processo.
Qual a diferença de igualdade no processo e igualdade pelo processo?
A igualdade pelo processo é o atingimento de segurança jurídica, através da formação
e aplicação de precedentes obrigatórios, que uniformizem o tratamento das matérias que
chegam com muita controvérsia ao Poder Judiciário. Esse papel cabe, prioritariamente ao STF
e ao STJ, mas também cabe aos tribunais inferiores.
Então, no NCPC não se tem apenas a preocupação com a igualdade no processo, mas
também temos a preocupação com a igualdade pelo processo.
NCPC - Art. 8º Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana
e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a
eficiência.
Artigo sem correspondente no CPC/1973.
O artigo oitavo parece uma norma muito mais de Direito lato sensu, que poderia
constar da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro, do que no NCPC. Aliás, de fato,
ela é uma reprodução, com algumas modernidades, da Lei de Introdução às Normas do Direito
Brasileiro.12
Está dito:
“Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.”

Porque se consignou no dispositivo “ordenamento jurídico” e não “lei”? Porque a


jurisprudência é tida como fonte do Direito. Então, aplicar o ordenamento jurídico, aplicar lei,
mas também aplicar os precedentes.
Não se pode deixar de notar a presença da eficiência nesse dispositivo.
A eficiência é um conceito econômico, que, basicamente, quer dizer “fazer mais com
menos” e “fazer sempre de forma a deixar todas as pessoas numa situação melhor”. Esse é o
conceito básico de eficiência. E qualquer norma processual, havendo várias interpretações
possíveis, deve-se, dentro dos limites constitucionais, buscar a interpretação que seja mais

12
Referência no vídeo: minuto 2:08 em diante.

22
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

eficiente. No Brasil, ainda não há um costume de se atuar com eficiência, mas essa ideia é
absolutamente importante.
A razoabilidade e a proporcionalidade, como método, estão presente não só nesse
artigo, mas também como método decisório, no artigo 489, parágrafo 2o, que diz quais são os
requisitos mínimos de fundamentação para decidir com base na razoabilidade e na
proporcionalidade. Mais à frente se estudará isso, inclusive se estes conceitos são sinônimos
ou não.
No mais, repetem-se, legalidade, publicidade e eficiência, como se faz para a
Administração Pública, na CF.
NCPC - Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja
previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.

Artigo sem correspondente no CPC/1973.


Esse artigo13 é, mais um vez, uma expressão do contraditório: “Não se proferirá decisão
contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.”
A preocupação maior do artigo 9o está no parágrafo único:
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
Ele diz que, obviamente, não precisa haver contraditório imediato, o contraditório
pode ser diferido nas hipóteses dos incisos I a III.
Nas hipóteses de tutela da evidência pode-se aplicar esse dispositivo, já que essas
tutelas pressupõe a não oitiva da parte contrária.
O inciso III trata da expedição de mandado de pagamento na ação monitória. Porque,
obviamente, é através da expedição do mandado de pagamento que se cita a parte contrária,
para que ela apresente resposta. Então, pressupõe-se que a parte contrária não seja ouvida.

13
Referência no vídeo: minuto 4:23 em diante.

23
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Tirando essas hipóteses, o contraditório tem que ser sempre respeitado. Não que ele
não seja respeitado aqui, mas aqui ele será diferido. Não será a parte previamente ouvida.
NCPC - Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em
fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Artigo sem correspondente no CPC/1973.
A obsessão do NCPC14 é tão grande pelo contraditório, que há esse artigo 10o, que
novamente vai falar de contraditório. Mas aqui há uma específica preocupação. O Legislador
aqui estava muito preocupado em evitar aquilo que o Alexandre Câmara chama de “decisões
de terceira via” [e a doutrina de maneira geral chama de “decisões surpresa”]. Ou seja, aquelas
decisões que o juiz toma, sempre tomou [inclusive relativas a questões de ordem pública],
mas que, mesmo assim, ele precisa, de acordo com o NCPC, ouvir as partes. Então, algo que
deve mudar na jurisprudência do STJ é o problema do reconhecimento da prescrição de ofício,
sem a oitiva das partes.
O STJ entendia de maneira pacífica que, tirando a execução fiscal, que tem uma norma
parecida com essa, específica para o reconhecimento da prescrição, em todos os demais
casos, a prescrição poderia ser reconhecida de ofício e o juiz não precisaria ouvir nenhuma
das partes.
Agora não, o juiz não pode surpreender as partes. O juiz tem que dar a possibilidade
das partes falarem, até porque, ela pode trazer, tirar uma “carta da manga”, um fato, um
argumento, que mude, até mesmo, a opinião do juiz a respeito.
A expressão “qualquer grau de jurisdição” está no dispositivo para dar uma
“encabrestada” nos tribunais superiores. A súmula 456 do STF diz o seguinte:
O Supremo Tribunal Federal, conhecendo do recurso extraordinário, julgará a causa,
aplicando o direito à espécie.

Ou seja, a partir do momento em que houve juízo positivo de admissibilidade do


recurso extraordinário, se houver uma questão de ordem pública, mesmo que as partes não
tenham atentado para essa questão, mesmo que o seu reconhecimento venha a prejudicar o
recorrente [sim, é possível em alguns casos a reformatio in pejus nos recursos, nos casos que
decorrem de matéria de ordem pública]. Tudo bem, o STF vai poder continuar reconhecendo
de ofício, mas antes de decidir ele terá que ouvir as partes. O STF não fazia isso. A ver se o STF
fará a partir de agora, porque, afinal de contas, se o STF não fizer, quem vai dizer para ele
fazer? E o STJ da mesma forma, já que a Súmula 456 se aplica para o STF e para o STJ.

14
Referência no vídeo: minuto 5:37 em diante.

24
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

NCPC - Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente
das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
Artigo correspondente no CPC/1973:
CPC/1973 Art. 155. Os atos processuais são públicos. Correm, todavia, em segredo de
justiça os processos:
I - em que o exigir o interesse público;
Il - que dizem respeito a casamento, filiação, separação dos cônjuges, conversão desta em
divórcio, alimentos e guarda de menores.
Parágrafo único. O direito de consultar os autos e de pedir certidões de seus atos é restrito
às partes e a seus procuradores. O terceiro, que demonstrar interesse jurídico, pode
requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e partilha
resultante do desquite.

O artigo 11 trata da publicidade e fundamentação das decisões e basicamente repete


o artigo 93, X da CF.15
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o
Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
Omissis
X as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros;

O que se poderia acrescentar, na leitura desse artigo [que não está neste artigo], é a
situação de que ele fala que as decisões são todas públicas [os atos processuais são públicos],
ressalvados os casos de decretação de sigilo. E os casos de decretação de sigilo, no NCPC,
estão no artigo 188 [na verdade, estão no 189]. Esse artigo 188 [189], naturalmente será
estudado.16
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os
processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável,
filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;

15
Referência no vídeo: minuto 8:21 em diante.

16
O professor mencionou o artigo 188, quando, na verdade, se referia ao conteúdo do artigo 189.

25
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde
que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1o O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de
pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2o O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do
dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou
separação.

Rapidamente comparando, com o CPC/73 ressalta-se, dentre outras, a questão da


arbitragem. Sempre que houver confidencialidade estipulada na arbitragem, e essa
confidencialidade for provada em juízo, qualquer discussão envolvendo essa arbitragem,
envolvendo o cumprimento da Carta Arbitral, que é sempre feito em juízo, ou qualquer outra
discussão se arbitragem vale se não vale, enfim, tudo em relação àquela arbitragem que
estiver no Poder Judiciário, será confidencial. Essa é uma novidade importante, porque uma
das grandes vantagens competitivas da arbitragem, em relação ao Poder Judiciário é a
possibilidade de prever confidencialidade para tudo e preservar a reputação das pessoas que
estão ali litigando. E mais do que isso, inclusive permitir que elas cheguem a um acordo, sem,
por exemplo, que uma empresa se preocupe com a sua reputação perante o mercado, perante
outros consumidores, que, eventualmente, vendo que ela cedeu e fez um acordo, poderiam
entrar com ações judiciais, para cobrar a mesma coisa.
A confidencialidade é um elemento fundamental para que a arbitragem dê certo.
NCPC - Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica
de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de
2016) (Vigência)
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição
para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput:
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência
liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em
julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas
repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão
fundamentada.

26
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões


entre as preferências legais.
§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o requerimento formulado
pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a
reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo retornará à mesma posição em
que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou, conforme o caso, no § 3o, o
processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização
de diligência ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.

Artigo sem correspondente no CPC/1973.


Esse artigo 1217, inicialmente, previa a obrigatoriedade de julgamento em ordem
cronológica. Depois, a Lei 13.256/2015 alterou essa redação para que o julgamento em ordem
cronológica não seria mais obrigatório, mas, apenas, preferencialmente.
Essa foi uma mudança que todos os juízes pediram, porque, na verdade isso ia acabar
tornando a jurisdição ainda muito mais lenta. Porque as varas são organizadas de uma forma
de divisão por tarefa, que não permite que se respeite necessariamente a ordem cronológica.
Mas se poderia pensar: “Erik, mas e aqueles processos antigos, que por serem muito
complexos, envolverem muitas pessoas, acabam ficando de lado”? O CNJ está estipulando
metas para que os juízes cumpram e não deixem nada para trás. Isso vem sendo feito muito
bem.
Mas, e aqueles casos em que o juiz dá preferência para o amigo, não é? E coloca o
processo na frente, ou então, prejudica alguém porque não gosta da pessoa? Nesse caso trata-
se de prevaricação. De crime.
Não se pode estipular normas gerais de processo civil pensando em condutas
criminosas. As condutas criminosas têm que ser resolvidas no âmbito criminal e correcional.
Mas, o artigo 12 não mudou no que se refere aos parâmetros de julgamento em ordem
cronológica, ele mudou apenas no que se refere à obrigatoriedade. Saiu a obrigatoriedade e
entrou a preferência.

17
Referência no vídeo: minuto 10:38 em diante.

27
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

A Doutrina diz que continua valendo a regra e para se alterar a ordem cronológica, o
juiz vai ter de fundamentar. O Professor entende que se assim fosse, era melhor manter a
ordem cronológica. Na prática, o que vai ocorrer? Os juízes vão julgar livremente e os casos
que fugirem de uma conduta proba vão ter que ser resolvidos pela via adequada.
Qual é o critério de observância da ordem cronológica? É a data de conclusão da
decisão judicial.
Em primeira instância, apenas as sentenças devem observar a ordem cronológica.
Em segunda instância, nos tribunais, são os acórdãos. Sendo que, parte da doutrina
entende são apenas os acórdãos de mérito e não os acórdãos interlocutórios. Então, ficaram
de fora as decisões monocráticas e acórdãos interlocutórios. Submetendo-se à ordem
cronológica preferencial somente os acórdãos de mérito.
Pergunta-se: como ficariam as pessoas que já têm prioridade? Como crianças e
adolescentes, pessoas que têm determinadas doenças e idosos? Eles terão um fila própria
também em ordem cronológica. Essas pessoas citadas formarão uma fila em ordem
cronológica específica para elas. Se o artigo 12 for ser aplicado. O Professor entende que o
artigo 12 não será aplicado.
Sentenças que tenham sido anuladas e voltaram para julgamento ocuparão o primeiro
lugar da fila.
Processos que tenham ficado sobrestados, esperando a resolução de questão
repetitiva terão prioridade absoluta e passam a ocupar o primeiro lugar da fila.
Tirando esses casos que ocupam o primeiro lugar da fila a Lei prevê outros casos que
não se submetem a nenhum caso de cronologia:
a) as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de
improcedência liminar do pedido [ou seja, se o juiz vai indeferir a inicial com julgamento de
mérito ele o faz de imediato, sem se preocupar com cronologia. Se o juiz está instruindo o
processo e há possibilidade de julgar em audiência, ele o faz sem se preocupar com a
cronologia];
b) processos repetitivos [aqui não são os sobrestados, que tem prioridade absoluta de
julgamento];
c) o sentenças que não resolvem o mérito [sentenças terminativas];
d) julgamento de embargos de declaração;
e) julgamento de agravo interno;
f) As preferências legais [como dito, estipula-se uma fila própria de ordem cronológica
para essas]. Então, elas não ficam na fila normal da cronologia.

28
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

g) as metas do CNJ;
h) os feitos criminais;
i) urgências em geral [(devidamente fundamentadas) essa regra de “devidamente,
fundamentadas” não devem ser implementadas na prática], incluindo acordão que aprecia
tutela antecipada no recurso.
3. Aplicação das normas processuais
NCPC - Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras,
ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos
internacionais de que o Brasil seja parte.
Artigo correspondente no CPC/1973:
CPC/1973 - Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro.
Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes.

No modo de entender do Professor18, o Capítulo mais importante, em termos práticos,


pelos menos nesses primeiros anos de vigência do NCPC, artigos 13, 14 e 15, que tratam da
aplicação das normas processuais.
O artigo 13 é “baboseira”, apenas a repetição do óbvio, já que determina que a
jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições
específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja
parte. A parte final não constava no CPC/73, mas compõe o bloco da legislação brasileira,
obvio que pode haver aí normas de processo civil.
NCPC - Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos
processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas
consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Artigo correspondente no CPC/1973:
CPC/1973 - Art. 1.211. Este Código regerá o processo civil em todo o território brasileiro.
Ao entrar em vigor, suas disposições aplicar-se-ão desde logo aos processos pendentes.

O artigo 14 é o mais importante para esse estudo. 19

18
Referência no vídeo: minuto 15:46 em diante.

19
Referência no vídeo: minuto 16:32 em diante.

29
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Conforme transcrito acima, ele diz o seguinte: A norma processual não retroagirá e
será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais
praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
É uma norma de Direito Intertemporal, que está no artigo 14, ou seja, no começo do
NCPC, quando se tem um Livro Complementar inteiro no fim do NCPC, só para tratar de Direito
Intertemporal.
Aquele Livro é muito importante, porque ele traz diversas normas específicas, que
excepcionam essa regra geral do artigo 14, que é a regra standart do Direito Intertemporal,
no Processo Civil.
E que regra é essa? É a regra do isolamento dos atos processuais, ou seja, qualquer
novidade em termos de legislação processual somente se aplica, para os processos pendentes,
dali em diante. Ou seja, os atos que já foram praticados, na vigência da outra norma, ficam
preservados. E os atos, a serem praticados, obedecem as normas novas.
Ressalte-se que, norma processual nova não é somente lei nova, é jurisprudência nova
também, em matéria processual.
Mas, as coisas não são tão simples assim. O STJ, de maneira absolutamente inovadora,
resolveu editar sete enunciados administrativos, para já sinalizar como será a sua
jurisprudência, a respeito do Direito Intertemporal, no que se refere a determinados temas.
Basicamente, recursos.
Qual o problema?
Os recursos mudaram muito no NCPC, em termos de regime jurídico e em termos de
hipóteses de cabimento. Então, o que disse o STJ? Primeiramente, o STJ resolveu um
controvérsia que ocorria a doutrina brasileira, acerca da data de vigência do NCPC. Para alguns
era dia 16 de março, para outros era 17 ou 18 de março. O STJ fixou que o NCPC entraria em
vigor no dia 18/03/2016. Espera-se que o STF não mude isso.
Se o NCPC passou a valer a partir do dia 18/03, então, diz o STJ, a data que vai fixar o
regime jurídico do recurso, não é a data em que foi proposto o recurso, mas a data da
publicação da sentença atacada pelo recurso.
Então, se há uma sentença publicada antes de 18/03, todo o regime vai ser do CPC/73.
Se a sentença foi publicada de 18/03 em diante, o regime jurídico é o do NCPC. Portanto, após
ter uma sentença publicada no dia 15/03, por exemplo, e o recurso apresentado no dia 20/03,
que todo do regime jurídico será o do CPC/73 e não do NCPC. Exemplo: o prazo contado em
dias corridos e não em dias úteis [hipótese de cabimento], e até mesmo a obrigatoriedade
que o relator tem de intimar a parte, para corrigir o vício, antes de negar seguimento ao
recurso.

30
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

Vejam-se todos os enunciados:


Enunciado administrativo n. 1
O Plenário do STJ, em sessão administrativa em que se interpretou o art. 1.045 do novo
Código de Processo Civil, decidiu, por unanimidade, que o Código de Processo Civil
aprovado pela Lei n. 13.105/2015, entrará em vigor no dia 18 de março de 2016.

Enunciado administrativo n. 2
Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões publicadas
até 17 de março de 2016) devem ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma
nele prevista, com as interpretações dadas, até então, pela jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça.

Enunciado administrativo n. 3
Aos recursos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões publicadas a
partir de 18 de março de 2016) serão exigidos os requisitos de admissibilidade recursal na
forma do novo CPC.

Enunciado administrativo n. 4
Nos feitos de competência civil originária e recursal do STJ, os atos processuais que vierem
a ser praticados por julgadores, partes, Ministério Público, procuradores, serventuários e
auxiliares da Justiça a partir de 18 de março de 2016, deverão observar os novos
procedimentos trazidos pelo CPC/2015, sem prejuízo do disposto em legislação processual
especial.

Expressão do Princípio do isolamento dos atos processuais.


Enunciado administrativo n. 5
Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/1973 (relativos a decisões
publicadas até 17 de março de 2016), não caberá a abertura de prazo prevista no art. 932,
parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC.

Ou seja, a necessidade que tem o Relator de abrir para que a parte que interpôs o
recurso, corrija o vício, antes de se decretar a inadmissibilidade do recurso.
Enunciado administrativo n. 6
Nos recursos tempestivos interpostos com fundamento no CPC/2015 (relativos a decisões
publicadas a partir de 18 de março de 2016), somente será concedido o prazo previsto no
art. 932, parágrafo único, c/c o art. 1.029, § 3º, do novo CPC para que a parte sane vício
estritamente formal.

O prazo somente será concedido, para que a parte sane vício estritamente formal. Essa
regra não é uma de Direito Intertemporal. Essa é uma regra que o STJ está colocando em um
Enunciado Administrativo para sinalizar que, na sua jurisprudência, possivelmente, ao
interpretar o dever do Relator de dar prazo para que o recorrente corrija o vício recursal, essa

31
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

interpretação será restritiva e valerá apenas para vícios formais. Resta saber o que o STJ vai
entender por vícios formais. Para o Professor, será bem restrito: vai ser pagamento de custas,
juntada de cópia, cópia obrigatória, quando do recurso não é eletrônico e assim por diante.
Hipóteses de cabimento invertidas ou trocadas, perda de prazo, certamente, não serão
perdoadas. Para perda de prazo, há disposição específica no NCPC, dizendo que não pode ser
perdoada mesmo.
Enunciado administrativo n. 7
Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de
2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do
art. 85, § 11, do novo CPC.

Um dos enunciados mais importantes é o 7. O 6 é muito importante em termos


prospectivos, porque ele vai valer para sempre. Ele, o 6, não é de Direito Intertemporal para
resolver um problema que temos nesse momento. Mas o 7, dos de Direito Intertemporal é
um dos mais importantes. Ele diz que somente os recursos, cujo regime jurídico foi o NCPC é
que caberá os chamados honorários recursais.
O NCPC previu a imposição de honorários recursais, sempre que o recurso for julgado
improcedente. O que ocorre é que, se o regime jurídico do recurso é o do CPC/73, mesmo que
ele tenha sido interposto na vigência do NCPC, não haverá a possibilidade de fixação de
honorários recursais, porque o regime jurídico é o do CPC/73.
NCPC - Art. 15. Na ausência de normas que regulem processos eleitorais, trabalhistas ou
administrativos, as disposições deste Código lhes serão aplicadas supletiva e
subsidiariamente.

Artigo sem correspondente no CPC/1973.


O NCPC deixa bem claro20, na ausência de normas que regulem processos eleitorais,
trabalhistas ou administrativos, aplica-se o NCPC, de maneira subsidiária. Daria pra se dar
horas e horas de aulas de Direito Processual do Trabalho, Processual Penal e Processual
Administrativo, para se discutir quais normas do NCPC são compatíveis ou incompatíveis com
esses outros ramos. Isso não será feito aqui. Apenas relembre-se que em termos de CLT
sempre foi muito clara a aplicação subsidiária do NCPC. Em termos de processo administrativo
é de se ressaltar que existe uma Lei Federal [Lei 9.784/99] e pode haver leis estaduais e
municipais, com disposições específicas, sobre processos administrativos naquelas esferas

20
Referência no vídeo: minuto 25:06 em diante.

32
www.cursoenfase.com.br
Novo Código de Processo Civil – Artigo por artigo (Direto ao ponto)
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários
e na jurisprudência dos Tribunais.

administrativas. O que o STJ sempre diz é que a Lei Federal se aplica subsidiariamente a estas
normas municipais e estaduais. E o STJ sempre negou a aplicação no NCPC.
O Professor acha que com o NCPC talvez o STJ mude o seu entendimento e seja mais
razoável pensar o seguinte: na ausência de norma estadual e municipal, aplica-se a Federal,
na lacuna da norma federal [da Lei 9.784/99], aplica-se o NCPC, por que não? Qual o
problema? Vai deixar lá a lacuna? Não. O melhor jeito de preencher essa lacuna é usar o NCPC.
SEGUNDA TURMA
Processo eletrônico: corréus com advogados distintos e prazo em dobro Não cabe a
aplicação subsidiária do art. 229, “caput”, do CPC/2015 em inquéritos e ações penais
originárias em que os atos processuais das partes são praticados por via eletrônica e todos
os interessados — advogados e membros do Ministério Público — têm acesso amplo e
simultâneo ao inteiro teor dos autos. Nesse sentido, a Segunda Turma resolveu questão
de ordem em que acusados representados por advogados distintos requisitavam prazo em
dobro para a resposta prevista no art. 4º da Lei 8.038/1990. Com o advento do novo CPC,
o Colegiado consignou que, nos processos eletrônicos, não há falar em prazo em dobro
para as manifestações de corréus com diferentes procuradores, seja em qualquer juízo ou
tribunal, dependente ou não de requerimento. Além disso, na situação dos autos, o acesso
amplo e simultâneo aos atos processuais praticados por via eletrônica estaria evidenciado,
uma vez que junto com o mandado de notificação dos corréus fora enviada uma mídia
digital em CD, contendo cópia integral dos autos. Aliado a isso, constantemente é
realizada a atualização do material digital, sendo permitido e utilizado o peticionamento
eletrônico. Inq 3980 QO/DF, rel. Min. Teori Zavascki, 7.6.2016. (Inq-3980) (Informativo
829)
O julgado diz que se houver corréus no processo criminal, com procuradores
diferentes, mas se o processo for eletrônico, não se aplica a duplicação de prazo. Ou seja, da
mesma forma que diz o NCPC, não há sentido em duplicar prazo, só porque os réus têm
procuradores diferentes, se o processo for eletrônico, porque, claro, os autos passam a ser
acessíveis simultaneamente para ambas as partes.

33
www.cursoenfase.com.br

S-ar putea să vă placă și