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PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 13ª REGIÃO
EMENTA
PROCESSO AJUIZADO EM PERÍODO ANTERIOR A VIGÊNCIA
DA LEI 13.467/2017. RECURSO ORDINÁRIO DA RECLAMADA.
DOENÇA OCUPACIONAL. RESPONSABILIDADE CIVIL. NEXO
CAUSAL. INDENIZAÇÃO. Comprovado que a atividade
desenvolvida na empresa foi o fator responsável pelo
surgimento/agravamento das lesões que acometem a trabalhadora,
é devido o pagamento de indenização no âmbito moral, pela
incidência da enfermidade e material, pela redução de sua
capacidade laboral, autorizando a legislação civil o arbitramento de
quantia única a substituir o pensionamento mensal vitalício.
RELATÓRIO
Recurso ordinário proveniente da 1ª Vara do Trabalho de Campina
Grande - PB, interposto por, recorrente AEC CENTRO DE CONTATOS S/A e JESSICA
DAYANE RAMOS DE FIGUEIREDO, recorrida.
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04/01/2019 Consulta Jurisprudencial
13o salários, férias mais 1/3, DSR e FGTS mais 40% referentes ao período de 03.03.2017 a
01.09.2017; c) Honorários advocatícios (10%) em favor do advogado da parte autora; d)
Honorários periciais em favor do perito, o qual fixamos em R$ 1.500,00.
É o relatório.
FUNDAMENTAÇÃO
VOTO
ADMISSIBILIDADE
conclusões periciais, argumentando que a perita sequer visitou o local de trabalho da obreira,
apontando, ainda, que o benefício concedido pelo INSS foi de auxílio doença comum (B 31),
portanto, não acidentário. Postula a exclusão das reparações por danos morais e materiais, ou,
alternativamente, que sejam fixados em importes mais condizentes com a natureza tênue da
vinculação das patologias com seus afazeres profissionais.
Examino.
A única testemunha patronal, Sr. José Almir, relata "(...) que quando
não batem a meta é feito uma reciclagem com o operador, de acordo com o que ele mais tem
dificuldade; que quando o funcionário volta de afastamento é dirigido até a medicina para
consulta e uma entrevista; que quando o operador completa ano na empresa passa por
exame periódico; (...) que o piso onde a autora trabalhava era de carpete; (...)" - grifei.
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04/01/2019 Consulta Jurisprudencial
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde,
higiene segurança.
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04/01/2019 Consulta Jurisprudencial
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
de empresa ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos
segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal
ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente
ou temporária, da capacidade para o trabalho.
De tal modo, não há como não considerar que, ainda que a obreira
tivesse propensão genética em relação às patologias CID R49 - Disturbio da voz e CID J38.2 -
Disfonia Ocupacional (Nódulo das cordas vocais), o labor durante cerca de 04 anos em
atividades que envolvem atividades com uso excessivo em suas cordas vocais, torna
inafastável o nexo de causalidade entre a patologia e a atividade por ele realizada em
favor da reclamada.
https://www.trt13.jus.br/jurisprudencia/#/integra 9/26
04/01/2019 Consulta Jurisprudencial
(...) Como bem entendeu o juízo sentenciante, resta comprovado nos autos que a
reclamante afastou-se de suas atividades por diversas vezes, por problemas de
saúde relacionados às suas cordas vocais (sequencial Num. 0Ceaaca e Num.
00ba213).
No sequencial Num. 0ceaaca - Pág. 4, consta laudo do médico otorrino,
relatando que a autora apresenta disfonia contínua e nódulo vocal em terço
médio bilateralmente por inadaptação vocal e fonotrauma, necessitando de
menor esforço vocal.
A reclamante trouxe aos autos, ainda, diversos exames,a exemplo de
Videolaringoscopia, revelando a existência de nódulos em ambas as pregas
vocais. (Num. 0ceaaca - Pág. 9 )
Apesar das alegações contrárias da empresa, existem diversos laudos médicos
periciais, emitidos pela Previdência Social (Num. ab3e413 - Pág. 9-14),
confirmando que a incapacidade da autora teve início em 08.03.2014, atestando,
ainda, a existência de disfonia com nódulos nas pregas vocais bilaterais, o que
incapacita a autora para seu trabalho de atendente de telefonia. Consta do
referido laudo, expressamente, a determinação de que a empresa deverá
encaminhar a reclamante para o exercício de outra função, que não a de
operadora de telemarketing.
Ora, em que pese as determinações contidas nos laudos apresentados, não há
prova nos autos de que, por ocasião do término de qualquer uma das licenças
médicas, a reclamada tenha efetivado a necessária mudança de função, apesar
do exercício do trabalho de atendente de telemarketing ser incompatível com sua
condição de saúde.
A empresa, por sua vez, informa que adotou todas as medidas necessárias à
preservação da saúde da obreira, promovendo, inclusive, programa de
reabilitação profissional, redirecionando a reclamante a setor diverso, no qual não
há necessidade de utilização da voz. (Num. 96bdfe8 - Pág. 1)
Todavia, tal alegação não foi comprovada.
Na verdade, o laudo médico pericial, apresentado sob sequencial Num. ab3e413 -
Pág. 15 (com data de 07.11.2014), informando que a reclamante está em
treinamento para o exercício de outra função, revela que, apesar de todas as
solicitações e indicações médicas anteriores, a empresa reclamada providenciou
a mudança de função da autora, apenas após a audiência de instrução, realizada
em 04.11.2014.
Ora, após o surgimento da doença da reclamante, em suas cordas vocais,
deveria a empresa recorrente ter providenciado uma nova colocação para a
empregada, readaptando-a em função compatível com sua condição física,
uma vez que sua capacidade laborativa estava prejudicada, o que, todavia,
não ocorreu.
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QUANTUM INDENIZATÓRIO
valor exagerado e exorbitante, a ponto de levar a uma situação de enriquecimento sem causa,
ou à especulação, ou conduzir à ruína financeira o ofensor; de outro, evitando-se um valor tão
baixo que seja irrisório e desprezível, a ponto de não cumprir a função" (in Aspectos do dano
moral trabalhista, Revista do TribunalSuperior do Trabalho, Brasília, v. 65, n. 1, p. 69-84
out./dez. 1999).
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Art. 950. Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não possa exercer o
seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a
indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da
convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para
que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu.
Parágrafo único. O prejudicado, se preferir, poderá exigir que a indenização seja
arbitrada e paga de uma só vez.
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leva em conta as incertezas do futuro, tais quais a reabilitação (ainda que parcial) da vítima, o
seu eventual falecimento, entre outros fatores que não justificam a alteração legislativa aqui em
debate". Acrescenta que, em muitos casos, "o pagamento antecipado do valor correspondente à
pensão por inabilitação ou depreciação da força de trabalho representará não só possibilidade
de insolvência do devedor, mas também poderá implicar enriquecimento sem causa da vítima",
exatamente o que se pode observar com o exemplo a seguir.
"(....) pode-se entender que o parágrafo único do artigo permite que - exercida a
preferência por parte da vítima e exigindo ela que a 'indenização' (e não mais a
pensão mensal) seja paga de uma só vez - este valor representativo de verba
com característica alimentar (e, portanto, lucro cessante que se caracteriza como
dano material) se converta em dano moral."
ESTABILIDADE PROVISÓRIA
Diante disto, ainda que não haja nos autos cópia dos benefícios
concedidos pelo INSS, entendo ter direito o reclamante à estabilidade acidentária nos termos
previstos no artigo 21, inciso I, da Lei 8.123/1991 e no item II, da Súmula 378 do TST.
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Nego provimento.
NEGO PROVIMENTO.
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Analiso.
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TEMPO À DISPOSIÇÃO
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Examino.
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impacta na meto do supervisor; que nesse caso o supervisor chama a atenção; que se o atraso
ocorrer várias vezes ocorre uma advertência escrita; que a depoente já recebeu advertência
escrita por chegar 10/15 minutos atrasada; (...)". (grifei)
De tal modo, restou evidenciado que a parte autora não logrou êxito
em se desincumbir do encargo probatório que lhe dizia respeito, nos termos dos arts. 818 da
CLT e 373, I do CPC 2015, por tratar-se de fato constitutivo de seu direito, eis que não trouxe
prova oral e/ou documental apta e suficiente a corroborar sua tese.
Nego provimento.
COMISSÕES DE VENDAS
Examino.
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(...) que a comissão depende de metas atingidas; que nem sempre bateu as metas; que não
punida por não bater as metas mas recebia feedback; que não viu a atora sendo chamada a
atenção por não bater as metas (...)" - grifei.
Nego provimento.
FOLGAS
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04/01/2019 Consulta Jurisprudencial
Analiso.
A organização do trabalho deve ser feita de forma a não haver atividades aos
domingos e feriados, seja total ou parcial, com exceção das empresas
autorizadas previamente pelo Ministério do Trabalho e Emprego, conforme o
previsto no Artigo 68, "caput", da CLT e das atividades previstas em lei. 5.1.1. Aos
trabalhadores é assegurado, nos casos previamente autorizados, pelo menos um
dia de repouso semanal remunerado coincidente com o domingo a cada mês,
independentemente de metas, faltas e/ou produtividade. 5.1.2. As escalas de fins
de semana e de feriados devem ser especificadas e informadas aos
trabalhadores com a antecedência necessária, de conformidade com os Artigos
67, parágrafo único, e 386 da CLT, ou por intermédio de acordos ou convenções
coletivas. 5.1.2.1. Os empregadores devem levar em consideração as
necessidades dos operadores na elaboração das escalas laborais que acomodem
necessidades especiais da vida familiar dos trabalhadores com dependentes sob
seus cuidados, especialmente nutrizes, incluindo flexibilidade especial para trocas
de horários e utilização das pausas".
Nego provimento.
PREQUESTIONAMENTO
CONCLUSÃO
Custas mantidas.
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ACÓRDÃO
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