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Responsável
1. Princípios constitucionais que regem a execução penal.
2. Objeto e aplicação da lei de execução penal.
1 ERICA
3. Do exame de classificação e criminológico.
4. Trabalho penitenciário.
5. Direitos e Deveres dos Presos.
2 6. Faltas disciplinares. Sanções e recompensas. Aplicação das sanções. LIVIA
Procedimento disciplinar.
7. Órgãos da Execução Penal. Do Juízo da execução penal. Defensoria
3 ERIC
Pública. Ministério Público. Conselho Penitenciário
8. Execução da Penas. Penas privativas de liberdade. VINICIUS
4
9. Regimes e aplicação do art. 111. JERONIMO
10. Autorizações de saída.
5 11. Remição. CAMILA SALES
12. Livramento condicional.
6 13. Decretos Presidenciais que prevêem indulto e comutação das penas VANESSA
14. Excesso e desvio da execução penal.
7 15. Monitoração Eletrônica. ISABELE
16. Penas restritivas de direito.
17. “Sursis”.
18. Multa (focar em execução, porque o tema “multa” é abordado em penal).
8 PEDRO ICARO
19. Medida de segurança (focar em execução, porque o tema “medida de
segurança” é abordado em penal).
20. Conversões das penas privativas de liberdade.
9 21. Agravo em Execução. MARIO
22. “Habeas Corpus”
23. Regulamento das Unidades Prisionais do Estado do Maranhão (decreto
10 ANA JULIA
estadual 27.640/11).
11 24. Regras Mínimas da Organização das Nações Unidas para tratamento de
Reclusos, adotadas em 31 de agosto de 1955, pelo Primeiro Congresso das
Nações Unidas para Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes;
e aprovado pelo Conselho Econômico e Social da ONU através de sua
ARTHUR
Resolução n.º 35663 CI (XXIV), de 31 de julho de 1957, aditada pela MAGNUS
Resolução n.º 2176 de 13 de maio de 1977.
25. Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil - Resolução nº
14/94 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP),
1
de 11 de novembro de 1994.
26. Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90 e alterações posteriores); Lei
12 de Drogas (Lei nº 6.368/76 e Lei nº 11.343/06 e alterações posteriores); e JOÃO PAULO
nas Súmulas do STJ e STF, e Súmulas Vinculantes do STF
Sumário
Sumário........................................................................................................................................2
PONTO 1.......................................................................................................................................3
PONTO 2.....................................................................................................................................17
PONTO 3.....................................................................................................................................20
PONTO 4.....................................................................................................................................24
2
PONTO 5.....................................................................................................................................29
PONTO 6.....................................................................................................................................36
PONTO 7.....................................................................................................................................42
PONTO 8.....................................................................................................................................47
PONTO 9.....................................................................................................................................50
PONTO 10...................................................................................................................................54
PONTO 11...................................................................................................................................58
PONTO 12...................................................................................................................................62
PONTO 1
1. Princípios constitucionais que regem a execução penal.
2. Objeto e aplicação da lei de execução penal.
3. Do exame de classificação e criminológico.
4. Trabalho penitenciário.
3
de que os diretos inerentes à pessoa humana sejam observados e garantidos
às pessoas presas.
Desse princípio decorre o princípio da humanização das penas (art. 5º,
XLVII e XLIX, CF), pelo qual são vedadas as penas de morte (salvo em caso de
guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX, CF); de caráter perpétuo; de
trabalhos forçados; de banimento e cruéis. Bem como é assegurado aos
presos o respeito à sua integridade física e moral.
O princípio da individualização da pena (art. 5º, XLVI, CF) consiste na
previsão de dar a cada preso as oportunidades e os elementos necessários
para lograr a sua reinserção social.
O princípio da pessoalidade (art. 5º, XLVI, CF) determina que nenhuma
pena passará da pessoa do condenado e, dessa forma, familiares e pessoas
próximas ao apenado não podem sofrer com as consequências da aplicação
da pena.
Já o princípio da legalidade (art. 5º, XXXIX e XL, CF) também deve ser
observado na execução penal, uma vez que todos os direitos e garantias
previstos em lei devem ser garantidos aos condenados (são direitos subjetivos
e não “benefícios”), bem como qualquer imposição de penalidade deve ser
aplicada nos limites estritos da lei, vedada a analogia in malam partem (ver
questão abaixo sobre a relativização de princípio pelos tribunais superiores e o
princípio da “less eligibility”).
Nesse contexto, é interessante destacar que o princípio do devido
processo legal (art. 5º, LIV, CF) é aplicado em sede de execução penal.
Nesse sentido, súmula 533 do STJ: “Para o reconhecimento da prática
de falta disciplinar no âmbito da execução penal , é imprescindível
a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do
estabelecimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado
por advogado constituído ou defensor público nomeado”. Não se aplica a
súmula vinculante 5 (“A falta de defesa técnica por advogado no processo
administrativo disciplinar não ofende a Constituição“) à execução penal.
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A ideia de que pode existir um Estado de Coisas Inconstitucional e que a
Suprema Corte do país pode atuar para corrigir essa situação surgiu na Corte
Constitucional da Colômbia, em 1997, com a chamada "Sentencia de
Unificación (SU)". Foi aí que primeiro se utilizou essa expressão.
Depois disso, a técnica já teria sido empregada em mais nove oportunidades
naquela Corte.
Existe também notícia de utilização da expressão pela Corte Constitucional
do Peru.
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Na petição inicial, que foi subscrita pelo grande constitucionalista Daniel
Sarmento, defende-se que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado
de Coisas Inconstitucional".
São apontados os pressupostos que caracterizam esse ECI:
a) violação generalizada e sistêmica de direitos fundamentais;
b) inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades públicas em
modificar a conjuntura;
c) situação que exige a atuação não apenas de um órgão, mas sim de uma
pluralidade de autoridades para resolver o problema.
A ação foi proposta contra a União e todos os Estados-membros.
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O Plenário reconheceu que no sistema prisional brasileiro realmente há uma
violação generalizada de direitos fundamentais dos presos. As penas privativas
de liberdade aplicadas nos presídios acabam sendo penas cruéis e
desumanas.
Diante disso, o STF declarou que diversos dispositivos constitucionais,
documentos internacionais (o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos,
a Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos e Penas Cruéis,
Desumanos e Degradantes e a Convenção Americana de Direitos Humanos) e
normas infraconstitucionais estão sendo desrespeitadas.
Os cárceres brasileiros, além de não servirem à ressocialização dos presos,
fomentam o aumento da criminalidade, pois transformam pequenos
delinquentes em “monstros do crime”. A prova da ineficiência do sistema como
política de segurança pública está nas altas taxas de reincidência. E o
reincidente passa a cometer crimes ainda mais graves.
Vale ressaltar que a responsabilidade por essa situação deve ser
atribuída aos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário), tanto da
União como dos Estados-Membros e do Distrito Federal.
A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes
representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos
presos, além da perpetuação e do agravamento da situação.
Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia,
coordenar ações visando a resolver o problema e monitorar os resultados
alcançados.
A intervenção judicial é necessária diante da incapacidade demonstrada
pelas instituições legislativas e administrativas.
No entanto, o Plenário entendeu que o STF não pode substituir o papel do
Legislativo e do Executivo na consecução de suas tarefas próprias. Em outras
palavras, o Judiciário deverá superar bloqueios políticos e institucionais sem
afastar, porém, esses poderes dos processos de formulação e implementação
das soluções necessárias. Nesse sentido, não lhe incumbe definir o conteúdo
próprio dessas políticas, os detalhes dos meios a serem empregados. Com
base nessas considerações, foram indeferidos os pedidos "e" e "f".
Quanto aos pedidos “a”, “c” e “d”, o STF entendeu que seria desnecessário
ordenar aos juízes e Tribunais que fizessem isso porque já são deveres
impostos a todos os magistrados pela CF/88 e pelas leis. Logo, não havia
sentido em o STF declará-los obrigatórios, o que seria apenas um reforço.
STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015
(Info 798).
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obrigar o Estado a adotar providências administrativas e respectiva
previsão orçamentária para reformar a referida cadeia pública ou
construir nova unidade, mormente quando não houver comprovação objetiva
da incapacidade econômico-financeira da pessoa estatal.
A situação em análise revela clara violação aos princípios da dignidade da
pessoa humana, do mínimo existencial e à garantia constitucional de que
o Poder Público deverá respeitar a integridade física e moral do preso (art.
5º, XLIX, da CF/88).
Quando o não desenvolvimento de políticas públicas acarretar grave
vulneração a direitos e garantias fundamentais assegurados pela Constituição,
é cabível a intervenção do Poder Judiciário como forma de implementar os
valores constitucionais.
Nesses casos, não é possível que o Poder Público invoque a
discricionariedade administrativa.
Em suma, tanto o STF quanto o STJ reconhecem que, em casos
excepcionais, é possível o controle judicial de políticas públicas
STJ. 2ª Turma. REsp 1.389.952-MT, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
3/6/2014 (Info 543).
STF. 1ª Turma. RE 440028/SP, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em
29/10/2013 (Info 726).
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não se podem importar preceitos do direito comparado sem atentar para
Estado brasileiro. Na Alemanha, os cidadãos já dispõem de um mínimo de
prestações materiais capazes de assegurar existência digna. Por esse motivo,
o indivíduo não pode exigir do Estado prestações supérfluas, pois isso
escaparia do limite do razoável, não sendo exigível que a sociedade arque com
esse ônus. Eis a correta compreensão do princípio da reserva do possível, tal
como foi formulado pela jurisprudência germânica.
Todavia, a situação é completamente diversa nos países menos
desenvolvidos, como é o caso do Brasil, onde ainda não foram asseguradas,
para a maioria dos cidadãos, condições mínimas para uma vida digna.
Nesse caso, qualquer pleito que vise a fomentar uma existência
minimamente decente não pode ser encarado como sem razão (supérfluo),
pois garantir a dignidade humana é um dos objetivos principais do Estado
brasileiro.
É por isso que o princípio da reserva do possível não pode ser oposto a um
outro princípio, conhecido como princípio do mínimo existencial. Somente
depois de atingido esse mínimo existencial é que se poderá discutir,
relativamente aos recursos remanescentes, em quais outros projetos se deve
investir.
Por esse motivo, não havendo comprovação objetiva da incapacidade
econômico-financeira da pessoa estatal, inexistirá empecilho jurídico para que
o Judiciário determine a inclusão de determinada política pública nos planos
orçamentários do ente político.
3. Por que a Defensoria deve lutar pelo fim das revistas vexatórias?
O princípio de que a pena não pode ultrapassar a pessoa do condenado
está entre os fundamentos mais básicos do direito penal moderno. Mesmo
assim, o simples fato de ter vínculos afetivos com pessoas presas faz com que
cerca de meio milhão de mulheres, homens e crianças passe todas as
semanas por um procedimento que as obriga a se desnudar e ter seus órgãos
genitais inspecionados por agentes penitenciários.
A revista vexatória é um procedimento obrigatório para que familiares,
companheiros e cônjuges possam fazer visitas a estabelecimento penais na
maioria dos estados brasileiros.
O procedimento viola a dignidade humana, o direito à intimidade, a
pessoalidade na aplicação da pena e o direito a não ser submetido a
tratamentos degradantes ou desumanos, todos estes expressamente previstos
na Constituição Federal.
A revista vexatória ofende também os compromissos que o Brasil assumiu
internacionalmente, perante a ONU e a OEA, de respeitar os direitos humanos.
A Argentina, por exemplo, já foi condenada pela Comissão Interamericana de
Direitos Humanos por submeter mulheres e crianças a esse tipo de tratamento.
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No Brasil, alguns avanços estão ocorrendo no sentido da criação de normas
estaduais que reconheçam que a revista vexatória não pode ser um método
rotineiro de revista em visitantes, conforme ilustra o mapa na página seguinte.
Falta, porém, sistematicidade na regulamentação da matéria, o que faz com
que a aplicação dessas regras seja pouco consistente.
Aqueles que defendem a medida afirmam que ela é necessária para a
segurança dentro e fora das prisões. Contudo, esse tipo de raciocínio parte
necessariamente do pressuposto de que há um problema tão grave de entrada
de objetos ilícitos nas prisões que é necessário que se adote uma medida
drástica e humilhante como o dever de revistar a genitália de todo visitante.
Há, ainda, um segundo pressuposto: o de que os familiares dos detentos,
sozinhos, são responsáveis por levar armas, drogas e celulares para as
prisões. Afinal, por que outro motivo somente os familiares passariam pela
revista vexatória, quando existem diversas outras pessoas que têm contato
direto com os presos?
Em uma pesquisa realizada pela Rede Justiça Criminal em Penitenciárias no
Estado de São Paulo, constatou-se que apenas 0,03% dos visitantes trazia
consigo objetos como drogas e celulares. Nenhum visitante foi flagrado
tentando introduzir armas nas unidades prisionais. E vale ressaltar que é ainda
menor a porcentagem de apreensões realizada em partes íntimas, o que indica
a absoluta desproporcionalidade da medida.
A situação é ainda mais grave se observada a quantidade de pessoas que
passaram por essa medida humilhante. De acordo com números absolutos
cedidos pela Secretaria de Administração Penitenciária de São Paulo à
Defensoria Pública, quase 3,5 milhões de pessoas foram submetidas ao
procedimento vexatório de revista em 2012 no estado. Segundo os mesmos
dados, em apenas 0,02% de todas essas visitas houve apreensão de alguma
quantidade de droga ou componente telefônico
No estado de Goiás, nenhuma pessoa precisa despir-se, fazer flexões,
agachamentos ou dar saltos, muito menos submeter-se ao toque íntimo, para
ingressar em qualquer dos estabelecimentos prisionais goianos. O novo
procedimento, denominado “revista humanizada”, é regra desde 19 de julho de
2012, data de publicação da Portaria n° 435/20126, da Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária e Justiça. Até os agentes prisionais, resistentes à
humanização dos procedimentos, num primeiro momento, hoje são em sua
ampla maioria favoráveis à nova rotina, uma vez que a revista vexatória era
também altamente constrangedora para os profissionais da segurança
prisional.
O que foi decisivo para a mudança ocorrida em Goiás foi a ampla discussão
pública do tema, facilitada com a divulgação de um vídeo produzido pelo
Ministério Público em 2010, disponível no YouTube sob o título “Revista
vexatória - visitando uma prisão brasileira”, importante documento audiovisual
fruto da coragem de uma mulher que permitiu ser filmada durante o antigo
procedimento e que se dispôs a denunciar, mediante a exposição do seu
próprio corpo, a absurda violência institucional que era cometida pelo estado de
Goiás contra as pessoas, principalmente mulheres, de todas as idades, que
passam pela dura experiência de ter um parente, amigo ou companheiro preso.
Denúncia que ainda é atual e necessária. Afinal, em pleno século XXI, a rotina
da revista vexatória se faz presente em quase todos os demais Estados
brasileiros.
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A sistemática e indiscriminada “pagação de revista” traduz tortura,
tratamento degradante, um verdadeiro estupro institucionalizado, gerando ódio
e revolta.
Diante desse cenário, seguem 15 motivos para que as revistas vexatórias
sejam banidas por completo no Brasil:
1. A revista vexatória é o procedimento que desrespeita a inviolabilidade da
intimidade (art. 5º, X, CF) porque obriga absolutamente todas as visitas de
detentos a ficarem completamente nuas e terem seus órgãos genitais
inspecionados.
2. Em afronta ao princípio da dignidade humana (art. 1º, III, CF) as visitantes
devem se agachar, abrir as genitálias com as mãos e fazer força como se
estivessem dando à luz, enquanto agentes penitenciários examinam seus
corpos.
3. Essa humilhação, pela qual passam, até mesmo, mulheres grávidas,
idosas, adolescentes, pessoas com deficiência e crianças, é uma forma de
tratamento desumano e degradante, o qual é proibido pela Constituição
Federal (art. 5º, III).
4. Obrigar alguém a se desnudar em público pela simples razão de possuir
vínculo de afetividade ou parentesco com uma pessoa presa viola o princípio
de que a pena não deve ultrapassar a pessoa do condenado (art. 5º, XLV, CF).
5. Fazer com que crianças e adolescentes passem nuas por detectores de
metais e sejam inspecionadas por agentes penitenciários ofende a integridade
pessoal (art. 17, ECA) e viola o dever de proteger crianças e adolescentes
contra tratamentos vexatórios ou constrangedores (art. 18, ECA).
6. Condicionar a visita do preso à exibição em público dos genitais de seu
familiar é incompatível com o direito à visita que todo preso possui (art. 41, X,
LEP). No caso de crianças e adolescentes cujos pais estão detidos, a revista
vexatória afronta também o direito à convivência familiar (art. 227, CF e art. 4º,
ECA). Afastar drasticamente os familiares do preso vai contra as finalidades da
pena.
7. Mesmo inspecionando de modo vexatório e rígido genitálias, roupas e
pertences dos visitantes, armas, drogas e celulares são encontrados nas
unidades prisionais. A revista vexatória não é, portanto, adequada nem
proporcional para garantir a segurança nas prisões.
8. Nem mesmo o preso pode ser submetido a revistas íntimas que,
sistematicamente, ofendam a sua dignidade. Foi o que determinaram a Corte
Europeia de Direitos Humanos (Caso Lorsé Vs. Holanda, 2003) e a ONU
(Regras de Bangkok, 2010).
9. Para a OEA, as revistas de presos e visitantes devem ser
compatibilizadas com a dignidade humana e o respeito aos direitos
fundamentais e, para isso, inspeções anais e vaginais devem ser proibidas por
lei (Princípio XXI, Princípios e Boas Práticas para a Proteção das Pessoas
Privadas de Liberdade nas Américas, 2008).
10. Obrigar a filha adolescente e a esposa de um preso a se despirem
completamente e terem a genitália inspecionada foi considerada uma violação
à Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Caso X e Y Vs. Argentina,
1996).
11. Para a Corte Interamericana de Direitos Humanos, que pode
responsabilizar internacionalmente o Brasil, revistar a genitália feminina é uma
11
forma de violência contra a mulher e, por seus efeitos, constitui tortura (Caso
Penal Castro Castro Vs. Peru, 2006).
12. Depois de visita ao Brasil, em 2000, o Relator Especial da ONU contra a
Tortura indicou que se adotassem medidas para assegurar que a revista dos
visitantes respeitasse sua dignidade.
13. Minas Gerais (Lei Estadual 12.492/1997), Rio de Janeiro (Res. 330/2009,
da Secretaria de Administração Penitenciária), Rio Grande do Sul (Portaria
12/2008 da Superintendência dos Serviços Penitenciários), e Paraíba (Lei
Estadual 6.081/2010) já criaram diversas restrições à revista vexatória. Espírito
Santo (Portaria 1578-S de 2012 da Secretaria de Justiça) e Goiás (Portaria
435/2012, da Agência Goiana do Sistema de Execução Penal) proibiram
absolutamente a revista com desnudamento.
14. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP)
determina que a honra e a dignidade dos visitantes revistados devem ser
respeitadas (Res. 9/2006, art. 3º). Também editou a Resolução nº 5 de 28 de
agosto de 2014 que recomenda o fim da revista vexatória nos
estabelecimentos penais.
15. Tramita no Congresso Nacional o PLS 480/2013, com o fim de alterar a
LEP e vedar a revista vexatória.
Fonte: Informativo Rede Justiça Criminal – Edição 06, Ano 04, 2014.
Informativo produzido pelas organizações: Associação pela Reforma Prisional
(ARP), Conectas Direitos Humanos, Instituto de Defesa do Direito de Defesa
(IDDD), Instituto de Defensores de Direitos Humanos (DDH), Instituto Sou da
Paz, Instituto Terra, Trabalho e Cidadania (ITTC), Justiça Global e Pastoral
Carcerária Nacional.
12
Os Tribunais Superiores acabam por legitimar essa ideia do princípio
da less eligibility e a não observância da do princípio da legalidade
expressamente previsto na LEP (art. 45).
Como exemplos é possível citar:
i. exigência de exame criminológico para a progressão de regime - a
LEP não exige (art. 112), sendo que a Lei 10.792/03, que alterou a LEP, exclui
essa exigência. No entanto, os tribunais superiores, ainda que de modo mais
limitado, admitem a exigência (súmula vinculante 26 e súmula 439 do STJ);
ii. interrupção do lapso temporal para a progressão de regime pela falta
grave no regime fechado - não há previsão legal. Se a falta grave é praticada
no regime semiaberto ou aberto, há a regressão de regime (art. 118), mas não
há previsão semelhante para o regime fechado (não há como regredir). Ainda
assim, utilizando-se de analogia in malam partem, o STJ determina a
interrupção (súmula 534);
iii. posse de aparelho celular - a LEP prevê a posse de aparelho telefônico,
rádio ou similar que permita a comunicação com outros presos ou com o
ambiente externo (art. 50, VII). No entanto, a jurisprudência (STF e STJ) amplia
o alcance dessa norma, novamente se valendo de analogia in malam partem, e
determina que componentes isolados dos aparelhos celulares, como os chips,
são abrangidos pelo tipo disciplinar.
13
rebus sic standibus), faz-se o exame de classificação. Um exame mais amplo
e genérico (art. 5º, LEP), com análise da personalidade e antecedentes do
preso, para evidenciar o modo pelo qual deve ser cumprida a pena com o fim
de orientar a sua individualização, sendo realizado pela Comissão Técnica de
Classificação (presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 chefes de
serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social, quando se tratar de
condenado à pena privativa de liberdade).
.
9. Explique o panorama atual do exame criminológico e faça críticas a ele.
O art. 34 do CP (“Art. 34 - O condenado será submetido, no início do
cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para
individualização da execução”) e o art. 8º da LEP (“Art. 8º O condenado ao
cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será
submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários
a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução”)
preveem o exame criminológico na entrada do preso em REGIME FECHADO.
O art. 112 da LEP previa o exame criminológico para a progressão de
regime do preso, mas hoje não prevê mais.
Com a S. 439/STJ e SV 26, deve haver fundamentação no caso concreto,
para que o juiz determine a realização de exame criminológico para fins de
concessões de direitos subjetivos do preso.
Súmula vinculante 26: “Para efeito de progressão de regime no cumprimento
de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a
inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990, sem
prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e
subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo
fundamentado, a realização de exame criminológico”
Súmula 439 do STJ: “Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades
do caso, desde que em decisão motivada”.
Dessa forma, percebe-se que os tribunais superiores, ainda que de modo
mais limitado, admitem a exigência desse exame para casos não previstos.
Ademais, é muito comum encontrar fundamentação inidônea para a
realização do exame, tais como: gravidade do delito, longevidade da pena,
reincidência, ausência de motivação.
A LEP de 1984 sofre influências da ‘nova defesa social’ e da crença de que é
possível, através da pena privativa de liberdade, reeducar ou tratar o preso,
para que retorne ‘adaptado ao convívio social’.
No entanto, cumpre atentar que a nova ordem constitucional, o respeito à
dignidade da pessoa humana e do direito penal de garantias e no Estado de
Direito, a individualização da pena não tem o fim de transformar ou readaptar o
preso a modelo de ‘normalidade social’. A mudança de paradigma aponta que
não se busca ressocialização, mas sim abrandar os efeitos deletérios do
cárcere (não dessocialização).
Coerente com isso, a L. 10792/03 alterou a redação do p. único do art. 112,
LEP instituindo a desnecessidade de parecer da CTC (travestido de inexistente
exame criminológico) para instruir pedido de progressão de regime de
cumprimento de pena ou livramento condicional.
Por fim, diga-se, que o exame criminológico inicial previsto na lei, se
realizado, se mostra desnecessário, uma vez que o exame de classificação já
supre a necessidade de individualização da pena.
14
Ademais, o exame criminológico como prognóstico de prática de novos
crimes é um retrocesso a um período de fracasso, irresponsabilidade no trato
com a questão penitenciária, crença na provecta regra do criminoso nato e
imposição à equipe multiprofissional, ou de saúde, de uma responsabilidade
que não é e nem pode ser deles, mas sim do juiz.
11. A exigência de que o condenado cumpra 1/6 da pena para ter direito
ao trabalho externo aplica-se para os regimes fechado, semiaberto e
aberto? Em outras palavras, o art. 37, caput, da LEP é regra válida para as
três espécies de regime?
NÃO. A exigência objetiva do art. 37 de que o condenado tenha cumprido no
mínimo 1/6 da pena, para fins de trabalho externo, aplica-se apenas aos
condenados que se encontrem em regime fechado.
Assim, o trabalho externo é admissível aos apenados que estejam no regime
semiaberto ou aberto mesmo que ainda não tenham cumprido 1/6 da pena. Em
15
tese, o condenado ao regime semiaberto ou aberto poderia ter direito ao
trabalho externo já no primeiro dia de cumprimento da pena. O art. 37 da LEP
(que exige o cumprimento mínimo de 1/6 da pena) somente se aplica aos
condenados que se encontrem em regime inicial fechado.
Esse é o entendimento pacífico do STJ: (...) É assente o entendimento desta
Corte no sentido de ser desnecessário o cumprimento de 1/6 (um sexto) da
pena, no mínimo, para a concessão do benefício do trabalho externo ao
condenado a cumprir a reprimenda no regime semiaberto, desde que
satisfeitos os demais requisitos necessários, de natureza subjetiva. (...) STJ. 5ª
Turma. HC 282.192/RS, Rel. Min. Moura Ribeiro, julgado em 15/05/2014.
E também do STF: STF. Plenário. EP 2 TrabExt-AgR/DF, Rel. Min. Roberto
Barroso, julgado em 25/6/2014 (Info 752).
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execução penal o direito de, todos os dias úteis, sair para trabalhar, retornando
ao final do expediente (trabalho externo). Para fazer esse requerimento, o
preso deverá comprovar que recebeu possui uma proposta de trabalho. A fim
de cumprir essa exigência, João apresentou uma proposta de trabalho da
empresa "XXX" que declarava que iria contratá-lo. Ocorre que o Ministério
Público opôs ao deferimento do pedido sob o argumento de que a empresa
"XXX" pertence ao irmão de João. Logo, na visão do MP, não haveria nenhuma
garantia de que o preso iria realmente trabalhar no local, podendo ele ser
acobertado em suas faltas em razão do parentesco. A tese do MP não foi
aceita. O simples fato de a empresa contratante pertencer ao irmão do preso
não impede que ele tenha direito ao trabalho externo.
STJ. 5ª Turma. HC 310.515-RS, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em
17/9/2015 (Info 569).
PONTO 2
5. Direitos e Deveres dos Presos.
6. Faltas disciplinares. Sanções e recompensas. Aplicação das sanções.
Procedimento disciplinar.
17
pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da
autoridade judiciária competente.
3. Quais direitos podem ser suspensos ou restringidos pelo diretor do
estabelecimento?
Proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a
recreação; visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados; e contato com o mundo exterior.
4. Em que consiste a disciplina no âmbito da execução penal?
Consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das
autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho. (art. 44, LEP).
18
12. É preciso aguardar a condenação do apenado para que seja punido
pela falta grave de prática de crime doloso?
Não é necessário aguardar a condenação, nem tampouco o trânsito em
julgado, basta a prática do crime. Deve-se, contudo, seguir procedimento
administrativo disciplinar para a aplicação da sanção.
19
Nos casos de advertência, repreensão, suspensão ou restrição de direitos e
isolamento na própria cela ao diretor do estabelecimento, em ato motivado,
após procedimento administrativo. No caso de inclusão no RDD, apenas à
autoridade judiciária.
PONTO 3
7. Órgãos da Execução Penal. Do Juízo da execução penal. Defensoria
Pública. Ministério Público. Conselho Penitenciário.
20
Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando o sentenciado estiver recolhido em
estabelecimento sujeito à administração estadual.
21
h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei.
i) (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.258, de 2010)
VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança;
VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências
para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de
responsabilidade;
VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando
em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei;
IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade.
X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir.
11. Qual o prazo que dispõe o Ministério Público para se manifestar nos
autos da execução, quando não figure como requerente da medida?
03 dias
22
professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal,
Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da
comunidade e dos Ministérios da área social, com mandato de duração de 2
(dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano.
23
autoridade judiciária durante a execução, visitar os estabelecimentos penais,
dentre outras atribuições.
Assim como incumbe ao representante do MP e ao Juiz da Execução, a
Defensoria Pública deverá visitar periodicamente os estabelecimentos
prisionais (a LEP não define com que periodicidade).
PONTO 4
8. Execução da Penas. Penas privativas de liberdade.
9. Regimes e aplicação do art. 111.
24
Sim, tratando-se o condenado, ao tempo do fato, de funcionário da
Administração da Justiça Criminal, far-se-á, na guia, menção dessa
circunstância, para fins de que se providencie dependência separada conforme
art. 84, §2º da LEP (art. 106, §3º, da LEP).
25
b) Requisito SUBJETIVO – bom comportamento carcerário
atestado pelo Diretor do Estabelecimento Prisional.
Mesmo não havendo previsão legal, os Tribunais Superiores admitem que o
juiz determine a realização de exame criminológico como condição para aferir o
requisito subjetivo da progressão de regime, desde que a decisão seja fundada
nas peculiaridades e circunstâncias do caso concreto (e não apenas na
gravidade abstrata da infração penal, pois isso equivaleria a impor condição
genérica, que somente a lei poderia estabelecer) – Súmula Vinculante 26 e
Súmula 439 do STJ.
“Súmula Vinculante 26: Para efeito de progressão de regime no
cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução
observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei 8.072/90, sem prejuízo de
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos
do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a
realização de exame criminológico.”
“Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades
do caso, desde que em decisão motivada”.
Com relação aos crimes praticados por funcionário público contra a
Administração Pública, embora não seja tema pacífico na doutrina, prevalece
na jurisprudência que é constitucional a exigência contida no §4º do art. 33 do
Código Penal, incluído pela L. 10.763/03, de que o condenado repare o dano
que causou, ou devolva o produto do ilícito praticado, com os acréscimos
legais, para que lhe seja concedido o direito de progredir de regime prisional.
26
11. É ADMISSÍVEL A PROGRESSÃO DE REGIME ANTES DO TRÂNSITO
EM JULGADO DA SENTENÇA CONDENATÓRIA? ISSO OFENDE O
PRINCÍPIO DA NÃO CULPABILIDADE OU PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA?
É admissível a progressão de regime antes do trânsito em julgado da
sentença penal condenatória, assim como a aplicação imediata de regime
menos severo nela determinado, a teor do que expõe a súmula nº. 716 do STF.
Não há no caso ofensa ao princípio da não culpabilidade ou da presunção
da inocência, uma vez que este, em se tratando de regra de tratamento,
corolário do princípio do favor rei não pode ser invocado a fim deconferir
tratamento mais gravoso ao preso cautelarmente se comparado ao preso em
virtude de sentença penal condenatória.
27
dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações
anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena. O
trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras
públicas, mas está condicionado ao cumprimento de 1/6 da pena e à
demonstração de aptidão para a atividade nos termos dos arts. 36 e 37 da LEP.
28
19. QUEM SÃO OS CONDENADOS QUE POSSUEM DIREITO A PRISÃO
DOMICILIAR NO ÂMBITO DA EXECUÇÃO PENAL? HÁ ALGUMA
DIFERENÇA EM RELAÇÃO AOS SUJEITOS A PRISÃO DOMICILIAR NO
ÂMBITO DAS PRISÕES CAUTELARES?
Nos termos do art. 117 da LEP, somente se admitirá o recolhimento do
beneficiário de regime aberto em residência particular quando se tratar de:
I – condenado maior de 70 anos;
II – condenado acometido de doença grave;
III – condenado com filho menor ou deficiente físico ou mental;
IV – condenada gestante;
Apesar de bastante semelhante, não se tratam exatamente das mesmas
hipóteses ensejadoras do direito à prisão domiciliar em substituição à prisão
preventiva, previstas no art. 318 do Código de Processo Penal, o qual
estabelece:
“Art. 318. Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando
o agente for: I – maior de 80 (oitenta) anos; II – extremamente debilitado por
motivo de doença grave; III – imprescindível aos cuidados especiais de pessoa
menor de 6 (seis) anos de idade ou com deficiência; IV – gestante a partir do 7º
(sétimo) mês de gravidez ou sendo esta de alto risco.”
PONTO 5
10. Autorizações de saída.
11. Remição.
12. Livramento condicional.
29
1. Diferencie permissão de saída e saída temporária.
Permissão de saída e saída temporária são espécies do gênero autorização
de saída prevista na Lei de Execução Penal.
A permissão de saída fundamenta-se em razões humanitárias e é concedida
aos condenados que cumprem pena em regime fechado ou semiaberto e aos
presos provisórios. Pode ser concedida diante da ocorrência de algum dos
seguintes fatos: falecimento ou doença grave do cônjuge, companheiro,
ascendente, descendente ou irmão; ou necessidade de tratamento médico. A
concessão se dará pelo diretor do estabelecimento e terá duração necessária à
finalidade da saída.
Diferentemente, a saída temporária do estabelecimento é concedida aos
condenados que cumprem pena em regime semiaberto em três hipóteses, a
saber: visita a família; frequência a curso supletivo profissionalizante, bem
como instrução do 2º grau ou superior, na Comarca do Juízo da Execução; e
para a participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio
social. A concessão de saída temporária ocorre por ato motivado do Juiz da
execução e não é automática, dependendo, outrossim, do preenchimento de
certos requisitos (comportamento adequado, o cumprimento mínimo de 1/6 da
pena, se o condenado for primário ou ¼, se reincidente e a compatibilidade do
beneficio com os objetivos da pena).
Outra distinção relevante prevista na lei entre os referidos institutos é que a
permissão de saída será efetuada mediante escolta, ao passo que a saída
temporária, sem vigilância direta (em que pese a lei ressalvar a possibilidade
de utilização de equipamento de monitoração eletrônica).
3. Previsão
A saída temporária encontra-se disciplinada nos arts. 122 a 125 da Lei
n.°7.210/84 (LEP).
30
4. Quem concede a saída temporária?
A autorização para saída temporária será concedida por ato motivado do
Juiz da execução, devendo este ouvir antes o Ministério Público e a
administração penitenciária, que irão dizer se concordam ou não com o
benefício.
7. Condições
Ao conceder a saída temporária, o juiz imporá ao beneficiário as seguintes
condições legais (obrigatórias): I – o condenado deverá fornecer o endereço
onde reside a família a ser visitada ou onde poderá ser encontrado durante o
31
gozo do benefício; II – o condenado deverá se comprometer a ficar recolhido
na residência visitada, no período noturno; III – o condenado não poderá
frequentar bares, casas noturnas e estabelecimentos congêneres.
Além dessas, o juiz pode fixar outras condições que entender compatíveis
com as circunstâncias do caso e a situação pessoal do condenado. Nesse
caso, chamamos de condições judiciais (ou facultativas).
Desse modo, após o juiz deferir o benefício para o apenado nesta primeira
vez, as novas saídas temporárias deste mesmo reeducando não mais
precisarão ser analisadas pelo juiz e pelo MP, sendo concedidas
automaticamente pela direção do Presídio, desde que a situação disciplinar do
condenado permaneça a mesma, ou seja, que ele tenha mantido o
comportamento adequado no cumprimento da pena. Se cometer falta grave,
por exemplo, é revogado o benefício.
A esse procedimento simplificado se deu o nome de “saída temporária
automatizada” ou “calendário de saídas temporárias”.
Insurgência do Ministério Público: Alguns Ministérios Públicos pelo país
têm se insurgido contra este procedimento e interposto recursos que chegam
aos Tribunais Superiores.
Segundo argumenta o Parquet, ao adotar essa saída temporária
automatizada, o juiz da execução penal está transferindo (delegando) para a
autoridade administrativa do estabelecimento prisional a decisão de conceder
ou não a saída temporária, o que viola frontalmente o art. 123 da LEP (“Art.
123. A autorização será concedida por ato motivado do Juiz da execução...”).
Além disso, para alguns Promotores, essa prática seria vedada porque cada
saída temporária, para ser autorizada, deve ser individualmente motivada com
base no histórico do sentenciado.
32
9. O que entendem os Tribunais Superiores? O calendário de saídas
temporárias é permitido? A prática da saída temporária automatizada é
válida?
A autorização das saídas temporárias é Para o STF, um único ato judicial que
ato jurisdicional da competência do analisa o histórico do sentenciado e
Juízo das Execuções Penais, que deve estabelece um calendário de saídas
ser motivada com a demonstração da temporárias, com a expressa ressalva
conveniência de cada medida. de que as autorizações poderão ser
revistas em caso de cometimento de
Desse modo, não é possível delegar infração disciplinar, mostra-se suficiente
ao administrador do presídio a para fundamentar a autorização de
fiscalização sobre diversas saídas saída temporária.
temporárias, autorizadas em única
decisão, por se tratar de atribuição O Min. Gilmar Mendes apontou que,
exclusiva do magistrado das em regra, os requisitos das saídas
execuções penais, sujeita à ação temporárias são os mesmos,
fiscalizadora do Parquet. independentemente do momento do
ano em que ocorrem. “A saída do Natal
Assim, não é legítima a prática de se não tem requisitos mais brandos do
permitir saídas temporárias que a saída da Páscoa, por exemplo.
automatizadas. Para cada pedido de Não há razão funcional para afirmar
saída temporária, deverá haver uma que uma única decisão que a ambas
decisão motivada do Juízo da contemple é deficiente de
Execução, com intervenção do fundamentação”.
Ministério Público.
STJ. 3ª Seção. REsp 1166251/RJ, Rel. Além disso, essa prática não exclui a
Min. Laurita Vaz, julgado em participação do MP, que poderá se
14/03/2012 (recurso repetitivo) (Info manifestar sobre seu cabimento e, caso
493). alterada a situação fática, pedir sua
revisão.
A fim de deixar bem evidente esse
entendimento, o STJ editou um A exigência feita pelo STJ no sentido
enunciado: de que haja uma decisão motivada
para cada saída temporária coloca em
Súmula 520-STJ: O benefício de saída risco o direito do sentenciado ao
temporária no âmbito da execução benefício, em razão do grande volume
penal é ato jurisdicional insuscetível de de processos nas varas de execuções
delegação à autoridade administrativa penais.
do estabelecimento prisional.
STF. 1ª Turma. HC 98067, Rel. Min.
Marco Aurélio, julgado em 06/04/2010.
STF. 2ª Turma. HC 128763, Rel. Min.
Gilmar Mendes, julgado em
04/08/2015.
33
A Súmula 520 foi editada há pouquíssimo tempo (25/03/2015), mas é
provável que seja cancelada pelo STJ diante do entendimento acima
manifestado pelo STF.
34
12. A prática de falta grave acarreta a perda da integralidade dos dias
remidos?
Não. A Lei 12.433/11 alterou substancialmente o tratamento da perda dos
dias remidos em razão da prática de falta grave. Antes de sua vigência,
prevalecia o entendimento de perda integral dos dias remidos, todavia, tal
disciplina, afronta, indubitavelmente, princípios já incorporados ao ordenamento
pátrio, tais como a individualização da pena, proporcionalidade, igualdade de
todos perante a lei, reabilitação e reinserção do apenado na sociedade.
A partir da referida Lei, a prática de falta grave não atinge a integralidade dos
dias remidos, mas, submete-se ao limite de até 1/3, levando-se em
consideração a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do
fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. Por ser norma
penal mais benéfica, deve ter aplicação retroativa.
35
A Lei das Execuções Penais estabelece as condições obrigatórias e as
facultativas a que fica subordinado o apenado. As condições obrigatórias são a
obtenção de ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto ao trabalho;
comunicação periódica ao Juiz acerca da sua ocupação; e não mudança de
território da comarca do Juízo da execução, sem prévia autorização. As
condições facultativas compreendem a não mudança de residência sem
comunicação ao Juiz e à autoridade incumbida da observação cautelar e de
proteção; o recolhimento à habitação em horário fixado; e não frequentar
determinados lugares.
De acordo com a súmula 441, STJ, a falta grave não interrompe o prazo
para obtenção de livramento condicional.
As hipóteses de revogação do beneficio estão disciplinadas no Código Penal
e podem ser obrigatória ou facultativa. A revogação obrigatória do livramento
condicional ocorrerá na hipótese do liberado vir a ser condenado a pena
privativa da liberdade, em sentença irrecorrível por crime cometido durante a
vigência do beneficio ou por crime anterior. Será, todavia, a revogação
facultativa na hipótese do liberado deixar de cumprir quaisquer das obrigações
constantes na sentença ou for irrecorrivelmente condenado, por crime ou
contravenção, a pena não privativa da liberdade.
Importante salientar que atual jurisprudência do STJ entende que a prática
de crime no curso do livramento condicional não pode ser considerada como
falta grave e não gera, por si só, a perda de 1/3 dos dias remidos. Isso porque
o cometimento de novo crime durante a vigência do livramento condicional
acarreta sérias conseqüências previstas no artigo 88 do Código Penal vigente
e, tal dispositivo não menciona a perda dos dias remidos.
36
PONTO 6
13. Decretos Presidenciais que prevêem indulto e comutação das penas
37
sendo a concessão anual de indulto e de comutação de pena aos sentenciados
por crimes menos graves, liberando vagas e diminuindo o custo de
manutenção do sistema carcerário.
38
(art. 5º, I e II, do Decreto 7.873/2012).
Classificação: Classificação
a) Propriamente dita: quandoa) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
concedida antes da condenação. b) Parcial: quando somente diminui ou substitui
b) Impropriamente dita: quandoa pena (comutação).
concedida após a condenação.
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer
a) Irrestrita: quando atingecondição.
indistintamente todos os autoresb) Condicionado: quando impõe condição para
do fato punível. sua concessão.
b) Restrita: quando exige
condição pessoal do autor do fato a) Restrito: exige condições pessoais do
punível. Ex: exige primariedade. agente. Ex: exige primariedade.
b) Irrestrito: quando não exige condições
a) Incondicionada: não se exigepessoais do agente.
condição para a sua concessão.
b) Condicionada: exige-se
condição para a sua concessão.
Ex: reparação do dano.
39
a declaração do direito ao indulto e à comutação de penas? (Pergunta
similar à da primeira fase- DPE-MA) IMPORTANTE
Não é mais necessário. No Decreto relativo ao ano de 2012 ( 7.873/2012),
por exemplo, havia previsão expressa de que o juiz deveria ouvir o Conselho
Penitenciário antes de proferir decisão sobre o reconhecimento do indulto. O
Decreto 8.172/2013, porém, inovou (artigo 11, §5º) ao exigir apenas que se
ouça o Ministério Público e a defesa, não mencionando que se colha o parecer
do Conselho Penitenciário, o que foi seguido também nos recentes Decretos de
2014 e também de 2015. É forçoso concluir que o silêncio quanto à
necessidade de oitiva do Conselho Penitenciário é do tipo
eloquente.Fundamentando essa posição adotada, traz-se, primeiro, um
argumento de ordem prática: a necessidade de oitiva do aludido Conselho, em
geral, gerava um atraso despropositado na declaração de indulto, pois muitas
vezes os Conselhos possuem estrutura deficiente para realizar com presteza
os pareceres sobre indulto.Ademais, os requisitos para a concessão dos
benefícios são trazidos objetivamente pelo Decreto presidencial, os quais
podem ser aferidos pelos atores do processo de execução penal pela atividade
jurídico-interpretativa.
Logo, a opinião dos membros do Conselho Penitenciáriao sobre a
concessão do indulto não é capaz de trazer elementos que não possam ser
observados diretamente no processo de execução penal, o que reforça a
desnecessidade de oitiva do aludido Conselho.Passando ao argumento jurídico
propriamente dito, é preciso começar pela observação do texto constitucional.
O artigo 84, inciso XII da Carta Maior estabelece ser competência do
Presidente da República “conceder indulto e comutar penas, com audiência, se
necessário, dos órgãos instituídos em lei”. Percebe-se que a audiência dos
órgãos instituídos em lei não é obrigatória, pois ela deve ser feita apenas “se
necessário”.
Não se desconhece que o artigo 70, inciso I da LEP, Lei 7.210/1984, traz
como incumbência do Conselho Penitenciário a emissão de parecer sobre o
indulto e a comutação de pena. Por isso, quando o Decreto Presidencial
7.873/2012 (assim como os anteriores) determinava a remessa do pedido de
declaração de indulto ao Conselho Penitenciário, não havia nada errado, pois,
de fato, ao Conselho Penitenciário cabe opinar sobre o indulto.Todavia, a
questão a ser enfrentada diz respeito à hipótese de o Decreto não exigir a
oitiva do Conselho Penitenciário (com ocorreu com o Decreto de 2013, 2014 e
2015). Seria necessária a colheita da opinião do Conselho simplesmente pelo
fato de a Lei de Execuções Penais arrolar tal função como atividade do
Conselho Penitenciário? Entendemos que não.
10. A prática de falta grave pelo apenado interrompe o prazo para fim de
comutação de pena ou indulto?
Em regra, não. O cometimento de falta grave não interrompe
automaticamente o prazo para o deferimento do indulto ou da comutação de
pena. A concessão do indulto e da comutação é regulada por requisitos
previstos no decreto presidencial pelo qual foram instituídos. Assim, a prática
de falta disciplinar de natureza grave, em regra, não interfere no lapso
necessário à concessão de indulto e comutação da pena, salvo se este
requisito for expressamente previsto no decreto presidencial.
Exemplo: O Presidente da República editou um Decreto Presidencial
40
concedendo o “indulto natalino” para aqueles que tivessem cumprido 1/3 da
pena. João já cumpriu 1/3 da pena (requisito objetivo). Ocorre que ele praticou,
há um mês, falta grave. Assim, preenchidos os requisitos estabelecidos no
mencionado Decreto, não há como condicionar ou impedir a concessão da
comutação da pena ao reeducando sob nenhum outro fundamento, sendo a
sentença meramente declaratória, nesse sentido é o contenúdo da recente
Súmula 535 do STJ (aprovada em 10/06/2015): “A prática de falta grave não
interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto.”
Ressalte-se que a redação do enunciado, com a devida vênia, poderia ser
mais completa. Isso porque o cometimento de falta grave não interrompe o
prazo para o deferimento do indulto ou da comutação de pena. Ocorre que é
possível imaginar que o Presidente da República decida prever, no Decreto, a
interrupção do prazo em caso de falta grave. Se isso for fixado no Decreto, tal
consequência poderá ser exigida. Logo, o ideal seria que a súmula tivesse dito:
a prática de falta grave não interrompe o prazo para fim de comutação de pena
ou indulto, salvo disposição expressa em contrário no decreto presidencial.
41
a vedação de aplicação do indulto aos crimes hediondos e equiparados nao é
absoluta.
PONTO 7
14. Excesso e desvio da execução penal.
15. Monitoração Eletrônica.
16. Penas restritivas de direito.
MONITORAÇÃO ELETRÔNICA.
42
As hipóteses de revogação previstas na LEP são facultativas. Desse modo,
a monitoração eletrônica poderá ser revogada.
I - quando se tornar desnecessária ou inadequada;
II - se o acusado ou condenado violar os deveres a que estiver sujeito durante
a sua vigência ou cometer falta grave.
44
capacidade da vitima (violência imprópria). Neste último caso, entende-se
majoritariamente a possibilidade de substituição da pena privativa em restritiva
de direitos.
45
inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada (art. 46, §4° do CP). Da
leitura do art. 150 da LEP conclui-se que o início do cumprimento da pena
restritiva dar-se-á a partir da data do primeiro comparecimento do reeducando,
ficando a entidade beneficiada obrigada a encaminhar, mensalmente, ao Juiz
da execução, relatório circunstanciado das atividades desenvolvidas pelo
condenado, bem como, a qualquer tempo, ausência ou falta disciplinar. O
relatório circunstanciado é uma forma de acompanhamento do cumprimento da
prestação de serviço. O condenado tem que cumprir pontual e assiduamente o
horário de trabalho estabelecido, servindo o relatório como ferramenta para
verificação de tais obrigações.
46
ser convertida quando o condenado: (d.1) não comparecer ao estabelecimento
designado para o cumprimento da pena; (d.2) recusar-se a exercer a atividade
determinada pelo juiz; (d.3) se não for encontrado por estar em lugar incerto e
não sabido ou desatender a intimação por edital; (d.4) praticar falta grave; (d.5)
sofrer condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução
não tenha sido suspensa. Quanto à interdição temporária de direitos, a LEP
afirma, ainda, que pode ser convertida quando o condenado: (e.1) exercer,
injustificadamente, o direito interditado; (e.2) não for encontrado por estar em
lugar incerto e não sabido ou desatender a intimação por edital; (e.3) sofrer
condenação por outro crime à pena privativa de liberdade, cuja execução não
tenha sido suspensa.
PONTO 8
17. “Sursis”.
18. Multa.
19. Medida de segurança.
47
interpretar a expressão em sentido amplo, ou seja, são proibidas sanções
penais de caráter perpétuo, incluindo, portanto, tanto as penas como as
medidas de segurança.
Desse modo, atualmente, tanto o STJ como o STF afirmam que existe sim
prazo máximo de duração das medidas de segurança porque estas possuem
caráter punitivo.
Posição do STF: 30 anos
Posição do STJ: máximo da pena abstratamente cominada ao delito
praticado
48
tratamento privilegiado em relação ao sentenciado que espontaneamente paga
a sanção pecuniária.
Ressalte-se, ainda, que, em matéria de criminalidade econômica, a pena de
multa desempenha um papel muito relevante, sendo mais importante até
mesmo que a pena de prisão, que, nas condições atuais, é relativamente breve
e não é capaz de promover a ressocialização. Desse modo, cabe à multa a
função retributiva e preventiva geral da pena, desestimulando, no próprio
infrator ou em infratores potenciais, a prática dos crimes.
No caso concreto, a defesa não comprovou a impossibilidade do
sentenciado de cumprir a pena de multa, de forma que é incabível aplicar a ele
a exceção.
6. Essa decisão não viola o art. 51 do CP, que proíbe a conversão da pena
de multa em prisão?
NÃO. O art. 51 do Código Penal previa que se o condenado,
deliberadamente, deixasse de pagar a pena de multa, ela deveria ser
convertida em pena de detenção. Essa regra foi alterada pela Lei n. 9.268/96
e, atualmente, se a multa não for paga, ela será considerada dívida de valor e
deverá ser cobrada do condenado pela Fazenda Pública por meio de execução
fiscal.
Importante, no entanto, esclarecer que, mesmo com essa mudança feita
pela Lei n. 9.268/96, a multa continua tendo caráter de sanção criminal, ou
seja, permanece sendo uma pena.
49
integralmente o valor da multa que foi imposta na condenação ou, então,
provar a absoluta impossibilidade econômica do apenado em quitar a multa,
ainda que parceladamente.
PONTO 9
20. Conversões das penas privativas de liberdade.
21. Agravo em Execução.
22. “Habeas Corpus”
50
dar oportunidade para que o reeducando esclareça as razões do
descumprimento, em homenagem aos princípios do contraditório e da ampla
defesa.
51
de reconversão dessas penas privativas de liberdade. Nesse contexto, duas
orientações surgiram:
Primeira: A prestação pecuniária e a perda de bens e valores possuem a
mesma natureza intrínseca da pena de multa, isto é, todas são modalidades de
penas pecuniárias. Sendo assim, à semelhança do que ocorre com a multa,
que não admite conversão em prisão quando não paga, também as referidas
penas não poderão ser reconvertidas em pena privativa de liberdade.
Segunda: Deve ser aplicada, também em relação à prestação pecuniária e à
perda de bens e valores, a literalidade do art. 44, § 4º, do Código Penal,
dispondo que “a pena restritiva de direitos converte-se em privativa de
liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta”.
Trata-se da posição que predomina na doutrina e jurisprudência. Enfim, se,
intimado a pagar à vítima, a seus dependentes ou a entidade assistencial o
montante fixado a título de prestação pecuniária, não o fizer o condenado, terá
essa pena restritiva reconvertida em privativa de liberdade. Nesse sentido,
decidiu o STJ: “É possível a conversão da prestação pecuniária em pena
privativa de liberdade, nos termos do art. 44, § 4º, do Código Penal”439. O
mesmo deverá ocorrer se, intimado a dispor de algum bem ou valor de sua
propriedade em prol do Fundo Penitenciário Nacional, quedar-se inerte.
52
15. Imagine agora que o condenado teve sua pena convertida em medida
de segurança, mas antes do término desta foi examinado e diagnosticado
como “curado”, o que acontecerá com ele? Será solto ou voltará a
cumprir a pena privativa?
A lei não trata de tal hipótese, mas há duas correntes sobre o tema:
A primeira corrente entende que o sujeito deve retornar ao cumprimento da
pena privativa de liberdade, para que se evitem abusos.
Por outro lado, a segunda corrente sustenta que se deve levar em
consideração que o sistema vicariante impede a aplicação cumulativa ou
sucessiva de pena e medida de segurança, impondo-se, portanto, a extinção
desta, caso seja constatada a cura.
53
Em regra, o agravo não tem efeito suspensivo, mas haverá tal efeito na
hipótese de desinternação ou liberação de pessoa sujeita à medida de
segurança.
PONTO 10
23. Regulamento das Unidades Prisionais do Estado do Maranhão
(decreto estadual 27.640/11).
54
2. Quais os tipos de unidades prisionais no sistema penitenciário do
estado do maranhão?
I - Unidades Penitenciárias;
II - Casa de Detenção;
III - Centros de Ressocialização;
IV - Casa de Assistência ao Albergado e Egresso;
V - Central de Custódia de Presos de Justiça;
VI - Centro de Detenção Provisória;
VII - Centro de Observações Criminológicas;
VIII - Centro de Reeducação e Integração Social das Mulheres Apenadas.
55
I - conveniente, por ser na região de residência ou domicílio da família,
devidamente comprovado;
II - necessária a adoção de Medida Preventiva de Segurança Pessoal, e a
Unidade Prisional não dispuser de recurso para administrá-la.
56
Ao Conselho Disciplinar cabe opinar sobre a conduta do preso, averiguar,
processar e emitir parecer sobre as infrações disciplinares e decidir sobre a
aplicação da sanção consistente em isolamento do preso em sua própria cela
ou local adequado por tempo não superior a trinta dias.
57
Os presos podem receber visitas de parentes de até 2º grau, do cônjuge ou
do companheiro(a) de comprovado vínculo afetivo, desde que registradas no
rol de visitantes e devidamente autorizadas pela área de segurança e
disciplina.
Não se incluem na restrição os menores de doze anos, desde que
descendentes do preso, nem os membros de entidades religiosas ou
humanitárias, devidamente cadastrados.
PONTO 11
24. Regras Mínimas da Organização das Nações Unidas para tratamento
de Reclusos, adotadas em 31 de agosto de 1955, pelo Primeiro Congresso
das Nações Unidas para Prevenção do Crime e o Tratamento dos
Delinquentes; e aprovado pelo Conselho Econômico e Social da ONU
através de sua Resolução n.º 35663 CI (XXIV), de 31 de julho de 1957,
aditada pela Resolução n.º 2176 de 13 de maio de 1977.
25. Regras Mínimas para o Tratamento do Preso no Brasil - Resolução nº
14/94 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP),
de 11 de novembro de 1994.
58
preso preventivo deve ser mantido em local diferente dos definitivamente
condenados etc.
59
13. E quanto às penas de isolamento e redução da alimentação, são
possíveis?
Excepcionalmente, segundo as regras mínimas da ONU, sim, desde que o
médico tenha examinado o recluso e certificado, por escrito, que ele está apto
para suportá-las.
60
Dispõem que todos devem trabalhar, de acordo com suas aptidões físicas e
mentais; que tal trabalho não pode ser penoso; deve ser dado trabalho
suficiente de natureza útil de modo a conservar os reclusos ativos durante o dia
normal de trabalho; trabalhos que aumentem a capacidade de os reclusos
ganharem honestamente a vida de pois de liberados; deve ser proporcionado
treino profissional em profissões úteis; os reclusos devem poder escolher o tipo
de trabalho que querem, obedecidas determinadas normas.
27. Qual o tempo que deve ser destinado para exercícios físicos?
No mínimo, 01 hora diária.
61
PONTO 12
26. Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90 e alterações posteriores);
Lei de Drogas (Lei nº 6.368/76 e Lei nº 11.343/06 e alterações posteriores);
e nas Súmulas do STJ e STF, e Súmulas Vinculantes do STF
62
Assim, o fato de o tráfico de drogas ser praticado com o intuito de introduzir
substâncias ilícitas em estabelecimento prisional não impede, por si só, a
substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos, devendo
essa circunstância ser ponderada com requisitos necessários para a
concessão do benefício.
Antes mesmo da manifestação do STF, a DPE-SP já tinha tese institucional
neste sentido. Tese 21.09: Cabe ao defensor público pleitear a substituição da
pena privativa de liberdade pela restritiva de direitos, ao assistido processado
pela prática de algum dos delitos previstos de tráfico ilícito de entorpecentes,
quando presentes os requisitos objetivos e subjetivos necessários para a
concessão desse benefício, em que pese a vedação prevista no artigo 44 da
Lei 11.343/2006.
63
8. A concessão do benefício da saída temporária pode ser delegada à
Autoridade Administrativa do estabelecimento prisional?
Súmula 520-STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução
penal é ato jurisdicional insuscetível de delegação à autoridade administrativa
do estabelecimento prisional. STJ. 3ª Seção. Aprovada em 25/03/2015, DJe
6/4/2015.
Previsão
A saída temporária encontra-se disciplinada nos arts. 122 a 125 da Lei n.
7.210/84 (LEP).
Requisitos
64
É chamado de requisito subjetivo. Normalmente isso é provado por
meio da certidão carcerária fornecida pela administração penitenciária.
II - cumprimento mínimo de 1/6 da pena (se for primário) e 1/4 (se reincidente).
Trata-se do requisito objetivo.
Deve-se lembrar que o apenado só terá direito à saída temporária se
estiver no regime semiaberto. No entanto, a jurisprudência permite que, se ele
começou a cumprir a pena no regime fechado e depois progrediu para o
semiaberto, aproveite o tempo que esteve no regime fechado para preencher
esse requisito de 1/6 ou 1/4. Em outras palavras, ele não precisa ter 1/6 ou 1/4
da pena no regime semiaberto. Poderá se valer do tempo que cumpriu no
regime fechado para preencher o requisito objetivo.
Com outras palavras, foi isso o que o STJ quis dizer ao editar a Súmula
40: “Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho externo,
considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado.”
Regras gerais:
Recomendo ler o art. 124 porque as vezes ele é cobrado literalmente nas
provas:
Art. 124. A autorização será concedida por prazo não superior a 7 (sete)
dias, podendo ser renovada por mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
65
(...)
Prazo máximo de 35 dias divididos em menos tempo. com mais saídas por
ano:
Vimos acima que, como regra, por ano, o apenado tem direito a 5 saídas
temporárias, cada uma de, no máximo, 7 dias. Isso significa que, somando
todas as 5, a pessoa tem direito a, no máximo, 35 dias de saída temporária
por ano.
Para o STJ, podem ser concedidas mais que 5 saídas temporárias ao longo
do ano, desde que seja respeitado o prazo máximo de 35 dias por ano (AgRg
no REsp 1406883/RJ, julgado em 18/12/2014).
Ex: o juiz pode autorizar que o condenado saia 7 vezes por ano, desde
que em cada uma dessas saídas ele só fique até 5 dias fora, com o objetivo
de não extrapolar o limite anual de 35 dias por ano.
Condições
Revogação
1. praticar fato definido como crime doloso (não se exige condenação; basta a
66
notícia);
2. for punido por falta grave (aqui se exige que o condenado tenha recebido
punição disciplinar);
67
A pergunta, portanto, é a seguinte: o juiz pode transferir para o diretor do
estabelecimento prisional a decisão de conceder ou não a saída
temporária? A chamada saída temporária automatizada é legítima?
Em suma:
Ressalva:
68
no processo penal instaurado para apuração do fato.
FALTAS DISCIPLINARES
- Faltas leves e médias: são definidas pela legislação local (estadual), que
deverá prever ainda as punições aplicáveis.
SANÇÕES DISCIPLINARES
FALTA GRAVE
A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84) prevê as situações que configuram
falta grave.
69
cumprindo pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos.
Hipóteses de falta grave para réus que estejam cumprindo pena privativa
de liberdade: estão previstas no art. 50 da LEP;
Hipóteses de falta grave para réus que estejam cumprindo pena restritiva
de direitos: estão elencadas no art. 51 da LEP.
Hipótese de falta grave aplicável tanto para réus que estejam cumprindo
pena privativa de liberdade como para condenados a pena restritiva de
direitos: prática de crime doloso (art. 52, caput, 1ª parte).
Para que seja aplicada a sanção disciplinar por falta grave, exige-se a
realização de processo administrativo disciplinar?
SIM. A aplicação das sanções disciplinares somente poderá ocorrer após ter
sido instaurado procedimento administrativo disciplinar. Isso está previsto
expressamente na LEP:
STJ. 3ª Seção. REsp 1378557/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado
em 23/10/2013 (recurso repetitivo).
E qual é o prazo?
Não existe lei federal prevendo prazo prescricional. Por essa razão, a
70
jurisprudência aplica, por analogia, o menor prazo prescricional existente no
Código Penal, qual seja, o de 3 anos, previsto no art. 109, VI, do CP. (...)
Diante da inexistência de legislação específica quanto ao prazo de prescrição
para a aplicação de sanção disciplinar, deve-se utilizar o disposto no art. 109
do Código Penal, levando-se em consideração o menor lapso prescricional
previsto (...)
STJ. 5ª Turma. RHC 37.428/SP, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 04/02/2014.
Como vimos no tópico anterior, a LEP prevê uma hipótese que constitui falta
grave tanto para condenados que estejam cumprindo pena privativa de
liberdade como para os que estejam cumprindo pena restritiva de direitos.
Trata-se da prática de crime doloso, situação trazida pelo art. 52, caput, 1ª
parte da LEP. Veja:
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave (...)
Obs.1: a prática de crime culposo não configura falta grave (ok, eu sei que é
óbvio, mas eu precisava dizer). Obs.2: a prática de delito preterdoloso é
considerada crime doloso para fins de falta grave.
71
seguintes:
1) Para configurar falta grave, o art. 52 da LEP não exige a condenação por
crime doloso. O referido artigo menciona que a prática de fato previsto
como crime doloso já representa falta grave.
- pena;
- medida de segurança.
72
ilícito de sua conduta e de se autodeterminar segundo tal entendimento. Em
razão disso, em vez de receber uma pena, ele estará sujeito a receber uma
medida de segurança (AVENA, Norberto. Execução penal esquematizado.
São Paulo: Método, p. 363).
Após o incidente e com base nas conclusões do médico perito, o juiz poderá
concluir que o réu é...
imputável: nesse caso, ele será julgado normalmente e poderá ser
condenado a uma pena;
inimputável: se ficar provado que o agente é inimputável, ou seja, que por
doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado ele
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o
caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
entendimento, ele ficará isento de pena (art. 26 do CP) e poderá ou não
receber uma medida de segurança, a depender de existirem ou não
provas de que praticou fato típico e ilícito;
Por outro lado, se o agente praticou fato punido com DETENÇÃO, o juiz,
com base na periculosidade do agente, poderá submetê-lo à medida de
73
internação ou tratamento ambulatorial.
O Código Penal afirma que a medida de segurança será aplicada por tempo
indeterminado e que deverá ser mantida enquanto o indivíduo for considerado
perigoso:
Art. 97 (...)
Desse modo, pela redação literal do CP, a medida de segurança poderia durar
por toda a vida do individuo já que, enquanto não ficasse provado que cessou
a periculosidade, ele ainda teria que permanecer internado ou em tratamento
ambulatorial.
APROFUNDANDO O TEMA
(Para fins de concurso, o que foi explicado acima é suficiente. O que será
explicado a seguir é uma discussão não consolidada ainda)
74
poderão propor ação civil de interdição em face desse agente, cumulada com
pedido de internação psiquiátrica compulsória.
Art. 1.777. Os interditos referidos nos incisos I, III e IV do art. 1.767 serão
recolhidos em estabelecimentos adequados, quando não se adaptarem ao
convívio doméstico.
75
determinação da internação psiquiátrica compulsória após o cumprimento da
medida sócio-educativa. Homicídios cometidos com perversidade de
agressão e afogamento em poça d'água contra duas crianças, uma menina de
8 anos e seu irmão, de 5 anos, para acobertar ataque sexual contra elas.
76
DISCIPLINA
FALTAS DISCIPLINARES
- Faltas leves e médias: são definidas pela legislação local (estadual), que
deverá prever ainda as punições aplicáveis.
SANÇÕES DISCIPLINARES
77
O diretor do estabelecimento prisional.
Em regra sim.
Se a sanção disciplinar for leve ou média: quem aplicará a sanção
disciplinar será sempre o diretor do estabelecimento.
Se a sanção disciplinar for grave: o diretor deverá comunicar o juiz da
execução penal para que este aplique determinadas sanções que o
legislador quis que ficassem a cargo do magistrado.
Quais sanções são essas que somente podem ser aplicadas pelo juiz da
execução?
78
Vale ressaltar, ainda, que nesse procedimento administrativo, o
apenado deverá ser assistido por advogado ou Defensor Público:
STJ. 3ª Seção. REsp 1378557/RS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em
23/10/2013 (recurso repetitivo).
Falta grave
A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84) prevê as situações que
configuram falta grave.
- Hipóteses de falta grave para réus que estejam cumprindo pena privativa
de liberdade: estão previstas no art. 50 da LEP;
- Hipóteses de falta grave para réus que estejam cumprindo pena restritiva
de direitos: estão elencadas no art. 51 da LEP.
79
- Hipótese de falta grave aplicável tanto para réus que estejam cumprindo
pena privativa de liberdade como para condenados a pena restritiva de
direitos: prática de crime doloso (art. 52, caput, 1ª parte).
Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que:
Além dessas situações acima, a LEP prevê uma hipótese que constitui
falta grave tanto para condenados que estejam cumprindo pena privativa de
liberdade como para os que estejam cumprindo pena restritiva de direitos.
Trata-se da prática de crime doloso, situação trazida pelo art. 52, caput, 1ª
parte da LEP. Veja:
Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave (...)
80
“A” foi condenado a 6 anos por roubo (roubo não é
hediondo, salvo o latrocínio). “A” começou a cumprir a
pena em 01/01/2010 no regime fechado.
Para progredir ao regime semiaberto, “A” precisa cumprir 1/6 da pena (1 ano) e
ter bom comportamento carcerário.
Como “A” praticou falta grave, seu período de tempo para obter a progressão
de regime irá reiniciar do zero.
Logo, para que “A” obtenha o direito à progressão, precisará cumprir 1/6 do
restante da pena período contado a partir de 15/12/2010.
Até o dia da fuga, “A” cumpriu 11 meses. Restam ainda 5 anos e 1 mês de
pena. Desse período, “A” terá que cumprir 1/6. Conta-se esse 1/6 do dia da
recaptura (15/12/2010).
81
Podem atingir crimes de ação penal pública ou privada.
ANISTIA GRAÇA INDULTO
(ou indulto individual) (ou indulto coletivo)
É um benefício concedido
pelo Concedidos por Decreto do Presidente da República.
Congresso Nacional, com a
sanção do
Presidente da República (art.
48, VIII, Apagam o efeito executório da condenação.
CF) por meio do qual se
“perdoa” a
prática de um fato
criminoso. A atribuição para conceder pode ser delegada ao(s):
Normalmente sobr
incide e crimes Procurador Geral da República
político Advogado Geral da
s, mas também pode União.
abranger outras espécies de
delito. Ministros de Estado
É concedida por meio de uma
lei Concedidos por meio de um Decreto.
federal
ordinária.
Pode ser Tradicionalmente, a doutrina afirma que tais benefícios
concedida: só podem
do ser concedidos após o trânsito em julgado da
antes trânsito em julgado condenação. Esse
(anistia entendimento, no entanto, está cada dia mais
própria) superado,
Depo do considerando que o indulto natalino, por exemplo,
is trânsito em julgado permite que
(anistia seja concedido o benefício desde que tenha havido o
imprópria) trânsito em
julgado para a acusação ou quando o MP recorreu, mas
não para
agravar a pena imposta (art. 5º, I e II, do Decreto
7.873/2012).
Classificação: Classificação
Propriament
a) e dita: quando a) Pleno: quando extingue totalmente a pena.
concedida antes da b) Parcial: quando somente diminui ou substitui a
condenação. pena
Impropriamen
b) te dita: quando (comutação).
concedida após a
condenação.
a) Incondicionado: quando não impõe qualquer
condição.
b) Condicionado: quando impõe condição para sua
a) Irrestrita: quando atinge concessão.
82
indistintamente todos os
autores
do fato
punível. Restrit exige pessoais do agente. Ex:
b) Restrita: quando exige a) o: condições exige
condição primariedade.
pessoal do autor do fato b) Irrestrito: quando não exige condições pessoais do
punível. agente.
Ex: exige
primariedade.
a) Incondicionada: não se
exige
condição para a sua
concessão.
exige-
b) Condicionada: se
condição para a sua
concessão. Ex:
reparação do
dano.
a) Comum: atinge crimes
comuns.
b)Especial: atinge crimes
políticos.
Extingu
e os efeitos penais Só extinguem o efeito principal do crime (a pena).
(principais e secundários) do
crime.
Os efeitos penais secundários e os efeitos de natureza
Os efeitos de natureza civil civil
permanecem
íntegros. permanecem íntegros.
O réu condenado que foi beneficiado por graça ou
O réu condenado que foi indulto, se
anistiado, se cometer novo
crime cometer novo crime será reincidente.
não será
reincidente.
É um benefício coletivo que, É um benefício individual É um benefício coletivo
por (com (sem
referir-se somente a fatos,
atinge destinatário certo). destinatário certo).
É concedido de ofício
apenas os que o cometeram. Depende de pedido do (não
sentenciado. depende de provocação).
Indulto natalino
83
Indulto e comutação de pena
Assim, temos:
10) Indulto parcial: quando somente diminui ou substitui a pena. Neste caso,
é chamado de comutação.
Exemplo:
João já cumpriu 1/3 da pena (requisito objetivo). Ocorre que ele praticou, há
um mês, falta grave.
Desse modo, essa exigência imposta pelo juiz é ilegal e não pode ser
feita.
84
Não cabe ao magistrado criar pressupostos não previstos no Decreto
Presidencial, para que não ocorra violação do princípio da legalidade.
Logo, o ideal seria que a súmula tivesse dito: a prática de falta grave
não interrompe o prazo para fim de comutação de pena ou indulto, salvo
disposição expressa em contrário no decreto presidencial.
85
Súmula Vinculante nº26: Para efeito de progressão de regime no
cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução
observará a inconstitucionalidade do art.2º da Lei 8.072/90, sem prejuízo de
avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos
do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a
realização de exame criminológico.
Previa o §1º do art.2º da Lei 8.072/90, que a pena para a prática destes
delitos seria cumprida integralmente em regime fechado. Contudo, o STF
declarou inconstitucional esse artigo – que acabou por ser revogado pela Lei
nº11.464/2007 - , afirmando sua incompatibilidade com o princípio da
individualização da pena.
Segundo a Corte, cabe ao juiz da execução penal, à luz dos fatos
ocorridos e do comportamento do agente, decidir pela possibilidade, ou não, de
progressão do regime de cumprimento da pena.
86
Súmula 493: É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art.44 do CP)
como condição especial ao regime aberto.
O juiz, na concessão do regime aberto (art.115 da LEP), pode
estabelecer condições específicas para tal, mas não poderá escolher um efeito
já previsto como pena substitutiva.
Sendo assim, aplicar, como condição especial do regime prisional aos
casos de penas privativas de liberdade, uma pena restritiva de direitos seria
cumular penas, causando prejuízo ao condenado, em verdadeiro “bis in idem”.
Outras súmulas
Súmula 441: A falta grave não interrompe o prazo para obtenção de
livramento condicional.
Súmula 439: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso,
desde que em decisão motivada. (A Corte quedou-se à necessidade de
realização do exame criminológico quando as peculiaridades da causa assim
87
recomendarem, permitindo aos magistrados sua exigência, desde que o façam
em decisão concretamente fundamentada, sob pena de caracterização de
constrangimento ilegal).
Súmula 341: A frequência a curso de ensino formal é causa de remição de
parte do tempo de execução de pena sob o regime fechado ou semiaberto. ( O
STJ fez uma interpretação extensiva, verdadeira analogia in bona partem,
equiparando o esforço intelectual ao físico, de modo que o conceito de trabalho
previsto na redação original do art.126 da LEP abrangesse ambos, de acordo
com a norma de caráter principiológico expressa no art.28 da mesma lei,
acerca da função ressocializadora do trabalho. Essa posição salienta que a
atividade estudantil adequa-se perfeitamente à finalidades da remição, quais
sejam, o incentivo ao bom comportamento do sentenciado e sua readaptação
ao convívio social).
Súmula 192: Compete ao juízo das execuções penais do estado a execução
das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral,
quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos à administração estadual.
Súmula 40: Para obtenção dos benefícios de saída temporária e trabalho
externo, considera-se o tempo de cumprimento da pena no regime fechado.
88