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J RESENHAS

REINVENTING A administração pública americana, imbuída desta


visão, foi se transformando, a partir deste século, no
GOVERNMENT: sentido de uma profissionalização de sua burocracia e
HOWTHE através da montagem de uma gigantesca estrutura de
controle, que visava à proteção do interesse público.
ENTREPRENEURIAL Este controle, porém, dificultava o manuseio do orça·
SPIRIT IS mento, dentre outros problemas, o que acabou por
criar uma obsessão pela regulamentação do processo
TRANSFORMING ao invés de pelos resultados obtidos.
THE PUBLIC Aquele modelo de burocracia, se por um lado aten-
deu, no passado, às demandas da sociedade america-
SECTOR na, hoje, depara-se com outra realidade. Muitas mu-
danças ocorreram, exigindo das instituições, principal·
de DAVID OSBORNE E TED GAEBLER mente das governamentais, flexibilídade e capacidade
New York: Plume, 1992,405 p. de adaptação, dado que se deparam com tarefas com·
por Tania Margarete Mezzomo Kelnert, Professora do plexas em uma situação de aumento da competitivida-
Departamento de Administração Geral e Recursos Humanos de entre as cidades e onde os usuários exigem maior
e Pesquisadora do Centro de Estudos de Administração qualidade e opções de serviços.
Pública e Governo-CEAPG da EAESPIFGV. Estas mudanças se efetivaram na década de oitenta,.
quando houve uma profunda recessão e um processo
por Ctaudete de Castro Silva, Doutoranda em Geografia
Humana na USP e Mestre em Administração Pública pela inflacionário que afetou as despesas públicas, gerando
EAESPIFGV. insatisfação em relação aos serviços prestados. •
Neste quadro, muitos governos viram-se obrigados,
em nome da sobrevivência política de seus integrantes,
livro de David Osborne e Ted Gaebler tem a responder de forma criativa às novas realidades.

O causado sensação nos Estados Unidos. Figura


entre os mais lidos e comentados do momen·
to. A proposição de "reinventar" o governo tem ga·
Aquele tipo de burocracia estatal, moroso, excessiva·
mente centralizad(), mais preocupado com regras e
normas do que com resultados, com organogramas in·
nhado mais e mais adeptos. Fala-se até mesmo no ver- chados, gerador de desperdício e ineficiência precisava
bo to osbornize (Business Week, 20.01.92) em referência à ser reinventado.
aplicação da proposição do autor principal da obra, Assim, sob intensa pressão, devido à carência de re-
David Osborne. Mesmo o presidente Bíll Clinton, ao cursos, os governos -locais, em especial - tiveram que
anuncíar o plano conhecido oficialmente como uRevi~ mudar a forma de governar, no sentido de desenvolver
são de Desempenho Nacional"- destinado a reduzir a um novo sistema orçamentário e alternativas de presta-
imensa burocracia federal - usou a expressão "rein- ção de serviços, principalmente para as áreas mais dis·
vençào do governo"(Jornal US,4 1oday, traduzido pela pendiosas. Começa-se então a falar em administração
Folha de São Paulo em 19.07.93). empreendedora, governos inovadores, parcerias públi-
David Osborne é jornalista, escritor (publicou o li· co-privado e novos sistemas orçamentários.
vro Laboratories of democracy, escreve regularmente pa- Os autores utilizam o rermo governo empreendedor
ra o The Washingotn Past, Governing e outros) e consul- para descrever o modelo emergente de gestão pública.
tor de governos (tanto republicanos quanto democra· O conceito básico utilizado é o cunhado pelo economis-
tas, ressalva o prefácio). Ted Gaebler foi numager da ci- ta francês J. B. Say, por volta do ano 1800. O empreen-
dade de Visalia, Califórnia e Vandalia, Ohio e presi- dedor, seguodo este conceito, é aquele que transfere re·
dente do Gaebler Group, empresa de consultoria espe- cursos de áreas em declínio e os investe em áreas de al-
cializada em organizações públicas. ta produtividade e grande retomo. Ainda acrescentam
O livro Reinventig Government propõe uma rediscus- os autores - é aquele que, conforme demonstrou mais
são das questões de governo a partir de tendências e tarde Peter Drucker, mais do que ser capaz de vislum-
teorias recentes no campo da administração, utilizando brar oportunidades. Quando se fala em empreendedo-
conceitos formulados por "gurus" como Peter Drocker, res públicos, di7~m os autores, está-se falando precisa-
Tom Peters, Robert Waterman, E. S. Savas, Ted Kolde- mente de pessoas e instituições que habitualmente
rie, J. Q. Wilson, Alvin Toffler e W. Edwards Deming. agem desta maneira: utilizam constantemente seus re-
A discussão principia com a constatação de que cursos de maneira inovadora a fim de elevar sua efi-
houve uma mudança na concepção da palavra buro- ciência e efetividade.
cracia que, no passado, tinha um sentido positivo por Neste sentido os autores sustentam ainda, a tese de
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conotar racionalidade, eficiência e uma forma de es- que temos um tipo errado de governo. A discussão
trutura organizacional. atual- colocam eles não é que precisamos de mais ou

Revista de Administração de Empresas São Paulo. 33(6):97-105 Nov.!Dez. 1993 97


~RESENHAS

menos governo, mas sim, que precisamos de um go- tivos de maneira eficíente. São também mais inova-
verno melhor. Para sermos mais precisos, dizem os au- doras e flexíveis, além de tomar o trabalho dos fun-
tores, precisamos mesmo é de melhor governança. Por cionários envolvidos mais estimulante. Medem os re-
governança, entende-se o processo pelo qual se resol- sultados porque levam em conta custos e benefícios,
vem coletivamente os problemas e se responde às ne- minimizando também a necessidade de regras;
oessidades da sociedade. O governo é apenas o instru-
mento utilizado. 5. um governo orientado para resultados: governos em-
A obra propõe alguns princípios que caracterizam preendedores buscam atingir mais resultados com
os governos empreendedores, citando ínúrneros casos menos investimento, pois as pessoas já não aceitam
de cidades americanas onde estas experiências ocorre- tão facilmente o aumento de tributos ou a queda da
ram. Tais princípios são brevemente descritos a seguir: qualidade dos serviços. Para tanto, são necessários
indicadores de desempenho, assim como se ter cla-
1. um governo catalisador: em situações de falta de recur- reza acerca dos objetivos a serem alcançados. Três
sos e aumento da demanda por serviços públicos, modos para melhorar o desempenho são analisados:
muitos governos tiveram que redefínir o papel que 1. recompensar por ele, quando um objetivo previa-
vinham desempenhando. Alguns optaram por assu- mente deternúnado é atingido (à maneira da Adrrú-
mir o papel de agente catalisador e fadlitador na de- nistração por Objetivos); 2, basear-se nos Programas
finição de problemas mais do que alocador de recur- de Qualidade Total, envolvendo os funcionários na
sos e prestador de serviços. A idéia foi atrair grupos busca de soluções para os problemas; 3. ter-se um
comunitários e fundações para colaborarem na pres- sistema de orçamento voltado para resultados e ope-
tação de diversos serviços, estimulando ínovações e rando de forma descentralizada;
tentando resolver os mais diferentes problemas. As-
sim, governos locais e estaduais criaram parcerias 6. um guoerno voltado para os cidadãos, não para a burocra-
com ínstítuições privadas sem fíns lucrativos, com cia: os autores argumentam que governos democrá-
visão estratégica para enfrentar de forma alternativa ticos existem para servir seus cidadãos e para isto
a prestação de serviços públicos. Focaram, então, propõem que a administração "ouça" a população.
sua atenção na idéia de govemança; Defendem que os usuários são o mais importante:
aqueles que os servem diretamente são os próximos
2. um governo que pertença à comunidiide: a comunidade e a alta administração existe para servir aqueles que
local é chamada a participar na discussão e solução servem os usuários. A qualidade precisa ser cons-
de problemas específicos. Assim, organizações esta- tantemente medida e aperfeiçoada, tanto ínterna
tais como a Polída, por exemplo, delegam à comuni- quanto externamente. Os recursos devem ser coloca-
dade um certo poder de controle, retirando-o das dos nas mãos dos usuários: isto força os administra-
autoridades policiais. Isto se justifica uma vez que a dores públicos a serem responsáveis pelos seus
comunidade tem uma compreensão diferente de usuários accountabilíty, estimula ínovações e oferece
seus próprios problemas e mais comprometida com opções às pessoas entre diferentes serviços;
seus membros, proporcionando, assim, soluções
mais adequadas; 7, um governo empreendedor: as organizações públicas pre-
cisam raciocinar não somente em termos de como me-
3. um governo competitim: nos Estados Unidos, colocam lhor aplicar seus recursos (orçamentação), mas tam-
os autores, a prestação de serviços públicos sempre bém em termos de como levantar fundos de maneira
foi feita na fonna de monopólio o que pode ser visto criativa. Os autores citam exemplos de atividades que
como algo ineficiente e inibidor de mudanças. Os ca- o poder públim pagava para serem realizadas, como o
sos citados demonstram que a competitividade entre recolhimento de carros antigos deixados nas estradas,
prestadores de serviços provoca redução de custos, e que hoje recebe pela concessão do direito de recolhê-
permite inovações e deixa os usuários mais satisfei- los. Citam como possibilidades a utilização de taxas,
tos. Esta competição pode se dar entre empresas do fundos empresariais, pools de recursos empreendedo-
setor privado (a forma mais comum), entre setor pú- res em parceria com o setor privado e, ínternamente,
blico e privado ou entre o próprio setor público; centros de custos/lucros mmpetitivos;

4. um governo voltado para sua missão: as organizações S. um governo pró-ativo: os governos necessitam anteci-
públicas, de maneira geral, sempre estiveram mais' par-se aos fatos e não somente atender à neoessida-
voltadas para regras e regulamentos do que para sua des já existentes. Isto lhe possibilita maior agilidade e
missão. As organizações voltadas para sua missão flexibilidade, além de redução de custos. Os autores
permitem respostas mais rápidas às mudanças, dei- exemplificam: campanhas de prevenção de íncêndios
xando seus funcionãrios livres para atingir seus obje- e acidentes, reciclagem, medicina preventiva etc.

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9. um governo descentralizado: as organizações centrali-
zadas devem descentralizar-se, transformando hie-
rarquias e organogramas pesados em times de traba-
lho, colegiados, administração partidpativa (interna
e externa), equipes de cooperação gerentes-servido- JAPANESE
res, círeuios de qualidade e programas de desenvol-
vimento funcional; ECONOMIC
DEVELOPMENT:
10. um governo que alavanque mudanças através do mercado:
os governos precisam pensar não somente em termos THEORYAND
de atingir seus fins através do estabelecimento de po- PRACT/CE
líticas públicas, mas também intervindo no mercado.
Para isto precisam contar com a participação do setor
privado/não-lucrativo no atendimento à saúde, na de PENELOPE FRANCKS
restauração de áreas degradadas da cidade etc. Nissan lnstitute, Routledge, 1992 (Routledge Japanese
Studies Series), 288 p.
Para finalizar, algumas considerações de caráter glo- por Gilmar Masiero. Doutorando em Administração na
bal poderiam ser feitas, especialmente no que tange aos EAESP/FGV.
aspectos administrativo, político e econômico.
Primeiramente, no que tange especificamente ao es-
tilo de administrar proposto pelo livro baseado em série de estudos japoneses do Instituto Ni§.·
conceitos emergentes no mundo empresariaL Concei-
tos como qualidade, empreendedorismo, foco no
cliente, redução de níveis hierárquicos, administração
A san/Routledge (produzidos pelo primeiro e
editados pelo segando) procura nos dizer de
seu editor "desenvolver uma informada e balanceada -
partícipatíva, dentre outros, estão revolucionando mas não sem crítica- compreensão do Japão",
grandes e pequenas empresas. Costuma-se questionar Entre os vários objetivos da série, destaca-se o inte-
o grau de inovação contido nestas proposições, muitas resse em mostrar com um certo grau de profundidade
das quais são um remake de conceitos clássicos. Porém, a variedade de práticas, idéias e instituições japone-
o fato é que algo está acontecendo, tornando estas pro- sas. Através de estudos comparativos, a série procura
posições concretizáveis, hoje. O livro em questão tem desvendar quais lições podem ser assimiladas e apli-
o mérito de discutir conceitos emergentes no pensa- cadas em outros países em via de desenvolvimento.
mento administrativo da atualidade tendo como refe- Acadêmicos e homens de negôcio do mundo todo
rência empírica a administração pública, o que, certa- já perceberam e discutem a influente presença do mo-
mente, já é uma contribuição. delo japonês no Leste e Sudoeste Asiático. Modelo es-
A nível político, a proposta em questão pode ser aco- te que aparece como alternativa viável de desenvolvi-
plada com facilidade a formas de gestão política mais mento econômico contrário aos já cansados modelos e
democrática e eficiente, já que a população deve contro- teorias neoclássicas, marxistas ou mesmo estruturais-
lar grande parte da prestação de serviços públicos. Po- dependentistas.
rém, pode-se questionar se o modelo proposto objetiva Eficazes em maior ou menor grau, modelos e idéias
um Estado mais democrático e eficiente ou, apenas, são aplicados em diferentes regiões geográficas e pro-
uma estratégia de Estado mínimo, com a retirada deste duzem diferentes resultados. Resultados surpreen-
de grande parte de suas funções tradicionais. dentes foram alcançados pelo Japão, que ao longo de
A nível econômico, principalmente quando se pensa uma geração presenciou mudanças econômicas numa
na possibilidade de se transpor este tipo de modelo pa- velocidade jamais vista na história econômica mun-
ra o Brasil, por exemplo, pode-se pensar nas dificulda- diaL De uma sociedade caracteristicamente rural até a
des de, em situação de grave crise econômica, estimu- Segunda Grande Guerra, o Japão hoje nada mais é
lar o setor privado e o chamado terceiro setor (setor que 124,2 milhões de pessoas com renda per capita
não-lucrativo: organizações não-governamentais, fun- (US$ 25.430) superada somente pela Suíça (US$
dações, associações religiosas, de classe, filantrópicas 32.790) e Fílândia (US$ 26.070), com as menores taxas
etc.) a investir mais na área social. de desemprego (2.2%) e os maiores índices de escola-
É, por fim, lembrar que a sociedade americana é for- ridade do mundo (99% de alfabetização).
temente organizada, a burocracia na administração pú- É a história deste resultado, que não dispensou e
blica é profissionalizada, fato que, juntamente com a não dispensa a necessidade de trabalho árduo e ex-
participação dos corpos de voluntariado, pode ajudar a tensivo (2.159 horas/ ano -na Alemanha, a título de
explicar o sucesso do modelo em inúmeras administra· comparação, são somente 1638 horas), que a econo-
ções locais. mista Penelope Francks, atualmente docente na Uni-

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