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Cara Daniela,
A professora Maria Helena Diniz define ação incidental como: " a) Ação que se
propõe no curso de um processo, por estar com ele relacionada; b) referente a
um incidente, no decurso de um processo".
No dizer de Humberto Piragibe Magalhães, é a ação que surge no curso de
uma demanda e de tal forma vinculada a esta que é processada
conjuntamente, via de regra dentro dos mesmos autos. O melhor exemplo é a
reconvenção, que é indiscutivelmente uma ação dentro de outra ação; outros
exemplos: o atentado, a habilitação de herdeiros (habilitação incidente), etc.
Salomão Viana
Professor
OS INCIDENTES PROCESSUAIS E O NOVO CPC
A leitura do novo Código de Processo Civil permite concluir pelo fim de vários
incidentes que existam no Código de Processo Civil de 1973.
V - perempção;
VI - litispendência;
VIII - conexão;
X - convenção de arbitragem;
XII - falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
A reconvenção, por sua vez, deixa de ser proposta contra o autor ou terceiro
em pedido apartado, para ser pleiteada na contestação. Essa forma de contra-ataque
da parte do réu poderá ainda ser proposta na ação monitória(artigo 702, parágrafo
sexto). Dita o artigo 343 do novo CPC que, na contestação, é lícito ao réu propor
reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou com
o fundamento da defesa. Se proposta a reconvenção, o autor será intimado, na
pessoa de seu advogado para apresentar resposta no prazo de 15(quinze) dias. Perde
com isso a reconvenção a força de incidente processual. Mas o legislador, no artigo
343, §6º, prescreve que o réu pode propor reconvenção independentemente de
oferecer contestação. A reconvenção não é meio defesa, mas forma de ação
postulada pelo réu contra o autor ou terceiro.
Algo importante deve ser visto ainda no artigo 338 do CPC, onde se vê que
alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não responsável pelo prejuízo
invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 dias, a alteração da petição inicial para
substituição do réu. Assim, modifica-se o entendimento substancialmente. Essa
matéria, que continua a ser arguida em preliminar pelo réu, se, no passado, levava, se
deferida, a extinção do feito, sem julgamento do mérito, sob o império do novo Código,
permitirá apenas, no curso do procedimento, pois processo é um andamento para
frente, a mudança do polo passivo, forçando uma verdadeira mutatio libelli.
Será fixada uma tese jurídica ao caso discutido nos autos, de modo que
demandas envolvendo idênticas questões de direito não tenham decisões conflitantes.
Em seguida, da exposição realizada pelo relator, será aberto novo prazo para
as partes e para os interessados se manifestarem, para somente depois ser prolatada
a decisão final.
Por certo o novo instituto trazido no novo CPC não altera apenas a
sistemática nas normas instrumentais e o procedimento em determinadas demandas,
além do paradigma da nova mentalidade nos tribunais, trazendo soluções
homogêneas para questões jurídicas que envolvam as mesmas teses.
Por sua vez, o parágrafo único do mesmo artigo 980, . determina que
superado o prazo previsto no caput, cessa a suspensão dos processos prevista no art.
982, salvo decisão fundamentada do relator em sentido contrário.
II - aos casos futuros que versem idêntica questão de direito e que venham a
tramitar no território de competência do tribunal, salvo revisão na forma do art. 986.
Por outro lado, é certo que não cabe reclamação contra decisão judicial
transitada em julgado, pois ela não é uma ação rescisória, nem a substitui(Súmula 734
do STF). Tal é a prescrição do artigo 988, § 5ª, do novo Código de Processo Civil.
Criou-se, pois, sob o manto do Código de Processo Civil de 1973, uma ação
declaratória incidental com o objetivo de que eventual questão prejudicial possa fazer
coisa julgada, dentro do que dispõe o citado princípio da demanda(nec procedat iudex
sine actore) na hipótese das partes assim requerem, na forma do artigo 470 do Código
de Processo Civil de 1973.
Ocorre que o PLS 166/2010, com fim de simplificação do processo, optou por
excluir do sistema processual a ação declaratória incidental, conferindo ao juiz a
prerrogativa de declarar por sentença, com força de coisa julgada, relação jurídica de
cuja existência ou inexistência depender o julgamento da lide. É o que rege o art. 19
do Projeto de Novo Código de Processo Civil: “Se, no curso do processo, se tornar
litigiosa relação jurídica de cuja existência ou inexistência depender o julgamento da
lide, o juiz, assegurando o contraditório, a declarará por sentença, com força de coisa
julgada”.
Data vênia e com o devido respeito essa não foi a melhor solução.
Incidente processual
05/ago/2015
Fundamentação: