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© Luiz Päetow

PEÇAS é o título de uma obra da artista Gertrude Stein escrita em 1934 como material para uma
palestra sobre a relação entre o ato de escrever e o ato de viver
Silenciosamente foi responsável por inúmeras vanguardas artísticas influenciando inclusive o
surgimento da teoria-da-performance e cada vez mais persiste transformando todos aqueles que
ouvem sua reflexão sobre a essência das coisas
O texto explora os limites entre o palco da ficção e o palco do nosso dia-a-dia Ao questionar o papel
da memória na catarse teatral e no arremate cotidiano ela nos revela que a mente humana é um
teatro de possibilidades simultâneas que investiga incessantemente a si próprio e aos outros para
recriar a vida e sua comunhão
Oferece também uma percepção da identidade como uma entidade perpétua que atua nos diversos
tempos sincopados e circulares da existência
Como resultado encontramos aqui o caminho para uma nova diz-função do teatro
Assim a tradução realiza uma abdução-da-cena Em diversos momentos há trechos concebidos
inteiramente pelo próprio ator durante essa experiência de escrita-ao-vivo
PEÇAS propicia um ambiente perfeito para dinamitarmos poeticamente os caminhos da vida à arte
e da ficção à natureza já que a meta é amalgamar metrópole e pólen
FIZ UMA DESCOBERTA que considero fundamental que frases não são emocionais
e que parágrafos são Descobri que parágrafos são emocionais e frases não e descobri
algo a mais sobre isso Descobri que esta diferença não é uma contradição mas uma
combinação e que esta combinação faz com que se pense infinitamente sobre frases e
parágrafos porque os parágrafos emocionais são feitos de frases inemocionais
Descobri uma coisa fundamental sobre peças A coisa que descobri sobre peças
também é uma combinação e não uma contradição e é algo que faz com que se pense
infinitamente sobre peças
Esse algo é isso
A coisa que é fundamental sobre peças é que a cena tal como demonstrada no
palco é muito mais freqüentemente do que não se poderia dizer é quase sempre
impedida de aconte-ser em relação à emoção de qualquer um na platéia Ela está
quase sempre em um tempo sincopado em relação à emoção de qualquer um na
platéia
O que isso diz é isso
Sua sensação como alguém na platéia em relação à cena encenada diante de
você sua sensação digo sua emoção concernente à peça está sempre ou atrás ou à
frente da peça que você está vendo e que você está ouvindo Então sua emoção como
um membro da platéia nunca está aconte-sendo no mesmo tempo que a ação da peça
Essa coisa o fato de que seu tempo emocional enquanto platéia não ser o
mesmo que o tempo emocional da peça é o que nos faz ficar infinitamente
perturbados com uma peça porque não somente há uma coisa a se conhe-ser assim
como porque isso é assim mas também há algo a se compreender porque talvez isso
não precise ser assim
Isso é uma coisa a se conhecer e conhecimento como qualquer um pode saber é
uma coisa para se captar captando
E assim vou tentar lhes contar o que tinha que captar e o que talvez captei nas
peças e para fazer isso vou lhes contar tudo o que já senti sobre as peças ou sobre
qualquer peça
Peças são ou lidas ou ou-vidas ou vistas

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E aí então vem o xis da questão Qual vem primeiro e qual é primeiro Ler ou
ouvir ou ver uma peça
Pergunto a vocês
O que é conhecimento Claro conhecimento é aquilo que você conhece e o que
você conhece é o que você realmente sabe
O que sei sobre peças
Para saber é preciso sempre ir para trás
Qual foi a primeira peça que vi e estava então já incomodado incomodado com
o tempo diferente existente na peça e em você mesmo e com a emoção de se ter uma
peça indo enfrente em frente de você Penso que posso dizer posso dizer sei que já fui
incomodado por isso naquela minha primeira experiência em uma peça A coisa vista
e a emoção sentida não iam para frente juntas
Isso que a coisa vista e a coisa sentida sobre a coisa vista não estarem indo para
frente no mesmo tempo é o que faz o estar no teatro uma coisa que faz qualquer um
ficar nervoso
As bandas de jazz fizeram dessa coisa a coisa que te faz ficar nervoso no teatro
elas fizeram dessa coisa um fim em si Elas fizeram desse tempo diferente um algo
que era nada mais do que uma diferença no tempo entre qualquer pessoa e todas as
pessoas incluindo todos aqueles fazendo isso e todos aqueles ouvindo e vendo isso
No teatro é claro a diferença no tempo é menos violenta mas ainda assim isso está
aqui e isso faz mesmo com que qualquer um fique nervoso
Em primeiro lugar no teatro há uma cortina e a cortina por si só já faz qualquer
um sentir que não vai ter o mesmo tempo da coisa que está lá atrás da cortina A
emoção de você de um lado da cortina e o que está lá do outro lado da cortina não
irão ir juntas Vai se estar sempre atrás ou à frente do outro
Depois também no lado B da cortina está a platéia e o fato de que eles estão ou
estarão ou não estarão no nosso caminho quando a cortina se abrir isso também
fabrica nervosismo e nervosismo é a prova certa de que a emoção de um vendo e a
emoção da coisa vista não progridem juntas
O nervosismo consiste no precisar ir mais rápido ou lento de modo a irem

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juntos Isso é o quê que deixa qualquer um nervoso
E é um equívoco que isto seja o que o teatro é ou não
Há coisas que são excitantes pois o teatro é excitante mas deixam você nervoso
ou não e se deixam ou não porque deixam e porque não
Vamos pensar em dois diferentes tipos de coisas que são excitantes e que
deixam ou não deixam nervoso Primeiro qualquer cena que for uma cena real algo
real que esteja acontecendo na qual se toma parte como ator elemento atuante nesta
cena situação Segundo o teatro no qual se assiste a uma ação excitante na qual não se
toma parte
Agora em uma cena real na qual se toma parte na qual se é ator o que se sente
quanto ao tempo e o que é que deixa ou não deixa nervoso
E o seu sentimento neste tal tempo está à frente ou atrás da ação do jeito que
ele está quando você está no teatro Ele está no mesmo e não está Mas não mais
Se você estiver tomando parte em uma cena violenta real e você fala e eles ou
ele ou ela falam e a cena continua e fica mais excitante e aí finalmente acontece o que
quer que seja que de fato aconteça aí quando acontece aí no momento do
acontecimento seria isso um alívio da excitação ou seria isso um arremate da
excitação Na cena real é um arremate da excitação no teatro é um alívio da excitação
e nessa diferença a diferença entre arremate e alívio está a diferença entre a emoção
correspondente a uma coisa assistida no palco e a emoção correspondente a uma
apresentação real ao presente realmente aconte-sente
Esta aqui e a qual agora estou começando descre-vendo é Martha Hersland e
esta é uma pequena história da atuação na sua dela estando em sua vivência muito
jovem esta aqui era uma muita pequena então e ela estava correndo e ela estava na
rua e era uma bem enlameada e ela tinha um guarda-chuva que ela estava arrastando
e ela estava chorando Vou jogar o guarda-chuva na lama ela estava dizendo ela era
muito pequena então ela estava apenas começando a escolinha Vou jogar o guarda-
chuva na lama ela disse e ninguém estava próximo a ela e ela estava arrastando o
guarda-chuva e a amargura a possuiu Vou jogar o guarda-chuva na lama ela estava
dizendo mas ninguém a ouviu os outros já haviam corrido adiante para chegar em

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casa e eles a haviam deixado ali sozinha Vou jogar o guarda-chuva na lama e havia
um ódio desesperador nela Jogui o guarda-chuva na lama explodiu dela ela havia
jogado o guarda-chuva na lama e aquilo era o fim de tudo aquilo nela Ela havia
jogado o guarda-chuva na lama e ninguém a ouviu quando isso explodiu dela Jogui o
guarda-chuva na lama era o fim de tudo aquilo para ela
Essa então é a diferença fundamental entre excitação na vida real e no palco Na
vida real ela culmina em um sentido de arremate seja um ato excitante ou uma
emoção excitante que tenha ocorrido ou não No palco o clímax excitante é um alívio
uma catarse pois há uma platéia Na vida real por mais que alguém nos assista em
uma cena excitante essa pessoa jamais será uma platéia Ela sempre será um outro ator
na cena E a memória das duas coisas é diferente. À medida que você repassa o
detalhe que leva a um apogeu de qualquer cena na vida real você descobre a cada vez
que você não consegue ter um arremate mas você consegue ter um alívio e aí então já
foi a sua própria memória de qualquer cena excitante em que você tenha tomado
parte a transforma em uma coisa vista ou em uma coisa ouvida não na coisa sentida
Você tem como digo como resultado muito mais um alívio do que um arremate
Muito mais um alívio da excitação do que um clímax da excitação Desse modo uma
história excitante faz o mesmo somente na história excitante Você tem como se diz
um controle da história assim como você tem na sua memória de uma cena realmente
excitante Não é como é no palco uma coisa sobre a qual nós não temos controle real
algum Você pode com uma história excitante descobrir o final e aí começar de novo
assim como você pode ao se lembrar de uma cena excitante mas o palco é diferente
não é real e no entanto não está dentro do nosso controle assim como a memória de
uma coisa excitante está ou a leitura de um livro excitante Não importa o quão bem
você já conheça o final da história aqui no palco mesmo assim ela não está dentro do
seu controle assim como a memória de uma coisa excitante está ou a história escrita
de uma coisa excitante está ou a história ouvida mesmo de um jeito curioso de uma
coisa excitante está E qual é a razão para esta diferença e o que isto faz ao palco Isto
fabrica aquilo nervosismo é claro e a causa do nervosismo é o fato de que a emoção
daquele que assiste à peça está sempre à frente ou atrás do tempo emocional da peça

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Então mais uma vez o que o teatro faz e como e como ele faz isso
O que acontece no palco e como e como se sente em relação a isso Essa é a
coisa a se saber a se conhecer e assim a dizer
Em conexão quando se está lendo um livro excitante a coisa fica novamente
mais complicada do que quando estamos apenas vendo sim porque é claro ao se ler se
vê mas também se ouve e quando a história está no seu mais excitante se ouve mais
do que se vê ou não se age assim
Bom estou colocando todas essas perguntas a vocês porque é claro ao se fazer
uma pergunta não se está respondendo mas está como se pode dizer decidindo sobre
o que se está conhecendo Conhecendo é aquilo que você conhece e sempre que
fazemos perguntas apesar de não haver ninguém que as responda há nelas aquilo há
conhecimento O simples ato de se perguntar corresponde ao conhecimento
Conhecimento é o que você conhece
E agora é a coisa vista ou a coisa ouvida a coisa que mais nos incomoda em
nossos teatros e o à medida que as cenas em nossos teatros prosseguem o ouvir toma
o lugar do ver como talvez aconteça quando alguma coisa real está acontecendo no
seu mais excitante ou o ver toma o lugar do ouvir como talvez aconteça quando
qualquer coisa real está acontecendo ou a mistura chega a ser ainda mais misturada
de ver e ouvir como talvez aconteça quando qualquer coisa realmente excitante está
realmente acontecendo
O cinema Ele mudou de mudo para falado de imagem para som e antes o
quanto havia de som real o quanto de imagem era som ou o quanto não era Em outras
palavras o cinema indubitavelmente teve um jeito novo de entender imagem e som
em relação a emoção e tempo
Devo dizer que aliás a coisa que fez com que uma pessoa como eu mesmo
constantemente pensasse sobre o teatro do ponto de vista da imagem e do som em
relação à emoção e ao tempo ao invés da relação com a história e a ação é a mesma
como se pode dizer forma geral de concepção dos experimentos inevitáveis
fabricados pelo cinema apesar do método do se assim fabricar naturalmente não ter
nada que ver um com o outro O fato que persiste é que há o mesmo impulso para

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resolver o problema do tempo em relação à emoção e a relação da cena com a
emoção da platéia no caso de um e do outro Há o mesmo impulso para resolver o
problema da relação do ver e ouvir no caso de um e do outro
É em suma o problema inevitável de qualquer pessoa vivendo na composição
do tempo presente isto é vivendo como nós agora estamos vivendo como nós todos
temos este tempo presente e agora de fato vivemos nele
O negócio da Arte é o de viver no atual presente isto é o atual presente
completo o de expressar completamente aquele atual presente completo
Na situação real como somos apresentados à visão à audição e à consciência da
pessoa que está tendo a emoção sobre nós
Naturalmente em uma situação cena real ou você já conhecia todos os atores na
cena real dos quais você é um ou não os conhecia Não Mais comum você já os
conhecer do que não Isso é bem claro é o elemento de excitação em uma cena
excitante que é em uma cena real Tudo aquilo que você já sabia das pessoas incluindo
você mesmo que está tomando parte na cena excitante apesar de que muito
provavelmente você já os conhecia muito bem o que torna isso excitante é que até
uma certa distância como a cena é excitante todos nós os atores na cena incluindo
você mesmo podemos muito bem estar como desconhecidos Sim porque todos nós
iremos agir atuar sentir e pensar diferentemente do jeito que você esperava que nós
atuássemos sentíssemos falássemos ou agíssemos E esse sentir atuar e falar nosso
incluindo você mesmo diferentemente do jeito que você teria pensado que nós
atuaríamos sentiríamos ou falaríamos é o que torna a cena uma cena excitante e torna
o clímax desta cena que é uma cena real um clímax de arremate e não um clímax de
alívio Aqui não há como acontecer uma catarse Faria alguma diferença em uma cena
real se nós todos já fôssemos desconhecidos se nós nunca tivéssemos nos conhecido
antes Sim faria Não Seria praticamente impossível em uma cena real ter uma cena
realmente excitante se nós todos já fôssemos desconhecidos porque falando de modo
geral é a contradição entre o jeito que você conhece como as pessoas que conhece
incluindo você mesmo atuam e o jeito que elas estão a atuar sentir ou pensar isso faz
de qualquer cena isto é uma cena excitante em uma cena excitante

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Claro que existem outras cenas excitantes na paz e na guerra onde a cena
excitante ocorre com inúmeros corpos desconhecidos mas nesse caso pelo alvo da
excitação vocês todos são desconhecidos mas tão completamente desconhecidos
incluindo você você mesmo para você mesmo assim como os outros para eles
mesmos e para você que eles não são realmente indivíduos e visto que isso é assim
isso tem a vantagem e a desvantagem de nós todos prosseguirmos com uma série de
arremates que seguem entre si tão de perto que quando está tudo acabado você não
consegue se lembrar isto é você realmente não consegue reconstruir a coisa a coisa
que aconteceu Quando em uma cena excitante onde todos são desconhecidos você
para você mesmo e você para eles e eles para você e eles para eles mesmos e onde
nenhum de todos eles incluindo você mesmo tem qualquer consciência de se
conhecer você tem a desvantagem de não conhecer a diferença entre vereouvir e seria
esta uma desvantagem do ponto de vista do se lembrar Sim desse ponto de vista do
ponto de vista do se lembrar isso é uma séria desvantagem
Mas nós podemos dizer que essas cenas excitantes são comparativamente raras
e não são o material comum de excitação na experiência de um espectador comoum
Na vida comoum já se tem conhecido bastante bem as pessoas com as quais se
está tendo uma cena excitante antes mesmo da cena excitante ocorrer e um dos
elementos mais excitantes na excitação seja o amor ou uma briga ou um assassinato
ou uma paixão é que que já se sendo bem conhecidos isto é familiarmente conhecidos
todos nós iremos atuar violentamente do mesmo jeito que sempre atuamos somente é
claro que o do mesmo jeito nos parecerá tão completamente diferente que do ponto
de vista de um conhecimento familiar não há nenhum Há uma nova familiaridade
arrematada é isso que leva ao arremate essa relação conclui na nossa emoção uma
nova relação logo é arremate e não alívio Uma nova relação não pode ser um alívio
Agora como é que se fica naturalmente conhecido na vida real que faz um ter
familiaridade com algum um Por uma familiaridade prolongada é claro
E como é que se conquista essa familiaridade com as pessoas com os seus
nomes com os seus endereços com os seus objetos com as suas reações com as suas
relações com as suas pontuações com as suas ausências com as suas freqüências com

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as suas histórias ou se é que se conquista
Em todos os casos é preciso que haja sempre a repetição de um mesmo
episódio para que assim se produza uma familiaridade
Mas e no teatro
No teatro não é possível produzir essa repetição de um mesmo episódio que é
da essência do conhecimento porque em primeiro lugar quando os atores estão lá eles
já estão lá
E isso exerce de novo um grande papel no nervosismo da excitação teatral
desde quando somos crianças
Falando de modo geral todas as tenras recordações todas as sensações do teatro
para uma criança são duas coisas Uma que é de certo modo como um circo isto é uma
movimentação generalizada e a luz e o ar que qualquer teatro tem e um grande
bocado de brilho na luz e um bocado de altura no ar e aí existem momentos muito
muito poucos momentos mas ainda assim momentos Deve-se estar bem avançado na
adolescência antes que se compreenda uma peça por inteiro
Até a época da adolescência quando se realmente vive uma peça por inteiro até
esta época o teatro não passa de um espaço preenchido de claridade e normalmente
não mais do que um momento em uma peça
Penso que essa seja a experiência de moderadamente todo mundo e comigo
completamente assim foi
Me recordo enormemente do ator interpretando Hamlet mas aí novamente a
única coisa que notei e é uma coisa um tanto quanto estranha para se ter notado é ele
ali repousando aos pés da rainha durante a peça Supõe-se que uma criança fosse notar
outras coisas na peça do que esta mas é o que notei e de fato notei ele ali mais do que
a peça a que ele assistia apesar de saber que havia uma peça acontecendo ali isto é a
peça pequena apresentada para ele pela pequena companhia de atores E foi desse jeito
pela primeira vez que senti duas coisas acontecendo em um só tempo Isto é algo que
é preciso chegar a sentir
Depois a próxima coisa que sei foi adolescência e indo ao teatro o tempo todo
uma grande parte sozinho e tudo nele fabricando para mim uma existência interior

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exterior não tão real quanto os livros que estavam todos dentro de mim mas tão real
que ele o teatro me fez real fora de mim e até esta época nunca havia estado na minha
emoção Havia estado tão vastamente em uma vida cotidiana ativa mas não em
emoção alguma
Então gradualmente aí veio o começo de se realizar realmente a compreensão
da grande dificuldade de se ter minha emoção acompanhando a cena e mais adiante
me tornei moderadamente conscientemente perturbado pelas coisas sobre as quais se
tomba sobre as quais me tombei numa tal extensão que o tempo da emoção em
relação à cena era sempre interrompido As coisas sobre as quais me tombei e aí era
uma questão tanto de ver quanto de ouvir foram roupas vozes o que eles os atores
estavam dizendo como eles estavam vestidos e como isso se relacionava com eles ali
sentados no espaço E então a chateação de nunca poder recomeçar novamente porque
antes mesmo de ter começado já havia acabado e em tempo algum esteja você
preparado tanto para começar quanto para acabar Então comecei a ponderar
indefinidamente se podia ver e ouvir ao mesmo tempo e qual auxiliava ou interferia
no outro e qual auxiliava ou interferia na coisa que estava no palco estando já
acabada antes mesmo dela ter começado Será que podia ver e ouvir e sentir ao
mesmo tempo e se é que via e ouvia e sentia
Comecei a ficar um tanto quanto perturbado por todas essas coisas quanto mais
emoção enquanto no teatro mais perturbado me tornava por todas essas coisas
E então tive o alívio
Havia acabado de voltar de um agradável jantar de uma festa quando
compreendi como qualquer pessoa pode saber que algo está sempre acontecendo
Algo está sempre acontecendo qualquer pessoa conhece uma quantidade de
histórias das vidas das pessoas que estão sempre acontecendo há sempre um bocado
para os jornais e há sempre um bocado na vida privada Todo mundo conhece tantas
histórias e qual a utilidade de se contar mais uma outra história Qual a utilidade de se
contar uma história já que já há jazigos de histórias e todo mundo conhece tantas e
conta tantas Não É perfeitamente extraordinário quantos dramas complicados
acontecem o tempo todo E todo mundo os conhece então para que contar mais um

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Naturalmente o que queria fazer era o que todo mundo nem sempre conhecia
muito menos contava Por todo mundo claro que incluo a mim mesmo por sempre
claro que incluo a mim mesmo
Concluí que qualquer coisa que não fosse uma história poderia ser uma peça e
cheguei até a fazer peças no formato de cartas e anúncios
Tinha antes de começar a escrever peças escrito vários retratos Minha vida toda
me interessei enormemente em descobrir o que fazia de cada um aquele um e então
escrevi uma grande vários retratos
Cheguei a pensar que já que cada um é aquele um e já que há um grande
número de cada um deles sendo aquele um o único jeito de expressar essa coisa de
cada um sendo aquele um e de haver um grande número de cada um deles se
conhecendo seria em uma peça Então comecei a escrever essas peças E a idéia era
expressar isso sem contar o que aconteceu em suma fazer de uma peça a essência de
tudo o que alguma vez já aconteceu
Um tigre uma pele capa capturada cercada remediada com manchas
suficientemente pinceladas antigas para que se pensem úteis astuciosas assaz
astuciosas em um secreto cegante rosnar
ATO DOIS
Três
Quatro e ninguém machucado cinco e ninguém flores-sendo seis e ninguém
ofegante oito e ninguém sensato
Um e uma mão canhota edificou isto é tão difícil que não há jeito de fácil
pronunciar
Um ponto de exatidão um ponto de forno um estranho perfurado um ponto que
é tão sóbrio que a canhota razão restante é toda a chance de ir inchando
Os mesmos três
Um belo coqueiro um coqueiro belo o bastante um bastante belo bolo cookie
relâmpago um cookie-relâmpago um pacote belamente aberto e revestido com o
mesmo pequeno saco que brilha
O melhor o único do menlhor e mais canhoto pisar

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A tanta gentileza que há em todos limões laranjas maçãs pêras e baratas
Os mesmos três
Uma mesma moldura um mais tristonho portal um raro portão e um infortúnio
entre colchetes
Um mercado abundante onde não há mais sequer o lembrar do luar do que
haveria em todo lugar e ainda assim onde estranhamente há aparelhagem e um
equipamento completo
Uma ligação uma ligação de lula ao polvo uma pesquisa um tíquete e um
canhoto para repousar por cima
ATO TRÊS
Dois
Um corte um corte não é uma fatia qual é a ocasião para se representar um
corte qual é a ocasião para se representar uma fatia Qual é a ocasião para se
representar isso tudo Qual é a ocasião para se representar qualquer coisa
Um corte é uma fatia um corte é a mesma fatia A razão pela qual um corte é
uma fatia é que se não houver pressa qualquer hora dessa ele é tão útil quanto
É um grande prazer pramim é de fato um grande prazer pramim que isto seja
um grande prazer
Se quatro pessoas estão sentando em uma mesa e se há pão em cima dela e se
há romãs em cima dela e se há um tratado de paz em cima dela e se uma das quatro
pessoas estiver se inclinando sobre a mesa isso não faz a menor diferença
Se em um dia que vem de novo e se considerarmos um dia um dia da semana
então ele vem de novo mesmo se em um dia que vem de novo e consideramos que
todo dia é um dia da semana que vem de novo ele vem de novo se em um dia que
vem de novo e ele vem de novo então quando acidentalmente quando muito
acidentalmente cada outro dia e cada outro dia cada outro dia e cada outro dia que
vem de novo e cada dia vem de novo quando acidentalmente cada outro dia vem de
novo cada outro dia vem de novo e cada outro e cada dia vem de novo e
acidentalmente e cada dia e ele vem de novo um dia vem de novo e um dia desse jeito
vem de novo

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Acidentalmente pela manhã e depois disso cada tarde e acidentalmente cada
tarde e depois disso cada manhã e depois disso acidentalmente cada manhã e depois
disso acidentalmente e depois disso cada manhã
Depois disso acidentalmente Acidentalmente depois disso
Acidentalmente depois disso Depois disso acidentalmente
Claro que sempre vim batalhando com essa coisa dizer o que você nem eu nem
ninguém conhece mas o que é realmente que você e eu e todos conhecemos e como
digo todos ouvem conhecem histórias mas a coisa que faz com que cada um seja o
que é não se conhece Todo mundo ouve histórias todo mundo conhece histórias
Como não poderia de ser pois é isso que qualquer pessoa faz e que todos nós
contamos Mas nos meus retratos tentei contar o que cada um é sem contar histórias e
nas minhas primeiras peças tentei contar o que acontecia sem contar histórias de
modo que a essência do que aconteceu seria como a essência dos retratos O que fez o
que aconteceu ser o que era Depois fui o quão longe pude nas peças
Lentamente descobri que uma paisagem era essa coisa
Uma paisagem não se desloca nada realmente se desloca em uma paisagem
mas coisas estão lá e coloco na peça as coisas que estavam lá
Uma paisagem não pode ser explicada Uma paisagem não pode ser encenada
Por que uma peça de teatro deveria ser diferente
De qualquer forma todos nós fabricamos paisagens e a movimentação nelas é
como uma movimentação para dentro e para fora com a qual qualquer pessoa ao nos
olhar pode se manter no tempo Uma paisagem pode parecer excitada uma paisagem
de fato às vezes parece excitada mas a sua qualidade é que se alguma vez ela se for
ela teria que ir para que pudesse ficar Nós todos possuímos essa mesma qualidade
Nós morremos para que possamos ficar
De qualquer modo nós todos fabricamos essas paisagens nos movimentamos
nos deslocamos mas também ficamos e isto é como disse lá no começo poderia ser o
que uma peça de teatro poderia vir a fazer
Então talvez alguém veja aquilo que estávamos a dizer
Isso é somente até o presente tudo o que sabemos sobre o teatro

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