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O presente trabalho tem como objetivo utilizar o método RULA para avaliar a
postura adotada por um trabalhador durante a realização da soldagem de
chapas de aço para a produção de painéis de embarcações, utilizando a
técnica de soldagem a arco submerso. O método RULA consiste em uma
técnica de análise ergonômica que avalia o trabalho muscular estático e as
forças exercidas pelos segmentos corporais, permitindo uma avaliação
rápida das posturas do pescoço, tronco e membros superiores e inferiores,
juntamente com a função muscular e as cargas externas ao qual o corpo é
submetido. As análises foram realizadas por meio de observações in loco e
com o auxílio de fotografias e filmagens do processo de soldagem
desenvolvido nas instalações da empresa Keppel Singmarine Brasil,
localizada na cidade de Navegantes - SC. Os resultados da aplicação do RULA
determinaram que as condições nas quais a atividade de soldagem é
realizada são enquadradas como nível 4, e exigem a realização de mudanças
imediatas no modo operacional estabelecido, para proteção do trabalhador.
Foi proposto um conjunto de ações de melhoria fundamentadas no princípio
da ergonomia de correção, e que atuam diretamente sobre as posturas dos
segmentos corporais que apresentaram maior pontuação individual, visando
minimizar as possibilidades de surgimento de lesões e doenças do trabalho. A
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise das características
posturais e das forças musculares dos trabalhadores que realizam a soldagem a arco submerso
de chapas de aço laminado para a fabricação de painéis de estruturas navais, utilizando o
método RULA, e em sequência, propor ações de correção para os problemas identificados.
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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. Ergomonia
Os maiores problemas acidentários no Brasil são decorrentes dos traumas por esforços
repetitivos, e as DORT são a segunda maior causa dos afastamentos do trabalho por
acidentalidade (Iida et. al., 2016). O anuário estatístico da previdência social (AEPS) mostra
que no ano de 2016, de um total de 578.935 acidentes de trabalho catalogados, 25.593
(4,42%) estão associados à dorsalgia, 9.896 (1,70%) são decorrentes de sinovite e
tenossinovite e 4.838 (0,83%) decorrentes de mononeuropatia dos membros superiores
(Previdência, 2016).
O processo de soldagem por arco submerso (Fig. 1) foi desenvolvido nos Estados
Unidos em 1935, com o objetivo de melhorar a qualidade da construção das embarcações
(Junior, 1999). Segundo Modenesi et. al. (2004), a soldagem a arco submerso consiste em um
processo no qual a coalescência dos metais é produzida pelo aquecimento destes com um arco
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estabelecido entre um eletrodo metálico contínuo e a peça. O arco é protegido por uma
camada de material fusível granulado (fluxo) que é colocado sobre a peça enquanto o eletrodo
é alimentado de forma contínua. Dessa forma, a fusão do fluxo protege a poça de fusão, ajuda
a estabilizar o arco, reage com o metal fundido, e forma a escória sobre o cordão de solda
após a solidificação.
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RULA permite uma avaliação rápida das posturas do pescoço, tronco e membros
superiores e inferiores, juntamente com a função muscular e as cargas (forças) externas aos
quais o corpo é submetido. Sua aplicação se dá sem a necessidade do uso de equipamentos
específicos, exigindo do analista, apenas o uso de papel, caneta e uma prancheta para o
registro de suas observações posturais (Iida et. al. 2016).
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antebraços, mãos, pescoço, tronco, pernas e pés (McAtamney et. al, 1993; Almeida, 2010;
Iida et. al. 2016).
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Materiais
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a) postura assumida pelo operador para verificar a necessidade de realização de algum ajuste
no equipamento; b) postura assumida para alcançar o controle de velocidade; c) postura
adotada para ajustar o fluxo; d) postura adotada para acompanhar o movimento do
equipamento de soldagem.
3.2. Métodos
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Na sequência, com base nas observações feitas in loco, e auxílio dos registros
fotográficos e filmagem, realizou-se a análise postural, determinando-se a pontuação para as
posturas assumidas pelo trabalhador (enquadradas nos grupos A e B), bem como a pontuação
referente à musculatura empregada para a manutenção das posturas e para as cargas. A partir
da pontuação estabelecida, definiu-se a pontuação total e o enquadramento do nível de risco
da tarefa. Em seguida, desenvolveu-se um plano de ação para correção dos problemas
encontrados, tendo como diretriz, o enquadramento do nível de ação indicado para o
problema.
4. RESULTADOS E DISCUSÃO
4.1. Análise da pontuação dos grupos A e B
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Uso de cadeira com braço, sustentada em uma base com rolamento, para que o
operador possa permanecer sentado, com braços e pés apoiados, e com encosto de
pescoço que possibilite ao trabalhador mantê-lo levemente inclinado. A cadeira deverá
estar acoplada ao carrinho do equipamento de soldagem, de modo que possa
acompanhar o processo;
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Estima-se que a adoção das medidas propostas influencie na pontuação das posturas
atribuídas aos braços, punho, torção do punho, pescoço, tronco e pernas, de modo que a
pontuação final apresente decréscimo de aproximadamente 61% da pontuação atual. A figura
8 mostra uma estimativa da pontuação final, após a adoção das ações propostas, indicando
uma redução do nível de ação de nível 4 para nível 2.
Figura 8: Estimativa da pontuação final por meio da aplicação do RULA após a implantação
das ações de correção sugeridas.
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5. CONCLUSÃO
A partir da análise e discussão dos resultados obtidos, conclui-se que o método RULA
se mostrou adequado para a análise postural do trabalhador envolvido na tarefa de soldagem
de chapas pela técnica de arco submerso, pois permitiu a avaliação detalhada das posturas de
cada segmento corporal, e o desenvolvimento de ações que visem combater pontualmente os
principais problemas identificados.
A aplicação do método indicou que a forma como a tarefa de soldagem das chapas é
executada atualmente oferece condições bastante favoráveis ao surgimento de lesões e
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doenças do trabalho, pois se enquadra no nível 4, o que demanda realizar mudanças imediatas
na forma de execução da atividade.
6. AGRADECIMENTOS
7. REFERÊNCIAS
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IIDA, Itiro; GUIMARÃES, Lia Buarque de Macedo. Ergonomia: Projeto e Produção. 3 ed.
São Paulo: Blucher, 2016.
MCATAMNEY, Lynn; CORLETT, E.Nigel. RULA: a survey method for the investigation
ofwork-related upper limb disorders. UK. Applied Ergonomics, v.24, n. 2, p. 91-99, 1993.
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