Sunteți pe pagina 1din 51

Livro Eletrônico

Aula 09

Direito Civil p/ OAB 1ª Fase XXVI Exame - Com videoaulas

Paulo H M Sousa

11481467417 - Igor Alves


DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

AULA 09
DIREITO DAS COISAS II

Sumário
Sumário .................................................................................................. 1
Considerações Iniciais ............................................................................... 2
11. TEORIA GERAL DAS COISAS ................................................................. 2
11.6. PROPRIEDADE................................................................................... 2
11.6.1 – Características .......................................................................... 2
11.6.2 – Função social da propriedade ...................................................... 4
11.6.3 – Extensão e limites ..................................................................... 5
11.6.4 – Aquisição e transmissão da propriedade ....................................... 8
A. Aquisição da propriedade imobiliária ................................................... 11
B. Aquisição da propriedade mobiliária ................................................... 16
11.6.5 – Perda da propriedade .............................................................. 20
11.7. DIREITOS DE VIZINHANÇA ........................................................... 22
11.8. CONDOMÍNIO ............................................................................. 26
11.8.1 – Condomínio geral .................................................................... 26
11.8.2 – Condomínio edilício ................................................................. 29
11.8.3 – Condomínio de lotes ................................................................ 34
Resumo da Aula ..................................................................................... 34
Lista de Questões da Aula ........................................................................ 46
Considerações Finais ............................................................................... 50

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 1 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

AULA 09 – DIREITO DAS COISAS II

Considerações Iniciais
Na última aula, começaremos o terceiro Livro da Parte Especial (já vimos o
primeiro e o segundo é o Livro do Direito de Empresa, que é visto lá pelo Direito
Empresarial) do CC/2002. Esse livro, numa perspectiva ampla e tradicional, trata
das relações das pessoas com as coisas e das pessoas com as pessoas em relação
às coisas.
Nesta aula, damos início à segunda parte do Direito das Coisas, passando por
temas que têm ampla aplicação na 1ª Fase do Exame da OAB. Trataremos da
propriedade, dos direitos de vizinhança e do condomínio. Na propriedade teremos
o grosso dessa aula, com os diversos meios de aquisição, transmissão e perda
da propriedade, tanto mobiliária quanto imobiliária.
Vale lembrar que das provas de 1ª Fase de Direito Civil dos últimos 25
Exames da OAB, tivemos 30 questões sobre o Direito das Coisas, o que
faz desta parte da disciplina a com a segunda maior taxa de incidência nas
provas, atrás apenas do Direito dos Contratos e à frente do Direito das
Obrigações. Na última 1ª Fase da OAB, do XXV Exame, tivemos uma
questão sobre o assunto, já vista na aula anterior.

11. TEORIA GERAL DAS COISAS


11.6. PROPRIEDADE
11.6.1 – Características
Quando adotamos a propriedade como o mais amplo dos direitos reais,
questiona-se a diferença entre domínio e propriedade.
No texto do CC/2002, na perspectiva dogmática, foi flagrante a tentativa do
legislador de trabalhar uma indistinção entre eles, haja vista a retirada do termo
domínio do texto legal. Na prática, por vezes ambos os termos são utilizados com
sinonímia.
Luciano de Camargo Penteado entende que a diferença entre domínio e
propriedade não se estabelece sobre a essência, mas sobre a perspectiva adotada
pelo observador. Nesse sentido a propriedade trataria da relação do seu
titular com a coisa numa perspectiva mais dinâmica,
do exercício dos poderes sobre as coisas (tanto é assim,
fala-se em função social da propriedade e não do domínio),
enquanto a expressão domínio trataria do conteúdo desses poderes.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 2 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

A maioria da doutrina e da jurisprudência, entretanto, não distingue propriedade


e domínio, por isso, fique tranquilo!
Orlando Gomes trata da propriedade como um direito complexo e unitário.
Complexo porque envolve diversos poderes, faculdades e pretensões sob a
titularidade do proprietário. Unitário porque não obstante essa complexidade, a
propriedade não se define pela mera soma dessas posições jurídicas ativas, mas
sim por uma fusão que vai além dessa soma.
Explica-se esse direito complexo e unitário por uma perspectiva externa e uma
interna. Na leitura da perspectiva externa, verifica-se o direito de não ser
limitado, de não haver restrições externas à propriedade bem como a pretensão
reivindicatória, de reaver de quem injustamente a possua ou a detenha. Ainda
que o proprietário não tenha direito de posse, ele tem direito a possuir a coisa.
Na leitura da perspectiva interna, existiria a faculdade de usar, o poder de fruir
da coisa e o poder de dispor. A faculdade de usar abrange as inúmeras
possibilidades de uso pelo proprietário, conforme o objeto. O poder de fruir da
coisa significa a ampla possibilidade de percepção e extração dos frutos, sejam
eles naturais ou civis, e dos produtos. O poder de dispor envolve desde a
transmissão total da coisa, como a transmissão parcial, a disposição de figuras
parcelares do direito real de propriedade para uso, fruição ou garantia de
terceiros.
A doutrina nomina diversas características do direito de propriedade, que
podem ser agrupadas em cinco núcleos:

A. Perpetuidade

• A propriedade tem tendência a ser perpetuar, ou seja, a


propriedade não é um direito que se extingue no tempo, ao
contrário do direito das obrigações, quanto mais ele exerce sua
propriedade, mais reforça seu direito

B. Exclusividade

• Não podem existir dois proprietários de um mesmo bem. Veja


que, mesmo nas situações em que isso ocorre o Direito cria uma
ficção jurídica para manter a regra da exclusividade
• Por exemplo, no condomínio, os diferentes proprietários não têm
a totalidade da propriedade; cada proprietário tem a propriedade
tem uma "fração ideal"

C. Elasticidade

• Por mais que o titular do direito de propriedade efetue a


disposição de figuras parcelares, essas figuras tendencionalmente
irão se reorganizar sob a titularidade do proprietário

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 3 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

D. Abstratalidade

• O conteúdo do direito de propriedade é esvaziado, tornando-se a


propriedade uma “forma” dentro do ordenamento, tal qual o
contrato, o que permite enxergar as diferentes "propriedades"
como uma única só

E. Individualidade

• Característica que diferencia a propriedade moderna da


propriedade antiga, ou seja, hoje a propriedade é sempre
pensada a partir da propriedade individual

11.6.2 – Função social da propriedade


A Constituição do México de 1917 e a Constituição de Weimer de 1919 foram os
pioneiros instrumentos da constitucionalização da função social da propriedade.
O CC/2002 não trata expressamente da função social da propriedade. O § 1° do
art. 1.228 é indicado pela doutrina como o tratamento da função social da
propriedade, sem contudo haver uma menção literal dela. Esse dispositivo é,
portanto, de pouca aplicabilidade, haja vista o desenvolvimento em termos
constitucionais e infraconstitucionais a respeito do assunto.
O CC/2002 também traz, no art. 1.228, § 2°, o abuso de direito de
propriedade. Esse abuso representa uma limitação
interna às situações jurídicas ativas; ainda que
permitidas, não se permite que elas sejam abusivas.
Todo e qualquer direito, ou situação jurídica tem uma autolimitação na vedação
no seu exercício abusivo e, em termos gerais, isso é apresentado no art. 187 do
CC/2002, bem demonstrando que essa limitação é uma autolimitação, inerente
a toda e qualquer situação jurídica.
Em grandes linhas, distingue-se a propriedade imobiliária urbana (tratada nos
arts. 182 e 183 da CF/1988) da rural (arts. 184 a 191 da CF/1988).
Na primeira, configura-se a função social da propriedade adotando-se como
parâmetro as diferentes realidades locais existentes no país. Ao invés de unificar
uma compreensão sobre os critérios para verificação da função social da
propriedade urbana, o constituinte remete à realidade particular dos municípios
esta averiguação, de modo que nos termos do § 2° do art. 182, a propriedade
urbana cumpre sua função social quando atende as
exigências fundamentais de ordenação da cidade
expressas no Plano Diretor. A função social da
propriedade urbana desdobra-se, então, em 3 diplomas legislativos: a CF, que
traz a necessidade de observância do princípio, o Estatuto da Cidade, Lei
10.257/2001, que desenvolve os mecanismos para tratamento da propriedade
tal como estabelecido constitucionalmente; e o Plano Diretor, que apresenta os
critérios de ordenação urbana no específico município.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 4 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Já a propriedade imobiliária rural apresenta outros


critérios relativos à função social da propriedade. Para
que haja cumprimento da função social é necessário o
cumprimento simultâneo de quatro deveres presentes no art. 186 da CF/1988:

B. Utilização
A. C. Observância D. Exploração
adequada dos
Aproveitamento das disposições com o bem-estar
recursos e
racional e que regulam o de proprietários
preservação do
adequado trabalho e trabalhadores
ambiente

A Lei 8.629/1993 estabelece dois critérios objetivos para avaliação do


cumprimento da função social da propriedade. Basicamente:
A. GUT - Grau de Utilização da Terra (art. 6º, § 1º);
B. GEE - Grau de Eficiência na Exploração (art. 6º, § 1º, incisos).
Esses critérios dependem de uma série de fatores: geografia, região, estado,
meio ambiente, solo. Por vezes, a função social é atendida quando da não
utilização da propriedade, como por exemplo os casos de locais de matas nativas
de preservação ambiental. Excetuam-se dessa regulamentação as terras
tradicionalmente ocupadas pelos povos indígenas, conforme dicção do art. 231,
§§ 1º e 2º da CF/1988, que seguem especificidades em relação a sua ocupação.
A principal sanção pelo descumprimento da função
social da propriedade rural é a desapropriação para
fins de reforma agrária, prevista tanto na Constituição
quanto no Estatuto da Terra (Lei 4.504/1964).

11.6.3 – Extensão e limites


A extensão do direito de propriedade tem relevância nos bens imóveis, já que
eles se compõem do solo, subsolo e espaço aéreo (art. 1.229 do CC/2002).
Porém, segundo o art. 1.230, a propriedade do solo não
abrange as jazidas, minas e demais recursos
minerais, os potenciais de energia hidráulica, os
monumentos arqueológicos e outros bens referidos
por leis especiais. Igualmente, por força de aplicação do Estatuto da Cidade, a
abrangência do espaço aéreo se limite ao gabarito construtivo da área,
que pode ser limitada pelo zoneamento urbano específico a cada área e
ao cone aeronáutico.
Na verdade, não há uma tripartição entre espaço aéreo, solo e subsolo, mas
subsolo e espaço aéreo constituem extensão lógica da propriedade da superfície,
pois não há como edificar ou plantar sem que se utilize o subsolo e o espaço
aéreo, minimamente. Atualmente, se fala que a propriedade incide sobre o
subsolo e o espaço aéreo até um determinado limite de utilidade (além desse
limite, há um espaço inapropriável, sobretudo em relação ao espaço aéreo).

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 5 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Quando um bem móvel se integra a um imóvel ele se torna parte integrante deste
e, se não puder ser retirado sem destruição, torna-se parte integrante essencial.
Consequência disso é que as partes integrantes essenciais são parte da
propriedade e presume-se que o proprietário do solo
é também proprietário de tudo aquilo que foi
incorporado à coisa. Essa presunção, porém, é
relativa, conforme arts. 1.258 e 1.259 do CC/2002.
As limitações são uma conformação atribuída a uma situação jurídica pelo
ordenamento, um confinamento das possibilidades que materialmente a situação
jurídica possibilita ao seu titular, por conta de diversos fatores. Penteado propõe
uma divisão entre: a. autolimitação (interna à situação jurídica); b.
heterolimitação (externa à situação jurídica).
As autolimitações podem ser agrupadas sob dois
prismas: função social da propriedade e a vedação ao
abuso de direito. Em ambos os casos, quem exerce
abusivamente a propriedade, verdadeiramente não exerce
propriedade. Já as heterolimitações são limitações administrativas, pelo que
passarei por elas apenas superficialmente:

A. Ocupação temporária

• Disciplinada no Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Maria Sylvia Di Pietro, esta é a forma de limitação da
propriedade pelo Estado caracterizada pela utilização transitória,
gratuita ou remunerada, de imóvel particular para fins de
interesse público

B. Requisição

• Prevista no art. 5°, inc. XXV, da CF/1988


• Ocorre no caso de iminente perigo público, pelo que a autoridade
poderá utilizar-se de propriedade pública, mediante indenização
ulterior, se houver dano. A indenização depende, portanto, da
ocorrência de dano

C. Servidão administrativa

• Previsão geral no Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Di Pietro, é um direito real de natureza pública,
instituído sobre o imóvel de propriedade alheia, com base em lei,
por entidade pública ou seus delegados, em favor de um serviço
público, como, por exemplo, no caso das calçadas

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 6 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

D. Tombamento

• Previsto no art. 216 da CF/1988 e no Decreto-Lei 25/193


• É uma limitação da propriedade de modo a proteger
determinados bens considerados pertencentes ao patrimônio
histórico e artístico nacional. Normalmente gera uma série de
deveres e limitações ao proprietário

E. Encampamento/Resgate
• Previsto na Lei 8.987/1995
• Segundo Orlando Gomes, ocorre quando o Estado se investe na
propriedade de bens pertencentes a empresas concessionárias
de serviço público, seja indenizando pelos bens, seja ressarcindo
pela antecipação do fim do contrato de concessão. Ocorre, por
exemplo, quando o Estado privatiza uma ferrovia e,
posteriormente, “pega” ela de volta

F. Desapropriação direta

• Presente em: art. 5°, inc. XXIV da CF/1988, Decreto-Lei


3.365/1941 (Desapropriação por utilidade pública), Lei
4.1332/1962 (Desapropriação por interesse social) e Lei
6.602/1978 (Imissão na posse em imóveis residenciais urbanos)
• Principal possibilidade de limitação pelo Poder Público

G. Desapropriação indireta

•Ocorre quando o Estado, não obstante não abrir um processo


de desapropriação regular, impõe restrições tão severas à
propriedade privada, que na prática acabam por excluir os
poderes do proprietário

Um tombamento que acabasse por impossibilitar o proprietário de utilizar ou


dispor da coisa, ou com uma rodovia que passe por cima de uma propriedade
privada sem qualquer indenização. Ela ocorre situações em que não há um
prévio procedimento administrativo e justifica uma
busca judicial pela desapropriação indireta. Segundo
entendimento consolidado do STJ, na Súmula 119, o prazo prescricional da
pretensão indenizatória por desapropriação indireta é de 10 anos, considerando
o CC/2002.
Por fim, uma limitação específica surge com a inalienabilidade de determinados
bens em situações específicas. Normalmente, a propriedade, por via do contrato,
deve ter amplas possibilidades de circulação dentro do sistema de trocas
capitalista. Porém, por lei ou pela vontade, pode o bem ficar fora do comércio
jurídico.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 7 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

No Direito Civil importa a voluntária, decorrentes de


aposição de cláusula de inalienabilidade (art. 1.911 do
CC/2002). Seus requisitos são: a. expressamente
constar no título; b. a transferência deve ser a título
gratuito, seja por ato entre vivos, seja causa mortis, pelo que só cabe em
doações ou testamentos.
A inalienabilidade, porém, não pode ser perpétua, mas somente temporária
(prazo determinado: sujeita a termo ou condição) ou vitalícia (durante a vida do
proprietário). Somente em casos específicos pode haver alienação do bem, mas
somente por decisão judicial, que controlará a necessidade e conveniência,
segundo o art. 1.911, parágrafo único.

11.6.4 – Aquisição e transmissão da propriedade


A. Aquisição da propriedade
Essa disciplina trata dos modos de aquisição, de titularização de uma situação
jurídica proprietária. Indica, portanto, os modos de aquisição de situações
jurídicas proprietárias que integrarão o patrimônio dos sujeitos. Classificam-se
os modos de aquisição:

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 8 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

1. Quanto ao ingresso patrimonial

A. Universal
• Transferência de todo o patrimônio, como o herdeiro que recebe o
patrimônio do falecido, envolvendo situações jurídicas ativas e
passivas

B. Singular
• Dá-se sobre elementos singulares cujos direitos integram o
patrimônio. Se o falecido deixou testamento, deixando um legado
a uma pessoa (bem específico), temos uma transferência singular

2. Quanto à origem

A. Originários
• Quando a aquisição não guarda relação com situações jurídicas
que lhe antecedem, como se existisse uma limpeza de tudo o que
é anterior em favor de uma nova situação que se cria. É o caso da
usucapião, pois a pessoa adquire originariamente o bem por força
do fato jurídico da usucapião

B. Derivados
• São aqueles que guardam relação com uma situação jurídica
anterior, sendo o mais expressivo dos exemplos a compra e
venda. Adquire-se a propriedade pelo comprador que é entregue
pelo devedor, havendo uma derivação de titularidade

Questão 41 – XIII Exame da OAB


Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo
sem a devida declaração negativa de débitos condominiais, conseguiu
registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança,
Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais
em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso, entrar
em contato com o vendedor, para que este arcasse com os mencionados
valores. De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional,
assinale a opção correta.
A) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas
em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o
imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado.
B) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em
atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi
encontrado, cabendo ação in rem verso, quando este for localizado.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 9 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

C) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas


em atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary
ainda não possui direito real sobre a coisa.
D) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em
atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que
está a cargo daquele que possui o direito real sobre a coisa e,
comprovadamente, imitido na posse do imóvel adquirido.
Comentários
Essa é uma questão que vai te fazer relembrar um pouco do direito das
obrigações. Lembra-se daquelas situações que ficam a meio caminho entre o
direito real e o direito obrigacional? São as obrigações reais ou propter rem, que
vinculam o titular. É importante lembrar que nesse tipo de obrigação, mesmo que
a origem seja originária, mantém-se a obrigação.
A alternativa A está incorreta, já que a cota condominial é tratada como
obrigação real ou propter rem, que vincula titular do bem, independentemente
do momento no qual essa titularização ocorreu.
A alternativa B está incorreta, pois não é o caso de ação subsidiária, mas de
obrigação real. Além disso, caberá, caso Ary encontre Laurindo, uma ção de
regresso.
A alternativa C está incorreta, dado que Ary já registrou o bem e, portanto,
possui direito real pleno sobre a coisa, pelo que é ele quem deve arcar com tais
despesas.
A alternativa D está correta, porque Ary é o titular do direito de propriedade e,
por isso, atrai as obrigações decorrentes desse direito a si, como é o caso da
obrigação condominial.

3. Quanto ao grau

A. Simples
• Quando apenas um fato jurídico conduz à aquisição, como, por
exemplo, no caso de morte

B. Complexos
• Quando se exige uma união de diferentes fatos jurídicos, como,
por exemplo, na transmissão da propriedade pelo contrato, que
necessita do contrato e da escrituração

4. Quanto ao objeto
A classificação quanto ao objeto é a mais relevante, por trazer numerosas
consequências para o direito de propriedade. Veremos, a partir de agora,
detalhadamente, cada uma das formas de aquisição da propriedade:

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 10 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

A. Aquisição da propriedade imobiliária


Regula-se pelos arts. 1.238 a 1.259 do CC/2002. O Código desenha quatro modos
de aquisição de propriedade imobiliária:
1. Registro/transcrição
O registro é modo de aquisição derivada da
propriedade. Apresenta-nos a regra geral dos modos
de aquisição em decorrência de negócios jurídicos
dispositivos. São negócios hábeis a transmitir a
propriedade: compra e venda (regra), permuta, dação em pagamento,
transação judicial imobiliária e doação.
No caso da compra e venda, caso mais comum, exige-se
instrumento público. Primeiro se vai ao Cartório de
Títulos e Documentos e, uma vez celebrada a escritura
pública de compra e venda, vai-se ao Registro de
Imóveis no qual o imóvel está matriculado.
Essa matrícula contém toda a especificação do imóvel e toda a informação dos
titulares da propriedade (como uma certidão da “vida” do imóvel). Essa escritura
é levada a registro e os dados essenciais sobre o vendedor, comprador, preço,
são registrados na matrícula.
O registro gera uma presunção relativa da propriedade, como determina o
art. 1.245, §2º do CC/2002. Já que presunção relativa, invalidades ou ineficácias
do negócio jurídico basal podem servir de demanda para anular, nulificar ou
reformar o registro de imóveis (art. 1.247). Enquanto não se registrar o título
translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel, nos
termos do §1º.
Esse registro é eficaz desde o momento em que se
apresentar o título ao oficial do registro, e este o
prenotar no protocolo, por força do art. 1.246.
Essa matéria é tratada nos arts. 1.245 a 1.247, mas sua mais ampla disciplina
está na Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973). Vamos apenas estabelecer os
princípios do sistema registral brasileiro, contidos na LRP, que são:

A. Publicidade
• A razão de ser do registro de imóveis é a sua publicidade, informando ao
público os dados essenciais sobre o bem imóvel e sobre sua titularidade,
de modo a garantir maior segurança jurídica nas operações de
transmissão e constituição sobre coisa alheia

B. Especialidade
• Por esse princípio devem ser detalhados todos os dados essenciais do que
é levado a registro, tanto no que diz respeito ao bem quanto aos sujeitos
titulares das situações jurídicas ativas e passivas

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 11 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

C. Unicidade e unitariedade da matrícula


• Cada bem imóvel só pode ter uma matrícula e cada matrícula só pode
tratar de um único bem imóvel

D. Continuidade
• Exige-se uma continuidade na sucessão dominial, não se admitindo
rupturas, pelo que deve ser possível acompanhar o “andamento” do
registro desde o início

E. Legalidade
• Só podem ser levados a registro os títulos, os documentos, descritos pela
Lei, não sendo possível registrar situações que não foram previstas pelo
legislador

2. Acessão
A acessão é modo de aquisição originária da
propriedade. Ela acessão pode ser entendida como
uma força externa que aumenta a coisa do
proprietário, seja construção, seja plantação. São espécies de acessão:

A. Formação de ilhas

• Ocorre quando em um rio forma-se uma ilha, naturalmente (art. 1.249 do


CC/2002)

Se o rio for navegável, segundo regra do Código de Águas (Decreto-Lei


852/1938), a ilha é de domínio público, portanto, pertencente à pessoa jurídica
de direito público em cujo domínio a ilha se encontra (União, Estado, Distrito
Federal ou Município).
Se não for navegável, são duas as hipóteses (art. 1.249):

1. Ilha no meio do rio: pertence


2. Ilha entre o meio e uma
aos proprietários ribeirinhos
margem: pertence ao proprietário
igualmente, segundo a testada das
mais próximo
terras

Se a ilha se forma por um novo braço do rio, não se


fala em acessão, ficando o proprietário da terra
anteriormente ocupada apelas pelo terra com a ilha.

B. Aluvião
•Acréscimo paulatino de terras do rio na propriedade ribeirinha (“assoreamento”)
•Esse aumento tem de ser lento, sucessivo, paulatino e imperceptível (art. 1.250
do CC/2002)

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 12 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

O acréscimo pertence ao proprietário, no limite das testadas (art. 1.250,


parágrafo único). Há a chamada aluvião imprópria, característica do acréscimo
de solo pela retração de águas (rios, lagos etc.), que secam parcialmente.

C. Avulsão

• Por força violenta da natureza, uma porção de terras desloca-se de uma


propriedade para outra, sem intervenção humana (art. 1.251 do CC/2002)

Se em um ano o proprietário que perdeu terras não


contatar aquele que teve terras acrescidas, perde o
direito de propriedade sobre a área (prazo
decadencial). Ademais, o proprietário que perdeu terras
pode ser indenizado e o que ganhou as terras adquire sua propriedade. Se não
quiser indenizar, aquele que perder as terras tem direito a reclamá-las de volta
(art. 1.251, parágrafo único).

D. Álveo abandonado

• Ocorre quando um rio ou lago dividia duas propriedades para de correr,


seca ou é desviado (art. 1.252 do CC/2002)

Não importa se era público ou privado, traça-se uma linha


imaginária ao meio do leito do rio e divide-se a
propriedade entre os ribeirinhos.

Questão 42 – XIII Exame da OAB


Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com
o passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão do rio alteraram a
área da propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou a se
questionar sobre o tamanho atual de sua propriedade (se houve
aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido, pois nada havia
feito para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou
a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam se
não deveriam receber alguma indenização do outro. Sobre a situação
apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos
trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando
indenização a ninguém.
B) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao
proprietário do terreno de onde aquela porção de terra se deslocou.
C) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra
trazida pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver
reclamado, após o período de um ano.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 13 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

D) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que


primeiro a tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como
área de trabalho.
Comentários
A alternativa A está correta, pois os acréscimos de terra lentos caracterizam a
aluvião, inexistindo direito indenizatório no caso, pois se trata de fenômeno
natural que acresce propriedade, sem causar prejuízo.
A alternativa B está incorreta, pois se a ilha se formar no meio do rio será de
propriedade dos ribeirinhos, segundo a testada das terras; a contrário, se houve
deslocamento de terras, não se trata de formação de ilhas, mas de aluvião ou
avulsão, a depender da situação.
A alternativa C está incorreta, já que a avulsão trata de uma situação de
deslocamento de terras de maneira violenta, mas o exercício deixa claro que é
“com o passar do tempo”, ou seja, lentamente.
A alternativa D está incorreta, porque no caso de álveo abandonado, traça-se
uma linha imaginária na calha do rio e divide-se a propriedade entre os
ribeirinhos, independentemente do uso dado por eles.

E. Construções e Plantações
• Tudo aquilo que se constrói num imóvel pertence, presumivelmente, ao
proprietário, sob o princípio do superficie solo cedit (art. 1.253 do
CC/2002)
Nos casos anteriores, havia acessão de um imóvel em outro; aqui, há acessão de
um móvel a um imóvel. Mas, o que ocorre se alguém constrói com materiais de
terceiros? Ou se constrói em imóvel alheio com seus materiais? Duas
possibilidades:

1. Terreno próprio com material


alheio: adquire a propriedade do 2. Material próprio em terreno
que foi construído, devendo alheio: perde a propriedade sobre o
ressarcir o valor dos materiais ao material, pois a acessão ocorrerá
seu dono. Se o proprietário agiu de em favor do proprietário (art. 1.255
má-fé, deve indenizar também do CC/2002)
perdas e danos (art. 1.254)

Neste segundo caso, se a pessoa agiu de boa-fé tem


direito à indenização, exceto quando a construção ou
plantação em terreno alheio exceder
consideravelmente o valor do terreno no qual foi
construído (parágrafo único do artigo). Nessa situação, pela preservação da
situação fática e numa ponderação, o que plantou ou edificou adquire a
propriedade mediante indenização ao proprietário.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 14 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Se ambos estavam de má-fé, adquirirá o proprietário as sementes,


plantas e construções, devendo ressarcir o valor das acessões (art.
1.256).
Situação peculiar ocorre quando se constrói invadindo parcela da propriedade
alheia (arts. 1.258 e 1.259). Se a obra ainda estiver em curso, é possível a
propositura de ação para impedir a continuidade da obra e/ou demolir o que já
foi construído (ação de nunciação de obra nova e a ação demolitória).
Porém, se a obra já está construída, o Código prevê os
remédios dos artigos mencionados, de modo a evitar
a demolição, quando há boa-fé, e além de demolir,
penalizar, quando há má-fé. Assim, se o sujeito age de boa-fé, em área inferior
a 1/20 do terreno alheio, adquire-lhe a propriedade, mas deve indenizar (pela
área perdida e pela desvalorização da remanescente); se de má-fé, a construção
será demolida, mas se for ela de grande valor, deverá pagar 10 vezes o valor
mencionado; se for superior, de boa-fé paga indenização mais perdas e danos;
se de má-fé, demolição, mesmo que considerável.
3. Direito Hereditário
O direito hereditário é situação de aquisição derivada da propriedade. Por se
tratar de situação peculiar ao Direito das Sucessões, veremos essa forma de
aquisição da propriedade de maneira fluida, mais adiante, quando tratarmos do
direito sucessório.
Fixe, desde já, porém, que a transmissão da
propriedade se dá imediatamente após o falecimento,
pelo princípio da saisine.
4. Usucapião
A usucapião, modo de aquisição originária, na qual
predomina a situação de fato, de uso, sobre a situação
formal. Assim, quem adquire por usucapião, adquire
ex novo, apagando as situações jurídicas anteriores
(ônus e restrições existentes anteriormente apagam-se pela
usucapião, à exceção dos tributários).
A sentença de usucapião, segundo a classificação quinária, é de efeitos
preponderantes declaratórios, pois o que faz com o que o possuidor adquira a
propriedade é a posse somada aos demais elementos, conforme o CPC. Porém,
quando ela é para ser levada a registro, tem eficácia constitutiva, condenatória e
mandamental.
No direito brasileiro, como já tratado, a posse de diferentes pessoas pode
ser unida para fins de contagem dos prazos exigidos para a usucapião (art.
1.243 do CC/2002). Existem duas formas de ocorrer a transmissão:

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 15 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

2. Transmissão a título singular:


1. Transmissão a título universal: quem recebe a posse pode decidir
automaticamente o herdeiro por unir a posse com a do
recebe a posse do antecessor e o antecessor, a depender do que lhe
sucessor recebe a posse com será mais vantajoso. Essa
todas as vicissitudes com a qual o transmissão ocorre em todos os
antecessor mantinha casos que não a transmissão a
herdeiros (compra e venda etc.)

Já vimos, na aula passada, as espécies de usucapião.

Formação de ilhas

Registro ou transcrição Aluvião


aquisição de
propriedade
imobiliária
Modos de

Acessão Avulsão

Direito Hededitário Álveo abandonado

Usucapião Construções e plantações

B. Aquisição da propriedade mobiliária


Regula-se pelos arts. 1.260 a 1.274 do CC/2002. Existem vários meios, que
podem ser originários e derivados:
1. Usucapião
Diferenciam-se duas espécies de usucapião de bens móveis, aplicando-se o
regramento da usucapião imobiliária:

A. Ordinária
• Exige três anos de posse contínua e sem oposição, mais boa-fé e
justo título
• Art. 1.260 do CC/2002

B. Extraordinária
• Exige cinco anos de posse contínua, independentemente de boa-fé
e justo título
• Art. 1.261 do CC/2002

Desde que cessadas as buscas pela coisa e pela sanção do criminoso, passados
a partir daí os 5 anos, seria possível a usucapião.
2. Tradição

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 16 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Já tratamos, em linhas gerais, da tradição, a entrega do bem, ao longo da aula


de hoje. É pela tradição que, em regra, transmite-se a
propriedade, na dicção do art. 1.267 do CC/2002. As
exceções ficam por conta dos bens sujeitos a registro,
ainda que móveis, como os veículos automotores.
Não necessariamente a tradição precisa ser “realmente” feita; por vezes, se
subentende que ela quando o adquirente já está com o bem ou quando o bem
passa diretamente de um terceiro para o adquirente, sem que seja necessário
primeiro passar ela pelas mãos do proprietário vendedor. Isso ocorre para facilitar
a transmissão e evitar atos inúteis. Por exemplo, imagine que eu te vendo um
guarda-sol que tinha te emprestado para que você usasse nas férias; seria
ridículo te obrigar a me devolver o guarda-sol e, na sequência, ali mesmo, eu te
entregar ele novamente.
Isso fica claro no parágrafo único do art. 1.267: “Subentende-se a tradição
quando o transmitente continua a possuir pelo
constituto possessório; quando cede ao adquirente o
direito à restituição da coisa, que se encontra em
poder de terceiro; ou quando o adquirente já está na
posse da coisa, por ocasião do negócio jurídico.”
Por obviedade, não pode o não proprietário efetuar a tradição, já que não tem
ele como alienar a coisa, nos termos do art. 1.268. Igualmente, se o negócio
jurídico basal for nulo, a tradição não transfere a propriedade, segundo o §2º
desse artigo.

Questão 42 – XVIII Exame da OAB


Por meio de contrato verbal, João alugou sua bicicleta a José, que se
comprometeu a pagar o aluguel mensal de R$ 100,00 (cem reais), bem como
a restituir a coisa alugada ao final do sexto mês de locação. Antes de
esgotado o prazo do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de
compra e venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a
propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse direta
de José, entende-se que
A) o adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado o prazo
da locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em favor do locatário
José.
B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da bicicleta antes de
encerrado o prazo da locação celebrada com José.
C) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio
da estipulação, no contrato de compra e venda, da cessão do direito à
restituição da coisa em favor de Otávio.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 17 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

D) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio


da estipulação, no contrato de compra e venda, do constituto possessório
em favor de Otávio.
Comentários
A alternativa A está incorreta. É uma pegadinha que tentar te induzir em erro
ao confundir as coisas. Primeiro, Otávio comprou a bicicleta, mesmo ela estando
alugada a José. OK. Depois de comprar a bicicleta pode fazer o que bem entender
com ela, inclusive retomar para si e vender a quem quiser. Pode? Sim, lembra da
regra geral da locação? Art. 571: “Havendo prazo estipulado à duração do
contrato, antes do vencimento não poderá o locador reaver a coisa alugada,
senão ressarcindo ao locatário as perdas e danos resultantes, nem o locatário
devolvê-la ao locador, senão pagando, proporcionalmente, a multa prevista no
contrato”. Porém, Otávio não é o locador, mas o adquirente. Ele tem que respeitar
a locação? Art. 576: “Se a coisa for alienada durante a locação, o adquirente não
ficará obrigado a respeitar o contrato, se nele não for consignada a cláusula da
sua vigência no caso de alienação, e não constar de registro”. Como o exercício
não falou nada, subentende-se que não se estabeleceu tal regra. Assim, Otávio
pode retomar a bicicleta de José imediatamente, sem qualquer indenização.
Pois bem, e o que José tem a ver se Otávio também resolver revender a bicicleta
durante o prazo de locação, sem que tivesse retomado a bicicleta dele?
Absolutamente nada. Por que Otávio deveria depositar o preço em favor do
locatário José? Ou melhor, depositar que preço, relativo a quê? Otávio não tem
nada a pagar a José, tem de pagar a João.
A alternativa B está incorreta, pois, como eu disse antes, João pode alienar a
coisa durante o prazo locatício. E, segundo o art. 576 (“Se a coisa for alienada
durante a locação, o adquirente não ficará obrigado a respeitar o contrato, se
nele não for consignada a cláusula da sua vigência no caso de alienação, e não
constar de registro”.), o adquirente não precisará respeitar o prazo locatício.
A alternativa C está correta, porque, mais uma vez, como dito acima, Otávio
não precisa obedecer à locação, por força do art. 576.
A alternativa D está incorreta. Você lembra o que é o constituto possessório.
Vimos na aula anterior que ele se enquadra nas situações de perda da posse por
perda do animus, ou seja, a intenção de possuir. Isso ocorrerá, com frequência,
nos casos do constituto possessório. Nesse caso, passa o possuidor a exercer a
posse em nome alheio. Esse é um modo especial de tradição da coisa, em que o
sujeito deixa de possuir a coisa em nome próprio para o fazer em nome alheio,
transferindo-lhe a posse indireta. Ou seja, a transferência, a tradição, da coisa é
meramente ficta. Isso ocorre, por exemplo, nos casos em que o proprietário
vende o bem e o comprador aluga o bem para o próprio vendedor.
O caso do exercício, porém, não se enquadra nessa hipótese, pois Otávio não
está na posse do bem e nem detinha a propriedade.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 18 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

3. Ocupação
Modo de aquisição de coisa móvel abandonada. A
coisa móvel sem dono pode ser ocupada, se não
existir lei específica que vede esse modo de aquisição,
segundo o art. 1.263, como os veículos, p.ex., que têm registro próprio.
4. Acessão

A. Achado de tesouro
• Pode-se adquirir a propriedade da coisa desde que não seja possível a
determinação de sua titularidade, ou seja, sendo coisa imemorial (art.
1.264)
Se houver dono, deve a ele o tesouro ser entregue; se não, é dividido entre
o dono do terreno e o descobridor. Quando a pessoa for contratada para
buscar tesouro, o proprietário é dono de todo o achado (art. 1.265 do
CC/2002.
Nos casos de tesouros arqueológicos ou encontrados em águas sob a
jurisdição nacional, aplica-se legislação específica (Lei 3.924/1961 e Lei
7.542/1986, respectivamente.

B. Especificação
• Ocorre quando alguém trabalha em matéria-prima alheia, como o artesão
que trabalha o mármore alheio, segundo o art. 1.269 do CC/2002
Se for possível restituir a forma anterior, esta deve
ser a solução (art. 1.270); se não for possível, o
especificador adquire a propriedade da obra, devendo
indenizar o dono da matéria-prima; porém, se o
especificador agiu de má-fé, adquire a propriedade o proprietário da
matéria-prima (§1º), salvo na situação em que o valor agregado pelo
especificador supere em muito o valor da matéria-prima (§2º).

C. Confusão, Comissão/Comistão e Adjunção


• Essas três figuras trazem em comum a ideia de junção de materiais.
• A comissão (comistão) ocorre quando há a mistura de coisas sólidas,
como ouro e prata, cimento e areia
• A confusão ocorre quando da mistura de coisas líquidas, como a água e
vinho, ou a água e o álcool
• A adjunção se dá pela justaposição de bens, como o selo no papel, ou um
carimbo num documento
Se for possível separar as coisas, separam-se (art.
1.272 do CC/2002). Se houver boa-fé, não sendo
possível observar qual das duas coisas era mais
valiosa, estabelece-se um condomínio entre os
proprietários, ficando cada um titular de uma fração
ideal (§1º). Se uma das coisas puder ser vista como a principal, o proprietário

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 19 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

desta adquire a propriedade como um todo, indenizando os demais (§2º). Se


houver má-fé, o prejudicado pode escolher entre adquirir a propriedade,
ressarcindo o valor do que não é seu, ou renunciar à propriedade, recebendo o
ressarcimento (art. 1.273).
v. Direito hereditário
O direito hereditário é situação de aquisição derivada da propriedade. Por se
tratar de situação peculiar ao Direito das Sucessões, veremos essa forma de
aquisição da propriedade de maneira fluida, mais adiante, quando tratarmos do
direito sucessório.
Fixe, desde já, porém, que a transmissão da
propriedade se dá imediatamente após o falecimento,
pelo princípio da saisine.

Ocupação Achado de tesouro

Tradição Especificação
aquisição de
propriedade
mobiliária
Modos de

Acessão Confusão

Direito Hededitário Comissão/Comistão

Usucapião Adjunção

11.6.5 – Perda da propriedade


A perda da propriedade pode ocorrer por fato relativo a:

1. Pessoa
• Pela morte natural (real ou presumida)

2. Objeto
• Perecimento da coisa ou pela acessão (art. 1.275, inc. IV)

3. Direito
• Voluntariamente ou contra a vontade do proprietário

Em relação às duas primeiras situações, não há muitas dificuldades; vejamos as


situações relativas ao Direito:

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 20 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

A. Modos Voluntários:
A. Alienação
• Modo de perda e aquisição concomitante de propriedade (art.
1.275, inc. I)
• Se for bem imóvel, deve o alienante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)

B. Renúncia
• Ato unilateral de declaração explícita de vontade de despojar-se
do bem (art. 1.275, inc. II)
• Se for bem imóvel, deve o renunciante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)

C. Abandono
•O sujeito se desfaz da coisa que detém domínio,
intencionalmente, tornando a coisa res derelicta (art. 1.275, inc.
III)
• Segundo o art. 1.276, o imóvel que o proprietário abandonar, com
a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se
não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado como
bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município
(se urbano) ou à União (se rural)

B. Modos Involuntários:
A. Desapropriação
• Regulamentada pelo Direito Administrativo (art. 1.275, inc. V)

B. Arrematação
• Perda judicial da propriedade pela alienação em hasta pública

C. Adjudicação
• Perda judicial da propriedade pelo próprio exequente

D. Implemento de condição resolutiva


• Como veremos melhor na propriedade resolutiva

E. Prescrição penal
• Bens contrabandeados ou falsificados

F. Requisições
• Em tempos de guerra para uso do Estado

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 21 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

11.7. DIREITOS DE VIZINHANÇA


Os direitos de vizinhança regulam as relações entre “direitos reais” de imóveis
contíguos, devido à proximidade geográfica entre eles. Objetiva-se garantir
utilização adequada dos bens, bem como convivência pacífica entre os
vizinhos. O direito de vizinhança é uma limitação ao direito de propriedade.
Segundo Silvio Rodrigues, os direitos de vizinhança são:
Limitações impostas pela lei às prerrogativas individuais e com o escopo de conciliar
interesses de proprietários vizinhos, reduzindo os poderes inerentes ao domínio e de modo
a regular a convivência.

Os vizinhos, porém, não se limitam aos confinantes,


mas abrangem todos os que se localizam nas
proximidades.
O uso normal é aquele considerado tolerável e habitual no que concerne ao
proprietário quanto à utilização de seus bens. Mas, quando é que o uso normal
transborda em abuso, em uso anormal? Deve haver um confronto proporcional
entre o uso normal e adequado e o uso normal e nocivo da propriedade.
Porém tal questão é complexa, pois não é possível estabelecer delimitação
objetiva entre a normalidade e anormalidade. Silvio de Salvo Venosa afirma que
há dificuldade de identificar o uso nocivo da propriedade, pois:
Apenas o caso concreto por vezes será idôneo para concluir pelo mau uso, ou uso nocivo
da coisa imóvel.

Para tentar facilitar as controvérsias, utiliza-se, de início, a regra da pré-


ocupação, ou seja, há a resolução do conflito a partir do uso dado por quem
originalmente ocupava o espaço, o que vincula os vizinhos que posteriormente
chegam ao local.
Nestes termos, qualquer uso anormal, aquele que foge dos padrões de
normalidade e tolerabilidade já predispostos nas relações de vizinhança, será
considerado nocivo. O mau uso da propriedade, assim, se dá pela prática de atos
abusivos ou excessivos.
Os atos excessivos são aqueles que são realizados
com finalidade legítima, mas que casam dano
anormal. Já os atos abusivos são aquele que o
proprietário pratica em frustração à destinação socioeconômica, gerando
prejuízo ao vizinho.
Eventualmente, inclusive, o não uso da propriedade pode causar conflitos de
vizinhança, especialmente nos casos em que o imóvel abandonado ou utilizado
com desleixo pode gerar insegurança e danos aos vizinhos.
Por isso, estabelece o art. 1.277 do CC/2002 que o proprietário ou o possuidor
de um prédio tem o direito de fazer cessar as interferências prejudiciais à
segurança, ao sossego e à saúde dos que o habitam, provocadas pela utilização
de propriedade vizinha.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 22 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Vejamos caso a caso cada uma das limitações aos direitos reais estabelecidas
pelos direitos de vizinhança.

A. Imóveis em Ruínas
Na hipótese de um imóvel estar em ruínas, o art. 1.280 apregoa que o
proprietário ou possuidor tem direito de exigir do
dono do prédio vizinho a demolição ou reparação dele
quando ameace ruína. Nesse caso, o proprietário pode
exigir garantias sobre os eventuais danos causados,
segundo o art. 1.281 do CC/2002.

B. Árvores Limítrofes
Sobre as árvores limítrofes há uma previsão do art. 1.282 de que a árvore cujo
tronco estiver na linha divisória presume-se
pertencer em comum aos donos dos prédios
confinantes. Se as raízes e os ramos de árvores
ultrapassarem a estrema do prédio vizinho poderão
ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo
proprietário do terreno invadido (art. 1.283 do CC/2002).
Por fim, quanto aos frutos caídos de árvore do terreno vizinho, o art. 1.284
estabelece que eles pertencerão ao dono do solo onde caíram.

C. Passagem Forçada
Quanto à passagem forçada, o art. 1.285 esclarece que o dono do prédio que
não tiver acesso à via pública poderá, mediante
pagamento de indenização, reclamar passagem. Isso
ocorre, segundo o §2º, mesmo que quando o imóvel tinha
passagem e, posteriormente, a perdeu.
Mas, como estabelecer qual dos vizinhos estabelecerá a passagem? O §1º do
artigo diz que será aquele que tem mais facilidade para dar a passagem.

D. Canos e tubulações
O proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel,
de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de
utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro
modo for impossível ou excessivamente onerosa, segundo regra do art.
1.286 do CC/2002. No entanto, segundo o parágrafo único, pode ele exigir que a
passagem se dê do meio menos gravoso.

E. Águas
Em conformidade com o art. 1.288, o dono ou o
possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as
águas que correm naturalmente do superior, não
podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 23 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Além disso, segundo o disposto no art. 1.289 do CC/2002, quando as águas,


artificialmente levadas ao prédio superior, ou aí colhidas, correrem dele para o
inferior, poderá o dono deste reclamar que se desviem, ou lhe indenize o prejuízo
que sofrer. No entanto, novamente, segundo o parágrafo único, pode ele exigir
que a passagem se dê do meio menos gravoso.
De acordo com os arts. 1.290, 1.291 e 1.292, o proprietário de nascente, ou
do solo onde caem águas pluviais, tem direito de construir barragens,
açudes, ou outras obras para represamento de água em seu prédio para
satisfazer as necessidades de seu consumo, mas não pode impedir ou
desviar o curso natural das águas remanescentes pelos prédios
inferiores, nem poluí-las.

F. Tapagem
O art. 1.297 dá ao proprietário a prerrogativa de cercar,
murar ou tapar seu prédio. Igualmente, sendo os
muros divisórios em comum, ambos os proprietários
deveram repartir as despesas.
Porém, o §3º excepciona a regra geral de divisão de custos entre os proprietários
dos terrenos limítrofes, estabelecendo que a construção
de tapumes especiais para impedir a passagem de
animais de pequeno porte pode ser exigida de quem
provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado
a concorrer para as despesas.
De outra banda, o art. 1.298 do CC/2002 estabelece que se forem confusos os
limites, se determinarão eles de conformidade com a posse justa; e, não se
achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os
prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles,
mediante indenização ao outro.

Questão 15 – III Exame da OAB


Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há cinco anos e, de
comum acordo, haviam regularmente delimitado as suas propriedades pela
instalação de uma singela cerca viva. Recentemente, Félix adquiriu um
cachorro e, por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-lhe que
substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do
cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido
do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e inofensivo e,
por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na situação narrada,
é correto afirmar que Joaquim
(A) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas
de instalação, cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 24 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

(B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as
despesas de instalação.
(C) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva
fora instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de
ambas as propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não
há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos.
(D) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de
instalação, deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente
corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os
vizinhos.
Comentários
A alternativa A está incorreta, dado que traz a regra geral do art. 1.297 do
CC/2002, inaplicável à espécie pela aquisição, por Félix, do cachorro.
A alternativa B está correta, de acordo com a regra excepcional do §3º, pois se
tratada de uma obrigação do proprietário que adquire animal de pequeno porte.
A alternativa C está incorreta, segundo a alternativa B.
A alternativa D está incorreta, igualmente segundo a alternativa B.

G. Direito de Construir
Em regra, é livre a edificação no terreno (art. 1.299), desde que se limite no
interesse dos vizinhos e pela ordem pública.
O CC/2002, no entanto, estabelece uma série de “pequenos limites” às
construções:

Aberturas próximas ao Limite de “invasão” do


Edificações em terreno
terreno vizinho (art. terreno alheio com o
rural (art. 1.303)
1.301) muro (art. 1.305)

Uso do muro divisório Necessidade de muro Uso temporário do


(arts. 1.306, 1.307 e de arrimo nas obras imóvel alheio para
1.308) (art. 1.311) reparos (art. 1.313)

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 25 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Ruínas

Árvores limítrofes

vizinhança
Passagem forçada

Direitos
de
Canos e tubulações

Águas

Passagens

Direito de construir

11.8. CONDOMÍNIO
11.8.1 – Condomínio geral
O que é condomínio? Ele se verifica quando um objeto
é titularizado por mais de um sujeito, havendo divisão
dos sujeitos, mas indivisão do objeto. Essa indivisão fica
bem disposta no art. 1.314 do CC/2002, que estabelece as
bases do condomínio.
Fique atento! Estamos tratando não do condomínio
edilício, que veremos à frente. Aqui, condomínio é a
situação de compropriedade ou condomínio, onde
todos possuem direitos iguais, sendo mais comum no
direito real da propriedade, mas pode ocorre em outros, como o usufruto.
Há, entre os sujeitos, uma situação de comunhão de um mesmo direito sobre
uma mesma coisa.
Porém, não se deve tratar de indivisão patrimonial quando se visualiza uma
pessoa jurídica, eis que ela, apesar de formada pelo patrimônio de diversas
pessoas naturais, é autônoma e distinta. Igualmente, não se verifica comunhão
quando os direitos dos sujeitos não são harmônicos, mas se excluem
mutuamente, como na pluralidade de hipotecas, em que vários credores
hipotecários não possuem condomínio, mas se excluem no momento da execução
da garantia real.
São duas as fontes da comunhão:

A. Vontade das partes (voluntária)


• Em regra, estabelece-se por contrato, mas pode originar-se por
ato unilateral (como por testamento)

B. A lei (legal)
• Que se subdivide em:

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 26 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

1. Forçada 2. Incidental
• Ocorre por força inevitável do • Resulta das circunstâncias, dos
estado da coisa, como, por fatos, como no caso da
exemplo, os tapumes (cercas abertura da sucessão
etc.), formação de ilhas, hereditária, por exemplo
comistão, confusão e adjunção
etc.

São duas as modalidades do condomínio:

A. Pro diviso (divisível)

•Na verdade, não se trata de condomínio propriamente dito, mas há


apenas uma aparência. Isso porque cada condômino possui direito
sobre parte certa e determinada da coisa, como no caso da parte
==b9f1d==

individual do condomínio edilício.


•Há, portanto, condomínio de direito, mas não de fato. Por isso, o
condomínio pro diviso tende à extinção, com o tempo

B. Pro indiviso (indivisível)

•Aqui, os titulares do direito não possuem direito sobre parte certa e


determinada, mas sobre o todo, como no caso da parte comum no
condomínio edilício, ou no caso de um condomínio de um veículo
•No condomínio pro indiviso, a indivisibilidade é de direito e de fato,
dificultando a extinção da situação condominial

No caso do condomínio edilício é fácil notar isso; como é que eu consigo extinguir
o condomínio, relativamente à área comum? Imagine a aquisição de todo ele por
uma mesma pessoa, que lá instala uma empresa só. Isso, porém, é bastante
incomum.
O condomínio extingue-se em duas hipóteses:

A. Alienação
• A alienação voluntária só não extingue o condomínio quando a
unanimidade dos condôminos resolver que ele se mantém

B. Divisão
• Quando a coisa é divisível, opera-se a partilha do bem, que torna
cada fração ideal em parte real

Em linhas gerais, cabe a você lembrar que, em regra,


tudo o que ocorre num condomínio deve ser
partilhado entre os condôminos, tanto em relação a
despesas (art. 1.315) quanto aos ganhos (art. 1.319),
sempre na proporção dos quinhões (arts. 1.315 e 1.326).

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 27 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Em relação às despesas, porém, nos termos do art. 1.316 do CC/2002, pode o


condômino eximir-se do pagamento das despesas e dívidas, renunciando à parte
ideal.
Ainda, de acordo com o parágrafo único do art. 1.315, presumem-se iguais as
partes ideais dos condôminos, se nada tiver sido estipulado. Por isso,
segundo o art. 1.317 do CC/2002, quando a dívida houver sido contraída por
todos os condôminos, sem se discriminar a parte de cada um na obrigação, nem
se estipular solidariedade, entende-se que cada qual se obrigou
proporcionalmente ao seu quinhão na coisa comum.
Quanto à administração, os arts. 1.323 e 1.324 estabelecem que a maioria
delibera sobre a administração da coisa comum, escolhendo o
administrador, que pode, inclusive, ser estranho ao condomínio,
funcionando na qualidade de representante comum, presumivelmente.
Essa maioria não é numérica, no entanto, mas baseada nos quinhões (art. 1.325
do CC/2002), e exige votação por maioria absoluta, vinculando os demais (§1º).
No mais, na dicção do art. 1.321, aplicam-se à divisão do condomínio as regras
de partilha de herança, previstas nos arts. 2.013 a 2.022 do CC/2002.

Questão 39 – XX Exame da OAB


39. Vitor, Paulo e Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro
indiviso, de uma casa, sendo cada um deles titular de parte ideal
representativa de um terço (1/3) da coisa comum. Todos usam
esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa,
Márcia descobre um vazamento no encanamento de água. Sem perder
tempo, contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a
realização da substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado
contratualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais).
Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.
A) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de
qualquer um dos condôminos.
B) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente
apenas de Márcia, que, por sua vez, tem direito de regresso contra os demais
condôminos.
C) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada
de Márcia ou de qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi
contratado sem a prévia aprovação da totalidade dos condôminos.
D) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente
apenas de Márcia, que deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de
regresso contra os demais condôminos, uma vez que contratou a empreiteira
sem o prévio consentimento dos demais condôminos.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 28 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo a regra do art. 1.318: “As dívidas
contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela,
obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais”.
A alternativa B está correta, nos termos do art. 1.318 mencionado na
alternativa anterior.
A alternativa C está incorreta, e aqui está uma pegadinha, pois a FGV queria
que você pensasse no caso do condomínio edilício, que é o mais comum e que
tem regramento semelhante ao mencionado nessa alternativa. Cuidado!
A alternativa D está incorreta, igualmente, pelas mesmas razões expostas na
alternativa A. Remeto, novamente, ao cuidado quanto à pegadinha que
mencionei no item anterior.

11.8.2 – Condomínio edilício


A. Conceito e constituição
Espécie mais comum, o condomínio edilício é voltado à zona urbana. Primeiro,
permanece em vigor a Lei 4.591/1964 naquilo que não confrontar com o
CC/2002, que disciplinou a matéria.
Extrai-se do art. 1º dessa lei o âmbito de aplicação do condomínio, qual seja, a
edificação ou conjunto de edificações com um ou
vários pavimentos, construídos sob forma isolada
entre si, com partes exclusivas e comuns (art. 1.331 do
CC/2002). As partes comuns, no condomínio edilício,
não podem ser alienadas ou separadas, por força de aplicação do § 2º do
artigo e do art. 1.339, constituindo uma fração ideal (§3º).
A única exceção fica por conta do terraço, que pode
constituir parte exclusiva, mas depende de
constituição específica (art. 1.331, §5º); nesse caso,
compete ao proprietário do terraço conservá-lo (art. 1.344)
Já as partes exclusivas, segundo o §1º do art. 1.331 do CC/2002, podem ser
livremente alienadas, locadas ou gravadas. A exceção abrange as vagas
de garagem, que não podem ser alienadas ou locadas a terceiros, não
incluídos no condomínio edilício, salvo se a Convenção assim o permitir.
Os requisitos de constituição estão no art. 1.332 do CC/2002:
I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas
uma das outras e das partes comuns;
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e
partes comuns;
III - o fim a que as unidades se destinam.

Além disso, o art. 1.333 estabelece que:

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 29 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no
mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares
de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.

Depois de constituído, o condomínio deve ser registrado no Cartório de


Registro de Imóveis, por ato entre vivos ou testamento, segundo o parágrafo
único.
O modo mais comum de instituição de condomínio, atualmente, é pela
incorporação imobiliária. Segundo o art. 28 da Lei, considera-se
incorporação imobiliária a atividade exercida com o intuito de promover e
realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto
de edificações compostas de unidades autônomas, que deve estar minudenciada
na matrícula do imóvel.
Posteriormente, se faz a Convenção Condominial, que disciplina o uso do
edifício. Ela é um contrato por meio do qual os condôminos estipulam as regras
condominiais, desde que respeitados os limites legais.
Pode a Convenção ser feita por escritura pública ou por instrumento particular,
segundo o § 1º do art. 1.334. Porém, na dicção do parágrafo único do art. 1.333
do CC/2002, ela também deve ser registrada, para valer contra terceiros.
Nesse sentido, ela se torna norma cogente mesmo contra aqueles que apenas
temporariamente transitam no edifício.
A Convenção deve ser aprovada por dois terços das
frações ideais participantes da Assembleia de
instituição (art. 1.333). Os arts. 1.332 e 1.334 trazem as
exigências mínimas da Convenção:
I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas
uma das outras e das partes comuns;
II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e
partes comuns;
III - o fim a que as unidades se destinam. a. Individuação das partes exclusivas e
comuns;
I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para
atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio;
II - sua forma de administração;
III - a competência das assembléias, forma de sua convocação e quorum exigido para as
deliberações;
IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores;
V - o regimento interno.

B. Direitos e deveres dos condôminos


O condômino tem os mesmos direitos, em geral, que o proprietário
comum (art. 1.335 do CC/2002). Porém, o uso da parte comum tem
peculiaridades, óbvias à utilização
comum. Em resumo, o uso do
condômino não pode embaraçar o

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 30 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

uso dos demais. Obviamente, se uma parte for de uso comum, mas apenas um
condômino tiver acesso a ela, com exclusividade, não se pode falar em embaraço
ao uso dos demais, como, por exemplo, espaços de pátio ou de ventilação.
Porém, nesse caso, o art. 1.340 estabelece que as despesas relativas a essas
partes comuns de uso exclusivo serão arcadas pelo condômino que delas
se serve.
Os deveres são mais importantes, previstos no art. 1.336:
I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo
disposição em contrário na convenção;
II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;
III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;
IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de
maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons
costumes.

À exceção do primeiro, todos os outros deveres se


conectam ao tema dos direitos de vizinhança e são
passíveis de multa, consoante regra dos arts. 1.336, §2º,
1.337 e seu parágrafo único.
Importante, ainda, é a questão das obras e mudanças no condomínio, que assim
se dividem:

A. Depende de Acréscimo de pavimento ou de novo edifício


aprovação da no solo comum (art. 1.343) ou mudança da
unanimidade dos destinação do edifício ou de uma unidade
condôminos (art. 1.351)

Benfeitorias voluptuárias e obras de


B. Depende
acréscimo (art. 1.341, inc. I e art. 1.342,
aprovação de 2/3
respectivamente) ou mudança na Convenção
dos condôminos
(art. 1.351)

C. Depende de
aprovação por Benfeitorias úteis (art. 1.341, inc. II)
maioria simples

D. Desnecessária Benfeitorias necessárias. Porém, se de


a autorização dos elevado valor, deve o síndico convocar
condôminos (art. assembleia para cientificar os condôminos
1.341, §1º) (§2º)

Por fim, o art. 1.346 estabelece que é obrigatório o seguro de toda a


edificação contra o risco de incêndio ou destruição, total ou parcial.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 31 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Questão 36 – V Exame da OAB


Durante assembleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta
com um apartamento por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento
situado no andar térreo, solicitou explicações sobre a cobrança condominial,
por ter verificado que o valor dela cobrado era superior àquele exigido dos
demais condôminos. O síndico prontamente esclareceu que a cobrança a ela
dirigida é realmente superior à cobrança das demais unidades, tendo em
vista que o apartamento de Giovana tem acesso exclusivo, por meio de uma
porta situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio localizado nos
fundos do condomínio, conforme consta nas configurações originais do
edifício devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo
síndico, podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de
constituir área comum do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas
despesas de manutenção. Em relação à situação apresentada, assinale a
alternativa correta.
(A) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à
manutenção do pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do
condomínio, e a porta de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa
da referida condômina.
(B) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção
do pátio, tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo,
independentemente da frequência com que seja efetivamente exercido.
(C) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à
manutenção do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido
impõe deterioração excessiva do local.
(D) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à
manutenção do pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os demais
condôminos, tendo em vista que a instalação da porta na área de serviço
não foi de iniciativa da condômina, tampouco da atual administração do
condomínio.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que o fato de a porta ter sido ou não instalada
por Giovana é irrelevante para o rateio das despesas condominiais, por se tratar
de relação jurídica de natureza real, não pessoal.
A alternativa B está correta, pois, em que pese o uso comum, a utilização do
bem é exclusiva de Giovana, que deve, por consequência, arcar com as despesas
relativas à manutenção da área.
A alternativa C está incorreta, dado que a cobrança da taxa condominial vincula-
se à área de uso exclusivo, independentemente do uso adequado ou não dela.
A alternativa D está incorreta, pelas mesmas razões da alternativa A.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 32 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

C. Administração do condomínio
O órgão deliberativo que reúne os condôminos é a
assembleia geral, sempre convocada por edital. No
edital deve constar dia, hora, local e assunto, e ser
feita com no mínimo 10 dias de antecedência. São
duas:

A. Ordinária

• Obrigatória, pelo menos uma vez por ano, convocada pelo síndico
(art. 1.350), na qual todos os condôminos devem ser convocados
(art. 1.354)

Se não convocada, podem ¼ dos condôminos fazê-lo, segundo o §1º do art.


1.350. Ela delibera as verbas, eleição e prestação de contas do síndico e
eleição sobre conselho consultivo e fiscal (esse composto por três membros
de mandato máximo bienal (art. 1.356).
Em regra, o quórum de aprovação é pela maioria
absoluta, se em primeira convocação (art. 1.352), ou
simples, na segunda convocação (art. 1.353), salvo se a
matéria exigir os quóruns qualificados que mencionei acima.
Em regra, a contagem dos votos é feita a partir da fração ideal (art. 1.352,
parágrafo único), mas é comum que a Convenção estipule “uma unidade, um
voto”, para facilitar a contagem.

B. Extraordinária

• Pode ser convocada por qualquer condômino ou mesmo por


terceiro (art. 1.355)
Atos não deliberados na ordinária, por urgência ou
necessidade. Eleito o síndico, ele exercerá a
administração cotidiana do condomínio. Seu mandato
é de no máximo 2 anos, permitida reeleição
indefinidamente (art. 1.347). Se a Assembleia é o Poder
Legislativo, o síndico é o Poder Executivo, tornando-se o representante legal e
mandatário do condomínio.
Segundo o §2º do art. 1.348, o síndico pode transferir a terceiros, total ou
parcialmente, os poderes de representação ou as funções administrativas,
mediante aprovação da assembleia. Suas atribuições estão presentes no art.
22 da Lei 4591/1964 e no art. 1.348 do CC/2002:
I - convocar a assembléia dos condôminos;
II - representar, ativa e passivamente, o condomínio, praticando, em juízo ou fora dele, os
atos necessários à defesa dos interesses comuns;
III - dar imediato conhecimento à assembléia da existência de procedimento judicial ou
administrativo, de interesse do condomínio;

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 33 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

IV - cumprir e fazer cumprir a convenção, o regimento interno e as determinações da


assembléia;
V - diligenciar a conservação e a guarda das partes comuns e zelar pela prestação dos
serviços que interessem aos possuidores;
VI - elaborar o orçamento da receita e da despesa relativa a cada ano;
VII - cobrar dos condôminos as suas contribuições, bem como impor e cobrar as multas
devidas;
VIII - prestar contas à assembléia, anualmente e quando exigidas;
IX - realizar o seguro da edificação.

11.8.3 – Condomínio de lotes


A par das regras condominiais gerais, das regras especiais
do condomínio edilício, das regras sobre a incorporação
imobiliária e das regras sobre o loteamento, a Lei
13.465/2017 inseriu no CC/2002 regras sobre o condomínio
de lotes. A despeito da novidade legislativa, nada substancial foi inserido que não
já previsto nas mencionadas normas. Prevê o art. 1.358-A que pode haver, em
terrenos, partes designadas de lotes que são propriedade exclusiva e
partes que são propriedade comum dos condôminos. Trata-se de aplicação
da regra geral do condomínio, como deixa claro o §2º.
A novidade está no §1º, que estabelece que a fração ideal de cada condômino
possa ser proporcional não apenas à área do solo de cada unidade
autônoma, mas também proporcional ao respectivo
potencial construtivo ou a outros critérios indicados
no ato de instituição.
Por fim, a implantação de toda a infraestrutura fica a cargo do empreendedor,
para fins de incorporação imobiliária, esclarece o §3º. Trata-se, de certa forma,
de repetição do disposto no art. 29 da Lei 4.591/1964 e no art. 2º, §5º da Lei
6.766/1979, que cuidam da incorporação imobiliária para fins condominiais e do
loteamento.

Resumo da Aula

Quais são as características do direito de propriedade?

A. Perpetuidade

• A propriedade tem tendência a ser perpetuar, ou seja, a


propriedade não é um direito que se extingue no tempo, ao
contrário do direito das obrigações, quanto mais ele exerce sua
propriedade, mais reforça seu direito

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 34 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

B. Exclusividade

• Não podem existir dois proprietários de um mesmo bem. Veja


que, mesmo nas situações em que isso ocorre o Direito cria uma
ficção jurídica para manter a regra da exclusividade
• Por exemplo, no condomínio, os diferentes proprietários não têm
a totalidade da propriedade; cada proprietário tem a propriedade
tem uma "fração ideal"

C. Elasticidade

• Por mais que o titular do direito de propriedade efetue a


disposição de figuras parcelares, essas figuras tendencionalmente
irão se reorganizar sob a titularidade do proprietário

D. Abstratalidade

• O conteúdo do direito de propriedade é esvaziado, tornando-se a


propriedade uma “forma” dentro do ordenamento, tal qual o
contrato, o que permite enxergar as diferentes "propriedades"
como uma única só

E. Individualidade

• Característica que diferencia a propriedade moderna da


propriedade antiga, ou seja, hoje a propriedade é sempre
pensada a partir da propriedade individual

Quais são os requisitos para cumprimento da função social da propriedade


imobiliária rural?

B. Utilização
A. C. Observância D. Exploração
adequada dos
Aproveitamento das disposições com o bem-estar
recursos e
racional e que regulam o de proprietários
preservação do
adequado trabalho e trabalhadores
ambiente

Quais são as heterolimitações oriundas do Direito Administrativo?

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 35 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

A. Ocupação temporária

• Disciplinada no Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Maria Sylvia Di Pietro, esta é a forma de limitação da
propriedade pelo Estado caracterizada pela utilização transitória,
gratuita ou remunerada, de imóvel particular para fins de
interesse público

B. Requisição

• Prevista no art. 5°, inc. XXV, da CF/1988


• Ocorre no caso de iminente perigo público, pelo que a autoridade
poderá utilizar-se de propriedade pública, mediante indenização
ulterior, se houver dano. A indenização depende, portanto, da
ocorrência de dano

C. Servidão administrativa

• Previsão geral no Decreto-Lei 3.365/41


• Segundo Di Pietro, é um direito real de natureza pública,
instituído sobre o imóvel de propriedade alheia, com base em lei,
por entidade pública ou seus delegados, em favor de um serviço
público, como, por exemplo, no caso das calçadas

D. Tombamento

• Previsto no art. 216 da CF/1988 e no Decreto-Lei 25/193


• É uma limitação da propriedade de modo a proteger
determinados bens considerados pertencentes ao patrimônio
histórico e artístico nacional. Normalmente gera uma série de
deveres e limitações ao proprietário

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 36 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

E. Encampamento/Resgate
• Previsto na Lei 8.987/1995
• Segundo Orlando Gomes, ocorre quando o Estado se investe na
propriedade de bens pertencentes a empresas concessionárias
de serviço público, seja indenizando pelos bens, seja ressarcindo
pela antecipação do fim do contrato de concessão. Ocorre, por
exemplo, quando o Estado privatiza uma ferrovia e,
posteriormente, “pega” ela de volta

F. Desapropriação direta

• Presente em: art. 5°, inc. XXIV da CF/1988, Decreto-Lei


3.365/1941 (Desapropriação por utilidade pública), Lei
4.1332/1962 (Desapropriação por interesse social) e Lei
6.602/1978 (Imissão na posse em imóveis residenciais urbanos)
• Principal possibilidade de limitação pelo Poder Público

G. Desapropriação indireta

•Ocorre quando o Estado, não obstante não abrir um processo


de desapropriação regular, impõe restrições tão severas à
propriedade privada, que na prática acabam por excluir os
poderes do proprietário

Quais são os modos de aquisição da propriedade?

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 37 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

1. Quanto ao ingresso patrimonial

A. Universal
• Transferência de todo o patrimônio, como o herdeiro que recebe o
patrimônio do falecido, envolvendo situações jurídicas ativas e
passivas

B. Singular
• Dá-se sobre elementos singulares cujos direitos integram o
patrimônio. Se o falecido deixou testamento, deixando um legado
a uma pessoa (bem específico), temos uma transferência singular

2. Quanto à origem

A. Originários
• Quando a aquisição não guarda relação com situações jurídicas
que lhe antecedem, como se existisse uma limpeza de tudo o que
é anterior em favor de uma nova situação que se cria. É o caso da
usucapião, pois a pessoa adquire originariamente o bem por força
do fato jurídico da usucapião

B. Derivados
• São aqueles que guardam relação com uma situação jurídica
anterior, sendo o mais expressivo dos exemplos a compra e
venda. Adquire-se a propriedade pelo comprador que é entregue
pelo devedor, havendo uma derivação de titularidade

3. Quanto ao grau

A. Simples
• Quando apenas um fato jurídico conduz à aquisição, como, por
exemplo, no caso de morte

B. Complexos
• Quando se exige uma união de diferentes fatos jurídicos, como,
por exemplo, na transmissão da propriedade pelo contrato, que
necessita do contrato e da escrituração

Quais são os princípios do sistema registral brasileiro?

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 38 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

A. Publicidade
• A razão de ser do registro de imóveis é a sua publicidade, informando ao
público os dados essenciais sobre o bem imóvel e sobre sua titularidade,
de modo a garantir maior segurança jurídica nas operações de
transmissão e constituição sobre coisa alheia

B. Especialidade
• Por esse princípio devem ser detalhados todos os dados essenciais do que
é levado a registro, tanto no que diz respeito ao bem quanto aos sujeitos
titulares das situações jurídicas ativas e passivas

C. Unicidade e unitariedade da matrícula


• Cada bem imóvel só pode ter uma matrícula e cada matrícula só pode
tratar de um único bem imóvel

D. Continuidade
• Exige-se uma continuidade na sucessão dominial, não se admitindo
rupturas, pelo que deve ser possível acompanhar o “andamento” do
registro desde o início

E. Legalidade
• Só podem ser levados a registro os títulos, os documentos, descritos pela
Lei, não sendo possível registrar situações que não foram previstas pelo
legislador

Quais são as formas de acessão da propriedade imobiliária?

A. Formação de ilhas

• Ocorre quando em um rio forma-se uma ilha, naturalmente (art. 1.249 do


CC/2002)

1. Ilha no meio do rio: pertence


2. Ilha entre o meio e uma
aos proprietários ribeirinhos
margem: pertence ao proprietário
igualmente, segundo a testada das
mais próximo
terras

B. Aluvião
•Acréscimo paulatino de terras do rio na propriedade ribeirinha (“assoreamento”)
•Esse aumento tem de ser lento, sucessivo, paulatino e imperceptível (art. 1.250
do CC/2002)

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 39 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

C. Avulsão

• Por força violenta da natureza, uma porção de terras desloca-se de uma


propriedade para outra, sem intervenção humana (art. 1.251 do CC/2002)

D. Álveo abandonado

• Ocorre quando um rio ou lago dividia duas propriedades para de correr,


seca ou é desviado (art. 1.252 do CC/2002)

E. Construções e Plantações
• Tudo aquilo que se constrói num imóvel pertence, presumivelmente, ao
proprietário, sob o princípio do superficie solo cedit (art. 1.253 do
CC/2002)

1. Terreno próprio com material


alheio: adquire a propriedade do 2. Material próprio em terreno
que foi construído, devendo alheio: perde a propriedade sobre o
ressarcir o valor dos materiais ao material, pois a acessão ocorrerá
seu dono. Se o proprietário agiu de em favor do proprietário (art. 1.255
má-fé, deve indenizar também do CC/2002)
perdas e danos (art. 1.254)

Quais são as formas de transmissão da propriedade?

2. Transmissão a título singular:


1. Transmissão a título universal: quem recebe a posse pode decidir
automaticamente o herdeiro por unir a posse com a do
recebe a posse do antecessor e o antecessor, a depender do que lhe
sucessor recebe a posse com será mais vantajoso. Essa
todas as vicissitudes com a qual o transmissão ocorre em todos os
antecessor mantinha casos que não a transmissão a
herdeiros (compra e venda etc.)

Resumidamente, quais são os modos de aquisição da propriedade


imobiliária?

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 40 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Formação de ilhas

aquisição de Registro ou transcrição Aluvião


propriedade
imobiliária
Modos de

Acessão Avulsão

Direito Hededitário Álveo abandonado

Usucapião Construções e plantações

Quais são as formas de usucapião da propriedade mobiliária?

A. Ordinária
• Exige três anos de posse contínua e sem oposição, mais boa-fé e
justo título
• Art. 1.260 do CC/2002

B. Extraordinária
• Exige cinco anos de posse contínua, independentemente de boa-fé
e justo título
• Art. 1.261 do CC/2002

Quais são as formas de acessão da propriedade mobiliária?


A. Achado de tesouro
• Pode-se adquirir a propriedade da coisa desde que não seja possível a
determinação de sua titularidade, ou seja, sendo coisa imemorial (art.
1.264)

B. Especificação
• Ocorre quando alguém trabalha em matéria-prima alheia, como o artesão
que trabalha o mármore alheio, segundo o art. 1.269 do CC/2002

C. Confusão, Comissão/Comistão e Adjunção


• Essas três figuras trazem em comum a ideia de junção de materiais.
• A comissão (comistão) ocorre quando há a mistura de coisas sólidas,
como ouro e prata, cimento e areia
• A confusão ocorre quando da mistura de coisas líquidas, como a água e
vinho, ou a água e o álcool
• A adjunção se dá pela justaposição de bens, como o selo no papel, ou um
carimbo num documento

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 41 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Resumidamente, quais são os modos de aquisição da propriedade


mobiliária?
Ocupação Achado de tesouro

Tradição Especificação
aquisição de
propriedade
mobiliária
Modos de

Acessão Confusão

Direito Hededitário Comissão/Comistão

Usucapião Adjunção

Quais são os modos de perda da propriedade?

1. Pessoa
• Pela morte natural (real ou presumida)

2. Objeto
• Perecimento da coisa ou pela acessão (art. 1.275, inc. IV)

3. Direito
• Voluntariamente ou contra a vontade do proprietário

Quais são os modos de perda da propriedade, relativamente ao Direito?

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 42 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Modos Voluntários:
A. Alienação
• Modo de perda e aquisição concomitante de propriedade (art.
1.275, inc. I)
• Se for bem imóvel, deve o alienante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)

B. Renúncia
• Ato unilateral de declaração explícita de vontade de despojar-se
do bem (art. 1.275, inc. II)
• Se for bem imóvel, deve o renunciante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)

C. Abandono
•O sujeito se desfaz da coisa que detém domínio,
intencionalmente, tornando a coisa res derelicta (art. 1.275, inc.
III)
• Segundo o art. 1.276, o imóvel que o proprietário abandonar, com
a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se
não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado como
bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município
(se urbano) ou à União (se rural)

Modos Involuntários:
A. Desapropriação
• Regulamentada pelo Direito Administrativo (art. 1.275, inc. V)

B. Arrematação
• Perda judicial da propriedade pela alienação em hasta pública

C. Adjudicação
• Perda judicial da propriedade pelo próprio exequente

D. Implemento de condição resolutiva


• Como veremos melhor na propriedade resolutiva

E. Prescrição penal
• Bens contrabandeados ou falsificados

F. Requisições
• Em tempos de guerra para uso do Estado

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 43 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

Quais são os “pequenos limites” ao direito de construir?

Aberturas próximas ao Limite de “invasão” do


Edificações em terreno
terreno vizinho (art. terreno alheio com o
rural (art. 1.303)
1.301) muro (art. 1.305)

Uso do muro divisório Necessidade de muro Uso temporário do


(arts. 1.306, 1.307 e de arrimo nas obras imóvel alheio para
1.308) (art. 1.311) reparos (art. 1.313)

Quais são os aspectos dos direitos de vizinhança regulados pelo


CC/2002?
Ruínas

Árvores limítrofes
vizinhança

Passagem forçada
Direitos
de

Canos e tubulações

Águas

Passagens

Direito de construir

Quais são as fontes da comunhão?

A. Vontade das partes (voluntária)


• Em regra, estabelece-se por contrato, mas pode originar-se por
ato unilateral (como por testamento)

B. A lei (legal)
• Que se subdivide em:

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 44 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

1. Forçada 2. Incidental
• Ocorre por força inevitável do • Resulta das circunstâncias, dos
estado da coisa, como, por fatos, como no caso da
exemplo, os tapumes (cercas abertura da sucessão
etc.), formação de ilhas, hereditária, por exemplo
comistão, confusão e adjunção
etc.

Quais são as modalidades do condomínio?

A. Pro diviso (divisível)

•Na verdade, não se trata de condomínio propriamente dito, mas há


apenas uma aparência. Isso porque cada condômino possui direito
sobre parte certa e determinada da coisa, como no caso da parte
individual do condomínio edilício.
•Há, portanto, condomínio de direito, mas não de fato. Por isso, o
condomínio pro diviso tende à extinção, com o tempo

B. Pro indiviso (indivisível)

•Aqui, os titulares do direito não possuem direito sobre parte certa e


determinada, mas sobre o todo, como no caso da parte comum no
condomínio edilício, ou no caso de um condomínio de um veículo
•No condomínio pro indiviso, a indivisibilidade é de direito e de fato,
dificultando a extinção da situação condominial

Como o condomínio extingue-se?

A. Alienação
• A alienação voluntária só não extingue o condomínio quando a
unanimidade dos condôminos resolver que ele se mantém

B. Divisão
• Quando a coisa é divisível, opera-se a partilha do bem, que torna
cada fração ideal em parte real

Quais são as obras e mudanças no condomínio e quais são os quóruns


necessários para aprová-las?

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 45 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

A. Depende de Acréscimo de pavimento ou de novo edifício


aprovação da no solo comum (art. 1.343) ou mudança da
unanimidade dos destinação do edifício ou de uma unidade
condôminos (art. 1.351)

Benfeitorias voluptuárias e obras de


B. Depende
acréscimo (art. 1.341, inc. I e art. 1.342,
aprovação de 2/3
respectivamente) ou mudança na Convenção
dos condôminos
(art. 1.351)

C. Depende de
aprovação por Benfeitorias úteis (art. 1.341, inc. II)
maioria simples

D. Desnecessária Benfeitorias necessárias. Porém, se de


a autorização dos elevado valor, deve o síndico convocar
condôminos (art. assembleia para cientificar os condôminos
1.341, §1º) (§2º)

Quais são as assembleias do condomínio edilício?

A. Ordinária

• Obrigatória, pelo menos uma vez por ano, convocada pelo síndico
(art. 1.350), na qual todos os condôminos devem ser convocados
(art. 1.354)

B. Extraordinária

• Pode ser convocada por qualquer condômino ou mesmo por


terceiro (art. 1.355)

Lista de Questões da Aula

Questão 25 – II Exame da OAB


Félix e Joaquim são proprietários de casas vizinhas há cinco anos e, de
comum acordo, haviam regularmente delimitado as suas propriedades pela
instalação de uma singela cerca viva. Recentemente, Félix adquiriu um
cachorro e, por essa razão, o seu vizinho, Joaquim, solicitou-lhe que

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 46 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

substituísse a cerca viva por um tapume que impedisse a entrada do


cachorro em sua propriedade. Surpreso, Félix negou-se a atender ao pedido
do vizinho, argumentando que o seu cachorro era adestrado e inofensivo e,
por isso, jamais lhe causaria qualquer dano. Com base na situação narrada,
é correto afirmar que Joaquim
(A) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse na sua propriedade, contanto que arque com metade das despesas
de instalação, cabendo a Félix arcar com a outra parte das despesas.
(B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as
despesas de instalação.
(C) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva
fora instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de
ambas as propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não
há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos.
(D) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de
instalação, deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente
corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os
vizinhos.

Questão 36 – V Exame da OAB


Durante assembleia realizada em condomínio edilício residencial, que conta
com um apartamento por andar, Giovana, nova proprietária do apartamento
situado no andar térreo, solicitou explicações sobre a cobrança condominial,
por ter verificado que o valor dela cobrado era superior àquele exigido dos
demais condôminos. O síndico prontamente esclareceu que a cobrança a ela
dirigida é realmente superior à cobrança das demais unidades, tendo em
vista que o apartamento de Giovana tem acesso exclusivo, por meio de uma
porta situada em sua área de serviço, a um pequeno pátio localizado nos
fundos do condomínio, conforme consta nas configurações originais do
edifício devidamente registradas. Desse modo, segundo afirmado pelo
síndico, podendo Giovana usar o pátio com exclusividade, apesar de
constituir área comum do condomínio, caberia a ela arcar com as respectivas
despesas de manutenção. Em relação à situação apresentada, assinale a
alternativa correta.
(A) Não poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à
manutenção do pátio, tendo em vista que este consiste em área comum do
condomínio, e a porta de acesso exclusivo não fora instalada por iniciativa
da referida condômina.

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 47 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

(B) Poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à manutenção


do pátio, tendo em vista que ela dispõe de seu uso exclusivo,
independentemente da frequência com que seja efetivamente exercido.
(C) Somente poderão ser cobradas de Giovana as despesas relativas à
manutenção do pátio caso seja demonstrado que o uso por ela exercido
impõe deterioração excessiva do local.
(D) Poderá ser cobrada de Giovana metade das despesas relativas à
manutenção do pátio, devendo a outra metade ser repartida entre os demais
condôminos, tendo em vista que a instalação da porta na área de serviço
não foi de iniciativa da condômina, tampouco da atual administração do
condomínio.

Questão 41 – XIII Exame da OAB


Ary celebrou contrato de compra e venda de imóvel com Laurindo e, mesmo
sem a devida declaração negativa de débitos condominiais, conseguiu
registrar o bem em seu nome. Ocorre que, no mês seguinte à sua mudança,
Ary foi surpreendido com a cobrança de três meses de cotas condominiais
em atraso. Inconformado com a situação, Ary tentou, sem sucesso, entrar
em contato com o vendedor, para que este arcasse com os mencionados
valores. De acordo com as regras concernentes ao direito obrigacional,
assinale a opção correta.
A) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas
em atraso, pois cabe ao vendedor solver todos os débitos que gravem o
imóvel até o momento da tradição, entregando-o livre e desembargado.
B) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em
atraso, pois se trata de obrigação subsidiária, já que o vendedor não foi
encontrado, cabendo ação in rem verso, quando este for localizado.
C) Perante o condomínio, Laurindo deverá arcar com o pagamento das cotas
em atraso, pois se trata de obrigação com eficácia real, uma vez que Ary
ainda não possui direito real sobre a coisa.
D) Perante o condomínio, Ary deverá arcar com o pagamento das cotas em
atraso, pois se trata de obrigação propter rem, entendida como aquela que
está a cargo daquele que possui o direito real sobre a coisa e,
comprovadamente, imitido na posse do imóvel adquirido.

Questão 42 – XIII Exame da OAB


Jeremias e Antônio moram cada um em uma margem do rio Tatuapé. Com
o passar do tempo, as chuvas, as estiagens e a erosão do rio alteraram a
área da propriedade de cada um. Dessa forma, Jeremias começou a se
questionar sobre o tamanho atual de sua propriedade (se houve

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 48 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

aquisição/diminuição), o que deixou Antônio enfurecido, pois nada havia


feito para prejudicar Jeremias. Ao mesmo tempo, Antônio também começou
a notar diferenças em seu terreno na margem do rio. Ambos questionam se
não deveriam receber alguma indenização do outro. Sobre a situação
apresentada, assinale a afirmativa correta.
A) Trata-se de aquisição por aluvião, uma vez que corresponde a acréscimos
trazidos pelo rio de forma sucessiva e imperceptível, não gerando
indenização a ninguém.
B) Se for formada uma ilha no meio do rio Tatuapé, pertencerá ao
proprietário do terreno de onde aquela porção de terra se deslocou.
C) Trata-se de aquisição por avulsão e cada proprietário adquirirá a terra
trazida pelo rio mediante indenização do outro ou, se ninguém tiver
reclamado, após o período de um ano.
D) Se o rio Tatuapé secar, adquirirá a propriedade da terra aquele que
primeiro a tornar produtiva de alguma maneira, seja como moradia ou como
área de trabalho.

Questão 42 – XVIII Exame da OAB


Por meio de contrato verbal, João alugou sua bicicleta a José, que se
comprometeu a pagar o aluguel mensal de R$ 100,00 (cem reais), bem como
a restituir a coisa alugada ao final do sexto mês de locação. Antes de
esgotado o prazo do contrato de locação, João deseja celebrar contrato de
compra e venda com Otávio, de modo a transmitir imediatamente a
propriedade da bicicleta. Não obstante a coisa permanecer na posse direta
de José, entende-se que
A) o adquirente Otávio, caso venda a bicicleta antes de encerrado o prazo
da locação, deve obrigatoriamente depositar o preço em favor do locatário
José.
B) João não pode celebrar contrato de compra e venda da bicicleta antes de
encerrado o prazo da locação celebrada com José.
C) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio
da estipulação, no contrato de compra e venda, da cessão do direito à
restituição da coisa em favor de Otávio.
D) é possível transmitir imediatamente a propriedade para Otávio, por meio
da estipulação, no contrato de compra e venda, do constituto possessório
em favor de Otávio.

Questão 39 – XX Exame da OAB

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 49 de 50


11481467417 - Igor Alves
DIREITO CIVIL – OAB XXVI
Teoria e Questões
Aula 09 – Prof. Paulo H M Sousa

39. Vitor, Paulo e Márcia são coproprietários, em regime de condomínio pro


indiviso, de uma casa, sendo cada um deles titular de parte ideal
representativa de um terço (1/3) da coisa comum. Todos usam
esporadicamente a casa nos finais de semana. Certo dia, ao visitar a casa,
Márcia descobre um vazamento no encanamento de água. Sem perder
tempo, contrata, em nome próprio, uma sociedade empreiteira para a
realização da substituição do cano danificado. Pelo serviço, ficou ajustado
contratualmente o pagamento de R$ 900,00 (novecentos reais).
Tendo em vista os fatos expostos, assinale a afirmativa correta.
A) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente de
qualquer um dos condôminos.
B) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente
apenas de Márcia, que, por sua vez, tem direito de regresso contra os demais
condôminos.
C) A empreiteira não pode cobrar a remuneração contratualmente ajustada
de Márcia ou de qualquer outro condômino, uma vez que o serviço foi
contratado sem a prévia aprovação da totalidade dos condôminos.
D) A empreiteira pode cobrar a remuneração ajustada contratualmente
apenas de Márcia, que deverá suportar sozinha a despesa, sem direito de
regresso contra os demais condôminos, uma vez que contratou a empreiteira
sem o prévio consentimento dos demais condôminos.

Considerações Finais
Com isso, finalizamos a primeira parte do terceiro Livro da Parte Especial do
CC/2002, relativamente ao Direito das Coisas. Na aula que vem, finalizaremos o
terceiro Livro da Parte Especial do CC/2002.
Foco no estudo!
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

Paulo H M Sousa

Prof. Paulo H M Sousa prof.phms 50 de 50


11481467417 - Igor Alves

S-ar putea să vă placă și