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Aula 09
Paulo H M Sousa
AULA 09
DIREITO DAS COISAS II
Sumário
Sumário .................................................................................................. 1
Considerações Iniciais ............................................................................... 2
11. TEORIA GERAL DAS COISAS ................................................................. 2
11.6. PROPRIEDADE................................................................................... 2
11.6.1 – Características .......................................................................... 2
11.6.2 – Função social da propriedade ...................................................... 4
11.6.3 – Extensão e limites ..................................................................... 5
11.6.4 – Aquisição e transmissão da propriedade ....................................... 8
A. Aquisição da propriedade imobiliária ................................................... 11
B. Aquisição da propriedade mobiliária ................................................... 16
11.6.5 – Perda da propriedade .............................................................. 20
11.7. DIREITOS DE VIZINHANÇA ........................................................... 22
11.8. CONDOMÍNIO ............................................................................. 26
11.8.1 – Condomínio geral .................................................................... 26
11.8.2 – Condomínio edilício ................................................................. 29
11.8.3 – Condomínio de lotes ................................................................ 34
Resumo da Aula ..................................................................................... 34
Lista de Questões da Aula ........................................................................ 46
Considerações Finais ............................................................................... 50
Considerações Iniciais
Na última aula, começaremos o terceiro Livro da Parte Especial (já vimos o
primeiro e o segundo é o Livro do Direito de Empresa, que é visto lá pelo Direito
Empresarial) do CC/2002. Esse livro, numa perspectiva ampla e tradicional, trata
das relações das pessoas com as coisas e das pessoas com as pessoas em relação
às coisas.
Nesta aula, damos início à segunda parte do Direito das Coisas, passando por
temas que têm ampla aplicação na 1ª Fase do Exame da OAB. Trataremos da
propriedade, dos direitos de vizinhança e do condomínio. Na propriedade teremos
o grosso dessa aula, com os diversos meios de aquisição, transmissão e perda
da propriedade, tanto mobiliária quanto imobiliária.
Vale lembrar que das provas de 1ª Fase de Direito Civil dos últimos 25
Exames da OAB, tivemos 30 questões sobre o Direito das Coisas, o que
faz desta parte da disciplina a com a segunda maior taxa de incidência nas
provas, atrás apenas do Direito dos Contratos e à frente do Direito das
Obrigações. Na última 1ª Fase da OAB, do XXV Exame, tivemos uma
questão sobre o assunto, já vista na aula anterior.
A. Perpetuidade
B. Exclusividade
C. Elasticidade
D. Abstratalidade
E. Individualidade
B. Utilização
A. C. Observância D. Exploração
adequada dos
Aproveitamento das disposições com o bem-estar
recursos e
racional e que regulam o de proprietários
preservação do
adequado trabalho e trabalhadores
ambiente
Quando um bem móvel se integra a um imóvel ele se torna parte integrante deste
e, se não puder ser retirado sem destruição, torna-se parte integrante essencial.
Consequência disso é que as partes integrantes essenciais são parte da
propriedade e presume-se que o proprietário do solo
é também proprietário de tudo aquilo que foi
incorporado à coisa. Essa presunção, porém, é
relativa, conforme arts. 1.258 e 1.259 do CC/2002.
As limitações são uma conformação atribuída a uma situação jurídica pelo
ordenamento, um confinamento das possibilidades que materialmente a situação
jurídica possibilita ao seu titular, por conta de diversos fatores. Penteado propõe
uma divisão entre: a. autolimitação (interna à situação jurídica); b.
heterolimitação (externa à situação jurídica).
As autolimitações podem ser agrupadas sob dois
prismas: função social da propriedade e a vedação ao
abuso de direito. Em ambos os casos, quem exerce
abusivamente a propriedade, verdadeiramente não exerce
propriedade. Já as heterolimitações são limitações administrativas, pelo que
passarei por elas apenas superficialmente:
A. Ocupação temporária
B. Requisição
C. Servidão administrativa
D. Tombamento
E. Encampamento/Resgate
• Previsto na Lei 8.987/1995
• Segundo Orlando Gomes, ocorre quando o Estado se investe na
propriedade de bens pertencentes a empresas concessionárias
de serviço público, seja indenizando pelos bens, seja ressarcindo
pela antecipação do fim do contrato de concessão. Ocorre, por
exemplo, quando o Estado privatiza uma ferrovia e,
posteriormente, “pega” ela de volta
F. Desapropriação direta
G. Desapropriação indireta
A. Universal
• Transferência de todo o patrimônio, como o herdeiro que recebe o
patrimônio do falecido, envolvendo situações jurídicas ativas e
passivas
B. Singular
• Dá-se sobre elementos singulares cujos direitos integram o
patrimônio. Se o falecido deixou testamento, deixando um legado
a uma pessoa (bem específico), temos uma transferência singular
2. Quanto à origem
A. Originários
• Quando a aquisição não guarda relação com situações jurídicas
que lhe antecedem, como se existisse uma limpeza de tudo o que
é anterior em favor de uma nova situação que se cria. É o caso da
usucapião, pois a pessoa adquire originariamente o bem por força
do fato jurídico da usucapião
B. Derivados
• São aqueles que guardam relação com uma situação jurídica
anterior, sendo o mais expressivo dos exemplos a compra e
venda. Adquire-se a propriedade pelo comprador que é entregue
pelo devedor, havendo uma derivação de titularidade
3. Quanto ao grau
A. Simples
• Quando apenas um fato jurídico conduz à aquisição, como, por
exemplo, no caso de morte
B. Complexos
• Quando se exige uma união de diferentes fatos jurídicos, como,
por exemplo, na transmissão da propriedade pelo contrato, que
necessita do contrato e da escrituração
4. Quanto ao objeto
A classificação quanto ao objeto é a mais relevante, por trazer numerosas
consequências para o direito de propriedade. Veremos, a partir de agora,
detalhadamente, cada uma das formas de aquisição da propriedade:
A. Publicidade
• A razão de ser do registro de imóveis é a sua publicidade, informando ao
público os dados essenciais sobre o bem imóvel e sobre sua titularidade,
de modo a garantir maior segurança jurídica nas operações de
transmissão e constituição sobre coisa alheia
B. Especialidade
• Por esse princípio devem ser detalhados todos os dados essenciais do que
é levado a registro, tanto no que diz respeito ao bem quanto aos sujeitos
titulares das situações jurídicas ativas e passivas
D. Continuidade
• Exige-se uma continuidade na sucessão dominial, não se admitindo
rupturas, pelo que deve ser possível acompanhar o “andamento” do
registro desde o início
E. Legalidade
• Só podem ser levados a registro os títulos, os documentos, descritos pela
Lei, não sendo possível registrar situações que não foram previstas pelo
legislador
2. Acessão
A acessão é modo de aquisição originária da
propriedade. Ela acessão pode ser entendida como
uma força externa que aumenta a coisa do
proprietário, seja construção, seja plantação. São espécies de acessão:
A. Formação de ilhas
B. Aluvião
•Acréscimo paulatino de terras do rio na propriedade ribeirinha (“assoreamento”)
•Esse aumento tem de ser lento, sucessivo, paulatino e imperceptível (art. 1.250
do CC/2002)
C. Avulsão
D. Álveo abandonado
E. Construções e Plantações
• Tudo aquilo que se constrói num imóvel pertence, presumivelmente, ao
proprietário, sob o princípio do superficie solo cedit (art. 1.253 do
CC/2002)
Nos casos anteriores, havia acessão de um imóvel em outro; aqui, há acessão de
um móvel a um imóvel. Mas, o que ocorre se alguém constrói com materiais de
terceiros? Ou se constrói em imóvel alheio com seus materiais? Duas
possibilidades:
Formação de ilhas
Acessão Avulsão
A. Ordinária
• Exige três anos de posse contínua e sem oposição, mais boa-fé e
justo título
• Art. 1.260 do CC/2002
B. Extraordinária
• Exige cinco anos de posse contínua, independentemente de boa-fé
e justo título
• Art. 1.261 do CC/2002
Desde que cessadas as buscas pela coisa e pela sanção do criminoso, passados
a partir daí os 5 anos, seria possível a usucapião.
2. Tradição
3. Ocupação
Modo de aquisição de coisa móvel abandonada. A
coisa móvel sem dono pode ser ocupada, se não
existir lei específica que vede esse modo de aquisição,
segundo o art. 1.263, como os veículos, p.ex., que têm registro próprio.
4. Acessão
A. Achado de tesouro
• Pode-se adquirir a propriedade da coisa desde que não seja possível a
determinação de sua titularidade, ou seja, sendo coisa imemorial (art.
1.264)
Se houver dono, deve a ele o tesouro ser entregue; se não, é dividido entre
o dono do terreno e o descobridor. Quando a pessoa for contratada para
buscar tesouro, o proprietário é dono de todo o achado (art. 1.265 do
CC/2002.
Nos casos de tesouros arqueológicos ou encontrados em águas sob a
jurisdição nacional, aplica-se legislação específica (Lei 3.924/1961 e Lei
7.542/1986, respectivamente.
B. Especificação
• Ocorre quando alguém trabalha em matéria-prima alheia, como o artesão
que trabalha o mármore alheio, segundo o art. 1.269 do CC/2002
Se for possível restituir a forma anterior, esta deve
ser a solução (art. 1.270); se não for possível, o
especificador adquire a propriedade da obra, devendo
indenizar o dono da matéria-prima; porém, se o
especificador agiu de má-fé, adquire a propriedade o proprietário da
matéria-prima (§1º), salvo na situação em que o valor agregado pelo
especificador supere em muito o valor da matéria-prima (§2º).
Tradição Especificação
aquisição de
propriedade
mobiliária
Modos de
Acessão Confusão
Usucapião Adjunção
1. Pessoa
• Pela morte natural (real ou presumida)
2. Objeto
• Perecimento da coisa ou pela acessão (art. 1.275, inc. IV)
3. Direito
• Voluntariamente ou contra a vontade do proprietário
A. Modos Voluntários:
A. Alienação
• Modo de perda e aquisição concomitante de propriedade (art.
1.275, inc. I)
• Se for bem imóvel, deve o alienante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)
B. Renúncia
• Ato unilateral de declaração explícita de vontade de despojar-se
do bem (art. 1.275, inc. II)
• Se for bem imóvel, deve o renunciante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)
C. Abandono
•O sujeito se desfaz da coisa que detém domínio,
intencionalmente, tornando a coisa res derelicta (art. 1.275, inc.
III)
• Segundo o art. 1.276, o imóvel que o proprietário abandonar, com
a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se
não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado como
bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município
(se urbano) ou à União (se rural)
B. Modos Involuntários:
A. Desapropriação
• Regulamentada pelo Direito Administrativo (art. 1.275, inc. V)
B. Arrematação
• Perda judicial da propriedade pela alienação em hasta pública
C. Adjudicação
• Perda judicial da propriedade pelo próprio exequente
E. Prescrição penal
• Bens contrabandeados ou falsificados
F. Requisições
• Em tempos de guerra para uso do Estado
Vejamos caso a caso cada uma das limitações aos direitos reais estabelecidas
pelos direitos de vizinhança.
A. Imóveis em Ruínas
Na hipótese de um imóvel estar em ruínas, o art. 1.280 apregoa que o
proprietário ou possuidor tem direito de exigir do
dono do prédio vizinho a demolição ou reparação dele
quando ameace ruína. Nesse caso, o proprietário pode
exigir garantias sobre os eventuais danos causados,
segundo o art. 1.281 do CC/2002.
B. Árvores Limítrofes
Sobre as árvores limítrofes há uma previsão do art. 1.282 de que a árvore cujo
tronco estiver na linha divisória presume-se
pertencer em comum aos donos dos prédios
confinantes. Se as raízes e os ramos de árvores
ultrapassarem a estrema do prédio vizinho poderão
ser cortados, até o plano vertical divisório, pelo
proprietário do terreno invadido (art. 1.283 do CC/2002).
Por fim, quanto aos frutos caídos de árvore do terreno vizinho, o art. 1.284
estabelece que eles pertencerão ao dono do solo onde caíram.
C. Passagem Forçada
Quanto à passagem forçada, o art. 1.285 esclarece que o dono do prédio que
não tiver acesso à via pública poderá, mediante
pagamento de indenização, reclamar passagem. Isso
ocorre, segundo o §2º, mesmo que quando o imóvel tinha
passagem e, posteriormente, a perdeu.
Mas, como estabelecer qual dos vizinhos estabelecerá a passagem? O §1º do
artigo diz que será aquele que tem mais facilidade para dar a passagem.
D. Canos e tubulações
O proprietário é obrigado a tolerar a passagem, através de seu imóvel,
de cabos, tubulações e outros condutos subterrâneos de serviços de
utilidade pública, em proveito de proprietários vizinhos, quando de outro
modo for impossível ou excessivamente onerosa, segundo regra do art.
1.286 do CC/2002. No entanto, segundo o parágrafo único, pode ele exigir que a
passagem se dê do meio menos gravoso.
E. Águas
Em conformidade com o art. 1.288, o dono ou o
possuidor do prédio inferior é obrigado a receber as
águas que correm naturalmente do superior, não
podendo realizar obras que embaracem o seu fluxo.
F. Tapagem
O art. 1.297 dá ao proprietário a prerrogativa de cercar,
murar ou tapar seu prédio. Igualmente, sendo os
muros divisórios em comum, ambos os proprietários
deveram repartir as despesas.
Porém, o §3º excepciona a regra geral de divisão de custos entre os proprietários
dos terrenos limítrofes, estabelecendo que a construção
de tapumes especiais para impedir a passagem de
animais de pequeno porte pode ser exigida de quem
provocou a necessidade deles, pelo proprietário, que não está obrigado
a concorrer para as despesas.
De outra banda, o art. 1.298 do CC/2002 estabelece que se forem confusos os
limites, se determinarão eles de conformidade com a posse justa; e, não se
achando ela provada, o terreno contestado se dividirá por partes iguais entre os
prédios, ou, não sendo possível a divisão cômoda, se adjudicará a um deles,
mediante indenização ao outro.
(B) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar integralmente com as
despesas de instalação.
(C) não poderá exigir que Félix instale o tapume, uma vez que a cerca viva
fora instalada de comum acordo e demarca corretamente os limites de
ambas as propriedades, cumprindo, pois, com a sua função, bem como não
há indícios de que o cachorro possa vir a lhe causar danos.
(D) poderá exigir que Félix instale o tapume, a fim de evitar que o cachorro
ingresse em sua propriedade, cabendo a Félix arcar com as despesas de
instalação, deduzindo-se desse montante metade do valor, devidamente
corrigido, correspondente à cerca viva inicialmente instalada por ambos os
vizinhos.
Comentários
A alternativa A está incorreta, dado que traz a regra geral do art. 1.297 do
CC/2002, inaplicável à espécie pela aquisição, por Félix, do cachorro.
A alternativa B está correta, de acordo com a regra excepcional do §3º, pois se
tratada de uma obrigação do proprietário que adquire animal de pequeno porte.
A alternativa C está incorreta, segundo a alternativa B.
A alternativa D está incorreta, igualmente segundo a alternativa B.
G. Direito de Construir
Em regra, é livre a edificação no terreno (art. 1.299), desde que se limite no
interesse dos vizinhos e pela ordem pública.
O CC/2002, no entanto, estabelece uma série de “pequenos limites” às
construções:
Ruínas
Árvores limítrofes
vizinhança
Passagem forçada
Direitos
de
Canos e tubulações
Águas
Passagens
Direito de construir
11.8. CONDOMÍNIO
11.8.1 – Condomínio geral
O que é condomínio? Ele se verifica quando um objeto
é titularizado por mais de um sujeito, havendo divisão
dos sujeitos, mas indivisão do objeto. Essa indivisão fica
bem disposta no art. 1.314 do CC/2002, que estabelece as
bases do condomínio.
Fique atento! Estamos tratando não do condomínio
edilício, que veremos à frente. Aqui, condomínio é a
situação de compropriedade ou condomínio, onde
todos possuem direitos iguais, sendo mais comum no
direito real da propriedade, mas pode ocorre em outros, como o usufruto.
Há, entre os sujeitos, uma situação de comunhão de um mesmo direito sobre
uma mesma coisa.
Porém, não se deve tratar de indivisão patrimonial quando se visualiza uma
pessoa jurídica, eis que ela, apesar de formada pelo patrimônio de diversas
pessoas naturais, é autônoma e distinta. Igualmente, não se verifica comunhão
quando os direitos dos sujeitos não são harmônicos, mas se excluem
mutuamente, como na pluralidade de hipotecas, em que vários credores
hipotecários não possuem condomínio, mas se excluem no momento da execução
da garantia real.
São duas as fontes da comunhão:
B. A lei (legal)
• Que se subdivide em:
1. Forçada 2. Incidental
• Ocorre por força inevitável do • Resulta das circunstâncias, dos
estado da coisa, como, por fatos, como no caso da
exemplo, os tapumes (cercas abertura da sucessão
etc.), formação de ilhas, hereditária, por exemplo
comistão, confusão e adjunção
etc.
No caso do condomínio edilício é fácil notar isso; como é que eu consigo extinguir
o condomínio, relativamente à área comum? Imagine a aquisição de todo ele por
uma mesma pessoa, que lá instala uma empresa só. Isso, porém, é bastante
incomum.
O condomínio extingue-se em duas hipóteses:
A. Alienação
• A alienação voluntária só não extingue o condomínio quando a
unanimidade dos condôminos resolver que ele se mantém
B. Divisão
• Quando a coisa é divisível, opera-se a partilha do bem, que torna
cada fração ideal em parte real
Comentários
A alternativa A está incorreta, segundo a regra do art. 1.318: “As dívidas
contraídas por um dos condôminos em proveito da comunhão, e durante ela,
obrigam o contratante; mas terá este ação regressiva contra os demais”.
A alternativa B está correta, nos termos do art. 1.318 mencionado na
alternativa anterior.
A alternativa C está incorreta, e aqui está uma pegadinha, pois a FGV queria
que você pensasse no caso do condomínio edilício, que é o mais comum e que
tem regramento semelhante ao mencionado nessa alternativa. Cuidado!
A alternativa D está incorreta, igualmente, pelas mesmas razões expostas na
alternativa A. Remeto, novamente, ao cuidado quanto à pegadinha que
mencionei no item anterior.
A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no
mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares
de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção.
uso dos demais. Obviamente, se uma parte for de uso comum, mas apenas um
condômino tiver acesso a ela, com exclusividade, não se pode falar em embaraço
ao uso dos demais, como, por exemplo, espaços de pátio ou de ventilação.
Porém, nesse caso, o art. 1.340 estabelece que as despesas relativas a essas
partes comuns de uso exclusivo serão arcadas pelo condômino que delas
se serve.
Os deveres são mais importantes, previstos no art. 1.336:
I - contribuir para as despesas do condomínio na proporção das suas frações ideais, salvo
disposição em contrário na convenção;
II - não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;
III - não alterar a forma e a cor da fachada, das partes e esquadrias externas;
IV - dar às suas partes a mesma destinação que tem a edificação, e não as utilizar de
maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons
costumes.
C. Depende de
aprovação por Benfeitorias úteis (art. 1.341, inc. II)
maioria simples
C. Administração do condomínio
O órgão deliberativo que reúne os condôminos é a
assembleia geral, sempre convocada por edital. No
edital deve constar dia, hora, local e assunto, e ser
feita com no mínimo 10 dias de antecedência. São
duas:
A. Ordinária
• Obrigatória, pelo menos uma vez por ano, convocada pelo síndico
(art. 1.350), na qual todos os condôminos devem ser convocados
(art. 1.354)
B. Extraordinária
Resumo da Aula
A. Perpetuidade
B. Exclusividade
C. Elasticidade
D. Abstratalidade
E. Individualidade
B. Utilização
A. C. Observância D. Exploração
adequada dos
Aproveitamento das disposições com o bem-estar
recursos e
racional e que regulam o de proprietários
preservação do
adequado trabalho e trabalhadores
ambiente
A. Ocupação temporária
B. Requisição
C. Servidão administrativa
D. Tombamento
E. Encampamento/Resgate
• Previsto na Lei 8.987/1995
• Segundo Orlando Gomes, ocorre quando o Estado se investe na
propriedade de bens pertencentes a empresas concessionárias
de serviço público, seja indenizando pelos bens, seja ressarcindo
pela antecipação do fim do contrato de concessão. Ocorre, por
exemplo, quando o Estado privatiza uma ferrovia e,
posteriormente, “pega” ela de volta
F. Desapropriação direta
G. Desapropriação indireta
A. Universal
• Transferência de todo o patrimônio, como o herdeiro que recebe o
patrimônio do falecido, envolvendo situações jurídicas ativas e
passivas
B. Singular
• Dá-se sobre elementos singulares cujos direitos integram o
patrimônio. Se o falecido deixou testamento, deixando um legado
a uma pessoa (bem específico), temos uma transferência singular
2. Quanto à origem
A. Originários
• Quando a aquisição não guarda relação com situações jurídicas
que lhe antecedem, como se existisse uma limpeza de tudo o que
é anterior em favor de uma nova situação que se cria. É o caso da
usucapião, pois a pessoa adquire originariamente o bem por força
do fato jurídico da usucapião
B. Derivados
• São aqueles que guardam relação com uma situação jurídica
anterior, sendo o mais expressivo dos exemplos a compra e
venda. Adquire-se a propriedade pelo comprador que é entregue
pelo devedor, havendo uma derivação de titularidade
3. Quanto ao grau
A. Simples
• Quando apenas um fato jurídico conduz à aquisição, como, por
exemplo, no caso de morte
B. Complexos
• Quando se exige uma união de diferentes fatos jurídicos, como,
por exemplo, na transmissão da propriedade pelo contrato, que
necessita do contrato e da escrituração
A. Publicidade
• A razão de ser do registro de imóveis é a sua publicidade, informando ao
público os dados essenciais sobre o bem imóvel e sobre sua titularidade,
de modo a garantir maior segurança jurídica nas operações de
transmissão e constituição sobre coisa alheia
B. Especialidade
• Por esse princípio devem ser detalhados todos os dados essenciais do que
é levado a registro, tanto no que diz respeito ao bem quanto aos sujeitos
titulares das situações jurídicas ativas e passivas
D. Continuidade
• Exige-se uma continuidade na sucessão dominial, não se admitindo
rupturas, pelo que deve ser possível acompanhar o “andamento” do
registro desde o início
E. Legalidade
• Só podem ser levados a registro os títulos, os documentos, descritos pela
Lei, não sendo possível registrar situações que não foram previstas pelo
legislador
A. Formação de ilhas
B. Aluvião
•Acréscimo paulatino de terras do rio na propriedade ribeirinha (“assoreamento”)
•Esse aumento tem de ser lento, sucessivo, paulatino e imperceptível (art. 1.250
do CC/2002)
C. Avulsão
D. Álveo abandonado
E. Construções e Plantações
• Tudo aquilo que se constrói num imóvel pertence, presumivelmente, ao
proprietário, sob o princípio do superficie solo cedit (art. 1.253 do
CC/2002)
Formação de ilhas
Acessão Avulsão
A. Ordinária
• Exige três anos de posse contínua e sem oposição, mais boa-fé e
justo título
• Art. 1.260 do CC/2002
B. Extraordinária
• Exige cinco anos de posse contínua, independentemente de boa-fé
e justo título
• Art. 1.261 do CC/2002
B. Especificação
• Ocorre quando alguém trabalha em matéria-prima alheia, como o artesão
que trabalha o mármore alheio, segundo o art. 1.269 do CC/2002
Tradição Especificação
aquisição de
propriedade
mobiliária
Modos de
Acessão Confusão
Usucapião Adjunção
1. Pessoa
• Pela morte natural (real ou presumida)
2. Objeto
• Perecimento da coisa ou pela acessão (art. 1.275, inc. IV)
3. Direito
• Voluntariamente ou contra a vontade do proprietário
Modos Voluntários:
A. Alienação
• Modo de perda e aquisição concomitante de propriedade (art.
1.275, inc. I)
• Se for bem imóvel, deve o alienante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)
B. Renúncia
• Ato unilateral de declaração explícita de vontade de despojar-se
do bem (art. 1.275, inc. II)
• Se for bem imóvel, deve o renunciante efetuar a transcrição no
Registro de Imóveis para que tenha eficácia (art. 1.275, parágrafo
único)
C. Abandono
•O sujeito se desfaz da coisa que detém domínio,
intencionalmente, tornando a coisa res derelicta (art. 1.275, inc.
III)
• Segundo o art. 1.276, o imóvel que o proprietário abandonar, com
a intenção de não mais o conservar em seu patrimônio, e que se
não encontrar na posse de outrem, poderá ser arrecadado como
bem vago, e passar, três anos depois, à propriedade do Município
(se urbano) ou à União (se rural)
Modos Involuntários:
A. Desapropriação
• Regulamentada pelo Direito Administrativo (art. 1.275, inc. V)
B. Arrematação
• Perda judicial da propriedade pela alienação em hasta pública
C. Adjudicação
• Perda judicial da propriedade pelo próprio exequente
E. Prescrição penal
• Bens contrabandeados ou falsificados
F. Requisições
• Em tempos de guerra para uso do Estado
Árvores limítrofes
vizinhança
Passagem forçada
Direitos
de
Canos e tubulações
Águas
Passagens
Direito de construir
B. A lei (legal)
• Que se subdivide em:
1. Forçada 2. Incidental
• Ocorre por força inevitável do • Resulta das circunstâncias, dos
estado da coisa, como, por fatos, como no caso da
exemplo, os tapumes (cercas abertura da sucessão
etc.), formação de ilhas, hereditária, por exemplo
comistão, confusão e adjunção
etc.
A. Alienação
• A alienação voluntária só não extingue o condomínio quando a
unanimidade dos condôminos resolver que ele se mantém
B. Divisão
• Quando a coisa é divisível, opera-se a partilha do bem, que torna
cada fração ideal em parte real
C. Depende de
aprovação por Benfeitorias úteis (art. 1.341, inc. II)
maioria simples
A. Ordinária
• Obrigatória, pelo menos uma vez por ano, convocada pelo síndico
(art. 1.350), na qual todos os condôminos devem ser convocados
(art. 1.354)
B. Extraordinária
Considerações Finais
Com isso, finalizamos a primeira parte do terceiro Livro da Parte Especial do
CC/2002, relativamente ao Direito das Coisas. Na aula que vem, finalizaremos o
terceiro Livro da Parte Especial do CC/2002.
Foco no estudo!
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!
Paulo H M Sousa