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Manual UFCD 8899

Envelhecimento demográfico

Fernanda Dias
02-01-2019
Manual UFCD 8899 | Fernanda Dias

INSTITUTO DO EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL, I. P.


CENTRO DE EMPREGO E FORMAÇÃO PROFISSIONAL DE BRAGA

Índice
Ciclo de vida (da criança ao idoso)
Processo de maturação – fenómeno natural de todas as fases do ciclo de vida do ser
humano ….…………………………………………………………………………………………………………….1
Maturação do sistema de valores – Pirâmide de Maslow ................................................... 6
Período temporal e os aspetos que demarcam as diferentes fases do ciclo de vida ........... 9

Tendências e análise da demografia mundial


Dados sobre o envelhecimento demográfico mundial atual e estimativas até ao ano de
2025 .......................................................................................................................................11
Fatores que determinam o envelhecimento demográfico mundial ...……………..….……..14
Repercussões sociais do envelhecimento demográfico ……………………………………………16

Demografia Portuguesa: tendências na transição do século XX para o século XXI

Dados sobre o envelhecimento demográfico da população Portuguesa ……………………..23

Pirâmides etárias (comparação de diferentes anos) ………………………………………………..28

Esperança média de vida e os fatores que contribuem para o seu aumento ……………….32

Fatores que contribuem para o índice de envelhecimento …………………………………….…34

Estereotipo, mitos e representações sociais da população idosa

Conceito de estereotipo (estereotipo positivo e negativo) ………………………………………..37

Mitos mais comuns sobre a população idosa ……………………………………………………….…39

Atitudes negativas mais comuns para com a pessoa idosa (gerontofobia, idadismo e
infantilização, p.e )……………………………………………………………………………………………….40

Ajustamentos psicossociais nos idosos

Ajustamento pessoal e social …………………………………………………………………………………41

Fatores que influenciam os ajustamentos psicossociais …………………………………………..43

Funcionamento psicológico – fatores para um bom funcionamento ………………….……..44

Tarefas evolutivas ………………………………………………………………………………………………..45

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1. Ciclo de Vida

a. Processo de maturação – fenómeno natural de todas as


fases do ciclo de vida do ser humano

A conceção de estudar o desenvolvimento na perspetiva do ciclo de vida coloca o


pesquisador diante de questões que têm reflexos diretos na sua prática de
pesquisa, como: que mudanças ocorrem durante o desenvolvimento, a
continuidade de períodos, que experiências influenciam o desenvolvimento e
como o ambiente mobiliza o sujeito na construção do seu desenvolvimento.

Para Palácios (2004), “estudar as diferenças no desenvolvimento dos indivíduos


traz implícita a ideia de buscar compreender, primeiramente, as propriedades
comuns, para que seja possível entender as diferenças.” Assim, os estudiosos do
desenvolvimento por ciclos de vida procuram compreender as diferenças
comportamentais que existem entre indivíduos, grupos e culturas a partir do
que lhe é comum.

O conceito de períodos de desenvolvimento por ser uma construção social, como


relatado anteriormente nem sempre foi assim e por isso é passível de
modificações devido às influências culturais do pensamento vigente.
Dividiremos o ciclo de vida em oito períodos, explicando de forma sintética cada
período, com as necessidades e tarefas específicas em termos de
desenvolvimento.

Os períodos dos ciclos de vida são:


1. Período Pré-natal (da conceção ao nascimento)
2. Primeira Infância (do nascimento aos 3 anos)
3. Segunda Infância (3 a 6 anos)
4. Terceira Infância (6 a 11 anos)
5. Adolescência (11 a 20 anos)
6. Vida adulta (21 a 40 anos)
7. Meia-idade (40 a 65 anos)
8. 3ª idade ou velhice (após 65 anos)

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Todos os períodos apesar de sua divisão cronológica podem sofrer variações de


acordo com as influências culturais, hereditariedade, etnia, contexto histórico,
gênero, questões socioeconómicas, entre tantas outras influências, além das
características inerentes ou próprias da individualidade de cada sujeito, porém
todas apresentam uma evolução na maturação do ser humano. Apesar das
diferenças, porém, os cientistas sugerem que certas necessidades básicas
precisam ser satisfeitas e certas tarefas precisam ser dominadas durante cada
período para que ocorra um desenvolvimento próximo ao normal.

Cabe lembrar novamente que os primeiros trabalhos sobre o desenvolvimento


humano foram destinados a estudar a relação do diagnóstico e do tratamento de
problemas de desenvolvimento, e em geral foi orientado por profissionais da
medicina, os pediatras. Eles se iniciaram por décadas de pesquisas sobre o
trabalho de Arnold Gesell na primeira metade do século XX, que, pela
observação dos estágios do desenvolvimento motor, forneceu informação
fundamentada em pesquisa sobre desenvolvimentos que normalmente ocorrem
em várias idades (GESSEL, 2000).

Seus estudos impulsionaram a criação de institutos de pesquisa nas décadas de


1930 e 1940 em universidades como Iowa, Minnesota, Columbia, Berkeley e
Yale. Marcou o surgimento da psicologia da criança como uma verdadeira
ciência, com profissionais habilitados (PAPALIA et al., 2006).

Antes de descrevermos como é cada período do ciclo de vida, precisamos


compreender que inúmeros teóricos produziram conceitos procurando
descrever, explicar, predizer e modificar o comportamento.

Para Papalia et al. (2006), três questões básicas norteiam os trabalhos destes
teóricos:
• Como a hereditariedade ou o ambiente atuam na produção dos
comportamentos que nos tornam humanos;
• Qual o grau de participação do sujeito (ativo ou passivo) em seu
próprio desenvolvimento;
• Como as etapas são progressivas e contínuas;

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Dois modelos teóricos predominaram na busca da formulação de hipóteses e


posterior criação dos conceitos teóricos: o modelo mecanicista e o modelo
orgânico. O primeiro modelo está baseado em como o sujeito reage ao ambiente,
acreditando que o desenvolvimento é algo contínuo e modulado por mudanças
quantitativas. O segundo modelo é baseado no desenvolvimento desencadeado
internamente pela pessoa, de forma ativa; o ambiente poderia apenas acelerar
ou retardar os seus processos, suas avaliações são mais qualitativas baseadas em
como “as pessoas lidam com diferentes tipos de problemas e desenvolvem
diferentes tipos de capacidade” (PAPALIA et al, 2006; BEE, 2011; BELSKY,
2010).

O conhecimento de diferentes teorias do desenvolvimento humano pode


facilitar sua compreensão. Mas é importante ressaltar que mesmo teorias
diferentes apresentam conceitos que se complementam, pois, a maioria das
teorias enfatiza um campo do desenvolvimento (físico, cognitivo ou
psicossocial).

Dentre as inúmeras perspetivas teóricas, destacam-se (PAPALIA et al, 2006;


BEE, 2011; BELSKY, 2010):

• A perspetiva psicanalítica que considera que o desenvolvimento é motivado


por conflitos emocionais inconscientes. Seus principais teóricos foram Freud e
Erikson. Freud, com a teoria do desenvolvimento psicossexual, diz que o
desenvolvimento psicológico se dá por etapas sequenciais, nas quais, a criança
mobiliza sua atenção e concentra toda sua energia (libido) em uma determinada
zona corporal. Erikson, com a teoria do desenvolvimento psicossocial, difere da
teoria freudiana ao destacar as influências da sociedade sobre o indivíduo,
produzindo as formas como este reagiria.

• A perspetiva da aprendizagem acredita que o desenvolvimento é o resultado da


aprendizagem, que seria a resposta aos eventos externos. Destaca-se o
behaviorismo de Watson e Skinner, atribuindo que os comportamentos
humanos são condicionados por uso de reforço ou punição, com a teoria da
aprendizagem social, onde os sujeitos aprenderiam observando o
comportamento de outras pessoas.

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• A perspetiva humanista considera que as pessoas escolhem conscientemente


suas próprias metas num sistema hierárquico, culminando com a
autorrealização. Seu principal representante é Maslow.

• A perspetiva cognitiva, baseada em especial nos estudos de Piaget também


considera que o sujeito é ativo durante o desenvolvimento, desencadeado pelas
respostas à experiência, desde a exploração sensório-motor até os processos
formais de aprendizagem. Também compõem esta perspetiva os teóricos que
estudam o funcionamento cognitivo dos processos mentais e do
desenvolvimento do cérebro.

• A perspetiva etológica postula que o desenvolvimento humano se concentra


nas bases biológicas e evolucionistas do comportamento, para a promoção e
sobrevivência do grupo ou da espécie. Seu principal teórico é Bowlby.

• Por fim, segundo a perspetiva contextual, o desenvolvimento do indivíduo só


pode ser compreendido em seu contexto social. Seus principais teóricos são
Bronfenbrenner e Vigotsky, este último destacando a influência dos adultos no
desenvolvimento das crianças.

É importante ressaltar que, mesmo se tratando de diferentes teorias de


desenvolvimento, todas as abordagens apresentam conceitos que se
complementam. Assim, os principais pressupostos de cada teórico podem
auxiliar na compreensão da globalidade do desenvolvimento humano, bem
como na deteção e na prevenção de problemas relativos ao desenvolvimento em
suas particularidades.

Maturação é o desenvolvimento das estruturas corporais, neurológicas e


orgânicas. Abrange padrões de comportamento resultantes da atuação de algum
mecanismo interno. A maturação conduz ao desenvolvimento do potencial do
organismo e independe de treino ou estimulação ambiental.

Caracteriza-se por mudanças estruturais influenciadas pela hereditariedade,


que ocorre em dado momento, envolvendo a coordenação de numerosas partes
do sistema nervoso. Toda a atividade humana depende da maturação. Desde o
mais simples comportamento, como segurar um objeto, até as abstrações e
raciocínios mais complexos.

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A maturidade, portanto, não é algo pronto e acabado, é o processo de


desenvolvimento biológico que ocorre numa série de etapas, de forma
semelhante nos indivíduos da mesma espécie, ou seja, inicia-se na vida
embrionária e vai até a morte.

Desde o instante em que o indivíduo entra em contato com o meio ambiente, ele
está apto a desenvolver habilidades e aptidões, de acordo com sua maturidade
física, emocional, mental, social e mesmo a maturidade geral das
personalidades.

b. Maturação do sistema de valores – Pirâmide de Maslow

Maslow define cinco categorias de necessidades humanas: fisiológicas,


segurança, sociais, estima e de autorrealização.

Quem foi Abraham Maslow?


Pirâmide de Maslow: Entenda a Hierarquia das Necessidades Humanas -
Abraham Harold MaslowAbraham Harold Maslow (1908-1970) foi um
psicólogo americano, descendente de russos e judeus, nascido no Brooklyn.
Estudou direito no City College of New York (CCNY), mas apaixonou-se mesmo
por psicologia, tendo cursado na Universidade de Wisconsin. Posteriormente
fez mestrado, doutorado e se tornou uma referência no campo da psicologia
humanista.

Maslow estudou diversas correntes da psicologia como a psicanálise, Gestalt e a


humanista. Mas sua teoria mais famosa é a da hierarquia das necessidades
humanas, muito utilizada na gestão de pessoas e na gestão de clientes. Abraham
Maslow faleceu na Califórnia, nos Estados Unidos, no dia 08 de junho de 1970,
vítima de um ataque cardíaco.

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A Teoria de Maslow
Segundo Maslow, seres humanos possuem necessidades diferentes que se
sobrepõem umas as outras. Dessa forma, quando suprimos um grupo de
necessidades, nossa motivação é redirecionada para o próximo grupo.

Através de seus estudos, Maslow ilustrou as hierarquias de necessidades


humanas através de uma pirâmide. Nesta, as necessidades mais básicas,
relacionadas a vida, estão na base da pirâmide. Enquanto as necessidades mais
abstratas, relacionadas ao espírito estão no topo da pirâmide.

Falaremos mais a fundo de cada grupo de necessidade, mas antes, é importante


entender a lógica e os fundamentos da pirâmide de Maslow. A mensagem que
ela passa, fundamentalmente, é que para motivar as pessoas um líder precisa
antes entender que grupo de necessidades elas possuem no momento.

Não adianta tentar direcionar a motivação das pessoas para necessidades


abstratas, se elas ainda possuem necessidades básicas não saciadas.

Etapas da Hierarquia das Necessidades de Maslow

Figura 1: Pirâmide de Maslow

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Necessidades fisiológicas: está é a base da Pirâmide, onde estão as


necessidades básicas de qualquer ser humano, como a fome, a sede, a
respiração, a excreção, o abrigo e o sexo, por exemplo.
Necessidades de segurança: é o segundo nível da hierarquia, onde estão os
elementos que fazem o indivíduo se sentirem seguros, desde a segurança em
casa até meios mais complexos, como a segurança no trabalho, segurança com a
saúde (planos de saúde) e etc.
Necessidades sociais: é o terceiro nível da Pirâmide. Neste grupo estão as
necessidades de se sentir parte de um grupo social, como ter amigos, constituir
família, receber carinho de parceiros sexuais e etc.
Necessidades de Status ou Estima: é a quarta etapa da Pirâmide de
Maslow, que agrupa duas principais necessidades - a de reconhecer as próprias
capacidades e de ser reconhecido por outras pessoas, devido a capacidade de
adequação do indivíduo. Ou seja, é a necessidade que uma pessoa tem de se
orgulhar de sim própria, sentir a admiração e orgulho de outros indivíduos, ser
respeitada por si e pelos outros, entre outras características que envolvam o
poder, o reconhecimento e o orgulho, por exemplo.
Necessidades de autorrealização: este é o topo da Pirâmide, quando o
indivíduo consegue aproveitar todo o potencial de si próprio, com autocontrole
de suas ações, independência, a capacidade de fazer aquilo que gosta e que é
apto a fazer, com satisfação.

Existem algumas particularidades em relação as etapas da Pirâmide de Maslow


que devem ser levadas em consideração:
• Uma etapa deve ser saciada (pelo menos em parte) para que o indivíduo
passe para o próximo nível da hierarquia.
• As necessidades da autorrealização nunca são saciadas, sempre que uma
necessidade se sacia, surgem novas ânsias e objetivos.
• As necessidades fisiológicas nascem com os seres humanos e são as mais
fáceis de serem saciadas, ao contrário das outras etapas.
• Quando se conquista determinados elementos de um grupo de
necessidades, o indivíduo sempre se motiva em conseguir atingir mais
objetivos.
• As necessidades insatisfeitas, ou seja, que não conseguirem ser
cumpridas, implicam reações negativas no comportamento do indivíduo,
como frustrações, medos, angústias, inseguranças e etc.

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• Maslow ainda identificou, após a construção do esquema da Pirâmide,


outras duas necessidades do indivíduo que se considera autorrealizado,
que foram classificadas como "cognitivas".

Uma delas é a necessidade de conhecer e compreender o mundo a sua volta,


como a natureza, a sociedade e o universo funcionam, por exemplo. A outra
característica chama-se "necessidade de satisfação estética", que significa a
procura pela perfeição, simetria, arte e beleza em geral. Este elemento está
relacionado com a exigência do ser humano em estar, por norma, sempre dentro
do padrão de beleza vigente na sociedade.

c. Período temporal e os aspetos que demarcam as


diferentes fases do ciclo de vida

Ao longo de nossa vida, passamos por várias fases de mudanças. Sambem


evidentes as diferenças entre uma criança e um adulto, e entre este e um
idoso, não é mesmo? Os humanos, como os demais seres vivos, nascem,
crescem, reproduzem e morrem.

Nossa vida é um processo contínuo e, à medida que tempo passa,


aprendemos a conviver com as transformações que sofremos, escrevendo
nossa própria história. Na espécie humana, a vida inicia quando as
gametas de nossos pais se encontram no interior do corpo de nossa mãe.
Passados alguns dias dessa união, forma-se um embrião, que se fixa ao
útero materno, onde ele crescerá passará por profundas transformações,
que darão origem às estruturas do corpo humano.

Após nove meses de gestação, nascerá um bebê, que iniciará uma nova
fase da vida do ser humano: a infância. Nossa infância vai até os 11 anos
de idade. Nessa fase, inúmeras transformações físicas, psicológicas e
sociais ocorrem em nossas vidas, de maneira muito rápida. Nela
aprendemos a engatinhar, a andar, a falar, a ler, a escrever e a interagir
com o mundo ao nosso redor. É uma época de descobertas e intensas
modificações influenciadas pelo ambiente onde estamos inseridos. É
incrível como nosso corpo e mente se modificam. Tornamos-mos cada
vez mais capazes de compreender o que acontece ao nosso redor.

Através das brincadeiras, da escolarização, da convivência com outras


pessoas e das outras formas de interação que vivemos no mundo

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mudamos constantemente nossa forma de perceber o mundo, ao mesmo


tempo em que continuamos totalmente dependentes de nossos pais ou
responsáveis. Quando nos acostumamos com as ideias e com o corpo que
temos, inicia-se uma nova fase em nossas vidas, com a chegada da
adolescência. Adolescência tem início com a puberdade, período que, em
geral, vai dos 10aos 13 anos, nas meninas e dos 12 aos 13 anos, nos
meninos.

A puberdade marca um momento muito importante de nosso ciclo vital,


representado pelo amadurecimento de nosso sistema reprodutor. Nosso
sistema reprodutivo, assim como nós, nasce imaturo, ainda não está
pronto para exercer suas funções. Ele passa por um lento
amadurecimento que se completa na puberdade. A partir dessa etapa,
nossas gametas ficam disponíveis para, futuramente, originar um novo
ser. Na puberdade, o corpo e a mente começam a sofrer transformações
bastante evidentes.

Passadas essas transformações, tornamo-nos adolescentes e essa nova


fase vai durar até os nossos 20 anos de idade. Como são muitas as
mudanças que sofremos e não estamos preparados para elas, nessa etapa
da vida, vivemos muitos conflitos internos e sociais. Mas é importante
saber que essas dificuldades são naturais: temos condições de vivenciá-
las e de nos tornarmos adultos saudáveis.

A fase adulta chega com os 21 anos de idade. Nela temos mais autonomia
e somos capazes de tomar decisões e assumir maiores responsabilidades.
Começamos a apresentar uma independência financeira em decorrência
do trabalho, conhecemos melhor o nosso corpo e passamos querer
construir a nossa própria família.

Passada a fase adulta, vivemos a velhice. Com a melhoria das condições


de vida da população, os seres humanos têm, atualmente, uma maior
expectativa de vida; com isso, aumenta o número de pessoas idosas no
país.

Pelo tempo prolongado de vida, o corpo humano passa a apresentar uma


série delimitações, físicas e emocionais, que, muitas vezes, requerem uma
maior dedicação e paciência dos familiares. Se pararmos para pensar,
esse é o ciclo natural da vida. Quando crianças, nossos pais cuidaram de
nós, respeitando nossas limitações devido à nossa idade; e, na velhice
deles, temos de retribuí-lhes o mesmo cuidado e atenção que tiveram
connosco.

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Muitos idosos sofrem com a rejeição e com o preconceito dentro de suas


próprias casas. Acredita-se que essa seja uma questão cultural observada
em parte de nossa sociedade. Maus tratos, rejeição, desrespeito são as
principais atitudes erradas que os idosos sofrem diariamente, ao nosso
redor. Mas não são todas as pessoas que agem assim com os mais velhos.
Em muitas culturas, principalmente nas orientais, os idosos são vistos
com respeito e veneração, representando uma fonte de experiências do
valioso saber acumulado ao longo dos anos.

2. Tendências e análise da demográfica mundial


a. Dados sobre o envelhecimento demográfico mundial
atual e estimativas até ao ano de 2025

As projeções feitas pelo Instituto Nacional de Estatística revelam que a


população de Portugal poderá passar de 10,292 milhões de habitantes em 2017
para 7,478 milhões em 2080. O ano de 2031 será marcante, com a população a
descer abaixo do número simbólico dos 10 milhões de habitantes.

Figura 2: Variação da população Portuguesa desde 2017 a 2080


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O envelhecimento da população portuguesa vai estabilizar apenas em 2049,


revelam as últimas projeções do Instituto Nacional de Estatística (INE) até
2080. As contas do INE foram feitas para três cenários: pessimista, otimista e
médio.

O número de idosos passará de 2,1 para 2,8 milhões entre 2017 e 2080. Face ao
decréscimo da população jovem, a par do aumento da população idosa, o índice
de envelhecimento mais do que duplicará, passando de 147 para 317 idosos por
cada 100 jovens em 2080.

O índice de envelhecimento só tenderá a estabilizar perto de 2060, quando as


gerações nascidas num contexto de níveis de fecundidade abaixo do limiar de
substituição das gerações – isto é, cerca de 2,1 filhos por mulher – já se
encontrarem no grupo etário dos 65 anos ou mais.

O INE fez também projeções para as sete regiões do país – Norte, Centro, Área
Metropolitana de Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira –, tendo
concluído que estas tendências são em geral transversais a todas as regiões.

Entretanto, a população em idade ativa diminuirá de 6,7 para 3,8 milhões de


pessoas. E o índice de sustentabilidade (quociente entre o número de pessoas
com idades entre 15 e 64 anos e o número de pessoas com 65 e mais anos)
poderá diminuir de forma acentuada, face ao decréscimo da população em idade
ativa, a par do aumento da população idosa. Este índice passará de 315 para 137
pessoas em idade ativa, por cada 100 idosos, entre 2015 e 2080.

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Figura 3: Variação população com mais de 65 anos

FORTE QUEDA NO NÚMERO DE JOVENS

Quanto ao número de jovens, diminuirá de 1,5 para 0,9 milhões. Mesmo


admitindo "aumentos no índice sintético de fecundidade, resulta, ainda assim,
uma diminuição do número de nascimentos, motivada pela redução de
mulheres em idade fértil, como reflexo de baixos níveis de fecundidade
registados em anos anteriores", explica o INE em comunicado.

As Projeções de População Residente são publicadas pelo INE a cada três anos,
sendo desagregadas por sexo e por idade, para Portugal e para as regiões. Foram
definidos quatro cenários de projeção da população: baixo, central, e sem
migrações, com base em diferentes conjugações das hipóteses alternativas de
evolução das componentes de evolução demográfica: pessimista, central e
otimista para a fecundidade; central e otimista para a mortalidade; e pessimista,
central e otimista, para as migrações, a que se juntou ainda uma hipótese sem
migrações.

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Os resultados obtidos não devem ser entendidos como previsões, uma vez que
são condicionados pelo volume e pela estrutura da população, no momento de
partida (2017) e pelos diferentes padrões de comportamento da fecundidade, da
mortalidade e das migrações, estabelecidos em cada um dos cenários, ao longo
do período de projeção.

Figura 4: Percentagem de população masculina e feminina para intervalos de idade

b. Fatores que determinam o envelhecimento demográfico


mundial

Durante o processo de envelhecimento, as mudanças associadas ao


avanço da idade são altamente específicas para cada pessoa, começando
em diferentes partes do corpo, em momentos diferentes e, com um ritmo
e alterações também diferentes nas células, tecidos e órgãos.

Com relação a fatores externos, os mais conhecidos por agredirem


organismo e acelerarem o processo de envelhecimento são: poluição
ambiental, fumo, álcool, exposição exagerado às radiações solares, etc.

Independente da causa sabe-se que o envelhecimento não está vinculado


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unicamente à quantidade de anos que o indivíduo viveu, mas também a


perda de suas funções.

A maior parte dessas alterações está relacionada ao modo de como este


tempo foi vivido.

Fazer uso de medicamentos sabiamente podem prevenir doenças e o


declínio funcional, aumentar a longevidade e a qualidade de vida do
indivíduo.

Problemas de saúde induzidos por diagnósticos ou tratamentos e


causados pelo uso de remédio são comuns na 3° idade, devido à interação
medicamentosa, dosagens inadequadas e maior frequência de reações
imprevisíveis através de mecanismos desconhecidos. Com o advento de
muitas terapias novas, há uma maior necessidade de se estabelecer
sistemas para prevenir reações medicamentosas adversas e informar
tanto profissionais da saúde quanto o público idoso sobre os riscos e
benefícios de terapias modernas.

Os idosos tendem a beber menos que os jovens, as mudanças de


metabolismo que acompanham o processo de envelhecimento aumentam
a suscetibilidade dos mais velhos as doenças relacionadas ao álcool, como
desnutrição e doenças do estômago, pâncreas e fígado. As pessoas idosas
apresentam maior risco de lesões e quedas devido ao álcool, assim como
riscos potenciais associados à mistura com álcool com medicamentos.

O álcool usado em pequenas quantidades (até uma por dia) pode oferecer
alguma forma de proteção contra derrame e doença coronariana em
indivíduos com 45 ou mais.

Como as pessoas idosos frequentemente tem problemas crônicos, elas


necessitam utilizar mais medicamentos tradicionais adquiridos sem
receita médica e receitados que pessoas mais jovens. Na maioria dos
países, os idosos de baixa renda têm pouco ou nenhum acesso a subsídios
para medicamentos.

Assim muitos deixam de comprar ou gastam uma grande parte do


rendimento já escasso em remédio.

Cáries, doenças periodontais, perda de dentes e cancro bucal causam


outros problemas orgânicos de saúde. Esses problemas tornam-se um
ônus financeiro para indivíduos e sociedade, e podem reduzir a
autoconfiança e qualidade de vida. Alguns estudos demonstram que uma
saúde oral precária está associada à desnutrição e, portanto, ao maior
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risco de desenvolver várias doenças não transmissíveis.

A promoção de saúde oral e programas de prevenção de cárie criados


para estimular as pessoas e manterem seus dentes naturais precisam
começar ainda cedo e continuar ao longo da vida. Devido à dor e pior
qualidade de vida associadas aos problemas de saúde oral são necessários
serviços básicos de tratamento dental e também serviços especializados
como os de prótese.

O acesso de medicamentos necessários é insuficiente por si só, a não ser


que seja grande a adesão a tratamentos de longo prazo para doenças
crônicas relacionadas ao envelhecimento. A adesão inclui a adoção e
manutenção de vários tipos de comportamentos (ex: dieta saudável,
atividade física, abstinência de fumo), assim como o consumo de
medicamentos de acordo com a orientação de um profissional da saúde.
Estima-se que, em países desenvolvidos, a adesão a terapias de longo
prazo seja apenas 50%, em média.

Em países de desenvolvimento, as taxas ainda são menores, o que


compromete gravemente a eficiência dos tratamentos e traz implicações
importantes na qualidade de vida e economia para a saúde pública. Só se
conseguirá atingir os resultados sobre a saúde da população previstos por
dados sobre a eficácia do tratamento, se as informações sobre a adesão,
os avanços na tecnologia biomédica não irão utilizar seu potencial para
reduzir a carga de doenças crônicas.

Os problemas de alimentação em todas as idades incluem tanto a


desnutrição (mais frequentemos não exclusivamente, nos países menos
desenvolvidos) como o consumo excessivo de calorias. Nos idosos, a
desnutrição pode ser causada pelo acesso ilimitado a alimentos,
dificuldades socioeconômicas, falta de informação e conhecimento sobre
nutrição, escolhas erradas de alimentos (alimentos ricos em gordura, por
exemplo), doenças e uso de medicamentos, perda de dentes, isolamento
social, deficiências cognitivas ou físicas que inibem a capacidade de
comprar comidas e prepará-las, situações de emergência e falta de
atividade física.

O consumo excessivo de calorias aumenta muito o risco de obesidade,


doenças crônicas e deficiências durante o processo de envelhecimento.

Dietas ricas em gordura (saturada) e sal, pobre em frutas e


legumes/verduras e que suprem uma quantidade insuficiente de fibras e
vitaminas, combinadas ao sedentarismo, são os maiores fatores de risco
de problemas crônicos, como diabete, doença cardiovascular, pressão
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alta, obesidade, artrite e alguns tipos de câncer.

O cálcio e a vitamina D em quantidade insuficiente estão associados à


perda na densidade óssea durante a velhice, e consequentemente, a
aumento de fraturas que causam dor, tem custo elevado e debilitam em
especial mulheres idosas. Em populações com uma alta incidência de
fraturas, pode-se reduzir os riscos através do consumo adequado de
cálcio e vitamina D.

c. Repercussões sociais do envelhecimento demográfico

As consequências do envelhecimento da população é o aumento do grau/nível de


dependência dos idosos. O índice que procura traduzir esta variável é calculado
através do quociente entre o número de idosos e o número de cidadãos ativos
existentes numa dada região, neste caso em Portugal.

Como podemos observar na tabela acima, retirada da base de dados Pordata, o


índice de dependência dos idosos, tal como esperado, tem vindo a aumentar,
estando atualmente nos 32%. A população inativa tem vindo sempre a aumentar
devido ao aumento da população idosa, o que vai originar problemas
económicos, e também não é favorável à população jovem, que é cada vez menos.
No futuro, se esta tendência não se alterar, os jovens vão ter problemas ao nível
da criatividade e da inovação.

Esta elevada dependência por parte dos idosos em relação à pouca população
ativa ainda existente remete-nos para uma questão existencial: Será que, se nada
mudar, Portugal terá capacidade para ter estabilidade ao nível económico e
financeiro que chegue para preservar e assegurar boas condições de vida para a
sua população? Logicamente que, se o envelhecimento continuar a agravar-se e o
número de jovens continuar a diminuir, dificilmente teremos essas condições
asseguradas pois a população ativa no nosso país não será suficiente para
assegurar o seu futuro.

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Figura 5: Produtividade Portuguesa

Como podemos observar, a redução da produtividade ainda não é uma das


consequências do envelhecimento mais sentidas na sociedade portuguesa. No
entanto, podemos detetar um início de estagnação ao nível da produção entre
2011 e 2016 quando comparado com o grande aumento que ocorreu entre 1995 e
2008.

O envelhecimento da sociedade portuguesa tem um grande impacto no que diz


respeito a esta estagnação visto que, como é normal, os jovens em início de
carreira têm uma maior capacidade produtiva do que a população mais velha e
idosa em finais de carreira. Visto que o número de idosos está a aumentar cada
vez mais e o número de jovens cada vez mais a diminuir, caso este cenário não
mude, podemos prever um grande decréscimo ao nível da produção bruta
portuguesa.

Este decréscimo, por sua vez, terá um grande impacto ao nível económico visto
que Portugal estará menos disponível para eventuais oportunidades que possam
aparecer bem como estará menos apto para inovar, algo que é cada vez mais
essencial para manter uma economia sustentável.

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Figura 6: Natalidade Portuguesa

Como podemos constatar através do gráfico, a natalidade em Portugal tem vindo


a diminuir substancialmente.

Exceção à regra são os dois períodos focados no gráfico. O primeiro ocorreu nos
anos de 1975 e 1976 muito por culpa do 25 de Abril de 1974 e consequente
retorno a Portugal de muitas famílias portuguesas. O segundo verificou-se entre
1996 e 2000 devido a uma fase de maior fulgor da economia portuguesa e
também à entrada de muitos imigrantes no nosso país. Atualmente, Portugal
aparenta estar novamente numa curva ascendente no que à natalidade diz
respeito.

Nestes últimos anos, o desfecho tem sido mais animador. Em 2015, Portugal teve
85500 nascimentos, um aumento de 3133 face ao ano de 2014. Em 2016,
Portugal teve 87126 nascimentos (valor não indicado no gráfico) um aumento de
1626 nascimentos face ao ano anterior. É certo que não deixa de ser um
indicador bastante positivo, porém, não se trata de uma subida abrupta o que
leva a que não haja uma alteração do rumo dos acontecimentos.

O mesmo explica Maria Filomena Mendes, Presidente da Sociedade Portuguesa


de Demografia. “Nas projeções que fazemos no Laboratório de Demografia de
Évora, analisando apenas o movimento natural, as perspetivas são sempre de
declínio demográfico. Mesmo que atingíssemos o índice de fecundidade de 2.1
filhos por mulher — que é o limite mínimo para renovação de gerações —
 perderíamos população. Tem a ver com o resultado das últimas décadas: temos
gerações menores em dimensão e mesmo que tenham mais filhos, será sempre
uma natalidade menor”.

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Acrescentar ainda que estes dados são ainda mais preocupantes quando
observamos que em 1960 a taxa bruta de natalidade cifrava-se nos 24,1 ‰,
enquanto que no ano de 2016 esta taxa é apenas de 8,4‰.

Este grande declínio ao nível da taxa bruta de natalidade deve-se em grande


parte ao envelhecimento da população portuguesa que se tem vindo a verificar ao
longo dos últimos anos. Com a população a tornar-se mais envelhecida começa a
haver cada vez menos mulheres na idade ótima para a fecundidade (entre os 15 e
os 49 anos). Tal acontecimento leva a que não seja possível atingir o índice
mínimo de renovação de gerações que estabelece 2,1 como o valor que
corresponde ao número de filhos que, em média, cada mulher deverá ter. Como é
do conhecimento geral, isto irá fazer com que no futuro não seja possível haver
uma renovação de gerações adequada prejudicando o futuro das gerações mais
novas da nossa população portuguesa.

Figura 7: Indicadores de envelhecimento Português

Como podemos verificar no gráfico acima e como resumiu Fernando Casimiro,


coordenador do gabinete de censos 2011 do INE, “Estamos significativamente
mais velhos.”, relembrando que este fenómeno se deve ao facto de haver cada vez
mais mulheres que têm cada vez menos filhos. Desde 1982 que o índice sintético
de fecundidade tem um valor que não permite uma renovação de gerações
adequada (inferior a 2,1). Fernando Casimiro acrescenta ainda que “Temos hoje
um dos índices sintéticos de fecundidade mais baixo do mundo.”, sabendo que
nos últimos 30 anos perdemos cerca de 1 milhão de jovens, entre zero e 14 anos,
e ganhámos cerca de 900 mil idosos, isto é, pessoas com mais de 65 anos.

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Este é um cenário bastante preocupante para o futuro das gerações mais novas e
por essa razão é necessário o governo tomar medidas que incentivem o aumento
da natalidade no nosso país, como por exemplo o aumento de subsídios a
famílias com dois ou mais filhos, entre outras medidas.

Insustentabilidade da dívida

Com o envelhecimento da população portuguesa e uma redução da natalidade ao


longo dos últimos anos, é esperada uma redução da população portuguesa em
29% entre 2015 e 2100, quase três vezes mais do que a média da zona euro (9%).

Este declínio previsto para a população de Portugal representa uma séria ameaça
às finanças públicas portuguesas. De acordo com o FMI, num relatório sobre os
impactos adversos do desenvolvimento demográfico em Portugal divulgado a
22/09/2016, “Nesse cenário, a despesa pública relacionada com o
envelhecimento aumentaria mais de sete pontos percentuais do Produto Interno
Bruto (PIB) e a dívida pública tornar-se-ia insustentável”.

Neste cenário, o FMI admite que a despesa com o envelhecimento aumente 6,1
pontos percentuais do PIB até 2050 e 7,4 pontos percentuais até 2100.

Figura 8: Despesas do estado Português na saúde

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Como podemos observar pelo gráfico acima apresentado, entre 1980 e 2009
ocorreu um grande aumento na despesa do Estado com a saúde. De acordo com
o FMI, está previsto que este aumento da despesa pública com a saúde se
acentue ainda mais num futuro próximo. Em 2050 esta despesa representará 5,8
pontos percentuais do PIB dentro dos 6,1 pontos percentuais do PIB que
representam a total despesa com o envelhecimento em 2050. Estes valores
representam o maior rácio de despesa com saúde face ao PIB perante os países
comparáveis (como Espanha) e uma grande diferença face à média da zona euro.

No que diz respeito às pensões está previsto que a despesa aumente em 1 ponto
percentual até 2035.

Figura 9: Gráfico de despesas do estado Português

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Partindo do gráfico acima podemos concluir que, de facto, a despesa com a


segurança social (reformas) e com a saúde (idosos) representa mais de metade
do total da despesa pública portuguesa.

Perante este cenário e as previsões que são feitas para o futuro do nosso país que
já foram abordadas neste relatório anteriormente, é admissível que façamos a
seguinte pergunta: Como irá o país sobreviver e ter capacidade para
pagar esta despesa com o envelhecimento sabendo que a população
ativa está cada vez mais a diminuir e a população idosa a
aumentar?

A resposta a esta pergunta não se afigura muito positiva no que respeita ao


futuro da sociedade portuguesa. Para conseguirmos suportar estes custos com o
envelhecimento só existem duas hipóteses:

O Aumento dos impostos sobre os rendimentos da população ativa para garantir


as condições mínimas de vida para os idosos que são cada vez mais no nosso
país. Esta é uma solução que decerto não agradaria à população ativa do nosso
país visto que já desviam uma enorme percentagem do seu rendimento para o
Estado, portanto um aumento destes impostos (para a Segurança Social) iria
criar muitos protestos e provavelmente aumentar a emigração devido às más
condições fiscais existentes no nosso país.

A Redução das pensões da população idosa fazendo com que o esforço recaísse
mais sobre os idosos e não tanto em termos fiscais sobre a população ativa. Esta
solução também não seria a ideal visto que hoje em dia as pensões já são
bastante baixas, portanto diminuí-las ainda mais seria estar a contribuir para o
aumento da pobreza e mesmo da miséria, visto que seria impossível para muitos
idosos conseguirem ter as condições mínimas de subsistência.

Posto este cenário, o envelhecimento da população portuguesa, se não for


contrariado, pode vir a colocar a dívida pública numa trajetória insustentável,
visto que se prevê que o envelhecimento da nossa sociedade aumente mais
rapidamente do que o crescimento económico de Portugal.

Assim sendo é necessário que o Estado realize no curto prazo uma ação política
para combater este grande “desafio orçamental” através de políticas que
promovam o aumento do crescimento potencial.

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3. Demografia Portuguesa: Tendências na transição do seculo XX


para o seculo XXI
a. Dados sobre o envelhecimento demográfico da
população Portuguesa

Os efeitos do envelhecimento demográfico ainda não se faziam notar muito, em


Portugal, até meados da década de 60. Nos finais do séc. XX a composição da
população portuguesa apresentava características de duplo envelhecimento,
proporcionada pelo aumento da esperança média de vida e pelo grande declínio
da fecundidade. Verificando-se então a passagem de um modelo demográfico de
fecundidade e mortalidade elevados pare um modelo em que a fecundidade e a
mortalidade são reduzidas, provocando um estreitamento da base da pirâmide.

Através dos dados apresentados pelo INE podemos caracterizar as pessoas


idosas. Estes dados fazem a repartição da população, baseada
fundamentalmente no critério entrada/saída, da vida ativa, no grupo dos jovens,
adultos ou pessoas em idade ativa e os idosos. Segundo o INE éramos o quinto
país menos envelhecido no conjunto da União Europeia, tendo em conta a
população total. No entanto, num futuro próximo as projeções de população
indiciam uma estrutura etária envelhecida em Portugal. Em termos relativos e
absolutos, o aumento da população sénior é uma ocorrência com efeitos
acentuados na nossa sociedade. Na opinião de Rosa (1993:681) “existe uma
relação necessária de causa-efeito entre o envelhecimento demográfico e as
disfunções sociais”.

A mesma autora também menciona que os efeitos do envelhecimento


demográficos apesar de não serem dignos de preocupação, poderão tornar-se,
no panorama das sociedades em que este fenómeno se verifica, dado que “que o
aumento da importância dos indivíduos com idade avançada vai corresponder a
um agravamento do peso de uma fase do ciclo da vida: a velhice”.
Segundo dados recolhidos pelos censos, entre 1960 e 1991, o número total de
residentes no continente, na década de 60, sofreu uma diminuição (cerca de 3%,
passando o seu número de 8 293 milhares para 8 075 milhares). Na década de
70 aumentou significativamente (cerca de 16%), passando em 1981 o número de
residentes para 9 337 milhares e sem variações significativas no resto da década.
Em 1991, no continente, foram recenseados 9 371 milhares de pessoas.

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Figura 10: População Portuguesa em intervalos de idade em 2016

Figura 11: População Portuguesa em intervalos de idade em 2050

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Estas variações são o resultado não só da baixa natalidade como também da


existência de fortes fluxos migratórios ocorridos na década de 60 e que
originaram significativas transformações na estrutura etária, desenvolvendo
consequentemente o aumento do envelhecimento demográfico. Com o regresso
dos residentes das ex-colónias e a diminuição da emigração, a partir da década
de 70, verifica-se um significativo crescimento da população residente.

No final do ano 2000, Portugal contava com 10 257 milhares de indivíduos


residentes. Espera-se um aumento dos efetivos populacionais para 2010, que
rondará os 10 626 milhares. Após este ano, verificar-se-á uma inversão desta
tendência, decrescendo, em 2050, até aos 9 302 milhares de indivíduos. No
período compreendido entre 1960 a 1991, a população portuguesa envelheceu
duplamente. As percentagens de jovens variam de 29% para 20% e a dos idosos
que se situava nos 8% atinge os 14%. Esta inclinação continua a manter-se. O
número de jovens sofreu uma redução, os valores de 20,0%, verificados em
1991, foram substituídos por 16,0%, em 2001. Em contrapartida, os valores
referentes aos idosos aumentaram de 13,6% para 16,4%. Podemos, pois, dizer
que o número de idosos duplicou. Em 1960 o número de idosos era de 708 570.
Em 2001, os valores alteraram-se para 1 702 120, sendo 715 073 homens e 987
047 mulheres. De acordo com os valores referidos, e segundo os dados dos
Censos de 2001, podemos mencionar que a população idosa ultrapassa a jovem.

Figura 12: Variação entre jovens e idosos ao longo dos anos

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Na opinião de vários autores, para que exista uma restauração das famílias é
fundamental que a descendência média seja igual ou superior a 2,1 filhos por
mulher. Contudo, no nosso país, o número de filhos vai diminuindo, pois, os
valores registados, segundo o INE, foram os seguintes

Figura 13: Quantidade de mães necessárias para ter 10 bebés entre 1960 e 2014

Figura 14: Número médio de filhos por mulher

Ainda, de acordo com os resultados dos Censos 2001, o Norte do país possui a
mais baixa percentagem de idosos registada no Continente. O Alentejo possui o
maior número de idosos, seguido do Algarve e do Centro. A faixa litoral é a zona
menos envelhecida. As Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores possuem os

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menores níveis de envelhecimento do país, devidos a estas zonas geográficas


possuírem níveis de fecundidade mais elevados. Em 1960, o valor do índice de
envelhecimento era de 27,3. Em 1970, o valor era 34,0. Em 1981, o valor
verificado era 44,9. No período compreendido entre 1991 e 1999, o índice de
envelhecimento passou de 68,1 para 91, em 1999. Em 2001, o valor do índice de
envelhecimento registado era 104.
A tendência de envelhecimento da população poderá atenuar-se, mas não se
consegue contornar. Os idosos não cessarão de aumentar em valor absoluto, já
tendo ultrapassado os jovens nos anos de 2010 a 2015. Para se atenuar é
necessário conjugar saldos migratórios positivos e níveis de fecundidade mais
fortes. Prevê-se que no ano de 2050, o índice de envelhecimento seja cerca de
190 idosos por cada 100 jovens. Se analisarmos as previsões para o ano de 2025,
verificamos que o efeito da conjugação dos níveis de fecundidade, da esperança
de vida e dos saldos migratórios condicionam o envelhecimento demográfico,
com maior incidência na base da pirâmide.
Confirma-se o evidente fenómeno de envelhecimento até 2050, com igual
evidência tanto na base como no topo da pirâmide, agravado pelo efeito do
aumento da esperança de vida. Portugal, apesar da sua reduzida dimensão, é um
país muito diversificado internamente, em planos como os do tipo e densidade
de povoamento, das tradições e identidades culturais e étnicas, do dinamismo
económico e demográfico, da composição social e dos modos de vida.
Através dos estudos efetuados podemos constatar que o envelhecimento da
população portuguesa tem valores mais significativos nas zonas interiores, onde
a atividade económica é praticamente agrícola e comercial, com pouca indústria
e baixos níveis de desenvolvimento, estes elementos associados aos fenómenos
da emigração, ao aumento substancial da esperança de vida e outros indicadores
originam uma estrutura socioeconómica e demográfica em crise na sociedade.
Nas quatro últimas décadas, a sociedade portuguesa sofreu uma evolução
rapidíssima, especialmente acentuada na demografia, nos comportamentos
sociais e nas expectativas. Com os movimentos democráticos originados a partir
de 1974 e posteriormente com a adesão à Comunidade Europeia, em 1985,
Portugal aproximou-se dos padrões demográficos, sociais e culturais
predominantes no resto dos países da Europa. Portugal iniciou o seu percurso
de sociedade plural e aberta. Os dualismos regionais são hoje mais significativos
no sector social e económico.
Ocorreu uma evolução social, cultural e das expectativas sem existir um
correspondente desenvolvimento da economia e das estruturas produtivas. No
nosso país, todo o tecido demográfico sofreu uma perda significativa,
verificando-se esta situação com maior significado no Alentejo e nas zonas
interiores. De acordo com vários estudos realizados, esta situação resulta de
vários fatores, entre os quais, a diminuição da população jovem e
potencialmente ativa, ocorrida pela função dos antigos fluxos migratórios, com
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destino aos países estrangeiros, às zonas industrializadas de Setúbal e Lisboa, e


mais recentemente em direção às mesmas zonas e ao litoral algarvio.
É de todo consensual, que a população se encontra envelhecida e que esta
tendência poderá aumentar a médio prazo. Em todos os países, em particular
nos menos desenvolvidos, verifica-se um evolutivo abatimento nas taxas de
mortalidade. Nas taxas de fecundidade, recentemente, temos vindo a verificar
um decréscimo. Como o envelhecimento populacional é uma pretensão natural
de todas as sociedades e estando estas sistematicamente a procurar estratégias
para prolongar a vida humana, é da máxima importância proporcionar
condições adequadas aos nossos idosos, fazendo com que eles se sintam ativos e
importantes no meio em que estão inseridos.

b. Pirâmide etárias (Comparação de diferentes anos)

Pirâmide etária é um gráfico organizado para classificar a população de uma


determinada localidade conforme as faixas de idade, dividindo-as por sexo. Esse
gráfico é formado por barras superpostas que se concentram em torno de um
eixo. As barras inferiores representam a população mais jovem e as barras
superiores representam a população mais velha. Do lado direito do eixo, sempre
se quantifica a população feminina e, do lado esquerdo, a população masculina,
conforme o exemplo acima ilustrado.

As pirâmides populacionais são importantes no sentido de elaborarem um


planejamento público a médio e longo prazo. Por exemplo, se a estrutura etária
da população apontar que há uma grande quantidade de jovens, com elevados
índices de natalidade, alerta-se para a necessidade de implantação de políticas
que atendam à inclusão das faixas etárias no futuro, com medidas que visem,
por exemplo, à ampliação e melhoria de creches e escolas.

Outra importância da observação e análise das pirâmides etárias é conhecer a


evolução da população, avaliando as taxas de natalidade em comparação à
população adulta, aferindo sobre a existência de uma política de controle de
natalidade no país ou se ela precisa ser adotada.

Além disso, existe a possibilidade de se realizar projeções etárias utilizando


também o formato de pirâmides, para se calcular qual vai ser o formato da
população, podendo realizar previsões a respeito da quantidade de jovens e da
população economicamente ativa de um período em comparação à população
idosa e infantil.
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Existem quatro tipos principais de pirâmides populacionais, que são


classificadas conforme a idade predominante da população.

Pirâmide Jovem: possui uma base mais larga, em virtude dos altos índices de
natalidade e um topo muito estreito, em função da alta mortalidade e da baixa
natalidade em tempos anteriores. Esse tipo de pirâmide é visto com mais
frequência em países subdesenvolvidos.

Pirâmide Adulta: possui uma base também larga, porém com uma taxa de
natalidade menor em face da população infantil e jovem. A pirâmide brasileira
acima representada é um exemplo de pirâmide adulta.

Pirâmide Rejuvenescida: apresenta um relativo aumento do número de jovens


em relação a um período anterior, em função do aumento da fecundidade,
geralmente em países desenvolvidos que estimulam a natalidade.

Pirâmide Envelhecida: a população adulta é predominante e a base bem


reduzida, apresentando uma quantidade de idosos significativamente maior em
comparação às demais pirâmides. Esse tipo de pirâmide é mais comum em
países desenvolvidos.

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Figura 15: Pirâmide etário Portuguesa em 1950

Figura 16: Pirâmide etário Portuguesa em 1990

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Figura 17: Pirâmide etário Portuguesa em 2010

Figura 18: Pirâmide etário espectada Portuguesa em 2020

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Figura 19: Pirâmide etário espectada Portuguesa em 2035

Figura 20: Pirâmide etário espectada Portuguesa em 2050

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c. Esperança media de vida e os fatores que contribuem


para o seu aumento

A esperança de vida média em Portugal entre 2015 e 2017 foi de 80,78


anos, revelou nesta terça-feira o Instituto Nacional de Estatística
(INE), que regista um aumento face aos dois anos anteriores,
sobretudo para os homens.

Segundo os dados das tábuas de mortalidade divulgadas esta terça-


feira, os homens tiveram 77,74 anos de esperança de vida à nascença,
mais 1,6 meses, e as mulheres 83,78 anos, mais um mês em relação ao
biénio anterior. Em dez anos, a esperança média de vida aumentou
2,28 anos para a população em geral, 2,56 anos para os homens e 1,78
anos para as mulheres.

No caso dos homens, diminuiu a mortalidade abaixo dos 60 anos,


enquanto nas mulheres se reduziu aos 60 anos ou mais. A diferença
entre sexos na esperança de vida média diminuiu de 6,45 anos há dez
anos para 5,67 anos no período entre 2015 e 2017.

Para as idades acima dos 65 anos, a esperança de vida da população


situou-se nos 19,45 anos. Novamente, nas mulheres este indicador é
superior: 20,81 anos contra 17,55 no caso dos homens.

Figura 21: Esperança média de vida em Portugal


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Vários fatores exercem influência direta na expectativa de vida da


população de um país: serviços de saneamento ambiental,
alimentação, índice de violência, poluição, serviços de saúde,
educação, entre outros.

Portanto, o aumento da expectativa de vida está diretamente


associado à melhoria das condições de vida da população. Os avanços
nesses dados estão sendo obtidos desde 1950, em que se constatou,
em 2010, um aumento de mais de 20 anos na expectativa de vida da
população mundial nesse período (1950 – 2010). No entanto, esse
aumento ocorreu de forma desigual entre os países desenvolvidos, em
desenvolvimento e as nações subdesenvolvidas.

d. Fatores que contribuem para o índice de envelhecimento

Durante o processo de envelhecimento, as mudanças associadas ao avanço da


idade são altamente específicas para cada pessoa, começando em diferentes
partes do corpo, em momentos diferentes e, com um ritmo e alterações também
diferentes nas células, tecidos e órgãos.

Com relação a fatores externos, os mais conhecidos por agredirem organismo e


acelerarem o processo de envelhecimento são: poluição ambiental, fumo, álcool,
exposição exagerado às radiações solares, etc.

Independente da causa sabe-se que o envelhecimento não está vinculado


unicamente à quantidade de anos que o indivíduo viveu, mas também a perda
de suas funções.

A maior parte dessas alterações está relacionada ao modo de como este tempo
foi vivido.

Fazer uso de medicamentos sabiamente podem prevenir doenças e o declínio


funcional, aumentar a longevidade e a qualidade de vida do indivíduo.
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Problemas de saúde induzidos por diagnósticos ou tratamentos e causados pelo


uso de remédio são comuns na 3° idade, devido à interação medicamentosa,
dosagens inadequadas e maior frequência de reações imprevisíveis através de
mecanismos desconhecidos. Com o advento de muitas terapias novas, há uma
maior necessidade de se estabelecer sistemas para prevenir reações
medicamentosas adversas e informar tanto profissionais da saúde quanto o
público idoso sobre os riscos e benefícios de terapias modernas.

Os idosos tendem a beber menos que os jovens, as mudanças de metabolismo


que acompanham o processo de envelhecimento aumentam a suscetibilidade
dos mais velhos as doenças relacionadas ao álcool, como desnutrição e doenças
do estômago, pâncreas e fígado. As pessoas idosas apresentam maior risco de
lesões e quedas devido ao álcool, assim como riscos potenciais associados à
mistura com álcool com medicamentos.

O álcool usado em pequenas quantidades (até uma por dia) pode oferecer
alguma forma de proteção contra derrame e doença coronariana em indivíduos
com 45 ou mais.

Como as pessoas idosas frequentemente tem problemas crônicos, elas


necessitam utilizar mais medicamentos tradicionais adquiridos sem receita
médica e receitados que pessoas mais jovens. Na maioria dos países, os idosos
de baixa renda têm pouco ou nenhum acesso a subsídios para medicamentos.

Assim muitos deixam de comprar ou gastam uma grande parte do rendimento


já escasso em remédio.

Cáries, doenças periodontais, perda de dentes e câncer bucal causam outros


problemas orgânicos de saúde. Esses problemas tornam-se um ônus financeiro
para indivíduos e sociedade, e podem reduzir a autoconfiança e qualidade de
vida. Alguns estudos demonstram que uma saúde oral precária está associada à
desnutrição e, portanto, ao maior risco de desenvolver várias doenças não
transmissíveis.

A promoção de saúde oral e programas de prevenção de cárie criados para


estimular as pessoas e manterem seus dentes naturais precisam começar ainda
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cedo e continuar ao longo da vida. Devido à dor e pior qualidade de vida


associadas aos problemas de saúde oral são necessários serviços básicos de
tratamento dental e também serviços especializados como os de prótese.
O acesso de medicamentos necessários é insuficiente por si só, a não ser que
seja grande a adesão a tratamentos de longo prazo para doenças crônicas
relacionadas ao envelhecimento. A adesão inclui a adoção e manutenção de
vários tipos de comportamentos (ex: dieta saudável, atividade física, abstinência
de fumo), assim como o consumo de medicamentos de acordo com a orientação
de um profissional da saúde. Estima-se que, em países desenvolvidos, a adesão
a terapias de longo prazo seja apenas 50%, em média.

Em países de desenvolvimento, as taxas ainda são menores, o que compromete


gravemente a eficiência dos tratamentos e traz implicações importantes na
qualidade de vida e economia para a saúde pública. Só se conseguirá atingir os
resultados sobre a saúde da população previstos por dados sobre a eficácia do
tratamento, se as informações sobre a adesão, os avanços na tecnologia
biomédica não irão utilizar seu potencial para reduzir a carga de doenças
crônicas.

Os problemas de alimentação em todas as idades incluem tanto a desnutrição


(mais frequentemos não exclusivamente, nos países menos desenvolvidos)
como o consumo excessivo de calorias. Nos idosos, a desnutrição pode ser
causada pelo acesso ilimitado a alimentos, dificuldades socioeconômicas, falta
de informação e conhecimento sobre nutrição, escolhas erradas de alimentos
(alimentos ricos em gordura, por exemplo), doenças e uso de medicamentos,
perda de dentes, isolamento social, deficiências cognitivas ou físicas que inibem
a capacidade de comprar comidas e prepará-las, situações de emergência e falta
de atividade física.

O consumo excessivo de calorias aumenta muito o risco de obesidade, doenças


crônicas e deficiências durante o processo de envelhecimento.

Dietas ricas em gordura (saturada) e sal, pobre em frutas e legumes/verduras e


que suprem uma quantidade insuficiente de fibras e vitaminas, combinadas ao
sedentarismo, são os maiores fatores de risco de problemas crônicos, como
diabete, doença cardiovascular, pressão alta, obesidade, artrite e alguns tipos de
câncer.

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O cálcio e a vitamina D em quantidade insuficiente estão associados à perda na


densidade óssea durante a velhice, e consequentemente, a aumento de fraturas
que causam dor, tem custo elevado e debilitam em especial mulheres idosas. Em
populações com uma alta incidência de fraturas, pode-se reduzir os riscos
através do consumo adequado de cálcio e vitamina D.

4. Estereótipos, mitos e representações sociais da população


idosa
a. Conceito de estereotipo (estereotipo positivo e negativo)

O Estereótipo é um conceito, ideia ou modelo de imagem atribuída às pessoas


ou grupos sociais, muitas vezes de maneira preconceituosa e sem
fundamentação teórica.

Em resumo, os estereótipos são impressões, pré-conceitos e “rótulos” criados de


maneira generalizada e simplificada pelo senso comum.

Foi com o desenvolvimento das sociedades que os estereótipos surgiram e


padronizaram diversos aspetos relacionados ao ser humano e suas ações.

De tal modo, esses modelos ou clichês foram se repetindo com o passar do


tempo, resultando em padrões impessoais e ideias preconcebidas.

Como ele surge?


Os estereótipos são reproduzidos pelas culturas e veiculados em diversos meios,
tal qual a televisão, internet, e muitas vezes são representados em programas
humorísticos.

Geralmente, utilizamos os estereótipos de maneira inconsciente, já que são


conceitos relacionados com a história, geografia, culturas e crenças de diversas
sociedades

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Note que esses modelos de estereótipos estão relacionados, sobretudo, aos


aspetos físicos, por exemplo, quando vemos uma menina vestida de maneira
mais masculina, logo intuímos que ela é homossexual.

No entanto, essas apreciações podem ser errôneas e muitas vezes de teor


depreciativo e preconceituoso.

Embora os estereótipos podem apresentar apreciações positivas ou negativas,


quase sempre ele carrega aspetos negativos.

O primeiro refere-se à consideração do idoso por condições ou características


negativas, tanto físicas quanto sociais, psicológicas, etc. Isso leva à perda,
declínio e deterioração. As pessoas mais velhas têm geralmente rotulados como
"dependente", "doente", "triste", "deprimido”, porque este grupo tem sido
definido por sua condição de aposentado / as, para citar alguns.

Em vez disso, há uma visão otimista e idealizada que iguala envelhecimento


com sabedoria e "idade de ouro", com a deificação de certas idades cronológicas,
etc., embora com menos frequência e causa menos efeitos discriminatórios.

Essas visões, positivas e negativas, representam mitos e preconceitos que


impedem realmente conhecer o grupo de idosos e limitam uma integração
adequada, que corresponde a eles na sociedade.

«Envelhecimento», que como dissemos em outro artigo, avança como termo


uma mudança em direção a uma imagem social e cultural mais dinâmica dos
idosos, substituindo «velhice», refere-se a um período do ciclo de vida, não
muito diferente de qualquer outro estágio, se visto de uma visão desprovida de
estereótipos e preconceitos.

O enfrentamento e a solução para essa visão tendenciosa passam pelo


conhecimento da realidade do idoso, o que levaria a um maior entendimento
dessa etapa da vida, a um maior respeito e, principalmente, a banir os
estereótipos associados.

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Felizmente, a imagem social dos idosos mudou muito nos últimos anos. As
pessoas que tinham 60 anos eram consideradas "velhas", enquanto atualmente
não são consideradas como tais até os 75 ou 80 anos de idade.

Entende-se, como mencionado, o envelhecimento como uma fase da vida


resgatar os valores que encarnam o maior como serenidade, experiência,
respeito ... reconhecendo também que a idade traz perdas significativas e
irreversíveis. Claro, longe de estereótipos e crenças tradicionais, e nós fizemos
contemporânea, tanto positiva ou idealizada e negativa.

Isso implica que, a partir das políticas sociais, são promovidas ações voltadas
aos idosos que promovem um envelhecimento satisfatório, valorizando esse
grupo, como já mostramos mais de uma vez da Fundação Saúde e Comunidade.

Além disso, a fim de enfrentar os estereótipos, principalmente negativos, nesta


fase, seria necessário promover uma maior realização e divulgação de pesquisas
que mostrem que a realidade desse período de vida é muito diferente dos mitos
profundamente enraizados há décadas.

b. Mitos mais comuns sobre a população idosa

A envelhecimento traz limitações físicas


Com o avanço da ciência e da medicina, adiaremos cada vez mais o surgimento
de doenças crônicas e consequentes limitações. Segundo um estudo feito pelo
International Institute for Applied Systems Analysis (IIASA) em parceria com a
Universidade de Washington e o Instituto Max Planck, atualmente, grande
parte dos homens passa 63% de toda a sua vida com boa saúde, sem doenças
sérias, demência ou perda de autonomia. Em 2050, essa parcela passará de
80%. As mulheres viverão com boa saúde durante 70% de sua vida ante os 60%
atuais.

Com o envelhecimento, a produtividade e a economia dos países vão desacelerar


É cada vez maior o número de pessoas com mais de 60 anos dispostas,
saudáveis e ativas. Um levantamento recente feito pelo Instituto Datafolha

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mostrou que a fatia de brasileiros com 60 anos ou mais empregados ou em


busca de emprego aumentou de 20 para 26% do total entre 2007 e 2017.

Conforme as pessoas envelhecem, elas esquecem mais as coisas


É verdade que envelhecimento traz mudanças no nosso organismo, incluindo
alterações neurológicas que comprometem as nossas funções cerebrais. No
entanto, é possível evitar que lapsos de memória aconteçam com frequência
mantendo o cérebro ativo. É importante exercitá-lo com atividades intelectuais
como aprender uma nova língua ou algum instrumento musical, por exemplo.

A massa muscular tende a diminuir com o envelhecimento


VERDADE. A quantidade de gordura aumenta e a de massa magra diminui,
assim como a produção de colágeno. Por isso, a prática regular de exercícios
físicas e uma alimentação balanceada são ainda mais necessárias conforme
envelhecemos.

Doenças como diabetes e hipertensão são mais comuns com o envelhecimento


Doenças não podem ser consideradas normais. No máximo, comuns.
Enfermidades como diabetes do tipo 2 e hipertensão podem e devem ser
evitadas com uma alimentação saudável, com a prática de exercícios físicos e
com o acompanhamento de um médico.

Mas, afinal, o envelhecimento não traz limitações?

Entre os muitos mitos e verdades sobre envelhecimento está a crença de que


envelhecer significa ter uma vida limitada e pouco plena. Isso não é verdade. O
envelhecimento saudável permite manter a capacidade funcional do indivíduo e
o bem-estar em idade avançada.

Para isso, é preciso manter uma rotina de vida saudável ao longo da vida, que
inclui uma alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos, bem
como atividades intelectuais e sociais. Vale a pena investir em uma rotina de
vida equilibrada e feliz para garantir uma velhice mais tranquila e com saúde.

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c. Atitudes negativas mais comuns para com a pessoa idosa


(gerontofobia, idadismo e infantilização, p.e)

A gerontofobia, corresponde ao medo irracional de tudo quanto se relaciona


com o envelhecimento e com a velhice.
O idadismo, atitude preconceituosa e discriminatória com base na idade,
sobretudo em relação a pessoas idosas.
A infantilização é uma atitude que se manifesta geralmente pelo tratamento por
tu, pela simplificação demasiada das atividades sociais e/ou recreativas e pela
organização de programas de atividades, que não correspondem às necessidades
dos indivíduos.
Esta visão global e generalizada, que caracteriza os estereótipos gerontológicos
pouco críticos e frequentemente carentes de objetividade, distorce a realidade.
Investigações diversas sobre esta temática têm demonstrado que a distorção
causada pelos estereótipos “cegam” os indivíduos, impedindo-os de se
precaverem das diferenças que existem entre os vários membros, não lhe
reconhecendo deste modo, qualquer virtude, objeto ou qualidade.
Nesta perspetiva os estereótipos tornam-se inevitavelmente elementos
impeditivos na procura de soluções precisas e de medidas adequadas, tornando
se urgente o combate a estas representações sociais gerontofóbicas e de carácter
discriminatório, levando os cidadãos a adotar medidas e comportamentos
adequados face aos idosos.

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5. Ajustamentos psicossociais nos idosos


a. Ajustamento pessoal e social

De acordo com Neri, Cachioni e Resende (2002), os adultos maduros e os


idosos mostram atitudes e crenças positivas em relação à velhice. Essas atitudes
positivas contribuem para a adaptação às incapacidades e perdas presentes na
velhice, funcionando como um recurso de enfrentamento que atenua a
adversidade de fatores estressantes que, como consequência, possibilita um
senso de ajustamento pessoal ou bem-estar psicológico positivo.

Bem-estar psicológico ou ajustamento pessoal


O bem-estar psicológico pode ser entendido como a perceção da própria pessoa
acerca do ajustamento emocional e social em relação aos desafios da vida. Com
base em pesquisas e inúmeros estudos, Ryff (1989) propôs um modelo
multidimensional de bem-estar psicológico composto por seis dimensões, a
saber: autoaceitação, que se refere a ter atitudes positivas em relação a si e à
vida; relação positiva com outros, definida como uma relação satisfatória com
os outros; autonomia, que diz respeito à resistência às pressões sociais; e
avaliação de si com base nos próprios padrões; domínio sobre o ambiente, que
se relaciona com a habilidade de escolher ou controlar ambientes apropriados à
condição física; propósito na vida, que diz respeito ao senso de significado da
vida; e crescimento pessoal, que está associado ao senso de realização e
desenvolvimento do próprio potencial (Rabelo & Neri, 2006).

Ainda de acordo com esse modelo, pessoas ajustadas têm alto senso de
desenvolvimento e crescimento contínuo; estão abertas a novas experiências;
reconhecem seu potencial de realização, e suas mudanças refletem
autoconhecimento e autoeficácia.
Conforme Queroz (2003, 2008), o conceito de bem-estar psicológico
corresponde a uma busca de ideal de excelência, de crescimento pessoal ou de
autorrealização e está associado ao ajustamento emocional e social, na medida
em que reúne o cumprimento de expectativas sociais e emocionais,
considerando seus atributos físicos, cognitivos e afetivos, idade e gênero.
O envelhecimento satisfatório depende do equilíbrio entre as potencialidades e
as limitações do indivíduo. As necessidades de auto atualização e de crescimento
pessoal não declinam com a idade, mas podem ser afetadas quando o indivíduo
enfrenta limitações de atividades e de capacidades em múltiplos domínios e
quando enfrenta estresse psicológico.

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Além disso, indivíduos bem-ajustados psicologicamente têm uma melhor


habilidade para adaptar-se às demandas e dificuldades em termos sociais e
emocionais (Neri & Resende,2009).
O senso de ajustamento psicológico é constituído a partir da interação entre as
oportunidades, as condições vividas pelo indivíduo (saúde, trabalho, moradia,
educação), a maneira pessoal como cada um organiza seu conhecimento e
responde às necessidades individuais, sociais e às demandas ambientais. Assim
sendo, as experiências vividas pelo indivíduo no contexto social, profissional e
emocional influenciam no bem-estar psicológico (Queroz, 2003).
Nesse sentido, os preconceitos e estereótipos em relação à velhice influenciam
nas crenças que os idosos têm sobre o próprio processo de envelhecimento, nas
suas atitudes e consequentemente pode interferir no bem-estar dos mesmos. A
questão central deste estudo é verificar se os idosos com atitudes positivas em
relação à velhice também apresentam um senso positivo de bem-estar
psicológico. Supomos que tais atitudes em relação à velhice funcionam como um
recurso de enfrentamento diante das perdas e incapacidades dessa fase,
favorecendo um senso positivo de ajustamento psicológico.
Levando em conta que a pesquisa sobre atitudes ocupa-se em identificar de que
maneira as crenças e os mitos sobre um determinado objeto social influenciam a
forma como ele é tratado, a investigação das atitudes de idosos em relação à
velhice se faz importante, inclusive, considerando a possibilidade de aplicações
práticas a nível educacional – visto que, a educação pode ser uma forte
ferramenta na mudança desse panorama que desprivilegia o idoso.
Tais ideias que existem sobre o envelhecimento podem tanto contribuir para a
perpetuação de preconceitos e estereótipos negativos quanto para a promoção
de melhorias no que tange à saúde e qualidade de vida dos idosos.
Nesse contexto de análise, o presente trabalho busca incentivar a elaboração de
políticas educativas na comunidade que visem a abordar tais assuntos para que
a desconstrução de preconceitos e estereótipos negativos seja facilitada e os
idosos passem a ter atitudes mais realistas para com essa fase da vida,
utilizando-as como um mecanismo de enfrentamento.

O ajustamento pessoal é um indicador de adaptação e de manejo bem-sucedido


dos eventos de vida e envolve os domínios emocional, cognitivo e
comportamental. Reflete a perceção subjetiva do indivíduo e sua avaliação da
situação, são importantes na adaptação à incapacidade, funcionam como
recursos de enfrentamento, atenuando a adversidade de situações estressantes,

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e auxiliam no manejo do ambiente social e físico.

b. Fatores que influenciam os ajustamentos psicossociais

Ajustamentos Psicossociais da Velhice Envelhecer bem requer ajustamento


pessoal e social, que pode ser comprometido por condições deficitárias de saúde
e educação ao longo do curso de vida. Se o indivíduo tiver alguma deficiência
física congénita ou adquirida antes da velhice, suas condições de desenvolver-se
e envelhecer com sucesso irão sofrer prejuízo maior ou menor e mais ou menos
controlável, dependendo da extensão e da natureza da sua deficiência, dos
recursos de apoio que o ambiente sociocultural lhe oferecer ao longo de toda a
vida e de seus recursos psicológicos.
Para Silva e Varela (1999), adaptação significa maximizar as possibilidades
individuais reorganizando a vida frente às limitações percebidas, ajustando-se
às diversas situações individualmente ou com a ajuda de outros. É um processo
contínuo de atualização das potencialidades pessoais e de aprender a viver com
as limitações explorando e utilizando ao máximo seus recursos disponíveis.
Para Davies (1996), as variáveis mais significativas envolvidas na adaptação são
o suporte social e o controle percebido Antonucci (2001), o suporte social ajuda
os indivíduos a enfrentar e se recuperar das exigências da vida. Segundo a
autora, pessoas com amplas redes sociais têm mais ajuda nos tempos de
doenças e as pessoas que percebem mais suporte enfrentam melhor as doenças,
o stress e outras experiências difíceis da vida. Para Handen (1991), o suporte
social aumenta a autoestima e o sentimento de domínio sobre o próprio
ambiente, tem a função de amenizar o impacto das doenças e provavelmente
modera o efeito das crises inesperadas. Segundo Antonucci (1994), o suporte
social estimula o senso de controle e autoeficácia

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c. Funcionamento psicológico – fatores para um bom


funcionamento

A personalidade sofre modificações ao longo do processo de envelhecimento?


Estudos de Havighurst, Neugarten & Tobin (1968), estes autores descobriram 4
grandes tipos de personalidade presentes em indivíduos entre os 50 e os 90
anos.
Integrado: pessoas apresentando um bom funcionamento psicológico geral, com
uma “vida cheia”, interesses variados, com as suas competências cognitivas
intactas e retirando um elevado nível de satisfação dos papéis desempenhados;
Defensivo-combativo: pessoas orientadas para a realização, lutadoras e
controladas, experimentando níveis de satisfação entre o moderado e o elevado;
Passivo-dependente: dependendo do tipo de funcionamento ao longo da vida,
assim estas pessoas apresentam na velhice uma orientação passiva ou
dependente, mostrando graus de satisfação muito variados;
Desintegrado: pessoas com lacunas no funcionamento psicológico, pouca
atividade, controlo pobre de emoções e deterioração dos processos cognitivos,
com baixa satisfação de vida;
Para estes autores, as pessoas diferem muito na forma como vivem os últimos
anos das suas vidas, acabando a sua personalidade por ser influenciada e
modelada por fatores em linha com aquilo que sempre foram as reações e os
comportamentos ao longo da vida.

A partir da síntese de teorias clássicas sobre a personalidade, Ryff (1989) propôs


um modelo multidimensional de bem-estar psicológico, correspondente a
funcionamento psicológico positivo como sinónimo de ajustamento, e uma
condição do self relacionada a seis domínios do funcionamento psicológico:
autoaceitação, relações positivas com os outros, autonomia, domínio sobre o
ambiente, propósito na vida e crescimento pessoal.

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d. Tarefas evolutivas

A vida dos seres humanos desenvolve-se por etapas que constituem o ciclo de
vida. Ao longo dessas etapas, o indivíduo vai-se confrontando com tarefas,
desafios que tem de ultrapassar, para passar à etapa seguinte – Tarefas
evolutivas - é a forma como resolve esses desafios que conduz o seu
desenvolvimento

A resolução da tarefa evolutiva depende das necessidades e características


individuais e das pressões externas, e prepara o indivíduo para a etapa de
desenvolvimento seguinte, gerando ajustamento pessoal e social, o que se
considera e chama de maturidade.

As tarefas evolutivas são desafios normativos associados à idade cronológica.


Esses desafios são influenciados por:
• Maturação biológica
• Pressão da sociedade, expectativas sociais
• Desejos e aspirações pessoais
• Oportunidades e competências
• Valores que fazem parte da personalidade do indivíduo.

Exemplos de tarefas evolutivas

Idade adulta média (35 a 60 anos)


• Culminância da carreira profissional
• Educação dos filhos
• Manter o padrão de vida alcançado
• Adaptação à velhice dos pais
• Adaptação às mudanças fisiológicas da
• Idade

Idade adulta inicial (18 a 35 anos)


• Constituição de família
• Início e conquista da carreira profissional
• Responsabilidades cívicas e comunitárias

Velhice (depois dos 60 anos)


• Afastamento dos papéis adultos
• Ajustamento às perdas físicas e sociais da velhice
• Reforma
• Ter mais tempo livre
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• Perda de capacidades físicas

A realização das tarefas evolutivas de cada estádio de desenvolvimento é


considerada um indicador de maturidade.

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Referencias

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