Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Apresentação do módulo
Objetivos de aprendizagem
No final do módulo, o formando deverá:
• Distinguir crescimento económico de desenvolvimento;
• Distinguir indicadores simples de indicadores compostos;
• Interpretar indicadores de desenvolvimento;
• Referir limitações dos indicadores como medidas do desenvolvimento;
• Reconhecer a heterogeneidade de desenvolvimento através de conjuntos variados de
indicadores;
• Analisar situações de crescimento económico sem desenvolvimento;
• Constatar o crescimento económico de algumas economias nos últimos séculos;
• Explicar fatores de crescimento económico;
• Reconhecer a importância do capital humano como fator de crescimento económico;
• Identificar características dos países desenvolvidos associadas ao crescimento económico
moderno;
• Verificar historicamente a irregularidade do ritmo de crescimento da atividade económica;
• Caracterizar as fases dos ciclos económicos;
• Indicar limites ao crescimento económico;
• Avaliar as desigualdades de desenvolvimento a nível mundial;
• Distinguir pobreza de exclusão social;
• Constatar a existência de situações de pobreza e exclusão social nos países desenvolvidos;
• Justificar a necessidade de um desenvolvimento humano e sustentável no contexto atual.
Conteúdos do módulo
1. Crescimento económico
Noção
Indicador: PIB
2. Desenvolvimento
Noção
Indicadores:
o Tipos: simples e compostos
o Limitações
Heterogeneidade de situações de desenvolvimento verificadas nos países desenvolvidos,
países em desenvolvimento e países menos desenvolvidos
3. Crescimento económico moderno
Fatores de crescimento económico
Características dos países desenvolvidos associadas ao crescimento económico moderno
4. Ciclos de crescimento económico
Noção
Fases
5. Desenvolvimento humano e sustentável
Limites ao crescimento económico: problemas ambientais e esgotamento dos recursos
naturais
Desigualdades de desenvolvimento a nível mundial
Países desenvolvidos: situações de pobreza e de exclusão social
Desenvolvimento humano e sustentável: noção e importância
3
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
1. Crescimento económico
Crescimento económico:
Traduz o aumento continuado da produção de bens e serviços de uma economia num
determinado período de tempo.
É a riqueza material de um país.
É um conceito quantitativo.
Baseia-se maioritariamente em indicadores económicos.
Sobrevaloriza-se o volume de meios de bem-estar disponibilizados às populações,
Ignoram-se as desigualdades na distribuição do rendimento,
Tem como único cenário o mercado ou o preço de referência;
Nem sempre um PIB elevado corresponde a um país desenvolvido: esse dinheiro pode ser gasto na
compra em bens supérfluos (ex.: armamento), que só uma pequena parte do país beneficia.
Na medida da melhoria do bem-estar das populações a utilização do indicador PIB per capita
apresenta vantagens relativamente à utilização da taxa de crescimento do PIB.
Exemplo: se a taxa de variação média do PIB, num dado período de tempo, duplicar, mas a Taxa de
Variação Média da População também duplicar, significa que nada se alterou em termos de bem-
estar da população. Por esta razão, é mais adequado utilizar o indicador PIB per capita.
Apesar desta vantagem, a utilização do indicador PIB per capita apresenta várias limitações, uma vez
que, sendo uma média, esconde as desigualdades económicas e sociais existentes nos países.
Outra limitação do PIB per capita, é o facto de não contabilizar o peso da economia informal (Ex.
trabalho infantil).
O estudo do crescimento económico é feito numa perspetiva de longo prazo, de forma a podermos
compreender as razões que levam o PIB a crescer ao longo dos tempos.
O PIB mundial tem vindo a aumentar, sendo o aumento mais acentuado nos países mais
desenvolvidos.
O facto de o PIB aumentar, a economia no seu todo melhorar e os rendimentos crescerem, não
significa que os benefícios sejam distribuídos pela população mundial equitativamente.
5
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
2. Desenvolvimento
Desenvolvimento:
Capacidade de uma sociedade satisfazer as necessidades da sua população e de lhe permitir
alcançar um nível de bem-estar adequado.
Centra-se numa análise qualitativa, incidindo no plano humano de melhoria de condições de
vida das populações (melhorias no acesso à saúde, à educação, condições de habitação ou
alimentação), tendo também atenção a alguns indicadores quantitativos.
Verifica se os benefícios do crescimento económico são distribuídos por toda a população -
não basta que a capacidade produtiva aumente, é necessário que esse aumento traduza uma
melhoria da distribuição da riqueza criada, revertendo a favor de toda a população.
Baseia-se maioritariamente em indicadores sociais, relacionado com nível de bem-estar e
qualidade de vida dos cidadãos (alimentação, saúde, reformas, assistência social, etc.)
Sobrevaloriza-se uma multiplicidade de fatores ligados às condições de vida das populações e
do seu bem-estar.
Passa por preocupações ligadas quer ao meio ambiente quer à utilização equilibrada dos
recursos naturais.
O cenário que prevalecente é estrutural, pluridimensional e multidimensional (onde os
valores qualitativos são sobrevalorizados).
Nota: Os resultados são dados em termos médios, pelo que os valores não se aplicam a cada pessoa
individualmente.
“Para que as pessoas possam viver melhor, é necessário que a sociedade disponha de mais bens para
distribuir.”
Um crescimento económico não é sinal de desenvolvimento, mas para que haja desenvolvimento tem
que haver crescimento económico.
Nota:
IDH: Índice de Desenvolvimento Humano
IDG: Índice de Desigualdade de Género
GEM:
IPH:
Esta forma de agrupamento dos países tem por base características relativamente homogéneas.
As categorias são criadas para satisfazer as nossas necessidades explicativas do
(sub)desenvolvimento, porque o Mundo é hoje uno e caracterizado pela interdependência.
7
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
Indicadores
Indicadores:
São o instrumentos de medida habitualmente utilizado na mensuração do desenvolvimento.
São meios importantes de conhecer a realidade de um país.
Permitem tomar medidas de forma a melhorar a situação e conhecer a sua evolução ao
longo do tempo.
Indicadores simples:
Cobrem aspetos parcelares de uma realidade.
Em cima foi referido o PIB e o PNB.
As limitações do PIB per capita como medida de nível de vida levaram à tentativa de desenvolver
outros indicadores para permitir as comparações internacionais. Assim, surgem os índices
compostos.
Os indicadores simples apresentam então várias limitações. Por isso, na análise do desenvolvimento,
devem ser utilizados vários indicadores e de carácter diversificado, de forma a cobrir diferentes áreas
da vida económica, social, política e cultural.
Os indicadores compostos ultrapassam algumas destas limitações.
Indicadores compostos:
Incluem vários indicadores simples que se consideram representativos de uma dada situação.
Indicadores (sociais):
Esperança Média de Vida;
Taxa de Analfabetismo;
Número de médicos por habitantes;
Taxa de Mortalidade Infantil;
Etc.
O IDH, sendo um indicador composto, ultrapassa algumas das limitações apresentadas. No entanto, é
ainda imperfeito e incompleto, dado o número limitado de indicadores simples que o compõem.
Para ultrapassar esta limitação, em 2010, nas Nações Unidas introduziram o IDHAD.
Com a evolução dos tempos, veio-se a verificar a necessidade de alargar os índices para a distinção
dos países, nomeadamente:
IDHAD - Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade;
IDG - Índice de Desigualdade de Género;
IPM - Índice de Pobreza Multidimensional.
9
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
Índice da Educação:
É a média ponderada do índice de alfabetização de adultos com o índice de escolarização
bruta:
No ano de 2009 o tema eleito foi “Ultrapassar barreiras: Mobilidade e desenvolvimento humanos” e
onde se pode ler logo na sua introdução que o nosso mundo é muito desigual.
A relembrar…
O problema económico resulta na procura sistemática pela satisfação das necessidades ilimitadas das
pessoas, tendo em conta os recursos limitados disponíveis, bem como a tecnologia que está ao
dispor.
Podemos associar ao problema económico, o facto de quaisquer que sejam as escolhas feitas no
presente, as mesmas condicionarem o bem-estar das gerações futuras.
O aumento da dimensão do mercado externo é resultante dos múltiplos fluxos que caracterizam a
economia global atual.
A sociedade atual é caracterizada pelo grau de conhecimento, como se transmite, pela rapidez e
facilidade com que o faz. A atual sociedade do conhecimento caracteriza-se por trabalhar em rede
originando uma osmose perfeita das várias economias globais, que até há bem pouco tempo faziam
ponto de honra em assumirem-se como autossuficientes e com características peculiares que as
distinguiam umas das outras. Hoje nada se passa assim, pois emergiu uma nova economia à escala
global fruto da sociedade do conhecimento.
Afirma Castells, M. “este sistema tecnológico, no qual estamos plenamente imersos na alvorada do
século XXI, surgiu nos anos 70”, (2002, 65), veio romper brusca e definitivamente com tudo o que até
aquela data era feito.
Assim, foi a partir, particularmente, daquele período, que o contínuo crescimento do nível de vida
das sociedades se processou de uma forma mais sustentada, originando um aumento quer da
qualidade quer da quantidade dos bens e serviços postos à disposição das pessoas.
Este progresso tecnológico tem vindo a ser capaz de provocar um crescimento económico de uma
forma contínua e sustentada. Representa a capacidade de inovação que a sociedade global atual tem
assumido face às alterações havidas quer no processo de produção quer da introdução de novos
bens ou serviços no mercado à escala global.
O crescimento económico ao evoluir de forma contínua e sustentada tem criado condições para que
o investimento (físico e humano) tenha crescido.
O investimento em capital físico representa a aplicação de recursos na aquisição de infraestruturas
(por exemplo, armazéns usados na produção de bens ou na prestação de serviços), ou na compra de
equipamentos, viaturas e processos de fabrico.
11
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
A estrutura da atividade económica de um país está sempre ligada à composição com que os
sectores económicos (primário, secundário e terciário) se apresentam nesse país.
Nesses sectores económicos agem várias instituições (empresas) que produzem bens ou prestam
serviços e que consoante a conjuntura económica do momento, vão alterando a sua composição,
onde uns vêem mais reforçada a sua posição enquanto outros a vêem diminuída.
Tem-se verificado uma relação entre o nível de desenvolvimento de um país e a distribuição da sua
população ativa pelos três sectores. Assim, quanto maior é a população ativa a trabalhar no sector
primário, mais atrasado é economicamente esse país, pois que à medida que o nível de
desenvolvimento cresce, a sua população vai sendo transferida para os sectores secundário e
terciário.
Curiosamente em Portugal, essa tem sido a tendência verificada há já várias décadas.
Ora como as empresas desempenham um papel socioeconómico significativo, sendo fundamentais
na criação de emprego e riqueza, a estrutura empresarial de um país ou região, reflete a composição
do tecido produtivo e permite aferir o grau de diversificação ou especialização económica.
A capacidade de adaptação e de inovação constante das empresas, através da incorporação de saber
e de novas tecnologias, o que pressupõe também a adoção de práticas ambientalmente sustentáveis,
são aspetos chave para garantir a sua competitividade num mercado aberto.
A estrutura da atividade económica de um país está sempre ligada à composição com que os
sectores económicos (primário, secundário e terciário) se apresentam nesse país.
Nesses sectores económicos agem várias instituições (empresas) que produzem bens ou prestam
serviços e que consoante a conjuntura económica do momento, vão alterando a sua composição,
onde uns vêem mais reforçada a sua posição enquanto outros a vêem diminuída.
Tem se verificado uma relação entre o nível de desenvolvimento de um país e a distribuição da sua
população ativa pelos três sectores. Assim, quanto maior é a população ativa a trabalhar no sector
primário, mais atrasado é economicamente esse país, pois que à medida que o nível de
desenvolvimento cresce, a sua população vai sendo transferida para os sectores secundário e
terciário.
As economias têm vindo a aproximar-se umas das outras, embora a ritmos diferentes, face a uma
globalização, que é cada vez mais preponderante no sistema económico global.
Este cenário tem vindo assim a aproximar as diferentes conceções que se colocam sobre que papel
está reservado à atuação ao Estado atual. No entanto, não tem havido consonância sobre que
sentido dar a esta problemática. Assim, desde as conceções que defendem uma atuação mais
intervencionista até às mais liberais, surge a ideia, que a ação do Estado está limitada, que tem de ser
alterada, de forma a deixar de ser identificada como ultrapassada e antiquada, por isso pouco
produtiva e ineficiente, incapaz desse modo de influenciar o funcionamento normal da Economia.
É normal que perante tal cenário surjam duas posições diferentes: uma identificada com os que
defendem que o papel do Estado passe a ser mais redutor face a uma globalização prevalecente
acarretando por isso benefícios à Economia. Pelo contrário, outros sustentam, que a redução do
papel do Estado transportaria maiores desigualdades sociais, uma vez que a competitividade manter-
se-ia, mas graças a salários mais baixos.
determinado pela relação existente entre o rendimento de que dispõe e o preço dos bens de
consumo que podem ser adquiridos com esse rendimento.”
Neste âmbito para a determinação do nível de vida de uma pessoa ou população utilizam-se quer
indicadores de natureza qualitativa quer quantitativa, que indicam as condições reais de existência
dessa pessoa ou população.
São vários os indicadores possíveis de utilização para medir o nível de vida. Os mais comuns são:
taxas de evolução do PNB e Rendimento per capita, nível de salários reais, esperança de vida, taxa
de mortalidade infantil, número de médicos por mil habitantes, número de automóveis por mil
habitantes, etc.
Pode-se afirmar então com certa segurança que o nível de vida traduz as condições reais com as
pessoas lidam o seu dia-a-dia.
São, portanto, os países mais desenvolvidos que conseguem providenciar um melhor nível de vida
aos seus cidadãos: melhor alimentação e mais equilibrada, qualidade habitacional, disponibilização
de mais recursos para a educação e saúde, políticas ecológicas para o ambiente e melhores pensões
para os seus cidadãos reformados.
Mas esta realidade não se aplica aos países ditos menos desenvolvidos pois apresentam na sua
generalidade um reduzido rendimento per capita que se reflete num fraco nível de vida para os seus
cidadãos: poucos recursos aplicados quer na educação, quer na saúde, baixos níveis de alfabetização,
deficiente dieta alimentar, com um nível de pobreza muito acentuado refletindo-se em fome e
miséria para largas camadas da população e apresentam uma taxa de poupança muito baixa, que
como consequência acarreta um nível de capital baixo e portanto, com fraco investimento.
15
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
Fases
17
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
Contrastes de desenvolvimento
Quanto à exclusão social entende-se como a privação, falta de recursos ou, de uma forma mais
abrangente, ausência de cidadania, participação plena na sociedade, aos diferentes níveis em que
esta se organiza e se exprime podendo assumir uma vertente ambiental, cultural, económica, política
e social.
São vários os fatores que podem contribuir para a origem da exclusão social, tais como: o
desemprego - quando este atinge longa duração, e que pode incluir trabalhadores com diferentes
qualificações profissionais. O desemprego é mais grave quando se refere a pessoas mais velhas e que
têm geralmente menos qualificações. Neste caso dá-se o nome de desemprego de exclusão uma vez
que as possibilidades de conseguirem encontrar outra vez trabalho são muito reduzidas.
A falta de alojamento - esta hipótese aplica-se mais aos sem-abrigo, que habitam em sítios sem
condições, como bairros degradados, onde não têm condições de higiene ou de comodidade. Este
caso é na sociedade atual bastante significativo, nomeadamente nas grandes cidades.
O analfabetismo – este caso surge quando as pessoas que não sabem ler ficam em desvantagem
relativamente às outras pois não têm conhecimentos considerados necessários para poderem
participar na vida social e económica.
Na sociedade atual os governos têm apoiado o chamado “combate à pobreza e à exclusão social”
que consiste no desenvolvimento de esforços no sentido de resolver e minimizar situações de
pobreza e de exclusão social. Entre os elementos que mais se têm destacado salientam-se: o próprio
Estado, as instituições particulares de solidariedade social, as autarquias locais e as associações
locais.
A discussão sobre os limites do crescimento económico remonta ao início da década de 1970. Vários
pensadores e economistas publicaram, em 1972, um extenso relatório intitulado Limites do
Crescimento, editado pelo Clube de Roma e que evidenciava a completa falta de sustentabilidade
dos padrões de consumo.
A Comissão Mundial de Desenvolvimento e Meio Ambiente das Nações Unidas, refere que o
desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da população
mundial atual sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações.
O conceito de desenvolvimento sustentável “é um conceito sistémico que se traduz num modelo de
desenvolvimento global que incorpora os aspetos de desenvolvimento ambiental no modelo de
desenvolvimento socioeconómico. Foi usado pela primeira vez em 1987, no Relatório Brundtland, um
relatório elaborado pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criado em
1983 pela Assembleia das Nações Unidas”
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel, acesso em 2010/2/16)
(http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/Desenvolvimento_sustent%C3%A1vel.svg,
acesso em 2010/2/16)
19
Crescimento, Desenvolvimento e Flutuações da Atividade Económica
21