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EVANGELIZAÇÃO PESSOAL
Uma perspectiva reformada
SÃO PAULO
2019
2
O QUE É EVANGELIZAÇÃO?
Texto Básico: Atos 1.8
INTRODUÇÃO
Está absolutamente clara a ordem de Jesus aos seus discípulos para pregarem
o Evangelho (Mateus 28.19; Atos 1.8). Isso já seria motivo suficiente para nos
dedicar à evangelização, em obediência à vontade do nosso Salvador. É
impossível alguém ser um discípulo de Jesus sem jamais compartilhar essa
bênção com outros. Na aula de hoje vamos aprender o que é evangelização e
sermos motivados a aproveitar todas as oportunidades e todos os meios
legítimos para conduzir pessoas à fé em Cristo
1Cf. DEVER, Mark. Nove Marcas de Uma Igreja Saudável. São José dos Campos, SP: 2009. Editora
Fiel. pp. 127-158
3
Devemos ter em mente também que muitos dos problemas sociais que a
sociedade enfrenta são frequentemente apenas sintomas de um rompimento do
seu relacionamento com Deus. Muitas pessoas veem seus problemas materiais
resolvidos quando se convertem à fé cristã.
2BARRS, Jerram. A essência da evangelização. Editora Cultura Cristã. São Paulo. 2004. Página 95.
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Paulo escreveu aos cristãos de Roma: “Sou devedor tanto a gregos como a
bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, quanto está em mim, estou
pronto a anunciar o evangelho também a vós outros, em Roma” (Rm 1.14-15).
Será que essas palavras se aplicam somente ao apóstolo Paulo? Ou se aplicam
também a nós?
1) Na sua opinião, o que falta para a sua igreja ser uma igreja evangelizadora?
2) Você tem falado do Evangelho aos seus amigos, vizinhos e conhecidos?
Justifique sua resposta.
3) Em que a lição de hoje pode ajudar você a se tornar uma pessoa mais
eficaz na sua prática evangelizadora?
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O CONTEÚDO DA MENSAGEM
EVANGELÍSTICA
Texto Básico: Romanos 1.16
Introdução:
Vimos na aula anterior que evangelizar é pregar o Evangelho. Esse convite deve
ser feito a todas as pessoas. Mas o que devemos pregar? Qual o conteúdo desse
evangelho a ser apresentado? Na sua carta aos Romanos 1.16, Paulo
afirma: “Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para
a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego”. Esse
evangelho poderoso levanta o caído, restaura o pecador e dá nova vida àquele
que está morto em seus delitos e pecados (Ef 2.1-2).
Por sermos pecadores, todos nós temos uma grande dívida espiritual com Deus
(Cl 2.13,14) e essa dívida será cobrada. Haveremos de prestar contas de todos
os nossos atos perante o justo Juiz (Mt 12.36; Ap 20.11-12).
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Temos que ter em mente que evangelizar não é apenas apresentar a Cristo
como um amigo, como alguém que está sempre pronto a ajudar, sem qualquer
referência à sua pessoa e sua obra redentora. Se queremos uma evangelização
eficaz e sadia, teremos que pregar a mensagem certa. (I Co 15:3-4). Jesus é a
solução, o remédio para o pecado do homem. É preciso pregar quem é Jesus e
o que Ele fez.
3.1. Quem é Jesus? Jesus é o Filho de Deus (At 9.19) e o próprio Deus
(Jo 1.1; Fp 2.5), foi concebido por obra do Espírito Santo assumindo uma
natureza humana (Jo 1.14) e nasceu da virgem Maria. Viveu uma vida sem
pecado (Hb 7.26), pregando, ensinando e realizando muitos milagres.
3.2. O que Jesus fez? Ao final de Sua vida Ele foi crucificado e levou
sobre Si os nossos pecados (1Pe 2.24; Isaías 53:6 e Colossenses 2:14),
morrendo a morte que nós merecíamos (Hb 2.9, 14-15). O apóstolo Paulo nos
diz que, quando Cristo foi crucificado, ele removeu o escrito de dívida que era
contra nós (Cl 2. 14-15).
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Você provavelmente já ouviu alguém dizer o seguinte: “Não importa no que você
crê, desde que seja sincero”. Nada mais longe da verdade. Não é isso que a
Bíblia ensina. É claro que importa no que você crê. A salvação não acontece
simplesmente por meio da sinceridade. Podemos ser sinceros, mas ao mesmo
tempo errados.
O apóstolo Paulo, falando dos seus compatriotas judeus, admitia que que eles
eram honestos e sinceros. Em Romanos 10:2, ele afirmou: "Porque lhes dou
testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento”. O
problema dos judeus não era que lhes faltava sinceridade. De acordo com Paulo,
eles eram sinceros e zelosos em sua religiosidade, mas estavam errados, pois
tinham zelo sem entendimento. Ainda hoje é assim. Um homem pode ser
sincero, mas ele pode estar errado sobre sua salvação.
Não basta ser sincero. É preciso crer de maneira certa. Quando os ouvintes de
Jesus lhe perguntaram, o que é que eles deveriam fazer para “realizar as obras
de Deus”, nosso Senhor lhes respondeu: “A obra de Deus é esta: que creiais
naquele que por ele foi enviado” (Jo 6:29). Em 1 João 3.23, lemos: “ Ora, o seu
mandamento é este: que creiais em o nome de seu Filho, Jesus Cristo… ” Lemos
ainda em Atos 10.43: “ Por meio de seu nome, todo aquele que nele crê recebe
remissão dos pecados” e em João 3.16: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça,
mas tenha a vida eterna”.
Mas o que é fé? É necessário dizer que a fé não é um mero sentimento otimista.
A fé é mais do que apenas acreditar; ela é essencialmente confiar e descansar
nas promessas que Cristo ofereceu gratuitamente aos pecadores.
Semelhantemente, o arrependimento significa mais do que simplesmente
entristecer-se pelo passado. Arrependimento representa uma mudança de
opinião e de atitude, representa uma vida nova que nega a si mesmo e se volta
para Jesus, reconhecendo-o como Senhor e Salvador. A mera crença sem
10
Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus; não de obras, para que ninguém se glorie" (Efésios 2:8-9).
A Escritura ensina que a salvação é pela graça. Mas os homens têm tido
dificuldade em entender o que isso significa. A maioria das pessoas continua
pensando que precisa conquistar a salvação. A salvação não pode ser
conquistada pelas boas obras ou por tentar cumprir a lei, isso porque esse não
é o caminho proposto por Deus, até porque, ninguém jamais conseguiria cumprir
plenamente a lei (Rm 3.10; Tg 2.10). Ela é um presente de Deus e por isso quem
não for salvo pela graça, não será salvo de maneira alguma. A salvação não é
uma questão de merecimento. É dádiva de Deus e não conquista humana. Em
nossa tarefa evangelística precisamos deixar claro para nossos ouvintes que a
salvação é um ato sobrenatural de Deus, motivado pelo seu amor e pela sua
misericórdia, fruto de sua graça e de sua bondade.
pode ser salva. Diz ele: “porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não
vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2.8).
Conclusão:
Pressupostos da Evangelização
Reformada
_______________________________
1. A Universalidade do Pecado.
3SCHAEFFER, Francis A., Como Viveremos?. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2003, p. 11
4D.M. Lloyd-Jones, Santificados Mediante a Verdade, São Paulo: Publicações Evangélicas
Selecionadas (Certeza Espiritual, Vol. 3), 2006, p. 115.
13
As Escrituras acentuam que Deus não elege pessoas para serem salvas
por causa de algum bem ou de alguma coisa eminente que veja nelas. Ao
contrário, Deus se apraz em usar o fraco, o vil e o inútil, de modo a assegurar
que somente Ele seja glorificado. É Deus quem escolhe o homem.(I Coríntios
1.26-29; João 15.16 )
5 J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, p. 84-85. Veja-se, também, p. 66-67; 74-75;
R.B. Kuiper, Evangelização Teocêntrica, p. 50-51.
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Para entender João 3.16 consideremos a questão: Por quem Cristo morreu?
Quem é que não perecerá, mas terá a vida eterna? R. Todo aquele que
crer nele.
Quem deverá a crer, segundo a Escritura? R. Todo aquele que o Pai
escolheu em Cristo, por sua livre e soberana vontade.
Quem, então, está incluído na palavra “mundo”? R. Incluí homens de toda
a tribo e nação, mas não todas as tribos e nações, como um todo, uma
vez que nem todos confiarão em Cristo!
O único poder que realmente pode realizar esta obra é o Espírito Santo.
Quaisquer que sejam os dons naturais que um homem possua , o que quer que
um homem seja capaz de fazer como resultado das suas propensões naturais,
o trabalho de apresentar o evangelho e de levar àquele supremo objetivo de
glorificar a Deus na salvação dos homem, é um trabalho que só pode ser feito
pelo Espírito Santo. Vocês vêem isso no próprio Novo Testamento. Sem o
Espírito, é-nos dito, não podemos fazer nada. (Desde os tempos bíblicos até a
história da igreja nos mostra que somente através da obra do Espírito Santo é
que o evangelho foi pregado com poder e autoridade).7
8 Billy Graham, Por que Lausanne?: In: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje,
São Paulo/Belo Horizonte, MG.: ABU/Visão Mundial, 1982, p. 30.
16
Quem abriu o coração dela para Jesus? Que ensina a Bíblia? Que o pecador
abre o coração a Jesus, ou que o Senhor que abre o coração?
Que diz a Bíblia? Perder-se-ão alguns dos que o Pai deu ao Filho? Ou
não perderá nenhum dos que o Pai lhe deu? Se é evidente que a salvação é do
Senhor, é evidente também que, uma vez salvos pelo poder de Deus, estão
sempre salvos.( João 6.39; João 10.28 )
Quem é que preserva os crentes “imaculados” até que Ele venha? Quem
é fiel? Quem é que faz o maravilhosos trabalho de santificar e guardar os
crentes? (Judas 1; I Tes 5.23-24; Judas 24-25 )
Os santos perseverarão porque o Salvador que quer perseverar em favor deles,
e quer guardá-los.
Paulo afirma que toda a Escritura é inspirada por Deus (2Tm 3.16,17).
Toda a Escritura, portanto, é o sopro de Deus; é a própria vida e Palavra de
Deus. Isto significa dizer que as Escrituras por serem divinamente inspiradas,
não contém erros; sendo absolutamente inerrantes, verídicas em todas as suas
afirmativas e portanto autoritativas quanto a todos os assuntos sobre os quais
9 J.I. Packer, Evangelização e Soberania de Deus, 2ª ed. São Paulo: Vida Nova, 1990, p. 22.
17
Uma Igreja que não aceita a inspiração e a inerrância bíblica, não poderá
ser uma igreja missionária:
10C.H. Spurgeon, in: Lições aos Meus Alunos, São Paulo: Publicações Evangélicas
Selecionadas, 1982, Vol. II, p. 88
11 Confissão de Fé de Westminster, Cap. I, parágrafo IV
12 Martyn Lloyd-Jones. Texto extraido do site: http://www.geocities.com/Athens/Delphi/7162/
. Acesso em 12/11/2003
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Está absolutamente clara a ordem de Jesus aos seus discípulos para que
sejam propagadores do Evangelho. Isso já seria motivo suficiente para um
discípulo de Cristo dedicar-se à evangelização, em obediência à vontade
soberana de Deus. Essa honrosa missão, porém, não deve ser realizada apenas
por ser uma obrigação, mas, principalmente, porque apresentar o Evangelho a
quem ainda não o conhece é um privilégio. Guardar, egoisticamente, a
mensagem de Jesus como um segredo é trair a sua essência, pois ela é para
todos. É impossível alguém ser um discípulo de Jesus sem jamais compartilhar
essa bênção com outros. No Reino de Deus não há agentes secretos.
Segundo a Bíblia, pertencer a Cristo é ter o seu Espírito, e ter o Espírito de Cristo
é guardá-lo para si é tão impossível quanto reter um rio. "Quem crer em mim,
como diz a escritura, do seu interior fluirão rios de água viva. Isto ele disse
com respeito ao Espírito que haviam de receber os que nele cressem..."
(J.o. 7.38-39). Se a água viva não está fluindo do coração de um cristão é hora
de ele se perguntar se é realmente um discípulo de Cristo.
Introdução
Obviamente não era algo tão simples, afinal, para que tanto poder a fim de
fazer discípulos? Como visto em outra lição, o homem está caído e com
desesperadoras necessidades. A obra de satanás no coração humano é muito
profunda e a hostilidade à Palavra de Deus é profunda. Por isso, animar seus
discípulos afirmando ter toda autoridade sobre céu e terra é essencial, para
motivar a pregação da Palavra, a despeito da hostilidade.
I. Soberania e certeza
Em sua soberania, Deus definiu que o convertido leva a Palavra para o não
convertido. Em Romanos 10, Paulo fala de sua preocupação com povo judeu,
que tem conhecimento de Deus, mas sem entendimento. A partir disso, o
apóstolo mostra o fundamento missionário da igreja:
Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o
Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. 13 Porque: Todo
aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. 14 Como, porém,
invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem
nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? 15 E como
pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Quão formosos são
os pés dos que anunciam coisas boas! (Rm 10.12-15)
III. Eleição
A soberania de Deus é usada para sua glória, não para nossa salvação. Na
verdade, nossa salvação é para a glória de Deus, sua ação sobre seu povo é
para sua glória (Is 48.9-11). Somos parte da ação divina que revela sua vontade
soberana sobre nossas vidas, utilizando-as para enaltecer seu Filho.
Em João 6.35-39, Jesus apresenta-se como o pão que desce do céu. Este
pão dá a vida, porém, ele deixa claro que não é para qualquer um. Somente os
que o Pai enviar e der ao Filho serão salvos e não ser perderão. Em Mateus
11.25-30, Cristo dá outra declaração que demonstra a soberania eletiva na
evangelização. Ao condenar a incredulidade de cidades inteiras, ele glorifica o
Pai por este revelar-se aos pequeninos, ao invés de revelar-se aos que se viam
como sábios e instruídos. O que é interessante nessa revelação é que Jesus diz
ser a revelação de Deus algo que acontece por sua vontade e não pela vontade
dos homens. Não há conhecimento de Deus se este não se revelar.
A partir do verso 29, Paulo passa a descrever de que modo todas as coisas
cooperam para o nosso bem. O verso é claro ao dizer que somos predestinados,
ou seja, temos nosso destino assegurado por Deus, definido anteriormente.
Alguns querem dizer que esse verso apenas mostra que Deus viu o que iria
acontecer e escolheu de antemão aqueles que viriam a crer. Contudo, essa
interpretação não leva em consideração muitos detalhes presentes no texto.
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Essa interpretação, portanto, não ficou muito boa, pois sabemos que muitos
serão condenados. Deste modo, não podemos interpretar “conhecer de
antemão” como sendo saber antes, pois Deus conhece a todos. Sendo assim,
“conhecer de antemão” é mais bem interpretado como se referindo ao amor de
Deus por aqueles que ele ainda criaria e salvaria. Agora, a razão pela qual Deus
amou alguns salvadoramente e não a outros não nos foi revelada, mas que ele
predestinou uns para serem seus filhos (Sl 139.16; Rm 9.15-21; Ef 1.3-6) e
outros para serem condenados (Pv 16.4; Rm 9.15-21), quanto a isso não há
dúvidas.
Depois de dizer que o Pai predestinou aqueles a quem ele ama, Paulo
ensinou que esses chegarão a esse objetivo, com certeza. Romanos 8.30 nos
diz: “E aos que predestinou, a esses também chamou; e aos que chamou, a
esses também justificou; e aos que justificou, a esses também glorificou”. Repare
que o mesmo grupo que foi predestinado recebe a certeza de que será
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glorificado. Portanto, além de termos sido predestinados por Deus, somos por
ele guiados até a consumação da salvação.
Conclusão
Aplicação
Agradeça por estar nas mãos de Deus; faça parte do ministério de
reconciliação; tenha confiança de que o Soberano Redentor garante os frutos.
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QUALIDADES INDISPENSÁVEIS AO
EVANGELISTA
Texto básico: I Timóteo 3.1-13
Introdução
Deve também chamar nossa atenção nessa lista de exigências que nada é dito sobre a
formação acadêmica ou profissional. As qualificações apontadas por Paulo focalizam o
caráter da pessoa, como alguém aprovado como servo fiel a Deus em lugar das
habilidades administrativas ou capacidades intelectivas.
É o Espírito Santo que capacita Cristo (Mt 3.16; 4.1; Lc 4.1, 16-21), é ele que
capacita a igreja. E foi exatamente sobre isso que Jesus falou quando disse que
os discípulos deveriam ficar em Jerusalém somente até que do alto eles fossem
revestidos de poder (Lc 24.49).
Notem bem o ensino bíblico: “não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem
da vontade do homem, mas de Deus." As pessoas são regeneradas, não pela vontade
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humana, mas pela vontade de Deus. Essa graça é chamada de irresistível porque é
impossível a um eleito resistir ao chamado do Espírito Santo em seu coração, sendo ela o
único motivo pelo qual alguns pecadores recebem o evangelho e outros não. (Atos 16.14).
Quando estamos evangelizando, devemos fazê-lo confiantes de que Deus, pelo Espírito,
aplicará os méritos de Cristo no coração dos ouvintes. Sobre isso Billy Graham observou:
Quem abriu o coração dela para Jesus? Que ensina a Bíblia? Que o pecador abre o coração
a Jesus, ou que o Senhor que lhe abre o coração? O Espírito Santo tem como função
testemunhar de Cristo e é por isso que se torna inconcebível alguém que tem o Espírito
Santo e sente vergonha em dar testemunho de Cristo (Jo 16.14).
Não precisamos manipular as pessoas para aceitarem Jesus. Não precisamos depender de
técnicas e métodos carnais. Temos uma arma poderosa que é o poder do Espírito através
da Palavra. Devemos pregar a Bíblia com fidelidade e dobrar nossos joelhos em oração e
confiar que Deus vai agir conforme sua soberana vontade.
13 Billy Graham, Por que Lausanne?: In: A Missão da Igreja no Mundo de Hoje, São
Paulo/Belo Horizonte, MG.: ABU/Visão Mundial, 1982, p. 30.
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3º.) É preciso apresentar uma mensagem clara de quem é Jesus Cristo. (Marcos
1.1; Romanos 15.19, I Co 2.1-2)
A salvação não pode ser conquistada por obras ou por tentar cumprir a lei. Esse
não é o caminho proposto por Deus, até porque, ninguém jamais conseguiria
cumprir plenamente a lei (Rm 3.10; Tg 2.10). Ela é um presente de Deus e por
isso quem não for salvo pela graça, não será salvo de maneira alguma.
J. Blanchard afirmou certa vez: “Tentar fazer alguma coisa para Deus sem oração é tão
inútil quanto tentar lançar um satélite com um estilingue”.16 O nosso primeiro passo na
preparação para evangelizar deve nossa humildade diante de Deus. Se assim formos,
teremos que reconhecer quem somos e quem Deus é, e isso nos levará a total dependência
do Senhor.
A oração é sem dúvida por onde devemos começar. É um dos meios pelos quais o crente
cultiva um relacionamento íntimo com Deus. A oração é indispensável na devoção
pessoal. Envolve conversar e ter comunhão com Deus (I Tm 2.1; Lc 6.12; I Ts 5.17). E
esta comunhão com Deus, por meio da oração, tanto nos fortalece e habilita para a
evangelização quanto nos permite apresentarmos primeiro a Deus aqueles a quem
pretendemos evangelizar.
Mas se a oração é tão importante para a evangelização, pelo que nós devemos orar?
a) Devemos orar pela obra do Espírito Santo em nossos amigos (João 14.13;15.5).
Como vimos no ponto anterior, o Espírito Santo pode suavizar um coração duro,
dobrar uma vontade teimosa, abrir uma mente fechada desafiar preconceitos
cristalizados e curar memórias dolorosas (Jr 3.17; 7.24; 11.8; 16.12; 18.12, 2 Co
4:6)
b) Devemos orar para que portas sejam abertas para o Evangelho (Cl 4.3; I Co 16.9).
Paulo, através da oração, buscava uma oportunidade para pregar. Veja o que ele
disse: “Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra porta
à palavra” (Cl 4.3). Para Paulo, a oração é a chave que abre a porta para divulgar
o mistério de Cristo.
c) Devemos orar por coragem (Ef. 6.18-19; At 4.29). Por meio da oração, Paulo nos
ensina que devemos buscar coragem e intrepidez. “Vigiando com toda
perseverança e súplica por todos os santos e também por mim, para que me seja
dado, no abrir da minha boca, a palavra, para com intrepidez, fazer conhecido o
mistério do evangelho” (Ef 6.18,19). Uma vez que o Senhor nos abre a porta, será
necessária coragem para anunciarmos a Cristo.
16 BLANCHARD, John. Pérolas para a Vida. Editora Vida Nova. SP: 1993. p.
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d) Devemos orar por clareza e sabedoria (Cl 4.6; Is 50.4). Além de oportunidades e
coragem, precisamos também de sabedoria para falar com as pessoas. O apóstolo
escreveu: “Nossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para
saberdes como deveis responder a cada um” (Cl 4.6). Paulo desejava sabedoria,
uma linguagem agradável, clara para despertar o interesse dos incrédulos. Vemos
isso na pessoa de Jesus, maravilhando pessoas com palavras de graça que lhe
saíam da boca (Lc 4.22). Temos que ter sabedoria para evangelizar nossos
conhecidos para não magoar a crença deles. Devemos ensinar a verdade de
maneira sábia e não agressiva.
Paulo pediu também para que Deus lhe desse clareza para falar a respeito do
Evangelho. Ele disse: “Para que eu o manifeste, como devo fazer” (Cl. 4.4). É
importante destacar que “Paulo tinha dificuldade em ser claro. Ele não era dos
melhores comunicadores; sabia que precisava de orações e não hesitou em pedi-
las.”17
Usando da analogia da pesca, sabemos que o pescador precisa ser paciente e aguardar que
o peixe morda a isca. Isso pode ser rápido, mas também pode demorar muito. O mesmo
acontece com a pregação do evangelho. Talvez seja por isso que Jesus disse a Pedro e
André: “Sigam-me, e eu farei de vocês pescadores de homens” (Mateus 4.19)
Não temos dúvida. Deus trará seus eleitos à salvação, a despeito da nossa fraqueza. Sua
Palavra não retornará vazia, mas cumprirá o que ele deseja (Is. 55.10-11). Mas Deus tem
o tempo certo para isso. Será no tempo dele. Precisamos ter paciência. Podemos estar
certos de que todos os eleitos serão salvos e a causa de Deus triunfará no final, para a sua
honra e glória. Por isso, tenhamos paciência e perseverança. Paulo despedindo-se dos
presbíteros de Éfeso revela sua perseverança: “...em nada considero a vida preciosa para
mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor
Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus”. (At 20.24).
Conclusão: Finalmente, devemos nos lembrar de que Deus é o Senhor. Como já vimos,
a salvação é um ato exclusivo de Deus (Jn 2.9; 1 Co 1.21; Hb 2.10; 5.9; Tg 4.12). A nós
compete pregar e depender de Deus. Que o Senhor nos abençoe, nos capacitando, pelo
seu Espírito a sermos testemunhas fiéis.
Introdução
O apóstolo Paulo disse: “... uma porta grande e oportuna se me abriu, mas há
muitos adversários” (I Co 16.9). Paulo ao pregar o evangelho em Éfeso, não o
fez sem oposição, sem a resistência de adversários. Ele enfrentou os seguidores
da deusa Diana, a deusa da fertilidade. Teve que lidar com a oposição de
Demétrio e dos ourives, pois com sua pregação, Paulo havia desestimulado
muitas pessoas a abandonarem às práticas pagãs. De modo semelhante, em
nossos dias, também temos nossos adversários. Há obstáculos que precisamos
enfrentar e superar. Na aula de hoje vamos estudar algumas destas barreiras.
Eis aqui uma grande barreira para a evangelização. Quando as pessoas não
estão maravilhadas pela grandeza de Deus, não conseguirão proclamar a
mensagem: “grande é o SENHOR e mui digno de ser louvado, temível mais que
todos os deuses” (Sl 96.4). Se não estivermos amor pela pessoa de Deus,
também não estaremos motivados para falar dele às pessoas. “Não podemos
pregar com convicção aquilo que não estimamos com paixão”.20 Quando a
paixão por Deus está debilitada, a paixão pela evangelização certamente será
fraca também. John Piper, cita o seguinte pronunciamento de Andrew Murray há
mais de cem anos:
Este é um alerta para nós ainda em nossos dias. Precisamos nos voltar para o
Senhor e buscar a sua glorificação em primeiro lugar. Ninguém poderá se dispor
a fazer a obra missionária se não experimentar na intimidade a magnificência de
Cristo (Apocalipse 15.3-4; Salmos 9.11; 18.49; 45.17; 57.9; 96.10; 105.1; 108.3;
e Isaías 12.4).
Voltaremos a este assunto quando tivermos que tratar da apologética. Por hora
basta dizer que devemos ter certeza de que nossa fé é de fato a verdade. Para
tanto, o conhecimento e estudo da Palavra de Deus é a fonte que nos prepara
para que possamos estar “sempre preparados para responder a todo aquele que
vos pedir razão da esperança que há em vós”. (1 Pedro 3.15b), assim,
“...procurai, com diligência, cada vez maior, confirmar a vossa vocação e
eleição...” (2 Pedro 1.10a).
Você certamente já foi abordado por alguém que lhe questionou sobre a
incoerência dos cristãos. Alguns dizem: “Eu não vou à igreja porque existem
muitos hipócritas lá”. Realmente, boa parte da população está decepcionada
com os erros que acontecem nas igrejas, tais como a exploração financeira,
escândalos de líderes religiosos, o legalismo de certas igrejas que impõem aos
seus adeptos leis humanas muito rígidas. Essa é uma grande barreira que
enfrentamos na evangelização urbana, o discurso da incoerência.
Precisamos admitir que boa parte das críticas que são dirigidas à igreja são
verdadeiras e precisamos reconhecer nosso pecado. No entanto, será que
aqueles que acusam a igreja de hipocrisia também não tem as suas? Aqueles
que acusam e julgam as pessoas que estão na igreja estão, na realidade,
acusando a si mesmos, pois todos os homens, em alguma medida, são
hipócritas.
Mas há uma coisa positiva nesta acusação. É que este crítico reconhece e sabe
que isto é errado. Portanto, juntar-se a tantos outros pecadores, pode ser a
solução para ele também.22 A mensagem do cristianismo é que existe um Cristo
perfeito para pessoas imperfeitas. Cristo sim, e não os membros das igrejas, é o
ponto central do cristianismo, e é nele que devemos colocar nossos olhos.
Outra barreira sutil e perigosa é a de nos separarmos das pessoas “de lá de fora”
e restringir nosso círculo social aos “irmãos”. A igreja, por vezes, adota, mesmo
que inconscientemente, uma postura de isolamento e separação da sociedade.
Essa atitude acaba por criar um conceito de “mosteiro social gospel”. Talvez, até
mesmo por causa dos grandes desafios impostos ao cristianismo no século 21,
a igreja tem ficado mais acanhada e ao invés de sair para testemunhar, tem
preferido se alienar. Olhemos para aquele que foi acusado de ser amigo de
publicanos e pecadores (Lucas 7.34), que tocou em leprosos, que perdoou
prostitutas, que se aproximou dos excluídos.
Não devemos amar ao mundo, é certo, disse o apóstolo João, mas, também
somos o sal da terra. Imaginem se podemos temperar um feijão colocando o
saleiro em frente à panela. Devemos pôr o sal no feijão e suas propriedades
suscitarão o efeito desejado. Podemos, em nossas igrejas, criar espaços com
certas peculiaridades, mas não nos escondermos em guetos evangélicos.
Precisamos, a exemplo de Jesus, sermos amigos de pecadores.
6. MEDO DE TESTEMUNHAR
O crente deve ser sal e luz, dentro da comunidade doente (Mt 5:13-16). Devemos
ter muito cuidado com o conceito de sermos separados do mundo (Jo. 17:11,
14,15). O crente deve conhecer os problemas do seu tempo, para manter
conversas inteligentes. Saiba dialogar sobre outros assuntos, além da Bíblia.
Paulo, em Ef. 4.17 diz: "não andeis como andam os gentios". Mesmo andando
entre os incrédulos, não devemos viver como eles, mas podemos viver entre
eles.
Outra barreira é a falta de confiança no poder de Deus. De certa forma, ela tem
um aspecto positivo, pois nos ensina a humildade e a dependência de Deus.
34
Outro aspecto, porém, precisa ser retirado de nossos pensamentos. Tal obra não
é resultante de mero esforço humano, consequentemente, aquele que nos
comissionou, também nos capacitará. O apóstolo Paulo reconheceu-se fraco
diante de tal missão. Escrevendo aos colossenses diz:
Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós, para que Deus nos abra
porta à palavra, a fim de falarmos do mistério de Cristo, pelo qual também
estou algemado; para que eu o manifeste, como devo fazer. Cl. 4:3,4
Se esta oração saiu dos lábios de alguém como o Apóstolo Paulo, não
necessitaríamos também orar de maneira semelhante? Conhecer nossos
temores e fraquezas é o ponto de partida para todo crescimento, porque esse
conhecimento nos leva a orar por nós mesmos e admitir que não temos em nós
mesmos competências ou habilidades suficientes para as tarefas para as quais
Deus nos chamou. Dependemos totalmente dele.
A oração humilde tem que ser nosso ponto de partida. Deus é gracioso e
certamente suprirá nossas limitações, colocando a nossa disposição a ajuda
necessária para testemunharmos dele.
Estudos tem mostrado que novas igrejas ganham novos membros (60-80%)
entre as pessoas que não fazem parte de nenhuma outra comunidade, enquanto
igrejas com mais de 15 anos de idade, ganham novos membros (80-90%) por
transferência de outras igrejas. Isto significa que novas igrejas atraem de 6 a 8
vezes mais pessoas que uma velha igreja do mesmo tamanho. Por que isto
acontece?23 Tim Keller dá a resposta:
CONCLUSÃO E APLICAÇÃO:
1. Das barreiras aqui estudadas, com qual delas você mais se identifica?
2. Na sua opinião, como você pode vencer esta barreira?