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CITOLOGIA CLÍNICA

20/02/2017 Apos la de Citologia Ginecológica

A apostila da disciplina de Citologia Clínica do Curso de Farmácia


da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das
Missões – Campus de Santo Ângelo, compreende a ementa da
disciplina, que contempla o estudo do diagnóstico
citopatológico, relacionando a sua importância com a clínica;
Métodos de análise em citologia clínica; Técnicas de coleta,
fixação e coloração de amostras biológicas; Citologia do
aparelho genital feminino; Liberação de laudos citológicos.

Apostila de Citologia Clínica


Prof. Vera Regina Medeiros Andrade
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Citologia Clínica A (3cr)

Ementa
Citologia cérvico-vaginal, espermograma, citologia de líquidos corporais

Objetivo Geral
Descrever o diagnóstico citológico normal, inflamatório, infeccioso e neoplásico

Programa
Preparo, coloração, montagem, leitura dos esfregaços e laudos citológicos
Citologia do aparelho genital feminino, aparelho genital masculino e componentes
celulares benignos de cavidades serosas
Citopatologia cérvico-vaginal: citologia do epitélio escamoso estratificado e do
epitélio colunar; classificações do diagnóstico citológico; alterações celulares
benignas reativas; alterações celulares degenerativas; reparo ou regeneração;
alterações celulares associadas com atrofia; hiperplasia de células basais e de
células de reserva; metaplasia escamosa; critérios citomorfológicos de malignidade.
Espermograma: colheita e preparação do sêmen; análise física; análise
morfológica; análise microscópica quantitativa; análise microscópica qualitativa
Citologia de líquidos corporais: composição bioquímica, citologia das células
presentes

Bibliografia básica
STRASINGER, S. K. Uroanálise & fluidos biológicos. 3.ed. São Paulo: Premier,
2000.
GOMPEL, C., KOSS, L.G. Citologia ginecológica e suas bases anatomoclínicas. Ed.
Manole Ltda, São Paulo, 1997.
KURMAN, R.J., SOLOMON, D. O Sistema Bethesda para o Relato de Diagnóstico
Citológico Cervicovaginal. Ed Revinter; Rio de Janeiro, 2001.

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INTRODUÇÃO À CITOPATOLOGIA
Estudo citológico, finalidade, preparo, coloração, montagem, leitura dos esfregaços
cervicovaginais dos esfregaços e laudos citológicos

Exame citopatológico
Preparação de células em lâmina de microscopia, coradas pela coloração de
Papanicolaou e, exploração microscópica dessas células de forma individualizada.

Figura 1: Representação de uma lâmina de microscopia com um esfregaço de citologia corada;


células epiteliais escamosas; células epiteliais glandulares e representação de um microscópio
óptico.

Finalidade do exame citológico


Diagnóstico precoce de doenças, especialmente o câncer e as alterações celulares
do tipo reativas, degenerativas, regenerativas, inflamatórias e neoplásicas.

Figura 2: Esfregaço citológico com células epiteliais com atipias.

Princípio do método citológico


O estudo compreende memorizar células e tecidos normais e depois, as alterações
morfológicas encontradas em distúrbios hormonais, nas infecções e nos estágios
pré-malignos e no câncer.
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Figura3: Células epiteliais normais; células epiteliais apresentando atipias de baixo grau; células
epiteliais apresentando atipias de baixo grau.

Padrão ouro do diagnóstico


Resultado citológico negativo, não significa que o tecido seja normal. Resultado
positivo, significa que células anormais apareceram, porém este resultado não
prova que exista um câncer, sendo necessário realizar o exame de COLPOSCOPIA
e confirmar pela HISTOPATOLOGIA. O diagnóstico histopatológico é o padrão ouro.

Figura 4: Citologia, colposcopia e histologia (de cima para baixo); normal, lesão de baixo grau, lesão
de alto grau e carcinoma de células escamosas (da esquerda para direita).

Colheita do material
Colo de útero – a colheita de material citológico cervico-vaginal é realizado com
espátula de Ayre e escova citológica endocervical.

Figura 5: Representação do útero e colo do útero com epitélio normal e atípico. Representação da
coleta de material citológico cervico-vaginal.
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Preparo do material citológico


O material deve ser distribuído na lâmina de extremidade fosca, previamente limpa,
e identificada. A identificação deve ser realizada no momento da colheita, na
extremidade fosca da lâmina com lápis (o grafite resiste as etapas de fixação e
coloração). O material deve ser espalhado sobre a lâmina de modo regular, com
boa espessura.

Fixação do material
O objetivo da fixação é preservar o estado morfológico e manter as características
citomorfológicas e os elementos citoquímicos das células e deve ser imediata.

Fixadores
Álcool etílico em solução de 70 a 90%, álcool isopropílico em solução de 70 a 90%,
álcool isopropílico e polietileno glicol (Carbowax), forma uma película de proteção,
pode ser em gotas (4 gotas sobre o esfregaço) ou atomizador.

Coloração de Papanicolaou
Colorações foram desenvolvidas para visualizar componentes das células e dos
tecidos baseadas no princípio ácido-base. A hematoxilina é uma base, cora
componentes ácidos da célula em uma cor azulada – núcleo (DNA e RNA); a eosina
é um ácido que cora componentes básicos da célula em róseo – citoplasma. A
coloração de Papanicolaou é universalmente utilizada em citologia genital.

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Coloração e montagem da lâmina

Técnica de coloração de Papanicolaou


1 a 3) Álcool etílico em ≠ diluições 1 minuto
4) Água destilada (hidratar) 1 minuto
5) Hematoxilina de Harris (nuclear) 1-3 minutos
6) Água corrente 5 minutos
7) Água destilada 1 minuto
8) Álcool etílico a 70% (desidratar) Imergir
9) Álcool etílico a 90% Imergir
10) Álcool etílico absoluto Imergir
11) Orange G (citoplasma) 2 minutos
12) Álcool etílico absoluto Imergir
13) Álcool etílico absoluto Imergir
14) EA – 36 (citoplasma) 1 minuto
15) Álcool etílico a 95% Imergir
16 e 17) Álcool etílico absoluto Imergir
18) Xilol (desidratar e clarificar), dentro de uma capela 1 minuto
Montar com bálsamo sintético entre lâmina e lamínula 24X40

Leitura dos esfregaços


A leitura da lâmina deve seguir regras bem estabelecidas. A observação ou
varredura da lâmina deve ser sistemática e os campos sucessivos serão
parcialmente revistos para não perder nenhuma área. A varredura deve ser
realizada com aumento pequeno com ocular de 10x e objetiva de 10x (100x). As
células ou zonas atípicas são submetidas ao exame minucioso com objetiva de
maior aumento (40x).

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Leitura dos esfregaços


Tipos de varredura (screening)
Horizontal
Vertical
3o tipo é usado em revisão de lâminas previamente negativas (re-screening), pelo
menos 30 campos por 1 a 2 min

Figura 6: Representação dos tipos de varredura.

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CLASSIFICAÇÕES CITOLÓGICAS 1940-2001

Evolução das Classificações para Laudos Citológicos


Papanicolaou, 1940
Reagan, 1953
Richart, 1967
Sistema Bethesda, 1988, revisada em 1991
Sistema Bethesda, 2001
Consenso da Sociedade Britânica de Citologia
Nomenclatura brasileira para laudos cervicais, MS
Classificação de Bethesda, 2001

Papanicolaou, em 1940, utilizou um sistema de cinco grupos, para estabelecer uma


comunicação clara e precisa entre o citologista e o clínico.

Classe I Ausência de células atípicas ou anormais

Classe II Citologia atípica, mas sem evidência de malignidade

Classe III Citologia sugestiva, mas não conclusiva de malignidade

Classe IV Citologia fortemente sugestiva de malignidade

Classe V Citologia conclusiva para malignidade


Quadro 1: Classificação de Papanicolaou.

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Reagan, em 1953, se preocupou com aspectos histológicos e introduziu o termo


“displasia”, para atipias celulares menos evidentes que as de carcinoma “in situ”.

Displasia leve Classe III de Papanicolaou

Displasia moderada

Displasia acentuada

Carcinoma “in situ” Classe IV de Papanicolaou

Quadro 2: Classificação de Papanicolaou modificada com novos conceitos introduzidos por Reagan.

Richart, em 1967, Neoplasia Intraepitelial Cervical (NIC) – alerta para o potencial


invasivo dessas lesões, displasia acentuada e Ca ‘in situ’ não eram reproduzíveis.

Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau 1 (NIC 1) Displasia leve


(Classe III de Papanicolaou)

Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau 2 (NIC 2) Displasia moderada


(Classe III de Papanicolaou)

Neoplasia Intraepitelial Cervical Grau 3 (NIC 3) Displasia acentuada (Classe III)


Carcinoma “in situ” (Classe IV)

Quadro 3: Classificação de Papanicolaou, modificada com novos conceitos introduzidos por Richart.

Richart, em 1991, modificou essa classificação.

NIC de baixo grau (NIC I) Displasia leve


(Classe III de Papanicolaou)

NIC de alto grau (NIC II e III) Displasia moderada


(Classe III de Papanicolaou)
Displasia acentuada
(Classe III de Papanicolaou)
Carcinoma “in situ”
(Classe IV de Papanicolaou)

Quadro 4: Classificação de Papanicolaou, modificada com novos conceitos introduzidos por Richart.

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Sistema Bethesda para relato Citológico Cervical

Bethesda – 1988 Incorporação da amostra adequada - Sem critérios

Bethesda – 1991 Revisão


Adequação da amostra
Satisfatória para avaliação
Avaliação satisfatória mas limitado (explicar)

Bethesda – 2001 Revisão


Negativo para lesão Intraepitelial ou malignidade
Anormalidades em células epiteliais

Bethesda – 2014 Revisão


Negativo para lesão Intraepitelial ou malignidade
Outros (ver interpretação resultado (células endometriais em
mulheres com idade ≥ 45 anos)
Anormalidades em células epiteliais

Quadro 5: Classificações de Bethesda.

Classificação de Bethesda, 2014


Adequação da amostra
Satisfatório para avaliação
Descrever presença ou ausência de componentes da zona de
transformação e outros indicadores de qualidade, inflamação, sangue
obscurecendo parcialmente, etc.
Insatisfatória para avaliação
Amostra rejeitada/não processada
Amostra processada e examinada, mas insatisfatória para avaliação de
anormalidades epiteliais porque (especificar razões – sangue obscurecendo
totalmente, componente epitelial escasso)

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Classificação de Bethesda – 2014

NEGATIVO PARA MALIGNIDADE OU LESÃO INTRAEPITELIAL

Achados Não-Neoplásicos
Variações celulares não-neoplásicas
o Metaplasia escamosa
o Mudanças celulares
o Metaplasia tubária
o Atrofia
o Mudanças associadas a gravidez
Mudanças celulares reativas associadas com:
o Inflamação
o Cervicite folicular
o Radiação
o Dispositivo intrauterino

Organismos
o Trichomonas vaginalis
o Fungos morfologicamente consistentes com Candida spp.
o Desvio na flora sugestivo de vaginose bacteriana
o Bactérias morfologicamente consistentes com Actinomyces spp.
o Mudanças celulares consistentes com o vírus do herpes simples
o Mudanças celulares consistentes com o citomegalovírus

ANORMALIDADES EM CÉLULAS EPITELIAIS

Células escamosas
o Células escamosas atípicas
o De significado indeterminado (ASC-US)
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o Não exclui HSIL (ASC-H)


o Lesão Intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL), compreende: HPV /
Displasia Leve / NIC 1.
o Lesão Intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL), compreendo: Displasia
Moderada e Acentuada, Carcinoma “in situ” / NIC 2 e NIC 3.
o Carcinoma de células escamosas

Células glandulares
o Atípicas
o Células endocervicais (NOS)
o Células endometriais (NOS)
o Células glandulares (NOS)
o Atípicas
o Células endocervicais, favor neoplasia
o Células glandulares, favor neoplasia
o Adenocarcinoma endocervical “in situ”
o Adenocarcinoma
o Endocervical
o Endometrial
o Extrauterino
o Não especificado

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ADEQUAÇÃO DA AMOSTRA - CELULARIDADE

Adequação da amostra

Boa Celularidade

Uma lâmina precisa ser coberta com uma


celularidade de 10.000 células
em 20 campos

10 campos da lâmina precisariam ser cobertos para


uma celularidade de 10.000 células

Quadro 6: Adequação da amostra – boa celularidade.

Quadro 7: Adequação da amostra – representações de boa celularidade.

Quadro 8: Adequação da amostra – representação de pobre celularidade.


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Nomenclatura brasileira para laudos cervicais (MS) – Formulário SUS

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DIAGNÓSTICO DESCRITIVO
Dentro dos limites da normalidade, no material examinado
Alterações celulares benignas
Atipias celulares

Alterações celulares benignas


Inflamação
Reparação
Metaplasia escamosa imatura
Atrofia com inflamação
Radiação
Outras (especificar)

Microbiologia
Lactobacillus sp
Bacilos supracitoplasmáticos (sugestivos de Gardnerella/Mobiluncus)
Outros bacilos
Cocos
Candida sp
Trichomonas vaginalis
Sugestivo de Chlamydia sp
Actinomyces sp
Efeito citopático compatível com vírus do grupo Herpes
Outros (especificar)

Atipias celulares
Células atípicas de significado indeterminado
Escamosas
Possivelmente não-neoplásicas
Não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau

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Glandulares
Possivelmente não-neoplásicas
Não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau
De origem indefinida
Possivelmente não-neoplásicas
Não se pode afastar lesão intraepitelial de alto grau

Em células escamosas
Lesão intraepitelial de baixo grau (compreendendo efeito citopático pelo HPV e
neoplasia intraepitelial cervical grau I)
Lesão intraepitelial de alto grau (compreendendo neoplasias intraepiteliais cervicais
graus II e III)
Lesão intraepitelial de alto grau, não podendo excluir microinvasão
Carcinoma epidermóide invasor

Em células glandulares
Adenocarcinoma in situ
Adenocarcinoma invasor
Cervical
Endometrial
Sem outras especificações
Outras neoplasias malignas
Presença de células endometriais (na pós-menopausa ou acima de 40 anos, fora
do período menstrual)

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CITOLOGIA, HISTOLOGIA, FISIOLOGIA, ANATOMIA DO APARELHO GENITAL


FEMININO E CONSTITUINTES DO ESFREGAÇO CERVICAL NORMAL

CITOLOGIA
Estuda a morfologia e funções das células e dos componentes celulares, “cito” –
cytos (latim = cavidade) – célula.

Organelas Celulares
Citoesqueleto
Membrana plasmática
Mitocôndrias
Retículo Endoplasmático
Aparelho de Golgi
Lisossomos e peroxissomos
Centríolos
Ribossomos
Inclusões Citoplasmáticas
Figura 7: Representação da célula eucarionte com
as organelas.

HISTOLOGIA
Estudo da estrutura microscópica dos tecidos, órgãos e sistemas, “histos” (grego
– tecido), “tissu” (francês – tecido).
História - Bichat (1771-1802) estudou e classificou os tecidos, sem microscópio,
em + de 600 corpos  21 tipos de tecidos e órgãos. Mais tarde, com microscópio
 4 tecidos fundamentais.

Quatro tecidos fundamentais


Tecido epitelial, Tecido conjuntivo, Tecido muscular e Tecido nervoso
Grupos de células similares quanto à estrutura, função e origem embrionária,
mantidas juntas por quantidade variada de material intercelular.
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Tecido Epitelial
Cobre o corpo por fora e reveste os órgãos por dentro. Células poliédricas, pouca
substância extracelular, firmemente unidas umas às outras por complexos
juncionais, formando camadas contínuas. Apoiado em tecido conjuntivo ligado
pela membrana basal (sintetizada pelas células epiteliais). Não possui vasos
sanguíneos, sendo nutrido por difusão através do tecido conjuntivo. Duas formas:
epitélios que cobrem todo o corpo externamente e revestem o corpo internamente;
glândulas que se originam das células epiteliais.

Classificação dos epitélios


Pavimentosas
Forma da célula Cúbicas
Cilíndricas

Simples

Número de camadas

Estratificada

Quadro 9: Classificação do tecido epitelial conforme a forma da célula e número de camadas.

Tecido epitelial simples cilíndrico

Figura 8: Tecido epitelial cilíndrico simples e representação esquemática do tecido cilíndrico simples.

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Epitélio pavimentoso estratificado queratinizado

Figura 9: Tecido epitelial pavimentosos estratificado não queratinizado (mucosa) e representação


esquemática das células do tecido epitelial pavimentosos estratificado não queratinizado.

Células epiteliais do epitélio pavimentoso estratificado

Figura 10: Tecido epitelial pavimentosos estratificado queratinizado (pele) e representação


esquemática das células do tecido epitelial pavimentosos estratificado queratinizado.

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Diferenciação celular – Tecido epitelial


O processo de diferenciação ou maturação celular é o estágio de especialização
que atinge um ponto final de função e estrutura estabilizadas.

Superficial

Intermediária

Parabasal

Basal

Figura 11: Histologia mostrando diferenciação das células do tecido epitelial pavimentosos
estratificado não queratinizado (mucosa) e representação esquemática das células do tecido epitelial
pavimentosos estratificado não queratinizado.

Desdiferenciação
A diferenciação retrógrada (desdiferenciação) ocorre quando uma célula segue uma
direção oposta da maturação celular normal e retorna à sua forma embrionária.

Figura 12: Histologia mostrando várias camadas das células do tecido epitelial pavimentosos
estratificado não queratinizado (mucosa) sem diferenciação e representação esquemática.

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FISIOLOGIA
A célula epitelial é provida de receptores hormonais (estrogênio e progesterona)
que controlam a sua maturação e diferenciação

Figura 13: Representação de uma célula epitelial com receptores de estrogênio e progesterona e
células epiteliais apresentando diferenciação celular.

Ciclo menstrual

Figura 14: Representação esquemática das fases do ciclo menstrual.

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ANATOMIA
Aparelho genital feminino

Figura 15: Representação esquemática do aparelho genital feminino.

Vulva
Lábios maiores, Lábios menores, Clitóris, Glândulas (sebáceas, Bartolin)
Revestimento de Tecido epitelial escamoso estratificado queratinizado

Figura 16: Representação esquemática da vulva; histologia do tecido epitelial que reveste a vulva e
citologia da vulva.

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Vagina
Canal que liga o colo do útero à vulva, está à frente do reto e atrás da bexiga
Revestida por Tecido epitelial escamoso estratificado não queratinizado

Figura 17: Representação esquemática da vagina; histologia do tecido epitelial pavimentoso


estratificado não queratinizado (mucosa) que reveste a vagina e citologia com células epiteliais.

Útero
Forma de cone cujo vértice é inferior, parte superior é o corpo e a inferior é o colo
Revestido por: Epitélio cilíndrico simples ciliado e não ciliado, formando
glândulas tubulares retas com células cilíndricas altas

Figura 18: Representação esquemática do útero e colo do útero; histologia do tecido epitelial
pavimentoso cilíndrico simples que reveste o colo do útero e citologia com células epiteliais.

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Figura 19: Representação esquemática do aparelho genital feminino; representação esquemática da


histologia do tecido epitelial pavimentoso estratificado não queratinizado (mucosa) e do tecido
epitelial cilíndrico simples que revestem o colo do útero na ectocérvice e endocérvice e citologia com
células epiteliais escamosas e glandulares.

CONSTITUINTES DO ESFREGAÇO CERVICAL NORMAL

CÉLULAS DO EPITÉLIO ESCAMOSO

Células da camada basal


Camada única de células germinativas, sofrem mitose e mantém a renovação do
epitélio. Células pequenas, redondas e basófilas. Núcleo volumoso (grande) central
e hipercromático. Aparecem no esfregaço citológico em casos de diminuição
hormonal brusca que leva a descamação intensa (pós parto) ou em casos de atrofia.

Figura 20: Citologia com agrupamento de células epiteliais escamosas basais e esquema das
células. Imagem comparativa: Pequenas bolas com bolas menores, ou latas de tinta azul

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Células da camada parabasal


Várias camadas de células. Células maiores, arredondadas, possuem mais
citoplasma que as células basais, bordas bem definidas, citoplasma cianófilo.
Núcleo central discretamente hipercromático. Aparece no esfregaço de pós parto,
atrófico e na infância.

15 a 30 m

Figura 21: Citologia apresentando células epiteliais escamosas parabasais e imagem comparativa:
ovos, onde a gema é o núcleo

Células da camada intermediária


Várias camadas, a espessura varia de acordo com a fase do ciclo. Células com
forma poligonal, citoplasma abundante, delicado e cianófilo claro. Núcleo redondo,
claro e central. Possui alto teor de glicogênio. Os lactobacilos que compõem a flora
vaginal metabolizam o glicogênio a ácido láctico, mantendo o pH ácido vaginal.

Figura 22: Citologia apresentando células epiteliais escamosas intermediárias e imagem


comparativa: almofadas com botões.

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Células da camada superficial


Várias camadas de células, a espessura varia de acordo com a fase do ciclo.
Células bem diferenciadas, poligonais, achatadas cianófilas ou eosinófilas
apresentando citoplasma queratinazado que reflete o padrão citológico da atividade
estrogênica. Descamam facilmente. Apresentam núcleos picnóticos que são
núcleos puntiformes, hipercromáticos, opacos, homogênios os quais não se pode
visualizar estrutura em seu interior.

Figura 23: Citologia apresentando células epiteliais escamosas superficiais eosinófilas e cianófilas e
imagem comparativa: uma folha de papel com um pingo de tinta preta ou um grão de feijão

CORRELAÇÃO DA HISTOLOGIA E CITOLOGIA

Figura 24: Histologia do tecido epitelial pavimentoso estratificado não queratinizado e citologia
apresentando células epiteliais escamosas da camada basal, intermediária e superficial e esquema
das células.
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CÉLULAS DO EPITÉLIO COLUNAR DA ENDOCÉRVICE

Células colunares, cilíndricas ou glandulares


Uma camada de células produtoras de muco e células ciliadas. Células altas,
alongada ou arredondada, conforme o plano pelo qual é vista. Citoplasma basófilo,
delicado e vacuolizado. Núcleo redondo ou oval, grande, volumoso, basal.
Disposição em favo de mel quando vista de cima e paliçada quando vista da face
lateral com altura de 20 a 30 m e diâmetro de 8 a 10 m.

Figura 25: Desenho esquemático do tecido epitelial glandular simples em paliçada e em favo de mel;
imagem comparativa: cerca (paliçada) ou favo de mel.

Figura 26: Citologia apresentando agrupamento de células glandulares endocervicais mostrando


formação em favo de mel e paliçada na borda do agrupamento e desenho esquemático.

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CÉLULAS DO EPITÉLIO COLUNAR DO ENDOMÉTRIO

Células colunares, cilíndricas ou glandulares


Descamam durante a menstruação e podem ser observadas até o 10º dia do ciclo
menstrual. Células endometriais são pequenas. Descamam em agrupamentos
densos, tridimensionais. Possuem tamanha menor que as endocervicais. Células
do estroma endometrial (tecido conjuntivo) também podem aparecer.

Figura 27: Citologia apresentando agrupamento de células glandulares endometriais mostrando


formação em favo de mel; citologia apresentando agrupamento de células glandulares endometriais
(exodus).

Outras células
Leucócitos polimorfonucleares neutrófilos são componente usual nos esfregaços
cervicais em pequeno número. Variam conforme a fase do ciclo menstrual.
Escassos na ovulação e mais numerosos na fase progestacional. Quando
presentes em grandes quantidades, estão associados a processos inflamatórios.

Hemácias podem aparecer poucas. Em grande número quando o esfregaço é


colhido no período menstrual. Podem estar associadas com ulcerações ou trauma
durante a coleta.

Histiócitos (monócitos) são frequentes em esfregaços cervicais. Apresentam


formas variadas, podem ser pequenos, do tamanho de uma célula endometrial ou
maiores, gigantes e multinucleados em esfregaços de pós-menopausa.

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Linfócitos células redondas, são bem menos frequentes nos esfregaços cervicais.
São observados em grandes quantidades em infecções crônicas, como em cervicite
folicular.

Muco é secretado pelas células endocervicais, sendo observado em esfregaços


cervicais, dependendo da fase do ciclo menstrual. Sem significado clínico.

Espermatozoides podem ser observados, porém nunca relatados. Sem significado


clínico.

METAPLASIA ESCAMOSA

É uma alteração reversível onde ocorre uma mudança de um tipo de célula adulta
e madura em outro tipo celular adulto. Um processo em que um tipo de epitélio se
transforma em outro tipo epitelial. Representa uma substituição adaptativa das
células que são sensíveis ao estresse por tipos celulares melhor preparados para
suportar o ambiente adverso. O tecido metaplásico é mais resistente às agressões

Figura 28: Representação esquemática do processo de metaplasia.

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Mecanismo da Metaplasia

Reprogramação das células pluripotentes (células de reserva) ou de células


mesenquimais indiferenciadas presentes no tecido conjuntivo. Se as
influências que predispõem à metaplasia persistirem pode ocorrer uma
transformação maligna, conforme exemplos abaixo:
 Metaplasia epitelial colunar para escamosa no trato respiratório
 Metaplasia epitelial escamoso para colunar no trato digestório,
como na esofagite de Barret, na qual o epitélio esofágico é
substituído por células colunares.
 Metaplasia epitelial colunar para escamosa no colo do útero (SGF)
 Como acontece a metaplasia

Figura 29: Desenho esquemático apresentando a junção escamo-colunar em processo de


metaplasia.

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Ectopia

Ectopia na zona de transformação Ectopia com metaplasia na zona de transformação

E = Epitélio escamoso, C = Epitélio cilíndrico; M = Metaplasia pavimentosa em mucosa


endocervical

Figura 30: Representação esquemática do colo do útero apresentando ectopia (eversão) do colo e
metaplasia.

Critérios citológicos
Aparecem em agregados soltos ou isoladas. Mostram processos citoplasmáticos
proeminentes. Células metaplásicas imaturas são pequenas e semelhantes às
células basais e parabasais. Células metaplásicas maduras são grandes poligonais
de tamanho e forma similar às células intermediárias e superficiais.

Figura 31: Citologia apresentando células metaplásicas com projeções citoplasmáticas.

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Variações celulares não-neoplásicas


Metaplasia escamosa: Células apresentando margens celulares proeminentes

Figura 32: Citologia apresentando células metaplásicas com projeções citoplasmáticas e desenho
esquemático de uma célula metaplásica com projeções citoplasmáticas proeminentes.

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34

Mudanças celulares queratóticas: Paraceratose e hiperceratose

Figura 33: Citologia apresentando células epiteliais totalmente queratinizadas e anucleadas;


citologia apresentando algumas células de paraceratose.

Metaplasia tubária: Apresenta células colunares ciliadas

Figura 34: Citologia apresentando células epiteliais cilíndricas ciliadas.

Atrofia
Células parabasais degeneradas eosinofílicas com núcleos degenerados. Autólise
do núcleo, resultando núcleos desnudos. Exsudato inflamatório com granulações
basofílicas. Material amorfo basofílico

Figura 35: Citologia apresentando esfregaço atrófico com células epiteliais profundas apresentando
degeneração nuclear, fundo grumoso.

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35

Mudanças associadas a gravidez: Célula intermediária navicular, na gravidez,


devido ao alto teor de glicogênio

Figura 36: Citologia apresentando células epiteliais intermediárias naviculares.

Mudanças celulares reativas associadas com:


Inflamação

Critérios Citológicos
Núcleo
Aumento nuclear
Hipercromatismo
Binucleação ou multinucleação
Degeneração nuclear
Nucléolos únicos ou múltiplos
Halos perinucleares, sem espessamento periférico
Citoplasma
Metacromasia, policromasia (anfofilia)
Vacuolização
Fagocitose
Degeneração citoplasmática
Citoplasma com bordas apagadas
Outras células – Leucócitos
Neutrófilos
Histiócitos
Linfócitos

Núcleo
Aumento nuclear
Células escamosas apresentando 1 ½ a 2 vezes o tamanho do núcleo de uma
célula intermediária normal
Calibrar o olho com as outras células intermediárias normais do esfregaço
Células glandulares endocervicais podem apresentar grande aumento nuclear
(núcleos volumosos) e nucléolos

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36

Figura 37: Citologia apresentando células epiteliais com núcleos aumentados de tamanho.

Hipercromatismo - cromatina fortemente corada, mas uniforme


Binucleação ou multinucleação - Célula apresentando dois ou três núcleos

Figura 38: Citologia apresentando células epiteliais com núcleos hipercromático; citologia
apresentado célula com binucleação.

Degeneração nuclear

Cariorrexe
Dissolução da cromatina
Dispersão da cromatina
Perda dos limites nucleares

Picnose
Retração nuclear
Redução do volume nuclear
Condensação do DNA
Núcleo hipercromático
Cariólise
Dissolução da cromatina pela DNAse
Núcleo sem coloração ou pouco corado
Nucléolos únicos ou múltiplos, proeminentes

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37

Citoplasma
Citoplasma com metacromasia, policromasia (anfofilia). Vacuolização e
degeneração citoplasmática. Fagocitose, Halos perinucleares, sem espessamento
periférico. Citoplasma com bordas apagadas.

Figura 39: Citologia apresentando células epiteliais metacromasia; citologia apresentando célula
com vacuolização e degeneração citoplasmática.

Figura 40: Citologia apresentando célula epitelial com um fagossomo; citologia apresentando célula
epitelial com bordas citoplasmáticas apagadas.

Outras Células
Leucócitos
Neutrófilos são vistos nos esfregaços cervicais e não são indicativos
de infecção. Mas, quando eles estão presentes, em quantidade
aumentada indicam um processo infeccioso.
Na fase aguda da infecção - Exsudato leucocitário, apresentando
neutrófilos e histiócitos (macrófagos – monócitos). Exsudato
inflamatório denso, pode impedir uma análise citológica.
Monócitos  Histiócitos
Pequenos: após a fase menstrual (êxodo)  NORMAL. Fora dessa
fase  INFLAMAÇÃO CRÔNICA . Grandes: com núcleo excêntrico,
forma oval, redonda ou em feijão. Após menopausa e após
radioterapia
Linfócitos
Na fase crônica, ocorre infiltração localizada ou difusa de linfócitos
formando folículos linfoides

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38

Alterações de reparo
Reparo  Erosão ou Úlcera
Um trauma ou infecção aguda pode levar a uma perda da descontinuidade do
epitélio  ulcera ou erosão

Figura 41: Desenho esquemático de um tecido mostrando erosão.

Representação esquemática simplificada da reparação

Proliferação das células basais ou de células de reserva


na periferia da lesão

Células cobrem a superfície como um lençol.


Reconstituição do epitélio por proliferação e diferenciação
celular

Critérios Citológicos: Fundo da lâmina normalmente limpo; Células e núcleos


orientados na mesma direção, refletem crescimento celular rápido, aspecto de
lençol; Aumento do tamanho nuclear, nucléolos proeminentes. Ausência de células
isoladas com alterações nucleares

Figura:
Fonte:

Figura 42: Citologia apresentando agrupamento de células epiteliais de um reparo.

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39

Mudanças celulares reativas associadas com:

Inflamação
- Cervicite folicular
Linfócitos e seus precursores com padrão de cromatina grosseira, nucléolos
proeminentes, mimetiza carcinoma de células escamosas pouco diferenciado.
Infecção crônica - Chlamydia trachomatis (Doença inflamatória pélvica - DIP)

Figura 43: Citologia apresentando processo inflamatório, mostrando linfócitos em grande


quantidade.

Radiação
Critérios
Tamanho celular normalmente aumentado. Células em forma bizarra. Núcleos
aumentados com degenerações. Binucleação ou multinucleação comum. Nucléolos
proeminentes único ou múltiplos. Reação reparatória pode ser observada.
Vacuolização do citoplasma.

Figura 44: Citologia apresentando efeito da radioterapia em células epitelais.

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40

Dispositivo intrauterino
Células podem descamar em agrupamentos ou isoladas. Agrupamentos podem
imitar as células de adenocarcinoma. – cautela na presença de um DIU. Em caso
de dúvida, considere repetir a amostragem após a remoção do DIU

Figura 45: Citologia apresentando agrupamento glandular com mudanças reativas associadas ao
DIU.

Trichomonas vaginalis

Protozoário, unicelular, flagelado, forma de pera (oval ou redondo), 15 a 30 m de


tamanho. Núcleo pálido, vesicular e localização excêntrica. Citoplasma eosinófilo
ou cinófilo, com granulações que podem ser observadas, flagelo não visível.
Aderem nas superfícies das mucosas e causam lesões no trato genital masculino e
feminino. Não invadem os tecidos do hospedeiro. Causam tricomoníase, uma
infecção de transmissão sexual. Corrimento de cor amarelada ou esverdeada,
causando coceira e dor no ato sexual. Podem causar infecções nas trompas e
ovários, levando a esterilidade ou pode ser assintomática.

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41

Características do esfregaço citológico


Fundo apresenta exsudato leucocitário
Células escamosas policromáticas
Leve aumento nuclear com hipercromasia
Binucleação, multinucleação, cariopicnose e halo perinuclear
Outras alterações celulares reativas

Figura 46: Citologia apresentando processo inflamatório, mostrando diversas estruturas piriformes,
núcleo pálido, vesicular, cianofíceas, algumas com granulações, e flagelo não visível. Ao lado uma
representação esquemática do protozoário.

Fungos morfologicamente consistentes com Candida spp.

Fungos com blastoconídeos, pseudo-hifas e hifas verdadeiras ramificadas e


septadas, eosinofílicas a marrom-acinzentada. Várias espécies, dentre as mais
frequentes: Candida albicans e Candida glabrata.

Candidíase: Certos fatores que contribuem para o aparecimento da candidíase:


gravidez, diabetes, obesidade, higiene pessoal, medicamentos (antibióticos)

Figura 47: Citologia apresentando mostrando organismos fúngicos morfologicamente compatíveis


com Candida spp. ao lado uma representação de hifa com septação e blastoconídeos.

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42

Desvio na flora sugestivo de vaginose bacteriana

Características do esfregaço citológico


Fundo do esfregaço com cocobacilos em evidência. Células escamosas individuais
cobertas por uma camada de cocobacilos que obscurece a membrana celular e o
citoplasma formando as “clue cells” ou células alvo.

Gardnerella vaginalis e/ou Mobiluncus sp


A predominância de cocobacilos representa uma mudança da flora vaginal de
Lactobacilos para um processo polimicrobiano, envolvendo vários tipos de bactérias
anaeróbicas, incluindo, mas não limitando-se à Gardnerella vaginalis. Bastonete
curto, Gram negativo ou Gram variável, citologia com células alvo ou Clue cell.

Figura 48: Citologia apresentando processo inflamatório por desvio na flora sugestivo de vaginose
bacteriana, observe as células alvo ou clue cellls.

Ecossistema vaginal: A flora vaginal é um ecossistema dinâmico constituído de


várias espécies de Lactobacillus, e outras bactérias produtoras de ácido lático. A
composição da flora vaginal não é constante, sofrendo variações em resposta a
fatores exógenos e endógenos. Tais fatores incluem as diferentes fases do ciclo
menstrual, gestação, uso de contraceptivos, frequência de intercurso sexual, uso de
duchas ou produtos desodorantes, utilização de antibióticos ou outras medicações
com propriedades imunossupressivas.
Lactobacillus spp. - Bastonete Gram positivo, imóvel e não capsulado; constitui o
maior componente da flora vaginal; pH < 4,5

Figura 49: Citologia apresentando flora de lactobacilos.

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43

Bactérias morfologicamente consistentes com Actinomyces spp.

São bactérias anaeróbicas (Gram positivas), habitantes normais da boca e do


intestino. Causam doença quando barreiras da mucosa são rompidas por trauma
mecânico. Resposta inflamatória aguda, dor pélvica. Encontrado em
aproximadamente 7% das mulheres usuárias de DIU.

Critérios citológicos
Grupos entrelaçados de organismos filamentosos (borrão). Grupos em “cotton
boll” (bola de algodão). Usualmente ramificados

Figura 50: Citologia apresentando organismos filamentosos (borrão), morfologicamente


consistentes com Actinomyces spp.

Alterações celulares consistentes com o vírus do herpes simples

Vírus grandes, encapsulados, com dupla fita de DNA, conhecidas mais de 100
espécies, 6 causam doenças no homem. HSV-1 e HSV-2 são geneticamente
semelhantes e causam um padrão semelhante de infecção primária e recorrente.
Infectam a pele e as mucosas orofaríngea (HSV-1) e genital (HSV-2). Causam
lesões vesiculares com ulceração e evidente reparo epitelial, provocando dor,
queimação e bolhas dolorosas, pequenas feridas.

Critérios citológicos
Fundo apresenta exsudato leucocitário. Células grandes, multinucleadas, com
núcleos moldados. Núcleos com aspecto de vidro fosco com fina membrana
nuclear, cromatina marginalizada. Inclusões intranucleares eosinofílicas, densas

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44

Figura 51: Citologia apresentando célula epiteliais grandes, multinucleadas, com núcleos
moldados, aspecto de vidro fosco com efeito citopático consistente com o vírus do herpes simples.

Mudanças celulares consistentes com o citomegalovírus


Critérios citomorfológicas
As células com núcleos grandes e proeminentes, inclusão intranuclear vermelho
consistentes com a infecção pelo citomegalovírus (CMV)

Figura 52: Citologia apresentando célula epiteliais com efeito citopático consistente com o vírus
citomegalovírus.

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45

Papilomavírus humano (HPV), verrugas e câncer do colo do útero


Pequenos vírus, epiteliotrópico, sem envelope, cadeia dupla de DNA, infectam
epitélios da mucosa e pele em vertebrados superiores e induzem a proliferação
celular. Mais de100 tipos de HPV foram identificados, sendo que metade deles
infectam o trato genital. Muitos tipos de HPV foram encontrados em câncer cervical,
enquanto outros são encontrados raramente ou não em todos. Classificados de
HPVs de “baixo risco” e “alto risco”, de acordo com sua capacidade de
transformação da célula.

Figura 53: Figura esquemática do Papilomavírus, apresentando seu capsídeo e molécula do DNA;
representação da cadeia de DNA com os genes E (early) e L (late).

Papilomavírus humano (HPV)


Baixo risco (6, 11, 42, 43, 44, 45, 51, 52, 74 ...)
Causam tumores benignos como verrugas comuns e verrugas anogenitais
(condilomas)

Alto risco (16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58 ...)
Associado ao câncer da cérvice, vulva, ânus e pênis

Mais de 40 tipos de HPVs infectam o trato anogenital

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46

Figura 54: Representação esquemática do útero e da cérvice uterina e seus epitélios; representação
esquemática linear dos dois epitélios, na junção epitelial do epitélio da cérvice uterina – Junção
escamo colunar.

Figura 55: Representação esquemática linear mostrando uma fissura no epitélio escamosos e junção
escamo-colunar por onde o vírus HPV pode ter acesso a célula da camada basal.

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47

Núcleo

Figura 56: Representação esquemática de uma célula epitelial escamosa da camada basal,
mostrando o HPV penetrando na célula e a molécula de DNA do vírus, circular (epissomal) no núcleo.

Figura 57: Representação esquemática do tecido epitelial mostrando o HPV, no núcleo, desde a
célula da camada basal, na forma epissomal, até a célula superficial.

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48

Que doenças podem ser causadas pelo HPV, se o DNA não se integra ao
genoma celular?
Lesões benignas

Figura 58: Desenho esquemático de verrugas vulgares na pele da planta do pé; foto de verrugas
vulgares na pele do rosto; foto de verrugas vulgares na pele na mão. HPV de baixo risco (6, 11, ...)

Figura 59: Fotos de verrugas vulgares na pele da região genital e anal; histologia de verruga vulgar
na pele. HPV de baixo risco (6, 11, ...)

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49

Figura 60: Representação esquemática do núcleo de uma célula epitelial escamosa da camada
basal, mostrando a molécula do DNA do HPV; a seta vermelha mostra onde normalmente ocorre a
quebra da molécula circular do DNA que se lineariza.

Figura 61: Representação esquemática do núcleo de uma célula epitelial escamosa da camada
basal, mostrando a molécula do DNA do HPV linearizada se integrando no DNA da célula
hospedeira.

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50

Figura 62: Representação esquemática do tecido epitelial mostrando o DNA do HPV integrado ao
DNA da célula hospedeira, ocorrendo transformação na célula.

O HPV infecta as células da camada basal, em decorrência de abrasão ou


microlesões da pele e mucosa no colo do útero, na junção escamocolunar ou
epitélio de transição, onde as células proliferativas estão mais expostas.

Lesões causadas pelo HPV, quando o DNA está integrado ao DNA da célula

Figura 63: Representação esquemática do útero normal; colo do útero e citologia com lesão
precursora; colo do útero e citologia com câncer. HPV de alto risco (16, 18, ...)

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51

Como se faz o diagnóstico precoce do câncer do colo do útero

Exame clínico – verrugas, lesões planas, história clínica


Exame citológico de células esfoliadas (Papanicolaou)
Exame de colposcopia
Exame anatomopatológico
Exames complementares
Teste moleculares que detectam o DNA do HPV
Captura híbrida
Reação em cadeia da polimerase (PCR)

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52

Células escamosas

Células escamosas atípicas


De significado indeterminado (ASC-US - Atypical Squamous Cells of
Undetermined Significance)
Não exclui HSIL (ASC-H - Atypical Squamous Cells - cannot exclude HSIL)

Células Escamosas Atípicas de Significado Indeterminado (ASC-


US)
“Anormalidades celulares mais evidentes do que aquelas atribuídas às alterações
reativas, mas que, quantitativamente ou qualitativamente, não asseguram o
diagnóstico definitivo de lesão intra-epitelial escamosa (SIL)”.

Características citológicas
Diferenciação escamosa
Aumento da área do núcleo em relação ao citoplasma. Núcleo 2 ½ a 3 X maior do
que o núcleo de uma célula intermediária normal ou 1 ½ a 2 X a área do núcleo de
uma célula metaplásica normal. Variação no tamanho e forma nuclear e eventual
binucleação. Leve hipercromatismo, mas a cromatina mantém distribuição
uniforme sem granulações

Figura 64: Citologia apresentando células epiteliais escamosas normais e células epiteliais
escamosas com alterações celulares compatíveis com ASC-US.

Critérios citológicos
Células com aparência MADURA do citoplasma apresentando núcleos atípicos.
Células com alguns, mas não todos fatores, que sugerem efeitos citopáticos do
HPV, lembram coilócitos. Hiperceratose, células escamosas poligonais maduras
anucleadas (pode ser contaminação). Paraceratose atípica, células sozinhas ou em
agrupamentos tridimensionais com alongamentos, núcleo aumentado, binucleação,
e hipercromatismo.

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53

Células Escamosas Atípicas – não exclui Lesão de Alto Grau


ASC-H

Ocasionalmente, essas alterações morfológicas tornam-se tão acentuadas que as


lesões intra-epiteliais escamosas de alto grau (HSIL) ou carcinoma de células
escamosas não podem ser excluídas – representam 10% dos ASC.

Critérios citológicos: Células escamosas pequenas. Células escamosas de


metaplasia imatura atípica, 1 ½ a 2 X a área do núcleo de uma célula metaplásica
normal. Altas proporções núcleo/citoplasma.

Reparo atípico: Células escamosas associadas com atrofia. Células metaplásicas


imaturas atípicas. As células ficam juntas, parece que se acomodam umas às outras
formando um paralelepípedo. Núcleos tamanhos ≠. Podem apresentar halo.

Figura 65: Citologia apresentando células epiteliais metaplásicas normais e células epiteliais
escamosas com alterações celulares compatíveis com ASC-H.

Lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL)

Envolvem alterações celulares associadas com os efeitos citopático do HPV,


displasia leve e neoplasia intraepitelial cervical 1

Figura 66: Esquema da diferenciação terminal do tecido epitelial apresentando efeito citopático da
infecção pelo HPV; histologia de uma lesão intraepitelial cervical de baixo grau; seta indicando a
diferenciação em dois terços superiores do epitélio.

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54

Histologia
Hiperplasia da camada basal que ocupa 30% da altura do epitélio. Sobre essa
camada, as células se diferenciam e mostram anisonucleose e citoplasma com
vacuolização (Coilocitose). Pode ser observado distúrbios de queratinização,
paraceratose.

Citologia
Células isoladas ou agrupadas com contornos celulares nítidos. Anormalidades
nucleares em células intermediárias e superficiais. Aumento nuclear de pelo menos
3X a área do núcleo de uma célula intermediária normal. Binucleação e
multinucleação. Membrana nuclear lisa com leves irregularidades. Célula
mostrando cavidade perinuclear opticamente clara e densa borda citoplasmática –
coilócito. Paraceratose e ceratose.

Figura 65: Citologias apresentando células epiteliais escamosas intermediárias com núcleo atípico e
coilócitos; desenho esquemático de uma célula com coilócito.

Figura 66: Microscopia eletrônica do núcleo de célula epitelial com lesão intraepitelial escamosa de
baixo grau (LSIL) apresentando partículas virais no interior do núcleo.

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55

Lesão intraepitelial escamosa de alto grau – HSIL

Figura 67: Esquema da diferenciação terminal do tecido epitelial apresentando efeito citopático da
infecção pelo HPV; histologia de uma lesão intraepitelial cervical de alto grau (NIC 2); seta
mostrando a diferenciação no terço superior do epitélio.

NIC 2 - Epitélio com indiferenciação em uma espessura de 70%, conserva a


diferenciação no terço superior, as células mostram as alterações que acompanham
à infecção do Papilomavírus Humano.

Figura 68: Esquema não mostra diferenciação do tecido epitelial; histologia de uma lesão
intraepitelial cervical de alto grau (NIC 3); seta representando que não há diferenciação do tecido
epitelial.

NIC 3 - Toda a espessura do epitélio cervical mostra células neoplásicas, com


células imaturas, alterações e polimorfismo nuclear. Não há nenhuma maturação
superficial, mas a membrana basal está preservada

Citologia

Aumento nuclear é o mesmo do LSIL, mas as células são menores e menos


maduras. Membrana nuclear irregular. Hipercromatismo, cromatina com grânulos
finos ou grossos, com distribuição uniforme. Nucléolos raramente presentes,
quando aparecer dá para sugerir invasão. Fundo limpo. Arranjos em grupos coesos,
fileiras ou em correntes.

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Figura 69: Citologias apresentando células epiteliais escamosas com alterações compatíveis com
HSIL

Carcinoma de células escamosas

Figura 70: Esquema mostrando invasão do tecido conjuntivo; histologia de carcinoma de células
escamosas.

Toda a espessura do epitélio cervical mostra células neoplásicas, com células


imaturas, alterações e polimorfismo nuclear.

Não há nenhuma maturação superficial, E AS CÉLULAS NEOPLÁSICAS


ROMPEM A MEMBRANA BASAL E INVADEM O TECIDO CONJUNTIVO
SUBJACENTE

Citologia
Células menores que as de HSIL, com características de HSIL. Acentuada variação
no tamanho e forma celular. Células em forma caudadas. Células em forma
fusiformes. Formações em pérolas córneas. Descamação em células isoladas ou
agrupadas. Células em agregados sinciciais com bordas celulares mal definidas.
Células escamosas com citoplasma denso orangeofílico – queratinizadas.

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57

Figura 71: Citologias apresentando células de carcinoma de células escamosas.

Núcleos
Coloração em tinta de nanquim  MALIGNO
Anisocariose
Cromatina grosseira granular, cromatina irregular
Membrana nuclear ultrapassando a membrana celular
Nucléolos visíveis (macronucléolos proeminentes)
Mitoses atípicas. Diátese tumoral, fundo sujo com aspecto proteináceo, como
nuvem - restos de produtos de degradação celular

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Células glandulares

Atípicas
Células endocervicais (Sem outra especificação - NOS)
Células endometriais (NOS)
Células glandulares (NOS)

Células Glandulares Atípicas


Células mostrando diferenciação endocervical ou endometrial com atipia nuclear
que excedam a alterações reativas ou reparatórias, mas que carecem de
características inequívocas de adenocarcinoma “in situ” ou invasivo.

Critérios citológicos
Células glandulares endocervicais com núcleos aumentados e levemente
irregulares
Citoplasma vacuolizado e denso
Modificações que excedem as mudanças reativas, mas sutis que impedem o
diagnóstico de displasia glandular

Critérios citológicos
Células ocorrem em camadas, blocos ou rosetas. Sobreposição nuclear. Variação
no tamanho e forma nuclear. Leve a moderada hipercromasia. Nucléolos

Figura 72: Citologias apresentando agrupamento celular glandular com aumento nuclear, arranjo
irregular do agrupamento.

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Adenocarcinoma endocervical “in situ”


Carcinoma de células do epitélio simples cilíndrico no canal endocervical
Citologia
Aumento nuclear, hipercromasia, estratificação (várias camadas) e atividade
mitótica, sem invadir a membrana basal
Características dos agrupamentos: roseta, pseudoestratificação, sobreposição e
perda da polaridade

Figura 73: Citologia apresentando agrupamento celular glandular com aumento nuclear e
hipercromatismo, arranjo do agrupamento em forma de roseta.

Adenocarcinoma endocervical
Citologia
Apresenta todas as características do adenocarcinoma “in situ”. Agrupamentos ou
agregados tridimensionais de células. Núcleos aumentados, pleomórficos,
afastados para periferia, cromatina com distribuição irregular. Macronucléolos.
Diátese tumoral, mostra características de invasão. Lesões precursoras do câncer
do colo uterino.

Figura 74: Citologia apresentando agrupamento celular glandular com hipercromatismo nuclear,
núcleos em forma de charuto, arranjo do agrupamento em forma de roseta.

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Figura 75: Representação esquemática da histologia desde normal até carcinoma.

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Espermograma

Exame de Espermograma, Espermiograma, Espermatograma, Espermocitograma,


Espermocinetograma
Objetivos: Estudar e acompanhar a infertilidade; Monitorar cirurgia; Pesquisar;
Participar em medicina legal

Conceito
É a avaliação físico-química, qualitativa, quantitativa e morfológica do esperma.
Deve ser sempre analisada, pelo menos, duas amostras de sêmen com coletas
obtidas com um intervalo mínimo de duas semanas, devido à enorme variabilidade
que existe na emissão seminal e, caso haja diferença maior que 20% entre
qualquer parâmetro, será necessária uma nova amostra. Consiste de uma revisão
morfofuncional do sistema genital masculino

Sistema Genital Masculino


Testículos - Túbulos seminíferos: órgãos ovais, dois, diâmetro 4 a 5cm e largura
2cm. Envolvidos por cápsula de tecido conjuntivo denso → túnica albugínea
Ductos genitais
Situados no interior dos testículos e ductos situados fora dos testículos
Glândulas anexas
Vesículas seminais, Próstata e Glândulas Bulbouretrais
Pênis

Bexiga
Próstata
Ampola
Vesícula seminal

Bulbo
uretral Ducto ejaculador
Uretra
Ducto deferente
Pênis

Corpos cavernosos do pênis

Corpos cavernosos da uretra Ductos eferentes


Prepúcio
Epidídimo
Glande

Lóbulos testiculares
Albugínea
Túnica vaginal
Túbulos retos
Rede testicular

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Função
Gametogênese (espermatozóides)
Esteroidogênese (testosterona)

Desenvolvimento
Cavidade abdominal, no final do período fetal (8o mês) descem para o saco
escrotal (peritônio → túnica vaginal → cavidade serosa recobre porção antero-
lateral)
Porção posterior → vasos, nervos

Túbulos Seminíferos
Enovelados, comprimento 40 a 70cm, diâmetro 150 a 280 µm
Epitélio estratificado complexo - Células Germinativas e Células de Sertoli -
suporte físico e nutrição do epitélio germinativo
Tecido intersticial - Células de Leydig - sintetizam TESTOSTERONA, sob ação do
LH

Espermatogênese e Espermiogênese

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Transporte do espermatozóide  cerca de 200 a 600 milhões de


espermatozóides são depositados no colo do útero, atravessam o canal cervical,
o útero e as trompas. Somente 200 espermatozóides alcançam o sítio de
fertilização.
Local de fertilização  a sede usual de fertilização é a ampola da trompa uterina.
Capacitação e Maturação dos espermatozoides
Espermatozóides recém ejaculados não são capazes de fecundar o ovócito 
período de condicionamento que dura cerca de 7 horas, num processo chamado
de capacitação  no útero ou na trompa uterina, são removidas as capas de
glicoproteínas e proteínas seminíferas da superfície do acrossoma. As enzimas do
acrossoma entram em contato com a membrana celular:

Sistema Genital Masculino


Ductos genitais
Situados no interior dos testículos
Situados fora dos testículos
Glândulas anexas
Vesículas seminais
Próstata
Glândulas Bulbouretrais
Pênis

Vesículas Seminais e Secreção


Dois órgãos, alongadas e contorcidas de 5 cm de comprimento; constituída por um
tubo único (3 a 4mm de diâmetro, 10 a 15 cm de comprimento), dobrado sobre si
mesmo;
Secreção amarelada, ligeiramente alcalina, viscosa e rica em frutose
46 a 80% do volume final
Frutose
Fatores de coagulação
Tromboplastina
Prostaglandinas
Lactoferrina
Proteínas antigênicas
Imunoglobulinas
Inibidores das proteínas
Potássio

Próstata e Secreção prostática


A maior das glândula acessórias, circunda a porção inicial da uretra;
Forma e tamanho de uma castanha, pesa cerca de 20g;
Secreção prostática: rica em cálcio, zinco, magnésio e ácido cítrico, fosfatase
ácida e alcalina ...
13 a 23% do volume seminal
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64

Fatores de liquefação
Espermolisinas
Trobolisina
Cálcio, zinco, magnésio e ácido cítrico
Fosfatase ácida e alcalina
Inusitol
Ativador de plasminogênio
Albumina
Inibidores de tripsina

Espermograma
Avaliação das glândulas seminais, da fertilidade e monitoramento pós-vasectomia
Além das avaliações físico-químicas, microscópicas e morfológicas dos
espermatozóides, podem ser realizadas também avaliações imunológicas,
bioquímicas e hormonais
Espermograma
Biossegurança
Vacina contra Hepatite B
Uso obrigatório de luvas descartáveis
Lavagem das mãos com sabão neutro
Havendo contaminação externa do frasco, utilizar desinfetante (hipoclorito)
Descarte do material utilizado

Métodos para análise

1a Etapa: Procedimentos pré-analíticos


2a Etapa: Procedimentos analíticos
3a Etapa: Procedimentos pós-analíticos

Procedimentos pré-analíticos: Preparo do paciente e coleta do sêmen


Preparo do paciente para a coleta do sêmen
“Informações que devem ser fornecidas ao paciente de forma clara, a fim de se
obter um material que garanta a confiabilidade dos parâmetros analisados”.
Os procedimentos de coleta e análise do sêmen devem ser adequados e
padronizados

Abstinência sexual
O período de abstinência deverá ser de 2 a 5 dias, mas deve-se levar em conta a
atividade sexual do paciente, o ideal cinco dias - 1 a 3 dias, mínimo dois e máximo
sete dias
Deve-se registrar o período de abstinência, data e hora da coleta, período de
intervalo entre a coleta e o exame, medicamentos usados.

Coleta do sêmen
Deve ser realizada no laboratório por automasturbação

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65

Se não for realizada no laboratório, a amostra deverá ser enviada no máximo em


30min após o recolhimento
Horário da coleta – é importante estabelecer um horário e informar ao paciente
Jejum não é obrigatório (12 horas), exceto se solicitado a dosagem de frutose,
níveis elevados de glicose podem interferir na dosagem
Condições da sala de coleta  Silenciosa

Orientações ao paciente
O paciente deverá ser orientado para evitar perda de material
Não utilizar preservativos de látex durante a coleta (presença de
substâncias espermaticidas)
Não utilizar métodos alternativos para obtenção do sêmen
Por exemplo, relação sexual interrompida devido a contaminação de
células, bactérias, alteração pH
Proteção do material contra altas e baixas temperaturas
Menos de 20o C e mais de 40o C

Frascos para amostra


A amostra deverá ser coletada em frascos esterilizado, de vidro ou plástico (sem
espermaticida), de boca larga, fornecido pelo laboratório;
Fechar imediatamente o frasco após a coleta, para evitar alcalinização;

No momento do exame devem ser registrados

Nome do paciente: ____________________


Idade: __________
Filhos:____ Idade do(s) filho(s): __________
Período de abstinência: _________ dias
Data: ___________ Hora de coleta: _______
Uso de medicamentos: _________________
Motivo do exame: _____________________

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SÊMEN
As 1as porções são ricas em:
Espermatozóides
Fluidos das glândulas bulbouretrais e do epidídimo
As porções finais são ricas em secreções:
Vesículas seminais, coágulo
Próstata, liquefação

COAGULAÇÃO
Tempo de duração da coagulação
1a Fase: Liquefação inicial
2a Fase: Coagulação
3a Fase: Liquefação secundária

COAGULAÇÃO
1a Fase:
Inicial liquefeita, (virtual) de duração extremamente curta em casos normais
Logo após a ejaculação, o sêmen se transforma em gel pelo contato com uma
superfície estranha - frasco (“in vitro”), colo de útero (“in vivo”)
Esse mecanismo protege os espermatozóides do gasto de energia e ação
deletéria do pH vaginal
2a Fase:
Coagulação, período de 5 a 30 minutos
Os gametas ficam presos nas malhas do coágulo, processo parecido com a
coagulação plasmática (sêmen não tem fibrinogênio)
3a Fase:
Liquefação secundária, definitiva - após a liquefação, os demais parâmetros,
devem ser analisados imediatamente
A liquefação normal de 30 a 60 minutos
A liquefação parcial ou ausente é considerada uma importante causa de
infertilidade
Determinação do tempo de coagulação
Método: análise virtual – observa-se a dissolução do coágulo
Valores de referência: 5’ a 30’ após a coleta

COAGULAÇÃO
Ausência de coagulação ou liquefação primária
Falta completa ou parcial de fatores de coagulação (vesícula seminal)
Persistência de um estado líquido ou semi-líquido do sêmen
Altera a mobilidade dos espermatozóides

COAGULAÇÃO
Ausência de liquefação secundária. Persistência de coágulos ou uma alta
viscosidade (próstata)
Baixa concentração de fibrinolisina

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O esperma apresenta alta viscosidade, podendo causar imobilização completa


ou parcial dos espermatozóides

CONSISTÊNCIA / VISCOSIDADE
Representa a consistência do sêmen. Com uma pipeta de 5ml, deixar o
esperma cair em gotas pela ação da gravidade

Técnica:
Consistência / Viscosidade
Com uma pipeta de 0,1 mL com 11 cm de coluna de esperma, gotejar 3 gotas
cronometrando.
Entre 4,8 a 5,2 segundos: normal
> que 5,2 segundos: viscosidade elevada
< que 4,8 segundos: baixa viscosidade
Referências
Normal
gotas discretas se desprendem da pipeta
Aumentada
gotas se alongam, formando filetes de mais de 2cm (deficiência de produção
de espermolisinas pela próstata)
Diminuída
quando o líquido escorre da pipeta (deficiência vesicular com baixa produção
de fatores da coagulação)

VOLUME
O volume está diretamente dependente da freqüência de coitos
Valores normais: 2,0 a 5,0 ml
Valores menores que 1,0 ml (hipospermia) são insuficientes para análise,
devendo ser solicitada nova coleta, observando o novo período de abstinência

Hipospermia: <1ml
Falta de abstinência
Insuficiência vesicular ou prostática
Hiperespermia: > 5ml
Abstinência prolongada
Tumores benignos ou malignos da próstata ou vesícula

Aspermia: ausência de ejaculado


Agenesia de glândulas vesiculares

Ejaculação retrógrada
Anormalidades da uretra que provocam insuficiência das válvulas urinárias
Alterações do controle neurológico da ejaculação

ASPECTO
Observação subjetivo do analista
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Aspecto Homogêneo
Normal
Espesso e gelatinoso
Após a liquefação, pode apresentar-se mais fluido e opalescente
Aspecto Heterogêneo
Agregados proteináceos
Períodos abstinência sexual ↑
Testosterona ↓
Processos inflamatórios
Certos medicamentos

COR
Cor normal
Branco opaco a cinza claro

Cores anormais
Amarela intensa
Leucospermia
Vermelhas
Hemospermia

ODOR
É considerado "sui generis“ e deve-se a presença de três aminas: esperminas,
espermidina e putrescina
O odor é resultado da oxidação dessas aminas
A ausência desse odor pode sugerir infecção

pH
Potenciômetro, tiras indicadoras, graduadas em décimos de unidade, entre 6,0
e 9,0
Valores normais: 7,2 a 8,0
Em contato com o ar o pH tende a elevar-se a valores de 8,8 a 9,0
Manter o frasco fechado
Este teste dever ser realizado no prazo máximo de 1 hora após a coleta
pH
pH – medido logo após a ejaculação
pH básico > 8,0
Indica deficiência de secreção prostática
pH ácido < 7,2
Indica insuficiência da secreção vesicular

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Análise morfológica
Análise morfológica dos espermatozoides

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Espermatozoides alterados
Alterações de cabeça
Alterações de peça intermediária
Alterações de cauda

Alterações de cabeça

Defeitos na forma e tamanho da cabeça, incluindo as cabeças grandes, pequenas,


“tapering”, piriformes, amorfas, vacuoladas, cabeças duplas ou qualquer
combinação entre essas alterações

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Alterações de peça intermediária


Defeitos do pescoço e peça intermediária incluindo falta de cauda, cauda não
inserida ou “pendente”, peça intermediária distendida, irregular, pendente ou
anormalmente fina ou qualquer combinação entre essas alterações

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Alterações de cauda
Defeitos da cauda, incluindo caudas curtas, múltiplas, dobradas, quebradas,
irregulares, espiraladas, caudas com gotículas terminais, ou qualquer combinação
entre essas alterações

Células germinativas
A identificação das células germinativas imaturas pode ser feita através de
colorações como Leishman, Giemsa, Papanicolaou etc.

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Análise qualitativa e quantitativa não automatizada


Avaliação da motilidade e vitalidade

Preparo para análise seminal


Em uma lâmina, colocar 10 µl de sêmen e cobrir com uma lamínula de 22x22mm
Repousar por alguns minutos
Examinar em 10X e 40X
Verificar o número de espermatozóides por campo

Aglutinação
A sua presença pode sugerir causa imunológica de infertilidade
Deve ser analisada em 10 campos
A sua presença deve ser relatada, e o tipo de aglutinação registrado
Cabeça-cabeça
Cauda-cauda
Peça intermediária – peça intermediária
Mista (vários tipos presentes)

Motilidade

Dever ser classificada nas seguintes categorias:


Motilidade progressiva e rápida
Motilidade progressiva lenta
Motilidade não progressiva
Sem movimento
A avaliação da motilidade dever ser feita imediatamente após a liquefação, 2h e 6h
após a primeira avaliação

Células Epiteliais não de linhagem seminal


Células redondas: Espermatogênese e células inflamatórias

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Movimento Progressivo Direcional

Percentual de frequência
100% e 90%: Não existe
80%: Pouco frequente
70%: Frequente
60%: Muito frequente
50%: Muito frequente
40%: Pouco frequente
30%: Pouco frequente
20%: Raro
10%: Raro

Movimento Progressivo Pouco Direcional (lento)

Percentual de frequência
60%: Raro
50%: Frequente
40%: Muito frequente
30%: Muito frequente
20%: Frequente
10%: Raro

Movimento Progressivo Não Direcional (lento)

Percentual de frequência
40%: Pouco frequente
30%: Frequente
20%: Muito frequente
10%: Muito frequente

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Vitalidade

Reflete a proporção de espermatozoides que estão "vivos“ na amostra, o método


de escolha é a técnica de coloração Eosina / Nigrosina
Baseia-se na “integridade funcional da membrana plasmática viva”, que não
permite a passagem do corante, enquanto a membrana das células mortas
permite a passagem do corante
Espermatozoides vivos – não corados
Espermatozoides mortos – corados

Reagentes

Eosina amarela ou amarelada (Merck) – solução salina a 3%, estocar em


temperatura ambiente
Nigrosina hidrossolúvel (Merck) – solução a 8% em salina
Pesar 8 gramas de nigrosina, tornando-a pó fino em um gral
Adicionar 10 ml de etanol a 95o
Levar a estufa de 100 oC até evaporação do etanol
Adicionar salina lentamente, mexendo a nigrosina até completa dissolução,
completa volume em 100 ml, estocar a temperatura ambiente e filtrar
periodicamente

Técnica

Colocar uma gota de sêmen bem homogeneizado sobre uma lâmina de


microscopia
Adicionar 2 gotas de solução de Eosina a 3% e misturar imediatamente
Adicionar rapidamente 3 a 4 gotas de suspensão de Nigrosina a 8% e misturar
imediatamente
Preparar 4 esfregaços bem grossos com a mistura acima, secando-os
rapidamente (secador de cabelo)
Observar ao microscópio, com objetiva de imersão, contar 100 gametas (vivos e
mortos)

Valores de referência

Acima de 70% de vivos


Necrospermia – acima de 30% de mortos
Contagem de espermatozoides
É realizada, após a liquefação total do sêmen, em câmara de contagem.
Apesar das câmaras de Horwell e de Makler serem específicas para a contagem
de espermatozoides, a câmara de Neubauer (hemocitômetro) ainda é largamente
utilizada.

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Câmara de Neubauer

É uma lâmina de vidro espessa, com uma depressão central de contagem,


adaptada ao microscópio de campo claro e ao de contraste de fases
É formada por 9 quadrados de 1 mm2 de área  total de 9 mm2
A depressão central é de 0.1 mm até a superfície
A área marcada (L) corresponde a 1 mm2
O volume compreendido entre a superfície e a lamínula é de 0.1 mm3, ou 0.1 µL
 total de 0,9 mm3

Técnica
Diluir o esperma de 1/40, depois de liquefeito e homogeinizado, em solução salina
a 0,9% com 5% de formaldeido
Exemplo: 0,1ml de esperma + 3,9ml de solução diluente
Após homogeinizar bem, colocar na câmara e aguardar 5 minutos em
ambiente úmido, para sedimentação dos gametas
Contar com objetiva de 40X os 5 quadrantes e multiplicar por 80.000
Com concentração alta, contar o quadrante central e multiplicar por 400.000

Outros elementos
Leucócitos, hemácias, células fagocitárias, células germinativas imaturas, células
de Sertoli, células epiteliais não germinativas e resíduos celulares anucleados não
diferenciados

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Análise de pouco valor clínico, porém o  de alguns deles (leucócitos)


ajuda no diagnóstico
Bactérias no sêmen é um achado comum pode estar relacionada com
infecções do trato genito-urinário
Obs: A contagem de leucócitos e hemácias devem ser realizados na Câmara de
Neubauer, considerados valores normais até 1.000 mm3

Técnicas analíticas complementares (opcionais)


Detecção de anticorpos anti-espermatozóides
Imunobeads, teste de aglutinação macroscópica (MAR Teste) e outros
A presença destes anticorpos sugere infertilidade
Marcadores bioquímicos:
fosfatase ácida e ácido cítrico (marcadores da próstata)
frutose e prostaglandinas (vesículas seminais)
Cultura seminal
Interferentes: Medicamentos
O relato do uso de medicamentos é importante na execução do exame
Podem provocar aumento, ou diminuição das contagens e da motilidade
dos espermatozóides
ácido valpróico, cetoconazol, cimetidina, fluconazol, ramitidina, anfepramona,
decanoato de testosterona, fenitoína, haloperidol, sulfassalazina, reserpina,
trimetopina, cafeína e outros.

Drogas de abuso como, por exemplo: álcool, tabaco,maconha, cocaína e outras


Preservativos de látex
Temperaturas extremas de conservação da amostra (ideal entre 20 e 40ºC)

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CITOPATOLOGIA DE DERRAMES EM CAVIDADES CORPÓREAS

O mesotélio recobre: pleura; peritônio e pericárdio


Composto por duas membranas serosas: parietal e visceral. O espaço entre os
folhetos apresenta-se quase virtual, lubrificação.

Líquidos serosos
Constituição
Filtrado do plasma, formado na camada parietal e absorvido na camada
visceral da pleura; peritônio e pericárdio
Função principal
Lubrificação, permite o deslizamento das membranas
Patologia
Derrames – efusões (cúmulo de líquido)
Trauma, infecção ou neoplasias
Derrames de membranas serosas

Transudatos
A saída de fluído para a cavidade excede a capacidade de reabsorção
Exudatos
A saída de fluído para a cavidade excede a capacidade de reabsorção, causada
muitas vezes por processos inflamatórios decorrentes de infecção ou por
neoplasia

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Transudatos
Causas mais comuns
Cirrose, insuficiência cardíaca, embolismo pulmonar, outros
Diminuição da pressão osmótica das proteínas do plasma
Aumento da pressão hidrostática venosa/arterial
Retenção de sódio e água
Densidade < 1.015; Proteínas < 3.0 g/dl
Teste de Rivalta  Negativo (presença de material proteináceo, com 2 a 3 gotas
de ácido acético) paucicelular (- de 1.000 células/l)

Exudatos
Ocorre por inflamação (infecção) ou neoplasias
Aumento da permeabilidade capilar ocasionada por bactérias, substâncias tóxicas,
agentes químicos e físicos, etc.
Densidade > 1.015; Proteínas > 3.0 g/dl
Teste de Rivalta  Positivo, hipercelularidade (+ de 1.000 células/l)

Derrame pleural
Líquido pleural
Coleta para exame citológico

O excesso (acúmulo) de líquido na cavidade pleural recebe o nome de derrame


pleural. Pode causar dificuldade na expansão pulmonar, estimular as raízes
nervosas e causar muita dor torácica.

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Histologia do Mesotélio

Tecido epitelial pavimentoso simples, tecido conjuntivo vascularizado


Membrana parietal e visceral

Toracocentese
EDTA 10% - 100ul para 10 ml
Citrato de sódio 3,8% - 400ul para 10ml

O excesso (acúmulo) de líquido na cavidade pleural recebe o nome de derrame


pleural. Pode causar dificuldade na expansão pulmonar, estimular as raízes
nervosas e causar muita dor torácica.

Citologia de derrames

História clínica do paciente


Sexo
Idade
Antecedentes de doenças neoplásicas ou outra enfermidade
Tratamentos com quimioterapia ou radioterapia
Características macroscópicas do derrame e analíticas
Estudo microscópico
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Componentes celulares benignos


Macrófagos (histiócitos)
Leucócitos
Eritrócitos
Células mesoteliais normais
Células mesoteliais

Macrófagos fagocitando hemácias


Macrófagos
Eosinófilos e linfócitos
Neutrófilos (polimorfonucleares)

Células epiteliais pavimentosas

Achatadas, pequenas, 10 µm. Grande capacidade reativa - agressão

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Células mesoteliais - Proliferam, formam várias camadas com crescimento


papilar, cúbicas, cilíndricas, 20 a 40 µm podendo chegar a 70 µm
Membrana citoplasmática rendilhada, franjas, representa a microvilosidade

Células mesoteliais
Nos grupos celulares observa-se espaços claros entre as células, janelas
Isoladas ou em grupos, bi ou multinucleadas
Núcleo redondo, oval, aparência uniforme, nucléolos e figuras de mitoses
normais
Citoplasma “sombreado”, azul profundo, algumas vezes mais pálido ou róseo
perto do núcleo, pode ter alguns vacúolos e microvilos

Células Mesoteliais Malignas


Tumores
Adenocarcinomas
Mesotelioma
Carcinoma escamoso
Linfomas
Carcinoma de pequenas células
(Oat cell carcinoma)
Geralmente por metástase

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Adenocarcinoma
Forma acinar
citoplasma vacuolizado
aspecto tridimensional
agregados papilares redondos ou irregulares
nucléolos gigantes
Forma livre
mais raro, pequenas células tumorais, difícil diagnóstico

Formação papilar de adenocarcinoma de mama


Células de adenocarcinoma de pulmão

Carcinoma escamoso
Raramente encontrado em efusões
Grupos de células fortemente hipercromático de núcleo irregular

Carcinoma de pequenas células


(Oat cell carcinoma)
Células pequenas, sem citoplasma, formam pequenos grumos ou ocorrem aos
pares.

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Células pequenas em fluido pleural originado de carcinoma de células pequenas


do pulmão.

Mesotelioma
Tumor primário das membranas serosas
Muitos grupos grandes de células mesoteliais
Bi ou multinucleados com figuras mitóticas

Linfomas
Células variam de tamanho, geralmente discretas
Marcado pleomorfismo nuclear, cromatina fina, nucléolos
Semelhantes aos blastos vistos no sangue periférico, nos linfomas leucemizados

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Outras análises do líquido pleural


Exame bioquímico (sem anticoagulante)

lipídios, glicose, proteínas, enzimas, metais, marcadores


Transudatos
Exudatos
Exame microbiológico (frasco estéril)
pH (seringa heparinizada)

Líquido pericárdico
Derrame pericárdico é resultado de alterações de permeabilidade na membrana

Líquido pericárdico
Causas de pericardites
Bacterianas
Virais
Tuberculosa
Urêmica
Neoplásica
Amostra
Coleta por pericardiocentese
Exame citológico
Contagem de células vermelhas
Contagem de leucócitos: > 1000 sinal de infecção
Contagem diferencial: valor limitado
Fundamental importância - detecção de células neoplásicas
Análise laboratorial
Glicose: pode estar diminuída (< 40mg/dl)
tuberculose
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malignidade
doença reumatóide bacteriana
pH ácido, <7,0
efusões purulentas
doença reumatóide
algumas efusões hemorrágicas
Exames microbiológicos
Gram
Cutura
Biópsia

Líquido de ascite
Ascite - acúmulo de fluido na cavidade peritoneal

Líquido de ascite
Causas mais frequentes
cirrose carcinomatose peritoneal
insuficiência cardíaca congestiva
tuberculose peritoneal
tumores de ovários, trato gastrointestinal e linfoma em homens e mulheres;
em crianças, leucemia-linfoma, tumor de Wilms, neurobastoma
Coleta de amostra por paracentese
Classificação
Transudatos
Exsudatos

Citologia de líquido de ascite


Contagem total de células
Eritrócitos: < 100.000 /ul, contagens mais altas podem indicar trauma hemorrágico
Leucócitos: < 300/ul
Polimorfonucleares > 250/ul
Peritonite bacteriana
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Citologia
Citológico diferencial
Predomóinio de linfócitos/monócitos, raras ou ausência de células mesoteliais
Tuberculose
Presença de vários macrófagos e células mesoteliais  Cirrose
Presença maciça de neutrófilos  peritonite bacteriana
Presença de células neoplásicas  80% positividade na primeira amostra,
elevando-se para 90% em três

Adenocarcinoma em ascite, arranjo tubular, adenocarcinama tubular do trato


gastrointestinal (carcinoma de reto).

Agrupamento de células de adenocarcinoma do ovário.

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Análise laboratorial
Exame físico
Aspecto:
Transudatos - límpidos, serosos
Exsudatos - turvos, purulentos, fibrinosos
Brilhante: derrames crônicos
Hemorrágico: presença de sangue recente ou crônico
Sero-fibrinoso: tuberculoso
Exame físico
Cor
Transudatos - amarelo-palha
Exsudatos: amarelo turvo, ouro
Branco, leitoso ou quiloso- lesão linfática ou derrame crônico
Densidade
>1020 exsudatos
<1020 transudatos
pH
transudatos: >7,20
exsudatos: < 7,20

Líquido Cefalorraquidiano
Sistema Nervoso

Células ependimárias (glia) do plexo coróide (cilíndricas baixas a cúbicas)

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Sistema Nervoso Central (SNC)


Cérebro
Medula espinhal
Sistema Nervosos Periférico (SNP)
Nervos cranianos e nervos espinhais
Gânglios

Sistema Nervoso Central

Células ependimárias
Células ependimárias revestem os ventrículos cerebrais (terceiro e quarto
ventrículos e ventrículos laterais), e canal central da medula espinhal
Formam o plexo coroide

Produzem o líquido cefalorraquidiano (LCR, líquor)


O líquor circula pelo espaço subaracnóideo

Líquido Cefalorraquidiano – Líquor – LCF


Funções
Proteção mecânica do tecido cerebral
Lubrificante, evita atrito com o crânio
Elimina resíduos, faz circular nutrientes
Volume no adultos
Produzido 20 mL/h  500 mL/24 h
Volume total de cerca de 100 a 150 mL, é renovado em média a cada 6
horas

Exame do LCR

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Punção
Geralmente, punção lombar, entre 3a e 4a espaço intravertebral
Ocasionalmente, punção ventricular ou occipital

Diagnóstico
Meningites bacterianas, virais, fúngicas e parasitárias
Tumores
Hemorragias
Reações à válvulas na hidrocefalia
Neuroleucemias
Prognóstico
Infiltrações leucêmicas
Metástases tumorais
Tratamento
Quimioterapia

Amostras
Ideal três frascos esterilizados
Exame microbiológico
Exames físico bioquímico e imunológico
Exame citológico

Exame Microbiológico
A função do laboratório de microbiologia é identificar o agente etiológico (exemplo:
meningite)
O laboratório deve realizar outros exames de triagem como a coloração de Gram e
coloração de Ziehl (bactérias), prova com tinta nanquim (Cryptococcus
neoformans ) e provas de aglutinação em látex

Exame físico
Aspecto: avaliação antes e após centrifugação
Normal: límpido (cristalino, transparente)
Anormal: opalescente, turvo, hemorrágico
Cor: avaliação após centrifugação
Normal: incolor e xantocrômico (até 1 mês de vida)
Anormal: xantocômico, eritrocrômico
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pH: alcalino de 7,4 a 7,5


Densidade: 1003 a 1008
Exame Bioquímico
Proteínas
Adultos.............15 a 45 mg/dl
RN................... 15 a 60 mg/dl
Acima de 60a...15 a 60 mg/dl
Glicose
50 a 80 mg/dl ou 2/3 da glicemia
Cloretos - 690 a 770 mg/dl

Citologia
Objetivo principal é diagnóstico de meningite, neoplasia e na monitorização de
tratamentos
O diagnóstico de tumor cerebral primário é limitado

Contagem de Células
Celularidade – eritrócitos e leucócitos
Adultos: 0 a 5 leucócitos/ul
Rn........: 0 a 30 leucócitos/ul
Contagem celular
Câmaras de Neubaeur e/ou Fuchs Rosenthal
Usar o líquor puro ou diluído, se necessário, para contagem total de células
Contagem Diferencial
Contar as células identificar os tipos celulares presentes
A contagem diferencial deve ser feita após método de concentração da amostra
por:
Filtração, sedimentação, citocentrifugação e centrifugação comum
As lâminas podem ser coradas com o corante de Wrigth ou May-Grünwald-
Giemsa e deve-se contar 100 células registrando o resultado em percentagem
As células encontradas no LCR são principalmente linfócitos e monócitos;
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Os adultos têm mais linfócitos, enquanto que nas crianças a predominância é de


monócitos
Considera-se anormal o resultado que apresenta número elevado de neutrófilos
(meningite bacteriana), assim como a presença de leucócitos imaturos,
eosinófilos, plasmócitos, células teciduais e células malignas
Se a contagem de leucócitos no LCR for elevada e a percentagem de linfócitos e
monócitos for alta há indícios de meningite de origem viral, tuberculosa, fúngica ou
parasitária

CÉLULAS PRESENTES NO LÍQUOR

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