Comunidades de Prática

Construindo a Escrita - Dicas de Sala de Aula: Situações indesejadas no

trabalho em grupo

Situação:

Eu e minha classe temos vivido algumas situações indesejadas no momento do

trabalho em grupo: alunos que não gostam de se reunir com determinados colegas ou

que querem trabalhar sempre com seus melhores amigos; crianças que se sentem

rejeitadas por serem as últimas a serem escolhidas; perda de um tempo maior do que

o necessário para formar as equipes; grupos que não conseguem terminar dentro do

prazo estipulado; grupos em que só uma ou duas crianças fazem tudo e os outros

ficam apáticos ou dispersos, etc.

O que eu poderia fazer para tornar esse momento do trabalho em grupo menos

desgastante e mais produtivo?

Dicas:

Sabemos o quanto o trabalho em equipes é recomendável porque favorece a

aprendizagem de habilidades e atitudes essenciais que ajudarão a criança a ter um

bom desempenho escolar, social e futuramente profissional. É trabalhando em

grupo que ela aprende a colocar suas idéias, analisar diferentes pontos de vista,

argumentar, ouvir, contra-argumentar, delegar tarefas, viver diferentes papéis,

reconhecer suas aptidões e limites, enfim, aprende a "co-operar" (no sentido de operar

junto).Além disso o trabalho em grupo minimiza eventuais ansiedades já que a

responsabilidade, tanto pelos acertos quanto pelos erros, é partilhada entre todos.

Mas essas aprendizagens não se dão ao cabo de um ano letivo. Elas levam tempo e

requerem a ajuda de adultos que as compreendam como um processo que se inicia

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geralmente no momento em que a criança entra na escola e continua por toda sua

vida escolar .

Também devemos levar em conta que, assim como as crianças, nós adultos também

preferimos trabalhar com pessoas com as quais temos maior entrosamento e

identificação. Ao trabalharmos com elas nos descontraímos e até nos permitimos

gastar parte do tempo disponível trocando idéias sobre nossa vida social e familiar,

comentando as últimas notícias, contando piadas, antes de nos concentrarmos no

trabalho. É normal que as crianças ajam da mesma forma e o professor não deve

encarar isso como falta de ética ou responsabilidade. Mas para que o trabalho em

grupo seja um momento tranqüilo e produtivo o professor deve tomar alguns cuidados

1. Logo no início do ano deixar muito claro para os alunos que as equipes poderão ser

formadas por meio de livre escolha, por sorteios, pelo professor ou por meio de

estratégias mistas. A estratégia de formação dos grupos, porém, estará sempre

subordinada ao objetivo pedagógico que se quer alcançar, ao tempo de duração

e dificuldade do trabalho a ser realizado e às habilidades e aptidões de cada um.

2. Mostrar para os alunos as funções específicas e as coletivas envolvidas no trabalho

de grupo. Isso ajuda a criança a perceber que não existem somente dois papéis a

serem assumidos: o do aluno que faz e o do aluno que espera o outro fazer.

Funções específicas - podem ser escolhidas pelos integrantes do grupo de acordo

com o que dá mais prazer a cada um:

- Coordenador: evita dispersões e conversas, marca reuniões extras, verifica se há

material suficiente de pesquisa, passa os avisos importantes, anota as providências a

serem tomadas, cuida para que o prazo de entrega seja cumprido, leva para o

professor as dúvidas do grupo que surgirem durante o trabalho.

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- Intérprete: lê e explica para o grupo os enunciados, os textos de pesquisa, auxiliando

a equipe a compreendê-los.

- Revisor: corrige os erros ortográficos e gramaticais.

- Digitador: digita ou passa a limpo com uma letra bem legível os relatórios, respostas,

textos.

- IIustrador: faz os desenhos, os títulos (e houver cartazes), a capa.

- Orador: apresenta oralmente para o restante da classe as conclusões do grupo .

Quando o professor mostra a interdependência dessas funções, ajuda a criança a

valorizar cada uma delas e a valorizar aqueles elementos do grupo que vão

desempenhá-las.

Funções coletivas - devem ser desempenhadas por todos: pesquisar, refletir, discutir,

emitir opiniões, levantar hipóteses, ajudar a elaborar respostas, textos e conclusões,

se auto-avaliar.

3. Estipular um horário ou prazo para começar e terminar o trabalho.

4. Formar grupos com no máximo 5 componentes.

5. Dizer que estarão sendo avaliados de duas formas: pelo trabalho em grupo e pelo

trabalho individual. Isso faz com que o aluno se empenhe em cooperar.

6. Dar um tempo para que a equipe pense em como eles acham que podem trabalhar

de um modo mais cooperativo.

7. Pedir que façam uma auto avaliação pensando em o que funcionou e o que não

funcionou para atingir os objetivos propostos.

Sugestões práticas que podem ajudar:

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1. Pedir para cada aluno escrever num papel o nome de um colega com quem

trabalha bem e o nome de um colega com quem gosta de trabalhar. No momento de

formar os grupos o professor pode utilizar esse material para guiar suas escolhas.

2. Para evitar que alunos sejam rejeitados, escolher 5 alunos, tomando o cuidado de

chamar os que costumam ser deixados de lado pelos colegas. Cada um será de uma

equipe e, na sua vez, escolherá um outro colega para ser o segundo integrante da

equipe. Esse segundo integrante escolherá o terceiro, e assim por diante, até que

todas as crianças sejam escolhidas.

3. Colocar na lousa as funções:

coordenador intérprete digitador /revisor orador illustrador

Cada aluno se inscreve colocando seu nome abaixo do nome da função que quer

desempenhar. Depois é só montar as equipes pegando um ou dois alunos de cada

função.

4. Para evitar que uma criança assuma mais o trabalho que outras, explique que ao

final todos os integrantes dos grupos serão misturados e formarão novos grupos.

Cada representante do grupo inicial ficará responsável por apresentar as conclusões

do seu grupo aos novos parceiros.

5. Para agilizar o sorteio das equipes, preparar previamente o material necessário:

papeizinhos com os nomes dos alunos e um saquinho para colocá-los e sorteá-los.

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