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Supremo Tribunal Federal

Ementa e Acórdão

Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 17

06/11/2018 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 162.033 BAHIA

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


EMBTE.(S) : AMERICO FRANCISCO VINHAS NETO
ADV.(A/S) : EDUARDO VIANA PORTELA NEVES E OUTRO(A/S)
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO


AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO
QUALIFICADO (ART. 121, § 2º, II, III E IV, DO CÓDIGO PENAL).
PRISÃO PREVENTIVA. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL. FUNDAMENTAÇÃO
IDÔNEA.
1. A decisão que determinou a segregação cautelar apresenta
fundamentação jurídica idônea, já que lastreada nas circunstâncias do
caso para resguardar a ordem pública, ante a gravidade concreta da
conduta imputada ao agravante, que teria provocado aborto e a morte de
sua namorada, “após submetê-la a uma sessão de espancamento”.
2. Prisão preventiva que se revela imprescindível também para
assegurar a aplicação da lei penal, ante o registro de que o agravante
evadiu-se do distrito da culpa após a decretação da custódia.
3. Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, ao
qual se nega provimento.

AC ÓRDÃ O

Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros do Supremo


Tribunal Federal, em Primeira Turma, sob a Presidência do Senhor
Ministro ALEXANDRE DE MORAES, em conformidade com a ata de
julgamento e as notas taquigráficas, por maioria de votos, acordam em
receber os embargos de declaração como agravo regimental e em lhe
negar provimento, nos termos do voto do Relator, vencido o Ministro
Marco Aurélio.

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Ementa e Acórdão

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HC 162033 ED / BA

Brasília, 6 de novembro de 2018.

Ministro ALEXANDRE DE MORAES


Relator

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Relatório

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06/11/2018 PRIMEIRA TURMA

EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 162.033 BAHIA

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


EMBTE.(S) : AMERICO FRANCISCO VINHAS NETO
ADV.(A/S) : EDUARDO VIANA PORTELA NEVES E OUTRO(A/S)
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR):


Trata-se de Embargos de Declaração opostos contra decisão que
indeferiu a ordem de Habeas Corpus, por não vislumbrar ilegalidade na
decisão que decretou a segregação cautelar do agravante.
Consta dos autos, em síntese, que o agravante teve a prisão
preventiva decretada e foi denunciado em razão da suposta prática dos
crimes de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, II, III e IV, do Código
Penal) e de aborto provocado por terceiros (art. 125 do Código Penal).
Alegando a ausência dos pressupostos para a custódia cautelar e o
excesso de prazo para o oferecimento da denúncia, a Defesa impetrou
Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, que
denegou a ordem. Na sequência, interpôs Recurso Ordinário em Habeas
Corpus no Superior Tribunal de Justiça, que lhe negou provimento, em
acórdão assim ementado:

RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS.


FEMINICÍDIO DURANTE A GESTAÇÃO. PRISÃO
PREVENTIVA. FUNDAMENTAÇÃO. DENÚNCIA
OFERECIDA. SUPERAÇÃO DA ALEGAÇÃO DE EXCESSO DE
PRAZO NO OFERECIMENTO DA DENÚNCIA. GRAVIDADE
CONCRETA DOS CRIMES. MODUS OPERANDI. ORDEM
PÚBLICA. RÉU FORAGIDO. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE
MANIFESTA. DESPROVIMENTO.
1. Ressalvado o entendimento do Supremo Tribunal

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Relatório

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HC 162033 ED / BA

Federal, proferido no HC n.º 126.292/SP, relativo à condenação


já confirmada em segundo grau, esta Corte entende que a
prisão cautelar - anterior à sentença condenatória definitiva -
deve ser concretamente fundamentada, nos termos do disposto
no art. 312 do Código de Processo Penal.
2. Está superada a alegação de excesso de prazo para o
oferecimento da denúncia. O recorrente foi denunciado, em 25
de maio de 2017, como incurso no art. 121, § 2º, II, III e IV, do
Código Penal, c/c art. 1º, I, da lei nº 8.072/90 e no art. 125, c/c art.
69, ambos do Código Penal.
3. Hipótese em que não há flagrante ilegalidade a ser
reconhecida. A custódia cautelar foi decretada para o resguardo
da ordem pública, haja vista o modus operandi delitivo e a
gravidade concreta da conduta praticada. Destacou-se que o
paciente impôs uma "sessão de espancamento" à sua namorada
grávida, repelindo violentamente as pessoas presentes no local,
que tentavam estancar as agressões. Depois de perder o bebê, a
vítima veio a óbito, em decorrência dos ferimentos, sendo o
feito redistribuído para a Vara do Júri. O recorrente encontra-se
foragido. A prisão preventiva se sustenta porque nitidamente
vinculada a elementos de cautelaridade.
4. Recurso ordinário a que se nega provimento.

Neste recurso, o embargante alega: (a) o v. Acórdão não se manifestou


sobre a argumentação levantada no Capítulo III da Ação, qual seja: a
necessidade/possibilidade de imposição de cautela diversa da prisão. Com dito
acolá, e repetido aqui, com a reforma processual, que alterou a redação do art.
319, do CPP, estatuto processual consagrou instrumentos potencializadores da
concretização do direito fundamental à liberdade; e (b) a finalidade da prisão
indicada no decreto prisional – se sequer nele insistir – pode ser alcançado
mediante a aplicação de medidas cautelares menos drásticas. Requer, ao final,
sejam acolhidos os embargos, para que seja revogada a ordem de prisão
expedida em desfavor do Embargante para, sucessivamente, determinar o juízo de
piso a imposição de medida cautelar diversa da prisão.
É o relatório.

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VOTO

O SENHOR MINISTRO ALEXANDRE DE MORAES (RELATOR):


O presente recurso tem notório propósito infringente. Assim, em
nome do princípio da fungibilidade recursal, deve-se conhecê-lo como
agravo regimental.

Não há reparo a fazer, pois o agravo interno não apresentou


qualquer argumento apto a desconstituir os fundamentos apontados,
pelo que se reafirma o seu teor.

O Superior Tribunal de Justiça chancelou o entendimento das


instâncias ordinárias quanto à imprescindibilidade da segregação
preventiva com arrimo nos seguintes fundamentos:

Eis o teor do decreto prisional (fls. 96/103):

Trata-se de Pedido de Prisão Preventiva movido em


desfavor de AMÉRICO FRANCISCO VINHAS NETO em
virtude dos eventos e circunstâncias narradas na peça
inicial do presente in folio. O requerimento policial fora
endossado pelo Ministério Público que adotou a tese da
necessidade da medida cautelar prisional, sob o
fundamento do vislumbre dos requisitos legais contidos
no art. 312 do CPP.
Em apressada diligência, a Ilustrada Defesa
atravessou petição manifestando-se sua insurreição acerca
da representação da prisão cautelar propugnada.
O indiciado fora preso em flagrante pela autoridade
policial no dia 25/04/2016, em razão da suposta prática do
delito de lesões corporais contra a vítima Jéssica da Silva
Nascimento. Na ocasião da lavratura do respectivo Auto.

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HC 162033 ED / BA

Conforme narra a autoridade policial, as evidências


passíveis de colheita apontaram a existência de uma
vítima do sexo feminino, uma aparente relação amorosa
entre as partes e que a vítima estaria hospitalizada, sem
previsão de alta.
Tal circunstância conduziu a tipificação do delito de
lesões corporais no âmbito da Lei Maria da Penha,
previsto no artigo 129, parágrafo nono, do Código Penal.
Conduziu, ainda, ao arbitramento da fiança pela
Autoridade Policial, que, recolhida, garantiu a liberdade
do indiciado.
É possível extrair da análise do caderno processual
presente e do Auto de Prisão em Flagrante, tombado sob o
número 0301962-65.2016805.0274, todavia, que a colheita
de mais evidências, no exercício investigatório natural à
autoridade, fora evidenciado que a vítima estaria gestante
no momento do fato e que a extensão das lesões, as
consequências do ato perpetrado, denotavam demasiada
gravidade.
Verbera a defesa, dentre alguns destacados pontos,
que o investigado não tinha conhecimento da gestação da
vítima e que não existia relação de afetividade entre eles.
Contudo, sem pretender incursionar no núcleo meritório
do caso sob occuli, essa assertiva não encontra conforto nos
elementos indiciários amealhados no almanaque
administrativo. Extrai-se, ademais, que, no momento dos
eventos, haviam outros presentes, amigos da vítima,
homens e mulheres, cujas declarações foram devidamente
colacionadas ao caderno inquisitorial. Pelos referidos
relatos, restou revelado o autor do fato tinha consciência
e foi alertado pela própria vítima da sua condição
gestacional. Todavia, teria repelido, violentamente, as
tentativas dos presentes em impedir a sessão de
espancamento. Os indícios apontam, ainda, a
continuidade por período considerável das agressões,
conformando a intenção, ou, no mínimo, uma assunção

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dos riscos de provocar os danos efetivamente causados,


dentre os quais, provocar o aborto da vítima (página 4).
Não se tratou de mero espasmo, revide, comum,
embora também de caráter delitivo, no calor de uma
circunstância de vias de fato. Verifica-se, mesmo que
ainda de forma precária, um furor de tamanha dimensão
que produziu uma escalada de violência capaz de repelir
um grupo de pessoas, protagonizar uma perseguição
rápida aos interventores, provocando-lhes temor
suficiente para fugirem e esconderem-se, retornar ao
local em que se encontrava a vítima e tornar a agredi-la
repetidas vezes.
A minudente narrativa das testemunhas oculares
do evento (páginas 5/8), informa que o agressor, após o
resgate da vítima, já com o auxilio de vizinhos,
continuou a danificar os objetos do interior da
residência, vociferando contra a vítima.
Os novos indícios descritos, não somente
conduziram a retificação da tipificação penal inicialmente
adotada para a condução das investigações, nos termos do
artigo 129, parágrafo 2o, inciso V. do Código Penal,
embora Vara, mas construíram um contexto fático que
exige cautela diferenciada deste Juízo.
Outrossim, a alegação de que não teria o investigado
nenhuma relação afetiva com a vítima, também não
encontra eco nos elementos até o momento catalogados. A
conformação da situação fática a ser analisada à luz da Lei
Maria da Penha não exige vínculo público e duradouro ou
ainda profundo nível de envolvimento entre o envolvidos.
Nem tampouco exige-se a concretude de uma
conjunção carnal. A ligação, de cunho afetivo, entre vítima
e investigado restou evidenciada, a par dos depoimentos
das testemunhas e até mesmo possível inferir do
interrogatório do acusado. Assim, não se pode negar o
vínculo, mesmo que ainda tenro. Alinhado a esse contexto,
há relatos, inclusive, de que as agressões tiveram como

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mote inicial, o ciúmes ou incômodo do investigado para


com a vítima, por conta de mensagens que chegaram no
celular desta, não se podendo, dessa forma, ao menos
nesse momento, se cogitar a incompetência deste juízo
para apreciar o feito. Ademais, a afirmação defensiva do
investigado não ser o genitor do nascituro, mesmo que
confirmada, em nada modifica a lesão do bem jurídico sob
analise.
Em verdade, é possível inferir que os presentes
reúnem elementos capazes de conformar os fundamentos
para decretação cautelar preventiva, consoante sugerido
pela autoridade policial (páginas 1/3) e secundado pelo
Ministério Público, bem assim, surge necessária e
adequada para resposta ao contexto criminal em debate,
nos termos do artigo 282 do Código de Processo Penal.
É indubitável que o contexto dos autos, o potencial
de dano inerente ao indigitado, dedutível do evento por
ele protagonizado, impõe tratamento cautelar diverso do
posicionamento adotado inicialmente pela autoridade
policial, a qual lhe concedeu fiança.
O Instituto jurídico da prisão preventiva encontra-se
previsto nos artigos 311 e 312, ambos do Código de
Processo Penal, o qual exige, para sua decretação, que
esteja provada a materialidade do crime e haja indícios
suficientes de autoria e, concomitantemente, que a medida
se mostre necessária para uma garantia da ordem pública
ou econômica, conveniência da instrução criminal ou
então para assegurar a futura aplicação da lei penal. Neste
espectro, resta tranquila a prova, ainda que indiciaria, no
tocante a materialidade e os Indícios de autoria.
A medida cautelar de segregação, in casu, ressuma
adequada e necessária a salvaguarda da ordem pública, a
par da conduta violenta súbita e indiscriminada.
É cediço que a liberdade física do indivíduo é a
regra, sendo a sua privação, medida de natureza
excepcional A lei admite, nada obstante, a aplicação de

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medidas privativas de liberdade anteriores ao trânsito em


julgado da sentença penal condenatória, desde que
fundamentada nos limites da legalidade.
Entrevejo dos autos que presentes estão todos os
critérios legais e objetivos a autorizar o carcer ante tempus
do acusado, o qual, reafirmo, em liberdade, se constitui
em perigo iminente à ordem pública.
Não vale o argumento de que por ser o acusado
primário, estaria a deslegitimar a decisão excepcional,
posto que isso não o torna imune à prisão provisória,
comprovada a sua necessidade. Os Tribunais, nessa
questão, têm decidido no mesmo diapasão das decisões
que editadas neste juízo. Com efeito, para a quase
totalidade dos nossos Tribunais "Bons antecedentes,
emprego e endereço certos, não são fatores hábeis para
fazer entender ilegal ou abuso de poder o decreto de
prisão preventiva justificado pela gravidade e violência do
delito".
Das instâncias formais de combate à criminalidade
não se espera uma postura apenas contemplativa. Dos
órgãos persecutórios se espera, sempre, medidas eficazes
direcionadas a quem afrontou a ordem pública.
No presente caso concreto, ainda que se reconheça
que o investigado possua endereço fixo no distinto da
culpa, desenvolva atividade licita e não ostentar outros
antecedentes criminais, além de ter se apresentado
espontaneamente à autoridade policial para seu
interrogatório, isto somente não basta para assegurar-lhes
a manutenção de sua liberdade durante todo o transcorrer
da presente ação penal, conforme entendimento já
pacificado perante a jurisprudência pátria.
Tenho a obtemperar, por outro viés, que a prisão
processual do investigado se mostra necessária para
garantia da ordem pública, objetivando acautelar a
credibilidade da Justiça em razão da gravidade e
intensidade do dolo com que o crime foi praticado e a

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repercussão que o delito causou no meio social, uma vez


que a prisão preventiva não tem como único e exclusivo
objetivo prevenir a prática de novos crimes por parte do
agente, como exaustivamente tem sido ressaltado pela
doutrina pátria, já que evitar a reiteração criminosa
constitui apenas um dos aspectos desta espécie de
custódia cautelar.
A gravidade concreta da infração, onde uma jovem
encontra-se hospitalizada, em estado extremamente
delicado, vindo a perder um bebê. Em decorrência de
uma sessão de espancamento, protagonizada, em tese,
pela pessoa com quem estava se relacionando, mesmo
que recentemente, denota a severidade da conduta a exigir
uma atitude enérgica e excepcional do Estado Juiz.
Condutas dessa envergadura, sem dúvidas,
desestabilizam a paz social e a ausência de qualquer
resposta descredenciam as instituições públicas A
repercussão social e os efeitos nos meios de comunicação é
apenas um dos reflexos da combalida ordem pública.
Por certo, essa não pode servir de fundamento, por si
só, para, isoladamente servir de esteio para a decretação
de uma prisão. No caso, ela apenas serve de demonstração
e de termômetro do quanto reverbera a sociedade quando
a ordem publica é tisnada pelo cometimento de um delito
de tamanha gravidade.
E nisso reside a flagrante necessidade da inflição da
medida extrema.
(...)
Ressalte-se ainda que o cenário delitivo pode ter sua
tipificação alterada, em virtude do atual quadro de saúde
da vítima, tornando necessária e adequada a redefinição
do tratamento cautelar do indiciado, com a imposição de
medida mais gravosa, condizente com o novo contexto
inquisitorial posto.
Revelando-se ainda que a medida sob retina está
alinhado ao compromisso do Estado Juiz com a ordem

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pública.
Mercê do exposto, DECRETO A PRISÃO
PREVENTIVA de AMÉRICO FRANCISCO VINHAS
NETO, qualificado nos autos, o fazendo com espeque nos
artigo 311 e 312 do Digesto de Processo Penal, para,
sobretudo e fundamentalmente, preservar a ordem
pública, com o gravidade e severidade com que o crime
sob apuração foi praticado e, com isso, acautelar os pilares
da credibilidade sobre os quais se assenta a Justiça que, do
contrário, poderiam ficar sensivelmente abalados.

A decisão foi ratificada pelo Juízo do Júri, verbis (fls.


186/188):

O artigo 311, do Código de Processo Penal, admite a


decretação da prisão preventiva pelo juiz, de ofício, se no
curso da ação penal; ou, em qualquer fase da investigação
policial ou do processo penal, a requerimento do
Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por
representação da autoridade policial.
O artigo 312, do mesmo diploma legal, por sua vez,
preconiza que, havendo prova da existência do crime e
indício suficiente de autoria, tal medida constritiva deve
ser decretada sempre que necessária e adequada à
garantia da ordem pública, da ordem econômica, por
conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a
aplicação da lei penal, cabendo a decretação ainda quando
restar demonstrado o descumprimento de qualquer das
obrigações impostas por força de outras medidas
cautelares (art. 282, § 4º).
Guilherme de Souza Nucci, em sua obra Prisão e
Liberdade – As reformas processuais penais introduzidas
pela Lei n.° 12.403 de 4 de maio de 2011 (Editora Revista
dos Tribunais, p. 73), resume de maneira objetiva os
requisitos acima nos seguintes termos:
(...)

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Com o advento da Lei n.° 12.403/2011, deve o Juiz


ainda observar que as hipóteses admissíveis da preventiva
foram restringidas pelo artigo 313, do Código de Processo
Penal, aos crimes dolosos com pena privativa de liberdade
máxima superior a quatro anos, à reincidência dolosa e à
violência doméstica e familiar para garantir a execução
das medidas protetivas de urgência, tendo o legislador
estabelecido ainda uma prisão preventiva utilitária, cuja
finalidade é permitir a apuração da identidade civil do
indiciado ou réu; assim que tal objetivo for atingido, deve-
se liberar o acusado.
Inicialmente, cumpre destacar que às fls. 133/134 o
MINISTÉRIO PÚBLICO requereu a ratificação da Decisão
Interlocutória que decretou a prisão preventiva do
acusado proferida pela MM Juíza titular da Vara da
Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, Juízo
para o qual o processo foi inicialmente distribuído.
Analisando os autos, observa-se que é atribuído ao
acusado a prática do delito de homicídio contra a vítima
JÉSSICA DA SILVA NASCIMENTO.
Trata-se assim de crime doloso, com pena abstrata
superior a quatro anos, cuja existência é amplamente
provada por todos os elementos constantes das peças
anexas, em especial pelos laudos periciais de fls. 101/129 e
137/140. Indícios suficientes de autoria resultam
igualmente das provas apuradas, conforme fls. 8; 10/11;
20; 27; 38; 39/40 e 41/42, referentes a depoimentos de
testemunhas, bem como do interrogatório do Acusado, fls.
31/32.
Do quanto constante dos autos, observa-se que a
liberdade do Acusado representa grave perigo para a
ordem pública, pois a sua periculosidade, verificada em
concreto pelas características delineadas do crime, coloca
em risco o meio social, ante à possibilidade de reiteração
delitiva. Ademais, a comunidade local foi abalada pela
ocorrência de crime tão grave, sendo imperiosa a

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necessidade de acautelar o meio social contra fatores de


perturbação e de insegurança.
Os elementos constantes dos autos evidenciam,
ainda, que o acusado, se condenado poderá criar
embaraços ao cumprimento da pena, uma vez que,
deliberadamente, evadiu-se do distrito da culpa após a
decretação da sua prisão preventiva pela MM Juíza da
Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
e consequente expedição do mandado de prisão.
Assim, tendo em vista o pronunciamento do
MINISTÉRIO PÚBLICO de fls. 133/134, em garantia da
ordem pública e segurança de futura aplicação da lei
penal, com fundamento nos artigos 311 a 313 do Código
de Processo Penal, RATIFICO A DECISÃO PROFERIDA
ÀS FLS. 38/45 DOS AUTOS APENSOS n. 0302054-
43.2016.8.05.0274, CUJAS RAZÕES ACOLHO, NO
SENTIDO DE DECRETAR A PRISÃO PREVENTIVA DE
AMÉRICO FRANCISCO VINHAS NETO, qualificado nos
autos.
[...]
Da leitura atenta dos autos, verifico que não é o caso de
revogação da custódia cautelar, decretada especialmente pela
necessidade da garantia da ordem pública, haja vista o modus
operandi delitivo e a gravidade concreta da conduta praticada.
Destacou-se que o recorrente impôs uma "sessão de
espancamento" à sua namorada grávida, repelindo
violentamente as pessoas presentes no local, que tentavam
estancar as agressões. Depois de perder o bebê, a vítima veio a
óbito, em decorrência dos ferimentos, sendo o não usar
redistribuído para a Vara do Júri.
Impende notar que, segundo informações prestadas, o
recorrente se encontra foragido até o momento (fls. 386/387).
Dessarte, a prisão preventiva se sustenta, porque
nitidamente vinculada a elementos de cautelaridade.
A eventual embriaguez do recorrente seria afeta a matéria
probatória, não condizente com a estrita análise desta ação

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

Inteiro Teor do Acórdão - Página 14 de 17

HC 162033 ED / BA

constitucional. De todo modo, a alegação de embriaguez não


tem o condão de afastar o fumus comissi delicti, reforçado pelo
recebimento da denúncia.
Nunca é demais lembrar que a prisão processual somente
pode ser decretada em situações excepcionais, com fulcro em
dados concretos. Nesse âmbito, vê-se que a medida extrema,
conforme demonstrada, lastreou-se especialmente nas
circunstâncias do crime.

De acordo com o art. 312 do Código de Processo Penal, a prisão


preventiva poderá ser decretada quando houver prova da existência do
crime (materialidade) e indício suficiente de autoria. Além disso, é preciso
demonstrar, concretamente, a existência de um dos fundamentos que a
autorizam: para garantir a ordem pública; para garantir a ordem
econômica; por conveniência da instrução criminal; ou, ainda, para
assegurar a aplicação da lei penal.
As razões apresentadas pelas instâncias ordinárias, ratificadas pelo
Superior Tribunal de Justiça, revelam que a decisão que decretou a
segregação cautelar está lastreada em fundamentação jurídica idônea e
chancelada pela jurisprudência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
Sobressai, no caso, a gravidade concreta da conduta do agravante,
que “impôs uma ‘sessão de espancamento’ à sua namorada grávida, repelindo
violentamente as pessoas presentes no local, que tentavam estancar as agressões”.
Ressalte-se que, “depois de perder o bebê, a vítima veio a óbito, em decorrência
dos ferimentos”. Com efeito, esta SUPREMA CORTE já assinalou que “a
periculosidade do agente, evidenciada pelo modus operandi na prática delito,
justifica a prisão preventiva para garantia da ordem pública” (HC 95.414, Rel.
Min. EROS GRAU, Segunda Turma, DJe de 19/12/2008). Nessa mesma
linha de entendimento: HC 154.906-AgR, Rel. Min. ALEXANDRE DE
MORAES, Primeira Turma, DJe de 28/6/2018; HC 149.742-AgR, Rel. Min.
LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 19/12/2017; HC 142.435- AgR, Rel.
Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, DJe de 26/6/2017; HC 141.547-AgR,
Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe de 16/6/2017; HC
137.027, Rel. Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, DJe de

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Voto - MIN. ALEXANDRE DE MORAES

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HC 162033 ED / BA

8/5/2017.

Não bastasse, a informação de que o paciente “evadiu-se do distrito da


culpa após a decretação da sua prisão preventiva” reforça a legitimidade da
imposição da segregação cautelar não só para garantia da ordem pública,
mas também para assegurar a aplicação da lei penal. Confiram-se, a
propósito: HC 154071 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES,
Primeira Turma, DJe de 17/5/2018; HC 141.152, Rel. Min. EDSON
FACHIN, Segunda Turma, DJe de 2/6/2017; HC 128.710-AgR, Rel. Min.
LUIZ FUX, Primeira Turma, DJe de 20/4/2017; HC 137.651-AgR, Rel. Min.
ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, DJe de 13/3/2017; HC 133.210,
Rel. Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, DJe de 3/10/2016.

Diante do exposto, RECEBO os embargos de declaração como


agravo regimental, ao qual NEGO provimento.
É o voto.

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Voto Vogal

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EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 162.033 BAHIA

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


EMBTE.(S) : AMERICO FRANCISCO VINHAS NETO
ADV.(A/S) : EDUARDO VIANA PORTELA NEVES E OUTRO(A/S)
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Divirjo do Relator.


Conforme venho me pronunciando, entendo ser incabível, na regência do
Código de Processo Civil de 1973, a conversão dos declaratórios em
agravo regimental.
Já sob a vigência do Código de Processo Civil de 2015, o relator
deverá observar o disposto no § 3º do artigo 1.024, determinando a
intimação do recorrente para complementação das razões, em
observância à exigência do § 1º do artigo 1.021, nele contido.

A par deste aspecto, o habeas corpus é ação constitucional voltada a


preservar a liberdade de ir e vir do cidadão. O processo que o veicule,
devidamente aparelhado, deve ser submetido ao julgamento de
Colegiado. Descabe observar quer o disposto no artigo 21 do Regimento
Interno, no que revela a possibilidade de o Relator negar seguimento a
pedido manifestamente improcedente, quer o artigo 932 do Código de
Processo Civil. Ante o fato de atuar na sessão virtual, quando há o
prejuízo da organicidade do Direito e do devido processo legal,
obstando-se a sustentação da tribuna, provejo o agravo para que o habeas
corpus tenha sequência.

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Extrato de Ata - 06/11/2018

Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de 17

PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA

EMB.DECL. NO HABEAS CORPUS 162.033


PROCED. : BAHIA
RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES
EMBTE.(S) : AMERICO FRANCISCO VINHAS NETO
ADV.(A/S) : EDUARDO VIANA PORTELA NEVES (18281/BA) E OUTRO(A/S)
EMBDO.(A/S) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Decisão: A Turma, por maioria, recebeu os embargos de


declaração como agravo regimental e negou-lhe provimento, nos
termos do voto do Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio.
Primeira Turma, Sessão Virtual de 26.10.2018 a 5.11.2018.

Composição: Ministros Alexandre de Moraes (Presidente), Marco


Aurélio, Luiz Fux, Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

Cintia da Silva Gonçalves


Secretária da Primeira Turma

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