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DIREITO DE EMPRESA Ð MPT (PROCURADOR DO TRABALHO)
Teoria e Quest›es
Aula 00 Ð Prof. Paulo Guimar‹es
AULA 00
EMPRESA: CONCEITO. CARACTERIZA‚ÌO, INSCRI‚ÌO E
CAPACIDADE.
Sum‡rio
Sum‡rio ................................................................................................. 1
1 Ð Considera•›es Iniciais......................................................................... 2
2 Ð Fundamentos do Direito Empresarial..................................................... 3
2.1. Origens do Direito Comercial............................................................ 3
2.2. Nomenclatura ................................................................................ 4
2.3. Princ’pios do Direito Empresarial ...................................................... 5
2.4. Fontes do Direito Empresarial .......................................................... 7
3 Ð Teoria da Empresa ............................................................................. 8
3.1. Teoria dos Atos de ComŽrcio e Teoria da Empresa .............................. 8
3.2. Empresa e Empres‡rio ...................................................................11
3.3. Empres‡rio individual e sociedade empres‡ria ...................................13
3.4. Capacidade ..................................................................................15
3.5. Impedimentos ..............................................................................16
3.6. Exclu’dos do conceito .....................................................................19
4 Ð Obriga•›es do Empres‡rio ..................................................................25
4.1. Registro de Empresa ......................................................................25
4.2. Escritura•‹o Cont‡bil .....................................................................31
4.3. Sigilo empresarial..........................................................................34
5 Ð Quest›es .........................................................................................35
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Teoria e Quest›es
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A realidade, porŽm, era bastante peculiar, pois a Idade MŽdia, como voc• j‡
deve saber, foi marcada pela descentraliza•‹o pol’tica, e por isso n‹o era vi‡vel
o surgimento de um regime jur’dico aplic‡vel em muitas localidades ao mesmo
tempo, j‡ que cada local contava com seu pr—prio poder pol’tico. Tal fen™meno
levou ao surgimento de regramentos derivados dos usos e costumes mercantis,
preenchendo assim o v‡cuo normativo diante da efervesc•ncia da atividade
comercial.
ƒ nesse per’odo inicial que surgem institutos pr—prios do Direito Comercial,
como os t’tulos de crŽdito (letras de c‰mbio), as sociedades (comendas), os
contratos mercantis (contratos de seguro) e os bancos.
O Direito Comercial surgiu, portanto, com car‡ter marcadamente subjetivista.
Era o Direito dos membros das corpora•›es, sempre a servi•o do comerciante,
ou, em outras palavras, como um arcabou•o jur’dico que se aplicada aos
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2.2. Nomenclatura
A atividade precursora do ramo do Direito que estamos estudando foi o
comŽrcio, e por isso a nomenclatura Direito Comercial Ž consagrada e
tradicionalmente aceita no meio acad•mico e profissional. Hoje, porŽm, h‡
outras atividades negociais que v‹o alŽm do comŽrcio e que tambŽm devem ser
disciplinadas, como a indœstria, os bancos, a presta•‹o de servi•os, entre
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outras.
O tradicional Direito Comercial, portanto, passou a n‹o se ocupar apenas do
comŽrcio, mas de praticamente qualquer atividade econ™mica exercida com
profissionalismo, intuito lucrativo e finalidade de produzir ou fazer circular bens
ou servi•os. Por isso muitos sustentam que, diante dessa nova realidade, seria
mais adequado utilizar a express‹o Direito Empresarial.
Este caminho j‡ vem sendo h‡ alguns anos acolhido pela Doutrina, de forma
que boa parte das obras hoje j‡ tratam do Direito Empresarial, assim como as
faculdades de Direito, que, em muitos lugares, promoveram altera•›es na
nomenclatura de suas disciplinas. N‹o se pode dizer, porŽm, que a ado•‹o da
nova nomenclatura Ž un‰nime, tanto que autores importantes, a exemplo de
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F‡bio Ulhoa Coelho e Waldo Fazzio Junior, atŽ hoje atualizam seus manuais
utilizando a nomenclatura Direito Comercial.
No mundo dos concursos pœblicos a nomenclatura Direito Empresarial j‡ Ž
adotada quase unanimemente. ƒ muito raro que apare•am editais de concurso
cobrando a disciplina chamando-a de Direito Comercial.
Liberdade de iniciativa
Liberdade de
concorr•ncia
PRINCêPIOS DO DIREITO
EMPRESARIAL
Garantia de defesa da
propriedade privada
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Preserva•‹o da empresa
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H‡ no Brasil uma sŽrie de —rg‹os pœblico que t•m por objeto a defesa da
concorr•ncia. Estamos falando principalmente do Conselho Administrativo de
Defesa Econ™mica (CADE), que tem a miss‹o de assegurar a liberdade nos
mercados, evitando que haja dom’nio excessivo por parte de um ou poucos
players. Trabalho semelhante tambŽm Ž feito por algumas ag•ncias
reguladoras, que tambŽm se ocupam da prote•‹o do consumidor e do mercado.
A propriedade privada tambŽm est‡ elencada pelo art. 170 da Constitui•‹o
como um princ’pio da ordem econ™mica, e sua defesa Ž pressuposto do regime
capitalista de livre mercado.
O princ’pio da preserva•‹o da empresa, por sua vez, Ž um dos mais
alardeados pela doutrina especializada na atualidade. A difus‹o desse princ’pio
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3 Ð Teoria da Empresa
3.1. Teoria dos Atos de ComŽrcio e Teoria da Empresa
A codifica•‹o napole™nica dividiu claramente o Direito Civil do Direito Comercial,
colocando de um lado os interesses da nobreza fundi‡ria, com foco na
propriedade privada, e do outro os interesses da burguesia, valorizando a
riqueza mobili‡ria.
Como o Direito Comercial surgiu na condi•‹o de ramo especializado do Direito
Privado, podemos dizer que havia a necessidade de delimitar seu objeto, ao
qual seria aplicado o regime jur’dico especial destinado a regulamentar as
atividades mercantis. Para resolver esse problema os doutrinadores franceses
criaram a chamada Teoria dos Atos de ComŽrcio.
Basicamente a teoria buscava delimitar a atividade comercial com base numa
lista de atos que seriam considerados de natureza comercial. Se as rela•›es n‹o
envolvessem esses atos, seriam regidas pelo Direito Civil. Em alguns pa’ses
esses atos foram descritos em suas caracter’sticas b‡sicas, e em outros foram
exaustivamente tipificados, mas devemos identificar nessa mudan•a hist—rica
uma evolu•‹o importante: a atividade mercantil deixou de ser vinculada apenas
a pessoas, passando a ganhar contornos f‡ticos pr—prios.
tempo, seja em raz‹o das atividades que foram surgindo sem enquadramento
nos atos de comŽrcio, seja em raz‹o das defini•›es legais que n‹o se
amoldavam a uma realidade em constante mudan•a, como Ž o caso da
atividade mercantil.
Outro problema se relacionada aos atos unilateralmente comerciais, ou seja, os
atos praticados entre duas partes, no qual apenas uma delas Ž comerciante,
como a venda de produtos a consumidores, por exemplo. Nesses casos
costumava-se dizer que deveriam ser aplicadas as regras do Direito Comercial,
que gozava de vis atractiva.
Mesmo diante dessas cr’ticas, a Teoria dos Atos de ComŽrcio foi adotada por
quase todas as codifica•›es ocidentais do SŽculo XIX, inclusive pelo C—digo
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PERFIL SUBJETIVO
A empresa é o empresário
PERFIL FUNCIONAL
A empresa é uma atividade
Teoria da Empresa de
Alberto Asquini
PERFIL OBJETIVO
A empresa é um conjunto de
bens
PERFIL CORPORATIVO
A empresa é uma comunidade
laboral
Essa œltima acep•‹o s— fazia sentido no regime fascista em que vivia a It‡lia ˆ
Žpoca de Asquini1, mas os tr•s perfis (subjetivo, funcional e objetivo) se
referem, respectivamente, a tr•s realidades distintas, mas perfeitamente
relacionadas: o empres‡rio, a atividade empresarial e o estabelecimento
empresarial.
Aqui vale ainda mencionar a Teoria do Feixe de Contratos, do autor brit‰nico
Ronald Coase, segundo o qual a empresa se revelaria num verdadeiro feixe de
contratos, por meio do qual o empres‡rio tem a seguran•a necess‡ria para
organizar os fatores de produ•‹o e buscar a redu•‹o dos custos de transa•‹o.
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O fato Ž que a defini•‹o de empresa Ž tarefa complexa, atŽ hoje n‹o resolvida
satisfatoriamente por nosso ordenamento. O pr—prio legislador por vezes faz
confus›es, ora utilizando o termo ÒempresaÓ para referir-se ao pr—prio
empres‡rio, ora para referir-se ˆ atividade por ele desempenhada e, em outros
momentos, referindo-se ao estabelecimento empresarial.
Fato Ž que o fen™meno empresarial Ž complexo, envolvendo a articula•‹o dos
fatores de produ•‹o (natureza, trabalho, capital e tecnologia) para atendimento
das necessidades do mercado (produ•‹o e circula•‹o de bens e servi•os).
1
Isso Ž o que diz o professor AndrŽ Luiz Santa Cruz Ramos, em sua obra Direito Empresarial
Esquematizado (p. 11).
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Quero ainda deixar claro que Ž muito comum que fa•amos uso da palavra
ÒempresaÓ nos referindo ao estabelecimento empresarial, mas, apesar de a
pr—pria legisla•‹o nacional causar essa confus‹o em diversas ocasi›es, do ponto
de vista tŽcnico este Ž um uso inadequado do termo. Na realidade, empresa Ž
atividade, e quem a exerce Ž empres‡rio, seja uma pessoa natural ou um
conjunto de pessoas.
O C—digo Civil n‹o define especificamente o que Ž empresa. Por outro lado,
podemos definir o que Ž empresa a partir do conceito de empres‡rio, este sim
presente no C—digo Civil de 2002.
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Atividade
Profissio- econ™mica
nalmente organizada
Produção ou
circulação
de bens ou
serviços
EMPRESÁRIO
S— ser‡ empres‡rio aquele que exercer atividade econ™mica de forma
profissional, fazendo dessa atividade sua profiss‹o habitual. Quem n‹o
exerce atividade econ™mica de forma habitual, portanto, n‹o Ž alcan•ado pelo
regime jur’dico empresarial. Alguns autores mencionam ainda a necessidade de
essa atividade ser composta por uma sucess‹o cont’nua de a•›es no sentido da
realiza•‹o do objeto, e n‹o por apenas um ou alguns atos.
O fato de a atividade empresarial se constituir em atividade econ™mica revela
sua natureza relacionada ˆ obten•‹o de riquezas apropri‡veis. O intuito do
empres‡rio Ž obter lucro. Caso contr‡rio, ele estar‡ exercendo atividade de
outra natureza. Alguns autores chamam aten•‹o ainda para o car‡ter oneroso
da atividade empresarial: alŽm do intuito lucrativo, o empres‡rio tambŽm
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2
REQUIÌO, Rubens. Curso de direito comercial. 24. Ed. S‹o Paulo: Saraiva, 2000, v. 1, p. 75.
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esta Corte rev•-la sem incursionar nas provas dos autos, o que Ž vedado pela Sœmula
07/STJ.
5. A pessoa f’sica, por meio de quem o ente jur’dico pratica a mercancia, por —bvio, n‹o
adquire a personalidade desta. Nesse caso, comerciante Ž somente a pessoa jur’dica, mas
n‹o o civil, s—cio ou preposto, que a representa em suas rela•›es comerciais. Em suma,
n‹o se h‡ confundir a pessoa, f’sica ou jur’dica, que pratica objetiva e habitualmente atos
de comŽrcio, com aquela em nome da qual estes s‹o praticados. O s—cio de sociedade
empresarial n‹o Ž comerciante, uma vez que a pr‡tica de atos nessa qualidade
s‹o imputados ˆ pessoa jur’dica ˆ qual est‡ vinculada, esta sim, detentora de
personalidade jur’dica pr—pria. Com efeito, dever‡ aquele sujeitar-se ao Direito Civil
comum e n‹o ao Direito Comercial, sendo poss’vel, portanto, a decreta•‹o de sua
insolv•ncia civil.
6. Recurso especial n‹o conhecido.
EMPRESçRIO SOCIEDADE
INDIVIDUAL EMPRESçRIA
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Aqui vale mencionar tambŽm a Lei n. 12.441/2011, por meio da qual foi criada
no Brasil a figura da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI).
Essa modalidade empresarial veio atender a uma demanda hist—rica pela
possibilidade de limita•‹o patrimonial da entidade empres‡ria que conte com
apenas uma pessoa em seu quadro constitutivo.
AtŽ ent‹o havia previs‹o legal apenas do exerc’cio de empresa individual, em
que o patrim™nio pessoal do empres‡rio se confundia com aquele destinado ao
desempenho da atividade econ™mica. Com o advento da EIRELI, Ž poss’vel a
cria•‹o de entidade com patrim™nio pr—prio, por meio do qual se desenvolve a
atividade empresarial, independente do patrim™nio pessoal do titular da
empresa.
3.4. Capacidade
Art. 972. Podem exercer a atividade de empres‡rio os que estiverem em pleno gozo da
capacidade civil e n‹o forem legalmente impedidos.
perante a lei.
Art. 5o A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa fica habilitada ˆ
pr‡tica de todos os atos da vida civil.
Par‡grafo œnico. Cessar‡, para os menores, a incapacidade:
I - pela concess‹o dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
pœblico, independentemente de homologa•‹o judicial, ou por senten•a do juiz, ouvido o
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exerc’cio de emprego pœblico efetivo;
IV - pela cola•‹o de grau em curso de ensino superior;
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O incapaz, portanto, pode continuar empresa exercida por ele pr—prio quando
era capaz (nos casos em que a incapacidade Ž resultante de doen•a ou
senilidade, por exemplo), por seus pais ou pelo autor de heran•a. Em qualquer
desses casos, porŽm, a continuidade da empresa depende de autoriza•‹o
judicial, e o incapaz dever‡ ser representado ou assistido.
Em raz‹o dos riscos envolvidos, os bens do incapaz que j‡ existam antes que
ele assuma a continuidade da empresa ficam protegidos em rela•‹o aos seus
resultados.
Perceba que tanto os casos de impedimento quanto a incapacidade civil n‹o
impedem que essas pessoas figurem como s—cios em sociedades empres‡rias.
O racioc’nio aqui Ž muito simples: a sociedade Ž empres‡ria, e n‹o o s—cio. ƒ
necess‡rio, porŽm, assegurar-se de que o incapaz n‹o tenha poderes de
administra•‹o, e que o capital esteja completamente integralizado.
3.5. Impedimentos
Embora sejam plenamente capazes, algumas pessoas n‹o podem exercer
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Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a
partir da decreta•‹o da fal•ncia e atŽ a senten•a que extingue suas obriga•›es, respeitado
o disposto no ¤ 1o do art. 181 desta Lei.
Par‡grafo œnico. Findo o per’odo de inabilita•‹o, o falido poder‡ requerer ao juiz da
fal•ncia que proceda ˆ respectiva anota•‹o em seu registro.
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Art. 181. S‹o efeitos da condena•‹o por crime previsto nesta Lei:
I Ð a inabilita•‹o para o exerc’cio de atividade empresarial;
II Ð o impedimento para o exerc’cio de cargo ou fun•‹o em conselho de administra•‹o,
diretoria ou ger•ncia das sociedades sujeitas a esta Lei;
III Ð a impossibilidade de gerir empresa por mandato ou por gest‹o de neg—cio.
nos arts. 37, X e XI, 150, II, 153, III, 153, ¤ 2¼, I;
II - as seguintes veda•›es:
a) receber, a qualquer t’tulo e sob qualquer pretexto, honor‡rios, percentagens ou custas
processuais;
b) exercer a advocacia;
c) participar de sociedade comercial, na forma da lei;
d) exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer outra fun•‹o pœblica, salvo uma de
magistŽrio;
e) exercer atividade pol’tico-partid‡ria;
f) receber, a qualquer t’tulo ou pretexto, aux’lios ou contribui•›es de pessoas f’sicas,
entidades pœblicas ou privadas, ressalvadas as exce•›es previstas em lei.
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Para encerrarmos este tema, Ž importante ainda que voc• tenha em mente que
o fato de alguŽm ter exercido atividade empresarial irregularmente n‹o a isenta
das obriga•›es contra’das, alŽm de eventuais san•›es administrativas cab’veis.
N‹o h‡ proibi•‹o no ordenamento ao exerc’cio de atividade empresarial por
parte do analfabeto, mas obviamente ele precisar‡ de procurador alfabetizado,
que deve ter poderes constitu’dos por instrumento pœblico.
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RAMOS, AndrŽ Luiz Santa Cruz. Direito empresarial esquematizado. 6. Ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2016, p. 57.
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Art. 982. Salvo as exce•›es expressas, considera-se empres‡ria a sociedade que tem por
objeto o exerc’cio de atividade pr—pria de empres‡rio sujeito a registro (art. 967); e,
simples, as demais.
Par‡grafo œnico. Independentemente de seu objeto, considera-se empres‡ria a
sociedade por a•›es; e, simples, a cooperativa.
4
MARCONDES, Sylvio. Quest›es de direito mercantil. S‹o Paulo: Saraiva, 1977, p. 11.
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Art. 971. O empres‡rio, cuja atividade rural constitua sua principal profiss‹o, pode,
observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus par‡grafos, requerer
inscri•‹o no Registro Pœblico de Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que,
depois de inscrito, ficar‡ equiparado, para todos os efeitos, ao empres‡rio sujeito a
registro.
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3.6.4. Cooperativas
Como voc• j‡ sabe, a cooperativa nunca ser‡ considerada empres‡ria,
independentemente de seu objeto. Isso ocorre basicamente porque a
cooperativa n‹o tem o intuito lucrativo, sendo constitu’da para prestar servi•os
aos associados, nos termos do art. 4o da Lei n. 5.764/1971.
A atividade econ™mica desenvolvida pela cooperativa, portanto, visa ao proveito
comum dos cooperados. Se houver lucro, este ser‡ dividido entre todos os
cooperados.
4 Ð Obriga•›es do Empres‡rio
4.1. Registro de Empresa
A primeira e elementar obriga•‹o imposta pela lei ao empres‡rio (seja
empres‡rio individual ou sociedade empres‡ria) Ž a inscri•‹o no Registro
Mercantil. Esse registro Ž regulado pelos arts. 967 e 970 do C—digo Civil.
mas tome cuidado, pois essa regra conta com exce•›es, das quais trataremos
mais adiante. AlŽm dos empres‡rios, s‹o tambŽm obrigados se registrarem
nas Juntas Comerciais os chamados agentes auxiliares do comŽrcio,
profissionais diretamente ligadas ao meio empresarial, a exemplo dos leiloeiros,
tradutores pœblicos, administradores de armazŽns gerais e respons‡veis por
armazŽns portu‡rios (normalmente conhecidos como trapicheiros).
Perceba que a obriga•‹o deve ser cumprida antes do in’cio da atividade
empresarial, apesar de no Brasil ser comum que o empres‡rio comece a
negociar e somente depois busque ÒformalizarÓ seu neg—cio. Pois bem, devemos
ainda salientar que, embora o registro seja uma formalidade legal obrigat—ria e
necess‡ria, n‹o se trata de requisito para caracteriza•‹o da atividade
empresarial.
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Art. 969. O empres‡rio que instituir sucursal, filial ou ag•ncia, em lugar sujeito ˆ
jurisdi•‹o de outro Registro Pœblico de Empresas Mercantis, neste dever‡ tambŽm
inscrev•-la, com a prova da inscri•‹o origin‡ria.
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Art. 3¼ Os servi•os do Registro Pœblico de Empresas Mercantis e Atividades Afins ser‹o
exercidos, em todo o territ—rio nacional, de maneira uniforme, harm™nica e
interdependente, pelo Sistema Nacional de Registro de Empresas Mercantis (Sinrem),
composto pelos seguintes —rg‹os:
I - o Departamento Nacional de Registro do ComŽrcio, —rg‹o central Sinrem, com fun•›es
supervisora, orientadora, coordenadora e normativa, no plano tŽcnico; e supletiva, no
plano administrativo;
II - as Juntas Comerciais, como —rg‹os locais, com fun•›es executora e administradora
dos servi•os de registro.
administrativamente, subordinadas aos Estados, mas as fun•›es por elas exercidas s‹o de
natureza federal. Conflito conhecido para declarar competente o Ju’zo Federal da 3» Vara
de Londrina - SJ/SP. STJ, 2a Se•‹o, CC 43.225/PR, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 26.10.2005,
DJ 01.02.2006, p. 425.
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De acordo com o art. 32, as Juntas Comerciais praticam tr•s atos de registro: a
matr’cula, o arquivamento e autentica•‹o.
A matr’cula se refere a alguns profissionais espec’ficos, conhecidos como
auxiliares do comŽrcio. ƒ o caso dos leiloeiros, tradutores pœblicos, intŽrpretes,
trapicheiros e administradores de armazŽns-gerais. Nesses casos, de forma
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Inscri•‹o de empres‡rios
ATOS DE REGISTRO Arquivamento individuais, EIRELI e sociedades
empres‡rias
Registro de instrumentos de
Autentica•‹o escritura•‹o (livros empresariais
e fichas escriturais)
Art. 29. Qualquer pessoa, sem necessidade de provar interesse, poder‡ consultar os
assentamentos existentes nas juntas comerciais e obter certid›es, mediante pagamento
do pre•o devido.
Art. 1.152. Cabe ao —rg‹o incumbido do registro verificar a regularidade das publica•›es
determinadas em lei, de acordo com o disposto nos par‡grafos deste artigo.
¤ 1o Salvo exce•‹o expressa, as publica•›es ordenadas neste Livro ser‹o feitas no —rg‹o
oficial da Uni‹o ou do Estado, conforme o local da sede do empres‡rio ou da sociedade, e
em jornal de grande circula•‹o.
¤ 2o As publica•›es das sociedades estrangeiras ser‹o feitas nos —rg‹os oficiais da Uni‹o
e do Estado onde tiverem sucursais, filiais ou ag•ncias.
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N‹o vou entrar nos detalhes cont‡beis acerca da natureza desses documentos,
mas voc• deve saber que o empres‡rio deve manter um sistema de registro dos
atos e fatos cont‡beis, e, anualmente, elaborar duas demonstra•›es: o balan•o
patrimonial e o de resultado econ™mico.
Os livros comerciais s‹o equiparados, para fins penais, a documento pœblico,
constituindo crime a falsifica•‹o da escritura•‹o comercial, no todo ou em parte
(art. 297 do C—digo Penal).
A atividade de escritura•‹o cont‡bil cabe ao contabilista, profissional que deve
ser legalmente habilitado para exercer a fun•‹o, com inscri•‹o ativa no —rg‹o
regulador da profiss‹o.
A legisla•‹o prev• uma grande quantidade de livros, mas apenas o Di‡rio Ž
considerado como obrigat—rio para todos os empres‡rios. AlŽm dele, h‡ certos
livros obrigat—rios para empres‡rios que exercem atividades espec’ficas.
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Registro de
OBRIGATîRIOS duplicatas, para
quem as emite
Registro de a•›es
LIVROS nominativas, para
Caixa
COMERCIAIS as S/A
Estoque
FACULTATIVOS Raz‹o
Borrador
Conta-corrente
O pr—prio C—digo de Processo Civil reconhece em seus arts. 417 e 418 a for•a
probat—ria dos livros empresariais.
Art. 417. Os livros empresariais provam contra seu autor, sendo l’cito ao empres‡rio,
todavia, demonstrar, por todos os meios permitidos em direito, que os lan•amentos n‹o
correspondem ˆ verdade dos fatos.
Art. 418. Os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam a
favor de seu autor no lit’gio entre empres‡rios.
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Contra o empres‡rio, o livro empresarial faz prova mesmo que n‹o esteja
corretamente escriturado. Por outro lado, para fazer prova a favor do
empres‡rio, o Novo C—digo de Processo Civil exige a escritura•‹o correta.
Essa escritura•‹o correta deve obedecer aos requisitos do art. 1.183 do C—digo
Civil, segundo o qual Òa escritura•‹o ser‡ feita em idioma e moeda corrente
nacionais e em forma cont‡bil, por ordem cronol—gica de dia, m•s e ano, sem
intervalos em branco, nem entrelinhas, borr›es, rasuras, emendas ou
transportes para as margensÓ.
O œltimo ponto que quero enfatizar Ž que a for•a probat—ria dos livros
empresariais Ž relativa, sendo poss’vel que sua veracidade seja questionada por
outros meios de prova.
Art. 68. Considera-se pequeno empres‡rio, para efeito de aplica•‹o do disposto nos arts.
970 e 1.179 da Lei n¼ 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (C—digo Civil), o empres‡rio
individual caracterizado como microempresa na forma desta Lei Complementar que aufira
receita bruta anual atŽ o limite previsto no ¤ 1o do art. 18-A.
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Art. 1.190. Ressalvados os casos previstos em lei, nenhuma autoridade, juiz ou tribunal,
sob qualquer pretexto, poder‡ fazer ou ordenar dilig•ncia para verificar se o empres‡rio
ou a sociedade empres‡ria observam, ou n‹o, em seus livros e fichas, as formalidades
prescritas em lei.
Como voc• pode ver, o dispositivo cria o sigilo mas tambŽm faz ressalva aos
casos previstos em lei. Na realidade o pr—prio C—digo Civil traz uma dessas
exce•›es, quando prev•, em seu art. 1.193, que as restri•›es ao exame da
escritura•‹o n‹o se aplicam ˆs autoridades fazend‡rias, quando estas estejam
no exerc’cio da fiscaliza•‹o tribut‡ria.
O C—digo Tribut‡rio Nacional tambŽm traz disposi•‹o no mesmo sentido, mas o
STF j‡ tratou de limitar a exce•‹o ao sigilo empresarial, entendendo que o
exame dos livros e documentos constantes da escritura•‹o deve ater-se ao
objeto da fiscaliza•‹o.
AlŽm dessa hip—tese, o sigilo sobre os livros empresariais tambŽm pode ser
ÒquebradoÓ por ordem judicial, que poder‡ determinar a exibi•‹o total ou
parcial dos livros. Cada uma das hip—teses tem tratamentos legais diferentes,
conforme podemos compreender do exame dos dispositivos do Novo C—digo de
Processo Civil que se aplicam ao tema.
Art. 420. O juiz pode ordenar, a requerimento da parte, a exibi•‹o integral dos livros
empresariais e dos documentos do arquivo:
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I - na liquida•‹o de sociedade;
II - na sucess‹o por morte de s—cio;
III - quando e como determinar a lei.
Art. 421. O juiz pode, de of’cio, ordenar ˆ parte a exibi•‹o parcial dos livros e dos
documentos, extraindo-se deles a suma que interessar ao lit’gio, bem como reprodu•›es
autenticadas.
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5 Ð Quest›es
Agora resolveremos algumas quest›es sobre os temas que estudamos na aula
de hoje. Em minhas aulas costumo colocar tanto quest›es do tipo certo ou
errado quando quest›es de mœltipla escolha. Tenha certeza de que coloquei o
maior nœmero de quest›es que me foi poss’vel encontrar.
Primeiramente voc• vai encontrar a lista das quest›es sem coment‡rios, para
que voc• possa praticar, e em seguida temos a lista com as mesmas quest›es
adicionadas dos meus coment‡rios, para ajuda-lo a saber melhor em que voc•
est‡ indo bem e no que pode melhorar.
Eventualmente podem surgir quest›es que contenham alternativas acerca de
temas que n‹o tratamos na aula de hoje. Se isso acontecer n‹o se preocupe,
pois ao final do nosso curso voc• ser‡ capaz de responder qualquer quest‹o! J
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5.2. Gabarito
1. C 15. CERTO
2. CERTO 16. B
3. C 17. ERRADO
4. A 18. ERRADO
8. D 22. CERTO
9. E 23. C
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Coment‡rios:
Com um atraso consider‡vel, a partir do C—digo Civil de 2002, podemos dizer
que, com a unifica•‹o formal do Direito Privado, houve a transi•‹o da Teoria
dos Atos de ComŽrcio (francesa) para a Teoria da Empresa (italiana).
GABARITO: C
Coment‡rios:
O principal aspecto da teoria da empresa Ž justamente o foco na atividade
empresarial, em vez dos atos praticados. Por isso mesmo nem o C—digo Civil
italiano de 1942, e nem o C—digo Civil brasileiro de 2002 trazem uma defini•‹o
formal do que Ž empresa.
GABARITO: CERTO
correta
a) A teoria dos atos de comŽrcio foi adotada, inicialmente, nas feiras
medievais da Europa pelas corpora•›es de comerciantes que ent‹o se
formaram.
b) A edi•‹o do C—digo Franc•s de 1807 Ž considerada o marco inicial do
direito comercial no mundo
c) Considera-se o marco inicial do direito comercial brasileiro a lei de
abertura dos portos, em 1808, por determina•‹o do rei Dom Jo‹o VI.
d) ƒ de origem francesa a teoria da empresa, adotada pelo atual C—digo
Civil brasileiro.
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Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque a ado•‹o da teoria dos atos de comŽrcio
se deu com a elabora•‹o do C—digo Comercial franc•s de 1807. Na Žpoca das
corpora•›es de of’cio o Direito Comercial era notadamente privado, aplicando-
se apenas aos membros dessas corpora•›es.
A alternativa B est‡ incorreta porque, como voc• j‡ sabe, o Direito Comercial j‡
existia muito antes do C—digo Comercial franc•s de 1807, aplicado pelas
corpora•›es de of’cio.
A alternativa C est‡ correta e Ž a nossa resposta. De fato, a abertura dos portos
de 1808 foi o marco inicial do Direito Comercial brasileiro, antes mesmo do
C—digo Comercial de 1850.
A alternativa D est‡ incorreta porque a teoria da empresa Ž de origem italiana,
tendo sido primeiramente adotada com o C—digo Civil italiano de 1942.
A alternativa E est‡ incorreta porque o direito romano pouco contribuiu com o
direito comercial. As normas mercantis atŽ existiam, mas faziam parte do
direito privado comum (Direito Civil).
GABARITO: C
intuito de lucro.
Coment‡rios:
O C—digo Civil n‹o define empresa, mas sim empres‡rio, que Ž aquele que
exerce profissionalmente atividade econ™mica organizada de produ•‹o ou
circula•‹o de bens ou servi•os. Empresa Ž essa atividade desempenhada pelo
empres‡rio.
GABARITO: A
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Coment‡rios:
Ronald Coase foi um economista brit‰nico, e n‹o um jurista norte-americano.
Claro que essa informa•‹o n‹o importa muito para n—s, mas j‡ tornaria a
assertiva incorreta, n‹o Ž mesmo!? A quest‹o traz a ideia do feixe de contratos,
proposta por Coase, mas causa confus‹o ao compar‡-la com a Teoria da
Empresa de Asquini. Este encarava a empresa como um fen™meno poliŽdrico,
com perfis objetivo, subjetivo, funcional e corporativo/institucional. O perfil
funcional estaria relacionado com a atividade econ™mica desenvolvida pelo
empres‡rio, e n‹o necessariamente com as rela•›es jur’dicas por ele firmadas.
ƒ uma assertiva bem confusa, mas podemos dizer que est‡ errada.
GABARITO: ERRADO
Coment‡rios:
A assertiva menciona corretamente a ado•‹o da Teoria dos Atos de ComŽrcio
por ocasi‹o da elabora•‹o do C—digo Comercial de 1850. Essa teoria, como j‡
sabemos, teve origem na Fran•a napole™nica, e por isso a assertiva erra ao
mencionar influ•ncias portuguesas e espanholas. No Brasil foi posta em pr‡tica
a teoria francesa e, posteriormente, a Teoria da Empresa, de origem italiana.
GABARITO: ERRADO
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Coment‡rios:
ƒ correto dizer que empresa Ž atividade econ™mica. Lembre-se de que Ž
comum a men•‹o ˆ palavra empresa referindo-se ˆ sociedade empres‡ria ou
mesmo ˆ EIRELI, mas trata-se de um uso pouco tŽcnico do termo. Por isso a
segunda parte da assertiva est‡ errada, j‡ que quem pode ser investido de
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Coment‡rios:
Aqui a banca nos pede para marcar a alternativa incorreta, que Ž a letra D.
Quando se tratar de aliena•‹o de im—vel que perten•a ˆ empresa, n‹o h‡
necessidade de outorga conjugal, independentemente do regime de bens do
matrim™nio. As demais alternativas nada mais s‹o do que reprodu•›es de
dispositivos do C—digo Civil.
GABARITO: D
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Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta em raz‹o da regra do art. 980 do C—digo Civil,
segundo a qual a senten•a que decretar ou homologar a separa•‹o judicial do
empres‡rio e o ato de reconcilia•‹o n‹o podem ser opostos a terceiros, antes
de arquivados e averbados no Registro Pœblico de Empresas Mercantis. Esse Ž
um tema importante porque a separa•‹o do empres‡rio pode ter repercuss›es
patrimoniais em rela•‹o ˆ empresa.
A alternativa B est‡ incorreta porque, mesmo impedido, aquele que exerce
atividade empresarial dever‡ responder pelas obriga•›es contra’das, nos
termos do art. 973 do C—digo Civil.
A alternativa C est‡ incorreta porque os c™njuges podem contatar sociedade
entre si ou com terceiro, mas isso n‹o poder‡ ocorrer quando tenham casado
no regime de comunh‹o universal de bens ou de separa•‹o obrigat—ria.
A alternativa D est‡ incorreta porque o art. 974 do C—digo Civil autoriza a
continua•‹o, por parte do incapaz, de empresa antes exercida por ele enquanto
capaz, por seus pais ou pelo autor da heran•a, desde que o incapaz neste caso
seja assistido por representante.
A alternativa E est‡ correta e Ž a nossa resposta. Se o im—vel pertence ao
patrim™nio da empresa, n‹o faria sentido o C—digo Civil exigir a outorga do
c™njuge o empres‡rio, n‹o Ž mesmo!? Por isso h‡ autoriza•‹o expressa para
esse tipo de transa•‹o no art. 978.
GABARITO: E
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Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque a regra geral Ž a separa•‹o patrimonial
entre os s—cios e a sociedade. Isso Ž o que chamamos de limita•‹o de
responsabilidade.
A alternativa B est‡ correta e Ž a nossa resposta. Este Ž exatamente o conceito
de empres‡rio trazido pelo art. 966 do C—digo Civil.
A alternativa C est‡ incorreta porque a inscri•‹o do empres‡rio no Registro
Pœblico de Empresas Mercantis Ž uma das suas principais obriga•›es, devendo
ocorrer antes do in’cio da atividade empresarial, nos termos do art. 967 do
C—digo Civil.
A alternativa D est‡ incorreta porque a contrata•‹o de sociedade entre
c™njuges n‹o Ž permitida quando o regime de bens do casamento for a
comunh‹o universal ou a separa•‹o obrigat—ria, nos termos do art. 977 do
C—digo Civil.
A alternativa E est‡ incorreta porque a sociedade adquire personalidade jur’dica
com a inscri•‹o dos seus atos constitutivos no Registro Pœblico de Empresas
Mercantis, de acordo com o art. 985 do C—digo Civil.
GABARITO: B
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Coment‡rios:
A banca aqui fez uma confus‹o entre a figura do empres‡rio individual e da
sociedade empres‡ria. O empres‡rio individual exerce a atividade
pessoalmente, n‹o havendo patrim™nio pr—prio para a empresa. O instituto
jur’dico que recentemente veio resolver esse problema foi a Empresa Individual
de Responsabilidade Limitada (EIRELI), que permite a constitui•‹o de
patrim™nio pr—prio para a atividade empresarial mesmo sem a exist•ncia de
sociedade.
GABARITO: ERRADO
Coment‡rios:
Esta Ž uma boa forma de resumir as possibilidades de exerc’cio de atividade
empresarial por incapazes. Em regra, isso n‹o Ž permitido, mas nas situa•›es
de incapacidade superveniente ou sucess‹o por morte. De qualquer forma o art.
974 do C—digo Civil exige a nomea•‹o de representante para o incapaz.
GABARITO: CERTO
Coment‡rios:
Na realidade a banca aqui tentou fazer refer•ncia ao Defensor Pœblico Federal
(o nome do cargo Ž esse), que est‡ sujeito ˆ Lei n. 8.112/1990, que, por sua
vez, pro’be o exerc’cio de atividade empresarial pelo servidor pœblico. Pois bem,
este Ž um caso de impedimento, e n‹o de incapacidade, n‹o Ž mesmo? Afinal
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Coment‡rios:
Esta quest‹o gerou alguma pol•mica por fazer men•‹o ˆ figura do curador, que
poder‡ ser o representante legal do incapaz. No caso de incapacidade
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superveniente, voc• j‡ sabe que, por for•a do art. 974 do C—digo Civil, Ž
poss’vel que a atividade continue, mas para isso o incapaz dever‡ ser assistido.
GABARITO: CERTO
Coment‡rios:
O registro de todo e qualquer empres‡rio junto ao Registro Pœblico de Empresas
Mercantis Ž obrigat—rio na condi•‹o de requisito de regularidade. Pode haver
alguma confus‹o em rela•‹o ˆ alternativa C, que sugere a natureza constitutiva
do registro, mas na realidade o empres‡rio que n‹o se registra n‹o deixa de ser
empres‡rio, n‹o Ž mesmo? Ele Ž apenas um empres‡rio irregular.
GABARITO: B
Coment‡rios:
O autor de obra liter‡ria Ž profissional previsto no art. 966 como exce•‹o ao
desempenho de atividade empresarial. Lembre-se de que n‹o se considera
empres‡rio quem exerce profiss‹o intelectual, de natureza cient’fica, liter‡ria ou
art’stica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o
exerc’cio da profiss‹o constituir elemento de empresa.
GABARITO: ERRADO
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Coment‡rios:
O princ’pio da livre iniciativa Ž importante e significa que a pessoa que deseja
empreender deve ser incentivada a tal, mas isso n‹o significa que ela possa
come•ar a desempenhar a atividade empresarial antes do registro junto ˆ Junta
Comercial. Na realidade o C—digo Civil Ž expresso em seu art. 967 no sentido de
que o registro deve ser feito antes do in’cio da atividade do empres‡rio.
GABARITO: ERRADO
Coment‡rios:
De acordo com o art. 1.150 do C—digo Civil, a sociedade empres‡ria, assim
como o empres‡rio individual, devem registrar seus atos constitutivos no
Registro Pœblico de Empresas Mercantis, enquanto as sociedades simples devem
ser registradas no cart—rio de registro de pessoas jur’dicas.
GABARITO: ERRADO
Coment‡rios:
Na aula de hoje voc• aprendeu acerca da jurisprud•ncia do STJ e do STF acerca
do mandado de seguran•a contra ato praticado por Junta Comercial. As Juntas
Comerciais, em geral, s‹o administrativamente —rg‹os estaduais, vinculados ˆ
administra•‹o pœblica do respectivo Estado. Por outro lado, tecnicamente as
Juntas Comerciais s‹o vinculadas ao —rg‹o central do Sistema Nacional de
Registro de Empresas Mercantis (SINREM), que atualmente Ž o Departamento
de Registro Empresarial e Integra•‹o (DREI). Isso levou os Tribunais Superiores
a adotar o posicionamento de que mandado de seguran•a contra atos de
registro deveriam ser processados e julgados pela Justi•a Federal, em que pese
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Coment‡rios:
Essa quest‹o gerou pol•mica na Žpoca em que foi aplicada, por causa do uso da
palavra Òinadmiss’velÓ. Se essa palavra for encarada como significando
impossibilidade, a assertiva est‡ errada, pois o fato de o empres‡rio n‹o se
registrar na Junta Comercial n‹o significa que ele n‹o exer•a atividade
empresarial, mas apenas que est‡ em situa•‹o irregular. Acredito, porŽm, que
a palavra Òinadmiss’velÓ tambŽm poderia ser encarada como significando
ilicitude, e neste caso a assertiva estaria certa. Apesar da confus‹o, o gabarito
oficial Ž no sentido de que a assertiva est‡ errada.
GABARITO: ERRADO
Coment‡rios:
De acordo com os arts. 417 e 418 do C—digo de Processo Civil de 2015, os
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Coment‡rios:
Aten•‹o, pois aqui a banca nos cobra a alternativa incorreta. Nossa resposta Ž a
alternativa C, pois as muta•›es patrimoniais das sociedades an™nimas dever‹o
ser registradas segundo o regime de compet•ncia, e n‹o ao regime de caixa,
nos termos do art. 177 da Lei das Sociedades An™nimas.
A alternativa A est‡ correta nos termos do art. 1.118 do C—digo Civil, segundo o
qual, salvo disposi•‹o especial de lei, os livros obrigat—rios e, se for o caso, as
fichas, antes de postos em uso, devem ser autenticados no Registro Pœblico de
Empresas Mercantis.
A alternativa B invoca o art. 418 do Novo C—digo de Processo Civil, segundo o
qual os livros empresariais que preencham os requisitos exigidos por lei provam
a favor de seu autor no lit’gio entre empres‡rios.
A alternativa D tambŽm est‡ correta, fazendo men•‹o ˆ Sœmula 260 do STF: ÒO
exame de livros comerciais, em a•‹o judicial, fica limitado ˆs transa•›es entre
os litigantesÓ.
GABARITO: C
Coment‡rios:
Perfeito! Lembre-se sempre de que, nos termos do art. 971 do C—digo Civil, o
empres‡rio que tenha como principal profiss‹o a atividade rural tem a
faculdade de registrar-se na Junta Comercial, caso em que ficar‡ equiparado,
para todos os efeitos, ao empres‡rio sujeito a registro.
GABARITO: CERTO
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Coment‡rios:
Os livros empresariais s‹o sujeitos a registro junto ˆ Junta Comercial, mas este
d‡-se na modalidade autentica•‹o. O arquivamento serve para os atos
constitutivos e altera•›es, alŽm de alguns outros documentos previstos no art.
32 da Lei n. 8.934/1994.
GABARITO: ERRADO
Coment‡rios:
A alternativa A est‡ incorreta porque a subordina•‹o das Juntas Comerciais ao
DREI (novo nome do antigo DNRC) Ž apenas tŽcnica, e n‹o administrativa.
A alternativa B est‡ incorreta porque os atos constitutivos n‹o est‹o sujeitos a
matr’cula, mas sim a arquivamento. A matr’cula se refere aos auxiliares do
comŽrcio, que devem registrar-se junto ˆ Junta Comercial para poderem
exercer a profiss‹o. 00000000000
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Coment‡rios:
Hoje o DNRC n‹o existe mais, tendo sido substitu’do pelo DREI. O Sistema
Nacional de Registro de ComŽrcio (SINREM) Ž constitu’do justamente pelo DREI
e pelas Juntas Comerciais.
GABARITO: D
Coment‡rios:
Os profissionais que est‹o sujeitos a matr’cula na Junta Comercial s‹o os
auxiliares do comŽrcio, entre eles os leiloeiros, tradutores pœblicos, intŽrpretes
comerciais, trapicheiros e administradores de armazŽns gerais. Os corretores de
im—veis, que aparecem nas alternativas A, B e C, contam com seus pr—prios
conselhos profissionais.
GABARITO: D
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6 - Resumo da Aula
Liberdade de iniciativa
Liberdade de
concorr•ncia
PRINCêPIOS DO
DIREITO EMPRESARIAL
Garantia de defesa da
propriedade privada
Preserva•‹o da
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empresa
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PERFIL SUBJETIVO
A empresa é o empresário
PERFIL FUNCIONAL
A empresa é uma atividade
TEORIA DA EMPRESA
DE ALBERTO ASQUINI
PERFIL OBJETIVO
A empresa é um conjunto de
bens
PERFIL CORPORATIVO
A empresa é uma comunidade
laboral
O C—digo Civil de 2002 adotou a teoria da empresa, e n‹o a teoria dos atos de
comŽrcio.
Atividade
Profissio- econ™mica
nalmente organizada
Produção ou
circulação de
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bens ou
serviços
EMPRESÁRIO
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EMPRESçRIO SOCIEDADE
INDIVIDUAL EMPRESçRIA
empresa.
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Inscri•‹o de empres‡rios
ATOS DE REGISTRO Arquivamento individuais, EIRELI e
sociedades empres‡rias
Registro de instrumentos de
escritura•‹o (livros
Autentica•‹o empresariais e fichas
escriturais)
Registro de
OBRIGATîRIOS duplicatas, para
quem as emite
Registro de a•›es
LIVROS nominativas, para
Caixa
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Estoque
FACULTATIVOS Raz‹o
00000000000
Borrador
Conta-corrente
A for•a probante dos livros empresariais Ž relativa, podendo ser afastada por
for•a de documentos que contradigam seu conteœdo.
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7 Ð Jurisprud•ncia Aplic‡vel
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reconhecendo a compet•ncia da justi•a comum estadual, posto que uma eventual decis‹o
judicial de anula•‹o dos registros societ‡rios, almejada pelos s—cios litigantes, produziria
apenas efeitos secund‡rios para a Junta Comercial do Estado, fato que obviamente n‹o
revela quest‹o afeta ˆ validade do ato administrativo e que, portanto, afastaria o
interesse da Administra•‹o e, conseqŸentemente, a compet•ncia da Justi•a Federal para
julgamento da causa. Precedentes. Recurso especial n‹o conhecido. STJ - REsp: 678405
RJ 2004/0081659-5, Relator: Ministro CASTRO FILHO, Data de Julgamento: 16/03/2006,
T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publica•‹o: DJ 10.04.2006 p. 179.
8 - Considera•›es Finais
Chegamos ao final da nossa aula de hoje! Espero que voc• esteja gostando do
nosso curso. Se ficar alguma dœvida n‹o deixe de me procurar, ok!? J
Grande abra•o!
Paulo Guimar‹es
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