Este é um assunto delicado, e que infelizmente ainda não possui quase
nenhum livro, artigos, matéria jornalística ou outros meios de informação que trate desta especificidade. Passando muitas vezes por despercebido tal direito. A questão é que tal direito EXISTE! E como existe. Na graduação o estudante universitário se depara com muitas injustiças e sofrem com isto. Seja por impedimento de fazer alguma prova por inadimplência, seja mudança repentina na grade curricular (diferente da acordada no contrato), seja problemas com o FIES etc. Este post pretende informar e viabilizar os meios legais do aluno entrar de verdade com uma Ação ou Mandado de Segurança contra a faculdade.
Muitos alunos no atendimento da faculdade (secretaria ou ouvidoria),
tomados pelo stress na hora da raiva afirmam “vou botar vocês na justiça! E bla bla bla” e nunca o fazem. Porque são tomados pelo medo e a incerteza de vitória no judiciário. Para acalmar o coração de você leitor (a) é de se afirmar que, NÃO TENHA MEDO, a justiça está do seu lado aluno, que também é consumidor hipossuficiente ao mesmo tempo.
Segue abaixo dicas de como proceder e embasamento de cada caso
específico:
DA ILEGALIDADE DA IMPLANTAÇÃO DE NOVA GRADE
CURRICULAR
Se você aluno(a), durante o curso, antes do termino por alguma dependência,
ou no intervalo de solicitação do diploma, seja no trancamento por um prazo de seis meses etc. For surpreendido com a desagradável surpresa de nova grade curricular diversa da pactuada no contrato. Você pode entrar com uma ação de obrigação de fazer Arts. 282 e 461 CPC ou um Mandado de Segurança Arts. 5º, LXIX CF e lei 12.016/09.
Questão de mérito: Abusividade contratual (Arts. 51, IV do CDC – Lei nº 8.078
de 11 de Setembro de 1990 e art. 6º do CDC que faz menção aos direitos do mesmo, nos incisos IV, V e V fala de proteção contra clausulas abusivas e indenização por dano moral ocorrido, dano moral este previsto outrossim nos arts. 5º , V CF e 186 e 187 do Código Civil. No caso de liminar art. 273 CPC.
Abaixo transcritas jurisprudências com julgados a favor do consumidor nesse
sentido:
TRF-1 – REMESSA EX OFFICIO EM MANDADO DE SEGURANÇA REOMS
19620 GO 2009.35.00.019620-0 (TRF-1)
Data de publicação: 18/04/2012
Ementa: ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. ENSINO
I – As instituições de ensino superior gozam de autonomia administrativa para
promoverem alterações das grades curriculares dos cursos superiores, não estando, em princípio, obrigadas a manter o currículo anterior para alunos que já ingressaram antes da modificação implementada. No entanto, pode ser garantido judicialmente o cumprimento da grade curricular anterior em favor de alunos concluintes do curso superior nos casos em que haja evidente prejuízo, por impossibilidade de conclusão do curso no prazo originariamente previsto, em razão das modificações na grade curricular.
II – Ademais, há de se reconhecer a aplicação da teoria do fato consumado,
haja vista que o decurso do tempo consolidou uma situação fática amparada por decisão judicial, sendo desaconselhável a sua desconstituição, na espécie dos autos. III – Remessa oficial desprovida. Sentença confirmada. TRF-5 – Apelação em Mandado de Segurança AMS 91414 RN 0000162- 60.2005.4.05.8401 (TRF-5) Data de publicação: 13/09/2005
Ementa: ADMINISTRATIVO. ENSINO
SUPERIOR. MODIFICAÇÕES NA GRADECURRICULAR. APLICAÇÃO AOS ALUNOS INGRESSANTES APÓS A SUA VIGÊNCIA.
– É consabido que as modificações de currículos ocorridas em cursos de nível
superior somente são aplicáveis aos alunos que ingressam na instituição de ensino após a sua entrada em vigor.
– Admitir-se o inverso acarretaria uma indesejável insegurança jurídica para os
discentes das universidades, uma vez que poderiam ser surpreendidos a qualquer momento do curso com a modificação de seus currículos e o inevitável retardo em suas conclusões. Isso sem falar nas inúmeras disciplinas já cursadas que não mais integrariam as novas grades, resultando em enorme prejuízo aos alunos.
- A Resolução que tornou pública a nova grade curricular do curso de Medicina
Veterinária foi publicada no DOU em 27 de dezembro de 2004 e expressamente fixou o âmbito de sua validade subjetiva para todos os alunos admitidos a partir do segundo semestre de 2004. – Apelação e remessa oficial improvidas.