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Não se protege o meio ambiente mantendo a atual logica de sociedade que vivemos. O
capitalismo é o lobo mau da história e ele não vai preservar a chapeuzinho. Os recursos
naturais são tratados pelo sistema capitalista como forma de acumular. Portanto, não vamos
ter proteção ecológica que ameace os lucros capitalistas em geral. É claro que algumas
empresas poderão ter ameaçados seus espaços mercantis, mas no âmbito global o capitalismo
precisa necessariamente da exploração da natureza para sua sobrevivência. Podemos até ter
novas tecnologias, mas nunca uma mudança mais radical que atinja a forma como o sistema
funciona: exploração do trabalho e da natureza.
Isto demonstra que necessitamos de uma abordagem mais radical no que se refere ao
problema ecológico. Medidas como estas do fim das sacolinhas são minimamente paliativas,
no fundo, funcionam como legitimação do capital, pois este estaria pretensamente preocupado
com os rumos ecológicos do planeta. É claro que ele está, desde que não prejudique a seiva da
vida: o sagrado direito de lucro. Desta forma, não se resolvem os problemas da natureza
através do incremento de tecnologia, pois esta funciona sob a égide da lucratividade. As
alterações tecnológicas podem até minimizar os impactos ambientais sobre o planeta, mas não
garantem uma vida mais saudável.
Neste sentido, devemos tomar todo cuidado com o discurso da sustentabilidade, pois é
uma teoria eficiente para o capital. Trata-se de um conceito utilizado sem críticas, uma
expressão desistoricizada de seus determinismos, pois surgida no contexto de reprodução da
natureza para a continuidade da exploração do capital. A sustentabilidade é do capital e não do
meio ambiente. Não é atoa que tal expressão é hegemônica em eventos de viés conservador:
SWU, fóruns patrocinados por prefeituras e corporações, como também em bicicletadas pelo
mundo afora ou mesmo em autorizações de órgãos ambientais. Estes eventos não apresentam
qualquer questionamento ao sistema capitalista. Não se trata de ser contra o capitalismo (a
despeito de sermos contrários), mas de identificar que a operacionalização do sistema tem
como decorrência o tratamento da natureza como recurso explorável para reprodução
ampliada do capital. Eis nosso grande problema. Não dá para ser ecologista sem ser ao mesmo
tempo anti-capitalista.