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PRATICA DE ENOCHIANO

09 de Janeiro de 2018 e.v.

Por Grimmwotan
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Apresentação

O Sistema Enochiano tem sido usado como grande chave mágica oculta,
dentro da maioria dos sistemas herméticos, desde o século XVI, sendo que
diversas teorias e ao menos 03 “modus operandi” foram desenvolvidos para
seu uso.

Este trabalho visa abordar e elucidar o método mais simples e eficiente de


pratica do enochiano, usando de algumas práticas a muito consagradas pelo
hermetismo, e de outras aprimoradas pela percepção da necessidade de
melhorias, assim como visa demonstrar quais são as bases verdadeiras e a
origem do sistema enochiano em si, base esta que é mantida oculta por conta
de necessidades particulares e receios indevidos.
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ÍNDICE

Página 02........................................................Apresentação;

Página 03....................................................................Índice;

Página 04......Elementos básicos para praticar o Enochiano;

Página 06.................................................Torres Enochianas

Página 11..................................................................Práticas

Página 33...............................................Chaves Enochianas

Página 39.................Enochiano: Bases, Estruturas e fontes;

Pagina 67............................................................Bibliografia;
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Elementos básicos para praticar o Sistema Enochiano:

1) Decorar o ritual de pentagrama, como já foi pedido;


2) Providenciar um cristal negro, ou um objeto abobadado de vidro, que
possa ser pintado na face oposta, para servir de Shell Stone (Pedra da
Visão). Esta pedra ou vidro, nunca recebera luz do sol, e ficara
permanentemente colocada sob um tecido negro, sendo retirada apenas
quando for necessário;
3) Providenciar a confecção das 4 TÁBUAS ou TORRES ELEMENTAIS
ENOCHIANAS, mais a TÁBUA DA UNIÃO, os quais devem ser
confeccionados no esquema cromático presente neste esquema de
práticas, contudo com AS LETRAS EM ENOCHIANO, nunca no alfabeto
comum;
4) As Torres Enochianas acima referidas e a tábua da união podem ser
desenhadas a lápis e coloridas a lápis comum, em tábua de madeira
macia, pirografadas, ou desenhadas em folhas de sulfite a lápis, mas
não podem ser imprimidas de forma alguma, a menos que se planeje
fazer a gravação em metal ou em placa de circuito elétrico;
5) Deveria haver uma “Veste/Túnica” negra ou azul escura, ou no mínimo
ser reservado um moletom preto ou azul escuro somente para efetuar as
práticas;
6) Uma toalha ou tecido, totalmente negros, para o altar;
7) Algo que sirva de altar, que não receba luz do sol diretamente durante o
dia, e que será mantido limpo constantemente higienizado pelo
praticante;
8) Uma “ADAGA”, curva ou reta, ou uma espada, lembrando que a lamina
está ligada ao termo enochiano “VOVNE” (Dragão);
9) Um caderno que servirá de diário de praticas e estudos;
10) Incenso;
11) Velas e Suporte de velas, lembrando que sempre devera ser gravada a
Palavra enochiana “IADNAMAD” no corpo da Vela, esta palavra quer
dizer, conforme a tradução, Conhecimento, mas traduzida de forma clara
ela diz simplesmente “DEUS DO TEU DEUS”, que é uma forma de
aplicação da relação direta da Tábua da União e do reside dentro desta
tábua com “Iadnamad”, sendo similar a relação que existe entre Yog-
Sototh e Azag Toth, no Necronomicom. Desnecessário dizer que antes
da gravação deve ser a vela incensada com o incenso devidamente
consagrado;
12) Acerca da pronúncia, toda palavra proferida em “ENOCHIANO” é, de
certa forma, pronunciada de forma “CHEIA”, ou seja, se houver uma
palavra que esteja escrito com o final em consoante, como por exemplo
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“IAIDON”, cuja tradução significa “Todo Poderoso”, sua pronuncia


automaticamente será “IAIDONÊ”.
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TÁBUAS ou TORRES ENOCHIANAS

TÁBUA DA UNIÃO
7

AR
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ÁGUA
9

FOGO
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TERRA
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Práticas:

Primeiro Exercício, concentração:

A concentração, e os efeitos derivados desta, é o mais importante de todos os


exercícios práticos em qualquer sistema religioso ou mágico sério.

Através dela é possível burlar o meio no entorno do praticante e acessar níveis


sutis de existência, os quais estão a todo o momento em contato com o
praticante, e com tudo e todos a volta do praticante, embora seja ignorados,
mesmo que causem efeitos ou influenciem objetivamente a vida subjetiva ou
objetiva do praticante.

A concentração é usada nos transes “Hopis”, no “Yoga”, no “Galdr”, no


“Hermetismo”, e em geral deve ser efetuada a aquisição das virtudes
vinculadas a ela da seguinte forma:

1) Mantenha sua coluna ereta, sentado em uma cadeira, com a palma das
mãos sobre as pernas, e plantas dos pés sobre o solo;
2) Você não deve ser mover, não importando o que ocorra, deve dominar
seu corpo, e se manter atento e controlado até concluir a prática
proposta;
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3) Use uma folha de sulfite branca, com um ponto bem visível desenhado
no centro geométrico, fixada na parede na altura dos olhos, ou ainda,
fixando um ponto qualquer de uma parede, preferencialmente branca ou
de cor neutra;
4) Mantenha seus olhos fixados no ponto escuro no centro da folha branca,
ou no ponto escolhido da parede que está observando;
5) Deve manter os olhos medianamente abertos, nem muito abertos (para
não ressecar) nem muito fechados (para não comprimir demais os
olhos);
6) Não deve desviar os pontos do local determinado, por motivo nenhuma,
para lograr êxito, mesmo que algo espetacular ocorra;
7) A luz não deve ser muito intensa e nem deve incidir diretamente nos
olhos, para não atrapalhar ou causar erros e falhas perceptivas;
8) O tempo mínimo em que se deve ficar concentrado é de 20 minutos,
podendo-se iniciar por menos tempo, até adquirir a capacidade de ficar
atento por 20 minutos;
9) Os efeitos iniciais serão os seguintes:
a) Nos primeiros minutos, nada;
b) Após algum tempo uma bruma sem cor dançando e fazendo os olhos
se desviarem do foco, a qual sempre some se você tentar fixá-la sem
que o seja pela visão periférica;
c) Após este período, a bruma, a qual é chamada no druidismo de
“nwire”, se adensará e começará a mudar entre o amarelo, o violeta,
o azul e o verde;
d) Transcorrido o tempo inicial, a fixação na bruma, sem jamais desviar
os olhos, fará com que toda a imagem captada no ambiente onde
estiver, não importando qual venha ser esta imagem, desapareça e
fique apenas a bruma, dançando e mudando de cor;
e) Êxtase intenso, gerado no momento exato em que a bruma começa
a se adensar;
f) A percepção de um som inicialmente baixo, que conforme a atenção
aumenta, vai ficando cada vez mais forte e mais alto, até ficar
ensurdecedor, o qual é similar ao trinado de pássaros mesclado com
o chiado dos besouros no verão. Note, adicionalmente, que este som
não é percebido nos ouvidos, ele é percebido diretamente nas áreas
do cérebro que recebem e interpretam os estímulos sonoros;
g) Ampliação marcante do êxtase, no momento exato em que o som
começar a ficar intenso;
h) Este estado pode ser usado para catapultar a percepção do
praticante, em direção a mundos, pessoas ou situações, sendo que,
adicionalmente, este estado de percepção da bruma e do som, pode
ser atingido mesmo na escuridão mais profunda;
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Segundo Exercício, o Pranayama em ciclos de 4 – 12 – 8.

Isto quer dizer que todos os dias, ou pelo menos 5 dias por semana, após ter
sido aberto o ritual de pentagrama, dever-se-á sentar-se com a coluna reta,
sobre os joelhos em postura do Dragão, ou em Lótus, ou outra postura
conveniente, havendo a possibilidade de estar sentado em uma cadeira, para a
prática, com a coluna ereta e as plantas do pés no chão, pernas juntas o tempo
todo.

Em seguida tapando a narina direita, inalando contando “4 BATIMENTOS


CARDIACOS” o Ar visualizando todo o PRANA (VITALIDADE) ADENTRANDO
AOS PULMOES E POROS e se alojando na região entre as sobrancelhas , e
por 12 BATIMENTOS CARDIACOS, enviar o PRANA para baixo, vendo-o
descer pela coluna ate golpear a base da mesma, visualizando inclusive a
Kundalini se irritando e tornando-se incandescente. E por fim em 8 batimentos
cardíacos, Visualizar a KUNDALINI subindo ate o TOPO DA CABEÇA, e se
abrindo em um LÓTUS VERMELHO MATIZADO DE VERDE.

Em seguida deve-se tapar a narina esquerda, e efetuar exatamente o mesmo


procedimento, que foi iniciado na narina direita.

Isto se constitui de “UM CICLO”, quando se realiza o procedimento nas duas


narinas.

O PRATICANTE DEVERA REALIZAR ISTO POR 9 CICLOS, TODOS OS


DIAS, ou no mínimo 5 dias por semana, devendo ser suficiente para vitalizar as
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nadis do corpo, e levar a um processo de despertar de Kundalini, sem a qual os


próximos trabalhos não serão possíveis.
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Terceiro Exercício, “A VOZ DO MAGO”:

Usando-se da palavra enochiana MIKAH (lê-se mikarr, que temo por tradução
PODER), entoada em todas as 7 notas musicais, procure descobrir em qual
tom sua voz transmite força, e vontade. Esta nota e o seu timbre exato para
todas as praticas, e rituais, sendo a chave para que os cantos, feitiços e
mantras possam realmente surtir efeito.

Este exercício devera ser praticado, até que se tenha conseguido descobrir
qual é a sua “VOZ MAGICA”.

Em adendo recomendo que sejam ouvidas musicas em FOLK-METAL


cantadas em Islandês ou Irlandês, entre outras, para conseguir o traquejo
necessário na pronuncia do Enochiano, uma vez que a similaridade das fontes
de Dee e Kelly para o sistema, provém do Old Norse e da língua Céltica.
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Quarto Exercício, “GIRO DE CHACRA ENOCHIANO”:

Neste contexto estaremos usando 7 CHACRAS, cada um deles estará sendo


estimulado por 3 LETRAS ENOCHIANAS, o simbolismo usado está de acordo
com o da organização “AURUM SOLENS”, da qual dois dos grandes expoentes
foram Melita Dening e Osborne Philips, sediada na Espanha, até meados de
1998 da era vulgar.

Deve ser praticado 5 dias por semana, num ideal de 7 vezes por semana,
sempre dentro depois de abrir adequadamente o Ritual de Pentagrama
Enochiano.

Lembrem-se de que devem ver o numero de pétalas de cada chacra,


exatamente como é descrito nos sistemas Hindus. E, principalmente, CADA
LETRA DO ALFABETO ENOCHIANO, deve ser visualizada enquanto é
entoada na voz mágica.

Cada letra deve ser entoada 3 VEZES. Isto significa que cada chacra será
ativado 9 vezes ao todo.
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Órgãos Sexuais, Muladhara Chacra: VEH, PAL, VAU;


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Umbigo e Supra-renais, Swadsthana Chacra: GER, DRUN, ORTH;


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Plexo Solar Baço/Pâncreas e Fígado, Manipura Chacra: MALS, GON, PEH;


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Coração e o Timo, Anahata Chacra: GRAPH, FAME, TAL;


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Pulmão, Tireoide e Paratireoide, Vishudha Chacra: GED, URE, MED;


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Amígdala Cerebral, Hipófise e Pineal, Ajna Chacra: DONE, GISA, CEPH;


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Tálamo, Sahashara Chacra: NA-HAT, UNE, GALE.


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Quinto Exercício, PILAR ENOCHIANO:

É bom salientar, desde o início, que o método que será apresentado abaixo,
não é o método costumeiro em que o pilar é executado.

Ele consta de dois sentidos de rotação, um externo e anti-horário, e outro


interno e horário.

O objetivo disto é pura e simplesmente, absorver as flutuações de energia tanto


solares, que levam em consideração o sentido de rotação do ano solar comum,
e as estelares, que levam em consideração o grande ano estelar, onde o
sistema solar se move de forma sinistrógira, indo de peixes para aquário, por
exemplo.

Ao visualizar as esferas, como solicitado abaixo, deve-se levar em


consideração que a esfera interna terá sempre o tamanho visualizado do punho
do praticante, a interna o dobro deste tamanho.
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Deve sempre ser visto que na verdade giram como dois turbilhões, duas cruzes
gamadas, uma horária e outra maior e externa anti-horária.

Memorize com atenção uma tabela com as letras enochianas, sendo que
sempre deve-se visualizar sobre cada esfera o nome a ser vibrado em
“LETRAS ENOCHIANAS”. E deve fazer 3 inalações prânicas antes de vibrar
por 3 vezes cada nome enoquiano, vendo as correntes estelares entrarem e se
fundirem com a esfera em turbilhão externo, ao mesmo tempo em que a esfera
em turbilhão solar interno, recebe os influxos solares horários. Isto deve ser
feito como se fossem observados realmente tentáculos em turbilhão esticando-
se e buscando o fluxo infinito do que os druidas em tempos recentes chamam
de Nwire.

Após a última repetição, veja subindo a partir da esfera dos pés 2 serpentes,
subindo sinuosamente em sentidos opostos, a horária vermelha e a anti-horária
azul, entrando em cada esfera abaixo relacionada, como que em cópula,
gerando uma esfera índigo escura sobre as próprias esferas, subindo de esfera
em esfera desta maneira, até entrar em na primeira esfera, sobre a cabeça,
explodindo em forma de luz gerando uma esfera que vai em suas extremidades
da cabeça aos pés, toda ela em Branco.
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Primeiro Passo, gerar as esferas e entoar os nomes divinos:

Primeira Esfera, logo acima da cabeça, Solar dourada, Estelar prateada.

Nome: IAIDON URAN.

Segunda Esfera, entre os olhos, seqüência:

NOME ESFERA SOLAR ESFERA ESTELAR

Exarp Dourado Violeta

Hcoma Azul Laranja

Nanta Negro Púrpura

Bitom Vermelho Verde

Terceira Esfera, garganta,

Lexarp Amarelo Violeta

Comanan Índigo Púrpura

Tabitom Vermelho Verde


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Quarta Esfera, coração, Solar Dourado, Lunar Violeta.

Nome ORO IBAH AOZPI;

Quinta Esfera, plexo solar, Solar Vermelha, Estelar Verde.

Nome: OIP TEAA PDOKE;

Sexta Esfera, plexo umbilical, Solar Azul, Estelar Laranja.

Nome MPH ARSL GAIOL;

Sexta Esfera, órgãos sexuais, Solar Índigo e Estelar Púrpura.

Nome MOR DIAL HKTGA.


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Segundo passo, perfazer um caduceu em seu corpo:

a) Uma serpente vermelha erguendo-se em sentido horário, sinuosamente


pelo seu corpo, entrando em cada um dos centros de energia acima
citados, até chegar ao alto da cabeça. Onde então vertem feixes de luz
dourada girando em sentido horário, e prateada em anti-horário, que
dessem girando e contornando o corpo e tocam a esfera escura nos
pés;

b) Visualize que sobe em sentido anti-horário uma serpente azul,


realizando exatamente o mesmo roteiro da vermelha, inclusive os feixes
prateados e os feixes dourados;

c) Quando os feixes que foram gerados pela serpente azul tocarem a


esfera escura, ambas as serpentes devem subir, cada uma em seu
próprio sentido, gerando mais uma vez os dois feixes no alto da cabeça;

d) Quando os feixes prateados e dourados descerem e tocarem a esfera


escura, mais uma vez, visualize o Caduceu de Hermes formado de
forma completa e englobando seus chacras;
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e) Fique em estado receptivo por alguns instantes.


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Sexto Exercício: Corpo Vazio

1) Mantenha-se sentado na cadeira, com a postura


ereta, como demonstrado acima;
2) Concentre-se como foi anteriormente instruído, e
busque dar atenção, separadamente a cada parte de
seu corpo;
3) Fique, por exemplo, atento a sola dos pés,
imagine-a, sinta-a, procure visualizá-la parte por parte
e direcione sua atenção para os calcanhares e para
as pontas dos dedos, de ambos os pés ao mesmo
tempo, sem se esquecer da planta dos pés. Vá
enunciando mentalmente cada um dos seus dedos, o
que lhes transmitem, como você os sente, como eles
se parecem, monte tudo isso detalhadamente
mentalmente, e jogue sua atenção para o peito dos
pés, procedendo da mesma forma, seguindo daí para
os calcanhares e tornozelos, procedendo da mesma
forma, detalhadamente, sem se esquecer de parte
alguma pela qual já passou;
4) Proceda lentamente fazendo a mesma coisa com
as pernas, joelhos, coxas, pélvis, abdômen, órgãos
internos do abdômen, peito, musculatura do peito,
batimento cardíaco, pulmões, costas, braços, mãos,
pescoço, cabeça, boca, língua, nariz, olhos, ouvidos;
5) Torne-se atento a todo o seu corpo, em todos os
sentidos, contudo, cada vez que sair de uma área do
corpo e for para outra, repita mentalmente “...estes
pés são meus, e eu faço uso deles, mas eu não sou
estes pés...”, procedendo da mesma forma com cada
parte do seu corpo;
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6) Em seguida, tornando-se consciente de todo o seu


corpo físico, repita mentalmente “...este corpo físico é
meu, mas eu não sou este corpo físico...”;
7) Em seguida, amplie a sua atenção para as suas
emoções;
8) Sinta o amor completamente, por cada pessoa que
você ama, ou por cada coisa que você ama, perceba
esta emoção sem julgamentos pelo que ela é, e ao se
assenhorar dessa emoção completamente em seu
ser, repita “...este amor é meu, eu toco e o sinto
completamente, ele me une a pessoas e a coisas,
mas eu não sou este amo...”;
9) Proceda da mesma forma com cada emoção que
tiver: com o ódio, com a inveja, com a misericórdia,
com a ternura, com o desgosto, com a esperança,
com o desespero, com a coragem e com o medo,
enfim, com todas elas;
10) Fique atento a todas as suas emoções ao mesmo
tempo, e ao se assenhorar de todas elas em seu ser,
repita “...estas emoções são minhas, mas eu não sou
estas emoções...”;
11) Concentre-se então em cada pensamento que
estiver tendo, naquele exato momento, veja cada um
deles do começo ao fim, percebendo onde se iniciou,
quais os outros pensamentos que os criaram, como
funciona a sua mente e as suas reflexões, sendo que
a pós averiguar cada um desses pensamentos,
perceba que eles tem uma fonte em você, mas não
geram o que você é, repita mentalmente, neste
momento, “...este pensamento é meu, eu não sou este
pensamento...”;
12) Concentre-se em todos os seus pensamentos ao
mesmo tempo, assenhore-se deles, veja que por mais
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sutis que o seja, eles não geram o que você, eles em


verdade são gerados por você, neste momento, repita
então “...esta mente é minha, mas eu não sou esta
mente...”;
13) Neste momento, fixe com toda a sua atenção
naquilo que não é seu corpo, que não é nenhuma
emoção, que não é nenhum pensamento, que observa
cada uma dessas coisas, que gera ou comanda cada
uma dessas coisas, mas que não é nenhuma delas,
fixe-se nisso buscando ampliar o contato e a essência
disso em seu ser;
14) Ao fazer isso, perca-se no ato de sentir e
perceber aquilo que observa todas as coisas que você
percebeu que não são você, e deixe-se levar pela
percepção;
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As Chaves Enochianas
No Sistema Enochiano existem chaves cantadas na língua enochiana, as quais
servem para invocar os poderes elementais, os seres que os regem, e bem
como abrir os “aethyrs” (dimensões) enochianas.

Elas são em número de 19, sendo as 02 primeiras respectivamente o espírito


ativo e passivo, as chaves da 3ª até a 6ª correspondendo, nessa exata ordem,
a convocação do “AR do AR”, “Agua da Agua”, Terra da Terra” e “Fogo do
Fogo”, e da 7ª até a 18ª, as subdivisões das escalas elementais, conforme os
elementos e as Torres Elementais, exatamente na ordem “Ar, Agua, Terra e
Fogo”, inclusive regendo os sub elementos de cada Torre, exatamente nessa
ordem, também.

Por exemplo, na Torre do Ar, acima representada, há 04 subdivisões, sendo a


primeira, esquerda superior, pertencente ao elemento “AR do AR”, a direita
superior a “Água do AR”, a esquerda inferior “Terra do AR” e direita a “Fogo do
AR”.

Da mesma forma as outras 4 Torres ou Tábuas elementas, se configuram da


mesma forma, com a diferença que a Torre de Água, tem no quadrante direito
superior, “Água da Água”, a de Terra, no quadrante esquerdo inferior “Terra da
Terra” e a de Fogo, no quadrante direito inferior “Fogo do Fogo”.

Como adendo, por exemplo, a Sétima Chave Enochiana corresponde a “Agua


do Ár”.
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Primeira Chave Enochiana:

Ol sonuf vaoresaji, gohu IAD Balata, elanu saha caelazod: sobrazod-ol Roray i
tanazodapesad, od comemahe ta nobeloha zodien; soba tahil ginonupe pereje
aladi, das vaurebes obolehe giresam. Casarem ohorela caba Pire: das
zodonurenusagi cab: erem Iadanahe. Pilahe farezodem zodenurezoda adana
gono Ia dapiel das home – tohe: soba ipame luipamis: das sobolo vepe
zodomeda poamal, od bogira aai ta piape Piamoel od Vaoan! Zodacare, eca,
od zodameranu! odo cicale Qaa; zodoreje, lape zodiredo Noco Mada, hoathahe
Iaidon!

Segunda Chave Enochiana:

Adagita vau-pa-ahe zodonugonu fa-a-ipe salada! Vi-i-vau el! Sobame ial-pereji


i-zoda-zodazod pi-adapehe casarema aberameji ta ta-labo paracaleda qo-ta
lores-el-qo turebesa oogebalatohe! Giui cahisa lusada oreri od micalapape
cahisa bia ozodonugonu! lape noanu tarofe coresa tage o-quo maninu IA-I-
DON. Torezodu! gohe-el, zodacare eca ca-no-quoda! zodameranu micalazodo
od ozadazodame vaurelar; lape zodir IOIAD!

Terceira Chave Enochiana:

Micama! goho Pe-IAD! zodir com-selahe azodien biabe os-lon-dohe.


Norezodacahisa otahila Gigipahe; vaunid-el-cahisa ta-pu-ime qo-mos-pelehe
telocahe; qui-i-inu toltoregi cahisa icahisaji em ozodien; dasata beregida od
torezodul! Ili e-Ol balazodareji, od aala tahilanu-osnetaabe: daluga vaomesareji
elonusa cape-mi-ali varoesa cala homila; cocasabe fafenu izodizodope, od
miinoagi de ginetaabe: vaunu na-na-e-el: panupire malapireji caosaji. Pilada
noanu vaunalahe balata od-vaoan. Do-o-i-ape mada: goholore, gohus, amiranu!
Micama! Yehusozod ca-ca-com, od do-o-a-inu noari micaolazoda a-ai-om.
Casarameji gohia: Zodacare! Vaunigilaji! od im-ua-mar pugo pelapeli Ananael
Qo-a-an.

Quarta Chave Enochiana:

Otahil elasadi babaje, od dorepaha gohol: gi-cahisaje auauago coremepe peda,


dasonuf vi-vau-di-vau? Casaremi oeli meapeme sobame agi coremepo carep-
el: casaremeji caro-o-dazodi cahisa od vaugeji; dasata ca-pi-mali cahisa ca-pi-
ma-on: od elonusahinu cahisa ta el-o calaa. Torezodu nor-quasahi od fe-
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caosaga: Bagile zodir e-na-IAD: das iod apila! Do-o-a-ipe quo-A-AL, zodacare!
Zodameranu obelisonugi resat-el aaf nor-mo-lapi!

Quinta Chave Enochiana:

Sapahe zodimii du-i-be, od noasa ta qu-a-nis, adarocahe dorepehal caosagi od


faonutas peripesol ta-be-liore. Casareme A-me-ipezodi na-zodaretahe afa; od
dalugare zodizodope zodelida caosaji tol-toregi; od zod-cahisa esiasacahe El
ta-vi-vau; od iao-d tahilada das hubare pe-o-al; sob a coremefa cahisa ta Ela
Vaulasa od Quo-Co-Casabe. Eca niisa od darebesa quo-a-asa: fetahe-ar-ezodi
od beliora: ia-ial eda-nasa cicalesa; bagile Ge-iad I-el!

Sexta Chave Enochiana:

Gahe sa-div cahisaem, micalazoda Pil-zodinu, sobam El haraji mir babalonu od


obeloce samevelaji, dalagare malapereji ar-caosaji odacamecanale, sobola
zodare fa-beliareda caosajiod cahisa aneta-na miame ta Viv od Da. Daresare
Sol-petahe-bienu. Be-ri-ta od zodacame ji-mi-calazodo: sob-ha-atahe tarianu
luia-he od ecarinu MADA Qu-a-a-on!

Sétima Chave Enochiana:

Ra-asa isalamanu para-di-zoda oe-cari-mi aao iala-pire-gahe Qui-inu. Enai


butamonu od inoasa nipa-ra-diala. Casaremeji ujeare cahirelanu, od zodonace
lucifatianu, caresa ta vavale-zodirenu tol-hami. Soba lonudohe od nuame
cahisa ta Da o Desa vo-me-dea od pi-beliare itahila rita od miame ca-ni-quola
rita! Zodacare! Zodameranu! Iecarimi Quo-a-dahe od I-mica-ol-zododa aaiome.
Bajirele papenore idalugama elonusahi-od umapelifa vau-ge-ji Bijil-IAD!

Oitava Chave Enochiana:

Bazodemelo i ta pi-ripesonu olanu Na-zodavabebeox. Casaremeji varanu


cahisa vaugeji asa berameji balatoha: goho IAD. Soba miame tarianu ta lolacis
Abaivoninu od azodiajiere riore. Irejila cahisa da das pa-aox busada Caosago,
das cahisa od ipuranu telocahe cacureji o-isalamahe lonucaho od Vovina
carebafe? NIISO! bagile avavago gohon. NIISO! bagile mamao siasionu, od
mabezoda IAD oi asa-momare poilape. NIIASA! Zodameranu ciaosi caosago od
belioresa od coresi ta beramiji.
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Nona Chave Enochiana:

Micaoli beranusaji perejela napeta ialapore, das barinu efafaje Pevaunupeho


olani od obezoda, soba-ca upaahe cahisa tatanu od tarananu balie, alare
busada so-bolunu od cahisahoel-qo ca-no-quodi cial. Vaunesa aladonu mom
caosago ta iasa olalore gianai limelala. Amema cahisa sobra madarida zod
cahisa! Ooa moanu cahisa avini darilapi caosajinu: od butamoni pareme
zodumebi canilu. Dazodisa etahamezoda cahisa dao, od mireka ozodola cahisa
pidiai Colalala. Ul ci ninu a sobame ucime. Bajile? IAD BALATOHE cahirelanu
pare! NIISO! od upe ofafafe; bajile a-cocasahe icoresaka a uniji beliore.

Décima Chave Enochiana:

Coraxo cahisa coremepe, od belanusa Lucala azodiazodore paebe Soba


iisononu cahisa uirequo opecopehanu od racalire maasi bajile caosagi; das
yalaponu dosiji od basajime; od ox ex dazodisa siatarisa od salaberoxa
cynuxire faboanu. Vaunala cahisa conusata das daoxcocasa o Oanio yore
vohima ol jizod-yazoda od eoresa cocasaji pelosi molui das pajeipe, laraji same
darolanu matorebe cocasaji emena. El pataralaxa yolaci matabe nomiji
mononusa olora jinayo anujelareda. Ohyo! ohyo! noibe Ohyo! caosagonu! Bajile
madarida i zodirope cahiso darisapa! NIISO! caripe ipe nidali!

Décima Primeira Chave Enochiana:

Oxiayala holado, od zodirome O coraxo das zodiladare raasyo. Od vabezodire


cameliaxa odbahala: NIISO! salamanu telocahe! Casaremanu hoel-qo, od ti ta
zod cahisa soba coremefa iga. NIISA! bagile aberameji nonuçape. Zodacare
eca od Zodameranu! odo cicale Qaa! Zodoreje, lape zodiredo Noco Mada,
hoathahe Iaidon!

Décima Segunda Chave Enochiana:

Nonuci dasonuf Babaje od cahisa obhubaio tibibipe? alalare ataraahe od ef!


Darix fafenu mianuar Enayo ovof! Soba dooainu aai i VONUPEHE. Zodacare,
gohusa, od Zodameranu. Odo cicale Qaa! Zodoreje, lape zodiredo Noco Mada,
hoathahe Iaidon!

Décima Terceira Chave Enochiana:

Napeai Babajehe das berinu vax ooaona larinuji vonupehe doalime: conisa
olalogi oresaha dascahisa afefa. Micama isaro Mada od Lonu-sahi-toxa, das
37

ivaumeda aai Jirosabe. Zodacare od Zodameranu. Odo cicale Qaa! Zodoreje,


lape zodiredo Noco Mada, hoathahe Iaidon!

Décima Quarta Chave Enochiana:

Noroni bajihie pasahasa Oiada! das tarinuta mireca oltahila dodasa tolahame
caosago homida: das berinu orocahe quare: Micama! Bial! Oiad; aisaro toxa
das ivame aai Balatima. Zodacare od Zodameranu! Od cicale Qaa! Zodoreje,
lape zodiredo Noco Mada, hoathahe Iaidon!

Décima Quinta Chave Enochiana:

Ilasa! tabaanu li-El pereta, casaremanu upaahi cahisa dareji; das oado caosaji
oresacore: dasomaxa monasaçi Baeouibe od emerajisa Iaiadix. Zodacare od
Zodameranu! Odo cicale Qaa. Zodoreje, lape zodiredo Noco Mada, hoathahe
Iaidon!

Décima Sexta Chave Enochiana:

Ilasa viviala pereta! Salamanu balata, das acaro odazodi busada, od belioraxa
balita: das inusicaosaji lusadanuemoda: das ome od taliobe: darilapa iehe ilasa
Mada Zodilodarepe. Zodacare od Zodameranu. Odo cicale Qaa: zodoreje, lape
zodiredo Noco Mada, hoathahe Iaidon!

Décima Sétima Chave Enochiana:

Ilasa dial pereta! soba vaupaahe cahisa nanuba zodixalayo dodasihe od


berinuta faxisa hubaro tasataxa yolasa: soba Iad i Vonupehe o Uonupehe:
aladonu dax ila od toatare! Zodacare od Zodameranu! Odo cicale Qaa!
Zodoreje, lape zodiredo Noco Mada, hoathahe Iaidon!

Décima Oitava Chave Enochiana:

Ilasa micalazoda olapireta ialpereji beliore: das odo Busadire Oiad ouoaresa
caosago: casaremeji Laiada eranu berinutasa cafafame das ivemeda aqoso
adoho Moz, od maoffasa. Bolape como belioreta pamebeta. Zodacare od
Zodameranu! Odo cicale Qaa. Zodoreje, lape zodiredo Noco Mada, hoathahe
Iaidon!
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Décima Nona Chave Enochiana:

Madaritza das perifa LIL cahisa micaolazoda saanire caosago od fifisa


balzodizodarasa Iaida. Nonuca gohulime: Micama adoianu MADA faoda
beliorebe, soba ooaona cahisa luciftias peripesol, das aberaa sasa nonucafe
netaaibe caosaji od tilabe adapehaheta damepelozoda, tooata nonucafe
jimicalazodoma larasada tofejilo marebe yareyo IDOIGO, od torezodulape
yaodafe gohola, Caosaga, tabaoreda saanire, od caharisateosa yorepoila
tiobela busadire, tilabe noalanu paida oresaba, od dodaremeni zodayolana.
Elazodape tilaba paremeji peripesatza, od ta qurelesata booapisa. Lanibame
oucaho sayomepe, od caharisateosa ajitolorenu, mireca qo tiobela lela. Tonu
paomebeda dizodalamo asa pianu, od caharisateosa aji-la-tore-torenu
paracahe a sayomepe. Coredazodizoda dodapala od fifalazoda, lasa manada,
od faregita bamesa omaosa. Conisabera od auauotza tonuji oresa; catabela
noasami tabejesa leuitahemonuji. Vanucahi omepetilabe oresa! Bahile?
Moooabe OL coredazodizoda. El capimao itzomatzipe, od cacocasabe gosaa.
Bajilenu pii tianuta a babalanuda, od faoregita teloca uo uime. Madariatza,
torezodu !!! Oadariatza orocaha aboaperi! Tabaori periazoda aretabasa!
Adarepanu coresata dobitza! Yolacame periazodi arecoazodiore, od quasabe
qotinuji! Ripire paaotzata sagacore! Umela od peredazodare cacareji Aoiveae
coremepeta! Torezodu! Zodacare od Zodameranu, asapeta sibesi butamona
das surezodasa Tia balatanu. Odo cicale Qaa, od Ozodazodama pelapeli
IADANAMADA!
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Enochiano: bases, estruturas, conceitos e fontes

Em meio a todo o movimento hermético e suas ramificações, iniciadas pela


metade do século XV, podemos notar uma série de similaridades, que podem
muito contribuir em nossa apreciação do posterior trabalho de John Dee.

Marsilio Ficino, por exemplo, foi o primeiro a dar impulso a este movimento,
pois procurou polarizar o platonismo com o cristianismo, e em seus esforços
procurou demonstrar que haveria uma sólida e consistente tradição, vinda
desde Hermes Trimegistus até Platão, tendo passado por zoroastristas, órficos
e pitagóricos afirmando a necessidade do homem de atingir a autoconsciência
de sua própria imortalidade e divindade, através iluminação através de uma
iluminação racional (ratio), intelectual (mens) e imaginativa (spiritus e fantasia),
e procurando determinar via esta polarização, que todas as coisas existem no
deus afirmado na bíblia, ou emanam do deus ali citado.

Já Giovanni Pico della Mirandola, que foi discípulo de Ficino, resolveu estudar
a cabala e a torah e combiná-las a filosofia, e dentre outros detalhes afirmava
que o deus citado na bíblia, torah, corão e talmud criou o homem para apreciar
sua obra, sendo que Mirandola afirma que o homem ascende ao status
angélico, sempre que folosofa e cai no estágios de vegetal e animal, quando
falha em usar sua filosofia.

Giordano Bruno que nasceu em 1548 e.v., ou seja 50 anos após a morte de
Ficino, desenvolveu conceitos bem peculiares, e foi perseguido ao extremo por
conta dos mesmos.
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Na teoria de Bruno, o Universo é infinito, povoado por incontáveis sistemas


solares, e por vezes povoados por vida inteligente, sendo que deus citado no
monoteísmo, seria em sua concepção a alma universal do mundo, da qual
todas as coisas materiais são manifestações que teríam justamente nascido
deste principio infinito.

Estes movimentos tem todos em comum o fato de terem nascido sob o período
humano chamado de Renascimento, e serem imbuídos em muito dos conceitos
dos filósofos antigos, mas que principalmente continham muito de Plotino –
considerado o pai do neo-platonismo – como sua mola propulsora.

Mas haviam outras coisas movendo-se sob o pano de fundo da sociedade


daquela época.

Um sentimento imenso de desconforto com o fato de que, em todos os textos


observados e estudados, sempre pairava a sombra da impotência perante o
povo eleito, conforme citações dos livros que afirmam o dógma monoteísta.
Pois não importando o esforço feito em busca do entendimento e
desenvolvimento do conhecimento, dentro da temática apresentada por Bruno,
Ficino, Mirandolla e outros que os seguiram, sempre aos olhos dos estudantes
e mestres fica a idéia da superioridade do povo eleito, sobre os demais povos.

Isso produziu em muitos um sentimento que por vezes se reveza a vergonha


com a ira, ou mesmo a inveja com o ciúme, pois para um seguidor dos
preceitos do dógma, mesmo quando se tratava de um filósofo, este empecilho
sempre se fazia presente. O que em suas próprias concepções era algo
inadmissível, uma vez que em maioria esmagadora dos casos, os estudantes e
mestres, eram todos eles de ascedência celtica ou setentrional.

E foi sob a óptica das bases acima relatadas que John Dee, que viveu entre
1527 até 1609 da vulgar era cristã, ergueu seu tratado sobre o Enochiano.

No entanto, antes mesmo de alicersarmos nossa atenção sobre as notas


deixadas por Dee, voltemos a mesma para o Hermetismo e suas estruturas.

A base deste movimento está no textos que teríam sido atribuidos a Hermes
Trimegistus, chamados de “Corpore Hermeticum”, que originalmente foram
traduzidos para o grego por Miguel Psellus e Ulf Ospaksson, em Bizâncio, e
que depois sofreram uma posterior tradução ao latim por parte de Marsilio
Fisino, acima citado, sendo que muito provavelmente o texto que procede dos
Sabeanos sofreu consideráveis alterações, quando passou pelas mãos de seus
tradutores, sobre tudo pelas mãos de Fisino.

Sabe-se que o “Corpore Hermeticum” é um texto de características similares


aquelas encontradas por exemplo entre os trabalhos dos essênios e seus
antecessores, os judeus hassídicos.
41

Os essênios professaram culto a mítica figura de Hermes Trimegistus, por eles


identificado com Enoche, sendo que o texto apócrifo que cita o contato dos
anjos com as mulheres humanas, que acaba gerando os Néphelins, é creditado
a figura de Enoche.

Somado a isto, devemos notar um dado interessante eu somente vem somar


informações a nossos objetivos.

Houve outro povo que adotou os costumes dos essênios, cuja cidade foi
originalmente usada como um posto avançado da cidade suméria de Uruk,
sendo portadores dos costumes astronômicos, religiosos e simbólicos naturais
dos Sumérios e Babilônicos.

Este povo era o dos harranitas ou sabeanos, também conhecidos como


sabinos, como depois foram conhecidos na região atualmente chamada de
Iraque.

Sua cidade, Harran, situada no norte da Mesopotâmia, foi conquistada pelos


árabes entre 633 e.v. e 643 e.v., mas apesar de convertidos ao islã, os
harranitas mantiveram suas práticas pagãs, adorando a Lua e os sete planetas
então conhecidos. Tidos como neo-platônicos, escolheram, por imposição, da
religião dominante, a figura de Hermes Trimegistus para representá-los como

profeta. Um grupo de harranitas mudou-se para Bágdá, onde mantiveram uma

comunidade distinta denominada sabinos.

Devemos notar que a isto soma-se o fato de que ali já viviam os Curdos, que
em sua origem eram Yezidis, e que ofereceram forte resistência aos árabes em
toda a sua história, fato este que foi tomado como estratégico para os
harranitas se estabelecerem na região de Bagda - e como sabemos os Yezidis
contém elementos gnósticos e mitraicos em seu culto.

Tanto Harran como a comunidade dos sabeanos em Bagdá, eram constituídas


de pessoas instruídas, que dominavam o grego e tinham grande conhecimento
e literatura, filosofia, lógica, astronomia, matemática, medicina, além de
ciências secretas relativas a culturas dos árabes e dos gregos. Os sabinos
mantiveram sua semi-independência até o século XI, quando provavelmente
foram aniquilados pelas forças ortodoxas islâmicas, pois não se ouve mais falar
deles à partir do ano 1000 da era vulgar.

Por volta de 1041 da era vulgar, Miguel Psellus recebeu em Bizâncio uma
grande quantidade de documentos dos Sabeanos e bem como de Harran,
possivelmente levados para Bizâncio por parte de caravanas de mercadores,
que sabiam da imensa biblioteca que havia na cidade.
42

Dentre os textos harranitas que para lá foram levados, havia o “...Corpore


Hermeticum...”, que é a base para o conhecimento chamado de hermético nos
tempos atuais.

John Dee que foi várias vezes acusado de bruxaria, entre tantas outras formas
de perseguição, veio a estreitar laços de amizade com a então princesa
Elisabeth, que viria a ser Elisabeth I, a primeira rainha protestante da Inglaterra,
e depois tornou-se seu conselheiro, astrólogo particular, e trabalhou como um
espião para o Império Britânico, durante a guerra anglo-espanhola – termo
aliás que é de sua autoria.

Foi astrônomo, astrólogo, diplomata e em particular era especialista em


línguas, e sua ascendência era galesa.

Nacionalista extremado, Dee procurou em toda a sua vida servir ao seu país, e
devotar seu tempo livre ao estudo do que a seu ver, seria considerada a
ciência sagrada e suprema, sendo que a parte final de sua vida foi designada
exclusivamente para este último.

Neste contexto, entregou-se ao estudo do hermetismo e foi grandemente


influenciado pelo seu sentimento de nacionalismo em seu trabalho.

Um caso que não é único, se observarmos que pouco tempo após a morte de
Dee, os presbiterianos ligados a maçonaria, vieram a promulgar o Confessio
Fraternitatis – publicado na cidade alemã de Kassel em 1615 e.v. - e os outros
dois documentos que são a base do Rosacrucianismo, e procuraram refúgio
contra igreja, em meio ao solo Boêmio.

Na verdade, a Inquisição foi uma mola propulsora para muitos descontentes


procurarem refúgio em meio a protestantes, e em meio a estes fomentarem
filosofias que embora atreladas ao dogma cristão, se opusessem em alguma
medida ao vaticano.

John Dee, como foi citado acima, era Gales o que por si só nos leva a
apontamentos diferentes do que pretendem a maioria.

Este povo permaneceu usando o idioma nativo, o galês, e permaneceu céltico


jamais sendo invadido pelos anglo-saxões, devido a belicosidade de si e bem
como da natureza montanhosa daquela região.

O nome da região provém do termo germânico Wales, que significa


“estrangeiro”, ligando a região e o povo dali, a uma grande quantidade de
contatos com migrações setentrionais vinculadas a célticas, que por ali tenham
passado.

Este termo contém em si mesmo uma série de chaves para compreensão das
bases do conhecimento, e da tradição antiga.
43

Fixemos nossa atenção para começarmos a entender este dado na sociedade


celta.

A base da sociedade celta é a família no sentido extenso da palavra,


comparável ao que foi observado nas cidades gregas e romanas. Essa família
se chama "fine" entre os antigos gaélicos, e se observará que dito nome
procede da mesma raiz que "Gwynedd", nome do noroeste do País de Gales, e
da palavra "veneti", nome do povo gaulês que habitava o país de Vannes,
Gwened em bretão.

Veneti ou Venedotia, é também como se conhece o termo para a Britânica


Veneti, que é um nome tribal pelo qual os povos Belgas da costa do Atlântico
foram conhecidos e citados até mesmo por Cesar, em seu intenso contato com
as Ilhas Britânicas.

Seus ancestrais vieram dos Alpes à Norte, do Lago Venetico parte dos
Bodensee, e da Bavária, potencialmente também dos Thuringios – que são a
fonte dos mitos modernos sobre os Anões “...dwarfs...”, que são chamados de
“...Walen...”.

Também há a sequência etimológica: Wealas que resulta em "...Welshmen...",


ou "Venezianer/Venediger/Veneder" na Suiça, Austria, Bavaria e Thuringia.

Os Illyrianos conheciam o nome também, possivelmente eles trouxeram-no


como “...Veneti...”, que ocorre no Norte da Itália na região de Veneza.

Estes Vannen, de características célticas e vinculados ao Gwennwed, são a


fonte regional para os Deuses Vanes da tradição Nórdica, os chamados
Deuses da Terra.

Como sabemos, a presença dos germânicos e dos celtas implica em uma


relação de inimizade respeitada, na qual a proximidade das culturas nunca
superou a belicosidade de uma para com a outra, mesmo sendo esta
proximidade vívida em meio as similaridades de sua cultura e religião, como é
o caso da semelhança dos deuses Vanires dos Nórdicos, com os Sdhee dos
Celtas, e bem como o uso do Oghimius, originado do contato com o Elder
Futhark nórdico, por parte dos celtas, que ancestralmente já usavam o oghame
para si.

Estes elementos somados aos dados acima citados, todos eles fortemente
solidificados na natureza tanto inventiva quanto reticente de John Dee,
formaram a base para que no devido tempo em sua vida, viesse a ganhar
corpo aquilo que foi conhecido como “Sistema Angélico” ou “Sistema
Enochiano.

O ardente desejo de reconhecimento por parte dos esforços intelectuais, para


dar sentido ao sem sentido, que foi presente marca dentro do renascimento, e
44

que foi freqüente meio usado pelos pensadores de então, para buscar uma
solução filosófica para lidar com o dogma presente na bíblia, talmud e por
vezes no corão, levaram ao aparecimento e desenvolvimento do hermetismo,
mas também resultaram em um beco sem saída para estas mesmas mentes
ardorosas.

Pois se é fato que seus esforços acabaram por levar em consideração os


povos taxados de inferioridade pelo dogma, como é o caso dos helênicos, fonte
da filosofia usada por Mirandola, Marcílio Fisino e outros. E que estes mesmos
esforços somente foram possíveis, graças àqueles que fazem parte de povos
que jamais guardaram qualquer contato com os povos descritos nos livros do
monoteísmo, e mais, que foram terminantemente taxados de inferiores por
estes mesmos livros, tamanha a quantidade de bruxos e bruxas que foram
parar nas fogueiras, e em uma imensa maioria dos casos, por apresentarem
Inteligência se contrapondo ao Fanatismo.

Como seria possível a qualquer ser munido dos princípios da filosofia supor a si
inferior, por usar-se do que é chave para dar sentido ao dogma, por mais
tortuoso e inconsistente que este o seja?

A questão acima torna-se ainda mais inquietante, quando levamos em


consideração a natural perseguição contra discordantes, assim como contra
concorrentes diretos, que foi muito utilizada pela igreja católica, e que foi assim
absorvida e mantida pelos movimentos presbiterianos, protestantes e neo-
pentecostais que se seguiram.

Notemos que Lutero foi responsável direto pela morte de 100.000 pagãos
somente em solo alemão, e que ele mesmo atacou publicamente e estimulou a
perseguição contra judeus, como podemos observar em "Von den Juden und
ihren Lügen” - Sobre os judeus e suas mentiras, escrito em 1543, quando
Lutero tinha 60 anos, ou "Vom Schem Hamphoras und vom Geschlecht Christi"
- Sobre o schem Hamphoras e sobre o sexo de Cristo - de 1544.

Este ponto de vista de perseguição contra as correntes concorrentes e contra


os opositores, este sempre presente em todas formas de monoteísmo, e ocorre
entre elas umas com as outras – fervorosamente – e entre elas e religiões e
formas de pensamento que sejam divergentes.

No caso do protestantismo que foi absorvido pelos ingleses, esta forma de


sectarismo enraizou-se severamente, na mente das pessoas que formaram
aquilo que pouco depois veio a ser chamado de Império Britânico por John
Dee.
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Desta forma o germe da discórdia do maior de todos os pontos considerados


lugar comum, por parte de hermetistas e ocultistas mesmo nos tempos
modernos, foi lançado no fértil solo da mente de John Dee.

O Sistema Enochiano, estava em gestação na mente de Dee já haviam muitos


anos, houveram picos do que viria a ocorrer depois durante sua vida em várias
ocasiões, sendo que talvez o maior destes tenha sido aquele que ocorreu em
1564 da era vulgar, quando desenvolveu um muito conhecido e importante
trabalho seu chamado “Mônada Hieroglífica”, por volta dos tempos em que
serviu como um conselheiro às viagens de descoberta da Inglaterra,
fornecendo auxílio técnico na navegação e o no apoio ideológico à criação de
sua maior ideal de devoção o nascente Império Britânico.

Quando Dee em meados de 1582 da era vulgar, veio a desenvolver este


sistema de magia, com base no que foi acima exposto podemos tranquilamente
dizer que estava imbuído do máximo de seus ideais de nacionalismo,
combinados aos seus pontos de vista descontentes com o tratamento deferido
a seu povo, a seu ver o mais elevado, por parte tanto do dógma religioso
oficial, quanto das bases do hermetismo em si.

Desta forma, torna-se tanto interessante quanto mais fácil de entender, todos
os apelos “angélicos” existentes no enochiano, contra o Goétia!

Estes apelos são muito similares a outro texto vinculado ao hermetismo, que
muitas pessoas até o presente momento tem em alta conta, mesmo que seja
mais um manual de sectarismo do que uma obra para desenvolvimento
espiritual.

Trata-se do livro da “Magia Sagrada de Abramelin” do rabino Yaakov Moelin o


qual viveu aproximadamente entre 1365 e 1427, da era vulgar.

Podemos citar a respeito deste texto, alguns dados que podem esclarecer
estes fatos, uma vez que logo no início o praticante é incitado com as seguintes
passagens:

“...Possa o único e santíssimo deus conceder a todos a graça necessário a


serem aptos a compreender e penetrar os altos mistérios da cabala e da lei,
mas devem se contentar com aquilo que o senhor lhes conferir...”!

“...Em Praga encontrei um homem malvado de nome Antonio, com vinte e


cinco anos de idade, que efetivamente mostrou-me coiss maravilhosas
esobrenaturais, mas preserve-nos deus de cair em tão grande erro, pois o
infame asseverou-me ter feito pácto com o demônio, e a este se entregara de
corpo e alma, enquanto Leviatã o ludibriador lhe prometere quarenta anos de
vida para agir ao seu bel-prazer...”
46

Um pesquisador atento, ou um praticante cauteloso, saberão nos dias de hoje


que o monoteísmo é tão somente uma invenção moderna perante tantas outras
modalidades de tradições antigas, e foi galgado sobre os conhecimentos das
mesmas, e bem como terá em mãos os meios de determinar a veracidade de
quaisquer afirmações a respeito de páctos com demônios, que em verdade são
uma renomada tolice em meios ocultistas menores, uma vez que demônio é
tão somente um termo de origem grega que implica em espírito, e que Leviatã
é uma expressão tardia reaproveitada na tradição rabínica, cuja fonte se
encontra na luta de Baal contra Lotan, e de Marduk contra Tiamat.

Se ocorrer por parte do pesquisador ou do praticante, a idéia de voltar sua


atenção para dados históricos, verá que a mais antiga citação sobre
“...Daemoniun...” reside no demônio socrático ou platônico, que é um gênio
inventivo ligado a genialidade humana e seu desenvolvimento, tal e qual o
moderno conceito de Santo Anjo Guardião dentro do ocultismo mais
esclarecido, que lida com o mesmo em grande parte, na mesma medida com a
qual tratamos de assuntos ligados a individuação como era vista por Jung.

Voltando então a John Dee, verifiquemos agora os meandros que residem em


seus inscritos, para podermos nos instruir na melhor forma de lidar com os
mesmos.

Iniciemos então os mesmos pelo parceiro de estudos e práticas de John Dee,


Edward Kelly.

Edward Kelly, ou Edward Talbot, viveu entre os anos de 1555 a 1597 da era
vulgar, e foi considerado como um charlatão ou mesmo criminoso pela maioria
das pessoas de sua época.

Em meados de 1582 e.v., entrou em contato com John Dee que por volta desta
época já estava descontente com os sistemas ritualísticos de seu tempo, pois
desejava ardentemente tomar contato apenas com o conhecimento sagrado e
mais elevado, desdenhando imediatamente tudo que pudesse estar
correlacionado com baixa magia ou demonologia, por seu ponto de vista
pessoal.

Dee já se utilizava de uma vidente, procurando respostas a suas questões,


mas não estava produzindo bons resultados em seu empreendimento naquele
período.

Ocorre que Kelly soube que Dee desejava encontrar um médium para seus
experimentos, e bem como sabia da influência e das vantagens que Dee
possuía perante a corte britânica, por conta de sua ligação pessoal com a
Rainha Elisabeth I.
47

Havia também outros pretendentes ao cargo de auxiliar para o Doutor Dee,


mas Kelly aproveitou-se de uma distração e fez com que uma pedra escura
aparecesse em um local estratégico, no momento mais oportuno, levando
então John Dee a acreditar que ele seria a escolha perfeita para desenvolver
seus experimentos. Esta pedra veio a ser o cristal usado nos experimentos
vinculados a “Pedra da Observação”, usada no Sistema Enochiano, que
inclusive é fonte para tantos e tantos livros e filmes contendo “...Bolas de
Cristal...”, que chegaram ao conhecimento de toda a sociedade, até os dias de
hoje.

É dito que ele fingiu estar em transe sob influência do Anjo Michael, e desta
forma ter influência Dee a pagar-lhe uma verdadeira fortuna mensal, que seria
o devido pagamento pelo julgamento do anjo, para honrar os serviços de “tão
nobre auxiliar”, e bem como se diz que Kelly chegou a conversar via um
espelho, com os 72 anjos herméticos, vinculados a um texto chamado “Chave
Maior de Salomão”, que aborda os quinários da astrologia, sob o ponto de vista
rabínico e hermético menor.

A maioria das pessoas sempre se pergunta, perguntou mesmo perguntará


como é possível que alguém tão esclarecido para tantos assuntos como John
Dee, pôde ser enganado tanto e por tanto tempo, pelas artimanhas de Kelly.

Quanto a isso, temos o talento de Edward Kelly – também conhecido como


Edward Talbot, quando falsificava documentos – com um verdadeiro mestre na
arte de representar, e também que no decorrer do tempo ocorreram coisas
durante o contato de Dee e de Kelly, que fizeram até mesmo com que Kelly o
mais conhecido falsário de sua época, sucumbisse a arroubos de insanidade,
no final de sua vida.

Durante as etapas que se desenrolaram, sob a mediunidade de Kelly


começaram a transcorrer contatos com várias entidades diferentes, taxadas por
Dee e Kelly no transcurso do nascimento do Enochiano como anjos, como foi o
caso de “...Ave...”, que instruiu Dee através de Kelly em vários momentos e em
várias seções de invocação.

Em dado momento, os anjos assustaram tanto Kelly, que ele instigou Dee a
desistir, dizia que na verdade estavam tomando contato com demônios, pois o
que propunham era algo absurdo em todos os sentidos, tanto para época
quanto para o dogma que regia a vida de ambos, pois através de Kelly chegou
a deixar uma suspeita de que deveriam os dois deitarem-se juntos – coisa que
acabou se desenvolvendo na famosa troca de esposas entre Dee e Kelly – e
no último contato propriamente dito, o “anjo” se apresentou e deixou bem claro
a ambos que “...o conhecimento que estavam desfrutando destruiria
completamente a sociedade humana...”!
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Este último golpe foi demais para tanto para Kelly quanto para Dee, sendo que
ambos definitivamente se separaram em 1588 e.v. .

John Dee morreu em 1609 da era vulgar, não estando mais nas graças da
coroa, pois o Rei James não era favorável as práticas de Dee, como foi o caso
da Rainha Elisabeth I.

Kelly, contudo, faleceu bem antes em 1597 e.v., tendo vivido uma opulenta vida
sob a corte do Rei Rudolf II em Praga, prometendo-lhe por muitos anos que
produziria “...Ouro Alquímico...”, que se gabava constantemente saber produzir.

Rudolf cansou-se de Kelly e atirou-o em uma masmorra até que este viesse a
produzir o tal “...Ouro Alquímico...”, quando falhou pela segunda vez foi
novamente preso, desta vez no Castelo de Hněvín, e é da opinião da maioria
que a corda que usou para tentar fugir era muito curta, e ele quebrou uma
perna ao cair da torre, morrendo em decorrência dos ferimentos.

Dentre os mais interessantes detalhes do Enochiano e dos contatos que Dee e


Kelly tiveram por meio dele, podemos citar as severas advertência contra o uso
do Goétia, que pela óptica dos supostos anjos “foi o motivo da queda da
humanidade”.

Isso é inquietante, por muitos motivos, e o mais interessante deles é que o


ponto de vista comum sobre os assim chamados demônios, apresenta aos
mesmos como sendo portadores de doenças, desvios de comportamentos e
depravações, que são os meios usuais pelos quais em teoria arrastariam a
alma dos humanos para o inferno.

Isso se choca diretamente com as observações dos ditos “anjos enochianos”


que apareceram para Dee e Kelly, pois ambos afirmaram categoricamente que
“nada seria motivo de pecado” e os instigaram a deitarem-se unidos, coisa que
é inadmissível pelo dogma bíblico, talmúdico, corânico e bem como rabínico.

Outra coisa que é inquietante no texto, e que nos faz muito especular, são as
afirmações que de que as adorações jamais deveriam se voltar a “Iaseus
Christus” e sim a deus único, dentro do ponto de vista dos seres que tomaram
contato com Kelly e Dee. Pois sabemos que houveram cultos heréticos que
foram perseguidos com violência pela igreja católica, que afirmavam
justamente isto, como foi por exemplo o caso do arianismo pregado pelo padre
ário, que foi absorvido como culto pelos Visigodos quando vieram a entrar em
decadência e se converteram ao monoteísmo, mas que não aceitavam em
nenhuma hipótese prestar culto a “cristo”. E justamente este fato em si,
encaixa-se como uma luva com o sentimento de ultra-nacionalismo de John
Dee, assim como outros motivos acima citados.

Agora observemos a natureza essencial do enochiano, na forma como Dee e


Kelly o apresentaram e destrincharam, pois por meio disto poderemos entender
49

muitas chaves e elementos que até hoje não foram combinados aos mesmos, e
que os explicam em todos os sentidos.

Durante os contatos com os “seres enochianos”, foram destilados extensos


relatórios que Dee minuciosamente copiava, acerca de tudo que Kelly proferia
ao observar o cristal escuro escolhido para as práticas, que foi acima citado.

Dentro destes relatórios que geraram detalhados grimórios e documentos,


foram organizadas Letras do Alfabeto Enochiano, Chaves de Invocação,
Detalhes sobre as Regiões Celestes Enochianas ou Aethyrs, Seres e Séquitos
ou Cortes Enochianas, e metodologia que em todos os sentidos estava
vinculada aos detalhes mais conhecidos do Hermetismo.

Quanto as Chaves Enochianas, foram organizadas em número de 19, sendo


que a última serve exclusivamente para abrir os Aethyrs Enochianos, e as duas
primeiras servem, na temática usada dentro da Golden Dawn e Aurum Solens
por exemplo, para convocar todos os Aetryrs – Segunda Chave Enochiana – e
a primeira para invocar os quatro Reis Enochianos e seus respectivos séquitos.

Esta visão também é partilhada por thelemitas.

No entanto, estudos mais apurados também apontam para formas diferentes


de agir quanto ao enochiano, como por exemplo demonstra Donald Tyson ao
lembrar aos leitores de seus trabalhos sobre este tema, de que nunca os ditos
“anjos” deram permissão de uso e invocação da maioria dos detalhes que eram
passados para Dee e Kelly, e que o método de trabalho se faria
especificamente de forma invocativa, e sem círculo mágico, na versão original
que ambos receberam dos seres enochianos, e que Dee e Kelly jamais usaram
por não lhes ter sido dada a permissão para tanto.

Ambos os métodos, o original e o de uso das organizações mágicas, funcionam


e atendem aos objetivos dos que praticam via o método enochiano, e isto
muitos dizem que se deve a força da fonética da língua e mesmo dos símbolos
vinculados ao caracteres do enochiano, que desencadeiam uma cadência
naturalmente gutural em sua entonação, sem mencionar a violência natural
contida na leitura da tradução das Chaves Enochianas, como por exemplo é o
caso da Décima Chave Enochiana:

“...Coraxo chis cormp od blans lucal aziazor paeb sobol ilonon chis OP virq
eophan od raclir, maasi bagle caosgi, di ialpon dosig od basgim; Od oxex dazis
siatris od saibrox, cinxir faboan. Unal chis const ds DAOX cocasg ol oanio yorb
voh m gizyax, od math cocasg plosi molvi ds page ip, larag om dron matorb
cocasb emna. L Patralx yolci matb, nomig monons olora gnay angelard. Ohio!
Ohio! Ohio! Ohio! Ohio! Ohio! Noib Ohio! Casgon, bagle madrid i zir, od chiso
drilpa. Niiso! Crip ip Nidali...”
50

“...Os Trovões do Juízo da Ira estão numerados e descansam no Norte,


semelhantes a um carvalho cujos ramos são ninhos, 22, de lamentações e
lágrimas, caídas sobre a Terra, que queimam noite e dia, e vomitam cabeças
de escorpiões e enxofre ardente misturado com veneno. Estes são os Trovões
que 5678 vezes na 24ª parte de um momento rugem com centenas de
poderosos terremotos e milhares de vezes tantas ondas que não descansam, e
não conhecem qualquer tempo de calmaria. Aqui uma pedra produz 1000, da
mesma forma que o coração do homem produz seus pensamentos. Maldita,
maldita, maldita, maldita, maldita, maldita! Sim, maldita seja a Terra, pois a
iniqüidade é, foi e será grande. Ide! Mas não vossos ruídos!...”

No entanto, exatamente aqui começamos a usar de outros métodos de


entendimento, que podemos afirmar com razoável chance de êxito, terem sido
os mesmos de John Dee e Edward Kelly, para compor a tradição enochiana.

Sabemos que tanto Dee quanto Kelly se interessavam por estudos sobre
Hermetismo e sobre o Sobrenatural, mais especificamente voltados para a
natureza dogmática que habitava em ambos.

E sabemos que Dee em seus estudos sobre hermetismo, como por exemplo
atesta seu texto “Mônada Hieroglífica”, conhecia bem os documentos que
engendraram o hermetismo, bem como o pensamento dos que foram seus
progenitores nos tempos na verdade muito próximos aos dele mesmo, sendo
que Marsilio Fisino fez uma cópia e tradução do “Corpore Hermeticum” –
apenas 100 anos antes de Dee começar a suas pesquisas com Hermetismo –
e que Miguel Psellus já havia traduzido para o grego este texto com o auxílio
de Ulf Ospaksson, meio milênio antes.

Sabendo então que Hermes Trimegistus é chamado de Enoche pelos essênios


e pelos que adotaram muitos dos costumes dos essênios em suas
peregrinações até Bagda – os Harranitas ou Sabeanos - sem mencionar a
própria natureza ligada ao mitraísmo e gnosticismo dos Curdos e Yezidis sob
os quais foram se proteger dos árabes.

E principalmente que foram estes mesmos harranitas ou sabeanos que


escreveram o texto que Psellus e posteriormente Marsilio Fisino, viriam a
traduzir e que tem por nome “...Corpore Hermeticum...”.

Começa a ficar muito claro qual foi o principal ponto de motivação de John Dee
para nomear seu sistema como “Enochiano”, ou angélico – dado o já conhecido
fato ligando os Nefelins com as mulheres humanas creditado a história de
Enoche, em um apócrifo.

Mas devemos ir muito além disto, devemos penetrar na mente do Doutor Dee,
e seguir seus pontos de motivação pessoal, sua indignação, seu nacionalismo
51

extremado e bem como sua idiossincrasia arraigada em seu ser, e cuja origem
se mostrou presente em seu trabalho.

Como sabemos Dee era de origem “Wale” ou Galês , ou seja estrangeiro, e


que este povo foi o último a perder o seu sentido de identidade e de língua em
todo o império britânico, o que implica em Dee conhecer bem por parte de sua
família a língua de seus ancestrais, coisa que deve lhe ter muito valido, pois ele
era um especialista em línguas, e por conta disto e de seus conhecimentos em
várias áreas, foi escolhido como diplomata e espião pela Rainha.

A necessidade natural de provar o próprio valor e o valor do povo, e da


identidade fervorosamente arraigada naquilo que foi chamada de reforma
protestante que começou com Lutero, para este mesmo conceito de império
britânico, com o conteúdo de pleitear que o mesmo fosse entendido como a
verdadeira nação sagrada, como verdadeiro povo eleito, são as peças de
encaixe final que nos faltam para compreender uma parte do Sistema
Enochiano.

Pois Dee ao entender melhor do que muitos em sua época, das raízes
semânticas e lingüísticas de seus ancestrais, e de outros povos, viu a
necessidade de expressar uma língua sagrada e um verbo sagrado, que
fossem mais precisos a seu ver para demonstrar a natureza do povo eleito,
conforme nossas suposições avançam – embora o façam embasadas na lógica
e no raciocínio.

Desta forma não somente os textos e contatos acima, que parecem se alinhar
ou com os processos da assim chamada reforma protestante, ou com os
caminhos de cultos taxados como heréticos pela igreja católica. Mas também,
muito do simbolismo usado, parece ter caminhado neste sentido.

Se observarmos outro ponto forte do Enochiano, seu Alfabeto, notaremos


algumas coisas no mínimo estranhíssimas.

Vejamos que “Une”, que corresponde a fonética do “A”, liga-se a perspectiva de


espírito e leveza, ao mesmo tempo que “Veh” que corresponde a fonética do
“C” implica em fogo e criatividade.

E que este Alfabeto foi dividido em 3 grupos de 7 letras em cada um.

Até aqui tudo parece extremamente original, e para a maioria das pessoas
assim o é.

Mas será que as coisas são assim mesmo?

Como já foi dito, John Dee conhecia muito bem línguas e bem como a língua
de seus ancestrais, e que os mesmos eram os “Wales” uma palavra de origem
52

Nórdica ou Germânica, que implica em estrangeiro, e que este povo foi o mais
feroz em guardar sua língua e suas tradições, em meio a outros povos como os
Escoceses e os Ingleses.

Se levarmos em consideração estes dados, e nos atermos simplesmente a


história e etimologia, veremos que há também outro alfabeto que possuí um
caractere de fonética “A” ligado a vento, espírito e leveza, da mesma forma que
seu caractere de fonética “C”, liga-se ao fogo e a criatividade. E que este
mesmo alfabeto igualmente se divide em 3 grupos, contudo de 8 letras, que
são chamados na língua deste povo setentrional que dele se usa, de Aetts –
extremamente similar a fonética Aethyr por sinal – e que inclusive tanto este
povo é aparentado com os “Wales”, quanto influenciou na formação geral dos
caracteres do Oghimius dos celtas na Europa.

Mas muitas questões serão levantadas contra isto, se não fosse a problemática
da similaridade das afirmações enochianas sobre “Iaseus Christos” não dever
ser adorado em nome de Iaida, termo enochiano para a palavra “Altíssimo”,
como ocorreu com o arianismo abraçado pelos Viosigodos, que foi um fato de
conhecimento apenas dos homens que puderam ter cultura na época de Dee, o
que o incluí entre os mesmos.

Altíssimo é também um termo usado para designar o deus pai maior dos povos
setentrionais, contudo ali chamado de “Har”, mas que se liga justamente ao
caractere que dá nome aos deuses ali cultuados, aos “Ases” ligados ao
caractere “As”, que foi absorvido e usado pelos Boêmios e outros hermetistas,
para dar nome a raiz dos poderes de fogo, ar, água e terra dentro da temática
do taro, e das permutações da escala platônica de fogo, ar, água e terra
chamadas pelos herméticos de “Tetragrammaton”.

Em meio ao Enochiano nos deparamos com muitos termos e colocações, que


em si mesmos não parecem corroborar com este ponto de vista - a primara
vista é claro – mas logo chegamos ao termo enochiano “Mikaleso”, cuja raiz
está no Old Norse “Miklas”, que tanto em enochiano quanto em Nórdico, quer
dizer “Poderoso”.

Desta forma, John Dee procurou usar da temática que lhe era comum tanto por
herança de família, como por julgar que esta seria a natureza mais acertada
para dar impulso a sua visão de um império britânico, movido por um povo com
uma verdadeira palavra e verbos divinos, que o movessem em direção a glória
que em seu nacionalismo fervoroso, considerava como sendo de seu direito, e
relegando o velho testamento e o novo testamento a uma visão ultrapassada,
sob suas perspectivas, que deveria dar passagem a uma revelação mais coesa
com os pontos de vista que estavam se formando na Europa daquele período,
como acima foi citado, e sob a regência do nascente império britânico.
53

Notando a organização enochiana, onde aparecem Reis, príncipes e citações


sobre o séquito dos mesmos, organizados e orientados nas 4 Tábuas
Elementais somadas a Tábua da União, taxada como sendo a Tábua de
Espírito, podemos perceber os elementos herméticos completamente dispostos
nas mesmas.

Notando que 3 Chaves Enochianas já foram citadas acima, e a grosso modo


seus usos dentro do enochiano, sobram então as Chaves que vão de 3 a 18,
perfazendo um total de mais 16 Chaves Enochianas.

Pela óptica adotada dentro das organizações do passado e das atuais, e pela
origem em grande parte hermética do trabalho do Doutor Dee, estas 16 Chaves
Enochianas, se posicionam na escala de fogo, ar, água e terra usada dentro do
hermetismo com base no cabalismo, cuja origem é neo-platônica em todos os
sentidos.

E desta forma temos da 3ª até a 6ª Chaves justamente a escala de Ar do Ar,


Água da Água, Terra da Terra e Fogo do Fogo.

Da 7ª até a 9ª Chaves teremos Água do Ar, Terra do Ar e Fogo do Ar.

Da 10ª até a 12ª Chaves teremos Ar da Água, Terra da Água e Fogo da Água.

Da 13ª até a 15ª Chaves teremos Ar da Terra, Água da Terra e Fogo da Terra.

Da 16ª até a 18ª Chaves teremos Ar do Fogo, Água do Fogo e Terra do Fogo.

Que são escalas totalmente atreladas ao desenvolvimento conseqüente das 20


letras entre as 4 Torres de Vigília Enochianas, as Tábuas Elementais, que
foram utilizadas mais recentemente aos trabalhos de Dee, para formarem a
Tábua da União, que encerra o maior segredo dentro das práticas cabalístico
herméticas dos tempos atuais.

Estas letras foram organizadas de tal forma que formam os nomes de Ar


(Exarp), Água(Hcoma), Terra (Nanta) e Fogo (Bitom).

As primeiras letras de cada um dos nomes em enochiano acima, são


representações dos Reis Elementais e de sua Corte, e são explicitamente
ativados pela entonação da Primeira Chave Enochiana, pela aplicação das
Ordens.

As outras 16 letras, correspondem justamente as permutações de fogo, ar,


água e terra que foram acima citadas, vinculadas a escala platônica que
aparece na cabala com algumas diferenças, e que ao se utilizar de uma das 16
Chaves Elementais acima relatadas, ativam-se uma das Letras da Tábua da
União no mesmo instante.
54

Que se vinculam por sua vez aos 16 sub-quadrantes elementais das 4 Torres
de Vigília Enochianas, ou 4 Tábuas Elementais.

Estas quatro Tábuas Elementais, vinculadas as letras da Tábua da União, são


dividias em uma proporção 12x13 quadrados em cada uma, 156 no total. Cada
tábua é atribuída a um dos quatro elementos: Ar, Água – da esquerda para
direita na área superior – Terra e Fogo – da esquerda para direita na área
inferior.

Adicionalmente, cada Tábua possui quatro sub-quadrantes. Estes são


arranjados em 5x6 e posicionados em cada canto da tábua em questão.
Também são atribuídos aos quatro elementos.

Por exemplo, na Tábua do Ar, você terá um sub-quadrante do Ar


correspondendo ao Ar do Ar; o sub-quadrante correspondente a Água do Ar; o
sub-quadrante da Terra representando a Terra do Ar; e o sub-quadrante do
Fogo para Fogo do Ar.

Cada sub-quadrante contém uma Cruz Sephirotica que é a 3ª Coluna e 2ª


Linha do sub-quadrante. Contém os Nomes de Deus do sub-quadrante. Os
quadros com letras na Cruz são chamados Quadros Sephiroticos.

A primeira linha de um sub-quadrante (com exceção da 3ª coluna) é chamado


os Quadros dos Querubins.

Linhas 3-6 de um sub-quadrante (com exceção da Coluna 3) são chamadas os


Quadros Servientes.

Com os sub-quadrante destacados, uma cruz é revelada no centro da Tábua.


Esta cruz é atribuída ao elemento místico do Espírito e contém os nomes de
Deus, o Rei (cujo nome obrigatoriamente tem 8 letras), e os 6 Senhores
Enochianos (cujos nomes obrigatoriamente tem 7 letras), da Tábua em
questão.

A 7ª Linha da tábua é chamada a Linha do Espírito Santo ou Linea Spiritus


Sancti.

A 6ª Coluna da tábua é chamada a Linha do Pai ou Linea Patris.

A 7ª Coluna da tábua é chamada a Linha do Filho ou Linea Filii.

Quando as quatro tábuas elementares são colocadas junto como as Torres de


Vigia, a divisórias entre as tábuas são chamadas a Cruz Negra e são atribuídas
ao Espírito (Tábua da União).

E é precisamente aqui que encontramos o maior fator de surpresa no


hermetismo e no Sistema Enochiano, quando observamos a estrutura do
55

universo que é apresentada no organograma das Torres e da Tábua da União,


e na conjugação de seus símbolos.

É dito que um caractere enochiano que está sobrando na Torre Elemental da


Água, cujo som seria o mesmo de “L” e a designação enochiana seria “Ure”, na
verdade ali subsiste para entrar em União com as 20 letras da Tábua da União,
e gerar desta forma os 3 nomes de 7 letras dos 3 Governadores do Aetryr do
Abismo, cujo nome é Zax, e que é o maior terror dos praticantes de
hermetismo, cabalismo e tradições ligadas ao ocultismo, pois o mesmo é tal e
qual a Daath citada pela cabala, sobretudo a hermética, e mais, este abismo
enochiano é o lar daquilo que se descreve como o mais poderoso “demônio” da
criação, pelo ponto de vista monoteísta, ou seja “Choronzon”, a dissolução.

Em outras palavras, ao se lidar com cada parte do Enochiano, com cada


elemento, cada ser ou cada letra, o estudante e praticante estão invocando a
própria natureza do Abismo para dentro de si, e para sua volta, pois o lar de
Choronzon, o abismo Zax, é e subsiste em cada uma e todas as coisas a sua
volta, e pela óptica do Enochiano, assim o é mesmo quando não se está
consciente do mesmo.

Se o abismo é tamanha fonte de terror para as mentes dos hermetistas


praticantes ou não de enochiano, podemos então imaginar o horror dos
mesmos quando finalmente se deparam em seus estudos e práticas com estes
dados, e quando pesquisam a vida de John Dee e de Edward Kelly, e
desembocam diretamente nas incitações dos ditos “anjos”, levando-os a
práticas consideradas imorais para seu tempo, e afirmando blasfêmias
inimagináveis para suas mentes dogmáticas, tais como a já citada frase que
afirma a total destruição da sociedade que Dee e Kelly conheciam.

O que nos leva a concepção de que em meio aos esquemas e estratagemas


de Kelly, e do fervor nacionalista de Dee, entremeado ao dogmatismo de
ambos, o sistema que serviu de âncora para gerar o enochiano, justamente a
raiz germânica acima citada, começou a resvalar na psique de ambos, e veio a
se manifestar depois de algum tempo de invocações e usos de linguagem
aproximada, causando os choques acima citados, e bem como os temores
ligados aos mesmos.

Pois é fato conhecido que o puritanismo e preconceitos sexuais exigidos dentro


do dogmatismo do monoteísmo, em verdade não existiam na sociedade
original dos “Wales”e dos Nórdicos, e na verdade justamente os costumes
destes povos nos dão uma pista muito interessante a respeito dos meios
usados por Dee, para suas técnicas de observação e viagem pelos Aethyrs
Enochianos, e bem como a respeito das tais advertências contra as práticas
Goéticas, uma vez que por goéticas entendam-se todas as formas não
monoteístas ou não cristãs, tanto para Kelly quanto para Dee.
56

Dentre os Celtas podemos encontrar o culto aos Sdhee, que é o termo pelo
qual os deuses célticos são efetivamente conhecidos, sendo que os mesmos
são também chamados pelos ingleses de Elfos, que é uma derivação do Old
Norse do termo Alf, que implica exatamente na mesma coisa.

Este culto aos Sdhee é extremamente próximo e aparentado ao culto Vanir,


inclusive a mais conhecida deusa setentrional vinculada ao panteão dos
deuses da terra, entre os povos setentrionais, é Freija, que é chamada de
Vanadis e bem como de Seidh Lady ( Senhora do Seidhr).

Seidhr é uma técnica de transe para viagem a outros mundos na tradição


nórdica, e sua raízes é a mesma da palavra Sdhee, como acima citada, bem
como da raiz da palavra indo-ária siddhi – que quer dizer virtude ou poder.

O transe seidhr implica em êxtase sexual como catalisador dos eventos em si.

Isto explica o motivo pelo qual o ser enochiano que tomou contato com Kelly e
Dee, ter exigido que os dois se deitassem juntos, ou que suas esposas fossem
trocadas. Pois havia entre os nórdicos ligados aos povos vanires, sacerdotes
de Freir – deus vanir irmão de Freija – e de Freija que eram taxados como
“Erg”, que quer dizer homossexual, e que se afeminavam para efetuar o transe
seidhr como as seidkhonas – feiticeiras – o faziam.

Mas nos é muito interessante que um certo tema seja básico, tanto nos
trabalhos ligados ao Enochiano, quanto naquilo que acima foi citado como o
“...Abramelin...”. Este tema, como já se pode perceber é o que aborda os
trabalhos acerca do Santo Anjo Guardião!

É comum que em todos os trabalhos ligados a gnose, hermetismo, ocultismo,


thelemismo e bem como enochiano, o assunto do S.A.G. venha a tona.

É dito que sem o S.A.G., fazer uma invocação de qualquer tipo ligada tanto a
ditos anjos quanto a ditos demônios, resultaria em auto destruição ou loucura
para o praticante.

No entanto sabemos que todos os seres goéticos e demais seres que foram
taxados de demônios pelas formas de monoteísmo que existem desde os atos
de akhenaton, tendo-o como sua fonte, nada mais são do que as fontes reais
para a sustentação do monoteísmo, uma vez que o politeísmo é o tema básico
que com suas tradições, veio a alimentar os símbolos do monoteísmo, via os
atos de sacerdotes inconseqüentes e inescrupulosos.

Desta forma, torna-se senão ridículo inútil permanecer com os pensamentos


voltados a estes temas, ao abordar as artes cerimoniais.

S.A.G. liga-se aos assuntos abordados por Jung no que tratava como sendo o
conceito de Individuação, apenas que em um nível muito mais intenso e mais
57

alto do que ele mesmo poderia chegar a supor, apesar de ter usado o Bardo
Todol, como uma de suas fontes principais de inspiração. E se viéssemos a
estabelecer um procedimento para aferir o desenrolar do desenvolvimento de
cada praticante, e bem como os efeitos disto em seu ser, teríamos
necessariamente tanto que aferir quanto do cérebro o praticante passa a
utilizar, quando o contato com seu inconsciente superior passa a banhar a
relação do inconsciente inferior com o consciente, quanto aferir quanto do
inconsciente passou a ser tanto conhecido como conscientemente
experimentado pelo praticante.

Nesta conceituação entraríamos então na essência do que os atavismos se


despertando no ser, realmente fazem ao mesmo, e isto em verdade lida com o
que trazemos de herança antiga de nossos antepassados, o que em si é a
fonte e a explicação para o Enochiano, que em si é uma criação com vistas ao
nacionalismo extremado, pode tanto ser forte como é, quanto ser potente para
várias modalidades invocativas, evocativas e experimentais, inclusive podendo
ser combinado aos estilos que lidam com a temática dos centros psíquicos
humanos.

Ou seja, que Kelly e Dee despertaram via seus trabalhos baseados na língua
antiga dos “Wales” e em suas fontes etimológicas, e pelo uso do transe frente o
cristal escuro, traços dos cultos antigos, que paulatinamente ganharam força e
vida no decorrer dos trabalhos feitos, tanto no caso original de John Dee e
Edward Kelly, quanto nos de tantos outros praticantes, como e principalmente é
o caso de Aleister Crowley, que fez a façanha de percorrer e catalogar tudo o
que pôde ver nos 30 Aethyrs Enochianos.

Desta forma, o Santo Anjo Guardião é plenamente compreendido quando se


tem em mente suas ligações com os termos que geram a palavra Self – Sdhee
e Alf – pois tal e qual o Xintoísmo, a tradição setentrional alerta para o fato de
que tudo guarda vida em si, e bem como um wyrd próprio – destino próprio,
aproximadamente como o carma - e tudo tem vida ou essência, sendo o Alf
que dá vida a uma planta ou animal o conceito aqui citado. Fato este que
colabora em muito para o nosso entendimento das correlações dos atavismos
ligados as fontes do Enochiano, com as forças em si que ganharam passagem
e vida por outras vias, emprestando-lhes sentido e força, exatamente como
fizeram com o Sistema Mágico que John Dee e Eward Kelly “revelaram” ao
mundo.

Agora, voltando a Aleister Crowley, poderemos estender esta abordagem sutil


ao enochiano, contudo munidos do necessário para alçar entendimento além
dos limites impostos até então.

Como foi acima citado, Crowley é celebrado como o primeiro – alguns dizem
que o único – que viajou por todos os 30 Aethyrs, catalogou o que viu, e deixou
indicações claras para quem quisesse se arriscar a seguir seus passos.
58

Contudo, notamos que o trabalho de Crowley seguiu a temática proposta por


Dee, de guiar-se em direção a formula nacionalista apresentada por este, com
base no conceito do império britânico.

Podemos dizer inclusive que ambos possuíam outros pontos em comum, além
do fato de serem ingleses, pois se John Dee foi aceito entre os membros
fundadores do Trinity College d Cambridge, Aleister Crowley, estudou no
mesmo a partir de 1.985 e.v e lá se destacou em meios aos estudantes.

No Liber 418, Crowley cita a fórmula cabalística em meio a todos os Aethyrs,


entremeados de recomendações e detalhes que são posicionados de tal forma
que criem a temática da queda do Aeon de dos deuses dos escravos, o Aeon
de Osiris, e bem como lentamente mostrem a ascensão do Aeon da Criança
conquistadora e Orgulhosa, que é o centro de seus trabalhos mágicos, e por
fim complementa os receios e temores vinculados ao abismo, quando aborda o
Décimo Aethyr, ZAX, para apresentar uma ascensão pelos aspectos derivados
da escala de atziluth, briah, yetzirah e assyah presentes na cabala, e que são
mais uma vez uma apresentação da escala dos elementos platônicos de fogo,
ar, água e terra.

Se apreciarmos as passagens abaixo, que são excertos retirados das citações


contidas no Aethyr ZAX, dentro do Liber 418, poderemos compreender mais:

“...Se tu não podes comandar-me pelo poder do Altíssimo, saiba que eu


indubitavelmente tentá-lo-ei e isso me causará arrependimento. Eu me curvo
ante os grandes e terríveis nomes que usaste para me conjurar e confinar.
Todavia, teu nome é misericórdia e eu brado por perdão. Que eu ponha então
minha cabeça entre teus pés para que possa servi-lo. Porém, se tu me mandas
obedecer pelos Sagrados nomes, eu não posso me curvar assim, pois seus
primeiros sussurros são maiores que o ribombar de todas as minhas
tempestades. Peça-me então para que chegue a ti e assim adorar-te e partilhar
de tuas bênçãos. Não é infinita a tua misericórdia?...”

“...Eu me alimento nos nomes do Altíssimo. Eu esmago-os em minhas


mandíbulas eu evacuo do meu fundamento. Eu não temo o poder do
Pentagrama, pois sou o Mestre do Triângulo. Meu nome é trezentos e trinta e
três que é três vezes um. Atentai, pois te previno que estou preste a ludibriar-
te. Proferirei palavras que tu usarás para invocar o Aethyr e as escreverás
pensando serem grandes segredos de poder Mágico todavia, não passarão de
escárnio...”

Tal passagem acima teria sido citada por Choronzon, o Arqui-demônio que
habita em ZAX, e que é a dispersão em si mesmo, encarnando em si todos os
terrores que são citados a respeito da temática da Sephirah Daath, vista como
uma entrada que dá diretamente no que a cabala chama de Árvore da Morte,
59

composta por Qlipoth, que são os lares dos demônios citados dentro da bíblia,
corão, talmud e torah.

As Sephiroth são citadas em uma tradução mais aproximada, como “...os


papiros...”, e as Qlipoth, são citadas em tradução mais aproximada, como
sendo “...as cascas...”, sendo que o termo rabínico usado para se referir as
primeiras é “...Esposas...” e em relação as Qlipoth “...Prostitutas...”.

Sabe-se que isto implica apenas e tão somente no fato de que as ditas
“...esposas...” são somente tocadas e manipuladas pelo esposo – dando
margem a idéia cabalística de ruach e nephesh, alma e corpo, esposo e
esposa – que é o sacerdote dentro da temática cabalística, e as
“...prostitutas...” necessariamente são aquelas que vem a ser manipuladas
pelas mãos de todos os outros, e que não tem vínculos exclusivos com o
sacerdote, e mais que em nenhum momento o obedecem.

O Talmud vai além, e afirma que Qlipoth é o nome que é dado a alma dos que
não fazem parte do povo eleito – coisa que explica em muito o antagonismo
gerado contra o mesmo, por parte de outros estilos de monoteísmo, e presente
na temática de muitos hermetistas, mesmo que sutilmente.

Desta forma, entenderemos que houve uma forma de adulteração na temática


do contato coligado com o Enochiano, tanto em sua raiz quanto nos
movimentos que posteriormente usaram-se dele.

Após o Aethyr 10º, vem a descrição de um Aethyr de nome ZIP que lida com a
temática do adentrar na cidade das pirâmides, que é uma representação
daquele que foi além da Daath da cabala, e entrou no local onde reside Aima
Helohim e Ama Helohim, vistas como Babalon, ali mais uma vez ocorre
referência ao tema da Rosa e da Cruz, que em verdade formam o Brasão de
Armas de Luthero, algo que escapa aos usuários e que deveria ter sido
repensado pelo modelo thelemico do período, por representar um modelo do
Aeon dos Escravos.

Da mesma forma que houve sobreposições de muitos símbolos para compor


as estruturas psicológicas da “...Visão e da Voz...”, precisamente as descrições
do Liber 418, o modelo cabalístico serviu de suporte em alguns momentos, e a
simbologia ligada ao número 8 e seu contexto em tanto quanto um modelo que
se encaixa nos padrões, estruturas e natureza de Hermes o mensageiro dos
deuses, também aqui o Aethyr Oitavo ZID, é descrito como o mensageiro dos
deuses para o praticante, pois as instruções o coligam com a experiência do
Santo Anjo Guardião, como acima foi citado, e isto é muito estranho uma vez
que muito abaixo da escala do que é chamado de Três Sephiroth Supremas, o
Contato e a Conversação com o Santo Anjo Guardião, são exigência mínima
para conhecer a verdadeira vontade, e poder desta forma atravessar o Abismo
ou ZAX.
60

No entanto, lembramo-nos que o “...Sdhee Alf...”, mensageiro da Lei pessoal e


intransferível da divindade de cada homem ou mulher que o podem convocar,
tem a missão de serem os portadores da Lei, e não a mesma, e desta forma o
entendimento de que se trata do comprometimento final do ser com sua
verdadeira vontade, brinda aos que estão atentos.

Em DEO, o Aethyr seguinte, citada é a Estrela Vespertina, Lúcifer, que é o


planeta Vênus e bem como um símbolo do que é chamado de Netzach na
cabala, em total sintonia com a idéia numérica do cabalismo, como acima já foi
alertado, e que saturno exaltado em Libra contém também o seu contrário, no
segundo decanato de capricórnio, regido por Astaroth, o qual é Astarte e
Inanna, Deusa Suméria da Cidadela de Uruk, senhora escarlate da guerra,
sexo e magia, celebrada também como Deusa-Mãe, e sendo venerada como
Athirat, também chamada Asherah, Astarte ou Anat e, da mesma forma que no
culto de Inanna, seus sacerdotes transexuais, os Qedshtu, extraíam seus
órgãos sexuais para executarem os ritos, muitas vezes sexuais ligados a deusa
da Estrela da Manhã.

O amor ali citado contém sua fonte nesta deusa e a chave real disto, que como
podemos ver também se conecta nos conceitos ligados a Freia e a Freir, como
foi acima citado, explica-nos todos os detalhes vinculados a idéia conectada
com os chamados Irmãos Negros, ligados a este Aethyr, que dizem ser aquele
até onde os mesmos podem atingir, pois estes que se negam a deixar seu
sangue adentrar na copa das abominações de Babalon, na temática da visão
do décimo primeiro grau como foi explanado por Crowley, não podem ser
“...tais e quais noivas...”, que é um termo que conecta todos os praticantes
dentro da Argentum Astrum, e muitos mistérios ligados a esta fórmula mágica
do Amor, ou Ágape, correlacionam-se com o sacerdócio de Freir, e bem como
o Sacerdócio Masculino de Inanna, que é a Senhora das Abominações da
Babilônia. Desta forma as chaves ocultas para adentrar os sacramentos como
Crowley os via, passam necessariamente pelo entendimento destes símbolos e
em sua aplicação.

No entanto, esta é apenas uma visão a respeito dos sacramentos superiores, e


não é nem a melhor e nem a única.

No Aethyr seguinte, MAS, Crowley usa-se de uma passagem bíblica retirada do


genesis – 19:32-33,35 - sobre as filhas de Ló, que o embriagaram para se
deitarem com ele, a título de “...povoar a terra...”:

“...Vem, demos de beber vinho a nosso pai, e deitemo-nos com ele, para que
em vida conservemos a descendência de nosso pai. E deram de beber vinho a
seu pai naquela noite; e veio a primogênita e deitou-se com seu pai, e não
sentiu ele quando ela se deitou, nem quando se levantou. E sucedeu, no outro
dia, que a primogênita disse à menor: Vês aqui, eu já ontem à noite me deitei
com meu pai; demos-lhe de beber vinho também esta noite, e então entra tu,
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deita-te com ele, para que em vida conservemos a descendência de nosso


pai...E deram de beber vinho a seu pai também naquela noite; e levantou-se a
menor, e deitou-se com ele; e não sentiu ele quando ela se deitou, nem quando
se levantou...”

Notemos a similaridade contida no texto deste Aethyr, para representar as ditas


3 Tradições Mágicas – Branca, Amarela e Negra – que na teoria hermética e
cabalística, abrangeriam o mundo:

“...E uma voz diz: Maldito seja aquele que desnudou o Altíssimo, pois ele
embriagou-se do vinho que é o sangue dos adeptos. E BABALON embalou-o,
no seu colo e no sono ela sumiu e deixou-o nu chamando o seu filho para junto
dizendo: Acompanha-me para zombarmos da nudez do Altíssimo. E o primeiro
dos adeptos cobriu Sua vergonha com um pano, caminhando para trás e era
da cor branca. E o segundo dos adeptos cobriu Sua vergonha com um pano,
caminhando lateralmente e era amarelo. E o terceiro dos adeptos zombou de
Sua nudez, caminhando para frente e era negro. Essas são as três grandes
escolas dos Magi que também são os três Magi que dirigiram-se ao Local
Sagrado e, por não possuir sabedoria, tu não saberás qual escola predomina,
ou se as três escolas são uma. Pois os Irmãos Negros não ergueram suas
cabeças na Sagrada Chokmah já que foram afogados no grande mar que é
Binah, antes que a verdadeira vinha pudesse ser plantada no sagrado monte
Sião...”

O mar de Binah é o Mar que subsiste citado na Lámina do Enforcado, e é uma


representação das Qlipoth, implicando na incapacidade de ir além da
Menstruação, que é símbolo da inexistência de vida na mulher, que na tradição
monoteísta e fálico solar, é vista como tendo alma somente quando está
preenchida pelo sêmen, que é o portador de Ruach – alma e símbolo para o
“...esposo...”, acima citado – e está contido em Yod – letra hebraica que o
cabalismo usa para identificar o elemento fogo e o falo.

Desta forma os finalmente entenderemos que os Irmãos Negros, como citados


por Crowley, são os que não tem o que é entendido como sendo “...LUX, ou,
LUZ...”, que implica em uma fórmula totalmente voltada para o espírito solar
como algo solar, como foi dito pelo criador do monoteísmo, Akhenaton, e pelo
ponto de vista da cidadela de “ON” ou “Heliópolis”, no Egito.

As 3 cores citadas como representantes da alquimia não estão aqui por


conivência, mas antes devem ser necessárias para dar pano de fundo para o
conceito de alquimia, e do elixir alquímico que é citado nas linhas acima. Desta
forma Negro lida com os que ainda perfazem a fórmula levando em
consideração o conceito de mulher e das Kalas do Tantrismo ligado aos
Drávidas e a deusa Kali; Amarelo lida com o ponto que seria intermediário
entre este primeiro e o seguinte, o qual é Branco, por lidar apenas e tão
somente com a Luz ou os mistérios sexuais puramente masculinos, ocorre que
62

isto lida com o antigo Aeon, pois o cristo do monoteísmo se auto proclama “...a
luz, o caminho a verdade e a vida...”.

Destrinchados assim os símbolos aqui presentes, podemos avançar ainda mais


a cerca da “...Visão e da Voz...”.

Lit desvela-se com o entendimento claro da atmosfera fálica espiritual da


flecha, cuja ponto é Argentum Astrum , a Estrela de Prata ali mencionada.

O trocadilho de não há deus com “...Lá...”, o qual é a mesma composição de


“...AL...”, que é o termo hebraico para deus, e que é o nome divino usado na
Sephiroth de Chesed, a sephiroth da misericórdia, e que na verdade é o nome
do deus pai supremo dos Fenícios “...AL...” que foi absorvido para uso pelos
rabinos, dentro da temática do hebraico, nos dá o entendimento necessário, de
que ali á afirmado que “...Lá...” o nada, é o deus naquele Aethyr, e que está é a
chave do Aethyr dando a entender outro trocadilho simbólico com o Olho de
Shiva, que aniquila o universo no “...Nada...”, e daí somos levados ao conceito
da cabala que lida com “...Ayin...” o nada universal, representado também na
lâmina de Baphometh, na Lâmina do Diabo, cuja letra hebraica é justamente
“...Ayin...”, e sendo que o olho ali citado, também vai na direção de Horus, pois
há o conceito dos dois olhos de Horus, o direito e o esquerdo, um deles os
métodos de Crowley citam em combinação com o Ajna Chacra, que é o Olho
de Shiva, e o outro é citado como sendo o Muladhara Chacra, vinculado a
ponta do cóccix e que participa da fórmula dos sacerdotes de Freir e dos
sacerdotes homossexuais do culto de Inanna, como acima foi citado.

Mesmo em PAZ, ocorre este fenômeno de justaposição pois os elementos da


rosa e da cruz voltam a entrar em sena, e mais, caos e trevas cosmos e luz são
ali citados, sendo o caos algo como uma representação do Olho de Ayin que é
acima citado.

Há o trocadilho da palavra “...PAX...” com o nome do Aethyr “...PAZ...”, e no


entanto ao colocar os dados acima mesclados a isto, a chave do que Crowley
expressa como sendo a essência deste Aethyr esta neste excerto:

“...Abaixo de seus pés está o reino e em sua cabeça a coroa. Ele é o espírito e
matéria, ele é paz e poder, nele está Caos e Noite e Pan e sobre BABALON
sua concubina, que embriagou-se dos sangues dos santos que ela coletou em
sua taça dourada tem ele originado a virgem que agora ele deflorou. E isso é o
que está escrito: Malkuth será elevada e colocada no trono de Binah. E essa é
a pedra dos filósofos que é posta como um selo na tumba do Tetragrammaton
e o elixir da vida que é destilado do sangue dos santos e a força rubra
opressiva dos ossos de Choronzon...”
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Pois já foi citado no texto da “...Visão e a Voz...”, que a chave do termo


hebraico para adão está em “...Adm...”, visto como um anagrama para a
palavra enochiana “...Mad...”, que quer dizer deus.

Desta forma o “...Adm Kadmon...”, é a chave de entendimento para aquele que


é cavalgado por Babalon no trecho acima citado, e que nele habita a essência
do Aethyr “...PAZ...”, que é o Caos ou a Noite de Pan, isto se liga a emanação
de Aiyn Soph Aour, “...LUZ...”, que se contrai para gerar Kether e dela gerar
todo o restante da Ortz Chaim, Árvore da Vida, que é o próprio “...Adm
Kadmon...”. Porém a pedra dos filósofos é mais uma vez um anagrama do
Velho Aeon, ligada a cristo, que é citado como a pedra, ou a rocha, no
cristianismo, e é dito do mesmo como o elixir e o selo do tetragrammaton, pelas
conexões que o filho tem para com o pai, dentro do monoteísmo, em tanto
quanto a relação de Ruach e Yod, vista na fórmula fálico solar acima citada.

Em “...ZOM...” o seguinte Aethyr, vemos uma fórmula vinculada a ascensão em


direção a Kether, passando por Chokimah que é o falo e liga-se com o ponto
de vista de Yod, Ruach e da fórmula fálico solar – uma vez que Marah o grande
mar, é ligado a Binah e é o Mar de Sangue e Trevas que impropriamente e
indevidamente o sistema fálico solar taxou de incorreto ou daninho.

Observemos então estes trechos:

“...E o olho de Sua benevolência se fecha. Que não seja aberto sobre o Æthyr
para que as severidades sejam abrandadas e a casa desmorone”. A casa não
cairá e o Dragão descerá? Todas as cousas foram de fato engolidas pela
destruição; e Chaos abriu suas mandíbulas e esmagou o Universo como um
Adorador de Baco esmaga uma uva entre seus dentes. A destruição não
engolirá a destruição e a aniquilação confundirá aniquilação? Vinte e duas são
as mansões da Casa de meu Pai, porém lá vem um boi cabeceando a Casa
que cairá. Todas essas cousas não passam de brinquedos do Magista e o
Criador de Ilusões que barra a Compreensão da Coroa...”

“...E por isso BABALON está sob o poder do Magista submetendo-se a obra e
guardando o Abismo. Nela está uma perfeita pureza superior; ainda que seja
enviada como o Redentor para os que se encontram abaixo. Não existe outro
caminho para o Mistério das Supremas além dela e da Besta na qual cavalga;
e o Magista é colocado além dela para ludibriar os irmãos das trevas para que
eles não façam de si mesmos uma coroa; pois se houvessem duas então
Yggdrasil, a antiga árvore, seria lançada no Abismo, extirpada e lançada no
Mais Distante Abismo profanando o Arcanum que é o Adytum* e a Arca seria
tocada e a Loja profanada por aqueles que não mestres e o pão do
Sacramento seria as fezes de Choronzon e os vinho do Sacramento a água de
Choronzon e o incenso seria espalhado e o fogo sob o Altar odiado. Erga-te,
todavia, firma, goze o homem e contemplai! Será revelado a ti o Grande Terror,
o inominado temor...”.
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Acima vemos que nem mesmo Crowley pôde escapar dos símbolos mais
antigos do conhecimento, pois em lugar do uso do termo comum da cabala
para a Árvore da Vida, ele se usou do nome Setentrional e mais antigo da
mesma, Yggdrasil, também conhecida como Eomersyl ou Yrminsul, o Pilar do
Mundo.

Todos os símbolos de destruição lidam com o ponto onde ocorre a elevação


em direção ao Nada, o Caos, saindo do ponto de Ordem mais próximo deste,
que é o caos espermático do que chokimah é e representa, na teoria dos
cabalistas.

Tolices são ditas sobre Taumiel, o dragão de duas cabeças que seria o oposto
na árvore da morte, a árvore das qlipoths – que já vimos acima, que nada tem
haver com os conceitos citados sobre ela pelo hermetismo comum – e a
alegação de que O Magus estaria comandando-a para negar a força dos que
não se curvam a luz de cristo, por ser este o caminho correto, desaba sobre si
mesma, pois de fato são dois os potenciais mais altos que engendraram o
universo, e são opostos e infinitos em si mesmos, e quando se tocam
encontram limite, o qual é vida e o que os gregos chamaram de Cosmos, e são
amplamente vislumbrados na antiga tradição original que a Yggdrasil que
Crowley citou no texto deste Aethyr, apresenta como as mais antigas forças,
anteriores ao universo conhecido.

No Aethyr seguinte, temos gratas surpresas!

Crowley cita a lenda suméria sobre os Sibilli Azag Aphikalluh, liderados por U-
Na, ou Dagon, cuja forma é a do homem peixe que leva os códigos da
civilização em amor aos humanos, e mantém relações com as mulheres, sendo
esta a fonte original para os Nephelins citados no texto de Enoch. Notemos que
o termo Azag é aparentado com Az, Ases e Aesir ou Ansjus, que já nos
referimos acima.

Diz Crowley que a chave deste Aethyr está na idéia de Cain ser filho da
Serpente e não de Adm, citando este último como um culto externo e destituído
de vida, e tendo Cain uma marca em sua testa – que lida com o Olho de Shiva
e com a temática acima citada sobre o mesmo – e que elimina Abel, de acordo
com o texto da “...Visão e da Voz...” usando do Mjollnir o Martelo de Thor, e
devemos nos lembrar que este deus é saudado tradicionalmente como o
inimigo do cristo branco invasor, em uma das línguas dos povos setentrionais.

Crowley jamais suspeitou – ou jamais deixou que os que estavam a sua volta
suspeitassem - que o símbolo que aparece neste Aethyr, das 3 flechas
cruzadas nada mais é do que a Runa Gótica Hagalaz, que tem exatamente
aquele diagrama, e que implica na idéia de despertar, desagregação do que é
velho para dar lugar ao que é novo, e lida com a idéia de Hagal e de Haimdall,
que é chamado de Aesir Branco.
65

E em seguida, somos brindados com as mesmas idéias implícitas, presentes


no próprio texto deste Aethyr:

“...Então o fogo cobriu-me e ressecou-me, uma tortura. E o meu suor está


amargo como veneno. E todo o meu sangue torna-se agro em minhas veias,
como gonorréia. Parece que estou apodrecendo rapidamente e os vermes
devorando-me vivo. Uma voz, não minha ou externa diz: Lembrai de
Prometeus; lembrai de Ixion. Estou rasgando o nada. Não darei atenção. Pois
até esse pó deve ser consumido pelo fogo. Embora não exista imagem ainda
pelo menos resta uma sensação de obstrução, como se houvesse alguém
puxando próximo a fronteira do Æthyr. Mas estou morrendo. Não consigo
avançar ou esperar. Meus ouvidos agonizam, bem como minha garganta, e
meus olhos parecem tão cegos há muito que não consigo lembrar que existe
visão...”

E quando o texto cita Leviatã e o Mar, nos perguntamos se Crowley


perversamente não escondeu os termos a cerca de Jourmungand ou Niddhog,
a descrição que ali é dada afirma um, mas se expressa por meio dos outros
dois.

Finalmente no Primeiro Aethyr, LIL, é apresentada a fórmula do Senhor do


Aeon, Rá Hoor Khuit, apresentado ali apenas como Horus, e uma informação
incorreta é ali dada.

“... Iaida...” não quer dizer “...Eu Sou...” e sim quer dizer “...Altíssimo...”.

Hoor ou Har, é o Senhor Altíssimo dos Céus de Leste a Oeste em meio a


tradição mais antiga dos Egípcios, antes das bobagens osirianas corromperem
o culto e apresentarem a Har como o filho de Osiris posteriormente, inclusive
como as formulas usadas em Heliópolis apresentam.

No entanto esta primeira parte do texto em si nos dá outros elementos:

“...Eu sou o filho de tudo que é o pai de tudo, pois de mim veio tudo o que eu
posso ser. Eu sou a fonte nas neves e sou o mar eterno. Eu sou o amante e
sou o amado e sou os primeiros frutos do amor deles. Eu sou primeiro débil
tremor da Luz e eu sou a roca onde a noite tece o seu impenetrável véu...”

“...Eu sou o capitão das hostes da eternidade, dos espadachins e dos lanceiros
e dos arqueiros e dos aurigas. Eu liderei as forças do leste contra as forças do
oeste e as forças do oeste contra as forças do leste. Porque eu sou Paz...”

“...Eu sou luz e sou noite e eu sou aquilo além deles. Eu sou a fala e eu sou o
silêncio e eu aquilo além deles.Eu sou vida e eu sou morte e eu sou aquilo
além deles. Eu sou guerra e eu sou paz e eu sou aquilo que está além deles.
66

“...Eu sou a fraqueza e eu sou a força e eu sou aquilo que está além deles.
Assim por nenhum deles pode o homem chegar a mim. Assim por cada um
deles deve o homem chegar a mim...”

Crowley vê a força do Senhor do Aeon neste Aethyr e o descreve como o


poder anterior a criação, e que move a tudo e todos inclusive causando guerra
e paz, e bem como dando vida e morte a bel prazer.

Em seus elementos descritivos, somos forçados a questionar se os usos do


Enochiano, que tem fortíssima descarga atávica dos elementos dos “...Wales...”
e de suas tradições, usados por John Dee para dar corpo a esta tradição, não
afetaram a Crowley a ponto de trazer finalmente os elementos profundos do
senhor do Salão dos Eleitos, deus de guerra e de vida e morte, para dentro da
descrição de “...Iaida...” o Altíssimo, como acima citado, uma vez que também
seu nome é Har, e igualmente ao Har Egípcio ele é cego de um olho,
sacrificado em nome do conhecimento?

O que podemos concluir de mais elementar em tudo isto, é que o poderio


mágico do enochiano se deve a suas fontes atávicas serem tão fortes, que
estão drenando usos das tradições antigas de onde retiram suas bases e
essências, e que isto intoxica e causa êxtase a quem quer que o seja que use-
se deste sistema, e que acabará se destruindo em Choronzon, ou antes disto,
por conta de sua teimosia em lidar com pontos de vista do Aeon dos Escravos,
quando deveria liberar-se disto e empunhar sua espada em função do Aeon
dos Fortes e Orgulhosos, pois esta é a essência deste Aeon.

Desta forma, todos os trabalhos mágicos que tem sido praticados com o
Enochiano, levaram seus praticantes ao portal do terror da negação do dogma,
em função do poder e da veracidade, que sejam tanto históricas quanto
espirituais, e alinhadas em si mesmas, de tal forma que por mais que o texto
lide com uma direção, o praticante será encaminhado para outra, ou se
destruirá no processo.

Visto desta forma, o alinhamento das fontes antigas do Enochiano, com os


elementos thelemicos, torna-se mais que natural por mais que seja incidental
sob certos aspectos, e nãos e choca em sua essência, por mais que se choque
em sua aparência, uma vez que tanto uma realização espiritual quanto a outra,
abominam o subserviente e miserável culto dos escravos, e contém entre si
elementos de conexão que tanto são claros e visíveis a qualquer um, com
contém também segredos velados que podem ser experimentados tanto pelo
estudo, quanto pela prática, o mesmo se dando com o avanço do thelemismo
em meio ao solo Enochiano, ou em meio ao núcleo ou tema central do
thelemismo em si mesmo.
67

Bibliografia:

Versos Vatanicos, Salman Rushdie;

Our Troth: Living the Troth Kveldulf Gundarsson

Moisés e Abraão jamais existiram: Neils Peter Lemche;

The British Museum Book of the Rosetta Stone, C. ANDREWS;

Havamal em português, Clã Falkar;

An Introduction to the Germanic Tradition, Edred Thorsson;

Tanakh, a bíblia judaica;

Talmud, lei judaica;

Cabala Mística, Dion Fortune;

Alcorão;

Bíblia,

Dignitatis Humanae – I.C.A.R.

ESTADO LAICO NÃO É ESTADO ATEU E PAGÃO -

Ives Gandra da Silva Martins e Antonio Carlos Rodrigues do Amaral

Da República - Cícero

Crítica da Filosofia do Direito de Hegel- Karl Marx

O Anti Cristo – Nietzche

Assim falou Zaratustra – Nietzsche

Edda em Prosa - Snorri Sturluson;

Edda Poétic - Snorri Sturluson;

Hävamäl;

Dicionário Aurélio do Português;

Sagas Islandesas: A Saga dos Volsungos, Theo de Borba Moosburger;

Galdrabok, Edred Thorson;

O Talmud Desmascarado - Reverendo I. B. Pranaitis


68

Os Sete Sermões aos Mortos – Carl Gustav Jung

Sobre el paganismo - Alain de Benoist

Brasil Colônia de Banqueiros – Gustavo Barroso

Bibliografia Digital:

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http://visigothbr.blogspot.com.br/2011/01/as-nobres-nove-virtudescoragem.html

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http://www.musiclanguages.com/2011/10/sugestoes-de-leitura-verdadese.html

Celtismo, mulheres e a sociedade celta

http://www.historiadomundo.com.br/celta/sociedade-celta.htm

http://eduardoamarantesantos.blogspot.com.br/2012/08/o-papel-da-
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http://www.fcsh.unl.pt/media/reportagens/o-celtismo-e-as-suasrepercussoes-
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Helenismo Traidional

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Computador grego de 2000 anos

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Construtivismo

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Tradição Suméria

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Reverendo Moon

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http://mankindgreatshift.blogspot.com.br/p/rev-moon-foi-chamado-porjesus-
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Mohenjo Daro

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Bactra Margiana

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Bulling Religioso
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Islã ensina a bater em mulher

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