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Alguns poemas de Dirceu Villa

Dirceu Villa (1975, São Paulo) é autor de 4 livros publicados de


poesia, MCMXCVIII (1998), Descort (2003, prêmio
Nascente), Icterofagia (2008,
ProAC) , Transformador (antologia, 2014), de um
inédito, couraça (2017) e de uma plaquete inédita, speechless
tribes: três séries de poemas incompreensíveis (2018), a sair em
breve pela editora Corsário Satã. É tradutor de Um anarquista e
outros contos, de Joseph Conrad (2009), Lustra, de Ezra Pound
(2011) e Famosa na sua cabeça, de Mairéad Byrne (2015).
***

o inominável
nós fizemos um monstro com duas asas
de colunas dóricas, mas fizemos mais,
fizemos-lhe também um uniforme negro
dos nossos pesadelos, capacete e luvas,
nós o pusemos hierático nos quadros e
creio que o dissecamos em nossos filmes.
nós o compusemos em pedaços de coisas
em tempos diversos, nós o consagramos
com barba comandante e doçura feminina,
ou com crueldade feminina, macheza dócil.
nós o pusemos na escuridão dos cantos
esquecidos das nossas casas, sótão e porão,
entalamos sua cauda pontuda nas estantes,
nós lhe demos de comer comida gorda,
comida magra, nós o deixamos de jejum,
o revelamos em fotos do melhor contraste,
ou mal o discernimos fundido às sombras.
nós o amamos em sua invencível beleza
e o abominamos por sua inaceitável feiúra;
nós lhe demos um nome, mas subitamente
o medo de o dizermos nos paralisou e eis
que o conjuramos apenas e somente sem
o verbo, já perdido, entre a razão e o instinto.

§
homem velho à deriva
cadáver ou fantasma,
as costas se curvam em um arco,
o rosto cai no queixo em ondas de pele,
a boca, um ponto e pregas como um ânus
e os olhos se revolvem lentos
como os das tartarugas: também delas,
seu pescoço murcho e erodido, quieto.
o blusão bege se deforma
nas varas finas, frágeis do não-corpo;
ele pensa ou remói não mais o mundo,
mas a si mesmo: as mãos só ossos,
garras sem força, brancos esforços.
duros, pretos, seus sapatos.

§
arrector pili
puxam os músculos ao vosso animal
ele que ri agora do corpo caindo do
helicóptero do corpo varado de balas
na cabeça e mais do que o animal aqui
a sua cauda satânica do inimigo escuro
medieval se insere no material preênsil
dos vossos pés na voz da cabana das
ferramentas onde o anjo triste tortura
o anjo caído e onde o mesmo músculo
pede isolamento doença e insanidade
vos diz som e dor o mesmo músculo
vos faz rir ou retrair o mesmo músculo
do riso ou do ruído insuportável é aí
onde os caninos ainda sobressaem aí
onde a verdade empapada de sangue
jaz nas pessoas boas da cozinha nas
pessoas boas da poltrona nas pessoas
quietas do trabalho tolerado esse mesmo
músculo vosso prazer indizível de matar
brasil fascista, 2018

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