Biorremediação de solos contaminados por petróleo na região portuária de
Cabedelo-PB
1 Faculdade Internacional da Paraíba. João Pessoa, PB, Brasil.
² Professor Faculdade Internacional da Paraíba. João Pessoa, PB, Brasil.
INTRODUÇÃO
A importância do petróleo em nossa
sociedade é extensa e fundamental, o seu uso
comercial na era moderna teve início na
segunda metade do século XIX onde era
utilizado em alguns motores de caminhões e
tratores, só então nas quatro últimas décadas
do século XX passou a ser a maior fonte de
energia utilizadas pela humanidade, além disso
com o passar do tempo , foi se descobrindo que
sua matéria prima serve para outros tipos de
bens de consumo, é também um elemento de
influência nas relações geopolíticas
contemporâneas, desde quando se tornou a
matriz energética básica da sociedade
industrial e o elemento fundamental para o
funcionamento da economia moderna estima-
se que 31 % desta matriz é dependente desta
fonte de energia não renovável. (BARROS,
2007)
Fonseca, 2009 define a origem da palavra
petróleo vinda do latim petra (pedra) e oleum
(óleo), o petróleo no estado líquido é uma
substância oleosa, inflamável, menos densa que
a água, com cheiro característico e cor variando
entre negro e o castanho-claro.
O petróleo se apresenta em forma de gás,
óleo ou asfalto e tem sua composição de
basicamente carbono e hidrogênio, os
hidrocarbonetos são gerados através de
processos químicos e físicos (SOUZA, 2003).
Também é conhecido como o ouro negro
desde décadas atrás vem sendo utilizado em
diversos setores da economia mundial podendo
Jessé Crecêncio da Costa1
Janaina Meneses ²
ser caracterizado como a fonte de energia da
atualidade. Porém, este bem precioso não tem
sua produção distribuída de forma uniforme
entre os países consumidores, o que acarreta
em um transporte para os demais
consumidores. Estas operações são divididas
em duas etapas: a upstream que são as operações
de exploração e a produção do petróleo e a
downstream que são operações de refino.
O upstream é caracterizado como a
operação que envolve maiores riscos de
derrames acidentais, pois é nela onde é feita a
de transferência do óleo produzido nas
plataformas para os navios tanques e oleodutos
submersos até chegarem ao seu destino
(SEABRA, 2012)
A downstream é a operação onde são
realizados o seu refino e a distribuição dos
derivados necessárias para o fornecimento de
derivados aos consumidores finais, nesta parte
os derramamentos acontecem frequentemente
devido ao rompimento de dutos e tanques de
reservas, além dos navios tanques que também
são outra fonte geradoras de acidentes
(BURGER, 1997).
O petróleo traz em suas composições
contaminantes como enxofre e metais pesados,
desde o início de suas etapas. Os processos de
extração, transporte, refino, até o consumo,
com a produção de gases poluem a atmosfera. A
preocupação maior está voltada durante o
transporte de combustível, os vazamentos em
grande escala de oleodutos e navios petroleiros
podem ocasionar sérios danos ao meio
ambiente (THOMAS, 2004).
 O transporte é realizado através dos
navios tanques, oleodutos aquáticos e
terrestres, e navios petroleiros de grande e
médio porte, a grande preocupação são os
acidentes que podem ocorrer nas operações
como o vazamento de combustível causando
danos ao meio ambiente, em alguns casos os
derramamentos que ocorrem no mar são
referentes à lavagem de tanques de navios de
pequenas proporções, porem a quantidade de
navios utilizados para transporte é muito
grande e transitam em rotas principais
(BARAKAT, 1999).
Estima-se que cerca de 10% da poluição
global dos oceanos é causada pelos incidentes
durante o transporte marítimo, o que causa um
alto índice de poluição nos oceanos (MEYER;
2013)
Os impactos causados pelo
derramamento do petróleo não atingem apenas
os oceanos, mas a flora e toda a vida marinha.
Caso o derramamento de petróleo não seja
contido no mar pode chegar à costa com muita
rapidez provocando contaminação no solo e no
subsolo tornando mais difícil o processo de
descontaminação.
O solo corresponde à camada superficial
da crosta terrestre sendo muito importante
para o desenvolvimento da vida na terra, é
reconhecido como um recurso natural básico,
sendo um componente fundamental dos
ecossistemas e dos ciclos naturais, um
reservatório de água, um suporte essencial da
atividade agrícola e um espaço para as
atividades humanas. Este solo vem sofrendo
diversos impactos ambientais inerentes do
grande avanço industrial e tecnológico por
parte da produção e exploração de petróleo.
A contaminação vem ocorrendo desde os
períodos de 1754, apenas após a década de 60
que algumas precauções começaram a serem
tomadas, após perceberem que a contaminação
gera grande perda de qualidade, dificulta a sua
regeneração, em consequência da toxidez
desses processos biológicos catalisados pelos
microrganismos (FRANCO, 2004)
Existem diversas técnicas de tratamento
do solo contaminando por petróleo e seus
derivados, como a remediação química:
Processo de injeção de produtos químicos
reativos diretamente no local contaminado,
degradando de forma rápida os contaminantes
através de reações químicas (oxidação),
apresentando uma grande vantagem que é o
envolvimento de espécies químicas radicais
livres e altamente oxidantes, esses radicais são
capazes de destruírem ou hidrolisarem, em
curto período de tempo; Atenuação Natural:
que pode ser caracterizada por uma remediação
passiva de solo, pois envolve diversos processos
de origem natural como a biodegradação, a
volatilização, a dispersão, a diluição e a
adsorção, promovidos na subsuperfície. Uma
das grandes vantagens deste processo é que
mesmo sem a inclusão de nutrientes no solo ou
a adequação de qualquer condição ambiental a
redução do contaminante pode acontecer de
maneira eficiente e contínua; Extração de
Vapores: que é baseado nas aplicações de vácuo
em alguns pontos específicos do solo, com a
finalidade induzir o fluxo de ar e
posteriormente remover os contaminantes que
estiverem presentes no solo e na subsuperfície.
Uma desvantagem desse procedimento é que só
pode ser utilizada em zonas que estão abaixo
dos níveis freáticos onde os espaços entre as
partículas estão parcialmente preenchidos por
gases. (DEON, DEROSSI, et al., 2012)
Landfarming: esta técnica consiste na
degradação biológica de resíduos apenas da
camada superior do solo, que após o processo é
revolvida para que ocorra a aeração; Biopilhas:
realiza a construção de células ou pilhas de solo
contaminado, provocando a estimulação da
atividade microbiana aeróbica dentro da pilha
através do processo de aeração; Biorreatores:
sistemas fechados que oferecem o
monitoramento efetivo do processo e um maior
controle das variáveis e redução no tempo do
processo.(RIZZO, 2008)
A utilização do processo de
biorremediação para recuperação de solos
contaminados teve início em meados de 1988,
quando cientistas utilizaram microrganismos
para tratar o solo contra poluentes e lixos
tóxicos, a partir de então a técnica começou a
ser aprimorada para outras áreas de
contaminação (TORTORA, 2005,).
O procedimento é realizado através da
utilização de organismos vivos, bactérias ou
enzimas para diminuir ou remover os
contaminantes de determinado local.
2
 Berger, (2005) e Muteca (2012) relatam
que como todo processo para que se tenha total
aproveitamento e eficácia devem ser levados em
conta e analisados os fatores, temperatura,
presença de oxigênio, nutrientes, e PH que
serviram de condicionantes.
Pode-se considerar ainda como uma nova
tecnologia para tratar locais contaminados
mediante o uso de agentes biológicos capazes
de modificar ou decompor poluentes alvos com
uma maior rapidez e com um menor custo para
a remoção de poluentes (BENTO; CAMARGO;
OKEKE, 2003)
As técnicas de descontaminação de solos
são classificadas de acordo com o tratamento e
a fase utilizada, elas são divididas em int situ e
ex situ.
A técnica “in situ” além de demandar o
menor custo financeiro ocorre no local
contaminado sem a necessidade de remoção e
geralmente envolvem o aumento da atividade
microbiana, utilizando-se da adição dos
nutrientes além de requerer um bom controle
de condições geológicas para impedir que
ocorra a migração de poluentes para outros
locais (BOOPATHY 2000).
No tratamento “ex situ”, o material
contaminado é removido para outro lugar ou
alguma unidade de tratamento esta remoção
pode ocorrer de diversas formas, através de
bombeamentos caso ocorra na água, ou através
de escavações que é o mais comum, este
tratamento permitem uma abrangência maior
no que diz respeito ao controle e manuseio das
técnicas, porem torna-se um tratamento um
pouco agressivo no sentido paisagístico por ser
necessário a remoção de materiais do local
(FERNANDES et al., 1998; SEABRA, 2008).
A biorremediação de solos contaminados
tornou-se uma técnica bastante utilizada por
apresentar um resultado ecologicamente
correto e que não altera o equilíbrio dos
ecossistemas, visando um baixo custo de
operação e como também visando à
biodegradação dos compostos poluentes
(PRITCHARD Et Al., 1991; PRINCE, 1993).
Como qualquer outra tecnologia, tem
suas limitações e desvantagens onde alguns
produtos químicos como alguns compostos
clorados e metais, não são biodegradáveis, e
para outras categorias de compostos a
biodegradação pode levar à produção de
substâncias mais tóxicas ou com maior
biodisponibilidade que o contaminante
original, tornando o processo de
descontaminação inviável em sua aplicação no
meio ambiente poluído (BAKER; HERSON,
1994).
No entanto, oferece muitas vantagens
sobre as outras técnicas de remediação dentre
elas está a grande diminuição do custo de
transporte, tendo em vista que pode ser
realizado o processo dentro da própria área
contaminada e sem a interferência do fluxo
normal das atividades. (NANO; BORRONI,
2003)
O mercado de tecnologias ambiental
atualmente tornou-se bastante amplo, sendo
que uma atenção maior tem sido dispensada
aos tratamentos e remediações de solos e águas,
por serem um dos maiores benefícios existentes
na natureza. Verifica-se, pois, a geração de
resíduos sólidos é cada vez maior por conta do
crescimento acelerado da economia no planeta,
também pela existência de políticas ambientais
cada vez mais restritivas nos últimos anos,
onde diversas metodologias são
constantemente atualizadas, porem o mercado
mundial de aplicação de modelos de
biorremediação segue uma segue as diretrizes
de acordo com os órgãos ambientais referentes
ao país (FERNANDES, 1998).
Landfarming: esta técnica consiste na
degradação biológica de resíduos apenas da
camada superior do solo, que após o processo é
revolvida para que ocorra a aeração; Biopilhas:
realiza a construção de células ou pilhas de solo
contaminado, provocando a estimulação da
atividade microbiana aeróbica dentro da pilha
através do processo de aeração; Biorreatores:
sistemas fechados que oferecem o
monitoramento efetivo do processo e um maior
controle das variáveis e redução no tempo do
processo.
Diante do exposto, o presente estudo tem
como objetivo realizar uma avaliação na
existência do plano emergencial individual do
Porto de Cabedelo conforme a legislação
vigente, elaborar uma proposta de plano
referente as etapas de carga e descarga de
combustíveis, bem como a elaboração da
3
proposta de biorremediação em caso de
derrame acidental.
2. METODOLOGIA
2.1 Caracterização da área de estudo
O local utilizado para o presente estudo
foi o Porto de Cabedelo, o qual está localizado
no município de Cabedelo, no Estado da
Paraíba (Figura 1).
Figura 1: Identificação da área de estudo.
Fonte: Google Earth, 2017.
O porto de Cabedelo é administrado pela
DOCAS-PB (Companhia Docas da Paraíba) fica
localizado as margens do rio Paraíba, e próximo
da área urbana da cidade (Figura 2).
Figura 2: Apresentação da localização do porto de
Cabedelo.
Fonte: Google Earth, 2017.
Em 09 de julho de 1905 pelo Decreto nº
7.022/05 o porto teve seu projeto de construção
aprovado, inicialmente seria para a construção
de um cais com 400 metros, porem sua
consolidação ocorreu apenas em 05 de
agosto/1908. Por fim a sua inauguração foi
realizada em janeiro de 1935(COMPANHIA
DOCAS DA PARAIBA, 2017) O porto tem sua
área de influência os estados de Paraíba,
Pernambuco e Rio Grande do Norte, onde é
servido de acessos rodoviários (pela BR-230),
ferroviários (Malha Nordeste); fluvial (Rio
Paraíba) e marítimo (estuário Rio Paraíba do
Norte.
Conforme informação da administradora
DOCAS-PB, o porto realiza a movimentação e
armazenagem de diversificados tipos de grãos
tais como: milho, soja, malte, trigo, cevada, e
para isto dispõem de 02 silos com a capacidade
estática de 5.000 toneladas, e de mais 06 silos
recém construídos com capacidade para 30.000
toneladas de cevada. Existe também
armazenamento de combustíveis, tais como:
gasolina, etanol e biodiesel. Para este
armazenamento, o porto possui tanques onde
são arrendados para empresas de
armazenagem, onde são no total 4 empresas,
com tanques de capacidade total de 30.284 m3,
19.000 m3, 11.600 m3 e 75 m3.
4
 2.2 Etapas metodológicas
A presente pesquisa foi realizada como um
estudo de caso de avaliação de impactos das
atividades existentes no porto de Cabedelo-PB.
A primeira parte constituiu inicialmente por
uma visita in loco nas imediações do porto, para
a visualização dos procedimentos de atracagem
dos navios, a descarga e o armazenamento dos
combustíveis
Posteriormente foi realizado coleta de
dados por meio eletrônico na Sudema
(Superintendência de Administração do Meio
Ambiente), com o objetivo de identificar a
existência das licenças ambientais expedidas, e
se contemplavam o Plano emergencial
individual em caso de derramamento de
combustíveis.
Diante das informações coletadas
inicialmente, foi realizado uma avaliação
quanto ao que estabelece a Legislação sobre a
operação e transporte de mercadorias nos
portos, em especial ao manuseio de óleos
combustíveis, juntamente com a utilização do
Sistema de Gestão e Avaliação de Desempenho
Ambiental (SAGADA), que utiliza uma
planilha de classificação dos aspectos e
impactos ambientais causados dentro das
atividades (TISCOSKI e CAMPOS, 2012)
Desta forma, foi avaliado o plano
emergencial existente para o porto de Cabedelo
dando maior ênfase nas operações onde
envolvem as cargas e descargas de matérias
combustíveis, comparado com a legislação
CONAMA vigente, a resolução nº 293, de 12 de
dezembro de 2001, que dispõe sobre o conteúdo
mínimo do Plano de Emergência Individual
para incidentes de poluição por óleo originados
em portos organizados, instalações portuárias
ou terminais, dutos, plataformas, bem como
suas respectivas instalações de apoio, e a
orientação durante o processo de elaboração.
Além disso foi elaborado um plano emergencial
para o processo de carga e descarga de material
combustível, estabelecendo ações e
procedimentos.
RESULTADOS
A companhia Docas Paraibanas por ser
uma entidade que realiza operações portuárias
de carga e descarga de navios, armazenamento
de cargas graneis sólidos e líquidos tem como
seu órgão fiscalizador a título federal a ANTAQ
(Agencia Nacional De Transportes
Aquaviários) e a nível estadual a SUDEMA
(Superintendência do Meio Ambiente da
Paraíba).
Figura 3: Organograma da Divisão de meio ambiente
ANTAQ
Superitendência de
Desempenho Assetor
,Desenvolvimento e
Sustentabilidade SDS
Técnico
SDS
Gerência de Gerência de Meio
Estatística e Ambiente e
Sustentabilidade
Avaliação de
Desempenho GEA GMS
Gerência de
Desenvolvimento e
Estudos GDE
Fonte: ANTAQ, 2017 (Adaptação).
No ano de 2007 em cumprimento com o
cronograma a gerencia de meio ambiente e
sustentabilidade (GMS) foi designada a equipe
técnica para realizar uma vistoria afim de
verificar as conformidades ambientais e de
segurança no Porto de Cabedelo com validação
entre o período de setembro de 2005 a maio de
2007. Ao iniciar a fiscalização foi informado
que o porto não possui um Plano de Emergência
Individual especifico (PEI), conforme é exigido
pela resolução Conama nº 293/2001, porem
estando incluído dentro do Plano de Ação
Mutua (PAMCIC) que atende a toda a cidade
de cabedelo, dentro desse plano algum órgão
também tem sua participação, além do porto
estão incluídos a prefeitura da cidade, o corpo
de bombeiros e os demais moradores da região.
Ao final da vistoria foi emitido o relatório onde
as recomendações foram que a Companhia
dispensasse uma maior atenção em atender as
solicitações das condicionantes ambientais
exigidas pela SUDEMA.
5
Posteriormente no ano de 2009 ocorreu outra
vistoria pela ANTAQ onde novamente foi
constatado a falta do Plano Emergencial
Individual, porem foi identificado que
empresas terceirizadas as quais realizam
atividades dentro do porto e que são
participantes do PAMCIC (Petrobras, Tecab,
Tema, Esso) possuem seus planos atualizados e
implementados.
Existe ainda um centro de defesa
ambiental (CDA) de autoria da PETROBRAS
que fica localizado nas imediações do armazém
do porto, nesta unidade contem equipamentos
de proteção individual, absorventes químicos e
outros equipamentos de controle de acidentes
ambientais (ANTAQ 2010).
Em relação a Sudema, foram analisados os
processos e relatórios técnicos referente ao
licenciamento ambiental dos anos de 2010 a
2017
Tabela 1: Relatório de Licenças Ambientais
Nº Validade
Ano Processo Nº LO
Relatório (dias)
2010
2012 2012-004711 3418 5726 730
2016 2015-003308 9985 352 365
2017 2016-008859 3684 734 365
Fonte: Pesquisa Direta, 2017.
No ano de 2010 a SUDEMA emitiu o
parecer técnico referente a licença de operação
(nº falta anexar o nº) com a validade de 730
dias em favor da Companhia Docas informando
que em atendimento ao disposto da resolução
Conama nº 293/2001 foi apresentado o PEI,
elaborado segundo orientação técnica contida
na resolução vigente, porem em suas
condicionantes a principal exigência feita é a
obrigação da atualização do Plano Emergencial
do empreendimento.
Após o encerramento do prazo da licença
vigente foi solicitado um novo processo (n 2-12-
004711) onde foi concedido a licença de
operação 3418 com a validade de 730 dias onde
em suas condicionantes foram novamente
solicitadas a apresentação do PEI atualizado.
Em 2016 o parecer técnico emitido constava
que o Plano de emergência individual do porto
organizado de Cabedelo não atendia os
requisitos legais previstos na legislação
especifica, porem por fazer parte do PAMCIC,
além da existência em sua área interna do
Centro de Respostas a Emergência que é de
Responsabilidade da Transpetro onde contem
equipamentos e produtos necessários para o
combate de derramamento de óleo ao mar foi
recomendado a emissão da presente licença
ambiental com um prazo de 365 dias
(SUDEMA,2016) fazendo necessário que o
empreendedor cumprisse com as
condicionantes postas na licença, onde teria
um prazo de 180 dias para apresentar o PEI
atualizado e em conformidade.
Pelas pesquisas realizadas não é possível
identificar se ocorreu a entrega dos
documentos solicitados no prazo adequado
apenas uma nova solicitação para uma nova
licença de Operação no ano de 2017 a LO-3684
onde nos autos foi constado que em
atendimento a solicitações anteriores a
Companhia Docas realizou uma auditoria
ambiental em suas instalações e apresentou um
RAA (relatório de auditoria ambiental) onde
continha 19 não-conformidades, dentre elas
está estaria o PEI, que posteriormente foi
elaborado e apresentado contendo, prováveis
cenários acidentais, procedimentos respostas
envolvendo autoridades competentes,
conforme os parâmetros exigidos pela
resolução CONAMA Nº398, de 11 de julho de
2008, deste forma ficou concedido a licença por
um prazo de 365 dias a contar de 21 de março
de 2017 e condicionado novamente a
atualização do plano emergencial e a
apresentação em um prazo de 90 dias o plano
para análise e aprovação das não conformidades
encontradas na auditoria Ambiental realizada
Proposta do plano emergencial
O porto de cabedelo é um terminal de uso
diversificado onde realiza operações de
transporte de graneis líquidos, sólidos,
estocagem de combustíveis e derivados nas
suas proximidades, onde são armazenados por
empresas terceirizadas devidamente
credenciadas nas autoridades portuárias, onde
6
cada empresa tem os seus procedimentos
específicos em casos de acidentes. Por realizar
este tipo de serviço o porto pode ser vítima de
acidentes que iram conduzir o derramamento
de combustíveis e seus derivados nos corpos
d’água e no solo como o ocorrido no ano de
2008 onde ocorreu um vazamento no berço
101(exclusivo para descarga de combustíveis)
em uma área de aproximadamente 45m x 40m
tendo sido detectado um aquífero livre com
profundidades de 1,4 e 1,80m com o seu fluxo
em direção ao mar, a responsabilidade nesta
época era da empresa Transpetro a qual
realizava a operação de descarregamento no
momento do acidente, de imediato foi dado
início ao processo de remediação da área com a
retirada do óleo para posteriormente depois do
tratamento ser remanejado ao mar
,posteriormente sofreu multa por parte do
IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis) e em atendimento a legislação
vigente a Transpetro apresenta anualmente o
relatório de evolução da operação do sistema de
remediação no cais de cabedelo
(SUDEMA,2017)
Diante do acidente ocorrido e da não
apresentação para a pesquisa bibliográfica, foi
elaborado um plano emergencial individual
referente a etapa de carregamento e
descarregamento de combustíveis, contendo
cenários acidentais, procedimentos de
respostas com o envolvimento de autoridades
competentes.
Após terem todas as documentações checadas
pelas autoridades portuárias, as embarcações
são encaminhadas ao berço 101 que é exclusivo
para a movimentação de combustíveis, onde o
combustível é bombeado por meio de linhas de
segregação flexíveis que permitem absorver o
movimento das embarcações junto a
plataforma com braço de movimentação e
mangotes e vice-versa, este material vai
diretamente para os tanques das empresas
terceirizadas presentes no porto (Petrobras,
Transpetro, Raizen e Tecab).
Para que não ocorra incidência de vazamento é
necessário que se toma algumas medidas de
segurança antes da realização da transferência
de combustível, como a obrigatoriedade de
instalação das barreiras de contenção de óleo
em todo o entorno da embarcação para que se
ocorra algum tipo de vazamento de imediato
seja contido ou a utilização de uma segunda
embarcação de maneira dedicada (exclusiva
para a operação) onde teria uma maior
quantidade de barreiras de contenção
juntamente com pessoas qualificadas para
atender qual quer necessidade em caso de
derramamento. Situações como estas devem
estar contidas no plano emergencial como
hipóteses acidentais, onde ficará definido as
ações que serão tomadas, abaixo estão
exemplificadas algumas hipóteses e
procedimentos para o porto de cabedelo-PB.
Hipótese I: Falha no processo de transferência
de combustíveis para os tanques de
armazenamento, pode ocorrer em virtude de
alguma ruptura ou má condições dos mangotes
de transferência por onde o combustível irá
passar, causando derramamento de óleo no
mar.
Procedimento I: Caso ocorra derrame de
liquido, de imediato deve ser interrompido o
recebimento do óleo e realizar a contenção por
meio das barreiras flutuantes (boias) cercando
toda a mancha.
Hipótese II: Falha no procedimento
abastecimento de óleo das embarcações, ocorro
quando as embarcações estão sendo
abastecidas através dos dutos ou mangotes de
transferência que estão acoplados em
caminhões do tipo tanque, neste caso a atenção
deve ser redobrada pois os caminhões tanques
ficam muito próximos do cais do porto, em caso
ocorra algum vazamento o combustível entrará
de imediato em contato com a água do mar.
Procedimento II: Após detectado a falha, deve
de imediato ser interrompido a operação, lançar
as boias para conter o derramamento.
Hipótese III: Colisão entre embarcações
ou no Cais do porto.
A aproximação das embarcações nos portos é
feita por meio de Rebocadores, onde durante a
manobra pode ocorrer alguma colisão
promovendo avarias na estrutura dos tanques
que possam ocasionar o derramamento de óleo
na água;
Procedimento III: Realizar o isolamento da
área e identificar qual tanque foi avariado;
transferir de imediato o óleo para outro tanque
7
e realizar a contenção do óleo através das
barreiras flutuantes.
Hipótese IV: Incêndio nas embarcações em
virtude de panes elétricas e mecânicas.
Poderá ocorrer vazamento de óleo combustível
proveniente de motores e maquinas contidas no
interior das embarcações após algum curto
circuito.
Procedimento IV: identificar e isolar a área;
realizar o fechamento de todas as comportas do
navio para evitar que o óleo derramado caia
sobre o mar e aplicar absorvente sobre o óleo.
Hipótese V: Encalhamento ou afundamento
das embarcações podem ocorrer quando não
são respeitadas as normas de segurança em
operações portuárias por parte da tripulação ou
rebocador, podendo ainda ser ocasionado por
panes elétricas ou algumas situações
climáticas, segundo o decreto 265/72 define que
toda e qual quer embarcação afundada ou
encalhada na área de jurisdição marítima que
venha a causar danos ou prejuízo a navegação,
devem ser removidas pelos seus proprietários
ou responsável de imediato
Procedimento V: Isolar a área onde ocorreu o
fato; cercar toda a embarcação por meio de
boias de contenção e se possível realizar a
transferência do liquido para outra embarcação
de imediato.
Hipótese VI: Acidentes em retro-área, existe
uma estrutura onde é possível a movimentação
de graneis líquidos nas instalações da Tecab e
Transpetro, em alguns momentos as cargas
podem ser recebidas nestas instalações ou
serem movimentadas internamente por
caminhões do tipo tanque este momento é
possível que ocorra vazamento de líquido
Procedimento VI: De imediato interromper a
atividade; fechar todas as comportas dos
tanques; isolar a área; aplicar absorvente sobre
o óleo para que não escorra pelo perímetro do
porto.
Hipótese VII: Acidente com as embarcações de
apoio ou rebocadores.
Os rebocadores são embarcações de menor
porte que auxiliam na entrada e saída dos
navios ao cais, pode ocorrer derrames
acidentais decorrente de avarias estruturais nos
tanques de combustíveis durante a realização
das manobras de atracagem.
Procedimento VII: Interromper as manobras
de atracagem de imediato; providencia outra
embarcação para continuar o processo e lançar
as boias de contenção para evitar que o óleo se
espalhe no mar.
Hipótese VIII: Transbordo de tambores com
óleo lubrificantes.
O porto de cabedelo por apresentar uma escala
de navios de médio e grande curso que por
muitas vezes necessitam ficar atracados
realizando carregamento e descarregamento
durante alguns dias, é normal o fornecimento
de suprimentos (óleos lubrificantes) para o
navio. Este fornecimento é realizado pelos
guindastes contidos nos próprios navios
Procedimento VIII: A operação deve ser
interrompida de imediato; isolar a área e
desligar as fontes possíveis de ignição; conter o
óleo derramado por meio de absorvedores;
verificar se outros tambores apresentam avarias
e retirar do local.
Hipótese IX: Rompimento dos tanques de
armazenagem
Os tanques de armazenagem são propícios a
ocorrência de acidentes com eventual ruptura,
todos os tanques possuem suas bacias de
contenção instaladas em todo o seu entorno,
porem em decorrência da grande quantidade de
combustível que existir dentro do tanque, pode
ocorrer o vazamento de liquido no solo e
posteriormente podendo atingir a área
marítima.
Procedimento IX: Interromper a operação;
verificar se existe fontes de ignições próximas;
fechar todas as válvulas responsáveis pela
liberação de óleo; transferir o produto para um
tanque seguro e iniciar a retirada do produto
derramado na bacia de contenção.
Hipótese X: Queda de equipamentos ou cargas
ao mar;
Equipamentos do tipo guindastes e
empilhadeiras que são responsáveis por
transportar ou guinchar materiais podem
proporcionar pequenos vazamentos de óleo nas
águas proveniente de alguma pane mecânica,
ou por rompimento de seus cabos de suspensão
ou de amarração ocasionando a queda dos
tambores ao mar.
Procedimento X: realizar o isolamento da área
afetada; cercar a mancha de óleo para que não
8
se prolongue ao longo do mar; aplicar os
solventes e as boias de contenção.
Hipótese XI: Mancha órfã
São manchas de óleo que proveniente de
pequenos vazamentos sejam eles de
embarcações de grande porte (navios) ou de
pequeno porte (lanchas) e que não se tem a sua
fonte identificada, é de inteira responsabilidade
a contensão desde material nas áreas limites do
porto de cabedelo.
Procedimento XI: Não existe formas de
interrupção para este processo pois o óleo já se
encontra em contato com o mar, o que pode ser
feito é avaliar as condições do vento e da chuva
e dá início ao combate de poluição do óleo,
através das boias de contenção;
Outra forma de auxilio nos procedimentos
resposta é a comunicação de qual quer
anormalidade através de números de
emergência ou canais de rádio amadores que
ficaram expostos em locais de fácil
visualização, onde o responsável pelo PEI será
informado e de imediato deverá comparecer ao
local para averiguar a necessidade do
acionamento ou não do plano. Na necessidade
de uma melhor utilização dos recursos
existentes no plano, as situações de
emergências foram definidas em níveis.
Figura 4: Níveis Emergenciais
NÍVEL I
• Emergências que são contidas com
recursos locais do próprio porto.
NÍVEL II
• Emergência que extrapolam a
capacidade de atendimento do Porto de
Cabedelo, necessitando do auxílio de
entidades externas como o Corpo de
Bombeiros,Defesa Civil e demais
terminais existentes no Porto .
NÍVEL III
• Emergência que extrapolam a
capacidade de atendimento do Porto de
Cabedelo, necessitando de apoio do
Corpo de Bombeiros,Defesa
Civil,Capitania dos Portos, e o auxilio do
IBAMA e terminais privados, realizando
assim o acionamento o Plano de Ajuda
Mútua para a cidade de Cabedelo -
PAMIC
Fonte: Pesquisa Direta, 2017.

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