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Diga-me com quem andas e te direi como vês

Bem aos poucos, por linhas tortas e com andar de bêbado, o novo governo vai dando as
caras e mostrando a que veio. Não é por falta de desafios e expectativas que a tropa de
choque vem dando um passo pra frente e dois pra trás, parece que falta mesmo é
convicção e know how para chegar com autoridade e botar “ordem na casa”. Também,
sejamos justos, algumas emergências, como a da barragem no córrego do Feijão,
complicaram os planos para aqueles que vieram para resolver “tudo-isso-daí”. Mas
agora, ao que tudo indica, já botaram o trem no trilho e só querem ir avante.
Para se ter uma idéia, o ministro do meio ambiente vem insistindo numa ideia pouco
convencional: a de que o Brasil tem excesso de regulação ambiental, o que facilita (!!!)
a ocorrência de tragédias como a da Vale. O raciocínio supõe que, conforme discurso
defendido com veemência no Canal Livre de ontem, em países “continentais” como o
Brasil a fiscalização ocorre de forma muito limitada, sempre com déficits de recursos
humanos. Portanto, a solução para tornar mais efetiva a fiscalização no geral é a
presunção de que os negócios de “baixo impacto” ambiental podem ficar de fora de
qualquer fiscalização estatal. Ao estilo do polêmico, e quase inócuo, decreto que
supostamente revoga o estatuto do desarmamento – no qual quaisquer declarações de
efetiva necessidade passam a ser presumidas como verdadeiras.
Hoje também, parece que o Ministro da Justiça retoma com tudo a campanha para tentar
ressuscitar o pacote anticorrupção, que o Ministério Público Federal levou ao Congresso
em 2016 – tendo a Câmara feito de tudo para mutilar (e o Senado para sepultar). Em
encontro com secretários de estado, e com o presidente da Cãmara, Moro vem
cumprindo a ingrata missão de convencer que a corrupção não tem lugar nesse governo.
Cabe aqui um destaque positivo, com respeito à cobertura da imprensa: a minuta do
pacote estava disponível na integra e foi encontrada com facilidade. Contudo, como
nem tudo são flores nesse jardim, é necessário destacar que o documento oficial devia
ter uma apresentação mais caprichada, já que seu objetivo (até o momento) é
pedagógico e de construção de consensos.
De qualquer forma, para me ater à crítica sobre o perfil do governo, cabe ponderar duas
coisas. Primeiro chama atenção a presunção daqueles que seguem o Messias, tendo em
vista que a minuta apresenta o título alucinado de “lei Anticrime”. Afinal, não seria todo
crime uma afronta (justamente) àquilo que se chama de “lei”? Ademais, a “lei” não é
aquilo que tipifica o que uma sociedade entende como “crime”? Sendo assim, parece
que as leis nunca acabaram com crimes na história da humanidade, apenas deram a eles
visibilidade e promoveram as condições concretas (morais, sociais, econômicas e
políticas) para combatê-los. Um segundo ponto que merece análise detida, e esse diz
muito sobre a perspectiva desse governo, refere-se a quais seriam então aqueles crimes
com maior potencial de danos à sociedade e quais as formas mais eficientes para
combatê-los. À primeira vista, a minuta enfatiza muito a prisão (até em segunda
instância), a execução da pena (inclusive sem progressão de regime para muitos casos) e
a supressão de direitos daqueles que incorrem em crimes. Outra ênfase recai sobre os
chamados crimes do colarinho branco, com base até mesmo na criminalização de caixa
2 eleitoral. Por todos esses aspectos, fico com a nítida sensação de que o governo tem
muito mais interesse em administrar remédios do que em prevenir as doenças.
Pra concluir a reflexão da semana, em terreno muito mais familiar pra mim, não poderia
deixar de comentar as propostas ventiladas nessa semana sobre a obrigatoriedade de
escolarização das crianças. O debate é muito antigo, tanto no Brasil quanto no mundo,
mas o que nunca se pode perder de vista é que em cada local e em cada tempo ele ganha
contornos únicos. No que se refere ao Brasil de hoje, a proposta de realizar uma
regulamentação mais “definitiva” para a matéria é exemplo clássico da maneira como
esse governo concebe o problema histórico que relaciona os meios e os fins da educação
nacional. Aliás, nem mesmo como educacional ou pedagógica parece que a questão é
tratada, tendo em vista que será capitaneada pela ministra da mulher e da família.
Obviamente, não sou eu (nem mesmo um presidente da república) quem tem autoridade
para definir como se pode ou não fazer educação de crianças – apenas a sociedade em
geral tem legitimidade para definir essa dinâmica vital. Também, não preciso fazer
extenso texto para tratar todas as dimensões que esse problema atinge, existe material de
exímios pesquisadores que dão conta do recado. O que me compete aqui é propor uma
reflexão como as duas acima, com ênfase no perfil do governo.
Parece que, da mesma maneira que na presunção da veracidade da declaração pessoal de
efetiva necessidade (armas) ou na declaração de adequação das empresas agrícolas
(meio ambiente), o governo pretende garantir que a redução de “burocracia” agiliza e
otimiza os recursos disponíveis. Só não dá pra entender como isso tudo combina com a
“lei Anticrime”, que vem defendo mais cerceamento e mais punição (até mesmo para
uso de armas).
Outra situação que salta aos olhos, e “o ensino em casa” não poderia fugir ao script,
relaciona-se ao vai-e-vem do Planalto. Quase ao mesmo tempo em que saem notas
oficiais a respeito de medida provisória (que já estaria no forno da Casa Civil), um
secretário em evento representando o Ministro da Educação garante que a matrícula e o
envio à escola formal continuam obrigação das famílias. E vão além nas contradições,
observando que o ensino em casa passa a ser matéria da família e da mulher, e que o
MEC confirmou apenas como prioridade dos primeiros 100 dias as questões relativas à
alfabetização, o anúncio da criação de uma secretaria específica no MEC e a nomeação
da titular no cargo, trazem indícios de que se os dois secretários sentarem na mesma
mesa de negociações devem sair muito contrariados do papo.

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