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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS


CURSO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

EVELINE CESCA

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E TERCEIRO SETOR

CURITIBA
2007
2

EVELINE CESCA

RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL E TERCEIRO SETOR

Monografia apresentada à disciplina de


Pesquisa em Comunicação - Produção de
Monografia como requisito parcial à conclusão
do curso de Comunicação Social – Habilitação
em Publicidade e Propaganda, setor de
Ciências Jurídicas e Sociais da Pontifícia
Universidade Católica do Paraná.
Orientador (a): Prof. Queila Regina Souza

CURITIBA
2007
3

Dedico este trabalho aos meus pais em agradecimento por todo


esforço, luta e oração que proporcionou o meu êxito na conclusão
deste curso superior.
4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha família, aos empresários e funcionários que se disponibilizaram


para a realização da pesquisa.
E agradeço especialmente a minha orientadora Queila Regina pela paciência e
compreensão das dificuldades enfrentadas no período de desenvolvimento deste trabalho
acadêmico.
5

Faça melhor aquilo que você já faz bem – se essa for a coisa
certa.
Peter F. Drucker
6

RESUMO

Este estudo monográfico tem como tema geral a relação entre a Responsabilidade Social
Empresarial e o terceiro setor. Para realizar essa pesquisa, foi apresentado inicialmente um
contexto geral sobre a origem da Responsabilidade Social Empresarial, suas funções e
benefícios para a empresa e para a sociedade. Esses conceitos foram baseados principalmente
nos autores: Francisco Paulo de Melo Neto, César Froes; Gleuso Damasceno Duarte, Jose
Maria Martins Dias; Elisabete Regina de Lima Borba, Lenyr Rodrigues Borsa, Roldite
Andreatta e Instituto Ethos. A seguir realizou-se o estudo bibliográfico da origem do Terceiro
Setor, seus conceitos e os desafios para a captação de recursos para as instituições que o
compõem. Os autores utilizados nessa etapa foram Mike Hudson, Peter F. Drucker, Carlos
Montano, Daniel Q. Kelley. Para concluir o trabalho foi realizada uma pesquisa qualitativa em
forma de entrevista em profundidade com empresários potenciais doadores para identificar o
grau de conhecimento a respeito dos assuntos acima citados e as potencias motivações para
fazer doações a organizações que apóiam portadores do vírus HIV. Conclui-se que empresas
de pequeno porte não possuem um esclarecimento suficiente a respeito da aplicabilidade das
práticas de Responsabilidade Social Empresarial, contrapondo com as empresas de grande
porte que possuem setores qualificados, voltados para a responsabilidade social.
Em ambos os casos, não percebeu-se qualquer resistência ao apoio a organizações que
assistem portadores do vírus HIV.

Palavras-chave: responsabilidade social, terceiro setor, captação de recursos.


7

ABSTRACT

This monograph study has as a general theme the relation between a Social
Responsibility of Private Companies and the tertiary sector. To do this research project it was
presented initially a general context about an origin of Social Responsibility of Private
Companies, its functions and benefits to the company and for all society. This concepts were
based especially on the authors: Francisco Paulo de Melo Neto, César Froes; Gleuso
Damasceno Duarte, Jose Maria Martins Dias; Elisabete Regina de Lima Borba, Lenyr
Rodrigues Borsa, Roldite Andreatta and Ethos Institute. Following this, a bibliographic study
was made about the origin of the Tertiary Sector, its concepts and the challenges to obtain
resources for the institutions that compose it. The authors used in this stage were Mike
Hudson, Peter F. Drucker, Carlos Montano, and Daniel Q. Kelley. To conclude this research
project a inquiry was made, this time based in quality, and it was made by interviewing
potential donor entrepreneurs to identify the degree ok knowledge about the topics
mentioned above and the potential motivation to donate for institutes that support HIV carrier,
although it seems that small - scale enterprise do not have enough elucidation about the
applicability of Social Responsibility of Private Companies practices, in contrast with large-
scale enterprise, that have qualified sectors and well tried for the social responsibility.

Key-Words: social responsibility, tertiary sector, resources capture.


8

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 1: AS DIFERENÇAS ENTRE FILANTROPIA E RESPONSABILIDADE


SOCIAL...............................................................................................................................14
QUADRO 2: CARACTERISITCAS DE RESPONSABILIDADE INTERNA E EXTERNA
.............................................................................................................................................15
QUADRO 3: FATOS QUE DERAM PRINCÍPIO À RESPONSABILIDADE SOCIAL. 16
QUADRO 4: 29 CRITÉRIOS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL..19
QUADRO 5: DEFINIÇÕES DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR................26
FIGURA 1: MODELO PROPOSTO DE PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO PARA
ORGANIZAÇÕES SEM FINS LUCRATIVOS.................................................................32
9

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................................10
1 Responsabilidade Social.................................................................................................12
1.1 Conceitos de Responsabilidade Social Empresarial.................................................12
1.2 Breve Histórico de RSE no Mundo e no Brasil.........................................................16
1.3 Práticas de RSE e seus Benefícios para a Empresa..................................................21
2 Terceiro Setor..................................................................................................................24
2.1 Organizações do Terceiro Setor..................................................................................24
2.2 Breve Histórico do Terceiro Setor..............................................................................26
2.3 Captação de Recursos no Terceiro Setor...................................................................28
3 ENTREVISTA COM EMPRESÁRIOS........................................................................34
3.1 Delineamento da Pesquisa...........................................................................................34
3.2 Entrevista 1...................................................................................................................35
3.3 Entrevista 2...................................................................................................................37
3.4 Entrevista 3...................................................................................................................39
3.5 Comparação da Entrevistas........................................................................................42
3.6 Considerações Finais...................................................................................................43
CONCLUSÃO....................................................................................................................45
REFERÊNCIAS.................................................................................................................47
APÊNDICES......................................................................................................................51
APÊNDICE A.....................................................................................................................52
APÊNDICE B.....................................................................................................................55
APÊNDICE C....................................................................................................................59
APÊNDICE D....................................................................................................................64
10

INTRODUÇÃO

O surgimento do Terceiro Setor no Brasil ocorreu por volta dos anos 70 e 80 após crise
nas áreas política, econômica, social e moral. A sociedade civil, movida pelo sentimento de
revolta, principalmente devido ao regime ditatorial vigente, rejeitava veemente o
“assistencialismo”, a “caridade” do Estado, passando a agir mais ativamente através de
movimentos sociais, associações civis e ONGS e reivindicando os direitos humanos diante do
Estado que se mostrava ineficiente para suprir todas suas necessidades. Segundo vários
autores, até hoje, o Estado se mostra incapaz de atender plenamente às necessidades sociais. O
patrimônio estatal está obsoleto, a estrutura e os mecanismos são precários e se mostram
ineficientes. E o terceiro setor, ao longo do tempo, se mostrou necessário já que o Estado não
dá conta de todas as suas obrigações sociais.
Ao mesmo tempo, as instituições do Terceiro Setor necessitam contar com o apoio de
ações voluntárias, por parte da sociedade, de forma a obter recursos humanos e financeiros
suficientes para aplicar seus programas sociais. E uma das formas para que as intuições
possam planejar e manter suas atividades é recorrer a empresas privadas no âmbito da
Responsabilidade Social Empresarial.
Ao mesmo tempo, hoje, as empresas privadas, além de se voltarem para a obtenção de
lucros, obedecer a leis, serem politicamente corretas com seus funcionários e demais
stakeholders devem preencher um quesito extremamente importante no século XXI: se
preocupar com os problemas sociais da comunidade em que se inserem, praticando ações de
cunho social.
Dentro do Terceiro Setor a Responsabilidade Social Empresarial pode aplicar-se nas
áreas da cultura, educação, integração social, saúde, entre outras. Segundo a Associação dos
Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB), a V Pesquisa Nacional sobre
Responsabilidade Social nas Empresas, realizada em 2004, revelou que o segmento de
educação é o mais escolhido para investimentos sociais pelas empresas brasileiras, enquanto o
meio ambiente, cultura, saúde e qualificação vieram em seguida. (ADVB, 2004)
A saúde vem em quarto lugar na preferência para ações sociais empresariais. Como
exemplo prático de uma situação agravada por esta ordem de preferência em investimentos
sócias, é o caso do Hospital Oswaldo Cruz, localizado em Curitiba, A administração do
11

Hospital afirma que é constante a escassez de recursos, insuficientes para que possa oferecer
serviços que supram as necessidades dos pacientes portadores do vírus HIV.
Partindo dessa premissa, este trabalho no primeiro capítulo, tentará esclarecer aspectos
referentes à Responsabilidade Social Empresarial, seus conceitos, um breve histórico no
Brasil e os benefícios para empresa quando este modo de gestão é promovido pela mesma.
No segundo capítulo será abordado o tema Terceiro Setor, suas definições, um breve
histórico no Brasil e as principais formas de captação de recursos neste setor.
No terceiro capítulo será exposta uma pesquisa realizada com empresários curitibanos,
para possibilitar um breve esclarecimento dos motivos que os levariam a doar ou impediria a
doação para um Hospital que presta assistência para portadores da doença da AIDS.
Lembrando que este tipo de doença, em geral, produz preconceito social, devido às formas
mais comuns de infecções, relativos a um comportamento considerado imoral pela sociedade,
como por exemplo, a prostituição, o uso de drogas e a homossexualidade. A linha de pesquisa
adotada por este trabalho será Comunicação, Educação e Cultura e para atingir os objetivos
propostos, serão utilizados métodos de levantamento bibliográfico e entrevista.
O tema deste trabalho monográfico foi escolhido porque o resultado poderá contribuir
para o desenvolvimento de campanhas publicitárias para arrecadação de recursos para
intuições que prestam assistência a portadores do HIV. Visa demonstrar a importância do
envolvimento das empresas na busca para um desenvolvimento sustentável e entender o que
abrange o Terceiro Setor, alem de levar à compreensão maior em relação ao desenvolvimento
deste recente setor.
12

1 RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL

1.1 Conceitos de Responsabilidade Social Empresarial

Segundo Grajew (apud MELO NETO; FROES, 2001), a princípio responsabilidade


social se limitava a ações filantrópicas. Era a prática de doações para associações que
atendiam causas sociais e não havia envolvimento profundo por parte da empresa com o
problema social ou com a própria associação.
No conceito tradicional, a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é definida por
leis e normas gerais da sociedade, e por leis definidas pelo Estado.De acordo com Duarte;
Dias (1986) essas leis de ordem judicial sendo cumpridas pelas empresas às tornavam
responsáveis socialmente.
Recentemente, a possibilidade de escassez dos recursos naturais do planeta, devido ao
grande consumo global e à falta de políticas que limitem a extração exacerbada destes
recursos, trouxe a necessidade de aplicar ações públicas e privadas para um crescimento
sustentável: “o adjetivo sustentável traz ao conceito de desenvolvimento um gigantesco
desafio: conciliar eficiência econômica, eqüidade social e equilíbrio ecológico” (ETHOS,
2006, p. 08). As situações-limites que o planeta se encontra requerem que se definam práticas
que revertam as conseqüências do capitalismo focado apenas no lucro, vigente até então, e
transforme o comportamento focado exclusivamente no consumo em um comportamento
mais humano e comunitário.
Brandt (2004) expõe que o mundo na era da globalização, caracterizado por políticas
advindas do capitalismo neoliberal - o que causa a perda do poder estatal na área econômica e
a perceptível inaptidão do Estado para solucionar as carências sociais, fica visível a
reformulação do papel do Estado, das empresas e da sociedade. Uma nova cultura de fatores
responsáveis pelos problemas sociais se percebe neste novo século, onde as empresas e a
própria sociedade passam a ser agentes transformadores da realidade, para atenuar e suprir as
carências sociais. A definição de práticas voltadas para o bem-estar social passa a ser papel
conjunto do Estado, empresas e da própria sociedade. E a conscientização dos empresários de
que seu público não é apenas formado por aqueles que compram seus produtos e ao mesmo
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tempo da sociedade em perceber que cidadania vai além de atitudes individualistas eticamente
corretas, abre possibilidades de encontrar soluções para questões sociais crônicas que assolam
países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
De acordo com o Instituto Ethos (2006), estudos sobre desenvolvimento sustentável,
iniciados a partir da década de 70, verificam que a humanidade precisa urgentemente de
medidas concretas para elevar o nível de consumo de países pobres, mas simultaneamente
diminuir a exploração total sobre os recursos do planeta, o que requer “... mudanças nos
padrões de produção e de consumo dos países ricos...” (ETHOS 2006, p. 08). Faz-se
necessário o engajamento das empresas, da sociedade e dos Estados para resolver os
problemas ecológicos e sociais eminentes em países subdesenvolvidos e em países em
desenvolvimento.
Para Melo Neto; Froes (2001) a empresa privada utiliza recursos humanos, naturais e
tecnológicos da sociedade onde se insere e vigora em função do Estado, que oferece um
ambiente legítimo para a sua existência. Todas essas variáveis fazem parte do patrimônio
social, diretamente ou indiretamente. A RSE é uma forma de prestação de contas dos recursos
utilizados, não apenas restituindo-os através de produtos ou serviços, mas com ações sociais
voltadas para resolver os problemas da comunidade, da qual necessitou para se viabilizar.
Portanto, sob esse ponto de vista, o desenvolvimento da empresa está diretamente ligado ao
desenvolvimento sustentável da sociedade.
O exercício da RSE torna-se indispensável para que os recursos do planeta ainda
disponíveis e as necessidades da sociedade não entrem em conflito. Segundo o Instituto Ethos
(2006, p. 8), a Responsabilidade Social é:

Forma de gestão que se define pela relação ética, transparente e solidária da empresa
com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas
empresariais compatíveis com o desenvolvimento sustentável da sociedade,
preservando recursos ambientais e culturais para gerações futuras, respeitando a
diversidade e promovendo a redução das desigualdades.

Para Borba; Borsa; Andreatta (2002), a RSE é fundamentada na ética, recorrendo aos
princípios e valores que a própria empresa cria.
Segundo Rabaça (2001 apud MUELLER, 2003, p. 1), a RSE deve ser um conjunto de
premissas que abrange aspectos da realidade sendo mais amplo que doações diretas às
instituições de cunho social:

Uma empresa socialmente responsável é aquela que tem em conta os problemas


sociais existentes no país em que opera; que entende que a incorporação de
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populações relegadas ou excluídas do mercado é necessária para o próprio


desenvolvimento empresarial; que assume os desafios do desenvolvimento,
treinando e melhorando a capacidade de seu corpo gerencial; que contribui para criar
um marco institucional democrático, transparente e confiável; que cria práticas que
reflitam as preocupações e os valores da empresa em todos os níveis hierárquicos;
que promove a conservação dos recursos naturais e que estimula a participação dos
níveis executivos e gerenciais na vida da comunidade; que respeita e preserva a boa
relação com os consumidores, fornecedores e clientes de modo geral; que atenta
para a prática de princípios e valores nos negócios.

O Instituto Ethos (2006) acredita que se caminha a passos largos para o cumprimento
de um desenvolvimento sustentável, devido a crescente consciência de RSE, porém ainda
necessita do comprometimento de todo o mercado e estudos para que os níveis de ações
necessárias, local e global, possam ser assimiladas simultaneamente,ou seja, “há que criar
soluções que transformem realidades locais e tenham potencial de replicação” (ETHOS 2006,
p. 09) e que ações aplicadas globalmente sejam capazes de ser incorporadas por as ações
locais. Em geral, os interesses e propósitos dos países subdesenvolvidos e os em
desenvolvimento são voltados exclusivamente para si, fato que traz conflitos para ações
sociais de empresas multinacionais.
Para Melo Neto; Froes (2001), atualmente tem-se a terminologia “empresa-cidadã” no
meio empresarial. O estudo para a definição deste termo é impulsionado por vários fatores
como: pressões da comunidade por um comportamento moral e ético com as atividades
empresarias, os problemas sociais que se agravam e a incapacidade do Estado em suprir as
carências sociais. Este conceito traz consigo todo o ambiente interno e externo que norteia a
existência de uma corporação. O investimento no bem-estar dos funcionários, ambiente de
trabalho saudável, satisfação do consumidor, transparência na comunicação, capacidade de
cooperação entre acionistas e parceiros, o apoio para o desenvolvimento da comunidade na
qual a empresa se insere, englobam o conceito de responsabilidade social. Os mesmo autores
(2001), afirmam que a RSE de filantropia transformou-se em engajamento e desempenho
ético correto com todos os públicos envolvidos (stakeholders) diretamente e indiretamente
com a empresa. O quadro 1, a seguir, ilustra as diferenças entre a filantropia e a
responsabilidade social:

QUADRO 1 – AS DIFERENÇAS ENTRE A FILANTROPIA E A RESPONSABILIDADE SOCIAL


Filantropia Responsabilidade Social
Ação individual e voluntária Ação coletiva
Fomento da caridade Fomento da cidadania
Base assistencialista Base estratégica
Restrita a empresários filantrópicos e abnegados Extensiva a todos
Prescinde de gerenciamento Demanda gerenciamento
Decisão individual Decisão consensual
Fonte: Melo Neto e Froes (2001, p. 28)
15

Percebe-se que a RSE tem um campo de abrangência mais amplo do que a filantropia:
esta se baseia em atitudes isoladas, com retornos em curto prazo. O planejamento estratégico
aplicado por aquela, entretanto, visa respostas a médio e longo prazo com ferramentas de
gestão.
A RSE é apenas uma resposta às novas influências sociais e econômicas que o
mercado globalizado representa para as corporações, como afirmam Ashley et al (2005). A
racionalidade empresarial em um contexto de desigualdades requer que se defina uma
consciência ética dentro da empresa, que norteie todas as ações em todos os setores de
desenvolvimento. A RSE é a forma de gestão empresarial, que passa a ser um fator de extrema
importância no mercado competitivo, devido à abertura do mercado para produtos e serviços
independente da sua origem, reafirma Ashley et al (2005).
Para Melo Neto; Froes (2001), a empresa-cidadã desempenha ações de
responsabilidade interna e externa, esta focada na comunidade a sua volta e aquela focada nos
seus empregados e dependentes. Tal divisão da RSE esclarece formas de aplicação em
práticas concretas. O quadro 2 ,a seguir, caracteriza as duas denominações:

QUADRO 2 – CARACTERÍSTICAS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL INTERNA E EXTERNA


Responsabilidade Social Interna Responsabilidade Social Externa
Público interno
Foco
(empregados e seus dependentes) Comunidade
Educação - Educação
Salários e benefícios - Saúde
Áreas de atuação
Assistência médica, social, - Assistência social
Odontológica - Ecologia
- Doações
Programas de RH - Programas de voluntariado
Instrumentos Planos de previdência - Parcerias
Complementar - Programas e projetos
Sociais
Retorno social
propriamente dito
Retorno de produtividade
Tipo de retorno Retorno de imagem
Retorno para os acionistas
Retorno publicitário
Retorno para os acionistas
Fonte: Melo Neto; Froes (2001, p. 89).

Conforme pode-se observar que as medidas de RSE têm vários focos, mas a empresa
necessita definir suas carências internas conforme as necessidades de seu público interno e, ao
mesmo tempo, definir as necessidades prioritárias da comunidade à sua volta. Para os mesmos
autores, algumas empresas acabam cometendo o erro de viabilizar suas ações somente no
campo externo deixando o público interno num quadro crônico de descontentamento,
16

geralmente produzindo “... conflitos, ansiedades e desmotivações” (MELO NETO; FROES,


2001, p. 87), esse quadro é típico de empresas que utilizam o marketing social para promover-
se com o intuito de ocultar a “... má gestão de recursos humanos” (MELO NETO; FROES,
2001, P. 86). O quadro inverso, investimento no micro ambiente, caracteriza o estágio inicial
do desenvolvimento da RSE da empresa, voltando-se para a satisfação de seus empregados,
para então, se fortalecer perante a comunidade.

1.2 Breve Histórico da RSE no Mundo e no Brasil

De acordo com Ashley et al (2005), no final do século XX era notável o êxito da


política neoliberal, devido a duas características que se apresentavam na época: Estado
encolhido e a crescente cultura do consumo atuante na sociedade civil. Mas em contraste
havia “... desigualdade social, corrupção, degradação ambiental, concentração de renda, perda
de identidade social, degradação do nível de vida, aniquilamento da perspectiva de social dos
jovens e adultos e desemprego crônico...” (ASHLEY et al, 2005, p. 67). Entre 1930 e 1960
consolidou-se um vínculo entre empresa e sociedades, porém, no final da década de 80 as
empresas ainda se mostravam ausentes na concepção mais ampla de RSE. Os mesmo autores
afirmam que neste contexto, as empresas tentam propor um novo espírito capitalista que “...
surge como uma forma contemporânea de conter o ímpeto desmedido pelo lucro individual
socialmente autodestrutivo” (ASHLEY et al, 2005, p. 68). Ainda os mesmos autores ressaltam
que esta iniciativa não somente surgiu para derrubar as críticas feitas pela sociedade e pelo
Estado quanto às práticas insaciáveis por lucros, por partes da empresas, mas também temeu-
se que realmente a busca desenfreada pelo lucro pudesse resultar num quadro ambiental
crítico e que o mercado consumidor tomasse uma postura de rejeição diante às empresas.
O quadro 3, a seguir, apresenta os fatos que deram princípio à RSE em alguns países
de significância global:

QUADRO 3 – FATOS QUE DERAM PRINCÍPIO À RESPONSABILIDADE SOCIAL


O conceito de responsabilidade social teve origem na década de 60, nos Estados Unidos, com
o surgimento dos movimentos populares, fortalecendo movimentos pacifistas contra a guerra
Estados
do Vietnã, em defesa do equilíbrio ecológico e a descriminação racial, acentuando as lutas
Unidos
sociais. É da universidade que surgem os primeiros protestos contra uma sociedade que não
oferecia respostas adequadas aos problemas gerados pelas próprias organizações.
França Em 1968, da mesma forma, é mediante mobilização popular que se demonstra a insatisfação
como pós-guerra e com as velhas lideranças. Contudo, a resposta veio via legislação,
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implantando o “balança social”, como exigência para as empresa com mais de 700
empregados. (...) Este devia ser parte do seu balanço financeiro, demonstrando o
cumprimento de suas atribuições e responsabilidades para com a sociedade.
Na Alemanha, responsabilidade social foi introduzida nas empresas por meio das pressões
Alemanha
sindical e política.
Na Suécia ela também ocorreu via pressão sindical, porem, buscando mais motivação para o
Suécia trabalho, valorização individual e combatendo os índices causadores da monotonia nos locais
de trabalho.
No Japão, a preocupação era a de envolver os trabalhadores no processo de aperfeiçoamento
Japão das próprias empresas, centrada na velha filosofia de “ensinar a pescar ao invés de dar o
peixe”
No Brasil, já em 1965, era aprovada a “Carta de Princípios dos Dirigentes Cristãos de
Empresas”, a qual ressalta que, a crise do mundo contemporâneo, tem como um de seus
vetores a falta de princípios cristãos e de justiça social das instituições econômicos – sociais,
alegando que as empresas não cumprem a sua função social. Nomes dos institutos no Brasil e
seu ano de criação. Em 1974 foi elaborado e divulgado em todo o país o Decálogo do
Empresário e três anos após foi constituída a Associação dos Dirigentes Cristãos de
Empresas (ADCE). A entidade que se baseava no fato de que as empresas deveriam, alem de
produzir produtos e serviços, também desempenhar uma função social com os seus
trabalhadores e com a comunidade em geral. Nesta mesma época, o tema foi destaque no 2º
Encontro Nacional de dirigentes de Empresas promovido pela ADCE. (...) Com o intuito de
fortalecer o movimento pela responsabilidade social no Brasil, é fundado em 1988 o Instituto
Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, uma organização sem fins lucrativos e tendo
como proposta sensibilizar, mobilizar e ajudar as empresas a administrarem seus negócios de
Brasil forma responsável.(...) Com esta mesma visão social, empresários paulistas, preocupados
mais intensamente, mesmo que ainda com enfoque de filantropia, criaram em 1989 o Grupo
de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE), com o objetivo de troca de experiências e
incentivo a ações empresariais. (...) Com o aumento gradativo das empresas investindo na
área social, houve a necessidade em torna-la púbicas, demonstrando-as para a sociedade
civil, dando, desta forma, mais visualização e divulgação de suas ações sociais. (...)
Aprimorando gradativamente sua forma de apresentação, chegou-se ao que hoje de denomina
balanço social. O balanço social é um instrumento de concretização da responsabilidade
social da empresa, sendo uma maneira de dar transparência às atividades que objetivam a
melhoria da qualidade de vida de seus trabalhadores, dependentes e comunidade onde esta
inserida. Com o intuito de divulgar e dar maior visibilidade ao balanço social, é lançada uma
campanha pelo Instituto de Análises Sociais (IBASE), na figura do sociólogo Herbert de
Souza, o Betinho, seu lançamento ocorreu em 16 de junho de 1997, no centro Cultural Banco
do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro.
Fonte: Borba, Borsa; Andreatta (2001, p. 49, 50).

Muller (2003, p. 64) afirma que “... no Brasil da década de 60 e 70, predominava a
filantropia empresarial de caráter paternalista...” e as ações sociais por parte do setor privado
eram predominantemente de caráter filantrópico por meio de doações diretas.
A sociedade, inapta em termos de escolaridade e condições socioeconômicas, no final
da década de 70, fez com que as empresas e o Estado repensassem o modelo econômico
brasileiro, no qual o Estado era protecionista e intervencionista, baseava-se em utilizar o
dinheiro público para investir no setor privado com a justificativa de criar empregos com o
desenvolvimento no setor industrial. No começo da década de 80, o Brasil passa por uma
reestruturação com maior participação da sociedade civil. Além disso, os sindicatos e as ONG
´s se consolidam, devido ao término da política intervencionista estatal com a
redemocratização, de acordo com Borba; Borsa; Andreatta (2001).
18

Segundo o Presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew (apud GRAYSON; HODGES,


2002), foi na década de 90 que os conceitos de sustentabilidade e responsabilidade social se
fortaleceram no Brasil. Segundo Melo Neto; Froes (2001) dentre as variáveis que
estimularam a RSE das empresas brasileiras para a prática concreta do conceito incluem-se:
“...carências sociais, crescente grau de organização de nossa sociedade e especialmente do
Terceiro setor, a ação social dos concorrentes [...] e o crescimento das expectativas das
comunidades e dos funcionários sobre o engajamento social empresarial.” (MELO NETO;
FROES, 2001, p. 80).
Para o Instituto Ethos (2006), um fator que tem proporcionado o crescimento da RSE,
no Brasil, é a visibilidade que a mídia dá ao comprometimento das empresas com ações
sociais. Por exemplo, para incentivar as mídias na divulgação do reconhecimento da postura
ética das empresas promove anualmente o Prêmio Ethos de Jornalismo, premiando as
melhores reportagens referentes à RSE e desenvolvimento sustentável.
A sociedade, o setor privado e o Estado no Brasil, conforme afirmam Ashley et al
(2005), reconhecem que a maior dificuldade do país é diminuir a concentração de renda e
tornar possível o acesso de serviços públicos essenciais com qualidade a todos. Tal contexto
marginaliza a maioria da população em relação às vantagens decorrentes dos avanços
tecnológicos e econômicos, “assim o desafio maior da nossa sociedade é a integração social
desses excluídos” (ASHLEY et al, 2005, p. 18).
Segundo o Instituto Ethos (2006), a distribuição de práticas de RSE é dividida por
áreas como: proteção das relações de consumo, direitos humanos, governança corporativa,
diálogo//engajamento com stakeholders, ética e transparência, direitos das relações de
trabalho e meio ambiente. Sendo os dois últimos as áreas de maior incidência de práticas
sociais por parte das empresas no Brasil e no mundo, respectivamente com 21% e 25%.
O Instituto Ethos (2006) desenvolveu o projeto “Critérios Essenciais de
Responsabilidade Social Empresarial e Seus Mecanismos de Indução no Brasil”, com 29
critérios básicos para o desenvolvimento da RSE, abrangendo diretrizes como: direitos
humanos, direitos das relações de trabalho, proteção das relações de consumo, meio ambiente,
ética e transparência, diálogo/engajamento com stakeholders e governança corporativa. No
quadro 4, a seguir, estas sete diretrizes compreendem os 29 critérios, os quais são
apresentados:

QUADRO 4 – 29 CRITÉRIOS ESSENCIAIS DE RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL


Respeitar e apoiar a proteção dos direitos humanos expressos na Declaração Universal dos Direitos
Critério 1
Humanos e outros documentos relacionados ao tema.
19

Respeitar e apoiar a liberdade de associação e reconhecimento efetivo do direito à negociação


Critério 2
coletiva.
Garantir a igualdade de oportunidades e de tratamento, com o objetivo de eliminar toda
Critério 3 discriminação negativa por motivos de, mas não se limitando a, raça, cor, sexo, idade, religião,
opinião política, nacionalidade, origem social, condição social e condição física.
Apoiar a erradicação efetiva de todas as formas de trabalho forçado ou compulsório, tanto em suas
Critério 4
atividades diretas quanto em sua cadeia produtiva.
Apoiar a erradicação efetiva do trabalho infantil, tanto em suas atividades diretas quanto em sua
Critério 5
cadeia produtiva.
Contribuir para a erradicação do analfabetismo e o desenvolvimento e capacitação dos
Critério 6
empregados.
Assegurar aos trabalhadores uma remuneração que garanta um nível de vida adequado para eles e
Critério 7
suas famílias.
Critério 8 Garantir um ambiente de trabalho seguro e saudável.
Adotar medidas para garantir a saúde e segurança dos consumidores e clientes e a qualidade de
Critério 9
produtos e serviços.
Fornecer informações exatas e claras sobre conteúdo, segurança de utilização, manutenção,
Critério 10 armazenagem e eliminação, que sejam suficientes para o consumidor/cliente tomar decisões sobre
o produto ou serviço.
Estimular o consumo e utilização de produtos e serviços sustentáveis, ou seja, ambientalmente
Critério 11
adequados, socialmente justos e economicamente viáveis.
Dispor de procedimentos transparentes, eficazes e acessíveis que permitam captar e dar resposta às
Critério 12
reclamações do consumidor/cliente, Contribuindo para a resolução de eventuais conflitos.
Critério 13 Respeitar a privacidade do consumidor/cliente e garantir a proteção de dados pessoais.
Adotar ou participar de programas de informação e educação do consumidor, incluindo aspectos
Critério 14
socioambientais relativos aos padrões de consumo, estimulando os fornecedores a também fazê-lo.
Adotar uma gestão responsável dos impactos ambientais causados pelos processos, produtos ou
Critério 15 serviços, tanto em suas atividades diretas quanto na cadeia produtiva, que inclua práticas
preventivas e considere eventuais passivos existentes.
Adotar práticas para redução, reutilização e reciclagem de materiais, em geral, energia, água e
Critério 16
resíduos.
Desenvolver ações de educação ambiental junto aos empregados e outros públicos de
Critério 17
relacionamento.
Buscar a inovação, identificando, adotando e difundindo tecnologias ambientalmente sustentáveis
Critério 18
para o desenvolvimento, produção, distribuição e consumo dos produtos e serviços.
Estabelecer, difundir e estimular a adoção de valores e princípios éticos, assegurando o diálogo
Critério 19
com as partes interessadas.
Abster-se de subscrever ou realizar práticas anticoncorrenciais ou abusivas, tais como fixar preços,
Critério 20
concorrer em conluio, impor restrições ou cotas de produção e outras práticas dessa natureza.
Divulgar princípios éticos e resultados econômicos, sociais e ambientais das operações, para os
Critério 21
públicos de relacionamento.
Observar e respeitar as normas aplicáveis do direito internacional, as leis e regulamentos nacionais,
Critério 22
o interesse público e as políticas sociais, econômicas, ambientais e culturais.
Posicionar-se de forma transparente, perante a sociedade, quanto ao financiamento ou não
Critério 23 financiamento para campanhas políticas, permitindo às partes interessadas acesso às informações e
requerendo do financiado a respectiva comprovação e registro da doação.
Critério 24 Combater a corrupção em todas as suas formas, incluindo extorsão, suborno, sonegação e fraude.
Contribuir para o desenvolvimento ambiental, social e econômico, participando da construção de
Critério 25
uma sociedade sustentável, através do diálogo e engajamento de seus diversos públicos.
Apoiar ações de interesse público, contribuindo para a redução da desigualdade social e o
Critério 26
fortalecimento do capital social, natural e humano.
Contribuir para a melhora da qualidade de vida da comunidade, priorizando o fortalecimento das
Critério 27
organizações locais que representem interesses legítimos da sociedade.
Estimular e, quando aplicável, requerer a adoção dos critérios de responsabilidade social
Critério 28
empresarial entre os parceiros comerciais, incluindo fornecedores e subcontratados.
Adotar boas práticas de governança, com base na transparência, eqüidade e prestação de contas,
Critério 29 envolvendo os relacionamentos entre os membros da direção, acionistas/cotistas, conselheiros,
auditores, empregados e todos os demais públicos de interesse.
Fonte: Ethos 2006, p. 49–56.
20

Este projeto serve de apoio para as empresas brasileiras aplicarem práticas que
contribuem diretamente e indiretamente para o desempenho e sucesso do negócio no século
XXI, como também o entendimento e o esclarecimento das necessidades locais prioritárias,
diante das diretrizes lançadas pelos projetos sociais da ONU, como Agenda 21, Global
Compact e Oito Metas do Milênio, afirma o Instituto Ethos (2006).
Ashley et al (2005) explicam que no Brasil é comum ouvir que as empresas, devido à
cultura do oportunismo, não são capazes de sustentar o conceito de RSE que está entrelaçado
diretamente com a ética empresarial, e que consiste na consciência de agente social da
realidade como um todo, ocorrendo uma discrepância entre a cultura típica do brasileiro com
o conceito ético de RSE.
Contudo, segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (IPEA), entre 2000 e 2004 houve um relativo aumento no percentual de empresas
privadas que atuam com práticas sociais voltadas para a comunidade, de passando de 59%
para 69%. De acordo com o próprio Ipea (2006) são aproximadamente 600 mil empresas
brasileiras que investem no social. A pesquisa fornece ainda um dado interessante: em 2004 o
investimento privado na área social correspondeu a 0,27% do PIB brasileiro do mesmo ano,
tal investimento “... é pouco influenciado pela política de benefícios tributários, uma vez que
apenas 2% das empresas que atuaram no social fizeram uso de incentivos ficais” (IPEA,
2006). Dos empresários entrevistados, 40% afirmaram que não o utilizaram por ser um
número baixo, portanto não convém o seu uso. As isenções não abrangiam as atividades
desenvolvidas por 16% das empresas e 15% desconheciam tais benefícios. A pesquisa
proporciona dados que permitem concluir também que, há um engajamento crescente por
parte de todas as empresas, independente do seu porte. A investigação e análise dos dados
recolhidos pela pesquisa, de acordo com o próprio Ipea, permitem concluir que, no Brasil, os
empresários acreditam que o investimento privado no social não substitui o Estado, ou seja,
sua natureza vai além de apenas completar o que o poder estatal se mostra incapaz de
solucionar.

1.3 Práticas de RSE e seus Benefícios para a Empresa


21

Segundo Melo Neto; Froes (2001), as empresas que não assumem as suas obrigações
como empresa-cidadã, internamente e externamente, têm como primeiro fator determinante de
resposta a este tipo de comportamento empresarial, a perda de credibilidade: “...a imagem é
prejudicada e sua reputação ameaçada” (MELO NETO; FROES, 2001, p. 94). Os mesmo
autores afirmam que os consumidores tendem a se sentirem orgulhosos ao adquirirem
produtos//serviços de empresas que tem a RSE empregada como prática comum.
Brandt (2004 apud MELO NETO; FROES, 1999) comenta que no cenário de
globalização, onde se tem disponibilidade de um grande número de produtos no mercado,
sendo que não basta apenas o produto ter qualidade e bom preço para diferenciar-se dos
outros. O investimento social por parte das empresas passa a ser um fator de competitividade
e de diferenciação, transformando-se em um fator essencial para a resistência do negócio no
mercado e para potencializar a exposição e aceitação da imagem empresarial, como
conseqüência se ganha maior visibilidade.
Segundo o Instituto Ethos (2005), os principais benefícios que a RSE traz para a
empresa são: diminuição de conflitos, as relações entrem seus stakeholders torna-se mais
sólida, pois obtém-se uma cumplicidade maior dos seus públicos de interesse; valorização da
imagem institucional e da marca, que passa a ser um diferencial para as estratégias de
negócios, agregando valores à marca da empresa; maior lealdade do consumidor, pois em
geral o consumidor reage positivamente com empresas que se preocupam com o ambiente,
tratam bem seus funcionários e reprimem a corrupção; maior capacidade de recrutamento e
manter talentos, pois os funcionários se sentem orgulhos de trabalhar com uma empresa que
valoriza os direitos humanos e são engajadas com o bem-social, sendo assim, tendem a se
sentirem motivados para trabalhar; flexibilidade e capacidade de adaptação, pois as empresas
se adaptam mais facilmente com as expectativas do mercado; sustentabilidade do negócio a
longo prazo, se a RSE está em exercício permanente, a empresa garante sua autopreservação,
mesmo em casos de pequena perda de competitividade por razões operacionais; acesso a
mercados, pois se torna mais fácil para empresas engajadas com a RSE operarem em países e
regiões que não admitem condutas que desrespeitem as regras locais e globais; acesso a
capitais, pois controlando os riscos ambientais e sociais, a empresa tem condições favoráveis
para conseguir créditos e financiamentos do Estado.
Para Melo Neto; Froes (2001, p. 96), são sete as principaís conseqüências positivas de
uma consciência elevada da RSE da empresa:

 ganhos de imagem corporativa;


22

 popularidade dos seus dirigentes, que se sobressaem como verdadeiros lideres


empresariais com elevado senso de responsabilidade;
 maior apoio, motivação, lealdade, confiança, e melhor desempenho dos seus
funcionários e parceiros;
 melhor relacionamento com o governo;
 maior disposição dos fornecedores, distribuidores, representantes em realizar
parcerias com a empresa;
 maiores vantagens competitivas (marca forte e mais conhecida, produtos
conhecidos);
 maior fidelidade dos clientes atuais e possibilidades de conquista de novos
clientes.

Como os próprios autores afirmam os resultados das ações eticamente corretas por
parte da empresa são relevantes tanto quanto o preço e a qualidade do produto/serviço
oferecido, para a construção de uma reputação positiva perante o micro e macro ambiente
empresarial.
Para o Instituto Ethos (2006) a RSE está desde de contratar um deficiente visual,
investir em projetos sociais com aplicação diretamente na comunidade, trabalhar com
fornecedores que não utilizem trabalho infantil, até no desenvolvimento de um produto que
agrida menos o meio ambiente,.
Para Duarte; Dias (1986), para a definição de uma atividade específica diante de uma
carência social, deve-se estudar as prioridades para a comunidade, a gravidade do problema,
características da empresa e os recursos disponíveis para a sanção desta carência. É necessário
que haja um planejamento estratégico da prática de RSE, porque de nada adianta investir, por
exemplo, na educação da comunidade e não obter retorno, sendo através de prêmios ou
resultado no lucro da empresa. Tal afirmação pode ser confirmada por uma pesquisa do Ipea
(2006 apud MOREIRA s/d), aplicada no período de 2001 e 2004, nas empresas das cidades de
São Paulo e Belo Horizonte, dados que permitem concluir que é importante o investimento
social a longo prazo. 65% afirmaram que a ação social melhora a imagem da empresa junto a
comunidade e para os outros, 35% acreditam que melhora muito a imagem perante os clientes
e 53% notaram um significativo aumento da produtividade dos funcionários, pois consideram
que os mesmo se envolvem mais com a missão da empresa. (IPEA, 2006).
De acordo com Borba; Borsa; Andreatta (2001), uma das formas para trabalhar a RSE
dentro da empresa, é por meio do incentivo os funcionários para o desenvolvimento de
atividades voluntárias na comunidade, o que reflete em melhor relacionamento entres os
funcionários e em reconhecimento por parte dos funcionários com a missão da empresa.
Outro fator que comprova que o investimento social não deve ser confundido com o
gasto social. É o que Simon (2004) afirma ao esclarecer que empresas com o intuito de
23

crescer e entrar no mercado de exportação devem ter a RSE promovidas e aplicadas com
seriedade, devido à exigência do mercado para que se alcance um crescimento econômico
mundial sem prejudicar a sociedade civil e o meio-ambiente.

2 TERCEIRO SETOR

2.1 Organizações do Terceiro Setor


24

Segundo Montaño (2003), o surgimento do Terceiro Setor corresponde a um contexto


em que se consolida a intenção das políticas neoliberais implantadas no mundo ocidental,
onde o Estado perde sua hegemonia, há privatizações das empresas estatais e o peso das
obrigações do governo para com a sociedade diminui, sendo que a própria sociedade civil se
torna agente ativo para manejar e buscar soluções para seus problemas.
O Terceiro Setor abrange as organizações que não têm fins-lucrativos, diferenciando-
se do setor privado que distribui o lucro aos proprietários e é independente do Estado. Sua
existência está baseada em desenvolvimento de ações que atendem a causas sociais, segundo
Hudson (2004, p.10):

Este setor consiste em organizações cujos objetivos principais são sociais, em vez de
econômicos. A essência do setor engloba instituições de caridade, organizações
religiosas, entidades voltadas para as artes, organizações comunitárias, sindicatos,
associações profissionais e outras organizações voluntárias. [...] são criadas e
mantidas por pessoas que acreditam que mudanças são necessárias e que desejam,
elas mesmas, tomar providências nesse sentido.

Para Madruga et al (2004, p. 4), “A idéia de um Terceiro Setor pressupõe um primeiro


e um segundo”; sendo que o primeiro setor corresponde ao Estado e o segundo setor
corresponde ao mercado. Teodósio (2001, p.2), explica:

...Terceiro setor assemelha-se ao Estado (primeiro setor) na medida em que tem


como objetivos e alvo de atuação o espaço público, mas diferencia-se do Governo
por ser uma iniciativa da própria sociedade. Por outro lado, terceiro setor não
equivale à iniciativa privada (segundo setor), pois, apesar de não ser governamental,
tem como objetivo não o beneficio de algumas pessoas ou grupos muito reduzidos,
mas o beneficio de toda a sociedade em última instância.

As definições para este novo setor são diversas. Vários autores vêm tentando
identificar o conceito e todas as organizações que se encaixam neste conceito de Terceiro
Setor. Fernandes (1994 apud MONTAÑO 2003), diz que o Terceiro Setor seria integrado por
manifestações pacíficas e não por manifestações que usariam a violência para solução de seus
problemas. Há dúvidas quanto á inclusão de movimentos classistas, como, por exemplo, o
Movimento dos Sem-Terra, que usam da força, ou outros movimentos considerados violentos
como postura para a defesa dos seus interesses. Tais movimentos se caracterizariam como
movimentos sociais, e mesmo assim, segundo Montaño (2003), são esquecidos pelos autores
que definem o conceito e as organizações que se encaixam na terminologia de Terceiro Setor.
De acordo com AS/GESET//BNDES (2001, p. 4), o Terceiro Setor incorpora a:
25

...Esfera de atuação pública não-estatal, formado a partir de iniciativas privadas,


voluntárias, sem fins lucrativos, no sentido do bem comum. Nesta definição,
agregam-se, estatística e conceitualmente, um conjunto altamente diversificado de
instituições, no qual incluem-se organizações não governamentais, fundações e
institutos empresariais, associações comunitárias, entidades assistencialistas e
filantrópicas, assim como, várias outras instituições sem fins lucrativos.

No Brasil, segundo AS/GESET/BNDES (2001), a definição não legal de Terceiro


Setor se aplica também para organizações como clubes de serviços, de futebol, universidades,
igrejas, organizações com finalidade de aplicar projetos sociais, sem fins lucrativos, sejam
com iniciativa de pessoa jurídica ou física.
Entretanto as definições da terminologia “Terceiro Setor”, para Montaño (2001, p. 56-
57) trazem muitas incertezas:

Que conceito é esse que reúne, no mesmo espaço, organizações formais e atividades
informais, voluntárias e/ou individuais; entidades de interesses político, econômico e
singulares; coletividades das classes trabalhadoras e das classes capitalistas;
cidadãos comuns e políticos ligados ao poder estatal?

Segundo o Conselho Federal de Contabilidade do Brasil (2004), o Terceiro Setor é


composto por uma vasta variedade de instituições privadas que atuam em diversos aspectos de
interesse público, tais como promoção da assistência social, educação, saúde, defesa do meio
ambiente e pesquisas científicas, entre outras. No Código Brasileiro (2004, p. 31), essas
organizações possuem as seguintes características:

 Promoção de ações voltadas para o bem-estar comum da coletividade;


 Manutenção de finalidades não-lucrativas;
 Adoção de personalidade jurídica adequada aos fins sociais;
 Atividades financiadas por subvenções do Primeiro Setor (governamental) e
doações do Segundo Setor (empresarial, de fins econômicos) e de particulares;
 Aplicação do resultado das atividades econômicas que porventura exerça nos
fins sociais a que se destina;
 Desde que cumpra requisitos específicos, é fomentado por renúncia fiscal do
Estado.

Conforme Menegasso (2001), essas organizações adotam a forma jurídica de


associação ou de fundação. De acordo com o Conselho Federal de Contabilidade (2004),
juridicamente a classificação das organizações do Terceiro Setor no Brasil obedece a leis
especificas, tendo cinco definições, como mostra o quadro a seguir:

QUADRO 5 – FORMAS JURÍDICAS E TÍTULOS DE ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR


Associações As associações são pessoas jurídicas formadas pela
26

união de pessoas com objetivo comum sem finalidade


lucrativa.
As fundações são entes jurídicos que têm por
característica o patrimônio. Este ganha personalidade
jurídica e deverá ser administrado de modo a atingir o
Fundações cumprimento das finalidades estipuladas pelo seu
instituidor. (...) somente podem ser constituídas
fundações para fins religiosos, morais, culturais ou de
assistência.
Trata-se de título conferido pelo Ministro da Justiça,
Título de Utilidade Pública Federal por meio de decreto, desde que a fundação ou
associação atenda alguns requisitos.
Pode ser requerido por qualquer entidade, sem fins
lucrativos, que promova: proteção a família, à infância,
à maternidade, à adolescência e à velhice; amparo às
crianças e aos adolescentes carentes; ações de
Título de Entidade beneficente de assistência social
prevenção, habilitação, reabilitação e integração à vida
comunitária de pessoas portadoras de deficiência;
integração ao mercado de trabalho; assistência
educacional ou de saúde; desenvolvimento da cultura.
Título de Organização da Sociedade Civil de Interesse Tanto as fundações como as associações podem ser
Público – OSCIP qualificadas como OSCIPs.
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade do Brasil (2004, p. 31, 32, 50, 51, 53),

Segundo Fischer (2002 apud REVISTA FAE, 2005), no Brasil, essas organizações
variam em tamanho, grau de formalização, volume de recursos, objetivo institucional e forma
de atuação, devido à diversidade social do povo brasileiro, como também aos vários fatos
históricos que estabeleceram as relações entre Estado e mercado.

2.2 Breve Histórico do Terceiro Setor

O termo “Terceiro Setor”, segundo Aquino Alves (2001), começou a ser utilizado na
década de 70, nos EUA, para definir as organizações não lucrativas. Na década de 80 foi
esquecido, mas nos anos 90 manifestou-se novamente. Tal termo era usado para designar
organizações sem fins lucrativos, voltadas para a produção ou a distribuição de bens e
serviços.
Segundo Andrade (2002), no Brasil a consolidação do conceito de Terceiro Setor,
ocorreu por volta da década de 70, com a crise socioeconômica da população, resultante da
crise do petróleo que assolou o país. Juntamente com altos índices inflacionários e com o
achatamento da renda da maioria da população, a crise acarretou na ampliação da demanda de
carências sociais da sociedade que estava cada vez mais inapta para manter uma qualidade de
27

vida básica e o Estado não pôde mais suportar a sobrecarga no orçamento público. O Estado
também se mostrou despreparado para absorver e resolver as questões sociais, obrigando a
própria sociedade civil a participar na busca para solucionar carências da população. Segundo
Haus (2004, p. 5), “A sociedade civil contemporânea deslocou o espaço público antes
radicado unicamente no Estado, e passou não só a pensar, discutir e formular políticas
públicas para as mais diversas áreas...”.
De acordo com AS/GESET/BNDES (2001, p. 6), o surgimento de entidades sem fins
lucrativos vem do século XIX, por meio de organizações que participavam de assistência à
comunidade, ligadas indiretamente ou diretamente à Igreja Católica, a qual recebia suporte do
Estado: “O fato é que durante todo o período colonial, até o inicio do século XIX, esta
associação entre Estado e Igreja Católica, que objetivava o atendimento e a assistência das
questões sociais, mostrou-se presente e predominante.” No século XX, outras religiões
também passaram a praticar atos de caridade. Com a industrialização e a urbanização, as
necessidades sociais ficaram mais complexas. Na década de 30, havia várias entidades, sendo
a grande maioria ligada ao Estado. Já nessa época o Terceiro Setor compunha-se de inúmeras
entidades, com ideologias e cunho de atuações divergentes.
Segundo Borba; Borsa; Andreatta (2001), na década de 60 com a repressão e a censura
por parte do Estado, as associações ligadas ao mesmo se desvinculam e partem para
iniciativas independente. Os movimentos sociais tomaram força e a sociedade civil se
organizou definindo o contexto em que Terceiro Setor começa a se consolidar como um novo
setor da sociedade.
De acordo com AS/GESET/BNDES (2001), o investimento externo que havia estado
presente, nas décadas de 60 e 70 é redirecionado a outros países com graves guerras civis,
países que eram menos desenvolvidos que o Brasil. Fato este que impulsionou a necessidade
de profissionalização e capacitação na gestão organizacional e de novas fontes de recursos
para essas entidades com fins sociais. As ONGs mais tradicionais acabaram sendo
privilegiadas para doações de recursos, e devido ao histórico se mostravam mais preparadas
para o novo contexto,. Já as ONGs menores sofreram as conseqüências da concentração das
doações e se mostraram deficientes para atingir os novos padrões de gestão organizacional.
Nos anos 90 as empresas passaram a investir parte de seus lucros em programas e projetos
sociais, vinculando-se às organizações que praticavam ações voltadas para o social.
Para Haus (2004), o marco histórico do Terceiro Setor deveu-se a redemocratização do
Estado, nos anos 80, período em que a sociedade civil se fortalece e se organiza
principalmente, devido às lutas sociais que travara com o Estado. A legislação brasileira, de
28

acordo com o mesmo autor passou a definir o marco legal das instituições de cunho social,a
partir dos anos 90, como:

...conseqüência direta da importância que as organizações sociais vêm assumindo


em nossa vida política e social. A partir de meados da década de 90 ficou claro que
seria necessário um marco legal que unificasse a legislação esparsa e abrisse
caminho para o fortalecimento das organizações... (HAUS, 2004, p. 5).

Para o AS/GESET/BNDES (2001), como a legislação brasileira não diferenciava as


organizações que estariam incluídas dentro do rótulo de Terceiro Setor, isso resultava em
dificuldades para o crescimento das mesmas. A partir de 1996, os debates e a movimentação
da sociedade civil organizada se intensificaram, o que resultou na edição da Lei Federal nº
9790/99, que criou a figura da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP,
confirma Haus (2004). De acordo com AS/GESET/BNDES (2001, p.10), esta lei definiu
importantes questões, como:

...Os novos critérios de classificação das entidades sem fins lucrativos de caráter
publico, inclusive reconhecendo outras áreas de atuação social antes não
contempladas legalmente; as novas possibilidades no sistema de articulação entre as
instituições de direito privado e publico; e, a possibilidade de remuneração dos
dirigentes das instituições sem fins lucrativos.

Em uma pesquisa realizada, em 2002, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e


Estatística - IBGE e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, em parceria com
a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais - ABONG e o Grupo de
Institutos, Fundações e Empresas – GIFE, foram identificadas mais de 500 mil instituições no
Terceiro Setor. (IBGE, 2002).

2.3 Captação de Recursos no Terceiro Setor

As entidades que compõem o Terceiro Setor, como o próprio nome já diz, são
empresas sem fins lucrativos, ou seja, não visam lucros no desenvolvimento de suas
29

atividades. Porém, como Montaño (2003) explica que a captação de recursos é tão essencial
para que as atividades sejam concretizadas e desenvolvidas. Para o projeto GETS/UWC-CC
(2002), captar recursos, seja dinheiro, doações de produtos ou trabalho voluntário, de uma
maneira pró-ativa, torna-se então uma necessidade.
Segundo o Ministério da Previdência Social do Brasil, de 2001 a 2006, em valores
atualizados, os repasses da União às instituições privadas sem fins lucrativos atingiram R$ 14
bilhões, demonstrando que apesar de não terem lucros quantitativos, na mensuração dos
resultados desenvolvidos pelas entidades do Terceiro Setor há movimentação expressiva de
dinheiro.
Para Adulis (2002), a captação de recursos fundraising, atualmente é um dos grandes
desafios das organizações do Terceiro Setor, principalmente devido à crescente
competitividade decorrente do aumento do número dessas organizações. Este cenário esta
obrigando o aprimoramento e a inovação nas estratégias para a captação de recursos.
O projeto GETS/UWC-CC (2002) identifica três principais fontes de renda
identificadas pela maioria das organizações sem fins lucrativos: Recursos governamentais;
renda gerada pela venda de serviços (por exemplo, consultorias) ou produtos (camisetas,
chaveiros, agendas etc.); e, recursos captados através de doações (de indivíduos ou
instituições). Destas três fontes, o objetivo mais visado pelas organizações do terceiro setor é
a sua viabilização por meio de pessoas físicas ou públicas que se identificam com a causa
defendida pela mesma e doam de forma livre e espontânea, capacitando o desprendimento da
organização com o Estado.
Para Montaño (2003, p. 211), existem cinco maneiras de arrecadar recursos, sejam
eles, financeiros, humanos ou materiais: “simpatizantes, membros filiados à organização,
público em geral, empresas doadoras ou fundações de filantropia empresarial, atividades
comerciais, venda de serviços, instituições financeiras e recursos governamentais”. Os
membros filiados à organização podem contribuir com mensalidades ou anuidades.
Simpatizantes e público em geral podem participar de campanhas desenvolvidas pela
instituição para a arrecadação de recursos, como por exemplo, o Criança Esperança. As
empresas doadoras, às quais ele se refere, dizem respeito à Responsabilidade Social
Empresarial amplamente discutida a partir da década de 90, no Brasil, onde as empresas que
visam lucros, as que compõem a economia do país, apóiam as intuições de cunho social por
intermédio de doações financeiras ou por disponibilizar recursos humanos e materiais para
que as OGNS tenham estrutura e capacidade de atuar em alguma carência social do país.
Outra forma que pode viabilizar a movimentação de dinheiro pela instituição é a venda de
30

produtos e serviços, como por exemplo, o projeto Tamar, que disponibiliza camisetas, brindes,
bijuterias, etc., sempre relacionados e identificados com a marca do projeto ou oferece algum
curso abaixo do preço de mercado para a comunidade. Outras formas de cooperação
disponíveis para as organizações do Terceiro Setor são as empresas estrangeiras, como a
Organizações das Nações Unidas (ONU), o Banco Mundial, o Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), que fazem empréstimos ou doações diretamente para as
organizações ou utilizam o Estado para fazer o repasse para as mesmas. Os recursos
governamentais,por sua vez, se referem às isenções de impostos, parcerias, subsídios que o
Estado oferece para o Terceiro Setor.
Montaño (2003) comenta que, em 2005, dos 10,9 bilhões de reais que movimentaram
o Terceiro Setor brasileiro, 61,1% foram produzidos pelas próprias entidades, 12,8% foram de
apoio estatal, e 26,1% representaram doações privadas. O que se percebe é a capacidade das
instituições brasileiras de autogerar os seus recursos financeiros.
Para Drucker (1997), o primeiro desafio das instituições sem fins lucrativos é
conseguir obter dinheiro para desenvolver a sua missão. E fazer dos doadores contribuintes e
não apenas doadores esporádicos. Para que este segundo desafio possa se tornar realidade, a
instituição precisa ter sua estrutura organizacional bem definida e sua missão precisa ser clara
a todos os colaboradores. Com isso, há uma possibilidade maior de obter resultados positivos
no desenvolvimento de campanhas para arrecadação de recursos, levando ao cumprimento
mais efetivo de sua verdadeira missão.
Andrade (2002, p. 55), afirma que as instituições do Terceiro Setor devem atender a
alguns pré-requisitos antes de desenvolver qualquer projeto de captação de recursos:

...Ter conhecimento sobre a melhor constituição jurídica, títulos e certificados que


facilitem o alcance dos objetivos, ter o foco de atuação definido, estabelecer a
comunicação adequada com a comunidade, ter à disposição recursos humanos,
contratados ou voluntários, capacitados para executar e gerenciar as ações propostas
e, finalmente, ter uma boa administração financeira, clara e transparente,
conhecendo a composição dos recursos disponíveis.

Segundo Kelley (2003) para se arrecadar recursos também é necessário fazer um


planejamento claro e transparente, tanto para disponibilizar para potenciais doares, como para
que a missão da organização não seja esquecida e a captação de recursos passe a ser
prioridade.
Para o autor ao captar recursos, é importante valia demonstrar para o potencial doador
a necessidade do seu envolvimento com a organização, afim de convencê-lo dos benefícios
31

que a causa trará para ele e para a sociedade de forma profissional. Uma tática eficaz ao
solicitar uma doação é exibir os resultados obtidos com projetos passados. Para o autor, o que
inspira o doador a investir na instituição é o sucesso e o êxito.
Drucker (1997) expõe uma problemática característica de algumas instituições que se
confundem e acabam colocando a captação de recursos no primeiro plano: muitas acreditam
que a instituição não obtém sucesso nos seus resultados por falta de dinheiro. Mas, para ele,
este tipo de instituição está com problemas de identidade. O mesmo autor (1997, p. 41)
ressalta que o conselho diretor deve ter “...a capacidade para auditar o equilíbrio entre
programa e os recursos da instituição. É isso que dá segurança.” É de extrema importância a
aplicação de ferramentas do marketing, para que se estabeleça o comprimento dos objetivos
da organização, independente do intuito da organização, seja ela com fins lucrativos ou sem
fins lucrativos, de acordo com Ducker (1997). Outro ponto que o autor ressalta é a
importância da estratégia da instituição, diz respeito a deixar claro para os membros da
organização que o dinheiro da instituição não é dela, que apenas administra o dinheiro dos
doadores. Por isso, se faz necessário manter um relacionamento contínuo com os doadores,
independente da quantia doada: estreitar as relações se torna crucial para que aquele doador
passe a ver a instituição com mais credibilidade por estar prestando contas dos projetos para
os quais ele doou.
Hudson (2004) afirma que as instituições sem fins lucrativos precisam ter seus planos
para captação de recursos detalhados e justificados. É relevante que os gastos estejam previsto
no planejamento do projeto/campanha.
O projeto GETS/UWC-CC (2002, p. 32), vai além e afirma que “Devem ser acertados
os detalhes quanto a quem, quando, onde e como cada iniciativa será realizada. Prazos,
orçamentos, listagens de funcionários: tudo isso tem de constar do plano”.
Kelley (2003) comenta que há dois tipos de campanhas para a captação de recursos: a
campanha anual, que tem utilidade para as despesas habituais; e a campanha de fundos
capitais ou patrimoniais, resultado de esforços para obter recursos para objetivos maiores
como a construção de estrutura física ou um projeto/campanha importante.
Quanto ao público que será solicitado, o autor comenta que para que a mensagem seja
entendida e surta efeito, a organização precisa saber para quem ela está falando. É necessário
que se defina metas, prazos e as fontes de recursos, sejam eles, humanos, materiais ou
financeiros, para cada projeto/campanha que a instituição irá realizar, por exemplo, quando se
busca apoio de empresas privadas o apelo tem que ser o mais racional possível, quando requer
doações de indivíduos o apelo deve ser mais emocional.
32

Oliveira; Ross; Altimeyer (2005) vão alem de Kelly (2003) e afirmam que uma
organização sem fins lucrativos é composta por valores e princípios de pessoas com objetivos
em favor da sociedade, estes valores e princípios têm que estar em coerência com os seus dois
públicos: os fornecedores/apoiadores e o público beneficiário. Com esta premissa os autores
expõem um modelo estratégico para empresas sem fins lucrativos, apresentado, a seguir, na
figura 1:

Figura 1: MODELO PROPOSTO DE PLANEJAMENTO ESTRATEGICO PARA ORGANIZAÇÕES SEM


FINS LUCRATIVOS

Fonte: Oliveira, Braulio; Ross, Erineide Sanches; Altimeyer; Helen Yara. Proposta de um modelo de planjamento
estrategico para instituicoes sem fins lucrativos. FAE,v. 8, n.1, (2005, p.78).

Como mostra a figura 1, não é algo simples desenvolver um plano estratégico para as
empresas sem fins lucrativos. De acordo com Oliveira; Ross; Altimeyer (2005), são quartoze
variáveis que norteiam as atividades de uma organização sem fins lucrativos, sendo elas todas
interdependentes. É grande a complexidade para compreender o micro e o macro ambiente de
33

uma organização do Terceiro Setor, por isso a necessidade de profissionais qualificados para
administrar essas organizações.
Drucker (1997) também chama a atenção ainda para a necessidade de saber qual será o
seu público apoiador, devido ao fato que os potenciais doadores precisam se identificar com a
causa da organização sem fins lucrativos: é necessário estabelecer critérios, para saber quanto
pedir e para quem pedir. Drucker (1997) complementa esclarecendo que muitas organizações
acabam desestabilizadas porque a preocupação de moldar a missão da organização ao público
doador é demasiada, decorrendo na perda de identidade. O mesmo autor ainda ressalta que é
indispensável que os doadores se sintam comprometidos com o sucesso da organização, e não
sejam apenas pessoas que doem casualmente, mas é necessário metas a longo prazo para criar
um contexto de ligação direta e consistente com o público doador. Hafner (apud DUCKER,
2002, p. 64), complementa “… isto requer uma estratégia de longo prazo e não uma
campanha anual de coleta de fundos”.
Para Montaño (2003) a atividade de arrecadação de recursos ainda está na fase de
amadurecimento, porém as instituições do Terceiro Setor podem buscar auxílio junto à
Associação Brasileira de Captadores de Recursos (ABCR), criada em 2000, com o objetivo de
promover o desenvolvimento e o aprimoramento dos profissionais na obtenção de recursos
para causas sociais e preservar princípios éticos na função de captação de recursos.
Outro exemplo é o Programa Base de Cidadania - Prêmio Empreendedor Social
Ashoka-McKinsey, criado em 1997, desenvolvido pelo Centro de Competência para
Empreendedores Sociais Ashoka-McKinsey (CCES), que tem por objetivo incentivar o
Terceiro Setor a desenvolver idéias inovadoras para a mobilização de recursos em busca da
auto-sustentabilidade. O programa premia as organizações que aplicaram estratégias e
obtiveram êxito e possam servir de modelo para outras organizações do Terceiro Setor, e
também é considerado um incentivo às organizações do Terceiro Setor a prosseguirem
consistentes na busca do êxito de suas missões. (CCES, 2002).

3 ENTREVISTAS COM EMPRESÁRIOS

3.1 Delineamento de Pesquisa


34

O objetivo geral desta pesquisa de campo é identificar os fatores de motivação


potenciais para o incentivo a doações empresarias para a causa de AIDS, em Curitiba. Foram
entrevistados três empresários que atuam em Curitiba, sendo que duas delas são de pequeno
porte e uma sendo de grande porte
Essa pesquisa busca definir as razões que norteiam o pensamento empresarial
curitibano, no que diz respeito à promoção da Responsabilidade Social da empresa, referente
à assistência médica aos portadores do vírus HIV. Como hipóteses, considera que, definida a
pré-disposição de doar recursos para uma instituição do Terceiro Setor, o motivo para a
escolha de onde aplicar este investimento pode ser determinado por motivos pessoais do
empresário. Acredita-se também que, dependendo do entendimento da empresa com relação à
Responsabilidade Social, o intuito de investir no social deve-se apenas à promoção da
empresa como empresa-cidadã ou visa somente doar para o abatimento do imposto de renda,
independente da causa. Outra hipótese é a de que um fator para preferência de uma
instituição pode ser orientado pela intenção de associar o nome da empresa com a
credibilidade da instituição beneficiada.
Quanto à forma, a pesquisa será de natureza aplicada, pois trata de interesses e locais e
tem o intuito de trazer informações para solucionar um problema especifico, a arrecadação de
recursos para o Hospital Oswaldo Cruz. No que diz respeito ao ponto de vista dos objetivos, a
pesquisa será exploratória. A forma de abordagem do problema será qualitativa, pois visa
maior compreensão do problema e construir hipóteses a partir de uma entrevista em
profundidade com pessoas que estão relacionadas diretamente com o assunto em questão com
perguntas flexíveis e subjetivas, não limitando as respostas, sendo impossível ser traduzido
em números (quantitativa) por tratar da subjetividade das respostas.
A pesquisa será feita com três pessoas. As três pessoas serão informantes-chaves, pois
com Duarte afirma (2005), essas fontes são consideradas essenciais por estarem envolvidas
com os aspectos centrais da questão. Os entrevistados serão analisados separadamente, cada
um dentro de suas limitações possíveis de serem encontradas durante a pesquisa. O mesmo
autor afirma que na amostra em entrevistas de profundidade não é válido ter muitas pessoas
sem que essas tragam informações relevantes, e sim vale ter um pequeno número de pessoas
que possam fazer um relato consistente sobre o tema.
Sob o ponto de vista do método de coleta de dados, serão entrevistas em profundidade
com perguntas semi-abertas, partindo de um roteiro de questões-guia que abrangerão os
interesses da pesquisa. Cada pergunta será explorada ao máximo, até se esgotar. Além disso,
35

Duarte (2005, p. 66) afirma que, “a entrevista é conduzida, em grande medida, pelo
entrevistado, valorizando seu conhecimento, mas ajustada ao roteiro do pesquisador”.
Quanto aos objetivos dos estudos qualitativos, em geral, estão “mais relacionados à
aprendizagem por meio da identificação da riqueza e diversidade, pela integração das
informações e síntese das descobertas do que ao estabelecimento de conclusões precisas e
definidas” (DUARTE, 2005, p.63), o que traz uma desvantagem porque não se considera um
universo para a amostra, impedindo de avaliar os resultados de forma quantitativa.
A análise dos dados será qualitativa. Apenas um formulário de entrevista será aplicado
para todos os entrevistados. Os dados serão analisados separadamente e depois comparados
para as semelhanças nas respostas sejam notadas e que venham aprofundar o entendimento da
questão.

3.2 Entrevista 1

Está entrevista foi realizada no dia primeiro de junho de 2007, sendo utilizado um
gravador (Apêndice B). O entrevistado foi Francisco Bezrutchka, sócio da Indústria
Madeireira Odessa, que hoje conta com 23 funcionários, localizada na Rua: João Falaz 555,
no bairro Campo Comprido, na cidade de Curitiba. Fabrica laminado de madeira que envolve
os moveis. É uma empresa familiar, sendo os sócios irmãos, Francisco Bezrutchka, Maria Inês
Bezrutchka, Maria Delurdes Bezrutchka e Nelci Bezrutchka.
Conforme a entrevista transcrita no apêndice B, Bezrutchka se mostrou bastante
inseguro com as perguntas apresentadas, principalmente quando perguntado sobre o que era
Responsabilidade Social Empresarial, ou seja, não demonstrou um conhecimento preciso
sobre as funções e práticas da RSE.
Percebeu-se que as práticas de RSE que a empresa faz estão relacionadas com a
educação, saúde e meio ambiente. A saúde está sendo realizada por meio de doações
financeiras para ajudar crianças com câncer que vêm da Ucrânia, devido à grande incidência
da doença que ocorre no país desde que houve a explosão nuclear na cidade de Chernobyl. Os
efeitos são sentidos até hoje pelo país, havendo um apoio do Governo e das empresas
brasileiras a essas crianças. O motivo para o envolvimento da Madeireira Odessa provem de
motivos pessoais, no caso a família Bezrutchka é descendente de Ucranianos.
36

A preocupação com a educação ocorre devido à proximidade da empresa com as


dificuldades sentidas pelas escolas situadas ao redor das suas propriedades de reflorestamento.
Segundo Bezrutchka, as propriedades do reflorestamento situam-se em Pinaré, uma localidade
isolada, onde moram famílias carentes, que necessitam do apoio da empresa. De acordo com o
entrevistado, eles se sentem responsáveis por estas pessoas porque estão muito próximas à
sede da empresa. Esse apoio acontece por meio de doações materiais, de acordo com o
entrevistado, à medida que é percebida uma carência ou solicitação. A empresa busca assisti-
las dentro de suas limitações, com intuito de suprir a necessidade da escola, como por
exemplo, por meio de doações de materiais escolares, agasalhos, ou como um caso específico
em que cederam a iluminação da própria empresa para a cancha da escola. Bezrutchka
comenta ainda que eles têm feitos doações de recursos financeiros para quatro escolas, em
Pinaré, mas não é uma prática comum da empresa ajudar as escolas com doações em dinheiro,
apenas nos últimos quatro meses têm utilizado esta forma de apoio.
De acordo com o entrevistado, como a empresa é uma madeireira, eles possuem uma
área de reflorestamento, demonstrando consciência do uso de recursos naturais. Esta
preocupação com um plano de manejo dos pinos é presente desde que a madeireira foi
fundada pelo seu pai, 41 anos atrás.
Outras práticas de RSE acontecem dentro da esfera RSE interna. Segundo o
entrevistado, se um funcionário necessita de alguma ajuda e a empresa tem condições para dar
atenção ao pedido do funcionário, principalmente relacionado ao consumo de madeira, ou eles
cedem o material ou cobram do funcionário um custo abaixo do mercado pela madeira. E há
algum tempo atrás, colocavam à disposição a área física da empresa para confraternizações á
pedidos dos funcionários.
Quando perguntado se haveria alguma restrição para realizar doações para um hospital
que presta assistência aos portadores do vírus HIV, o entrevistado não se mostrou muito
seguro ao responder que não teria nenhuma objeção. Foi possível perceber que se ele tivesse
alguma limitação para doar ele não se sentiria à vontade para declará-la, talvez por encarar
isso de forma pessoal e por estar sendo gravado a conversa. E ao ser questionado se a imagem
da empresa poderia ser prejudicada com esta ação referente ao apoio aos pacientes aidéticos,
demonstrou desconhecimento quanto ao retorno prático para a imagem da empresa referente
ao apoio dado a esta causa. O entrevistado diz que o fato de terem sido contaminadas por
atitudes de risco não as faz menos merecedoras de atenção e apoio, ou seja, estariam no
mesmo nível que qualquer outra enfermidade, são pessoas que também precisam de ajuda.
37

Em resumo, pode se perceber que não há uma política existente para definir as práticas
RSE, não são feitos planejamentos frente à uma postura de empresa-cidadã. As formas de
atuação da Indústria Madeireira Odessa voltadas para o social estão envolvidas com o lado
emocional dos sócios. As motivações e critérios para fazer doações, quando e onde estar
presente não envolvem o cuidado ou a intenção de que aquela atitude de cunho social possa
voltar como retorno positivo para a imagem da empresa. Os procedimentos frente à RSE são
realizados devido: à proximidade dos problemas sociais, como ocorre com a comunidade
próxima ao reflorestamento; à sensibilização com o caso de crianças ucranianas com câncer
por se identificarem com a nacionalidade dos mesmos, e à consciência empresarial com o uso
de um recurso natural. Os motivos que norteiam essas práticas da RSE não incluem uma
percepção ampla por parte dos sócios no que diz respeito às conseqüências que este tipo de
atitudes podem causar para a empresa e para a sociedade.
Pode-se perceber que a empresa não tem conhecimento suficiente para incorporar a
postura de uma empresa-cidadã, mostrando ser quase que ausente na RSE interna e atuando
no social mais como filantropia do que realmente no envolvimento da empresa para com os
problemas sociais, como vários autores afirmam ser o caso da RSE.

3.3 Entrevista 2

Esta entrevista foi realizada no dia 2 de junho de 2007 por telefone (Apêndice C). O
entrevistado foi Fredy Marcos Kowertz, sócio majoritário da Canthiê Metalurgia & Produtos
em Metal, localizada na região metropolitana de Curitiba, Almirante Tamandaré, na Avenida
Vereador Wedislau Bugalski 1200/149, no bairro Botiatuba. Hoje a empresa possui 64
funcionários. Sua produção é de manufaturados de metais como aço carbono, aço inox e
alumínio. Atua no ramo de metalurgia há 21 anos.
Conforme a entrevista transcrita no apêndice C, Kowertz foi conciso nas suas
respostas, se mostrou seguro nas questões, mesmo não tendo conhecimento amplo sobre as
funções e práticas de RSE.
Ao ser perguntado sobre o que era RSE definiu apenas como apoio da empresa para
algum benefício para a sociedade, não mostrando conhecimento mais amplo sobre a RSE
interna, por exemplo.
38

Segundo o entrevistado, as áreas de atuação da empresa frente a RSE são externas e de


forma filantrópica, com doações na área da educação, como por exemplo, às creches e às
escolas da região.
Kowertz afirmou que a empresa não tem nenhum critério estabelecido para realizar as
doações voltadas ao social. Segundo o entrevistado essas ações socialmente responsáveis são
feitas quando são solicitados e a empresa tem condições. E algumas dessas práticas são feitas
em parceria com a prefeitura de Tamandaré.
Kowertz comenta que a empresa tem preferência por doar com produtos da empresa
ou com materiais que a escola ou creche necessita como, por exemplo, agasalhos, materiais
escolares, alimentos, entre outros.
O entrevistado diz que começou a atuar mais regularmente em RSE nos últimos cinco
anos, quando este assunto passou a ser mais visado e comentado, porém não é algo que se
faça com prioridade dentro da empresa, pois para ele as dificuldades que o sistema de
impostos brasileiros acaba dificultando a sobrevivência de pequenas empresas no mercado.
Para ele, as ações RSE da empresa não visam ganhar publicidade, ou seja, promover o
nome da empresa. As ações são realizadas porque sentem as necessidades e as dificuldades
que as escolas e creches sofrem, e afirma que algumas vezes prefere não tornar público o seu
apoio com receio de serem mal interpretados, portanto, as doações realizadas às escolas e
creches de Almirante Tamandaré têm por objetivo contribuir ativamente para que as condições
dos estabelecimentos educacionais estejam condizentes com as necessidades das crianças.
As práticas de RSE da empresa estão voltadas à educação, e ao ser perguntado quais
esferas sociais a empresa prefere investir além da educação, o entrevistado foi seguro ao
responder apenas a educação que, para ele, está muito deficitária e é de primordial
necessidade social.
Com relação à esfera da saúde, Kowertz afirma que o interesse nessa área seria
voltado aos funcionários, para que esses tivessem acesso ao serviço básico de saúde,
comentando da ineficiência do Sistema Único de Saúde.
Ao ser indagado com relação a instituições que prestam assistencialismo a portadores
do vírus HIV, mostrou-se receptivo à possibilidade de prestar apoio a estas instituições.
Kowertz afirmou que, independente da causa, a empresa não teria nenhuma restrição, e seria
levado em conta a seriedade da instituição na defesa pela causa e não a sua área de atuação.
O entrevistado afirmou ainda que, independentemente da forma de contágio do vírus,
os portadores de HIV são merecedores de apoio e se caso tiveram um comportamento de risco
39

já são punidos por portarem a doença, ou seja, não mostrou nenhum preconceito em relação a
estas pessoas.
Quando questionado se este tipo de apoio social traria a possibilidade repercutir numa
imagem negativa à empresa, Kowertz foi claro ao responder que isso não era cogitado pelo
fato que para a empresa e para a sociedade seria um apoio socialmente responsável.
Com esta entrevista, pode-se perceber que a empresa esta ciente da necessidade que as
organizações do Terceiro Setor, principalmente as que atuam na área da educação, em ter
apoio não somente do Estado. E esses apoios sociais que a Canthiê presta acontecem devido à
proximidade com os problemas que assolam as escolas e creches da região, e a motivação
pessoal, por parte de Kowertz, com a educação das crianças que residem em Almirante
Tamandaré.
É provável que, por ser uma empresa de pequeno porte, a prioridade seja o próprio
crescimento econômico. O conceito real de RSE não é algo claro para o empresário Kowertz,
contudo, percebe-se que ele tem consciência que as práticas de RSE vão além da sua
compreensão e das práticas que a empresa realiza.

3.4 Entrevista 3

Esta entrevista foi realizada dia 05 de junho de 2007, sendo utilizado um gravador
(Apêndice D). A entrevista foi realizada com Carolina Figueiredo Goulart, responsável pela
gerência de marketing, na coordenação de Responsabilidade Coorporativa, da América
Latina Logística – ALL, localizada na rua Emiliano Bertolini 100, no bairro Vila Oficinas,
cidade de Curitiba. A América Latina Logística atua em variados segmentos como
commodities agrícolas, insumos e fertilizantes, combustíveis, construção civil, florestal,
siderúrgico, higiene e limpeza, eletroeletrônicos, automotivo e autopeças, embalagens,
químico, petro-químico e bebidas. A empresa possui de 70 unidades de serviço localizadas
nas principais cidades do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai. No Brasil, a ALL tem sede nas
cidades de: Contagem – MG, Curitiba – PR, Guarulhos – SP, Joinville – SC, Maringá – PR,
Rio de Janeiro – RJ, Porto Alegre – RS, São Borja – RS, São Francisco do Sul – SC, São
Paulo – SP e Uruguaiana – RS.
Conforme a entrevista transcrita no apêndice D, Goulart demonstrou conhecimento
claro e profundo sobre o que é Responsabilidade Social Empresarial e mostrou conhecimento
40

de todos os públicos envolvidos com a empresa – stakeholders – e as funções e práticas da


RSE.
Goulart afirmou que a RSE faz parte do estatuto da ALL, sendo o oitavo valor, o qual
é repassado a todos os colaboradores, para possam conhecer a empresa em que trabalham e
possam se identificar com esta postura cidadã da empresa.
A entrevistada relatou que a empresa todo ano divulga seu balanço social de acordo
com o modelo do Ibase e conta com orgulho que a ALL ganhou o selo Ibase todos os anos que
divulgou o balanço social.
A ALL, de acordo com Goulart, atua de várias formas com a RSE e uma delas é por
meio do o Fundo de Infância e Adolescência – FIA -, onde mantem diversas Casas Lares,
possibilitando, com isso, o abatimento do imposto de renda. Goulart diz que a empresa
constantemente desenvolve projetos sociais para beneficiar as comunidades que são
diretamente afetadas, seja, positivamente ou negativamente, pela empresa, um exemplo, é o
“Vagão do Conhecimento”: é um vagão itinerante que metade é um laboratório de informática
e a outra metade é um espaço para oficinas. Esse vagão constantemente desenvolve palestras
educativas sobre cidadania, segurança e violência urbana para as crianças que moram em
regiões próximas às malhas ferroviárias da ALL. O envolvimento da empresa com as
comunidades que ficam próximas às malhas é expressivo, de acordo com os casos relatados
por Goulart.
De acordo com Goulart, a empresa investe há quatro anos em Responsabilidade
Social Empresarial e o que motivou a ALL tornar-se uma empresa-cidadã foram dois fatores:
por ser uma empresa de capital aberto, tem suas ações divulgadas na Bovespa e é uma
empresa que precisa de investidores, e de acordo com ela é uma exigência do mercado que
empresa atue no campo de RSE; e outro fator foi perceber que a empresa é responsável pela
comunidade que está ao seu redor.
A entrevistada explica que a empresa foca em quatro premissas: educação, cultura,
meio ambiente e voluntariado, são essas quatro esferas que norteiam o engajamento da ALL
com todos os stakeholdes. A educação é concretizada por meio do FIA e dos projetos
realizados pela empresa; a cultura corresponde a uma prática de RSE interna, de forma que os
colaboradores têm descontos, ou até mesmo ganham entradas para espetáculos no Teatro
Regina Vogue, onde a ALL é patrocinadora. Para o meio–ambiente há um departamento
dentro da ALL que se responsabilizada exclusivamente a esta esfera, um exemplo relatado
pela entrevistada, é a preocupação com a água utilizada para a limpeza dos vagões. Nesse
sentido, tem estações de tratamento próprio para que a água não seja depositada em lugares
41

que prejudiquem o meio ambiente e também desenvolvem projetos sócio-ambientais pró-


conscientização ambiental. O voluntariado é praticado por meio dos colaboradores e segundo
Goulart, toda as unidades da ALL têm o “Comitê de Gente”, onde são os próprios
funcionários, de forma voluntária, os quais realizam alguma ação social. Há também diretrizes
a serem seguidas, porém os comitês têm autonomia para desenvolver os projetos sociais e ao
final acabam ganhando prêmios pelos projetos realizados.
Goulart afirmou que doações de montantes são realizadas quatro vezes ao ano, onde é
investido dinheiro da própria ALL em ONGS, seja para o desenvolvimento da entidade como
para a capacitação dos membros das entidades.
A entrevistada comenta que em julho será lançado o Instituto ALL. Por meio do
instituto a empresa vai buscar parceiros para que possam também participar dos projetos
realizados pela ALL.
Goulart diz que não há nenhuma restrição quanto à área da saúde, mas a empresa
segue as quatro diretrizes, às quais acredita estar mais diretamente ligada. E o principal foco é
a educação. A política realizada para apoiar a esfera da saúde é feita de forma indireta, pois o
FIA assiste alguns hospitais.
A entrevistada chama a atenção a uma situação que acaba atraindo as grandes
empresas é a facilidade para realizar as doações, um exemplo é o fato de que se o Hospital
Oswaldo Cruz tivesse um programa inscrito no Conselho Municipal da Criança e Adolescente
para receber doações através do site da Prefeitura Municipal de Curitiba, seria possivel
destinar o dinheiro que é para o imposto de renda diretamente ao hospital.
Ao ser questionada a possibilidade de prejudicar a imagem da ALL ao apoiar este tipo
de causa, Goulart não deixou de concordar que há risco de alguns acionistas acabarem tendo
uma atitude contrária ao apoio a portadores do vírus HIV, incluindo a possibilidade de que
este tipo de apoio poderia prejudicar a imagem da empresa em pauta, pois é uma preocupação
constante manter a imagem da marca e a relação com seus acionistas. Porém, afirma que a
ALL é uma empresa ousada, e cogitou que a empresa poderia encarar isso como necessário
para incentivar o mercado a assistir essa causa, pois independentemente da causa a ALL não
tem nenhum preconceito.
Pode-se perceber que a ALL incorpora de forma completa as práticas e funções de
RSE, tanto interna quanto externa, podendo ser um exemplo de empresa socialmente
responsável.
42

3.5 Comparações das Entrevistas

Das três entrevistas, duas foram em empresas de pequeno porte e uma empresa de
grande porte. A diferença do entendimento e esclarecimento do que é Responsabilidade
Social Empresarial das empresas pequenas para as empresas de grande porte é
expressivamente perceptível.
As empresas de pequeno porte encaram a RSE predominantemente como filantropia,
não há um engajamento e envolvimento profundo da empresa com os problemas sociais. E
essas práticas de cunho social são voltadas à educação das regiões em que as empresas se
localizam, no caso, são regiões metropolitanas de Curitiba, as quais estão em
desenvolvimento.
O sócio majoritário da empresa Canthiê entende que a muito que se fazer para tornar-
se uma empresa-cidadã. Para ele, as nuances que o mercado sofre, decorrendo em períodos de
recessão na empresa afirma ser o motivo para que as práticas de cunho social sejam
esporádicas.
O sócio da Madeireira Odessa mostrou praticamente desconhecimento de todo o
ambiente que envolve o conceito de RSE. Atuando também mais na área de filantropia do que
em RSE.
As duas empresas pequenas demonstraram que as motivações para realizar doações
advêm ainda de motivações pessoais, da sensibilização devido à proximidade com os
problemas sociais, não decorrendo de análise e planejamento profissional para atuar em RSE.
Já a empresa de grande porte demonstrou que encara com profissionalismo a RSE,
aplicando e desenvolvendo práticas socialmente responsáveis internamente e externamente e
reservando um departamento exclusivamente responsável pela RSE. E para que todos os
stakeholders sejam informados de suas ações de cunho social, mensalmente distribui um
informativo, como o nome “semfronteiras”, com todos os projetos sociais que estão sendo
aplicados como também os projetos irão ser realizados. A empresa pode servir de exemplo
com uma empresa pode ser uma empresa socialmente responsável.
3.6 Considerações Finais

Com esta pesquisa pode ser percebido que a RSE ainda está sendo aos poucos
incorporada na gestão das empresas privadas. As empresas de pequeno porte mostraram maior
43

dificuldade em reunir ou descrever as práticas socialmente responsáveis incorporadas na


gestão da empresa. Já a empresa de grande porte demonstrou-se mais apta para introduzir as
práticas de RSE nas diversas áreas da empresa.
Das quatro hipóteses propostas para a pesquisa foram confirmadas três delas. A
primeira hipótese levantada referia-se ao fato que o motivo para a escolha de onde aplicar o
investimento de cunho social seria por motivos pessoais. Esta foi percebida principalmente
nas empresas de pequeno porte, decorrente da proximidade com os problemas sociais,
havendo uma sensibilização maior por parte dos empresários. O apelo pessoal das entidades
para com os empresários de pequeno porte é a principal tática.
A segunda hipótese refere-se ao intuito de investir no social com objetivo de promover
a RSE da empresa, fato percebido principalmente na empresa de grande porte. Esta hipótese é
um dos motivos que impulsionou a incorporação da RSE na sua gestão, devido ao fato que os
acionistas têm como prioridade em seus investimentos a RSE aplicada e desenvolvida na
gestão das empresas.
Outra hipótese proposta dizia respeito ao fato das empresas possivelmente se
envolverem em projetos sociais para obter o abatimento do imposto de renda, hipótese a qual
foi exclusivamente percebida na empresa de grande porte, sendo que as empresas de pequeno
porte, por participarem da cobrança de impostos diferenciados, não são incluídas na lei que
permite o abatimento do imposto de renda.
A quarta hipótese em nenhum momento das entrevistas pode ser percebida, a qual
pressupunha que a intenção da empresa era vincular a sua marca com a marca da instituição,
com intuito de associar-se à credibilidade desta.
Contudo, uma conclusão de extrema relevância foi percebida por meio das entrevistas:
a facilidade da empresa em realizar a doação, ou seja, se a instituição possui um mecanismo
que seja de fácil acesso e que seja menos burocrático, a empresa doadora se disponibiliza com
mais facilidade para realizar a doação.
A maior dificuldade desta pesquisa foi encontrar pessoas que estivessem dispostas a
colaborar com a pesquisa. Várias foram as formas para se chegar ao número mínimo de
entrevistados propostos: três empresários, sendo que, a princípio o número era de cinco
entrevistados. Outra mudança decorrente da indisponibilidade dos empresários, foi quanto ao
tamanho da empresa, a principio eram empresas de médio porte, acabando por serem
entrevistadas duas de pequeno porte e uma de grande porte.
Teria sido bastante interessante se o número de entrevistados fosse maior e o perfil das
empresas proposto fosse possível. Há um desejo de aprofundar a pesquisa para que as
44

instituições do Terceiro Setor saibam quais são as potenciais motivações empresarias para
realizar doações e, assim, poder utilizar desse conhecimento para compreender quais táticas
possivelmente mais eficazes para captar recursos junto as empresas privadas. Surge aí um
campo pouco explorado pelas instituições do Terceiro Setor, podendo ser percebido que há
muito estudo a ser realizado quanto a este tema.
A pesquisa foi levantada por ser cogitada a possibilidade de haver restrições quanto a
instituições que prestam assistência a portadores do vírus HIV, e por meio deste trabalho de
pesquisa pode-se perceber que não há nenhuma objeção quanto a isso. Tanto os empresários
pequenos, quanto o grande empresário não demonstra nenhum tipo de preconceito à
assistência de pessoas que possuem o vírus.

CONCLUSÃO

Demonstrou-se, por meio deste trabalho monográfico, que as potenciais motivações


empresariais para doar a uma instituição que presta assistência a portadores do vírus HIV são:
45

motivações pessoais, objetivo de abater o imposto de renda, intenção de promover a


Responsabilidade Social Empresarial e a facilidade para as empresas para realizar as doações.
A pergunta que deu origem ao trabalho foi impulsionada devido às dificuldades que as
organizações do Terceiro Setor têm para serem auto-sustentáveis, decorrente do fato de que
são organizações que não visam lucros e o desenvolvimento de suas atividades é de cunho
social. E também pelo preconceito social que os portadores da doença enfrentam. Pode ser
percebido por meio das entrevistas que os empresários não possuem qualquer tipo de restrição
quanto a este tipo de causa social. Apenas um dos entrevistados comentou que caso a empresa
se envolvesse com instituições que prestam assistência a portadores da doença , haveria a
possibilidade dos acionistas interpretarem que este tipo de causa não merece apoio
empresarial, decorrendo numa imagem prejudicial à marca da empresa. Contudo, os
entrevistados não fizeram nenhuma diferenciação deste tipo de instituição com outra
instituição que presta assistencialismo a outra doença, encarando a necessidade dos portadores
do vírus HIV como igual merecedora de apoio.
Percebe-se, portanto, a importância do estudo dos conceitos, funções e práticas da
Responsabilidade Social Empresarial tanto para a sociedade quanto para a própria empresa
para que sobreviva no mercado do século XXI. E a importância do estudo para a compreensão
da complexidade que o conceito de Terceiro Setor possui. É de extrema relevância que o
Estado, as empresas e a sociedade civil se envolvam mutuamente com as dificuldades sentidas
pelas populações que não têm plenas condições educacionais, econômicas e estruturais para
acompanhar o crescimento mundial. É necessário que todos se sintam responsáveis e que
ocorra um envolvimento das diversas esferas que compõem a sociedade para que se possa
alcançar um desenvolvimento sustentável, ou seja, para que a sociedade se desenvolva sem
prejudicar o meio-ambiente e que as carências sociais sejam sanadas e não aumentem cada
vez mais, devido às diferenças sociais entre as diversas raças, etnias e economias.
Como forma de ampliar o conhecimento a respeito dos assuntos abordados neste
trabalho monográfico, sugere-se a realização de novas pesquisas a respeito de praticas de
Responsabilidade Social Empresarial em pequenas empresas, as quais sentem maiores
dificuldades para incorporar o papel de agentes ativos na solução de carências sociais, ou seja,
as microempresas estão susceptíveis as variações econômicas do mercado o que não
possibilita a prática constante de ações em prol do social. Outro fator que prejudica a atuação
dessas pequenas empresas é a falta de interesse por parte dos empresários de conhecer todas
as ações socialmente responsáveis que podem ser incorporadas à gestão da empresa, não
apenas percebendo como RSE doações de recursos financeiros ou materiais, mas também
46

incentivando funcionários da empresa ao voluntariado, ou seja, a se engajarem em projetos


sociais nas comunidades próximas a sede da empresa, disponibilizando recursos humanos
para a defesa de uma causa social. E a compreensão incompleta sobre as funções da SER por
parte das empresas de pequeno porte também acaba resultando numa visão limitada dos
benefícios que a incorporação da RSE na gestão da empresa pode trazer, por ser encarada
como um gasto e não um investimento a longo prazo com benefícios diretos e indiretos.
Para ampliar o estudo dos temas abordados neste trabalho sugere-se a realização de
pesquisas que possibilitem conhecer variadas formas de captação de recursos para entidades
que compõem o Terceiro Setor.

REFERÊNCIAS

LIVROS

ANDRADE, Miriam Gomes Vieira de. Organizações do terceiro setor: estratégias para
captação de recursos junto às empresas privadas. Florianópolis, 2002. 146 p.
47

ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2ª Ed. São
Paulo: Saraiva, 2005. 205 p.

BORBA, Elisabete Regina de Lima; BORSA, Lenyr Rodrigues; ANDREATTA, Roldite.


Terceiro Setor: responsabilidade social e voluntariado. Curitiba: Champagnat, 2001. 79 p.

DRUCKER, Peter F. Administração de organizações sem fins lucrativos: princípios e


práticas. Tradução: Nivaldo Montingelli Jr. São Paulo: Pioneira, 1997. 165 p.

DUARTE, Gleuso Damasceno; DIAS, José Maria Martins. Responsabilidade Social: a


empresa hoje. Rio de Janeiro; São Paulo: LTC – Livros Técnicos e Científicos: fundação
Assistencial Brahma, 1986. 139 p.

HUDSON, Mike. Administrando organizações do terceiro setor: o desafio de administrar


sem receita. Tradução: James F. Sunderland Cook. Sao Paulo: Managing Without Profit, 2004.
309 p.

KELLEY, Daniel Q. Dinheiro para sua causa: como conseguir recursos de particulares,
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ARTIGO OU TRABALHO ONLINE

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BULGARELLI, Reinaldo. Valorização, promoção e gestão da diversidade: desafios para as


organizações no século XXI. Julho de 2002. Disponível em: http://www.amce.com.br.
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CAPTAÇÃO de recursos – Aprenda com quem faz – A experiência do Projeto Tamar.


Disponível em: <http://www.rits.org.br/gestao_teste/ge_testes/ge_mat01_capexpTamar.cfm>.
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MOREIRA, Josecler. Boa ação, motivação, interesse ou ética? Ou tudo ou nada.


Disponível em : <http://www socialtec.org.br/artigos/Colaboradores.htm>. Acesso em: 12 de
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social das multinacionais do país. Disponível em:
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51

APÊNDICES
52

APENDICE A - QUESTIONÁRIO

QUESTIONÁRIO

NOME:
IDADE:
EMPRESA:
NUMERO DE FUNCIONÁRIOS:
53

IDADE DA EMPRESA:
SEGMENTO DA EMPRESA:

1. O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?

2. HA QUANTO TEMPO A EMPRESA ATUA EM RESPONSABILIDADE SOCIAL?

3. A EMPRESA FAZ BALANÇO SOCIAL?

4. QUAL É A POLÍTICA EXERCIDA PELA EMPRESA REFERENTE À


RESPONSABILIDADE SOCIAL?

5. QUAIS FORAM OS INVESTIMENTOS VOLTADOS PARA O SOCIAL QUE A


EMPRESA JÁ FEZ?

6. JÁ CEDEU ALGUM ESPAÇO OU SERVIÇO PARA COLABORAR COM ALGUMA


CAMPANHA/PROJETO COM CUNHO SOCIAL?

7. QUAIS SÃO OS CRITÉRIOS UTILIZADOS PELA EMPRESA NA ESCOLHA DE


ONDE INVESTIR OS ESFORÇOS DESTINADOS AO BENEFICIO SOCIAL?

8. ENTRE EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA E MEIO AMBIENTE. QUAIS DESTAS


ESFERAS A EMPRESA ACHA MAIS CONVENIENTE INVESTIR? POR QUÊ?

QUESTIONÁRIO

9. SE FOSSE PARA INVESTIR NA ÁREA DA SAÚDE, QUAIS SERIAM AS CAUSAS


QUE A EMPRESA ACHA MAIS INTERESSANTE? POR QUÊ?
54

10. O QUE ACHA DE INSTITUIÇÕES QUE DÃO ASSISTÊNCIA A PORTADORES DE


AIDS?

11. DOARIA, POR EXEMPLO, AO HOSPITAL OSWALDO CRUZ? POR QUÊ?

12. O QUE PENSA DAS PESSOAS SÃO PORTADORAS DO VÍRUS HIV?


55

APENDICE B - ENTREVISTA 1

ENTREVISTA 1

Entrevista realizada dia primeiro de junho de 2007


NOME: Francisco Bezrutchka - sócio
IDADE: 56 Anos
56

EMPRESA: Indústria Madeireira Odessa Ltda


NUMERO DE FUNCIONÁRIOS: 30
IDADE DA EMPRESA: 41 anos
SEGMENTO DA EMPRESA: Madeira

E: PRA VOCÊ, FRANCISCO. O QUE SIGNIFICA RESPONSABILIDADE SOCIAL?


F: Social... é você... (pausa)... procurar ajudar de alguma maneira, contribuir de alguma
maneira... vamos dizer, auxiliar de alguma forma, assim, algumas pessoas que você está
ligada, ou mesmo que não esteja ligado, como a gente ajuda também.. (pausa)

E: POR EXEMPLO, QUEM VOCÊS AJUDAM?


F: Um exemplo, tem crianças que vem da Ucrânia, pra cá, pro Brasil, pra se tratar, e o que a
gente pode contribuir com numerário, com alguma quantia pra udar o tratamento deles,com
passagens, procura... é um exemplo. Tem outras coisas que a gente também...(pausa)

E: VOCÊ PODERIA ME DIZER QUAIS SERIAM OUTRAS FORMAS DE AJUDA QUE


VOCÊS PRESTAM.
F: Vamos dizer... os funcionários, um exemplo, a gente procura ajudar com madeira, talvez
ele esteja construindo uma casa, alguma coisa, a gente fornece. Às vezes doa, ou até, depende
do funcionário, o que ele pediu... (pausa) faz um custo abaixo do mercado, sem explorar, pra
que ele possa fazer a casa dele.

E: QUAL É A POLÍTICA EXERCIDA PELA EMPRESA REFERENTE À


RESPONSABILIDADE SOCIAL? QUANDO E ONDE INVESTIR?
F: Não tem nada definido. Quando surge alguma coisa a gente ajuda. (pausa) Analisa e Vemos
se temos condições.

ENTREVISTA 1

E: TEM ALGUM CRITÉRIO, PREFERÊNCIA, PRA REALIZAR ESSAS


CONTRIBUIÇÕES DE CUNHO SOCIAL?
57

F: (pausa) tem que ver pra que fim que é. Qual é a necessidade. Se acharmos que precisa a
gente apóia.

E: VOCÊS JÁ CEDERAM ALGUM ESPAÇO/SERVIÇO PARA ALGUMA CAUSA


SOCIAL?
F: Nos já doamos o que fabricamos pra algum hospital, algumas escolas. Antes... (pausa) a
gente cedia a sede aqui da empresa para alguns encontros, ou festa pros funcionários mesmo...
(pausa).

E: ENTRE EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA E MEIO AMBIENTE. QUAIS DESTAS


ESFERAS A EMPRESA ACHA MAIS CONVENIENTE INVESTIR? POR QUÊ?
F: Por exemplo, em Pinaré temos o nosso reflorestamento de pinos, tem uma escola bem na
frente da nossa sede, então nos tínhamos uma iluminação e mandamos pra lá pra cancha deles,
já mandamos agasalhos, material escolar.
Hoje estamos mandando dinheiro todo mês pra 4 escolas lá. Vemos a dificuldade deles. Estão
em localidades longe da cidade. E é importante que as crianças fiquem por lá, pelos país,
porque vemos as condições dos ônibus que vão ate lá. Claro a gente esta mexendo com
madeira, então temos a preocupação com o meio ambiente. Temos esta área de
reflorestamento desde que a empresa foi criada. Então há um retorno pra natureza daquilo que
devastamos. O pino tem uma vida de 20 anos, então (pausa) tiramos e devolvemos.

E: A EMPRESA ESTA ENVOLVIDA EM TRES ESFERAS SOCIAIS: A EDUCAÇÃO,


COM AS DOAÇÕES FEITAS NAS ESCOLAS PRÓXIMAS AO REFLORESTAMENTO,
AO MEIO AMBIENTE COM O PRÓPRIO REFLORESTAMENTO, A SAUDE COM O
APOIO AS CRIANCAS UCRANIANAS. TEMOS UMA QUARTA: A CULTURA. JÁ
HOUVE ALGUM INVESTIMENTO VOLTADO A ISTO?
F: (pausa) que eu lembre não. Há um tempo atrás, não me lembro bem, passávamos um
percentual do imposto de renda para a cultura. Mas... (pausa).
ENTREVISTA 1

E: NA ÁREA DA SAÚDE, VOCÊ TEM PREFERÊNCIA À ALGUMA CAUSA ALEM DO


CANCER?
F: Olha... (pausa), acho que hospitais que ajudam crianças com câncer. Algo neste sentido.
58

E: E HOSPITAIS QUE DÃO ASSISTÊNCIA A PORTADORES DO VÍRUS HIV, VOCÊS


TERIAM ALGUMA RESTRIÇÃO. DIGO ISSO, PELO FATO QUE ALGUMAS DESSAS
PESSOAS TIVERAM UM COMPORTAMENTO DE RISCO, POREM ELAS SÃO
MERECEDORAS DO APOIO DA EMPRESA?
F: Não teria problema nenhum. Se a instituição precisa, não tem o porquê não ajudarmos. São
pessoas que também estão precisando de ajuda.

E: ACREDITA QUE SE O NOME DA EMPRESA FOR ENVOLVIDA COM ESTE TIPO


DE CAUSA NÃO TRARIA ALGUM RETORNO NEGATIVO À IMAGEM DA EMPRESA?
F: Acredito que não, porque não deixa de ser uma ajuda. Não há porque ser ruim.

E: FRANCISCO, PARABÉNS POR ESTAREM DANDO APOIO ÀS ESCOLAS


PRÓXIMAS A SEDE DE VOCÊS EM PINARÉ, E PELO INVESTIMENTO QUE FAZEM
PARA AJUDAR AS CRIANÇAS UCRANIANAS. ACREDITO QUE ISSO CEDO OU
MAIS TARDE TRARÁ UM RETORNO POSITIVO PARA A EMPRESA E PARA A
SOCIEDADE. MUITO OBRIGADA PELA SUA DISPONIBILIDADE E PACIÊNCIA PARA
RESPONDER AS MINHAS PERGUNTAS.
F: O que é isso, espero ter ajudado.

E: OBRIGADA MAIS UMA VEZ E BOM DIA.


59

APENDICE C – ENTREVISTA 2

ENTREVISTA 2

Entrevista realizada no dia 2 de junho de 2007.


NOME: Fredy Marcos Kowertz
IDADE: 53 Anos
EMPRESA: Canthiê Metalurgia & Produtos em Metal
NÚMERO DE FUNCIONÁRIOS: 64
60

IDADE DA EMPRESA: 21 Anos


SEGMENTO DA EMPRESA: Metal

E: FREDY, O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?


F: Pra nós é algum beneficio da sociedade, para um pessoal mais carente.

E: VOCÊS FAZEM ALGO RELACIONADO A ISSO?


F: Veja, a empresa é uma empresa pequena, cumpre com todas as suas obrigações e sempre
que possível ajuda a comunidade aqui da região. Doando alguma coisa para as escolas, para as
creches, coisas pequenas.

E: QUAL É A POLÍTICA QUE VOCÊS SEGUEM PARA FAZER ESSAS DOAÇÕES?


QUANDO E ONDE DOAR?
F: Quando possível. Não temos nenhum critério definido por escrito ainda. Mas quando é
possível e quando nos é solicitado a gente faz o possível.

E: QUAIS FORAM OS INVESTIMENTOS VOLTADOS PARA O SOCIAL? ALGUMA


ONG?
F: Olha, ONG que eu saiba não.

E: ENTÃO, OS INVESTIMENTOS SOCIAIS QUE A EMPRESA PRESTA SÃO, COMO


VOCÊ JÁ COMENTOU, APENAS PARA AS ESCOLAS E CRECHES DA REGIÃO?
F: Sim, porque aqui na nossa comunidade, em Tamandaré em parceria com a prefeitura
sempre que possível a gente participa com alguma ajuda.
ENTREVISTA 2

E: VOCÊS INVESTEM APENAS EM RECURSOS FINANCEIROS OU COM RECURSOS


MATERIAIS TAMBÉM? JÁ CEDERAM ALGUM ESPAÇO OU SERVIÇO COMO APOIO
PARA ALGUM EVENTO DA ESCOLA?
F: Sim, sim, às vezes com algum produto que a gente fabrica ou algo parecido. Já demos
dinheiro sim, mas geralmente a gente prefere dar em mercadorias.
61

E: HÁ QUANTO TEMPO VOCÊS FAZEM INVESTIMENTOS SOCIAIS? QUANDO


SURGIU ESSA PREOCUPAÇÃO COM A COMUNIDADE?
F: Nos últimos cinco anos a gente tem feito alguma coisa. Nos últimos cinco anos entrou
mais em evidencia este assunto. E a gente conseguiu fazer algo mais regulamente. Mas como
te falei no inicio, não tenho nada no estatuto da empresa. Quando consegue fazer a gente faz,
mas nem sempre a gente consegue. Porque aqui no Brasil a gente é muito penalizado com
taxas de impostos.

E: VOCÊS DOAM PARA PROMOVER A RESPONSABILIDADE SOCIAL DA


EMPRESA? COM ALGUM INTUITO DE TER MAIS PUBLICIDADE OU DOAM
PORQUE PERCEBEM A NECESSIDADE E SE SENTEM RESPONSÁVEIS?
F: Olha, quando a gente doa, doa de coração mesmo, algumas vezes preferimos nem se
mostrar, para não sermos mal interpretados.

E: SUPONDO UMA SITUAÇÃO QUE VOCÊS TERIAM QUE DEFINIR ONDE DOAR,
ENTRE EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA E MEIO AMBIENTE, QUAL A EMPRESA
INVESTIRIA E PORQUE?
F: Na educação. Porque, pessoalmente, acredito que a educação esta em péssima qualidade e
é muito importante.

E: E SE FOSSE PRA INVESTIR NA ÁREA DA SAÚDE, TERIAM ALGUMA


PREFERÊNCIA EM RELAÇÃO AO ASSISTENCIALISMO DE ALGUMA DOENÇA?
F: Se a saúde tivesse.... , se o pessoal que trabalha para a gente tivesse algum beneficio com
isso, ou seja, tivesse um atendimento mínimo, o que dificilmente acontece, o sistema de saúde

ENTREVISTA 2

é deficitário, demorado. Então a gente procura estar planejando, fazer um plano de saúde
privado, porque no Sistema Único de Saúde está complicado, o pessoal ter atendimento.
62

E: ENTÃO A PREOCUPAÇÃO COM SAÚDE ESTA VOLTADA PARA OS PRÓPRIOS


FUNCIONÁRIOS DA EMPRESA. MAS COM RELAÇÃO A INSTITUIÇÕES QUE DÃO
ASSISTÊNCIA A PORTADORES DO VÍRUS HIV, VOCÊS DOARIAM ALGUM
RECURSO FINANCEIRO OU MATERIAL?
F: Sem problemas, doaria sim.

E: SUPONDO QUE DUAS INSTITUIÇÕES QUE PRESTAM ASSISTÊNCIA, UMA PARA


A CAUSA DO CÂNCER E A OUTRA PARA A CAUSA DA AIDS, COMO POR
EXEMPLO, O HOSPITAL OSWALDO CRUZ, SOLICITASSE ALGUMA DOAÇÃO.
QUAIS SERIAM OS CRITÉRIOS PARA A ESCOLHA DE UMA DELAS?
F: Depende. Tentaríamos doar pras duas. Mas se fosse pra escolher, doaria para a instituição
que fosse mais merecedora.

E: COMO ASSIM MAIS MERECEDORA?


F: A instituição que fosse mais séria na defesa da causa dela.

E: MAS CONVENHAMOS QUE AS PESSOAS QUE CONTRAÍRAM O VÍRUS HIV


TIVERAM UM COMPORTAMENTO DE RISCO, TIVERAM RELAÇÕES SEXUAIS E
NÃO SE PROTEGERAM, OU USARAM DROGAS INJETÁVEIS, SÃO PROFISSIONAIS
DO SEXO... ENFIM, COMPORTAMENTOS QUE OS COLOCAM EM MAIOR RISCO A
SAÚDE. MESMO ASSIM VOCÊ ACREDITA QUE ELAS MEREÇAM UMA SEGUNDA
CHANCE, E RECEBAM A AJUDA DA EMPRESA?
F: Sim, acho que todo mundo merece, porque eu acho que eles já estão sendo penalizados por
terem o vírus.

ENTREVISTA 2

E: FREDY, PARABÉNS POR VOCÊS ESTAREM SE PREOCUPANDO COM A


COMUNIDADE A SUA VOLTA. TENHO CERTEZA QUE EM BREVE VOCÊS TERÃO
RESULTADOS POSITIVOS POR ESTAREM TENDO ESTA POSTURA. MUITO
OBRIGADA PELA SUA DISPONIBILIDADE DE TEMPO E PACIÊNCIA PARA
RESPONDER AS MINHAS PERGUNTAS.
F: Obrigado. Espero ter ajudado.
63

E: TENHA UM BOM DIA FREDY.


F: Obrigado, bom dia. E boa sorte na sua monografia.
64

APENDICE D - ENTREVISTA 3

ENTREVISTA 3

Entrevista realizada dia 05 de junho de 2007.


NOME: Carolina Figueiredo Goulart – Gerência de Marketing – Coordenação de
Responsabilidade Coorporativa
IDADE: 29 anos
EMPRESA: América Latina Logística - ALL
NUMERO DE FUNCIONÁRIOS: 7 mil
65

IDADE DA EMPRESA: 10 anos


SEGMENTO DA EMPRESA: Transportadora

E: O QUE É RESPONSABILIDADE SOCIAL?


C: È o nosso comprometimento e a nossa preocupação com todas as pessoas que de uma
forma ou de outra interagem com a empresa que a gente chama de stakeholders. Assim, todos
os programas que a gente tem com a comunidade, o envolvimento que a gente tem com a
nossa comunidade, com nossos acionistas, com nosso público interno que os colaboradores,
com o público externo, enfim eu acho que é uma cadeia de pessoas. São pessoas envolvidas e
afetadas negativamente ou positivamente com as ações da empresa

E: HÁ QUANTO TEMPO A EMPRESA ATUA EM RESPONSABILIDADE SOCIAL?


C: Há 4 anos, mas a empresa existe a 10.

E: A EMPRESA FAZ BALANÇO SOCIAL?


C: Fazemos. Fazemos de acordo com o selo Ibase do Betinho. Todo ano a gente ganha e esse
ano não vai ser diferente, a gente acabou de divulgar o balanço social pra todo mundo, tanto
internamente quanto externamente. Esta dentro do processo, vai de 5 a 6 meses sai o resultado
pro selo

E: QUAL É A POLÍTICA EXERCIDA PELA ALL REFERENTE À RESPONSABILIDADE


SOCIAL? FAZ PARTE DO ESTATUTO DA EMPRESA?
C: Está. É um dos nossos valores, é o oitavo valor: a Responsabilidade Sócio-ambiental.
Temos projetos, a gente atua tanto na área de meio ambiente e na área de Responsabilidade

ENTREVISTA 3

Social. Isto faz parte dos valores, é disseminado em toda a nossa companhia e a gente trabalha
em cima disso. Não só a sede que estamos aqui, mas todas as unidades.

E: QUAIS FORAM OS INVESTIMENTOS VOLTADOS PARA O SOCIAL QUE A


EMPRESA JÁ FEZ?
66

C: Olha, somos mantenedores de várias instituições através do FIA, o Fundo de Infância e


Adolescência, através do FIA a gente doa para algumas entidades, é como se fosse uma lei de
incentivo, a gente tem um abatimento de 3% em cima do imposto de renda. Então assim, a
gente tem Casas Lares que a gente mantém, entidades educacionais.

E: ESSA PREOCUPAÇÃO COM STAKEHOLDERS SURGIU HÁ 4 ANOS, COMO ME


AFIRMOU, MAS DEVIDO A QUE A ALL COMEÇOU A DAR ATENÇÃO ÀS NOVAS
DINÂMICAS QUE ENVOLVEM AS EMPRESAS PRIVADAS?
C: Primeiramente a gente é uma empresa de capital aberto, então a gente tem nossas ações
divulgadas na Bovespa e a gente precisa chamar investidores, precisamos ter investidores na
nossa carteira. Então a primeira coisa que o nosso investidor vai ver se a empresa é
socialmente responsável, se ela tem ações de Responsabilidade Social, então essa é a
primeira coisa. E a segunda e a preocupação das ações da empresa que afetam o público
externo, não só positivo como negativo também. Então a gente tem nossa responsabilidade
perante a comunidade e todos os nossos stakeholders. São estes dois pensamentos juntos:
com os nossos investidores, que são pessoas que injetam dinheiro na empresa e a preocupação
com a nossa comunidade também.

E: ENTÃO, SÃO DOIS OS MOTIVOS QUE NORTEARAM A INICIATIVA DE ACOES


DE RESPONSABILIDADE SOCIAL DA ALL: MERCADOLÓGICO E SOCIAL.
C: Mesmo porque a ALL esta no meio das nossas comunidades, a gente corta todas as nossas
comunidades com a linha férrea, então eu acho que já estava na hora de termos uma área de
Responsabilidade Coorporativa e fazer algo para as nossas comunidades.

ENTREVISTA 3

E: VOCÊS USAM SOMENTE O FIA COMO PRÁTICA DE RSE?


C: Não. Temos estas entidades que ajudamos através do FIA e tem vários projetos da própria
ALL, que a gente investe. Pra você ter uma idéia, a gente tem “O vagão do conhecimento”,
que é um vagão itinerante que metade é um laboratório de informática e metade é um espaço
para oficinas. Só no vagão, na reestruturação, revisão de mecânica, toda a parte de modelo, a
67

gente gastou R$ 160 mil. São vários os projetos que a gente investe que a gente implanta e
leva para as comunidades. È dinheiro da ALL, é orçamento da ALL, a maioria. Agora, em
julho, a gente vai lançar o Instituto ALL, através do instituto a gente vai buscar parceiros,
então o dinheiro não vai sair só da ALL, mas também dos nossos parceiros. Ate então,
utilizamos o FIA para fazer os repasses e orçamento da ALL com projetos.

E: A ALL JÁ CEDEU ALGUM ESPAÇO OU SERVIÇO PARA COLABORAR COM


ALGUMA CAMPANHA/PROJETO COM CUNHO SOCIAL? ATUA COMO APOIADORA
DE ALGO RELACIONADO AO SOCIAL, NÃO SOMENTE COM RECURSOS
FINANCEIROS?
C: Olha a gente apóia vários projetos, principalmente das comunidades que ficam próximas
as unidades. A gente tem um programa interno que chama “Comitê de gente”, são
funcionários voluntários que fazem parte deste comitê, em datas especiais, eles adotam duas
ou três entidades da comunidade e fazem ações sociais, doações, interagem de alguma forma
com essas entidades.

E: ENTÃO, VOCÊS BUSCAM QUE A ALL, NÃO SOMENTE A PARTE


ADMINISTRATIVA SE ENVOLVA COM O SOCIAL, VOCÊS TÊM UM PROGRAMA
PARA QUE TODOS DA ALL, SEM EXCEÇÃO SE ENVOLVAM COM AS ENTIDADES,
NÃO ATUE SOMENTE COM RECURSOS FINANCEIROS, MAS TAMBÉM COM
RECURSOS HUMANOS.
C: Assim, a gente tem uma política que é o seguinte, não fazemos doações, temos quatro
datas durante o ano que a gente faz doações, que são as campanhas coorporativas. Nessas
datas a gente faz o repasse para algumas ONGS, a gente ajuda no desenvolvimento delas. È
aquela questão de sustentabilidade mesmo, a gente vai lá ensina, implanta programas de
capacitação profissional, inclusão digital, inclusão social. Toda unidade tem um “Comitê de
ENTREVISTA 3

gente”, eles têm camisetinha própria, eles tem reuniões mensais, eles próprios tem as decisões
deles. Eles têm varias diretrizes, eles tem que trabalhar no social, trabalhar internamente, eles
tem que trabalhar com as campanhas. Tem algumas diretrizes, mas tem total autonomia pra
trabalhar, escolher a entidade, escolher o que eles vão fazer e no final do ano eles são
premiados. È bem legal, é um incentivo que a gente usa. Algum brinde, viagem.
68

E: ENTRE EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA E MEIO AMBIENTE. QUAIS DESTAS


ESFERAS A EMPRESA ACHA MAIS CONVENIENTE INVESTIR? POR QUÊ?
C: A gente tem três focos. Na verdade são quatro: educação, cultura, meio ambiente e
voluntariado. Só não atuamos na área da saúde. Todos os nossos projetos são educacionais.
Trabalhamos forte em cima da cultura, incentiva a cultura, somos patrocinadores do Teatro
Regina Vohg. Alem dos funcionários terem descontos no teatro, a gente sorteia ingressos E no
meio ambiente, temos uma área que cuida só do meio ambiente. Estamos no meio ambiente,
então não só nos projetos sociais-ambientais, mas também toda a parte de permissões do
Ibama. A gente tem estações de tratamento de fluentes nas nossas... (pausa), um exemplo, toda
a água que a gente lava o vagão, a gente separa aquela borra da graxa da água, a água
reutilizada e esta borra é levada onde não prejudique o meio ambiente.

E: PORQUE A SAUDE FOI DEIXADA DE LADO? PORQUE VOCES NÃO


ESCOLHERAM A AREA DA SAUDE COM O FOCO?
C: Não é nossa área. È o segundo ano que somos procurados pelo Hospital Pequeno Príncipe
pra fazer repasse. Não que haja alguma restrição, é porque não é nossa área. Temos isto muito
claro que nossas diretrizes é a educação. Investimos em escolas, temos parceiros em escolas,
em universidades, creches, enfim... são diretrizes que vem lá da presidência.

E: SE FOSSE PARA INVESTIR NA ÁREA DA SAÚDE, QUAIS SERIAM AS CAUSAS


QUE A EMPRESA ACHA MAIS INTERESSANTE? POR QUÊ?
C: Assim, como a gente faz repasse para algumas entidades que são as Casa Lares, tem a pró-
renal.. (pausa) Não escolheríamos uma entidade especifica. Assim é uma realidade das
grandes empresas, os hospitais ou entidades que recebessem doação através do FIA, é muito
ENTREVISTA 3

mais fácil para entidades capta e muito mais fácil pras empresas doa. Aquele dinheiro que
você vai deixar de pagar para o Imposto de Renda você passar para um programa social ou
projeto de saúde. Por exemplo, se o Hospital Oswaldo Cruz tivesse um programa para
portadores de AIDS, um programa inscrito no Conselho Municipal da Criança e Adolescente
eu conseguiria entrar no site da prefeitura e doar não pro CONTIBA ou pro FIA e sim ia doar
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direto pro hospital. Se eu tiver um repasse de R$ 50 mil reais eu vou lá e faço direto pro
Hospital. Isto chama muito a atenção das empresas. Porque é um dinheiro que você tem que
pagar no final do ano pro Imposto de Renda e você vai lá e investe num programa social. Isto
é a primeira coisa que a gente vê, falando como empresa. Mas também vai da identidade da
empresa de se identificar com a instituição.

E: ENTÃO VOCÊ ESTA ME DIZENDO QUE SE O HOSPITAL OSWALDO CRUZ


TIVESSE UM PROGRAMA DE ARRECADAÇÃO DE RECURSOS PARA DAR
ASSISTÊNCIA AOS PORTADORES DO VÍRUS HIV, A ALL NÃO TERIA NENHUMA
OBJEÇÃO EM FAZER UMA DOAÇÃO?
C: De cara a ALL não teria nenhuma objeção. Porque a ALL não discrimina ninguém.
Ajudaria uma entidade independente do fim dela, mas não faz parte da ALL mesmo trabalhar
na área de saúde. A gente trabalha em cima de três objetivos do milênio que são: educação
básica, sustentabilidade ambiental e todo mundo trabalhando para o desenvolvimento. A gente
trabalha com estas três metas. Hoje se você perguntar porque a gente não trabalha com a
saúde? É porque não é a diretriz da ALL. São diretrizes que vem lá da presidência. Mas se a
gente viesse a trabalhar, eu como responsável pela área de responsabilidade coorporativa da
empresa não vejo nenhum problema. Não haveria nenhum tipo de discriminação,
independente do tipo de doença.

E: MAS A ALL NÃO ACHARIA PREJUDICIAL ENVOLVER A IMAGEM DA EMPRESA


COM ESTA CAUSA? PORQUE FORAM PESSOAS QUE TIVERAM UM
COMPORTAMENTO DE RISCO. UMA PARCELA DESTES PORTADORES
PROFISSIONAIS DO SEXO, USO DE DROGAS INJETÁVEIS, ENFIM, A FORMA DE

ENTREVISTA 3

CONTAMINAÇÃO SÃO VARIADAS, MAS O QUE É MAIS EVIDENCIADO SÃO


ESTAS PESSOAS QUE PELO ESTILO DE VIDA SÃO DISCRIMINADAS PELA
SOCIEDADE. NÃO SERIA MAIS CONVENIENTE DOAR PARA UM HOSPITAL QUE
ASSITE PESSOAS COM CANCER?
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C: Eu como funcionária, digo que nós somos muito ousados. Seria um ato de ousadia mesmo.
Falo pela ALL, não teria nenhum tipo de discriminação. Mas concordo com você que algum
acionista poderia deixar de assistir alguma entidade um hospital que dessa assistência para
portadores de AIDS e preferisse trabalhar com pessoas com câncer ou pró-renal ou outro tipo
de especialidade. Concordo existe este preconceito sim. Porque a gente pensa: o que as
pessoas vão pensar da imagem da empresa e não como a gente pensa e como a gente defende.
E hoje se a tua empresa de capital aberta, se ela tem ações, isso é a primeira preocupação da
empresa, é a imagem. E também a imagem que temos com os nossos stakeholders.A relação
com os investidores é muito avaliada.

E: CAROLINA, ATRAVÉS DESTE TRABALHO PUDE ME APROFUNDAR SOBRE


ESTE SETOR NOVO, QUE É O TERCEIRO SETOR E A IMPORTÂNCIA DO
ENVOLVIMENTO DA EMPRESAS PRIVADAS COM AS ENTIDADES E TODO O
PENSAMENTO RESPONSÁVEL QUE NORTEIA AS AÇÕES DE TODA A SOCIEDADE
CIVIL. PARABÉNS PELOS PROJETOS E PARCERIAS QUE DESENVOLVEM EM PROL
DA SOCIDADE. OBRIGADA PELA DISPONIBILIDADE E A PACIÊNCIA PARA
RESPONDER AS MINHAS PERGUNTAS.
C: Sem problemas Eveline. Sempre que precisar e eu puder ajudar estarei disponível.

E: BOM TARDE.

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