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Análise dos “Prolegômenos a toda metafísica futura que possa apresentar-se


como ciência”
Mário Ferreira dos Santos

Exige esta obra de Kant, que passaremos daqui por diante a chamá-la de
Prolegômenos, uma análise especial. Contudo, por amor à síntese, s analisaremos as
passagens principais, que interessam ao exame da Crítica e que possam o!erecer elementos
para uma crítica ao m"todo crítico do !amoso pensador de Koenisberg.
# !inalidade dessa obra consiste em examinar, se " possí$el, a %eta!ísica como
ci&ncia. Considera Kant que os ataques de 'ume à %eta!ísica (e !oram ao conceito de
meta!ísica que ele concebia), constituíram o marco de uma *ornada decisi$a. +espertaram-
no de um sonho meta!ísico e lhe deu uma no$a tomada de consci&ncia.
# %eta!ísica no se !unda na experi&ncia, e o ob*eto está al"m da experi&ncia.
#ssim nem a experi&ncia externa, !onte da !ísica propriamente dita, nem a experi&ncia
interna, base constituti$a da psicologia empírica, no lhe !ornecero !undamento. Ela ",
pois, conhecimento a priori do entendimento puro e da rao pura/. (Prolegômenos,
pág.01). Essas so as !ontes do conhecimento meta!ísico.
Prossegue !aendo a distin2o entre os *uíos analíticos e os *uíos sint"ticos. 3s
primeiros !undam-se no princípio de contradi2o. %as os segundo *á exigem outro
princípio. Entre os *uíos sint"ticos, temos os a posteriori, cu*a srcem " empírica, e os a
priori, cu*a srcem está no entendimento puro e na rao pura.
Conclui ele que todos os *uíos empíricos so sint"ticos e que os *uíos matemáticos
so sint"ticos tamb"m.
4odos os *uíos meta!ísicos propriamente ditos so sint"ticos. +istingue ele os *uíos
que pertencem à %eta!ísica dos *uíos propriamente ditos meta!ísicos. Entre os primeiros
há muitos analíticos, que so apenas meios para alcan2ar *uíos meta!ísicos, que constituem
o !im exclusi$o da ci&ncia e que so sempre sint"ticos. Pois, se conceitos decorrem da
meta!ísica, o de subst5ncia, por exemplo, os *uíos que decorrem de sua análise decorrem
necessariamente da %eta!ísica, assim6 a subst5ncia " o que existe como su*eito, etc., por
interm"dio de muitos desses *uíos analíticos, buscamos aproximar a de!ini2o dos
conceitos. %as como a análise de um puro conceito de entendimento (como a %eta!ísica o
0

encerra) no se pode !aer de outro modo que qualquer outro conceito, mesmo empírico,
no pertencente à %eta!ísica (por exemplo, o ar " um !luido elástico, cu*a elasticidade no "
suprimida pelo !rio em nenhum grau conhecido), o conceito " certamente propriamente
meta!ísico, no, por"m, o *uío analítico8 esta ci&ncia conser$a, com e!eito, alguma coisa de
particular e tamb"m o seu caráter prprio, na produ2o dos conhecimentos a priori, que se
de$em distinguir do que t&m de comum com todos os outros conhecimentos do
entendimento8 assim a proposi2o6 tudo o que " subst5ncia, nas coisas, " constante/, " uma
proposi2o sint"tica e propriamente meta!ísica (op. cit., pág. 91).
:e pre$iamente se reuniu, seguin do certos princípios, os conceitos a priori que
constituem a mat"ria e os instrumentos da meta!ísica, a análise desses conceitos tem ento
um grande $alor8 tamb"m poder-se-ia expor como uma parte especial (uma esp"cie de
philophia de!initi$a), contendo apenas proposi2;es analíticas pro$indas da meta!ísica, com
excluso de todas as proposi2;es sint"ticas, que constituem a prpria %eta!ísica. +e !ato,
essas análises s o!erecem uma utilidade considerá$el na %eta!ísica, quer dier,
relati$amente às proposi2;es sint"ticas que de$e !ornecer a resolu2o pr"$ia desses
conceitos/(op. cit. pág. 97).
Comentando suas prprias pala$ras, conclui Kant que a %eta!ísica dedica-se
propriamente às proposi2;es sint"ticas a priori e que estas constituem seu !im/ (<)8 para
atingi-lo, tem ela necessidade realmente de muitas análises de seus conceitos, como
conseq=&ncia de *uíos analíticos, mas o m"todo no " em nada di!erente do que há em toda
outra esp"cie de conhecimento em que a análise ser$e apenas para dar nitide aos
conceitos/ (op. cit. pág. 97).
# intui2o sensí$el permite adicionar percep2;es a percep2;es, e realiar, portanto,
!acilmente, *uíos sint"ticos a posteriori, !undados, pois, na experi&ncia. 3 problema que
surge no ", portanto, para os *uíos analíticos, nem para estes >ltimos, mas sim para os
*uíos sint"ticos a priori, ou se*a aqueles em que há um acrescentamento ao su*eito pelo
predicado, no contido naquele, mas que " achado sem a experi&ncia, !ora da experi&ncia.
3ra, qual a $alide de tais *uíos< Em suma, o que dará a $alide que de$eriam ter tais
*uíos< Estas perguntas constituem a mola principal de toda pesquisa ?antiana nesta obra,
completada de modo mais pleno em Crítica da @ao Pura.
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Comentando o trabalho de 'ume (op. cit. pág. 9A) escre$e Kant6 Pois, como "
possí$el, diia esse homem perspica, que, quando me " dado um conceito, possa
ultrapassá-lo e ligar-lhe um outro conceito que no está nele contido totalmente, tal como se
lhe pertencesse necessariamente< : a experi&ncia nos pode !ornecer tais rela2;es (" o que
ele concluía dessa di!iculdade que tinha por uma impossibilidade), e toda essa pretendida
necessidade ou, o que " o mesmo, todo este conhecimento a priori tomado por ela, nada
mais " que o longo hábito que se tem de encontrar alguma coisa $erdadeira e de considerá-
la a seguir como ob*eti$a a necessidade sub*eti$a/.
Ba $erdade, era para 'ume di!ícil conceber tais correlacionamentos de conceitos.
4odo o que combate uma posi2o !ilos!ica sempre so!re alguma in!lu&ncia da posi2o
combatida. 'ume queria combater a meta!ísica racionalista, que, realmente, !oi um
momento de de!luxo da !iloso!ia ocidental. %as, ao combat&-la, colocou-se na posi2o !alsa
de que o !iloso!ar s poder-se-ia dar dentro dos quadros do racionalismo, e seguindo as suas
normas e dire2;es.
@acionalisticamente, de$ido ao abstractismo exagerado, os conceitos so estanques e
o la2o que os une no " !acilmente compreendido. :e o racionalismo seguisse a linha
platônica genuína, tomando em considera2o os logoi analogantes poderia ter descoberto
que há entre todos os conceitos correlacionamentos prximos ou remotos, e que todas as
esquematia2;es, que nossa rao possa realiar, quando bem !undadas, lgica e
ontologicamente, so analogicamente insepará$eis de outras e $irtualmente contidas umas
em outras, cu*a considera2o e presen2a no !iloso!ar constitui o que chamamos de !iloso!ar
concreto. +amos exemplos desse !iloso!ar em nossa iloso!ia Concreta/, onde se
patenteiam os nexos de liga2o analgica, o que impede se tome um conceito em sua total
abstra2o, porque a abstra2o !ormal, como a considera$am os escolásticos, no realia
uma separa2o absoluta, mas apenas uma separa2o real-!ormal.
undado nas opini;es de 'ume, Kant termina por concluir6 Como conseq=&ncia,
todos os meta!ísicos esto, solenemente e con!orme prescre$e a lei, suspensos de suas
!un2;es at" que tenham resol$ido de maneira satis!atria esta questo6 Como so possí$eis
conhecimentos sint"ticos a priori<
3ra, os conhecimentos sint"ticos a priori so to possí$eis como os analíticos, como
$eremos mais adiante, pois estes so possí$eis quando !undados naqueles.
G

D deste modo claramente colocada a sua posi2o em !ace da %eta!ísica. Esta está
suspensa, enquanto no resol$er esse problema. Por acaso Kant o resol$e< 4amb"m no o
!a, e a!irma que ningu"m pode !a&-lo, porque a armadilha ?antiana, como $eremos, está
armada à espera de qualquer um. Contudo, o problema *á !ora solucionado com s"culos de
anteced&ncia. Essa pro$a agora nos cabe e " o que !aremos oportunamente, ao criticar a sua
!amosa Crítica da @ao Pura.
...
Crítica da Crítica da a!"o Pura #
Crítica $ posi%"o de &ant
# >nica oposi2o seria que ainda pode restar ao que empreendemos nesta obra, " a
que se !unda no criticism o ?antiano. Como, para muitos, Kant dester rou de uma $e para
sempre a $ meta!ísica/, como goosamente a!irma alguns dedicados ao estudo da !iloso!ia,
pois mostrou, de modo de!initi$o/ a impossibilidade de *uíos sint"ticos a priori, os >nicos
que podem caber à %eta!ísica, *á que os sint"ticos a posteriori so dados pela experi&ncia,
*ulgamos de nosso de$er reproduir aqui algumas páginas do que escre$emos em nosso #s
4r&s Críticas de Kant/, onde examinamos a sua doutrina e *usti!icamos a nossa. Pedimos ao
leitor que nos perdoe a longa transcri2o, mas como " imprescindí$el !undamentar a nossa
posi2o, *ulgamos acertado esta pro$id&ncia.
...
D nos Prolegômenos que Kant procura responder a pergunta de como a %eta!ísica "
possí$el como ci&ncia. Ba Crítica da @ao Pura, prossegue examinando o tema para
concluir que a !iloso!ia s será possí$el quando possa estabele cer-se !undada em *uíos
sint"ticos a priori, o que nega ele tenha sido !eito at" o momento pelos meta!ísicos.
Kant " inega$elmente um produto !inal do #u!?laerung, do s"culo das lues, do
luminismo, da lustra2o, s"culo que mereceu tantos nomes pomposos atra$"s dos tempos.
@ealmente, há um progresso no saber experimental e cientí!ico do homem. Fuanto ao saber
!ilos!ico, por"m, !e-se um hiato perigoso e terrí$el entre a !iloso!ia do passado e as no$as
experi&ncias !ilos!icas das quais Kant " um per!eito representante.
3 luminismo que !oi uma ascenso no campo cientí!ico, terminou por tornar-se no
campo !ilos!ico um período de tre$as do conhecimento. Bo era *usto que esse hiato se

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Escrito no manuscrito6 Entram aqui os srcinais que !oram apensos à 9 a.edi2o da iloso!ia Concreta.

prolongasse, como se prolongou at" nossos dias, a ponto de ser mani!esta e palmar a
ignor5ncia de muitos !ilso!os da obra dos medie$alistas e at" dos gregos.
%esmo que no hou$esse elementos a nossa !a$or, estaríamos certos que Kant nunca
leu nenhuma das grandes obras dos medie$alistas, como por exemplo 4omás de #quino,
+uns :cot, :o Hoa$entura e :uare. Bem tampouco leu, seno por alto, a obra de
#ristteles e de Plato, porque, talentoso como era, no poderia, de modo algum, enunciar
sobre a %eta!ísica, as a!irmati$as que encontramos em seus trabalhos, to comuns e
!req=entes em seu s"culo, quando essa disciplina caíra no des!a$or dos intelectuais de
ento, que *ulga$am que a obra de autores menores e os exageros de alguns meta!ísicos
de!icientes constituíssem o ápice da %eta!ísica.
Ba "poca de Kant, proclamar-se meta!ísico era atrair sobre si o riso de todos os
$oltairianos de ento. Kant era um homem tímido e tremeria dos p"s à cabe2a se o
chamassem de meta!ísico. 4udo en$idou para estar no seu s"culo, procurando tornar
impossí$el a %eta!ísica. E o !e com uma habilidade sat5nica. :ua obra " uma armadilha
bem urdida. Caindo nela, ningu"m se sal$a. Cerca aparentemente por todos os lados as
possí$eis saídas em !a$or de tese contrária. Isando de uma so!ística extraordinária, e de
argumentos aparentemente slidos, consegue enlear os despre$enidos em suas malhas.
+epois da sua obra s poderia $ir o materialismo $ulgar, o !iccionalismo, o empírio-
criticismo, o positi$ismo, o relati$ismo !ilos!ico, o agnosticismo, o materialismo histrico,
o cepticismo moderno, o niilismo de toda esp"cie, o desesperismo de nossos dias, etc. Kant
!oi menos construti$ o na !iloso!ia que destruti$ o. Bo " de admirar que todos aqueles que
procuram destruir o trabalho !ilos!ico de s"culos, busquem por todos os meios, di!undir
sua obra sem acompanhá-la da necessária crítica. :abem muitos que o ?antismo " um meio
caminho aberto ao desespero e à destrui2o da !iloso!ia. Bo ", pois, de admirar que receba
os a!agos de alguns pro!essores de !iloso!ia e sua propaga2o se*a to estimulada, sobretudo
pelos que t&m interesses outros, muitas $ees incon!essá$eis.
Je*amos algumas passagens da obra citada6
# %eta !ísica, como disposi2o natural da rao, " real, mas tomadas em si
unicamente (como o demonstrou a solu2o analítica da terceira questo capital) dial"tica e
enganadora. Fuerer, por conseq=&ncia, extrair dela princípios, e seguir, utiliando-os, " uma
apar&ncia natural, e na $erdade, !alsa. Ela nunca poderá produir ci&ncia, mas somente uma
A

$ arte dial"tica, onde uma escola poderá ter melhor &xito que outra, sem que nenhuma
possa obter uma apro$a2o legítima e durá$el/. (Prolegômenos, pág.7A)
.../Laranto que ningu"m, aps ter meditado e compreendido os princípios da crítica,
nem que se*a nestes Prolegômenos no $olta rá nunca mais a essa !alsa ci&nc ia antiga e
so!ística.../ (pág. 7M).
%as a meta!ísica que o :r. Kant conhecia era a de :pinoa, Nol!, Oeibnit, Clar?e,
Beton, %endelssohn, etc. Bo conhecia os escolásticos. Conhecia Nol!, e basta$a. Bo
era ele consagrado como o mais pro!undo e completo conhecedor da escolástica</ E a
síntese que ha$ia !eito, na exposi2o das doutrinas medie$alistas, no era um monumento
de !idelidade</ Bo era, pois, de admirar que Kant no perdesse seu tempo a ler aqueles
$olumosos trabalhos dos medie$alistas, muitas $ees pouco inteligí$eis. Hasta$a lou$ar-se
em Nol!, e daí por diante era !ácil o caminho. %as, na $erdade, Nol! no " considerado um
aut&ntico expositor da obra dos medie$alistas. #o contrário, !alsi!icou e no compreendeu
muitas coisas, expondo-as !alsamente. Fuanto aos outros, no campo da %eta!ísica, !oram
le$ados por concep2;es racionalistas ou excessi$amente idealistas, sem o de$ido
!undamento na realidade.
4oda arte !alsa, toda ci&ncia $ t&m apenas um tempo, pois terminam por
aniquilarem-se a si mesmas8 a "poca de sua mais alta cultura coincide com a de sua
decad&ncia. Esse momento " agora $indo para a %eta!ísica6 o que o pro$a " o estado na
qual ele caiu entre todos os po$os cultos, enquanto as ci&ncias de todo g&nero so estudados
com tanto ardor/ (pág. 7Q).
%as qual !oi a "poca de máxima ascenso e, portanto, de início do declínio< 3 s"culo
RJ absolutamente no. 3 período áureo da meta!ísica !oi na "poca de 4omás de #quino
e :o Hoa$entura, #lberto %agno, :cot nos s"culos R e RJ, e depois, no s"culo RJ
com os combrinenses e salmanticenses. 3 período de que !ala Kant " precisamente de
declínio. #quela meta!ísica era mis"ria da meta!ísica. Esta$a-se em pleno período de
re!luxo da escolástica, e o $oltairismo ha$ia in!luído nas consci&ncias ing&nuas. @ealmente
o espetáculo na !iloso!ia era desolador. 3 que ha$ia era o meta!icismo, !orma $iciosa da
meta!ísica que Kant na $erdade combatia. Ele con!undira essa decad&ncia com a ascenso,
ou por ignorar a $erdadeira meta!ísica ou por má !". Pre!erimos por enquanto a primeira
hiptese, mais consent5nea com os !atos e com a prpria obra de Kant.
S

Prossegue a!irmando que meta!ísicos, em todo tempo, no !ieram essa ci&ncia
a$an2ar um passo al"m de #ristteles o que resulta dessa causa bem natural que a ci&ncia
no existia ainda.../
E aqui, a %eta!ísica no pôde $alidamente demonstrar a priori nem esse princípio (o
da subst5ncia e do accidente), nem o princípio de rao su!iciente, nem ainda qualquer
proposi2o mais complexa, que se re!ira, por exemplo, à Psicologia ou à Cosmologia8 em
suma, nenhuma proposi2o sint"tica8 assim, toda essa análise no alcan2ou nada, nada
produiu, nada !e a$an2ar, e depois de tantas agita2;es e ruído, a ci&ncia está ainda onde
ela esta$a na "poca de #ristteles/...
E prossegue6
:e algu"m se acredita o!endido por isso, " lhe !ácil reduir a nada esta acusa2o,
limitando-se a dar uma s proposi2o sint"tica na meta!ísica, e o!erecendo-se a demonstrar
a priori pelo m"todo dogmático8 se o !ier, mas ento somente assim, eu concordarei que
realmente contribuiu para o progresso da ci&ncia e que essa proposi2o se !or ademais,
su!icientemente con!irmada pela experi&ncia $ulgar/ (idem pág. 7A0).
E ele resume a sua posi2o !ilos!ica nestes termos6 4odo conhecimento das coisas,
tirado do entendimento puro ou da rao pura, " apenas iluso8 no há $erdade seno na
experi&ncia/ (pág. 7S7).
inaliando a!irma que cabe ao de!ensor da %eta!ísica pro$ar, seguindo seu m"todo,
ou se*a, como lhe con$"m, por princípios a priori, uma qualquer das proposi2;es
$erdadeiramente meta!ísicas que prop;e, quer dier, sint"ticas, conhecidas a priori por
conceitos, mas, em todo caso, uma das mais indispensá$eis, por exemplo, o princípio de
perman&ncia da subst5ncia ou da determina2o necessária dos acontecimentos do mundo
por sua causa. :e no o pode, (o sil&ncio " uma con!isso), de$e con$ir que, no sendo a
%eta!ísica nada sem uma certea apodítica das proposi2;es dessa esp"cie, " mister, antes de
tudo, estabelecer a possibilidade ou a impossibilidade destas numa crítica da rao pura,
sendo, depois, obrigado ou a reconhecer que meus princípios na Crítica so exatos, ou
demonstrar que so sem $alor/ (pág. 7SA)
E dispensando as concess;es que Kant !a, resol$emos dar a resposta, em duas partes6
7) mostrando a improced&ncia de suas a!irmati$as sintetiadas na Crítica, quanto à
impossibilidade da %eta!ísica8
M

0) e realiando, por meio de demonstra2;es, uma constru2o !ilos!ica rigorosamente


apodíctica, em nossa iloso!ia Concreta/.
...
'ntrodu%"o $ nossa crítica
Bo se poderia compreender de$idamente a crítica de Kant sem considerar o clima de
suas id"ias, segundo as in!lu&ncias que so!reu dos autores que constituíram a sua leitura
predileta e mais importante.
D mister considerar o empirismo !enomenista de 'ume, o dogmatismo racionalista de
Nol!, que a muitos parecia como a melhor mani!esta2o da escolástica e o racionalismo de
+escartes, de Oeibnit e de :pinoa. 3 cepticismo a que le$a$a o empirismo e as
contradi2;es internas de que esta$a ei$ado o racionalismo, le$aram Kant a considerar a
necessidade imperiosa de uma crítica, capa de resol$er as aporias que surgiam ou
estabelecer qual o alcance e qual a $alide de cada uma, bem como os pontos sobre os quais
a intelig&ncia humana teria sempre que patinar inutilmente, sem encontrar uma solu2o
como dese*a$a, seguindo aqueles caminhos.
3 postulado geral do racionalismo " o paralelismo da ordem da rao com a ordem
das coisas. %as, esse postulado " contraditado pela concluso de que as coisas !initas so
ininteligí$eis. #demais o !undamento da identidade, como a concebem os racionalistas,
le$a-os, mais cedo ou mais tarde, ao monismo e at" ao panteísmo spinoista.
3 conceito de empíria tem sido moti$o de grandes di$erg&ncias na !iloso!ia e pode-se
dier at" que grande parte da !iloso!ia moderna gira em torno das maneiras de concebe-la.
3 temo ex peri&ncia, de ex e do antigo perior, signi!ica alcan2ar, a$eriguar, pro$ar.
Em alemo, er!ahr deri$a do $erbo er!ahren, que signi!ica alcan2ar algo andando, portanto
o indagar submetido às condi2;es tempo-espaciais. Concebe-se, ento, que indica a
recep2o de impress;es por parte das coisas que se op;em, que ocorrem, de ob e currere, o
que $em em sentido contrári o. +este modo nem toda intui2o " experi&ncia. 4amb"m no
se pode con!undi-la com pensamento, porque este " uma !orma de conhecimento mais ati$o
e no depende da impresso imediata que pode o ob*eto produir. Em seu sentido mais
puro, experi&ncia " toda a percep2o produida por impress;es externas. D $erdade que se
emprega o termo em sentido analgico quando se !ala em experi&ncias místicas e outros.
#ristteles da$a um sentido mais restrito ao termo. Para ele, a empíria era !ormada por
Q

muitas percep2;es e pela memoria2o de casos análogos, !ormando uma imagem


esquemática. 3utros consideram experi&ncia o *uío que se !ormula sobre a base da
percep2o, o *uío da experi&ncia.
Kant considera a experi&ncia no o *uío de percep2o em geral, mas aquele no qual
entra um conceito a priori do entendimento, o que lhe dá, por isso, uma $alide uni$ersal. #
experi&ncia di$ide-se em interna e externa. # primeira consiste na percep2o dos ob*etos,
nos processos corpreos, mediante os sentidos externos (sensorial) e, a segunda, a $i$&ncia
dos prprios estados e atua2;es interiores anímicas.
# $iso intelectual da ess&ncia " uma $i$&ncia intelectual. Poder-se-ia tamb"m, dar
um sentido mais prprio, dentro das normas da iloso!ia Concreta, desde que se busque o
logos analogante de toda experi&ncia. Beste sentido, a experi&ncia caracteria-se pela
singularidade como ponto de partida e pelo seu caráter predominantemente imediato.
Considerando-se assim, s há experi&ncia dos !atos particulares, singulares, e no dos
ob*etos uni$ersais necessários. 3 empirismo em sua !orma singela parte da pretenso de
que a experi&ncia " a !onte >nica, primordial do conhecimento. :e permanecermos aí,
torna-se di!ícil explicar os princípios do conhecer como uni$ersalmente $alidos e
necessários, nem tampouco se consegue !undamentar o $alor do conhecimento induti$o
porque o salto do particular para o uni$ersal no tem !undamento su!iciente.
# análise da obra de Kant exige que a antecedamos por uma coloca2o pr"$ia dos
temas principais, e entre estes surge como mais exigente o espa2o, o tempo, a intui2o, o
conhecimento, o *uío, sob todos seus aspectos, a possibilidade, a conting&ncia, a
exist&ncia, para citarmos os principais.
#s nossas representa2;es podem re!erir-se às coisas que pertencem a uma realidade
absoluta, às coisas inteligí$eis, ou ento às sensí$eis, !enomenais e a estas pertencem o
tempo e o espa2o. Kant examina a teoria netoniano do espa2o absolut o, uma realidade
meta!ísica axiologicamente antecedente às coisas, e o espa2o relati$o que depende da
exist&ncia das coisas, que " de!inido em rela2o a estas.
Para Oeibnit e para Nol!, o espa2o " a id"ia con!usa da ordem de coexist&9ncia dos
ob*etos. Para Kant, " um ob*eto conceitual . Beton aceita$a a possibilidade de um espa2o
$aio antecedente a toda possibilidade dos corpos e !undamento do espa2o relati$o. 3
71

primeiro era o campo in!inito da presen2a di$ina/. Como Kant concebia o espa2o, $eremos
mais adiante.
3utro ponto importante que de$emos pre$iamente analisar em Kant " a sua
concep2o da rao su!iciente e de causa. Em Nol!, elas so con$ertí$eis. # rao lgica " a
causa ontolgica, e a causa ontolgica " a rao lgica. Kant distingue a rao determinante
antecedente (ratio essendi $el !iendi), no coincidindo esta necessariamente com a primeira.
#ssim o ser necessário " a ratio cognoscendi, no a ratio essendi da sua exist&ncia, porque a
exist&ncia no pode !undar-se numa possibilidade. +eus " possí$el, mas dessa possibilidade
no se pode concluir a sua exist&ncia. 4angemos aqui um tema dos mais pro!undos da
!iloso!ia, !undamento do argumento ontolgico. :e partimos da !initude humana no
podemos conceber que o homem possa captar o ser in!inito !undado apenas na sua !initude.
3ra, o ser in!inito " logicamente possí$el. :e " possí$el no contradi ele o ser. # no
exist&ncia do ser in!inito a!irmaria que ele " nada. Beste caso ns tornaríamos inteligí$el o
nada, o que " absurdo. E teríamos mais, "ramos capaes de dar o que no temos, de
alcan2ar o que no existe. Ento teríamos de concluir que essa capacidade de alcan2armos o
ser in!inito teria sua rao de ser no que em ns se ausenta, o que seria contraditrio,
quando :anto #nselmo a!irma$a que se somos capaes de pensar no ser in!inito, ele
necessariamente existe, era porque a sua nega2o torna$a-se contraditria e
consequentemente absurda.
4inha :anto #nselmo rao, na resposta a Launillon, de chamar a aten2o que a id"ia
do ser in!inito, do ser que nada de maior pode existir, no pode ser con!undido, enquanto
id"ia, com a de qualquer coisa !inita, que *ulgamos a mais per!eita na sua esp"cie, como as
lhas Hema$enturadas, do argumento de Launillon. # paridade no procede, porque o ser
contingente inteligí$el " inteligí$el como contingente, e as lhas Hema$entu radas eram
contingentes e como tais podiam ou no existir. %as a id"ia de um ser absolutamente
necessário, com o qual tudo o mais perde sua rao de ser, no s " inteligí$el, como
logicamente necessário. Fue a mente pode conceber seres contingentes, que podem ou no
existir " indubitá$el, mas como poderia a mente humana alcan2ar a inteligibilidade do ser
in!inito e necessário< Bo se argumente que há quem no possa concebe-lo e realmente há
muitos cu*a mente no chega a alcan2á-los. %as bastaria que um s ser humano !osse capa
de alcan2ar essa inteligibilidade para que ela, como possibilidade, se atualiasse num ser
77

humano. 3ra, inteligí$el " s o ser. 3 nada absoluto " absolutamente ininteligí$el, e como
no há meio termo entre ser e nada, porque mais que nada " ser e menos que ser " nada, o
inteligí$el tem uma realidade. E como poderia ter uma realidade !raca, de!iciente, o ser que
" in!inito e absolutamente necessário< #demais a possibilidade dele no pode a!irmar uma
mera possibilidade, porque se " possí$el um ser in!inito e necessário essa possibilidade
estaria num ser contingente, e teríamos um possí$el de ser maior que suas causas, o que "
absurdo. # possibilidade que captamos humildemente com a nossa mente do ser in!inito e
necessário a!irma, ineludi$elmente, na dial"tica de :anto #nselmo, a sua exist&ncia. Bo
procedeu com !raquea o bispo de Hec. :ua demonstra2o " coerente com as id"ias que
esposa, e a sua *usti!ica2o " dialeticamente rigorosa. Pode ser uma pro$a incompleta, e há
muitas que goam de maior renome, e que so ainda menos rigorosas, mas dentro da
dial"tica que segue, ele tem su!icientes apoditicidade, e pode ser corroborada por outras
como temos mostrado em nossos trabalhos.
3 grande argumento contrário " que a rao lgica de alguma coisa no garante ainda
a rao ontolgica, e muito menos a ôntica. Bo se pode a!irmar porque algo " possí$el que
algo exista. @ealmente, se o ser pensado " um ser contingente, porque " da rao do
contingente existir ou no existir. Bo, quando se trata de um ser absolutamente necessário,
lgica e ontologicamente.
Por ser possí$el conceb&-lo, essa possibilidade " da nossa mente, no dele. Ba sua
rao de ser no há possibilidade8 há, sim, na nossa de conhecer. Ele " cognosciti$amente
possí$el por ns, mas a sua exist&ncia no depende de nossa cognoscibilidade. Tamais
:anto #nselmo queria a!irmar que a rao da sua exist&ncia !osse dada pela nossa mente ou
por qualquer outra mente. Bem tampouco que, pelo simples !ato de sermos capaes de
entend&-lo, esti$esse por isso assegurado a exist&ncia. # rao do ser necessário s pode
estar em si mesmo e no em outro. 3ra, há em ns a capacidade de entender um ser cu*a
rao de ser está em si mesmo, que " in!inito e necessário. :e " tal, no " a nossa mente que
lhe dá tais atributos, porque a mente poderia !alar e no entend&-lo, como há a de muitos
que a!irmam que no podem entend&-lo. #ssim, nossa mente no " su!iciente nem para
garantir a sua exist&ncia, nem para garantir a sua no exist&ncia. %as :anto #nselmo *amais
disse que nossa mente !osse a !iadora dessa exist&ncia. +isse apenas que se podemos
conceber um ser maior que tudo, o qual no superado por nenhum outro, e que esse ser "
70

inteligí$el, tal re$ela que a nossa mente " capa de captar o que lhe " proporcionado6 a
inteligibilidade do ser. Portanto, o ser in!inito e absoluto no " absurdo, no contradi o ser,
no re$ela nenhuma impossibilidade à nossa mente. 4al no quer ainda dier que ele exista
porque " inteligí$el. Im ser contingente inelegí$el " possí$el tamb"m. %as aqui ressalta a
di!eren2a !undamental6 " que a exist&ncia do ser contingente " contingente, e a do ser
necessário e in!inito " in!inita e necessária. Esta no tem mais uma possibilidade ser ou
no, mas uma necessidade de ser e uma total e absoluta impossibilidade de no ser. :ua
exist&ncia " assegurada a ns pela sua necessidade e in!initude. Entre os possí$eis
(contingentes) tudo quanto " possí$el " possí$el, mas quanto ao ser in!inito e necessário
tudo quanto " possí$el, e que constitui a sua ess&ncia no pode ser apenas possí$el, mas
necessário. Portanto tudo quanto a nossa mente pode descortinar no ser in!inito, absoluto e
necessário, todos os atributos que no o contradiem, so nele reais e no meramente
possí$eis. 3ra, a exist&ncia " um atributo essencial, porque tal ser " essencialmente
existente e existencialmente essente, pois ess&ncia e exist&ncia nele se identi!icam. Bo " a
sua exist&ncia uma concluso apenas lgica, mas ontolgica para :anto #nselmo, porque o
ser contingente s se *usti!ica pelo necessário. E nossa mente pode captá-lo. # ordem da
inteligibilidade " contingente quando se re!ere a seres contingente, mas necessária quando
se trata do ser absolutamente necessário.
# pro$a de :anto #nselmo !unda-se numa $ia dial"tica, que no " a comum, e que
necessita ser de$idamente exposta. Bo nos a!astamos *amais da sua pro$a, porque há nela
sempre constantes sugest;es que nos pro$ocam o máximo interesse e elementos para nossas
in$estiga2;es. Constantemente estaremos retornando a ela, sempre que exigir no$as
demonstra2;es a seu !a$or.
...
Bo desen$ol$imento do pensamento de Kant obser$a-se que a rao ontolgica
extrínseca à ess&ncia no s no " con$ertí$el com a rao lgica, como nunca pode
coincidir com ela. # rao lgica re!ere-se à identidade do su*eito com a sua rao
explicati$a. 3ra, a rao ontolgica extrínseca à ess&ncia " a causa à qual se re!ere a
oposi2o relati$a entre o e!eito e o seu princípio !ísico. # causa, ", assim, outro que o e!eito.
Compreendo muito bem (escre$ia Kant nas Fuantidades negati$as/, a?. , pág. 010)
como uma conseq=&ncia possa ser apoiada sobre uma rao (Lrund), segundo a regra da
79

identidade8 quer dier, quanto à análise dos conceitos mostra esta conseq=&ncia inclusa
nessa rao..., posso $er claramente a liga2o da rao e da conseq=&ncia, porque a
conseq=&ncia " identicamente um conceito parcial desta mesma rao, mas que alguma
coisa decorra de alguma coisa outra (aus etas anderem)., sem que se*a em $irtude da regra
de identidade, eis o que eu bem queria que me !osse explicado. Ima rao da primeira
esp"cie chamo-a rao lgica, porque sua rela2o à conseq=&ncia goa de uma e$id&ncia
lgica8 quer dier, " mani!esta segundo a regra da identidade. Ima rao da :egunda
esp"cie chamo -a rao ontolgica (real), porque a sua rela2o com a conseq=&ncia "
representada em meus conceitos $erdadeiros, sem contudo a naturea dessa rela2o prestar-
se ao *uío.
3ra, quanto esta rao ontolgica em seu nexo a uma conseq=&ncia real, eis a simples
pergunta que eu coloco6 como compreender que, porque alguma coisa ", outra coisa de$a
ser<
# concluso de Kant " a seguinte6 segundo os nossos conceitos, a rao ontolgica
(@ealgrund) no " uma rao lgica (logischer Lrunds), no " a regra de identidade que !a
concluir do $ento à chu$a... @e!leti sobre a naturea do nosso conhecimento, concernente a
esses *uíos, que p;em em *ogo ra;es e conseq=&ncia s, e proponho-me expor um dia com
pormenores o !ruto das minhas re!lex;es. +aí resulta que a rela2o de uma rao ontolgica
ao ob*eto, colocad a ou descartada por esta, no pode, de nenhuma maneira, ser expressada
por um *uío, mas somente por um conceito6 este conceito pode-se ligá-lo, por análises, a
outros conceitos mais simples, que representam igualmente ra;es ontolgicas, mas de tal
maneira, contudo, que nosso conhecimento da rela2o subdita (de depend&ncia real), se
det"m em conceitos simples e irredutí$eis, que representam ra;es ontolgicas, cu*o nexo
das suas conseq=&ncias no se*a susceptí$el de ulterior esclarecimento. Bessa "poca conclui
Kant que o conhecimento humano está cheio de *uíos indemonstrá$eis. +este modo,
a!asta$a-se ele de :pinoa, Oeibnit e Nol!, e prepara$a-se para a Crítica da @ao Pura
cu*a análise dese*amos !aer.
...
4e$e, contudo, Kant, uma !ase semi-empirista, na qual concluía que a %eta!ísica s
encontraria uma *usti!ica2o nos dados que !ossem o!erecidos pela experi&ncia e no e
apenas pela coer&ncia lgica dos conceitos. Bo se pode diminuir a in!lu&ncia decisi$a que
7G

'ume exerceu sobre ele, e at" quando procurou re!utá-lo no pode impedir que muitas das
suas id"ias so!ressem diretamente a in!lu&ncia daquela srcem. # perda de con!ian2a nas
possibilidades da %eta!ísica, que atirou Kant no seu agnosticismo crítico, " produto em
grande parte dessa in!lu&ncia.
# %eta!ísica s pode ser construída sob !undamentos dados pela experi&ncia. %as
esta tem seus limites, consequentemente so limitadas as possibilidades daquela. D essa a
concluso a que chega no seu período semi-empírico, e que marca o ponto de partida para a
Crítica da @ao Pura.
# in!lu&ncia de 'ume caracteria-se nas tomadas de posi2;es que so típicas da !ase
anterior a essa obra. # realidade de um ser transcendental no se conclui pela coer&ncia de
sua de!ini2o. : a exist&ncia do ob*eto assegura a sua realidade. +esse modo, a
possibilidade de uma realidade " assegurada pela constata2o empírica de sua exist&ncia.
# exist&ncia escapa, assim, à demonstra2o puramente analítica, porque esta redu-se
apenas a mostrar que há identidade de um predicado com o seu su*eito. %as a exist&ncia
real no " propriamente um predicado. Ela no pertence à de!ini2o, nem à no2o de uma
coisa, nem " essencial nem accidental a esta, por permanecer !ora do seu conceito. Portanto,
pensar sobre a exist&ncia de alguma coisa, no " estabelecer a sua exist&ncia nem muito
menos conhec&-la.
(nega$elmente, a experi&ncia pode pro$ar, pelo menos, a exist&ncia de alguma coisa.
# total no exist&ncia, considerada apenas sob rela2o lgica dos seus conceitos no "
incoerente, porque podemos a!irmar a recusa de ser ao su*eito e ao predicado8 ou se*a,
analiticamente, podemos estabelecer a nega2o. +esse modo, por uma simples análise
!ormal no se re!uta o nada, nem se demonstra a exist&ncia apenas analiticamente. D a
concluso a que chega Kant. %as mesmo que no pud"ssemos analiticamente demonstrar a
exist&ncia desta ou daquela coisa, podemos, ao menos, demonstrar a exist&ncia de alguma
coisa. 3u se*a, a tese ?antiana no pre*udica em nada os postulados !undamentais da
iloso!ia Concreta).
:endo a causa outra que o e!eito e a rao lgica id&ntica nos termos, nunca uma
pode ser con!undida com a outra, pois o que caracteria a primeira " a alteridade, e " a
identidade que caracteria a segunda.
7

:e a exist&ncia real no " expressa por um predicado, nem pode ser o ob*eto de uma
demonstra2o analítica, o argumento ontolgico dos racionalistas cai por terra. # análise
no pode demonstrar a causa. Consequentemente, toda partida da conting&ncia nunca
chegará apoditicamente ao ser necessário.
Contudo, Kant deu pre!er&ncia a dois argumentos a !a$or da exist&ncia de um ser
necessário que " o extraído da ordem e da harmonia das coisas e o !undado sobre a
exist&ncia dos possí$eis/, que " de srcem leibnitiiana.
Ele !oi exposto por Oeibnit da seguinte maneira6 /# ess&ncia da coisa, sendo apenas
o que !a a possibilidade em particular, " mani!esto que existir por sua ess&ncia, " existir
por sua possibilidade. E se o :er de si " o :er que de$e existir porque " possí$el, "
mani!esto que tudo quanto se possa dier contra a exist&ncia de um tal ser seria negar a sua
possibilidade. Poder-se-ia ainda, sobre este ponto, !ormular uma proposi2o modal que
seria um dos melhores !rutos da Ogica6 se o :er necessário " possí$el, ele existe. Pois o
:er necessário e o :er por sua ess&ncia so a mesma coisa. #ssim o raciocínio, tomado
deste lado, pode ter solide8 e os que querem que apenas das no2;es, id"ias, de!ini2;es, ou
ess&ncia possí$eis no se pode in!erir a exist&ncia atual, caem com e!eito no que acabo de
dier8 ou se*a, negam a possibilidade do :er de si. %as o que se de$e notar, esse lado ser$e
at" para !aer conhecer que erram, e preenche o $aio da demonstra2o. Pois si o :er em si
" impossí$el, todos os seres por outrem tamb"m o so8 *á que no so seno pelo :er de si8
assim nada poderia existir. Esse raciocíni o nos condu a uma outra importante proposi2o
modal igual à precedente, e que *unta com ela acaba a demonstra2o. Poder-se-ia enunciá-la
deste modo6 se o :er necessário no existe, no há ser possí$el. Parece que esta
demonstra2o no !oi le$ada to longe at" ento6 contudo, trabalhei noutros setores para
pro$ar que o :er per!eito " possí$el.U
# possibilidade de que se trata aqui " a interna/. E comentando esta passagem,
escre$e %ar"chal6 4oda possibilidade interna apresenta dois aspectos insepará$eis6 um
aspecto normati$o-!ormal6 a coer&ncia lgica8 um aspecto material ou real/6 o conte>do
logicamente coerente. 4odo possí$el/ V qualquer que se*a V encontrar-se-ia suprimido,
tanto por supresso de seu real como pela supresso de seu elemento !ormal (quer dier, por
contradi2o lgica). Portanto, pode-se raciocinar da seguinte maneira6 3 que suprimisse
toda possibilidade " absolutamente impossí$el. 3ra, a no exist&ncia de um ser necessário
7A

suprimiria toda possibilidade. Portanto, a no-exist&ncia de um :er necessário "


absolutamente impossí$el./
# menor deste silogismo pro$a-se !acil mente, segundo Kant6 com e!eito, a no-
exist&ncia de um :er necessário (subsistente por si) acarreta a impossibilidade de toda
realidade, portanto a impossibilidade do elemento real (quer dier no puramente lgico) de
todo possí$el, portanto a aus&ncia de toda possibilidade.
# maior, ao contrário, no ", parece, despida de ambig=idade. Ela pode receber
di$ersas signi!ica2;es6
a)Entre a a!irma2o, que se sup;e pre$iamente admitida, do possí$el/, e a
a!irma2o de uma condi2o, que suprimisse toda possibilidade, há incompatibilidade
lgica. Portanto, o que des!aria todo possí$el/ V quer do ponto de $ista !ormal/, por
exemplo a nega2o do princípio de identidade8 quer do ponto de $ista material ou real/,
por exemplo a nega2o de toda exist&ncia, " impossí$el. 3 prprio Kant, no !im do W 0 (7 a.
parte, 0a. considera2o) parece sugerir esta exegese (4rata-se de Heeisgrund...us). @esta-
nos ento *usti!icar a !irma2o pr"$ia do possí$el/, conclui %ar"chal/ (op. cit. , pág.
0).
%ostra ainda este autor que no há contradi2o entre este argumento e a crítica !eita
por Kant ao argumento ontolgico. Baquela crítica, o ser necessário era suposto como
deduido a partir de exist&ncias contingentes, por $ia da causalidade. #qui " ele concebido
por uma condi2o lgica da possibilidade enquanto tal. Baquele argumento, o :er
necessário era demonstrado pelo mesmo conceito de sua necessidade/, enquanto neste
>ltimo argumento so garantidos analiticamente pelo simples !ato de o :er necessário ser
posto como condi2o do conte>do real/ de todo e qualquer possí$el. 'á, assim, di!eren2as
entre os dois argumentos. Fuanto saber-se se este " mais slido que o primeiro " uma
questo que exige no$os estudos.
%ar"chal, no mesmo local, o!erece ainda outra interpreta2o6 3 que suprime toda
possibilidade seria por si mesmo impossí$el, pois, se !osse por si mesmo possí$el, no
suprimiria toda possibilidade. Proposi2o, pelo menos na apar&ncia, e$idente e analítica.
3ra, olhando-se de mais perto, o que " e$idente " apenas que uma pretendida ess&ncia/
positi$a, ou um pretenso possí$el/, cu*a no2o comportaria a nega2o de toda
possibilidade, seria logicamente contraditria e absolutamente impossí$el. %as, o primeiro
7S

termo da maior, o que suprime toda possibilidade/ no designa aqui uma ess&ncia/ ou um
possí$el/ hipot"tico, destruidor de toda possibilidade8 trata-se de uma pura condi2o ideal,
que acarreta, logicamente, a nega2o de toda possibilidade8 ou, para precisar melhor, trata-
se de saber se a proposi2o6 no há ser necessário/, ou nada " considerado em si/, em sua
signi!ica2o prpria, seria impossí$el, quer dier, intrinsecamente contraditria, pelo
simples !ato apenas de conter analiticamente essa outra proposi2o6 nada " possí$el/8 ou
ainda, trata-se de saber se a hiptese6 aus&ncia de exist&ncia necessária/, e por conseguinte
de toda exist&ncia, *unto à sua conseq=&ncia6 aus&ncia de toda possibilidade/, o!ende o
princípio de contradi2o. :im, parece dier-se, ou melhor, atribuir a Kant6 o que suprime
toda possibilidade/ coloca-se na categoria de impossibilidade ou do contraditrio/8
portanto, a car&ncia total da exist&ncia " impossí$el/
...
#dmite Kant que a no2o do nada, como aus&ncia total de toda exist&ncia e de toda
possibilidade, no encerra em si contradi2o interna. %as que tenha possibilidade, e que,
portanto, nada existe, eis o que " contraditrio. 3ra, na !iloso!ia concreta no se chega à
recusa do nada absoluto por uma rao de ordem lgica, mas simplesmente que "
impossí$el ser $erdadeira a sua postula2o, porque esta *á a nega. 3 nada absoluto "
impossí$el em si mesmo e " contraditrio no em si mesmo, mas em !ace de ha$er alguma
coisa. #s a!irma2;es na !iloso!ia concreta no so !eitas isoladamente, mas em !ace das
antíteses, da impossibilidade tamb"m das antíteses, porque todo *uío apodítico que " o
marcado pela necessidade, implica no s a imediata in$alide do seu contraditrio, como
tamb"m, a insu!ici&ncia de tudo quanto o restringe.
# !elicidade no " apenas a !ormal e lgica, mas tamb"m a material e a real
(conte>do). 3s *uíos da !iloso!ia concreta !undam-se em teses dial"ticas, que possuem em
si mesmas uma condi2o !ormal e lgica $erdadeira e tamb"m material, real-real, portanto.
Kant em sua Crítica da @ao Pura no s empreende a re!uta2o, outra $e do
argumento ontolgico, como abandona, ou pelo menos silencia o seu argumento dos
possí$eis, do qual no trata mais nem para de!end&-lo nem para negá-lo, embora o negue
implicitamente, em !ace dos no$os postulados que o!erece.
Fuando o estudou, colocou-o entre as pro$as a priori, bem como reconheceu que a
sua !ormula2o no " puramente analítica, o que " o oposto do argumento ontolgico.
7M

3 tema !undamental da Crítica da @ao Pura ", como nos mostra %ar"chal, sem
d>$ida, o $alor da meta!ísica. %as o exame desse tema exige o de dois pontos principais6 a
rela2o exata do !enômeno e do inteligí$el no conhecimento ob*eti$o e as condi2;es de
possibilidade do ob*eto no pensamento.
(eses principais de &ant
#s teses principais de Kant na Crítica da @ao Pura so as seguintes6
7)Bosso conhecimento no tem sua srcem exclusi$amente nos sentidos.
@epele o sensualismo em seus excessos, embora reconhe2a que nossos
conhecimentos come2am com as nossas experi&ncias8 no todos, por"m. Bossos
conhecimentos sensí$eis so compostos das impress;es percepti$as e das id"ias que nossa
!aculdade de conhecer produ . Essas id"ias pro$ &m da nossa capacidade de conhecer, e
tem elas um caráter absoluto e uni$ersal. Bossas percep2;es so apenas singulares. #
uni$ersalidade no poderia pro$ir delas.
0)Bossa experi&ncia s " possí$el pelo conhecimento que temos a priori das $erdades
necessárias.
4r&s so as no2;es a priori6 as intui2 ;es pura, os conceit os puros ou categric os e as
id"ias absolutas.
#s intui2;es puras so as representa2;es do espa2o e do tempo construídas pelo
espírito, sem as quais no há experi&ncia nenhuma possí$el. :o tamb"m chamadas de
!ormas da sensibilidade. Enquanto a mat"ria que lhes " submetida pode $ariar
ilimitadamente, essas !ormas so imutá$eis. #s rela2;es entre as percep2;es so os
conceitos ou categorias, cu*a !un2o consiste em ordenar di$ersas representa2;es e !aer
delas uma representa2o comum. Como a experi&ncia se aplica a ob*etos singulares, e esses
conceitos se aplicam ao ob*eto em geral, no podem 4er sua srcem na experi&ncia.
Fualquer ob*eto perseguido s pode ser $isualiado sobre quatro aspectos6 qualidade,
quantidade, rela2o, modalidade.
# $arian2a dos ob*etos, dados pela sensa2o, no modi!ica a imutabilidade dessa
!orma. 4em o homem tamb"m id"ias absolutas, como a alma imaterial e a do ser per!eito.
3s conceitos so a condi2o de todo o pensamento, mas as id"ias absolutas so a condi2o
de todos os conceitos. 4odo conceito expressa uma rela2o8 toda a rela2o está
insepara$elmente unido à id"ia de uma causa primeira. :em a id"ia da unidade absoluta "
7Q

impossí$el o conceito de quantidade8 sem a id"ia de per!ei2o " impossí$el o conceito de


qualidade. 3 conceito de modalidade implica a s"rie dos seres possí$eis, e exige a realidade
de um ser necessário. #s id"ias absolutas so tamb"m chamadas de id"ias transcendentais8
por isso di Kant que todo e qualquer *uío, e at" toda e qualquer percep2o, sup;e a id"ia
de in!inito, a id"ia de +eus.
9) 3s *uíos, que a rao constri, no so necessariamente $erdadeiros, e podem no
corresponder à realidade das coisas.
Entra aqui o exame do *uío. 3s *uíos analíticos no podem ser negados sem
contradi2o. %as s há progresso no conhecimento quando se constri *uíos sint"ticos, e ,
sobretudo, *uíos sint" ticos a priori. 3 *uío sint"tico a posteriori tem a sua pro$a na
experi&ncia. Kant a!irma que os *uíos sint"ticos a priori s so possí$eis por uma intui2o
do tempo e do espa2o. Ele redu nossos *uíos sobre a casualidade à expresso de uma
rela2o de tempo. # no2o de causa se identi!ica com a sucesso, tese de 'ume, que ele,
apesar de combat&-lo, termina por aceitar. 4odo o *uío sint"tico sobre os ob*etos que esto
!ora do espa2o e do tempo so, para Kant, a!irma2;es ilegítimas. #ssim os conceitos de
subst5ncia, de causa, s so legítimas quando aplicados aos ob*etos da experi&ncia. E
ser$em apenas para tornar a experi&ncia possí$el. Joltando à primeira tese, no se conclua
que Kant se*a um sensualista, porque a experi&ncia no " apenas a que nos dá os sentidos.
G)Bo percebemos os ob*etos tais como so, mas como nos aparecem. Como os
ob*etos so em si mesmos a coisa em si, " o n>meno (noumenon)8 como ob*eto de nosso
conhecimento, como nos aparece, " o !enômeno. 3 tempo e o espa2o no existem, e ns s
percebemos os seres materiais no espa2o e no tempo, e como estes no existem, so eles
meras apar&ncias. +este modo, a sua naturea nos " inacessí$el. Kant conclui que o que
conhecemos " nada. E o que ", " o que no conhecemos.
)'á uma id"ia da rao indubitá$el6 a id"ia do Hem. 3 Hem no pode ser uma
simples !orma do meu pensamento, porque ele me comanda, " superior a mim, imp;e-me
uma lei. Portanto, tem uma exist&ncia !ora de mim8 no " uma simples abstra2o. Ela atua,
porque uma abstra2o no poderia atuar, no poderia ser causa de nada. # realidade do bem
sup;e a realidade de um bem absoluto. Bo há, contudo, uma acord5ncia per!eita entre a
$irtude e a !elicidade neste mundo. Portanto, de$e ha$er num outro mundo. +e$e, portanto,
existir um ser in!initamente *usto e in!initamente poderoso para remunerar cada um
01

segundo o seu m"rito. Bo posso crer na lei moral sem acreditar em +eus e sem esperar a
imortalidade/. Estas teses morais de Kant so desen$ol$idas na Crítica da @ao Prática,
que será ob*eto de nosso exame.
Crítica da “Crítica da a!"o Pura”
Passamos agora a analisar as id"ias de Kant, expostas nesta obra !undamental, e a
assinalar o seu $erdadeiro intuito, o alcance das suas conclus;es e mostrar, a!inal, a
improced&ncia de muitas das suas id"ias. Bo podemos saber como as coisas so, mas
apenas sabemos como ns as pensamos. Esta " uma tese !undamental de Kant, que redu,
deste modo, a !iloso!ia à lgica e tamb"m a nega2o pura e simples da rao, terminando,
no em re!ormar a %eta!ísica, mas em suprimi-la. Kant " uma !igura do !im do
#u!?laerung. Bota$a ele que a Ogica, desde #ristteles, permanecia !irme em sua serena
imobilidade, que as matemáticas puras conseguiram a adeso total dos espíritos, a !ísica
terica encontra$a em Beton uma estabilidade, e as ci&ncias experimentais o!ereciam
dados seguros. : a %eta!ísica permanecia entregue aos caprichos das id"ias mais díspares.
Preocupou-se Kant pela seguran2a que o!ereciam as outras disciplinas e pela instabilidade
$eri!icada na %eta!ísica. :e no " possí$el pôr de acordo os que trabalham no mesmo
mister..., pode-se estar persuadido que um tal estudo está longe de estar no caminho certo
de uma $erdadeira ci&ncia/.
Bo exame dos *uíos, estabelece Kant, em primeiro lugar, os *uíos analíticos, os
quais so simples e !acilmente compreensí$eis por todos. @epousam eles sobre os
princípios de identidade ou de contradi2o. Eles apenas desassociam, pormenoriam,
expressam uma no2o dada. 3 predicado *á está contido implicitamente no conte>do do
conceito do su*eito. Por si s eles no enriquecem o nosso conhecimento. Fuando diemos
todo corpo " extenso/, enunciamos um *uío analítico , pois ser extenso *á está contido no
conceito de corpo. 4emos, ento, um *uío meramente declarati$o, explicati$o, no, por"m,
de modo algum, extensi$o/, no sentido clássico dos escolásticos. 4ais *uíos so !undados
de !ato e de direito no princípio de identidade.
'á outros *uíos, por"m, em que o predicado está totalmente !ora do conceito do
su*eito, e por mais que analisemos no encontraremos neste o predicado, nem explicita nem
implicitamente. Esses *uíos realmente enriquecem o conhecimento. :o os *uíos
sint"ticos, porque o predicado " ad*udicado ao su*eito, !ormando com ele uma síntese.
07

Como se poderia a!irmar de um su*eito # um predicado H, que no está implicado na


prpria id"ia do su*eito< Bo *uío todos os corpos so pesados/ no podemos extrair o
conceito de peso do conceito de corpo. D possí$el que no ha*a nenhum corpo que no
tenha mesmo peso. %as o corpo " um ob*eto de tr&s dimens;es, e como poderia, desse
conceito, tirar o de peso< Este conceito " a*untado ao de corpo. 4emos, pois, um *uío
sint"tico.
%as, como há *uíos sint"ticos, cu*o acrescentamento " dado pela experi&ncia, há
aqueles em que a síntese no " realiada totalmente a posteriori, como " o caso dos
primeiros, que " de ordem empírica, mas de outra ordem, antecedendo a experi&ncia, a
priori.
4emos, assim, *uío s sint"ticos a posteriori e *uíos sint" ticos a priori. +e$e-se
compreender que a prioridade " lgica e no uma anterioridade psicolgica. Bada impede,
portanto, que a experi&ncia se*a, psicologicamente, antecedente ao nosso saber sobre o que
conhecemos a priori, como o n>mero e as leis do n>mero.
:o esses *uíos possí$eis e necessários à !ísica pura, às matemáticas e à meta!ísica.
3ra, na Est"tica 4ranscendental, di Kant que tais *uíos s so possí$eis pelas
intui2;es do tempo e do espa2o, e a seguir a!irma que no " legítimo o *uío sint"tico a
priori que no se !unde numa intui2o, e exempli!ica com o argumento ontolgico da
exist&ncia de +eus.
Kant a!irma que tais *uíos s so legítimos (possí$eis) quando !undados numa
intui2o e sem ela no t&m $alor.
D !lagrante a contradi2o de Kant. Je*amos6 como so possí$eis os *uíos sint"ticos a
priori< Ele responde6 pelas intui2;es, o espa2o e o tempo.
Besse caso, no se estendem al"m dos sentidos.
Portanto, no tem $alor seno quando relati$os às coisas que pertencem à
experi&ncia.
Consequentemente6 so sem $alor. 3s *uíos sint"ticos a priori, sem a intui2o, no
tem $alor. %as, com a intui2o, assim apenas *uíos sint"ticos a posteriori.
%as s pode ser sem $alor um *uío possí$el, um *uío pensado, pois s no pensado
pode ha$er erro.
00

# intui2o no " necessária à !orma2o de tais *uíos, porque na $erdade ns os
construímos sobre ob*etos transcendentais e independentes do tempo e do espa2o. #
a!irma2o de uma causa primeira de todas as coisas escapa à intui2o, e no corresponde a
nenhuma intui2o. 3ra, que tal *uío " possí$el, " e$idente porque podemos !ormula-lo.
@esta, portanto, saber da sua legitimidade, ou se*a se tem um ob*eto real. Kant o nega,
porque no se !undam numa intui2o do tempo e do espa2o.
Bo so as intui2;es do tempo e do espa2o para Kant puramente sub*eti$as. E como
poderiam elas o!erecer ob*eti$idade a um *uío< E como a sua aus&ncia poderia negar
ob*eti$idade ao mesmo<
# contradi2o " indiscutí$el.
# intui2o pura, que Kant considera representar um grande papel nos *uíos sint"ticos
a priori, termina por no representar nenhum papel importante6
a)no " necessária à possibilidade de tais *uíos8
b)no lhes dá nenhum caráter de legitimidade, pois a intui2o " !ruto apenas da
imagina2o.
@esta-nos saber como so possí$eis os *uíos sint"ticos a priori, e qual a sua
legitimidade. Kant responde pela nega2o.
Fue !aemos *uíos sint"ticos a priori " inegá$el, e se so eles ilegítimos, " ilegítimo,
portanto toda a nossa ci&ncia, todo nosso saber.
# experi&ncia, como a entende Kant, em sentido to restrito, s nos dá sensa2;es, no
a realidade. +á-nos os e!eitos e no as causas.
Kant di que tais *uíos so legítimos quando necessários à experi&ncia. %as como
sab&-lo se a srcem deles " du$idosa< +o mesmo modo que se conclui pela legitimidade
!undada na experi&ncia, poder-se-ia concluir que a experi&ncia no " legítima, porque ela se
apoia sobre *uíos de $alor contestado.
Kant caiu no cepticismo e dele no se liberta por mais es!or2os que !a2a. Como pode
assegurar que a experi&ncia " bastante para legitimar o *uío sint"tico a priori< # aplica2o
destes à experi&ncia dá-lhes $alor, mas por que< Porque os que se aplicam à experi&ncia
$alem mais que os que no se aplicam a ela, como os que ele chama de transcendentais<
:e s so $álidas as a!irma2;es da rao (*uíos sint"ticos a priori), quando !undados
na experi&ncia, porque no se exige o mesmo para os analíticos< 3 princípio de identidade
09

no " to $álido à naturea da rao como o de causalidade e outros axiomas que surgem no
so !iloso!ar<
+i-nos ele que, no *uío analítico, a contradi2o no " $álida, mas pode ser $álida no
*uío sint"tico. %as quem pode negar que a contradi2o de um *uío sint"tico a priori
implica uma absurdidade< :e no se aceita o contraditrio por que se $ai aceitar o absurdo<
Je*amos este *uío da !iloso!ia concreta6 todo ser que no tem uma rao de ser em si
mesmo " um ser dependente. Contradi2o6 todo ser que no tem uma rao de ser em si
mesmo no " um ser dependente. 4al ser, ento, no penderia de outro, mas de si mesmo.
:e pende de si mesmo tem sua rao de ser em si mesmo. 3 segundo *uío " absurdo e
!also. E que demonstra isso<
Im exame simples nos mostra a $alide incontestá$el de nosso m"todo6 num *uío
analítico, a!irma-se apenas a identidade de uma concep2o sub*eti$a consigo mesma, e,
num sint"tico, uma rela2o entre dois termos. 3 *uío analítico tem um $alor puramente
lgico, enquanto o *uío sint"tico pretende possuir um $alor ob*eti$o meta!ísico, " o que
a!irma Kant.
%as aqui está o erro de Kant. 3s *uíos analíticos no so puras a!irma2;es lgicas.
4odos eles pressup;em uma a!irma2o meta!ísica, um *uío sint"tico a priori. :e esse *uío
no " expresso, ", no entanto, subentendido.
@ealmente todo *uío analítico pressup;e o princípio de contradi2o, está certo.
%as o princípio de contradi2o pressup;e outros, antecedentemente, como o
mostramos em iloso!ia Concreta.
Fuando digo que um ser " possí$el, acrescento ao ser a conting&ncia. Eis aí um *uío
sint"tico a priori.
Fuando digo que certamente um ser existe, acrescento-lhe a realidade do pleno
exercício de seu ser. Eis outro *uío sint"tico a priori.
Fuando digo que um ser " o que ele ", tanto !alo de seres no pleno exercício de si
mesmos, como meramente possí$eis. 'á aí duas a!irma 2;es que so *uíos sint" ticos a
priori (que há seres no pleno exercício de si mesmos e há seres possí$eis). # possibilidade
ou a exist&ncia no esto inclusas no conceito de ser. J&-se que o princípio de contradi2o
inclui, assim, dois *uíos sint"ticos a priori6 esses que acima citamos. E tamb"m quando
diemos que uma coisa " ela mesma, diemos que ela o " no mesmo tempo e sob o mesmo
0G

aspecto. Portanto, a a!irma2o do tempo e das rela2;es possí$eis *á esto inclusas no


princípio de contradi2o. E mais ainda6 esse princípio tem de ser considerado eterno
(imutá$el), e tamb"m necessário. E a!irmar a eternidade e a necessidade " construir *uíos
sint"ticos a priori.
Kant a!irmou que so $álidos os *uíos analíticos, e pôs em d>$ida a legitimidade dos
sint"ticos. %as esse so insepará$eis daqueles. # per gunta de Kant " a seguinte6 como so
possí$eis, como so legítimos os *uíos sint"ticos a priori<
# resposta que se lhes dá " esta6 com a mesma legitimidade dos *uíos analíticos,
porque estes pressup;es *uíos sint"ticos a priori.
...
Examinemos o *uío6 todo ser contingente tem uma causa. Fue se entende por ser
contingente< 3 ser que pode ser e pode no ser, aquele que no em si mesmo suas ra;es de
ser, aquele cu*a no exist&ncia no implica contradi2;es, e que s pode existir como
conseq=&ncia de outro.
:e se enunciar o princípio de causalidade da seguinte maneira6 4odo contingente (ou
se*a todo ser cu*a exist&ncia " condicionada de !ora) tem uma causa (ou se*a, está
submetido a uma condi2o exterior), o *uío " tautolgico, e seria assim meramente
analítico. Kant diia6/ Fuando uma coisa " admitida como contingente " uma proposi2o
analítica dier que tem uma causa/.
@ealmente " assim. %ar"chal responde6 %as que uso !aer de uma proposi2o
analítica desse g&nero< Benhum8 pois como poderei saber, de um ob*eto qualquer, se sua
exist&ncia está condicionad a de !ora/< 6# experi&nci a de um ob*eto me mostrará sua causa
empírica, os antecedentes que o determinam no tempo. %as se se trata de uma causa
meta!ísica, terei de considerar o ob*eto empírico em si mesmo, e nunca a pura análise !ará
sair, do conceito desse ob*eto, a nota metempírica de conting&ncia/ ou de depend&ncia
causal/. Contudo, considerando tal ou tal ob*eto, posso ao menos conceber/ que no tenha
existido. :ua exist&ncia no " necessária. Ela " contingente.
Esse raciocínio parecerá sem d>$ida um pouco rápido. +e poder eu conceber a no-
exist&ncia de um ob*eto, no se segue, de maneira alguma, obser$a Kant, que essa no-
exist&ncia se*a possí$el na ordem real. # aparente possibilidade lgica no permite concluir
imediatamente a possibilidade !ísica6 eu concebo/ no se tradu analiticamente por isto
0

"/, nem tampouco eu no concebo/ no se tradu analiticamente por isto no "/. %as,
prosseguir-se-á, este ob*eto/ muda8 pode, pois, ser e no ser/, eu o $eri!ico. :em d>$ida,
$eri!ica-se neste ob*eto uma sucesso de modalidades6 mas $eri!ica-se imediatamente a
desapari2o ou a altera2o de seu princípio substancial<... Jamos mais longe6 suponhamos
que se $eri!ica sucessi$amente a exist&ncia e a no-exist&ncia do ob*eto ontolgico/, poder-
se-ia, por simples análise, extrair do conceito possibilidade sucessi$a de exist&ncia e de
no-exist&ncia/ esse outro contra conceito6 conting&ncia, depend&ncia de uma causa/<
sendo dado esses dois conceitos, pretender-se-á, no somente que um se*a con$ocado pelo
outro (o que no " contestado), mas que se*a incluso no outro, de maneira que um no
representa seno um aspecto parcial do outro</
Em suma, conclui %ar"chal, os dados conceptuais, diretamente !ornecidos pela
experi&ncia no cont&m nem a nota6 conting&ncia, nem a nota6 depend&ncia de uma causa.
:e se lhes atribui, contudo, irresisti$elmente, essas duas notas, no o pode ser seno em
$irtude uma síntese a priori/.
Nol! queria reduir toda certea a priori ao tipo analítico. E muitos *ulgaram que esse
será o proceder da escolástica. atalmente essa atitude teria de pre*udicar o bom nome da
%eta!ísica, como aconteceu. 'ume, por sua $e, combatendo essa atitude dos dogmáticos,
caiu no excesso contrário, e no compreendeu de$idamente o sentido do a priori dessa
síntese. 3 abismo entre ambas posi2;es era !ruto de um abstratismo $icioso e de um
desconhecimento exato do que *á ha$ia sido !eito na !iloso!ia.
3 problema continua de p". # pergunta da Crítica da @ao Pura permanece6 como
so possí$eis os *uíos sint"ticos a priori< Husquemos outros caminhos.
...
Bo se trata apenas de mostrar os erros da posi2o de Kant, mas demonstrar porque o
conhecimento racional come2a pela síntese, e qual o nexo de necessidade e legitimidade
que possui. Este nexo no " a intui2o sensí$el, nem a intui2o ideal da imagina2o, mas
sim uma intui2o da consci&ncia, na qual se dá sinteticamente a ati$idade que expressamos,
e o ob*eto sobre o qual tende esta ati$idade (intencionalidade). 3 ob*eto " o possí$el.
#lguma coisa há " um *uío sint"tico. Ba iloso!ia Concreta este *uío " simultaneamente
um *uío de experi&ncia e sint"tico porque o ha$er implica o possí$el, o poder ser e,
tamb"m, o ser. :e !ormularmos o *uío há alguma coisa possí$el, nele $emos a a!irma2o
0A

simult5nea de uma coisa que no " e de uma coisa que, em certas condi2;es, passaria do
nada a ser.
:e há alguma coisa possí$el, decorre que ela no " possí$el em si mesmo, mas em
outra e, !atalmente, como $imos na iloso!ia Concre ta, teremos de alcan2ar a um ser
necessário, cu*a nega2o le$aria à nega2o de toda possibilidade. +este modo, toda a
possibilidade depende dele, e nenhuma poderia estar !or*a dele, o que nos le$a ao *uío que
atribuirá a onipot&ncia a esse ser necessário. Eis porque, a!irmando o contingente, a!irma-se
o necessário.
:e a!irmamos que a coisa " possí$el, a!irmamos que ela s pode $ir a ser em certas
condi2;es, e diemos que alguma coisa " possí$el, considerando o antes da sua produ2o, a
qual está subordinada a determinadas condi2;es, o que " a!irmar o princípio de causalidade.
:e há uma causa primeira, esta terá que ser necessariamente li$re e inteligente, o que nos
le$aria ao princípio de !inalidade. +este modo, !undados na possibilidade, podemos
construir os *uíos sint"ticos a priori da %eta!ísica. 4amb"m os *uíos sint"ticos a priori das
matemáticas !undam-se na possibilidade. :upor o n>mero e uma !igura " supor que há
alguma coisa possí$el como tamb"m " possí$el tudo que no " contraditrio. :em este
princípio no poderia o geômetra construir nem de!inir uma !igura, nem supor um espa2o e
suas di$is;es. Kant submeteu todos os *uíos sint"ticos a priori à condi2o da intui2o
sensí$el, pelo menos da intui2o ideal do espa2o e do tempo. %as esta condi2o no "
necessária à sua possibilidade nem à sua legitimidade, pois sendo esta intui2o puramente
sub*eti$a ela no poderia contribuir a sub*eti$idade de um *uío.
3s *uíos sint"ticos a priori so to legítimos como os *uíos analíticos, pois sendo
esta intui2o puramente sub*eti$a ela no poderia constituir a sub*eti$idade de um *uío.
3s *uíos sint"ticos a priori so to legítimos como os *uíos analíticos, pois estes
dependem daqueles, ou so pelo menos insepará$eis deles.
3 *uío há alguma coisa possí$el " sint"tico a priori e " !undamento de proposi2;es
sint"ticas a priori, pois, como $imos, todos os princípios da %eta!ísica e os da matemática
sup;e-no, e dele decorrem.
...
0S

4oda percep2o sup;e as no2;es de 4empo e Espa2o, para Kant. %as estas id"ias so
rela2;es sub*eti$as. Ba realidade os ob*etos no esto no tempo nem no espa2o, embora
assim os percebamos.
3s que seguiam a escola netoniana a!irma$am a exist&ncia de um espa2o absoluto8
para Oeibnit era um puro conceito abstrato. 3ra, Kant no conhecia outra concep2o do
espa2o que as de Oeibnit e Clar?e, pelo menos " o que se conclui da sua Crítica, porque
apenas !ala delas.
Ele conclui6 a no2o do espa2o " pressuposto pelas percep2;es externas como sua
condi2o de possibilidade8
b)no " uma no2o decorrente por identidade, mas uma concep2o singular que
abarca em si os ob*etos sensí$eis8
c)" uma intui2o pura, porque no " um conceito discursi$o, abstrato, e " pura,
porque no " composta de sensa2;es, mas um antecedente necessário (a priori) das
sensa2;es externas8
d)no " algo ob*eti$o e real (nem subst5ncia , nem accidente, nem rela2o), mas algo
sub*eti$o, ideal, um esquema coordenador das nossas sensa2;es externas8
e)", quanto à realidade em si, algo imaginário, mas !undamento da $erdade dos
sentidos externos8
!)" o princípio !ormal do mundo sensí$el/ enquanto sensí$el.
#s mesmas conclus;es ele aplica ao tempo.
Kant a!irma a ideali dade do tempo e do espa2o. :o leis a priori do !enômeno, e no
realidade em si. # sensa2;es nos aparece sempre distribuída no espa2o e seriada no tempo.
Eles agrupam as sensa2;es e, por isso, t&m o papel de !orma. E como toda !orma tem certa
aprioridade sobre a mat"ria, so eles a priori, no por"m inatos. Kant combate o inatismo
como uma !iloso!ia pregui2osa/. Esses conceitos so adquiridos/, mas no sentido em que
expressam as leis gerais de uma ati$idade exercida pelo nosso entendimento no momento
da experi&ncia.
Kant a!irma que o espa2o no " um conceito empírico/. Bo " intuído
sensi$elmente, mas uma condi2o pr"$ia, uni$ersal e necessária, da experi&ncia sensí$el.
Bo " uma representa2o empírica, deri$ada da experi&ncia, porque esta no " possí$el sem
a representa2o do espa2o. D a priori, porque ser$e de !undamento à intui2o dos
0M

!enômenos. Bo " algo abstraído das coisas, um conceito uni$ersal, porque "
essencialmente um e compreende em si todas as coisas e no se multiplica nelas. : pode
ser uma intui2o pura. #demais " representado como uma grandea in!inita, uma totalidade
na qual coexiste em ato uma in!inidade de partes, o que no con$"m a nenhum conceito,
mas apenas a uma intui2o a priori. D ele que dá a apoditicidade aos *uíos da geometria.
3 mesmo se dá quanto ao tempo. +aí a relati$idade da sensibilidade, toda intui2o
sensí$el. Bo entanto, " preciso apontar que a rao do ser, no sentido da escolásti ca, no "
um sensí$el per se mas apenas per accidens.
3s que admitem realidade absoluta do tempo e do espa2o so obrigados a admitir
dois no-entes eternos e in!initos. :e tomam o partido de ligar às coisas o tempo e o espa2o
de$em negar $alide às matemáticas a priori/ (Crítica da @ao Pura)
Bo so o tempo e o espa2o entes reais-reais, porque, ento, se todos os entes que
esto no tempo e no espa2o se aniquilassem, restaria o tempo e o espa2o $aios.
Oeibnit considera$a o tempo e o espa2o atributos do mundo real-real. Como hou$e
sempre possí$eis, porque +eus " onipotente, sempre hou$e temp o e espa2o. Clar?e da$a-
lhes o papel de atributos de +eus. Para Oeibnit eram apenas rela2;es entre as coisas que
+eus pensou de toda eternidade, mas realiados quando +eus criou as coisas.
3utros de!inem o espa2o como a soma inde!inida dos !enômenos coexistentes
possí$eis e o tempo como a soma inde!inida dos !enômenos sucessi$os.
Ba $erdade, o conceito de espa2o implica simultaneidade, e o de tempo, a sucesso.
Como no há sensa2o sem ambas (simultaneidade e sucesso), tempo e espa2o so
esquemas daquelesX (Bs examinamos esse tema em 4ratado de Esquematologia/).
# de!ini2o acima proposta e$ita o erro de Oeibnit, porque no os submete à
exist&ncia das coisas contingentes. E$ita tamb"m o erro de Clar?e. E, por sua $e, e$ita a
hiptese ?antiana que, negando a ob*eti$idade de ambos, nega a $alide dese*ada para a
matemática e para as ci&ncias.
4empo e espa2o no so apenas id"ias do homem como o quer Kant. :e assim
!ossem, a naturea seria apenas uma pro*e2o humana. 0
Ima coisa real pode !aer parte de uma coisa ideal. Fuando diemos que terminamos
a metade de nosso trabalho, diemos 4er realiado (realmente) o que idealmente era

0
%ais adiante estudaremos especi!icamente este tema.
0Q

possí$el. Im hemiciclo desenhado " a metade e um círculo ideal. Portanto, podem os


corpos reais serem apenas uma parte dos corpos possí$eis.
# aceita2o de que o tempo e o espa2o se*a considerados como a soma inde!inida dos
!enômenos e dos corpos possí$eis, imp;e-nos desde logo a pergunta6 " realmente possí$el
que os !enômenos se sucedam inde!inidamente< E mais adiante6 " realmente possí$el que a
soma dos corpos se*a inde!inidamente susceptí$el de aumento<
# aceita2o da possibilidade implica possí$eis inde!inidos. 'á, assim, uma
ob*eti$idade do tempo e do espa2o, no por"m que se*am entidades em si mesmos.
:endo o tempo e o espa2o realmente rela2;es entre os possí$eis, so eles realmente e
ob*eti$amente rela2;es entre as coisas reais. 4ornando-se reais coisas possí$eis, reais e
ob*eti$os so o tempo e o espa2o. Por essa rao a geometria " aplicá$el às coisas reais, às
coisas da experi&ncia.
Tá o mesmo no se daria se !osse apenas id"ias em mim. Bo seria ento possí$el a
aplica2o da geometria à arquitetura e à constru2o.
Kant nos coloca neste dilema 6 3u o tempo e o espa2o, di ele, so rela2;es entre as
coisas, e ento no podem ser conhecidos, como as prprias coisas, seno pela experi&ncia,
o que " !also8 ou so conhecidos a priori, e ento no t&m nenhuma rela2o com as coisas e
no existem seno em meu pensamento/.
%as os possí$eis no residem em nosso pensamento, mas na ordem suprema do :er.
Kant di mais6 :e o tempo e o espa2o t&m uma exist&ncia ob*eti$a, so eles a
condi2o de toda exist&ncia em geral, e at" +eus está submetid o a essa condi2o6 at" +eus
estaria no tempo e no espa2o/Y.
%as a ob*e2o " improcedente. : os seres contingentes esto contidos na totalidade
dos possí$eis. 3 :er necessário no se inclui aí.
Bo se pode atribuir in!initude ao tempo e ao espa2o, mas apenas que so inde!inidos.
Ima realidade ou " !inita, como o so as coisas contingentes, dependentes, ou in!inita,
como o " o :er :upremo. %as os possí$eis podem ser inde!inidos, e " essa característica
que con$"m aos n>meros e ao tempo e ao espa2o. 3 in!inito num"rico atual " absurdo,
porque sempre se poderia acrescentar mais um. 3 in!inito num"rico s o " potencialmente,
nunca atualmente, *á se demonstrou em iloso!ia Concreta. 3 n>mero " sempre susceptí$el
de ser continuado.
91

Tá demonstramos que a cria2o no " in!inita, mas demonstramos tamb"m que à soma
!inita das realidades se coloca a soma inde!inida das possibilidades.
#s pro$as de Kant em !a$or da tese de que a imagem do tempo no pro$"m da
experi&ncia so totalmente improcedentes. Para ele, o tempo ", em ns, a priori a toda
9
experi&ncia, e constitui a condi2o da possibilidade de todos os ob*etos da mesma. Em
suma, conclui pela ideal idade do tempo. :e no possu ímos de antemo a imagem do
tempo, a!irma ele, no podemos imaginar que existam processos no mesmo tempo ou
sucessi$amente no tempo/.
#ssiste de certo modo rao a Kant, porque, realmente, a imagem de um processo que
!lui no tempo exige a preced&ncia da imagem do prprio tempo. %as tal imagem " uma
elabora2o conceitual do que " dado na percep2o. D a sucesso que " imediatamente dada.
# compreenso dessa sucesso, como o mo$imento do bra2o para apanhar alguma coisa,
no sup;e o conceito de tempo. 3 conceito " !ormado pela abstra2o dos processos reais,
ao conceb&-la como inde!inidamente estendida e recebendo em si os processos particulares
temporais.
Kant quer demonstrar a aprioridade do tempo porque podemos pensar que no sucede
nada no tempo, nem podermos pensar que no existe nenhum tempo. %as tal coisa no
pro$a que a imagem do tempo se*a anterior aos processos temporais. : depois que
!ormamos o conceito de tempo absoluto (um conceito bem racionalista) " que podemos
pensar num tempo independentemente dos processos temporais reais.
Jries, re!utando os argumentos de Kant, assim se expressa6 # pro$a principal de
Kant ", sem d>$ida, a terceira (a que citamos acima) tomada da possibilidade de *uíos
extensi$os a priori sobre as rela2;es de tempo6 tais *uíos, segundo cr& Kant, no podem
ser obtidos da experi&ncia, pois esta no os pode dar nem estritamente gerais, nem
apoditicamente certosU/ @espondemos6 um *uío, que s consigna !atos experimentais, no
pode obter nunca a estrita uni$ersalidade mesmo comparando conceitos abstraídos da
experi&ncia. #qui aparece com toda clarea o suposto !undamental indemonstrado da crítica
?antiana, que "6 a id"ia de que todo o dado, que " puramente sensorial, " Umat"ria bruta/,
sem nenhuma !orma8 mas demonstramos que se dá uma compreenso do essencial no dado
(um intelligibile in sensibili/), portanto, que se podem abstrair conceitos essenciais que,

9
3s mesmos argumentos so aplicados por Kant para examinar o espa2o.
97

comparados entre si, podem dar a conhecer rela2;es essenciais necessárias de $alor
uni$ersal absoluto/. (op. cit. pág. 7M9)
Considera-se o tempo em si, como em ser em si, " !also. Bo lhe corresponde
nenhuma realidade, " certo. Bisto esto de acordo Pitágoras, Plato, #ristteles, e os
escolásticos. #penas os racionalistas conceberam o tempo como um ser em si, subsistente,
real, independentes das coisas que cont"m.
%as a sucesso " dada intuiti$amente, como $emos numa melodia, pois se os sons
!ossem dados simultaneamente a melodia deixaria de ser. 'á, portanto, um !undamento real
do tempo, que *á está na dispositio rei. D o que nos cumpre examinar oportunamente
quando estudemos a doutrina sobre o tempo e o espa2o na !iloso!ia concreta.
Como o demonstramos em 4ratado de Esquematologia/, e o temos examinado em
nossos li$ros, o tempo e o espa2o, que para Kant so !ormas a priori da sensibilidade, so
esquematia2;es intelectualiadas da sucesso e da simultaneidade, que so as condi2;es
!undamentais de toda sensa2o.
Kant considera que o $alor de ob*eti$idade " dado por essas !ormas puras da
sensibilidade. 3ra, !undados ainda no prprio pensamento de Kant, poderíamos argumentar
do seguinte modo6
4empo " o esquema intelectualiado da sucesso, das coisas sucessi$as, o campo das
coisas sucessi$as8
Espa2o " o esquema intelectualiado, ou o campo das coisas que se do
simultaneamente.
#s id"ias puras, que constituem o ob*eto da %eta!ísica, no simult5neas, tota simul,
porque a correla2o, a implic5ncia dos conte>dos ontolgicos " simult5nea e no sucessi$a.
:e a simultaneidade " o !undamento do espa2o e a sucesso o !undamento do tempo,
o que dá ob*eti$idade ao espa2o " a simultaneidade, e o que dá ob*eti$idade ao tempo " a
sucesso. Beste caso, as id"ias puras teriam ainda na prpria concep2o de Kant um
!undamento ob*eti$o, como o t&m a %atemática e a ísica Pura. :eria uma conseq=&ncia
ine$itá$el do pensamento ?antiano le$ado com rigor. Poder-se-ia dier que *á esta$a incluso
nas premissas de Kant essa conseq=&ncia, que ele no deduiu, porque se deixou empolgar
exageradamente pelas circunst5ncias histricas do seu tempo, que era contrário à %eta!ísica
e o termo meta!ísico ha$ia se tornado pe*orati$o, e at" in*urioso. 3bser$em-se as in>meras
90

$ees que Kant procura um humorismo sarcásti co para re!erir-se à meta!ísica, e busque-se
na histria da sua $ida a mani!esta2o inconteste de seu $erdadeiro terror p5nico que o
chamassem meta!ísico, o que aliás uma $e lhe endere2aram, e que o !aia tremer desde a
rai dos cabelos às unhas dos p"s. Essa !obia, de !undo puramente psicolgico e histrico,
pode-nos per!eitamente explicar porque no le$ou ele a$ante a sua análise a ponto de
reconhecer que ha$ia um $alor de ob*eti$idade, mesmo dentro da sua maneira de !iloso!ar e
da sua posi2o, para as id"ias puras.
Pelo mesmo argumento que nega a ob*eti$idade do tempo e do espa2o, Kant nega a
ob*eti$idade das catego rias que so no2;es a priori do entendimento. D a priori que
admitimos causas, porque seriam reais se as conhec&ssemos a posteriori.
# tese ?antiana "6 nada de ob*eti$o, nada de real pode ser conhecido a no ser pela
experi&ncia.
%as a tese no " pro$ada. # experi&ncia " singular e s nos re$ela o contingente.
Beste caso s se poderia a!irmar que " real o contingente. 3 necessário " apenas sub*eti$o.
: as leis do nosso espírito so necessárias.
Besse caso, no se pode a!irmar nada como necessário. %as se nada há ou hou$e de
necessário, como " que algo pode existir<
:e o mundo " contingente e no " necessário no te$e sua rao de ser em si mesmo
e, portanto, hou$e um momento em que no existia. E como poderia ter $indo a existir a
no ser que lhe !osse dado o ser por outro, que no ele, necessariamente necessário.
# necessidade " apenas uma categoria para Kant, uma !orma do nosso entendimento.
4odas as categorias ?antianas so da mesma esp"cie. #ssim o so a realidade, a
possibilidade, a modalidade, a rela2o, a comunidade, a indi$idualidade, etc.
Contudo, Kant as usa de modo ob*eti$o. E no esque2amos que a experi&ncia
?antiana apenas capta os ob*etos como !enômenos e nunca como n>menos, apenas como
nos aparecem, nunca como so em si mesmos. 3s n>menos no so ob*etos da experi&ncia.
Portanto, se realidade " uma categoria, como pode Kant a!irmar a realidade dos n>menos<
Ele desconhece a naturea deles, mas no nega a sua exist&ncia. Bo a!irma$a ele contra
Her?eleZ a realidade do mundo, no do !enomenal, mas do numenal< Bo !aia ele uma
aplica2o transcendental da categoria da realidade<
99

E como poderia !a&-lo se a!irmou que as categorias eram apenas aplicá$eis ao


mundo dos !enômenos<
D $erdade que Kant di que as categorias t&m ou no t&m $erdade ob*eti$a,
dependendo dos casos. Fuando aplicadas aos ob*etos da experi&ncia so legítimas, do
contrário, noY
4udo quanto " !inito tem uma causa. D uma tese concreta, para a qual Kant
responderia6 se " um arte!ato, como um relgio sim8 se " o mundo, no o sabe. E por que<
Porque o relgio está no tempo e no espa2o8 mas o mundo escapa ao campo da experi&ncia
quanto à sua srcem. Por isso nada se pode a!irmar.
Beste caso, as categorias so $erdadeiras ou !alsas por accidente. # experi&ncia
precisa considerá-las $erdadeiras, nada mais. # ob*eti$idade dos princípios " dada pela
sub*eti$idade.
Bo entanto, podemos pensar em tudo quanto quisermos, imaginar at" absurdos, no
podemos, por"m, derruir a preciso dos axiomas. :e o nosso pensamento " contingente,
como se regula por normas necessárias< :e tudo " criado pelo homem, ento, antes do
homem as $erdades matemáti cas eram !alsas, porque elas se re!erem a uma categoria, a de
quantidade. #ntes do homem 0 $ees 0 porque seria G<
D a $erdade que depende do espírito humano ou será o espírito que depende da
$erdade<
# intencionalidade do pensamento " uma $erdade conquistada desde a escolástica,
pois pensar " pensar sobre alguma coisa, pois pensar em nada " nada pensar. :e o $alor de
nossos pensamentos " dado pelo ob*eto, pelo conte>do dos mesmos, e tais conte>dos no
so reais, no se re!erem a coisas reais, nosso pensamento " irreal, !iccional totalmente,
como chegam a a!irmar alguns ?antiano que le$aram at" às >ltimas conseq=&ncias do
pensamento do mestre.
Ima id"ia !alsa ", contudo, !ormada de elementos $erdadeiros. D o exemplo clássico
da montanha de ouro. %ontanha e ouro so reais, no, por"m, a con*un2o montanh a !eita
de ouro. # !alsidade está na associa2o das id"ias. 4omada separadamente cada id"ia "
$erdadeira. # !alsidade surge da no adequa2o das id"ias (adaequatio intellectu et re).
Fue pensa, ento, nossa rao< Pensa a si mesma, suas prprias leis. E como poderia
ela, cu*as leis so contingentes, pensar no necessário, no eterno<
9G

# a!irma2o e a nega2o so categorias. E como poderia pensar o nosso espírito sem
a!irmar ou negar< E como ha$er pensar sem tais aptid;es<
...
'á um termo m"dio entre o entendimento e a sensibilidade, por interm"dio do qual
uma no2o intelectual pode ser aplicada a um dado sensí$el. D o que Kant chama esquema.
3 esquema " um procedimento geral da imagina2o, por meio do qual !aemos
representa2;es no tempo.
3 esquema da subst5ncia " a representa2o da perman&ncia no tempo.
3 esquema da causalidade " a sucesso da di$ersidade segundo uma regra.
3 esquema da necessidade " a representa2o da exist&ncia em todo o tempo.
# subst5ncia, a causalidade e a necessidade so assim conhecidas em rela2o ao
tempo. Em suma, sem a id"ia de tempo seriam impossí$eis. Ima subst5ncia imutá$el
escapa à sucesso.
Ba permanente " a unidade do ser na di$ersidade do !enômeno e uma subst5ncia
imutá$el no caberia em sua de!ini2o.
# de!ini2o de causa " a de lei. Con!undir causa com lei no " no$idade na !iloso!ia, e
'ume *á caíra nesse erro, como nele caiu, depois, a escola positi$ista.
# causa, em ato, " simult5nea com o e!eito, pois algo " causa quando produ o e!eito.
E o e!eito no dura enquanto no duram suas causas, ou outras que o sustentam. :em suas
causas, o e!eito desapareceria , deixaria de ser. 'ume *amais se debru2ou no estudo que os
grandes !ilso!os do passado ha$iam !eito sobre a causa. Pre!eriu considerá-la segundo as
caricaturas de certos expositores da !iloso!ia alheia que mais !alsi!icam do que reproduem
ou interpretam o $erdadeiro pensamento que pretendem expor.
Benhum e!eito mant"m-se sem suas causas, seno todas, pelo menos aqueles que o
sustentam. :e atiro uma pedra, a !or2a do meu bra2o " a causa da pro*e2o no espa2o, mas
se ela diminui em sua $elocidade, se ela cai, " a resist&ncia de outros seres que diminuem o
ímpeto e " a atra2o, a gra$idade e a in"rcia que a !aem cair. %odelo um pouco de barro e
dou-lhe a !orma de uma estátua. # subst5ncia primeira (mat"ria), a !orma que tem, e a
minha a2o !or*am causas da estátua. Ela permanece como tal, depois de minha a2o, mas
sustentada por aquelas causas, sem as quais ela no permanece. # causa " do que algo
depende realmente, sem o qual algo contingente no ". Portanto, a sucesso no "
9

necessária para surgir o conceito de causa e e!eito. oi 'ume que *ulgou assim, de modo a
concluir que causa " o antecedente, e e!eito o conseq=ente. %as a anteced&ncia " mais
ontolgica e lgica do que cronolgica. E o que no se pode nem se de$e esquecer no
conceito de causa no " a anteced&ncia, mas a depend&ncia real. 4amb"m a necessidade no
se pode conceber apenas como a exist&ncia em todo o tempo. #s $erdade matemát icas so
necessárias, mas independem do tempo. E ao :er :upremo, que esquema de tempo se lhe
poderia aplicar<
Bo se quer a!irmar que Kant este*a totalmente errado, no está, por"m, totalmente
certo. 3 esquema de !or2a (cu*a experi&ncia externa " contada atra$"s dos e!eitos) " semi-
intelectual e semi-sensí$el. 4udo quanto atua sobre os sentidos " uma !or2a. # causa " uma
!or2a em ato.
# teoria dos esquemas de Kant " $álida na matemática, pois o n>mero pode de certo
modo ser considerado o esquema da quantidade. Fuanto aos *uíos din5micos, a sua teoria
no procede, porque a no2o de !or2a " o esquema de todos os *uíos din5micos.
...
Fuatro so os princípios a priori do entendimento para Kant, segundo as quatro
categorias. #os *uíos matemáticos correspondem os axiomas da intui2o. #os *uíos
din5micos correspondem as antecipa2;es da percep2o, as analogias da experi&ncia e os
postulados do pensamento empírico.
Fue todos os !enômenos so quantidades extensi$as " o !undamento dos axiomas da
intui2o.
%as para os *uíos din5micos o esquema " de !or2a.
3 princípio !undam ental das antecipa2;es da percep2o "6 toda sensa2o " uma
quantidade intensi$a. # intensidade " o grau de !or2a que atua sobre ns.
Com o esquema de !or2a, como o prop;e +esdouite, as analogias da experi&ncia
tornam-se inteligí$eis. Je*amos como Kant as !ormula6
7)# subst5ncia " permanente em todas as $icissitudes !enomenais.
D a !or2a que permanece id&ntica sob a $aria2o das mani!esta2;es !enomenais.
0)4odas as muta2;es sucedem segundo a liga2o de causa e e!eito.
Essa liga2o " a a2o de uma !or2a.
9A

9)4odas as subst5ncias esto numa a2o recíproca enquanto podem ser percebidas no
mesmo tempo.
Bo implica a a2o recíproca um sistema de !or2as<
3s postulados do pensamento empírico so6
7)3 que " adequado às condi2;es !ormais da experi&ncia " possí$el (ou se*a, o que se
concebe no tempo e no espa2o).
%as alguma coisa pode existir !ora do tempo e do espa2o, sem se adequar, portanto,
nem às condi2;es materiais nem às !ormais da experi&ncia. 3 :er :upremo existe !ora de
tais condi2;es.
0)3 que " adequado às condi2;es materiais da exist&ncia " real.
%as tal postulado re!ere-se apenas aos !enômenos e no aos seres em geral.
9)3 que cu*a conexo com o real " determinado segundo as leis da experi&ncia "
necessário.
4al postulado determina a necessidade dos !enômenos. %as no " Kant que a!irma
que os !enômenos no so necessários<
#!irma Kant que quando percebemos um ob*eto no o percebemos tal qual ", mas tal
qual no ". Como algo que há na causa no está no e!eito " impossí$e l compreender que o
e!eito tenha em si ou que no tenha a causa.
Kant a!irma que no percebe o ob*eto tal qual ", mas tal qual o percebo em mim
mesmo.
Contudo ele apresenta ra;es6
7)alta-nos um crit"rio geral da $erdade. # lgica s nos dá a conexo das leis do
espírito e no das coisas. Bo " ela capa de determinar em que condi2;es as leis do
espírito esto con!ormes com as das coisas.
0)3s ob*etos nos aparecem no espa2o. 3ra, este no existe. :urgem como
subst5ncias, causas, etc. 4ais so apenas categorias aplicá$eis aos !enômenos e no aos
n>menos.
9)Bo há uma adequa2o entre os *uíos a priori que podemos construir e as leis da
naturea. Bossas id"ias so necessárias e as leis da naturea so contingentes.
G)3 n>meno " o desconhecido. D uma id"ia negati$a. #ponta o limite onde termina a
nossa sensibilidade.
9S

# primeira rao " totalmente c"ptica, e destri at" as conclus;es que a Crítica
alcan2a. D ademais tamb"m uma a!irma2o dogmática , pois a!irma como ob*eti$amente
$erdadeiro que s temos uma $erdade sub*eti$a.
Ba segunda rao, espa2o e tempo se identi!icam. 3ra, os n>menos so as causas das
coisas, dos !enômenos, pois so a realidade que nos escapa. Bo se contradi claramente<
Bo está aplicando essas categorias ao que no " !enômeno.
Ba quarta rao, no há d>$ida que as !ormas do nosso pensamento so necessárias, e
que os ob*etos conhecidos so contingentes. %as há rela2;es necessárias entre os ob*etos
contingentes. Podem nossos conceitos no dier totum et totaliter o que " o ob*eto. 4al *á o
a!irma$am os escolásticos, pois no nos cabe um conhecimento exausti$o das coisas. :e
no podemos captar tudo das coisas, o que captamos pode ser adequado à coisa. Kant
comete o $elho erro de que *á ha$ia sido re!utado com s"culos de anteced&ncia8 porque no
podemos saber tudo das coisas no sabemos nada.
Em Kant " reduido todo conhecimento ao su*eito pensante. Oogo de$eria pelo menos
ser claro esse su*eito. :e Kant !oi c"ptico quanto ao resto ainda o " mais no re!erente ao
su*eito.
# consci&ncia " apenas um modo de sensibilidade, e apenas nos dá a conhecer as
modi!ica2;es do eu, sem nada nos indicar de sua naturea. Bo se sabe se " simples, se "
composto, se " subst5ncia, se " !or2a, se " causa, se " e!eito.
D apenas o $eículo de nossas id"ias, de nossos pensamentos. #!irma, como $imos,
que " um paralogismo a!irmar que " uma subst5ncia.
#!irma que percebemos nossas modi!ica2;es, mas no temos consci&ncia de ns
mesmos. E como podemos saber que so nossas<
3 eu, di Kant, " uma !aculdade sint"tica. %as essa !aculdade sentimo-la como nossa,
e no como algo impessoal, algo qualquer. :entimos como nosso pensamento.
Bo concluímos que há o eu porque pensamos. 3 eu nos " dado imediatamente,
diretamente.
...
a
# )antinomia
4ese6 Fuanto ao tempo e ao espa2o o mundo te$e um come2ar (um limite).
#ntítese6 Fuanto ao tempo e ao espa2o o mundo " in!inito.
9M

# *usti!ica2o da antítese " a seguinte6 se o mundo te$e um come2o, hou$e um tempo


$aio, no qual no existia nada que pudesse determinar alguma coisa a existir. 4al
argumento teria $alide se no se admitir a exist&ncia do 6:er :upremo. %as Kant
considera a exist&ncia do :er :upremo problemáti ca, embora no se*a contraditria para a
rao especulati$a. 3ra, o :er :upremo atua !ora do tempo, que nada mais " que a sucesso
dos !enômenos reais ou possí$eis.
#dmitir um tempo $aio antes do come2o do mundo consiste apenas em admitir que
o mundo !oi possí$el antes de ser real e no aí nenhuma contradi2o.
Kant nega tanto a tese como a antítese. Bega o no ter ha$ido um come2o, porque
ento teria passado um n>mero in!inito de estados sucessi$os. 3ra, o in!inito num"rico "
absurdo. :e te$e um come2o, teria ha$ido um tempo $aio, o que considera um absurdo.
# concluso que tira desta antinomia " que ambas t&m a mesma !or2a, e so ambas
indemonstrá$eis e meta!isicamente " $álida tanto uma como a outra. Considera, ademais,
que so contraditrias, o que le$aria a concluir que os contraditrios poderiam ser ambos
!alsos, o que " oposto ao que examina e estabelece a Ogica. @eproduamos esta passagem,
que lemos nos Prolegômenos.../ (pág. 70G). Fuando !alo de ob*etos no tempo e no
espa2o, no !alo de coisas em si, pois as ignoro totalmente, mas somente coisas !enomenais,
quer dier, da experi&ncia, como de um modo particular de conhecimento das coisas
adequadas apenas ao homem. 3 que eu concebo no espa2o ou no tempo, no posso dier
que existe em si, !ora do meu pensamento, no espa2o e no tempo8 pois, ento, eu contradiria
a mim mesmo porque o espa2o e o tempo e os !enômenos que eles encerram no nada de
existente em si e !ora de minhas representa2;es, mas unicamente modos de representa2o, e
que " mani!estamente contraditrio dier que um simples modo de representa2o existe
tamb"m !ora de nossa representa2o. Portanto, os ob*etos dos sentidos no existem seno
na experi&ncia8 mas atribuir-lhes independentemente desta ou anteriormente a ela uma
exist&ncia prpria subsistente por si mesma, " como se se imaginasse que a experi&ncia
existe sem a experi&ncia, ou antes da experi&ncia/. @eduem-se, assim, os ob*etos
sensí$eis, que constituem a experi&ncia, a meras representa2;es. E a!irma categoricamente
que s existem na experi&ncia, como conclui no !inal do trecho citado.
a2amos um exame da tese e da antítese, nesta antinomia. Comecemos pela tese.
9Q

# primeira interroga2o que logo nos surge " o que entenderá Kant por mundo. 4em-
se considerado mundo, neste sentido, como a soma de todos os !enômenos e a totalidade de
sua síntese. Contud o, Kant o considera de modo especial. 3 mundo " para ele uma id"ia, e
no se limita a expressar a soma de tudo quanto cont"m. 3 mundo pode ser concebido
como um modo de ser das coisas, enquanto totais. 3 mundo ", assim, de certo modo,
transcendente. # tese a!irma que esse mundo te$e um come2o, portanto que hou$e um no-
ser deste mundo antes, ou que antes de come2ar no era, pois o que come2a a ser come2a a
ser no precípuo instante que come2a a ser. 'á, assim, um limite no mundo6 o come2o. 3ra,
as coisas que constituem o mundo so coisas que come2am, pois constituindo ele um dado
da experi&ncia, e como no temos experi&ncia do in!inito, mas apenas do !inito, o mundo da
nossa experi&ncia " composto de !enômenos e, portanto, de !initos.
# concluso ?antiana de !initude " a de limita2o quantitati$a, no a concep2o por
ns exposta em nossa iloso!ia Concreta que " a de depend&ncia real, que " a >nica maneira
de $isualiar concretamente a !initude. :e consideramos o conceito de !initude como o
concebe Kant, o mundo será !atal e necessariamente composto apenas de coisas !initas,
porque se em sua composi2o entrasse um ser in!inito este seria limitado, pelo modo de
conceber a limita2o por Kant, pelos seres !initos. Consequentemente, decorre da prpria
maneira de $isualiar, que o mundo tem de ser necessariamente !inito6 ou se*a, composto de
coisas limitadas. D uma totalidade !ísica (no sentido etimolgico do termo phZsis, como
naturea, como o con*unto do que nasce, do que come2a a ser).
%as Kant quer a!irmar que essa tese no pode ser enunciada como algo sobre o qual
tenhamos absoluta certea, ou se*a como algo $erdadeiro em si mesmo.
Ento poderíamos perguntar6 ou o mundo te$e um come2o ou no, pois uma terceira
possibilidade no cabe aqui. :e no te$e come2o, seria composto de coisas !initas que
sempre existiram, como o a!irma, por exemplo, a concep2o atomística adin5mica, *á por
ns de$idamente re!utada em iloso!ia Concreta.
Kant precisa ainda mais6 esse come2o se re!ere quanto ao tempo e ao espa2o.
:e tomamos o mundo como uma totalidade, temos de considerá-lo sob dois aspectos6
como parte e como todo8 ou se*a, em sua compon&ncia parcial, e em sua compon&ncia total.
Em sua compon&ncia parcial, as coisas, que comp;em o mundo, t&m um come2o ou no8 ou
se*am, as coisas (!initas) come2aram a ser no todo. Poder-se-ia conceber ainda em sua
G1

compon&ncia total o mundo como no tendo tido um come2o no tempo, mas sim suas
partes, que surgem e desaparecem, mantendo-se a totalidade sempre uma totalidade
constante de elementos que surgem e desaparecem. +este modo, poder-se-ia colocar resta
tese6 o mundo, como totalidade, no te$e um come2o no tempo e no espa2o, embora aos
elementos componentes parciais tenham tido come2o. Poder-se-ia a!irmar, ento, a
abaternalidade do mundo como totalidade ao lado da temporalidade das partes
componentes. Tá examinamos a tese da abternalidade do mundo e as suas possibilidades,
como a exp;e com tanta pro!undidade e !irmea 4omás de #quino.
Ba tese ?antiana " negada a abeternalidade do mundo6 este, como totalidade, te$e um
come2o. %as 4er um come2o no tempo e no espa2o " algo que merece outro exame, pois
seria a!irmar uma preced&ncia ontolgica destes quanto àquele, como se o tempo e o espa2o
antecedessem ao mundo. Como poderia dar-se essa anteced&ncia e de que esp"cie seria ela<
:e o tempo e o espa2o, es$aiadas das coisas temporais e espaciais, so um mero nada, um
$aio absoluto, teríamos para a!irmar a tese que tais $aios ha$iam precedido as coisas
componentes do mundo. %as esse $aio " absurdo8 consequentemente, a tese " absurda. D a
concluso que se teria de chegar, e " a concluso a que chega Kant. 4empo e espa2o,
tomados em si mesmos, no so reais. Contudo, na escolástica, a tese " que tempo e espa2o
so parcialmente reais e parcialmente ideais, como $eremos pela solu2o aristot"lica que
Kant desconhecia ou silencia$a. Bo há tempo e espa2o independentemente das coisas
tempo-espaciais. Bo há um antes deles em rela2o às coisas. Fuand o as coisas tempo
espaciais come2aram a ser, come2aram a ser o tempo e o espa2o, cu*a realidade !unda-se na
realidade de tais coisas. 4empo e espa2o, abstraídos por ns e hipostasiados pelo
racionalismo, le$ou à constru2o de dois monstros ontolgicos. Kant *ulgou que essa era a
>nica maneira de pensar da !iloso!ia. Bo entanto, #ristteles e os escolásticos *á ha$iam
demonstrado que no era assim. # tese de Kant ", portanto, incompleta, e no representa a
>nica maneira t"tica de a!irmar o come2o do mundo, sal$o se enunciada do seguinte modo6
3 tempo e o espa2o come2am quando come2a o mundo (das coisas !initas). Beste sentido a
tese " rigorosamente $erdadeiro, porque o que comp;e o mundo so coisas que come2am.
Fue a!irma a antítese6 quanto ao tempo e ao espa2o o mundo " in!inito.
n!inito " o ser que no depende de outro para ser, o ser cu*a exist&ncia no "
dependente realmente de outro. Kant no considera assim, mas no sentido racionalista de o
G7

que no tem limites extensi$os nem intensi$os, ou se*a o quantitati$amente in!inito, que
seria uma maneira acidental de ser. # antítese " absolutamente !alsa, e no necessitaria
muito es!or2o para que Kant concluísse pela !alsidade numa compara2o com a tese. :ua
absurdidade ressalta imediatamente, e sua possibilidade " absolutamente descartada.
#!irmar que ambas t&m a mesma $alide " indesculpá$el. # antítese " absurda. Bo ",
por"m, a tese. Essa antinomia perde sua rao de ser, pois o que se exige numa antinomia "
igualdade de $alide dos nomoi , que se op;em (anti), o que aqui no se dá. 3 tempo
in!inito seria para Kant um sempre ha$er do instante de ser do ser !inito, um in!inito de
tempo a parte ante e um in!inito de tempo a parte post. Im in!inito espacial seria uma
extenso $aia em todas as dire2;es, um nada absoluto que se estende, o que " absurdo, um
$aio que teria um onde sem !im, contido, portanto, em outro, que tamb"m " nada,
contendo nada, ou contendo um n>mero quantitati$o in!inito de coisas !initas. 3ra, tais
a!irmati$as *á ti$era re!uta2;es de!initi$as, inclusi$e matemáticas. E por que se toma tal
conceito de tempo e de espa2o< #pliquemos aqui um pouco de criticismo. +esde o
momento que nossa mente concebe o in!inito em sentido quantitati$o, os monstros
ontolgicos de um tempo quantitati$amente in!inito e de um espa2o quantitati$amente
in!inito so conseq=&ncias ine$itá$eis.
%as se se conceber o in!inito da >nica maneira ontolgica so de conceb&-lo como o
!iemos em iloso!ia Concreta, a tese de Kant como a antítese re$elam-se como modos
incipientes e !rágeis de postular !ilos!ico.
Kant nega, " $erdade, a tese e a antítese. %as onde erra " em a!irmar a igual $alide
ou in$alide de ambas, e ao *ulgar que so as duas >nicas maneiras de postular sobre o
tempo e o espa2o. +este modo, o que pretendia com esta antinomia cai por terra. Elas nada
$alem para de!ender a sua posi2o.
*a) antinomia
4ese6 4udo, no mundo, " constituído pelo simples.
#ntítese6 Bada " simples, mas tudo " composto.
+e!esa da tese6 se no !or simples o elemento componente (os elementos
componentes), o corpo seria composto de um n>mero in!inito de elementos, o que "
absurdo.
G0

%as seres simples no poderiam constituir uma extenso, a!irma Kant em !a$or da
antítese.
Esquece Kant que extenso no " apenas o >nico modo de ser das coisas.
+amos a seguir uma análise do simples e do composto, segundo a dial"tica concreta,
que ser$e para mostrar a maneira !rágil de colocar esta antinomia pelo !amoso !ilso!o de
Koenigeberg.
...
Examinemos estas duas teses da iloso!ia ConcretaG
+a) antinomia
4ese6 'á no mundo causas por liberdade.
#ntítese6 Bo há liberdade8 tudo " naturea.
Ima s"rie in!inita de causas segundas " absurdo. +e$e ha$er uma causa primeira
necessariamente li$re.
'á liberdade no mundo dos !enômenos, que " a liberdade humana. Ima liberdade
!ora da naturea, !ora do tempo, " a do :er :upremo, cu*os e!eitos se do no tempo, porque
so !initos. Por isso podem ser produidos no tempo e!eitos determinados por uma causa
li$re.
Kant conclui, contudo, que ambas proposi2;es so de igual $alide e podem ambas
ser !alsas.
# tese a!irma que há liberdade nas causas do mundo, ou se*a nas causas dos !atos
(!enom&nicos), o que nega a antítese. # tese a!irmaria que nem tudo quanto acontece
decorre por uma necessidade inelutá$el. # id"ia de liberdade implica a conting&ncia do que
acontece, porque o contigente " o que pode suceder ou no, sem que implique qualquer
contradi2o. Ima causa li$re " uma causa capa de escolher um e!eito, o qual "
contingente, portanto. #!irmar a liberdade no " negar a necessidade. %as " preciso
distinguir6 há uma necessidade hipot"tica, a re$elada pela coisa que acontece que, se
acontece, tem uma causa de seu e$ento. %as essa necessidade no implica que o !ato
acontecido no possa 4er sido escolhido entre outros possí$eis. Fuando, pela $ontade, o ser
humano escolhe entre !aer isto ou no !aer, se !a ou no !a, em nenhum modo in$erte a
ordem csmica, porque tanto !aer ou no !aer so contingentes e possí$eis. 3 conceito

G
Entra a tese #to e Pot&ncia so di!eren2as >ltimas do ser !inito (#nota2o no manuscrito)
G9

!also de liberdade, que constri o racionalismo, pode le$ar à !ácil nega2o, de$ido a
necessidade hipot"tica que deixa !ora do conceito, e que no " concretamente considerada
com aquela. # tese ?antiana, portanto, pode parecer de impossí$el demonstra2o por nossos
meios se colocada dentro daquela concep2o, no, por"m, se se considerar a liberdade, no
no sentido de uma espontaneidade absoluta sem causas. Consequentemente, considerada
assim, a tese " $erdadeira e a antítese !alsa. #!irmar que, na naturea, no há nenhuma
liberdade, no $erdadeiro sentido que se pode tomar este termo quanto aos seres !initos, "
!also, porque a!irmaria uma !"rrea necessidade, e negaria totalmente a conting&ncia. +este
modo, a antinomia ?antiana ainda " uma !alsa antinomia, e " resultado de uma má
coloca2o do problema.
,a)antinomia
4ese6 Ba s"rie das causas do mundo há um ser necessário.
#ntítese6 Bessa s"rie, nada " necessário,, mas tudo " contingente.
:e tudo " contingente, de$e ha$er um necessário, !onte dos seres contingentes.
4al !onte no pode ser do mundo porque neste tudo " contingente, nem !ora deste,
porque, ento, no poderia atuar neste. # tese " segura, mas a antítese " !rágil. Porque um
ser superior, necessário, !onte de todos os outros no pode atuar !ora do mundo< Por que o
in!inito no poderia atuar sobre o !inito< Im poder ao qual nada !alta no pode agir sobre
nada< Fual o !undamento da antítese<
Esta antinomia tamb"m " !rágil.
...
#s quatro antinomias de Kant so e$identes quanto às teses, mas !alsas quanto às
antíteses. # antinomia " apenas aparente. Em $e de demonstrarem a impossibilidade da
%eta!ísica, elas do pro$as cabais a !a$or desta.
Ba $erdade, a obra de Kant malogra em seus intuitos. Pode ela in!luir em mentes
despre$enidas, mas a inten2o que o domina$a de mostrar de uma $e por todas a
impossibilidade da %eta!ísica, corrobora com no$os elementos a !a$or desta. [Bo entanto,
há muitos que *ulgam que ele alcan2ou as suas metas.
...
E de!eito principal e !undamental do !iloso!ar de Kant " o $ício inerente ao
racionalismo, $ício que ele herdou, usu!ruiu e empregou em toda sua crítica. Consiste ele
GG

no seguinte6 o que " apenas distinto, o em que apenas cabe uma distin2o, Kant estabelece
uma separa2o, um a!astamento, uma diácrise, caindo, assim, em todos os erros diacríticos
da rao, que salientamos em nossa iloso!ia da 6Crise, que " uma análise da crítica, que
consiste na ati$idade de abrir a crise por meio de diácrises, e estabelecer a síntese por meio
de síncrises. D natural que Kant, depois de ha$er separado, tenha di!iculdade e a!irma at" a
impossibilidade da síntese dos elementos que ele separou abstratamente. Je*amos alguns
pontos6 quando ele medita sobre a $erdade do ob*eto pensado, Kant descobre o pensamento
e seu ob*eto como duas entidades real-realmente distintos, como se elas no se implicassem
mutuamente.
Procura o nexo de liga2o nos *uíos sint"ticos a priori, mas o que primeiramente !a
" desdobrar o *uío em seus elementos, esquecendo que a separa2o lgica surge da
linguagem e no da id"ia. +epois " di!ícil compreender como " possí$el ligá-los. Esquece
que o nexo de liga2o se dá na naturea e no na linguagem, pois o conceitoVsu*eito e o
conceito- predicado, se gramaticalmente so isolados, e no enunciado $erbal so ligados
pela cpula, na realidade esto unidos, e !ormam uma totalidade coerente e !ormalmente
uma.
3utro aspecto " *ulgar que há duas $erdades6 uma que " a nossa, e outra que "
absoluta. Esquece que a $erdade lgica, a $erdade material, a $erdade ontolgica, a $erdade
concreta so distintas, mas separá-las " excesso de abstratismo.
Por outro excesso abstratista, Kant separa o !enômeno do n>mero, a percep2o
separada do pensamento, como se !osse possí$el perceber sem pensar.
#s modi!ica2;es do eu, ele as separa do eu, como se pudessem existir
independentemente do eu, chegando à concluso que da consci&ncia do meu pensamento
no posso concluir a minha exist&ncia.
:epara o atributo da subst5ncia, a per!ei2o e o :er Per!eito, etc.
Kant realia, assim, o mais per!eito !iccionalismo abstratista que o racionalismo
$icioso poderia construir. Procura, depois, uma síntese na intui2o ou na experi&ncia, e
alcan2a apenas a uma síncrise, com todos os de!eitos do pensamento sincrítico $iciado,
desde início, pela diácrise abstratista.
# !iloso!ia de Kant termina trans!ormando-se numa grande armadilha, na qual quem
no está de$idamente preparado no consegue achar uma saída, porque lhe !oram !echadas
G

todas as saídas. Essa admirá$el constru2o, que no oculta um certo satanismo, terminou
por conseguir uma presa inega$elmente notá$el e !amosa, cu*o $alor " inegá$el, que !oi
Kant, prisioneiro da prpria armadilha que criou.
...
Kant a!irma que s admitiria !undamento da meta!ísica se !osse demonstrado
apoditicamente um *uío sint"tico a priori.
Fual a pro$a apodítica que exige< # que " dada pela experi&ncia. Beste caso, a
experi&ncia pro$aria a $alide do *uío sint"tico a priori.
%as a experi&ncia depende, em sua $alide, das !ormas puras da sensibilidade, cu*a
!or2a " sub*eti$a e no ob*eti$a. Portanto, a experi&ncia no pode dar $alide, porque no a
tem su!iciente. Concluso6 a >nica pro$a que admite no " pro$a su!iciente, do que decorre,
ine$ita$elmente, que um *uío sint"tico a priori no pode ser demonstrado apoditicamente,
seguindo a linha de Kant. D notá$el essa posi2o. Ele desa!ia que se pro$e pela $ia que ele
a!irma que no pro$a8 desa!ia que se encontre um ob*eto num lugar determinado onde ele
no está, porque *á o tirou de lá. +esse modo, o desa!io de Kant " uma misti!ica2o. 4al$e
o termo se*a um pouco !orte mas, !rancamente, no conhecemos outro que melhor expresse
o que ele re$ela em seu desa!io.
...
4odo o sistema de Kant depende da solu2o que se d& aos *uíos sint"ticos a priori. #
a!irmati$a da sua prioridade, implica6
a)que no t&m sua srcem apenas na experi&ncia8
b)que sua srcem está apenas na mente.
Este " o dilema colocado por Kant. %as, se no tem sua srcem apenas nos sentidos,
no se pode ainda a!irmar que tenha sua srcem apenas na mente. Para que tal a!irmati$a
!osse $álida, teria Kant de pro$ar que no há um meio termo entre a experi&ncia isolada e a
mente tomada tamb"m isoladamente. Contudo, pela solu2o aristot"lica, há um
conhecimento que parcialmente procede da experi&ncia e parcialmente da mente. :obre
essa solu2o silencia Kant. 


Kant silencia a solu2o aristot"lica. 3u a conhecia ou no. :e a conhecia, no de$eria ter perdido a
oportunidade de re!utá-la. :e no a conhecia como se depreende de certas a!irma2;es que !a em suas obras,
no " perdoá$el essa ignor5ncia num !ilso!o de seu porte.
GA

#s categorias so para ele $aias, sem ob*eto. # intui2o da sensibilidade


(#nschauung), por apenas captar os !enômenos e no a coisa em si, " cega, nada conhece
da coisa. #s intui2;es sensí$eis so, portanto, nada, porque no representam nada de real
em si mesmo. Como, portanto, *usti!icar-se a síntese entre su*eito e predicado<
Bega, na Crítica da @ao Pura, que os princípios sint"ticos a priori... possam ser
aplicados às coisas em si, mas apenas aos !enômenos (op. cit. pág. 0S). Como o princípio
de causalidade " um princípio sint"tico a priori, este no pode ser aplicado ao n>meno, mas
apenas ao !enômeno.
Bo entanto, em outra passagem da mesma obra )pág.0MA) di6 3 entendimento limita
a sensibilidade... e ad$erte-se que no se pretende aplicá-lo às coisas em si, mas somente
como ob*eto transcendental, que " a causa do !enômeno, e por si no " !enômeno/. 3ra,
esta passagem contradi diretamente a anterior.
3utra contradi2o de Kant está em a!irmar que nada conhecemos do n>meno.
Contudo, para explicar a heterogeneidade qualitati$a dos !enômenos, a qual resulta
da coopera2o dos n>menos e das minhas !aculdades/ (exempli!ica com a heterogeneidade
das cores, dos sons, etc.) sup;e que há alguma heterogeneidade qualitati$a nos prprios
n>menos, o que " a!irmar que no so totalmente incognoscí$eis. #dmite, por sua $e, sua
exist&ncia. 3ra, admitir a exist&ncia " a!irmar que no so totalmente desconhecidos.
...
#s coisas reais da nossa experi&ncia esto a nos a!irmar que no t&m em si mesmas
sua rao de ser. Bo " possí$el (pois no há !undamento algum para ns, e ", ainda,
!undamentalmente !also) a!irmar que alguma coisa !inita do mundo, que nos cerca,
independe de qualquer, e exista aqui e agora sem depender do que quer que se*a. #inda
mais, no podemos admitir , por !alta total de !undamento, que qualquer ser !inito se d&em
em absoluta solido, totalmente desligados dos outros, com absolutuidade (ab solutum)
solto de tudo e mais, a!irmando a si mesmo. :abemos que perpassa por todas as coisas8 ou
melhor, que há entre todas as coisas, que constituem o mundo da nossa experi&ncia, uma
lei, um logos, que as analoga umas às outras, que " o mesmo em muitas, e um logos que " o
mesmo em todas. 'á, assim, um nexo, que conexiona, que coordena todas as coisas, um
nexo geral, totaliante, que as une numa ronda de $erdadeiro amor/ na !rase po"tica de
Loethe. Ima $iso atomística de entidades completamente soltas umas das outras tamb"m
GS

no poderia deixar de reconhecer que há entre tantas mônadas isoladas algo que as
conexiona, algo em comum que as conexiona que dá lugar ao surgimento do que " o
cosmos, a ordem. # realidade " nexo que re>ne, coordena as coisas reais. 3ra, tais nexos
coordenadores, coordenados por sua $e num nexo uni$ersaliante, so algo. Portanto, t&m
um sentido, um ser e, como tais uma ess&ncia, uma !orma. 'á, assim, um logos do logos,
uma ratio que os distingue uns de outros . E essas !ormas, a que os gregos chama$am
tamb"m de ideai, id"ias, t&m um nexo, que se chama idealidade. #ssim, na realidade ( que "
o nexo das coisas reais), há uma idealidade (que " o nexo das coisas ideais, os logoi). 'á,
pois, uma idealidade na realidade. E como esses logoi t&m uma sist&ncia, cu*a pre!ixa2o
pode-se estabelecer como in-sist&ncia, per-sist&ncia, no podemos, por"m, a!irmar que
tenham ex-sist&ncia6 ou se*a, que se d&em !ora de suas causas como seres subsistentes em si
mesmos. Como todo ser " ser na propor2o que tem uma sist&ncia, e como tal tem uma
realidade, há, portanto, um nexo de realidade na idealidade, como há um nexo de idealidade
na realidade.
Por essas ra;es, $&-se que à propor2o que captamos os logoi, perscrutados por ns
na experi&ncia que temos das coisas, experi&ncia no s no sentido restrito de Kant, mas
tamb"m no sentido amplo como " comumente considerada, podemos a!irmar, sem temor de
erro e com plena adeso de nossa mente, que so eles reais desde que correspondam ao
nexo da realidade, como deste nexo podemos captar o nexo de idealidade. :e nossos
conceitos no possuem conte>dos su!icientes para corresponderem exausti $amente ao que
se dá na realidade, eles por"m, correspondem, intencionalmente, ao que "
!undamentalmente nas coisas.
Kant, pela in!lu&ncia do abstratismo racionalista de sua "poca, pelos exageros do
idealismo e da meta!ísica racionalista que conhecia, cu*os de!eitos so imensos e cu*a
!raquea " inegá$el, no podia compreender essa conexo, e nega$a ob*eti$idade ao que a
nossa mente eideticamente constri com seguran2a, du$idando da $alide de nossos *uíos
quanto a uma correspond&ncia à realidade !ora de ns. oi ele, por sua $e, uma $ítima
desse abstratismo, mesmo quando o combatia, porque no se libertou da sua in!lu&ncia e o
seu criticismo no !oi capa de alcan2ar a posi2o concreta que s ho*e o pensamento
humano está apto a obter.
...
GM

@epetimos que se de$e considerar Kant dentro de sua "poca, sob a in!lu&ncia da
meta!ísica racionalista e ento e ante a decad&ncia da escolástica, que era e$idente. Bessa
!ase do processo !ilos!ico, inega$elmente, poder-se-ia a!irmar sem receio que a !iloso!ia
no conhecia progresso e que o pensamento humano ha$ia, em suas especula2;es, caído
numa esp"cie de impasse, do qual no podia li$rar-se. # crítica de 'ume tinha
!or2osamente de exercer grande in!lu&ncia num espírito de escol como o de Kant, que,
embora in!luído por ele, teria mais dia menos dia de se libertar do !amoso pensador ingl&s,
sem deixar, contudo, de pagar o tributo de$ido aos que nos libertam de uma posi2o ou nos
concedem uma autonomia que antes no des!rutá$amos permitindo-nos in$adir no$os
terrenos inesperados. 4entando combater as id"ias de seu libertador, Kant re$ela sempre a
pro!unda in!lu&ncia que o pensamento de 'ume exerceu sobre ele, do qual *amais se
libertou totalmente.
Bega$a ele, e com certo !undamento ( desde que nos coloquemos na posi2o que
*ulga que o modo racionalista de !iloso!ar " o >nico que se emprega na iloso!ia) que possa
ha$er progresso na Ci&ncia se esta se !undar apenas em *uíos analíticos. Beste o predicado
nada acrescenta de no$o, mas apenas aponta o que *á está contido no conte>do esquemático
do conceito-su*eito, como exempli!ica com o *uío6 o corpo " extenso, ou # "
necessariamente #.
Tá demonstramos que há excesso na a!irmati$a ?antiana, porque a análise como temos
mostrado, permite clareamentos, e tamb"m alcan2ar apo!5nticamente (por ilumina2o),
aspectos que idealmente se conexionam, o que !a$orece a concre2o sob bases seguras,
bem como exigir, para a plenitude de sua compreenso, outros aspectos ideais, que
!a$orecem a solide do que " examinado, como se $& em nossas análises, mas quando se
notasse compro$a2;es, dadas pelo nexo da realidade, su!icient es para dar ob*eti$idade aos
*uíos construídos, bem como permitir a constru2o de *uíos sint"ticos a priori apodíticos
$irtualmente contidos no conceito em exame.
4amb"m, para ele, no poderia ha$er progresso se a ci&ncia se !undasse apenas em
*uíos sint"ticos a posteriori, porque, nestes, o tr5nsito ao predicado do que no está contido
no su*eito " dependente sub*eti$amente da experi&ncia contingente, cu*os exemplos so a
pedra esquenta/, o sol ilumina/, # " contingentemente H/. : pode ha$er progresso
quando somos capaes de realiar *uíos sint"ticos a priori, nos quais, independentemente
GQ

da experi&ncia, o tr5nsito se realia ao predicado que de nenhum modo está contido no


su*eito, como o sol esquenta a pedra/, em suma6 # " necessariamente H/.
Fue so legítimos tais *uíos sint"ticos a priori na %atemática e na ísica aceita-o
Kant porque ambas se !undam nas !ormas puras da sensibilidade6 o espa2o e o tempo. %as
a sua legitimidade na %eta!ísica no tem tais !undamentos, porque os ob*etos meta!ísicos
transcendem a toda experi&ncia possí$el, no sentido restrito que Kant dá ao termo
experi&ncia.A
#s suas conclus;es, neste ponto, !undam-se nos seguintes postulados de sua doutrina6
a)s por meio dos sentidos temos contato com a realidade externa8
b)o que imediatamente conhecemos " um ob*eto interno (!enômeno), em oposi2o à
coisa em si (n>meno)8
c)há uma distin2o entre o intelecto (entendimento V Jerstand) com a sensibilidade
(#nschauung), porque aquele tem um papel ati$o na constitui2o do ob*eto inteligí$el8
d)a experi&ncia s nos dá o que " contingente e no o que de$e ser (sollen).
Concluso6 o que " dado pela nossa mente como um, está$el e necessário, " dado a
priori8 ou se*a, antecedentemente à experi&ncia. (4al no quer dier que Kant no soubesse
que, psicologicamente, o conceito ou a id"ia de tempo e de espa2o no ti$essem srcem
num longo processo da nossa mente. #!irma$a apenas a sua aprioridade em sentido lgico.
Este ponto, por"m, no " aceito por todos, e há di$ersas ra;es contrárias a esta tese.
Contudo, nas notas que !iemos à tradu2o da Crítica da @ao Pura chamamos a aten2o
para as passagens que $&m em !a$or de uma ou outra posi2o).
# sensibilidade " mani!estamente passi$a em rela2o à coisa em si, e as sensa2;es so
!ormadas pelas !ormas puras da sensibilidade, o tempo e o espa2o, como $imos. +esse
modo, as intui2;es sensí$eis podem !undamentar *uíos sint"ticos a posteriori, mas, por si
ss, no so su!icientes para !undar *uíos sint"ticos a priori, porque o ob*eto de tais *uíos
" uni$ersal e necessário, o que " apenas inteligí$el e no sensí$el. Essa inteligibilidade "
!undada sobre !ormas a priori do intelecto às quais Kant chama de categorias.
A
Fuanto ao problema das ci&ncias, Kant soluciona da seguinte maneira6 # matemática " possí$el e pode
construir *uíos sint"ticos a priori , apoditicamente $álidos, porque a intui2o do espa2o e do tempo " a priori,
sobre os quais se !undamentam aqueles *uíos, como $imos. # ísica " possí$el porque !undada sobre as
categorias da qualidade e da rela2o, que so din5micos, pode impor leis está$eis e necessárias à naturea
sensí$el. # %eta!ísica, ao contrário, no " possí$el como ci&ncia ob*eti$as, porque teria de !undar-se em
*uíos sint"ticos a priori, e estes, no se !undando no !enômeno, teriam de !undar-se no n>meno, que "
intelectual e sensi$elmente incognoscí$el. Portanto, a %eta!ísica no tem !undamentos ob*eti$os. J&-se que
Kant tinha uma $iso muito restrita do que " %eta!ísica.
1

Kant a!irma portanto6


a)a dubitalidade dos !atos8
b)a realidade da lei moral8
c)a realidade das ci&ncias (da matemática e da !ísica pura)8
d)a dubitabilidade (incertea) da meta!ísica (tendo para ele, como ob*eto, o no-
experimentá$el, o hiper!ísico).
...
A duitailidade dos uni.ersais
# maior parte dos problemas propostos por Kant *á esta$am resol$idos com s"culos
de anteced&ncia. Para os que desconheciam as solu2;es *á dadas, a sua obra poderia soar
como algo no$o, inesperado e in"dito.
Colocou ele sobre a mesa o problema dos uni$ersais, perguntando como poder-se-ia
dar conceitos e *uíos uni$ersais $álidos, quando a experi&ncia " concreta e singular. 3ra,
tal pergunta era a constantemente usada pelos ad$ersários do realismo na longa pol&mica
medie$alista dos uni$ersais. Contudo, cabe dier que Kant colocou o problema sob no$os
aspectos. %as a $alide dessa a!irmati$a depende apenas de que se apontem, com
e$id&ncia, os aspectos no$os. :e estes so apenas simples re$enants/ do passado, a
a!irmati$a perderia a sua proced&ncia.
# tese ?antiana de dubitabilidade dos uni$ersais !oi respondida por #ristteles e pelos
escolásticos, atra$"s dos s"culos, pela teoria da abstra2o, cu*as demonstra2;es
sintetiamos a seguir.
# !alsidade no se dá em si mesma, mas no *uío. # !alsidade, contudo, admite, de
certo modo, graus. 3 $erdadeiro princípio >ltimo uni$ersal e necessário da certea natural "
a e$id&ncia mani!estada do ob*eto na mente8 ou se*a, a e$id&ncia ob*eti$o-sub*eti$a. #
e$id&ncia intrínseca " sempre necessária. Estas teses *á !oram de$idamente demonstradas
em nossos li$ros. inalmente6 a cogni2o ob*eti$o-meta!ísica " possí$el por abstra2o
!ormal, o que torna a %eta!ísica possí$el como ci&ncia.
# exist&ncia e o $alor ob*eti$o da abstra2o !ora demonstradas $igorosamente e de
modo apodítico pelos escolásticos.
Pro$ada essa tese, a %eta!ísica, como ci&ncia, será possí$el e a tese ?antiana ruirá
!ragorosamente.
7

'á, contudo, certas di!iculdades. Partindo-se da posi2o empirista, todo


conhecimento tem sua srcem ou o seu início nos sentidos. 3ra, tal tese " acarinhada pela
escolástica, sobretudo pelos tomistas e pelos que seguem a linha aristot"lica. E esse
problema se *usti!ica, porque a %eta!ísica dedica-se tamb"m ao estudo de entidades que
escapam aos meios cognosciti$os de origem meramente sensí$el, *á que +eus, para
exempli!icar, no pode ser um ob*eto sensí$el nem experimentá$el do modo como Kant
entende experi&ncia. :e +eus !osse um ob*eto dessa experi&ncia no seria +eus, e
demonstrar a sua exist&ncia como um !enômeno, ou se*a, como um ob*eto da intui2o
sensí$el no seria demonstrar +eus mas uma entidade meramente sensí$el. Pedir, pois, para
+eus tal esp"cie de pro$a " exigir o impossí$el, porque como ser espiritual, apro$a
experimental " simplesmente absurda. #bsurda era, por exemplo, o argumento apo!ático
(negati$o) daquele cirurgio !ranc&s que, para pro$ar a inexist&ncia da alma, diia no
ha$e-la *amais encontrado na ponta do seu bisturi, como se a alma !osse um ser extenso,
material, que um bisturi pudesse tocar, cortar.
# %eta!ísica, como a de!inia #ristteles, " a ci&ncia que especula sobre o ente
enquanto ente, e o que decorre dele. # %eta!ísica, portanto, pode ser geral (a 3ntologia),
quando examina o ser precisi$amente imaterial, e " especial quando especula sobre um ser
positi$amente imaterial, como +eus (4eologia).
# %eta!ísica ", para a escolástica, a ci&ncia que pertence ao terceiro grau de
abstra2o.
# abstra2o pode dar-se sobre aspectos da mat"ria que no podem ser concebidos
como independentes desta, como a abstra2o que se !a da cor de um p&ssego. D a
abstra2o do primeiro grau.
+a mat"ria, pode-se, ainda, abstrair a quantidade (n>mero, !igura) abstraída ainda da
sua exist&ncia, como a linha, o ponto, etc. D a abstra2o de segundo grau.
Pode-se ainda abstrair totalmente da mat"ria o ser, o existir, a lei, a !orma, etc.). 4ais
seres podem ser concebidos sem mat"ria, e considerá-los como sendo independentemente
de toda mat"ria. Essa abstra2o " a que se chama meta!ísica, ou a de terceiro grau.
#ssim, de Too, abstraio homem, de homem posso abstrair a id"ia animal, e desta,
$i$ente e, desta, ente. +e homem, posso ainda construir uma abstra2o humanidade.
Concretamente, temos6 ente, humanidade, $i$ente, animal, homem, Too.
0

3ra, tais abstra2;es transcendem a experi&ncia e so, por isso, chamadas de


meta!ísicas, no sentido que sempre se deu ao termo meta!ísica.
#nte elas !oram tomadas as seguintes posi2;es6
3s materialistas a!irmaram que !ora da mat"ria nada há. 3ra, tais ob*etos da
%eta!ísica, por sem imateriais, nada so ou so apenas nada.
Kant nega realidade ao ob*eto da %eta!ísica (entes imateriais). 3 >nico ob*eto real
para ele " o !enômeno sensí$el, o qual, por sua $e, por !undamentar-se apenas
sub*eti$amente " sem !undamento real. +este modo, os ob*etos meta!ísicos so puro $ácuo,
inanidade, iluso.
Para os positi$istas, o ob*eto meta!ísico " incognoscí$el. : podemos conhecer como
certos os !enômenos sensí$eis, e o que os transcende so enigmas insol>$eis.
:o ad$ersários, portanto, da %eta!ísica os que negam uma realidade ob*eti$a aos
ob*etos meta!ísicos. Fuanto aos que *ulgam que " ela apenas a constru2o !alaciosa de
!ic2;es para explicar os !atos ou para explicar o que se desconhece, no " a tal que
dese*amos de!ender neste nosso trabalho.
Para se demonstrar a $alide da %eta!ísica como ci&ncia, cabe pro$ar, portanto, o
seguinte6
a)que os ob*etos meta!ísicos so $erdadeiramente ob*eti$os8
b)que os ob*etos meta!ísicos transcendem à experi&ncia possí$el.
# pro$a de que os ob*etos meta!ísicos so $erdadeiramente ob*eti$os dependerá da
pro$a de ob*eti$idade dos conceitos uni$ersais. # ob*eti$idade de um uni$ersal consiste em
ser independente tanto do su*eito cognoscente como da ati$idade cognosciti$a, ter seu $alor
in re, ser com !undamento in re, um !undamento extra mentis (!ora da mente humana), que
" o seu $alor ob*eti$o. :ub*eti$amente ou !ormalmente, o conceito " o ato mental que
acidentalmente modi!ica o su*eito e que " termo da opera2o cognosciti$a.
Em !ace do $alor ob*eti$o dos conceitos uni$ersais, as posi2;es que negam a sua
$alide so as seguintes6
Bominalistas rígidas, que negam se d& em ns a representa2o uni$ersal, quer de
ordem sensí$el (imagem), quer de ordem supra-sensí$el (a id"ia). Begam a ob*eti$idade
total dos uni$ersais, os conceitos so meros !latus $oces. 4ais !oram os so!istas, os
epic>rios e os esticos da antig=idade e @oscellinus, na dade %"dia, etc.
9

Bominalistas mitigados6 a!irmam estes que se do representa2;es de algum modo


uni$ersais, mas reduem-se apenas a imagens, e muito pouco a id"ias.
4emos entre estes os empiristas, os positi$istas, os sensualistas, e entre eles, 'ume,
Her?eleZ, :tuart %ill, Hergson, Nundt, '\!!ding, 4aine, @ibot, etc.
Conceptualistas. +entro da heterogeneidade das posi2;es, podemos salientar os anti-
realistas meta!ísicos, os idealistas, os agnosticistas meta!ísicos e, especialmente, Kant, que
" ob*eto de nosso exame.
3 conceptualismo " uma doutrina sub*eti$ista. #dmite que o conceito "
uni$ersalmente $álido, mas nega qualquer elemento sua sist&n cia este*a !ora da mente
humana. D o uni$ersal uma constru2o sub*eti$a, por"m $álida, mas cu*a sist&ncia está
apenas na mente (como Kant), ou como 3c?am, que a!irma que os conceitos so sinais,
mas naturais, so meramente arbitrários. 3s conceitos aparecem para ns como imutá$eis,
mas !ora de +eus nada há imutá$el8 conseq=ente, os conceitos no se do ob*eti$amente.
Contudo, a imutabilidade dos conceitos, tomados !ormalmen te, " inegá$el, porque dois
sempre !oi e sempre será dois.
Kant " um conceptualista moderno, pois a!irma categoricamente que os conceitos t&m
sua sist&ncia total na mente humana, de onde pro$&m.
Fuanto a outros conceptualistas modernos, suas id"ias se con!undem com as dos
nominalistas.
+emonstrada a improced&ncia das posi2;es nominalistas e conceptualistas,
automaticamente mostramos a improced&ncia da posi2o !undamental de Kant.
4eremos de demonstrar o seguinte6
a)que os uni$ersais correspondem a representa2;es intencionais (conceitos ou id"ias)8
b)cu*a sist&ncia no " meramente sub*eti$a, mas sim que possuem um $alor com
sist&ncia ob*eti$as, algo que está !ora do su*eito cogitante e !ora da ati$idade cogitante.
3 uni$ersal sub*eti$amente tomado " sempre singular.
Jamos deixar de lado os exemplos que !ora usados pelos !ilso!os medie$alistas, e
$amos considerar apenas um bem moderno, bem da nossa experi&ncia, que nos o!erecerá
todos os elementos principais de pro$a à tese que por ora de!endemos, a do realismo
moderado, que consiste em a!irmar que há uma sist&ncia ob*eti$a, !ora da mente cogitante,
para os uni$ersais.
G

Im engenheiro re>ne um grupo de t"cnicos para realiarem um pro*eto de constru2o


de um autom$el de determinado tipo, tipo ]. 3 exemplo " pouco curial na !iloso!ia, mas
sua !amiliaridade !a$orecerá de modo pleno a consecu2o do !im que pretendemos
alcan2ar. Esbo2a-se o pro*eto. #pro$ado, !aem-se os cálculos de constru2o, escolhe-se o
material a ser empregado. Equipes especiais estudam os pormenores da !abrica2o das
pe2as di$ersas, que de$ero obedecer à !orma estatuída no pro*eto. nicia-se, a!inal, a
constru2o e o acabamento, e milhares de autos tipo ] acham-se prontos, iguais uns aos
outros, para seguirem para o mercado de autom$eis.S
Podemos distinguir em tudo isso o seguinte6
7)a id"ia primeira de auto tipo ] elaborada pelo seu criador8
0)o esbo2o !igurati$o do mesmo8
9)o esbo2o que esquematia a proporcionalidade das partes componentes do mesmo8
G)a mat"ria escolhida para as di$ersas partes8
)a modela2o da mesma, segundo os esquemas tra2ados8 ou se*a, de modo a cada
parte corresponder !uncionalmente ao interesse da totalidade8
A)a integra2o total, !inal, que realia o acabamento.
Estamos agora em !ace dos milhares de autos tipo ]. Cada um " uma singularidade,
uma totalidade singular. # mat"ria, que comp;e cada um, " numericamente outra que a de
outro qualquer. Contudo, há entre eles algo que t&m em comum6 a mesma !orma, a mesma
!uncionalidade, a mesma proporcionalidade das partes segundo anormal da totalidade.
3s termos $erba is auto tipo ] so apenas um !latus $ocis< Pala $ras $aias sem
qualquer re!er&ncia a um conte>do conceitual, como o querem nominalistas rígidos< Bo
apontam as pala$ras auto tipo ] alguma coisa outra (aliquid aliud) do que e que "
representado na mente<
D apenas uma imagem sensiti$a<

S
3 exemplo, que demos, " concreto, e o apro$eitamos da experi&ncia do homem moderno. :erá para muitos,
acostumados à linguagem abstrata da !iloso!ia, um tanto rude, grosseiro. Contudo, *usti!icamos a sua escolha
pelas ra;es seguintes6a)o re!erido exemplo " de !ácil !undamento na experimenta2o humana8
b)possui todos os requisitos em !a$or da tese que de!endemos8
c)!acilita a melhor compreenso por parte de um espírito menos a$eado à linguagem abstrata da !iloso!ia8
d)cont"m toda a $alide dese*ada8
e)embora grosseiro, dadas as condi2;es que o!erece e a !inalidade que nos orienta, está *usti!icado8
!)ademais, a pre!er&ncia aos conceitos abstratos decorre do hábito !ilos!ico de usar conceitos de máxima
abstra2o, o que pro$oca em muitos, certas di!iculdades, o que *usti!ica o exemplo escolhido, pela
intuiti$idade que o!erece.


D apenas a combina2o de imagens dos di$ersos auto tipo ] singulares que se acham
aí<
Bo tem o auto tipo ] uma sist&ncia !ora da nossa mente, em cada um dos autos
singulares<
4odas essas perguntas recebem respostas !áceis. E em de!esa das respostas, podemos
argumentar da seguinte maneira6
a)no " o auto tipo ] uma imagem singular porque pode representar muitos autos, #.,
H. C. +... # imagem s pode representar a singularidade, a deste auto tipo ] aqui, o terceiro
a contar da direita8
b)no " uma composi2o de imagens singulares (combinatio ou compositium
imaginum, porque tal composi2o seria algo !lutuante e indeterminado. 3ra, o que se dá na
mente " algo !ixo e determinado. D distinta, pois, a imagem de um atuo tipo ] de a id"ia de
um ato tipo ]. Ima combina2o no representaria propriamente o que representamos
exatissimamente pela id"ia, que representa algo. #ssim, tanto o nominalismo rígido como o
nominalismo mitigado esto re!utados.
c)no sendo uma imagem singular, nem uma combina2o de imagens, " um conceito
uni$ersal, pois no signi!ica apenas um auto tipo ] singular, mas muitos, todos os auto tipo
], que so tal segundo a mesma rao(secundum eamdem rationis), tanto #, H, C, +, etc.
Como seria possí$el a ci&ncia sem tais conceitos<
d)3 conceito auto tipo ] " predicado uni$ocamente por identidade de muitos
singulares. 3ra, o que se predica uni$ocamente de muitos no " um simples nome, no "
apenas um conceito sub*eti$o8 ou se*a, de sist&ncia meramente sub*eti$o, porque auto tipo ]
no " algo que " auto tipo ], apenas na mente, porque em cada um, singularmente, há o que
nele o torna tal e que se repete em cada um. Bem " apenas uma cole2o de singularidades.
3 que !a que este se*a auto tipo ] e aquele tamb"m, e tamb"m aquele outro, e todos,
" algo real em cada, " algo que tem sist&ncia ob*eti$a em cada um. Este autom$el " um
auto tipo ], este outro tamb"m ", e aquele, e aqueleoutro...
Bo " um conceito sub*eti$o porque este auto tipo ] no " a minha id"ia sub*eti$a de
auto tipo ].
'á algo que tem naturea real, que tem uma sist&ncia neste, naquele e naquele outro,
e o que há em cada um deles " o elemento ontolgico, que corresponde ao conceito
A

uni$ersal. 'á, em cada um, e em todos, portanto, uma lei, um logos de proporcionalidade
intrínseca, que os !a serem auto tipo ].
3 conceptualismo de Kant " insu!iciente, portanto, porque a!irma que o conceito
uni$ersal tem sua sist&ncia apenas na mente, o que a prpria experi&ncia destri.
3 conceito uni$ersal, que " um em ns, aponta intencionalmente (intentionaliter) ao
que há !undamentaliler, !undamentalmente na coisa.
isicamente e in re, o que há na coisa " um, mas, !ormalmente (como lei, logos, de
proporcionalidade intrínseca), está em muitos.
# di!iculdade, que se poderia propor aqui, " apenas a seguinte6
3 exemplo apontado re!ere-se a um conceito concreto, como o so o de 'omem,
%esa, Co, Pedra, aos quais correspondem um sub*ectum que os represente. #
argumenta2o pode !a$orecer a posi2o da Ci&ncia, porque esta trabalha com os chamados
conceitos concretos. %as, a %eta!ísica trabalha com conceitos, que so produtos de
abstra2;es de terceiro grau. E sem que pro$emos a ob*eti$idade destes, a tese ?antiana será,
pelo menos, parcialmente $erdadeira, no tocante a este ponto.
a2amos, pois, a resposta à pergunta e o!ere2amos uma solu2o à di!iculdade.
Pro$ado, como !icou, que há no conceito aliquid aliud, algo outro que a mera sub*eti$idade,
e que esta, intencionalmente, aponta para algo que se dá !undamentalmente na coisa,
pro$amos que há um $alor ob*eti$o, uma sist&ncia extra mentis, que tal sist&ncia independe
da prpria concep2o (conceito). Podem, portanto, ser eles aplicados a coisas outras, as
quais desconhecemos, como $eremos.
/alide! da Metafísica 0eral 12ntologia3
# !orma, que há nas coisas, como $imos no exemplo que citamos, no " uma imagem
(sub*eti$a) no " um ob*eto mera e simplesmente da experi&ncia, pois ultrapassa de certo
modo a esta. 3ra, tal demonstra, de!initi$amente, que a cogni2o ob*eti$o-meta!ísica "
possí$el.
Para que a %eta!ísica se*a possí$el, temos q^de mostrar a $alide ob*eti$a, a sist&ncia
extra mentis, o !undamento sistencial dos conceitos uni$ersais e dos *uíos uni$ersais. +os
conceitos, a pro$a *á apresentamos. @esta, agora, mostrar a dos *uíos uni$ersais.
3s *uíos meta!ísicos surgem das compara2;es realiadas entre os conceitos
abstratos.
S

3s conceitos abstrat os de primeiro grau, como $imos, so os que se realiam atra$"s
de uma abstra2o total. Estes, por"m, no transcendem a experi&ncia possí$el.
Por essa abstra2o, alcan2amos os chamados conceitos concretos, como homem
triangular, etc.
Estes conceitos se re!erem a algo que tem uma mat"ria, um sub*ectum material, e
que, portanto, no transcendem à experi&ncia, embora no se*am imagens experimentais,
mas re!erem-se a coisas experimentá$eis. Embora tais conceitos, tomados em si, se*a
imateriais, porque, do contrário, se singulariariam num singular e no poderiam repetir-se
em muitos, no transcendem a experi&ncia. Bo so, pois, transcendentais.
Contudo, há conceitos que transcendem a experi&ncia, como os conceitos de
humanidade, sapi&ncia, triangul aridade, eternidade, causalidade, etc., os quais no t&m um
sub*ectum material que os represente.
Para alcan2á-los, " necessário no a abstra2o total, mas uma abstra2o !ormal. Bo
se re!erem eles a nenhum grau de materialidade.
Poder-se-ia ob*etar que so tais abstra2;es puras !ic2;es, mas a ob*e2o seria
improcedente, porque no podemos recusar-lhes uma sist&ncia, como $eremos ainda.
#o compararmos tais !ormas entre si, podemos predicar alguma !orma, dier que um
ou outro predicado lhes con$"m. #ssim, podemos consider ar o ser enquanto ser, enquanto
!orma pura, excluindo absolutamente o no-ser.
4ais *uíos transcendem a toda experi&ncia.
4ais ob*etos, precisi$amente meta!ísicos, t&m uma sist&ncia, o que demonstra que a
cogni2o meta!ísica, atra$"s de abstra2;es !ormais, " possí$el.
Cabe-nos pro$ar a ob*eti$idade de tais abstra2;es, a sist&ncia de tais abstra2;es.
4omemos o conceito conting&ncia. Este implica o ter causa/,. 4odo ser que tem causa "
contingente e a experi&ncia o compro$a.
4omemos o exemplo de um conceito que aponta a uma per!ei2o pura como o de
sapi&ncia. :api&ncia " apenas sapi&ncia, sem mescla de qualquer outra coisa que no se*a
sapi&ncia. # sapi&ncia " in!initamente sapi&ncia, per!eitissimamente sapi&ncia. Contudo,
nos homens, obser$am-se graus de sapi&ncia (mais ou menos). Como se poderia obser$ar
esse mais ou menos de sapi&ncia de que os homens participam, se sapi&ncia !osse um mero
nada< 'á, pois, uma sapi&ncia máxima, sistante, no aqui ou ali, mas da qual participam
M

todos os que t&m sapi&ncia e que no so sapi&ncia. 4ais per!ei2;es no so de nenhum ser
!inito, assim como Too, que " homem, no " humanidade, mas tem humanidade, ou se*a,
participa dela. Este tri5ngulo " triangular, no por"m, a triangularidade, apenas a tem.
Essas per!ei2;es so do ha$er e no do ser das coisas !initas ou melhor, seu ser participa
dessa per!ei2o.
/alide! da Metafísica 4special
# sist&ncia ob*eti$a dos uni$ersais, que transcendem à experi&ncia possí$el, está
demonstrada. @esta pro$ar a sist&ncia ob*eti$a de certos uni$ersais, que constituem o ob*eto
da meta!ísica especial.
3 :er :upremo " um desses conceitos. Bs somos capaes de construir, por abstra2o
!ormal, conceitos uni$ersais que t&m sist&ncia ob*eti$a !ora de ns, como *á $imos. E entre
esses, o das per!ei2;es simples. #ssim, da mutabilidade e da conting&ncia dos seres !initos,
que no t&m em si mesmos sua rao de ser, alcan2amos a conting&ncia do mundo, do
cosmos, que " a totalidade coordenada dos seres !initos, dos que no t&m em si sua rao de
ser. 4ais entes t&m uma causa. :e todos os entes !ossem causados no ha$eria a srcem da
prpria causa. 3u teriam em si mesmos a sua causa (e existiriam antes de existir, o que "
absurdo) ou a receberiam de outros, que, causados por outros, teriam !atalmente,
necessariamente, de ter uma causa primeira8 caso contrário, cairíamos ou no círculo $icioso
ou na nega2o da prpria causa, porque cada um daria o ser a outro sem o 4er, pois
recebendo um :er de outro, um há de ser o primeiro. 'á de ha$er, portanto, um per!eito
existente, cu*a certea e apoditicidade " o !undamento esquemático de todas as pro$as da
exist&ncia de um :er :upremo, primeiro, !onte e srcem de todos os outros.
Bosso conhecimento das coisas " dependente de nossa naturea. :abemos que nosso
conhecimento " adequado à nossa naturea. Conhecemos, proporcionadamente à nossa
capacidade cognosciti$a.
3 principal $alor da concep2o ?antiana está em a!irmar que nosso conhecimento "
proporcionado à nossa esquemática. Bosso conhecimento no " exausti$o, mas, embora
total, " apenas relati$o aos esquemas que podemos acomodar para a assimila2o que lhes
será proporcionada. Contudo, sabemos quais os nossos limites. #lcan2ar o limite *á "
ultrapassá-lo, porque ao sabermos at" onde podemos conhecer, sabemos que algo outro
(aliquid aliud) há al"m de nosso conhecimento, que no " um puro nada. :ua ob*eti$idade "
Q

e$idente. E " e$idente, ainda, que ns podemos construir conceitos que se re!erem às
per!ei2;es puras, das quais participam os seres da nossa experi&ncia. 4ais conceitos
re!erem-se ao que escapa à nossa experi&ncia, mas so $álidos porque os limites desta
a!irmati$a apontam a sist&ncia ob*eti$a dos mesmos.
+o que há de imper!eito nas coisas podemos ascender, por abstra2;e s, às per!ei2;es,
sem que delas tenhamos uma intui2o sensí$el, mas apenas podemos alcan2á-las atra$"s de
opera2;es do nosso entendimento.
4ais conceitos so tamb"m atribuí$eis às coisas da nossa experi&ncia, no, por"m,
uní$oca nem equi$ocadamente, mas analogicamente.
:e se desse a uni$ocidade, o :er :upremo e as coisas seriam o mesmo, e cairíamos no
antropormo!ismo, ou no panteísmo.
:e se desse a equi$ocidade, o :er :upremo permaneceri a desconhecido totalm ente e
cairíamos no agnosticismo.
Portanto, s resta a cogni2o analgica.
...
7)Im dos pressupostos !alsos da doutrina ?antiana está em considerar que, por no
conhecermos exausti$amente os !atos reais, nada conhecemos deles. 3ra, sabemos pela
experi&ncia que por desconhecermos o que !ica al"m do nosso conhecimento, o que
conhecemos de uma coisa no " !also por ser incompleto. Bs mesmos nos conhecemos à
propor2o que os anos sucedem e sucedem as nossas experi&ncias. 4al no quer dier que
tudo quanto conhecemos de ns, porque no conhecemos exausti$amente a ns mesmos,
se*a, por isso, !also.
0)3utro pressuposto !also de Kant consiste na distin2o que !a dos *uíos sint"ticos a
priori e dos *uíos analíticos. Bo há apenas as duas condi2;es6
a)ou o predicado *á está contido no su*eito, ou
b)o predicado, de nenhum modo, está contido no su*eito.
'á uma terceira condi2o que Kant esqueceu6
c)o predicado pode estar contido $irtualmente no su*eito.
Essa $irtualidade no p" apenas a que pertence à iman&ncia conceitural do su*eito,
mas a que está correlacio nada no mesmo e tamb"m aos *uíos quando compro$ado s, como
$emos pela dial"tica concreta. D precisamente esta terceira condi2o que " o !undamento
A1

dessa dial"tica, e permite compreender a ilumina2o apo!5ntica, que pode surgir pela
análise dial"tica, como a entendemos e realiamos.
# doutrina ?antiana, por no ter considerado esse ponto, " irremedia$elmente !alsa e
re!utada in limine. Consideramos esta condi2o a mais importante.
9)3 terceiro pressuposto !also de Kant consiste em considerar que a experi&ncia se dá
apenas com os !atos meramente contingentes, ou nos !atos meramente contingentes, porque
aqui tamb"m dá-se uma terceira hiptese no considerada pelo !ilso!o de Koenigsberg6 a
da experi&ncia sobre entes no meramente contingentes.
...
25e%6es 7antianas e respostas correspondentes
+amos algumas das !amosas ob*e2;es apresentadas por Kant e pelos ?antianos à
%eta!ísica, acompanhadas das respecti$as respostas.
7)D lícito du$idar metodicamente da possibilidade de uma ci&ncia na qual no há
nenhum consenso uni$ersal. 3ra, a %eta!ísica re$ela no ha$er nela nenhum consenso
uni$ersal, em !ace da $ariedade de opini;es, muitas $ees contrárias que nela se re$elam.
Consequentemente, " lícito du$idar da possibilidade da %eta!ísica.
@esposta6 # maior seria $álida se o consenso exigido no se desse quanto ao seu
ob*eto nem quanto aos seus primeiros princípios. 3ra, tal no se dá quanto à %eta!ísica.
Pode no ha$er consenso uni$ersal quanto a todos, no, por"m, quanto a alguns princípios e
conclus;es !undamentais.
0)Ba %eta!ísica so demonstradas proposi2;es que so simultaneamente
contraditrias e antinômicas.
@esposta6 Fue possuam as proposi2;es contraditrias e antinômicas a mesma solide
absolutamente no " $erdade. @ealmente algumas aparentam maior soma de e$id&ncia. #s
antinomias ?antianas so arti!iciosamente construídas e apenas de $alide aparente. Entre
duas contraditrias, uma " necessariamente !alsa, e nunca ambas e$identemente
$erdadeiras.
9)#s incoer&ncias assinaladas no sistema ?antiano podem ser corrigidas.
Consequentemente, tais incoer&ncias no podem re!utar esse sistema.
A7

@esposta6 #s incoer&ncias acidentais podem ser corrigidas, mas que as substanciais e


!undamentais possa ser corrigidas s o sero contra a sua doutrina, impedindo
ineluta$elmente de conser$á-la como $erdadeira.
8ustifica%"o dos princípios
:egundo a posi2o clássica da !iloso!ia aristot"lica-escolástica, quando no se disp;e
de uma e$id&ncia imediata do ser, resta-nos a esperan2a de nos ser$irmos de uma e$id&ncia
mediata, que " o raciocínio. 3ra, o raciocínio exige, na lgica aristot"lica pelo menos uma
premissa geral, pois no " possí$el de duas particulares concluir $alidamente o $elho
a!orismo Bil sequitur geminis ex particularibus umquam/ " uma das regras !undamentais
do silogismo.
Como os *uíos de consci&ncia so sempre *uíos sobre !atos particulares, no podem
eles ser$ir de premissas gerais. mp;em-se, portanto, para uma boa concluso, premissas
gerais, e a pergunta que logo surge " a de como " possí$el alcan2á-las, *á que todo *uío de
consci&ncia " particular, e a experi&ncia " sempre particular. :em chegar-se a este ponto, e
*usti!icá-lo, compreende-se que " um problema obter e !undamentar princípios uni$ersais.
:abemos que a indu2o pressup;e tamb"m um *uío geral como princípio
!undamental, sem o qual, !undando-se apenas no particular, no poderá extrair uma regra
geral, seno pro$á$el. Para se dar, portanto, um progresso no conhecimento " mister que se
d&em proposi2;es gerais imediatamente inteligí$eis, as quais os escolásticos chama$am
princípios/.
D mister, portanto, saber o que nos poderá dar ou !ornecer *uíos imediatos.
Para responder a esta pergunta, argumentam do seguinte modo 3s escolásticos de
todos os tempos6 há um princípio, que " chamado o primeiro princípio, o de contradi2o,
que se pode !ormular pelo enunciado aristot "lico6 D impossí$el que o mesmo con$enha e
no con$enha ao mesmo, ao mesmo tempo, e sob o mesmo aspecto/. Bo se entende por
mesmo/ o mesmo predicado lgico, que no pode ser a!irmado e negado ao mesmo tempo
do mesmo su*eito lgico, mas como a mesma propriedade ou determina2o real, que no
pode con$ir e no con$ir ao mesmo tempo ao mesmo ob*eto real. 3 princípio de
contradi2o aristot"lico " antes de ser lgico um princípio ontolgico8 ou se*a, no " apenas
um princípio de pensar lgico. :abemos que, pela lgica aristot"lica, dois *uíos
contraditrios no podem ser ambos $erdadeiros, porque no pode o mesmo ob*eto, ao
A0

mesmo tempo, ser e no ser. Contudo, " preciso no esquecer que esse princípio
compreende duas limita2;es que so6 ao mesmo tempo/ e sob o mesmo aspecto/, porque
em distinto tempo, e em distinto aspecto, o mesmo pode ser e pode no ser. #ssim o
n>mero 011 " grande e no grande. Lrande quando se compara a 71 e no grande se "
comparado a .111.
Kant opunha-se ao emprego da expresso ao mesmo tempo/, porque limita$a o
princípio às rela2;es temporais. @espondem os escolásticos modernos que essa anota2o "
improcedente, porque o princípio de contradi2o tamb"m se estende ao temporal, pois sem
essa expresso seria $álido apenas para o eterno e intemporal, como surge na enuncia2o de
Parm&nides.
3utros escolásticos modernos substituem o enunciado aristot"lico pelo seguinte6 o
que ", enquanto ", no pode no ser/, pois a expresso enquanto "/ compreende no tempo
em que "/.
Contudo, o princípio de contradi2o te$e seus ob*etores que apresentaram ra;es
!rágeis, quase sempre pro$eni entes do desconhecime nto claro do seu enunciado, e por no
terem de$idamente compreendido o seu alcance. Ba $erdade, nenhuma ob*e2o s"ria !oi
apresentada em qualquer tempo, a no ser contra a !rmula de Parm&nides, que di6 o ente
", e " impossí$el que no se*a/, que le$a a postular a absoluta necessidade do ser, e a
a!irmar a imutabilidade, a in$ariabilidade e a unicidade do ente o que desemboca
!atalmente no panteísmo/.
:tuart %ill considera o princípio de contradi2o como uma das generalia2;es mais
primiti$as e b$ias, !undadas na experi&ncia/, reduindo-a a uma necessidade psicolgica
que nos obriga a generaliar certos !atos/. P;em em d>$ida alguns autores modernos o
$alor ontolgico desse princípio. D $erdade que muitos argumentam com o de$ir, seguindo
a linha de 'eráclito, mas esse argumento pode $aler para o enunciado de Parm&nides, no
para o de #ristteles.
3 conceito de ser e o de no-ser so incompatí$eis, pois um exclui, logicamente, o
outro. Contudo, de$e-se notar que o conceito de no/ " intuiti$o e claro, e indica a recusa,
a proclama2o da aus&ncia. Considerando-se assim, o ser poder-se-ia dar ao lado do no-
ser, porque este indica apenas a !alta de ser. Bo se de!ine o no-ser como incompatí$el ao
ser, pois pode-se admitir a !alta de um ente sem nega2o do ser, como a a!irma2o de ser
A9

no implica a nega2o do ser, a !alta de um ser. +e$e-se compreender que o princípio de
contradi2o re!ere-se mais ao ente, que, propriamente, ao conceito de ser. :e aqueles se
excluem, tamb"m se exclui a a!irma2o de ente e, simultaneamente, do no-ente, pois no
se pode predicar ambos à mesma coisa e ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, porque o
ente, enquanto ente, " ente e no-ente. 3 conceito do ser " srcinalmente um conceito
positi$o e seu enunciado no di oposi2o ao no-ser, nem este de de!ine pela
incompatibilidade ao ser, pois srcinariamente s di !alta de ser.
:er e no-ser so contingentes. Bo se pode dier todo ente no pode no ser, mas
sim que, enquanto ", no pode no-ser, segundo o enunciado de #ristteles.
+este modo, a oposi2o entre um ente e o no-ser no " necessariamente uma
oposi2o contraditria !ormal, mas " cogitá$el e possí$el, e a >nica oposi2o que, na
linguagem escolástica, " a contraditria material, a que se dá entre o sub*ectum habens
!ormam e a !orma oposta.
Contradi2o ha$eria entre os *uíos Im ser há/ e nenhum ser há/, entre os *uíos
!undamentais da iloso!ia Concreta #lguma coisa há/ e nenhuma coisa há/, no, por"m,
entre alguma coisa há/ e  alguma coisa no há/, pois so particulares e ambas podem ser
$erdadeiras. Cabe aqui uma ressal$a6 o *uío particular alguma coisa no há/ " tomado
particularmente8 se tomado uni$ersalmente, no sentido de dier no há alguma coisa/,
como querendo dier coisa nenhuma há/, deixaria de ser particular para ser um uni$ersal
negati$o, e neste caso seria contraditrio ao alguma coisa há/.
#legam alguns escolá sticos que o princípio de contradi2o $ale porque +eus o quer,
pois se quisesse o contrário poderia ele so!rer restri2;es. Beste caso, no teria ele o $alor
ontolgico necessário que se lhe dá, e que, na $erdade, tem. Bs, por"m, consideramos o
princípio de contradi2o, como o !iemos em iloso!ia Concreta pela rela2o opositi$a de
pri$a2o e posse. # a!irma2o indica a posse, e a nega2o a pri$a2o. Fuando se atribui um
predicado ao ser, atribui-se a presen2a do mesmo8 quando se nega, recusa-se a presen2a,
a!irma-se a pri$a2o do mesmo no mesmo. 3ra, colocado o princípio de contradi2o deste
modo, de a contradi2o !osse ontologicamente possí$el, a!irmar-se-ia o nada absoluto,
porque a!irmar a pri$a2o " a!irmar absolutamente a no presen2a de qualquer predicado, o
nada absoluto. Portanto, a >nica restri2o que alguns escolásticos !ieram de que o
princípio de contradi2o limitaria a onipot&ncia di$ina, " improcedente, porque o nada
AG

absolutamente no limita de modo algum, e no poder +eus criar um nada absolutamente
no " de!ici&ncia de qualquer esp"cie.
# incompatibilidade há entre a q=ididade de ente e a de no-ser. :e essa q=ididade se
realiou alguma $e, no se pode admitir que no se realiou8 se em alguma parte um ente
existe realmente, no se pode admitir que no exista ao mesmo tempo. 3ra, a experi&ncia
nos mostra que algo existe, e a pro$a de modo imediato. Consequentemente, o princípio de
contradi2o tem absoluto $alide ontolgica. M
...

9uadro cominado das formas puras do 5uí!o e das categorias: segundo &ant

 Fuantidade dos *uíos T. Ini$ersais (categoria6 Inidade)


T. particulares (categoria6 Pluralidade)
T. singulares (categoria6 4otalidade)
 Fualidade dos *uíos T. a!irmati$os (categoria6 @ealidade)
T. negati$os (categoria6 Bega2o)
T. inde!inidos (categoria6 Oimita2o)

 @ela2o expressa por *uíos T. categricos (categoria


e acidentecorrelati$a6 su bst5ncia
T. hipot"ticos (categoria correlati$a6 causa e
e!eito)
T. dis*unti$os (categoria correlati$a6
@eciprocidade)
J %odalidade dos *uíos T. problemáticos (categoria positi$a e negati$a6
Possibilidade e mpossibilidade)
T. assertricos (categoria positi$a e negati$a6
Exist&ncia e Bo-Exist&ncia)
T. apodíticos (categoria positi$a e negati$a6
Becessidade, Conting&ncia)

M
3 princípio de contradi2o imp;e-se por aclaramento da análise e das implic5ncias que pro$ocam o *uío
alguma coisa há/, e a $alide desse princípio " encontrada atra$"s dessa mesma análise. Bo parte dele a
iloso!ia Concreta para pro$ar as suas teses !undamentais, mas surge ele por decorr&ncia ine$itá$el do que "
apoditicamente demonstrado.
A

D importante salientar desde início a distin2o clara que !aiam os escolásticos entre
ratio (raciocínio), intellectum (entendimento) e intellectus principiorum.
:omos capaes de obter princípios imediatamente inteligí$eis e de $alor geral ao
compararmos entre si as ess&ncias, que nos so dadas pelos conceitos abstratos. Bossa
intelig&ncia abstrai da experi&ncia as ess&ncias, mas as rela2;es necessárias, que se do
entre elas pela experi&ncia, ns no a percebemos pelos sentidos, mas por um ato de
entendimento, que " essencialmente distinto da experi&ncia. Bo " o resultado de um
discurso, mas uma simples e imediata intelig&ncia da rela2o essencial. Chama$am de
escolásticos essa intelig&ncia, que tamb"m re!eria-se a rao enquanto " capa dela, de
intellectus principiorum/, que corresponde ao nous de #ristteles.
Como pode dar-se um progresso no conhecimento do ser< @espondem os escolásticos
que, para ha$er um progresso al"m da experi&ncia imediata, " mister aplicar um princípio
geral aos casos particulares, exigindo-se, ainda, que o conte>do total do conceito do su*eito,
em suma, do princípio, $eri!ique-se no particular dado pela experi&ncia. Exempli!icam os
escolásticos da seguinte maneira6 dada uma !igura geom"trica, dese*ando aplicá-la ao
princípio geral6 a soma dos 5ngulos de um tri5ngulo " igual à soma de dois 5ngulos retos/,
" preciso $eri!icar que esta !igura " um tri5ngulo, segundo o que " entendido no princípio.
+este modo, se o conceito do su*eito, no princípio geral, cont"m mais do o que cognoscí$el
por percep2o no ente dado, no pode aplicar-se este princípio a tal ente. Em suma, se a
percep2o (que " intelectri$o-sensiti$a) de um ente o!erece-nos menor conhecimento do
que o que está contido no conceito do su*eito do princípio geral, este princípio no pode ser
aplicado a tal ente8 assim, a uma !igura apenas de dois lados, !ormando um 5ngulo reto, no
se poderia aplicar o princípio do tri5ngulo, chamando-a de tri5ngulo.
Je*amos agora outro caso. 4emos um princípio geral, cu*o conceito de su*eito se dá
na realidade, mas cu*o predicado no indica nada mais do que um elemento ou $ários
elementos contidos no conceito do su*eito. Exempli!ica-se com o seguinte princípio6 todo
AA

paralelogramo " um quadrilátero/. Este princípio " de suma e$id&ncia, mas in>til para o
progresso do conhecimento.
Pela percep2o, $eri!icar-se-ia que a !igura " um paralelogramo8 porque perceb&-la
como tal " perceb&-la como quadrilátero, *á que quadrilátero " um elemento do
paralelogramo. Beste caso, a aplica2o do princípio geral à !igura dada no permite
nenhum conhecimento que transcenda a percep2o, e, deste modo, no se obt"m nenhum
progresso no conhecimento.
Para ha$er progresso " necessário que o predicado do princípio geral acrescente ao
su*eito algo que no está contido neste. E o que " acrescentado tem de ser um outro
predicado, que no " mani!estado pela percep2o no particular dado pela experi&ncia8 ou
se*a, o que se acrescenta ao conceito do su*eito no se !unda nesta experi&ncia.
Como " possí$el tal opera2o< +iem alguns que tal se obt"m por meio de uma
análise do conte>do do conceito do su*eito. Entende-se por análise, a opera2o que consiste
em reduir-se em suas partes, em seus elementos, o conte>do total do conceito do su*eito.
Beste caso, a análise s pode dar o que *á está incluído nele. # análise no nos pode dar,
portanto, o progresso dese*ado no conhecimento, necessitamos princípios que realmente
acrescentem ao su*eito predicados independentemente da experi&ncia, o que implicaria um
ultrapassar da experi&ncia.
Esta análise *á ha$ia sido !eita pelos escolásticos, Kant a retomou, colocando como
principal interroga2o do seu sistema a seguinte pergunta6 como so possí$eis os *uíos
sint"ticos a priori< Tá examinamos a di$iso dos *uíos !eita por Kant. %as o importante
está nos *uíos sint"ticos a priori, nos quais a adi2o do predicado se dá independentemente
da experi&ncia.
Estes *uíos so o tema !undamental da crítica ?antiana, como $imos. #t" aqui nada
coloca$a ele em oposi2o ao que os escolásticos *á ha$iam !eito. %as, onde a di$erg&ncia
surge, está precisamente em a!irmar ele que a unio necessária do su*eito e do predicado "
concebida como independente da experi&ncia, e mais ainda, que os mesmos conceitos no
pro$&m da experi&ncia, nem podem ser compro$ados como reais no su*eito, no ente. +este
modo, Kant sub*eti$a todo a priori/. 3s escolásticos chama$am de *uío explicati$o, o
*uío em que o predicado *á está contido no conceito do su*eito, e de *uío extensi$o aquele
em que o predicado acrescenta uma no$a propriedade ao conceito do su*eito. #s express;es
AS

a priori e a posteriori !oram de uso comum. Beste caso, poder-se-ia dier que o *uío, no
qual o predicado acrescenta ao su*eito uma propriedade ou determina2o
independentemente da experi&ncia " um *uío extensi$o a priori.
3s neo-escolásticos repeliram por muito tempo a di$iso dos *uíos proposta por
Kant pelas seguintes ra;es6 todos os *uíos contidos por compara2o de conceitos so
analíticos e estes so os a priori/8 todo os *uíos sint"ticos so princípios experimentais,
so a posteriori/8 neste caso no há *uíos sint"ticos a priori/. 4omando-se a posi2o
racionalista a doutrina de Kant " inaceitá$el porque ela aceita que há princípios *á contidos
no conceito do su*eito. Bo entanto a escolástica per!eitamente distinguia os *uíos
explicati$os de os *uíos extensi$os a priori embora no usasse as express;es *uíos
analíticos e *uíos sint"ticos.
#dmitiam os escolástico o que " e$idenciado pela nossa experi&ncia intelectual que a
mera compara2o dos termos su*eito e predicado permite captar um inditium per se notum,
que re$ela a !orma do intellectus principiorum o que aliás re$elamos de modo prático nas
análises e nas concre2;es que realia a iloso!ia Concreta ao comparar *uíos entre sei e
conceitos entre si.
3 princípio de contradi2o " um exemplo do *uío extensi$o a priori. Cont udo o
princípio de contradi2o no tra, por si s, progresso ao conhecimento, mas, sim, o
princípio de causalidade. Pondo de lado as $árias maneiras de conceb&-lo, ns sabemos que
o princípio de causalidade a!irma a depend&ncia real entre todo ser contingente e a
ati$idade de uma causa, do qual ele depende. 3ra, este princípio $ai al"m da experi&ncia. E
" mister que se !unde ele numa intelig& ncia a priori para que tenha $alide. #q ui " onde as
di$erg&ncias surgem na !iloso!ia, e tamb"m no campo da problemática deste tema.
#ristteles enunciou o princípio de causalidade, !undado no mo$imento(?ínesis), no qual
$eri!ica$a que toda muta2o de um ente requer uma causa. Bo concebia #ristteles a
$aria2o total de um ente ao ser causado, mas apenas parcial8 por isso, no alcan2ou com
clarea o conceito de cria2o. # !iloso!ia crist estende a necessidade da causa a todo ser
contingente, at" o seu >ltimo substractum. :anto #gostinho chama$a6 a !orma in$ariá$el,
pela qual existe todo o $ariá$el/. # expresso escolástica omne quod !it habet causam/, ou
se*a, tudo o que " !eito tem causa, " a expresso do princípio de causalidade. Beste
enunciado, a a!irma2o de que algo " !eito, " concomitantemente a de ser !eito por outro8
AM

portanto, a prpria análise permite compreender claramente a causalidade. Contudo a!irmar


que todo ser contingente " !eito, *á merece outro exame. +i-se que " contingente o ser que
no " necessário8 isto ", o ser que pode ser e pode no ser, aquele que no tem em si sua
plena rao de ser. 3 conceito de contingente no inclui, racionalisticamente considerado, o
de ser causado. D um proprium deste conceito ser causado. Beste caso, estamos num *uío
extensi$o a priori.
3s racionalistas relaciona$am o conceito de causa com o !undamento lgico e
:pinoa chega$a a igualar causa com rao. Em suas análises chega$a a concluir no s
que todo e!eito tem necessariamente uma causa, mas que toda causa " uma causa que opera
necessariamente6 ex data causa determinata necessario sequitur e!!ectus/.
undado nesta a!irmati$a, a meta!ísica racionalista seria puramente a priori. Oeibnit
admitia este princípio de :pinoa, contudo no considera$a como simplesmente
equi$alente rao e causa. Para ele ser causado " um caso particular de ter rao. #
necessidade de uma causa, deduia ele de um princípio de rao su!iciente mais geral
!ormulado por ele pela primeira $e, que pode ser enunciado deste modo6 nenhum !ato
pode ser $erdadeiro e existente, nenhuma a!irma2o legítima, sem que se d& uma rao
su!iciente de por que " desta maneira e no de outra. Oeibnit considera$a este princípio um
*uío puramente explicati$o, um *uío analítico no sentido de Kant. Este posteriormente
opôs-se a esta concep2o, aps conhecer as críticas que o empirismo !ormulou,
especialmente por 'ume. 'ume enuncia$a, deste modo, o princípio de causalidade6 o que
come2a a existir tem que 4er uma rao de sua exist&ncia. #!irma$a que esta proposi2o
no " analítica, porque na representa2o do e!eito no está contida a de causa. 'ume no
admitia a possibilidade de um *uío extensi$o a priori. # proposi 2o, portanto, tinha de
!undar-se na experi&ncia. %as como ele repele toda experi&ncia, logicamente no se podia
admitir que se *usti!icasse a necessidade de uma causa. Para ele " apenas uma explica2o
psicolgica, que nos " con$eniente. Bs estamos inclinados a $er um !enômeno depois de
outro8 daí chegamo s à id"ia de causa e e!eito. Kant concorda com 'ume, que a proposi2o
no " analítica, mas repele a interpreta2o psicolgica. Por outro lado, a!irma que apenas
no pode !undar-se na experi&ncia, pois há uma terceira possibilidade que " o *uío sint"tico
a priori. Para que tal *uío se d&, " mister que os conceitos que os !ormam se*a
independentes da experi&ncia, se*a categorias e " mister, ainda, que se d& uma unio desses
AQ

conceitos a priori com a intui2o a priori do tempo con!orme a lei do su*eito transcendental,
pois os conceitos apenas nos pedem dar *uíos analíticos. 3 princípio de causalidade apenas
di o seguinte6 que todo !enômeno sup;e outro do qual ele segue necessariamente. Como
Kant distingue !enômeno de n>meno, a causalidade s se aplica aos primeiros, sal$ando
assim a liberdade quanto aos outros, ou se*a no " aplicado às coisas em si.
Bo se poderia aplicar tal princípio ao que Kant chama as coisas em si<
Examine-se o conceito de conting&ncia. Contingente " o ser cu*a ess&ncia "
indi!erente para ser ou no ser, ou o que pode ser e tamb"m pode no ser ( quos potest esse
et non esse). 3 que caracteria um ser contingente " o come2ar a ser ou o deixar de ser. Im
ser contingente come2a a ser (incipit esse) no precípuo momento que come2a a ser. : se
pode chamar de contingente a um ente dessa esp"cie. 3ra, se um ente come2a a ser, ele no
" su!iciente para ser em si mesmo, pois, do contrário, existiria antes de existir. E mesmo
que $iesse do nada, ento o nada teria poder de realiá-lo, e do nada dependeria para ser, o
que tornaria o nada sua causa, ou ento, $eio de si mesmo, o que le$aria ao absurdo que
acima apontamos. Im ser contingente no tem em si su!iciente poder de ser e exige a a2o
de uma causa para, uma causa que o !a2a, ex-!acere, e-!iciente. E essa causa e!iciente " algo
que, por sua ati$idade, determina algo a existir.
3 enunciado no há e!eito sem causa " tautolgico e a maneira concreta de enunciar a
causalidade " a que !iemos acima.
#demais a lei de causalidade no se aplica apenas aos seres materiais, ob*eto da nossa
intui2o sensí$el, mas a todos os entes contingentes, se*am de que esp"cie !or. # lei de
causalidade material que a!irma que na naturea (material) todo processo está
uni$ocamente determinado, de maneira que a mesma causa produ sempre necessariamente
o mesmo e!eito/ " um enunciado parcial e regional do princípio de causalidade. Kant
parece sempre re!erir-se a esse enunciado quando se re!ere ao princípio de causalidade. 3
contingente no pode existir por si mesmo, pelos moti$os *á expostos. Consequentemente
um ser que adquira a exist&ncia (seu pleno exerc ício de ser), no pode adquiri-la de si
mesmo. Bo existe um ser contingente por si mesmo, de modo algum. E se no pode
chegar a existir por si mesmo, necessita de in!luxo, de outro para existir, cu*a depend&ncia "
real e necessária, sem a qual no pode existir. Portanto, o ser contingente s pode existir
porque " causado.
S1

%as, qual " a e$id&ncia do princípio de causalidade6 uma rela2o analítica ou uma
sint"tica< D um *uío explicati$o ou extensi$o<
#!irmar que um ser contingente no pode existir em $irtude de sua ess&ncia " um
*uío explicati$o (analítico, para Kant)8 mas dier-se que a determina2o de sua exist&ncia
s " possí$el por uma a2o, " um *uío extensi$o (sint"tico, para Kant). E *usti!ica-se isso
por que no conceito determinar-à-exist&ncia no se contem nada do modo e maneira como
tal sucede.
3 *uío6 o que no existe por si tem que existir por outro/ " extensi$o.
Examinamos agora o princípio de rao su!iciente, cu*o enunciado " o seguinte6 tudo
o que " (ou todo ob*eto) tem uma rao su!iciente. Fue se entende por rao< Entende-se
aquilo pelo (por o) qual/ o ob*eto subsiste. E por aqui aponta ao que " por si mesmo ou
por outro. Bo primeiro caso, temos uma rela2o lgica da propriedade (o proprium) ao
conceito essencial, como quando diemos que um tri5ngulo tem por si mesmo a soma de
seus 5ngulos igual a de dois 5ngulos retos. Bo segundo caso, o por indica a rela2o real de
depend&ncia (causa). Portanto, o que no " por si mesmo contingente, " por outro.
E como demonstrar o princípio de causalidade, se, como di #ristteles, na #nalítica,
um princípio " precisamente o que no cabe demonstra2o por outro, pois, do contrário no
seria um princípio< Contudo, pode-se !aer por mostra2o, como o pro$amos em iloso!ia
Concreta/. :e no podemos do conceito contingente alcan2ar o ser causado, no se pode
demonstrar que o ser contingente e no ser causado/ " o mesmo que ser contingente e
nos ser contingente/. Beste caso, o princípio de contradi2o auxiliaria a demonstra2o
dese*ada. 4ais demonstra2;es pro$ariam que alcan2amos a *uíos extensi$os a priori
imediatamente inteligí$eis.
Comentando os argumentos de 4omás de #quino, escre$e +e Jries (op. cit., pág.
77G)6 3 modo como !a a redu2o do princípio de contradi2o demonstra que no a
entende como puramente analítica. #nalise-se, por exemplo, a demonstra2o reduti$a/,
que ele emprega ao expor sua primeira demonstra2o da exist&ncia de +eus pelo princípio6
o que se mo$e, " mo$ido por outro/. Jer-se-á que, nesta demonstra2o, se sup;e que
somente pode ser reduido algo de pot&ncia a ato por uma causa eu se acha no ato(de
potentia non potest aliquid reduci inactum, nisi per aliquid ens in actu ). Esta proposi2o ",
sem d>$ida, um *uío extensi$o. 4em-se, portanto, de concordar com :uare que toda
S7

demonstra2o reduti$a, al"m de depender do mesmo princípio de contradi2o, depende de


outro princípio, ou concedido ou inteligí$el por si, e, em concreto, sempre que se quer
pro$ar um *uío extensi$o depende-se de outro *uío extensi$o ou concedido ou
imediatamente inteligí$el. 3 raciocínio (a ratio dos escolásticos) no pode substituir a
intelig&ncia imediata (o intelectus)/.
#legam ainda alguns que a intui2o das ess&ncias/ tem le$ado a muitos erros.
@ealmente, tal " procedente. %as esses erros so causa da má aplica2o dos conhecimentos
lgicos e dial"ticos, o que no re!uta de modo algum o emprego desse m"todo, pois,
quando realiado com seguran2a, e$itam-se os erros e abusos comuns de !ilso!os menores.
3 que se re$elou de todo esse exame " o seguinte6 ser contingente no implica o ser
causado, em seu conceito. Contudo, a a!irma2o da conting&ncia le$a necessariamente, por
análise, a considerar que o ser contingente no dá su!iciente rao à sua exist&ncia, pois no
pode $ir a ser por si mesmo, mas por outro, o que, comparando os *uíos, aclara de!initi$a e
necessariamente a necessidade de ser causado por outro, e a u^enunciar o princípio de
causalidade com absoluta seguran2a. Bs, por"m, na iloso!ia Concreta seguimos outros
caminhos, os quais demonstraram de modo patente que se pode chegar ao princípio de
causalidade com a su!iciente apoditicidade dese*ada.
4udo isso demonstra de modo cabal que " possí$el *uíos sint" ticos a priori na
%eta!ísica, o que *usti!ica essa disciplina de modo de!initi$o, e responde aos erros de Kant,
que so compreensí$eis dada a sua !orma2o !ilos!ica e o desconhecimento que tinha do
que de mais ele$ado *á ha$ia sido realiado na !iloso!ia medie$alista. E demonstra tamb"m
a $alide dos *uíos $irtuais, que Kant nem de le$e suspeitou.
3 que, entretanto, no se pode negar de positi$o na obra de Kant " o grande papel que
desempenhou para o progresso dos estudos gnosiolgicos. nega$elmente, com ele, a
preocupa2o sobre o $alor e a $alide de nossos conhecimentos passou a ser tema dos mais
$ariados estudos. Bo que os resultados melhor obtidos e mais seguros $iessem modi!icar
essencialmente o que *á ha$ia conquistado as especula2;es realiadas pelos grande
!ilso!os do passado. 4al, na $erdade, no se deu. #o contrário6 as pesquisas, que se
seguiram, quando robustecidas pela boa análise e pela melhor especula2o, $ieram em
abono do que ha$ia sido realiado. Contudo, há um contingente imenso de no$as
S0

contribui2;es, que no podem ser menospreadas, e de$em, ao contrário, receber a


$aloria2o que realmente merecem.
3s estudos esquematolgicos que preparam essa no$a disciplina que chamamos
Esquematologia, e que ser$iram de base para realiarmos nosso 4ratado de
Esquematologia/ deram, sem d>$ida, a Kant um grande impulso.
3 exame da estrutura de nossa mente, em suas !un2;es principais, desde a
sensibilidade, a a!eti$idade at" à intelectualidade le$a-nos a dedicarmo-nos ao exame dos
esquemas, desde os mais elementares e !undamentais do sensrio-motri at" os esquemas
eid"tico-no"ticos que a intelectualidade constri.
4odo conhecer, desde o sensí$el at" o mais intelectualiado, processa-se atra$"s de
uma adapta2o da esquemática dada pre$iamente, que se acomoda aos !atos ou às id"ias
para realiar as assimila2;es proporcionadas em parte à esquemática *á existente e à
capacidade assimiladora do ser cognoscente. +este modo, todo conhecimento, se*a de que
esp"cie !or, " sempre estruturado segundo esquemas pr"$ios que modelam os
conhecimentos posteriores. Ima sensa2o bruta primiti$a, in!orme, s podemos conceb&-la
na crian2a em seus primeiros momentos, quando a esquemática que preside à adapta2o
psicolgica " constituída apenas dos primeiros esquemas do sensrio-motri de srcem
hereditária. Contudo, mesmo aí, ante as pesquisas *á realiadas pelos mais conspícuos
estudiosos, como Piaget, para citar o mais importante de nossos dias, mostram-nos que há,
pelo menos, certas leis, certas ordena2;es que presidem a toda intui2o sensí$el e que a
sensa2o bruta no de$e ser considerada como algo totalmente in!orme, porque *á re$ela
certa unidade, di!erencia2o, etc., ou se*a, um selecionar de aspectos que obedecem no s
a normas de interesse do conhecimento, como tamb"m so modeladas pela estrutura dos
prprios esquemas acomodados, que s permitem uma assimila2o proporcionado a eles, o
que nos demonstra que o !ato sensí$el, de qualquer !orma, " sempre proporcionado à gama
da esquemática acomodada. +esse modo, no há uma sensa2o bruta, in!orme, amor!a
totalmente, mas *á modelada de algum modo pela esquemática acomodada.
Bo chegamos ainda muito longe nos estudos esquematolgicos. #o contrário,
estamos dando os primeiros passos e muito temos ainda a percorrer. Bo " de admirar,
portanto, que ainda possam surgir $árias re$ira$oltas, retornos inesperados, a$an2os que
no podero ser con!irmados, $acila2;es que inquietaro os obser$adores. 4udo isso se dá e
S9

ainda se dará. %as, o que há de certo " que *á conseguimos alguma coisa. E se parece
pouco a muitos, podemos contudo estar satis!eitos em $eri!icar que nos prometem muito
mais, muito mais do que esperá$amos, o que *á su!iciente para nos encher de grande
satis!a2o.Q
...
# leitura da obra de Kant nos mostra que desconhecia ele a longa elabora2o da teoria
do conceito construídas pelos medie$alistas. Caiu nos mesmos erros *á re!utados, como
$imos ao tratar dos uni$ersais. %as, cabe ainda aqui algumas obser$a2;es no tocante a
passagem de sua obra, que merecem ser esclarecidas e de$idamente respondidas.
#s doe categorias a!irma Kant que de modo algum podem ser descobertas nas
sensa2;es. Considerando-as naturalmente como sub*eti$amente subsistentes, a sua
a!irma2o nada di de no$o, porque *amais nenhum grande !ilso!o a!irmou que ti$"ssemos
a sensa2o da quantidade ou da qualidade ou da rela2o ou da modalidade, tomadas como
seres sub*eti$amente existentes ou dados com sub*eti$idade.
Como no so dados pelas sensa2;es, so, para Kant, ento, conceitos puros.
3 dilema " sempre o mesmo6 o que no " apenas dado pela experi&ncia " dado apenas
pela mente. # possibilidade de uma terceira posi2o no a encontra Kant. 4odos sabem que,
na Ogica, o dilema quando mal construído " !onte e srcem de muitas !alácias.
# solu2o aristot"lica, que Kant silencio ou desconhece, *á dera a resposta ao dilema,
mostrando que o conhecimento pode 4er sua origem parcialmente nos sentidos, e
parcialmente na mente, sendo o resultado !inal uma síntese dos dois.
Concluir Kant que as categorias so conceitos puros do entendimento, no
procedentes da experi&ncia, " decorr&ncia do $ício abstratista do raciocinar racionalístico,
que ele tanto combateu, mas que terminou por adquiri usando-o habitualmente.
'á um !amoso exemplo que usam os ?antianos para mostrar a presen2a das
categorias6 +uas libras (quantidade) de oxig&nio (subst5ncia) gasoso (qualidade) e uma
libra (quantidade) de hidrog&nio (subst5ncia gasoso (qualidade) produem sempre em
con*unto (modalidade6 necessidade, reciprocidade) tr&s libras (quantidade) de água
(subst5ncia) líquida (qualidade).

Q
Em nosso 4ratado de Esquematologia/ examinamos as conquistas *á obtidas e o!erecemos algumas
contribui2;es nossas, bem como análises esquematolgicas que !a$orecem melhor compreenso das id"ias de
Kant e promo$em no$as sugest;es.
SG

%as, por si ss as categorias no so su!icientes para determinar as leis !undamentais
da experi&ncia. Embora se lhes acrescente a intui2o " mister ainda acrescentar-se-lhes uma
terceira !onte que " a representa2o, que une a intui2o com o entendimento.
:o conceitos empíricos os que se re!erem a coisas de nossa experi&ncia, e que t&m
representantes sub*eti$amente subsistentes, como a casa, co, ár$ore, etc. :o conceitos
puros as categorias. Consequentemente para o ?antismo há esquemas empíricos e esquemas
puros, con!orme correspondem àqueles.
3s esquemas puros so criados pela representa2o quando $incul a a categoria com o
tempo, que " !orma da intui2o. #ssim, da substancialidade como conceito puro, constri
nossa mente o esquema de substancia, como imagem de algo que de$e subsistir no tempo.
+a causalidade, !orma o esquema de causa, como o de algo que no tempo produ outra
coisa, segundo determinada regra, etc.
: há, pois, experi&ncia humana quando trabalham *untas as tr&s !ontes do
pensamento terico6 a sensibilidade, o entendimento e a representa2o que os une.
+o !uncionar con*unto dessas tr&s !ontes, surgem. ento6 a sensibilidade das !ormas
puras da intui2o, as categorias puras (pelo entendimento) e, pela representa2o, seus
esquemas. # con!lu&ncia desse operar produ os princípios !undamentais do conhecimento
terico.
D possí$el a experi&ncia, segundo o princípio básico ?antiano, gra2as à representa2o
de que todos os dados esto necessariamente $inculados entre si.
+este princípio surgem as tr&s analogias da experi&ncia/, sobre os quais se baseia
toda ci&ncia da naturea6
7)por mais que mudem os !enômenos a subst5ncia subsiste e sua quantidade na
naturea no aumenta nem diminui8
0)todas as modi!ica2;es se produem segundo a lei de causa e e!eito8
9)todas as subst5ncias, enquanto podem ser percebidas simultaneamente no espa2o,
atuam umas sobre as outras.
4odos esses *uíos esto constituídos de conceitos que no re$elam nenhum rastro da
intui2o sensí$el, a!irmam os ?antianos.
@epetimos que um dos pontos !undamentais dos erros de Kant consiste no
desconhecimento da teoria da g&nese do conceito. 3s nossos esquemas, cu*o estudo
S

!aemos em 4ratado de Esquematologia/ so din5micos e genuinamente histricos8


portanto, susceptí$eis das in!lu&ncias da prpria historicidade. +esse modo, o conceito
$aria segundo os ciclos culturais , as eras e, em suma, atra$"s das constantes muta2;es que
so!re o homem. 3 que a !iloso!ia concreta dese*a " alcan2ar os conte>dos mais completos e
seguros dos conceitos. 4odo conceito está ei$ado de !acticidade. Ba Esquematologia, na
g&nese do conceito, sabemos que a sua !orma2o atra$essa !ases das mais complexas, desde
o anteconceito, do esquema !áctico singular que " aplicado de modo geral e tende a
uni$ersaliar-se, como se $& na crian2a, at" atingir os conte>dos noemáticos mais gerais,
abstratos, mais puros at" à conquista do conte>do eid"tico puro que " o ápice que dese*a
realiar a !iloso!ia concreta.
Im conceito empírico, como casa, ár$ore, etc., " prenhe de !acticidade e seu esquema
está saturado das imagens con!usas dos di$ersos indi$íduos conhecidos. #lcan2ar-se a
de!ini2o lgica, o conte>do eid"tico-no"tico8 ou se*a, o eidos, que nosso nous pode
construir, " atingir, ento, a uni$ersalidade. Esse conte>do atra$essa graus de puri!ica2o
eid"tica e de a!astamento constante de !acticidade, at" alcan2ar o meramente eid"tico, o que
" possí$el de um modo muito mais e!eti$o quanto aos conceitos abstratos da que quanto aos
conceitos empíricos.
nega$elmente, a mente humana trabalha com os dados da intui2o sensí$el e com
essa realia a ascese eid"tica, de que temos !alado, que se processa atra$"s de uma
ati$idade no"tica que consiste no abstrair crescentemente os conte>dos eid"ticos at" à
!orma2o eid"tica pura do conceito, como o demonstrou 4omás de #quino e o compro$a a
teoria da abstra2o total, na Lnosiologia.
'á, sem d>$ida, leis da nossa mente que atuam nessa opera2o. Essas leis ns *á as
estudamos no 4ratado de Esquematologia/, sem a ordena2o das quais seria impossí$e l a
!orma2o de conceitos. Como se poderia compreender a ati$idade humana abstratista no
bom e genuíno sentido do termo, sem a di!erencia2o, sem a unidade, sem a
simultaneidade, sem a sucessi$idade, sem a correlati$idade, que so !undamentais no existir
e que atuam na mente como modeladoras do conhecimento< @ealmente, há !ormas da
sensibilidade e, tamb"m, do entendimento, mas essas !ormas so propriamente leis
modeladoras da ati$idade cognosciti$a desde seus primrdios at" suas mais altas !un2;es,
como o demonstramos no 4ratado de Esquematologia/. Certamente, há bastante
SA

positi$idade no pensamento ?antiano, mas esquece-se Kant de considerar a his*toriciQdade


dos esquemas e sua atua2o, tamb"m histrica na !orma2o dos conte>dos noemáticos at"
alcan2ar aos conte>dos puramente eid"ticos que " o ápice do conhecimento humano,
enquanto tal.
Podemos exempli!icar at" com a prpria esquemática de Kant, analisando os
conceitos que prop;e.
4ome-se para exame o conceito de subst5ncia e $e*a-se como $aria o seu conte>do
esquemático6
7)Etimologicamente, signi!ica o que está debaixo, sub, ou o que permanece sob os
!enômenos.
0)Propriamente " o que subsiste, ou o que tem subsist&ncia prpria, o que tem o ser
em si mesmo e no em outro, o que o distingue dos acidentes, que no t&m o ser em si
mesmos, mas em outros (inesse). 4al subsist&ncia da subst5ncia no nega que seu ser se
de$a a uma causa e!iciente.
9)# subst5ncia " a portadora de acidentes. E uma substancia, como tal, " uma
subst5ncia !inita8 portanto, sua perman&ncia no quer dier que se*a absoluta e sobretudo
imutá$el.
G)# distin2o aristot"lica de subst5ncia primeira (mat"ria da coisa, o de que a coisa "
!eita) e subst5ncia segunda (a !orma, o pelo qual a coisa " o que ela ") permite que a
segunda se*a predicada da primeira e constitui o seu predicado propriamente dito.
3ra, Kant restringe o conceito de subst5ncia ao tempo. Fuanto admitir que a sua
quantidade, na naturea, no aumenta nem diminui " um acrescentamento seu no da
!iloso!ia clássica, medie$alista, que *amais deu à subst5ncia !inita essa absolutuidade. :e o
princípio de conser$a2o da mat"ria, da energia, etc., !oram to caros à ci&ncia moderna,
no o !oram para a !iloso!ia que no encontra$a ra;es su!icientes para a!irmar tais
absolutuidades. 3 conceito ?antiano de subst5ncia tem um conte>do noemático histrico,
prprio do racionalismo. :e se procura o conte>do eid"tico, teríamos de dier o seguinte6
Ba obser$a2o dos !enômenos, percebe o homem que as $aria2;es obser$adas so
$aria2;es de algo que perdura e que " sustentáculo de tais $aria2;es. Im ser tem uma
!orma e suas $aria2;es e modi!ica2 ;es so toleradas dentro dessa !orma, do contrário o ser
deixa de ser o que ", corrompe-se. 3 espetáculo do de$ir nos mostra que algo de$"m, ou
SS

se*a, que algo permanece por entre as modi!ica2;es. Estas so acidentais, " algo que
acontece a alguma coisa que perdura. :ubst5ncia ", assim, a estrutura !ormalmente
constituída que perdura atra$"s de suas modi!ica2;es acidentais. Essa perdurabilidade,
contudo, no " absoluta ou, pelo menos, no se pode a!irmar como absoluta.
3 prprio Kant no pode deixar de considerar que caracteria o homem " essa
capacidade de construir conceitos nos quais, di ele, no se encontram os rastros da
sensa2o. Bem a quantidade, nem a qualidade, nem a rela2o, nem a modalidade so
ob*etos de intui2;es sensí$eis. :o ob*etos da intui2o sensí$el os seres corpreos. #
quantidade " abstrata, e no " corporeidade. 3s seres corpreos t&m quantidade, no so,
por"m, quantidade. 'á uma distin2o entre o ser e o ha$er (no sentido de 4er). #ssim Too
" homem e tem humanidade8 ele no " humanidade, mas dela participa, ou se*a há, nele,
tamb"m, o logos da humanidade, sem ser humanidade.
#s coisas sensí$eis re$elam o que t&m e o que so, mas re$elam-no à nossa mente.
Bo há quantidade em si, nem a qualidade, nem a rela2o, nem a modalidade. Tamais
a!irmaram outra coisa os grandes !ilso!os do passado. 4amb"m no a!irmaram que !ossem
apenasmente !ormas puras da nossa mente, mas estruturas noetico-eid"ticas, que t&m
!undamento nas coisas sensí$eis, que esta$am con!usas nas coisas sensí$eis, que a
intelig&ncia pode captar e distinguir. :e a experi&ncia !osse apenas a sensa2o bruta, seria
incompleta, e tal experi&ncia pode t&-la o animal e a crian2a em seus primeiros dias. #
mente humana realia por"m um trabalho de ascese, de distin2o, de esquematia2o
no"tico-eid"tica das sensa2;es. # quantidade " aquela propriedade que separa o ser
corpreo dos outros. D por meio dela que um corpo pode di$idir-se em partes indi$iduais,
independentes da naturea do todo. mplica a extenso, a tenso que se ex-tende, que tende
para !ora de si mesma como a qualidade " a in-tenso, a tenso que tende para si mesma. :e
a extenso brota da criatura corprea no se identi!ica com ela, como o queria +escartes8 "
apenas uma propriedade da sua ess&ncia.
Bo há intui2o sensí$el da quantidade, tomada isoladamente, mas há intui2o
sensí$el dela tomada con!usamente nos seres corpreos. D a mente que a abstrai do
componente sensí$el, como abstrai a qualidade, a rela2o e a modalidade. Bo so, pois,
puras !ormas do entendimento sem qualquer !undamento real !ora do entendimento. :e o
entendimento constri os conceitos eid"tico-no"ticos dessas categorias no os !a impondo-
SM

os às coisas corpreas, mas extraindo dessas, mentalmente, o que nela s está concretamente.
Este ponto " o mais importante de considerar. 4ais categorias no sero meras !ic2;es, mas
entes de rao com !undamento nas coisas (cum !undamento in re).
Como esquemas eid"tico-no"ticos no pro$&m das intui2;es sensí$eis, *á estruturados
como tais. Bossa mente os estrutura, !undada na prpria experi&ncia8 ou se*a, so
parcialmente empíricos e parcialmente abstratos.
E por que " possí$el construir uma lei como a da conser$a2o da subst5ncia<
Ela " possí$el desde o momento que a mente humana constri o conceito de
regularidade das leis uni$ersais. Essa lei " a priori, a!irmará um ?antiano, pois como
poderíamos garantir que os !atos sucedero sempre obedientes a certas normas in$ariantes,
partindo apenas da experi&ncia< D esta d>$ida que pro$oca a indu2o. Como pela
obser$a2o dos !atos particulares poderemos alcan2ar a uma lei geral< # aceita2o da
regularidade dos !atos, ou a obedi&ncia à lei " um imperati$o, " imprescindí$el para que a
indu2o possa ser $álida e no permanecer apenas no campo da probabilidade.
3ra, a mente humana no " apenas captadora, armaenadora e coordenadora das
imagens percebidas. Ela " capa de abstrair o que ultrapassa a singularidade, a
particularidade dos !atos. E tal " possí$el desde o momento que " ela capa de !ormar
conceitos (uni$ersais)8 antes, no. # discusso deste ponto cabe pois, à discusso da $alide
da indu2o, o que *á !oi !eito e de modo de!initi$o na iloso!ia.
# mente humana " capa de construir esquemas abstratos do que no está totalmente
constituído da intui2o sensí$el, do que no " apenas material e corpreo. Essa capacidade
imaterialiadora implica uma ati$idade imaterial, porque a mat"ria no " capa de
abstra2;es, e so!re sempre determina2;es singulares registrando os !atos singularmente e
no uni$ersalmente.
Essa capacidade de nossa mente, da mente racional, inteligente, " algo que se op;e
!undamentalmente à ati$idade meramente material, singulariadora por excel&ncia. %as
note-se que percebemos a repeti2o de !atos, a repeti2o dos mesmos aspectos, das mesmas
condi2;es que do como resultado as mesmas decorr&ncias8 ou se*a, da disposi2o das
mesmas condi2;es decorrem as mesmas conseq=&ncias. 'á, assim, uma regularidade, a
presen2a de normas que captamos da nossa experi&ncia. 3s milharais do sempre milho, as
macieiras sempre ma2s. 'á uma legalidade nos !atos da nossa experi&ncia. Poderíamos
SQ

*untar aqui exemplos sem !im da presen2a dessa legalidade, da subordina2o dos !atos a
normas gerais. 3 *uío6 há uma legalidade nos !atos da naturea, em que dadas as mesmas
condi2;es decorrem as mesmas conseq=&ncias, " algo que a experi&ncia a*uda mostrar. 3ra,
a !orma2o dos uni$ersais re$elam a presen2a constante dos mesmos elementos estruturais.
# id"ia de lei " uma id"ia per!eitamente !undamentada na experi&ncia. #ceitá-la como
uni$ersal pode ser considerado como uma postula2o nossa que, posteriormente, pode ser
demonstrada num estágio mais alto do conhecimento humano. %as, de qualquer !orma, está
!undada na prpria experi&ncia. :ua prioridade nas no$as obser$a2;es " uma conseq=&ncia
do prprio proceder da nossa intelig&ncia em que as conquistas obtidas presidem, depois, às
no$as experi&ncias e atuam, posteriormente, como elementos dados aprioristicamente. D
$erdade que Kant sabia que as !ormas puras do entendimento eram psicologicamente
construídas atra$"s de uma g&nese psíquica do homem, mas que passa$am, posteriormente,
a atuar aprioristicamente na coordena2o das no$as intui2;es sensí$eis. Pois o mesmo se dá
com a concep2o de legalidade. 3 racionalismo-empirista dos tomistas, que seguem assim a
linha aristot"lica, !unda$a-se na racionalia2o da prpria experi&ncia, com o alcan2ar de
estágios cada $e mais complexos que presidiam às no$as experi&ncias. 3 papel do nosso
intelecto em sua ati$idade no"tica consiste em extrair os uni$ersais dos !atos singulares da
experi&ncia, da $i$&ncia sensí$el, imprimindo em si mesmos os esquemas (species), que
atuariam, posteriormente, como alimentos a priori acomodados para no$as assimila2;es
no"ticas.
3 princípio de causalidade no " uma imposi2o do espírito humano à experi&ncia. D
o que pro$amos na parte em que *usti!icamos os princípios !undamentais da !iloso!ia
clássica. # intelig&ncia humana no " algo abissalmente separado do restante do existir. 3
homem no " um estrangeiro no mundo csmico, como o ?antismo parece querer !aer
compreender, sem *usti!icar de modo algum essa concep2o. 3 abismo no ser no se
*usti!ica. Bem tampouco se *usti!ica a pretensa re$olu2o que Kant pensa ter operado na
!iloso!ia que ele iguala à re$olu2o copernicana.
+i-se que at" Cop"rnico era cren2a geral que a terra permanecia im$el no centro do
mundo e que os planetas e as estrelas gira$am à sua $olta. Ba $erdade essa era a maneira
comum de considerar-se a astronomia. +iemos comum, porque 4omás de #quino, antes de
Cop"rnico, como ainda antes os pitagricos, sabiam que a terra era um planeta, uma es!era
M1

que gira$a em torno do :ol. 4omás de #quino repetidas $ees a!irmou isso em seus
extraordinários trabalhos. Contudo, " $erdade, que a opinio comum era essa. Está$amos aí
no terreno que 4omás de #quino chama$a de opiná$el. E exempli!ica$a com as estrelas que
certamente eram muito maiores que a 4erra, mas que, por !alta de meios de compro$a2o
e!icaes, poderia permitir opini;es contrárias, no um saber cientí!ico.
Kant atribuí à sua obra uma $erdadeira re$olu2o copernicana na !iloso!ia. #t" ele,
diia, considera$a-se a naturea como im$el e que o entendimento gira$a em torno dela e
re!letia as suas leis. Por isso a rao no compreendia porque so necessárias as leis.
Pensando-se de modo in$erso tudo se modi!ica. Bo " a rao que gira em torno da
experi&ncia e re!lete suas leis, mas sim a experi&ncia que gira em redor da rao e suas leis
re!letem nossa prpria naturea, que " um produto da nossa rao. Portanto, " para ns
necessário o que a nossa mente cria como necessário.
#s leis da naturea so cria2;es de nossos processos cognosciti$os e nossas sensa2;es
nada mais so que respostas de nossa mente às impress;es exteriores. Beste caso que
podemos conhecer das coisas exteriores seno o que pensamos conhecer< Como so as
coisas em si/ nada podemos saber e, consequentemente, todas as respostas da meta!ísica
perdem sua $alide, e a coisa em si permanecerá para sempre sendo uma incgnita para
ns. E que podemos dier da coisa em si< :e diemos que existe, no esque2amos que
exist&ncia/ " apenas uma categoria, que " uma unidade ou uma multiplicidade, que "
regida pela causalid ade ou no, que " necessária ou contingente, tudo isso so categorias e
nada mais. :abemos apenas que há o outro lado da experi&ncia, algo que nos "
desconhecido, no, por"m, totalmente desconhecido para o prprio Kant, que aqui se
contradi, porque sabe que o outro lado há e que " incognoscí$el por ns. Esse ser que
escapa à nossa experi&ncia, no " ob*eto, portanto, da experi&ncia e pode ser apenas
pensado pelo nosso espírito, nous, por isso " um n>meno. E " do n>meno que se ocupa a
%eta!ísica.
...
'á uma apoditicidade lgica, uma apoditicidade ontolgica e uma apoditicidade
ôntica.
# primeira demonstra-se pelo rigor da necessidade lgica, como o *uío +eus existe/
" apoditicamente lgico porque, na id"ia de +eus, está incluso, necessariamente, a sua
M7

exist&ncia, pois " necedí$el, logicamente, a exist&ncia de +eus. Entretanto,


ontologicamente, essa exist&ncia no tem apoditicidade, porque da meramente lgica no se
conclui a ontolgica imediatamente.
Consequentemente, para alcan2ar a apoditicidade ontolgica de tal *uío imp;e-se
uma demonstra2o apodítica. # a!irma2o da exist&ncia tem de ser realiada atra$"s da
apoditicidade ontolgica da exist&ncia8 ou se*a, que a sua exist&ncia " necessária, "
necedí$el, que a sua inexist&ncia se*a impossí$el, incedí$el tamb"m ou ento, pela
apoditicidade ôntica. +este modo, note-se a apoditicidade da exist&ncia implica uma
necessidade dupla6
a)necessidade da exist&ncia8
b)necessidade da recusa da no-exist&ncia.
4emos, aqui, a di!eren2a entre a necessidade absoluta e a necessidade hipot"tica.
3 ser, cu*a exist&ncia " absolutamente necessária, " o ser ao qual no se pode negar
nenhuma das duas necessidades6 a necessidade de ser e a impossibilidade absoluta de no-
ser. 3ra, o conceito lgico de +eus implica, logicamente, um ser que necessariamente
existe, cu*a no exist&ncia " absolutamente impossí$el6 ou se*a, recusa-se necessariamente a
sua no exist&ncia. +o contrário, +eus no seria +eus , mas um outro ser qualquer ao qual
no se poderia predicar a di$indade suprema. Bo entanto, essa apoditicidade lgica no "
ainda ontolgica (e muito menos ôntica, pois a pro$a da onticidade, da exist&ncia singula r
da +i$indade, no decorre na necessidade lgica do seu conceito). Im ser !inito qualquer
que existe (mesmo que !osse ele !iccional, como poderia a!irmar um criticista le$ado à
máxima abstra2o da !iloso!ia de Kant), no teria em si mesmo a sua rao de ser, porque
seria uma !ic2o minha, tua, $ossa. 4al ser, necessariamente, exige outro, ou, ento, ele
mesmo seria sua rao de ser, e necessariamente existiria. Im ser contingente, por"m, "
aquele ao qual a :egunda necessidade pode ser negada, pois a !ic2o que construo, se
existe, existe necessariamente, mas poderia no existir. #ssim, o e!eito de uma causa, se
existe, existe necessariamente a causa de sua exist&ncia, *á que ser contingente " no ser
necessário e " aquele cu*a no exist&ncia no implica contradi2o, como o cair ou no este
ob*eto que tenho nas mos. :abemos que as possibilidades das coisas contingentes podem
ser contraditrias, pois o que pode existir e pode no existir " potencialmente contraditrio8
mas, se existe exclui, automaticamente, a no exist&ncia. #ssim este ob*eto pode ser
M0

lan2ado ou no ao cho, posso segu rá-lo nas mos ou deixá-lo cair, sem que tais
possibilidades que so contraditrias impliquem contradi2o em sentido ontolgico,
porque, como ser contingente, pode-lhe acontecer isto ou no acontecer isto. %as se esse
ob*eto " lan2ado ao cho há necessariamente causas que o le$am a cair e no a suster-se.
Essa necessidade que se dá ao ato " chamada necessidade hipot"tica. 3 ser absolutamente
necessário " aquele cu*a no exist&ncia " impossí$el. # queda deste ob*eto seria
absolutamente necessária se ela !osse necessária por uma rao ontolgica, o que ela no
tem. 3 :er :upremo (+eus para as religi;es) tem de ser absolutamente necessário, e "
impossí$el e absurdo admitir-se a sua no exist&ncia.
Ba iloso!ia Concreta, alguma coisa há/ " um *uío necessário por postula2o, e que
tem apoditicidade ôntica porque " absolutamente improcedente a!irmarmos que nenhuma
coisa há/, porque a prpria enuncia2o deste *uío nega absolutamente $alide ao mesmo.
%as como chegarmos à necessidade ontolgica de que alguma coisa necessariamente há,
ou se*a, que necessariamente há alguma coisa<
Bo poderia dar-se o nada absoluto< Em $e de *ulgarmos, de pensarmos, de
discutirmos, de in$estigarmos, nos substituiria um imenso $aio , um nada absoluto. Tá
mostramos que em ns tudo se rebela a essa possibilidade. D uma a!irmati$a psicolgica,
a!eti$a em ns, da impossibilidade do nada absoluto, da substitui2o possí$el do ser pelo
nihilum, pelo nada absoluto. D ele impossí$el antes, e " ele impossí$el depois. Contudo
poderia 4er sido possí$el que nada existisse< :urge ento a $elha pergunta que 'eidegger
reno$ou6 Por que antes o ser que o nada< Por que " pre!erido antes o ser que o nada< Por
que no há a substitui2o< :eria possí$el a substitui2o do nada pelo ser e em $e de ha$er
alguma coisa, no ha$er absolutamente coisa alguma<
+emostramos em iloso!ia Concreta/ que essa pergunta re$ela um pseudo-
problema. 4al pergunta no tem $alide ontolgica, mas apenas uma $alide psicolgica em
!ace da decep2o moderna to exacerbada pelo niilismo ati$o-negati$o de nossa "poca.
@esta-nos examinar agora se o *uío alguma coisa há/ tem ambas necessidades. Ima
*á demonstramos apoditicamente. @esta-nos a outra6 o nada poderia substituir o ser<
#lguma coisa há tem a necessidade ôntica, porque " impossí$el que no ha*a coisa
alguma. # prpria postula2o desse *uío a!irma que alguma coisa há. 3ra, o que tem a
necessidade ontolgica tem, pelo menos, uma necessidade hipot"tica. %as esta ainda no "
M9

su!iciente. 3 que procuramos " a necessidade ontol gica de alguma coisa há. 'a$endo
alguma coisa, ou alguma coisa come2ou a ser, depois de precedida pelo nada absoluto
(nihilum), ou sempre hou$e alguma coisa. 3ra, demonstrou-se apoditicamente que o nada
absoluto no pode ter antecedido a alguma coisa, bem como !oi demonstrado eu sempre
hou$e alguma coisa. Consequentemente, o ha$er de alguma coisa tem uma necessidade
ontolgica e no hipot"tica. :eria hipot"tica se !osse apenas um possí$el e, neste caso, seria
um possí$el do nada absoluto (nihilum), o que " absurdo, como $imos. Portanto, s resta
que sempre hou$e alguma coisa necessariamente. Esse ha$er tem, portanto, a necessidade
ontolgica. Porque há alguma coisa, o ha$er do ser " ontologicamente necessário. +este
modo, encontramos a apoditicidade da necessidade ontolgica de alguma coisa há.
# conseq=&ncia que se obt"m " a seguinte6
'á necessariamente alguma coisa e necessariamente " impossí$el no ha$er alguma
coisa.
3ra, tal *uío possui a apoditicidade que dese*a$a Kant e pode ele !undar
ob*eti$amente a %eta!ísica. Benhuma crítica, nenhuma ob*e2o, nem a do cepticismo
rígido poderia destrui -lo. E " sobre ele que se !undamenta toda a análise dial"tica concreta
de nossa !iloso!ia.
...
D o *uío alguma coisa há/ um *uío analítico ou um *uío sint"tico a priori< #nte o
?antismo a pergunta " *usti!icada e exige resposta cuidadosa.
Está contido ou no ao conceito de alguma coisa o ha$er<
Oogicamente, no8 mas ontologicamente sim. E por que esta distin2o e aparente
contradi2o< D !ácil explicar.
#lguma coisa (aliquid), como o mostramos, " um conceito que expressa outro que e
que se distingue.
#o dier-se alguma coisa no se di que há, porque ha$er " dar-se, " positi$ar-se, "
a!irmar-se. Fuando se di alguma coisa há/ a!irma-se que posiciona-se, positi$a-se
alguma coisa (outro que) e signi!ica dier que se recusa o no ha$er, recusa-se o nenhuma
coisa há, seu contraditrio.
MG

Por sua $e, o conceito de ha$er implica alguma coisa, porque o ha$er de nada no "
ha$er. :e o ha$er se dá, alguma coisa se dá. +ier-se alguma coisa há/ " dier-se dá-se o
ha$er de alguma coisa.
3 ha$er " atribuído ao alguma coisa. %as alguma coisa, ontologicamente, há, porque
como poderia positi$ar -se alguma sem ha$er< 3ntologicamente, o alguma coisa implica o
ha$er, como $imos, embora logicamente no. Bo há contradi2o aqui porque a Ogica
dedica-se ao exame dos conceitos em sua esquematia2o, e a 3ntologia examina os
conceitos em sua possibilidade de ser. Eis porque a simples demonstra2o lgica no
implica a demonstra2o ontolgica.
# apoditicidade do *uío alguma coisa há/ " ontolgica e ôntica, porque a sua
postula2o " necessária de qualquer modo, pois seria $álido mesmo q eu pus"ssemos em
d>$ida seu $alor, porque du$idar " pro$ar que alguma coisa há. # mera discusso de sua
$alide " su!iciente para dar-lhe a $alide ôntica apodítica, " demonstrar apoditicamente a
sua $alide.
@esta-nos saber se tal *uío " um *uío sint"tico a priori. Bossa experi&ncia, mesmo
no sentido ?antiano, no nos pro$a que alguma coisa há.
:e somos capaes de especular sobre o que " passí$el de uma experimenta2o
possí$el no pro$a que alguma coisa há<
3 *uío alguma coisa há re$ela-se a ns de modo exigente e positi$o. Bo " um *uío
analítico, " sint"tico sem d>$ida e compro$a-se pela mais comum experi&ncia, como o
exigiu Kant. %as note-se " $álida aposterioris ticamente e aprioristicamente. D um *uío
sint"tico a posteriori quando a experi&ncia o re$ela, e " a priori porque dispe nsa at" a
prpria experi&ncia ?antiana, porque dispensa a ns mesmos, a nossa experi&ncia, pois
poderíamos no ser, sem que alguma coisa há deixasse de ser $erdadeiro apoditicamente.
Fueremos com isso, apenas, dar mais uma demonstra2o de que " possí$el a
%eta!ísica, at" dentro da prpria posi2o de Kant.71
...

71
# doutrina de Kant " !alsa em seus !undamentos, em si mesma e em sua !inalidade. Em seus !undamentos,
quanto à teoria cartesiana da percep2o externa e da maneira como concebe os *uíos sint"ticos a priori8 em si
mesma, porque no demonstra de$idamente sua a!irmati$a sobre as !ormas puras da sensibilidade e,
sobretudo, a submisso total da intui2o às mesmas e, em seu termo, porque condu, atra$"s do agnosticismo,
ao cepticismo mais absoluto, o que " !iloso!icamente um erro rotundo.
M

+i-se que um *uío " apodítico quando ele a!irma um nexo de necessidade, quando o
predicado, que " a!irmado ou recusado ao su*eito, a este cabe ou no necessariamente. 3
*uío apodítico redu-se à !ormula6 : " necessariamente P ou necessariamente : no " P, ou
necessariamente : " no-P ou : no " necessariamente P.
Exemplo6
7)3 corpo " necessariamente extenso.
0)3 corpo necessariamente no " espiritual.
9)Becessariamente corpo " no-espiritual.
G)3 corpo no " necessariamente espiritual.
3 primeiro *uío " um *uío analítico propriamente dito, porque dier-se corpo " dier
extenso, pois ser extenso " da ess&ncia do corpo. 3ra, o que " da ess&ncia de alguma coisa "
imprescindí$el nessa coisa, pois sem o qual no " o que ". 3ra, o *uío genuinamente
analítico " um *uío apodítico, porque a necessidade indica o que " no-cedí$el, o que no
pode deixar de ser, que tem de ser, para ser o que ".
# demonstra2o apodítica " aquela cu*a concluso decorre necessariamente das
premissas dadas, e " em si mesma necessária.
# simples análise permite construir uma seq=&ncia de *uíos analíticos
correlacionados e tamb"m sint"tico s a priori, contidos $irtualme nte naquele e todos com a
de$ida apoditicidade.
Para ilustrar a nossa tese, exempli!iquemos com o termo +ireito e construamos *uíos
analíticos e outros, partindo do exame conceitual com as correla2;es que tem, segundo a
nossa dial"tica.
...
4omemos, por exemplo, o conceito +ireito. #o analisá-lo, $emos que indica o
rectum, o que " reto, segue retamente, o que corresponde normalmente à con$eni&ncia da
naturea de uma coisa, pois " reto no s o proceder, o atuar, mas tamb"m o so!rer do que "
de$ido a alguma coisa. 3ra, de$er $em de de e habeo, ter de, o que se tem de realiar ou
proceder ou so!rer. 3 conceito de direito em sua purea encerra, portanto, esse conte>do6 "
direito o que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa. +i-se que con$"m, o que
$em com, de acordo a alguma coisa. @etitude, pois, " a característica do que realia esse
de$er para com a coisa. +esde logo ressalta que o conte>do eid"tico de direito exige o
MA

conte>do do de$er pois o direito " o que " de$ido, etc. :o, pois, conceitos correlati$os.
3nde há direito há de$er. Consequentemente, perguntar-se-ia se onde há de$er
corresponde-lhe ou no um direito< :e se tem de realiar alguma " que alguma coisa "
de$ida a alto. Portanto o de$er implica o direito, o que compro$a a per!eita reciprocidade
entre direito e de$er. 3 que de$e está ligado pois o outro, ante outro (ob), daí o termo
obrigado (obligatio) ser correlato ao de direito. 3 direito, portanto, implica obriga2o, e
esta aquele.
4oda coisa tem uma naturea, ou se*a o con*unto de seu plethos que nasce, que surge.
# naturea de uma coisa " assim o con*unto do ser como essente e como existente, e no
apenas a sua !orma, mas tamb"m o de que " !eito, a sua mat"ria.
+ar o que " de$ido a alguma coisa, ou se*a, respeitar o seu direito " o que constitui
*usti2a. Tusti2a, pois, s pode ser o reconhecimento e o cumprimento do que " de$ido à
naturea de uma coisa. E como a naturea de uma coisa " din5mica e cinemática, pois ela
alcan2a di$ersos estados, direito ", em suma, tudo quanto " de$ido à con$eni&ncia da
naturea de uma coisa considerada dinamicamente. D *usto, portanto, respeitar o direito e a
*usti2a está numa adequa2o per!eita com o direito. Como a id"ia de dar o que " de$ido
implica um atuar contingente, pois no se poderia !alar em direito se o que " de$ido se
desse necessariamente, compreende-se que pode ha$er !rustra2;es de direito, ou se*a
des$ios, a!astamentos. # máxima que di o que se de$e dar, que expressa em suma o
reconhecimento do direito, " uma norma, uma lei. # l ei s pode, pois, ser a expresso do
direito e da obriga2o. E a conting&ncia do cumprimento dessa norma ou lei exige como
conseq=&ncia uma prescri2o que ordene o cumprimento e como este pode ser !rustrado "
decorrente do mesmo conceito que ha*a uma pena ao que no cumpre o que " de$ido, que
!rustre o direito. Consequen temente, " lícito o que está contido no 5mbito da lei o ilícito o
que a ela se op;e ou o!ende. #quele a quem cabe um direito " um portador de direito, " em
suma o su*eito do direito e o conte>do do que lhe " de$ido " o ob*eto do direito. Portanto,
su*eito do direito " o portador do direito, o titular do direito. %as, se considerarmos dentro
da pentadial"tica o su*eito do direito, teremos de considerá-lo como6
Inidade
4otalidade
:"rie
MS

:istema
Ini$erso
:e considerarmos a naturea de uma coisa dinamicamente, sabemos que o indi$íduo,
portador do direito, !a parte de uma totalidade, a qual se estrutura numa s"rie e esta num
sistema que, por sua $e, se estrutura num uni$erso. #ssim se consideramos o homem
como portador do direito e porque " ele uma pessoa, será uma pessoa do direito. :egundo a
sua naturea há o que lhe " de$ido. %as, !a parte ele de uma totalidade (a !amília, por
exemplo). 3ra sabemos que os componentes de uma totalidade esto de certo modo
subordinados a esta. #ssim como o indi$íduo tem direitos, tamb"m os tem a totalidade à
qual pertence. Portanto o que " de$ido à totalidade com *usti2a no pode ser pre*udicado
pelos direitos do indi$íduo. D mister, pois, que se compreenda com *usti2a o que " de$ido
ao indi$íduo como elemento componente de uma totalidade. E *usti2a s pode ha$er
quando os direitos de ambos so respeitados e no so!rem restri2;es seno aquelas que no
o!endam !undamentalmente o direito das partes. 'á, assim, direitos correspondentes, como
se $& em rela2o à s"rie, ao con*unto social de que !aem parte as totalidades, e estas, ao
sistema social a que pertencem. Consequent emente, as restri2;es de direito sero *ustas
enquanto respeitarem a *usti2a das partes. Poderia ha$er coliso entre tais direitos< Poderia,
e neste caso a *usti2a de$e pre!erir o $alor *usto mais alto, o que compro$a que o direito
implica uma axiologia do direito. +i-se que " *urídico o que se re!ere à lei,
consequentemente há uma axiologia *urídica, cu*o crit"rio de hierarquia tem de obedecer ao
crit"rio que dado pelo que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa
dinamicamente considerada.
Consequentemente, pode-se ainda concluir que há um ob*eto material do direito que
so as regras, costumes, expressas nas leis e um ob*eto !ormal moti$o que " a legalidade,
tendendo a alcan2ar o ob*eto !ormal terminati$o que " a *usti2a. 4ais ob*etos compro$am
que o +ireito no " como disciplina "tica apenas uma arte, mas uma ci&ncia, porque cont"m
o que " !undamental a uma ci&ncia, os tr&s ob*etos indispensá$eis.
+aí se pode, da análise que !iemos do termo direito, deduir uma s"rie de teses6
a)+ireito " o que " de$ido à con$eni&ncia da natu rea de uma cois a tomada
dinamicamente.
b)'á retido quando há cumprimento do direito.
MM

c)# todo direito corresponde necessariamente obriga2o.


d)D lícito tudo quanto se inclui no 5mbito do direito.
e)'á *usti2a quando se cumpre ou se reconhece o direito.
!)'á ilicitude toda a $e que se o!ende o direito.
g):o *ustas as restri2;es de direito quando correspondem à naturea do criador do
direito considerado ante suas obriga2;es às totalidades de que !a parte.
h)# lei " a expresso prescriti$a do direito.
i)# toda lei de$e corresponder uma san2o.
:endo o direito de$ido à naturea da coisa, pode-se , portanto, !alar de um direito
natural. +ireito natural " tal direito. Poder-se-ia !alar em aquisi2o de direito< #dquirir $em
de ad e quaero, ou quaeso, $erbo antigo, que signi!ica obter, encontrar no caminho, topar no
sentido clássico. #dquirir um direito seria obte-lo. E como se obteria um direito< Im ser
portador de direitos alcan2a determinados estágios nos quais há modi!ica2;es din5micas na
sua naturea, como, para exempli!icarmos, o homem que " pai, por ser tal, tem no$os
direitos e no$as obriga2;es. +i-se que !oram adquiridas. %as note-se que atingido o
estágio de sua naturea esta *á tem seus direitos. :endo o direito o que " de$ido, do modo
que $imos, no há propriamente aquisi2o, mas apenas reconhecimento do direito. Beste
caso, a lei pode reconhecer o direito. Ento, no se pode !alar propriamente em aquisi2o de
direitos, mas em reconhecimento de direitos de$idos ao estágio alcan2ado. Fuem, pelo
estudo, alcan2a determinado posto adquire direitos< Propriamente no. Fuem atinge a certo
grau, alcan2a a um aspecto din5mi co da sua naturea que tem seus direitos. 3 pelo qual se
luta ento " pelo reconhecimento do direito. Jamos a um exemplo6 quando as mulheres no
tinham o direito de $oto luta$am por adquiri-lo ou por reconhecerem o direito que lhes
cabia de escolher tamb"m os representantes do po$o< Beste caso no há aquisi2o de
direitos e no há pela simples rao de que sendo o direito o que " de$ido à con$eni&ncia da
naturea de uma coisa dinamicamente considerada, no " algo que se adquire, mas algo que
*á se tem, cu*o reconhecimento " direito do direito. Portanto
*)3 reconhecimento do direito " um direito que cabe ao direito.
Consequentemente
?)Bo há aquisi2;es de direito tomados tais termos em sentido puro.
MQ

%as uma comunidade pode estabelecer ordens *urídicas. Essas ordens constituem o
direito posto, colocado, estabelecido, o direito positi$o, enquanto o direito de$ido à
naturea da coisa " o direito natural. Portanto,
l)3 direito positi$o " *usto quando adequado ao direito natural.
3 que " de$ido a algu"m, em seu direito, " um bem. Portanto6
m)o bem *urídico " a obriga2o ou obriga2;es de$idas ao direito de um portador do
direito.
Porque o direito pode ser !rustrado, exige ele uma coer2o moral ou !ísica para que
se*a respeitado, bem como para que as obriga2;es se*am cumpridas.
n)3 caráter coati$o do direito decorre da naturea das obriga2;es.
Fue pretende a coa2o seno assegurar o cumprimento do direito. # coa2o, portanto,
no !a parte da ess&ncia do direito nem " sua subst5ncia, mas apenas algo acidental, aposto
ao direito para assegurar seus !ins. Portanto,
o)# coa2o no " da ess&ncia do direito, sendo-lhe, portanto, acidental.
3 uso da coa2o tendo a !inalidade de !aer respeitar e assegurar o cumprimento do
direito, ", portanto, de certo modo, *usta. %as para que nela ha*a *usti2a " mister que nunca
o!enda o direito em suas di$ersas maneiras de mani!estar-se. # quem cabe o uso, portanto,
da coa2o, e at" da pena, combinada aos que desrespeitam o direito< :e a sua aplica2o
exige *usti2a, de$e caber a quem mais *ustamente poderá ministrá-lo, aplicá-lo. Como os
homens $i$em em sociedade a aplica2o da coa2o e da san2o s será *usta dentro
daqueles termos. :aber quem está apto a aplicá-lo cabe ao estudioso do direito.
p)# coa2o do direito e a pena de$em caber àqueles que mais *ustamente podem
aplicá-lo.
:endo o direito o que " de$ido, como $imos, o $erdadeiro legislador no " um criador
arbitrário de leis, mas um descobridor das leis. #s leis no so, portanto, ob*eto de cria2o
humana, mas de descobrimento. Portanto
q)3 $erdadeiro legislador " o descobridor das leis *ustas.
:endo *usto o que " de$ido ao bem de alguma coisa (sua con$en i&ncia natural),
dese*ar a *usti2a " amar o bem do portador do direito. Portanto,
r)Bo há oposi2o entre a *usti2a e o amor e a $erdadeira *usti2a " amor.
E mais6
Q1

s)Tusto " aquele que conhece o seu de$er e o cumpre.


%as como a aplica2o da *usti2a permite des$ios e erros, podem ser eles sanados.
Portanto,
t)D de$er do *usto sanar os erros da aplica2o da *usti2a.
%as como a aplica2o da *usti2a pode ser atribuída a um organismo social e pode este
des$iar-se do cumprimento do seu de$er e nem sempre, pelos meios normais, " possí$el
e$itar o des$io da *usti2a, " do direito dos *ustos lutarem pela restaura2o da *usti2a.
Portanto,
u)Cabe aos in*usti2ados ou os conscientes da in*usti2a restaurarem por meios *ustos,
relati$amente às circunst5ncias, o imp"rio da *usti2a.
Por isso, para o bom cumprimento da *usti2a de$e ha$er recursos aos in*usti2ados ou
que se *ulgam tal, a organismos que possam restaurar a *usti2a o!endida.
$)D de *usti2a ha$er recursos normais para restaurar os erros perpetrados na aplica2o
das leis.
Contudo, como a *usti2a " !rustrá$el e as leis, como prescri2;es do direito positi$o
podem ser o!ensi$as aos direitos e, portanto, à *usti2a, de$e caber recursos à sua anula2o.
x)D de *usti2a ha$er recursos à anula2o das leis positi$as que o!endam o que " de
direito e de *usti2a.
Contudo, como a ministra2o do poder de legislar pode caber a um organismo que,
abusando do seu poder, pode prescre$er leis in*ustas, de$e ha$er recursos tamb"m para tais
meios, como $imos. %as, pode o que legisla apossar-se de tal poder que impe2a tais
recursos. D de *usti2a, neste caso, usar da $iol&ncia para romper este estado de in*usti2a<
:im, se no hou$er outro recurso para restaurá-la. Portanto,
Z)D *usto recorrer à $iol&ncia quando a restaura2o da *usti2a torna-se impossí$el
pelos meios normais *urídicos do direito positi$o $igente.
Fue compro$a toda esta análise seno que " possí$el ter-se um crit"rio seguro de
*usti2a, desde que se considere o portador do direito segundo os di$ersos aspectos que pode
tomar, segundo os graus pentadial"ticos que estudamos. +ecorrem do que examinamos que
)Bingu"m pode com *usti2a opor-se à aplica2o da lei *usta.
E !inalmente, para a boa ordem social, imp;e-se6
)4odos de$em cumprir a lei *usta e " de$er de todos conhec&-la.
Q7

3 que nos le$a a no admitir a ignor5ncia da lei, que no pode ser alegada.
+emos aqui um exemplo de como " possí$el, atra$"s da análise de um termo como
direito alcan2ar a 0S *uíos apoditicamente demo nstrá$eis. Bo so apena s *uíos
analíticos, pois muitos so sint"ticos a priori. E como !oi possí$el alcan2á-los<
:implesmente porque a análise no se realia apenas pelo que " atual no conte>do
conceitual do su*eito, mas tamb"m no que " $irtual e nele está contido, no s em si
mesmo, mas, tamb"m, nos seus relacionamentos. 4udo isso $em compro$ar, atra$"s da
nossa dial"tica, que o criticismo ?antiano " improcedente quando dese*a a!irmar a aride da
análise dial"tica bem conduida e demonstrar, de modo de!initi$o, que há ainda muito
campo para as in$estiga2;es !ilos!icas. E que constituem esses *uíos seno o campo da
prpria iloso!ia do +ireito< Esta está, portanto, per!eitamente *usti!icada, apensar dos
argumentos do :r. Kant. 77
...
Fundamento do 5uí!o
Fuando Kant pergunta, seguindo as pegadas de 'ume, como " possí$el *untar um
conceito a outro conceito para !ormar um *uío, repete apenas a mesma pergunta que *á
ha$iam !eito so!istas gregos na luta contra :crates e Plato. Como " possí$el, em suma, o
*uío de qualquer esp"cie< 3ra, os que se colocam do 5ngulo do racionalismo consideram o
*uío aquela opera2o do espírito pelo qual se comp;e ou se di$ide, *unta-se ou nega-se a
presen2a de um predicado a um su*eito. @ealmente essa " a maneira lgica de conceber o
*uío e essa disciplina classicamente estuda as tr&s opera2;es do *uío6 o conceito, o *uío e
o raciocínio. Contudo, psicologicamente, no " assim, Bo " aps a constru2o do conceito
que o ser humano !ormula um *uío. 3 *uío acompanha o homem desde as suas mais
elementares apreens;es como se pode $eri!icar na crian2a. #demais as coisas que so de
nossa experi&ncia *á esto prenhes de *uíos possí$eis (intelligibiles in sensibile),
inteligí$eis no sensí$el que a intelig&ncia, posteriormente, distingue e enuncia logicamente.
Em Psicologia/ e em 4ratado de Esquematologia/ estudamos a !orma2o dos *uíos e o
seu enunciado lgico, como tamb"m $erbal, que tanto !oi $aloriado pelos racionalistas.
Como estes se prendem !undamentalmente às opera2;es lgicas, " natural que, tomando o

77
Bo esgotamos aqui tudo quanto a análise, segundo a nossa dial"tica, pode estabelecer sobre o +ireito.
4al$e um dia possamos desen$ol$&-la e realiar, ento, uma iloso!ia Concreta do +ireito, que penetraria
ainda em aspectos especí!icos dessa disciplina, que " das mais importantes do conhecimento humano.
Q0

conceito em seu conte>do noemático, consideram-no em suas estruturas esquemática, da


qual se ausenta a estrutura de outros conceitos $ários. #tribuir um predicado a um su*eito "
considerar inerente a este outro conceito. Como " possí$el tal coisa em !ace da separa2o
abissal que o racionalismo $iciosamente interp;e entre ambos<
# !orma2o do *uío trans!ormar-se assim num problema para o racionalista. %as, na
$erdade, " um pseudo-problema, ou, ento, um problema apenas dentro do campo do
racionalismo. # opera2o *udicatria " posterior no homem. :eno $e*amos6 pomo-nos a
olhar este campo, e nossos olhos captam ár$ores, arbustos, pássaros que cortam os ares, um
c"u aul com algumas nu$ens brancas esparsas. 3 pássaro-que-$oa, a ár$ore-mais-distante-
da-outra, os cambiantes-de-$erde-so $ários so totalidades captadas pelo nosso sistema
intuiti$o-intelectual, totalidades que intencionalmente podem ser analisadas8 ou se*a,
atra$"s da intencionalidade conceitual podemos descre$e-la analiticamente. # coordena2o
dos conceitos que usamos, desde que a!irmem ou neguem alguma coisa (um conceito) a
outra coisa (outro conceito), constitui, psicologicamente, o *uío que tem o seu enunciado
lgico pelo m"todo que a Ogica examina e estuda.
:e ao re!erir-me a esta ár$ore digo6 Esta ár$ore " $erde, expresso, com sinais $erbais,
o conte>do no"tico-eid"tico que, intencionalmente, diri*o ao !ato tomado como um todo que
meu sentido ptico capta. E a opera2o *udicatria consiste em estabelecer a conexo de
conte>dos conceituais !ormando um *uío que " enunciado com sinais $erbais. Bem os
sinais $erbais so tudo no *uío, nem tampouco o " o conte>do no"tico-eid"tico dos
conceitos, se no considerarmos tamb"m a opera2o *udicatria da mente humana.
'á na !iloso!ia moderna um termo que merece especial exame, " a pala$ra alem
:ach$erhalt, que signi!ica a representa2o pura que precede ao *uío, que aponta a síntese
característica do su*eito e do predicado compostos ou no na coisa eu o *uío a!irmará ou
negará (recusará).
Pro$indo de Hrentano, encontramos esse termo usado entre os !ilso!os modernos
que so!reram in!lu&ncia do !amoso pensador alemo. :egundo aquele !ilso!o o *uío no
constitui uma composi2o de id"ias. # composi2o precede ao *uío (" tomada
representati$a antes como um todo), e pertence à classe das representa2 ;es puras. D o que
aliás nos demonstra a Psicologia. 3 *uío " uma opera2o prpria do espírito que di!ere
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totalmente da representa2o . Este, a!inal, a!irma a correspond&ncia que há do conte>do da


representa2o com a realidade.
:ach$erhalt ", pois, o conte>do dessa representa2o, que tem um nexo, uma rela2o,
uma ordem, tanto na coisa como tamb"m na representa2o.
Essa maneira de considerar de Hrentano *á encontrá$amos em 4omás de #quino e
com maior precisa2o at", no conceito de dispositio rei, que a!irma$a *á se dar nas coisas
sensí$eis a composi2o dos conceitos do su*eito e do predicado, precedentemente ao *uío.
Este " o resultado de uma opera2o que realia um retorno crítico sobre a representa2o
composta. 3 :ach$erhalt " a!irmado ou negado pelo *uío. 3 *uío $erdadeiro " o que
enuncia que a dispositio rei se dá in esse e in $eritate na coisa.
Kant desconhecia esse modo de conceber o *uío e *ulga$a que a !iloso!ia clássica
apenas se !unda$a na maneira racionalista de considerá-lo. Partindo do racionalismo a
posi2o de Kant " conseq=ente e teria, !atalmente, de considerar que as categorias nada
mais eram que id"ias puras do entendimento e o conceito apenas constru2;es nossas que,
intencionalmente apenas, se re!erem aos conte>dos dos !enômenos, ou se*a, das imagens
que !ormamos das coisas. 3 criticismo ?antiano " um !ilho esp>rio do racionalismo.
3 tema do *uío e a doutrina concreta da sua !orma2o so por ns examinadas em
4ratado de Esquematologia/.
...
As pro.as da e;istência de <eus
:egundo Kant, as pro$as da exist&ncia de +eus reduem-se a tr&s6 a pro$a ontolgica,
a contingentia mundi e a das causas !inais.
Tá examinamos em 3 'omem Perante o n!inito/ e em iloso!ia Concreta/ a pro$a
ontolgica, bem como as re!uta2;es !amosas que !oram o!erecidas. :abemos todos que o
argumento principal de todas as ob*e2;es, desde 4omás de #quino at" nossos dias, cingem-
se ao seguinte6 há uma passagem ilegítima do lgico ao ontolgico. Por pro$ar-se que
logicamente " possí$el o ser necessário, salta-se à certea de sua exist&ncia.
Para muitos " uma pro$a cu*a concluso " $erdadeira, apesar do pouco rigor de suas
premissas. Costuma-se partir da per!ei2o do :er :upremo para a!irmar a sua necessidade.
3ra, os possí$eis o so em outro e no em si mesmos, " que analiticamente se conclui,
porque do contrário *á seriam em ato. +e qualquer !orma o conceito de possí$el exige o de
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necessário, para que ha*a possí$eis. E há possí$eis porque há algo necessário. # exist&ncia
deste " ine$itá$el para que ho*e os possí$eis, pois, do contrário, nada teria sido em tempo
algum. # rao dos possí$eis ", pois, o ser necessário, e tamb"m de todos os possí$eis. Por
essa mesma rao, o ser necessário e oniper!eito, pois dele pendem todas as per!ei2;es
possí$eis de todos os possí$eis.
Buma de suas primeiras obras, Kant ha$ia considerado o argumento ontolgico como
o >nico !undamento possí$el de uma demon stra2o a priori da exist&ncia de +eus/.
+epois, silencia sobre ele. E nem na Crítica da @ao Pura o combate. %as pod&-lo-ia ter
!eito, pois está implícito em suas id"ias, bastando alegar que tal pro$a se !undaria em
conceitos de modalidade, como o de possibilidade e necessidade, que, segundo a #nalítica
4ranscendental, so aplicá$eis apenas ao domínio da experi&ncia. %as tal ob*e2o no
procederia pela simples rao de que os ob*etos transcendentais do pensamento ou so
impossí$eis, ou possí$eis ou necessários e em qualquer uma das a!irmati $as teríamos um
conceito de modalidade, de onde se $& que no se aplicariam apenas à experi&ncia no modo
restrito como Kant a concebe.
3b*eta contra a pro$a a contingentia mundi da seguinte maneira6
a)o princípio de causalidade, suposto nesta pro$a, s tem aplic a2o no mundo
sensí$el, portanto no pode ser$ir para concluir a exist&ncia de +eus.
b)E se concluísse a necessidade de uma causa do mundo, ter-se-ia de supor a priori
que essa causa necessária " per!eita, o que nos colocaria no argumento ontolgico.
Tá mostramos, ao analisar a #nalítica que se o princípio de causal idade no "
$erdadeiro em si mesmo e em todas as suas aplica2;es, no " $erdadeiro tamb"m quando
aplicado à experi&ncia.
3 mundo " contingente, aceita Kant. :e o ", no tem em si sua rao de ser, $indo,
portanto, de outro que " necessário para que ela se*a. Bunca " demais chamar a aten2o
para o sentido etimolgico de necessidade (do ne-cedo, latim, no-ceder, do no cedí$el)
que implica imprescindibilidade, incedibilidade. :e o mundo " contingente, " algo que pode
ser e podia no ser8 portanto sem rao de ser em si mesmo. Para que tenha ser " incedí$el
um ser que lhe tenha dado o ser, q ue teria de ter ser para poder dar ser, e teri a de ser em
máxima pot&ncia porque, do contrário, nenhum ser contingente poderia $ir-a-ser . Esse ser
necessário " necessário e onipotente e, consequentemente, per!eito. Por que há cria2o, o
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ser criador tem de ser per!eito. # pro$a no segue a $ia da pro$a ontolgica, que conclui da
cria2o o :er necessário e deste a sua per!ei2o. Conclui-se diretamente da cria2o e
per!ei2o do Criador.
# di!iculdade da pro$a cosmolgica (a contingentia mundis) está precisamente na
mento o mundo " contingente/, e no na maior o que " contingente pressup;e um ser
necessário onipotente/. Kant no contesta a menor. 3s que a contestam so os materialistas
que a!irmam a in!initude e a eternidade da mat"ria.
# pro$a das causas !inais, reconhecem os seus de!ensores, que ela no demonstra a
in!inidade e a onipot&ncia. %as *untando-se a pro$a da conting&ncia do mundo, pode-se
pro$ar a onipot&ncia. # crítica de Kant ", contudo, $álida sob aquele aspecto.

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