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Exige esta obra de Kant, que passaremos daqui por diante a chamá-la de
Prolegômenos, uma análise especial. Contudo, por amor à síntese, s analisaremos as
passagens principais, que interessam ao exame da Crítica e que possam o!erecer elementos
para uma crítica ao m"todo crítico do !amoso pensador de Koenisberg.
# !inalidade dessa obra consiste em examinar, se " possí$el, a %eta!ísica como
ci&ncia. Considera Kant que os ataques de 'ume à %eta!ísica (e !oram ao conceito de
meta!ísica que ele concebia), constituíram o marco de uma *ornada decisi$a. +espertaram-
no de um sonho meta!ísico e lhe deu uma no$a tomada de consci&ncia.
# %eta!ísica no se !unda na experi&ncia, e o ob*eto está al"m da experi&ncia.
#ssim nem a experi&ncia externa, !onte da !ísica propriamente dita, nem a experi&ncia
interna, base constituti$a da psicologia empírica, no lhe !ornecero !undamento. Ela ",
pois, conhecimento a priori do entendimento puro e da rao pura/. (Prolegômenos,
pág.01). Essas so as !ontes do conhecimento meta!ísico.
Prossegue !aendo a distin2o entre os *uíos analíticos e os *uíos sint"ticos. 3s
primeiros !undam-se no princípio de contradi2o. %as os segundo *á exigem outro
princípio. Entre os *uíos sint"ticos, temos os a posteriori, cu*a srcem " empírica, e os a
priori, cu*a srcem está no entendimento puro e na rao pura.
Conclui ele que todos os *uíos empíricos so sint"ticos e que os *uíos matemáticos
so sint"ticos tamb"m.
4odos os *uíos meta!ísicos propriamente ditos so sint"ticos. +istingue ele os *uíos
que pertencem à %eta!ísica dos *uíos propriamente ditos meta!ísicos. Entre os primeiros
há muitos analíticos, que so apenas meios para alcan2ar *uíos meta!ísicos, que constituem
o !im exclusi$o da ci&ncia e que so sempre sint"ticos. Pois, se conceitos decorrem da
meta!ísica, o de subst5ncia, por exemplo, os *uíos que decorrem de sua análise decorrem
necessariamente da %eta!ísica, assim6 a subst5ncia " o que existe como su*eito, etc., por
interm"dio de muitos desses *uíos analíticos, buscamos aproximar a de!ini2o dos
conceitos. %as como a análise de um puro conceito de entendimento (como a %eta!ísica o
0
encerra) no se pode !aer de outro modo que qualquer outro conceito, mesmo empírico,
no pertencente à %eta!ísica (por exemplo, o ar " um !luido elástico, cu*a elasticidade no "
suprimida pelo !rio em nenhum grau conhecido), o conceito " certamente propriamente
meta!ísico, no, por"m, o *uío analítico8 esta ci&ncia conser$a, com e!eito, alguma coisa de
particular e tamb"m o seu caráter prprio, na produ2o dos conhecimentos a priori, que se
de$em distinguir do que t&m de comum com todos os outros conhecimentos do
entendimento8 assim a proposi2o6 tudo o que " subst5ncia, nas coisas, " constante/, " uma
proposi2o sint"tica e propriamente meta!ísica (op. cit., pág. 91).
:e pre$iamente se reuniu, seguin do certos princípios, os conceitos a priori que
constituem a mat"ria e os instrumentos da meta!ísica, a análise desses conceitos tem ento
um grande $alor8 tamb"m poder-se-ia expor como uma parte especial (uma esp"cie de
philophia de!initi$a), contendo apenas proposi2;es analíticas pro$indas da meta!ísica, com
excluso de todas as proposi2;es sint"ticas, que constituem a prpria %eta!ísica. +e !ato,
essas análises s o!erecem uma utilidade considerá$el na %eta!ísica, quer dier,
relati$amente às proposi2;es sint"ticas que de$e !ornecer a resolu2o pr"$ia desses
conceitos/(op. cit. pág. 97).
Comentando suas prprias pala$ras, conclui Kant que a %eta!ísica dedica-se
propriamente às proposi2;es sint"ticas a priori e que estas constituem seu !im/ (<)8 para
atingi-lo, tem ela necessidade realmente de muitas análises de seus conceitos, como
conseq=&ncia de *uíos analíticos, mas o m"todo no " em nada di!erente do que há em toda
outra esp"cie de conhecimento em que a análise ser$e apenas para dar nitide aos
conceitos/ (op. cit. pág. 97).
# intui2o sensí$el permite adicionar percep2;es a percep2;es, e realiar, portanto,
!acilmente, *uíos sint"ticos a posteriori, !undados, pois, na experi&ncia. 3 problema que
surge no ", portanto, para os *uíos analíticos, nem para estes >ltimos, mas sim para os
*uíos sint"ticos a priori, ou se*a aqueles em que há um acrescentamento ao su*eito pelo
predicado, no contido naquele, mas que " achado sem a experi&ncia, !ora da experi&ncia.
3ra, qual a $alide de tais *uíos< Em suma, o que dará a $alide que de$eriam ter tais
*uíos< Estas perguntas constituem a mola principal de toda pesquisa ?antiana nesta obra,
completada de modo mais pleno em Crítica da @ao Pura.
9
Comentando o trabalho de 'ume (op. cit. pág. 9A) escre$e Kant6 Pois, como "
possí$el, diia esse homem perspica, que, quando me " dado um conceito, possa
ultrapassá-lo e ligar-lhe um outro conceito que no está nele contido totalmente, tal como se
lhe pertencesse necessariamente< : a experi&ncia nos pode !ornecer tais rela2;es (" o que
ele concluía dessa di!iculdade que tinha por uma impossibilidade), e toda essa pretendida
necessidade ou, o que " o mesmo, todo este conhecimento a priori tomado por ela, nada
mais " que o longo hábito que se tem de encontrar alguma coisa $erdadeira e de considerá-
la a seguir como ob*eti$a a necessidade sub*eti$a/.
Ba $erdade, era para 'ume di!ícil conceber tais correlacionamentos de conceitos.
4odo o que combate uma posi2o !ilos!ica sempre so!re alguma in!lu&ncia da posi2o
combatida. 'ume queria combater a meta!ísica racionalista, que, realmente, !oi um
momento de de!luxo da !iloso!ia ocidental. %as, ao combat&-la, colocou-se na posi2o !alsa
de que o !iloso!ar s poder-se-ia dar dentro dos quadros do racionalismo, e seguindo as suas
normas e dire2;es.
@acionalisticamente, de$ido ao abstractismo exagerado, os conceitos so estanques e
o la2o que os une no " !acilmente compreendido. :e o racionalismo seguisse a linha
platônica genuína, tomando em considera2o os logoi analogantes poderia ter descoberto
que há entre todos os conceitos correlacionamentos prximos ou remotos, e que todas as
esquematia2;es, que nossa rao possa realiar, quando bem !undadas, lgica e
ontologicamente, so analogicamente insepará$eis de outras e $irtualmente contidas umas
em outras, cu*a considera2o e presen2a no !iloso!ar constitui o que chamamos de !iloso!ar
concreto. +amos exemplos desse !iloso!ar em nossa iloso!ia Concreta/, onde se
patenteiam os nexos de liga2o analgica, o que impede se tome um conceito em sua total
abstra2o, porque a abstra2o !ormal, como a considera$am os escolásticos, no realia
uma separa2o absoluta, mas apenas uma separa2o real-!ormal.
undado nas opini;es de 'ume, Kant termina por concluir6 Como conseq=&ncia,
todos os meta!ísicos esto, solenemente e con!orme prescre$e a lei, suspensos de suas
!un2;es at" que tenham resol$ido de maneira satis!atria esta questo6 Como so possí$eis
conhecimentos sint"ticos a priori<
3ra, os conhecimentos sint"ticos a priori so to possí$eis como os analíticos, como
$eremos mais adiante, pois estes so possí$eis quando !undados naqueles.
G
D deste modo claramente colocada a sua posi2o em !ace da %eta!ísica. Esta está
suspensa, enquanto no resol$er esse problema. Por acaso Kant o resol$e< 4amb"m no o
!a, e a!irma que ningu"m pode !a&-lo, porque a armadilha ?antiana, como $eremos, está
armada à espera de qualquer um. Contudo, o problema *á !ora solucionado com s"culos de
anteced&ncia. Essa pro$a agora nos cabe e " o que !aremos oportunamente, ao criticar a sua
!amosa Crítica da @ao Pura.
...
Crítica da Crítica da a!"o Pura #
Crítica $ posi%"o de &ant
# >nica oposi2o seria que ainda pode restar ao que empreendemos nesta obra, " a
que se !unda no criticism o ?antiano. Como, para muitos, Kant dester rou de uma $e para
sempre a $ meta!ísica/, como goosamente a!irma alguns dedicados ao estudo da !iloso!ia,
pois mostrou, de modo de!initi$o/ a impossibilidade de *uíos sint"ticos a priori, os >nicos
que podem caber à %eta!ísica, *á que os sint"ticos a posteriori so dados pela experi&ncia,
*ulgamos de nosso de$er reproduir aqui algumas páginas do que escre$emos em nosso #s
4r&s Críticas de Kant/, onde examinamos a sua doutrina e *usti!icamos a nossa. Pedimos ao
leitor que nos perdoe a longa transcri2o, mas como " imprescindí$el !undamentar a nossa
posi2o, *ulgamos acertado esta pro$id&ncia.
...
D nos Prolegômenos que Kant procura responder a pergunta de como a %eta!ísica "
possí$el como ci&ncia. Ba Crítica da @ao Pura, prossegue examinando o tema para
concluir que a !iloso!ia s será possí$el quando possa estabele cer-se !undada em *uíos
sint"ticos a priori, o que nega ele tenha sido !eito at" o momento pelos meta!ísicos.
Kant " inega$elmente um produto !inal do #u!?laerung, do s"culo das lues, do
luminismo, da lustra2o, s"culo que mereceu tantos nomes pomposos atra$"s dos tempos.
@ealmente, há um progresso no saber experimental e cientí!ico do homem. Fuanto ao saber
!ilos!ico, por"m, !e-se um hiato perigoso e terrí$el entre a !iloso!ia do passado e as no$as
experi&ncias !ilos!icas das quais Kant " um per!eito representante.
3 luminismo que !oi uma ascenso no campo cientí!ico, terminou por tornar-se no
campo !ilos!ico um período de tre$as do conhecimento. Bo era *usto que esse hiato se
7
Escrito no manuscrito6 Entram aqui os srcinais que !oram apensos à 9 a.edi2o da iloso!ia Concreta.
prolongasse, como se prolongou at" nossos dias, a ponto de ser mani!esta e palmar a
ignor5ncia de muitos !ilso!os da obra dos medie$alistas e at" dos gregos.
%esmo que no hou$esse elementos a nossa !a$or, estaríamos certos que Kant nunca
leu nenhuma das grandes obras dos medie$alistas, como por exemplo 4omás de #quino,
+uns :cot, :o Hoa$entura e :uare. Bem tampouco leu, seno por alto, a obra de
#ristteles e de Plato, porque, talentoso como era, no poderia, de modo algum, enunciar
sobre a %eta!ísica, as a!irmati$as que encontramos em seus trabalhos, to comuns e
!req=entes em seu s"culo, quando essa disciplina caíra no des!a$or dos intelectuais de
ento, que *ulga$am que a obra de autores menores e os exageros de alguns meta!ísicos
de!icientes constituíssem o ápice da %eta!ísica.
Ba "poca de Kant, proclamar-se meta!ísico era atrair sobre si o riso de todos os
$oltairianos de ento. Kant era um homem tímido e tremeria dos p"s à cabe2a se o
chamassem de meta!ísico. 4udo en$idou para estar no seu s"culo, procurando tornar
impossí$el a %eta!ísica. E o !e com uma habilidade sat5nica. :ua obra " uma armadilha
bem urdida. Caindo nela, ningu"m se sal$a. Cerca aparentemente por todos os lados as
possí$eis saídas em !a$or de tese contrária. Isando de uma so!ística extraordinária, e de
argumentos aparentemente slidos, consegue enlear os despre$enidos em suas malhas.
+epois da sua obra s poderia $ir o materialismo $ulgar, o !iccionalismo, o empírio-
criticismo, o positi$ismo, o relati$ismo !ilos!ico, o agnosticismo, o materialismo histrico,
o cepticismo moderno, o niilismo de toda esp"cie, o desesperismo de nossos dias, etc. Kant
!oi menos construti$ o na !iloso!ia que destruti$ o. Bo " de admirar que todos aqueles que
procuram destruir o trabalho !ilos!ico de s"culos, busquem por todos os meios, di!undir
sua obra sem acompanhá-la da necessária crítica. :abem muitos que o ?antismo " um meio
caminho aberto ao desespero e à destrui2o da !iloso!ia. Bo ", pois, de admirar que receba
os a!agos de alguns pro!essores de !iloso!ia e sua propaga2o se*a to estimulada, sobretudo
pelos que t&m interesses outros, muitas $ees incon!essá$eis.
Je*amos algumas passagens da obra citada6
# %eta !ísica, como disposi2o natural da rao, " real, mas tomadas em si
unicamente (como o demonstrou a solu2o analítica da terceira questo capital) dial"tica e
enganadora. Fuerer, por conseq=&ncia, extrair dela princípios, e seguir, utiliando-os, " uma
apar&ncia natural, e na $erdade, !alsa. Ela nunca poderá produir ci&ncia, mas somente uma
A
$ arte dial"tica, onde uma escola poderá ter melhor &xito que outra, sem que nenhuma
possa obter uma apro$a2o legítima e durá$el/. (Prolegômenos, pág.7A)
.../Laranto que ningu"m, aps ter meditado e compreendido os princípios da crítica,
nem que se*a nestes Prolegômenos no $olta rá nunca mais a essa !alsa ci&nc ia antiga e
so!ística.../ (pág. 7M).
%as a meta!ísica que o :r. Kant conhecia era a de :pinoa, Nol!, Oeibnit, Clar?e,
Beton, %endelssohn, etc. Bo conhecia os escolásticos. Conhecia Nol!, e basta$a. Bo
era ele consagrado como o mais pro!undo e completo conhecedor da escolástica</ E a
síntese que ha$ia !eito, na exposi2o das doutrinas medie$alistas, no era um monumento
de !idelidade</ Bo era, pois, de admirar que Kant no perdesse seu tempo a ler aqueles
$olumosos trabalhos dos medie$alistas, muitas $ees pouco inteligí$eis. Hasta$a lou$ar-se
em Nol!, e daí por diante era !ácil o caminho. %as, na $erdade, Nol! no " considerado um
aut&ntico expositor da obra dos medie$alistas. #o contrário, !alsi!icou e no compreendeu
muitas coisas, expondo-as !alsamente. Fuanto aos outros, no campo da %eta!ísica, !oram
le$ados por concep2;es racionalistas ou excessi$amente idealistas, sem o de$ido
!undamento na realidade.
4oda arte !alsa, toda ci&ncia $ t&m apenas um tempo, pois terminam por
aniquilarem-se a si mesmas8 a "poca de sua mais alta cultura coincide com a de sua
decad&ncia. Esse momento " agora $indo para a %eta!ísica6 o que o pro$a " o estado na
qual ele caiu entre todos os po$os cultos, enquanto as ci&ncias de todo g&nero so estudados
com tanto ardor/ (pág. 7Q).
%as qual !oi a "poca de máxima ascenso e, portanto, de início do declínio< 3 s"culo
RJ absolutamente no. 3 período áureo da meta!ísica !oi na "poca de 4omás de #quino
e :o Hoa$entura, #lberto %agno, :cot nos s"culos R e RJ, e depois, no s"culo RJ
com os combrinenses e salmanticenses. 3 período de que !ala Kant " precisamente de
declínio. #quela meta!ísica era mis"ria da meta!ísica. Esta$a-se em pleno período de
re!luxo da escolástica, e o $oltairismo ha$ia in!luído nas consci&ncias ing&nuas. @ealmente
o espetáculo na !iloso!ia era desolador. 3 que ha$ia era o meta!icismo, !orma $iciosa da
meta!ísica que Kant na $erdade combatia. Ele con!undira essa decad&ncia com a ascenso,
ou por ignorar a $erdadeira meta!ísica ou por má !". Pre!erimos por enquanto a primeira
hiptese, mais consent5nea com os !atos e com a prpria obra de Kant.
S
Prossegue a!irmando que meta!ísicos, em todo tempo, no !ieram essa ci&ncia
a$an2ar um passo al"m de #ristteles o que resulta dessa causa bem natural que a ci&ncia
no existia ainda.../
E aqui, a %eta!ísica no pôde $alidamente demonstrar a priori nem esse princípio (o
da subst5ncia e do accidente), nem o princípio de rao su!iciente, nem ainda qualquer
proposi2o mais complexa, que se re!ira, por exemplo, à Psicologia ou à Cosmologia8 em
suma, nenhuma proposi2o sint"tica8 assim, toda essa análise no alcan2ou nada, nada
produiu, nada !e a$an2ar, e depois de tantas agita2;es e ruído, a ci&ncia está ainda onde
ela esta$a na "poca de #ristteles/...
E prossegue6
:e algu"m se acredita o!endido por isso, " lhe !ácil reduir a nada esta acusa2o,
limitando-se a dar uma s proposi2o sint"tica na meta!ísica, e o!erecendo-se a demonstrar
a priori pelo m"todo dogmático8 se o !ier, mas ento somente assim, eu concordarei que
realmente contribuiu para o progresso da ci&ncia e que essa proposi2o se !or ademais,
su!icientemente con!irmada pela experi&ncia $ulgar/ (idem pág. 7A0).
E ele resume a sua posi2o !ilos!ica nestes termos6 4odo conhecimento das coisas,
tirado do entendimento puro ou da rao pura, " apenas iluso8 no há $erdade seno na
experi&ncia/ (pág. 7S7).
inaliando a!irma que cabe ao de!ensor da %eta!ísica pro$ar, seguindo seu m"todo,
ou se*a, como lhe con$"m, por princípios a priori, uma qualquer das proposi2;es
$erdadeiramente meta!ísicas que prop;e, quer dier, sint"ticas, conhecidas a priori por
conceitos, mas, em todo caso, uma das mais indispensá$eis, por exemplo, o princípio de
perman&ncia da subst5ncia ou da determina2o necessária dos acontecimentos do mundo
por sua causa. :e no o pode, (o sil&ncio " uma con!isso), de$e con$ir que, no sendo a
%eta!ísica nada sem uma certea apodítica das proposi2;es dessa esp"cie, " mister, antes de
tudo, estabelecer a possibilidade ou a impossibilidade destas numa crítica da rao pura,
sendo, depois, obrigado ou a reconhecer que meus princípios na Crítica so exatos, ou
demonstrar que so sem $alor/ (pág. 7SA)
E dispensando as concess;es que Kant !a, resol$emos dar a resposta, em duas partes6
7) mostrando a improced&ncia de suas a!irmati$as sintetiadas na Crítica, quanto à
impossibilidade da %eta!ísica8
M
primeiro era o campo in!inito da presen2a di$ina/. Como Kant concebia o espa2o, $eremos
mais adiante.
3utro ponto importante que de$emos pre$iamente analisar em Kant " a sua
concep2o da rao su!iciente e de causa. Em Nol!, elas so con$ertí$eis. # rao lgica " a
causa ontolgica, e a causa ontolgica " a rao lgica. Kant distingue a rao determinante
antecedente (ratio essendi $el !iendi), no coincidindo esta necessariamente com a primeira.
#ssim o ser necessário " a ratio cognoscendi, no a ratio essendi da sua exist&ncia, porque a
exist&ncia no pode !undar-se numa possibilidade. +eus " possí$el, mas dessa possibilidade
no se pode concluir a sua exist&ncia. 4angemos aqui um tema dos mais pro!undos da
!iloso!ia, !undamento do argumento ontolgico. :e partimos da !initude humana no
podemos conceber que o homem possa captar o ser in!inito !undado apenas na sua !initude.
3ra, o ser in!inito " logicamente possí$el. :e " possí$el no contradi ele o ser. # no
exist&ncia do ser in!inito a!irmaria que ele " nada. Beste caso ns tornaríamos inteligí$el o
nada, o que " absurdo. E teríamos mais, "ramos capaes de dar o que no temos, de
alcan2ar o que no existe. Ento teríamos de concluir que essa capacidade de alcan2armos o
ser in!inito teria sua rao de ser no que em ns se ausenta, o que seria contraditrio,
quando :anto #nselmo a!irma$a que se somos capaes de pensar no ser in!inito, ele
necessariamente existe, era porque a sua nega2o torna$a-se contraditria e
consequentemente absurda.
4inha :anto #nselmo rao, na resposta a Launillon, de chamar a aten2o que a id"ia
do ser in!inito, do ser que nada de maior pode existir, no pode ser con!undido, enquanto
id"ia, com a de qualquer coisa !inita, que *ulgamos a mais per!eita na sua esp"cie, como as
lhas Hema$enturadas, do argumento de Launillon. # paridade no procede, porque o ser
contingente inteligí$el " inteligí$el como contingente, e as lhas Hema$entu radas eram
contingentes e como tais podiam ou no existir. %as a id"ia de um ser absolutamente
necessário, com o qual tudo o mais perde sua rao de ser, no s " inteligí$el, como
logicamente necessário. Fue a mente pode conceber seres contingentes, que podem ou no
existir " indubitá$el, mas como poderia a mente humana alcan2ar a inteligibilidade do ser
in!inito e necessário< Bo se argumente que há quem no possa concebe-lo e realmente há
muitos cu*a mente no chega a alcan2á-los. %as bastaria que um s ser humano !osse capa
de alcan2ar essa inteligibilidade para que ela, como possibilidade, se atualiasse num ser
77
humano. 3ra, inteligí$el " s o ser. 3 nada absoluto " absolutamente ininteligí$el, e como
no há meio termo entre ser e nada, porque mais que nada " ser e menos que ser " nada, o
inteligí$el tem uma realidade. E como poderia ter uma realidade !raca, de!iciente, o ser que
" in!inito e absolutamente necessário< #demais a possibilidade dele no pode a!irmar uma
mera possibilidade, porque se " possí$el um ser in!inito e necessário essa possibilidade
estaria num ser contingente, e teríamos um possí$el de ser maior que suas causas, o que "
absurdo. # possibilidade que captamos humildemente com a nossa mente do ser in!inito e
necessário a!irma, ineludi$elmente, na dial"tica de :anto #nselmo, a sua exist&ncia. Bo
procedeu com !raquea o bispo de Hec. :ua demonstra2o " coerente com as id"ias que
esposa, e a sua *usti!ica2o " dialeticamente rigorosa. Pode ser uma pro$a incompleta, e há
muitas que goam de maior renome, e que so ainda menos rigorosas, mas dentro da
dial"tica que segue, ele tem su!icientes apoditicidade, e pode ser corroborada por outras
como temos mostrado em nossos trabalhos.
3 grande argumento contrário " que a rao lgica de alguma coisa no garante ainda
a rao ontolgica, e muito menos a ôntica. Bo se pode a!irmar porque algo " possí$el que
algo exista. @ealmente, se o ser pensado " um ser contingente, porque " da rao do
contingente existir ou no existir. Bo, quando se trata de um ser absolutamente necessário,
lgica e ontologicamente.
Por ser possí$el conceb&-lo, essa possibilidade " da nossa mente, no dele. Ba sua
rao de ser no há possibilidade8 há, sim, na nossa de conhecer. Ele " cognosciti$amente
possí$el por ns, mas a sua exist&ncia no depende de nossa cognoscibilidade. Tamais
:anto #nselmo queria a!irmar que a rao da sua exist&ncia !osse dada pela nossa mente ou
por qualquer outra mente. Bem tampouco que, pelo simples !ato de sermos capaes de
entend&-lo, esti$esse por isso assegurado a exist&ncia. # rao do ser necessário s pode
estar em si mesmo e no em outro. 3ra, há em ns a capacidade de entender um ser cu*a
rao de ser está em si mesmo, que " in!inito e necessário. :e " tal, no " a nossa mente que
lhe dá tais atributos, porque a mente poderia !alar e no entend&-lo, como há a de muitos
que a!irmam que no podem entend&-lo. #ssim, nossa mente no " su!iciente nem para
garantir a sua exist&ncia, nem para garantir a sua no exist&ncia. %as :anto #nselmo *amais
disse que nossa mente !osse a !iadora dessa exist&ncia. +isse apenas que se podemos
conceber um ser maior que tudo, o qual no superado por nenhum outro, e que esse ser "
70
inteligí$el, tal re$ela que a nossa mente " capa de captar o que lhe " proporcionado6 a
inteligibilidade do ser. Portanto, o ser in!inito e absoluto no " absurdo, no contradi o ser,
no re$ela nenhuma impossibilidade à nossa mente. 4al no quer ainda dier que ele exista
porque " inteligí$el. Im ser contingente inelegí$el " possí$el tamb"m. %as aqui ressalta a
di!eren2a !undamental6 " que a exist&ncia do ser contingente " contingente, e a do ser
necessário e in!inito " in!inita e necessária. Esta no tem mais uma possibilidade ser ou
no, mas uma necessidade de ser e uma total e absoluta impossibilidade de no ser. :ua
exist&ncia " assegurada a ns pela sua necessidade e in!initude. Entre os possí$eis
(contingentes) tudo quanto " possí$el " possí$el, mas quanto ao ser in!inito e necessário
tudo quanto " possí$el, e que constitui a sua ess&ncia no pode ser apenas possí$el, mas
necessário. Portanto tudo quanto a nossa mente pode descortinar no ser in!inito, absoluto e
necessário, todos os atributos que no o contradiem, so nele reais e no meramente
possí$eis. 3ra, a exist&ncia " um atributo essencial, porque tal ser " essencialmente
existente e existencialmente essente, pois ess&ncia e exist&ncia nele se identi!icam. Bo " a
sua exist&ncia uma concluso apenas lgica, mas ontolgica para :anto #nselmo, porque o
ser contingente s se *usti!ica pelo necessário. E nossa mente pode captá-lo. # ordem da
inteligibilidade " contingente quando se re!ere a seres contingente, mas necessária quando
se trata do ser absolutamente necessário.
# pro$a de :anto #nselmo !unda-se numa $ia dial"tica, que no " a comum, e que
necessita ser de$idamente exposta. Bo nos a!astamos *amais da sua pro$a, porque há nela
sempre constantes sugest;es que nos pro$ocam o máximo interesse e elementos para nossas
in$estiga2;es. Constantemente estaremos retornando a ela, sempre que exigir no$as
demonstra2;es a seu !a$or.
...
Bo desen$ol$imento do pensamento de Kant obser$a-se que a rao ontolgica
extrínseca à ess&ncia no s no " con$ertí$el com a rao lgica, como nunca pode
coincidir com ela. # rao lgica re!ere-se à identidade do su*eito com a sua rao
explicati$a. 3ra, a rao ontolgica extrínseca à ess&ncia " a causa à qual se re!ere a
oposi2o relati$a entre o e!eito e o seu princípio !ísico. # causa, ", assim, outro que o e!eito.
Compreendo muito bem (escre$ia Kant nas Fuantidades negati$as/, a?. , pág. 010)
como uma conseq=&ncia possa ser apoiada sobre uma rao (Lrund), segundo a regra da
79
identidade8 quer dier, quanto à análise dos conceitos mostra esta conseq=&ncia inclusa
nessa rao..., posso $er claramente a liga2o da rao e da conseq=&ncia, porque a
conseq=&ncia " identicamente um conceito parcial desta mesma rao, mas que alguma
coisa decorra de alguma coisa outra (aus etas anderem)., sem que se*a em $irtude da regra
de identidade, eis o que eu bem queria que me !osse explicado. Ima rao da primeira
esp"cie chamo-a rao lgica, porque sua rela2o à conseq=&ncia goa de uma e$id&ncia
lgica8 quer dier, " mani!esta segundo a regra da identidade. Ima rao da :egunda
esp"cie chamo -a rao ontolgica (real), porque a sua rela2o com a conseq=&ncia "
representada em meus conceitos $erdadeiros, sem contudo a naturea dessa rela2o prestar-
se ao *uío.
3ra, quanto esta rao ontolgica em seu nexo a uma conseq=&ncia real, eis a simples
pergunta que eu coloco6 como compreender que, porque alguma coisa ", outra coisa de$a
ser<
# concluso de Kant " a seguinte6 segundo os nossos conceitos, a rao ontolgica
(@ealgrund) no " uma rao lgica (logischer Lrunds), no " a regra de identidade que !a
concluir do $ento à chu$a... @e!leti sobre a naturea do nosso conhecimento, concernente a
esses *uíos, que p;em em *ogo ra;es e conseq=&ncia s, e proponho-me expor um dia com
pormenores o !ruto das minhas re!lex;es. +aí resulta que a rela2o de uma rao ontolgica
ao ob*eto, colocad a ou descartada por esta, no pode, de nenhuma maneira, ser expressada
por um *uío, mas somente por um conceito6 este conceito pode-se ligá-lo, por análises, a
outros conceitos mais simples, que representam igualmente ra;es ontolgicas, mas de tal
maneira, contudo, que nosso conhecimento da rela2o subdita (de depend&ncia real), se
det"m em conceitos simples e irredutí$eis, que representam ra;es ontolgicas, cu*o nexo
das suas conseq=&ncias no se*a susceptí$el de ulterior esclarecimento. Bessa "poca conclui
Kant que o conhecimento humano está cheio de *uíos indemonstrá$eis. +este modo,
a!asta$a-se ele de :pinoa, Oeibnit e Nol!, e prepara$a-se para a Crítica da @ao Pura
cu*a análise dese*amos !aer.
...
4e$e, contudo, Kant, uma !ase semi-empirista, na qual concluía que a %eta!ísica s
encontraria uma *usti!ica2o nos dados que !ossem o!erecidos pela experi&ncia e no e
apenas pela coer&ncia lgica dos conceitos. Bo se pode diminuir a in!lu&ncia decisi$a que
7G
'ume exerceu sobre ele, e at" quando procurou re!utá-lo no pode impedir que muitas das
suas id"ias so!ressem diretamente a in!lu&ncia daquela srcem. # perda de con!ian2a nas
possibilidades da %eta!ísica, que atirou Kant no seu agnosticismo crítico, " produto em
grande parte dessa in!lu&ncia.
# %eta!ísica s pode ser construída sob !undamentos dados pela experi&ncia. %as
esta tem seus limites, consequentemente so limitadas as possibilidades daquela. D essa a
concluso a que chega no seu período semi-empírico, e que marca o ponto de partida para a
Crítica da @ao Pura.
# in!lu&ncia de 'ume caracteria-se nas tomadas de posi2;es que so típicas da !ase
anterior a essa obra. # realidade de um ser transcendental no se conclui pela coer&ncia de
sua de!ini2o. : a exist&ncia do ob*eto assegura a sua realidade. +esse modo, a
possibilidade de uma realidade " assegurada pela constata2o empírica de sua exist&ncia.
# exist&ncia escapa, assim, à demonstra2o puramente analítica, porque esta redu-se
apenas a mostrar que há identidade de um predicado com o seu su*eito. %as a exist&ncia
real no " propriamente um predicado. Ela no pertence à de!ini2o, nem à no2o de uma
coisa, nem " essencial nem accidental a esta, por permanecer !ora do seu conceito. Portanto,
pensar sobre a exist&ncia de alguma coisa, no " estabelecer a sua exist&ncia nem muito
menos conhec&-la.
(nega$elmente, a experi&ncia pode pro$ar, pelo menos, a exist&ncia de alguma coisa.
# total no exist&ncia, considerada apenas sob rela2o lgica dos seus conceitos no "
incoerente, porque podemos a!irmar a recusa de ser ao su*eito e ao predicado8 ou se*a,
analiticamente, podemos estabelecer a nega2o. +esse modo, por uma simples análise
!ormal no se re!uta o nada, nem se demonstra a exist&ncia apenas analiticamente. D a
concluso a que chega Kant. %as mesmo que no pud"ssemos analiticamente demonstrar a
exist&ncia desta ou daquela coisa, podemos, ao menos, demonstrar a exist&ncia de alguma
coisa. 3u se*a, a tese ?antiana no pre*udica em nada os postulados !undamentais da
iloso!ia Concreta).
:endo a causa outra que o e!eito e a rao lgica id&ntica nos termos, nunca uma
pode ser con!undida com a outra, pois o que caracteria a primeira " a alteridade, e " a
identidade que caracteria a segunda.
7
:e a exist&ncia real no " expressa por um predicado, nem pode ser o ob*eto de uma
demonstra2o analítica, o argumento ontolgico dos racionalistas cai por terra. # análise
no pode demonstrar a causa. Consequentemente, toda partida da conting&ncia nunca
chegará apoditicamente ao ser necessário.
Contudo, Kant deu pre!er&ncia a dois argumentos a !a$or da exist&ncia de um ser
necessário que " o extraído da ordem e da harmonia das coisas e o !undado sobre a
exist&ncia dos possí$eis/, que " de srcem leibnitiiana.
Ele !oi exposto por Oeibnit da seguinte maneira6 /# ess&ncia da coisa, sendo apenas
o que !a a possibilidade em particular, " mani!esto que existir por sua ess&ncia, " existir
por sua possibilidade. E se o :er de si " o :er que de$e existir porque " possí$el, "
mani!esto que tudo quanto se possa dier contra a exist&ncia de um tal ser seria negar a sua
possibilidade. Poder-se-ia ainda, sobre este ponto, !ormular uma proposi2o modal que
seria um dos melhores !rutos da Ogica6 se o :er necessário " possí$el, ele existe. Pois o
:er necessário e o :er por sua ess&ncia so a mesma coisa. #ssim o raciocínio, tomado
deste lado, pode ter solide8 e os que querem que apenas das no2;es, id"ias, de!ini2;es, ou
ess&ncia possí$eis no se pode in!erir a exist&ncia atual, caem com e!eito no que acabo de
dier8 ou se*a, negam a possibilidade do :er de si. %as o que se de$e notar, esse lado ser$e
at" para !aer conhecer que erram, e preenche o $aio da demonstra2o. Pois si o :er em si
" impossí$el, todos os seres por outrem tamb"m o so8 *á que no so seno pelo :er de si8
assim nada poderia existir. Esse raciocíni o nos condu a uma outra importante proposi2o
modal igual à precedente, e que *unta com ela acaba a demonstra2o. Poder-se-ia enunciá-la
deste modo6 se o :er necessário no existe, no há ser possí$el. Parece que esta
demonstra2o no !oi le$ada to longe at" ento6 contudo, trabalhei noutros setores para
pro$ar que o :er per!eito " possí$el.U
# possibilidade de que se trata aqui " a interna/. E comentando esta passagem,
escre$e %ar"chal6 4oda possibilidade interna apresenta dois aspectos insepará$eis6 um
aspecto normati$o-!ormal6 a coer&ncia lgica8 um aspecto material ou real/6 o conte>do
logicamente coerente. 4odo possí$el/ V qualquer que se*a V encontrar-se-ia suprimido,
tanto por supresso de seu real como pela supresso de seu elemento !ormal (quer dier, por
contradi2o lgica). Portanto, pode-se raciocinar da seguinte maneira6 3 que suprimisse
toda possibilidade " absolutamente impossí$el. 3ra, a no exist&ncia de um ser necessário
7A
termo da maior, o que suprime toda possibilidade/ no designa aqui uma ess&ncia/ ou um
possí$el/ hipot"tico, destruidor de toda possibilidade8 trata-se de uma pura condi2o ideal,
que acarreta, logicamente, a nega2o de toda possibilidade8 ou, para precisar melhor, trata-
se de saber se a proposi2o6 no há ser necessário/, ou nada " considerado em si/, em sua
signi!ica2o prpria, seria impossí$el, quer dier, intrinsecamente contraditria, pelo
simples !ato apenas de conter analiticamente essa outra proposi2o6 nada " possí$el/8 ou
ainda, trata-se de saber se a hiptese6 aus&ncia de exist&ncia necessária/, e por conseguinte
de toda exist&ncia, *unto à sua conseq=&ncia6 aus&ncia de toda possibilidade/, o!ende o
princípio de contradi2o. :im, parece dier-se, ou melhor, atribuir a Kant6 o que suprime
toda possibilidade/ coloca-se na categoria de impossibilidade ou do contraditrio/8
portanto, a car&ncia total da exist&ncia " impossí$el/
...
#dmite Kant que a no2o do nada, como aus&ncia total de toda exist&ncia e de toda
possibilidade, no encerra em si contradi2o interna. %as que tenha possibilidade, e que,
portanto, nada existe, eis o que " contraditrio. 3ra, na !iloso!ia concreta no se chega à
recusa do nada absoluto por uma rao de ordem lgica, mas simplesmente que "
impossí$el ser $erdadeira a sua postula2o, porque esta *á a nega. 3 nada absoluto "
impossí$el em si mesmo e " contraditrio no em si mesmo, mas em !ace de ha$er alguma
coisa. #s a!irma2;es na !iloso!ia concreta no so !eitas isoladamente, mas em !ace das
antíteses, da impossibilidade tamb"m das antíteses, porque todo *uío apodítico que " o
marcado pela necessidade, implica no s a imediata in$alide do seu contraditrio, como
tamb"m, a insu!ici&ncia de tudo quanto o restringe.
# !elicidade no " apenas a !ormal e lgica, mas tamb"m a material e a real
(conte>do). 3s *uíos da !iloso!ia concreta !undam-se em teses dial"ticas, que possuem em
si mesmas uma condi2o !ormal e lgica $erdadeira e tamb"m material, real-real, portanto.
Kant em sua Crítica da @ao Pura no s empreende a re!uta2o, outra $e do
argumento ontolgico, como abandona, ou pelo menos silencia o seu argumento dos
possí$eis, do qual no trata mais nem para de!end&-lo nem para negá-lo, embora o negue
implicitamente, em !ace dos no$os postulados que o!erece.
Fuando o estudou, colocou-o entre as pro$as a priori, bem como reconheceu que a
sua !ormula2o no " puramente analítica, o que " o oposto do argumento ontolgico.
7M
3 tema !undamental da Crítica da @ao Pura ", como nos mostra %ar"chal, sem
d>$ida, o $alor da meta!ísica. %as o exame desse tema exige o de dois pontos principais6 a
rela2o exata do !enômeno e do inteligí$el no conhecimento ob*eti$o e as condi2;es de
possibilidade do ob*eto no pensamento.
(eses principais de &ant
#s teses principais de Kant na Crítica da @ao Pura so as seguintes6
7)Bosso conhecimento no tem sua srcem exclusi$amente nos sentidos.
@epele o sensualismo em seus excessos, embora reconhe2a que nossos
conhecimentos come2am com as nossas experi&ncias8 no todos, por"m. Bossos
conhecimentos sensí$eis so compostos das impress;es percepti$as e das id"ias que nossa
!aculdade de conhecer produ . Essas id"ias pro$ &m da nossa capacidade de conhecer, e
tem elas um caráter absoluto e uni$ersal. Bossas percep2;es so apenas singulares. #
uni$ersalidade no poderia pro$ir delas.
0)Bossa experi&ncia s " possí$el pelo conhecimento que temos a priori das $erdades
necessárias.
4r&s so as no2;es a priori6 as intui2 ;es pura, os conceit os puros ou categric os e as
id"ias absolutas.
#s intui2;es puras so as representa2;es do espa2o e do tempo construídas pelo
espírito, sem as quais no há experi&ncia nenhuma possí$el. :o tamb"m chamadas de
!ormas da sensibilidade. Enquanto a mat"ria que lhes " submetida pode $ariar
ilimitadamente, essas !ormas so imutá$eis. #s rela2;es entre as percep2;es so os
conceitos ou categorias, cu*a !un2o consiste em ordenar di$ersas representa2;es e !aer
delas uma representa2o comum. Como a experi&ncia se aplica a ob*etos singulares, e esses
conceitos se aplicam ao ob*eto em geral, no podem 4er sua srcem na experi&ncia.
Fualquer ob*eto perseguido s pode ser $isualiado sobre quatro aspectos6 qualidade,
quantidade, rela2o, modalidade.
# $arian2a dos ob*etos, dados pela sensa2o, no modi!ica a imutabilidade dessa
!orma. 4em o homem tamb"m id"ias absolutas, como a alma imaterial e a do ser per!eito.
3s conceitos so a condi2o de todo o pensamento, mas as id"ias absolutas so a condi2o
de todos os conceitos. 4odo conceito expressa uma rela2o8 toda a rela2o está
insepara$elmente unido à id"ia de uma causa primeira. :em a id"ia da unidade absoluta "
7Q
segundo o seu m"rito. Bo posso crer na lei moral sem acreditar em +eus e sem esperar a
imortalidade/. Estas teses morais de Kant so desen$ol$idas na Crítica da @ao Prática,
que será ob*eto de nosso exame.
Crítica da “Crítica da a!"o Pura”
Passamos agora a analisar as id"ias de Kant, expostas nesta obra !undamental, e a
assinalar o seu $erdadeiro intuito, o alcance das suas conclus;es e mostrar, a!inal, a
improced&ncia de muitas das suas id"ias. Bo podemos saber como as coisas so, mas
apenas sabemos como ns as pensamos. Esta " uma tese !undamental de Kant, que redu,
deste modo, a !iloso!ia à lgica e tamb"m a nega2o pura e simples da rao, terminando,
no em re!ormar a %eta!ísica, mas em suprimi-la. Kant " uma !igura do !im do
#u!?laerung. Bota$a ele que a Ogica, desde #ristteles, permanecia !irme em sua serena
imobilidade, que as matemáticas puras conseguiram a adeso total dos espíritos, a !ísica
terica encontra$a em Beton uma estabilidade, e as ci&ncias experimentais o!ereciam
dados seguros. : a %eta!ísica permanecia entregue aos caprichos das id"ias mais díspares.
Preocupou-se Kant pela seguran2a que o!ereciam as outras disciplinas e pela instabilidade
$eri!icada na %eta!ísica. :e no " possí$el pôr de acordo os que trabalham no mesmo
mister..., pode-se estar persuadido que um tal estudo está longe de estar no caminho certo
de uma $erdadeira ci&ncia/.
Bo exame dos *uíos, estabelece Kant, em primeiro lugar, os *uíos analíticos, os
quais so simples e !acilmente compreensí$eis por todos. @epousam eles sobre os
princípios de identidade ou de contradi2o. Eles apenas desassociam, pormenoriam,
expressam uma no2o dada. 3 predicado *á está contido implicitamente no conte>do do
conceito do su*eito. Por si s eles no enriquecem o nosso conhecimento. Fuando diemos
todo corpo " extenso/, enunciamos um *uío analítico , pois ser extenso *á está contido no
conceito de corpo. 4emos, ento, um *uío meramente declarati$o, explicati$o, no, por"m,
de modo algum, extensi$o/, no sentido clássico dos escolásticos. 4ais *uíos so !undados
de !ato e de direito no princípio de identidade.
'á outros *uíos, por"m, em que o predicado está totalmente !ora do conceito do
su*eito, e por mais que analisemos no encontraremos neste o predicado, nem explicita nem
implicitamente. Esses *uíos realmente enriquecem o conhecimento. :o os *uíos
sint"ticos, porque o predicado " ad*udicado ao su*eito, !ormando com ele uma síntese.
07
# intui2o no " necessária à !orma2o de tais *uíos, porque na $erdade ns os
construímos sobre ob*etos transcendentais e independentes do tempo e do espa2o. #
a!irma2o de uma causa primeira de todas as coisas escapa à intui2o, e no corresponde a
nenhuma intui2o. 3ra, que tal *uío " possí$el, " e$idente porque podemos !ormula-lo.
@esta, portanto, saber da sua legitimidade, ou se*a se tem um ob*eto real. Kant o nega,
porque no se !undam numa intui2o do tempo e do espa2o.
Bo so as intui2;es do tempo e do espa2o para Kant puramente sub*eti$as. E como
poderiam elas o!erecer ob*eti$idade a um *uío< E como a sua aus&ncia poderia negar
ob*eti$idade ao mesmo<
# contradi2o " indiscutí$el.
# intui2o pura, que Kant considera representar um grande papel nos *uíos sint"ticos
a priori, termina por no representar nenhum papel importante6
a)no " necessária à possibilidade de tais *uíos8
b)no lhes dá nenhum caráter de legitimidade, pois a intui2o " !ruto apenas da
imagina2o.
@esta-nos saber como so possí$eis os *uíos sint"ticos a priori, e qual a sua
legitimidade. Kant responde pela nega2o.
Fue !aemos *uíos sint"ticos a priori " inegá$el, e se so eles ilegítimos, " ilegítimo,
portanto toda a nossa ci&ncia, todo nosso saber.
# experi&ncia, como a entende Kant, em sentido to restrito, s nos dá sensa2;es, no
a realidade. +á-nos os e!eitos e no as causas.
Kant di que tais *uíos so legítimos quando necessários à experi&ncia. %as como
sab&-lo se a srcem deles " du$idosa< +o mesmo modo que se conclui pela legitimidade
!undada na experi&ncia, poder-se-ia concluir que a experi&ncia no " legítima, porque ela se
apoia sobre *uíos de $alor contestado.
Kant caiu no cepticismo e dele no se liberta por mais es!or2os que !a2a. Como pode
assegurar que a experi&ncia " bastante para legitimar o *uío sint"tico a priori< # aplica2o
destes à experi&ncia dá-lhes $alor, mas por que< Porque os que se aplicam à experi&ncia
$alem mais que os que no se aplicam a ela, como os que ele chama de transcendentais<
:e s so $álidas as a!irma2;es da rao (*uíos sint"ticos a priori), quando !undados
na experi&ncia, porque no se exige o mesmo para os analíticos< 3 princípio de identidade
09
no " to $álido à naturea da rao como o de causalidade e outros axiomas que surgem no
so !iloso!ar<
+i-nos ele que, no *uío analítico, a contradi2o no " $álida, mas pode ser $álida no
*uío sint"tico. %as quem pode negar que a contradi2o de um *uío sint"tico a priori
implica uma absurdidade< :e no se aceita o contraditrio por que se $ai aceitar o absurdo<
Je*amos este *uío da !iloso!ia concreta6 todo ser que no tem uma rao de ser em si
mesmo " um ser dependente. Contradi2o6 todo ser que no tem uma rao de ser em si
mesmo no " um ser dependente. 4al ser, ento, no penderia de outro, mas de si mesmo.
:e pende de si mesmo tem sua rao de ser em si mesmo. 3 segundo *uío " absurdo e
!also. E que demonstra isso<
Im exame simples nos mostra a $alide incontestá$el de nosso m"todo6 num *uío
analítico, a!irma-se apenas a identidade de uma concep2o sub*eti$a consigo mesma, e,
num sint"tico, uma rela2o entre dois termos. 3 *uío analítico tem um $alor puramente
lgico, enquanto o *uío sint"tico pretende possuir um $alor ob*eti$o meta!ísico, " o que
a!irma Kant.
%as aqui está o erro de Kant. 3s *uíos analíticos no so puras a!irma2;es lgicas.
4odos eles pressup;em uma a!irma2o meta!ísica, um *uío sint"tico a priori. :e esse *uío
no " expresso, ", no entanto, subentendido.
@ealmente todo *uío analítico pressup;e o princípio de contradi2o, está certo.
%as o princípio de contradi2o pressup;e outros, antecedentemente, como o
mostramos em iloso!ia Concreta.
Fuando digo que um ser " possí$el, acrescento ao ser a conting&ncia. Eis aí um *uío
sint"tico a priori.
Fuando digo que certamente um ser existe, acrescento-lhe a realidade do pleno
exercício de seu ser. Eis outro *uío sint"tico a priori.
Fuando digo que um ser " o que ele ", tanto !alo de seres no pleno exercício de si
mesmos, como meramente possí$eis. 'á aí duas a!irma 2;es que so *uíos sint" ticos a
priori (que há seres no pleno exercício de si mesmos e há seres possí$eis). # possibilidade
ou a exist&ncia no esto inclusas no conceito de ser. J&-se que o princípio de contradi2o
inclui, assim, dois *uíos sint"ticos a priori6 esses que acima citamos. E tamb"m quando
diemos que uma coisa " ela mesma, diemos que ela o " no mesmo tempo e sob o mesmo
0G
"/, nem tampouco eu no concebo/ no se tradu analiticamente por isto no "/. %as,
prosseguir-se-á, este ob*eto/ muda8 pode, pois, ser e no ser/, eu o $eri!ico. :em d>$ida,
$eri!ica-se neste ob*eto uma sucesso de modalidades6 mas $eri!ica-se imediatamente a
desapari2o ou a altera2o de seu princípio substancial<... Jamos mais longe6 suponhamos
que se $eri!ica sucessi$amente a exist&ncia e a no-exist&ncia do ob*eto ontolgico/, poder-
se-ia, por simples análise, extrair do conceito possibilidade sucessi$a de exist&ncia e de
no-exist&ncia/ esse outro contra conceito6 conting&ncia, depend&ncia de uma causa/<
sendo dado esses dois conceitos, pretender-se-á, no somente que um se*a con$ocado pelo
outro (o que no " contestado), mas que se*a incluso no outro, de maneira que um no
representa seno um aspecto parcial do outro</
Em suma, conclui %ar"chal, os dados conceptuais, diretamente !ornecidos pela
experi&ncia no cont&m nem a nota6 conting&ncia, nem a nota6 depend&ncia de uma causa.
:e se lhes atribui, contudo, irresisti$elmente, essas duas notas, no o pode ser seno em
$irtude uma síntese a priori/.
Nol! queria reduir toda certea a priori ao tipo analítico. E muitos *ulgaram que esse
será o proceder da escolástica. atalmente essa atitude teria de pre*udicar o bom nome da
%eta!ísica, como aconteceu. 'ume, por sua $e, combatendo essa atitude dos dogmáticos,
caiu no excesso contrário, e no compreendeu de$idamente o sentido do a priori dessa
síntese. 3 abismo entre ambas posi2;es era !ruto de um abstratismo $icioso e de um
desconhecimento exato do que *á ha$ia sido !eito na !iloso!ia.
3 problema continua de p". # pergunta da Crítica da @ao Pura permanece6 como
so possí$eis os *uíos sint"ticos a priori< Husquemos outros caminhos.
...
Bo se trata apenas de mostrar os erros da posi2o de Kant, mas demonstrar porque o
conhecimento racional come2a pela síntese, e qual o nexo de necessidade e legitimidade
que possui. Este nexo no " a intui2o sensí$el, nem a intui2o ideal da imagina2o, mas
sim uma intui2o da consci&ncia, na qual se dá sinteticamente a ati$idade que expressamos,
e o ob*eto sobre o qual tende esta ati$idade (intencionalidade). 3 ob*eto " o possí$el.
#lguma coisa há " um *uío sint"tico. Ba iloso!ia Concreta este *uío " simultaneamente
um *uío de experi&ncia e sint"tico porque o ha$er implica o possí$el, o poder ser e,
tamb"m, o ser. :e !ormularmos o *uío há alguma coisa possí$el, nele $emos a a!irma2o
0A
simult5nea de uma coisa que no " e de uma coisa que, em certas condi2;es, passaria do
nada a ser.
:e há alguma coisa possí$el, decorre que ela no " possí$el em si mesmo, mas em
outra e, !atalmente, como $imos na iloso!ia Concre ta, teremos de alcan2ar a um ser
necessário, cu*a nega2o le$aria à nega2o de toda possibilidade. +este modo, toda a
possibilidade depende dele, e nenhuma poderia estar !or*a dele, o que nos le$a ao *uío que
atribuirá a onipot&ncia a esse ser necessário. Eis porque, a!irmando o contingente, a!irma-se
o necessário.
:e a!irmamos que a coisa " possí$el, a!irmamos que ela s pode $ir a ser em certas
condi2;es, e diemos que alguma coisa " possí$el, considerando o antes da sua produ2o, a
qual está subordinada a determinadas condi2;es, o que " a!irmar o princípio de causalidade.
:e há uma causa primeira, esta terá que ser necessariamente li$re e inteligente, o que nos
le$aria ao princípio de !inalidade. +este modo, !undados na possibilidade, podemos
construir os *uíos sint"ticos a priori da %eta!ísica. 4amb"m os *uíos sint"ticos a priori das
matemáticas !undam-se na possibilidade. :upor o n>mero e uma !igura " supor que há
alguma coisa possí$el como tamb"m " possí$el tudo que no " contraditrio. :em este
princípio no poderia o geômetra construir nem de!inir uma !igura, nem supor um espa2o e
suas di$is;es. Kant submeteu todos os *uíos sint"ticos a priori à condi2o da intui2o
sensí$el, pelo menos da intui2o ideal do espa2o e do tempo. %as esta condi2o no "
necessária à sua possibilidade nem à sua legitimidade, pois sendo esta intui2o puramente
sub*eti$a ela no poderia contribuir a sub*eti$idade de um *uío.
3s *uíos sint"ticos a priori so to legítimos como os *uíos analíticos, pois sendo
esta intui2o puramente sub*eti$a ela no poderia constituir a sub*eti$idade de um *uío.
3s *uíos sint"ticos a priori so to legítimos como os *uíos analíticos, pois estes
dependem daqueles, ou so pelo menos insepará$eis deles.
3 *uío há alguma coisa possí$el " sint"tico a priori e " !undamento de proposi2;es
sint"ticas a priori, pois, como $imos, todos os princípios da %eta!ísica e os da matemática
sup;e-no, e dele decorrem.
...
0S
4oda percep2o sup;e as no2;es de 4empo e Espa2o, para Kant. %as estas id"ias so
rela2;es sub*eti$as. Ba realidade os ob*etos no esto no tempo nem no espa2o, embora
assim os percebamos.
3s que seguiam a escola netoniana a!irma$am a exist&ncia de um espa2o absoluto8
para Oeibnit era um puro conceito abstrato. 3ra, Kant no conhecia outra concep2o do
espa2o que as de Oeibnit e Clar?e, pelo menos " o que se conclui da sua Crítica, porque
apenas !ala delas.
Ele conclui6 a no2o do espa2o " pressuposto pelas percep2;es externas como sua
condi2o de possibilidade8
b)no " uma no2o decorrente por identidade, mas uma concep2o singular que
abarca em si os ob*etos sensí$eis8
c)" uma intui2o pura, porque no " um conceito discursi$o, abstrato, e " pura,
porque no " composta de sensa2;es, mas um antecedente necessário (a priori) das
sensa2;es externas8
d)no " algo ob*eti$o e real (nem subst5ncia , nem accidente, nem rela2o), mas algo
sub*eti$o, ideal, um esquema coordenador das nossas sensa2;es externas8
e)", quanto à realidade em si, algo imaginário, mas !undamento da $erdade dos
sentidos externos8
!)" o princípio !ormal do mundo sensí$el/ enquanto sensí$el.
#s mesmas conclus;es ele aplica ao tempo.
Kant a!irma a ideali dade do tempo e do espa2o. :o leis a priori do !enômeno, e no
realidade em si. # sensa2;es nos aparece sempre distribuída no espa2o e seriada no tempo.
Eles agrupam as sensa2;es e, por isso, t&m o papel de !orma. E como toda !orma tem certa
aprioridade sobre a mat"ria, so eles a priori, no por"m inatos. Kant combate o inatismo
como uma !iloso!ia pregui2osa/. Esses conceitos so adquiridos/, mas no sentido em que
expressam as leis gerais de uma ati$idade exercida pelo nosso entendimento no momento
da experi&ncia.
Kant a!irma que o espa2o no " um conceito empírico/. Bo " intuído
sensi$elmente, mas uma condi2o pr"$ia, uni$ersal e necessária, da experi&ncia sensí$el.
Bo " uma representa2o empírica, deri$ada da experi&ncia, porque esta no " possí$el sem
a representa2o do espa2o. D a priori, porque ser$e de !undamento à intui2o dos
0M
!enômenos. Bo " algo abstraído das coisas, um conceito uni$ersal, porque "
essencialmente um e compreende em si todas as coisas e no se multiplica nelas. : pode
ser uma intui2o pura. #demais " representado como uma grandea in!inita, uma totalidade
na qual coexiste em ato uma in!inidade de partes, o que no con$"m a nenhum conceito,
mas apenas a uma intui2o a priori. D ele que dá a apoditicidade aos *uíos da geometria.
3 mesmo se dá quanto ao tempo. +aí a relati$idade da sensibilidade, toda intui2o
sensí$el. Bo entanto, " preciso apontar que a rao do ser, no sentido da escolásti ca, no "
um sensí$el per se mas apenas per accidens.
3s que admitem realidade absoluta do tempo e do espa2o so obrigados a admitir
dois no-entes eternos e in!initos. :e tomam o partido de ligar às coisas o tempo e o espa2o
de$em negar $alide às matemáticas a priori/ (Crítica da @ao Pura)
Bo so o tempo e o espa2o entes reais-reais, porque, ento, se todos os entes que
esto no tempo e no espa2o se aniquilassem, restaria o tempo e o espa2o $aios.
Oeibnit considera$a o tempo e o espa2o atributos do mundo real-real. Como hou$e
sempre possí$eis, porque +eus " onipotente, sempre hou$e temp o e espa2o. Clar?e da$a-
lhes o papel de atributos de +eus. Para Oeibnit eram apenas rela2;es entre as coisas que
+eus pensou de toda eternidade, mas realiados quando +eus criou as coisas.
3utros de!inem o espa2o como a soma inde!inida dos !enômenos coexistentes
possí$eis e o tempo como a soma inde!inida dos !enômenos sucessi$os.
Ba $erdade, o conceito de espa2o implica simultaneidade, e o de tempo, a sucesso.
Como no há sensa2o sem ambas (simultaneidade e sucesso), tempo e espa2o so
esquemas daquelesX (Bs examinamos esse tema em 4ratado de Esquematologia/).
# de!ini2o acima proposta e$ita o erro de Oeibnit, porque no os submete à
exist&ncia das coisas contingentes. E$ita tamb"m o erro de Clar?e. E, por sua $e, e$ita a
hiptese ?antiana que, negando a ob*eti$idade de ambos, nega a $alide dese*ada para a
matemática e para as ci&ncias.
4empo e espa2o no so apenas id"ias do homem como o quer Kant. :e assim
!ossem, a naturea seria apenas uma pro*e2o humana. 0
Ima coisa real pode !aer parte de uma coisa ideal. Fuando diemos que terminamos
a metade de nosso trabalho, diemos 4er realiado (realmente) o que idealmente era
0
%ais adiante estudaremos especi!icamente este tema.
0Q
Tá demonstramos que a cria2o no " in!inita, mas demonstramos tamb"m que à soma
!inita das realidades se coloca a soma inde!inida das possibilidades.
#s pro$as de Kant em !a$or da tese de que a imagem do tempo no pro$"m da
experi&ncia so totalmente improcedentes. Para ele, o tempo ", em ns, a priori a toda
9
experi&ncia, e constitui a condi2o da possibilidade de todos os ob*etos da mesma. Em
suma, conclui pela ideal idade do tempo. :e no possu ímos de antemo a imagem do
tempo, a!irma ele, no podemos imaginar que existam processos no mesmo tempo ou
sucessi$amente no tempo/.
#ssiste de certo modo rao a Kant, porque, realmente, a imagem de um processo que
!lui no tempo exige a preced&ncia da imagem do prprio tempo. %as tal imagem " uma
elabora2o conceitual do que " dado na percep2o. D a sucesso que " imediatamente dada.
# compreenso dessa sucesso, como o mo$imento do bra2o para apanhar alguma coisa,
no sup;e o conceito de tempo. 3 conceito " !ormado pela abstra2o dos processos reais,
ao conceb&-la como inde!inidamente estendida e recebendo em si os processos particulares
temporais.
Kant quer demonstrar a aprioridade do tempo porque podemos pensar que no sucede
nada no tempo, nem podermos pensar que no existe nenhum tempo. %as tal coisa no
pro$a que a imagem do tempo se*a anterior aos processos temporais. : depois que
!ormamos o conceito de tempo absoluto (um conceito bem racionalista) " que podemos
pensar num tempo independentemente dos processos temporais reais.
Jries, re!utando os argumentos de Kant, assim se expressa6 # pro$a principal de
Kant ", sem d>$ida, a terceira (a que citamos acima) tomada da possibilidade de *uíos
extensi$os a priori sobre as rela2;es de tempo6 tais *uíos, segundo cr& Kant, no podem
ser obtidos da experi&ncia, pois esta no os pode dar nem estritamente gerais, nem
apoditicamente certosU/ @espondemos6 um *uío, que s consigna !atos experimentais, no
pode obter nunca a estrita uni$ersalidade mesmo comparando conceitos abstraídos da
experi&ncia. #qui aparece com toda clarea o suposto !undamental indemonstrado da crítica
?antiana, que "6 a id"ia de que todo o dado, que " puramente sensorial, " Umat"ria bruta/,
sem nenhuma !orma8 mas demonstramos que se dá uma compreenso do essencial no dado
(um intelligibile in sensibili/), portanto, que se podem abstrair conceitos essenciais que,
9
3s mesmos argumentos so aplicados por Kant para examinar o espa2o.
97
comparados entre si, podem dar a conhecer rela2;es essenciais necessárias de $alor
uni$ersal absoluto/. (op. cit. pág. 7M9)
Considera-se o tempo em si, como em ser em si, " !also. Bo lhe corresponde
nenhuma realidade, " certo. Bisto esto de acordo Pitágoras, Plato, #ristteles, e os
escolásticos. #penas os racionalistas conceberam o tempo como um ser em si, subsistente,
real, independentes das coisas que cont"m.
%as a sucesso " dada intuiti$amente, como $emos numa melodia, pois se os sons
!ossem dados simultaneamente a melodia deixaria de ser. 'á, portanto, um !undamento real
do tempo, que *á está na dispositio rei. D o que nos cumpre examinar oportunamente
quando estudemos a doutrina sobre o tempo e o espa2o na !iloso!ia concreta.
Como o demonstramos em 4ratado de Esquematologia/, e o temos examinado em
nossos li$ros, o tempo e o espa2o, que para Kant so !ormas a priori da sensibilidade, so
esquematia2;es intelectualiadas da sucesso e da simultaneidade, que so as condi2;es
!undamentais de toda sensa2o.
Kant considera que o $alor de ob*eti$idade " dado por essas !ormas puras da
sensibilidade. 3ra, !undados ainda no prprio pensamento de Kant, poderíamos argumentar
do seguinte modo6
4empo " o esquema intelectualiado da sucesso, das coisas sucessi$as, o campo das
coisas sucessi$as8
Espa2o " o esquema intelectualiado, ou o campo das coisas que se do
simultaneamente.
#s id"ias puras, que constituem o ob*eto da %eta!ísica, no simult5neas, tota simul,
porque a correla2o, a implic5ncia dos conte>dos ontolgicos " simult5nea e no sucessi$a.
:e a simultaneidade " o !undamento do espa2o e a sucesso o !undamento do tempo,
o que dá ob*eti$idade ao espa2o " a simultaneidade, e o que dá ob*eti$idade ao tempo " a
sucesso. Beste caso, as id"ias puras teriam ainda na prpria concep2o de Kant um
!undamento ob*eti$o, como o t&m a %atemática e a ísica Pura. :eria uma conseq=&ncia
ine$itá$el do pensamento ?antiano le$ado com rigor. Poder-se-ia dier que *á esta$a incluso
nas premissas de Kant essa conseq=&ncia, que ele no deduiu, porque se deixou empolgar
exageradamente pelas circunst5ncias histricas do seu tempo, que era contrário à %eta!ísica
e o termo meta!ísico ha$ia se tornado pe*orati$o, e at" in*urioso. 3bser$em-se as in>meras
90
$ees que Kant procura um humorismo sarcásti co para re!erir-se à meta!ísica, e busque-se
na histria da sua $ida a mani!esta2o inconteste de seu $erdadeiro terror p5nico que o
chamassem meta!ísico, o que aliás uma $e lhe endere2aram, e que o !aia tremer desde a
rai dos cabelos às unhas dos p"s. Essa !obia, de !undo puramente psicolgico e histrico,
pode-nos per!eitamente explicar porque no le$ou ele a$ante a sua análise a ponto de
reconhecer que ha$ia um $alor de ob*eti$idade, mesmo dentro da sua maneira de !iloso!ar e
da sua posi2o, para as id"ias puras.
Pelo mesmo argumento que nega a ob*eti$idade do tempo e do espa2o, Kant nega a
ob*eti$idade das catego rias que so no2;es a priori do entendimento. D a priori que
admitimos causas, porque seriam reais se as conhec&ssemos a posteriori.
# tese ?antiana "6 nada de ob*eti$o, nada de real pode ser conhecido a no ser pela
experi&ncia.
%as a tese no " pro$ada. # experi&ncia " singular e s nos re$ela o contingente.
Beste caso s se poderia a!irmar que " real o contingente. 3 necessário " apenas sub*eti$o.
: as leis do nosso espírito so necessárias.
Besse caso, no se pode a!irmar nada como necessário. %as se nada há ou hou$e de
necessário, como " que algo pode existir<
:e o mundo " contingente e no " necessário no te$e sua rao de ser em si mesmo
e, portanto, hou$e um momento em que no existia. E como poderia ter $indo a existir a
no ser que lhe !osse dado o ser por outro, que no ele, necessariamente necessário.
# necessidade " apenas uma categoria para Kant, uma !orma do nosso entendimento.
4odas as categorias ?antianas so da mesma esp"cie. #ssim o so a realidade, a
possibilidade, a modalidade, a rela2o, a comunidade, a indi$idualidade, etc.
Contudo, Kant as usa de modo ob*eti$o. E no esque2amos que a experi&ncia
?antiana apenas capta os ob*etos como !enômenos e nunca como n>menos, apenas como
nos aparecem, nunca como so em si mesmos. 3s n>menos no so ob*etos da experi&ncia.
Portanto, se realidade " uma categoria, como pode Kant a!irmar a realidade dos n>menos<
Ele desconhece a naturea deles, mas no nega a sua exist&ncia. Bo a!irma$a ele contra
Her?eleZ a realidade do mundo, no do !enomenal, mas do numenal< Bo !aia ele uma
aplica2o transcendental da categoria da realidade<
99
# a!irma2o e a nega2o so categorias. E como poderia pensar o nosso espírito sem
a!irmar ou negar< E como ha$er pensar sem tais aptid;es<
...
'á um termo m"dio entre o entendimento e a sensibilidade, por interm"dio do qual
uma no2o intelectual pode ser aplicada a um dado sensí$el. D o que Kant chama esquema.
3 esquema " um procedimento geral da imagina2o, por meio do qual !aemos
representa2;es no tempo.
3 esquema da subst5ncia " a representa2o da perman&ncia no tempo.
3 esquema da causalidade " a sucesso da di$ersidade segundo uma regra.
3 esquema da necessidade " a representa2o da exist&ncia em todo o tempo.
# subst5ncia, a causalidade e a necessidade so assim conhecidas em rela2o ao
tempo. Em suma, sem a id"ia de tempo seriam impossí$eis. Ima subst5ncia imutá$el
escapa à sucesso.
Ba permanente " a unidade do ser na di$ersidade do !enômeno e uma subst5ncia
imutá$el no caberia em sua de!ini2o.
# de!ini2o de causa " a de lei. Con!undir causa com lei no " no$idade na !iloso!ia, e
'ume *á caíra nesse erro, como nele caiu, depois, a escola positi$ista.
# causa, em ato, " simult5nea com o e!eito, pois algo " causa quando produ o e!eito.
E o e!eito no dura enquanto no duram suas causas, ou outras que o sustentam. :em suas
causas, o e!eito desapareceria , deixaria de ser. 'ume *amais se debru2ou no estudo que os
grandes !ilso!os do passado ha$iam !eito sobre a causa. Pre!eriu considerá-la segundo as
caricaturas de certos expositores da !iloso!ia alheia que mais !alsi!icam do que reproduem
ou interpretam o $erdadeiro pensamento que pretendem expor.
Benhum e!eito mant"m-se sem suas causas, seno todas, pelo menos aqueles que o
sustentam. :e atiro uma pedra, a !or2a do meu bra2o " a causa da pro*e2o no espa2o, mas
se ela diminui em sua $elocidade, se ela cai, " a resist&ncia de outros seres que diminuem o
ímpeto e " a atra2o, a gra$idade e a in"rcia que a !aem cair. %odelo um pouco de barro e
dou-lhe a !orma de uma estátua. # subst5ncia primeira (mat"ria), a !orma que tem, e a
minha a2o !or*am causas da estátua. Ela permanece como tal, depois de minha a2o, mas
sustentada por aquelas causas, sem as quais ela no permanece. # causa " do que algo
depende realmente, sem o qual algo contingente no ". Portanto, a sucesso no "
9
necessária para surgir o conceito de causa e e!eito. oi 'ume que *ulgou assim, de modo a
concluir que causa " o antecedente, e e!eito o conseq=ente. %as a anteced&ncia " mais
ontolgica e lgica do que cronolgica. E o que no se pode nem se de$e esquecer no
conceito de causa no " a anteced&ncia, mas a depend&ncia real. 4amb"m a necessidade no
se pode conceber apenas como a exist&ncia em todo o tempo. #s $erdade matemát icas so
necessárias, mas independem do tempo. E ao :er :upremo, que esquema de tempo se lhe
poderia aplicar<
Bo se quer a!irmar que Kant este*a totalmente errado, no está, por"m, totalmente
certo. 3 esquema de !or2a (cu*a experi&ncia externa " contada atra$"s dos e!eitos) " semi-
intelectual e semi-sensí$el. 4udo quanto atua sobre os sentidos " uma !or2a. # causa " uma
!or2a em ato.
# teoria dos esquemas de Kant " $álida na matemática, pois o n>mero pode de certo
modo ser considerado o esquema da quantidade. Fuanto aos *uíos din5micos, a sua teoria
no procede, porque a no2o de !or2a " o esquema de todos os *uíos din5micos.
...
Fuatro so os princípios a priori do entendimento para Kant, segundo as quatro
categorias. #os *uíos matemáticos correspondem os axiomas da intui2o. #os *uíos
din5micos correspondem as antecipa2;es da percep2o, as analogias da experi&ncia e os
postulados do pensamento empírico.
Fue todos os !enômenos so quantidades extensi$as " o !undamento dos axiomas da
intui2o.
%as para os *uíos din5micos o esquema " de !or2a.
3 princípio !undam ental das antecipa2;es da percep2o "6 toda sensa2o " uma
quantidade intensi$a. # intensidade " o grau de !or2a que atua sobre ns.
Com o esquema de !or2a, como o prop;e +esdouite, as analogias da experi&ncia
tornam-se inteligí$eis. Je*amos como Kant as !ormula6
7)# subst5ncia " permanente em todas as $icissitudes !enomenais.
D a !or2a que permanece id&ntica sob a $aria2o das mani!esta2;es !enomenais.
0)4odas as muta2;es sucedem segundo a liga2o de causa e e!eito.
Essa liga2o " a a2o de uma !or2a.
9A
9)4odas as subst5ncias esto numa a2o recíproca enquanto podem ser percebidas no
mesmo tempo.
Bo implica a a2o recíproca um sistema de !or2as<
3s postulados do pensamento empírico so6
7)3 que " adequado às condi2;es !ormais da experi&ncia " possí$el (ou se*a, o que se
concebe no tempo e no espa2o).
%as alguma coisa pode existir !ora do tempo e do espa2o, sem se adequar, portanto,
nem às condi2;es materiais nem às !ormais da experi&ncia. 3 :er :upremo existe !ora de
tais condi2;es.
0)3 que " adequado às condi2;es materiais da exist&ncia " real.
%as tal postulado re!ere-se apenas aos !enômenos e no aos seres em geral.
9)3 que cu*a conexo com o real " determinado segundo as leis da experi&ncia "
necessário.
4al postulado determina a necessidade dos !enômenos. %as no " Kant que a!irma
que os !enômenos no so necessários<
#!irma Kant que quando percebemos um ob*eto no o percebemos tal qual ", mas tal
qual no ". Como algo que há na causa no está no e!eito " impossí$e l compreender que o
e!eito tenha em si ou que no tenha a causa.
Kant a!irma que no percebe o ob*eto tal qual ", mas tal qual o percebo em mim
mesmo.
Contudo ele apresenta ra;es6
7)alta-nos um crit"rio geral da $erdade. # lgica s nos dá a conexo das leis do
espírito e no das coisas. Bo " ela capa de determinar em que condi2;es as leis do
espírito esto con!ormes com as das coisas.
0)3s ob*etos nos aparecem no espa2o. 3ra, este no existe. :urgem como
subst5ncias, causas, etc. 4ais so apenas categorias aplicá$eis aos !enômenos e no aos
n>menos.
9)Bo há uma adequa2o entre os *uíos a priori que podemos construir e as leis da
naturea. Bossas id"ias so necessárias e as leis da naturea so contingentes.
G)3 n>meno " o desconhecido. D uma id"ia negati$a. #ponta o limite onde termina a
nossa sensibilidade.
9S
# primeira rao " totalmente c"ptica, e destri at" as conclus;es que a Crítica
alcan2a. D ademais tamb"m uma a!irma2o dogmática , pois a!irma como ob*eti$amente
$erdadeiro que s temos uma $erdade sub*eti$a.
Ba segunda rao, espa2o e tempo se identi!icam. 3ra, os n>menos so as causas das
coisas, dos !enômenos, pois so a realidade que nos escapa. Bo se contradi claramente<
Bo está aplicando essas categorias ao que no " !enômeno.
Ba quarta rao, no há d>$ida que as !ormas do nosso pensamento so necessárias, e
que os ob*etos conhecidos so contingentes. %as há rela2;es necessárias entre os ob*etos
contingentes. Podem nossos conceitos no dier totum et totaliter o que " o ob*eto. 4al *á o
a!irma$am os escolásticos, pois no nos cabe um conhecimento exausti$o das coisas. :e
no podemos captar tudo das coisas, o que captamos pode ser adequado à coisa. Kant
comete o $elho erro de que *á ha$ia sido re!utado com s"culos de anteced&ncia8 porque no
podemos saber tudo das coisas no sabemos nada.
Em Kant " reduido todo conhecimento ao su*eito pensante. Oogo de$eria pelo menos
ser claro esse su*eito. :e Kant !oi c"ptico quanto ao resto ainda o " mais no re!erente ao
su*eito.
# consci&ncia " apenas um modo de sensibilidade, e apenas nos dá a conhecer as
modi!ica2;es do eu, sem nada nos indicar de sua naturea. Bo se sabe se " simples, se "
composto, se " subst5ncia, se " !or2a, se " causa, se " e!eito.
D apenas o $eículo de nossas id"ias, de nossos pensamentos. #!irma, como $imos,
que " um paralogismo a!irmar que " uma subst5ncia.
#!irma que percebemos nossas modi!ica2;es, mas no temos consci&ncia de ns
mesmos. E como podemos saber que so nossas<
3 eu, di Kant, " uma !aculdade sint"tica. %as essa !aculdade sentimo-la como nossa,
e no como algo impessoal, algo qualquer. :entimos como nosso pensamento.
Bo concluímos que há o eu porque pensamos. 3 eu nos " dado imediatamente,
diretamente.
...
a
# )antinomia
4ese6 Fuanto ao tempo e ao espa2o o mundo te$e um come2ar (um limite).
#ntítese6 Fuanto ao tempo e ao espa2o o mundo " in!inito.
9M
# primeira interroga2o que logo nos surge " o que entenderá Kant por mundo. 4em-
se considerado mundo, neste sentido, como a soma de todos os !enômenos e a totalidade de
sua síntese. Contud o, Kant o considera de modo especial. 3 mundo " para ele uma id"ia, e
no se limita a expressar a soma de tudo quanto cont"m. 3 mundo pode ser concebido
como um modo de ser das coisas, enquanto totais. 3 mundo ", assim, de certo modo,
transcendente. # tese a!irma que esse mundo te$e um come2o, portanto que hou$e um no-
ser deste mundo antes, ou que antes de come2ar no era, pois o que come2a a ser come2a a
ser no precípuo instante que come2a a ser. 'á, assim, um limite no mundo6 o come2o. 3ra,
as coisas que constituem o mundo so coisas que come2am, pois constituindo ele um dado
da experi&ncia, e como no temos experi&ncia do in!inito, mas apenas do !inito, o mundo da
nossa experi&ncia " composto de !enômenos e, portanto, de !initos.
# concluso ?antiana de !initude " a de limita2o quantitati$a, no a concep2o por
ns exposta em nossa iloso!ia Concreta que " a de depend&ncia real, que " a >nica maneira
de $isualiar concretamente a !initude. :e consideramos o conceito de !initude como o
concebe Kant, o mundo será !atal e necessariamente composto apenas de coisas !initas,
porque se em sua composi2o entrasse um ser in!inito este seria limitado, pelo modo de
conceber a limita2o por Kant, pelos seres !initos. Consequentemente, decorre da prpria
maneira de $isualiar, que o mundo tem de ser necessariamente !inito6 ou se*a, composto de
coisas limitadas. D uma totalidade !ísica (no sentido etimolgico do termo phZsis, como
naturea, como o con*unto do que nasce, do que come2a a ser).
%as Kant quer a!irmar que essa tese no pode ser enunciada como algo sobre o qual
tenhamos absoluta certea, ou se*a como algo $erdadeiro em si mesmo.
Ento poderíamos perguntar6 ou o mundo te$e um come2o ou no, pois uma terceira
possibilidade no cabe aqui. :e no te$e come2o, seria composto de coisas !initas que
sempre existiram, como o a!irma, por exemplo, a concep2o atomística adin5mica, *á por
ns de$idamente re!utada em iloso!ia Concreta.
Kant precisa ainda mais6 esse come2o se re!ere quanto ao tempo e ao espa2o.
:e tomamos o mundo como uma totalidade, temos de considerá-lo sob dois aspectos6
como parte e como todo8 ou se*a, em sua compon&ncia parcial, e em sua compon&ncia total.
Em sua compon&ncia parcial, as coisas, que comp;em o mundo, t&m um come2o ou no8 ou
se*am, as coisas (!initas) come2aram a ser no todo. Poder-se-ia conceber ainda em sua
G1
compon&ncia total o mundo como no tendo tido um come2o no tempo, mas sim suas
partes, que surgem e desaparecem, mantendo-se a totalidade sempre uma totalidade
constante de elementos que surgem e desaparecem. +este modo, poder-se-ia colocar resta
tese6 o mundo, como totalidade, no te$e um come2o no tempo e no espa2o, embora aos
elementos componentes parciais tenham tido come2o. Poder-se-ia a!irmar, ento, a
abaternalidade do mundo como totalidade ao lado da temporalidade das partes
componentes. Tá examinamos a tese da abternalidade do mundo e as suas possibilidades,
como a exp;e com tanta pro!undidade e !irmea 4omás de #quino.
Ba tese ?antiana " negada a abeternalidade do mundo6 este, como totalidade, te$e um
come2o. %as 4er um come2o no tempo e no espa2o " algo que merece outro exame, pois
seria a!irmar uma preced&ncia ontolgica destes quanto àquele, como se o tempo e o espa2o
antecedessem ao mundo. Como poderia dar-se essa anteced&ncia e de que esp"cie seria ela<
:e o tempo e o espa2o, es$aiadas das coisas temporais e espaciais, so um mero nada, um
$aio absoluto, teríamos para a!irmar a tese que tais $aios ha$iam precedido as coisas
componentes do mundo. %as esse $aio " absurdo8 consequentemente, a tese " absurda. D a
concluso que se teria de chegar, e " a concluso a que chega Kant. 4empo e espa2o,
tomados em si mesmos, no so reais. Contudo, na escolástica, a tese " que tempo e espa2o
so parcialmente reais e parcialmente ideais, como $eremos pela solu2o aristot"lica que
Kant desconhecia ou silencia$a. Bo há tempo e espa2o independentemente das coisas
tempo-espaciais. Bo há um antes deles em rela2o às coisas. Fuand o as coisas tempo
espaciais come2aram a ser, come2aram a ser o tempo e o espa2o, cu*a realidade !unda-se na
realidade de tais coisas. 4empo e espa2o, abstraídos por ns e hipostasiados pelo
racionalismo, le$ou à constru2o de dois monstros ontolgicos. Kant *ulgou que essa era a
>nica maneira de pensar da !iloso!ia. Bo entanto, #ristteles e os escolásticos *á ha$iam
demonstrado que no era assim. # tese de Kant ", portanto, incompleta, e no representa a
>nica maneira t"tica de a!irmar o come2o do mundo, sal$o se enunciada do seguinte modo6
3 tempo e o espa2o come2am quando come2a o mundo (das coisas !initas). Beste sentido a
tese " rigorosamente $erdadeiro, porque o que comp;e o mundo so coisas que come2am.
Fue a!irma a antítese6 quanto ao tempo e ao espa2o o mundo " in!inito.
n!inito " o ser que no depende de outro para ser, o ser cu*a exist&ncia no "
dependente realmente de outro. Kant no considera assim, mas no sentido racionalista de o
G7
que no tem limites extensi$os nem intensi$os, ou se*a o quantitati$amente in!inito, que
seria uma maneira acidental de ser. # antítese " absolutamente !alsa, e no necessitaria
muito es!or2o para que Kant concluísse pela !alsidade numa compara2o com a tese. :ua
absurdidade ressalta imediatamente, e sua possibilidade " absolutamente descartada.
#!irmar que ambas t&m a mesma $alide " indesculpá$el. # antítese " absurda. Bo ",
por"m, a tese. Essa antinomia perde sua rao de ser, pois o que se exige numa antinomia "
igualdade de $alide dos nomoi , que se op;em (anti), o que aqui no se dá. 3 tempo
in!inito seria para Kant um sempre ha$er do instante de ser do ser !inito, um in!inito de
tempo a parte ante e um in!inito de tempo a parte post. Im in!inito espacial seria uma
extenso $aia em todas as dire2;es, um nada absoluto que se estende, o que " absurdo, um
$aio que teria um onde sem !im, contido, portanto, em outro, que tamb"m " nada,
contendo nada, ou contendo um n>mero quantitati$o in!inito de coisas !initas. 3ra, tais
a!irmati$as *á ti$era re!uta2;es de!initi$as, inclusi$e matemáticas. E por que se toma tal
conceito de tempo e de espa2o< #pliquemos aqui um pouco de criticismo. +esde o
momento que nossa mente concebe o in!inito em sentido quantitati$o, os monstros
ontolgicos de um tempo quantitati$amente in!inito e de um espa2o quantitati$amente
in!inito so conseq=&ncias ine$itá$eis.
%as se se conceber o in!inito da >nica maneira ontolgica so de conceb&-lo como o
!iemos em iloso!ia Concreta, a tese de Kant como a antítese re$elam-se como modos
incipientes e !rágeis de postular !ilos!ico.
Kant nega, " $erdade, a tese e a antítese. %as onde erra " em a!irmar a igual $alide
ou in$alide de ambas, e ao *ulgar que so as duas >nicas maneiras de postular sobre o
tempo e o espa2o. +este modo, o que pretendia com esta antinomia cai por terra. Elas nada
$alem para de!ender a sua posi2o.
*a) antinomia
4ese6 4udo, no mundo, " constituído pelo simples.
#ntítese6 Bada " simples, mas tudo " composto.
+e!esa da tese6 se no !or simples o elemento componente (os elementos
componentes), o corpo seria composto de um n>mero in!inito de elementos, o que "
absurdo.
G0
%as seres simples no poderiam constituir uma extenso, a!irma Kant em !a$or da
antítese.
Esquece Kant que extenso no " apenas o >nico modo de ser das coisas.
+amos a seguir uma análise do simples e do composto, segundo a dial"tica concreta,
que ser$e para mostrar a maneira !rágil de colocar esta antinomia pelo !amoso !ilso!o de
Koenigeberg.
...
Examinemos estas duas teses da iloso!ia ConcretaG
+a) antinomia
4ese6 'á no mundo causas por liberdade.
#ntítese6 Bo há liberdade8 tudo " naturea.
Ima s"rie in!inita de causas segundas " absurdo. +e$e ha$er uma causa primeira
necessariamente li$re.
'á liberdade no mundo dos !enômenos, que " a liberdade humana. Ima liberdade
!ora da naturea, !ora do tempo, " a do :er :upremo, cu*os e!eitos se do no tempo, porque
so !initos. Por isso podem ser produidos no tempo e!eitos determinados por uma causa
li$re.
Kant conclui, contudo, que ambas proposi2;es so de igual $alide e podem ambas
ser !alsas.
# tese a!irma que há liberdade nas causas do mundo, ou se*a nas causas dos !atos
(!enom&nicos), o que nega a antítese. # tese a!irmaria que nem tudo quanto acontece
decorre por uma necessidade inelutá$el. # id"ia de liberdade implica a conting&ncia do que
acontece, porque o contigente " o que pode suceder ou no, sem que implique qualquer
contradi2o. Ima causa li$re " uma causa capa de escolher um e!eito, o qual "
contingente, portanto. #!irmar a liberdade no " negar a necessidade. %as " preciso
distinguir6 há uma necessidade hipot"tica, a re$elada pela coisa que acontece que, se
acontece, tem uma causa de seu e$ento. %as essa necessidade no implica que o !ato
acontecido no possa 4er sido escolhido entre outros possí$eis. Fuando, pela $ontade, o ser
humano escolhe entre !aer isto ou no !aer, se !a ou no !a, em nenhum modo in$erte a
ordem csmica, porque tanto !aer ou no !aer so contingentes e possí$eis. 3 conceito
G
Entra a tese #to e Pot&ncia so di!eren2as >ltimas do ser !inito (#nota2o no manuscrito)
G9
!also de liberdade, que constri o racionalismo, pode le$ar à !ácil nega2o, de$ido a
necessidade hipot"tica que deixa !ora do conceito, e que no " concretamente considerada
com aquela. # tese ?antiana, portanto, pode parecer de impossí$el demonstra2o por nossos
meios se colocada dentro daquela concep2o, no, por"m, se se considerar a liberdade, no
no sentido de uma espontaneidade absoluta sem causas. Consequentemente, considerada
assim, a tese " $erdadeira e a antítese !alsa. #!irmar que, na naturea, no há nenhuma
liberdade, no $erdadeiro sentido que se pode tomar este termo quanto aos seres !initos, "
!also, porque a!irmaria uma !"rrea necessidade, e negaria totalmente a conting&ncia. +este
modo, a antinomia ?antiana ainda " uma !alsa antinomia, e " resultado de uma má
coloca2o do problema.
,a)antinomia
4ese6 Ba s"rie das causas do mundo há um ser necessário.
#ntítese6 Bessa s"rie, nada " necessário,, mas tudo " contingente.
:e tudo " contingente, de$e ha$er um necessário, !onte dos seres contingentes.
4al !onte no pode ser do mundo porque neste tudo " contingente, nem !ora deste,
porque, ento, no poderia atuar neste. # tese " segura, mas a antítese " !rágil. Porque um
ser superior, necessário, !onte de todos os outros no pode atuar !ora do mundo< Por que o
in!inito no poderia atuar sobre o !inito< Im poder ao qual nada !alta no pode agir sobre
nada< Fual o !undamento da antítese<
Esta antinomia tamb"m " !rágil.
...
#s quatro antinomias de Kant so e$identes quanto às teses, mas !alsas quanto às
antíteses. # antinomia " apenas aparente. Em $e de demonstrarem a impossibilidade da
%eta!ísica, elas do pro$as cabais a !a$or desta.
Ba $erdade, a obra de Kant malogra em seus intuitos. Pode ela in!luir em mentes
despre$enidas, mas a inten2o que o domina$a de mostrar de uma $e por todas a
impossibilidade da %eta!ísica, corrobora com no$os elementos a !a$or desta. [Bo entanto,
há muitos que *ulgam que ele alcan2ou as suas metas.
...
E de!eito principal e !undamental do !iloso!ar de Kant " o $ício inerente ao
racionalismo, $ício que ele herdou, usu!ruiu e empregou em toda sua crítica. Consiste ele
GG
no seguinte6 o que " apenas distinto, o em que apenas cabe uma distin2o, Kant estabelece
uma separa2o, um a!astamento, uma diácrise, caindo, assim, em todos os erros diacríticos
da rao, que salientamos em nossa iloso!ia da 6Crise, que " uma análise da crítica, que
consiste na ati$idade de abrir a crise por meio de diácrises, e estabelecer a síntese por meio
de síncrises. D natural que Kant, depois de ha$er separado, tenha di!iculdade e a!irma at" a
impossibilidade da síntese dos elementos que ele separou abstratamente. Je*amos alguns
pontos6 quando ele medita sobre a $erdade do ob*eto pensado, Kant descobre o pensamento
e seu ob*eto como duas entidades real-realmente distintos, como se elas no se implicassem
mutuamente.
Procura o nexo de liga2o nos *uíos sint"ticos a priori, mas o que primeiramente !a
" desdobrar o *uío em seus elementos, esquecendo que a separa2o lgica surge da
linguagem e no da id"ia. +epois " di!ícil compreender como " possí$el ligá-los. Esquece
que o nexo de liga2o se dá na naturea e no na linguagem, pois o conceitoVsu*eito e o
conceito- predicado, se gramaticalmente so isolados, e no enunciado $erbal so ligados
pela cpula, na realidade esto unidos, e !ormam uma totalidade coerente e !ormalmente
uma.
3utro aspecto " *ulgar que há duas $erdades6 uma que " a nossa, e outra que "
absoluta. Esquece que a $erdade lgica, a $erdade material, a $erdade ontolgica, a $erdade
concreta so distintas, mas separá-las " excesso de abstratismo.
Por outro excesso abstratista, Kant separa o !enômeno do n>mero, a percep2o
separada do pensamento, como se !osse possí$el perceber sem pensar.
#s modi!ica2;es do eu, ele as separa do eu, como se pudessem existir
independentemente do eu, chegando à concluso que da consci&ncia do meu pensamento
no posso concluir a minha exist&ncia.
:epara o atributo da subst5ncia, a per!ei2o e o :er Per!eito, etc.
Kant realia, assim, o mais per!eito !iccionalismo abstratista que o racionalismo
$icioso poderia construir. Procura, depois, uma síntese na intui2o ou na experi&ncia, e
alcan2a apenas a uma síncrise, com todos os de!eitos do pensamento sincrítico $iciado,
desde início, pela diácrise abstratista.
# !iloso!ia de Kant termina trans!ormando-se numa grande armadilha, na qual quem
no está de$idamente preparado no consegue achar uma saída, porque lhe !oram !echadas
G
todas as saídas. Essa admirá$el constru2o, que no oculta um certo satanismo, terminou
por conseguir uma presa inega$elmente notá$el e !amosa, cu*o $alor " inegá$el, que !oi
Kant, prisioneiro da prpria armadilha que criou.
...
Kant a!irma que s admitiria !undamento da meta!ísica se !osse demonstrado
apoditicamente um *uío sint"tico a priori.
Fual a pro$a apodítica que exige< # que " dada pela experi&ncia. Beste caso, a
experi&ncia pro$aria a $alide do *uío sint"tico a priori.
%as a experi&ncia depende, em sua $alide, das !ormas puras da sensibilidade, cu*a
!or2a " sub*eti$a e no ob*eti$a. Portanto, a experi&ncia no pode dar $alide, porque no a
tem su!iciente. Concluso6 a >nica pro$a que admite no " pro$a su!iciente, do que decorre,
ine$ita$elmente, que um *uío sint"tico a priori no pode ser demonstrado apoditicamente,
seguindo a linha de Kant. D notá$el essa posi2o. Ele desa!ia que se pro$e pela $ia que ele
a!irma que no pro$a8 desa!ia que se encontre um ob*eto num lugar determinado onde ele
no está, porque *á o tirou de lá. +esse modo, o desa!io de Kant " uma misti!ica2o. 4al$e
o termo se*a um pouco !orte mas, !rancamente, no conhecemos outro que melhor expresse
o que ele re$ela em seu desa!io.
...
4odo o sistema de Kant depende da solu2o que se d& aos *uíos sint"ticos a priori. #
a!irmati$a da sua prioridade, implica6
a)que no t&m sua srcem apenas na experi&ncia8
b)que sua srcem está apenas na mente.
Este " o dilema colocado por Kant. %as, se no tem sua srcem apenas nos sentidos,
no se pode ainda a!irmar que tenha sua srcem apenas na mente. Para que tal a!irmati$a
!osse $álida, teria Kant de pro$ar que no há um meio termo entre a experi&ncia isolada e a
mente tomada tamb"m isoladamente. Contudo, pela solu2o aristot"lica, há um
conhecimento que parcialmente procede da experi&ncia e parcialmente da mente. :obre
essa solu2o silencia Kant.
Kant silencia a solu2o aristot"lica. 3u a conhecia ou no. :e a conhecia, no de$eria ter perdido a
oportunidade de re!utá-la. :e no a conhecia como se depreende de certas a!irma2;es que !a em suas obras,
no " perdoá$el essa ignor5ncia num !ilso!o de seu porte.
GA
no poderia deixar de reconhecer que há entre tantas mônadas isoladas algo que as
conexiona, algo em comum que as conexiona que dá lugar ao surgimento do que " o
cosmos, a ordem. # realidade " nexo que re>ne, coordena as coisas reais. 3ra, tais nexos
coordenadores, coordenados por sua $e num nexo uni$ersaliante, so algo. Portanto, t&m
um sentido, um ser e, como tais uma ess&ncia, uma !orma. 'á, assim, um logos do logos,
uma ratio que os distingue uns de outros . E essas !ormas, a que os gregos chama$am
tamb"m de ideai, id"ias, t&m um nexo, que se chama idealidade. #ssim, na realidade ( que "
o nexo das coisas reais), há uma idealidade (que " o nexo das coisas ideais, os logoi). 'á,
pois, uma idealidade na realidade. E como esses logoi t&m uma sist&ncia, cu*a pre!ixa2o
pode-se estabelecer como in-sist&ncia, per-sist&ncia, no podemos, por"m, a!irmar que
tenham ex-sist&ncia6 ou se*a, que se d&em !ora de suas causas como seres subsistentes em si
mesmos. Como todo ser " ser na propor2o que tem uma sist&ncia, e como tal tem uma
realidade, há, portanto, um nexo de realidade na idealidade, como há um nexo de idealidade
na realidade.
Por essas ra;es, $&-se que à propor2o que captamos os logoi, perscrutados por ns
na experi&ncia que temos das coisas, experi&ncia no s no sentido restrito de Kant, mas
tamb"m no sentido amplo como " comumente considerada, podemos a!irmar, sem temor de
erro e com plena adeso de nossa mente, que so eles reais desde que correspondam ao
nexo da realidade, como deste nexo podemos captar o nexo de idealidade. :e nossos
conceitos no possuem conte>dos su!icientes para corresponderem exausti $amente ao que
se dá na realidade, eles por"m, correspondem, intencionalmente, ao que "
!undamentalmente nas coisas.
Kant, pela in!lu&ncia do abstratismo racionalista de sua "poca, pelos exageros do
idealismo e da meta!ísica racionalista que conhecia, cu*os de!eitos so imensos e cu*a
!raquea " inegá$el, no podia compreender essa conexo, e nega$a ob*eti$idade ao que a
nossa mente eideticamente constri com seguran2a, du$idando da $alide de nossos *uíos
quanto a uma correspond&ncia à realidade !ora de ns. oi ele, por sua $e, uma $ítima
desse abstratismo, mesmo quando o combatia, porque no se libertou da sua in!lu&ncia e o
seu criticismo no !oi capa de alcan2ar a posi2o concreta que s ho*e o pensamento
humano está apto a obter.
...
GM
@epetimos que se de$e considerar Kant dentro de sua "poca, sob a in!lu&ncia da
meta!ísica racionalista e ento e ante a decad&ncia da escolástica, que era e$idente. Bessa
!ase do processo !ilos!ico, inega$elmente, poder-se-ia a!irmar sem receio que a !iloso!ia
no conhecia progresso e que o pensamento humano ha$ia, em suas especula2;es, caído
numa esp"cie de impasse, do qual no podia li$rar-se. # crítica de 'ume tinha
!or2osamente de exercer grande in!lu&ncia num espírito de escol como o de Kant, que,
embora in!luído por ele, teria mais dia menos dia de se libertar do !amoso pensador ingl&s,
sem deixar, contudo, de pagar o tributo de$ido aos que nos libertam de uma posi2o ou nos
concedem uma autonomia que antes no des!rutá$amos permitindo-nos in$adir no$os
terrenos inesperados. 4entando combater as id"ias de seu libertador, Kant re$ela sempre a
pro!unda in!lu&ncia que o pensamento de 'ume exerceu sobre ele, do qual *amais se
libertou totalmente.
Bega$a ele, e com certo !undamento ( desde que nos coloquemos na posi2o que
*ulga que o modo racionalista de !iloso!ar " o >nico que se emprega na iloso!ia) que possa
ha$er progresso na Ci&ncia se esta se !undar apenas em *uíos analíticos. Beste o predicado
nada acrescenta de no$o, mas apenas aponta o que *á está contido no conte>do esquemático
do conceito-su*eito, como exempli!ica com o *uío6 o corpo " extenso, ou # "
necessariamente #.
Tá demonstramos que há excesso na a!irmati$a ?antiana, porque a análise como temos
mostrado, permite clareamentos, e tamb"m alcan2ar apo!5nticamente (por ilumina2o),
aspectos que idealmente se conexionam, o que !a$orece a concre2o sob bases seguras,
bem como exigir, para a plenitude de sua compreenso, outros aspectos ideais, que
!a$orecem a solide do que " examinado, como se $& em nossas análises, mas quando se
notasse compro$a2;es, dadas pelo nexo da realidade, su!icient es para dar ob*eti$idade aos
*uíos construídos, bem como permitir a constru2o de *uíos sint"ticos a priori apodíticos
$irtualmente contidos no conceito em exame.
4amb"m, para ele, no poderia ha$er progresso se a ci&ncia se !undasse apenas em
*uíos sint"ticos a posteriori, porque, nestes, o tr5nsito ao predicado do que no está contido
no su*eito " dependente sub*eti$amente da experi&ncia contingente, cu*os exemplos so a
pedra esquenta/, o sol ilumina/, # " contingentemente H/. : pode ha$er progresso
quando somos capaes de realiar *uíos sint"ticos a priori, nos quais, independentemente
GQ
S
3 exemplo, que demos, " concreto, e o apro$eitamos da experi&ncia do homem moderno. :erá para muitos,
acostumados à linguagem abstrata da !iloso!ia, um tanto rude, grosseiro. Contudo, *usti!icamos a sua escolha
pelas ra;es seguintes6a)o re!erido exemplo " de !ácil !undamento na experimenta2o humana8
b)possui todos os requisitos em !a$or da tese que de!endemos8
c)!acilita a melhor compreenso por parte de um espírito menos a$eado à linguagem abstrata da !iloso!ia8
d)cont"m toda a $alide dese*ada8
e)embora grosseiro, dadas as condi2;es que o!erece e a !inalidade que nos orienta, está *usti!icado8
!)ademais, a pre!er&ncia aos conceitos abstratos decorre do hábito !ilos!ico de usar conceitos de máxima
abstra2o, o que pro$oca em muitos, certas di!iculdades, o que *usti!ica o exemplo escolhido, pela
intuiti$idade que o!erece.
D apenas a combina2o de imagens dos di$ersos auto tipo ] singulares que se acham
aí<
Bo tem o auto tipo ] uma sist&ncia !ora da nossa mente, em cada um dos autos
singulares<
4odas essas perguntas recebem respostas !áceis. E em de!esa das respostas, podemos
argumentar da seguinte maneira6
a)no " o auto tipo ] uma imagem singular porque pode representar muitos autos, #.,
H. C. +... # imagem s pode representar a singularidade, a deste auto tipo ] aqui, o terceiro
a contar da direita8
b)no " uma composi2o de imagens singulares (combinatio ou compositium
imaginum, porque tal composi2o seria algo !lutuante e indeterminado. 3ra, o que se dá na
mente " algo !ixo e determinado. D distinta, pois, a imagem de um atuo tipo ] de a id"ia de
um ato tipo ]. Ima combina2o no representaria propriamente o que representamos
exatissimamente pela id"ia, que representa algo. #ssim, tanto o nominalismo rígido como o
nominalismo mitigado esto re!utados.
c)no sendo uma imagem singular, nem uma combina2o de imagens, " um conceito
uni$ersal, pois no signi!ica apenas um auto tipo ] singular, mas muitos, todos os auto tipo
], que so tal segundo a mesma rao(secundum eamdem rationis), tanto #, H, C, +, etc.
Como seria possí$el a ci&ncia sem tais conceitos<
d)3 conceito auto tipo ] " predicado uni$ocamente por identidade de muitos
singulares. 3ra, o que se predica uni$ocamente de muitos no " um simples nome, no "
apenas um conceito sub*eti$o8 ou se*a, de sist&ncia meramente sub*eti$o, porque auto tipo ]
no " algo que " auto tipo ], apenas na mente, porque em cada um, singularmente, há o que
nele o torna tal e que se repete em cada um. Bem " apenas uma cole2o de singularidades.
3 que !a que este se*a auto tipo ] e aquele tamb"m, e tamb"m aquele outro, e todos,
" algo real em cada, " algo que tem sist&ncia ob*eti$a em cada um. Este autom$el " um
auto tipo ], este outro tamb"m ", e aquele, e aqueleoutro...
Bo " um conceito sub*eti$o porque este auto tipo ] no " a minha id"ia sub*eti$a de
auto tipo ].
'á algo que tem naturea real, que tem uma sist&ncia neste, naquele e naquele outro,
e o que há em cada um deles " o elemento ontolgico, que corresponde ao conceito
A
uni$ersal. 'á, em cada um, e em todos, portanto, uma lei, um logos de proporcionalidade
intrínseca, que os !a serem auto tipo ].
3 conceptualismo de Kant " insu!iciente, portanto, porque a!irma que o conceito
uni$ersal tem sua sist&ncia apenas na mente, o que a prpria experi&ncia destri.
3 conceito uni$ersal, que " um em ns, aponta intencionalmente (intentionaliter) ao
que há !undamentaliler, !undamentalmente na coisa.
isicamente e in re, o que há na coisa " um, mas, !ormalmente (como lei, logos, de
proporcionalidade intrínseca), está em muitos.
# di!iculdade, que se poderia propor aqui, " apenas a seguinte6
3 exemplo apontado re!ere-se a um conceito concreto, como o so o de 'omem,
%esa, Co, Pedra, aos quais correspondem um sub*ectum que os represente. #
argumenta2o pode !a$orecer a posi2o da Ci&ncia, porque esta trabalha com os chamados
conceitos concretos. %as, a %eta!ísica trabalha com conceitos, que so produtos de
abstra2;es de terceiro grau. E sem que pro$emos a ob*eti$idade destes, a tese ?antiana será,
pelo menos, parcialmente $erdadeira, no tocante a este ponto.
a2amos, pois, a resposta à pergunta e o!ere2amos uma solu2o à di!iculdade.
Pro$ado, como !icou, que há no conceito aliquid aliud, algo outro que a mera sub*eti$idade,
e que esta, intencionalmente, aponta para algo que se dá !undamentalmente na coisa,
pro$amos que há um $alor ob*eti$o, uma sist&ncia extra mentis, que tal sist&ncia independe
da prpria concep2o (conceito). Podem, portanto, ser eles aplicados a coisas outras, as
quais desconhecemos, como $eremos.
/alide! da Metafísica 0eral 12ntologia3
# !orma, que há nas coisas, como $imos no exemplo que citamos, no " uma imagem
(sub*eti$a) no " um ob*eto mera e simplesmente da experi&ncia, pois ultrapassa de certo
modo a esta. 3ra, tal demonstra, de!initi$amente, que a cogni2o ob*eti$o-meta!ísica "
possí$el.
Para que a %eta!ísica se*a possí$el, temos q^de mostrar a $alide ob*eti$a, a sist&ncia
extra mentis, o !undamento sistencial dos conceitos uni$ersais e dos *uíos uni$ersais. +os
conceitos, a pro$a *á apresentamos. @esta, agora, mostrar a dos *uíos uni$ersais.
3s *uíos meta!ísicos surgem das compara2;es realiadas entre os conceitos
abstratos.
S
3s conceitos abstrat os de primeiro grau, como $imos, so os que se realiam atra$"s
de uma abstra2o total. Estes, por"m, no transcendem a experi&ncia possí$el.
Por essa abstra2o, alcan2amos os chamados conceitos concretos, como homem
triangular, etc.
Estes conceitos se re!erem a algo que tem uma mat"ria, um sub*ectum material, e
que, portanto, no transcendem à experi&ncia, embora no se*am imagens experimentais,
mas re!erem-se a coisas experimentá$eis. Embora tais conceitos, tomados em si, se*a
imateriais, porque, do contrário, se singulariariam num singular e no poderiam repetir-se
em muitos, no transcendem a experi&ncia. Bo so, pois, transcendentais.
Contudo, há conceitos que transcendem a experi&ncia, como os conceitos de
humanidade, sapi&ncia, triangul aridade, eternidade, causalidade, etc., os quais no t&m um
sub*ectum material que os represente.
Para alcan2á-los, " necessário no a abstra2o total, mas uma abstra2o !ormal. Bo
se re!erem eles a nenhum grau de materialidade.
Poder-se-ia ob*etar que so tais abstra2;es puras !ic2;es, mas a ob*e2o seria
improcedente, porque no podemos recusar-lhes uma sist&ncia, como $eremos ainda.
#o compararmos tais !ormas entre si, podemos predicar alguma !orma, dier que um
ou outro predicado lhes con$"m. #ssim, podemos consider ar o ser enquanto ser, enquanto
!orma pura, excluindo absolutamente o no-ser.
4ais *uíos transcendem a toda experi&ncia.
4ais ob*etos, precisi$amente meta!ísicos, t&m uma sist&ncia, o que demonstra que a
cogni2o meta!ísica, atra$"s de abstra2;es !ormais, " possí$el.
Cabe-nos pro$ar a ob*eti$idade de tais abstra2;es, a sist&ncia de tais abstra2;es.
4omemos o conceito conting&ncia. Este implica o ter causa/,. 4odo ser que tem causa "
contingente e a experi&ncia o compro$a.
4omemos o exemplo de um conceito que aponta a uma per!ei2o pura como o de
sapi&ncia. :api&ncia " apenas sapi&ncia, sem mescla de qualquer outra coisa que no se*a
sapi&ncia. # sapi&ncia " in!initamente sapi&ncia, per!eitissimamente sapi&ncia. Contudo,
nos homens, obser$am-se graus de sapi&ncia (mais ou menos). Como se poderia obser$ar
esse mais ou menos de sapi&ncia de que os homens participam, se sapi&ncia !osse um mero
nada< 'á, pois, uma sapi&ncia máxima, sistante, no aqui ou ali, mas da qual participam
M
todos os que t&m sapi&ncia e que no so sapi&ncia. 4ais per!ei2;es no so de nenhum ser
!inito, assim como Too, que " homem, no " humanidade, mas tem humanidade, ou se*a,
participa dela. Este tri5ngulo " triangular, no por"m, a triangularidade, apenas a tem.
Essas per!ei2;es so do ha$er e no do ser das coisas !initas ou melhor, seu ser participa
dessa per!ei2o.
/alide! da Metafísica 4special
# sist&ncia ob*eti$a dos uni$ersais, que transcendem à experi&ncia possí$el, está
demonstrada. @esta pro$ar a sist&ncia ob*eti$a de certos uni$ersais, que constituem o ob*eto
da meta!ísica especial.
3 :er :upremo " um desses conceitos. Bs somos capaes de construir, por abstra2o
!ormal, conceitos uni$ersais que t&m sist&ncia ob*eti$a !ora de ns, como *á $imos. E entre
esses, o das per!ei2;es simples. #ssim, da mutabilidade e da conting&ncia dos seres !initos,
que no t&m em si mesmos sua rao de ser, alcan2amos a conting&ncia do mundo, do
cosmos, que " a totalidade coordenada dos seres !initos, dos que no t&m em si sua rao de
ser. 4ais entes t&m uma causa. :e todos os entes !ossem causados no ha$eria a srcem da
prpria causa. 3u teriam em si mesmos a sua causa (e existiriam antes de existir, o que "
absurdo) ou a receberiam de outros, que, causados por outros, teriam !atalmente,
necessariamente, de ter uma causa primeira8 caso contrário, cairíamos ou no círculo $icioso
ou na nega2o da prpria causa, porque cada um daria o ser a outro sem o 4er, pois
recebendo um :er de outro, um há de ser o primeiro. 'á de ha$er, portanto, um per!eito
existente, cu*a certea e apoditicidade " o !undamento esquemático de todas as pro$as da
exist&ncia de um :er :upremo, primeiro, !onte e srcem de todos os outros.
Bosso conhecimento das coisas " dependente de nossa naturea. :abemos que nosso
conhecimento " adequado à nossa naturea. Conhecemos, proporcionadamente à nossa
capacidade cognosciti$a.
3 principal $alor da concep2o ?antiana está em a!irmar que nosso conhecimento "
proporcionado à nossa esquemática. Bosso conhecimento no " exausti$o, mas, embora
total, " apenas relati$o aos esquemas que podemos acomodar para a assimila2o que lhes
será proporcionada. Contudo, sabemos quais os nossos limites. #lcan2ar o limite *á "
ultrapassá-lo, porque ao sabermos at" onde podemos conhecer, sabemos que algo outro
(aliquid aliud) há al"m de nosso conhecimento, que no " um puro nada. :ua ob*eti$idade "
Q
e$idente. E " e$idente, ainda, que ns podemos construir conceitos que se re!erem às
per!ei2;es puras, das quais participam os seres da nossa experi&ncia. 4ais conceitos
re!erem-se ao que escapa à nossa experi&ncia, mas so $álidos porque os limites desta
a!irmati$a apontam a sist&ncia ob*eti$a dos mesmos.
+o que há de imper!eito nas coisas podemos ascender, por abstra2;e s, às per!ei2;es,
sem que delas tenhamos uma intui2o sensí$el, mas apenas podemos alcan2á-las atra$"s de
opera2;es do nosso entendimento.
4ais conceitos so tamb"m atribuí$eis às coisas da nossa experi&ncia, no, por"m,
uní$oca nem equi$ocadamente, mas analogicamente.
:e se desse a uni$ocidade, o :er :upremo e as coisas seriam o mesmo, e cairíamos no
antropormo!ismo, ou no panteísmo.
:e se desse a equi$ocidade, o :er :upremo permaneceri a desconhecido totalm ente e
cairíamos no agnosticismo.
Portanto, s resta a cogni2o analgica.
...
7)Im dos pressupostos !alsos da doutrina ?antiana está em considerar que, por no
conhecermos exausti$amente os !atos reais, nada conhecemos deles. 3ra, sabemos pela
experi&ncia que por desconhecermos o que !ica al"m do nosso conhecimento, o que
conhecemos de uma coisa no " !also por ser incompleto. Bs mesmos nos conhecemos à
propor2o que os anos sucedem e sucedem as nossas experi&ncias. 4al no quer dier que
tudo quanto conhecemos de ns, porque no conhecemos exausti$amente a ns mesmos,
se*a, por isso, !also.
0)3utro pressuposto !also de Kant consiste na distin2o que !a dos *uíos sint"ticos a
priori e dos *uíos analíticos. Bo há apenas as duas condi2;es6
a)ou o predicado *á está contido no su*eito, ou
b)o predicado, de nenhum modo, está contido no su*eito.
'á uma terceira condi2o que Kant esqueceu6
c)o predicado pode estar contido $irtualmente no su*eito.
Essa $irtualidade no p" apenas a que pertence à iman&ncia conceitural do su*eito,
mas a que está correlacio nada no mesmo e tamb"m aos *uíos quando compro$ado s, como
$emos pela dial"tica concreta. D precisamente esta terceira condi2o que " o !undamento
A1
dessa dial"tica, e permite compreender a ilumina2o apo!5ntica, que pode surgir pela
análise dial"tica, como a entendemos e realiamos.
# doutrina ?antiana, por no ter considerado esse ponto, " irremedia$elmente !alsa e
re!utada in limine. Consideramos esta condi2o a mais importante.
9)3 terceiro pressuposto !also de Kant consiste em considerar que a experi&ncia se dá
apenas com os !atos meramente contingentes, ou nos !atos meramente contingentes, porque
aqui tamb"m dá-se uma terceira hiptese no considerada pelo !ilso!o de Koenigsberg6 a
da experi&ncia sobre entes no meramente contingentes.
...
25e%6es 7antianas e respostas correspondentes
+amos algumas das !amosas ob*e2;es apresentadas por Kant e pelos ?antianos à
%eta!ísica, acompanhadas das respecti$as respostas.
7)D lícito du$idar metodicamente da possibilidade de uma ci&ncia na qual no há
nenhum consenso uni$ersal. 3ra, a %eta!ísica re$ela no ha$er nela nenhum consenso
uni$ersal, em !ace da $ariedade de opini;es, muitas $ees contrárias que nela se re$elam.
Consequentemente, " lícito du$idar da possibilidade da %eta!ísica.
@esposta6 # maior seria $álida se o consenso exigido no se desse quanto ao seu
ob*eto nem quanto aos seus primeiros princípios. 3ra, tal no se dá quanto à %eta!ísica.
Pode no ha$er consenso uni$ersal quanto a todos, no, por"m, quanto a alguns princípios e
conclus;es !undamentais.
0)Ba %eta!ísica so demonstradas proposi2;es que so simultaneamente
contraditrias e antinômicas.
@esposta6 Fue possuam as proposi2;es contraditrias e antinômicas a mesma solide
absolutamente no " $erdade. @ealmente algumas aparentam maior soma de e$id&ncia. #s
antinomias ?antianas so arti!iciosamente construídas e apenas de $alide aparente. Entre
duas contraditrias, uma " necessariamente !alsa, e nunca ambas e$identemente
$erdadeiras.
9)#s incoer&ncias assinaladas no sistema ?antiano podem ser corrigidas.
Consequentemente, tais incoer&ncias no podem re!utar esse sistema.
A7
mesmo tempo, ser e no ser. Contudo, " preciso no esquecer que esse princípio
compreende duas limita2;es que so6 ao mesmo tempo/ e sob o mesmo aspecto/, porque
em distinto tempo, e em distinto aspecto, o mesmo pode ser e pode no ser. #ssim o
n>mero 011 " grande e no grande. Lrande quando se compara a 71 e no grande se "
comparado a .111.
Kant opunha-se ao emprego da expresso ao mesmo tempo/, porque limita$a o
princípio às rela2;es temporais. @espondem os escolásticos modernos que essa anota2o "
improcedente, porque o princípio de contradi2o tamb"m se estende ao temporal, pois sem
essa expresso seria $álido apenas para o eterno e intemporal, como surge na enuncia2o de
Parm&nides.
3utros escolásticos modernos substituem o enunciado aristot"lico pelo seguinte6 o
que ", enquanto ", no pode no ser/, pois a expresso enquanto "/ compreende no tempo
em que "/.
Contudo, o princípio de contradi2o te$e seus ob*etores que apresentaram ra;es
!rágeis, quase sempre pro$eni entes do desconhecime nto claro do seu enunciado, e por no
terem de$idamente compreendido o seu alcance. Ba $erdade, nenhuma ob*e2o s"ria !oi
apresentada em qualquer tempo, a no ser contra a !rmula de Parm&nides, que di6 o ente
", e " impossí$el que no se*a/, que le$a a postular a absoluta necessidade do ser, e a
a!irmar a imutabilidade, a in$ariabilidade e a unicidade do ente o que desemboca
!atalmente no panteísmo/.
:tuart %ill considera o princípio de contradi2o como uma das generalia2;es mais
primiti$as e b$ias, !undadas na experi&ncia/, reduindo-a a uma necessidade psicolgica
que nos obriga a generaliar certos !atos/. P;em em d>$ida alguns autores modernos o
$alor ontolgico desse princípio. D $erdade que muitos argumentam com o de$ir, seguindo
a linha de 'eráclito, mas esse argumento pode $aler para o enunciado de Parm&nides, no
para o de #ristteles.
3 conceito de ser e o de no-ser so incompatí$eis, pois um exclui, logicamente, o
outro. Contudo, de$e-se notar que o conceito de no/ " intuiti$o e claro, e indica a recusa,
a proclama2o da aus&ncia. Considerando-se assim, o ser poder-se-ia dar ao lado do no-
ser, porque este indica apenas a !alta de ser. Bo se de!ine o no-ser como incompatí$el ao
ser, pois pode-se admitir a !alta de um ente sem nega2o do ser, como a a!irma2o de ser
A9
no implica a nega2o do ser, a !alta de um ser. +e$e-se compreender que o princípio de
contradi2o re!ere-se mais ao ente, que, propriamente, ao conceito de ser. :e aqueles se
excluem, tamb"m se exclui a a!irma2o de ente e, simultaneamente, do no-ente, pois no
se pode predicar ambos à mesma coisa e ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto, porque o
ente, enquanto ente, " ente e no-ente. 3 conceito do ser " srcinalmente um conceito
positi$o e seu enunciado no di oposi2o ao no-ser, nem este de de!ine pela
incompatibilidade ao ser, pois srcinariamente s di !alta de ser.
:er e no-ser so contingentes. Bo se pode dier todo ente no pode no ser, mas
sim que, enquanto ", no pode no-ser, segundo o enunciado de #ristteles.
+este modo, a oposi2o entre um ente e o no-ser no " necessariamente uma
oposi2o contraditria !ormal, mas " cogitá$el e possí$el, e a >nica oposi2o que, na
linguagem escolástica, " a contraditria material, a que se dá entre o sub*ectum habens
!ormam e a !orma oposta.
Contradi2o ha$eria entre os *uíos Im ser há/ e nenhum ser há/, entre os *uíos
!undamentais da iloso!ia Concreta #lguma coisa há/ e nenhuma coisa há/, no, por"m,
entre alguma coisa há/ e alguma coisa no há/, pois so particulares e ambas podem ser
$erdadeiras. Cabe aqui uma ressal$a6 o *uío particular alguma coisa no há/ " tomado
particularmente8 se tomado uni$ersalmente, no sentido de dier no há alguma coisa/,
como querendo dier coisa nenhuma há/, deixaria de ser particular para ser um uni$ersal
negati$o, e neste caso seria contraditrio ao alguma coisa há/.
#legam alguns escolá sticos que o princípio de contradi2o $ale porque +eus o quer,
pois se quisesse o contrário poderia ele so!rer restri2;es. Beste caso, no teria ele o $alor
ontolgico necessário que se lhe dá, e que, na $erdade, tem. Bs, por"m, consideramos o
princípio de contradi2o, como o !iemos em iloso!ia Concreta pela rela2o opositi$a de
pri$a2o e posse. # a!irma2o indica a posse, e a nega2o a pri$a2o. Fuando se atribui um
predicado ao ser, atribui-se a presen2a do mesmo8 quando se nega, recusa-se a presen2a,
a!irma-se a pri$a2o do mesmo no mesmo. 3ra, colocado o princípio de contradi2o deste
modo, de a contradi2o !osse ontologicamente possí$el, a!irmar-se-ia o nada absoluto,
porque a!irmar a pri$a2o " a!irmar absolutamente a no presen2a de qualquer predicado, o
nada absoluto. Portanto, a >nica restri2o que alguns escolásticos !ieram de que o
princípio de contradi2o limitaria a onipot&ncia di$ina, " improcedente, porque o nada
AG
absolutamente no limita de modo algum, e no poder +eus criar um nada absolutamente
no " de!ici&ncia de qualquer esp"cie.
# incompatibilidade há entre a q=ididade de ente e a de no-ser. :e essa q=ididade se
realiou alguma $e, no se pode admitir que no se realiou8 se em alguma parte um ente
existe realmente, no se pode admitir que no exista ao mesmo tempo. 3ra, a experi&ncia
nos mostra que algo existe, e a pro$a de modo imediato. Consequentemente, o princípio de
contradi2o tem absoluto $alide ontolgica. M
...
9uadro cominado das formas puras do 5uí!o e das categorias: segundo &ant
M
3 princípio de contradi2o imp;e-se por aclaramento da análise e das implic5ncias que pro$ocam o *uío
alguma coisa há/, e a $alide desse princípio " encontrada atra$"s dessa mesma análise. Bo parte dele a
iloso!ia Concreta para pro$ar as suas teses !undamentais, mas surge ele por decorr&ncia ine$itá$el do que "
apoditicamente demonstrado.
A
D importante salientar desde início a distin2o clara que !aiam os escolásticos entre
ratio (raciocínio), intellectum (entendimento) e intellectus principiorum.
:omos capaes de obter princípios imediatamente inteligí$eis e de $alor geral ao
compararmos entre si as ess&ncias, que nos so dadas pelos conceitos abstratos. Bossa
intelig&ncia abstrai da experi&ncia as ess&ncias, mas as rela2;es necessárias, que se do
entre elas pela experi&ncia, ns no a percebemos pelos sentidos, mas por um ato de
entendimento, que " essencialmente distinto da experi&ncia. Bo " o resultado de um
discurso, mas uma simples e imediata intelig&ncia da rela2o essencial. Chama$am de
escolásticos essa intelig&ncia, que tamb"m re!eria-se a rao enquanto " capa dela, de
intellectus principiorum/, que corresponde ao nous de #ristteles.
Como pode dar-se um progresso no conhecimento do ser< @espondem os escolásticos
que, para ha$er um progresso al"m da experi&ncia imediata, " mister aplicar um princípio
geral aos casos particulares, exigindo-se, ainda, que o conte>do total do conceito do su*eito,
em suma, do princípio, $eri!ique-se no particular dado pela experi&ncia. Exempli!icam os
escolásticos da seguinte maneira6 dada uma !igura geom"trica, dese*ando aplicá-la ao
princípio geral6 a soma dos 5ngulos de um tri5ngulo " igual à soma de dois 5ngulos retos/,
" preciso $eri!icar que esta !igura " um tri5ngulo, segundo o que " entendido no princípio.
+este modo, se o conceito do su*eito, no princípio geral, cont"m mais do o que cognoscí$el
por percep2o no ente dado, no pode aplicar-se este princípio a tal ente. Em suma, se a
percep2o (que " intelectri$o-sensiti$a) de um ente o!erece-nos menor conhecimento do
que o que está contido no conceito do su*eito do princípio geral, este princípio no pode ser
aplicado a tal ente8 assim, a uma !igura apenas de dois lados, !ormando um 5ngulo reto, no
se poderia aplicar o princípio do tri5ngulo, chamando-a de tri5ngulo.
Je*amos agora outro caso. 4emos um princípio geral, cu*o conceito de su*eito se dá
na realidade, mas cu*o predicado no indica nada mais do que um elemento ou $ários
elementos contidos no conceito do su*eito. Exempli!ica-se com o seguinte princípio6 todo
AA
paralelogramo " um quadrilátero/. Este princípio " de suma e$id&ncia, mas in>til para o
progresso do conhecimento.
Pela percep2o, $eri!icar-se-ia que a !igura " um paralelogramo8 porque perceb&-la
como tal " perceb&-la como quadrilátero, *á que quadrilátero " um elemento do
paralelogramo. Beste caso, a aplica2o do princípio geral à !igura dada no permite
nenhum conhecimento que transcenda a percep2o, e, deste modo, no se obt"m nenhum
progresso no conhecimento.
Para ha$er progresso " necessário que o predicado do princípio geral acrescente ao
su*eito algo que no está contido neste. E o que " acrescentado tem de ser um outro
predicado, que no " mani!estado pela percep2o no particular dado pela experi&ncia8 ou
se*a, o que se acrescenta ao conceito do su*eito no se !unda nesta experi&ncia.
Como " possí$el tal opera2o< +iem alguns que tal se obt"m por meio de uma
análise do conte>do do conceito do su*eito. Entende-se por análise, a opera2o que consiste
em reduir-se em suas partes, em seus elementos, o conte>do total do conceito do su*eito.
Beste caso, a análise s pode dar o que *á está incluído nele. # análise no nos pode dar,
portanto, o progresso dese*ado no conhecimento, necessitamos princípios que realmente
acrescentem ao su*eito predicados independentemente da experi&ncia, o que implicaria um
ultrapassar da experi&ncia.
Esta análise *á ha$ia sido !eita pelos escolásticos, Kant a retomou, colocando como
principal interroga2o do seu sistema a seguinte pergunta6 como so possí$eis os *uíos
sint"ticos a priori< Tá examinamos a di$iso dos *uíos !eita por Kant. %as o importante
está nos *uíos sint"ticos a priori, nos quais a adi2o do predicado se dá independentemente
da experi&ncia.
Estes *uíos so o tema !undamental da crítica ?antiana, como $imos. #t" aqui nada
coloca$a ele em oposi2o ao que os escolásticos *á ha$iam !eito. %as, onde a di$erg&ncia
surge, está precisamente em a!irmar ele que a unio necessária do su*eito e do predicado "
concebida como independente da experi&ncia, e mais ainda, que os mesmos conceitos no
pro$&m da experi&ncia, nem podem ser compro$ados como reais no su*eito, no ente. +este
modo, Kant sub*eti$a todo a priori/. 3s escolásticos chama$am de *uío explicati$o, o
*uío em que o predicado *á está contido no conceito do su*eito, e de *uío extensi$o aquele
em que o predicado acrescenta uma no$a propriedade ao conceito do su*eito. #s express;es
AS
a priori e a posteriori !oram de uso comum. Beste caso, poder-se-ia dier que o *uío, no
qual o predicado acrescenta ao su*eito uma propriedade ou determina2o
independentemente da experi&ncia " um *uío extensi$o a priori.
3s neo-escolásticos repeliram por muito tempo a di$iso dos *uíos proposta por
Kant pelas seguintes ra;es6 todos os *uíos contidos por compara2o de conceitos so
analíticos e estes so os a priori/8 todo os *uíos sint"ticos so princípios experimentais,
so a posteriori/8 neste caso no há *uíos sint"ticos a priori/. 4omando-se a posi2o
racionalista a doutrina de Kant " inaceitá$el porque ela aceita que há princípios *á contidos
no conceito do su*eito. Bo entanto a escolástica per!eitamente distinguia os *uíos
explicati$os de os *uíos extensi$os a priori embora no usasse as express;es *uíos
analíticos e *uíos sint"ticos.
#dmitiam os escolástico o que " e$idenciado pela nossa experi&ncia intelectual que a
mera compara2o dos termos su*eito e predicado permite captar um inditium per se notum,
que re$ela a !orma do intellectus principiorum o que aliás re$elamos de modo prático nas
análises e nas concre2;es que realia a iloso!ia Concreta ao comparar *uíos entre sei e
conceitos entre si.
3 princípio de contradi2o " um exemplo do *uío extensi$o a priori. Cont udo o
princípio de contradi2o no tra, por si s, progresso ao conhecimento, mas, sim, o
princípio de causalidade. Pondo de lado as $árias maneiras de conceb&-lo, ns sabemos que
o princípio de causalidade a!irma a depend&ncia real entre todo ser contingente e a
ati$idade de uma causa, do qual ele depende. 3ra, este princípio $ai al"m da experi&ncia. E
" mister que se !unde ele numa intelig& ncia a priori para que tenha $alide. #q ui " onde as
di$erg&ncias surgem na !iloso!ia, e tamb"m no campo da problemática deste tema.
#ristteles enunciou o princípio de causalidade, !undado no mo$imento(?ínesis), no qual
$eri!ica$a que toda muta2o de um ente requer uma causa. Bo concebia #ristteles a
$aria2o total de um ente ao ser causado, mas apenas parcial8 por isso, no alcan2ou com
clarea o conceito de cria2o. # !iloso!ia crist estende a necessidade da causa a todo ser
contingente, at" o seu >ltimo substractum. :anto #gostinho chama$a6 a !orma in$ariá$el,
pela qual existe todo o $ariá$el/. # expresso escolástica omne quod !it habet causam/, ou
se*a, tudo o que " !eito tem causa, " a expresso do princípio de causalidade. Beste
enunciado, a a!irma2o de que algo " !eito, " concomitantemente a de ser !eito por outro8
AM
conceitos a priori com a intui2o a priori do tempo con!orme a lei do su*eito transcendental,
pois os conceitos apenas nos pedem dar *uíos analíticos. 3 princípio de causalidade apenas
di o seguinte6 que todo !enômeno sup;e outro do qual ele segue necessariamente. Como
Kant distingue !enômeno de n>meno, a causalidade s se aplica aos primeiros, sal$ando
assim a liberdade quanto aos outros, ou se*a no " aplicado às coisas em si.
Bo se poderia aplicar tal princípio ao que Kant chama as coisas em si<
Examine-se o conceito de conting&ncia. Contingente " o ser cu*a ess&ncia "
indi!erente para ser ou no ser, ou o que pode ser e tamb"m pode no ser ( quos potest esse
et non esse). 3 que caracteria um ser contingente " o come2ar a ser ou o deixar de ser. Im
ser contingente come2a a ser (incipit esse) no precípuo momento que come2a a ser. : se
pode chamar de contingente a um ente dessa esp"cie. 3ra, se um ente come2a a ser, ele no
" su!iciente para ser em si mesmo, pois, do contrário, existiria antes de existir. E mesmo
que $iesse do nada, ento o nada teria poder de realiá-lo, e do nada dependeria para ser, o
que tornaria o nada sua causa, ou ento, $eio de si mesmo, o que le$aria ao absurdo que
acima apontamos. Im ser contingente no tem em si su!iciente poder de ser e exige a a2o
de uma causa para, uma causa que o !a2a, ex-!acere, e-!iciente. E essa causa e!iciente " algo
que, por sua ati$idade, determina algo a existir.
3 enunciado no há e!eito sem causa " tautolgico e a maneira concreta de enunciar a
causalidade " a que !iemos acima.
#demais a lei de causalidade no se aplica apenas aos seres materiais, ob*eto da nossa
intui2o sensí$el, mas a todos os entes contingentes, se*am de que esp"cie !or. # lei de
causalidade material que a!irma que na naturea (material) todo processo está
uni$ocamente determinado, de maneira que a mesma causa produ sempre necessariamente
o mesmo e!eito/ " um enunciado parcial e regional do princípio de causalidade. Kant
parece sempre re!erir-se a esse enunciado quando se re!ere ao princípio de causalidade. 3
contingente no pode existir por si mesmo, pelos moti$os *á expostos. Consequentemente
um ser que adquira a exist&ncia (seu pleno exerc ício de ser), no pode adquiri-la de si
mesmo. Bo existe um ser contingente por si mesmo, de modo algum. E se no pode
chegar a existir por si mesmo, necessita de in!luxo, de outro para existir, cu*a depend&ncia "
real e necessária, sem a qual no pode existir. Portanto, o ser contingente s pode existir
porque " causado.
S1
%as, qual " a e$id&ncia do princípio de causalidade6 uma rela2o analítica ou uma
sint"tica< D um *uío explicati$o ou extensi$o<
#!irmar que um ser contingente no pode existir em $irtude de sua ess&ncia " um
*uío explicati$o (analítico, para Kant)8 mas dier-se que a determina2o de sua exist&ncia
s " possí$el por uma a2o, " um *uío extensi$o (sint"tico, para Kant). E *usti!ica-se isso
por que no conceito determinar-à-exist&ncia no se contem nada do modo e maneira como
tal sucede.
3 *uío6 o que no existe por si tem que existir por outro/ " extensi$o.
Examinamos agora o princípio de rao su!iciente, cu*o enunciado " o seguinte6 tudo
o que " (ou todo ob*eto) tem uma rao su!iciente. Fue se entende por rao< Entende-se
aquilo pelo (por o) qual/ o ob*eto subsiste. E por aqui aponta ao que " por si mesmo ou
por outro. Bo primeiro caso, temos uma rela2o lgica da propriedade (o proprium) ao
conceito essencial, como quando diemos que um tri5ngulo tem por si mesmo a soma de
seus 5ngulos igual a de dois 5ngulos retos. Bo segundo caso, o por indica a rela2o real de
depend&ncia (causa). Portanto, o que no " por si mesmo contingente, " por outro.
E como demonstrar o princípio de causalidade, se, como di #ristteles, na #nalítica,
um princípio " precisamente o que no cabe demonstra2o por outro, pois, do contrário no
seria um princípio< Contudo, pode-se !aer por mostra2o, como o pro$amos em iloso!ia
Concreta/. :e no podemos do conceito contingente alcan2ar o ser causado, no se pode
demonstrar que o ser contingente e no ser causado/ " o mesmo que ser contingente e
nos ser contingente/. Beste caso, o princípio de contradi2o auxiliaria a demonstra2o
dese*ada. 4ais demonstra2;es pro$ariam que alcan2amos a *uíos extensi$os a priori
imediatamente inteligí$eis.
Comentando os argumentos de 4omás de #quino, escre$e +e Jries (op. cit., pág.
77G)6 3 modo como !a a redu2o do princípio de contradi2o demonstra que no a
entende como puramente analítica. #nalise-se, por exemplo, a demonstra2o reduti$a/,
que ele emprega ao expor sua primeira demonstra2o da exist&ncia de +eus pelo princípio6
o que se mo$e, " mo$ido por outro/. Jer-se-á que, nesta demonstra2o, se sup;e que
somente pode ser reduido algo de pot&ncia a ato por uma causa eu se acha no ato(de
potentia non potest aliquid reduci inactum, nisi per aliquid ens in actu ). Esta proposi2o ",
sem d>$ida, um *uío extensi$o. 4em-se, portanto, de concordar com :uare que toda
S7
ainda se dará. %as, o que há de certo " que *á conseguimos alguma coisa. E se parece
pouco a muitos, podemos contudo estar satis!eitos em $eri!icar que nos prometem muito
mais, muito mais do que esperá$amos, o que *á su!iciente para nos encher de grande
satis!a2o.Q
...
# leitura da obra de Kant nos mostra que desconhecia ele a longa elabora2o da teoria
do conceito construídas pelos medie$alistas. Caiu nos mesmos erros *á re!utados, como
$imos ao tratar dos uni$ersais. %as, cabe ainda aqui algumas obser$a2;es no tocante a
passagem de sua obra, que merecem ser esclarecidas e de$idamente respondidas.
#s doe categorias a!irma Kant que de modo algum podem ser descobertas nas
sensa2;es. Considerando-as naturalmente como sub*eti$amente subsistentes, a sua
a!irma2o nada di de no$o, porque *amais nenhum grande !ilso!o a!irmou que ti$"ssemos
a sensa2o da quantidade ou da qualidade ou da rela2o ou da modalidade, tomadas como
seres sub*eti$amente existentes ou dados com sub*eti$idade.
Como no so dados pelas sensa2;es, so, para Kant, ento, conceitos puros.
3 dilema " sempre o mesmo6 o que no " apenas dado pela experi&ncia " dado apenas
pela mente. # possibilidade de uma terceira posi2o no a encontra Kant. 4odos sabem que,
na Ogica, o dilema quando mal construído " !onte e srcem de muitas !alácias.
# solu2o aristot"lica, que Kant silencio ou desconhece, *á dera a resposta ao dilema,
mostrando que o conhecimento pode 4er sua origem parcialmente nos sentidos, e
parcialmente na mente, sendo o resultado !inal uma síntese dos dois.
Concluir Kant que as categorias so conceitos puros do entendimento, no
procedentes da experi&ncia, " decorr&ncia do $ício abstratista do raciocinar racionalístico,
que ele tanto combateu, mas que terminou por adquiri usando-o habitualmente.
'á um !amoso exemplo que usam os ?antianos para mostrar a presen2a das
categorias6 +uas libras (quantidade) de oxig&nio (subst5ncia) gasoso (qualidade) e uma
libra (quantidade) de hidrog&nio (subst5ncia gasoso (qualidade) produem sempre em
con*unto (modalidade6 necessidade, reciprocidade) tr&s libras (quantidade) de água
(subst5ncia) líquida (qualidade).
Q
Em nosso 4ratado de Esquematologia/ examinamos as conquistas *á obtidas e o!erecemos algumas
contribui2;es nossas, bem como análises esquematolgicas que !a$orecem melhor compreenso das id"ias de
Kant e promo$em no$as sugest;es.
SG
%as, por si ss as categorias no so su!icientes para determinar as leis !undamentais
da experi&ncia. Embora se lhes acrescente a intui2o " mister ainda acrescentar-se-lhes uma
terceira !onte que " a representa2o, que une a intui2o com o entendimento.
:o conceitos empíricos os que se re!erem a coisas de nossa experi&ncia, e que t&m
representantes sub*eti$amente subsistentes, como a casa, co, ár$ore, etc. :o conceitos
puros as categorias. Consequentemente para o ?antismo há esquemas empíricos e esquemas
puros, con!orme correspondem àqueles.
3s esquemas puros so criados pela representa2o quando $incul a a categoria com o
tempo, que " !orma da intui2o. #ssim, da substancialidade como conceito puro, constri
nossa mente o esquema de substancia, como imagem de algo que de$e subsistir no tempo.
+a causalidade, !orma o esquema de causa, como o de algo que no tempo produ outra
coisa, segundo determinada regra, etc.
: há, pois, experi&ncia humana quando trabalham *untas as tr&s !ontes do
pensamento terico6 a sensibilidade, o entendimento e a representa2o que os une.
+o !uncionar con*unto dessas tr&s !ontes, surgem. ento6 a sensibilidade das !ormas
puras da intui2o, as categorias puras (pelo entendimento) e, pela representa2o, seus
esquemas. # con!lu&ncia desse operar produ os princípios !undamentais do conhecimento
terico.
D possí$el a experi&ncia, segundo o princípio básico ?antiano, gra2as à representa2o
de que todos os dados esto necessariamente $inculados entre si.
+este princípio surgem as tr&s analogias da experi&ncia/, sobre os quais se baseia
toda ci&ncia da naturea6
7)por mais que mudem os !enômenos a subst5ncia subsiste e sua quantidade na
naturea no aumenta nem diminui8
0)todas as modi!ica2;es se produem segundo a lei de causa e e!eito8
9)todas as subst5ncias, enquanto podem ser percebidas simultaneamente no espa2o,
atuam umas sobre as outras.
4odos esses *uíos esto constituídos de conceitos que no re$elam nenhum rastro da
intui2o sensí$el, a!irmam os ?antianos.
@epetimos que um dos pontos !undamentais dos erros de Kant consiste no
desconhecimento da teoria da g&nese do conceito. 3s nossos esquemas, cu*o estudo
S
se*a, que algo permanece por entre as modi!ica2;es. Estas so acidentais, " algo que
acontece a alguma coisa que perdura. :ubst5ncia ", assim, a estrutura !ormalmente
constituída que perdura atra$"s de suas modi!ica2;es acidentais. Essa perdurabilidade,
contudo, no " absoluta ou, pelo menos, no se pode a!irmar como absoluta.
3 prprio Kant no pode deixar de considerar que caracteria o homem " essa
capacidade de construir conceitos nos quais, di ele, no se encontram os rastros da
sensa2o. Bem a quantidade, nem a qualidade, nem a rela2o, nem a modalidade so
ob*etos de intui2;es sensí$eis. :o ob*etos da intui2o sensí$el os seres corpreos. #
quantidade " abstrata, e no " corporeidade. 3s seres corpreos t&m quantidade, no so,
por"m, quantidade. 'á uma distin2o entre o ser e o ha$er (no sentido de 4er). #ssim Too
" homem e tem humanidade8 ele no " humanidade, mas dela participa, ou se*a há, nele,
tamb"m, o logos da humanidade, sem ser humanidade.
#s coisas sensí$eis re$elam o que t&m e o que so, mas re$elam-no à nossa mente.
Bo há quantidade em si, nem a qualidade, nem a rela2o, nem a modalidade. Tamais
a!irmaram outra coisa os grandes !ilso!os do passado. 4amb"m no a!irmaram que !ossem
apenasmente !ormas puras da nossa mente, mas estruturas noetico-eid"ticas, que t&m
!undamento nas coisas sensí$eis, que esta$am con!usas nas coisas sensí$eis, que a
intelig&ncia pode captar e distinguir. :e a experi&ncia !osse apenas a sensa2o bruta, seria
incompleta, e tal experi&ncia pode t&-la o animal e a crian2a em seus primeiros dias. #
mente humana realia por"m um trabalho de ascese, de distin2o, de esquematia2o
no"tico-eid"tica das sensa2;es. # quantidade " aquela propriedade que separa o ser
corpreo dos outros. D por meio dela que um corpo pode di$idir-se em partes indi$iduais,
independentes da naturea do todo. mplica a extenso, a tenso que se ex-tende, que tende
para !ora de si mesma como a qualidade " a in-tenso, a tenso que tende para si mesma. :e
a extenso brota da criatura corprea no se identi!ica com ela, como o queria +escartes8 "
apenas uma propriedade da sua ess&ncia.
Bo há intui2o sensí$el da quantidade, tomada isoladamente, mas há intui2o
sensí$el dela tomada con!usamente nos seres corpreos. D a mente que a abstrai do
componente sensí$el, como abstrai a qualidade, a rela2o e a modalidade. Bo so, pois,
puras !ormas do entendimento sem qualquer !undamento real !ora do entendimento. :e o
entendimento constri os conceitos eid"tico-no"ticos dessas categorias no os !a impondo-
SM
os às coisas corpreas, mas extraindo dessas, mentalmente, o que nela s está concretamente.
Este ponto " o mais importante de considerar. 4ais categorias no sero meras !ic2;es, mas
entes de rao com !undamento nas coisas (cum !undamento in re).
Como esquemas eid"tico-no"ticos no pro$&m das intui2;es sensí$eis, *á estruturados
como tais. Bossa mente os estrutura, !undada na prpria experi&ncia8 ou se*a, so
parcialmente empíricos e parcialmente abstratos.
E por que " possí$el construir uma lei como a da conser$a2o da subst5ncia<
Ela " possí$el desde o momento que a mente humana constri o conceito de
regularidade das leis uni$ersais. Essa lei " a priori, a!irmará um ?antiano, pois como
poderíamos garantir que os !atos sucedero sempre obedientes a certas normas in$ariantes,
partindo apenas da experi&ncia< D esta d>$ida que pro$oca a indu2o. Como pela
obser$a2o dos !atos particulares poderemos alcan2ar a uma lei geral< # aceita2o da
regularidade dos !atos, ou a obedi&ncia à lei " um imperati$o, " imprescindí$el para que a
indu2o possa ser $álida e no permanecer apenas no campo da probabilidade.
3ra, a mente humana no " apenas captadora, armaenadora e coordenadora das
imagens percebidas. Ela " capa de abstrair o que ultrapassa a singularidade, a
particularidade dos !atos. E tal " possí$el desde o momento que " ela capa de !ormar
conceitos (uni$ersais)8 antes, no. # discusso deste ponto cabe pois, à discusso da $alide
da indu2o, o que *á !oi !eito e de modo de!initi$o na iloso!ia.
# mente humana " capa de construir esquemas abstratos do que no está totalmente
constituído da intui2o sensí$el, do que no " apenas material e corpreo. Essa capacidade
imaterialiadora implica uma ati$idade imaterial, porque a mat"ria no " capa de
abstra2;es, e so!re sempre determina2;es singulares registrando os !atos singularmente e
no uni$ersalmente.
Essa capacidade de nossa mente, da mente racional, inteligente, " algo que se op;e
!undamentalmente à ati$idade meramente material, singulariadora por excel&ncia. %as
note-se que percebemos a repeti2o de !atos, a repeti2o dos mesmos aspectos, das mesmas
condi2;es que do como resultado as mesmas decorr&ncias8 ou se*a, da disposi2o das
mesmas condi2;es decorrem as mesmas conseq=&ncias. 'á, assim, uma regularidade, a
presen2a de normas que captamos da nossa experi&ncia. 3s milharais do sempre milho, as
macieiras sempre ma2s. 'á uma legalidade nos !atos da nossa experi&ncia. Poderíamos
SQ
*untar aqui exemplos sem !im da presen2a dessa legalidade, da subordina2o dos !atos a
normas gerais. 3 *uío6 há uma legalidade nos !atos da naturea, em que dadas as mesmas
condi2;es decorrem as mesmas conseq=&ncias, " algo que a experi&ncia a*uda mostrar. 3ra,
a !orma2o dos uni$ersais re$elam a presen2a constante dos mesmos elementos estruturais.
# id"ia de lei " uma id"ia per!eitamente !undamentada na experi&ncia. #ceitá-la como
uni$ersal pode ser considerado como uma postula2o nossa que, posteriormente, pode ser
demonstrada num estágio mais alto do conhecimento humano. %as, de qualquer !orma, está
!undada na prpria experi&ncia. :ua prioridade nas no$as obser$a2;es " uma conseq=&ncia
do prprio proceder da nossa intelig&ncia em que as conquistas obtidas presidem, depois, às
no$as experi&ncias e atuam, posteriormente, como elementos dados aprioristicamente. D
$erdade que Kant sabia que as !ormas puras do entendimento eram psicologicamente
construídas atra$"s de uma g&nese psíquica do homem, mas que passa$am, posteriormente,
a atuar aprioristicamente na coordena2o das no$as intui2;es sensí$eis. Pois o mesmo se dá
com a concep2o de legalidade. 3 racionalismo-empirista dos tomistas, que seguem assim a
linha aristot"lica, !unda$a-se na racionalia2o da prpria experi&ncia, com o alcan2ar de
estágios cada $e mais complexos que presidiam às no$as experi&ncias. 3 papel do nosso
intelecto em sua ati$idade no"tica consiste em extrair os uni$ersais dos !atos singulares da
experi&ncia, da $i$&ncia sensí$el, imprimindo em si mesmos os esquemas (species), que
atuariam, posteriormente, como alimentos a priori acomodados para no$as assimila2;es
no"ticas.
3 princípio de causalidade no " uma imposi2o do espírito humano à experi&ncia. D
o que pro$amos na parte em que *usti!icamos os princípios !undamentais da !iloso!ia
clássica. # intelig&ncia humana no " algo abissalmente separado do restante do existir. 3
homem no " um estrangeiro no mundo csmico, como o ?antismo parece querer !aer
compreender, sem *usti!icar de modo algum essa concep2o. 3 abismo no ser no se
*usti!ica. Bem tampouco se *usti!ica a pretensa re$olu2o que Kant pensa ter operado na
!iloso!ia que ele iguala à re$olu2o copernicana.
+i-se que at" Cop"rnico era cren2a geral que a terra permanecia im$el no centro do
mundo e que os planetas e as estrelas gira$am à sua $olta. Ba $erdade essa era a maneira
comum de considerar-se a astronomia. +iemos comum, porque 4omás de #quino, antes de
Cop"rnico, como ainda antes os pitagricos, sabiam que a terra era um planeta, uma es!era
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que gira$a em torno do :ol. 4omás de #quino repetidas $ees a!irmou isso em seus
extraordinários trabalhos. Contudo, " $erdade, que a opinio comum era essa. Está$amos aí
no terreno que 4omás de #quino chama$a de opiná$el. E exempli!ica$a com as estrelas que
certamente eram muito maiores que a 4erra, mas que, por !alta de meios de compro$a2o
e!icaes, poderia permitir opini;es contrárias, no um saber cientí!ico.
Kant atribuí à sua obra uma $erdadeira re$olu2o copernicana na !iloso!ia. #t" ele,
diia, considera$a-se a naturea como im$el e que o entendimento gira$a em torno dela e
re!letia as suas leis. Por isso a rao no compreendia porque so necessárias as leis.
Pensando-se de modo in$erso tudo se modi!ica. Bo " a rao que gira em torno da
experi&ncia e re!lete suas leis, mas sim a experi&ncia que gira em redor da rao e suas leis
re!letem nossa prpria naturea, que " um produto da nossa rao. Portanto, " para ns
necessário o que a nossa mente cria como necessário.
#s leis da naturea so cria2;es de nossos processos cognosciti$os e nossas sensa2;es
nada mais so que respostas de nossa mente às impress;es exteriores. Beste caso que
podemos conhecer das coisas exteriores seno o que pensamos conhecer< Como so as
coisas em si/ nada podemos saber e, consequentemente, todas as respostas da meta!ísica
perdem sua $alide, e a coisa em si permanecerá para sempre sendo uma incgnita para
ns. E que podemos dier da coisa em si< :e diemos que existe, no esque2amos que
exist&ncia/ " apenas uma categoria, que " uma unidade ou uma multiplicidade, que "
regida pela causalid ade ou no, que " necessária ou contingente, tudo isso so categorias e
nada mais. :abemos apenas que há o outro lado da experi&ncia, algo que nos "
desconhecido, no, por"m, totalmente desconhecido para o prprio Kant, que aqui se
contradi, porque sabe que o outro lado há e que " incognoscí$el por ns. Esse ser que
escapa à nossa experi&ncia, no " ob*eto, portanto, da experi&ncia e pode ser apenas
pensado pelo nosso espírito, nous, por isso " um n>meno. E " do n>meno que se ocupa a
%eta!ísica.
...
'á uma apoditicidade lgica, uma apoditicidade ontolgica e uma apoditicidade
ôntica.
# primeira demonstra-se pelo rigor da necessidade lgica, como o *uío +eus existe/
" apoditicamente lgico porque, na id"ia de +eus, está incluso, necessariamente, a sua
M7
lan2ado ou no ao cho, posso segu rá-lo nas mos ou deixá-lo cair, sem que tais
possibilidades que so contraditrias impliquem contradi2o em sentido ontolgico,
porque, como ser contingente, pode-lhe acontecer isto ou no acontecer isto. %as se esse
ob*eto " lan2ado ao cho há necessariamente causas que o le$am a cair e no a suster-se.
Essa necessidade que se dá ao ato " chamada necessidade hipot"tica. 3 ser absolutamente
necessário " aquele cu*a no exist&ncia " impossí$el. # queda deste ob*eto seria
absolutamente necessária se ela !osse necessária por uma rao ontolgica, o que ela no
tem. 3 :er :upremo (+eus para as religi;es) tem de ser absolutamente necessário, e "
impossí$el e absurdo admitir-se a sua no exist&ncia.
Ba iloso!ia Concreta, alguma coisa há/ " um *uío necessário por postula2o, e que
tem apoditicidade ôntica porque " absolutamente improcedente a!irmarmos que nenhuma
coisa há/, porque a prpria enuncia2o deste *uío nega absolutamente $alide ao mesmo.
%as como chegarmos à necessidade ontolgica de que alguma coisa necessariamente há,
ou se*a, que necessariamente há alguma coisa<
Bo poderia dar-se o nada absoluto< Em $e de *ulgarmos, de pensarmos, de
discutirmos, de in$estigarmos, nos substituiria um imenso $aio , um nada absoluto. Tá
mostramos que em ns tudo se rebela a essa possibilidade. D uma a!irmati$a psicolgica,
a!eti$a em ns, da impossibilidade do nada absoluto, da substitui2o possí$el do ser pelo
nihilum, pelo nada absoluto. D ele impossí$el antes, e " ele impossí$el depois. Contudo
poderia 4er sido possí$el que nada existisse< :urge ento a $elha pergunta que 'eidegger
reno$ou6 Por que antes o ser que o nada< Por que " pre!erido antes o ser que o nada< Por
que no há a substitui2o< :eria possí$el a substitui2o do nada pelo ser e em $e de ha$er
alguma coisa, no ha$er absolutamente coisa alguma<
+emostramos em iloso!ia Concreta/ que essa pergunta re$ela um pseudo-
problema. 4al pergunta no tem $alide ontolgica, mas apenas uma $alide psicolgica em
!ace da decep2o moderna to exacerbada pelo niilismo ati$o-negati$o de nossa "poca.
@esta-nos examinar agora se o *uío alguma coisa há/ tem ambas necessidades. Ima
*á demonstramos apoditicamente. @esta-nos a outra6 o nada poderia substituir o ser<
#lguma coisa há tem a necessidade ôntica, porque " impossí$el que no ha*a coisa
alguma. # prpria postula2o desse *uío a!irma que alguma coisa há. 3ra, o que tem a
necessidade ontolgica tem, pelo menos, uma necessidade hipot"tica. %as esta ainda no "
M9
su!iciente. 3 que procuramos " a necessidade ontol gica de alguma coisa há. 'a$endo
alguma coisa, ou alguma coisa come2ou a ser, depois de precedida pelo nada absoluto
(nihilum), ou sempre hou$e alguma coisa. 3ra, demonstrou-se apoditicamente que o nada
absoluto no pode ter antecedido a alguma coisa, bem como !oi demonstrado eu sempre
hou$e alguma coisa. Consequentemente, o ha$er de alguma coisa tem uma necessidade
ontolgica e no hipot"tica. :eria hipot"tica se !osse apenas um possí$el e, neste caso, seria
um possí$el do nada absoluto (nihilum), o que " absurdo, como $imos. Portanto, s resta
que sempre hou$e alguma coisa necessariamente. Esse ha$er tem, portanto, a necessidade
ontolgica. Porque há alguma coisa, o ha$er do ser " ontologicamente necessário. +este
modo, encontramos a apoditicidade da necessidade ontolgica de alguma coisa há.
# conseq=&ncia que se obt"m " a seguinte6
'á necessariamente alguma coisa e necessariamente " impossí$el no ha$er alguma
coisa.
3ra, tal *uío possui a apoditicidade que dese*a$a Kant e pode ele !undar
ob*eti$amente a %eta!ísica. Benhuma crítica, nenhuma ob*e2o, nem a do cepticismo
rígido poderia destrui -lo. E " sobre ele que se !undamenta toda a análise dial"tica concreta
de nossa !iloso!ia.
...
D o *uío alguma coisa há/ um *uío analítico ou um *uío sint"tico a priori< #nte o
?antismo a pergunta " *usti!icada e exige resposta cuidadosa.
Está contido ou no ao conceito de alguma coisa o ha$er<
Oogicamente, no8 mas ontologicamente sim. E por que esta distin2o e aparente
contradi2o< D !ácil explicar.
#lguma coisa (aliquid), como o mostramos, " um conceito que expressa outro que e
que se distingue.
#o dier-se alguma coisa no se di que há, porque ha$er " dar-se, " positi$ar-se, "
a!irmar-se. Fuando se di alguma coisa há/ a!irma-se que posiciona-se, positi$a-se
alguma coisa (outro que) e signi!ica dier que se recusa o no ha$er, recusa-se o nenhuma
coisa há, seu contraditrio.
MG
Por sua $e, o conceito de ha$er implica alguma coisa, porque o ha$er de nada no "
ha$er. :e o ha$er se dá, alguma coisa se dá. +ier-se alguma coisa há/ " dier-se dá-se o
ha$er de alguma coisa.
3 ha$er " atribuído ao alguma coisa. %as alguma coisa, ontologicamente, há, porque
como poderia positi$ar -se alguma sem ha$er< 3ntologicamente, o alguma coisa implica o
ha$er, como $imos, embora logicamente no. Bo há contradi2o aqui porque a Ogica
dedica-se ao exame dos conceitos em sua esquematia2o, e a 3ntologia examina os
conceitos em sua possibilidade de ser. Eis porque a simples demonstra2o lgica no
implica a demonstra2o ontolgica.
# apoditicidade do *uío alguma coisa há/ " ontolgica e ôntica, porque a sua
postula2o " necessária de qualquer modo, pois seria $álido mesmo q eu pus"ssemos em
d>$ida seu $alor, porque du$idar " pro$ar que alguma coisa há. # mera discusso de sua
$alide " su!iciente para dar-lhe a $alide ôntica apodítica, " demonstrar apoditicamente a
sua $alide.
@esta-nos saber se tal *uío " um *uío sint"tico a priori. Bossa experi&ncia, mesmo
no sentido ?antiano, no nos pro$a que alguma coisa há.
:e somos capaes de especular sobre o que " passí$el de uma experimenta2o
possí$el no pro$a que alguma coisa há<
3 *uío alguma coisa há re$ela-se a ns de modo exigente e positi$o. Bo " um *uío
analítico, " sint"tico sem d>$ida e compro$a-se pela mais comum experi&ncia, como o
exigiu Kant. %as note-se " $álida aposterioris ticamente e aprioristicamente. D um *uío
sint"tico a posteriori quando a experi&ncia o re$ela, e " a priori porque dispe nsa at" a
prpria experi&ncia ?antiana, porque dispensa a ns mesmos, a nossa experi&ncia, pois
poderíamos no ser, sem que alguma coisa há deixasse de ser $erdadeiro apoditicamente.
Fueremos com isso, apenas, dar mais uma demonstra2o de que " possí$el a
%eta!ísica, at" dentro da prpria posi2o de Kant.71
...
71
# doutrina de Kant " !alsa em seus !undamentos, em si mesma e em sua !inalidade. Em seus !undamentos,
quanto à teoria cartesiana da percep2o externa e da maneira como concebe os *uíos sint"ticos a priori8 em si
mesma, porque no demonstra de$idamente sua a!irmati$a sobre as !ormas puras da sensibilidade e,
sobretudo, a submisso total da intui2o às mesmas e, em seu termo, porque condu, atra$"s do agnosticismo,
ao cepticismo mais absoluto, o que " !iloso!icamente um erro rotundo.
M
+i-se que um *uío " apodítico quando ele a!irma um nexo de necessidade, quando o
predicado, que " a!irmado ou recusado ao su*eito, a este cabe ou no necessariamente. 3
*uío apodítico redu-se à !ormula6 : " necessariamente P ou necessariamente : no " P, ou
necessariamente : " no-P ou : no " necessariamente P.
Exemplo6
7)3 corpo " necessariamente extenso.
0)3 corpo necessariamente no " espiritual.
9)Becessariamente corpo " no-espiritual.
G)3 corpo no " necessariamente espiritual.
3 primeiro *uío " um *uío analítico propriamente dito, porque dier-se corpo " dier
extenso, pois ser extenso " da ess&ncia do corpo. 3ra, o que " da ess&ncia de alguma coisa "
imprescindí$el nessa coisa, pois sem o qual no " o que ". 3ra, o *uío genuinamente
analítico " um *uío apodítico, porque a necessidade indica o que " no-cedí$el, o que no
pode deixar de ser, que tem de ser, para ser o que ".
# demonstra2o apodítica " aquela cu*a concluso decorre necessariamente das
premissas dadas, e " em si mesma necessária.
# simples análise permite construir uma seq=&ncia de *uíos analíticos
correlacionados e tamb"m sint"tico s a priori, contidos $irtualme nte naquele e todos com a
de$ida apoditicidade.
Para ilustrar a nossa tese, exempli!iquemos com o termo +ireito e construamos *uíos
analíticos e outros, partindo do exame conceitual com as correla2;es que tem, segundo a
nossa dial"tica.
...
4omemos, por exemplo, o conceito +ireito. #o analisá-lo, $emos que indica o
rectum, o que " reto, segue retamente, o que corresponde normalmente à con$eni&ncia da
naturea de uma coisa, pois " reto no s o proceder, o atuar, mas tamb"m o so!rer do que "
de$ido a alguma coisa. 3ra, de$er $em de de e habeo, ter de, o que se tem de realiar ou
proceder ou so!rer. 3 conceito de direito em sua purea encerra, portanto, esse conte>do6 "
direito o que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa. +i-se que con$"m, o que
$em com, de acordo a alguma coisa. @etitude, pois, " a característica do que realia esse
de$er para com a coisa. +esde logo ressalta que o conte>do eid"tico de direito exige o
MA
conte>do do de$er pois o direito " o que " de$ido, etc. :o, pois, conceitos correlati$os.
3nde há direito há de$er. Consequentemente, perguntar-se-ia se onde há de$er
corresponde-lhe ou no um direito< :e se tem de realiar alguma " que alguma coisa "
de$ida a alto. Portanto o de$er implica o direito, o que compro$a a per!eita reciprocidade
entre direito e de$er. 3 que de$e está ligado pois o outro, ante outro (ob), daí o termo
obrigado (obligatio) ser correlato ao de direito. 3 direito, portanto, implica obriga2o, e
esta aquele.
4oda coisa tem uma naturea, ou se*a o con*unto de seu plethos que nasce, que surge.
# naturea de uma coisa " assim o con*unto do ser como essente e como existente, e no
apenas a sua !orma, mas tamb"m o de que " !eito, a sua mat"ria.
+ar o que " de$ido a alguma coisa, ou se*a, respeitar o seu direito " o que constitui
*usti2a. Tusti2a, pois, s pode ser o reconhecimento e o cumprimento do que " de$ido à
naturea de uma coisa. E como a naturea de uma coisa " din5mica e cinemática, pois ela
alcan2a di$ersos estados, direito ", em suma, tudo quanto " de$ido à con$eni&ncia da
naturea de uma coisa considerada dinamicamente. D *usto, portanto, respeitar o direito e a
*usti2a está numa adequa2o per!eita com o direito. Como a id"ia de dar o que " de$ido
implica um atuar contingente, pois no se poderia !alar em direito se o que " de$ido se
desse necessariamente, compreende-se que pode ha$er !rustra2;es de direito, ou se*a
des$ios, a!astamentos. # máxima que di o que se de$e dar, que expressa em suma o
reconhecimento do direito, " uma norma, uma lei. # l ei s pode, pois, ser a expresso do
direito e da obriga2o. E a conting&ncia do cumprimento dessa norma ou lei exige como
conseq=&ncia uma prescri2o que ordene o cumprimento e como este pode ser !rustrado "
decorrente do mesmo conceito que ha*a uma pena ao que no cumpre o que " de$ido, que
!rustre o direito. Consequen temente, " lícito o que está contido no 5mbito da lei o ilícito o
que a ela se op;e ou o!ende. #quele a quem cabe um direito " um portador de direito, " em
suma o su*eito do direito e o conte>do do que lhe " de$ido " o ob*eto do direito. Portanto,
su*eito do direito " o portador do direito, o titular do direito. %as, se considerarmos dentro
da pentadial"tica o su*eito do direito, teremos de considerá-lo como6
Inidade
4otalidade
:"rie
MS
:istema
Ini$erso
:e considerarmos a naturea de uma coisa dinamicamente, sabemos que o indi$íduo,
portador do direito, !a parte de uma totalidade, a qual se estrutura numa s"rie e esta num
sistema que, por sua $e, se estrutura num uni$erso. #ssim se consideramos o homem
como portador do direito e porque " ele uma pessoa, será uma pessoa do direito. :egundo a
sua naturea há o que lhe " de$ido. %as, !a parte ele de uma totalidade (a !amília, por
exemplo). 3ra sabemos que os componentes de uma totalidade esto de certo modo
subordinados a esta. #ssim como o indi$íduo tem direitos, tamb"m os tem a totalidade à
qual pertence. Portanto o que " de$ido à totalidade com *usti2a no pode ser pre*udicado
pelos direitos do indi$íduo. D mister, pois, que se compreenda com *usti2a o que " de$ido
ao indi$íduo como elemento componente de uma totalidade. E *usti2a s pode ha$er
quando os direitos de ambos so respeitados e no so!rem restri2;es seno aquelas que no
o!endam !undamentalmente o direito das partes. 'á, assim, direitos correspondentes, como
se $& em rela2o à s"rie, ao con*unto social de que !aem parte as totalidades, e estas, ao
sistema social a que pertencem. Consequent emente, as restri2;es de direito sero *ustas
enquanto respeitarem a *usti2a das partes. Poderia ha$er coliso entre tais direitos< Poderia,
e neste caso a *usti2a de$e pre!erir o $alor *usto mais alto, o que compro$a que o direito
implica uma axiologia do direito. +i-se que " *urídico o que se re!ere à lei,
consequentemente há uma axiologia *urídica, cu*o crit"rio de hierarquia tem de obedecer ao
crit"rio que dado pelo que " de$ido à con$eni&ncia da naturea de uma coisa
dinamicamente considerada.
Consequentemente, pode-se ainda concluir que há um ob*eto material do direito que
so as regras, costumes, expressas nas leis e um ob*eto !ormal moti$o que " a legalidade,
tendendo a alcan2ar o ob*eto !ormal terminati$o que " a *usti2a. 4ais ob*etos compro$am
que o +ireito no " como disciplina "tica apenas uma arte, mas uma ci&ncia, porque cont"m
o que " !undamental a uma ci&ncia, os tr&s ob*etos indispensá$eis.
+aí se pode, da análise que !iemos do termo direito, deduir uma s"rie de teses6
a)+ireito " o que " de$ido à con$eni&ncia da natu rea de uma cois a tomada
dinamicamente.
b)'á retido quando há cumprimento do direito.
MM
%as uma comunidade pode estabelecer ordens *urídicas. Essas ordens constituem o
direito posto, colocado, estabelecido, o direito positi$o, enquanto o direito de$ido à
naturea da coisa " o direito natural. Portanto,
l)3 direito positi$o " *usto quando adequado ao direito natural.
3 que " de$ido a algu"m, em seu direito, " um bem. Portanto6
m)o bem *urídico " a obriga2o ou obriga2;es de$idas ao direito de um portador do
direito.
Porque o direito pode ser !rustrado, exige ele uma coer2o moral ou !ísica para que
se*a respeitado, bem como para que as obriga2;es se*am cumpridas.
n)3 caráter coati$o do direito decorre da naturea das obriga2;es.
Fue pretende a coa2o seno assegurar o cumprimento do direito. # coa2o, portanto,
no !a parte da ess&ncia do direito nem " sua subst5ncia, mas apenas algo acidental, aposto
ao direito para assegurar seus !ins. Portanto,
o)# coa2o no " da ess&ncia do direito, sendo-lhe, portanto, acidental.
3 uso da coa2o tendo a !inalidade de !aer respeitar e assegurar o cumprimento do
direito, ", portanto, de certo modo, *usta. %as para que nela ha*a *usti2a " mister que nunca
o!enda o direito em suas di$ersas maneiras de mani!estar-se. # quem cabe o uso, portanto,
da coa2o, e at" da pena, combinada aos que desrespeitam o direito< :e a sua aplica2o
exige *usti2a, de$e caber a quem mais *ustamente poderá ministrá-lo, aplicá-lo. Como os
homens $i$em em sociedade a aplica2o da coa2o e da san2o s será *usta dentro
daqueles termos. :aber quem está apto a aplicá-lo cabe ao estudioso do direito.
p)# coa2o do direito e a pena de$em caber àqueles que mais *ustamente podem
aplicá-lo.
:endo o direito o que " de$ido, como $imos, o $erdadeiro legislador no " um criador
arbitrário de leis, mas um descobridor das leis. #s leis no so, portanto, ob*eto de cria2o
humana, mas de descobrimento. Portanto
q)3 $erdadeiro legislador " o descobridor das leis *ustas.
:endo *usto o que " de$ido ao bem de alguma coisa (sua con$en i&ncia natural),
dese*ar a *usti2a " amar o bem do portador do direito. Portanto,
r)Bo há oposi2o entre a *usti2a e o amor e a $erdadeira *usti2a " amor.
E mais6
Q1
3 que nos le$a a no admitir a ignor5ncia da lei, que no pode ser alegada.
+emos aqui um exemplo de como " possí$el, atra$"s da análise de um termo como
direito alcan2ar a 0S *uíos apoditicamente demo nstrá$eis. Bo so apena s *uíos
analíticos, pois muitos so sint"ticos a priori. E como !oi possí$el alcan2á-los<
:implesmente porque a análise no se realia apenas pelo que " atual no conte>do
conceitual do su*eito, mas tamb"m no que " $irtual e nele está contido, no s em si
mesmo, mas, tamb"m, nos seus relacionamentos. 4udo isso $em compro$ar, atra$"s da
nossa dial"tica, que o criticismo ?antiano " improcedente quando dese*a a!irmar a aride da
análise dial"tica bem conduida e demonstrar, de modo de!initi$o, que há ainda muito
campo para as in$estiga2;es !ilos!icas. E que constituem esses *uíos seno o campo da
prpria iloso!ia do +ireito< Esta está, portanto, per!eitamente *usti!icada, apensar dos
argumentos do :r. Kant. 77
...
Fundamento do 5uí!o
Fuando Kant pergunta, seguindo as pegadas de 'ume, como " possí$el *untar um
conceito a outro conceito para !ormar um *uío, repete apenas a mesma pergunta que *á
ha$iam !eito so!istas gregos na luta contra :crates e Plato. Como " possí$el, em suma, o
*uío de qualquer esp"cie< 3ra, os que se colocam do 5ngulo do racionalismo consideram o
*uío aquela opera2o do espírito pelo qual se comp;e ou se di$ide, *unta-se ou nega-se a
presen2a de um predicado a um su*eito. @ealmente essa " a maneira lgica de conceber o
*uío e essa disciplina classicamente estuda as tr&s opera2;es do *uío6 o conceito, o *uío e
o raciocínio. Contudo, psicologicamente, no " assim, Bo " aps a constru2o do conceito
que o ser humano !ormula um *uío. 3 *uío acompanha o homem desde as suas mais
elementares apreens;es como se pode $eri!icar na crian2a. #demais as coisas que so de
nossa experi&ncia *á esto prenhes de *uíos possí$eis (intelligibiles in sensibile),
inteligí$eis no sensí$el que a intelig&ncia, posteriormente, distingue e enuncia logicamente.
Em Psicologia/ e em 4ratado de Esquematologia/ estudamos a !orma2o dos *uíos e o
seu enunciado lgico, como tamb"m $erbal, que tanto !oi $aloriado pelos racionalistas.
Como estes se prendem !undamentalmente às opera2;es lgicas, " natural que, tomando o
77
Bo esgotamos aqui tudo quanto a análise, segundo a nossa dial"tica, pode estabelecer sobre o +ireito.
4al$e um dia possamos desen$ol$&-la e realiar, ento, uma iloso!ia Concreta do +ireito, que penetraria
ainda em aspectos especí!icos dessa disciplina, que " das mais importantes do conhecimento humano.
Q0
necessário, para que ha*a possí$eis. E há possí$eis porque há algo necessário. # exist&ncia
deste " ine$itá$el para que ho*e os possí$eis, pois, do contrário, nada teria sido em tempo
algum. # rao dos possí$eis ", pois, o ser necessário, e tamb"m de todos os possí$eis. Por
essa mesma rao, o ser necessário e oniper!eito, pois dele pendem todas as per!ei2;es
possí$eis de todos os possí$eis.
Buma de suas primeiras obras, Kant ha$ia considerado o argumento ontolgico como
o >nico !undamento possí$el de uma demon stra2o a priori da exist&ncia de +eus/.
+epois, silencia sobre ele. E nem na Crítica da @ao Pura o combate. %as pod&-lo-ia ter
!eito, pois está implícito em suas id"ias, bastando alegar que tal pro$a se !undaria em
conceitos de modalidade, como o de possibilidade e necessidade, que, segundo a #nalítica
4ranscendental, so aplicá$eis apenas ao domínio da experi&ncia. %as tal ob*e2o no
procederia pela simples rao de que os ob*etos transcendentais do pensamento ou so
impossí$eis, ou possí$eis ou necessários e em qualquer uma das a!irmati $as teríamos um
conceito de modalidade, de onde se $& que no se aplicariam apenas à experi&ncia no modo
restrito como Kant a concebe.
3b*eta contra a pro$a a contingentia mundi da seguinte maneira6
a)o princípio de causalidade, suposto nesta pro$a, s tem aplic a2o no mundo
sensí$el, portanto no pode ser$ir para concluir a exist&ncia de +eus.
b)E se concluísse a necessidade de uma causa do mundo, ter-se-ia de supor a priori
que essa causa necessária " per!eita, o que nos colocaria no argumento ontolgico.
Tá mostramos, ao analisar a #nalítica que se o princípio de causal idade no "
$erdadeiro em si mesmo e em todas as suas aplica2;es, no " $erdadeiro tamb"m quando
aplicado à experi&ncia.
3 mundo " contingente, aceita Kant. :e o ", no tem em si sua rao de ser, $indo,
portanto, de outro que " necessário para que ela se*a. Bunca " demais chamar a aten2o
para o sentido etimolgico de necessidade (do ne-cedo, latim, no-ceder, do no cedí$el)
que implica imprescindibilidade, incedibilidade. :e o mundo " contingente, " algo que pode
ser e podia no ser8 portanto sem rao de ser em si mesmo. Para que tenha ser " incedí$el
um ser que lhe tenha dado o ser, q ue teria de ter ser para poder dar ser, e teri a de ser em
máxima pot&ncia porque, do contrário, nenhum ser contingente poderia $ir-a-ser . Esse ser
necessário " necessário e onipotente e, consequentemente, per!eito. Por que há cria2o, o
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ser criador tem de ser per!eito. # pro$a no segue a $ia da pro$a ontolgica, que conclui da
cria2o o :er necessário e deste a sua per!ei2o. Conclui-se diretamente da cria2o e
per!ei2o do Criador.
# di!iculdade da pro$a cosmolgica (a contingentia mundis) está precisamente na
mento o mundo " contingente/, e no na maior o que " contingente pressup;e um ser
necessário onipotente/. Kant no contesta a menor. 3s que a contestam so os materialistas
que a!irmam a in!initude e a eternidade da mat"ria.
# pro$a das causas !inais, reconhecem os seus de!ensores, que ela no demonstra a
in!inidade e a onipot&ncia. %as *untando-se a pro$a da conting&ncia do mundo, pode-se
pro$ar a onipot&ncia. # crítica de Kant ", contudo, $álida sob aquele aspecto.