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Polícia Militar do Estado de Alagoas

PM-AL
Soldado Combatente
Edital Nº 1 - PMAL, de 27 de Julho de 2017

JL107-2017
DADOS DA OBRA

Título da obra: Polícia Militar do Estado de Alagoas - PM/AL

Cargo: Soldado Combatente

(Baseado no Edital Nº 1 - PMAL, de 27 de Julho de 2017)

• Língua Portuguesa
• Noções de Informática
• Atualidades
• Legislação Pertinente ao Policial Militar de Alagoas
• Noções de Direitos Humanos
• Noções de Processo Penal
• Noções de Direito Constitucional
• Noções de Direito Administrativo
• Matemática
• Ciências Sociais

Autoras:
Greice Sarquis
Bruna Pinotti

Gestão de Conteúdos
Emanuela Amaral de Souza

Produção Editorial/Revisão
Elaine Cristina
Igor de Oliveira
Camila Lopes
Suelen Domenica Pereira

Capa
Natália Maio

Editoração Eletrônica
Marlene Moreno

Gerente de Projetos
Bruno Fernandes
APRESENTAÇÃO

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SUMÁRIO

Língua Portuguesa

1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. .................................................................................................................01


2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ...................................................................................................................................................07
3 Domínio da ortografia oficial. ...................................................................................................................................................................................07
4 Domínio dos mecanismos de coesão textual. ...................................................................................................................................................11
4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequen-
ciação textual. ................................................................................................................................................................................................................11
4.2 Emprego de tempos e modos verbais. .......................................................................................................................................................13
5 Domínio da estrutura morfossintática do período. ........................................................................................................................................27
5.1 Emprego das classes de palavras. ..................................................................................................................................................................27
5.2 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. .............................................................................................42
5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. ............................................................................................42
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ...............................................................................................................................................................53
5.5 Concordância verbal e nominal. .....................................................................................................................................................................56
5.6 Regência verbal e nominal. ...............................................................................................................................................................................61
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase...........................................................................................................................................................68
5.8 Colocação dos pronomes átonos. .................................................................................................................................................................73
6 Reescrita de frases e parágrafos do texto. ..........................................................................................................................................................81
6.1 Significação das palavras. ..................................................................................................................................................................................81
6.2 Substituição de palavras ou de trechos de texto. ...................................................................................................................................81
6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. ....................................................................................................81
6.4 Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. ....................................................................................................81

Noções de Informática

1 Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows). ...............................................................................................................01


2 Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e BrOffice). ...................................................................19
3 Redes de computadores. ............................................................................................................................................................................................83
3.1 Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. ...........................................................83
3.2 Programas de navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome). ...............................................83
3.3 Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla Thunderbird). ..............................................................................83
3.4 Sítios de busca e pesquisa na Internet. .......................................................................................................................................................83
3.5 Grupos de discussão. ..........................................................................................................................................................................................83
3.6 Redes sociais............................................................................................................................................................................................................83
3.7 Computação na nuvem (cloud computing)...............................................................................................................................................83
4 Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas............................................. 119
5. Segurança da informação. ...................................................................................................................................................................................... 125
5.1 Procedimentos de segurança. ...................................................................................................................................................................... 125
5.2 Noções de vírus, worms e pragas virtuais. ............................................................................................................................................. 125
5.3 Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-spyware etc.). ............................................................................................... 125
5.4 Procedimentos de backup. ............................................................................................................................................................................ 125
5.5 Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage)....................................................................................................................... 125

Atualidades

1 Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação,
saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia.......................................01
SUMÁRIO

Legislação Pertinente ao Policial Militar de Alagoas

1 Lei Estadual nº 5.346/1992 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado de Alagoas).........................................................................01


2 Decreto Estadual nº 37.042/1996 (Aprova o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas e dá outras providên-
cias). .........................................................................................................................................................................................................................................20
3 Decreto-Lei nº 2.848/1940 e suas alterações (Parte geral do Código Penal): Título I a III..............................................................34

Noções de Direitos Humanos

1 Conceito..............................................................................................................................................................................................................................01
2 Evolução..............................................................................................................................................................................................................................03
3 Abrangência.......................................................................................................................................................................................................................08
4 Sistema de Proteção.......................................................................................................................................................................................................08
5 Convenção americana sobre direitos humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).......................................................20

Noções de Processo Penal

1 Inquérito policial..............................................................................................................................................................................................................01
2 Ação penal..........................................................................................................................................................................................................................04

Noções de Direito Constitucional

1 Direitos e garantias fundamentais...........................................................................................................................................................................01


2 Estrutura e organização do Estado Brasileiro......................................................................................................................................................36
3 Defesa do Estado e das Instituições Democráticas..........................................................................................................................................58

Noções de Direito Administrativo

1 Princípios.............................................................................................................................................................................................................................01
2 Regime jurídico Administrativo.................................................................................................................................................................................03
3 Poderes da Administração Pública..........................................................................................................................................................................06
4 Serviço Público.................................................................................................................................................................................................................10
5 Atos Administrativos......................................................................................................................................................................................................20
6 Contratos Administrativos e Licitação....................................................................................................................................................................25
7 Bens Públicos....................................................................................................................................................................................................................62
8 Administração Direta e Indireta................................................................................................................................................................................64
9 Controle da Administração Pública.........................................................................................................................................................................70
10 Responsabilidade do Estado....................................................................................................................................................................................77
SUMÁRIO

Matemática

1 Modelos algébricos. ......................................................................................................................................................................................................01


2 Geometria das superfícies planas. ..........................................................................................................................................................................07
3 Padrões numéricos. .......................................................................................................................................................................................................13
4 Modelos lineares. ...........................................................................................................................................................................................................27
5 Modelos periódicos. .....................................................................................................................................................................................................39
6 Geometria dos sólidos..................................................................................................................................................................................................40
7 Modelos exponenciais e logarítmicos....................................................................................................................................................................47
8 Princípios de contagem. ..............................................................................................................................................................................................53
9 Análise de dados. ...........................................................................................................................................................................................................53
10 Geometria do plano cartesiano. ............................................................................................................................................................................62
11 Geometria do plano complexo...............................................................................................................................................................................69

Ciências Sociais

I HISTORIA GERAL, DO BRASIL E DE ALAGOAS


1 Primeiras civilizações. ......................................................................................................................................................................................... 01
2 Idade Média, Moderna e Contemporânea. ............................................................................................................................................... 08
3 Expansão do capitalismo. ................................................................................................................................................................................. 09
4 Brasil 500 anos. ..................................................................................................................................................................................................... 10
4.1 Estrutura econômica, política, social e cultural...................................................................................................................................... 10
4.2 Sociedade colonial. .......................................................................................................................................................................................... 10
4.3 Família real no Brasil e os períodos regenciais. .................................................................................................................................... 14
4.4 Período republicano. ....................................................................................................................................................................................... 17
4.5 Tenentismo. ........................................................................................................................................................................................................ 18
4.6 Crise de 1929. .................................................................................................................................................................................................... 18
4.7 Era Vargas. ........................................................................................................................................................................................................... 19
4.8 A nova republica e a globalização mundial. .......................................................................................................................................... 25
4.9 Aspectos históricos do Estado de Alagoas: colonização, povoamento, sociedade e indústrias. ...................................... 27

II GEOGRAFIA GERAL, DO BRASIL E DE ALAGOAS


1 Geografia politica do mundo atual. .............................................................................................................................................................. 30
2 Globalização. ......................................................................................................................................................................................................... 31
3 Aspectos gerais da população brasileira. ................................................................................................................................................... 31
4 Degradação do meio ambiente. .................................................................................................................................................................... 34
5 O Brasil no contexto internacional. ............................................................................................................................................................... 34
6 Formação do Brasil. ............................................................................................................................................................................................ 35
7 Território brasileiro atual. .................................................................................................................................................................................. 35
8 Problemas sociais urbanos no Brasil. ........................................................................................................................................................... 38
9 Estrutura fundiária brasileira. .......................................................................................................................................................................... 39
10 Qualidade de vida e alguns indicadores. ................................................................................................................................................. 39
11 Aspectos geográficos do estado de Alagoas.......................................................................................................................................... 40
LÍNGUA PORTUGUESA

1 Compreensão e interpretação de textos de gêneros variados. .................................................................................................................01


2 Reconhecimento de tipos e gêneros textuais. ..................................................................................................................................................07
3 Domínio da ortografia oficial. ...................................................................................................................................................................................07
4 Domínio dos mecanismos de coesão textual. ...................................................................................................................................................11
4.1 Emprego de elementos de referenciação, substituição e repetição, de conectores e de outros elementos de sequen-
ciação textual. ................................................................................................................................................................................................................11
4.2 Emprego de tempos e modos verbais. .......................................................................................................................................................13
5 Domínio da estrutura morfossintática do período. .........................................................................................................................................27
5.1 Emprego das classes de palavras. ..................................................................................................................................................................27
5.2 Relações de coordenação entre orações e entre termos da oração. .............................................................................................42
5.3 Relações de subordinação entre orações e entre termos da oração. ............................................................................................42
5.4 Emprego dos sinais de pontuação. ...............................................................................................................................................................53
5.5 Concordância verbal e nominal. .....................................................................................................................................................................56
5.6 Regência verbal e nominal. ...............................................................................................................................................................................61
5.7 Emprego do sinal indicativo de crase...........................................................................................................................................................68
5.8 Colocação dos pronomes átonos. .................................................................................................................................................................73
6 Reescrita de frases e parágrafos do texto. ..........................................................................................................................................................81
6.1 Significação das palavras. ..................................................................................................................................................................................81
6.2 Substituição de palavras ou de trechos de texto. ...................................................................................................................................81
6.3 Reorganização da estrutura de orações e de períodos do texto. ....................................................................................................81
6.4 Reescrita de textos de diferentes gêneros e níveis de formalidade. ....................................................................................................81
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação – na semântica (significado das palavras)


1 COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE incluem--se: homônimos e parônimos, denotação e cono-
TEXTOS DE GÊNEROS VARIADOS. tação, sinonímia e antonímia, polissemia, figuras de lingua-
gem, entre outros.
- Capacidade de observação e de síntese e
- Capacidade de raciocínio.
É muito comum, entre os candidatos a um cargo públi-
co, a preocupação com a interpretação de textos. Por isso, Interpretar X compreender
vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento
de responder às questões relacionadas a textos. Interpretar significa
- Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacio- - Através do texto, infere-se que...
nadas entre si, formando um todo significativo capaz de - É possível deduzir que...
produzir interação comunicativa (capacidade de codificar - O autor permite concluir que...
e decodificar ). - Qual é a intenção do autor ao afirmar que...

Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Compreender significa


Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz li- - intelecção, entendimento, atenção ao que realmente
gar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condi- está escrito.
- o texto diz que...
ções para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A
- é sugerido pelo autor que...
essa interligação dá-se o nome de contexto. Nota-se que
- de acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma
- o narrador afirma...
frase for retirada de seu contexto original e analisada se-
paradamente, poderá ter um significado diferente daquele Erros de interpretação
inicial.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
rências diretas ou indiretas a outros autores através de ci- - Extrapolação (viagem): Ocorre quando se sai do con-
tações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. texto, acrescentado ideias que não estão no texto, quer por
conhecimento prévio do tema quer pela imaginação.
Interpretação de texto - o primeiro objetivo de uma
interpretação de um texto é a identificação de sua ideia - Redução: É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção
principal. A partir daí, localizam-se as ideias secundárias, apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um con-
ou fundamentações, as argumentações, ou explicações, junto de ideias, o que pode ser insuficiente para o total do
que levem ao esclarecimento das questões apresentadas entendimento do tema desenvolvido.
na prova.
- Contradição: Não raro, o texto apresenta ideias contrá-
Normalmente, numa prova, o candidato é convidado a: rias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivoca-
- Identificar – é reconhecer os elementos fundamen- das e, consequentemente, errando a questão.
tais de uma argumentação, de um processo, de uma épo-
ca (neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, os Observação - Muitos pensam que há a ótica do escritor
quais definem o tempo). e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas numa prova
- Comparar – é descobrir as relações de semelhança de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
ou de diferenças entre as situações do texto. que o autor diz e nada mais.
- Comentar - é relacionar o conteúdo apresentado
com uma realidade, opinando a respeito. Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
- Resumir – é concentrar as ideias centrais e/ou secun- relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre si.
Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de um
dárias em um só parágrafo.
pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um prono-
- Parafrasear – é reescrever o texto com outras pala-
me oblíquo átono, há uma relação correta entre o que se vai
vras.
dizer e o que já foi dito.
Condições básicas para interpretar
OBSERVAÇÃO – São muitos os erros de coesão no dia
-a-dia e, entre eles, está o mau uso do pronome relativo e
Fazem-se necessários: do pronome oblíquo átono. Este depende da regência do
- Conhecimento histórico–literário (escolas e gêneros verbo; aquele do seu antecedente. Não se pode esquecer
literários, estrutura do texto), leitura e prática; também de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
- Conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do semântico, por isso a necessidade de adequação ao ante-
texto) e semântico; cedente.

1
LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes relativos são muito importantes na interpre- No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo
tação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de coesão. reduzido no qual o menino detém sua atenção é
Assim sendo, deve-se levar em consideração que existe um (A) fresta.
pronome relativo adequado a cada circunstância, a saber: (B) marca.
- que (neutro) - relaciona-se com qualquer antecedente, (C) alma.
mas depende das condições da frase. (D) solidão.
- qual (neutro) idem ao anterior. (E) penumbra.
- quem (pessoa)
- cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois o Texto para a questão 2:
objeto possuído.
- como (modo) DA DISCRIÇÃO
- onde (lugar)
quando (tempo) Mário Quintana
quanto (montante)
Não te abras com teu amigo
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto) Que ele um outro amigo tem.
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria E o amigo do teu amigo
aparecer o demonstrativo O ). Possui amigos também...
(http://pensador.uol.com.br/poemas_de_amizade)
Dicas para melhorar a interpretação de textos
2-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-
- Ler todo o texto, procurando ter uma visão geral do as- NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) De acordo com o
sunto; poema, é correto afirmar que
- Se encontrar palavras desconhecidas, não interrompa a (A) não se deve ter amigos, pois criar laços de amizade
leitura; é algo ruim.
- Ler, ler bem, ler profundamente, ou seja, ler o texto pelo (B) amigo que não guarda segredos não merece res-
menos duas vezes; peito.
- Inferir; (C) o melhor amigo é aquele que não possui outros
- Voltar ao texto quantas vezes precisar; amigos.
- Não permitir que prevaleçam suas ideias sobre as do (D) revelar segredos para o amigo pode ser arriscado.
autor; (E) entre amigos, não devem existir segredos.
- Fragmentar o texto (parágrafos, partes) para melhor
compreensão; 3-) (GOVERNO DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO – SE-
- Verificar, com atenção e cuidado, o enunciado de cada CRETARIA DE ESTADO DA JUSTIÇA – AGENTE PENITEN-
questão;
CIÁRIO – VUNESP/2013) Leia o poema para responder à
- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
questão.
Fonte: http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/
portugues/como-interpretar-textos Casamento

QUESTÕES Há mulheres que dizem:


Meu marido, se quiser pescar, pesque,
1-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – FCC/2014 mas que limpe os peixes.
- ADAPTADA) Atenção: Para responder à questão, considere Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
o texto abaixo. ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
A marca da solidão de vez em quando os cotovelos se esbarram,
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de pa- ele fala coisas como “este foi difícil”
ralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a testa “prateou no ar dando rabanadas”
pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de penum- e faz o gesto com a mão.
bra na tarde quente. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- atravessa a cozinha como um rio profundo.
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com Por fim, os peixes na travessa,
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando pequenas vamos dormir.
plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é capaz Coisas prateadas espocam:
de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a marca da somos noivo e noiva.
solidão na alma, o mundo cabe numa fresta. (Adélia Prado, Poesia Reunida)
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Janei-
ro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47)

2
LÍNGUA PORTUGUESA

A ideia central do poema de Adélia Prado é mostrar 6-) (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE/2010)
que Só agora, quase cinco meses depois do apagão que atin-
(A) as mulheres que amam valorizam o cotidiano e não giu pelo menos 1.800 cidades em 18 estados do país, surge
gostam que os maridos frequentem pescarias, pois acham uma explicação oficial satisfatória para o corte abrupto e
difícil limpar os peixes. generalizado de energia no final de 2009.
(B) o eu lírico do poema pertence ao grupo de mulheres Segundo relatório da Agência Nacional de Energia Elé-
que não gostam de limpar os peixes, embora valorizem os trica (ANEEL), a responsabilidade recai sobre a empresa es-
esbarrões de cotovelos na cozinha. tatal Furnas, cujas linhas de transmissão cruzam os mais de
(C) há mulheres casadas que não gostam de ficar sozi- 900 km que separam Itaipu de São Paulo.
nhas com seus maridos na cozinha, enquanto limpam os Equipamentos obsoletos, falta de manutenção e de in-
peixes. vestimentos e também erros operacionais conspiraram para
(D) as mulheres que amam valorizam os momentos produzir a mais séria falha do sistema de geração e distri-
mais simples do cotidiano vividos com a pessoa amada. buição de energia do país desde o traumático racionamento
(E) o casamento exige levantar a qualquer hora da noite, de 2001.
para limpar, abrir e salgar o peixe. Folha de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).

4-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – Considerando os sentidos e as estruturas linguísticas


FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- do texto acima apresentado, julgue os próximos itens.
tão, considere o texto abaixo. A oração “que atingiu pelo menos 1.800 cidades em 18
estados do país” tem, nesse contexto, valor restritivo.
A marca da solidão (...) CERTO ( ) ERRADO
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e a 7-) (COLÉGIO PEDRO II/RJ – ASSISTENTE EM ADMINIS-
testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda de TRAÇÃO – AOCP/2010) “A carga foi desviada e a viatura,
penumbra na tarde quente. com os vigilantes, abandonada em Pirituba, na zona norte
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- de São Paulo.”
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com Pela leitura do fragmento acima, é correto afirmar que,
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- em sua estrutura sintática, houve supressão da expressão
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é a) vigilantes.
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a b) carga.
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta. c) viatura.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja- d) foi.
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47) e) desviada.

No texto, o substantivo usado para ressaltar o universo 8-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011)
reduzido no qual o menino detém sua atenção é Um carteiro chega ao portão do hospício e grita:
(A) fresta. — Carta para o 9.326!!!
(B) marca. Um louco pega o envelope, abre-o e vê que a carta está
(C) alma. em
(D) solidão. branco, e um outro pergunta:
(E) penumbra. — Quem te mandou essa carta?
5-) (ANCINE – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES- — Minha irmã.
PE/2012) — Mas por que não está escrito nada?
O riso é tão universal como a seriedade; ele abarca a — Ah, porque nós brigamos e não estamos nos falando!
totalidade do universo, toda a sociedade, a história, a con- Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com
cepção de mundo. É uma verdade que se diz sobre o mundo, adaptações).
que se estende a todas as coisas e à qual nada escapa. É,
de alguma maneira, o aspecto festivo do mundo inteiro, em O efeito surpresa e de humor que se extrai do texto
todos os seus níveis, uma espécie de segunda revelação do acima decorre
mundo. A) da identificação numérica atribuída ao louco.
Mikhail Bakhtin. A cultura popular na Idade Média e o B) da expressão utilizada pelo carteiro ao entregar a
Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: carta no hospício.
Hucitec, 1987, p. 73 (com adaptações). C) do fato de outro louco querer saber quem enviou
a carta.
Na linha 1, o elemento “ele” tem como referente tex- D) da explicação dada pelo louco para a carta em bran-
tual “O riso”. co.
(...) CERTO ( ) ERRADO E) do fato de a irmã do louco ter brigado com ele.

3
LÍNGUA PORTUGUESA

9-) (CORREIOS – CARTEIRO – CESPE/2011) 10-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
Um homem se dirige à recepcionista de uma clínica: DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) De acordo com o texto,
— Por favor, quero falar com o dr. Pedro. liderança
— O senhor tem hora? (A) é a habilidade de chefiar outras pessoas que não pode
O sujeito olha para o relógio e diz: ser desenvolvida por aqueles que somente executam tarefas
— Sim. São duas e meia. em seu ambiente de trabalho.
— Não, não... Eu quero saber se o senhor é paciente. (B) é típica de épocas passadas, como qualidades de he-
— O que a senhora acha? Faz seis meses que ele não me róis da história da humanidade, que realizaram grandes feitos
paga o aluguel do consultório... e se tornaram poderosos através deles.
Internet: <www.humortadela.com.br/piada> (com adapta- (C) vem a ser a capacidade, que pode ser inata ou até mes-
ções). mo adquirida, de conseguir resultados desejáveis daqueles
que constituem a equipe de trabalho.
No texto acima, a recepcionista dirige-se duas vezes ao (D) torna-se legítima se houver consenso em todos os
homem para saber se ele grupos quanto à escolha do líder e ao modo como ele irá mo-
A) verificou o horário de chegada e está sob os cuidados bilizar esses grupos em torno de seus objetivos pessoais.
do dr. Pedro.
B) pode indicar-lhe as horas e decidiu esperar o pagamen- 11-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
to do aluguel. DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O texto deixa claro que
C) tem relógio e sabe esperar. (A) a importância do líder baseia-se na valorização de
D) marcou consulta e está calmo. todo o grupo em torno da realização de um objetivo comum.
E) marcou consulta para aquele dia e está sob os cuidados (B) o líder é o elemento essencial dentro de uma organi-
do dr. Pedro. zação, pois sem ele não se poderá atingir qualquer meta ou
objetivo.
(GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO DA (C) pode não haver condições de liderança em algumas
FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010 - ADAPTADA) Atenção: As equipes, caso não se estabeleçam atividades específicas para
questões de números 10 a 13 referem-se ao texto abaixo. cada um de seus membros.
Liderança é uma palavra frequentemente associada a feitos (D) a liderança é um dom que independe da participação
e realizações de grandes personagens da história e da vida so- dos componentes de uma equipe em um ambiente de trabalho.
cial ou, então, a uma dimensão mágica, em que algumas pou-
cas pessoas teriam habilidades inatas ou o dom de transformar- 12-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
se em grandes líderes, capazes de influenciar outras e, assim, DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) O fenômeno da lideran-
obter e manter o poder. ça só ocorre na inter-relação ... (4º parágrafo)
Os estudos sobre o tema, no entanto, mostram que a maio- No contexto, inter-relação significa
ria das pessoas pode tornar-se líder, ou pelo menos desenvolver (A) o respeito que os membros de uma equipe devem de-
consideravelmente as suas capacidades de liderança. monstrar ao acatar as decisões tomadas pelo líder, por resul-
Paulo Roberto Motta diz: “líderes são pessoas comuns que tarem em benefício de todo o grupo.
aprendem habilidades comuns, mas que, no seu conjunto, for- (B) a igualdade entre os valores dos integrantes de um
mam uma pessoa incomum”. De fato, são necessárias algumas grupo devidamente orientado pelo líder e aqueles propostos
habilidades, mas elas podem ser aprendidas tanto através das pela organização a que prestam serviço.
experiências da vida, quanto da formação voltada para essa fi- (C) o trabalho que deverá sempre ser realizado em equi-
nalidade. pe, de modo que os mais capacitados colaborem com os de
O fenômeno da liderança só ocorre na inter-relação; en- menor capacidade.
volve duas ou mais pessoas e a existência de necessidades para (D) a criação de interesses mútuos entre membros de uma
serem atendidas ou objetivos para serem alcançados, que re- equipe e de respeito às metas que devem ser alcançadas por
querem a interação cooperativa dos membros envolvidos. Não todos.
pressupõe proximidade física ou temporal: pode-se ter a mente
e/ou o comportamento influenciado por um escritor ou por um 13-) (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – TÉCNICO
líder religioso que nunca se viu ou que viveu noutra época. [...] DA FAZENDA ESTADUAL – FCC/2010) Não pressupõe proximi-
Se a legitimidade da liderança se baseia na aceitação do dade física ou temporal ... (4º parágrafo)
poder de influência do líder, implica dizer que parte desse poder A afirmativa acima quer dizer, com outras palavras, que
encontra-se no próprio grupo. É nessa premissa que se funda- (A) a presença física de um líder natural é fundamental
menta a maioria das teorias contemporâneas sobre liderança. para que seus ensinamentos possam ser divulgados e aceitos.
Daí definirem liderança como a arte de usar o poder que exis- (B) um líder verdadeiramente capaz é aquele que sempre se
te nas pessoas ou a arte de liderar as pessoas para fazerem o que atualiza, adquirindo conhecimentos de fontes e de autores diversos.
se requer delas, da maneira mais efetiva e humana possível. [...] (C) o aprendizado da liderança pode ser produtivo, mes-
(Augusta E.E.H. Barbosa do Amaral e Sandra Souza Pinto. mo se houver distância no tempo e no espaço entre aquele
Gestão de pessoas, in Desenvolvimento gerencial na Administra- que influencia e aquele que é influenciado.
ção pública do Estado de São Paulo, org. Lais Macedo de Oliveira (D) as influências recebidas devem ser bem analisadas e
e Maria Cristina Pinto Galvão, Secretaria de Gestão pública, São postas em prática em seu devido tempo e na ocasião mais
Paulo: Fundap, 2. ed., 2009, p. 290 e 292, com adaptações) propícia.

4
LÍNGUA PORTUGUESA

14-) (DETRAN/RN – VISTORIADOR/EMPLACADOR – 15-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABA-


FGV PROJETOS/2010) LHO – VUNESP/2013) No primeiro parágrafo, ao descre-
ver a maneira como se preparam para suas férias, a autora
Painel do leitor (Carta do leitor) mostra que seus amigos estão
(A) serenos.
Resgate no Chile (B) descuidados.
(C) apreensivos.
Assisti ao maior espetáculo da Terra numa operação de (D) indiferentes.
salvamento de vidas, após 69 dias de permanência no fundo (E) relaxados.
de uma mina de cobre e ouro no Chile.
Um a um os mineiros soterrados foram içados com 16-) (DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO
sucesso, mostrando muita calma, saúde, sorrindo e cum- – VUNESP/2013) De acordo com o texto, pode-se afirmar
primentando seus companheiros de trabalho. Não se pode que, assim como seus amigos, a autora viaja para
esquecer a ajuda técnica e material que os Estados Unidos, (A) visitar um lugar totalmente desconhecido.
Canadá e China ofereceram à equipe chilena de salvamen- (B) escapar do lugar em que está.
to, num gesto humanitário que só enobrece esses países. E, (C) reencontrar familiares queridos.
também, dos dois médicos e dois “socorristas” que, demons- (D) praticar esportes radicais.
trando coragem e desprendimento, desceram na mina para (E) dedicar-se ao trabalho.
ajudar no salvamento.
(Douglas Jorge; São Paulo, SP; www.folha.com.br – pai- 17-) Ao descrever a Ilha do Nanja como um lugar onde,
nel do leitor – 17/10/2010) “à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio cresce como
um bosque” (último parágrafo), a autora sugere que viajará
Considerando o tipo textual apresentado, algumas ex- para um lugar
pressões demonstram o posicionamento pessoal do leitor (A) repulsivo e populoso.
diante do fato por ele narrado. Tais marcas textuais podem (B) sombrio e desabitado.
ser encontradas nos trechos a seguir, EXCETO:
(C) comercial e movimentado.
A) “Assisti ao maior espetáculo da Terra...”
(D) bucólico e sossegado.
B) “... após 69 dias de permanência no fundo de uma
(E) opressivo e agitado.
mina de cobre e ouro no Chile.”
C) “Não se pode esquecer a ajuda técnica e material...”
18-) (POLÍCIA MILITAR/TO – SOLDADO – CONSUL-
D) “... gesto humanitário que só enobrece esses países.”
PLAN/2013 - ADAPTADA) Texto para responder à questão.
E) “... demonstrando coragem e desprendimento, des-
ceram na mina...”
(DCTA – TÉCNICO 1 – SEGURANÇA DO TRABALHO –
VUNESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder às
questões de números 15 a 17.

Férias na Ilha do Nanja

Meus amigos estão fazendo as malas, arrumando as


malas nos seus carros, olhando o céu para verem que tempo
faz, pensando nas suas estradas – barreiras, pedras soltas,
fissuras* – sem falar em bandidos, milhões de bandidos entre
as fissuras, as pedras soltas e as barreiras... (Adail et al II. Antologia brasileira de humor. Volume 1.
Meus amigos partem para as suas férias, cansados de Porto Alegre: L&PM, 1976. p. 95.)
tanto trabalho; de tanta luta com os motoristas da contra-
mão; enfim, cansados, cansados de serem obrigados a viver A charge anterior é de Luiz Carlos Coutinho, cartunis-
numa grande cidade, isto que já está sendo a negação da ta mineiro mais conhecido como Caulos. É correto afirmar
própria vida. que o tema apresentado é
E eu vou para a Ilha do Nanja. (A) a oposição entre o modo de pensar e agir.
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui. Passarei as (B) a rapidez da comunicação na Era da Informática.
férias lá, onde, à beira das lagoas verdes e azuis, o silêncio (C) a comunicação e sua importância na vida das pes-
cresce como um bosque. Nem preciso fechar os olhos: já es- soas.
tou vendo os pescadores com suas barcas de sardinha, e a (D) a massificação do pensamento na sociedade mo-
moça à janela a namorar um moço na outra janela de outra derna.
ilha.
(Cecília Meireles, O que se diz e o que se entende. Adap-
tado)

*fissuras: fendas, rachaduras

5
LÍNGUA PORTUGUESA

RESOLUÇÃO 8-)
Geralmente o efeito de humor desses gêneros textuais
1-) aparece no desfecho da história, ao final, como nesse: “Ah,
Com palavras do próprio texto responderemos: o mun- porque nós brigamos e não estamos nos falando”.
do cabe numa fresta.
RESPOSTA: “D”.
RESPOSTA: “A”.
9-)
2-) “O senhor tem hora? (...) Não, não... Eu quero saber se
Pela leitura do poema identifica-se, apenas, a informa- o senhor é paciente” = a recepcionista quer saber se ele
ção contida na alternativa: revelar segredos para o amigo marcou horário e se é paciente do Dr. Pedro.
pode ser arriscado.
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
10-)
3-) Utilizando trechos do próprio texto, podemos chegar
Pela leitura do texto percebe-se, claramente, que a au- à conclusão: O fenômeno da liderança só ocorre na inter
tora narra um momento simples, mas que é prazeroso ao -relação; envolve duas ou mais pessoas e a existência de
casal. necessidades para serem atendidas ou objetivos para se-
rem alcançados, que requerem a interação cooperativa dos
RESPOSTA: “D”. membros envolvidos = equipe

4-) RESPOSTA: “C”.


Com palavras do próprio texto responderemos: o mun-
do cabe numa fresta. 11-)
O texto deixa claro que a importância do líder baseia-
RESPOSTA: “A”. se na valorização de todo o grupo em torno da realização
de um objetivo comum.
5-)
Vamos ao texto: O riso é tão universal como a serie- RESPOSTA: “A”.
dade; ele abarca a totalidade do universo (...). Os termos
relacionam-se. O pronome “ele” retoma o sujeito “riso”. 12-)
Pela leitura do texto, dentre as alternativas apresenta-
RESPOSTA: “CERTO”. das, a que está coerente com o sentido dado à palavra “in-
ter-relação” é: “a criação de interesses mútuos entre mem-
6-) bros de uma equipe e de respeito às metas que devem ser
Voltemos ao texto: “depois do apagão que atingiu pelo alcançadas por todos”.
menos 1.800 cidades”. O “que” pode ser substituído por
“o qual”, portanto, trata-se de um pronome relativo (ora- RESPOSTA: “D”.
ção subordinada adjetiva). Quando há presença de vírgula,
temos uma adjetiva explicativa (generaliza a informação 13-)
da oração principal. A construção seria: “do apagão, que Não pressupõe proximidade física ou temporal = o
atingiu pelo menos 1800 cidades em 18 estados do país”); aprendizado da liderança pode ser produtivo, mesmo se
quando não há, temos uma adjetiva restritiva (restringe, houver distância no tempo e no espaço entre aquele que
delimita a informação – como no caso do exercício). influencia e aquele que é influenciado.

RESPOSTA: “CERTO’. RESPOSTA: “C”.

7-) 14-)
“A carga foi desviada e a viatura, com os vigilantes, Em todas as alternativas há expressões que represen-
abandonada em Pirituba, na zona norte de São Paulo.” Tra- tam a opinião do autor: Assisti ao maior espetáculo da
ta-se da figura de linguagem (de construção ou sintaxe) Terra / Não se pode esquecer / gesto humanitário que só
“zeugma”, que consiste na omissão de um termo já citado enobrece / demonstrando coragem e desprendimento.
anteriormente (diferente da elipse, que o termo não é ci-
tado, mas facilmente identificado). No enunciado temos a RESPOSTA: “B”.
narração de que a carga foi desviada e de que a viatura foi
abandonada.

RESPOSTA: “D”.

6
LÍNGUA PORTUGUESA

15-) As tipologias textuais caracterizam-se pelos aspectos de


“pensando nas suas estradas – barreiras, pedras sol- ordem linguística
tas, fissuras – sem falar em bandidos, milhões de bandi-
dos entre as fissuras, as pedras soltas e as barreiras...” = - Textos narrativos – constituem-se de verbos de ação de-
pensar nessas coisas, certamente, deixa-os apreensivos. marcados no tempo do universo narrado, como também de ad-
vérbios, como é o caso de antes, agora, depois, entre outros:
RESPOSTA: “C”. Ela entrava em seu carro quando ele apareceu. Depois de
muita conversa, resolveram...
16-)
Eu vou para a Ilha do Nanja para sair daqui = resposta - Textos descritivos – como o próprio nome indica, descre-
da própria autora! vem características tanto físicas quanto psicológicas acerca de
um determinado indivíduo ou objeto. Os tempos verbais apare-
RESPOSTA: “B”. cem demarcados no presente ou no pretérito imperfeito:
“Tinha os cabelos mais negros como a asa da graúna...”
17-)
Pela descrição realizada, o lugar não tem nada de - Textos expositivos – Têm por finalidade explicar um assun-
ruim. to ou uma determinada situação que se almeje desenvolvê-la,
enfatizando acerca das razões de ela acontecer, como em:
RESPOSTA: “D”. O cadastramento irá se prorrogar até o dia 02 de dezem-
bro, portanto, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
18-) benefício.
Questão que envolve interpretação “visual”! Fácil.
Basta observar o que as personagens “dizem” e o que - Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de uma mo-
“pensam”. dalidade na qual as ações são prescritas de forma sequencial,
utilizando-se de verbos expressos no imperativo, infinitivo ou
RESPOSTA: “A”. futuro do presente.
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador até
criar uma massa homogênea.
2 RECONHECIMENTO DE TIPOS E GÊNEROS
TEXTUAIS. - Textos argumentativos (dissertativo) – Demarcam-se pelo
predomínio de operadores argumentativos, revelados por uma
carga ideológica constituída de argumentos e contra-argumentos
que justificam a posição assumida acerca de um determinado
A todo o momento nos deparamos com vários textos, se- assunto.
jam eles verbais ou não verbais. Em todos há a presença do A mulher do mundo contemporâneo luta cada vez mais para
discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está conquistar seu espaço no mercado de trabalho, o que significa
sendo transmitido entre os interlocutores. Esses interlocutores que os gêneros estão em complementação, não em disputa.
são as peças principais em um diálogo ou em um texto escrito,
pois nunca escrevemos para nós mesmos, nem mesmo falamos Em se tratando de gêneros textuais, a situação não é diferen-
sozinhos. te, pois se conceituam como gêneros textuais as diversas situa-
É de fundamental importância sabermos classificar os tex- ções sociocomunicativas que participam da nossa vida em socie-
tos com os quais travamos convivência no nosso dia a dia. Para dade. Como exemplo, temos: uma receita culinária, um e-mail,
isso, precisamos saber que existem tipos textuais e gêneros uma reportagem, uma monografia, um poema, um editorial, e
textuais. assim por diante.
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um fato
presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa opinião sobre
determinado assunto, ou descrevemos algum lugar que visita- 3 DOMÍNIO DA ORTOGRAFIA OFICIAL.
mos, ou fazemos um retrato verbal sobre alguém que acabamos
de conhecer ou ver. É exatamente nessas situações corriqueiras
que classificamos os nossos textos naquela tradicional tipolo-
gia: Narração, Descrição e Dissertação. A ortografia é a parte da língua responsável pela grafia
correta das palavras. Essa grafia baseia-se no padrão culto
da língua.
As palavras podem apresentar igualdade total ou par-
cial no que se refere a sua grafia e pronúncia, mesmo ten-
do significados diferentes. Essas palavras são chamadas
de homônimas (canto, do grego, significa ângulo / canto,
do latim, significa música vocal). As palavras homônimas

7
LÍNGUA PORTUGUESA

dividem-se em homógrafas, quando têm a mesma grafia Escreve-se com Z e não com S:
(gosto, substantivo e gosto, 1ª pessoa do singular do verbo *os sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de adje-
gostar) e homófonas, quando têm o mesmo som (paço, palácio tivo: macio - maciez / rico - riqueza
ou passo, movimento durante o andar). *os sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de
Quanto à grafia correta em língua portuguesa, devem-se origem não termine com s): final - finalizar / concreto -
observar as seguintes regras: concretizar
*como consoante de ligação se o radical não terminar
O fonema s: com s: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal ≠ lápis +
inho - lapisinho
Escreve-se com S e não com C/Ç as palavras substanti-
vadas derivadas de verbos com radicais em nd, rg, rt, pel, corr O fonema j:
e sent: pretender - pretensão / expandir - expansão / ascender
- ascensão / inverter - inversão / aspergir aspersão / submergir Escreve-se com G e não com J:
- submersão / divertir - diversão / impelir - impulsivo / compelir
*as palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
- compulsório / repelir - repulsa / recorrer - recurso / discorrer -
gesso.
discurso / sentir - sensível / consentir - consensual
*estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento, gim.
Escreve-se com SS e não com C e Ç os nomes derivados *as terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
dos verbos cujos radicais terminem em gred, ced, prim ou com poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege, foge.
verbos terminados por tir ou meter: agredir - agressivo / impri-
mir - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder Observação: Exceção: pajem
- excesso / percutir - percussão / regredir - regressão / oprimir - *as terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
opressão / comprometer - compromisso / submeter - submissão litígio, relógio, refúgio.
*quando o prefixo termina com vogal que se junta com a *os verbos terminados em ger e gir: eleger, mugir.
palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétrico - assimétrico / *depois da letra “r” com poucas exceções: emergir, sur-
re + surgir - ressurgir gir.
*no pretérito imperfeito simples do subjuntivo. Exemplos: *depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
ficasse, falasse nado com j: ágil, agente.

Escreve-se com C ou Ç e não com S e SS os vocábulos de Escreve-se com J e não com G:


origem árabe: cetim, açucena, açúcar *as palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
*os vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, Ju- *as palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
çara, caçula, cachaça, cacique boia, manjerona.
*os sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, uço: *as palavras terminada com aje: aje, ultraje.
barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, caniço, esperança,
carapuça, dentuço O fonema ch:
*nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção / deter -
detenção / ater - atenção / reter - retenção Escreve-se com X e não com CH:
*após ditongos: foice, coice, traição *as palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
*palavras derivadas de outras terminadas em te, to(r): mar- caxi, muxoxo, xucro.
te - marciano / infrator - infração / absorto - absorção *as palavras de origem inglesa (sh) e espanhola (J):
xampu, lagartixa.
O fonema z:
*depois de ditongo: frouxo, feixe.
*depois de “en”: enxurrada, enxoval.
Escreve-se com S e não com Z:
*os sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é substan-
tivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: freguês, freguesa, Observação: Exceção: quando a palavra de origem
freguesia, poetisa, baronesa, princesa, etc. não derive de outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
*os sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, metamor-
fose. Escreve-se com CH e não com X:
*as formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis, qui- *as palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
seste. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.
*nomes derivados de verbos com radicais terminados
em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / empreender - As letras e e i:
empresa / difundir - difusão *os ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
*os diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís - Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis - lapisinho *os verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são
*após ditongos: coisa, pausa, pouso escritos com “e”: caçoe, tumultue. Escrevemos com “i”, os
*em verbos derivados de nomes cujo radical termina verbos com infinitivo em -air, -oer e -uir: trai, dói, possui.
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar - pesquisar

8
LÍNGUA PORTUGUESA

- atenção para as palavras que mudam de sentido (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do só-
quando substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área (su- cio de descançar após o almoço sob a frondoza árvore do
perfície), ária (melodia) / delatar (denunciar), dilatar (expan- pátio.
dir) / emergir (vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de (D) Não sei se isso influe, mas a persistência dessa má-
estância, que anda a pé), pião (brinquedo). goa pode estar sendo o grande impecilho na superação
dessa sua crise.
Fonte: http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portu- (E) O diretor exitou ao aprovar a retenção dessa alta
gues/ortografia quantia, mas não quiz ser taxado de conivente na conces-
são de privilégios ilegítimos.
Questões sobre Ortografia
05.Em qual das alternativas a frase está corretamente
01. (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011) Entre escrita?
as frases que seguem, a única correta é: A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupansa.
a) Ele se esqueceu de que? B) O mendigo não depositou na caderneta de poupança.
b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para distri- C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupanssa.
bui-lo entre os presentes. D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas crí- pansa.
ticas.
d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindicações 06.(IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM] - CCI) – VU-
dos funcionários. NESP/2011) Assinale a alternativa em que o trecho – Mas
e) Não sei por que ele mereceria minha consideração. ela cresceu ... – está corretamente reescrito no plural, com o
verbo no tempo futuro.
02. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2013). Assinale a alter- (A) Mas elas cresceram...
nativa cujas palavras se apresentam flexionadas de acordo (B) Mas elas cresciam...
com a norma- -padrão. (C) Mas elas cresçam...
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. (D) Mas elas crescem...
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. (E) Mas elas crescerão...
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local.
(D) Ao descer e subir escadas, segure-se nos corrimãos. 07. (IAMSPE/SP – ATENDENTE – [PAJEM – CCI] – VU-
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos! NESP/2011 - ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o
trecho – O teste decisivo e derradeiro para ele, cidadão an-
03. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). sioso e sofredor...– está escrito corretamente no plural.
Suponha-se que o cartaz a seguir seja utilizado para infor- (A) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadãos
mar os usuários sobre o festival Sounderground. ansioso e sofredores...
Prezado Usuário (B) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães
________ de oferecer lazer e cultura aos passageiros do ansioso e sofredores...
metrô, ________ desta segunda-feira (25/02), ________ 17h30, (C) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadãos
começa o Sounderground, festival internacional que presti- ansiosos e sofredores...
gia os músicos que tocam em estações do metrô. (D) Os testes decisivo e derradeiros para eles, cidadões
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen- ansioso e sofredores...
tarão e divirta-se! (E) Os testes decisivos e derradeiros para eles, cidadães
Para que o texto atenda à norma-padrão, devem-se ansiosos e sofredores...
preencher as lacunas, correta e respectivamente, com as
expressões 08. (MPE/RJ – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – FUJB/2011)
A) A fim ...a partir ... as Assinale a alternativa em que a frase NÃO contraria a nor-
B) A fim ...à partir ... às ma culta:
C) A fim ...a partir ... às A) Entre eu e a vida sempre houve muitos infortúnios,
D) Afim ...a partir ... às por isso posso me queixar com razão.
E) Afim ...à partir ... as B) Sempre houveram várias formas eficazes para ultra-
passarmos os infortúnios da vida.
04. (TRF - 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes
FCC/2011) As palavras estão corretamente grafadas na se- que vermos a pobreza e a miséria fazerem parte de nossa
guinte frase: vida.
(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é D) É difícil entender o por quê de tanto sofrimento,
boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa- principalmente daqueles que procuram viver com dignida-
geiros nos aeroportos. de e simplicidade.
(B) Comete muitos deslises, talvez por sua espontanei- E) As dificuldades por que passamos certamente nos
dade, mas nada que ponha em cheque sua reputação de fazem mais fortes e preparados para os infortúnios da vida.
pessoa cortês.

9
LÍNGUA PORTUGUESA

09.Assinale a alternativa cuja frase esteja incorreta: (C) Ele era rabugento e tinha ojeriza ao hábito do sócio
A) Porque essa cara? de descançar (descansar) após o almoço sob a frondoza
B) Não vou porque não quero. (frondosa) árvore do pátio.
C) Mas por quê? (D) Não sei se isso influe (influi), mas a persistência des-
D) Você saiu por quê? sa mágoa pode estar sendo o grande impecilho (empeci-
lho) na superação dessa sua crise.
10-) (GOVERNO DO ESTADO DE ALAGOAS – TÉCNICO (E) O diretor exitou (hesitou) ao aprovar a retenção des-
FORENSE - CESPE/2013 - adaptada) Uma variante igual- sa alta quantia, mas não quiz (quis) ser taxado de conivente
mente correta do termo “autópsia” é autopsia. na concessão de privilégios ilegítimos.
( ) Certo
( ) Errado 5-)
A) O mindingo não depositou na cardeneta de poupan-
GABARITO sa. = mendigo/caderneta/poupança
C) O mindigo não depozitou na cardeneta de poupans-
01.E 02. D 03. C 04. A 05. B sa. = mendigo/caderneta/poupança
06. E 07. C 08. E 09. A 10. C D) O mendingo não depozitou na carderneta de pou-
pansa. =mendigo/depositou/caderneta/poupança
RESOLUÇÃO
6-) Futuro do verbo “crescer”: crescerão. Teremos: mas
1-) elas crescerão...
(A) Ele se esqueceu de que? = quê? 7-) Como os itens apresentam o mesmo texto, a alter-
(B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para nativa correta já indica onde estão as inadequações nos
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes. demais itens.
(C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex-
cessivos nas críticas. 8-) Fiz as correções entre parênteses:
(D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi- A) Entre eu (mim) e a vida sempre houve muitos infor-
cações dos funcionários. túnios, por isso posso me queixar com razão.
(E) Não sei por que ele mereceria minha consideração. B) Sempre houveram (houve) várias formas eficazes
para ultrapassarmos os infortúnios da vida.
2-) C) Devemos controlar nossas emoções todas as vezes
(A) Os tabeliãos devem preparar o documento. = ta- que vermos (virmos) a pobreza e a miséria fazerem parte
beliães de nossa vida.
(B) Esses cidadões tinham autorização para portar fuzis. D) É difícil entender o por quê (o porquê) de tanto so-
= cidadãos frimento, principalmente daqueles que procuram viver com
(C) Para autenticar as certidãos, procure o cartório local. dignidade e simplicidade.
= certidões E) As dificuldades por que (= pelas quais; correto) pas-
(E) Cuidado com os degrais, que são perigosos = de- samos certamente nos fazem mais fortes e preparados
graus para os infortúnios da vida.

3-) Prezado Usuário 9-) Por que essa cara? = é uma pergunta e o pronome
A fim de oferecer lazer e cultura aos passageiros do me- está longe do ponto de interrogação.
trô, a partir desta segunda-feira (25/02), às 17h30, começa
o Sounderground, festival internacional que prestigia os mú- 10-) autopsia s.f., autópsia s.f.; cf. autopsia
sicos que tocam em estações do metrô. (fonte: http://www.academia.org.br/abl/cgi/cgilua.exe/
Confira o dia e a estação em que os artistas se apresen- sys/start.htm?sid=23)
tarão e divirta-se! RESPOSTA: “CERTO”.
A fim = indica finalidade; a partir: sempre separado; an-
tes de horas: há crase

4-) Fiz a correção entre parênteses:


(A) Que eles viajem sempre é muito bom, mas não é
boa a ansiedade com que enfrentam o excesso de passa-
geiros nos aeroportos.
(B) Comete muitos deslises (deslizes), talvez por sua
espontaneidade, mas nada que ponha em cheque (xeque)
sua reputação de pessoa cortês.

10
LÍNGUA PORTUGUESA

Em média, ocupa 3/5 do texto, no mínimo. Já nos tex-


4 DOMÍNIO DOS MECANISMOS DE tos mais longos, pode estar inserido em capítulos ou tre-
COESÃO TEXTUAL. chos destacados por subtítulos. Deverá se apresentar no
4.1 EMPREGO DE ELEMENTOS DE formato de parágrafos medianos e curtos.
Os principais erros cometidos no desenvolvimento são
REFERENCIAÇÃO, SUBSTITUIÇÃO E
o desvio e a desconexão da argumentação. O primeiro está
REPETIÇÃO, DE CONECTORES E DE OUTROS relacionado ao autor tomar um argumento secundário que
ELEMENTOS DE SEQUENCIAÇÃO TEXTUAL. se distancia da discussão inicial, ou quando se concentra
em apenas um aspecto do tema e esquece o seu todo. O
segundo caso acontece quando quem redige tem muitas
Primeiramente, o que nos faz produzir um texto é a ca- ideias ou informações sobre o que está sendo discutido,
pacidade que temos de pensar. Por meio do pensamento, não conseguindo estruturá-las. Surge também a dificul-
elaboramos todas as informações que recebemos e orien- dade de organizar seus pensamentos e definir uma linha
tamos as ações que interferem na realidade e organização lógica de raciocínio.
de nossos escritos. O que lemos é produto de um pensa-
mento transformado em texto. Conclusão
Logo, como cada um de nós tem seu modo de pen-
sar, quando escrevemos sempre procuramos uma maneira Considerada como a parte mais importante do texto,
organizada do leitor compreender as nossas ideias. A fina- é o ponto de chegada de todas as argumentações elabo-
lidade da escrita é direcionar totalmente o que você quer radas. As ideias e os dados utilizados convergem para essa
dizer, por meio da comunicação. parte, em que a exposição ou discussão se fecha.
Para isso, os elementos que compõem o texto se sub- Em uma estrutura normal, ela não deve deixar uma
dividem em: introdução, desenvolvimento e conclusão. To- brecha para uma possível continuidade do assunto; ou
dos eles devem ser organizados de maneira equilibrada. seja, possui atributos de síntese. A discussão não deve ser
encerrada com argumentos repetitivos, sendo evitados na
Introdução medida do possível. Alguns exemplos: “Portanto, como já
dissemos antes...”, “Concluindo...”, “Em conclusão...”.
Caracterizada pela entrada no assunto e a argumen- Sua proporção em relação à totalidade do texto deve
tação inicial. A ideia central do texto é apresentada nessa ser equivalente ao da introdução: de 1/5. Essa é uma das
etapa. Entretanto, essa apresentação deve ser direta, sem características de textos bem redigidos.
rodeios. O seu tamanho raramente excede a 1/5 de todo o Os seguintes erros aparecem quando as conclusões fi-
texto. Porém, em textos mais curtos, essa proporção não é cam muito longas:
equivalente. Neles, a introdução pode ser o próprio título.
Já nos textos mais longos, em que o assunto é exposto → O problema aparece quando não ocorre uma ex-
em várias páginas, ela pode ter o tamanho de um capítulo ploração devida do desenvolvimento. Logo, acontece uma
invasão das ideias de desenvolvimento na conclusão.
ou de uma parte precedida por subtítulo. Nessa situação,
→ Outro fator consequente da insuficiência de funda-
pode ter vários parágrafos. Em redações mais comuns, que
mentação do desenvolvimento está na conclusão precisar
em média têm de 25 a 80 linhas, a introdução será o pri-
de maiores explicações, ficando bastante vazia.
meiro parágrafo.
→ Enrolar e “encher linguiça” são muito comuns no
texto em que o autor fica girando em torno de ideias re-
Desenvolvimento
dundantes ou paralelas.
→ Uso de frases vazias que, por vezes, são perfeita-
A maior parte do texto está inserida no desenvolvi- mente dispensáveis.
mento. Ele é responsável por estabelecer uma ligação entre → Quando não tem clareza de qual é a melhor con-
a introdução e a conclusão. É nessa etapa que são elabo- clusão, o autor acaba se perdendo na argumentação final.
radas as ideias, os dados e os argumentos que sustentam Em relação à abertura para novas discussões, a con-
e dão base às explicações e posições do autor. É carac- clusão não pode ter esse formato, exceto pelos seguintes
terizado por uma “ponte” formada pela organização das fatores:
ideias em uma sequência que permite formar uma relação
equilibrada entre os dois lados. → Para não influenciar a conclusão do leitor sobre te-
O autor do texto revela sua capacidade de discutir um mas polêmicos, o autor deixa a conclusão em aberto.
determinado tema no desenvolvimento. Nessa parte, ele → Para estimular o leitor a ler uma possível continuida-
se torna capaz de defender seus pontos de vista, além de de do texto, ou autor não fecha a discussão de propósito.
dirigir a atenção do leitor para a conclusão. As conclusões → Por apenas apresentar dados e informações sobre
são fundamentadas a partir daqui. o tema a ser desenvolvido, o autor não deseja concluir o
Para que o desenvolvimento cumpra seu objetivo, o assunto.
escritor já deve ter uma ideia clara de como vai ser a con- → Para que o leitor tire suas próprias conclusões, o au-
clusão. Por isso a importância do planejamento de texto. tor enumera algumas perguntas no final do texto.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A maioria dessas falhas pode ser evitada se antes o au- Coesão


tor fizer um esboço de todas as suas ideias. Essa técnica é - assenta-se no plano gramatical e no nível frasal;
um roteiro, em que estão presentes os planejamentos. Nele - situa-se na superfície do texto, estabelece conexão se-
devem estar indicadas as melhores sequências a serem utili- quencial;
zadas na redação. O roteiro deve ser o mais enxuto possível. - relaciona-se com a microestrutura, trabalha com as
Fonte: http://producao-de-textos.info/mos/view/Carac- partes componentes do texto;
ter%C3%ADsticas_e_Estruturas_do_Texto/ - Estabelece relações entre os vocábulos no interior das
frases.
Não basta conhecer o conteúdo das partes de um tra-
balho: introdução, desenvolvimento e conclusão. Além de Coerência e coesão são responsáveis pela inteligibilida-
saber o que se deve (e o que não se deve) escrever em cada de ou compreensão do texto. Um texto bem redigido tem
parte constituinte do texto, é preciso saber escrever obe- parágrafos bem estruturados e articulados pelo encadea-
decendo às normas de coerência e coesão. Antes de mais mento das ideias neles contidas. As estruturas frasais devem
nada, é necessário definir os termos: coerência diz respeito ser coerentes e gramaticalmente corretas, no que diz respei-
à articulação do texto, à compatibilidade das ideias, à lógica to à sintaxe. O vocabulário precisa ser adequado e essa ade-
do raciocínio, a seu conteúdo. Coesão refere-se à expressão quação só se consegue pelo conhecimento dos significados
linguística, ao nível gramatical, às estruturas frasais e ao em- possíveis de cada palavra. Talvez os erros mais comuns de
prego do vocabulário. redação sejam devidos à impropriedade do vocabulário e ao
mau emprego dos conectivos (conjunções, que têm por fun-
Coerência e coesão relacionam-se com o processo de ção ligar uma frase ou período a outro). Eis alguns exemplos
produção e compreensão do texto. A coesão contribui para de impropriedade do vocabulário, colhidos em redações so-
a coerência, mas nem sempre um texto coerente apresenta bre censura e os meios de comunicação e outras.
coesão. Pode ocorrer que o texto sem coerência apresente
coesão, ou que um texto tenha coesão sem coerência. Em “Nosso direito é frisado na Constituição.”
outras palavras: um texto pode ser gramaticalmente bem Nosso direito é assegurado pela Constituição. = correta
construído, com frases bem estruturadas, vocabulário cor-
reto, mas apresentar ideias sem nexo, sem uma sequência “Estabelecer os limites as quais a programação deveria
lógica: há coesão, mas não coerência. Por outro lado, um estar exposta.”
texto pode apresentar ideias coerentes e bem encadeadas, Estabelecer os limites aos quais a programação deveria
sem que no plano da expressão as estruturas frasais sejam estar sujeita. = correta
gramaticalmente aceitáveis: há coerência, mas não coesão.
A coerência textual subjaz ao texto e é responsável pela “A censura deveria punir as notícias sensacionalistas.”
hierarquização dos elementos textuais, ou seja, ela tem ori- A censura deveria proibir (ou coibir) as notícias sensacio-
gem nas estruturas profundas, no conhecimento do mundo nalistas ou punir os meios de comunicação que veiculam tais
de cada pessoa, aliada à competência linguística. Deduz-se notícias. = correta
que é difícil ensinar coerência textual, intimamente ligada à
visão de mundo, à origem das ideias no pensamento. A coe- “Retomada das rédeas da programação.”
são, porém, refere-se à expressão linguística, aos processos Retomada das rédeas dos meios de comunicação, no que
sintáticos e gramaticais do texto. diz respeito à programação. = correta
O seguinte resumo caracteriza coerência e coesão:
O emprego de vocabulário inadequado prejudica mui-
Coerência: rede de sintonia entre as partes e o todo de tas vezes a compreensão das ideias. É importante, ao redi-
um texto. Conjunto de unidades sistematizadas numa ade- gir, empregar palavras cujo significado seja conhecido pelo
quada relação semântica, que se manifesta na compatibi- enunciador, e cujo emprego faça parte de seus conhecimen-
lidade entre as ideias. (Na linguagem popular: “dizer coisa tos linguísticos. Muitas vezes, quem redige conhece o sig-
com coisa” ou “uma coisa bate com outra”). nificado de determinada palavra, mas não sabe empregá-la
Coesão: conjunto de elementos posicionados ao longo adequadamente, isso ocorre frequentemente com o empre-
do texto, numa linha de sequência e com os quais se estabe- go dos conectivos (preposições e conjunções). Não basta
lece um vínculo ou conexão sequencial. Se o vínculo coesivo saber que as preposições ligam nomes ou sintagmas nomi-
faz-se via gramática, fala-se em coesão gramatical. Se se faz nais no interior das frases e que as conjunções ligam frases
por meio do vocabulário, tem-se a coesão lexical. dentro do período; é necessário empregar adequadamente
tanto umas como outras. É bem verdade que, na maioria das
Coerência vezes, o emprego inadequado dos conectivos remete aos
- assenta-se no plano cognitivo, da inteligibilidade do problemas de regência verbal e nominal.
texto; Exemplos:
- situa-se na subjacência do texto; estabelece conexão
conceitual; “Estar inteirada com os fatos” significa participação, in-
- relaciona-se com a macroestrutura; trabalha com o teração.
todo, com o aspecto global do texto; “Estar inteirada dos fatos” significa ter conhecimento
- estabelece relações de conteúdo entre palavras e frases. dos fatos, estar informada.

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LÍNGUA PORTUGUESA

“Ir de encontro” significa divergir, não concordar. - A articulação sintática de causa pode ser feita por
“Ir ao encontro” quer dizer concordar. meio de conjunções e locuções conjuntivas: pois, porque,
como, por isso que, visto que, uma vez que, já que. Também
“Ameaça de liberdade de expressão e transmissão de podem ser empregadas as preposições e locuções preposi-
ideias” significa a liberdade não é ameaça; tivas: por, por causa de, em vista de, em virtude de, devido a,
“Ameaça à liberdade de expressão e transmissão de em consequência de, por motivo de, por razões de.
ideias”, isto é, a liberdade fica ameaçada. - O principal articulador sintático de condição é o “se”:
Se o time ganhar esse jogo, será campeão. Pode-se tam-
Quanto à regência verbal, convém sempre consultar um bém expressar condição pelo emprego dos conectivos:
dicionário de verbos, pois muitos deles admitem duas ou caso, contanto que, desde que, a menos que, a não ser que.
três regências diferentes; cada uma, porém, tem um signifi- - O emprego da preposição “para” é a maneira mais
cado específico. Lembre-se, a propósito, de que as dúvidas comum de expressar finalidade. “É necessário baixar as ta-
sobre o emprego da crase decorrem do fato de considerar- xas de juros para que a economia se estabilize” ou para a
se crase como sinal de acentuação apenas, quando o pro- economia estabilizar-se. “Teresa vai estudar bastante para
blema refere-se à regência nominal e verbal.
fazer boa prova.” Há outros articuladores que expressam
Exemplos:
finalidade: a fim de, com o propósito de, na finalidade de,
com a intenção de, com o objetivo de, com o fito de, com
O verbo assistir admite duas regências:
assistir o/a (transitivo direto) significa dar ou prestar as- o intuito de.
sistência (O médico assiste o doente): - A ideia de conclusão pode ser introduzida por meio
Assistir ao (transitivo indireto): ser espectador (Assisti ao dos articuladores: assim, desse modo, então, logo, portan-
jogo da seleção). to, pois, por isso, por conseguinte, de modo que, em vista
disso. Para introduzir mais um argumento a favor de de-
Pedir o =n(transitivo direto) significa solicitar, pleitear terminada conclusão emprega-
(Pedi o jornal do dia). -se ainda. Os articuladores aliás, além do mais, além
Pedir que =,contém uma ordem (A professora pediu que disso, além de tudo, introduzem um argumento decisivo,
fizessem silêncio). cabal, apresentado como um acréscimo, para justificar de
Pedir para = pedir permissão (Pediu para sair da clas- forma incontestável o argumento contrário.
se); significa também pedir em favor de alguém (A Diretora - Para introduzir esclarecimentos, retificações ou
pediu ajuda para os alunos carentes) em favor dos alunos, desenvolvimento do que foi dito empregam-se os arti-
pedir algo a alguém (para si): (Pediu ao colega para ajudá-lo); culadores: isto é, quer dizer, ou seja, em outras palavras.
pode significar ainda exigir, reclamar (Os professores pedem A conjunção aditiva “e” anuncia não a repetição, mas o
aumento de salário). desenvolvimento do discurso, pois acrescenta uma infor-
mação nova, um dado novo, e se não acrescentar nada, é
O mau emprego dos pronomes relativos também pode pura repetição e deve ser evitada.
levar à falta de coesão gramatical. Frequentemente, empre- - Alguns articuladores servem para estabelecer uma
ga-se no qual ou ao qual em lugar do que, com prejuízo da gradação entre os correspondentes de determinada esca-
clareza do texto; outras vezes, o emprego é desnecessário la. No alto dessa escala acham-se: mesmo, até, até mesmo;
ou inadequado. no plano mais baixo: ao menos, pelo menos, no mínimo.
“Pela manhã o carteiro chegou com um envelope para
mim no qual estava sem remetente”. (Chegou com um enve-
lope que (o qual) estava sem remetente).
4.2 EMPREGO DE TEMPOS E
“Encontrei apenas belas palavras o qual não duvido da MODOS VERBAIS.
sensibilidade...”
Encontrei belas palavras e não duvido da sensibilidade
delas (palavras cheias de sensibilidade).
Verbo é a classe de palavras que se flexiona em pes-
Para evitar a falta de coerência e coesão na articulação soa, número, tempo, modo e voz. Pode indicar, entre
das frases, aconselha-se levar em conta as seguintes suges- outros processos: ação (correr); estado (ficar); fenômeno
tões para o emprego correto dos articuladores sintáticos (chover); ocorrência (nascer); desejo (querer).
(conjunções, preposições, locuções prepositivas e locuções O que caracteriza o verbo são as suas flexões, e não os
conjuntivas). seus possíveis significados. Observe que palavras como
- Para dar ideia de oposição ou contradição, a articu- corrida, chuva e nascimento têm conteúdo muito próximo
lação sintática faz-se por meio de conjunções adversativas: ao de alguns verbos mencionados acima; não apresen-
mas, porém, todavia, contudo, no entanto, entretanto. Podem tam, porém, todas as possibilidades de flexão que esses
também ser empregadas as conjunções concessivas e locu- verbos possuem.
ções prepositivas para introduzir a ideia de oposição aliada
à concessão: embora, ou muito embora, apesar de, ainda que,
conquanto, posto que, a despeito de, não obstante.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Estrutura das Formas Verbais ** haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
zar-se ou fazer (em orações temporais).
Do ponto de vista estrutural, uma forma verbal pode Havia poucos ingressos à venda. (Havia = Existiam)
apresentar os seguintes elementos: Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá reuniões aqui. (Haverá = Realizar-se-ão)
- Radical: é a parte invariável, que expressa o significa- Deixei de fumar há muitos anos. (há = faz)
do essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava; fal-am. ** fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
(radical fal-) Faz invernos rigorosos no Sul do Brasil.
Era primavera quando a conheci.
- Tema: é o radical seguido da vogal temática que indica Estava frio naquele dia.
a conjugação a que pertence o verbo. Por exemplo: fala-r
São três as conjugações: 1ª - Vogal Temática - A - (falar), ** Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza
2ª - Vogal Temática - E - (vender), 3ª - Vogal Temática - I - são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhe-
(partir). cer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci
mal- -humorado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sen-
- Desinência modo-temporal: é o elemento que desig- tido figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em
na o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal.
falávamos ( indica o pretérito imperfeito do indicativo.)
falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo.) Amanheci mal-humorado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
- Desinência número-pessoal: é o elemento que desig- Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
na a pessoa do discurso ( 1ª, 2ª ou 3ª) e o número (singular
ou plural): ** São impessoais, ainda:
falamos (indica a 1ª pessoa do plural.)
falavam (indica a 3ª pessoa do plural.) 1. o verbo passar (seguido de preposição), indicando
tempo: Já passa das seis.
Observação: o verbo pôr, assim como seus derivados 2. os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição de,
(compor, repor, depor, etc.), pertencem à 2ª conjugação, pois indicando suficiência: Basta de tolices. Chega de blasfêmias.
a forma arcaica do verbo pôr era poer. A vogal “e”, apesar 3. os verbos estar e ficar em orações tais como Está bem,
de haver desaparecido do infinitivo, revela-se em algumas Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal, sem referên-
formas do verbo: põe, pões, põem, etc. cia a sujeito expresso anteriormente. Podemos, ainda, nesse
caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais
Formas Rizotônicas e Arrizotônicas verbos, então, pessoais.

Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura 4. o verbo deu + para da língua popular, equivalente de
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- “ser possível”. Por exemplo:
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento Não deu para chegar mais cedo.
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, nutro, por Dá para me arrumar uns trocados?
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
no radical, mas sim na terminação verbal: opinei, aprende- * Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-
rão, nutriríamos. se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
A fruta amadureceu.
Classificação dos Verbos As frutas amadureceram.

Classificam-se em: Obs.: os verbos unipessoais podem ser usados como


verbos pessoais na linguagem figurada: Teu irmão amadu-
- Regulares: são aqueles que possuem as desinências receu bastante.
normais de sua conjugação e cuja flexão não provoca al- Entre os unipessoais estão os verbos que significam vo-
terações no radical: canto cantei cantarei cantava zes de animais; eis alguns: bramar: tigre, bramir: crocodilo,
cantasse. cacarejar: galinha, coaxar: sapo, cricrilar: grilo
- Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço fiz farei fizesse. Os principais verbos unipessoais são:
1. cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser
- Defectivos: são aqueles que não apresentam conjuga- (preciso, necessário, etc.):
ção completa. Classificam-se em impessoais, unipessoais e Cumpre trabalharmos bastante. (Sujeito: trabalharmos
pessoais: bastante.)
* Impessoais: são os verbos que não têm sujeito. Nor- Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover.)
malmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os É preciso que chova. (Sujeito: que chova.)
principais verbos impessoais são:

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LÍNGUA PORTUGUESA

2. fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que deixei de fumar. (Sujeito: que deixei de fumar.)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não vejo Cláudia. (Sujeito: que não vejo Cláudia)

Obs.: todos os sujeitos apontados são oracionais.

* Pessoais: não apresentam algumas flexões por motivos morfológicos ou eufônicos. Por exemplo:

- verbo falir. Este verbo teria como formas do presente do indicativo falo, fales, fale, idênticas às do verbo falar - o que
provavelmente causaria problemas de interpretação em certos contextos.
- verbo computar. Este verbo teria como formas do presente do indicativo computo, computas, computa - formas de
sonoridade considerada ofensiva por alguns ouvidos gramaticais. Essas razões muitas vezes não impedem o uso efetivo de
formas verbais repudiadas por alguns gramáticos: exemplo disso é o próprio verbo computar, que, com o desenvolvimento
e a popularização da informática, tem sido conjugado em todos os tempos, modos e pessoas.

- Abundantes: são aqueles que possuem mais de uma forma com o mesmo valor. Geralmente, esse fenômeno costuma
ocorrer no particípio, em que, além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas
(particípio irregular). Observe:

INFINITIVO PARTICÍPIO REGULAR PARTICÍPIO IRREGULAR


Anexar Anexado Anexo
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Matar Matado Morto
Morrer Morrido Morto
Pegar Pegado Pego
Soltar Soltado Solto

- Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Por exemplo: Ir, Pôr, Ser, Saber (vou, vais,
ides, fui, foste, pus, pôs, punha, sou, és, fui, foste, seja).
- Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal,
quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.

Vou espantar as moscas.


(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora do debate.


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Os noivos foram cumprimentados por todos os presentes.


(verbo auxiliar) (verbo principal no particípio)

Obs.: os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

Conjugação dos Verbos Auxiliares

SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pretérito Imp. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

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LÍNGUA PORTUGUESA

SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles
ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imperf. Pret.Mais-Que-Perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

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LÍNGUA PORTUGUESA

HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Pret.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


haja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
haverem
TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imper. Preté.Mais-Que-Perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
Tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


Tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

- Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mes-
ma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita no
próprio sentido do verbo (reflexivos essenciais). Veja:

- 1. Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater- -se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

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LÍNGUA PORTUGUESA

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) - Infinitivo Impessoal: exprime a significação do verbo
tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do substantivo. Por exemplo:
verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula Viver é lutar. (= vida é luta)
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente
Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e res- (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
pectivos pronomes): plo:
Eu me arrependo É preciso ler este livro.
Tu te arrependes Era preciso ter lido este livro.
Ele se arrepende
Nós nos arrependemos - Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três
Vós vos arrependeis pessoas do discurso. Na 1ª e 3ª pessoas do singular, não
Eles se arrependem apresenta desinências, assumindo a mesma forma do im-
pessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
- 2. Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos 2ª pessoa do singular: Radical + ES Ex.: teres(tu)
em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto 1ª pessoa do plural: Radical + MOS Ex.: termos (nós)
representado por pronome oblíquo da mesma pessoa do 2ª pessoa do plural: Radical + DES Ex.: terdes (vós)
sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele 3ª pessoa do plural: Radical + EM Ex.: terem (eles)
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos
diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes Por exemplo: Foste elogiado por teres alcançado uma boa
mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por colocação.
exemplo: Maria se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode - Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo
ser exercida também sobre outra pessoa. Por exemplo: ou advérbio. Por exemplo:
Maria penteou-me. Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de ad-
vérbio)
Observações: Nas ruas, havia crianças vendendo doces. (função de ad-
- Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes jetivo)
oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem fun-
ção sintática. Na forma simples, o gerúndio expressa uma ação em cur-
- Há verbos que também são acompanhados de prono- so; na forma composta, uma ação concluída. Por exemplo:
mes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente pro- Trabalhando, aprenderás o valor do dinheiro.
nominais, são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os Tendo trabalhado, aprendeu o valor do dinheiro.
pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à - Particípio: quando não é empregado na formação dos
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo: tempos compostos, o particípio indica geralmente o resul-
Eu me feri. = Eu(sujeito) - 1ª pessoa do singular me (ob- tado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero,
jeto direto) - 1ª pessoa do singular número e grau. Por exemplo:
Terminados os exames, os candidatos saíram.
Modos Verbais
Quando o particípio exprime somente estado, sem ne-
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo nhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
verbo na expressão de um fato. Em Português, existem três de adjetivo (adjetivo verbal). Por exemplo: Ela foi a aluna es-
modos: colhida para representar a escola.
Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu sem-
pre estudo. Tempos Verbais

Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Tal- Tomando-se como referência o momento em que se fala,
vez eu estude amanhã. a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tem-
pos. Veja:
Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estuda ago-
ra, menino. 1. Tempos do Indicativo

Formas Nominais - Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste co-


légio.
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas
que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjeti- - Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num
vo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
Observe: terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.

- Pretérito-Mais-Que-Perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já tinha estudado as
lições quando os amigos chegaram. (forma composta) Ele já estudara as lições quando os amigos chegaram. (forma simples).

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.

- Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se eu tivesse
dinheiro, viajaria nas férias.

2. Tempos do Subjuntivo

- Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
- Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o
jogo.
Obs.: o pretérito imperfeito é também usado nas construções em que se expressa a ideia de condição ou desejo. Por
exemplo: Se ele viesse ao clube, participaria do campeonato.

- Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
Obs.: o futuro do presente é também usado em frases que indicam possibilidade ou desejo. Por exemplo: Se ele vier à
loja, levará as encomendas.

Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

Pretérito Perfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

Pretérito mais-que-perfeito

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª/2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
cantAVAS vendIAS partAS
CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

Futuro do Presente do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

Futuro do Pretérito do Indicativo

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação

CANTAR VENDER PARTIR


cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2ª e 3ª conjugação).

1ª conjug. 2ª conjug. 3ª conju. Des. temporal Des.temporal Desinên. pessoal


1ª conj. 2ª/3ª conj.

CANTAR VENDER PARTIR


cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M

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LÍNGUA PORTUGUESA

Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obtendo-
se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e pessoa
correspondente.

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal


1ª /2ª e 3ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR R Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM PartiREM R EM

Modo Imperativo

Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo


Que eu cante ---
Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

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LÍNGUA PORTUGUESA

Observações:
- No modo imperativo não faz sentido usar na 3ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
- O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

Infinitivo Pessoal

1ª conjugação 2ª conjugação 3ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

Questões sobre Verbo

01. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - ASSISTENTE SOCIAL JUDICIÁRIO - VUNESP/2012) Assinale a
alternativa em que todos os verbos estão conjugados segundo a norma-padrão.
(A) Absteu-se do álcool durante anos; agora, voltou ao vício.
(B) Perderam seus documentos durante a viagem, mas já os reaveram.
(C) Avisem-me, se vocês verem que estão ocorrendo conflitos.
(D) Só haverá acordo se nós propormos uma boa indenização.
(E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos eletrônicos.

02. (TRT/AL - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014)


... e então percorriam as pouco povoadas estepes da Ásia Central até o mar Cáspio e além.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:
(A) ... e de lá por navios que contornam a Índia...
(B) ... era a capital da China.
(C) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
(D) ... dispararam na última década.
(E) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chinesas...

03. (TRF - 2ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2012) O emprego, a grafia e a flexão dos verbos estão corretos em:
(A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty não prescindiram e não requiseram mais do que o esquecimento
e a passagem do tempo.
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge do es-
quecimento, em 1974.
(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a importância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, sobreviram
longos anos de esquecimento.
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos atro-
pelos do turismo selvagem.
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para que obtesse, agora em definitivo, o prestígio de um polo turístico
de inegável valor histórico.

04. (TRF - 3ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - FCC/2014) Tinham seus prediletos ...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o grifado acima está em:
(A) Dumas consentiu.
(B) ... levaram com eles a instituição do “lector”.
(C) ... enquanto uma fileira de trabalhadores enrolam charutos...
(D) Despontava a nova capital mundial do Havana.
(E) ... que cedesse o nome de seu herói...

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LÍNGUA PORTUGUESA

05.(Analista – Arquitetura – FCC – 2013-adap.). Está ade- 09. (PREFEITURA DE SÃO CARLOS/SP – ENGENHEIRO –
quada a correlação entre tempos e modos verbais na frase: ÁREA CIVIL – VUNESP/2011) Considere as frases:
A) Os que levariam a vida pensando apenas nos valores I. Há diversos projetos de lei em tramitação na Câmara.
absolutos talvez façam melhor se pensassem no encanto II. Caso a bondade seja aprovada, haverá custo adicional
dos pequenos bons momentos. de 5,4 bilhões de reais por ano.
B) Há até quem queira saber quem fosse o maior ban- Assinale a alternativa que, respectivamente, substitui o
dido entre os que recebessem destaque nos popularescos verbo haver pelo verbo existir, conservando o tempo e o
programas da TV. modo.
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gos- (A) Existe – existe
tam tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tenha (B) Existem – existirão
aspirações a ser metafísica. (C) Existirão – existirá
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levarem em (D) Existem – existirá
conta nossa condição de mortais, não precisariam preocu- (E) Existiriam – existiria
par-se com os degraus da notoriedade.
E) Quanto mais aproveitássemos o que houvesse de 10. (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
grande nos momentos felizes, menos precisaríamos nos ... pois assim se via transportado de volta “à glória que foi
preocupar com conquistas superlativas. a Grécia e à grandeza que foi Roma”.
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o
06. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – grifado acima está em:
FCC/2012) ...Ou pretendia. a) Poe certamente acreditava nisso...
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o b) Se Grécia e Roma foram, para Poe, uma espécie de
grifado acima está em: casa...
a) ... ao que der ... c) ... ainda seja por nós obscuramente sentido como
b) ... virava a palavra pelo avesso ... verdadeiro, embora não de modo consciente.
c) Não teria graça ... d) ... como um legado que provê o fundamento de nos-
d) ... um conto que sai de um palíndromo ... sas sensibilidades.
e) ... como decidiu o seu destino de escritor. e) Seria ela efetivamente, para o poeta, uma encarnação
da princesa homérica?
07. (SABESP – TECNÓLOGO – FCC/2014) É importante
GABARITO
que a inserção da perspectiva da sustentabilidade na cultura
empresarial, por meio das ações e projetos de Educação Am-
01.E 02. B 03. D 04. D 05. E
biental, esteja alinhada a esses conceitos.
06.B 07. E 08. C 09. D 10.B
O verbo empregado nos mesmos tempo e modo que o
verbo grifado na frase acima está em:
RESOLUÇÃO
(A) ... a Empresa desenvolve todas as suas ações, polí-
ticas... 1-) Correção à frente:
(B) ... as definições de Educação Ambiental são abran- (A) Absteu-se = absteve-se
gentes... (B) mas já os reaveram = reouveram
(C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentá- (C) se vocês verem = virem
vel... (D) Só haverá acordo se nós propormos = propusermos
(D) ... e incorporou [...] também aspectos de desenvol- (E) Antes do jantar, a criançada se entretinha com jogos
vimento humano. eletrônicos.
(E)... e reforce a identidade das comunidades.
2-) Percorriam = Pretérito Imperfeito do Indicativo
08. (DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DO RIO DE JA- A = contornam – presente do Indicativo
NEIRO – TÉCNICO SUPERIOR ESPECIALIZADO EM BIBLIO- B = era = pretérito imperfeito do Indicativo
TECONOMIA – FGV PROJETOS /2014) Na frase “se você C = foi = pretérito perfeito do Indicativo
quiser ir mais longe”, a forma verbal empregada tem sua D = dispararam = pretérito mais-que-perfeito do Indi-
forma corretamente conjugada. A frase abaixo em que a cativo
forma verbal está ERRADA é E = acompanham = presente do Indicativo
(A) se você se opuser a esse desejo.
(B) se você requerer este documento. 3-) Acrescentei as formas verbais adequadas nas ora-
(C) se você ver esse quadro. ções analisadas:
(D) se você provier da China. (A) A revalorização e a nova proeminência de Paraty
(E) se você se entretiver com o jogo. não prescindiram e não requiseram (requereram) mais do
que o esquecimento e a passagem do tempo.
(B) Quando se imaginou que Paraty havia sido para
sempre renegada a um segundo plano, eis que ela imerge
(emerge) do esquecimento, em 1974.

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LÍNGUA PORTUGUESA

(C) A cada novo ciclo econômico retificava-se a impor- I. Existem diversos projetos de lei em tramitação na Câ-
tância estratégica de Paraty, até que, a partir de 1855, so- mara.
breviram (sobrevieram) longos anos de esquecimento. II. Caso a bondade seja aprovada, existirá custo adicio-
(D) A Casa Azul envidará todos os esforços, refreando nal de 5,4 bilhões de reais por ano.
as ações predatórias, para que a cidade não sucumba aos Existem / existirá.
atropelos do turismo selvagem.
(E) Paraty imbuiu da sorte e do destino os meios para 10-) Foi = pretérito perfeito do Indicativo
que obtesse, (obtivesse) agora em definitivo, o prestígio de a) Poe certamente acreditava = pretérito imperfeito do
um polo turístico de inegável valor histórico. Indicativo
b) Se Grécia e Roma foram = pretérito perfeito do In-
4-)Tinham = pretérito imperfeito do Indicativo. Vamos dicativo
às alternativas: c) ... ainda seja = presente do Subjuntivo
Consentiu = pretérito perfeito / levaram = pretérito d) ... como um legado que provê = presente do Indi-
perfeito (e mais-que-perfeito) do Indicativo cativo
Despontava = pretérito imperfeito do Indicativo e) Seria = futuro do pretérito do Indicativo
Cedesse = pretérito do Subjuntivo
Vozes do Verbo
5-)
A) Os que levam a vida pensando apenas nos valores Dá-se o nome de voz à forma assumida pelo verbo
absolutos talvez fariam melhor se pensassem no encanto para indicar se o sujeito gramatical é agente ou paciente
dos pequenos bons momentos. da ação. São três as vozes verbais:
B) Há até quem queira saber quem é o maior bandido
entre os que recebem destaque nos popularescos progra- - Ativa: quando o sujeito é agente, isto é, pratica a
mas da TV. ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
C) Não admira que os leitores de Manuel Bandeira gos- Ele fez o trabalho.
tem tanto de sua poesia, sobretudo porque ela não tem
sujeito agente ação objeto (paciente)
aspirações a ser metafísica.
D) Se os adeptos da fama a qualquer custo levassem em
- Passiva: quando o sujeito é paciente, recebendo a
conta nossa condição de mortais, não precisariam preocu-
ação expressa pelo verbo. Por exemplo:
par-se com os degraus da notoriedade.
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da pas-
6-) Pretendia = pretérito imperfeito do Indicativo
siva
a) ... ao que der ... = futuro do Subjuntivo
b) ... virava = pretérito imperfeito do Indicativo - Reflexiva: quando o sujeito é ao mesmo tempo agen-
c) Não teria = futuro do pretérito do Indicativo te e paciente, isto é, pratica e recebe a ação. Por exemplo:
d) ... um conto que sai = presente do Indicativo O menino feriu-se.
e) ... como decidiu = pretérito perfeito do Indicativo
Obs.: não confundir o emprego reflexivo do verbo com
7-) O verbo “esteja” está no presente do Subjuntivo. a noção de reciprocidade: Os lutadores feriram-se. (um ao
(A) ... a Empresa desenvolve = presente do Indicativo outro)
(B) ... as definições de Educação Ambiental são = pre-
sente do Indicativo Formação da Voz Passiva
(C) ... também se associa o Desenvolvimento Sustentá-
vel... = presente do Indicativo A voz passiva pode ser formada por dois processos:
(D) ... e incorporou [...] = pretérito perfeito do Indicativo analítico e sintético.
(E)... e reforce a identidade das comunidades. = presen-
te do Subjuntivo. 1- Voz Passiva Analítica

8-) Constrói-se da seguinte maneira: Verbo SER + particí-


(A) se você se opuser a esse desejo. pio do verbo principal. Por exemplo:
(B) se você requerer este documento. A escola será pintada.
(C) se você ver esse quadro.= se você vir O trabalho é feito por ele.
(D) se você provier da China.
(E) se você se entretiver com o jogo. Obs.: o agente da passiva geralmente é acompanhado
da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a
9-) Há = presente do Indicativo / haverá = futuro do preposição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de sol-
presente do indicativo. dados.
Ao substituirmos pelo verbo “existir”, lembremo-nos de - Pode acontecer ainda que o agente da passiva não
que esse sofrerá flexão de número (irá para o plural, caso esteja explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
seja necessário):

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LÍNGUA PORTUGUESA

- A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar - Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
(SER), pois o particípio é invariável. Observe a transforma- Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
ção das frases seguintes: mestres.
a) Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do indicativo)
O trabalho foi feito por ele. (pretérito perfeito do indi- - Eu o acompanharei.
cativo) Ele será acompanhado por mim.

b) Ele faz o trabalho. (presente do indicativo) Obs.: quando o sujeito da voz ativa for indeterminado,
O trabalho é feito por ele. (presente do indicativo) não haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
c) Ele fará o trabalho. (futuro do presente)
O trabalho será feito por ele. (futuro do presente) Saiba que:
- Aos verbos que não são ativos nem passivos ou refle-
- Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume xivos, são chamados neutros.
o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. O vinho é bom.
Observe a transformação da frase seguinte: Aqui chove muito.
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio) - Há formas passivas com sentido ativo:
É chegada a hora. (= Chegou a hora.)
Obs.: é menos frequente a construção da voz passiva Eu ainda não era nascido. (= Eu ainda não tinha nascido.)
analítica com outros verbos que podem eventualmente És um homem lido e viajado. (= que leu e viajou)
funcionar como auxiliares. Por exemplo: A moça ficou mar-
cada pela doença. - Inversamente, usamos formas ativas com sentido passivo:
Há coisas difíceis de entender. (= serem entendidas)
2- Voz Passiva Sintética Mandou-o lançar na prisão. (= ser lançado)

- Os verbos chamar-se, batizar-se, operar-se (no sentido


A voz passiva sintética ou pronominal constrói-se com
cirúrgico) e vacinar-se são considerados passivos, logo o su-
o verbo na 3ª pessoa, seguido do pronome apassivador SE.
jeito é paciente.
Por exemplo:
Chamo-me Luís.
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Batizei-me na Igreja do Carmo.
Destruiu-se o velho prédio da escola.
Operou-se de hérnia.
Obs.: o agente não costuma vir expresso na voz passiva
Vacinaram-se contra a gripe.
sintética.
Curiosidade: A palavra passivo possui a mesma raiz la- Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
tina de paixão (latim passio, passionis) e ambas se relacio- morf54.php
nam com o significado sofrimento, padecimento. Daí vem
o significado de voz passiva como sendo a voz que expres- Questões sobre Vozes dos Verbos
sa a ação sofrida pelo sujeito. Na voz passiva temos dois
elementos que nem sempre aparecem: SUJEITO PACIENTE 01. (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) A frase
e AGENTE DA PASSIVA. que admite transposição para a voz passiva é:
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma gran-
de diversidade de fenômenos.
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar subs- (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da sociedade,
tancialmente o sentido da frase. a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
Gutenberg inventou a imprensa (Voz Ativa) vida (...).
Sujeito da Ativa objeto Direto (E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido e
da falsa consciência.
A imprensa foi inventada por Gutenberg (Voz Pas-
siva) 02. (TRE/RS – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) ... a
Sujeito da Passiva Agente da Passiva Coreia do Norte interrompeu comunicações com o vizinho ...
Transpondo a frase acima para a voz passiva, a forma
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva, o verbal corretamente obtida é:
sujeito da ativa passará a agente da passiva e o verbo ativo a) tinha interrompido.
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. b) foram interrompidas.
Observe mais exemplos: c) fora interrompido.
d) haviam sido interrompidas.
e) haveriam de ser interrompidas.

25
LÍNGUA PORTUGUESA

03. (FCC-TRE-Analista Judiciário – 2011) Transpondo-se 08.(GOVERNO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – PRO-
para a voz passiva a frase Hoje a autoria institucional en- CON – ADVOGADO – CEPERJ/2012) “todos que são impac-
frenta séria concorrência dos autores anônimos, obter-se-á tados pelas mídias de massa”
a seguinte forma verbal: O fragmento transcrito acima apresenta uma constru-
(A) são enfrentados. ção na voz passiva do verbo. Outro exemplo de voz passiva
(B) tem enfrentado. encontra-se em:
(C) tem sido enfrentada. A) “As crianças brasileiras influenciam 80% das decisões
(D) têm sido enfrentados. de compra de uma família”
(E) é enfrentada. B) “A publicidade na TV é a principal ferramenta do
mercado para a persuasão do público infantil”
04. (TRF - 5ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – C) “evidenciaram outros fatores que influenciam as
FCC/2012) Para o Brasil, o fundamental é que, ao exercer a crianças brasileiras nas práticas de consumo.”
responsabilidade de proteger pela via militar, a comunida- D) “Elas são assediadas pelo mercado”
de internacional [...] observe outro preceito ... E) “valores distorcidos são de fato um problema de or-
Transpondo-se o segmento grifado acima para a voz dem ética”
passiva, a forma verbal resultante será:
a) é observado. 09. (GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO – CASA CI-
b) seja observado. VIL – EXECUTIVO PÚBLICO – FCC/2010) Transpondo a frase
c) ser observado. o diretor estava promovendo seu filme para a voz passiva,
d) é observada. obtém-se corretamente o seguinte segmento:
e) for observado. (A) tinha recebido promoção.
(B) estaria sendo promovido.
05. (Analista de Procuradoria – FCC – 2013-adap) Trans- (C) fizera a promoção.
pondo- -se para a voz passiva a frase O poeta teria (D) estava sendo promovido.
aberto um diálogo entre as duas partes, a forma verbal re- (E) havia sido promovido.
sultante será:
A) fora aberto. 10. -) (MPE/PE – ANALISTA MINISTERIAL – FCC/2012)
B) abriria. Da sede do poder no Brasil holandês, Marcgrave acompa-
C) teria sido aberto. nhou e anotou, sempre sozinho, alguns fenômenos celestes,
D) teriam sido abertas. sobretudo eclipses lunares e solares.
E) foi aberto. Ao transpor-se a frase acima para a voz passiva, as for-
mas verbais resultantes serão:
06.(SEE/SP – PROFESSOR EDUCAÇÃO BÁSICA II E PRO- a) eram anotados e acompanhados.
FESSOR II – LÍNGUA PORTUGUESA - FCC/2011) ...permite b) fora anotado e acompanhado.
que os criadores tomem atitudes quando a proliferação de c) foram anotados e acompanhados.
algas tóxicas ameaça os peixes. d) anota-se e acompanha-se.
A transposição para a voz passiva da oração grifada aci- e) foi anotado e acompanhado.
ma teria, de acordo com a norma culta, como forma verbal
resultante: GABARITO
(A) ameaçavam.
(B) foram ameaçadas. 01. B 02.B 03. E 04.B 05. C
(C) ameaçarem. 06. E 07. D 08. D 09.D 10.C
(D) estiver sendo ameaçada.
(E) forem ameaçados. RESOLUÇÃO

07. (INFRAERO – ENGENHEIRO SANITARISTA – 1-)


FCC/2011) Transpondo-se para a voz passiva a frase Um (A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagrado.
figurante pode obscurecer a atuação de um protagonista, a (B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma
forma verbal obtida será: grande diversidade de fenômenos.
(A) pode ser obscurecido. - Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e
(B) obscurecerá. explicada pelo conceito...
(C) pode ter obscurecido. (C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
(D) pode ser obscurecida. de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
(E) será obscurecida. (D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
vida (...).
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
e da falsa consciência.

26
LÍNGUA PORTUGUESA

2-) ... a Coreia do Norte interrompeu comunicações


com o vizinho = voz ativa com um verbo, então a passiva 5 DOMÍNIO DA ESTRUTURA
terá dois: comunicações com o vizinho foram interrompi- MORFOSSINTÁTICA DO PERÍODO.
das pela Coreia... 5.1 EMPREGO DAS CLASSES DE PALAVRAS.
3-) Hoje a autoria institucional enfrenta séria concor-
rência dos autores anônimos = Séria concorrência é en-
frentada pela autoria... Adjetivo

4-) a comunidade internacional [...] observe outro pre- Adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou
ceito = se na voz ativa temos um verbo, na passiva tere- característica do ser e se relaciona com o substantivo.
mos dois: outro preceito seja observado. Ao analisarmos a palavra bondoso, por exemplo, per-
cebemos que, além de expressar uma qualidade, ela pode
5-) O poeta teria aberto um diálogo entre as duas par- ser colocada ao lado de um substantivo: homem bondoso,
tes = Um diálogo teria sido aberto... moça bondosa, pessoa bondosa.
Já com a palavra bondade, embora expresse uma qua-
6-) Quando a proliferação ameaça os peixes = voz ativa lidade, não acontece o mesmo; não faz sentido dizer: ho-
Quando os peixes forem ameaçados pela proliferação... mem bondade, moça bondade, pessoa bondade. Bondade,
= voz passiva portanto, não é adjetivo, mas substantivo.

7-) Um figurante pode obscurecer a atuação de um Morfossintaxe do Adjetivo:


protagonista.
Se na voz ativa temos um verbo, na passiva teremos O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dois; se na ativa temos dois, na passiva teremos três. Então: dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
A atuação de um protagonista pode ser obscurecida por como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
um figurante. ou do objeto).
Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
8-)
A) “As crianças brasileiras influenciam 80% das deci- Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Ob-
sões de compra de uma família” = voz ativa serve alguns deles:
B) “A publicidade na TV é a principal ferramenta do
mercado para a persuasão do público infantil” = ativa (ver- Estados e cidades brasileiros:
bo de ligação); não dá para passar para a passiva Alagoas alagoano
C) “evidenciaram outros fatores que influenciam as Amapá amapaense
crianças brasileiras nas práticas de consumo.” = ativa Aracaju aracajuano ou aracajuense
D) “Elas são assediadas pelo mercado” = voz passiva Amazonas amazonense ou baré
E) “valores distorcidos são de fato um problema de or- Belo Horizonte belo-horizontino
dem ética” = ativa (verbo de ligação); não dá para passar Brasília brasiliense
para a passiva Cabo Frio cabo-friense
9-) o diretor estava promovendo seu filme = dois ver- Campinas campineiro ou campinense
bos na voz ativa, três na passiva: seu filme estava sendo
produzido. Adjetivo Pátrio Composto

10-)Marcgrave acompanhou e anotou alguns fenô- Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro
menos celestes = voz ativa com um verbo (sem auxiliar!), elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, eru-
então na passiva teremos dois: alguns fenômenos foram dita. Observe alguns exemplos:
acompanhados e anotados por Marcgrave. África afro- / Cultura afro-americana
Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

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LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão dos adjetivos Camisas rosa-claro.


Ternos rosa-claro.
O adjetivo varia em gênero, número e grau. Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.
Gênero dos Adjetivos Telhados marrom-café e paredes verde-claras.

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se Obs.: - Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer
referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos adjetivo composto iniciado por cor-de-... são sempre inva-
substantivos, classificam-se em: riáveis.
Biformes - têm duas formas, sendo uma para o mas- - Os adjetivos compostos surdo-mudo e pele-vermelha
culino e outra para o feminino. Por exemplo: ativo e ativa, têm os dois elementos flexionados.
mau e má, judeu e judia.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no fe- Grau do Adjetivo
minino somente o último elemento. Por exemplo: o moço
norte-americano, a moça norte-americana. Os adjetivos flexionam-se em grau para indicar a inten-
Exceção: surdo-mudo e surda-muda. sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o
comparativo e o superlativo.
Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino
como para o feminino. Por exemplo: homem feliz e mulher Comparativo
feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
feminino. Por exemplo: conflito político-social e desavença buída a dois ou mais seres ou duas ou mais característi-
político-social. cas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de
Número dos Adjetivos igualdade, de superioridade ou de inferioridade. Observe os
exemplos abaixo:
Plural dos adjetivos simples Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade
No comparativo de igualdade, o segundo termo da com-
paração é introduzido pelas palavras como, quanto ou quão.
Os adjetivos simples flexionam-se no plural de acordo
com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Superio-
substantivos simples. Por exemplo: mau e maus, feliz e feli-
ridade Analítico
zes, ruim e ruins boa e boas
No comparativo de superioridade analítico, entre os dois
substantivos comparados, um tem qualidade superior. A for-
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça
ma é analítica porque pedimos auxílio a “mais...do que” ou
função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
“mais...que”.
que estiver qualificando um elemento for, originalmente,
um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: O Sol é maior (do) que a Terra. = Comparativo de Supe-
a palavra cinza é originalmente um substantivo; porém, se rioridade Sintético
estiver qualificando um elemento, funcionará como adje-
tivo. Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su-
cinza. perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
Veja outros exemplos: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior, gran-
Motos vinho (mas: motos verdes) de/maior, baixo/inferior.
Paredes musgo (mas: paredes brancas). Observe que:
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos). a) As formas menor e pior são comparativos de superio-
ridade, pois equivalem a mais pequeno e mais mau, respec-
Adjetivo Composto tivamente.
b) Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- (melhor, pior, maior e menor), porém, em comparações fei-
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas tas entre duas qualidades de um mesmo elemento, deve-se
o último elemento concorda com o substantivo a que se usar as formas analíticas mais bom, mais mau,mais grande e
refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso mais pequeno. Por exemplo:
um dos elementos que formam o adjetivo composto seja Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele-
um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto fica- mentos.
rá invariável. Por exemplo: a palavra rosa é originalmente Pedro é mais grande que pequeno - comparação de duas
um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemen- qualidades de um mesmo elemento.
to, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a outra pala-
vra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe-
substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará rioridade
invariável. Por exemplo: Sou menos passivo (do) que tolerante.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Superlativo O advérbio relaciona-se aos verbos da língua, no senti-


do de caracterizar os processos expressos por ele. Contu-
O superlativo expressa qualidades num grau muito ele- do, ele não é modificador exclusivo desta classe (verbos),
vado ou em grau máximo. O grau superlativo pode ser ab- pois também modifica o adjetivo e até outro advérbio. Se-
soluto ou relativo e apresenta as seguintes modalidades: guem alguns exemplos:
Para quem se diz distantemente alheio a esse assunto,
Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade de você está até bem informado.
um ser é intensificada, sem relação com outros seres. Apre- Temos o advérbio “distantemente” que modifica o ad-
senta-se nas formas: jetivo alheio, representando uma qualidade, característica.

Analítica: a intensificação se faz com o auxílio de pala- O artista canta muito mal.
vras que dão ideia de intensidade (advérbios). Por exemplo: Nesse caso, o advérbio de intensidade “muito” modifica
O secretário é muito inteligente. outro advérbio de modo – “mal”. Em ambos os exemplos
Sintética: a intensificação se faz por meio do acréscimo pudemos verificar que se tratava de somente uma palavra
de sufixos. Por exemplo: O secretário é inteligentíssimo. funcionando como advérbio. No entanto, ele pode estar
demarcado por mais de uma palavra, que mesmo assim
Observe alguns superlativos sintéticos: não deixará de ocupar tal função. Temos aí o que chama-
benéfico beneficentíssimo mos de locução adverbial, representada por algumas ex-
bom boníssimo ou ótimo pressões, tais como: às vezes, sem dúvida, frente a frente, de
comum comuníssimo modo algum, entre outras.
cruel crudelíssimo Dependendo das circunstâncias expressas pelos advér-
difícil dificílimo bios, eles se classificam em distintas categorias, uma vez
doce dulcíssimo expressas por:
fácil facílimo
fiel fidelíssimo de modo: Bem, mal, assim, depressa, devagar, às pres-
sas, às claras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade de
poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em geral,
um ser é intensificada em relação a um conjunto de seres.
frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em vão, e a maior
Essa relação pode ser:
parte dos que terminam em -”mente”: calmamente, triste-
mente, propositadamente, pacientemente, amorosamente,
De Superioridade: Clara é a mais bela da sala.
docemente, escandalosamente, bondosamente, generosa-
mente
De Inferioridade: Clara é a menos bela da sala.
de intensidade: Muito, demais, pouco, tão, menos, em
Note bem: excesso, bastante, pouco, mais, menos, demasiado, quanto,
1) O superlativo absoluto analítico é expresso por meio quão, tanto, que(equivale a quão), tudo, nada, todo, quase,
dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente, de todo, de muito, por completo.
etc., antepostos ao adjetivo.
2) O superlativo absoluto sintético apresenta-se sob de tempo: Hoje, logo, primeiro, ontem, tarde outrora,
duas formas : uma erudita, de origem latina, outra popular, amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, antes,
de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre, já, en-
radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo fim, afinal, breve, constantemente, entrementes, imediata-
ou érrimo. Por exemplo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo. A mente, primeiramente, provisoriamente, sucessivamente, às
forma popular é constituída do radical do adjetivo portu- vezes, à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
guês + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo. quando, de quando em quando, a qualquer momento, de
3) Em vez dos superlativos normais seriíssimo, precariís- tempos em tempos, em breve, hoje em dia
simo, necessariíssimo, preferem-se, na linguagem atual, as
formas seríssimo, precaríssimo, necessaríssimo, sem o desa- de lugar: Aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá,
gradável hiato i-í. atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí,
abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
Advérbio adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo, exter-
namente, a distância, à distancia de, de longe, de perto, em
O advérbio, assim como muitas outras palavras exis- cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta
tentes na Língua Portuguesa, advém de outras línguas.
Assim sendo, tal qual o adjetivo, o prefixo “ad-” indica a de negação : Não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
ideia de proximidade, contiguidade. Essa proximidade faz de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum
referência ao processo verbal, no sentido de caracterizá-lo,
ou seja, indicando as circunstâncias em que esse processo de dúvida: Acaso, porventura, possivelmente, provavel-
se desenvolve. mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe

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LÍNGUA PORTUGUESA

de afirmação: Sim, certamente, realmente, decerto, efe- Preposições Artigos


tivamente, certo, decididamente, realmente, deveras, indubi- o, os
tavelmente (=sem dúvida). a ao, aos
de do, dos
de exclusão: Apenas, exclusivamente, salvo, senão, so- em no, nos
mente, simplesmente, só, unicamente por (per) pelo, pelos
a, as um, uns uma, umas
de inclusão: Ainda, até, mesmo, inclusivamente, também à, às - -
da, das dum, duns duma, dumas
de ordem: Depois, primeiramente, ultimamente na, nas num, nuns numa, numas
pela, pelas - -
de designação: Eis
- As formas à e às indicam a fusão da preposição a com
de interrogação: onde? (lugar), como? (modo), quan- o artigo definido a. Essa fusão de vogais idênticas é conhe-
do? (tempo), por quê? (causa), quanto? (preço e intensidade), cida por crase.
para quê? (finalidade)
Constatemos as circunstância
Locução adverbial os em que os artigos se manifestam:

É reunião de duas ou mais palavras com valor de advér- - Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
bio. Exemplo: numeral “ambos”: Ambos os garotos decidiram participar
Carlos saiu às pressas. (indicando modo) das olimpíadas.
Maria saiu à tarde. (indicando tempo)
- Nomes próprios indicativos de lugar admitem o uso
Há locuções adverbiais que possuem advérbios corres- do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de Janeiro, Veneza,
pondentes. Exemplo: Carlos saiu às pressas. = Carlos saiu A Bahia...
apressadamente. - Quando indicado no singular, o artigo definido pode
Apenas os advérbios de intensidade, de lugar e de modo indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
são flexionados, sendo que os demais são todos invariáveis.
A única flexão propriamente dita que existe na categoria
- No caso de nomes próprios personativos, denotando
dos advérbios é a de grau:
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
do artigo: O Pedro é o xodó da família.
Superlativo: aumenta a intensidade. Exemplos: longe
- longíssimo, pouco - pouquíssimo, inconstitucionalmente -
- No caso de os nomes próprios personativos estarem
inconstitucionalissimamente, etc.;
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas...
Diminutivo: diminui a intensidade. Exemplos: perto -
pertinho, pouco - pouquinho, devagar - devagarinho.
- Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a)
Artigo para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (o
artigo), o pronome assume a noção de qualquer.
Artigo é a palavra que, vindo antes de um substantivo, Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
indica se ele está sendo empregado de maneira definida ou Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
indefinida. Além disso, o artigo indica, ao mesmo tempo, o (qualquer classe)
gênero e o número dos substantivos.
- Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
Classificação dos Artigos cultativo:
Adoro o meu vestido longo. Adoro meu vestido longo.
Artigos Definidos: determinam os substantivos de ma-
neira precisa: o, a, os, as. Por exemplo: Eu matei o animal. - A utilização do artigo indefinido pode indicar uma
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter
Artigos Indefinidos: determinam os substantivos de é uns vinte anos.
maneira vaga: um, uma, uns, umas. Por exemplo: Eu matei
um animal. - O artigo também é usado para substantivar palavras
oriundas de outras classes gramaticais: Não sei o porquê de
Combinação dos Artigos tudo isso.

É muito presente a combinação dos artigos definidos - Nunca deve ser usado artigo depois do pronome re-
e indefinidos com preposições. Veja a forma assumida por lativo cujo (e flexões).
essas combinações: Este é o homem cujo amigo desapareceu.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Este é o autor cuja obra conheço. Conjunções coordenativas


- Não se deve usar artigo antes das palavras casa ( no
sentido de lar, moradia) e terra ( no sentido de chão firme), Dividem-se em:
a menos que venham especificadas. - ADITIVAS: expressam a ideia de adição, soma. Ex. Gos-
Eles estavam em casa. to de cantar e de dançar.
Eles estavam na casa dos amigos. Principais conjunções aditivas: e, nem, não só...mas tam-
Os marinheiros permaneceram em terra. bém, não só...como também.
Os marinheiros permanecem na terra dos anões.
- ADVERSATIVAS: Expressam ideias contrárias, de opo-
- Não se emprega artigo antes dos pronomes de trata- sição, de compensação. Ex. Estudei, mas não entendi nada.
mento, com exceção de senhor(a), senhorita e dona: Vossa Principais conjunções adversativas: mas, porém, contu-
excelência resolverá os problemas de Sua Senhoria. do, todavia, no entanto, entretanto.

- Não se une com preposição o artigo que faz parte do - ALTERNATIVAS: Expressam ideia de alternância.
nome de revistas, jornais, obras literárias: Li a notícia em O Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho.
Estado de S. Paulo. Principais conjunções alternativas: Ou...ou, ora...ora,
quer...quer, já...já.
Morfossintaxe
- CONCLUSIVAS: Servem para dar conclusões às ora-
Para definir o que é artigo é preciso mencionar suas ções. Ex. Estudei muito, por isso mereço passar.
relações com o substantivo. Assim, nas orações da língua Principais conjunções conclusivas: logo, por isso, pois
portuguesa, o artigo exerce a função de adjunto adnominal (depois do verbo), portanto, por conseguinte, assim.
do substantivo a que se refere. Tal função independe da - EXPLICATIVAS: Explicam, dão um motivo ou razão.
função exercida pelo substantivo: Ex. É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito
A existência é uma poesia. frio lá fora.
Uma existência é a poesia. Principais conjunções explicativas: que, porque, pois (an-
tes do verbo), porquanto.
Conjunção
Conjunções subordinativas
Conjunção é a palavra invariável que liga duas orações
ou dois termos semelhantes de uma mesma oração. Por - CAUSAIS
exemplo: Principais conjunções causais: porque, visto que, já que,
A menina segurou a boneca e mostrou quando viu as uma vez que, como (= porque).
amiguinhas. Ele não fez o trabalho porque não tem livro.

Deste exemplo podem ser retiradas três informações: - COMPARATIVAS


1-) segurou a boneca 2-) a menina mostrou 3-) viu as Principais conjunções comparativas: que, do que, tão...
amiguinhas como, mais...do que, menos...do que.
Ela fala mais que um papagaio.
Cada informação está estruturada em torno de um ver- - CONCESSIVAS
bo: segurou, mostrou, viu. Assim, há nessa frase três orações: Principais conjunções concessivas: embora, ainda que,
mesmo que, apesar de, se bem que.
1ª oração: A menina segurou a boneca 2ª oração: e Indicam uma concessão, admitem uma contradição, um
mostrou 3ª oração: quando viu as amiguinhas. fato inesperado. Traz em si uma ideia de “apesar de”.
Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (= apesar de
A segunda oração liga-se à primeira por meio do “e”, e estar cansada)
a terceira oração liga-se à segunda por meio do “quando”. Apesar de ter chovido fui ao cinema.
As palavras “e” e “quando” ligam, portanto, orações.
Observe: Gosto de natação e de futebol. - CONFORMATIVAS
Nessa frase as expressões de natação, de futebol são Principais conjunções conformativas: como, segundo,
partes ou termos de uma mesma oração. Logo, a palavra conforme, consoante
“e” está ligando termos de uma mesma oração. Cada um colhe conforme semeia.
Expressam uma ideia de acordo, concordância, confor-
Morfossintaxe da Conjunção midade.

As conjunções, a exemplo das preposições, não exer- - CONSECUTIVAS


cem propriamente uma função sintática: são conectivos. Expressam uma ideia de consequência.
Classificação Principais conjunções consecutivas: que (após “tal”,
- Conjunções Coordenativas “tanto”, “tão”, “tamanho”).
- Conjunções Subordinativas Falou tanto que ficou rouco.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- FINAIS As sentenças da língua costumam se organizar de for-


Expressam ideia de finalidade, objetivo. ma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e
Todos trabalham para que possam sobreviver. os distribui em posições adequadas a cada um deles. As in-
Principais conjunções finais: para que, a fim de que, por- terjeições, por outro lado, são uma espécie de “palavra-fra-
que (=para que), se”, ou seja, há uma ideia expressa por uma palavra (ou um
conjunto de palavras - locução interjetiva) que poderia ser
- PROPORCIONAIS colocada em termos de uma sentença. Veja os exemplos:
Principais conjunções proporcionais: à medida que, Bravo! Bis!
quanto mais, ao passo que, à proporção que. bravo e bis: interjeição = sentença (sugestão): “Foi mui-
À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha. to bom! Repitam!”
Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé... ai: interjeição = sentença
- TEMPORAIS (sugestão): “Isso está doendo!” ou “Estou com dor!”
Principais conjunções temporais: quando, enquanto,
logo que. A interjeição é um recurso da linguagem afetiva, em que
Quando eu sair, vou passar na locadora. não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são
as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um sus-
Diferença entre orações causais e explicativas piro, um estado da alma decorrente de uma situação parti-
cular, um momento ou um contexto específico. Exemplos:
Quando estudamos Orações Subordinadas Adverbiais Ah, como eu queria voltar a ser criança!
(OSA) e Coordenadas Sindéticas (CS), geralmente nos de- ah: expressão de um estado emotivo = interjeição
paramos com a dúvida de como distinguir uma oração Hum! Esse pudim estava maravilhoso!
causal de uma explicativa. Veja os exemplos: hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição
1º) Na frase “Não atravesse a rua, porque você pode ser O significado das interjeições está vinculado à maneira
atropelado”: como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que
a) Temos uma CS Explicativa, que indica uma justificati- dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contex-
va ou uma explicação do fato expresso na oração anterior. to de enunciação. Exemplos:
b) As orações são coordenadas e, por isso, independen- Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
tes uma da outra. Neste caso, há uma pausa entre as ora- na rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
ções que vêm marcadas por vírgula. mando! Ei, espere!”
Não atravesse a rua. Você pode ser atropelado. Psiu! = contexto: alguém pronunciando essa expressão
Outra dica é, quando a oração que antecede a OC (Ora- em um hospital; significado da interjeição (sugestão): “Por
ção Coordenada) vier com verbo no modo imperativo, ela favor, faça silêncio!”
será explicativa. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
Façam silêncio, que estou falando. (façam= verbo im- puxa: interjeição; tom da fala: euforia
perativo) Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
2º) Na frase “Precisavam enterrar os mortos em outra puxa: interjeição; tom da fala: decepção
cidade porque não havia cemitério no local.”
a) Temos uma OSA Causal, já que a oração subordinada As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
(parte destacada) mostra a causa da ação expressa pelo 1) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
verbo da oração principal. Outra forma de reconhecê-la é tristeza, dor, etc.
colocá-la no início do período, introduzida pela conjunção Você faz o que no Brasil?
como - o que não ocorre com a CS Explicativa. Eu? Eu negocio com madeiras.
Como não havia cemitério no local, precisavam enterrar Ah, deve ser muito interessante.
os mortos em outra cidade.
b) As orações são subordinadas e, por isso, totalmente 2) Sintetizar uma frase apelativa
dependentes uma da outra. Cuidado! Saia da minha frente.

Interjeição As interjeições podem ser formadas por:


- simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô.
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções, - palavras: Oba!, Olá!, Claro!
sensações, estados de espírito, ou que procura agir sobre - grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!,
o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento Ora bolas!
sem que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas
linguísticas mais elaboradas. Observe o exemplo: A ideia expressa pela interjeição depende muitas ve-
Droga! Preste atenção quando eu estou falando! zes da entonação com que é pronunciada; por isso, pode
ocorrer que uma interjeição tenha mais de um sentido. Por
No exemplo acima, o interlocutor está muito bravo. exemplo:
Toda sua raiva se traduz numa palavra: Droga! Ele poderia Oh! Que surpresa desagradável! (ideia de contrarie-
ter dito: - Estou com muita raiva de você! Mas usou sim- dade)
plesmente uma palavra. Ele empregou a interjeição Droga! Oh! Que bom te encontrar. (ideia de alegria)

32
LÍNGUA PORTUGUESA

Classificação das Interjeições - A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra-


se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. Ex.:
Comumente, as interjeições expressam sentido de: Socorro!, Ajudem-me!, Silêncio!, Fique quieto!
- Advertência: Cuidado!, Devagar!, Calma!, Sentido!,
Atenção!, Olha!, Alerta! - Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imitati-
- Afugentamento: Fora!, Passa!, Rua!, Xô! vas, que exprimem ruídos e vozes. Ex.: Pum! Miau! Bumba!
- Alegria ou Satisfação: Oh!, Ah!,Eh!, Oba!, Viva! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-taque! Quá-quá-quá!, etc.
- Alívio: Arre!, Uf!, Ufa! Ah!
- Animação ou Estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Eia!, - Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” com
Ânimo!, Adiante!, Firme!, Toca! a sua homônima “oh!”, que exprime admiração, alegria,
- Aplauso ou Aprovação: Bravo!, Bis!, Apoiado!, Viva!, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois do” oh!” exclamativo
Boa! e não a fazemos depois do “ó” vocativo.
- Concordância: Claro!, Sim!, Pois não!, Tá!, Hã-hã! “Ó natureza! ó mãe piedosa e pura!” (Olavo Bilac)
- Repulsa ou Desaprovação: Credo!, Irra!, Ih!, Livra!, Oh! a jornada negra!” (Olavo Bilac)
Safa!, Fora!, Abaixo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora! - Na linguagem afetiva, certas interjeições, originadas
- Desejo ou Intenção: Oh!, Pudera!, Tomara!, Oxalá! de palavras de outras classes, podem aparecer flexionadas
- Desculpa: Perdão! no diminutivo ou no superlativo: Calminha! Adeusinho!
- Dor ou Tristeza: Ai!, Ui!, Ai de mim!, Que pena!, Ah!, Obrigadinho!
Oh!, Eh!
- Dúvida ou Incredulidade: Qual!, Qual o quê!, Hum!, Interjeições, leitura e produção de textos
Epa!, Ora!
- Espanto ou Admiração: Oh!, Ah!, Uai!, Puxa!, Céus!, Usadas com muita frequência na língua falada informal,
Quê!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!, Nossa!, Hem?!, Hein?, quando empregadas na língua escrita, as interjeições cos-
Cruz!, Putz! tumam conferir-lhe certo tom inconfundível de coloquiali-
- Impaciência ou Contrariedade: Hum!, Hem!, Irra!,
dade. Além disso, elas podem muitas vezes indicar traços
Raios!, Diabo!, Puxa!, Pô!, Ora!
pessoais do falante - como a escassez de vocabulário, o
- Pedido de Auxílio: Socorro!, Aqui!, Piedade!
temperamento agressivo ou dócil, até mesmo a origem
- Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!, Viva!,
geográfica. É nos textos narrativos - particularmente nos
Adeus!, Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Ô, Ó, Psiu!, Socorro!, Valha-
diálogos - que comumente se faz uso das interjeições com
me, Deus!
o objetivo de caracterizar personagens e, também, graças à
- Silêncio: Psiu!, Bico!, Silêncio!
sua natureza sintética, agilizar as falas. Natureza sintética e
- Terror ou Medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!, Oh!
Saiba que: As interjeições são palavras invariáveis, isto conteúdo mais emocional do que racional fazem das inter-
é, não sofrem variação em gênero, número e grau como jeições presença constante nos textos publicitários.
os nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto
e voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/
gumas interjeições sofrem variação em grau. Deve-se ter morf89.php
claro, neste caso, que não se trata de um processo natural Numeral
dessa classe de palavra, mas tão só uma variação que a
linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho, bravíssimo, Numeral é a palavra que indica os seres em termos nu-
até loguinho. méricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou os situa
em determinada sequência.
Locução Interjetiva
Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma ex- [quatro: numeral = atributo numérico de “ingresso”]
pressão com sentido de interjeição. Por exemplo : Ora bo- Eu quero café duplo, e você?
las! Quem me dera! Virgem Maria! Meu Deus! Ó ...[duplo: numeral = atributo numérico de “café”]
de casa! Ai de mim! Valha-me Deus! Graças a Deus! A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
Alto lá! Muito bem! ...[primeira: numeral = situa o ser “pessoa” na sequência
de “fila”]
Observações:
- As interjeições são como frases resumidas, sintéticas. Note bem: os numerais traduzem, em palavras, o que
Por exemplo: Ué! = Eu não esperava por essa!, Perdão! = os números indicam em relação aos seres. Assim, quando
Peço-lhe que me desculpe. a expressão é colocada em números (1, 1°, 1/3, etc.) não se
trata de numerais, mas sim de algarismos.
- Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é o Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a
seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras classes ideia expressa pelos números, existem mais algumas pala-
gramaticais podem aparecer como interjeições. vras consideradas numerais porque denotam quantidade,
Viva! Basta! (Verbos) proporção ou ordenação. São alguns exemplos: década,
Fora! Francamente! (Advérbios) dúzia, par, ambos(as), novena.

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Classificação dos Numerais

Cardinais: indicam contagem, medida. É o número básico: um, dois, cem mil, etc.

Ordinais: indicam a ordem ou lugar do ser numa série dada: primeiro, segundo, centésimo, etc.

Fracionários: indicam parte de um inteiro, ou seja, a divisão dos seres: meio, terço, dois quintos, etc.

Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos seres, indicando quantas vezes a quantidade foi aumentada:
dobro, triplo, quíntuplo, etc.

Leitura dos Numerais

Separando os números em centenas, de trás para frente, obtêm-se conjuntos numéricos, em forma de centenas e, no
início, também de dezenas ou unidades. Entre esses conjuntos usa-se vírgula; as unidades ligam-se pela conjunção “e”.
1.203.726 = um milhão, duzentos e três mil, setecentos e vinte e seis.
45.520 = quarenta e cinco mil, quinhentos e vinte.

Flexão dos numerais

Os numerais cardinais que variam em gênero são um/uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/duzentas
em diante: trezentos/trezentas; quatrocentos/quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em número:
milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
primeiro segundo milésimo
primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
primeiras segundas milésimas

Os numerais multiplicativos são invariáveis quando atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço e con-
seguiram o triplo de produção.
Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses triplas do
medicamento.
Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas terças
partes
Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
É comum na linguagem coloquial a indicação de grau nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de senti-
do. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)

Emprego dos Numerais

*Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e a partir daí os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo:

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

*Para designar leis, z e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

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*Ambos/ambas são considerados numerais. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e outra”, “as duas”) e são lar-
gamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência.
Pedro e João parecem ter finalmente percebido a importância da solidariedade. Ambos agora participam das atividades
comunitárias de seu bairro.
Obs.: a forma “ambos os dois” é considerada enfática. Atualmente, seu uso indica afetação, artificialismo.

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

Tipos de Preposição

1. Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, contra,
de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
2. Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições: como, durante,
exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.

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3. Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo Em + esta(s) = nesta(s)


como uma preposição, sendo que a última palavra é uma Em + esse(s) = nesse(s)
delas: abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito Em + aquele(s) = naquele(s)
de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em frente a, ao Em + aquela(s) = naquela(s)
redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por Em + isto = nisto
cima de, por trás de. Em + isso = nisso
Em + aquilo = naquilo
A preposição, como já foi dito, é invariável. No entanto A + aquele(s) = àquele(s)
pode unir-se a outras palavras e assim estabelecer concor- A + aquela(s) = àquela(s)
dância em gênero ou em número. Ex: por + o = pelo por A + aquilo = àquilo
+ a = pela.
Vale ressaltar que essa concordância não é caracterís- Dicas sobre preposição
tica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra 1. O “a” pode funcionar como preposição, pronome
palavra pode se dar a partir de dois processos: pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o “a”
seja um artigo, virá precedendo um substantivo. Ele servirá
1. Combinação: A preposição não sofre alteração. para determiná-lo como um substantivo singular e femi-
preposição a + artigos definidos o, os nino.
a + o = ao A dona da casa não quis nos atender.
preposição a + advérbio onde Como posso fazer a Joana concordar comigo?
a + onde = aonde - Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
2. Contração: Quando a preposição sofre alteração. termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Cheguei a sua casa ontem pela manhã.
Preposição + Artigos Não queria, mas vou ter que ir à outra cidade para pro-
De + o(s) = do(s)
curar um tratamento adequado.
De + a(s) = da(s)
De + um = dum
- Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o
De + uns = duns
lugar e/ou a função de um substantivo.
De + uma = duma
Temos Maria como parte da família. / Nós a temos como
De + umas = dumas
parte da família
Em + o(s) = no(s)
Creio que conhecemos nossa mãe melhor que ninguém.
Em + a(s) = na(s)
/ Creio que a conhecemos melhor que ninguém.
Em + um = num
Em + uma = numa
Em + uns = nuns 2. Algumas relações semânticas estabelecidas por meio
Em + umas = numas das preposições:
A + à(s) = à(s) Destino = Irei para casa.
Por + o = pelo(s) Modo = Chegou em casa aos gritos.
Por + a = pela(s) Lugar = Vou ficar em casa;
Assunto = Escrevi um artigo sobre adolescência.
Tempo = A prova vai começar em dois minutos.
Preposição + Pronomes Causa = Ela faleceu de derrame cerebral.
De + ele(s) = dele(s) Fim ou finalidade = Vou ao médico para começar o tra-
De + ela(s) = dela(s) tamento.
De + este(s) = deste(s) Instrumento = Escreveu a lápis.
De + esta(s) = desta(s) Posse = Não posso doar as roupas da mamãe.
De + esse(s) = desse(s) Autoria = Esse livro de Machado de Assis é muito bom.
De + essa(s) = dessa(s) Companhia = Estarei com ele amanhã.
De + aquele(s) = daquele(s) Matéria = Farei um cartão de papel reciclado.
De + aquela(s) = daquela(s) Meio = Nós vamos fazer um passeio de barco.
De + isto = disto Origem = Nós somos do Nordeste, e você?
De + isso = disso Conteúdo = Quebrei dois frascos de perfume.
De + aquilo = daquilo Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
De + aqui = daqui Preço = Essa roupa sai por R$ 50 à vista.
De + aí = daí Fonte:
De + ali = dali http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
De + outro = doutro(s)
De + outra = doutra(s)
Em + este(s) = neste(s)

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Substantivo Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,


Brasília, etc.
Tudo o que existe é ser e cada ser tem um nome. Subs- Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
tantivo é a classe gramatical de palavras variáveis, as quais ma, etc.
denominam os seres. Além de objetos, pessoas e fenôme-
nos, os substantivos também nomeiam: Observe agora:
-lugares: Alemanha, Porto Alegre... Beleza exposta
-sentimentos: raiva, amor... Jovens atrizes veteranas destacam-se pelo visual.
-estados: alegria, tristeza...
-qualidades: honestidade, sinceridade... O substantivo beleza designa uma qualidade.
-ações: corrida, pescaria...
Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres que
Morfossintaxe do substantivo dependem de outros para se manifestar ou existir.
Pense bem: a beleza não existe por si só, não pode ser
Nas orações de língua portuguesa, o substantivo em ge- observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa
ral exerce funções diretamente relacionadas com o verbo: ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para
atua como núcleo do sujeito, dos complementos verbais se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
(objeto direto ou indireto) e do agente da passiva. Pode abstrato.
ainda funcionar como núcleo do complemento nominal ou Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
do aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do ob- des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
jeto ou como núcleo do vocativo. Também encontramos abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).
adjuntos adverbiais - quando essas funções são desempe-
nhadas por grupos de palavras. 3 - Substantivos Coletivos

Classificação dos Substantivos Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
1- Substantivos Comuns e Próprios abelha, mais outra abelha.
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Observe a definição: s.f. 1: Povoação maior que vila, com Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
muitas casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
Brasil, toda a sede de município é cidade). 2. O centro de cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
uma cidade (em oposição aos bairros). mais outra abelha...
No segundo caso, utilizaram-se duas palavras no plural.
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas No terceiro caso, empregou-se um substantivo no sin-
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada gular (enxame) para designar um conjunto de seres da
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo mesma espécie (abelhas).
comum. O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes-
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, mo estando no singular, designa um conjunto de seres da
homem, mulher, país, cachorro. mesma espécie.
Estamos voando para Barcelona.
Substantivo coletivo Conjunto de:
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es- assembleia pessoas reunidas
pécie cidade. Esse substantivo é próprio. Substantivo Pró- alcateia lobos
prio: é aquele que designa os seres de uma mesma espécie acervo livros
de forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. antologia trechos literários selecionados
arquipélago ilhas
2 - Substantivos Concretos e Abstratos banda músicos
bando desordeiros ou malfeitores
LÂMPADA MALA banca examinadores
batalhão soldados
Os substantivos lâmpada e mala designam seres com cardume peixes
existência própria, que são independentes de outros seres. caravana viajantes peregrinos
São substantivos concretos. cacho frutas
cáfila camelos
Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser que cancioneiro canções, poesias líricas
existe, independentemente de outros seres. colmeia abelhas
Obs.: os substantivos concretos designam seres do chusma gente, pessoas
mundo real e do mundo imaginário. concílio bispos

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congresso parlamentares, cientistas. Substantivos Primitivos e Derivados


elenco atores de uma peça ou filme
esquadra navios de guerra Meu limão meu limoeiro,
enxoval roupas meu pé de jacarandá...
falange soldados, anjos
fauna animais de uma região O substantivo limão é primitivo, pois não se originou de
feixe lenha, capim nenhum outro dentro de língua portuguesa.
flora vegetais de uma região
frota navios mercantes, ônibus Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de ne-
girândola fogos de artifício nhuma outra palavra da própria língua portuguesa. O subs-
horda bandidos, invasores tantivo limoeiro é derivado, pois se originou a partir da pa-
junta médicos, bois, credores, examinadores lavra limão.
júri jurados
legião soldados, anjos, demônios Substantivo Derivado: é aquele que se origina de outra
palavra.
leva presos, recrutas
malta malfeitores ou desordeiros
Flexão dos substantivos
manada búfalos, bois, elefantes,
matilha cães de raça O substantivo é uma classe variável. A palavra é variável
molho chaves, verduras quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por exem-
multidão pessoas em geral plo, pode sofrer variações para indicar:
ninhada pintos Plural: meninos Feminino: menina
nuvem insetos (gafanhotos, mosquitos, etc.) Aumentativo: meninão Diminutivo: menininho
penca bananas, chaves
pinacoteca pinturas, quadros Flexão de Gênero
quadrilha ladrões, bandidos
ramalhete flores Gênero é a propriedade que as palavras têm de indicar
rebanho ovelhas sexo real ou fictício dos seres. Na língua portuguesa, há dois
récua bestas de carga, cavalgadura gêneros: masculino e feminino. Pertencem ao gênero mascu-
repertório peças teatrais, obras musicais lino os substantivos que podem vir precedidos dos artigos o,
réstia alhos ou cebolas os, um, uns. Veja estes títulos de filmes:
romanceiro poesias narrativas O velho e o mar
revoada pássaros Um Natal inesquecível
sínodo párocos Os reis da praia
talha lenha
tropa muares, soldados Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po-
turma estudantes, trabalhadores dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
vara porcos A história sem fim
Uma cidade sem passado
Formação dos Substantivos As tartarugas ninjas

Substantivos Simples e Compostos Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes

Substantivos Biformes (= duas formas): ao indicar nomes


Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra.
de seres vivos, geralmente o gênero da palavra está relacio-
O substantivo chuva é formado por um único elemento
nado ao sexo do ser, havendo, portanto, duas formas, uma
ou radical. É um substantivo simples. para o masculino e outra para o feminino. Observe: gato –
gata, homem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
Substantivo Simples: é aquele formado por um único
elemento. Substantivos Uniformes: são aqueles que apresentam
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja uma única forma, que serve tanto para o masculino quanto
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- para o feminino. Classificam-se em:
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. - Epicenos: têm um só gênero e nomeiam bichos: a co-
bra macho e a cobra fêmea, o jacaré macho e o jacaré fêmea.
Substantivo Composto: é aquele formado por dois ou - Sobrecomuns: têm um só gênero e nomeiam pessoas:
mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, passatempo. a criança, a testemunha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo,
o indivíduo.
- Comuns de Dois Gêneros: indicam o sexo das pes-
soas por meio do artigo: o colega e a colega, o doente e a
doente, o artista e a artista.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Saiba que: Substantivos de origem grega terminados Sobrecomuns:


em ema ou oma, são masculinos: o fonema, o poema, o Entregue as crianças à natureza.
sistema, o sintoma, o teorema.
- Existem certos substantivos que, variando de gênero, A palavra crianças refere-se tanto a seres do sexo mas-
variam em seu significado: o rádio (aparelho receptor) e a culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem
rádio (estação emissora) o capital (dinheiro) e a capital (ci- o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
dade) sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
A criança chorona chamava-se João.
Formação do Feminino dos Substantivos Biformes A criança chorona chamava-se Maria.

- Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno Outros substantivos sobrecomuns:
- aluna. a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
- Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao criatura.
masculino: freguês - freguesa o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
- Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino Marcela faleceu
de três formas:
- troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa Comuns de Dois Gêneros:
- troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
-troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
Exceções: barão – baronesa ladrão- ladra sultão É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
- sultana vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
A distinção de gênero pode ser feita através da análise
- Substantivos terminados em -or: do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti-
- acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem
- troca-se -or por -triz: = imperador - imperatriz - uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran-
cês - repórter francesa
- Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: cônsul
- consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / duque - - A palavra personagem é usada indistintamente nos
duquesa / conde - condessa / profeta - profetisa dois gêneros.
a) Entre os escritores modernos nota-se acentuada pre-
- Substantivos que formam o feminino trocando o -e ferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens os
final por -a: elefante - elefanta personagens dos contos de carochinha.
b) Com referência a mulher, deve-se preferir o feminino:
- Substantivos que têm radicais diferentes no masculi- O problema está nas mulheres de mais idade, que não acei-
no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca tam a personagem.

- Substantivos que formam o feminino de maneira es- - Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo
pecial, isto é, não seguem nenhuma das regras anteriores: fotográfico Ana Belmonte.
czar – czarina réu - ré Observe o gênero dos substantivos seguintes:

Formação do Feminino dos Substantivos Uniformes Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó


(pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
Epicenos: maracajá, o clã, o hosana, o herpes, o pijama, o suéter, o
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. soprano, o proclama, o pernoite, o púbis.

Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
para indicar o masculino e o feminino. a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha- - São geralmente masculinos os substantivos de ori-
mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
macho e fêmea. telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o
A cobra macho picou o marinheiro. eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o traco-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. ma, o hematoma.

Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Gênero dos Nomes de Cidades: - Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-
se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
Com raras exceções, nomes de cidades são femininos. col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
A histórica Ouro Preto. e cônsules.
A dinâmica São Paulo.
A acolhedora Porto Alegre. - Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Uma Londres imensa e triste. duas maneiras:
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. - Quando oxítonos, em “is”: canil - canis

Gênero e Significação: - Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.

Muitos substantivos têm uma significação no masculino Obs.: a palavra réptil pode formar seu plural de duas
e outra no feminino. Observe: o baliza (soldado que, que à maneiras: répteis ou reptis (pouco usada).
frente da tropa, indica os movimentos que se deve realizar - Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
em conjunto; o que vai à frente de um bloco carnavalesco, duas maneiras:
manejando um bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que
marca um limite ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), - Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
a cabeça (parte do corpo), o cisma (separação religiosa, dissi- acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
dência), a cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor
cinzenta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinhei- - Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
ro), a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
(cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na - Os substantivos terminados em “ao” fazem o plural de
administração da crisma e de outros sacramentos), a crisma três maneiras.
(sacramento da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de
- substituindo o -ão por -ões: ação - ações
curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície
- substituindo o -ão por -ães: cão - cães
de vegetação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (docu-
- substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
mento, pena grande das asas das aves), o grama (unidade de
peso), a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa
- Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
(recipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente
o látex - os látex.
(vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade,
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a
Plural dos Substantivos Compostos
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva
a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala
(poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa- -A formação do plural dos substantivos compostos de-
ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (estação emissora), o pende da forma como são grafados, do tipo de palavras
voga (remador), a voga (moda, popularidade). que formam o composto e da relação que estabelecem en-
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
Flexão de Número do Substantivo como os substantivos simples: aguardente/aguardentes,
girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/
Em português, há dois números gramaticais: o singular, malmequeres.
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que O plural dos substantivos compostos cujos elementos
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
do plural é o “s” final. discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:

Plural dos Substantivos Simples - Flexionam-se os dois elementos, quando formados


de:
- Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). Exceção: cânon feitos
- cânones. adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
- Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em
“ns”: homem - homens. - Flexiona-se somente o segundo elemento, quando
formados de:
- Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
Atenção: O plural de caráter é caracteres. alto- -falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Flexiona-se somente o primeiro elemento, quando Plural dos Nomes Próprios Personativos
formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas sem-
de-colônia e águas-de-colônia pre que a terminação preste-se à flexão.
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava- Os Napoleões também são derrotados.
lo-vapor e cavalos-vapor As Raquéis e Esteres.
substantivo + substantivo que funciona como determi-
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo Plural dos Substantivos Estrangeiros
do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba
-relógio - bombas-relógio, notícia-bomba - notícias-bomba, Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-
homem-rã - homens-rã, peixe-espada - peixes-espada. critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exceto
quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os jazz.
- Permanecem invariáveis, quando formados de:
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acordo
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa- com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os jipes, os
ca-rolhas esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os réquiens.
Observe o exemplo:
- Casos Especiais Este jogador faz gols toda vez que joga.
o louva-a-deus e os louva-a-deus O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
o bem-te-vi e os bem-te-vis
o bem-me-quer e os bem-me-queres Plural com Mudança de Timbre
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
Certos substantivos formam o plural com mudança de
Plural das Palavras Substantivadas timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato fo-
nético chamado metafonia (plural metafônico).
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Singular Plural
classes gramaticais usadas como substantivo, apresentam,
corpo (ô) corpos (ó)
no plural, as flexões próprias dos substantivos.
esforço esforços
Pese bem os prós e os contras.
fogo fogos
O aluno errou na prova dos noves.
forno fornos
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
fosso fossos
Obs.: numerais substantivados terminados em “s” ou imposto impostos
“z” não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui- olho olhos
tos seis e alguns dez. osso (ô) ossos (ó)
ovo ovos
Plural dos Diminutivos poço poços
porto portos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final posto postos
e acrescenta-se o sufixo diminutivo. tijolo tijolos
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
animai(s) + zinhos = animaizinhos Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bolsos,
botõe(s) + zinhos = botõezinhos esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc.
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos Obs.: distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
farói(s) + zinhos = faroizinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas Particularidades sobre o Número dos Substantivos
flore(s) + zinhas = florezinhas
mão(s) + zinhas = mãozinhas - Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
papéi(s) + zinhos = papeizinhos norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas - Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, as
funi(s) + zinhos = funizinhos espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos - Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin-
pai(s) + zinhos = paizinhos gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, bom
pé(s) + zinhos = pezinhos nome) e honras (homenagem, títulos).
pé(s) + zitos = pezitos - Usamos às vezes, os substantivos no singular, mas com
sentido de plural:
Aqui morreu muito negro.
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
improvisadas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Flexão de Grau do Substantivo O verbo principal é o que indica se o sujeito possui


uma qualidade, se ele pratica uma ação ou se a sofre. É o
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir mais importante da locução. Na Língua Portuguesa, o verbo
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em: principal surge sempre no infinitivo (terminado em –ar, -er,
- Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera- ou –ir), no gerúndio (terminado em –ndo) ou no particípio
do normal. Por exemplo: casa (terminado em –ado ou –ido, dentre outras terminações).
- Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho Veja alguns exemplos de locuções verbais:
do ser. Classifica-se em: Os funcionários FORAM CONVOCADOS pelo diretor.
(aux.: SER; princ.: CONVOCAR)
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje- Os estudantes ESTÃO RESPONDENDO às questões.
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. (aux.: ESTAR; princ.: RESPONDER)
Os trabalhadores TÊM ENFRENTADO muitos proble-
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- mas.(aux.: TER; princ.: ENFRENTAR)
cador de aumento. Por exemplo: casarão. O vereador HAVIA DENUNCIADO seus companheiros.
(aux.: HAVER; princ.: DENUNCIAR)
- Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho Os alunos DEVEM ESTUDAR todos os dias. (aux.: DEVER;
do ser. Pode ser: princ.: ESTUDAR)
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. Sujeito:
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi-
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. Para se descobrir qual o sujeito do verbo (ou da locu-
ção verbal), deve-se perguntar a ele (ou a ela) o seguinte:
Que(m) é que ..........? A resposta será o sujeito. Por exemplo,
analisemos a primeira frase dentre as apresentadas acima:
5.2 RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO ENTRE Os funcionários foram convocados pelo diretor.
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO.
5.3 RELAÇÕES DE SUBORDINAÇÃO ENTRE O princípio é o verbo. Procura-se, portanto, o verbo: é
ORAÇÕES E ENTRE TERMOS DA ORAÇÃO. a locução verbal foram convocados. - - Pergunta-se a ela:
Que(m) é que foi convocado?
- Resposta: Os funcionários.
- O sujeito da oração, então, é o seguinte: os funcioná-
SINTAXE rios.
Encontrado o sujeito, parte-se para a análise do verbo:
O princípio é o verbo. Se ele indicar que o sujeito possui uma qualidade, um
estado ou um modo de ser, sem praticar ação alguma, será
Essa é a premissa fundamental da Sintaxe, que é a parte denominado de VERBO DE LIGAÇÃO. Os verbos de ligação
da gramática que estuda as palavras enquanto elementos mais comuns são os seguintes: ser, estar, parecer, ficar, per-
de uma frase, as suas relações de concordância, de subor- manecer e continuar. Não se esqueça, porém, de que só
dinação e de ordem. Significa que, ao se realizar a análise será verbo de ligação o que indicar qualidade, estado ou
sintática de uma oração, sempre se inicia pelo verbo. É a modo de ser do sujeito, sem praticar ação alguma. Observe
partir dele que se descobre qual o sujeito da oração, se há as seguintes frases:
a indicação de qualidade, estado ou modo de ser do su- O político continuou seu discurso mesmo com todas as
jeito, se ele pratica uma ação ou se a sofre, se há comple- vaias recebidas.
mento verbal, se há circunstância (adjunto adverbial), etc. Continuar, nesta frase, não é de ligação já que não indi-
Nem sempre o verbo se apresenta sozinho em uma ca qualidade do sujeito, e sim ação.
oração. Em muitos casos, surgem dois ou mais verbos jun-
tos, para indicar que se pratica ou se sofre uma ação, ou A professora estava na sala de aula.
que o sujeito possui uma qualidade. A essa junção, dá-se Estar, nesta frase, não é de ligação já que não indica
o nome de locução verbal. Toda locução verbal é formada qualidade do sujeito, e sim fato.
por um verbo auxiliar (ou mais de um) e um verbo princi- A garota estava muito alegre.
pal (somente um). Estar é verbo de ligação porque indica qualidade do
O verbo auxiliar é o que se relaciona com o sujeito, sujeito.
por isso concorda com este, ou seja, se o sujeito estiver
no singular, o verbo auxiliar também ficará no singular; se Se o verbo indicar que o sujeito pratica uma ação, ou
o sujeito estiver no plural, o verbo auxiliar também ficará que participa ativamente de um fato, será denominado de
no plural. Na Língua Portuguesa os verbos auxiliares são VERBO INTRANSITIVO ou VERBO TRANSITIVO, de acordo
os seguintes: ser, estar, ter, haver, dever, poder, ir, dentre com o seguinte:
outros.

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LÍNGUA PORTUGUESA

- Quem ............ , ................. : Todo verbo que se encaixar Questões sobre Análise Sintática
nessa frase será INTRANSITIVO. Por exemplo, o verbo cor-
rer: Quem corre, corre. 01. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013). Os
trabalhadores passaram mais tempo na escola...
- Quem ............ , ................. algo/alguém: Todo verbo O segmento grifado acima possui a mesma função sin-
que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO DIRETO. Por tática que o destacado em:
exemplo, o verbo comer: Quem come, come algo; ou o A) ...o que reduz a média de ganho da categoria.
verbo amar: Quem ama, ama alguém. B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe.
C) O crescimento da escolaridade também foi impul-
- Quem ............ , ................. + prep. + algo/alguém: Todo sionado...
verbo que se encaixar nessa frase será TRANSITIVO INDI- D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino mé-
RETO. Por exemplo, o verbo gostar: Quem gosta, gosta de dio...
algo ou de alguém. As preposições mais comuns são as E) ...impulsionado pelo aumento do número de univer-
seguintes: a, de, em, por, para, sem e com. sidades...

- Quem ............ , ................. algo/alguém + prep. + algo/ 02.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013). Donos
alguém: Todo verbo que se encaixar nessa frase será de uma capacidade de orientação nas brenhas selvagens [...],
TRANSITIVO DIRETO E INDIRETO - também denominado sabiam os paulistas como...
de BITRANSITIVO. Por exemplo, o verbo mostrar: Quem O segmento em destaque na frase acima exerce a mes-
mostra, mostra algo a alguém; ou o verbo informar: Quem ma função sintática que o elemento grifado em:
informa, informa alguém de algo ou Quem informa, infor- A) Nas expedições breves serviam de balizas ou mos-
ma algo a alguém. tradores para a volta.
B) Às estreitas veredas e atalhos [...], nada acrescenta-
É importante salientar que um verbo só será TRAN- riam aqueles de considerável...
C) Só a um olhar muito exercitado seria perceptível o
SITIVO se houver complemento (objeto direto ou objeto
sinal.
indireto). A análise de um verbo depende, portanto, do
D) Uma sequência de tais galhos, em qualquer flores-
ambiente sintático em que ele se encontra. Um verbo que
ta, podia significar uma pista.
aparentemente seja transitivo direto pode ser, na realida-
E) Alguns mapas e textos do século XVII apresentam-
de, intransitivo, caso não haja complemento. Por exemplo,
nos a vila de São Paulo como centro...
observe a seguinte frase:
O pior cego é aquele que não quer ver.
03. Há complemento nominal em:
O verbo “ver” é, aparentemente, transitivo direto, uma
A)Você devia vir cá fora receber o beijo da madrugada.
vez que se encaixa na frase Quem vê, vê algo. Ocorre, po- B)... embora fosse quase certa a sua possibilidade de
rém, que não há o “algo”. O pior cego é aquele que não ganhar a vida.
quer ver o quê? Não aparece na oração; não há, portanto, C)Ela estava na janela do edifício.
o objeto direto. Como não o há, o verbo não pode ser D)... sem saber ao certo se gostávamos dele.
transitivo direto, e sim intransitivo. E)Pouco depois começaram a brincar de bandido e mo-
Observe, agora, esta frase: Quem dá aos pobres, em- cinho de cinema.
presta a Deus.
Os verbos “dar” e “emprestar” são, aparentemente, 04. (ESPM-SP) Em “esta lhe deu cem mil contos”, o ter-
transitivos diretos e indiretos, uma vez que se encaixam mo destacado é:
nas frases Quem dá, dá algo a alguém e Quem empres- A) pronome possessivo
ta, empresta algo a alguém. Ocorre, porém, que não há o B) complemento nominal
“algo”. Quem dá o que aos pobres empresta o que a Deus? C) objeto indireto
Não aparece na oração; não há, portanto, o objeto direto. D) adjunto adnominal
Como não o há, os verbos não podem ser transitivos dire- E) objeto direto
tos e indiretos, e sim somente transitivos indiretos.
05. Assinale a alternativa correta e identifique o sujeito
FONTE: http://www.gramaticaonline.com.br/tex- das seguintes orações em relação aos verbos destacados:
to/1231 - Amanhã teremos uma palestra sobre qualidade de
vida.
- Neste ano, quero prestar serviço voluntário.

A)Tu – vós
B)Nós – eu
C)Vós – nós
D) Ele - tu

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. Classifique o sujeito das orações destacadas no tex- 4-) esta lhe deu cem mil contos = o verbo DAR é bitran-
to seguinte e, a seguir, assinale a sequência correta. sitivo, ou seja, transitivo direto e indireto, portanto precisa
É notável, nos textos épicos, a participação do sobrenatu- de dois complementos – dois objetos: direto e indireto.
ral. É frequente a mistura de assuntos relativos ao naciona- Deu o quê? = cem mil contos (direto)
lismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os deuses Deu a quem? lhe (=a ele, a ela) = indireto
tomam partido e interferem nas aventuras dos heróis, aju-
dando-os ou atrapalhando- -os. 5-) - Amanhã ( nós ) teremos uma palestra sobre qua-
A)simples, composto lidade de vida.
B)indeterminado, composto - Neste ano, ( eu ) quero prestar serviço voluntário.
C)simples, simples
D) oculto, indeterminado 6-) É notável, nos textos épicos, a participação do so-
brenatural. É frequente a mistura de assuntos relativos ao
07. (ESPM-SP) “Surgiram fotógrafos e repórteres”. nacionalismo com o caráter maravilhoso. Nas epopeias, os
Identifique a alternativa que classifica corretamente a fun- deuses tomam partido e interferem nas aventuras dos he-
ção sintática e a classe morfológica dos termos destacados: róis, ajudando-os ou atrapalhando-os.
A) objeto indireto – substantivo Ambos os termos apresentam sujeito simples
B) objeto direto - substantivo 7-) Surgiram fotógrafos e repórteres.
C) sujeito – adjetivo O sujeito está deslocado, colocado na ordem indireta
D) objeto direto – adjetivo (final da oração). Portanto: função sintática: sujeito (com-
E) sujeito - substantivo posto); classe morfológica (classe de palavras): substanti-
vos.
GABARITO
Períodos Compostos
01. C 02. D 03. B 04. C 05. B 06. C 07. E
O período composto caracteriza-se por possuir mais
RESOLUÇÃO de uma oração em sua composição. Sendo Assim:
- Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
1-) Os trabalhadores passaram mais tempo na escola
oração)
= SUJEITO
- Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
A) ...o que reduz a média de ganho da categoria. = ob-
(Período Composto =locução verbal, verbo, duas orações)
jeto direto
- Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um
B) ...houve mais ofertas de trabalhadores dessa classe.
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora-
= objeto direto
ções).
C) O crescimento da escolaridade também foi impulsio-
Cada verbo ou locução verbal sublinhada acima corres-
nado... = sujeito paciente
D) ...elevando a fatia dos brasileiros com ensino médio... ponde a uma oração. Isso implica que o primeiro exemplo
= objeto direto é um período simples, pois tem apenas uma oração, os
E) ...impulsionado pelo aumento do número de univer- dois outros exemplos são períodos compostos, pois têm
sidades... = agente da passiva mais de uma oração.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
2-) Donos de uma capacidade de orientação nas bre- entre as orações de um período composto: uma relação de
nhas selvagens [...], sabiam os paulistas como... = SUJEITO coordenação ou uma relação de subordinação.
A) Nas expedições breves = ADJUNTO ADVERBIAL Duas orações são coordenadas quando estão juntas
B) nada acrescentariam aqueles de considerável...= ad- em um mesmo período (ou seja, em um mesmo bloco de
junto adverbial informações, marcado pela pontuação final), mas têm, am-
C) seria perceptível o sinal. = predicativo bas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
D) Uma sequência de tais galhos = sujeito - Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
E) apresentam-nos a vila de São Paulo como = objeto (Período Composto)
direto Podemos dizer:
1. Estou comprando um protetor solar.
3-) 2. Irei à praia.
A) o beijo da madrugada. = adjunto adnominal Separando as duas, vemos que elas são independentes.
B)a sua possibilidade de ganhar a vida. = complemento É esse tipo de período que veremos: o Período Com-
nominal (possibilidade de quê?) posto por Coordenação.
C)na janela do edifício. = adjunto adnominal Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
D)... sem saber ao certo se gostávamos dele. = objeto mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
indireto Sindéticas.
E) a brincar de bandido e mocinho de cinema = objeto
indireto

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LÍNGUA PORTUGUESA

Coordenadas Assindéticas Questões sobre Orações Coordenadas

São orações coordenadas entre si e que não são ligadas 01. A oração “Não se verificou, todavia, uma transplan-
através de nenhum conectivo. Estão apenas justapostas. tação integral de gosto e de estilo” tem valor:
A) conclusivo
Coordenadas Sindéticas B) adversativo
C) concessivo
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas en- D) explicativo
tre si, mas que são ligadas através de uma conjunção coor- E) alternativo
denativa. Esse caráter vai trazer para esse tipo de oração
uma classificação. As orações coordenadas sindéticas são 02. “Estudamos, logo deveremos passar nos exames”.
classificadas em cinco tipos: aditivas, adversativas, alterna- A oração em destaque é:
tivas, conclusivas e explicativas. a) coordenada explicativa
b) coordenada adversativa
Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas: suas prin- c) coordenada aditiva
cipais conjunções são: e, nem, não só... mas também, não d) coordenada conclusiva
só... como, assim... como. e) coordenada assindética
- Não só cantei como também dancei.
- Nem comprei o protetor solar, nem fui à praia. 03. (Agente Educacional – VUNESP – 2013-adap.) Releia
- Comprei o protetor solar e fui à praia. o seguinte trecho:
Joyce e Mozart são ótimos, mas eles, como quase toda a
Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas: suas cultura humanística, têm pouca relevância para nossa vida
principais conjunções são: mas, contudo, todavia, entretan- prática.
to, porém, no entanto, ainda, assim, senão. Sem que haja alteração de sentido, e de acordo com a nor-
- Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante. ma- -padrão da língua portuguesa, ao se substituir o termo
- Ainda que a noite acabasse, nós continuaríamos dan- em destaque, o trecho estará corretamente reescrito em:
çando. A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como qua-
- Não comprei o protetor solar, mas mesmo assim fui à se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para
praia. nossa vida prática.
B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como
Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: suas quase toda a cultura humanística, têm pouca relevância
principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; quer...quer; para nossa vida prática.
seja...seja. C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
- Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
- Ora sei que carreira seguir, ora penso em várias carrei- sa vida prática.
ras diferentes. D) Joyce e Mozart são ótimos, todavia eles, como quase
- Quer eu durma quer eu fique acordado, ficarei no quar- toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
to. sa vida prática.
E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas: suas toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
principais conjunções são: logo, portanto, por fim, por con- sa vida prática.
seguinte, consequentemente, pois (posposto ao verbo)
- Passei no vestibular, portanto irei comemorar. 04. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013-adap.)
- Conclui o meu projeto, logo posso descansar. Em – ...fruto não só do novo acesso da população ao auto-
- Tomou muito sol, consequentemente ficou adoentada. móvel mas também da necessidade de maior número de
- A situação é delicada; devemos, pois, agir viagens... –, os termos em destaque estabelecem relação de
A) explicação.
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas: suas B) oposição.
principais conjunções são: isto é, ou seja, a saber, na verda- C) alternância.
de, pois (anteposto ao verbo). D) conclusão.
- Só passei na prova porque me esforcei por muito tempo. E) adição.
- Só fiquei triste por você não ter viajado comigo.
- Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- 05. Analise a oração destacada: Não se desespere, que
mingo. estaremos a seu lado sempre.
Marque a opção correta quanto à sua classificação:
Fonte: http://www.infoescola.com/portugues/oracoes- A) Coordenada sindética aditiva.
coordenadas-assindeticas-e-sindeticas/ B) Coordenada sindética alternativa.
C) Coordenada sindética conclusiva.
D) Coordenada sindética explicativa.

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LÍNGUA PORTUGUESA

06. A frase abaixo em que o conectivo E tem valor ad- RESOLUÇÃO


versativo é:
A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. 1-) “Não se verificou, todavia, uma transplantação inte-
B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”. gral de gosto e de estilo” = conjunção adversativa, portan-
C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa to: oração coordenada sindética adversativa
de pedir esmola”.
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manu- 2-) Estudamos, logo deveremos passar nos exames = a
tenção da miséria E prejudica o desenvolvimento da so- oração em destaque não é introduzida por conjunção, en-
ciedade”. tão: coordenada assindética
E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de di-
nheiro, de moradia digna, emprego, segurança, lazer, cul- 3-) Joyce e Mozart são ótimos, mas eles... = conjunção
tura, acesso à saúde E à educação”. (e ideia) adversativa
A) Joyce e Mozart são ótimos, portanto eles, como qua-
07. Assinale a alternativa em que o sentido da conjun- se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para
ção sublinhada está corretamente indicado entre parênte- nossa vida prática. = conclusiva
ses. B) Joyce e Mozart são ótimos, conforme eles, como qua-
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não pre- se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para
tende trabalhar como advogado. (explicação) nossa vida prática. = conformativa
B) Não fui ao cinema nem assisti ao jogo. (adição) C) Joyce e Mozart são ótimos, assim eles, como quase
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
preocupe. (oposição) sa vida prática. = conclusiva
D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã. E) Joyce e Mozart são ótimos, pois eles, como quase
(alternância) toda a cultura humanística, têm pouca relevância para nos-
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam sa vida prática. = explicativa
toda a chuva. (conclusão)
Dica: conjunção pois como explicativa = dá para eu
08. Analise sintaticamente as duas orações destacadas substituir por porque; como conclusiva: substituo por por-
tanto.
no texto “O assaltante pulou o muro, mas não penetrou na
casa, nem assustou seus habitantes.” A seguir, classifi-
4-) fruto não só do novo acesso da população ao auto-
que-as, respectivamente, como coordenadas:
móvel mas também da necessidade de maior número de
A) adversativa e aditiva.
viagens... estabelecem relação de adição de ideias, de fatos
B) explicativa e aditiva.
C) adversativa e alternativa.
5-) Não se desespere, que estaremos a seu lado sempre.
D) aditiva e alternativa.
= conjunção explicativa (= porque) - coordenada sindé-
tica explicativa
09. Um livro de receita é um bom presente porque aju-
da as pessoas que não sabem cozinhar. A palavra “porque” 6-)
pode ser substituída, sem alteração de sentido, por A) “O gesto é fácil E não ajuda em nada”. = mas não
A) entretanto. ajuda (ideia contrária)
B) então. B )“O que vemos na esquina E nos sinais de trânsito...”.
C) assim. = adição
D) pois. C) “..adultos submetem crianças E adolescentes à tarefa
E) porém. de pedir esmola”. = adição
D) “Quem dá esmola nas ruas contribui para a manuten-
10- Na oração “Pedro não joga E NEM ASSISTE”, te- ção da miséria E prejudica o desenvolvimento da socieda-
mos a presença de uma oração coordenada que pode ser de”. = adição
classificada em: E) “A vida dessas pessoas é marcada pela falta de dinhei-
A) Coordenada assindética; ro, de moradia digna, emprego, segurança, lazer, cultura,
B) Coordenada assindética aditiva; acesso à saúde E à educação”. = adição
C) Coordenada sindética alternativa;
D) Coordenada sindética aditiva. 7-)
A) Meu primo formou-se em Direito, porém não preten-
GABARITO de trabalhar como advogado. = adversativa
C) Você está preparado para a prova; por isso, não se
01. B 02. E 03. D 04. E 05. D preocupe. = conclusão
06. A 07. B 08. A 09. D 10. D D) Vá dormir mais cedo, pois o vestibular será amanhã.
= explicativa
E) Os meninos deviam correr para casa ou apanhariam
toda a chuva. = alternativa

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LÍNGUA PORTUGUESA

8-) - mas não penetrou na casa = conjunção adversativa O garoto perguntou qual era o telefone da
- nem assustou seus habitantes = conjunção aditiva moça.
Oração Subordinada Substantiva
9-) Um livro de receita é um bom presente porque aju-
da as pessoas que não sabem cozinhar. Não sabemos por que a vizinha se mudou.
= conjunção explicativa: pois Oração Subordinada Substantiva

10-) E NEM ASSISTE= conjunção aditiva (ideia de adi- Classificação das Orações Subordinadas
ção, soma de fatos) = Coordenada sindética aditiva. Substantivas

De acordo com a função que exerce no período, a ora-


Observe o exemplo abaixo de Vinícius de Moraes: ção subordinada substantiva pode ser:

a) Subjetiva
“Eu sinto que em meu gesto existe o
É subjetiva quando exerce a função sintática de sujeito
teu gesto.”
do verbo da oração principal. Observe:
Oração Principal Oração Subordinada
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Observe que na oração subordinada temos o verbo Sujeito
“existe”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
do presente do indicativo. As orações subordinadas que É fundamental que você compareça à reunião.
apresentam verbo em qualquer dos tempos finitos (tem- Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Sub-
pos do modo do indicativo, subjuntivo e imperativo), são jetiva
chamadas de orações desenvolvidas ou explícitas. Pode-
mos modificar o período acima. Veja: Atenção: Observe que a oração subordinada substanti-
va pode ser substituída pelo pronome “ isso”. Assim, temos
Eu sinto existir em meu gesto o teu um período simples:
gesto. É fundamental isso. ou Isso é fundamental.
Oração Principal Oração Subordinada
Dessa forma, a oração correspondente a “isso” exercerá
A análise das orações continua sendo a mesma: “Eu a função de sujeito
sinto” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração
subordinada “existir em meu gesto o teu gesto”. Note que principal:
a oração subordinada apresenta agora verbo no infiniti-
vo. Além disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as 1- Verbos de ligação + predicativo, em construções do
duas orações, desapareceu. As orações subordinadas cujo tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece certo - É
verbo surge numa das formas nominais (infinitivo - flexio- claro - Está evidente - Está comprovado
nado ou não -, gerúndio ou particípio) chamamos orações É bom que você compareça à minha festa.
reduzidas ou implícitas.
Obs.: as orações reduzidas não são introduzidas por 2- Expressões na voz passiva, como: Sabe-se - Soube-se
conjunções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual- - Conta-se - Diz-se - Comenta-se - É sabido - Foi anunciado
mente, introduzidas por preposição. - Ficou provado
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.
1) ORAÇÕES SUBORDINADAS
3- Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar -
SUBSTANTIVAS
importar - ocorrer - acontecer
Convém que não se atrase na entrevista.
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- Obs.: quando a oração subordinada substantiva é subje-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in- tiva, o verbo da oração principal está sempre na 3ª. pessoa
tegrante (que, se). do singular.
Suponho que você foi à biblioteca hoje. b) Objetiva Direta
Oração Subordinada Substantiva A oração subordinada substantiva objetiva direta exerce
função de objeto direto do verbo da oração principal.
Você sabe se o presidente já chegou? Todos querem sua aprovação no concurso.
Oração Subordinada Substantiva Objeto Direto

Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) também Todos querem que você seja aprovado. (= Todos
introduzem as orações subordinadas substantivas, bem querem isso)
como os advérbios interrogativos (por que, quando, onde, Oração Principal oração Subordinada Substantiva
como). Veja os exemplos: Objetiva Direta

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LÍNGUA PORTUGUESA

As orações subordinadas substantivas objetivas diretas Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo
desenvolvidas são iniciadas por: era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa
- Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”:
A professora verificou se todos alunos estavam presentes. Obs.: em certos casos, usa-se a preposição expletiva
“de” para realce. Veja o exemplo: A impressão é de que não
- Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às fui bem na prova.
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas:
O pessoal queria saber quem era o dono do carro im- f) Apositiva
portado. A oração subordinada substantiva apositiva exerce fun-
ção de aposto de algum termo da oração principal.
- Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às Fernanda tinha um grande sonho: a chegada do dia de
vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: seu casamento. Aposto
Eu não sei por que ela fez isso. (Fernanda tinha um grande sonho: isso.)
c) Objetiva Indireta Fernanda tinha um grande sonho: que o dia do seu
A oração subordinada substantiva objetiva indireta atua casamento chegasse.
como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem Oração Subordinada Substantiva Apositiva
precedida de preposição.
2) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADJETIVAS
Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui
valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem
nisso) a função de adjunto adnominal do antecedente. Observe
Oração Subordinada Substantiva Objetiva o exemplo:
Indireta Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)
Obs.: em alguns casos, a preposição pode estar elíptica
na oração. Note que o substantivo redação foi caracterizado pelo
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora. adjetivo bem-sucedida. Nesse caso, é possível formarmos
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo pa-
pel. Veja:
d) Completiva Nominal
A oração subordinada substantiva completiva nominal Esta foi uma redação que fez sucesso.
completa um nome que pertence à oração principal e tam- Oração Principal Oração Subordinada Ad-
bém vem marcada por preposição. jetiva
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal Perceba que a conexão entre a oração subordinada ad-
jetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
de que você se comportou. (= Sen- pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacio-
timos orgulho disso.) nar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma
Oração Subordinada Substantiva Completiva função sintática na oração subordinada: ocupa o papel que
Nominal seria exercido pelo termo que o antecede.
Obs.: para que dois períodos se unam num período
Lembre-se: as orações subordinadas substantivas ob- composto, altera-se o modo verbal da segunda oração.
jetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto
que orações subordinadas substantivas completivas nomi- Atenção: Vale lembrar um recurso didático para re-
nais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma conhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser
da outra, é necessário levar em conta o termo complemen- substituído por: o qual - a qual - os quais - as quais
tado. Essa é, aliás, a diferença entre o objeto indireto e o Refiro-me ao aluno que é estudioso.
complemento nominal: o primeiro complementa um verbo, Essa oração é equivalente a:
o segundo, um nome. Refiro-me ao aluno o qual estuda.

e) Predicativa Forma das Orações Subordinadas Adjetivas


A oração subordinada substantiva predicativa exerce
papel de predicativo do sujeito do verbo da oração princi- Quando são introduzidas por um pronome relativo e
pal e vem sempre depois do verbo ser. apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
Nosso desejo era sua desistência. orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvi-
Predicativo do Sujeito das. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas

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LÍNGUA PORTUGUESA

reduzidas, que não são introduzidas por pronome relativo 3) ORAÇÕES SUBORDINADAS ADVERBIAIS
(podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o
verbo numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou Uma oração subordinada adverbial é aquela que exerce
particípio). a função de adjunto adverbial do verbo da oração principal.
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou. Dessa forma, pode exprimir circunstância de tempo, modo,
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar. fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando desenvolvida,
vem introduzida por uma das conjunções subordinativas
No primeiro período, há uma oração subordinada ad- (com exclusão das integrantes). Classifica-se de acordo com
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome a conjunção ou locução conjuntiva que a introduz.
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subor- Durante a madrugada, eu olhei você dormindo.
dinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há pronome re- Oração Subordinada Adverbial
lativo e seu verbo está no infinitivo. Observe que a oração em destaque agrega uma circuns-
tância de tempo. É, portanto, chamada de oração subordi-
nada adverbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos
Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas
acessórios que indicam uma circunstância referente, via de
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial de-
Na relação que estabelecem com o termo que carac-
pende da exata compreensão da circunstância que exprime.
terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar Observe os exemplos abaixo:
de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem Naquele momento, senti uma das maiores emoções de
ou especificam o sentido do termo a que se referem, in- minha vida.
dividualizando-o. Nessas orações não há marcação de Quando vi a estátua, senti uma das maiores emoções de
pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti- minha vida.
vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou
amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra No primeiro período, “naquele momento” é um adjun-
suficientemente definido, as quais denominam-se subordi- to adverbial de tempo, que modifica a forma verbal “sen-
nadas adjetivas explicativas. ti”. No segundo período, esse papel é exercido pela oração
“Quando vi a estátua”, que é, portanto, uma oração subor-
Exemplo 1: dinada adverbial temporal. Essa oração é desenvolvida, pois
Jamais teria chegado aqui, não fosse a gentileza de um é introduzida por uma conjunção subordinativa (quando)
homem que passava naquele momento. e apresenta uma forma verbal do modo indicativo (“vi”, do
Oração Subordinada Adjetiva Res- pretérito perfeito do indicativo). Seria possível reduzi-la, ob-
tritiva tendo-se:
Ao ver a estátua, senti uma das maiores emoções de mi-
Nesse período, observe que a oração em destaque res- nha vida.
tringe e particulariza o sentido da palavra “homem”: trata-
se de um homem específico, único. A oração limita o uni- A oração em destaque é reduzida, pois apresenta uma
verso de homens, isto é, não se refere a todos os homens, das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não é
mas sim àquele que estava passando naquele momento. introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por uma
preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
Exemplo 2: Obs.: a classificação das orações subordinadas adverbiais
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjuntos
O homem, que se considera racional, muitas vezes
adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela oração.
age animalescamente.
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
Circunstâncias Expressas
pelas Orações Subordinadas Adverbiais
Nesse período, a oração em destaque não tem sentido
restritivo em relação à palavra “homem”; na verdade, essa a) Causa
oração apenas explicita uma ideia que já sabemos estar A ideia de causa está diretamente ligada àquilo que pro-
contida no conceito de “homem”. voca um determinado fato, ao motivo do que se declara
na oração principal. “É aquilo ou aquele que determina um
Saiba que: acontecimento”.
A oração subordinada adjetiva explicativa é separada Principal conjunção subordinativa causal: PORQUE
da oração principal por uma pausa, que, na escrita, é re- Outras conjunções e locuções causais: como (sempre in-
presentada pela vírgula. É comum, por isso, que a pontua- troduzido na oração anteposta à oração principal), pois, pois
ção seja indicada como forma de diferenciar as orações que, já que, uma vez que, visto que.
explicativas das restritivas; de fato, as explicativas vêm As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito forte.
sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não. Como ninguém se interessou pelo projeto, não houve al-
ternativa a não ser cancelá-lo.
Já que você não vai, eu também não vou.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) Consequência e) Comparação
As orações subordinadas adverbiais consecutivas expri- As orações subordinadas adverbiais comparativas esta-
mem um fato que é consequência, que é efeito do que se belecem uma comparação com a ação indicada pelo verbo
declara na oração principal. São introduzidas pelas conjun- da oração principal.
ções e locuções: que, de forma que, de sorte que, tanto que, Principal conjunção subordinativa comparativa: COMO
etc., e pelas estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que. Ele dorme como um urso.
Principal conjunção subordinativa consecutiva: QUE
(precedido de tal, tanto, tão, tamanho) Saiba que: É comum a omissão do verbo nas orações
É feio que dói. (É tão feio que, em consequência, causa subordinadas adverbiais comparativas. Por exemplo:
dor.) Agem como crianças. (agem)
Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou con- Oração Subordinada Adverbial Comparativa
cretizando-os. No entanto, quando se comparam ações diferentes, isso
Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Reduzida não ocorre. Por exemplo: Ela fala mais do que faz. (compa-
de Infinitivo) ração do verbo falar e do verbo fazer).
f) Conformidade
c) Condição As orações subordinadas adverbiais conformativas indi-
Condição é aquilo que se impõe como necessário para cam ideia de conformidade, ou seja, exprimem uma regra,
a realização ou não de um fato. As orações subordinadas um modelo adotado para a execução do que se declara na
adverbiais condicionais exprimem o que deve ou não ocor- oração principal.
rer para que se realize ou deixe de se realizar o fato expres- Principal conjunção subordinativa conformativa: CON-
so na oração principal. FORME
Principal conjunção subordinativa condicional: SE Outras conjunções conformativas: como, consoante e
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, segundo (todas com o mesmo valor de conforme).
desde que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, Fiz o bolo conforme ensina a receita.
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, direitos iguais.
certamente o melhor time será campeão.
Uma vez que todos aceitem a proposta, assinaremos o g) Finalidade
contrato. As orações subordinadas adverbiais finais indicam a in-
Caso você se case, convide-me para a festa. tenção, a finalidade daquilo que se declara na oração prin-
cipal.
d) Concessão Principal conjunção subordinativa final: A FIM DE QUE
As orações subordinadas adverbiais concessivas in- Outras conjunções finais: que, porque (= para que) e a
dicam concessão às ações do verbo da oração principal, locução conjuntiva para que.
isto é, admitem uma contradição ou um fato inesperado. A Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigos.
ideia de concessão está diretamente ligada ao contraste, à Felipe abriu a porta do carro para que sua namorada
quebra de expectativa. entrasse.
Principal conjunção subordinativa concessiva: EMBORA
Utiliza-se também a conjunção: conquanto e as locu- h) Proporção
ções ainda que, ainda quando, mesmo que, se bem que, pos- As orações subordinadas adverbiais proporcionais ex-
to que, apesar de que. primem ideia de proporção, ou seja, um fato simultâneo ao
Só irei se ele for. expresso na oração principal.
Principal locução conjuntiva subordinativa proporcio-
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” ir nal: À PROPORÇÃO QUE
só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Compare Outras locuções conjuntivas proporcionais: à medida
agora com: que, ao passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
Irei mesmo que ele não vá. (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quanto mais...
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: irei (menos), quanto menos...(mais), quanto menos...(menos).
de qualquer maneira, independentemente de sua ida. A À proporção que estudávamos, acertávamos mais ques-
oração destacada é, portanto, subordinada adverbial con- tões.
cessiva. Observe outros exemplos: Visito meus amigos à medida que eles me convidam.
Embora fizesse calor, levei agasalho. Quanto maior for a altura, maior será o tombo.
Conquanto a economia tenha crescido, pelo menos me-
tade da população continua à margem do mercado de con- i) Tempo
sumo. As orações subordinadas adverbiais temporais acres-
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em- centam uma ideia de tempo ao fato expresso na oração
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo) principal, podendo exprimir noções de simultaneidade, an-
terioridade ou posterioridade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Principal conjunção subordinativa temporal: QUANDO As expressões mais denso e menos trânsito, no título,
Outras conjunções subordinativas temporais: enquan- estabelecem entre si uma relação de
to, mal e locuções conjuntivas: assim que, logo que, todas (A) comparação e adição.
as vezes que, antes que, depois que, sempre que, desde que, (B) causa e consequência.
etc. (C) conformidade e negação.
Quando você foi embora, chegaram outros convidados. (D) hipótese e concessão.
Sempre que ele vem, ocorrem problemas. (E) alternância e explicação
Mal você saiu, ela chegou.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando termi- 02. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
nou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) NESP – 2013). No trecho – Tem surtido um efeito positi-
vo por eles se tornarem uma referência positiva dentro da
Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/ unidade, já que cumprem melhor as regras, respeitam o
sint29.php próximo e pensam melhor nas suas ações, refletem antes
de tomar uma atitude. – o termo em destaque estabelece
Questões sobre Orações Subordinadas entre as orações uma relação de
A) condição.
01. (Papiloscopista Policial – Vunesp/2013). B) causa.
Mais denso, menos trânsito C) comparação.
D) tempo.
As grandes cidades brasileiras estão congestionadas e E) concessão.
em processo de deterioração agudizado pelo crescimento
econômico da última década. Existem deficiências evidentes 03. (UFV-MG) As orações subordinadas substantivas
em infraestrutura, mas é importante também considerar o que aparecem nos períodos abaixo são todas subjetivas,
planejamento urbano. exceto:
Muitas grandes cidades adotaram uma abordagem de A) Decidiu-se que o petróleo subiria de preço.
desconcentração, incentivando a criação de diversos centros B) É muito bom que o homem, vez por outra, reflita
sobre sua vida.
urbanos, na visão de que isso levaria a uma maior facilidade
C) Ignoras quanto custou meu relógio?
de deslocamento.
D) Perguntou-se ao diretor quando seríamos recebidos.
Mas o efeito tem sido o inverso. A criação de diversos
E) Convinha-nos que você estivesse presente à reunião
centros e o aumento das distâncias multiplicam o número
de viagens, dificultando o investimento em transporte cole-
04. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013).
tivo e aumentando a necessidade do transporte individual.
Considere a tirinha em que se vê Honi conversando com
Se olharmos Los Angeles como a região que levou a des-
seu Namorado Lute.
concentração ao extremo, ficam claras as consequências.
Numa região rica como a Califórnia, com enorme investi-
mento viário, temos engarrafamentos gigantescos que vira-
ram característica da cidade.
Os modelos urbanos bem-sucedidos são aqueles com
elevado adensamento e predominância do transporte cole-
tivo, como mostram Manhattan e Tóquio.
O centro histórico de São Paulo é a região da cidade
mais bem servida de transporte coletivo, com infraestrutura
de telecomunicação, água, eletricidade etc. Como em outras
grandes cidades, essa deveria ser a região mais adensada
da metrópole. Mas não é o caso. Temos, hoje, um esvazia-
mento gradual do centro, com deslocamento das atividades
para diversas regiões da cidade.
A visão de adensamento com uso abundante de trans-
porte coletivo precisa ser recuperada. Desse modo, será pos-
sível reverter esse processo de uso cada vez mais intenso
do transporte individual, fruto não só do novo acesso da
população ao automóvel, mas também da necessidade de
maior número de viagens em função da distância cada vez
maior entre os destinos da população.
(Henrique Meirelles, Folha de S.Paulo, 13.01.2013. Adap-
tado)

(Dik Browne, Folha de S. Paulo, 26.01.2013)

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LÍNGUA PORTUGUESA

É correto afirmar que a expressão contanto que estabe- 08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças
lece entre as orações relação de Públicas – VUNESP – 2013-adap.) No trecho – “Fio, disjun-
A) causa, pois Honi quer ter filhos e não deseja trabalhar tor, tomada, tudo!”, insiste o motorista, com tanto orgulho
depois de casada. que chega a contaminar-me. –, a construção tanto ... que
B) comparação, pois o namorado espera ter sucesso estabelece entre as construções [com tanto orgulho] e [que
como cantor romântico. chega a contaminar-me] uma relação de
C) tempo, pois ambos ainda são adolescentes, mas já A) condição e finalidade.
pensam em casamento. B) conformidade e proporção.
D) condição, pois Lute sabe que exercendo a profissão C) finalidade e concessão.
de músico provavelmente ganhará pouco. D) proporção e comparação.
E) finalidade, pois Honi espera que seu futuro marido E) causa e consequência.
torne-se um artista famoso.
09. “Os Estados Unidos são considerados hoje um país
05. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – bem mais fechado – embora em doze dias recebam o mes-
Apesar da desconcentração e do aumento da extensão mo número de imigrantes que o Brasil em um ano.” A alter-
urbana verificados no Brasil, é importante desenvolver e nativa que substitui a expressão em negrito, sem prejuízo
adensar ainda mais os diversos centros já existentes... –, sem ao conteúdo, é:
que tenha seu sentido alterado, o trecho em destaque está A) já que.
corretamente reescrito em: B) todavia.
A) Mesmo com a desconcentração e o aumento da Ex- C) ainda que.
tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol- D) entretanto.
ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes... E) talvez.
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au-
mento da extensão urbana no Brasil, é importante desen- 10. (Escrevente TJ SP – Vunesp – 2013) Assinale a alter-
volver e adensar ainda mais os diversos centros já existen-
nativa que substitui o trecho em destaque na frase – Assi-
tes...
narei o documento, contanto que garantam sua autenti-
C) Assim como são verificados a desconcentração e o
cidade. – sem que haja prejuízo de sentido.
aumento da extensão urbana no Brasil, é importante de-
(A) desde que garantam sua autenticidade.
senvolver e adensar ainda mais os diversos centros já exis-
(B) no entanto garantam sua autenticidade.
tentes...
(C) embora garantam sua autenticidade.
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da ex-
(D) portanto garantam sua autenticidade.
tensão urbana verificados no Brasil, é importante desenvol-
(E) a menos que garantam sua autenticidade.
ver e adensar ainda mais os diversos centros já existentes...
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumento
da extensão urbana verificados no Brasil, é importante de- GABARITO
senvolver e adensar ainda mais os diversos centros já exis-
tentes... 01. B 02. B 03. C 04. D 05. A
06. C 07. D 08. E 09. C 10. A
06. (Analista Administrativo – VUNESP – 2013). Em – É
fundamental que essa visão de adensamento com uso RESOLUÇÃO
abundante de transporte coletivo seja recuperada para que
possamos reverter esse processo de uso… –, a expressão em 1-) mais denso e menos trânsito = mais denso, conse-
destaque estabelece entre as orações relação de quentemente, menos trânsito, então: causa e consequência
A) consequência.
B) condição. 2-) já que cumprem melhor as regras = estabelece en-
C) finalidade. tre as orações uma relação de causa com a consequência
D) causa. de “tem um efeito positivo”.
E) concessão. 3-) Ignoras quanto custou meu relógio? = oração su-
bordinada substantiva objetiva direta
07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013 – adap.). A oração não atende aos requisitos de tais orações, ou
Considere o trecho: “Como as músicas eram de protesto, seja, não se inicia com verbo de ligação, tampouco pelos
naquele mesmo ano foi enquadrado na lei de segurança na- verbos “convir”, “parecer”, “importar”, “constar” etc., e tam-
cional pela ditadura militar e exilado.” O termo Como, em bém não inicia com as conjunções integrantes “que” e “se”.
destaque na primeira parte do enunciado, expressa ideia de
A) contraste e tem sentido equivalente a porém. 4-) a expressão contanto que estabelece uma relação
B) concessão e tem sentido equivalente a mesmo que. de condição (condicional)
C) conformidade e tem sentido equivalente a conforme.
D) causa e tem sentido equivalente a visto que.
E) finalidade e tem sentido equivalente a para que.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5-) Apesar da desconcentração e do aumento da ex- 3- Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tensão urbana verificados no Brasil = conjunção concessiva tivos, decreto de lei, etc.
B) Uma vez que se verifica a desconcentração e o au- - Ir ao supermercado;
mento da extensão urbana no Brasil, = causal - Pegar as crianças na escola;
C) Assim como são verificados a desconcentração e o - Caminhada na praia;
aumento da extensão urbana no Brasil = comparativa - Reunião com amigos.
D) Visto que com a desconcentração e o aumento da
extensão urbana verificados no Brasil = causal Dois pontos
E) De maneira que, com a desconcentração e o aumen- 1- Antes de uma citação
to da extensão urbana verificados no Brasil = consecutivas - Vejamos como Afrânio Coutinho trata este assunto:
6-) para que possamos = conjunção final (finalidade)
2- Antes de um aposto
7-) “Como as músicas eram de protesto = expressa - Três coisas não me agradam: chuva pela manhã, frio à
ideia de causa da consequência “foi enquadrado” = causa tarde e calor à noite.
e tem sentido equivalente a visto que. 3- Antes de uma explicação ou esclarecimento
8-) com tanto orgulho que chega a contaminar-me. – a - Lá estava a deplorável família: triste, cabisbaixa, viven-
construção estabelece uma relação de causa e consequên- do a rotina de sempre.
cia. (a causa da “contaminação” – consequência)
4- Em frases de estilo direto
9-) Os Estados Unidos são considerados hoje um país Maria perguntou:
bem mais fechado – embora em doze dias recebam o mes- - Por que você não toma uma decisão?
mo número de imigrantes que o Brasil em um ano.” =
conjunção concessiva: ainda que Ponto de Exclamação
1- Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
susto, súplica, etc.
10-) contanto que garantam sua autenticidade. = con-
- Sim! Claro que eu quero me casar com você!
junção condicional = desde que
2- Depois de interjeições ou vocativos
- Ai! Que susto!
- João! Há quanto tempo!
5.4 EMPREGO DOS SINAIS DE PONTUAÇÃO.
Ponto de Interrogação
Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
Os sinais de pontuação são marcações gráficas que vedo)
servem para compor a coesão e a coerência textual, além
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. Ve- Reticências
jamos as principais funções dos sinais de pontuação co- 1- Indica que palavras foram suprimidas.
nhecidos pelo uso da língua portuguesa. - Comprei lápis, canetas, cadernos...
Ponto 2- Indica interrupção violenta da frase.
1- Indica o término do discurso ou de parte dele. “- Não... quero dizer... é verdad... Ah!”
- Façamos o que for preciso para tirá-la da situação em
que se encontra. 3- Indica interrupções de hesitação ou dúvida
- Gostaria de comprar pão, queijo, manteiga e leite. - Este mal... pega doutor?
- Acordei. Olhei em volta. Não reconheci onde estava. 4- Indica que o sentido vai além do que foi dito
2- Usa-se nas abreviações - V. Exª. - Sr. - Deixa, depois, o coração falar...

Ponto e Vírgula ( ; ) Vírgula


1- Separa várias partes do discurso, que têm a mesma
importância. Não se usa vírgula
- “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os ricos dão pelo *separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
pão a fazenda; os de espíritos generosos dão pelo pão a vida; gam-se diretamente entre si:
os de nenhum espírito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA) - entre sujeito e predicado.
Todos os alunos da sala foram advertidos.
2- Separa partes de frases que já estão separadas por Sujeito predicado
vírgulas.
- Alguns quiseram verão, praia e calor; outros, monta- - entre o verbo e seus objetos.
nhas, frio e cobertor. O trabalho custou sacrifício aos realizadores.
V.T.D.I. O.D. O.I.

53
LÍNGUA PORTUGUESA

Usa-se a vírgula: 02. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE/2013 - ADAP-


- Para marcar intercalação: TADA) Jogadores de futebol de diversos times entraram em
a) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun- campo em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do
dância, vem caindo de preço. Campeonato Nacional em apoio à campanha que visa 4 re-
b) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão pro- duzir o número de pessoas que não possuem o nome do pai
duzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. em sua certidão de nascimento. (...)
c) das expressões explicativas ou corretivas: As indústrias A oração subordinada “que não possuem o nome do pai
não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, não querem em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vírgu-
abrir mão dos lucros altos. la porque tem natureza restritiva.
- Para marcar inversão: ( ) Certo ( ) Errado
a) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas fecha- 03.(BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BNDES/2012)
das. Em que período a vírgula pode ser retirada, mantendo-se o
b) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos sentido e a obediência à norma-padrão?
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o trei-
c) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de no.
maio de 1982. (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos es-
- Para separar entre si elementos coordenados (dispos- portes?
tos em enumeração): (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre-
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. para para o evento.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. (D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimo-
ramento do desportista.
- Para marcar elipse (omissão) do verbo: (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
Nós queremos comer pizza; e vocês, churrasco. judô, natação e canoagem.
- Para isolar:
- o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira,
04. (BANPARÁ/PA – TÉCNICO BANCÁRIO – ESPP/2012)
possui um trânsito caótico.
Assinale a alternativa em que a pontuação está correta.
- o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
a) Meu grande amigo Pedro, esteve aqui ontem!
b) Foi solicitado, pelo diretor o comprovante da tran-
Fontes: http://www.infoescola.com/portugues/pontua-
sação.
cao/
c) Maria, você trouxe os documentos?
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.
d) O garoto de óculos leu, em voz alta o poema.
htm
e) Na noite de ontem o vigia percebeu, uma movimen-
Questões sobre Pontuação tação estranha.
05. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013 – adap.). As-
01. (Agente Policial – Vunesp – 2013). Assinale a alterna- sinale a alternativa em que a frase mantém-se correta após
tiva em que a pontuação está corretamente empregada, de o acréscimo das vírgulas.
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. (A) Se a criança se perder, quem encontrá-la, verá na
(A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- pulseira instruções para que envie, uma mensagem eletrô-
bora, experimentasse, a sensação de violar uma intimidade, nica ao grupo ou acione o código na internet.
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo (B) Um geolocalizador também, avisará, os pais de onde
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. o código foi acionado.
(B) Diante, da testemunha o homem abriu a bolsa e, em- (C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra-
bora experimentasse a sensação, de violar uma intimidade, dos, recebem automaticamente, uma mensagem dizendo
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo que a criança foi encontrada.
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. (D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha, chega pri-
(C) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- meiro às, areias do Guarujá.
bora experimentasse a sensação de violar uma intimidade, (E) O sistema permite, ainda, cadastrar o nome e o te-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando encontrar algo lefone de quem a encontrou e informar um ponto de re-
que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. ferência
(D) Diante da testemunha, o homem, abriu a bolsa e,
embora experimentasse a sensação de violar uma intimida- 06. (DNIT – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – ESAF/2013)
de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar Para que o fragmento abaixo seja coerente e gramatical-
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. mente correto, é necessário inserir sinais de pontuação.
(E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em- Assinale a posição em que não deve ser usado o sinal de
bora, experimentasse a sensação de violar uma intimidade, ponto, e sim a vírgula, para que sejam respeitadas as re-
procurou a esmo entre as coisinhas, tentando, encontrar gras gramaticais. Desconsidere os ajustes nas letras iniciais
algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona. minúsculas.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de GABARITO


bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A) o
programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças 01. C 02. C 03. D 04. C 05. E
utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B) os alunos 06. D 07. A 08. B 09.B
ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
cidadania e reciclagem(C) as escolas participantes se tornam RESOLUÇÃO
também centros de descarte de garrafas PET(D) destinadas
depois para reciclagem(E) o programa possibilitará o retorno 1- Assinalei com um (X) as pontuações inadequadas
das bicicletas pela saúde das crianças e transformação das (A) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e,
comunidades em lugares melhores para se viver. embora, (X) experimentasse , (X) a sensação de violar uma
(Adaptado de Vida Simples, abril de 2012, edição 117) intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
a) A encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
b) B sua dona.
c) C (B) Diante , (X) da testemunha o homem abriu a bolsa
d) D e, embora experimentasse a sensação , (X) de violar uma
e) E intimidade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando
encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
07. (DETRAN - OFICIAL ESTADUAL DE TRÂNSITO – VU- sua dona.
NESP/2013) Assinale a alternativa correta quanto ao uso da (D) Diante da testemunha, o homem , (X) abriu a bolsa
pontuação. e, embora experimentasse a sensação de violar uma inti-
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas cir- midade, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X)
cunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. encontrar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a
(B) Dirigir pode aumentar, nosso nível de estresse, por- sua dona.
que você está junto; com os outros motoristas cujos com- (E) Diante da testemunha, o homem abriu a bolsa e, em-
portamentos, são desconhecidos. bora , (X) experimentasse a sensação de violar uma intimida-
(C) Os motoristas, devem saber, que os carros podem ser de, procurou a esmo entre as coisinhas, tentando , (X) encon-
uma extensão de nossa personalidade. trar algo que pudesse ajudar a revelar quem era a sua dona.
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, acidentes e; aumen-
tar os níveis de estresse em alguns motoristas. 2-) A oração restringe o grupo que participará da cam-
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na panha (apenas os que não têm o nome do pai na certidão
rua, são as principais causas da ira de trânsito. de nascimento). Se colocarmos uma vírgula, a oração tor-
nar-se-á “explicativa”, generalizando a informação, o que
08. (ACADEMIA DE POLÍCIA DO ESTADO DE MINAS dará a entender que TODAS as pessoa não têm o nome do
GERAIS – TÉCNICO ASSISTENTE DA POLÍCIA CIVIL - FU- pai na certidão.
MARC/2013) “Paciência, minha filha, este é apenas um ciclo RESPOSTA: “CERTO”.
econômico e a nossa geração foi escolhida para este vexame,
você aí desse tamanho pedindo esmola e eu aqui sem nada 3-)
para te dizer, agora afasta que abriu o sinal.” (A) Quando o técnico chegou, a equipe começou o trei-
No período acima, as vírgulas foram empregadas em no. = mantê-la (termo deslocado)
“Paciência, minha filha, este é [...]”, para separar (B) Antônio, quer saber as últimas novidades dos espor-
(A) aposto. tes? = mantê-la (vocativo)
(B) vocativo. (C) As Olimpíadas de 2016 ocorrerão no Rio, que se pre-
(C) adjunto adverbial. para para o evento.
(D) expressão explicativa. = mantê-la (explicação)
(D) Atualmente, várias áreas contribuem para o aprimo-
09. (INFRAERO – CADASTRO RESERVA OPERACIONAL ramento do desportista.
PROFISSIONAL DE TRÁFEGO AÉREO – FCC/2011) O período = pode retirá-la (advérbio de tempo)
corretamente pontuado é: (E) Eis alguns esportes que a Ciência do Esporte ajuda:
(A) Os filmes que, mostram a luta pela sobrevivência em judô, natação e canoagem.
condições hostis nem sempre conseguem agradar, aos es- = mantê-la (enumeração)
pectadores.
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes entre 4-) Assinalei com (X) a pontuação inadequada ou fal-
si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma história tante:
ficcional. a) Meu grande amigo Pedro, (X) esteve aqui ontem!
(C) A história de heroísmo e de determinação que nem sem- b) Foi solicitado, (X) pelo diretor o comprovante da
pre, é convincente, se passa em um cenário marcado, pelo frio. transação.
(D) Caminhar por um extenso território gelado, é correr c) Maria, você trouxe os documentos?
riscos iminentes que comprometem, a sobrevivência. d) O garoto de óculos leu, em voz alta (X) o poema.
(E) Para os fugitivos que se propunham, a alcançar a li- e) Na noite de ontem (X) o vigia percebeu, (X) uma mo-
berdade, nada poderia parecer, realmente intransponível. vimentação estranha.

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LÍNGUA PORTUGUESA

5-) Assinalei com (X) onde estão as pontuações inade-


quadas 5.5 CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL.
(A) Se a criança se perder, quem encontrá-la , (X) verá
na pulseira instruções para que envie , (X) uma mensagem
eletrônica ao grupo ou acione o código na internet.
(B) Um geolocalizador também , (X) avisará , (X) os pais Ao falarmos sobre a concordância verbal, estamos nos
de onde o código foi acionado. referindo à relação de dependência estabelecida entre um
(C) Assim que o código é digitado, familiares cadastra- termo e outro mediante um contexto oracional. Desta fei-
dos , (X) recebem ( , ) automaticamente, uma mensagem ta, os agentes principais desse processo são representados
dizendo que a criança foi encontrada. pelo sujeito, que no caso funciona como subordinante; e o
(D) De fabricação chinesa, a nova pulseirinha , (X) chega verbo, o qual desempenha a função de subordinado.
primeiro às , (X) areias do Guarujá. Dessa forma, temos que a concordância verbal caracte-
riza-se pela adaptação do verbo, tendo em vista os quesi-
6-) tos “número e pessoa” em relação ao sujeito. Exemplifican-
O projeto Escola de Bicicleta está distribuindo bicicletas de do, temos: O aluno chegou atrasado. Temos que o verbo
bambu para 4600 alunos da rede pública de São Paulo(A). O apresenta-se na terceira pessoa do singular, pois faz refe-
programa desenvolve ainda oficinas e cursos para as crianças rência a um sujeito, assim também expresso (ele). Como
utilizarem a bicicleta de forma segura e correta(B). Os alunos poderíamos também dizer: os alunos chegaram atrasados.
ajudam a traçar ciclorrotas e participam de atividades sobre
cidadania e reciclagem(C). As escolas participantes se tornam Casos referentes a sujeito simples
também centros de descarte de garrafas PET(D), destinadas 1) Em caso de sujeito simples, o verbo concorda com
depois para reciclagem(E). O programa possibilitará o retor- o núcleo em número e pessoa: O aluno chegou atrasado.
no das bicicletas pela saúde das crianças e transformação das
comunidades em lugares melhores para se viver. 2) Nos casos referentes a sujeito representado por subs-
A vírgula deve ser colocada após a palavra “PET”, posi- tantivo coletivo, o verbo permanece na terceira pessoa do
ção (D), pois antecipa um termo explicativo. singular: A multidão, apavorada, saiu aos gritos.
Observação:
7-) Fiz as indicações (X) das pontuações inadequadas: - No caso de o coletivo aparecer seguido de adjunto
(A) Segundo alguns psicólogos, é possível, em certas cir- adnominal no plural, o verbo permanecerá no singular ou
cunstâncias, ceder à frustração para que a raiva seja aliviada. poderá ir para o plural:
(B) Dirigir pode aumentar, (X) nosso nível de estresse, Uma multidão de pessoas saiu aos gritos.
porque você está junto; (X) com os outros motoristas cujos Uma multidão de pessoas saíram aos gritos.
comportamentos, (X) são desconhecidos.
(C) Os motoristas, (X) devem saber, (X) que os carros po- 3) Quando o sujeito é representado por expressões par-
dem ser uma extensão de nossa personalidade. titivas, representadas por “a maioria de, a maior parte de,
(D) A ira de trânsito pode ocasionar, (X) acidentes e; (X) a metade de, uma porção de” entre outras, o verbo tanto
aumentar os níveis de estresse em alguns motoristas. pode concordar com o núcleo dessas expressões quanto
(E) Os congestionamentos e o número de motoristas na com o substantivo que a segue: A maioria dos alunos resol-
rua, (X) são as principais causas da ira de trânsito. veu ficar. A maioria dos alunos resolveram ficar.

8-) Paciência, minha filha, este é... = é o termo usado 4) No caso de o sujeito ser representado por expres-
para se dirigir ao interlocutor, ou seja, é um vocativo. sões aproximativas, representadas por “cerca de, perto de”,
o verbo concorda com o substantivo determinado por elas:
9-) Fiz as marcações (X) onde as pontuações estão ina- Cerca de mil candidatos se inscreveram no concurso.
dequadas ou faltantes:
(A) Os filmes que,(X) mostram a luta pela sobrevivência 5) Em casos em que o sujeito é representado pela ex-
em condições hostis nem sempre conseguem agradar, (X) pressão “mais de um”, o verbo permanece no singular: Mais
aos espectadores. de um candidato se inscreveu no concurso de piadas.
(B) Várias experiências de prisioneiros, semelhantes en- Observação:
tre si, podem ser reunidas e fazer parte de uma mesma his- - No caso da referida expressão aparecer repetida ou
tória ficcional. associada a um verbo que exprime reciprocidade, o verbo,
(C) A história de heroísmo e de determinação (X) que necessariamente, deverá permanecer no plural:
nem sempre, (X) é convincente, se passa em um cenário Mais de um aluno, mais de um professor contribuíram na
marcado, (X) pelo frio. campanha de doação de alimentos.
(D) Caminhar por um extenso território gelado, (X) é Mais de um formando se abraçaram durante as soleni-
correr riscos iminentes (X) que comprometem, (X) a sobre- dades de formatura.
vivência.
(E) Para os fugitivos que se propunham, (X) a alcançar a 6) Quando o sujeito for composto da expressão “um
liberdade, nada poderia parecer, (X) realmente intranspo- dos que”, o verbo permanecerá no plural: Esse jogador foi
nível. um dos que atuaram na Copa América.

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LÍNGUA PORTUGUESA

7) Em casos relativos à concordância com locuções pro- Casos referentes a sujeito composto
nominais, representadas por “algum de nós, qual de vós,
quais de vós, alguns de nós”, entre outras, faz-se necessário 1) Nos casos relativos a sujeito composto de pessoas
nos atermos a duas questões básicas: gramaticais diferentes, o verbo deverá ir para o plural, es-
- No caso de o primeiro pronome estar expresso no tando relacionado a dois pressupostos básicos:
plural, o verbo poderá com ele concordar, como poderá - Quando houver a 1ª pessoa, esta prevalecerá sobre as
também concordar com o pronome pessoal: Alguns de nós demais: Eu, tu e ele faremos um lindo passeio.
o receberemos. / Alguns de nós o receberão. - Quando houver a 2ª pessoa, o verbo poderá flexionar
- Quando o primeiro pronome da locução estiver ex- na 2ª ou na 3ª pessoa: Tu e ele sois primos. Tu e ele são
presso no singular, o verbo permanecerá, também, no sin- primos.
gular: Algum de nós o receberá.
2) Nos casos em que o sujeito composto aparecer an-
8) No caso de o sujeito aparecer representado pelo pro- teposto ao verbo, este permanecerá no plural: O pai e seus
nome “quem”, o verbo permanecerá na terceira pessoa do dois filhos compareceram ao evento.
singular ou poderá concordar com o antecedente desse
pronome: Fomos nós quem contou toda a verdade para 3) No caso em que o sujeito aparecer posposto ao ver-
ela. / Fomos nós quem contamos toda a verdade para ela. bo, este poderá concordar com o núcleo mais próximo ou
permanecer no plural: Compareceram ao evento o pai e seus
9) Em casos nos quais o sujeito aparece realçado pela dois filhos. Compareceu ao evento o pai e seus dois filhos.
palavra “que”, o verbo deverá concordar com o termo que
antecede essa palavra: Nesta empresa somos nós que toma- 4) Nos casos relacionados a sujeito simples, porém com
mos as decisões. / Em casa sou eu que decido tudo. mais de um núcleo, o verbo deverá permanecer no singu-
lar: Meu esposo e grande companheiro merece toda a felici-
10) No caso de o sujeito aparecer representado por ex- dade do mundo.
pressões que indicam porcentagens, o verbo concordará
com o numeral ou com o substantivo a que se refere essa 5) Casos relativos a sujeito composto de palavras sinô-
porcentagem: 50% dos funcionários aprovaram a decisão nimas ou ordenado por elementos em gradação, o verbo
da diretoria. / 50% do eleitorado apoiou a decisão. poderá permanecer no singular ou ir para o plural: Minha
vitória, minha conquista, minha premiação são frutos de
Observações: meu esforço. / Minha vitória, minha conquista, minha pre-
- Caso o verbo apareça anteposto à expressão de por- miação é fruto de meu esforço.
centagem, esse deverá concordar com o numeral: Aprova-
ram a decisão da diretoria 50% dos funcionários. Concordância nominal é o ajuste que fazemos aos de-
- Em casos relativos a 1%, o verbo permanecerá no sin- mais termos da oração para que concordem em gênero e
gular: 1% dos funcionários não aprovou a decisão da dire- número com o substantivo. Teremos que alterar, portanto,
toria. o artigo, o adjetivo, o numeral e o pronome. Além disso,
- Em casos em que o numeral estiver acompanhado de temos também o verbo, que se flexionará à sua maneira.
determinantes no plural, o verbo permanecerá no plural:
Os 50% dos funcionários apoiaram a decisão da diretoria. Regra geral: O artigo, o adjetivo, o numeral e o prono-
me concordam em gênero e número com o substantivo.
11) Nos casos em que o sujeito estiver representado - A pequena criança é uma gracinha.
por pronomes de tratamento, o verbo deverá ser empre- - O garoto que encontrei era muito gentil e simpático.
gado na terceira pessoa do singular ou do plural: Vossas Casos especiais: Veremos alguns casos que fogem à
Majestades gostaram das homenagens. Vossa Majestade regra geral mostrada acima.
agradeceu o convite.
a) Um adjetivo após vários substantivos
12) Casos relativos a sujeito representado por substan- - Substantivos de mesmo gênero: adjetivo vai para o
tivo próprio no plural se encontram relacionados a alguns plural ou concorda com o substantivo mais próximo.
aspectos que os determinam: - Irmão e primo recém-chegado estiveram aqui.
- Diante de nomes de obras no plural, seguidos do ver- - Irmão e primo recém-chegados estiveram aqui.
bo ser, este permanece no singular, contanto que o predi- - Substantivos de gêneros diferentes: vai para o plural
cativo também esteja no singular: Memórias póstumas de masculino ou concorda com o substantivo mais próximo.
Brás Cubas é uma criação de Machado de Assis. - Ela tem pai e mãe louros.
- Nos casos de artigo expresso no plural, o verbo tam- - Ela tem pai e mãe loura.
bém permanece no plural: Os Estados Unidos são uma po- - Adjetivo funciona como predicativo: vai obrigatoria-
tência mundial. mente para o plural.
- Casos em que o artigo figura no singular ou em que - O homem e o menino estavam perdidos.
ele nem aparece, o verbo permanece no singular: Estados - O homem e sua esposa estiveram hospedados aqui.
Unidos é uma potência mundial.

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LÍNGUA PORTUGUESA

b) Um adjetivo anteposto a vários substantivos - Como pronomes: seguem a regra geral.


- Adjetivo anteposto normalmente concorda com o Seus argumentos foram bastantes para me convencer.
mais próximo. Os mesmos argumentos que eu usei, você copiou.
Comi delicioso almoço e sobremesa.
Provei deliciosa fruta e suco. j) Menos, alerta
- Em todas as ocasiões são invariáveis.
- Adjetivo anteposto funcionando como predicativo: Preciso de menos comida para perder peso.
concorda com o mais próximo ou vai para o plural. Estamos alerta para com suas chamadas.
Estavam feridos o pai e os filhos.
Estava ferido o pai e os filhos. k) Tal Qual
- “Tal” concorda com o antecedente, “qual” concorda
c) Um substantivo e mais de um adjetivo com o consequente.
- antecede todos os adjetivos com um artigo. As garotas são vaidosas tais qual a tia.
Falava fluentemente a língua inglesa e a espanhola. Os pais vieram fantasiados tais quais os filhos.

- coloca o substantivo no plural. l) Possível


Falava fluentemente as línguas inglesa e espanhola. - Quando vem acompanhado de “mais”, “menos”, “me-
lhor” ou “pior”, acompanha o artigo que precede as ex-
d) Pronomes de tratamento pressões.
- sempre concordam com a 3ª pessoa. A mais possível das alternativas é a que você expôs.
Vossa Santidade esteve no Brasil. Os melhores cargos possíveis estão neste setor da em-
presa.
e) Anexo, incluso, próprio, obrigado As piores situações possíveis são encontradas nas favelas
- Concordam com o substantivo a que se referem. da cidade.
m) Meio
As cartas estão anexas.
- Como advérbio: invariável.
A bebida está inclusa.
Estou meio (um pouco) insegura.
Precisamos de nomes próprios.
- Como numeral: segue a regra geral.
Obrigado, disse o rapaz.
Comi meia (metade) laranja pela manhã.
f) Um(a) e outro(a), num(a) e noutro(a)
n) Só
- Após essas expressões o substantivo fica sempre no
- apenas, somente (advérbio): invariável.
singular e o adjetivo no plural.
Só consegui comprar uma passagem.
Renato advogou um e outro caso fáceis. - sozinho (adjetivo): variável.
Pusemos numa e noutra bandeja rasas o peixe. Estiveram sós durante horas.
g) É bom, é necessário, é proibido Fonte: http://www.brasilescola.com/gramatica/concor-
- Essas expressões não variam se o sujeito não vier pre- dancia-verbal.htm
cedido de artigo ou outro determinante.
Canja é bom. / A canja é boa. Questões sobre Concordância Nominal e Verbal
É necessário sua presença. / É necessária a sua presença.
É proibido entrada de pessoas não autorizadas. / A en- 01.(TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) A con-
trada é proibida. cordância verbal e nominal está inteiramente correta na
frase:
h) Muito, pouco, caro (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
- Como adjetivos: seguem a regra geral. que determinam as escolhas dos governantes, para confe-
Comi muitas frutas durante a viagem. rir legitimidade a suas decisões.
Pouco arroz é suficiente para mim. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
Os sapatos estavam caros. ser embasados na percepção dos valores e princípios que
- Como advérbios: são invariáveis. regem a prática política.
Comi muito durante a viagem. (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verdadeiro
Pouco lutei, por isso perdi a batalha. regime democrático, em que se respeita tanto as liberda-
Comprei caro os sapatos. des individuais quanto as coletivas.
(D) As instituições fundamentais de um regime demo-
i) Mesmo, bastante crático não pode estar subordinado às ordens indiscrimi-
- Como advérbios: invariáveis nadas de um único poder central.
Preciso mesmo da sua ajuda. (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
Fiquei bastante contente com a proposta de emprego. para o momento eleitoral, que expõem as diferentes opi-
niões existentes na sociedade.

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LÍNGUA PORTUGUESA

02. (Agente Técnico – FCC – 2013). As normas de concor- (C) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou
dância verbal e nominal estão inteiramente respeitadas em: até agora uma maneira adequada para que os insumos bá-
A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa lei- sicos sejam quantificado.
tura, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimora- (D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
mento intelectual, estão na capacidade de criação do autor, trou até agora uma maneira adequada para que os insumos
mediante palavras, sua matéria-prima. básicos seja quantificado.
B) Obras que se considera clássicas na literatura sempre (E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
delineia novos caminhos, pois é capaz de encantar o leitor trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem
ao ultrapassar os limites da época em que vivem seus au- os insumos básicos.
tores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhe 05. (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINISTRATIVO
permitem criar todo um mundo de ficção, em que perso- - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as frases do texto:
nagens se transformam em seres vivos a acompanhar os I. Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota nega-
leitores, numa verdadeira interação com a realidade. tiva...
D) As possibilidades de comunicação entre autor e lei- II. ... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior classi-
tor somente se realiza plenamente caso haja afinidade de ficação do continente americano (2,0)...
ideias entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases I e
crescimento intelectual deste último e o prazer da leitura. II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem dos
E) Consta, na literatura mundial, obras-primas que cons- exemplos, em:
titui leitura obrigatória e se tornam referências por seu con- (A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o pró-
teúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época. ximo ano. Será que alguém tem opinião diferente da maio-
ria?
03. (Escrevente TJ-SP – Vunesp/2012) Leia o texto para (B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas juninas.
responder à questão. Vêm pessoas de muito longe para brincar de quadrilha.
_________dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não (C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. Quase
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba- todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para (D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, mas
o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra. É também existem umas que não merecem nossa atenção.
verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono e (E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam.
da água em si ___________diferença, as companhias não po-
dem suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares 06. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
por tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portan- Os folheteiros vivem em feiras, mercados, praças e locais de
to, elas começam a usar preços- -sombra. Ainda assim, peregrinação.
ninguém encontrou até agora uma maneira de quantificar O verbo da frase acima NÃO pode ser mantido no plural
adequadamente os insumos básicos. E sem eles a maioria das caso o segmento grifado seja substituído por:
políticas de crescimento verde sempre ___________ a segunda (A) Há folheteiros que
opção. (B) A maior parte dos folheteiros
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (C) O folheteiro e sua família
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, (D) O grosso dos folheteiros
as lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e res- (E) Cada um dos folheteiros
pectivamente, com:
(A) Restam… faça… será 07. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
(B) Resta… faz… será Todas as formas verbais estão corretamente flexionadas
(C) Restam… faz... serão em:
(D) Restam… façam… serão (A) Enquanto não se disporem a considerar o cordel
(E) Resta… fazem… será sem preconceitos, as pessoas não serão capazes de fruir
dessas criações poéticas tão originais.
04 (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) Assinale a alterna- (B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
tiva em que o trecho atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
– Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma- nas melhores universidades do país.
neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.– (C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
está corretamente reescrito, de acordo com a norma-pa- a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
drão da língua portuguesa. mesmos requizessem o respeito que faziam por merecer.
(A) Ainda assim, temos certeza que ninguém encontrou (D) Se não proveem do preconceito, a desvalorização e
até agora uma maneira adequada de se quantificar os insu- a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica só pode ser
mos básicos. resultado do puro e simples desconhecimento.
(B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- (E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu que os proble-
trou até agora uma maneira adequada de os insumos bási- mas dos cordelistas estavam diretamente ligados à falta de
cos ser quantificados. representatividade.

59
LÍNGUA PORTUGUESA

08. (TRF - 4ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010) RESOLUÇÃO


Observam-se corretamente as regras de concordância ver-
bal e nominal em: 1-) Fiz os acertos entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e valores
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofistica- que determinam as escolhas dos governantes, para conferir
das às mais humildes, são cada vez mais comuns nos dias legitimidade a suas decisões.
de hoje. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes devem
b) A importância de intelectuais como Edward Said e (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos valores e
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões princípios que regem a prática política.
polêmicas de seu tempo, não estão apenas nos livros que (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
escreveram. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respeitam)
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto so- (D) As instituições fundamentais de um regime democrá-
frimento, estejam próximos de serem resolvidos ou pelo tico não pode (podem) estar subordinado (subordinadas) às
menos de terem alguma trégua. ordens indiscriminadas de um único poder central.
d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a ver- (E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) voltados
dade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (expõe) as
relativa, costumam encontrar muito mais detratores que diferentes opiniões existentes na sociedade.
admiradores.
e) No final do século XX já não se via muitos intelectuais 2-)
e escritores como Edward Said, que não apenas era notícia A) Alguns dos aspectos mais desejáveis de uma boa leitu-
pelos livros que publicavam como pelas posições que co- ra, que satisfaça aos leitores e seja veículo de aprimoramento
rajosamente assumiam. intelectual, estão na capacidade de criação do autor, median-
te palavras, sua matéria-prima. = correta
B) Obras que se consideram clássicas na literatura sempre
09. (TRF - 2ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
delineiam novos caminhos, pois são capazes de encantar o
O verbo que, dadas as alterações entre parênteses propos-
leitor ao ultrapassarem os limites da época em que vivem seus
tas para o segmento grifado, deverá ser colocado no plural,
autores, gênios no domínio das palavras, sua matéria-prima.
está em:
C) A palavra, matéria-prima de poetas e romancistas, lhes
(A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas)
permite criar todo um mundo de ficção, em que personagens
(B) O que não se sabe... (ninguém nas regiões do pla-
se transformam em seres vivos a acompanhar os leitores,
neta)
numa verdadeira interação com a realidade.
(C) O consumo mundial não dá sinal de trégua... (O D) As possibilidades de comunicação entre autor e leitor
consumo mundial de barris de petróleo) somente se realizam plenamente caso haja afinidade de ideias
(D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se entre ambos, o que permite, ao mesmo tempo, o crescimento
no custo da matéria-prima... (Constantes aumentos) intelectual deste último e o prazer da leitura.
(E) o tema das mudanças climáticas pressiona os es- E) Constam, na literatura mundial, obras-primas que cons-
forços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças tituem leitura obrigatória e se tornam referências por seu con-
climáticas) teúdo que ultrapassa os limites de tempo e de época.
10. (CETESB/SP – ESCRITURÁRIO - VUNESP/2013) Assi- 3-) _Restam___dúvidas
nale a alternativa em que a concordância das formas ver- mesmo que a ameaça dos preços do carbono e da água
bais destacadas está de acordo com a norma-padrão da em si __faça __diferença
língua. a maioria das políticas de crescimento verde sempre ____
(A) Fazem dez anos que deixei de trabalhar em higieni- será_____ a segunda opção.
zação subterrânea. Em “a maioria de”, a concordância pode ser dupla: tanto
(B) Ainda existe muitas pessoas que discriminam os tra- no plural quanto no singular. Nas alternativas não há “restam/
balhadores da área de limpeza. faça/serão”, portanto a A é que apresenta as opções adequa-
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos das.
riscos de se contrair alguma doença.
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era 4-)
sete da manhã, eu já estava fazendo meu serviço. (A) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente, até agora uma maneira adequada de se quantificar os insu-
começou a adotar medidas mais rigorosas para a proteção mos básicos.
de seus funcionários. (B) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encontrou
até agora uma maneira adequada de os insumos básicos se-
GABARITO rem quantificados.
(C) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon-
01. A 02. A 03. A 04. E 05. A trou até agora uma maneira adequada para que os insu-
06. E 07. |B 08. D 09. D 10. C mos básicos sejam quantificados.

60
LÍNGUA PORTUGUESA

(D) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- d) Intelectuais que têm compromisso apenas com a ver-
trou até agora uma maneira adequada para que os insu- dade, ainda que conscientes de que esta é até certo ponto
mos básicos sejam quantificados. relativa, costumam encontrar muito mais detratores que
(E) Ainda assim, temos certeza de que ninguém encon- admiradores.
trou até agora uma maneira adequada de se quantificarem e) No final do século XX já não se via (viam) muitos in-
os insumos básicos. = correta telectuais e escritores como Edward Said, que não apenas
era (eram) notícia pelos livros que publicavam como pelas
5-) Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos posições que corajosamente assumiam.
aos itens:
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém 9-)
tem (singular) (A) Não há dúvida de que o estilo de vida... (dúvidas) =
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) “há” permaneceria no singular
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quiseram (B) O que não se sabe ... (ninguém nas regiões do pla-
(plural) neta) = “sabe” permaneceria no singular
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem (C) O consumo mundial não dá sinal de trégua ... (O
umas (plural) consumo mundial de barris de petróleo) = “dá” permane-
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas ceria no singular
as formas estão no plural) (D) Um aumento elevado no preço do óleo reflete-se no
custo da matéria-prima... Constantes aumentos) = “reflete”
6-) passaria para “refletem-se”
A - Há folheteiros que vivem (concorda com o objeto (E) o tema das mudanças climáticas pressiona os esfor-
“folheterios”) ços mundiais... (a preocupação em torno das mudanças cli-
B – A maior parte dos folheteiros vivem/vive (opcional) máticas) = “pressiona” permaneceria no singular
C – O folheteiro e sua família vivem (sujeito composto)
D – O grosso dos folheteiros vive/vivem (opcional) 10-) Fiz as correções:
E – Cada um dos folheteiros vive = somente no singular
(A) Fazem dez anos = faz (sentido de tempo = singular)
(B) Ainda existe muitas pessoas = existem
7-) Coloquei entre parênteses a forma verbal correta:
(C) No trabalho em meio a tanta sujeira, havia altos ris-
(A) Enquanto não se disporem (dispuserem) a conside-
cos
rar o cordel sem preconceitos, as pessoas não serão capa-
(D) Eu passava a manhã no subterrâneo: quando era
zes de fruir dessas criações poéticas tão originais.
sete da manhã = eram
(B) Ainda que nem sempre detenha o mesmo status
(E) As companhias de limpeza, apenas recentemente,
atribuído à arte erudita, o cordel vem sendo estudado hoje
nas melhores universidades do país. começou = começaram
(C) Rodolfo Coelho Cavalcante deve ter percebido que
a situação dos cordelistas não mudaria a não ser que eles
mesmos requizessem (requeressem) o respeito que faziam
por merecer. 5.6 REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL.
(D) Se não proveem (provêm) do preconceito, a desva-
lorização e a pouca visibilidade dessa arte popular tão rica
só pode (podem) ser resultado do puro e simples desco-
nhecimento. Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
(E) Rodolfo Coelho Cavalcante entreveu (entreviu) que que ocorre entre um verbo (ou um nome) e seus comple-
os problemas dos cordelistas estavam diretamente ligados mentos. Ocupa-se em estabelecer relações entre as pala-
à falta de representatividade. vras, criando frases não ambíguas, que expressem efetiva-
mente o sentido desejado, que sejam corretas e claras.
8-) Fiz as correções entre parênteses:
a) O desenraizamento, não só entre intelectuais como Regência Verbal
entre os mais diversos tipos de pessoas, das mais sofis-
ticadas às mais humildes, são (é) cada vez mais comuns Termo Regente: VERBO
(comum) nos dias de hoje.
b) A importância de intelectuais como Edward Said e A regência verbal estuda a relação que se estabelece
Tony Judt, que não se furtaram ao debate sobre questões entre os verbos e os termos que os complementam (obje-
polêmicas de seu tempo, não estão (está) apenas nos livros tos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos
que escreveram. adverbiais).
c) Nada indica que o conflito no Oriente Médio entre O estudo da regência verbal permite-nos ampliar nossa
árabes e judeus, responsável por tantas mortes e tanto capacidade expressiva, pois oferece oportunidade de co-
sofrimento, estejam (esteja) próximos (próximo) de serem nhecermos as diversas significações que um verbo pode
(ser) resolvidos (resolvido) ou pelo menos de terem (ter) assumir com a simples mudança ou retirada de uma pre-
alguma trégua. posição. Observe:

61
LÍNGUA PORTUGUESA

A mãe agrada o filho. -> agradar significa acariciar, con- São verbos transitivos diretos, dentre outros: abando-
tentar. nar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, admi-
A mãe agrada ao filho. -> agradar significa “causar rar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar, casti-
agrado ou prazer”, satisfazer. gar, condenar, conhecer, conservar,convidar, defender, eleger,
Logo, conclui-se que “agradar alguém” é diferente de estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar, proteger,
“agradar a alguém”. respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
Saiba que: como o verbo amar:
O conhecimento do uso adequado das preposições é Amo aquele rapaz. / Amo-o.
um dos aspectos fundamentais do estudo da regência ver- Amo aquela moça. / Amo-a.
bal (e também nominal). As preposições são capazes de Amam aquele rapaz. / Amam-no.
modificar completamente o sentido do que se está sendo Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
dito. Veja os exemplos:
Cheguei ao metrô.
Obs.: os pronomes lhe, lhes só acompanham esses ver-
Cheguei no metrô.
bos para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no se-
adnominais).
gundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado. A
oração “Cheguei no metrô”, popularmente usada a fim de Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
indicar o lugar a que se vai, possui, no padrão culto da lín- Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira)
gua, sentido diferente. Aliás, é muito comum existirem di- Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
vergências entre a regência coloquial, cotidiana de alguns
verbos, e a regência culta. Verbos Transitivos Indiretos
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
de acordo com sua transitividade. A transitividade, porém, Os verbos transitivos indiretos são complementados por
não é um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exigem
diferentes formas em frases distintas. uma preposição para o estabelecimento da relação de re-
gência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de terceira
Verbos Intransitivos pessoa que podem atuar como objetos indiretos são o “lhe”,
o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam os prono-
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É mes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos indiretos. Com os objetos indiretos que não representam
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos de terceira
pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes.
- Chegar, Ir Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:
Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- - Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos
indicar destino ou direção são: a, para. iguais para todos.
Fui ao teatro.
Adjunto Adverbial de Lugar - Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
tos introduzidos pela preposição “a”:
Ricardo foi para a Espanha.
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Adjunto Adverbial de Lugar
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
- Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
- Comparecer
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a. quem” ou “ao que” se responde.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl- Respondi ao meu patrão.
timo jogo. Respondemos às perguntas.
Respondeu-lhe à altura.
Verbos Transitivos Diretos Obs.: o verbo responder, apesar de transitivo indireto
quando exprime aquilo a que se responde, admite voz pas-
Os verbos transitivos diretos são complementados por siva analítica. Veja:
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição O questionário foi respondido corretamente.
para o estabelecimento da relação de regência. Ao em- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
pregar esses verbos, devemos lembrar que os pronomes
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pro- - Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complementos
nomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas introduzidos pela preposição “com”.
verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após Antipatizo com aquela apresentadora.
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. nam para uma minoria privilegiada.

62
LÍNGUA PORTUGUESA

Verbos Transitivos Diretos e Indiretos Saiba que:


- A construção “pedir para”, muito comum na lingua-
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom- gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua
panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem culta. No entanto, é considerada correta quando a palavra
destaque, nesse grupo: Agradecer, Perdoar e Pagar. São licença estiver subentendida.
verbos que apresentam objeto direto relacionado a coisas Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
e objeto indireto relacionado a pessoas. Veja os exemplos: Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
Agradeço aos ouvintes a audiência. uma oração subordinada adverbial final reduzida de infini-
Objeto Indireto Objeto Direto tivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).
- A construção “dizer para”, também muito usada po-
Paguei o débito ao cobrador. pularmente, é igualmente considerada incorreta.
Objeto Direto Objeto Indireto
Preferir
- O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indi-
com particular cuidado. Observe: reto introduzido pela preposição “a”. Por Exemplo:
Agradeci o presente. / Agradeci-o. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. Prefiro trem a ônibus.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. Obs.: na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. sem termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil
Paguei minhas contas. / Paguei-as. vezes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes. prefixo existente no próprio verbo (pre).

Informar Mudança de Transitividade X Mudança de Significa-


- Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto do
indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi-
Informe os novos preços aos clientes.
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimen-
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
to das diferentes regências desses verbos é um recurso lin-
preços)
guístico muito importante, pois além de permitir a correta
interpretação de passagens escritas, oferece possibilidades
- Na utilização de pronomes como complementos, veja
expressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais,
as construções:
estão:
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
AGRADAR
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
- Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
bre eles) nhos, acariciar.
Sempre agrada o filho quando o revê. / Sempre o agrada
Obs.: a mesma regência do verbo informar é usada quando o revê.
para os seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, Cláudia não perde oportunidade de agradar o gato. /
prevenir. Cláudia não perde oportunidade de agradá-lo.
Comparar - Agradar é transitivo indireto no sentido de causar
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento introduzido pela preposição “a”.
indireto. O cantor não agradou aos presentes.
Comparei seu comportamento ao (ou com o) de uma O cantor não lhes agradou.
criança.
ASPIRAR
Pedir - Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspi-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na rar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
forma de oração subordinada substantiva) e indireto de - Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
pessoa. como ambição: Aspirávamos a melhores condições de vida.
Pedi-lhe favores. (Aspirávamos a elas)
Objeto Indireto Objeto Direto Obs.: como o objeto direto do verbo “aspirar” não é
pessoa, mas coisa, não se usam as formas pronominais áto-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. nas “lhe” e “lhes” e sim as formas tônicas “a ele (s)”, “ a ela
Objeto Indireto Oração Subordinada Substantiva (s)”. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Objetiva Direta Aspiravam a ela)

63
LÍNGUA PORTUGUESA

ASSISTIR - Como transitivo direto e indireto, significa compro-


- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres- meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões
tar assistência a, auxiliar. Por exemplo: econômicas.
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
As empresas de saúde negam-se a assisti-los. Obs.: no sentido de antipatizar, ter implicância, é transi-
tivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com
- Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen- quem não trabalhasse arduamente.
ciar, estar presente, caber, pertencer. Exemplos:
Assistimos ao documentário. PROCEDER
Não assisti às últimas sessões. - Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
Essa lei assiste ao inquilino. cabimento, ter fundamento ou portar-se, comportar-se,
Obs.: no sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado
intransitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de de adjunto adverbial de modo.
lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa As afirmações da testemunha procediam, não havia
conturbada cidade. como refutá-las.
Você procede muito mal.
CHAMAR - Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo-
- Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so- sição” de”) e fazer, executar (rege complemento introduzi-
licitar a atenção ou a presença de. do pela preposição “a”) é transitivo indireto.
Por gentileza, vá chamar sua prima. / Por favor, vá cha- O avião procede de Maceió.
má-la. Procedeu-se aos exames.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. O delegado procederá ao inquérito.

- Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre- QUERER


sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo - Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
preposicionado ou não. vontade de, cobiçar.
A torcida chamou o jogador mercenário. Querem melhor atendimento.
A torcida chamou ao jogador mercenário. Queremos um país melhor.
A torcida chamou o jogador de mercenário. - Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
A torcida chamou ao jogador de mercenário. estimar, amar.
Quero muito aos meus amigos.
CUSTAR Ele quer bem à linda menina.
- Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Despede-se o filho que muito lhe quer.
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial:
Frutas e verduras não deveriam custar muito. VISAR
- No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo - Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
ou transitivo indireto. rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
Muito custa viver tão longe da família. O gerente não quis visar o cheque.
Verbo Oração Subordinada Substantiva Subjetiva
Intransitivo Reduzida de Infinitivo - No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
objetivo, é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
Custa-me (a mim) crer que tomou realmente aquela O ensino deve sempre visar ao progresso social.
atitude. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar
Objeto Oração Subordinada Substantiva Subjetiva público.
Indireto Reduzida de Infinitivo
ESQUECER – LEMBRAR
Obs.: a Gramática Normativa condena as construções - Lembrar algo – esquecer algo
que atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado - Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
por pessoa. Observe: nal)
Custei para entender o problema.
Forma correta: Custou-me entender o problema. No 1º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
IMPLICAR No 2º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e
- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: exigem complemento com a preposição “de”. São, portan-
a) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes to, transitivos indiretos:
implicavam um firme propósito. - Ele se esqueceu do caderno.
b) Ter como consequência, trazer como consequência, - Eu me esqueci da chave.
acarretar, provocar: Liberdade de escolha implica amadure- - Eles se esqueceram da prova.
cimento político de um povo. - Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

64
LÍNGUA PORTUGUESA

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto
brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
- Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
- Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)

O verbo lembrar também pode ser transitivo direto e indireto (lembrar alguma coisa a alguém ou alguém de alguma coisa).

SIMPATIZAR
Transitivo indireto e exige a preposição “com”: Não simpatizei com os jurados.

NAMORAR
É transitivo direto, ou seja, não admite preposição: Maria namora João.

Obs: Não é correto dizer: “Maria namora com João”.

OBEDECER
É transitivo indireto, ou seja, exige complemento com a preposição “a” (obedecer a): Devemos obedecer aos pais.
Obs: embora seja transitivo indireto, esse verbo pode ser usado na voz passiva: A fila não foi obedecida.

VER
É transitivo direto, ou seja, não exige preposição: Ele viu o filme.

Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vários
nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa, nes-
ses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes: todos
regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Apresentamos a seguir vários nomes acompanhados da preposição ou preposições que os regem. Observe-os atentamen-
te e procure, sempre que possível, associar esses nomes entre si ou a algum verbo cuja regência você conhece.

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

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LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbios C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado


Longe de Perto de pela justiça.
D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira-
Obs.: os advérbios terminados em -mente tendem a se- ções da justiça...
guir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o sen-
a; paralelamente a; relativa a; relativamente a. timento de justiça.

Fonte: http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/ 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2012) Assinale a alter-


sint61.php nativa em que o período, adaptado da revista Pesquisa
Fapesp de junho de 2012, está correto quanto à regência
Questões sobre Regência Nominal e Verbal nominal e à pontuação.
(A) Não há dúvida que as mulheres ampliam, rapida-
01. (Administrador – FCC – 2013-adap.). mente, seu espaço na carreira científica ainda que o avanço
... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras seja mais notável em alguns países, o Brasil é um exemplo,
ciências ... do que em outros.
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que (B) Não há dúvida de que, as mulheres, ampliam rapida-
o grifado acima está empregado em: mente seu espaço na carreira científica; ainda que o avanço
A) ...astros que ficam tão distantes ... seja mais notável, em alguns países, o Brasil é um exemplo!,
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... do que em outros.
C) ...que nos proporcionou um espírito ... (C) Não há dúvida de que as mulheres, ampliam ra-
D) ...cuja importância ninguém ignora ... pidamente seu espaço, na carreira científica, ainda que o
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro ... avanço seja mais notável, em alguns países: o Brasil é um
exemplo, do que em outros.
02.(Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013- (D) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapida-
adap.). mente seu espaço na carreira científica, ainda que o avanço
... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos
seja mais notável em alguns países – o Brasil é um exemplo
filhos do sueco.
– do que em outros.
O verbo que exige, no contexto, o mesmo tipo de com-
(E) Não há dúvida que as mulheres ampliam rapidamen-
plementos que o grifado acima está empregado em:
te, seu espaço na carreira científica, ainda que, o avanço
A) ...que existe uma coisa chamada exército...
seja mais notável em alguns países (o Brasil é um exemplo)
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra?
do que em outros.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia...
D) Eu ensino o senhor a cumprir a lei, ali no duro...
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atre- 06. (Papiloscopista Policial – VUNESP – 2013). Assina-
vimento. le a alternativa correta quanto à regência dos termos em
destaque.
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.). (A) Ele tentava convencer duas senhoras a assumir a
... constava simplesmente de uma vareta quebrada em responsabilidade pelo problema.
partes desiguais... (B) A menina tinha o receio a levar uma bronca por ter
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que se perdido.
o grifado acima está empregado em: (C) A garota tinha apenas a lembrança pelo desenho
A) Em campos extensos, chegavam em alguns casos a de um índio na porta do prédio.
extremos de sutileza. (D) A menina não tinha orgulho sob o fato de ter se
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado perdido de sua família.
nos troncos mais robustos. (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados deso- à garotinha.
rientam, não raro, quem...
D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho 07. (Analista de Sistemas – VUNESP – 2013). Assinale
na serra de Tunuí... a alternativa que completa, correta e respectivamente, as
E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o lacunas do texto, de acordo com as regras de regência.
gentio, mestre e colaborador... Os estudos _______ quais a pesquisadora se reportou já
assinalavam uma relação entre os distúrbios da imagem
04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.). corporal e a exposição a imagens idealizadas pela mídia.
... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça... A pesquisa faz um alerta ______ influência negativa que a
O verbo que exige o mesmo tipo de complemento que mídia pode exercer sobre os jovens.
o da frase acima se encontra em: A) dos … na
A) A palavra direito, em português, vem de directum, do B) nos … entre a
verbo latino dirigere... C) aos … para a
B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das D) sobre os … pela
sociedades... E) pelos … sob a

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LÍNGUA PORTUGUESA

08. (Analista em Planejamento, Orçamento e Finanças Pú- C) Os toscos desenhos e os nomes estropiados desorien-
blicas – VUNESP – 2013). Considerando a norma-padrão da tam, não raro, quem... =transitivo direto
língua, assinale a alternativa em que os trechos destacados D) Koch-Grünberg viu uma dessas marcas de caminho
estão corretos quanto à regência, verbal ou nominal. na serra de Tunuí... = transitivo direto
A) O prédio que o taxista mostrou dispunha de mais de E) ...em que tão bem se revelam suas afinidades com o
dez mil tomadas. gentio, mestre e colaborador...=transitivo direto
B) O autor fez conjecturas sob a possibilidade de haver
um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé. 4-) ... para lidar com as múltiplas vertentes da justiça...
C) Centenas de trabalhadores estão empenhados de criar Lidar = transitivo indireto
logotipos e negociar. B) ...o Direito tem uma complexa função de gestão das
D) O taxista levou o autor a indagar no número de to- sociedades... =transitivo direto
madas do edifício. C) ...o de que o Direito [...] esteja permeado e regulado
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor repa- pela justiça. =ligação
rasse a um prédio na marginal. D) Essa problematicidade não afasta a força das aspira-
ções da justiça... =transitivo direto e indireto
09. (Assistente de Informática II – VUNESP – 2013). As- E) Na dinâmica dessa tensão tem papel relevante o
sinale a alternativa que substitui a expressão destacada na sentimento de justiça. =transitivo direto
frase, conforme as regras de regência da norma-padrão da
língua e sem alteração de sentido. 5-) A correção do item deve respeitar as regras de pon-
Muitas organizações lutaram a favor da igualdade de di- tuação também. Assinalei apenas os desvios quanto à re-
reitos dos trabalhadores domésticos. gência (pontuação encontra-se em tópico específico)
A) da (A) Não há dúvida de que as mulheres ampliam,
B) na (B) Não há dúvida de que (erros quanto à pon-
C) pela tuação)
D) sob a (C) Não há dúvida de que as mulheres, (erros quanto
E) sobre a à pontuação)
(E) Não há dúvida de que as mulheres ampliam rapi-
GABARITO damente, seu espaço na carreira científica, ainda que, o
avanço seja mais notável em alguns países (o Brasil é um
01. D 02. D 03. A 04. A 05. D exemplo) do que em outros.
06. A 07. C 08. A 09. C
RESOLUÇÃO 6-)
(B) A menina tinha o receio de levar uma bronca por
1-) ... a que ponto a astronomia facilitou a obra das outras ter se perdido.
ciências ... (C) A garota tinha apenas a lembrança do desenho de
Facilitar – verbo transitivo direto um índio na porta do prédio.
A) ...astros que ficam tão distantes ... = verbo de ligação (D) A menina não tinha orgulho do fato de ter se per-
B) ...que a astronomia é uma das ciências ... = verbo de dido de sua família.
ligação (E) A família toda se organizou para realizar a procura
C) ...que nos proporcionou um espírito ... = verbo transiti- pela garotinha.
vo direto e indireto
E) ...onde seu corpo não passa de um ponto obscuro = 7-) Os estudos aos quais a pesquisadora se re-
verbo transitivo indireto portou já assinalavam uma relação entre os distúrbios da
imagem corporal e a exposição a imagens idealizadas pela
2-) ... pediu ao delegado do bairro que desse um jeito nos mídia.
filhos do sueco. A pesquisa faz um alerta para a influência negativa
Pedir = verbo transitivo direto e indireto que a mídia pode exercer sobre os jovens.
A) ...que existe uma coisa chamada EXÉRCITO... = transi-
tivo direto 8-)
B) ...como se isso aqui fosse casa da sogra? =verbo de B) O autor fez conjecturas sobre a possibilidade de ha-
ligação ver um homem que estaria ouvindo as notas de um oboé.
C) ...compareceu em companhia da mulher à delegacia... C) Centenas de trabalhadores estão empenhados em
=verbo intransitivo criar logotipos e negociar.
E) O delegado apenas olhou-a espantado com o atrevi- D) O taxista levou o autor a indagar sobre o número de
mento. =transitivo direto tomadas do edifício.
E) A corrida com o taxista possibilitou que o autor re-
3-) ... constava simplesmente de uma vareta quebrada em parasse em um prédio na marginal.
partes desiguais...
Constar = verbo intransitivo 9-) Muitas organizações lutaram pela igualdade de
B) ...eram comumente assinalados a golpes de machado direitos dos trabalhadores domésticos.
nos troncos mais robustos. =ligação

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LÍNGUA PORTUGUESA

5.7 EMPREGO DO SINAL


INDICATIVO DE CRASE.

A palavra crase é de origem grega e significa “fusão”, “mistura”. Na língua portuguesa, é o nome que se dá à “junção”
de duas vogais idênticas. É de grande importância a crase da preposição “a” com o artigo feminino “a” (s), com o “a” inicial
dos pronomes aquele(s), aquela (s), aquilo e com o “a” do relativo a qual (as quais). Na escrita, utilizamos o acento grave ( ` )
para indicar a crase. O uso apropriado do acento grave depende da compreensão da fusão das duas vogais. É fundamental
também, para o entendimento da crase, dominar a regência dos verbos e nomes que exigem a preposição “a”. Aprender
a usar a crase, portanto, consiste em aprender a verificar a ocorrência simultânea de uma preposição e um artigo ou pro-
nome. Observe:
Vou a + a igreja.
Vou à igreja.

No exemplo acima, temos a ocorrência da preposição “a”, exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar) e a ocorrência do artigo
“a” que está determinando o substantivo feminino igreja. Quando ocorre esse encontro das duas vogais e elas se unem, a
união delas é indicada pelo acento grave. Observe os outros exemplos:
Conheço a aluna.
Refiro-me à aluna.

No primeiro exemplo, o verbo é transitivo direto (conhecer algo ou alguém), logo não exige preposição e a crase não
pode ocorrer. No segundo exemplo, o verbo é transitivo indireto (referir--se a algo ou a alguém) e exige a preposição “a”.
Portanto, a crase é possível, desde que o termo seguinte seja feminino e admita o artigo feminino “a” ou um dos pronomes
já especificados.

Casos em que a crase NÃO ocorre:

- diante de substantivos masculinos:


Andamos a cavalo.
Fomos a pé.
Passou a camisa a ferro.
Fazer o exercício a lápis.
Compramos os móveis a prazo.

- diante de verbos no infinitivo:


A criança começou a falar.
Ela não tem nada a dizer.

Obs.: como os verbos não admitem artigos, o “a” dos exemplos acima é apenas preposição, logo não ocorrerá crase.

- diante da maioria dos pronomes e das expressões de tratamento, com exceção das formas senhora, senhorita
e dona:
Diga a ela que não estarei em casa amanhã.
Entreguei a todos os documentos necessários.
Ele fez referência a Vossa Excelência no discurso de ontem.
Peço a Vossa Senhoria que aguarde alguns minutos.
Os poucos casos em que ocorre crase diante dos pronomes podem ser identificados pelo método: troque a palavra
feminina por uma masculina, caso na nova construção surgir a forma ao, ocorrerá crase. Por exemplo:
Refiro-me à mesma pessoa. (Refiro-me ao mesmo indivíduo.)
Informei o ocorrido à senhora. (Informei o ocorrido ao senhor.)
Peça à própria Cláudia para sair mais cedo. (Peça ao próprio Cláudio para sair mais cedo.)

- diante de numerais cardinais:


Chegou a duzentos o número de feridos.
Daqui a uma semana começa o campeonato.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Casos em que a crase SEMPRE ocorre:

- diante de palavras femininas:


Amanhã iremos à festa de aniversário de minha colega.
Sempre vamos à praia no verão.
Ela disse à irmã o que havia escutado pelos corredores.
Sou grata à população.
Fumar é prejudicial à saúde.
Este aparelho é posterior à invenção do telefone.

- diante da palavra “moda”, com o sentido de “à moda de” (mesmo que a expressão moda de fique subentendida):
O jogador fez um gol à (moda de) Pelé.
Usava sapatos à (moda de) Luís XV.
Estava com vontade de comer frango à (moda de) passarinho.
O menino resolveu vestir-se à (moda de) Fidel Castro.

- na indicação de horas:
Acordei às sete horas da manhã.
Elas chegaram às dez horas.
Foram dormir à meia-noite.

- em locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas de que participam palavras femininas. Por exemplo:

à tarde às ocultas às pressas à medida que


à noite às claras às escondidas à força
à vontade à beça à larga à escuta
às avessas à revelia à exceção de à imitação de
à esquerda às turras às vezes à chave
à direita à procura à deriva à toa
à luz à sombra de à frente de à proporção que
à semelhança de às ordens à beira de

Crase diante de Nomes de Lugar

Alguns nomes de lugar não admitem a anteposição do artigo “a”. Outros, entretanto, admitem o artigo, de modo que
diante deles haverá crase, desde que o termo regente exija a preposição “a”. Para saber se um nome de lugar admite ou não
a anteposição do artigo feminino “a”, deve-se substituir o termo regente por um verbo que peça a preposição “de” ou “em”.
A ocorrência da contração “da” ou “na” prova que esse nome de lugar aceita o artigo e, por isso, haverá crase. Por exemplo:

Vou à França. (Vim da [de+a] França. Estou na [em+a] França.)


Cheguei à Grécia. (Vim da Grécia. Estou na Grécia.)
Retornarei à Itália. (Vim da Itália. Estou na Itália)
Vou a Porto Alegre. (Vim de Porto Alegre. Estou em Porto Alegre.)

*- Dica da Zê!: use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou A volto DE, crase PRA QUÊ?”
Ex: Vou a Campinas. = Volto de Campinas.
Vou à praia. = Volto da praia.

- ATENÇÃO: quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá crase. Veja:


Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado.

Crase diante dos Pronomes Demonstrativos Aquele (s), Aquela (s), Aquilo

Haverá crase diante desses pronomes sempre que o termo regente exigir a preposição “a”. Por exemplo:

Refiro-me a + aquele atentado.


Preposição Pronome
Refiro-me àquele atentado.

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LÍNGUA PORTUGUESA

O termo regente do exemplo acima é o verbo transi- Se a palavra distância não estiver especificada, a crase
tivo indireto referir (referir-se a algo ou alguém) e exige não pode ocorrer. Por exemplo:
preposição, portanto, ocorre a crase. Observe este outro Os militares ficaram a distância.
exemplo: Gostava de fotografar a distância.
Aluguei aquela casa. Ensinou a distância.
O verbo “alugar” é transitivo direto (alugar algo) e não Dizem que aquele médico cura a distância.
exige preposição. Logo, a crase não ocorre nesse caso. Veja Reconheci o menino a distância.
outros exemplos: Observação: por motivo de clareza, para evitar ambi-
Dediquei àquela senhora todo o meu trabalho. guidade, pode-se usar a crase. Veja:
Quero agradecer àqueles que me socorreram. Gostava de fotografar à distância.
Refiro-me àquilo que aconteceu com seu pai. Ensinou à distância.
Não obedecerei àquele sujeito. Dizem que aquele médico cura à distância.
Assisti àquele filme três vezes.
Espero aquele rapaz. Casos em que a ocorrência da crase é FACULTATIVA
Fiz aquilo que você disse.
Comprei aquela caneta. - diante de nomes próprios femininos:
Observação: é facultativo o uso da crase diante de no-
Crase com os Pronomes Relativos A Qual, As Quais mes próprios femininos porque é facultativo o uso do ar-
tigo. Observe:
A ocorrência da crase com os pronomes relativos a qual Paula é muito bonita. Laura é minha amiga.
e as quais depende do verbo. Se o verbo que rege esses A Paula é muito bonita. A Laura é minha amiga.
pronomes exigir a preposição “a”, haverá crase. É possí-
vel detectar a ocorrência da crase nesses casos utilizando a Como podemos constatar, é facultativo o uso do arti-
substituição do termo regido feminino por um termo regi- go feminino diante de nomes próprios femininos, então
do masculino. Por exemplo: podemos escrever as frases abaixo das seguintes formas:
Entreguei o cartão a Paula. Entreguei o cartão a Ro-
A igreja à qual me refiro fica no centro da cidade. berto.
O monumento ao qual me refiro fica no centro da cidade. Entreguei o cartão à Paula. Entreguei o cartão ao Ro-
berto.
Caso surja a forma ao com a troca do termo, ocorrerá a
crase. Veja outros exemplos: - diante de pronome possessivo feminino:
São normas às quais todos os alunos devem obedecer. Observação: é facultativo o uso da crase diante de pro-
Esta foi a conclusão à qual ele chegou. nomes possessivos femininos porque é facultativo o uso
Várias alunas às quais ele fez perguntas não souberam do artigo. Observe:
responder nenhuma das questões. Minha avó tem setenta anos. Minha irmã está esperan-
A sessão à qual assisti estava vazia. do por você.
A minha avó tem setenta anos. A minha irmã está es-
Crase com o Pronome Demonstrativo “a” perando por você.
Sendo facultativo o uso do artigo feminino diante de
A ocorrência da crase com o pronome demonstrativo pronomes possessivos femininos, então podemos escre-
“a” também pode ser detectada através da substituição do ver as frases abaixo das seguintes formas:
termo regente feminino por um termo regido masculino. Cedi o lugar a minha avó. Cedi o lugar a meu avô.
Veja: Cedi o lugar à minha avó. Cedi o lugar ao meu avô.
Minha revolta é ligada à do meu país.
Meu luto é ligado ao do meu país. - depois da preposição até:
As orações são semelhantes às de antes. Fui até a praia. ou Fui até à praia.
Os exemplos são semelhantes aos de antes. Acompanhe-o até a porta. ou Acompanhe-o
Suas perguntas são superiores às dele. até à porta.
Seus argumentos são superiores aos dele. A palestra vai até as cinco horas da tarde. ou A
Sua blusa é idêntica à de minha colega. palestra vai até às cinco horas da tarde.
Seu casaco é idêntico ao de minha colega.

A Palavra Distância

Se a palavra distância estiver especificada, determinada,


a crase deve ocorrer. Por exemplo: Sua casa fica à distância
de 100km daqui. (A palavra está determinada)
Todos devem ficar à distância de 50 metros do palco. (A
palavra está especificada.)

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LÍNGUA PORTUGUESA

Questões sobre Crase 04. (Agente Técnico – FCC – 2013-adap.) Claro que não
me estou referindo a essa vulgar comunicação festiva e
01.( Escrevente TJ SP – Vunesp/2012) No Brasil, as dis- efervescente.
cussões sobre drogas parecem limitar-se ______aspectos ju- O vocábulo a deverá receber o sinal indicativo de crase
rídicos ou policiais. É como se suas únicas consequências se o segmento grifado for substituído por:
estivessem em legalismos, tecnicalidades e estatísticas cri- A) leitura apressada e sem profundidade.
minais. Raro ler ____respeito envolvendo questões de saúde B) cada um de nós neste formigueiro.
pública como programas de esclarecimento e prevenção, de C) exemplo de obras publicadas recentemente.
tratamento para dependentes e de reintegração desses____ D) uma comunicação festiva e virtual.
vida. Quantos de nós sabemos o nome de um médico ou E) respeito de autores reconhecidos pelo público.
clínica ____quem tentar encaminhar um drogado da nossa
própria família? 05. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
(Ruy Castro, Da nossa própria família. Folha de S.Paulo, NESP – 2013).
17.09.2012. Adaptado) O Instituto Nacional de Administração Prisional (INAP)
As lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e também desenvolve atividades lúdicas de apoio______ res-
respectivamente, com: socialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepará-
(A) aos … à … a … a -lo para o retorno______ sociedade. Dessa forma, quando em
(B) aos … a … à … a liberdade, ele estará capacitado______ ter uma profissão e
(C) a … a … à … à uma vida digna.
(D) à … à … à … à (Disponível em: www.metropolitana.com.br/blog/
(E) a … a … a … a qual_e_a_importancia_da_ressocializacao_de_presos. Aces-
so em: 18.08.2012. Adaptado)
02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013).Leia
o texto a seguir. Assinale a alternativa que preenche, correta e respecti-
Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, cor- vamente, as lacunas do texto, de acordo com a norma-pa-
reu ______ cartomante para consultá-la sobre a verdadeira drão da língua portuguesa.
causa do procedimento de Camilo. Vimos que ______ carto- A) à … à … à
mante restituiu--lhe ______ confiança, e que o rapaz repreen- B) a … a … à
deu-a por ter feito o que fez. C) a … à … à
(Machado de Assis. A cartomante. In: Várias histórias. D) à … à ... a
Rio de Janeiro: Globo, 1997, p. 6) E) a … à … a
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada: 06. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
A) à – a – a LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013)
B) a – a – à Assinale a alternativa que completa as lacunas do trecho a
C) à – a – à seguir, empregando o sinal indicativo de crase de acordo
D) à – à – a com a norma-padrão.
E) a – à – à Não nos sujeitamos ____ corrupção; tampouco cederemos
espaço ____ nenhuma ação que se proponha ____ prejudicar
03 (POLÍCIA CIVIL/SP – AGENTE POLICIAL - VU- nossas instituições.
NESP/2013) De acordo com a norma-padrão da língua (A) à … à … à
portuguesa, o acento indicativo de crase está corretamente (B) a … à … à
empregado em: (C) à … a … a
(A) A população, de um modo geral, está à espera de (D) à … à … a
que, com o novo texto, a lei seca possa coibir os acidentes. (E) a … a … à
(B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à repen-
sarem a sua postura. 07. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
(C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à NESP – 2013-adap) O acento indicativo de crase está cor-
punições muito mais severas. retamente empregado em:
(D) À ninguém é dado o direito de colocar em risco a A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
vida dos demais motoristas e de pedestres. com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
(E) Cabe à todos na sociedade zelar pelo cumprimento desejos.
da nova lei para que ela possa funcionar. B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
nos mecanismos biológicos de controle emocional.
C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunidade
alimentam a violência crescente nas cidades.
E) Um ambiente desfavorável à formação da personali-
dade atinge os mais vulneráveis.

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LÍNGUA PORTUGUESA

08. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013). 3-)


O sinal indicativo de crase está correto em: (A) A população, de um modo geral, está à espera (dá
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na para substituir por “esperando”) de que
área de biotecnologia. (B) A nova lei chega para obrigar os motoristas à re-
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar pensarem (antes de verbo)
à educação dos filhos. (C) A partir de agora os motoristas estarão sujeitos à
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as punições (generalizando, palavra no plural)
instalações do prédio. (D) À ninguém (pronome indefinido)
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer (E) Cabe à todos (pronome indefinido)
detalhe que envolva a segurança das pessoas.
E) É função da política é dedicar-se à todo problema 4-) Claro que não me estou referindo à leitura apressa-
que comprometa o bem-estar do cidadão. da e sem profundidade.
a cada um de nós neste formigueiro. (antes de prono-
09. (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012) me indefinido)
O detetive Gervase Fen, que apareceu em 1944, é um ho- a exemplo de obras publicadas recentemente. (palavra
mem de face corada, muito afeito ...... frases inteligentes e masculina)
citações dos clássicos; sua esposa, Dolly, uma dama meiga e a uma comunicação festiva e virtual. (artigo indefini-
sossegada, fica sentada tricotando tranquilamente, impassí- do)
vel ...... propensão de seu marido ...... investigar assassinatos. a respeito de autores reconhecidos pelo público. (pa-
(Adaptado de P.D.James, op.cit.) lavra masculina)
Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na
ordem dada: 5-) O Instituto Nacional de Administração Prisional
(A) à - à - a (INAP) também desenvolve atividades lúdicas de apoio___à__
(B) a - à - a ressocialização do indivíduo preso, com o objetivo de prepa-
rá--lo para o retorno___à__ sociedade. Dessa forma, quando
(C) à - a - à
em liberdade, ele estará capacitado__a___ ter uma profissão
(D) a - à - à
e uma vida digna.
(E) à - a – a
- Apoio a ? Regência nominal pede preposição;
- retorno a? regência nominal pede preposição;
10. (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE – ALUNO
- antes de verbo no infinitivo não há crase.
SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012) Em qual das op-
ções abaixo o acento indicativo de crase foi corretamente
6-) Vamos por partes!
indicado? - Quem se sujeita, sujeita-se A algo ou A alguém, por-
A) O dia fora quente, mas à noite estava fria e escura. tanto: pede preposição;
B) Ninguém se referira à essa ideia antes. - quem cede, cede algo A alguém, então teremos ob-
C) Esta era à medida certa do quarto. jeto direto e indireto;
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. - quem se propõe, propõe-se A alguma coisa.
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. Vejamos:
Não nos sujeitamos À corrupção; tampouco cedere-
GABARITO mos espaço A nenhuma ação que se proponha A prejudi-
car nossas instituições.
01. B 02. A 03. A 04. A 05. D * Sujeitar A + A corrupção;
06.C 07. E 08. B 09.B 10. D * ceder espaço (objeto direto) A nenhuma ação (objeto
indireto. Não há acento indicativo de crase, pois “nenhu-
RESOLUÇÃO ma” é pronome indefinido);
* que se proponha A prejudicar (objeto indireto, no
1-) limitar-se _aos _aspectos jurídicos ou policiais. caso, oração subordinada com função de objeto indireto.
Raro ler __a__respeito (antes de palavra masculina Não há acento indicativo de crase porque temos um verbo
não há crase) no infinitivo – “prejudicar”).
de reintegração desses_à_ vida. (reintegrar a + a
vida = à) 7-)
o nome de um médico ou clínica __a_quem tentar en- A) Tendências agressivas começam à ser relacionadas
caminhar um drogado da nossa própria família? (antes de com as dificuldades para lidar com as frustrações de seus
pronome indefinido/relativo) desejos. (antes de verbo no infinitivo não há crase)
B) A agressividade impulsiva deve-se à perturbações
2-) correu _à (= para a ) cartomante para consultá-la so- nos mecanismos biológicos de controle emocional. (se
bre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos o “a” está no singular e antecede palavra no plural, não há
que _a__cartomante (objeto direto)restituiu-lhe ___a___ crase)
confiança (objeto direto), e que o rapaz repreendeu-a por C) A violência urbana é comparada à uma enfermidade.
ter feito o que fez. (artigo indefinido)

72
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Condições de risco aliadas à exemplo de impunida- Grande parte dos pronomes não possuem significados
de alimentam a violência crescente nas cidades. (palavra fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
masculina) de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên-
E) Um ambiente desfavorável à formação da personali- cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos
dade atinge os mais vulneráveis. = correta (regência nomi- pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
nal: desfavorável a?) nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes
têm por função principal apontar para as pessoas do dis-
8-) curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação
A) Este cientista tem se dedicado à uma pesquisa na no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica,
área de biotecnologia. (artigo indefinido) os pronomes apresentam uma forma específica para cada
B) Os pais não podem ser omissos e devem se dedicar à pessoa do discurso.
educação dos filhos. = correta (regência verbal: dedicar a )
C) Nossa síndica dedica-se integralmente à conservar as Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
instalações do prédio. (verbo no infinitivo) [minha/eu: pronomes de 1ª pessoa = aquele que fala]
D) O bombeiro deve dedicar sua atenção à qualquer
detalhe que envolva a segurança das pessoas. (pronome Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
indefinido) [tua/tu: pronomes de 2ª pessoa = aquele a quem se
E) É função da política é dedicar-se à todo problema fala]
que comprometa o bem-estar do cidadão. (pronome in-
definido) A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3ª pessoa = aquele de quem
9-) Afeito a frases (generalizando, já que o “a” está no se fala]
singular e “frases”, no plural)
Impassível à propensão (regência nominal: pede pre- Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
posição) variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
A investigar (antes de verbo no infinitivo não há acen- ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
to indicativo de crase)
através do pronome seja coerente em termos de gênero
Sequência: a / à / a.
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
10-)
A) O dia fora quente, mas à noite = mas a noite (artigo e
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos-
substantivo. Diferente de: Estudo à noite = período do dia)
sa escola neste ano.
B) Ninguém se referira à essa ideia antes.= a essa (antes
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
de pronome demonstrativo)
C) Esta era à medida certa do quarto. = a medida (artigo adequada]
e substantivo, no caso. Diferente da conjunção proporcio- [neste: pronome que determina “ano” = concordância
nal: À medida que lia, mais aprendia) adequada]
D) Ela fechou a porta e saiu às pressas. = correta (advér- [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
bio de modo = apressadamente) dância inadequada]
E) Os rapazes sempre gostaram de andar à cavalo. =
palavra masculina Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.

Pronomes Pessoais
5.8 COLOCAÇÃO DOS
PRONOMES ÁTONOS. São aqueles que substituem os substantivos, indicando
diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
Pronome assume os pronomes “eu” ou “nós”, usa os pronomes “tu”,
“vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se dirige e
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à pessoa
a ele se refere, ou que acompanha o nome, qualificando-o ou às pessoas de quem fala.
de alguma forma. Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
A moça era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos! ou do caso oblíquo.
[substituição do nome]
Pronome Reto
A moça que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
[referência ao nome] Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
Essa moça morava nos meus sonhos! tença, exerce a função de sujeito ou predicativo do sujeito.
[qualificação do nome] Nós lhe ofertamos flores.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Os pronomes retos apresentam flexão de número, gêne- Os pronomes me, te, nos e vos podem tanto ser objetos
ro (apenas na 3ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a prin- diretos como objetos indiretos.
cipal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. Dessa Os pronomes o, a, os e as atuam exclusivamente como
forma, o quadro dos pronomes retos é assim configurado: objetos diretos.
- 1ª pessoa do singular: eu Os pronomes me, te, lhe, nos, vos e lhes podem combi-
- 2ª pessoa do singular: tu nar-se com os pronomes o, os, a, as, dando origem a formas
- 3ª pessoa do singular: ele, ela como mo, mos , ma, mas; to, tos, ta, tas; lho, lhos, lha, lhas;
- 1ª pessoa do plural: nós no-lo, no-los, no-la, no-las, vo-lo, vo-los, vo-la, vo-las. Obser-
- 2ª pessoa do plural: vós ve o uso dessas formas nos exemplos que seguem:
- 3ª pessoa do plural: eles, elas - Trouxeste o pacote?
- Sim, entreguei-to ainda há pouco.
Atenção: esses pronomes não costumam ser usados - Não contaram a novidade a vocês?
como complementos verbais na língua-padrão. Frases como - Não, no-la contaram.
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até No português do Brasil, essas combinações não são
aqui”, comuns na língua oral cotidiana, devem ser evitadas usadas; até mesmo na língua literária atual, seu emprego
na língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem é muito raro.
ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na
rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. Atenção: Os pronomes o, os, a, as assumem formas es-
peciais depois de certas terminações verbais. Quando o ver-
Obs.: frequentemente observamos a omissão do prono- bo termina em -z, -s ou -r, o pronome assume a forma lo,
me reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as pró- los, la ou las, ao mesmo tempo que a terminação verbal é
prias formas verbais marcam, através de suas desinências, suprimida. Por exemplo:
as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos fiz + o = fi-lo
boa viagem. (Nós) fazeis + o = fazei-lo
dizer + a = dizê-la
Pronome Oblíquo
Quando o verbo termina em som nasal, o pronome assu-
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen-
me as formas no, nos, na, nas. Por exemplo:
tença, exerce a função de complemento verbal (objeto dire-
viram + o: viram-no
to ou indireto) ou complemento nominal.
repõe + os = repõe-nos
Ofertaram-nos flores. (objeto indireto)
retém + a: retém-na
Obs.: em verdade, o pronome oblíquo é uma forma va-
riante do pronome pessoal do caso reto. Essa variação indica tem + as = tem-nas
a função diversa que eles desempenham na oração: prono- Pronome Oblíquo Tônico
me reto marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca
o complemento da oração. Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
Os pronomes oblíquos sofrem variação de acordo com por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
a acentuação tônica que possuem, podendo ser átonos ou Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de
tônicos. objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte.
O quadro dos pronomes oblíquos tônicos é assim con-
Pronome Oblíquo Átono figurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não - 2ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica - 3ª pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
fraca: Ele me deu um presente. - 1ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
O quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim con- - 2ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
figurado: - 3ª pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
- 1ª pessoa do singular (eu): me
- 2ª pessoa do singular (tu): te Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-
- 3ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
- 1ª pessoa do plural (nós): nos demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
- 2ª pessoa do plural (vós): vos
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes - As preposições essenciais introduzem sempre prono-
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
Observações: reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da lín-
O “lhe” é o único pronome oblíquo átono que já se apre- gua formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
senta na forma contraída, ou seja, houve a união entre o Não há mais nada entre mim e ti.
pronome “o” ou “a” e preposição “a” ou “para”. Por acom- Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
panhar diretamente uma preposição, o pronome “lhe” Não há nenhuma acusação contra mim.
exerce sempre a função de objeto indireto na oração. Não vá sem mim.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Atenção: Há construções em que a preposição, apesar de surgir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, de-
verá ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.

- A combinação da preposição “com” e alguns pronomes originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, conosco
e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequentemente exercem a função de adjunto adverbial de companhia.
Ele carregava o documento consigo.
- As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são
reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios, todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
Estávamos com vós outros quando chegaram as más notícias.
Ele disse que iria com nós três.

Pronome Reflexivo

São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito da
oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação expressa pelo verbo.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1ª pessoa do singular (eu): me, mim.
Eu não me vanglorio disso.
Olhei para mim no espelho e não gostei do que vi.

- 2ª pessoa do singular (tu): te, ti.


Assim tu te prejudicas.
Conhece a ti mesmo.

- 3ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo.


Guilherme já se preparou.
Ela deu a si um presente.
Antônio conversou consigo mesmo.

- 1ª pessoa do plural (nós): nos.


Lavamo-nos no rio.

- 2ª pessoa do plural (vós): vos.


Vós vos beneficiastes com a esta conquista.
- 3ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo.
Eles se conheceram.
Elas deram a si um dia de folga.

A Segunda Pessoa Indireta

A chamada segunda pessoa indireta manifesta-se quando utilizamos pronomes que, apesar de indicarem nosso interlo-
cutor (portanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. É o caso dos chamados pronomes de tratamento,
que podem ser observados no quadro seguinte:

Pronomes de Tratamento

Vossa Alteza V. A. príncipes, duques


Vossa Eminência V. Ema.(s) cardeais
Vossa Reverendíssima V. Revma.(s) sacerdotes e bispos
Vossa Excelência V. Ex.ª (s) altas autoridades e oficiais-generais
Vossa Magnificência V. Mag.ª (s) reitores de universidades
Vossa Majestade V. M. reis e rainhas
Vossa Majestade Imperial V. M. I. Imperadores
Vossa Santidade V. S. Papa
Vossa Senhoria V. S.ª (s) tratamento cerimonioso
Vossa Onipotência V. O. Deus

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LÍNGUA PORTUGUESA

Também são pronomes de tratamento o senhor, a senho- Note que: A forma do possessivo depende da pessoa gra-
ra e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados matical a que se refere; o gênero e o número concordam com
no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento o objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição na-
familiar. Você e vocês são largamente empregados no por- quele momento difícil.
tuguês do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso
frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem Observações:
uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
1 - A forma “seu” não é um possessivo quando resultar da
Observações: alteração fonética da palavra senhor: Muito obrigado, seu José.
a) Vossa Excelência X Sua Excelência : os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa (s)” são empregados em 2 - Os pronomes possessivos nem sempre indicam posse.
relação à pessoa com quem falamos: Espero que V. Ex.ª, Se- Podem ter outros empregos, como:
nhor Ministro, compareça a este encontro. a) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.

*Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da b) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 anos.
pessoa.
Todos os membros da C.P.I. afirmaram que Sua Excelên- c) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem lá
cia, o Senhor Presidente da República, agiu com propriedade. seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
- Os pronomes de tratamento representam uma forma 3- Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. Ao pronome possessivo fica na 3ª pessoa: Vossa Excelência trouxe
tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por exemplo, sua mensagem?
estamos nos endereçando à excelência que esse deputado
supostamente tem para poder ocupar o cargo que ocupa. 4- Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo
- 3ª pessoa: embora os pronomes de tratamento diri- concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros e ano-
jam-se à 2ª pessoa, toda a concordância deve ser feita tações.
com a 3ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação a eles
5- Em algumas construções, os pronomes pessoais oblí-
devem ficar na 3ª pessoa.
quos átonos assumem valor de possessivo: Vou seguir-lhe os
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes-
passos. (= Vou seguir seus passos.)
sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
Pronomes Demonstrativos
- Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos ou
nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, ao longo
do texto, a pessoa do tratamento escolhida inicialmente. Os pronomes demonstrativos são utilizados para explicitar
Assim, por exemplo, se começamos a chamar alguém de a posição de uma certa palavra em relação a outras ou ao
“você”, não poderemos usar “te” ou “teu”. O uso correto contexto. Essa relação pode ocorrer em termos de espaço, no
exigirá, ainda, verbo na terceira pessoa. tempo ou discurso.
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
teus cabelos. (errado) No espaço:
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos Compro este carro (aqui). O pronome este indica que o
seus cabelos. (correto) carro está perto da pessoa que fala.
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos Compro esse carro (aí). O pronome esse indica que o carro
teus cabelos. (correto) está perto da pessoa com quem falo, ou afastado da pessoa
que fala.
Pronomes Possessivos Compro aquele carro (lá). O pronome aquele diz que o car-
ro está afastado da pessoa que fala e daquela com quem falo.
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo Atenção: em situações de fala direta (tanto ao vivo quanto
(coisa possuída). por meio de correspondência, que é uma modalidade escrita
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1ª pessoa do de fala), são particularmente importantes o este e o esse - o
singular) primeiro localiza os seres em relação ao emissor; o segundo,
em relação ao destinatário. Trocá-los pode causar ambigui-
NÚMERO PESSOA PRONOME dade.
singular primeira meu(s), minha(s) Dirijo-me a essa universidade com o objetivo de solicitar
singular segunda teu(s), tua(s) informações sobre o concurso vestibular. (trata-se da universi-
singular terceira seu(s), sua(s) dade destinatária).
plural primeira nosso(s), nossa(s) Reafirmamos a disposição desta universidade em participar
plural segunda vosso(s), vossa(s) no próximo Encontro de Jovens. (trata-se da universidade que
plural terceira seu(s), sua(s) envia a mensagem).

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LÍNGUA PORTUGUESA

No tempo: Pronomes Indefinidos


Este ano está sendo bom para nós. O pronome este se
refere ao ano presente. São palavras que se referem à terceira pessoa do dis-
Esse ano que passou foi razoável. O pronome esse se re- curso, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
fere a um passado próximo. quantidade indeterminada.
Aquele ano foi terrível para todos. O pronome aquele está Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém
se referindo a um passado distante. -plantadas.

- Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
invariáveis, observe: de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aque- imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu-
la(s). mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des-
Invariáveis: isto, isso, aquilo. conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
- Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o lu-
- Também aparecem como pronomes demonstrativos: gar do ser ou da quantidade aproximada de seres na frase.
- o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” e pu- São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, beltrano, nada, nin-
derem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), aquilo. guém, outrem, quem, tudo.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) Algo o incomoda?
Essa rua não é a que te indiquei. (Esta rua não é aquela Quem avisa amigo é.
que te indiquei.)
- mesmo(s), mesma(s): Estas são as mesmas pessoas que - Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
o procuraram ontem. expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quantidade
aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s).
- próprio(s), própria(s): Os próprios alunos resolveram o Cada povo tem seus costumes.
problema. Certas pessoas exercem várias profissões.
- semelhante(s): Não compre semelhante livro.
Note que: Ora são pronomes indefinidos substantivos,
- tal, tais: Tal era a solução para o problema. ora pronomes indefinidos adjetivos:
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
Note que: demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
- Não raro os demonstrativos aparecem na frase, em quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
construções redundantes, com finalidade expressiva, para tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
salientar algum termo anterior. Por exemplo: Manuela, essa Menos palavras e mais ações.
é que dera em cheio casando com o José Afonso. Desfrutar das Alguns se contentam pouco.
belezas brasileiras, isso é que é sorte! Os pronomes indefinidos podem ser divididos em variá-
veis e invariáveis. Observe:
- O pronome demonstrativo neutro ou pode representar
um termo ou o conteúdo de uma oração inteira, caso em Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, vário, tanto,
que aparece, geralmente, como objeto direto, predicativo ou outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, muita, pouca, vária, tan-
aposto: O casamento seria um desastre. Todos o pressentiam. ta, outra, quanta, qualquer, quaisquer, alguns, nenhuns, todos,
muitos, poucos, vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhu-
- Para evitar a repetição de um verbo anteriormente ex- mas, todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
presso, é comum empregar-se, em tais casos, o verbo fazer, Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
chamado, então, verbo vicário (= que substitui, que faz as algo, cada.
vezes de): Ninguém teve coragem de falar antes que ela o
fizesse. São locuções pronominais indefinidas:
- Em frases como a seguinte, este se refere à pessoa men-
cionada em último lugar; aquele, à mencionada em primeiro cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que),
lugar: O referido deputado e o Dr. Alcides eram amigos ín- quem quer (que), seja quem for, seja qual for, todo aquele
timos; aquele casado, solteiro este. [ou então: este solteiro, (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro,
aquele casado] uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado.
- O pronome demonstrativo tal pode ter conotação irô-
nica: A menina foi a tal que ameaçou o professor? Indefinidos Sistemáticos

- Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em Ao observar atentamente os pronomes indefinidos, per-
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, desta, cebemos que existem alguns grupos que criam oposição de
disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava vendo. (no sentido. É o caso de: algum/alguém/algo, que têm sentido
= naquilo) afirmativo, e nenhum/ninguém/nada, que têm sentido ne-

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LÍNGUA PORTUGUESA

gativo; todo/tudo, que indicam uma totalidade afirmativa, Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso,
e nenhum/nada, que indicam uma totalidade negativa; al- o pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
guém/ninguém, que se referem à pessoa, e algo/nada, que a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
se referem à coisa; certo, que particulariza, e qualquer, que devia ajudar.... Ajudar quem? Você (lhe).
generaliza. Importante: Em observação à segunda oração, o em-
Essas oposições de sentido são muito importantes na prego do pronome oblíquo “lhe” é justificado antes do ver-
construção de frases e textos coerentes, pois delas muitas bo intransitivo “ajudar” porque o pronome oblíquo pode
vezes dependem a solidez e a consistência dos argumentos estar antes, depois ou entre locução verbal, caso o verbo
expostos. Observe nas frases seguintes a força que os pro- principal (no caso “ajudar”) esteja no infinitivo ou gerúndio.
nomes indefinidos destacados imprimem às afirmações de Eu desejo lhe perguntar algo.
que fazem parte: Eu estou perguntando-lhe algo.
Nada do que tem sido feito produziu qualquer resultado Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tôni-
prático. cos: os primeiros não são precedidos de preposição, diferente-
Czrávamos no exterior. mente dos segundos que são sempre precedidos de preposição.
- Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- - Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que eu
lavras: estava fazendo.
- como (= pelo qual): Não me parece correto o modo - Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim o
como você agiu semana passada. que eu estava fazendo.
- quando (= em que): Bons eram os tempos quando po-
díamos jogar videogame. Colocação Pronominal
- Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. A colocação pronominal é a posição que os pronomes
O futebol é um esporte. pessoais oblíquos átonos ocupam na frase em relação ao
O povo gosta muito deste esporte. verbo a que se referem. São pronomes oblíquos átonos:
me, te, se, o, os, a, as, lhe, lhes, nos e vos.
O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
O pronome oblíquo átono pode assumir três posições
na oração em relação ao verbo:
- Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
1. próclise: pronome antes do verbo
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
2. ênclise: pronome depois do verbo
gente que conversava, (que) ria, (que) fumava.
3. mesóclise: pronome no meio do verbo
Pronomes Interrogativos
Próclise
São usados na formulação de perguntas, sejam elas di- A próclise é aplicada antes do verbo quando temos:
retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos, - Palavras com sentido negativo:
referem- -se à 3ª pessoa do discurso de modo Nada me faz querer sair dessa cama.
impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e Não se trata de nenhuma novidade.
variações), quanto (e variações).
Quem fez o almoço?/ Diga-me quem fez o almoço. - Advérbios:
Qual das bonecas preferes? / Não sei qual das bonecas Nesta casa se fala alemão.
preferes. Naquele dia me falaram que a professora não veio.
Quantos passageiros desembarcaram? / Pergunte quan-
tos passageiros desembarcaram. - Pronomes relativos:
A aluna que me mostrou a tarefa não veio hoje.
Sobre os pronomes: Não vou deixar de estudar os conteúdos que me falaram.

O pronome pessoal é do caso reto quando tem função - Pronomes indefinidos:


de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo Quem me disse isso?
quando desempenha função de complemento. Vamos en- Todos se comoveram durante o discurso de despedida.
tender, primeiramente, como o pronome pessoal surge na
frase e que função exerce. Observe as orações: - Pronomes demonstrativos:
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. Isso me deixa muito feliz!
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia Aquilo me incentivou a mudar de atitude!
lhe ajudar.
- Preposição seguida de gerúndio:
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” Em se tratando de qualidade, o Brasil Escola é o site mais
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso indicado à pesquisa escolar.
reto. Já na segunda oração, observamos o pronome “lhe”
exercendo função de complemento, e, consequentemente, - Conjunção subordinativa:
é do caso oblíquo. Vamos estabelecer critérios, conforme lhe avisaram.

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LÍNGUA PORTUGUESA

Ênclise 02. (Agente de Apoio Administrativo – FCC – 2013-


adap.). Fazendo-se as alterações necessárias, o trecho gri-
A ênclise é empregada depois do verbo. A norma culta fado está corretamente substituído por um pronome em:
não aceita orações iniciadas com pronomes oblíquos áto- A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-lo
nos. A ênclise vai acontecer quando: B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-
- O verbo estiver no imperativo afirmativo: lhes desalentado
Amem-se uns aos outros. C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem
Sigam-me e não terão derrotas. de conhecê-lo?
- O verbo iniciar a oração: D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
Diga-lhe que está tudo bem. parecia ser-lhe
Chamaram-me para ser sócio. E) incomodaram o general... − incomodaram-no
- O verbo estiver no infinitivo impessoal regido da pre-
03.(Agente de Defensoria Pública – FCC – 2013-adap.).
posição “a”:
A substituição do elemento grifado pelo pronome cor-
Naquele instante os dois passaram a odiar-se.
respondente, com os necessários ajustes, foi realizada de
Passaram a cumprimentar-se mutuamente.
modo INCORRETO em:
- O verbo estiver no gerúndio: A) mostrando o rio= mostrando-o.
Não quis saber o que aconteceu, fazendo-se de despreo- B) como escolher sítio= como escolhê-lo.
cupada. C) transpor [...] as matas espessas= transpor-lhes.
Despediu-se, beijando-me a face. D) Às estreitas veredas[...] nada acrescentariam =
nada lhes acrescentariam.
- Houver vírgula ou pausa antes do verbo: E) viu uma dessas marcas= viu uma delas.
Se passar no concurso em outra cidade, mudo-me no
mesmo instante. 04. (Papiloscopista Policial – Vunesp – 2013). Assinale a
Se não tiver outro jeito, alisto-me nas forças armadas. alternativa em que o pronome destacado está posiciona-
do de acordo com a norma-padrão da língua.
Mesóclise (A) Ela não lembrava-se do caminho de volta.
(B) A menina tinha distanciado-se muito da família.
A mesóclise acontece quando o verbo está flexionado (C) A garota disse que perdeu-se dos pais.
no futuro do presente ou no futuro do pretérito: (D) O pai alegrou-se ao encontrar a filha.
A prova realizar-se-á neste domingo pela manhã. (= ela (E) Ninguém comprometeu-se a ajudar a criança.
se realizará)
Far-lhe-ei uma proposta irrecusável. (= eu farei uma pro- 05. (Escrevente TJ SP – Vunesp 2011). Assinale a alter-
posta a você) nativa cujo emprego do pronome está em conformidade
com a norma padrão da língua.
Questões sobre Pronome (A) Não autorizam-nos a ler os comentários sigilosos.
(B) Nos falaram que a diplomacia americana está aba-
01. (Escrevente TJ SP – Vunesp/2012). lada.
Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primeiro, não (C) Ninguém o informou sobre o caso WikiLeaks.
está claro até onde pode realmente chegar uma política ba-
(D) Conformado, se rendeu às punições.
seada em melhorar a eficiência sem preços adequados para
(E) Todos querem que combata-se a corrupção.
o carbono, a água e (na maioria dos países pobres) a terra.
É verdade que mesmo que a ameaça dos preços do carbono
06. (Papiloscopista Policial = Vunesp - 2013). Assinale
e da água faça em si diferença, as companhias não podem
suportar ter de pagar, de repente, digamos, 40 dólares por a alternativa correta quanto à colocação pronominal, de
tonelada de carbono, sem qualquer preparação. Portanto, acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
elas começam a usar preços-sombra. Ainda assim, ninguém (A) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que
encontrou até agora uma maneira de quantificar adequada- eles sejam sempre trazidos junto ao corpo.
mente os insumos básicos. E sem eles a maioria das políticas (B) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situa-
de crescimento verde sempre será a segunda opção. ção de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
(Carta Capital, 27.06.2012. Adaptado) (C) Nos sentimos impotentes quando não consegui-
mos restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
Os pronomes “elas” e “eles”, em destaque no texto, refe- (D) O homem se indignou quando propuseram-lhe que
rem- -se, respectivamente, a abrisse a bolsa que encontrara.
(A) dúvidas e preços. (E) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma
(B) dúvidas e insumos básicos. tendência natural das pessoas em devolvê-los a seus do-
(C) companhias e insumos básicos. nos.
(D) companhias e preços do carbono e da água.
(E) políticas de crescimento e preços adequados.

79
LÍNGUA PORTUGUESA

07. (Agente de Apoio Operacional – VUNESP – 2013). RESOLUÇÃO


Há pessoas que, mesmo sem condições, compram produ-
tos______ não necessitam e______ tendo de pagar tudo______ 1-) Restam dúvidas sobre o crescimento verde. Primei-
prazo. ro, não está claro até onde pode realmente chegar uma
Assinale a alternativa que preenche as lacunas, correta política baseada em melhorar a eficiência sem preços ade-
e respectivamente, considerando a norma culta da língua. quados para o carbono, a água e (na maioria dos países
A) a que … acaba … à pobres) a terra. É verdade que mesmo que a ameaça dos
B) com que … acabam … à preços do carbono e da água faça em si diferença, as com-
C) de que … acabam … a panhias não podem suportar ter de pagar, de repente, di-
D) em que … acaba … a gamos, 40 dólares por tonelada de carbono, sem qualquer
E) dos quais … acaba … à preparação. Portanto, elas começam a usar preços-som-
bra. Ainda assim, ninguém encontrou até agora uma ma-
08. (Agente de Apoio Socioeducativo – VUNESP – 2013- neira de quantificar adequadamente os insumos básicos.
adap.). Assinale a alternativa que substitui, correta e res- E sem eles a maioria das políticas de crescimento verde
pectivamente, as lacunas do trecho. sempre será a segunda opção.
______alguns anos, num programa de televisão, uma jo-
vem fazia referência______ violência______ o brasileiro estava 2-)
sujeito de forma cômica. A) ...sei tratar tipos como o senhor. − sei tratá-los
A) Fazem... a ... de que B) ...erguendo os braços desalentado... − erguendo-os
B) Faz ...a ... que desalentado
C) Fazem ...à ... com que C) ...que tem de conhecer as leis do país? − que tem de
D) Faz ...à ... que conhecê-las ?
E) Faz ...à ... a que D) ...não parecia ser um importante industrial... − não
parecia sê-lo
09. (TRF 3ª região- Técnico Judiciário - /2014) 3-) transpor [...] as matas espessas= transpô-las
As sereias então devoravam impiedosamente os tripu-
lantes. 4-)
... ele conseguiu impedir a tripulação de perder a cabe- (A) Ela não se lembrava do caminho de volta.
ça... (B) A menina tinha se distanciado muito da família.
... e fez de tudo para convencer os tripulantes... (C) A garota disse que se perdeu dos pais.
Fazendo-se as alterações necessárias, os segmentos (E) Ninguém se comprometeu a ajudar a criança
grifados acima foram corretamente substituídos por um
pronome, na ordem dada, em: 5-)
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los (A) Não nos autorizam a ler os comentários sigilosos.
(B) devoravam-lhe − impedi-las − convencer-lhes (B) Falaram-nos que a diplomacia americana está aba-
(C) devoravam-no − impedi-las − convencer-lhes lada.
(D) devoravam-nos − impedir-lhe − convencê-los (D) Conformado, rendeu-se às punições.
(E) devoravam-lhes − impedi-la − convencê-los (E) Todos querem que se combata a corrupção.

10. (Agente de Vigilância e Recepção – VUNESP – 2013- 6-)


adap.). No trecho, – Em ambos os casos, as câmeras dos (B) O passageiro ao lado jamais se imaginou na situação
estabelecimentos felizmente comprovam os acontecimen- de ter de procurar a dona de uma bolsa perdida.
tos, e testemunhas vão ajudar a polícia na investigação. (C) Sentimo-nos impotentes quando não conseguimos
– de acordo com a norma-padrão, os pronomes que subs- restituir um objeto à pessoa que o perdeu.
tituem, corretamente, os termos em destaque são: (D) O homem indignou-se quando lhe propuseram que
A) os comprovam … ajudá-la. abrisse a bolsa que encontrara.
B) os comprovam …ajudar-la. (E) Em se tratando de objetos encontrados, há uma ten-
C) os comprovam … ajudar-lhe. dência natural das pessoas em devolvê-los a seus donos.
D) lhes comprovam … ajudar-lhe.
E) lhes comprovam … ajudá-la. 7-) Há pessoas que, mesmo sem condições, compram
produtos de que não necessitam e acabam tendo
GABARITO de pagar tudo a prazo.

01. C 02. E 03. C 04. D 05. C 8-) Faz alguns anos, num programa de televisão, uma
06. A 07. C 08. E 09. A 10. A jovem fazia referência à violência a que o brasileiro
estava sujeito de forma cômica.
Faz, no sentido de tempo passado = sempre no singular

80
LÍNGUA PORTUGUESA

9-) O rapaz é um tremendo gato.


devoravam - verbo terminado em “m” = pronome oblí- O gato do vizinho é peralta.
quo no/na (fizeram-na, colocaram-no) Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
impedir - verbo transitivo direto = pede objeto direto; Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
“lhe” é para objeto indireto sobrevivência
convencer - verbo transitivo direto = pede objeto dire- O passarinho foi atingido no bico.
to; “lhe” é para objeto indireto
(A) devoravam-nos − impedi-la − convencê-los Polissemia e homonímia

10-) – Em ambos os casos, as câmeras dos estabeleci- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
mentos felizmente comprovam os acontecimentos, e teste- comum. Quando a mesma palavra apresenta vários signifi-
munhas vão ajudar a polícia na investigação. cados, estamos na presença da polissemia. Por outro lado,
felizmente os comprovam ... ajudá-la quando duas ou mais palavras com origens e significados
(advérbio) distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos uma ho-
monímia.
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
6 REESCRITA DE FRASES E PARÁGRAFOS significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não é
polissemia porque os diferentes significados para a palavra
DO TEXTO.
manga têm origens diferentes, e por isso alguns estudiosos
6.1 SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS. mencionam que a palavra manga deveria ter mais do que
6.2 SUBSTITUIÇÃO DE PALAVRAS OU DE uma entrada no dicionário.
TRECHOS DE TEXTO. “Letra” é uma palavra polissêmica. Letra pode significar
6.3 REORGANIZAÇÃO DA ESTRUTURA DE o elemento básico do alfabeto, o texto de uma canção ou
ORAÇÕES E DE PERÍODOS DO TEXTO. a caligrafia de um determinado indivíduo. Neste caso, os
6.4 REESCRITA DE TEXTOS DE DIFERENTES diferentes significados estão interligados porque remetem
GÊNEROS E NÍVEIS DE FORMALIDADE. para o mesmo conceito, o da escrita.

Polissemia e ambiguidade
Consideremos as seguintes frases:
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto na
Paula tem uma mão para cozinhar que dá inveja!
interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado pode
Vamos! Coloque logo a mão na massa!
ser ambíguo, ou seja, apresenta mais de uma interpreta-
As crianças estão com as mãos sujas.
ção. Essa ambiguidade pode ocorrer devido à colocação
Passaram a mão na minha bolsa e nem percebi.
específica de uma palavra (por exemplo, um advérbio) em
uma frase. Vejamos a seguinte frase: Pessoas que têm uma
Chegamos à conclusão de que se trata de palavras
idênticas no que se refere à grafia, mas será que possuem alimentação equilibrada frequentemente são felizes. Neste
o mesmo significado? caso podem existir duas interpretações diferentes. As pes-
Existe uma parte da gramática normativa denominada soas têm alimentação equilibrada porque são felizes ou são
Semântica. Ela trabalha a questão dos diferentes significa- felizes porque têm uma alimentação equilibrada.
dos que uma mesma palavra apresenta de acordo com o De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, ela
contexto em que se insere. pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma inter-
Tomando como exemplo as frases já mencionadas, pretação. Para fazer a interpretação correta é muito impor-
analisaremos os vocábulos de mesma grafia, de acordo tante saber qual o contexto em que a frase é proferida.
com seu sentido denotativo, isto é, aquele retratado pelo
dicionário. Na língua portuguesa, uma PALAVRA (do latim parabo-
Na primeira, a palavra “mão” significa habilidade, efi- la, que por sua vez deriva do grego parabolé) pode ser de-
ciência diante do ato praticado. Nas outras que seguem o finida como sendo um conjunto de letras ou sons de uma
significado é de: participação, interação mediante a uma língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto.
tarefa realizada; mão como parte do corpo humano e por
último simboliza o roubo, visto de maneira pejorativa. Sentido Próprio e Figurado das Palavras
Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de Pela própria definição acima destacada podemos per-
algo. Possibilidades de várias interpretações levando-se em ceber que a palavra é composta por duas partes, uma delas
consideração as situações de aplicabilidade. relacionada a sua forma escrita e os seus sons (denominada
Há uma infinidade de outros exemplos em que po- significante) e a outra relacionada ao que ela (palavra) ex-
demos verificar a ocorrência da polissemia, como por pressa, ao conceito que ela traz (denominada significado).
exemplo: Em relação ao seu SIGNIFICADO as palavras subdivi-
dem-se assim:

81
LÍNGUA PORTUGUESA

- Sentido Próprio - é o sentido literal, ou seja, o senti- 2-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
do comum que costumamos dar a uma palavra. LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013 -
- Sentido Figurado - é o sentido “simbólico”, “figura- ADAPTADO) Para responder à questão, considere a seguin-
do”, que podemos dar a uma palavra. te passagem: Sem querer estereotipar, mas já estereotipando:
Vamos analisar a palavra cobra utilizada em diferentes trata-se de um ser cujas interações sociais terminam, 99%
contextos: das vezes, diante da pergunta “débito ou crédito?”.
1. A cobra picou o menino. (cobra = réptil peçonhento)
2. A sogra dele é uma cobra. (cobra = pessoa desagradá- Nesse contexto, o verbo estereotipar tem sentido de
vel, que adota condutas pouco apreciáveis) (A) considerar ao acaso, sem premeditação.
3. O cara é cobra em Física! (cobra = pessoa que conhe- (B) aceitar uma ideia mesmo sem estar convencido dela.
ce muito sobre alguma coisa, “expert”) (C) adotar como referência de qualidade.
No item 1 aplica-se o termo cobra em seu sentido co- (D) julgar de acordo com normas legais.
mum (ou literal); nos itens 2 e 3 o termo cobra é aplicado (E) classificar segundo ideias preconcebidas.
em sentido figurado.
Podemos então concluir que um mesmo significante 3-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU-
(parte concreta) pode ter vários significados (conceitos). LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013
- ADAPTADA) Para responder a esta questão, considere as
Denotação e Conotação palavras destacadas nas seguintes passagens do texto:
Desde o surgimento da ideia de hipertexto...
- Denotação: verifica-se quando utilizamos a palavra ... informações ligadas especialmente à pesquisa aca-
com o seu significado primitivo e original, com o sentido dêmica,
do dicionário; usada de modo automatizado; linguagem co- ... uma “máquina poética”, algo que funcionasse por
mum. Veja este exemplo: Cortaram as asas da ave para que analogia e associação...
não voasse mais. Quando o cientista Vannevar Bush [...] concebeu a ideia
Aqui a palavra em destaque é utilizada em seu sentido de hipertexto...
... 20 anos depois de seu artigo fundador...
próprio, comum, usual, literal.
As palavras destacadas que expressam ideia de tempo
MINHA DICA - Procure associar Denotação com Dicio-
são:
nário: trata-se de definição literal, quando o termo é utiliza-
(A) algo, especialmente e Quando.
do em seu sentido dicionarístico.
(B) Desde, especialmente e algo.
(C) especialmente, Quando e depois.
- Conotação: verifica-se quando utilizamos a palavra
(D) Desde, Quando e depois.
com o seu significado secundário, com o sentido amplo (ou (E) Desde, algo e depois.
simbólico); usada de modo criativo, figurado, numa lingua-
gem rica e expressiva. Veja este exemplo: 4-) (TRF - 5ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - FCC/2012)
Seria aconselhável cortar as asas deste menino, antes A importância de Rodolfo Coelho Cavalcante para o movi-
que seja tarde demais. mento cordelista pode ser comparada à de outros dois gran-
Já neste caso o termo (asas) é empregado de forma fi- des nomes...
gurada, fazendo alusão à ideia de restrição e/ou controle de Sem qualquer outra alteração da frase acima e sem prejuí-
ações; disciplina, limitação de conduta e comportamento. zo da correção, o elemento grifado pode ser substituído por:
(A) contrastada.
Fonte: (B) confrontada.
http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/oficial-de- (C) ombreada.
justica-tjm-sp/lingua-portuguesa-sentido-proprio-e-figu- (D) rivalizada.
rado-das-palavras.html (E) equiparada.

Questões sobre Denotação e Conotação 5-) (PREFEITURA DE SERTÃOZINHO – AGENTE COMU-


NITÁRIO DE SAÚDE – VUNESP/2012) No verso – Não te
1-) (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAU- abras com teu amigo – o verbo em destaque foi empregado
LO - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – VUNESP/2013) O em sentido figurado.
sentido de marmóreo (adjetivo) equivale ao da expressão Assinale a alternativa em que esse mesmo verbo “abrir”
de mármore. Assinale a alternativa contendo as expressões continua sendo empregado em sentido figurado.
com sentidos equivalentes, respectivamente, aos das pala- (A) Ao abrir a porta, não havia ninguém.
vras ígneo e pétreo. (B) Ele não pôde abrir a lata porque não tinha um abri-
(A) De corda; de plástico. dor.
(B) De fogo; de madeira. (C) Para aprender, é preciso abrir a mente.
(C) De madeira; de pedra. (D) Pela manhã, quando abri os olhos, já estava em
(D) De fogo; de pedra. casa.
(E) De plástico; de cinza. (E) Os ladrões abriram o cofre com um maçarico.

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LÍNGUA PORTUGUESA

6-) (SABESP/SP – ATENDENTE A CLIENTES 01 – Na oração – ... parecem querer levar ao colapso. – (3.º
FCC/2014 - ADAPTADA) Atenção: Para responder à ques- parágrafo), o termo em destaque é sinônimo de
tão, considere o texto abaixo. (A) progresso.
(B) descaso.
A marca da solidão (C) vitória.
(D) tédio.
Deitado de bruços, sobre as pedras quentes do chão de (E) ruína.
paralelepípedos, o menino espia. Tem os braços dobrados e
a testa pousada sobre eles, seu rosto formando uma tenda 8-) (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – BNDES/2012)
de penumbra na tarde quente. Considere o emprego do verbo levar no trecho: “Uma com-
Observa as ranhuras entre uma pedra e outra. Há, den- petição não dura apenas alguns minutos. Leva anos”. A frase
tro de cada uma delas, um diminuto caminho de terra, com em que esse verbo está usado com o mesmo sentido é:
pedrinhas e tufos minúsculos de musgos, formando peque- (A) O menino leva o material adequado para a escola.
(B) João levou uma surra da mãe.
nas plantas, ínfimos bonsais só visíveis aos olhos de quem é
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo.
capaz de parar de viver para, apenas, ver. Quando se tem a
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso.
marca da solidão na alma, o mundo cabe numa fresta.
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a prova.
(SEIXAS, Heloísa. Contos mais que mínimos. Rio de Ja-
neiro: Tinta negra bazar, 2010. p. 47) RESOLUÇÃO
No primeiro parágrafo, a palavra utilizada em sentido
figurado é 1-)
(A) menino. Questão que pode ser resolvida usando a lógica ou asso-
(B) chão. ciação de palavras! Veja: a ignição do carro lembra-nos fogo,
(C) testa. combustão... Pedra, petrificado. Encontrou a resposta?
(D) penumbra.
(E) tenda. RESPOSTA: “D”.

7-) (UFTM/MG – AUXILIAR DE BIBLIOTECA – VU- 2-)


NESP/2013 - ADAPTADA) Leia o texto para responder à Classificar conforme regras conhecidas, mas não confir-
questão. madas se verdadeiras.

RIO DE JANEIRO – A Prefeitura do Rio está lançando RESPOSTA: “E”.


a Operação Lixo Zero, que vai multar quem emporcalhar
a cidade. Em primeira instância, a campanha é educativa. 3-)
Equipes da Companhia Municipal de Limpeza Urbana estão As palavras que nos dão a noção, ideia de tempo são:
percorrendo as ruas para flagrar maus cidadãos jogando desde, quando e depois.
coisas onde não devem e alertá-los para o que os espera.
Em breve, com guardas municipais, policiais militares e 600 RESPOSTA: “D”.
fiscais em ação, as multas começarão a chegar para quem
tratar a via pública como a casa da sogra. 4-)
Imagina-se que, quando essa lei começar para valer, os Ao participar de um concurso, não temos acesso a dicio-
nários para que verifiquemos o significado das palavras, por
recordistas de multas serão os cerca de 300 jovens golpistas
isso, caso não saibamos o que significam, devemos analisá
que, nas últimas semanas, se habituaram a tomar as ruas,
-las dentro do contexto em que se encontram. No exercício
pichar monumentos, vandalizar prédios públicos, quebrar
acima, a que se “encaixa” é “equiparada”.
orelhões, arrancar postes, apedrejar vitrines, depredar ban-
cos, saquear lojas e, por uma estranha compulsão, destruir RESPOSTA: “E”.
lixeiras, jogar o lixo no asfalto e armar barricadas de fogo
com ele. 5-)
É verdade que, no seu “bullying” político, eles não estão Em todas as alternativas o verbo “abrir” está empregado
nem aí para a cidade, que é de todos – e que, por algum em seu sentido denotativo. No item C, conotativo (“abrir a
motivo, parecem querer levar ao colapso. mente” = aberto a mudanças, novas ideias).
Pois, já que a lei não permite prendê-los por vandalis-
mo, saque, formação de quadrilha, desacato à autoridade, RESPOSTA: “C”.
resistência à prisão e nem mesmo por ataque aos órgãos
públicos, talvez seja possível enquadrá-los por sujar a rua. 6-)
(Ruy Castro, Por sujar a rua. Folha de S.Paulo, Novamente, responderemos com frase do texto: seu ros-
21.08.2013. Adaptado) to formando uma tenda.

RESPOSTA: “E”.

83
LÍNGUA PORTUGUESA

7-) c) Homógrafos e homófonos simultaneamente: São


Pela leitura do texto, compreende-se que a intenção palavras iguais na escrita e na pronúncia:
do autor ao utilizar a expressão” levar ao colapso” refere-se caminho (subst.) e caminho (verbo);
à queda, ao fim, à ruína da cidade. cedo (verbo) e cedo (adv.);
livre (adj.) e livre (verbo).
RESPOSTA: “E”.
- Parônimos
8-) São palavras parecidas na escrita e na pronúncia: coro
No enunciado, o verbo “levar” está empregado com o e couro; cesta e sesta; eminente e iminente; osso e ouço; sede
sentido de “duração/tempo” e cede; comprimento e cumprimento; tetânico e titânico; au-
(A) O menino leva o material adequado para a escola. tuar e atuar; degradar e degredar; infligir e infringir; deferir
= carrega e diferir; suar e soar.
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-an-
(B) João levou uma surra da mãe. = apanhou
tonimos,-homonimos-e-paronimos
(C) A enchente leva todo o lixo rua abaixo. = arrasta
Questões sobre Significação das Palavras
(D) O trabalho feito com empenho leva ao sucesso. =
direciona
01. Assinale a alternativa que preenche corretamente
(E) O atleta levou apenas dez segundos para terminar a as lacunas da frase abaixo:
prova = duração/tempo Da mesma forma que os italianos e japoneses _________
para o Brasil no século passado, hoje os brasileiros ________
RESPOSTA: “E”. para a Europa e para o Japão, à busca de uma vida melhor;
internamente, __________ para o Sul, pelo mesmo motivo.
- Sinônimos a) imigraram - emigram - migram
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto b) migraram - imigram - emigram
- abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. c) emigraram - migram - imigram.
Observação: A contribuição greco-latina é responsável d) emigraram - imigram - migram.
pela existência de numerosos pares de sinônimos: adver- e) imigraram - migram – emigram
sário e antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e he-
miciclo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e Agente de Apoio – Microinformática – VUNESP –
diálogo; transformação e metamorfose; oposição e antítese. 2013 - Leia o texto para responder às questões de nú-
meros 02 e 03.
- Antônimos
São palavras de significação oposta: ordem - anarquia; Alunos de colégio fazem robôs com sucata eletrônica
soberba - humildade; louvar - censurar; mal - bem.
Observação: A antonímia pode originar-se de um pre- Você comprou um smartphone e acha que aquele seu
fixo de sentido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; celular antigo é imprestável? Não se engane: o que é lixo
simpático e antipático; progredir e regredir; concórdia e dis- para alguns pode ser matéria-prima para outros. O CMID
córdia; ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e an- – Centro Marista de Inclusão Digital –, que funciona junto
ticomunista; simétrico e assimétrico. ao Colégio Marista de Santa Maria, no Rio Grande do Sul,
ensina os alunos do colégio a fazer robôs a partir de lixo
O que são Homônimos e Parônimos: eletrônico.
Os alunos da turma avançada de robótica, por exemplo,
- Homônimos
constroem carros com sensores de movimento que respon-
a) Homógrafos: são palavras iguais na escrita e diferen-
dem à aproximação das pessoas. A fonte de energia vem de
tes na pronúncia:
baterias de celular. “Tirando alguns sensores, que precisa-
rego (subst.) e rego (verbo);
mos comprar, é tudo reciclagem”, comentou o instrutor de
colher (verbo) e colher (subst.); robótica do CMID, Leandro Schneider. Esses alunos também
jogo (subst.) e jogo (verbo); aprendem a consertar computadores antigos. “O nosso pro-
denúncia (subst.) e denuncia (verbo); jeto só funciona por causa do lixo eletrônico. Se tivéssemos
providência (subst.) e providencia (verbo). que comprar tudo, não seria viável”, completou.
Em uma época em que celebridades do mundo digital
b) Homófonos: são palavras iguais na pronúncia e di- fazem campanha a favor do ensino de programação nas es-
ferentes na escrita: colas, é inspirador o relato de Dionatan Gabriel, aluno da
acender (atear) e ascender (subir); turma avançada de robótica do CMID que, aos 16 anos, já
concertar (harmonizar) e consertar (reparar); sabe qual será sua profissão. “Quero ser programador. No
cela (compartimento) e sela (arreio); início das aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me
censo (recenseamento) e senso ( juízo); interessando”, disse.
paço (palácio) e passo (andar). (Giordano Tronco, www.techtudo.com.br, 07.07.2013.
Adaptado)

84
LÍNGUA PORTUGUESA

02. A palavra em destaque no trecho –“Tirando alguns 06. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU-
sensores, que precisamos comprar, é tudo reciclagem”... NESP – 2013-adap.). Considere o seguinte trecho para res-
– pode ser substituída, sem alteração do sentido da men- ponder à questão.
sagem, pela seguinte expressão: Adolescentes vivendo em famílias que não lhes trans-
A) Pelo menos mitiram valores sociais altruísticos, formação moral e não
B) A contar de lhes impuseram limites de disciplina.
C) Em substituição a O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
D) Com exceção de trecho, é:
E) No que se refere a A) de desprendimento.
B) de responsabilidade.
03. Assinale a alternativa que apresenta um antônimo C) de abnegação.
para o termo destacado em – …“No início das aulas, eu D) de amor.
achava meio chato, mas depois fui me interessando”, dis- E) de egoísmo.
se.
A) Estimulante. 07. Assinale o único exemplo cuja lacuna deve ser
B) Cansativo. preenchida com a primeira alternativa da série dada nos
C) Irritante. parênteses:
D) Confuso. A) Estou aqui _______ de ajudar os flagelados das en-
E) Improdutivo. chentes. (afim- a fim).
B) A bandeira está ________. (arreada - arriada).
04. (Agente de Escolta e Vigilância Penitenciária – VU- C) Serão punidos os que ________ o regulamento. (in-
NESP – 2013). Analise as afirmações a seguir. flingirem - infringirem).
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso D) São sempre valiosos os ________ dos mais velhos.
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí- (concelhos - conselhos).
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”.
E) Moro ________ cem metros da praça principal. (a cer-
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser
ca de - acerca de).
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liber-
tação.
08. Assinale a alternativa correta, considerando que à
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
direita de cada palavra há um sinônimo.
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento.
a) emergir = vir à tona; imergir = mergulhar
– pode-se substituir a expressão em destaque por “em ra-
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país)
zão do”, sem alterar o sentido do texto.
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa,
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder
está correto o que se afirma em
A) I, II e III. e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação
B) III, apenas.
C) I e III, apenas. GABARITO
D) I, apenas.
E) I e II, apenas. 01. A 02. D 03. A 04. A
05. D 06. E 07. E 08. A
05. Leia as frases abaixo:
1 - Assisti ao ________ do balé Bolshoi; RESOLUÇÃO
2 - Daqui ______ pouco vão dizer que ______ vida em
Marte. 1-) Da mesma forma que os italianos e japoneses
3 - As _________ da câmara são verdadeiros programas imigraram para o Brasil no século passado, hoje os bra-
de humor. sileiros emigram para a Europa e para o Japão, à busca
4 - ___________ dias que não falo com Alfredo. de uma vida melhor; internamente, migram para o
Sul, pelo mesmo motivo.
Escolha a alternativa que oferece a sequência correta
de vocábulos para as lacunas existentes: 2-) “Com exceção de alguns sensores, que precisamos
a) concerto – há – a – cessões – há; comprar, é tudo reciclagem”...
b) conserto – a – há – sessões – há;
c) concerto – a – há – seções – a; 3-) antônimo para o termo destacado : “No início das
d) concerto – a – há – sessões – há; aulas, eu achava meio chato, mas depois fui me interes-
e) conserto – há – a – sessões – a . sando”
“No início das aulas, eu achava meio estimulante, mas
depois fui me interessando”

85
LÍNGUA PORTUGUESA

4-)
I. Em – Há sete anos, Fransley Lapavani Silva está preso ANOTAÇÕES
por homicídio. – o termo em destaque pode ser substituí-
do, sem alteração do sentido do texto, por “faz”. = correta
II. A frase – Todo preso deseja a libertação. – pode ser ___________________________________________________
reescrita da seguinte forma – Todo preso aspira à liberta-
ção. = correta ___________________________________________________
III. No trecho – ... estou sendo olhado de forma dife-
rente aqui no presídio devido ao bom comportamento. –
___________________________________________________
pode-se substituir a expressão em destaque por “em razão ___________________________________________________
do”, sem alterar o sentido do texto. = correta
___________________________________________________
5-)
1 - Assisti ao concerto do balé Bolshoi; ___________________________________________________
2 - Daqui a pouco vão dizer que há (= existe) ___________________________________________________
vida em Marte.
3 – As sessões da câmara são verdadeiros pro- ___________________________________________________
gramas de humor.
4- Há dias que não falo com Alfredo. (= ___________________________________________________
tempo passado)
___________________________________________________
6-) Adolescentes vivendo em famílias que não lhes ___________________________________________________
transmitiram valores sociais altruísticos, formação moral e
não lhes impuseram limites de disciplina. ___________________________________________________
O sentido contrário (antônimo) de altruísticos, nesse
trecho, é de egoísmo ___________________________________________________
Altruísmo é um tipo de comportamento encontrado
nos seres humanos e outros seres vivos, em que as ações
___________________________________________________
de um indivíduo beneficiam outros. É sinônimo de filan- ___________________________________________________
tropia. No sentido comum do termo, é muitas vezes per-
cebida, também, como sinônimo de solidariedade. Esse ___________________________________________________
conceito opõe-se, portanto, ao egoísmo, que são as incli-
nações específica e exclusivamente individuais (pessoais ou ___________________________________________________
coletivas). ___________________________________________________
7-) ___________________________________________________
A) Estou aqui a fim de de ajudar os flagelados das
enchentes. (afim = O adjetivo “afim” é empregado para in- ___________________________________________________
dicar que uma coisa tem afinidade com a outra. Há pessoas
que têm temperamentos afins, ou seja, parecidos) ___________________________________________________
B) A bandeira está arriada . (arrear = colocar ___________________________________________________
arreio no cavalo)
C) Serão punidos os que infringirem o regulamen- ___________________________________________________
to. (inflingirem = aplicarem a pena)
D) São sempre valiosos os conselhos dos mais ve- ___________________________________________________
lhos; (concelhos= Porção territorial ou parte administrativa
de um distrito).
___________________________________________________
E) Moro a cerca de cem metros da praça principal. ___________________________________________________
(acerca de = Acerca de é sinônimo de “a respeito de”.).
___________________________________________________
8-)
b) emigrar = entrar (no país); imigrar = sair (do país) = ___________________________________________________
significados invertidos ___________________________________________________
c) delatar = expandir; dilatar = denunciar = signifi-
cados invertidos ___________________________________________________
d) deferir = diferenciar; diferir = conceder = signifi-
cados invertidos ___________________________________________________
e) dispensa = cômodo; despensa = desobrigação =
significados invertidos ___________________________________________________

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

1 Noções de sistema operacional (ambientes Linux e Windows). ...............................................................................................................01


2 Edição de textos, planilhas e apresentações (ambientes Microsoft Office e BrOffice). ...................................................................19
3 Redes de computadores. ............................................................................................................................................................................................83
3.1 Conceitos básicos, ferramentas, aplicativos e procedimentos de Internet e intranet. ...........................................................83
3.2 Programas de navegação (Microsoft Internet Explorer, Mozilla Firefox e Google Chrome). ...............................................83
3.3 Programas de correio eletrônico (Outlook Express e Mozilla Thunderbird). ..............................................................................83
3.4 Sítios de busca e pesquisa na Internet. .......................................................................................................................................................83
3.5 Grupos de discussão. ..........................................................................................................................................................................................83
3.6 Redes sociais............................................................................................................................................................................................................83
3.7 Computação na nuvem (cloud computing)...............................................................................................................................................83
4 Conceitos de organização e de gerenciamento de informações, arquivos, pastas e programas............................................. 119
5. Segurança da informação. ...................................................................................................................................................................................... 125
5.1 Procedimentos de segurança. ...................................................................................................................................................................... 125
5.2 Noções de vírus, worms e pragas virtuais. ............................................................................................................................................. 125
5.3 Aplicativos para segurança (antivírus, firewall, anti-spyware etc.). ............................................................................................... 125
5.4 Procedimentos de backup. ............................................................................................................................................................................ 125
5.5 Armazenamento de dados na nuvem (cloud storage)....................................................................................................................... 125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Programas Utilitários do Sistema Operacional


1 NOÇÕES DE SISTEMA OPERACIONAL Suporte para programas internos (vulto-in): os progra-
(AMBIENTES LINUX E WINDOWS). mas utilitários são os programas que o sistema operacional
usa para se manter e se reparar. Estes programas ajudam a
identificar problemas, encontram arquivos perdidos, reparam
arquivos danificados e criam cópias de segurança (backup).
O SISTEMA OPERACIONAL E OS OUTROS SOFTWA- Controle do hardware: o sistema operacional está situa-
RES do entre os programas e o BIOS (Basic Input/Output System
Um sistema operacional (SO) é um programa (software) - Sistema Básico de Entrada/Saída).
que controla milhares de operações, faz a interface entre o O BIOS faz o controle real do hardware. Todos os progra-
usuário e o computador e executa aplicações. mas que necessitam de recursos do hardware devem, primei-
Basicamente, o sistema operacional é executado quando ramente, passar pelo sistema operacional que, por sua vez,
ligamos o computador. Atualmente, os computadores já são pode alcançar o hardware por meio do BIOS ou dos drivers
vendidos com o SO pré-instalado. de dispositivos.
Os computadores destinados aos usuários individuais, Todos os programas são escritos para um sistema ope-
chamados de PCs (Personal Computer), vêm com o sistema racional específico, o que os torna únicos para cada um. Ex-
operacional projetado para pequenos trabalhos. Um SO é plicando: um programa feito para funcionar no Windows não
projetado para controlar as operações dos programas, como funcionará no Linux e vice-versa.
navegadores, processadores de texto e programas de e-mail.
Com o desenvolvimento dos processadores, os compu- Termos Básicos
tadores tornaram-se capazes de executar mais e mais instru- Para compreender do que um sistema operacional é
ções por segundo. Estes avanços possibilitaram aos sistemas capaz, é importante conhecer alguns termos básicos. Os
operacionais executar várias tarefas ao mesmo tempo. Quan- termos abaixo são usados frequentemente ao comparar ou
do um computador necessita permitir usuários simultâneos e descrever sistemas operacionais:
trabalhos múltiplos, os profissionais da tecnologia de infor- • Multiusuário: dois ou mais usuários executando
mação (TI) procuram utilizar computadores mais rápidos e programas e compartilhando, ao mesmo tempo, dispositivos,
que tenham sistemas operacionais robustos, um pouco dife- como a impressora.
rente daqueles que os usuários comuns usam. • Multitarefa: capacidade do sistema operacional em
executar mais de um programa ao mesmo tempo.
Os Arquivos • Multiprocessamento: permite que um computa-
O gerenciador do sistema de arquivos é utilizado pelo dor tenha duas ou mais unidades centrais de processamento
sistema operacional para organizar e controlar os arquivos. (CPU) que compartilhem programas.
Um arquivo é uma coleção de dados gravados com um nome • Multithreading: capacidade de um programa ser
lógico chamado “nomedoarquivo” (filename). Toda informa- quebrado em pequenas partes podendo ser carregadas con-
ção que o computador armazena está na forma de arquivos. forme necessidade do sistema operacional.
Há muitos tipos de arquivos, incluindo arquivos de pro- • Multithreading permite que os programas indivi-
gramas, dados, texto, imagens e assim por diante. A maneira duais sejam multitarefa.
que um sistema operacional organiza as informações em ar-
quivos é chamada sistema de arquivos. Tipos de Sistemas Operacionais
A maioria dos sistemas operacionais usa um sistema de Atualmente, quase todos os sistemas operacionais são
arquivo hierárquico em que os arquivos são organizados em multiusuário, multitarefa e suportam multithreading. Os mais
diretórios sob a estrutura de uma árvore. O início do sistema utilizados são o Microsoft Windows, Mac OSX e o Linux.
de diretório é chamado diretório raiz. O Windows é hoje o sistema operacional mais popular
que existe e é projetado para funcionar em PCs e para ser
Funções do Sistema Operacional usado em CPUs compatíveis com processadores Intel e AMD.
Não importa o tamanho ou a complexidade do compu- Quase todos os sistemas operacionais voltados ao consumi-
tador: todos os sistemas operacionais executam as mesmas dor doméstico utilizam interfaces gráficas para realizar a pon-
funções básicas. te máquina-homem.
- Gerenciador de arquivos e diretórios (pastas): um siste- As primeiras versões dos sistemas operacionais foram
ma operacional cria uma estrutura de arquivos no disco rígido construídas para serem utilizadas por somente uma pessoa
(hard disk), de forma que os dados dos usuários possam ser em um único computador. Com o decorrer do tempo, os fa-
armazenados e recuperados. Quando um arquivo é arma- bricantes atenderam às necessidades dos usuários e permiti-
zenado, o sistema operacional o salva, atribuindo a ele um ram que seus softwares operassem múltiplas funções com (e
nome e local, para usá-lo no futuro. para) múltiplos usuários.
- Gerenciador de aplicações: quando um usuário requisi-
ta um programa (aplicação), o sistema operacional localiza-o Sistemas Proprietários e Sistemas Livres
e o carrega na memória RAM. O Windows, o UNIX e o Macintosh são sistemas opera-
Quando muitos programas são carregados, é trabalho do cionais proprietários. Isto significa que é necessário comprá-
sistema operacional alocar recursos do computador e geren- -los ou pagar uma taxa por seu uso às companhias que regis-
ciar a memória. traram o produto em seu nome e cobram pelo seu uso.

1
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Linux, por exemplo, pode ser distribuído livremente Vamos começar a usar os comandos?
e tem grande aceitação por parte dos profissionais da área, Digite “ct”. Você provavelmente verá algo parecido com a
uma vez que, por possuir o código aberto, qualquer pessoa seguinte mensagem:
que entenda de programação pode contribuir com o proces- /home/fulano$ ct
so de melhoria dele. ct: comando não encontrado
Sistemas operacionais estão em constante evolução e /home/fulano$
hoje não são mais restritos aos computadores. Eles são usa- Você foi informado que não há programa com o nome
dos em PDAs, celulares, laptops etc. “ct”. Agora digite “cat”. Surgirá uma linha em branco. Digite
algo, e tecle enter. O que acontece? A linha é repetida logo
LINUX abaixo. Simples, não? Você usou seu primeiro comando. Para
Um pouco de História finalizar o “cat”, tecle “Ctrl + D” e volte para o prompt.
No início da década de 70, fruto de necessidade original
dos Laboratórios Bell, surgiu um sistema operacional Páginas de Manual
chamado UNIX. Em 1973, após o surgimento da linguagem Quer aprender melhor sobre o comando “cat” (ou
de programação “C”, o UNIX foi reescrito nessa linguagem. qualquer outro comando)? Digite “man cat”. Você verá algo
Logo, embora sem tanta empolgação no campo acadêmico, que começa mais ou menos assim:
ganhou força no mundo dos negócios. CAT(1) User Commands CAT(1)
Já o Linux foi escrito por Linus Torvalds, e muitas são as
pessoas que vêm colaborando com o seu desenvolvimento NAME
desde então. Está sob a licença de uso da GNU General Public cat - concatenate files and print on the standard output
License (GPL). Esta é uma licença escrita pela Free Software
Foundation (FSF). Falando em termos simples, você tem o SYNOPSIS
direito de cobrar o quanto quiser por sua cópia, mas não pode cat [OPTION] [FILE]...
impedir a outra pessoa de distribuir gratuitamente. A licença
também diz que qualquer um que modificar o programa DESCRIPTION
também deve lançar esta sua versão sob a mesma licença. Concatenate FILE(s), or standard input, to standard output.
Graças à legião de colaboradores ao redor do mundo,
os bugs que porventura surgem no Linux são rapidamente (...)
eliminados. Pessoas de todas as áreas colaboram, algumas
com larga experiência em programação e hardware. Você entrou na página de manual do comando cat. É uma
Saiba que há softwares comerciais para Linux. Em página completa sobre como usar este comando. É claro, não
grande parte, são programas que já existem para o ambiente espere entender tudo. Esta página assume que você possui
Windows migrando para o Linux.
algum conhecimento sobre o Linux. Mas tudo bem! Quanto
mais ler, mais você aprende.
Dando início
Tente usar este comando, o “man”, com os outros que
Logo após ligar o computador e todo o início se der
você aprenderá com o tempo. Certamente será muito útil no
normalmente, basta você digitar seu “Login” (sua identificação
decorrer do seu aprendizado.
no sistema) e senha. Haverá um diretório com “seu nome”.
Antes de continuar, digite o comando “clear”. Este
Este diretório conterá seus arquivos pessoais, que fica em /
home/usuário, onde “usuário” é o seu “Login”. comando “limpará” o terminal. Estamos apenas limpando
Na verdade este início será apenas um pouco diferente a bagunça :). Aproveite este comando e veja como o “man”
dependendo da distribuição que você estiver usando. Mas no pode ser útil. Digamos que você esteja aprendendo sobre um
geral, é como dito acima: Login + Senha, e pronto! comando, o clear por exemplo. Se você digitar “man -k clear”
você verá uma lista de todos os comandos onde a palavra
O terminal “clear” aparece em sua descrição ou nome. Isto é muito útil,
Vamos falar sobre como usar algumas coisas no terminal. principalmente quando você está procurando por algo, mas
Ao acessamos o sistema, veremos algo parecido com isso: não lembra exatamente seu nome. Você deve ter notado o “-k”
/home/fulano$ na frente do comando man. É isto mesmo: alguns comandos
Isto é o que chamamos de “prompt”. Em inglês, “prompt” permitem que você tenha opções de como ele trabalhará. Isto
é a “deixa” para fazer algo, como em teatro quando um ator é, de fato, muito comum.
recebe uma “deixa”. É realmente assim aqui, pois você está
recebendo a “deixa” para digitar um comando para o sistema Organizando as coisas
realizar algo. Como tudo em nossa vida, nossos arquivos no
Todo comando no Linux é uma sequência de letras, computador devem ser organizados. E organizamos isso em
números e caracteres. Alguns comandos válidos são “mail”, diretórios. Como ver o que há neles? Com o comando “ls”.
“cat”, “ls”. Além disso o Linux tem a característica conhecida O comando “ls” é um dos mais importantes. Ele lista
como “case-sensitive”, i.e., ele difere letras minúsculas de os arquivos e diretórios. Digite “ls” no terminal e veja o que
maiúsculas. Portanto os comando Cat, CAT, cat e CaT são ocorre. Agora digite “ls -F”. A opção “-F” faz você ver quais
comandos diferentes. Na prática, é difícil encontrar comandos itens são diretórios (terão uma barra invertida no final), quais
como estes, usando tal característica. são arquivos, quais são arquivos especiais, etc.

2
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Do terminal você também pode criar diretórios. Basta Portanto o Linux reconhece três tipos de pessoas: primeiro,
usar o comando “mkdir”. Como exemplo, digite “ls -F” e veja o dono ou proprietário do arquivo. O segundo é o ‘grupo’,
o conteúdo do diretório atual. Agora digite: que na maioria dos casos será ‘users’, que são os usuários
$ mkdir diretorio-teste normais do sistema (para ver o grupo de um arquivo, use ‘ls -l
Digite novamente “ls -F”. O que aconteceu? Apareceu um arquivo’). E depois, há todos os outros além do proprietário e
novo diretório chamado “diretorio-teste”. Simples assim. dos membros do grupo.
Para remover um diretório, use um comando similar ao Um arquivo pode ter permissões de leitura ou modificação
mkdir: o rmdir. Faça similar ao mkdir: “rmdir diretorio-teste” para o dono, leitura para o grupo, e nenhuma permissão
removerá o diretório anteriormente criado. Para usá-lo desta para os outros. Ou, por alguma razão, um arquivo pode ter
forma, só um lembrete: o diretório deve estar vazio. permissões de leitura/modificação para o grupo e para os
outros, mas não ter permissões para o dono!
Lidando com Arquivos Vamos usar o chmod para aprender algo sobre permissões.
Crie um arquivo qualquer para teste. Por padrão, você tem
Veja o caso de comandos básicos como cd, mv, e rm.
permissão para ler e modificar este arquivo (as permissões
Há outros comandos que agem sobre os arquivos, mas não
dadas a outros dependem de como o sistema - e também
agem sobre os dados nesses arquivos. Aqui estão incluídos os
sua conta - está configurada). Teste sua permissão, abrindo o
comandos touch, chmod, du, e df. Todos esses comandos não
arquivo usando cat. Agora, vamos tirar sua permissão de ler
alteram os arquivos, mas mudam coisas que o Linux ‘lembra’ o arquivo! Digite:
sobre os arquivos. Algumas dessas são: chmod u-r arquivo
As datas relacionadas com os arquivos: cada arquivo O parâmetro u-r diz ‘usuário menos leitura’. Agora, se
possui três datas associadas a ele. São: a data de criação você tentar ler o arquivo, receberá a mensagem ‘Permission
(quando o arquivo foi criado), a última modificação (quando denied error!’. Adicione a permissão de leitura, simplesmente
o arquivo foi modificado pela última vez), e o último acesso fazendo
(quando o arquivo foi lido pela última vez). chmod u+r arquivo
O proprietário: todo arquivo tem um ‘dono’, ou Permissões para diretórios seguem as mesmas idéias:
proprietário. ler, escrever e executar, mas de forma um pouco diferente. A
O grupo: todo arquivo tem um grupo de usuários permissão de leitura permite ao usuário (ou o grupo ou todos)
associado a ele. O grupo mais comum é chamado ‘users’, ler o diretório, ou seja, listar os arquivos, vendo seus nomes. A
que normalmente é compartilhado por todos os usuários do permissão de escrita permite adicionar ou remover arquivos.
sistema. A permissão de execução permite acessar os arquivos no
As permissões: todo arquivo possui permissões (também diretório ou subdiretórios.
chamadas ‘privilégios’) associadas a ele. Essas permissões Para usar o comando chmod, troque ‘mode’ pelo alvo
dizem quem pode acessar o arquivo, modificá-lo ou, no caso da mudança: o usuário, o grupo, etc, e o que fazer com ele.
de programas, executá-lo. Cada uma dessas permissões pode Trocando em miúdos, faça similar ao lidar com arquivos: use
ser imposta separadamente ao dono, ao grupo, ou a todos o símbolo ‘+’ para adicionar um privilégio, e o símbolo ‘ - ‘
os usuários. para tirá-lo.
Veja o exemplo abaixo: A opção R mudará a permissão do diretório, e de todos
touch arquivo1 arquivo2 ... arquivoN os arquivos e diretórios dentro dele, e assim sucessivamente
O comando touch irá ‘atualizar’ as datas relacionadas (o ‘R’ vem de recursivo). Usando ‘v’, você faz o chmod relatar
com os arquivos listados para a data atual. Se o arquivo não o que está acontecendo.
existir, ele será criado. Também é possível colocar uma data
Estatísticas do sistema
específica, basta usar a opção -t. Você pode alterar apenas
Agora, veremos comandos que mostram estatísticas
a data de acesso (use a opção -a), ou apenas a data de
sobre o sistema operacional, ou sobre partes do sistema.
modificação (use a opção -m). Para usar a opção -t, faça como
du [-abs] [path1 path2 ...pathN]
segue: ‘du’ vem de ‘disk usage’, uso do disco. Determina quanto
[[CC]YY]MMDDhhmm[.SS] do espaço em disco é usado por um diretório. Ele mostra o
Na linha acima, se CC não for utilizado, o touch entenderá espaço usado por cada subdiretório e, no final, o total - a
que o ano CCYY está no intervalo 1969-2068. SE SS não for soma de todos eles.
indicado, será considerado como 0. O ‘a’ no início fará surgir os arquivos, além dos diretórios.
O comando chmod altera as permissões de um arquivo. A opção ‘b’ mostrará o espaço em bytes, em vez de kilobytes.
Segue a forma abaixo. Um byte é o equivalente a uma letra em um documento
chmod [-Rv] mode arquivo1 arquivo2 ... arquivoN de texto. A opção ‘s’ mostrará apenas o diretórios, sem os
Antes de estudar como usá-lo, vejamos quais são as subdiretórios.
permissões que existem no Linux. Cada arquivo tem um uptime
grupo de permissões associado a ele. Estas permissões dizem O comando uptime faz exatamente o que ele mesmo diz:
ao Linux se um arquivo pode ou não ser lido, modificado ou exibe o tempo decorrido desde que o sistema foi ‘ligado’, o
executado como um programa. Isso é bom, pois previne que tempo desde o último boot. Surpreendentemente, uptime é
indivíduos maliciosos façam o que não se deve, e indivíduos um dos poucos comandos que não possuem opções.
desavisados façam bobagens. who

3
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O comando who exibe os usuários atuais do sistema, e Instalar o Linux para um usuário comum é agora (quase)
quando eles logaram. Se for dado o parâmetro ‘am i’, mostra tão fácil como qualquer outro sistema operacional. A maio-
o usuário atual. ria das distros já oferecem conjuntos de softwares totalmente
w [username] funcionais, como processadores de textos, e-mail, navegador
Este comando mostra os usuários atuais e o que eles da internet, transferência de arquivos, suporte à impressão,
estão fazendo. O ‘cabeçalho’ do comando w é exatamente o apresentações, e quase todos os tipos de programas ofereci-
mesmo do comando uptime, e cada linha mostra um usuário, dos por sistemas concorrentes. Linux e usuário comum: cada
quando ele logou, e o que está fazendo. vez mais próximos.
Lembrando que não estou explicando todas as opções de
cada comando. A listagem completa, com as outras opções, Processador de texto e planilhas
consulte as páginas de manual de cada comando (comando Um PC com um sistema da Microsoft pode usar o Micro-
‘man’). soft Word como processador de texto, enquanto um sistema
O que há no arquivo? Linux pode usar o LibreOffice - ou uma grande quantidade de
Vejamos mais dois comandos importantes. outros programas equivalentes. Usando Linux em vez de Win-
cat [-nA] [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] dows, alguns problemas podem surgir quando usar o pro-
O comando ‘cat’ não é um comando muito amigável. cessador de texto e precisar transferir de uma máquina para
Ele não espera por você para ler o arquivo, e é normalmente outra com Windows, tendo em vista a incompatibilidade de
usado em conjunto com pipes (‘ | ‘). No entanto, cat tem tais softwares. Mas os incansáveis trabalhadores open source
algumas opções úteis. Por exemplo, ‘n’ contará todas as linhas têm vencido essa barreira, gerando programas cada vez mais
de um arquivo, ‘A’ mostrará os caracteres de controle como compatíveis, à revelia dos sistemas concorrentes.
caracteres normais - e isso meio que afastará coisas estranhas Em algumas empresas, as planilhas têm papel central
de sua tela. Claro, use ‘man cat’ para saber muito mais. no ambiente de trabalho. Com o Linux, os usuários podem
more [-l] [+numero_da_linha] [arquivo1 arquivo2
criar planilhas profissionais de alta qualidade, com programas
...arquivoN]
como LibreOffice Calc, Kspread, ou tantos outros disponíveis.
O comando more é muito útil, e é o comando que usamos
Com tais programas, o Linux é capaz de prover a compatibi-
quando queremos ver arquivos de texto em em ASCII. A única
lidade necessária com outros programas usados em outros
opção interessante é ‘ l ‘.
sistemas. Mais uma vez, o Linux tem vantagens no uso em-
Usando ‘+5’, por exemplo, ele começará da linha 5.
presarial.
Usando ‘+num’, ele começará da linha ‘num’.
Como more é um comando interativo, veja as situações
mais frequentes: Web e e-mail
Ctrl + L : move para a próxima tela (de texto) Usuários Linux podem navegar na net tão facilmente
Barra de espaço: sai do ambiente de comando ‘more’ como ‘navegam’ por seus arquivos pessoais em suas próprias
/ : pesquisa pela próxima ocorrência de uma expressão. máquinas. Mas alguns problemas podem surgir, tendo em
O próximo comando é ‘head’ vista que alguns sites são projetados tirando proveito de ca-
head [-linhas] [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] racterísticas específicas de determinado navegador.
‘head’ mostra a primeira linha dos arquivos listados. Qual- Se um determinado browser não compreende uma de-
quer opção numérica mostrará essa quantidade de linhas. Por terminada informação, ele provavelmente não exibirá a pá-
exemplo: gina de maneira correta, pelo menos em parte. Mas com a
head -10 arquivo popularidade do Linux em crescimento, é esperado que os
mostrará as 10 primeiras linhas de ‘arquivo’ desenvolvedores para a web projetem os sites cada vez mais
Da mesma forma que head, ‘tail’ mostra uma parte do ‘universais’, afastando-se de especificações para determinado
arquivo - a parte final. Use similarmente a ‘head’: navegador.
tail [-linhas] [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] Muitos programas gerenciadores de e-mail estão dis-
O comando ‘file’ tenta identificar o formato de um arqui- poníveis, como o Kmail. Embora eles funcionem bem para a
vo. Já que nem todos os arquivos possuem extensões, ‘file’ faz maioria dos usuários, talvez ocorram os mesmos problemas
uma checagem rudimentar para saber qual é o formato. relacionados com os navegadores web. No entanto, os pro-
file [arquivo1 arquivo2 ...arquivoN] gramas disponíveis em Linux já são robustos o suficiente para
lidarem com a grande maioria das operações, tornando rela-
Linux - e agora? tivamente suave as atividades na área.
A grande vantagem do Linux frente a outros sistemas está
no fato de poder usá-lo desde os desktops até o servidor em Nos servidores
todo o ambiente de trabalho. E como isso é possível? Linux DNS e servidores
suporta quase todos os serviços que um usuário necessita. O Linux é tipicamente usado como servidor no ambiente
Por exemplo, um administrador pode instalar Linux em um empresarial, em vista de sua grande estabilidade e inteireza
PC e usar para processar textos, navegar na internet, trocar como sistema operacional. Como o Linux é um sistema ‘deri-
arquivos e jogar games off e on-line. Isto é possível por meio vado’ do UNIX, pode realizar quase todas as atividades de um
de pacotes incluídos na distribuição ou em pacotes baixados servidor UNIX. E como o MS Windows provê muitos serviços
da net. Isto além do fato de estar disponível em diversas ar- similares, pode-se usar o Linux para realizar tais tarefas em vez
quiteturas. de sistemas Microsoft.

4
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Além disso, como o Linux é bastante estável, é bastante Trabalhar com NFS normalmente exige que cada sistema
útil para clusters de companhias maiores e de serviços críticos. seja configurado para acessar cada recurso com um arquivo de
É especialmente usado para aplicações da net serviços tais configuração. A inclusão de NIS no Linux permite que o servidor
como DNS, firewall, e-mail, proxy, FTP, servidor de impressão, mantenha os arquivos de configuração para a rede inteira. Isto
dentre muitos outros. torna a administração dos recursos da rede mais fácil, porque
Quando você instala um servidor Linux, o DNS (Domain apenas os arquivos NIS devem ser atualizados, e não todo
Name System) é uma das muitas opções disponíveis. DNS o cliente. É natural esperar que o Linux ofereça serviços para
‘resolve’ nomes de sistemas para endereços IP. Isso é um outros clientes Linux ou UNIX, mas e o que dizer de clientes
serviço importante, porque permite que usuários conectem Windows?
máquinas usando nomes em vez de um estranho código IP, A Microsoft criou o protocolo Server Message Block (SMB)
que pode facilmente ser esquecido. , que oferece a condição de trocar arquivos e recursos. SMB foi
Este serviço consiste em dados DNS, servidores DNS, e criado para ser usado em uma pequena rede local (LAN), não
protocolos de internet para retornar dados dos servidores. oferecendo sustentação para grandes redes. Em vista disso, a
Arquivos fontes são disponibilizados para cada host pelo Microsoft criou o Common Internet File System (CIFS), baseado
diretório DNS, usando arquivos-texto especiais, organizados em SMB e também em Network Basic Input Output System
em zonas. Zonas são mantidas em servidores autorizados que (NetBIOS).
distribuem por toda a net, que respondem às solicitações de Para que o Linux trabalhe junto a clientes Microsoft, é preciso
acordo com protocolos de rede DNS. ou que um software ‘tradutor’ esteja rodando em cada cliente
A maioria dos servidores possui autoridade para algumas ou que o software Linux para rede compreenda os protocolos
zonas, e a maioria dos servidores apenas para algumas Microsoft. Surge então o Samba, um programa criado por
poucas zonas. Mas grandes servidores têm autoridade para Andrew Tridgell, que permite a clientes Linux se comunicar com
dezenas de milhares de zonas. Por quebrar o DNS em zonas recursos Microsoft usando o protocolo SMB. Samba é open
menores e então em domínios, o ‘peso’ sobre as máquinas source, e pode ser encontrado em www.samba.org.
é diminuído. Isto também facilita a organização da internet, Firewall
pois não há necessidade de concentrar toda informação em
Um firewall protege os recursos de uma rede privada
um único servidor.
de um acesso não-autorizado de uma rede externa. Um
Tendo em vista a configuração hierárquica, uma
firewall típico é geralmente criado em um roteador, ou um
organização pode estabelecer um servidor DNS para controlar
computador colocado especialmente para isso, que age
o acesso à rede organizacional, o que pode ser feito com um
como uma porta de entrada-saída para separar a rede externa
servidor Linux.
da rede interna.
Linux web server Isto cria um caminho seguro, onde apenas requisições
Enquanto DNS resolve um nome para um endereço IP, autorizadas são permitidas para a entrada na rede interna.
permitindo que usuários se conectem à net, um servidor web Uma máquina barata usando Linux com uma conexão com
provê a página web. O software mais popular que usuários uma rede externa e outra com a rede interna pode ser usada
Linux para oferecer as páginas web é o Apache Web server. como um firewall.
Apache existe para prover um software de nível comercial O Linux oferece muitos recursos para criar firewall, com
capaz de prover HTTP, um padrão para criação de documentos ipchains, Netfilter. Firewalls são muito importantes, e devem
serem visto na net. ser constantemente atualizados e testados. Claro, a qualidade
do serviço de um firewall é tão boa quanto a habilidade de
Linux servidor de e-mail quem o administra.
E-mail é um dos serviços mais importantes para o usuário
final. Existem vários softwares para auxiliar nesta tarefa, como Linux vs. Outros
o Sendmail. O Linux também suporta produtos comerciais. Como já sabemos, o Linux é um sistema multiusuário real
e possui capacidade de multiprocessamento. Portanto, sai-se
Servidor de arquivos bem quando comparado com outros sistemas. A prova maior
O Linux é uma plataforma excelente para prover acesso é seu uso crescente ao redor do mundo, como visto nos casos
a sistemas de arquivos, podendo ser locais ou remotos. abaixo.
Servidores de arquivos são uma necessidade nos nossos dias Uso na Web: O Google é um ótimo exemplo da
para ambientes empresariais, tendo em vista a facilidade dos habilidade do Linux de competir com outros sistemas. O
usuários comuns acessarem com segurança seus dados em Google é um sistema de busca que ‘domina’ a net, e roda sob
um ambiente centralizado. Este servidor de arquivos podem um cluster Linux. Cerca de 60 por cento dos servidores Web
ser solicitados por outro Linux, UNIX, Microsoft, Apples, etc. rodam Apache, que é completamente suportado por Linux,
A possibilidade de usar o Linux como um servidor de oferecendo toda a eficiência e confiabilidade de um servidor
arquivos em rede é comparável ao UNIX. UNIX usa o Network UNIX. Suas habilidades são tantas, que é usado tanto como
File System (NFS) para montar um sistema de arquivos remoto servidor como desktop.
e tratá-los como se tais arquivos ou diretórios fossem locais. O Instalação: A instalação de um sistema Linux é comparável
Linux usa um pacote de softwares NFS, que inclui comandos a outros sistemas Mac, Windows, etc. Todos esses sistemas
e daemons (programas auxiliares) para NFS, Network oferecem uma interface amigável, que permite a instalação
Information Service (NIS), e vários outros serviços. do sistema operacional com muito pouca intervenção do

5
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

usuário. O fato da Microsoft incluir um número relativamente Preparação para Instalação


grande de drivers para suporte inicial já na instalação torna o Preparação
Windows mais atrativo para usuários não-especialistas, dando Temos algumas coisas a fazer antes de começar a
uma certa vantagem nesta área. Porém a distância não é lá instalação. Uma das mais importantes é saber que tipo de
tão grande, e aqueles já iniciados podem inclusive realizar instalação você deseja usar. O usuário deseja ter apenas uma
pela linha de comando, recebendo uma variedade de opções máquina básica, tipo estação de trabalho? Ou um servidor
deveras interessante. uma escolha melhor? Isto é importantíssimo, pois os serviços
Estabilidade: Após a configuração, a estabilidade do podem ser radicalmente diferentes. Por exemplo, o usuário
sistema operacional é uma questão claramente relevante. talvez pense em usar um desktop simples, mas deseja
Como o Linux é ‘tipo-UNIX’, recebe muitos benefícios compartilhar documentos em uma intranet ou internet. Nesse
advindos de tal sistema. O UNIX sempre foi considerado caso, uma servidor web talvez seja uma boa opção. Ou seja,
um dos mais estáveis sistemas operacionais, e o Linux é é necessário analisar cada caso, mesmo de maneira básica e
evidentemente do mesmo nível esperado. Os sistemas simples.
Microsoft são normalmente considerados menos estáveis;
mas vem avançando em busca de conquistar confiabilidade. É Verificação
evidente, porém, que UNIX e Linux são considerados a melhor Se você verificar os serviços que o usuário deseja para
escolha para serviços que exijam estabilidade. sua máquina antes da instalação, certamente existe a alta
Novas tecnologias: Como o Linux é suportado por uma possibilidade de reconfigurar o sistema mais tarde. A maioria
gigantesca comunidade de voluntários, novos drivers e das opções usadas na instalação podem ser verificadas
novas tecnologias têm sido rapidamente absorvidos, embora seguindo uma lista de verificação. A lista abaixo é apenas uma
nem sempre esta regra seja seguida. Por exemplo, em sugestão e foi adaptada do livro “Linux- Bible”.
alguns dispositivos ‘made for Windows’, problemas podem Serviços de Desktop -> *Solução escolhida
realmente surgir. No entanto, a comunidade sempre corre Processador de texto
por fora, buscando o melhor suporte possível. E enquanto Planilha
outros sistemas frequentemente abandonam o suporte para Banco de dados
hardware antigo, o Linux continua a prover aplicações úteis Tratamento de imagem
para tais. Cliente de e-mail
Custo: Finalmente, e talvez o caso mais importante, Navegador web
o custo de ‘todos’ os sistemas operacionais é um ponto Linguagens de programação
vital. O Linux é livremente distribuído, e pode ser instalado Ferramentas de desenvolvimento
em muitos desktops ou servidores da forma que o usuário Players de mídia
desejar. A Microsoft de forma perene tem usado uma licença Jogos
unitária para licenciar seus sistemas, cujos usuários são Emuladores
‘forçados’ rotineiramente a re-licenciar para adquirir novas Aplicações comerciais
versões. Claramente, o Linux é o forte vencedor neste ponto,
pois mesmo com distribuições suportadas por profissionais Serviços de servidor -> *Solução escolhida
remunerados, o custo é absurdamente menor quando Servidor web
comparado com outros sistemas. Servidor de arquivos
É claro que o custo da licença não é o único: há o suporte, Servidor de banco de dados
treinamento, etc. Mas, a longo prazo, todos os sistemas são Servidor de e-mail
mais ou menos ‹dispendiosos›, enquanto o Linux leva a uma Servidor de aplicações
economia interessante. Quando somado ao seu desempenho, Servidor DNS
Linux é o primeiríssimo lugar. Servidor DHCP
Servidor de notícias
Distribuições e pacotes Servidor FTP
Nem todo serviço ou aplicação estão disponíveis em Firewall
todas as distribuições. Se o programa não está disponível em Aplicações comerciais
uma, é normalmente oferecido na internet. Os pacotes de Esta tabela, adaptada do livro Linux-Bible, pode ser
softwares são necessários e úteis para todo usuário. Abaixo considerada como uma lista parcial de opções disponíveis.
segue uma lista com alguns sites que oferecem tais pacotes. Cada caso deve ser visto individualmente, afim de tornar
http://www.apache.org o processo de instalação o mais suave possível. Assim a
http://www.abiword.org lista ajudará você a determinar se o usuário precisa de
http://www.konqueror.org uma instalação como servidor ou apenas como estação de
http://www.linux.org trabalho.
http://www.linuxdoc.org No entanto, de maneira geral, os usuários nem sempre
http://koffice.kde.org sabem quais os serviços que eles mesmos precisam. Nestes
http://www.opera.com casos você deve questionar o uso da máquina por parte dos
http://www.sourceforge.net usuários, como por exemplo se eles desejam ofertar serviços e
quais são. Algumas perguntas podem ser as seguintes:

6
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Você irá compartilhar arquivos com outras pessoas por Partição Tipos Motivo para tal partição
meio de intranet ou internet? / ReiserFS, ext3, outro diretório raiz (root)
O que você acha mais importante: compartilhar arquivos /bin ReiserFS, ext3, outro executáveis
e recursos, evitar o acesso externo para a rede enquanto sua /boot ReiserFS, ext3, outro arquivos para o
máquina está ‘ligada’, ou controlar o acesso à(às) máquina(s)? boot do sistema
Você deseja usar programas do tipo utilitários (para o /etc ReiserFS, ext3, outro arquivos de configuração
usuário final) ou usará serviços como a Web e FTP? do sistema
Por meio dessas e de outras perguntas você poderá /home ReiserFS, ext3, outro arquivos dos
enquadrar a instalação do sistema em um dos seguintes usuários
quatro tipos: /sbin ReiserFS, ext3, outro executáveis para
Instalação de estação de trabalho: geralmente usado superusuário (root)
apenas pelo ‘dono’ da máquina. /usr ReiserFS, ext3, outro arquivos do sistema
Swap Área de troca espaço para memória
Instalação de servidor: fornece serviços para usuários em
swap
qualquer lugar da intranet ou internet.
A tabela acima é geral, com alguns tipos de partição que
Serviço direcionado: usado apenas para prover serviços
você pode usar. Obviamente existem outras, mas você deve
de rede especiais, como roteamento, proxy, firewall. seguir certas regras gerais para o particionamento:
Frequentemente possuem configuração mínima de hardware, A partição swap deveria ter o mesmo tamanho da
fortemente direcionado para o serviço alvo. memória instalada para máquinas com pouca memória.
Servidor ‘singular’: uma máquina especialmente Alguns preferem aumentar bastante a partição swap, mas
direcionada para fornecer um único serviço. Pode ser isso não é necessário, principalmente para máquinas mais
configurada facilmente e normalmente é voltada para oferecer atuais, com grande quantidade de memória.
o melhor serviço possível em uma determinada tarefa. A partição / (ou root) é a única partição absolutamente
Pacotes e hardware necessária para a inicialização do sistema.
Seleção de pacotes: As outras partições, como /home e /bin, são usadas para
Não importa qual o tipo de instalação você fará, ainda organizar os arquivos do sistema e criar pontos de montagem
precisa configurá-la com os programas necessários para padrão que são pré-configurados quando o sistema é
as tarefas desejadas. Obviamente um dos seus objetivos instalado. Lembre-se: quanto mais organizado o sistema,
ao realizar uma instalação é torná-la a mais fácil possível. mais fácil será para administrá-lo, fazer atualizações e reparar
É interessante, portanto, fazer outra lista com os pacotes eventuais danos. Por planejar bem o software, hardware e
necessários para a instalação. Abaixo, mais um exemplo. as partições, a instalação do sistema ocorrerá sem grandes
Serviço ---> pacote surpresas e ocorrerá de forma bem organizada.
Servidor web: Apache
Servidor de arquivos: Samba, NFS Linux - por que tão fantástico?!
Servidor de banco de dados: MySQL, Oracle Seguindo a sequência de artigos introdutórios, já
Servidor de e-mail: Sendmail, Exim ‘instalamos’ o sistema em nosso computador, após uma
É claro que você deve aumentar, e bastante, a lista acima. preparação minuciosa, levando ao uso racional da máquina-
Ela fica apenas como exemplo do que você mesmo deve sistema. Com o uso do Linux você notará alguns aspectos
fazer. Uma lista como essa tem objetivo duplo: organiza seu interessantes, que tornam o Linux um sistema fantástico. Veja
trabalho e oferece alternativas ao seu cliente. alguns deles.
Pense: talvez algum cliente use outro sistema para
Sem reboot
oferecer serviços de rede, e não sabem, portanto, que o Linux
Vale lembrar que o Linux, sendo um UNIX-like (expressão
oferece o mesmo serviço, possivelmente com maior qualidade
que mais ou menos significa ‘baseado em UNIX’), é ‘idealmente’
e liberdade. Informá-los sobre isso pode ser uma ótima forma um sistema para trabalhar como servidor. Assim, espera-se que
de convencê-los a mudar de seu sistema fraquinho :> para permaneça funcionando 24 horas por dia, 7 dias por semana,
um Linux. 365 dias por ano!! Após a instalação, você poderá instalar ou
desinstalar programas sem ter que reiniciar o computador.
Verificação do hardware
Mais um item na preparação para a instalação: verificar a Começar/interromper serviços
compatibilidade do hardware disponível. Você pode iniciar ou interromper serviços, como e-mail,
sem reiniciar o sistema ou até mesmo interromper a atividade
Particionamento de outros usuários e serviços da máquina. A péssima obrigação
Planejando o particionamento: de reiniciar vindo ‘daquele’ sistema... você estará livre aqui. É,
Um último item em nosso planejamento: planejar o meu amigo: viva o linux!!
particionamento da nossa instalação. Novamente, uma lista
pode ser de ajuda. Nas distros atuais é comum a opção de Portabilidade de software
auto-particionamento ou você pode optar também por ter Você pode mudar para outra distribuição Linux, como
apenas duas partições: uma root e uma swap. Mas você Debian, SuSE, Fedora, etc, e continuar usando o mesmo
certamente será muito beneficiado por fazer mais que o software! Uma boa parte dos projetos de software open
mínimo. Veja um exemplo: source são criados para rodar em qualquer sistema UNIX-like,

7
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

e muitos também funcionam no Windows. E mesmo que não Linux é só para os ‘iniciados’?
esteja disponível, é possível que você mesmo consiga portar Se você desejar explorar o máximo que o Linux oferece,
o programa para rodar onde você quer, ou descobrir alguém realmente é preciso estudar, ler e ir mais a fundo. No entanto,
que faça isso (afinal, o espírito cooperador na comunidade se você deseja apenas usá-lo como já vinha usando o
é intenso). Lembrando que ‘portar’ significa modificar Windows, como uma máquina para realizar seus trabalhos
uma aplicação, ou driver, para funcionar em um sistema ou de escritório, assistir vídeos e ouvir músicas, não há a mínima
arquitetura diferente. necessidade de ser um expert. O fantástico aqui é justamente
isso: você pode usar o Linux para suas atividades do dia-a-dia,
Download disponível sem a preocupação de aprofundamento; mas se você desejar,
Se o programa que você deseja não estiver disponível a oportunidade está aqui.
na distribuição que está usando, não há problema: use Quão diferentes são as distribuições entre si?
ferramentas como apt, yum, e outros para realizar o download. Embora as distros acrescentem imagens diferentes,
escolham softwares específicos para incluir, e usem diferentes
Sem ‘esconde-esconde’ meios para instalação, não há grandes dificuldades para um
Acabou a ‘brincadeira’ de esconde-esconde: a partir do usuário migrar de uma distro para outra.
momento que você começa a aprender a usar o Linux, verá Muitas distros incluem os mesmos projetos open source
que nada está proibido. Tudo que quiser personalizar para (os mesmos programas abertos). Assim, por exemplo, os
as suas necessidades está aberto. Até o código fonte está comandos básicos, os arquivos de configuração, e outros,
disponível. Não é incrível?! para um servidor Apache, Samba, etc, serão os mesmos se
você usar Fedora, Debian, e uma boa parte das distros. E
Desktop maduro embora alterem as cores ou alguns elementos do desktop, a
As interfaces gráficas KDE e GNOME rivalizam fortemente maioria usa o GNOME ou KDE da mesma forma.
com os sistemas Windows. Além de serem altamente Rodando comandos
personalizáveis. Você certamente ficará impressionado com a Você não terá dificuldade com o uso básico do Linux.
beleza de tais interfaces. Usando o GNOME ou KDE, terá as mesmas facilidades que
Liberdade! encontra, por exemplo, no Windows. ‘Mexa’ nos programas,
É quase lugar comum. Você tem a liberdade de escolher olhe os menus e use as ferramentas disponíveis. Não nos
a distribuição Linux que mais lhe convier, instalar e remover alongaremos sobre tal ponto, pois se você está migrando
os programas que você quiser. Linux roda praticamente em para Linux, provavelmente será fácil.
tudo, desde celulares até supercomputadores. Muitos países Vamos falar sobre algo mais importante. Antes de
surgirem os ícones e as janelas nos monitores de nossos
já descobriram as vantagens de usufruir a liberdade oferecida
computadores, era preciso digitar comandos para fazer
pelo Linux. Isto ocorre inclusive em alguns estados do Brasil.
qualquer coisa. Em sistemas UNIX, de onde vem o Linux, os
Alguns aspectos podem tornar o Linux um pouco difícil
programas usados para interpretar e gerenciar os comandos
para novos usuários. Geralmente ele é configurado com
eram conhecidos como a ‘shell’.
alguns pontos de segurança que os iniciantes não estão
Não importa qual distro Linux você usa, sempre terá
habituados, e é necessário fazer algumas mudanças se você disponível a shell. A shell oferece uma forma de rodar
desejar fazer alterações que afetem aspectos mais relevantes programas, trabalhar com arquivos, compilar programas,
do sistema. Embora pareça incômodo no início, isto garante operar o sistema e gerenciar a máquina. Embora a shell seja
a segurança e a estabilidade do sistema. Você pode, inclusive, menos intuitiva que uma interface gráfica (GUI), a maioria dos
configurar logins para cada usuário de sua máquina, e cada usuários experientes em Linux considera a shell como mais
um pode adaptar seu ambiente de trabalho da forma que poderosa que GUI. Existem diferentes tipos de shell. A que
desejar, sem afetar os outros usuários. trabalharemos aqui é chamada bash shell, muito comum no
mundo Linux.
Importantes questões Há muitas formas de usar a shell. As três mais comuns são
Veja algumas questões que você deve lembrar durante o o prompt, a janela do terminal e o terminal virtual.
uso do Linux. Se o seu Linux não tiver interface gráfica ou se ela não
Posso esquecer os vírus? estiver funcionando no momento, você verá o prompt após
Você pode, e deve, sempre estar preocupado com a o login. Se você já usou o DOS, parece com isso. E teclar
questão da segurança enquanto estiver conectado à internet. comandos no prompt é a forma de interagir com a máquina.
Porém, muito provavelmente você está menos vulnerável de O prompt padrão para um usuário ‘normal’ é um símbolo
ter intrusos enquanto usa Linux do que quando usa Windows. de moeda:
Lembre como é comum os alertas sobre vulnerabilidades no $
MS Internet Explorer. O prompt padrão para um super-usuário (root, aquele
Você está por sua conta e risco se usar o Linux? com permissão para ‘tudo’ no sistema) é uma cerquilha (jogo
Se você usa Linux apenas recentemente e está interessado da velha):
em suporte, muitas empresas oferecem tal suporte para #
versões do Linux. Por exemplo, Red Hat Enterprise Linux, Na maioria dos sistemas Linux os símbolos $ e # são
Ubuntu Linux e várias outras distribuições menores. além do antecedidos pelo username do usuário, o nome da máquina
mais, a comunidade de usuários é gigantesca, e você sempre e o diretório onde você se encontra. Pode-se mudar o prompt
encontra ‘suporte’ entre seus membros. para mostrar o que você quiser.

8
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Há uma infinidade de coisas a fazer no prompt, mas Para sair da shell, simplesmente digite exit e tecle ENTER:
começaremos com apenas alguns comandos simples. $ exit
Usando uma janela de terminal Lembre também que a grande maioria dos comandos
A maioria das distros incluem um painel no botão que possuem opções, as quais alteram o comportamento do
inicia um terminal virtual, onde você pode usar a shell. Terminal comando (por exemplo, temos o caso visto acima do comando
virtual é uma forma de ter shells fora do ambiente gráfico. ‘ls’). Você encontrará muitos comandos no diretório ‘/bin’. Use
Você tem a ‘sensação’ que está usando uma outra máquina, o comando ls para ver uma lista de tais comandos:
sem ambiente gráfico. E a maioria das distros disponibiliza tais $ ls /bin
Depois disso, use o comando ‘man’ para ver o que cada
terminais virtuais.
comando realiza. O comando man mostra a página de manual
Pressione Ctrl+Alt+F1 e você estará no primeiro terminal
do comando desejado:
virtual. Pressione Ctrl+Alt+F2 e estará no segundo terminal $ man comando
virtual e assim por diante até Ctrl+Alt+F6. Para voltar para o No exemplo acima, você seria levado para a página
ambiente gráfico, pressione Ctrl+Alt+F7. manual do comando ‘comando’.
Quando você ‘entrar’ no sistema, estará no seu É claro que aqui falamos apenas de alguns comandos
diretório /home, ou seja, /home/usuário. Se pedir para abrir muito simples que você pode usar. Existem centenas de
algum arquivo ou salvá-lo, a shell usará o diretório atual comandos disponíveis, alguns mais úteis ou comuns, outros
como referência. Qualquer opção diferente disto, deve ser nem tão conhecidos. Aqui, apenas buscamos familiarizá-lo
explicitamente indicada. com o uso dos comandos.
Para ver em qual o diretório você está trabalhando Usando o shell no Linux
atualmente, tecle o comando pwd: Existem algumas coisas que podem ser ‘acrescentadas’
$ pwd aos comandos para alterar sua funcionalidade. Na shell, além
/etc dos comandos você pode utilizar:
Em nosso exemplo acima, o diretório atual é ‘/etc’. Para Opções
saber o seu diretório home, tecle o comando echo, seguido Muitos comandos possuem (geralmente várias) opções
da variável $HOME: disponíveis. Tais opções normalmente são indicadas por letras.
$ echo $HOME Podemos inclusive combinar diversas opções ao usar um
comando. Já vimos isso no artigo anterior desta série, quando
/home/bart
usamos o comando ls:
A saída indica que o diretório home é /home/bart. Se você
$ ls -sh
quiser mudar do diretório atual para outro, use o comando cd. O comando acima exibirá o conteúdo do diretório
Para mudar do diretório atual para um subdiretório ‘outro’ (ou atual juntamente com o tamanho em forma ‘humanamente
seja, um diretório dentro do diretório atual), digite compreensível’ (daí a opção ‘h’, que indica ‘human’).
$ cd /outro Quando a opção é indicada por uma palavra e não uma
Para mudar do diretório atual para o diretório home, letra, é comum ser precedida por dois ‘traços’ em vez de um.
basta digitar o comando cd sem nenhuma outra opção: Por exemplo, a opção “help” disponível em muitos comandos
$ cd deve ser usada assim:
Pronto! Não interessa o diretório atual, você será levado $ comando --help
ao seu diretório home. Argumentos
E para saber o que há no diretório atual? Use o comando Muitos comandos também aceitam argumentos. Um
“ls”. Ele lista os arquivos, e você ainda pode usar algumas argumento é uma informação extra, como o nome de um
opções úteis. A opção -l inclui um conjunto detalhado de arquivo a ser usado pelo comando, por exemplo, se você usar:
informações de cada arquivo, a opção -s inclui o tamanho do $ cat /home/fulano/agenda
arquivo - mas é melhor acrescentar a opção h para tornar o verá na tela o conteúdo arquivo ‘agenda’, que está no
tamanho compreensível: diretório /home/fulano. Neste exemplo, ‘/home/fulano/
$ ls -sh agenda’ é o argumento.
Variáveis locais
No exemplo acima os arquivos serão listados e será dado
A shell pode guardar informações a fim de serem usadas
o tamanho de cada arquivo no formato normal: Kbytes e
pelo usuário naquela sessão. Chamamos a tais de ‘variáveis
Mbytes. de ambiente’. Mais a frente falaremos com mais profundidade
Algo importante a lembrar sobre Linux é que além sobre este tema.
de ser um sistema multiusuário ele também é multitarefa. Metacarateres
Quando falamos ‘multitarefa’ significa que vários programas Estes são caracteres com significado especial para a shell.
podem estar rodando ao mesmo tempo. Cada exemplar de Eles podem ser usados para direcionar a saída de um comando
um programa que está rodando é chamado de ‘processo’. para um arquivo (>), enviar a saída de um comando para outro
Você pode listar os processos que estão rodando, assim comando (|), e rodar um comando no background (&), entre
monitorando o sistema e parando processos, se necessário. outros.
Para saber quais processos estão rodando, os recursos Outra característica interessante da shell é a capacidade
utilizados e qual o usuário ‘dono’ do processo, use o comando de guardar um ‘histórico’ dos últimos comandos listados.
ps: Isto facilita o nosso trabalho, pois comandos que usamos
$ ps -ax freqüentemente não precisam ser digitados.

9
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Rodando comandos ‘/’. Então é só deletar a expressão ‘musicas’. Tecle ENTER, e


Quando você usa a shell pela primeira vez, talvez fique verá uma nova saída, porém agora mostrando o conteúdo do
um pouco intimidado se havia o hábito 100% com o ambiente diretório ‘/home/usuário’.
gráfico do Windows. Afinal, tudo que vemos é o prompt. Edição e conexão de comandos
Como saber quais os comandos disponíveis e úteis? E como Para acelerar o uso, a shell possui uma característica muito
usá-los? Na verdade, a situação é melhor do que parece. útil: ela completa expressões parcialmente digitadas. Para usar
Há muita ajuda disponível e abaixo seguem alguns ‘locais’ tal recurso, digite as primeiras letras e então pressione Tab.
onde procurar adicionais ao que veremos aqui. Alguns termos que a shell completa para você são:
Veja o PATH: Variáveis de ambiente: Se um texto que você digitou
Digite ‘echo $PATH’. Você verá uma lista dos diretórios começa com o símbolo $, a shell completa o texto com a
contendo comandos que estão acessíveis a você. Listando variável de ambiente da shell atual.
os comandos nesses diretórios (usando o comando ls, por Username: Se o texto digitado começa com um ~, a shell
exemplo), veremos os comandos mais comuns no Linux. completa com um username (nome de usuário).
Use o comando ‘help’: Comando ou função: Se o texto começa com com
Alguns comandos estão ‘dentro’ da Shell, assim você não caracteres regulares, a shell tenta completar o texto com um
o verá nos diretórios quando fizer como acima. O comando nome de comando, alias ou função (falaremos sobre alias
“help” lista esses comando e mostra opções disponíveis para mais à frente).
cada um deles. Digite ‘help | less’ para ver com mais calma. Host name: Se o texto que você digitou inicia com @, a
Use --help: shell completa o texto com um host name vindo do arquivo
Muitos comandos incluem a opção ‘--help’ para /etc/host.
disponibilizar informação sobre o uso do comando. Por É claro que haverá ocasiões que várias opções estão
exemplo, digite ‘cp --help | less’, e verá informações sobre o disponíveis para completar o texto parcial. Se você quiser
comando ‘cp’. ver as opções antes de tentar expandí-lo, use a combinação
Use o comando ‘man’: ESC+? (ou seja, a tecla ESC e a tecla ? ao mesmo tempo). Tente
Para aprender sobre um comando específico, digite: o seguinte e veja o resultado:
$ man comando $ echo $P (tecle ESC+? agora)
No acima, substitua ‘comando’ pelo comando que deseja
obter informações. Usando o histórico da shell
Use o comando ‘info’: Já vimos o recurso de histórico da shell. Vamos aprender
O comando ‘info’ é outra forma para obter informação um pouco mais sobre ele agora.
sobre comandos da shell. Este comando mode ‘mover-se’ Depois de digitar uma linha com comandos, toda essa
linha é salva no histórico de sua shell. A lista é guardada em
entre uma hierarquia de nós para encontrar informação sobre
um arquivo de histórico, de onde qualquer comando pode
comandos e outros itens. Só um lembrete: nem todos os
ser chamado novamente para o uso. Depois que é chamado
comandos possuem informação sob o comando ‘info’.
novamente, a linha pode ser modificada à vontade.
Se você logar como usuário root, outros comandos
Para ver a lista de histórico, use o comando ‘history’. Digite
estarão disponíveis. Portanto, se usar ‘echo $PATH’, mais
este comando sem opções, ou pode também ser seguido por
alguns outros diretórios surgirão como resultado.
um número - isto determina quantas linhas mais recentes
Para saber ‘onde’ se encontra um comando, faça: serão listadas.
$ type comando Existem várias formas de trabalhar com tal histórico. Uma
O comando ‘type’ mostrará a localização do comando delas é usar o comando ‘fc’. Digite fc seguido pela linha do
‘comando’. histórico visto quando se efetua a ação descrita acima - 164
Veja um exemplo simples, mas interessante, do uso por exemplo. Então, a linha de comando é aberta em um
daquilo que já aprendemos até agora. editor de texto. Faça as mudanças que achar necessário, e
Digite na shell conforme abaixo (e tecle ENTER no fim): quando fechar o editor de texto, o comando rodará.
$ ls /home/usuário/musicas | sort -f | less Você também pode usar um intervalo de linhas com o
A linha de comando acima lista o conteúdo do diretório / comando ‘fc’. Por exemplo, ‘fc 251 260’. Fazendo isso, todas
home/usuário/musicas (ls), ordena em ordem alfabética (sort as linhas aparecerão no editor, e após as alterações, feche o
-f), e envia tal saída para o comando ‘less’. O comando ‘less’ editor e veja todas as linhas serão executadas uma a uma.
mostra a primeira página da saída, e depois você pode ver o
restante linha por linha (pressionando ENTER) ou uma página Conectando comandos
por vez (pressionando a BARRA DE ESPAÇO). Uma característica poderosa da shell é a capacidade de
Mas e se você agora quiser ver o conteúdo do diretório / redirecionar a saída e entrada de dados de um comando para
home/usuário? Não é preciso digitar tudo novamente. A shell outros comandos ou arquivos. Para permitir que comandos
possui o recurso de histórico dos comandos usados. O que sejam ‘enviados’ para outros comandos, a shell usa os meta-
você precisa fazer é: caracteres.
Usar as teclas de direção (para cima ou para baixo) para Falamos sobre eles no artigo anterior desta série. Qual-
ver as linhas digitadas e que estão na lista de histórico da shell. quer coisa, dê uma olhada no Guia Introdutório V. Como dito
Quando chegar na linha desejada, use novamente as teclas de anteriormente, um metacaracter é um caracter digitado nor-
direção (direita e esquerda) até alcançar a posição da terceira malmente, mas que possui significado especial para a shell.

10
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Conectando comandos ou então:


O metacaracter pipe (|) conecta a saída de um comando $(expressão)
para a entrada de outro. Isto permite que você tenha um co- Como exemplo, veja:
mando trabalhando com dados e então tenha outro coman- $ echo “O Brasil foi descoberto há $[2007-1500] anos.”
do trabalhando com os resultados desta atividade. Veja um O Brasil foi descoberto há 507 anos.
exemplo de uma linha de comando usando pipe: Note que a shell inicialmente calcula a expressão e após
$ cat /home/usuário/livros | sort | less passa o resultado para o comando ‘echo’.
Este comando lista o conteúdo do arquivo ‘/home/usuá- Veja outro exemplo:
rio/livros’ e conecta/envia sua saída para o comando ‘sort’. O $ echo “Nessa escola há (ls | wc -w) alunos”
comando sort toma a lista de livros deste arquivo e analisa Nesse exemplo, o conteúdo do diretório é listado, conta-
cada linha, passando a organizar alfabeticamente pelo início se quantos termos surgem e o resultado é enviado para o
de cada linha. Então tal saída é conectada/enviada para o co- comando ‘echo’.
mando ‘less’ (como já vimos em artigos anteriores, permite
Expandindo variáveis de ambiente
lermos o resultado uma página por vez).
Variáveis de ambiente que guardam informação na shell
podem ser expandidas usando o metacaracter ‘$’. Quando
Comandos em sequência
expandimos uma variável de ambiente em uma linha de
Algumas vezes você vai desejar que uma seqüência de comando, é usado o conteúdo da variável e não o nome da
comandos sejam executados, um por vez, numa determinada variável em si. Por exemplo:
ordem. Pode-se fazer isso por digitar os diversos comandos $ ls -l $PATH
na mesma linha e separando-os por ponto e vírgula (;). Veja Por usar $PATH como argumento, a saída do comando
um exemplo: usa o conteúdo da variável PATH.
$ date ; ls -sh | less Alterando seu shell
No exemplo acima, primeiro é impresso na tela a data Podemos alterar a shell de modo que trabalhe para
(date), depois é listado o conteúdo do diretório atual, junta- nós mais eficientemente. O prompt, por exemplo, pode dar
mente com o tamanho de cada item (-sh), e a saída de tal informações importantes cada vez que teclamos ENTER.
listagem é enviada para o comando ‘less’, para ser vista uma Para as alterações funcionarem todas as vezes que iniciamos
página por vez. a shell, vamos adicionar as informações para os arquivos de
configuração da shell.
Comandos no background Muitos arquivos se referem ao comportamento da shell.
Alguns comandos podem demorar para realizar a tarefa Alguns destes são executados por todos os usuários e por
que você pediu. Nestes casos você possivelmente não vai que- todas as shells, enquanto outros são criados especificamente
rer ficar sentado em frente ao computador, esperando. Então para determinado usuário.
podemos ter nossos comandos rodando no ‘background’, ro- Veja a seguir alguns itens para adicionar aos seus arquivos
dando ‘por trás’, sem vermos seus efeitos diretamente na tela. de configuração. Em vários casos iremos adicionar certos
Fazemos isso por usar o símbolo ‘&’. valores ao arquivo ‘.bashrc’ em nosso diretório home. No
Comandos para formatar texto são exemplos comuns entanto, se você é o administrador do sistema, pode querer
dos casos onde você vai querer rodar em background. Tam- alterar certos comportamentos para todos os usuários Linux.
bém é possível criar scripts, algo como mini-programas para
rodar em background e checar continuamente certos eventos, Alterando o prompt
como se o HD está lotado, ou se um usuário em particular O prompt é um conjunto de caracteres que aparece todas
as vezes que a shell está disponível para aceitar uma linha
está logado.
de comando. A variável de ambiente PS1 determina o que
Eis um exemplo de execução de uma linha de comando
contém o prompt. Se a sua shell requerer entradas adicionais,
em background:
usará os valores PS2, PS3 e PS4.
$ latex principal.tex & Podemos usar vários caracteres especiais para incluir
Explicando a linha acima: latex é uma linguagem po- diferentes informações no prompt. Veja alguns exemplos (se
derosa para editoração; ‘principal.tex’ é o arquivo usado no você estiver usando a shell bash, veja ‘man bash’).
exemplo para gerar um longo livro de centenas e centenas de \! Mostra o número do comando no histórico da shell
páginas, tomando certo tempo, dependendo da configura- \$ Mostra o prompt de usuário ($) ou o prompt de root(#),
ção da máquina. No fim da sentença, ‘&’ é usado para indicar dependendo do usuário atual
que a linha de comando deve ser executada em background. \w Mostra o caminho completo do diretório de trabalho
Pronto! Após clicar ENTER, o prompt já estará disponível para atual.
você novamente, enquanto a linha de comando está sendo \W Mostra APENAS o diretório de trabalho atual. Por
executado no background. exemplo, se você estiver no diretório /home/pedro/musicas,
Usando expressões aritméticas mostrará apenas ‘musicas’
Pode acontecer de você desejar passar resultados de \d Mostra o dia da semana, o mês e o dia do mês. Por
expressões numéricas para um comando. Há duas formas exemplo: Mon Fev 8.
para isso: \t Mostra a hora no formato ‘hora:minuto:segundo’.
$ [expressão] \u Mostra o username do usuário atual.

11
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para tornar as mudanças permanentes devemos adicionar O Ubuntu é desenvolvido visando segurança. Você
o valor da variável PS1 ao arquivo ‘.bashrc’ no nosso diretório tem atualizações de segurança gratuitas por pelo menos 18
home. Note que haverá um valor já estabelecido para a variável meses para desktops e servidores. Com a versão de Longo
PS1, e você deve alterá-lo. Muitas outras alterações podem Tempo de Suporte (LTS) você tem três anos de suporte
ser feitas. Para aprender mais sobre isso, veja o HOWTO em: para desktops, e cinco anos para servidores. Não é cobrado
http://www.tldp.org/HOWTO/Bash-Prompt-HOWTO nenhum valor pela versão LTS, bem como qualquer outra, nós
(mudar cores, comandos e muitos outros itens).pt disponibilizamos livremente o melhor que podemos oferecer
para todos sob os mesmos termos. Atualizações para novas
Criar variáveis versões do Ubuntu são e sempre serão gratuitas.
Podemos criar variáveis de ambiente para diminuir nosso Tudo o que você precisa em apenas um CD, que lhe
trabalho. Escolha qualquer nome que não seja usado ainda proporciona um ambiente completo e funcional. Programas
como variável. Por exemplo, se você usa muito os arquivos no adicionais são disponibilizados através da Internet.
diretório /graduacao/exatas/arquivos/info/bio, poderia fazer: O instalador gráfico lhe permite ter um sistema funcional
$ B=/graduacao/exatas/arquivos/info/bio ; export B de forma rápida e fácil. Uma instalação padrão deve levar
Agora, para ir para o o diretório mencionado, basta menos de 30 minutos.
digitar ‘cd $B’. Para rodar um programa chamado ‘resumo’ Uma vez instalado, seu sistema está imediatamente pronto
neste diretório, basta digitar $B/resumo. para o uso. Na versão desktop você tem um conjunto completo
de aplicativos para produtividade, internet, imagens, jogos,
O que é o Ubuntu? entre outras ferramentas.
Ubuntu é um sistema operacional baseado em Linux Na versão servidor você tem tudo o que precisa para ter
desenvolvido pela comunidade e é perfeito para notebooks, seu servidor funcional sem coisas desnecessárias.
desktops e servidores. Ele contém todos os aplicativos que O que a palavra Ubuntu significa?
você precisa - um navegador web, programas de apresentação, Ubuntu é uma antiga palavra africana que significa algo
edição de texto, planilha eletrônica, comunicador instantâneo como “Humanidade para os outros” ou ainda “Sou o que sou
e muito mais. pelo que nós somos”. A distribuição Ubuntu traz o espírito
desta palavra para o mundo do software livre.

Ubuntu é um sistema operacional desenvolvido


pela comunidade, e é perfeito para laptops, desktops e
servidores. Seja para uso em casa, escola ou no trabalho, o
Ubuntu contém todas as ferramentas que você necessita, Nautilus
desde processador de texto e leitor de emails a servidores Gerenciador de arquivos padrão do ambiente gráfico
web e ferramentas de programação. GNOME, Nautilus é um software simples e de código aberto
O Ubuntu é e sempre será gratuito. Você não paga que permite acesso a diretórios e arquivos, sendo eles locais
por nenhum encargo de licença. Você pode baixar, usar e ou remotos.
compartilhar com seus amigos e familiares, na escola ou no
trabalho, sem pagar nada por isto. Jeito GNOME
Nós lançamos uma nova versão para desktops e Seguindo a linha dos softwares desenvolvidos pelo projeto
servidores a cada seis meses. O que significa que você sempre GNOME, este gerenciador possui uma interface limpa, com
terá as últimas versões dos maiores e melhores aplicativos de barras de ferramentas, de localização de arquivos, de status e
código aberto que o mundo tem a oferecer. uma barra lateral, para acesso às principais pastas do sistema.

12
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A exibição de arquivos pode ser feita por meio de listas · Novo menu Iniciar;
ou ícones. Nas opções do programa permite-se escolher · Nova barra de ferramentas totalmente reformulada;
quais informações serão exibidas na listagem de arquivos, · Comando de voz (inglês);
com organização a partir de dados como nome, tamanho, · Gadgets sobre o desktop;
tipo, data de modificação, etc. · Novos papéis de parede, ícones, temas etc.;
Nautilus ainda possui visualização de prévia de arquivos · Conceito de Bibliotecas (Libraries), como no Windows
como textos, imagens ou vídeos, opção de exibição de Media Player, integrado ao Windows Explorer;
arquivos ocultos, controle de zoom, alteração de cor e imagem · Arquitetura modular, como no Windows Server 2008;
de fundo da janela, entre outras coisas. · Faixas (ribbons) nos programas incluídos com o Windows
Recursos e funcionalidades (Paint e WordPad, por exemplo), como no Office 2007;
Com o Nautilus é possível gravar CDs e DVDs de dados · Aceleradores no Internet Explorer 8;
muito rapidamente. Ao escolher a ferramenta “Criador de · Aperfeiçoamento no uso da placa de vídeo e memória
CD/DVD”, uma pasta temporária é criada onde devem ser RAM;
colocados os arquivos a serem gravados. Quando todos os · Home Groups;
arquivos forem colocados na pasta, é só clicar em “Gravar no · Melhor desempenho;
disco”, escolher a mídia, o nome e a velocidade e mandar ver. · Windows Media Player 12;
· Nova versão do Windows Media Center;
· Gerenciador de Credenciais;
· Instalação do sistema em VHDs;
· Nova Calculadora, com interface aprimorada e com mais
funções;
· Reedição de antigos jogos, como Espadas Internet,
Gamão Internet e Internet Damas;
· Windows XP Mode;
· Aero Shake;

Apesar do Windows 7 conter muitos novos recursos o


número de capacidades e certos programas que faziam parte
do Windows Vista não estão mais presentes ou mudaram,
resultando na remoção de certas funcionalidades. Mesmo
assim, devido ao fato de ainda ser um sistema operacional
Ao tratar arquivos e pastas, o gerenciador possui em desenvolvimento, nem todos os recursos podem ser
funcionalidades básicas, presentes em qualquer software definitivamente considerados excluídos.
da linha, como recortar, copiar, colar, criar atalhos e exibir Fixar navegador de internet e cliente de e-mail padrão
propriedades de arquivos.  Nautilus também apresenta no menu Iniciar e na área de trabalho (programas podem ser
aplicação de emblemas, como arquivo favorito, perigoso, fixados manualmente).
novo, importante, compartilhado e muito mais.
Esta aplicação também suporta FTP, compartilhamento Windows Photo Gallery, Windows Movie Maker, Windows
SMB Windows, transferência de arquivos via protocolo shell, Mail e Windows
servidores WebDAV e servidores SFTP via GNOME. Calendar foram substituídos pelas suas respectivas
contrapartes do Windows Live, com a perda de algumas
WINDOWS 7 funcionalidades.
O Windows é um sistema operacional produzidos pela Mi- O Windows 7, assim como o Windows Vista, estará
crosoft para uso em computadores. O Windows 7 foi lançado disponível em cinco diferentes edições, porém apenas o Home
para empresas no dia 22 de julho de 2009, e começou a ser ven- Premium, Professional e Ultimate serão vendidos na maioria
dido livremente para usuários comuns dia 22 de outubro de 2009. dos países, restando outras duas edições que se concentram
Diferente do Windows Vista, que introduziu muitas em outros mercados, como mercados de empresas ou só
novidades, o Windows 7 é uma atualização mais modesta e para países em desenvolvimento. Cada edição inclui recursos
direcionada para a linha Windows, tem a intenção de torná-lo e limitações, sendo que só o Ultimate não tem limitações de
totalmente compatível com aplicações e hardwares com os uso. Segundo a Microsoft, os recursos para todas as edições
quais o Windows Vista já era compatível. do Windows 7 são armazenadas no computador.
Apresentações dadas pela companhia no começo de Um dos principais objetivos da Microsoft com este novo
2008 mostraram que o Windows 7 apresenta algumas Windows é proporcionar uma melhor interação e integração
variações como uma barra de tarefas diferente, um sistema do sistema com o usuário, tendo uma maior otimização dos
de “network” chamada de “HomeGroup”, e aumento na recursos do Windows 7, como maior autonomia e menor
performance. consumo de energia, voltado a profissionais ou usuários
· Interface gráfica aprimorada, com nova barra de tarefas de internet que precisam interagir com clientes e familiares
e suporte para telas touch screen e multi-táctil (multi-touch) com facilidade, sincronizando e compartilhando facilmente
· Internet Explorer 8; arquivos e diretórios.

13
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comparando as edições Com o Grupo Doméstico, a troca de arquivos fica


O Windows 7 tem três edições diferentes de um mesmo simplificada e segura. Você decide o que compartilhar e qual
sistema operacional, que se adéquam as necessidades diárias os privilégios que os outros terão ao acessar a informação, se
de cada usuário essas edições são o Home Premium, o é apenas de visualização, de edição e etc.
Professional e Ultimate.
Essas edições apresentam variações de uma para outra, Tela sensível ao toque
como o Home Premium, que é uma edição básica, mas de O Windows 7 está preparado para a tecnologia sensível ao
grande uso para usuários que não apresentam grandes toque com opção a multitoque, recurso difundido pelo iPhone.
necessidades. O recurso multitoque percebe o toque em diversos
Os seus recursos são a facilidade para suas atividades pontos da tela ao mesmo tempo, assim tornando possível
diárias com a nova navegação na área de trabalho, o usuário dimensionar uma imagem arrastando simultaneamente duas
pode abrir os programas mais rápida e facilmente e encontrar pontas da imagem na tela.
os documentos que mais usa em instantes. O Touch Pack para Windows 7 é um conjunto de
Tornar sua experiência na Web mais rápida, fácil e segura aplicativos e jogos para telas sensíveis ao toque. O Surface
do que nunca com o Internet Explorer 8, assistir a muitos dos Collage é um aplicativo para organizar e redimensionar fotos.
seus programas de TV favoritos de graça e onde quiser, com Nele é possível montar slide show de fotos e criar papeis de
a TV na Internet e criar facilmente uma rede doméstica e parede personalizados. Essas funções não são novidades, mas
conectar seus computadores a uma impressora com o Grupo por serem feitas para usar uma tela sensível a múltiplos toques
Doméstico. as tornam novidades.
Já o Professional apresenta todos esses recursos
adicionados de outros que o deixam mais completo como
o usuário pode executar vários programas de produtividade
do Windows XP no Modo Windows XP, conectar-se a redes
corporativas facilmente e com mais segurança com o Ingresso
no Domínio e além do Backup e Restauração de todo o
sistema encontrado em todas as edições, é possível fazer
backup em uma rede doméstica ou corporativa.
O Ultimate também apresenta todos esses recursos
acrescidos de outros que tornam sua funcionalidade completa
com todos os recursos disponíveis nessa versão do sistema
operacional como ajuda para proteger os dados do seu
computador e de dispositivos de armazenamento portáteis Microsoft Surface Collage, desenvolvido para usar tela sen-
contra perda ou roubo com o BitLocker e poder trabalhar no sível ao toque.
idioma de sua escolha ou alternar entre 35 idiomas.
Lista de Atalhos
Recursos Novidade desta nova versão, agora você pode abrir direta-
Segundo o site da própria Microsoft, os recursos mente um arquivo recente, sem nem ao menos abrir o programa
encontrados no Windows 7 são fruto das novas necessidades que você utilizou. Digamos que você estava editando um relató-
encontradas pelos usuários. Muitos vêm de seu antecessor, rio em seu editor de texto e precisou fechá-lo por algum motivo.
Windows Vista, mas existem novas funcionalidades exclusivas, Quando quiser voltar a trabalhar nele, basta clicar com o
feitas para facilitar a utilização e melhorar o desempenho do botão direito sob o ícone do editor e o arquivo estará entre
SO (Sistema Operacional) no computador. os recentes.
Vale notar que, se você tem conhecimentos em outras Ao invés de ter que abrir o editor e somente depois se
versões do Windows, não terá que jogar todo o conhecimento preocupar em procurar o arquivo, você pula uma etapa e vai
fora. Apenas vai se adaptar aos novos caminhos e aprender diretamente para a informação, ganhando tempo.
“novos truques” enquanto isso.

Tarefas Cotidianas
Já faz tempo que utilizar um computador no dia a dia
se tornou comum. Não precisamos mais estar em alguma
empresa enorme para precisar sempre de um computador
perto de nós. O Windows 7 vem com ferramentas e funções
para te ajudar em tarefas comuns do cotidiano.

Grupo Doméstico
Ao invés de um, digamos que você tenha dois ou mais
computadores em sua casa. Permitir a comunicação entre
várias estações vai te poupar de ter que ir fisicamente
onde a outra máquina está para recuperar uma foto digital
armazenada apenas nele. Exemplo de arquivos recentes no Paint.

14
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode, inclusive, fixar conteúdo que você considere impor- Windows Explorer
tante. Se a edição de um determinado documento é constan- O que você encontra pelo menu iniciar é uma pequena
te, vale a pena deixá-lo entre os “favoritos”, visto que a lista parte do total disponível.
de recentes se modifica conforme você abre e fecha novos Fazendo a busca pelo Windows Explorer – que é acionado
documentos. automaticamente quando você navega pelas pastas do seu
computador – você encontrará uma busca mais abrangente.
Snap Em versões anteriores, como no Windows XP, antes de
Ao se utilizar o Windows por muito tempo, é comum ver se fazer uma busca é necessário abrir a ferramenta de busca.
várias janelas abertas pelo seu monitor. Com o recurso de No Seven, precisamos apenas digitar os termos na caixa
Snap, você pode posicioná-las de um jeito prático e divertido. de busca, que fica no canto superior direito.
Basta apenas clicar e arrastá-las pelas bordas da tela para ob-
ter diferentes posicionamentos.
O Snap é útil tanto para a distribuição como para a compa-
ração de janelas. Por exemplo, jogue uma para a esquerda e a
outra na direita. Ambas ficaram abertas e dividindo igualmente o
espaço pela tela, permitindo que você as veja ao mesmo tempo.

Windows Search
O sistema de buscas no Windows 7 está refinado e esten-
dido. Podemos fazer buscas mais simples e específicas direta-
mente do menu iniciar, mas foi mantida e melhorada a busca
enquanto você navega pelas pastas. Windows Explorer com a caixa de busca (Jim Boyce; Win-
dows 7 Bible, pg 774).
Menu iniciar
As pesquisas agora podem ser feitas diretamente do menu ini-
A busca não se limita a digitação de palavras. Você pode
ciar. É útil quando você necessita procurar, por exemplo, pelo atalho
aplicar filtros, por exemplo, buscar, na pasta músicas, todas as
de inicialização de algum programa ou arquivo de modo rápido.
canções do gênero Rock. Existem outros, como data, tama-
“Diferente de buscas com as tecnologias anteriores do Windo-
nho e tipo. Dependendo do arquivo que você procura, po-
ws Search, a pesquisa do menu início não olha apenas aos nomes
dem existir outras classificações disponíveis.
de pastas e arquivos. Considera-se o conteúdo do arquivo, tags e
Imagine que todo arquivo de texto sem seu computador
propriedades também” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 770).
possui um autor. Se você está buscando por arquivos de tex-
Os resultados são mostrados enquanto você digita e são
divididos em categorias, para facilitar sua visualização. to, pode ter a opção de filtrar por autores.
Abaixo as categorias nas quais o resultado de sua busca
pode ser dividido. Controle dos pais
· Programas Não é uma tarefa fácil proteger os mais novos do que
· Painel de Controle visualizam por meio do computador. O Windows 7 ajuda a
· Documentos limitar o que pode ser visualizado ou não. Para que essa fun-
· Música cionalidade fique disponível, é importante que o computador
· Arquivos tenha uma conta de administrador, protegida por senha, re-
gistrada. Além disso, o usuário que se deseja restringir deve
ter sua própria conta.
As restrições básicas que o Seven disponibiliza:
· Limite de Tempo: Permite especificar quais horas do dia
que o PC pode ser utilizado.
· Jogos: Bloqueia ou permite jogar, se baseando pelo ho-
rário e também pela classificação do jogo. Vale notar que a
classificação já vem com o próprio game.
· Bloquear programas: É possível selecionar quais aplicati-
vos estão autorizados a serem executados.
Fazendo download de add-on’s é possível aumentar a
quantidade de restrições, como controlar as páginas que são
acessadas, e até mesmo manter um histórico das atividades
online do usuário.

Central de ações
A central de ações consolida todas as mensagens de se-
gurança e manutenção do Windows. Elas são classificadas em
Ao digitar “pai” temos os itens que contêm essas letras em vermelho (importante – deve ser resolvido rapidamente) e
seu nome. amarelas (tarefas recomendadas).

15
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O painel também é útil caso você sinta algo de estranho


no computador. Basta checar o painel e ver se o Windows
detectou algo de errado.

Gadgets de calendário e relógio.

Temas
Como nem sempre há tempo de modificar e deixar todas
A central de ações e suas opções. as configurações exatamente do seu gosto, o Windows 7 dis-
ponibiliza temas, que mudam consideravelmente os aspectos
- Do seu jeito gráficos, como em papéis de parede e cores.
O ambiente que nos cerca faz diferença, tanto para nossa
qualidade de vida quanto para o desempenho no trabalho. O ClearType
computador é uma extensão desse ambiente. O Windows 7 “Clear Type é uma tecnologia que faz as fontes parecerem
permite uma alta personalização de ícones, cores e muitas ou- mais claras e suaves no monitor. É particularmente efetivo para
tras opções, deixando um ambiente mais confortável, não im- monitores LCD, mas também tem algum efeito nos antigos mo-
porta se utilizado no ambiente profissional ou no doméstico. delos CRT(monitores de tubo). O Windows 7 dá suporte a esta
Muitas opções para personalizar o Windows 7 estão na tecnologia” (Jim Boyce; Windows 7 Bible, pg 163, tradução nossa).
página de Personalização1, que pode ser acessada por um
clique com o botão direito na área de trabalho e em seguida Novas possibilidades
um clique em Personalizar. Os novos recursos do Windows Seven abrem, por si só,
É importante notar que algumas configurações podem novas possibilidades de configuração, maior facilidade na na-
deixarv seu computador mais lento, especialmente efeitos de vega, dentre outros pontos. Por enquanto, essas novidades
transparência. Abaixo estão algumas das opções de persona- foram diretamente aplicadas no computador em uso, mas no
lização mais interessantes. Seven podemos também interagir com outros dispositivos.

Papéis de Parede Reproduzir em


Os papéis de parede não são tamanha novidade, virou Permitindo acessando de outros equipamentos a um
praticamente uma rotina entre as pessoas colocarem fotos computador com o Windows Seven, é possível que eles se co-
de ídolos, paisagens ou qualquer outra figura que as agrade. muniquem e seja possível tocar, por exemplo, num aparelho
Uma das novidades fica por conta das fotos que você encon- de som as músicas que você tem no HD de seu computador.
tra no próprio SO. Variam de uma foto focando uma única É apenas necessário que o aparelho seja compatível com
folha numa floresta até uma montanha. o Windows Seven – geralmente indicado com um logotipo
A outra é a possibilidade de criar um slide show com vá- “Compatível com o Windows 7».
rias fotos. Elas ficaram mudando em sequência, dando a im-
pressão que sua área de trabalho está mais viva. Streaming de mídia remoto
Com o Reproduzir em é possível levar o conteúdo do
Gadgets computador para outros lugares da casa. Se quiser levar para
As “bugigangas” já são conhecidas do Windows Vista, fora dela, uma opção é o Streaming de mídia remoto.
mas eram travadas no canto direito. Agora elas podem ficar Com este novo recurso, dois computadores rodando
em qualquer local do desktop. Windows 7 podem compartilhar músicas através do Windows
Servem para deixar sua área de trabalho com elemen- Media Player 12. É necessário que ambos estejam associados
tos sortidos, desde coisas úteis – como uma pequena agenda com um ID online, como a do Windows Live.
– até as de gosto mais duvidosas – como uma que mostra
o símbolo do Corinthians. Fica a critério do usuário o que e Personalização
como utilizar. Você pode adicionar recursos ao seu computador alte-
O próprio sistema já vem com algumas, mas se sentir ne- rando o tema, a cor, os sons, o plano de fundo da área de
cessidade, pode baixar ainda mais opções da internet. trabalho, a proteção de tela, o tamanho da fonte e a imagem

16
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

da conta de usuário. Você pode também selecionar “gadgets”


específicos para sua área de trabalho. Ao alterar o tema você
inclui um plano de fundo na área de trabalho, uma proteção
de tela, a cor da borda da janela sons e, às vezes, ícones e
ponteiros de mouse.
Você pode escolher entre vários temas do Aero, que é um
visual premium dessa versão do Windows, apresentando um
design como o vidro transparente com animações de janela,
um novo menu Iniciar, uma nova barra de tarefas e novas co-
res de borda de janela.
Use o tema inteiro ou crie seu próprio tema personaliza-
do alterando as imagens, cores e sons individualmente. Você
também pode localizar mais temas online no site do Windo-
ws. Você também pode alterar os sons emitidos pelo compu-
tador quando, por exemplo, você recebe um e-mail, inicia o
Windows ou desliga o computador. Aplicativo de copiar tela (botão print screen).
O plano de fundo da área de trabalho, chamado de pa-
pel de parede, é uma imagem, cor ou design na área de tra- O Paint foi reformulado, agora conta com novas ferra-
balho que cria um fundo para as janelas abertas. Você pode mentas e design melhorado, ganhou menus e ferramentas
escolher uma imagem para ser seu plano de fundo de área que parecem do Office 2007.
de trabalho ou pode exibir uma apresentação de slides de
imagens. Também pode ser usada uma proteção de tela onde
uma imagem ou animação aparece em sua tela quando você
não utiliza o mouse ou o teclado por determinado período de
tempo. Você pode escolher uma variedade de proteções de
tela do Windows.
Aumentando o tamanho da fonte você pode tornar o tex-
to, os ícones e outros itens da tela mais fáceis de ver. Também
é possível reduzir a escala DPI, escala de pontos por polegada,
para diminuir o tamanho do texto e outros itens na tela para
que caibam mais informações na tela.
Outro recurso de personalização é colocar imagem de
conta de usuário que ajuda a identificar a sua conta em um
computador. A imagem é exibida na tela de boas vindas e no
menu Iniciar. Você pode alterar a imagem da sua conta de Paint com novos recursos.
usuário para uma das imagens incluídas no Windows ou usar
sua própria imagem. O WordPad também foi reformulado, recebeu novo visual
E para finalizar você pode adicionar “gadgets” de área de mais próximo ao Word 2007, também ganhou novas ferra-
trabalho, que são miniprogramas personalizáveis que podem mentas, assim se tornando um bom editor para quem não
exibir continuamente informações atualizadas como a apre- tem o Word 2007.
sentação de slides de imagens ou contatos, sem a necessida- A calculadora também sofreu mudanças, agora conta
de de abrir uma nova janela. com 2 novos modos, programador e estatístico. No modo
Aplicativos novos programador ela faz cálculos binários e tem opção de álgebra
booleana. A estatística tem funções de cálculos básicos.
Uma das principais características do mundo Linux é suas Também foi adicionado recurso de conversão de unida-
versões virem com muitos aplicativos, assim o usuário não des como de pés para metros.
precisa ficar baixando arquivos após instalar o sistema, o que
não ocorre com as versões Windows.
O Windows 7 começa a mudar essa questão, agora existe
uma serie de aplicativos juntos com o Windows 7, para que o
usuário não precisa baixar programas para atividades básicas.
Com o Sticky Notes pode-se deixar lembretes no desktop
e também suportar entrada por caneta e toque.
No Math Input Center, utilizando recursos multitoque,
equações matemáticas escritas na tela são convertidas em
texto, para poder adicioná-la em um processador de texto.
O print screen agora tem um aplicativo que permite cap-
turar de formas diferentes a tela, como por exemplo, a tela
inteira, partes ou áreas desenhadas da tela com o mouse.
Calculadora: 2 novos modos.

17
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

É o método mais adequado, se o usuário não possui co-


nhecimento ou tempo para fazer uma instalação do método
tradicional. Optando por essa opção, ainda devesse tomar
cuidado com a compatibilidade dos programas, o que funcio-
na no Vista nem sempre funcionará no 7.

Instalação
Por qualquer motivo que a atualização não possa ser efe-
tuada, a instalação completa se torna a opção mais viável.
Neste caso, é necessário fazer backup de dados que se
deseja utilizar, como drivers e documentos de texto, pois to-
das as informações no computador serão perdidas. Quando
iniciar o Windows 7, ele vai estar sem os programas que você
havia instalado e com as configurações padrão.
WordPad remodelado
Desempenho
Requisitos De nada adiantariam os novos recursos do Windows 7
Apesar desta nova versão do Windows estar mais leve em se ele mantivesse a fama de lento e paranóico, adquirida por
relação ao Vista, ainda é exigido uma configuração de har- seu antecessor. Testes indicam que a nova versão tem ganhou
dware (peças) relativamente boa, para que seja utilizado sem alguns pontos na velocidade.
problemas de desempenho. O Seven te ajuda automaticamente com o desempenho:
Esta é a configuração mínima: “Seu sistema operacional toma conta do gerenciamento do
· Processador de 1 GHz (32-bit) processador e memória para você” (Jim Boyce; Windows 7 Bi-
· Memória (RAM) de 1 GB ble, pg 1041, tradução nossa).
· Placa de Vídeo compatível com DirectX 9.0 e 32 MB de Além disso, as tarefas recebem prioridades. Apesar de
memória (sem Windows Aero) não ajudar efetivamente no desempenho, o Windows 7 prio-
· Espaço requerido de 16GB riza o que o usuário está interagindo (tarefas “foreground”).
· DVD-ROM Outras, como uma impressão, tem baixa prioridade pois
· Saída de Áudio são naturalmente lentas e podem ser executadas “longe da
Se for desejado rodar o sistema sem problemas de lenti- visão” do usuário, dando a impressão que o computador não
dão e ainda usufruir derecursos como o Aero, o recomendado está lento. Essa característica permite que o usuário não sinta
é a seguinte configuração. uma lentidão desnecessária no computador.
Configuração Recomendada: Entretanto, não se pode ignorar o fato que, com cada vez
· Processador de 2 GHz (32 ou 64 bits) mais recursos e “efeitos gráficos”, a tendência é que o sistema
· Memória (RAM) de 2 GB operacional se torne um forte consumidor de memória e pro-
· Espaço requerido de disco rígido: 16 GB cessamento. O Seven disponibiliza vários recursos de ponta e
· Placa de vídeo com suporte a elementos gráficos DirectX 9 mantêm uma performance satisfatória.
com 256 MB de memória (para habilitar o tema do Windows Aero)
· Unidade de DVD-R/W Monitor de desempenho
· Conexão com a Internet (para obter atualizações) Apesar de não ser uma exclusividade do Seven, é uma
ferramenta poderosa para verificar como o sistema está se
Atualizar de um SO antigo portando. Podem-se adicionar contadores (além do que já
O melhor cenário possível para a instalação do Windows existe) para colher ainda mais informações e gerar relatórios.
7 é com uma máquina nova, com os requisitos apropriados.
Entretanto, é possível utilizá-lo num computador antigo, des- Monitor de recursos
de que atenda as especificações mínimas. Com o monitor de recursos, uma série de abas mostra
Se o aparelho em questão possuir o Windows Vista ins- informações sobre o uso do processador, da memória, disco
talado, você terá a opção de atualizar o sistema operacional. e conexão à rede.
Caso sua máquina utilize Windows XP, você deverá fazer a re-
-instalação do sistema operacional. PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE AS VERSÕES
Utilizando uma versão anterior a do XP, muito provavel-
mente seu computador não atende aos requisitos mínimos. Windows 7 Starter
Entretanto, nada impede que você tente fazer a reinstalação. Como o próprio título acima sugere, esta versão do Win-
dows é a mais simples e básica de todas. A Barra de Tarefas
Atualização foi completamente redesenhada e não possui suporte ao fa-
“Atualizar é a forma mais conveniente de ter o Windows moso Aero Glass. Uma limitação da versão é que o usuário
7 em seu computador, pois mantém os arquivos, as configu- não pode abrir mais do que três aplicativos ao mesmo tempo.
rações e os programas do Windows Vista no lugar” (Site da Esta versão será instalada em computadores novo apenas
Microsoft, http://windows.microsoft.com/pt-BR/windows7/ nos países em desenvolvimento, como Índia, Rússia e Brasil.
help/upgrading-from-windows-vista-to-windows-7). Disponível apenas na versão de 32 bits.

18
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Windows 7 Home Basic Dentre esses recursos estão o BitLocker, responsável pela
Esta é uma versão intermediária entre as edições Starter criptografia de dados e o AppLocker, que impede a execu-
e Home Premium (que será mostrada logo abaixo). Terá tam- ção de programas não-autorizados. Além disso, há ainda o
bém a versão de 64 bits e permitirá a execução de mais de três BrachCache, para turbinar transferência de arquivos grandes e
aplicativos ao mesmo tempo. também o DirectAccess, que dá uma super ajuda com a confi-
Assim como a anterior, não terá suporte para o Aero Glass guração de redes corporativas.
nem para as funcionalidades sensíveis ao toque, fugindo um
pouco da principal novidade do Windows 7. Computadores Windows 7 Ultimate, o mais completo e mais caro
novos poderão contar também com a instalação desta edi- Esta será, provavelmente, a versão mais cara de todas,
ção, mas sua venda será proibida nos Estados Unidos. pois contém todas as funcionalidades já citadas neste artigo
e mais algumas. Apesar de sua venda não ser restrita às em-
Windows 7 Home Premium presas, o Microsoft disponibilizará uma quantidade limitada
Edição que os usuários domésticos podem chamar de “com- desta versão do sistema.
pleta”, a Home Premium acumula todas as funcionalidades das Isso porque grande parte dos aplicativos e recursos pre-
edições citadas anteriormente e soma mais algumas ao pacote. sentes na Ultimate são dedicados às corporações, não inte-
Dentre as funções adicionadas, as principais são o suporte ressando muito aos usuários comuns.
à interface Aero Glass e também aos recursos Touch Windows
(tela sensível ao toque) e Aero Background, que troca seu papel
de parede automaticamente no intervalo de tempo determina-
do. Haverá ainda um aplicativo nativo para auxiliar no geren-
ciamento de redes wireless, conhecido como Mobility Center.

2 EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS


E APRESENTAÇÕES
(AMBIENTES MICROSOFT OFFICE E BROFFICE).
Esta edição será colocada à venda em lojas de varejo e
também poderá ser encontrada em computadores novos.
MS WORD
Windows 7 Professional, voltado às pequenas empresas O Word faz parte da suíte de aplicativos Office, e é consi-
Mais voltada para as pequenas empresas, a versão Pro- derado um dos principais produtos da Microsoft sendo a suíte
fessional do Windows 7 possuirá diversos recursos que visam que domina o mercado de suítes de escritório, mesmo com
facilitar a comunicação entre computadores e até mesmo im- o crescimento de ferramentas gratuitas como Google Docs e
pressoras de uma rede corporativa. Open Office.
Para isso foram desenvolvidos aplicativos como o Do-
main Join, que ajuda os computadores de uma rede a “se Interface
enxergarem” e conseguirem se comunicar. O Location Aware No cabeçalho de nosso programa temos a barra de títulos
Printing, por sua vez, tem como objetivo tornar muito mais do documento
fácil o compartilhamento de impressoras. , que como é um novo documento apresenta como título
Como empresas sempre estão procurando maneiras para “Documento1”. Na esquerda temos a Barra de acesso rápido,
se proteger de fraudes, o Windows 7 Professional traz o En- que permite acessar alguns comandos mais
crypting File System, que dificulta a violação de dados. Esta rapidamente como salvar, desfazer. Você pode personalizar
versão também será encontrada em lojas de varejo ou com- essa barra, clicando no menu de contexto (flecha para baixo)
putadores novos. à direita dela.
Mais a esquerda tem a ABA Arquivo.
Windows 7 Enterprise, apenas para vários Através dessa ABA, podemos criar novos documentos,
Sim, é “apenas para vários” mesmo. Como esta é uma abrir arquivos existentes, salvar documentos, imprimir, prepa-
versão mais voltada para empresas de médio e grande porte, rar o documento (permite adicionar propriedades ao docu-
só poderá ser adquirida com licenciamento para diversas má- mento, criptografar, adicionar assinaturas digitais, etc.). Vamos
quinas. Acumula todas as funcionalidades citadas na edição utilizar alguns destes recursos no andamento de nosso curso.
Professional e possui recursos mais sofisticados de segurança.

19
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

ABAS Salvando Arquivos


É importante ao terminar um documento, ou durante a
digitação do mesmo, quando o documento a ser criado é
longo, salvar seu trabalho. Salvar consiste em armazenar se
documento em forma de arquivo em seu computador, pen-
Os comandos para a edição de nosso texto agora ficam drive, ou outro dispositivo de armazenamento. Para salvar seu
agrupadas dentro destas guias. Dentro destas guias temos os documento, clique no botão salvar no topo da tela. Será aber-
grupos de ferramentas, por exemplo, na guia Inicio, temos ta uma tela onde você poderá definir o nome, local e formato
“Fonte”, “Parágrafo”, etc., nestes grupos fica visíveis para os de seu arquivo.
usuários os principais comandos, para acessar os demais co-
mandos destes grupos de ferramentas, alguns destes grupos
possuem pequenas marcações na sua direita inferior.

O Word possui também guias contextuais quando de-


terminados elementos dentro de seu texto são selecionados,
Observe na janela de salvar que o Word procura salvar
por exemplo, ao selecionar uma imagem, ele criar na barra
seus arquivos na pasta Documents do usuário, você pode
de guias, uma guia com a possibilidade de manipulação do
mudar o local do arquivo a ser salvo, pela parte esquerda da
elemento selecionado.
janela. No campo nome do arquivo, o Word normalmente
preenche com o título do documento, como o documento
não possui um título, ele pega os primeiros 255 caracteres e
atribui como nome, é aconselhável colocar um nome menor e
que se aproxime do conteúdo de seu texto. “Em Tipo a maior
mudança, até versão 2003, os documentos eram salvos no
formato”. DOC”, a partir da versão 2010, os documentos são
salvos na versão”. DOCX”, que não são compatíveis com as
versões anteriores. Para poder salvar seu documento e manter
ele compatível com versões anteriores do Word, clique na di-
Trabalhando com documentos reita dessa opção e mude para Documento do Word 97-2003.
Ao iniciarmos o Word temos um documento em branco
que é sua área de edição de texto. Vamos digitar um pequeno
texto conforme abaixo:

Observe que o nome de seu arquivo agora aparece na


barra de títulos.

20
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Abrindo um arquivo do Word • Leitura em Tela Inteira: Ele oculta as barras de seu
Para abrir um arquivo, você precisa clicar na ABA Arquivo. documento, facilitando a leitura em tela, observe que no ro-
dapé do documento à direita, ele possui uma flecha apontado
para a próxima página. Para sair desse modo de visualização,
clique no botão fechar no topo à direita da tela.
• Layout da Web: Aproxima seu texto de uma visua-
lização na Internet, esse formato existe, pois muitos usuários
postam textos produzidos no Word em sites e blogs na In-
ternet.
• Estrutura de Tópicos: Permite visualizar seu docu-
mento em tópicos, o formato terá melhor compreensão
quando trabalharmos com marcadores.
• Rascunho: É o formato bruto, permite aplicar diver-
sos recursos de produção de texto, porém não visualiza como
impressão nem outro tipo de meio.
O terceiro grupo de ferramentas da Aba exibição permite
Na esquerda da janela, o botão abrir é o segundo abai- trabalhar com o Zoom da página. Ao clicar no botão Zoom o
xo de novo, observe também que ele mostra uma relação de Word apresenta a seguinte janela:
documentos recentes, nessa área serão mostrados os últimos
documentos abertos pelo Word facilitando a abertura. Ao cli-
car em abrir, será necessário localizar o arquivo no local onde
o mesmo foi salvo.

Onde podemos utilizar um valor de zoom predefinido,


Caso necessite salvar seu arquivo em outro formato, ou- ou colocarmos a porcentagem desejada, podemos visualizar
tro local ou outro nome, clique no botão Office e escolha Sal- o documento em várias páginas. E finalizando essa aba temos
var Como. as formas de exibir os documentos aberto em uma mesma
seção do Word.
Visualização do Documento
Podemos alterar a forma de visualização de nosso do-
cumento. No rodapé a direta da tela temos o controle de
Zoom.·. Anterior a este controle de zoom temos os botões
de forma de visualização de seu documento, que
podem também ser acessados pela Aba Exibição.

Configuração de Documentos
Um dos principais cuidados que se deve ter com seus do-
cumentos é em relação à configuração da página. A ABNT
(Associação Brasileira de Normas Técnicas) possui um manual
Os cinco primeiros botões são os mesmos que temos em de regras para documentações, então é comum escutar “o
miniaturas no rodapé. documento tem que estar dentro das normas”, não vou me
• Layout de Impressão: Formato atual de seu docu- atentar a nenhuma das normas especificas, porém vou en-
mento é o formato de como seu documento ficará na folha sinar como e onde estão as opções de configuração de um
impressa. documento.

21
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

No Word 2010 a ABA que permite configurar sua página A terceira guia dessa janela chama-se Layout. A primeira
é a ABA Layout da Página. opção dessa guia chama-se seção. Aqui se define como será
uma nova seção do documento, vamos aprender mais frente
como trabalhar com seções.
Em cabeçalhos e rodapés podemos definir se vamos utili-
zar cabeçalhos e rodapés diferentes nas páginas pares e ímpa-
res, e se quero ocultar as informações de cabeçalho e rodapé
da primeira página. Em Página, pode-se definir o alinhamento
do conteúdo do texto na página. O padrão é o alinhamento
superior, mesmo que fique um bom espaço em branco abai-
xo do que está editado. Ao escolher a opção centralizada, ele
centraliza o conteúdo na vertical. A opção números de linha
permite adicionar numeração as linhas do documento.

O grupo “Configurar Página”, permite definir as margens


de seu documento, ele possui alguns tamanhos pré-defini-
dos, como também personalizá-las.
Ao personalizar as margens, é possível alterar as margens
superior, esquerda, inferior e direita, definir a orientação da
página, se retrato ou paisagem, configurar a fora de várias pá-
ginas, como normal, livro, espelho. Ainda nessa mesma janela
temos a guia Papel.
Colunas

Ao clicar em mais Colunas, é possível personalizar as suas


colunas, o Word disponibiliza algumas opções pré-definidas,
mas você pode colocar em um número maior de colunas,
Nesta guia podemos definir o tipo de papel, e fonte de adicionar linha entre as colunas, definir a largura e o espaça-
alimentação do papel. mento entre as colunas. Observe que se você pretende utilizar
larguras de colunas diferentes é preciso desmarcar a opção
“Colunas de mesma largura”. Atente também que se preciso
adicionar colunas a somente uma parte do texto, eu preciso
primeiro selecionar esse texto.

22
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Números de Linha
É bastante comum em documentos acrescentar
numeração nas páginas dos documentos, o Word permite
que você possa fazer facilmente, clicando no botão “Números
de Linhas”.

Ao clicar em “Opções de Numeração de Linhas...”, abre-se


a janela que vimos em Layout.
Plano de Fundo da Página
Nesta janela podemos definir uma imagem como marca
d’água, basta clicar em Selecionar Imagem, escolher a ima-
gem e depois definir a dimensão e se a imagem ficará mais
fraca (desbotar) e clicar em OK. Como também é possível de-
finir um texto como marca d’água. O segundo botão permite
colocar uma cor de fundo em seu texto, um recurso interes-
sante é que o Word verifica a cor aplicada e automaticamente
ele muda a cor do texto.
Podemos adicionar as páginas do documento, marcas
d’água, cores e bordas. O grupo Plano de Fundo da Página
possui três botões para modificar o documento.
Clique no botão Marca d’água.

O botão Bordas da Página, já estudamos seu funciona-


mento ao clicar nas opções de Margens.

Selecionando Textos

Embora seja um processo simples, a seleção de textos é


indispensável para ganho de tempo na edição de seu texto.
Através da seleção de texto podemos mudar a cor, tamanho
e tipo de fonte, etc.

Selecionando pelo Mouse

Ao posicionar o mouse mais a esquerda do texto, o cursor


aponta para a direita.
• Ao dar um clique ele seleciona toda a linha
• Ao dar um duplo clique ele seleciona todo o parágrafo.
• Ao dar um triplo clique seleciona todo o texto

Com o cursor no meio de uma palavra:


• Ao dar um clique o cursor se posiciona onde foi clicado
• Ao dar um duplo clique, ele seleciona toda a palavra.
• Ao dar um triplo clique ele seleciona todo o parágrafo

Podemos também clicar, manter o mouse pressionado e


O Word apresenta alguns modelos, mais abaixo temos o arrastar até onde se deseja selecionar. O problema é que se o
item Personalizar Marca D’água. Clique nessa opção. mouse for solto antes do desejado, é preciso reiniciar o pro-
cesso, ou pressionar a tecla SHIFT no teclado e clicar ao final

23
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

da seleção desejada. Podemos também clicar onde começa a A janela que se abre possui três guias, localizar, Substi-
seleção, pressionar a tecla SHIFT e clicar onde termina a se- tuir e Ir para. A guia substituir que estamos vendo, permite
leção. É possível selecionar palavras alternadas. Selecione a substituir em seu documento uma palavra por outra. A subs-
primeira palavra, pressione CTRL e vá selecionando as partes tituição pode ser feita uma a uma, clicando em substituir, ou
do texto que deseja modificar. pode ser todas de uma única vez clicando-se no botão Subs-
tituir Tudo.
Copiar e Colar Algumas vezes posso precisar substituir uma palavra por
O copiar e colar no Word funciona da mesma forma que ela mesma, porém com outra cor, ou então somente quando
qualquer outro programa, pode-se utilizar as teclas de atalho escrita em maiúscula, etc., nestes casos clique no botão Mais.
CTRL+C (copiar), CTRL+X (Recortar) e CTRL+V(Colar), ou o As opções são:
primeiro grupo na ABA Inicio. • Pesquisar: Use esta opção para indicar a direção da
pesquisa;
• Diferenciar maiúsculas de minúsculas: Será localiza-
da exatamente a palavra como foi digitada na caixa localizar.
• Palavras Inteiras: Localiza uma palavra inteira e não
parte de uma palavra. Ex: Atenciosamente.
• Usar caracteres curinga: Procura somente as pala-
Este é um processo comum, porém um cuidado impor- vras que você especificou com o caractere coringa. Ex. Se
tante é quando se copia texto de outro tipo de meio como, você digitou *ão o Word vai localizar todas as palavras ter-
por exemplo, da Internet. Textos na Internet possuem forma- minadas em ão.
tações e padrões deferentes dos editores de texto. Ao copiar • Semelhantes: Localiza palavras que tem a mesma
um texto da Internet, se você precisa adequá-lo ao seu docu- sonoridade, mas escrita diferente. Disponível somente para
mento, não basta apenas clicar em colar, é necessário clicar na palavras em inglês.
setinha apontando para baixo no botão Colar, escolher Colar • Todas as formas de palavra: Localiza todas as formas
Especial. da palavra, não será permitida se as opções usar caractere
coringa e semelhantes estiverem marcadas.
• Formatar: Localiza e Substitui de acordo com o es-
pecificado como formatação.
• Especial: Adiciona caracteres especiais à caixa locali-
zar. A caixa de seleção usar caracteres curinga.

Formatação de texto
Um dos maiores recursos de uma edição de texto é a
possibilidade de se formatar o texto. No Office 2010 a ABA
responsável pela formatação é a Inicio e os grupo Fonte, Pa-
rágrafo e Estilo.

Formatação de Fonte
Observe na imagem que ele traz o texto no formato
A formatação de fonte diz respeito ao tipo de letra, ta-
HTML. Precisa-se do texto limpo para que você possa mani- manho de letra, cor, espaçamento entre caracteres, etc., para
pulá-lo, marque a opção Texto não formatado e clique em OK. formatar uma palavra, basta apenas clicar sobre ela, para
duas ou mais é necessário selecionar o texto, se quiser for-
Localizar e Substituir matar somente uma letra também é necessário selecionar a
Ao final da ABA Inicio temos o grupo edição, dentro dela letra. No grupo Fonte, temos visível o tipo de letra, tamanho,
temos a opção Localizar e a opção Substituir. Clique na opção botões de aumentar fonte e diminuir fonte, limpar forma-
Substituir. tação, negrito, itálico, sublinhado, observe que ao lado de
sublinhado temos uma seta apontando para baixo, ao clicar
nessa seta, é possível escolher tipo e cor de linha.

24
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos também clicar na Faixa no grupo Fonte.

A janela fonte contém os principais comandos de forma-


Ao lado do botão de sublinhado temos o botão Tachado tação e permite que você possa observar as alterações antes
– que coloca um risco no meio da palavra, botão subscrito e de aplica. Ainda nessa janela temos a opção Avançado.
sobrescrito e o botão Maiúsculas e Minúsculas.

Este botão permite alterar a colocação de letras maiúscu-


las e minúsculas em seu texto. Após esse botão temos o de
realce – que permite colocar uma cor de fundo para realçar o
texto e o botão de cor do texto.

Podemos definir a escala da fonte, o espaçamento entre


os caracteres que pode ser condensado ou comprimido, a po-
sição é referente ao sobrescrito e subscrito, permitindo que se
faça algo como: .
Kerning: é o acerto entre o espaço dentro das palavras,
pois algumas vezes acontece de as letras ficaram com espaça-
mento entre elas de forma diferente. Uma ferramenta interes-
sante do Word é a ferramenta pincel, pois com ela você pode
copiar toda a formatação de um texto e aplicar em outro.

Formatação de parágrafos

A principal regra da formatação de parágrafos é que inde-


pendente de onde estiver o cursor a formatação será aplicada
em todo o parágrafo, tendo ele uma linha ou mais. Quando se
trata de dois ou mais parágrafos será necessárioselecionar os
parágrafos a serem formatados. A formatação de parágrafos
pode ser localizada na ABA Inicio, e os recuos também na ABA
Layout da Página.

25
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na guia parágrafo da ABA Layout de Página temos ape-


nas os recuos e os espaçamentos entre parágrafos. Ao clicar
na Faixa do grupo Parágrafos, será aberta a janela de Forma-
tação de Parágrafos.

No grupo da Guia Inicio, temos as opções de marcadores


(bullets e numeração e listas de vários níveis), diminuir e au-
mentar recuo, classificação e botão Mostrar Tudo, na segunda
linha temos os botões de alinhamentos: esquerda, centralizado,
direita e justificado, espaçamento entre linhas, observe que o
espaçamento entre linhas possui uma seta para baixo, permi-
tindo que se possa definir qual o espaçamento a ser utilizado.

Cor do Preenchimento do Parágrafo.

As opções disponíveis são praticamente as mesmas dis-


poníveis pelo grupo.
Podemos trabalhar os recuos de texto também pelas ré-
guas superiores.

Bordas no parágrafo.

Marcadores e Numeração
Os marcadores e numeração fazem parte do grupo pará-
grafos, mas devido a sua importância, merecem um destaque.
Existem dois tipos de marcadores: Símbolos e Numeração.

26
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A opção vários níveis é utilizada quando nosso texto te- Bordas e Sombreamento
nha níveis de marcação como, por exemplo, contratos e pe- Podemos colocar bordas e sombreamentos em nosso
tições. Os marcadores do tipo Símbolos como o nome já diz texto. Podem ser bordas simples aplicadas a textos e pará-
permite adicionar símbolos a frente de seus parágrafos. grafos. Bordas na página como vimos quando estudamos a
Se precisarmos criar níveis nos marcadores, basta clicar ABA Layout da Página e sombreamentos. Selecione o texto
antes do inicio da primeira palavra do parágrafo e pressionar ou o parágrafo a ser aplicado à borda e ao clicar no botão de
a tecla TAB no teclado. bordas do grupo Parágrafo, você pode escolher uma borda
pré-definida ou então clicar na última opção Bordas e Som-
breamento.

Você pode observar que o Word automaticamente adi-


cionou outros símbolos ao marcador, você pode alterar os
símbolos dos marcadores, clicando na seta ao lado do botão
Marcadores e escolhendo a opção Definir Novo Marcador.

Ao clicar em Símbolo, será mostrada a seguinte janela:

Podemos começar escolhendo uma definição de borda


(caixa, sombra, 3D e outra), ou pode-se especificar cada uma
das bordas na direita onde diz Visualização. Pode-se pelo
Onde você poderá escolher a Fonte (No caso aconselha- meio da janela especificar cor e largura da linha da borda.
-se a utilizar fontes de símbolos como a Winddings, Webdin- A Guia Sombreamento permite atribuir um preenchimento
gs), e depois o símbolo. Ao clicar em Imagem, você poderá de fundo ao texto selecionado. Você pode escolher uma cor
utilizar uma imagem do Office, e ao clicar no botão importar, base, e depois aplicar uma textura junto dessa cor.
poderá utilizar uma imagem externa.

27
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Cabeçalho e Rodapé
O Word sempre reserva uma parte das margens para o
cabeçalho e rodapé. Para acessar as opções de cabeçalho e
rodapé, clique na ABA Inserir, Grupo Cabeçalho e Rodapé.

Ele é composto de três opções Cabeçalho, Rodapé e Nú-


mero de Página.

Para aplicar números de páginas automaticamente em


seu cabeçalho basta clicar em Números de Página, apenas
tome o cuidado de escolher Inicio da Página se optar por Fim
da Página ele aplicará o número da página no rodapé. Pode-
mos também aplicar cabeçalhos e rodapés diferentes a um
documento, para isso basta que ambos estejam em seções
diferentes do documento. O cuidado é ao aplicar o cabeçalho
ou o rodapé, desmarcar a opção Vincular ao anterior.
O funcionamento para o rodapé é o mesmo para o cabe-
çalho, apenas deve-se clicar no botão Rodapé.

Ao clicar em Cabeçalho o Word disponibiliza algumas


opções de caixas para que você possa digitar seu texto. Ao
clicar em Editar Cabeçalho o Word edita a área de cabeçalho
e a barra superior passa a ter comandos para alteração do
cabeçalho. Data e Hora
O Word Permite que você possa adicionar um campo de
Data e Hora em seu texto, dentro da ABA Inserir, no grupo
Texto, temos o botão Data e Hora.

A área do cabeçalho é exibida em um retângulo pontilha-


do, o restante do documento fica em segundo plano. Tudo
o que for inserido no cabeçalho será mostrado em todas as
páginas, com exceção se você definiu seções diferentes nas
páginas.

28
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Basta escolher o formato a ser aplicado e clicar em OK.


Se precisar que esse campo sempre atualize data, marque a
opção Atualizar automaticamente.

Inserindo Elementos Gráficos


O Word permite que se insira em seus documentos arqui-
vos gráficos como Imagem, Clip-art, Formas, etc., as opções
de inserção estão disponíveis na ABA Inserir.

Entre as opções de recolorir podemos colocar nossa ima-


gem em tons de cinza, preto e branco, desbotar a imagem e
remover uma cor da imagem. Este recurso permite definir uma
Imagens imagem com fundo transparente. A opção Compactar Ima-
O primeiro elemento gráfico que temos é o elemento gens permite deixar sua imagem mais adequada ao editor de
Imagem. Para inserir uma imagem clique no botão com o textos. Ao clicar nesta opção o Word mostra a seguinte janela:
mesmo nome no grupo Ilustrações na ABA Inserir. Na janela
que se abre, localize o arquivo de imagem em seu computa-
dor.

Pode-se aplicar a compactação a imagem selecionada,


ou a todas as imagens do texto. Podemos alterar a resolução
da imagem. A opção Redefinir Imagem retorna a imagem ao
seu estado inicial, abandonando todas as alterações feitas. O
próximo grupo chama-se Sombra, como o próprio nome diz,
A imagem será inserida no local onde estava seu cursor. permite adicionar uma sombra a imagem que foi inserida.
O que será ensinado agora é praticamente igual para
todo os elementos gráficos, que é a manipulação dos ele-
mentos gráficos. Ao inserir a imagem é possível observar que
a mesma enquanto selecionada possui uma caixa pontilhadas
em sua volta, para mover a imagem de local, basta clicar sobre
ela e arrastar para o local desejado, se precisar redimensionar
a imagem, basta clicar em um dos pequenos quadrados em No botão Efeitos de Sombra, você poderá escolher al-
suas extremidades, que são chamados por Alças de redimen- gumas posições de sombra (Projetada, Perspectiva) e cor da
sionamento. Para sair da seleção da imagem, basta apenas sombra. Ao lado deste botão é possível definir a posição da
clicar em qualquer outra parte do texto. Ao clicar sobre a ima- sombra e no meio a opção de ativar e desativar a sombra. No
gem, a barra superior mostra as configurações de manipula- grupo Organizar é possível definir a posição da imagem em
ção da imagem. relação ao texto.

O primeiro grupo é o Ajustar, dentre as opções temos


Brilho e Contraste, que permite clarear ou escurecer a ima-
gem e adicionar ou remover o contraste. Podemos recolorir O primeiro dos botões é a Posição, ela permite definir em
a imagem. qual posição a imagem deverá ficar em relação ao texto.

29
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar na opção Mais Opções de Layout abre-se a ja-


nela Layout Avançado que permite trabalhar a disposição da
imagem em relação ao bloco de texto no qual ela esta inseri-
da. Essas mesmas opções estão disponíveis na opção Quebra
Automática de Texto nesse mesmo grupo. Ao colocar a sua O último grupo é referente às dimensões da imagem.
imagem em uma disposição com o texto, é habilitado alguns
recursos da barra de imagens. Como bordas

Neste grupo você pode cortar a sua imagem, ou redi-


mensionar a imagem definindo Largura e Altura.
Através deste grupo é possível acrescentar bordas a sua Os comandos vistos até o momento estavam disponíveis
imagem E no grupo Organizar ele habilita as opções de Tra- da seguinte forma, pois nosso documento esta salvo em.DOC
zer para Frente, Enviar para Trás e Alinhar. Ao clicar no botão – versão compatível com Office XP e 2003. Ao salvar o docu-
Trazer para Frente, ele abre três opções: Trazer para Frente e mento em .DOCX compatível somente com a versão 2010,
Avançar, são utilizadas quando houver duas ou mais imagens acontecem algumas alterações na barra de imagens.
e você precisa mudar o empilhamento delas. A opção Trazer
para Frente do Texto faz com que a imagem flutue sobre o
Texto. Ao ter mais de uma imagem e ao selecionar as imagens
(Utilize a tecla SHIFT), você poderá alinhar as suas imagens.
No grupo Ajustar já temos algumas alterações, ao clicar
no item Cor. Em estilos de imagem podemos definir bordas e
sombreamentos para a imagem.

30
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos aplicar também os Efeitos de Imagem Formas


Podemos também adicionar formas ao nosso conteúdo
do texto

Clip Art
Clip-Art são imagens, porém são imagens que fazem par-
te do pacote Office. Para inserir um clipart, basta pela ABA
Inserir, clicar na opção Clip-Art. Na direita da tela abre-se a
opção de consulta aos clip-Art.

forma desejada e arrastar o mouse na tela para definir as


suas dimensões. Ao desenhar a sua forma a barra passa a ter
as propriedade para modificar a forma.

O primeiro grupo chama-se Inserir Forma, ele possui a


ferramenta de Inserir uma forma. Ao lado temos a ferramen-
ta Editar Forma essa ferramenta permite trabalhar os nós da
forma – Algumas formas bloqueiam a utilização dessa fer-
ramenta. Abaixo dela temos a ferramenta de caixa de texto,
que permite adicionar uma caixa de texto ao seu documento.
Estando com uma forma fechada, podemos transformar essa
forma em uma caixa de texto. Ao lado temos o Grupo Estilos
de Forma.

Clique sobre a imagem a ser adicionada ao seu texto com


o botão direito e escolha Copiar (CTRL+C). Clique em seu
texto onde o Clip-Art deve ser adicionado e clique em Colar
(CTRL+V) As configurações de manipulação do clip-art são as
mesmas das imagens.

31
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os primeiros botões permitem aplicar um estilo a sua forma. A opção Imagem preenche sua forma com alguma ima-
gem. A opção Gradação permite aplicar tons de gradiente em
sua forma.

Ainda nesse grupo temos a opção de trabalharmos as co-


res, contorno e alterar a forma.

Ao clicar em Mais Gradações, será possível personalizar a


forma como será o preenchimento do gradiente.

Na guia gradiente, temos as opções de Uma cor, Duas


cores e Pré-definidas.
Ao escolher uma cor você pode escolher a cor a ser apli-
cada, se quer ela mais para o claro ou escuro, pode definir
a transparência do gradiente e como será o sombreamento.

32
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ao clicar na opção Duas Cores, você pode definir a cor 1 e


cor 2, o nível de transparência e o sombreamento.
Podemos aplicar efeitos tridimensionais em nossas for-
mas. Além de aplicar o efeitos podemos mudar a cor do 3D,
alterar a profundidade, a direção, luminosidade e superfície.
As demais opções da Forma são idênticas as das imagens.

SmartArt
O SmartArt permite ao você adicionar Organogramas ao
seu documento. Se você estiver usando o Office 2003 ou seu
documento estiver salvo em DOC, ao clicar nesse botão, ele
habilita a seguinte janela:

Ao clicar em Pré-definidas, o Office possui algumas cores


de preenchimento prontas.

Basta selecionar o tipo de organograma a ser trabalhado


e clique em OK. Porém se o formato de seu documento for
DOCX, a janela a ser mostrada será:

A Guia Textura permite aplicar imagens como texturas


ao preenchimento, a guia Padrão permite aplicar padrões de
preenchimento e imagem permite aplicar uma imagem Após
o grupo Estilos de Forma temos o grupo sombra e após ele o Em hierarquia, escolha o primeiro da segunda linha e cli-
grupo Efeitos 3D. que em OK.

33
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

WordArt
Para finalizarmos o trabalho com elementos gráficos
temo os WordArt que já um velho conhecido da suíte Office,
ele ainda mantém a mesma interface desde a versão do Office
97 No grupo Texto da ABA Inserir temos o botão de WorArt
Selecione um formato de WordArt e clique sobre ele.

Altere os textos conforme a sua necessidade. Ao clicar no


topo em Ferramentas SmartArt, serão mostradas as opções
de alteração do objeto.

O primeiro botão é o de Adicionar uma forma. Basta cli-


car em um botão do mesmo nível do que será criado e clicar
neste botão. Outra forma de se criar novas caixas dentro de
um mesmo nível é ao terminar de digitar o texto pressionar
ENTER. Ainda no grupo Criar Gráfico temos os botões de Ele-
var / Rebaixar que permite mudar o nível hierárquico de nosso Será solicitado a digitação do texto do WordArt. Digite
organograma. seu texto e clique em OK. Será mostrada a barra do WordArt
No grupo Layout podemos mudar a disposição de nosso
organograma.
O próximo grupo é o Estilos de SmartArt que permite
mudar as cores e o estilo do organograma.

O primeiro grupo é o Texto, nesse grupo podemos editar


o texto digitado e definir seu espaçamento e alinhamentos.
No grupo Estilos de WordArt pode-se mudar a forma do Wor-
dArt, depois temos os grupos de Sombra, Efeitos 3D, Organi-
zar e Tamanho.

Tabelas
As tabelas são com certeza um dos elementos mais im-
portantes para colocar dados em seu documento.
Use tabelas para organizar informações e criar formas de
páginas interessantes e disponibilizar seus dados.
Para inserir uma tabela, na ABA Inserir clique no botão
Tabela.

34
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

tão Desenhar Tabela transforma seu cursor em um lápis para


desenhar as células de sua tabela, e o botão Borracha apaga
as linhas da tabela.
Você pode observar também que ao estar com alguma
célula da tabela com o cursor o Word acrescenta mais uma
ABA ao final, chamada Layout, clique sobre essa ABA.

O primeiro grupo Tabela permite selecionar em sua tabe-


la, apenas uma célula, uma linha, uma coluna ou toda a tabela.

Ao clicar no botão de Tabela, você pode definir a quan-


tidade de linhas e colunas, pode clicar no item Inserir Tabela
ou Desenhar a Tabela, Inserir uma planilha do Excel ou usar Ao clicar na opção Propriedades será aberto uma janela
uma Tabela Rápida que nada mais são do que tabelas prontas com as propriedades da janela.
onde será somente necessário alterar o conteúdo.

Você pode criar facilmente uma tabela mais complexa,


por exemplo, que contenha células de diferentes alturas ou
um número variável de colunas por linha semelhante à ma- Nesta janela existem quatro Guias.
neira como você usa uma caneta para desenhar uma tabela. A primeira é relativa à tabela, pode-se definir a largura da
Ao desenhar a caixa que fará parte da tabela, você pode tabela, o alinhamento e a quebra do texto na tabela. Ao clicar
utilizar o topo no botão Bordas e Sombreamento abre-se a janela de bordas
e sombreamento estudada anteriormente. Ao clicar em Op-
Ferramentas de Tabela. ções é possível definir as margens das células e o espaçamen-
to entre as células.

Através do grupo Opções de Estilo de Tabela é possível


definir células de cabeçalho. O grupo Estilos de Tabela permi-
te aplicar uma formatação a sua tabela e o grupo Desenhar
Bordas permite definir o estilo, espessura e cor da linha. O bo-

35
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A opção dividir tabela insere um parágrafo acima da cé-


lula que o cursor está, dividindo a tabela. O grupo Tamanho
da Célula permite definir a largura e altura da célula. A opção
AutoAjuste tem a função de ajustar sua célula de acordo com
o conteúdo dentro dela.

O grupo Alinhamento permite definir o alinhamento do


conteúdo da tabela. O botão Direção do Texto permite mudar
a direção de seu texto. A opção Margens da Célula, permite
alterar as margens das células como vimos anteriormente.
O segundo grupo é o Linhas e Colunas permite adicionar
e remover linhas e colunas de sua tabela.

O grupo Dados permite classificar, criar cálculos, etc., em


sua tabela.

Ao clicar na Faixa deste grupo ele abre uma janela onde


é possível deslocar células, inserir linhas e colunas. O terceiro
grupo é referente à divisão e mesclagem de células.

A opção classificar como o próprio nome diz permite


classificar os dados de sua tabela.

A opção Mesclar Células, somente estará disponível se


você selecionar duas ou mais células. Esse comando permite
fazer com que as células selecionadas tornem-se uma só.

Ele abre a seguinte janela e coloca sua primeira linha


como a linha de cabeçalho, você pode colocar até três colunas
A opção dividir células permite dividir uma célula. Ao cli- como critérios de classificação.
car nessa opção será mostrada uma janela onde você deve O botão Converter em Texto permite transformar sua ta-
definir em quantas linhas e colunas a célula será dividida. bela em textos normal. A opção fórmula permite fazer cálcu-
los na tabela.

ABA Revisão
A ABA revisão é responsável por correção, proteção, co-
mentários etc., de seu documento.

36
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O primeiro grupo Revisão de Texto tem como principal Estilos


botão o de ortografia e Gramática, clique sobre ele. Os estilos podem ser considerados formatações prontas
a serem aplicadas em textos e parágrafos. O Word disponi-
biliza uma grande quantidade de estilos através do grupo
estilos.

Para aplicar um estilo ao um texto é simples. Se você cli-


car em seu texto sem selecioná-lo, e clicar sobre um estilo
existente, ele aplica o estilo ao parágrafo inteiro, porém se al-
gum texto estiver selecionado o estilo será aplicado somente
ao que foi selecionado.
O objetivo desta ferramenta e verificar todo o seu docu-
mento em busca de erros.
Os de ortografia ele marca em vermelho e os de gramá-
tica em verde. É importante lembrar que o fato dele marcar
com cores para verificação na impressão sairá com as cores
normais. Ao encontrar uma palavra considerada pelo Word
como errada você pode:
• Ignorar uma vez: Ignora a palavra somente nessa Observe na imagem acima que foi aplicado o estilo Tí-
parte do texto. tulo2 em ambos os textos, mas no de cima como foi clicado
• Ignorar Todas: Ignora a palavra quando ela aparecer somente no texto, o estilo está aplicado ao parágrafo, na li-
em qualquer parte do texto. nha de baixo o texto foi selecionado, então a aplicação do
• Adicionar ao dicionário: Adiciona a palavra ao di- estilo foi somente no que estava selecionado. Ao clicar no
cionário do Word, ou seja, mesmo que ela apareça em outro botão Alterar Estilos é possível acessar a diversas definições
texto ela não será grafada como errada. Esta opção deve ser de estilos através da opção Conjunto de Estilos.
utilizada quando palavras que existam, mas que ainda não
façam parte do Word.
• Alterar: Altera a palavra. Você pode alterá-la por uma
palavra que tenha aparecido na caixa de sugestões, ou se
você a corrigiu no quadro superior.
• Alterar Todas: Faz a alteração em todas as palavras
que estejam da mesma forma no texto.

Impressão
Para imprimir seu documento o processo é muito sim-
ples. Clique no botão
Office e ao posicionar o mouse em Imprimir ele abre al-
gumas opções.

37
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos também se necessário criarmos nossos pró- Índices


prios estilos. Clique na Faixa do grupo Estilo. Sumário
O Sumário ou Índice Analítico é o mais utilizado, ele nor-
malmente aparece no inicio de documentos. A principal regra
é que todo parágrafo que faça parte de seu índice precisa es-
tar atrelado a um estilo. Clique no local onde você precisa que
fique seu índice e clique no botão Sumário. Serão mostrados
alguns modelos de sumário, clique em Inserir Sumário.

Será mostrado todos os estilos presentes no documento


em uma caixa à direita. Na parte de baixo da janela existem
três botões, o primeiro deles chama-se Novo Estilo, clique so-
bre ele.

Será mostrada uma janela de configuração de seu índice.


Clique no botão Opções.

No exemplo dei o nome de Citações ao meu estilo, defini


que ele será aplicado a parágrafos, que a base de criação dele
foi o estilo corpo e que ao finalizar ele e iniciar um novo pará-
grafo o próximo será também corpo.
Abaixo definir a formatação a ser aplicada no mesmo. Na
parte de baixo mantive a opção dele aparecer nos estilos rá-
pidos e que o mesmo está disponível somente a este docu-
mento. Ao finalizar clique em OK. Veja um exemplo do estilo
aplicado:

38
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Será aberta outra janela, nesta janela aparecem todos os Etapas


estilos presentes no documento, então é nela que você define 1. Em qualquer programa do BROffice.org, escolha
quais estilos farão parte de seu índice. Arquivo - Novo - Modelos e documentos
No exemplo apliquei o nível 1 do índice ao estilo Título 1, 2. No painel esquerdo, clique em Exemplos.
o nível 2 ao Título 2 e o nível 3 ao Título 3. Após definir quais 3. No painel central, clique duas vezes na pasta
serão suas entradas de índice clique em OK. Documentos de texto.
Retorna-se a janela anterior, onde você pode definir qual 4. Selecione um documento de exemplo e clique em
será o preenchimento entre as chamadas de índice e seu res- Abrir.
pectivo número de página e na parte mais abaixo, você pode Criando um novo documento do Writer
definir o Formato de seu índice e quantos níveis farão parte O Writer oferece várias maneiras de criar um novo
do índice. documento de texto.
Ao clicar em Ok, seu índice será criado.
- Para criar um novo documento a partir de um modelo
Etapas
1. Em qualquer aplicativo do BROffice.org, escolha
Arquivo - Novo - Modelos e documentos
2. No painel esquerdo da caixa de diálogo Modelos e
documentos, clique no ícone Modelos.
Quando houver necessidade de atualizar o índice, basta 3. Clique duas vezes em uma categoria de modelo no
clicar com o botão direito do mouse em qualquer parte do painel central.
índice e escolher Atualizar Campo. Observação – Para sair de uma categoria de modelo,
clique no ícone de seta para a esquerda, na parte superior da
caixa de diálogo.
4. Selecione o modelo que deseja usar e clique em Abrir.
5. Substitua o conteúdo das caixas de espaço reservado
cinzas por texto, imagens ou objetos.

- Para criar um novo documento de texto com um


assistente
Etapas
1. Em qualquer aplicativo do BROffice.org, selecione
Na janela que se abre escolha Atualizar o índice inteiro. Arquivo -
Assistentes e escolha Carta, Fax ou Agenda.
BROffice Writer 2. Siga as instruções.
O BROffice.org Writer é um aplicativo de processamento Um assistente cria um documento de modelo que você
de texto que lhe permite criar documentos, como cartas, pode usar como base para novos documentos.
currículos, livros ou formulários online.
Este capítulo apresenta as etapas básicas para criar, editar Adicionando e editando texto
e salvar um documento do Writer. Você pode adicionar texto ao documento das seguintes
maneiras:
• Digitando texto com o teclado
• Copiando e colando texto de outro documento
• Importando texto de outro arquivo
Digitando texto
A maneira mais fácil de inserir texto no documento é
digitar o texto. Ao digitá-lo, a ferramenta AutoCorreção corrige
automaticamente possíveis erros de ortografia comuns, como
“catra” em vez de “carta”.
Por padrão, a ferramenta Completar palavras coleta
palavras longas enquanto você digita. Ao começar a digitar
novamente a mesma palavra, o BROffice.org completa
automaticamente a palavra. Para aceitar a palavra, pressione
Abrindo um documento de exemplo do Writer Enter ou continue digitando.

O BROffice.org inclui vários documentos de exemplo.


Você pode usar esses documentos de exemplo para ver e
saber o que o Writer faz.
- Para abrir um documento de exemplo do Writer

39
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Copiando, colando e excluindo texto


Você pode copiar texto de um lugar para outro no mesmo
documento ou de um documento para outro.

- Para copiar e colar texto


Etapas
1. Selecione o texto que deseja copiar e siga um destes
procedimentos:
• Escolha Editar – Copiar.
Dica – Para desativar as ferramentas de completar e • Pressione Ctrl+C.
substituir automaticamente procure na ajuda on-line os • Clique no ícone Copiar na barra Padrão.
seguintes termos: • Clique com o botão direito do mouse no texto
• Função de AutoCorreção selecionado e escolha Copiar.
• Função de AutoEntrada O texto continua na área de transferência até você copiar
• Completar palavras outra seleção de texto ou item.
• Reconhecimento de números 2. Clique ou mova o cursor para onde deseja colar o texto.
• Função de AutoFormatação Siga um destes procedimentos:
• Escolha Editar – Colar.
Selecionando texto • Pressione Ctrl+V.
Você pode selecionar texto com o mouse ou com o teclado. • Clique no ícone Colar na barra Padrão.
• Clique com o botão direito do mouse onde deseja colar
o texto e escolha Colar.

- Para excluir texto


Etapas
Selecionando texto com o mouse
1. Selecione o texto que deseja excluir.
2. Siga um destes procedimentos:
• Para selecionar um trecho de texto, clique no início do
trecho, mantenha pressionado o botão esquerdo do mouse e • Escolha Editar - Recortar ou pressione Ctrl+X.
arraste o mouse até o fim do texto. O texto é excluído do documento e adicionado à área de
Pode também clicar na frente do trecho, mover o mouse transferência, para você colar o texto onde pretender.
até o fim do texto, manter pressionada a tecla Shift e clicar • Pressione a tecla Delete ou Backspace.
novamente. Observação – Você pode usar essas teclas para também
• Para selecionar uma frase inteira, clique três vezes em excluir caracteres individuais.
qualquer lugar na frase. Se desejar desfazer uma exclusão, escolha Editar -
• Para selecionar uma única palavra, clique duas vezes em Desfazer ou pressione Ctrl+Z.
qualquer lugar na palavra.
• Para acrescentar mais de um trecho a uma seleção, -Para inserir um documento de texto
selecione o trecho, mantenha pressionada a tecla Ctrl e Você pode inserir o conteúdo de qualquer documento
selecione outro trecho de texto. de texto no documento do Writer, desde que o formato do
arquivo seja conhecido pelo BROffice.org.
Selecionando texto com o teclado Etapas
• Para selecionar o documento inteiro, pressione Ctrl+A. 1. Clique no documento do Writer onde deseja inserir o
• Para selecionar uma única palavra em um dos lados do texto.
cursor, mantenha pressionadas as teclas Ctrl+Shift e pressione 2. Escolha Inserir – Arquivo.
a seta para a esquerda <- ou a seta para a direita ->. 3. Localize o arquivo que deseja inserir e clique em Inserir.
• Para selecionar um único caractere em um dos lados do Localizando e substituindo texto
cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a seta Você pode usar o recurso Localizar e substituir no
para a esquerda <- ou a seta para a direita ->. Para selecionar BROffice.org Writer para procurar e substituir palavras em um
mais de um caractere, mantenha pressionada a tecla Shift documento de texto.
enquanto pressiona a tecla de direção. - Para localizar e substituir texto
• Para selecionar o texto restante na linha à esquerda do
cursor, mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a tecla
Home.
• Para selecionar o texto restante na linha à direita do cursor,
mantenha pressionada a tecla Shift e pressione a tecla End.

40
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Etapas
1. Escolha Editar – Localizar e substituir.
Abre-se a caixa de diálogo Localizar e substituir.
2. Na caixa Procurar, digite o texto que você deseja
localizar no documento. 1. Clique com o botão direito do mouse em uma palavra
Pode selecionar também a palavra ou a frase que deseja com um sublinhado ondulado em vermelho.
procurar no documento de texto e escolher Editar - Localizar 2. Siga um destes procedimentos:
e substituir. O texto selecionado é inserido automaticamente • Escolha uma das palavras de substituição sugeridas no
na caixa Procurar. alto do menu de contexto.
3. Na caixa Substituir por, insira a palavra ou a frase de A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
substituição. escolher.
4. Clique em Localizar para iniciar a procura. • Escolha uma das palavras de substituição no submenu
5. Quando o Writer localizar a primeira ocorrência da AutoCorreção.
palavra ou frase, siga um destes procedimentos: A palavra incorreta é substituída pela palavra que você
• Para substituir a ocorrência do texto encontrada pela escolher.
que você inseriu na caixa Substituir por, clique em Substituir. As duas palavras são acrescentadas automaticamente à
• Para substituir todas as ocorrências do texto encontradas lista de substituição da ferramenta AutoCorreção. Na próxima
pela que você inseriu na caixa Substituir por, clique em vez que cometer o mesmo erro ortográfico, o Writer fará a
Substituir tudo. correção ortográfica automaticamente.
• Para ignorar o texto encontrado e continuar a procura, • Escolha Verificação ortográfica para abrir a caixa de
clique em diálogo Verificação ortográfica.
Localizar próxima. • Para adicionar a palavra a um dos dicionários, escolha
6. Clique em Fechar quando concluir a procura. Adicionar e clique no nome do dicionário.
Observação – O número de entradas em um dicionário
Verificando ortografia definido pelo usuário é limitado, mas você pode criar quantos
O Writer pode verificar possíveis erros ortográficos dicionários definidos pelo usuário forem necessários.
enquanto você digita ou em um documento inteiro.
- Para verificar ortografia enquanto digita - Para verificar a ortografia em um documento inteiro
O Writer pode avisar sobre possíveis erros de ortografia Se não deseja verificar a ortografia enquanto digita, você
enquanto você digita. pode usar a ferramenta Verificação ortográfica para corrigir
Para ativar e desativar esse recurso, clique no ícone erros manualmente. A ferramenta Verificação ortográfica
AutoVerificação ortográfica na barra Padrão. Quando esse começa a partir da posição atual do cursor ou a partir do
recurso está ativado, uma linha vermelha ondulada marca início do texto selecionado.
possíveis erros ortográficos.
Etapas
1. Clique no documento ou selecione o texto que deseja
corrigir.
2. Escolha Ferramentas - Verificação ortográfica.
3. Quando um possível erro de ortografia é localizado, a
caixa de diálogo Verificação ortográfica sugere uma correção.

41
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Dica – Consulte a ajuda on-line para obter informação


sobre a diferença desses dois ícones.

Formatando texto com estilos


No Writer, a formatação padrão de caracteres, parágrafos,
páginas, quadros e listas é feita com estilos. Um estilo é um
conjunto de opções de formatação, como tipo e tamanho da
fonte. Um estilo define o aspecto geral do texto, assim como
o layout de um documento.
Você pode selecionar alguns estilos comuns, e todos os
estilos aplicados, a partir da lista drop-down Aplicar estilo na
barra Formatação.
4. Siga um destes procedimentos:
• Para aceitar uma correção, clique em Alterar.
• Substitua a palavra incorreta na caixa no alto pela
palavra correta e clique em Alterar.
• Para ignorar a palavra atual uma vez e continuar a
verificação ortográfica, clique em Ignorar uma vez.
• Para ignorar a palavra atual no documento inteiro e
continuar a verificação ortográfica, clique em Ignorar tudo.

Formatando texto
O Writer permite-lhe formatar o texto manualmente ou
ao usar estilos. Com os dois métodos, você controla tamanho,
tipo de fonte, cor, alinhamento e espaçamento do texto. A
principal diferença é que a formatação manual aplica-se
apenas ao texto selecionado, enquanto a formatação de estilo
aplica-se toda vez que o estilo é usado no documento. Uma maneira fácil de aplicar um estilo de formatação é
com a janela Estilos e formatação. Para abrir a janela Estilos e
Formatando texto manualmente formatação, escolha Formato – Estilos e formatação.
Para uma formatação simples, como alterar o tamanho e • Para alterar a formatação de um parágrafo, clique no
a cor do texto, use os ícones na barra Formatação. Se desejar, parágrafo, clique no ícone Estilos de parágrafos na parte
pode também usar os comandos de menu no menu Formato, superior da janela Estilos e formatação e clique duas vezes em
assim como teclas de atalho. um estilo na lista.

Selecione o texto que deseja alterar e siga um destes


procedimentos:
• Para alterar o tipo de fonte usado, selecione uma fonte
diferente na caixa Nome da fonte.
• Para alterar o tamanho do texto, selecione um tamanho
na caixa Tamanho da fonte.
• Para alterar o tipo de letra do texto, clique no ícone
Negrito, Itálico ou Sublinhado.
Pode também usar as seguintes teclas de atalho: Ctrl+B
para negrito, Ctrl+I para itálico ou Ctrl+U para sublinhado. Para
restaurar o tipo de letra padrão, selecione o texto novamente e
clique no mesmo ícone, ou pressione as mesmas teclas de atalho. • Para alterar a formatação do texto em um parágrafo,
• Para alterar o alinhamento do texto, clique no ícone selecione o texto, clique no ícone Estilos de caracteres na
Alinhar à esquerda, Centralizar, Alinhar à direita ou Justificado. parte superior da janela Estilos e formatação e clique duas
• Para adicionar ou remover marcadores ou números vezes em um estilo na lista.
de uma lista, clique no ícone Ativar/desativar numeração ou • Para alterar o layout de todas as páginas que usam o
Ativar/desativar marcadores. estilo de página atual, clique no ícone Estilos de páginas na
• Para alterar um recuo do texto, use os ícones de recuo. parte superior da janela Estilos e formatação e clique duas
• Para alterar a cor do texto, clique no ícone Cor da fonte. vezes em um estilo na lista.
• Para alterar a cor do plano de fundo do texto, clique no
ícone Cor do plano de fundo ou no ícone Realce.

42
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usando o navegador Etapas


O Navegador exibe as seguintes categorias de objetos no 1. Escolha Tabela - Inserir – Tabela.
documento: 2. Na área Tamanho, digite o número de linhas e colunas
• Títulos para a tabela.
• Folhas 3. (Opcional) Para usar um layout de tabela predefinido,
• Tabelas clique em AutoFormatação, selecione o formato desejado e
• Quadros de texto clique em OK.
• Gráficos
• Objetos OLE
• Seções
• Hyperlinks
• Referências
• Índices
• Notas

4. Na caixa de diálogo Inserir tabela, especifique opções


adicionais, como o nome da tabela, e clique em OK.

- Para adicionar uma linha ou coluna a uma tabela


Etapas
1. Clique em qualquer linha ou coluna da tabela.
2. Clique no ícone Inserir coluna ou Inserir linha na barra
Tabela.

• Para visualizar o conteúdo de uma categoria, clique no - Para excluir uma linha ou coluna de uma tabela
sinal de mais na frente do nome da categoria. Etapas
• Para exibir o conteúdo de uma única categoria no 1. Clique na linha ou coluna que deseja excluir.
Navegador, selecione a categoria e clique no ícone Exibição 2. Clique no ícone Excluir coluna ou Excluir linha na barra
do conteúdo. Tabela.
Observação – Para exibir todo o conteúdo, clique
novamente no ícone Exibição do conteúdo.
• Para saltar rapidamente para o local no documento,
clique duas vezes em qualquer entrada na lista do Navegador.
• Para editar propriedades de um objeto, clique no objeto
com o botão direito do mouse.
Você pode encaixar o Navegador na borda de qualquer
janela do documento. MS EXCEL
Para desanexar o Navegador da borda de uma janela, O Excel é uma das melhores planilhas existentes no
clique duas vezes na área cinza do Navegador encaixado. Para mercado. As planilhas eletrônicas são programas que se
redimensionar o Navegador, arraste as bordas do Navegador. assemelham a uma folha de trabalho, na qual podemos colocar
Dica – Em um documento de texto, você pode usar o dados ou valores em forma de tabela e aproveitar a grande
modo Exibição do conteúdo para títulos para arrastar e soltar capacidade de cálculo e armazenamento do computador
capítulos inteiros em outras posições dentro do documento. para conseguir efetuar trabalhos que, normalmente, seriam
Para obter mais informações, consulte a ajuda on-line sobre resolvidos com uma calculadora, lápis e papel. A tela do
o Navegador. computador se transforma numa folha onde podemos
observar uma série de linhas (números) e colunas (letras). A
Usando tabelas em documentos do Writer cada encontro de uma linha com uma coluna temos uma
Você pode usar tabelas para apresentar e organizar célula onde podemos armazenar um texto, um valor, funções
informações importantes em linhas e colunas, para as ou fórmula para os cálculos. O Excel oferece, inicialmente, em
informações serem lidas com facilidade. A interseção de uma uma única pasta de trabalho três planilhas, mas é claro que
linha e uma coluna é chamada de célula. você poderá inserir mais planilhas conforma sua necessidade.
- Para adicionar uma tabela a um documento do Writer

43
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Interface
A interface do Excel segue o padrão dos aplicativos Office,
com ABAS, Botão Office, controle de Zoom na direita. O que
muda são alguns grupos e botões exclusivos do Excel e as guias
de planilha no rodapé à esquerda:

Se você precisar selecionar mais de uma célula, basta


manter pressionado o mouse e arrastar selecionando as cé-
lulas em sequência.

Guias de Planilha

Um arquivo do Excel ao iniciar com três guias de planilha,


estas guias permite que se possa em um único arquivo arma-
Se precisar selecionar células alternadamente, clique so-
zenar mais de uma planilha, inicialmente o Excel possui três pla-
bre a primeira célula a ser selecionada, pressione CTRL e vá
nilhas, e ao final da Plan3 temos o ícone de inserir planilha que
clicando nas que você quer selecionar.
cria uma nova planilha. Você pode clicar com o botão direito do
mouse em uma planilha existente para manipular as planilhas.

Podemos também nos movimentar com o teclado, neste


caso usamos a combinação das setas do teclado com a tecla
Na janela que é mostrada é possível inserir uma nova pla- SHIFT.
nilha, excluir uma planilha existente, renomear uma planilha,
mover ou copiar essa planilha, etc...

Movimentação na planilha
Para selecionar uma célula ou torná-la ativa, basta movi-
mentar o retângulo (cursor) de seleção para a posição dese-
jada. A movimentação poderá ser feita através do mouse ou
teclado.
Com o mouse para selecionar uma célula basta dar um cli-
que em cima dela e observe que a célula na qual você clicou é
mostrada como referência na barra de fórmulas.

44
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Entrada de textos e números o mesmo que (A1+A2+A3+A4+A5+A6+A7+A8+A9+A10),


Na área de trabalho do Excel podem ser digitados carac- só que com a função o processo passa a ser mais fácil. Ain-
teres, números e fórmulas. Ao finalizar a digitação de seus da conforme o exemplo pode-se observar que é necessário
dados, você pode pressionar a tecla ENTER, ou com as setas sempre iniciar um cálculo com sinal de igual (=) e usa-se nos
mudar de célula, esse recurso somente não será válido quan- cálculos a referência de células (A1) e não somente valores.
do estiver efetuando um cálculo. Caso precise alterar o con- A quantidade de argumentos empregados em uma fun-
teúdo de uma célula sem precisar redigitar tudo novamente, ção depende do tipo de função a ser utilizada. Os argumentos
clique sobre ela e pressione F2, faça sua alteração e pressione podem ser números, textos, valores lógicos, referências, etc...
ENTER em seu teclado.
Operadores
Salvando e Abrindo Arquivos Operadores são símbolos matemáticos que permitem fa-
Para salvar uma planilha o processo é igual ao feito no zer cálculos e comparações entre as células. Os operadores são:
Word, clique no botão Office e clique me Salvar.

Vamos montar uma planilha simples.

Dê um nome ao seu arquivo, defina o local onde ele de-


verá ser salvo e clique em Salvar, o formato padrão das pla-
nilhas do Excel 2010 é o xlsx, se precisar salvar em xls para
manter compatibilidade com as versões anteriores é preciso
em tipo definir como Pasta de Trabalho do Excel 97 – 2003.
Para abrir um arquivo existente, clique no botão Office e
depois no botão Abrir, localize seu arquivo e clique sobre ele
e depois em abrir.

Observe que o conteúdo de algumas células é maior que


a sua largura, podemos acertar isso da seguinte forma.
Se precisar trabalhar a largura de uma coluna, posiciono o
mouse entre as colunas, o mouse fica com o formato de uma
flecha de duas pontas, posso arrastar para definir a nova lar-
gura, ou posso dar um duplo clique que fará com que a largu-
ra da coluna acerte-se com o conteúdo. Posso também clicar
com o botão direito do mouse e escolher Largura da Coluna.

Operadores e Funções
A função é um método utilizado para tornar mais fácil e
rápido a montagem de fórmulas que envolvem cálculos mais
complexos e vários valores.
Existem funções para os cálculos matemáticos, financeiros
e estatísticos. Por exemplo, na função: =SOMA (A1:A10) seria

45
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O objetivo desta planilha é calcularmos o valor total de cionar o cursor do mouse no canto inferior direito da célula o
cada produto (quantidade multiplicado por valor unitário) e cursor se transforma em uma cruz (não confundir com a seta
depois o total de todos os produtos. branca que permite mover o conteúdo da célula e ao pressio-
Para o total de cada produto precisamos utilizar o ope- nar o mouse e arrastar ele copia a fórmula poupando tempo).
rador de multiplicação (*), no caso do Mouse temos que a Para calcular o total você poderia utilizar o seguinte cál-
quantidade está na célula A4 e o valor unitário está na célula culo D4+D5+D6+D7+D8, porém isso não seria nada pratico
C4, o nosso caçulo será feito na célula D4. em planilhas maiores. Quando tenho sequências de cálculos
Poderíamos fazer o seguinte cálculo =1*20 que me traria o Excel permite a utilização de funções.
o resultado, porém bastaria alterar o valor da quantidade ou No caso a função a ser utilizada é a função SOMA, a sua
o V. unitário que eu precisaria fazer novamente o cálculo. O estrutura é =SOMA(CelIni:Celfim), ou seja, inicia-se com o
correto é então é fazer =A4*C4 com isso eu multiplico refe- sinal de igual (=), escreve-se o nome da função, abrem-se
renciando as células, independente do conteúdo dela, ele fará parênteses, clica-se na célula inicial da soma e arrasta-se
a multiplicação, desde que ali se tenha um número. até a última célula a ser somada, este intervalo é representado
pelo sinal de dois pontos (:), e fecham-se os parênteses.
Embora você possa fazer manualmente na célula o Excel
possui um assistente de função que facilita e muito a utili-
zação das mesmas em sua planilha. Na ABA Inicio do Excel
dentro do grupo Edição existe o botão de função.

Observe que ao fazer o cálculo é colocado também na


barra de fórmulas, e mesmo após pressionar ENTER, ao clicar
sobre a célula onde está o resultado, você poderá ver como se A primeira função é justamente Soma, então clique na
chegou ao resultado pela barra de fórmulas. célula e clique no botão de função.

Observe conforme a imagem que o Excel acrescenta a


Para o cálculo do teclado é necessário então fazer o cál- soma e o intervalo de células pressione ENTER e você terá
culo da segunda linha A5*C5 e assim sucessivamente. Obser- seu cálculo.
vamos então que a coluna representada pela letra não muda,
muda-se somente o número que representa a linha, e se Formatação de células
nossa planilha tivesse uma grande quantidade de produtos, A formatação de células é muito semelhante a que vimos
repetir o cálculo seria cansativo e com certeza sujeita a erros. para formatação de fonte no Word, basta apenas que a célula
Quando temos uma sequência de cálculos como a nossa pla- onde será aplicada a formatação esteja selecionada, se preci-
nilha o Excel permite que se faça um único cálculo e ao posi- sar selecionar mais de uma célula, basta selecioná-las.

46
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As opções de formatação de célula estão na ABA Inicio. A guia Alinhamento permite definir o alinhamento do
conteúdo da célula na horizontal e vertical, além do controle
do texto.

Temos o grupo Fonte que permite alterar a fonte a ser uti-


lizada, o tamanho, aplicar negrito, itálico e sublinhado, linhas
de grade, cor de preenchimento e cor de fonte. Ao clicar na
faixa do grupo será mostrada a janela de fonte.

A guia Bordas permite adicionar bordas a sua planilha,


embora a planilha já possua as linhas de grade que facilitam a
identificação de suas células, você pode adicionar bordas para
dar mais destaque.

A guia Preenchimento permite adicionar cores de preen-


chimento às suas células.
A guia mostrada nesta janela é a Fonte nela temos o tipo
da letra, estilo, tamanho, sublinhado e cor, observe que exis-
tem menos recursos de formatação do que no Word.
A guia Número permite que se formatem os números de
suas células. Ele dividido em categorias e dentro de cada cate-
goria ele possui exemplos de utilização e algumas personaliza-
ções como, por exemplo, na categoria Moeda em que é possí-
vel definir o símbolo a ser usado e o número de casas decimais.

Vamos então formatar nossa planilha, inicialmente sele-


cione todas as células de valores em moeda. Você pode uti-
lizar a janela de formatação como vimos antes, como pode
também no grupo Número clicar sobre o botão moeda.

47
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos colocar também a linha onde estão Quant, Produ-


to etc... em negrito e centralizado.
O título Relação de Produtos ficará melhor visualmente
se estiver centralizado entra a largura da planilha, então se-
lecione desde a célula A1 até a célula D1 depois clique no A segunda opção Formatar como Tabela permite também
botão Mesclar e Centralizar centralize e aumente um pouco aplicar uma formatação a sua planilha, porém ele já começa a
o tamanho da fonte. trabalhar com Dados.

Para finalizar selecione toda a sua planilha e no botão de


bordas, selecione uma borda externa.

Ele acrescenta uma coluna superior com indicações de


colunas e abre uma nova ABA chamada Design
Estilos
Esta opção é utilizada par aplicar, automaticamente um
formato pré-definido a uma planilha selecionada.

No grupo Opções de Estilo de Tabela desmarque a opção


Linhas de Cabeçalho.
Para poder manipular também os dados de sua planilha
é necessário selecionar as células que pretende manipular
como planilha e no grupo Ferramentas clique no botão Con-
verter em Intervalo.

O botão estilo de Célula permite que se utilize um estilo


de cor para sua planilha.

48
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Auto Preenchimento das Células


Vimos no exemplo anterior que é possível copiar uma
fórmula que o Excel entende que ali temos uma fórmula e faz
a cópia. Podemos usar este recurso em outras situações, se
eu tiver um texto comum ou um número único, e aplicar este
recurso, ele copia sem alterar o que será copiado, mas posso
utilizar este recurso para ganhar tempo.
Se eu criar uma sequência numérica, por exemplo, na cé-
lula A1 o número 1 e na célula A2 o número 2, ao selecionar
ambos, o Excel entende que preciso copiar uma sequência.
Se eu colocar na célula A1 o número 1 e na célula A2 o
número 3, ele entende que agora a sequência é de dois em
dois.

Congelar Painéis
Algumas planilhas quando muito longas necessitam que
sejam mantidos seus cabeçalho e primeiras linhas, evitando-
Esta mesma sequência pode ser aplicada a dias da sema- -se assim a digitação de valores em locais errados. Esse re-
na, horas, etc... curso chama-se congelar painéis e está disponível na ABA
exibição.
Inserção de linhas e colunas
Para adicionar ou remover linhas e colunas no Excel é
simples. Para adicionar, basta clicar com o botão direito do
mouse em uma linha e depois clicar em Inserir, a linha será
adicionada acima da selecionada, no caso a coluna será adi- No grupo Janela temos o botão Congelar Painéis, clique
cionada à esquerda. Para excluir uma linha ou uma coluna, na opção congelar primeira linha e mesmo que você role a
basta clicar com o botão direito na linha ou coluna a ser ex- tela a primeira linha ficará estática.
cluída.
Este processo pode ser feito também pelo grupo Células
que está na ABA inicio.

Através da opção Formatar podemos também definir a


largura das linhas e colunas.
Ainda dentro desta ABA podemos criar uma nova janela
da planilha Ativa clicando no botão Nova Janela, podemos or-
ganizar as janelas abertas clicando no botão Organizar Tudo,

49
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O cálculo ficaria para o primeiro produto =D4/D9 e de-


pois bastaria aplicar a formatação de porcentagem e acres-
centar duas casas decimais.

Pelo grupo Mostrar / Ocultar podemos retirar as linhas


de grade, as linhas de cabeçalho de coluna e linha e a barra
de formulas.
Porém se utilizarmos o conceito aprendido de copiar a
célula E4 para resolver os demais cálculos na célula E5 à fór-
mula ficará =D5/D10, porém se observarmos o correto seria
ficar =D5/D9, pois a célula D9 é a célula com o valor total, ou
seja, esta é a célula comum a todos os cálculos a serem feitos,
com isso não posso copiar a fórmula, pelo menos não como
está.
Uma solução seria fazer uma a uma, mas a ideia de uma
Trabalhando com Referências planilha é ganhar-se tempo.
Percebemos que ao copiar uma fórmula, automaticamen- A célula D9 então é um valor absoluto, ele não muda é
te são alteradas as referências, isso ocorre, pois trabalhamos também chamado de valor constante.
até o momento com valores relativos. A solução é então travar a célula dentro da formula, para
Porém, vamos adicionar em nossa planilha mais uma isso usamos o símbolo do cifrão ($), na célula que fizemos o
coluna onde pretendo calcular qual a porcentagem cada cálculo E4 de clique sobre ela, depois clique na barra de fór-
produto representa no valor total mulas sobre a referência da célula D9.

50
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pressione em seu teclado a tecla F4. Será então adicionado O Excel possui muitas funções, você pode conhecer mais
o símbolo de cifrão antes da letra D e antes do número 9. $D$9. sobre elas através do assistente de função.

Pressione ENTER e agora você poderá copiar a sua célula.

No exemplo acima foi possível travar toda a células, exis-


tem casos em que será necessário travar somente a linha e Ao clicar na opção Mais Funções abre-se a tela de Inserir
casos onde será necessário travar somente a coluna. Função, você pode digitar uma descrição do que gostaria de
As combinações então ficariam (tomando como base a saber calcular, pode buscar por categoria, como Financeira,m
célula D9) Data Hora etc..., ao escolher uma categoria, na caixa central
D9 - Relativa, não fixa linha nem coluna serão mostradas todas as funções relativas a essa categoria.
$D9 - Mista, fixa apenas a coluna, permitindo a variação Ao selecionar, por exemplo, a categoria Estatística e den-
da linha. tro do conjunto de funções desta categoria a função Máxi-
D$9 - Mista, fixa apenas a linha, permitindo a variação da mo abaixo é apresentado uma breve explicação da utilização
coluna. desta função. Se precisar de mais detalhes da utilização da
função clique sobre o link Ajuda sobre esta função.
$D$9 - Absoluta, fixa a linha e a coluna.

Algumas outras funções


Vamos inicialmente montar a seguinte planilha

Em nosso controle de atletas vamos através de algumas ou-


tras funções saber algumas outras informações de nossa planilha.

51
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Máximo Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de ida-


Mostra o valor MAIOR de uma seleção de células. de na linha de valores máximos E17 e monte a seguinte função
Em nossa planilha vamos utilizar essa função para saber é =MEDIA(E4:E13). Com essa função estamos buscando no in-
a maior idade, maior peso e a maior altura. tervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado.
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
idade na linha de valores máximos E15 e monte a seguinte
função =MAXIMO(E4:E13). Com essa função estamos bus-
cando no intervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo
encontrado.

Para o peso e a altura basta apenas repetir o processo


Vamos utilizar essa função em nossa planilha de controle
de atletas. Vamos utilizar a função nos valores médios da pla-
nilha, deixaremos com duas casas decimais. Vamos aproveitar
também o exemplo para utilizarmos um recurso muito inte-
ressante do Excel que é o aninhamento de funções, ou seja,
Vamos repetir o processo para os valores máximos do
uma função fazendo parte de outra. A função para o cálculo
peso e da altura.
da média da Idade é =MÉDIA(E4:E13) clique na célula onde
está o cálculo e depois clique na barra de fórmulas.
MIN
Altere a função para =ARRED(MÉDIA(E4:E13);1) com isso
Mostra o valor mínimo de uma seleção de células.
fizemos com que caso exista números após a vírgula o mes-
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para saber
mo será arredonda a somente uma casa decimal. Caso você
os valores mínimos nas características de nossos atletas.
não queira casas decimais coloque após o ponto e vírgula o
Em nossa planilha clique na célula abaixo da coluna de
número zero.
idade na linha de valores máximos E16 e monte a seguinte Nesta situação deve-se ter uma atenção grande em rela-
função =MIN(E4:E13). Com essa função está buscando no in- ção aos parênteses, observe que foi aberto uma após a fun-
tervalo das células E4 à E13 qual é valor máximo encontrado. ção ARRED e um a pós a função MÉDIA então se deve ter o
cuidado de fechá-los corretamente. O que auxilia no fecha-
mento correto dos parênteses é que o Excel vai colorindo os
mesmos enquanto você faz o cálculo.

Função SE
Esta é com certeza uma das funções mais importantes do
Excel e provavelmente uma das mais complexas para quem
está iniciando.
Esta função retorna um valor de teste_lógico que permite
avaliar uma célula ou um cálculo e retornar um valor verda-
deiro ou um valor falso.
Sua sintaxe é =SE (TESTELÓGICO;VALOR
VERDADEIRO;VALOR FALSO).
Para calcular os valores mínimos para o peso e a altura o =SE - Atribuição de inicio da função;
processo é o mesmo.
TESTELÓGICO - Teste a ser feito par validar a célula;
Média VALOR VERDADEIRO - Valor a ser apresentado na célula
Calcula a média aritmética de uma seleção de valores. quando o teste lógico for verdadeiro, pode ser outra célula,
Vamos utilizar essa função em nossa planilha para saber um caçulo, um número ou um texto, apenas lembrando que
os valores médios nas características de nossos atletas. se for um texto deverá estar entre aspas.

52
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

VALOR FALSO - Valor a ser apresentado na célula quando


o teste lógico for falso, pode ser outra célula, um caçulo, um
número ou um texto, apenas lembrando que se for um texto
deverá estar entre aspas.
Para exemplificar o funcionamento da função vamos
acrescentar em nossa planilha de controle de atletas uma co-
luna chamada categoria.

Temos então agora na coluna J a referência de idade, e na


coluna K a categoria.
Então agora preciso verificar a idade de acordo com o
valor na coluna J e retornar com valores verdadeiros e falsos
o conteúdo da coluna K. A função então ficará da seguinte
forma:

Vamos atribuir inicialmente que atletas com idade menor


que 18 anos serão da categoria Juvenil e acima disso catego-
ria Profissional. Então a lógica da função será que quando a =SE(E4<J4;K4;SE(E4<J5;K5;K6))
Idade do atleta for menor que 18 ele será Juvenil e quando ela Temos então:
for igual ou maior que 18 ele será Profissional. =SE(E4<J4: Aqui temos nosso primeiro teste lógico,
Convertendo isso para a função e baseando-se que a ida- onde verificamos se a idade que consta na célula E4 é menor
de do primeiro atleta está na célula E4 à função ficará: que o valor que consta na célula J4.
=SE(E4<18;”Juvenil”;”Profissional”.) K4: Célula definida a ser retornada como verdadeiro des-
te teste lógico, no caso o texto “Juvenil”.
SE(E4<J5: segundo teste lógico, onde verificamos se
valor da célula E4 é menor que 30, se for real retorna o se-
gundo valor verdadeiro, é importante ressaltar que este teste
lógico somente será utilizado se o primeiro teste der como
falso.
K5: Segundo valor verdadeiro, será retornado se o segun-
do teste lógico estiver correto.
K6: Valor falso, será retornado se todos os testes lógicos
derem como falso.
Permite contar em um intervalo de valores quantas vezes
Explicando a função. se repete determinado item. Vamos aplicar a função em nos-
=SE(E4<18: inicio da função e teste lógico, aqui é verifica- sa planilha de controle de atletas
do se o conteúdo da célula E4 é menor que 18.
“Juvenil”: Valor a ser apresentado como verdadeiro. Adicione as seguintes linhas abaixo de sua planilha
“Profissional”: Valor a ser apresentado como falso.

Vamos incrementar um pouco mais nossa planilha, vamos


criar uma tabela em separado com a seguinte definição. Até
18 anos será juvenil, de 18 anos até 30 anos será considerado
profissional e acima dos 30 anos será considerado Master.
Nossa planilha ficará da seguinte forma.

53
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Então vamos utilizar a função CONT.SE para buscar em


nossa planilha quantos atletas temos em cada categoria.

Repita o processo para todos os demais dias da semana,


somente no sábado é preciso apenas calcular a parte da ma-
nhã, ou seja, não precisa ser feito o cálculo do período da tarde.

A função ficou da seguinte forma =CONT.SE(H4:H13;K4)


onde se faz a contagem em um intervalo de H3:H13 que é o
resultado calculado pela função
SE e retorna a célula K4 onde está a categoria juvenil de
atletas. Para as demais categorias basta repetir o cálculo mu-
dando-se somente a categoria que está sendo buscada.

Funções de Data e Hora


Podemos trabalhar com diversas funções que se baseiam
na data e hora de seu computador. As principais funções de
data e hora são: Para calcular o V. da hora que o funcionário recebe co-
=HOJE( ) Retorna a data atual. loque um valor, no caso adicione 15 e coloquei no formato
=MÊS(HOJE()) Retorna o mês atual Moeda. Vamos agora então calcular quanto ele ganhou por
=ANO(HOJE()) Retorna o ano atual dia, pois temos quantas horas ele trabalhou durante o dia e
=HORA(AGORA()) Retorna à hora atual sabemos o valor da hora. Como temos dois formatos de nú-
=MINUTO(AGORA()) Retorna o minuto atual meros precisamos durante o cálculo fazer a conversão.
=SEGUNDO(AGORA()) Retorna o segundo atual Para a segunda-feira o cálculo fica da seguinte forma:
=AGORA( ) Retorna a data e à hora =HORA(B6)*B7+MINUTO(B6)*B7/60.
=DIA.DA.SEMANA(HOJE()) Retorna o dia da semana em Inicialmente utilizamos a função HORA e pegamos como
número referência de hora o valor da célula B6, multiplicamos pelo
=DIAS360( ) Calcula o número de dias que há entre valor que está em B7, essa parte calcula somente à hora cheia
uma data inicial e uma data final. então precisamos somar os minutos que pega a função MI-
Para exemplificar monte a seguinte planilha. NUTO e multiplica a quantidade de horas pelo valor da hora,
como o valor é para a hora o dividimos então por 60
Após isso coloque o valor em formato Moeda.

Em V.Diário, vamos calcular quantas horas foram traba-


lhadas durante cada dia.
=B3-B2+B5-B4, pegamos a data de saída e subtraímos Para os demais cálculos o V.Hora será igual há todos os
pela data de entrada de manhã, com isso sabemos quantas dias então ele precisa ser fixo para que o cálculo possa ser
horas foram trabalhadas pela manhã na mesma função faço a copiado, o número 60 por ser um número não é muda.
subtração da saída no período da tarde pela entrada do perí- =HORA(B6)*$B$7+MINUTO(B6)*$B$7/60
odo da tarde e somo os dois períodos. Para sabermos quantas horas o funcionário trabalhou na
semana, faça a soma de todos os dias trabalhados.

54
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vamos a um exemplo

Ao observar atentamente o valor calculado ele mostra


20:40, porém nessa semana o funcionário trabalhou mais de
40 horas, isso ocorre pois o cálculo de horas zera ao chegar
em 23:59:59, então preciso fazer com que o Excel entenda que
ele precisa continuar a contagem. Clique na faixa do grupo Faremos uma planilha para conversão de valores, então
número na ABA Inicio, na janela que se abre clique na catego- na planilha 1 vamos ter um campo para que se coloque o
ria Hora e escolha o formato 37:30:55 esse formato faz com valore em real e automaticamente ele fará a conversão para
que a contagem continue. outras moedas, monte a seguinte planilha.
Vamos renomear a planilha para resultado.

Para isso dê um duplo clique no nome de sua planilha


Plan1 e digite o novo nome.
Salve seu arquivo e clique na guia Plan2 e digite a seguin-
te planilha

Crie um novo campo abaixo da Tabela e coloque V. a re-


ceber e faça a soma dos valores totais.

Renomeie essa planilha para valores


Retorne a planilha resultado e coloque um valor qualquer
no campo onde será digitado valor.

Planilhas 3D

O conceito de planilha 3D foi implantado no Excel na ver-


são 5 do programa, ele é chamado dessa forma pois permite
que se façam referências de uma planilha em outra.
Posso por exemplo fazer uma soma de valores que es-
tejam em outra planilha, ou seja quando na planilha matriz
algum valor seja alterado na planilha que possui referência
com ela também muda.

55
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique agora no campo onde será colocado o valor de Será mostrada mais uma janela coloque uma senha (re-
compra do dólar na célula B4 e clique na célula onde está comendável)
o valor que acabou de digitar célula B2, adicione o sinal de
divisão (/) e depois clique na planilha valores ele vai colocar o
nome da planilha seguido de um ponto de exclamação (!) e
clique onde está o valor de compra do dólar. A função ficará
da seguinte forma =B2/valores!B2.

Com isso toda vez que eu alterar na planilha valores o


valor do dólar, ele atualiza na planilha resultado.
Faça o cálculo para o valor do dólar para venda, a função
ficará da seguinte forma: =B2/valores!C2.
Para poder copiar a fórmula para as demais células, blo-
queie a célula B2 que é referente ao valor em real.
O ideal nesta planilha é que a única célula onde o usuário
possa manipular seja a célula onde será digitado valor em real
para a conversão, então vamos bloquear a planilha deixando
essa célula desprotegia.
Clique na célula onde será digitado o valor em real depois
na ABA Inicio no grupo Fonte clique na faixa e na janela que
se abre clique na guia Proteção.
Desmarque a opção Bloqueadas, isso é necessário, pois Ao tentar alterar uma célula protegida será mostrado o
esta célula é a única que poderá receber dados. seguinte aviso

Se precisar alterar alguma célula protegida basta clicar no


botão Desproteger Planilha no grupo Alterações.

Clique agora na ABA Revisão e no grupo Alterações cli- Inserção de Objetos


que no botão Proteger Planilha.
A inserção de objetos no Excel é muito semelhante ao
que aprendemos no Word, as opções de inserção de objetos
estão na ABA Inserir.

56
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Podemos inserir Imagens, clip-arts, formas, SmartArt,


caixas de texto, WordArt, objetos, símbolos, etc.
Como a maioria dos elementos já sabemos como im-
plementar vamos focar em Gráficos.

Gráficos
A utilização de um gráfico em uma planilha além de
deixá-la com uma aparência melhor também facilita na
hora de mostrar resultados. As opções de gráficos, esta no
grupo Gráficos na ABA Inserir do Excel

Para criar um gráfico é importante decidir quais dados


serão avaliados para o gráfico. Vamos utilizar a planilha
Atletas para criarmos nosso gráfico, vamos criar um gráfico
que mostre os atletas x peso.
Selecione a coluna com o nome dos atletas, pressione
CTRL e selecione os valores do peso.

Escolha no subgrupo coluna 2D a primeira opção e seu


gráfico será criado.
Ao clicar em um dos modelos de gráfico no grupo Grá-
ficos você poderá selecionar um tipo de gráfico disponível,
no exemplo cliquei no estilo de gráfico de colunas.

Para mover o gráfico para qualquer parte de sua planilha


basta clicar em uma área em branco de o gráfico manter o
mouse pressionado e arrastar para outra parte.

57
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na parte superior do Excel é mostrada a ABA Design (Aci-


ma dela Ferramentas de Gráfico).

Se você quiser mudar o estilo de seu gráfico, você pode


clicar no botão Alterar Tipo de Gráfico.

Podemos também modificar o estilo de nosso gráfico


através do grupo Estilos de Gráfico

Para alterar a exibição entre linhas e colunas, basta clicar


no botão Alterar Linha/Coluna.

Ainda em Layout do Gráfico podemos modificar a distri-


buição dos elementos do Gráfico.

Podemos também deixar nosso gráfico isolado em uma


nova planilha, basta clicar no botão Mover Gráfico.

58
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Clique no botão Classificar.

Você precisa definir quais serão os critérios de sua classi-


ficação, onde diz
Classificar por clique e escolha nome, depois clique no
botão Adicionar Nível e coloque Modalidade.

Dados
O Excel possui uma ABA chamada Dados que permite im-
portar dados de outras fontes, ou trabalhar os dados de uma
planilha do Excel

Classificação Antes de clicar em OK, verifique se está marcada a opção


Meus dados contêm cabeçalhos, pois selecionamos a linha de
Vamos agora trabalhar com o gerenciamento de dados títulos em nossa planilha e clique em OK.
criados no Excel.
Vamos utilizar para isso a planilha de Atletas.
Classificar uma lista de dados é muito fácil, e este recurso
pode ser obtido pelo botão Classificar e Filtrar na ABA Inicio,
ou pelo grupo Classificar e Filtrar na ABA Dados.

Você pode mudar a ordem de classificação sempre que


for necessário, basta clicar no botão de Classificar.

Vamos então selecionar os dados de nossa planilha que Auto Filtro


serão classificados. Este é um recurso que permite listar somente os dados
que você precisa visualizar no momento em sua planilha. Com
seus dados selecionados clique no botão Filtro e observe que
será adicionado junto a cada célula do cabeçalho da planilha
uma seta.

59
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Estas setas permite visualizar somente os dados que te Observe que as colunas que estão com filtro possuem um
interessam na planilha, por exemplo caso eu precise da re- ícone em forma de funil no lugar da seta.
lação de atletas do sexo feminino, basta eu clicar na seta do Para remover os filtros, basta clicar nos cabeçalhos com
cabeçalho sexo e marcar somente Feminino, que os demais filtro e escolher a opção selecionar tudo.
dados da planilha ficarão ocultos. Você também pode personalizar seus filtros através da
opção Filtros de Texto e Filtro de número (quando conteúdo
da célula for um número).

Posso ainda refinar mais a minha filtragem, caso precise


saber dentro do sexo feminino quantos atletas estão na cate-
goria Profissional, eu faço um novo filtro na coluna Categoria.

Subtotais
Podemos agrupar nossos dados através de seus valores,
vamos inicialmente classificar nossa planilha pelo sexo dos
atletas relacionado com a idade.

60
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Depois clique no botão Subtotal. No caso escolhi a planilha atletas, podemos observar que
Em A cada alteração em: coloque sexo e em Adicionar a mesma não cabe em uma única página. Clique no botão
subtotal a deixe marcado apenas Peso, depois clique em OK. Configurar Página.

Marque a opção Paisagem e clique em OK.

Observe na esquerda que são mostrados os níveis de vi-


sualização dos subtotais e que ele faz um total a cada sequ-
ência do sexo dos atletas.
Para remover os subtotais, basta clicar no botão Subtotal Teclas de atalho do Excel
e na janela que aparece clique em Remover Todos.
CTRL + !: quando se está trabalhando com planilhas gran-
Impressão des, quando os dados precisam ser apresentados a um geren-
O processo de impressão no Excel é muito parecido com te, ou mesmo só para facilitar sua vida, a melhor maneira de
o que fizemos no Word. destacar certas informações é formatar a célula, de modo que
Clique no botão Office e depois em Imprimir e escolha a fonte, a cor do texto, as bordas e várias outras configura-
Visualizar Impressão. ções de formatação. Mas ter que usar o mouse para encontrar
as opções de formatação faz você perder muito tempo. Por-
tanto, pressionando CTRL + !, você fará com que a janela de
opções de formatação da célula seja exibida. Lembre-se que
você pode selecionar várias células para aplicar a formatação
de uma só vez.
CTRL + (: muitas vezes você precisa visualizar dados que
não estão próximos uns dos outros. Para isso o Excel fornece
a opção de ocultar células e colunas. Pressionando CTRL + (,
você fará com que as linhas correspondentes à seleção sejam
ocultadas. Se houver somente uma célula ativa, só será ocul-
tada a linha correspondente. Por exemplo: se você selecionar
células que estão nas linhas 1, 2, 3 e 4 e pressionar as teclas
mencionadas, essas quatro linhas serão ocultadas.

61
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para reexibir aquilo que você ocultou, selecione uma cé- *É possível selecionar as planilhas que estão antes ou de-
lula da linha anterior e uma da próxima, depois utilize as teclas pois da atual, pressionando também o SHIFT nos dois coman-
CTRL + SHIFT + (. Por exemplo: se você ocultou a linha 14 e do acima.
precisa reexibi-la, selecione uma célula da linha 13, uma da Teclas de função
linha 15 e pressione as teclas de atalho. Poucas pessoas conhecem todo o potencial das teclas que
CTRL + ): esse atalho funciona exatamente como o an- ficam na mesma linha do “Esc”. Assim como o CTRL, as teclas
terior, porém, ele não oculta linhas, mas sim COLUNAS. Para de função podem ser utilizadas em combinação com outras,
reexibir as colunas que você ocultou, utilize as teclas CTRL + para produzir comandos diferentes do padrão atribuído a elas.
SHIFT + ). Por exemplo: você ocultou a coluna C e quer ree- Veja alguns deles abaixo.
xibi-la. Selecione uma célula da coluna B e uma da célula D, F2: se você cometer algum erro enquanto está inserindo
depois pressione as teclas mencionadas. fórmulas em uma célula, pressione o F2 para poder mover o
CTRL + SHIFT + $: quando estiver trabalhando com va- cursor do teclado dentro da célula, usando as setas para a di-
lores monetários, você pode aplicar o formato de moeda reita e esquerda. Caso você pressione uma da setas sem usar o
utilizando esse atalho. Ele coloca o símbolo R$ no número e F2, o cursor será movido para outra célula.
duas casas decimais. Valores negativos são colocados entre ALT + SHIFT + F1: inserir novas planilhas dentro de um ar-
parênteses. quivo do Excel também exige vários cliques com o mouse, mas
CTRL + SHIFT + Asterisco (*): esse comando é extrema- você pode usar o comando ALT + SHIFT + F1 para ganhar al-
mente útil quando você precisa selecionar os dados que estão gum tempo. As teclas SHIFT + F11 produzem o mesmo efeito.
envolta da célula atualmente ativa. Caso existam células vazias F8: use essa tecla para ligar ou desligar o modo de seleção
no meio dos dados, elas também serão selecionadas. Veja na estendida. Esse pode ser usado da mesma forma que o SHIFT.
imagem abaixo um exemplo. A célula selecionada era a D6. Porém, ele só será desativado quando for pressionado nova-
CTRL + Sinal de adição (+): quando você precisar inserir mente, diferente do SHIFT, que precisa ser mantido pressiona-
células, linhas ou colunas no meio dos dados, ao invés de cli- do para que você possa selecionar várias células da planilha.
car com o mouse no número da linha ou na letra da coluna,
basta pressionar esse comando. Veja abaixo outros comandos úteis:
CTRL + Setas de direção: move o cursor para a última cé-
*Utilize o sinal de adição do teclado numérico ou a com-
lula preenchida. Se houve alguma célula vazia no meio, o cur-
binação CTRL + SHIFT + Sinal de adição que fica à esquerda
sor será movido para a última célula preenchida que estiver
da tecla backspace, pois ela tem o mesmo efeito.
antes da vazia.
CTRL + Sinal de subtração (-): para excluir células, linhas
END: pressione essa tecla uma vez para ativar ou desativar
ou colunas inteiras, pressione essas teclas. Esse comando fun-
o “Modo de Término”. Sua função é parecida com o coman-
ciona tanto no teclado normal quanto no teclado numérico.
do anterior. Pressiona uma vez para ativar e depois pressione
CTRL + D: você pode precisar que todas as células de de- uma tecla de direção para mover o cursor para a última célula
terminada coluna tenham o mesmo valor. Apertando CTRL preenchida.
+ D, você fará com que a célula ativa seja preenchida com o *Se a tecla Scroll Lock estiver ativada, pressionar END fará
mesmo valor da célula que está acima dela. Por exemplo: você com que o cursor seja movido para a célula que estiver visível
digitou o número 5432 na célula A1 e quer que ele se repita no canto inferior direito da janela.
até a linha 30. Selecione da célula A1 até a A30 e pressione o CTRL + BARRA DE ESPAÇO: utilize essa atalho se você
comando. Veja que todas as células serão preenchidas com o quiser selecionar a coluna inteira onde está o cursor.
valor 5432. SHIFT + BARRA DE ESPAÇOS: semelhante ao comando
CTRL + R: funciona da mesma forma que o comando aci- acima, porém, seleciona a linha inteira onde está o cursor.
ma, mas para preenchimento de colunas. Exemplo: selecione
da célula A1 até a E1 e pressione CTRL + R. Todas as células BrOffice.org Calc
selecionadas terão o mesmo valor da A1. O BrOffice.org Calc é um programa de planilha que você
CTRL + ALT + V: você já deve ter cometido o erro de co- pode usar para organizar e manipular dados que contêm
piar uma célula e colar em outro local, acabando com a for- texto, números, valores de data e tempo, e mais, por exemplo
matação que tinha definido anteriormente, pois as células de para o orçamento doméstico.
origem eram azuis e as de destino eram verdes. Ou seja, você
agora tem células azuis onde tudo deveria ser verde. Para que
isso não aconteça, você pode utilizar o comando “colar valo-
res”, que fará com que somente os valores das células copia-
das apareçam, sem qualquer formatação. Para não precisar
usar o mouse, copie as células desejadas e na hora de colar
utilize as teclas CTRL + ALT + V.
CTRL + PAGE DOWN: não há como ser rápido utilizando
o mouse para alternar entre as planilhas de um mesmo arqui-
vo. Utilize esse comando para mudar para a próxima planilha
da sua pasta de trabalho.
CTRL + PAGE UP: similar ao comando anterior. Porém,
executando-o você muda para a planilha anterior.

62
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para abrir um exemplo de planilha do Calc mover-se em uma folha:


Etapas • Para mover uma célula para baixo em uma coluna,
1. Em qualquer programa do BrOffice.org, escolha pressione a tecla de seta para baixo ou Enter.
Arquivo - Novo - Modelos e documentos • Para mover uma célula para cima em uma coluna,
2. No painel esquerdo, clique em Exemplos. pressione a tecla de seta para cima.
3. No painel central, clique duas vezes na pasta Planilhas. • Para mover uma célula para a direita, pressione a tecla
4. Selecione uma planilha de exemplo e clique em Abrir. de seta para a direita ou Tab.
• Para mover uma célula para a esquerda, pressione a
Fundamentos da planilha tecla de seta para a esquerda.
Por padrão, um documento de planilha consiste em três Dica – Para mover para a última célula que contém dados
folhas: Folha1 , Folha2 e Folha3. Cada folha divide-se em um em uma coluna ou linha, mantenha pressionada a tecla Ctrl
máximo de 65536 linhas e 256 colunas. As linhas são rotuladas enquanto pressiona uma tecla de direção.
com números e as colunas, com letras. A interseção de uma
linha e uma coluna é chamada de célula. Selecionando células em uma folha
Uma célula é identificada por uma referência que consiste Você pode usar o mouse ou o teclado para selecionar
na letra da coluna a célula seguida do número da linha da células em uma folha do Calc.
célula. Por exemplo, a referência de uma célula na interseção • Para selecionar um intervalo de células com o mouse,
da coluna A e da linha 2 é A2. Além disso, a referência do clique em uma célula e arraste o mouse para outra célula.
intervalo de células nas colunas de A a C e linhas 1 a 5 é A1:C5. • Para selecionar um intervalo de células com o teclado,
Observação - Você pode também incluir o nome do certifique-se de que o cursor esteja em uma célula, mantenha
arquivo e o nome da folha em uma referência a uma célula ou pressionada a tecla Shift e pressione uma tecla de direção.
a um intervalo de células. Pode atribuir um nome a uma célula
ou intervalo de células, para usar o nome em vez de uma
referência à coluna/número. Para obter detalhes, pesquise o
termo eferências na ajuda on-line.

Criando uma planilha


Para criar uma nova planilha a partir de qualquer programa
do penOffice.org, escolha Arquivo - Novo – Planilha.
Movendo-se em uma folha
Você pode usar o mouse ou o teclado para mover-se
em uma folha do Calc ou ara selecionar itens na folha. Se
selecionou um intervalo de células, o cursor permanece no Digitando ou colando dados
intervalo ao mover o cursor. A maneira mais simples de adicionar dados a uma folha é
digitar, ou copiar e colar dados de outra folha do Calc ou de
outro programa.

- Para digitar ou colar dados em uma planilha


Etapas
1. Clique na célula à qual deseja adicionar dados.
2. Digite os dados.
Se desejar colar dados da área de transferência na célula,
escolha Editar - Colar.
3. Pressione Enter.
Você pode também pressionar uma tecla de direção para
inserir os dados e mover a próxima célula na direção da seta.
- Para mover-se em uma folha com o mouse Dica – Para digitar texto em mais de uma linha em uma
Etapa célula, pressione Ctrl+Return no fim de cada linha e, quando
Use a barra de rolagem horizontal ou vertical para mover concluir, pressione Return.
para os lados ou para cima e para baixo em uma folha.
• Clique na seta na barra de rolagem horizontal ou vertical. - Para inserir rapidamente datas e números consecutivos
• Clique no espaço vazio na barra de rolagem. O Calc oferece um recurso de preenchimento para você
• Arraste a barra na barra de rolagem. inserir rapidamente uma série sucessiva de dados, como
Dica – Para mover o cursor para uma célula específica, datas, dias, meses e números. O conteúdo de cada célula
clique na célula. sucessiva na série é incrementado por um. 1 é incrementado
para 2, segunda-feira é incrementada para terceira-feira, e
- Para mover-se em uma folha com o teclado assim por diante.
Etapa
Use as seguintes teclas e combinações de teclas para

63
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Etapas Formatando planilhas


1. Clique em uma célula e digite o primeiro item da série, O Calc permite-lhe formatar a folha manualmente ou ao
por exemplo, segunda-feira. Pressione Return. usar estilos. A diferença principal é que a formatação manual
2. Clique na célula novamente para ver a alça de aplica-se apenas às células selecionadas. A formatação de
preenchimento — a caixa preta pequena no canto direito estilo aplica-se toda vez que o estilo é usado no documento
inferior da célula. de planilha.
3. Arraste a alça de preenchimento até realçar o intervalo Usando AutoFormatação
de células no qual deseja inserir a série. A maneira mais fácil de formatar um intervalo de células
4. Solte o botão do mouse. é usar o recurso AutoFormatação do Calc.

Os itens consecutivos na série são adicionados


automaticamente às células realçadas.

- Para aplicar formatação automática a um intervalo de


células
Etapas
1. Selecione o intervalo de células que deseja formatar.
Selecione ao menos um intervalo de células 3 x 3.
2. Escolha Formatar - AutoFormatação.
Abre-se a caixa de diálogo AutoFormatação.
3. Na lista de formatos, clique no formato que deseja usar
e clique em OK.
Dica – Para copiar sem alterar os valores em uma série,
pressione a tecla Ctrl enquanto arrasta. Formatando células manualmente
Para aplicar formatação simples ao conteúdo de uma
Editando e excluindo o conteúdo de células célula, como alterar o tamanho do texto, use os ícones na
Você pode editar o conteúdo de uma célula ou intervalo barra Formatar objeto.
de células em uma folha.
- Para formatar células com a barra Formatar objeto
- Para editar o conteúdo de células em uma folha A barra Formatar objetos permite-lhe aplicar formatos
Etapas rapidamente a células individuais ou intervalos de células.
1. Clique em uma célula ou selecione um intervalo de Etapas
células. 1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja
Dica – Para selecionar um intervalo de células, clique em formatar.
2. Na barra Formatar objeto, clique no ícone que
uma célula. Em seguida arraste o mouse até cobrir o intervalo
corresponde à formatação que deseja aplicar.
que deseja selecionar.
Observação – Pode também selecionar uma opção das
Para selecionar uma linha ou coluna inteira, clique no
caixas Nome da fonte ou Tamanho da fonte.
rótulo da linha ou coluna.
2. Para editar o conteúdo de uma única célula, clique duas
vezes na célula, faça as alterações necessárias e pressione
Return.
Observação – Pode também clicar na célula, digitar as - Para aplicar formatação manual com a caixa de diálogo
alterações na caixa de Linha de entrada da barra Fórmula e Formatar células
clicar no ícone verde da marca de seleção. Se precisar de mais opções de formatação do que a barra
No entanto, não pode inserir quebras de linha na caixa de Objeto de Cal fornece, use a caixa de diálogo Formatar células.
Linha de entrada.
3. Para excluir o conteúdo da célula ou do intervalo de
células, pressione a tecla Backspace ou Delete.
a. Na caixa de diálogo Excluir conteúdo, selecione as
opções que deseja.
b. Clique em OK.

64
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Etapas
1. Selecione a célula ou o intervalo de células que deseja
formatar e escolha Formatar - Células.
Abre-se a caixa de diálogo Formatar células.
2. Clique em uma das guias e escolha as opções de
formatação.
- Para aplicar formatação com a janela Estilos e formatação
Etapas
1. Escolha Formatar - Estilos e formatação.
2. Para alterar a formatação de células, clique em uma
célula ou selecione um intervalo de células.
a. Clique no ícone Estilos de célula na parte superior da
Guia Números janela Estilos e formatação.
Altera a formatação de números nas células, como a b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
alteração do número de casas decimais exibidas 3. Para alterar o layout de uma folha, clique em qualquer
Guia Fonte lugar na folha.
Altera a fonte, o tamanho da fonte e o tipo de letra usado a. Clique no ícone Estilos de página na parte superior da
na célula janela Estilos e formatação.
Guia Efeitos de fonte b. Clique duas vezes em um estilo na lista.
Altera a cor da fonte e os efeitos de sublinhado, tachado
ou alto-relevo do texto Usando fórmulas e funções
Guia Alinhamento Você pode inserir fórmulas em uma planilha para efetuar
Altera o alinhamento do texto e a orientação do texto no cálculos. Se a fórmula contiver referências a células, o resultado
interior das células será atualizado automaticamente toda vez que você alterar o
Guia Bordas conteúdo das células. Você pode também usar uma das várias
Altera as opções de bordas das células fórmulas ou funções pré-definidas que o Calc oferece para
Guia Plano de fundo efetuar cálculos.
Altera o preenchimento do plano de fundo das células
Guia Proteção de célula Criando fórmulas
Protege o conteúdo das células no interior de folhas Uma fórmula começa com um sinal de igual (=) e pode
protegidas. conter valores, referências a células, operadores, funções e
constantes.
3. Clique em OK.

Formatando células e folhas com estilos


No Calc, a formatação padrão de células e folhas faz-se
com estilos. Um estilo é um conjunto de opções de formatação
que define o aspecto do conteúdo da célula, assim como o
layout de uma folha. Quando você altera a formatação de
um estilo, as alterações são aplicadas toda vez que o estilo é
usado na planilha.

65
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Para criar uma fórmula - Para editar uma fórmula


Etapas Etapas
1. Clique na célula à qual deseja exibir o resultado da 1. Clique em uma célula que contém uma fórmula.
fórmula. A fórmula é exibida na caixa de Linha de entrada da barra
2. Digite = e, a seguir, digite a fórmula. Fórmula.
Por exemplo, se desejar adicionar o conteúdo da célula
A1 ao conteúdo da célula A2, digite =A1+A2 em outra célula.
3. Pressione Return.
* Você também pode editar uma célula pressionado F2
ou dando um clique duplo na célula

2. Clique na caixa de Linha de entrada e efetue as


alterações.
Para excluir parte da fórmula, pressione a tecla Delete ou
Backspace.
3. Pressione Return ou clique no ícone na barra Fórmula
para confirmar as alterações.
Para rejeitar as alterações feitas, pressione Esc ou clique
no ícone na barra Fórmula.
Usando operadores Usando funções
Você pode usar os seguintes operadores nas fórmulas: O Calc é fornecido com várias fórmulas e funções
predefinidas. Por exemplo, em vez de digitar =A2+A3+A4+A5,
você pode digitar =SUM(A2:A5) .

- Para usar uma função


Exemplo de Fórmulas do Calc
Etapas
=A1+15
1. Clique na célula à qual deseja adicionar uma função.
Exibe o resultado de adicionar 15 ao conteúdo da células A1
2. Escolha Inserir – Função.
=A1*20%
Abre-se a caixa de diálogo Assistente de função.
Exibe 20 por cento do conteúdo da célula A1
=A1*A2 3. Na caixa Categoria, selecione a categoria que contém o
Exibe o resultado da multiplicação do conteúdo das tipo de função que você deseja usar.
células A1 e A2 4. Na lista Funções, clique na função que deseja usar.
5. Clique em Próximo.
Usando parênteses 6. Insira os valores necessários ou clique nas células que
O Calc segue a ordem de operações ao calcular uma contêm os valores que você deseja.
fórmula. Multiplicação e divisão são feitas antes de adição 7. Clique em OK.
e subtração, independentemente de onde esses operadores Dica – Consulte a ajuda on-line do Calc para obter mais
aparecem na fórmula. Por exemplo, para a fórmula =2+5+5*2, informações sobre as funções do Calc, inclusive exemplos.
o Calc retorna o valor de 17 e não de 24.
Usando gráficos
Editando uma fórmula Gráficos podem ajudar a visualizar padrões e tendências
Uma célula que contém uma fórmula exibe apenas o nos dados numéricos.
resultado da fórmula. A fórmula é exibida na caixa de Linha O BrOffice.org fornece vários estilos de gráfico que você
de entrada. pode usar para representar os números.

66
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Observação – Gráficos não se restringem a planilhas. Você Etapas


pode também inserir um gráfico ao escolher Inserir - Objeto - 1. Clique duas vezes em um gráfico para exibir a barra de
Gráfico nos outros programas do BrOffice.org. ferramentas Padrão do gráfico.
A barra de ferramentas aparece ao lado da barra padrão
- Para criar um gráfico do Calc ou Writer.
Etapas
1. Selecione as células, inclusive os títulos, que contêm
dados para o gráfico.

2. Escolha Inserir – Gráfico. 2. Use os ícones na barra de ferramentas para alterar as


Abre-se a caixa de diálogo AutoFormatação de gráfico. propriedades do gráfico.
O intervalo de célula selecionado é exibido na caixa Intervalo. 3. Para modificar outras opções do gráfico você pode dar
Observação – Se desejar especificar um intervalo de um clique duplo sobre o respectivo elemento ou acessar as
célula diferente para os dados, clique no botão Encolher ao opções através do menu Inserir e Formatar.
lado da caixa de texto Intervalo e selecione as células. Clique
no botão Encolher novamente quando concluir.
3. Clique em Próximo.
4. Na caixa Escolher tipo de gráfico, clique no tipo de
gráfico que deseja criar.
5. Clique em Próximo.
6. Na caixa Escolher variante, clique na variante que deseja
usar.
7. Clique em Próximo.
8. Na caixa Título do gráfico, digite o nome do gráfico.
9. Clique em Criar.

MS POWERPOINT 2010
O PowerPoint 2010 é um aplicativo visual e gráfico, usado
principalmente para criar apresentações. Com ele, você pode
criar, visualizar e mostrar apresentações de slides que combi-
nam texto, formas, imagens, gráficos, animações, tabelas, ví-
deos e muito mais.

Familiarizar-se com o espaço de trabalho do Power-


Point
O espaço de trabalho, ou modo de exibição Normal, foi
Editando gráficos
desenvolvido para ajudá-lo a encontrar e usar facilmente os
Depois de criar um gráfico, poderá voltar e alterar, mover, recursos do Microsoft PowerPoint 2010.
redimensionar ou excluir o gráfico. Este artigo contém instruções passo a passo para ajudá-lo
a se preparar para criar apresentações com o PowerPoint 2010
- Para redimensionar, mover ou excluir um gráfico
Etapa Etapa 1: Abrir o PowerPoint
Clique no gráfico e siga um destes procedimentos: Quando você inicia o PowerPoint, ele é aberto no modo
• Para redimensionar o gráfico, mova o ponteiro do de exibição chamado Normal, onde você cria e trabalha em
mouse sobre uma das alças, pressione o botão do mouse e slides.
arraste o mouse.
O Calc exibe uma linha pontilhada do novo tamanho do
gráfico enquanto você arrasta.
• Para mover o gráfico, mova o ponteiro do mouse para
dentro do gráfico, pressione o botão do mouse e arraste o
mouse para um novo lugar.
• Para excluir o gráfico, pressione a tecla Delete.

- Para alterar a aparência de um gráfico


Você pode usar os ícones na barra de ferramentas Padrão
do gráfico para alterar a aparência do gráfico.

67
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

te a borda para cima a fim de criar mais espaço para as anota-


ções do apresentador, como mostrado na ilustração a seguir.

Observe que o slide no painel Slide se redimensiona au-


tomaticamente para se ajustar ao espaço disponível.
Uma imagem do PowerPoint 2010 no modo Normal que
Etapa 4: Criar a apresentação
possui vários elementos rotulados.
Agora que preparou o espaço de trabalho para ser usa-
1 No painel Slide, você pode trabalhar em slides indivi-
do, você está pronto para começar a adicionar texto, formas,
duais.
imagens, animações (e outros slides também) à apresentação.
2 As bordas pontilhadas identificam os espaços reserva- Próximo à parte superior da tela, há três botões que podem
dos, onde você pode digitar texto ou inserir imagens, gráficos ser úteis quando você iniciar o trabalho:
e outros objetos. • Desfazer , que desfaz sua última alteração
3 A guia Slides mostra uma versão em miniatura de cada (para ver uma dica de tela sobre qual ação será desfeita, co-
slide inteiro mostrado no painel Slide. Depois de adicionar loque o ponteiro sobre o botão. Para ver um menu de outras
outros slides, você poderá clicar em uma miniatura na guia alterações recentes que também podem ser desfeitas, clique
Slides para fazer com que o slide apareça no painel Slide ou na seta à direita de Desfazer ).
poderá arrastar miniaturas para reorganizar os slides na apre- • Você também pode desfazer uma alteração pressio-
sentação. Também é possível adicionar ou excluir slides na nando CTRL+Z.
guia Slides. • Refazer ou Repetir , que repete ou refaz sua
4 No painel Anotações, você pode digitar observações última alteração, dependendo da ação feita anteriormen-
sobre o slide atual. Também pode distribuir suas anotações te (para ver uma dica de tela sobre qual ação será repetida
para a audiência ou consultá-las no Modo de Exibição do ou refeita, coloque o ponteiro sobre o botão). Você também
Apresentador durante a apresentação. pode repetir ou refazer uma alteração pressionando CTRL+Y.
• A Ajuda do Microsoft Office PowerPoint , que
Etapa 2: Começar com uma apresentação em branco abre o painel Ajuda do PowerPoint. Você também pode abrir
Por padrão, o PowerPoint 2010 aplica o modelo Apresen- a Ajuda pressionando F1.
tação em Branco, mostrado na ilustração anterior, às novas
apresentações. Apresentação em Branco é o mais simples e Familiarizar-se com a Faixa de Opções do PowerPoint
o mais genérico dos modelos no PowerPoint 2010 e será um 2010
bom modelo a ser usado quando você começar a trabalhar Ao iniciar o Microsoft PowerPoint 2010 pela primeira vez,
com o PowerPoint. você perceberá que os menus e as barras de ferramentas do
Para criar uma nova apresentação baseada no modelo PowerPoint 2003 e das versões anteriores foram substituídos
pela Faixa de Opções.
Apresentação em Branco, faça o seguinte:
1. Clique na guia Arquivo.
O que é a Faixa de Opções?
2. Aponte para Novo e, em Modelos e Temas Disponí-
A Faixa de Opções contém os comandos e os outros itens
veis, selecione Apresentação em Branco.
de menu presentes nos menus e barras de ferramentas do Po-
3. Clique em Criar. werPoint 2003 e de versões anteriores. A Faixa de Opções foi
projetada para ajudá-lo a localizar rapidamente os comandos
Etapa 3: Ajustar o tamanho do painel de anotações necessários para concluir uma tarefa.
Depois que você abre o modelo Apresentação em Bran-
co, somente uma pequena parte do painel Anotações fica vi-
sível. Para ver uma parte maior desse painel e ter mais espaço
para digitar, faça o seguinte:
1. Aponte para a borda superior do painel Anotações.
2. Quando o ponteiro se transformar em uma , arras-

68
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Principais recursos da Faixa de Opções A guia Arquivo

A Faixa de Opções exibida no lado esquerdo da guia Pá-


gina Inicial do PowerPoint 2010.
1 Uma guia da Faixa de Opções, neste caso a guia Pági-
na Inicial. Cada guia está relacionada a um tipo de atividade,
como inserir mídia ou aplicar animações a objetos.
2 Um grupo na guia Página Inicial, neste caso o grupo
Fonte. Os comandos são organizados em grupos lógicos e
reunidos nas guias.
3 Um botão ou comando individual no grupo Slides, nes-
te caso o botão Novo Slide.

Outros recursos da Faixa de Opções

A guia Arquivo é o local onde é possível criar um novo


arquivo, abrir ou salvar um existente e imprimir sua apresen-
tação.
1 Salvar como
2 Abrir
3 Novo
Outros elementos que podem ser exibidos na Faixa de 4 Imprimir
Opções são as guias contextuais, as galerias e os iniciadores A guia Página Inicial
de caixa de diálogo.
 Uma galeria, neste caso a galeria de formas no grupo
Desenho. As galerias são janelas ou menus retangulares que
apresentam uma gama de opções visuais relacionadas.
 Uma guia contextual, neste caso a guia Ferramentas
de Imagem. Para diminuir a poluição visual, algumas guias A guia Página Inicial é o local onde é possível inserir no-
são mostradas somente quando necessárias. Por exemplo, a vos slides, agrupar objetos e formatar texto no slide.
guia Ferramentas de Imagem será mostrada somente se você 1 Se você clicar na seta ao lado de Novo Slide, poderá
inserir uma imagem a um slide e a selecionar. escolher entre vários layouts de slide.
 Um Iniciador da Caixa de Diálogo, neste caso, um que 2 O grupo Fonte inclui os botões Fonte, Negrito, Itálico e
inicia a caixa de diálogo Formatar Forma. Tamanho da Fonte.
3 O grupo Parágrafo inclui Alinhar Texto à Direita, Alinhar
Localização dos comandos conhecidos na Faixa de Opções Texto à Esquerda, Justificar e Centralizar.
Para encontrar a localização de comandos específicos em 4 Para localizar o comando Agrupar, clique em Organizar
guias e grupos, consulte os diagramas a seguir. e, em Agrupar Objetos, selecione Agrupar.

Guia Inserir

A guia Inserir é o local onde é possível inserir tabelas, for-


mas, gráficos, cabeçalhos ou rodapés em sua apresentação.
1 Tabela
2 Formas
3 Gráfico
4 Cabeçalho e Rodapé

69
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guia Design Guia Revisão

A guia Revisão é o local onde é possível verificar a orto-


A guia Design é o local onde é possível personalizar o pla- grafia, alterar o idioma da apresentação ou comparar altera-
no de fundo, o design e as cores do tema ou a configuração ções na apresentação atual com outra.
de página na apresentação. 1 Ortografia, para iniciar o verificador ortográfico.
1 Clique em Configurar Página para iniciar a caixa de diá- 2 O grupo Idioma, que inclui Editando Idiomas, onde é
logo Configurar Página. possível selecionar o idioma.
2 No grupo Temas, clique em um tema para aplicá-lo à 3 Comparar, onde é possível comparar as alterações na
sua apresentação. apresentação atual com outra.
3 Clique em Estilos de Plano de Fundo para selecionar
uma cor e design de plano de fundo para sua apresentação. Guia Exibir
Guia Transições

A guia Exibir é o local onde é possível exibir o slide mes-


tre, as anotações mestras, a classificação de slides. Você tam-
bém pode ativar ou desativar a régua, as linhas de grade e as
A guia Transições é o local onde é possível aplicar, alterar guias de desenho.
ou remover transições no slide atual. 1 Classificação de Slides
1 No grupo Transições para este Slide, clique em uma
2 Slide Mestre
transição para aplicá-la ao slide atual.
3 O grupo Mostrar, que inclui Régua e Linhas de Grade.
2 Na lista Som, você pode selecionar entre vários sons
que serão executados durante a transição.
Eu não vejo o comando de que preciso!    
3 Em Avançar Slide, você pode selecionar Ao Clicar com o
Alguns comandos, como Recortar ou Compactar, são
Mouse para fazer com que a transição ocorra ao clicar.
guias contextuais.
Guia Animações
Para exibir uma guia contextual, primeiramente selecione
o objeto que será trabalhado e verifique se uma guia contex-
tual é exibida na Faixa de Opções.

Localizar e aplicar um modelo


A guia Animações é o local onde é possível aplicar, alterar O PowerPoint 2010 permite aplicar modelos internos ou
ou remover animações em objetos do slide. os seus próprios modelos personalizados e pesquisar vários
1 Clique em Adicionar Animação e selecione uma anima- modelos disponíveis no Office.com. O Office.com fornece
ção que será aplicada ao objeto selecionado. uma ampla seleção de modelos do PowerPoint populares, in-
2 Clique em Painel de Animação para iniciar o painel de cluindo apresentações e slides de design.
tarefas Painel de Animação. Para localizar um modelo no PowerPoint 2010, siga este
3 O grupo Intervalo inclui áreas para definir o Página Ini- procedimento:
cial e a Duração. Na guia Arquivo, clique em Novo.
Em Modelos e Temas Disponíveis, siga um destes proce-
Guia Apresentação de Slides dimentos:
• Para reutilizar um modelo usado recentemente, cli-
que em Modelos Recentes, clique no modelo desejado e de-
pois em Criar.
• Para utilizar um modelo já instalado, clique em Meus
A guia Apresentação de Slides é o local onde é possível Modelos, selecione o modelo desejado e clique em OK.
iniciar uma apresentação de slides, personalizar as configu- • Para utilizar um dos modelos internos instalados
rações da apresentação de slides e ocultar slides individuais. com o PowerPoint, clique em Modelos de Exemplo, clique no
1 O grupo Iniciar Apresentação de Slides, que inclui Do modelo desejado e depois em Criar.
Começo e Do Slide Atual. • Para localizar um modelo no Office.com, em Mode-
2 Clique em Configurar Apresentação de Slides para ini- los do Office.com, clique em uma categoria de modelo, se-
ciar a caixa de diálogo Configurar Apresentação. lecione o modelo desejado e clique em Baixar para baixar o
3 Ocultar Slide modelo do Office.com para o computador.

70
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvar uma apresentação

Como com qualquer programa de software, é uma boa


ideia nomear e salvar a apresentação imediatamente e salvar
Observação- Você também pode pesquisar modelos no suas alterações com frequência enquanto você trabalha:
Office.com de dentro do PowerPoint. Na caixa Pesquisar mo- 1. Clique na guia Arquivo.
delos no Office.com, digite um ou mais termos de pesquisa e 2. Clique em Salvar como e siga um destes procedi-
clique no botão de seta para pesquisar. mentos:
• Para que uma apresentação só possa ser aberta no
Criar uma apresentação PowerPoint 2010 ou no PowerPoint 2007, na lista Salvar como
1. Clique na guia Arquivo e clique em Novo. tipo, selecione Apresentação do PowerPoint (*.pptx).
2. Siga um destes procedimentos: • Para uma apresentação que possa ser aberta no Po-
werPoint 2010 ou em versões anteriores do PowerPoint, sele-
• Clique em Apresentação em Branco e em Criar.
cione Apresentação do PowerPoint 97-2003 (*.ppt).
• Aplique um modelo ou tema, seja interno fornecido
3. No painel esquerdo da caixa de diálogo Salvar como,
com o PowerPoint 2010 ou baixado do Office.com. clique na pasta ou em outro local onde você queira salvar sua
apresentação.
4. Na caixa Nome de arquivo, digite um nome para a
Abrir uma apresentação apresentação ou aceite o nome padrão e clique em Salvar.
1. Clique na guia Arquivo e em Abrir. De agora em diante, você pode pressionar CTRL+S ou
2. No painel esquerdo da caixa de diálogo Abrir, clique pode clicar em Salvar, próximo à parte superior da tela, para
na unidade ou pasta que contém a apresentação desejada. salvar rapidamente a apresentação, a qualquer momento.
3. No painel direito da caixa de diálogo Abrir, abra a Observação: Para salvar a apresentação em um formato
pasta que contém a apresentação. diferente de .pptx, clique na lista Salvar como tipo e selecione
4. Clique na apresentação e clique em Abrir. o formato de arquivo desejado.
 Observação   Por padrão, o PowerPoint 2010 mostra O Microsoft PowerPoint 2010 oferece uma série de tipos
somente apresentações do PowerPoint na caixa de diálogo de arquivo que você pode usar para salvar; por exemplo, JPEGs
Abrir. Para exibir outros tipos de arquivos, clique em Todas as (.jpg), arquivos Portable Document Format (.pdf), páginas da Web
Apresentações do PowerPoint e selecione o tipo de arquivo (.html), Apresentação OpenDocument (.odp), inclusive como ví-
que deseja exibir. deo ou filme etc. Também é possível abrir vários formatos de ar-
quivo diferentes com o PowerPoint 2010, como Apresentações
OpenDocument, páginas da Web e outros tipos de arquivos.

Adicionar, reorganizar e excluir slides


O único slide que é exibido automaticamente ao abrir o
PowerPoint tem dois espaços reservados, sendo um formata-
do para um título e o outro formatado para um subtítulo. A
organização dos espaços reservados em um slide é chamada
layout. O Microsoft PowerPoint 2010 também oferece ou-
tros tipos de espaços reservados, como aqueles de imagens
e elementos gráficos de SmartArt. Ao adicionar um slide à
sua apresentação, siga este procedimento para escolher um
layout para o novo slide ao mesmo tempo:
1. No modo de exibição Normal, no painel que contém
as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique abaixo
do único slide exibido automaticamente ao abrir o PowerPoint.

71
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique na seta


ao lado de Novo Slide. Ou então, para que o novo slide tenha
o mesmo layout do slide anterior, basta clicar em Novo Slide
em vez de clicar na seta ao lado dele.

Será exibida uma galeria que mostra as miniaturas dos


vários layouts de slide disponíveis.
• O nome identifica o conteúdo para o qual cada slide
foi criado.
• Os espaços reservados que exibem ícones coloridos
podem conter texto, mas você também pode clicar nos ícones
para inserir objetos automaticamente, incluindo elementos
gráficos SmartArt e clip-art.
3. Clique no layout desejado para o novo slide.

Se houver uma grande quantidade de material para apre-


sentar sobre qualquer um dos pontos ou áreas principais, tal-
vez você queira criar um subagrupamento de slides para esse
material, usando a mesma estrutura de tópicos básica.
Dica: Pense em quanto tempo cada slide deve ficar visível
na tela durante a sua apresentação. Uma boa estimativa pa-
drão é de dois a cinco minutos por slide.
Aplicar um novo layout a um slide
Para alterar o layout de um slide existente, faça o seguinte:
• No modo de exibição Normal, no painel que contém
as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides e clique no slide
O novo slide agora aparece na guia Slides, onde está re- ao qual deseja aplicar um novo layout.
alçado como o slide atual, e também como o grande slide à • Na guia Página Inicial, no grupo Slides, clique em
direita no painel Slide. Repita esse procedimento para cada Layout e, em seguida, clique no novo layout desejado.
novo slide que você deseja adicionar.  Observação   Se você aplicar um layout que não possua
Determinar quantos slides são necessários tipos de espaços reservados suficientes para o conteúdo que
Para calcular o número de slides necessários, faça um ras- já existe no slide, serão criados espaços reservados adicionais
cunho do material que você planeja abordar e, em seguida, automaticamente para armazenar esse conteúdo.
divida o material em slides individuais. Você provavelmente Copiar um slide
deseja pelo menos: Se você deseja criar dois ou mais slides que tenham con-
• Um slide de título principal teúdo e layout semelhantes, salve o seu trabalho criando um
• Um slide introdutório que lista os pontos principais slide que tenha toda a formatação e o conteúdo que será
ou áreas da sua apresentação compartilhado por ambos os slides, fazendo uma cópia desse
• Um slide para cada ponto ou área que esteja listada slide antes dos retoques finais em cada um deles.
no slide introdutório 1. No modo de exibição Normal, no painel que contém
• Um slide de resumo que repete a lista de pontos ou as guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o
áreas principais da sua apresentação botão direito do mouse no slide que deseja copiar e clique
Usando essa estrutura básica, se você possui três pontos em Copiar.
ou áreas principais para apresentar, planeje ter um mínimo de 2. Na guia Slides, clique com o botão direito do mouse
seis: um slide de título, um slide introdutório, um slide para onde você deseja adicionar a nova cópia do slide e clique em
cada um dos três pontos ou áreas principais e um slide de Colar.
resumo. Você também pode usar esse procedimento para inserir
uma cópia de um slide de uma apresentação para outra.

Reorganizar a ordem dos slides


No modo de exibição Normal, no painel que contém as
guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique no slide
que deseja mover e arraste-o para o local desejado.

72
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para selecionar vários slides, clique em um slide que dese- Observação   Use vírgulas para separar os números, sem
ja mover, pressione e mantenha pressionada a tecla CTRL en- espaços. Por exemplo: 1,3,5-12.
quanto clica em cada um dos outros slides que deseja mover. 3. Em Outras Configurações, clique na lista Cor e sele-
cione a configuração desejada.
Excluir um slide 4. Ao concluir as seleções, clique em Imprimir.
No modo de exibição Normal, no painel que contém as
guias Tópicos e Slides, clique na guia Slides, clique com o bo-
tão direito do mouse no slide que deseja excluir e clique em
Excluir Slide.

Adicionar formas ao slide


1. Na guia Início, no grupo Desenho, clique em Formas.

2. Clique na forma desejada, clique em qualquer parte


do slide e arraste para colocar a forma.
Para criar um quadrado ou círculo perfeito (ou restringir • Criar e imprimir folhetos
as dimensões de outras formas), pressione e mantenha a tecla Você pode imprimir as apresentações na forma de folhe-
SHIFT pressionada ao arrastar. tos, com até nove slides em uma página, que podem ser utili-
zados pelo público para acompanhar a apresentação ou para
Exibir uma apresentação de slides referência futura.
Para exibir a apresentação no modo de exibição Apre- O folheto com três slides por página possui espaços en-
sentação de Slides a partir do primeiro slide, siga este proce- tre as linhas para anotações.
dimento: Você pode selecionar um layout para os folhetos em vi-
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apre- sualização de impressão (um modo de exibição de um docu-
sentação de Slides, clique em Do Começo (ou pressione F5). mento da maneira como ele aparecerá ao ser impresso).
Organizar conteúdo em um folheto:
Na visualização de impressão é possível organizar o con-
teúdo no folheto e visualizá-lo para saber como ele será im-
presso. Você pode especificar a orientação da página como
paisagem ou retrato e o número de slides que deseja exibir
por página.
Você pode adicionar visualizar e editar cabeçalhos e roda-
Para exibir a apresentação no modo de exibição pés, como os números das páginas. No layout com um slide
por página, você só poderá aplicar cabeçalhos e rodapés ao
Apresentação de Slides a partir do slide atual, siga este
folheto e não aos slides, se não desejar exibir texto, data ou
procedimento(ou pressione Shift+F5):
numeração no cabeçalho ou no rodapé dos slides.
Na guia Apresentação de Slides, no grupo Iniciar Apre-
sentação de Slides, clique em Do Slide Atual.
Aplicar conteúdo e formatação em todos os folhetos:
Se desejar alterar a aparência, a posição e o tamanho da
numeração, da data ou do texto do cabeçalho e do rodapé
em todos os folhetos, faça as alterações no folheto mestre.
Para incluir um nome ou logotipo em todas as páginas do
folheto, basta adicioná-lo ao mestre. As alterações feitas no
folheto mestre também são exibidas na impressão da estru-
Imprimir uma apresentação tura de tópicos.
1. Clique na guia Arquivo e clique em Imprimir.
2. Em Imprimir, siga um destes procedimentos: Imprimir folhetos:
• Para imprimir todos os slides, clique em Tudo. 1. Abrir a apresentação em que deseja imprimir os fo-
• Para imprimir somente o slide exibido no momento, lhetos.
clique em Slide Atual. 2. Clicar na aba Arquivo, clicar na seleção de layout de
• Para imprimir slides específicos por número, clique slides para impressão na seção ‘Configurações’ e escolher o
em Intervalo Personalizado de Slides e digite uma lista de sli- modo de impressão(aqui também podemos selecionar os
des individuais, um intervalo, ou ambos. modos ‘Anotações’ e ‘Estrutura de tópicos’)

73
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatar texto
Para alterar um texto, é necessário primeiro selecioná-lo.
Para selecionar um texto ou palavra, basta clicar com o boto
esquerdo sobre o ponto em que se deseja iniciar a seleção e
manter o botão pressionado, arrastar o mouse até o ponto
desejado e soltar o botão esquerdo.

1 – Fonte
O formato Folhetos (3 Slides por Página) possui linhas Altera o tipo de fonte
para anotações do público. 2 – Tamanho da fonte
Para especificar a orientação da página, clicar na seta em Altera o tamanho da fonte
Orientação e, em seguida, clicar em Paisagem ou Retrato. 3 – Negrito
Aplica negrito ao texto selecionado. Também pode ser
Clicar em Imprimir.
acionado através do comando Ctrl+N.
Inserir texto
4 – Itálico
Para inserir um texto no slide clicar com o botão esquerdo
Aplica Itálico ao texto selecionado. Também pode ser
do mouse no retângulo (Clique para adicionar um título), após
acionado através do comando Ctrl+I.
clicar o ponto de inserção (cursor será exibido).
5 – Sublinhado
Então basta começar a digitar.
Sublinha o texto selecionado. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+S.
6 – Tachado

74
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Desenha uma linha no meio do texto selecionado. Marcadores e numeração


7 – Sombra de Texto Com a guia Início acionada, clicar no botão , para
Adiciona uma sombra atrás do texto selecionado para criar parágrafos com marcadores. Para escolher o tipo de mar-
destacá-lo no slide. cador clicar na seta.
8 – Espaçamento entre Caracteres
Ajusta o espaçamento entre caracteres.
9 – Maiúsculas e Minúsculas
Altera todo o texto selecionado para MAIÚSCULAS, mi-
núsculas, ou outros usos comuns de maiúsculas/minúsculas.
10 – Cor da Fonte
Altera a cor da fonte.
11 – Alinhar Texto à Esquerda
Alinha o texto à esquerda. Também pode ser acionado
através do comando Ctrl+Q.
12 – Centralizar
Centraliza o texto. Também pode ser acionado através do
comando Ctrl+E.
13 – Alinhar Texto à Direita
Alinha o texto à direita. Também pode ser acionado atra-
vés do comando Ctrl+G.
14 – Justificar Com a guia Início acionada, clicar no botão , para iniciar
Alinha o texto às margens esquerda e direita, adicionando uma lista numerada. Para escolher diferentes formatos de nu-
espaço extra entre as palavras conforme o necessário, pro- meração clicar na seta.
movendo uma aparência organizada nas laterais esquerda e
direita da página.
15 – Colunas
Divide o texto em duas ou mais colunas.
Limpar formatação
Para limpar toda a formatação de um texto basta selecio-
ná-lo e clicar no botão , localizado na guia Início.

Inserir símbolos especiais


Além dos caracteres que aparecem no teclado, é possível
inserir no slide vários caracteres e símbolos especiais.
1. Posicionar o cursor no local que se deseja inserir o
símbolo.
2. Acionar a guia Inserir.

Inserir figuras

3. Clicar no botão Símbolo.


4. Selecionar o símbolo.

Para inserir uma figura no slide clicar na guia Inserir, e clicar


em um desses botões:
• Imagem do Arquivo: insere uma imagem de um arquivo.
• Clip-art: é possível escolher entre várias figuras que
acompanham o Microsoft Office.
• Formas: insere formas prontas, como retângulos e círcu-
los, setas, linhas, símbolos de fluxograma e textos explicativos.
• SmartArt: insere um elemento gráfico SmartArt para co-
municar informações visualmente. Esses elementos gráficos va-
riam desde listas gráficas e diagramas de processos até gráficos
mais complexos, como diagramas de Venn e organogramas.
• Gráfico: insere um gráfico para ilustrar e comparar dados.
5. Clicar em Inserir e em seguida Fechar. • WordArt: insere um texto com efeitos especiais.

75
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Alterar plano de fundo Os quiosques podem ser configurados para executar


Para alterar o plano de fundo de um slide, basta clicar apresentações do PowerPoint de forma automática, contínua
com o botão direito do mouse sobre ele, e em seguida clicar ou ambas).
em Formatar Plano de Fundo. 1. Na guia Inserir, no grupo Ilustrações, clicar na seta
abaixo de Formas e, em seguida, clique no botão Mais .
2. Em Botões de Ação, clicar no botão que se deseja adi-
cionar.
3. Clicar sobre um local do slide e arrastar para desenhar
a forma para o botão.
4. Na caixa Configurar Ação, seguir um destes procedi-
mentos:
• Para escolher o comportamento do botão de ação
quando você clicar nele, clicar na guia Selecionar com o Mou-
se.
• Para escolher o comportamento do botão de ação
quando você mover o ponteiro sobre ele, clicar na guia Sele-
cionar sem o Mouse.
5. Para escolher o que acontece quando você clica ou
Depois escolher entre as opções clicar Aplicar a tudo para move o ponteiro sobre o botão de ação, siga um destes pro-
aplicar a mudança a todos os slides, se for alterar apenas o cedimentos:
slide atual clicar em fechar. • Se você não quiser que nada aconteça, clicar em Ne-
nhuma.
• Para criar um hiperlink, clicar em Hiperlink para e sele-
cionar o destino para o hiperlink.
• Para executar um programa, clicar em Executar progra-
ma e, em seguida, clicar em Procurar e localizar o programa
que você deseja executar.
• Para executar um macro (uma ação ou um conjunto de
ações que você pode usar para automatizar tarefas. Os ma-
cros são gravados na linguagem de programação Visual Basic
for Applications), clicar em Executar macro e selecionar a ma-
cro que você deseja executar.
As configurações de Executar macro estarão disponíveis
somente se a sua apresentação contiver um macro.
• Se você deseja que a forma escolhida como um botão
de ação execute uma ação, clicar em Ação do objeto e sele-
cionar a ação que você deseja que ele execute.
As configurações de Ação do objeto estarão disponíveis
Animar textos e objetos somente se a sua apresentação contiver um objeto OLE (uma
Para animar um texto ou objeto, selecionar o texto ou ob- tecnologia de integração de programa que pode ser usada
jeto, clicar na guia Animações, e depois em Animações Perso- para compartilhamento de informações entre programas. To-
nalizadas, abrirá um painel à direita, clicar em Adicionar efeito. dos os programas do Office oferecem suporte para OLE; por
Nele se encontram várias opções de animação de entrada, isso, você pode compartilhar informações por meio de obje-
ênfase, saída e trajetórias de animação. tos vinculados e incorporados).
• Para tocar um som, marcar a caixa de seleção Tocar som
Inserir botão de ação e selecionar o som desejado.
Um botão de ação consiste em um botão já existente Criar apresentação personalizada
que pode ser inserido na apresentação e para o qual pode Existem dois tipos de apresentações personalizadas: bá-
definir hiperlinks. Os botões de ação contêm formas, como sica e com hiperlinks.
setas para direita e para esquerda e símbolos de fácil com- Uma apresentação personalizada básica é uma apresen-
preensão referentes às ações de ir para o próximo, anterior, tação separada ou uma apresentação que inclui alguns slides
primeiro e último slide, além de executarem filmes ou sons. originais.
Eles são mais comumente usados para apresentações auto- Uma apresentação personalizada com hiperlinks é uma
executáveis — por exemplo, apresentações que são exibidas forma rápida de navegar para uma ou mais apresentações
várias vezes em uma cabine ou quiosque (um computador separadas.
e monitor, geralmente localizados em uma área frequentada 1 – Apresentação Personalizada Básica
por muitas pessoas, que pode incluir tela sensível ao toque, Utilizar uma apresentação personalizada básica para for-
som ou vídeo. necer apresentações separadas para diferentes grupos da sua
organização. Por exemplo, se sua apresentação contém um

76
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

total de cinco slides, é possível criar uma apresentação per-


sonalizada chamada “Site 1” que inclui apenas os slides 1, 3 e
5. É possível criar uma segunda apresentação personalizada
chamada “Site 2” que inclui os slides 1, 2, 4 e 5. Quando você
criar uma apresentação personalizada a partir de outra apre-
sentação, é possível executá-la, na íntegra, em sua sequência
original.

1. Na guia Apresentações, no grupo Iniciar Apresentação


de Slides, clicar na seta ao lado de Apresentação de Slides
Personalizada e, em seguida, clicar em Apresentações Perso-
nalizadas.
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, cli-
car em Novo.
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você
deseja incluir na apresentação personalizada principal e, em
seguida, clicar em Adicionar.
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no pri-
meiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT
enquanto clica no último slide que deseja selecionar. Para se-
lecionar diversos slides não sequenciais, manter pressionada a
1. Na guia Apresentações de Slides, no grupo Iniciar tecla CTRL enquanto clica em cada slide que queira selecionar.
Apresentação de Slides, clicar na seta ao lado de Apresenta- 4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em
ção de Slides Personalizada e, em seguida, clicar em Apresen- Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e,
tações Personalizadas. em seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para
2. Na caixa de diálogo Apresentações Personalizadas, cli- cima ou para baixo na lista.
car em Novo. 5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de
3. Em Slides na apresentação, clicar nos slides que você slides e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas
deseja incluir na apresentação personalizada e, em seguida, adicionais com quaisquer slides da sua apresentação, repetir
clicar em Adicionar. as etapas de 1 a 5.
Para selecionar diversos slides sequenciais, clicar no pri- 6. Para criar um hiperlink da apresentação principal para
meiro slide e, em seguida, manter pressionada a tecla SHIFT uma apresentação de suporte, selecionar o texto ou objeto
enquanto clica no último slide que deseja selecionar. Para se- que você deseja para representar o hiperlink.
lecionar diversos slides não sequenciais, manter pressionada a 7. Na guia Inserir, no grupo Vínculos, clicar na seta abaixo
tecla CTRL enquanto clica em cada slide que queira selecionar. de Hiperlink.
4. Para alterar a ordem em que os slides são exibidos, em 8. Em Vincular para, clicar em Colocar Neste Documento.
Slides na apresentação personalizada, clicar em um slide e, 9. Seguir um destes procedimentos:
em seguida, clicar em uma das setas para mover o slide para • Para se vincular a uma apresentação personalizada, na
cima ou para baixo na lista. lista Selecionar um local neste documento, selecionar a apre-
5. Digitar um nome na caixa Nome da apresentação de sentação personalizada para a qual deseja ir e marcar a caixa
slides e clicar em OK. Para criar apresentações personalizadas de seleção Mostrar e retornar.
adicionais com quaisquer slides da sua apresentação, repetir • Para se vincular a um local na apresentação atual, na
as etapas de 1 a 5. lista Selecione um local neste documento, selecionar o slide
Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no para o qual você deseja ir.
nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações Para visualizar uma apresentação personalizada, clicar no
Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar. nome da apresentação na caixa de diálogo Apresentações
2 – Apresentação Personalizada com Hiperlink Personalizadas e, em seguida, clicar em Mostrar.
Utilizar uma apresentação personalizada com hiperlinks
para organizar o conteúdo de uma apresentação. Por exem- Transição de slides
plo, se você cria uma apresentação personalizada principal As transições de slide são os efeitos semelhantes à ani-
sobre a nova organização geral da sua empresa, é possível mação que ocorrem no modo de exibição Apresentação de
Slides quando você move de um slide para o próximo.
criar uma apresentação personalizada para cada departamen-
É possível controlar a velocidade de cada efeito de transi-
to da sua organização e vinculá-los a essas exibições da apre-
ção de slides e também adicionar som.
sentação principal.
O Microsoft Office PowerPoint 2010 inclui vários tipos
diferentes de transições de slides, incluindo (mas não se limi-
tando) as seguintes:

77
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Para adicionar um som não encontrado na lista, selecio-


nar Outro Som, localizar o arquivo de som que você deseja
adicionar e, em seguida, clicar em OK.
4. Para adicionar som a uma transição de slides diferente,
repetir as etapas 2 e 3.

1. Sem transição Configurar apresentação de slides


2. Persiana Horizontal • Tipo de apresentação
3. Persiana Vertical Usar as opções na seção Tipo de apresentação para es-
4. Quadro Fechar pecificar como você deseja mostrar a apresentação para sua
5. Quadro Abrir audiência.
6. Quadriculado na Horizontal o Para fazer sua apresentação diante de uma audiência ao
7. Quadriculado na Vertical vivo, clicar em Exibida por um orador (tela inteira).
8. Pente Horizontal o Para permitir que a audiência exiba sua apresentação
9. Pente Vertical a partir de um disco rígido ou CD em um computador ou na
Internet, clicar em Apresentada por uma pessoa (janela).
Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos o Para permitir que a audiência role por sua apresenta-
Rápidos, clicar no botão Mais, conforme mostrado no diagra- ção de auto execução a partir de um computador autônomo,
ma acima. marcar a caixa de seleção Mostrar barra de rolagem.
• Adicionar a mesma transição de slides a todos os slides o Para entregar uma apresentação de auto execução exe-
em sua apresentação: cutada em um quiosque (um computador e monitor, geral-
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar mente localizados em uma área frequentada por muitas pes-
na guia Slides. soas, que pode incluir tela sensível ao toque, som ou vídeo.
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. Os quiosques podem ser configurados para executar apre-
3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Sli- sentações do PowerPoint de forma automática, contínua ou
de, clicar em um efeito de transição de slides. ambas), clicar em Apresentada em um quiosque (tela inteira).
4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos • Mostrar slides
Rápidos, clicar no botão Mais. Usar as opções na seção Mostrar slides para especificar
5. Para definir a velocidade de transição de slides, no quais slides estão disponíveis em uma apresentação ou para
grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Ve- criar uma apresentação personalizada (uma apresentação
dentro de uma apresentação na qual você agrupa slides em
locidade da Transição e, em seguida, selecionar a velocidade
uma apresentação existente para poder mostrar essa seção da
desejada.
apresentação para um público em particular).
6. No grupo Transição para Este Slide, clicar em Aplicar
o Para mostrar todos os slides em sua apresentação, clicar
a Tudo.
em Tudo.
• Adicionar diferentes transições de slides aos slides em
o Para mostrar um grupo específico de slides de sua apre-
sua apresentação
sentação, digitar o número do primeiro slide que você deseja
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar mostrar na caixa De e digitar o número do último slide que
na guia Slides. você deseja mostrar na caixa Até.
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. o Para iniciar uma apresentação de slides personalizada
3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Sli- que seja derivada de outra apresentação do PowerPoint, cli-
de, clicar no efeito de transição de slides que você deseja para car em Apresentação personalizada e, em seguida, clicar na
esse slide. apresentação que você deseja exibir como uma apresentação
4. Para consultar mais efeitos de transição, na lista Estilos personalizada (uma apresentação dentro de uma apresenta-
Rápidos, clicar no botão Mais. ção na qual você agrupa slides em uma apresentação existente
5. Para definir a velocidade de transição de slides, no para poder mostrar essa seção da apresentação para um pú-
grupo Transição para Este Slide, clicar na seta ao lado de Ve- blico em particular).
locidade da Transição e, em seguida, selecionar a velocidade • Opções da apresentação
desejada. Usar as opções na seção Opções da apresentação para
6. Para adicionar uma transição de slides diferente a ou- especificar como você deseja que arquivos de som, narrações
tro slide em sua apresentação, repetir as etapas 2 a 4. ou animações sejam executados em sua apresentação.
• Adicionar som a transições de slides o Para executar um arquivo de som ou animação conti-
1. No painel que contém as guias Tópicos e Slides, clicar nuamente, marcar a caixa de opções Repetir até ‘Esc’ ser pres-
na guia Slides. sionada.
2. Na guia Início, clicar na miniatura de um slide. o Para mostrar uma apresentação sem executar uma nar-
3. Na guia Animações, no grupo Transição para Este Sli- ração incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação
de, clicar na seta ao lado de Som de Transição e, em seguida, sem narração.
seguir um destes procedimentos: o Para mostrar uma apresentação sem executar uma ani-
• Para adicionar um som a partir da lista, selecionar o som mação incorporada, marcar a caixa de seleção Apresentação
desejado. sem animação.

78
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

o Ao fazer sua apresentação diante de uma audiência ao


vivo, é possível escrever nos slides. Para especificar uma cor
de tinta, na lista Cor da caneta, selecionar uma cor de tinta.
A lista Cor da caneta estará disponível apenas se Exibida
por um orador (tela inteira) (na seção Tipo de apresentação)
estiver selecionada.
• Avançar slides
Usar as opções na seção Avançar slides para especificar
como mover de um slide para outro.
o Para avançar para cada slide manualmente durante a
apresentação, clicar em Manualmente.
o Para usar intervalos de slide para avançar para cada sli-
de automaticamente durante a apresentação, clicar em Usar
intervalos, se houver.
• Vários Monitores

É possível executar sua apresentação do Microsoft Office


PowerPoint 2010 de um monitor (por exemplo, em um pódio)
enquanto o público a vê em um segundo monitor.
Usando dois monitores, é possível executar outros pro-
gramas que não são vistos pelo público e acessar o modo 1. Miniaturas dos slides que você pode clicar para pular
de exibição Apresentador. Este modo de exibição oferece as um slide ou retornar para um slide já apresentado.
seguintes ferramentas para facilitar a apresentação de infor- 2. O slide que você está exibindo no momento para o
mação: público.
3. O botão Finalizar Apresentação, que você pode clicar
o É possível utilizar miniaturas para selecionar os slides de
a qualquer momento para finalizar a sua apresentação.
uma sequência e criar uma apresentação personalizada para
4. O botão Escurecer, que você pode clicar para escu-
o seu público.
recer a tela do público temporariamente e, em seguida, clicar
o A visualização de texto mostra aquilo que o seu próxi-
de novo para exibir o slide atual.
mo clique adicionará à tela, como um slide novo ou o próximo
5. Avançar para cima, que indica o slide que o seu pú-
marcador de uma lista.
blico verá em seguida.
o As anotações do orador são mostradas em letras gran-
6. Botões que você pode selecionar para mover para
des e claras, para que você possa utilizá-las como um script frente ou para trás na sua apresentação.
para a sua apresentação. 7. O Número do slide (por exemplo, Slide 7 de 12)
o É possível escurecer a tela durante sua apresentação e, 8. O tempo decorrido, em horas e minutos, desde o iní-
depois, prosseguir do ponto em que você parou. Por exem- cio da sua apresentação.
plo, talvez você não queira exibir o conteúdo do slide durante 9. As anotações do orador, que você pode usar como
um intervalo ou uma seção de perguntas e respostas. um script para a sua apresentação.
Requisitos para o uso do modo de exibição Apresentador:
Para utilizar o modo de exibição Apresentador, faça o se-
guinte:
o Certifique-se que o computador usado para a apresen-
tação tem capacidade para vários monitores.
o Ativar o suporte a vários monitores
o Ativar o modo de exibição Apresentador.

Ativar o suporte a vários monitores:


Embora os computadores possam oferecer suporte a
mais de dois monitores, o PowerPoint oferece suporte para
o uso de até dois monitores para uma apresentação. Para
desativar o suporte a vários monitores, selecionar o segundo
monitor e desmarcar a caixa de seleção Estender a área de
No modo de exibição do Apresentador, os ícones e bo- trabalho do Windows a este monitor.
tões são grandes o suficiente para uma fácil navegação, mes-
mo quando você está usando um teclado ou mouse desco- 1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Monitores,
nhecido. A seguinte ilustração mostra as várias ferramentas clicar em Mostrar Modo de Exibição do Apresentador.
disponibilizadas pelo modo de exibição Apresentador. 2. Na caixa de diálogo Propriedades de Vídeo, na guia
Configurações, clicar no ícone do monitor para o monitor do
apresentador e desmarcar a caixa de seleção Usar este dispo-
sitivo como monitor primário.

79
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se a caixa de seleção Usar este dispositivo como moni- - Para abrir um exemplo de apresentação do Impress
tor primário estiver marcada e não disponível, o monitor foi Etapas
designado como o monitor primário. Somente é possível 1. Em qualquer programa do BrOffice.org, escolha
selecionar um monitor primário por vez. Se você clicar em Arquivo - Novo - Modelos e documentos
um ícone de monitor diferente, a caixa de seleção Usar este 2. No painel esquerdo, clique em Exemplos.
dispositivo como monitor primário é desmarcada e torna-se 3. No painel central, clique duas vezes na pasta
disponível novamente. Apresentações.
É possível mostrar o modo de exibição Apresentador e 4. Selecione uma apresentação de exemplo e clique em
executar a apresentação de apenas um monitor — geralmen- Abrir.
te, o monitor 1.
3. Clicar no ícone do monitor para o monitor do público Criando uma apresentação
e marcar a caixa de seleção Estender a área de trabalho do Para criar uma nova apresentação a partir de qualquer
Windows a este monitor.
programa do BrOffice.org, escolha Arquivo - Novo –
Executar uma apresentação em dois monitores usando o
Apresentação.
modo de exibição do Apresentador:
Após configurar seus monitores, abrir a apresentação que
Usando o Assistente de apresentação
deseja executar e fazer o seguinte:
1. Na guia Apresentação de Slides, no grupo Configura- Quando você cria um novo documento do Impress,
ção, clicar em Configurar a Apresentação de Slides. o Assistente de apresentação abre-se automaticamente.
2. Na caixa de diálogo Configurar Apresentação, escolher O assistente guia você nas primeiras etapas da criação de
as opções desejadas e clicar em OK. uma apresentação. Você pode usar o assistente para criar
3. Para começar a entrega da apresentação, na guia Exi- uma apresentação a partir de uma apresentação vazia, um
bir, no grupo Modos de Exibição de Apresentação, clicar em modelo ou uma apresentação existente.
Apresentação de Slides.
• Desempenho
Usar as opções na seção Desempenho para especificar o
nível de clareza visual da apresentação.
o Para acelerar o desenho de elementos gráficos na apre-
sentação, selecionar Usar aceleração de elementos gráficos
do hardware.
o Na lista Resolução da apresentação de slides, clicar na
resolução, ou número de pixels por polegada, que você de-
seja. Quanto mais pixels, mais nítida será a imagem, contudo
mais lento será o desempenho do computador. Por exemplo,
uma tela de 640 x 480 pixels é capaz de exibir 640 pontos
distintos em cada uma das 480 linhas, ou aproximadamente
300.000 pixels. Essa é a resolução com desempenho mais rá-
pido, contudo fornece a menor qualidade. Em contraste, uma
tela com 1280 x 1024 pixels fornece as imagens mais nítidas, - Para criar uma apresentação a partir de um modelo
mas com desempenho mais lento. Etapas
1. Na área Tipo da primeira página do Assistente de
Fazendo uma apresentação com BrOffice.org Impress apresentação, clique em Do modelo.
Observação – Talvez seja necessário esperar um pouco
O BrOffice.org Impress fornece várias ferramentas para os modelos serem carregados.
para ajudar você a criar apresentações e exibições de slides 2. Selecione uma categoria de modelo, por exemplo
atraentes. Você pode usar Impress para mostrar apresentações “Apresentações”, e clique no modelo que deseja usar.
no computador ou imprimir as apresentações. Esta seção 3. Clique em Próximo.
apresenta as etapas básicas envolvidas na criação e edição de 4. (Opcional) Se desejar usar um plano de fundo diferente
uma apresentação. para os slides na apresentação, clique em um estilo na lista.
Observação – Esses estilos também alteram o formato da
fonte usada na apresentação.
5. Clique em Próximo.
6. Para apresentações que você pretende realizar na tela,
siga este procedimento:
• Na caixa Efeito, selecione o efeito de transição que
deseja usar ao passar de um slide para outro.
• Na caixa Velocidade, selecione a velocidade da transição.
• Se desejar que os slides avancem automaticamente na
apresentação, clique na opção Automático na área Selecionar
tipo de apresentação.

80
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

7. Clique em Próximo. - Para alterar o layout de um slide


8. Digite as informações descritivas para a apresentação. Layouts de slide definem onde texto e objetos são
9. Clique em Próximo. posicionados em um slide.
10.(Opcional) Para excluir um slide da apresentação, No Impress, você pode alterar facilmente o layout do
clique na caixa de seleção em frente do nome do slide na lista slide em que está trabalhando ao usar o painel Tarefas direito.
Escolher páginas. Etapas
11.Clique em Criar. 1. Na exibição Normal, selecione o slide ao qual deseja
Depois de criar a apresentação, substitua e insira o texto aplicar um novo layout.
nos slides. 2. No painel Tarefas, clique no layout que deseja usar.
- Para adicionar um slide
- Para salvar uma apresentação Etapas
Etapas 1. Clique na guia Normal para escolher uma exibição
1. Escolha Arquivo - Salvar.
Normal.
Se não salvou a apresentação antes, abre-se a caixa de
2. No painel Slides esquerdo, clique com o botão direito
diálogo Salvar como.
do mouse onde deseja adicionar um slide. Em seguida escolha
2. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome da
Inserir slide.
apresentação.
3. Clique em Salvar. Abre-se a caixa de diálogo Inserir slide.
3. Na caixa nome, digite o nome do slide.
- Para exportar uma apresentação para um formato 4. (Opcional) Se desejar alterar o layout do novo slide,
diferente clique em outro estilo de layout na caixa AutoLayout box.
Você pode exportar uma apresentação como uma série 5. Clique em OK.
de páginas HTML vinculadas, como um arquivo PDF ou um
arquivo Flash.
Etapas
1. Escolha Arquivo - Exportar.
2. Na caixa Nome do arquivo, digite o nome da
apresentação.
3. Na caixa Tipo de arquivo, selecione o formato para o
arquivo exportado.
4. Clique em Exportar.

Editando slides

Você pode alterar o layout dos slides e a formatação do


texto, assim como adicionar gráficos e cor aos slides.

Usando diferentes exibições

Para ajudar a editar e organizar os slides no Impress,


você pode usar diferentes exibições da área de trabalho. Por
exemplo, pode usar a exibição Normal para adicionar imagens
a um único slide. Use o Classificador de slides para reordenar
- Para copiar um slide
os slides e atribuir transições. Ou use a exibição Estrutura de
Etapas
tópicos para organizar e editar títulos de slide.
1. Na exibição Normal, selecione o slide que deseja copiar.
Para alterar a exibição, clique na guia exibição no painel
2. Escolha Inserir – Duplicar slide.
central.
- Para mover um slide
Etapas
1. No painel Slides esquerdo, clique no slide que deseja
mover.
2. Arraste o slide para outra posição no painel Slides.
Movendo-se entre slides na exibição normal - Para excluir um slide
Etapas
Para mover-se entre slides na exibição Normal, clique na 1. No painel Slides esquerdo, clique no slide que deseja
visualização de slide no painel Slides esquerdo. excluir.
2. Escolha Editar – Excluir slide.

81
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Formatando texto

A barra Formatação de texto permite-lhe aplicar


rapidamente formatos ao texto nos slides. Para usar a barra,
selecione o texto que deseja formatar e clique em um ícone.
Pode também selecionar uma opção das caixas Nome da
fonte ou Tamanho da fonte.

Adicionando figuras aos slides

Figuras ajudam a tornar os slides mais interessantes.


No Impress, você pode adicionar gráficos, como fotos ou
imagens, aos slides.

- Para adicionar uma transição a um slide


Etapas
1. Escolha a exibição Classificador de slide ou abra o
- Para adicionar uma figura de um arquivo
painel Slides esquerdo.
Etapas
2. Clique com o botão direito do mouse em um slide e
1. Escolha Inserir - Figura - Do arquivo.
escolha Transição de slides.
Abre-se a caixa de diálogo Inserir figura.
Abre-se a página Transição de slides no painel Tarefas.
2. Localize o gráfico que deseja inserir e clique em Abrir.
3. Clique em um efeito de transição.
O efeito é visualizado automaticamente no slide.
- Para adicionar um gráfico da galeria
Observação – Todas as transições são aplicadas quando
A Galeria do BrOffice.org contém gráficos predefinidos
você altera um slide. Se desejar uma transição entre slide 1 e
que você pode adicionar aos slides.
slide 2, atribua a transição ao slide 2.
Etapas
1. Escolha Ferramentas - Galeria. Adicionando efeitos de animação a texto e gráficos
2. Selecione um tema da lista à esquerda.
3. Selecione o gráfico que deseja inserir e arraste o gráfico Você pode usar efeitos de animação para que o texto ou
para o slide. os gráficos no slide apareçam depois de um clique do mouse.
Observação –
Pode também criar gráficos com as ferramentas na barra - Para adicionar um efeito de animação a um texto ou
de ferramentas Desenho. gráfico
Etapas
Adicionando transições de slide 1. Na exibição Normal, alterne para o slide que contém o
Para uma apresentação na tela, você pode animar a texto ou o gráfico que deseja animar.
transição de um slide para o seguinte com efeitos como 2. Clique na caixa de texto ou gráfico que deseja modificar.
persianas ou surgimento. 3. Escolha Apresentação de slides - Animação
personalizada.
Abre-se a página Animação personalizada do painel de
Tarefas.
4. Clique em Adicionar.
5. Na caixa de diálogo Animação personalizada –
Adicionar, clique no efeito que deseja aplicar e clique em OK.
Observação – Você pode adicionar quantos efeitos
desejar. Para obter mais informações sobre a página Animação
personalizada, consulte a ajuda on-line do Impress.

82
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Executando uma apresentação


3 REDES DE COMPUTADORES.
Depois de criar uma apresentação de slides, pode mostrá- 3.1 CONCEITOS BÁSICOS, FERRAMENTAS,
la para um público. APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS DE
INTERNET E INTRANET.
- Para iniciar uma apresentação de slides 3.2 PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO
(MICROSOFT INTERNET EXPLORER,
MOZILLA FIREFOX, GOOGLE CHROME). 3.3
PROGRAMAS DE CORREIO
ELETRÔNICO (OUTLOOK EXPRESS,
MOZILLA THUNDERBIRD).
3.4 SÍTIOS DE BUSCA E
PESQUISA NA INTERNET.
3.5 GRUPOS DE DISCUSSÃO.
3.6 REDES SOCIAIS.
3.7 COMPUTAÇÃO NA NUVEM
(CLOUDCOMPUTING).

Etapas REDES DE COMPUTADORES


1. Abra a apresentação que terá uma exibição de slides.
2. Escolha Apresentação de slides - Apresentação de As redes de computadores são interconexões de sistemas
slides. de comunicação de dados que podem compartilhar recursos
3. Faça avançar os slides. de hardware e de software, assim, rede é um mecanismo atra-
vés do qual computadores podem se comunicar e/ou com-
• Para ir de um slide para outro, pressione a Barra de partilhar hardware e software;
espaços ou clique com o mouse. A tecnologia hoje disponível permite que usuários se li-
• Para passar para o slide seguinte sem efeito de animação, guem a um computador central, a qualquer distância, através
pressione a tecla de seta para a direita. de sistemas de comunicação de dados.
• Para ir para o slide anterior, pressione a tecla de seta Um sistema de comunicação de dados consiste em es-
para a esquerda ou clique com o botão direito do mouse. tações, canais, equipamentos de comunicação e programas
específicos que unem os vários elementos do sistema, basica-
- Para sair de uma apresentação de slides mente estações, a um computador central.
Etapa Estação é qualquer tipo de dispositivo capaz de se co-
Pressione a tecla Escape. municar com outro, através de um meio de transmissão, in-
cluindo computadores, terminais, dispositivos periféricos, te-
lefones, transmissores e receptores de imagem, entre outros.

Os elementos básicos de uma rede são:


• Host: Equipamento conectado na rede;
• Nó ou Processamento: Ponto de conexão e comunica-
ção de hosts;
• Transporte ou Transmissão: Faz interligação dos nós
através da transmissão em longas distâncias;
• Acesso: Elemento que faz a interligação do usuário ao nó;

Tipos de Rede
Quanto ao alcance:
• Rede Local (LAN – Local Area Network);
Rede de abrangência local e que geralmente não ultra-
passa o prédio aonde a mesma se encontra, ou seja, rede for-
mada por um grupo de computadores conectados entre si
dentro de certa área;
• Rede Metropolitana (MAN – Metropolitan Area Ne-
twork);
Rede de abrangência maior e que geralmente não ultra-
passa a área de umacidade;

83
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Rede de Longa Distância (WAN – Wide Area Network); Equipamento de rede indicado para conexão de poucos
Rede de longa distância e que em sua maioria não ultra- terminais;
passa a área do país;
• Rede Global (GAN – Global Area Network) Denomina- • Switch
das de redes globais pois abrangem máquinas em conexão
em qualquer área do globo.

Quanto à conexão:
• Internet: Rede internacional de computadores.
• Intranet: Rede interna de uma empresa.
• Extranet: Conexão de redes, que utilizam como meio a
internet.

Topologia
• Estrela: Um computador central controla a rede; Equipamento de rede que divide uma rede de computa-
• Anel: Computadores conectados em forma circular; dores de modo a não torná-la lenta;
• Barramento: Conecta todos os nós em um linha e pode
preservar a rede se um computador falhar. • Bridge
Meios de Conexão
As estruturas formadas pelos meios de conexão entre-
gam ao usuário o serviço de comunicação que ele necessita.
Esta estrutura pode ser formada por:
• Cabo Coaxial: Utiliza cabos rígidos de cobre e na atuali-
dade é utilizada em parceria com a fibra óptica para distribui-
ção de TV a cabo;
Dispositivo de rede que liga uma ou mais redes que se
• Onda de Rádio: Também conhecida por Wireless, subs-
encontram com certa distância;
titui o uso dos pares metálicos e das fibras, utilizando o ar
como meio de propagação dos dados;
• Roteador
• Fibra Óptica: Baseada na introdução do uso da fibra óp-
tica, substituindo o par metálico;
• Par Metálico: Constituída pela rede de telefonia, porém
trafegando dados, voz e imagem;
• Satélite: O equipamento funciona como receptor, repe-
tidor e regenerador do sinal que se encontra no espaço, de
modo que reenvia à terra um sinal enviado de um ponto a
outro que faz uso do satélite para conexão;
• Rede Elétrica: Faz uso dos cabos de cobre da rede de
energia para a transmissão de voz, dados e imagens. Equipamento que permite a comunicação entre compu-
tadores e redes que se encontram distantes;
Dispositivos
INTERNET
• Modem
“Imagine que fosse descoberto um continente tão
vasto que suas dimensões não tivessem fim. Imagine um
mundo novo, com tantos recursos que a ganância do futuro
não seria capaz de esgotar; com tantas oportunidades que
os empreendedores seriam poucos para aproveitá-las; e com
um tipo peculiar de imóvel que se expandiria com o
desenvolvimento.”
John P. Barlow
Converte um sinal analógico em digital e vice-versa; Os Estados Unidos temiam que em um ataque nuclear fi-
• Hub cassem sem comunicação entre a Casa Branca e o Pentágono.
Este meio de comunicação “infalível”, até o fim da década
de 60, ficou em poder exclusivo do governo conectando ba-
ses militares, em quatro localidades.
Nos anos 70, seu uso foi liberado para instituições
norte-americanas de pesquisa que desejassem aprimorar a
tecnologia, logo vinte e três computadores foram conectados,
porém o padrão de conversação entre as máquinas se tornou
impróprio pela quantidade de equipamentos.

84
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Era necessário criar um modelo padrão e universal Domínio


para que as máquinas continuassem trocando dados, surgiu Designa o dono do endereço eletrônico em questão,
então o Protocolo Padrão TCP/IP, que permitiria portanto que e onde os hipertextos deste empreendimento estão locali-
mais outras máquinas fossem inseridas àquela rede. zados. Quanto ao tipo do domínio, existem:
Com esses avanços, em 1972 é criado o correio eletrôni- .com = Instituição comercial ou provedor de serviço
co, o E-mail, permitindo a troca de mensagens entre as má- .edu = Instituição acadêmica
quinas que compunham aquela rede de pesquisa, assim no .gov = Instituição governamental
ano seguinte a rede se torna internacional. .mil = Instituição militar norte-americana
Na década de 80, a Fundação Nacional de Ciência do .net = Provedor de serviços em redes
Brasil conectou sua grande rede à ARPANET, gerando aquilo .org = Organização sem fins lucrativos
que conhecemos hoje como internet, auxiliando portanto o
processo de pesquisa em tecnologia e outras áreas a nível HTTP, Hyper Texto Transfer Protocol ou Protocolo de Tras-
mundial, além de alimentar as forças armadas brasileiras de ferência em Hipertexto
informação de todos os tipos, até que em 1990 caísse no do- É um protocolo ou língua específica da internet, res-
mínio público. ponsável pela comunicação entre computadores.
Com esta popularidade e o surgimento de softwares de Um hipertexto é um texto em formato digital, e pode
navegação de interface amigável, no fim da década de 90, levar a outros, fazendo o uso de elementos especiais (pa-
pessoas que não tinham conhecimentos profundos de infor- lavras, frases, ícones, gráficos) ou ainda um Mapa Sensitivo
mática começaram a utilizar a rede internacional. o qual leva a outros conjuntos de informação na forma de
blocos de textos, imagens ou sons.
Acesso à Internet Assim, um link ou hiperlink, quando acionado com o
mouse, remete o usuário à outra parte do documento ou ou-
O ISP, Internet Service Provider, ou Provedor de Serviço tro documento.
de Internet, oferece principalmente serviço de acesso à Inter-
net, adicionando serviços como e-mail, hospedagem de sites Home Page
ou blogs, ou seja, são instituições que se conectam à Sendo assim, home page designa a página inicial, princi-
Internet com o objetivo de fornecer serviços à ela relacio- pal do site ou web page.
nados, e em função do serviço classificam-se em: É muito comum os usuários confundirem um Blog ou
• Provedores de Backbone: São instituições que cons- Perfil no Orkut com uma Home Page, porém são coisas
troem e administram backbones de longo alcance, ou seja, distintas, aonde um Blog é um diário e um Perfil no Orkut é
estrutura física de conexão, com o objetivo de fornecer acesso um Profile, ou seja um hipertexto que possui informações de
à Internet para redes locais; um usuário dentro de uma comunidade virtual.
• Provedores de Acesso: São instituições que se conectam
à Internet via um ou mais acessos dedicados e disponibilizam HTML, Hyper Text Markut language ou Linguagem de Mar-
acesso à terceiros a partir de suas instalações; cação de Hipertexto
• Provedores de Informação: São instituições que dispo- É a linguagem com a qual se cria as páginas para a web.
nibilizam informação através da Internet. Suas principais características são:
• Portabilidade (Os documentos escritos em HTML de-
Endereço Eletrônico ou URL vem ter aparência semelhante nas diversas plataformas de
Para se localizar um recurso na rede mundial, deve-se co- trabalho);
nhecer o seu endereço. • Flexibilidade (O usuário deve ter a liberdade de “custo-
Este endereço, que é único, também é considerado sua mizar” diversos elementos do documento, como o tamanho
URL (Uniform Resource Locator), ou Localizador de Recursos padrão da letra, as cores, etc);
Universal. Boa parte dos endereços apresenta-se assim: www. • Tamanho Reduzido (Os documentos devem ter um
xxxx.com.br tamanho reduzido, a fim de economizar tempo na trans-
Onde: missão através da Internet, evitando longos períodos de
www = protocolo da World Wide Web espera e congestionamento na rede).
xxx = domínio Browser ou Navegador
com = comercial É o programa específico para visualizar as páginas da
br = brasil web.
WWW = World Wide Web ou Grande Teia Mundial O Browser lê e interpreta os documentos escritos em
É um serviço disponível na Internet que possui um HTML, apresentando as páginas formatadas para os usuá-
conjunto de documentos espalhados por toda rede e rios.
disponibilizados a qualquer um.
Estes documentos são escritos em hipertexto, que utiliza ARQUITETURAS DE REDES
uma linguagem especial, chamada HTML. As modernas redes de computadores são projetadas de
forma altamente estruturada. Nas seções seguintes examina-
remos com algum detalhe a técnica de estruturação.

85
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

HIERARQUIAS DE PROTOCOLOS O conjunto de camadas e protocolos é chamado de ar-


Para reduzir a complexidade de projeto, a maioria das re- quitetura de rede. A especificação de arquitetura deve conter
des é organizada em camadas ou níveis, cada uma construída informações suficientes para que um implementador possa
sobre sua predecessora. O número de camadas, o nome, o escrever o programa ou construir o hardware de cada ca-
conteúdo e a função de cada camada diferem de uma rede mada de tal forma que obedeça corretamente ao protocolo
para outra. No entanto, em todas as redes, o propósito de apropriado. Nem os detalhes de implementação nem a es-
cada camada é oferecer certos serviços às camadas superio- pecificação das interfaces são parte da arquitetura, pois es-
res, protegendo essas camadas dos detalhes de como os ser- ses detalhes estão escondidos dentro da máquina e não são
viços oferecidos são de fato implementados. visíveis externamente. Não é nem mesmo necessário que as
A camada n em uma máquina estabelece uma conversão interfaces em todas as máquinas em uma rede sejam as mes-
com a camada n em outra máquina. As regras e convenções mas, desde que cada máquina possa usar corretamente todos
utilizadas nesta conversação são chamadas coletivamente de os protocolos.
protocolo da camada n, conforme ilustrado na Figura abaixo
para uma rede com sete camadas. As entidades que com- O endereço IP
põem as camadas correspondentes em máquinas diferentes Quando você quer enviar uma carta a alguém, você...
são chamadas de processos parceiros. Em outras palavras, são Ok, você não envia mais cartas; prefere e-mail ou deixar um
os processos parceiros que se comunicam utilizando o pro- recado no Facebook. Vamos então melhorar este exemplo:
tocolo. quando você quer enviar um presente a alguém, você obtém
Na verdade, nenhum dado é transferido diretamente da o endereço da pessoa e contrata os Correios ou uma trans-
camada n em uma máquina para a camada n em outra má- portadora para entregar. É graças ao endereço que é possível
quina. Em vez disso, cada camada passa dados e informações encontrar exatamente a pessoa a ser presenteada. Também é
de controle para a camada imediatamente abaixo, até que o graças ao seu endereço - único para cada residência ou esta-
nível mais baixo seja alcançado. Abaixo do nível 1 está o meio belecimento - que você recebe suas contas de água, aquele
físico de comunicação, através do qual a comunicação ocorre. produto que você comprou em uma loja on-line, enfim.
Na Figura abaixo, a comunicação virtual é mostrada através Na internet, o princípio é o mesmo. Para que o seu com-
de linhas pontilhadas e a comunicação física através de linhas putador seja encontrado e possa fazer parte da rede mundial
sólidas. de computadores, necessita ter um endereço único. O mesmo
vale para websites: este fica em um servidor, que por sua vez
precisa ter um endereço para ser localizado na internet. Isto
é feito pelo endereço IP (IP Address), recurso que também é
utilizado para redes locais, como a existente na empresa que
você trabalha, por exemplo.
O endereço IP é uma sequência de números compos-
ta de 32 bits. Esse valor consiste em um conjunto de quatro
sequências de 8 bits. Cada uma destas é separada por um
ponto e recebe o nome de octeto ou simplesmente byte, já
que um byte é formado por 8 bits. O número 172.31.110.10 é
um exemplo. Repare que cada octeto é formado por números
que podem ir de 0 a 255, não mais do que isso.

Entre cada par de camadas adjacentes há uma interface. A


interface define quais operações primitivas e serviços a cama-
da inferior oferece à camada superior. Quando os projetistas
decidem quantas camadas incluir em uma rede e o que cada
camada deve fazer, uma das considerações mais importantes
é definir interfaces limpas entre as camadas. Isso requer, por A divisão de um IP em quatro partes facilita a organização
sua vez, que cada camada desempenhe um conjunto espe- da rede, da mesma forma que a divisão do seu endereço em
cífico de funções bem compreendidas. Além de minimizar a cidade, bairro, CEP, número, etc, torna possível a organização
quantidade de informações que deve ser passada de camada das casas da região onde você mora. Neste sentido, os dois
em camada, interfaces bem definidas também tornam fácil primeiros octetos de um endereço IP podem ser utilizados
a troca da implementação de uma camada por outra imple- para identificar a rede, por exemplo. Em uma escola que tem,
mentação completamente diferente (por exemplo, trocar to- por exemplo, uma rede para alunos e outra para professores,
das as linhas telefônicas por canais de satélite), pois tudo o pode-se ter 172.31.x.x para uma rede e 172.32.x.x para a outra,
que é exigido da nova implementação é que ela ofereça à sendo que os dois últimos octetos são usados na identifica-
camada superior exatamente os mesmos serviços que a im- ção de computadores.
plementação antiga oferecia.

86
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Classes de endereços IP Endereços IP privados


Neste ponto, você já sabe que os endereços IP podem ser Há conjuntos de endereços das classes A, B e C que são
utilizados tanto para identificar o seu computador dentro de privados. Isto significa que eles não podem ser utilizados na
uma rede, quanto para identificá-lo na internet. internet, sendo reservados para aplicações locais. São, essen-
Se na rede da empresa onde você trabalha o seu com- cialmente, estes:
putador tem, como exemplo, IP 172.31.100.10, uma máquina -Classe A: 10.0.0.0 à 10.255.255.255;
em outra rede pode ter este mesmo número, afinal, ambas -Classe B: 172.16.0.0 à 172.31.255.255;
as redes são distintas e não se comunicam, sequer sabem da -Classe C: 192.168.0.0 à 192.168.255.255.
existência da outra. Mas, como a internet é uma rede global, Suponha então que você tenha que gerenciar uma rede
cada dispositivo conectado nela precisa ter um endereço úni- com cerca de 50 computadores. Você pode alocar para es-
co. O mesmo vale para uma rede local: nesta, cada dispositivo tas máquinas endereços de 192.168.0.1 até 192.168.0.50, por
conectado deve receber um endereço único. Se duas ou mais exemplo. Todas elas precisam de acesso à internet. O que fazer?
máquinas tiverem o mesmo IP, tem-se então um problema Adicionar mais um IP para cada uma delas? Não. Na verda-
chamado “conflito de IP”, que dificulta a comunicação destes de, basta conectá-las a um servidor ou equipamento de rede
dispositivos e pode inclusive atrapalhar toda a rede. - como um roteador - que receba a conexão à internet e a com-
Para que seja possível termos tanto IPs para uso em redes partilhe com todos os dispositivos conectados a ele. Com isso,
locais quanto para utilização na internet, contamos com um somente este equipamento precisará de um endereço IP para
esquema de distribuição estabelecido pelas entidades IANA acesso à rede mundial de computadores.
(Internet Assigned Numbers Authority) e ICANN (Internet
Corporation for Assigned Names and Numbers) que, basica- Máscara de sub-rede
mente, divide os endereços em três classes principais e mais As classes IP ajudam na organização deste tipo de ende-
duas complementares. São elas: reçamento, mas podem também representar desperdício. Uma
Classe A: 0.0.0.0 até 127.255.255.255 - permite até 128 solução bastante interessante para isso atende pelo nome de
redes, cada uma com até 16.777.214 dispositivos conectados; máscara de sub-rede, recurso onde parte dos números que um
Classe B: 128.0.0.0 até 191.255.255.255 - permite até
octeto destinado a identificar dispositivos conectados (hosts)
16.384 redes, cada uma com até 65.536 dispositivos;
é “trocado” para aumentar a capacidade da rede. Para com-
Classe C: 192.0.0.0 até 223.255.255.255 - permite até
preender melhor, vamos enxergar as classes A, B e C da seguin-
2.097.152 redes, cada uma com até 254 dispositivos;
te forma:
Classe D: 224.0.0.0 até 239.255.255.255 - multicast;
- A: N.H.H.H;
Classe E: 240.0.0.0 até 255.255.255.255 - multicast reservado.
- B: N.N.H.H;
As três primeiras classes são assim divididas para atender
às seguintes necessidades: - C: N.N.N.H.
- Os endereços IP da classe A são usados em locais onde N significa Network (rede) e H indica Host. Com o uso de
são necessárias poucas redes, mas uma grande quantidade máscaras, podemos fazer uma rede do N.N.H.H se “transfor-
de máquinas nelas. Para isso, o primeiro byte é utilizado como mar” em N.N.N.H. Em outras palavras, as máscaras de sub-rede
identificador da rede e os demais servem como identificador permitem determinar quantos octetos e bits são destinados
dos dispositivos conectados (PCs, impressoras, etc); para a identificação da rede e quantos são utilizados para iden-
- Os endereços IP da classe B são usados nos casos onde tificar os dispositivos.
a quantidade de redes é equivalente ou semelhante à quan- Para isso, utiliza-se, basicamente, o seguinte esquema: se
tidade de dispositivos. Para isso, usam-se os dois primeiros um octeto é usado para identificação da rede, este receberá a
bytes do endereço IP para identificar a rede e os restantes máscara de sub-rede 255. Mas, se um octeto é aplicado para os
para identificar os dispositivos; dispositivos, seu valor na máscara de sub-rede será 0 (zero). A
- Os endereços IP da classe C são usados em locais que tabela a seguir mostra um exemplo desta relação:
requerem grande quantidade de redes, mas com poucos dis-
positivos em cada uma. Assim, os três primeiros bytes são Identifi-
Identifi-
usados para identificar a rede e o último é utilizado para iden- Endereço cador do Máscara de
Classe cador da
tificar as máquinas. IP computa- sub-rede
rede
Quanto às classes D e E, elas existem por motivos espe- dor
ciais: a primeira é usada para a propagação de pacotes espe- A 10.2.68.12 10 2.68.12 255.0.0.0
ciais para a comunicação entre os computadores, enquanto B 172.31.101.25 172.31 101.25 255.255.0.0
que a segunda está reservada para aplicações futuras ou ex- C 192.168.0.10 192.168.0 10 255.255.255.0
perimentais.
Vale frisar que há vários blocos de endereços reservados Você percebe então que podemos ter redes com másca-
para fins especiais. Por exemplo, quando o endereço começa ra 255.0.0.0, 255.255.0.0 e 255.255.255.0, cada uma indicando
com 127, geralmente indica uma rede “falsa”, isto é, inexisten- uma classe. Mas, como já informado, ainda pode haver situa-
te, utilizada para testes. No caso do endereço 127.0.0.1, este ções onde há desperdício. Por exemplo, suponha que uma fa-
sempre se refere à própria máquina, ou seja, ao próprio host, culdade tenha que criar uma rede para cada um de seus cinco
razão esta que o leva a ser chamado de localhost. Já o endere- cursos. Cada curso possui 20 computadores. A solução seria
ço 255.255.255.255 é utilizado para propagar mensagens para então criar cinco redes classe C? Pode ser melhor do que utilizar
todos os hosts de uma rede de maneira simultânea.

87
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

classes B, mas ainda haverá desperdício. Uma forma de contor- Quando você digitar um endereço qualquer de um site,
nar este problema é criar uma rede classe C dividida em cinco um servidor de DNS (Domain Name System) é consultado. Ele
sub-redes. Para isso, as máscaras novamente entram em ação. é quem informa qual IP está associado a cada site. O sistema
Nós utilizamos números de 0 a 255 nos octetos, mas estes, DNS possui uma hierarquia interessante, semelhante a uma ár-
na verdade, representam bytes (linguagem binária). 255 em vore (termo conhecido por programadores). Se, por exemplo, o
binário é 11111111. O número zero, por sua vez, é 00000000. site www.infowester.com é requisitado, o sistema envia a solici-
Assim, a máscara de um endereço classe C, 255.255.255.0, é: tação a um servidor responsável por terminações “.com”. Esse
11111111.11111111.11111111.00000000 servidor localizará qual o IP do endereço e responderá à soli-
Perceba então que, aqui, temos uma máscara formada citação. Se o site solicitado termina com “.br”, um servidor res-
por 24 bits 1: 11111111 + 11111111 + 11111111. Para criar- ponsável por esta terminação é consultado e assim por diante.
mos as nossas sub-redes, temos que ter um esquema com 25,
26 ou mais bits, conforme a necessidade e as possibilidades. IPv6
Em outras palavras, precisamos trocar alguns zeros do último O mundo está cada vez mais conectado. Se, em um pas-
octeto por 1. sado não muito distante, você conectava apenas o PC da sua
Suponha que trocamos os três primeiros bits do último casa à internet, hoje o faz com o celular, com o seu notebook
octeto (sempre trocamos da esquerda para a direita), resul- em um serviço de acesso Wi-Fi no aeroporto e assim por
tando em: diante. Somando este aspecto ao fato de cada vez mais pes-
11111111.11111111.11111111.11100000 soas acessarem a internet no mundo inteiro, nos deparamos
Se fizermos o número 2 elevado pela quantidade de bits com um grande problema: o número de IPs disponíveis deixa
“trocados”, teremos a quantidade possível de sub-redes. Em de ser suficiente para toda as (futuras) aplicações.
nosso caso, temos 2^3 = 8. Temos então a possibilidade de A solução para este grande problema (grande mesmo,
criar até oito sub-redes. Sobrou cinco bits para o endereça- afinal, a internet não pode parar de crescer!) atende pelo
mento dos host. Fazemos a mesma conta: 2^5 = 32. Assim, nome de IPv6, uma nova especificação capaz de suportar até
temos 32 dispositivos em cada sub-rede (estamos fazendo - respire fundo - 340.282.366.920.938.463.463.374.607.431.76
estes cálculos sem considerar limitações que possam impedir 8.211.456 de endereços, um número absurdamente alto!
o uso de todos os hosts e sub-redes).
11100000 corresponde a 224, logo, a máscara resultante
é 255.255.255.224.
Perceba que esse esquema de “trocar” bits pode ser em-
pregado também em endereços classes A e B, conforme a
necessidade. Vale ressaltar também que não é possível utilizar
0.0.0.0 ou 255.255.255.255 como máscara.

IP estático e IP dinâmico
IP estático (ou fixo) é um endereço IP dado permanente-
mente a um dispositivo, ou seja, seu número não muda, ex-
ceto se tal ação for executada manualmente. Como exemplo,
há casos de assinaturas de acesso à internet via ADSL onde
o provedor atribui um IP estático aos seus assinantes. Assim, O IPv6 não consiste, necessariamente, apenas no aumen-
sempre que um cliente se conectar, usará o mesmo IP. to da quantidade de octetos. Um endereço do tipo pode ser,
O IP dinâmico, por sua vez, é um endereço que é dado por exemplo:
a um computador quando este se conecta à rede, mas que FEDC:2D9D:DC28:7654:3210:FC57:D4C8:1FFF
muda toda vez que há conexão. Por exemplo, suponha que Finalizando
você conectou seu computador à internet hoje. Quando você Com o surgimento do IPv6, tem-se a impressão de que a
conectá-lo amanhã, lhe será dado outro IP. Para entender me- especificação tratada neste texto, o IPv4, vai sumir do mapa.
lhor, imagine a seguinte situação: uma empresa tem 80 com- Isso até deve acontecer, mas vai demorar bastante. Durante
putadores ligados em rede. Usando IPs dinâmicos, a empresa essa fase, que podemos considerar de transição, o que ve-
disponibiliza 90 endereços IP para tais máquinas. Como ne- remos é a “convivência” entre ambos os padrões. Não por
nhum IP é fixo, um computador receberá, quando se conectar, menos, praticamente todos os sistemas operacionais atuais
um endereço IP destes 90 que não estiver sendo utilizado. É e a maioria dos dispositivos de rede estão aptos a lidar tanto
mais ou menos assim que os provedores de internet traba- com um quanto com o outro. Por isso, se você é ou pretende
lham. ser um profissional que trabalha com redes ou simplesmen-
O método mais utilizado na distribuição de IPs dinâmicos te quer conhecer mais o assunto, procure se aprofundar nas
é o protocolo DHCP (Dynamic Host Configuration Protocol). duas especificações.
A esta altura, você também deve estar querendo desco-
IP nos sites brir qual o seu IP. Cada sistema operacional tem uma forma
Você já sabe que os sites na Web também necessitam de de mostrar isso. Se você é usuário de Windows, por exemplo,
um IP. Mas, se você digitar em seu navegador www.infowester. pode fazê-lo digitando cmd em um campo do Menu Iniciar e,
com, por exemplo, como é que o seu computador sabe qual na janela que surgir, informar ipconfig /all e apertar Enter. Em
o IP deste site ao ponto de conseguir encontrá-lo? ambientes Linux, o comando é ifconfig.

88
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A pesquisa pode ser realizada com uma palavra, referente


ao assunto desejado. Por exemplo, você quer pesquisar sobre
amortecedores, caso não encontre nada como amortecedo-
res, procure como autopeças, e assim sucessivamente.

Barra de endereços

A Barra de Endereços possibilita que se possa navegar


em páginas da internet, bastando para isto digitar o endereço
da página.
Alguns sites interessantes:
Perceba, no entanto, que se você estiver conectado a par- • www.diariopopular.com.br (Jornal Diário Popular)
tir de uma rede local - tal como uma rede wireless - visualizará • www.ufpel.tche.br (Ufpel)
o IP que esta disponibiliza à sua conexão. Para saber o endere- • www.cefetrs.tche.br (Cefet)
ço IP do acesso à internet em uso pela rede, você pode visitar • www.servidor.gov.br (Informações sobre servidor públi-
sites como whatsmyip.org. co)
• www.siapenet.gog.br (contracheque)
Provedor • www.pelotas.com.br (Site Oficial de Pelotas)
O provedor é uma empresa prestadora de serviços que • www.mec.gov.br (Ministério da Educação)
oferece acesso à Internet. Para acessar a Internet, é necessário
conectar-se com um computador que já esteja na Internet (no Identificação de endereços de um site
caso, o provedor) e esse computador deve permitir que seus Exemplo: http://www.pelotas.com.br
usuários também tenham acesso a Internet. http:// -> (Hiper Text Tranfer Protocol) protocolo de co-
No Brasil, a maioria dos provedores está conectada à Em- municação
bratel, que por sua vez, está conectada com outros computa- WWW -> (World Wide Web) Grande rede mundial
dores fora do Brasil. Esta conexão chama-se link, que é a cone- pelotas -> empresa ou organização que mantém o site
xão física que interliga o provedor de acesso com a Embratel. .com -> tipo de organização
Neste caso, a Embratel é conhecida como backbone, ou seja, ......br -> identifica o país
é a “espinha dorsal” da Internet no Brasil. Pode-se imaginar o
backbone como se fosse uma avenida de três pistas e os links Tipos de Organizações:
como se fossem as ruas que estão interligadas nesta avenida. .edu -> instituições educacionais. Exemplo: michigam.edu
Tanto o link como o backbone possui uma velocidade de .com -> instituções comerciais. Exemplo: microsoft.com
transmissão, ou seja, com qual velocidade ele transmite os da- .gov -> governamental. Exemplo: fazenda.gov
dos. Esta velocidade é dada em bps (bits por segundo). Deve .mil -> instalação militar. Exemplo: af.mil
ser feito um contrato com o provedor de acesso, que fornece- .net -> computadores com funções de administrar redes.
rá um nome de usuário, uma senha de acesso e um endereço Exemplo: embratel.net
eletrônico na Internet. .org -> organizações não governamentais. Exemplo: care.
org
URL - Uniform Resource Locator
Tudo na Internet tem um endereço, ou seja, uma identifi- Home Page
cação de onde está localizado o computador e quais recursos Pela definição técnica temos que uma Home Page é um
este computador oferece. Por exemplo, a URL: arquivo ASCII (no formato HTML) acessado de computado-
http://www.novaconcursos.com.br res rodando um Navegador (Browser), que permite o acesso
Será mais bem explicado adiante. às informações em um ambiente gráfico e multimídia. Todo
em hipertexto, facilitando a busca de informações dentro das
Como descobrir um endereço na Internet? Home Pages.
O endereço de Home Pages tem o seguinte formato:
Para que possamos entender melhor, vamos exemplificar. http://www.endereço.com/página.html
Você estuda em uma universidade e precisa fazer algumas Por exemplo, a página principal da Pronag:
pesquisas para um trabalho. Onde procurar as informações http://www.pronag.com.br/index.html
que preciso?
Para isso, existem na Internet os “famosos” sites de pro- PLUG-INS
cura, que são sites que possuem um enorme banco de dados Os plug-ins são programas que expandem a capacidade
(que contém o cadastro de milhares de Home Pages), que per- do Browser em recursos específicos - permitindo, por exem-
mitem a procura por um determinado assunto. Caso a palavra plo, que você toque arquivos de som ou veja filmes em vídeo
ou o assunto que foi procurado exista em alguma dessas pá- dentro de uma Home Page. As empresas de software vêm
ginas, será listado toda esta relação de páginas encontradas. desenvolvendo plug-ins a uma velocidade impressionante.

89
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Maiores informações e endereços sobre plug-ins são en- O navegador não precisa de nenhuma configuração
contradas na página: especial para exibir uma página da Web, mas é necessário
http://www.yahoo.com/Computers_and_Internet/Softwa- ajustar alguns parâmetros para que ele seja capaz de enviar
re/Internet/World_Wide_Web/Browsers/Plug_Ins/Indices/ e receber algumas mensagens de correio eletrônico e acessar
Atualmente existem vários tipos de plug-ins. Abaixo te- grupos de discussão (news).
mos uma relação de alguns deles: O World Wide Web foi inicialmente desenvolvido no
- 3D e Animação (Arquivos VRML, MPEG, QuickTime, etc.). Centro de Pesquisas da CERN (Conseil Europeen pour la
- Áudio/Vídeo (Arquivos WAV, MID, AVI, etc.). Recherche Nucleaire), Suíça. Originalmente, o WWW era um
- Visualizadores de Imagens (Arquivos JPG, GIF, BMP, PCX, etc.). meio para físicos da CERN trocar experiências sobre suas
- Negócios e Utilitários pesquisas através da exibição de páginas de texto. Ficou claro,
- Apresentações desde o início, o imenso potencial que o WWW possuía para
diversos tipos de aplicações, inclusive não científicas.
FTP - Transferência de Arquivos
O WWW não dispunha de gráficos em seus primórdios,
Permite copiar arquivos de um computador da Internet
apenas de hipertexto. Entretanto, em 1993, o projeto WWW
para o seu computador.
ganhou força extra com a inserção de um visualizador
Os programas disponíveis na Internet podem ser:
(também conhecido como browser) de páginas capaz não
• Freeware: Programa livre que pode ser distribuído e
utilizado livremente, não requer nenhuma taxa para sua utili- apenas de formatar texto, mas também de exibir gráficos, som
zação, e não é considerado “pirataria” a cópia deste programa. e vídeo. Este browser chamava-se Mosaic e foi desenvolvido
• Shareware: Programa demonstração que pode ser dentro da NCSA, por um time chefiado por Mark Andreesen.
utilizado por um determinado prazo ou que contém alguns O sucesso do Mosaic foi espetacular.
limites, para ser utilizado apenas como um teste do programa. Depois disto, várias outras companhias passaram a
Se o usuário gostar ele compra, caso contrário, não usa mais o produzir browsers que deveriam fazer concorrência ao
programa. Na maioria das vezes, esses programas exibem, de Mosaic. Mark Andreesen partiu para a criação da Netscape
tempos em tempos, uma mensagem avisando que ele deve Communications, criadora do browser Netscape.
ser registrado. Outros tipos de shareware têm tempo de uso Surgiram ainda o Cello, o AIR Mosaic, o SPRY Mosaic, o
limitado. Depois de expirado este tempo de teste, é necessá- Microsoft Internet Explorer, o Mozilla Firefox e muitos outros
rio que seja feito a compra deste programa. browsers.
Navegar nas páginas
Consiste percorrer as páginas na internet a partir de um Busca e pesquisa na web
documento normal e de links das próprias páginas. Os sites de busca servem para procurar por um
determinado assunto ou informação na internet.
Como salvar documentos, arquivos e sites Alguns sites interessantes:
Clique no menu Arquivo e na opção Salvar como. • www.google.com.br
• http://br.altavista.com
Como copiar e colar para um editor de textos • http://cade.search.yahoo.com
Selecionar o conteúdo ou figura da página. Clicar com o • http://br.bing.com/
botão direito do mouse e escolha a opção Copiar.
Como fazer a pesquisa
Digite na barra de endereço o endereço do site de
pesquisa. Por exemplo:
www.google.com.br

Abra o editor de texto clique em colar

Navegadores
O navegador de WWW é a ferramenta mais importante
para o usuário de Internet. É com ele que se podem visitar
museus, ler revistas eletrônicas, fazer compras e até
participar de novelas interativas. As informações na Web são
organizadas na forma de páginas de hipertexto, cada um com
seu endereço próprio, conhecido como URL. Para começar
a navegar, é preciso digitar um desses endereços no campo
chamado Endereço no navegador. O software estabelece a
conexão e traz, para a tela, a página correspondente.

90
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em pesquisar pode-se escolher onde será feita a pesquisa. Por exemplo: 3+4
Irá retornar:

O resultado da pesquisa

Os sites de pesquisa em geral não fazem distinção na O resultado da pesquisa é visualizado da seguinte
pesquisa com letras maiúsculas e minúsculas e nem palavras forma:
com ou sem acento.

Opções de pesquisa

Web: pesquisa em todos os sites


Imagens: pesquisa por imagens anexadas nas páginas.
Exemplo do resultado se uma pesquisa.

NTRANET
A Intranet ou Internet Corporativa é a implantação de
uma Internet restrita apenas a utilização interna de uma em-
presa. As intranets ou Webs corporativas, são redes de comu-
nicação internas baseadas na tecnologia usada na Internet.
Como um jornal editado internamente, e que pode ser aces-
sado apenas pelos funcionários da empresa.
A intranet cumpre o papel de conectar entre si filiais e
Grupos: pesquisa nos grupos de discussão da Usenet. departamentos, mesclando (com segurança) as suas infor-
Exemplo: mações particulares dentro da estrutura de comunicações da
empresa.
O grande sucesso da Internet, é particularmente da
World Wide Web (WWW) que influenciou muita coisa na
evolução da informática nos últimos anos.
Em primeiro lugar, o uso do hipertexto (documentos in-
terligados através de vínculos, ou links) e a enorme facilidade
Diretórios: pesquisa o conteúdo da internet organizados de se criar, interligar e disponibilizar documentos multimídia
por assunto em categorias. Exemplo: (texto, gráficos, animações, etc.), democratizaram o acesso à
informação através de redes de computadores. Em segundo
lugar, criou-se uma gigantesca base de usuários, já familiari-
zados com conhecimentos básicos de informática e de nave-
gação na Internet. Finalmente, surgiram muitas ferramentas
de software de custo zero ou pequeno, que permitem a qual-
quer organização ou empresa, sem muito esforço, “entrar na
rede” e começar a acessar e colocar informação. O resultado
Como escolher palavra-chave inevitável foi a impressionante explosão na informação dis-
• Busca com uma palavra: retorna páginas que in- ponível na Internet, que segundo consta, está dobrando de
cluam a palavra digitada. tamanho a cada mês.
• “Busca entre aspas”: a pesquisa só retorna páginas Assim, não demorou muito a surgir um novo conceito,
que incluam todos os seus termos de busca, ou seja, toda a que tem interessado um número cada vez maior de empresas,
sequência de termos que foram digitadas. hospitais, faculdades e outras organizações interessadas em
• Busca com sinal de mais (+): a pesquisa retorna pági- integrar informações e usuários: a intranet. Seu advento e dis-
nas que incluam todas as palavras aleatoriamente na página. seminação promete operar uma revolução tão profunda para
• Busca com sinal de menos (-): as palavras que ficam a vida organizacional quanto o aparecimento das primeiras
antes do sinal de menos são excluídas da pesquisa. redes locais de computadores, no final da década de 80.
• Resultado de um cálculo: pode ser efetuado um cál-
culo em um site de pesquisa.

91
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O que é Intranet? • Execução Distribuída - Determinadas tarefas de aces-


O termo “intranet” começou a ser usado em meados de so ou manipulação na intranet só podem ocorrer graças à exe-
1995 por fornecedores de produtos de rede para se referirem cução de programas aplicativos, que podem estar no servidor,
ao uso dentro das empresas privadas de tecnologias projeta- ou nos microcomputadores que acessam a rede (também
das para a comunicação por computador entre empresas. Em chamados de clientes, daí surgiu à expressão que caracteriza a
outras palavras, uma intranet consiste em uma rede privativa arquitetura da intranet: cliente-servidor). A vantagem da intra-
de computadores que se baseia nos padrões de comunicação net é que esses programas são ativados através da WWW, per-
de dados da Internet pública, baseadas na tecnologia usada mitindo grande flexibilidade. Determinadas linguagens, como
na Internet (páginas HTML, e-mail, FTP, etc.) que vêm, atual- Java, assumiram grande importância no desenvolvimento de
mente fazendo muito sucesso. Entre as razões para este su- softwares aplicativos que obedeçam aos três conceitos ante-
cesso, estão o custo de implantação relativamente baixo e a riores.
facilidade de uso propiciada pelos programas de navegação
na Web, os browsers. Como montar uma Intranet
Basicamente a montagem de uma intranet consiste em
Objetivo de construir uma Intranet usar as estruturas de redes locais existentes na maioria das em-
Organizações constroem uma intranet porque ela é uma presas, e em instalar um servidor Web.
ferramenta ágil e competitiva. Poderosa o suficiente para eco- Servidor Web - É a máquina que faz o papel de repositório
nomizar tempo, diminuir as desvantagens da distância e ala- das informações contidas na intranet. É lá que os clientes vão
vancar sobre o seu maior patrimônio de capital-funcionários buscar as páginas HTML, mensagens de e-mail ou qualquer
com conhecimentos das operações e produtos da empresa. outro tipo de arquivo.
Protocolos - São os diferentes idiomas de comunicação
Aplicações da Intranet utilizados. O servidor deve abrigar quatro protocolos. O primei-
Já é ponto pacífico que apoiarmos a estrutura de comu- ro é o HTTP, responsável pela comunicação do browser com o
nicações corporativas em uma intranet dá para simplificar o servidor, em seguida vem o SMTP ligado ao envio de mensa-
trabalho, pois estamos virtualmente todos na mesma sala. De gens pelo e-mail, e o FTP usado na transferência de arquivos.
Independentemente das aplicações utilizadas na intranet, to-
qualquer modo, é cedo para se afirmar onde a intranet vai
das as máquinas nela ligadas devem falar um idioma comum: o
ser mais efetiva para unir (no sentido operacional) os diversos
TCP/IP, protocolo da Internet.
profissionais de uma empresa. Mas em algumas áreas já se
Identificação do Servidor e das Estações - Depois de defi-
vislumbram benefícios, por exemplo:
nidos os protocolos, o sistema já sabe onde achar as informa-
• Marketing e Vendas - Informações sobre produtos,
ções e como requisitá-las. Falta apenas saber o nome de quem
listas de preços, promoções, planejamento de eventos;
pede e de quem solicita. Para isso existem dois programas: o
• Desenvolvimento de Produtos - OT (Orientação DNS que identifica o servidor e o DHCP (Dinamic Host Confi-
de Trabalho), planejamentos, listas de responsabilidades de guration Protocol) que atribui nome às estações clientes.
membros das equipes, situações de projetos; Estações da Rede - Nas estações da rede, os funcionários
• Apoio ao Funcionário - Perguntas e respostas, siste- acessam as informações colocadas à sua disposição no servi-
mas de melhoria contínua (Sistema de Sugestões), manuais dor. Para isso usam o Web browser, software que permite fo-
de qualidade; lhear os documentos.
• Recursos Humanos - Treinamentos, cursos, aposti- Comparando Intranet com Internet
las, políticas da companhia, organograma, oportunidades de Na verdade as diferenças entre uma intranet e a Internet,
trabalho, programas de desenvolvimento pessoal, benefícios. é uma questão de semântica e de escala. Ambas utilizam as
Para acessar as informações disponíveis na Web corpora- mesmas técnicas e ferramentas, os mesmos protocolos de rede
tiva, o funcionário praticamente não precisa ser treinado. Afi- e os mesmos produtos servidores. O conteúdo na Internet, por
nal, o esforço de operação desses programas se resume qua- definição, fica disponível em escala mundial e inclui tudo, des-
se somente em clicar nos links que remetem às novas páginas. de uma home-page de alguém com seis anos de idade até as
No entanto, a simplicidade de uma intranet termina aí. Proje- previsões do tempo. A maior parte dos dados de uma empresa
tar e implantar uma rede desse tipo é uma tarefa complexa e não se destina ao consumo externo, na verdade, alguns dados,
exige a presença de profissionais especializados. Essa dificul- tais como as cifras das vendas, clientes e correspondências le-
dade aumenta com o tamanho da intranet, sua diversidade gais, devem ser protegidos com cuidado. E, do ponto de vista
de funções e a quantidade de informações nela armazenadas. da escala, a Internet é global, uma intranet está contida dentro
A intranet é baseada em quatro conceitos: de um pequeno grupo, departamento ou organização corpo-
• Conectividade - A base de conexão dos computa- rativa. No extremo, há uma intranet global, mas ela ainda con-
dores ligados através de uma rede, e que podem transferir serva a natureza privada de uma Internet menor.
qualquer tipo de informação digital entre si; A Internet e a Web ficaram famosas, com justa razão, por
• Heterogeneidade - Diferentes tipos de computado- serem uma mistura caótica de informações úteis e irrelevantes,
res e sistemas operacionais podem ser conectados de forma o meteórico aumento da popularidade de sites da Web dedica-
transparente; dos a índices e mecanismos de busca é uma medida da neces-
• Navegação - É possível passar de um documento a sidade de uma abordagem organizada. Uma intranet aproveita
outro através de referências ou vínculos de hipertexto, que a utilidade da Internet e da Web num ambiente controlado e
facilitam o acesso não linear aos documentos; seguro.

92
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Vantagens e Desvantagens da Intranet Como a Intranet é ligada à Internet


Alguns dos benefícios são:
• Redução de custos de impressão, papel, distribuição de
software, e-mail e processamento de pedidos;
• Redução de despesas com telefonemas e pessoal no
suporte telefônico;
• Maior facilidade e rapidez no acesso as informações téc-
nicas e de marketing;
• Maior rapidez e facilidade no acesso a localizações re-
motas;
• Incrementando o acesso a informações da concorrência;
• Uma base de pesquisa mais compreensiva;
• Facilidade de acesso a consumidores (clientes) e parcei-
ros (revendas);
• Aumento da precisão e redução de tempo no acesso à
informação;
• Uma única interface amigável e consistente para apren-
der e usar;
• Informação e treinamento imediato (Just in Time);
• As informações disponíveis são visualizadas com clare- Segurança da Intranet
za;
• Redução de tempo na pesquisa a informações; Três tecnologias fornecem segurança ao armazenamento
• Compartilhamento e reutilização de ferramentas e in- e à troca de dados em uma rede: autenticação, controle de
formação; acesso e criptografia.
• Redução no tempo de configuração e atualização dos Autenticação - É o processo que consiste em verificar se
sistemas; um usuário é realmente quem alega ser. Os documentos e
• Simplificação e/ou redução das licenças de software e dados podem ser protegidos através da solicitação de uma
outros; combinação de nome do usuário/senha, ou da verificação do
• Redução de custos de documentação; endereço IP do solicitante, ou de ambas. Os usuários autenti-
• Redução de custos de suporte; cados têm o acesso autorizado ou negado a recursos especí-
• Redução de redundância na criação e manutenção de ficos de uma intranet, com base em uma ACL (Access Control
páginas; List) mantida no servidor Web;
• Redução de custos de arquivamento; Criptografia - É a conversão dos dados para um formato
• Compartilhamento de recursos e habilidade. que pode ser lido por alguém que tenha uma chave secreta
de descriptografia. Um método de criptografia amplamente
Alguns dos empecilhos são: utilizado para a segurança de transações Web é a tecnologia
• Aplicativos de Colaboração - Os aplicativos de cola- de chave pública, que constitui a base do HTTPS - um proto-
boração, não são tão poderosos quanto os oferecidos pelos colo Web seguro;
programas para grupos de trabalho tradicionais. É necessário Firewall - Você pode proporcionar uma comunicação
configurar e manter aplicativos separados, como e-mail e ser- segura entre uma intranet e a Internet através de servidores
vidores Web, em vez de usar um sistema unificado, como faria proxy, que são programas que residem no firewall e permitem
com um pacote de software para grupo de trabalho; (ou não) a transmissão de pacotes com base no serviço que
• Número Limitado de Ferramentas - Há um número limi- está sendo solicitado. Um proxy HTTP, por exemplo, pode per-
tado de ferramentas para conectar um servidor Web a bancos mitir que navegadores Webs internos da empresa acessem
de dados ou outros aplicativos back-end. As intranets exigem servidores Web externos, mas não o contrário.
uma rede TCP/IP, ao contrário de outras soluções de software
para grupo de trabalho que funcionam com os protocolos de Dispositivos para realização de Cópias de Segurança
transmissão de redes local existentes; Os dispositivos para a realização de cópias de seguran-
• Ausência de Replicação Embutida – As intranets não ça do(s) servidor(es) constituem uma das peças de especial
apresentam nenhuma replicação embutida para usuários re- importância. Por exemplo, unidades de disco amovíveis com
motos. A HMTL não é poderosa o suficiente para desenvolver grande capacidade de armazenamento, tapes...
aplicativos cliente/servidor. Queremos ainda referir que para o funcionamento de
uma rede existem outros conceitos como topologias/confi-
gurações (rede linear, rede em estrela, rede em anel, rede em
árvore, rede em malha …), métodos de acesso, tipos de cabos,
protocolos de comunicação, velocidade de transmissão …

93
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

INTERNET EXPLORER

O Windows Internet Explorer possui uma aparência simplificada e muitos recursos novos que aceleram a sua experiência de
navegação na Web.
Os novos recursos gráficos e o melhor desempenho do Internet Explorer possibilitam experiências ricas e intensas. Texto, vídeo
e elementos gráficos acelerados por hardware significam que seus sites têm um desempenho semelhante ao dos programas insta-
lados no seu computador. Os vídeos de alta definição são perfeitos, os elementos gráficos são nítidos e respondem positivamente,
as cores são fieis e os sites são interativos como jamais foram. Com os aperfeiçoamentos como Chakra, o novo mecanismo JavaS-
cript, os sites e aplicativos são carregados mais rapidamente e respondem melhor. Combine o Internet Explorer com os eficientes
recursos gráficos que o Windows 7 tem a oferecer, e você terá a melhor experiência da Web no Windows até o momento.
A instalação mais curta e simplificada do Internet Explorer é mais rápida do que nas versões anteriores. Ela requer menos
decisões de sua parte, leva menos tempo para carregar páginas e não exige que você instale atualizações separadamente. Uma
vez concluída a instalação, você já pode começar a navegar.
Interface
A primeira alteração que vemos no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se com-
parado com suas versões anteriores, melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar A primeira alteração que vemos
no I.E 9 é a altura do seu cabeçalho (55px), pequeno e elegante, o internet Explorer 9 se comparado com suas versões anteriores,
melhorou muito e sem sombra de dúvida começa a tomar uma forma competitiva.

1-Ícones de Voltar/ Avançar página


2-Ícones de manipulação da URL
3-Abas de conteúdo
4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial
5-Ícone para inserir novas aplicações
6-Ícone de aplicação instalada.
1-Ícones de Voltar/ Avançar página
Uma das mudanças vistas em mais de um navegador, é o destaque dado ao botão de “Voltar Página”, muito mais utilizado
que o “Avançar, o destaque dado, foi merecido, assim evita-se possíveis erros e distrações”. Depois de ter feito alguma transição
de página, o botão voltar assume uma cor azul marinho, ganhando ainda mais destaque.

2-Ícones de manipulação da URL


Os ícones de manipulação, são aqueles que permitem o usuário “Favoritos”, “Cancelar” ou “Atualizar” uma página. No caso
do I.E 9, eles foram separados, o “Favoritos” está junto dos ícones de funcionalidade geral (página inicial e opções) enquanto o
“Atualizar” e “Fechar” foram posicionados dentro da barra de URL, o que pode dificultar o seu uso, o “Atualizar” especialmente é
bastante utilizado (apesar da tecla de atalho F5) e nesta nova versão ele perdeu seu destaque e sua facilidade de clique, ficando
posicionado entre dois ícones.
Foi inserido nessa mesma área, o ícone de “Compatibilidade”, permitindo que determinadas páginas sejam visualizadas com
a tecnologia das versões anteriores do I.E.

3-Abas de conteúdo
O posicionamento das abas de conteúdo dentro do cabeçalho do I.E 9 foi mal escolhido, as abas tem que disputar espaço
com o campo de URL. Consegui manter aberto no máximo 4 abas sem que prejudique demais a leitura dos títulos das abas,
depois disso a visualização e a navegação entre as abas fica difícil e desanimador.

94
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4 abas.

Múltiplas abas.

4-Ícones de funcionalidades gerais, favoritos e página inicial


“Pagina Inicial”, “Favoritos” e “Opções” foram agrupados no canto direito da tela, mas sem um objetivo claro, pois os dois pri-
meiros itens citados são elementos que quando utilizados interagem ou alteram os dados inseridos no campo de URL. “Opções”
por sua vez, se refere a opções de internet, privacidade e etc.…

5-Ícone para inserir novas aplicações


Uma das novidades mais bacanas dos novos navegadores é possibilidade de adquirir aplicativos e plug-ins, permitindo ao
usuário a customizar o seu navegador e criar um fluxo de utilização diferenciado de navegador para navegador.
Porém, esta nova possibilidade foi mal comunicada, ela é representada por símbolo de mais, muito semelhante ao utilizado
em navegadores como Firefox, para adicionar novas abas. Fica claro no I.E 9, que o símbolo de “+” serve para adicionar algo ao
navegador, mas o que? Existe espaço suficiente na área para trabalhar com uma ancora textual, ao menos até os usuários criarem
um hábito.

6-Ícone de aplicação/plug-in instalado


As aplicações depois de instaladas são alinhadas de forma horizontal no espaço que em versões anteriores pertencia às abas.

Usar os novos controles do navegador

A primeira coisa que você notará ao abrir o Internet Explorer 9 será seu design simplificado.

A maioria das funções da barra de comandos, como Imprimir ou Zoom, pode ser encontrada ao clicar no botão Ferramentas
, e os seus favoritos e os feeds são exibidos ao clicar no botão Centro de Favoritos .

95
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As guias são exibidas automaticamente à direita da Barra


de endereços, mas é possível movê-las para que sejam exi-
bidas abaixo da Barra de endereço, da mesma maneira que
em versões anteriores do Internet Explorer. Você pode exibir
as Barras de Favoritos, Comandos, Status e Menus clicando
com o botão direito do mouse no botão Ferramentas e
selecionando-as em um menu.
Mostrar ou ocultar as Barras de Favoritos, Comandos
e Status
Clique com o botão direito do mouse em um espaço livre
à direita do botão Nova Guia e selecione uma barra:
• Barra de Favoritos
• Barra de Comandos
• Barra de Status
Ao fazer pesquisas na Barra de endereços, você tem a op-
Fixar um site da web na barra de tarefas ção de abrir uma página de resultados da pesquisa ou o prin-
Para ter um acesso rápido, você pode fixar um site visi- cipal resultado da pesquisa (se o provedor de pesquisa sele-
tado com frequência à barra de tarefas, na área de trabalho cionado oferecer suporte a esse recurso). Você também pode
do Windows 7, da mesma maneira que você faria com um ativar sugestões de pesquisa opcionais na Barra de endereços.
programa.
Usar o Gerenciador de Download
O Gerenciador de Download mantém uma lista dos arqui-
vos baixados por você e o notifica quando um arquivo pode
ser um malware (software mal-intencionado). Ele também per-
mite que você pause e reinicie um download, além de lhe mos-
trar onde encontrar os arquivos baixados em seu computador.

Para fixar um site da web


• Clique na guia da página da Web e arraste-a até a
barra de tarefas.
Ao lado do endereço da página, há um pequeno ícone
com o símbolo do site. Ao arrastá-lo, ele automaticamente se
transforma em uma espécie de botão. Então só é preciso que
você o envie para a Barra de tarefas do Windows 7 para que
ele vire um rápido atalho.
Para remover um site fixo da barra de tarefas Abrir o Gerenciador de Downloads
• Clique com o botão direito do mouse no ícone do 1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar
site, na barra de tarefas, e clique em Desafixar esse programa . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de
da barra de tarefas. resultados, clique em Internet Explorer.
2. Clique no botão Ferramentas e em Exibir down-
Pesquisar na Barra de endereços loads.
Agora, você pode fazer buscas diretamente na Barra de
endereços. Se você inserir o endereço de um site, você irá Trabalhar com guias
diretamente a um site da web. Se você inserir um termo de Você pode abrir uma guia clicando no botão Nova Guia à
pesquisa ou um endereço incompleto, aparecerá uma pesqui- direita da guia aberta mais recentemente.
sa, usando o mecanismo de pesquisa selecionado. Clique na Use a navegação com guias para abrir várias páginas da
barra de endereços para selecionar o mecanismo de pesquisa Web em uma única janela.
a partir dos ícones listados ou para adicionar novos mecanis- Para visualizar duas páginas com guias ao mesmo tempo,
mos. clique em um guia e, em seguida, arraste-a para fora da janela
do Internet Explorer para abrir a página da Web da guia em
uma nova janela.

96
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Facilite o acesso aos seus sites favoritos. Arraste uma guia


e fixe-a diretamente na barra de tarefas ou no menu Iniciar. Ou
arraste uma guia para a barra Favoritos. Independentemente
do que escolher, seus sites favoritos estarão ao seu alcance.

Guias codificadas por cores

Ao abrir uma nova guia no Windows Internet Explorer 9,


você pode:
• Para abrir uma nova página da Web, digite ou cole
um endereço na Barra de endereços.
• Para ir para um dos dez sites mais utilizados por você,
clique em um link na página.
• Para ocultar informações sobre os dez sites mais utili-
zados por você, clique Ocultar sites. Para restaurar as informa- Ter várias guias abertas ao mesmo tempo pode ser um
ções, clique em Mostrar sites. processo complicado e demorado, principalmente quando
• Para ativar a Navegação InPrivate, clique em Navega- você tenta voltar e localizar os sites que abriu. Com o Inter-
ção InPrivate. net Explorer 9, as guias relacionadas são codificadas por cores,
• Para abrir novamente as guias que acabou de fechar, o que facilita sua organização ao navegar por várias páginas
clique em Reabrir guias fechadas. da Web.
• Para reabrir as guias de sua última sessão de navega- Você consegue ver as guias relacionadas instantanea-
ção, clique em Reabrir última sessão. mente. Quando você abre uma nova guia a partir de outra,
• Para abrir Sites Sugeridos em uma página da Web, a nova guia é posicionada ao lado da primeira guia e é co-
clique em Descobrir outros sites dos quais você pode gostar. dificada com a cor correspondente. E quando uma guia que
faz parte de um grupo é fechada, outra guia desse grupo é
Guias avançadas exibida, para que você não fique olhando para uma guia não
Por padrão, as guias são mostradas à direita da Barra de relacionada.
endereços. Para fazer com que as guias sejam mostradas em Se quiser fechar uma guia ou o grupo inteiro de guias,
sua própria linha abaixo da Barra de endereços, clique com o ou remover uma guia de um grupo, clique com o botão di-
botão direito do mouse na área aberta à direita do botão Nova reito do mouse na guia ou no grupo de guias e escolha o
guia e clique em Mostrar guias abaixo da Barra de endereços. que deseja fazer. Nesse local também é possível atualizar uma
ou todas as guias, criar uma guia duplicada, abrir uma nova
Guias destacáveis guia, reabrir a última guia fechada ou ver uma lista de todas
as guias fechadas recentemente e reabrir qualquer uma ou
todas elas.
Como usar os Sites Sugeridos no Internet Explorer 9
O recurso Sites Sugeridos é um serviço online usado pelo
Windows Internet Explorer 9 que recomenda sites que você
talvez goste com base nos sites que você visita com frequ-
ência.
Para ativar os Sites Sugeridos e exibi-los em uma página
da Web
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar
. Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de
As guias destacáveis tornam a interação com vários sites resultados, clique em Internet Explorer.
rápida e intuitiva. É possível reorganizar as guias no Inter- 2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do Cen-
net Explorer 9 — da mesma forma que você reorganiza ícones tro de Favoritos, clique em Ativar Sites Sugeridos.
na barra de tarefas no Windows 7 — ou abrir qualquer guia em 3. Na caixa de diálogo Sites Sugeridos, clique em Sim.
uma nova janela do navegador arrastando a guia para a área Observação: Para desativar os Sites Sugeridos, clique no
de trabalho. Se precisar exibir mais de uma página da Web ao botão Ferramentas , aponte para Arquivo e desmarque a
mesmo tempo para realizar uma tarefa, use as guias destacá- opção Sites Sugeridos.
veis junto com o Ajuste. É uma ótima forma de mostrar várias
páginas da Web lado a lado na tela.

97
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para adicionar o Web Slice de Sites Sugeridos • Navegação InPrivate, que você pode usar para nave-
Depois de ativar os Sites Sugeridos, você pode clicar no gar na Web sem salvar dados relacionados, como cookies e
Web Slice de Sites Sugeridos na Barra de favoritos para veri- arquivos de Internet temporários.
ficar sugestões de sites com base na página da Web na guia • Configurações de privacidade que especificam como
atual. o computador lida com cookies.
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar
. Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de Navegação InPrivate
resultados, clique em Internet Explorer. A Navegação InPrivate impede que o Windows Inter-
2. Clique no botão Favoritos e, na parte inferior do net Explorer 9 armazene dados de sua sessão de navegação,
Centro de Favoritos, clique em Exibir Sites Sugeridos. além de ajudar a impedir que qualquer pessoa que utilize o
Observação: Se não tiver ativado os Sites Sugeridos, você seu computador veja as páginas da Web que você visitou e o
deverá clicar em Ativar Sites Sugeridos e em Sim. conteúdo que visualizou.
1. Na página da Web Sites Sugeridos, role até a parte Para ativar a Navegação InPrivate:
inferior e clique em Adicionar Sites Sugeridos à sua Barra de 1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar
Favoritos. . Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de
2. Na caixa de diálogo do Internet Explorer, clique em resultados, clique em Internet Explorer.
Adicionar à Barra de Favoritos. 2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Segu-
Observação: Quando você habilita o recurso Sites Suge- rança e clique em Navegação InPrivate.
ridos, o seu histórico de navegação na Web é enviado à Mi-
crosoft, onde ele é salvo e comparado com uma lista de sites O que faz a Navegação InPrivate:
relacionados atualizada com frequência. Você pode optar por Quando você inicia a Navegação InPrivate, o Internet Ex-
interromper o envio de seu histórico de navegação na Web plorer abre uma nova janela do navegador. A proteção ofe-
pelo Internet Explorer para a Microsoft a qualquer momento. recida pela Navegação InPrivate tem efeito apenas durante
Também é possível excluir entradas individuais do seu histó- o tempo que você usar essa janela. Você pode abrir quantas
guias desejar nessa janela e todas elas estarão protegidas pela
rico a qualquer momento. As entradas excluídas não serão
Navegação InPrivate. Entretanto, se você abrir uma segunda
usadas para fornecer sugestões de outros sites, embora elas
janela do navegador, ela não estará protegida pela Navega-
sejam mantidas pela Microsoft por um período para ajudar a
ção InPrivate. Para finalizar a sessão de Navegação InPrivate,
melhorar nossos produtos e serviços, incluindo este recurso.
feche a janela do navegador.
Recursos de segurança e privacidade no Internet Ex-
Quando você navega usando a Navegação InPrivate, o In-
plorer 9
ternet Explorer armazena algumas informações, como cookies
O Internet Explorer 9 inclui os seguintes recursos de segu-
e arquivos de Internet temporários, de forma que as páginas
rança e privacidade:
da Web visitadas funcionem corretamente. Entretanto, no fi-
• Filtragem ActiveX, que bloqueia os controles ActiveX nal de sua sessão de Navegação InPrivate, essas informações
de todos os sites e permite que você posteriormente os ative são descartadas.
novamente apenas para os sites nos quais confia. O que a Navegação InPrivate não faz:
• Realce de domínio, que mostra claramente a você • Ela não impede que alguém em sua rede, como um
o verdadeiro endereço Web do site que está visitando. Isso administrador de rede ou um hacker, veja as páginas que você
ajuda você a evitar sites que usam endereços Web falsos para visitou.
enganá-lo, como sites de phishing. O verdadeiro domínio que • Ela não necessariamente proporciona anonimato
você está visitando é realçado na barra de endereços. na Internet. Os sites talvez sejam capazes de identificá-lo por
• Filtro SmartScreen, que pode ajudar a protegê-lo meio de seu endereço Web e qualquer coisa que você fizer ou
contra ataques de phishing online, fraudes e sites falsos ou inserir em um site poderá ser gravado por ele.
mal-intencionados. Ele também pode verificar downloads e • Ela não remove nenhum favorito ou feed adicionado
alertá-lo sobre possível malware (software mal-intencionado). por você quando a sessão de Navegação InPrivate é fechada.
• Filtro Cross site scripting (XSS), que pode ajudar a As alterações nas configurações do Internet Explorer, como a
evitar ataques de sites fraudulentos que podem tentar roubar adição de uma nova home page, também são mantidas após
suas informações pessoais e financeiras. o encerramento da sessão de Navegação InPrivate.
• Uma conexão SSL (Secure Sockets Layer) de 128 bits
para usar sites seguros. Isso ajuda o Internet Explorer a criar Como usar a Proteção contra Rastreamento e a Filtra-
uma conexão criptografada com sites de bancos, lojas online, gem ActiveX no Internet Explorer 9
sites médicos ou outras organizações que lidam com as suas Você pode ativar a Proteção contra Rastreamento no
informações pessoais. Windows Internet Explorer 9 para ajudar a evitar que sites co-
• Notificações que o avisam se as configurações de letem informações sobre sua navegação na Web. Você tam-
segurança estiverem abaixo dos níveis recomendados. bém pode ativar a Filtragem ActiveX para ajudar a evitar que
• Proteção contra Rastreamento, que limita a comuni- programas acessem o seu computador sem o seu consenti-
cação do navegador com determinados sites - definidos por mento.
uma Lista de Proteção contra Rastreamento - a fim de ajudar Depois de ativar qualquer um desses recursos, você pode
a manter suas informações confidenciais. desativá-lo apenas para sites específicos.

98
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Usar a Proteção contra Rastreamento para bloquear con-


teúdo de sites desconhecidos
Quando você visita um site, alguns conteúdos podem ser
fornecidos por um site diferente. Esse conteúdo pode ser usa-
do para coletar informações sobre as páginas que você visita
na Internet.
A Proteção contra Rastreamento bloqueia esse conteúdo
de sites que estão em Listas de Proteção contra Rastreamen-
to. Existe uma Lista de Proteção contra Rastreamento Perso-
nalizada incluída no Internet Explorer que é gerada automa-
ticamente com base nos sites visitados por você. Também é Modo de Exibição de Compatibilidade
possível baixar Listas de Proteção contra Rastreamento e, des- Há ocasiões em que o site que você está visitando não
sa maneira, o Internet Explorer verificará periodicamente se há tem a aparência correta. Ele é mostrado como um emaranha-
atualizações para as listas. do de menus, imagens e caixas de texto fora de ordem. Por
que isso acontece? Uma explicação possível: o site pode ter
Para ativar a Proteção contra Rastreamento sido desenvolvido para uma versão anterior do Internet Ex-
1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar plorer. O que fazer? Experimente clicar no botão Modo de
. Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de Exibição de Compatibilidade.
resultados, clique em Internet Explorer.
2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Segu-
rança e clique em Proteção contra Rastreamento.
3. Na caixa de diálogo Gerenciar Complemento, clique
em uma Lista de Proteção contra Rastreamento e clique em O botão do Modo de Exibição de Compatibilidade
Habilitar. No Modo de Exibição de Compatibilidade, os sites apa-
recerão como se fossem exibidos em uma versão anterior do
Usar a Filtragem ActiveX para bloquear controles ActiveX Internet Explorer, o que geralmente corrige os problemas de
Controles ActiveX e complementos do navegador da exibição. Você não precisa clicar no botão para exibir um site
Web são pequenos programas que permitem que os sites depois de já ter feito isso — na próxima vez que você visitar
forneçam conteúdos como vídeos. Eles também podem ser o site, o Internet Explorer 9 automaticamente o mostrará no
usados para coletar informações, danificar informações e ins- Modo de Exibição de Compatibilidade. (Se você um dia qui-
talar software em seu computador sem o seu consentimento ser voltar a navegar nesse site usando o Internet Explorer 9,
ou permitir que outra pessoa controle o computador remo- basta clicar no botão Modo de Exibição de Compatibilidade
tamente. novamente.)
A Filtragem ActiveX impede que sites instalem e utilizem
esses programas.

Ativar a Filtragem ActiveX Menu Favoritos


1. Para abrir o Internet Explorer, clique no botão Iniciar Adicionar endereços no Menu Favoritos
. Na caixa de pesquisa, digite Internet Explorer e, na lista de Clique no menu Favoritos e em Adicionar
resultados, clique em Internet Explorer. Favoritos(CTRL+D).
2. Clique no botão Ferramentas , aponte para Segu-
rança e clique em Filtragem ActiveX.

Definir exceções para sites confiáveis


Você pode desativar a Proteção contra Rastreamento ou
a Filtragem ActiveX para exibir o conteúdo de sites específicos
em que você confia.

Informações que não causam lentidão


A nova Barra de notificação exibida na parte inferior do
Internet Explorer fornece importantes informações de status
quando você precisa delas, mas ela não o força a clicar em
uma série de mensagens para continuar navegando. Menu Ferramentas
Opções da Internet
No menu Ferramentas, na opção opções da internet, na
aba geral podemos excluir os arquivos temporários e o histó-
rico. Além disso, podemos definir a página inicial.

99
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Outras funções não incluídas originalmente encontram-


-se disponíveis através de extensões e plug-ins.

Principais características
· Navegação em abas;
· A mesma janela pode conter diversas páginas. Abrindo
os links em segundo plano

Eles já estarão carregados quando você for ler;


· Bloqueador de popups:
· O Firefox já vem com um bloqueador embutido de po-
pups;
· Pesquisa inteligente;
· O campo de pesquisa pelo Google fica na direita na bar-
ra de ferramentas e abre direto a página com os resultados,
poupando o tempo de acesso à página de pesquisa antes de
ter que digitar as palavras chaves. O novo localizador de pa-
lavras na página busca pelo texto na medida em que você as
digita, agilizando a busca;
· Favoritos RSS;
· A integração do RSS nos favoritos permite que você fi-
que sabendo das atualizações e últimas notícias dos seus sites
preferidos cadastrados. Essa função é disponibilizada a partir
do Firefox 2;
· Downloads sem perturbação;
· Os arquivos recebidos são salvos automaticamente na
área de trabalho, onde são fáceis de achar. Menos interrup-
ções significam downloads mais rápidos. Claro, essa função
pode ser personalizada sem problemas;
· Você decide como deve ser seu navegador;
· O Firefox é o navegador mais personalizável que existe.
Coloque novos botões nas barras de ferramentas, instale ex-
tensões que adiciona novas funções, adicione temas que mo-
dificam o visual do Firefox e coloque mais mecanismos nos
campos de pesquisa.
O Firefox pode se tornar o navegador mais adequado
para a sua necessidade:
O QUE É O FIREFOX? · Fácil utilização;
· Simples e intuitivo, mas repleto de recursos. O Firefox
Firefox (inicialmente conhecido como Phoenix e, poste- tem todas as funções que você está acostumado - favoritos,
riormente, como Mozilla Firebird) é um navegador de código histórico, tela inteira, zoom de texto para tornar as páginas
aberto rápido, seguro e eficiente. Desenvolvido pela Mozilla mais fáceis de ler, e diversas outras funcionalidades intuitivas;
Foundation com ajuda de centenas de colaboradores, está
sendo usado em diversas plataformas. · Compacto;
Como não é software completamente livre (é distribuído · A maioria das distribuições está em torno dos 5MB. Você
pela licença Mozilla), alguns dos seus componentes (como leva apenas alguns minutos para copiar o Firefox para o seu
ícones e o próprio nome, que é marca registrada) são pro- computador em uma conexão discada e segunda em uma co-
priedades protegidas. nexão banda larga. A configuração é simples e intuitiva. Logo
O nome “Firefox”, em inglês, refere-se ao Panda verme- você estará navegando com essa ferramenta.
lho. Foi escolhido por ser parecido com “Firebird” e também
por ser único na indústria da computação. A fim de evitar uma Abas
futura mudança de nome, a Mozilla Foundation deu início ao Para abrir uma nova aba, clique no menu ‘Arquivo’ e de-
processo de registro do nome Firefox como marca registra- pois em ‘Nova Aba’, ou simplesmente <Ctrl + T> (segure a
da no Gabinete Americano de Marcas e Patentes. Apesar de tecla Control e tecle T). Você verá que agora você tem duas
“Firefox” não se referir a uma raposa, a identidade visual do abas na parte de cima do seu Firefox, como na figura abaixo:
Firefox é uma raposa estilizada.
O objetivo do Firefox é ser um navegador que inclua as
opções mais usadas pela maioria dos usuários.

100
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Digite o endereço que você quiser no campo de ende-


reço, pressione Enter, e assim a sua nova aba mostrará essa
nova página.
Para visualizar páginas que estão abertas em outras abas,
apenas clique na aba desejada, que a mesma ficará ativa.
Clicando com o botão direito do mouse nas abas, aparece
um pequeno menu com várias opções de gerenciamento das
abas:

Quando clicamos em um link de download de um arqui-


vo, aparecerá uma tela perguntando se queremos salvar o
arquivo ou simplesmente abri-lo. No último caso, devemos
Se você quiser abrir um link, mas quer que ele apareça em também informar com qual programa queremos abrir o ar-
uma nova aba, clique no link com o botão direito do mouse quivo:
e escolha a opção ‘Abrir em uma nova aba’, ou simplesmente
segure a tecla ‘Ctrl’ enquanto clica no link.

Para salvar o arquivo no seu computador, marque a caixa


‘Salvar’ e clique no botão ‘OK’. O download iniciará e a tela do
Gerenciador de Downloads gerenciador de downloads mostrará o progresso informando
Um gerenciador de Download é uma ferramenta que o tamanho do arquivo, quanto já foi baixado, a velocidade do
controla e lista os downloads solicitados pelo usuário. O Fi- download e o tempo restante estimado.
refox conta com um exclusivo gerenciador de downloads, Por padrão, o Firefox vem configurado para armazenar os
uma ferramenta útil e com uma interface amigável. Clique no downloads na área de trabalho quando solicitado para salvar
menu ‘Ferramentas’ e depois em ‘Downloads’, ou <Ctrl + Y> o arquivo. Isso pode ser alterado na configuração de “Down-
para abrir a lista atual de downloads. loads” em “Editar >> Preferências”.
Você pode fazer vários downloads ao mesmo tempo, se
clicar em vários links de download. Assim, o gerenciador de
download irá mostrar o progresso individual de cada downlo-
ad, e no título do gerenciador ficará a porcentagem total do
que já foi concluído de todos os downloads.
Quando você tiver terminado algum download, os mes-
mos serão listados:

101
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Por padrão, as páginas ficam ordenadas pela data. Se


você quiser ordená-las de outro jeito, clique em ‘Ordenar’, e
escolha uma das opções que aparecem.
Para procurar por certa página, digite uma palavra no
campo ‘Localizar’, e somente serão mostradas as páginas que
contém essa palavra no seu título.

Favoritos
O Favoritos é uma funcionalidade que nos ajuda a entrar
em páginas que acessamos com muita frequência, economi-
zando tempo.
Clique no menu ‘Favoritos’ e uma lista com as nossas pá-
ginas favoritas será mostrada. Se você não tiver adicionado
nenhuma página aos Favoritos, você verá algo como:

Podemos ver algumas das funções que esse gerenciador


oferece. Se clicarmos na pasta que aparece depois de ‘Baixar
arquivos em: ‘, a mesma será aberta. Se clicarmos em ‘Limpar
Lista’, toda a lista dos downloads será apagada (perceba que só
a lista será apagada, os arquivos continuarão existindo). Para
excluir apenas certo arquivo da lista, clique no link ‘Excluir da Adicione uma página aos Favoritos para ver o que acon-
lista’ correspondente ao arquivo que se deseja excluir. Para abrir
tece.
um arquivo cujo download já foi concluído, clique no link ‘Abrir’.
Primeiramente, entre numa página que você acessa com
Tome cuidado ao sair do Firefox. Por padrão, os downloads
muita frequência. Clique no menu ‘Favoritos’ e depois em
não terminados serão cancelados.
‘Adicionar página’, ou simplesmente <Ctrl + D>. A seguinte
tela lhe será mostrada:
Histórico

O Histórico nos permite ver quais páginas acessamos nos


últimos dias. É uma ferramenta que facilita muito a vida do usu-
ário.
Para abrir o Histórico, clique no menu ‘Ir’ e depois em ‘His-
tórico’, ou tecle <Ctrl + H>. Uma janela semelhante a essa irá
aparece do lado esquerdo do seu Firefox:

Digite um nome que define essa página, escolha uma


pasta para essa página (a pasta ‘Favoritos do Firefox’ é a pas-
ta padrão) e clique em ‘Adicionar’. Agora clique novamente
no menu ‘Favoritos’ para ver o que mudou. Agora aparece a
página que você acabou de adicionar aparecerá na área de
Favoritos!
Para organizar melhor os Favoritos, podemos usar pastas.
Digamos que você possua os seguintes favoritos:
· http://cursos.cdtc.org.br
· http://comunidade.cdtc.org.br
· http://www.google.com
· http://www.mozilla.org

Clique no menu ‘Favoritos’ e depois em ‘Organizar...’. A


seguinte tela de gerenciamento de Favoritos aparecerá:

Todas as páginas que acessamos desde a última vez que


limpamos o Histórico estão divididas de acordo com o dia em
que foram acessadas. Para ver as páginas que acessamos em
certo dia, clique na caixa com um sinal de ‘+’ do lado esquerdo
desse dia.

102
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Na aba ‘Geral’, é possível alterar algumas opções de im-


pressão, como a orientação (retrato ou paisagem), a porcen-
tagem que a página vai ocupar no papel e se deseja imprimir
o plano de fundo.
Na aba ‘Margens’, pode-se modificar o tamanho das
margens e colocar cabeçalhos ou rodapés (podemos confi-
gurar para que no cabeçalho apareça o número da página e
no rodapé apareça a data e a hora, por exemplo).
Quando você clica em ‘Visualizar impressão’, verá como
vai ficar a nossa impressão. Na parte de cima, podemos ver
uma barra de navegação pelas páginas.
Clicando em ‘Imprimir..’, uma tela semelhante a seguinte
aparece:

Clique no botão ‘Nova pasta...’, escolha um nome e uma


descrição para essa pasta e clique em ‘OK’.
Agora a nova pasta também aparece, junto dos Favoritos
e das outras pastas. Mova as páginas cursos.cdtc.org.br e www.
cdtc.org.br para essa pasta. Para isso, clique nessas páginas,
depois no botão ‘Mover’, e escolha a pasta que você criou. Op-
cionalmente, você pode simplesmente arrastar as páginas para
as respectivas pastas na tela de gerenciamento de Favoritos.
Assim, quando você clicar no menu ‘Favoritos’, e colocar o
cursor do mouse em cima da pasta criada, aparecem as duas
páginas que você moveu para lá. Se você clicar em ‘Abrir tudo
em abas’, cada página será aberta em uma aba.

Localizar
Usamos a ferramenta Localizar para achar todas as vezes
que um determinado texto aparece na tela.
É uma ferramenta que nos ajuda muito em várias tarefas,
como fazer pesquisas na Internet.
Clique no menu ‘Editar’, e depois em ‘Localizar nessa pági- Temas
na’. O atalho do teclado para isso é <Ctrl + F>. Temas são conjuntos de padrões, como ícones, cores e
Note a barra que apareceu na parte inferior do Firefox: fontes. Eles controlam o visual do seu navegador. Você pode
mudar o tema do Firefox ajustando-o ao seu gosto.
Temas são considerados como Add-ons, que são funcio-
nalidades extras que podem ser adicionadas ao Firefox. Mais
Imprimindo páginas informações sobre Add-ons serão tratadas mais adiante.
Muitas vezes, queremos imprimir uma página web. Para
Clique no menu ‘Ferramentas’ e depois em ‘Temas’. Uma
isso, o Firefox conta as opções ‘Configurar página’, ‘Visualizar
tela semelhante a seguir irá aparecer:
Impressão’ e ‘Imprimir...’.
Clique em ‘Configurar página’. A seguinte tela irá aparecer
para você.

103
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Pode-se ver que somente o tema padrão (que vem com Para Iniciantes
o Firefox) está instalado. Clicando no link ‘Baixar mais temas’, Se você nunca utilizou um navegador ou ainda tem dúvi-
uma nova aba será criada com a seção de downloads de te- das básicas sobre essa categoria de programas, continue len-
mas do site https://addons.mozilla.org/firefox/ do este parágrafo. Do contrário, pule para o próximo e poupe
seu tempo. Aqui falaremos um pouco mais sobre os conceitos
GOOGLE CHROME e ações mais básicas do programa.
O Chrome é o mais novo dos grandes navegadores e já Com o Google Chrome, você acessa os sites da mesma
conquistou legiões de adeptos no mundo todo. O progra- forma que seus semelhantes – IE, Firefox, Opera. Ao executar
ma apresenta excelente qualidade em seu desenvolvimen- o programa, tudo o que você precisa fazer é digitar o ende-
to, como quase tudo o que leva a marca Google. O browser reço do local que quer visitar. Para acessar o portal Baixaki,
não deve nada para os gigantes Firefox e Internet Explorer e por exemplo, basta escrever baixaki.com.br (hoje é possível
mostra que não está de brincadeira no mundo dos softwares. dispensar o famoso “www”, inserido automaticamente pelo
Confira nas linhas abaixo um pouco mais sobre o ótimo Goo- programa.)
gle Chrome. No entanto nem sempre sabemos exatamente o link que
Funções visíveis queremos acessar. Para isso, digite o nome ou as palavras-
Antes de detalhar melhor os aspectos mais complicados -chave do que você procura na mesma lacuna. Desta forma o
do navegador, vamos conferir todas as funções disponíveis Chrome acessa o site de buscas do Google e exibe os resul-
logo em sua janela inicial. Observe a numeração na imagem tados rapidamente. No exemplo utilizamos apenas a palavra
abaixo e acompanhe sua explicação logo em seguida: “Baixaki”.

1. As setas são ferramentas bem conhecidas por todos


que já utilizaram um navegador. Elas permitem avançar ou
voltar nas páginas em exibição, sem maiores detalhes. Ao
Abas
manter o botão pressionado sobre elas, você fará com que o
A segunda tarefa importante para quem quer usar o
histórico inteiro apareça na janela.
Chrome é lidar com suas abas. Elas são ferramentas muito
2. Reenviar dados, atualizar ou recarregar a página. Todos
úteis e facilitam a navegação. Como citado anteriormente,
são sinônimos desta função, ideal para conferir novamente o basta clicar no botão com um “+” para abrir uma nova guia.
link em que você se encontra, o que serve para situações bem Outra forma de abri-las é clicar em qualquer link ao pres-
específicas – links de download perdidos, imagens que não sionar a rodinha do mouse, o que torna tudo ainda mais rá-
abriram, erros na diagramação da página. pido. Também é possível utilizar o botão direito sobre o novo
3. O ícone remete à palavra home (casa) e leva o nave- endereço e escolher a opção “Abrir link em uma nova guia”.
gador à página inicial do programa. Mais tarde ensinaremos
você a modificar esta página para qualquer endereço de sua Liberdade
preferência. É muito fácil manipular as abas no Google Chrome. É pos-
4. A estrela adiciona a página em exibição aos favoritos, sível arrastá-las e mudar sua ordem, além de arrancar a aba
que nada mais são do que sites que você quer ter a disposição da janela e desta forma abrir outra independente. Basta segu-
de um modo mais rápido e fácil de encontrar. rar a aba com o botão esquerdo do mouse para testar suas
5. Abre uma nova aba de navegação, o que permite visitar funções. Clicar nelas com a rodinha do mouse faz com que
outros sites sem precisar de duas janelas diferentes. fechem automaticamente.
6. A barra de endereços é o local em que se encontra
o link da página visitada. A função adicional dessa parte no
Chrome é que ao digitar palavras-chave na lacuna, o mecanis-
mo de busca do Google é automaticamente ativado e exibe
os resultados em questão de poucos segundos.
7. Simplesmente ativa o link que você digitar na lacuna à
esquerda.
8. Abre as opções especiais para a página aberta no na-
vegador. Falaremos um pouco mais sobre elas em seguida.
9. Abre as funções gerais do navegador, que serão melhor
detalhadas nos próximos parágrafos.

104
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O botão direito abre o menu de contexto da aba, em que Navegador padrão: aqui você pode definir o aplicativo
é possível abrir uma nova, recarregar a atual, fechar a guia como seu navegador padrão. Se você optar por isso, sempre
ou cancelar todas as outras. No teclado você pode abrir uma que algum software ou link for executado, o Chrome será au-
nova aba com o comando Ctrl + T ou simplesmente apertan- tomaticamente utilizado pelo sistema.
do o F1.
Coisas pessoais
Fechei sem querer! Senhas: define basicamente se o programa salvará ou
Quem nunca fechou uma aba importante acidentalmente não as senhas que você digitar durante a navegação. A opção
em um momento de distração? Pensando nisso, o Chrome “Mostrar senhas salvas” exibe uma tabela com tudo o que já
conta com a função “Reabrir guia fechada” no menu de con- foi inserido por você.
texto (botão direito do mouse). Basta selecioná-la para que a Preenchimento automático de formulário: define se os
última página retorne ao navegador. formulários da internet (cadastros e aberturas de contas) serão
sugeridos automaticamente após a primeira digitação.
Dados de navegação: durante o uso do computador, o
Chrome salva os dados da sua navegação para encontrar sites,
links e conteúdos com mais facilidade. O botão “Limpar da-
dos de navegação” apaga esse conteúdo, enquanto a função
“Importar dados” coleta informações de outros navegadores.
Temas: é possível modificar as cores e todo o visual do
navegador. Para isso, clique em “Obter temas” e aplique um de
sua preferência. Para retornar ao normal, selecione “Redefinir
para o tema padrão”.

Configuração

Antes de continuar com as outras funções do Google


Chrome é legal deixar o programa com a sua cara. Para isso,
vamos às configurações. Vá até o canto direito da tela e pro-
cure o ícone com uma chave de boca. Clique nele e selecione
“Opções”.

Configurações avançadas
Rede: configura um Proxy para a sua rede. (Indicado para
usuários avançados)
Privacidade: aqui há diversas funções de privacidade, que
podem ser marcadas ou desmarcadas de acordo com suas
preferências.
Downloads: esta é a opção mais importante da aba. Em
“Local de download” é possível escolher a pasta em que os ar-
quivos baixados serão salvos. Você também pode definir que o
navegador pergunte o local para cada novo download.

Downloads
Todos os navegadores mais famosos da atualidade con-
tam com pequenos gerenciadores de download, o que facilita
a vida de quem baixa várias coisas ao mesmo tempo. Com o
Básicas Google Chrome não é diferente. Ao clicar em um link de do-
Inicialização: aqui é possível definir a página inicial do na- wnload, muitas vezes o programa perguntará se você deseja
vegador. Basta selecionar a melhor opção para você e confi- mesmo baixar o arquivo, como ilustrado abaixo:
gurar as páginas que deseja abrir.
Página inicial: caso esta tenha sido a sua escolha na aba
anterior, defina qual será a página inicial do Chrome. Também
é possível escolher se o atalho para a home (aquele em for-
mato de casinha) aparecerá na janela do navegador.
Pesquisa padrão: como o próprio nome já deixa claro,
aqui você escolhe o site de pesquisas utilizado ao digitar na
lacuna do programa. O botão “Gerenciar” mostra a lista de
mecanismos.

105
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Logo em seguida uma pequena aba aparecerá embaixo Desta forma, uma nova janela aparecerá em sua tela. Ela
da janela, mostrando o progresso do download. Você pode controla todas as abas e funções executadas pelo navegador.
clicar no canto dela e conferir algumas funções especiais para Caso uma das guias apresente problemas você pode fechá-la
a situação. Além disso, ao selecionar a função “Mostrar todos individualmente, sem comprometer todo o programa. A fun-
os downloads” (Ctrl + J), uma nova aba é exibida com ainda ção é muito útil e evita diversas dores de cabeça.
mais detalhes sobre os arquivos que você está baixando.

MS OUTLOOK
O Microsoft Outlook 2010 oferece excelentes ferramentas
Pesquise dentro dos sites de gerenciamento de emails profissionais e pessoais para mais
Outra ferramenta muito prática do navegador é a possi- de 500 milhões de usuários do Microsoft Office no mundo
bilidade de realizar pesquisas diretamente dentro de alguns todo. Com o lançamento do Outlook 2010, você terá uma série
sites, como o próprio portal Baixaki. Depois de usar a busca de experiências mais ricas para atender às suas necessidades
normalmente no nosso site pela primeira vez, tudo o que você de comunicação no trabalho, em casa e na escola.
precisa fazer é digitar baixaki e teclar o TAB para que a busca Do visual redesenhado aos avançados recursos de organi-
desejada seja feita diretamente na lacuna do Chrome. zação de emails, pesquisa, comunicação e redes sociais, o Ou-
tlook 2010 proporciona uma experiência fantástica para você
se manter produtivo e em contato com suas redes pessoais e
profissionais.

Adicionar uma conta de email


Navegação anônima Antes de poder enviar e receber emails no Outlook 2010,
Se você quer entrar em alguns sites sem deixar rastros ou você precisa adicionar e configurar uma conta de email. Se ti-
históricos de navegação no computador, utilize a navegação ver usado uma versão anterior do Microsoft Outlook no mes-
anônima. Basta clicar no menu com o desenho da chave de mo computador em que instalou o Outlook 2010, suas confi-
boca e escolher a função “Nova janela anônima”, que também gurações de conta serão importadas automaticamente.
pode ser aberta com o comando Ctrl + Shift + N. Se você não tem experiência com o Outlook ou se esti-
ver instalando o Outlook 2010 em um computador novo, o
recurso Configuração Automática de Conta será iniciado au-
tomaticamente e o ajudará a configurar as definições de suas
contas de email. Essa configuração exige somente seu nome,
endereço de email e senha. Se não for possível configurar sua
conta de email automaticamente, será necessário digitar as in-
formações adicionais obrigatórias manualmente.
1. Clique na guia Arquivo.
2. Em Dados da Conta e clique em Adicionar Conta.
Gerenciador de tarefas
Uma das funções mais úteis do Chrome é o pequeno ge-
renciador de tarefas incluso no programa. Clique com o botão
direito no topo da página (como indicado na figura) e selecio-
ne a função “Gerenciador de tarefas”.

Sobre contas de email


O Outlook dá suporte a contas do Microsoft Exchange,
POP3 e IMAP. Seu ISP (provedor de serviços de Internet) ou ad-
ministrador de emails pode lhe fornecer as informações neces-
sárias para a configuração da sua conta de email no Outlook.

106
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Contas de email estão contidas em um perfil. Um perfil é rede é usada. Um indicador de progresso é exibido à medida
composto de contas, arquivos de dados e configurações que que a sua conta está sendo configurada. O processo de con-
especificam onde as suas mensagens de email são salvas. Um figuração pode levar vários minutos.
novo perfil é criado automaticamente quando o Outlook é
executando pela primeira vez.
Adicionar uma conta de email ao iniciar o Outlook 2010
pela primeira vez
Se você ainda não tem experiência com o Outlook ou se
estiver instalando o Outlook 2010 em um computador novo,
o recurso Configuração Automática de Conta será iniciado
automaticamente e o ajudará a definir as configurações das
suas contas de email. Esse processo exige somente seu nome,
endereço de email e senha. Se não for possível configurar a
sua conta de email automaticamente, você precisará inserir as
informações adicionais obrigatórias manualmente.
1. Inicie o Outlook.
2. Quando solicitado a configurar uma conta de email,
clique em Avançar. Se a tentativa inicial de configurar a conta falhar, uma se-
gunda tentativa poderá ser feita com o uso de uma conexão
não criptografada com o servidor de email. Se você vir essa
mensagem, clique em Avançar para continuar. Se a conexão
não criptografada também falhar, não será possível configu-
rar a sua conta de email automaticamente.

3. Para adicionar uma conta de email, clique em Sim e


depois em Avançar.
4. Insira seu nome, endereço de email e senha e clique
em Avançar.
Clique em Repetir ou marque a caixa de seleção Configu-
rar servidor manualmente.
Depois que a conta for adicionada com êxito, você pode-
rá adicionar mais contas clicando em Adicionar outra conta.

Observação: Quando o seu computador está conectado a


um domínio de rede de uma organização que usa o Microsoft
Exchange Server, suas informações de email são automatica-
mente inseridas. A senha não aparece porque a sua senha de

107
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

5. Para sair da caixa de diálogo Adicionar Nova Conta, • Na caixa Nome, digite seu nome da forma que apare-
clique em Concluir. cerá para as outras pessoas.
Se você tiver adicionado uma conta do Exchange Server, • Na caixa Endereço de Email, digite o endereço de
deverá sair e reiniciar o Outlook para que essa conta apareça email completo atribuído por seu administrador de email ou
e possa ser usada no Outlook. ISP. Não se esqueça de incluir o nome de usuário, o símbolo @
 Observação: Se o seu perfil já tiver uma conta do Mi- e o nome do domínio como, por exemplo, pat@contoso.com.
crosoft Exchange Server e você quiser adicionar outra, será • Nas caixas Senha e Confirmar Senha, digite a senha
necessário usar a Configuração Automática de Conta. Para atribuída ou criada por você.
configurar manualmente uma conta adicional do Exchange  Dica: A senha poderá diferenciar maiúsculas de
Server, você deve sair do Outlook e depois usar o módulo minúsculas. Verifique se a tecla CAPS LOCK foi pressionada
Email no Painel de Controle. durante a inserção da sua senha.
4. Em Informações do Servidor, faça o seguinte:
Adicionar uma conta de email manualmente • Na caixa de listagem Tipo de Conta, escolha POP3
Existem três maneiras de adicionar manualmente sua ou IMAP.
conta de email. A maioria das pessoas só possui um perfil e • Na caixa Servidor de entrada de emails, digite o
deverá usar a seção Adicionar ao perfil em execução. nome completo do servidor fornecido pelo provedor de ser-
  Observação    A configuração manual de contas do viços de Internet ou pelo administrador de email. Geralmente,
Microsoft Exchange não pode ser feita enquanto o Outlook é mail. seguido do nome de domínio, por exemplo, mail.con-
estiver em execução. Use as etapas das seções Adicionar a um toso.com.
perfil existente ou Adicionar a um novo perfil. • Na caixa Servidor de saída de emails (SMTP), digite o
Adicionar ao perfil em execução nome completo do servidor fornecido pelo provedor de ser-
1. Clique na guia Arquivo. viços de Internet ou pelo administrador de email. Geralmente,
2. Na guia Info, em Informações da Conta, clique em é mail. seguido do nome do domínio, por exemplo, mail.con-
Configurações de Conta. toso.com.
3. Clique em Configurações de Conta. 5. Em Informações de Logon, faça o seguinte:
4. Clique em Adicionar Conta. • Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário
Adicionar a um perfil existente fornecido pelo provedor ou pelo administrador de email. Ele
1. Feche o Outlook. pode fazer parte do seu endereço de email antes do símbolo
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes @, como pat, ou pode ser o seu endereço de email completo,
em Email. como pat@contoso.com.
A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email • Na caixa Senha, digite a senha fornecida pelo prove-
contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil dife- dor ou pelo administrador de email ou uma senha que tenha
rente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione o nome sido criada por você.
do perfil e, em seguida, clique em Propriedades. • Marque a caixa de seleção Lembrar senha.
3. Clique em Contas de Email.  Observação: Você tem a opção de salvar sua senha
Adicionar a um novo perfil digitando-a na caixa Senha e marcando a caixa de seleção
1. Feche o Outlook. Lembrar senha. Se você escolheu essa opção, não precisará
2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes digitar a senha sempre que acessar a conta. No entanto, isso
no módulo Email. também torna a conta vulnerável a qualquer pessoa que tenha
3. Em Perfis, clique em Mostrar Perfis. acesso ao seu computador.
4. Clique em Adicionar. Opcionalmente, você poderá denominar sua conta de
5. Na caixa de diálogo Novo Perfil, digite um nome email como ela aparece no Outlook. Isso será útil caso você
para o perfil e, em seguida, clique em OK. esteja usando mais de uma conta de email. Clique em Mais
Trata-se do nome que você vê ao iniciar o Outlook caso Configurações. Na guia Geral, em Conta de Email, digite um
configure o Outlook para solicitar o perfil a ser usado. nome que ajudará a identificar a conta, por exemplo, Meu
6. Clique em Contas de Email. Email de Provedor de Serviços de Internet Residencial.
A sua conta de email pode exigir uma ou mais das confi-
Configurar manualmente uma conta POP3 ou IMAP gurações adicionais a seguir. Entre em contato com o seu ISP
Uma conta POP3 é o tipo mais comum de conta de email. se tiver dúvidas sobre quais configurações usar para sua conta
Uma conta IMAP é um tipo avançado de conta de email de email.
que oferece várias pastas de email em um servidor de emails. • Autenticação de SMTP     Clique em Mais Configura-
As contas do Google GMail e da AOL podem ser usadas no ções. Na guia Saída, marque a caixa de seleção Meu servidor
Outlook 2010 como contas IMAP. de saída de emails requer autenticação, caso isso seja exigido
Se não souber ao certo qual é o tipo da sua conta, entre pela conta.
em contato com o seu provedor de serviços de Internet (ISP) • Criptografia de POP3    Para contas POP3, clique em
ou administrador de email. Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das por-
1. Clique em Definir manualmente as configurações do tas do servidor, em Servidor de entrada (POP3), marque a caixa
servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar. de seleção O servidor requer uma conexão criptografada (SSL),
2. Clique em Email da Internet e em Avançar. caso o provedor de serviços de Internet instrua você a usar
3. Em Informações do Usuário, faça o seguinte: essa configuração.

108
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

• Criptografia de IMAP    Para contas IMAP, clique em 7. Se você clicou em Mais Configurações e abriu a caixa
Mais Configurações. Na guia Avançada, em Números das por- de diálogo Microsoft Exchange Server, clique em OK.
tas do servidor, em Servidor de entrada (IMAP), para a opção 8. Clique em Avançar.
Usar o seguinte tipo de conexão criptografada, clique em Ne- 9. Clique em Concluir.
nhuma, SSL, TLS ou Automática, caso o provedor de serviços
de Internet instrua você a usar uma dessas configurações. Remover uma conta de email
• Criptografia de SMTP    Clique em Mais Configura- 1. Clique na guia Arquivo.
ções. Na guia Avançada, em Números das portas do servidor, 2. Em Informações da Conta, clique em Configurações
em Servidor de saída (SMTP), para a opção Usar o seguinte de Conta e depois em Configurações de Conta.
tipo de conexão criptografada, clique em Nenhuma, SSL, TLS
ou Automática, caso o provedor de serviços de internet instrua
você a usar uma dessas configurações.
Opcionalmente, clique em Testar Configurações da Conta
para verificar se a conta está funcionando. Se houver informa-
ções ausentes ou incorretas, como a senha, será solicitado que
sejam fornecidas ou corrigidas. Verifique se o computador está
conectado com a Internet.

Clique em Avançar.
Clique em Concluir.
3. Selecione a conta de email que você deseja remover
Configurar manualmente uma conta do Microsoft Ex- e clique em Remover.
change 4. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
As contas do Microsoft Exchange são usadas por organi- Para remover uma conta de email de um perfil diferente,
zações como parte de um pacote de ferramentas de colabora- encerre e reinicie o Outlook com o outro perfil e siga as eta-
ção incluindo mensagens de email, calendário e agendamento pas anteriores. Você também pode remover contas de outros
de reuniões e controle de tarefas. Alguns provedores de servi- perfis da seguinte forma:
ços de Internet (ISPs) também oferecem contas do Exchange 1. Saia do Outlook.
hospedadas. Se não estiver certo sobre o tipo de conta que 2. No Painel de Controle, clique ou clique duas vezes
utiliza, entre em contato com o seu ISP ou administrador de em Email.
email.
A configuração manual de contas do Microsoft Exchange A barra de título da caixa de diálogo Configurar Email
não pode ser feita enquanto o Outlook estiver em execução. contém o nome do perfil atual. Para selecionar um perfil dife-
Para adicionar uma conta do Microsoft Exchange, siga as eta- rente já existente, clique em Mostrar Perfis, selecione o nome
pas de Adicionar a um perfil existente ou Adicionar a um novo do perfil e, em seguida, clique em Propriedades.
perfil e siga um destes procedimentos: 3. Clique em Contas de Email.
1. Clique em Definir manualmente as configurações do 4. Selecione a conta e clique em Remover.
servidor ou tipos de servidor adicionais e em Avançar. 5. Para confirmar a remoção da conta, clique em Sim.
2. Clique em Microsoft Exchange e, em seguida, clique  Observações 
em Avançar. • A remoção de uma conta de email POP3 ou IMAP
3. Digite o nome atribuído pelo administrador de email não exclui os itens enviados e recebidos com o uso dessa con-
para o servidor executando o Exchange. ta. Se você estiver usando uma conta POP3, ainda poderá usar
4. Para usar as Configurações do Modo Cache do Ex- o Arquivo de Dados do Outlook (.pst) para trabalhar com os
change, marque a caixa de seleção Usar o Modo Cache do seus itens.
Exchange. • Se estiver usando uma conta do Exchange, seus da-
5. Na caixa Nome de Usuário, digite o nome do usuário dos permanecerão no servidor de email, a não ser que eles
atribuído ao administrador de email. Ele não costuma ser seu sejam movidos para um Arquivo de Dados do Outlook (.pst).
nome completo. Criar uma mensagem de email
6. Opcionalmente, siga um destes procedimentos: 1. Na guia Página Inicial, no grupo Novo, clique em
• Clique em Mais Configurações. Na guia Geral em Novo Email.
Conta de Email, digite o nome que ajudará a identificar a con-
ta, por exemplo, Meu Email de Trabalho.
• Clique em Mais Configurações. Em qualquer uma das
guias, configure as opções desejadas.
• Clique em Verificar Nomes para confirmar se o servi-
dor reconhece o seu nome e se o computador está conectado
com a rede. Os nomes de conta e de servidor especificados nas
etapas 3 e 5 devem se tornar sublinhados. Se isso não aconte-
cer, entre em contato com o administrador do Exchange.

109
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Atalho do teclado  Para criar uma mensagem de email a Dica: Se quiser encaminhar duas ou mais mensagens para
partir de qualquer pasta do Outlook, pressione CTRL+SHIFT+M os mesmos destinatários, como se fossem uma só, em Email,
2. Na caixa Assunto, digite o assunto da mensagem. clique em uma das mensagens, pressione CTRL e clique em
3. Insira os endereços de email ou os nomes dos desti- cada mensagem adicional. Na guia Página Inicial, no grupo
natários na caixa Para, Cc ou Cco. Separe vários destinatários Responder, clique em Encaminhar. Cada mensagem será enca-
por ponto-e-vírgula. minhada como anexo de uma nova mensagem.
Para selecionar os nomes dos destinatários em uma lista
no Catálogo de Endereços, clique em Para, Cc ou Cco e clique Adicionar um anexo a uma mensagem de email
nos nomes desejados. Arquivos podem ser anexados a uma mensagem de email.
4. Depois de redigir a mensagem, clique em Enviar. Além disso, outros itens do Outlook, como mensagens, con-
tatos ou tarefas, podem ser incluídos com as mensagens en-
Responder ou encaminhar uma mensagem de email viadas.
Quando você responde a uma mensagem de email, o 1. Crie uma mensagem ou, para uma mensagem exis-
remetente da mensagem original é automaticamente adicio- tente, clique em Responder, Responder a Todos ou Encaminhar.
nado à caixa Para. De modo semelhante, quando você usa 2. Na janela da mensagem, na guia Mensagem, no gru-
Responder a Todos, uma mensagem é criada e endereçada ao po Incluir, clique em Anexar Arquivo.
remetente e a todos os destinatários adicionais da mensagem
original. Seja qual for sua escolha, você poderá alterar os des-
tinatários nas caixas Para, Cc e Cco.

Ao encaminhar uma mensagem, as caixas Para, Cc e Cco


ficam vazias e é preciso fornecer pelo menos um destinatário.

Responder ao remetente ou a outros destinatários Abrir e salvar anexos


Anexos são arquivos ou itens que podem ser incluídos
Você poder responder apenas ao remetente de uma men-
em uma mensagem de email. As mensagens com anexos são
sagem ou a qualquer combinação de pessoas existente nas
identificadas por um ícone de clipe de papel   na lista de
linhas Para e Cc. Pode também adicionar novos destinatários.
mensagens. Dependendo do formato da mensagem recebida,
1. Na guia Página Inicial ou na guia Mensagem, no os anexos são exibidos em um de dois locais na mensagem.
grupo Responder, clique em Responder ou em Responder a
• Se o formato da mensagem for HTML ou texto sem
Todos.
formatação, os anexos serão exibidos na caixa de anexo, sob a
 Observação: O nome da guia depende da condição da
linha Assunto.
mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se • Se o formato da mensagem for o formato menos co-
está aberta na respectiva janela. mum RTF (Rich Text Format), os anexos serão exibidos no cor-
Para remover o nome das linhas Para e Cc, clique no nome po da mensagem. Mesmo que o arquivo apareça no corpo da
e pressione DELETE. Para adicionar um destinatário, clique na mensagem, ele continua sendo um anexo separado.
caixa Para, Cc ou Cco e especifique o destinatário. Observação   O formato utilizado na criação da mensagem
2. Escreva sua mensagem. é indicado na barra de título, na parte superior da mensagem.
3. Clique em Enviar.
 Dica   Seja cuidadoso ao clicar em Responder a Todos, Abrir um anexo
principalmente quando houver listas de distribuição ou um Um anexo pode ser aberto no Painel de Leitura ou em uma
grande número de destinatários em sua resposta. Geralmente, mensagem aberta. Em qualquer um dos casos, clique duas ve-
o melhor é usar Responder e adicionar somente os destinatários zes no anexo para abri-lo.
necessários, ou então usar Responder a Todos, mas remover Para abrir um anexo na lista de mensagens, clique com o
os destinatários desnecessários e as listas de distribuição. botão direito do mouse na mensagem que contém o anexo,
clique em Exibir Anexos e clique no nome do anexo.
Encaminhar uma mensagem  Observações 
Ao encaminhar uma mensagem, ela incluirá todos os ane- • Você pode visualizar anexos de mensagens HTML ou
xos que estavam incluídos na mensagem original. Para incluir com texto sem formatação no Painel de Leitura e em mensa-
mais anexos, consulte Anexar um arquivo ou outro item a uma gens abertas. Clique no anexo a ser visualizado e ele será exi-
mensagem de email. bido no corpo da mensagem. Para voltar à mensagem, na guia
1. Na guia Página Inicial ou Mensagem, no grupo Res- Ferramentas de Anexo, no grupo Mensagem, clique em Mos-
ponder, clique em Encaminhar. trar Mensagem. O recurso de visualização não está disponível
Observação: O nome da guia depende da condição da para mensagens RTF.
mensagem, se está selecionada na lista de mensagens ou se • Por padrão, o Microsoft Outlook bloqueia arquivos
está aberta na respectiva janela. de anexo potencialmente perigosos (inclusive os arquivos .bat,
2. Especifique destinatários nas caixas Para, Cc ou Cco. .exe, .vbs e .js), os quais possam conter vírus. Se o Outlook blo-
3. Escreva sua mensagem. quear algum arquivo de anexo em uma mensagem, uma lista
4. Clique em Enviar. dos tipos de arquivos bloqueados será exibida na Barra de In-
formações, na parte superior da mensagem.

110
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Salvar um anexo • Na guia Assinatura de Email, clique em Novo.


Após abrir e exibir um anexo, você pode preferir salvá-lo Adicionar uma assinatura
em uma unidade de disco. Se a mensagem tiver mais de um • Em uma nova mensagem, na guia Mensagem, no
anexo, você poderá salvar os vários anexos como um grupo grupo Incluir, clique em Assinatura e clique na assinatura de-
ou um de cada vez. sejada.
Salvar um único anexo de mensagem
Execute um dos seguintes procedimentos:
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de tex-
to sem formatação     Clique no anexo, no Painel de Leitura,
ou abra a mensagem. Na guia Anexos, no grupo Ações, clique
em Salvar como. É possível clicar com o botão direito do mou-
se no anexo e então clicar em Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     No Painel
de Leitura ou na mensagem aberta, clique com o botão direi-
to do mouse no anexo e clique em Salvar como. Criar um compromisso de calendário
Escolha uma local de pasta e clique em Salvar. Compromissos são atividades que você agenda no seu
Salvar vários anexos de uma mensagem calendário e que não envolvem convites a outras pessoas
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, sele- nem reserva de recursos.
cione os anexos a serem salvos. Para selecionar vários anexos, • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo Novo,
clique neles mantendo pressionada a tecla CTRL. clique em Novo Compromisso. Como alternativa, você pode
2. Execute um dos seguintes procedimentos: clicar com o botão direito do mouse em um bloco de tempo
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de tex- em sua grade de calendário e clicar em Novo Compromisso.
to sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique
em Salvar como.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique com
o botão direito do mouse em uma das mensagens seleciona-
das e depois clique em Salvar como.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.
Salvar todos os anexos de uma mensagem
Atalho do teclado: Para criar um compromisso, pressione
1. No Painel de Leitura ou na mensagem aberta, clique
CTRL+SHIFT+A.
em um anexo.
Agendar uma reunião com outras pessoas
2. Siga um destes procedimentos: Uma reunião é um compromisso que inclui outras pes-
• Se a mensagem estiver no formato HTML ou de tex- soas e pode incluir recursos como salas de conferência. As
to sem formatação     Na guia Anexos, no grupo Ações, clique respostas às suas solicitações de reunião são exibidas na Caixa
em Salvar Todos os Anexos. de Entrada.
• Se a mensagem estiver no formato RTF     Clique na • Em Calendário, na guia Página Inicial, no grupo
guia Arquivo para abrir o modo de exibição Backstage. Em Novo, clique em Nova Reunião.
seguida, clique em Salvar anexos e depois em OK.
3. Clique em uma local de pasta e clique em OK.

Adicionar uma assinatura de email às mensagens


Você pode criar assinaturas personalizadas para suas
mensagens de email que incluem texto, imagens, seu Cartão
de Visita Eletrônico, um logotipo ou até mesmo uma imagem
da sua assinatura manuscrita.
Criar uma assinatura Atalho do teclado: Para criar uma nova solicitação de reu-
• Abra uma nova mensagem. Na guia Mensagem, no nião de qualquer pasta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+Q.
grupo Incluir, clique em Assinatura e em Assinaturas. Definir um lembrete
Você pode definir ou remover lembretes para vários itens,
incluindo mensagens de email, compromissos e contatos.

111
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Para compromissos ou reuniões


Em um item aberto, na guia Compromisso ou Reunião, •
no grupo Opções, na lista suspensa Lembrete, selecione o pe- •
ríodo de tempo antes do compromisso ou da reunião para •
que o lembrete apareça. Para desativar um lembrete, selecio- •
ne Nenhum. •
Para mensagens de email, contatos e tarefas
• Na guia Página Inicial, no grupo Marcas, clique em
Acompanhar e em Adicionar Lembrete. Atalho do teclado: Para criar uma nova tarefa, pressione
CTRL+SHIFT+K.

Criar uma anotação


Anotações são o equivalente eletrônico de notas adesivas
em papel. Use-as para rascunhar dúvidas, ideias, lembretes e
qualquer coisa que você escreveria em papel.
• Em Anotações, no grupo Novo, clique em Nova Ano-
tação.

 Dica: Você pode sinalizar rapidamente mensagens de Atalho do teclado: Para criar uma anotação, pressione
email como itens de tarefas pendentes usando lembretes. CTRL+SHIFT+N.
Clique com o botão direito do mouse na coluna Status do
Sinalizador na lista de mensagens. Ou, se a mensagem Mozilla Thunderbird
estiver aberta, na guia Mensagem, no grupo Controle, clique
em Acompanhamento e, em seguida, clique em Adicionar O Mozilla Thunderbird é um cliente de email da Fundação
Lembrete. Mozilla (criadores do Firefox e do Sunbird), de grande quali-
Criar um contato dade e um dos principais concorrentes do programa Outlook,
Contatos podem ser tão simples quanto um nome e en- da Microsoft. 
dereço de email ou incluir outras informações detalhadas, Dono de um visual bastante simples, o Thunderbird conta
como endereço físico, vários telefones, uma imagem, datas com recursos avançados, para quem deseja enviar e receber
de aniversário e quaisquer outras informações que se relacio- emails diretamente do seu desktop. Com ele, é possível ge-
nem ao contato. renciar múltiplas contas (inclusive do GMail), salvar rascunhos,
• Em Contatos, na guia Página Inicial, no grupo Novo, anexar arquivos, etc.
clique em Novo Contato.
Uma Ótima Alternativa
O Thunderbird é uma cliente desktop que conta com fun-
ções muito úteis para a organização. Dentre elas, podem ser
citados os marcadores de mensagens (semelhante aos que
existem no GMail) e a possibilidade de navegar pelo histó-
rico de mensagens (acessadas através dos botões “Voltar”
e“Avançar”na barra de ferramentas).
Além disso, sempre que você receber uma nova mensa-
Atalho do teclado: Para criar um contato de qualquer pas- gem, o programa emite um pequeno aviso no canto da tela.
ta no Outlook, pressione CTRL+SHIFT+C. Nele constam, inclusive, o nome do remetente, o assunto e o
início do conteúdo do email.
Criar uma tarefa
 Muitas pessoas mantêm uma lista de coisas a fazer  — Interface
em papel, em uma planilha ou com uma combinação de pa- A interface do Thunderbird, desde a primeira versão, opta
pel e métodos eletrônicos. No Microsoft Outlook, você pode por um visual organizado e enxuto. Ainda assim, ele possui
combinar várias listas em uma só, receber lembretes e contro- certa semelhança com outros programas de recepção de
lar o andamento das tarefas. emails no desktop, o que facilita o uso para os iniciantes. Além
• Em Tarefas, na guia Página Inicial, no grupo Novo, disso, as principais funções do aplicativo se apresentam na
clique em Nova Tarefa. forma de botão, eliminando etapas para realizá-las.

112
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Suporte aos recursos do Windows 7 Sistema de busca


Agora, o Thunderbird possui suporte para as jump lists O mecanismo de busca do aplicativo é integrado ao do
do Windows 7. Com isso, você pode ter acesso a algumas das Windows. Logo, você pode selecionar filtros de pesquisa para
funções do programa por meio do menu de contexto. Essa escolher quais tipos de resultado você deseja que sejam exi-
função visa eliminar procedimentos: você pode enviar uma bidos (conteúdo de mensagens e notícias, por exemplo). Vale
mensagem ou ter acesso ao catálogo de endereços com ape- lembrar que esse tipo de mecanismo faz com que os resulta-
nas dois cliques. dos demorem um pouco mais para ser exibidos.
Além disso, se você necessita realizar as mesmas pesqui-
sas constantemente, o Thunderbird tem por padrão salvar o
histórico de suas buscas, para que possam ser acessadas rapi-
damente no futuro.

Complementos
Um dos grandes diferenciais dos produtos da família Mo-
zilla sempre foi a possibilidade de estender as suas funções
por meio de complementos. Com o Thunderbird não poderia
ser diferente! Inclusive o aplicativo disponibiliza um gerencia-
dor para a extensões em sua própria interface.

FERRAMENTAS DE BUSCA E PESQUISA


Um motor de busca é um sistema de software projeta-
do para encontrar informações armazenadas em um sistema
computacional a partir de palavras-chave indicadas pelo uti-
lizador, reduzindo o tempo necessário para encontrar infor-
Contatos mais visíveis mações.
Um dos recursos interessantes para a organização dos Os motores de busca surgiram logo após o aparecimento
contatos é o fato de ele destacar aqueles emails para os quais da Internet, com a intenção de prestar um serviço extrema-
você mandou (ou recebeu) mensagens, mas que não apare- mente importante: a busca de qualquer informação na rede,
cem ainda na sua lista. Ou seja, sempre que o aplicativo loca- apresentando os resultados de uma forma organizada, e tam-
lizar algum endereço que se enquadre nessa situação, ele será bém com a proposta de fazer isto de uma maneira rápida e
indicado por meio de um ícone em forma de estrela. eficiente. A partir deste preceito básico, diversas empresas se
desenvolveram, chegando algumas a valer milhões de dó-
lares. Entre as maiores empresas encontram-se o Google, o
Yahoo, o Lycos, o Cadê e, mais recentemente, a Amazon.com
com o seu mecanismo de busca A9 porém inativo. Os busca-
dores se mostraram imprescindíveis para o fluxo de acesso e
a conquista novos visitantes.
Antes do advento da Web, havia sistemas para outros
protocolos ou usos, como o Archie para sites FTP anônimos e
Para adicionar um desses contatos em sua lista, basta o Veronica para o Gopher (protocolo de redes de computado-
clicar na estrela. Se o caso abordar um email novo de uma res que foi desenhado para indexar repositórios de documen-
tos na Internet, baseando-se em menus).
pessoa que já consta na listagem, o procedimento é o mesmo
para editá-lo.
Conceito
Um motor de busca é feito para auxiliar a procura de
Chega de Spam informações armazenadas na rede mundial (WWW), dentro
Com ferramentas antispams melhoradas, o Mozilla Thun- de uma rede corporativa ou de um computador pessoal. Ele
derbird procurou deixar o usuário livredaquelas incômodas permite que uma pessoa solicite conteúdo de acordo com
mensagens publicitárias. O aplicativo conta com um filtro um critério específico (tipicamente contendo uma dada pa-
contra spams inteligente e que permite a associação com lavra ou frase) e responde com uma lista de referências que
aquele do seu provedor de email, aumentando ainda mais a combinam com tal critério, ou seja é uma espécie de catálogo
qualidade de reconhecimento desse tipo de mensagem. mágico. Ao se realizar uma consulta, a lista de ocorrências de
assuntos é criada previamente por meio de um conjunto de
Mais segurança softwares de computadores, conhecidos como Web_craw-
O Thunderbird está ainda mais seguro: ele recebeu algu- ler, que vasculham toda a Web em busca de ocorrências de
mas modificações no que diz respeito à proteção anti-phising. um determinado assunto em uma página. Ao encontrar uma
Esse mecanismo busca alertar o usuário sempre que uma ten- página com muitos links, os spiders embrenham-se por eles,
tativa de golpe for identificada, inclusive notificando a exis- conseguindo, inclusive, vasculhar os diretórios internos -
tência de links que podem levá-lo a destinos diferentes dos aqueles que tenham permissão de leitura para usuários - dos
indicados na mensagem. sites nos quais estão trabalhando.

113
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Os motores de busca usam regularmente índices atuali- Aliweb, também apareceu no mesmo ano e existe até hoje.
zados para funcionar de forma rápida e eficiente. Sem maior O primeiro sistema “full text” baseado em crawler foi o Web-
especificação, ele normalmente refere-se ao serviço de busca Crawler, que saiu em 1994. Ao contrário de seus predecesso-
Web, que procura informações na rede pública da Internet. res, ele permite aos usuários buscar por qualquer palavra em
Outros tipos incluem motores de busca para empresas (Intra- qualquer página, o que tornou-se padrão para todos serviços
nets), motores de busca pessoais e motores de busca móveis. de busca desde então. Também foi o primeiro a ser conhecido
De qualquer forma, enquanto diferente seleção e relevância pelo grande público. Ainda em 1994, o Lycos (que começou na
podem aplicar-se em diferentes ambientes, o utilizador pro- Carnegie Mellon University) foi lançado e tornou-se um gran-
vavelmente perceberá uma pequena diferença entre as opera- de sucesso comercial.
ções neles. Alguns motores também extraem dados disponí- Logo depois, muitos sistemas apareceram, incluindo Ex-
veis em grupos de notícias, grandes bancos de dados ou dire- cite, Infoseek, Inktomi, Northern Light, e AltaVista. De certa
tórios abertos como a DMOZ.org. Ao contrário dos diretórios forma, eles competiram com diretórios populares como o Ya-
Web, que são mantidos por editores humanos, os serviços de hoo!. Posteriormente, os diretórios integraram ou adicionaram
busca funcionam algoritmicamente. A maioria dos sites que a tecnologia de search engine para maior funcionalidade.
chamam os motores de busca são, na verdade, uma “interface” Os sistemas de busca também eram conhecidos como
(front end) para os sistemas de busca de outras empresas . a “mina de ouro” no frenesi de investimento na Internet que
ocorreu no fim dos anos 1990s. Várias empresas entraram no
História mercado de forma espetacular, com recorde em ganhos du-
Os primeiros motores de busca (como o Yahoo) basea- rante seus primeiros anos de existência. Algumas fecharam
vam-se na indexação de páginas através da sua categorização. seu sistema público, e estão oferecendo versões corporativas
Posteriormente surgiram as meta-buscas. A mais recente gera- somente, como a Northern Light.
ção de motores de busca (como a do Google) utiliza tecnolo- Mais recentemente, os sistemas de busca também estão
gias diversas, como a procura por palavras-chave diretamente utilizando XML ou RSS, permitindo indexar dados de sites com
nas páginas e o uso de referências externas espalhadas pela eficácia, sem a necessidade de um crawler complexo. Os sites
web, permitindo até a tradução direta de páginas (embora de simplesmente provêm um xml feed o qual é indexado pelo
forma básica ou errada) para a língua do utilizador. O Google, sistema de busca. Os XML feeds estão sendo cada vez mais
além de fazer a busca pela Internet, oferece também o recurso fornecidos de forma automática por weblogs. Exemplos são o
de se efetuar a busca somente dentro de um site específico. É feedster, que inclui o LjFind Search que provê serviços para os
essa a ferramenta usada na comunidade Wiki. blogs do site LiveJournal.
Os motores de busca são buscadores que baseiam sua
coleta de páginas em um robô que varre a Internet à procura Tipos de buscador
de páginas novas para introduzir em sua base de dados auto-
maticamente. Motores de busca típicos são Google, Yahoo e
Altavista.
A primeira ferramenta utilizada para busca na Internet foi
o Archie (da palavra em Inglês, “archive” sem a letra “v”). Foi
criado em 1990 por Alan Emtage, um estudante da McGill Uni-
versity em Montreal. O programa baixava as listas de diretório
de todos arquivos localizados em sites públicos de FTP (File
Transfer Protocol) anônimos, criando uma base de dados que
permitia busca por nome de arquivos.
Enquanto o Archie indexava arquivos de computador, o
Gopher indexava documentos de texto. Ele foi criado em 1991,
por Mark McCahill da Universidade de Minessota, cujo nome Pesquisa mostrando os três maiores sites de busca no mundo
veio do mascote da escola. Devido ao fato de serem arquivos Existem variados tipos de buscadores:
de texto, a maior parte dos sites Gopher tornaram-se websites Buscadores globais são buscadores que pesquisam todos
após a criação da World Wide Web. os documentos na rede, e a apresentação do resultado é alea-
Dois outros programas, Veronica e Jughead, buscavam os tória, dependendo do ranking de acessos aos sites. As infor-
arquivos armazenados nos sistemas de índice do Gopher. Ve- mações podem referir-se a qualquer tema. O buscador global
ronica (Very Easy Rodent-Oriented Net-wide Index to Compu- mais recente é o Wiglr, que utiliza dados muito parecidos com
terized Archives) provia uma busca por palavras para a maio- o Google e Bing, é também o primeiro buscador criado nesta
ria dos títulos de menu em todas listas do Gopher. Jughead década (2010-2020). Google, Yahoo e Bing são os buscadores
(Jonzy’s Universal Gopher Hierarchy Excavation And Display) globais mais acessados.
era uma ferramenta para obter informações de menu de vários Buscadores verticais são buscadores que realizam pes-
servidores Gopher. quisas “especializadas” em bases de dados próprias de acordo
O primeiro search engine Web foi o Wandex, um índice com suas propensões. Geralmente, a inclusão em um busca-
atualmente extinto feito pela World Wide Web Wanderer, um dor vertical está relacionada ao pagamento de uma mensali-
web crawler (programa automatizado que acessa e percorre dade ou de um valor por clique. Trovit, BizRate, AchaNoticias,
os sites seguindo os links presentes nas páginas.) desenvolvi- Oodle, Catho, SAPO, BuscaPé, Zura e Become.com são alguns
do por Matthew Gray no MIT, em 1993. Outro sistema antigo, exemplos de buscadores verticais.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Guias locais são buscadores exclusivamente locais ou palavra de cada página encontrada, como o AltaVista. Esta
regionais. As informações se referem a endereços de em- página em cache sempre guarda o próprio texto de busca
presas ou prestadores de serviços. O resultado é priorizados pois, como ele mesmo foi indexado, pode ser útil quando o
pelo destaque de quem contrata o serviço. Listão, GuiaMais, conteúdo da página atual foi atualizado e os termos de pes-
AcheCerto, EuAcheiFácil, Zeen! entre outras. Geralmente são quisa não mais estão contidos nela. Este problema pode ser
cadastros e publicações pagas. É indicado para profissionais e considerado uma forma moderada de linkrot (perda de links
empresas que desejam oferecer seus produtos ou serviços em em documentos da Internet, ou seja, quando os sites deixa-
uma região, Estado ou Cidade. ram de existir ou mudaram de endereço), e a maneira como
Guias de busca local ou buscador local são buscadores de o Google lida com isso aumenta a usabilidade ao satisfazer
abrangência nacional que lista as empresas e prestadores de as expectativas dos usuários pelo fato de o termo de bus-
serviços próximas ao endereço do internauta a partir de um ca estarão na página retornada. Isto satisfaz o princípio de
texto digitado. A proximidade é avaliada normalmente pelo “menos surpresa”, pois o usuário normalmente espera que os
cep, Donavera.com, ou por coordenadas de GPs. Os cadas- termos de pesquisa estejam nas páginas retornadas. A rele-
tros Básicos são gratuitos para que as micros empresas ou vância crescente das buscas torna muito útil estas páginas em
profissionais liberais possam estar presente na WEB sem que cache, mesmo com o fato de que podem manter dados que
invistam em um sites próprio. É indicado para profissionais e não mais estão disponíveis em outro lugar.
empresas que desejam oferecer seus produtos ou serviços em Quando um usuário faz uma busca, tipicamente digitan-
uma Localidade, rua, bairro, cidade ou Estado e possibilitan- do palavras-chave, o sistema procura o índice e fornece uma
do ainda a forma mais rápida de atualização dos registros de lista das páginas que melhor combinam ao critério, normal-
contatos por seus clientes ou fornecedores. mente com um breve resumo contendo o título do documen-
Diretórios de websites são índices de sites, usualmente to e, às vezes, partes do seu texto. A maior parte dos sistemas
organizados por categorias e subcategorias. Tem como finali- suportam o uso de termos booleanos AND, OR e NOT para
dade principal permitir ao usuário encontrar rapidamente si- melhor especificar a busca. E uma funcionalidade avançada é
tes que desejar, buscando por categorias, e não por palavras- a busca aproximada, que permite definir a distância entre as
-chave. Os diretórios de sites geralmente possuem uma busca palavras-chave.
interna, para que usuários possam encontrar sites dentro de A utilidade de um sistema de busca depende da relevân-
seu próprio índice. Diretórios podem ser a nível regional, na- cia do resultado que retorna. Enquanto pode haver milhões
cional (como o Achei no Brasil) ou global, e até mesmo espe- de páginas que incluam uma palavra ou frase em particular,
cializados em determinado assunto. Open Directory Project é alguns sites podem ser mais relevantes ou populares do que
exemplo de diretórios de sites. outros. A maioria dos sistemas de busca usam métodos para
A divulgação de sites de empresas com negócios regio- criar um ranking dos resultados para prover o “melhor” resul-
nais são acessados em sua grande maioria quando os profis- tado primeiro. Como um sistema decide quais páginas são
sionais da WEB cadastram seus sites nos Buscadores Locais melhores combinações, e qual ordem os resultados aparece-
para aumentarem as visitas de internautas, pois não há um rão, varia muito de um sistema para outro. Os métodos tam-
sistema de atualização automática dos dados que abranja to- bém modificam-se ao longo do tempo, enquanto o uso da
dos os tipos de categorias e em rapidez necessária. Por esta Internet muda e novas técnicas evoluem. A maior parte dos
razão, somente cerca de 20% a 25% de tudo que existe na sistemas de busca são iniciativas comerciais suportadas por
WEB é publicada nos buscadores. rendimentos de propaganda e, como resultado, alguns usam
A novidade agora são os ontobuscadores, isto é, busca- a prática controversa de permitir aos anunciantes pagar para
dores baseados em Ontologias, como o Ontoweb. ter sua listagem mais alta no ranking nos resultados da busca.
Funcionamento A vasta maioria dos serviços de pesquisa são rodados por
Um search engine opera na seguinte ordem: empresas privadas usando algoritmos proprietários e bancos
Web crawling (percorrer por links) de dados fechados, sendo os mais populares o Google, Bing
Indexação e Yahoo! Search. De qualquer forma, a tecnologia de códi-
Busca go-aberto para sistemas de busca existe, tal como ht://Dig,
Os sistemas de busca trabalham armazenando informa- Nutch, Senas, Egothor, OpenFTS, DataparkSearch e muitos
ções sobre um grande número de páginas, as quais eles ob- outros.
tém da própria WWW. Estas páginas são recuperadas por um
Web crawler (também conhecido como spider) — um Web Custos de armazenamento e tempo de crawling
browser automatizado que segue cada link que vê. As exclu- Os custos de armazenamento não são o recurso limita-
sões podem ser feitas pelo uso do robots.txt. O conteúdo de dor na implementação de um sistema de busca. Armazenar
cada página então é analisado para determinar como deverá simplesmente 10 bilhões de páginas de 10 kbytes cada (com-
ser indexado (por exemplo, as palavras são extraídas de títu- primidas) requer 100TB e outros aproximados 100TB para ín-
los, cabeçalhos ou campos especiais chamados meta tags). dices, dando um custo de hardware total em menos de $200k:
Os dados sobre as páginas são armazenados em um banco 400 drives de disco de 500GB em 100 PCs baratos.
de dados indexado para uso nas pesquisas futuras. Alguns De qualquer forma, um sistema público de busca consi-
sistemas, como o do Google, armazenam todo ou parte da deravelmente requer mais recursos para calcular os resulta-
página de origem (referido como um cache) assim como in- dos e prover alta disponibilidade. E os custos de operar uma
formações sobre as páginas, no qual alguns armazenam cada grande server farm não são triviais.

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Passar por 10B páginas com 100 máquinas percorrendo acessar todas as mensagens postadas anteriormente, desde
links a 100 páginas/segundo levaria 1M segundos, ou 11.6 que o fórum foi inaugurado. Estão também disponíveis fer-
dias em uma conexão de Internet de alta capacidade. A maior ramentas para pesquisar nas mensagens arquivadas e para
parte dos sistemas percorre uma pequena fatia da Web (10- ordená-las por assunto, por data de postagem, por autor e as-
20% das páginas) perto desta freqüência ou melhor, mas tam- sim por diante. Você também tem diferentes opções para ter
bém percorre sites dinâmicos (por exemplo, sites de notícias e acesso às mensagens. As mais comuns são: 1) receber cada
blogs) em uma freqüência muito mais alta. mensagem individualmente via e-mail (eu não recomendo
esta opção, pois em fóruns muito movimentados, são geradas
Motores de busca geoespaciais centenas de mensagens, diariamente), 2) receber um único
Uma recente melhoria na tecnologia de busca é a adi- e-mail, com todas as mensagens do dia (eu recomendo esta
ção de geocodificação e geoparsing para o processamento opção), 3) consultar as mensagens diretamente via Internet.
dos documentos ingeridos. O geoparsing tenta combinar Existem também ferramentas para que os participantes pos-
qualquer referência encontrada a lugares para um quadro sam compartilhar arquivos, existem fóruns que permitem que
geoespacial de referência, como um endereço de rua, loca- cada participante disponibilize uma ou mais fotos, etc.
lizações de dicionário de termos geográficos, ou a uma área - http://br.groups.yahoo.com: Um dos maiores sites com
(como um limite poligonal para uma municipalidade). Através grupos de discussão em Português. Existem fóruns sobre os
deste processo de geoparsing, as latitudes e longitudes são mais variados assuntos, desde assuntos esotéricos, ecologia,
atribuídas aos lugares encontrados e são indexadas para uma história, geografia, informática, segurança na Internet, espor-
busca espacial posterior. Isto pode melhorar muito o processo tes de aventura, religião, trabalhos escolares, empreendedo-
de busca pois permite ao usuário procurar documentos para rismo, etc. Existem milhares de grupos, divididos em catego-
uma dada extensão do mapa, ou ao contrário, indicar a loca- rias. São realmente muitas opções. Você também tem a opção
lização de documentos combinando com uma dada palavra- de criar um ou mais fóruns, sobre assuntos de seu interesse.
-chave para analisar incidência e agrupamento, ou qualquer - http://www.msn.com.br: Serviço muito semelhante ao
combinação dos dois. Uma empresa que desenvolveu este do Yahoo. Disponibiliza milhares de fóruns de discussão e
tipo de tecnologia é a MetaCarta, que disponibiliza seu pro- também permite que você crie seus próprios fóruns.
duto como um XML Web Service para permitir maior integra- - http://www.babooforum.com.br/: Excelentes fóruns,
ção às aplicações existentes. com conteúdo realmente muito bom, relacionados aos mais
A MetaCarta também provê uma extensão para o pro- diversos assuntos de informática, tais como: Windows XP,
grama GIS como a ArcGIS (ESRI) para permitir aos analistas Windows 2000, Hardware, dicas de segurança na Internet,
fazerem buscas interativamente e obter documentos em um Word, Excel, Access, PowerPoint, Banco de dados, programa-
contexto avançado geoespacial e analítico. ção, Redes de computadores, etc.

Fórum de Discussão Wikis


Um Fórum de Discussão é, antes de qualquer coisa, um Por trás da badalada Wikipédia, enciclopédia livre que
espaço de interatividade. conquistou milhões de leitores e ganhou o status de “tão
Essa regra básica vale, também, para os Fóruns construí- confiável quanto a Britânica”, se esconde uma tecnologia que
dos especificamente para a Internet. começa a ganhar adeptos no mundo corporativo: os softwa-
Em um Fórum-web, você pode “depositar” suas dúvidas, res de wiki. Entre eles, destacam-se pesos-pesados como a
críticas e indignações, dar dicas interessantes, deixar lembre- IBM, que aposta na ferramenta para facilitar a colaboração a
tes e, ainda, trocar informações com outros internautas. avançar em projetos de uma das suas áreas mais estratégicas:
Trata-se, portanto, de um espaço democrático onde é a de inovação.
possível expor ideias, estabelecer contatos e viabilizar ricos Para definir o que fazem os wikis, ninguém melhor do
processos de aprendizado. que ela, a própria Wikipédia: “software colaborativo que per-
Um Fórum ou Grupo de Discussão é, basicamente, uma mite a edição coletiva dos documentos usando um singelo
ferramenta que permite que um grupo de usuários, possam sistema e sem que o conteúdo tenha que ser revisto antes da
trocar informações sobre um determinado assunto ou tema. sua publicação”.
Por exemplo, em um fórum de Saúde Pública, podem par- O conceito é realmente simples - textos publicados na
ticipar usuários interessados em aprender mais sobre Saúde web que podem ser modificados por qualquer usuário via
Pública. Quando um participante tem uma dúvida ele coloca browser, sem a necessidade de autorização prévia, aliados a
uma mensagem no fórum, descrevendo a dúvida. Os demais um sistema que registra todas as alterações e as exibe, de
participantes acessam a mensagem e, se um ou mais deles forma transparente, tornando a construção do conhecimento
souber a resposta, ele coloca a resposta no fórum, para que muito mais fluída.
todos compartilhem a dica. Vejam que desta forma um fórum Uma das características definitivas da tecnologia wiki é a
de discussão é uma ferramenta poderosa para que se possam facilidade com que as páginas são criadas e alteradas - geral-
compartilhar conhecimentos e dicas, e resolver dúvidas atra- mente não existe qualquer revisão antes de as modificações
vés da Internet. serem aceitas, e a maioria dos wikis são abertos a todo o pú-
Os fóruns disponibilizam uma série de ferramentas que
blico ou pelo menos a todas as pessoas que têm acesso ao
facilitam a sua utilização e a localização das informações de-
servidor wiki. Nem o registro de usuários é obrigatório em
sejadas. Todas as mensagens “postadas” no fórum são arqui-
todos os wikis.
vadas. Se você se inscreve em um fórum hoje, você poderá

116
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

As aplicações são as mais diversas. Na web, é possível en- A maioria das redes sociais na Internet permite postar fo-
contrar desde guias de viagem e sites de notícias até verdadeiros tos, vídeos e blogs pessoais na sua página de perfil. Mas o
manuais de tecnologia, abordando temas como Mac, Linux e recurso mais importante das redes sociais online é encontrar
Java, todos construídos colaborativamente. Dentro das empre- e fazer amigos com membros de outro site. Na sua página de
sas, as possibilidades também são infinitas. “É possível desenvol- perfil, esses amigos aparecem como links, assim os visitantes
ver produtos, elaborar propostas comercias de forma cooperada, podem navegar facilmente na sua rede de amigos online.
criar um wiki que ajude a definir as melhores formas de atender Cada rede social online possui regras e métodos dife-
um cliente ou estabelecer políticas de recursos humanos, por rentes de busca e contato com amigos potenciais. A rede do
exemplo”, explora Sérgio Lozinsky, líder em estratégia corporati- MySpace é a mais aberta. No MySpace, você pode buscar e
va para América Latina da IBM Global Business Services. entrar em contato com pessoas em toda a rede, sejam elas
Os wikis são um dos elementos da chamada Web 2.0, de membros afastados da sua rede social ou estranhos. Mas você
forma bastante geral, baseia-se em um novo paradigma de só vai ter acesso às informações completas de seus perfis se
produção de conteúdo, que parte dos usuários para os pró- elas concordarem em aceitar você como amigo e fazer parte
prios usuários - sites de compartilhamento de vídeos (como da sua rede.
o YouTube), de fotos (Flickr), bookmarks (Del.icio.us), blogs e A rede do Facebook, que começou como um aplicativo
redes sociais atestam a crescente popularidade do modelo. de rede social de uma faculdade, é muito mais restrita e orien-
No mundo corporativo, a aplicação deste modelo pres- tada a grupos. No Facebook, só é possível encontrar pessoas
supõe não mais uma comunicação hierarquizada, que parte que estão em uma das suas “redes” existentes. Elas podem in-
da cúpula para a base, mas uma construção difusa das ideias cluir a empresa onde você trabalha, a faculdade onde você es-
dentro da empresa. Em outras palavras, sai de cena a intranet tudou e até o seu colégio; mas você também pode participar
e entram os wikis. de várias das centenas de redes menores “groups” criadas por
No Brasil, este é um modelo ainda não muito difundido usuários da Facebook, algumas baseadas em organizações
entre as empresas. “Sabemos de algumas experiências, mas reais, outras que só existem na mente de seus fundadores.
ainda está muito restrito a empresas da área de Tecnologia da A Linkedln, que é a rede social online mais popular para
Informação. No futuro, esta tecnologia poderá ser usada por profissionais de negócios, permite que você busque cada um
empresas da área farmacêutica, para criar um novo remédio, dos membros do site, e você também tem acesso aos per-
por exemplo. Pensando além, podem ser criados wikis que fis completos e informações de contato dos seus contatos já
extrapolam o ambiente interno e se estendem à cadeia de existentes, ou seja, as pessoas que aceitaram o convite para
parceiros das empresas”. participar da sua rede (ou que convidaram você para parti-
Protocolos da Internet cipar da rede delas). No entanto, seus contatos podem apre-
É um conjunto de regras e padrões que descrevem modos sentá-lo a pessoas que estão distantes de você duas ou três
e operação para que os computadores possam trocar dados. posições na rede maior da Linkedln. Ou você pode pagar um
A Internet é uma Rede baseada no sistema Unix, sendo adicional para entrar em contato direto com qualquer usuário
estruturada de acordo com o modelo de camadas OSI - Open por meio de um serviço chamado InMail.
Systems Interconnect. Esse modelo revolucionou a interli- O Orkut, rede social do Google, é a mais popular entre
gação de computadores, através da independência entre os os brasileiros. Seu uso é tão fácil que os brasileiros acabaram
fornecedores de software, pois prevê um padrão rígido para dominando a rede e são, hoje, 80% de seus usuários. Para
conexão de computadores em vários aspectos, desde a liga- fazer parte do Orkut antes era preciso ser convidado por al-
ção física até a ligação de aplicações. gum membro. Mas o Google decidiu liberar o acesso e per-
mitir a participação de todos. E uma vez cadastrado na rede,
REDES SOCIAIS o usuário tem uma página pessoal onde pode adicionar, além
Quando as pessoas ouvem o termo “rede social”, pensam de seus dados pessoais e profissionais, amigos, amigos dos
automaticamente em redes sociais online. Também conheci- amigos, amigos dos amigos dos amigos, criar comunidades
das como sites de rede social, elas foram uma explosão em online e participar das já existentes, enviar recados para sua
termos de popularidade. Sites como MySpace, Facebook e rede de contatos e para quem ainda não faz parte dela, criar
Linkedln estão entre os sete dos 20 Websites mais visitados álbuns de fotos e paquerar, flertar, namorar. E, o mais impor-
no mundo, e o site de relacionamentos criado pelo Google, o tante para grande parte dos participantes, xeretar a vida das
Orkut, acabou virando o predileto dos brasileiros. Para muitos pessoas através das páginas de recados.
usuários, principalmente aqueles que ficam muito conectados
e que fazem parte da chamada Geração Internet, as redes so- Fazendo contatos em uma rede social online
ciais online não são apenas uma maneira de manter contato, Você precisa criar um perfil em uma rede social antes de
mas um modo de vida. fazer contatos online. Você vai precisar escolher um nome
Muitos dos recursos das redes sociais online são comuns para login e uma senha. Depois de fazer isso, você vai forne-
para cada um dos mais de 300 sites de rede social existentes cer algumas informações pessoais básicas, como nome, sexo,
atualmente. A capacidade de criar e compartilhar um perfil idade, local e alguns hobbies ou interesses específicos.
pessoal é o recurso mais básico. Essa página de perfil nor- Você pode personalizar seu perfil adicionando fotos, mú-
malmente possui uma foto, algumas informações pessoais sica ou vídeos. Mas lembre-se de que o seu perfil é a imagem
básicas (nome, idade, sexo, local) e um espaço extra para que que você está apresentando ao mundo online. Na maioria dos
a pessoa informe suas bandas, livros, programas de TV, filmes, sites você pode ter um controle sobre quem pode visualizar
hobbies e Websites preferidos. seu perfil completo.

117
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Em alguns sites, só amigos ou aqueles que você convidou Vamos supor que você seja um engenheiro e faz um blog
podem visualizar seu perfil. Quando tiver terminado de criar sobre um dos seus projetos atuais na sua página do Face-
seu perfil, você pode começar a procurar amigos e fazer con- book. Um hacker pode usar essas informações para fingir ser
tatos. Isso acontece quando você convida amigos que estão um funcionário da empresa. Ele sabe seu nome e seu cargo
offline no momento para participar ou procurar amigos que na empresa, então você está sujeito a confiar nele. Assim; ele
já são membros. pode tentar conseguir de você uma senha ou informação
Na maioria dos sites de rede social você pode enviar um confidencial para vender aos concorrentes.
e-mail convidando amigos para participar do Website e fazer A segurança da maioria das redes sociais online é que so-
parte da sua rede social online. Em alguns casos, como no mente seus “amigos” ou membros da sua rede podem ver seu
perfil completo. Mas isso só é eficaz se você for extremamen-
Facebook ou Linkedln, você pode importar sua lista de ende-
te seletivo sobre quem você inclui em sua rede. Se você aceita
reços das suas contas de e-mail, como o Google ou Yahoo.
convites de qualquer pessoa, uma delas pode ser um hacker.
Depois de convidar seus amigos atuais, você pode come-
O problema com as redes sociais online é que elas não
çar a procurar pessoas que têm interesses parecidos com os possuem um sistema integrado de autenticação para verificar
seus. Por exemplo, se você gosta de ler os livros da Jane Aus- se alguém é realmente quem diz ser [fonte: SearchSecurity.
ten, você pode procurar outras pessoas que gostam de Jane com]. Um hacker pode criar um perfil qualquer em um site
Austen e convidá-las para participar da sua rede. como o Linkedln para se encaixar perfeitamente nos interes-
Ou, ainda, você pode procurar pessoas que estudaram ses comerciais de seu alvo. Se o alvo aceita o hacker como
no mesmo colégio ou faculdade que você, pessoas que têm contato, ele pode ter acesso às informações de todos os ou-
a mesma marca de carro ou que gostam do mesmo tipo de tros contatos de seu alvo. Com essas informações, é possível
música. Você pode convidar essas pessoas para também par- criar uma elaborada identidade falsa.
ticiparem da sua rede, aumentando, assim, a sua rede social. Para lutar contra a engenharia social, a chave é a atenção.
Para mais informações sobre redes sociais e como elas fun- Se você sabe que hackers de engenharia social existem, deve
cionam, veja nosso artigo sobre Como funcionam as redes ter mais cuidado com aquilo que vai postar em seus perfis on-
sociais. line. Se você está familiarizado com as trapaças mais comuns
Mesmo que tenha a impressão de que conhece as pes- da engenharia social, vai reconhecer uma enquanto ela está
soas que encontra no ciberespaço, você deve ter cuidado por- acontecendo, e não quando for tarde demais.
que a ação de hackers é bastante comum.
Redes sociais para adultos
Além de participarem de redes sociais online que antes
A ação de hackers e as redes sociais
eram dominadas por adolescentes, como o MySpace e o Fa-
Quando as pessoas falam sobre a ação de hackers em
cebook, os usuários adultos também estão participando de
redes sociais, elas não estão usando a definição comum de redes sociais online destinadas a eles. As redes sociais para
hackers, que são aqueles que usam códigos ou brechas em adultos não têm um conteúdo “adulto” especializado (embora
redes de computadores de forma mal-intencionada, para também exista). Elas são redes sociais para profissionais, e não
causar danos aos sistemas ou roubar informações confiden- somente para amigos.
ciais. A ação dos hackers em redes sociais requer muito pouca Com mais de 15 milhões de membros, o LinkedIn é a
habilidade técnica. Trata-se mais de um jogo psicológico: usar maior rede social online para profissionais. No LInkedln, as
informações dos perfis pessoais para ganhar a confiança de páginas de perfil são mais parecidas com currículos, com
um estranho. informações sobre experiência profissional e formação aca-
Este segundo tipo de hacker é chamado de engenheiro dêmica, deixando de fora informações como livros e bandas
social. A engenharia social usa técnicas psicológicas persuasi- favoritos. Até pouco tempo atrás, o Linkedln não permitia que
vas para explorar o elo mais fraco do sistema de segurança da os usuários postassem uma foto em seu perfil, temendo que
informação: as pessoas. Veja alguns exemplos de engenharia o site estritamente profissional se tornasse uma desculpa para
social: namoros online.
• chamar um administrador de sistemas fingindo ser Os usuários do Linkedln podem fortalecer os contatos e
um executivo irritado que esqueceu sua senha e precisa aces- relacionamentos existentes para encontrar novos empregos
sar seu computador imediatamente; e parcerias. No Linkedln, por exemplo, você pode fazer uma
busca por emprego na sua rede. Se acontecer de o seu me-
• fingir ser um funcionário de banco e ligar para um
lhor amigo ter estudado com a pessoa que está contratando,
cliente pedindo o número do seu cartão de crédito;
isso pode dar a você uma vantagem significativa em relação
• fingir ter perdido seu crachá e pedir gentilmente a a outros candidatos.
um funcionário para deixar você entrar no escritório. Os recrutadores de profissionais também estão garim-
pando os enormes bancos de dados profissionais em sites
Muitas pessoas não levam os possíveis riscos de segu- como o Linkedln. Eles podem pagar um adicional pelo Linke-
rança em consideração quando criam uma página de perfil dln Corporate Services, um serviço que permite realizar buscas
em uma rede social. Quanto mais informações pessoais e direcionadas por membros que atendem aos seus requisitos
profissionais você incluir no seu perfil público, mais fácil será de experiência e localização. A vantagem de um serviço como
para um hacker explorar essas informações para ganhar sua o LInkedln é que os recrutadores podem atingir “candidatos
confiança. passivos,” isto é, profissionais altamente qualificados que não

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NOÇÕES DE INFORMÁTICA

estão necessariamente procurando um novo emprego. Eles Uma pasta é pouco mais que um contêiner no qual é pos-
são mais atraentes para os empregadores, pois têm sua capa- sível armazenar arquivos. Se você colocasse milhares de arqui-
cidade provada, já que permanecem em seus cargos. vos em papel na mesa de alguém, seria praticamente impos-
Várias redes sociais para adultos são dedicadas a pro- sível encontrar um determinado arquivo quando precisasse. É
fissões específicas. De acordo com um artigo do Wall Street por isso que as pessoas costumam armazenar os arquivos em
Journal, médicos estão se encontrando em um site de rede papel em pastas dentro de um arquivo convencional. A orga-
social para médicos chamado Sermo e executivos de publi- nização de arquivos em grupos lógicos torna fácil localizar um
cidade, marketing e mídia estão trocando dicas e truques em determinado arquivo.
um outro site de rede social chamado AdGabber [fonte: Wall As pastas no computador funcionam exatamente da mes-
Street Journal]. ma forma. Esta é a aparência de um ícone de pasta típico:

Redes do mal
As redes sociais tem o lado bom de aproximar pessoas
de diferentes lugares, mas a facilidade de criar perfis e co-
munidades também tem um lado negro. Em março de 2008,
o Orkut foi obrigado a revelar à polícia os dados de usuários
pedófilos. A Polícia brasileira descobriu uma rede de pedofilia
infiltrada nas páginas do Orkut e obrigou a empresa a revelar
os dados dos usuários envolvidos . Em maio de 2006, a rede
social foi obrigada a retirar do ar comunidades consideradas
pelas autoridades como criminosas e racistas. Uma pasta vazia (à esquerda); uma pasta contendo arqui-
vos (à direita)
As pastas podem conter não só arquivos, mas também ou-
4 CONCEITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE tras pastas. Uma pasta dentro de um pasta é chamada subpas-
GERENCIAMENTO DE INFORMAÇÕES, ta. Você pode criar quantas subpastas quiser, e cada uma pode
ARQUIVOS, PASTAS E PROGRAMAS. armazenar qualquer quantidade de arquivos e subpastas adi-
cionais.

Windows Vista/7 Como o Windows organiza os arquivos e as pastas


O que são arquivos e pastas? Quando se trata de organizar-se, você não precisa come-
Um arquivo é muito parecido com um documento digita- çar do zero. O Windows vem com algumas pastas comuns que
do que você poderia encontrar na mesa de alguém ou em um podem ser usadas como âncora para começar a organizar os
arquivo convencional. É um item que contém um conjunto de arquivos. Veja a seguir uma lista de algumas das pastas mais
informações relacionadas. Nessa classificação estariam, por comuns nas quais você pode armazenar arquivos e pastas:
exemplo, documentos de texto, planilhas, imagens digitais e Documentos. Use esta pasta para armazenar arquivos de
até músicas. Cada foto que você tira com uma câmera digital processamento de texto, planilhas, apresentações e outros ar-
é um arquivo separado. Um CD de música pode conter deze- quivos comerciais.
nas de arquivos de música individuais. Imagens. Use esta pasta para armazenar todas as suas
O computador usa ícones para representar arquivos. Bas- imagens digitais, sejam elas obtidas da câmera, do scanner ou
ta olhar o ícone para saber o tipo de arquivo. Veja a seguir de emails recebidos de outras pessoas.
alguns ícones de arquivo comuns: Música. Use esta pasta para armazenar todas as suas mú-
sicas digitais, como as que você copia de um CD de áudio ou
baixa da Internet.
Vídeos. Use esta pasta para armazenar seus vídeos, como
clipes da câmera digital, da câmera de vídeo ou arquivos de
vídeo que você baixa da Internet.
Downloads. Use esta pasta para armazenar arquivos e
programas que você baixa da Web.
Há muitas maneiras de localizar essas pastas. O método
mais fácil é abrir a pasta particular, que reúne todas as suas
pastas comuns em um único lugar. O nome da pasta particular
não é realmente “particular” — ela é rotulada com o nome de
usuário que você usou para fazer logon no computador. Para
abri-la, clique no botão Iniciar  e, em seguida, no seu nome
de usuário na parte superior do painel direito do menu Iniciar.

Pela aparência do ícone, é possível dizer o tipo de arquivo


que ele representa

119
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

A caixa Pesquisar / Digite uma palavra ou frase na caixa


Pesquisar para procurar uma subpasta ou um arquivo armaze-
nado na pasta atual. A pesquisa inicia assim que você começa
a digitar. Assim, quando você digita B, por exemplo, todos os
arquivos com a letra B aparecerão na lista de arquivos da pasta.
Para obter mais informações, consulte Localizar um arquivo ou
uma pasta.
Barra de ferramentas / A barra de ferramentas permite exe-
cutar tarefas comuns, como alterar a aparência de arquivos e
pastas, copiar arquivos para um CD ou iniciar uma apresenta-
ção de slides de imagens digitais. Os botões da barra de ferra-
mentas mudam para mostram apenas os comandos que são
É possível abrir pastas comuns a partir do menu Iniciar úteis. Por exemplo, se você clicar em um arquivo de imagem, a
As pastas Documentos, Imagens e Música também po- barra de ferramentas mostrará botões diferentes daqueles que
dem ser encontradas no menu Iniciar, logo abaixo da pasta mostraria se você clicasse em um arquivo de música.
particular. Painel de navegação / Como a Barra de endereços, o Painel
Lembre-se que você pode criar subpastas dentro de qual- de navegação permite alterar o modo de exibição para outras
quer uma dessas pastas para ajudá-lo a organizar melhor os pastas. A seção de links Favoritos torna fácil alterar para uma
arquivos. Na pasta Imagens, por exemplo, você pode criar pasta comum ou iniciar uma pesquisa salva anteriormente. Se
subpastas para organizar imagens por data, por evento, pelos você vai com freqüência para a mesma pasta, pode arrastá-la
nomes das pessoas nas fotos ou por qualquer outro esquema para o Painel de navegação e torná-la um de seus links favori-
que o ajude a trabalhar com mais eficiência. tos. Para obter mais informações, consulte Trabalhando com o
Painel de navegação.
Compreendendo as partes de uma pasta Lista de arquivos / É aqui que o conteúdo da pasta atual
Quando você abre uma pasta na área de trabalho, apare- é exibido. Se você digitou na caixa Pesquisar para localizar um
ce uma janela de pasta. Além de mostrar o conteúdo da pasta, arquivo, aparecerão somente os arquivos que correspondam à
uma janela de pasta tem várias partes que foram criadas para sua pesquisa. Para obter mais informações, consulte Dicas para
ajudá-lo a navegar no Windows ou trabalhar mais facilmente localizar arquivos.
com arquivos e pastas. Veja a seguir uma pasta típica e cada Títulos de coluna / Use os títulos de coluna para alterar a
uma de suas partes: forma como os itens na lista de arquivos são organizados. É
possível classificar, agrupar ou empilhar os arquivos no modo
de exibição atual. Para obter mais informações, consulte Dicas
para localizar arquivos.
Painel de detalhes / O Painel de detalhes mostra as pro-
priedades mais comuns associadas ao arquivo selecionado.
Propriedades do arquivo são informações sobre um arquivo,
como o autor, a data da última alteração e qualquer marca des-
critiva que você possa ter adicionado ao arquivo. Para obter
mais informações, consulte Adicionar etiquetas ou outras pro-
priedades a arquivos.
Painel de visualização / Use o Painel de visualização para ver
o conteúdo de vários tipos de arquivos. Se você selecionar uma
mensagem de email, um arquivo de texto ou uma imagem, por
exemplo, poderá ver seu conteúdo sem abri-lo em um progra-
ma. O Painel de visualização não é exibido por padrão na maio-
ria das pastas. Para vê-lo, clique no botão Organizar na barra de
ferramentas, em Layout e em Painel de visualização.

A pasta Documentos Exibindo seus arquivos em uma pasta


Parte da pasta / Função Ao abrir uma pasta e ver os arquivos, talvez você prefira
Barra de endereços / Use a Barra de endereços para na- ícones maiores (ou menores) ou uma organização que lhe per-
vegar para outra pasta sem fechar a janela de pasta atual. Para mita ver tipos diferentes de informações sobre cada arquivo.
obter mais informações, consulte Navegar usando a Barra de Para fazer esses tipos de alterações, use o botão Modos de Exi-
endereços. bição na barra de ferramentas.
Botões Voltar e Avançar / Use os botões Voltar e Avançar Toda vez que você clica nesse botão, a janela de pasta
para navegar para outras pastas que você já abriu sem fechar muda a forma como ela exibe os ícones de pastas e de arqui-
a janela atual. Esses botões funcionam em conjunto com a vos, alternando entre ícones grandes, um modo de exibição de
Barra de endereços. Depois de usá-la para alterar pastas, por ícones menores chamado Lado a lado e um modo de exibição
exemplo, você pode usar o botão Voltar para retornar à pasta chamado Detalhes que mostra várias colunas de informações
original. sobre o arquivo.

120
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Se você clicar na seta ao lado do botão Modos de Exibição, A maioria das pessoas copia e move arquivos usando um
terá ainda mais opções. Arraste o controle deslizante para cima método chamado arrastar e soltar. Comece abrindo a pasta
ou para baixo para ajustar o tamanho dos ícones das pastas e que contém o arquivo ou a pasta que deseja mover. Em segui-
dos arquivos. Você poderá ver os ícones alterando de tamanho da, abra a pasta para onde deseja mover. Posicione as janelas
enquanto move o controle deslizante. de pasta na área de trabalho de modo a ver o conteúdo de
ambas.
A seguir, arraste a pasta ou o arquivo da primeira pasta
para a segunda. Isso é tudo.

As opções do botão Modos de Exibição


Para copiar ou mover um arquivo, arraste-o
de uma pasta para outra
Localizando seus arquivos
Ao usar o método arrastar e soltar, você poderá notar que
Quando você precisar localizar um determinado arquivo,
algumas vezes o arquivo ou a pasta é copiado, enquanto em
já sabe que ele deverá estar em alguma pasta comum como
outras ele é movido. Por que isso acontece? Se você estiver ar-
Documentos ou Imagens. Infelizmente, localizar realmente o
rastando um item entre pastas que estão no mesmo disco rí-
arquivo desejado pode significar navegar por centenas de ar-
gido, os itens serão movidos para que duas cópias do mesmo
quivos e subpastas, o que não é uma tarefa fácil. Para poupar
tempo e esforço, use a caixa Pesquisar para localizar o arquivo. arquivo ou pasta não sejam criadas no disco rígido. Se você
arrastar o item para um pasta que esteja em outro disco rígi-
do (como um local de rede, por exemplo) ou para uma mídia
removível (como um CD), o item será copiado. Dessa forma, o
arquivo ou a pasta não será removido do local original.

Criando e excluindo arquivos


A caixa Pesquisar O modo mais comum de criar novos arquivos é usando
um programa. Por exemplo, você pode criar um documento
A caixa Pesquisar está localizada na parte superior de cada de texto em um programa de processamento de texto ou um
pasta. Para localizar um arquivo, abra a pasta que contém o arquivo de filme em um programa de edição de vídeos.
arquivo que você está procurando, clique na caixa Pesquisar e Alguns programas criam um arquivo no momento em
comece a digitar. A caixa Pesquisar filtra o modo de exibição que são abertos. Quando você abre o WordPad, por exemplo,
atual com base no texto que você digitar. Os arquivos são ele inicia com uma página em branco. Isso representa um ar-
exibidos como resultados da pesquisa se o termo de pesquisa quivo vazio (e não salvo). Comece a digitar e, quando estiver
corresponder ao nome do arquivo, a marcas ou a outras pro- pronto para salvar o trabalho, clique em Arquivo na barra de
priedades do arquivo. Os documentos de texto são exibidos menus e em Salvar como. Na caixa de diálogo exibida, digite
se o termo de pesquisa ocorrer em algum texto dentro do um nome de arquivo que o ajudará a localizar o arquivo no-
documento. Sua pesquisa aparece na pasta atual, assim como vamente no futuro e clique em Salvar.
em todas as subpastas. Por padrão, a maioria dos programas salva arquivos em
Se você não tem idéia de onde procurar um arquivo, pastas comuns como Documentos, Imagens e Música, o que
pode expandir sua pesquisa para incluir o computador inteiro, facilita a localização dos arquivos na próxima vez.
e não apenas uma única pasta. Quando você não precisar mais de um arquivo, poderá
removê-lo do disco rígido para ganhar espaço e impedir que
Copiando e movendo arquivos e pastas o computador fique congestionado com arquivos indeseja-
De vez em quando, você pode querer alterar o local onde dos. Para excluir um arquivo, abra a respectiva pasta e selecio-
os arquivos ficam armazenados no computador. Por exemplo, ne-o. Pressione DELETE e, na caixa de diálogo Excluir Arquivo,
mover os arquivos para outra pasta ou copiá-los para uma clique em Sim.
mídia removível (como CDs ou cartões de memória) a fim de
compartilhar com outra pessoa.

121
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Quando você exclui um arquivo, ele é armazenado tem- necessários para configuração do ambiente, do hardware e
porariamente na Lixeira. Pense nela como uma pasta de segu- da rede, caso você esteja usando uma. A pasta “Impressoras”
rança que lhe permite recuperar pastas ou arquivos excluídos possui a lista de drivers de impressoras instalados em seu
por engano. De vez em quando, você deve esvaziar a Lixeira computador. Mas, ainda na janela “Meu Computador”, você
para recuperar o espaço usado pelos arquivos indesejados no encontrará outras pastas. Se você der um duplo-clique no íco-
disco rígido. ne que representa o drive C (disco rígido) você verá uma lista
muito maior de pastas que dependerá inteiramente da forma
Abrindo um arquivo existente como os documentos foram organizados no disco.
Para abrir um arquivo, clique duas vezes nele. O arquivo Como você pode perceber, a sua área de trabalho será
será aberto no programa que você usou para criá-lo ou editá- organizada através das pastas que você criar, e essas pastas
-lo. Se for um arquivo de texto, por exemplo, será aberto no poderão ter tanto os seus documentos como as suas ferra-
programa de processamento de texto. mentas de trabalho (aplicativos).
Mas nem sempre é o caso. O clique duplo em uma ima-
gem digital, por exemplo, abrirá um visualizador de imagens. O CONCEITO DE CAMINHO
Para editar a imagem, você precisa usar um programa dife- A estrutura de pastas dentro de um computador é como
rente. Clique com o botão direito do mouse no arquivo, clique uma árvore, com pastas principais ramificando-se em pastas
em Abrir com e no nome do programa que deseja usar. menores.
As pastas podem estar dentro de outras pastas para criar
No Windows XP um nível mais profundo na organização de seu disco, como
um armário que pode ter gavetas e, dentro destas, divisórias
AS PASTAS para separar as peças de roupa. Portanto, as pastas ficam or-
O Windows usa pastas para agrupar aplicações, docu- ganizadas em uma forma hierárquica, como já foi mencio-
mentos (arquivos) e, também, para unir recursos. Os ícones de nado. Em termos lógicos, cada item em um nível hierárquico
pastas são usados para representar esses grupos e, portanto, inferior pertence ao item que o contém.
serão comentados em diferentes áreas desse texto. Essa forma hierárquica mostra que para se chegar a um
Criar, apagar, mover e copiar pastas serão tarefas que determinado item, deve-se percorrer um determinado cami-
você fará constantemente em Windows. nho, que corresponde à posição desse item dentro da estru-
Assim, para que você realmente saiba quem são essas tura de pastas.
pastas relacionaram-se vários exemplos delas. Por exemplo, a figura exibe a barra de título da janela “Ex-
O primeiro exemplo é a pasta “Acessórios”, que contém plorando” quando você consulta a pasta “Acessórios” que foi
todos os ícones de aplicativos de acessórios que são instala- criada na instalação de Windows.
dos com Windows, a saber:
• WordPad,
• Paint,
• Calculadora, Se a barra de título de “Windows Explorer” estiver mos-
• Bloco de Notas, entre outros. trando apenas a pasta atualmente selecionada, clique no
menu “Exibir”, escolha o comando “Opções de pasta”, clique
Nesse caso, a pasta agrupa aplicações. na guia “Modos de exibição” e, ative a opção “Exibir caminho
Ao clicar no botão “Iniciar”, o menu “Iniciar” será apresen- completo na barra de títulos”.
tado. Nesse menu, você encontrará alguns submenus que, na A \ (barra invertida) é usada para separar as subpastas e
realidade, representam pastas. Se você apontar com o mouse compor o caminho.
para o submenu “Programas”, será apresentada uma lista de Veja a seguir um exemplo de caminho:
pastas que podem conter outras pastas ou conter ícones de C:\EXCEL\EXCEL1\JANEIRO\LANÇAMENTO DE ENTRA-
aplicações. Apontar para o submenu “Acessórios” exibirá to- DAS
dos os ícones de aplicação que estão nessa pasta, e outras Esse caminho mostra que o arquivo “LANÇAMENTO DE
pastas, a saber: ENTRADAS”, se encontra na pasta “JANEIRO” que hierarqui-
• Fax, camente está subordinada à pasta “EXCEL1” e este à pasta
• Ferramentas do Sistema, “EXCEL” na unidade de disco C.
• Jogos, Se você clicar duas vezes na unidade de disco C da janela
• Entretenimento. “Windows Explorer”, você verá as pastas de seu computador
exibidas através de ramificações, onde uma pasta principal
Apontar para o submenu “Entretenimento” exibirá os íco- ramifica-se em outras pastas menores.
nes de aplicações desse grupo.
E as pastas em Windows continuam. Se você der um
duplo-clique no ícone “Meu Computador”, você abrirá uma
janela com pelo menos mais duas pastas que são respectiva-
mente “Painel de Controle” e “Impressoras”. A pasta “Painel de
Controle” possui os ícones referentes a todos os programas

122
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

- Fazendo uma seleção descontínua:


• Selecione um arquivo.
• Mantenha pressionada a tecla CTRL.
• Dê cliques em arquivos alternados dentro da janela
de conteúdo da pasta.

Muitas vezes, você precisará dizer para o Windows onde


um arquivo está localizado, e para fazer isso necessitará saber OPERAÇÕES SOBRE ARQUIVOS COM USO DO MOUSE
o caminho do arquivo. Por exemplo, veja a pasta “Microsoft Cópia ou movimentação de pastas ou arquivos podem
Shared”. Para que Windows encontre um arquivo armazenado ser feitas de um local de origem para outro de destino no
lá, ele começa pela unidade de disco (C:), percorre a pasta “Ar- “Windows Explorer” ou em “Meu Computador” usando o
quivos de Programas”, percorre a pasta “Arquivos Comuns”, e mouse com operações de arraste.
só depois, pesquisa a pasta “Microsoft Shared”. O (C:) significa
a unidade de disco, e todas as outras pastas estão dentro da Sequência de Passos para Cópia e Movimentação
grande pasta C:, portanto, elas são listadas após a pasta C:. Para efetuar as tarefas de cópia ou movimentação, procu-
re observar a sequência de passos a seguir:
OPERAÇÕES SOBRE ARQUIVOS • Selecione a(s) pasta(s) ou arquivo(s) a ser (em)
Através de “Windows Explorer” e de “Meu Computador” copiado(s) ou movimentado(s).
é possível a realização de diversas operações sobre arquivos, • Decida se deseja realizar uma cópia ou movimentação.
tais como cópia, exclusão, renomeação, movimentação, etc. • Efetue o arraste da(s) pasta(s) ou arquivo(s)
As tarefas descritas a seguir poderão ser efetuadas tanto em selecionado(s) com o mouse da origem para o destino, e
“Windows Explorer” como em “Meu Computador”. mantenha pressionado o botão do mouse. Observe atenta-
mente se o desenho que acompanha a pasta ou o ícone da
Seleção de Arquivos pasta tem um sinal + (mais). Se ele tiver esse sinal, a operação
A maior parte das operações sobre arquivos podem ser será de cópia, caso contrário será de movimentação.
realizadas com apenas um arquivo ou com grupos de arqui- • Solte o mouse caso a operação é a que deseja. Caso
vos e/ou pastas. Para trabalhar com grupos de arquivos ou contrário, verifique entre as teclas CTRL ou SHIFT aquela que
pastas é preciso efetuar antes a seleção deles com o mouse. define a operação desejada.
Existem duas formas de seleção, uma contínua e outra alter- • Observe atentamente se o desenho da pasta ou íco-
nada. nes dos arquivos que estão sendo arrastados permaneceram
Uma vez efetuada a seleção, operações podem ser feitas ou não na origem. Se permanecerem, a operação efetuada
sobre esses arquivos ou pastas, tais como cópia, movimenta- terá sido de cópia, caso contrário terá sido de movimentação.
ção ou exclusão.
- Fazendo uma seleção contínua:
• Selecione o primeiro arquivo, clicando nele.
• Mantenha pressionada a tecla SHIFT.
• Clique no último arquivo da seleção.

COPIA OU MOVIMENTAÇÃO DE PASTAS


•Estruturando hierarquicamente no mesmo disco:
1. Abra a janela de “Windows Explorer” ou de “Meu
Computador”.

123
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

2. Selecione a pasta de diretório que deseja copiar ou 4. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimen-
movimentar. tação, utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse.
3. Efetue um arraste dessa pasta sobre a pasta de des- O procedimento para efetuar a cópia de pastas de uma
tino. janela de pastas para outra janela em forma de ícone, é o
4. Solte o botão do mouse caso seja uma movimenta- mesmo que acabamos de utilizar.
ção, ou segure CTRL antes de soltar o botão do mouse caso
seja uma cópia. •Copiando ou movimentando para uma unidade de disco
diretamente:
•Copiando ou movimentando uma pasta em outra uni- 1. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada.
dade de disco: 2. Efetue o arraste da pasta da janela de origem para
1. Abra em tela as duas janelas de “Meu Computador” sobre o ícone da unidade de disco para a qual deseja que a
ou “Windows Explorer”, a de origem e a de destino. operação seja efetuada.
2. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimentação,
3. Efetue o arraste da pasta da janela da pasta de ori- utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse.
gem sobre a pasta da janela de destino. Novamente, o ponto mais importante a observar aqui se
4. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimen- resume no seguinte: “A pasta será copiada ou movimentada
tação, utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse. para a unidade de disco de destino como uma pasta nessa
5. Perceba, que se a pasta não desaparecer da antiga unidade de disco”.
estrutura hierárquica, isto indicará que essa operação será Obs.: para copiar uma pasta de um local a outro, tanto na
uma cópia. Se a tecla SHIFT for pressionada, a pasta irá de- mesma unidade de disco quanto em outra, podemos utilizar
saparecer, e nesse caso a operação será uma movimentação. o seguinte procedimento:
Clique com o botão direito sobre a pasta, no menu que
•Copiando ou movimentando para uma unidade de disco surge escolher a opção “copiar” e no local desejado, repetir o
diretamente: processo, selecionando desta vez a opção “colar”.
1. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada.
2. Efetue o arraste da pasta da janela de origem para RENOMEAÇÃO DE ARQUIVOS
sobre o ícone da unidade de disco para a qual deseja que a • O comando “Renomear” permite modificar o nome
operação seja efetuada. de um arquivo, sem alterar o seu conteúdo.
3. Para cópia, solte o botão do mouse. Para movimen- • Renomeando um arquivo:
tação, utilize a tecla SHIFT antes de soltar o botão do mouse. • Clique com o botão direito do mouse sobre o nome
O ponto mais importante a observar aqui se resume no do arquivo que deseja renomear.
seguinte: “A pasta será copiada ou movimentada para a uni- • No menu de atalho, selecione “Renomear”. O nome
dade de disco de destino como uma pasta nessa unidade de do arquivo é selecionado permitindo que você altere-o.
disco”. • Digite o novo nome e, em seguida, clique em um
lugar qualquer.
•Cópia ou Movimentação de Arquivos
A cópia ou movimentação de arquivos é, em linhas gerais, EXCLUSÃO DE ARQUIVOS
semelhante ao que descrevemos em relação às pastas. Só que Excluindo um arquivo:
no caso da cópia ou movimentação de uma pasta, todo o seu • Selecione o nome do arquivo que deseja excluir.
conteúdo irá com ela. • Pressione a tecla DEL.

•Estruturando hierarquicamente no mesmo disco:


1. Abra a janela de “Windows Explorer” ou de “Meu
Computador”.
2. Selecione a pasta de diretório que deseja copiar ou
movimentar.
3. Efetue um arraste dessa pasta sobre a pasta de des-
tino.
4. Solte o botão do mouse caso seja uma movimenta-
ção, ou segure CTRL antes de soltar o botão do mouse caso Se a configuração da “Lixeira” estiver selecionada para ar-
seja uma cópia. mazenar temporariamente os arquivos apagados, uma caixa
de mensagem é exibida solicitando a confirmação da exclu-
•Copiando ou movimentando para uma pasta em outra são do arquivo enviando-o para a “Lixeira”, caso contrário, o
unidade de disco: arquivo é automaticamente eliminado do disco.
1. Abra em tela as duas janelas de “Meu Computador” Se a configuração da “Lixeira” estiver selecionada para ar-
ou “Windows Explorer”, a de origem e a de destino. mazenar temporariamente os arquivos apagados, uma caixa
2. Selecione a pasta a ser copiada ou movimentada. de mensagem é exibida solicitando a confirmação da exclu-
3. Efetue o arraste da pasta da janela da pasta de ori- são do arquivo enviando-o para a “Lixeira”, caso contrário, o
gem sobre a pasta da janela de destino. arquivo é automaticamente eliminado do disco.

124
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Devemos atentar para ameaças sempre presentes, mas


nem sempre lembradas; incêndios, desabamentos, relâmpa-
5 SEGURANÇA DA INFORMAÇÃO. gos, alagamentos, problemas na rede elétrica, acesso inde-
5.1 PROCEDIMENTOS DE SEGURANÇA. vido de pessoas aos servidores ou equipamentos de rede,
5.2 NOÇÕES DE VÍRUS, WORMS treinamento inadequado de funcionários, etc.
E PRAGAS VIRTUAIS. Medidas de proteção física, tais como serviços de guar-
5.3 APLICATIVOS PARA SEGURANÇA da, uso de nobreaks, alarmes e fechaduras, circuito interno de
televisão e sistemas de escuta são realmente uma parte da
(ANTIVÍRUS, FIREWALL,
segurança da informação. As medidas de proteção física são
ANTI-SPYWARE ETC.). frequentemente citadas como “segurança computacional”,
5.4 PROCEDIMENTOS DE BACKUP. visto que têm um importante papel também na prevenção
5.5 ARMAZENAMENTO DE DADOS dos itens citados no parágrafo acima.
NA NUVEM (CLOUDSTORAGE). O ponto-chave é que as técnicas de proteção de dados
por mais sofisticadas que sejam, não têm serventia nenhuma
se a segurança física não for garantida.
Segurança de Informação está relacionada com a prote-
ção existente ou necessária sobre dados que possuem valor Instalação e Atualização
para alguém ou uma organização. Possui aspectos básicos A maioria dos sistemas operacionais, principalmente as
como confidencialidade, integridade e disponibilidade da in- distribuições Linux, vem acompanhada de muitos aplicativos
formação que nos ajuda a entender as necessidades de sua que são instalados opcionalmente no processo de instalação
proteção e que não se aplica ou está restrita a sistemas com- do sistema.
putacionais, nem a informações eletrônicas ou qualquer outra Sendo assim, torna-se necessário que vários pontos se-
forma mecânica de armazenamento. Ela se aplica a todos os jam observados para garantir a segurança desde a instalação
aspectos de proteção e armazenamento de informações e da- do sistema, dos quais podemos destacar:
dos, em qualquer forma. O nível de segurança de um sistema • Seja minimalista: Instale somente os aplicativos neces-
operacional de computador pode ser tipificado pela configu- sários, aplicativos com problemas podem facilitar o acesso de
ração de seus componentes. um atacante;
• Devem ser desativados todos os serviços de sistema
CONCEITOS DE SEGURANÇA que não serão utilizados: Muitas vezes o sistema inicia auto-
A Segurança da Informação refere-se à proteção existen- maticamente diversos aplicativos que não são necessários, es-
te sobre as informações de uma determinada empresa, ins- ses aplicativos também podem facilitar a vida de um atacante;
tituição governamental ou pessoa, isto é, aplica-se tanto as • Deve-se tomar um grande cuidado com as aplicações
informações corporativas quanto as pessoais. de rede: problemas nesse tipo de aplicação podem deixar o
Entende-se por informação todo e qualquer conteúdo ou sistema vulnerável a ataques remotos que podem ser realiza-
dado que tenha valor para alguma organização ou pessoa. Ela dos através da rede ou Internet;
pode estar guardada para uso restrito ou exposta ao público • Use partições diferentes para os diferentes tipos de da-
para consulta ou aquisição. dos: a divisão física dos dados facilita a manutenção da se-
Podem ser estabelecidas métricas (com o uso ou não de gurança;
ferramentas) para a definição do nível de segurança existente • Remova todas as contas de usuários não utilizadas:
Contas de usuários sem senha, ou com a senha original de
e, com isto, serem estabelecidas as bases para análise da me-
instalação, podem ser facilmente exploradas para obter-se
lhoria ou piora da situação de segurança existente.
acesso ao sistema.
A segurança de uma determinada informação pode ser
Grande parte das invasões na Internet acontece devido a
afetada por fatores comportamentais e de uso de quem se
falhas conhecidas em aplicações de rede, as quais os adminis-
utiliza dela, pelo ambiente ou infraestrutura que a cerca ou
tradores de sistemas não foram capazes de corrigir a tempo.
por pessoas mal intencionadas que tem o objetivo de furtar,
Essa afirmação pode ser confirmada facilmente pelo simples
destruir ou modificar a informação.
fato de que quando uma nova vulnerabilidade é descoberta,
Antes de proteger, devemos saber: um grande número de ataques é realizado com sucesso. Por
• O que proteger. isso é extremamente importante que os administradores de
• De quem proteger. sistemas se mantenham atualizados sobre os principais pro-
• Pontos vulneráveis. blemas encontrados nos aplicativos utilizados, através dos si-
• Processos a serem seguidos. tes dos desenvolvedores ou específicos sobre segurança da
Informação. As principais empresas comerciais desenvolve-
MECANISMOS DE SEGURANÇA doras de software e as principais distribuições Linux possuem
O suporte para as recomendações de segurança pode ser boletins periódicos informando sobre as últimas vulnerabili-
encontrado em: dades encontradas e suas devidas correções. Alguns sistemas
• CONTROLES FÍSICOS: são barreiras que limitam o chegam até a possuir o recurso de atualização automática,
contato ou acesso direto a informação ou a infraestrutura facilitando ainda mais o processo.
(que garante a existência da informação) que a suporta.

125
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Firewalls - Firewalls em Nível de Aplicação


Definimos o firewall como sendo uma barreira inteligente Nesse tipo de firewall o controle é executado por apli-
entre duas redes, geralmente a rede local e a Internet, através cações específicas, denominadas proxies, para cada tipo de
da qual só passa tráfego autorizado. Este tráfego é examina- serviço a ser controlado. Essas aplicações interceptam todo
do pelo firewall em tempo real e a seleção é feita de acordo o tráfego
com um conjunto de regras de acesso Ele é tipicamente um recebido e o envia para as aplicações correspondentes;
roteador (equipamento que liga as redes com a Internet), um assim, cada aplicação pode controlar o uso de um serviço.
computador rodando filtragens de pacotes, um software Pro- Apesar desse tipo de firewall ter uma perda maior de per-
xy, um firewall-in-a-box (um hardware proprietário específico formance, já que ele analisa toda a comunicação utilizando
para função de firewall), ou um conjunto desses sistemas. proxies, ele permite uma maior auditoria sobre o controle no
Pode-se dizer que firewall é um conceito ao invés de um tráfego, já que as aplicações específicas podem detalhar me-
produto. Ele é a soma de todas as regras aplicadas a rede. lhor os eventos associados a um dado serviço.
Geralmente, essas regras são elaboradas considerando as po- A maior dificuldade na sua implementação é a neces-
líticas de acesso da organização. sidade de instalação e configuração de um proxy para cada
Podemos observar que o firewall é único ponto de entra- aplicação, sendo que algumas aplicações não trabalham cor-
da da rede, quando isso acontece o firewall também pode ser retamente com esses mecanismos.
designado como check point.
De acordo com os mecanismos de funcionamentos dos Considerações sobre o uso de Firewalls
firewalls podemos destacar três tipos principais: Embora os firewalls garantam uma maior proteção, e são
• Filtros de pacotes inestimáveis para segurança da informação, existem alguns
• Stateful Firewalls ataques que os firewalls não podem proteger, como a inter-
• Firewalls em Nível de Aplicação ceptação de tráfego não criptografado, ex: Interceptação de
e-mail. Além disso, embora os firewalls possam prover um
- Filtros de Pacotes único ponto de segurança e auditoria, eles também podem
Esse é o tipo de firewall mais conhecido e utilizado. Ele se tornar um único ponto de falha – o que quer dizer que
controla a origem e o destino dos pacotes de mensagens da os firewalls são a última linha de defesa. Significa que se um
Internet. Quando uma informação é recebida, o firewall veri- atacante conseguir quebrar a segurança de um firewall, ele vai
fica as informações sobre o endereço IP de origem e destino ter acesso ao sistema, e pode ter a oportunidade de roubar
do pacote e compara com uma lista de regras de acesso para ou destruir informações. Além disso, os firewalls protegem a
determinar se pacote está autorizado ou não a ser repassado rede contra os ataques externos, mas não contra os ataques
através dele. internos. No caso de funcionários mal intencionados, os fire-
Atualmente, a filtragem de pacotes é implementada na walls não garantem muita proteção. Finalmente, como men-
maioria dos roteadores e é transparente aos usuários, porém cionado os firewalls de filtros de pacotes são falhos em alguns
pode ser facilmente contornada com IP Spoofers. Por isto, o pontos. - As técnicas de Spoofing podem ser um meio efetivo
uso de roteadores como única defesa para uma rede corpora- de anular a sua proteção.
tiva não é aconselhável. Para uma proteção eficiente contra as ameaças de segu-
Mesmo que filtragem de pacotes possa ser feita direta- rança existentes, os firewalls devem ser usados em conjunto
mente no roteador, para uma maior performance e controle, com diversas outras medidas de segurança.
é necessária a utilização de um sistema específico de firewall. Existem, claro, outros mecanismos de segurança que
Quando um grande número de regras é aplicado diretamen- apoiam os controles físicos: Portas / trancas / paredes / blin-
te no roteador, ele acaba perdendo performance. Além disso, dagem / guardas / etc.
Firewall mais avançados podem defender a rede contra spoo-
fing e ataques do tipo DoS/DDoS. • CONTROLES LÓGICOS: são barreiras que impedem
ou limitam o acesso à informação, que está em ambiente
- Stateful Firewalls controlado, geralmente eletrônico, e que, de outro modo,
Outro tipo de firewall é conhecido como Stateful Firewall. ficaria exposta a alteração não autorizada por elemento mal
Ele utiliza uma técnica chamada Stateful Packet Inspection, intencionado.
que é um tipo avançado de filtragem de pacotes. Esse tipo de Existem mecanismos de segurança que apoiam os con-
firewall examina todo o conteúdo de um pacote, não apenas troles lógicos:
seu cabeçalho, que contém apenas os endereços de origem
e destino da informação. Ele é chamado de ‘stateful’ porque Mecanismos de encriptação
examina os conteúdos dos pacotes para determinar qual é o A criptografia vem, na sua origem, da fusão de duas pa-
estado da conexão, Ex: Ele garante que o computador destino lavras gregas:
de uma informação tenha realmente solicitado anteriormente • CRIPTO = ocultar, esconder.
a informação através da conexão atual. • GRAFIA = escrever
Além de serem mais rigorosos na inspeção dos pacotes, Criptografia é arte ou ciência de escrever em cifra ou em
os stateful firewalls podem ainda manter as portas fechadas códigos. É então um conjunto de técnicas que tornam uma
até que uma conexão para a porta específica seja requisitada. mensagem incompreensível permitindo apenas que o desti-
Isso permite uma maior proteção contra a ameaça de port natário que conheça a chave de encriptação possa decriptar e
scanning. ler a mensagem com clareza.

126
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Permitem a transformação reversível da informação de tado. Da mesma forma, o servidor poderá solicitar ao com-
forma a torná-la ininteligível a terceiros. Utiliza-se para tal, prador seu Certificado de Identidade Digital, para identificá-lo
algoritmos determinados e uma chave secreta para, a partir com segurança e precisão.
de um conjunto de dados não encriptados, produzir uma se- Caso qualquer um dos dois apresente um Certificado de
quência de dados encriptados. A operação inversa é a desen- Identidade Digital adulterado, ele será avisado do fato, e a
criptação. comunicação com segurança não será estabelecida.
O Certificado de Identidade Digital é emitido e assinado
Assinatura digital por uma Autoridade Certificadora Digital (Certificate Autho-
Um conjunto de dados encriptados, associados a um rity). Para tanto, esta autoridade usa as mais avançadas téc-
documento do qual são função, garantindo a integridade do nicas de criptografia disponíveis e de padrões internacionais
documento associado, mas não a sua confidencialidade. (norma ISO X.509 para Certificados Digitais), para a emissão e
A assinatura digital, portanto, busca resolver dois proble- chancela digital dos Certificados de Identidade Digital.
mas não garantidos apenas com uso da criptografia para co- Podemos destacar três elementos principais:
dificar as informações: a Integridade e a Procedência. - Informação de atributo: É a informação sobre o objeto
Ela utiliza uma função chamada one-way hash function, que é certificado. No caso de uma pessoa, isto pode incluir
também conhecida como: compression function, cryptogra- seu nome, nacionalidade e endereço e-mail, sua organização
phic checksum, message digest ou fingerprint. Essa função e o departamento da organização onde trabalha.
gera uma string única sobre uma informação, se esse valor for - Chave de informação pública: É a chave pública da enti-
o mesmo tanto no remetente quanto destinatário, significa dade certificada. O certificado atua para associar a chave pú-
que essa informação não foi alterada. blica à informação de atributo, descrita acima. A chave pública
Mesmo assim isso ainda não garante total integridade, pode ser qualquer chave assimétrica, mas usualmente é uma
pois a informação pode ter sido alterada no seu envio e um chave RSA.
novo hash pode ter sido calculado. - Assinatura da Autoridade em Certificação (CA): A CA
Para solucionar esse problema, é utilizada a criptografia assina os dois primeiros elementos e, então, adiciona credi-
assimétrica com a função das chaves num sentido inverso, bilidade ao certificado. Quem recebe o certificado verifica a
onde o hash é criptografado usando a chave privada do re- assinatura e acreditará na informação de atributo e chave pú-
metente, sendo assim o destinatário de posse da chave pú- blica associadas se acreditar na Autoridade em Certificação.
blica do remetente poderá decriptar o hash. Dessa maneira Existem diversos protocolos que usam os certificados di-
garantimos a procedência, pois somente o remetente possui gitais para comunicações seguras na Internet:
a chave privada para codificar o hash que será aberto pela • Secure Socket Layer ou SSL;
sua chave pública. Já o hash, gerado a partir da informação • Secured Multipurpose Mail Extensions - S/MIME;
original, protegido pela criptografia, garantirá a integridade • Form Signing;
da informação. • Authenticode / Objectsigning.

Mecanismos de garantia da integridade da informação O SSL é talvez a mais difundida aplicação para os cer-
Usando funções de “Hashing” ou de checagem, consis- tificados digitais e é usado em praticamente todos os sites
tindo na adição. que fazem comércio eletrônico na rede (livrarias, lojas de CD,
bancos etc.). O SSL teve uma primeira fase de adoção onde
Mecanismos de controle de acesso apenas os servidores estavam identificados com certificados
Palavras-chave, sistemas biométricos, firewalls, cartões digitais, e assim tínhamos garantido, além da identidade do
inteligentes. servidor, o sigilo na sessão. Entretanto, apenas com a chegada
dos certificados para os browsers é que pudemos contar tam-
Mecanismos de certificação bém com a identificação na ponta cliente, eliminando assim a
Atesta a validade de um documento. O Certificado Digi- necessidade do uso de senhas e logins.
tal, também conhecido como Certificado de Identidade Di- O S/Mime é também um protocolo muito popular, pois
gital associa a identidade de um titular a um par de chaves permite que as mensagens de correio eletrônico trafeguem
eletrônicas (uma pública e outra privada) que, usadas em con- encriptadas e/ou assinadas digitalmente. Desta forma os e-
junto, fornecem a comprovação da identidade. É uma versão -mails não podem ser lidos ou adulterados por terceiros du-
eletrônica (digital) de algo parecido a uma Cédula de Identi- rante o seu trânsito entre a máquina do remetente e a do
dade - serve como prova de identidade, reconhecida diante destinatário. Além disso, o destinatário tem a garantia da
de qualquer situação onde seja necessária a comprovação de identidade de quem enviou o e-mail.
identidade. O Form Signing é uma tecnologia que permite que os
O Certificado Digital pode ser usado em uma grande va- usuários emitam recibos online com seus certificados digitais.
riedade de aplicações, como comércio eletrônico, groupware Por exemplo: o usuário acessa o seu Internet Banking e solicita
(Intranets e Internet) e transferência eletrônica de fundos. uma transferência de fundos. O sistema do banco, antes de
Dessa forma, um cliente que compre em um shopping fazer a operação, pede que o usuário assine com seu certifi-
virtual, utilizando um Servidor Seguro, solicitará o Certificado cado digital um recibo confirmando a operação. Esse recibo
de Identidade Digital deste Servidor para verificar: a identida- pode ser guardado pelo banco para servir como prova, caso o
de do vendedor e o conteúdo do Certificado por ele apresen- cliente posteriormente negue ter efetuado a transação.

127
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O Authenticode e o Object Signing são tecnologias Dependendo da informação ela pode ser usada como ob-
que permitem que um desenvolvedor de programas de jeto de chantagem. Abaixo exemplos de Divulgação:
computador assine digitalmente seu software. Assim, ao baixar • Expor informações em mensagens de erro;
um software pela Internet, o usuário tem certeza da identidade • Expor código em sites.
do fabricante do programa e que o software se manteve íntegro
durante o processo de download. Os certificados digitais se Negação de Serviço (DoS) (Denial of Service, DoS)
dividem em basicamente dois formatos: os certificados de uso A forma mais conhecida de ataque que consiste na per-
geral (que seriam equivalentes a uma carteira de identidade) turbação de um serviço, devido a danos físicos ou lógicos cau-
e os de uso restrito (equivalentes a cartões de banco, carteiras sados no sistema que o suportam. Para provocar um DoS, os
de clube etc.). Os certificados de uso geral são emitidos atacantes disseminam vírus, geram grandes volumes de tráfe-
diretamente para o usuário final, enquanto que os de uso go de forma artificial, ou muitos pedidos aos servidores que
restrito são voltados basicamente para empresas ou governo. causam subcarga e estes últimos ficam impedidos de proces-
Integridade: Medida em que um serviço/informação é sar os pedidos normais.
genuino, isto é, esta protegido contra a personificação por in- O objetivo deste ataque é parar algum serviço. Exemplo:
trusos. • “Inundar” uma rede com pacotes SYN (Syn-Flood);
Honeypot: É o nome dado a um software, cuja função é • “Inundar” uma rede com pacotes ICPM forçados.
detectar ou de impedir a ação de um cracker, de um spammer, O alvo deste tipo de ataque pode ser um Web Server con-
ou de qualquer agente externo estranho ao sistema, enganan- tendo o site da empresa, ou até mesmo “inundar” o DHCP Ser-
do-o, fazendo-o pensar que esteja de fato explorando uma ver Local com solicitações de IP, fazendo com que nenhuma
vulnerabilidade daquele sistema. estação com IP dinâmico obtenha endereço IP.
AMEAÇAS À SEGURANÇA Elevação de Privilégios
Ameaça é algo que oferece um risco e tem como foco Acontece quando o usuário mal-intencionado quer exe-
algum ativo. Uma ameaça também pode aproveitar-se de al- cutar uma ação da qual não possui privilégios administrativos
guma vulnerabilidade do ambiente. suficientes:
Identificar Ameaças de Segurança – Identificar os Tipos • Explorar saturações do buffer para obter privilégios do
de Ataques é a base para chegar aos Riscos. Lembre-se que sistema;
existem as prioridades; essas prioridades são os pontos que • Obter privilégios de administrador de forma ilegítima.
podem comprometer o “Negócio da Empresa”, ou seja, o que Este usuário pode aproveitar-se que o Administrador da
é crucial para a sobrevivência da Empresa é crucial no seu pro- Rede efetuou logon numa máquina e a deixou desbloqueada,
jeto de Segurança.
e com isso adicionar a sua própria conta aos grupos Domain
Abaixo temos um conjunto de ameaças, chamado de
Admins, e Remote Desktop Users. Com isso ele faz o que qui-
FVRDNE:
ser com a rede da empresa, mesmo que esteja em casa.
Falsificação
Quem pode ser uma ameaça?
Falsificação de Identidade é quando se usa nome de usuá-
rio e senha de outra pessoa para acessar recursos ou executar Quem ataca a rede/sistema são agentes maliciosos, mui-
tarefas. Seguem dois exemplos: tas vezes conhecidos como crackers, (hackers não são agentes
• Falsificar mensagem de e-mail; maliciosos, tentam ajudar a encontrar possíveis falhas). Estas
• Executar pacotes de autenticação. pessoas são motivadas para fazer esta ilegalidade por vários
Um ataque de Falsificação pode ter início em um PostIt motivos. Os principais motivos são: notoriedade, autoestima,
com sua senha, grudado no seu monitor. vingança e o dinheiro. É sabido que mais de 70% dos ataques
Violação partem de usuários legítimos de sistemas de informação (In-
A Violação ocorre quando os dados são alterados: siders) -- o que motiva corporações a investir largamente em
• Alterar dados durante a transmissão; controles de segurança para seus ambientes corporativos (in-
• Alterar dados em arquivos. tranet).
É necessário identificar quem pode atacar a minha rede, e
Repudiação qual a capacidade e/ou objetivo desta pessoa.
A Repudiação talvez seja uma das últimas etapas de um • Principiante – não tem nenhuma experiência em progra-
ataque bem sucedido, pois é o ato de negar algo que foi fei- mação e usa ferramentas de terceiros. Geralmente não tem
to. Isso pode ser feito apagando as entradas do Log após um noção do que está fazendo ou das consequências daquele ato.
acesso indevido. Exemplos: • Intermediário – tem algum conhecimento de progra-
• Excluir um arquivo crítico e negar que excluiu; mação e utiliza ferramentas usadas por terceiros. Esta pessoa
• Comprar um produto e mais tarde negar que comprou. pode querer algo além de testar um “Programinha Hacker”.
• Avançado – Programadores experientes, possuem co-
Divulgação nhecimento de Infraestrutura e Protocolos. Podem realizar
A Divulgação das Informações pode ser tão grave e/ou ataques estruturados. Certamente não estão só testando os
custar tão caro quanto um ataque de “Negação de Serviço”, seus programas.
pois informações que não podiam ser acessadas por terceiros, Estas duas primeiras pessoas podem ser funcionários da
agora estão sendo divulgadas ou usadas para obter vantagem empresa, e provavelmente estão se aproveitando de alguma
em negócios. vulnerabilidade do seu ambiente.

128
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

VULNERABILIDADES Algumas normas definem aspectos que devem ser levados


Os ataques com mais chances de dar certo são aqueles em consideração ao elaborar políticas de segurança. Entre essas
que exploram vulnerabilidades, seja ela uma vulnerabilidade normas estão a BS 7799 (elaborada pela British Standards Insti-
do sistema operacional, aplicativos ou políticas internas. tution) e a NBR ISO/IEC 17799 (a versão brasileira desta primeira).
Veja algumas vulnerabilidades: Existem duas filosofias por trás de qualquer política de se-
• Roubo de senhas – Uso de senhas em branco, senhas gurança: a proibitiva (tudo que não é expressamente permitido
previsíveis ou que não usam requisitos mínimos de complexi- é proibido) e a permissiva (tudo que não é proibido é permitido).
dade. Deixar um Postit com a sua senha grudada no monitor Enfim, implantar Segurança em um ambiente não depende
é uma vulnerabilidade. só da Tecnologia usada, mas também dos Processos utilizados
• Software sem Patches – Um gerenciamento de Service na sua implementação e da responsabilidade que as Pessoas
Packs e HotFixes mal feito é uma vulnerabilidade comum. Veja têm neste conjunto. Estar atento ao surgimento de novas tec-
casos como os ataques do Slammer e do Blaster, sendo que nologias não basta, é necessário entender as necessidades do
suas respectivas correções já estavam disponíveis bem antes ambiente, e implantar políticas que conscientizem as pessoas a
dos ataques serem realizados. trabalhar de modo seguro.
• Configuração Incorreta – Aplicativos executados com Seu ambiente nunca estará seguro, não imagine que insta-
contas de Sistema Local, e usuários que possuem permissões lando um bom Antivírus você elimina as suas vulnerabilidades
acima do necessário. ou diminui a quantidade de ameaças. É extremamente necessá-
• Engenharia Social – O Administrador pode alterar uma rio conhecer o ambiente e fazer um estudo, para depois poder
senha sem verificar a identidade da chamada. implementar ferramentas e soluções de segurança.
• Segurança fraca no Perímetro – Serviços desnecessários,
portas não seguras. Firewall e Roteadores usados incorretamente. NOÇÕES BÁSICAS A RESPEITO DE VÍRUS DE COMPU-
• Transporte de Dados sem Criptografia – Pacotes de au- TADOR
tenticação usando protocolos de texto simples, dados impor-
tantes enviados em texto simples pela Internet. DEFINIÇÃO E PROGRAMAS ANTIVÍRUS
Identifique, entenda como explorá-las e mesmo que não
O que são vírus de computador?
seja possível eliminá-las, monitore e gerencie o risco de suas
Os vírus representam um dos maiores problemas para
vulnerabilidades.
usuários de computador.
Nem todos os problemas de segurança possuem uma
Consistem em pequenos programas criados para causar
solução definitiva, a partir disso inicia-se o Gerenciamento de
algum dano ao computador infectado, seja apagando dados,
Risco, analisando e balanceando todas as informações sobre
seja capturando informações, seja alterando o funcionamento
Ativos, Ameaças, Vulnerabilidades, probabilidade e impacto.
normal da máquina. Os usuários dos sistemas operacionais
NÍVEL DE SEGURANÇA Windows são vítimas quase que exclusivas de vírus, já que
Depois de identificado o potencial de ataque, as orga- os sistemas da Microsoft são largamente usados no mundo
nizações têm que decidir o nível de segurança a estabelecer todo. Existem vírus para sistemas operacionais Mac e os ba-
para um rede ou sistema os recursos físicos e lógicos a ne- seados em Unix, mas estes são extremamente raros e costu-
cessitar de proteção. No nível de segurança devem ser quan- mam ser bastante limitados. Esses “programas maliciosos” re-
tificados os custos associados aos ataques e os associados à ceberam o nome vírus porque possuem a característica de se
implementação de mecanismos de proteção para minimizar a multiplicar facilmente, assim como ocorre com os vírus reais,
probabilidade de ocorrência de um ataque . ou seja, os vírus biológicos. Eles se disseminam ou agem por
meio de falhas ou limitações de determinados programas, se
POLÍTICAS DE SEGURANÇA espalhando como em uma infecção.
De acordo com o RFC 2196 (The Site Security Handbook), Para contaminarem os computadores, os vírus antiga-
uma política de segurança consiste num conjunto formal de mente usavam disquetes ou arquivos infectados. Hoje, os
regras que devem ser seguidas pelos usuários dos recursos de vírus podem atingir em poucos minutos milhares de compu-
uma organização. tadores em todo mundo. Isso tudo graças à Internet. O mé-
As políticas de segurança devem ter implementação rea- todo de propagação mais comum é o uso de e-mails, onde o
lista, e definir claramente as áreas de responsabilidade dos vírus usa um texto que tenta convencer o internauta a clicar
usuários, do pessoal de gestão de sistemas e redes e da di- no arquivo em anexo. É nesse anexo que se encontra o ví-
reção. Deve também adaptar-se a alterações na organização. rus. Os meios de convencimento são muitos e costumam ser
As políticas de segurança fornecem um enquadramento para bastante criativos. O e-mail (e até o campo assunto da men-
a implementação de mecanismos de segurança, definem pro- sagem) costuma ter textos que despertam a curiosidade do
cedimentos de segurança adequados, processos de auditoria internauta. Muitos exploram assuntos eróticos ou abordam
à segurança e estabelecem uma base para procedimentos le- questões atuais. Alguns vírus podem até usar um remetente
gais na sequência de ataques. falso, fazendo o destinatário do e-mail acreditar que se trata
O documento que define a política de segurança deve de uma mensagem verdadeira. Muitos internautas costumam
deixar de fora todos os aspetos técnicos de implementação identificar e-mails de vírus, mas os criadores destas “pragas
dos mecanismos de segurança, pois essa implementação digitais” podem usar artifícios inéditos que não poupam nem
pode variar ao longo do tempo. Deve ser também um docu- o usuário mais experiente.
mento de fácil leitura e compreensão, além de resumido.

129
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

O computador (ou, melhor dizendo, o sistema operacional), em consideração, também, que a maioria dos antivírus faz a sua
por si só, não tem como detectar a existência deste programi- detecção e os classificam como tal. A expressão “Trojan” deve
nha. Ele não é referenciado em nenhuma parte dos seus arqui- ser usada, exclusivamente, como definição para programas que
vos, ninguém sabe dele, e ele não costuma se mostrar antes do capturam dados sem o conhecimento do usuário.
ataque fatal. O Cavalo de Tróia é um programa que se aloca como um
Em linhas gerais, um vírus completo (entenda-se por com- arquivo no computador da vítima. Ele tem o intuito de roubar
pleto o vírus que usa todas as formas possíveis de contaminar e informações como passwords, logins e quaisquer dados, sigi-
se ocultar) chega até a memória do computador de duas formas. losos ou não, mantidos no micro da vítima. Quando a máquina
A primeira e a mais simples é a seguinte: em qualquer disco contaminada por um Trojan conectar-se à Internet, poderá ter
(tanto disquete quanto HD) existe um setor que é lido primeiro todas as informações contidas no HD visualizadas e capturadas
pelo sistema operacional quando o computador o acessa. Este por um intruso qualquer. Estas visitas são feitas imperceptivel-
setor identifica o disco e informa como o sistema operacional mente. Só quem já esteve dentro de um computador alheio
(SO) deve agir. O vírus se aloja exatamente neste setor, e espera sabe as possibilidades oferecidas.
que o computador o acesse.
A partir daí ele passa para a memória do computador e Worm
entra na segunda fase da infecção. Mas antes de falarmos da Os worms (vermes) podem ser interpretados como um
segunda fase, vamos analisar o segundo método de infecção: o tipo de vírus mais inteligente que os demais. A principal di-
vírus se agrega a um arquivo executável (fica pendurado mes- ferença entre eles está na forma de propagação: os worms
mo nesse arquivo). Acessar o disco onde este arquivo está não podem se propagar rapidamente para outros computadores,
é o suficiente para se contaminar. É preciso executar o arquivo seja pela Internet, seja por meio de uma rede local. Geralmen-
contaminado. O vírus se anexa, geralmente, em uma parte do te, a contaminação ocorre de maneira discreta e o usuário só
arquivo onde não interfira no seu funcionamento (do arquivo), nota o problema quando o computador apresenta alguma
pois assim o usuário não vai perceber nenhuma alteração e vai anormalidade. O que faz destes vírus inteligentes é a gama
continuar usando o programa infectado. O vírus, após ter sido de possibilidades de propagação. O worm pode capturar
executado, fica escondido agora na memória do computador, endereços de e-mail em arquivos do usuário, usar serviços
e imediatamente infecta todos os discos que estão ligados ao de SMTP (sistema de envio de e-mails) próprios ou qualquer
computador, colocando uma cópia de si mesmo no tal setor que outro meio que permita a contaminação de computadores
é lido primeiro (chamado setor de boot), e quando o disco for (normalmente milhares) em pouco tempo.
transferido para outro computador, este ao acessar o disco con-
taminado (lendo o setor de boot), executará o vírus e o alocará Spywares, keyloggers e hijackers
na sua memória, o que por sua vez irá infectar todos os discos Apesar de não serem necessariamente vírus, estes três
utilizados neste computador, e assim o vírus vai se alastrando. nomes também representam perigo. Spywares são progra-
Os vírus que se anexam a arquivos infectam também todos mas que ficam “espionando” as atividades dos internautas
os arquivos que estão sendo ou e serão executados. Alguns às ou capturam informações sobre eles. Para contaminar um
vezes re-contaminam o mesmo arquivo tantas vezes e ele fica computador, os spywares podem vir embutidos em softwares
tão grande que passa a ocupar um espaço considerável (que é desconhecidos ou serem baixados automaticamente quando
sempre muito precioso) em seu disco. Outros, mais inteligentes, o internauta visita sites de conteúdo duvidoso.
se escondem entre os espaços do programa original, para não Os keyloggers são pequenos aplicativos que podem vir
dar a menor pista de sua existência. embutidos em vírus, spywares ou softwares suspeitos, desti-
Cada vírus possui um critério para começar o ataque pro- nados a capturar tudo o que é digitado no teclado. O objetivo
priamente dito, onde os arquivos começam a ser apagados, o principal, nestes casos, é capturar senhas.
micro começa a travar, documentos que não são salvos e várias Hijackers são programas ou scripts que “sequestram”
outras tragédias. Alguns apenas mostram mensagens chatas, navegadores de Internet, principalmente o Internet Explo-
outros mais elaborados fazem estragos muitos grandes. rer. Quando isso ocorre, o hijacker altera a página inicial do
browser e impede o usuário de mudá-la, exibe propagandas
TIPOS em pop-ups ou janelas novas, instala barras de ferramentas
Cavalo-de-Tróia no navegador e podem impedir acesso a determinados sites
A denominação “Cavalo de Tróia” (Trojan Horse) foi atribuí- (como sites de software antivírus, por exemplo).
da aos programas que permitem a invasão de um computador Os spywares e os keyloggers podem ser identificados
alheio com espantosa facilidade. Nesse caso, o termo é análogo por programas anti-spywares. Porém, algumas destas pragas
ao famoso artefato militar fabricado pelos gregos espartanos. são tão perigosas que alguns antivírus podem ser preparados
Um “amigo” virtual presenteia o outro com um “presente de para identificá-las, como se fossem vírus. No caso de hijackers,
grego”, que seria um aplicativo qualquer. Quando o leigo o exe- muitas vezes é necessário usar uma ferramenta desenvolvida
cuta, o programa atua de forma diferente do que era esperado. especialmente para combater aquela praga. Isso porque os hi-
Ao contrário do que é erroneamente informado na mídia, jackers podem se infiltrar no sistema operacional de uma for-
que classifica o Cavalo de Tróia como um vírus, ele não se repro- ma que nem antivírus nem anti-spywares conseguem “pegar”.
duz e não tem nenhuma comparação com vírus de computa-
dor, sendo que seu objetivo é totalmente diverso. Deve-se levar

130
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Hoaxes, o que são? livres de vírus. Salve-os em um diretório e passe um programa


São boatos espalhados por mensagens de correio eletrô- antivírus atualizado. Só depois abra o arquivo.
nico, que servem para assustar o usuário de computador. Uma Cuidados que se deve tomar com mensagens de correio
mensagem no e-mail alerta para um novo vírus totalmente eletrônico – Como já foi falado, simplesmente ler a mensagem
destrutivo que está circulando na rede e que infectará o micro não causa qualquer problema. No entanto, se a mensagem
do destinatário enquanto a mensagem estiver sendo lida ou contém anexos (ou attachments, em Inglês), é preciso cuida-
quando o usuário clicar em determinada tecla ou link. Quem do. O anexo pode ser um arquivo executável (programa) e,
cria a mensagem hoax normalmente costuma dizer que a in- portanto, pode estar contaminado. A não ser que você tenha
formação partiu de uma empresa confiável, como IBM e Mi- certeza absoluta da integridade do arquivo, é melhor ser pre-
crosoft, e que tal vírus poderá danificar a máquina do usuário. cavido e suspeitar. Não abra o arquivo sem antes passá-lo por
Desconsidere a mensagem. uma análise do antivírus atualizado
Mas se o anexo não for um programa, for um arquivo ape-
FIREWALL nas de texto, é possível relaxar os cuidados?
Firewall é um programa que monitora as conexões feitas Não. Infelizmente, os criadores de vírus são muito ativos,
pelo seu computador para garantir que nenhum recurso do e existem hoje, disseminando-se rapidamente, vírus que con-
seu computador esteja sendo usado indevidamente. São úteis taminam arquivos do MS Word ou do MS Excel. São os cha-
para a prevenção de worms e trojans. mados vírus de macro, que infectam os macros (executáveis)
ANTIVÍRUS destes arquivos. Assim, não abra anexos deste tipo sem prévia
Existe uma variedade enorme de softwares antivírus no verificação.
mercado. Independente de qual você usa, mantenha-o sem- É possível clicar no indicador de anexo para ver do que se
pre atualizado. Isso porque surgem vírus novos todos os dias trata? E como fazer em seguida?
e seu antivírus precisa saber da existência deles para proteger Apenas clicar no indicador (que no MS Outlook Express é
seu sistema operacional. uma imagem de um clip), sim. Mas cuidado para não dar um
A maioria dos softwares antivírus possuem serviços de clique duplo, ou clicar no nome do arquivo, pois se o anexo for
atualização automática. Abaixo há uma lista com os antivírus um programa, será executado. Faça assim:
mais conhecidos: 1- Abra a janela da mensagem (em que o anexo aparece
Norton AntiVirus - Symantec - www.symantec.com.br - como um ícone no rodapé);
Possui versão de teste. 2- Salve o anexo em um diretório à sua escolha, o que
McAfee - McAfee - http://www.mcafee.com.br - Possui pode ser feito de dois modos:
versão de teste. a) clicar o anexo com o botão direito do mouse e em se-
AVG - Grisoft - www.grisoft.com - Possui versão paga e guida clicar em “Salvar como...”;
outra gratuita para uso não comercial (com menos funciona- b) sequência de comandos: Arquivo / Salvar anexos...
lidades). 3- Passe um antivírus atualizado no anexo salvo para se
Panda Antivírus - Panda Software - www.pandasoftware. certificar de que este não está infectado.
com.br - Possui versão de teste. Riscos dos “downloads”- Simplesmente baixar o progra-
É importante frisar que a maioria destes desenvolvedores ma para o seu computador não causa infecção, seja por FTP,
possuem ferramentas gratuitas destinadas a remover vírus ICQ, ou o que for. Mas de modo algum execute o programa
específicos. Geralmente, tais softwares são criados para (de qualquer tipo, joguinhos, utilitários, protetores de tela, etc.)
combater vírus perigosos ou com alto grau de propagação. sem antes submetê-lo a um bom antivírus.

PROTEÇÃO O que acontece se ocorrer uma infecção?


A melhor política com relação à proteção do seu com- Você ficará à mercê de pessoas inescrupulosas quando
putador contra vírus é possuir um bom software antivírus estiver conectado à Internet. Elas poderão invadir seu compu-
original instalado e atualizá-lo com frequência, pois surgem tador e realizar atividades nocivas desde apenas ler seus ar-
vírus novos a cada dia. Portanto, a regra básica com relação quivos, até causar danos como apagar arquivos, e até mesmo
a vírus (e outras infecções) é: Jamais execute programas que roubar suas senhas, causando todo o tipo de prejuízos.
não tenham sido obtidos de fontes absolutamente confiáveis.
O tema dos vírus é muito extenso e não se pode pretender Como me proteger?
abordá-lo aqui senão superficialmente, para dar orientações Em primeiro lugar, voltemos a enfatizar a atitude básica de
essenciais. Vamos a algumas recomendações. evitar executar programas desconhecidos ou de origem duvi-
Os processos mais comuns de se receber arquivos são dosa. Portanto, mais uma vez, Jamais execute programas que
como anexos de mensagens de e-mail, através de programas não tenham sido obtidos de fontes absolutamente confiáveis.
de FTP, ou por meio de programas de comunicação, como o Além disto, há a questão das senhas. Se o seu micro esti-
ICQ, o NetMeeting, etc. ver infectado outras pessoas poderiam acessar as suas senhas.
Note que: E troca-las não seria uma solução definitiva, pois os invasores
Não existem vírus de e-mail. O que existem são vírus es- poderiam entrar no seu micro outra vez e rouba-la novamente.
condidos em programas anexados ao e-mail. Você não infecta Portanto, como medida extrema de prevenção, o melhor mes-
seu computador só de ler uma mensagem de correio eletrô- mo é NÃO DEIXAR AS SENHAS NO COMPUTADOR. Isto quer
nico escrita em formato texto (.txt). Mas evite ler o conteúdo dizer que você não deve usar, ou deve desabilitar, se já usa, os
de arquivos anexados sem antes certificar-se de que eles estão recursos do tipo “lembrar senha”. Eles gravam sua senha para

131
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

evitar a necessidade de digitá-la novamente. Só que, se a sua 2- Fazer uma cópia e apagar o original. Isso também não
senha está gravada no seu computador, ela pode ser lida por é backup, por motivos óbvios.
um invasor. Atualmente, é altamente recomendável que você Procure utilizar arquivos compactados apenas como ba-
prefira digitar a senha a cada vez que faz uma conexão. Abra ckups secundários, como imagens que geralmente ocupam
mão do conforto em favor da sua segurança. um espaço muito grande.

PROCEDIMENTOS DE BACKUP Copiando Arquivos de um Disco Rígido (H.D.) para


Existem muitas maneiras de perder informações em um um Dispositivo (Fazendo Backup)
computador involuntariamente. Uma criança usando o teclado • Clique no botão “Iniciar” (canto inferior esquerdo);
como se fosse um piano, uma queda de energia, um relâmpa- • Escolha “Programas”; e no menu que abre escolha “Win-
go, inundações. E algumas vezes o equipamento simplesmen- dows Explorer”.
te falha. Em modos gerais o backup é uma tarefa essencial para • O Windows Explorer é dividido em duas partes. Do lado
todos os que usam computadores e / ou outros dispositivos, esquerdo são exibidas as pastas (diretórios) e do lado direito
tais como máquinas digitais de fotografia, leitores de MP3, etc. o conteúdo das pastas;
O termo backup também pode ser utilizado para hardwa- • Para ver o conteúdo de uma pasta clique uma vez sobre
re significando um equipamento para socorro (funciona como a pasta desejada (no lado esquerdo), e ele será exibido do
um pneu socorro do veículo) pode ser uma impressora, cpu ou lado direito.
monitor etc.. que servirá para substituir temporariamente um • Para ver o conteúdo de uma subpasta (uma pasta den-
desses equipamentos que estejam com problemas. tro de outra pasta) clique duas vezes sobre a pasta desejada
Atualmente os mais conhecidos meios de backups são: do lado direito do “Windows Explorer”;
CD-ROM, DVD e Disco Rígido Externo, pendrives e fitas mag- • Depois de visualizar os arquivos ou pastas que se dese-
néticas. Na prática existem inúmeros softwares para criação de ja copiar no lado direito do “Windows Explorer”, selecione-os
backups e a posterior reposição. Como por exemplo o Norton (clicando sobre o arquivo ou pasta, este ficará destacado);
Ghost da Symantec. • Clique com o botão direito do mouse sobre o arquivo
Se você costuma fazer cópias de backup dos seus arquivos “Copiar”;
regularmente e os mantêm em um local separado, você pode • Clique na unidade correspondente ao dispositivo no
obter uma parte ou até todas as informações de volta caso lado esquerdo do “Windows Explorer”;
algo aconteça aos originais no computador. • Clique com o botão direito do mouse no espaço em
A decisão sobre quais arquivos incluir no backup é muito branco do lado direito, e escolha “Colar”;
pessoal. Tudo aquilo que não pode ser substituído facilmente
Selecionando Vários Arquivos
deve estar no topo da sua lista. Antes de começar, faça uma
• Para selecionar vários arquivos ou pastas, após selecio-
lista de verificação de todos os arquivos a serem incluídos no
nar o primeiro segure a tecla “Ctrl” e clique nos outros arqui-
backup. Isso o ajudará a determinar o que precisa de backup,
vos ou pastas desejadas. Todos os arquivos (ou pastas) sele-
além de servir de lista de referência para recuperar um arquivo
cionados ficarão destacados.
de backup.
Eis algumas sugestões para ajudá-lo a começar: Fazendo Backup do seu Outlook
• Dados bancários e outras informações financeiras Todos sabem do risco que é não termos backup dos nos-
• Fotografias digitais sos dados, e dentre eles se inclui as informações que guarda-
• Software comprado e baixado através da Internet mos no OUTLOOK.
• Projetos pessoais Já imaginou ter que entrar com todos os contatos nova-
• Seu catálogo de endereços de e-mail mente? E seus compromissos no calendário? Pior, como é que
• Seu calendário do Microsoft Outlook vai recuperar as mensagens de e-mail que você tinha guar-
• Seus favoritos do Internet Explorer dado?
Como fazer o backup das informações do Outlook, não é
O detalhe mais importante antes de fazer um backup é uma atividade muito simples (pelo menos não há nele nada
formatar o dispositivo. Isso pode ser feito clicando com o bo- automatizado), listamos aqui algumas maneiras de executar
tão direito do mouse sobre o ícone do dispositivo, dentro do este backup e se garantir contra qualquer problema! Exemplo
ícone “Meu Computador” e selecionar a opção formatar. para Outlook.
Para ter certeza que o dispositivo não está danificado, 1 - Copie todas as mensagens para uma pasta separada
escolha a formatação completa, que verificará cada setor do (com isso você terá feito o backup das mensagens)
disquete e mostrará para você se o disquete tem algum dano. 2 - Vá em Ferramentas -> Contas lá selecione todas as
Sempre que um disquete tiver problemas, não copie arquivos contas que deseja salvar e selecione Exportar. Cada conta será
de backups para ele. salva com a extensão (IAF) na pasta que você quiser.
Bem, agora que você já sabe fazer cópias de segurança, 3 - Para exportar todos os seus contatos, abra o seu catá-
conheça os dois erros mais banais que você pode cometer e logo de endereços do seu Outlook, então clique em Arquivo
tornar o seu backup inútil: -> Exportar -> Catálogo de endereços (WAB). Com esse pro-
1- Fazer uma cópia do arquivo no mesmo disco. Isso não cedimento todos os seus contatos serão armazenados num
é backup, pois se acontecer algum problema no disco você vai arquivo de extensão (WAB) com o nome que você quiser e na
perder os dois arquivos. pasta que você quiser.

132
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

4 - Para as assinaturas é simples, basta copiar o conteúdo bido. Você pode marcar a unidade de backup ao localizá-la no
de cada assinatura que você utiliza em arquivos de texto (TXT) ícone “Meu Computador”, ou seja, como uma das unidades do
separados. Depois você poderá utilizar as suas assinaturas a Windows Explorer.
partir dos arquivos que criou. Isso é tudo. Não se esqueça de verificar o backup para se
5 - Para as regras (ou filtros), você deverá ir em Ferramen- certificar que ele coube na unidade de backup e o mantenha
tas -> Assistente de Regras -> Clicar em OPÇÕES -> Clicar em protegido.
Exportar Regras. Será salvo um arquivo com a extensão RWZ.
Fazer todos esses procedimentos é mais trabalhoso, porém Utilizando a ferramenta inclusa no Windows XP Pro-
muito mais seguro. fessional.
Outra solução, é utilizar programas específicos para ba- Se você trabalha com o Windows XP Professional, você dis-
ckup do Outlook. põe de uma ferramenta muito útil que se encarrega de fazer os
backups que você marcar. Siga estes passos para utilizá-la:
MEIOS DISPONÍVEIS PARA BACKUPS EM ARMAZENA- 1. Clique em “Iniciar” e depois em “Todos os Programas”. 2.
MENTO EXTERNO Dentro de “Acessórios”, aponte para “Ferramentas de Sistema”.
Entende-se por armazenamento externo qualquer meca- 3. Escolha a opção “Backup”.
nismo que não se encontre dentro do seu PC. Existem várias Se for a primeira vez que você utiliza essa ferramenta,
opções, e apresentamos uma tabela com os mais comuns, van- aparecerá o “Assistente de backup ou restauração”. Clique em
tagens e desvantagens: Avançar e siga as instruções na tela. Se você deseja um guia
passo a passo de como usar essa ferramenta, pode obtê-lo em
CD-RW Backup do Windows XP Facilitado (em inglês).
É um CD em que pode guardar/gravar suas informações. Sugestão: Se você não sabe qual versão de sistema opera-
Arquivos realmente preciosos que precisam ser guardados cional utiliza, dê um clique com o botão direito sobre o ícone
com 100% de certeza de que não sofrerão danos com o passar “Meu Computador” e escolha “Propriedades”. Dentro da guia
do tempo devem ser becapeados em CDs. A maioria dos “Sistema” você encontrará a versão do seu sistema operacional.
computadores atuais inclui uma unidade para gravar em CD-RW.
O CD-ROM é a forma mais segura de fazer grandes backups. Para utilizar a ferramenta de backups no Windows XP
Cada CD armazena até 700 Mb e, por ser uma mídia ótica, onde Home Edition
os dados são gravados de maneira física, é muito mais confiável Se seu PC tem o Windows XP Home Edition, você precisa
que mídias magnéticas sujeitas a interferências elétricas. adicionar a ferramenta de backups que vem no seu CD original
seguindo estes passos:
DVD-RW
1. Insira o CD do Windows XP (ou o que veio com seu equi-
A capacidade de armazenamento é muito maior, normal-
pamento se ele foi pré-carregado) na unidade de CD. Se a tela
mente entre 4 e 5 gibabytes.
de apresentação não aparecer, dê um clique duplo sobre o íco-
ne da unidade de CD dentro de “Meu Computador”.
Pen Drive
2. Na tela de apresentação, escolha a opção “Executar ta-
São dispositivos bastante pequenos que se conectam a
uma porta USB do seu equipamento. refas adicionais”.
São muito portáteis, frequentemente são do tipo “chavei- 3. Clique em “Explorar este CD”.
ro”, ideais para backups rápidos e para mover arquivos entre 4. O Windows Explorer se abrirá. Localize a pasta “ValueA-
máquinas. dd” e dê um clique duplo sobre ela, depois em Msft e depois
Você deve escolher um modelo que não seja muito frágil. em NtBackup.
5. Agora, dê um clique duplo sobre o arquivo NtBackup.
HD Externo msi para instalar a ferramenta de backup.
O HD externo funciona como um periférico, como se fosse Nota: Ao terminar a instalação, é provável que seja solicita-
um Pen Drive, só que com uma capacidade infinitamente maior. do que você reinicie seu equipamento.
Para utilizar a ferramenta, siga estes passos:
Backups utilizando o Windows 1. Clique em “Iniciar” e depois em “Todos os Programas”.
Fazer backups de sua informação não tem que ser um tra- 2. Dentro de “Acessórios”, aponte para “Ferramentas de
balho complicado. Você pode simplesmente recorrer ao mé- Sistema”.
todo Copiar e Colar, ou seja, aproveitar as ferramentas depen- 3. Escolha a opção “backup”.
dendo da versão do Sistema Operacional (Windows, Linux, etc.)
que você utiliza. Se for a primeira vez que você utiliza essa ferramenta,
aparecerá o “Assistente de backup ou restauração”. Clique em
Cópias Manuais Avançar e siga as instruções na tela. Se você deseja um guia
Você pode fazer backups da sua informação com estes passo a passo de como usar essa ferramenta, pode obtê-lo em
passos simples: Backup do Windows XP Facilitado (em inglês).
1. Clique com o botão direito sobre o arquivo ou pasta de Sugestão: Se você não sabe qual versão de sistema opera-
que seja fazer backup e depois clique na opção “Copiar” no cional utiliza, dê um clique com o botão direito sobre o ícone
menu exibido. 2. Agora marque a unidade de backup, clique “Meu Computador” e escolha “Propriedades”. Dentro da guia
com o botão direito sobre ela e escolha “Colar” no menu exi- “Sistema” você encontrará a versão do seu sistema operacional.

133
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Recomendações para proteger seus backups Arquitetura da computação em nuvem


Fazer backups é uma excelente prática de segurança bási- Quando falamos sobre um sistema de computação em
ca. Agora lhe damos conselhos simples para que você esteja a nuvem, é de grande ajuda dividi-lo em duas seções: o front
salvo no dia em que precisar deles: end e o back end. Eles se conectam através de uma rede, ge-
1. Tenha seus backups fora do PC, em outro escritório, e, se ralmente a Internet. O front end é o lado que o usuário do
for possível, em algum recipiente à prova de incêndios, como computador, ou cliente, vê. O back end é a seção “nuvem”
os cofres onde você guarda seus documentos e valores im- do sistema.
portantes. O front end inclui o computador do cliente (ou rede de
2. Faça mais de uma cópia da sua informação e as mante- computadores) e a aplicação necessária para acessar o sis-
nha em lugares separados. tema de computação em nuvem. Nem todos os sistemas
3. Estabeleça uma idade máxima para seus backups, é me- de computação em nuvem tem a mesma interface para o
lhor comprimir os arquivos que já sejam muito antigos (quase usuário. Serviços baseados na Web, como programas de e-
todos os programas de backup contam com essa opção), as- -mail, aproveitam navegadores de internet já existentes,
sim você não desperdiça espaço útil. como o Internet Explorer e o Firefox. Outros sistemas têm
4. Proteja seus backups com uma senha, de maneira que aplicações próprias que fornecem acesso à rede aos clientes.
sua informação fique criptografada o suficiente para que nin- No back end do sistema estão vários computadores, servi-
guém mais possa acessá-la. Se sua informação é importante dores e sistemas de armazenamento de dados que criam a
para seus entes queridos, implemente alguma forma para que “nuvem” de serviços de computação. Na teoria, um sistema
eles possam saber a senha se você não estiver presente. de computação em nuvem inclui praticamente qualquer pro-
grama de computador que você possa imaginar, do proces-
Computação em nuvem samento de dados aos videogames. Cada aplicação tem seu
Vamos dizer que você é um executivo de uma grande próprio servidor dedicado.
empresa. Suas responsabilidades incluem assegurar que to- Um servidor central administra o sistema, monitorando
dos os seus empregados tenham o software e o hardware de o tráfego e as demandas do cliente para assegurar que tudo
que precisam para fazer seu trabalho. Comprar computadores
funcione tranquilamente. Ele segue um conjunto de regras
para todos não é suficiente - você também tem de comprar
chamadas protocolos e usa um tipo especial de software cha-
software ou licenças de software para dar aos empregados as
mado middleware. O middleware permite que computadores
ferramentas que eles exigem. Sempre que você tem um novo
em rede se comuniquem uns com os outros.
contratado, você tem de comprar mais software ou assegurar
Se uma empresa de computação em nuvem tem muitos
que sua atual licença de software permita outro usuário.  Isso
clientes, é provável que haja uma alta demanda por muito
é tão estressante que você tem dificuldade para dormir todas
espaço de armazenamento. Algumas companhias requerem
as noites.
Breve, deve haver uma alternativa para executivos como centenas de dispositivos de armazenamento digitais. Siste-
você. Em vez de instalar uma suíte de aplicativos em cada mas de computação em nuvem precisam de pelo menos o
computador, você só teria de carregar uma aplicação. Essa dobro do número de dispositivos de armazenamento exigi-
aplicação permitiria aos trabalhadores logar-se em um serviço dos para manter todas as informações dos clientes armaze-
baseado na web que hospeda todos os programas de que o nadas. Isso porque esses dispositivos, assim como todos os
usuário precisa para seu trabalho. Máquinas remotas de outra computadores, ocasionalmente saem do ar. Um sistema de
empresa rodariam tudo - de e-mail a processador de textos e computação em nuvem deve fazer uma cópia de toda a in-
a complexos programas de análise de dados. Isso é chamado formação dos clientes e a armazenar em outros dispositivos.
computação em nuvem e poderia mudar toda a indústria de As cópias habilitam o servidor central a acessar máquinas de
computadores. backup para reter os dados que, de outra forma, poderiam
Em um sistema de computação em nuvem, há uma re- ficar inacessáveis. Fazer cópias de dados como um backup é
dução significativa da carga de trabalho. Computadores locais chamado redundância.
não têm mais de fazer todo o trabalho pesado quando se trata Aplicações da computação em nuvem
de rodar aplicações. Em vez disso, a rede de computadores As aplicações da computação em nuvem são praticamen-
que faz as vezes de nuvem lida com elas. A demanda por har- te ilimitadas. Com o middleware certo, um sistema de com-
dware e software no lado do usuário cai. A única coisa que o putação em nuvem poderia executar todos os programas que
usuário do computador precisa é ser capaz de rodar o soft- um computador normal rodaria. Potencialmente, tudo - do
ware da interface do sistema da computação em nuvem, que software genérico de processamento de textos aos progra-
pode ser tão simples quanto um navegador web, e a rede da mas de computador personalizados para um empresa especí-
nuvem cuida do resto. fica - funcionaria em um sistema de computação em nuvem.
Há uma boa chance de você já ter usado alguma forma de Por que alguém iria querer recorrer a outro sistema de
computação em nuvem. Se você tem um conta de e-mail com computador para rodar programas e armazenar dados? Aqui
um serviço baseado na web, como Hotmail, Yahoo! ou Gmail, estão algumas razões:
então você já teve experiência com computação em nuvem. Clientes poderiam acessar suas aplicações e dados de
Em vez de rodar um programa de e-mail no seu computador, qualquer lugar e a qualquer hora. Eles poderiam acessar o sis-
você se loga numa conta de e-mail remotamente pela web. O tema usando qualquer computador conectado à internet. Os
software e o armazenamento da sua conta não existem no seu dados não estariam confinados em um disco rígido no com-
computador - estão na nuvem de computadores do serviço.  putador do usuário ou mesmo na rede interna da empresa.

134
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Ela reduziria os custos com hardware. Sistemas de com- Privacidade é um outro assunto. Se um cliente pode logar-
putação em nuvem reduziriam a necessidade de hardware -se de qualquer local para acessar aplicações, é possível que a
avançado do lado do cliente. Você não precisaria comprar o privacidade do cliente esteja comprometida. Empresas de com-
computador mais rápido com a maior memória, porque o sis- putação em nuvem vão precisar encontrar formas de proteger
tema de nuvem cuidaria dessas necessidades. Em vez disso, a privacidade do cliente. Uma delas seria usar técnicas de au-
você poderia comprar um terminal de computador baratinho. tenticação, como usuário e senha. Outra forma é empregar um
O terminal poderia incluir teclado, mouse e poder de proces- formato de autorização (níveis de permissionamento) - cada
samento suficiente apenas para conectar seu computador  à usuário acessa apenas os dados e as aplicações que são rele-
nuvem. Você também não precisaria de um disco rígido gran- vantes para o seu trabalho.
de, porque você armazenaria toda a sua informaçãp em um Algumas questões a cerca da computação em nuvem são
computador remoto. Esse tipo de terminal é conhecido como mais filosóficas. O usuário ou a empresa que contrata o servi-
“terminal burro”, “thin client” e “zero client”. ços de computação em nuvem é dono dos dados? O sistema
de computação em nuvem, que fornece o espaço de armaze-
Empresas que dependem de computadores têm que ter
namento, é o dono? É possível para uma empresa de compu-
certeza de estar com software certo no lugar para atingir seus
tação em nuvem negar a um cliente o acesso a esses dados?
objetivos. Sistemas de computação em nuvem dão a essas
Várias companhias, empresas de advocacia e universidades
empresas acesso às aplicações para toda a corporação. As
estão debatendo essas e outras questões sobre a natureza da
companhias não têm de comprar um conjunto de softwares computação em nuvem.
ou licenças de software para cada empregado. Em vez disso,  Como a computação em nuvem vai afetar outras indús-
a companhia pagaria uma taxa a uma empresa de computa- trias? Há uma preocupação crescente na indústria de TI sobre
ção em nuvem. como a computação em nuvem poderia afetar os negócios de
Servidores e dispositivos de armazenamento digital ocu- manutenção e reparo de computadores. Se as empresas troca-
pam espaço. Algumas empresas alugam espaço físico para rem para sistemas de computadores simplificados, elas terão
armazenar servidores e bases de dados porque elas não têm poucas necessidades de TI. Alguns experts da indústria acredi-
espaço disponível no local. A computação em nuvem dá a tam que a necessidade por empregos de TI vá migrar de volta
essas empresas a opção de armazenar dados no hardware de para o back end do sistema de computação em nuvem.
terceiros, removendo a necessidade de espaço físico no back
end. Questões Comentadas
Empresas podem economizar dinheiro com suporte téc-
nico. O hardware otimizado poderia, em teoria, ter menos 1- Com relação ao sistema operacional Windows, assi-
problemas que uma rede de máquinas e sistemas operacio- nale a opção correta.
nais heterogêneos. (A) A desinstalação de um aplicativo no Windows deve
Se o back end do sistema de computação em nuvem for ser feita a partir de opção equivalente do Painel de Con-
um sistema de computação em grade, então o cliente pode- trole, de modo a garantir a correta remoção dos arquivos
ria tirar vantagem do poder de processamento de uma rede relacionados ao aplicativo, sem prejuízo ao sistema opera-
inteira. Frequentemente, os cientistas e pesquisadores traba- cional.
lham com cálculos tão complexos que levaria anos para que (B) O acionamento simultâneo das teclas CTRL, ALT e
um computador individual os completasse. Em um sistema DELETE constitui ferramenta poderosa de acesso direto aos
em grade, o cliente poderia  enviar o cálculo para a nuvem diretórios de programas instalados na máquina em uso.
processar. O sistema de nuvem tiraria vantagem do poder de (C) O Windows oferece acesso facilitado a usuários de
processamento de todos os computadores do back end que um computador, pois bastam o nome do usuário e a senha
da máquina para se ter acesso às contas dos demais usuá-
estivessem disponíveis, aumentando significativamente a ve-
rios possivelmente cadastrados nessa máquina.
locidade dos cálculos.
(D) O Windows oferece um conjunto de acessórios
disponíveis por meio da instalação do pacote Office, entre
Preocupações com a computação em nuvem eles, calculadora, bloco de notas, WordPad e Paint.
Talvez as maiores preocupações sobre a computação em (E) O comando Fazer Logoff, disponível a partir do bo-
nuvem sejam segurança e privacidade. A idéia de entregar tão Iniciar do Windows, oferece a opção de se encerrar o
dados importantes para outra empresa preocupa algumas Windows, dar saída no usuário correntemente em uso na
pessoas. Executivos corporativos podem hesitar em tirar van- máquina e, em seguida, desligar o computador.
tagem do sistema de computação em nuvem porque eles não
podem manter a informação de sua companhia guardadas a Comentários: Para desinstalar um programa de forma se-
sete chaves. gura deve-se acessar Painel de Controle / Adicionar ou remover
O contra-argumento a essa posição é que as empresas programas
que oferecem serviços de computação em nuvem vivem de Resposta – Letra A
suas reputações. É benéfico para essas empresas ter medi-
das de segurança confiáveis funcionando. Do contrário, ela 2- Nos sistemas operacionais como o Windows, as in-
perderia todos os seus clientes. Portanto, é de seu interesse formações estão contidas em arquivos de vários formatos,
empregar as técnicas mais avançadas para proteger os dados que são armazenados no disco fixo ou em outros tipos de
de seus clientes. mídias removíveis do computador, organizados em:

135
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

(A) telas. Comentários: temos que D1=SOMA(A1:C1). Quando co-


(B) pastas. piamos uma célula que contém uma fórmula e colamos em
(C) janelas. outra célula, a fórmula mudará ajustando-se à nova posição.
(D) imagens. Veja como saber como ficará a nova fórmula ao ser copiada
(E) programas. de D1 para D3:
Comentários: O Windows Explorer, mostra de forma
bem clara a organização por meio de PASTAS, que nada
mais são do que compartimentos que ajudam a organizar
os arquivos em endereços específicos, como se fosse um
sistema de armário e gavetas.
Resposta: Letra B

3- Um item selecionado do Windows XP pode ser ex-


cluído permanentemente, sem colocá-Lo na Lixeira, pres-
sionando-se simultaneamente as teclas  
(A) Ctrl + Delete.
(B) Shift + End. Agora é só substituir os valores: A fórmula diz para somar
(C) Shift + Delete. todas as células de A3 até C3(dois pontos significam ‘até’),
(D) Ctrl + End. sendo assim teremos que somar A3,  , B3, C3 obtendo-se o
(E) Ctrl + X. resultado 448.
Resposta: C.
Comentário: Quando desejamos excluir permanente-
mente um arquivo ou pasta no Windows sem enviar antes 6- “O correio eletrônico é um método que permite
para a lixeira, basta pressionarmos a tecla Shift em conjunto compor, enviar e receber mensagens através de sistemas
com a tecla Delete. O Windows exibirá uma mensagem do eletrônicos de comunicação”. São softwares gerenciado-
tipo “Você tem certeza que deseja excluir permanentemente
res de email, EXCETO:
este arquivo?” ao invés de “Você tem certeza que deseja en-
A) Mozilla Thunderbird.
viar este arquivo para a lixeira?”.
Resposta: C B) Yahoo Messenger.
C) Outlook Express.
4- Qual a técnica que permite reduzir o tamanho de D) IncrediMail.
arquivos, sem que haja perda de informação? E) Microsoft Office Outlook 2003.
(A) Compactação
(B) Deleção Comentários: Podemos citar vários gerenciadores de
(C) Criptografia e-mail (eletronic mail ou correio eletrônico), mas devemos
(D) Minimização memorizar que os sistemas que trabalham o correio eletrôni-
(E) Encolhimento adaptativo co podem funcionar por meio de um software instalado em
nosso computador local ou por meio de um programa que
Comentários: A compactação de arquivos é uma técnica funciona dentro de um navegador, via acesso por Internet.
amplamente utilizada. Alguns arquivos compactados podem Este programa da Internet, que não precisa ser instalado, e é
conter extensões ZIP, TAR, GZ, RAR e alguns exemplos de pro- chamado de WEBMAIL, enquanto o software local é o geren-
gramas compactadores são o WinZip, WinRar, SolusZip, etc. ciador de e-mail citado pela questão.
Resposta: A Principais Vantagens do Gerenciador de e-mail:
• Pode ler e escrever mensagens mesmo quando está
5- A figura a seguir foi extraída do MS-Excel:
desconectado da Internet;
• Permite armazenar as mensagens localmente (no
computador local);
• Permite utilizar várias caixas de e-mail ao mesmo
tempo;
Maiores Desvantagens:
• Ocupam espaço em disco;
Se o conteúdo da célula D1 for copiado (Ctrl+C) e co- • Compatibilidade com os servidores de e-mail (nem
lado (Ctrl+V) na célula D3, seu valor será: sempre são compatíveis).
(A) 7 A seguir, uma lista de gerenciadores de e-mail (em negri-
(B) 56 to os mais conhecidos e utilizados atualmente):
(C) 448 Microsoft Office Outlook
(D) 511 Microsoft Outlook Express;
(E) uma mensagem de erro Mozilla Thunderbird;

136
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

IcrediMail 8- A respeito dos modos de utilização de aplicativos


Eudora do ambiente MS Office, assinale a opção correta.
Pegasus Mail (A) Ao se clicar no nome de um documento gravado
Apple Mail (Apple) com a extensão .xls a partir do Meu Computador, o Win-
Kmail (Linux) dows ativa o MS Access para a abertura do documento
Windows Mail em tela.
A questão cita o Yahoo Mail, mas este é um WEBMAIL, ou (B) As opções Copiar e Colar, que podem ser obtidas
seja, não é instalado no computador local. Logo, é o gabarito ao se acionar simultaneamente as teclas CTRL + C e CTRL
da questão. + V,respectivamente, estão disponíveis no menu Editar de
Resposta: B. todos os aplicativos da suíte MS Office.
(C) A opção Salvar Como, disponível no menu das
7- Sobre os conceitos de utilização da Internet e cor- aplicações do MS Office, permite que o usuário salve o
reio eletrônico, analise: documento correntemente aberto com outro nome. Nes-
I. A URL digitada na barra de Endereço é usada pelos se caso, a versão antiga do documento é apagada e só a
navegadores da Web (Internet Explorer, Mozilla e Goo- nova versão permanece armazenada no computador.
gle Chrome) para localizar recursos e páginas da Internet (D) O menu Exibir permite a visualização do docu-
(Exemplo: http://www.google.com.br). mento aberto correntemente, por exemplo, no formato
II. Download significa descarregar ou baixar; é a do MS Word para ser aberto no MS PowerPoint.
transferência de dados de um servidor ou computador (E) Uma das vantagens de se utilizar o MS Word é a
remoto para um computador local. elaboração de apresentações de slides que utilizem con-
III. Upload é a transferência de dados de um compu- teúdo e imagens de maneira estruturada e organizada.
tador local para um servidor ou computador remoto.
IV. Anexar um arquivo em mensagem de e-mail signi- Comentários: O menu editar geralmente contém os co-
fica movê-lo definitivamente da máquina local, para en- mandos universais dos programas da Microsoft como é o caso
dos atalhos CTRL + C, CTRL + V, CTRL + X, além do localizar.
vio a um destinatário, com endereço eletrônico.
Em relação às outras letras:
Estão corretas apenas as afirmativas:
Letra A – Incorreto – A extensão .xls abre o aplicativo Excel
A) I, II, III, IV
e não o Access
B) I, II
Letra C – Incorreto – A opção salvar como, cria uma cópia
C) I, II, III
do arquivo corrente e não apaga a sua versão antiga.
D) I, II, IV
Letra D – Incorreto – O menu exibir mostra formas de
E) I, III, IV
exibição do documento dentro do contexto de cada progra-
ma e não de um programa para o outro como é o caso da
Comentários: O URL é o endereço (único) de um recur-
afirmativa.
so na Internet. A questão parece diferenciar um recurso de Letra E – Incorreto – O Ms Word não faz apresentação de
página, mas na verdade uma página é um recurso (o mais slides e sim o Ms Power Point.
conhecido, creio) da Web. Item verdadeiro. Resposta: B
É comum confundir os itens II e III, por isso memorize:
down = baixar 9- Com relação a conceitos de Internet e  intranet, as-
o = baixar para sua máquina, descarregar. II e III são ver- sinale a opção correta.
dadeiros. (A) Domínio é o nome dado a um servidor que con-
trola a entrada e a saída de conteúdo em uma rede, como
ocorre na Internet.
(B) A intranet só pode ser acessada por usuários da
Internet que possuam uma conexão http, ao digitarem na
barra de endereços do navegador: http://intranet.com.
(C) Um modem ADSL não pode ser utilizado em uma
rede local, pois sua função é conectar um computador à
rede de telefonia fixa.
(D) O modelo cliente/servidor, em que uma máqui-
na denominada cliente requisita serviços a outra, deno-
minada servidor, ainda é o atual paradigma de acesso à
Internet.
No item IV encontramos o item falso da questão, o que (E) Um servidor de páginas web é a máquina que ar-
nos leva ao gabarito – letra C. Anexar um arquivo em mensa- mazena os nomes dos usuários que possuem permissão de
gem de e-mail significa copiar e não mover! acesso a uma quantidade restrita de páginas da Internet.
Resposta: C.

137
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Comentários: O modelo cliente/servidor é questionado 11- Quanto ao Windows Explorer, assinale a opção
em termos de internet pois não é tão robusto quanto redes correta.
P2P pois, enquanto no primeiro modelo uma queda do servi- (A) O Windows Explorer é utilizado para gerenciar
dor central impede o acesso aos usuários clientes, no segun- pastas e arquivos e por seu intermédio não é possível
do mesmo que um servidor “caia” outros servidores ainda da- acessar o Painel de Controle, o qual só pode ser acessa-
rão acesso ao mesmo conteúdo permitindo que o download do pelo botão Iniciar do Windows.
continue. Ex: programas torrent, Emule, Limeware, etc. (B) Para se obter a listagem completa dos arquivos
Em relação às outras letras: salvos em um diretório, exibindo-se tamanho, tipo e
letra A – Incorreto – Domínio é um nome que serve para data de modificação, deve-se selecionar Detalhes nas
localizar e identificar conjuntos de computadores na Internet opções de Modos de Exibição.
e corresponde ao endereço que digitamos no navegador. (C) No Windows Explorer, o item Meus Locais de
letra B – Incorreto – A intranet é acessada da mesma for- Rede oferece um histórico de páginas visitadas na In-
ma que a internet, contudo, o ambiente de acesso a rede é ternet para acesso direto a elas.
restrito a uma rede local e não a internet como um todo. (D) Quando um arquivo estiver aberto no Windows
letra C – Incorreto – O modem ADSL conecta o compu- e a opção Renomear for acionada no Windows Explo-
tador a internet, como o acesso a intranet se faz da mesma rer com o botão direito do mouse,será salva uma nova
forma só que de maneira local, o acesso via ADSL pode sim versão do arquivo e a anterior continuará aberta com o
acessar redes locais. nome antigo.
letra E – Incorreto – Um servidor é um sistema de com- (E) Para se encontrar arquivos armazenados na es-
putação que fornece serviços a uma rede de computadores. E trutura de diretórios do Windows, deve-se utilizar o sí-
não necessariamente armazena nomes de usuários e/ou res- tio de busca Google, pois é ele que dá acesso a todos os
tringe acessos. diretórios de máquinas ligadas à Internet.
Resposta: D
Comentários: Na opção Modos de Exibição, os arqui-
vos são mostrados de várias formas como Listas, Miniatu-
10- Com relação à Internet, assinale a opção correta.
ras e Detalhes.
(A) A URL é o endereço físico de uma máquina na
Resposta: B
Internet, pois, por esse endereço, determina-se a cidade
onde está localizada tal máquina.
Atenção: Para responder às questões de números
(B) O SMTP é um serviço que permite a vários usuá-
12 e 13, considere integralmente o texto abaixo:
rios se conectarem a uma mesma máquina simultanea-
Todos os textos produzidos no editor de textos padrão
mente, como no caso de salas de bate-papo.
deverão ser publicados em rede interna de uso exclusivo do
(C) O servidor Pop é o responsável pelo envio e rece-
órgão, com tecnologia semelhante à usada na rede mundial
bimento de arquivos na Internet.
de computadores.
(D) Quando se digita o endereço de uma página web, Antes da impressão e/ou da publicação os textos deve-
o termo http significa o protocolo de acesso a páginas em rão ser verificados para que não contenham erros. Alguns
formato HTML, por exemplo. artigos digitados deverão conter a imagem dos resultados
(E) O protocolo FTP é utilizado quando um usuário de obtidos em planilhas eletrônicas, ou seja, linhas, colunas, va-
correio eletrônico envia uma mensagem com anexo para lores e totais.
outro destinatário de correio eletrônico. Todo trabalho produzido deverá ser salvo e cuidados de-
Comentários: Os itens apresentados nessa questão es- vem ser tomados para a recuperação em caso de perda e
tão relacionados a protocolos de acesso. Segue abaixo os também para evitar o acesso por pessoas não autorizadas às
protocolos mais comuns: informações guardadas.
Os funcionários serão estimulados a realizar pesquisas
- HTTP (Hypertext Transfer Protocol) – Protocole de car- na internet visando o atendimento do nível de qualidade da
regamento de páginas de Hipertexto –  HTML - IP (Internet informação prestada à sociedade, pelo órgão.
Protocol) – Identificação lógica de uma máquina na rede- POP O ambiente operacional de computação disponível para
(Post Office Protocol) – Protocolo de recebimento de emails realizar estas operações envolve o uso do MS-Windows, do
direto no PC via gerenciador de emails - SMTP (Simple Mail MS-Office, das ferramentas Internet Explorer e de correio
Transfer Protocol) – Protocolo padrão de envio de emails - eletrônico, em português e em suas versões padrões mais
IMAP(Internet Message Access Protocol) – Semelhante ao utilizadas atualmente.
POP, no entanto, possui mais recursos e dá ao usuário a pos- Observação: Entenda-se por mídia removível disquetes,
sibilidade de armazenamento e acesso a suas mensagens de CD’s e DVD’s graváveis, Pen Drives (mídia removível acopla-
email direto no servidor. - FTP(File Transfer Protocol) – Proto- da em portas do tipo USB) e outras funcionalmente seme-
colo para transferência de arquivos lhantes.
Resposta: D

138
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

12- As células que contêm cálculos feitos na planilha Resposta: “A”


eletrônica, Comentários
(A) quando “coladas” no editor de textos, apresenta- Prompt de Comando é um recurso do Windows que oferece
rão resultados diferentes do original. um ponto de entrada para a digitação de comandos do MSDOS
(B) não podem ser “coladas” no editor de textos. (Microsoft Disk Operating System) e outros comandos do compu-
(C) somente podem ser copiadas para o editor de tador. O mais importante é o fato de que, ao digitar comandos,
textos dentro de um limite máximo de dez linhas e cinco você pode executar tarefas no computador sem usar a interfa-
colunas. ce gráfica do Windows. O Prompt de Comando é normalmente
(D) só podem ser copiadas para o editor de texto uma usado apenas por usuários avançados.
a uma.
15. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
(E) quando integralmente selecionadas, copiadas e
CESGRANRIO/2012) Seja o texto a seguir digitado no apli-
“coladas” no editor de textos, serão exibidas na forma de cativo Word. Aplicativos para edição de textos. Aplican-
tabela. do-se a esse texto o efeito de fonte Tachado, o resultado
  obtido será
Comentários: Sempre que se copia células de uma plani-
lha eletrônica e cola-se no Word, estas se apresentam como
uma tabela simples, onde as fórmulas são esquecidas e só os
números são colados.
Resposta: E

13- O envio do arquivo que contém o texto, por meio


do correio eletrônico, deve considerar as operações de
(A) anexação de arquivos e de inserção dos endereços
eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”. Resposta: “C”
(B) de desanexação de arquivos e de inserção dos en- Comentários:
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”. Temos 3 itens com a formatação taxado aplicada: c, d, e.
(C) de anexação de arquivos e de inserção dos endere- Entretanto, temos que observar que na questão os itens d, e, além
de receberem taxado, também ficaram em caixa alta. O único
ços eletrônicos dos destinatários no campo “Cc”.
que recebe apenas o taxada, sem alterar outras formatações foi
(D) de desanexação de arquivos e de inserção dos en-
o item c.
dereços eletrônicos dos destinatários no campo “Cco”.
(E) de anexação de arquivos e de inserção dos endere- 16. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo -
ços eletrônicos dos destinatários no campo “Para”. CESGRANRIO/2012) O envio e o recebimento de um arqui-
vo de textos ou de imagens na internet, entre um servidor
 Comentários: Claro que, para se enviar arquivos pelo cor- e um cliente, constituem, em relação ao cliente, respectiva-
reio eletrônico deve-se recorrer ao uso de anexação, ou seja, mente, um
anexar o arquivo à mensagem. Quando colocamos os en- (A) download e um upload
dereços dos destinatários no campo Cco, ou seja, no campo (B) downgrade e um upgrade
“com cópia oculta”, um destinatário não ficará sabendo quem (C) downfile e um upfile
mais recebeu aquela mensagem, o que atende a segurança (D) upgrade e um downgrade
solicitada no enunciado. (E) upload e um download
Resposta: A
Resposta: “E”.
14. (Caixa Econômica Federal - Técnico Bancário Novo Comentários:
- CESGRANRIO/2012) Usado para o manuseio de arqui-  Up – Cima / Down – baixo  / Load – Carregar;
vos em lotes, também denominados scripts, o shell de co- Upload – Carregar para cima (enviar).
Download – Carregar para baixo (receber ou “baixar”)
mando é um programa que fornece comunicação entre
o usuário e o sistema operacional de forma direta e in-
17- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) Assi-
dependente. Nos sistemas operacionais Windows XP, esse nale a alternativa que contém os nomes dos menus do pro-
programa pode ser acessado por meio de um comando grama Microsoft Word XP, em sua configuração padrão,
da pasta Acessórios denominado que, respectivamente, permitem aos usuários: (I) numerar
(A) Prompt de Comando as páginas do documento, (II) contar as palavras de um pa-
(B) Comandos de Sistema rágrafo e (III) adicionar um cabeçalho ao texto em edição.
(C) Agendador de Tarefas a) Janela, Ferramentas e Inserir.
(D) Acesso Independente b) Inserir, Ferramentas e Exibir.
(E) Acesso Direto c) Formatar, Editar e Janela.
d) Arquivo, Exibir e Formatar.
e) Arquivo, Ferramentas e Tabela.

139
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

Resposta: “B” a) 1
Comentário: b) 2
• Ação numerar - “INSERIR” c) 3
• Ação contar paginas - “FERRAMENTAS” d) 4
• Ação adicionar cabeçalho - “EXIBIR” e) 5

18- (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2011) Resposta: “D”


Comentário:
Passo 1
A célula A1 contém a fórmula =B$1+C1

Passo 2
a) 3, 0 e 7. que foi propagada pela alça de preenchimento para A2 e A3
b) 5, 0 e 7.
c) 5, 1 e 2.
d) 7, 5 e 2.
e) 8, 3 e 4.

Resposta: “C”
Comentário:
Expressão =MÉDIA(A1:A3)
São somadas as celular A1, A2 e A3, sendo uma média é
dividido por 3 (pois tem 3 células): (8+3+4)/3 = 5
Expressão =MENOR(B1:B3;2)
Da célula B1 até a B3, deve mostrar o 2º menor número,
que seria o número 1. Para facilitar coloque esses números em
ordem crescente.
Expressão =MAIOR(C1:C3;3) Click na imagem para melhor visualizar
Da célula C1 até a C3, deve mostrar o 3º maior número, Passo 3
que seria o número 2. Para facilitar coloque esses números em Assim, a célula com interrogação (A3) apresenta, após a
ordem decrescente. propagação, o resultado

19- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 – II)

140
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

20- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No Power- Resposta: D


Point 2007, a inserção de um novo comentário pode ser
feita na guia
a) Geral.
b) Inserir.
c) Animações.
d) Apresentação de slides.
e) Revisão.

Resposta: “E”
Comentário: Comentário:

Você pode usar a régua para definir tabulações manuais


no lado esquerdo, no meio e no lado direito do documento.
Obs.: Se a régua horizontal localizada no topo do docu-
mento não estiver sendo exibida, clique no botão Exibir Régua
no topo da barra de rolagem vertical.
É possível definir tabulações rapidamente clicando no se-
letor de tabulação na extremidade esquerda da régua até que
ela exiba o tipo de tabulação que você deseja. Em seguida,
21- (SPPREV – Técnico – Vunesp/2011 - II) No âmbito clique na régua no local desejado.
das URLs, considere o exemplo: protocolo://xxx.yyy.zzz. Uma tabulação Direita define a extremidade do texto à
br. O domínio de topo (ou TLD, conforme sigla em inglês) direita. Conforme você digita, o texto é movido para a esquerda.
utilizado para classificar o tipo de instituição, no exemplo Uma tabulação Decimal alinha números ao redor de um
dado acima, é o ponto decimal. Independentemente do numero de dígitos, o
a) protocolo. ponto decimal ficará na mesma posição.
b) xxx. Uma tabulação Barra não posiciona o texto. Ela insere
c) zzz. uma barra vertical na posição de tabulação.
d) yyy.
e) br. 23. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Uma
planilha do Microsoft Excel, na sua configuração padrão,
Resposta: “C” possui os seguintes valores nas células: B1=4, B2=1 e B3=3.
Comentários: A fórmula =ARRED(MÍNIMO(SOMA (B1:B3)/3;2,7);2) in-
a) protocolo. protocolo HTTP serida na célula B5 apresentará o seguinte resultado:
b) xxx. o nome do domínio (A) 2
c) zzz. o tipo de domínio (B) 1,66
d) yyy. subdomínios (C) 2,667
e) br. indicação do país ao qual pertence o domínio (D) 2,7
(E) 2,67
22. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ana-
lise a régua horizontal do Microsoft Word, na sua confi-
guração padrão, exibida na figura. Resposta: E
Comentário:

Assinale a alternativa que contém apenas os indicado-


res de tabulação.
(A) II, III, IV e V.
(B) III e VI.
(C) I, IV e V.
(D) III, IV e V.
(E) I, II e VI.

141
NOÇÕES DE INFORMÁTICA

24. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) O ar-


quivo zaSetup_en se encontra
(A) no disquete.
(B) no DVD.
(C) em Meus documentos.
(D) no Desktop.
(E) na raiz do disco rígido.

Resposta: E
Comentário:
No Windows Explorer, você pode ver a hierarquia das pas-
tas em seu computador e todos os arquivos e pastas localizados
em cada pasta selecionada. Ele é especialmente útil para copiar
e mover arquivos.
Ele é composto de uma janela dividida em dois painéis: O
painel da esquerda é uma árvore de pastas hierarquizada que
mostra todas as unidades de disco, a Lixeira, a área de traba-
lho ou Desktop (também tratada como uma pasta); O painel
da direita exibe o conteúdo do item selecionado à esquerda e
funciona de maneira idêntica às janelas do Meu Computador
(no Meu Computador, como padrão ele traz a janela sem divi-
são, as é possível dividi-la também clicando no ícone Pastas na
Barra de Ferramentas)

25. (TJ/SP – Escrevente Téc. Jud. – Vunesp/2012) Ao


se clicar em , localizado abaixo do menu Favoritos,
será fechado
(A) o Meu computador.
Nesta questão, foram colocadas várias funções, destrincha- (B) o Disco Local (C:).
das no exemplo acima (arredondamento, mínimo e somató- (C) o painel Pastas.
rio) em uma única questão. A função ARRED é para arredon- (D) Meus documentos.
damento e pertence a mesma família de INT(parte inteira) e (E) o painel de arquivos.
TRUNCAR (parte do valor sem arredondamento). A resposta
está no item 2 que indica a quantidade de casas decimais. Sen- Resposta: C
do duas casas decimais, não poderia ser letra A, C ou D. A fun-
ção SOMA efetua a soma das três células (B1:B3->B1 até B3).
A função MÍNIMO descobre o menor entre os dois valores in-
formados (2,66666 - dízima periódica - e 2,7). A função ARRED
arredonda o número com duas casas decimais.

Considere a figura que mostra o Windows Explorer


do Microsoft Windows XP, em sua configuração original,
e responda às questões de números 24 e 25.

142
ATUALIDADES

1 Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação,
saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia, suas inter-relações e
suas vinculações históricas..............................................................................................................................................................................................01
ATUALIDADES

Alvo da operação usou Lei de Repatriação para la-


var dinheiro
1 TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE
DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO SEGURANÇA,
Pelo menos um dos alvos da Operação Asfixia, 40ª fase
TRANSPORTES, POLÍTICA, ECONOMIA,
da Operação Lava Jato, deflagrada hoje (4) no Rio de Janei-
SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA, ro, em São Paulo e em Minas Gerais, usou a Lei de Repatria-
TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES ção para lavar dinheiro de propina, segundo o Ministério
INTERNACIONAIS, DESENVOLVIMENTO Público Federal (MPF). A lei foi sancionada em janeiro do
SUSTENTÁVEL E ECOLOGIA, SUAS ano passado e permite que cidadãos com valores não-de-
INTER-RELAÇÕES E SUAS VINCULAÇÕES clarados no exterior regularizem estes recursos junto ao
HISTÓRICAS. Fisco.
O esquema de corrupção no setor de Energia e Gás
da Diretoria de Engenharia da Petrobras foi detalhado por
representantes do MPF, da Polícia Federal (PF) e da Receita
POLÍTICA Federal, em entrevista coletiva, nesta manhã (4), em Curi-
Comissão da OAB-RJ aprova pedido de impeach- tiba.
ment de Pezão Segundo as investigações, o ex-gerente da Petrobras
A Comissão de Direito Constitucional da Ordem dos Marcio de Almeida Ferreira, preso nesta manhã no Rio de
Advogados do Brasil seção Rio de Janeiro (OAB-RJ) apro- Janeiro, usou a repatriação para “esquentar” cerca de R$ 48
vou hoje (4) o pedido de impeachment do governador Luiz milhões proveniente de propinas que estavam depositados
Fernando Pezão e encaminhou a matéria ao conselho da em contas nas Bahamas.
instituição para decisão final. O procurador Diogo Castor de Mattos, integrante da
O presidente da OAB-RJ, Felipe Santa Cruz, disse que força-tarefa da Lava Jato no MPF, disse que Ferreira fez a
a questão foi encaminhada ao conselho porque existem regularização dos recursos ilícitos no final do ano passado.
alternativas ao impeachment, que devem ser considera- “Ele declarou que esses valores, em tese, teriam sido anga-
das. Segundo Santa Cruz, alguns conselheiros defendem riados da venda de um imóvel, pagou tributo de cerca de
intervenção federal e outros, uma ação de improbidade R$ 14 milhões e, dessa forma, ‘esquentou’ o dinheiro que,
que afastaria tanto o governador quanto o vice, Francisco certamente, tem origem em propina proveniente da Petro-
Dornelles. “O conselho, agora politicamente, vai tomar a bras”, contou Mattos. O MPF não descarta que a prática
decisão.” tenha sido replicada por outros agentes criminosos.
De acordo com Santa Cruz, a Comissão de Direito “Eles usaram a legislação para lavar dinheiro. Isso é
Constitucional apenas mostrou que, tecnicamente, existem usar a lei para legalizar corrupção. Precisamos combater
elementos que justificam o pedido de impedimento. essa prática e abrir a caixa-preta da Lei de Repatriação”,
No próximo dia 12, a OAB-RJ reunirá o que Santa Cruz afirmou o procurador da República Carlos Fernando dos
chamou de “conselhão da sociedade civil”, para discutir a Santos Lima. Ele também destacou a “ousadia” dos crimi-
situação de calamidade no estado do Rio. “Não adianta o nosos, que receberam pagamentos de propina até meados
governo federal e o governo estadual ficarem nesse jogo de 2016, em pleno andamento da Operação Lava Jato.
de empurra, com medidas ofensivas até, como foi o envio As investigações contabilizaram ao menos 15 contra-
de apenas 100 soldados para o Rio de Janeiro nesta se- tos usados para pagamento de propina envolvendo as em-
mana. A sociedade civil vai dizer o seu basta”, afirmou o presas de consultoria Liderrol e Arxo, que também foram
advogado. alvos da operação de hoje. A PF afirmou que estes contra-
No dia 18, o conselho seccional da Ordem se reuni- tos foram revelados durante a delação premiada de Edison
rá para definir o melhor encaminhamento político-jurídico Krummenauer, ex-gerente de Empreendimentos da área
para o caso. de Gás e Energia da Petrobras.
Caso o conselho aprove o pedido de impeachment, “Estes contratos foram minuciosamente detalhados
este será encaminhado à Assembleia Legislativa, explicou pelo colaborador. Contratos em que ele afirma que rece-
Santa Cruz. Se o conselho optar pelo pedido de interven- beu propina para agilizar procedimentos, aprovar aditivos,
ção federal, o tema será levado a exame da Procuradoria- ou seja, o modus operandi que a gente já viu no curso da
Geral da República. No caso de ação de improbidade, esta Operação Lava Jato”, afirmou a delegada da Polícia Federal
será ajuizada no Poder Judiciário. Renata da Silva Rordigues.
Além de Marcio de Almeida Ferreira, foram presos ex-
Fonte: Terra.com.br/ Acessado em 05/2017 gerente da Petrobras, Maurício de Oliveira Guedes, e dois
representantes das empresas Liderrol e Arxo, Marivaldo do
Rozário Escalfoni e Paulo Roberto Gomes Fernandes. A PF
informou que os quatro serão levados a Curitiba ainda nes-
ta quinta-feira.

1
ATUALIDADES

O nome desta nova fase da Operação Lava Jato - Asfi- “Após aprovada pela maioria absoluta dos integrantes
xia - é referência à tentativa de cessar as fraudes e o desvio das convenções nacionais dos partidos que a compõem, a
de recursos públicos em áreas da estatal destinadas à pro- federação será reproduzida no Senado Federal, na Câmara
dução, distribuição e comercialização de gás combustível. dos Deputados, nas Assembleias Legislativas e na Câma-
Fonte: terra.com.br/ acessado em 05/2017 ra Legislativa do Distrito Federal”, diz a PEC. A vigência da
união valerá até a véspera da data inicial do prazo para a
realização das convenções para as eleições federais sub-
Maia cria comissão para PEC que pode acabar com sequentes. O fundo partidário será proporcional ao quo-
coligações ciente de votos válidos obtidos por cada um dos partidos
para a Câmara dos Deputados e o tempo de propaganda
Um dia após ter a admissibilidade aprovada na Comis- eleitoral será proporcional ao número de deputados fede-
são de Constituição e Justiça (CCJ), o presidente da Câma- rais eleitos pela federação.
ra, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criou uma comissão especial
para analisar o mérito da Proposta da Emenda à Constitui- Câmaras municipais
ção (PEC) 282/16, que acaba com as coligações proporcio- No caso das câmaras municipais, a federação só terá
nais nas eleições federal e estadual do ano que vem e para validade a partir do primeiro dia do prazo para a realização
vereador a partir de 2020 e institui a cláusula de barreira a das convenções para as eleições municipais subsequentes.
partir de 2018. Contudo, a reprodução da federação não será automática,
O ato criando a comissão foi lido hoje (4) pelo vice-pre- pois os partidos poderão decidir pela não reprodução da
sidente da Casa, deputado Fábio Ramalho (PMDB-MG), federação nas eleições municipais até a véspera do último
que ocupa a presidência da casa legislativa enquanto Maia dia do prazo para filiação partidária para concorrer às res-
está em viagem oficial ao Líbano. A comissão especial terá pectivas eleições.
35 membros titulares e igual número de suplentes. Os lí- Qualquer partido poderá deixar a federação antes do
deres partidários têm 48 horas para indicar os integrantes. término de sua vigência, por decisão do respectivo dire-
Aprovada no ano passado pelos senadores, a proposta tório nacional, mas a saída implicará o cancelamento dos
recebeu parecer pela aprovação do relator na CCJ, depu- repasses do fundo partidário e impedimento do acesso
tado Betinho Gomes (PSDB-PE). Ele também recomendou gratuito partidário e eleitoral ao rádio e à televisão, os
a aprovação de duas PECs (84/11 e 22/15), que tramitam quais serão redistribuídos proporcionalmente entre todos
apensadas à 282. os partidos com funcionamento parlamentar.
Pela proposta, a cláusula de barreira estabelece que Fonte: terra.com.br/Acessado em 05/2017
nas eleições de 2018 apenas os partidos que obtiverem 2%
dos votos válidos em pelo menos 14 estados, com no mí- CCJ aprova reconhecimento da união de pessoas do
nimo 2% de votos válidos em cada um deles, terão direito mesmo sexo
aos recursos do Fundo Partidário, ao acesso gratuito  parti-
dário e eleitoral ao rádio e à televisão e ao uso da estrutura A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
própria e funcional nas casas legislativas. aprovou hoje (3), em turno suplementar, projeto de lei que
A partir de 2022, a cláusula de barreira sobe para 3% altera o Código Civil para reconhecer a união estável entre
dos votos válidos, distribuídos em pelo menos 14 estados, pessoas do mesmo sexo e possibilitar a conversão dessa
com um mínimo de 2% dos votos válidos em cada um de- união em casamento.
les. Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado
aprovou hoje (3), em turno suplementar, projeto de lei que
Federação altera o Código Civil para reconhecer a união estável entre
No caso das coligações, em seu lugar, a PEC deter- pessoas do mesmo sexo e possibilitar a conversão dessa
mina que os partidos políticos com afinidade ideológica união em casamento.
e programática poderão se juntar em federação que terá O texto, que tem a relatoria do senador Roberto Re-
os mesmos direitos e atribuições regimentais dos partidos quião (PMDB-RR), havia sido aprovado na CCJ em março,
nas casas legislativas e deverá atuar com identidade políti- mas ainda era preciso passar pela votação suplementar.
ca única, resguardada a autonomia estatutária dos partidos Hoje, a proposta foi aprovada em votação simbólica, sem a
que a compõem. contagem de votos.
Para integrar a federação, os partidos terão que re- O Código Civil reconhece como entidade familiar “a
gistrar a deliberação do diretório nacional nesse sentido união estável entre o homem e a mulher, configurada na
no Tribunal Superior Eleitoral até a véspera do último dia convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida
do prazo para filiação partidária para concorrer às eleições com o objetivo de constituição de família”. O projeto esta-
federais. Após o registro, os partidos terão que se reunir belece que a lei seja alterada para estabelecer como família
para a escolha do presidente, do nome da federação e dos “a união estável entre duas pessoas”, mantendo o restante
candidatos. do texto do artigo.

2
ATUALIDADES

O projeto é de autoria da senadora Marta Suplicy (PM- contas do PSDB, conforme determina a própria resolução
DB-SP). Para ela, a aprovação na CCJ foi um “avanço ex- do TSE”. O partido não esclareceu qual etapa de análise
traordinário”. “Desde 2008 tentamos aprovar o casamento teria sido descumprida.
homoafetivo, primeiro na Câmara, passou pelas comissões
e está até hoje no plenário. Hoje conseguimos aprovar o Fonte: terra.com.br/Acessado em 05/2017
projeto com relatório do senador Requião que dá um pas-
so muito grande em relação à situação que hoje vivem as
pessoas do mesmo sexo que desejam ter uma união sacra- Lava Jato ‘distorce’ a reforma políticaPesquisado-
mentada, um casamento, na verdade”, disse. res afirmam que desdobramentos da operação refletem
Em 2011, o Supremo Tribunal Federal reconheceu, por nos debates do Congresso ligados a financiamento e
unanimidade, a união estável entre casais do mesmo sexo sistema eleitoral
como entidade familiar. Na prática, a decisão significou
que as regras que valem para relações estáveis entre ho- A Operação Lava Jato provoca impactos no debate
mens e mulheres serão aplicadas aos casais gays. atual da reforma política em pelo menos dois temas: finan-
No relatório que acompanha o substitutivo, o relator ciamento de campanha e sistema eleitoral. O que deveria
Roberto Requião citou a decisão do Supremo e registrou ser modernizado por necessidade política acaba por repre-
que é responsabilidade do Legislativo adequar a lei em vi- sentar oportunismo dos envolvidos hoje investigados pelo
gor ao entendimento consagrado pelo STF. Supremo Tribunal Federal (STF). É o que concluem cien-
Em 2013, em função das divergências de interpretação tistas políticas ouvidos pelo Estado. A partir do momen-
sobre o tema, o Conselho Nacional de Justiça aprovou re- to em que Marcelo Odebrecht assume à Justiça não haver
solução que obriga os cartórios a celebrar o casamento ci- campanha eleitoral no País sem caixa 2, a tese de finan-
vil e converter a união estável homoafetiva em casamento. ciamento público de campanha da Comissão da Reforma
Fonte: terra.com.br/Acessado em 05/2017 Política na Câmara ganha ainda mais fôlego do que aquele
obtido após a decisão do Supremo de proibir doações em-
TSE desaprova contas do PSDB de 2011; sanção é presariais aos candidatos, em 2015. O colegiado acredita
de R$ 10 mi que R$ 4 bilhões seriam suficientes para financiar partidos
e candidatos a partir de 2018. Para isso, terá de combater
Em um de seus últimos atos como ministro do Tribunal a impopularidade da ideia agravada pelo descrédito dos
Superior Eleitoral (TSE), o jurista Henrique Neves não apro- partidos perante os eleitores.
vou, no último dia 11 de abril, as contas do PSDB referentes Outro fator que estimula a aprovação do fundo público
ao ano de 2011. de campanha é o discurso de criminalização do caixa 1 por
Neves determinou que o partido devolva cerca de R$ integrantes da força-tarefa. “Como você vai arrecadar em
4 milhões ao erário, bem como que deixe de receber uma larga escala se mesmo a doação legal pode ser tomada
das doze parcelas mensais do fundo partidário referentes como prova de crime? Só que eles (deputados) estão pe-
a 2017 o que, no caso do PSDB, corresponde a R$ 6,6 mi- gando um sistema altamente inflacionário, de campanhas
lhões. O diretório tucano também deverá destinar R$ 2,1 anteriores caríssimas, porque estão sendo impedidos de
milhões para o incentivo à participação de mulheres na arrecadar pela jurisprudência”, afirmou Bruno Reis, da Uni-
política. versidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Entre as principais irregularidades identificadas pelo Para o procurador regional da Lava Jato Carlos Fernan-
ministro do TSE estão: despesas com passagens aéreas do dos Santos Lima, não cabe à operação apontar soluções,
sem a comprovação de utilização dos bilhetes, despesas mas “uma democracia de coalizão baseada em um sistema
dos diretórios estaduais sem comprovação da prestação eleitoral criminógeno, em uma divisão de cargos que não
de serviços e da vinculação com atividade partidária, não leva em consideração o mérito, mas a indicação política,
apresentação de notas fiscais de hospedagem e pagamen- em um controle frágil pela Justiça Eleitoral das prestações
to de hospedagem sem utilização de diária, entre outros. de contas, em um sistema de financiamento ilegal que re-
A decisão monocrática do ministro Henrique Neves vela um capitalismo de compadrio, somente pode chegar
não precisou ser referendada pelo plenário do TSE, pois aonde chegou”, disse ao Estado.
uma resolução aprovada recentemente pelo tribunal auto- Reis vê como ingenuidade a percepção da Lava Jato
rizou que, em determinados casos, a reprovação das contas de que há uma sociedade virtuosa maculada por “forças
seja decidida individualmente pelo relator. do mal”. “Não é isso. Como nossa legislação dá poder ao
O mandato de Henrique Neves como ministro do TSE grande financiador, o plenário acaba representando antes
terminou no último dia 16 de abril. Ele foi substituído pelo os interesses desses financiadores. Quando você faz acor-
jurista Admar Gonzaga. dos de leniência com o doador para pegar o deputado,
Por email, o PSDB disse que seus advogados já apre- você está fazendo acordo com Dom Corleone para pegar o
sentaram recurso contra a decisão, que, para o partido, gângster da esquina”, disse.
“deixa de cumprir uma etapa importante da análise das

3
ATUALIDADES

Lista fechada. O professor Leonardo Avritzer, também A declaração foi dada depois de reunião no Palácio
da UFMG, acredita que o combate à corrupção não deve da Alvorda da qual participaram, além de Maia, o presi-
ser a “única preocupação” da reforma política. Ele aponta a dente da República, Michel Temer, os ministros Henrique
força que tem adquirido com os desdobramentos da Lava Meirelles (Fazenda), Moreira Franco (Secretaria-Geral da
Jato, por exemplo, a lista fechada, sistema em que o eleitor Previdência) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).
vota no partido. Em tese, esse modelo poderia abrigar po- O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) também compa-
líticos com pendências na Justiça. receu ao encontro.
“Hoje ela está sendo discutida em termos de se vai ser- “Posso dizer que tivemos uma mudança considerável
vir para dar foro privilegiado, o que me parece uma dis- no sentimento da Casa depois da aprovação que tivemos
torção da própria ideia de reforma política”, disse. A Lava na semana passada lá na comissão especial. Porque ficou
Jato não é favorável à lista aberta hoje em vigor. “Ques- provado que o projeto foi profundamente modificado.
tionamentos como o excesso de partidos, a onerosidade Hoje nós temos um projeto que já não é mais aquele en-
do sistema eleitoral de listas abertas, entre outros, foram viado pelo governo. É um projeto que foi construído pela
levantados em diversas palestras e artigos pelos próprios sociedade brasileira”, declarou o relator.
membros da força-tarefa”, lembrou o procurador. O relator
da comissão, deputado Vicente Cândido (PT-SP), no entan- VEJA OS PRINCIPAIS PONTOS DA REFORMA
to, diz que se fosse verdade que a Lava Jato altera os deba- Maia afirmou também que o plenário da Câmara é so-
tes do colegiado, “teríamos 500 votos no plenário hoje, e berano para a votação dos dez destaques (sugestões de
não temos”. “Não é a Lava Jato que vai mover o Congresso mudanças ao texto) que ainda precisam ser analisados e
para fazer a reforma”, afirmou. que o governo não tem interferido nessa questão.
Como não há consenso, como diz Cândido, em torno Com relação à proposta de incluir os agentes peniten-
das várias propostas da comissão, talvez não seja o mo- ciários federais na categoria que teria direito a aposenta-
mento de colocá-las em votação, segundo os acadêmicos. doria especial, assim como os policiais federais, que pode-
“A reforma é necessária, mas não é conveniente fazê-la rão se aposentar aos 55 anos de idade, Maia afirmou que
agora. Dada a circunstância em jogo relacionada com a essa não é uma “questão nuclear”. Segundo ele, nuclear é,
Lava Jato, com vários parlamentares investigados, minis- por exemplo, a fixação de uma idade mínima para aposen-
tros arrolados nas denúncias, cria-se uma inconveniência tadoria e tempo de contribuição.
política e moral agora”, destacou Aldo Fornazieri, professor
da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Votação no plenário
Se por um lado a Lava Jato impulsiona a comissão em O ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbas-
direção ao dinheiro e blindagem, por outro, mais otimista, sahy, afirmou que o governo não tem uma previsão de
provoca uma revisão do papel dos partidos. “O que temos, quando o projeto da reforma da Previdência será levado
por enquanto, é a aprovação da cláusula de barreira (restri- para votação no Plenário da Câmara. Imbassahy afirmou
ção de atuação parlamentar e de acesso ao fundo partidário que “quando o governo tiver a avaliação de que o projeto
e tempo de TV) pelo Senado, mas a Câmara dá sinais de ir tem condição para ir a plenário acontecerá a votação”.
nessa direção”, disse José Álvaro Moisés, da USP. “Não podemos precisar quando será essa dada, por-
Fonte: Estadao.com.br/Acessado em 05/2017 que é uma data que depende de uma avaliação permanen-
te e constante dos parlamentares”, disse Imbassahy.
Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017
Previdência: relator vê ‘mudança considerável’ no
‘sentimento’ da Câmara ECONOMIA
Para Arthur Maia (PPS-BA), proposta inicial do go-
verno foi ‘profundamente’ modificada por deputados. Mercado baixa estimativa de inflação para 2017 e
Relator participou de reunião com Temer e ministros vê PIB maior
neste domingo. Expectativa dos economistas de bancos, divulgada
nesta segunda (8) pelo Banco Central, é de inflação em
O relator da reforma da Previdência na Câmara, Arthur 4,01% e alta do PIB de 0,47% neste ano.
Maia (PPS-BA), disse neste domingo (7) que, após a apro-
vação do texto-base da reforma da Previdência na co- Os economistas do mercado financeiro reduziram sua
missão especial que analisa o tema, houve uma «mudança previsão de inflação e passaram a estimar um crescimento
considerável no sentimento» dos deputados. maior do Produto Interno Bruto (PIB) em 2017.
Para Maia, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) As expectativas dos analistas do mercado financeiro
que altera as regras de aposentadoria inicialmente envia- foram coletadas pelo Banco Central na semana passada e
da pelo governo federal foi “profundamente” modificada divulgadas nesta segunda-feira (8) por meio do relatório
pelos parlamentares e o texto-base foi “construído pela de mercado, também conhecido como Focus. Mais de cem
sociedade”. instituições financeiras foram ouvidas.

4
ATUALIDADES

Para o comportamento do Índice Nacional de Preços A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC
ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2017, a “inflação oficial” para tentar conter pressões inflacionárias. A instituição tem
do país, o mercado baixou sua previsão de 4,03% para de calibrar os juros para atingir índices pré-determinados
4,01%. Foi a nona redução seguida do indicador. pelo sistema de metas de inflação brasileiro.
Com isso, manteve a expectativa de que a inflação des- As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o
te ano ficará abaixo da meta central, que é de 4,5%. A meta crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
de inflação é fixada pelo Conselho Monetário Nacional Entretanto, também prejudicam a economia e geram de-
(CMN) e deve ser perseguida pelo Banco Central, que para semprego.
isso eleva ou reduz a taxa de juros (Selic).
A meta central de inflação não é atingida no Brasil des- Câmbio, balança e investimentos
de 2009. Naquele momento, o país ainda sentia os efeitos Na edição desta semana do relatório Focus, a projeção
da crise financeira internacional de forma mais intensa, que do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de
acabou se espalhando pelo mundo. 2017 permaneceu em R$ 3,23. Para o fechamento de 2018,
Pelo sistema vigente no Brasil, a meta de inflação é con- a previsão dos economistas para o dólar subiu de R$ 3,38
siderada formalmente cumprida quando o IPCA fica dentro para R$ 3,40.
do intervalo de tolerância também fixado pelo CMN. Para A projeção do relatório Focus para o resultado da ba-
2017, esse intervalo é de 1,5 ponto percentual para baixo lança comercial (resultado do total de exportações menos
ou para cima do centro da meta. Assim, o BC terá cumprido as importações) em 2017 subiu de US$ 53,15 bilhões para
a meta se o IPCA terminar este ano entre 3% e 6%. US$ 53,3 bilhões de resultado positivo. Para o próximo ano,
No ano passado, a inflação ficou acima da meta central, a estimativa dos especialistas do mercado para o superávit
mas dentro do intervalo definido pelo CMN. Já em 2015, a avançou de US$ 41,1 bilhões para US$ 42,3 bilhões.
meta foi descumprida pelo BC - naquele ano, a inflação A projeção do relatório para a entrada de investimen-
superou a barreira dos 10%. tos estrangeiros diretos no Brasil em 2017 recuou de US$
Para 2018, porém, a previsão do mercado financeiro 78 bilhões para US$ 76 bilhões. Para 2018, a estimativa dos
para a inflação subiu de 4,30% para 4,39%. Mesmo assim, analistas caiu de US$ 80 bilhões para US$ 75 bilhões.
o índice está abaixo da meta central de inflação para o pe- Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017
ríodo (4,5%) e também do teto de 6% fixado para o ano
que vem. Dólar opera em alta, aguardando a reforma da Pre-
vidência
Produto Interno Bruto Na sexta-feira (5), a moeda fechou em queda de
Para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2017, o mercado 0,24%, cotada a R$ 3,17.
financeiro elevou sua estimativa de crescimento de 0,46%
para 0,47%. O dólar opera em alta ante o real nesta segunda-feira
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos no (8), com o mercado acompanhando a valorização da moe-
país, independentemente da nacionalidade de quem os da norte-americana no exterior em dia de fraqueza das
produz, e serve para medir o comportamento da economia commodities e em compasso de espera em torno da trami-
brasileira. tação da reforma da Previdência no Congresso, segundo a
Em 2016, o PIB brasileiro caiu pelo segundo ano segui- agência Reuters.
do e confirmou a pior recessão da história do país, segun- Às 9h07, a moeda norte-americana subia 0,53% vendi-
do dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia da a R$ 3,1917. Veja a cotação.
e Estatística (IBGE). Na terça-feira (9), os destaques ao projeto de reforma
Para 2018, os economistas das instituições financeiras da Previdência deverão ser votados em comissão especial
mantiveram sua estimativa de expansão do PIB estável em da Câmara, que na semana passada aprovou o texto-base.
2,50%. Em seguida, a proposta será encaminhada para tramitação
em plenário.
Taxa de juros O Banco Central não anunciou qualquer intervenção
O mercado financeiro manteve sua previsão para a taxa para o mercado de câmbio para esta sessão, por ora. Em ju-
básica de juros da economia, a Selic, em 8,5% ao ano no nho, vencem US$ 4,4 bilhões em swap cambial tradicional,
fechamento de 2017. Ou seja, os analistas continuam esti- equivalente à venda futura de dólares
mando novas reduções de juros neste ano. Atualmente, a Na sexta-feira (5), a moeda fechou em queda de 0,24%,
Selic está em 11,25% ao ano. cotada a R$ 3,17, com o mercado aliviado após os dados
Para o fechamento de 2018, a estimativa dos econo- sobre emprego nos Estados Unidos não endossarem apos-
mistas dos bancos para a taxa Selic continuou em 8,5% ao tas de altas adicionais de juros no país, avalia a Reuters.
ano. Com isso, estimaram que os juros ficarão estáveis no No mês, o dólar tem alta de R$1,98%. No ano, a moeda
ano que vem. acumula queda de 2,30%.
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017

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ATUALIDADES

Lucro líquido ajustado da BB Seguridade cresce para a frente para conquistar a vantagem necessária. Para
3,7% no 1º tri, a R$ 992,8 milhões isso, o Palácio do Planalto vai partir para o “vale-tudo” na
Volume total de prêmios de seguros emitidos, con- articulação política, lançando mão de agrados à base alia-
tribuições de previdência e arrecadação com títulos de da, além de melhorar a estratégia de comunicação.
capitalização somou R$ 14,8 bilhões no período. As concessões no texto, porém, estão no limite, na ava-
liação do governo. A ordem agora é barrar movimentos
A BB Seguridade, que reúne as participações do Ban- de novas categorias que tentem obter direito a aposen-
co do Brasil em seguros e previdência, teve lucro líquido tadoria especial, como os guardas municipais. A margem
ajustado de R$ 992,8 milhões no primeiro trimestre, alta de negociação no plenário prevê a inclusão dos agentes
de 3,7% sobre o mesmo período de 2016 e em linha com penitenciários na regra que permite idade mínima menor,
a projeção de 1 a 5% de crescimento estipulada pela com- de 55 anos, e a revisão das exigências para que servidores
panhia. públicos que ingressaram até 2003 se aposentem com sa-
Conforme material de divulgação do balanço, o de- lário integral. Os dois pontos devem ser aprovados separa-
sempenho no período é explicado pela alta de 11% do damente, em votação dos chamados destaques.
resultado operacional não decorrente de juros, o que com- O governo pretende ainda melhorar a comunicação
pensou a queda de 10,4% do resultado financeiro em meio com os parlamentares e a população ao longo da sema-
à queda da taxa Selic. na, depois de reconhecer que enfrenta problemas na área.
O retorno anualizado sobre patrimônio líquido médio Segundo um interlocutor da área política, a previsão é vei-
foi de 47,3% nos três primeiros meses do ano, queda de 2,6 cular propagandas em defesa da reforma em cerca de 4 mil
pontos percentuais na comparação anual. Já as despesas rádios de todo o Brasil que possuem cadastro na Secretaria
gerais e administrativas encolheram 23,7% na mesma base, de Comunicação da Presidência. Uma nova cartilha será
para R$ 15,257 milhões. distribuída aos deputados, explicando as mudanças ponto
O volume total de prêmios de seguros emitidos, con- a ponto. Para evitar confusão, o documento trará apenas as
tribuições de previdência e arrecadação com títulos de ca- novas regras segundo o texto aprovado na comissão espe-
pitalização somou R$ 14,8 bilhões entre janeiro e março, cial, sem incluir como é hoje.
superando em 17,2% o montante apurado em igual perío-
do de 2016. Agrados
Por segmento, a área de seguros de vida, habitação e Integrantes da base também começam nesta semana
rural, chamada pela BB Seguridade de SH1, teve lucro lí- a montar um mapa de votos. O trabalho será coordenado
quido ajustado de R$ 391,5 milhões no primeiro trimestre, pelo deputado Beto Mansur (PRB-SP) e pelo ministro-chefe
alta anual de 3,2%. Os prêmios emitidos somaram R$ 1,6 da Casa Civil, Eliseu Padilha. A ideia é identificar a posição
bilhão, um volume 9,1% maior sobre um ano atrás. de cada deputado para saber com quem é preciso nego-
Já a divisão de automóvel e patrimônio (SH2) teve pre- ciar. O governo só vai colocar a reforma em votação no
juízo líquido ajustado de R$ 4,6 milhões nos três primeiros plenário quando contabilizar mais de 320 votos favoráveis.
meses de 2017, ante resultado positivo de R$ 50,5 milhões
no mesmo intervalo de 2016. Enquanto isso, os prêmios Dificuldade
emitidos aumentaram 1,7% na mesma comparação, para O Placar da Previdência feito pelo Grupo Estado já
2,2 R$ bilhões. mostra que o desafio será grande. Até a noite de sexta-fei-
Em previdência, o lucro líquido ajustado entre janei- ra, havia 232 votos “não”, contra 87 votos a favor. Com esse
ro e março cresceu 11,5% ano a ano, atingindo R$ 248,4 cenário, o governo sabe que terá de atuar firme no campo
milhões, beneficiado pelo aumento de receitas com taxas político, com liberação de recursos de emendas parlamen-
de gestão em função da expansão do volume de recursos tares, nomeação de cargos para aliados e atendimento a
administrados e da melhora no índice de eficiência. demandas que vão além da reforma, como o parcelamento
O volume de contribuições de previdência subiu 26,7% de dívidas previdenciárias do setor rural.
no primeiro trimestre, enquanto a captação líquida totali- As mudanças no texto feitas em plenário integram a
zou R$ 4,5 bilhões, evolução de 19,9% ante um ano atrás. ação de convencimento dos deputados, que se viram pres-
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 sionados por categorias como juízes e procuradores por al-
terações na transição dos servidores. No dia da aprovação
Governo parte para vale-tudo para aprovar reforma do texto na comissão especial, o relator, deputado Arthur
da Previdência Oliveira Maia (PPS-BA), disse que é preciso deixar os par-
lamentares “mais confortáveis” para votar. As informações
O presidente Michel Temer se prepara para a principal são do jornal O Estado de S. Paulo.
batalha na reforma da Previdência: a aprovação da pro- Fonte: atarde.uol.com.br/Acessado em 05/2017
posta no plenário da Câmara dos Deputados, com o apoio
de pelo menos 308 deputados. O governo ainda não tem
esses votos, mas já traçou os movimentos que fará daqui

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ATUALIDADES

Mercado disputa clientes ‘premium’ de grandes ta de fundos de terceiros, por vezes com menores taxas
bancos de administração, é uma ameaça aos fundos próprios dos
bancos.
O banco BTG Pactual, a exemplo das corretoras, tam-
bém entrou na disputa pelo cliente de alta renda que hoje Diversificação de receita
está na carteira “premium” das grandes instituições finan- Após 15 anos de trabalho com educação financeira
ceiras. O cliente-alvo dos bancos são as pessoas físicas com para tentar atrair investimentos de clientes, a corretora XP
renda superior a R$ 10 mil. começa a mudar de foco e avança em diferentes frentes
No BTG, a plataforma digital começou a ser gestada para diversificar sua receita.
em 2014 e passou a ser testada no ano passado por fun- A empresa espera licença do Banco Central para poder
cionários e familiares do banco. No fim de 2016, foi aberto atuar como banco na área de empréstimos para pessoas
a todos, que podem investir em fundos de investimentos físicas. No segmento institucional, a corretora já participou,
de, no mínimo, R$ 3 mil, disse Marcelo Flora, sócio do BTG neste ano, da coordenação do IPO (oferta pública de ações,
e responsável pelo projeto. na sigla em inglês) da locadora de veículos Movida e co-
A meta é abocanhar, em até cinco anos, 10% do mer- meça a trabalhar com emissões de títulos de dívida para
cado de alta renda, que hoje soma cerca de R$ 700 bilhões. empresas. Procurada pela reportagem, a companhia não
Se atingir o objetivo, o segmento será tão importante quis falar sobre o assunto.
quanto sua área de gestão de fortunas, que hoje soma R$ Fonte: atarde.com.br/acessado em 05/2017
80 bilhões. “A tecnologia permitiu ter grande escala e ofe-
recer produtos que antes eram só para o segmento ‘wealth Vale prevê economia de mais de US$ 70 milhões
manegement’ (grandes fortunas)”, disse Flora. com novo sistema até 2020
O Banco Original, da holding J&F (dona da Friboi), Desenvolvimento começou em 2014, e implantação
também quer avançar nesse segmento e oferece opção de teve início em 2016.
investimentos a partir de R$ 1 mil. Segundo a executiva
A mineradora Vale prevê economizar mais de US$ 70
Sinara Polycarpo, do Original, o fato de não ter uma estru-
milhões até 2020 com a implantação de um novo sistema
tura de agência, faz com que o banco, que já nasceu digital,
de gestão das unidades de minério de ferro e manganês,
possa oferecer taxas administrativas mais atraentes.
chamado de Gestão da Produção Vale - Mineração (GP-
Percebendo o movimento de instituições independen-
V-M), que substitui outros 17 sistemas que vinham sendo
tes, os bancos de varejo têm revisto suas estratégias. Antes,
usados.
os gigantes só ofereciam seus próprios fundos. Agora, co-
A empresa afirmou nesta sexta-feira (5) que serão 38
meçam a se abrir para opções de terceiros.
minas, plantas e entrepostos com o novo sistema, e que
O Itaú, por exemplo, criou a plataforma digital Inves-
a implantação já foi concluída em 20 unidades de Minas
timento 360, destinada aos clientes Personnalité e que
Gerais, Maranhão e Pará.
oferece fundos de outras instituições. Essa plataforma foi
Com o início do desenvolvimento em 2014 - pelas
lançada como uma campanha de marketing agressiva no áreas de Tecnologia da Informação (TI) e Ferrosos em par-
mercado. ceria com a empresa Chemtech - o novo sistema da Vale
Já o Bradesco afirma que passou a oferecer uma as- começou a ser implantado em outubro de 2016.
sessoria financeira “mais proativa”, com consultores de in- O GPV-M faz parte da plataforma tecnológica única de
vestimentos a todos os clientes de alta renda. Até 2016, gestão da cadeia de valor do negócio de ferrosos, compos-
era mais restrito. Fundos de outras instituições, porém, são ta por mina, ferrovia e porto, e engloba todo o processo de
ofertados a clientes do chamado private banking, que exi- produção, desde a mina e o beneficiamento até a expedi-
ge cifras maiores. O diretor executivo do Bradesco, Cassia- ção do produto.
no Scarpelli, afirma que remunerar bem é um desafio para A economia, segundo a Vale, vem da redução do custo
o setor. de TI, com a manutenção e evolução de diferentes sistemas
Em um evento, Sérgio Rial, presidente do Santander, e plataformas, e com a redução de impactos operacionais
afirmou que o setor está em uma transformação cultural causados por indisponibilidade do sistema.
e a plataforma digital vem para eliminar a fricção huma- Além disso, segundo a mineradora, “são esperados ga-
na que ele considera desnecessária, mas não é apenas um nhos relevantes com maior produtividade de mão de obra
“software”. Procurados, Itaú, Caixa e Banco do Brasil não re- e redução de horas improdutivas dos ativos, suportados
tornaram os pedidos de entrevista.Para Luis Miguel Santa- pela melhor usabilidade do sistema e maior disponibilida-
creu, da Austin Rating, a investida dos grandes bancos nas de de informações para tomada de decisão”.
plataformas abertas não se trata de uma reação ao avanço O GPV-M é capaz de processar 1,2 terabyte de infor-
de corretoras, mas do entendimento que a variedade de mações em tempo real e atender a mil usuários simultâ-
opções pode ser uma opção rentável de negócio. Segundo neos. Desde que começou a ser implantado o sistema já foi
uma fonte, no entanto, o trabalho dos bancos nessas pla- utilizado por 1 mil usuários diferentes, com acessos simul-
taformas traz risco de “canibalização”. Isso porque a ofer- tâneos de 150 usuários.

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ATUALIDADES

Nova campanha Já o espetáculo Mulata marca as comemorações dos


O anúncio foi feito pela Vale nesta sexta-feira, junta- 50 anos de vida e 40 de dança da bailarina cearense Wile-
mente com o lançamento de uma campanha no ambiente mara Barros e ganha narrativa com o corpo e a voz da artis-
digital, que tem como tema a inovação e a evolução da ta. Ainda na programação, serão realizadas oficinas de balé
empresa. O primeiro passo foi a publicação de um vídeo clássico e dinâmica muscular, aula de dança contemporâ-
manifesto chamado “O caminho é evoluir”. nea, e no último dia (14), às 16h, um debate sobre políticas
“Na segunda etapa da campanha, os vídeos contarão e micropolíticas de circulação da dança no Brasil, com co-
histórias reais relacionadas ao papel da mineração na vida reógrafos convidados.
e no dia a dia das pessoas e mostrarão inovações que só
foram possíveis na nossa sociedade graças à atividade de Fonte: JornaldoBrasil.com.br/ Acessado em 05/2017
mineração”, disse a Vale.
A empresa destacou que a campanha será voltada para
o público formador de opinião e vai ao ar no ano em que a Aos 95 anos, príncipe Philip abandona vida pública
Vale completa 75 anos. Aos 95 anos de idade, o príncipe Philip, marido da ra-
inha Elizabeth II da Inglaterra, abandonará a vida pública e
Fonte: g1.com.br/ Acessado em 05/2017 os compromissos oficiais da realeza, de acordo com anún-
cio feito nesta quinta-feira (4) pelo Palácio de Buckingham.  
“O duque de Edimburgo decidiu não participar mais de
Conexão entre o Rio e o Ceará busca democratizar compromissos públicos a partir do outono [no Hemisfé-
a dança rio Norte] deste ano”, informou um comunicado da família
real. O príncipe cumprirá sua agenda até agosto e, depois,
A democratização da dança e a troca de experiências não aceitará mais convites para eventos, em um espécie de
entre profissionais de dois estados é o objetivo do projeto “aposentadoria”. Por sua vez, Elizabeth II, que está com 91
de ocupação Conexão Dança Ceará/Rio de Janeiro, que até anos, manterá seus compromissos oficiais.
o próximo dia 14 toma conta do Teatro Cacilda Becker, es- A notícia foi divulgada após uma reunião de emergên-
paço da Fundação Nacional de Arte (Funarte) no bairro do cia no Palácio de Buckingham convocada nesta manhã com
Catete, zona sul do Rio. A programação, aberta na quarta- todos os funcionários do local, o que gerou curiosidade
feira (3), conta com oficinas, palestras e debates gratuitos, e especulações na imprensa. Conhecido por seu senso de
além de espetáculos a preços populares, todos por iniciati- humor e por sua lealdade à rainha, Philip é o príncipe con-
va da Associação Dança Cariri, criada em Juazeiro do Norte sorte mais longevo da história britânica e vai completar 96
(CE), em parceria com a Funarte. anos em junho.
No Cariri, região onde o grupo tem sede, o intercâmbio Aos 95 anos de idade, o príncipe Philip, marido da ra-
já ocorre por meio da Semana Dança Cariri, que realizou inha Elizabeth II da Inglaterra, abandonará a vida pública e
em abril sua oitava edição. É a primeira vez que o projeto os compromissos oficiais da realeza, de acordo com anún-
chega ao Rio de Janeiro, reunindo companhias de dança e cio feito nesta quinta-feira (4) pelo Palácio de Buckingham.
bailarinos dos dois estados. “O duque de Edimburgo decidiu não participar mais de
De acordo com o cearense Alysson Amâncio, idealiza- compromissos públicos a partir do outono [no Hemisfé-
dor do projeto, o Rio mantém uma relação estreita com a rio Norte] deste ano”, informou um comunicado da família
dança cearense desde os anos 70, quando os bailarinos e real. O príncipe cumprirá sua agenda até agosto e, depois,
coreógrafos Dennis Gray e Jane Blauth se mudaram da ca- não aceitará mais convites para eventos, em um espécie de
pital fluminense para Fortaleza e implantaram a Escola de “aposentadoria”. Por sua vez, Elizabeth II, que está com 91
Dança do Sesi. “Muitos bailarinos do Ceará mudaram para anos, manterá seus compromissos oficiais.
o Rio em busca de uma formação mais aprimorada, bem A notícia foi divulgada após uma reunião de emergên-
como muitos professores e grupos cariocas estiveram pelo cia no Palácio de Buckingham convocada nesta manhã com
Ceará para ministrar oficinas e realizar espetáculos”, conta. todos os funcionários do local, o que gerou curiosidade
São três espetáculos cariocas – Delicadeza, da Cia da e especulações na imprensa. Conhecido por seu senso de
Ideia, Sobre cisnes, de Giselda Fernandes, e O céu de Bas- humor e por sua lealdade à rainha, Philip é o príncipe con-
quiat, da Marcio Cunha Cia de Dança Contemporânea – e sorte mais longevo da história britânica e vai completar 96
dois cearenses – Mulata, da Cia Dita, e Manga com Leite, da anos em junho.
Cia Alysson Amâncio – com apresentações de quarta-feira Príncipe Philip da Grécia e da Dinamarca é bisneto da
a domingo, sempre às 20h, até o final do evento. rainha Victoria, assim como a própria Elizabeth II. Porém,
Em O Céu de Basquiat, o intérprete e criador Márcio em 1922, sua família teve de se exilar.
Cunha apresenta um espetáculo que trata de discrimina- Ingressou na Marinha britânica, participou da Segun-
ção, preconceito e sociedade, inspirado no universo insti- da Guerra Mundial e se casou com Elizabeth em 1947. Em
gante das obras do pintor neo-expressionista norte-ameri- 1952, quando a esposa assumiu o trono, Philip deixou sua
cano Jean Michel Basquiat (1960-1988). carreira para apoiar a rainha.

8
ATUALIDADES

Em vários momentos, Philip foi criticado por fazer co- Novo encontro definirá metas contra mudanças cli-
mentários inadequados e até racistas em compromissos máticas
oficiais da monarca. Países começarão a delinear operações para limitar
Em 1986, na China, ele recomendou que estudantes o aquecimento global
não ficassem muito tempo no país para não terminarem
com “os olhos rasgados”. As negociações sobre mudanças climáticas inicia-
Em 2002, na Austrália, ele perguntou a um aborígene das em 2015, com o Acordo de Paris, serão retomadas
se “ainda disparava feclas”. Gafe- A notícia da aposentado- esta segunda-feira em Bonn, na Alemanha. A reunião dos
ria do príncipe gerou uma gafe no tabloide “The Sun”. Em 196 países que participaram da elaboração do documen-
vez de informar o afastamento de Philip, o jornal noticiou to ocorrerá em meio à ameaça do governo americano de
sua morte. Aparentemente, o texto publicado era uma pá- retirar-se do pacto internacional, cujo objetivo é limitar o
gina pronta sobre o falecimento do marido da rainha. aquecimento do planeta.
Área de Mata Atlântica no Rio: bioma é um dos que
Fonte: Jornaldobrasil.com.br/Acessado em 05/2017 pesquisa aponta que crescimento e absorção de carbono
vão aumentar junto com alta na temperatura e chuva Mu-
danças climáticas podem fomentar crescimento de flores-
Perder-se na rua pode ser um dos primeiros sinais tas tropicais
do Alzheimer, indicam cientistas — Precisamos definir as operações do Acordo de Paris
RIO - Perder a habilidade de se localizar ou até mesmo antes da próxima Conferência do Clima (COP-23), que será
se desencontrar em um ambiente que seja familiar podem realizada no fim do ano — alerta David Levai, investigador
ser sinais de que o mal Alzheimer poderá chegar na terceira do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e de Relações
idade. Estas resultados preliminares são fruto de um estu- Internacionais.
do de longo prazo sobre a doença que está sendo desen- Na COP-21, em Paris, 195 países e a União Europeia
volvido por pesquisadores da Universidade de Edimburgo, concordaram em limitar o aumento da temperatura global
na Escócia, e deverão ser publicados em breve. a, no máximo, 2 graus Celsius. A Palestina anunciou a ade-
O estudo, que tem o nome “Projeto Prevenção” e conta são ao acordo depois. Para não ultrapassar esta marca, será
também com a parceria de cientistas ingleses, visa mapear necessária, entre outras medidas, uma radical transição
de que forma o Alzheimer age inicialmente no cérebro. Por energética, que substitua os combustíveis fósseis (carvão
isso, adultos com menos de 60 anos estão sendo acom- e petróleo) por fontes renováveis (biomassa, solar, eólica).
panhados — é somente depois das seis décadas de vida Fonte: oglobo.com/Acessado em 05/2017
que o sintomas mais consistentes da doença começam a
aparecer, quando o cérebro já está consideravelmente da-
nificado pelo Alzheimer. VIOLÊNCIA
O que o “Projeto Prevenção” vem indicando é que,
para além da memória — que leva a “fama” como a ha- Onda de violência em Florianópolis assusta mora-
bilidade mais afetada pelo Alzheimer —, a capacidade de dores
se localizar espacialmente é também um ponto importante Guerras de traficantes e tiroteios nas comunidades
para se entender a doença. viraram rotina em uma cidade conhecida pelas belezas
“O Alzheimer é considerado uma doença da memória, naturais e pela tranquilidade.
mas nós agora vemos, a partir de trabalhos anteriores, que
a dificuldade que as pessoas estão realmente tendo — ao Uma onda de assassinatos tem assustado os morado-
menos para começar — não tem a ver com o declínio da res de Florianópolis. Guerras de traficantes e tiroteios nas
memória, mas com a decadência da habilidade de visuali- comunidades viraram rotina em uma cidade conhecida pe-
zar a localização das coisas e delas mesmas”, disse uma das las belezas naturais e pela tranquilidade Só nesta semana
pesquisadoras do grupo, Karen Ritchie, ao jornal britânico três homens morreram durante uma troca de tiros entre
“The Guardian”. “É a perda da habilidade de navegação”. facções criminosas no meio de uma comunidade.
O projeto, financiado pela Sociedade do Alzheimer, Esse clima de insegurança não é de hoje. No mês pas-
envolve o estudo de dois grupos. O primeiro é de pessoas sado, um homem foi morto a tiros, à luz do dia, em frente
com idades entre 41e 59 anos com parentes próximos que ao Mercado Público, um dos lugares mais movimentados
desenvolveram a doença e têm alto risco de serem afeta- do Centro de Florianópolis.
das por ela. O segundo consiste em indivíduos cujas vidas O número de roubos também não para de crescer. De
nunca foram afetadas pelo Alzheimer. janeiro a março deste ano foram 868, quase 100 a mais que
nos três primeiros meses do ano passado.
Fonte: oglobo.com/Acessado em 05/2017 A polícia e especialistas em segurança não têm dúvidas
de que a escalada da violência em Santa Catarina está dire-
tamente ligada à guerra entre grupos rivais, que disputam

9
ATUALIDADES

pontos de venda de drogas. Na capital, só este ano, foram Governos e ONU denunciam ‘violência generaliza-
57 homicídios. O número é quase três vezes maior do que da’ no Brasil
o registrado no mesmo período do ano passado. Brasil anuncia meta de redução de 10% da popula-
ção carcerária, mas não diz como isso será feito; ongs
Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017 acusam ‘demagogia’

A violência no Brasil, nos centros urbanos, no campo


Enfrentamento à violência contra a mulher é tema ou dentro das prisões, é o maior desafio de direitos huma-
de seminário nos do País e se transformou em um fenômeno generali-
Evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas zado. Esse foi o resultado da sabatina realizada pela ONU
no local. sobre a situação no Brasil e que levou governos de todo
Ação ocorre em Aracaju (SE) e celebra o Dia Inter- o mundo a soar o alerta para o aumento da violência nos
nacional da Mulher. últimos anos no País e pedir medidas concretas para lidar
com o fenômeno.
Nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, Pressionado, o governo brasileiro sinalizou na quinta-
ocorre o 1º Seminário “Conhecendo a Rede de Enfrenta- feira, 4, em Genebra, que irá reduzir em 10% a população
mento à Violência contra a Mulher” a partir das 9h, no au- carcerária do País até 2019, cerca de 70 mil pessoas. Mas
ditório do Palácio da Justiça Tobias Barreto de Menezes, não explicou como isso ocorreria, levando ongs brasileiras
localizado na Praça Fausto Cardoso, 112, Centro de Aracaju e internacionais a acusar o governo de fazer “demagogia”. 
(SE). O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas Durante o debate, países cobraram explicações e me-
no local. dida por parte do Brasil para lidar com a violência da polí-
O seminário é uma promoção da Secretaria de Estado cia, intolerância, assassinatos, violência nas prisões, contra
da Mulher, Inclusão e Assistência Social, do Trabalho e dos mulheres, negros, crianças, gays, defensores de direitos hu-
Direitos Humanos (Seidh) em parceria com o Tribunal de manos e jornalistas, além de indígenas. Por todos critérios
Justiça de Sergipe (TJ/SE) sendo uma ação de fortalecimen- apresentados, a taxa de violência hoje é mais alta que em
to e integração das entidades que atuam no atendimento 2012, ano da última vez que o Brasil foi examinado pela
e proteção à mulher vítima de violência. ONU. 
“Existem alguns pontos de estrangulamento. Inter- Não por acaso, relatores das Nações Unidas alertam
rupções no atendimento a essa mulher vítima. A partir de que existe uma “violência generalizada” e respostas insu-
uma unificação de procedimentos, poderemos ter uma ficientes, levando o país a regredir na defesa dos direitos
continuidade salutar entre os diversos serviços aos quais humanos. O governo brasileiro, porém, foi à sabatina sem
a mulher deve recorrer em caso de violência, tornando o sequer um representante do Ministério da Justiça, o que
atendimento mais acolhedor e mais eficaz”, explica a coor- deixou delegações e ativistas surpresos. 
denadora Estadual de Políticas para as Mulheres da Seidh, Durante o encontro oficial, pelo menos 17 recomen-
Edivaneide Paes. dações sobre as condições do sistema prisional e acesso
O evento contará com a palestrante Jane Curbani, que à Justiça foram feitas ao Brasil por países como Estados
vai falar sobre “Redes Intersetoriais: encontros possíveis”, Unidos, Espanha, Itália, Tailândia, Japão, África do Sul, Sué-
destacando a importância do trabalho em rede para ga- cia, Reino Unido e Dinamarca. Citando dados da ONU, a
rantir a proteção e o acolhimento da mulher vítima de vio- Alemanha chegou a indicar em documentos que existe um
lência. Com a juíza coordenadora da Mulher do Tribunal de “retrocesso” na garantia do direito à vida de determinados
Justiça de Sergipe, Isabela Sampaio, que vai apresentar o grupos minoritários. 
fluxograma da rede, contendo os diversos caminhos que a As autoridades da República Checa, da Namíbia e Sér-
mulher pode percorrer a partir das diferentes portas de en- via foram alguns dos que criticaram a superlotação das
trada, incluindo o acesso através de denúncia pelo disque prisões. Segundo os suecos, a população carcerária é o do-
180, 190 e 181. A delegada Thais Lemos Santiago também bro da capacidade hoje das detenções. A representante do
participa com a palestra “Denunciei: o que fazer?”, sobre o governo americano, Michelle Roulbet, chegou a atacar a
atendimento à mulher vítima de violência no DAGV. “corrupção nas prisões” e a necessidade de se buscar penas
alternativas. A Casa Branca também recomendou o Brasil
Fonte: g1.com/ Acessado em 2017 a acelerar julgamentos, diante de 40% de seus detentos
ainda aguardarem julgamento. 
A Alemanha, por exemplo, recomendou que o governo
amplie o programa de audiências de custódia através da
aprovação do projeto de lei 554/11 e demandou que juí-
zes e promotores que atuam nessas audiências passem por
treinamento específico para combater a tortura.

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ATUALIDADES

Polícia.  Outra preocupação é a violência policial. Da- Críticas. O discurso brasileiro e a falta de medidas con-
dos da Anistia Internacional apontam que, entre a última cretas foi duramente criticado pelas entidades da socieda-
sabatina do Brasil na ONU em 2012 e hoje, as mortes por de civil. Renata Neder, da Anistia Internacional, alertou que,
policiais aumentaram de 419 casos no Rio de Janeiro para desde a última sabatina em 2012 na ONU, o que se viu foi
920 em 2016.  “um grande aumento da violência e violações de direitos
Por isso, o governo do Reino Unido quer que a polícia humanos no Brasil”. “Não foi um período de avanços. Mas
brasileira seja treinada e que, em quatro anos, as mortes um período de retrocesso no campo e nas cidades”, disse.
ocorridas pelas forças de ordem sejam reduzidas em 10%. “Os homicídios aumentaram, inclusive pela polícia. O Es-
Mesmo a Guatemala, um dos países mais violentos do tado brasileiro não agiu. Não há um plano de redução de
mundo, usou seu discurso para dizer que estava “preocu- homicídios”, insistiu.  
pada com o aumento de violência no Brasil”.  Para a entidade Conectas, o que o governo sugere não
Em seu discurso, a ministra brasileira indicou que tem basta. “Essa promessa não dialoga com o tamanho dos de-
“investido na qualificação das forças policiais, na garantia safios do sistema prisional. O Brasil prende cerca de 40 mil
do acesso à justiça, no fortalecimento das Defensorias Pú- pessoas por ano, ou seja, quando a ‘meta’ anunciada for
blicas, e no combate à impunidade nos casos de uso ex- cumprida, o país já terá prendido outras 120 mil”, afirma
cessivo da força policial”. “Cabe ressaltar nesse sentido um Camila Asano, coordenadora do programa de Política Ex-
conjunto de iniciativas, tanto do Ministério Público, quanto terna da Conectas.
das Forças Policiais no sentido de abolir os ‘autos de resis- “Da maneira como foi apresentado, o compromisso é
tência’ e de conduzir com prioridade inquéritos que envol- demagógico. Não há nada que indique que a política atual
vam mortes por oposição à ação policial”, garantiu. esteja mudando. Ao contrário: o Plano Nacional de Segu-
Sobre as prisões, a ministra insistiu na meta de reduzir rança apresentado pela ministra Valois como um ‘sucesso’
a população carcerária em 10% em dois anos. Mas apenas apenas reforça a militarização que está na base do encarce-
indicou que “a situação do sistema penitenciário é reflexo ramento massivo de jovens pobres e negros das periferias”,
também dos desafios em matéria de segurança pública”. “É completa.
preciso reduzir a superpopulação carcerária e humanizar
os presídios”, defendeu, sem explicar como isso seria feito. Fonte: estadão.com/Acessado em 05/2017
“O Departamento Penitenciário Nacional tem promo-
vido a adoção de penas alternativas para crimes de baixa
gravidade como forma de reverter a preocupante tendên- INTERNACIONAL
cia de aumento das taxas de encarceramento no país, além
de forças tarefas, em coordenação com a Defensoria Públi- Eleições na França: cinco razões para entender a vi-
ca, para verificar a situação de presos que podem postular tória de Macron
seu retorno ao convívio familiar”, disse. “Outro avanço po-
sitivo foi o Programa de Promoção de Audiências de Cus- Há um ano, ele integrava o gabinete de um dos presi-
tódia, que levou, segundo estudos, a uma redução de 50% dentes mais impopulares da história recente do país.
nas detenções provisórias e que contribui para o combate
às detenções arbitrárias”, completou. Quem é Emmanuel Macron, o novo presidente elei-
Ativistas.  Outro tema recorrente foi o ataque contra to da França
ativistas de direitos humanos, assunto tratado pelo gover- Agora, aos 39 anos, venceu a eleição presidencial, der-
no dos EUA, Holanda, Noruega, Eslováquia e outros. Os Es- rotando primeiramente a centro-esquerda e a centro-direi-
tados Unidos, por exemplo, pediram investigação dos ca- ta que predominavam no país, e depois a extrema direita.
sos de execuções extrajudiciais. A Eslováquia recomendou
que a polícia brasileira adote um código de conduta sobre Ele teve sorte
uso da força em protestos, enquanto os relatores da ONU Não há dúvida: os ventos da sorte sopraram para Ma-
indicaram em seus informes que o número de assassinatos cron e impulsionaram seu triunfo eleitoral.
tem aumentado. Em 2016, foram 61 casos e, para muitos Um escândalo de nepotismo derrubou as chances do
governos, isso seria um sinal da impunidade.  favorito no começo da disputa, o candidato da centro-di-
Com a ONU usando dados do IPEA que apontam para reita François Fillon. E o candidato do Partido Socialista
5 mil mulheres assassinadas por ano no Brasil e 500 mil (centro-esquerda), Benoît Hamon, de ala mais à esquerda
tentativas de estupros, a violência contra a mulher também dentro do próprio partido, sofreu com o abandono de elei-
chamou a atenção. O tema foi levantado por governos tores mais tradicionais, que buscaram outros nomes.
como Rússia e Itália. A Espanha, por exemplo, pediu “medi- “Ele foi muito sortudo, porque encontrou uma situa-
das concretas”. Essa violência, segundo a Suécia, continua ção totalmente inesperada”, afirmou Marc-Olivier Padis, do
na prisão, onde existe apenas uma ginecologista para cada centro de estudos Terra Nova, de Paris.
900 detentas no País. 

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ATUALIDADES

Ele foi esperto Kim contra Kim? O que diz o ‘plano’ para matar lí-
A sorte não explica toda a história. der que a Coreia do Norte alega ter descoberto
Macron poderia ter tentado a candidatura dentro do A escalada nas tensões entre Estados Unidos e Co-
Partido Socialista, mas percebeu, após anos de poder e reia do Norte ganhou um novo capítulo nesta sexta-feira,
popularidade baixa da gestão, que seria muito difícil fazer quando o governo norte-coreano acusou os EUA e a Coreia
com que o público ouvisse a voz do partido. do Sul de orquestrarem um “plano” para matar o líder Kim
“Ele conseguiu ver uma oportunidade onde ninguém Jong-un.
viu”, afirma Padis. O suposto plano, segundo um comunicado norte-co-
Macron analisou movimentos políticos que tinham sur- reano, seria executado por um homem identificado apenas
gido pela Europa - como o Podemos na Espanha e o Cinco como “Kim”, também norte-coreano, contratado pelos paí-
Estrelas na Itália - e viu que não havia na França nenhuma ses “inimigos” para fazer o serviço.
força semelhante com possibilidade de embaralhar a luta O ataque seria feito com “substâncias bioquímicas”,
pelo poder. mas foi “frustrado” antes de ser executado, diz a Coreia do
Em abril de 2016, ele lançou o seu movimento En Mar- Norte. Não se sabe, porém, o paradeiro do homem cha-
che! (Em Marcha) e quatro meses depois deixou a gestão mado “Kim”.
do presidente François Hollande. Até agora, nem a CIA, agência de inteligência america-
na, nem a Coreia do Sul se pronunciaram sobre o assunto.
Ele tentou algo novo na França Mas analistas dizem que uma operação desse nível se-
Após a fundação do En Marche, Macron seguiu as pis- ria muito difícil de planejar e executar, considerando-se o
tas da campanha de 2008 do ex-presidente americano Ba- forte esquema de segurança em torno do líder coreano.
rack Obama e apostou na ajuda de voluntários, diz a jorna- O plano
lista freelancer baseada em Paris Emily Schultheis. O governo norte-coreano não forneceu provas das
A primeira grande ação do movimento foi a Grande acusações nem detalhes sobre como o plano teria sido
Marche (Grande Marcha), quando mobilizou um crescente descoberto.
contingente de ativistas inexperientes mas cheios de ener- Mas, em comunicado divulgado pelo Ministério de Se-
gia. gurança de Estado, diz que a CIA e a inteligência da Coreia
“A campanha usou algoritmos de uma empresa de do Sul elaboraram um “plano perverso para ferir o líder su-
consultoria política com a qual trabalharam - e que já tinha premo (como os norte-coreanos se referem a Kim Jong-un)
sido voluntária na campanha de Obama em 2008 - para da República Democrática da Coreia do Norte”.
identificar distritos e setores mais representativos da Fran- O texto alega que seria usada uma “bomba terrorista”
ça como um todo”, afirma Schultheis. para alvejar o líder supremo durante um desfile militar ou
“Eles enviaram pessoas para bater em 300 mil portas.” em um evento no Palácio Kumsusan do Sol, o mausoléu de
Esses voluntários não só entregaram panfletos - eles Kim II-sung, o fundador do regime norte-coreano.
conduziram 25 mil entrevistas em profundidade de cerca Segundo o comunicado, “Kim” teria recebido a orien-
de 15 minutos com eleitores de todo o país. Essas infor- tação de que o melhor método seria “usar substâncias
mações foram incluídas em um amplo banco de dados que bioquímicas, incluindo substâncias radioativas e nanosubs-
subsidiou a definição de prioridades e propostas para a tâncias venenosas, cujos resultados apareceriam depois de
campanha. seis a 12 meses”.
“Foi uma enorme pesquisa qualitativa para medir a “Apenas a CIA poderia fazer algo desse tipo”, diz o co-
temperatura do país, mas também possibilitou que as pes- municado, acrescentando que a Coreia do Sul teria ajuda-
soas logo tivessem contato com seu movimento. Foi um do a financiar o plano. Ainda de acordo com o ministério,
treinamento que preparou o terreno para o que ele fez o homem norte-coreano contratado foi recrutado pelas
neste ano”, diz a jornalista. inteligências americana e sul-coreana enquanto trabalhava
na Rússia, em 2014.
Ele tinha uma mensagem positiva O ministério diz que foram feitos dois pagamentos a
A imagem política de Macron parece cheia de contra- “Kim”, de US$ 20 mil, e mais outros dois de US$ 100 mil
dições. como “suborno” e para pagar os equipamentos. O comu-
O “novato” que era protegido do presidente Hollande nicado também menciona outros US$ 50 mil, mas não fica
e depois seu ministro da Economia, o ex-alto funcionário claro se foram adicionais ao que já havia sido combinado.
de banco liderando um movimento popular, o centrista Ao voltar para a Coreia do Norte, o homem teria sido
com um programa radical de reforma do setor público. instruído a providenciar informações detalhadas sobre um
Era a munição perfeita para sua rival no segundo turno, possível local onde o atentado poderia ser realizado.
Marine Le Pen, que afirma que ele foi o candidato da elite, O ministério disse que as “organizações de inteligência
e não o iniciante que dizia ser. e de conspiração dos imperialistas dos EUA e seus fanto-
Fonte: bbc.com/Acessado em 05/2017 ches” seriam “varridas”.
Fonte: bbc.com/ Acessado em 05/2017

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ATUALIDADES

Policiais israelenses matam palestina que tentou Hillary Clinton diz que Rússia, WikiLeaks e FBI con-
atacá-los com faca tribuíram para sua derrota nas eleições
Jovem foi identificada como Fatima Hajiji, de 16 ‘Razão pela qual perdemos está nos acontecimen-
anos, originária de Qarawat Beni Zeid, ao norte de Ra- tos dos 10 últimos dias de campanha’, diz ex-candidata
mallah. presidencial.

Policiais israelenses mataram neste domingo (7) uma A ex-candidata presidencial Hillary Clinton afirmou
palestina de 16 anos que tentou atacá-los com uma faca nesta terça-feira (2) que teria sido eleita presidente dos Es-
em uma entrada da Cidade Velha de Jerusalém, informou tados Unidos, se não fosse pela intervenção do WikiLeaks e
a polícia de Israel. da Rússia e pelo diretor do FBI, James Comey, nas últimas
A mulher “brandiu uma faca em direção aos policiais semanas da campanha.
no Portão de Damasco”, uma das principais entradas da “Estava no caminho para a vitória até que a carta de
Jim Comey de 28 de outubro e o WikiLeaks russo geraram
Cidade Velha, indicou a polícia em um comunicado.
dúvidas na cabeça das pessoas que se inclinavam a meu
Os policiais atiraram e a mulher morreu devido aos fe-
favor e que acabaram ficando com medo”, declarou a ex-
rimentos, acrescentou.
candidata democrata à Casa Branca em Nova York, ao ser
O ministro palestino da Saúde identificou a jovem
entrevistada por um jornalista durante uma atividade da
como Fatima Hajiji, de 16 anos, originária de Qarawat Beni
ONG Women for Women International.
Zeid, ao norte de Ramallah. “Se a eleição tivesse acontecido no dia 27 de outubro,
Onda de violência eu teria sido presidente”, disse.
Desde 1º de outubro de 2015, uma onda de violência Em 7 de outubro, um mês antes das eleições, o site
em Israel e nos Territórios Palestinos ocupados causou a WikiLeaks vazou mensagens do presidente da equipe de
morte de 262 palestinos, 41 israelenses, dois americanos, campanha de Hillary, John Podesta, menos de uma hora
um jordaniano, um eritreu, um sudanês e um britânico, se- depois de a imprensa divulgar um vídeo de 2005, no qual
gundo um balanço de AFP. Donald Trump falava de mulheres em um tom grosseiro.
A maioria dos palestinos mortos eram autores ou su- “Que coincidência”, ironizou Hillary Clinton, sugerindo
postos autores de ataques contra israelenses, cometidos que Wikileaks e Rusia agiram para atenuar o impacto do
muitas vezes com armas brancas. vídeo de Trump.
Semanas depois, em 27 de outubro, James Comey
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 anunciou ao Congresso que agentes do FBI (a Polícia Fe-
deral americana) haviam encontrado novas mensagens
que justificavam reabrir as investigações sobre os e-mails
Trump sanciona lei sobre gastos e evita paralisação apagados pela democrata na época em que utilizava um
do governo dos EUA servidor privado quando era secretária de Estado.
Lei prevê orçamento de US$ 1,2 trilhão, e ocorreu O FBI não encontrou, porém, qualquer dado incrimina-
após acordo que tirou do orçamento recursos para a tório nos e-mails de Hillary Clinton e arquivou as investiga-
construção do muro na fronteira com o México. ções dois dias antes das eleições de 8 de novembro.
“Cometi erros? Por Deus, sim”, acrescentou Hillary.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, san- “Mas a razão, pela qual perdemos, está nos acontecimen-
cionou nesta sexta-feira (5) uma lei de gastos de US$ 1,2 tos dos dez últimos dias” da campanha, disse a ex-candida-
trilhão aprovada pelo Congresso, evitando uma paralisação ta, insistindo em que os votos antecipados e as pesquisas
lhe davam a vitória.
do governo que começaria à meia-noite.
Seguindo as conclusões do governo de Barack Obama,
A porta-voz da Casa Branca Sarah Huckabee Sanders
ela acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de ter opera-
confirmou durante briefing à imprensa que o presidente
do contra ela pelo ódio que sentia desde 2011. Na época,
havia sancionado a lei.
a então chefe da diplomacia americana criticou as eleições
No início da semana, líderes do Congresso apresenta-
na Rússia.
ram um acordo para dotar o governo federal de um orça- “Quando se observa meu adversário e as declarações
mento que mantém o plano da Casa Branca para a defesa, de sua equipe de campanha, vê-se que estavam bastante
mas não inclui no orçamento recursos para a construção coordenados com os objetivos do líder, cujo nome não di-
do muro na fronteira com o México. rei”, afirmou, referindo-se a Putin.
O acordo alcançado é o resultado de semanas de ne- “Tive três milhões de votos a mais do que meu adver-
gociações entre legisladores republicanos e democratas e sário”, lembrou a democrata. Trump perdeu pelo sufrágio
permite financiar o funcionamento federal pelo menos até popular, mas ganhou pelo voto indireto.
30 de setembro sem o risco de uma paralisação do gover- “Sou outra vez uma cidadã ativa, membro da resistên-
no por falta de orçamento. cia”, anunciou Hillary, somando-se ao movimento informal
de resistência ao presidente republicano.
Fonte: g1.com/ Acessado em 05/2017 Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017

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ATUALIDADES

Papa Francisco envergonhado com a “mãe de todas Defende negociações com a Coreia do Norte em vez
as bombas” de persistir nas agressões mútuas e já apelou a alguma
contenção por parte de Donald Trump quanto a Pyongya-
O Papa Francisco criticou a chamada “mãe de todas as ng, manifestando-se contra um primeiro ataque america-
bombas”, o explosivo mais potente do arsenal não-nuclear no, para além de exprimir preocupação quanto ao massivo
dos Estados Unidos, lançada no Afeganistão no último mês sistema defensivo Thaad, dos Estados Unidos, instalado no
de abril. Um vídeo mostra poder de destruição do engenho sul do país.
que matou 36 combatentes do grupo Estado Islâmico. A É um defensor dos direitos humanos.
declaração foi feita, sábado, num encontro com jovens no Já  Ahn Cheol-so, ex líder do Partido do Povo, é vis-
Vaticano, durante o qual o líder da Igreja Católica respon- to como o único candidato a poder fazer frente a Moon
deu a perguntas sobre diversos assuntos. Jae-in, mas as sondagens davam-lhe apenas 20% dos vo-
“Fiquei envergonhado pelo nome de uma bomba, cha- tos. Por vezes comparado a Bernie Sanders, quer reformar
mada “mãe de todas as bombas”. Mas a mãe dá a vida, e educação, saúde e economia e desnuclearizar a península
essa dá a morte, e chamamos mãe a esse artefato, o que coreana, para além de querer reduzir o poderio económico
está a acontecer? controlado por algumas famílias sul-coreanas.
Em momento algum o Sumo Pontífice mencionou os Nas presidenciais de 2012 desistiu da candidatura a fa-
EUA, mas referia-se ao armamento conhecido pelo acrô- vor de Moon para poder consolidar votos contra Park Ge-
nimo “Maob”, que significa, em inglês, “Munição Maciça un-hye, objetivo gorado.
de Destruição Aérea” ou “Mãe de Todas as Bombas”. O Hong Joon-pyo, do Partido Liberdade da Coreia,
explosivo foi lançado pela primeira vez em abril passado, emergido do Partido conservador depois do escândalo que
na província de Nangarhar, no leste do Afeganistão, para destituiu a presidente Park Geun-hye, é leal à ex-Presidente
atingir alvos do grupo terrorista Estado Islâmico (EI). Se- que vai ser agora julgada por suborno, coerção e abuso
gundo o governo afegão, cerca de 80 jihadistas morreram de poder entre outras acusações. Segundo as projeções,
no ataque. encontra-se ombro a ombro com o segundo candidato e
Este poderá ser um dos temas a ser invocados durante cerca de 20% de intenção de voto.
o encontro, no próximo dia 24 de maio, entre o Papa e Viu o escândalo bater-lhe à porta quando escreveu
o presidente Donald Trump recebido no Vaticano, no que que, em 2005, teria dado um pó afrodisíaco a um amigo
será o primeiro encontro entre os dois líderes. que lhe terá confessado a intenção de violar uma colega.
Afirmações como “os homens têm trabalho para homens e
Fonte: euronews.com/Acessado em 05/2017 as mulheres têm o trabalho próprio de mulheres” ou “lavar
pratos é trabalho de mulheres” não fizeram crescer a popu-
laridade do candidato.
Coreia do Sul vota em eleições presidenciais ante- Fonte: euronews.com/Acessado em 05/2017
cipadas
Oposição venezuelana diz que não participará de
Depois do escândalo que resultou na destituição de Constituinte convocada por Maduro
Park Geun-hye enquanto Presidente da República da Co- Poder eleitoral deu nesta semana aval para uma As-
reia – a primeira a figurar na história do país – a votação sembleia Constituinte, em meio a uma onda de protes-
para eleger um novo Presidente está em jogo na terça feira, tos comandados pela oposição.
9 de maio. A oposição venezuelana disse neste domingo (07) que
não participará da Assembleia Nacional Constituinte con-
Os 3 principais candidatos vocada pelo presidente Nicolás Maduro, que buscará rees-
Moon Jae-in pode ser o primeiro Presidente liberal da crever a Constituição, por considerar que ela se trata de
Coreia do Sul em 9 anos, se vencer as eleições presidenciais uma “fraude”.
antecipadas na Coreia do Sul, esta terça feira. Tudo aponta O poder eleitoral venezuelano deu nesta semana aval
para que isso aconteça. para que Maduro convoque uma Assembleia Constituinte,
Apresenta-se pelo Partido Democrático, de oposição, em meio a uma onda de protestos comandados pela opo-
e as últimas sondagens davam-lhe 40% dos votos. Con- sição nos quais já morreram 37 pessoas em pouco mais de
correu nas presidenciais de 2012, mas Geun-hye obteve a um mês.
vitória. “Essa não é uma Constituinte, nós não poderíamos
Moon Jae-in quer mais bombeiros, professores e polí- participar de um processo absolutamente fraudulento, não
cia, mas o objectivo principal é proteger a frágil recupera- vamos fazer com que os venezuelanos sejam parte de uma
ção da quarta maior economia asiática. Tem um conserva- fraude”, disse o líder da coalizão de oposição Mesa da Uni-
dor ao seu lado para a área de economia, Kim Kwang-doo, dade Democrática (MUD), Henrique Capriles.
que os media apontam como provável primeiro-ministro. MAIS: Mais um ferido em protesto morre na Venezuela;
número de mortos sobe para 37

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ATUALIDADES

“Esses personagens que não querem se submeter ao Pregão para contratar monitoramento por satélite
escrutínio popular inventaram um processo que não está na Amazônia e outras regiões é suspenso
na Constituição, porque eleições setoriais não existem”, Licitação é alvo de polêmica porque edital previa
adicionou Capriles. monitoramento da região amazônica, que já é monito-
O governo socialista de Maduro insiste que a Consti- rada pelo Inpe. Novas datas serão anunciadas em breve.
tuinte buscará criar “condições” de normalidade que per-
mitam realizar processos eleitorais normais que estão em Um pregão eletrônico do Ministério do Meio Ambiente
andamento, como as eleições presidenciais de 2018. (MMA) para contratar serviços de monitoramento ambien-
Mas a oposição sustenta que a intenção do processo tal por imagens de satélite foi suspenso nesta quinta-feira
é adiar duas eleições regionais previstas para este ano e as (4), conforme aviso da pregoeira Simone Marcia Borges
presidenciais, no que chamam de um auto-golpe de Estado publicado no site da pasta. O documento diz que haverá
promovido por Maduro para perpetuar-se no poder. ajustes no termo de referência da licitação e que em breve
serão anunciadas novas datas para sua realização. O pro-
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017
cesso de R$ 78,5 milhões estava gerando polêmica porque,
entre os diversos serviços previstos no edital da licitação,
MEIO-AMBIENTE
há o monitoramento ambiental na região da Amazônia,
algo que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe),
Com 90 milhões de anos, raro fóssil de réptil mari-
ligado ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações e
nho é encontrado na França Comunicações (MCTIC), já faz há mais de 20 anos por meio
Ossos fossilizados pertencem à família dos plesios- dos projetos Prodes e Deter, que vigiam o desmatamento
sauros e foram descobertos em 2013; eles foram apre- na região. O ministério, no entanto, afirma que os novos
sentados nesta quinta no Museu de Ciências Naturais serviços contratados serão complementares aos do Inpe.
de Angers. Em nota, o MMA disse que “pretende aumentar a efi-
ciência e capacidade da gestão ambiental, auxiliando a exe-
O fóssil de um grande réptil marinho de 90 milhões de cução e avaliação das políticas públicas ambientais, com
anos, encontrado em uma caverna no centro da França, foi maior transparência e padronização dos procedimentos”.
apresentado como uma “rara descoberta” nesta quinta-fei- Além disso, o Ministério do Meio Ambiente também
ra (4) no Museu de Ciências Naturais de Angers. informou que “nenhuma dessas tarefas [que estão previs-
Os ossos fossilizados desse predador pertencem à fa- tas no novo edital] se sobrepõe aos trabalhos realizados
mília dos plesiossauros, grandes répteis que viveram na pelo Inpe, que continuará a produzir os dados oficiais do
época dos dinossauros nos mares e oceanos, e foram des- desmatamento da Amazônia e outros relacionados às suas
cobertos em 2013, conta Benoît Mellier, responsável pelo competências institucionais.”
acervo do museu de Angers.
Os fósseis foram extraídos e levados para o museu em Dependência de serviço terceirizado
fevereiro, e serão submetidos a um estudo paleontológico Tasso Azevedo, coordenador do Sistema de Estimativa
aprofundado antes de serem expostos ao público. de Emissões de Gases de Efeito Estufa do Observatório do
Foram encontrados um fêmur de 51 cm de extensão, Clima (SEEG), observa que a contratação de uma empre-
“peças de um punho ou de um pé”, uma série de “peque- sa para realizar as atividades descritas no edital do MMA
nos ossos da mão”, e uma mandíbula completa de um me- pode tornar o ministério dependente de um serviço tercei-
tro de comprimento. A descoberta desse exemplar, que rizado muito caro e de formato antiquado.
provavelmente media de cinco a seis metros de compri- “Tecnologias novas permitem gerar plataformas que
usam inteligência artificial e algoritimos de classificação au-
mento, representa algo “excepcional, e será interessante
tomática que permitem fazer interpretação de imagens de
para todos os pesquisadores que trabalham com répteis
satélite em escala maior, mais rápida e barata”, diz Azeve-
marinhos no mundo”, disse Peggy Vincent, paleontóloga
do. Investir em uma plataforma do tipo seria uma alterna-
do Museu de História Natural de Paris.
tiva mais razoável ao formato previsto pelo MMA, segundo
“Esse animal foi achado em níveis que datam de quase
o pesquisador, já que permitiria que analistas entrassem
90 milhões de anos atrás. Não sabíamos nada sobre o gru- na plataforma e gerassem as informações no momento em
po dos plesiossauros dessa idade em território europeu, a que necessitassem, em vez de depender de análises gera-
não ser pequenos elementos isolados, mas nada tão signi- das por uma empresa.
ficativo e completo”, complementou. “É importante lembrar que temos no Brasil hoje, já im-
Fósseis de répteis marinhos dessa idade já tinham sido plantadas, as melhores tecnologias de monitoramento de
encontrados no norte da África e nos Estados Unidos. “Sa- cobertura e uso do solo no mundo. O Brasil é referência
ber que existiam na Europa muda muitas coisas. (...) Não por trabalhos feitos tanto por órgãos públicos, como o
é certo, mas é provável que seja uma nova espécie. Se for Inpe, quanto pela sociedade civil e instituições de pesqui-
uma espécie que já existe, significa que houve imigrações”, sa. Com tantas coisas disponíveis, seria importante investir
concluiu Vincent. nessas iniciativas”, conclui Azevedo.
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017

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ATUALIDADES

Levantamento mostra que Brasil perdeu 20% dos A regeneração do mangue pode demorar décadas,
manguezais em 17 anos alertam os especialistas. “São árvores jovens, não muito
Observatório do Clima divulgou mapeamento dos velhas, duram até 60, 70 anos, mas em 30 anos, até no má-
biomas brasileiros feito em parceria com outras enti- ximo 20, 30 anos a gente pode ter uma floresta de man-
dades. 70 a 80% dos peixes, crustáceos e moluscos que gue com a sua fauna associada”, aponta o oceanógrafo e
a população consome precisam do mangue em alguma biólogo da Universidade de Pernambuco (UPE), professor
fase da vida. Clemente Coelho Junior.

O Brasil perdeu 20% de sua área de manguezais em 17 Esperança


anos, em parte destruídos pela expansão urbana. O dado Por outro lado, a volta gradual da floresta atlântica é
faz parte da segunda coleção de mapas do Projeto de um exemplo de que é possível reverter o processo. O bio-
Mapeamento Anual da Cobertura e Uso do Solo no Brasil ma, que teve sua cobertura original reduzida a 12,5%, cres-
(MapBiomas), feito pelo Observatório do Clima em colabo- ceu de 276 mil quilômetros quadrados em 2001 para 301
ração com 18 instituições.  mil quilômetros quadrados em 2015.
Universidades, organizações não governamentais e No Paraná, houve um crescimento de 5 mil quilôme-
empresas de tecnologia contribuíram para o trabalho, con- tros quadrados de mata, principalmente por recuperação
siderado o maior levantamento sobre a cobertura vegetal de áreas de preservação permanente, como margens de
do Brasil. A mais recente radiografia dos biomas brasileiros rios. Em relação à área total, o Rio de Janeiro teve 17,8%
comparou imagens de satélite nos últimos 17 anos. de florestas a mais em 2015 em comparação com 2001, um
A pesquisa mostra que, no Paraná, os manguezais di- crescimento de 10 mil para 12 mil quilômetros quadrados.
minuíram 23%. Na Bahia, a redução foi 21%, enquanto em Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017
Alagoas foi de 14%. A redução da área de mangue é ligada
a uma série de fatores, mas a expansão urbana se destaca.
“Principalmente ocupação imobiliária, tanto causada Trump diz que EUA querem tratamento justo em
pelo crescimento do turismo, a instalação de novos resorts, acordo climático
hotéis, pousadas como também pela ocupação também Presidente americano disse que vai anunciar deci-
das comunidades. Algumas comunidades vulneráveis aca- são sobre permanência do EUA no pacto em duas sema-
bam sendo pressionadas e ocupando as margens dos man- nas. Em campanha, Trump prometeu que iria retirar os
guezais, construindo suas casas com a madeira do mangue, EUA do pacto de Paris.
inclusive”, explica José Ulisses Santos, analista ambiental e
chefe substituto da área de Proteção Ambiental Costa dos O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, quei-
Corais AL/PE. xou-se na quinta-feira (27) de que seu país está recebendo
O mangue é o berçário da inúmeras espécies marinhas: um tratamento injusto no Acordo Climático de Paris e disse
70 a 80% dos peixes, crustáceos e moluscos que a popula- à Reuters que vai anunciar uma decisão em cerca de duas
ção consome precisam do bioma em alguma fase da vida. semanas sobre a permanência dos EUA no pacto.
“Tem diversos peixes que utilizam a área de reprodução e O republicano Trump, eleito em novembro, prometeu
depois voltam pro mar, espécies economicamente impor- durante a campanha que iria retirar os EUA do pacto de
tantes. Então você acaba afetando não só a biodiversida- Paris até 100 dias depois de assumir a Presidência, parte de
de como a própria economia”, explica Fernanda Niemeyer, um plano mais amplo para revogar as proteções ambien-
veterinária do Centro de Pesquisas do Nordeste (Cepene). tais do governo de seu antecessor, Barack Obama, que ele
Sem o mangue, várias espécies correm o risco de de- disse estarem prejudicando a economia.
saparecer do planeta. Entre elas está o peixe-boi, que fre- Desde então ele afirmou estar aberto a continuar no
quenta o mangue pra procriar, se alimentar e beber água acordo se Washington tiver termos melhores, e dezenas de
doce. O peixe-boi é o mamífero marinho mais ameaçado grandes empresas norte-americanas e vários parlamenta-
de extinção do país e o manguezal é o seu principal refúgio. res de seu partido o exortaram a manter a filiação como
“Se não forem tomadas medidas urgentes, essas es- forma de proteger os interesses industriais de seu país no
pécies que vivem diretamente em volta do mangue elas exterior.
podem ser totalmente afetadas, inclusive vir a se extinguir Trump, que completa 100 dias no cargo no sábado, dis-
algumas espécies ou acabar, ou quase acabar com outras se à Reuters em uma entrevista que irá anunciar sua deci-
que possam estar dependendo deste ambiente”, alerta a são “em cerca de duas semanas”, mas reclamou que China,
veterinária. Índia, Rússia e outros países estão pagando muito pouco
As fazendas de produção de camarão, a construção para ajudar nações mais pobres a combaterem a mudança
de estradas e o assoreamento dos estuários - braços de climática nos termos do Fundo Clima Verde.
mar que encontram os rios - também estão devastando os “Não é uma situação justa porque eles não estão pa-
manguezais. gando virtualmente nada, e nós estamos pagando quanti-
dades enormes de dinheiro.”

16
ATUALIDADES

Instado a dar uma dica sobre sua decisão, ele respon- “Sabemos que tumores costumam ter um sistema
deu: “Posso dizer isto: queremos ser tratados justamente.” anormal de vasos sanguíneos, mas também sabemos que
Mais cedo, uma fonte do governo disse à Reuters que o aumento do fluxo sanguíneo para uma região não é ne-
autoridades da gestão Trump provavelmente irão se reunir cessariamente um indicativo confiável de câncer”, disse à
em maio para decidir se mantêm os EUA no acordo climá- BBC Anna Perman, do instituto de pesquisa Cancer Resear-
tico. Eles já fizeram uma reunião inicial na quinta-feira na ch UK.
Casa Branca. “É ótimo ver jovens como Julian se envolvendo com
O grupo de conselheiros, que inclui o secretário de Es- ciência e tendo ideias que podem ajudar no diagnóstico,
tado, Rex Tillerson, o secretário de Energia, Rick Perry, e o mas uma parte importante da ciência são os testes rigoro-
conselheiro de Segurança Nacional, H.R. McMaster, deve sos para garantir que uma inovação realmente beneficiará
tomar uma decisão antes da cúpula do G7 em 26 de maio, os pacientes.”
segundo a fonte. Julian quase perdeu a mãe para o câncer de mama
Tillerson, ex-diretor da petroleira Exxon Mobil Corp, e quando tinha 13 anos de idade, porque a doença foi diag-
Perry disseram que os EUA deveriam permanecer no acor- nosticada tardiamente.
do, e McMaster compartilha essa opinião, disse uma fonte O médico que a acompanhava disse que os caroços
de fora do governo. encontrados em seu seio não eram malignos, mas ele es-
Entre os opositores do pacto estão o diretor da Agên- tava errado. Seis meses depois, uma segunda mamografia
cia de Proteção Ambiental, Scott Pruitt –ex-procurador-ge- revelou o câncer. A mãe de Julian teve ambos os seios re-
ral de Oklahoma, Estado produtor de petróleo–, e o estra- movidos.
tegista-chefe da Casa Branca, Steve Bannon. Depois de pesquisar sobre a doença e seus atuais mé-
todos de diagnósticos, o adolescente teve a ideia, registrou
Fonte:g1.com/Acessado em 05/2017 a patente e pediu a ajuda de amigos para administrar a em-
presa. Eles esperam poder vender o sutiã no fim de 2018.

CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Sinais


De acordo com Perman, detectar o câncer de mama
Um adolescente mexicano diz ter criado um sutiã que em seu estágio inicial pode aumentar muito as chances de
consegue, em até 90 minutos, detectar o câncer de mama sobreviver à doença.
em mulheres. “Nosso conselho é que a pessoa conheça seu corpo,
Com um protótipo do sutiã Eva, Julian Rios Cantu, de saiba o que é normal para ela e, se vir algo incomum, pro-
18 anos, e três amigos, arrecadaram dinheiro para dar co- cure um clínico geral”, diz.
meçar os testes e ganharam o primeiro prêmio do Global Alguns dos primeiros sinais de câncer de mama são:
Student Entrepreneur Awards - uma premiação internacio- - Caroços na área do peito ou das axilas;
nal para universitários empreendedores. - Mudanças no tamanho, no formato ou na sensação
A empresa dos mexicanos, Higia Technologies, ganhou do seio;
US$ 20 mil para desenvolver comercialmente o produto. - Vazamento de fluido pelo bico do seio, que não seja
Mas como um sutiã que detecta câncer funcionaria? leite materno.
Tumores malignos podem aumentar a temperatura da Fonte:g1.com/Acessado em 05/2017
pele por causa de um aumento no fluxo de sangue para a
região onde estão. Biossensores colocados no sutiã Eva to- Universidade dos EUA descobre anticorpo que pode
mariam medidas de temperatura periódicas da mulher que virar vacina contra a zika
seriam registradas em um aplicativo de celular. Cientistas usaram amostras de sangue de mais de
O aplicativo, por sua vez, alerta a usuária caso os sen- 400 pessoas do Brasil e do México. Cinco delas conti-
sores detectem mudanças de temperatura que possam ser nham anticorpos praticamente idênticos gerados em
preocupantes. um contato anterior com vírus da zika.
Seria necessário usar o sutiã por 60 a 90 minutos para
ter medições precisas. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Rocke-
feller de Nova York afirmou ter identificado uma possível
Ressalvas nova forma de lutar contra o vírus da zika e que também
Julian afirmou que a ideia de colocar os sensores den- pode resultar no desenvolvimento de uma vacina contra a
tro de um sutiã pode melhorar a precisão das medições, já doença.
que os seios da mulher estariam na mesma posição a cada A instituição indicou em um artigo publicado em seu
vez que sua temperatura for medida. site que os cientistas encontraram em amostras de sangue
Mas, como o protótipo ainda não foi testado, especia- coletadas de pessoas do México e do Brasil anticorpos em
listas têm ressalvas em relação a sua edicácia para detectar formas de proteínas produzidas pelo sistema imunológico
o câncer. que previnem que o vírus se desenvolva.

17
ATUALIDADES

Esses anticorpos, segundo a pesquisa, teriam sido ge- Hackers usam e-mails falsos para acessar dados de
rados inicialmente em uma resposta a uma infecção ante- usuários do Google
rior do vírus, indica o texto. Empresa informou que já trabalha na resolução do
“Em futuro próximo, esses anticorpos poderiam ser problema. Criminosos enviavam links do Google Docs
muito úteis. Poderíamos, por exemplo, administrá-los de para ter acesso a contas de usuários.
forma segura para prevenir o zika em mulheres grávidas ou
Google alertou seus usuários para que tomem cuidado
em outras pessoas sob risco de contrair a doença”, explicou
com e-mails de contatos conhecidos pedindo-lhes para cli-
o pesquisador Davide Robbiani. car em um link do Google Docs, após um grande número
Além disso, a equipe de cientistas descobriu que os de pessoas reclamar nas redes sociais de terem suas contas
anticorpos podem ser usados na produção de uma vacina. hackeadas.
Os pesquisadores da Universidade Rockefeller tiveram A empresa informou nesta quarta-feira (3) que tomou
acesso a amostras de sangue de mais de 400 pessoas atra- medidas para proteger os usuários dos ataques: desativou
vés de colaboradores no Brasil e no México. contas ofensivas e removeu páginas mal-intencionadas.
Uma análise profunda mostrou que cinco delas conti- “Nossa equipe está trabalhando para evitar que este
nham anticorpos praticamente idênticos e que sugeriram tipo de fraude aconteça novamente”, informou a empresa
em um e-mail.
que essas moléculas eram especialmente efetivas na luta
Segundo especialistas em segurança que analisaram
contra o vírus da zika. o esquema, usuários recebem por e-mail um pedido para
Os anticorpos, batizados como Z004, foram inseridos clicar em um link para visualizar um documento do Google
em ratos de laboratório que desenvolveram uma proteção Docs e, sem saber, fornecem aos hackers acesso ao conteú-
contra uma infecção séria da doença. Eles também parece- do de suas contas do Google, incluindo o correio de e-mail,
ram ser efetivos na luta contra a dengue, um vírus muito contatos e documentos online.
parecido com o da zika. “Esta é uma situação muito séria para quem está infec-
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017 tado porque as vítimas têm suas contas controladas por
alguém mal-intencionado”, disse Justin Cappos, professor
de segurança cibernética da Tandon School of Engineering
Mar do Caribe invadiu Amazônia duas vezes há mi-
da Universidade de Nova York.
lhões de anos Cappos afirmou que recebeu sete desses e-mails mali-
Estudo foi publicado na revista “Science Advances” ciosos em três horas na tarde de quarta-feira, uma indica-
ção de que os hackers estavam usando um sistema auto-
Mar do Caribe invadiu Amazônia duas vezes há mi- matizado para realizar os ataques.
lhões de anos Ele disse não saber o objetivo do golpe, mas ressaltou
Estudo foi publicado na revista “Science Advances” que as contas comprometidas podem ser usadas para re-
Agência ANSA definir senhas de contas de bancos online ou dar acesso a
Partes da Floresta Amazônica na Colômbia e no Brasil informações financeiras.
Fonte: g1.com/Acessado em 05/2017
foram inundadas pela água do Mar do Caribe em dois mo-
mentos no período Mioceno, cerca de 23 milhões de anos Questões
atrás, revelou um estudo publicado pela revista Science
Advances. 01) Sobre as investigações da chamada “Lava-Jato”,
De acordo com a pesquisa divulgada nesta quarta-feira analise as seguintes afirmativas.
(3), a descoberta foi possível graças a 933 tipos de evidên- I. O promotor público Sergio Moro é um dos principais
cias que incluem um minúsculo dente de tubarão, partes agentes no que se refere ao andamento das investigações,
de camarões, pólen e diversos organismos marinhos. o que fez com que ele ficasse conhecido nacionalmente.
O estudo foi realizado por cientistas do Instituto de II. Até o momento, diversos políticos e representantes
de empreiteiras foram denunciados, sendo que alguns já
Pesquisa Tropical Smithsonian, com sede no Panamá, e li-
foram presos.
derado pelo geólogo colombiano Carlos Jaramillo. O gru- III. A denominação dada à operação é proveniente de
po examinou sedimentos da bacia Llanos, no leste da Co- uma investigação semelhante ocorrida em postos de gaso-
lômbia, e a bacia do Amazonas e Solimões, no Noroeste lina nos Estados Unidos nos anos 90.
do Brasil. Está correto o que se afirma em:
De acordo com o pesquisador, as inundações foram a) I, somente.
“rápidas”, com duração de menos de um milhão de anos b) I e II, somente.
cada uma. A questão é um tema de debate entre os cien- c) I e III, somente.
tistas por se tratar de um terreno que continua sendo difícil d) II, somente.
e) todas.
de estudar, e os dados consistentes são poucos.
Fonte: jb.com.br/Acessado em 05/2017
Resposta : D

18
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES (C) Um levantamento mostrou que os adolescentes


SOBRE: LÍNGUA PORTUGUESA americanos consomem, em média, 357 calorias diárias des-
sa fonte.
1-) (FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC/ (D) Um levantamento, (X) mostrou que os adolescentes
SP – ADMINISTRADOR - VUNESP/2013) Assinale a al- americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
ternativa correta quanto à concordância, de acordo diárias dessa fonte.
com a norma-padrão da língua portuguesa. (E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade americanos, (X) consomem (X) em média (X) 357 calorias
social está no centro dos debates atuais. diárias, (X) dessa fonte.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge em re-
lação aos efeitos da desigualdade social. RESPOSTA: “C”.
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos
mais pobres é um fenômeno crescente. 3-) (TRT/RO E AC – ANALISTA JUDICIÁRIO –
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito FCC/2011) Estão plenamente observadas as normas de
criticado por alguns teóricos. concordância verbal na frase:
(E) Os debates relacionado à distribuição de rique- a) Destinam-se aos homens-placa um lugar visível
zas não são de exclusividade dos economistas. nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é suprimida a
visibilidade social.
Realizei a correção nos itens: b) As duas tábuas em que se comprimem o famige-
(A) A má distribuição de riquezas e a desigualdade so- rado homem-placa carregam ditos que soam irônicos,
cial está = estão como “compro ouro”.
(B) Políticos, economistas e teóricos diverge = diver- c) Não se compara aos vexames dos homens-placa
gem a exposição pública a que se submetem os guardadores
(C) A diferença entre a renda dos mais ricos e a dos de carros.
mais pobres é um fenômeno crescente. d) Ao se revogarem o emprego de carros-placa na
(D) A má distribuição de riquezas tem sido muito criti- propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma de-
cado = criticada monstração de mau gosto.
(E) Os debates relacionado = relacionados e) Não sensibilizavam aos possíveis interessados
em apartamentos de luxo a visão grotesca daqueles ve-
RESPOSTA: “C”. lhos carros-placa.
2-) (COREN/SP – ADVOGADO – VUNESP/2013) Se- Fiz as correções entre parênteses:
guindo a norma-padrão da língua portuguesa, a frase a) Destinam-se (destina-se) aos homens-placa um lu-
– Um levantamento mostrou que os adolescentes ame-
gar visível nas ruas e nas praças, ao passo que lhes é supri-
ricanos consomem em média 357 calorias diárias dessa
mida a visibilidade social.
fonte. – recebe o acréscimo correto das vírgulas em:
b) As duas tábuas em que se comprimem (comprime)
(A) Um levantamento mostrou, que os adolescentes
o famigerado homem-placa carregam ditos que soam irô-
americanos consomem em média 357 calorias, diárias
nicos, como “compro ouro”.
dessa fonte.
c) Não se compara aos vexames dos homens-placa a
(B) Um levantamento mostrou que, os adolescentes
exposição pública a que se submetem os guardadores de
americanos consomem, em média 357 calorias diárias
dessa fonte. carros.
(C) Um levantamento mostrou que os adolescentes d) Ao se revogarem (revogar) o emprego de carros
americanos consomem, em média, 357 calorias diárias -placa na propaganda imobiliária, poupou-se a todos uma
dessa fonte. demonstração de mau gosto.
(D) Um levantamento, mostrou que os adolescentes e) Não sensibilizavam (sensibilizava) aos possíveis in-
americanos, consomem em média 357 calorias diárias teressados em apartamentos de luxo a visão grotesca da-
dessa fonte. queles velhos carros-placa.
(E) Um levantamento mostrou que os adolescentes
americanos, consomem em média 357 calorias diárias, RESPOSTA: “C”.
dessa fonte.
4-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011)
Assinalei com um “X” onde há pontuação inadequada Assinale a palavra que tenha sido acentuada seguindo a
ou faltante: mesma regra que distribuídos.
(A) Um levantamento mostrou, (X) que os adolescentes (A) sócio
americanos consomem (X) em média (X) 357 calorias, (X) (B) sofrê-lo
diárias dessa fonte. (C) lúcidos
(B) Um levantamento mostrou que, (X) os adolescentes (D) constituí
americanos consomem, em média (X) 357 calorias diárias (E) órfãos
dessa fonte.

19
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

Distribuímos = regra do hiato (...) O uso do pronome de tratamento Vossa Senhoria


(A) sócio = paroxítona terminada em ditongo (abreviado V. Sa.) para vereadores está correto, sim. Numa
(B) sofrê-lo = oxítona (não se considera o pronome Câmara de Vereadores só se usa Vossa Excelência para o seu
oblíquo. Nunca!) presidente, de acordo com o Manual de Redação da Presi-
(C) lúcidos = proparoxítona dência da República (1991).
(D) constituí = regra do hiato (diferente de “constitui” (Fonte: http://www.linguabrasil.com.br/nao-tropece-de-
– oxítona: cons-ti-tui) tail.php?id=393)
(E) órfãos = paroxítona terminada em “ão”
RESPOSTA: “E”.
RESPOSTA: “D”.
7-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
5-) (TRT/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2012) ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
A concordância verbal está plenamente observada na ciedade como tais.
frase: Transpondo para a voz ativa a frase acima, o verbo
(A) Provocam muitas polêmicas, entre crentes e passará a ser, corretamente,
materialistas, o posicionamento de alguns religiosos e (A) perceba.
parlamentares acerca da educação religiosa nas escolas (B) foi percebido.
públicas. (C) tenham percebido.
(B) Sempre deverão haver bons motivos, junto (D) devam perceber.
àqueles que são contra a obrigatoriedade do ensino (E) estava percebendo.
religioso, para se reservar essa prática a setores da ini-
ciativa privada. ... valores e princípios que sejam percebidos pela so-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do tex- ciedade como tais = dois verbos na voz passiva, então te-
to, contra os que votam a favor do ensino religioso na remos um na ativa: que a sociedade perceba os valores e
escola pública, consistem nos altos custos econômicos princípios...
que acarretarão tal medida.
RESPOSTA: “A”
(D) O número de templos em atividade na cidade
de São Paulo vêm gradativamente aumentando, em
8-) (TRE/AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2010)
proporção maior do que ocorrem com o número de es-
A concordância verbal e nominal está inteiramente cor-
colas públicas.
reta na frase:
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
(A) A sociedade deve reconhecer os princípios e
como a regulação natural do mercado sinalizam para
valores que determinam as escolhas dos governantes,
as inconveniências que adviriam da adoção do ensino
para conferir legitimidade a suas decisões.
religioso nas escolas públicas. (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes
devem ser embasados na percepção dos valores e prin-
(A) Provocam = provoca (o posicionamento) cípios que regem a prática política.
(B) Sempre deverão haver bons motivos = deverá haver (C) Eleições livres e diretas é garantia de um verda-
(C) Um dos argumentos trazidos pelo autor do texto, deiro regime democrático, em que se respeita tanto as
contra os que votam a favor do ensino religioso na escola liberdades individuais quanto as coletivas.
pública, consistem = consiste. (D) As instituições fundamentais de um regime de-
(D) O número de templos em atividade na cidade de mocrático não pode estar subordinado às ordens indis-
São Paulo vêm gradativamente aumentando, em propor- criminadas de um único poder central.
ção maior do que ocorrem = ocorre (E) O interesse de todos os cidadãos estão voltados
(E) Tanto a Lei de Diretrizes e Bases da Educação como para o momento eleitoral, que expõem as diferentes
a regulação natural do mercado sinalizam para as inconve- opiniões existentes na sociedade.
niências que adviriam da adoção do ensino religioso nas Fiz os acertos entre parênteses:
escolas públicas. (A) A sociedade deve reconhecer os princípios e va-
lores que determinam as escolhas dos governantes, para
RESPOSTA: “E”. conferir legitimidade a suas decisões.
6-) (TRE/PA- ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV/2011) (B) A confiança dos cidadãos em seus dirigentes de-
Segundo o Manual de Redação da Presidência da Repú- vem (deve) ser embasados (embasada) na percepção dos
blica, NÃO se deve usar Vossa Excelência para valores e princípios que regem a prática política.
(A) embaixadores. (C) Eleições livres e diretas é (são) garantia de um ver-
(B) conselheiros dos Tribunais de Contas estaduais. dadeiro regime democrático, em que se respeita (respei-
(C) prefeitos municipais. tam) tanto as liberdades individuais quanto as coletivas.
(D) presidentes das Câmaras de Vereadores. (D) As instituições fundamentais de um regime demo-
(E) vereadores. crático não pode (podem) estar subordinado (subordina-
das) às ordens indiscriminadas de um único poder central.

20
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

(E) O interesse de todos os cidadãos estão (está) vol- c) Será preciso, talvez: redefinir a infância, já que
tados (voltado) para o momento eleitoral, que expõem (ex- as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
põe) as diferentes opiniões existentes na sociedade. com as de ontem.
d) Será preciso, talvez redefinir a infância? - já que
RESPOSTA: “A”. as crianças de hoje ao que tudo indica, nada têm a ver
com as de ontem.
9-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) e) Será preciso, talvez, redefinir a infância, já que
A frase que admite transposição para a voz passiva é: as crianças de hoje, ao que tudo indica, nada têm a ver
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sa- com as de ontem.
grado.
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma Devido à igualdade textual entre os itens, a apresenta-
grande diversidade de fenômenos. ção da alternativa correta indica quais são as inadequações
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da so- nas demais.
ciedade, a própria sociedade e seu instrumento de uni-
ficação. RESPOSTA: “E”.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto
da vida (...). 12-) (POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO ACRE –
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar ilu- ALUNO SOLDADO COMBATENTE – FUNCAB/2012)
dido e da falsa consciência. No trecho: “O crescimento econômico, se associado à
ampliação do emprego, PODE melhorar o quadro aqui
(A) O cúmulo da ilusão é também o cúmulo do sagra- sumariamente descrito.”, se passarmos o verbo desta-
do. cado para o futuro do pretérito do indicativo, teremos
(B) O conceito de espetáculo unifica e explica uma a forma:
grande diversidade de fenômenos. A) puder.
- Uma grande diversidade de fenômenos é unificada e B) poderia.
explicada pelo conceito... C) pôde.
(C) O espetáculo é ao mesmo tempo parte da socieda-
D) poderá.
de, a própria sociedade e seu instrumento de unificação.
E) pudesse.
(D) As imagens fluem desligadas de cada aspecto da
vida (...).
Conjugando o verbo “poder” no futuro do pretérito do
(E) Por ser algo separado, ele é o foco do olhar iludido
Indicativo: eu poderia, tu poderias, ele poderia, nós pode-
e da falsa consciência.
ríamos, vós poderíeis, eles poderiam. O sujeito da oração
é crescimento econômico (singular), portanto, terceira pes-
RESPOSTA: “B”.
soa do singular (ele) = poderia.
10-) (MPE/AM - AGENTE DE APOIO ADMINISTRA-
TIVO - FCC/2013) “Quando a gente entra nas serrarias, RESPOSTA: “B”.
vê dezenas de caminhões parados”, revelou o analista 13-) (TRE/AP - TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2011)
ambiental Geraldo Motta. Entre as frases que seguem, a única correta é:
Substituindo-se Quando por Se, os verbos subli- a) Ele se esqueceu de que?
nhados devem sofrer as seguintes alterações: b) Era tão ruím aquele texto, que não deu para dis-
(A) entrar − vira tribui-lo entre os presentes.
(B) entrava − tinha visto c) Embora devessemos, não fomos excessivos nas
(C) entrasse − veria críticas.
(D) entraria − veria d) O juíz nunca negou-se a atender às reivindica-
(E) entrava − teria visto ções dos funcionários.
e) Não sei por que ele mereceria minha conside-
Se a gente entrasse (verbo no singular) na serraria, ve- ração.
ria = entrasse / veria.
(A) Ele se esqueceu de que? = quê?
RESPOSTA: “C”. (B) Era tão ruím (ruim) aquele texto, que não deu para
distribui-lo (distribuí-lo) entre os presentes.
11-) (TRE/AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FCC/2010) (C) Embora devêssemos (devêssemos) , não fomos ex-
A pontuação está inteiramente adequada na frase: cessivos nas críticas.
a) Será preciso, talvez, redefinir a infância já que as (D) O juíz (juiz) nunca (se) negou a atender às reivindi-
crianças de hoje, ao que tudo indica nada mais têm a cações dos funcionários.
ver com as de ontem. (E) Não sei por que ele mereceria minha consideração.
b) Será preciso, talvez redefinir a infância: já que
as crianças, de hoje, ao que tudo indica nada têm a ver, RESPOSTA: “E”.
com as de ontem.

21
EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

14-) (FUNDAÇÃO CASA/SP - AGENTE ADMINIS- 16-) (UNESP/SP - ASSISTENTE TÉCNICO ADMINIS-
TRATIVO - VUNESP/2011 - ADAPTADA) Observe as TRATIVO - VUNESP/2012) A correlação entre as formas
frases do texto: verbais está correta em:
I, Cerca de 75 por cento dos países obtêm nota ne- (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o
gativa... planeta não resistiu.
II,... à Venezuela, de Chávez, que obtém a pior clas- (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
sificação do continente americano (2,0)... poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um co-
Assim como ocorre com o verbo “obter” nas frases lapso.
I e II, a concordância segue as mesmas regras, na ordem (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebi-
dos exemplos, em: da, o do jogo, o do sexo e o do consumo não conheces-
(A) Todas as pessoas têm boas perspectivas para o se distorções patológicas, não haverá vícios.
próximo ano. Será que alguém tem opinião diferente (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tor-
da maioria? nado tão eficientes, talvez as coisas não ficaram tão
(B) Vem muita gente prestigiar as nossas festas ju- baratas.
ninas. Vêm pessoas de muito longe para brincar de qua- (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir
drilha. conscientemente, a oferta de produtos supérfluos cres-
(C) Pouca gente quis voltar mais cedo para casa. cia.
Quase todos quiseram ficar até o nascer do sol na praia.
(D) Existem pessoas bem intencionadas por aqui, Fiz as correções necessárias:
mas também existem umas que não merecem nossa (A) Se o consumo desnecessário vier a crescer, o plane-
atenção. ta não resistiu = resistirá
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam. (B) Se todas as partes do mundo estiverem com alto
poder de consumo, o planeta em breve sofrerá um colapso.
Em I, obtêm está no plural; em II, no singular. Vamos (C) Caso todo prazer, como o da comida, o da bebida,
aos itens: o do jogo, o do sexo e o do consumo não conhecesse dis-
(A) Todas as pessoas têm (plural) ... Será que alguém torções patológicas, não haverá = haveria
tem (singular) (D) Se os meios tecnológicos não tivessem se tornado
(B) Vem (singular) muita gente... Vêm pessoas (plural) tão eficientes, talvez as coisas não ficaram = ficariam (ou
(C) Pouca gente quis (singular)... Quase todos quise- teriam ficado)
ram (plural) (E) Se as pessoas não se propuserem a consumir cons-
(D) Existem (plural) pessoas ... mas também existem cientemente, a oferta de produtos supérfluos crescia =
umas (plural) crescerá
(E) Aqueles que não atrapalham muito ajudam (ambas
as formas estão no plural) RESPOSTA: “B”.

RESPOSTA: “A”. 17-) (TJ/SP – AGENTE DE FISCALIZAÇÃO JUDICIÁ-


15-) (CETESB/SP - ANALISTA ADMINISTRATIVO - RIA – VUNESP/2010) Assinale a alternativa que preen-
RECURSOS HUMANOS - VUNESP/2013 - ADAPTADA) che adequadamente e de acordo com a norma culta a
Considere as orações: … sabíamos respeitar os mais lacuna da frase: Quando um candidato trêmulo ______ eu
velhos! / E quando eles falavam nós calávamos a boca! lhe faria a pergunta mais deliciosa de todas.
Alterando apenas o tempo dos verbos destacados (A) entrasse
para o tempo presente, sem qualquer outro ajuste, (B) entraria
tem-se, de acordo com a norma-padrão da língua por- (C) entrava
tuguesa: (D) entrar
(A) … soubemos respeitar os mais velhos! / E quan- (E) entrou
do eles falaram nós calamos a boca!
(B) … saberíamos respeitar os mais velhos! / E quan- O verbo “faria” está no futuro do pretérito, ou seja, in-
do eles falassem nós calaríamos a boca! dica que é uma ação que, para acontecer, depende de ou-
(C) … soubéssemos respeitar os mais velhos! / E tra. Exemplo: Quando um candidato entrasse, eu faria / Se
quando eles falassem nós calaríamos a boca! ele entrar, eu farei / Caso ele entre, eu faço...
(D) … saberemos respeitar os mais velhos! / E quan-
do eles falarem nós calaremos a boca! RESPOSTA: “A”.
(E) … sabemos respeitar os mais velhos! / E quando
eles falam nós calamos a boca!

No presente: nós sabemos / eles falam.

RESPOSTA: “E”.

22
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

1 Lei Estadual nº 5.346/1992 (Estatuto dos Policiais Militares do Estado de Alagoas).........................................................................01


2 Decreto Estadual nº 37.042/1996 (Aprova o Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de Alagoas e dá outras providên-
cias). .........................................................................................................................................................................................................................................20
3 Decreto-Lei nº 2.848/1940 e suas alterações (Parte geral do Código Penal): Título I a III..............................................................34
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

II – reformados, quando tendo passado por uma ou


duas situações anteriores, ativa e reserva remunerada, es-
1 LEI ESTADUAL Nº 5.346/1992
tão dispensados definitivamente da prestação de serviço
(ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO
ativo,continuandoaperceberremuneraçãodoEstado.
ESTADO DE ALAGOAS).
III–oPolicialMilitarqueassumircargopúblicoeletivo,
seráafastadodoserviçoativotemporariamente;podendo
voltaraoserviçoativonomesmopostoougraduaçãoem
LEI Nº 5.346, DE 26 DE MAIO DE 1992. quefoiafastado,desdeque:(Redaçãoacrescentadapela
Lei nº 5.729, de 18.09.1995).
DISPÕE SOBRE O ESTATUTO DOS POLICIAIS MILI- 1.desejevoltaraoserviçoativo;(Redaçãoacrescentada
TARES DO ESTADO DE ALAGOAS E DÁ OUTRAS PROVI- pela Lei nº 5.729, de 18.09.1995).
DÊNCIAS. 2.renuncieocargopúblicoparaoqualfoieleito;(Re-
dação acrescentada pela Lei nº 5.729, de 18.09.1995).
O GOVERNADOR DO ESTADO DE ALAGOAS
3. tenha terminado o mandato de referido cargo e não
seja candidato a reeleição; (Redação acrescentada pela Lei
Faço saber que o Poder Legislativo decreta e eu pro-
nº 5.729, de 18.09.1995).
mulgo a seguinte Lei:
4. não tenha atingido as idades limites do art. 51, a e
TÍTULO I b; (Redação acrescentada pela Lei nº 5.729, de 18.09.1995).
GENERALIDADES 5. não esteja sub-judice. (Redação acrescentada pela
CAPÍTULO I Lei nº 5.729, de 18.09.1995).
DA FINALIDADE IV – o Policial Militar eleito em cargo público duran-
te o mandato fará opção de qual fonte deve receber sua
Art. 1º O presente Estatuto tem o fim de regular a si- remuneração. (Redação acrescentada pela Lei nº 5.729, de
tuação, deveres, direitos e prerrogativas dos servidores pú- 18.09.1995).
blicos militares do Estado de Alagoas. V – o Policial Militar que for inativo por incapacidade
física (REFORMADO), passará a perceber vencimento igual
Art. 2º A Polícia Militar do Estado de Alagoas, Força ao que lhe era devido no serviço ativo e nunca inferior ao
Auxiliar e Reserva do Exército, é uma instituição perma- que percebe seu paradígma no mesmo posto ou gradua-
nente, organizada com base na hierarquia e na disciplina, ção em atividade. (Redação acrescentada pela Lei nº 5.729,
subordinada administrativa e operacionalmente ao Gover- de 18.09.1995).
nador do Estado, incumbida das atividades de polícia os- VI – o previsto no inciso anterior, aplicar-se-á ao pes-
tensiva e da preservação da ordem pública. soal que já estejam na inatividade. (Redação acrescentada
Parágrafo único. A Polícia Militar para fins de defesa pela Lei nº 5.729, de 18.09.1995).
interna, subordina-se diretamente ao Exército Brasileiro e § 2º São policiais militares de carreira aqueles que,
deverá estar adestrada para desempenhar os misteres per- oriundo do meio civil, concluam cursos de formação Poli-
tinentes a missão supra. cial Militar, em todos os níveis, ou de adaptação de oficiais,
permanecendo no serviço Policial Militar.
Art. 3º Os integrantes da Polícia Militar do Estado de § 3º São Policiais Militares temporários aqueles que,
Alagoas, em razão da destinação constitucional da Corpo- oriundo do meio civil, são matriculados, após concurso
ração e em decorrências das leis vigentes, quer do sexo público, para frequentarem curso de formação Policial
masculino ou feminino, constituem uma categoria especial
Militar ou de adaptação de oficiais.
de servidores públicos, denominados “policiais militares”.
§ 1º Os Policiais Militares posicionam-se em uma das
seguintes condições:
Art. 4º O serviço Policial Militar consiste no exercício
das atividades inerentes à Polícia Militar e a sua condição
a) na ativa:
I – os Policiais Militares de carreira; de força auxiliar e reserva do Exército, compreendendo to-
II – os Policiais Militares reformados (doença, invalidez) dos os encargos previstos na legislação específica e pecu-
ou que passarem para a reserva remunerada por ter con- liar, relacionados com a preservação da ordem pública e o
cluído seu tempo de serviço permanecerão na inatividade, policiamento ostensivo.
continuando a perceber a remuneração do Estado. (Reda-
ção dada pela Lei nº 5.729, de 18.09.1995). Art. 5º A carreira Policial Militar é caracterizada pela
III – os componentes da reserva remunerada, quando atividade continuada e devotada às finalidades da Corpo-
convocados e designados para serviço especificado. ração.
b) na inatividade: § 1º A carreira Policial Militar é privativa do pessoal da
I – quando transferido para reserva remunerada, per- ativa.
manecem percebendo remuneração do Estado, porém su- § 2º É privativa de brasileiro nato a carreira de oficial da
jeitos à prestação de serviço ativo, mediante convocação e Polícia Militar.
designação;

1
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

CAPÍTULO II XX – Serviço Temporário – é o período de tempo vi-


CONCEITUAÇÃO venciado no serviço ativo, para onde os policiais militares,
quando oriundo do meio civil, se encontram matriculados
Art. 6º Para efeito deste Estatuto serão obedecidas as nos cursos de formação ou adaptação;
seguintes conceituações: XXI – Comissionado – é o grau hierárquico temporário,
I – Polícia Ostensiva – é o ramo da Polícia Administra- atribuído pelo Comandante Geral ao policial militar oriun-
tiva que tem atribuição na prática de atos de prevenção e do do meio civil, matriculado em curso de formação ou
repressão destinadas à preservação da Ordem Pública; adaptação;
II – Ordem Pública – é a situação de convivência pa- XXII – Interinidade – é a situação em que se encontra o
cífica e harmoniosa da população, fundada nos princípios policial militar no exercício de cargo cujo provimento é de
éticos vigentes na sociedade; grau hierárquico superior ao seu;
III – Serviço Ativo – é aquele desempenhado pelo poli- XXIII – Legislação Básica – é a legislação federal ou es-
cial militar nos órgãos, cargos e funções previstas na legis- tadual que serve de base na elaboração da legislação pe-
lação pertinente; culiar;
IV – Posto – é o grau hierárquico privativo do oficial, XXIV – Legislação Peculiar – é a legislação inerente às
conferido por ato do Chefe do Poder Executivo; atividades ou administração da Polícia Militar, legislação
V – Graduação – é o grau hierárquico privativo das pra- própria da Corporação;
ças, conferido por ato do Comandante Geral; XXV – Legislação Específica – é a legislação que trata de
VI – Precedência – é a condição hierárquica assegura- um único assunto.
da entre os quadros e dentro destes, pela antiguidade do Parágrafo único. São equivalentes as expressões: “ser-
posto ou graduação; viço ativo”, “em atividade”, “na ativa”, “da ativa”, “em serviço
VII – (Revogado pela Lei nº 6.150, de 11.05.2000). ativo”, “em serviço na ativa”, “em serviço”, e “em atividade
VIII – Policial Militar Temporário – condição de servi- policial militar”.
ço ativo transitório, exercido por policial militar, quando
oriundo do meio civil, para frequentar curso de formação TÍTULO II
DO INGRESSO, HIERARQUIA E DISCIPLINA
ou adaptação de oficiais;
CAPÍTULO I
IX – Cargo – é o encargo administrativo previsto na
DO INGRESSO NA POLÍCIA MILITAR
legislação da Corporação, com denominação própria, atri-
buições específicas e estipêndio correspondente, devendo
Art. 7º O ingresso na Polícia Militar do Estado de Ala-
ser provido e exercido na forma da lei;
goas é facultado a todos os brasileiros, sem distinção de
X – Função – é o exercício do cargo, através do conjun-
raça, sexo, cor ou credo religioso, mediante matrícula ou
to dos direitos, obrigações e atribuições do policial militar nomeação, após aprovação em concurso público de pro-
em sua atividade profissional específica; va ou provas e títulos, desde que observadas as seguintes
XI – Hierarquia – é a ordenação da autoridade nos dife- condições: (Redação dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
rentes níveis, dentro da estrutura policial militar; I – grau de instrução de nível médio ou superior; (Reda-
XII – Disciplina – é a rigorosa observância e acatamento ção dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
integral das leis, regulamentos, normas e dispositivos que II – idade dentro dos limites estabelecidos nos pará-
fundamentam a Organização Policial Militar; grafos deste artigo; (Redação dada pela Lei nº 6.803, de
XIII – Matrícula – é o ato administrativo do Comandan- 14.02.2007).
te que atribui direito ao policial militar designado para fre- III – altura mínima de 1,65m (um metro e sessenta e
quentar curso ou estágio; cinco centímetros), se do sexo masculino, e 1,60m (um me-
XIV – Nomeação – é a modalidade de movimentação tro e sessenta centímetros), se do sexo feminino; (Redação
em que o cargo a ser ocupado pelo policial militar é nela dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
especificado; IV – aptidão física e intelectual comprovadas através
XV – Extraviado ou Desaparecido – é a situação de de- de exames específicos; (Redação dada pela Lei nº 6.803, de
saparecimento do policial militar quando não houver indí- 14.02.2007).
cios de deserção; V – sanidade física e mental; (Redação dada pela Lei nº
XVI – Deserção – é a situação em que o policial militar 6.803, de 14.02.2007).
deixa de comparecer, sem licença, à unidade onde serve VI – idoneidade moral; e (Redação dada pela Lei nº
por mais de oito dias consecutivos; 6.803, de 14.02.2007).
XVII – Ausente – é a situação em que o policial militar VII – não estar exercendo nem ter exercido atividades
deixa de comparecer ou se afasta de sua organização por prejudiciais ou perigosas à Segurança Nacional. (Redação
mais de vinte e quatro horas consecutivas; dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
XVIII – Organização Policial Militar (OPM) – é a de- VIII – Os efeitos gerados pela alteração prevista nos in-
nominação genérica dada aos órgãos de direção, apoio cisos anteriores, no que pertine à alteração da idade para
e execução, ou qualquer outra unidade administrativa da ingresso na Polícia Militar de Alagoas, retroagirão para be-
Corporação; neficiar os participantes do último concurso para ingresso
XIX – Efetivação – é o ato de tornar o policial militar na Polícia Militar de Alagoas, ocorrido no ano de 2012. (Re-
efetivo no seu respectivo quadro; dação acrescentada pela Lei nº 7.657, de 10.09.2014).

2
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

§ 1º Os limites de idade para ingresso serão § 2º Após a conclusão, com aproveitamento, dos cursos
estabelecidos de acordo com o cargo a ser preenchido, referidos no parágrafo anterior, os policiais militares neles
da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 6.803, de matriculados terão suas situações de serviço regularizadas,
14.02.2007). com a efetivação da seguinte forma:
I – Aspirante a Oficial – 18 (dezoito) a 40 (quarenta) a) os Policiais Militares inseridos nos itens I e II serão,
anos; (Redação dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007). por ato do Comandante Geral, efetivados e promovidos ao
II – Cadete – de 18 (dezoito) a 40 (quarenta) anos; e grau hierárquico que o curso o habilite;
(Redação dada pela Lei nº 7.657, de 10.09.2014). b) os Policiais Militares após concluírem com aprovei-
III – Soldado – 18 (dezoito) a 30 (trinta) anos. (Redação tamento o último ano do curso de formação de oficiais,
dada pela Lei nº 7.657, de 10.09.2014). serão por ato do Comandante Geral declarados Aspirantes
§ 2º O cargo de Aspirante a Oficial especificado no a Oficial;
inciso I deste artigo refere-se aos Quadros de Oficiais c) (Revogada pela Lei nº 7.656, de 10.09.2014).
de Saúde e Quadro de Oficiais Especialistas (Capelão e
Assistente Social). (Redação dada pela Lei nº 6.803, de CAPÍTULO II
14.02.2007). DA HIERARQUIA E DA DISCIPLINA
§ 3º O limite de idade para ingresso no cargo de
Cadete para os que já são praças da Corporação obedecerá Art. 9º A hierarquia e disciplina são a base institucional
aos seguintes limites: (Redação dada pela Lei nº 6.803, de da Polícia Militar.
14.02.2007). § 1º A hierarquia é estabelecida por postos e por
I – Sexo masculino: (Redação dada pela Lei nº 6.803, de graduações.
14.02.2007). § 2º A autoridade e a responsabilidade crescem com o
a) Subtenente – até 50 (cinquenta) anos; (Redação grau hierárquico.
dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007). § 3º A disciplina baseia-se no regular e harmônico
b) 1º Sargento – até 49 (quarenta e nove) anos; (Reda- cumprimento do dever de cada componente da Polícia
ção dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007). Militar.
c) 2º Sargento – até 48 (quarenta e oito) anos; e (Reda- § 4º A disciplina e o respeito à hierarquia devem ser
ção dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007). mantidos em todas as circunstâncias entre os Policiais
d) 3º Sargento, Cabo e Soldado – até 47 (quarenta e Militares da ativa, da reserva remunerada e reformados.
sete) anos. (Redação dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
II – Sexo feminino: (Redação dada pela Lei nº 6.803, de Art. 10. Os círculos hierárquicos são âmbitos de convi-
14.02.2007). vência entre os Policiais Militares de uma mesma categoria
a) Subtenente – até 42 (quarenta e dois) anos; (Reda- e têm a finalidade de desenvolver o espírito de camarada-
ção dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007). gem em ambiente de estima e confiança, sem prejuízo do
b) 1º Sargento – até 40 (quarenta) anos; (Redação dada respeito mútuo.
pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
Art. 11. A escala hierárquica na Polícia Militar está
c) 2º Sargento – até 39 (trinta e nove) anos; e (Redação
agrupada de acordo com os círculos seguintes:
dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
a) os círculos hierárquicos de oficiais:
d) 3º Sargento, Cabo e Soldado – até 37 (trinta e sete)
I – círculo de oficiais superiores:
anos. (Redação dada pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007).
Coronel Tenente-Coronel Major
II – círculo de oficiais intermediários:
Art. 8º A matrícula nos cursos de formação e adapta- Capitão
ção de militares, serviço temporário, necessária para o in-
III – círculo de oficiais subalternos:
gresso nos quadros da Polícia Militar, obedecerá às normas Primeiro Tenente
e regulamentos da Corporação. (Redação dada pela Lei nº Segundo Tenente
6.803, de 14.02.2007). b) os círculos hierárquicos de praças:
§ 1º Com a incorporação no serviço temporário, I – círculo de subtenentes e sargentos:
o voluntário selecionado será comissionado pelo Subtenente Primeiro Sargento
Comandante Geral nos seguintes graus hierárquicos: Segundo Sargento
I – Soldado 3ª classe – para os alunos do curso de for- Terceiro Sargento
mação de soldados de ambos os sexos; II – círculo de cabos e soldados:
II – Cabo – para os alunos do curso de formação de Cabo
sargentos, quando oriundos do meio civil ou soldado da Soldado
corporação; § 1º Condições para a frequência dos círculos:
III – Cadete do 1º, 2º e 3º ano respectivamente, para I – frequentam o círculo de oficiais subalternos: o aspi-
os alunos do curso de formação de oficiais; (Redação dada rante a oficial e, excepcionalmente ou em reuniões sociais,
pela Lei nº 6.803, de 14.02.2007). o cadete e o aluno do CHO.
IV – Aspirante a Oficial, para os alunos de curso ou es- II – frequentam o círculo de subtenentes e sargentos:
tágio de adaptação de oficiais. (Redação dada pela Lei nº excepcionalmente ou em reuniões sociais, o aluno do Cur-
5.358, de 01.07.1992). so de Formação de Sargentos.

3
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

III – frequentam o círculo de cabo e soldado: os alunos TÍTULO III


dos cursos de formação de cabos e soldados. DO CARGO, FUNÇÃO, COMANDO E SUBORDINAÇÃO
§ 2º Os aspirantes a oficial e os cadetes são denominados CAPÍTULO I
“Praças Especiais”. DO CARGO E DA FUNÇÃO
§ 3º Os graus hierárquicos, inicial e final, dos diversos
Quadros e Qualificações são fixados separadamente, para Art. 15. O cargo Policial Militar é aquele especificado
cada caso, em legislação específica. nos Quadros da Organização da Corporação.
§ 4º Sempre que o Policial Militar da reserva ou
reformado fizer uso do posto ou da graduação, deverá Art. 16. Os cargos Policiais Militares serão providos
com pessoal que satisfaça aos requisitos de grau hierárqui-
mencionar esta situação.
co e qualificação exigidas para seu desempenho.
Art. 12. A precedência entre os Policiais Militares da
Art. 17. O cargo Policial Militar é considerado vago a
ativa no mesmo grau hierárquico, é assegurada pela an- partir das seguintes situações:
tiguidade no posto ou graduação, ressalvado os casos de I – na data de sua criação;
precedência funcional estabelecido em lei ou regulamento. II – na data da exoneração de titular.
Parágrafo único. Considera-se também vago, cujo
Art. 13. A antiguidade em cada posto ou graduação é ocupante tenha:
contada a partir da data da publicação do ato da respectiva I – falecido, a partir da data do falecimento;
promoção, declaração, nomeação ou inclusão. II – sido considerado extraviado ou desertor, a partir da
§ 1º Caso haja igualdade na antiguidade referida no data do termo de deserção ou extravio.
caput deste artigo, a mesma será estabelecida através dos
seguintes critérios: Art. 18. São funções Policiais Militares o exercício dos
a) promoção na mesma data, o mais antigo será aquele cargos previstos nos Quadros de Organização da Corpora-
que o era no posto ou graduação anterior, e assim sucessi- ção.
vamente até que haja o desempate; § 1º São consideradas funções Policiais Militares ou de
b) declaração na mesma data, o mais antigo será aque- interesse Policial Militar o exercício do cargo nos seguintes
le que obteve maior grau intelectual no final do curso; órgãos:
I – em órgãos federais relacionados com as missões das
c) nomeação na mesma data, o mais antigo durante a
Forças Auxiliares;
realização do curso ou estágio de adaptação será aquele
II – na Casa Militar do Governador;
que obteve maior grau no concurso público, e quando da
III – nas Assessorias Militares;
sua efetivação, será mais antigo aquele que o concluir com IV – no Gabinete do Presidente da República ou do Vi-
maior grau; ce-Presidente da República;
d) inclusão na mesma data, o mais antigo será aquele V – estabelecimentos de Ensino das Forças Armadas ou
que obteve maior grau no concurso de admissão; de outra Corporação Policial Militar, no país ou no Exterior,
e) promoção por conclusão de curso de formação na como instrutor ou aluno;
mesma data, o mais antigo será aquele que obteve maior VI – outras Corporações Policiais Militares, durante o
grau intelectual no final do curso; período passado à disposição; (Redação dada pela Lei nº
f) entre os cadetes a antiguidade será estabelecida 6.543, de 21.12.2004).
pelo ano em que o mesmo se encontre cursando. VII – na Secretaria Coordenadora de Justiça e Defesa
§ 2º Caso persista o empate na antiguidade, a mesma Social; (Redação dada pela Lei nº 6.543, de 21.12.2004).
será definida através da data do nascimento, onde o mais VIII – em órgãos internacionais, quando em missão de
idoso será o mais antigo. paz. (Redação dada pela Lei nº 6.543, de 21.12.2004).
§ 3º Em igualdade de posto ou graduação, os Policiais IX – na Polícia Civil do Estado de Alagoas; (Redação
Militares da ativa têm precedência sobre os da inatividade. acrescentada pela Lei nº 6.543, de 21.12.2004).
§ 4º O aluno do Curso de Habilitação a Oficial será X – no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas;
equiparado hierarquicamente ao Cadete do último ano. e (Redação acrescentada pela Lei nº 6.543, de 21.12.2004).
XI – na Secretaria Especializada de Cidadania e Direi-
tos Humanos. (Redação acrescentada pela Lei nº 6.543, de
Art. 14. A precedência entre as Praças Especiais e as
21.12.2004).
demais praças, é assim regulada: § 2º Os Policiais Militares nomeados ou designados
I – o Aspirante a oficial é hierarquicamente superior as para o exercício dos cargos previstos no § 1º deste artigo
demais Praças; só poderão permanecer no máximo, nesta situação por um
II – o Cadete é hierarquicamente superior ao Subte- período de quatro anos, contínuos ou não, exceto quando
nente. no exercício da Chefia do Gabinete ou da Assessoria.
§ 3º Ao término de cada período previsto no § 2º deste
artigo, o Policial Militar terá que retornar a Corporação,
onde aguardará, no mínimo, o prazo de dois (02) anos para
um novo afastamento.

4
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Art. 19. O exercício, por Policial Militar, de cargo ou § 2º É incumbência dos subtenentes e sargentos
função não especificado na legislação da Corporação será assegurar a observância minuciosa e ininterrupta das ordens,
considerado de natureza civil. regras de serviço e normas operativas por parte das praças
Parágrafo único. O Policial Militar da ativa que aceitar diretamente subordinadas, bem como a manutenção da
cargo, função ou emprego público temporário, não ele- coesão e da moral das mesmas em todas as circunstâncias.
tivo, ainda que na administração indireta ou fundacional
pública, ficará agregado ao respectivo quadro e somente Art. 27. Os Cabos e Soldados são essencialmente ele-
poderá, enquanto permanecer nesta situação, ser promo- mentos de execução.
vido pelo critério de antiguidade, contando-se-lhe o tempo
de serviço apenas para aquela modalidade de promoção e Art. 28. Às Praças Especiais cabem a rigorosa obser-
transferência para reserva, sendo, depois de dois anos de vância das prescrições regulamentares que lhes são perti-
afastamento, contínuos ou não, transferido, ex-offício, para nentes, sendo-lhes exigida inteira dedicação ao estudo e
a inatividade. aprendizado técnico-profissional.

Art. 20. O provimento do cargo em caráter efetivo ou Art. 29. Cabe ao Policial Militar a responsabilidade in-
interino será efetuado por ato da autoridade competente, tegral pelas decisões que tomar, pelas ordens que emitir e
obedecendo os critérios de confiança e habilitação com o pelos atos que praticar.
que a legislação especificar. Parágrafo único. No cumprimento de ordens recebi-
das, o executante responde pelas omissões, erros e exces-
Art. 21. Qualquer função, que, pela sua natureza, ge- sos que cometer.
neralidade, peculiaridade, vulto ou duração não foi cata-
logada no Quadro de Organização da Corporação, será TÍTULO IV
cumprida como encargo, serviço ou comissão de atividade DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS, DEVERES E
Policial Militar. OBRIGAÇÕES E ÉTICA DOS POLICIAIS MILITARES
CAPÍTULO I
CAPÍTULO II DOS DIREITOS E PRERROGATIVAS
DO COMANDO E DA SUBORDINAÇÃO
Art. 30. Os direitos e prerrogativas dos Policiais Mili-
Art. 22. O comando é o exercício do cargo de Chefia tares são constituídos pelas honras, dignidade e distinção
que habilita conduzir homens ou dirigir uma Organização
devida aos graus hierárquicos e cargos exercidos.
Policial Militar.
§ 1º São direitos e prerrogativas dos Policiais Militares:
§ 1º O comando está vinculado ao grau hierárquico
I – plenitude da patente dos oficiais com as prerroga-
e constitui uma prerrogativa impessoal, cujo exercício o
tivas, direitos e deveres a elas inerentes, na ativa e na ina-
Policial Militar se define e caracteriza como Chefe.
tividade;
§ 2º Aplica-se a direção e a Chefia de Organização
II – uso dos títulos e designação hierárquica correspon-
Policial Militar, no que couber, o estabelecido para o
dente ao posto ou graduação;
comando.
III – uso dos uniformes, insígnias e distintivos da Corpo-
Art. 23. O Comandante Geral da Polícia Militar do Esta- ração, de forma privativa, quando na ativa;
do de Alagoas tem honras, regalias, direitos, vencimentos, IV – processo e julgamento pela Justiça Militar Estadual,
deveres e prerrogativas de Secretário de Estado, inclusive nos crimes militares definidos em lei;
referendar atos administrativos. (Redação dada pela Lei nº V – honras, tratamento e sinais de respeito que lhes se-
5.358, de 01.07.1992). jam assegurados em leis ou regulamentos;
VI – prisão especial, em quartel da Corporação, a dispo-
Art. 24. A subordinação não afeta de modo algum a sição da autoridade judiciária competente, quando sujeito à
dignidade pessoal e o decoro do Policial Militar, limitando- prisão antes da condenação irrecorrível;
-se exclusivamente a estrutura hierarquizada da Polícia Mi- VII – cumprimento de pena privativa de liberdade em
litar. unidade da própria Corporação ou presídio militar, nos ca-
sos de condenação que não lhe implique na perda do posto
Art. 25. O oficial é preparado, ao longo da carreira, ou da graduação, cujo Comandante, Chefe ou Diretor tenha
para o exercício do comando, da chefia e da direção das precedência hierárquica sobre o preso ou detido;
Organizações Policiais Militares. VIII – assistência de oficial, quando praça, e de oficial de
posto superior ao seu, se sujeito a prisão em flagrante, cir-
Art. 26. Os Subtenentes e Sargentos são formados para cunstância em que permanecerá na repartição competente
auxiliar e complementar as atividades dos oficiais, quer no da Polícia Judiciária, somente o tempo necessário à lavra-
adestramento e no emprego dos meios, quer na instrução, tura do auto respectivo, sendo, imediatamente após, con-
administração e no comando das frações de tropa. duzido a autoridade Policial Militar mais próxima, mediante
§ 1º No comando de elementos subordinados, os escolta da própria Corporação;
Subtenentes e Sargentos deverão se impor pela lealdade, IX – porte de arma para Oficiais conforme Legislação
exemplo e capacidade técnico-profissional. Federal;

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

X – porte de arma para as Praças conforme Legislação § 3º cabe ao Comandante Geral da Polícia Militar a
Federal e restrições imposta pela Corporação; iniciativa de responsabilizar a autoridade policial que não
XI – transferência voluntária para a reserva remunerada cumprir o disposto no parágrafo anterior e que maltratar
aos trinta (30) anos de serviço, se do sexo masculino e vinte ou consentir que seja maltratado qualquer policial militar
e cinco (25) anos, se do sexo feminino; ou não lhe der o tratamento devido ao seu posto ou a sua
XII – estabilidade para as Praças com mais de dez (10) graduação. (Redação acrescentada pela Lei nº 5.358, de
anos de efetivo serviço; 01.07.1992).
XIII – décimo terceiro salário com base na remuneração
integral, devida no mês de dezembro; CAPÍTULO II
XIV – salário família para os seus dependentes, confor-
DOS DEVERES E OBRIGAÇÕES
me legislação própria;
XV – férias anuais remuneradas com vantagem, de pelo
menos, um terço a mais do que a remuneração normal; Art. 31. São deveres dos Policiais Militares aqueles
XVI – licença à maternidade; emanados de vínculos racionais e morais que os ligam à
XVII – licença à paternidade; comunidade e a segurança, compreendendo essencial-
XVIII – assistência jurídica integral e gratuita por parte mente:
do Estado, quando indiciado ou processando nos crimes I – dedicação integral ao serviço Policial Militar;
ocorridos em atos de serviço; II – fidelidade a instituição a que pertence, mesmo com
XIX – revisão periódica da remuneração dos inativos na o risco da própria vida;
mesma proporção e na mesma data, sempre que se mo- III – culto aos símbolos nacionais e estaduais;
dificar a remuneração dos Policiais Militares em atividade, IV – probidade e lealdade em todas as circunstâncias;
sendo também estendido aos inativos quaisquer benefícios V – disciplina e respeito a hierarquia;
ou vantagens posteriormente concedidas aos servidores VI – rigoroso cumprimento das obrigações e ordens;
da ativa, inclusive quando decorrentes da reclassificação de VII – tratar o subordinado com dignidade e urbanidade.
cargo ou função ocupada, em que se deu a transferência Art. 32. O cidadão, após o ingresso e conclusão do
para reserva remunerada ou reforma; curso de formação ou adaptação, prestará compromisso
XX – percepção de remuneração; de honra, na forma regulamentar, no qual afirmará a sua
XXI – promoção; aceitação consciente das obrigações e deveres institucio-
XXII – pensão por morte correspondente ao total da
nais e manifestará sua disposição de bem cumpri-los.
remuneração do Policial Militar ativo ou inativo;
§ 1º O compromisso a que se refere o caput deste arti-
XXIII – demissão ou licenciamento voluntário;
XXIV – adicional de remuneração para as atividades go, terá caráter solene e será prestado a Bandeira Nacional.
insalubres, penosas ou perigosas, conforme dispuser a le- § 2º O compromisso do Aspirante a Oficial será
gislação própria; prestado no dia da declaração e de acordo com o cerimonial
XXV – a assistência médico-hospitalar para si e seus constante no regulamento do Estabelecimento de Ensino.
dependentes, assim entendida como um conjunto de ati- § 3º O compromisso de Oficial ao primeiro posto será
vidades relacionadas com a prevenção, conservação ou prestado em solenidade especialmente programada para
recuperação da saúde, abrangendo serviços profissionais este fim.
médicos, farmacêuticos e odontológicos, bem como o for-
necimento e aplicação de meios, cuidados e demais atos CAPÍTULO III
médicos e para-médicos necessários; DA VIOLAÇÃO, DOS DEVERES E DAS OBRIGAÇÕES
XXVI – percepção da remuneração do posto ou gra-
duação imediatamente superior, quando da sua transfe- Art. 33. Constituirão violação dos deveres e das obri-
rência para inatividade contar vinte e cinco (25) anos de gações Policiais Militares: a prática de crime, de contraven-
efetivo serviço, se do sexo feminino e trinta (30) anos se ção e de transgressão disciplinar.
do sexo masculino. Caso seja ocupante do último posto § 1º A violação dos deveres e das obrigações Policiais
da hierarquia da Corporação, terá seu soldo aumentado de Militares é tão grave quanto mais elevado for o grau
dois décimos.
hierárquico de quem a cometer.
XXVII – percepção correspondente ao seu grau hierár-
§ 2º No concurso de crime militar e de transgressão
quico, calculada com base no soldo integral, quando não
contando vinte e cinco (25) anos, se do sexo feminino, ou disciplinar, será considerada a violação mais grave.
trinta (30), se do sexo masculino, for transferido para reser-
va remunerada, ex-offício, por ter atingido a idade limite de Art. 34. A inobservância dos deveres especificados nas
permanência no serviço ativo, no seu posto ou graduação. leis e regulamentos ou na falta de exatidão no cumprimen-
§ 2º Somente em caso de flagrante delito, o policial to dos mesmos, acarretará para o Policial Militar responsa-
militar poderá ser preso por autoridade policial, ficando esta bilidade funcional, pecuniária, disciplinar ou penal, de con-
obrigada a entregá-lo imediatamente à autoridade policial formidade com a legislação específica ou peculiar.
militar mais próxima, só podendo retê-lo na delegacia ou
posto policial durante o tempo necessário à lavratura do
flagrante. (Redação dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992).

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Seção I VI – zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual, físico


Das Transgressões Disciplinares e também do subordinado, tendo em vista o cumprimen-
to da missão comum; (Redação dada pela Lei nº 5.358, de
Art. 35. As transgressões disciplinares são especifica- 01.07.1992).
das no regulamento disciplinar da Polícia Militar do Estado VII – empregar toda energia em benefício do serviço;
de Alagoas. VIII – praticar permanentemente a camaradagem e de-
§ 1º O regulamento disciplinar da Polícia Militar senvolver o espírito de cooperação;
estabelecerá as normas para a aplicação e amplitude das IX – ser discreto nas atitudes, maneiras e linguagem
punições disciplinares. escrita e falada;
§ 2º As punições disciplinares de detenção ou prisão X – abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de
não poderão ultrapassar a trinta (30) dias. matéria sigilosa, relativa a segurança nacional ou pública;
XI – respeitar as autoridades Civis;
Art. 36. Os cadetes que cometerem transgressão dis- XII – cumprir seus deveres de cidadão;
ciplinar, aplica-se, além das sanções disciplinares previstas XIII – proceder de maneira ilibada na vida pública e na
no regulamento disciplinar da Polícia Militar, as existentes particular;
nos Regimentos Internos dos Estabelecimentos de Ensino XIV – observar as normas de boa educação;
onde estiver matriculado. XV – garantir a assistência moral e material ao seu lar e
conduzir-se como chefe de família modelar;
Seção II XVI – conduzir-se, mesmo fora do serviço ou na inativi-
Dos Conselhos De Justificação e Disciplina dade, de modo que não prejudique os princípios da disci-
plina, respeito e decoro Policial Militar;
Art. 37. O Oficial, presumivelmente incapaz de perma- XVII – abster-se de fazer uso do posto ou da graduação
necer como Policial Militar da ativa, será submetido a Con- para obter facilidades pessoais de qualquer natureza ou
selho de Justificação na forma da legislação peculiar. para negócios particulares ou de terceiros;
§ 1º O Oficial, ao ser submetido a Conselho de XVIII – abster-se na inatividade do uso das designações
Justificação, será afastado do exercício de suas funções, hierárquicas, quando:
automaticamente, a critério da autoridade competente. a) em atividades político-partidárias;
§ 2º O Conselho de Justificação também poderá ser b) em atividades industriais;
aplicado aos Oficiais da reserva. c) em atividades comerciais;
§ 3º O Conselho de Justificação também poderá ser d) para discutir ou provocar discussões pela impren-
aplicado aos oficiais da reserva. (Redação acrescentada sa a respeito de assuntos políticos ou policiais militares,
pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992). excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se
devidamente autorizado;
Art. 38. O Aspirante a Oficial e as Praças com estabili- e) no exercício de função de natureza não Policial Mili-
dade assegurada, presumivelmente incapaz de permanecer tar, mesmo oficiais.
na ativa, serão submetidos a Conselho de Disciplina na for- XIX – zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada
ma da legislação peculiar. um dos seus integrantes.
§ 1º O Aspirante a Oficial ou a Praça com estabilidade
assegurada, ao ser submetido a Conselho de Disciplina,
TÍTULO V
será afastada da atividade que estiver exercendo.
DO AUSENTE, DESERTOR, DESAPARECIDO E EX-
§ 2º O Conselho de Disciplina também poderá ser
TRAVIADO
aplicado a Praça da reserva.
CAPÍTULO I
DO AUSENTE E DO DESERTOR
CAPÍTULO IV
DA ÉTICA POLICIAL MILITAR
Art. 40. É considerado ausente o policial militar que
Art. 39. A ética Policial Militar é estabelecida através por mais de vinte e quatro (24) horas consecutivas:
do sentimento do dever, pundonor militar e do decoro da I – deixe de comparecer a sua Organização Policial Mi-
classe, imposta a cada integrante da Polícia Militar, pela litar sem comunicar o motivo do impedimento;
conduta moral e profissional irrepreensíveis com observân- II – afaste-se, sem licença, da Organização Policial Mili-
cia dos seguintes preceitos: tar onde serve ou do local onde deva permanecer.
I – amar a verdade e a responsabilidade como funda-
mento da dignidade pessoal; Art. 41. É considerado desertor o policial militar que
II – exercer com autoridade, eficiência e probidade, as por mais de oito (08) dias consecutivos:
funções que lhe couber em decorrência do cargo; I – deixe de comparecer a sua Organização Policial Mi-
III – respeitar a dignidade da pessoa humana; litar, sem comunicar o motivo do impedimento;
IV – cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as II – afaste-se, sem licença, da Organização Policial Mi-
instruções e as ordens da autoridade competente; litar onde serve ou do local onde deva permanecer. (Reda-
V – ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na ção dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
apreciação do mérito dos subordinados;

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Art. 42. A deserção do Policial Militar acarreta uma in- TÍTULO IV


terrupção do serviço ativo. DA EXCLUSÃO DO SERVIÇO ATIVO
§ 1º A interrupção do serviço ativo é caracterizada CAPÍTULO ÚNICO
após o cumprimento das formalidades legais, e o desertor DAS FORMAS DE EXCLUSÃO
é posto na condição de agregado, se Oficial ou Praça com
estabilidade. Art. 47. A exclusão do serviço ativo da Polícia Militar e
§ 2º A demissão do Oficial ou a exclusão do Policial o consequente desligamento da OPM a que estiver vincu-
Militar com estabilidade assegurada processar-se-á após lado o Policial Militar será feita mediante:
seis meses de agregação, se não houver captura ou I – transferência para a reserva remunerada;
apresentação voluntária antes deste prazo. II – reforma;
§ 3º A praça sem estabilidade assegurada será III – demissão;
automaticamente excluída após oficialmente declarada IV – licenciamento;
desertora. V – anulação de incorporação.
§ 4º O Policial Militar desertor que for capturado ou se § 1º A exclusão do serviço ativo da Polícia Militar com
apresentar voluntariamente, será submetido a inspeção de referência aos incisos I, II, e III do caput deste artigo, será
saúde: processada após a expedição de ato do Governador do Es-
I – se julgado apto e não tenha sido excluído ou demiti- tado.
do, será submetido a processo pelo Conselho competente; § 2º A exclusão do serviço ativo referentes aos incisos
II – se julgado apto e já tiver sido demitido ou excluído, IV e V do caput deste artigo, processar-se-á por ato do Co-
será readmitido ou reincluído, agregado e responderá ao mandante Geral da Polícia Militar.
processo;
III – se julgado incapaz definitivamente e não tenha sido Art. 48. O Policial Militar da ativa, enquadrado em um
demitido ou excluído, se Oficial, responderá a processo, se dos incisos I, II, III e IV do art. 47, será automaticamente
Praça com estabilidade, será excluída e isenta de processo; afastado do cargo e posto na condição de adido especial
IV – se julgado incapaz definitivamente e já tiver sido na OPM onde servir, a partir da protocolização do requeri-
demitido ou excluído, se Oficial, responderá a processo, se mento ou ata de inspeção de saúde.
Praça ficará isenta do mesmo. Parágrafo único. O desligamento do Policial Militar da
Organização em que serve deverá ser feita após a publica-
CAPÍTULO II ção no Boletim Geral do ato oficial correspondente.
DO DESAPARECIDO E EXTRAVIADO
Seção I
Art. 43. É considerado desaparecido o Policial Militar Da Transferência Para a Reserva Remunerada
da ativa que, no desempenho de qualquer serviço, viagem,
operações Policiais Militares ou em caso de calamidade Art. 49. A passagem do Policial Militar para a situação
pública, tiver seu paradeiro ignorado por mais de oito (08) de inatividade, mediante transferência para a reserva remu-
dias. nerada, se efetuará:
Parágrafo único. A situação de desaparecimento só I – a pedido;
será considerada quando não houver indício de deserção. II – ex-offício.
Parágrafo único. Não será concedida transferência
Art. 44. O Policial Militar que, na forma do artigo ante- para reserva remunerada a pedido, ao Policial Militar que:
rior, permanecer desaparecido por mais de trinta (30) dias, a) estiver respondendo a Inquérito ou Processo em
será oficialmente considerado extraviado, e, a partir desta qualquer jurisdição;
data, agregado. b) estiver cumprindo pena de qualquer natureza.

Art. 45. O extravio do Policial Militar da ativa acarretará Art. 50. A transferência para a reserva remunerada, a
na interrupção do seu serviço ativo. pedido, será concedida mediante requerimento, ao Policial
§ 1º O desligamento do serviço ativo será feito seis (06) Militar que contar, no mínimo, vinte e cinco (25) anos de
meses após a agregação por motivo de extravio. serviço, se do sexo feminino, e trinta (30), se do masculino.
§ 2º Em caso de naufrágio, sinistro aéreo, catástrofe,
calamidade pública ou outros acidentes oficialmente Art. 51. A transferência para a reserva remunerada, ex-
reconhecidos, o extravio do Policial Militar da ativa será -offício, verificar-se-á sempre que o Policial Militar incidir
considerado, para fins deste Estatuto, como falecimento. nos seguintes casos:

Art. 46. O reaparecimento do Policial Militar conside- I – atingir as seguintes idades limites:
rado desaparecido ou extraviado, já desligado do serviço a) círculo dos oficiais:
ativo, resulta em sua reinclusão e nova agregação enquan- 1. QOPM e QOS:
to se apura as causas que deram origem ao afastamento. Coronel 62 anos;
Parágrafo único. O Policial Militar reaparecido será Tenente Coronel 60 anos;
submetido a sindicância por decisão do Comandante Geral Major 58 anos;
da Polícia Militar, se assim julgar necessário. Capitão, 1º e 2º Tenente 57 anos.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

2. QOA e QOE: § 3º O Coronel que permanecer por mais de 05 (cinco)


Major 58 anos; anos no posto será transferido ex-officio para a reserva re-
Capitão, 1º e 2º Tenente 57 anos. munerada, desde que tenha completado 30 (trinta) anos
de efetivo serviço, exceto se estiver exercendo o cargo de
3. QOCp: Comandante Geral, Secretário Chefe do Gabinete Militar do
Major 58 anos; Governador, Chefe da Assessoria Militar do Tribunal de Jus-
Capitão 56 anos; tiça ou Chefe da Assessoria Militar da Assembléia Legislati-
1º Tenente 54 anos; va, enquanto permanecer no cargo. (Redação acrescentada
2º Tenente 52 anos. pela Lei nº 7.126, de 30.11.2009).
§ 4º Não se aplica ainda as disposições contidas no
4. QOPFem: inciso I deste artigo quando a inativação implique em
Coronel 52 anos; vacância do posto ou graduação por ausência do policial
Tenente Coronel 50 anos; militar, no respectivo quadro, qualificado para ocupá-lo.
Major 48 anos; (Redação dada pela Lei nº 6.543, de 21.12.2004).
Capitão, 1º e 2º Tenente 47 anos.
b) círculo das praças: Art. 52. A transferência para a reserva remunerada não
isenta o Policial Militar da indenização dos prejuízos causa-
1. masculino: dos à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem do pagamento
Subtenente 60 anos; das pensões decorrentes de sentença judicial.
1º Sargento 59 anos; Parágrafo único. A transferência do Policial Militar
2º Sargento 58 anos; para a reserva remunerada poderá ser suspensa na vigên-
3º Sargento, Cabo e Soldado 57 anos. cia do estado de defesa e estado de sítio, ou em caso de
mobilização.
2. feminino:
Subtenente 52 anos; Seção II
1º Sargento 50 anos; Da Reforma
2º Sargento 48 anos;
3º Sargento, Cabo e Soldado 47 anos. (Reda- Art. 53. A passagem do Policial Militar para a situação
ção dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992). de inatividade, mediante reforma, se efetua ex-offício.

II – atingir o Policial Militar trinta e cinco (35) anos de Art. 54. A reforma do que trata o artigo anterior será
efetivo serviço, se do sexo masculino, ou trinta (30) anos se aplicada ao Policial Militar que:
do sexo feminino; I – atingir as seguintes idades limites de permanência
III – ultrapassar dois (02) anos, contínuos ou não, em na reserva remunerada:
licença para acompanhar tratamento de saúde de pessoa a) para oficial superior, 64 (sessenta e quatro) anos,
da família; se do sexo masculino, e 54 (cinquenta e quatro) anos, se
IV – for o Oficial considerado não habilitado para o do sexo feminino; (Redação dada pela Lei nº 5.358, de
acesso, em caráter definitivo, através de Conselho de Jus- 01.07.1992).
tificação, provocado pela Comissão de Promoções de Ofi- b) para capitão e oficial subalterno, sessenta e dois (62)
ciais; anos, se do sexo masculino, e cinquenta e dois (52) se do
V – ultrapassar dois (02) anos, contínuos ou não, em sexo feminino;
licença para tratar de interesse particular; c) para praças, 62 (sessenta e dois) anos, se do sexo
VI – ultrapassar dois (02) anos, contínuos ou não, afas- masculino, e 55 (cinquenta e cinco) se do sexo feminino.
tado da Corporação em virtude de haver sido empossado (Redação dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
em cargo público civil, temporário, não eletivo, inclusive da II – for julgado incapaz definitivamente para o serviço
Administração Indireta, ou Fundacional Pública, à disposi- ativo da Polícia da Militar;
ção de órgão público; III – estiver agregado, dentro de um período de 36
VII – ser diplomado em cargo eletivo, de conformidade (trinta e seis) meses, por ter sido julgado incapaz tempo-
com a Constituição Federal; rariamente para o serviço da Polícia Militar por espaço de
VIII – após três (03) indicações, depois de devidamente tempo superior a 18 (dezoito) meses, contínuos ou não,
habilitado em seleção interna, para frequentar Curso Su- mediante homologação da Junta Policial Militar de Saúde,
perior de Polícia, Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais ou ainda que se trate de moléstia curável; (Redação dada pela
Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos, não o completar Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
ou não aceitar as indicações. IV – for condenado a pena de reforma, prevista no có-
§ 1º A transferência para a reserva remunerada ex- digo penal militar, ou sentença passada em julgado;
-offício processar-se-á, com remuneração proporcional ao V – sendo Oficial, quando determinada a sua reforma
tempo de serviço. por sentença irrecorrível, em consequência de Conselho de
§ 2º (Revogado pela Lei nº 7.126, de 30.11.2009). Justiça a que foi submetido;

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

VI – sendo Aspirante a Oficial ou Praça com estabilidade § 6º Consideram-se paralisia todo caso de neuropatia
assegurada, quando determinada a sua reforma pelo Co- grave e definitiva que afeta a motilidade, sensibilidade, trofi-
mandante Geral, em razão de julgamento de Conselho de cidade e mais funções nervosas, no qual esgotados os meios
Disciplina a que foi submetido. habituais de tratamento, permaneçam distúrbios graves, ex-
§ 1º O Policial Militar reformado na forma do inciso V tensos e definitivos que tornem o indivíduo total e permanen-
deste artigo, só readquirirá a situação anterior, por força de temente impossibilitado para qualquer trabalho.
sentença irrecorrível, e com relação ao inciso VI, por decisão § 7º São também equiparadas às paralisias os casos de
do Comandante Geral. afecção osteo-musculo-articulares graves e crônicas (reuma-
§ 2º Fica o Comandante Geral da Polícia Militar tismos graves e crônicos ou progressivos e doenças simila-
autorizado a reformar, através de ato administrativo, todos res), nos quais, esgotados os meios habituais de tratamento,
os Policiais Militares da reserva remunerada que atingirem permaneçam distúrbios extensos e definidos, quer osteo-
idade limite. -musculo-articulares residuais, quer secundários das funções
§ 3º Anualmente, no mês de fevereiro, a Diretoria de nervosas, motilidade, troficidade, ou nas funções que tornem
Pessoal da Corporação organizará relação dos Policiais o indivíduo total e permanentemente impossibilitado para
Militares da reserva remunerada que atingiram, até aquela qualquer trabalho.
data, idade limite de permanência naquela situação. § 8º São equiparadas à cegueira, não só os casos
§ 4º A situação de inatividade do Policial Militar da de afecções crônicas, progressivas e incuráveis que
reserva remunerada, quando reformado por limite de conduzirão à cegueira total, como também os de visão
idade, não sofrerá solução de continuidade, ficando apenas rudimentares que apenas permitam a percepção de vultos,
desobrigado de convocação. não susceptíveis de correção por lentes, nem removíveis
por tratamento médico-cirúrgico, comprovados através do
Art. 55. A incapacidade definitiva pode sobrevir em inquérito sanitário de origem.
consequência de:
I – ferimento recebido na manutenção da ordem pú- Art. 56. O Policial Militar da ativa, julgado incapaz defini-
blica ou enfermidade contraída nessa situação ou que nela tivamente, por um dos motivos constantes nos incisos do art.
tenha sua causa eficiente; 55, será reformado obedecendo os seguintes critérios:
II – acidente em serviço; I – quando a incapacidade decorrer dos casos previstos
III – doença, moléstia ou enfermidade adquirida, com nos incisos I e II, o Policial Militar terá direito a promoção ao
relação de causa e efeito a condição inerente ao serviço; posto ou graduação imediatamente superior e proventos in-
IV – tuberculose ativa, alienação mental, neoplasia tegrais;
maligna, cegueira, hanseníase, paralisia irreversível e in- II – quando a doença, moléstia ou enfermidade tiver rela-
capacitante, cardiopatia grave, mal de parkinson, pênfigo, ção de causa e efeito com o serviço, e o Policial Militar não for
espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave e outras considerado inválido, terá direito a proventos integrais;
moléstias que a lei indicar com base nas conclusões da me- III – quando a doença, moléstia ou enfermidade tiver re-
dicina especializada; lação de causa e efeito com o serviço, e o Policial Militar for
V – acidente ou doença, moléstia ou enfermidade sem considerado inválido, terá direito a promoção ao posto ou
relação de causa e efeito com o serviço. graduação imediatamente superior e proventos integrais;
§ 1º Os casos de que tratam os incisos I, II e III deste IV – quando a doença, moléstia ou enfermidade não tiver
artigo serão comprovados por atestado de origem ou relação de causa ou efeito com o serviço, e o Policial Militar
inquérito sanitário de origem, previstos em regulamentação não for considerado inválido, terá direito a proventos propor-
própria. cionais ao seu tempo de serviço;
§ 2º Os casos previstos nos incisos IV e V serão submetidos V – quando a doença, moléstia ou enfermidade não tiver
a inquérito sanitário de origem, para confirmação ou não de relação de causa e efeito com o serviço, e o Policial Militar for
sua causa e efeito, ou correlação com o serviço. considerado inválido, terá direito a proventos integrais.
§ 3º O parecer definitivo a adotar, nos casos de Parágrafo único. Todos os casos previstos neste artigo
tuberculose, para os portadores de lesões aparentemente só serão atendidos depois de devidamente comprovados
inativa, ficará condicionado a um período de consolidação através de inquérito sanitário de origem.
extra-nosocomial nunca inferior a seis (06) meses, contados
a partir da época da cura. Art. 57. O Policial Militar reformado por incapacidade de-
§ 4º Considera-se alienação mental todo caso de finitiva, que for julgado apto em inspeção ou junta superior de
distúrbio mental ou neuro-mental grave, no qual esgota- saúde, em grau de recurso, poderá retornar ao serviço ativo.
dos os meios habituais de tratamento, permaneça altera- Parágrafo único. O retorno ao serviço ativo somente
ção completa ou considerável na personalidade, destruída ocorrerá se o tempo decorrido na situação de reformado não
a autodeterminação do pragmatismo e tornado o indivíduo ultrapassar dois (02) anos, e se processará na conformidade
total e permanentemente impossibilitado para qualquer com o previsto para o excedente.
trabalho, comprovado através de inquérito sanitário de ori- Art. 58. O Policial Militar reformado por alienação men-
gem. tal, enquanto não ocorrer a designação judicial do curador,
§ 5º Ficam excluídas do conceito de alienação mental as terá sua remuneração paga aos seus benificiários, desde que
epilepsias psíquicas e neurológicas, assim julgadas através o tenha sob sua guarda e responsabilidade e lhe dispense tra-
de inquérito sanitário de origem. tamento humano e condígno.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

§ 1º A interdição do Policial Militar reformado por alienação II – se alistar como candidato a cargo eletivo e contar na
mental quando não providenciada por iniciativa dos parentes época do alistamento menos de dez (10) anos de serviço;
ou responsáveis, dentro de sessenta (60) dias contados da III – falecer ou for considerado falecido;
data da reforma, será promovido pela Corporação. IV – for considerado desertor conforme art. 41.
§ 2º O internamento do Policial Militar reformado por
alienação mental, em instituição apropriada, será também Art. 63. Será também demitido ex-offício o Oficial que
providenciado pela Corporação, quando ocorrer uma das houver perdido o Posto e a Patente, sem direito a qualquer
seguintes hipóteses: remuneração ou indenização e terá a sua situação militar de-
a) não houver beneficiários, parentes ou responsáveis; finida pela Lei do Serviço Militar.
b) não forem satisfeitas as condições de tratamento exigi-
das no caput deste artigo. Art. 64. O Oficial da Polícia Militar só perderá o Posto e
Patente quando:
Art. 59. Para fins constantes neste Estatuto, são conside- I – for condenado na Justiça Comum ou Militar a pena
rados postos ou graduações imediatamente superiores, além restritiva de liberdade individual, superior a dois (02) anos,
das demais devidamente explicitadas, as seguintes: em decorrência de sentença condenatória transitada em
I – 1º Tenente – para alunos do curso ou estágio de adap- julgado e o Conselho de Justiça Militar decidir sobre a sua
tação de oficiais; perda;
II – 2º Tenente – para os aspirantes a oficial, cadetes, alu- II – for julgado indígno para o oficialato ou com ele in-
nos do curso de habilitação a oficiais e subtenentes; compatível, por decisão do Conselho de Justiça Militar, nos
III – 3º Sargento – para os cabos e alunos do curso de casos previstos no inciso I deste artigo;
formação de sargentos; III – for julgado indígno para o oficialato ou com ele in-
IV – Cabo – para os soldados e alunos do curso de for- compatível, por decisão de sentença irrecorrível, nos julga-
mação de cabos, e alunos do curso de formação de soldados. mentos dos Conselhos de Justificação.

Seção III Seção IV


Do Licenciamento
Da Demissão
Art. 65. O licenciamento do serviço ativo, aplicado so-
Art. 60. A demissão da Polícia Militar aplica-se exclusiva-
mente às Praças, se efetua:
mente aos Oficiais, e se efetua da seguinte forma:
I – a pedido;
I – a pedido;
II – ex-offício.
II – ex-offício.
§ 1º O licenciamento a pedido poderá ser concedido a
qualquer época, desde que não haja prejuízo para o tesouro
Art. 61. A demissão a pedido será concedida mediante do Estado.
requerimento do interessado: § 2º O licenciamento ex-offício será feito na forma da
I – sem indenização aos cofres públicos, quando contar legislação própria:
mais de cinco (05) anos de oficialato na Corporação; a) a bem da disciplina;
II – com indenização das despesas feitas pelo Estado com b) por inadaptação ao serviço Policial Militar durante o
a sua preparação e formação, quando contar menos de cinco período de formação;
(05) anos de oficialato na Corporação. c) falta de aproveitamento no período de formação;
§ 1º No caso do oficial ter feito qualquer curso ou estágio d) por falecimento ou por ter sido considerado falecido;
de duração igual ou superior a seis (06) meses e inferior ou e) por ter a praça infringido o § 3º do art. 116 deste
igual a dezoito (18) meses por conta do Estado, e não havendo Estatuto.
decorrido mais de três (03) anos do seu término, a demissão § 3º No caso do licenciamento ex-offício por falta de
só será concedida mediante indenização de todas as despe- aproveitamento no período de formação, o mesmo poderá,
sas correspondentes ao referido curso ou estágio. a critério da Corporação ser rematriculado.
§ 2º No caso do oficial ter feito qualquer curso ou estágio
de duração superior a dezoito (18) meses por conta do Art. 66. O direito ao licenciamento a pedido poderá ser
Estado, aplicar-se-á o disposto no parágrafo anterior, se ainda suspenso na vigência do estado de defesa ou estado de sítio.
não houver decorrido mais de cinco (05) anos de seu término.
§ 3º O oficial demissionário, a pedido, ingressará na Art. 67. O licenciamento a pedido será concedido me-
reserva não remunerada, sendo a sua situação militar definida diante requerimento do interessado obedecendo os seguin-
pela Lei do Serviço Militar. tes critérios:
§ 4º O direito a demissão à pedido, pode ser suspenso, na I – sem indenização aos cofres públicos, quando não ti-
vigência do estado de defesa ou estado de sítio. ver feito qualquer curso ou estágio de duração superior a
seis (06) meses;
Art. 62. O Oficial da Polícia Militar será demitido ex-offí- II – com indenização das despesas feitas pelo Estado
cio, quando: com sua especialização em curso ou estágio superior a seis
I – for empossado em cargo público permanente, estra- (06) meses e não contar doze (12) meses após o término do
nho à sua carreira; referido curso ou estágio.

11
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Art. 68. O licenciamento ex-offício do aspirante a ofi- TÍTULO VII


cial e da praça com estabilidade assegurada, a bem da dis- DA REMUNERAÇÃO, DA PROMOÇÃO E DOS UNI-
ciplina, ocorrerá quando: FORMES DA POLÍCIA MILITAR
I – submetido a Conselho de Disciplina e julgado culpa- CAPÍTULO I
do, assim decidir o Comandante Geral; DA REMUNERAÇÃO
II – perder ou haver perdido a nacionalidade brasileira,
se Aspirante a Oficial; Art. 75. A remuneração dos Policiais Militares com-
Parágrafo único. O aspirante a oficial ou a praça com preende vencimentos ou proventos, adicionais, indeniza-
estabilidade assegurada, licenciada a bem da disciplina, só ções e outros direitos, e é devida em bases estabelecidas
poderá readquirir a situação anterior por decisão do Co- em Lei específica e na Constituição Estadual.
mandante Geral da Polícia Militar, se o licenciamento foi
consequência de julgamento do Conselho de Disciplina. CAPÍTULO II
DA PROMOÇÃO
Art. 69. É da competência do Comandante Geral da
Art. 76. O acesso na hierarquia Policial Militar é seleti-
Polícia Militar o ato de licenciamento ex-offício.
vo, gradual, sucessivo e será feito mediante promoção, de
conformidade com o disposto na legislação e Regulamento
Art. 70. O licenciamento acarreta a perda do seu grau de Promoções de Oficiais e Praças, de modo a obter-se um
hierárquico e não isenta das indenizações dos prejuízos fluxo regular e equilibrado.
causados à Fazenda Estadual ou a terceiros, nem das pen- § 1º O planejamento da carreira dos oficiais e praças,
sões decorrentes de sentença judicial. obedecidas as disposições da legislação e regulamentos
peculiares a que se refere este artigo, é atribuído ao Co-
Art. 71. O Policial Militar licenciado não tem direito a mandante Geral da Polícia Militar e Chefe do Estado Maior
qualquer remuneração e terá sua situação definida pela Lei Geral, respectivamente.
do Serviço Militar. § 2º A promoção é um ato administrativo que tem
como finalidade básica a seleção dos policiais militares
Art. 72. Será licenciada ex-offício a praça que se alistar para o exercício de cargos e funções pertinentes ao grau
candidato a cargo eletivo, e contar na época do alistamen- hierárquico superior.
to menos de dez (10) anos de serviço. § 3º A promoção dos oficiais será realizada por ato do
Governador do Estado, mediante proposta do Comandante
Art. 73. Será também licenciado ex-offício o aspirante Geral; a das praças por ato do Comandante Geral, mediante
a oficial e as praças empossadas em cargo público perma- proposta da Comissão de Promoção de Praças.
nente, estranho à sua carreira. § 4º Haverá promoção especial ao grau hierárquico
imediatamente superior para os policiais militares inválidos
Seção V em decorrência de lesão grave adquirida no cumprimento
Da Anulação de Incorporação do dever, prevista no art. 276 da Constituição Estadual.

Art. 74. A anulação de incorporação de voluntários se- CAPÍTULO III


lecionado será aplicada ao Policial Militar que: DOS UNIFORMES DA POLÍCIA MILITAR
I – tenha prestado por escrito, durante o recrutamento,
declarações falsas; Art. 77. Os uniformes da Polícia Militar com seus dis-
tintivos, insígnias e emblemas são privativos dos policiais
II – tenha utilizado durante o recrutamento documen-
militares e simbolizam a autoridade com as prerrogativas
tos falsificados ou de outrem;
que lhes são inerentes.
III – responda processo criminal na Justiça Comum an-
§ 1º Constituem crimes previstos no Código Penal
tes ou durante o período de formação.
Militar o desrespeito pelo militar aos uniformes, distintivos,
§ 1º A anulação de incorporação poderá ocorrer em insígnias e emblemas policiais militares.
qualquer época dentro do período de formação. § 2º É vedado a qualquer civil ou organização desta
§ 2º A praça que tiver sua incorporação anulada não natureza usar uniforme ou ostentar distintivo, insígnia ou
terá direito a qualquer remuneração ou indenização, e emblema que possam ser confundidos com os adotados
sua situação será definida pela Lei do Serviço Militar, pela Polícia Militar.
semelhante ao licenciamento. § 3º São responsáveis pela infração disposta no
parágrafo anterior, além dos indivíduos que as tenham
cometida, os empregadores, Diretores ou Chefes das
Repartições Públicas, Empresas e Organizações de qualquer
natureza, que tenha adotado ou consentido o uso de
uniformes, distintivos, insígnias ou emblemas que possam
ser confundidos com os adotados na Polícia Militar.

12
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Art. 78. O uso dos uniformes com seus distintivos, insíg- Art. 82. O Policial Militar da ativa será agregado quando
nias, emblemas, bem como os modelos, descrições, compo- afastado, temporariamente, do serviço ativo, por motivo de:
sição, peças, acessórios e outras disposições, são estabeleci- I – ter sido, no período de 180 (cento e oitenta) dias,
dos em regulamentação peculiar da Polícia Militar. julgado incapaz temporariamente para o serviço da polícia
militar, por espaço de tempo superior a 90 (noventa) dias,
Art. 79. O Policial Militar fardado tem as obrigações contínuos ou não, para tratamento de saúde própria; (Reda-
correspondentes aos uniformes que usa, e aos distintivos, ção dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
emblemas ou às insígnias que ostenta. II – ter entrado de licença para tratar de assunto parti-
cular;
TÍTULO VIII III – ter entrado de licença para acompanhar tratamento
DA AGREGAÇÃO, DA REVERSÃO E DO EXCEDENTE de pessoa da família, a partir das prorrogações;
CAPÍTULO I IV – ter sido julgado incapaz definitivamente, enquanto
DA AGREGAÇÃO tramita o processo de reforma;
V – ter sido considerado oficialmente extraviado;
Art. 80. A agregação é a situação na qual o policial mi- VI – ter sido esgotado o prazo que caracteriza o crime
litar da ativa fica temporariamente afastado do exercício do de deserção previsto no Código Penal Militar, se Oficial ou
cargo no âmbito da Corporação, permanecendo no lugar Praça com estabilidade assegurada;
que lhe competir na escala hierárquica de seu quadro ou VII – como desertor, ter-se apresentado voluntariamen-
qualificação, com a anotação esclarecedora da situação atra- te, ou ter sido capturado e reincluído a fim de se ver pro-
vés da abreviatura Ag. (Redação dada pela Lei nº 6.150, de cessar;
11.05.2000). VIII – ter sido condenado à pena restritiva de liberdade
Parágrafo único. A agregação não abre vaga para fins superior a seis (06) meses em sentença transitado em julga-
de promoção. (Redação acrescentada pela Lei nº 6.150, de do, enquanto durar a execução da mesma, exceto se conce-
11.05.2000). dida a suspensão condicional;
IX – ter sido condenado à pena de suspensão do exercí-
Art. 81. O Policial Militar da ativa será agregado e consi- cio do posto, graduação, cargo ou função prevista no Códi-
derado, para todos os efeitos legais, como em serviço ativo, go Penal Militar;
quando: X – ter entrado de licença para acompanhamento de
I – for nomeado ou designado para cargo ou função cônjuge nos casos previstos nos §§ 2º e 4º do art. 104 deste
considerado de natureza policial militar, estabelecido em lei Estatuto.
ou decreto e não previsto no Quadro de Organização da Po- § 1º A agregação do Policial Militar, nos casos dos incisos
lícia Militar; I e IV do caput deste artigo, é contado a partir do primeiro
II – aceitar cargo, função ou emprego público tempo- dia após os respectivos prazos e enquanto durar o evento.
rário, não eletivo, ainda que na Administração Indireta ou § 2º A agregação do Policial Militar, nos casos dos incisos
Fundacional Pública; II, III, V, VI, VII, VIII, IX e X deste artigo, é contada a partir da
III – se alistar como candidato a cargo eletivo e contar data indicada no ato que tornar público o evento.
mais de dez (10) anos de serviço na época do afastamento;
IV – for posto à disposição de Estabelecimento de Ensi- Art. 83. O Policial Militar agregado fica sujeito às obri-
no das Forças Armadas ou outras Corporações Policiais Mili- gações disciplinares concernentes as suas relações com ou-
tares, no país ou exterior; tros Policiais Militares a autoridades civis, salvo quando o ti-
V – for preso à disposição do Governo Federal para exer- tular de cargo que lhe dê precedência funcional sobre outros
cer cargo ou função em órgãos federais, embora considera- policiais militares mais graduados ou mais antigo.
da função de natureza Policial Militar, exceto na condição de
aluno e na hipótese prevista no inciso IV do art. 18 desta Lei; Art. 84. O Policial Militar agregado ficará adido, para
(Redação dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992). efeito de alterações e remuneração, à Organização Policial
VI – for posto à disposição de secretaria de Estado ou de Militar que lhe for designada, continuando a figurar no res-
outro órgão desta Unidade da Federação, de outro Estado pectivo registro, sem número, no lugar até que então ocu-
ou Território, para exercer função de natureza civil, exceto na pava.
hipótese se prevista no inciso VII do §1º do art. 18 desta Lei.
(Redação dada pela Lei nº 5.751, de 28.11.1995). Art. 85. A agregação do Policial Militar se faz por ato do
§ 1º A agregação Policial Militar nos casos dos incisos Comandante Geral da Polícia Militar.
I, II, IV, V e VI deste artigo, será contada a partir da data
da publicação do ato oficial de nomeação, designação ou CAPÍTULO II
passagem à disposição para o novo cargo até a data oficial DA REVERSÃO
da exoneração, dispensa ou transferência ex-offício para re-
serva. (Redação dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992). Art. 86. Reversão é o ato pelo qual o policial militar, ces-
§ 2º a agregação do Policial Militar, no caso do inciso III, sado o motivo que determinou a sua agregação, readquire
será contada a partir da data de registro como candidato o direito do exercício do cargo próprio do quadro ou quali-
até sua diplomação ou regresso à Corporação, caso não seja ficação a que pertença. (Redação dada pela Lei nº 6.150, de
eleito. 11.05.2000).

13
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Art. 87. A reversão do Policial Militar se faz por ato do § 2º (Revogado pela Lei nº 6.290, de 03.04.2002).
Comandante Geral da Polícia Militar. § 3º (Revogado pela Lei nº 6.290, de 03.04.2002).

Art. 88. Excedente é a situação transitória a que, auto- Art. 91. São autoridades competentes para conceder
maticamente, passa o Policial Militar que: férias:
I – Havendo sido revertido, esteja completo o efetivo do I – o Comandante Geral, ao Chefe do Estado Maior e a
quadro ou qualificação a que pertença; (Redação dada pela si próprio, após comunicar ao Governo do Estado;
Lei nº 6.150, de 11.05.2000). II – o Chefe do Estado Maior Geral, aos Oficiais do EMG
II – aguarda a colocação a que se faz jus na escala hie- da Corporação, aos Comandantes do Policiamento da Ca-
rárquica, após haver sido transferido para outro quadro, cujo pital, do Interior e do Corpo de Bombeiros, ao Ajudante
efetivo esteja completo; (Revogado pela Lei nº 6.150, de Geral, aos Comandantes de Unidades, Estabelecimentos de
11.05.2000). Ensino, Diretores e aos Comandantes de Subunidades In-
III – é promovido por bravura, sem haver vaga; dependentes;
IV – é promovido indevidamente; (Revogado pela Lei nº III – os Diretores, Comandantes de Unidades, Subuni-
6.150, de 11.05.2000). dades Independente, Centro e Estabelecimento de Ensino
V – Sendo mais moderno na respectiva escala hierárqui- Policial Militar, aos que servem sob suas ordens.
ca, ultrapassa o efetivo de seu quadro, em virtude de promo- § 1º A concessão de férias não será prejudicada por:
ção de outro policial militar em ressarcimento de preterição a) gozo anterior de licença para tratamento de saúde
ou retorno ao serviço, nos termos do art. 57 deste estatuto; ou licença especial;
(Redação dada pela Lei nº 6.150, de 11.05.2000). b) punição anterior decorrida de contravenção ou de
VI – tendo cessado o motivo que determinou a sua refor- transgressão disciplinar;
ma, retorna ao respectivo quadro, estando este com seu efe- c) ordem ou cumprimento de atos de serviços.
tivo completo. (Revogado pela Lei nº 6.150, de 11.05.2000). § 2º A concessão das férias não acumulará o direito que
§ 1º O Policial Militar cuja situação é de excedente, ocupa o Policial Militar tem de gozar as licenças regulamentares
posição relativa à sua antiguidade na escala hierárquica, com previstas em lei.
a abreviatura “excd”, e receberá o número que lhe competir,
§ 3º Somente em caso de interesse da Segurança
em consequência da primeira vaga que se verificar.
Nacional, da Manutenção da Ordem Pública, de extrema
§ 2º O Policial Militar cuja situação é de excedente, e
necessidade do serviço, de transferência para a inatividade
considerado, para todos os efeitos, como em serviço, e con-
ou para cumprimento de punição decorrente de crime,
corre, respeitados os requisitos legais, em igualdade de con-
contravenção ou transgressão disciplinar de natureza grave
dições e sem nenhuma restrição, a qualquer cargo Policial
e em caso de baixa hospitalar, os policiais militares terão
Militar, bem como a promoção.
interrompidas ou deixarão de gozar, na época prevista, o
§ 3º O Policial Militar promovido por bravura, sem haver
vaga, ocupará a primeira vaga aberta, deslocando o princípio período de férias a que tiverem direito.
de promoção a ser seguido para a vaga seguinte. § 4º São autoridades competentes para interromper
§ 4º O Policial Militar promovido indevidamente ou deixar de conceder férias previstas neste estatuto, as
permanecerá excedente, e só preencherá vaga quando essa seguintes:
surgir pelo mesmo critério pelo qual foi promovido. (Revoga- a) o Governador do Estado, no caso de interesse da
do pela Lei nº 6.150, de 11.05.2000). Segurança Nacional e de Manutenção da Ordem Pública;
b) o Comandante Geral, em caso de extrema necessi-
TÍTULO IX dade do serviço ou de transferência para a inatividade.
DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS, DAS LICEN- § 5º Na impossibilidade absoluta do gozo de férias no
ÇAS E DAS RECOMPENSAS ano seguinte, pelos motivos previstos no § 3º deste artigo,
CAPÍTULO I o período de férias não gozados será computado dia-a-dia
DOS AFASTAMENTOS TEMPORÁRIOS e contado em dobro.

Art. 89. São considerados afastamentos temporários os Art. 92. O gozo de férias anual obedecerá prescrições
seguintes: Férias, Núpcias, Luto, Instalação e Trânsito. estabelecidas em regulamentação própria:
§ 1º O período de férias anual poderá ser gozado
Seção I onde interessar ao Policial militar, dentro do País, mediante
Das Férias permissão do respectivo comandante, chefe ou diretor:
para o exterior, com consentimento do Governador do
Art. 90. O período de férias anual é um afastamento Estado.
temporário do serviço, obrigatoriamente concedido aos Poli- § 2º O Policial Militar em gozo de férias não perderá
ciais Militares para descanso, a partir do último mês do ano a o direito ao soldo e vantagens que esteja percebendo ao
que se refere e usufruído no ano seguinte. iniciá-la.
§ 1º Os Policiais Militares têm direito por ano de serviço, § 3º As férias escolares serão concedidas de
ao gozo de trinta (30) dias de férias remuneradas com pelo conformidade com o regulamento do estabelecimento de
menos 1/3 (um terço) a mais da remuneração correspondente ensino da Polícia Militar de Alagoas.
ao período e paga até a data do início do período de repouso.

14
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Seção II § 2º O período de licença especial não interrompe a


Núpcias e Luto contagem de tempo de efetivo serviço.
§ 3º Os períodos de licença especial não gozados pelo
Art. 93. O afastamento do serviço, por motivo de Policial Militar serão, a pedido, computados dia-a-dia e
núpcias, será concedido ao Policial Militar pelo prazo de contado em dobro para fins estabelecidos neste estatuto.
oito (08) dias, quando solicitado antecipadamente ao seu § 4º A licença especial não é prejudicada pelo gozo
comandante imediato, e será contado a partir da data do anterior de licença para tratamento de saúde ou para que
evento, ficando o beneficiado com obrigação da apresen- sejam cumpridos atos de serviços.
tação da certidão de casamento ao término do mesmo. § 5º Uma vez concedida a licença especial, o Policial
Parágrafo único. Quando não solicitado antecipada- Militar será exonerado do cargo ou dispensado do exer-
mente a concessão do afastamento o Policial Militar só po- cício das funções que exerce e ficará adido à Organização
derá fazê-lo até trinta (30) dias após a data do casamento. Policial Militar onde servir.
§ 6º A licença especial será concedida pelo comandante
Art. 94. O afastamento do serviço por motivo de luto Geral da Polícia Militar, de acordo com o interesse do
será concedido ao Policial Militar pelo prazo de oito (08) serviço, e respeitando as quotas estipuladas por este.
dias, a partir da data em que a autoridade a qual o benefi- § 7º A licença especial só poderá ser suspensa ex-offí-
ciário esteja subordinado tome conhecimento do óbito da cio, em caso do País entrar em estado de Defesa ou de
pessoa intimamente relacionada como: pais, cônjuge, com- Sítio, ou para cumprimento de sentença que importe em
panheira, filhos, irmãos, sogros e avós. restrição a liberdade individual.

Seção III Seção II


Trânsito e Instalação Da Licença para Tratamento de Interesse Particular
Art. 95. Trânsito é o período de afastamento total do Art. 99. A licença para trato de interesse particular é
serviço, concedido ao policial militar cuja movimentação concedida ao Policial Militar com 10 (dez) anos ou mais de
implique, obrigatoriamente, em mudança de Guarnição ou efetivo serviço que a requerer com esta finalidade.
para frequentar cursos ou estágio fora do Estado; destina- § 1º A licença para trato de interesse particular será
-se aos preparativos decorrentes dessa mudança. concedida sempre com prejuízo da remuneração e do
Parágrafo único. Os períodos concedidos relativos a tempo de efetivo serviço, podendo ser suspensa a pedido
trânsito são previstos em regulamentação própria. e a qualquer tempo do período do seu gozo.
§ 2º A licença para trato de interesse particular é
Art. 96. Instalação é o período de tempo concedido concedida pelo Comandante Geral da Polícia Militar, desde
ao Policial Militar para fixar residência, no limite máximo de
que o País não se encontre em estado de Defesa ou estado
cinco (05) dias, independentemente de ter gozado trânsito.
de Sítio.
§ 3º O período máximo de licença para trato de
CAPÍTULO II
interesse particular será de (dois) anos, contínuos ou não,
DAS LICENÇAS
não podendo ser obtida nova licença, após completar esse
prazo.
Art. 97. Licença é a autorização para o afastamento to-
tal do serviço, em caráter temporário, concedida ao Policial § 4º A licença para trato de interesse particular poderá
Militar, e pode ser: ser suspensa ex-offício, em caso do País entrar em estado
I – especial; de Defesa ou de Sítio, ou para cumprimento de sentença
II – para trato de interesse particular; que importe em restrição a liberdade individual.
III – para acompanhar tratamento de saúde de pessoa
da família; Seção III
IV – para tratamento de saúde própria; Da Licença para Acompanhar Tratamento de Pes-
V – licença à maternidade; soa da Família
VI – licença à paternidade;
VII – licença para acompanhar o cônjuge. Art. 100. O Policial Militar poderá obter licença para
acompanhar tratamento de saúde de pessoa da família,
Seção I desde que prove ser indispensável a sua assistência pes-
Da Licença Especial soal e esta não possa ser prestada simultaneamente com o
exercício do cargo.
Art. 98. Licença especial é o afastamento do serviço, § 1º A licença de que trata o caput deste artigo será
relativo a cada quinquênio de efetivo serviço prestado à concedida pelo Comandante Geral ao policial militar, de-
Corporação, concedido ao Policial Militar que a requerer, pois de ter sido exarado parecer da Junta Policial Militar
sem que implique em qualquer restrição para a sua carreira. de Saúde.
§ 1º A licença especial tem a duração de 03 meses e será § 2º A licença terá duração máxima de trinta (30) dias,
gozada de uma só vez, podendo ser suspensa a qualquer podendo ser prorrogada por iguais períodos, através de
época, a critério do interessado. novos pareceres da Junta Policial Militar de Saúde.

15
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

§ 3º O prazo máximo dessa licença será de vinte e Seção VII


quatro (24) meses, contínuos ou não. Da Licença para Acompanhar Cônjuge
§ 4º A licença de que trata este artigo será concedida
com remuneração integral até o prazo máximo de doze (12) Art. 104. O Policial Militar terá direito à licença para
meses ininterruptos, com 2/3 (dois terços) da remuneração acompanhamento do cônjuge, quando for ele mandado
se exceder a este prazo. servir ou frequentar curso fora do Estado.
§ 5º Verificado não mais persistir a causa que motivou § 1º Se o cônjuge é Policial Militar e seu afastamento do
a licença para acompanhar tratamento de saúde de pessoa Estado é para frequentar curso de interesse da Corporação,
da família, a autoridade competente poderá mandar cassá- a licença será com remuneração e contado o tempo, como
la, a pedido ou ex-offício, sendo que, no segundo caso, só de efetivo serviço, correspondente ao período do curso.
se realizará após inspeção de saúde realizado pela Junta § 2º Se o cônjuge é Policial Militar, mas o seu
Policial Militar de Saúde. afastamento é por outro motivo que não curso, a licença
será sem remuneração e sem contagem de tempo de
Seção IV efetivo serviço.
Da Licença para Tratamento de Saúde Própria § 3º Se o cônjuge não é Policial Militar, a licença será
sem remuneração e sem contagem de tempo de efetivo
Art. 101. A licença para tratamento de saúde própria serviço, qualquer que seja a circunstância.
será concedida pelo Comandante Geral, ex-offício, ao Po- § 4º Nos casos previstos nos §§ 2º e 3º deste artigo o
licial Militar, mediante inspeção de saúde e terá a duração Policial Militar agregará.
de trinta (30) dias, podendo ser prorrogada por iguais pe-
ríodos. CAPÍTULO III
§ 1º A licença terá início na data em que o policial DAS RECOMPENSAS
militar for julgado incapaz temporariamente para o serviço,
pelo médico ou pela Junta Policial Militar de Saúde que Art. 105. As recompensas constituem reconhecimento
conclua pela necessidade da mesma. dos bons serviços prestados pelos Policiais Militares.
§ 2º Se a natureza ou gravidade da doença for atestada § 1º As recompensas serão concedidas de acordo
por médico especialista estranho à Polícia Militar, o com as normas estabelecidas nas leis e regulamentos da
policial militar será atendido pela Junta Policial Militar de Corporação.
Saúde para homologar ou não o atestado apresentado e § 2º São recompensas Policiais Militares:
consequente concessão da licença. I – os prêmios de honras ao mérito;
II – as condecorações por serviços prestados, tempo de
Seção V serviço ou por aplicação e estudo;
Licença à Maternidade III – os elogios, louvores e referências elogiosas;
IV – as dispensas do serviço.
Art. 102. O Policial Militar feminino gestante terá direi-
to a licença à maternidade com duração de cento e vinte Art. 106. As dispensas do serviço são afastamentos to-
(120) dias, concedidos a partir do oitavo (8º) mês de gesta- tais, em caráter temporário, concedidas pelo Comandante,
ção, ou a contar da data do parto, mediante requerimento Chefe ou Diretor de OPM aos Policiais Militares diretamen-
da interessada e após inspeção de saúde, sem prejuízo da te subordinados.
remuneração e da contagem do tempo de efetivo serviço. Parágrafo único. As dispensas de serviço serão con-
Parágrafo único. Terá também direito a essa licença o cedidas com a remuneração integral e computadas como
Policial Militar feminino que aceitar guarda de criança, com tempo de efetivo serviço.
idade inferior a trinta (30) dias, por determinação judicial,
ou recebê-la como filho adotivo, contados a partir da data TÍTULO X
do aceite. DO TEMPO DE SERVIÇO
CAPÍTULO ÚNICO
Seção VI DA APURAÇÃO DO TEMPO DE SERVIÇO
Licença à Paternidade
Art. 107. Os Policiais Militares começam a contar tem-
Art. 103. O Policial Militar terá direito a licença à pater- po de serviço a partir da data de sua inclusão, matrícula
nidade com duração de cinco (05) dias, concedidos a con- em órgão de formação ou nomeação para posto na Polícia
tar da data do nascimento do filho, mediante requerimento Militar.
do interessado. § 1º Considera-se como data de inclusão, para fins
Parágrafo único. Terá direito a essa licença o Policial deste artigo:
Militar que aceitar guarda de criança com idade inferior I – a data do ato em que o Policial Militar é considerado
a trinta (30) dias, por determinação judicial, ou recebê-la incluído na Corporação;
como filho adotivo, contados a partir da data do aceite. II – a data de matrícula em órgão de formação de Po-
licial Militar;

16
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

III – a data de apresentação do Policial Militar pronto Art. 111. Não será computável para qualquer efeito, o
para o serviço, após ato de nomeação. tempo:
§ 2º O Policial Militar reincluído, recomeça a contar a) que ultrapassar de um (01) ano, contínuo ou não, em
tempo de serviço a partir da data de reinclusão. licença para tratamento de saúde de pessoa da família;
§ 3º Quando, por motivo de força maior, oficialmente b) passado em licença para trato de interesse particular;
reconhecido (inundação, naufrágio, incêndio, sinistro aéreo c) passado como desertor;
ou outras calamidades), faltarem dados para a contagem d) decorrido em cumprimento de pena de suspensão de
de tempo de serviço, caberá ao Comando Geral da Polícia exercício do posto, graduação, cargo ou função, por sentença
Militar arbitrar o tempo a ser computado para cada caso transitada em julgado;
particular, de acordo com os elementos disponíveis. e) decorrido em cumprimento de pena restritiva de liber-
dade por sentença transitado em julgado, desde que não te-
Art. 108. A apuração do tempo de serviço do Policial nha sido concedida suspensão condicional da pena, quando
Militar, será feita através do somatório de: então, o tempo que exceder ao período da pena será com-
I – tempo de efetivo serviço; putado para todos os efeitos, caso as decisões estipuladas na
II – tempo de serviço averbado. sentença não o impeçam.

Art. 109. Tempo de efetivo serviço é o espaço de tem- Art. 112. O tempo que o policial militar vier a passar
po computado dia-a-dia, entre a data de inclusão e a data afastado do exercício de suas funções, em consequência de
limite estabelecida para o desligamento do Policial Militar ferimentos recebidos em acidente quando em serviço, na
do serviço ativo, mesmo que tal espaço de tempo seja par- manutenção da Ordem Pública, ou em razão de moléstia ad-
celado. quirida no exercício de qualquer função Policial Militar, será
§ 1º O tempo de serviço prestado em órgão público, computado como se ele o tivesse passado no exercício da-
federal, estadual e municipal, antes do ingresso na Polícia quelas funções.
Militar será computado como efetivo serviço, exceto para
efeito de estabilidade. (Redação dada pela Lei nº 5.358, de
Art. 113. O tempo passado pelo Policial Militar no exer-
01.07.1992).
cício de atividade decorrentes ou dependentes de operações
§ 2º Será também considerado como tempo de efetivo
de guerra será regulado em legislação específica.
serviço os períodos de licença especial e férias não gozados
e contados em dobro.
Art. 114. A data limite para o final de contagem de ano
§ 3º O tempo de efetivo serviço de que trata o caput
de serviço, para fins de passagem à inatividade, será a do des-
deste artigo e seus parágrafos, será apurado e totalizados
ligamento do serviço ativo.
em dias, aplicado o divisor 365 (trezentos e sessenta e cin-
co), para a correspondente obtenção dos anos.
§ 4º O Policial Militar da reserva remunerada convocado Art. 115. Na contagem dos anos de serviço não se pode
para o serviço ativo, de conformidade com o art. 118 desta computar qualquer superposição de tempo de serviço pú-
Lei, terá o tempo que passar nesta situação computado blico (federal, estadual e municipal), fundacional pública ou
dia-a-dia, como serviço ativo. privado prestado ao mesmo tempo e já computado após a
§ 5º Para oficiais do Quadro de Saúde o tempo de inclusão, matrícula em órgão de formação, nomeação para
serviço será acrescido em 01 (um) ano para cada 05 (cinco) posto ou graduação ou reinclusão na Polícia Militar, nem com
anos de efetivo serviço prestado, até que este acréscimo os acréscimos de tempo, para os possuidores de curso uni-
complete o total de anos de duração normal do curso versitário.
universitário correspondente, sem superposição a qualquer
tempo de serviço policial militar ou público eventualmente TÍTULO XI
prestado durante a realização desse mesmo curso. (Reda- DAS DISPOSIÇÕES DIVERSAS E FINAIS
ção acrescentada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
§ 6º O disposto no parágrafo anterior deste artigo Art. 116. O Policial Militar da ativa poderá contrair matri-
aplicar-se-á nas mesmas condições na forma da legislação mônio desde que observada a legislação civil peculiar.
específica, aos possuidores de curso universitário, § 1º É vedado o casamento ao cadete, masculino e
reconhecido oficialmente que venham a ser aproveitados feminino, durante a realização do Curso de Formação de
como oficiais da Polícia Militar, desde que esse curso seja Oficiais.
requisito essencial para o seu aproveitamento. (Redação § 2º Ao Policial Militar, masculino e feminino, fica vedado
acrescentada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992). o casamento durante a realização do curso de formação de
soldados e sargentos;
Art. 110. Tempo de serviço averbado, para fins de ina- § 3º O Policial Militar que contrair matrimônio em
tividade, é a expressão que designa o computo do tempo desacordo com os §§ 1º e 2º deste artigo será desligado, ex-
de serviço prestado pelo policial militar antes do ingres- -offício, do curso em que esteja matriculado.
so na Corporação em atividade privada, de acordo com a
Constituição Estadual. Art. 117. A nomeação de policial militar para os encargos
de que trata o item VI do art. 51 somente poderá ser feita:

17
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

I – pela autoridade federal ou estadual competente, Art. 123. Serão organizados bienalmente almanaques
mediante requisição do Governador do Estado, quando o contendo a relação nominal dos oficiais e aspirantes a ofi-
cargo for da alçada federal ou de outra unidade da fede- cial, bem como dos subtenentes e sargentos da ativa, dis-
ração; tribuídos por ordem de antiguidade nos postos e gradua-
II – pelo Governador do Estado ou mediante sua auto- ções dos respectivos quadros, a cargo da primeira seção do
rização, nos demais casos. Estado Maior Geral, para os oficiais e Diretoria de Pessoal
Parágrafo único. Enquanto permanecer no cargo de para subtenentes e sargentos.
que trata o inciso VI do art. 51, é assegurado ao policial
militar: Art. 124. Os cadetes serão declarados aspirantes a ofic�
a) opção entre a remuneração do cargo ou emprego e cial pelo Comandante Geral.
a do posto ou graduação; Parágrafo único. Quando concluírem o curso de for-
b) a promoção apenas pelo critério de antiguidade; mação em outra Unidade da Federação, os cadetes serão
c) contagem do tempo de serviço para promoção pelo declarados pelo Comandante Geral daquela Polícia Militar,
critério de antiguidade e transferência para inatividade. sendo os atos de declaração ratificados pelo Comandante
Geral da Polícia Militar do Estado de Alagoas, bem como as
Art. 118. O oficial da reserva remunerada poderá ser promoções dos cadetes, de um para outro ano.
convocado para o serviço ativo, por ato do Governador do
Estado, para:
Art. 125. O oficial da Polícia Militar que tiver exercido o
I – ser designado para compor o Conselho de Justifi-
cargo de Comandante Geral por dois (02) consecutivos, ou
cação;
quatro (04) alternados, quando exonerado, será transferi-
II – ser encarregado de inquérito policial militar ou in-
do para a reserva remunerada com os direitos e vantagens
cumbido de outros procedimentos administrativos, na falta
inerentes ao respectivo cargo, face a relevância que lhe é
de oficial da ativa em situação hierárquica compatível com
reconhecido.
a do oficial envolvido.
Parágrafo único. O interstício para os efeitos deste
§ 1º O oficial convocado nos termos deste artigo terá
artigo poderá ser complementado pelo tempo de serviço
direitos e deveres dos da ativa de igual situação hierárquica,
exceto quanto à promoção, e contará o tempo desse prestado pelo oficial da Polícia Militar em cargos privativo
serviço em seu favor. de oficial superior, previstos no Quadro de Organização da
§ 2º A convocação e designação de que trata este Corporação.
artigo terá a duração necessária ao cumprimento da missão
que lhe deu origem, não devendo ser superior ao prazo de Art. 126. Considera-se acidente em serviço aqueles
doze (12) meses, e dependerá da anuência do convocado, ocorridos com Policial Militar da ativa quando:
que será precedida de inspeção de saúde. I – no exercício dos deveres previstos neste Estatuto e
outra legislação e regulamentos da Corporação;
Art. 119. É vedado o uso, por parte de organização II – no exercício de suas atribuições funcionais, durante
civil, de designações que possam sugerir sua vinculação à o expediente normal, ou quando determinado por auto-
Polícia Militar. ridade competente, em sua prorrogação ou antecipação;
Parágrafo único. Excetuam-se das prescrições deste III – no cumprimento de ordem da autoridade compe-
artigo as Associações, Clubes, Círculos e outros que con- tente;
gregam membros da Polícia Militar e que se destinam, ex- IV – no decorrer de viagem, em objeto de serviço, pre-
clusivamente, a promover intercâmbio social e assistencial visto em regulamento ou autorizado por autoridade com-
entre Policiais Militares e seus familiares e entre esses e a petente;
sociedade civil local. V – no decorrer de viagem imposta por motivo de mo-
vimentação, efetuada no interesse do serviço ou a pedido;
Art. 120. Os beneficiários do Policial Militar da ativa, VI – no deslocamento entre a sua residência e a orga-
falecido ou extraviado em ato de serviço, terão direito à nização em que serve ou o local de trabalho, e vice-versa,
pensão especial paga pelo Estado, correspondente à remu- comprovado que não houve mudança de itinerário.
neração integral do novo posto ou graduação, caso o qual § 1º Será aplicado o disposto no caput deste artigo ao
venha a ser promovido. Policial Militar da inatividade, quando convocado e desig-
nado para o serviço ativo, enquanto durar sua permanência
Art. 121. São adotados na Polícia Militar, em matéria nessa situação.
não regulada na legislação estadual, as leis e regulamentos § 2º Não se aplica o disposto no caput desse artigo aos
em vigor no Exército Brasileiro, no que lhe for pertinente, policiais militares acidentados em decorrência da prática
até que sejam adotados leis e regulamentos específicos. de crime doloso ou culposo, transgressão disciplinar, ou li-
tígio entre superior e subordinado.
Art. 122. Declarado Inconstitucional, em Controle § 3º Os casos previstos neste artigo serão devidamente
Concentrado, pelo Supremo Tribunal Federal, por meio da apurados em inquérito policial militar para esse fim
ADI nº 2620. mandado instaurar.

18
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

§ 4º Considera-se ainda acidente em serviço aquele § 2º O inciso I e a letra a do inciso II deste artigo apli-
que por si só não é a causa única e exclusiva da redução de cam-se aos alunos do curso de formação de cabos.
capacidade do policial militar, desde que haja relação de § 3º Para os alunos do curso de formação de soldados
causa e efeito. aplica-se o disposto no inciso I deste artigo e, caso seja por
§ 5º Para todos os acidentes em serviço serão falta de aproveitamento, será licenciado, podendo ser re-
obrigatoriamente expedidos atestados de origem e, na sua matriculado uma única vez no curso subsequente, a critério
falta, por motivos justificados, serão instaurados inquéritos do Comandante Geral.
sanitários de origem, para sua devida elucidação. § 4º Para os cadetes, aplica-se o disposto no inciso I
§ 6º As hipóteses dos incisos I a VI do caput deste arti- e letra a do inciso II; no caso da letra b do inciso II, será
gonãoseaplicamacasosanteriormenteconsumados. exonerado do grau hierárquico em comissão que exerce
no serviço temporário, transferido para uma Unidade do
Art. 127. O Policial Militar que se julgar prejudicado ou Corpo de Tropa, na graduação de 3º sargento.
ofendido por qualquer ato administrativo, poderá recorrer § 5º Para os alunos do curso ou estágio de adaptação
de oficiais, aplica-se o disposto no inciso I e letra a do inci-
ou interpor pedido de queixa, reconsideração ou represen-
so II; no caso da letra b do inciso II, o aluno será exonerado
tação, segundo legislação vigente na Corporação.
do grau hierárquico em comissão que exerce no serviço
§ 1º O direito de recorrer na esfera administrativa
temporário e demitido do serviço ativo.
prescreverá:
a) em quinze (15) dias corridos, a contar do recebimen- Art. 130. O Policial Militar indicado para exercer car-
to da comunicação oficial, quando se tratar de composição gos e funções estranhos à Polícia Militar, só será oficializa-
de Quadro de Acesso para promoção; do após sua anuência, não se incluindo a responsabilidade
b) em cento e vinte (120) dias, nos demais casos. dos atos administrativos aos quais a lei lhe impuser.
§ 2º O prazo de prescrição será contado a partir da
publicação, no Diário Oficial, Boletim Geral da Corporação Art. 131. O Policial Militar quando indiciado ou proces-
ou Boletim da organização Policial Militar. sado pela prática de crime, comum ou militar, será apresen-
§ 3º O Policial Militar da ativa que recorrer ao Poder tado à autoridade policial ou judiciária, sempre que intima-
Judiciário deverá participar, antecipadamente, esta inicia- do, notificado ou citado, devidamente fardado, desarmado
tiva à autoridade a que estiver subordinado, ficando esta e escoltado, até o término da sentença transitado em julga-
obrigada a levar o fato ao conhecimento do Comandante do. (Redação dada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
Geral. § 1º A intimação, notificação ou citação será endereçada
§ 4º O recurso de que trata o caput deste artigo não ao Comandante Geral e este determinará ao Diretor de
poderá ser impetrado coletivamente. Pessoal a apresentação do Policial Militar solicitado. (Reda-
ção acrescentada pela Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
Art. 128. O Policial Militar aprovado em concurso pú- § 2º A escolta referida no caput deste artigo deve ser
blico para o curso de formação de oficiais, será automati- comandada por militar de posto ou graduação superior a
camente, após sua matrícula, transferido para o quadro de do Policial Militar envolvido. (Redação acrescentada pela
praças especiais e comissionado na graduação de cadete Lei nº 5.358, de 01.07.1992).
do serviço temporário.
Art. 132. Aplicam-se aos Policiais Militares femininos
Art. 129. O Policial Militar comissionado no grau hie- a legislação e as normas em vigor na Corporação, no que
rárquico previsto no serviço temporário, que seja desligado lhes couber.
do curso que frequenta, pelos motivos abaixo relacionados,
Art. 133. Após a vigência do presente estatuto, serão
terá sua situação regulada da seguinte forma:
a ele ajustados todos os dispositivos legais e regulamentos
I – problema de saúde – permanecerá no serviço ativo,
que com ele tenham ou venham a ter pertinência.
na unidade de ensino, no mesmo grau hierárquico em que
se encontrava na ocasião do desligamento e terá rematrí- Art. 134. Cabe à Polícia Militar a supervisão das ati-
cula assegurada, uma única vez, após ser considerado apto vidades operacionais das guardas municipais e das em-
em inspeção de saúde; presas de vigilância, bem como a formação e reciclagem
II – não aproveitamento intelectual: dos componentes das mesmas, com ônus para os órgãos
a) se oriundo da própria Corporação, será exonerado e empresas interessadas. (Redação dada pela Lei nº 5.358,
do grau hierárquico que exerce no serviço temporário, re- de 01.07.1992).
tornando ao Corpo de Tropa, na mesma graduação que
possuía antes da matrícula no curso de formação; Art. 135. Esta Lei entrará em vigor na data de sua pu-
b) se oriundo do meio civil, será exonerado do grau blicação, ficando revogadas a Lei nº 3.696, de 28 de dezem-
hierárquico que exerce no serviço temporário, transferido bro de 1976, e toda legislação que lhe é complementar e
para uma Unidade do Corpo de Tropa na graduação de demais disposições em contrário.
soldado 2ª classe.
§ 1º Os incisos I e II deste artigo aplicam-se aos alunos PALÁCIO MARECHAL FLORIANO, EM MACEIÓ, 26 DE
do curso de formação de sargentos. MAIO DE 1992, 104º DA REPÚBLICA.

19
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

§ 1.º - A hierarquia militar é a ordem e a subordinação


dos diversos postos e graduações que constituem a carreira
2 DECRETO ESTADUAL Nº 37.042/1996
militar, na conformidade do Estatuto dos Policiais Militares do
(APROVA O REGULAMENTO DISCIPLINAR Estado de Alagoas, e que investe de autoridade o de maior
DA POLÍCIA MILITAR DE ALAGOAS E DÁ posto ou graduação, ou de cargo mais elevado.
OUTRAS PROVIDÊNCIAS). § 2.º - A disciplina policial militar é a rigorosa observância
e o acatamento integral das leis, regulamentos, normas e dis-
posições, traduzindo-se pelo perfeito cumprimento do dever
REGULAMENTO DISCIPLINAR DA POLÍCIA MILITAR por parte de todos e de cada um dos componentes do orga-
DO ESTADO DE ALAGOAS nismo policial militar.
§ 3.º - São manifestações essenciais de disciplina:
TÍTULO I a) a correção de atitudes;
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS b) a obediência pronta às ordens dos superiores hierár-
CAPÍTULO I quicos;
DAS GENERALIDADES c) a colaboração espontânea à disciplina coletiva e à efi-
ciência da instituição;
Art. 1.º - O Regulamento Disciplinar da Polícia Militar de d) a consciência das responsabilidades;
Alagoas tem por finalidade definir, especificar e classificar e) a rigorosa observância das prescrições regulamentares.
as transgressões disciplinares; estabelecer normas relativas f) o respeito para com a ética policial militar.
à amplitude e à aplicação das punições a elas inerentes, à Art. 6.º - As ordens, quando emanadas de autoridade
classificação do comportamento policial militar das praças e competente, devem ser prontamente obedecidas, cabendo
à interposição de recursos disciplinares. inteira responsabilidade à autoridade que a determinar.
Parágrafo Único - São também tratadas, em parte, neste § 1.º - Quando a ordem parecer obscura, cabe ao subor-
Regulamento, as recompensas especificadas no Estatuto dos dinado solicitar os esclarecimentos necessários ao seu total
Policiais Militares. entendimento e compreensão.
Art. 2.º - A camaradagem é indispensável à formação e § 2.º - Quando a ordem importar em responsabilidade
para o executante e não for manifestamente ilegal, poderá o
ao convívio da família policial militar, cumprindo existir as
mesmo solicitar a sua confirmação por escrito, cumprindo a
melhores relações sociais entre os policiais militares.
autor idade que a emitiu, atender a solicitação; e ao subordi-
Parágrafo Único - Incumbe aos superiores incentivar e
nado a execução da ordem recebida.
manter a harmonia, a solidariedade e a amizade entre seus
§ 3.º - Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento
subordinados.
da ordem recebida, a responsabilidade pelos excessos e abu-
Art. 3.º - A civilidade é parte integrante da educação po-
sos que cometer.
licial militar, importando ao superior tratar os subordinados § 4.º - Ainda que não se trate de ato de serviço, deve
com justiça e interesse; por sua vez, o subordinado é obri- o policial militar obediência aos seus superiores hierárquicos.
gado a todas as provas de respeito e deferência para com
seus superiores. Art. 7.º - O policial militar que encontrar subordinado seu
Parágrafo Único - As demonstrações de camaradagem na prática de transgressão disciplinar deverá levar o fato, por
e civilidade, obrigatórias entre os policiais militares, devem escrito, ao conhecimento da autoridade competente, no pra-
ser extensivas aos oficiais e praças das Polícias Militares e zo regulamentar.
Corpos de Bombeiros Militares dos Estados da Federação e
do Distrito Federal; das Forças Armadas brasileiras e Forças CAPÍTULO III
Militares estrangeiras. DA ÉTICA POLICIAL MILITAR
Art. 4.º - Para efeito deste Regulamento, todas as Orga-
nizações Policiais militares, tais como: Quartel do Comando- Art. 8.º - A honra, o sentimento do dever, o pundonor
-Geral; Comandos de Policiamento; Diretorias; Seções de policial militar e o decoro da classe impõem-se, a cada um
EMG; Unidades, Subunidades e outros Órgãos Independen- dos integrantes da Polícia Militar, conduta moral e profissional
tes, serão denominados “OPM”. irrepreensíveis, com a observância dos seguintes preceitos:
Parágrafo Único - A palavra “Comandante”, quando usa- I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamen-
da genericamente, engloba, também, os cargos de Diretor, to de dignidade pessoal;
Chefe, Ajudante-Geral e Subchefe do Estado Maior. II - exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as
funções que lhe couberem em decorrência do cargo;
CAPÍTULO II III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA HIERARQUIA E DA IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as
DISCIPLINA instruções e as ordens das autoridades competentes;
V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
Art. 5.º - A hierarquia e a disciplina constituem a base apreciação do mérito dos subordinados;
institucional da Polícia Militar, devendo ser mantidas, per- VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico
manentemente, pelos policiais militares na ativa e na inati- e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumpri-
vidade. mento da missão comum;

20
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

VII - empregar toda as suas energias em benefício do serviço; I - amar a verdade e a responsabilidade como fundamen-
VIII - praticar a camaradagem e desenvolver, permanen- to de dignidade pessoal;
temente, o espírito de cooperação; II - exercer, com autoridade, eficiência e probidade, as
IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua lin- funções que lhe couberem em decorrência do cargo;
guagem escrita e falada; III - respeitar a dignidade da pessoa humana;
X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de ma- IV - cumprir e fazer cumprir as leis, os regulamentos, as
téria sigilosa de qualquer natureza; instruções e as ordens das autoridades competentes;
XI - acatar as autoridades civis; V - ser justo e imparcial no julgamento dos atos e na
XII - cumprir os seus deveres de cidadão; apreciação do mérito dos subordinados;
XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública ou par- VI - zelar pelo preparo próprio, moral, intelectual e físico
ticular; e, também, pelo dos subordinados, tendo em vista o cumpri-
XIV - observar as normas da boa educação; mento da missão comum;
XV - garantir ou contribuir para a assistência moral e ma- VII - empregar toda as suas energias em benefício do ser-
terial do lar, e se conduzir de maneira modelar na vida familiar; viço;
XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou quando já na VIII - praticar a camaradagem e desenvolver, permanen-
inatividade, de modo que não sejam prejudicados os princí- temente, o espírito de cooperação;
pios da disciplina, do respeito e do decoro militar; IX - ser discreto em suas atitudes, maneiras e em sua lin-
XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação guagem escrita e falada;
para obter facilidade pessoal de qualquer natureza, ou para X - abster-se de tratar, fora do âmbito apropriado, de ma-
encaminhar negócios particulares ou de terceiros; téria sigilosa de qualquer natureza;
XVIII - abster-se, na inatividade, de uso das designações XI - acatar as autoridades civis;
hierárquicas: XII - cumprir os seus deveres de cidadão;
a) em atividades político-partidária; XIII - proceder de maneira ilibada na vida pública ou par-
b) em atividades comerciais; ticular;
c) em atividades industriais; XIV - observar as normas da boa educação;
d) para discutir ou provocar discussões pela impren- XV - garantir ou contribuir para a assistência moral e ma-
sa a respeito de assuntos políticos ou policiais militares, terial do lar, e se conduzir de maneira modelar na vida familiar;
excetuando-se os de natureza exclusivamente técnica, se XVI - conduzir-se, mesmo fora do serviço ou quando já na
devidamente autorizado; e inatividade, de modo que não sejam prejudicados os princí-
e) no exercício do cargo ou função de natureza civil, mes- pios da disciplina, do respeito e do decoro militar;
mo que seja da Administração Pública. XVII - abster-se de fazer uso do posto ou da graduação
XIX - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada para obter facilidade pessoal de qualquer natureza, ou para
um de seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos encaminhar negócios particulares ou de terceiros;
preceitos da ética policial militar; obedecidas, cabendo inteira XVIII - abster-se, na inatividade, de uso das designações
responsabilidade à autoridade que a determinar. hierárquicas:
§ 1.º - Quando a ordem parecer obscura, cabe ao subor- a) em atividades político-partidária;
dinado solicitar os esclarecimentos necessários ao seu total b) em atividades comerciais;
entendimento e compreensão. c) em atividades industriais;
§ 2.º - Quando a ordem importar em responsabilidade d) para discutir ou provocar discussões pela imprensa a
para o executante e não for manifestamente ilegal, poderá o respeito de assuntos políticos ou policia is militares, excetuan-
mesmo solicitar a sua confirmação por escrito, cumprindo a do-se os de natureza exclusivamente técnica, se devidamente
autor idade que a emitiu, atender a solicitação; e ao subordi- autorizado; e
nado a execução da ordem recebida. e) no exercício do cargo ou função de natureza civil, mes-
§ 3.º - Cabe ao executante que exorbitar no cumprimento mo que seja da Administração Pública.
da ordem recebida, a responsabilidade pelos excessos e abu- XIX - zelar pelo bom nome da Polícia Militar e de cada
sos que cometer. um de seus integrantes, obedecendo e fazendo obedecer aos
§ 4.º - Ainda que não se trate de ato de serviço, deve preceitos da ética policial militar;
o policial militar obediência aos seus superiores hierárquicos.
Art. 7.º - O policial militar que encontrar subordinado seu CAPÍTULO V
na prática de transgressão disciplinar deverá levar o fato, por DA PARTE DISCIPLINAR
escrito, ao conhecimento da autoridade competente, no pra-
zo regulamentar. Art. 15 - Parte disciplinar é a narração escrita, obrigatória,
feita por policial militar, e dirigida à autoridade competente,
CAPÍTULO III pertinente a ato ou fato de natureza disciplinar praticado por
DA ÉTICA POLICIAL MILITAR policial militar:
I - de posto ou graduação igual à do signatário e de me-
Art. 8.º - A honra, o sentimento do dever, o pundonor nor antiguidade;
policial militar e o decoro da classe impõem-se, a cada um II - de posto ou graduação inferior à do signatário.
dos integrantes da Polícia Militar, conduta moral e profissional Art. 16 - A Parte deve ser:
irrepreensíveis, com a observância dos seguintes preceitos:

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

I - clara, concisa e precisa; conter os dados capazes de § 1.º - Na condição de prazo prevista neste artigo, o
identificar as pessoas ou coisas envolvidas, o local, a data e a signatário da Comunicação remeterá cópia da mesma à auto-
hora da ocorrência; e caracterizar as circunstâncias que a en- ridade nela referida, para o devido conhecimento.
volveram, sem tecer comentários ou opiniões pessoais. § 2.º - O comunicante deve ser afastado da subordinação
II - a expressão da verdade, devendo a autoridade a que direta da autoridade contra quem formulou a Comunicação,
foi dirigida adotar as providências da sua competência, na se for o caso. Deve, no entanto, ser mantido na localidade
conformidade do estabelecido neste Regulamento. onde serve, salvo a existência de fatos que contraindiquem a
III - apresentada em duas vias e no prazo de dois dias sua permanência na mesma.
úteis, contados da observação ou conhecimento do fato. Art. 23 - Não terá cabimento a Comunicação quando o
Parágrafo Único - Quando, por força do disposto no art. ato ou fato de indisciplina for presenciado por autoridade su-
12, o transgressor for preso antes da nota de punição publi- perior a do transgressor.
cada em Boletim, a Parte deve ser apresentada nas primeiras § 1.º - Transcorrido o prazo regulamentar, sem que seja
vinte e quatro horas subsequentes à prisão. apresentada a Parte pela autoridade superior, fica automa-
Art. 17 - A autoridade que receber Parte, não tendo com- ticamente restabelecido o direito de Comunicação, nos dois
petência disciplinar sobre o transgressor, deve encaminhá-la dias úteis subsequentes, ao policial militar de maior posto ou
ao seu superior imediato. graduação que, sendo inferior ao transgressor na escala hie-
Art. 18 - Nos casos de participação de ocorrência com rárquica, presenciou a ocorrência.
policial militar de OPM diversa daquela a que pertence o sig- § 2.º - O direito de Comunicação a que se refere o
natário da Parte, deve este, direta ou indiretamente, ser notific� parágrafo anterior será exclusivo do policial militar que, por
cado da solução dada, no prazo máximo de quinze dias úteis. gesto de indisciplina praticado por superior hierárquico, ve-
Art. 19 - A solução de Parte será dada no prazo de quatro nha a ter, de qualquer forma, a sua dignidade pessoal afetada.
dias úteis, após conferido ao transgressor o direito de defesa Art. 24 - Aplica-se à Comunicação as disposições previs-
a que se refere o art. 78. tas para a Parte, contidas no arts. 16, 17, 18, 19 e art. 20, ns. I,
Parágrafo Único - Quando a solução depender de resul- II e § 2.º.
tado de exames médicos ou perícias a que for submetido o Art. 25 - O pedido de solução de Comunicação será por
transgressor, e não for possível cumprir o prazo estabelecido escrito e dirigido à autoridade com competência para solucio-
neste artigo, a solução será proferida nos dois dias úteis sub- ná-la, observada a cadeia de comando.
sequentes ao recebimento dos exames e/ou perícias.
Art. 20 - O pedido de solução de Parte é direito conferido TÍTULO II
ao seu signatário e terá cabimento quando: DAS TRANSGRESSÕES DISCIPLINARES
I - não for observado o disposto no art. 18; CAPÍTULO I
II - signatário e transgressor pertencerem à mesma OPM DAS DEFINIÇÕES E ESPECIFICAÇÕES
e a autoridade com competência disciplinar deixar de solucio-
nar a Parte no prazo estabelecido neste Regulamento. Art. 26 - Transgressão disciplinar é a violação, por ação ou
§ 1.º - Em qualquer das hipóteses enumeradas neste omissão, dos princípios da ética, dos deveres e das obrigações
artigo, o pedido de solução de Parte será por escrito e enca- policiais militares, estatuídos em leis, regulamentos, normas
minhado através do comandante a que estiver o signatário da ou disposições, na sua manifestação elementar e simples.
Parte diretamente subordinado. Distingue-se do crime militar, que consiste na ofensa aos bens
§ 2.º - Transcorrido o prazo de oito dias, contados da juridicamente tutelados pelo Código Penal Militar.
apresentação do pedido de solução, sem resposta da au- Art. 27 - São transgressões disciplinares:
toridade competente, caberá, contra esta, apresentação de I - todas as ações ou omissões contrárias à disciplina, es-
Parte ou Comunicação, obedecidas as disposições previs- pecificadas neste Regulamento;
tas neste Regulamento. II - todas as ações ou omissões não especificadas neste
regulamento, nem qualificadas como crime nas leis penais,
CAPÍTULO VI praticadas contra:
DA COMUNICAÇÃO DISCIPLINAR a) a Bandeira, o Hino, o Selo e as Armas Nacionais, os
Símbolos Estaduais ou Patrióticos e Instituições Nacionais, Es-
Art. 21 - Comunicação disciplinar é a narração escrita, fei- taduais e Municipais;
ta por policial militar, e dirigida à autoridade competente , b) a honra e o pundonor policial militar, o decoro da clas-
pertinente a ato ou fato de natureza disciplinar praticado por se, os preceitos sociais e as normas da moral;
superior hierárquico. c) os preceitos de subordinação, regras e ordens de servi-
Parágrafo Único - Para efeito do disposto neste artigo, ço estabelecidas em leis, regulamentos ou prescritos por au-
entende-se também como superior hierárquico o policial mi- toridade competente.
litar que, mesmo de posto ou graduação igual à do signatário Art. 28 - A instância criminal e administrativa são inde-
da Comunicação, lhe seja de maior antiguidade. pendentes e podem ser concomitantes. A instauração de in-
Art. 22 - A Comunicação deve ser dirigida ao comandante quérito ou ação criminal não impede a imposição imediata, na
da OPM a que pertence o superior hierárquico, no prazo de esfera administrativa, de penalidade cabível pela transgressão
dois dias úteis, contados da observação do fato. Se o transgres- disciplinar residual ou subjacente ao mesmo fato, ressalvado
sor da disciplina for o comandante da OPM, a Comunicação o disposto no § 2.º do Art. 33 da Lei n.º 5.346, de 26 de maio
será, no mesmo prazo, dirigida ao seu comandante imediato. de 1992.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

CAPÍTULO II XIX - permanecer a praça em dependência da OPM, des-


DA CLASSIFICAÇÃO de que seja estranho ao serviço, ou sem consentimento ou
ordem de autoridade competente;
Art. 29 - As transgressões disciplinares se classificam se- XX - penalizar ou propor transações pecuniárias envol-
gundo sua intensidade em: vendo superior, igual ou subordinado, no âmbito da OPM ou
I - Leves; área policial militar. Não são considerados transações pecu-
II - Médias; niárias os empréstimos em dinheiro sem auferir lucro;
III - Graves. XXI - sentar-se a praça, em público, à mesa em que esti-
ver oficial ou vice-versa, salvo em solenidades, festividades,
SEÇÃO I ou reuniões sociais;
DAS TRANSGRESSÕES LEVES XXII - sobrepor ao uniforme insígnia ou medalha não re-
gulamentar, bem como indevidamente distintivo ou conde-
Art. 30 - São transgressões disciplinares leves: coração;
I - andar o policial militar a pé ou em coletivos públicos XXIII - usar o uniforme, quando de folga, se isso contrariar
com uniforme inadequado, contrariando o Regulamento de ordem de autoridade competente;
Uniformes da Corporação ou normas a respeito; XXIV - usar joias e outros adereços que prejudiquem a
II - conversar ou fazer ruído em ocasiões, lugares ou horas apresentação pessoal, quando uniformizado;
impróprias; XXV - usar, quando uniformizado, penteados exagerados,
III - conversar com sentinela, salvo sobre objeto de serviço; perucas, maquilagens excessivas, unhas demasiadamente
IV - dar toques ou fazer sinais, sem ordem para tal; longas ou com esmalte extravagante;
V - deixar o oficial ou aspirante-a-oficial, ao entrar em XXVI - usar, quando uniformizado, barba, cabelo, bigode
OPM onde não sirva, de dar ciência da sua presença ao oficial ou costeletas excessivamente compridos ou exagerados, con-
de dia e, em seguida, de procurar o comandante ou o oficial trariando disposições a respeito.
de posto mais elevado presente, para cumprimentá-lo;
VI - deixar de comunicar ao superior a execução de or- SEÇÃO II
dem recebida tão logo seja possível; DAS TRANSGRESSÕES MÉDIAS
VII - deixar o oficial de encaminhar ao escalão superior
comunicação de subordinado versando da impetração de Art. 31 - São transgressões disciplinares médias:
recurso, perante o Poder Judiciário, sobre ato administrativo; I - aconselhar ou concorrer para não ser cumprida qual-
VIII - deixar, quando estiver sentado, de oferecer seu lugar a quer ordem de autoridade competente, ou para retardar a sua
superior, ressalvadas as exceções previstas no Regulamento de execução;
Continência, Honras e Sinais de Respeito das Forças Armadas; II - andar o policial, quando a cavalo, a trote ou a galope,
IX - deixar de avisar aos policiais militares, em companhia sem necessidade, por vias públicas e, bem assim castigar inu-
dos quais estiver, da aproximação de superior; tilmente a montada;
X - deixar o oficial ou aspirante a oficial, tão logo seus III - apresentar-se desuniformizado, mal uniformizado ou
afazeres o permitam, de apresentar-se ao de maior posto ou com o uniforme alterado;
ao substituto legal imediato, da OPM onde serve, para cum- IV - apresentar Parte, Comunicação ou recurso sem seguir
primentá-lo, salvo ordem ou instrução a respeito; as normas e preceitos regulamentares; ou em termos desres-
XI - deixar o superior de determinar a saída imediata, de peitosos ou com argumentos falsos ou de má fé; ou mesmo
solenidade policial militar ou civil, de subordinado que a ela sem justa causa ou razão;
compareça em uniforme diferente do marcado; V - autorizar, promover ou assinar petições coletivas diri-
XII - deixar o subtenente ou sargento, tão logo seus afa- gidas a qualquer autoridade civil ou policial militar;
zeres o permitam, de apresentar-se ao seu comandante ou VI - chegar atrasado a qualquer ato de serviço ou expe-
chefe imediato; diente para o qual se achava nominalmente escalado;
XIII - deixar o subtenente, sargento, cabo ou soldado, ao VII - concorrer para a discórdia ou desarmonia ou cultivar
entrar em OPM onde não sirva, de apresentar-se ao oficial de inimizade entre camaradas;
dia ou seu substituto legal; VIII - comparecer o policial militar a qualquer solenida-
XIV - deixar, o policial da ativa, de comunicar previamente de, festividade ou reunião social com uniforme diferente do
e por via hierárquica, seu casamento a autoridade competente; marcado;
XV - dirigir-se a superior ou este a subordinado, quando IX - contrair dívidas ou assumir compromisso superior às
no quartel ou a serviço, tratando o ou a ele se referindo, sem suas possibilidades, comprometendo o bom nome da classe;
designar o grau hierárquico; X - conversar, sentar-se ou fumar a sentinela, o plantão
XVI - fumar em lugar ou ocasiões onde isso seja vedado, da hora, ou ainda, consentir na formação ou permanência de
ou quando se dirigir ao superior; grupo, ou de pessoa junto a seu posto de serviço;
XVII - não se apresentar a superior hierárquico ou de sua XI - dar, por escrito ou verbalmente, ordem ilegal ou cla-
presença retirar-se, sem obediência às normas regulamentares; ramente inexequível, que possa acarretar ao subordinado res-
XVIII - penetrar o policial militar sem permissão ou or- ponsabilidade, ainda que não chegue a ser cumprida;
dem, em aposentos destinados a superior ou onde esse se XII - deixar de comunicar a tempo, ao superior imediato,
ache, bem como em qualquer lugar onde a entrada lhe seja ocorrência no âmbito de suas atribuições quando se julgar
vedada; suspeito ou impedido de providenciar a respeito;

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

XIII - deixar de informar processo que lhe for encaminha- XXXVI - não levar falta ou irregularidade que presenciar,
do, exceto nos casos de suspeição ou impedimento, ou abso- ou de que tiver ciência e não lhe couber reprimir, ao conheci-
luta falta de elementos, hipóteses em que estas circunstâncias mento de autoridade competente, no mais curto prazo;
serão fundamentadas; XXXVII - omitir, em nota de ocorrência, relatório ou qualquer
XIV - deixar de apresentar-se nos prazos regulamentares, documento, dados indispensáveis ao esclarecimento dos fatos;
à OPM, para a qual tenha sido transferido ou classificado e às XXXVIII - participar o policial militar da ativa, de firma co-
autoridades competentes, nos casos de comissão ou serviço mercial, de emprego industrial de qualquer natureza, ou nelas
extraordinário para o qual tenha sido designado; exercer função ou emprego remunerado;
XV - deixar ou negar-se a receber vencimentos, alimenta- XXXIX - penetrar ou tentar penetrar o policial militar em
ção, fardamento, equipamento ou material que lhe seja desti- alojamento de outra subunidade, depois da revista do reco-
nado ou deva ficar em seu poder ou sob sua responsabilidade; lher, salvo os oficiais ou sargentos, que, pelas suas funções,
XVI - deixar o policial militar, presente a solenidades inter- sejam a isto obrigados;
nas ou externas onde se encontrarem superiores hierárquicos, XL - permutar serviço sem permissão de autoridade com-
de saudá-los de acordo com as normas regulamentares; petente;
XVII - deixar deliberadamente de corresponder a cumpri- XLI - portar a praça arma regulamentar sem estar de ser-
mento de subordinado; viço o sem ordem para tal;
XVIII - deixar o subordinado, quer uniformizado, quer em XLII - portar-se sem compostura em lugar público;
traje civil, de cumprimentar superior, uniformizado ou não, XLIII - punir subordinado sem que lhe seja assegurado o
neste caso desde que o conheça, ou de prestar-lhe as home- direito de defesa;
nagens e sinais regulamentares de consideração e respeito; XLIV - prender subordinado sem nota de punição publi-
XIX - deixar de participar a tempo, à autoridade imediata- cada em Boletim, a não ser pelas razões previstas no art. 12,
mente superior, impossibilidade de comparecer à OPM, ou a ou permitir que permaneça preso, nessa circunstância, por
qualquer ato de serviço; período superior a setenta e duas horas;
XX - deixar de portar, o policial militar, o seu documento XLV - retardar a execução de qualquer ordem;
de identidade, estando ou não fardado; XLVI - ser indiscreto em relação a assuntos de caráter ofi-
XXI - deixar de recolher-se, imediatamente, à OPM quan- cial cuja divulgação possa ser prejudicial à disciplina ou à boa
do souber que foi procurado para o serviço; ordem do serviço;
XXII - deixar de pagar dívida nos prazos previstos, salvo se
XLVII - ter pouco cuidado com asseio próprio ou coletivo,
esta for necessária e comprovadamente contraída em benefí-
em qualquer circunstância;
cio da família, teve aplicação justa e ocorreu fato impeditivo,
XLVIII - tomar compromisso pela OPM que comanda ou
grave e inevitável a que não deu causa;
em que serve sem estar autorizado;
XXIII - deixar de encaminhar à autoridade competente, na
XLIX - usar em serviço armamento ou equipamento que
linha de subordinação e no mais curto prazo, recurso ou docu-
mento que receber, desde que elaborado de acordo com os pre- não seja regulamentar, salvo em caso de ordem ou autoriza-
ceitos regulamentares, se não estiver na sua alçada dar solução; ção do comandante da OPM ou chefe direto;
XXIV - deixar alguém conversar ou entender-se com pre- L - usar uniforme, o policial da reserva ou reformado, fora
so de justiça incomunicável, sem autorização de autoridade dos casos previstos, em leis ou regulamentos.
competente;
XXV - desrespeitar em público as convenções sociais; SEÇÃO III
XXVI - desconsiderar ou desrespeitar a autoridade civil; DAS TRANSGRESSÕES GRAVES
XXVII - desrespeitar regras de trânsito, medidas gerais de
ordem policial, judicial ou administrativa; Art. 32 - São transgressões graves:
XXVIII - dificultar ao subordinado a apresentação de re- I - abandonar serviço para o qual tenha sido designado,
cursos; quando isso não configurar crime;
XXIX - entrar ou sair de qualquer OPM, o cabo ou solda- II - abrir ou tentar abrir qualquer dependência da OPM
do, com objetos ou embrulhos, sem autorização do coman- fora das horas de expediente, desde que não seja o respectivo
dante da guarda ou autorização similar; chefe ou sem sua ordem escrita com a expressa declaração de
XXX - entrar ou sair de OPM ou Força Armada, sem prévio motivo, salvo situações de emergência;
conhecimento ou ordem da autoridade competente; III - aceitar o policial militar qualquer manifestação coleti-
XXXI - frequentar lugares incompatíveis com seu nível so- va de seus subordinados, salvo a exceção de número anterior;
cial e o decoro da classe; IV - afastar-se de qualquer lugar em que deva estar por
XXXII - içar ou arriar Bandeira ou insígnia, sem ordem força de disposição legal ou ordem;
para tal; V - autorizar, promover ou tomar parte em qualquer
XXXIII - invocar circunstâncias de matrimônio ou de en- manifestação coletiva, seja de caráter reivindicatório, seja de
cargo de família para eximir-se de obrigações funcionais; crítica ou de apoio a ato de superior, com exceção das de-
XXXIV - maltratar ou não ter o devido cuidado no trato monstrações íntimas de boa e sã camaradagem e com conhe-
com animais; cimento do homenageado;
XXXV - não zelar devidamente, danificar ou extraviar por VI - censurar ato de superior ou procurar desconsiderá-lo;
negligência ou desobediência regras ou normas de serviço, VII - dar conhecimentos de fatos, documentos ou assun-
material da Fazenda Nacional, Estadual ou Municipal que es- tos policiais-militares a quem deles não deva ter conhecimen-
teja ou não sob sua responsabilidade direta; to e não tenha atribuições para neles intervir;

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

VIII - deixar de punir transgressor da disciplina; XXXII - maltratar preso sob sua guarda;
IX - deixar de comunicar ao superior imediato ou na ausên- XXXIII - manter em seu poder, indevidamente, bens da
cia deste a qualquer autoridade superior, toda informação que fazenda pública ou de particulares;
tiver sobre iminente perturbação da ordem pública ou grave XXXIV - manter relações de amizade com pessoas de no-
alteração do serviço, logo que disto tenha conhecimento; tórios e desabonadores antecedentes ou apresentar-se publi-
X - deixar de providenciar a tempo, na esfera de suas atri- camente com elas, salvo se por motivo de serviço;
buições, por negligências ou incúria, medidas contra qualquer XXXV - manter relacionamento íntimo não recomendável
irregularidade que venha a tomar conhecimento; ou socialmente reprovável, com superiores, pares, subordina-
XI - deixar o Comandante da Guarda ou agente corres- dos ou civis;
pondente de cumprir as prescrições regulamentares com res- XXXVI - não atender a observação de autoridade hierár-
peito à entrada ou à permanência na OPM de civis, militares quica superior competente, para satisfazer débito já reclamado;
ou policiais-militares estranhos à mesma; XXXVII - não atender à obrigação de dar assistência a sua
XII - deixar que presos conservem em seu poder instru- família ou dependente legalmente constituídos;
mento ou objetos não permitidos; XXXVIII - não cumprir ordem recebida, quando manifes-
XIII - desrespeitar corporação judiciária, ou qualquer de tamente legal;
seus membros, bem como criticar, em público ou pela im- XXXIX - não se apresentar no final da licença, férias ou
prensa, seus atos ou decisões; dispensa do serviço, ou, ainda, depois de saber que qualquer
XIV - dirigir memoriais ou petições, a qualquer autorida- delas lhe foi suspensa;
de, sobre assuntos da alçada do Comandante Geral, salvo em XL - ofender a moral por atos, gestos ou palavras;
grau de recurso e na forma prevista neste Regulamento; XLI - ofender, provocar ou desafiar superior, seu igual ou
XV - dirigir-se, referir-se ou responder de maneira desa- subordinado;
tenciosa a superior; XLII - prestar informação a superior induzindo-o a erro
XVI - discutir ou provocar discussões, por qualquer veícu- deliberada ou intenciona lmente;
lo de comunicação, sobre assuntos políticos, militares, ou po- XLIII - procurar desacreditar seu igual ou subordinado;
liciais-militares, excetuando-se os de natureza exclusivamente XLIV - promover ou tomar parte em jogos proibidos;
técnica, quando devidamente autorizados; XLV - promover escândalo ou nele envolver-se, compro-
XVII - disparar arma por imprudência, negligência ou sem metendo o prestígio e a imagem da corporação;
necessidade; XLVI - provocar ou fazer-se causa, voluntariamente, de
XVIII - dormir em serviço, quando houver ordem contrá- origem de alarme injustificável;
ria; XLVII - publicar ou contribuir para que sejam publicados
XIX - efetuar desconto em vencimento, não autorizado fatos, documentos ou assuntos policiais-militares que possam
por autoridade competente, ou determiná-lo fora dos casos concorrer para o desprestígio da Corporação ou firam a disci-
previstos nas leis e regulamentos; plina ou a segurança;
XX - embriagar-se ou induzir outrem à embriaguez, no XLVIII - recusar-se o policial militar a identificar-se, quan-
âmbito do quartel ou em área de domínio policial militar, em- do justificadamente solicitado;
bora tal estado não tenha sido constatado por médico; XLIX - representar a OPM e mesmo a Corporação, em
XXI - exercer qualquer atividade remunerada estando dis- qualquer ato, sem estar devidamente autorizado;
pensado ou licenciado para tratamento de saúde; L - retardar ou prejudicar medidas ou ações de ordem
XXII - espalhar boatos ou notícias tendenciosas; judicial ou policial de que esteja investido ou que deva pro-
XXIII - esquivar-se a satisfazer compromissos de ordem mover;
moral ou pecuniária que houver assumido; LI - retirar ou tentar retirar de qualquer lugar sob juris-
XXIV - envolver, indevidamente, o nome de outrem para dição policial militar, material viatura ou animal, ou mesmo
se esquivar de responsabilidade; deles servir-se, sem ordem do responsável ou proprietário;
XXV - fazer o policial da ativa, da reserva ou reformado, LII - simular doença para esquivar-se ao cumprimento de
uso do posto ou graduação para obter facilidades ou satisfa- qualquer dever policial militar;
zer interesses pessoais, de qualquer natureza ou para encami- LIII - soltar preso ou detido ou dispensar Parte de ocor-
nhar negócios particulares seus ou de terceiros; rência sem ordem de autor idade competente;
XXVI - fazer uso ou autorizar o uso de veículos oficiais LIV - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em área
para fins não previstos em normas regulamentares; policial militar, tóxicos, entorpecentes ou drogas afins, a não
XXVII - faltar a qualquer ato de serviço em que deva to- ser mediante prescrição de autoridade médica militar com-
mar parte ou a que deva assistir; petente;
XXVIII - faltar à verdade; LV - ter em seu poder ou introduzir, em área policial mili-
XXIX - fazer diretamente, ou por intermédio de outrem, tar ou sob a jurisdição policial militar, inflamável ou explosivos
transações pecuniárias envolvendo assunto de serviço, bens sem permissão da autoridade competente;
da Administração Pública ou material proibido, quando não LVI - ter em seu poder ou introduzir, em área policial mi-
configurar crime; litar ou sob jurisdição policial militar, bebidas alcoólicas, salvo
XXX - frequentar ou fazer parte de sindicatos, associações quando devidamente autorizado;
profissionais com caráter de sindicatos ou similares; LVII - ter em seu poder, introduzir ou distribuir, em área
XXXI - induzir outrem à prática de transgressões discipli- policial militar ou sob a jurisdição policial militar publicações,
nares; estampas ou jornais que atentem contra a disciplina ou a moral;

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

LVIII - trabalhar mal, intencionalmente ou por falta de § 1.º - Não haverá punição quando for reconhecida qual-
atenção em qualquer serviço ou instrução; quer causa de justificação.
LIX - travar discussão, rixa ou luta corporal com seu igual § 2.º - Não há isenção de punição disciplinar quando o
ou subordinado; erro de que trata o número V deste artigo deriva de culpa do
LX - usar violência desnecessária em ato de serviço; transgressor.
LXI - utilizar-se do anonimato para qualquer fim; § 3.º - Em qualquer das hipóteses deste artigo, o agente
LXII - utilizar ou autorizar a utilização de subordinados responderá pelos excessos praticados.
para serviços não previstos em regulamento;
LXIII - violar ou deixar de preservar local de crime. SEÇÃO II
Art. 33 - Serão ainda classificadas como graves: DAS CIRCUNSTÂNCIAS ATENUANTES
I - as transgressões referidas no número II, letras a e b,
do art. 27; Art. 36 - São circunstâncias atenuantes:
II - as transgressões mencionadas no número II, letra c, do I - estar no comportamento bom, ótimo ou excepcional;
mesmo artigo, quando: II - relevâncias de serviços prestados, comprovados me-
a) forem de natureza desonrosa; diante condecorações, medalhas, títulos, elogios individuais e
b) forem ofensivas à dignidade policial militar e profis- outras disposições contidas em leis, decretos e regulamentos;
sional; III - falta de prática no serviço.
c) forem atentatórias às instituições ou ao Estado; IV - ter o transgressor:
d) atingirem gravemente o prestígio da corporação. a)cometido o ato de in disciplina por motivo de relevante
Parágrafo Único - A classificação das transgressões, às valor social ou moral;
quais se refere o número II deste artigo, será dada pela auto- b)procurado, por sua espontânea vontade e com eficiên-
ridade que a aplicar, levando-se em consideração as circuns- cia, logo após o ato de indisciplina, evitar ou diminuir as suas
tâncias e as conseqüências do fato, devendo justificar seu conseqüências, ou ter, antes da solução da Parte ou Sindicân-
proceder no próprio ato em que impuser a penalidade. cia, reparado o dano;
c)cometido a transgressão sob coação a que podia resis-
tir, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato
CAPÍTULO III
injusto de terceiro;
DO JULGAMENTO
d)confessado, espontaneamente, perante a autoridade
policial militar competente, a autoria da transgressão ignora-
Art. 34 - O julgamento das transgressões deve ser prece-
da ou imputada a outrem;
dido de um exame e de uma análise que considerem:
e)mais de setenta anos de idade, na data do fato.
I - a culpabilidade;
II - os antecedentes do transgressor; SEÇÃO III
III - as causas que a determinaram; DAS CIRCUNSTÂNCIAS AGRAVANTES
IV - a natureza dos fatos ou os atos que a envolveram;
V - as conseqüências que dela possam advir; Art. 37 - São circunstâncias agravantes:
VI - as causas que as justifiquem ou as circunstâncias que I - comportamento mau ou insuficiente;
as atenuem e/ou as agravem. II - prática ou conexão de duas ou mais transgressões;
III - reincidência de transgressão;
SEÇÃO I IV - conluio de duas ou mais pessoas;
DAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO V - a embriaguez alcoólica preordenada;
VI - induzimento de outrem à co-autoria;
Art. 35 - São causas de justificação: VII - ter abusado o transgressor de sua autoridade hie-
I - ter sido cometida a transgressão na prática de ação rárquica;
meritória, no interesse do serviço ou da segurança pública; VIII - ser praticada a transgressão:
II - ter sido praticada a transgressão em legítima defesa, a) com premeditação;
própria ou de outrem; b) em presença de tropa ou de público;
III - ter sido cometida a transgressão sob coação irresistí- c) em presença de subordinado;
vel ou em obediência à ordem, não manifestamente ilegal, de d) durante a execução do serviço;
superior hierárquico; e) fora do quartel, estando o transgressor fardado;
IV - ter sido cometida a transgressão pelo uso imperativo de f) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a
força necessária, a fim de compelir o subordinado a cumprir ri- impunidade ou vantagem de outro ato de indisciplina;
gorosamente o seu dever no caso de perigo, necessidade urgen- g)mediante dissimulação, ou outro recurso que dificulte a
te, calamidade pública, manutenção da ordem e da disciplina; identificação da sua autoria;
V - ter sido praticada a transgressão por erro plenamente § 1.º - Ocorre a reincidência, quando o policial militar
justificado, em circunstância que supôs situação de fato que, comete nova transgressão, depois de punido por ato de in-
se existisse, tornaria a ação legítima; disciplina anterior.
VI - ter sido praticada a transgressão para livrar de perigo § 2.º - Para efeito de reincidência e agravamento da punição,
atual ou iminente, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas não prevalece a transgressão anterior, se entre a data do cum-
circunstâncias, não era razoável exigir-se e não havia outro primento da punição a ela inerente e o ato de indisciplina pos-
modo de fazê-lo. terior tiver decorrido período de tempo superior a cinco anos.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

SEÇÃO IV Art. 44 - Prisão - consiste em manter o transgressor cir-


DA ISENÇÃO DE PUNIÇÃO cunscrito às dependências do alojamento de seus pares, ou
em não as havendo, em local determinado e adaptado, sem
Art. 38 - É isento de punição o transgressor que por um grades, na própria OPM do sancionado.
dos motivos seguintes era, ao tempo da transgressão, intei- § 1.º - O preso, a critério da autoridade que o puniu, fica
ramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de sujeito, a instrução e a trabalho interno na OPM, na confor-
determinar-se de acordo com esse entendimento: midade das aptidões ou ocupações anteriores, desde que
I - doença mental; compatíveis com a execução da punição e sem prejuízo do
II - embriaguez acidental completa, advinda de caso for- disposto neste artigo.
tuito ou força maior; § 2.º - O punido que oferecer perigo a integridade física
III - embriaguez patológica completa. própria ou de outrem, ou que se comportar de maneira no-
§ 1.º - A embriaguez proveniente de caso fortuito é aquela civa à disciplina, será recolhido a compartimento fechado, na
em que o agente não tem conhecimento do efeito da subs- sua OPM, ou em local determinado.
tância que está ingerindo ou quando ignora condição própria, § 3.º - As condições previstas nos §§ 1.º e 2.º deste artigo
de modo a embriagar-se quando ingere substância que con- devem ser declaradas nos atos em que forem aplicadas as
tém álcool ou substância de efeitos análogos; penalidades.
§ 2.º - A embriaguez proveniente de força maior é a que § 4.º - Em casos especiais, pode ser aplicado o disposto
resulta de situação fática em que o agente se vê em situação no § 2.º do artigo anterior.
em que é obrigado a beber substância de teor alcóolico. Art. 45 - Quando a punição de detenção ou de prisão
§ 3.º - Nos casos previstos neste artigo, o transgressor da recair sobre pessoal inativo, será esclarecido o local onde o
disciplina, quando a situação de fato o exigir, será submetido, punido cumprirá o corretivo.
a pedido da autoridade julgadora, a exames médicos por jun- Art. 46 - O punido com detenção ou prisão, a princípio,
ta competente e/ou a exames periciais complementares. fará suas refeições na OPM onde serve, salvo disposição em
contrário de autoridade competente.
TÍTULO III Art. 47 - A prisão de qualquer transgressor, sem nota de
DAS PUNIÇÕES DISCIPLINARES punição publicada em Boletim Interno da OPM, só poderá
CAPÍTULO I ocorrer por ordem das autoridades referidas nos nºs I, II, III,
DA GRADAÇÃO E EXECUÇÃO IV e V do Art. 11.
Parágrafo Único - Excluem-se da aplicação deste artigo as
Art. 39 - A punição disciplinar visa o benefício educativo disposições contidas no art. 12.
ao punido e o fortalecimento da disciplina da Corporação. Art. 48 - Licenciamento a bem da disciplina consiste no
Art. 40 - As punições disciplinares a que estão sujeitos os afastamento “ex-offício”, do policial militar das fileiras da Cor-
policiais militares são as seguintes, em ordem de gravidade poração, conforme prescrito no Estatuto dos Policiais militares.
crescente: § 1.º O licenciamento a bem da disciplina deve ser
I - advertência; aplicado à praça sem estabilidade assegurada, mediante aná-
II - repreensão; lise de suas alterações por iniciativa do Comandante, ou por
III - detenção; ordem das autoridades relacionadas nos itens I, II e III do Art.
IV - prisão; 11, quando:
V - licenciamento a bem da disciplina. I - a transgressão afeta o sentimento do dever, a honra
Art. 41 - Advertência - é a forma mais branda de punir. pessoal, o pundonor e o decoro policial militar, e como re-
Consiste numa admoestação feita verbalmente ao transgres- pressão imediata, assim se torna absolutamente necessária à
sor, podendo ser em caráter particular ou ostensivamente. disciplina;
§ 1.º - Quando ostensivamente, poderá ser na presença II - no comportamento MAU, se nesta condição sobrevir
de superiores, no círculo de seus pares, ou na presença de prática de transgressão disciplinar de qualquer espécie e na-
toda ou parte da OPM. tureza.
§ 2.º - A advertência, por ser verbal, não deve constar das § 2.º - O licenciamento a bem da disciplina poderá ser
alterações do punido, devendo, entretanto, ser registrada em aplicado às praças com estabilidade assegurada quando,
sua ficha disciplinar, para efeito de reincidência. numa das situações previstas no parágrafo anterior, for julga-
Art. 42 - Repreensão - consiste numa admoestação mais do culpado por decisão de Conselho de Disciplina, se assim
enérgica do que a advertência e não priva o punido da liberdade. decidir o Comandante Geral.
Art. 43 - Detenção - consiste no cerceamento da liberda- § 3.º - O licenciamento do aspirante a oficial, a bem da
de do punido, o qual deve permanecer no quartel da OPM disciplina, ocorrerá quando:
onde serve, sem que fique, no entanto, confinado. I - incluso numa das situações previstas no n.º I do § 1.º,
§ 1.º - O punido fica sujeito a todos os atos de instrução e for julgado culpado por Conselho de Disciplina, se assim de-
serviço e ao retorno às dependências do quartel nas horas de cidir o Comandante Geral;
repouso, quando tratar-se de atividades externas. II - perder ou houver perdido a nacionalidade brasileira.
§ 2.º - Em casos especiais, e mediante justificativa da § 4.º - O ato de licenciamento “ex-offício”, a bem da disci-
autoridade no próprio ato em que aplicou a penalidade, o plina, é da competência do Comandante Geral da Corporação.
policial militar pode cumpri-la em sua residência, ou em outro
local que lhe for determinado.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Art. 49 - A perda do posto e da patente dos oficiais, assim § 4.º - Por uma única transgressão não deve ser aplicada
como a perda da graduação das praças poderá resultar ainda mais de uma punição.
por efeito de condenação na justiça comum ou militar a pena § 5.º - Quando a simultaneidade de transgressões resul-
privativa de liberdade por sentença transitada em julgado, na tar de desígnios autônomos, a cada uma deve ser imposta a
conformidade do estabelecido na Constituição Federal, Cons- punição correspondente. Em caso de conexão, aplicasse-lhe a
tituição Estadual e Estatuto dos Policiais Militares. punição disciplinar correspondente à transgressão mais grave,
sendo consideradas as demais como agravantes da principal.
CAPÍTULO II § 6.º - Sobrevindo sanção disciplinar de detenção ou de
DAS REGRAS DE APLICAÇÃO prisão por fato posterior ao início do cumprimento da puni-
SEÇÃO I ção, far-se-á a unificação, desprezando-se, para esse fim, o
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES período de punição já cumprido. Hipótese em que o punido,
mesmo que da unificação resulte período superior, só cumpri-
Art. 50 - A aplicação da punição compreende uma des- rá o limite de trinta dias.
crição sumária, clara e precisa dos fatos e circunstâncias que Art. 58 - Quando uma autoridade, ao julgar uma trans-
determinaram a transgressão, o enquadramento da punição gressão, concluir que a punição a aplicar está além do limite
e a decorrente publicação em Boletim da OPM. máximo que lhe é autorizado, cabe à mesma, por escrito, ex-
Art. 51 - A aplicação da punição deve ser feita com justiça, por os motivos e por fim solicitar à autoridade superior, com
serenidade e imparcialidade, para que o punido fique cons- ação disciplinar sobre o transgressor, a aplicação da punição
ciente e convicto de que a mesma se inspira no cumprimento devida.
exclusivo de um dever. Art. 59 - A punição máxima que cada autoridade referi-
Art. 52 - A aplicação da primeira punição classificada da no Art. 11 pode aplicar, acha-se especificada no quadro
como “prisão” é da competência das autoridades referidas seguinte.
nos n.º s I, II, III, IV e V do art. 11.
Art. 53 - Nenhum policial militar deve ser interrogado ou
ouvido em estado de embriaguez ou sob ação de psicotró-
picos.
Art. 54 - O tempo de detenção ou prisão, antes da res-
pectiva publicação em Boletim Interno da OPM, não deve
ultrapassar de 72 horas e só poderá ocorrer nas hipóteses
previstas no art. 12.
Art. 55 - Quando duas autoridades de níveis hierárquicos
diferentes, ambas com ação disciplinar sobre o transgressor,
conhecerem da transgressão, à de nível mais elevado com-
petirá punir, salvo se entender que a punição está dentro dos
limites de competência do menor nível, caso em que esta co-
municará ao superior a sanção disciplinar que aplicou.
Art. 56 - A punição disciplinar não exime o punido das
responsabilidades civil e penal que lhe couber.

SEÇÃO II
DOS LIMITES DA PUNIÇÃO

Art. 57 - A punição deve ser proporcional à gravidade da


transgressão, dentro dos seguintes limites, sem prejuízo do
disposto nos §§ 1.º, 2.º e 3.º do art. 48:
I - de advertência ou de repreensão para as transgressões
leves;
II - de quatro a vinte dias de detenção para as transgres-
sões médias;
III - de quatro a vinte dias de prisão para as transgressões
graves.
§ 1.º - A punição não pode ultrapassar ao limite mínimo
previsto neste artigo, quando ocorrerem apenas circunstân-
cias atenuantes.
§ 2.º - A punição deve ser dosada quando ocorrerem
circunstâncias atenuantes e agravantes.
§ 3.º - Os limites máximos previstos para a detenção e a
prisão podem ser alterados, conforme o estabelecido no n.º
IV do art. 73.

28
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

SEÇÃO III
DO ENQUADRAMENTO

Art. 60 - Enquadramento - é a caracterização da transgressão acrescida de outros detalhes relacionados com o comporta-
mento do transgressor, cumprimento da punição, justificação ou isenção. No enquadramento são necessariamente mencionados:
I - a transgressão cometida, em termos precisos e sintéticos e a especificação dos artigos deste Regulamento implicados.
Não devem ser emitidos comentários deprimentes e/ou ofensivos, sendo porém permitidos os ensinamentos decorrentes, desde
que não contenham alusões pessoais;
II - os itens, artigos e parágrafos das circunstâncias atenuantes e/ou agravantes, causas de justificação ou isenção;
III - a classificação da transgressão;
IV - a punição imposta;
V - o local de cumprimento da punição, se for o caso;
VI - a classificação do comportamento militar em que a praça punida permaneça ou ingresse;
VII - a data do início do comprimento da punição, se o punido tiver sido preso na conformidade do art. 12;
VIII - a determinação para posterior cumprimento, se o punido estiver baixado, afastado do serviço ou à disposição de outra
autoridade.
IX - o esclarecimento quanto ao uso do direito de defesa do punido.
Parágrafo Único - Quando ocorrer causa de justificação ou de isenção, no enquadramento, menciona-se a justificação da
falta ou o motivo da isenção, em lugar da punição imposta.

29
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

SEÇÃO IV Parágrafo Único - As modificações da aplicação de puni-


DA PUBLICAÇÃO ção são:
I - Anulação;
Art. 61 - Publicação em Boletim - é o ato administrativo II - relevação;
que formaliza a aplicação da punição, sua justificação ou a III - atenuação;
sua isenção. IV - agravação.
Art. 62 - As punições de repreensão, detenção e prisão Art. 68 - A anulação da punição consiste em tornar sem
devem ser publicadas em Boletim da OPM, constar das altera- efeito a aplicação da mesma.
ções do punido e registradas em sua ficha disciplinar. § 1.º - Deve ser concedida quando for comprovado ter
§ 1.º - A publicação da punição imposta a oficial ou aspi- ocorrido injustiça ou ilegalidade na sua aplicação, devendo
rante a oficial, em princípio, deve ser feita em Boletim Reser- ser concedido ao punido, o dobro de dias de dispensa em
vado, podendo ser em Boletim Ostensivo, se as circunstâncias que esteve sancionado disciplinarmente.
ou a natureza da transgressão assim o recomendarem. § 2.º - Far-se-á em obediência aos prazos seguintes:
§2.º-Quandoaautoridadequeaplicaapuniçãonãodispuser I - em qualquer tempo e em qualquer circunstância, pelas
de Boletim para a sua aplicação, esta deve ser feita, mediante soli- autoridades especificadas no n.º I do art.11;
citação escrita no da autoridade imediatamente superior. II - no prazo de sessenta dias, pelas demais autoridades.
§ 3.º - A anulação sendo concedida ainda durante o
SEÇÃO V cumprimento de punição, importa em ser o punido posto em
DA CONTAGEM DE TEMPO DE PUNIÇÃO liberdade imediatamente.
Art. 69 - A anulação de punição deve eliminar toda e
Art. 63 - O início do cumprimento da punição disciplinar qualquer anotação e/ou registro nas alterações do militar re-
deve ocorrer com a distribuição do Boletim da OPM que pu- lativos à sua aplicação.
blicar a aplicação da punição. Art. 70 - A autoridade que tome conhecimento de com-
Parágrafo Único - A contagem do tempo de cumprimen- provada ilegalidade ou injustiça na aplicação de punição e não
to da punição vai do momento em que o punido for mantido tenha competência para anulá-la ou não disponha dos prazos
detido ou preso até aquele em que for posto em liberdade. referidos no § 2.º do art. 68, deve propor a sua anulação à
Art. 64 - A autoridade que necessitar punir subordinado, à autoridade competente, devidamente fundamentado, caso
disposição ou a serviço de outra autoridade, deve a ela requi- o prejudicado ainda não tenha impetrado recurso disciplinar.
sitar a sua apresentação para a aplicação da punição. Art. 71 - A relevação de punição consiste na suspensão do
Parágrafo Único - Quando o local determinado para o cumprimento da punição imposta.
cumprimento da punição não for a sua OPM, pode solicitar Parágrafo Único - A relevação pode ser concedida quan-
àquela autoridade que determine a apresentação do punido do já tiver sido cumprida, pelo menos, metade da punição
diretamente ao local designado. imposta, nos seguintes casos:
Art. 65 - O cumprimento de punição disciplinar, por poli- I - quando ficar comprovado que foram atingidos os ob-
cial militar afastado temporariamente do serviço ou em gozo jetivos visados com a aplicação da mesma;
de qualquer tipo de licença, deve ocorrer após a sua apresen- II - por motivo de passagem de comando, data de aniver-
tação, pronto na OPM. sário da Corporação, aniversário da OPM, ou data nacional.
Parágrafo Único - Somente para o cumprimento de pu- Art. 72 - A atenuação consiste na diminuição ou na trans-
nição resultante do cometimento de transgressão disciplinar formação da punição proposta ou aplicada em uma menos
classificada como grave, o policial militar, por determinação rigorosa, se assim exigir o interesse da disciplina e da ação
das autoridades elencadas no n.º I do art. 11, pode ter inter- educativa do punido, observadas as disposições seguintes:
rompido ou deixar de gozar, na época prevista, o período de I - Em nenhuma hipótese, a atenuação modificará a clas-
férias a que tiver direito. sificação das transgressões previstas neste Regulamento;
Art. 66 - A interrupção da contagem de tempo de pu- II - a repreensão pode ser atenuada para advertência;
nição, nos casos de baixa a hospital ou enfermaria e outros, III - nas punições de detenção e de prisão, a atenuação
vai do momento em que o punido for retirado do local de consiste na redução do quantitativo de dias aplicados, sendo
cumprimento da punição até o seu retorno, desde que fique vedada quando a punição proposta ou aplicada for a mínima
comprovado que houve má fé por parte do transgressor. estabelecida nos ns. II e III do art. 57.
Parágrafo Único - O afastamento e o retorno do punido Art. 73 - A agravação consiste no aumento ou na transfor-
ao local de cumprimento da punição devem ser publicados mação da punição proposta ou aplicada em uma mais rigoro-
em Boletim da OPM. sa, se assim exigir o interesse da disciplina e da ação educativa
do punido, observadas as disposições seguintes:
CAPÍTULO III I - em nenhuma hipótese, a agravação modificará a classi-
ficação das transgressões previstas neste Regulamento;
DA MODIFICAÇÃO NA APLICAÇÃO DAS PUNIÇÕES
II - a advertência pode ser agravada para repreensão;
III - a repreensão pode ser agravada, no máximo, para três
Art. 67 - A modificação da aplicação de punição pode ser
dias de detenção, sem, no entanto, alterar-lhe a classificação;
realizada pela autoridade que a aplicou ou por outra, superior
IV - a detenção e a prisão podem ser agravadas até o
e competente, quando tiver conhecimento de fatos que reco-
limite máximo de trinta dias.
mendem tal procedimento.

30
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Art. 74 - São competentes para anular, relevar, atenuar e § 2.º - Tão somente para aplicabilidade deste artigo, com
agravar as punições impostas por si ou por seus subordinados exceção dos ns. I e II, as transgressões de qualquer classe são
as autoridades discriminadas no Art. 11, devendo esta decisão conversíveis umas às outras, conforme equivalência a seguir,
ser justificada em Boletim. bastando uma punição pela prática de transgressão classifi-
cada como leve, além dos limites estabelecidos, para alterar a
TÍTULO IV categoria de comportamento:
DO COMPORTAMENTO POLICIAL MILITAR I - duas transgressões classificadas como leves equivalem
CAPÍTULO ÚNICO a uma classificada como média;
DA CLASSIFICAÇÃO II - quatro transgressões classificadas como leves equiva-
lem a uma classificada como grave;
Art. 75 - O comportamento das praças espelha o seu pro- III - duas transgressões classificadas como médias equi-
cedimento civil e policial militar, e deve ser classificado nas valem a uma classificada como grave.
seguintes categorias:
I - excepcional;
TÍTULO V
II - ótimo;
DOS DIREITOS E RECOMPENSAS
III - bom;
III - insuficiente; e CAPÍTULO I
IV - mau. DO DIREITO DE DEFESA
§ 1.º - Ao ser incluída na Polícia Militar, a praça será classi-
ficada no comportamento “BOM”. Art. 78 - Ninguém será punido sem que lhe seja assegu-
§ 2.º - A melhoria e a degradação são da competência rado o direito de defesa, sob pena de nulidade do ato admi-
do Comandante Geral e dos Comandantes de OPM, obe- nistrativo.
decido o disposto neste Capitulo e, necessariamente, pu- Art. 79 - A autoridade, a quem o documento disciplinar
blicadas em Boletim. é dirigido, quando não instaurar sindicância em torno do as-
§ 3.º - A punição de advertência não é considerada para sunto, providenciará para que o policial tido como transgres-
efeito de classificação de comportamento. sor seja notificado do teor do mesmo para, no prazo máximo
Art. 76 - A melhoria de comportamento far-se-á automa- de três dias úteis, apresentar defesa por escrito, podendo ar-
ticamente e começa a partir da data de inclusão da praça na rolar até três testemunhas e fazer juntada das demais provas
Corporação ou, quando for o caso, do dia subsequente ao de que lhe convier, pertinentes ao feito.
encerramento do cumprimento da última punição, obedeci- § 1.º - A notificação será assinada pelo Oficial encarregado
dos os prazos seguintes, sem que a praça haja sofrido qual- da apuração e far-se-á acompanhar de cópia autêntica do
quer punição disciplinar: documento ao qual se refere;
I - do mau para o insuficiente , um ano;
II - do insuficiente para o bom, um ano; § 2.º - O policial militar, sobre o qual recai a acusação de
III - do bom para o ótimo, quatro anos; transgressão da disciplina, deve mpassar recibo na primeira
IV - do ótimo para o excepcional, quatro anos. via da notificação. Havendo recusa em assiná-la, será expedi-
Art. 77 - A degradação de comportamento é automática da certidão relativa ao fato e publicada a notificação em Bo-
e ocorrerá, nas condições e prazos seguintes: letim da OPM.
I - do excepcional para o ótimo, quando a praça for pu- § 3.º - Sendo apresentada a defesa escrita pelo
nida pela prática de transgressão disciplinar classificada como transgressor, ou por seu representante legal, nomeado por
leve ou média; procuração, será certificado o seu recebimento e feita a jun-
II - do excepcional para o bom, quando a praça for pu- tada da mesma ao processo para a competente solução de
nida pela prática de transgressão disciplinar classificada como Parte, no prazo estabelecido pelo art. 19.
grave; § 4.º - Decorrido o prazo, sem que haja a apresentação
III - do ótimo para o bom, quando a praça, no período de de defesa escrita, os fatos constantes do documento disci-
quatro anos consecutivos, for punida pela prática de mais de plinar serão tidos como verdadeiros, devendo ser certificada
uma transgressão disciplinar classificada como média;
a carência e adotado os demais procedimentos, conforme o
IV - do bom para o insuficiente, quando a praça, no pe-
previsto no parágrafo anterior.
ríodo de um ano, for punida pela prática de até duas trans-
§ 5. º - A apresentação de defesa escrita não exime o
gressões disciplinares classificadas como graves;
transgressor de ser ouvido no processo, se assim entender o
V - do bom para o mau, quando a praça, no período de
julgador; nem impede a apuração mais acurado do fato me-
um ano, for punida pela prática de mais de duas transgres-
diante sindicância, se for necessário.
sões disciplinares classificadas como graves;
VI - do insuficiente para o mau, quando a praça, no pe- Art. 80 - Quando a punição disciplinar a ser imposta for
ríodo de um ano, for punida pela prática de mais de duas a prevista no n.º V do art. 40, pelo motivo exposto no art.
transgressões disciplinares classificadas como graves. 48, § 1.º, II, o Comandante do policial militar implicado, após
§ 1.º - os prazos a que se refere este artigo são contados determinar a consolidação da sua ficha disciplinar em Libelo
em sentido decrescente, tomando-se como referência a data Disciplinar e adotar todas as medidas de defesa elencadas no
da punição da qual resultará o ingresso da praça no compor- artigo anterior, encaminhará o processo contendo o Libelo
tamento inferior. Acusatório ao Comandante Geral com o pedido de Licencia-
mento.

31
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Parágrafo Único - Quando o motivo da punição resultar SEÇÃO II


de causa prevista no art. 48, § 1.º, I, deve conferir o direito de DA RECONSIDERAÇÃO DE ATO
defesa ao transgressor, conforme o previsto no artigo anterior,
e encaminhar o processo ao Comandante Geral com o pedido Art. 90 - Reconsideração de ato é o recurso interposto à
de Licenciamento. autoridade que aplicou a punição, pelo meio do qual o poli-
Art. 81 - Os modelos de notificação, juntada de defesa, cial militar, que se julgue diretamente prejudicado, ofendido
certidão de recusa à notificação e notificação para publicação ou injustiçado, solicita à autoridade que praticou o ato, que
em Boletim, são aqueles constantes no anexo I deste Regu- reexamine sua decisão, visando a anulação ou modificação da
lamento. punição aplicada.
Parágrafo Único - O recurso de que trata este artigo será
CAPÍTULO II interposto mediante requerimento fundamentado do recor-
DA APRESENTAÇÃO RECURSOS rente, ou de seu representante nomeado por procuração, a
SEÇÃO I contar da data em que oficialmente tomar conhecimento dos
GENERALIDADES fatos que o motivaram.

Art. 82 - Interpor recurso disciplinar é o direito concedido SEÇÃO III


ao policial militar que se julgue, ou julgue subordinado seu, pre- DA QUEIXA DISCIPLINAR
judicado, ofendido ou injustiçado por superior hierárquico, na
esfera disciplinar, para provocar o reexame do ato administrati- Art. 91 - A queixa é o recurso disciplinar interposto pelo
vo pertinente, visando a anulação ou a modificação da punição. policial militar que se julgue injustiçado, dirigido à autoridade
Parágrafo Único - São recursos disciplinares: superior imediata àquela que tiver imposta a punição, plei-
I - o pedido de reconsideração de ato; teando a sua anulação ou modificação.
II - a queixa; Parágrafo Único - A apresentação de queixa:
II - a representação. I - só será cabível após ter sido publicada em Boletim a
Art. 83 - Não será prejudicado o recurso, que, por erro, solução do pedido de reconsideração de ato;
falta ou omissão causados pela administração da corporação, II - será interposta mediante requerimento fundamenta-
não tiver seguimento ou não for apresentado dentro do prazo. do do queixoso, ou de seu representante, nomeado por pro-
Art. 84 - O recurso, em termos respeitosos, precisará o curação;
objetivo que o fundamenta de modo a esclarecer o fato, sem Art. 92 - A íntegra da queixa deve ser precedida de co-
comentários nem insinuações, podendo ser acompanhado de municação, por escrito, à autoridade de quem vai se queixar
peças de documentos comprobatórios, ou somente a eles fa- e encaminhada por via hierárquica, em termos respeitosos,
zer referência, quando se tratar de documentos oficiais. Deve contando o objetivo desse recurso.
ser encaminhado por via hierárquica. Art. 93 - Aplica-se à queixa, além das disposições contidas
Art. 85 - A autoridade a quem couber solucionar o recur- na Seção I deste Capítulo, o disposto no § 2.º do art. 22 deste
so disciplinar deve proceder ou mandar proceder as averigua- Regulamento.
ções que julgar necessárias, decidindo no prazo regulamentar. SEÇÃO IV
Art. 86 - Da solução de recurso só caberá interposição de DA REPRESENTAÇÃO
novos recursos às autoridades superiores até o Comandante
Geral, como última instância na esfera recursal. Art. 94 - Representação - é o recurso disciplinar redigido
Parágrafo Único - Quando a punição tiver sido imposta sob forma de ofício, interposto por autoridade que julgue su-
pelo Comandante Geral, caberá recurso ao Governador do bordinado seu estar sendo vítima de injustiça ou prejudicado
Estado. em seus direitos, por ato de autoridade superior.
Art. 87 - Não caberá recurso sobre fato já apreciado an- § 1.º - Deve também impetrar representação o indivíduo
teriormente e decidido por via recursal, esgotadas as esferas que tenha serviço sob seu comando ou jurisdição prejudicado
de decisão. por ato de autoridade superior que repute irregular ou injusto.
Art. 88 - A autoridade, a quem é dirigido o recurso dis- § 2.º - Não caberá representação quando o subordinado,
ciplinar, deve solucioná-lo no prazo máximo de quatro dias que tem como prejudicado, haja exercido o seu direito de
úteis. recurso.
§ 1.º - A solução de que trata este artigo, deve ser § 3.º - A aplica-se à representação as mesmas disposições
publicada em Boletim Interno ou Geral, se o recorrente for previstas para a queixa.
praça e em Boletim Reservado se for oficial.
§ 2.º - Se o recurso for julgado inteira ou parcialmente CAPÍTULO III
procedente, a modificação da punição será publicada no DO CANCELAMENTO DE PUNIÇÃO
mesmo Boletim da solução.
Art. 89 - O direito de recorrer prescreve no prazo estabe- Art. 95 - Cancelamento de punição é o direito conferido
lecido no art. 127, § 1.º, letra “b” do Estatuto dos Policiais Mi- ao policial militar de ter cancelada a averbação de punição e
litares do Estado de Alagoas, contados a partir da publicação
outras notas a ela relacionadas, em suas alterações.
do ato punitivo, em Boletim.
§ 1.º - O cancelamento a que se refere este artigo:

32
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

I - será conferido, mediante requerimento, ao policial mi- § 3.º - O elogio coletivo visa a reconhecer e a ressaltar
litar que tenha completado cinco anos de efetivo serviço sem um grupo de policiais militares ou fração de tropa ao cumprir
que haja sofrido qualquer punição disciplinar, inclusive a de destacadamente uma determinada missão.
advertência; § 4.º - Quando a autoridade que elogiar não dispuser de
II - anula todos os efeitos dela decorrentes, passando, in- Boletim para a publicação, deve ser feita, mediante solicitação
clusive, a contagem de tempo para classificação de comporta- escrita, no da autoridade imediatamente superior.
mento à data da última punição sofrida, anterior à cancelada. Art. 102 - As dispensas do serviço, como recompensas,
Art. 96 - A solução de requerimento de cancelamento de podem ser:
punição é da competência do Comandante da OPM a que I - dispensa total do serviço, que isenta de todos os traba-
pertence o interessado. lhos da OPM, inclusive os de instrução;
Art. 97 - Todas as anotações relacionadas com as puni- II - dispensa parcial do serviço, quando isenta de alguns
ções canceladas devem ser tingidas de maneira que não seja trabalhos, que devem ser especificados na própria concessão.
possível a sua leitura. Na margem onde for feito o cancela- § 1.º - A dispensa total do serviço é concedida pelo prazo
mento, deve ser anotado o número e a data do Boletim da máximo de oito dias e não deve ultrapassar o total de de-
autoridade que concedeu o cancelamento, sendo esta ano- zesseis dias, no decorrer de um ano civil. Esta dispensa não
tação rubricada pela autoridade competente para assinar as invalida o direito de férias.
folhas de alterações. § 2.º - A dispensa total do serviço para ser gozada fora
Parágrafo Único - nas OPM onde a ficha disciplinar for in- da sede, fica subordinada às mesmas regras de concessão de
formatizada, o espaço onde constava as anotações da punição férias.
ficará em branco, devendo ser registrado, em local próprio, o § 3.º - A dispensa total de serviço é regulada por períodos
número e a data do Boletim em que publicou o cancelamento. de 24 horas, contados de Boletim a Boletim. A sua publicação
deve ser feita, no mínimo 24 horas antes do seu início, salvo
CAPÍTULO IV motivo de força maior.
DAS RECOMPENSAS Art. 103 - As dispensas da revista do recolher e de per-
SEÇÃO I noitar no quartel, podem ser incluídas em uma mesma con-
DA NATUREZA E COMPETÊNCIA PARA CONCESSÃO cessão. Não justificam a ausência do serviço para o qual o
policial militar está ou for escalado e nem da instrução a que
Art. 98 - Recompensas constituem reconhecimento dos deva comparecer.
bons serviços prestados por policiais militares.
Art. 99 - Além de outras previstas em leis e regulamentos SEÇÃO III
especiais, são recompensas policiais militares: DA AMPLIAÇÃO, RESTRIÇÃO E ANULAÇÃO
I - o elogio;
II - as dispensas do serviço; Art. 104 - São competentes para anular, restringir ou am-
III - dispensa da revista do recolher e do pernoite. pliar as recompensas concedidas por si ou por seus subordi-
Art. 100 - São competentes para conceder as recompen- nados as autoridades especificadas no Art. 11, devendo esta
sas de que trata este Capítulo, as autoridades especificadas no decisão ser justificada em Boletim.
Art. 11 deste Regulamento. Art. 105 - O afastamento total do serviço, bem como o
Parágrafo Único - Quando o serviço prestado pelo su- seu gozo fora da guarnição, pode ser cassado por exigência
bordinado der lugar à recompensa que escape à alçada de do serviço ou outro qualquer motivo de interesse geral, a juí-
uma autoridade, esta fará a devida comunicação à autoridade zo do Comandante da OPM ou autoridade superior, sendo,
imediatamente superior. por isso, indispensável que o interessado deixe declarado, na
próprio OPM, o lugar onde pretende gozar a dispensa.
SEÇÃO II
DAS REGRAS PARA A CONCESSÃO TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 101 - O elogio pode ser individual ou coletivo.
§ 1.º - O elogio individual, que coloca em relevo as Art. 106 - Os julgamentos que forem submetidos os po-
qualidades morais e profissionais, somente poderá ser formu- liciais militares, perante Conselho de Justificação ou Conselho
lado a policiais militares que se hajam destacado do resto da de Disciplina, serão conduzidos segundo normas próprias ao
coletividade no desempenho de ato de serviço ou ação meri- funcionamento dos referidos Conselhos.
tória. Os aspectos principais que devem ser abordados são os Parágrafo Único - As causas determinantes que levam o
referentes ao caráter, à coragem e desprendimento, à inteli- policial militar a ser submetido a um destes Conselhos, “ex-
gência, às condutas civil e policial militar, às culturas profissio- -offício” ou a pedido, e as condições para sua instauração,
nal e geral, à capacidade como instrutor, à capacidade como funcionamento e providências decorrentes, estão estabeleci-
comandante e como administrador, e à capacidade física. das na legislação peculiar.
§ 2.º - Só serão registrados nos assentamentos dos Art. 107 - O Comandante Geral, se for o caso, baixará ins-
policiais militares os elogios individuais obtidos no desempe- truções complementares necessárias à interpretação, orienta-
nho de funções próprias à policia militar e concedidos por ção e aplicação deste Regulamento.
autoridades com atribuição para fazê-lo. Palácio Floriano Peixoto em Maceió/AL, 06 de novembro
de 1996, 108º da República

33
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

ANEXO I
DOS MODELOS DE ATOS RELATIVOS À DEFESA 3 DECRETO-LEI Nº 2.848/1940 E SUAS
ALTERAÇÕES (PARTE GERAL DO CÓDIGO
1. NOTIFICAÇÃO “NOTIFICAÇÃO
Fica o ........................(Posto/Grad, n.º, nome, Unidade do PENAL): TÍTULO I A III.
Transgressor).............
NOTIFICADO do teor do(a) ....(mencionar o documento
ao qual se refere)..., para no prazo de três dias úteis apresentar, TÍTULO I
querendo, defesa escrita. Fica notificado ainda de que, decor- DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
rido o prazo sem sua manifestação, os fatos constantes no
referido documento serão tidos como verdadeiros. A APLICAÇÃO DA LEI PENAL
Lugar e data Assinatura do Oficial Encarregado da apu- Dispõe o Código Penal:
ração.
Ciente: ............(Transgressor)....................” PARTE GERAL
2. JUNTADA “JUNTADA TÍTULO I
Recebi nesta data a Defesa do ..............(Posto/Grad, n.º, DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL
nome, Unidade do Transgressor)................ relativa aos fatos
constantes do(a) ....(mencionar o documento ao qual se refe- Anterioridade da Lei
re)..., que ora faço juntar à mesma.
Ao Sr. ......(Oficial Encarregado da apuração)...... Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
Lugar e data há pena sem prévia cominação legal.
Assinatura do Oficial Recebedor”
3. CERTIDÃO DE TERMO DO PRAZO DE DEFESA “CERTI- Lei penal no tempo
DÃO Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei pos-
Certifico que, nesta data, transcorreu o prazo constante terior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a
da Notificação, sem manifestação de defesa. execução e os efeitos penais da sentença condenatória.
Ao Sr. ........(Oficial Encarregado da apuração) Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo
Lugar e data Assinatura do Oficial Certificante” favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que
4. CERTIDÃO DE RECUSA DE NOTIFICAÇÃO “CERTIDÃO decididos por sentença condenatória transitada em julgado.
Certifico que o .........(Posto/Grad, n.º, nome, Unidade do Trans-
gressor)........... recusou-se a dar Lei excepcional ou temporária
ciência da notificação supra. Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decor-
Lugar e data Assinatura do Oficial Certificante” rido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias
5. NOTIFICAÇÃO PARA PUBLICAÇÃO EM BOLETIM “NO- que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua
TIFICAÇÃO Face à recusa do conhecimento formal na notifi- vigência.
cação de Parte (ou outro documento disciplinar), fica o .........
(Posto/Grad, n.º, nome, Unidade do Transgressor)............ no- Tempo do crime
tificado do teor do(a) ....(mencionar o documento ao qual se Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da
refere)...., encaminhada a este Comando em ___/ ___/ ___ para, ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resul-
no prazo de três dias úteis, apresentar, querendo, defesa por tado.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 1984)
escrito. Fica notificado ainda que, decorrido o prazo supra
sem sua manifestação, os fatos constantes da Parte (ou outro Territorialidade
documento, se for o caso) serão tidos como verdadeiros.” Art. 5º - Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de con-
Observação:AnotificaçãoparapublicaçãoemBoletim, venções, tratados e regras de direito internacional, ao crime
deve ter a assinatura do Oficial Encarregado da apuração e o cometido no território nacional. (Redação dada pela Lei nº
Publique-se do Comandante da OPM. 7.209, de 1984)
§ 1º - Para os efeitos penais, consideram-se como exten-
são do território nacional as embarcações e aeronaves brasi-
leiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as
embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade priva-
da, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo corres-
pondente ou em alto-mar. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 1984)
§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes prati-
cados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de
propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no terri-
tório nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e
estas em porto ou mar territorial do Brasil.

34
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Lugar do crime b) para os outros efeitos, da existência de tratado de


Art. 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou
ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro
onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado. da Justiça.

Extraterritorialidade Contagem de prazo


Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos Art. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do pra-
no estrangeiro: zo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário
I - os crimes: comum.
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú-
blica; Frações não computáveis da pena
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis- Art. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberda-
trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de em- de e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de
presa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou multa, as frações de cruzeiro.
fundação instituída pelo Poder Público;
c) contra a administração pública, por quem está a seu Legislação especial
serviço; Art. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do- fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de
miciliado no Brasil; modo diverso.
II - os crimes:
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a Do Princípio da Legalidade
reprimir; Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não
b) praticados por brasileiro; há pena sem prévia cominação legal.
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras,
mercantes ou de propriedade privada, quando em território
Princípio: Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege
estrangeiro e aí não sejam julgados.
Constituição Federal, art. 5º, XXXIX.
§ 1º - Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo
Princípio da legalidade: a maioria dos nossos autores
a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estran-
considera o princípio da legalidade sinônimo de reserva legal.
geiro.
A doutrina, orienta-se maciçamente no sentido de não
§ 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
haver diferença conceitual entre legalidade e reserva legal.
depende do concurso das seguintes condições:
a) entrar o agente no território nacional; Dissentindo desse entendimento o professor Fernando Ca-
b) ser o fato punível também no país em que foi prati- pez diz que o princípio da legalidade é gênero que com-
cado; preende duas espécies: reserva legal e anterioridade da lei
c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei penal. Com efeito, o princípio da legalidade corresponde aos
brasileira autoriza a extradição; enunciados dos arts. 5º, XXXIX, da Constituição Federal e 1º
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não do Código Penal (“não há crime sem lei anterior que o defi-
ter aí cumprido a pena; na, nem pena sem prévia cominação legal”) e contém, nele
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, embutidos, dois princípios diferentes: o da reserva legal, re-
por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo servando para o estrito campo da lei a existência do crime e
a lei mais favorável. sua correspondente pena (não há crime sem lei que o defina,
§ 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime come- nem pena sem prévia cominação legal), e o da anterioridade,
tido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reuni- exigindo que a lei esteja em vigor no momento da prática
das as condições previstas no parágrafo anterior: da infração penal (lei anterior e prévia cominação). Assim, a
a) não foi pedida ou foi negada a extradição; regra do art. 1º, denominada princípio da legalidade, com-
b) houve requisição do Ministro da Justiça. preende os princípios da reserva legal e da anterioridade.
Pena cumprida no estrangeiro
Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena Lei Penal no Tempo
imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou A lei penal não pode retroagir, o que é denominado como
nela é computada, quando idênticas. irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à norma, a Lei
poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu.
Eficácia de sentença estrangeira Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante
Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da sua vigência, porém, por vezes, verificamos a “extratividade”
lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências, da lei penal.
pode ser homologada no Brasil para: A extratividade da lei penal se manifesta de duas manei-
I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restitui- ras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
ções e a outros efeitos civis; Assim, considerando que a extra atividade da lei penal é
II - sujeitá-lo a medida de segurança. o seu poder de regular situações fora de seu período de vi-
Parágrafo único - A homologação depende: a) para os gência, podendo ocorrer seja em relação a situações passadas,
efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada; seja em relação a situações futuras.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores O Código Penal vigente seguiu os moldes do Código Pe-
a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já, se sua nal português em que também é adotada a Teoria da Ativida-
aplicação se der para fatos após a cessação de sua vigência, de para o tempo do crime. Em decorrência disso, aquele que
será chamada ultratividade. praticou o crime no momento da vigência da lei anterior terá
Em se tratando de extra-atividade da lei penal, observa-se direito a aplicação da lei mais benéfica. O menor de 18 anos,
a ocorrência das seguintes situações: por exemplo, não será considerado imputável mesmo que a
a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura consumação ocorrer quando tiver completado idade equiva-
criminosa; lente a maioridade penal. E, também, o deficiente mental será
imputável, se na época da ação era consciente, tendo sofrido
b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei moléstia mental tão somente na época do resultado.
penal mais benigna; Novamente, observa-se a respeito dos crimes permanen-
Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in me- tes, tal como o sequestro, nos quais a ação se prolonga no tem-
lius”, aplica-se o principio da retroatividade da Lei penal mais po, de modo que em se tratando de “novatio legis in pejus”, nos
benéfica. termos da Súmula 711 do STF, a lei mais grave será aplicada.
A Lei nº 11.106 de 28 de março de 2006 descriminalizou os
artigos 217 e 240, do Código Penal, respectivamente, os crimes Lei Excepcional ou Temporária
de “sedução” e “adultério”, de modo que o sujeito que praticou (art. 3º do Código Penal)
uma destas condutas em fevereiro de 2006, por exemplo, não Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas
será responsabilizado na esfera penal. es¬peciais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para vi-
Segundo a maior parte da doutrina, a Lei nº 11.106 de 28 gorar enquanto perdurar o período excepcional.
de março de 2006, não descriminalizou o crime de rapto, pre- Lei temporária é aquela feita para vigorar por determinado
visto anteriormente no artigo 219 e seguintes do Código Pe- tempo, estabelecido previamente na própria lei. Assim, a lei traz
nal, mas somente deslocou sua tipicidade para o artigo 148 e em seu texto a data de cessação de sua vigência.
seguintes (“sequestro” e “cárcere privado”), houve, assim, uma Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal que,
continuidade normativa atípica. embora cessadas as circunstâncias que a determinaram (lei ex-
A “abolitio criminis” faz cessar a execução da pena e todos cepcional) ou decorrido o período de sua duração (lei temporá-
os efeitos penais da sentença. ria), aplicam-se elas aos fatos praticados durante sua vigência.
A Lei 9.099/99 trouxe novas formas de substituição de pe- São, portanto, leis ultra-ativas, pois regulam atos praticados
nas e, por consequência, considerando que se trata de “no- durante sua vigência, mesmo após sua revogação.
vatio legis in melius” ocorreu retroatividade de sua vigência a
fatos anteriores a sua publicação. Territorialidade
c) “Novatio legis in pejus” – é a lei posterior que agrava (art. 5º do Código Penal)
a situação; Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da norma
d) “Novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que penal a fatos cometidos no Brasil:
cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta antes a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem aplicação
considerada irrelevante pela lei penal. no território do Estado que a editou, pouco importando a na-
A lei posterior não retroage para atingir os fatos pratica- cionalidade do sujeito ativo ou passivo.
dos na vigência da lei mais benéfica (“Irretroatividade da lei b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacional é
penal”). Contudo, haverá extratividade da lei mais benéfica, aplicável a fatos cometidos em seu território.
pois será válida mesmo após a cessação da vigência (Ultrativi- c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacional se
dade da Lei Penal). aplica aos fatos praticados em seu território, mas, excepcional-
Ressalta-se, por fim, que aos crimes permanentes e conti- mente, permite-se a aplicação da lei estrangeira, quando assim
nuados, aplica-se a lei nova ainda que mais grave, nos termos estabelecer algum tratado ou convenção internacional. Foi este
da Súmula 711 do STF. o princípio adotado pelo art. 5º do Código Penal: Aplica-se a
lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de
Do Tempo Do Crime direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
Artigo 4º, do Código Penal O Território nacional abrange todo o espaço em que o Es-
A respeito do tempo do crime, existem três teorias: tado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares interiores,
a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12 milhas) e es-
momento em que ocorre a conduta criminosa; paço aéreo.
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no
momento do resultado advindo da conduta criminosa; Os § 1º e 2º do art. 5ºdo Código Penal esclarecem ainda
c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime que:
consiste no momento tanto da conduta como do resultado “Para os efeitos penais, consideram-se como extensão
que adveio da conduta criminosa. do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras,
O Artigo 4º do Código Penal dispõe que: de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde
Artigo 4º: Considera-se praticado o crime no momento da quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarca-
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resulta- ções brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se
do (Tempus regit actum). Assim, aplica-se a teoria da atividade, achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou
nos termos do sistema jurídico instituído pelo Código Penal. em alto-mar” (§ 1º).

36
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

“É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados § 2 Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro- depende do concurso das seguintes condições:
priedade privada, achando-se aquelas em pouso no território a) entrar o agente no território nacional;
nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas b) ser o fato punível também no país em que foi prati-
em porto ou mar territorial do Brasil” (§ 2º). cado; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a
lei brasileira autoriza a extradição;
Extraterritorialidade d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou
(art. 7º do Código Penal) não ter aí cumprido a pena;
É a possibilidade de aplicação da lei penal brasileira a e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou,
fatos criminosos ocorridos no exterior. por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segun-
Princípios norteadores: do a lei mais favorável.
a) Princípio da nacionalidade ativa. Aplica-se a lei nacio- § 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometi-
nal do autor do crime, qualquer que tenha sido o local da do por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reuni-
infração. das as condições previstas no parágrafo anterior:
b) Princípio da nacionalidade passiva. A lei nacional do a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
autor do crime aplica-se quando este for praticado contra b) houve requisição do Ministro da Justiça.
bem jurídico de seu próprio Estado ou contra pessoa de sua
nacionalidade. Percebe-se, portanto, que:
c) Princípio da defesa real. Prevalece a lei referente à na- a) no art. 72, I, a, b e c, foi adotado o princípio da de-
cionalidade do bem jurídico lesado, qualquer que tenha sido fesa real;
o local da infração ou a nacionalidade do autor do delito. É b) no art. 72, 11, a, foi adotado o princípio da justiça
também chamado de princípio da proteção. universal
d) Princípio da justiça universal. Todo Estado tem o di- c) no art. 72, 11, b, foi adotado o princípio da naciona-
reito de punir qualquer crime, seja qual for a nacionalidade lidade ativa;
do sujeito ativo e passivo, e o local da infração, desde que o d) no art. 72, c, adotou-se o princípio da representação;
agente esteja dentro de seu território (que tenha voltado a e) no art. 72, § 32, foi também adotado o princípio da
seu país, p. ex.). defesa real ou proteção;
e) Princípio da representação. A lei nacional é aplicável
aos crimes cometidos no estrangeiro em aeronaves e embar- Dos dispositivos analisados, pode-se perceber que a
cações privadas, desde que não julgados no local do crime. extraterritorialidade pode ser incondicionada (quando a lei
Já vimos que o princípio da territorialidade temperada é brasileira é aplicada a fatos ocorridos no exterior, sem que
a regra em nosso direito, cujas exceções se iniciam no próprio sejam exigidas condições) ou condicionada (quando a apli-
art. 5º (decorrentes de tratados e convenções, nas quais a cação da lei pátria a fatos ocorridos fora de nosso território
lei estrangeira pode ser aplicada a fato cometido no Brasil). depende da existência de certos requisitos). A extraterrito-
O art. 7º, por sua vez, traça as seguintes regras referentes à rialidade é condicionada nas hipóteses do art. 7º, II e § 3º.
aplicação da lei nacional a fatos ocorridos no exterior:
O art. 7º, por sua vez, traça as seguintes regras referentes Pena Cumprida no Estrangeiro
à aplicação da lei nacional a fatos ocorridos no exterior: As consequências advindas do fato de alguém ter cum-
Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no es- prido pena no exterior e que também pelo mesmo crime
trangeiro: deve ser cumprida a pena aqui no Brasil, serão diversas a
I - os crimes: depender do contexto e dos critérios de aplicação da pena.
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República; Temos o critério da diversidade quantitativa e critério
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis- da diversidade qualitativa da seguinte forma:
tri¬to Federal, de Estado, de Território, de Município, de em-
presa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou a)Diversidade Qualitativa: implica em naturezas jurídi-
fundação instituída pelo Poder Público; cas distintas da pena que se deverá cumprir no Brasil em
c) contra a administração pública, por quem está a seu- relação à pena que foi cumprida no exterior.
servIço; Então, tomemos esse exemplo que já foi dado do ame-
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou do- ricano que falsificou lá cédulas de real. Vamos supor que lá
miciliado no Brasil; ele tenha cumprido uma pena não privativa de liberdade.
II - os crimes: Ele pagou uma multa. Aqui no Brasil foi imposta uma pena
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a privativa de liberdade.
reprimir; Veja que nesse caso, não é possível, pela diversidade
b) praticados por brasileiro; de qualidade da pena lá cumprida e a pena a ser cumprida
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, aqui, que se faça uma mera operação de aritmética, de sub-
mercantes ou de propriedade privada, quando em território tração. Daí porque o legislador disse que quando diversas,
es¬trangeiro e aí não sejam julgados. sempre se atenua a pena a ser cumprida no Brasil.
§ 1 Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo a lei
brasileira, ainda que absolvido ou condenado no estrangeiro

37
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

O detalhe aqui é que essa atenuação é obrigatória, I. Não houver sido pedida ou houver sido negada a ex-
como resta claro no artigo 8º do Código Penal . Sempre tradição (claro que quem pede ou tem negada a extradição
atenua a pena a ser cumprida aqui no Brasil. Contudo o é o país estrangeiro);
legislador não fixou um critério de atenuação, ficando, por- II. Houver requisição do Ministro da Justiça.
tanto, a cargo do Poder Judiciário defini-lo. E, essa defini-
ção, deverá ser feita diante de cada caso concreto, orienta- Eficácia da sentença estrangeira.
da por uma linha de pensamento. Art. 9º - A sentença estrangeira, quando a aplicação da
b)Diversidade Quantitativa: Lei brasileira produz na espécie as mesmas consequências,
Ao não fixar um critério de atenuação no artigo 8º, dei- pode ser homologada no Brasil para:
xando a cargo do Judiciário fazê-lo resta claro que essa ate- I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restitui-
nuação da pena a ser cumprida no Brasil deverá ser tanto ções e a outros efeitos civis;
maior quanto maior tem sido os efeitos preventivos alcança- II - sujeitá-lo a medida de segurança.
dos pelo cumprimento da pena no exterior. Parágrafo único - A homologação depende:
Deverá, então, o juiz brasileiro vislumbrar qual foi a me- a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte
dida aplicada e cumprida no exterior e verificar se aquele interessada;
cumprimento de tal medida por lá, surtiu o efeito de preven- b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extra-
ção e repressão ao crime. dição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a senten-
A prevenção será muito difícil de o juiz brasileiro aferir, ça, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça.
mas a repressão sim, que é a punição efetiva.
A situação ficará mais fácil, quando a pena que se cum- O legislador brasileiro prevê só duas hipóteses em que
priu no exterior pelo crime for de natureza jurídica idêntica é possível a homologação da sentença penal condenatória.
da pena a ser cumprida no Brasil. Então, tomemos o mesmo Ao Superior Tribunal de Justiça compete processar o
exemplo. requerimento de homologação de sentença estrangeira – e
Agora esse sujeito que falsificou lá no exterior as cédulas não mais ao Supremo Tribunal Federal já há algum tempo.
de Real, cumpriu pena de prisão de dois anos. Aqui no Brasil, Pois bem, nesse processo de homologação de sentença
entretanto, a pena para esse mesmo crime varia de três a estrangeira, o Tribunal brasileiro, no caso o Superior Tribunal
oito. Então ele recebeu cinco. Aí é simples, basta fazer uma de Justiça, deverá analisar a legislação estrangeira para poder
operação de aritmética simples: se ele cumpriu dois, então comparar a situação lá com a situação de cá. E verificar se
terá três anos a cumprir. as consequências de lá são as mesmas ou parecidas com as
Por fim, em relação ao artigo 8º, cabe também mencio- consequências daqui.
nar que o incumbido de aplicar os efeitos ali previstos é o Assim, por exemplo, não poderia ser homologada uma
juízo da execução penal aqui do brasil. Ou seja, o juiz não sentença estrangeira que se prolatasse com base em um fato
deverá fazer essa conta na sentença penal condenatória, sus- atípico no Brasil, como uma sentença condenatória por cri-
citando eventual comprovação de pena cumprida no exterior. me de autoprostituição, porque aqui no Brasil é atípico. Não
poderia nunca ser homologada para os efeitos previstos no
Extraterritorialidade Condicionada (art. 7º, II) artigo 9º, em vista da atipicidade do fato aqui.
Ocorre quando a aplicação da Lei brasileira a crime pra- Além disso, as consequências previstas em Lei para a ho-
ticado no exterior dependa de determinados requisitos. Os mologação, os fins em relação aos quais se requer a homolo-
requisitos são, cumulativamente, os seguintes: gação de sentença estrangeira são somente dois.
a)Ter o agente entrado em território brasileiro ; Primeiramente, não é possível, segundo a previsão limi-
b)Não ter o agente sido absolvido no estrangeiro ou aí tada no artigo 9º, incisos I e II, se homologar no Brasil uma
ter cumprido pena; sentença de juiz estrangeiro para que aqui se cumpra a pena
c)Constituir-se o fato crime no país onde o agente o pra- imposta pelo juiz no exterior.
ticou (dupla tipicidade); Se o Estado estrangeiro quer fazer prevalecer essa sen-
d)Não ter o agente sido perdoado no estrangeiro ou não tença prolatada por seu juiz de forma a possibilitar que a
ter tido sua punibilidade extinta (dupla punibilidade) . pena ali aplicada seja cumprida, e se a pessoa encontra-se
Assim, reunidas tais condições, aplicar-se-ão as leis brasi- aqui no Brasil, o Estado estrangeiro deve requerer ao Estado
leiras nos seguintes casos (alternativos, claro): brasileiro a extradição.
a)Contra os crimes que, por tratado ou convenção, o Bra- O que não é possível é requerer ao Superior Tribunal de
sil tenha se obrigado a reprimir; Justiça a homologação da sentença para que aquele crimino-
b)Contra os crimes praticados por brasileiros (princípio so cumpra aqui no Brasil a pena que o juiz estrangeiro impôs.
da nacionalidade ou personalidade); O requerimento que o Estado do juiz estrangeiro deve
c)Crimes praticados em embarcações brasileiras, mer- fazer não é o de homologação, e sim o de extradição, que já
cantes ou de propriedade privada, em território estrangeiro não será mais de incumbência do Superior Tribunal de Justi-
e aí não sejam julgados (princípio da representação ou da ça, mas sim do Supremo Tribunal Federal.
bandeira).
Também serão aplicadas as leis brasileiras contra crimes •Prestabilidade da Homologação de Sentença Estrangeira
praticados por estrangeiros contra brasileiros no exterior se Logo, a prestabilidade da homologação de sentença es-
estiverem reunidas as condições supracitadas da extraterrito- trangeira é:
rialidade condicionada, adicionadas das seguintes condições:

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

1º.Servir de título executivo aqui no Brasil para eventual Contagem de Prazos Penais
reparação dos danos causados pelo crime. Essa é uma ca- Consideram-se prazos penais todos aqueles capazes de
racterística de toda sentença penal condenatória, que está interferir, diretamente ou indiretamente, no exercício do ius
catalogada no CPC brasileiro como título executivo judicial puniendi estatal. São prazos de índole material, pois ao refle-
de forma que esse efeito de que se diz panprocessual da tirem no direito de punir do Estado, assinalando seu exercício
sentença criminal condenatória também poderá se produzir ou extinção, repercutem correlatamente na liberdade indivi-
aqui no Brasil quando a sentença for prolatada por um juiz dual, direito fundamental assegurado na Constituição. Os pra-
estrangeiro. zos possuem termo inicial ou dies a quo e termo final ou dies
Então, a pessoa, por exemplo, que foi vítima de um gol- ad quem. No que tange aos penais, inclui-se em sua conta-
pe praticado no mercado financeiro norteamericano por um gem o termo inicial, excluindo-se o final. Assim, por exemplo,
norteamericano, tendo esse se refugiado aqui no Brasil, ela uma pena de reclusão de dois anos, cujo início se deu no dia
poderá depois dele ter sido lá condenado, requerer aqui no 05 de março de 2012, será integralmente cumprida no último
minuto do dia 04 de março de 2014. O art. 10 do CP dispõe,
Brasil a homologação da sentença condenatória, para, com
ainda, que os prazos penais devem ser contados de acordo
base nela, já passar direto a um processo de execução cível,
com o calendário comum. Significa, destarte, que os meses e
que terá como título a homologação da sentença estrangeira
anos possuirão tantos dias quantos indicados no calendário.
pelo Superior Tribunal de Justiça. Não há nisso maiores di-
Se um indivíduo sujeitar-se a um ano de prisão, ficará recolhi-
ficuldades em relação ao que acontece com toda sentença do por 365 ou 366 dias, conforme o ano em que se execute o
criminal condenatória prolatada por juiz brasileiro. respectivo mandado.
2º.A sujeição da pessoa julgada que se encontra no Brasil Frações não Computáveis na Pena
a uma medida de segurança prevista no inciso II do artigo 9º. O art. 11 do CP determina que, no cálculo das penas pri-
A pena guarda característica de punição, de consequên- vativas de liberdade e das restritivas de direitos, desprezam-se
cia advinda do fato de se praticar um crime por um inimpu- as frações de dia. Dessa forma, a título de exemplo, quando o
tável. juiz impuser uma pena de dois anos e dois meses de reclusão
Em tese, a medida de segurança tem caráter protetivo, e, por incidência de causas de redução, tiver que diminuí-la,
enquanto a pena guarda uma relação de punição. por duas vezes, à razão de um terço, fará o cálculo da seguinte
Ora, se tem caráter protetivo tanto da pessoa do inimpu- maneira: pena de 2 anos e 2 meses; incidência do primeiro
tável, como da própria sociedade, que é obrigada a conviver redutor (1/3): 2 anos e 2 meses — 1/3 = 1 ano e 5 meses e
com ele, interessa até à sociedade brasileira tratá-lo, e se for 20 dias; incidência do segundo redutor (1/3): 1 ano e 5 meses
o caso curá-lo. A periculosidade do inimputável se revelou e 20 dias = 11 meses, 23 dias e 8 horas. despreza-se a fração
pela prática do fato típico e antijurídico, interessando ao Es- de dia: 11 meses e 23 dias (pena final). O dispositivo antes
tado brasileiro, já que aqui ele se encontra, tratá-lo e curá-lo apontado determina, ainda, que no tocante à pena pecuniá-
sem que haja nisso uma invasão de soberania. ria, devem ser desconsiderados os centavos.
A advertência que se tem a fazer em relação a essa pos-
sibilidade da sentença estrangeira que sujeitou o inimputável Interpretação da Lei Penal
a uma medida de segurança a qual poderá ser homologada A interpretação é medida necessária para que compreen-
no Brasil para que aqui ele cumpra essa medida que o juiz damos o verdadeiro sentido da norma e seu alcance.
estabeleceu, é a seguinte: como já dito, o Superior Tribunal Na interpretação, há lei para regular o caso em concreto,
de Justiça, no processo de homologação de sentença estran- assim, apenas deverá ser extraído do conteúdo normativo sua
vontade e seu alcance para que possa regular o fato jurídico.
geira é obrigado a comparar o sistema jurídico estrangeiro
Interpretação quanto ao sujeito
ao sistema jurídico brasileiro.
Autêntica ou legislativa- aquela fornecida pela própria lei
Nesse processo de comparação, pode ser que surja o se-
(exemplo: o art. 327 do CP define quem pode ser considerado
guinte fato: há estados, países, cujos ordenamentos jurídicos
funcionário público para fins penais);
prevêem uma medida de segurança distinta da medida de doutrinária ou científica- aquela aduzida pelo jurista por
segurança prevista no Brasil. A medida de segurança con- meio de sua doutrina;
cebida no brasil só pode ser aplicada nas mesmas hipóte- Jurisprudencial- é o significado da lei dado pelos Tribu-
ses em que seria aplicada a pena, caso o autor do fato fosse nais (exemplo: súmulas) Ressalte-se que a Exposição dos Mo-
inimputável. tivos do Código Penal configura uma interpretação doutriná-
Isso poderia ser traduzido da seguinte maneira: se um ria, pois foi elaborada pelos doutos que criaram o Código, ao
autor inimputável de fato o praticasse sob o manto de uma passo que a Exposição de Motivos do Código de Processo
excludente da ilicitude, ou sob o manto de uma excludente Penal é autêntica ou legislativa, pois foi criada por lei
da tipicidade, seja ela qual fosse, essa sentença de caráter
absolutório deveria ser uma sentença absolutória própria e Interpretação quanto ao modo
não imprópria, ou seja, sem a aplicação de medida de se- -gramatical, filológica ou literal- considera o sentido li-
gurança de qualquer espécie, pois, do contrário, ele estaria teral das palavras;
sofrendo uma medida mais gravosa tão só pelo fato de ser -teleológica- se refere à intenção objetivada pela lei
inimputável. (exemplo: proibir a entrada de acessórios de celular, mesmo
que a lei se refira apenas ao aparelho);

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

-histórica- indaga a origem da lei; TÍTULO II


-sistemática- interpretação em conjunto com a legisla- DO CRIME
ção em vigor e com os princípios gerais do direito;
-progressiva ou evolutiva- busca o significado legal de O ato ilícito penal é tipificado pelo Direito Penal, ou seja, só
acordo com o progresso da ciência. pratica o ato ilícito penal gerador da responsabilidade penal o
indivíduo que contraria o tipo penal específico. Não podemos
Interpretação quanto ao resultado esquecer que tipo penal é a descrição legal de uma conduta
declarativa ou declaratória- é aquela em que a letra da definida como crime. Quem diz que um fato é crime e estabe-
lei corresponde exatamente àquilo que a ela quis dizer, sem lece uma pena para a prática deste é o legislador.
restringir ou estender seu sentido; No Brasil é adotada formalmente, a teoria bipartida do crime.
restritiva- a interpretação reduz o alcance das palavras da Destarte, conforme dispõe a Lei de Introdução ao Código
lei para corresponder à intenção do legislador; Penal, crime é a infração penal a que a Lei comine pena de re-
extensiva- amplia o alcance das palavras da lei para cor- clusão ou detenção e multa, alternativa, cumulativa ou isolada-
responder à sua vontade. mente. Já contravenção é a infração a que a Lei comine pena de
prisão simples e multa, alternativa, cumulativa ou isoladamente.
Interpretação sui generis Entretanto, tal conceito é extremamente precário, cabendo
A interpretação sui generis pode ser exofórica ou endofó- à doutrina seu desenvolvimento.
rica. Senão vejamos: O crime possui três conceitos principais, material, formal e
exofórica- o significado da norma interpretativa não está analítico.
no ordenamento normativo (exemplo: erro de tipo); a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omissão
endofórica- o texto normativo interpretado empresta o humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens jurídicos
sentido de outros textos do próprio ordenamento jurídico protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente tutelados.
(muito usada nas normas penais em branco). b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei chama de
crime. Está definido no art. 1º da Lei de Introdução do Código
Interpretação conforme a Constituição Penal. Crime é toda infração a que a Lei comina pena de reclu-
A Constituição Federal informa e conforma as normas são ou detenção e multa, isolada, cumulativa ou alternativa-
hierarquicamente inferiores. Esta é uma importante forma de mente. De acordo com este conceito, a diferença seria apenas
interpretação no Estado Democrático de Direito. quantitativa, relativa à quantidade da pena;
c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elementos
Distinção entre interpretação extensiva e interpretação que integram o crime. Crime é todo fato típico, antijurídico (é
analógica melhor utilizar o termo ilícito, apesar de não fazer tanta diferen-
Enquanto a interpretação extensiva amplia o alcance das ça, já que fica mais fácil manejar o CP e as leis especiais quando
palavras, a analógica fornece exemplos encerrados de forma há excludentes de ilicitude) e culpável (alguns autores não con-
genérica, permitindo ao juiz encontrar outras hipóteses, funcio- sideram a culpabilidade como elemento do crime, e sim como
nando como uma analogia in malan partem admitida pela lei. pressuposto da pena). Apesar de ser indivisível, o crime é estu-
Rogério Greco fala em interpretação extensiva em sentido dado de acordo com essas três características para facilitar sua
amplo, a qual abrange a interpretação extensiva em sentido compreensão. Elas serão analisadas mais adiante, após vermos
estrito e interpretação analógica as classificações de crime existentes.

Analogia Fato Típico é denominado como o comportamento hu-


Analogia não é forma de interpretação, mas de integra- mano que se molda perfeitamente aos elementos constantes
ção de lacuna, ou seja, sendo omissa a lei acerca do tema, do modelo previsto na lei penal.
ou ainda em caso da Lei não tratar do tema em específico A primeira característica do crime é ser um fato típico, des-
o magistrado irá recorrer ao instituto. São pressupostos da crito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da vida que
analogia: certeza de que sua aplicação será favorável ao réu; corresponde exatamente a um modelo de fato contido numa
existência de uma efetiva lacuna a ser preenchida (omissão norma penal incriminadora, a um tipo.
involuntária do legislador). Para que o operador do Direito possa chegar à conclusão
Irretroatividade da Lei Penal de que determinado acontecimento da vida é um fato típico,
Dita o Código Penal em seu artigo 2º: deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, decompô-lo em
Art. 2.“Ninguém pode ser punido por fato que lei pos- suas faces mais simples, para verificar, com certeza absoluta,
terior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a se entre o fato e o tipo existe relação de adequação exata, fiel,
execução e os efeitos penais da sentença condenatória”. perfeita, completa, total e absoluta. Essa relação é a tipicidade.
O parágrafo único do artigo trata da exceção a regra da Para que determinado fato da vida seja considerado típico,
irretroatividade da Lei, ou seja, nos casos de benefício ao réu, é preciso que todos os seus componentes, todos os seus ele-
ainda que os fatos já tenham sidos decididos por sentença mentos estruturais sejam, igualmente, típicos.
condenatória transitada em julgado. Os componentes de um fato típico são a conduta humana,
Outrossim, o Código dispõe que a Lei Penal só retroagirá a consequência dessa conduta se ela a produzir (o resultado),
em benefício do réu. a relação de causa e efeito entre aquela e esta (nexo causal) e,
Frise-se todavia que tal regra restringe-se somente às por fim, a tipicidade.
normas penais.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Conduta A teoria da imputação objetiva surge no mundo jurídico


Considera-se conduta a ação ou omissão humana cons- sob a doutrina de Roxin, que passa a fundamentar os estu-
ciente e voluntária dirigida a uma finalidade. dos da estrutura criminal analisando os aspectos políticos do
crime.
Resultado Parte da doutrina entende que a teoria da imputação
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que pos- objetiva consiste na fusão entre a teoria causal, finalista e a
sui dois significados distintos em matéria penal. Pode se falar, teoria da adequação social, em contrapartida, sendo conside-
assim, em resultado material ou naturalístico e em resultado rada também, conforme ilustrado, uma teoria nova e revolu-
jurídico ou normativo. cionária que conceitua que no âmbito do fato típico, deve-se
O resultado naturalístico ou material consiste na modifi- atribuir ao agente apenas responsabilidade penal, não levan-
cação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata-se de do em consideração o dolo do agente, pois este, é requisito
um evento que só se faz necessário em crimes materiais, ou subjetivo e deve ser analisado somente no que tange a impu-
seja, naqueles cujo tipo penal descreva a conduta e a modifi- tação subjetiva.
cação no mundo externo, exigindo ambas para efeito de con-
sumação. Esta teoria determina que não há imputação objetiva
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou amea- quando o risco criado é permitido, devendo o agente respon-
ça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal. Todas der penalmente apenas se ele criou ou desenvolveu um risco
as infrações devem conter, expressa ou implicitamente, algum proibido relevante.
resultado, pois não há delito sem que ocorra lesão ou perigo Assim, um resultado causado por um agente pode ser im-
(concreto ou abstrato) a algum bem penalmente protegido. putado ao tipo objetivo se a conduta do autor cria um perigo
A doutrina moderna dá preferência ao exame do resultado para um bem jurídico não coberto pelo risco permitido e esse
jurídico . Este constitui elemento implícito de todo fato penal- perigo também foi realizado no resultado concreto. 1
mente típico , pois se encontra ínsito na noção de tipicidade
material. Tipo Doloso
Dolo é a vontade e consciência dirigidas a realizar a con-
O resultado naturalístico, porém, não pode ser menospre-
duta prevista no tipo penal incriminador. De acordo com o
zado, uma vez que se cuida de elementar presente em determi-
art. 18, I, do CP, há dolo quando a pessoa quer o resultado ou
nados tipos penais, de tal modo que desprezar sua análise seria
assume o risco de produzi-lo. Lembrar que o dolo e a culpa
malferir o princípio da legalidade.
integram a conduta, devem ser nela analisadas. Não havendo
ambos, não haverá crime.
Nexo Causal, Relação de Causalidade ou Nexo de Cau-
salidade Tipo Culposo
Entende-se por relação de causalidade o vínculo que une a É culposo o crime, de acordo com o art. 18, II, do CP,
causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito, como consequên- quando o agente deu causa ao resultado por imprudência,
cia derivada. Trata-se do liame que une a causa ao resultado negligência ou imperícia.
que produziu. O nexo de causalidade interessa particularmen- De acordo com Mirabete, o crime culposo é a conduta
te ao estudo do Direito Penal, pois, em face de nosso Código humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado
Penal (art. 13), constitui requisito expresso do fato típico. Esse antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente
vínculo, porém, não se fará necessário em todos os crimes, mas previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado.
somente naqueles em que à conduta exigir-se a produção de O tipo culposo é um tipo aberto, pois não há descrição
um resultado, isto é, de uma modificação no mundo exterior, da conduta. Assim, se o legislador tentasse descrever todas as
ou seja, cuida-se de um exame que se fará necessário no âmbi- hipóteses em que ocorresse culpa, certamente jamais esgo-
to dos crimes materiais ou de resultado. taria o rol. Somente excepcionalmente será um tipo fechado,
quando expressamente previsto em Lei, como no caso da re-
Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do resul- ceptação culposa.
tado constitui elemento necessário ao fato típico de qualquer O crime culposo somente pode ser punido se houver ex-
infração penal. pressa previsão legal de que o seja. Não fazendo a Lei refe-
Deve ser analisada em dois planos: formal e material. rência à culpa, somente se punirá a forma dolosa. Por isso que
Entende-se por tipicidade a relação de subsunção entre se fala em Princípio da Excepcionalidade do crime culposo ou
um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e a lesão sistema do “numerus clausus” do crime culposo.
ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (tipicidade A culpa tem que ser expressamente afirmada pelo legis-
material). lador no tipo, primeiro ponto. O que já nos leva a raciocinar
Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. É que no cenário de uma sociedade utópica, em que todos os
o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme ele cidadãos se comportassem cuidadosamente, com zelo para a
se enquadre ou não na lei penal. preservação do bem jurídico alheio, seria de se esperar que o
legislador não punisse nunca o crime culposo.
Teoria da Imputação Objetiva
A Imputação Objetiva representa uma nova dogmática, Classificação das Infrações Penais
revolucionária em vários aspectos, que procura solucionar de Crime Doloso, Culposo ou Preterdoloso (ou Preterinten-
maneira concisa questões ainda sem resposta dentro do or- cional) e de Ímpeto
denamento jurídico-penal. 1 (Roxin, 1997, p 39)

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

a) Crime doloso: é o crime em que o agente quis ou assu- ou outras das causas previstas no CP. É previsto no § 2º do
miu o risco de produzir o resultado. A regra geral é que todo artigo 13 do Código Penal, segundo o qual “a omissão é pe-
crime seja doloso. nalmente relevante quando o agente devia e podia agir para
b) Crime preterdoloso: é o crime em que o resultado de- evitar o resultado. Poderão ser tanto dolosos quanto culpo-
litivo é mais grave do que o querido pelo agente. Ele praticou sos, admitem tentativa etc. São pressupostos do crime omis-
uma conduta dolosa, entretanto o resultado final é culposo. sivo impróprio:
Não se admite tentativa em crimes preterdolosos. Há dolo na Poder agir: o agente precisa ter a possibilidade física de
ação e culpa na consequência. Deve haver uma expressa pre- agir.
visão legal do resultado culposo mais grave. Se não houver, Evitabilidade do resultado: a conduta omitida pelo agen-
punir-se-á apenas o crime doloso ou, se houver crime culposo te deve ser causa do resultado. Caso, mesmo com a conduta,
após, haverá concurso formal, se este estiver previsto em Lei. o resultado tivesse se verificado, não haveria que se falar em
Todos os crimes preterdolosos são qualificados pelo resulta- evitabilidade.
do, porém, nem todo crime qualificado pelo resultado é preterdo- Dever de impedir o resultado: aqui surge a figura do ga-
loso (visto que o resultado qualificador pode ter sido desejado). rantidor: além de poder agir e da evitabilidade do resultado,
São elementos do crime preterdoloso: é necessário que o agente tenha o dever de agir que surgirá
i. Conduta dolosa visando determinado resultado (lesão nos seguintes casos:
corporal); a. Ter, por Lei, obrigação de cuidado, proteção ou vigilân-
ii. Resultado culposo mais grave que o desejado (seguida cia, como no caso do dever do policial, do dever de mútua
de morte); assistência entre os cônjuges.
iii. Nexo causal (artigo 129, § 3, CP); b. Quando o agente, de outra forma, assumir a responsa-
iv. Previsão na norma das elementares do consequente bilidade de impedir o resultado de forma voluntária.
culposo. c. Quando o agente cria, com seu comportamento ante-
Quando o resultado mais grave advém de caso fortuito rior, o risco da ocorrência do resultado, ou agrava um risco já
ou força maior não se imputa a agravação ao agente. O resul- existente, e não o evita.
tado mais grave tem que ser pelo menos culposo.
c) Crime culposo: é o crime ao qual o agente deu causa
Crime Instantâneo, Permanente, Instantâneo de Efeitos
por imprudência, negligência ou imperícia, não havendo em si
Permanentes, Eventualmente Permanente e de Fusão
qualquer desejo de praticar o resultado juridicamente repro-
a) Crime instantâneo: é o crime que se consuma num
vável. O crime culposo só é possível em tipos penais que ex-
momento único e determinado do tempo, sem se protrair.
pressamente o prevejam, como no homicídio. Quase de for-
V.g, invasão de domicílio, injúria etc.
ma absoluta, não se admite a tentativa nos crimes culposos.
d) Crime de ímpeto: é o praticado sem premeditação. b) Crime permanente: são os crimes que se perpetuam,
A vontade delituosa é repentina, sem preceder deliberação, protraem durante o tempo, mesmo que seja curto, como no
como ocorre com o homicídio praticado sob domínio de vio- caso do sequestro, estelionato previdenciário praticado pelo
lenta emoção. próprio segurado etc. Admitem flagrante enquanto não in-
terrompida a consumação.
Crime Comissivo, Omissivo Próprio ou Comissivo por c) Crime instantâneo de efeitos permanentes: é aquele
Omissão crime que se consuma num momento determinado, mas
a) Crime comissivo: crime comissivo é aquele em que seus efeitos perduram no tempo .
o agente realiza uma ação positiva visando a um resultado d) Crime eventualmente permanente: é o delito instantâ-
ilícito. Crime comissivo não se confunde, por evidente, com neo que, em caráter excepcional, pode realizar-se de modo a
crime material, já que pode não haver qualquer resultado na- lesionar o bem jurídico de maneira permanente.
turalístico. Por exemplo, é comissivo o crime de injúria, mas e) Crime de fusão: é o crime que pressupõe a prática de
não é material. O importante é uma conduta da pessoa livre outro, como nos casos dos crimes de lavagem de dinheiro e
e consciente que lhe retire do estado de inércia. de receptação.
b) Crime omissivo próprio ou puro: são crimes em que
a própria omissão já é prevista no tipo penal, sendo ela uma Crime de Dano e de Perigo
elementar, a única forma de se realizar a conduta criminosa. a) Crime de dano: crime em que é necessário haver uma
Nesses crimes omissivos basta a abstenção, é suficiente a de- efetiva lesão ao bem jurídico (lesão perceptível no mundo
sobediência ao dever de agir para que o delito se consume. fático) para se caracterizar, como no caso do furto.
O resultado que eventualmente surgir dessa omissão será b) Crime de perigo: crime em que a simples ameaça ao bem
irrelevante para a consumação do crime, podendo apenas jurídico já é abominada, justificando, assim, sua penalização.
configurar uma majorante ou qualificadora. O agente deso- Subdivide-se em crime de perigo concreto, crime de pe-
bedece a uma norma mandamental, norma esta que deter- rigo abstrato e crime de perigo concreto-abstrato.
mina a prática de uma conduta subentendida no tipo, que i. Crimes de perigo abstrato: Nos crimes de perigo abstrato,
não é realizada. como o perigo não é elemento do tipo, não se precisa provar.
c) Crime comissivo por omissão, omissivo impróprio ou Só se tem de provar o que é elementar do crime e o perigo não
impuro: são os crimes em que o agente produz o resultado é elementar do crime porque ele não é requerido no tipo pelo
legislador. Consequência: basta praticar a ação e se presume
pela própria omissão, após ter assumido o dever de evitá-lo
que ela é sempre perigosa. Haveria então uma presunção iure

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

et de iure de perigo pela simples realização da conduta tipifi- Crime Material, Formal e de Mera Conduta ou de Ativi-
cada na norma. É o caso de dirigir embriagado em via pública. dade
ii. Crimes de perigo concreto: e os crimes de perigo con- a) Crime material: é o crime cujo tipo penal descreve uma
creto? Neles o legislador faz referência no tipo ao perigo. conduta e um resultado, o qual necessariamente deve ser ve-
Normalmente a forma de redigir um tipo de perigo concreto rificado, sob pena de se constituir em mera tentativa. Exem-
é assim: “expor a perigo iminente”. plo: homicídio. A conduta é matar; o resultado é a morte.
O perigo então é elementar do tipo e, por isso, tem que Caso a vítima não morra, não existe homicídio.
ser provado. Nesses crimes será possível que a conduta se b) Crime formal ou de consumação antecipada: é o crime
realize e o perigo não seja causado. em que, mesmo sendo possível um resultado naturalístico
iii. Crimes de perigo abstrato-concreto crimes de inido- que lese o bem jurídico, o tipo penal adianta a punição aos
neidade crimes de perigo idôneo crimes de perigo hipotético: atos de consumação. Exemplo: extorsão: a simples prática da
são aqueles em que a conduta analisada ex ante pelo legisla- constrição já faz o delito se consumar, independentemente
dor é considerada perigosa ao bem jurídico segundo um juízo da pessoa auferir ou não a vantagem indevida.
de probabilidade do dano. Não exige demonstração de risco c) Crime de mera conduta ou de atividade: nesses cri-
ao bem. Também não coloca como elementar no tipo incrimi- mes, não só não há resultado naturalístico como é impossível
nador. Não coloca no tipo incriminador a exigência de peri- que este aconteça. O tipo penal descreve a conduta proibida,
go. Não se diferencia muito cabalmente dos crimes de perigo quase sempre de perigo abstrato. Exemplo clássico é o porte
abstrato. Nos dois há ponto comum: periculosidade geral. de arma sem autorização. O simples portar arma em nada
modifica o mundo real.
Crimes de Perigo Abstrato: Aprofundamentos
Apesar da existência de ampla controvérsia doutrinária, Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo
os crimes de perigo abstrato podem ser identificados como a) Crime unissubjetivo: é o crime que pode ser praticado
aqueles em que não se exige nem a efetiva lesão ao bem por qualquer pessoa, sozinha, sem auxílio. Em regra, todo cri-
jurídico protegido pela norma nem a configuração do perigo me é unissubjetivo.
em concreto a esse bem jurídico. b) Crime plurissubjetivo: é o crime para cuja realização
Nessa espécie de delito, o legislador penal não toma necessita-se de pelo menos duas pessoas, como a bigamia e
como pressuposto da criminalização a lesão ou o perigo de a formação de quadrilha. Pode ser de condutas convergen-
lesão concreta a determinado bem jurídico. Baseado em da- tes, contrapostas ou paralelas.
dos empíricos, o legislador seleciona grupos ou classes de
ações que geralmente levam consigo o indesejado perigo ao Crime Unissubsistente, Plurissubsistente e Pluriofensivo
bem jurídico. a) Crime unissubsistente: é o crime cuja consumação
Assim, os tipos de perigo abstrato descrevem ações que, ocorre mediante um único ato, não sendo admitido seu fra-
segundo a experiência, produzem efetiva lesão ou perigo cionamento, sendo impossível a tentativa. A conduta se esgo-
de lesão a um bem jurídico digno de proteção penal, ainda ta com a concretização do delito. V.g., injúria, calúnia e difa-
que concretamente essa lesão ou esse perigo de lesão não mação na forma verbal. Neles não há um iter criminis perfeito,
venham a ocorrer. O legislador, dessa forma, formula uma a pessoa não tem a possibilidade de arrependimento eficaz.
presunção absoluta a respeito da periculosidade de determi- b) Crime plurissubsistente: é o crime para cuja consuma-
nada conduta em relação ao bem jurídico que pretende pro- ção podem ser realizados mais de um ato, como no homi-
teger. O perigo, nesse sentido, não é concreto, mas apenas cídio. Entretanto, esse crime poderá ser realizado com ape-
abstrato. Não é necessário, portanto, que, no caso concreto, nas um ato. A diferença para o unissubsistente é que aquele
a lesão ou o perigo de lesão venham a se efetivar. O delito somente poderá, necessariamente, ser realizado apenas com
estará consumado com a mera conduta descrita no tipo. um ato. Logo, em regra os crimes são plurissubsistentes. Exa-
A atividade legislativa de produção de tipos de perigo tamente por isso, a conduta pode ser fracionada, permitindo
abstrato, por isso, deve ser objeto de rígida fiscalização a a tentativa.
respeito da sua constitucionalidade; especificamente, sobre c) Crime pluriofensivo: é o que lesa ou expõe a perigo de
sua adequação ao princípio da proporcionalidade. A criação dano mais de um bem jurídico.
de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, com- Crime Comum, Próprio, Próprio Impuro, Bipróprio, de
portamento inconstitucional por parte do legislador penal. Mão Própria e de Acumulação
A tipificação de condutas que geram perigo em abstrato, a) Crime comum: é o crime que pode ser praticado por
muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa, ou a medida qualquer pessoa, independentemente de alguma qualidade
mais eficaz, para proteção de bens jurídico-penais suprain- especial que ela tenha.
dividuais ou de caráter coletivo, como o meio ambiente, por b) Crime próprio: é o crime que somente pode ser pra-
exemplo. A antecipação da proteção penal em relação à efe- ticado por uma pessoa que detenha determinada caracte-
tiva lesão torna mais eficaz, em muitos casos, a proteção do rística, como no caso do peculato, em que o agente deve,
bem jurídico. Portanto, pode o legislador, dentro de suas am- necessariamente, ser servidor público. Também se analisa a
plas margens de avaliação e de decisão, definir quais as me- propriedade do crime com base numa característica especial
didas mais adequadas e necessárias para a efetiva proteção do sujeito passivo. Essa classificação também é chamada de
de determinado bem jurídico, o que lhe permite escolher es- crimes especiais próprios. Se for exigida característica espe-
pécies de tipificação próprias de um direito penal preventivo. cial tanto do agente quanto da vítima, fala-se em crime du-
plamente próprio.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

c) Crime próprio impuro: o crime próprio impuro é aque- de seu emperramento episódico, o meio será relativamente
le que, se desaparecer a qualidade particular do agente (que ineficaz, merecendo o agente, pois, punição pela tentativa.
é exigida para configuração do crime próprio), desaparece Essa foi a opção adotada pelo legislador brasileiro.
também o crime especial. Entretanto, ocorrerá a desclassi-
ficação da conduta para outro delito, que terá natureza di- Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o agente
versa. Assim, a falta de uma elementar torna o crime próprio deve ser punido, mesmo em caso de crime impossível, por-
puro absolutamente atípico, enquanto o crime próprio impu- que demonstrou periculosidade, disposição para agredir um
ro, relativamente atípico. Essa classificação também é chama- bem jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela intenção, e
da de crimes especiais impróprios . não por algum fato. Não é adotada no Brasil.
d) Crime bipróprio: aquele que exige uma especial quali- b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime putativo,
dade, tanto do sujeito ativo como do sujeito passivo do delito. o agente pratica uma conduta acreditando estar praticando
e) Crime de mão própria: é o crime em que o agente um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está tipificada.
deve praticar a execução diretamente, não se admitindo a O crime putativo pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
prática por interposta pessoa. V.g., bigamia, prática de atos -Crime putativo por erro de proibição: o agente acredita
obscenos, falso testemunho. ofender uma lei penal que não existe realmente. A existência
d) Crimes de acumulação: fruto de uma controversa ten- da lei incriminadora só existe na mente do agente, recaindo
dência de política criminal voltada à prevenção de ilícitos. o erro, portanto, sobre a ilicitude do fato.
Neles, o legislador incrimina uma conduta que, individual- -Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário se
mente considerada, não encerra um risco jurídico ao bem verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal incri-
tutelado, mas se vier a ser praticada por um conjunto grande minadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar do tipo.
de indivíduos, efetivamente lesará tal bem. Ou seja, a lei penal existe, entretanto o fato não foi típico.
Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e não sobre
Crime Impossível e Putativo uma questão jurídica.
a) Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea ou -Crime putativo por obra do agente provocador: deno-
tentativa inadequada: ocorre quando o agente se utiliza de minado crime de ensaio, crime de experiência ou flagrante
meio absolutamente ineficaz ou objeto absolutamente im- provocado, ocorre quando uma pessoa induz o agente a
próprio para consumar o crime. É o caso da tentativa de ho- cometer uma conduta criminosa e, simultaneamente, adota
micídio dando-se um copo de água à vítima na expectativa medidas para impedir a consumação. Aqui, incide a súmula
de que ela venha a morrer (meio absolutamente ineficaz) 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do flagran-
ou quando se tenta furtar a honra da vítima (objeto absolu- te pela polícia torna impossível a sua consumação”.
tamente impróprio, honra não pode ser furtada). A relativa Crime Vago, Remetido, Exaurido, Habitual e Habitualida-
ineficácia do meio e a relativa impropriedade do objeto não de Criminosa
afastam a configuração do crime. O crime impossível deve a) Crime vago, multivitimários ou de vítimas difusas: cri-
ser analisado após a realização do fato, visto que algo apa- me praticado contra uma coletividade sem personalidade
rentemente inofensivo pode ter o efeito de efetivamente ge- jurídica. Por exemplo, o crime de racismo.
rar o crime. b) Crime remetido: ocorre quando a sua definição se re-
mete a outros crimes, que passam a integrá-lo (v.g., art. 304
Acerca do crime impossível há três teorias: - fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados a
que se referem os arts. 297 a 302).
Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou re- c) Crime exaurido : é aquele já consumado nos termos
lativa impropriedade do objeto ou ineficácia do meio. A teo- da lei, embora possa ter desdobramentos posteriores que
ria dispõe que, não importa saber, por exemplo, se a arma não influenciam no fato típico. Nele, o agente, mesmo após
não funcionou porque nunca funcionaria, ou a arma não fun- ter consumado o delito, o leva a consequências mais lesivas.
cionou naquele caso porque, por azar do autor, ela emper- Ocorre o exaurimento, v.g., na extorsão, quando o agente
rou, uma vez que em ambos os casos se estaria diante de um obtém a vantagem indevida, o que é um indiferente penal
crime impossível. (exceto para a reparação do dano).
Teoria objetiva temperada: prima pela distinção entre ab- d) Crime habitual: é aquele crime que exige uma sequência
soluta ou relativa impropriedade do objeto ou ineficácia do de atos para se consumar, tem uma duração contínua, geral-
meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem jurídico mente indefinida e casuística, no tempo. Crimes habituais não
apto a fundamentar a punibilidade do crime tentado quan- se confundem com crimes continuados. Caso a habitualidade
do o objeto ou o meio forem, em tese, aptos à produção cesse antes de findo o resultado, os fatos praticados não serão
do resultado, ainda que circunstancialmente não se consi- considerados crimes, podendo, no máximo, haver punição por
ga produzi-lo. Ou seja, em tese, no caso da teoria objetiva tentativa. Ao contrário do que se defendo por aí, esses crimes
temperada, só seria de se reconhecer o crime impossível, por admitem sim o flagrante, quando a prisão é feita após já se
exemplo, após a arma utilizada para um roubo ser periciada. ter verificado o implemento da habitualidade e a configuração
Se chegar à conclusão de que a arma que foi acionada não criminosa. Exemplo o rufianismo.
disparou e nunca dispararia por ser defeituosa, seria caso de -Habitual próprio: habitual próprio é aquele crime cuja tipi-
crime impossível. Porém, se essa arma, uma vez apreendi- cidade depende da reiteração de condutas. No habitual próprio
da e submetida à perícia, for revelada como apta a produzir um único ato não é suficiente a dar tipicidade à conduta, pois a
disparos, tendo o insucesso do roubo decorrido unicamente tipicidade decorrerá do somatório dos atos típicos praticados.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

-Habitual impróprio ou acidentalmente habitual: é aquele Consumação e Tentativa


crime que, não obstante a regra seja sua perpetuação no tem- Crime Consumado
po para se configurar, permite que um único ato seja suficiente Fundamentado no artigo. 14, inciso I do Código Penal,
para a consumação, em casos extremos, como ocorre no crime o crime consumado é o tipo penal integralmente realizado,
de gestão fraudulenta. Não constituirá pluralidade de crimes a ou seja, quando o tipo concreto amolda-se perfeitamente ao
repetição de atos. tipo abstrato. De acordo com o artigo 14, I do Código Penal,
e) Habitualidade criminosa: a habitualidade criminosa diz-se consumado o crime quando nele se reúnem todos os
ocorre quando o agente faz do delito seu meio de vida, sem elementos de sua definição legal. No homicídio, por exem-
que ele queira necessariamente e tenha em mente que um cri- plo, o tipo penal consiste em “matar alguém” (artigo 121 do
me seja tido por continuação do outro, caso contrário haveria CP), assim o crime restará consumado com a morte da vítima.
continuidade delitiva. Inclusive, o STJ reiteradamente tem deci-
dido que a habitualidade criminosa impede o reconhecimento Crime Tentado
do benefício da continuidade delitiva, já que totalmente incom-
O crime tentado tem fundamentação no artigo 14, inciso
patível com o comportamento social do réu, que merece maior
II do Código Penal ocorre quando o agente inicia a execução
reprimenda. Nesse sentido:
do delito mas este não se consuma por circunstâncias alheias
Crime de Espaço Mínimo, Crime de Espaço Máximo ou
à sua vontade. De acordo com o parágrafo único do art. 14,
Plurilocal e Crime à Distância
a) Crime de espaço mínimo: aquele que é cometido e con- do Código Penal, “salvo disposição em contrário, pune-se a
sumado em um mesmo lugar. tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
b) Crime de espaço máximo ou plurilocal: aqueles come- diminuída de um a dois terços”. Para fixar a pena, o magistra-
tidos em território de duas ou mais comarcas ou seções judi- do deve usar como critério a maior ou menor proximidade da
ciárias de um mesmo país. A comarca responsável pelo julga- consumação, de forma que quanto mais o agente percorrer o
mento será, em regra, aquela onde ocorreu o resultado (teoria “iter criminis”, maior será sua punição.
prevalente no processo penal), salvo se o crime for de menor
potencial ofensivo ou tentado, caso em que a competência é Pena de Crime Consumado e Crime Tentado
fixada pelo local da conduta. Para a punição da tentativa se considera a extensão da
c) Crime à distância: relacionado ao direito internacional, é conduta do autor até o momento em que foi interrompida.
aquele em que se pratica a conduta num país e ocorre o resul- Quanto mais próxima da consumação, menor deve ser a re-
tado num outro. dução (1/3).
Crimes de Tendência (Intenção Especial) e Crimes de In- De outro lado, quanto mais longe a conduta do autor
tenção ficou da consumação delitiva, maior deve ser a redução da
Crimes de tendência ou de intenção especial: neles, o tipo pena (2/3). O Juiz deve fixar a redução dentro desses limites,
penal requer o ânimo de realizar a própria conduta legalmente de modo justificado.
prevista, sem necessidade de transcender tal conduta, como
ocorre nos delitos de intenção. É aquele que condiciona a sua Desistência Voluntária ou Tentativa Abandonada
existência à intenção do sujeito, devendo necessariamente ser (Art. 15, CP)
analisado um aspecto subjetivo. Em outras palavras, não se Ocorre quando, após iniciados os atos executórios, mas
exige que o autor do crime deseje um resultado ulterior ao antes de esgotá-los, o agente interrompe a prática criminosa
previsto no tipo penal, mas, apenas, que confira à ação típica voluntariamente, ainda que por motivos egoísticos. Deve-se
um sentido subjetivo não previsto expressamente no tipo, mas pensar da seguinte forma: “posso prosseguir, mas não quero”.
dedutível da natureza do delito.
Se isso se configurar, haverá desistência voluntária. Somente é
possível na tentativa imperfeita ou inacabada. Além disso, não é
Crime Acessório ou Parasitário
cabível no crime unissubsistente (já que não admite tentativa).
É o crime que pressupõe, para a consumação, a prática de
De fato, nos crimes unissubsistentes não se admite a
outro, como a receptação, o favorecimento real e a lavagem de
dinheiro. desistência voluntária (agente interrompe voluntariamente
Crime Transeunte e Não Transeunte a execução do crime) porque se praticado o primeiro ato
Transeunte vem da palavra transitar; passa a ideia de ocorre o fim da execução. E, por outro lado, se não praticado
algo que permanece ou não. o primeiro ato, o crime simplesmente não sai da cabeça do
É classificação adotada para os crimes que deixam ou agente, não sendo a cogitação punível.
não vestígios. Se deixarem vestígios, é não transeunte; não A Fórmula de Frank define a desistência voluntária de for-
deixando, é transeunte. Como exemplo de crimes não tran- ma lapidar. Ela consiste na seguinte expressão: Posso, mas não
seuntes tem-se a apropriação indébita previdenciária, cujo quero continuar. Isso é importantíssimo porque, por exemplo,
vestígio é exatamente a diminuição da arrecadação de con- se foram outros fatores que não a própria vontade do agente
tribuição previdenciária do empregado. que o impediu de continuar, como fica?
A desistência voluntária, está ligada a uma omissão na
Crime transeunte clássico é a invasão de domicílio. prática de atos complementares que seriam praticados, se-
Crime de Consumação Atípica Impunível gundo o plano e que poderiam ter sido praticados, dadas as
È aquele quando o fato consumado é indiferente penal e circunstâncias.
a forma tentada é punida pelo ordenamento jurídico.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Arrependimento Eficaz Arrependimento Posterior


(art. 15, CP) (Art. 16, CP)
Aqui, o agente exaure a execução do crime, entretanto, Tem natureza jurídica de causa geral de diminuição de
arrepende-se e atua de forma a evitar o resultado. possui na- pena. Ele se dá quando, nos crimes cometidos sem violência
tureza jurídica de causa geradora da atipicidade. ou grave ameaça à pessoa, o agente repare voluntariamente
Considerando que apenas crimes materiais exigem a ocor- o dano até o recebimento da denúncia ou queixa pelo juiz
rência do resultado para consumação, somente tem sentido (não é oferecimento pelo MP), sendo-lhe reduzida a pena de
em falar de arrependimento eficaz nesta categoria de crime. A um a dois terços (se a reparação se der após o recebimento,
conduta do agente não precisa ser espontânea (ele teve a ideia haverá apenas uma atenuante genérica).
de desistir ou impedir o resultado), mas apenas voluntária (há De acordo com Von Liszt, enquanto o art. 15 (o arrepen-
vontade própria, ainda advenha da sugestão de terceiros). dimento eficaz e desistência voluntária) configura uma ponte
de ouro que o Direito Penal oferece ao delinquente, o art. 16
configura a ponte de prata, porque agora ele vai responder
Considerações Gerais Acerca da Desistência Voluntária e
pelo crime. Mas, igualmente, aqui a razão do instituto é entre
do Arrependimento Eficaz
punir completamente e punir menos de acordo com a resti-
Intenção do Agente
tuição da esfera jurídica alheia.
A aplicação prática desses institutos independe de consi-
Com o arrependimento posterior, já fracassou o objetivo
derações acerca de intenção nobre ou não do agente. Não é preventivo do Direito Penal. O bem jurídico já foi lesionado.
necessário que ele tenha atuado com nobreza, ou com des- Porém, ainda resta como alternativa a sua recomposição. E aí
prendimento, no momento em que ele praticou a nova ação, o Direito Penal oferece para o agente: “olha meu amigo, aqui
ou no momento em que ele se absteve de praticar novas ações. você já tem que ser punido, porque o bem jurídico alheio
Logo, não se exige sequer a espontaneidade na desistência, ou já foi lesionado. No art. 15 não. Sua ação impediu a lesão
a espontaneidade na nova ação, no caso do arrependimento efetiva. Aqui, a lesão já ocorreu. Mas você pode responder
eficaz. Se exige, tão somente, a voluntariedade no desistir. Ou inteiramente, ou você pode responder com a diminuição de
a voluntariedade no atuar novamente. Isso para se resguardar pena, desde que repare a esfera jurídica lesionada. E aí eu
o bem jurídico. vou diminuir a sua pena. Porém, pena eu tenho que aplicar”.
Finalidade dos Institutos São, então, requisitos para seu reconhecimento:
Esses institutos existem para que não seja frustrada a ex- a) A conduta tem que ter produzido o resultado (caso
pectativa do Direito Penal como um todo, que é a de proteger contrário será arrependimento eficaz);
o bem jurídico. O Direito Penal opta por não punir, desde que a b) Voluntariedade;
pessoa cesse a sua atividade, no caso da desistência voluntária, c) Crimes sem violência ou grave ameaça (tem-se admi-
ou pratique uma nova atividade, no caso do arrependimento tido o arrependimento posterior nos crimes com violência
eficaz. E, com isso, ao cessar ou praticar uma nova atividade, culposos);
evite a lesão ao bem jurídico, evite a produção do resultado. d) Arrependimento antes de recebida a denúncia pelo
juiz;
Natureza Jurídica dos Institutos e) Reparação do dano seja completa (requisito mitigado.
Há três principais correntes sobre a natureza jurídica: Vide julgado abaixo).
a) Causa de exclusão de tipicidade: O fato praticado é atí-
pico, visto que o crime visado pelo agente não foi praticado, Presentes os requisitos acima elencados, a incidência da
por ter sido evitado. Trata-se da tese dominante. Somente res- causa de diminuição de pena é direito subjetivo do réu, e não
ponderá o agente pelos atos já praticados, desde que típicos, uma faculdade do juiz.
O agente será beneficiado pelo arrependimento poste-
evidentemente.
rior mesmo que somente repare o dano por ter sido desco-
b) Causa de extinção da punibilidade: tese sustentada por
berto pela polícia. Isso visa resguardar a vítima, melhorar sua
Nelson Hungria. No caso de homicídio tentado, a evitação do
condição enquanto ofendida.
resultado praticada pelo agente faz surgir uma causa de extin- Os coautores de crimes também serão beneficiados caso
ção da punibilidade pelo homicídio tentado, ao mesmo tempo um dos agentes repare o dano, mesmo que aqueles não qui-
em que faz surgir uma tipicidade pelos atos já praticados, se seram a reparação ou dela não participaram. Isso porque é
existir correspondência típica. circunstância de caráter objetivo.
c) Causa de isenção de pena: defendida por Rogério Gre-
co. Ele adota esse entendimento sob o argumento de que, se Nos crimes submetidos ao Juizado Especial Criminal,
o ato foi praticado pelo agente, por exemplo, se um tiro foi caso o agente repare o dano (se houver composição civil),
dado na vítima com a intenção de matá-la, não há como um mesmo após o recebimento da queixa ou da representação,
ato posterior tornar atípico um ato que foi típico, como se e mesmo que o crime tenha sido com violência ou grave
apagasse acontecimentos passados. Não, para ele o ato pra- ameaça, o agente será beneficiado, não somente com a dimi-
ticado é típico, porém o Direito Penal, com vistas a resguardar nuição de pena, mas sim com a extinção de sua punibilidade
o bem jurídico, evitando maiores danos, não faz incidir pena e a renúncia legal pela vítima do direito de ingressar em juízo.
ao agente. No crime de emissão de cheque sem fundo, o pagamen-
to até o recebimento da denúncia ou queixa extingue a puni-
bilidade (Súmula 554, STF).

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

No peculato culposo, se a reparação do dano precede à ii. Crime putativo por erro de tipo: o crime imaginário se
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é poste- verifica quando o autor acredita ofender uma lei penal in-
rior, reduz em metade a pena imposta. criminadora, mas os fatos revelam faltar uma elementar do
tipo. Ou seja, a lei penal existe, entretanto o fato não foi tí-
Crime Impossível pico. Aqui, há um erro sobre uma circunstância fática, e não
Crime impossível, quase-crime, tentativa inidônea ou ten- sobre uma questão jurídica. Por exemplo, o agente quer co-
tativa inadequada: ocorre quando o agente se utiliza de meio meter um crime tributário declarando erroneamente dados
ABSOLUTAMENTE INEFICAZ ou objeto ABSOLUTAMENTE na DCTF; porém, ao invés de preencher a DCTF, ele preenche
IMPRÓPRIO para consumar o crime. É o caso da tentativa de um formulário de cadastro no show do milhão.
homicídio dando-se um copo de água à vítima na expectativa iii. Crime putativo por obra do agente provocador: de-
de que ela venha a morrer (meio absolutamente ineficaz) ou nominado crime de ensaio, crime de experiência ou flagran-
quando se tenta furtar a honra da vítima (objeto absolutamen- te provocado, ocorre quando uma pessoa induz o agente a
te impróprio, honra não pode ser furtada). A relativa ineficácia cometer uma conduta criminosa e, simultaneamente, adota
do meio e a relativa impropriedade do objeto não afastam a medidas para impedir a consumação. Aqui, incide a súmula
configuração do crime, geralmente dando azo à forma tenta- 145 do STF: “Não há crime, quando a preparação do flagran-
da. O crime impossível deve ser analisado após a realização do te pela polícia torna impossível a sua consumação”.
fato, visto que algo aparentemente inofensivo pode ter o efei-
to de efetivamente gerar o crime, v.g., quando se dá açúcar a Punibilidade
pessoa com diabetes. Sobre o crime impossível há três teorias: A punibilidade é uma das condições para o exercício da
i. Teoria objetiva pura: não distingue entre absoluta ou ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a possi-
relativa impropriedade do objeto ou ineficácia do meio. Se- bilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal (pena ou
gundo a teoria objetiva pura, não interessa saber, por exem- medida de segurança) ao autor do ilícito.
plo, se a arma não funcionou porque nunca funcionaria, ou a A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. As-
arma não funcionou naquele caso porque, por azar do autor, sim, é punível a conduta que pode receber pena.
ela emperrou. Tanto um, quanto em outro caso, se estaria
diante de um crime impossível.
Extinção da Punibilidade
ii. Teoria objetiva temperada: prima pela distinção entre
A extinção da punibilidade é a perda do direito do Es-
absoluta ou relativa impropriedade do objeto ou ineficácia
tado de punir o agente autor de fato típico e ilícito, ou seja,
do meio. Essa teoria sustenta que só há perigo ao bem ju-
é a perda do direito de impor sanção penal. As causas de
rídico apto a fundamentar a punibilidade do crime tentado
extinção da punibilidade estão espalhadas no ordenamento
quando o objeto ou o meio forem, em tese, aptos à produ-
ção do resultado, ainda que circunstancialmente não se con- jurídico brasileiro.
siga produzi-lo. Ou seja, em tese, no caso da teoria objetiva
temperada, só seria de se reconhecer o crime impossível, por Dispõe o Código Penal:
exemplo, após a arma utilizada para um roubo ser periciada.
Se chegar à conclusão de que a arma que foi acionada não Extinção da punibilidade
disparou e nunca dispararia por ser defeituosa, seria caso de
crime impossível. Porém, se essa arma, uma vez apreendida Art. 107 - Extingue-se a punibilidade:
e submetida à perícia, for revelada como apta a produzir dis- I - pela morte do agente;
paros, tendo o insucesso do roubo decorrido unicamente de II - pela anistia, graça ou indulto;
seu emperramento episódico, o meio será relativamente ine- III - pela retroatividade de lei que não mais considera o
ficaz, merecendo o agente, pois, punição pela tentativa. Essa fato como criminoso;
foi claramente a opção adotada pelo legislador brasileiro. IV - pela prescrição, decadência ou perempção;
iii. Teoria sintomática ou subjetiva: defende que o agente V - pela renúncia do direito de queixa ou pelo perdão
deve ser punido, mesmo em caso de crime impossível, por- aceito, nos crimes de ação privada;
que demonstrou periculosidade, disposição para agredir um VI - pela retratação do agente, nos casos em que a lei a
bem jurídico. Nesse caso, ele seria punido pela intenção, e admite;
não por algum fato. Não é adotada no Brasil. VII - (Revogado)
VIII - (Revogado)
b) Crime putativo (delito de alucinação): no crime putati- IX - pelo perdão judicial, nos casos previstos em lei.
vo, o agente pratica uma conduta acreditando estar pratican- Art. 108 - A extinção da punibilidade de crime que é pres-
do um ilícito penal, quando, de fato, sua ação não está tipifi- suposto, elemento constitutivo ou circunstância agravante de
cada. V.g., quando o agente adultera com o fito de cometer outro não se estende a este. Nos crimes conexos, a extinção
crime (o adultério não é mais considerado ilícito penal em da punibilidade de um deles não impede, quanto aos outros,
nosso ordenamento, logo, não há crime). O crime putativo a agravação da pena resultante da conexão.
pode ocorrer nas seguintes hipóteses:
i. Crime putativo por erro de proibição: o agente acredita (...)
ofender uma lei penal que não existe realmente. A existência
da lei incriminadora só existe na mente do agente, recaindo
o erro, portanto, sobre a ilicitude do fato.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Concurso de Crimes sistema da exasperação, que é quando apenas a pena de um dos


O concurso de crimes acontece quando o agente comete crimes é aplicada se forem iguais, ou a maior deles se diversos,
mais de um crime mediante uma ou mais ação ou omissão. sendo em qualquer dos casos elevada de um sexto até metade.
No direito brasileiro, por questões de política criminal, cada No impróprio, o agente mediante uma única ação ou
forma de concurso tem uma maneira distinta no sistema de omissão produz mais de um resultado, tendo vontade de
aplicação e cálculo das penas. produzi-los ou sendo indiferente quanto a estes, neste caso,
Os tipos de concurso admitidos no direito brasileiro são o acontece o que a doutrina chama de desígnios autônomos,
material, que pode se dividir em homogênio e heterogêneo; que é quando se quer todos os resultados produzidos, mesmo
o formal, que pode ser dividido em próprio e impróprio; além a título de dolo eventual. Para que não torne benéfica a prática
do crime continuado. de mais de um crime por uma única ação, no concurso formal
As formas adotadas para aplicação das penas a cada tipo impróprio, é utilizado o sistema de cúmulo material das penas,
de concurso são os sistemas do cúmulo material e o da exas- o mesmo que é utilizado no concurso material. Havendo ape-
peração, em alguns casos, também encontramos o cúmulo nas a soma das penas aplicadas aos diversos crimes.
Ainda no caso do concurso formal, quando as penas apli-
material benéfico, sendo este um desdobramento para evitar
cadas por o sistema de exasperação superarem as que por
um prejuízo maior ao agente, sempre que o sistema de exas-
ventura fossem aplicadas por o sistema do cúmulo material,
peração for menos benéfico que o cúmulo material.
para que o apenado não saia prejudicado, sua pena será com-
putada como se desta forma fosse, este é o chamado cúmulo
Concurso Material material benéfico. Exemplificando, caso o agente cometa um
O concurso material de crimes acontece quando o agente homicídio simples e uma lesão corporal em concurso formal
comete dois ou mais crimes mediante mais de uma ação ou próprio, sua pena seria a do homicídio (por ser maior) acres-
omissão. Ele pode ser tanto homogêneo, quando os crimes cida de um terço até metade, o que poderia, dependendo do
cometidos são idênticos (dois homicídios simples, por exem- aumento aplicado, ser maior que a do homicídio e das lesões
plo), ou heterogêneo, quando os crimes são de natureza di- corporais somadas. Assim caso a pena aplicada pelo sistema
versa (Um homicídio qualificado e lesões corporais). Esta dis- da exasperação seja maior que a que fosse aplicada pelo cú-
tinção em homogêneo e heterogêneo é apenas doutrinária, mulo material, este será o aplicado.
não importando na forma de aplicação da pena. O aumento de pena no concurso formal deve ser funda-
Havendo concurso material, a forma de aplicação das mentado pelo juiz, devendo, segundo a maioria dos doutri-
penas será o cúmulo material, que é aquele onde as penas nadores, ser aplicado levando em consideração o número de
dos diversos crimes são somadas umas as outras, não haven- vítimas ou a quantidade de crimes praticados. Para a aplicação
do benefício ao agente. Desta forma, o agente que mediante da suspensão condicional do processo, é necessário que se
duas condutas, cometeu o crime de furto simples e recebeu faça primeiro o cálculo da pena com o acréscimo de um terço
pena de quatro anos de reclusão, e um homicídio qualificado, até metade, para só assim fixar os novos limites mínimos.
tendo recebido pena de doze anos de reclusão, terá as penas
destes crimes somadas para questões de cumprimento. O excesso Punível
Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre- Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em
se primeiro a mais grave, assim, a reclusão deve ser cumprida vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode
primeiro que a detenção. encontrar-se em três situações diferentes:
Apesar dos prazos prescricionais serem considerados in- - usa de um meio moderado e dentro do necessário para
dividualmente para cada crime, o mesmo não acontece com a repelir à agressão;
aplicação das penas restritivas de direitos, que só são permi- Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima
defesa.
tidas, caso em um dos crimes seja permitida a concessão do
- de maneira consciente emprega um meio desnecessá-
sursis (suspensão condicional da pena). Mas caso sejam apli-
rio ou usa imoderadamente o meio necessário;
cadas, as penas restritivas serão cumpridas simultaneamente
A legítima defesa fica afastada por excluído um dos seus
quando compatíveis, ou sucessivamente, quando houver in- requisitos essenciais.
compatibilidade entre as mesmas. - após a reação justa (meio e moderação) por imprevidên-
Com relação à suspensão condicional do processo, a re- cia ou conscientemente continua desnecessariamente na ação.
gra é que seja feito o somatório das penas, se a mínima for No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifica
igual ou inferior a um ano, esta será possível. Portanto, a apli- demasiada e desnecessariamente a reação inicialmente jus-
cação não é individual. tificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O agente
responderá pela conduta constitutiva do excesso.
Concurso Formal Ilicitude
O concurso formal é aquele em que o agente mediante Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descumpri-
uma única ação ou omissão, comete dois ou mais crimes. Este mento de um dever jurídico imposto por normas de direito
pode se dividir em formal próprio ou impróprio. No próprio, era público, sujeitando o agente a uma pena.
querido apenas um resultado, mas por erro na execução ou por Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição
acidente, dois ou mais são atingidos. É o exemplo do assassino entre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
que atira em seu inimigo, mas por ocasião o disparo além de até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
atingi-lo, também atinge outra pessoa. Neste caso é utilizado o tipo penal, é antijurídico.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Excludente de ilicitude DOLO


Excludente de ilicitude é uma causa excepcional que re- Dolo é a conduta voluntária e intencional de alguém que,
tira o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como praticando ou deixando de praticar uma ação, objetiva um
criminosa (fato típico). resultado ilícito ou causar dano a outrem.
Art. 23 - Exclusão da ilicitude Para que seja caracterizado o dolo é necessário tanto a
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: intenção de praticar o ato, como este objetivar o resultado
I - em estado de necessidade; danoso.
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercí- CULPA
cio regular de direito. A culpa é a conduta voluntária, porém descuidada de um
Excesso punível agente, que causa um dano involuntário, previsível ou previs-
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses to, a outrem.
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. Na Culpa, o agente tem a vontade de praticar o ato líci-
A ação do homem será típica sob o aspecto criminal to, de acordo com as normas, porém, não toma os cuidados
quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa adequados ao homem médio (cuidados normais) e, por im-
primeira compreensão, isso também basta para se afirmar prudência, negligência ou imperícia, provoca um dano, que
que ela está em desacordo com a norma, que se trata de apesar de ser previsível, não era o seu desejo.
uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.
Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente Assim, vamos esclarecer cada um deles:
na relação de contrariedade entre a conduta típica do au-
tor e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde de Imperícia é quando alguém que deveria dominar uma
que, no caso concreto, estejam presentes uma das hipóteses técnica não a domina. É o caso do médico que erra na hora
previstas no artigo 23 do Código Penal: o estado de necessi- de suturar um paciente. Depois de seis anos estudando me-
dade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal dicina, ele deveria saber suturar. Se não sabe, é imperito.
ou o exercício regular de direito. Negligência é quando aquele que deveria tomar conta
O estado de necessidade e a legítima defesa são concei- para que uma situação não aconteça, não presta a devida
tuados nos artigos 24 e 25 do Código Penal, merecendo des- atenção e a deixa acontecer. É o caso da mãe que deveria
taque, neste tópico, apenas o estrito cumprimento do dever tomar conta do neném quando está dando banho nele, vai
legal e o exercício regular de um direito, como excludentes atender o telefone e o neném acaba se afogando. Ela não
da ilicitude ou da antijuridicidade. queria e nem assumiu o risco de matá-lo, mas não tomou
A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si conta o suficiente para evitar sua morte.
só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda Imprudente é a pessoa que não toma os cuidados que
que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem de- uma pessoa normal tomaria. É a pessoa que, ao dar marcha
corre do cumprimento de um dever legal, ela está de acordo -ré com o carro, esquece de olhar para trás e acaba atrope-
com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ela. Noutros lando alguém.
termos, se há um dever legal na ação do autor, esta não pode
ser considerada ilícita, contrária ao ordenamento jurídico. CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
Um exemplo possível de estrito cumprimento do de- O Código Penal prevê causas que excluem a culpabilida-
ver legal pode restar configurado no crime de homicídio, em de pela ausência de um de seus elementos, ficando o sujeito
que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que estavam no isento de pena, ainda que tenha praticado um fato típico e
cumprimento de um dever legal, resulta na morte do margi- antijurídico.
nal. Neste sentido - RT 580/447.
O exercício regular de um direito, como excludente da a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o cará-
ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações jurídi- ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
cas, posto que, se a conduta do autor decorre do exercício re- entendimento.
gular de um direito, ainda que ela seja típica, não poderá ser - doença mental, desenvolvimento mental incompleto
considerada antijurídica, já que está de acordo com o direito. ou retardado (art. 26);
Um exemplo de exercício regular de um direito, como ex- - desenvolvimento mental incompleto por presunção le-
cludente da ilicitude, é o desforço imediato, empregado pela ví- gal, do menor de 18 anos (art. 27);
tima da turbação ou do esbulho possessório, enquanto possui- - embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou
dor que pretende reaver a posse da coisa para si (RT - 461/341). força maior (art. 28, § 1º).
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não b) inexistência da possibilidade de conhecimento da ilicitude:
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do au- - erro de proibição (art. 21).
tor, que venham a extrapolar os limites do necessário para a c) inexigibilidade de conduta diversa:
defesa do bem jurídico, do cumprimento de um dever legal - coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte);
ou do exercício regular de um direito. Havendo excesso, o - obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte).
autor do fato será responsável por ele, caso restem verifica-
dos seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a regra do pará-
grafo único do artigo 23 do Código Penal.

49
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

TÍTULO II Crime culposo


DO CRIME II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por
imprudência, negligência ou imperícia. 
Relação de causalidade  Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, nin-
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do cri- guém pode ser punido por fato previsto como crime, senão
me, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera- quando o pratica dolosamente. 
-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria
ocorrido.  Agravação pelo resultado
Art. 19  - Pelo resultado que agrava especialmente a
Superveniência de causa independente  pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independen- culposamente.
te exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os
fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou.  Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal
Relevância da omissão de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime cul-
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omi- poso, se previsto em lei.
tente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de
agir incumbe a quem: Descriminantes putativas
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigi- § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
lância;  justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que,
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impe- se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena
dir o resultado;  quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da culposo.
ocorrência do resultado. 
Art. 14 - Diz-se o crime:  Erro determinado por terceiro
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o
Crime consumado  erro. 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elemen-
tos de sua definição legal;  Erro sobre a pessoa
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é
praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso,
Tentativa
as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consu-
contra quem o agente queria praticar o crime. 
ma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Erro sobre a ilicitude do fato 
Pena de tentativa
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se
sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evi-
a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado,
tável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
diminuída de um a dois terços. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agen-
te atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato,
Desistência voluntária e arrependimento eficaz quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de pros- consciência. 
seguir na execução ou impede que o resultado se produza,
só responde pelos atos já praticados. Coação irresistível e obediência hierárquica 
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou
Arrependimento posterior em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal,
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou
ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o da ordem.
recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do
agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Exclusão de ilicitude 
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
Crime impossível I - em estado de necessidade; 
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia II - em legítima defesa;
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercí-
é impossível consumar-se o crime. cio regular de direito.
Art. 18 - Diz-se o crime: 
Crime doloso Excesso punível 
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
o risco de produzi-lo; deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

Estado de necessidade corresponde às experiências para aquele momento de vida,


Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem o que significa que a plena potencialidade jamais será atingi-
pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou da. Os inimputáveis aqui tratados não possuem condições de
por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito entender o crime que cometeram.
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era
razoável exigir-se.  Critérios de aferição da inimputabilidade – pessoas inim-
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem putáveis
tinha o dever legal de enfrentar o perigo.  a. Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código Penal
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito sobre menoridade penal) neste interessa saber se o agente
ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.  é portador de alguma doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardo, caso positivo é considerado
Legítima defesa inimputável.
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando b. Sistema psicológico: neste o que interessa é o somen-
moderadamente dos meios necessários, repele injusta agres- te o momento da ação ou omissão delituosa, se ele tinha
são, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. ou não condições de avaliar o caráter criminoso do fato e
de orientar-se de acordo com esse entendimento, ou seja, o
DA IMPUTABILIDADE PENAL momento da pratica do crime. A emoção não excluir a impu-
A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um indiví- tabilidade. E pessoa que comete crime, com integral alterna-
duo a responsabilidade por uma infração. Segundo prescreve ção de seu estado físico-psíquico responde pelos seus atos.
o artigo 26, do Código Penal, podemos, também, definir a c. Sistema biopsicológico: exige-se que a causa geradora
imputabilidade como a capacidade do agente entender o ca- esteja prevista em lei e que, além disso, atue efetivamente
ráter ilícito do fato por ele perpetrado ou, de determinar-se de no momento da ação delituosa, retirando do agente a capa-
acordo com esse entendimento. cidade de entendimento e vontade. Desta forma, será inim-
É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo entre putável aquele que, em razão de uma causa prevista em lei
a ação e seu agente, imputando a alguém a realização de um
(doença mental, incompleto ou retardado), atue no momen-
determinado ato.
to da pratica da infração penal sem capacidade de entender
Quando existe algum agravo à saúde mental, os indiví-
o caráter criminoso do fato.
duos podem ser considerados inimputáveis – se não tiverem
discernimento sobre os seus atos ou não possuírem autocon-
Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema biop-
trole, são isentos de pena.
Os semi-imputáveis são aqueles que, sem ter o discerni- sicológico
mento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou pre- (a) Causal: existencial de doença mental ou de desen-
judicados por doença ou transtorno mental. volvimento incompleto ou retardado, causas prevista em lei.
(b) Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão
Causas que excluem a imputabilidade delituosa.
Doença Mental, (c) Consequencial: perda total da capacidade de enten-
Desenvolvimento mental incompleto, der ou da capacidade de querer.
Desenvolvimento mental retardado e Somente há inimputabilidade se os três requisitos estive-
Embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou rem presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos, regidos
força maior. pelo sistema biológico.

1. Doença mental Questões processuais sobre inimputabilidade


É a perturbação mental ou psíquica de qualquer ordem, A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo exame
capaz de eliminar ou afetar a capacidade de entender o cará- pericial, através do médico legal, exame denominado inci-
ter criminoso do fato ou a de comandar a vontade de acordo dente de insanidade mental, onde suspende-se o processo
com esse entendimento. Importante esclarecer que a depen- ate o resulto final. Há prazo de 10 dias para provar a existên-
dência patológica, como drogas configura doença mental cia da causa excludente da culpabilidade (Lei nº 11.719, de
quando retirar a capacidade de entender ou querer. junho de 2008).

2. Desenvolvimento mental incompleto Embriaguez


É o desenvolvimento que não se concluiu, devido à recen- A embriaguez seria a causa capaz de levar à exclusão da
te idade cronológica do agente ou a sua falta de convivência capacidade de entendimento e vontade do agente, em virtu-
na sociedade, ocasionando imaturidade mental e emocional. de de uma intoxicação aguda e transitória causada por álcool
Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem san- ou qual substancia de efeitos psicotrópicos como morfina,
ção penal pela pratica de ilícito penal, em decorrência da au- ópio, cocaína entre outros.
sência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento me-
didas sócio educativos prevista no ECA.
3. Desenvolvimento mental retardado Dispõe o Código Penal:
É o incompatível com o estágio de vida em que se encon-
tra a pessoa, estando, portanto, abaixo do desenvolvimento (...)
normal para aquela idade cronológica. Sua capacidade não

51
LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

TÍTULO III (C) Levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha
DA IMPUTABILIDADE PENAL a prestar fiança, ainda que não prevista em lei.
(D) Lesar a honra ou o patrimônio de pessoa natural ou
Inimputáveis jurídica, mesmo quando esse ato for praticado sem abuso ou
Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença men- desvio de poder.
tal ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, (E) Recusar o carcereiro ou o agente de autoridade policial
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz recibo de importância adquirida a título de carceragem, custas,
de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de emolumentos ou de qualquer outra despesa.
acordo com esse entendimento.
Redução de pena 03. (TRT - 18ª Região (GO) - Juiz do Trabalho – 2014 -
Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a FCC) No que concerne aos crimes de abuso de autoridade, é
dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde correto afirmar que:
mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou re- (A) Compete à Justiça Militar processar e julgar militar por
tardado não era inteiramente capaz de entender o caráter crime de abuso de autoridade praticado em serviço, segundo
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse en- entendimento sumulado do Superior Tribunal de Justiça.
tendimento. (B) É cominada pena privativa de liberdade na modalidade
de reclusão.
Menores de dezoito anos (C) Se considera autoridade apenas quem exerce cargo,
Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmen- emprego ou função pública, de natureza civil ou militar, não
te inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na transitório e remunerado.
legislação especial. (D) Não é cominada pena de multa.
(E) Constitui abuso de autoridade qualquer atentado aos
Emoção e paixão direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional.
Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal:
I - a emoção ou a paixão; 04. (Prefeitura de Taubaté/SP – Escriturário – 2015 -PU-
BLICONSULT) Se um servidor, ao final do expediente, leva para
Embriaguez casa clips, canetas, borrachas, folhas de papel, por exemplo,
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou ainda que em pequena quantidade, fere o patrimônio público,
substância de efeitos análogos. cometendo um ato ilícito, que é um crime previsto no Código
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez Penal brasileiro, caracterizado pela apropriação, por parte do
completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, servidor público, de valores ou qualquer outro bem móvel ou
ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de de consumo em proveito próprio ou de outrem. Trata-se do(a):
entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de (A) Concussão
acordo com esse entendimento. (B) Improbidade administrativa
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se (C) Peculato
o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou (D) Prevaricação
força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a
plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de 05. (TRF - 3ª REGIÃO - Analista Judiciário – 2014 - FCC)
determinar-se de acordo com esse entendimento. No que concerne aos crimes contra o patrimônio,
(A) se o agente obteve vantagem ilícita, em prejuízo da víti-
Questões ma, mediante fraude, responderá pelo delito de extorsão.
(B) se, no crime de roubo, em razão da violência emprega-
01. (PC/PI - Escrivão de Polícia Civil – 2014 - UESPI) da pelo agente, a vítima sofreu lesões corporais leves, a pena
Constitui abuso de autoridade, exceto: aumenta-se de um terço.
(A) Atentado à inviolabilidade do domicílio e à liberdade (C) se configura o crime de receptação mesmo se a coisa
de locomoção. tiver sido adquirida pelo agente sabendo ser produto de crime
(B) Atentado ao sigilo da correspondência e à liberdade não classificado como de natureza patrimonial.
de consciência e de crença. (D) não comete infração penal quem se apropria de coisa alheia
(C) Atentado ao livre culto religioso e ao direito de reunião. vinda a seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza.
(D) Atentado a fuga de preso e transgressão irregular de (E) o corte e a subtração de eucaliptos de propriedade
natureza grave. alheia não configura, em tese, o crime de furto por não se tra-
(E) Atentado aos direito e garantias legais assegurados tar de bem móvel.
ao exercício do voto e ao direito de reunião.
06. (PC-SP - Investigador de Polícia – 2014 - VUNESP)
02. (DETRAN/DF - Agente de Trânsito – 2012 - FUNI- Nos termos do Código Penal, assinale a alternativa que conte-
VERSA) Constitui abuso de autoridade, nha apenas crimes contra o patrimônio.
(A) Ordenar ou executar medida privativa da liberdade (A) Homicídio; estelionato; extorsão
individual. (B) Estelionato; furto; roubo.
(B) Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a ve- (C) Dano; estupro; homicídio
xame ou a constrangimento, mesmo que autorizado em lei, (D) Furto; roubo; lesão corporal.
pois essa atitude é incompatível com o Estado de Direito. (E) Extorsão; lesão corporal; dano.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

07. (PC-TO - Delegado de Polícia – 2014- Aroeira) É cri- 03. E.


me contra o patrimônio, em que somente se procede mediante O Artigo 3º da Lei do Abuso de Autoridade assim preceitua:
representação, Art. 3º. Constitui abuso de autoridade qualquer atentado:
(A) o furto de coisa comum. (A) à liberdade de locomoção;
(B) a alteração de limites. (B) à inviolabilidade do domicílio;
(C) o dano simples. (C) ao sigilo da correspondência;
(D) a fraude à execução. (D) à liberdade de consciência e de crença;
(E) ao livre exercício do culto religioso;
08. (Polícia Civil/SP - Escrivão de Polícia – 2013 - VU- f) à liberdade de associação;
NESP) A conduta de constranger alguém, mediante violência g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
ou grave ameaça e com o intuito de obter para si ou para ou- do voto;
trem trem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se h) ao direito de reunião;
faça ou deixar fazer alguma coisa caracteriza o crime de i) à incolumidade física do indivíduo;
(A) extorsão. j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício
(B) abuso de poder. profissional.
(C) exercício arbitrário.
(D) coação no curso do processo. 04. C.
(E) roubo. (Peculato) Art. 312 do CP - Apropriar-se o funcionário pú-
blico de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público
09. (TJ/ RJ – Juiz Substituto – 2012 - VUNESP) A regra ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá
tempus regit actum explica o fenômeno da -lo, em proveito próprio ou alheio
(A) retroatividade da lei penal mais benéfica.
(B) ultratividade da lei penal excepcional. 05. C.
(C) territorialidade temperada. Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar,
(D) extraterritorialidade. em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de
crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba
10. (PC/CE - Inspetor de Polícia Civil de 1a Classe – 2015 ou oculte:
- VUNESP) Nos termos do Código Penal, a imputabilidade pe- Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
nal é excluída pela
(A) embriaguez completa e culposa que torna o autor, ao 06. B.
tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de enten- Código Penal:
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para ou-
esse entendimento. trem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois
(B) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto de havê-la, por qualquer meio,
ou retardado, que torna o autor, ao tempo da ação ou da omis-
são, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 07. A.
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Furto de coisa comum
(C) emoção Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si
(D) paixão. ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum:
(E) embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
maior, que privou o autor, ao tempo da ação ou da omissão, § 1º - Somente se procede mediante representação.
da plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de § 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível,
determinar-se de acordo com esse entendimento cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
Embora o direito de punir continue sendo estatal, a iniciati-
Respostas va se transfere ao ofendido quando os delitos atingem sua inti-
midade, de forma que pode optar por não levar a questão a juí-
01. D. zo, assim a legitimidade ativa é do próprio particular ofendido.
O preso não tem o direito de fugir, muito pelo contrário,
conforme estabelecido no Art. 50 da lei em análise: 08. A.
Art. 50. = Comete falta grave o condenado à pena privativa Código Penal:
de liberdade que: II – fugir. Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou gra-
ve ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem
02. E. indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou
A questão pediu apenas a letra da lei, ou seja, a letra “G” deixar fazer alguma coisa:
do art. 4º da lei 4898/65, que é uma letra morta, uma vez que Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
há a inaplicabilidade desse tipo penal por não existir no siste- § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou
ma carcerário brasileiro quaisquer custas ou emolumentos ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até
outras despesas semelhantes, tornando esse tipo penal inapli- metade.
cável. Dessa forma, se o agente praticar essa conduta ela será § 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o
ATÍPICA em relação ao delito de abuso de autoridade. disposto no § 3º do artigo anterior.

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LEGISLAÇÃO PERTINENTE AO POLICIAL MILITAR DE ALAGOAS

§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liber- Disponível em: http://www.tudosobreconcursos.com/


dade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção materiais/direito-penal/dos-crimes-contra-a-vida. Acesso em
da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 março de 2016.
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morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, Disponível em: http://ccdias.jusbrasil.com.br/arti-
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09. B.
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Art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido mo-penal-uma-ciencia-do-direito-uma-ideia-filosofica-e-um
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tender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo
com esse entendimento. Disponível em:http://navalmg.jusbrasil.com.br/arti-
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agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força de 2017.
maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena
capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de deter- Disponível em:http://lfg.jusbrasil.com.br/noti-
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54
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

1 Conceito..............................................................................................................................................................................................................................01
2 Evolução..............................................................................................................................................................................................................................03
3 Abrangência.......................................................................................................................................................................................................................08
4 Sistema de Proteção.......................................................................................................................................................................................................08
5 Convenção americana sobre direitos humanos (Pacto de São José e Decreto nº 678/1992).......................................................20
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Prof. Ma. Bruna Pinotti Garcia Oliveira natural foi fundamental para a estruturação dos direitos
dos homens, ficando reconhecido que a pessoa humana
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, possui direitos inalienáveis e imprescritíveis, válidos em
Estado e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. qualquer tempo e lugar, que devem ser respeitados por
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro todos os Estados e membros da sociedade. O direito
Universitário Eurípides de Marília (UNIVEM) – bolsista natural é, então, comum a todos e, ligado à própria origem
CAPES. Professora de curso preparatório para concursos da humanidade, representa um padrão geral, funcionando
e universitária (Universidade Federal de Goiás – UFG e como instrumento de validação das ordens positivas2.
Faculdade do Noroeste de Minas – FINOM). Autora de O direito natural, na sua formulação clássica, não é um
diversos trabalhos científicos publicados em revistas conjunto de normas paralelas e semelhantes às do direito
qualificadas, anais de eventos e livros, notadamente na positivo, e sim o fundamento deste direito positivo, sendo
área do direito eletrônico, dos direitos humanos e do formado por normas que servem de justificativa a este, por
direito constitucional. exemplo: “deve se fazer o bem”, “dar a cada um o que lhe é
devido”, “a vida social deve ser conservada”, “os contratos
devem ser observados” etc.3
1 CONCEITO. Em literatura, destaca-se a obra do filósofo Sófocles4
intitulada Antígona, na qual a personagem se vê em
conflito entre seguir o que é justo pela lei dos homens
em detrimento do que é justo por natureza quando o
Teoria geral dos direitos humanos é o estudo dos rei Creonte impõe que o corpo de seu irmão não seja
direitos humanos, desde os seus elementos básicos como enterrado porque havia lutado contra o país. Neste sentido,
conceito, características, fundamentação e finalidade, a personagem Antígona defende, ao ser questionada
passando pela análise histórica e chegando à compreensão sobre o descumprimento da ordem do rei: “sim, pois não
de sua estrutura normativa. foi decisão de Zeus; e a Justiça, a deusa que habita com
Na atualidade, a primeira noção que vem à mente as divindades subterrâneas, jamais estabeleceu tal decreto
quando se fala em direitos humanos é a dos documentos entre os humanos; tampouco acredito que tua proclamação
internacionais que os consagram, aliada ao processo de tenha legitimidade para conferir a um mortal o poder de
transposição para as Constituições Federais dos países infringir as leis divinas, nunca escritas, porém irrevogáveis;
democráticos. Contudo, é possível aprofundar esta noção não existem a partir de ontem, ou de hoje; são eternas, sim!
se tomadas as raízes históricas e filosóficas dos direitos E ninguém pode dizer desde quando vigoram! Decretos
humanos, as quais serão abordadas em detalhes adiante, como o que proclamaste, eu, que não temo o poder de
acrescentando-se que existem direitos inatos ao homem homem algum, posso violar sem merecer a punição dos
independentemente de previsão expressa por serem deuses! [...]”.
elementos essenciais na construção de sua dignidade. O desrespeito às normas de direito natural - e porque
Logo, um conceito preliminar de direitos humanos pode não dizer de direitos humanos - leva à invalidade da norma
ser estabelecido: direitos humanos são aqueles inerentes que assim o preveja (Ex: autorizar a tortura para fins de
ao homem enquanto condição para sua dignidade que investigação penal e processual penal não é simplesmente
usualmente são descritos em documentos internacionais inconstitucional, é mais que isso, por ser inválida perante
para que sejam mais seguramente garantidos. A conquista a ordem internacional de garantia de direitos naturais/
de direitos da pessoa humana é, na verdade, uma busca da humanos uma norma que contrarie a dignidade inerente
dignidade da pessoa humana. ao homem sob o aspecto da preservação de sua vida e
O direito natural se contrapõe ao direito positivo, integridade física e moral).
localizado no tempo e no espaço: tem como pressuposto a Enfim, quando questões inerentes ao direito natural
ideia de imutabilidade de certos princípios, que escapam à passam a ser colocadas em textos expressos tem-se a
história, e a universalidade destes princípios transcendem formação de um conceito contemporâneo de direitos
a geografia. A estes princípios, que são dados e não postos humanos. Entre outros documentos a partir dos quais
por convenção, os homens têm acesso através da razão tal concepção começou a ganhar forma, destacam-se:
comum a todos (todo homem é racional), e são estes Magna Carta de 1215, Bill of Rights ao final do século
princípios que permitem qualificar as condutas humanas XVII e Constituições da Revolução Francesa de 1789
como boas ou más, qualificação esta que promove uma e Americana de 1787. No entanto, o documento que
contínua vinculação entre norma e valor e, portanto, entre constitui o marco mais significativo para a formação de
Direito e Moral.1 uma concepção contemporânea de direitos humanos é a
As premissas dos direitos humanos se encontram no
2 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um
conceito de lei natural. Lei natural é aquela inerente à
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
humanidade, independentemente da norma imposta, e Letras, 2009.
que deve ser respeitada acima de tudo. O conceito de lei 3 MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do Direi-
1 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um to. 26. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005.
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das 4 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville.
Letras, 2009. São Paulo: Martin Claret, 2003.

1
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Declaração Universal de Direitos Humanos de 1948. Após práticas ilícitas ou como argumento para afastamento ou
ela, muitos outros documentos relevantes surgiram, como diminuição da responsabilidade por atos ilícitos, assim os
o Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos e Pacto direitos humanos não são ilimitados e encontram seus
Internacional de Direitos Humanos, Sociais e Culturais, limites nos demais direitos igualmente consagrados como
ambos de 1966, além da Convenção Interamericana de humanos.
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) de A finalidade primordial dos direitos humanos é garantir
1969, entre outros. que a dignidade do homem não seja violada, estabelecendo
Os direitos humanos possuem as seguintes um rol de bens jurídicos fundamentais que merecem
características principais: proteção inerentes, basicamente, aos direitos civis (vida,
1) Historicidade: os direitos humanos possuem segurança, propriedade e liberdade), políticos (participação
antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos, direta e indireta nas decisões políticas), econômicos
adquirem novas perspectivas. Nesta característica se (trabalho), sociais (igualdade material, educação, saúde
enquadra a noção de dimensões de direitos. e bem-estar), culturais (participação na vida cultural) e
2) Universalidade: os direitos humanos pertencem a ambientais (meio ambiente saudável, sustentabilidade
todos e por isso se encontram ligados a um sistema global para as futuras gerações). Percebe-se uma proximidade
(ONU), o que impede o retrocesso. entre os direitos humanos e os direitos fundamentais do
3) Inalienabilidade: os direitos humanos não possuem homem, o que ocorre porque o valor da pessoa humana na
conteúdo econômico-patrimonial, logo, são intransferíveis, qualidade de valor-fonte da ordem de vida em sociedade
inegociáveis e indisponíveis, estando fora do comércio, o fica expresso juridicamente nestes direitos fundamentais
que evidencia uma limitação do princípio da autonomia do homem.
privada. Finalizando o tópico, estuda-se a estrutura normativa
4) Irrenunciabilidade: direitos humanos não podem dos direitos humanos. Na verdade, ela se assemelha com a
ser renunciados pelo seu titular devido à fundamentalidade estrutura normativa do próprio direito internacional, já que
material destes direitos para a dignidade da pessoa humana. os direitos humanos designam notadamente os direitos
5) Inviolabilidade: direitos humanos não podem deixar afirmados universalmente em documentos internacionais,
de ser observados por disposições infraconstitucionais ou registrados perante organizações internacionais diversas.
por atos das autoridades públicas, sob pena de nulidades. A formação de uma estrutura normativa de
6) Indivisibilidade: os direitos humanos compõem
direitos humanos pode ser remontada ao processo de
um único conjunto de direitos porque não podem ser
internacionalização destes direitos, que é relativamente
analisados de maneira isolada, separada.
recente, remetendo-se ao pós-guerra enquanto resposta
7) Imprescritibilidade: os direitos humanos não se
às atrocidades e aos terrores cometidos durante o nazismo,
perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
notadamente diante da lógica de destruição de Hitler e da
sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
descartabilidade da pessoa humana por ele pregada que
falta de uso (prescrição).
gerou o extermínio de 11 milhões de pessoas, tudo com
8) Complementaridade: os sistemas regionais
embasamento legal. Logo, se a Segunda Guerra Mundial
descentralizam a ONU para respeitar a complementaridade,
ou seja, os diferentes elementos de base cultural, religiosa foi uma ruptura com os direitos humanos, o pós-guerra
e social das diversas regiões. foi o marco para o reencontro com estes5, consolidando-
9) Interdependência: as dimensões de direitos se o processo de formação dos sistemas internacionais de
humanos apresentam uma relação orgânica entre si, proteção pouco a pouco.
logo, a dignidade da pessoa humana deve ser buscada Os sistemas internacionais de proteção de direitos
por meio da implementação mais eficaz e uniforme das humanos se estabelecem no âmbito de organizações
liberdades clássicas, dos direitos sociais, econômicos e de internacionais, conforme as regras e princípios de direito
solidariedade como um todo único e indissolúvel. internacional.
10) Efetividade: para dar efetividade aos direitos Globalmente, coexistem sistemas geral e especial
humanos a ONU se subdivide, isto é, o tratamento é global de proteção de direitos humanos, que funcionam
mas certas áreas irão cuidar de determinados direitos de complementarmente. Nesta linha, o sistema especial realça
suas regiões. Além disso, há uma descentralização para os o processo de especificação do sujeito de Direito, passando
sistemas regionais para preservar a complementaridade, ele a ser visto em sua especificidade e concreticidade (ex:
sem a qual não há efetividade. Reflete tal característica a criança, grupos vulneráveis, mulher). Já o sistema geral é
aplicabilidade imediata dos direitos humanos prevista no endereçado a toda e qualquer pessoa, concebida em sua
art. 5°, §1° da Constituição Federal. abstração e generalidade. Não obstante, junto ao sistema
11) Relatividade: o princípio da relatividade dos direitos normativo global existem os sistemas normativos regionais
humanos possui dois sentidos: por um, o multiculturalismo de proteção, internacionalizando direitos humanos no
existente no globo impede que a universalidade se
5 PIOVESAN, Flávia. Introdução ao sistema interamericano de
consolide plenamente, de forma que é preciso levar
proteção dos direitos humanos: a convenção americana de direitos
em consideração as culturas locais para compreender humanos. In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste-
adequadamente os direitos humanos; por outro, os direitos ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o direito
humanos não podem ser utilizados como um escudo para brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.

2
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

plano regional, notadamente Europa, América e África, “O processo preparatório do chamado Pacto de
cada qual com aparato jurídico próprio6. Tais sistemas San José teve presente a questão da coexistência e
coexistem de forma complementar, junto com o próprio coordenação da nova Convenção regional com os
sistema nacional de proteção (caráter interno). instrumentos internacionais de direitos humanos das
1) Sistema global de proteção: estabelece-se Nações Unidas. Com a entrada em vigor da Convenção,
notadamente no âmbito da Organização das Nações Unidas, prevendo o estabelecimento de uma Comissão e uma
primeira e mais importante organização internacional no Corte Interamericanas de Direitos Humanos, surgiram
processo de internacionalização dos direitos humanos. questões como a ‘transição’ entre o regime pré-existente e
Ela foi criada em 1945 para manter a paz e a segurança o da Convenção no tocante ao labor da Comissão”8.
internacionais, bem como promover relações de amizade Destacam-se, ainda, documentos regionais
entre as nações, cooperação internacional e respeito aos interamericanos voltados à proteção de determinados
direitos humanos7. Ao lado da Declaração Universal dos direitos humanos: Convenção interamericana para prevenir,
Direitos Humanos de 1948, a Carta das Nações Unidas de punir e erradicar a violência contra a mulher de 1994,
1945 é considerada um dos principais marcos à concepção Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as
contemporânea de direitos humanos. Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras
No entanto, muitos outros documentos compõem de Deficiência de 1999, Convenção Interamericana para
a estrutura normativa de proteção dos direitos humanos Prevenir e Punir a Tortura de 1985, etc.
no âmbito global. Em destaque: Pacto Internacional de 3) Sistema nacional de proteção: o sistema interno
Direitos Civis e Políticos de 1966; Pacto Internacional dos de proteção dos direitos humanos se forma com a
Direitos Econômicos, Sociais e Culturais de 1966; Estatuto institucionalização destes direitos no texto das Constituições
de Roma de 1998; Convenção sobre a eliminação de todas democráticas, bem como com a incorporação no âmbito
as formas de discriminação contra a mulher de 1979; interno dos tratados internacionais dos quais o país seja
Declaração sobre a Proteção de Todas as Pessoas contra a signatário, mediante o devido processo legal.
Tortura e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos
ou Degradantes de 1975; Convenção contra a Tortura
e Outras Penas ou Tratamentos Cruéis, Desumanos ou 2 EVOLUÇÃO.
Degradantes de 1984; Convenção Internacional sobre os
Direitos da Criança de 1989; Convenção das Nações Unidas
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de 2006;
Regras Mínimas para o Tratamento dos Reclusos de 1955; O surgimento dos direitos humanos está envolvido
etc. São inúmeros os documentos internacionais voltados à num histórico complexo no qual pesaram vários fatores:
proteção dos direitos humanos, algum de caráter genérico, tradição humanista, recepção do direito romano, senso
outros de caráter específico. comum da sociedade da Europa na Idade Média, tradição
2) Sistema regional de proteção: os sistemas de cristã, entre outros9. Com efeito, são muitos os elementos
proteção regionais mais consistentes são o interamericano relevantes para a formação do conceito de direitos
e o europeu. O africano também, aos poucos, toma novos humanos tal qual perceptível na atualidade de forma que
rumos, enquanto que o islamo-arábico permanece na total é difícil estabelecer um histórico linear do processo de
inefetividade. O Brasil faz parte do sistema interamericano formação destes direitos. Entretanto, é possível apontar
de proteção de direitos humanos. alguns fatores históricos e filosóficos diretamente ligados à
A Carta da Organização dos Estados Americanos, que construção de uma concepção contemporânea de direitos
criou a Organização dos Estados Americanos, foi celebrada humanos.
na IX Conferência Internacional Americana de 30 de abril É a partir do período axial (800 a.C. a 200 a.C.), ou seja,
de 1948, em Bogotá e entrou em vigência no dia 13 de mesmo antes da existência de Cristo, que o ser humano
dezembro de 1951, sendo reformada pelos protocolos de passou a ser considerado, em sua igualdade essencial,
Buenos Aires (27 de fevereiro de 1967), de Cartagena das como um ser dotado de liberdade e razão. Surgiam assim
Índias (5 de dezembro de 1985), de Washington (14 de os fundamentos intelectuais para a compreensão da
dezembro de 1992) e de Manágua (10 de junho de 1993). pessoa humana e para a afirmação da existência de direitos
Após a criação da OEA, foi elaborado o mais importante universais, porque a ela inerentes. Durante este período
documento de proteção de direitos humanos no âmbito que despontou a ideia de uma igualdade essencial entre
interamericano, o Pacto de San José da Costa Rica, todos os homens. Contudo, foram necessários vinte e
também chamado de Convenção Americana sobre Direitos
Humanos, de 1969. 8 TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. O sistema interame-
ricano de direitos humanos no limiar do novo século: recomendações
6 PIOVESAN, Flávia. Introdução ao sistema interamericano de para o fortalecimento de seu mecanismo de proteção. In: GOMES, Luís
proteção dos direitos humanos: a convenção americana de direitos Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de pro-
humanos. In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O siste- teção dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista
ma interamericano de proteção dos direitos humanos e o direito dos Tribunais, 2000.
brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. 9 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica
7 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p.
Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 27-29, jul. 2009.

3
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

cinco séculos para que a Organização das Nações Unidas que prevaleceram durante toda a Idade Média e mesmo
- ONU, que pode ser considerada a primeira organização além dela. O estoicismo organizou-se em torno de algumas
internacional a englobar a quase-totalidade dos povos ideias centrais, como a unidade moral do ser humano e
da Terra, proclamasse, na abertura de uma Declaração a dignidade do homem, considerado filho de Zeus e
Universal dos Direitos Humanos de 1948, que “todos os possuidor, como consequência, de direitos inatos e iguais
homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos”10. em todas as partes do mundo, não obstante as inúmeras
No berço da civilização grega continuou a discussão a diferenças individuais e grupais15.
respeito da existência de uma lei natural inerente a todos Influenciado pelos estóicos, Cícero (106 a.C. - 43
os homens. As premissas da concepção de lei natural a.C.), um dos principais pensadores do período da jovem
estão justamente na discussão promovida na Grécia república romana, também defendeu a existência de uma
antiga, no espaço da polis. Neste sentido, destaca Assis11 lei natural. Neste sentido é a assertiva de Cícero16: “a razão
que, originalmente, a concepção de lei natural está ligada reta, conforme à natureza, gravada em todos os corações,
não só à de natureza, mas também à de diké: a noção de imutável, eterna, cuja voz ensina e prescreve o bem, afasta
justiça simbolizada a partir da deusa diké é muito ampla e do mal que proíbe e, ora com seus mandados, ora com suas
abstrata, mas com a legislação passou a ter um conteúdo proibições, jamais se dirige inutilmente aos bons, nem fica
palpável, de modo que a justiça deveria corresponder às impotente ante os maus. Essa lei não pode ser contestada,
leis da cidade; entretanto, é preciso considerar que os nem derrogada em parte, nem anulada; não podemos ser
costumes primitivos trazem o justo por natureza, que pode isentos de seu cumprimento pelo povo nem pelo senado;
se contrapor ao justo por convenção ou legislação, devendo não há que procurar para ela outro comentador nem
prevalecer o primeiro, que se refere ao naturalmente justo, intérprete; não é uma lei em Roma e outra em Atenas, -
sendo esta a origem da ideia de lei natural. uma antes e outra depois, mas uma, sempiterna e imutável,
De início, a literatura grega trouxe na obra Antígona entre todos os povos e em todos os tempos”.
uma discussão a respeito da prevalência da lei natural sobre Com a queda do Império Romano, iniciou-se o período
a lei posta. Na obra, a protagonista discorda da proibição medieval, predominantemente cristianista. Um dos
do rei Creonte de que seu irmão fosse enterrado, uma vez grandes pensadores do período, Santo Tomás de Aquino
que ele teria traído a pátria. Assim, enterra seu irmão e (1225 d.C. -1274 d.C.)17, supondo que o mundo e toda a
argumenta com o rei que nada do que seu irmão tivesse comunidade do universo são regidos pela razão divina
feito em vida poderia dar o direito ao rei de violar a regra e que a própria razão do governo das coisas em Deus
imposta pelos deuses de que todo homem deveria ser fundamenta-se em lei, entendeu que existe uma lei eterna
enterrado para que pudesse partir desta vida: a lei natural ou divina, pois a razão divina nada concebe no tempo e é
prevaleceria então sobre a ordem do rei.12 sempre eterna. Com base nisso, Aquino18 chamou de lei
Os sofistas, seguidores de Sócrates (470 a.C. - 399 natural “a participação da lei eterna na lei racional”. Sobre
a.C.), o primeiro grande filósofo grego, questionaram essa o conteúdo da lei natural, definiu Aquino (2005, p. 562)
concepção de lei natural, pois a lei estabelecida na polis, que “todas aquelas coisas que devem ser feitas ou evitadas
fruto da vontade dos cidadãos, seria variável no tempo e no pertencem aos preceitos da lei de natureza, que a razão
espaço, não havendo que se falar num direito imutável; ao prática naturalmente apreende ser bens humanos”. Logo,
passo que Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.), que o sucedeu, a lei natural determina o agir virtuoso, o que se espera do
estabeleceu uma divisão entre a justiça positiva e a natural, homem em sociedade, independentemente da lei humana.
reconhecendo que a lei posta poderia não ser justa13. Com a concepção medieval de pessoa humana é que se
Aristóteles14 argumenta: “lei particular é aquela que iniciou um processo de elaboração em relação ao princípio
cada comunidade determina e aplica a seus próprios da igualdade de todos, independentemente das diferenças
membros; ela é em parte escrita e em parte não escrita. A existentes, seja de ordem biológica, seja de ordem cultural.
lei universal é a lei da natureza. Pois, de fato, há em cada Foi assim, então, que surgiu o conceito universal de direitos
um alguma medida do divino, uma justiça natural e uma humanos, com base na igualdade essencial da pessoa19.
injustiça que está associada a todos os homens, mesmo
naqueles que não têm associação ou pacto com outro”. 15 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
Nesta linha, destaca-se o surgimento do estoicismo, Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
doutrina que se desenvolveu durante seis séculos, desde 16 CÍCERO, Marco Túlio. Da República. Tradução Amador Cis-
os últimos três séculos anteriores à era cristã até os neiros. Rio de Janeiro: Ediouro, 1995.
primeiros três séculos desta era, mas que trouxe ideias 17 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodrí-
10 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos guez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição
Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, ques-
11 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, tões 57 a 122.
liberdade e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. 18 AQUINO, Santo Tomás de. Suma teológica. Tradução Aldo
12 SÓFOCLES. Édipo rei / Antígona. Tradução Jean Melville. Vannucchi e Outros. Direção Gabriel C. Galache e Fidel García Rodrí-
São Paulo: Martin Claret, 2003. guez. Coordenação Geral Carlos-Josaphat Pinto de Oliveira. Edição
13 ASSIS, Olney Queiroz. O estoicismo e o Direito: justiça, Joaquim Pereira. São Paulo: Loyola, 2005b. v. VI, parte II, seção II, ques-
liberdade e poder. São Paulo: Lúmen, 2002. tões 57 a 122.
14 ARISTÓTELES. Retórica. Tradução Marcelo Silvano Madeira. 19 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
São Paulo: Rideel, 2007.  Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.

4
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

No processo de ascensão do absolutismo europeu, Com efeito, quando passou a se questionar o conceito
a monarquia da Inglaterra encontrou obstáculos para se de Soberano, ao qual todos deveriam obediência mas
estabelecer no início do século XIII, sofrendo um revés. que não deveria obedecer a ninguém. Indagou-se se os
Ao se tratar da formação da monarquia inglesa, em 1215 indivíduos que colocaram o Soberano naquela posição
os barões feudais ingleses, em uma reação às pesadas (pois sem povo não há Soberano) teriam direitos no regime
taxas impostas pelo Rei João Sem-Terra, impuseram-lhe social e, em caso afirmativo, quais seriam eles. As respostas
a Magna Carta. Referido documento, em sua abertura, a estas questões iniciam uma visão moderna do direito
expõe a noção de concessão do rei aos súditos, estabelece natural, reconhecendo-o como um direito que acompanha
a existência de uma hierarquia social sem conceder poder o cidadão e não pode ser suprimido em nenhuma
absoluto ao soberano, prevê limites à imposição de circunstância.22
tributos e ao confisco, constitui privilégios à burguesia e Antes que despontassem as grandes revoluções que
traz procedimentos de julgamento ao prever conceitos interromperam o contexto do absolutismo europeu, na
como o de devido processo legal, habeas corpus e júri. Inglaterra houve uma árdua discussão sobre a garantia
Não que a carta se assemelhe a uma declaração de direitos das liberdades pessoais, ainda que o foco fosse a proteção
humanos, principalmente ao se considerar que poucos do clero e da nobreza. Quando a dinastia Stuart tentou
homens naquele período eram de fato livres, mas ela foi transformar o absolutismo de fato em absolutismo de
fundamental naquele contexto histórico de falta de limites direito, ignorando o Parlamento, este impôs ao rei a
ao soberano20. A Magna Carta de 1215 instituiu ainda um Petição de Direitos de 1948, que exigia o cumprimento da
Grande Conselho que foi o embrião para o Parlamento Magna Carta de 1215. Contudo, o rei se recusou a fazê-
inglês, embora isto não signifique que o poder do rei não lo, fechando por duas vezes o Parlamento, sendo que a
tenha sido absoluto em certos momentos, como na dinastia segunda vez gerou uma violenta reação que desencadeou
Tudor. Havia um absolutismo de fato, mas não de Direito. uma guerra civil. Após diversas transições no trono inglês,
Em geral, o absolutismo europeu foi marcado despontou a Revolução Gloriosa que durou de 1688 até
profundamente pelo antropocentrismo, colocando o 1689, conferindo-se o trono inglês a Guilherme de Orange,
homem no centro do universo, ocupando o espaço de que aceitou a Declaração de Direitos - Bill of Rights.
Deus. Naturalmente, as premissas da lei natural passaram Todo este movimento resultou, assim, nas garantias
a ser questionadas, já que geralmente se associavam à
expressas do habeas corpus e do Bill of Rights de 1698.
dimensão do divino. A negação plena da existência de
Por sua vez, a instituição-chave para a limitação do poder
direitos inatos ao homem implicava em conferir um poder
monárquico e para garantia das liberdades na sociedade
irrestrito ao soberano, o que gerou consequências que
civil foi o Parlamento e foi a partir do Bill of Rights britânico
desagradavam a burguesia.
que surgiu a ideia de governo representativo, ainda que não
O príncipe, obra de Maquiavel (1469 d.C. - 1527 d.C.)
do povo, mas pelo menos de suas camadas superiores23.
considerada um marco para o pensamento absolutista,
Tais ideias liberais foram importantes como base para
relata com precisão este contexto no qual o poder
do soberano poderia se sobrepor a qualquer direito o Iluminismo, que se desencadeou por toda a Europa.
alegadamente inato ao ser humano desde que sua atitude Destaca-se que quando isso ocorreu, em meados do
garantisse a manutenção do poder. Maquiavel21 considera século XVIII, se dava o advento do capitalismo em sua
“na conduta dos homens, especialmente dos príncipes, fase industrial. O processo de formação do capitalismo e
contra a qual não há recurso, os fins justificam os meios. a ascensão da burguesia trouxeram implicações profundas
Portanto, se um príncipe pretende conquistar e manter o no campo teórico, gerando o Iluminismo.
poder, os meios que empregue serão sempre tidos como O Iluminismo lançou base para os principais eventos
honrosos, e elogiados por todos, pois o vulgo atenta que ocorreram no início da Idade Contemporânea, quais
sempre para as aparências e os resultados”. sejam as Revoluções Francesa, Americana e Industrial.
Os monarcas dos séculos XVI, XVII e XVIII agiam de Tiveram origem nestes movimentos todos os principais
forma autocrática, baseados na teoria política desenvolvida fatos do século XIX e do início do século XX, por exemplo,
até então que negava a exigência do respeito à Ética, a disseminação do liberalismo burguês, o declínio das
logo, ao direito natural, no espaço público. Somente aristocracias fundiárias e o desenvolvimento da consciência
num momento histórico posterior se permitiu algum de classe entre os trabalhadores24.
resgate da aproximação entre a Moral e o Direito, qual Jonh Locke (1632 d.C. - 1704 d.C.) foi um dos pensadores
seja o da Revolução Intelectual dos séculos XVII e XVIII, da época, transportando o racionalismo para a política,
com o movimento do Iluminismo, que conferiu alicerce refutando o Estado Absolutista, idealizando o direito de
para as Revoluções Francesa e Industrial - ainda assim a rebelião da sociedade civil e afirmando que o contrato
visão antropocentrista permaneceu, mas começou a se 22 COSTA, Paulo Sérgio Weyl A. Direitos Humanos e Crítica
consolidar a ideia de que não era possível que o soberano Moderna. Revista Jurídica Consulex. São Paulo, ano XIII, n. 300, p.
impusesse tudo incondicionalmente aos seus súditos. 27-29, jul. 2009.
20 AMARAL, Sérgio Tibiriçá. Magna Carta: Algumas Contribui- 23 COMPARATO, Fábio Konder. A Afirmação Histórica dos
ções Jurídicas. Revista Intertemas: revista da Toledo. Presidente Pru- Direitos Humanos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
dente, ano 09, v. 11, p. 201-227, nov. 2006. 24 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental:
21 MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Tradução Pietro Nassetti. do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert
São Paulo: Martin Claret, 2007. E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.

5
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

entre os homens não retiraria o seu estado de liberdade. 3) Por sua vez, a Revolução Industrial, que começou na
Ao lado dele, pode ser colocado Montesquieu (1689 d.C. Inglaterra, criou o sistema fabril, o que reformulou a vida
- 1755 d.C.), que avançou nos estudos de Locke e na obra de homens e mulheres pelo mundo todo, não só pelos
O Espírito das Leis estabeleceu em definitivo a clássica avanços tecnológicos, mas notadamente por determinar o
divisão de poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. êxodo de milhões de pessoas do interior para as cidades.
Por fim, merece menção o pensador Rousseau (1712 d.C. Os milhares de trabalhadores se sujeitavam a jornadas
- 1778 d.C.), defendendo que o homem é naturalmente longas e desgastantes, sem falar nos ambientes insalubres
bom e formulando na obra O Contrato Social a teoria e perigosos, aos quais se sujeitavam inclusive as crianças.
da vontade geral, aceita pela pequena burguesia e pelas Neste contexto, surgiu a consciência de classe26, lançando-
camadas populares face ao seu caráter democrático. Enfim, se base para uma árdua luta pelos direitos trabalhistas.
estes três contratualistas trouxeram em suas obras as ideias Fato é que quanto maior a autonomia de vontade -
centrais das Revoluções Francesa e Americana. Em comum, buscada nas revoluções anteriores - melhor funciona o
defendiam que o Estado era um mal necessário, mas que
mercado capitalista, beneficiando quem possui maior
o soberano não possuía poder divino/absoluto, sendo suas
número de bens. Assim, a classe que detinha bens, qual seja
ações limitadas pelos direitos dos cidadãos submetidos ao
a burguesia, ampliou sua esfera de poder, enquanto que o
regime estatal. No entanto, Rousseau era o pensador que
proletariado passou a ser vítima do poder econômico. No
mais se diferenciava dos dois anteriores, que eram mais
Estado Liberal, aquele que não detém poder econômico
individualistas e trouxeram os principais fundamentos do
Estado Liberal, porque defendia a entrega do poder a quem fica desprotegido. O indivíduo da classe operária sozinho
realmente estivesse legitimado para exercê-lo, pensamento não tinha defesa, mas descobriu que ao se unir com outros
que mais se aproxima da atual concepção de democracia. em situação semelhante poderia conquistar direitos. Para
1) O primeiro grande movimento desencadeado foi a tanto, passaram a organizar greves.
Revolução Americana. Em 1776 se deu a independência das Nasceu, assim, o direito do trabalho, voltado à
treze Colônias da América Continental Britânica, registrada proteção da vítima do poder econômico, o trabalhador.
na Declaração de Direitos do Homem e, posteriormente, Parte-se do princípio da hipossuficiência do trabalhador,
na Declaração de Independência. Após diversas batalhas, que é o princípio da proteção e que gerou os princípios
a Inglaterra reconheceu a independência em 1783. da primazia, da irredutibilidade de vencimentos e outros.
Destacam-se alguns pontos do primeiro documento: o Nota-se que no campo destes direitos e dos demais direitos
artigo I do referido documento assegura a igualdade de econômicos, sociais e culturais não basta uma postura do
todos de maneira livre e independente, considerando esta indivíduo: é preciso que o Estado interfira e controle o
como um direito inato; o artigo II estabelece que o poder poder econômico.
pertence ao povo e que o Estado é responsável perante Entre os documentos relevantes que merecem menção
ele; o artigo V prevê a separação dos poderes e o artigo VI nesta esfera, destacam-se: Constituição do México de
institui a realização de eleições diretas, necessariamente. A 1917, Constituição Alemã de Weimar de 1919 e Tratado
declaração americana estava mais voltada aos americanos de Versalhes de 1919, sendo que o último instituiu a
do que à humanidade, razão pela qual a Revolução Organização Internacional do Trabalho - OIT (que emitia
Francesa costuma receber mais destaque num cenário convenções e recomendações) e pôs fim à Primeira Guerra
histórico global. Mundial.
2) Já a Revolução Francesa decorreu da incapacidade No final do século XIX e no início de século XX,
do governo de resolver sua crise financeira, ascendendo o mundo passou por variadas crises de instabilidade
com isso a classe burguesa (sans-culottes), sendo o primeiro diplomática, posto que vários países possuíam condições
evento de tal ascensão a Queda da Bastilha, em 14 de julho
suficientes para se sobreporem sobre os demais, resultado
de 1789, seguida por outros levantes populares. Derrubados
dos avanços tecnológicos e das melhorias no padrão de
os privilégios das classes dominantes, a Assembleia se
vida da sociedade. Neste contexto, surgiram condições
reuniu para o preparo de uma carta de liberdades, que veio
para a eclosão das duas Guerras Mundiais, eventos que
a ser a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.25
alteraram o curso da história da civilização ocidental. Entre
Entre outras noções, tal documento previu: a liberdade
e igualdade entre os homens quanto aos seus direitos estas, destaca-se a Segunda Guerra Mundial, cujos eventos
(artigo 1º), a necessidade de conservação dos seus foram marcados pela desumanização: todos com o devido
direitos naturais, quais sejam a liberdade, a propriedade, a respaldo jurídico perante o ordenamento dos países que
segurança e a resistência à opressão (artigo 2º); a limitação determinavam os atos. A teoria jurídica que conferiu
do direito de liberdade somente por lei (artigo 4º); o fundamento a um Direito que aceitasse tantas barbáries,
princípio da legalidade (artigo 7º); o princípio da inocência sem perder a sua validade, foi o Positivismo que teve como
(artigo 9º); a manifestação livre do pensamento (artigos 10 precursor Hans Kelsen, com a obra Teoria Pura do Direito.
e 11); e a necessária separação de poderes (artigo 16).
25 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: 26 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental:
do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert
E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2.

6
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

No entender de Kelsen27, a justiça não é a característica de uma lei do Parlamento que modificou a Constituição.
que distingue o Direito das outras ordens coercitivas Também a Constituição stalinista de 1936, completamente
porque é relativo o juízo de valor segundo o qual uma ignorada na prática, nunca foi abolida”.
ordem pode ser considerada justa. Percebe-se que a Moral No dia 10 de dezembro de 1948, a Assembleia Geral das
é afastada como conteúdo necessário do Direito, já que a Nações Unidas elaborou a Declaração Universal dos Direitos
justiça é o valor moral inerente ao Direito. Humanos. Um dos principais pensadores que contribuiu
.A Segunda Guerra Mundial chegou ao fim somente para a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948
em 1945, após uma sucessão de falhas alemãs, que foi Maritain31, que entendia que os direitos humanos da
impediram a conquista de Moscou, desprotegeram a Itália pessoa como tal se fundamentam no fato de que a pessoa
e impossibilitaram o domínio da região setentrional da humana é superior ao Estado, que não pode impor a ela
Rússia (produtora de alimentos e petróleo). Já o evento determinados deveres e nem retirar dela alguns direitos,
que culminou na rendição do Japão foi o lançamento das por ser contrário à lei natural. Em suma, para o filósofo
bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki. O mundo o homem ético é fiel aos valores da verdade, da justiça e
somente tomou conhecimento da extensão da tirania do amor, e segue a doutrina cristã para determinar seus
alemã quando os exércitos Aliados abriram os campos de atos: tais elementos determinam o agir moral e levam à
concentração na Alemanha e nos países por ela ocupados, produção do bem na sociedade humanista integral.
encontrando prisioneiros famintos, doentes e brutalizados, Moraes32 lembra que a Declaração de 1948 foi a mais
além de milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos, importante conquista no âmbito dos direitos humanos
ciganos, homossexuais e traidores do Reich em geral, que fundamentais em nível internacional, muito embora o
foram perseguidos, torturados e mortos28. instrumento adotado tenha sido uma resolução, não
Vale ressaltar a constituição de um órgão que foi constituindo seus dispositivos obrigações jurídicas dos
o responsável por redigir o primeiro documento de Estados que a compõem. O fato é que desse documento
relevância internacional abrangendo a questão dos direitos se originaram muitos outros, nos âmbitos nacional e
humanos. Em 26 de junho de 1945 foi assinada a carta de internacional, sendo que dois deles praticamente repetem
organização das Nações Unidas, que tem por fundamento e pormenorizam o seu conteúdo, quais sejam: o Pacto
o princípio da igualdade soberana de todos os estados Internacional dos Direitos Civis e Políticos e o Pacto
que buscassem a paz, possuindo uma Assembleia Geral, Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais,
um Conselho de Segurança, uma Secretaria, em Conselho ambos de 1966.
Econômico e Social, um Conselho de Mandatos e um Ainda internacionalmente, após os pactos mencionados,
Tribunal Internacional de Justiça29. vários tratados internacionais surgiram. Nesta linha,
Entre 20 de novembro de 1945 e 1º de outubro de Piovesan33 apontou os seguintes documentos: Convenção
1946 realizou-se o Tribunal de Nuremberg, ao qual foram Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de
submetidos a julgamento os principais líderes nazistas, Discriminação Racial, Convenção sobre a Eliminação
o principal argumento levantado foi o de que todas as de todas as formas de Discriminação contra a Mulher,
ações praticadas foram baseadas em ordens superiores, Convenção sobre os Direitos da Criança, Convenção sobre
todas dotadas de validade jurídica perante a Constituição. os Direitos das Pessoas com Deficiência, Convenção contra
Explica Lafer30: “No plano do Direito, uma das maneiras a Tortura, etc.
de assegurar o primado do movimento foi o amorfismo Ao lado do sistema global surgiram os sistemas
jurídico da gestão totalitária. Este amorfismo reflete- regionais de proteção, que buscam internacionalizar
se tanto em matéria constitucional quanto em todos os os direitos humanos no plano regional, em especial na
desdobramentos normativos. A Constituição de Weimar Europa, na América e na África34. Resultou deste processo a
nunca foi ab-rogada durante o regime nazista, mas a lei Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de São
de plenos poderes de 24 de março de 1933 teve não só o José da Costa Rica) de 1969.
efeito de legalizar a posse de Hitler no poder como o de No âmbito nacional, destacam-se as positivações nos
legalizar geral e globalmente as suas ações futuras. Dessa textos das Constituições Federais. Afinal, como explica
maneira, como apontou Carl Schmitt - escrevendo depois Lafer35, a afirmação do jusnaturalismo moderno de um
da II Guerra Mundial -, Hitler foi confirmado no poder,
tornando-se a fonte de toda legalidade positiva, em virtude 31 MARITAIN, Jacques. Os direitos do homem e a lei natural.
3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
27 KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 6. ed. Tradução João 32 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
Baptista Machado. São Paulo: Martins Fontes, 2003. teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
28 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert 1997.
E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. 33 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Consti-
29 BURNS, Edward McNall. História da civilização ocidental: tucional Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
do homem das cavernas às naves espaciais. 43. ed. Atualização Robert 34 PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos e o Direito Consti-
E. Lerner e Standisch Meacham. São Paulo: Globo, 2005. v. 2. tucional Internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008.
30 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um 35 LAFER, Celso. A reconstrução dos direitos humanos: um
diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das diálogo com o pensamento de Hannah Arendt. São Paulo: Cia. das
Letras, 2009. Letras, 2009.

7
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

direito racional, universalmente válido, gerou implicações Ao lado dos direitos sociais, chamados de segunda
relevantes na teoria constitucional e influenciou o processo geração, emergiram os chamados direitos de terceira
de codificação a partir de então. Embora muitos direitos geração, que constituem uma categoria ainda heterogênea
humanos também se encontrem nos textos constitucionais, e vaga, mas que concentra na reivindicação do direito de
aqueles não positivados na Carta Magna também possuem viver num ambiente sem poluição.38
proteção porque o fato de este direito não estar assegurado A doutrina não é pacífica no que tange à definição de
constitucionalmente é uma ofensa à ordem pública dimensões posteriores de direitos humanos. Para Bobbio39
internacional, ferindo o princípio da dignidade humana. - e a maioria da doutrina - os chamados direitos de quarta
dimensão se referem aos efeitos traumáticos da evolução
da pesquisa biológica, que permitirá a manipulação do
patrimônio genético do indivíduo de modo cada vez
3 ABRANGÊNCIA. mais intenso; enquanto que Bonavides40 defende que são
de quarta dimensão os direitos inerentes à globalização
política. Bonavides41 também diverge ao falar de uma
quinta dimensão composta pelo direito à paz, o qual foi
Conforme evoluíram as chamadas dimensões dos colocado por Vasak na terceira dimensão. Autores do
direitos humanos tais bens jurídicos fundamentais direito eletrônico como Peck42 e Olivo43 entendem que ele
adquiriram novas vertentes, saindo de uma noção seria a quinta dimensão dos direitos humanos, envolvendo
individualista e chegando a uma coletiva, de modo o direito de acesso e convivência num ambiente salutar no
que a própria finalidade dos direitos humanos adquiriu ciberespaço.
nova compreensão, deixando de ser preservar apenas Em resumo, as dimensões de direitos humanos se
o indivíduo e passando a envolver a manutenção da referem às mudanças de paradigmas quanto aos bens
sociedade sustentável. A teoria das dimensões de direitos jurídicos que deveriam ser considerados fundamentais
humanos foi identificada por Karel Vasak. ao homem. Embora todo direito humano seja imutável,
É pacífico que as três primeiras dimensões de direitos isso não significa que o processo interpretativo não possa
humanos envolvem: 1) direitos civis e políticos (LIBERDADE); evoluir e, com isso, se reconhecer que um novo aspecto da
2) direitos sociais, econômicos e culturais (IGUALDADE dignidade humana merece ampla proteção.
MATERIAL); 3) direitos ambientais e de solidariedade
(FRATERNIDADE). Destaca-se que as três primeiras
dimensões de direitos remetem ao lema da Revolução 4 SISTEMA DE PROTEÇÃO.
Francesa: «Liberdade, igualdade, fraternidade».
Em relação à primeira dimensão de direitos, inicialmente,
denota-se a afirmação dos direitos de liberdade, referente
Organização das Nações Unidas
aos direitos que tendem a limitar o poder estatal e reservar
A Organização das Nações Unidas funda-se em
parcela dele para o indivíduo (liberdade em relação ao
ideário muito diferente daquele da Liga das Nações, pois
Estado), sendo que posteriormente despontam os direitos
se percebeu que o estabelecimento de uma organização
políticos, relativos às liberdades positivas no sentido internacional restrita a países vitoriosos, prejudicando
de garantir uma participação cada vez mais ampla dos de maneira notável os perdedores, poderia servir de
indivíduos no poder político (liberdade no Estado). Os motivação para outros incidentes contrários à paz
dois movimentos que levaram à afirmação dos direitos mundial, a exemplo do que foi a Segunda Grande Guerra.
de primeira dimensão, que são os direitos de liberdade e No ano de 1944, em Dumbarton Oaks, realizou-se
os direitos políticos, foram a Revolução Americana, que uma conferência visando constituir a nova organização,
culminou na Declaração de Virgínia (1776), e a Revolução preparando-se proposições iniciais a respeito dela. Em
Francesa, cujo documento essencial foi a Declaração dos fevereiro de 1945, Churchill, Stalin e Roosevelt resolveram os
Direitos do Homem e do Cidadão (1789)36. últimos pontos a respeito da nova organização, decidindo-
Quanto à segunda dimensão, foram proclamados
os direitos sociais, expressando o amadurecimento das 38 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso La-
novas exigências como as de bem-estar e igualdade fer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
material (liberdade por meio do Estado). Durante a 39 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso La-
Revolução Industrial tomaram proporção os direitos de fer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
segunda dimensão, que são os direitos sociais, refletindo 40 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26.
a busca do trabalhador por condições dignas de trabalho, ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
remuneração adequada, educação e assistência social em 41 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26.
ed. São Paulo: Malheiros, 2011.
caso de invalidez ou velhice, garantindo o amparo estatal à
42 PECK, Patrícia. Direito digital. São Paulo: Saraiva, 2002.
parte mais fraca da sociedade.37
43 OLIVO, Luís Carlos Cancellier de. Os “novos” direitos en-
36 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso La- quanto direitos públicos virtuais na sociedade da informação. In:
fer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. WOLKMER, Antônio Carlos; LEITE, José Rubens Morato (Org.). Os “no-
37 BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Tradução Celso La- vos” direitos no Brasil: natureza e perspectivas. São Paulo: Saraiva,
fer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. 2003.

8
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

se, ainda, pela convocação de uma conferência na cidade O descumprimento dos preceitos da Carta pode gerar
de São Francisco no dia 25 de abril do mesmo ano. A suspensão ou, nos casos mais graves, expulsão, mediante
Conferência de São Francisco, oficialmente denominada recomendação do Conselho de Segurança à Assembleia
Conferência das Nações Unidas para a Organização Geral, conforme artigos 5º e 6º, embora nunca tenham
Internacional, estava aberta às Nações Unidas que lutaram ocorrido na prática nenhuma das hipóteses.
contra as potências do Eixo (Japão, Itália e Alemanha).
“O novo organismo somente seria eficaz caso contasse 2) Estrutura
com a aprovação das grandes potências. No entanto, ele Os principais órgãos das Nações Unidas são: Assembleia
não poderia restringir-se tão somente aos grandes Estados, Geral, Conselho de Segurança, Conselho Econômico e
pois seria o oposto ao espírito universalista apresentado Social, Conselho de Tutela, Corte Internacional de Justiça e
como base da nova organização internacional”44. Afinal, a Secretariado (art. 7º, Carta ONU). Um olhar para a estrutura
experiência da Liga das Nações já havia mostrado que sem da ONU permite observar que ao mesmo tempo em que
uma verdadeira cooperação internacional e sem a garantia ela possui um órgão com participação de todos os Estados
de participação do maior número de países do globo a - mas com possibilidade restrita de intervenção de um só
nova Organização estaria fadada ao insucesso. país ou um pequeno grupo de países em outro, qual seja a
“Até a fundação das Nações Unidas, em 1945, não era Assembleia Geral -, possui também outro órgão composto
seguro afirmar que houvesse, em Direito Internacional pelos ditos Estados mais poderosos, que se sagraram
Público, preocupação consciente e organizada sobre o vencedores na Segunda Guerra Mundial, possuindo
tema dos direitos humanos. De longa data alguns tratados cargo permanente e poder de veto nas decisões tomadas
avulsos cuidaram, incidentalmente, de proteger certas pela Assembleia desde que versem sobre questões de
minorias dentro do contexto de sucessão de Estados”45. segurança - embora apurar o que são estas questões seja
A Carta da ONU entrou em vigor no dia 24 de outubro algo subjetivo -, qual seja o Conselho de Segurança.
de 1945 quando efetuado o depósito dos instrumentos
de ratificação dos membros permanentes do Conselho 2.1) Assembleia Geral
de Segurança e da maioria dos outros signatários. Após, Todos os membros das Nações Unidas fazem parte
muitos países ingressaram na ONU. Por isso, os membros da Assembleia Geral e cada qual pode designar até cinco
podem ser divididos entre originários e admitidos, não representantes (art. 9º, Carta ONU). Isso não significa
havendo diferenças entre direitos e deveres em relação a que cada membro possa votar cinco vezes, pois a Carta é
eles46. expressa no sentido de que cada qual possui um voto (art.
Assim, a Organização das Nações Unidas foi criada em 18, Carta ONU).
1945 para manter a paz e a segurança internacionais, Não foi automaticamente que a ONU adquiriu
bem como promover relações de amizade entre as membros o suficiente para se caracterizar como uma
nações, cooperação internacional e respeito aos direitos organização universal. De início, muitos países foram
humanos. A Carta da ONU também é chamada de Carta de barrados, notadamente pelo constante uso do poder de
São Francisco, uma vez que foi elaborada na Conferência veto ao ingresso de novos membros pela União Soviética.
de São Francisco. Era fácil justificar o veto, pois os requisitos para ingresso na
ONU são bastante subjetivos: ser amante da paz, aceitar
1) Igualdade entre os membros formalmente as obrigações decorrentes da Carta, estar
Dos artigos 3º e 4º da Carta da ONU extrai-se a capacitado para cumprir tais obrigações e demonstrar estar
distinção entre os membros originários, quais sejam os disposto a fazê-lo.
que participaram da Conferência das Nações Unidas O quórum de votação é de 2/3 dos membros presentes
sobre a Organização Internacional em 1945 ou assinaram e votantes para as questões importantes, ao passo que as
a Declaração das Nações Unidas de 1942, e os membros demais questões são decididas pela maioria dos presentes
aceitos, isto é, os que se comprometerem à obrigações e votantes. Em resumo, as questões importantes se
da Carta e forem aceitos pela Assembleia Geral após referem às recomendações relativas à paz e à segurança,
recomendação do Conselho de Segurança. a quaisquer questões que envolvam a eleição de membros
Não há qualquer distinção entre tais membros, uma vez (para compor Conselhos, admissão, suspensão e expulsão),
que o art. 2º da Carta consolida o princípio da igualdade ao funcionamento do sistema de tutela e ao orçamento
entre todos os membros, de modo que cada membro (art. 18, Carta ONU).
das Nações Unidas tem a obrigação de respeitar todas A competência para discussão dentro da Assembleia
as diretivas da Carta de 1945 com boa-fé e de solucionar Geral é ampla, pois podem deliberar e fazer recomendações
suas controvérsias internacionais prioritariamente de modo sobre “quaisquer questões ou assuntos que estiverem
pacífico47. “A Organização fará com que os Estados que não são Membros das
Nações Unidas ajam de acordo com esses Princípios em tudo quanto
44 SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações interna-
for necessário à manutenção da paz e da segurança internacionais”.
cionais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008, p. 128.
Trata-se de um dos poucos casos em que um tratado tem efeito em
45 REZEK, J. F. Direito Internacional Público: curso elementar. relação aos terceiros Estados, como adverte Celso D. de Albuquerque
8. ed. São Paulo: Saraiva, 2000, p. 210. Mello (Op. Cit., p. 636). Tal regra perde importância se considerado
46 Ibid., p. 624. que atualmente praticamente todos os países soberanos do globo fa-
47 O mesmo artigo 2º traz interessante regra no artigo 6º: zem parte das Nações Unidas.

9
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

dentro das finalidades da presente Carta ou que se pode convidar partes para resolver controvérsias de forma
relacionarem com as atribuições e funções de qualquer pacífica (art. 33, Carta ONU), “investigar sobre qualquer
dos órgãos nela previstos”, ressalvada a possibilidade controvérsia ou situação suscetível de provocar atritos
de fazer tais recomendações quando o Conselho de entre as Nações ou dar origem a uma controvérsia” (art.
Segurança estiver apreciando a mesma matéria (art. 10 34, Carta ONU), fazer recomendações às partes buscando
c.c. art. 12, Carta ONU)48. Tais recomendações podem ser uma solução pacífica (art. 38, Carta ONU), determinar “a
dirigidas aos membros das Nações Unidas, a eventuais existência de qualquer ameaça à paz, ruptura da paz ou
Estados interessados e ao Conselho de Segurança (art. ato de agressão” e recomendar medidas definitivas ou
11, Carta ONU). Nas recomendações poderão constar provisórias (art. 39 c.c. art. 40, Carta ONU) e decidir sobre
medidas que a Assembleia Geral entenda necessárias para o emprego de força (artigos 43 e 44, Carta ONU)50. Neste
a solução pacífica de qualquer situação no âmbito de sua sentido, Mello51 aponta que são suas atribuições exclusivas:
competência (art. 13 c.c. art. 14, Carta ONU). “a) ação nos casos de ameaça à paz; b) aprova e controla a
São atribuições exclusivas deste órgão, segundo tutela estratégica; c) execução forçada das decisões da CIJ”.
Mello49, “a) eleger os membros não permanentes do As reuniões são realizadas periodicamente, funcionando
Conselho de segurança e os membros dos Conselhos de o Conselho de forma contínua (art. 28, Carta ONU), logo,
Tutela e Econômico e Social; b) votar o orçamento da ONU; trata-se de órgão permanente da ONU.
c) aprovar os acordos de tutela; d) autorizar os organismos
especializados a solicitarem pareceres à CIJ; e) coordenar as 2.3) Conselho Econômico e Social
atividades desses organismos”. É composto por 54 membros, cada qual com um
Além disso, a Assembleia Geral também tem representante, eleitos pela Assembleia Geral, os quais
competência para o recebimento e o exame de relatórios anualmente são substituídos em parte, pois anualmente é
do Conselho de Segurança e dos demais órgãos das Nações feita eleição para parcela das vagas com mandato de 3 anos
Unidas (art. 15, Carta ONU). (art. 61, Carta ONU). Cada representante terá direito a um
Este órgão se reúne ordinariamente uma vez ao ano, voto e as decisões são tomadas pela maioria dos membros
mas é possível realizar convocações extraordinárias (art. 20, presentes e votantes (art. 67, Carta ONU).
Carta ONU), logo, não é um órgão permanente, mas sim Entre suas funções está a elaboração de estudos
temporário. e relatórios sobre assuntos internacionais de caráter
econômico, social, cultural, educacional, sanitário e conexos,
notadamente no que tange ao “respeito e a observância dos
2.2) Conselho de Segurança
direitos humanos e das liberdades fundamentais”, fazendo
O Conselho de Segurança é composto por quinze
recomendações e efetuando consultas à Assembleia
Membros das Nações Unidas, sendo 5 permanentes
Geral e entidades especializadas, preparando projetos
(China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos) e
de convenções e convocando conferências (artigos 62
dez não permanentes, eleitos pela Assembleia Geral para
e 63, Carta ONU). Cabe, ainda, fornecer informações ao
um mandato de 2 anos, cada qual contando com um
Conselho de Segurança quando requisitadas (art. 65, Carta
representante (art. 23, Carta ONU) que terá direito a um ONU) e cumprir determinações da Assembleia Geral (art.
voto. 66, Carta ONU).
Há um alto grau político nas decisões que emanam do Destaca-se o art. 68 da Carta ONU, pelo qual cabe ao
Conselho de Segurança, as quais afetam diretamente as Conselho Econômico e Social criar comissões para proteção
relações internacionais dos Estados-membros em termos dos direitos humanos e demais assuntos econômicos
de guerra e paz. e sociais. Devido ao disposto neste artigo foi criada a
O quorum para votação é diverso daquele da Comissão de Direitos Humanos, que no ano de 2006 deu
Assembleia Geral. Enquanto questões processuais, menos lugar ao Conselho de Direitos Humanos, que será estudado
importantes, são tomadas pelo voto afirmativo de 9 em detalhes posteriormente.
membros, ao passo que nas demais questões é preciso que Os interlocutores da ECOSOC integram um complexo
destes 9 votos 5 sejam dos membros permanentes. Logo, sistema de relações, ante ao seu vasto leque de competências
se um membro permanente votar contra impede que a que leva à criação de inúmeros órgãos subsidiários (a
decisão seja tomada pelo Conselho de Segurança (instituto rigor, somente questões estritamente políticas não são de
do veto). Principalmente por isso que se algum membro sua competência). No entanto, a ECOSOC não possui um
for parte da controvérsia deverá se abster de votar (art. 27, instrumento, material ou jurídico, para impor suas decisões,
Carta ONU). de forma que apenas sugere políticas e obrigações não
O Conselho age em nome dos demais membros da ONU coativas.
em prol da manutenção da paz e da segurança mundiais,
submetendo relatórios anuais à Assembleia Geral (art. 24, 2.4) Conselho de Tutela
Carta ONU). Por isso mesmo tem uma competência bastante Vincula-se ao Sistema Internacional de Tutela, pelo
ampla, notadamente quando o assunto perpassa por qual territórios podem ser colocados sob tutela quando:
questões como guerras, conflitos armados e desarmamento: estiverem sob mandato, puderem ser separados de Estados
48 Evidente que muitas das questões apreciadas pela Assem- 50 Indiretamente, matérias em debate no Conselho de Segu-
bleia Geral podem ter estrita relação com direitos humanos. rança podem atingir direitos humanos.
49 MELLO, Celso D. de Albuquerque... Op. Cit. p. 630. 51 Ibid.. p. 627.

10
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

inimigos em virtude da Segunda Guerra Mundial ou “Existem dois eixos através dos quais a proteção
forem voluntariamente colocados em tal posição por seus dos diretos humanos, dentro do sistema global, pode se
administradores (art. 77, Carta ONU). efetivar: a) área convencional - sob a atmosfera dos tratados
Pelo que se extrai do art. 76 da Carta ONU, a finalidade elaborados no âmbito da ONU; b) área extraconvencional
da tutela é fazer com que o território passe a respeitar - originada das resoluções da Organização das Nações
e adotar os ditames das Nações Unidas. A exemplo, Unidas e seus órgãos, tendo como base a interpretação da
praticamente todos os Estados africanos no início das Nações Carta de São Francisco”54.
Unidas se submeteram a este regime até conquistarem a Assim, o sistema global é composto por mecanismos
independência, isto é, serem descolonizados. convencionais e mecanismos não convencionais de proteção
O Conselho de Tutela é composto pelos membros dos direitos humanos. Os mecanismos convencionais são
administradores dos territórios tutelados, além dos aqueles criados por convenções específicas de direitos
membros permanentes do Conselho de Segurança quando humanos, ao passo que os não convencionais são aqueles
eles não forem administradores, e membros eleitos de decorrentes de resoluções elaboradas por órgãos das
modo que a cada administrador corresponda um membro Nações Unidas, como a Assembleia Geral e o Conselho
eleito não administrador (art. 86, Carta ONU), cada qual
Econômico e Social, extraindo sua legitimidade para
com um voto (art. 89, Carta ONU).
proteção da ampla estrutura de competência das Nações
Como as situações em que a tutela se faria necessária
Unidas.
foram extintas, em 1º de Novembro de 1994 suas atividades
foram suspensas e suas reuniões, antes anuais, somente “Essa proteção extraconvencional diferencia-se dos
devem ocorrer quando novas situações assim exigirem. demais mecanismos de proteção das Nações Unidas,
Logo, atualmente, o Conselho de Tutela só é composto justamente por ter sido fundamentada na Carta da ONU e
pelos cinco membros do Conselho de Segurança, não na Declaração Universal de 1948. Não há recurso a acordos
estando em funcionamento. específicos; ao contrário, busca-se extrair a proteção dos
direitos humanos da interpretação ampla dos objetivos
2.5) Corte Internacional de Justiça de proteção aos direitos humanos da ONU, e do dever
Trata-se do principal órgão judiciário das Nações de cooperação dos Estados para alcançar tais objetivos.
Unidas, o qual será estudado a parte por ser um dos [...] Os procedimentos convencionais distinguem-se dos
principais instrumentos no sistema global de proteção dos procedimentos extraconvencionais, já que esses obrigam
direitos humanos. “Malgrado o nome que ostenta, não se os Estados contratantes, enquanto os procedimentos
deve imaginar que à Corte de Justiça corresponda o papel extraconvencionais buscam vincular os membros da
exercido, no modelo clássico do Estado Contemporâneo, Organização, sem o recurso às convenções específicas.
pelo Poder Judiciário. Embora a Corte seja o principal órgão [...] O termo extraconvencional, apesar de inexato, é utilizado
judiciário das Nações Unidas, ela dispõe de uma jurisdição justamente para enfatizar a diferença entre procedimentos
eminentemente facultativa absolutamente distinta dos coletivos nascidos de convenções específicas [...] e os
órgãos judiciais internos dos Estados”52. procedimentos adotados pela Organização que nascem
baseados em dispositivos genéricos”55.
2.6) Secretariado O órgão não convencional mais relevante das
Desempenha as funções administrativas da ONU, sendo Nações Unidas é o Conselho de Direitos Humanos,
composto por um Secretário-geral recomendado pelo criado após votação da Assembleia Geral, substituindo a
Conselho de Segurança e aprovado pela Assembleia Geral antiga Comissão de Direitos Humanos. Outro órgão não
e por um grupo de pessoas que o assiste por ele nomeado convencional é o Conselho de Segurança.
(art. 97 c.c. art. 101, Carta ONU). Além de comparecer a O sistema convencional de proteção dos direitos
todas as reuniões dos principais órgãos, o Secretário-geral
humanos é aquele por meio do qual os Estados membros
deve elaborar relatório anual à Assembleia (art. 98, Carta
da ONU se comprometem internacionalmente, através de
ONU), havendo preocupação especial da Carta da ONU
um tratado, a proteger determinados direitos fundamentais,
com sua imparcialidade (art. 100, Carta ONU).
“Além de suas funções administrativas, o Secretário- esquema de salvaguarda que pode ser desmembrado em
Geral pode exercer grande influência dentro da organização, três diferentes formas apontadas por Silva e Viel56:
junto aos Estados-Membros e perante o mundo exterior. a) Não-contencioso: através dele, que se
Suas iniciativas, declarações e tomadas de posição assemelha aos bons ofícios e à conciliação, um Estado,
transformam-no num dos mais importantes personagens espontaneamente (quando ratifica um tratado), obriga-
da política internacional”53. se a respeitar e proteger os direitos humanos. Neste
sentido, uma das modalidades de acompanhamento e
3) Sistema convencional e extraconvencional controle da observância das obrigações é o sistema de
Para a vigilância, supervisão, monitoramento e
54 SILVA, Karine de Souza; VIEL, Ricardo Nunes. Os mecanis-
fiscalização da proteção dos direitos humanos foram mos coletivos de proteção dos direitos humanos: os sistemas de pro-
criados órgãos ou mecanismos extraconvencionais e teção universal e o interamericano. Revista Direito e Justiça, Refle-
convencionais. xões Sociojurídicas, ano VI, nº 9, nov. 2006.
55 ANNONI, Danielle. Direitos humanos & acesso à justiça
52 Ibid., p. 157. no direito internacional. Curitiba: Juruá, 2004.
53 Ibid., p. 156. 56 SILVA, Karine de Souza; VIEL, Ricardo Nunes... Op. Cit.

11
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

envio de relatórios periódicos (principal mecanismo não- Embora este seja o principal órgão jurisdicional das
contencioso). Nestes relatórios, o Estado presta contas das Nações Unidas (art. 92, Carta ONU), nada impede que
ações por ele adotadas em relação à garantia dos direitos membros da organização confiem a solução de seus
assegurados no tratado; conflitos a outros tribunais internacionais (art. 95, Carta
b) Quase-judicial: é mecanismo de responsabilização ONU).
dos Estados por violações dos tratados de direitos humanos O desempenho dos juízes da Corte é questionável:
em que são partes. São instituídos através de Convenções decidem a média de 2 casos por ano, o que não condiz
internacionais comitês com atribuição de analisar casos com a quantidade de conflitos que são de sua competência;
de possíveis violações de direitos humanos e emitir costumam adotar uma postura arbitral e fazem de tudo
deliberações que obrigam os Estados-partes a repararem para satisfazerem mesmo a parte perdedora; e usualmente
os danos causados. Contudo, por não se tratarem de se filiam às posturas políticas de seu Estado de origem,
sentenças - uma vez que os Comitês não são órgãos beneficiando-o nas decisões. Por isso, o principal órgão
judiciais - o mecanismo é chamado de quase-judicial. judiciário da ONU não é tão efetivo quanto poderia ser, o
A manifestação dos Comitês, através das mencionadas que gera um mal-estar generalizado diante da impunidade
deliberações, pode ocorrer através de petição de um dos infratores do direito internacional.
Estado ou através de petição de um particular; Apesar da sede da Corte ser em Haia, é possível que
c) Mecanismo judicial: no plano universal, a Corte julgamentos se realizem em outras localidades (art. 22,
Internacional de Justiça (CIJ) é órgão competente para Estatuto CIJ). Ademais, a Corte é um órgão permanente,
julgar os Estados por violação de direitos humanos. A CIJ é que somente deixa de funcionar nas férias judiciárias (art.
o órgão judicial das Nações Unidas que tem competência 23, Estatuto CIJ).
para julgar qualquer demanda que envolva os membros da Ela funcionará em sessão plenária, ou seja, seu pleno
ONU. Contudo, o papel da Corte Internacional de Justiça tomará as decisões, mas o quórum de 9 juízes já é suficiente
no âmbito da proteção da pessoa humana tem sido muito para que uma sessão seja instaurada (art. 25, Estatuto CIJ).
modesto. Frisa-se que não há mecanismo judicial criado por Câmaras poderão ser formadas para decidir questões em
Convenção específica, uma vez que a Corte Internacional caráter especial (art. 26, Estatuto CIJ).
Nos termos do art. 34 do Estatuto da CIJ, “só os Estados
de Justiça foi criada pela Carta da ONU.
poderão ser partes em questões perante a Corte”57. As partes
Em outras palavras, na atualidade, pelo sistema
serão representadas por agentes, que terão a assistência de
extraconvencional de proteção dos direitos humanos
consultores ou advogados, sendo que todos gozarão dos
da ONU somente existem órgãos não-contenciosos e
privilégios e imunidades necessários ao livre exercício de
quase-judiciais, mas não judiciais. Caso não se encontre
suas atribuições perante a Corte (art. 41, Estatuto CIJ).
uma solução amistosa ou não se respeite a solução quase
Suas línguas oficiais são o francês e o inglês (art. 39,
judicial, a alternativa é buscar proteção em órgão judicial
Estatuto CIJ).
da Organização, parte do sistema extraconvencional.
Os órgãos convencionais são inúmeros, merecendo 4.1) Composição
menção: Comitê de Direitos Humanos instituído pelo A Corte é composta por um corpo de 15 juízes
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos; Comitê independentes, dentre pessoas com alta consideração
para a eliminação da discriminação racial instituído pela moral e condições para, no país de que é nacional, exercer
Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as as mais elevadas funções judiciárias (artigos 2º e 3º, Estatuto
Formas de Discriminação Racial; Comitê para a Eliminação CIJ). Seus membros são eleitos pela Assembleia Geral e pelo
da Discriminação contra as Mulheres instituído pela Conselho de Segurança a partir de uma lista apresentada
Convenção sobre a eliminação de todas as formas de pelos grupos nacionais da Corte Permanente de Arbitragem
discriminação contra a mulher; Comitê contra a Tortura ou grupos indicados para este fim por Estados-membros
instituído pela Convenção contra a tortura e outro não representados58 (art. 4º, Estatuto CIJ). Nenhum grupo
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes; poderá indicar mais de quatro pessoas e nunca mais que o
e Comitê para os Direitos da Criança instituído pela dobro do número de vagas a serem preenchidas, e destas,
Convenção sobre os Direitos da Criança. Todos eles serão no máximo, duas poderão ser de sua nacionalidade (art. 5º,
estudados oportunamente neste capítulo. Estatuto CIJ). A lista geral será elaborada pelo Secretário-
geral e enviada à Assembleia Geral e ao Conselho de
4) Corte Internacional de Justiça Segurança, que votarão independentemente, aplicando-se
A Corte Permanente de Justiça Internacional funcionava
como organismo autônomo da Liga das Nações. Mesmo 57 “As organizações internacionais, inclusive a ONU, não po-
com a ocupação da Holanda pela Alemanha, ela continuou dem ser parte em um litígio perante a CIJ. Elas podem apenas prestar
a funcionar em Genebra, sendo dissolvida apenas em 1946, informações à Corte, bem como solicitar pareceres”. (MELLO, Celso D.
dando lugar à Corte Internacional de Justiça. de Albuquerque... Op. Cit. p. 661).
O Estatuto da Corte Internacional de Justiça é parte 58 “O procedimento de eleição pela Assembleia Geral e pelo
Conselho de Segurança tem ocasionado que muitas vezes é ali eleito
integrante da Carta das Nações Unidas de 1945, a qual
maior número de candidatos do que as vagas. Neste caso, são feitas
também disciplina de maneira geral este órgão jurisdicional eleições sucessivas até que o número de eleitos seja igual ao número
em seu capítulo XIV. de vagas”. (Ibid. p. 660).

12
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

o quórum da maioria absoluta (artigos 7º, 8º e 10, Estatuto todos os assuntos especialmente previstos na Carta das
CIJ). Se dois nacionais do mesmo Estado obtiverem o Nações Unidas ou em tratados e convenções em vigor”.
mesmo número de votos, será considerado eleito o mais Em continuação, o mesmo dispositivo especifica o que
velho (art. 10, Estatuto CIJ). O Estatuto da CIJ prevê, ainda, abrangeria esta competência: “[...] todas as controvérsias de
critérios de desempate (artigos 11 e 12, Estatuto CIJ). ordem jurídica que tenham por objeto: a) a interpretação de
Os membros da Corte serão eleitos por nove anos e um tratado; b) qualquer ponto de direito internacional; c) a
poderão ser reeleitos, além do que o art. 13 do Estatuto existência de qualquer fato que, se verificado, constituiria
da CIJ assegura que a cada três anos 5 novos membros violação de um compromisso internacional; d) a natureza
sejam eleitos ou reeleitos. Na forma do mesmo artigo, o ou extensão da reparação devida pela ruptura de um
pedido de renúncia deve ser submetido ao Presidente da compromisso internacional”. Nota-se que a competência
Corte e enviado ao Secretário-geral. Já a demissão deve se da Corte, por ser tão abrangente, pode ou não envolver
dar por opinião unânime dos demais membros da Corte questões de direitos humanos. Assim, não se trata de
(art. 18, Estatuto CIJ). Em ambos casos, abre-se vaga antes tribunal internacional que julgue exclusivamente questões
que o mandato do predecessor se encerre, de forma que de direitos humanos, mas que também as julga.
o candidato eleito completará o seu mandato (art. 15, Quando os Estados-partes aceitam a jurisdição da Corte
Estatuto CIJ). podem o fazer de forma limitada ou ilimitada. As limitações
Os artigos 16 e 17 do Estatuto da CIJ trazem podem envolver um prazo determinado ou uma condição
impedimentos aos seus membros: exercício de qualquer de reciprocidade de um ou vários Estados (art. 36, Estatuto
função política ou administrativa, dedicação a outra CIJ). Entre outras, são reservas comuns que os Estados-
ocupação de natureza profissional, servir como agente, membros fazem à jurisdição da Corte: reciprocidade, prazo
consultor ou advogado em qualquer questão e participar da determinado, em relação a apenas alguns Estados ou
decisão de qualquer questão na qual anteriormente tenha excluindo só alguns Estados, somente quanto a jurisdição
intervindo em qualquer caráter (ex: consultor, advogado, doméstica, aplicação a litígios futuros. Tais reservas têm
membro de tribunal ou comissão de inquérito). sido admitidas pois o Estado é livre para reconhecer a
Os membros da Corte gozam de privilégios e cláusula como obrigatória ou não, limitando sua aceitação,
imunidades diplomáticas (art. 19, Estatuto CIJ) e devem sendo mais interessante para a justiça internacional haver
declarar solenemente que exercerão suas atribuições com aceitação da cláusula facultativa com reservas do que não
imparcialidade e de forma contenciosa (art. 19, Estatuto haver qualquer aceitação60.
CIJ). A Corte decidirá de acordo com o direito internacional,
Caso um membro da Corte sinta que não deva tomar aplicando convenções internacionais, costumes
parte do julgamento deverá informar o Presidente, assim internacionais, princípios gerais do Direito, decisões
como este também deverá informar ao membro caso judiciárias e doutrina. Se as partes concordarem, a Corte
entenda que ele não deverá participar do julgamento. Em pode decidir a questão ex aequo et bono, expressão jurídica
ambos casos, controvérsias serão decididas pela Corte (art. latina que significa conforme o correto e válido, ou seja,
24, Estatuto CIJ). caso as partes concordem a decisão pode ser tomada com
Não compromete a imparcialidade do juiz o fato dele base no senso de justiça que repousa no conhecimento
ser nacional de um dos Estados-partes. No entanto, a comum da humanidade (art. 38, Estatuto CIJ).
permanência do nacional no julgamento garantirá à outra Caso se mostre necessário, a Corte poderá sugerir
parte a nomeação de um juiz ad hoc, que preferencialmente medidas provisórias (art. 41, Estatuto CIJ).
figure na lista de candidatos a uma vaga na Corte. Se Além da função jurisdicional, a Corte desempenha
nenhum dos Estados-partes tiver nacional enquanto juiz função consultiva, pois tanto a Assembleia Geral quanto o
da Corte, ambos poderão nomear juiz ad hoc59. Havendo Conselho de Segurança podem solicitar parecer consultivo
formação de Câmara especial, que pode no máximo ter sobre questão jurídica, assim como órgãos das Nações
5 membros, se necessário o Presidente solicitará que um Unidas e entidades especializadas mediante autorização
membro que seja juiz da Corte dê lugar ao juiz nacional. Se da Assembleia Geral (art. 96, Carta). “Os pareceres não
houver partes plurais interessadas na mesma questão, elas são obrigatórios, entretanto, de um modo geral, têm sido
serão consideradas uma só parte, nomeando apenas um cumpridos. Existem alguns casos em que se convenciona
juiz ad hoc (art. 31, Estatuto CIJ). previamente a obrigatoriedade do parecer”61.

4.2) Competência 4.3) Processo


Estabelece o art. 36 do Estatuto da CIJ quanto à O processo da Corte terá uma fase escrita, composta
competência da Corte: “a competência da Corte abrange de memórias, contra memórias, réplicas e documentos;
todas as questões que as partes lhe submetam, bem como e uma fase oral, consistente na oitiva de testemunhas,
peritos, agentes, consultores e advogados (art. 43, Estatuto
59 O juiz ad hoc ou juiz nacional é um instituto remanescente CIJ). Os debates serão dirigidos pelo Presidente, pelo Vice-
da arbitragem, buscando a igualdade entre os Estados e a conferên-
presidente ou pelo juiz mais velho da Corte, nesta ordem
cia de maior confiança na Corte. A instituição tem sido criticada, pois
quando um país já tem o juiz permanente e outro nomeia o ad hoc há
caso haja impedimento do anterior (art. 45, Estatuto CIJ).
uma tendência do primeiro ser imparcial, enquanto que o segundo 60 Ibid., p. 662.
vota pelo Estado que representa. (Ibid., p. 660). 61 Ibid., p. 664.

13
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

No andamento do processo a Corte proferirá descolonização. A dificuldade da OUA em lidar com estes
decisões a respeito deste andamento, da forma e do problemas africanos é a principal razão de sua substituição
tempo processuais; requererá documentos e informações; pela União Africana - UA em 9 de julho de 2002. Esta nova
ordenará eventuais inquéritos ou perícias; e decidirá se organização é baseada no modelo da União Europeia,
receberá provas e depoimentos fora do prazo (artigos 48 a visando promover a democracia, os direitos humanos e
52, Estatuto CIJ). o desenvolvimento econômico na África. A UA manteve
O art. 53 do estatuto da CIJ descreve procedimento a principal regulamentação de direitos humanos da OUA,
semelhante ao da revelia ao prever que um Estado-parte qual seja a Carta Africana dos Direitos Humanos e dos
poderá pedir que se reconheça a pretensão a seu favor caso Povos, também conhecida como Carta de Banjul, aprovada
o outro não compareça perante a Corte, mas esta deverá pela Conferência Ministerial da OUA em Banjul, Gâmbia,
examinar os fundamentos de fato e de Direito antes de em janeiro de 1981, e adotada pela XVIII Assembleia dos
fazê-lo. Chefes de Estado e Governo da OUA em Nairóbi, Quênia,
Encerrados os debates, a Corte decidirá a controvérsia, em 27 de julho de 1981. Tal documento é complementado
privadamente e pela maioria dos presentes, com eventual por um Protocolo Adicional, estabelecendo a Corte
desempate pelo Presidente ou juiz que funcione em Africana de Direitos Humanos e dos Povos, adotado pelos
seu lugar, que também assinará a decisão, de maneira Estados-membros da OUA em Ouagadougou, capital do
fundamentada e mencionando o nome dos juízes que país Burkina Faso, em junho de 1998, adquirindo vigência
assim pensaram, bem como incluindo votos dissidentes em em 25 de janeiro de 2004 após ser ratificado por mais de
separado (artigos 54 a 58, Estatuto CIJ). 15 países. Tanto a referida Corte instituída pelo protocolo
Conforme o art. 59 do Estatuto da CIJ, “a decisão quanto a Comissão criada pela Carta Africana dos Direitos
da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a Humanos e dos Povos são órgãos mantidos pela nova
respeito do caso em questão”. Não obstante, prevê o art. organização africana.
60 do documento: “a Sentença é definitiva e inapelável. Em b) Sistema islamo-árabe: Muitas são as questões que
caso de controvérsia quanto ao sentido e ao alcance da devem ser vislumbradas para compreender o porquê do
sentença, caberá à Corte interpretá-la a pedido de qualquer sistema islamo-árabe, apesar de existente na prática em
das partes”. alguns documentos regionais, tendo sido inclusive criado
Assim, não cabe recurso da sentença da Corte. um órgão específico, e na participação dos seus países
Contudo, em hipóteses excepcionais é admitido processo perante as Nações Unidas, é insípido e ineficaz.
de revisão, isto é, descobrimento de algum fato suscetível De fato, a disciplina regional de direitos humanos
de exercer influência decisiva que à época de julgamento demonstra que no sistema islamo-árabe as perspectivas
era de desconhecimento da Corte ou das partes, sendo religiosas merecem destaque. Assim, na interpretação
este justificável, que não tenha se dado por motivo de das normas de direitos humanos, é preciso tomar como
negligência (art. 61, Estatuto CIJ). base a lei islâmica, notadamente o Corão e a Sunnah.
Caso uma sentença da Corte seja descumprida por A secularização já torna mais complicada a luta pela
uma das partes, a outra poderá requerer ao Conselho universalidade e efetividade dos direitos humanos. No
de Segurança que faça recomendações ou decida sobre entanto, não seria um problema intransponível se outro
medidas que deverão ser tomadas para o seu cumprimento, fator não estivesse presente: o uso das premissas religiosas
caso entenda ser necessário (art. 94, Carta ONU). por parte dos governantes para fins de manutenção do
Quanto à função consultiva, o pedido de parecer será poder.
escrito, com exposição do assunto e juntada de documentos. Os três principais documentos regionais no sistema
Os Estados-membros da Corte serão notificados sobre o em estudo são: Declaração Islâmica Universal dos Direitos
pedido e poderão comparecer perante a Corte. Especial Humanos, de 19 de setembro de 1981; a Declaração do
notificação será dada aos Estados-membros e a organizações Cairo de Direitos Humanos no Islã, de 5 agosto 1990; e a
internacionais que possam prestar informações na questão, Carta Árabe de Direitos Humanos, de 15 Setembro de 1994.
aceitando-se destes manifestações escritas e orais. O c) Sistema europeu: O principal documento europeu
parecer, por sua vez, será proferido em sessão pública. No voltado à proteção dos direitos humanos é a Convenção
mais, segue-se o procedimento dos casos litigiosos (artigos Europeia dos Direitos do Homem, no âmbito da qual se
65 a 68, Estatuto CIJ). institui o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Referida
Convenção foi aprovada e instituída pelo Conselho da
Organizações regionais Europa, organização internacional fundada em 5 de maio
de 1949, sendo a mais antiga organização europeia em
a) Sistema africano: O sistema regional africano funcionamento, documentada no chamado Tratado de
de proteção de direitos humanos ainda é insípido e Londres de 1949 (Estatuto do Conselho da Europa).
pouco efetivo. Basta ter em vista que embora a formação
da primeira organização internacional nesta região, a Sistema Interamericano
Organização da Unidade Africana - OUA, date de 25 de A Carta da Organização dos Estados Americanos, que
maio de 1963, o regime do apartheid foi adotado de 1948 criou a Organização dos Estados Americanos, foi celebrada
até o ano de 1994, além do que seus países somente na IX Conferência Internacional Americana de 30 de abril
adquiriram independência após árduo processo de de 1948, em Bogotá e entrou em vigência no dia 13 de

14
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

dezembro de 1951, sendo reformada pelos protocolos de Quanto ao quórum de votação, estabelece o artigo
Buenos Aires (27 de fevereiro de 1967), de Cartagena das 59 da Carta da OEA: “as decisões da Assembleia Geral
Índias (5 de dezembro de 1985), de Washington (14 de serão adotadas pelo voto da maioria absoluta dos Estados
dezembro de 1992) e de Manágua (10 de junho de 1993). membros, salvo nos casos em que é exigido o voto de dois
Por ser uma organização continental, naturalmente, terços, de acordo com o disposto na Carta, ou naqueles
está aberta apenas a Estados independentes americanos, que determinar a Assembleia Geral, pelos processos
além de entidades políticas que deles surjam (artigos 4º, 5º regulamentares”.
e 8º, Carta OEA). “A Assembleia Geral, após recomendação
do Conselho Permanente da Organização, determinará b) Da Reunião de Consulta dos Ministros das
se é procedente autorizar o Secretário-Geral a permitir Relações Exteriores
que o Estado solicitante assine a Carta e a aceitar o “A Reunião de Consulta dos Ministros das Relações
depósito do respectivo instrumento de ratificação. Tanto a Exteriores deverá ser convocada a fim de considerar
recomendação do Conselho Permanente como a decisão problemas de natureza urgente e de interesse comum para
da Assembleia Geral requererão o voto afirmativo de dois os Estados americanos, e para servir de Órgão de Consulta”,
conforme texto do artigo 61 da Carta da OEA. Questões
terços dos Estados membros” (artigo 7º, Carta OEA).
inerentes ao funcionamento do órgão são delimitadas nos
Os Estados-membros possuem iguais direitos e
artigos 62 a 69 do documento.
deveres, devendo respeitar os deveres de acordo com
o direito internacional e não podendo ter seus direitos
c) Dos Conselhos
fundamentais restringidos (artigos 10, 11 e 12, Carta OEA). O Conselho Permanente da Organização, especificado
“[...] Mesmo antes de ser reconhecido, o Estado tem o dos artigos 80 a 92 da Carta da OEA, e o Conselho
direito de defender a sua integridade e independência, Interamericano de Desenvolvimento Integral, delimitado
de promover a sua conservação e prosperidade, e, por do artigo 93 a 98 da mesma, são os dois Conselhos em
conseguinte, de se organizar como melhor entender, de funcionamento na OEA, conforme artigo 70 da sua Carta.
legislar sobre os seus interesses, de administrar os seus Terão representação de todos os Estados-membros (artigo
serviços e de determinar a jurisdição e a competência dos 71, Carta OEA). Os conselhos poderão fazer recomendações
seus tribunais [...]”, somente possuindo como limites os aos Estados; apresentar estudos, propostas e projetos à
direitos dos demais Estados (artigo 13, Carta OEA), os quais Assembleia Geral e às Conferências Especializadas, que
são especificados dos artigos 14 a 23 da Carta da OEA. poderá também convocar; prestar serviço especializado;
Quanto aos órgãos da OEA, explicita o artigo 53 da requerer informações e assessoramento um ao outro e dos
Carta: “a Organização dos Estados Americanos realiza os demais órgãos e organismos subsidiários; fazer reuniões no
seus fins por intermédio: a) Da Assembleia Geral; b) Da território de qualquer Estado-membro; elaborar o próprio
Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores; Estatuto e Regulamento, o primeiro com aprovação da
c) Dos Conselhos; d) Da Comissão Jurídica Interamericana; Assembleia Geral (artigos 72 a 79, Carta OEA).
e) Da Comissão Interamericana de Direitos Humanos; f) Da A respeito do Conselho Permanente, expõe Seitenfus62:
Secretaria-Geral; g) Das Conferências Especializadas; e h) “o Conselho é formado por representantes de todos
Dos Organismos Especializados. Poderão ser criados, além os Estados, indicados especialmente com o título de
dos previstos na Carta e de acordo com suas disposições, embaixador. Ele apresenta, segundo a Carta, uma ambígua
os órgãos subsidiários, organismos e outras entidades que situação. Não há reconhecimento expresso de seu caráter,
forem julgados necessários”. e nenhum artigo define claramente suas funções e tarefas.
Esta flexibilidade institucional permite ao Conselho
a) Assembleia Geral participar, de maneira ampla e nebulosa, em diferentes
Trata-se do órgão supremo da OEA, que, segundo atividades da OEA”. Entre as comissões ligadas ao Conselho
Permanente destacam-se: Corte Interamericana de Direitos
o artigo 54 da Carta da OEA, tem entre suas atribuições
Humanos CIDH, Comissão Interamericana de Direitos
gerais decidir a ação e a política gerais da OEA, estruturar
Humanos (disciplinadas no Pacto de São José da Costa
e delimitar funções e atividades dos órgãos, fortalecer a
Rica) e Comissão Jurídica Interamericana (órgão consultivo
cooperação com as Nações Unidas e outras organizações
em assuntos jurídicos)63.
internacionais com objetivos análogos, aprovar orçamento,
adotar normas de funcionamento da Secretaria, aprovar d) Da Comissão Jurídica Interamericana
seu próprio regulamento (quórum: 2/3). “Todos os Estados “A Comissão Jurídica Interamericana tem por finalidade
membros têm direito a fazer-se representar na Assembleia servir de corpo consultivo da Organização em assuntos
Geral. Cada Estado tem direito a um voto” (artigo 58, Carta jurídicos; promover o desenvolvimento progressivo
OEA). e a codificação do direito internacional; e estudar os
A reunião ordinária ocorrerá anualmente em locais problemas jurídicos referentes à integração dos países em
diferentes consoante ao princípio do rodízio (artigo 57, Carta
62 SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações interna-
OEA), mas é possível realizar convocações extraordinárias cionais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
mediante aprovação de 2/3 dos Estados-Membros dirigida 63 SEITENFUS, Ricardo. Manual das organizações interna-
ao Conselho Permanente (artigo 58, Carta OEA). cionais. 5. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.

15
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

desenvolvimento do Continente, bem como a possibilidade os instrumentos de proteção internacional dos direitos
de uniformizar suas legislações no que parecer conveniente”, humanos que permitem o acesso direto por indivíduos ou
conforme o artigo 99 e especificações dos artigos 100 a grupos que o representem, sendo este o principal mérito
105 da Carta da ONU. da Comissão em estudo neste tópico.

e) Da Comissão Interamericana de Direitos Humanos a) Composição


Remete-se no artigo 106 da Carta da OEA à Comissão Nos termos do artigo 34 da CADH, a Comissão será
que deveria ser constituída, e o foi, pela Convenção composta por 7 membros, dotados de alta autoridade
Interamericana de Direitos Humanos, que será estudada moral e de reconhecido saber em matéria de direitos
adiante. humanos. Tais critérios são bastante subjetivos, tanto que
nem é preciso formação em Direito.
f) Da Secretaria-Geral Embora composta de 7 membros, a Comissão
A Secretaria-Geral é órgão permanente e administrativo representa todos os membros da OEA (artigo 35, CADH),
da Organização, exercendo atribuições designadas pela isto é, a representatividade dos Estados perante a Comissão
Assembleia e especificadas na Carta (artigos 107, 111 e não é direta.
112, Carta OEA). Será eleito pela Assembleia um Secretário- Os Estados-membros irão propor candidatos,
Geral com mandato de 5 anos, permitida uma reeleição, não formando uma lista. Cada qual indicará até três candidatos
se aceitando sucessão por outro da mesma nacionalidade e, possuindo sua lista este número, um deles deverá ser de
(artigo 108, Carta OEA). “A Assembleia Geral, com o voto outra nacionalidade (artigo 36, CADH).
de dois terços dos Estados membros, pode destituir o O mandato é de 4 anos, aceita uma reeleição,
Secretário-Geral ou o Secretário-Geral Adjunto, ou ambos, estabelecendo-se no artigo 37 uma regra de transição que
quando o exigir o bom funcionamento da Organização” permita a alternância a cada dois anos. Segundo o mesmo
(artigo 116, Carta OEA). dispositivo, não é permitido que dois nacionais do mesmo
país componham a Comissão.
g) Das Conferências Especializadas O Conselho Permanente da Organização preencherá as
“As Conferências Especializadas são reuniões vagas que surjam por motivos diversos de fim de mandato,
intergovernamentais destinadas a tratar de assuntos por exemplo, morte ou renúncia do membro da Comissão
técnicos especiais ou a desenvolver aspectos específicos (artigo 38, CADH).
da cooperação interamericana e são realizadas quando o
determine a Assembleia Geral ou a Reunião de Consulta b) Funcionamento
dos Ministros das Relações Exteriores, por iniciativa própria Nos termos do artigo 39, “a Comissão elaborará seu
ou a pedido de algum dos Conselhos ou Organismos estatuto e submetê-lo-á à aprovação da Assembleia Geral
Especializados” (artigo 122, Carta OEA). e expedirá seu próprio Regulamento”. O regulamento
da Comissão discrimina como se dá a sua atuação em
h) Dos Organismos Especializados detalhes. Por sua vez, o Estatuto da Comissão foi aprovado
São “os organismos intergovernamentais estabelecidos pela resolução AG/RES n. 447 (IX-O/79), adotada pela
por acordos multilaterais, que tenham determinadas Assembleia Geral da OEA, em seu Nono Período Ordinário
funções em matérias técnicas de interesse comum para de Sessões, realizado em La Paz, Bolívia, em outubro de
os Estados americanos” (artigo 124, Carta OEA). São 1979. Nota-se que o Regulamento não passa pelo crivo
regulamentados dos artigos 125 a 130 da Carta da OEA. da Assembleia, mas somente o Estatuto. Isto é coerente
porque enquanto o Regulamento é mais formal, tratando
Comissão Interamericana de Direitos Humanos de questões ligadas ao modo de atuação da Comissão, o
A Comissão é anterior à Corte em mais de 20 anos, aliás, Estatuto é mais profundo, trazendo princípios e finalidades
é anterior à Convenção Americana de Direitos Humanos, que regem a Comissão.
atuando antes de 1969 com base na Carta da OEA e na Quanto ao órgão que movimenta administrativamente
DUDH. Em se tratando de um mecanismo de processamento a Comissão, isto é, desempenha os serviços de secretaria,
individual, seu uso “[...] deve ser encarado como parte de trata-se da própria Secretaria Geral da Organização (artigo
um processo de lutas políticas e sociais históricas, pela 40, CADH), não havendo então secretaria específica para a
efetiva melhora das condições de vida dos grupos mais Comissão.
vulneráveis da sociedade brasileira. Nesta perspectiva,
as organizações não-governamentais brasileiras devem c) Funções
acionar o sistema interamericano de forma estratégica O artigo 41 da CADH permite uma compreensão
e paralela às suas ações no âmbito interno”64. São raros clara a respeito das funções da Comissão: fomentar a
consciência do dever de respeito aos direitos humanos,
64 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão intera- formular recomendações a Estados-membros que estejam
mericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema inte-
violando a Convenção, além de atender a consultas que
ramericano de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio;
PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
estes façam, podendo redigir estudos e relatórios e solicitar
dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos informações para tanto, finalizando com a obrigação de
Tribunais, 2000. apresentar relatório anual sobre sua atuação.

16
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Galli e Dulitzky65 dividem as competências da Estabelece o artigo 46 da CADH: “Para que uma
Comissão na seguinte sistemática: a) caráter promocional: petição ou comunicação apresentada de acordo com
assessoria aos Estados para reforçar a consciência sobre os artigos 44 ou 45 seja admitida pela Comissão, será
a importância dos direitos humanos entre os povos das necessário: a) que hajam sido interpostos e esgotados os
Américas, incluindo funções consultivas além de funções recursos da jurisdição interna, de acordo com os princípios
de assessoramento, podendo elaborar tratados, interpretar de Direito Internacional geralmente reconhecidos; b)
a Convenção Americana e determinar a compatibilidade que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a
dela com a legislação interna dos Estados-membros; b) partir da data em que o presumido prejudicado em seus
caráter protetivo: proteção dos direitos humanos mediante direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
supervisão da conduta dos Estados referentes às obrigações c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja
internacionais quanto aos direitos humanos, autorizada a pendente de outro processo de solução internacional; e
investigação de fatos que podem chegar a ela por denúncia d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, a
individual e a elaboração de relatórios especiais. nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura da
Os mesmos relatórios e estudos que os Estados- pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade
partes submetem às Comissões Executivas do Conselho que submeter a petição. 2. As disposições das alíneas “a”
Interamericano Econômico e Social e do Conselho e “b” do inciso 1 deste artigo não se aplicarão quando:
Interamericano de Educação, Ciência e Cultura deverão ser a) não existir, na legislação interna do Estado de que se
enviados à Comissão, com os fins dela zelar pelas normas tratar, o devido processo legal para a proteção do direito
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura ou direitos que se alegue tenham sido violados; b) não
vigentes no âmbito da OEA (artigo 42, CADH). se houver permitido ao presumido prejudicado em seus
Também para assegurar que a Comissão desempenhe direitos o acesso aos recursos da jurisdição interna,
suas funções, os Estados-partes deverão proporcionar a ela ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e c) houver
as informações solicitadas sobre a maneira pela qual seu demora injustificada na decisão sobre os mencionados
direito interno assegura a aplicação efetiva de quaisquer recursos”.
disposições da Convenção (artigo 43, CADH). O artigo 46 é incidente em concursos, trazendo
os requisitos para que a petição ou comunicação seja
d) Legitimidade ativa processada pela Comissão: esgotamento de recursos no
Nos termos do artigo 44 da CADH, “qualquer pessoa plano interno, a partir do qual se conta um prazo de 6
ou grupo de pessoas, ou entidade não-governamental meses, que não esteja pendente outra busca de solução
legalmente reconhecida em um ou mais Estados-membros internacional e identificação da pessoa ou grupo de
da Organização, pode apresentar à Comissão petições pessoas ou entidade não-governamental (se for o caso).
que contenham denúncias ou queixas de violação Dispensa-se o esgotamento de recursos e a consequente
desta Convenção por um Estado-parte”. Logo, pessoas passagem de 6 meses como prazo quando não existir
da sociedade e grupos que a representam possuem normas de proteção ao devido processo legal no Estado,
legitimidade perante este órgão internacional. quando tiver sido impedido ou dificultado o acesso ao
Também os Estados-partes podem ser legitimados Judiciário no país ou quando houver demora sem motivos
ativos quando alegue haver outro Estado-parte incorrido para o processamento interno.
em violações dos direitos humanos estabelecidos nesta Neste sentido, o artigo 47 estabelece que a Comissão
Convenção, mas é preciso que se faça uma declaração fará um exame prévio da petição ou comunicação para
de competência. Seja no momento de depósito da decidir se irá processá-la ou arquivá-la, avaliando os
ratificação, seja posteriormente, o Estado-parte pode seguintes requisitos: os descritos no artigo anterior e
reconhecer a competência da Comissão para receber e expostos acima, exposição dos fatos que caracterizam
examinar comunicações de um Estado-parte a respeito de violação dois direitos garantidos pela Convenção, não ser
outro Estado-parte que tenha cometido violações. Se não a petição manifestamente infundada ou evidentemente
reconhecê-la, não poderá apresentar comunicações neste improcedente, não se tratar de reprodução de petição ou
sentido. No entanto, a declaração pode ser feita por tempo comunicação anterior, já examinada pela Comissão ou por
determinado ou para casos específicos (não precisa ser por outro organismo internacional.
tempo indefinido), sendo depositada na Secretaria Geral da
OEA. (artigo 45, CADH). f) Processo
A comunicação ou petição passou pelo crivo do artigo
e) Requisitos de admissibilidade 47 e será processada. O primeiro passo é a solicitação de
Antes de verificar a admissibilidade, a Comissão analisa informações do governo ao qual pertença a autoridade
se estão presentes os pré-requisitos processuais, se pode apontada como responsável pela violação, informando o
apurar o objeto da petição e se os fatos ocorreram antes da conteúdo da comunicação ou petição, fixando-se prazo.
ratificação da Convenção pelo Estado. Recebidas as informações ou transcorrido o prazo
decidirá se continuará o processamento da petição
65 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão intera- ou comunicação, arquivando-a se não subsistirem os
mericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema inte-
fundamentos da petição, decidindo pela improcedência
ramericano de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio;
PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
ou pela inadmissibilidade com base nas novas provas
dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos ou informações, ou dando o próximo passo para a
Tribunais, 2000. continuidade (artigo 48, CADH).

17
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Decidido continuar o expediente, produz-se provas, Não obtida a conciliação, será expedido um
com o devido exame do assunto exposto na petição e relatório, no qual se decidirá se houve de fato violação
eventual investigação, a qual os Estados envolvidos devem de direitos humanos e serão formuladas proposições e
facilitar. Poderá, ainda, pedir informações. Deve, ainda, se recomendações, se o caso. A ele serão agregados eventuais
colocar à disposição para uma solução amigável. (artigo 48, votos dissidentes e exposições dos interessados. Será
CADH). encaminhado aos Estados interessados que não poderão
Como a Convenção não traz critérios rígidos de publicá-lo. (artigo 50, CADH).
valoração, aceita-se qualquer meio capaz de averiguar a Em três meses o Estado-parte no qual ocorreu a
verdade dos fatos, incluindo documentos (textos de leis e violação deve apresentar uma solução ou levar o caso
decretos, passaportes, registros de imigração, documentos à Corte Interamericana de Direitos Humanos; ou, se a
administrativos, sentenças e decisões nacionais, cartas Comissão não levar o caso à Corte reconhecendo sua
privadas, fotografias, gravações, reportagens, entre outros), competência para o julgamento daquele caso, ela mesma
testemunhas, presunções e indícios, etc66. poderá emitir sua opinião e conclusões sobre a questão,
“Apesar de ter um papel aparentemente passivo nesta num julgamento conclusivo. Este julgamento conclusivo
fase do trâmite da denúncia, a Comissão está avaliando os irá trazer as providências esperadas do Estado-parte em
fatos apresentados e a solidez das provas. Durante esta certo prazo, após o qual se decidirá se ele tomou ou não
fase do procedimento, o peticionário deve assumir um tais medidas assecuratórias num relatório final. (artigo 51,
papel ativo, impulsionando o procedimento através da CADH).
apresentação de escritos contendo informações adicionais, A Comissão confere um prazo de três meses para
solicitando diligências, ou requerendo audiências para que suas recomendações sejam cumpridas a contar da
produção de prova testemunhal”67. notificação e, se não o forem, ela decidirá se o caso será
É possível abreviar estas etapas no caso de uma denúncia ou não levado à Corte. Para a Comissão levar o caso à
grave, procedendo desde logo com a investigação, desde Corte é preciso que o Estado tenha aceito a competência
que com autorização do Estado, respeitados ainda os dela, senão o caso continua tramitando na Comissão. Esta
requisitos de admissibilidade (artigo 48, CADH). decisão sobre o envio ou não do caso para a Corte tem
Obtida a solução amistosa descrita no artigo 48, se caráter estritamente discricionário e não é obrigatória. No
redigirá um relatório, que será encaminhado a todos mais, está sujeita ao prazo de caducidade de três meses
Estados-partes da Convenção e transmitido ao Secretário contados a partir da data em que a Comissão encaminha o
Geral da OEA, contendo uma breve exposição dos fatos e relatório para o Estado. Esta decisão deverá ser orientada
da solução alcançada, e também se dará ampla informação para o alcance da efetiva proteção dos direitos humanos
a quaisquer partes no caso que solicitar (artigo 49, CADH). naquele caso específico, notadamente quando o caso
No procedimento de solução amistosa, em que for muito grave ou quando por sua complexidade e
a Comissão exerce um papel estritamente político e transcendência merecer ser analisado pela Corte.69
diplomático, exige-se do Estado envolvido que esteja
pronto para atuar com boa-fé e fazer concessões. Ele Corte Interamericana de Direitos Humanos
permite que as partes negociem sobre medidas concretas a) Composição
de reparação às violações de direitos humanos alegadas, A Corte é composta de sete juízes, de nacionalidades
fornecendo vantagens para todos envolvidos: permite que diferentes, nacionais dos Estados-membros da Organização,
as discussões e negociações se iniciem com intermediação eleitos dentre juristas de alta autoridade moral e de
e fiscalização de um órgão internacional independente que reconhecida competência em matéria de direitos humanos,
é a Comissão, bem como oferece soluções mais efetivas e que reúnam as condições requeridas para o exercício
rápidas quando o compromisso firmado é cumprido em das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei
respeito ao princípio da boa-fé68. do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os
propuser como candidatos (artigo 52, CADH). Quanto ao
66 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão intera- requisito de possuir condições para o exercício dos mais
mericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema inte-
altos cargos judiciários do país, seria, no Brasil, atender aos
ramericano de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio;
PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção critérios para ser ministro de um Tribunal Superior.
dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tais juízes serão eleitos por voto secreto, exigido
Tribunais, 2000. quórum de maioria absoluta (mais da metade de todos
67 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão intera- Estados-partes da Convenção). Cada Estado-parte pode
mericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema inte- propor até 3 candidatos e, o fazendo, deverá indicar ao
ramericano de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio; menos 1 que não seja seu nacional (artigo 53, CADH).
PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000.
Tribunais, 2000. 69 GALLI, Maria Beatriz; KRSTICEVIC, Viviana; DULITZKY, Ariel
68 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão intera- E. A Corte Interamericana de Direitos Humanos: aspectos procedi-
mericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema inte- mentais e estruturais de seu funcionamento. In: GOMES, Luís Flávio;
ramericano de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio; PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos
dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000, p. 83-86.

18
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

O mandato durará 6 anos, aceita uma reeleição, para aconselhar e direcionar o cumprimento das normas
estabelecendo-se regra de transição para a alternância de direitos humanos, o que inclui fazer interpretações que
trienal dos juízes. No caso de eleição para substituir juiz esclareçam dúvidas dos Estados-membros.
cujo mandato não tenha expirado, por exemplo, que Assim, “a Corte possui uma função contenciosa, que
tenha falecido ou renunciado, será completado o período inclui o recebimento e trâmite de casos individuais de
do mandato anterior. Mesmo após o mandato de 6 anos, violação de direitos humanos, e uma função consultiva. Nos
independente de reeleição, os juízes continuarão julgando primeiros anos de seu funcionamento, a Corte fortaleceu
os casos que estiverem sendo processados perante eles. a proteção internacional dos direitos humanos através da
(artigo 54, CADH). emissão de opiniões consultivas. As opiniões consultivas
Nos termos do artigo 55 da CADH, se algum juiz do contribuíram para a interpretação e consequente ampliação
caso foi nacional de um dos Estados-partes não precisará de alguns direitos consagrados na Convenção Americana
se afastar, mas o seu país não poderá indicar um juiz ad hoc. sobre Direitos Humanos”70.
Quando não for nacional, ambos Estados-partes poderão A Corte tem ainda a função de apresentar relatório
indicar o juiz ad hoc, mas se forem muitos os Estados-partes de suas atividades à Assembleia: ele é anual e informa as
com o mesmo interesse eles serão considerados como uma recomendações feitas e as medidas que tenham sido ou
única parte (indicando um só juiz ad hoc). não cumpridas (artigo 65, CADH).
Ao menos 5 juízes da Corte devem participar da decisão
(artigo 56, CADH). d) Legitimidade ativa
Diferente do que ocorre nas Comissões, não é qualquer
b) Funcionamento pessoa que pode submeter um caso à Corte, mas somente
De início, destaca-se que a Comissão comparecerá Estados-partes e a própria Comissão, não se atingindo
em todos os casos perante a Corte, isto é, ainda que a solução perante esta (artigo 61, CADH).
Comissão não leve o caso à Corte, sempre será ouvida No momento do depósito do instrumento de ratificação
(artigo 57, CADH). ou posteriormente o Estado-parte pode reconhecer
A sede da Corte fica em São José, na Costa Rica, como como obrigatória a competência da Corte, de maneira
condicionada ou incondicionada - é a chamada declaração
decidido em Assembleia Geral, podendo realizar reuniões
especial. Também é possível reconhecer tal competência por
em outras localidades. Somente o secretário designado
convenção especial, que é um tipo de tratado internacional
pela Corte obrigatoriamente residirá na sede. (artigo 58,
com este fim. É preciso ao menos uma das duas para que a
CADH).
Corte possa apreciar o caso relativo ao Estado-parte (artigo
Diferente da Comissão, a Corte possui uma secretaria
62, CADH). Não havendo reconhecimento de competência,
específica, a qual será dirigida pelo Secretário-Geral da OEA,
não é possível figurar nem no polo ativo, nem no passivo
que nomeará funcionários após consultado o Secretário da
de processo perante a Corte.
Corte, respeitada sempre a independência da Corte (artigo
59, CADH). e) Requisitos de admissibilidade
O Estatuto elaborado pela Corte foi aprovado “Sobre a admissibilidade da demanda, a interpretação
pela resolução AG/RES n. 448 (IX-O/79), adotada pela da própria Corte sobre o prazo de três meses, transcorridos
Assembleia Geral da OEA, em seu Nono Período Ordinário desde a notificação do relatório ao Estado pela Comissão,
de Sessões, realizado em La Paz, Bolívia, outubro de 1979. é de que o mesmo não é fatal e pode ser prorrogado. Além
Já seu Regulamento não se sujeita a tal aprovação (artigo disso, a Corte determinou que a segurança jurídica exige
60, CADH). que os Estados respeitem os prazos, e que a Comissão não
faça uso arbitrário dos mesmos, principalmente em relação
c) Funções aos prazos estabelecidos pela Convenção Americana”71.
O artigo 63 da CADH resume as providências que a Assim, embora nos termos da Convenção a submissão
Corte pode determinar, basicamente: que seja assegurado do caso pela Comissão à Corte se sujeite ao prazo de
o gozo do direito ou liberdade violados e, se o caso, caducidade de três meses contados a partir da data em
que sejam reparadas as consequências da violação, além que a Comissão encaminha o relatório para o Estado,
do pagamento de indenização ao lesado. Prossegue o a Corte relativizou a previsão, aceitando que o caso seja
dispositivo esclarecendo que mesmo antes do final do encaminhado após o prazo.
julgamento a Corte pode tomar providências provisórias, 70 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão intera-
bem como pode intervir quando o caso ainda estiver na mericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema inte-
Comissão, desde que esta requeira. ramericano de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio;
Já o artigo 64 da CADH da competência consultiva PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
da Corte, que poderá ser exercida pelos Estados-membros dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos
quanto à interpretação da Convenção e de tratados correlatos Tribunais, 2000.
à proteção dos direitos humanos, bem como pelos órgãos 71 GALLI, Maria Beatriz; DULITZKY, Ariel E. A comissão intera-
mericana de direitos humanos e o seu papel central no sistema inte-
da OEA. Há também a possibilidade de um Estado-membro
ramericano de proteção dos direitos humanos. In: GOMES, Luís Flávio;
buscar parecer a respeito da compatibilidade de seu PIOVESAN, Flávia (Coord.). O sistema interamericano de proteção
ordenamento interno com os mecanismos internacionais. dos direitos humanos e o direito brasileiro. São Paulo: Revista dos
Afinal, a Corte não serve apenas para julgar litígios, mas Tribunais, 2000.

19
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Ao se defender, o Estado demandado pode apresentar O artigo 72 da CADH abrange o custeio dos juízes,
exceções preliminares por escrito no sentido de ser o notadamente quanto a honorários e despesas de viagem.
tribunal incompetente ou não haver admissibilidade da Somente o órgão ao qual o juiz pertence - Comissão
demanda, as quais são um incidente processual processado ou Corte - poderá requerer à Assembleia Geral a aplicação
independente do procedimento relativo ao mérito. de sanção por violação do respectivo estatuto. Tal sanção
As exceções preliminares são questão prévia será aplicada mediante resolução, exigindo-se quórum de
apresentadas no prazo de 30 dias a contar da notificação, 2/3 (qualificado) dos Estados-membros para os juízes da
não paralisando o procedimento de mérito e tramitando Corte e dos Estados-partes da Convenção para os juízes da
em separado. Nelas, o Estado demandado pode alegar Comissão. (artigo 73, CADH).
não só que a demanda não preenche os requisitos
de admissibilidade, mas também que não atende
outro requisito indispensável ao prosseguimento do 5 CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE
procedimento, como prescrição, vício insanável ou, o que DIREITOS HUMANOS (PACTO DE SÃO JOSÉ E
é comum, omissão de trâmites prévios junto à Comissão. DECRETO Nº 678/1992).
e) Sentença
A Corte deve justificar sua decisão, referindo-se às
provas dos autos e às normas de direitos humanos vigentes.
Se o voto não for unânime, ou seja, o mesmo para todos, DECRETO n° 678, de 6 de novembro de 1992.
o voto dissidente ou diverso será juntado à sentença e não
ignorado. (artigo 66, CADH). Promulga a Convenção Americana sobre Direitos
A sentença é definitiva e inapelável, ou seja, não é Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de
possível interpor recurso para nenhum órgão, nem mesmo novembro de 1969.
à Assembleia Geral da OEA. No máximo, é possível pedir O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no exercício do
em até 90 dias da notificação da sentença esclarecimentos cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e
sobre o seu conteúdo. (artigo 67, CADH).
Considerando que a Convenção Americana sobre
A decisão da Corte deverá ser cumprida pelos Estados-
Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), adotada
partes, sob pena de sanção internacional. Eventual
no âmbito da Organização dos Estados Americanos, em São
indenização a ser paga pelo Estado-parte será processada
José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou em
conforme as normas de execução internas (artigo 68,
vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma do
CADH), logo, a sentença é título executivo.
segundo parágrafo de seu art. 74;
A sentença pronuncia-se sobre a responsabilidade
Considerando que o Governo brasileiro depositou a carta
do Estado demandado pelos fatos apresentados e dispõe
de adesão a essa convenção em 25 de setembro de 1992;
sobre o seu dever de garantir à vítima o gozo do direito Considerando que a Convenção Americana sobre
ou liberdade violados, decidindo sobre as reparações e Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou
indenizações respectivas, além do eventual pagamento em vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de
de custas. Neste sentido, a sentença não tem um caráter conformidade com o disposto no segundo parágrafo de seu
meramente declaratório da violação cometida pelo art. 74;
Estado, mas, ao contrário, requer que o mesmo adote A primeira fase do chamado processo de elaboração
medidas concretas para reparar as violações aos direitos da dos tratados é a negociação. No Brasil, compete à União
Convenção Americana. “manter relações com Estados estrangeiros e participar
É conferida publicidade à sentença não só quanto aos de organizações internacionais”, nos termos do artigo 21,
envolvidos, mas quanto a todos Estados-partes (artigo 69, I da Constituição Federal. O único agente nas relações
CADH), que ficarão cientes do posicionamento da Corte em internacionais com competência exclusiva é o Presidente
relação a certa matéria, podendo eventualmente corrigir da República, que manterá as relações com o respectivo
alguma postura interna. Estado estrangeiro e celebrará tratados, convenções e
atos internacionais, que precisam apenas do referendo
Disposições comuns à Corte e à Comissão do Congresso Nacional, conforme dispõe o artigo 84, VII
As imunidades diplomáticas no curso do mandato e VIII da Constituição Federal. O momento seguinte é o
são conferidas aos juízes da Comissão e da Corte. Estes da assinatura do tratado por esta autoridade competente.
juízes não poderão ser responsabilizados por seus votos e Contudo, a exigibilidade dos tratados depende de atos
opiniões, o que influenciaria na independência com a qual posteriores. A colaboração entre os Poderes Executivo e
devem atuar em suas funções. (artigo 70, CADH). Legislativo é indispensável para a conclusão de um tratado
O juiz não pode assumir obrigações incompatíveis com no ordenamento jurídico brasileiro, já que muito embora
o cargo que exerce, o que é delimitado nos Estatutos da a competência seja exclusiva do Presidente da República,
Corte e da Comissão (artigo 71, CADH). É incompatível, por cabe ao Congresso Nacional, por meio de um decreto
exemplo, ser ministro de Estado num dos Estados-partes legislativo, autorizar a ratificação do ato internacional.
da Convenção. Nos termos do artigo 49, I da Constituição Federal “é

20
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

da competência exclusiva do Congresso Nacional: I - Considerando que esses princípios foram consagrados
resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos na Carta da Organização dos Estados Americanos, na
internacionais que acarretem encargos ou compromissos Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem
gravosos ao patrimônio nacional”. Quanto ao Pacto de e na Declaração Universal dos Direitos do Homem, e que
São José da Costa Rica, este foi negociado e assinado pela foram reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos
autoridade do Executivo competente e posteriormente internacionais, tanto de âmbito mundial como regional;
submetido à aprovação do Congresso Nacional, a qual Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal
foi concedida pelo Decreto Legislativo n° 27/92. Somente dos Direitos Humanos, só pode ser realizado o ideal do ser
depois esta foi promulgada pelo Decreto n° 678/92 e humano livre, isento do temor e da miséria, se forem criadas
ratificada pelo Brasil perante a Organização dos Estados condições que permitam a cada pessoa gozar dos seus
Americanos. direitos econômicos, sociais e culturais, bem como dos seus
direitos civis e políticos; e
DECRETA: Considerando que a Terceira Conferência Interamericana
Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incorporação
(Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José da à própria Carta da Organização de normas mais amplas
Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por cópia sobre os direitos econômicos, sociais e educacionais e
ao presente decreto, deverá ser cumprida tão inteiramente resolveu que uma Convenção Interamericana sobre Direitos
como nela se contém. Humanos determinasse a estrutura, competência e processo
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato dos órgãos encarregados dessa matéria;
internacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo Convieram no seguinte:
brasileiro fez a seguinte declaração interpretativa: “O Pelo preâmbulo da Convenção denotam-se os
Governo do Brasil entende que os arts. 43 e 48, alínea d , antecedentes históricos e as intenções envoltas em sua
não incluem o direito automático de visitas e inspeções in elaboração. Basicamente, os direitos humanos já haviam
loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, as sido reconhecidos internacionalmente desde a criação da
quais dependerão da anuência expressa do Estado”. ONU e a elaboração da Declaração Universal dos Direitos
Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua Humanos de 1948 por todos os Estados-membros da
publicação. organização. Entretanto, ainda se buscava um caminho para
Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independência a efetivação deles, garantindo a dignidade inerente à pessoa
e 104° da República. humana em qualquer localidade, independentemente de
ITAMAR FRANCO fatores externos. Neste sentido, optou-se por um processo
Fernando Henrique Cardoso de regionalização dos direitos humanos, no qual as
Este texto não substitui o publicado no DOU de 9.11.1992. peculiaridades das grandes regiões globais poderiam ser
levadas em consideração, permitindo maior efetividade
Depois do processo de internacionalização dos direitos das normas de direitos humanos. Assim, os países da
humanos, iniciou-se um processo de regionalização América se reuniram para a formação de uma organização
deles, ou seja, adaptação do conteúdo de cada uma das específica, a Organização dos Estados Americanos, e para
declarações de direitos até então proferidas a determinadas a assunção de um compromisso internacional continental
regiões do globo. pela preservação dos direitos humanos.

ANEXO PARTE I - DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS


CONVENÇÃO AMERICANA DE DIREITOS PROTEGIDOS
HUMANOS (1969)
(PACTO DE SAN JOSÉ DA COSTA RICA) A primeira parte da Convenção trata do aspecto material
da proteção dos direitos humanos na América. No capítulo
PREÂMBULO I, são estabelecidos os deveres dos Estados-partes, que
são os de respeito e adoção das disposições do pacto no
Os Estados Americanos signatários da presente ordenamento jurídico interno; no capítulo II são enumerados
Convenção, os direitos civis e políticos, que são praticamente os mesmos
Reafirmando seu propósito de consolidar neste declarados no âmbito internacional, embora mais amplos
Continente, dentro do quadro das instituições democráticas, em relação a alguns direitos; no capítulo III ocorre uma
um regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado remissão à Carta da Organização dos Estados Americanos
no respeito dos direitos humanos essenciais; no tocante aos direitos econômicos, sociais e culturais, de
Reconhecendo que os direitos essenciais da pessoa realização progressiva; no capítulo IV são tratados os casos
humana não derivam do fato de ser ela nacional de de suspensão de garantias, interpretação e aplicação; no
determinado Estado, mas sim do fato de ter como capítulo V abordam-se os deveres das pessoas.
fundamento os atributos da pessoa humana, razão por
que justificam uma proteção internacional, de natureza Capítulo I - ENUMERAÇÃO DOS DEVERES
convencional, coadjuvante ou complementar da que oferece
o direito interno dos Estados americanos; Artigo 1º - Obrigação de respeitar os direitos

21
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

1. Os Estados-partes nesta Convenção comprometem- “O conceito de personalidade está umbilicalmente


se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos e a ligado ao de pessoa. Todo aquele que nasce com vida
garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa que esteja torna-se uma pessoa, ou seja, adquire personalidade. Esta
sujeita à sua jurisdição, sem discriminação alguma, por é, portanto, qualidade ou atributo do ser humano. Pode
motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião, opiniões políticas ser definida como aptidão genérica para adquirir direitos e
ou de qualquer outra natureza, origem nacional ou social, contrair obrigações ou deveres na ordem civil. É pressuposto
posição econômica, nascimento ou qualquer outra condição para a inserção e atuação da pessoa na ordem jurídica. A
social. personalidade é, portanto, o conceito básico da ordem
2. Para efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser jurídica, que a estende a todos os homens, consagrando-a
humano. na legislação civil e nos direitos constitucionais de vida,
Os Estados-membros da OEA assumem o liberdade e igualdade. É qualidade jurídica que se revela
compromisso de respeitar os direitos humanos declarados como preliminar de todos os direitos e deveres”73.
neste documento para com todos os seres humanos que
ingressem em território de sua jurisdição, não apenas Artigo 4º - Direito à vida
nacionais. Nota-se, ainda, que não há ser humano que 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida.
possa não ser considerado como pessoa. Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde o
momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida
Artigo 2º - Dever de adotar disposições de direito interno arbitrariamente.
Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados Atenção: a Convenção assegura a proteção à vida
no artigo 1° ainda não estiver garantido por disposições desde a concepção! Não obstante, veda a morte por
legislativas ou de outra natureza, os Estados-partes razões arbitrárias, por exemplo, pena de morte sem o
comprometem-se a adotar, de acordo com as suas normas
devido processo legal.
constitucionais e com as disposições desta Convenção,
2. Nos países que não houverem abolido a pena de
as medidas legislativas ou de outra natureza que forem
morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais graves,
necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
em cumprimento de sentença final de tribunal competente
O conteúdo da Convenção tem um caráter genérico, de
e em conformidade com a lei que estabeleça tal pena,
forma que meios específicos para assegurar os direitos nela
promulgada antes de haver o delito sido cometido. Tampouco
previstos dentro do ordenamento interno são necessários.
se estenderá sua aplicação a delitos aos quais não se aplique
Este artigo deixa claro o dever dos Estados-partes de
adaptar o ordenamento interno a este contexto. atualmente.
No ideário de proteção à vida, impedindo a aplicação
Capítulo II - DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS de pena de morte, a Convenção adota um posicionamento
de não retrocesso. Basicamente, para os casos e nas
Em relação à primeira dimensão de direitos, aponta localidades em que a pena de morte foi abolida não é
Bobbio72: “[...] o desenvolvimento dos direitos do homem possível passar a aplicá-la.
passou por três fases: num primeiro momento, afirmaram- 3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Estados
se os direitos de liberdade, isto é, todos aqueles direitos que a hajam abolido.
que tendem a limitar o poder do Estado e a reservar para Os países que adotavam pena de morte antes da
o indivíduo, ou para os grupos particulares, uma esfera de Convenção não podem ampliar sua aplicação para outros
liberdade em relação ao Estado; num segundo momento, crimes, mas não são obrigados a aboli-la plenamente.
foram propugnados os direitos políticos, os quais – 4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplicada
concebendo a liberdade não apenas negativamente, como a delitos políticos, nem a delitos comuns conexos com delitos
não impedimento, mas positivamente, como autonomia – políticos.
tiveram como consequência a participação cada vez mais A aplicação de pena de morte por crimes políticos
ampla, generalizada e frequente dos membros de uma significaria uma violação dos direitos políticos, que
comunidade no poder político (ou liberdade no Estado) permitem o livre exercício do pensamento perante o
[...]”. Estes dois momentos representam a formação da Estado. Sem isto, não há democracia. Assim, somente cabe
primeira dimensão de direitos humanos, correspondentes pena de morte para certos delitos comuns mais graves aos
aos direitos civis e políticos, os quais são abordados neste quais já se aplicava tal pena antes da Convenção naquele
capítulo da Convenção. Em geral, tais direitos não exigem Estado-parte.
uma postura ativa estatal, mas sim de abstenção, deixando 5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que,
de se ingerir em direitos humanos individuais e permitindo no momento da perpetração do delito, for menor de dezoito
que as pessoas participem das decisões políticas. anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em estado
de gravidez.
Artigo 3º - Direito ao reconhecimento da personalidade Não é possível aplicar pena de morte a menores de
jurídica 18 anos (proteção à criança e ao adolescente) e nem
Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua às mulheres grávidas (proteção da maternidade e da
personalidade jurídica. infância).
72 BOBBIO, Norberto. A Era dos Direitos. Tradução Celso La- 73 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 9. ed.
fer. 9. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1.

22
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar 6. As penas privativas de liberdade devem ter por
anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem ser finalidade essencial a reforma e a readaptação social dos
concedidos em todos os casos. Não se pode executar a pena condenados.
de morte enquanto o pedido estiver pendente de decisão A pena tem função retributiva e preventiva (geral e
ante a autoridade competente. especial). Retributiva por ser uma resposta ao mal causado
Segundo Bitencourt74, anistia “é o esquecimento jurídico pelo criminoso para a sociedade. Preventiva geral no
do ilícito e tem por objeto fatos (não pessoas) definidos sentido de intimidar todos os destinatários da norma penal,
como crimes, de regra, políticos, militares ou eleitorais, visando impedir que eles pratiquem crimes; preventiva
excluindo-se, normalmente, os crimes comuns”; ao passo especial no sentido de impedir o autor do crime que volte
que indulto coletivo ou propriamente dito “destina-se a a delinquir. Há, ainda, a função social ou ressocializadora,
um grupo determinado de condenados e é delimitado pela que visa permitir que o condenado seja devolvido à
natureza do crime e quantidade da pena aplicada, além de sociedade em condições de não mais cometer crimes e
outros requisitos que o diploma legal pode estabelecer”; já conviver pacificamente.
a comutação da pena é o indulto parcial, não extinguindo a
punibilidade, mas diminuindo a pena a ser cumprida. Artigo 6º - Proibição da escravidão e da servidão
1. Ninguém poderá ser submetido a escravidão ou
Artigo 5º - Direito à integridade pessoal servidão e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico
1. Toda pessoa tem direito a que se respeite sua de mulheres são proibidos em todas as suas formas.
integridade física, psíquica e moral. 2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho
São garantias inerentes ao direito à vida e ao direito à forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, para
saúde. certos delitos, pena privativa de liberdade acompanhada de
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas trabalhos forçados, esta disposição não pode ser interpretada
ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pessoa no sentido de proibir o cumprimento da dita pena, imposta
privada de liberdade deve ser tratada com o respeito devido por um juiz ou tribunal competente. O trabalho forçado
não deve afetar a dignidade, nem a capacidade física e
à dignidade inerente ao ser humano.
intelectual do recluso.
Tortura é a imposição de dor física ou psicológica por
Se todo ser humano é uma pessoa e, como tal, dotada
crueldade, intimidação, punição, para obtenção de uma
de dignidade, aceitar a escravidão seria absurdo. Inerente
confissão, informação ou simplesmente por prazer da
a isto se encontra a vedação de trabalhos forçados: não
pessoa que tortura, sendo assim uma espécie de trato cruel,
significa que não pode existir trabalho obrigatório, mas a
desumano ou degradante. As penas também não podem
negativa em cumpri-lo não pode impedir o cumprimento
ser cruéis, desumanas ou degradantes, por exemplo, de
da pena, embora o desempenho do trabalho possa gerar
trabalhos forçados. O cumprimento da pena, ainda que em
sua diminuição proporcional aos dias trabalhados. Havendo
si ela não seja cruel, a exemplo da privativa de liberdade, trabalho obrigatório, este não pode influenciar a dignidade
deve se dar de maneira digna, não se aceitando a falta de e nem a capacidade física ou intelectual do acusado, por
estrutura nos estabelecimentos prisionais. exemplo, colocar um professor para limpar os banheiros
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. da prisão e não para ministrar aulas aos detentos é uma
Pelo princípio da personalidade da pena o crime pode violação.
ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu turno, 3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios
a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria flagrante para os efeitos deste artigo:
a injustiça se fosse possível alguém responder pelos atos a) os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de
ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolução
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. formal expedida pela autoridade judiciária competente. Tais
4. Os processados devem ficar separados dos trabalhos ou serviços devem ser executados sob a vigilância
condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem e controle das autoridades públicas, e os indivíduos que
ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de os executarem não devem ser postos à disposição de
pessoas não condenadas. particulares, companhias ou pessoas jurídicas de caráter
Trata-se de um benefício inerente à presunção de privado;
inocência: os que ainda são considerados inocentes perante b) serviço militar e, nos países em que se admite a
a lei devem ficar separados dos culpados. isenção por motivo de consciência, qualquer serviço nacional
5. Os menores, quando puderem ser processados, que a lei estabelecer em lugar daquele;
devem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal c) o serviço exigido em casos de perigo ou de calamidade
especializado, com a maior rapidez possível, para seu que ameacem a existência ou o bem-estar da comunidade;
tratamento. d) o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
Para proteger as crianças e os adolescentes tem-se um cívicas normais.
sistema específico para processo e condenação criminal, Evidencia-se que trabalho obrigatório não significa
bem como local próprio de execução da pena. trabalho forçado. Nestes casos, não há trabalho forçado, por
74 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. mais que o indivíduo na verdade não queira desempenhá-
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. lo.

23
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 7º - Direito à liberdade pessoal Depois de muitas discussões, o Supremo Tribunal Federal
1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança decidiu no dia 05 de dezembro de 2008 que é ilegal a prisão
pessoais. civil do depositário infiel, utilizando-se da tese de que os
A liberdade aparece ligada à segurança porque a tratados de direitos humanos têm status supralegal, ou
privação da liberdade de um por parte do Estado visa, seja, encontram-se acima das leis ordinárias, porém abaixo
necessariamente, a preservação da segurança dos demais. da Constituição Federal. Neste sentido, a súmula vinculante
2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física, n° 25 e Habeas Corpus n° 87.585-8/TO.
salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas
pelas Constituições políticas dos Estados-partes ou pelas leis Artigo 8º - Garantias judiciais
de acordo com elas promulgadas. 1. Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um
encarceramento arbitrários. juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
A legislação deve ser expressa a respeito dos casos em estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
que se admite a privação da liberdade de locomoção. acusação penal formulada contra ela, ou na determinação
4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das
de seus direitos e obrigações de caráter civil, trabalhista,
razões da detenção e notificada, sem demora, da acusação
fiscal ou de qualquer outra natureza.
ou das acusações formuladas contra ela.
Evidencia-se o direito ao contraditório, consistente
5. Toda pessoa presa, detida ou retida deve ser conduzida,
sem demora, à presença de um juiz ou outra autoridade em poder ouvir e dar uma resposta a respeito dos fatos
autorizada por lei a exercer funções judiciais e tem o controversos levados a juízo, em qualquer esfera. Também
direito de ser julgada em prazo razoável ou de ser posta traz o princípio do juiz natural e da vedação ao tribunal
em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo. Sua de exceção, de forma que sempre será fixado o juízo
liberdade pode ser condicionada a garantias que assegurem competente de maneira prévia por regras de organização
o seu comparecimento em juízo. judiciária, avaliando-se ainda se aquele juízo atribuído é de
6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recorrer fato imparcial (não possuindo inimizades ou amizades para
a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este decida, com as partes).
sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou detenção e 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que
ordene sua soltura, se a prisão ou a detenção forem ilegais. se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente
Nos Estados-partes cujas leis prevêem que toda pessoa que comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem
se vir ameaçada de ser privada de sua liberdade tem direito direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas:
a recorrer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que O estado de inocência é inerente à pessoa humana, de
este decida sobre a legalidade de tal ameaça, tal recurso forma que somente pode ser considerada culpada após
não pode ser restringido nem abolido. O recurso pode ser o trânsito em julgado do processo criminal que apure
interposto pela própria pessoa ou por outra pessoa. devidamente o ilícito (princípio da presunção de inocência).
Os itens 4 a 6 tratam do devido processo legal (ampla a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por
defesa e contraditório) garantidos àquele que é privado de um tradutor ou intérprete, caso não compreenda ou não fale
sua liberdade de locomoção. É preciso que a pessoa seja a língua do juízo ou tribunal;
notificada a respeito dos motivos da acusação, seja levada b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da
ao juiz que decidirá sobre a manutenção da prisão e possa acusação formulada;
interpor recurso contra tal decisão. c) concessão ao acusado do tempo e dos meios
7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio necessários à preparação de sua defesa;
não limita os mandados de autoridade judiciária competente d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de
expedidos em virtude de inadimplemento de obrigação
ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-
alimentar.
se, livremente e em particular, com seu defensor;
Uma das maiores polêmicas jurídicas brasileiras nos
últimos anos envolve justamente este dispositivo da e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor
Convenção: enquanto ela somente permite a prisão por proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo a
dívida em caso de obrigação alimentar, a Constituição legislação interna, se o acusado não se defender ele próprio,
brasileira a permite também para os depositários infiéis nem nomear defensor dentro do prazo estabelecido pela lei;
(aquele que fica vinculado ao cumprimento de uma f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes
obrigação meramente contratual, cuja função que lhe é no Tribunal e de obter o comparecimento, como testemunhas
confiada envolve a guarda de uma coisa específica, devendo ou peritos, de outras pessoas que possam lançar luz sobre os
conservá-la e restituí-la in natura quando for exigida pelo fatos;
depositante ou pagar o preço equivalente se a coisa não g) direito de não ser obrigada a depor contra si mesma,
mais existir na sua esfera de disponibilidade). Ocorre nem a confessar-se culpada; e
que os tratados de direitos humanos, a partir da Emenda h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal
Constitucional n° 45/04, cumpridas as condições do artigo superior.
5°, §3° são considerados como emendas constitucionais; Todas as garantias enumeradas fazem parte do devido
mas a Convenção em estudo foi ratificada antes desta processo legal, formado pelo binômio contraditório + ampla
alteração legislativa, havendo posicionamentos diversos defesa. Pelo princípio do devido processo legal “ninguém
a respeito dela possuir ou não o caráter constitucional. será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido

24
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

processo legal. Corolário a esse princípio, asseguram-se Uma pessoa injustamente condenada por um erro
aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e estatal na apuração do ilícito tem direito a indenização.
aos acusados em geral o contraditório e a ampla defesa,
com os meios e recursos a ela inerentes”75. São meios, por Artigo 11 - Proteção da honra e da dignidade
exemplo, a conferência de um tradutor e de um defensor, 1. Toda pessoa tem direito ao respeito da sua honra e ao
público ou privado, e ainda os direitos ao silêncio e à não reconhecimento de sua dignidade.
produção de provas contra si. São recursos as vias de 2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias
questionamento da decisão judicial perante outro juiz ou ou abusivas em sua vida privada, em sua família, em seu
tribunal superior. domicílio ou em sua correspondência, nem de ofensas ilegais
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coação
à sua honra ou reputação.
de nenhuma natureza.
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais
Assim, não é que a confissão não seja um meio de
prova válido: é válida, mas não pode ser obtida à força, por ingerências ou tais ofensas.
exemplo, mediante tortura ou ameaça. Privacidade e personalidade são direitos que parecem
4. O acusado absolvido por sentença transitada em interligados, uma vez que a primeira é condição de expansão
julgado não poderá ser submetido a novo processo pelos da segunda. A honra pode ser objetiva, no que tange ao
mesmos fatos. modo como o mundo vê a pessoa, e subjetiva, referindo-se
Não cabe revisão criminal pro societate - em favor da à maneira como ela se vê. Para o bom desenvolvimento da
sociedade. Não importa se o acusado foi indevidamente personalidade é preciso garantir a privacidade, cabendo à
absolvido, transitada em julgado a decisão não poderá lei proteger todos estes bens jurídicos.
ser processado novamente pelo mesmo fato. A revisão
criminal só é possível se surgirem provas para absolver o Artigo 12 - Liberdade de consciência e de religião
réu condenado criminalmente, nunca para condená-lo. 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for e de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar
necessário para preservar os interesses da justiça.
sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de
O segredo de justiça é limitado a alguns casos porque,
em regra, “o direito subjetivo das partes e advogados à crenças, bem como a liberdade de professar e divulgar sua
intimidade somente estará garantido se não prejudicar o religião ou suas crenças, individual ou coletivamente, tanto
interesse público à informação”76. em público como em privado.
2. Ninguém pode ser submetido a medidas restritivas
Artigo 9º - Princípio da legalidade e da retroatividade que possam limitar sua liberdade de conservar sua religião
Ninguém poderá ser condenado por atos ou omissões ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.
que, no momento em que foram cometidos, não constituam 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as
delito, de acordo com o direito aplicável. Tampouco poder- próprias crenças está sujeita apenas às limitações previstas
se-á impor pena mais grave do que a aplicável no momento em lei e que se façam necessárias para proteger a segurança,
da ocorrência do delito. Se, depois de perpetrado o delito, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as
a lei estipular a imposição de pena mais leve, o deliquente liberdades das demais pessoas.
deverá dela beneficiar-se. 4. Os pais e, quando for o caso, os tutores, têm direito
Há uma regra dominante em termos de conflito de leis
a que seus filhos e pupilos recebam a educação religiosa e
penais no tempo que é a da irretroatividade da lei penal,
sem a qual não haveria nem segurança e nem liberdade moral que esteja de acordo com suas próprias convicções.
na sociedade, em flagrante desrespeito ao princípio da Uma das esferas da liberdade de pensamento é a
legalidade e da anterioridade da lei. Logo, o tempo rege liberdade de crença religiosa. Cada qual tem direito a
a ação - tempus regit actum - e uma lei somente abrange professar a crença que quiser no Estado democrático, não
os atos praticados durante a sua vigência, não antes podendo ser tolhido deste direito. No entanto, há algumas
(retroatividade) nem depois (ultra-atividade). Contudo, o limitações lógicas ao exercício deste direito, notadamente
princípio da irretroatividade vige somente quanto à lei mais quanto às colisões com outros direitos humanos: por
severa, de forma que a lei que for mais favorável ao réu irá exemplo, não pode ser aceita a prática de sacrifício humano
retroagir, no que se consolida o princípio da retroatividade nos cultos religiosos.
da lei mais benéfica.77 A religiosidade é um dos aspectos em que os pais
influenciam os filhos e, por isso, possuem direito de vê-los
Artigo 10 - Direito à indenização educados em consonância com tais crenças.
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a
lei, no caso de haver sido condenada em sentença transitada
Artigo 13 - Liberdade de pensamento e de expressão
em julgado, por erro judiciário.
1. Toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento
75 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
e de expressão. Esse direito inclui a liberdade de procurar,
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
receber e difundir informações e ideias de qualquer natureza,
76 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011. sem considerações de fronteiras, verbalmente ou por escrito,
77 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. ou em forma impressa ou artística, ou por qualquer meio de
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. sua escolha.

25
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

“Na verdade, o ser humano, através dos processos legalmente regulamentados e que se dirijam ao público em
internos de reflexão, formula juízos de valor. Estes geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de difusão, sua
exteriorizam nada mais do que a opinião de seu emitente. retificação ou resposta, nas condições que estabeleça a lei.
Assim, a regra constitucional, ao consagrar a livre 2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão
manifestação do pensamento, imprime a existência jurídica das outras responsabilidades legais em que se houver
ao chamado direito de opinião”78. incorrido.
2. O exercício do direito previsto no inciso precedente não 3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda
pode estar sujeito à censura prévia, mas a responsabilidades publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de
ulteriores, que devem ser expressamente previstas em lei e rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável, que não
que se façam necessárias para assegurar: seja protegida por imunidades, nem goze de foro especial.
a) o respeito dos direitos e da reputação das demais A publicação de um conteúdo ofensivo dá ao ofendido
pessoas; direito de resposta (direito de em local idêntico, com
b) a proteção da segurança nacional, da ordem pública, mesmo destaque e circulação, expor seus argumento
ou da saúde ou da moral públicas. contrários à ofensa publicada), mas não exime o ofensor
Silva79 explica que “o homem se torna cada vez mais livre de responder por seu ato. Para garantir isto, nos meios de
na medida em que amplia seu domínio sobre a natureza”, comunicação é preciso de um responsável que não seja
ou seja, com a evolução da sociedade, a tendência é que impedido de ser processado regularmente, ou seja, que
o círculo que delimita a esfera da liberdade se amplie. não possua imunidades ou goze de foro especial.
Entretanto, o direito à liberdade nunca foi assegurado de
forma irrestrita, assim como nunca se defendeu no campo Artigo 15 - Direito de reunião
ético que alguém pudesse exercê-lo sem limites. Não É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem
significa que é aceita a censura prévia, como era comum nos armas. O exercício desse direito só pode estar sujeito às
regimes ditatoriais, mas que é preciso limitar a veiculação restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em
de conteúdos que violem direitos humanos alheios ou uma sociedade democrática, ao interesse da segurança
atentem contra a moral social. Por exemplo, se uma pessoa nacional, da segurança ou ordem públicas, ou para proteger
publicar um conteúdo ofensivo a outra cometerá violação a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as liberdades
da honra, se divulgar conteúdos antissemitas praticará das demais pessoas.
crime de preconceito e discriminação. O direito de reunião evidencia a liberdade de
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias expressão conferida aos indivíduos e aos grupos sociais.
e meios indiretos, tais como o abuso de controles oficiais Grupos de pessoas podem se reunir para manifestar
ou particulares de papel de imprensa, de frequências algum pensamento, respeitados os limites legais, por
radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usados na exemplo, não é autorizada a presença de armas, ou ainda,
difusão de informação, nem por quaisquer outros meios é preciso informar o poder público para que ele tome
destinados a obstar a comunicação e a circulação de ideias providências para garantir a segurança numa manifestação
e opiniões. grupal principalmente se ela tiver grande repercussão
A propriedade dos meios de comunicação não pode ser (exemplificando, algumas paradas gays chegam a reunir
utilizada para manipulação do pensamento da população. milhões de pessoas).
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura
prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a eles, Artigo 16 - Liberdade de associação
para proteção moral da infância e da adolescência, sem 1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se
prejuízo do disposto no inciso 2. livremente com fins ideológicos, religiosos, políticos,
Antes de permitir que um espetáculo chegue ao econômicos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de
público é aceita a avaliação prévia do conteúdo, limitando qualquer outra natureza.
o acesso, por exemplo, a determinada faixa etária. 2. O exercício desse direito só pode estar sujeito às
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guerra, restrições previstas em lei e que se façam necessárias, em
bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou religioso uma sociedade democrática, ao interesse da segurança
que constitua incitamento à discriminação, à hostilidade, ao nacional, da segurança e da ordem públicas, ou para
crime ou à violência. proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e as
Permitir o incentivo a este tipo de pensamento liberdades das demais pessoas.
contrário à paz mundial vai contra o que os sistemas global 3. O presente artigo não impede a imposição de
e regional de proteção de direitos humanos buscam. restrições legais, e mesmo a privação do exercício do direito
de associação, aos membros das forças armadas e da polícia.
Artigo 14 - Direito de retificação ou resposta Entidades associativas têm legitimidade para
1. Toda pessoa, atingida por informações inexatas ou representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente,
ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão podendo defender, em nome próprio, direitos de seus
78 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano. associados. Logo, caracteriza a união das forças individuais
Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. num grupo organizado e devidamente autorizado por lei.
79 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional Ninguém é obrigado a ingressas ou permanecer em uma
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. associação. Nenhuma associação pode defender interesses

26
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

ilícitos (por exemplo, seria absurdo permitir que o PCC ou Artigo 20 - Direito à nacionalidade
o Comando Vermelho fossem consideradas associações, 1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
posto que reúnem criminosos). Enfim, a lei pode limitar, 2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado em
com razoabilidade e proporcionalidade, a liberdade de cujo território houver nascido, se não tiver direito a outra.
associação. 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua
nacionalidade, nem do direito de mudá-la.
Artigo 17 - Proteção da família Com estas regras, impede-se que uma pessoa não se
1. A família é o núcleo natural e fundamental da vincule jurídica e politicamente a um Estado, integrando o
sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado. povo e desfrutando de direitos e obrigações. No mínimo,
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de terá a nacionalidade do território em que tiver nascido. A
contraírem casamento e de constituírem uma família, se figura do apátrida é vedada. Em certos casos, será possível
tiverem a idade e as condições para isso exigidas pelas leis mudar de nacionalidade, não podendo a pessoa ser
internas, na medida em que não afetem estas o princípio da impedida.
não-discriminação estabelecido nesta Convenção.
3. O casamento não pode ser celebrado sem o Artigo 21 - Direito à propriedade privada
consentimento livre e pleno dos contraentes. 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo de seus bens. A
4. Os Estados-partes devem adotar as medidas lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
apropriadas para assegurar a igualdade de direitos e a O direito à propriedade é garantido, mas não de
adequada equivalência de responsabilidades dos cônjuges forma ilimitada. Entre os limites possíveis destaca-se o do
quanto ao casamento, durante o mesmo e por ocasião respeito à função social. Por exemplo, não poderá manter a
de sua dissolução. Em caso de dissolução, serão adotadas propriedade aquele que não a torna produtiva.
as disposições que assegurem a proteção necessária aos 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo
filhos, com base unicamente no interesse e conveniência dos mediante o pagamento de indenização justa, por motivo
mesmos. de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e na
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos forma estabelecidos pela lei.
nascidos fora do casamento, como aos nascidos dentro do O item se refere ao instituto da desapropriação, pelo
casamento. qual o Estado toma a propriedade de um bem em prol do
A proteção da família é essencial porque ela é a base interesse coletivo, indenizando o proprietário.
da estrutura social. O tradicional modo de constituição da 3. Tanto a usura, como qualquer outra forma de
família é o casamento, tanto que ele é protegido nesta exploração do homem pelo homem, devem ser reprimidas
Convenção e na DUDH, sendo o consentimento dos pela lei.
nubentes um requisito essencial. Durante o casamento, Usura significa agiotagem, uma pessoa emprestar
as obrigações devem ser partilhadas e, em caso de dinheiro por juros abusivos e utilizar meios controversos
dissolução, deve ser priorizado o melhor interesse dos para receber os juros e o valor emprestado de volta.
filhos para decidir a respeito de guarda, visitas e alimentos.
No mais, os filhos nascidos dentro ou fora do casamento Artigo 22 - Direito de circulação e de residência
são equiparados. 1. Toda pessoa que se encontre legalmente no território
de um Estado tem o direito de nele livremente circular e de
Artigo 18 - Direito ao nome nele residir, em conformidade com as disposições legais.
Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de 2. Toda pessoa terá o direito de sair livremente de
seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma de qualquer país, inclusive de seu próprio país.
assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictícios, se 3. O exercício dos direitos supracitados não pode ser
for necessário. restringido, senão em virtude de lei, na medida indispensável,
O nome é um modo de individualização da pessoa em uma sociedade democrática, para prevenir infrações
natural. “Integra a personalidade, individualiza a pessoa penais ou para proteger a segurança nacional, a segurança
não só durante a sua vida como também após a sua morte, ou a ordem públicas, a moral ou a saúde públicas, ou os
e indica a sua procedência familiar”80. direitos e liberdades das demais pessoas.
4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode
Artigo 19 - Direitos da criança também ser restringido pela lei, em zonas determinadas, por
Toda criança terá direito às medidas de proteção que a motivo de interesse público.
sua condição de menor requer, por parte da sua família, da A liberdade de circulação dentro de seu país ou em um
sociedade e do Estado. território em que entre legalmente não é plena: pode ser
A criança é parte fundamental da sociedade, restringida em virtude de lei, bem como visando proteger
representando seu futuro. Protegê-la significa garantir o interesse público e a segurança social.
que no futuro existirão adultos preparados para construir 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do
uma sociedade melhor. Para tanto são criados inúmeros qual for nacional e nem ser privado do direito de nele entrar.
mecanismos. No Brasil, destaca-se o Estatuto da Criança e 6. O estrangeiro que se encontre legalmente no território
do Adolescente. de um Estado-parte na presente Convenção só poderá
80 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro. 9. ed. dele ser expulso em decorrência de decisão adotada em
São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. conformidade com a lei.

27
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Nota-se que não se garante o livre ingresso em território Artigo 25 - Proteção judicial
que não o do próprio país, para tanto é preciso respeitar as 1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápido
regras do país para recebimento de estrangeiros - apenas se ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes ou
veda a expulsão arbitrária do que já esteja lá. tribunais competentes, que a proteja contra atos que violem
7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo seus direitos fundamentais reconhecidos pela Constituição,
em território estrangeiro, em caso de perseguição por delitos pela lei ou pela presente Convenção, mesmo quando tal
políticos ou comuns conexos com delitos políticos, de acordo violação seja cometida por pessoas que estejam atuando no
com a legislação de cada Estado e com as Convenções exercício de suas funções oficiais.
internacionais. No Brasil, entre outros instrumentos, destacam-se o
O asilo político é instituição pela qual um Estado confere mandado de segurança, o habeas corpus e o habeas data.
abrigo e proteção a um indivíduo que tenha fugido de um 2. Os Estados-partes comprometem-se:
outro Estado no qual sofria perseguição por delitos políticos a) a assegurar que a autoridade competente prevista
ou conexos a ele. pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de toda
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou pessoa que interpuser tal recurso;
entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu direito b) a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e
à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de violação em c) a assegurar o cumprimento, pelas autoridades
virtude de sua raça, nacionalidade, religião, condição social ou competentes, de toda decisão em que se tenha considerado
de suas opiniões políticas. procedente o recurso.
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros. Não basta prever tais garantias, é preciso conferir
A extradição é permitida, dentro dos limites da legislação estrutura ao Judiciário para cumpri-las.
de direitos humanos.
Capítulo III - DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E
Artigo 23 - Direitos políticos CULTURAIS
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos e
Artigo 26 - Desenvolvimento progressivo
oportunidades:
Os Estados-partes comprometem-se a adotar as
a) de participar da condução dos assuntos públicos,
providências, tanto no âmbito interno, como mediante
diretamente ou por meio de representantes livremente eleitos;
cooperação internacional, especialmente econômica e
b) de votar e ser eleito em eleições periódicas, autênticas,
técnica, a fim de conseguir progressivamente a plena
realizadas por sufrágio universal e igualitário e por voto secreto,
efetividade dos direitos que decorrem das normas
que garantam a livre expressão da vontade dos eleitores; e
econômicas, sociais e sobre educação, ciência e cultura,
Participar das decisões políticas de maneira direta
constantes da Carta da Organização dos Estados Americanos,
ou indireta é um direito político de primeira dimensão.
reformada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
Existem modalidades de participação direta, consolidando recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros meios
a democracia direta, mas geralmente, como são muitos os apropriados.
indivíduos que podem participar em sociedade, adota-se a
democracia indireta, na qual são eleitos representantes por Capítulo IV - SUSPENSÃO DE GARANTIAS,
meio do voto. Ainda assim, são comuns alguns mecanismos INTERPRETAÇÃO E APLICAÇÃO
de participação direta, como o plebiscito, o referendo e a
iniciativa popular, formando um modelo de democracia Artigo 27 - Suspensão de garantias
misto. 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra
c) de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às emergência que ameace a independência ou segurança
funções públicas de seu país. do Estado-parte, este poderá adotar as disposições que, na
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportunidades, medida e pelo tempo estritamente limitados às exigências
a que se refere o inciso anterior, exclusivamente por motivo de da situação, suspendam as obrigações contraídas em virtude
idade, nacionalidade, residência, idioma, instrução, capacidade desta Convenção, desde que tais disposições não sejam
civil ou mental, ou condenação, por juiz competente, em incompatíveis com as demais obrigações que lhe impõe o
processo penal. Direito Internacional e não encerrem discriminação alguma
O acesso às funções públicas geralmente se dá fundada em motivos de raça, cor, sexo, idioma, religião ou
por concurso público, não podendo utilizar critérios origem social.
preconceituosos para admissão. A limitações de direitos humanos é permitida, mas
não é possível que ela viole premissas ligadas à dignidade
Artigo 24 - Igualdade perante a lei humana, como raça, cor, sexo, idioma, religião. Por exemplo,
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguinte, na situação descrita no artigo seria aceitável autorizar
têm direito, sem discriminação alguma, à igual proteção da lei. trabalhos forçados compatíveis com a dignidade humana.
Trata-se do princípio da igualdade perante a lei. Assim, a 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão
lei é válida para todas as pessoas, embora possa estabelecer dos direitos determinados nos seguintes artigos: 3 (direito ao
regramentos específicos para certos grupos sociais reconhecimento da personalidade jurídica), 4 (direito à vida),
vulneráveis. 5 (direito à integridade pessoal), 6 (proibição da escravidão e

28
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

da servidão), 9 (princípio da legalidade e da retroatividade), É possível que Estados-partes firmem entre si tratados
12 (liberdade de consciência e religião), 17 (proteção da específicos, caso em que deverão se atentar para as normas
família), 18 (direito ao nome), 19 (direitos da criança), 20 da Convenção.
(direito à nacionalidade) e 23 (direitos políticos), nem das
garantias indispensáveis para a proteção de tais direitos. Artigo 29 - Normas de interpretação
Nem precisaria especificar, pois tais direitos estão Nenhuma disposição da presente Convenção pode ser
ligados justamente a raça, cor, sexo, idioma, religião ou interpretada no sentido de:
origem social. Entretanto, a especificação aumenta a a) permitir a qualquer dos Estados-partes, grupo ou
segurança jurídica. indivíduo, suprimir o gozo e o exercício dos direitos e
3. Todo Estado-parte no presente Pacto que fizer uso liberdades reconhecidos na Convenção ou limitá-los em
do direito de suspensão deverá comunicar imediatamente maior medida do que a nela prevista;
aos outros Estados-partes na presente Convenção, por b) limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou
intermédio do Secretário Geral da Organização dos Estados liberdade que possam ser reconhecidos em virtude de leis de
Americanos, as disposições cuja aplicação haja suspendido, qualquer dos Estados-partes ou em virtude de Convenções
os motivos determinantes da suspensão e a data em que
em que seja parte um dos referidos Estados;
haja dado por terminada tal suspensão.
c) excluir outros direitos e garantias que são inerentes
Assim, o direito de suspensão é, basicamente, a
ao ser humano ou que decorrem da forma democrática
possibilidade do Estado-parte da Organização dos Estados
Americanos, por alguma razão específica e discriminada representativa de governo;
em suas justificativas, de deixar de cumprir parte do d) excluir ou limitar o efeito que possam produzir a
conteúdo da Convenção Americana de Direitos Humanos, Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e
respeitados os limites consagrados internacionalmente no outros atos internacionais da mesma natureza.
que tange à dignidade humana. A Convenção não pode ser usada para contrariar os
preceitos que ela visa proteger, para permitir a violação de
Artigo 28 - Cláusula federal direitos humanos fundamentais consagrados.
1. Quando se tratar de um Estado-parte constituído
como Estado federal, o governo nacional do aludido Estado- Artigo 30 - Alcance das restrições
parte cumprirá todas as disposições da presente Convenção, As restrições permitidas, de acordo com esta Convenção,
relacionadas com as matérias sobre as quais exerce ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela
competência legislativa e judicial. reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo com
A forma federativa de Estado tem origem nos Estados leis que forem promulgadas por motivo de interesse geral e
Unidos, em 1787. No federalismo por agregação, os Estados com o propósito para o qual houverem sido estabelecidas.
independentes ou soberanos abrem mão de parcela de sua No decorrer da Convenção são reconhecidos vários
soberania para agregar-se entre si e formarem um Estado casos em que é possível limitar direitos humanos, mas
Federativo, mas mantendo a autonomia entre si: foi o que sempre é preciso ter em mente o interesse da coletividade
ocorreu nos Estados Unidos. Mas também é possível o e a finalidade pelas quais foram aceitas.
federalismo por desagregação, quando a federação surge
a partir de um Estado unitário e resolve descentralizar-se, Artigo 31 - Reconhecimento de outros direitos
a exemplo do Brasil desde 1891. Dentro da federação há Poderão ser incluídos, no regime de proteção desta
repartição de competências entre a União e as unidades Convenção, outros direitos e liberdades que forem
federativas. Como a União que firma os compromissos reconhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos
internacionais, nem sempre ela terá competência para fazer artigo 69 e 70.
cumprir todas as normas deles, que podem ser da alçada
As sentenças da corte trazem direitos e liberdades
das unidades federativas.
por ela reconhecidos e que deverão ser cumpridos pelo
2. No tocante às disposições relativas às matérias que
correspondem à competência das entidades componentes da Estado-parte a qual se referem.
federação, o governo nacional deve tomar imediatamente as
medidas pertinentes, em conformidade com sua Constituição Capítulo V - DEVERES DAS PESSOAS
e com suas leis, a fim de que as autoridades competentes das
referidas entidades possam adotar as disposições cabíveis Artigo 32 - Correlação entre deveres e direitos
para o cumprimento desta Convenção. 1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a
Enfim, o máximo que é possível para a União é comunidade e a humanidade.
alertar as suas unidades federativas para que elas 2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos
tomem providências para o cumprimento das normas dos demais, pela segurança de todos e pelas justas exigências
convencionadas internacionalmente. do bem comum, em uma sociedade democrática.
3. Quando dois ou mais Estados-partes decidirem Explica Canotilho81 quanto aos direitos fundamentais,
constituir entre eles uma federação ou outro tipo de mas o mesmo vale para os direitos humanos: “a ideia de
associação, diligenciarão no sentido de que o pacto deveres fundamentais é suscetível de ser entendida como
comunitário respectivo contenha as disposições necessárias o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como ao titular de
para que continuem sendo efetivas no novo Estado, assim 81 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional
organizado, as normas da presente Convenção. e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998.

29
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

um direito fundamental corresponde um dever por parte Logo, a representatividade dos Estados perante a
de um outro titular, poder-se-ia dizer que o particular está Comissão não é direta. São eleitos 7 representantes que
vinculado aos direitos fundamentais como destinatário manifestarão o ideário de toda a organização na matéria
de um dever fundamental. Neste sentido, um direito que é de sua competência.
fundamental, enquanto protegido, pressuporia um dever
correspondente”. Logo, a um direito humano conferido à Artigo 36 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos
pessoa corresponde o dever de respeito ao arcabouço de a título pessoal, pela Assembleia Geral da Organização, a
direitos conferidos às outras pessoas. partir de uma lista de candidatos propostos pelos governos
Considera-se um aspecto da característica da dos Estados-membros.
relatividade dos direitos humanos, que não podem 2. Cada um dos referidos governos pode propor até
ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas ou três candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou
como argumento para afastamento ou diminuição da de qualquer outro Estado-membro da Organização dos
responsabilidade por atos ilícitos. Assim, os direitos Estados Americanos. Quando for proposta uma lista de três
humanos não são ilimitados e encontram seus limites nos candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de
demais direitos igualmente consagrados como humanos. Estado diferente do proponente.
Cada Estado-membro pode apresentar uma lista com
PARTE II - MEIOS DE PROTEÇÃO três candidatos e, possuindo este número, um deles deverá
ser de outra nacionalidade.
A segunda parte da Convenção analisa os meios de
proteção aos direitos humanos que deverão ser garantidos, Artigo 37 - 1. Os membros da Comissão serão eleitos
criando a Comissão Interamericana de Direitos Humanos por quatro anos e só poderão ser reeleitos um vez, porém
e a Corte Interamericana de Direitos Humanos. Assim, o mandato de três dos membros designados na primeira
“a Convenção Americana estabelece um aparato de eleição expirará ao cabo de dois anos. Logo depois da referida
monitoramento e implementação dos direitos que enuncia. eleição, serão determinados por sorteio, na Assembleia
Esse aparato é integrado pela Comissão Interamericana de Geral, os nomes desses três membros.
2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um
Direitos Humanos e pela Corte Interamericana”82.
nacional de um mesmo país.
O mandato é de 4 anos, aceita uma reeleição.
Capítulo VI - ÓRGÃOS COMPETENTES
Não é permitido que dois nacionais do mesmo país
componham a Comissão.
Artigo 33 - São competentes para conhecer de assuntos
relacionados com o cumprimento dos compromissos
Artigo 38 - As vagas que ocorrerem na Comissão,
assumidos pelos Estados-partes nesta Convenção:
que não se devam à expiração normal do mandato, serão
a) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos,
preenchidas pelo Conselho Permanente da Organização,
doravante denominada a Comissão; e de acordo com o que dispuser o Estatuto da Comissão.
b) a Corte Interamericana de Direitos Humanos, O Conselho Permanente da Organização preencherá as
doravante denominada a Corte. vagas que surjam por motivos diversos de fim de mandato,
Estes dois órgãos ficam, então, vinculados à OEA e por exemplo, morte ou renúncia do membro da Comissão.
são os responsáveis pela implementação no plano do
continente americano dos direitos humanos garantidos na Artigo 39 - A Comissão elaborará seu estatuto e
Convenção. submetê-lo-á à aprovação da Assembleia Geral e expedirá
seu próprio Regulamento.
Capítulo VII - COMISSÃO INTERAMERICANA DE O regulamento da Comissão discrimina como se dá
DIREITOS HUMANOS a sua atuação em detalhes. Por sua vez, o Estatuto da
Comissão foi aprovado pela resolução AG/RES. 447 (IX-
Seção 1 - Organização O/79), adotada pela Assembleia Geral da OEA, em seu
Nono Período Ordinário de Sessões, realizado em La Paz,
Artigo 34 - A Comissão Interamericana de Direitos Bolívia, em outubro de 1979. Nota-se que o Regulamento
Humanos compor-se-á de sete membros, que deverão ser não passa pelo crivo da Assembleia, mas somente o
pessoas de alta autoridade moral e de reconhecido saber Estatuto. isto é coerente porque enquanto o Regulamento
em matéria de direitos humanos. é mais formal, tratando de questões ligadas ao modo de
Alta autoridade moral e reconhecido saber em matéria atuação da Comissão, o Estatuto é mais profundo, trazendo
de direitos humanos são conceitos subjetivos. Nota-se que princípios e finalidades que regem a Comissão.
não é exigida formação em Direito.
Artigo 40 - Os serviços da Secretaria da Comissão devem
Artigo 35 - A Comissão representa todos os Membros da ser desempenhados pela unidade funcional especializada
Organização dos Estados Americanos. que faz parte da Secretaria Geral da Organização e deve
82 PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitu- dispor dos recursos necessários para cumprir as tarefas que
cional internacional. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. lhe forem confiadas pela Comissão.

30
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Secretarias são órgãos administrativos e burocráticos Artigo 43 - Os Estados-partes obrigam-se a proporcionar


que mantém o funcionamento da instituição principal. Não à Comissão as informações que esta lhes solicitar sobre a
há uma secretaria específica para a Comissão, que se utiliza maneira pela qual seu direito interno assegura a aplicação
da secretaria da OEA. efetiva de quaisquer disposições desta Convenção.
A Comissão precisa de tais informações para decidir
Seção 2 - Funções os casos que lhe sejam submetidos, por exemplo, para
recomendar uma ampliação na proteção de forma que as
Artigo 41 - A Comissão tem a função principal de violações não mais aconteçam.
promover a observância e a defesa dos direitos humanos
e, no exercício de seu mandato, tem as seguintes funções e Seção 3 - Competência
atribuições:
a) estimular a consciência dos direitos humanos nos Artigo 44 - Qualquer pessoa ou grupo de pessoas,
povos da América; ou entidade não-governamental legalmente reconhecida
b) formular recomendações aos governos dos Estados- em um ou mais Estados-membros da Organização, pode
membros, quando considerar conveniente, no sentido de apresentar à Comissão petições que contenham denúncias
que adotem medidas progressivas em prol dos direitos
ou queixas de violação desta Convenção por um Estado-
humanos no âmbito de suas leis internas e seus preceitos
parte.
constitucionais, bem como disposições apropriadas para
Atenção: qualquer pessoa ou grupo de pessoas pode
promover o devido respeito a esses direitos;
representar! Esta pergunta é frequente em concursos.
c) preparar estudos ou relatórios que considerar
convenientes para o desempenho de suas funções;
d) solicitar aos governos dos Estados-membros que lhe Artigo 45 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do
proporcionem informações sobre as medidas que adotarem depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção,
em matéria de direitos humanos; ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior,
e) atender às consultas que, por meio da Secretaria Geral declarar que reconhece a competência da Comissão para
da Organização dos Estados Americanos, lhe formularem receber e examinar as comunicações em que um Estado-
os Estados-membros sobre questões relacionadas com os parte alegue haver outro Estado-parte incorrido em violações
direitos humanos e, dentro de suas possibilidades, prestar- dos direitos humanos estabelecidos nesta Convenção.
lhes o assessoramento que lhes solicitarem; 2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só
f) atuar com respeito às petições e outras comunicações, podem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas
no exercício de sua autoridade, de conformidade com o por um Estado-parte que haja feito uma declaração pela
disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e qual reconheça a referida competência da Comissão. A
g) apresentar um relatório anual à Assembleia Geral Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra um
da Organização dos Estados Americanos. Estado-parte que não haja feito tal declaração.
O artigo 41 permite uma compreensão clara a respeito 3. As declarações sobre reconhecimento de competência
das funções da Comissão: fomentar a consciência do dever podem ser feitas para que esta vigore por tempo indefinido,
de respeito aos direitos humanos, formular recomendações por período determinado ou para casos específicos.
a Estados-membros que estejam violando a Convenção, 4. As declarações serão depositadas na Secretaria
além de atender a consultas que estes façam, podendo Geral da Organização dos Estados Americanos, a qual
redigir estudos e relatórios e solicitar informações para encaminhará cópia das mesmas aos Estados-membros da
tanto. Também deverá apresentar relatório anual sobre sua referida Organização.
atuação. Seja no momento de depósito da ratificação, seja
posteriormente, o Estado-parte pode reconhecer a
Artigo 42 - Os Estados-partes devem submeter à competência da Comissão para receber e examinar
Comissão cópia dos relatórios e estudos que, em seus
comunicações de um Estado-parte a respeito de outro
respectivos campos, submetem anualmente às Comissões
Estado-parte que tenha cometido violações. Se não
Executivas do Conselho Interamericano Econômico e Social
reconhecê-la, não poderá apresentar comunicações neste
e do Conselho Interamericano de Educação, Ciência e
sentido. No entanto, a declaração pode ser feita por tempo
Cultura, a fim de que aquela zele para que se promovam
os direitos decorrentes das normas econômicas, sociais e determinado ou para casos específicos, sendo depositada
sobre educação, ciência e cultura, constantes da Carta da na Secretaria Geral da OEA. Somente no caso do artigo 45
Organização dos Estados Americanos, reformada pelo que o Estado-parte pode representar à Comissão.
Protocolo de Buenos Aires.
Ambas Comissões em referência fazem parte Artigo 46 - Para que uma petição ou comunicação
da Organização dos Estados Americanos. A elas são apresentada de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida
submetidos relatórios e estudos, os quais devem ser pela Comissão, será necessário:
também enviados à Comissão em estudo, para que ela a) que hajam sido interpostos e esgotados os recursos
desempenhe adequadamente suas funções. da jurisdição interna, de acordo com os princípios de Direito
Internacional geralmente reconhecidos;

31
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

b) que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, A comunicação ou petição passou pelo crivo do artigo
a partir da data em que o presumido prejudicado em seus 47 e será processada. O primeiro passo é a solicitação de
direitos tenha sido notificado da decisão definitiva; informações do governo ao qual pertença a autoridade
c) que a matéria da petição ou comunicação não esteja apontada como responsável pela violação, informando o
pendente de outro processo de solução internacional; e conteúdo da comunicação ou petição, fixando-se prazo.
d) que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, b) recebidas as informações, ou transcorrido o prazo
a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura fixado sem que sejam elas recebidas, verificará se existem ou
da pessoa ou pessoas ou do representante legal da entidade subsistem os motivos da petição ou comunicação. No caso
que submeter a petição. de não existirem ou não subsistirem, mandará arquivar o
2. As disposições das alíneas “a” e “b” do inciso 1 deste expediente;
artigo não se aplicarão quando: c) poderá também declarar a inadmissibilidade ou a
a) não existir, na legislação interna do Estado de que se improcedência da petição ou comunicação, com base em
tratar, o devido processo legal para a proteção do direito informação ou prova supervenientes;
ou direitos que se alegue tenham sido violados; Recebidas as informações ou transcorrido o prazo
b) não se houver permitido ao presumido prejudicado decidirá se continuará o processamento da petição
em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição
ou comunicação, arquivando-a, decidindo-a pela
interna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
improcedência ou dando o próximo passo para a
c) houver demora injustificada na decisão sobre os
mencionados recursos. continuidade.
O artigo 46 é incidente em concursos, trazendo d) se o expediente não houver sido arquivado, e com
os requisitos para que a petição ou comunicação seja o fim de comprovar os fatos, a Comissão procederá, com
processada pela Comissão: esgotamento de recursos no conhecimento das partes, a um exame do assunto exposto
plano interno, a partir do qual se conta um prazo de 6 na petição ou comunicação. Se for necessário e conveniente,
meses, que não esteja pendente outra busca de solução a Comissão procederá a uma investigação para cuja
internacional e identificação da pessoa ou grupo de eficaz realização solicitará, e os Estados interessados lhe
pessoas ou entidade não-governamental (se for o caso). proporcionarão, todas as facilidades necessárias;
Dispensa-se o esgotamento de recursos e a consequente Decidido continuar o expediente, produz-se provas.
passagem de 6 meses como prazo quando não existir e) poderá pedir aos Estados interessados qualquer
normas de proteção ao devido processo legal no Estado, informação pertinente e receberá, se isso for solicitado,
quando tiver sido impedido ou dificultado o acesso ao as exposições verbais ou escritas que apresentarem os
Judiciário no país ou quando houver demora sem motivos interessados; e
para o processamento interno. Pode, ainda, pedir informações.
f) pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim
Artigo 47 - A Comissão declarará inadmissível toda de chegar a uma solução amistosa do assunto, fundada no
petição ou comunicação apresentada de acordo com os respeito aos direitos reconhecidos nesta Convenção.
artigos 44 ou 45 quando: Deve, ainda, se colocar à disposição para uma solução
a) não preencher algum dos requisitos estabelecidos no amigável.
artigo 46; 2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser
b) não expuser fatos que caracterizem violação dos realizada uma investigação, mediante prévio consentimento
direitos garantidos por esta Convenção; do Estado em cujo território se alegue houver sido cometida
c) pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, a violação, tão somente com a apresentação de uma petição
for manifestamente infundada a petição ou comunicação ou comunicação que reúna todos os requisitos formais de
ou for evidente sua total improcedência; ou admissibilidade.
d) for substancialmente reprodução de petição ou
É possível abreviar estas etapas no caso de uma denúncia
comunicação anterior, já examinada pela Comissão ou por
grave, procedendo desde logo com a investigação, desde
outro organismo internacional.
A Comissão fará um exame prévio da petição ou que com autorização do Estado.
comunicação para decidir se irá processá-la ou arquivá-la,
no qual são avaliados os requisitos acima. Artigo 49 - Se se houver chegado a uma solução amistosa
de acordo com as disposições do inciso 1, “f”, do artigo 48,
Seção 4 - Processo a Comissão redigirá um relatório que será encaminhado
Artigo 48 - 1. A Comissão, ao receber uma petição ou ao peticionário e aos Estados-partes nesta Convenção
comunicação na qual se alegue a violação de qualquer e posteriormente transmitido, para sua publicação, ao
dos direitos consagrados nesta Convenção, procederá da Secretário Geral da Organização dos Estados Americanos.
seguinte maneira: O referido relatório conterá uma breve exposição dos fatos
a) se reconhecer a admissibilidade da petição ou e da solução alcançada. Se qualquer das partes no caso o
comunicação, solicitará informações ao Governo do Estado solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais ampla informação
ao qual pertença a autoridade apontada como responsável possível.
pela violação alegada e transcreverá as partes pertinentes da Obtida a conciliação será redigido um relatório, que
petição ou comunicação. As referidas informações devem ser será encaminhado a todos Estados-partes da Convenção
enviadas dentro de um prazo razoável, fixado pela Comissão e transmitido ao Secretário Geral da OEA, contendo uma
ao considerar as circunstâncias de cada caso; breve exposição dos fatos e da solução alcançada.

32
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 50 - 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do São 7 os membros, todos de nacionalidade diferente.
prazo que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá Cada qual deve ser nacional de algum Estado-membro
um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões. Se da OEA, jurista de alta autoridade moral e reconhecida
o relatório não representar, no todo ou em parte, o acordo competência na área, reunindo condições para exercício
unânime dos membros da Comissão, qualquer deles poderá das mais elevadas funções judiciais conforme requisitos
agregar ao referido relatório seu voto em separado. Também do país pelo qual é indicado. por exemplo, no Brasil, seria
se agregarão ao relatório as exposições verbais ou escritas a capacidade de exercer um cargo de ministro perante os
que houverem sido feitas pelos interessados em virtude do Tribunais Superiores.
inciso 1, “e”, do artigo 48.
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessados, Artigo 53 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos, em
aos quais não será facultado publicá-lo. votação secreta e pelo voto da maioria absoluta dos
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular Estados-partes na Convenção, na Assembleia Geral da
as proposições e recomendações que julgar adequadas. Organização, a partir de uma lista de candidatos propostos
Não obtida a conciliação, será expedido um pelos mesmos Estados.
relatório, no qual se decidirá se houve de fato violação Haverá uma eleição com voto secreto, exigido quórum
de direitos humanos e serão formuladas proposições e de maioria absoluta (mais da metade de todos Estados-
recomendações, se o caso. A ele serão agregados eventuais partes da Convenção).
votos dissidentes e exposições dos interessados. 2. Cada um dos Estados-partes pode propor até três
candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de
Artigo 51 - 1. Se no prazo de três meses, a partir da qualquer outro Estado-membro da Organização dos Estados
remessa aos Estados interessados do relatório da Comissão, Americanos. Quando se propuser um lista de três candidatos,
o assunto não houver sido solucionado ou submetido à pelo menos um deles deverá ser nacional do Estado diferente
decisão da Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado, do proponente.
aceitando sua competência, a Comissão poderá emitir, pelo Regra idêntica à da Comissão.
voto da maioria absoluta dos seus membros, sua opinião e
conclusões sobre a questão submetida à sua consideração.
Artigo 54 - 1. Os juízes da Corte serão eleitos por um
Em três meses o Estado-parte no qual ocorreu a
período de seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O
violação deve apresentar uma solução ou levar o caso
mandato de três dos juízes designados na primeira eleição
à Corte Interamericana de Direitos Humanos, ou se a
expirará ao cabo de três anos. Imediatamente depois da
Comissão não levar o caso à Corte reconhecendo sua
referida eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembleia
competência para o julgamento daquele caso, a Comissão
poderá emitir sua opinião e conclusões sobre a questão, Geral, os nomes desse três juízes.
num julgamento conclusivo. Mandato de 6 anos, aceita uma reeleição.
2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fixará 2. O juiz eleito para substituir outro, cujo mandato não
um prazo dentro do qual o Estado deve tomar as medidas haja expirado, completará o período deste.
que lhe competir para remediar a situação examinada. 3. Os juízes permanecerão em suas funções até o término
3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo dos seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionando
voto da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado nos casos de que já houverem tomado conhecimento e que
tomou ou não as medidas adequadas e se publica ou não se encontrem em fase de sentença e, para tais efeitos, não
seu relatório. serão substituídos pelos novos juízes eleitos.
Este julgamento conclusivo irá trazer as providências Mesmo após o mandato de 6 anos, independente de
esperadas do Estado-parte em certo prazo, após o qual se reeleição, os juízes continuarão julgando os casos que
decidirá se ele tomou ou não tais medidas assecuratórias estiverem sendo processados perante eles.
num relatório conclusivo.
Artigo 55 - 1. O juiz, que for nacional de algum dos
Capítulo VIII - CORTE INTERAMERICANA DE Estados-partes em caso submetido à Corte, conservará o seu
DIREITOS HUMANOS direito de conhecer do mesmo.
2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for de
Seção 1 - Organização nacionalidade de um dos Estados-partes, outro Estado-parte
no caso poderá designar uma pessoa de sua escolha para
Artigo 52 - 1. A Corte compor-se-á de sete juízes, integrar a Corte, na qualidade de juiz ad hoc.
nacionais dos Estados-membros da Organização, eleitos 3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso,
a título pessoal dentre juristas da mais alta autoridade nenhum for da nacionalidade dos Estados-partes, cada um
moral, de reconhecida competência em matéria de destes poderá designar um juiz ad hoc.
direitos humanos, que reúnam as condições requeridas 4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no
para o exercício das mais elevadas funções judiciais, de artigo 52.
acordo com a lei do Estado do qual sejam nacionais, ou do 5. Se vários Estados-partes na Convenção tiverem o
Estado que os propuser como candidatos. mesmo interesse no caso, serão considerados como uma só
2. Não deve haver dois juízes da mesma parte, para os fins das disposições anteriores. Em caso de
nacionalidade. dúvida, a Corte decidirá.

33
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Se algum juiz do caso foi nacional de um dos Estados- Atenção: diferente do que ocorre nas Comissões, não é
parte não precisará se afastar, mas o seu país não poderá qualquer pessoa que pode submeter um caso à Corte, mas
indicar um juiz ad hoc. Quando não for nacional, ambos somente Estados-partes e a própria Comissão.
Estados-partes poderão indicar o juiz ad hoc, mas se forem
muitos os Estados-partes com o mesmo interesse eles Artigo 62 - 1. Todo Estado-parte pode, no momento do
serão considerados como uma única parte (indicando um depósito do seu instrumento de ratificação desta Convenção
só juiz ad hoc). ou de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior,
declarar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e
Artigo 56 - O quorum para as deliberações da Corte é sem convenção especial, a competência da Corte em todos os
constituído por cinco juízes. casos relativos à interpretação ou aplicação desta Convenção.
Ao menos 5 juízes da Corte devem participar da 2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou sob
decisão. condição de reciprocidade, por prazo determinado ou para
casos específicos. Deverá ser apresentada ao Secretário Geral
Artigo 57 - A Comissão comparecerá em todos os casos da Organização, que encaminhará cópias da mesma a outros
perante a Corte. Estados-membros da Organização e ao Secretário da Corte.
Ainda que a Comissão não leve o caso à Corte, sempre 3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer
será ouvida. caso, relativo à interpretação e aplicação das disposições desta
Convenção, que lhe seja submetido, desde que os Estados-
Artigo 58 - 1. A Corte terá sua sede no lugar que for partes no caso tenham reconhecido ou reconheçam a referida
determinado, na Assembleia Geral da Organização, pelos competência, seja por declaração especial, como prevêem os
Estados-partes na Convenção, mas poderá realizar reuniões incisos anteriores, seja por convenção especial.
no território de qualquer Estado-membro da Organização No momento do depósito do instrumento de ratificação
dos Estados Americanos em que considerar conveniente, pela ou posteriormente o Estado-parte pode reconhecer
maioria dos seus membros e mediante prévia aquiescência como obrigatória a competência da Corte, de maneira
do Estado respectivo. Os Estados-partes na Convenção condicionada ou incondicionada - é a chamada declaração
podem, na Assembleia Geral, por dois terços dos seus votos, especial. Por convenção especial entende-se um tipo de
mudar a sede da Corte. tratado internacional com este fim. É preciso ao menos uma
2. A Corte designará seu Secretário. das duas para que a Corte possa apreciar o caso relativo ao
3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir Estado-parte.
às reuniões que ela realizar fora da mesma.
A sede da Corte fica em São José, na Costa Rica. Artigo 63 - 1. Quando decidir que houve violação de um
podendo realizar reuniões em outras localidades. Somente direito ou liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte
o secretário obrigatoriamente residirá na sede. determinará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu
direito ou liberdade violados. Determinará também, se isso for
Artigo 59 - A Secretaria da Corte será por esta procedente, que sejam reparadas as consequências da medida
estabelecida e funcionará sob a direção do Secretário Geral ou situação que haja configurado a violação desses direitos,
da Organização em tudo o que não for incompatível com a bem como o pagamento de indenização justa à parte lesada.
independência da Corte. Seus funcionários serão nomeados O artigo resume neste inciso as providências que a
pelo Secretário Geral da Organização, em consulta com o Corte pode determinar, basicamente: que seja assegurado o
Secretário da Corte. direito ou liberdade violado e, se o caso, que sejam reparadas
Diferente da Comissão, a Corte possui uma secretaria as consequências da violação, além do pagamento de
específica, a qual será dirigida pelo Secretário geral da OEA, indenização ao lesado.
que nomeará funcionários após consultado o Secretário da 2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando se
Corte, respeitada sempre a independência da Corte. fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas, a Corte,
nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá tomar as
Artigo 60 - A Corte elaborará seu Estatuto e submetê- medidas provisórias que considerar pertinentes. Se se tratar
lo-á à aprovação da Assembleia Geral e expedirá seu de assuntos que ainda não estiverem submetidos ao seu
Regimento. conhecimento, poderá atuar a pedido da Comissão.
Foi aprovado pela resolução AG/RES n° 448 (IX-O/79), Mesmo antes do final do julgamento a Corte pode tomar
adotada pela Assembleia Geral da OEA, em seu Nono providências provisórias. Também pode intervir quando o
Período Ordinário de Sessões, realizado em La Paz, Bolívia, caso ainda estiver na Comissão, desde que esta requeira.
outubro de 1979.
Artigo 64 - 1. Os Estados-membros da Organização
Seção 2 - Competência e funções poderão consultar a Corte sobre a interpretação desta
Convenção ou de outros tratados concernentes à proteção
Artigo 61 - 1. Somente os Estados-partes e a Comissão dos direitos humanos nos Estados americanos. Também
têm direito de submeter um caso à decisão da Corte. poderão consultá-la, no que lhes compete, os órgãos
2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, é enumerados no capítulo X da Carta da Organização dos
necessário que sejam esgotados os processos previstos nos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos
artigos 48 a 50. Aires.

34
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Trata-se da competência consultiva da Corte. Assim é conferida publicidade à sentença não só


Afinal, a Corte não serve apenas para julgar litígios, mas quanto aos envolvidos, mas quanto a todos Estados-partes,
para aconselhar e direcionar o cumprimento das normas que ficarão cientes do posicionamento da Corte em relação
de direitos humanos, o que inclui fazer interpretações a certa matéria, podendo eventualmente corrigir alguma
que esclareçam dúvidas dos Estados-membros. Obs.: A postura interna.
Comissão também possui competência consultiva.
2. A Corte, a pedido de um Estado-membro da Capítulo IX - DISPOSIÇÕES COMUNS
Organização, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade
entre qualquer de suas leis internas e os mencionados Artigo 70 - 1. Os juízes da Corte e os membros da
instrumentos internacionais. Comissão gozam, desde o momento da eleição e enquanto
Esta é uma das situações em que a Corte poderá emitir durar o seu mandato, das imunidades reconhecidas aos
parecer no exercício da competência consultiva. agentes diplomáticos pelo Direito Internacional. Durante o
exercício dos seus cargos gozam, além disso, dos privilégios
Artigo 65 - A Corte submeterá à consideração da diplomáticos necessários para o desempenho de suas funções.
Assembleia Geral da Organização, em cada período
2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo algum
ordinário de sessões, um relatório sobre as suas atividades no
dos juízes da Corte, nem dos membros da Comissão, por votos
ano anterior. De maneira especial, e com as recomendações
pertinentes, indicará os casos em que um Estado não tenha e opiniões emitidos no exercício de suas funções.
dado cumprimento a suas sentenças. As imunidades diplomáticas no curso do mandato são
O artigo especifica quando e como a Corte deverá conferidas aos juízes da Comissão e da Corte.
apresentar relatório de suas atividades: ele é anual e Estes juízes não poderão ser responsabilizados por seus
informa as recomendações feitas e as medidas que tenham votos e opiniões, o que influenciaria na independência com
sido ou não cumpridas. a qual devem atuar em suas funções.

Seção 3 - Processo Artigo 71 - Os cargos de juiz da Corte ou de membro


da Comissão são incompatíveis com outras atividades
Artigo 66 - 1. A sentença da Corte deve ser fundamentada. que possam afetar sua independência ou imparcialidade,
A Corte deve justificar sua decisão, referindo-se às conforme o que for determinado nos respectivos Estatutos.
provas dos autos e às normas de direitos humanos vigentes. O juiz não pode assumir obrigações incompatíveis com
2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a o cargo que exerce. Por exemplo, ministro de Estado num
opinião unânime dos juízes, qualquer deles terá direito a que dos Estados-partes da Convenção.
se agregue à sentença o seu voto dissidente ou individual.
Se o voto não for unânime, ou seja, o mesmo para Artigo 72 - Os juízes da Corte e os membros da Comissão
todos, o voto dissidente ou diverso será juntado à sentença perceberão honorários e despesas de viagem na forma e nas
e não ignorado. condições que determinarem os seus Estatutos, levando em
conta a importância e independência de suas funções. Tais
Artigo 67 - A sentença da Corte será definitiva e honorários e despesas de viagem serão fixados no orçamento-
inapelável. Em caso de divergência sobre o sentido ou programa da Organização dos Estados Americanos, no qual
alcance da sentença, a Corte interpretá-la-á, a pedido de devem ser incluídas, além disso, as despesas da Corte e da
qualquer das partes, desde que o pedido seja apresentado sua Secretaria. Para tais efeitos, a Corte elaborará o seu
dentro de noventa dias a partir da data da notificação da próprio projeto de orçamento e submetê-lo-á à aprovação
sentença.
da Assembleia Geral, por intermédio da Secretaria Geral. Esta
A sentença é definitiva e inapelável, ou seja, não é
última não poderá nele introduzir modificações.
possível interpor recurso para nenhum órgão, nem mesmo
a Assembleia Geral da OEA. No máximo, é possível pedir O artigo abrange o custeio dos juízes.
em até 90 dias esclarecimentos sobre o seu conteúdo.
Artigo 68 - 1. Os Estados-partes na Convenção Artigo 73 - Somente por solicitação da Comissão ou
comprometem-se a cumprir a decisão da Corte em todo caso da Corte, conforme o caso, cabe à Assembleia Geral da
em que forem partes. Organização resolver sobre as sanções aplicáveis aos membros
2. A parte da sentença que determinar indenização da Comissão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos
compensatória poderá ser executada no país respectivo casos previstos nos respectivos Estatutos. Para expedir uma
pelo processo interno vigente para a execução de sentenças resolução, será necessária maioria de dois terços dos votos dos
contra o Estado. Estados-membros da Organização, no caso dos membros da
A decisão da Corte deverá ser cumprida pelos Estados- Comissão; e, além disso, de dois terços dos votos dos Estados-
partes, sob pena de sanção internacional. partes na Convenção, se se tratar dos juízes da Corte.
Eventual indenização a ser paga pelo Estado-parte Somente o órgão ao qual o juiz pertence - Comissão
será processada conforme as normas de execução internas, ou Corte - poderá requerer à Assembleia Geral a aplicação
logo, a sentença é título executivo. de sanção por violação do respectivo estatuto. Tal sanção
será aplicada mediante resolução, exigindo-se quorum de
Artigo 69 - A sentença da Corte deve ser notificada 2/3 (qualificado) dos Estados-membros para os juízes da
às partes no caso e transmitida aos Estados-partes na Corte e dos Estados-partes da Convenção para os juízes
Convenção. da Comissão.

35
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Obs.: Os aspectos formais da Convenção Americana por ocasião da Assembleia Geral projetos de Protocolos
sobre Direitos Humanos foram estudados em detalhes no adicionais a esta Convenção, com a finalidade de incluir
tópico anterior. progressivamente, no regime de proteção da mesma, outros
direitos e liberdades.
PARTE III - DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS 2. Cada Protocolo deve estabelecer as modalidades
Capítulo X - ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, de sua entrada em vigor e será aplicado somente entre os
EMENDA, PROTOCOLO E DENÚNCIA Estados-partes no mesmo.
Os Estados-partes podem propor alterações ou
Artigo 74 - 1. Esta Convenção está aberta à assinatura e complementações à Convenção, seja ao seu texto, seja por
à ratificação de todos os Estados-membros da Organização protocolos complementares, sendo necessária a adesão
dos Estados Americanos. dos demais Estados-partes.
2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela
efetuar-se-á mediante depósito de um instrumento de Artigo 78 - 1. Os Estados-partes poderão denunciar
ratificação ou adesão na Secretaria Geral da Organização esta Convenção depois de expirado o prazo de cinco anos, a
dos Estados Americanos. Esta Convenção entrará em partir da data em vigor da mesma e mediante aviso prévio
vigor logo que onze Estados houverem depositado os seus
de um ano, notificando o Secretário Geral da Organização, o
respectivos instrumentos de ratificação ou de adesão. Com
qual deve informar as outras partes.
referência a qualquer outro Estado que a ratificar ou que
2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado-
a ela aderir ulteriormente, a Convenção entrará em vigor
na data do depósito do seu instrumento de ratificação ou parte interessado das obrigações contidas nesta Convenção,
adesão. no que diz respeito a qualquer ato que, podendo constituir
3. O Secretário Geral comunicará todos os Estados- violação dessas obrigações, houver sido cometido por ele
membros da Organização sobre a entrada em vigor da anteriormente à data na qual a denúncia produzir efeito.
Convenção. A denúncia é o ato unilateral pelo qual uma Parte
A Convenção é um tratado internacional firmado no Contratante manifesta a sua vontade de deixar de ser Parte
âmbito da Organização dos Estados Americanos, somente no tratado. Abrange somente os atos posteriores a ela, não
podendo ser assinado e ratificado por Estados que a os anteriores.
compõem. Assinatura e ratificação são dois atos diferentes:
a assinatura é o ato pelo qual a autoridade competente Capítulo XI - DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
assume o compromisso de cumprir o tratado internacional
que se segue à negociação; ratificação é a confirmação Seção 1 - Comissão Interamericana de Direitos
deste compromisso após o crivo do Poder Legislativo do Humanos
Estado mediante o depósito do instrumento na Secretaria
Geral. Artigo 79 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o
A convenção entrou em vigor em 18 de julho de 1978, Secretário Geral pedirá por escrito a cada Estado-membro da
quando onze Estados já haviam depositado o instrumento Organização que apresente, dentro de um prazo de noventa
de adesão. dias, seus candidatos a membro da Comissão Interamericana
de Direitos Humanos. O Secretário Geral preparará uma
Artigo 75 - Esta Convenção só pode ser objeto de lista por ordem alfabética dos candidatos apresentados e a
reservas em conformidade com as disposições da Convenção encaminhará aos Estados-membros da Organização, pelo
de Viena sobre o Direito dos Tratados, assinada em 23 de menos trinta dias antes da Assembleia Geral seguinte.
maio de 1969.
A Convenção de Viena sobre o Direito dos Tratados
Artigo 80 - A eleição dos membros da Comissão far-
(CVDT), adotada em 22 de maio de 1969, codificou o direito
se-á dentre os candidatos que figurem na lista a que se
internacional consuetudinário referente aos tratados. A
Convenção entrou em vigor em 27 de janeiro de 1980. refere o artigo 79, por votação secreta da Assembleia Geral,
e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem
Artigo 76 - 1. Qualquer Estado-parte, diretamente, e maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos
a Comissão e a Corte, por intermédio do Secretário Geral, representantes dos Estados-membros. Se, para eleger todos
podem submeter à Assembleia Geral, para o que julgarem os membros da Comissão, for necessário realizar várias
conveniente, proposta de emendas a esta Convenção. votações, serão eliminados sucessivamente, na forma que
2. Tais emendas entrarão em vigor para os Estados que for determinada pela Assembleia Geral, os candidatos que
as ratificarem, na data em que houver sido depositado o receberem maior número de votos.
respectivo instrumento de ratificação, por dois terços dos
Estados-partes nesta Convenção. Quanto aos outros Estados- Seção 2 - Corte Interamericana de Direitos
partes, entrarão em vigor na data em que eles depositarem Humanos
os seus respectivos instrumentos de ratificação.
Artigo 81 - Ao entrar em vigor esta Convenção, o
Artigo 77 - 1. De acordo com a faculdade estabelecida Secretário Geral pedirá a cada Estado-parte que apresente,
no artigo 31, qualquer Estado-parte e a Comissão podem dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a
submeter à consideração dos Estados-partes reunidos juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O

36
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Secretário Geral preparará uma lista por ordem alfabética c) a concepção contemporânea de Direitos Humanos
dos candidatos apresentados e a encaminhará aos Estados- foi introduzida, em 1789, pela Declaração dos Direitos do
partes pelo menos trinta dias antes da Assembleia Geral Homem e do Cidadão, fruto da Revolução Francesa.
seguinte. d) a internacionalização dos Direitos Humanos surge
a partir do Pós-Guerra, como resposta às atrocidades
Artigo 82 - A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre cometidas durante o nazismo.
os candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo R: D. Com a Declaração Universal dos Direitos Humanos
81, por votação secreta dos Estados-partes, na Assembleia de 1948 se iniciou um processo de internacionalização dos
Geral, e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem direitos humanos porque ela foi o primeiro documento
o maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos internacional a abordar os direitos humanos, discriminando-
representantes dos Estados-partes. Se, para eleger todos os os expressamente. Ocorre que com a crescente positivação
juízes da Corte, for necessário realizar várias votações, serão do Direito pelo Estado que se fez presente antes e durante
eliminados sucessivamente, na forma que for determinada as grandes guerras, ele se tornou um simples instrumento
pelos Estados-partes, os candidatos que receberem menor de gestão e comando da sociedade, ou seja, deixou de ser
número de votos. algo dado pela razão comum, gerando uma mutabilidade
Os artigos 79 a 82 trazem as regras para a formação no tempo e um particularismo no espaço: o lícito e o
dos dois órgãos criados pela Convenção, a Comissão ilícito passou a ser basicamente o que cada Estado impõe
Interamericana de Direitos Humanos e a Corte como tal, não o consolidado pelo direito natural. O mundo
Interamericana de Direitos Humanos. somente tomou conhecimento da extensão da tirania
alemã quando os exércitos Aliados abriram os campos de
Adotada e aberta à assinatura na Conferência concentração na Alemanha e nos países por ela ocupados,
Especializada Interamericana sobre Direitos Humanos, em encontrando prisioneiros famintos, doentes e brutalizados,
San José de Costa Rica, em 22.11.1969 - ratificada pelo Brasil além de milhões de corpos dos judeus, poloneses, russos,
em 25.09.1992. ciganos, homossexuais e traidores do Reich em geral, que
foram perseguidos, torturados e mortos. No Tribunal de
EXERCÍCIOS Nuremberg, ao qual foram submetidos a julgamento os
principais líderes nazistas, o principal argumento levantado
1. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário foi o de que todas as ações praticadas foram baseadas
A respeito da internacionalização dos direitos humanos, em ordens superiores, todas dotadas de validade jurídica
assinale a alternativa correta.  perante a Constituição. Percebeu-se a necessidade de
a) Já antes do fim da II Guerra Mundial ocorreu a impedir que isto ocorresse novamente e, para tanto,
internacionalização dos direitos humanos, com a limitação os direitos naturais ora consagrados desde o início da
dos poderes do Estado a fim de garantir o respeito integral história foram positivados, num movimento de laicização
aos direitos fundamentais da pessoa humana. e sistematização do Direito característico do mundo
b) A limitação do poder, quando previsto na moderno, formando uma ponte involuntária entre o
Constituição, garante por si só o respeito aos direitos jusnaturalismo e o positivismo jurídico.
humanos.
c) A criação de normas de proteção internacional no 3. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público)
âmbito dos direitos humanos possibilita a responsabilização Considerando a evolução histórica, os marcos jurídicos
do Estado quando as normas nacionais forem omissas. fundamentais e a estrutura normativa dos Direitos
d) A internacionalização dos direitos humanos impõe Humanos, pode-se afirmar que
que o Estado, e não o indivíduo, seja sujeito de direito a) a globalização dos direitos humanos forçou os
internacional. Estados a escolherem entre um sistema global e um
R: C. As normas de proteção de direitos humanos são regional de proteção a esses direitos, uma vez que ambos
dotadas de universalidade, de forma que valem para todos sistemas não podiam coexistir.
os indivíduos do mundo, independentemente do território b) os indivíduos passaram a ser sujeitos de direito
em que se encontrem. Assim, funcionam como limitadoras internacional, mas, por razões de soberania, ainda
da soberania estatal, posto que o Estado não pode fazer dependem dos Estados para acionar os mecanismos de
o que bem entender contra os direitos humanos e ficar proteção dos direitos humanos.
impune. Para tanto, inúmeros mecanismos se encontram c) a Declaração Universal dos Direitos Humanos
previstos internacionalmente. introduziu internacionalmente a concepção contemporânea
desses direitos.
2. (VUNESP - 2008 - DPE-MS - Defensor Público) d) a vítima de uma lesão dos direitos humanos deverá
Quando se fala em direitos humanos, considerando sua acionar em sua proteção, nessa ordem, o sistema jurídico
historicidade, é correto dizer que: nacional, depois o regional e, por último, o global, em razão
a) somente passam a existir com as Declarações de da hierarquia da estrutura normativa de proteção.
Direitos elaboradas a partir da Revolução Gloriosa Inglesa R: C. A alternativa a está incorreta porque os
de 1688. sistemas regionais (interamericano, europeu, africano...)
b) foram estabelecidos, pela primeira vez, por meio da coexistem com o global (Organização das Nações Unidas,
Carta Magna de 1215, que é a expressão maior da proteção notadamente); b está incorreta porque existem meios de
dos Direitos do Homem em âmbito universal. acesso direto a mecanismos internacionais de proteção de

37
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

direitos humanos, por exemplo, representação à Comissão de modelo para a criação de outras formas de proteção
Interamericana de Direitos Humanos; d está incorreta das liberdades fundamentais, como o juicio de amparo, na
porque não existe uma relação hierárquica entre os sistemas América Latina.
em questão, além do que há exceções sobre o esgotamento e) A Constituição de Weimar foi o primeiro documento
de recursos no âmbito interno. Somente resta a alternativa a afirmar os princípios democráticos na história política
c, que está correta, uma vez que a Declaração Universal moderna.
dos Direitos Humanos de 1948 foi o primeiro documento Parte inferior do formulário
internacional relevante a abordar os direitos humanos que R: D. Embora o Habeas Corpus já existisse na Inglaterra,
deveriam ser garantidos a todas as pessoas do planeta. notadamente tendo como marco a Magna Carta de
1215, somente em 1679 foi promulgada a Lei do Habeas
4. (FGV - 2011 - OAB) Parte superior do formulário Corpus, delineando os direitos inerentes a esta garantia
Com relação aos chamados “direitos econômicos, e tornando-a mais eficaz. O diploma inglês serviu de
sociais e culturais”, é correto afirmar que  parâmetro para legislações em todo mundo, inclusive
a) são direitos humanos de segunda geração, o que servindo de parâmetro para criação de outras garantias
significa que não são juridicamente exigíveis, diferentemente semelhantes. No México, a juicio de amparo visa proteger
do que ocorre com os direitos civis e políticos. garantias constitucionais em geral, não somente inerentes
b) são previstos, no âmbito do sistema interamericano, à liberdade. No Brasil, o mandado de segurança é uma
no texto original da Convenção Americana sobre Direitos garantia inspirada no Habeas Corpus.
Humanos (Pacto de San José da Costa Rica).
c) formam, juntamente com os direitos civis e políticos, 6. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte
um conjunto indivisível de direitos fundamentais, entre os superior do formulário
quais não há qualquer relação hierárquica. A proteção internacional dos direitos humanos é um
d) incluem o direito à participação no processo eleitoral, conjunto de normas jurídicas que garante o respeito à
à educação, à alimentação e à previdência social. dignidade de todas as pessoas. Com relação ao sistema e à
Parte inferior do formulário natureza de proteção internacional contra as violações de
R: C. A única coisa que distingue os direitos civis e direitos humanos, assinale a opção correta
políticos dos direitos econômicos, sociais e culturais é a) Os tratados institutivos de garantias de direitos
que os primeiros, pertencentes à 1ª dimensão de direitos humanos fundamentam-se na noção contratualista, que
humanos, exigem do Estado apenas uma postura passiva, supera o princípio da reciprocidade e é comum aos direitos
de não intervenção, enquanto que o seu exercício se dá dos tratados.
diretamente pelos indivíduos com maior facilidade; já b) A natureza diplomática da proteção internacional
os segundos, componentes da 2ª dimensão, exigem dos direitos humanos atribui aos Estados o dever de
do Estado uma postura ativa, ou seja, a elaboração de proteger tanto os nacionais quanto os estrangeiros que se
políticas públicas para a efetivação destes direitos. Por encontrem em território pátrio, do que se depreende que
isso, são disciplinados internacionalmente em dois Pactos. a nacionalidade tem especial importância nesse contexto.
No entanto, como a Declaração Universal dos Direitos c) A natureza do sistema de proteção internacional dos
Humanos confere a ambos a mesma essencialidade para a direitos humanos é de domínio reservado do Estado nos
dignidade humana é possível afirmar que não existe entre limites de sua soberania, possibilitando a responsabilização
eles nenhuma relação hierárquica. internacional do Estado quando as instituições nacionais
forem omissas na tarefa de proteger os direitos humanos.
5. (CESPE - 2011 - DPE-MA - Defensor Público) Parte d) A natureza sinalagmática dos tratados internacionais
superior do formulário impõe obrigações estatais efetivas para a proteção dos
Acerca da afirmação histórica dos direitos humanos, indivíduos e de seus direitos diante de outro Estado
assinale a opção correta. contratante.
a) A Magna Carta, de 1215, instituiu a separação dos e) O regime objetivo das normas internacionais de
poderes ao declarar que o funcionamento do parlamento, direitos humanos refere-se às várias obrigações dos
um órgão que visa defender os súditos perante o rei, não Estados com os indivíduos que estão sob sua jurisdição,
pode estar sujeito ao arbítrio deste. independentemente da nacionalidade da pessoa.
b) Os sistemas das minorias e de mandatos, criados no Parte inferior do formulário
âmbito das Nações Unidas, garantiam que os habitantes R: E. Uma característica do sistema internacional de
pertencentes às minorias de determinados países europeus proteção de direitos humanos é a universalidade, pela qual
enviassem petições ao Comitê de Minorias. todos os seres humanos possuem exatamente os mesmos
c) A Declaração de Filadélfia é considerada a primeira direitos inerentes à dignidade em todo lugar do planeta,
carta política a atribuir aos direitos trabalhistas o estatuto independente de sua nacionalidade, consoante a um
de direito fundamental, juntamente com as liberdades Sistema Global de Proteção dos Direitos Humanos. Neste
individuais e os direitos políticos. sentido, o preâmbulo traz uma fórmula genérica e o artigo
d) A importância histórica do habeas corpus, de 1679, XVIII frisa: “toda pessoa tem direito a uma ordem social e
consiste no fato de que essa garantia judicial, instituída na internacional em que os direitos e  liberdades estabelecidos
Inglaterra para proteger a liberdade de locomoção, serviu na presente Declaração possam ser plenamente realizados”.

38
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

1 Inquérito policial..............................................................................................................................................................................................................01
2 Ação penal..........................................................................................................................................................................................................................04
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Iniciativa Privada). Excepcionalmente o juiz poderá ser desti-


1 INQUÉRITO POLICIAL. natário do Inquérito, quando este estiver diante de cláusula
de reserva de jurisdição.
O inquérito policial não é indispensável para a proposi-
tura da ação penal. Este será dispensável quando já se tiver
Inquérito Policial a materialidade e indícios de autoria do crime. Entretanto, se
não se tiver tais elementos, o IP será indispensável, conforme
O Inquérito Policial é o procedimento administrativo disposição do artigo 39, § 5º do Código de Processo Penal.
persecutório, informativo, prévio e preparatório da Ação A sentença condenatória será nula, quando fundamen-
Penal. É um conjunto de atos concatenados, com unidade tada exclusivamente nas provas produzidas no inquérito po-
e fim de perseguir a materialidade e indícios de autoria de licial. Conforme o artigo 155 do CPP, o Inquérito serve ape-
um crime. O inquérito Policial averígua determinado crime nas como reforço de prova.
e precede a ação penal, sendo considerado, portanto como O inquérito deve ser escrito, sigiloso, unilateral e inqui-
pré-processual. sitivo. A competência de instauração poderá ser de ofício
Composto de provas de autoria e materialidade de cri- (Quando se tratar de ação penal pública incondicionada),
me, que, comumente são produzidas por Investigadores de por requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Pú-
Polícia e Peritos Criminais, o inquérito policial é organizado blico, a pedido da vítima ou de seu representante legal ou
e numerado pelo Escrivão de Polícia, e presidido pelo De- mediante requisição do Ministro da Justiça.
legado de Polícia. O Inquérito Policial se inicia com a notitia criminis, ou
Importante esclarecer que não há litígio no Inquérito seja, com a notícia do crime. O Boletim de Ocorrência (BO)
Policial, uma vez que inexistem autor e réu. Apenas figura a não é uma forma técnica de iniciar o Inquérito, mas este se
presença do investigado ou acusado. destina às mãos do delegado e é utilizado para realizar a Re-
Do mesmo modo, há a ausência do contraditório e da presentação, se o crime for de Ação de Iniciativa Penal Públi-
ampla defesa, em função de sua natureza inquisitória e em ca condicionada à Representação, ou para o requerimento,
razão d a polícia exercer mera função administrativa e não se o crime for de Ação Penal da Iniciativa Privada.
jurisdicional. No que concerne à delacio criminis inautêntica, ou seja,
a delação ou denúncia anônima, apesar de a Constituição
Sob a égide da constituição federal, Aury Lopes Jr. define: Federal vedar o anonimato, o Supremo Tribunal de Justiça
“Inquérito é o ato ou efeito de inquirir, isto é, procurar se manifestou a favor de sua validade, desde que utilizada
informações sobre algo, colher informações acerca de um com cautela.
fato, perquirir”. (2008, p. 241).
Em outras palavras, o inquérito policial é um procedi- As peças inaugurais do inquérito policial são a Portaria
mento administrativo preliminar, de caráter inquisitivo, pre- (Ato de ofício do delegado, onde ele irá instaurar o inquéri-
sidido pela autoridade policial, que visa reunir elementos to), o Auto de prisão em flagrante (Ato pelo qual o delegado
informativos com objetivo de contribuir para a formação da formaliza a prisão em flagrante), o Requerimento do ofendi-
“opinio delicti” do titular da ação penal. do ou de seu representante legal (Quando a vítima ou outra
A Polícia ostensiva ou de segurança (Polícia Militar) tem pessoa do povo requer, no caso de Ação Penal de Iniciativa
por função evitar a ocorrência de crimes. Já a Polícia Judiciá- Privada), a Requisição do Ministério Público ou do Juiz.
ria (Civil e Federal) se incumbe se investigar a ocorrência de No IP a decretação de incomunicabilidade (máximo de
infrações penais. Desta forma, a Polícia Judiciária, na forma três dias) é exclusiva do juiz, a autoridade policial não po-
de seus delegados é responsável por presidir o Inquérito Po- derá determiná-la de ofício. Entretanto, o advogado poderá
licial. comunicar-se com o preso, conforme dispõe o artigo 21 do
Entretanto, conforme o artigo 4º do Código de Processo Código de Processo Penal, em seu parágrafo único.
Penal Brasileiro, em seu parágrafo único, outras autoridades Concluídas as investigações, a autoridade policial enca-
também poderão presidir o inquérito, como nos casos de minha o ofício ao juiz, desta forma, depois de saneado o juiz
Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI’s), Inquéritos Po- o envia ao promotor, que por sua vez oferece a denúncia ou
liciais Militares (IPM’s) e investigadores particulares. Este últi- pede arquivamento.
mo exemplo é aceito pelajurisprudência, desde que respeite O prazo para a conclusão do inquérito, conforme o arti-
as garantias constitucionais e não utilize provas ilícitas. go 10 caput e § 3º do Código de Processo Penal, será de dez
A atribuição para presidir o inquérito se dá em função dias se o réu estiver preso, e de trinta dias se estiver solto. En-
da competência ratione loci, ou seja, em razão do lugar onde tretanto, se o réu estiver solto, o prazo poderá ser prorrogado
se consumou o crime. Desta forma, ocorrerá a investigação se o delegado encaminhar seu pedido ao juiz, e este para o
onde ocorreu o crime. A atribuição do delegado será defini- Ministério Público.
da pela sua circunscrição policial, com exceção das delega- Na Polícia Federal, o prazo é de quinze dias se o indicia-
cias especializadas, como a delegacia da mulher e de tóxicos, do estiver preso (prorrogável por mais quinze). Nos crimes
dentre outras. de tráfico ilícito de entorpecentes o prazo é de trinta dias se
Os destinatários do IP são os autores da Ação Penal, ou o réu estiver preso e noventa dias se estiver solto, esse prazo
seja, o Ministério Público ( no caso de ação Penal de Ini- é prorrogável por igual período, conforme disposição da Lei
ciativa Pública) ou o querelante (no caso de Ação Penal de 11.343 de 2006.

1
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

O arquivamento do inquérito consiste da paralisação das petência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do
investigações pela ausência de justa causa (materialidade e direito de defesa.” Em observação mais detalhada, conclui-se
indícios de autoria), por atipicidade ou pela extinção da pu- que o que está em andamento não é de direito do advoga-
nibilidade. Este deverá ser realizado pelo Ministério Público. do, mas somente o que já fora devidamente documentado.
O juiz não poderá determinar de ofício, o arquivamento do Diante disso, faz-se necessária a seguinte reflexão: Qual o
inquérito, sem a manifestação do Ministério Público real motivo da súmula? O Conselho federal da OAB, - in-
O desarquivamento consiste na retomada das investiga- dignado pelo não cumprimento do que disposto no Estatu-
ções paralisadas, pelo surgimento de uma nova prova. to da OAB - decidiu provocar o STF para edição da súmula
vinculante visando garantir ao advogado acesso aos autos.
Procedimento inquisitivo: Como precedentes da súmula: HC 87827 e 88190 – STF; HC
Todas as funções estão concentradas na mão de única 120.132 – STJ.
pessoa, o delegado de polícia. Importante ressaltar que quanto ao sigilo, a súmula
Recordando sobre sistemas processuais, suas modalida- nº 14 não garante ao advogado o direito de participar nas
des são: inquisitivo, acusatório e misto. O inquisitivo possui diligências. O sigilo é dividido em interno e externo. Sigilo
funções concentradas nas mãos de uma pessoa. O juiz exerce interno: possui duas vertentes, sendo uma positiva e outra
todas as funções dentro do processo. No acusatório puro, as negativa. A positiva versa sobre a possibilidade do juiz/MP
funções são muito bem definidas. O juiz não busca provas. O acessarem o IP. A negativa, sobre a não possibilidade de
Brasil adota o sistema acusatório não-ortodoxo. No sistema acesso aos autos pelo advogado e investigado (em algumas
misto: existe uma fase investigatória, presidida por autorida- diligências). E na eventualidade do delegado negar vista ao
de policial e uma fase judicial, presidida pelo juiz inquisidor. advogado? Habeas corpus preventivo (profilático); mandado
de segurança (analisado pelo juiz criminal).
Discricionariedade:
Existe uma margem de atuação do delegado que atuará Procedimento escrito:
de acordo com sua conveniência e oportunidade. A materia- Os elementos informativos produzidos oralmente de-
lização dessa discricionariedade se dá, por exemplo, no inde- vem ser reduzidos a termo. O termo “eventualmente datilo-
ferimento de requerimentos. O art. 6º do Código de Processo grafado” deve ser considerado, através de uma interpretação
Penal, apesar de trazer diligências, não retira a discricionarie- analógica, como “digitado”. A partir de 2009, a lei 11.900/09
dade do delegado. Diante da situação apresentada, poderia passou a autorizar a documentação e captação de elemen-
tos informativos produzidos através de som e imagem (atra-
o delegado indeferir quaisquer diligências? A resposta é não,
vés de dispositivos de armazenamento).
pois há exceção. Não cabe ao delegado de polícia indeferir
a realização do exame de corpo de delito, uma vez que o
Indisponível:
ordenamento jurídico veda tal prática. Caso o delegado opte
A autoridade policial não pode arquivar o inquérito po-
por indeferir o exame, duas serão as possíveis saídas: a pri-
licial. O delegado pode sugerir o arquivamento, enquanto o
meira, requisitar ao Ministério Público. A segunda, segundo
MP pede o arquivamento. O sistema presidencialista é o que
Tourinho Filho, recorrer ao Chefe de Polícia (analogia ao art.
vigora para o trâmite do IP, ou seja, deve passar pelo magis-
5º, §2º, CPP). Outra importante observação: O fato de o MP e trado.
juiz realizarem requisição de diligências mitigaria a discricio- Importante ilustrar que poderá o delegado deixar de ins-
nariedade do delegado? Não, pois a requisição no processo taurar o inquérito nas seguintes hipóteses:
penal é tratada como ordem, ou seja, uma imposição legal. 1) se o fato for atípico (atipicidade material);
O delegado responderia pelo crime de prevaricação (art. 319 2) não ocorrência do fato;
do Código Penal), segundo a doutrina majoritária. 3) se estiverem presentes causas de extinção de punibili-
dade, como no caso da prescrição.
Procedimento sigiloso: Contudo o delegado não poderá invocar o princípio da
O inquérito policial tem o sigilo natural como caracte- insignificância com o objetivo de deixar de lavrar o auto de
rística em razão de duas finalidades: 1) Eficiência das inves- prisão em flagrante ou de instaurar inquérito policial. No que
tigações; 2) Resguardar imagem do investigado. O sigilo é tange à excludente de ilicitude, a doutrina majoritária entende
intrínseco ao IP, diferente da ação penal, uma vez que não que o delegado deve instaurar o inquérito e ratificar o auto
é necessária a declaração de sigilo no inquérito. Apesar de de prisão em flagrante, uma vez que a função da autoridade
sigiloso, deve-se considerar a relativização do mesmo, uma policial é subsunção do fato à norma.
vez que alguns profissionais possuem acesso ao mesmo,
como é o exemplo do juiz, do promotor de justiça e do ad- Dispensável:
vogado do ofendido, vide Estatuto da OAB, lei 8.906/94, art. Dita o art. 12 do CPP:
7º, XIX. O advogado tem o direito de consultar os autos dos
IP, ainda que sem procuração para tal. Art. 12 - O inquérito policial acompanhará a denúncia ou
queixa, sempre que servir de base a uma ou outra.
Nesse sentido, a súmula vinculante nº 14, do STF: “É di- O termo “sempre que servir” corresponde ao fato de que,
reito do defensor, no interesse do representado, ter acesso possuindo o titular da ação penal, elementos para propositu-
amplo aos elementos de prova, que já documentados em ra, lastro probatório idôneo de fontes diversas, por exemplo,
procedimento investigatório realizado por órgão com com- o inquérito poderá ser dispensado.

2
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Segundo o art. 46, §1º do mesmo dispositivo legal: INDICIAMENTO


“Art. 46 - O prazo para oferecimento da denúncia, estan- O indiciamento é a individualização do investigado/sus-
do o réu preso, será de 5 (cinco) dias, contado da data em que peito. Há a transição do plano da possibilidade para o campo
o órgão do Ministério Público receber os autos do inquérito da probabilidade, ou seja, da potencialização do suspeito. Na
policial, e de 15 (quinze) dias, se o réu estiver solto ou afian- presente hipótese, deve o delegado comunicar os órgãos de
çado. No último caso, se houver devolução do inquérito à au- identificação e estatística. Sobre o momento do indiciamento, o
toridade policial (Art. 16), contar-se-á o prazo da data em que CPP não prevê de forma exata, podendo ser realizado em todas
o órgão do Ministério Público receber novamente os autos. as fases do inquérito policial (instauração, curso e conclusão).
§ 1º - Quando o Ministério Público dispensar o inquérito Não é possível desindiciar o indivíduo uma vez que repre-
policial, o prazo para o oferecimento da denúncia contar-se-á senta uma espécie de arquivamento subjetivo em relação ao
da data em que tiver recebido as peças de informações ou a indiciado. Em contrapartida, há posicionamento diverso, com
representação.” assentamento na idéia de que o desindiciamento é possível
pelo fato de o IP ser um procedimento administrativo. Assim
Outras formas de investigação criminal sendo, a autoridade policial goza de autotutela, ou seja, da
a) CPIs: Inquérito parlamentar. Infrações ou faltas funcio- capacidade de rever os próprios atos. Com relação às espécies
nais e aqueles crimes de matéria de alta relevância; de desindiciamento, o mesmo pode ser de ofício, ou seja, rea-
b) IPM: Inquérito policial militar. Instrumento para investi- lizado pela própria autoridade policial e coato/coercitivo, que
gação de infrações militares próprias; decorre do deferimento de ordem de habeas corpus.
c) Crimes cometidos pelo magistrado: investigação presi-
dida pelo juiz presidente do tribunal; PRAZOS PARA ENCERRAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
d) MP: PGR/PGJ; No caso da justiça estadual, 10 dias se acusado preso; 30
e) Crimes cometidos por outras autoridades com foro pri- dias se acusado solto. Os 10 dias são improrrogáveis, os 30
vilegiado: ministro ou desembargador do respectivo tribunal. dias são prorrogáveis por “n” vezes. No caso da justiça federal,
15 dias se o acusado estiver preso; 30 dias se o acusado esti-
Os elementos informativos colhidos durante a fase do ver solto. Os 15 dias são prorrogáveis por uma vez, enquanto
inquérito policial não poderão ser utilizados para fundamen- os 30 dias são prorrogáveis por “n” vezes.
tar sentença penal condenatória. O valor de tais elementos é No caso da lei de drogas (11.343/2006), o prazo é diverso:
relativo, uma vez que os mesmos servem para fundamentar 30 dias se o acusado estiver preso, 90 dias se estiver solto.
o recebimento de uma inicial, mas não são suficientes para Nessa modalidade, os prazos podem ser duplicados. Com re-
fundamentar eventual condenação. lação aos crimes contra a economia popular (lei 1.521/51, art.
10, §1º), o prazo para conclusão do IP é de 10 dias, indepen-
PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL dente se o acusado estiver preso ou solto.

1ª fase: Instauração; MEIOS DE AÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO


2º fase: Desenvolvimento/evolução;
3ª fase: Conclusão 1) Primeiramente, oferecer denúncia, caso haja justa cau-
1ª fase: Instaurado por peças procedimentais: sa. Em regra, o procedimento é o ordinário. (Sumário: cabe
1ª peça: Portaria; Recurso em sentido estrito, vide art. 581, I, CPP). Do recebi-
2ª peça: APFD (auto de prisão em flagrante delito); mento da denúncia, cabe habeas corpus. Da rejeição da de-
3ª peça: Requisição do juiz/MP/ministro da justiça; núncia no procedimento sumaríssimo, cabe apelação. (JESP-
4ª peça: Requerimento da vítima CRIM, prazo de 10 dias);
2) O MP pode requisitar novas diligências, mas deve es-
CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL pecificá-las. No caso do indeferimento pelo magistrado, cabe
A peça de encerramento chama-se relatório, definido a correição parcial;
como uma prestação de contas daquilo que foi realizado du- 3) MP pode defender o argumento de que não tem atri-
rante todo o inquérito policial ao titular da ação penal. Em buição para atuar naquele caso e que o juiz não tem compe-
outras palavras, é a síntese das principais diligências realiza- tência. Nesse caso, o juiz pode concordar ou não com o MP.
das no curso do inquérito. O mesmo só passa pelo juiz devi- No caso de não concordar, o juiz fará remessa do inquérito
do ao fato de o Código de Processo Penal adotar o sistema ou peças de informação ao procurador-geral, e este oferece-
presidencialista, já citado anteriormente. Entretanto, apesar rá a denúncia, designará outro órgão do Ministério Público
dessa adoção, este caminho adotado pela autoridade policial para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao
poderia ser capaz de ferir o sistema acusatório, que é adotado qual só então estará o juiz obrigado a atender, como mencio-
pelo CPP (pois ainda não há relação jurídica processual penal). na o art. 28 do CPP;
Os estados do Rio de Janeiro e Bahia adotaram a Central 4) MP pode pedir arquivamento. Se o juiz homologa, en-
de inquéritos policiais, utilizada para que a autoridade policial cerra-se o mesmo. Trata-se de ato complexo, ou seja, que
remetesse os autos à central gerida pelo Ministério Público. depende de duas vontades.
Os respectivos tribunais reagiram diante da situação.

3
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

A natureza jurídica do arquivamento é de ato adminis- Características


trativo judicial, procedimento que deriva de jurisdição vo- a) Autônoma: ela não se confunde com o direito mate-
luntária. É ato judicial, mas não jurisdicional. Com relação rial. Preexiste à pretensão punitiva.
ao art. 28 do CPP e a obrigação do outro membro do Mi- b) Abstração: independe do resultado do processo.
nistério Público ser ou não obrigado a oferecer a denúncia, Mesmo que a demanda seja julgada improcedente, o direito
existem duas correntes sobre o tema. A primeira corrente, de ação terá sido exercido.
representada por Cláudio Fontelis, defende o argumento de c) Subjetiva: o titular do direito é especificado na pró-
que o promotor não é obrigado a oferecer denúncia porque pria legislação. Em geral, é o MP, excepcionalmente sendo um
o termo deve ser interpretado como designação, com base particular.
na independência funcional. A segunda corrente, majoritá- d) Pública: a atividade provocada é de natureza pública,
ria, defende o ponto de que o termo deve ser interpretado sendo a ação exercida pelo próprio Estado.
como delegação, atuando o promotor como “longa manus” e) Instrumental: é um meio para se alcançar a efetivida-
do Procurador Geral de Justiça. Diante da questão trazida, de do direito material.
estaria a independência funcional comprometida? Não, pois
o novo promotor pode pedir a absolvição/condenação, uma Condições da Ação ou Condições de Procedibilidade
vez que o mesmo possui tal liberdade. Conceito
A importância do inquérito policial se materializa do pon- Trata-se dos requisitos necessários e condicionantes ao
to de vista de uma garantia contra apressados juízos, forma- regular exercício do direito de ação.
dos quando ainda não há exata visão do conjunto de todas Condição da ação (ou de procedibilidade) é uma condi-
as circunstâncias de determinado fato. Daí a denominação ção que deve estar presente para que o processo penal possa
de instituto pré-processual, que de certa forma, protege o ter início.
acusado de ser jogado aos braços de uma Justiça apressada
e talvez, equivocada. O erro faz parte da essência humana Possibilidade Jurídica do Pedido
e nem mesmo a autoridade policial, por mais competente O pedido deve ser legalmente amparável na seara do Di-
que seja, está isenta de equívocos e falsos juízos. Delegados reito Penal ou não deve ser vedado. Por exemplo, ao se denun-
e advogados devem trabalhar em prol de um bom comum, ciar um membro de um corpo diplomático, o juiz deve intimar
qual seja, a efetivação da justiça. Imprescindível a participa- a representação do país de origem para ver ser eles abrem
ção do advogado, dentro dos limites estabelecidos pela lei, mão da imunidade diplomática. Caso negativo, deve o juiz ex-
na participação da defesa de seu cliente. Diante disso, é de tinguir o processo por impossibilidade jurídica do pedido.
imensa importância que o inquérito policial seja desenvolvi-
do sob a égide constitucional, respeitando os direitos, garan- Interesse de Agir
tias fundamentais do acusado e, principalmente, o princípio Subdivide-se e materializa-se no trinômio necessidade/
da dignidade da pessoa humana, norteador do ordenamento adequação/utilidade.
jurídico brasileiro. O interesse-necessidade objetiva identificar se a lide
pode ou não ser resolvida na seara judicial. Ela é presumida,
em função da proibição da autotutela, tendo como exceção a
2 AÇÃO PENAL. transação penal.
O interesse-adequação se manifesta com a utilização
do instrumento adequado para a manifestação da pretensão.
V.g., não pode a parte pleitear trancar com HC ação penal cuja
Ação Penal sanção máxima cominada à conduta seja de multa, já que seu
direito à livre locomoção não se encontra ameaçado.
Trata-se do direito público subjetivo de pedir ao Estado- Já o interesse-utilidade se manifesta quando o exercício
juízo a aplicação do direito penal objetivo ao caso concreto. do direito de ação possa resultar na realização do jus puniendi
Ação não é pretensão. Ação é simplesmente o direito de estatal. Daqui decorre justificativa para se acatar a prescrição
provocar a tutela jurisdicional do Estado. Absolutamente erra- da pena em perspectiva.
do falar, por exemplo, que ação penal é o exercício da preten-
são punitiva estatal, visto que se estaria ligando ao conceito Legitimidade
de ação o objeto que se pede, vinculando direito abstrato A ação só pode ser proposta por quem é titular do inte-
com direito material, como faz a doutrina imanentista. resse que se quer realizar e contra aquele cujo interesse deve
Ação penal, repito, é o direito de provocar a jurisdição ficar subordinado ao do autor.
penal. Por isso que o direito de ação é exercido contra o A pessoa jurídica tem legitimidade para figurar no polo
Estado, pois o Estado é quem possui, única e exclusiva- passivo da demanda penal nos casos previstos em lei, deven-
mente, o poder-dever de dizer o direito. do a ação também ser movida contra a pessoa física responsá-
Assim, erram promotores e Procuradores da República vel por sua administração (teoria da dupla imputação). Tam-
que, na denúncia, escrevem: “ofereço ação penal pública in- bém poderá figurar no polo ativo, devendo ser representada
condicionada contra fulano de tal...” A ação não é contra fu- por aqueles designados nos contratos ou estatutos sociais.
lano. A ação é contra o Estado (provocando o Estado), para Réu Menor no Processo Penal: Ilegitimidade ou Incom-
dizer o direito substantivo penal aplicável EM FACE de fulano. petência?

4
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

Se o réu for menor, não deverá o processo ser extinto por (C) de acordo com o sistema acusatório, o interrogatório
impossibilidade jurídica do pedido ou por ilegitimidade da é o ato final da instrução, não podendo ocorrer mais de uma
parte, mas sim por ausência de competência do juiz penal vez no mesmo processo.
para apreciar o feito. (D) segundo a Convenção Americana de Direitos Huma-
nos, a confissão do acusado só é válida se feita sem coação de
Justa Causa ou Aptidão Material da Denúncia nenhuma natureza, de modo que não há mácula na confissão
Trata-se do lastro probatório mínimo de autoria e ma- informal feita no momento da prisão quando apenas induzida
terialidade delitivas necessário à propositura da ação penal. por policiais.
A justa causa é compreendida como conjunto de provas (E) diante da notícia concreta de tráfico de drogas e da pre-
sobre o fato criminoso, suas circunstâncias e respectiva auto- sença de armas em determinada favela, é possível a expedição de
ria capaz de alicerçar, embasar a acusação contida na denún- mandado de busca domiciliar para todas as casas da comunidade.
cia. Esse conjunto de provas, de elementos informativos serve
para dar verossimilhança à acusação. Evidentemente, não se 02. (DPE-MA - Defensor Público - Ano: 2015 - FCC) O
exige para a instauração da ação penal prova completa, ple- inquérito policial
na ou cabal (induvidosa); este tipo de prova é exigido para (A) após seu arquivamento, poderá ser desarquivado a
fundamentar a sentença condenatória. Para a instauração da qualquer momento para possibilitar novas investigações, des-
ação penal basta que haja alguma prova idônea, lícita, que de que haja concordância do Ministério Público.
demonstre a verossimilhança da acusação. Deve haver prova (B) em curso poderá ser avocado por superior por motivo
da materialidade e indícios de autoria. de interesse público.
Ilustre-se que não há recurso contra a decisão de rece- (C) poderá ser instaurado por requisição judicial, a depender
bimento da denúncia. Possível, no entanto, a impetração de da análise de conveniência e oportunidade do delegado de polícia.
habeas corpus para trancar a ação penal. O habeas corpus (D) nos casos de ação penal privada e ação penal pública
para extinguir o processo penal sem resolução de mérito, com condicionada poderá ser instaurado mesmo sem a represen-
fundamento no artigo 648, I do CPP1. tação da vítima ou seu representante legal, desde que se trate
Lembrar que a falta de justa causa é motivo de rejeição da de crime hediondo.
denúncia ou queixa, havendo um dispositivo específico que (E) independentemente do crime investigado deverá ser
separa este tema da rejeição por inépcia formal (diz-se que a impreterivelmente concluído no prazo de 30 dias se o inves-
falta de justa causa é causa de inépcia material): tigado estiver solto.
Art. 395. A denúncia ou queixa será rejeitada quando:
[...] 03. (PC-CE - Escrivão de Polícia Civil de 1ª Classe –
III - faltar justa causa para o exercício da ação penal. 2015 - VUNESP) A Lei nº 7.960/89 estabelece, em seu art.
Não há justa causa para a ação penal quando a demons- 1º, inciso III, o rol de crimes para os quais é cabível a decre-
tração da autoria ou da materialidade do crime decorrer ape- tação da prisão temporária quando imprescindível para as
nas de prova ilícita (assim como ocorre com a denúncia fun- investigações do inquérito policial. Esse rol inclui
dada apenas em IP viciado) (A) o crime de assédio sexual.
(B) o crime de receptação qualificada.
Síntese sobre a justa causa: (C) o crime de estelionato.
1. Trata-se do lastro probatório mínimo de materialida- (D) o crime de furto qualificado.
de e autoria necessário para o recebimento da inicial; (E) os crimes contra o sistema financeiro.
2. Inexistindo justa causa, a denúncia deve ser rejeitada
com fulcro no art. 395, III, do CPP (diz-se que há inépcia material); 04. (MPE-SE - Analista – Direito - 2013 - FCC) Em rela-
3. Somente cabe HC para trancar o processo penal (ex- ção ao inquérito policial,
tinguir sem julgamento do mérito) se houver evidente atipici- (A) o ofendido, ou seu representante legal, e o indiciado
dade da conduta, causa extintiva de punibilidade ou ausência poderão requerer qualquer diligência, que será realizada, ou
total de indícios de autoria; não, a juízo da autoridade.
4. Não há justa causa se a ação penal decorrer apenas (B) nos crimes de ação penal de iniciativa pública, somen-
de prova ilícita ou de IP viciado. te pode ser iniciado de ofício.
(C) a autoridade policial poderá mandar arquivar os autos
QUESTÕES de inquérito policial em caso de evidente atipicidade da con-
01. (DPE-ES - Defensor Público – 2016 - FCC) Sobre as duta investigada.
provas no processo penal, (D) se o indiciado estiver preso em flagrante, o inquérito
(A) após realização do reconhecimento pessoal, deve ser policial deverá terminar no prazo máximo de cinco dias, salvo
lavrado auto pormenorizado, subscrito pela autoridade, pela disposição em contrário.
pessoa chamada para proceder ao reconhecimento e por (E) é indispensável à propositura da ação penal de inicia-
duas testemunhas presenciais. tiva pública.
(B) em virtude do princípio do livre convencimento mo-
tivado, o juiz pode suprir a ausência de exame de corpo de 05. (MPE-SP - Analista de Promotoria - 2015 – VU-
delito, direto ou indireto, pela confissão do acusado nos cri- NESP) A prisão em flagrante, cautelar, realiza-se
mes que deixam vestígios. (A) sem necessidade de avaliação posterior por autori-
1 Art. 648. A coação considerar-se-á ilegal: dade judiciária, porque pode ser relaxada, a qualquer tempo,
I - quando não houver justa causa; pela autoridade policial.

5
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

(B) diante de aparente tipicidade (fumus boni juris), mas 10. (PC-GO - Delegado de Polícia – 2013 - UEG) Sobre
confirmados ilicitude e culpabilidade. a prisão em flagrante, tem-se o seguinte:
(C) no momento em que está ocorrendo ou termina de (A) o auto de prisão em flagrante deverá ser lavrado pela
ocorrer o crime. autoridade do local do crime onde foi efetivada a captura,
(D) mediante expedição de mandado de prisão pela au- sob pena de nulidade absoluta.
toridade judiciária. (B) em até 24 (vinte e quatro) horas da realização da pri-
(E) única e tão somente pela polícia judiciária. são, será entregue ao preso, mediante recibo, a nota de cul-
pa, assinada pelo juiz, sendo que a errônea capitulação dos
06. (PC-SP -Investigador de Polícia – 2014 - VUNESP) fatos no mencionado documento gera nulidade do flagrante.
O inquérito policial (C) o reconhecimento da nulidade do auto de prisão em
(A) somente será instaurado por determinação do juiz flagrante atinge unicamente o seu valor como instrumento
competente. de coação cautelar, não tendo repercussão no processo-cri-
(B) pode ser arquivado por determinação da Autoridade me.
Policial. (D) a falta de comunicação, no prazo legal, da prisão em
(C) estando o indiciado solto, deverá ser concluído no flagrante à autoridade judiciária nulifica-a, devendo o ma-
máximo em 10 dias. gistrado, após oitiva do Ministério Público, determinar seu
(D) nos crimes de ação pública poderá ser iniciado de imediato relaxamento.
ofício.
(E) não poderá ser iniciado por requisição do Ministério 11. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa –
Público. 2015 - CESPE) Foi recebida pelo juiz denúncia oferecida pelo
07. (TJ-SE - Titular de Serviços de Notas e de Regis- MP contra Pedro e João, imputando-lhes a prática de crime
tros – Provimento - 2014 - CESPE) No curso da tramitação de extorsão realizada dentro de uma universidade. Uma das
do inquérito policial, o delegado de polícia, vítimas resolveu intervir no processo, como assistente de
(A) nos crimes em que a pena máxima cominada não acusação.
extrapole oito anos de reclusão, poderá conceder liberdade Tendo como referência a situação hipotética apresenta-
da, assinale a opção correta.
provisória, independentemente de fiança.
(A) Deferida a habilitação, o assistente de acusação re-
(B) independentemente de pronunciamento do juiz
ceberá a causa desde a petição inicial e, conforme o caso,
competente, deverá proceder à instauração de incidente de
deverão ser repetidos os atos anteriores a sua habilitação.
insanidade mental do indiciado, desde que este apresente
(B) Da decisão que admitir ou denegar a intervenção da
indícios dessa insanidade.
vítima caberá recurso em sentido estrito ao juízo de segundo
(C) a requerimento de qualquer pessoa, poderá deferir grau.
a interceptação das comunicações telefônicas de indiciado. (C) Ao assistente de acusação será permitido propor
(D) quando verificada a inexistência de indícios de auto- meios de provas, tais como perícias e acareações, participar
ria, deverá arquivar os autos do inquérito policial. de debates orais e aditar articulados, e também arrazoar os
(E) ao ter conhecimento da infração penal, deverá proce- recursos interpostos pelo MP.
der ao reconhecimento de pessoas e coisas e providenciar a (D) A vítima poderá habilitar-se como assistente de acu-
realização de acareações. sação na fase preliminar das investigações, após a instaura-
ção do inquérito policial.
08. (SEDS-TO - Analista Socioeducador – Direito - (E) O assistente de acusação poderá arrolar testemunhas
2014 - FUNCAB) Considerando os temas inquérito policial e e aditar a denúncia oferecida pelo MP.
ação penal, assinale a alternativa correta.
(A) A autoridade policial não poderá mandar arquivar au- 12. (TRE-RS - Analista Judiciário – Administrativa –
tos de inquérito. 2015 - CESPE) No que se refere a intimações e citações no
(B) O inquérito deverá terminar no prazo de 30 dias, se processo penal, assinale a opção correta.
o indiciado tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso (A) A citação ou a intimação do militar da ativa será feita
preventivamente, contado o prazo, nesta hipótese, a partir mediante a expedição pelo juízo processante de um ofício,
do dia em que se executar a ordem de prisão. que será remetido ao chefe do serviço, cabendo ao oficial de
(C) O Ministério Público poderá desistir da ação penal. justiça a citação do acusado.
(D) O prazo para oferecimento da denúncia, estando o (B) Na hipótese de expedição de carta precatória para a
réu preso, será de 30 dias, contado da data em que o órgão citação, se o acusado não se encontrar na comarca do juiz
do Ministério Público receber os autos do inquérito policial. deprecado e estiver em local conhecido, a precatória deverá
ser devolvida ao juiz deprecante para uma nova expedição.
09. (PC-SP - Investigador de Polícia – 2014 - VUNESP) (C) A citação ficta ou presumida será realizada por edital,
A prisão preventiva pelo correio ou por email.
(A) é decretada pelo juiz. (D) Na hipótese de o réu estar no estrangeiro, em local
(B) somente poderá ser decretada como garantia da or- sabido, será sempre citado por carta rogatória, mesmo que a
dem pública. infração penal seja afiançável.
(C) não poderá ser revogada pelo juiz. (E) De acordo com o CPP, será pessoal a intimação do
(D) poderá ser decretada pelo delegado de polícia. MP, do defensor constituído, do advogado do querelante e
(E) é admitida para qualquer crime ou contravenção. do advogado do assistente de acusação.

6
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

RESPOSTAS: D) CORRETA: Item correto, pois nos crimes de ação penal


01. A. pública o IP pode ser instaurado de ofício, ainda que seja
CPP - Art. 226. Quando houver necessidade de fazer-se necessário, no caso de crimede ação penal pública condicio-
o reconhecimento de pessoa, proceder-se-á pela seguinte nada à representação, que a autoridade já disponha de mani-
forma: festação inequívoca da vítima (representação) no sentido de
(...) que deseja a persecução penal.
IV - do ato de reconhecimento lavrar-se-á auto porme- e) ERRADA: Item errado, pois o IP pode ser instaurado
norizado, subscrito pela autoridade, pela pessoa chamada por requisição do MP.
para proceder ao reconhecimento e por duas testemunhas
presenciais. 07. E.
CPP - Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da
02. B. infração penal, a autoridade policial deverá:
De acordo com a Lei n. 12.830/13 VI - proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a
Art. 2. acareações;
(...)
§ 4º O inquérito policial ou outro procedimento previsto 08. A.
em lei em curso somente poderá ser avocado ou redistribuí- Dispõe o artigo 17 do CPP: A autoridade policial não po-
do por superior hierárquico, mediante despacho fundamen- derá mandar arquivar autos de inquérito.
tado, por motivo de interesse público ou nas hipóteses de
inobservância dos procedimentos previstos em regulamento 09. A.
da corporação que prejudique a eficácia da investigação. Conforme o Art. 238 do CPP:
Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante
03. E. delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade
De acordo com a Legislação: judiciária competente, em decorrência de sentença conde-
Art. 1° Caberá prisão temporária: natória transitada em julgado ou, no curso da investigação
(...) ou do processo, em virtude de prisão temporária ou prisão
III - quando houver fundadas razões, de acordo com preventiva.
qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou
participação do indiciado nos seguintes crimes: 10. C.
(...) Código Processual Penal:
o) crimes contra o sistema financeiro (Lei n° 7.492, de 16 Art. 306. A prisão de qualquer pessoa e o local onde se
de junho de 1986). encontre serão comunicados imediatamente ao juiz compe-
tente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa
04. A. por ele indicada
Código Processual Penal: § 1º Em até 24 (vinte e quatro) horas após a realização
Art. 14. O ofendido, ou seu representante legal, e o indi- da prisão, será encaminhado ao juiz competente o auto de
ciado poderão requerer qualquer diligência, que será realiza- prisão em flagrante e, caso o autuado não informe o nome
da, ou não, a juízo da autoridade. de seu advogado, cópia integral para a Defensoria Pública.

05. C. 11. C.
Código Processual Penal: A presente questão está embasada no artigo 271 do Có-
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem: digo Processual Penal que dita:
I - está cometendo a infração penal; Art. 271. Ao assistente será permitido propor meios de
II - acaba de cometê-la; prova, requerer perguntas às testemunhas, aditar o libelo e
III - é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofen- os articulados, participar do debate oral e arrazoar os recur-
dido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir sos interpostos pelo Ministério Público, ou por ele próprio,
ser autor da infração; nos casos dos arts. 584, § 1o, e 598.
IV - é encontrado, logo depois, com instrumentos, ar-
mas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da 12. D.
infração. Acerca da citação, na hipótese de o réu estar no estran-
geiro, em local sabido, será sempre citado por carta roga-
Art. 303. Nas infrações permanentes, entende-se o agen- tória, mesmo que a infração penal seja afiançável. Sobre a
te em flagrante delito enquanto não cessar a permanência. citação, dispõe o CPP:
Art. 368. Estando o acusado no estrangeiro, em lugar sa-
06. D. bido, será citado mediante carta rogatória, suspendendo-se
A) ERRADA: O IP pode ser instaurado por diversas formas o curso do prazo de prescrição até o seu cumprimento.
(de ofício, por requisição do MP, etc.).
B) ERRADA: A autoridade policial NUNCA poderá man-
dar arquivar autos de IP, nos termos do art. 17 do CPP.
C) ERRADA: Estando o indiciado solto o prazo para a
conclusão do IP é de 30 dias, prorrogáveis.

7
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES nele não há contraditório nem ampla defesa; quem acusa e
SOBRE: DIREITO PROCESSUAL PENAL quem julga são as mesmas pessoas; o Sistema acusatório:
onde o processo é público, como meio de impedir que
1. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar - abusos sejam praticados; são assegurados os princípios
FUNCAB/2010) A respeito dos sistemas processuais do contraditório e ampla defesa; adota-se o sistema
existentes no Processo Penal, pode-se afirmar que: da livre apreciação da prova e o Sistema misto: neste
A) o sistema inquisitivo rege o processo penal sistema há uma fase de investigação preliminar (conduzida
brasileiro, com a concentração das funções acusatória, pela polícia judiciária); uma fase de instrução preparatória
de defesa e julgadora na mesma pessoa, o Juiz acusador. (patrocinada pelo juiz instrutor); uma fase de julgamento
B) o sistema acusatório caracteriza-se pela divisão (somente aqui incidiriam o contraditório e a ampla defesa);
das funções acusatória, de defesa e julgadora em e uma fase de recurso (em que se pode utilizar o “recurso
diferentes personagens, sendo o Juiz imparcial. de cassação”, para impugnar apenas questões de direito,
C) o inquérito policial, apesar de não ser um como o “recurso de apelação”, para impugnar questões de
processo, obedece às regras e aos princípios do sistema fato e de direito). Embora seja o sistema adotado no Brasil
acusatório, com a garantia da ampla defesa e do o Sistema acusatório, não existe na legislação brasileira de
contraditório. forma expressa qualquer previsão neste sentido, razão pela
D) o sistema processual inquisitivo tem como qual a alternativa correta é a letra “E”.
característica marcante a oralidade e a publicidade.
E) o sistema acusatório caracteriza-se por ser RESPOSTA: “E”.
eminentemente escrito e secreto.
3. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) No
O sistema inquisitivo é caracterizado pela concentração sistema acusatório,
de poder nas mãos do julgador, que exerce, também, a A) um único órgão de jurisdição preside a fase de
função de acusador; a confissão do réu é considerada a investigação, acusação e julgamento do processo.
rainha das provas; não há debates orais, predominando B) o acusado é mero objeto do processo, não lhe
procedimentos exclusivamente escritos, o procedimento sendo garantidos direitos.
é sigiloso; há ausência do contraditório e a defesa C) as partes se encontram em igualdade de posições
é meramente decorativa. Por outro lado, o sistema e, a ambas, um juiz imparcial e equidistante se sobrepõe.
acusatório possui nítida separação entre o órgão acusador D) não há contraditório.
e o julgador; há liberdade de acusação, reconhecido o
direito de defesa e a isonomia entre as partes no processo; No sistema acusatório há distribuição das funções
vigora a publicidade do procedimento; o contraditório de acusar, defender e julgar a órgãos distintos, onde se
está presente; existe a possibilidade de recusa do julgador; pressupõe as seguintes garantias constitucionais: da tutela
há livre sistema de produção de provas. Desta forma, jurisdicional, do devido processo legal, da garantia de
ressaltadas as principais características destes sistemas a acesso à justiça, da garantia do juiz natural, do tratamento
resposta que esta de acordo com o exposto é a alternativa paritário das partes, do contraditório, da ampla defesa, da
“B”. publicidade dos atos processuais e motivação dos atos
decisórios, bem como da presunção de inocência e da
RESPOSTA: “B”. garantia da dignidade da pessoa humana.

2. (MPE/AC - Analista Processual - Direito - RESPOSTA: “C”.


FMPRS/2013) Assinale a alternativa correta. 4. (MPE/MA - Promotor Substituto - MPE/MA/2014)
A) A legislação brasileira adota expressamente É consentâneo com o sistema inquisitorial de processo
o sistema acusatório, em razão de não prever a penal, exceto:
investigação criminal realizada por magistrados. A) Sigilo dos atos processuais;
B) A legislação brasileira adota expressamente o B) Suscetibilidade de início do processo por meio
sistema acusatório, em razão de prever a possibilidade de denúncia anônima;
tribunais populares exercerem a jurisdição criminal nos C) Incumbência de formular a acusação não
crimes contra a vida. individualizada;
C) A legislação brasileira adota expressamente o D) Arguição de suspeição do juiz;
sistema inquisitivo, em razão de prever a investigação E) Defesa técnica decorativa.
criminal realizada por magistrados.
D) A legislação brasileira adota expressamente Geralmente nas questões de concurso relacionadas
o sistema misto, em razão de a investigação criminal à área do Direito, as Bancas examinadoras se utilizam
estar confiada à polícia judiciária. de uma linguagem mais formal, onde na maioria das
E) A legislação brasileira não adota expressamente vezes algo que é simples acaba se tornando complexo.
qualquer sistema processual penal. Exemplo claro é o exercício acima, “consentâneo”, neste
Os sistemas processuais são os diferentes conjuntos de contexto nada mais é do que “condizente”, “próprio”
normas adotados por cada ordenamento para disciplinar do sistema inquisitorial. Desta forma, cabe ao candidato
o transcorrer de sua marcha procedimental. Basicamente considerar quais das alternativas não se enquadram com as
existem três sistemas processuais, o Sistema inquisitivo: particularidades do mencionado sistema processual penal.

8
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

O sistema inquisitorial é sigiloso, sempre escrito, não existe A adoção do princípio da inércia no processo penal
o contraditório e reúne na mesma pessoa às funções de brasileiro não permite que o juiz determine, de ofício,
acusar, defender e julgar. O réu é visto nesse sistema como diligências para dirimir dúvida sobre ponto relevante dos
mero objeto da persecução, com isso garantias que visam autos.
resguardar os direitos do acusado, como a “arguição de
suspeição do juiz”, não são próprias deste sistema. A) CERTO
B) ERRADO
RESPOSTA: “D”.
O princípio da inércia é um preceito próprio do processo
civil e vai totalmente contra a sistemática do processo
5. (PM/GO - Soldado da Polícia Militar -
penal, tendo em vista que um dos princípios primordiais
FUNCAB/2010) São princípios que regem o processo
procedimento é o da verdade real, no qual o juiz tem o dever
penal brasileiro, EXCETO: de investigar como os fatos se passaram na realidade, não
A) Ampla defesa. se conformando com a verdade formal constante dos autos.
B) Duração razoável do processo
C) Juiz natural. RESPOSTA: “B”.
D) Oralidade.
E) Sigilo 8. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito
A publicidade é uma garantia para o indivíduo e para processual penal e da aplicação da lei processual no
a sociedade decorrente do próprio princípio democrático. tempo e no espaço, julgue os itens seguintes.
O princípio da publicidade dos atos processuais,
profundamente ligado à humanização do processo penal, O princípio da presunção de inocência ou da não
contrapõe-se ao procedimento secreto, característica culpabilidade subsiste durante todo o processo e tem
do sistema inquisitório. É ele regra em nosso direito e o objetivo de garantir o ônus da prova à acusação até
foi elevado a categoria constitucional pelo artigo 5º, declaração final de responsabilidade por sentença penal
LX, da Constituição Federal: “A lei só poderá restringir a condenatória transitada em julgado.
publicidade dos atos processuais quando a defesa da
A) CERTO
intimidade ou o interesse social o exigirem”. Desta forma, o
B) ERRADO
sigilo não está dentre os princípios que regem o processo
penal brasileiro, sendo que neste impera a publicidade. O princípio da presunção de inocência é uma garantia
processual atribuída ao acusado pela prática de uma infração
RESPOSTA: “E”. penal, oferecendo-lhe a prerrogativa de não ser considerado
culpado por um ato delituoso até que a sentença penal
6. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011) condenatória transite em julgado, cabendo a acusação
Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue provar o contrário. Está previsto na Constituição Federal de
o item a seguir: 1988 em seu artigo 5º, LVII, nestes termos: “Ninguém será
considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença
O processo penal brasileiro não adota o princípio da penal condenatória”.
identidade física do juiz em face da complexidade dos
atos processuais e da longa duração dos procedimentos, RESPOSTA: “A”.
o que inviabiliza a vinculação do juiz que presidiu a 9. (TJ/AC - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
instrução à prolação da sentença. CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito
processual penal e da aplicação da lei processual no
A) CERTO tempo e no espaço, julgue o item seguinte.
B) ERRADO
É assegurado, de forma expressa, na norma
O processo penal brasileiro adota desde a vigência
fundamental, o direito de qualquer acusado à plenitude
da Lei nº 11.719/2008, que deu nova redação ao artigo
de defesa em toda e qualquer espécie de procedimento
399, §2º, do Código de Processo Penal, o princípio da criminal.
identidade física do juiz. Tal princípio determina que o juiz
de direito que presidir e concluir a audiência de instrução A) CERTO
e julgamento deverá ser o mesmo que irá julgar a causa. B) ERRADO

RESPOSTA: “B”. O princípio da plenitude de defesa é assegurado ao


acusado, de forma expressa, na Constituição Federal de
7. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - CESPE/2011) 1988, apenas para o procedimento do Júri, em seu artigo
Acerca dos princípios gerais do processo penal, julgue 5º, inciso XXXVIII, alínea “a”, não sendo cabível em outros
o item a seguir: procedimentos criminais.
RESPOSTA: “B”.

9
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

10. (DPE/MS - Defensor Público - VUNESP/2012) D) O princípio da obrigatoriedade nas ações


No que se refere aos princípios constitucionais e penais públicas se estende ao procedimento relativo
infraconstitucionais aplicáveis ao processo penal, é aos juizados especiais criminais, porquanto, desde
correto afirmar que: que convencido da existência do crime, deve o MP,
A) no processo penal que visa apurar crimes obrigatoriamente, submeter a questão penal ao exame
societários, a inexistência de descrição, na denúncia, do do Poder Judiciário.
vínculo entre o denunciado e a empreitada criminosa E) No conflito entre o jus puniendi do Estado, de
a ele imputada, caracteriza-se, conforme causa de um lado, e o jus libertatis do acusado, a balança deve se
decretação de nulidade do processo já reconhecida inclinar a favor do primeiro, porquanto prevalece, em
pelo STJ, como violação ao princípio constitucional da casos tais, o interesse público.
ampla defesa.
B) o princípio da economia processual e do tempus O princípio do contraditório não se aplica no inquérito
regit actum afasta eventual alegação de nulidade policial (fase de investigação) que não é, em sentido estrito,
decorrente da não observância, na audiência de “instrução”, mas colheita de elementos que possibilitem a
inquirição de testemunhas realizada no ano de 2009, instauração do processo. A Constituição Federal apenas
do sistema adversarial anglo-americano, consistente assegura o contraditório na “instrução criminal” e o vigente
primeiramente no direct examination – por parte de Código de Processo Penal distingue perfeitamente esta do
quem arrolou – e posteriormente no cross-examination inquérito policial.
– pela parte contrária – cabendo ao magistrado apenas
a complementação da inquirição sobre os pontos não RESPOSTA: “A”.
esclarecidos, ao final, caso entenda necessário.
C) o reconhecimento por uma instância superior 12. (Polícia Militar/GO - Soldado - UEG/2013) É
da mera deficiência de defesa técnica processual princípio fundamental do processo penal:
em favor de um condenado pela prática do crime de A) princípio da verdade formal.
falsidade ideológica em primeira instância acarreta, B) princípio da defesa limitada.
segundo entendimento sumulado pelo STF, a imediata C) princípio da sigilosidade processual.
declaração de nulidade da condenação. D) princípio da presunção da não culpabilidade.
D) uma pessoa condenada no ano de 2010 a 23 A alternativa “A”, “B” e “C” estão erradas, pois os
princípios mencionados são justamente o oposto dos
anos de reclusão pelo crime de homicídio tem direito
princípios fundamentais do processo penal. Assim, onde
à interposição do recurso denominado “protesto por
menciona o princípio da “verdade formal”, seria o da
novo júri” em virtude do crime a ela imputado ter sido
“verdade real”; onde menciona o princípio da “defesa
praticado em 2006.
limitada”, seria o da “ampla defesa”; onde menciona
Nos chamados crimes societários, não se admite
o princípio da “sigilosidade processual”, seria o da
a “denúncia fictícia”, sem apoio na prova e sem a “publicidade”. Desta forma, resta apenas como correta a
demonstração da participação do denunciado na prática alternativa “D”.
tida por criminosa. Assim, a inexistência de descrição, na
denúncia, do vínculo entre o denunciado e a empreitada RESPOSTA: “D”.
criminosa a ele imputada, caracteriza-se, como causa de
decretação de nulidade do processo, pois fere o princípio 13. (TJ/RJ - Juiz - VUNESP/2013) A doutrina é
da ampla defesa que prevê que para seu exercício é unânime ao apontar que os princípios constitucionais,
necessário o réu ter ciência daquilo que esta sendo acusado em especial os relacionados ao processo penal, além de
para poder se defender. revelar o modelo de Estado escolhido pelos cidadãos,
servem como meios de proteção da dignidade humana.
RESPOSTA: “A”. Referidos princípios podem se apresentar de forma
11. (TJ/RO - Analista Judiciário - Analista Processual explícita ou implícita, sem diferença quanto ao grau de
- CESPE/2012) A respeito dos princípios gerais e importância. São princípios constitucionais explícitos:
informadores do processo penal, assinale a opção A) juiz natural, vedação das provas ilícitas e
correta. promotor natural.
A) Não há previsão legal do contraditório na fase de B) devido processo legal, contraditório e duplo
investigação e a sua inexistência não configura violação grau de jurisdição.
à Constituição Federal (CF). C) ampla defesa, estado de inocência e verdade real.
B) Em determinados crimes é permitido ao juiz a D) contraditório, juiz natural e soberania dos
iniciativa da ação penal condenatória, como no caso veredictos do Júri.
de procedimentos especiais, a exemplo do processo e
julgamento dos crimes de falência. Estão previstos na Constituição Federal de 1988, dentre
C) A exigência de sigilo das investigações prevista outros, os princípios do contraditório (artigo 5º, LV); do juiz
no Código de Processo Penal (CPP) impede, de forma natural (artigo 5º, XXXVII) e soberania dos veredictos do
absoluta, o acesso aos autos a quem quer que seja, Júri (artigo 5º, XXXVIII, “c”).
sempre que houver risco ao bom andamento das
investigações. RESPOSTA: “D”.

10
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

14. (TJ/AM – Analista Judiciário II – Oficial de Justiça sendo considerado o território por extensão (ou ficção) para
Avaliador – FGV/2013) O princípio da imparcialidade efeitos penais e processuais, conforme o disposto no artigo
impõe sobre o Estado-juiz a exigência de uma prestação 5º, §1º, do Código Penal, as embarcações e aeronaves
jurisdicional imparcial, podendo ser considerado um brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo
dos pilares do sistema acusatório. Para garantir o brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as
respeito ao princípio, o Código de Processo Penal prevê aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de
as situações de suspeição do juiz, relacionadas a seguir, propriedade privada, que se achem em alto mar ou no
à exceção de uma. Assinale-a. espaço aéreo correspondente.
A) Se  tiver  funcionado  como  juiz  de  outra  ins-
tância, pronunciando-se, de fato ou de direito, so- RESPOSTA: “E”.
bre a questão. 
B)  Se  for  amigo  íntimo  ou  inimigo  capital  de 
qualquer  das partes.  16. (TRE/CE - Analista Judiciário - Administrativa
C)  Se tiver aconselhado qualquer das partes. - FCC/2012) Mário comete um crime de homicídio a
bordo de um navio brasileiro de grande porte em alto
D) Se for sócio, acionista ou administrador de socie-
mar, que faz o trajeto direto entre Santos (São Paulo/
dade interessada no processo.
Brasil) e Cape Town (África do Sul) e será processado e
(E)  Se  ele,  seu  cônjuge,  ascendente  ou  descen- julgado pela justiça.
dente,  estiver respondendo a processo por fato análo- A) da comarca de São Paulo, Capital do Estado de
go, sobre cujo caráter criminoso haja controvérsia. São Paulo, de onde o navio partiu.
B) da Capital Federal do Brasil (Brasília), pois o
Dentre as causas de suspeição prevista no artigo 254 crime ocorreu em alto mar.
do CPP, O juiz não se dará por suspeito, se tiver funcionado C) da África do Sul, em Cape Town, primeiro porto
como juiz de outra instância, pronunciando-se, de fato ou que tocará a embarcação após o crime, pois este foi
de direito, sobre a questão. Tal hipótese é de impedimento cometido em alto mar, em águas internacionais.
e o juiz não poderá exercer a jurisdição neste processo. D) da comarca de Santos, último porto que tocou.
E) da África do Sul, na cidade de Bloemfontein,
RESPOSTA: “A”. capital judiciária do país.

15. (TJ/PE - Analista Judiciário - Administrativa - As embarcações brasileiras, mercantes ou de


FCC /2012) A respeito da aplicação da lei processual no propriedade privada que se encontram em alto mar são
espaço, considere: consideradas como extensão do território nacional, desta
I. embarcações brasileiras de natureza pública, forma, o homicídio praticado por Mário será julgado
onde quer que se encontrarem. de acordo com a legislação do Brasil, sendo a comarca
II. aeronaves brasileiras a serviço do governo responsável para elucidação do fato a última em que estava
brasileiro, onde quer que se encontrem. a embarcação (art. 89 do CPP).
III. embarcações brasileiras mercantes ou de
propriedade privada, que se acharem em alto mar. Resposta: “D”.
IV. aeronaves brasileiras mercantes ou de
propriedade privada que se acharem no espaço aéreo 17. (MPE/AL - Promotor de Justiça - FCC/2012) De
brasileiro. acordo com o Código de Processo Penal, a lei processual
penal
V. embarcações brasileiras mercantes ou de
A) retroage para invalidar os atos praticados sob a
propriedade privada, que se acharem no espaço aéreo
vigência da lei anterior, se mais benéfica.
de outro país.
B) não admite aplicação analógica.
Considera-se território brasileiro por extensão as C) admite suplemento dos princípios vitais de
indicadas direito.
APENAS em D) admite interpretação extensiva, mas não
A) I e V. suplemento dos princípios gerais de direito.
B) III e IV. E) admite aplicação analógica, mas não interpretação
C) II e III. extensiva.
D) I, II, IV e V.
E) I, II, III e IV. Os princípios são de suma importância no ordenamento
jurídico brasileiro constituindo ideias gerais e abstratas, que
Nos termos do artigo 1º, caput, do Código de Processo expressam, em menor ou maiores escala todas as normas que
Penal, o processo penal é regido “em todo o território compõem a seara do direito. Neste sentido, a lei processual
brasileiro” por este estatuto, princípio que se aplica, salvo penal admite ser complementada com os princípios vitais
disposição em contrário, às leis extravagantes. Podemos de direito, servindo estes ainda como uma de suas fontes
definir como território nacional, em sentido estrito, o solo (e formais, servindo para suprir lacunas e omissões da lei.
subsolo), as águas interiores, o mar territorial, a plataforma
continental e o espaço aéreo, com limites reconhecidos, RESPOSTA: “C”.

11
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

18. (TJ/AC - Técnico Judiciário Área Judiciária - E) De acordo com o princípio da territorialidade,
CESPE/2012) Acerca dos princípios aplicáveis ao direito aplica-se a lei processual penal brasileira a todo delito
processual penal e da aplicação da lei processual no ocorrido em território nacional, sem exceção, em vista
tempo e no espaço, julgue o item seguinte. do princípio da igualdade estabelecido na Constituição
A extraterritorialidade da lei processual penal Federal de 1988.
brasileira ocorrerá apenas nos crimes perpetrados,
ainda que no estrangeiro, contra a vida ou a liberdade De acordo com o artigo 2º do CPP, “a lei processual
do presidente da República e contra o patrimônio ou a penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos
fé pública da União, do Distrito Federal, de estado, de atos realizados sob a vigência da lei anterior”. Assim, vige
território e de município. no processo penal o princípio tempus regit actum, do qual
derivam dois efeitos: a) os atos processuais praticados sob
A) Certo a égide da lei anterior se consideram válidos; b) as normas
B) Errado processuais tem aplicação imediata, regulando o desenrolar
do processo.
Nos termos do artigo 1º do Código de Processo Penal,
o processo penal é regido “em todo o território brasileiro” RESPOSTA: “A”.
por este estatuto, princípio que se aplica, salvo disposição
em contrário às leis processuais extravagantes. O princípio 20. (TJ/PE - Titular de Serviços de Notas e de Registros
da territorialidade é fixado, como regra em nosso Código - FCC/2013) Sobre a aplicação da lei processual penal e a
interpretação no processo penal, é INCORRETO afirmar:
Penal, porém, seguindo a tendência geral das legislações
A) A legislação brasileira segue o princípio da
modernas, abre várias exceções a esse princípio,
territorialidade para a aplicação das normas processuais
determinando a aplicação da lei penal brasileira a certos fatos
penais.
praticados no estrangeiro, conforme o disposto no artigo
B) O princípio da territorialidade na aplicação da
7º deste Diploma legal. A extraterritorialidade ocorrerá,
lei processual penal brasileira pode ser ressalvado por
nos seguintes casos: crimes contra a vida ou a liberdade tratados, convenções e regras de direito internacional.
do Presidente da República; crimes contra o patrimônio C) A lei processual penal aplica-se desde logo, sem
ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da
de Território, de Município, de empresa pública, sociedade lei anterior.
de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo D) A norma processual penal mista constitui exceção
Poder Público; crimes contra a administração pública, por à regra da irretroatividade da lei processual penal.
quem está a seu serviço; crimes de genocídio, quando E) No processo penal, assim como no direito penal,
o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil; e ainda, é sempre admitida a interpretação extensiva e aplicação
crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a analógica das normas.
reprimir; crimes praticados por brasileiro; crimes praticados
em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de Na interpretação extensiva amplia-se o significado do
propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí que está previsto de forma expressa na lei. A lei processual
não sejam julgados. admite interpretação extensiva, segue-se que o rigor de
interpretar o direito penal não se aplica ao processo penal.
RESPOSTA: “B”. Todavia, o preceito não é absoluto, existindo exceções a
regras gerais, de dispositivos restritivos da liberdade pessoal
19. (TRE/MS - Analista Judiciário - Área Judiciária e que afetem direito substancial do acusado, onde o texto
- CESPE/2013) No que diz respeito à aplicação da deverá ser rigorosamente interpretado.
lei processual no tempo, no espaço e em relação às
pessoas, assinale a opção correta. RESPOSTA: “E”.
A) Por força do princípio tempus regit actum, o fato
de lei nova suprimir determinado recurso, existente em 21. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - Primeira
legislação anterior, não afasta o direito à recorribilidade Fase - FGV/2013) Em um processo em que se apura a prática
subsistente pela lei anterior, quando o julgamento tiver dos delitos de supressão de tributo e evasão de divisas,
ocorrido antes da entrada em vigor da lei nova. o Juiz Federal da 4ª Vara Federal Criminal de Arroizinho
B) A nova lei processual penal aplicar-se-á determina a expedição de carta rogatória para os Estados
imediatamente, invalidando os atos realizados sob a Unidos da América, a fim de que seja interrogado o réu
vigência da lei anterior que com ela for incompatível. Mário. Em cumprimento à carta, o tribunal americano
C) O princípio da imediatidade da lei processual realiza o interrogatório do réu e devolve o procedimento
penal abarca o transcurso do prazo processual iniciado à Justiça Brasileira, a 4ª Vara Federal Criminal. O advogado
sob a égide da legislação anterior, ainda que mais de defesa de Mário, ao se deparar com o teor do ato
gravosa ao réu. praticado, requer que o mesmo seja declarado nulo,
D) A lei processual penal posterior, que de tendo em vista que não foram obedecidas as garantias
qualquer modo favorecer o agente, aplicar-se-á aos processuais brasileiras para o réu. Exclusivamente sobre
fatos anteriores, ainda que decididos por sentença o ponto de vista da Lei Processual no Espaço, a alegação
condenatória transitada em julgado. do advogado está correta?

12
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

A) Sim, pois no processo penal vigora o princípio segundo o qual devem ser aplicadas as normas
da extraterritorialidade, já que as normas processuais processuais penais brasileiras aos crimes cometidos no
brasileiras podem ser aplicadas fora do território território nacional.
nacional.
B) Não, pois no processo penal vigora o princípio A) Certo
da territorialidade, já que as normas processuais B) Errado
brasileiras só se aplicam no território nacional.
C) Sim, pois no processo penal vigora o princípio da Considerando as peculiaridades do direito a aplicação
territorialidade, já que as normas processuais brasileiras de outras normas processuais positivadas na Constituição,
podem ser aplicadas em qualquer território. compete privativamente ao Senado Federal o julgamento
D) Não, pois no processo penal vigora o princípio do Presidente da República nos crimes de responsabilidade,
da extraterritorialidade, já que as normas processuais nos termos do que prevê o artigo 52, I, da CF. Outrossim,
brasileiras podem ser aplicas fora no território nacional. a exceção ao princípio da territorialidade nos crimes de
responsabilidade está consubstanciada no artigo 1º, II, do
Antes de responder a questão importante observar CPP.
que enunciado desta pede que se considere apenas a
aplicação da norma processual no espaço. De acordo com RESPOSTA: “A”.
este instituto vigora o princípio da absoluta territorialidade
não podendo a lei processual brasileira ser aplicada fora do 24. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
território nacional. Assim, a lei processual brasileira só vale Julgue o item a seguir.
dentro dos limites territoriais nacionais (lex fori ou locus
regit actum). Se o processo tiver tramitação no estrangeiro, Em regra, a norma processual penal prevista em
aplicar-se-á a lei do país em que os atos processuais forem tratado e(ou) convenção internacional, cuja vigência
praticados. Desta forma, não é cabível a nulidade arguida tenha sido regularmente admitida no ordenamento
pelo advogado.
jurídico brasileiro, tem aplicação independentemente
do Código de Processo Penal.
RESPOSTA: “B”.
22. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
A) Certo
Julgue o item a seguir.
B) Errado
Aos crimes militares aplicam-se as mesmas
Uma vez regularmente incorporada ao ordenamento
disposições do Código de Processo Penal, excluídas
as normas de conteúdo penal que tratam de matéria jurídico, a norma processual penal prevista em tratado ou
específica diversa do direito penal comum. convenção internacional aplicar-se-á independentemente
do Código de Processo Penal, conforme se extrai do art.
A) Certo 1º, I, do CPP.
B) Errado
RESPOSTA: “A”.
O artigo 1º do Código de Processo Penal menciona
algumas ressalvas a aplicação da territorialidade. Embora 25. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013)
pareça que as ressalvas sejam exceções à territorialidade Julgue o item a seguir.
da lei processual penal brasileira, estas são apenas à
territorialidade do Código de Processo Penal, impondo, Considere que, diante de uma sentença
tendo em vista as peculiaridades do direito a aplicação de condenatória e no curso do prazo recursal, uma nova lei
normas processuais positivadas na Constituição Federal e processual penal tenha entrado em vigor, com previsão
em leis extravagantes. É o que acontece com os crimes de de prazo para a interposição do recurso diferente do
responsabilidade; crimes militares; eleitorais; falimentares; anterior. Nessa situação, deverá ser obedecido o prazo
de entorpecentes; na contravenção do jogo do bicho; estabelecido pela lei anterior, porque o ato processual
nas infrações de menor potencial ofensivo, etc. Desta já estava em curso.
forma, incorreta a afirmativa ao mencionar que aos crimes
militares aplicam-se as mesmas disposições do Código de A) Certo
Processo Penal. B) Errado

RESPOSTA: “B”. O ato processual é regido de acordo com a lei processual


que estiver em vigor no momento. Os atos processuais
23. (DEPEN - Agente Penitenciário - CESPE/2013) realizados sob a égide da lei anterior são considerados
Julgue o item a seguir. válidos e não são atingidos pela nova lei processual, a qual
vige dali em diante.
A competência do Senado Federal para o
julgamento do presidente da República nos crimes RESPOSTA: “A”.
de responsabilidade constitui exceção ao princípio,

13
NOÇÕES DE PROCESSO PENAL

26. (OAB - Exame de Ordem Unificado - XI - D) somente poderá ser determinada pela autoridade
Primeira Fase - FGV/2013) A Lei n. 9.099/95 modificou policial, em crimes dolosos contra a vida ou dos quais
a espécie de ação penal para os crimes de lesão resulte morte, com o objetivo de verificar a possibilidade
corporal leve e culposa. De acordo com o Art. 88 da de ter a infração sido praticada de determinado modo,
referida lei, tais delitos passaram a ser de ação penal desde que esta não contrarie a moralidade ou a ordem
pública condicionada à representação. Tratando-se pública.
de questão relativa à Lei Processual Penal no Tempo,
assinale a alternativa que corretamente expõe a regra Para verificar a possibilidade de haver a infração sido
a ser aplicada para processos em curso que não haviam praticada de determinado modo, a autoridade policial
transitado em julgado quando da alteração legislativa. poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde
A) Aplica-se a regra do Direito Penal de retroagir a que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública
lei, por ser norma mais benigna. (art. 7º, CPP). Vê-se que a alternativa que melhor reproduz
B) Aplica-se a regra do Direito Processual de o contido no comando legal é a letra “B”.
imediatidade, em que a lei é aplicada no momento
em que entra em vigor, sem que se questione se mais RESPOSTA: “B”.
gravosa ou não.
28. (SEJUS/PI - Agente Penitenciário –
C) Aplica-se a regra do Direito Penal de
NUCEPE/2010) Sobre inquérito policial, assinale a
irretroatividade da lei, por ser norma mais gravosa.
alternativa INCORRETA.
D) Aplica-se a regra do Direito Processual de
A) Para os delitos previstos na lei de entorpecentes
imediatidade, em que a lei é aplicada no momento em (Lei nº11.343/06), o prazo para a conclusão do inquérito
que entra em vigor, devendo-se questionar se a novatio será de 30 dias se o indiciado estiver preso e de 90 dias
legis é mais gravosa ou não. se estiver solto.
Anteriormente a alteração trazida pela Lei nº B) O Ministério Público poderá oferecer denúncia
9.099/95 os crimes de lesão corporal leve e culposa eram sem prévio inquérito policial ou peças de Informação.
propostos por meio de ação penal pública incondicionada. C) Há normas que disciplinam o tempo de
Outrossim, com a modificação estes delitos passaram a determinados atos que integram o inquérito policial,
ser processados somente mediante ação penal pública como aqueles que limitam direitos fundamentais.
condicionada à representação, sendo que, com isso esta D) O inquérito policial é unidirecional, não cabendo
norma é considerada mais benigna, tendo em vista que à autoridade policial emitir juízo de valor acerca do fato
a ausência de representação é causa de impossibilidade delituoso.
do prosseguimento da ação. Assim, diante dos preceitos E) “Função endoprocedimental do inquérito
esculpidos acerca da aplicabilidade da norma penal no policial”, diz respeito à sua eficácia interna na fase
tempo esta pode ser aplicada retroativamente desde que processual, servindo para fundamentar as decisões
mais benéfica (princípio da reatroatividade da lei penal interlocutórias tomadas no seu curso.
mais benéfica).
Para que o Ministério Público ofereça a denuncia de
RESPOSTA: “A”. maneira válida a produzir seus efeitos é necessário que
diante dos elementos contidos no inquérito policial, ou
27. (PC/SC - ESCRIVÃO - ACAFE/2010) Assinale a mediante outras peças informativas, verifique a existência
alternativa correta que completa o enunciado a seguir: de fato que, em tese, caracterize crime e indícios de autoria,
Nos termos do Código de Processo Penal brasileiro a formando assim sua convicção, denominada opinio delicti,
reprodução simulada dos fatos, no inquérito policial iniciando a ação penal pública. Desta forma, a alternativa
(...): incorreta é a letra “B”.
A) somente poderá ser determinada pela autoridade
RESPOSTA: “B”.
judicial e a requerimento das partes, com o objetivo de
verificar a possibilidade de ter a infração sido praticada
de determinado modo, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública.
B) poderá ser determinada pela autoridade policial
com o objetivo de verificar a possibilidade de ter a
infração sido praticada de determinado modo, desde
que esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
C) somente poderá ser ordenada pelo órgão do
Ministério Público, o dominus litis, com o objetivo de
verificar a possibilidade de ter a infração sido praticada
de determinado modo, desde que esta não contrarie a
moralidade ou a ordem pública.

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1 Direitos e garantias fundamentais...........................................................................................................................................................................01


2 Estrutura e organização do Estado Brasileiro......................................................................................................................................................36
3 Defesa do Estado e das Instituições Democráticas..........................................................................................................................................58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Prof. Ma. Bruna Pinotti Garcia Oliveira tos civis e políticos); os direitos sociais se enquadram na se-
gunda dimensão (direitos econômicos, sociais e culturais) e
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Es- os direitos coletivos na terceira dimensão. Contudo, a enu-
tado e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. meração de direitos humanos na Constituição vai além dos
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Uni- direitos que expressamente constam no título II do texto
versitário Eurípides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. constitucional.
Professora de curso preparatório para concursos e universi- Os direitos fundamentais possuem as seguintes carac-
tária (Universidade Federal de Goiás – UFG e Faculdade do terísticas principais:
Noroeste de Minas – FINOM). Autora de diversos trabalhos a) Historicidade: os direitos fundamentais possuem
científicos publicados em revistas qualificadas, anais de antecedentes históricos relevantes e, através dos tempos,
eventos e livros, notadamente na área do direito eletrônico, adquirem novas perspectivas. Nesta característica se en-
dos direitos humanos e do direito constitucional. quadra a noção de dimensões de direitos.
b) Universalidade: os direitos fundamentais perten-
O Direito Constitucional é ramo complexo e essencial cem a todos, tanto que apesar da expressão restritiva do
ao jurista no exercício de suas funções, afinal, a partir dele caput do artigo 5º aos brasileiros e estrangeiros residentes
que se delineia toda a estrutura do ordenamento jurídico no país tem se entendido pela extensão destes direitos, na
nacional. perspectiva de prevalência dos direitos humanos.
Embora, para o operador do Direito brasileiro, a Cons- c) Inalienabilidade: os direitos fundamentais não
tituição Federal de 1988 seja o aspecto fundamental do possuem conteúdo econômico-patrimonial, logo, são in-
estudo do Direito Constitucional, impossível compreendê- transferíveis, inegociáveis e indisponíveis, estando fora do
-la sem antes situar a referida Carta Magna na teoria do comércio, o que evidencia uma limitação do princípio da
constitucionalismo. autonomia privada.
A origem do direito constitucional está num movimento d) Irrenunciabilidade: direitos fundamentais não po-
denominado constitucionalismo. dem ser renunciados pelo seu titular devido à fundamenta-
Constitucionalismo é o movimento político-social pelo lidade material destes direitos para a dignidade da pessoa
qual se delineia a noção de que o Poder Estatal deve ser humana.
limitado, que evoluiu para um movimento jurídico defensor e) Inviolabilidade: direitos fundamentais não podem
da imposição de normas escritas de caráter hierárquico su- deixar de ser observados por disposições infraconstitucio-
perior que deveriam regular esta limitação de poder. nais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de nu-
A ideologia de que o Poder Estatal não pode ser arbi- lidades.
trário fundamenta a noção de norma no ápice do ordena- f) Indivisibilidade: os direitos fundamentais compõem
mento jurídico, regulamentando a atuação do Estado em um único conjunto de direitos porque não podem ser ana-
todas suas esferas. Sendo assim, inaceitável a ideia de que lisados de maneira isolada, separada.
um homem, o governante, pode ser maior que o Estado. g) Imprescritibilidade: os direitos fundamentais não
O objeto do direito constitucional é a Constituição, no- se perdem com o tempo, não prescrevem, uma vez que são
tadamente, a estruturação do Estado, o estabelecimento sempre exercíveis e exercidos, não deixando de existir pela
dos limites de sua atuação, como os direitos fundamentais, falta de uso (prescrição).
e a previsão de normas relacionadas à ideologia da ordem h) Relatividade: os direitos fundamentais não po-
econômica e social. Este objeto se relaciona ao conceito dem ser utilizados como um escudo para práticas ilícitas
material de Constituição. No entanto, há uma tendência ou como argumento para afastamento ou diminuição da
pela ampliação do objeto de estudo do Direito Constitucio- responsabilidade por atos ilícitos, assim estes direitos não
nal, notadamente em países que adotam uma Constituição são ilimitados e encontram seus limites nos demais direitos
analítica como o Brasil. igualmente consagrados como humanos.

Vale destacar que a Constituição vai além da proteção


1 DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. dos direitos e estabelece garantias em prol da preservação
destes, bem como remédios constitucionais a serem utili-
zados caso estes direitos e garantias não sejam preserva-
dos. Neste sentido, dividem-se em direitos e garantias as
O título II da Constituição Federal é intitulado “Direitos previsões do artigo 5º: os direitos são as disposições de-
e Garantias fundamentais”, gênero que abrange as seguin- claratórias e as garantias são as disposições assecuratórias.
tes espécies de direitos fundamentais: direitos individuais e O legislador muitas vezes reúne no mesmo dispositivo
coletivos (art. 5º, CF), direitos sociais (genericamente pre- o direito e a garantia, como no caso do artigo 5º, IX: “é livre
vistos no art. 6º, CF), direitos da nacionalidade (artigos 12 e a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de
13, CF) e direitos políticos (artigos 14 a 17, CF). comunicação, independentemente de censura ou licença”
Em termos comparativos à clássica divisão tridimen- – o direito é o de liberdade de expressão e a garantia é a
sional dos direitos humanos, os direitos individuais (maior vedação de censura ou exigência de licença. Em outros ca-
parte do artigo 5º, CF), os direitos da nacionalidade e os sos, o legislador traz o direito num dispositivo e a garantia
direitos políticos se encaixam na primeira dimensão (direi- em outro: a liberdade de locomoção, direito, é colocada

1
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

no artigo 5º, XV, ao passo que o dever de relaxamento da destinatário de um dever fundamental. Neste sentido, um
prisão ilegal de ofício pelo juiz, garantia, se encontra no direito fundamental, enquanto protegido, pressuporia um
artigo 5º, LXV1. dever correspondente”. Com efeito, a um direito funda-
Em caso de ineficácia da garantia, implicando em vio- mental conferido à pessoa corresponde o dever de respeito
lação de direito, cabe a utilização dos remédios constitu- ao arcabouço de direitos conferidos às outras pessoas.
cionais.
Atenção para o fato de o constituinte chamar os remé- 3) Direitos e garantias em espécie
dios constitucionais de garantias, e todas as suas fórmulas Preconiza o artigo 5º da Constituição Federal em seu
de direitos e garantias propriamente ditas apenas de di- caput:
reitos.
Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
Direitos e deveres individuais e coletivos distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
O capítulo I do título II é intitulado “direitos e deveres ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
individuais e coletivos”. Da própria nomenclatura do capí- do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
tulo já se extrai que a proteção vai além dos direitos do propriedade, nos termos seguintes [...].
indivíduo e também abrange direitos da coletividade. A
maior parte dos direitos enumerados no artigo 5º do texto O caput do artigo 5º, que pode ser considerado um
constitucional é de direitos individuais, mas são incluídos dos principais (senão o principal) artigos da Constituição
alguns direitos coletivos e mesmo remédios constitucionais Federal, consagra o princípio da igualdade e delimita as
próprios para a tutela destes direitos coletivos (ex.: manda- cinco esferas de direitos individuais e coletivos que mere-
do de segurança coletivo). cem proteção, isto é, vida, liberdade, igualdade, segurança
e propriedade. Os incisos deste artigos delimitam vários
1) Brasileiros e estrangeiros direitos e garantias que se enquadram em alguma destas
O caput do artigo 5º aparenta restringir a proteção esferas de proteção, podendo se falar em duas esferas es-
conferida pelo dispositivo a algumas pessoas, notadamen- pecíficas que ganham também destaque no texto consti-
te, “aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País”. tucional, quais sejam, direitos de acesso à justiça e direitos
No entanto, tal restrição é apenas aparente e tem sido in- constitucionais-penais.
terpretada no sentido de que os direitos estarão protegi-
dos com relação a todas as pessoas nos limites da sobera- - Direito à igualdade
nia do país. Abrangência
Em razão disso, por exemplo, um estrangeiro pode in- Observa-se, pelo teor do caput do artigo 5º, CF, que o
gressar com habeas corpus ou mandado de segurança, ou constituinte afirmou por duas vezes o princípio da igual-
então intentar ação reivindicatória com relação a imóvel dade:
seu localizado no Brasil (ainda que não resida no país).
Somente alguns direitos não são estendidos a todas as Artigo 5º, caput, CF. Todos são iguais perante a lei, sem
pessoas. A exemplo, o direito de intentar ação popular exi- distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ge a condição de cidadão, que só é possuída por nacionais ros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade
titulares de direitos políticos. do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes [...].
2) Relação direitos-deveres
O capítulo em estudo é denominado “direitos e garan- Não obstante, reforça este princípio em seu primeiro
tias deveres e coletivos”, remetendo à necessária relação inciso:
direitos-deveres entre os titulares dos direitos fundamen-
tais. Acima de tudo, o que se deve ter em vista é a premissa Artigo 5º, I, CF. Homens e mulheres são iguais em direi-
reconhecida nos direitos fundamentais de que não há di- tos e obrigações, nos termos desta Constituição.
reito que seja absoluto, correspondendo-se para cada di-
reito um dever. Logo, o exercício de direitos fundamentais é Este inciso é especificamente voltado à necessidade de
limitado pelo igual direito de mesmo exercício por parte de igualdade de gênero, afirmando que não deve haver ne-
outrem, não sendo nunca absolutos, mas sempre relativos. nhuma distinção sexo feminino e o masculino, de modo
Explica Canotilho2 quanto aos direitos fundamentais: “a que o homem e a mulher possuem os mesmos direitos e
ideia de deveres fundamentais é suscetível de ser enten- obrigações.
dida como o ‘outro lado’ dos direitos fundamentais. Como Entretanto, o princípio da isonomia abrange muito
ao titular de um direito fundamental corresponde um de- mais do que a igualdade de gêneros, envolve uma pers-
ver por parte de um outro titular, poder-se-ia dizer que o pectiva mais ampla.
particular está vinculado aos direitos fundamentais como O direito à igualdade é um dos direitos norteadores
1 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em de interpretação de qualquer sistema jurídico. O primeiro
teleconferência. enfoque que foi dado a este direito foi o de direito civil,
2 CANOTILHO, José Joaquim Gomes. Direito constitucional enquadrando-o na primeira dimensão, no sentido de que a
e teoria da constituição. 2. ed. Coimbra: Almedina, 1998, p. 479. todas as pessoas deveriam ser garantidos os mesmos direi-

2
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tos e deveres. Trata-se de um aspecto relacionado à igual- - Direito à vida


dade enquanto liberdade, tirando o homem do arbítrio dos Abrangência
demais por meio da equiparação. Basicamente, estaria se O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
falando na igualdade perante a lei. ção do direito à vida. A vida humana é o centro gravitacio-
No entanto, com o passar dos tempos, se percebeu que nal em torno do qual orbitam todos os direitos da pessoa
não bastava igualar todos os homens em direitos e deveres humana, possuindo reflexos jurídicos, políticos, econômi-
para torná-los iguais, pois nem todos possuem as mesmas cos, morais e religiosos. Daí existir uma dificuldade em con-
condições de exercer estes direitos e deveres. Logo, não ceituar o vocábulo vida. Logo, tudo aquilo que uma pessoa
é suficiente garantir um direito à igualdade formal, mas possui deixa de ter valor ou sentido se ela perde a vida.
é preciso buscar progressivamente a igualdade material. Sendo assim, a vida é o bem principal de qualquer pessoa,
No sentido de igualdade material que aparece o direito à é o primeiro valor moral inerente a todos os seres huma-
igualdade num segundo momento, pretendendo-se do Es- nos4.
tado, tanto no momento de legislar quanto no de aplicar e No tópico do direito à vida tem-se tanto o direito de
executar a lei, uma postura de promoção de políticas go- nascer/permanecer vivo, o que envolve questões como
vernamentais voltadas a grupos vulneráveis. pena de morte, eutanásia, pesquisas com células-tronco e
Assim, o direito à igualdade possui dois sentidos notá-
aborto; quanto o direito de viver com dignidade, o que
veis: o de igualdade perante a lei, referindo-se à aplicação
engloba o respeito à integridade física, psíquica e moral,
uniforme da lei a todas as pessoas que vivem em socieda-
incluindo neste aspecto a vedação da tortura, bem como
de; e o de igualdade material, correspondendo à necessi-
a garantia de recursos que permitam viver a vida com dig-
dade de discriminações positivas com relação a grupos vul-
neráveis da sociedade, em contraponto à igualdade formal. nidade.
Embora o direito à vida seja em si pouco delimitado
Ações afirmativas nos incisos que seguem o caput do artigo 5º, trata-se de
Neste sentido, desponta a temática das ações um dos direitos mais discutidos em termos jurisprudenciais
afirmativas,que são políticas públicas ou programas priva- e sociológicos. É no direito à vida que se encaixam polêmi-
dos criados temporariamente e desenvolvidos com a fina- cas discussões como: aborto de anencéfalo, pesquisa com
lidade de reduzir as desigualdades decorrentes de discri- células tronco, pena de morte, eutanásia, etc.
minações ou de uma hipossuficiência econômica ou física,
por meio da concessão de algum tipo de vantagem com- Vedação à tortura
pensatória de tais condições. De forma expressa no texto constitucional destaca-se
Quem é contra as ações afirmativas argumenta que, a vedação da tortura, corolário do direito à vida, conforme
em uma sociedade pluralista, a condição de membro de previsão no inciso III do artigo 5º:
um grupo específico não pode ser usada como critério de
inclusão ou exclusão de benefícios. Ademais, afirma-se que Artigo 5º, III, CF. Ninguém será submetido a tortura nem
elas desprivilegiam o critério republicano do mérito (se- a tratamento desumano ou degradante.
gundo o qual o indivíduo deve alcançar determinado cargo
público pela sua capacidade e esforço, e não por pertencer A tortura é um dos piores meios de tratamento de-
a determinada categoria); fomentariam o racismo e o ódio; sumano, expressamente vedada em âmbito internacional,
bem como ferem o princípio da isonomia por causar uma como visto no tópico anterior. No Brasil, além da disciplina
discriminação reversa. constitucional, a Lei nº 9.455, de 7 de abril de 1997 define
Por outro lado, quem é favorável às ações afirmativas os crimes de tortura e dá outras providências, destacando-
defende que elas representam o ideal de justiça -se o artigo 1º:
compensatória (o objetivo é compensar injustiças passadas,
dívidas históricas, como uma compensação aos negros por
Art. 1º Constitui crime de tortura:
tê-los feito escravos, p. ex.); representam o ideal de justiça
I - constranger alguém com emprego de violência ou
distributiva (a preocupação, aqui, é com o presente. Busca-
grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental:
-se uma concretização do princípio da igualdade material);
a) com o fim de obter informação, declaração ou confis-
bem como promovem a diversidade.
Neste sentido, as discriminações legais asseguram são da vítima ou de terceira pessoa;
a verdadeira igualdade, por exemplo, com as ações afir- b) para provocar ação ou omissão de natureza crimi-
mativas, a proteção especial ao trabalho da mulher e do nosa;
menor, as garantias aos portadores de deficiência, entre c) em razão de discriminação racial ou religiosa;
outras medidas que atribuam a pessoas com diferentes II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou autori-
condições, iguais possibilidades, protegendo e respeitando dade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso
suas diferenças3. Tem predominado em doutrina e jurispru- sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar castigo
dência, inclusive no Supremo Tribunal Federal, que as ações pessoal ou medida de caráter preventivo.
afirmativas são válidas.
4 BARRETO, Ana Carolina Rossi; IBRAHIM, Fábio Zambitte.
3 SANFELICE, Patrícia de Mello. Comentários aos artigos I e Comentários aos Artigos III e IV. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comen-
II. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Universal tários à Declaração Universal dos Direitos do Homem. Brasília: For-
dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 08. tium, 2008, p. 15.

3
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Pena - reclusão, de dois a oito anos. mais do que a opinião de seu emitente. Assim, a regra
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa constitucional, ao consagrar a livre manifestação do pensa-
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico mento, imprime a existência jurídica ao chamado direito de
ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto opinião”5. Em outras palavras, primeiro existe o direito de
em lei ou não resultante de medida legal. ter uma opinião, depois o de expressá-la.
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas, No mais, surge como corolário do direito à liberdade
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na de pensamento e de expressão o direito à escusa por con-
pena de detenção de um a quatro anos. vicção filosófica ou política:
§ 3º Se resulta lesão corporal de natureza grave ou
gravíssima, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
§ 4º Aumenta-se a pena de um sexto até um terço: motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
I - se o crime é cometido por agente público; política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação
II – se o crime é cometido contra criança, gestante, por- legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação al-
tador de deficiência, adolescente ou maior de 60 (sessenta) ternativa, fixada em lei.
anos; 
III - se o crime é cometido mediante sequestro. Trata-se de instrumento para a consecução do direito
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo, função assegurado na Constituição Federal – não basta permitir
ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo que se pense diferente, é preciso respeitar tal posiciona-
dobro do prazo da pena aplicada. mento.
§ 6º O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de Com efeito, este direito de liberdade de expressão é
graça ou anistia. limitado. Um destes limites é o anonimato, que consiste na
§ 7º O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo garantia de atribuir a cada manifestação uma autoria cer-
a hipótese do § 2º, iniciará o cumprimento da pena em
ta e determinada, permitindo eventuais responsabilizações
regime fechado.
por manifestações que contrariem a lei.
- Direito à liberdade Tem-se, ainda, a seguinte previsão no artigo 5º, IX, CF:
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
teção do direito à liberdade, delimitada em alguns incisos Artigo 5º, IX, CF. É livre a expressão da atividade inte-
que o seguem. lectual, artística, científica e de comunicação, indepen-
dentemente de censura ou licença.
Liberdade e legalidade
Prevê o artigo 5º, II, CF: Consolida-se outra perspectiva da liberdade de expres-
são, referente de forma específica a atividades intelectuais,
Artigo 5º, II, CF. Ninguém será obrigado a fazer ou dei- artísticas, científicas e de comunicação. Dispensa-se, com
xar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. relação a estas, a exigência de licença para a manifestação
do pensamento, bem como veda-se a censura prévia.
O princípio da legalidade se encontra delimitado nes-
A respeito da censura prévia, tem-se não cabe impe-
te inciso, prevendo que nenhuma pessoa será obrigada a
dir a divulgação e o acesso a informações como modo de
fazer ou deixar de fazer alguma coisa a não ser que a lei
assim determine. Assim, salvo situações previstas em lei, controle do poder. A censura somente é cabível quando
a pessoa tem liberdade para agir como considerar conve- necessária ao interesse público numa ordem democrática,
niente. por exemplo, censurar a publicação de um conteúdo de
Portanto, o princípio da legalidade possui estrita rela- exploração sexual infanto-juvenil é adequado.
ção com o princípio da liberdade, posto que, a priori, tudo O direito à resposta (artigo 5º, V, CF) e o direito à in-
à pessoa é lícito. Somente é vedado o que a lei expres- denização (artigo 5º, X, CF) funcionam como a contrapar-
samente estabelecer como proibido. A pessoa pode fazer tida para aquele que teve algum direito seu violado (no-
tudo o que quiser, como regra, ou seja, agir de qualquer tadamente inerentes à privacidade ou à personalidade)
maneira que a lei não proíba. em decorrência dos excessos no exercício da liberdade de
expressão.
Liberdade de pensamento e de expressão
O artigo 5º, IV, CF prevê: Liberdade de crença/religiosa
Dispõe o artigo 5º, VI, CF:
Artigo 5º, IV, CF. É livre a manifestação do pensamen-
to, sendo vedado o anonimato.
Artigo 5º, VI, CF. É inviolável a liberdade de consciên-
Consolida-se a afirmação simultânea da liberdade de cia e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos
pensamento e da liberdade de expressão. cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção
Em primeiro plano tem-se a liberdade de pensamento. aos locais de culto e a suas liturgias.
Afinal, “o ser humano, através dos processos internos de 5 ARAÚJO, Luiz Alberto David; NUNES JÚNIOR, Vidal Serrano.
reflexão, formula juízos de valor. Estes exteriorizam nada Curso de direito constitucional. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2006.

4
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Cada pessoa tem liberdade para professar a sua fé Trata-se da liberdade de informação, consistente na
como bem entender dentro dos limites da lei. Não há uma liberdade de procurar e receber informações e ideias por
crença ou religião que seja proibida, garantindo-se que a quaisquer meios, independente de fronteiras, sem interfe-
profissão desta fé possa se realizar em locais próprios. rência.
Nota-se que a liberdade de religião engloba 3 tipos A liberdade de informação tem um caráter passivo, ao
distintos, porém intrinsecamente relacionados de liberda- passo que a liberdade de expressão tem uma caracterís-
des: a liberdade de crença; a liberdade de culto; e a liberda- tica ativa, de forma que juntas formam os aspectos ativo
de de organização religiosa. e passivo da exteriorização da liberdade de pensamento:
Consoante o magistério de José Afonso da Silva6, entra não basta poder manifestar o seu próprio pensamento, é
na liberdade de crença a liberdade de escolha da religião, preciso que ele seja ouvido e, para tanto, há necessidade
a liberdade de aderir a qualquer seita religiosa, a liberdade de se garantir o acesso ao pensamento manifestado para
(ou o direito) de mudar de religião, além da liberdade de a sociedade.
não aderir a religião alguma, assim como a liberdade de Por sua vez, o acesso à informação envolve o direito de
descrença, a liberdade de ser ateu e de exprimir o agnos- todos obterem informações claras, precisas e verdadeiras a
ticismo, apenas excluída a liberdade de embaraçar o livre respeito de fatos que sejam de seu interesse, notadamente
exercício de qualquer religião, de qualquer crença. A liber- pelos meios de comunicação imparciais e não monopoli-
dade de culto consiste na liberdade de orar e de praticar zados (artigo 220, CF). No entanto, nem sempre é possível
os atos próprios das manifestações exteriores em casa ou que a imprensa divulgue com quem obteve a informação
em público, bem como a de recebimento de contribuições divulgada, sem o que a segurança desta poderia ficar pre-
para tanto. Por fim, a liberdade de organização religiosa judicada e a informação inevitavelmente não chegaria ao
refere-se à possibilidade de estabelecimento e organização público.
de igrejas e suas relações com o Estado. Especificadamente quanto à liberdade de informação
Como decorrência do direito à liberdade religiosa, as- no âmbito do Poder Público, merecem destaque algumas
segurando o seu exercício, destaca-se o artigo 5º, VII, CF: previsões.
Primeiramente, prevê o artigo 5º, XXXIII, CF:
Artigo 5º, VII, CF. É assegurada, nos termos da lei, a pres-
tação de assistência religiosa nas entidades civis e mili- Artigo 5º, XXXIII, CF. Todos têm direito a receber dos
tares de internação coletiva. órgãos públicos informações de seu interesse particular,
ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas
O dispositivo refere-se não só aos estabelecimentos
cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e
prisionais civis e militares, mas também a hospitais.
do Estado.
Ainda, surge como corolário do direito à liberdade reli-
giosa o direito à escusa por convicção religiosa:
A respeito, a Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011
regula o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do
Artigo 5º, VIII, CF. Ninguém será privado de direitos por
art. 5º, CF, também conhecida como Lei do Acesso à Infor-
motivo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou po- mação.
lítica, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal Não obstante, estabelece o artigo 5º, XXXIV, CF:
a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
tiva, fixada em lei. Artigo 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, indepen-
dentemente do pagamento de taxas:
Sempre que a lei impõe uma obrigação a todos, por a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa
exemplo, a todos os homens maiores de 18 anos o alis- de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
tamento militar, não cabe se escusar, a não ser que tenha b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
fundado motivo em crença religiosa ou convicção filosó- para defesa de direitos e esclarecimento de situações de in-
fica/política, caso em que será obrigado a cumprir uma teresse pessoal.
prestação alternativa, isto é, uma outra atividade que não
contrarie tais preceitos. Quanto ao direito de petição, de maneira prática, cum-
pre observar que o direito de petição deve resultar em uma
Liberdade de informação manifestação do Estado, normalmente dirimindo (resol-
O direito de acesso à informação também se liga a uma vendo) uma questão proposta, em um verdadeiro exercí-
dimensão do direito à liberdade. Neste sentido, prevê o ar- cio contínuo de delimitação dos direitos e obrigações que
tigo 5º, XIV, CF: regulam a vida social e, desta maneira, quando “dificulta a
apreciação de um pedido que um cidadão quer apresen-
Artigo 5º, XIV, CF. É assegurado a todos o acesso à in- tar” (muitas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça);
formação e resguardado o sigilo da fonte, quando neces- “demora para responder aos pedidos formulados” (admi-
sário ao exercício profissional. nistrativa e, principalmente, judicialmente) ou “impõe res-
trições e/ou condições para a formulação de petição”, traz
6 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional a chamada insegurança jurídica, que traz desesperança e
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. faz proliferar as desigualdades e as injustiças.

5
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Dentro do espectro do direito de petição se insere, por Artigo 5º, XIII, CF. É livre o exercício de qualquer tra-
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar balho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de- profissionais que a lei estabelecer.
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi- O livre exercício profissional é garantido, respeitados
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que os limites legais. Por exemplo, não pode exercer a profissão
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter de advogado aquele que não se formou em Direito e não
certidões ser dissociado do direito de petição. foi aprovado no Exame da Ordem dos Advogados do Brasil;
Por fim, relevante destacar a previsão do artigo 5º, LX, não pode exercer a medicina aquele que não fez faculdade
CF: de medicina reconhecida pelo MEC e obteve o cadastro no
Conselho Regional de Medicina.
Artigo 5º, LX, CF. A lei só poderá restringir a publicida-
de dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou Liberdade de reunião
o interesse social o exigirem. Sobre a liberdade de reunião, prevê o artigo 5º, XVI, CF:

Logo,o processo, em regra, não será sigiloso. Apenas Artigo 5º, XVI, CF. Todos podem reunir-se pacificamen-
o será quando a intimidade merecer preservação (ex: pro- te, sem armas, em locais abertos ao público, independen-
cesso criminal de estupro ou causas de família em geral) ou temente de autorização, desde que não frustrem outra
quando o interesse social exigir (ex: investigações que pos- reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sen-
sam ser comprometidas pela publicidade). A publicidade é do apenas exigido prévio aviso à autoridade competente.
instrumento para a efetivação da liberdade de informação.
Pessoas podem ir às ruas para reunirem-se com de-
Liberdade de locomoção mais na defesa de uma causa, apenas possuindo o dever
Outra faceta do direito à liberdade encontra-se no ar- de informar tal reunião. Tal dever remonta-se a questões de
tigo 5º, XV, CF: segurança coletiva. Imagine uma grande reunião de pes-
soas por uma causa, a exemplo da Parada Gay, que chega
Artigo 5º, XV, CF. É livre a locomoção no território a aglomerar milhões de pessoas em algumas capitais: seria
nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos absurdo tolerar tal tipo de reunião sem o prévio aviso do
termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus poder público para que ele organize o policiamento e a as-
bens. sistência médica, evitando algazarras e socorrendo pessoas
que tenham algum mal-estar no local. Outro limite é o uso
A liberdade de locomoção é um aspecto básico do di- de armas, totalmente vedado, assim como de substâncias
reito à liberdade, permitindo à pessoa ir e vir em todo o ilícitas (Ex: embora a Marcha da Maconha tenha sido auto-
território do país em tempos de paz (em tempos de guerra rizada pelo Supremo Tribunal Federal, vedou-se que nela
é possível limitar tal liberdade em prol da segurança). A tal substância ilícita fosse utilizada).
liberdade de sair do país não significa que existe um direito
de ingressar em qualquer outro país, pois caberá à ele, no Liberdade de associação
exercício de sua soberania, controlar tal entrada. No que tange à liberdade de reunião, traz o artigo 5º,
Classicamente, a prisão é a forma de restrição da liber- XVII, CF:
dade. Neste sentido, uma pessoa somente poderá ser pre-
sa nos casos autorizados pela própria Constituição Fede- Artigo 5º, XVII, CF. É plena a liberdade de associação
ral. A despeito da normativa específica de natureza penal, para fins lícitos, vedada a de caráter paramilitar.
reforça-se a impossibilidade de se restringir a liberdade de
locomoção pela prisão civil por dívida. A liberdade de associação difere-se da de reunião por
Prevê o artigo 5º, LXVII, CF: sua perenidade, isto é, enquanto a liberdade de reunião é
exercida de forma sazonal, eventual, a liberdade de asso-
Artigo 5º, LXVII, CF. Não haverá prisão civil por dívi- ciação implica na formação de um grupo organizado que
da, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário se mantém por um período de tempo considerável, dotado
e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário de estrutura e organização próprias.
infiel. Por exemplo, o PCC e o Comando vermelho são asso-
ciações ilícitas e de caráter paramilitar, pois possuem armas
Nos termos da Súmula Vinculante nº 25 do Supremo e o ideal de realizar sua própria justiça paralelamente à es-
Tribunal Federal, “é ilícita a prisão civil de depositário infiel, tatal.
qualquer que seja a modalidade do depósito”. Por isso, a O texto constitucional se estende na regulamentação
única exceção à regra da prisão por dívida do ordenamento da liberdade de associação.
é a que se refere à obrigação alimentícia. O artigo 5º, XVIII, CF, preconiza:

Liberdade de trabalho Artigo 5º, XVIII, CF. A criação de associações e, na for-


O direito à liberdade também é mencionado no artigo ma da lei, a de cooperativas independem de autorização,
5º, XIII, CF: sendo vedada a interferência estatal em seu funcionamento.

6
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Neste sentido, associações são organizações resultan- A união da intimidade e da vida privada forma a pri-
tes da reunião legal entre duas ou mais pessoas, com ou vacidade, sendo que a primeira se localiza em esfera mais
sem personalidade jurídica, para a realização de um objeti- estrita. É possível ilustrar a vida social como se fosse um
vo comum; já cooperativas são uma forma específica de as- grande círculo no qual há um menor, o da vida privada, e
sociação, pois visam a obtenção de vantagens comuns em dentro deste um ainda mais restrito e impenetrável, o da
suas atividades econômicas. intimidade. Com efeito, pela “Teoria das Esferas” (ou “Teoria
Ainda, tem-se o artigo 5º, XIX, CF: dos Círculos Concêntricos”), importada do direito alemão,
quanto mais próxima do indivíduo, maior a proteção a ser
Artigo 5º, XIX, CF. As associações só poderão ser compul- conferida à esfera (as esferas são representadas pela intimi-
soriamente dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por dade, pela vida privada, e pela publicidade).
decisão judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em “O direito à honra distancia-se levemente dos dois an-
julgado. teriores, podendo referir-se ao juízo positivo que a pessoa
tem de si (honra subjetiva) e ao juízo positivo que dela fa-
zem os outros (honra objetiva), conferindo-lhe respeitabi-
O primeiro caso é o de dissolução compulsória, ou seja,
lidade no meio social. O direito à imagem também pos-
a associação deixará de existir para sempre. Obviamente, é
sui duas conotações, podendo ser entendido em sentido
preciso o trânsito em julgado da decisão judicial que assim
objetivo, com relação à reprodução gráfica da pessoa, por
determine, pois antes disso sempre há possibilidade de re- meio de fotografias, filmagens, desenhos, ou em sentido
verter a decisão e permitir que a associação continue em subjetivo, significando o conjunto de qualidades cultivadas
funcionamento. Contudo, a decisão judicial pode suspender pela pessoa e reconhecidas como suas pelo grupo social”8.
atividades até que o trânsito em julgado ocorra, ou seja, no
curso de um processo judicial. Inviolabilidade de domicílio e sigilo de correspon-
Em destaque, a legitimidade representativa da associa- dência
ção quanto aos seus filiados, conforme artigo 5º, XXI, CF: Correlatos ao direito à privacidade, aparecem a invio-
labilidade do domicílio e o sigilo das correspondências e
Artigo 5º, XXI, CF. As entidades associativas, quando ex- comunicações.
pressamente autorizadas, têm legitimidade para represen- Neste sentido, o artigo 5º, XI, CF prevê:
tar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.
Artigo 5º, XI, CF. A casa é asilo inviolável do indivíduo,
Trata-se de caso de legitimidade processual extraordi- ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do mo-
nária, pela qual um ente vai a juízo defender interesse de rador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
outra(s) pessoa(s) porque a lei assim autoriza. prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial.
A liberdade de associação envolve não somente o direi-
to de criar associações e de fazer parte delas, mas também O domicílio é inviolável, razão pela qual ninguém pode
o de não associar-se e o de deixar a associação, conforme nele entrar sem o consentimento do morador, a não ser
artigo 5º, XX, CF: EM QUALQUER HORÁRIO no caso de flagrante delito (o
morador foi flagrado na prática de crime e fugiu para seu
Artigo 5º, XX, CF. Ninguém poderá ser compelido a as- domicílio) ou desastre (incêndio, enchente, terremoto...) ou
sociar-se ou a permanecer associado. para prestar socorro (morador teve ataque do coração, está
sufocado, desmaiado...), e SOMENTE DURANTE O DIA por
- Direitos à privacidade e à personalidade determinação judicial.
Quanto ao sigilo de correspondência e das comunica-
ções, prevê o artigo 5º, XII, CF:
Abrangência
Prevê o artigo 5º, X, CF:
Artigo 5º, XII, CF. É inviolável o sigilo da correspondência
e das comunicações telegráficas, de dados e das comunica-
Artigo 5º, X, CF. São invioláveis a intimidade, a vida ções telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente investigação criminal ou instrução processual penal.
de sua violação.
O sigilo de correspondência e das comunicações está
O legislador opta por trazer correlacionados no mesmo melhor regulamentado na Lei nº 9.296, de 1996.
dispositivo legal os direitos à privacidade e à personalidade.
Reforçando a conexão entre a privacidade e a intimida- Personalidade jurídica e gratuidade de registro
de, ao abordar a proteção da vida privada – que, em resu- Quando se fala em reconhecimento como pessoa pe-
mo, é a privacidade da vida pessoal no âmbito do domicílio rante a lei desdobra-se uma esfera bastante específica dos
e de círculos de amigos –, Silva7 entende que “o segredo direitos de personalidade, consistente na personalidade ju-
da vida privada é condição de expansão da personalidade”, rídica. Basicamente, consiste no direito de ser reconhecido
mas não caracteriza os direitos de personalidade em si. como pessoa perante a lei.
7 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional 8 MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de direito cons-
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. titucional. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.

7
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Para ser visto como pessoa perante a lei mostra-se a intimidade, os sentimentos afetivos, a própria imagem)
necessário o registro. Por ser instrumento que serve como ou nos atributos da pessoa (como o nome, a capacidade, o
pressuposto ao exercício de direitos fundamentais, asse- estado de família)”10.
gura-se a sua gratuidade aos que não tiverem condição de Já o dano à imagem é delimitado no artigo 20 do Có-
com ele arcar. digo Civil:
Aborda o artigo 5º, LXXVI, CF:
Artigo 20, CC. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à
Artigo 5º, LXXVI, CF. São gratuitos para os reconheci- administração da justiça ou à manutenção da ordem públi-
damente pobres, na forma da lei: a) o registro civil de nas- ca, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a
cimento; b) a certidão de óbito. publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma
pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem pre-
O reconhecimento do marco inicial e do marco final juízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra,
da personalidade jurídica pelo registro é direito individual, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins
não dependendo de condições financeiras. Evidente, seria comerciais.
absurdo cobrar de uma pessoa sem condições a elabora-
- Direito à segurança
ção de documentos para que ela seja reconhecida como
O caput do artigo 5º da Constituição assegura a pro-
viva ou morta, o que apenas incentivaria a indigência dos
teção do direito à segurança. Na qualidade de direito in-
menos favorecidos.
dividual liga-se à segurança do indivíduo como um todo,
desde sua integridade física e mental, até a própria segu-
Direito à indenização e direito de resposta rança jurídica.
Com vistas à proteção do direito à privacidade, do di- No sentido aqui estudado, o direito à segurança pes-
reito à personalidade e do direito à imagem, asseguram-se soal é o direito de viver sem medo, protegido pela soli-
dois instrumentos, o direito à indenização e o direito de dariedade e liberto de agressões, logo, é uma maneira de
resposta, conforme as necessidades do caso concreto. garantir o direito à vida.
Com efeito, prevê o artigo 5º, V, CF: Nesta linha, para Silva11, “efetivamente, esse conjunto
de direitos aparelha situações, proibições, limitações e pro-
Artigo 5º, V, CF. É assegurado o direito de resposta, cedimentos destinados a assegurar o exercício e o gozo de
proporcional ao agravo, além da indenização por dano ma- algum direito individual fundamental (intimidade, liberda-
terial, moral ou à imagem. de pessoal ou a incolumidade física ou moral)”.
Especificamente no que tange à segurança jurídica,
“A manifestação do pensamento é livre e garantida tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF:
em nível constitucional, não aludindo a censura prévia em
diversões e espetáculos públicos. Os abusos porventura Artigo 5º, XXXVI, CF. A lei não prejudicará o direito ad-
ocorridos no exercício indevido da manifestação do pensa- quirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.
mento são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Ju-
diciário com a consequente responsabilidade civil e penal Pelo inciso restam estabelecidos limites à retroativida-
de seus autores, decorrentes inclusive de publicações inju- de da lei.
riosas na imprensa, que deve exercer vigilância e controle Define o artigo 6º da Lei de Introdução às Normas do
da matéria que divulga”9. Direito Brasileiro:
O  direito de resposta é o direito que uma pessoa
tem de se defender de críticas públicas no mesmo meio Artigo 6º, LINDB. A Lei em vigor terá efeito imediato e
em que foram publicadas garantida exatamente a mesma geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
e a coisa julgada.
repercussão. Mesmo quando for garantido o direito de res-
§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado
posta não é possível reverter plenamente os danos cau-
segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.
sados pela manifestação ilícita de pensamento, razão pela
§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que
qual a pessoa inda fará jus à indenização. o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como
A manifestação ilícita do pensamento geralmente cau- aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
sa um dano, ou seja, um prejuízo sofrido pelo agente, que condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem.
pode ser individual ou coletivo, moral ou material, econô- § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão
mico e não econômico. judicial de que já não caiba recurso.
Dano material é aquele que atinge o patrimônio
(material ou imaterial) da vítima, podendo ser mensurado - Direito à propriedade
financeiramente e indenizado. O caput do artigo 5º da Constituição assegura a prote-
“Dano moral direto consiste na lesão a um interesse ção do direito à propriedade, tanto material quanto intelec-
que visa a satisfação ou gozo de um bem jurídico extrapa- tual, delimitada em alguns incisos que o seguem.
trimonial contido nos direitos da personalidade (como a 10 ZANNONI, Eduardo. El daño en la responsabilidad civil.
vida, a integridade corporal, a liberdade, a honra, o decoro, Buenos Aires: Astrea, 1982.
9 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional. 26. 11 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional
ed. São Paulo: Malheiros, 2011. positivo... Op. Cit., p. 437.

8
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Função social da propriedade material I - aproveitamento racional e adequado;


O artigo 5º, XXII, CF estabelece: II - utilização adequada dos recursos naturais disponí-
veis e preservação do meio ambiente;
Artigo 5º, XXII, CF. É garantido o direito de proprie- III - observância das disposições que regulam as rela-
dade. ções de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprie-
A seguir, no inciso XXIII do artigo 5º, CF estabelece o tários e dos trabalhadores.
principal fator limitador deste direito:
Desapropriação
Artigo 5º, XXIII, CF. A propriedade atenderá a sua fun- No caso de desrespeito à função social da proprieda-
ção social. de cabe até mesmo desapropriação do bem, de modo que
pode-se depreender do texto constitucional duas possibili-
A propriedade, segundo Silva12, “[...] não pode mais ser dades de desapropriação: por desrespeito à função social e
considerada como um direito individual nem como institui- por necessidade ou utilidade pública.
ção do direito privado. [...] embora prevista entre os direitos A Constituição Federal prevê a possibilidade de desa-
individuais, ela não mais poderá ser considerada puro di- propriação por desatendimento à função social:
reito individual, relativizando-se seu conceito e significado,
especialmente porque os princípios da ordem econômica Artigo 182, § 4º, CF. É facultado ao Poder Público mu-
são preordenados à vista da realização de seu fim: assegu- nicipal, mediante lei específica para área incluída no plano
rar a todos existência digna, conforme os ditames da jus- diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do
tiça social. Se é assim, então a propriedade privada, que, solo urbano não edificado, subutilizado ou não utiliza-
ademais, tem que atender a sua função social, fica vincula- do, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena,
da à consecução daquele princípio”. sucessivamente, de:
Com efeito, a proteção da propriedade privada está li- I - parcelamento ou edificação compulsórios;
mitada ao atendimento de sua função social, sendo este o II - imposto sobre a propriedade predial e territorial ur-
requisito que a correlaciona com a proteção da dignidade bana progressivo no tempo;
da pessoa humana. A propriedade de bens e valores em
III - desapropriação com pagamento mediante títulos
geral é um direito assegurado na Constituição Federal e,
da dívida pública de emissão previamente aprovada pelo
como todos os outros, se encontra limitado pelos demais
Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em
princípios conforme melhor se atenda à dignidade do ser
parcelas anuais, iguais e sucessivas, assegurados o valor real
humano.
da indenização e os juros legais14.
A Constituição Federal delimita o que se entende por
função social:
Artigo 184, CF. Compete à União desapropriar por in-
teresse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural
Art. 182, caput, CF. A política de desenvolvimento urba-
no, executada pelo Poder Público municipal, conforme dire- que não esteja cumprindo sua função social, mediante
trizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária,
desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no
bem-estar de seus habitantes. prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua
emissão, e cuja utilização será definida em lei15.
Artigo 182, § 1º, CF. O plano diretor, aprovado pela Câ-
mara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte Artigo 184, § 1º, CF. As benfeitorias úteis e necessárias
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desen- serão indenizadas em dinheiro.
volvimento e de expansão urbana.
No que tange à desapropriação por necessidade ou
Artigo 182, § 2º, CF. A propriedade urbana cumpre sua utilidade pública, prevê o artigo 5º, XXIV, CF:
função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor13.
14 Nota-se que antes de se promover a desapropriação de
imóvel urbano por desatendimento à função social é necessário tomar
Artigo 186, CF. A função social é cumprida quando a duas providências, sucessivas: primeiro, o parcelamento ou edificação
propriedade rural atende, simultaneamente, segundo crité- compulsórios; depois, o estabelecimento de imposto sobre a pro-
rios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes priedade predial e territorial urbana progressivo no tempo. Se ambas
requisitos: medidas restarem ineficazes, parte-se para a desapropriação por de-
satendimento à função social.
12 SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional 15 A desapropriação em decorrência do desatendimento da
positivo. 25. ed. São Paulo: Malheiros, 2006. função social é indenizada, mas não da mesma maneira que a desa-
13 Instrumento básico de um processo de planejamento mu- propriação por necessidade ou utilidade pública, já que na primeira
nicipal para a implantação da política de desenvolvimento urbano, há violação do ordenamento constitucional pelo proprietário, mas na
norteando a ação dos agentes públicos e privados (Lei n. 10.257/2001 segunda não. Por isso, indeniza-se em títulos da dívida agrária, que na
- Estatuto da cidade). prática não são tão valorizados quanto o dinheiro.

9
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, XXIV, CF. A lei estabelecerá o procedimento n) a criação de estádios, aeródromos ou campos de pou-
para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, so para aeronaves;
ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização o) a reedição ou divulgação de obra ou invento de natu-
em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constitui- reza científica, artística ou literária;
ção. p) os demais casos previstos por leis especiais.

Ainda, prevê o artigo 182, § 3º, CF: Um grande problema que faz com que processos que
tenham a desapropriação por objeto se estendam é a in-
Artigo 182, §3º, CF. As desapropriações de imóveis urba- devida valorização do imóvel pelo Poder Público, que ge-
nos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro. ralmente pretende pagar valor muito abaixo do devido, ne-
cessitando o Judiciário intervir em prol da correta avaliação.
Tem-se, ainda o artigo 184, §§ 2º e 3º, CF: Outra questão reside na chamada tredestinação, pela
qual há a destinação de um bem expropriado (desapropria-
Artigo 184, §2º, CF. O decreto que declarar o imóvel ção) a finalidade diversa da que se planejou inicialmente.
como de interesse social, para fins de reforma agrária, auto- A tredestinação pode ser lícita ou ilícita. Será ilícita quan-
riza a União a propor a ação de desapropriação. do resultante de desvio do propósito original; e será líci-
ta quando a Administração Pública dê ao bem finalidade
Artigo 184, §3º, CF. Cabe à lei complementar estabelecer diversa, porém preservando a razão do interesse público.
procedimento contraditório especial, de rito sumário, para o
processo judicial de desapropriação. Política agrária e reforma agrária
Enquanto desdobramento do direito à propriedade
A desapropriação por utilidade ou necessidade pública imóvel e da função social desta propriedade, tem-se ainda
deve se dar mediante prévia e justa indenização em dinhei- o artigo 5º, XXVI, CF:
ro. O Decreto-lei nº 3.365/1941 a disciplina, delimitando
o procedimento e conceituando utilidade pública, em seu Artigo 5º, XXVI, CF. A pequena propriedade rural, as-
sim definida em lei, desde que trabalhada pela família, não
artigo 5º:
será objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre os
Artigo 5º, Decreto-lei n. 3.365/1941. Consideram-se ca-
meios de financiar o seu desenvolvimento.
sos de utilidade pública:
a) a segurança nacional;
Assim, se uma pessoa é mais humilde e tem uma pe-
b) a defesa do Estado;
quena propriedade será assegurado que permaneça com
c) o socorro público em caso de calamidade;
ela e a torne mais produtiva.
d) a salubridade pública;
A preservação da pequena propriedade em detrimento
e) a criação e melhoramento de centros de população, dos grandes latifúndios improdutivos é uma das diretrizes-
seu abastecimento regular de meios de subsistência; -guias da regulamentação da política agrária brasileira, que
f) o aproveitamento industrial das minas e das jazidas tem como principal escopo a realização da reforma agrária.
minerais, das águas e da energia hidráulica; Parte da questão financeira atinente à reforma agrária
g) a assistência pública, as obras de higiene e decoração, se encontra prevista no artigo 184, §§ 4º e 5º, CF:
casas de saúde, clínicas, estações de clima e fontes medici-
nais; Artigo 184, §4º, CF. O orçamento fixará anualmente
h) a exploração ou a conservação dos serviços públicos; o volume total de títulos da dívida agrária, assim como o
i) a abertura, conservação e melhoramento de vias ou montante de recursos para atender ao programa de reforma
logradouros públicos; a execução de planos de urbanização; agrária no exercício.
o parcelamento do solo, com ou sem edificação, para sua
melhor utilização econômica, higiênica ou estética; a cons- Artigo 184, §5º, CF. São isentas de impostos federais, es-
trução ou ampliação de distritos industriais; taduais e municipais as operações de transferência de imó-
j) o funcionamento dos meios de transporte coletivo; veis desapropriados para fins de reforma agrária.
k) a preservação e conservação dos monumentos históri-
cos e artísticos, isolados ou integrados em conjuntos urbanos Como a finalidade da reforma agrária é transformar
ou rurais, bem como as medidas necessárias a manter-lhes terras improdutivas e grandes propriedades em atinentes à
e realçar-lhes os aspectos mais valiosos ou característicos e, função social, alguns imóveis rurais não podem ser abran-
ainda, a proteção de paisagens e locais particularmente do- gidos pela reforma agrária:
tados pela natureza;
l) a preservação e a conservação adequada de arquivos, Art. 185, CF. São insuscetíveis de desapropriação para
documentos e outros bens moveis de valor histórico ou ar- fins de reforma agrária:
tístico; I - a pequena e média propriedade rural, assim definida
m) a construção de edifícios públicos, monumentos co- em lei, desde que seu proprietário não possua outra;
memorativos e cemitérios; II - a propriedade produtiva.

10
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. A lei garantirá tratamento especial à Art. 183, CF. Aquele que possuir como sua área urbana
propriedade produtiva e fixará normas para o cumprimento de até duzentos e cinquenta metros quadrados, por cinco
dos requisitos relativos a sua função social. anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio,
Sobre as diretrizes da política agrícola, prevê o artigo desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou
187: rural.
§ 1º O título de domínio e a concessão de uso
Art. 187, CF. A política agrícola será planejada e exe- serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos,
cutada na forma da lei, com a participação efetiva do setor independentemente do estado civil.
de produção, envolvendo produtores e trabalhadores rurais, § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo
bem como dos setores de comercialização, de armazena- possuidor mais de uma vez.
mento e de transportes, levando em conta, especialmente: § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por
I - os instrumentos creditícios e fiscais; usucapião.
II - os preços compatíveis com os custos de produção e a
Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
garantia de comercialização;
pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
III - o incentivo à pesquisa e à tecnologia;
seguintes requisitos específicos:
IV - a assistência técnica e extensão rural;
a) Área urbana – há controvérsia. Pela teoria da locali-
V - o seguro agrícola; zação, área urbana é a que está dentro do perímetro urba-
VI - o cooperativismo; no. Pela teoria da destinação, mais importante que a locali-
VII - a eletrificação rural e irrigação; zação é a sua utilização. Ex.: se tem fins agrícolas/pecuários
VIII - a habitação para o trabalhador rural. e estiver dentro do perímetro urbana, o imóvel é rural. Para
§ 1º Incluem-se no planejamento agrícola as atividades fins de usucapião a maioria diz que prevalece a teoria da
agroindustriais, agropecuárias, pesqueiras e florestais. localização.
§ 2º Serão compatibilizadas as ações de política agrícola b) Imóveis até 250 m² – Pode dentro de uma posse
e de reforma agrária. maior isolar área de 250m² e ingressar com a ação? A juris-
prudência é pacífica que a posse desde o início deve ficar
As terras devolutas e públicas serão destinadas confor- restrita a 250m². Predomina também que o terreno deve
me a política agrícola e o plano nacional de reforma agrá- ter 250m², não a área construída (a área de um sobrado,
ria (artigo 188, caput, CF). Neste sentido, “a alienação ou a por exemplo, pode ser maior que a de um terreno).
concessão, a qualquer título, de terras públicas com área c) 5 anos – houve controvérsia porque a Constituição
superior a dois mil e quinhentos hectares a pessoa física Federal de 1988 que criou esta modalidade. E se antes
ou jurídica, ainda que por interposta pessoa, dependerá de de 05 de outubro de 1988 uma pessoa tivesse há 4 anos
prévia aprovação do Congresso Nacional”, salvo no caso de dentro do limite da usucapião urbana? Predominou que
alienações ou concessões de terras públicas para fins de só corria o prazo a partir da criação do instituto, não só
reforma agrária (artigo 188, §§ 1º e 2º, CF). porque antes não existia e o prazo não podia correr, como
Os que forem favorecidos pela reforma agrária (ho- também não se poderia prejudicar o proprietário.
mens, mulheres, ambos, qualquer estado civil) não pode- d) Moradia sua ou de sua família – não basta ter posse,
rão negociar seus títulos pelo prazo de 10 anos (artigo 189, é preciso que a pessoa more, sozinha ou com sua família,
CF). ao longo de todo o prazo (não só no início ou no final).
Consta, ainda, que “a lei regulará e limitará a aquisição Logo, não cabe acessio temporis por cessão da posse.
ou o arrendamento de propriedade rural por pessoa física e) Nenhum outro imóvel, nem urbano, nem rural, no
Brasil. O usucapiente não prova isso, apenas alega. Se al-
ou jurídica estrangeira e estabelecerá os casos que depen-
guém não quiser a usucapião, prova o contrário. Este re-
derão de autorização do Congresso Nacional” (artigo 190,
quisito é verificado no momento em que completa 5 anos.
CF).
Em relação à previsão da usucapião especial rural, des-
taca-se o artigo 191, CF:
Usucapião
Usucapião é o modo originário de aquisição da pro- Art. 191, CF. Aquele que, não sendo proprietário de imó-
priedade que decorre da posse prolongada por um lon- vel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos inin-
go tempo, preenchidos outros requisitos legais. Em outras terruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não
palavras, usucapião é uma situação em que alguém tem a superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu
posse de um bem por um tempo longo, sem ser incomo- trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adqui-
dado, a ponto de se tornar proprietário. rir-lhe-á a propriedade.
A Constituição regulamenta o acesso à propriedade Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiri-
mediante posse prolongada no tempo – usucapião – em dos por usucapião.
casos específicos, denominados usucapião especial urbana
e usucapião especial rural. Além dos requisitos gerais (animus e posse que seja
O artigo 183 da Constituição regulamenta a usucapião pública, pacífica, ininterrupta e contínua), são exigidos os
especial urbana: seguintes requisitos específicos:

11
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) Imóvel rural O direito do consumidor liga-se ao direito à proprieda-


b) 50 hectares, no máximo – há também legislação que de a partir do momento em que garante à pessoa que irá
estabelece um limite mínimo, o módulo rural (Estatuto da adquirir bens e serviços que estes sejam entregues e pres-
Terra). É possível usucapir áreas menores que o módulo ru- tados da forma adequada, impedindo que o fornecedor se
ral? Tem prevalecido o entendimento de que pode, mas é enriqueça ilicitamente, se aproveite de maneira indevida da
assunto muito controverso. posição menos favorável e de vulnerabilidade técnica do
c) 5 anos – pode ser considerado o prazo antes 05 de consumidor.
outubro de 1988 (Constituição Federal)? Depende. Se a O Direito do Consumidor pode ser considerado um
área é de até 25 hectares sim, pois já havia tal possibilidade ramo recente do Direito. No Brasil, a legislação que o re-
antes da CF/88. Se área for maior (entre 25 ha e 50 ha) não. gulamentou foi promulgada nos anos 90, qual seja a Lei nº
d) Moradia sua ou de sua família – a pessoa deve morar 8.078, de 11 de setembro de 1990, conforme determinado
na área rural. pela Constituição Federal de 1988, que também estabele-
e) Nenhum outro imóvel. ceu no artigo 48 do Ato das Disposições Constitucionais
f) O usucapiente, com seu trabalho, deve ter tornado Transitórias:
a área produtiva. Por isso, é chamado de usucapião “pro
labore”. Dependerá do caso concreto. Artigo 48, ADCT. O Congresso Nacional, dentro de cento
e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará có-
Uso temporário digo de defesa do consumidor.
No mais, estabelece-se uma terceira limitação ao di-
reito de propriedade que não possui o caráter definitivo A elaboração do Código de Defesa do Consumidor foi
da desapropriação, mas é temporária, conforme artigo 5º, um grande passo para a proteção da pessoa nas relações
XXV, CF: de consumo que estabeleça, respeitando-se a condição de
hipossuficiente técnico daquele que adquire um bem ou
Artigo 5º, XXV, CF. No caso de iminente perigo públi- faz uso de determinado serviço, enquanto consumidor.
co, a autoridade competente poderá usar de propriedade
particular, assegurada ao proprietário indenização ulterior, Propriedade intelectual
se houver dano. Além da propriedade material, o constituinte protege
também a propriedade intelectual, notadamente no artigo
Se uma pessoa tem uma propriedade, numa situação 5º, XXVII, XXVIII e XXIX, CF:
de perigo, o poder público pode se utilizar dela (ex: montar
uma base para capturar um fugitivo), pois o interesse da Artigo 5º, XXVII, CF. Aos autores pertence o direito ex-
coletividade é maior que o do indivíduo proprietário. clusivo de utilização, publicação ou reprodução de suas
obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
Direito sucessório
O direito sucessório aparece como uma faceta do direi- Artigo 5º, XXVIII, CF. São assegurados, nos termos da lei:
to à propriedade, encontrando disciplina constitucional no a) a proteção às participações individuais em obras
artigo 5º, XXX e XXXI, CF: coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, in-
clusive nas atividades desportivas;
Artigo 5º, XXX, CF. É garantido o direito de herança; b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
nômico das obras que criarem ou de que participarem aos
Artigo 5º, XXXI, CF. A sucessão de bens de estrangei- criadores, aos intérpretes e às respectivas representações
ros situados no País será regulada pela lei brasileira em be- sindicais e associativas;
nefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não
lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. Artigo 5º, XXIX, CF. A lei assegurará aos autores de in-
ventos industriais privilégio temporário para sua utiliza-
O direito à herança envolve o direito de receber – seja ção, bem como proteção às criações industriais, à proprie-
devido a uma previsão legal, seja por testamento – bens dade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
de uma pessoa que faleceu. Assim, o patrimônio passa distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvi-
para outra pessoa, conforme a vontade do falecido e/ou mento tecnológico e econômico do País.
a lei determine. A Constituição estabelece uma disciplina
específica para bens de estrangeiros situados no Brasil, as- Assim, a propriedade possui uma vertente intelectual
segurando que eles sejam repassados ao cônjuge e filhos que deve ser respeitada, tanto sob o aspecto moral quanto
brasileiros nos termos da lei mais benéfica (do Brasil ou do sob o patrimonial. No âmbito infraconstitucional brasileiro,
país estrangeiro). a Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, regulamenta os
direitos autorais, isto é, “os direitos de autor e os que lhes
Direito do consumidor são conexos”.
Nos termos do artigo 5º, XXXII, CF: O artigo 7° do referido diploma considera como obras
intelectuais que merecem a proteção do direito do autor
Artigo 5º, XXXII, CF. O Estado promoverá, na forma da os textos de obras de natureza literária, artística ou científi-
lei, a defesa do consumidor. ca; as conferências, sermões e obras semelhantes; as obras

12
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

cinematográficas e televisivas; as composições musicais; de processo como algo restrito a apenas duas partes indi-
fotografias; ilustrações; programas de computador; coletâ- vidualizadas e ocasionando o surgimento de novas institui-
neas e enciclopédias; entre outras. ções, como o Ministério Público.
Os direitos morais do autor, que são imprescritíveis, Finalmente, Cappelletti e Garth19 apontam uma terceira
inalienáveis e irrenunciáveis, envolvem, basicamente, o di- onda consistente no surgimento de uma concepção mais
reito de reivindicar a autoria da obra, ter seu nome divul- ampla de acesso à justiça, considerando o conjunto de ins-
gado na utilização desta, assegurar a integridade desta ou tituições, mecanismos, pessoas e procedimentos utilizados:
modificá-la e retirá-la de circulação se esta passar a afron- “[...] esse enfoque encoraja a exploração de uma ampla
tar sua honra ou imagem. variedade de reformas, incluindo alterações nas formas de
Já os direitos patrimoniais do autor, nos termos dos ar- procedimento, mudanças na estrutura dos tribunais ou a
tigos 41 a 44 da Lei nº 9.610/98, prescrevem em 70 anos criação de novos tribunais, o uso de pessoas leigas ou pa-
contados do primeiro ano seguinte à sua morte ou do raprofissionais, tanto como juízes quanto como defensores,
falecimento do último coautor, ou contados do primeiro modificações no direito substantivo destinadas a evitar li-
ano seguinte à divulgação da obra se esta for de natureza tígios ou facilitar sua solução e a utilização de mecanismos
audiovisual ou fotográfica. Estes, por sua vez, abrangem, privados ou informais de solução dos litígios. Esse enfoque,
basicamente, o direito de dispor sobre a reprodução, edi- em suma, não receia inovações radicais e compreensivas,
ção, adaptação, tradução, utilização, inclusão em bases de que vão muito além da esfera de representação judicial”.
dados ou qualquer outra modalidade de utilização; sendo Assim, dentro da noção de acesso à justiça, diversos
que estas modalidades de utilização podem se dar a título aspectos podem ser destacados: de um lado, deve criar-se
oneroso ou gratuito. o Poder Judiciário e se disponibilizar meios para que todas
“Os direitos autorais, também conhecidos como copyri- as pessoas possam buscá-lo; de outro lado, não basta ga-
ght (direito de cópia), são considerados bens móveis, po- rantir meios de acesso se estes forem insuficientes, já que
dendo ser alienados, doados, cedidos ou locados. Ressalte- para que exista o verdadeiro acesso à justiça é necessário
-se que a permissão a terceiros de utilização de criações que se aplique o direito material de maneira justa e célere.
artísticas é direito do autor. [...] A proteção constitucional Relacionando-se à primeira onda de acesso à justiça,
abrange o plágio e a contrafação. Enquanto que o primei- prevê a Constituição em seu artigo 5º, XXXV:
ro caracteriza-se pela difusão de obra criada ou produzida
Artigo 5º, XXXV, CF. A lei não excluirá da apreciação do
por terceiros, como se fosse própria, a segunda configura
Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.
a reprodução de obra alheia sem a necessária permissão
do autor”16.
O princípio da inafastabilidade da jurisdição é o princí-
pio de Direito Processual Público subjetivo, também cunha-
- Direitos de acesso à justiça
do como Princípio da Ação, em que a Constituição garante
A formação de um conceito sistemático de acesso à a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida
justiça se dá com a teoria de Cappelletti e Garth, que apon- em sociedade. Sempre que uma controvérsia for levada ao
taram três ondas de acesso, isto é, três posicionamentos Poder Judiciário, preenchidos os requisitos de admissibili-
básicos para a realização efetiva de tal acesso. Tais ondas dade, ela será resolvida, independentemente de haver ou
foram percebidas paulatinamente com a evolução do Di- não previsão específica a respeito na legislação.
reito moderno conforme implementadas as bases da onda Também se liga à primeira onda de acesso à justiça,
anterior, quer dizer, ficou evidente aos autores a emergên- no que tange à abertura do Judiciário mesmo aos menos
cia de uma nova onda quando superada a afirmação das favorecidos economicamente, o artigo 5º, LXXIV, CF:
premissas da onda anterior, restando parcialmente imple-
mentada (visto que até hoje enfrentam-se obstáculos ao Artigo 5º, LXXIV, CF. O Estado prestará assistência jurí-
pleno atendimento em todas as ondas). dica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiên-
Primeiro, Cappelletti e Garth17 entendem que surgiu cia de recursos.
uma onda de concessão de assistência judiciária aos po-
bres, partindo-se da prestação sem interesse de remunera- O constituinte, ciente de que não basta garantir o aces-
ção por parte dos advogados e, ao final, levando à criação so ao Poder Judiciário, sendo também necessária a efeti-
de um aparato estrutural para a prestação da assistência vidade processual, incluiu pela Emenda Constitucional nº
pelo Estado. 45/2004 o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição:
Em segundo lugar, no entender de Cappelletti e Gar-
th18, veio a onda de superação do problema na representa- Artigo 5º, LXXVIII, CF. A todos, no âmbito judicial e ad-
ção dos interesses difusos, saindo da concepção tradicional ministrativo, são assegurados a razoável duração do pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua trami-
16 MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais:
tação.
teoria geral, comentários aos artigos 1º a 5º da Constituição da Repú-
blica Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. São Paulo: Atlas,
 
1997. Com o tempo se percebeu que não bastava garantir
17 CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça.
o acesso à justiça se este não fosse célere e eficaz. Não
Tradução Ellen Grace Northfleet. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris significa que se deve acelerar o processo em detrimento
Editor, 1998, p. 31-32. de direitos e garantias assegurados em lei, mas sim que é
18 Ibid., p. 49-52 19 Ibid., p. 67-73

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

preciso proporcionar um trâmite que dure nem mais e nem Por fim, a competência para julgamento é dos crimes
menos que o necessário para a efetiva realização da justiça dolosos (em que há intenção ou ao menos se assume o
no caso concreto. risco de produção do resultado) contra a vida, que são: ho-
micídio, aborto, induzimento, instigação ou auxílio a sui-
- Direitos constitucionais-penais cídio e infanticídio. Sua competência não é absoluta e é
mitigada, por vezes, pela própria Constituição (artigos 29,
Juiz natural e vedação ao juízo ou tribunal de ex- X / 102, I, b) e c) / 105, I, a) / 108, I).
ceção
Quando o artigo 5º, LIII, CF menciona: Anterioridade e irretroatividade da lei
O artigo 5º, XXXIX, CF preconiza:
Artigo 5º, LIII, CF. Ninguém será processado nem sen-
tenciado senão pela autoridade competente”, consolida o Artigo5º, XXXIX, CF. Não há crime sem lei anterior que
princípio do juiz natural que assegura a toda pessoa o direito o defina, nem pena sem prévia cominação legal.
de conhecer previamente daquele que a julgará no processo
em que seja parte, revestindo tal juízo em jurisdição com- É a consagração da regra do nullum crimen nulla poena
petente para a matéria específica do caso antes mesmo do sine praevia lege. Simultaneamente, se assegura o princípio
fato ocorrer. da legalidade (ou reserva legal), na medida em que não há
crime sem lei que o defina, nem pena sem prévia comina-
Por sua vez, um desdobramento deste princípio encon- ção legal, e o princípio da anterioridade, posto que não há
tra-se no artigo 5º, XXXVII, CF: crime sem lei anterior que o defina.
Ainda no que tange ao princípio da anterioridade, tem-
Artigo 5º, XXXVII, CF. Não haverá juízo ou tribunal de -se o artigo 5º, XL, CF:
exceção.
Artigo 5º, XL, CF. A lei penal não retroagirá, salvo para
Juízo ou Tribunal de Exceção é aquele especialmente beneficiar o réu.
criado para uma situação pretérita, bem como não reco-
nhecido como legítimo pela Constituição do país. O dispositivo consolida outra faceta do princípio da
anterioridade: se, por um lado, é necessário que a lei tenha
Tribunal do júri definido um fato como crime e dado certo tratamento pe-
nal a este fato (ex.: pena de detenção ou reclusão, tempo
A respeito da competência do Tribunal do júri, prevê o
de pena, etc.) antes que ele ocorra; por outro lado, se vier
artigo 5º, XXXVIII, CF:
uma lei posterior ao fato que o exclua do rol de crimes ou
que confira tratamento mais benéfico (diminuindo a pena
Artigo 5º, XXXVIII. É reconhecida a instituição do júri,
ou alterando o regime de cumprimento, notadamente), ela
com a organização que lhe der a lei, assegurados:
será aplicada. Restam consagrados tanto o princípio da ir-
a) a plenitude de defesa; retroatividade da lei penal in pejus quanto o da retroativi-
b) o sigilo das votações; dade da lei penal mais benéfica.
c) a soberania dos veredictos;
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos Menções específicas a crimes
contra a vida. O artigo 5º, XLI, CF estabelece:
O Tribunal do Júri é formado por pessoas do povo, que Artigo 5º, XLI, CF. A lei punirá qualquer discriminação
julgam os seus pares. Entende-se ser direito fundamental atentatória dos direitos e liberdades fundamentais.
o de ser julgado por seus iguais, membros da sociedade e
não magistrados, no caso de determinados crimes que por Sendo assim confere fórmula genérica que remete ao
sua natureza possuem fortes fatores de influência emocio- princípio da igualdade numa concepção ampla, razão pela
nal. qual práticas discriminatórias não podem ser aceitas. No
Plenitude da defesa envolve tanto a autodefesa quanto entanto, o constituinte entendeu por bem prever tratamen-
a defesa técnica e deve ser mais ampla que a denominada to específico a certas práticas criminosas.
ampla defesa assegurada em todos os procedimentos judi- Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, CF:
ciais e administrativos.
Sigilo das votações envolve a realização de votações Artigo 5º, XLII, CF. A prática do racismo constitui crime
secretas, preservando a liberdade de voto dos que com- inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão,
põem o conselho que irá julgar o ato praticado. nos termos da lei.
A decisão tomada pelo conselho é soberana. Contu-
do, a soberania dos veredictos veda a alteração das deci- A Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 define os crimes
sões dos jurados, não a recorribilidade dos julgamentos do resultantes de preconceito de raça ou de cor. Contra eles
Tribunal do Júri para que seja procedido novo julgamento não cabe fiança (pagamento de valor para deixar a prisão
uma vez cassada a decisão recorrida, haja vista preservar provisória) e não se aplica o instituto da prescrição (perda
o ordenamento jurídico pelo princípio do duplo grau de de pretensão de se processar/punir uma pessoa pelo de-
jurisdição. curso do tempo).

14
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Não obstante, preconiza ao artigo 5º, XLIII, CF: atos ilícitos de outrem: caso contrário, a reação, ao invés de
restringir-se ao malfeitor, alcançaria inocentes. Contudo, se
Artigo 5º, XLIII, CF. A lei considerará crimes inafian- uma pessoa deixou patrimônio e faleceu, este patrimônio
çáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da responderá pelas repercussões financeiras do ilícito.
tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles Individualização da pena
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo A individualização da pena tem por finalidade concre-
evitá-los, se omitirem. tizar o princípio de que a responsabilização penal é sempre
pessoal, devendo assim ser aplicada conforme as peculia-
Anistia, graça e indulto diferenciam-se nos seguintes ridades do agente.
termos: a anistia exclui o crime, rescinde a condenação e A primeira menção à individualização da pena se en-
extingue totalmente a punibilidade, a graça e o indulto contra no artigo 5º, XLVI, CF:
apenas extinguem a punibilidade, podendo ser parciais; a
anistia, em regra, atinge crimes políticos, a graça e o in- Artigo 5º, XLVI, CF. A lei regulará a individualização da
dulto, crimes comuns; a anistia pode ser concedida pelo pena e adotará, entre outras, as seguintes:
Poder Legislativo, a graça e o indulto são de competência a) privação ou restrição da liberdade;
exclusiva do Presidente da República; a anistia pode ser b) perda de bens;
concedida antes da sentença final ou depois da condena- c) multa;
ção irrecorrível, a graça e o indulto pressupõem o trânsito d) prestação social alternativa;
em julgado da sentença condenatória; graça e o indulto e) suspensão ou interdição de direitos.
apenas extinguem a punibilidade, persistindo os efeitos do
crime, apagados na anistia; graça é em regra individual e Pelo princípio da individualização da pena, a pena deve
solicitada, enquanto o indulto é coletivo e espontâneo. ser individualizada nos planos legislativo, judiciário e exe-
Não cabe graça, anistia ou indulto (pode-se considerar cutório, evitando-se a padronização a sanção penal. A in-
que o artigo o abrange, pela doutrina majoritária) contra dividualização da pena significa adaptar a pena ao conde-
crimes de tortura, tráfico, terrorismo (TTT) e hediondos nado, consideradas as características do agente e do delito.
(previstos na Lei nº 8.072 de 25 de julho de 1990). Além A pena privativa de liberdade é aquela que restringe,
disso, são crimes que não aceitam fiança. com maior ou menor intensidade, a liberdade do condena-
Ainda, prevê o artigo 5º, XLIV, CF: do, consistente em permanecer em algum estabelecimento
prisional, por um determinado tempo.
Artigo 5º, XLIV, CF. Constitui crime inafiançável e im- A pena de multa ou patrimonial opera uma diminuição
prescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, do patrimônio do indivíduo delituoso.
contra a ordem constitucional e o Estado Democrático. A prestação social alternativa corresponde às penas
restritivas de direitos, autônomas e substitutivas das penas
Por fim, dispõe a CF sobre a possibilidade de extradi- privativas de liberdade, estabelecidas no artigo 44 do Có-
ção de brasileiro naturalizado caso esteja envolvido com digo Penal.
tráfico ilícito de entorpecentes: Por seu turno, a individualização da pena deve também
se fazer presente na fase de sua execução, conforme se de-
Artigo 5º, LI, CF. Nenhum brasileiro será extraditado, preende do artigo 5º, XLVIII, CF:
salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado
antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento Artigo 5º, XLVIII, CF. A pena será cumprida em estabe-
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na for- lecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito,
ma da lei. a idade e o sexo do apenado.

Personalidade da pena A distinção do estabelecimento conforme a natureza


A personalidade da pena encontra respaldo no artigo do delito visa impedir que a prisão se torne uma faculdade
5º, XLV, CF: do crime. Infelizmente, o Estado não possui aparato sufi-
ciente para cumprir tal diretiva, diferenciando, no máximo,
Artigo 5º, XLV, CF. Nenhuma pena passará da pessoa o nível de segurança das prisões. Quanto à idade, desta-
do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a cam-se as Fundações Casas, para cumprimento de medida
decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, es- por menores infratores. Quanto ao sexo, prisões costumam
tendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite ser exclusivamente para homens ou para mulheres.
do valor do patrimônio transferido. Também se denota o respeito à individualização da
pena nesta faceta pelo artigo 5º, L, CF:
O princípio da personalidade encerra o comando de o
crime ser imputado somente ao seu autor, que é, por seu Artigo 5º, L, CF. Às presidiárias serão asseguradas con-
turno, a única pessoa passível de sofrer a sanção. Seria fla- dições para que possam permanecer com seus filhos duran-
grante a injustiça se fosse possível alguém responder pelos te o período de amamentação.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Preserva-se a individualização da pena porque é toma- Dois tipos de tratamentos que violam esta integridade
da a condição peculiar da presa que possui filho no perío- estão mencionados no próprio artigo 5º da Constituição
do de amamentação, mas também se preserva a dignidade Federal. Em primeiro lugar, tem-se a vedação da tortura e
da criança, não a afastando do seio materno de maneira de tratamentos desumanos e degradantes (artigo 5º, III,
precária e impedindo a formação de vínculo pela amamen- CF), o que vale na execução da pena.
tação. No mais, prevê o artigo 5º, LVIII, CF:

Vedação de determinadas penas Artigo 5º, LVIII, CF. O civilmente identificado não será
O constituinte viu por bem proibir algumas espécies de submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses
penas, consoante ao artigo 5º, XLVII, CF: previstas em lei.

Artigo 5º, XLVII, CF. não haverá penas: Se uma pessoa possui identificação civil, não há por-
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos que fazer identificação criminal, colhendo digitais, fotos,
termos do art. 84, XIX; etc. Pensa-se que seria uma situação constrangedora des-
b) de caráter perpétuo; necessária ao suspeito, sendo assim, violaria a integridade
c) de trabalhos forçados; moral.
d) de banimento;
e) cruéis. Devido processo legal, contraditório e ampla defesa
Estabelece o artigo 5º, LIV, CF:
Em resumo, o inciso consolida o princípio da humani-
dade, pelo qual o “poder punitivo estatal não pode aplicar Artigo 5º, LIV, CF. Ninguém será privado da liberdade ou
sanções que atinjam a dignidade da pessoa humana ou que de seus bens sem o devido processo legal.
lesionem a constituição físico-psíquica dos condenados”20 .
Quanto à questão da pena de morte, percebe-se que o Pelo princípio do devido processo legal a legislação
constituinte não estabeleceu uma total vedação, autorizan- deve ser respeitada quando o Estado pretender punir al-
do-a nos casos de guerra declarada. Obviamente, deve-se guém judicialmente. Logo, o procedimento deve ser livre
respeitar o princípio da anterioridade da lei, ou seja, a le- de vícios e seguir estritamente a legislação vigente, sob
gislação deve prever a pena de morte ao fato antes dele ser pena de nulidade processual.
praticado. No ordenamento brasileiro, este papel é cumpri- Surgem como corolário do devido processo legal o
do pelo Código Penal Militar (Decreto-Lei nº 1.001/1969),
contraditório e a ampla defesa, pois somente um procedi-
que prevê a pena de morte a ser executada por fuzilamento
mento que os garanta estará livre dos vícios. Neste sentido,
nos casos tipificados em seu Livro II, que aborda os crimes
o artigo 5º, LV, CF:
militares em tempo de guerra.
Por sua vez, estão absolutamente vedadas em quais-
Artigo 5º, LV, CF. Aos litigantes, em processo judicial ou
quer circunstâncias as penas de caráter perpétuo, de traba-
administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o
lhos forçados, de banimento e cruéis.
contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a
No que tange aos trabalhos forçados, vale destacar
que o trabalho obrigatório não é considerado um trata- ela inerentes.
mento contrário à dignidade do recluso, embora o trabalho
forçado o seja. O trabalho é obrigatório, dentro das condi- O devido processo legal possui a faceta formal, pela
ções do apenado, não podendo ser cruel ou menosprezar qual se deve seguir o adequado procedimento na aplica-
a capacidade física e intelectual do condenado; como o ção da lei e, sendo assim, respeitar o contraditório e a am-
trabalho não existe independente da educação, cabe in- pla defesa. Não obstante, o devido processo legal tem sua
centivar o aperfeiçoamento pessoal; até mesmo porque o faceta material que consiste na tomada de decisões justas,
trabalho deve se aproximar da realidade do mundo exter- que respeitem os parâmetros da razoabilidade e da pro-
no, será remunerado; além disso, condições de dignidade e porcionalidade.
segurança do trabalhador, como descanso semanal e equi-
pamentos de proteção, deverão ser respeitados. Vedação de provas ilícitas
Conforme o artigo 5º, LVI, CF:
Respeito à integridade do preso
Prevê o artigo 5º, XLIX, CF: Artigo 5º, LVI, CF. São inadmissíveis, no processo, as pro-
vas obtidas por meios ilícitos.
Artigo 5º, XLIX, CF. É assegurado aos presos o respeito
à integridade física e moral. Provas ilícitas, por força da nova redação dada ao arti-
go 157 do CPP, são as obtidas em violação a normas cons-
Obviamente, o desrespeito à integridade física e mo- titucionais ou legai, ou seja, prova ilícita é a que viola regra
ral do preso é uma violação do princípio da dignidade da de direito material, constitucional ou legal, no momento
pessoa humana. da sua obtenção. São vedadas porque não se pode aceitar
20 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. 16. o descumprimento do ordenamento para fazê-lo cumprir:
ed. São Paulo: Saraiva, 2011. v. 1. seria paradoxal.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Presunção de inocência Artigo 5º, LXIII, CF. O preso será informado de seus di-
Prevê a Constituição no artigo 5º, LVII: reitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe
assegurada a assistência da família e de advogado.
Artigo 5º, LVII, CF. Ninguém será considerado culpado
até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Estabelece-se no artigo 5º, LXIV, CF:

Consolida-se o princípio da presunção de inocência, Artigo 5º, LXIV, CF. O preso tem direito à identificação
pelo qual uma pessoa não é culpada até que, em definitivo, dos responsáveis por sua prisão ou por seu interrogatório
o Judiciário assim decida, respeitados todos os princípios e policial.
garantias constitucionais.
Por isso mesmo, o auto de prisão em flagrante e a ata
Ação penal privada subsidiária da pública do depoimento do interrogatório são assinados pelas au-
Nos termos do artigo 5º, LIX, CF: toridades envolvidas nas práticas destes atos procedimen-
tais.
Artigo 5º, LIX, CF. Será admitida ação privada nos cri- Ainda, a legislação estabelece inúmeros requisitos para
mes de ação pública, se esta não for intentada no prazo que a prisão seja validada, sem os quais cabe relaxamento,
legal. tanto que assim prevê o artigo 5º, LXV, CF:

A chamada ação penal privada subsidiária da pública Artigo 5º, LXV, CF. A prisão ilegal será imediatamente
encontra respaldo constitucional, assegurando que a omis- relaxada pela autoridade judiciária.
são do poder público na atividade de persecução criminal
não será ignorada, fornecendo-se instrumento para que o Desta forma, como decorrência lógica, tem-se a previ-
interessado a proponha. são do artigo 5º, LXVI, CF:

Prisão e liberdade Artigo 5º, LXVI, CF. Ninguém será levado à prisão ou
nela mantido, quando a lei admitir a liberdade provisória,
O constituinte confere espaço bastante extenso no ar-
com ou sem fiança.
tigo 5º em relação ao tratamento da prisão, notadamente
por se tratar de ato que vai contra o direito à liberdade.
Mesmo que a pessoa seja presa em flagrante, devido
Obviamente, a prisão não é vedada em todos os casos, por-
ao princípio da presunção de inocência, entende-se que
que práticas atentatórias a direitos fundamentais implicam
ela não deve ser mantida presa quando não preencher os
na tipificação penal, autorizando a restrição da liberdade
requisitos legais para prisão preventiva ou temporária.
daquele que assim agiu.
No inciso LXI do artigo 5º, CF, prevê-se:
Indenização por erro judiciário
A disciplina sobre direitos decorrentes do erro judiciá-
Artigo 5º, LXI, CF. Ninguém será preso senão em fla- rio encontra-se no artigo 5º, LXXV, CF:
grante delito ou por ordem escrita e fundamentada de
autoridade judiciária competente, salvo nos casos de trans- Artigo 5º, LXXV, CF. O Estado indenizará o condenado
gressão militar ou crime propriamente militar, definidos em por erro judiciário, assim como o que ficar preso além do
lei. tempo fixado na sentença.
Logo, a prisão somente se dará em caso de flagran- Trata-se do erro em que incorre um juiz na apreciação
te delito (necessariamente antes do trânsito em julgado), e julgamento de um processo criminal, resultando em con-
ou em caráter temporário, provisório ou definitivo (as duas denação de alguém inocente. Neste caso, o Estado inde-
primeiras independente do trânsito em julgado, preenchi- nizará. Ele também indenizará uma pessoa que ficar presa
dos requisitos legais e a última pela irreversibilidade da além do tempo que foi condenada a cumprir.
condenação).
Aborda-se no artigo 5º, LXII o dever de comunicação 4) Remédios constitucionais
ao juiz e à família ou pessoa indicada pelo preso: São as espécies de ações judiciárias que visam
proteger os direitos fundamentais reconhecidos no texto
Artigo 5º, LXII, CF. A prisão de qualquer pessoa e o lo- constitucional quando a declaração e a garantia destes
cal onde se encontre serão comunicados imediatamente ao não se mostrar suficiente. Assim, o Poder Judiciário
juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele será acionado para sanar o desrespeito a estes direitos
indicada. fundamentais, servindo cada espécie de ação para uma
forma de violação.
Não obstante, o preso deverá ser informado de todos
os seus direitos, inclusive o direito ao silêncio, podendo 4.1) Habeas corpus
entrar em contato com sua família e com um advogado, No que tange à disciplina do habeas corpus, prevê a
conforme artigo 5º, LXIII, CF: Constituição em seu artigo 5º, LXVIII:

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 5º, LXVIII, CF. Conceder-se-á habeas corpus sem- Tal como o habeas corpus, trata-se de ação gratuita (ar-
pre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer vio- tigo 5º, LXXVII, CF).
lência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega- a) Antecedente histórico: Freedom of Information Act,
lidade ou abuso de poder. de 1974.
b) Escopo: proteção do acesso a informações pessoais
Trata-se de ação gratuita, nos termos do artigo 5º, constantes de registros ou bancos de dados de entidades
LXXVII, CF. governamentais ou de caráter público, para o conhecimen-
a) Antecedentes históricos: A Magna Carta inglesa, to ou retificação (correção).
de 1215, foi o primeiro documento a mencionar este remé- c) Natureza jurídica: ação constitucional que tutela o
dio e o Habeas Corpus Act, de 1679, o regulamentou. acesso a informações pessoais.
b) Escopo: ação que serve para proteger a liberdade d) Legitimidade ativa: pessoa física, brasileira ou es-
de locomoção. Antes de haver proteção no Brasil por ou- trangeira, ou por pessoa jurídica, de direito público ou pri-
tros remédios constitucionais de direitos que não este, o vado, tratando-se de ação personalíssima – os dados de-
habeas-corpus foi utilizado para protegê-los. Hoje, apenas vem ser a respeito da pessoa que a propõe.
serve à lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. e) Legitimidade passiva: entidades governamentais
c) Natureza jurídica: ação constitucional de cunho da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas,
predominantemente penal, pois protege o direito de ir e vir bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi-
e vai contra a restrição arbitrária da liberdade.
cas privadas prestadores de serviços de interesse público
d) Espécies: preventivo, para os casos de ameaça de
que possuam dados relativos à pessoa do impetrante.
violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um “salvo con-
f) Competência: Conforme o caso, nos termos da
duto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver se mate-
Constituição, do Supremo Tribunal Federal (art. 102, I, “d”),
rializado.
do Superior Tribunal de Justiça (art. 105, I, “b”), dos Tribu-
e) Legitimidade ativa: qualquer pessoa pode manejá-
nais Regionais Federais (art. 108, I, “c”), bem como dos juí-
-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o Ministé-
zes federais (art. 109, VIII).
rio Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que ingressa
com a ação e paciente é aquele que está sendo vítima da g) Regulamentação específica: Lei nº 9.507, de 12 de
restrição à liberdade de locomoção. As duas figuras podem novembro de 1997.
se concentrar numa mesma pessoa. h) Procedimento: artigos 8º a 19 da Lei nº 9.507/1997.
f) Legitimidade passiva: pessoa física, agente público
ou privado. 4.3) Mandado de segurança individual
g) Competência: é determinada pela autoridade coa- Dispõe a Constituição no artigo 5º, LXIX:
tora, sendo a autoridade imediatamente superior a ela. Ex.:
Delegado de Polícia é autoridade coatora, propõe na Vara Artigo 5º, LXIX, CF. Conceder-se-á mandado de segu-
Criminal Estadual; Juiz de Direito de uma Vara Criminal é a rança para proteger direito líquido e certo, não amparado
autoridade coatora, impetra no Tribunal de Justiça. por habeas-corpus ou habeas-data, quando o responsável
h) Conceito de coação ilegal: encontra-se no artigo pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública
648, CPP: ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do
Poder Público.
Artigo 648, CPP. A coação considerar-se-á ilegal: I -
quando não houver justa causa; II - quando alguém estiver a) Origem: Veio com a finalidade de preencher a lacu-
preso por mais tempo do que determina a lei; III - quando na decorrente da sistemática do habeas corpus e das limi-
quem ordenar a coação não tiver competência para fazê-lo; nares possessórias.
IV - quando houver cessado o motivo que autorizou a coa- b) Escopo: Trata-se de remédio constitucional com
ção; V - quando não for alguém admitido a prestar fiança, natureza subsidiária pelo qual se busca a invalidação de
nos casos em que a lei a autoriza; VI - quando o processo for atos de autoridade ou a suspensão dos efeitos da omissão
manifestamente nulo; VII - quando extinta a punibilidade. administrativa, geradores de lesão a direito líquido e certo,
por ilegalidade ou abuso de poder. São protegidos todos
i) Procedimento: regulamentado nos artigos 647 a os direitos líquidos e certos à exceção da proteção de direi-
667 do Código de Processo Penal. tos humanos à liberdade de locomoção e ao acesso ou re-
tificação de informações relativas à pessoa do impetrante,
4.2) Habeas data constantes de registros ou bancos de dados de entidades
O artigo 5º, LXXII, CF prevê: governamentais ou de caráter público, ambos sujeitos a
instrumentos específicos.
Artigo 5º, LXXII, CF. Conceder-se-á habeas data: a) para c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza
assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa civil, independente da natureza do ato impugnado (admi-
do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados nistrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista).
de entidades governamentais ou de caráter público; b) para d) Espécies: preventivo, quando se estiver na iminência
a retificação de dados, quando não se prefira fazê-lo por de violação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando
processo sigiloso, judicial ou administrativo. já consumado o abuso/ilegalidade.

18
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) Direito líquido e certo: é aquele que pode ser de- § 1º O mandado de segurança coletivo não induz
monstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem litispendência para as ações individuais, mas os efeitos
a necessidade de dilação probatória, isto devido à natureza da coisa julgada não beneficiarão o impetrante a título
célere e sumária do procedimento. individual se não requerer a desistência de seu mandado de
f) Legitimidade ativa: a mais ampla possível, abran- segurança no prazo de 30 (trinta) dias a contar da ciência
gendo não só a pessoa física como a jurídica, nacional ou comprovada da impetração da segurança coletiva.
estrangeira, residente ou não no Brasil, bem como órgãos § 2º No mandado de segurança coletivo, a liminar só
públicos despersonalizados e universalidades/pessoas for- poderá ser concedida após a audiência do representante
mais reconhecidas por lei. judicial da pessoa jurídica de direito público, que deverá se
g) Legitimidade passiva: A autoridade coatora deve
pronunciar no prazo de 72 (setenta e duas) horas.
ser autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art.
6º, §3º, Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se auto- 4.5) Mandado de injunção
ridade coatora aquela que tenha praticado o ato impugna- Regulamenta o artigo 5º, LXXI, CF:
do ou da qual emane a ordem para a sua prática”.
h) Competência: Fixada de acordo com a autoridade Artigo 5º, LXXI, CF. Conceder-se-á mandado de injun-
coatora. ção sempre que a falta de norma regulamentadora torne
i) Regulamentação específica: Lei nº 12.016, de 07 de inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais
agosto de 2009. e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
j) Procedimento: artigos 6º a 19 da Lei nº 12.016/09. à cidadania.
4.4) Mandado de segurança coletivo a) Escopo: os dois requisitos constitucionais para que
A Constituição Federal prevê a possibilidade de ingres- seja proposto o mandado de injunção são a existência de
so com mandado de segurança coletivo, consoante ao ar-
norma constitucional de eficácia limitada que prescreva di-
tigo 5º, LXX:
reitos, liberdades constitucionais e prerrogativas inerentes
Artigo 5º, LXX, CF. O mandado de segurança coletivo à nacionalidade, à soberania e à cidadania; além da falta de
pode ser impetrado por: a) partido político com representa- norma regulamentadores, impossibilitando o exercício dos
ção no Congresso Nacional; b) organização sindical, entida- direitos, liberdades e prerrogativas em questão. Assim, visa
de de classe ou associação legalmente constituída e em fun- curar o hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não
cionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses regulamentar as normas de eficácia limitada para que elas
de seus membros ou associados. não sejam aplicáveis.
b) Natureza jurídica: ação constitucional que objeti-
a) Origem: Constituição Federal de 1988. va a regulamentação de normas constitucionais de eficácia
b) Escopo: preservação ou reparação de direito líqui- limitada.
do e certo relacionado a interesses transindividuais (indi- c) Legitimidade ativa: qualquer pessoa, nacional ou
viduais homogêneos ou coletivos), e devido à questão da estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que titula-
legitimidade ativa, pertencente a partidos políticos e deter-
rize direito fundamental não materializável por omissão le-
minadas associações.
c) Natureza jurídica: ação constitucional de natureza gislativa do Poder público, bem como o Ministério Público
civil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. na defesa de seus interesses institucionais. Não se aceita a
d) Objeto: o objeto do mandado de segurança coleti- legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito público.
vo são os direitos coletivos e os direitos individuais homo- d) Competência: Supremo Tribunal Federal, quando a
gêneos. Tal instituto não se presta à proteção dos direitos elaboração de norma regulamentadora for atribuição do
difusos, conforme posicionamento amplamente majoritá- Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câma-
rio, já que, dada sua difícil individualização, fica improvável ra dos Deputados, do Senado Federal, das Mesas de uma
a verificação da ilegalidade ou do abuso do poder sobre tal dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União,
direito (art. 21, parágrafo único, Lei nº 12.016/09). de um dos Tribunais Superiores, ou do próprio Supremo
e) Legitimidade ativa: como se extrai da própria disci- Tribunal Federal (art. 102, I, “q”, CF); ao Superior Tribunal de
plina constitucional, aliada ao artigo 21 da Lei nº 12.016/09, Justiça, quando a elaboração da norma regulamentadora
é de partido político com representação no Congresso Na- for atribuição de órgão, entidade ou autoridade federal, da
cional, bem como de organização sindical, entidade de
administração direta ou indireta, excetuados os casos da
classe ou associação legalmente constituída e em funcio-
namento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa de direitos competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da
líquidos e certos que atinjam diretamente seus interesses Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da Justiça do Trabalho e
ou de seus membros. da Justiça Federal (art. 105, I, “h”, CF); ao Tribunal Superior
f) Disciplina específica na Lei nº 12.016/09: Eleitoral, quando as decisões dos Tribunais Regionais Elei-
torais denegarem habeas corpus, mandado de segurança,
Art. 22, Lei nº 12.016/09. No mandado de segurança habeas data ou mandado de injunção (art. 121, §4º, V, CF);
coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente aos e aos Tribunais de Justiça Estaduais, frente aos entes a ele
membros do grupo ou categoria substituídos pelo impetran- vinculados.
te. e) Procedimento: Lei nº 13.300/16.

19
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

4.6) Ação popular mulgação e publicação do tratado pelo Poder Executivo21.


Prevê o artigo 5º, LXXIII, CF: Notadamente, quando o constituinte menciona os tratados
internacionais no §2º do artigo 5º refere-se àqueles que
Artigo 5º, LXXIII, CF. Qualquer cidadão é parte legítima tenham por fulcro ampliar o rol de direitos do artigo 5º, ou
para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao pa- seja, tratado internacional de direitos humanos.
trimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à O §1° e o §2° do artigo 5° existiam de maneira originá-
moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimô- ria na Constituição Federal, conferindo o caráter de prima-
nio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada zia dos direitos humanos, desde logo consagrando o prin-
má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência. cípio da primazia dos direitos humanos, como reconhecido
pela doutrina e jurisprudência majoritários na época. “O
a) Origem: Constituição Federal de 1934. princípio da primazia dos direitos humanos nas relações
b) Escopo: é instrumento de exercício direto da demo- internacionais implica em que o Brasil deve incorporar os
cracia, permitindo ao cidadão que busque a proteção da tratados quanto ao tema ao ordenamento interno brasilei-
coisa pública, ou seja, que vise assegurar a preservação dos ro e respeitá-los. Implica, também em que as normas vol-
interesses transindividuais. tadas à proteção da dignidade em caráter universal devem
c) Natureza jurídica: trata-se de ação constitucional, ser aplicadas no Brasil em caráter prioritário em relação a
que visa anular ato lesivo ao patrimônio público ou de en- outras normas”22.
tidade de que o Estado participe, à moralidade administra- Regra geral, os tratados internacionais comuns ingres-
tiva, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural sam com força de lei ordinária no ordenamento jurídico
d) Legitimidade ativa: deve ser cidadão, ou seja, aque- brasileiro porque somente existe previsão constitucional
le nacional que esteja no pleno gozo dos direitos políticos. quanto à possibilidade da equiparação às emendas consti-
e) Legitimidade passiva: ente da Administração Pú- tucionais se o tratado abranger matéria de direitos huma-
blica, direta ou indireta, ou então pessoa jurídica que de nos. Antes da emenda alterou o quadro quanto aos trata-
algum modo lide com a coisa pública. dos de direitos humanos, era o que acontecia, mas isso não
f) Competência: Será fixada de acordo com a origem significa que tais direitos eram menos importantes devido
do ato ou omissão a serem impugnados (artigo 5º, Lei nº ao princípio da primazia e ao reconhecimento dos direitos
4.717/65). implícitos.
g) Regulamentação específica: Lei nº 4.717, de 29 de Por seu turno, com o advento da Emenda Constitucio-
junho de 1965. nal nº 45/04 se introduziu o §3º ao artigo 5º da Consti-
h) Procedimento: artigos 7º a 19, Lei nº 4.717/65. tuição Federal, de modo que os tratados internacionais de
direitos humanos foram equiparados às emendas consti-
5) Direitos fundamentais implícitos tucionais, desde que houvesse a aprovação do tratado em
Nos termos do § 2º do artigo 5º da Constituição Fe- cada Casa do Congresso Nacional e obtivesse a votação em
deral: dois turnos e com três quintos dos votos dos respectivos
membros:
Artigo 5º, §2º, CF. Os direitos e garantias expressos nesta
Constituição não excluem outros decorrentes do regime e Art. 5º, § 3º, CF. Os tratados e convenções interna-
dos princípios por ela adotados, ou dos tratados internacio- cionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em
nais em que a República Federativa do Brasil seja parte. cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três
quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalen-
Daí se depreende que os direitos ou garantias podem tes às emendas constitucionais. 
estar expressos ou implícitos no texto constitucional. Sen-
do assim, o rol enumerado nos incisos do artigo 5º é ape- Logo, a partir da alteração constitucional, os tratados
nas exemplificativo, não taxativo. de direitos humanos que ingressarem no ordenamento ju-
rídico brasileiro, versando sobre matéria de direitos huma-
6) Tratados internacionais incorporados ao ordena- nos, irão passar por um processo de aprovação semelhante
mento interno ao da emenda constitucional.
Estabelece o artigo 5º, § 2º, CF que os direitos e garan- Contudo, há posicionamentos conflituosos quanto à
tias podem decorrer, dentre outras fontes, dos “tratados possibilidade de considerar como hierarquicamente cons-
internacionais em que a República Federativa do Brasil titucional os tratados internacionais de direitos humanos
seja parte”. que ingressaram no ordenamento jurídico brasileiro ante-
Para o tratado internacional ingressar no ordenamen- riormente ao advento da referida emenda. Tal discussão se
to jurídico brasileiro deve ser observado um procedimento deu com relação à prisão civil do depositário infiel, prevista
complexo, que exige o cumprimento de quatro fases: a ne- como legal na Constituição e ilegal no Pacto de São José
gociação (bilateral ou multilateral, com posterior assinatura da Costa Rica (tratado de direitos humanos aprovado antes
do Presidente da República), submissão do tratado assina- 21 VICENTE SOBRINHO, Benedito. Direitos Fundamentais e
do ao Congresso Nacional (que dará referendo por meio Prisão Civil. Porto Alegre: Sérgio Antonio Fabris Editor, 2008.
do decreto legislativo), ratificação do tratado (confirmação 22 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacio-
da obrigação perante a comunidade internacional) e a pro- nal Público e Privado. Salvador: JusPodivm, 2009.

20
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da EC nº 45/04), sendo que o Supremo Tribunal Federal Trata-se de desdobramento da perspectiva do Estado
firmou o entendimento pela supralegalidade do tratado de Social de Direito. Em suma, são elencados os direitos huma-
direitos humanos anterior à Emenda (estaria numa posição nos de 2ª dimensão, notadamente conhecidos como direi-
que paralisaria a eficácia da lei infraconstitucional, mas não tos econômicos, sociais e culturais. Em resumo, os direitos
revogaria a Constituição no ponto controverso). sociais envolvem prestações positivas do Estado (diferente
dos de liberdade, que referem-se à postura de abstenção
7) Tribunal Penal Internacional estatal), ou seja, políticas estatais que visem consolidar o
Preconiza o artigo 5º, CF em seu § 4º: princípio da igualdade não apenas formalmente, mas ma-
terialmente (tratando os desiguais de maneira desigual).
Artigo 5º, §4º, CF. O Brasil se submete à jurisdição de Por seu turno, embora no capítulo específico do Título
Tribunal Penal Internacional a cuja criação tenha manifes- II que aborda os direitos sociais não se perceba uma intensa
tado adesão. regulamentação destes, à exceção dos direitos trabalhistas,
  o Título VIII da Constituição Federal, que aborda a ordem
O Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional foi social, se concentra em trazer normativas mais detalhadas
promulgado no Brasil pelo Decreto nº 4.388 de 25 de se- a respeitos de direitos indicados como sociais.
tembro de 2002. Ele contém 128 artigos e foi elaborado em
Roma, no dia 17 de julho de 1998, regendo a competência 1) Igualdade material e efetivação dos direitos so-
e o funcionamento deste Tribunal voltado às pessoas res- ciais
ponsáveis por crimes de maior gravidade com repercussão Independentemente da categoria de direitos que este-
internacional (artigo 1º, ETPI). ja sendo abordada, a igualdade nunca deve aparecer num
“Ao contrário da Corte Internacional de Justiça, cuja ju- sentido meramente formal, mas necessariamente material.
risdição é restrita a Estados, ao Tribunal Penal Internacional Significa que discriminações indevidas são proibidas, mas
compete o processo e julgamento de violações contra indi- existem certas distinções que não só devem ser aceitas,
víduos; e, distintamente dos Tribunais de crimes de guerra como também se mostram essenciais.
da Iugoslávia e de Ruanda, criados para analisarem crimes No que tange aos direitos sociais percebe-se que a
cometidos durante esses conflitos, sua jurisdição não está igualdade material assume grande relevância. Afinal, esta
restrita a uma situação específica”23. categoria de direitos pressupõe uma postura ativa do Es-
Resume Mello24: “a Conferência das Nações Unidas so- tado em prol da efetivação. Nem todos podem arcar com
bre a criação de uma Corte Criminal Internacional, reunida suas despesas de saúde, educação, cultura, alimentação e
em Roma, em 1998, aprovou a referida Corte. Ela é perma- moradia, assim como nem todos se encontram na posição
nente. Tem sede em Haia. A corte tem personalidade inter- de explorador da mão-de-obra, sendo a grande maioria da
nacional. Ela julga: a) crime de genocídio; b) crime contra população de explorados. Estas pessoas estão numa clara
a humanidade; c) crime de guerra; d) crime de agressão. posição de desigualdade e caberá ao Estado cuidar para
Para o crime de genocídio usa a definição da convenção que progressivamente atinjam uma posição de igualdade
de 1948. Como crimes contra a humanidade são citados: real, já que não é por conta desta posição desfavorável que
assassinato, escravidão, prisão violando as normas inter- se pode afirmar que são menos dignos, menos titulares de
nacionais, violação tortura, apartheid, escravidão sexual, direitos fundamentais.
prostituição forçada, esterilização, etc. São crimes de guer- Logo, a efetivação dos direitos sociais é uma meta a ser
ra: homicídio internacional, destruição de bens não justifi- alcançada pelo Estado em prol da consolidação da igual-
cada pela guerra, deportação, forçar um prisioneiro a servir dade material. Sendo assim, o Estado buscará o crescente
nas forças inimigas, etc.”. aperfeiçoamento da oferta de serviços públicos com quali-
dade para que todos os nacionais tenham garantidos seus
Direitos sociais direitos fundamentais de segunda dimensão da maneira
A Constituição Federal, dentro do Título II, aborda no mais plena possível.
capítulo II a categoria dos direitos sociais, em sua maioria Há se ressaltar também que o Estado não possui ape-
normas programáticas e que necessitam de uma postura nas um papel direto na promoção dos direitos econômicos,
interventiva estatal em prol da implementação. sociais e culturais, mas também um indireto, quando por
Os direitos assegurados nesta categoria encontram meio de sua gestão permite que os indivíduos adquiram
menção genérica no artigo 6º, CF: condições para sustentarem suas necessidades pertencen-
tes a esta categoria de direitos.
Artigo 6º, CF. Art. 6º São direitos sociais a educação, a
saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o transpor- 2) Reserva do possível e mínimo existencial
te, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção Os direitos sociais serão concretizados gradualmente,
à maternidade e à infância, a assistência aos desampa- notadamente porque estão previstos em normas progra-
rados, na forma desta Constituição.  máticas e porque a implementação deles gera um ônus
23 NEVES, Gustavo Bregalda. Direito Internacional Público & para o Estado. Diferentemente dos direitos individuais, que
Direito Internacional Privado. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. dependem de uma postura de abstenção estatal, os direi-
24 MELLO, Celso D. de Albuquerque. Curso de Direito Inter- tos sociais precisam que o Estado assuma um papel ativo
nacional Público. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2000. em prol da efetivação destes.

21
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A previsão excessiva de direitos sociais no bojo de uma Questão polêmica se refere à proibição do retrocesso:
Constituição, a despeito de um instante bem-intencionado se uma decisão judicial melhorar a efetivação de um direito
de palavras promovido pelo constituinte, pode levar à ne- social, ela se torna vinculante e é impossível ao legislador
gativa, paradoxal – e, portanto, inadmissível – consequên- alterar a Constituição para retirar este avanço? Por um lado,
cia de uma Carta Magna cujas finalidades não condigam a proibição do retrocesso merece ser tomada em conceito
com seus próprios prescritos, fato que deslegitima o Poder amplo, abrangendo inclusive decisões judiciais; por outro
Público como determinador de que particulares respeitem lado, a decisão judicial não tem por fulcro alterar a norma,
os direitos fundamentais, já que sequer eles próprios, os o que somente é feito pelo legislador, e ele teria o direito
administradores, conseguem cumprir o que consta de seu de prever que aquela decisão judicial não está incorporada
Estatuto Máximo25. na proibição do retrocesso. A questão é polêmica e não há
Tecnicamente, nos direitos sociais é possível invocar
entendimento dominante.
a cláusula da reserva do possível como argumento para a
não implementação de determinado direito social – seja
pela absoluta ausência de recursos (reserva do possível fá- 4) Direito individual do trabalho
tica), seja pela ausência de previsão orçamentária nos ter- O artigo 7º da Constituição enumera os direitos indi-
mos do artigo 167, CF (reserva do possível jurídica). viduais dos trabalhadores urbanos e rurais. São os direitos
O Ministro Celso de Mello afirmou em julgamento que individuais tipicamente trabalhistas, mas que não excluem
os direitos sociais “não pode converter-se em promessa os demais direitos fundamentais (ex.: honra é um direito no
constitucional inconsequente, sob pena de o Poder Públi- espaço de trabalho, sob pena de se incidir em prática de
co, fraudando justas expectativas nele depositadas pela co- assédio moral).
letividade, substituir, de maneira ilegítima, o cumprimento
de seu impostergável dever, por um gesto irresponsável de Artigo 7º, I, CF. Relação de emprego protegida contra
infidelidade governamental ao que determina a própria Lei despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de
Fundamental do Estado”26. lei complementar, que preverá indenização compensatória,
Sendo assim, a invocação da cláusula da reserva do dentre outros direitos.
possível, embora viável, não pode servir de muleta para
que o Estado não arque com obrigações básicas. Neste Significa que a demissão, se não for motivada por justa
viés, geralmente, quando invocada a cláusula é afastada, causa, assegura ao trabalhador direitos como indenização
entendendo o Poder Judiciário que não cabe ao Estado se compensatória, entre outros, a serem arcados pelo empre-
eximir de garantir direitos sociais com o simples argumen-
gador.
to de que não há orçamento específico para isso – ele de-
veria ter reservado parcela suficiente de suas finanças para
atender esta demanda. Artigo 7º, II, CF. Seguro-desemprego, em caso de de-
Com efeito, deve ser preservado o mínimo existencial, semprego involuntário.
que tem por fulcro limitar a discricionariedade político-ad-
ministrativa e estabelecer diretrizes orçamentárias básicas a Sem prejuízo de eventual indenização a ser recebida
serem seguidas, sob pena de caber a intervenção do Poder do empregador, o trabalhador que fique involuntariamente
Judiciário em prol de sua efetivação. desempregado – entendendo-se por desemprego invo-
luntário o que tenha origem num acordo de cessação do
3) Princípio da proibição do retrocesso contrato de trabalho – tem direito ao seguro-desemprego,
Proibição do retrocesso é a impossibilidade de que a ser arcado pela previdência social, que tem o caráter de
uma conquista garantida na Constituição Federal sofra um assistência financeira temporária.
retrocesso, de modo que um direito social garantido não
pode deixar de o ser. Artigo 7º, III, CF. Fundo de garantia do tempo de ser-
Conforme jurisprudência, a proibição do retrocesso viço.
deve ser tomada com reservas, até mesmo porque segun-
do entendimento predominante as normas do artigo 7º, Foi criado em 1967 pelo Governo Federal para pro-
CF não são cláusula pétrea, sendo assim passíveis de alte- teger o trabalhador demitido sem justa causa. O FGTS é
ração. Se for alterada normativa sobre direito trabalhista
constituído de contas vinculadas, abertas em nome de
assegurado no referido dispositivo, não sendo o prejuízo
cada trabalhador, quando o empregador efetua o primeiro
evidente, entende-se válida (por exemplo, houve alteração
do prazo prescricional diferenciado para os trabalhadores depósito. O saldo da conta vinculada é formado pelos de-
agrícolas). O que, em hipótese alguma, pode ser aceito é pósitos mensais efetivados pelo empregador, equivalentes
um retrocesso evidente, seja excluindo uma categoria de a 8,0% do salário pago ao empregado, acrescido de atua-
direitos (ex.: abolir o Sistema Único de Saúde), seja dimi- lização monetária e juros. Com o FGTS, o trabalhador tem
nuindo sensivelmente a abrangência da proteção (ex.: ex- a oportunidade de formar um patrimônio, que pode ser
cluindo o ensino médio gratuito). sacado em momentos especiais, como o da aquisição da
25 LAZARI, Rafael José Nadim de. Reserva do possível e mí- casa própria ou da aposentadoria e em situações de dificul-
nimo existencial: a pretensão de eficácia da norma constitucional em dades, que podem ocorrer com a demissão sem justa causa
face da realidade. Curitiba: Juruá, 2012, p. 56-57. ou em caso de algumas doenças graves.
26 RTJ 175/1212-1213, Rel. Min. CELSO DE MELLO.

22
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 7º, IV, CF. Salário mínimo, fixado em lei, nacio- O adicional noturno é devido para o trabalho exercido
nalmente unificado, capaz de atender a suas necessidades durante a noite, de modo que cada hora noturna sofre a re-
vitais básicas e às de sua família com moradia, alimenta- dução de 7 minutos e 30 segundos, ou ainda, é feito acrés-
ção, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, trans- cimo de 12,5% sobre o valor da hora diurna. Considera-se
porte e previdência social, com reajustes periódicos que noturno, nas atividades urbanas, o trabalho realizado entre
lhe preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vincula- as 22:00 horas de um dia às 5:00 horas do dia seguinte; nas
ção para qualquer fim. atividades rurais, é considerado noturno o trabalho execu-
T tado na lavoura entre 21:00 horas de um dia às 5:00 horas
rata-se de uma visível norma programática da Cons- do dia seguinte; e na pecuária, entre 20:00 horas às 4:00
tituição que tem por pretensão um salário mínimo que horas do dia seguinte.
atenda a todas as necessidades básicas de uma pessoa e
de sua família. Em pesquisa que tomou por parâmetro o Artigo 7º, X, CF. Proteção do salário na forma da lei,
preceito constitucional, detectou-se que “o salário mínimo constituindo crime sua retenção dolosa.
do trabalhador brasileiro deveria ter sido de R$ 2.892,47
em abril para que ele suprisse suas necessidades básicas e Quanto ao possível crime de retenção de salário, não
da família, segundo estudo divulgado nesta terça-feira, 07, há no Código Penal brasileiro uma norma que determina a
pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos ação de retenção de salário como crime. Apesar do artigo
Socioeconômicos (Dieese)”27. 7º, X, CF dizer que é crime a retenção dolosa de salário,
o dispositivo é norma de eficácia limitada, pois depende
Artigo 7º, V, CF. Piso salarial proporcional à extensão e de lei ordinária, ainda mais porque qualquer norma penal
à complexidade do trabalho. incriminadora é regida pela legalidade estrita (artigo 5º,
XXXIX, CF).
Cada trabalhador, dentro de sua categoria de empre-
go, seja ele professor, comerciário, metalúrgico, bancário, Artigo 7º, XI, CF. Participação nos lucros, ou resul-
tados, desvinculada da remuneração, e, excepcionalmente,
construtor civil, enfermeiro, recebe um salário base, chama-
participação na gestão da empresa, conforme definido em
do de Piso Salarial, que é sua garantia de recebimento den-
lei.
tro de seu grau profissional. O Valor do Piso Salarial é esta-
belecido em conformidade com a data base da categoria,
A Participação nos Lucros e Resultado (PLR), que é
por isso ele é definido em conformidade com um acordo,
conhecida também por Programa de Participação nos Re-
ou ainda com um entendimento entre patrão e trabalhador.
sultados (PPR), está prevista na Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT) desde a Lei nº 10.101, de 19 de dezembro
Artigo 7º, VI, CF. Irredutibilidade do salário, salvo o de 2000. Ela funciona como um bônus, que é ofertado pelo
disposto em convenção ou acordo coletivo. empregador e negociado com uma comissão de trabalha-
dores da empresa. A CLT não obriga o empregador a forne-
O salário não pode ser reduzido, a não ser que anão cer o benefício, mas propõe que ele seja utilizado.
redução implique num prejuízo maior, por exemplo, demis-
são em massa durante uma crise, situações que devem ser Artigo 7º, XII, CF. Salário-família pago em razão do
negociadas em convenção ou acordo coletivo. dependente do trabalhador de baixa renda nos termos da lei.
Artigo 7º, VII, CF. Garantia de salário, nunca inferior Salário-família é o benefício pago na proporção do
ao mínimo, para os que percebem remuneração variável. respectivo número de filhos ou equiparados de qualquer
condição até a idade de quatorze anos ou inválido de qual-
O salário mínimo é direito de todos os trabalhadores, quer idade, independente de carência e desde que o salá-
mesmo daqueles que recebem remuneração variável (ex.: rio-de-contribuição seja inferior ou igual ao limite máximo
baseada em comissões por venda e metas); permitido. De acordo com a Portaria Interministerial MPS/
MF nº 19, de 10/01/2014, valor do salário-família será de
Artigo 7º, VIII, CF. Décimo terceiro salário com base na R$ 35,00, por filho de até 14 anos incompletos ou inválido,
remuneração integral ou no valor da aposentadoria. para quem ganhar até R$ 682,50. Já para o trabalhador que
receber de R$ 682,51 até R$ 1.025,81, o valor do salário-
Também conhecido como gratificação natalina, foi ins- -família por filho de até 14 anos de idade ou inválido de
tituída no Brasil pela Lei nº 4.090/1962 e garante que o tra- qualquer idade será de R$ 24,66.
balhador receba o correspondente a 1/12 (um doze avos)
da remuneração por mês trabalhado, ou seja, consiste no Artigo 7º, XIII, CF. duração do trabalho normal não su-
pagamento de um salário extra ao trabalhador e ao apo- perior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
sentado no final de cada ano. facultada a compensação de horários e a redução da jorna-
da, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho.
Artigo 7º, IX, CF. Remuneração do trabalho noturno
superior à do diurno. Artigo 7º, XVI, CF. Remuneração do serviço extraor-
27 http://exame.abril.com.br/economia/noticias/salario-mini- dinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
mo-deveria-ter-sido-de-r-2-892-47-em-abril normal.

23
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A legislação trabalhista vigente estabelece que a du- O salário da trabalhadora em licença é chamado de
ração normal do trabalho, salvo os casos especiais, é de salário-maternidade, é pago pelo empregador e por ele
8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais, descontado dos recolhimentos habituais devidos à Previ-
no máximo. Todavia, poderá a jornada diária de trabalho dência Social. A trabalhadora pode sair de licença a partir
dos empregados maiores ser acrescida de horas suple- do último mês de gestação, sendo que o período de licen-
mentares, em número não excedentes a duas, no máximo, ça é de 120 dias. A Constituição também garante que, do
para efeito de serviço extraordinário, mediante acordo in- momento em que se confirma a gravidez até cinco meses
dividual, acordo coletivo, convenção coletiva ou sentença após o parto, a mulher não pode ser demitida.
normativa. Excepcionalmente, ocorrendo necessidade im-
periosa, poderá ser prorrogada além do limite legalmente Artigo 7º, XIX, CF. Licença-paternidade, nos termos fi-
permitido. A remuneração do serviço extraordinário, des- xados em lei.
de a promulgação da Constituição Federal, deverá cons-
tar, obrigatoriamente, do acordo, convenção ou sentença O homem tem direito a 5 dias de licença-paternidade
normativa, e será, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) para estar mais próximo do bebê recém-nascido e ajudar a
superior à da hora normal. mãe nos processos pós-operatórios.

Artigo 7º, XIV, CF. Jornada de seis horas para o traba- Artigo 7º, XX, CF. Proteção do mercado de trabalho da
lho realizado em turnos ininterruptos de revezamento, mulher, mediante incentivos específicos, nos termos da lei.
salvo negociação coletiva.
Embora as mulheres sejam maioria na população de
O constituinte ao estabelecer jornada máxima de 6 ho- 10 anos ou mais de idade, elas são minoria na população
ras para os turnos ininterruptos de revezamento, expres- ocupada, mas estão em maioria entre os desocupados.
samente ressalvando a hipótese de negociação coletiva, Acrescenta-se ainda, que elas são maioria também na po-
objetivou prestigiar a atuação da entidade sindical. Entre- pulação não economicamente ativa. Além disso, ainda há
tanto, a jurisprudência evoluiu para uma interpretação res- relevante diferença salarial entre homens e mulheres, sen-
tritiva de seu teor, tendo como parâmetro o fato de que do que os homens recebem mais porque os empregadores
o trabalho em turnos ininterruptos é por demais desgas- entendem que eles necessitam de um salário maior para
tante, penoso, além de trazer malefícios de ordem fisio- manter a família. Tais disparidades colocam em evidência
lógica para o trabalhador, inclusive distúrbios no âmbito que o mercado de trabalho da mulher deve ser protegido
psicossocial já que dificulta o convívio em sociedade e com de forma especial.
a própria família.
Artigo 7º, XXI, CF. Aviso prévio proporcional ao tem-
Artigo 7º, XV, CF. Repouso semanal remunerado, pre- po de serviço, sendo no mínimo de trinta dias, nos termos
ferencialmente aos domingos. da lei.

O Descanso Semanal Remunerado é de 24 (vinte e Nas relações de emprego, quando uma das partes de-
quatro) horas consecutivas, devendo ser concedido prefe- seja rescindir, sem justa causa, o contrato de trabalho por
rencialmente aos domingos, sendo garantido a todo traba- prazo indeterminado, deverá, antecipadamente, notificar
lhador urbano, rural ou doméstico. Havendo necessidade à outra parte, através do aviso prévio. O aviso prévio tem
de trabalho aos domingos, desde que previamente auto- por finalidade evitar a surpresa na ruptura do contrato de
rizados pelo Ministério do Trabalho, aos trabalhadores é trabalho, possibilitando ao empregador o preenchimento
assegurado pelo menos um dia de repouso semanal re- do cargo vago e ao empregado uma nova colocação no
munerado coincidente com um domingo a cada período, mercado de trabalho, sendo que o aviso prévio pode ser
dependendo da atividade (artigo 67, CLT). trabalhado ou indenizado.

Artigo 7º, XVII, CF. Gozo de férias anuais remuneradas Artigo 7º, XXII, CF. Redução dos riscos inerentes ao
com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal. trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segu-
rança.
O salário das férias deve ser superior em pelo menos
um terço ao valor da remuneração normal, com todos os Trata-se ao direito do trabalhador a um meio ambiente
adicionais e benefícios aos quais o trabalhador tem direi- do trabalho salubre. Fiorillo28 destaca que o equilíbrio do
to. A cada doze meses de trabalho – denominado período meio ambiente do trabalho está sedimentado na salubri-
aquisitivo – o empregado terá direito a trinta dias corridos dade e na ausência de agentes que possam comprometer
de férias, se não tiver faltado injustificadamente mais de a incolumidade físico-psíquica dos trabalhadores.
cinco vezes ao serviço (caso isso ocorra, os dias das férias
serão diminuídos de acordo com o número de faltas). Artigo 7º, XXIII, CF. Adicional de remuneração para as
atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da
Artigo 7º, XVIII, CF. Licença à gestante, sem prejuízo lei.
do emprego e do salário, com a duração de cento e vinte 28 FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de Direito Am-
dias. biental brasileiro. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2009, p. 21.

24
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Penoso é o trabalho acerbo, árduo, amargo, difícil, mo- de de o benefício ser estendido até os 6 anos de idade e
lesto, trabalhoso, incômodo, laborioso, doloroso, rude, que incluir o trabalhador homem. A duração do auxílio-creche
não é perigoso ou insalubre, mas penosa, exigindo atenção e o valor envolvido variarão conforme negociação coletiva
e vigilância acima do comum. Ainda não há na legislação na empresa.
específica previsão sobre o adicional de penosidade.
São consideradas atividades ou operações insalubres Artigo 7º, XXVI, CF. Reconhecimento das convenções e
as que se desenvolvem excesso de limites de tolerância acordos coletivos de trabalho.
para: ruído contínuo ou intermitente, ruídos de impacto,
exposição ao calor e ao frio, radiações, certos agentes quí- Neste dispositivo se funda o direito coletivo do tra-
micos e biológicos, vibrações, umidade, etc. O exercício de balho, que encontra regulamentação constitucional nos
trabalho em condições de insalubridade assegura ao traba- artigo 8º a 11 da Constituição. Pelas convenções e acor-
lhador a percepção de adicional, incidente sobre o salário dos coletivos, entidades representativas da categoria dos
base do empregado (súmula 228 do TST), ou previsão mais trabalhadores entram em negociação com as empresas na
benéfica em Convenção Coletiva de Trabalho, equivalen- defesa dos interesses da classe, assegurando o respeito aos
te a 40% (quarenta por cento), para insalubridade de grau direitos sociais;
máximo; 20% (vinte por cento), para insalubridade de grau
médio; 10% (dez por cento), para insalubridade de grau Artigo 7º, XXVII, CF. Proteção em face da automação,
mínimo. na forma da lei.
O adicional de periculosidade é um valor devido ao
empregado exposto a atividades perigosas. São conside- Trata-se da proteção da substituição da máquina pelo
radas atividades ou operações perigosas, aquelas que, por homem, que pode ser feita, notadamente, qualificando o
sua natureza ou métodos de trabalho, impliquem risco profissional para exercer trabalhos que não possam ser de-
acentuado em virtude de exposição permanente do tra- sempenhados por uma máquina (ex.: se criada uma máqui-
balhador a inflamáveis, explosivos ou energia elétrica; e a na que substitui o trabalhador, deve ser ele qualificado para
roubos ou outras espécies de violência física nas atividades que possa operá-la).
profissionais de segurança pessoal ou patrimonial. O valor
do adicional de periculosidade será o salário do empre- Artigo 7º, XXVIII, CF. Seguro contra acidentes de tra-
gado acrescido de 30%, sem os acréscimos resultantes de balho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização
gratificações, prêmios ou participações nos lucros da em- a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa.
presa.
O Tribunal Superior do Trabalho ainda não tem enten- Atualmente, é a Lei nº 8.213/91 a responsável por tratar
dimento unânime sobre a possibilidade de cumulação des- do assunto e em seus artigos 19, 20 e 21 apresenta a defi-
tes adicionais. nição de doenças e acidentes do trabalho. Não se trata de
legislação específica sobre o tema, mas sim de uma norma
Artigo 7º, XXIV, CF. Aposentadoria. que dispõe sobre as modalidades de benefícios da previ-
dência social. Referida Lei, em seu artigo 19 da preceitua
A aposentadoria é um benefício garantido a todo tra- que acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do
balhador brasileiro que pode ser usufruído por aquele que trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do traba-
tenha contribuído ao Instituto Nacional de Seguridade lho, provocando lesão corporal ou perturbação funcional
Social (INSS) pelos prazos estipulados nas regras da Previ- que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
dência Social e tenha atingido as idades mínimas previstas. temporária, da capacidade para o trabalho.
Aliás, o direito à previdência social é considerado um direi- Seguro de Acidente de Trabalho (SAT) é uma contri-
to social no próprio artigo 6º, CF. buição com natureza de tributo que as empresas pagam
para custear benefícios do INSS oriundos de acidente de
Artigo 7º, XXV, CF. Assistência gratuita aos filhos e trabalho ou doença ocupacional, cobrindo a aposentadoria
dependentes desde o nascimento até 5 (cinco) anos de ida- especial. A alíquota normal é de um, dois ou três por cen-
de em creches e pré-escolas. to sobre a remuneração do empregado, mas as empresas
que expõem os trabalhadores a agentes nocivos químicos,
Todo estabelecimento com mais de 30 funcionárias físicos e biológicos precisam pagar adicionais diferencia-
com mais de 16 anos tem a obrigação de oferecer um es- dos. Assim, quanto maior o risco, maior é a alíquota, mas
paço físico para que as mães deixem o filho de 0 a 6 meses, atualmente o Ministério da Previdência Social pode alterar
enquanto elas trabalham. Caso não ofereçam esse espaço a alíquota se a empresa investir na segurança do trabalho.
aos bebês, a empresa é obrigada a dar auxílio-creche a mu- Neste sentido, nada impede que a empresa seja res-
lher para que ela pague uma creche para o bebê de até 6 ponsabilizada pelos acidentes de trabalho, indenizando
meses. O valor desse auxílio será determinado conforme o trabalhador. Na atualidade entende-se que a possibili-
negociação coletiva na empresa (acordo da categoria ou dade de cumulação do benefício previdenciário, assim
convenção). A empresa que tiver menos de 30 funcionárias compreendido como prestação garantida pelo Estado ao
registradas não tem obrigação de conceder o benefício. É trabalhador acidentado (responsabilidade objetiva) com
facultativo (ela pode oferecer ou não). Existe a possibilida- a indenização devida pelo empregador em caso de culpa

25
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(responsabilidade subjetiva), é pacífica, estando ampla- Avulso é o trabalhador que presta serviço a várias em-
mente difundida na jurisprudência do Tribunal Superior do presas, mas é contratado por sindicatos e órgãos gestores
Trabalho; de mão-de-obra, possuindo os mesmos direitos que um
trabalhador com vínculo empregatício permanente.
Artigo 7º, XXIX, CF. Ação, quanto aos créditos resultan- A Emenda Constitucional nº 72/2013, conhecida como
tes das relações de trabalho, com prazo prescricional de PEC das domésticas, deu nova redação ao parágrafo único
cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o do artigo 7º:
limite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
balho. Artigo 7º, parágrafo único, CF. São assegurados à cate-
goria dos trabalhadores domésticos os direitos previstos
Prescrição é a perda da pretensão de buscar a tutela nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI,
jurisdicional para assegurar direitos violados. Sendo assim, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condições
há um período de tempo que o empregado tem para re- estabelecidas em lei e observada a simplificação do cum-
querer seu direito na Justiça do Trabalho. A prescrição tra- primento das obrigações tributárias, principais e acessórias,
balhista é sempre de 2 (dois) anos a partir do término do decorrentes da relação de trabalho e suas peculiaridades, os
contrato de trabalho, atingindo as parcelas relativas aos 5 previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV e XXVIII, bem como
(cinco) anos anteriores, ou de 05 (cinco) anos durante a a sua integração à previdência social. 
vigência do contrato de trabalho.
5) Direito coletivo do trabalho
Artigo 7º, XXX, CF. Proibição de diferença de salários, Os artigos 8º a 11 trazem os direitos sociais coletivos
de exercício de funções e de critério de admissão por motivo dos trabalhadores, que são os exercidos pelos trabalha-
de sexo, idade, cor ou estado civil. dores, coletivamente ou no interesse de uma coletivida-
de, quais sejam: associação profissional ou sindical, greve,
Há uma tendência de se remunerar melhor homens substituição processual, participação e representação clas-
brancos na faixa dos 30 anos que sejam casados, sendo
sista29.
patente a diferença remuneratória para com pessoas de
A liberdade de associação profissional ou sindical tem
diferente etnia, faixa etária ou sexo. Esta distinção atenta
escopo no artigo 8º, CF:
contra o princípio da igualdade e não é aceita pelo consti-
tuinte, sendo possível inclusive invocar a equiparação sala-
Art. 8º, CF. É livre a associação profissional ou sindi-
rial judicialmente.
cal, observado o seguinte:
Artigo 7º, XXXI, CF. Proibição de qualquer discrimina- I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
ção no tocante a salário e critérios de admissão do trabalha- a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão
dor portador de deficiência. competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a
intervenção na organização sindical;
A pessoa portadora de deficiência, dentro de suas li- II - é vedada a criação de mais de uma organização
mitações, possui condições de ingressar no mercado de sindical, em qualquer grau, representativa de categoria
trabalho e não pode ser preterida meramente por conta de profissional ou econômica, na mesma base territorial, que
sua deficiência. será definida pelos trabalhadores ou empregadores interes-
sados, não podendo ser inferior à área de um Município;
Artigo 7º, XXXII, CF. Proibição de distinção entre traba- III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
lho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
respectivos. questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembleia geral fixará a contribuição que, em
Os trabalhos manuais, técnicos e intelectuais são igual- se tratando de categoria profissional, será descontada em
mente relevantes e contribuem todos para a sociedade, folha, para custeio do sistema confederativo da representa-
não cabendo a desvalorização de um trabalho apenas por ção sindical respectiva, independentemente da contribuição
se enquadrar numa ou outra categoria. prevista em lei;
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
Artigo 7º, XXXIII, CF. proibição de trabalho noturno, filiado a sindicato;
perigoso ou insalubre a menores de dezoito e de qual- VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
quer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na negociações coletivas de trabalho;
condição de aprendiz, a partir de quatorze anos. VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
tado nas organizações sindicais;
Trata-se de norma protetiva do adolescente, estabele- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
cendo-se uma idade mínima para trabalho e proibindo-se zado a partir do registro da candidatura a cargo de direção
o trabalho em condições desfavoráveis. ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente,
até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta
Artigo 7º, XXXIV, CF. Igualdade de direitos entre o tra- grave nos termos da lei.
balhador com vínculo empregatício permanente e o tra- 29 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
balhador avulso. tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

26
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se Contudo, é exatamente por ser um direito que a na-
à organização de sindicatos rurais e de colônias de pes- cionalidade não pode ser uma obrigação, garantindo-se à
cadores, atendidas as condições que a lei estabelecer. pessoa o direito de deixar de ser nacional de um país e
passar a sê-lo de outro, mudando de nacionalidade, por
O direito de greve, por seu turno, está previsto no ar- um processo conhecido como naturalização.
tigo 9º, CF: Prevê a Declaração Universal dos Direitos Humanos em
seu artigo 15: “I) Todo homem tem direito a uma nacio-
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos nalidade. II) Ninguém será arbitrariamente privado de sua
trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade”.
sobre os interesses que devam por meio dele defender. A Convenção Americana sobre Direitos Humanos apro-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais funda-se em meios para garantir que toda pessoa tenha
e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis uma nacionalidade desde o seu nascimento ao adotar o
da comunidade. critério do jus solis, explicitando que ao menos a pessoa
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
terá a nacionalidade do território onde nasceu, quando não
penas da lei.
tiver direito a outra nacionalidade por previsões legais di-
versas.
A respeito, conferir a Lei nº 7.783/89, que dispõe so-
bre o exercício do direito de greve, define as atividades es- “Nacionalidade é um direito fundamental da pessoa
senciais, regula o atendimento das necessidades inadiáveis humana. Todos a ela têm direito. A nacionalidade de um
da comunidade, e dá outras providências. Enquanto não indivíduo não pode ficar ao mero capricho de um governo,
for disciplinado o direito de greve dos servidores públicos, de um governante, de um poder despótico, de decisões
esta é a legislação que se aplica, segundo o STF. unilaterais, concebidas sem regras prévias, sem o contra-
O direito de participação é previsto no artigo 10, CF: ditório, a defesa, que são princípios fundamentais de todo
sistema jurídico que se pretenda democrático. A questão
Artigo 10, CF. É assegurada a participação dos traba- não pode ser tratada com relativismos, uma vez que é mui-
lhadores e empregadores nos colegiados dos órgãos pú- to séria”30.
blicos em que seus interesses profissionais ou previdenciá- Não obstante, tem-se no âmbito constitucional e in-
rios sejam objeto de discussão e deliberação. ternacional a previsão do direito de asilo, consistente no
direito de buscar abrigo em outro país quando naquele do
Por fim, aborda-se o direito de representação classista qual for nacional estiver sofrendo alguma perseguição. Tal
no artigo 11, CF: perseguição não pode ter motivos legítimos, como a práti-
ca de crimes comuns ou de atos atentatórios aos princípios
Artigo 11, CF. Nas empresas de mais de duzentos em- das Nações Unidas, o que subverteria a própria finalidade
pregados, é assegurada a eleição de um representante desta proteção. Em suma, o que se pretende com o direi-
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o enten- to de asilo é evitar a consolidação de ameaças a direitos
dimento direto com os empregadores. humanos de uma pessoa por parte daqueles que deve-
riam protegê-los – isto é, os governantes e os entes sociais
Direitos de nacionalidade como um todo –, e não proteger pessoas que justamente
O capítulo III do Título II aborda a nacionalidade, que cometeram tais violações.
vem a ser corolário dos direitos políticos, já que somente
um nacional pode adquirir direitos políticos. 2) Naturalidade e naturalização
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga
O artigo 12 da Constituição Federal estabelece quem
um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que
são os nacionais brasileiros, dividindo-os em duas catego-
ele passe a integrar o povo daquele Estado, desfrutando
rias: natos e naturalizados. Percebe-se que naturalidade é
assim de direitos e obrigações.
Povo é o conjunto de nacionais. Por seu turno, povo diferente de nacionalidade – naturalidade é apenas o local
não é a mesma coisa que população. População é o con- de nascimento, nacionalidade é um efetivo vínculo com o
junto de pessoas residentes no país – inclui o povo, os es- Estado.
trangeiros residentes no país e os apátridas. Uma pessoa pode ser considerada nacional brasileira
tanto por ter nascido no território brasileiro quanto por
1) Nacionalidade como direito humano fundamen- voluntariamente se naturalizar como brasileiro, como se
tal percebe no teor do artigo 12, CF. O estrangeiro, num con-
Os direitos humanos internacionais são completamen- ceito tomado à base de exclusão, é todo aquele que não é
te contrários à ideia do apátrida – ou heimatlos –, que é o nacional brasileiro.
indivíduo que não possui o vínculo da nacionalidade com
nenhum Estado. Logo, a nacionalidade é um direito da pes- a) Brasileiros natos
soa humana, o qual não pode ser privado de forma arbitrá- Art. 12, CF. São brasileiros:
ria. Não há privação arbitrária quando respeitados os crité- I - natos:
rios legais previstos no texto constitucional no que tange à
30 VALVERDE, Thiago Pellegrini. Comentários aos artigos XV e
perda da nacionalidade. Em outras palavras, o constituinte XVI. In: BALERA, Wagner (Coord.). Comentários à Declaração Univer-
brasileiro não admite a figura do apátrida. sal dos Direitos do Homem. Brasília: Fortium, 2008, p. 87-88.

27
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, I - capacidade civil, segundo a lei brasileira;


ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam II - ser registrado como permanente no Brasil;
a serviço de seu país; III - residência contínua no território nacional, pelo
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou prazo mínimo de quatro anos, imediatamente anteriores
mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço ao pedido de naturalização;
da República Federativa do Brasil; IV - ler e escrever a língua portuguesa, consideradas as
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de condições do naturalizando;
mãe brasileira, desde que sejam registrados em reparti- V - exercício de profissão ou posse de bens suficientes à
ção brasileira competente ou venham a residir na Repú- manutenção própria e da família;
blica Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, VI - bom procedimento;
depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade bra- VII - inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação
sileira. no Brasil ou no exterior por crime doloso a que seja comi-
nada pena mínima de prisão, abstratamente considerada,
Tradicionalmente, são possíveis dois critérios para a superior a 1 (um) ano; e
atribuição da nacionalidade primária – nacional nato –, VIII - boa saúde.
notadamente: ius soli, direito de solo, o nacional nascido
em território do país independentemente da nacionalidade Destaque vai para o requisito da residência contínua.
dos pais; e ius sanguinis, direito de sangue, que não depen- Em regra, o estrangeiro precisa residir no país por 4 anos
de do local de nascimento mas sim da descendência de um contínuos, conforme o inciso III do referido artigo 112. No
nacional do país (critério comum em países que tiveram entanto, por previsão constitucional do artigo 12, II, “a”, se
êxodo de imigrantes). o estrangeiro foi originário de país com língua portuguesa
O brasileiro nato, primeiramente, é aquele que nasce o prazo de residência contínua é reduzido para 1 ano. Daí
no território brasileiro – critério do ius soli, ainda que fi- se afirmar que o constituinte estabeleceu a naturalização
lho de pais estrangeiros, desde que não sejam estrangeiros ordinária no artigo 12, II, “b” e a naturalização extraordiná-
que estejam a serviço de seu país ou de organismo inter- ria no artigo 12, II, “a”.
nacional (o que geraria um conflito de normas). Contudo, Outra diferença sensível é que à naturalização ordinária
também é possível ser brasileiro nato ainda que não se te- se aplica o artigo 121 do Estatuto do Estrangeiro, segun-
nha nascido no território brasileiro. do o qual “a satisfação das condições previstas nesta Lei
No entanto, a Constituição reconhece o brasileiro nato não assegura ao estrangeiro direito à naturalização”. Logo,
também pelo critério do ius sanguinis. Se qualquer dos pais na naturalização ordinária não há direito subjetivo à na-
estiver a serviço do Brasil, é considerado brasileiro nato, turalização, mesmo que preenchidos todos os requisitos.
mesmo que nasça em outro país. Se qualquer dos pais não Trata-se de ato discricionário do Ministério da Justiça. O
estiverem a serviço do Brasil e a pessoa nascer no exte- mesmo não vale para a naturalização extraordinária, quan-
rior é exigido que o nascido do exterior venha ao território do há direito subjetivo, cabendo inclusive a busca do Poder
brasileiro e aqui resida ou que tenha sido registrado em Judiciário para fazê-lo valer31.
repartição competente, caso em que poderá, aos 18 anos,
manifestar-se sobre desejar permanecer com a nacionali- c) Tratamento diferenciado
dade brasileira ou não. A regra é que todo nacional brasileiro, seja ele nato ou
naturalizado, deverá receber o mesmo tratamento. Neste
b) Brasileiros naturalizados sentido, o artigo 12, § 2º, CF:

Art. 12, CF. São brasileiros: [...] Artigo 12, §2º, CF. A lei não poderá estabelecer distin-
II - naturalizados: ção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos ca-
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalida- sos previstos nesta Constituição.
de brasileira, exigidas aos originários de países de língua
portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto Percebe-se que a Constituição simultaneamente esta-
e idoneidade moral; belece a não distinção e se reserva ao direito de estabele-
b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade, resi- cer as hipóteses de distinção.
dentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze Algumas destas hipóteses de distinção já se encontram
anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que enumeradas no parágrafo seguinte.
requeiram a nacionalidade brasileira.
Artigo 12, § 3º, CF. São privativos de brasileiro nato
A naturalização deve ser voluntária e expressa. os cargos:
O Estatuto do Estrangeiro, Lei nº 6.815/1980, rege a I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
questão da naturalização em mais detalhes, prevendo no II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
artigo 112: III - de Presidente do Senado Federal;
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Art. 112, Lei nº 6.815/1980. São condições para a con- 31 FARIA, Cássio Juvenal. Notas pessoais tomadas em
cessão da naturalização: teleconferência.

28
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - da carreira diplomática; A respeito do inciso I do §4º do artigo 12, a Lei nº 818,


VI - de oficial das Forças Armadas; de 18 de setembro de 1949 regula a aquisição, a perda e
VII - de Ministro de Estado da Defesa. a reaquisição da nacionalidade, e a perda dos direitos po-
líticos. No processo deve ser respeitado o contraditório e
A lógica do dispositivo é a de que qualquer pessoa no a iniciativa de propositura é do Procurador da República.
exercício da presidência da República ou de cargo que pos- No que tange ao inciso II do parágrafo em estudo,
sa levar a esta posição provisoriamente deve ser natural do percebe-se a aceitação da figura do polipátrida. Na alínea
país (ausente o Presidente da República, seu vice-presiden- “a” aceita-se que a pessoa tenha nacionalidade brasileira
te desempenha o cargo; ausente este assume o Presiden- e outra se ao seu nascimento tiver adquirido simultanea-
te da Câmara; também este ausente, em seguida, exerce mente a nacionalidade do Brasil e outro país; na alínea “b”
o cargo o Presidente do Senado; e, por fim, o Presidente é reconhecida a mesma situação se a aquisição da nacio-
do Supremo pode assumir a presidência na ausência dos nalidade do outro país for uma exigência para continuar
anteriores – e como o Presidente do Supremo é escolhido lá permanecendo ou exercendo seus direitos civis, pois se
num critério de revezamento nenhum membro pode ser assim não o fosse o brasileiro seria forçado a optar por uma
naturalizado); ou a de que o cargo ocupado possui forte nacionalidade e, provavelmente, se ver privado da naciona-
impacto em termos de representação do país ou de segu- lidade brasileira.
rança nacional.
Outras exceções são: não aceitação, em regra, de brasi- 5) Deportação, expulsão e entrega
leiro naturalizado como membro do Conselho da Repúbli- A deportação representa a devolução compulsória de
ca (artigos 89 e 90, CF); impossibilidade de ser proprietário um estrangeiro que tenha entrado ou esteja de forma ir-
de empresa jornalística, de radiodifusão sonora e imagens, regular no território nacional, estando prevista na Lei nº
salvo se já naturalizado há 10 anos (artigo 222, CF); possi- 6.815/1980, em seus artigos 57 e 58. Neste caso, não hou-
bilidade de extradição do brasileiro naturalizado que tenha ve prática de qualquer ato nocivo ao Brasil, havendo, pois,
praticado crime comum antes da naturalização ou, depois mera irregularidade de visto.
dela, crime de tráfico de drogas (artigo 5º, LI, CF). A expulsão é a retirada “à força” do território brasi-
leiro de um estrangeiro que tenha praticado atos tipifica-
3) Quase-nacionalidade: caso dos portugueses dos no artigo 65 e seu parágrafo único, ambos da Lei nº
Nos termos do artigo 12, § 1º, CF: 6.815/1980:

Artigo 12, §1º, CF. Aos portugueses com residência Art. 65, Lei nº 6.815/1980. É passível de expulsão o es-
permanente no País, se houver reciprocidade em favor de trangeiro que, de qualquer forma, atentar contra a seguran-
brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao bra- ça nacional, a ordem política ou social, a tranquilidade ou
sileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição. moralidade pública e a economia popular, ou cujo proce-
dimento o torne nocivo à conveniência e aos interesses na-
É uma regra que só vale se os brasileiros receberem o cionais.
mesmo tratamento, questão regulamentada pelo Tratado Parágrafo único. É passível, também, de expulsão o es-
de Amizade, Cooperação e Consulta entre a República trangeiro que:
Federativa do Brasil e a República Portuguesa, assinado em a) praticar fraude a fim de obter a sua entrada ou per-
22 de abril de 2000 (Decreto nº 3.927/2001). manência no Brasil;
As vantagens conferidas são: igualdade de direitos ci- b) havendo entrado no território nacional com infração
vis, não sendo considerado um estrangeiro; gozo de direi- à lei, dele não se retirar no prazo que lhe for determinado
tos políticos se residir há 3 anos no país, autorizando-se para fazê-lo, não sendo aconselhável a deportação;
o alistamento eleitoral. No caso de exercício dos direitos c) entregar-se à vadiagem ou à mendicância; ou
políticos nestes moldes, os direitos desta natureza ficam d) desrespeitar proibição especialmente prevista em lei
suspensos no outro país, ou seja, não exerce simultanea- para estrangeiro.
mente direitos políticos nos dois países.
A entrega (ou surrender) consiste na submissão de um
4) Perda da nacionalidade nacional a um tribunal internacional do qual o próprio país
Artigo 12, § 4º, CF. Será declarada a perda da nacio- faz parte. É o que ocorreria, por exemplo, se o Brasil en-
nalidade do brasileiro que: tregasse um brasileiro para julgamento pelo Tribunal Penal
I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença ju- Internacional (competência reconhecida na própria Consti-
dicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; tuição no artigo 5º, §4º).
II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela 6) Extradição
lei estrangeira; A extradição é ato diverso da deportação, da expulsão
b) de imposição de naturalização, pela norma estrangei- e da entrega. Extradição é um ato de cooperação interna-
ra, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como con- cional que consiste na entrega de uma pessoa, acusada ou
dição para permanência em seu território ou para o exercício condenada por um ou mais crimes, ao país que a reclama.
de direitos civis. O Brasil, sob hipótese alguma, extraditará brasileiros natos

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mas quanto aos naturalizados assim permite caso tenham tante no modelo da democracia indireta. Ou ainda, sufrá-
praticado crimes comuns (exceto crimes políticos e/ou de gio universal é o direito de todos cidadãos de votar e ser
opinião) antes da naturalização, ou, mesmo depois da na- votado. O voto, que é o ato pelo qual se exercita o sufrágio,
turalização, em caso de envolvimento com o tráfico ilícito deverá ser direto e secreto.
de entorpecentes (artigo 5º, LI e LII, CF). Para ter capacidade passiva é necessário ter a ativa,
Aplicam-se os seguintes princípios à extradição: mas não apenas isso, há requisitos adicionais. Sendo assim,
a) Princípio da Especialidade: Significa que o estrangei- nem toda pessoa que tem capacidade ativa tem também
ro só pode ser julgado pelo Estado requerente pelo crime capacidade passiva, embora toda pessoa que tenha capaci-
objeto do pedido de extradição. O importante é que o ex- dade passiva tenha necessariamente a ativa.
traditado só seja submetido às penas relativas aos crimes
que foram objeto do pedido de extradição. 2) Democracia direta e indireta
b) Princípio da Dupla Punibilidade: O fato praticado Art. 14, CF. A soberania popular será exercida pelo su-
deve ser punível no Estado requerente e no Brasil. Logo, frágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
além do fato ser típico em ambos os países, deve ser puní- para todos, e, nos termos da lei, mediante:
vel em ambos (se houve prescrição em algum dos países, p. I - plebiscito;
ex., não pode ocorrer a extradição). II - referendo;
c) Princípio da Retroatividade dos Tratados: O fato de III - iniciativa popular.
um tratado de extradição entre dois países ter sido cele-
brado após a ocorrência do crime não impede a extradição. A democracia brasileira adota a modalidade semidire-
d) Princípio da Comutação da Pena (Direitos Humanos): ta, porque possibilita a participação popular direta no po-
Se o crime for apenado por qualquer das penas vedadas der por intermédio de processos como o plebiscito, o refe-
pelo artigo 5º, XLVII da CF, a extradição não será autoriza- rendo e a iniciativa popular. Como são hipóteses restritas,
da, salvo se houver a comutação da pena, transformação pode-se afirmar que a democracia indireta é predominan-
para uma pena aceita no Brasil. temente adotada no Brasil, por meio do sufrágio univer-
sal e do voto direto e secreto com igual valor para todos.
7) Idioma e símbolos Quanto ao voto direto e secreto, trata-se do instrumento
Art. 13, CF. A língua portuguesa é o idioma oficial da
para o exercício da capacidade ativa do sufrágio universal.
República Federativa do Brasil.
Por seu turno, o que diferencia o plebiscito do refe-
§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
rendo é o momento da consulta à população: no plebis-
bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
cito, primeiro se consulta a população e depois se toma a
§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
decisão política; no referendo, primeiro se toma a decisão
poderão ter símbolos próprios.
política e depois se consulta a população. Embora os dois
Idioma é a língua falada pela população, que confere partam do Congresso Nacional, o plebiscito é convocado,
caráter diferenciado em relação à população do resto do ao passo que o referendo é autorizado (art. 49, XV, CF), am-
mundo. Sendo assim, é manifestação social e cultural de bos por meio de decreto legislativo. O que os assemelha é
uma nação. que os dois são “formas de consulta ao povo para que de-
Os símbolos, por sua vez, representam a imagem da libere sobre matéria de acentuada relevância, de natureza
nação e permitem o seu reconhecimento nacional e inter- constitucional, legislativa ou administrativa”32.
nacionalmente. Na iniciativa popular confere-se à população o poder
Por esta intrínseca relação com a nacionalidade, a pre- de apresentar projeto de lei à Câmara dos Deputados,
visão é feito dentro do capítulo do texto constitucional que mediante assinatura de 1% do eleitorado nacional, distri-
aborda o tema. buído por 5 Estados no mínimo, com não menos de 0,3%
dos eleitores de cada um deles. Em complemento, prevê o
Direitos políticos artigo 61, §2°, CF:
Como mencionado, a nacionalidade é corolário dos di-
reitos políticos, já que somente um nacional pode adquirir Art. 61, § 2º, CF. A iniciativa popular pode ser exercida
direitos políticos. No entanto, nem todo nacional é titular pela apresentação à Câmara dos Deputados de projeto de lei
de direitos políticos. Os nacionais que são titulares de direi- subscrito por, no mínimo, um por cento do eleitorado nacio-
tos políticos são denominados cidadãos. Significa afirmar nal, distribuído pelo menos por cinco Estados, com não me-
que nem todo nacional brasileiro é um cidadão brasileiro, nos de três décimos por cento dos eleitores de cada um deles.
mas somente aquele que for titular do direito de sufrágio
universal. 3) Obrigatoriedade do alistamento eleitoral e do
voto
1) Sufrágio universal O alistamento eleitoral e o voto para os maiores de de-
A primeira parte do artigo 14, CF, prevê que “a sobera- zoito anos são, em regra, obrigatórios. Há facultatividade
nia popular será exercida pelo sufrágio universal [...]”. para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os
Sufrágio universal é a soma de duas capacidades elei- maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
torais, a capacidade ativa – votar e exercer a democracia 32 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
direta – e a capacidade passiva – ser eleito como represen- tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 14, § 1º, CF. O alistamento eleitoral e o voto são: A filiação partidária implica no lançamento da candi-
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; datura por um partido político, não se aceitando a filiação
II - facultativos para: avulsa.
a) os analfabetos; Finalmente, o §3º do artigo 14, CF, coloca o requisi-
b) os maiores de setenta anos; to etário, com faixa etária mínima para o desempenho de
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. cada uma das funções, a qual deve ser auferida na data da
posse.
No mais, esta obrigatoriedade se aplica aos nacionais
brasileiros, já que, nos termos do artigo 14, §2º, CF: 5) Inelegibilidade
Atender às condições de elegibilidade é necessário
Artigo 14, §2º, CF. Não podem alistar-se como eleitores para poder ser eleito, mas não basta. Além disso, é preciso
os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obri- não se enquadrar em nenhuma das hipóteses de inelegi-
gatório, os conscritos. bilidade.
A inelegibilidade pode ser absoluta ou relativa. Na
Quanto aos conscritos, são aqueles que estão prestan- absoluta, são atingidos todos os cargos; nas relativas, são
do serviço militar obrigatório, pois são necessárias tropas atingidos determinados cargos.
disponíveis para os dias da eleição.
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os
4) Elegibilidade analfabetos.
O artigo 14, §§ 3º e 4º, CF, descrevem as condições de
elegibilidade, ou seja, os requisitos que devem ser preen- O artigo 14, §4º, CF traz duas hipóteses de inelegibili-
chidos para que uma pessoa seja eleita, no exercício de sua dade, que são absolutas, atingem todos os cargos. Para ser
capacidade passiva do sufrágio universal. elegível é preciso ser alfabetizado (os analfabetos têm a
faculdade de votar, mas não podem ser votados) e é preci-
Artigo 14, § 3º, CF. São condições de elegibilidade, na so possuir a capacidade eleitoral ativa – poder votar (inalis-
táveis são aqueles que não podem tirar o título de eleitor,
forma da lei:
portanto, não podem votar, notadamente: os estrangeiros
I - a nacionalidade brasileira;
e os conscritos durante o serviço militar obrigatório).
II - o pleno exercício dos direitos políticos;
III - o alistamento eleitoral;
Artigo 14, §5º, CF. O Presidente da República, os
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos
V - a filiação partidária;
e quem os houver sucedido, ou substituído no curso dos
VI - a idade mínima de:
mandatos poderão ser reeleitos para um único período sub-
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
sequente.
da República e Senador;
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de Descreve-se no dispositivo uma hipótese de inelegibili-
Estado e do Distrito Federal; dade relativa. Se um Chefe do Poder Executivo de qualquer
c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado das esferas for substituído por seu vice no curso do man-
Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz; dato, este vice somente poderá ser eleito para um período
d) dezoito anos para Vereador. subsequente.
Ex.: Governador renuncia ao mandato no início do seu
Artigo 14, § 4º, CF. São inelegíveis os inalistáveis e os último ano de governo para concorrer ao Senado Federal e
analfabetos. é substituído pelo seu vice-governador. Se este se candida-
tar e for eleito, não poderá ao final deste mandato se ree-
Dos incisos I a III denotam-se requisitos correlatos à leger. Isto é, se o mandato o candidato renuncia no início
nacionalidade e à titularidade de direitos políticos. Logo, de 2010 o seu mandato de 2007-2010, assumindo o vice
para ser eleito é preciso ser cidadão. em 2010, poderá este se candidatar para o mandato 2011-
O domicílio eleitoral é o local onde a pessoa se alista 2014, mas caso seja eleito não poderá se reeleger para o
como eleitor e, em regra, é no município onde reside, mas mandato 2015-2018 no mesmo cargo. Foi o que aconteceu
pode não o ser caso analisados aspectos como o vínculo com o ex-governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia,
de afeto com o local (ex.: Presidente Dilma vota em Porto que assumiu em 2010 no lugar de Aécio Neves o governo
Alegre – RS, embora resida em Brasília – DF). Sendo assim, do Estado de Minas Gerais e foi eleito governador entre
para se candidatar a cargo no município, deve ter domi- 2011 e 2014, mas não pode se candidatar à reeleição, con-
cílio eleitoral nele; para se candidatar a cargo no estado, correndo por isso a uma vaga no Senado Federal.
deve ter domicílio eleitoral em um de seus municípios; para
se candidatar a cargo nacional, deve ter domicílio eleitoral Artigo 14, §6º, CF. Para concorrerem a outros cargos,
em uma das unidades federadas do país. Aceita-se a trans- o Presidente da República, os Governadores de Estado e do
ferência do domicílio eleitoral ao menos 1 ano antes das Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respecti-
eleições. vos mandatos até seis meses antes do pleito.

31
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

São inelegíveis absolutamente, para quaisquer car- Art. 1º, Lei Complementar nº 64/1990. São inelegíveis:
gos, os chefes do Executivo que não renunciarem aos seus I - para qualquer cargo:
mandatos até seis meses antes do pleito eleitoral, antes das a) os inalistáveis e os analfabetos;
eleições. Ex.: Se a eleição aconteceu em 05/10/2014, neces- b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias
sário que tivesse renunciado até 04/04/2014. Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Munici-
pais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infrin-
Artigo 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de ju- gência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Consti-
risdição do titular, o cônjuge e os parentes consanguíneos tuição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de
ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presiden- mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos
te da República, de Governador de Estado ou Território, do Municípios e do Distrito Federal, para as eleições que se rea-
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído lizarem durante o período remanescente do mandato para o
dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao término
de mandato eletivo e candidato à reeleição. da legislatura;
d) os que tenham contra sua pessoa representação jul-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos, gada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada
cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o se- em julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de
gundo grau ou por adoção, dos Chefes do Executivo ou de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a
quem os tenha substituído ao final do mandato, a não ser eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem
que seja já titular de mandato eletivo e candidato à reelei- como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
ção. (Redação dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
e) os que forem condenados, em decisão transitada em
Artigo 14, §8º, CF. O militar alistável é elegível, julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
atendidas as seguintes condições: condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- o cumprimento da pena, pelos crimes: (Redação dada pela
Lei Complementar nº 135, de 2010)
tar-se da atividade;
1. contra a economia popular, a fé pública, a administra-
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado
ção pública e o patrimônio público; (Incluído pela Lei Com-
pela autoridade superior e, se eleito, passará automatica-
plementar nº 135, de 2010)
mente, no ato da diplomação, para a inatividade.
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o
mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falên-
São inelegíveis absolutamente, para quaisquer cargos,
cia; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
os militares que não podem se alistar ou os que podem,
3. contra o meio ambiente e a saúde pública; (Incluído
mas não preenchem as condições do §8º do artigo 14, CF,
pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
ou seja, se não se afastar da atividade caso trabalhe há me- 4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de
nos de 10 anos, se não for agregado pela autoridade supe- liberdade; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
rior (suspenso do exercício das funções por sua autoridade 5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver
sem prejuízo de remuneração) caso trabalhe há mais de condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exer-
10 anos (sendo que a eleição passa à condição de inativo). cício de função pública; (Incluído pela Lei Complementar nº
135, de 2010)
Artigo 14, §9º, CF. Lei complementar estabelecerá ou- 6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
tros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade 7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo,
para exercício de mandato considerada vida pregressa do tortura, terrorismo e hediondos;
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições con- 8. de redução à condição análoga à de escravo; (Incluído
tra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
de função, cargo ou emprego na administração direta ou 9. contra a vida e a dignidade sexual; e (Incluído pela Lei
indireta. Complementar nº 135, de 2010)
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou
O rol constitucional de inelegibilidades dos parágrafos bando; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
do artigo 14 não é taxativo, pois lei complementar pode f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou
estabelecer outros casos, tanto de inelegibilidades absolu- com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; (Redação
tas como de inelegibilidades relativas. Neste sentido, a Lei dada pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Complementar nº 64, de 18 de maio de 1990, estabelece g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de
casos de inelegibilidade, prazos de cessação, e determina cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade in-
outras providências. Esta lei foi alterada por aquela que fi- sanável que configure ato doloso de improbidade adminis-
cou conhecida como Lei da Ficha Limpa, Lei Complementar trativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo
nº 135, de 04 de junho de 2010, principalmente em seu se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judi-
artigo 1º, que segue. ciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos
seguintes, contados a partir da data da decisão, aplicando-se

32
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a o) os que forem demitidos do serviço público em decor-
todos os ordenadores de despesa, sem exclusão de manda- rência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de
tários que houverem agido nessa condição; (Redação dada 8 (oito) anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei
h) os detentores de cargo na administração pública di- Complementar nº 135, de 2010)
reta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a ter- p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas res-
ceiros, pelo abuso do poder econômico ou político, que forem ponsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
condenados em decisão transitada em julgado ou proferida transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da
por órgão judicial colegiado, para a eleição na qual concor- Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
rem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se observando-se o procedimento previsto no art. 22; (Incluído
realizarem nos 8 (oito) anos seguintes; (Redação dada pela pela Lei Complementar nº 135, de 2010)
Lei Complementar nº 135, de 2010) q) os magistrados e os membros do Ministério Público
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento que forem aposentados compulsoriamente por decisão san-
ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de pro- cionatória, que tenham perdido o cargo por sentença ou que
cesso de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na
nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, car- pendência de processo administrativo disciplinar, pelo prazo
go ou função de direção, administração ou representação, de 8 (oito) anos; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de
enquanto não forem exonerados de qualquer responsabili- 2010)
dade; II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
j) os que forem condenados, em decisão transitada em a) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente
julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, de seus cargos e funções:
por corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por 1. os Ministros de Estado:
doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha 2. os chefes dos órgãos de assessoramento direto, civil e
ou por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas militar, da Presidência da República;
eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diplo- 3. o chefe do órgão de assessoramento de informações
ma, pelo prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição; (Incluído da Presidência da República;
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) 4. o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e
5. o Advogado-Geral da União e o Consultor-Geral da
do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Na-
República;
cional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa,
6. os chefes do Estado-Maior da Marinha, do Exército e
das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos
da Aeronáutica;
desde o oferecimento de representação ou petição capaz de
7. os Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica;
autorizar a abertura de processo por infringência a dispositi-
8. os Magistrados;
vo da Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei
9. os Presidentes, Diretores e Superintendentes de autar-
Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Muni-
quias, empresas públicas, sociedades de economia mista e
cípio, para as eleições que se realizarem durante o período
remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 fundações públicas e as mantidas pelo poder público;
(oito) anos subsequentes ao término da legislatura; (Incluído 10. os Governadores de Estado, do Distrito Federal e de
pela Lei Complementar nº 135, de 2010) Territórios;
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos 11. os Interventores Federais;
políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida 12. os Secretários de Estado;
por órgão judicial colegiado, por ato doloso de improbidade 13. os Prefeitos Municipais;
administrativa que importe lesão ao patrimônio público e 14. os membros do Tribunal de Contas da União, dos
enriquecimento ilícito, desde a condenação ou o trânsito em Estados e do Distrito Federal;
julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o 15. o Diretor-Geral do Departamento de Polícia Federal;
cumprimento da pena; (Incluído pela Lei Complementar nº 16. os Secretários-Gerais, os Secretários-Executivos, os
135, de 2010) Secretários Nacionais, os Secretários Federais dos Ministérios
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por e as pessoas que ocupem cargos equivalentes;
decisão sancionatória do órgão profissional competente, em b) os que tenham exercido, nos 6 (seis) meses anteriores
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 à eleição, nos Estados, no Distrito Federal, Territórios e em
(oito) anos, salvo se o ato houver sido anulado ou suspenso qualquer dos poderes da União, cargo ou função, de nomea-
pelo Poder Judiciário; (Incluído pela Lei Complementar nº ção pelo Presidente da República, sujeito à aprovação prévia
135, de 2010) do Senado Federal;
n) os que forem condenados, em decisão transitada em c) (Vetado);
julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem
de terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
de união estável para evitar caracterização de inelegibilida- lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas
de, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais,
a fraude; (Incluído pela Lei Complementar nº 135, de 2010) ou para aplicar multas relacionadas com essas atividades;

33
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tenham 3. os diretores de órgãos estaduais ou sociedades de as-
exercido cargo ou função de direção, administração ou re- sistência aos Municípios;
presentação nas empresas de que tratam os arts. 3° e 5° da 4. os secretários da administração municipal ou mem-
Lei n° 4.137, de 10 de setembro de 1962, quando, pelo âm- bros de órgãos congêneres;
bito e natureza de suas atividades, possam tais empresas IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
influir na economia nacional; a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
f) os que, detendo o controle de empresas ou grupo de os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente
empresas que atuem no Brasil, nas condições monopolísti- da República, Governador e Vice-Governador de Estado e do
cas previstas no parágrafo único do art. 5° da lei citada na Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para
alínea anterior, não apresentarem à Justiça Eleitoral, até 6 a desincompatibilização;
(seis) meses antes do pleito, a prova de que fizeram cessar o b) os membros do Ministério Público e Defensoria Públi-
abuso apurado, do poder econômico, ou de que transferiram, ca em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores
por força regular, o controle de referidas empresas ou grupo ao pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
de empresas; c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercí-
g) os que tenham, dentro dos 4 (quatro) meses ante- cio no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
riores ao pleito, ocupado cargo ou função de direção, ad- V - para o Senado Federal:
ministração ou representação em entidades representativas a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Pre-
de classe, mantidas, total ou parcialmente, por contribuições sidente da República especificados na alínea a do inciso II
impostas pelo poder Público ou com recursos arrecadados e deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se tratar
repassados pela Previdência Social; de repartição pública, associação ou empresa que opere no
h) os que, até 6 (seis) meses depois de afastados das fun- território do Estado, observados os mesmos prazos;
ções, tenham exercido cargo de Presidente, Diretor ou Supe- b) em cada Estado e no Distrito Federal, os inelegíveis
rintendente de sociedades com objetivos exclusivos de ope- para os cargos de Governador e Vice-Governador, nas mes-
rações financeiras e façam publicamente apelo à poupança mas condições estabelecidas, observados os mesmos prazos;
e ao crédito, inclusive através de cooperativas e da empresa VI - para a Câmara dos Deputados, Assembleia Legis-
ou estabelecimentos que gozem, sob qualquer forma, de
lativa e Câmara Legislativa, no que lhes for aplicável, por
vantagens asseguradas pelo poder público, salvo se decor-
identidade de situações, os inelegíveis para o Senado Federal,
rentes de contratos que obedeçam a cláusulas uniformes;
nas mesmas condições estabelecidas, observados os mesmos
i) os que, dentro de 6 (seis) meses anteriores ao pleito,
prazos;
hajam exercido cargo ou função de direção, administração
VII - para a Câmara Municipal:
ou representação em pessoa jurídica ou em empresa que
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações,
mantenha contrato de execução de obras, de prestação de
os inelegíveis para o Senado Federal e para a Câmara dos
serviços ou de fornecimento de bens com órgão do Poder
Deputados, observado o prazo de 6 (seis) meses para a desin-
Público ou sob seu controle, salvo no caso de contrato que
obedeça a cláusulas uniformes; compatibilização;
j) os que, membros do Ministério Público, não se tenham b) em cada Município, os inelegíveis para os cargos de
afastado das suas funções até 6 (seis) meses anteriores ao Prefeito e Vice-Prefeito, observado o prazo de 6 (seis) meses
pleito; para a desincompatibilização .
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não, dos § 1° Para concorrência a outros cargos, o Presidente da
órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos
dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder até 6 (seis) meses antes do pleito.
Público, não se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao § 2° O Vice-Presidente, o Vice-Governador e o Vice-
pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos Prefeito poderão candidatar-se a outros cargos, preservando
integrais; os seus mandatos respectivos, desde que, nos últimos 6
III - para Governador e Vice-Governador de Estado e do (seis) meses anteriores ao pleito, não tenham sucedido ou
Distrito Federal; substituído o titular.
a) os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice- § 3° São inelegíveis, no território de jurisdição do titular,
-Presidente da República especificados na alínea a do inciso o cônjuge e os parentes, consanguíneos ou afins, até o
II deste artigo e, no tocante às demais alíneas, quando se segundo grau ou por adoção, do Presidente da República,
tratar de repartição pública, associação ou empresas que de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal,
operem no território do Estado ou do Distrito Federal, obser- de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
vados os mesmos prazos; 6 (seis) meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
b) até 6 (seis) meses depois de afastados definitivamente mandato eletivo e candidato à reeleição.
de seus cargos ou funções: § 4º A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I
1. os chefes dos Gabinetes Civil e Militar do Governador deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles
do Estado ou do Distrito Federal; definidos em lei como de menor potencial ofensivo,
2. os comandantes do Distrito Naval, Região Militar e nem aos crimes de ação penal privada. (Incluído pela Lei
Zona Aérea; Complementar nº 135, de 2010)

34
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 5º A renúncia para atender à desincompatibilização A cassação de direitos políticos, consistente na retirada


com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção dos direitos políticos por ato unilateral do poder público,
de mandato não gerará a inelegibilidade prevista na sem observância dos princípios elencados no artigo 5º, LV,
alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude CF (ampla defesa e contraditório), é um procedimento que
ao disposto nesta Lei Complementar. (Incluído pela Lei só existe nos governos ditatoriais e que é absolutamente
Complementar nº 135, de 2010). vedado pelo texto constitucional.

6) Impugnação de mandato 8) Anterioridade anual da lei eleitoral


Encerrando a disciplina, o artigo 14, CF, aborda a im-
pugnação de mandato. Art. 16, CF. A lei que alterar o processo eleitoral entrará
em vigor na data de sua publicação, não se aplicando à elei-
Artigo 14, § 10, CF. O mandato eletivo poderá ser im- ção que ocorra até um ano da data de sua vigência. 
pugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias
contados da diplomação, instruída a ação com provas de É necessário que a lei eleitoral entre em vigor pelo
abuso do poder econômico, corrupção ou fraude. menos 1 ano antes da próxima eleição, sob pena de não se
aplicar a ela, mas somente ao próximo pleito.
Artigo 14, § 11, CF. A ação de impugnação de mandato
tramitará em segredo de justiça, respondendo o autor, na Partidos políticos
forma da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. O pluripartidarismo é uma das facetas do pluralismo
político e encontra respaldo enquanto direito fundamental,
7) Perda e suspensão de direitos políticos já que regulamentado no Título II, “Dos Direitos e Garantias
Art. 15, CF. É vedada a cassação de direitos políticos, Fundamentais”, capítulo V, “Dos Partidos Políticos”.
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de: O caput do artigo 17 da Constituição prevê:
I - cancelamento da naturalização por sentença transi-
tada em julgado; Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção
II - incapacidade civil absoluta; de partidos políticos, resguardados a soberania nacional, o
III - condenação criminal transitada em julgado, en- regime democrático, o pluripartidarismo, os direitos funda-
quanto durarem seus efeitos; mentais da pessoa humana [...].
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; Consolida-se, assim a liberdade partidária, não estabe-
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, lecendo a Constituição um limite de números de partidos
§ 4º. políticos que possam ser constituídos, permitindo também
que sejam extintos, fundidos e incorporados.
O inciso I refere-se ao cancelamento da naturalização, Os incisos do artigo 17 da Constituição indicam os pre-
o que faz com que a pessoa deixe de ser nacional e, por- ceitos a serem observados na liberdade partidária: caráter
tanto, deixe de ser titular de direitos políticos. nacional, ou seja, terem por objetivo o desempenho de
O inciso II trata da incapacidade civil absoluta, ou seja, atividade política no âmbito interno do país; proibição de
da interdição da pessoa para a prática de atos da vida civil, recebimento de recursos financeiros de entidade ou gover-
entre os quais obviamente se enquadra o sufrágio univer- no estrangeiros ou de subordinação a estes, logo, o Poder
sal. Público não pode financiar campanhas eleitorais; prestação
O inciso III refere-se a um dos possíveis efeitos da con- de contas à Justiça Eleitoral, notadamente para resguardar
denação criminal, que é a suspensão de direitos políticos. a mencionada vedação; e funcionamento parlamentar de
O inciso IV trata da recusa em cumprir a obrigação mi- acordo com a lei. Ainda, a lei veda a utilização de organi-
litar ou a prestação substitutiva imposta em caso de escusa zação paramilitar por parte dos partidos políticos (artigo
moral ou religiosa. 17, §4º, CF).
O inciso V se refere à ação de improbidade administra- O respeito a estes ditames permite o exercício do par-
tiva, que tramita para apurar a prática dos atos de improbi- tidarismo de forma autônoma em termos estruturais e or-
dade administrativa, na qual uma das penas aplicáveis é a ganizacionais, conforme o §1º do artigo 17, CF:
suspensão dos direitos políticos.
Os direitos políticos somente são perdidos em dois Art. 17, §1º, CF. É assegurada aos partidos políticos auto-
casos, quais sejam cancelamento de naturalização por nomia para definir sua estrutura interna, organização e fun-
sentença transitada em julgado (o indivíduo naturalizado cionamento e para adotar os critérios de escolha e o regime
volta à condição de estrangeiro) e perda da nacionalidade de suas coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vincu-
brasileira em virtude da aquisição de outra (brasileiro se lação entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual,
naturaliza em outro país e assim deixa de ser considera- distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer
do um cidadão brasileiro, perdendo direitos políticos). Nos normas de disciplina e fidelidade partidária. 
demais casos, há suspensão. Nota-se que não há perda de
direitos políticos pela prática de atos atentatórios contra a Os estatutos que tecem esta regulamentação devem
Administração Pública por parte do servidor, mas apenas ser registrados no Tribunal Superior Eleitoral (artigo 17, §2º,
suspensão. CF).

35
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Quanto ao financiamento das campanhas e o acesso à cípios. Esta autonomia se reflete tanto numa capacidade de
mídia, prevê o §3º do artigo 17 da CF: auto-organização (normatização própria) quanto numa ca-
pacidade de autogoverno (administrar-se pelos membros
Art. 17, §3º, CF. Os partidos políticos têm direito a re- eleitos pelo eleitorado da unidade federada).
cursos do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à
televisão, na forma da lei. Artigo 18, §1º, CF. Brasília é a Capital Federal.

Brasília é a capital da República Federativa do Brasil,


sendo um dos municípios que compõem o Distrito Federal.
2 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO O Distrito Federal tem peculiaridades estruturais, não sen-
DO ESTADO BRASILEIRO. do nem um Município, nem um Estado, tanto é que o caput
deste artigo 18 o nomeia em separado. Trata-se, assim, de
unidade federativa autônoma.
Da organização político-administrativa do Estado
Artigo 18, §2º, CF. Os Territórios Federais integram a
O artigo 18 da Constituição Federal tem caráter genéri-
União, e sua criação, transformação em Estado ou reinte-
co e regulamenta a organização político-administrativa do
gração ao Estado de origem serão reguladas em lei comple-
Estado. Basicamente, define os entes federados que irão
compor o Estado brasileiro. mentar.
Neste dispositivo se percebe o Pacto Federativo firma-
do entre os entes autônomos que compõem o Estado bra- Apesar dos Territórios Federais integrarem a União, eles
sileiro. Na federação, todos os entes que compõem o Es- não podem ser considerados entes da federação, logo não
tado têm autonomia, cabendo à União apenas concentrar fazem parte da organização político-administrativa, não
esforços necessários para a manutenção do Estado uno. dispõem de autonomia política e não integram o Estado
O pacto federativo brasileiro se afirmou ao inverso do Federal. São meras descentralizações administrativo-ter-
que os Estados federados geralmente se formam. Trata-se ritoriais pertencentes à União. A Constituição Federal de
de federalismo por desagregação – tinha-se um Estado 1988 aboliu todos os territórios então existentes: Fernando
uno, com a União centralizada em suas competências, e di- de Noronha tornou-se um distrito estadual do Estado de
vidiu-se em unidades federadas. Difere-se do denominado Pernambuco, Amapá e Roraima ganham o status integral
federalismo por agregação, no qual unidades federativas de Estados da Federação.
autônomas se unem e formam um Poder federal no qual
se concentrarão certas atividades, tornando o Estado mais Artigo 18, §3º, CF. Os Estados podem incorporar-se en-
forte (ex.: Estados Unidos da América). tre si, subdividir-se ou desmembrar-se para se anexarem
No federalismo por agregação, por já vir tradicional- a outros, ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mente das bases do Estado a questão da autonomia das mediante aprovação da população diretamente interessa-
unidades federadas, percebe-se um federalismo real na da, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei
prática. Já no federalismo por desagregação nota-se uma complementar.
persistente tendência centralizadora.
Prova de que nem mesmo o constituinte brasileiro en- Artigo 18, §4º, CF. A criação, a incorporação, a fusão
tendeu o federalismo que estava criando é o fato de ter e o desmembramento de Municípios, far-se-ão por lei
colocado o município como entidade federativa autônoma. estadual, dentro do período determinado por Lei Comple-
No modelo tradicional, o pacto federativo se dá apenas en- mentar Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
tre União e estados-membros, motivo pelo qual a doutrina
plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos, após
afirma que o federalismo brasileiro é atípico.
divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresenta-
Além disso, pelo que se desprende do modelo de di-
dos e publicados na forma da lei.
visão de competências a ser estudado neste capítulo, aca-
bou-se esvaziando a competência dos estados-membros,
mantendo uma concentração de poderes na União e distri- Como se percebe pelos dispositivos retro, é possível
buindo vasta gama de poderes aos municípios. criar, incorporar e desmembrar os Estados-membros e os
Municípios. No caso dos Estados, exige-se plebiscito e lei
Art. 18, caput, CF. A organização político-administra- federal. No caso dos municípios, exige-se plebiscito e lei
tiva da República Federativa do Brasil compreende a União, estadual.
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos au- Ressalta-se que é aceita a subdivisão e o desmembra-
tônomos, nos termos desta Constituição. mento no âmbito interno, mas não se permite que uma
parte do país se separe do todo, o que atentaria contra o
Ainda assim, inegável, pela redação do caput do artigo pacto federativo.
18, CF, que o Brasil adota um modelo de Estado Federado
no qual são considerados entes federados e, como tais, au- Art. 19, CF. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito
tônomos, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Muni- Federal e aos Municípios:

36
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio- Os bens da União estão enumerados no artigo 20 e os
ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com bens dos Estados-membros no artigo 26, ambos da Cons-
eles ou seus representantes relações de dependência ou tituição, que seguem abaixo. Na divisão de bens estabele-
aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de inte- cida pela Constituição Federal denota-se o caráter residual
resse público; dos bens dos Estados-membros porque exige-se que es-
II - recusar fé aos documentos públicos; tes não pertençam à União ou aos Municípios.
III - criar distinções entre brasileiros ou preferências en-
tre si. Artigo 20, CF. São bens da União:
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
Embora o artigo 19 traga algumas vedações expressas rem a ser atribuídos;
aos entes federados, fato é que todo o sistema constitucio- II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
nal traz impedimento à atuação das unidades federativas fronteiras, das fortificações e construções militares, das vias
e de seus administradores. Afinal, não possuem liberdade federais de comunicação e à preservação ambiental, defini-
para agirem como quiserem e somente podem fazer o que
das em lei;
a lei permite (princípio da legalidade aplicado à Adminis-
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
tração Pública).
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um Es-
Repartição de competências e bens tado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam
O título III da Constituição Federal regulamenta a orga- a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os
nização do Estado, definindo competências administrativas terrenos marginais e as praias fluviais;
e legislativas, bem como traçando a estrutura organizacio- IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes
nal por ele tomada. com outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
Bens Públicos são todos aqueles que integram o pa- e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede de
trimônio da Administração Pública direta e indireta, sendo Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço públi-
que todos os demais bens são considerados particulares. co e a unidade ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; 
Destaca-se a disciplina do Código Civil: V - os recursos naturais da plataforma continental e
da zona econômica exclusiva;
Artigo 98, CC. São públicos os bens de domínio nacional VI - o mar territorial;
pertencentes as pessoas jurídicas de direito público interno; VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que VIII - os potenciais de energia hidráulica;
pertencerem. IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
Artigo 99, CC. São bens públicos: queológicos e pré-históricos;
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
estradas, ruas e praças; § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
destinados a serviço ou estabelecimento da administração administração direta da União, participação no resultado
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos
suas autarquias; hídricos para fins de geração de energia elétrica e de ou-
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das tros recursos minerais no respectivo território, plataforma
pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito continental, mar territorial ou zona econômica exclusiva, ou
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. compensação financeira por essa exploração.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, con-
§ 2º A faixa de até cento e cinquenta quilômetros
sideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas ju-
de largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada
rídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
como faixa de fronteira, é considerada fundamental para
direito privado.
defesa do território nacional, e sua ocupação e utilização
Artigo 100, CC. Os bens públicos de uso comum do serão reguladas em lei.
povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto con-
servarem a sua qualificação, na forma que a lei determinar. Artigo 26, CF. Incluem-se entre os bens dos Estados:
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
Artigo 101, CC. Os bens públicos dominicais podem ser emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na for-
alienados, observadas as exigências da lei. ma da lei, as decorrentes de obras da União;
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que es-
Artigo 102, CC. Os bens públicos não estão sujeitos a tiverem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da
usucapião. União, Municípios ou terceiros;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à
Artigo 103, CC. O uso comum dos bens públicos pode União;
ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido le- IV - as terras devolutas não compreendidas entre as
galmente pela entidade a cuja administração pertencerem. da União.

37
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1) Competência organizacional-administrativa ex- e) os serviços de transporte rodoviário interestadual


clusiva da União e internacional de passageiros;
A Constituição Federal, quando aborda a competência f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
da União, traz no artigo 21 a expressão “compete à União” XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
e no artigo 22 a expressão “compete privativamente à tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
União”. Neste sentido, questiona-se se a competência no Defensoria Pública dos Territórios;
artigo 21 seria privativa. Obviamente, não seria comparti- XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mi-
lhada, pois os casos que o são estão enumerados no texto litar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Fede-
constitucional. ral, bem como prestar assistência financeira ao Distrito
Com efeito, entende-se que o artigo 21, CF, enumera Federal para a execução de serviços públicos, por meio de
competências exclusivas da União. Estas expressões que fundo próprio;
a princípio seriam sinônimas assumem significado diverso. XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatísti-
Exclusiva é a competência da União que pode ser delegada ca, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
a outras unidades federadas e privativa é a competência da XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
União que somente pode ser exercida por ela. diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
O artigo 21, que traz as competências exclusivas da XVII - conceder anistia;
União, trabalha com questões organizacional-administra- XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
tivas. tra as calamidades públicas, especialmente as secas e as
inundações;
Artigo 21, CF. Compete à União: XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
I - manter relações com Estados estrangeiros e parti- recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
cipar de organizações internacionais; de seu uso;
II - declarar a guerra e celebrar a paz; XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urba-
III - assegurar a defesa nacional; no, inclusive habitação, saneamento básico e transportes
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, urbanos;
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
ou nele permaneçam temporariamente; nacional de viação;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
intervenção federal; portuária e de fronteiras;
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
material bélico; de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
VII - emitir moeda; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a in-
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fisca- dustrialização e o comércio de minérios nucleares e seus
lizar as operações de natureza financeira, especialmente as derivados, atendidos os seguintes princípios e condições:
de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de seguros a) toda atividade nuclear em território nacional so-
e de previdência privada; mente será admitida para fins pacíficos e mediante aprova-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais ção do Congresso Nacional;
de ordenação do território e de desenvolvimento econô- b) sob regime de permissão, são autorizadas a comer-
mico e social; cialização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacio- usos médicos, agrícolas e industriais;
nal; c) sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-vida
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, igual ou inferior a duas horas;
nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos ser- d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
viços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos pende da existência de culpa;
institucionais; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, balho;
concessão ou permissão: XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer-
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e ima- cício da atividade de garimpagem, em forma associativa.
gens;
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o apro- Envolve a competência organizacional-administrativa
veitamento energético dos cursos de água, em articulação da União a atuação regionalizada com vistas à redução das
com os Estados onde se situam os potenciais hidroener- desigualdade regionais, descrita no artigo 43 da Constitui-
géticos; ção Federal:
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infraestrutura
aeroportuária; Artigo 43, CF. Para efeitos administrativos, a União po-
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário derá articular sua ação em um mesmo complexo geoeco-
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que trans- nômico e social, visando a seu desenvolvimento e à redu-
ponham os limites de Estado ou Território; ção das desigualdades regionais.

38
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º Lei complementar disporá sobre: XVI - organização do sistema nacional de emprego e


I - as condições para integração de regiões em desen- condições para o exercício de profissões;
volvimento; XVII - organização judiciária, do Ministério Públi-
II - a composição dos organismos regionais que exe- co do Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria
cutarão, na forma da lei, os planos regionais, integrantes dos Pública dos Territórios, bem como organização adminis-
planos nacionais de desenvolvimento econômico e social, trativa destes
aprovados juntamente com estes. XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
§ 2º Os incentivos regionais compreenderão, além de geologia nacionais;
outros, na forma da lei: XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
I - igualdade de tarifas, fretes, seguros e outros itens poupança popular;
de custos e preços de responsabilidade do Poder Público; XX - sistemas de consórcios e sorteios;
II - juros favorecidos para financiamento de atividades XXI - normas gerais de organização, efetivos, material
prioritárias; bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias
III - isenções, reduções ou diferimento temporário de militares e corpos de bombeiros militares;
tributos federais devidos por pessoas físicas ou jurídicas; XXII - competência da polícia federal e das polícias ro-
IV - prioridade para o aproveitamento econômico e doviária e ferroviária federais;
social dos rios e das massas de água represadas ou repre- XXIII - seguridade social;
sáveis nas regiões de baixa renda, sujeitas a secas periódicas. XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
§ 3º Nas áreas a que se refere o § 2º, IV, a União XXV - registros públicos;
incentivará a recuperação de terras áridas e cooperará XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
com os pequenos e médios proprietários rurais para o esta- XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em
belecimento, em suas glebas, de fontes de água e de peque- todas as modalidades, para as administrações públicas di-
na irrigação. retas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e
2) Competência legislativa privativa da União para as empresas públicas e sociedades de economia mista,
A competência legislativa da União é privativa e, sendo
nos termos do art. 173, § 1°, III; 
assim, pode ser delegada. As matérias abaixo relacionadas
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
somente podem ser legisladas por atos normativos com
marítima, defesa civil e mobilização nacional;
abrangência nacional, mas é possível que uma lei comple-
XXIX - propaganda comercial.
mentar autorizar que determinado Estado regulamente
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar
questão devidamente especificada.
os Estados a legislar sobre questões específicas das ma-
térias relacionadas neste artigo.
Artigo 22, CF. Compete privativamente à União legislar
sobre:
3) Competência organizacional-administrativa
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito-
ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do tra- compartilhada
balho; União, Estados-membros, Distrito Federal e Municípios
II - desapropriação; compartilham certas competências organizacional-ad-
III - requisições civis e militares, em caso de iminente ministrativas. Significa que qualquer dos entes federados
perigo e em tempo de guerra; poderá atuar, desenvolver políticas públicas, nestas áreas.
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e Todas estas áreas são áreas que necessitam de atuação in-
radiodifusão; tensa ou vigilância constantes, de modo que mediante ges-
V - serviço postal; tão cooperada se torna possível efetivar o máximo possível
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan- os direitos fundamentais em casa uma delas.
tias dos metais;
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên- Artigo 23, CF. É competência comum da União, dos Es-
cia de valores; tados, do Distrito Federal e dos Municípios:
VIII - comércio exterior e interestadual; I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das
IX - diretrizes da política nacional de transportes; instituições democráticas e conservar o patrimônio pú-
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma- blico;
rítima, aérea e aeroespacial; II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção
XI - trânsito e transporte; e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e me- III - proteger os documentos, as obras e outros bens
talurgia; de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;
XIV - populações indígenas; IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte-
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e rização de obras de arte e de outros bens de valor histórico,
expulsão de estrangeiros; artístico ou cultural;

39
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à § 1º No âmbito da legislação concorrente, a com-


educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; petência da União limitar-se-á a estabelecer normas
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição gerais.
em qualquer de suas formas; § 2º A competência da União para legislar sobre
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; normas gerais não exclui a competência suplementar dos
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar Estados.
o abastecimento alimentar; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
IX - promover programas de construção de moradias Estados exercerão a competência legislativa plena, para
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea- atender a suas peculiaridades.
mento básico; § 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge-
X - combater as causas da pobreza e os fatores de rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
marginalização, promovendo a integração social dos seto- contrário.
res desfavorecidos;
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de O estudo das competências concorrentes permite vis-
direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e lumbrar os limites da atuação conjunta entre União, Esta-
minerais em seus territórios; dos e Distrito Federal no modelo Federativo adotado no
XII - estabelecer e implantar política de educação para Brasil, visando à obtenção de uma homogeneidade nacio-
a segurança do trânsito. nal, com preservação dos pluralismos regionais e locais.
Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas O cerne da distinção da competência entre os entes
para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito federados repousa na competência da União para o esta-
Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do de- belecimento de normas gerais. A competência legislativa
senvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional. dos Estados-membros e dos Municípios nestas questões é
suplementar, ou seja, as normas estaduais agregam deta-
4) Competência legislativa compartilhada lhes que a norma da União não compreende, notadamente
Além de compartilharem competências organizacio- trazendo peculiaridades regionais.
nal-administrativas, os entes federados compartilham No caso do artigo 24, CF, a União dita as normas gerais
competência para legislar sobre determinadas matérias. e as normas suplementares ficam por conta dos Estados,
Entretanto, excluem-se do artigo 24, CF, os entes federados ou seja, as peculiaridades regionais são normatizadas pelos
da espécie Município, sendo que estes apenas legislam so- Estados. As normas estaduais, neste caso, devem guardar
bre assuntos de interesse local.
uma relação de compatibilidade com as normas federais
(relação hierárquica). Diferentemente da competência co-
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fe-
mum em que as leis estão em igualdade de condições, uma
deral legislar concorrentemente sobre:
não deve subordinação à outra.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco-
Entretanto, os Estados não ficam impedidos de criar
nômico e urbanístico;
leis regulamentadoras destas matérias enquanto a União
II - orçamento;
não o faça. Sobrevindo norma geral reguladora, perdem a
III - juntas comerciais;
eficácia os dispositivos de lei estadual com ela incompatí-
IV - custas dos serviços forenses;
V - produção e consumo; vel.
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da nature-
za, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio 5) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com-
ambiente e controle da poluição; petência organizacional-administrativa autônoma dos
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artís- Estados-membros
tico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, Artigo 25, CF. Os Estados organizam-se e regem-se
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
histórico, turístico e paisagístico; princípios desta Constituição.
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, § 1º São reservadas aos Estados as competências que
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
X - criação, funcionamento e processo do juizado de § 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me-
pequenas causas; diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, na
XI - procedimentos em matéria processual; forma da lei, vedada a edição de medida provisória para a
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; sua regulamentação. 
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; § 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar,
XIV - proteção e integração social das pessoas porta- instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
doras de deficiência; e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municí-
XV - proteção à infância e à juventude; pios limítrofes, para integrar a organização, o planejamento
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das po- e a execução de funções públicas de interesse comum.
lícias civis.

40
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O documento que está no ápice da estrutura normativa 6) Limitações e regras mínimas aplicáveis à com-
de um Estado-membro é a Constituição estadual. Ela deve petência organizacional-administrativa autônoma dos
guardar compatibilidade com a Constituição Federal, nota- Municípios
damente no que tange aos princípios nela estabelecidos, Os Municípios gozam de autonomia no modelo fede-
sob pena de ser considerada norma inconstitucional. rativo brasileiro e, sendo assim, possuem capacidade de
A competência do Estado é residual – tudo o que não auto-organização, normatização e autogoverno.
obrigatoriamente deva ser regulamentado pela União ou Notadamente, mediante lei orgânica, conforme se
pelos Municípios, pode ser legislado pelo Estado-membro, extrai do artigo 29, caput, CF, o Município se normatiza,
sem prejuízo da já estudada competência legislativa con- devendo esta lei guardar compatibilidade tanto com a
corrente com a União. Constituição Federal quanto com a respectiva Constituição
O §3º do artigo 25 regulamenta a conurbação, que estadual. O dispositivo mencionado traça, ainda, regras mí-
abrange regiões metropolitanas (um município, a metró- nimas de estruturação do Poder Executivo e do Legislativo
pole, está em destaque) e aglomerações urbanas (não há municipais.
município em destaque), e as microrregiões (não conur- Por exemplo, só haverá eleição de segundo turno se o
badas, mas limítrofes, geralmente identificada por bacias município tiver mais de duzentos mil habitantes. Destaca-
hidrográficas). -se, ainda, a exaustiva regra sobre o número de vereadores
A estrutura e a organização dos Poderes Legislativo e e a questão dos subsídios. Incidente, também a regra sobre
Executivo no âmbito do Estado-membro é detalhada na o julgamento do Prefeito pelo Tribunal de Justiça.
Constituição estadual, mas os artigos 27e 28 trazem bases O artigo 29-A, CF, por seu turno, detalha os limites de
regulamentadoras que devem ser respeitadas. despesas com o Poder Legislativo municipal, permitindo a
responsabilização do Prefeito e do Presidente da Câmara
Artigo 27, CF. O número de Deputados à Assembleia por violação a estes limites.
Legislativa corresponderá ao triplo da representação do
Estado na Câmara dos Deputados e, atingido o número de Artigo 29, CF. O Município reger-se-á por lei orgâni-
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os De-
ca, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
putados Federais acima de doze.
dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios esta-
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição
belecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, re-
Estado e os seguintes preceitos:
muneração, perda de mandato, licença, impedimentos
I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
e incorporação às Forças Armadas.
para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e si-
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado
multâneo realizado em todo o País;
por lei de iniciativa da Assembleia Legislativa, na razão
de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabe- II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
lecido, em espécie, para os Deputados Federais, observado primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término
o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, e do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras do
153, § 2º, I. art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos mil
§ 3º Compete às Assembleias Legislativas dispor sobre eleitores; 
seu regimento interno, polícia e serviços administrati- III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. janeiro do ano subsequente ao da eleição;
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces- IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
so legislativo estadual. observado o limite máximo de:  (Vide ADIN 4307)
a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
Artigo 28, CF. A eleição do Governador e do Vice-Go- (quinze mil) habitantes; 
vernador de Estado, para mandato de quatro anos, reali- b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
zar-se-á no primeiro domingo de outubro, em primeiro 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta mil)
turno, e no último domingo de outubro, em segundo habitantes; 
turno, se houver, do ano anterior ao do término do mandato c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta mil)
janeiro do ano subsequente, observado, quanto ao mais, habitantes; 
o disposto no art. 77.  d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir ou- 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oitenta
tro cargo ou função na administração pública direta ou mil) habitantes; 
indireta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
e observado o disposto no art. 38, I, IV e V. 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador e vinte mil) habitantes; 
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de iniciativa f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
da Assembleia Legislativa, observado o que dispõem os 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000 (cen-
arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. to sessenta mil) habitantes; 

41
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais de VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec-
160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até 300.000 tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subse-
(trezentos mil) habitantes;  quente, observado o que dispõe esta Constituição, observa-
h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais dos os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os
de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000 (qua- seguintes limites máximos: 
trocentos e cinquenta mil) habitantes;  a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio
i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do
de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e de subsídio dos Deputados Estaduais; 
até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;  b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habi-
j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais de tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a
600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000 (sete- trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
centos cinquenta mil) habitantes;  c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil ha-
k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de até a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
900.000 (novecentos mil) habitantes; 
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil ha-
l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
bitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá
900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000 (um
a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
milhão e cinquenta mil) habitantes; 
m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponde-
até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;  rá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes,
de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e
até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; 
bitantes;  VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve-
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de readores não poderá ultrapassar o montante de cinco por
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habitan- cento da receita do Município; 
tes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habi- VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opi-
tantes;  niões, palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais cunscrição do Município; 
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes e de IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes;  vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta Consti-
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de tuição para os membros do Congresso Nacional e na Consti-
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habitantes tuição do respectivo Estado para os membros da Assembleia
e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- Legislativa; 
tantes;  X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de tiça; 
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) habi- XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
tantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes;  da Câmara Municipal; 
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios XII - cooperação das associações representativas no
de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até planejamento municipal; 
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes;  XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de
específico do Município, da cidade ou de bairros, através de
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de até
manifestação de, pelo menos, cinco por cento do eleito-
5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; 
rado; 
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de até XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos
6.000.000 (seis milhões) de habitantes;  do art. 28, parágrafo único (assumir outro cargo). 
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até Artigo   29-A, CF.   O total da despesa do Poder Le-
7.000.000 (sete milhões) de habitantes;  gislativo Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios e excluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até os seguintes percentuais, relativos ao somatório da receita
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e   tributária e das transferências previstas no § 5o do art. 153
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de e nos arts. 158 e 159, efetivamente realizado no exercício
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes;  anterior: 
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Se- I - 7% (sete por cento) para Municípios com população
cretários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câma- de até 100.000 (cem mil) habitantes;   (Redação dada pela
ra Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § Emenda Constituição Constitucional nº 58, de 2009)   (Pro-
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;  dução de efeito)

42
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

II - 6% (seis por cento) para Municípios com população A fiscalização dos Municípios se dá tanto no âmbito
entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habitantes;  interno quanto no externo. Externamente, é exercida pelo
III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popula- Poder Legislativo com auxílio de Tribunal de Contas. A cons-
ção entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (quinhen- tituição, no artigo 31, CF, veda a criação de novos Tribunais
tos mil) habitantes;  de Contas municipais, mas não extingue os já existentes.
IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento)
para Municípios com população entre 500.001 (quinhentos Artigo 31, CF. A fiscalização do Município será exer-
mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;  cida pelo Poder Legislativo Municipal, mediante contro-
V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu- le externo, e pelos sistemas de controle interno do Poder
lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito Executivo Municipal, na forma da lei.
milhões) de habitantes;  § 1º O controle externo da Câmara Municipal será
VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Esta-
Municípios com população acima de 8.000.001 (oito milhões dos ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de
e um) habitantes.  Contas dos Municípios, onde houver.
§ 1o  A Câmara Municipal não gastará mais de se- § 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente
tenta por cento de sua receita com folha de pagamento, sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar,
incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.  só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
§ 2o  Constitui crime de responsabilidade do Prefeito membros da Câmara Municipal.
Municipal:  § 3º As contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
I - efetuar repasse que supere os limites definidos nes- dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte,
te artigo;  para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes a
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou  legitimidade, nos termos da lei.
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada § 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou
na Lei Orçamentária.  órgãos de Contas Municipais.
§ 3o  Constitui crime de responsabilidade do Presiden-
te da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. 7) Peculiaridades da competência organizacional-
-administrativa do Distrito Federal e Territórios
As competências legislativas e administrativas dos mu- O Distrito Federal não se divide em Municípios, mas
nicípios estão fixadas no artigo 30, CF. Quanto à compe- em regiões administrativas. Se regulamenta por lei orgâni-
tência legislativa, é suplementar, garantindo o direito de ca, mas esta lei orgânica aproxima-se do status de Consti-
legislar sobre assuntos de interesse local. tuição estadual, cabendo controle de constitucionalidade
direto de leis que a contrariem pelo Tribunal de Justiça do
Artigo 30, CF. Compete aos Municípios: Distrito Federal e dos Territórios.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; O Distrito Federal possui um governador e uma Câma-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no ra Legislativa, eleitos na forma dos governadores e deputa-
que couber; dos estaduais. Entretanto, não tem eleições municipais. O
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- Distrito Federal tem 3 senadores, 8 deputados federais e 24
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obriga- deputados distritais.
toriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos Quanto aos territórios, não existem hoje no país, mas
fixados em lei; se vierem a existir serão nomeados pelo Presidente da Re-
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a pública.
legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de Artigo 32, CF. O Distrito Federal, vedada sua divisão
concessão ou permissão, os serviços públicos de interes- em Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
se local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprovada
essencial; por dois terços da Câmara Legislativa, que a promulgará,
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da atendidos os princípios estabelecidos nesta Constituição.
União e do Estado, programas de educação infantil e de § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competências
ensino fundamental;  legislativas reservadas aos Estados e Municípios.
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distri-
população; tais coincidirá com a dos Governadores e Deputados Es-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- taduais, para mandato de igual duração.
to territorial, mediante planejamento e controle do uso, do § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
parcelamento e da ocupação do solo urbano; aplica-se o disposto no art. 27.
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul- § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo
tural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo
federal e estadual. de bombeiros militar.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 33, CF. A lei disporá sobre a organização admi- e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
nistrativa e judiciária dos Territórios. impostos estaduais, compreendida a proveniente de transfe-
§ 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí- rências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas
pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Ca- ações e serviços públicos de saúde”. 
pítulo IV deste Título.
§ 2º As contas do Governo do Território serão submeti- Artigo 35, CF. O Estado não intervirá em seus Municí-
das ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal pios, nem a União nos Municípios localizados em Territó-
de Contas da União. rio Federal, exceto quando:
§ 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por
habitantes, além do Governador nomeado na forma desta dois anos consecutivos, a dívida fundada;
Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e se- II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei;
gunda instância, membros do Ministério Público e defenso- III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita
res públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para a municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e
Câmara Territorial e sua competência deliberativa. nas ações e serviços públicos de saúde; 
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representa-
Intervenção ção para assegurar a observância de princípios indicados
A intervenção consiste no afastamento temporário das na Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei,
prerrogativas totais ou parciais próprias da autonomia dos de ordem ou de decisão judicial”.
entes federados, por outro ente federado, prevalecendo a
vontade do ente interventor. Neste sentido, necessária a Artigo 36, CF. A decretação da intervenção dependerá:
verificação de: I - no caso do art. 34, IV (livre exercício dos Poderes),
a) Pressupostos materiais – requisitos a serem verifica- de solicitação do Poder Legislativo ou do Poder Execu-
dos quanto ao atendimento de uma das justificativas para tivo coacto ou impedido, ou de requisição do Supremo
a intervenção. Tribunal Federal, se a coação for exercida contra o Poder
b) Pressupostos processuais – requisitos para que o ato Judiciário;
da intervenção seja válido, como prazo, abrangência, con- II - no caso de desobediência a ordem ou decisão ju-
dições, além da autorização do Poder Legislativo (artigo 36, diciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do
CF). Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior
A intervenção pode ser federal, quando a União inter- Eleitoral;
fere nos Estados e no Distrito Federal (artigo 34, CF), ou III de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de
estadual, quando os Estados-membros interferem em seus representação do Procurador-Geral da República, na hipó-
Municípios (artigo 35, CF). tese do art. 34, VII (observância de princípios constitucio-
nais), e no caso de recusa à execução de lei federal.
Artigo 34, CF. A União não intervirá nos Estados nem § 1º O decreto de intervenção, que especificará a am-
no Distrito Federal, exceto para: plitude, o prazo e as condições de execução e que, se cou-
I - manter a integridade nacional; ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da do Congresso Nacional ou da Assembleia Legislativa do
Federação em outra; Estado, no prazo de vinte e quatro horas.
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem § 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional
pública; ou a Assembleia Legislativa, far-se-á convocação extraor-
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes dinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas.
nas unidades da Federação; § 3º Nos casos do art. 34, VI e VII (execução de decisão/
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação lei federal e violação de certos princípios constitucionais),
que: ou do art. 35, IV (idem com relação à intervenção em
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais municípios), dispensada a apreciação pelo Congresso Na-
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior; cional ou pela Assembleia Legislativa, o decreto limitar-se-
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias -á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos medida bastar ao restabelecimento da normalidade.
em lei; § 4º Cessados os motivos da intervenção, as autorida-
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou deci- des afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impe-
são judicial; dimento legal.
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
constitucionais: Administração pública
a) forma republicana, sistema representativo e regi- 1) Princípios da Administração Pública
me democrático; Os valores éticos inerentes ao Estado, os quais permi-
b) direitos da pessoa humana; tem que ele consolide o bem comum e garanta a preser-
c) autonomia municipal; vação dos interesses da coletividade, se encontram exte-
d) prestação de contas da administração pública, dire- riorizados em princípios e regras. Estes, por sua vez, são
ta e indireta. estabelecidos na Constituição Federal e em legislações in-

44
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

fraconstitucionais, a exemplo das que serão estudadas nes- particular não pode influenciar no tratamento das pessoas,
te tópico, quais sejam: Decreto n° 1.171/94, Lei n° 8.112/90 já que deve-se buscar somente a preservação do interesse
e Lei n° 8.429/92. coletivo.
Todas as diretivas de leis específicas sobre a ética no c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
setor público partem da Constituição Federal, que estabe- pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
lece alguns princípios fundamentais para a ética no setor uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
público. Em outras palavras, é o texto constitucional do ar- relacionada ao poder público. A administração pública não
tigo 37, especialmente o caput, que permite a compreen- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
são de boa parte do conteúdo das leis específicas, porque cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
possui um caráter amplo ao preconizar os princípios fun- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
damentais da administração pública. Estabelece a Consti- jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
tuição Federal: imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
Artigo 37, CF. A administração pública direta e indireta administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legali- não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
dade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
também, ao seguinte: [...] ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
São princípios da administração pública, nesta ordem: anteriores.
Legalidade d) Princípio da publicidade: A administração pública
Impessoalidade é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Moralidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Publicidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Eficiência a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
Administração Pública. É de fundamental importância um servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas
caracteriza ato de improbidade administrativa.
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa,
No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho33
o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
e Spitzcovsky34:
político-eleitoral:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali-
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não
Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
proíbe. Contudo, como a administração pública representa
obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- caráter educativo, informativo ou de orientação social,
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na res públicos.
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio
Estado deve respeitar as leis que dita. Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
ses que representa, a administração pública está proibida instrumentos para proteção são o direito de petição e as
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú- prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon-
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida- ticipação do usuário na administração pública direta e
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da indireta, regulando especialmente:
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços
pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi- públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
interna, da qualidade dos serviços;
33 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e
34 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São a informações sobre atos de governo, observado o disposto
Paulo: Método, 2011. no art. 5º, X e XXXIII;

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III -  a disciplina da representação contra o exercício ne- Meirelles36 entende que o ato discricionário, editado
gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi- sob os limites da Lei, confere ao administrador uma mar-
nistração pública. gem de liberdade para fazer um juízo de conveniência e
oportunidade, não sendo necessária a motivação. No en-
e) Princípio da eficiência: A administração pública tanto, se houver tal fundamentação, o ato deverá condi-
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com cionar-se a esta, em razão da necessidade de observância
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes- da Teoria dos Motivos Determinantes. O entendimento
soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao majoritário da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato
exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos discricionário, é necessária a motivação para que se saiba
(pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên- qual o caminho adotado pelo administrador. Gasparini37,
cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera- com respaldo no art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive
ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura a superação de tais discussões doutrinárias, pois o referido
por produtividade e economicidade. Alcança os serviços artigo exige a motivação para todos os atos nele elenca-
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo dos, compreendendo entre estes, tanto os atos discricioná-
diretamente à conduta dos agentes. rios quanto os vinculados.
Além destes cinco princípios administrativo-constitu-
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem 2) Regras mínimas sobre direitos e deveres dos ser-
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- vidores
dos à função pública a probidade e a motivação: O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os prin-
a) Princípio da probidade:  um princípio constitucio- cípios da administração pública estudados no tópico ante-
nal incluído dentro dos princípios específicos da licitação, rior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer dos
é o dever de todo o administrador público, o dever de ho- Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em seus
nestidade e fidelidade com o Estado, com a população, no incisos, regras mínimas sobre o serviço público:
desempenho de suas funções. Possui contornos mais defi-
nidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini35 alerta que Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públicas
alguns autores tratam veem como distintos os princípios são acessíveis aos brasileiros que preencham os requisi-
da moralidade e da probidade administrativa, mas não há  tos estabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na
forma da lei.
características que permitam tratar os mesmos como pro-
cedimentos distintos, sendo no máximo possível afirmar
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº
que a probidade administrativa é um aspecto particular da
8.112/1990, que prevê:
moralidade administrativa.
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida ao
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos para
administrador de motivar todos os atos que edita, gerais
investidura em cargo público:
ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
I - a nacionalidade brasileira;
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a II - o gozo dos direitos políticos;
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais;
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício do
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro cargo;
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da V - a idade mínima de dezoito anos;
Administração. VI - aptidão física e mental.
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- § 1º As atribuições do cargo podem justificar a
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- exigência de outros requisitos estabelecidos em lei. [...]
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos § 3º As universidades e instituições de pesquisa
os atos administrativos devem ser motivados para que o científica e tecnológica federais poderão prover seus
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo cargos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros,
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
ser observados os motivos dos atos administrativos.
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei nº
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no arti-
único comportamento possível) e dos atos discricionários go 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros as-
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta sumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecnologia.
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego pú-
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação blico depende de aprovação prévia em concurso público
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, de provas ou de provas e títulos, de acordo com a na-
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- 36 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
cricionários. São Paulo: Malheiros, 1993.
35 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São 37 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2004. Paulo: Saraiva, 2004.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabiliza-
prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em ção daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o ingres-
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração. so no serviço público, que em regra se dá por concurso de
provas ou de provas e títulos.
Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de clusivamente por servidores ocupantes de cargo efetivo, e
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo depende de os cargos em comissão, a serem preenchidos por servidores
prévia habilitação em concurso público de provas ou de pro- de carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
vas e títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de di-
de sua validade. reção, chefia e assessoramento.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
Observa-se o seguinte quadro comparativo38:
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante pro-
moção, serão estabelecidos pela lei que fixar as diretrizes do
sistema de carreira na Administração Pública Federal e seus Função de Confiança Cargo em Comissão
regulamentos. Qualquer pessoa, obser-
Exercidas exclusivamente
vado o percentual mínimo
No concurso de provas o candidato é avaliado ape- por servidores ocupantes
reservado ao servidor de
de cargo efetivo.
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos carreira.
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua Com concurso público, já
atividade profissional também é considerado. Cargo em que somente pode exercê- Sem concurso público,
comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso -la o servidor de cargo ressalvado o percentual
público, sendo exceção à regra geral. efetivo, mas a função em mínimo reservado ao ser-
si não prescindível de con- vidor de carreira.
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso públi- curso público.
co será de até dois anos, prorrogável uma vez, por igual
período. É atribuído posto (lugar)
num dos quadros da
Somente são conferidas
Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre- Administração Pública,
atribuições e responsabi-
visto no edital de convocação, aquele aprovado em concur- conferida atribuições e
lidade
responsabilidade àquele
so público de provas ou de provas e títulos será convocado
que irá ocupá-lo
com prioridade sobre novos concursados para assumir car-
go ou emprego, na carreira. Destinam-se apenas às Destinam-se apenas às
atribuições de direção, atribuições de direção,
Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990: chefia e assessoramento chefia e assessoramento
De livre nomeação e exo-
Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá neração no que se refere De livre nomeação e exo-
validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado uma à função e não em relação neração
única vez, por igual período. ao cargo efetivo.
§1º O prazo de validade do concurso e as condições de
sua realização serão fixados em edital, que será publicado Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o
no Diário Oficial da União e em jornal diário de grande direito à livre associação sindical.
circulação.
§ 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver A liberdade de associação é garantida aos servidores
candidato aprovado em concurso anterior com prazo de públicos tal como é garantida a todos na condição de di-
validade não expirado. reito individual e de direito social.

O edital delimita questões como valor da taxa de ins- Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos
crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de vali- termos e nos limites definidos em lei específica.
dade. Havendo candidatos aprovados na vigência do prazo
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
do concurso, ele deve ser chamado para assumir eventual
públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
vaga e não ser realizado novo concurso. pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquan-
Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê: to não for elaborada uma legislação específica para os fun-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de gre-
Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto nos in- ve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
cisos II e III implicará a nulidade do ato e a punição da (Mandado de Injunção nº 20).
autoridade responsável, nos termos da lei. 38 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/
quadro-comparativo-funcao-de-confianca.html

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos car- Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea
gos e empregos públicos para as pessoas portadoras de de proventos de aposentadoria decorrentes do art.
deficiência e definirá os critérios de sua admissão. 40 ou dos arts. 42 e 142 com a remuneração de cargo,
emprego ou função pública, ressalvados os cargos acu-
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990: muláveis na forma desta Constituição, os cargos eletivos e
os cargos em comissão declarados em lei de livre nomea-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de de- ção e exoneração.
ficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos ar-
tigos 40 e 41:
compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo
vagas oferecidas no concurso. exercício de cargo público, com valor fixado em lei.
Prossegue o artigo 37, CF: Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
acrescido das vantagens pecuniárias permanentes estabele-
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contra- cidas em lei.
tação por tempo determinado para atender a necessidade § 1º A remuneração do servidor investido em função
temporária de excepcional interesse público. ou cargo em comissão será paga na forma prevista no art.
62.
A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Cons- § 2º O servidor investido em cargo em comissão de
tituição, definindo a natureza da relação estabelecida en- órgão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a
tre o servidor contratado e a Administração Pública, para remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do art.
atender à “necessidade temporária de excepcional interes- 93.
se público”. § 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de rela- vantagens de caráter permanente, é irredutível.
ção que comporta dependência jurídica do servidor peran- § 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para
te o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mesmo
Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressalvadas as
trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das
vantagens de caráter individual e as relativas à natureza ou
prerrogativas de Poder Público, ou institucional, estatutária,
ao local de trabalho.
preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: § 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior
o sistema preconizado pela Carta Política de 1988 é o do ao salário mínimo.
contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na
esfera do Direito Privado) quanto administrativo (situando- Ainda, o artigo 37 da Constituição:
-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução inter-
mediária não deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos
com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da
coexistam normas trabalhistas e estatutárias, pondo-se em administração direta, autárquica e fundacional, dos
contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sen- membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
tido de atender às exigências do Estado moderno, que pro- dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores
cura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos de mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
empreendimentos não-governamentais”39. proventos, pensões ou outra espécie remuneratória, per-
cebidos cumulativamente ou não, incluídas as vantagens
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públi- pessoais ou de qualquer outra natureza, não poderão
cos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente exceder o subsídio mensal, em espécie, dos Ministros
poderão ser fixados ou alterados por lei específica, ob- do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se como limite,
nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e nos Estados e
servada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada re-
no Distrito Federal, o subsídio mensal do Governador no
visão geral anual, sempre na mesma data e sem distinção âmbito do Poder Executivo, o subsídio dos Deputados Es-
de índices. taduais e Distritais no âmbito do Poder Legislativo e o
subsídio dos Desembargadores do Tribunal de Justiça, li-
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos mitado a noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por
ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutí- cento do subsídio mensal, em espécie, dos Ministros do
veis, ressalvado o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo Supremo Tribunal Federal, no âmbito do Poder Judiciário,
e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. aplicável este limite aos membros do Ministério Público,
aos Procuradores e aos Defensores Públicos.
39 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servido-
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder
res para atender a necessidade temporária de excepcional inte-
resse público. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser superio-
revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014. res aos pagos pelo Poder Executivo.

48
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: b)   a de um cargo de professor com outro, técnico ou
científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor poderá per- de profissionais de saúde, com profissões regulamentadas.
ceber, mensalmente, a título de remuneração, importância
superior à soma dos valores percebidos como remuneração, Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-se
em espécie, a qualquer título, no âmbito dos respectivos Po- a empregos e funções e abrange autarquias, fundações,
deres, pelos Ministros de Estado, por membros do Congresso empresas públicas, sociedades de economia mista, suas
Nacional e Ministros do Supremo Tribunal Federal. Parágra- subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou indire-
fo único. Excluem-se do teto de remuneração as vantagens tamente, pelo poder público.
previstas nos incisos II a VII do art. 61.
Segundo Carvalho Filho40, “o fundamento da proibição
Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro- é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com que
fundamentos sobre o mencionado inciso XI: o servidor não execute qualquer delas com a necessária efi-
ciência. Além disso, porém, pode-se observar que o Cons-
Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efei- tituinte quis também impedir a cumulação de ganhos em
to dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do detrimento da boa execução de tarefas públicas. [...] Nota-
caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizatório -se que a vedação se refere à acumulação remunerada. Em
previstas em lei. consequência, se a acumulação só encerra a percepção de
vencimentos por uma das fontes, não incide a regra cons-
Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso titucional proibitiva”.
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados e ao A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a ques-
Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às tão:
respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite úni-
co, o subsídio mensal dos Desembargadores do respec- Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos pre-
tivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vistos na Constituição, é vedada a acumulação remunera-
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal dos da de cargos públicos.
Ministros do Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o § 1o  A proibição de acumular estende-se a cargos,
disposto neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Esta- empregos e funções em autarquias, fundações públicas,
duais e Distritais e dos Vereadores. empresas públicas, sociedades de economia mista da
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios e
Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou equi- dos Municípios.
paração salarial: § 2o   A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
condicionada à comprovação da compatibilidade de ho-
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipara- rários.
ção de quaisquer espécies remuneratórias para o efeito de § 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção
remuneração de pessoal do serviço público. de vencimento de cargo ou emprego público efetivo com
proventos da inatividade, salvo quando os cargos de que
Os padrões de vencimentos são fixados por conselho decorram essas remunerações forem acumuláveis na
de política de administração e remuneração de pessoal, atividade.
integrado por servidores designados pelos respectivos
Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá
constitucional de tratamento igualitário aos cargos que se exercer mais de um cargo em comissão, exceto no caso
mostrem similares. previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser remunerado
pela participação em órgão de deliberação coletiva. 
Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi- Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica
dos por servidor público não serão computados nem acu- à remuneração devida pela participação em conselhos de
mulados para fins de concessão de acréscimos ulteriores. administração e fiscal das empresas públicas e sociedades de
economia mista, suas subsidiárias e controladas, bem como
A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre- quaisquer empresas ou entidades em que a União, direta ou
ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório indiretamente, detenha participação no capital social, obser-
dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vantagem vado o que, a respeito, dispuser legislação específica.
como base de cálculo de um outro benefício. Dessa forma,
qualquer gratificação que venha a ser concedida ao servi- Art.  120, Lei nº 8.112/1990.   O servidor vinculado ao
dor só pode ter como base de cálculo o próprio vencimen- regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos efeti-
to básico. É inaceitável que se leve em consideração outra vos, quando investido em cargo de provimento em comissão,
vantagem até então percebida. ficará afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipóte-
se em que houver compatibilidade de horário e local com o
Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remune- exercício de um deles, declarada pelas autoridades máximas
rada de cargos públicos, exceto, quando houver com- dos órgãos ou entidades envolvidos.
patibilidade de horários, observado em qualquer caso o 40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor; ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

49
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem da Órgãos da administração indireta somente podem
acumulação de cargos e funções públicas, regulamentam, ser criados por lei específica e a criação de subsidiárias
no âmbito do serviço público federal a vedação genérica destes dependem de autorização legislativa (o Estado cria
constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Constituição da e controla diretamente determinada empresa pública ou
República. De fato, a acumulação ilícita de cargos públicos sociedade de economia mista, e estas, por sua vez, pas-
constitui uma das infrações mais comuns praticadas por sam a gerir uma nova empresa, denominada subsidiária.
servidores públicos, o que se constata observando o eleva- Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos um
do número de processos administrativos instaurados com parêntese para observar que quase todos os autores que
esse objeto. O sistema adotado pela Lei nº 8.112/90 é rela- abordam o assunto afirmam categoricamente que, a des-
tivamente brando, quando cotejado com outros estatutos peito da referência no texto constitucional a ‘subsidiárias
de alguns Estados, visto que propicia ao servidor incurso das entidades mencionadas no inciso anterior’, somente
nessa ilicitude diversas oportunidades para regularizar sua empresas públicas e sociedades de economia mista podem
situação e escapar da pena de demissão. Também prevê a
ter subsidiárias, pois a relação de controle que existe entre
lei em comentário, um processo administrativo simplifica-
a pessoa jurídica matriz e a subsidiária seria própria de pes-
do (processo disciplinar de rito sumário) para a apuração
soas com estrutura empresarial, e inadequada a autarquias
dessa infração – art. 133” 41.
e fundações públicas. OUSAMOS DISCORDAR. Parece-nos
Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e que, se o legislador de um ente federado pretendesse, por
seus servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com- exemplo, autorizar a criação de uma subsidiária de uma
petência e jurisdição, precedência sobre os demais setores fundação pública, NÃO haveria base constitucional para
administrativos, na forma da lei. considerar inválida sua autorização”43.
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis-
Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o previsto
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF:
atividades essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas
por servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen-
ritários para a realização de suas atividades e atuarão tária e financeira dos órgãos e entidades da administração
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de direta e indireta poderá ser ampliada mediante contrato,
cadastros e de informações fiscais, na forma da lei ou con- a ser firmado entre seus administradores e o poder público,
vênio. que tenha por objeto a fixação de metas de desempenho
para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor sobre:
“O Estado tem como finalidade essencial a garantia I -  o prazo de duração do contrato;
do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços II -  os controles e critérios de avaliação de desempenho,
públicos que disponibiliza, seja através de investimentos direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
na área social (educação, saúde, segurança pública). Para III -  a remuneração do pessoal.
atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma
atividade financeira, com o intuito de obter recursos indis- Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se às
pensáveis às necessidades cuja satisfação se comprometeu empresas públicas e às sociedades de economia mista
quando estabeleceu o “pacto” constitucional de 1988. [...] e suas subsidiárias, que receberem recursos da União, dos
A importância da Administração Tributária foi reconheci- Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios para paga-
da expressamente pelo constituinte que acrescentou, no
mento de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
artigo 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, estabelecendo a
sua precedência e de seus servidores sobre os demais se-
Continua o artigo 37, CF:
tores da Administração Pública, dentro de suas áreas de
competência”42.
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados
Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica pode- na legislação, as obras, serviços, compras e alienações serão
rá ser criada autarquia e autorizada a instituição de contratados mediante processo de licitação pública que
empresa pública, de sociedade de economia mista e de assegure igualdade de condições a todos os concorrentes,
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento,
definir as áreas de sua atuação. mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da
lei, o qual somente permitirá as exigências de qualificação
Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislati- técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumpri-
va, em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades mento das obrigações.
mencionadas no inciso anterior, assim como a participação
de qualquer delas em empresa privada. A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor-
41 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores
Públicos da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos. mas para licitações e contratos da Administração Pública
com.br/artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013. e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con-
42 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tribu- 43 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descom-
taria_sao_paulo.htm plicado. São Paulo: GEN, 2014.

50
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

junto de procedimentos administrativos (administrativos A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre
porque parte da administração pública) para as compras o conflito de interesses no exercício de cargo ou emprego
ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual do Poder Executivo federal e impedimentos posteriores ao
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma exercício do cargo ou emprego; e revoga dispositivos da
mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das Medidas Provi-
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita- sórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de 2001, e 2.225-45,
ção é um processo formal onde há a competição entre os de 4 de setembro de 2001.
interessados. Neste sentido, conforme seu artigo 1º:

Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que configu-
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ram conflito de interesses envolvendo ocupantes de cargo ou
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as res- emprego no âmbito do Poder Executivo federal, os requisitos
pectivas ações de ressarcimento. e restrições a ocupantes de cargo ou emprego que tenham
acesso a informações privilegiadas, os impedimentos poste-
riores ao exercício do cargo ou emprego e as competências
A prescrição dos ilícitos praticados por servidor encon-
para fiscalização, avaliação e prevenção de conflitos de inte-
tra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº 8.112/1990:
resses regulam-se pelo disposto nesta Lei.
Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar pres-
3) Atos de improbidade administrativa
creverá: A Lei n° 8.429/1992 trata da improbidade administra-
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com tiva, que é uma espécie qualificada de imoralidade, sinôni-
demissão, cassação de aposentadoria ou disponibilidade e mo de desonestidade administrativa. A improbidade é uma
destituição de cargo em comissão; lesão ao princípio da moralidade, que deve ser respeita-
II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão; do estritamente pelo servidor público. O agente ímprobo
III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência. sempre será um violador do princípio da moralidade, pelo
§ 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data em qual “a Administração Pública deve agir com boa-fé, since-
que o fato se tornou conhecido. ridade, probidade, lhaneza, lealdade e ética”44.
§ 2o  Os prazos de prescrição previstos na lei penal A atual Lei de Improbidade Administrativa foi criada
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas também devido ao amplo apelo popular contra certas vicissitudes
como crime. do serviço público que se intensificavam com a ineficácia
§ 3o  A abertura de sindicância ou a instauração de do diploma então vigente, o Decreto-Lei nº 3240/41. De-
processo disciplinar interrompe a prescrição, até a decisão correu, assim, da necessidade de acabar com os atos aten-
final proferida por autoridade competente. tatórios à moralidade administrativa e causadores de pre-
§ 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo juízo ao erário público ou ensejadores de enriquecimento
começará a correr a partir do dia em que cessar a ilícito, infelizmente tão comuns no Brasil.
interrupção. Com o advento da Lei nº 8.429/1992, os agentes públi-
cos passaram a ser responsabilizados na esfera civil pelos
Prescrição é um instituto que visa regular a perda do atos de improbidade administrativa descritos nos artigos
direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de 5 9º, 10 e 11, ficando sujeitos às penas do art. 12. A exis-
anos para as infrações mais graves, 2 para as de gravidade tência de esferas distintas de responsabilidade (civil, penal
intermediária (pena de suspensão) e 180 dias para as me- e administrativa) impede falar-se em bis in idem, já que,
nos graves (pena de advertência), contados da data em que ontologicamente, não se trata de punições idênticas, em-
o fato se tornou conhecido pela administração pública. Se bora baseadas no mesmo fato, mas de responsabilização
em esferas distintas do Direito.
a infração disciplinar for crime, valerão os prazos prescri-
Destaca-se um conceito mais amplo de agente públi-
cionais do direito penal, mais longos, logo, menos favorá-
co previsto pela lei nº 8.429/1992 em seus artigos 1º e 2º
veis ao servidor. Interrupção da prescrição significa parar a
porque o agente público pode ser ou não um servidor pú-
contagem do prazo para que, retornando, comece do zero.
blico. Ele poderá estar vinculado a qualquer instituição ou
Da abertura da sindicância ou processo administrativo dis- órgão que desempenhe diretamente o interesse do Estado.
ciplinar até a decisão final proferida por autoridade com- Assim, estão incluídos todos os integrantes da administra-
petente não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo ção direta, indireta e fundacional, conforme o preâmbulo
começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais da legislação. Pode até mesmo ser uma entidade privada
propor ação disciplinar. que desempenhe tais fins, desde que a verba de criação
ou custeio tenha sido ou seja pública em mais de 50%
Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e as do patrimônio ou receita anual. Caso a verba pública que
restrições ao ocupante de cargo ou emprego da adminis- tenha auxiliado uma entidade privada a qual o Estado não
tração direta e indireta que possibilite o acesso a informa- tenha concorrido para criação ou custeio, também have-
ções privilegiadas. 44 LENZA, Pedro. Curso de direito constitucional esquema-
tizado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.

51
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

rá sujeição às penalidades da lei. Em caso de custeio/cria- consolidou a tese de que é indispensável a existência de
ção pelo Estado que seja inferior a 50% do patrimônio ou dolo nas condutas descritas nos artigos 9º e 11 e ao menos
receita anual, a legislação ainda se aplica. Entretanto, nes- de culpa nas hipóteses do artigo 10, nas quais o dano ao
tes dois casos, a sanção patrimonial se limitará ao que o erário precisa ser comprovado. De acordo com o ministro
ilícito repercutiu sobre a contribuição dos cofres públicos. Castro Meira, a conduta culposa ocorre quando o agente
Significa que se o prejuízo causado for maior que a efetiva não pretende atingir o resultado danoso, mas atua com ne-
contribuição por parte do poder público, o ressarcimento gligência, imprudência ou imperícia (REsp n° 1.127.143)”48.
terá que ser buscado por outra via que não a ação de im- Para Carvalho Filho49, não há inconstitucionalidade na mo-
probidade administrativa. dalidade culposa, lembrando que é possível dosar a pena
A legislação em estudo, por sua vez, divide os atos de conforme o agente aja com dolo ou culpa.
improbidade administrativa em três categorias: O ponto central é lembrar que neste artigo não se exi-
a) Ato de improbidade administrativa que importe ge que o sujeito ativo tenha percebido vantagens indevi-
enriquecimento ilícito (artigo 9º, Lei nº 8.429/1992) das, basta o dano ao erário. Se tiver recebido vantagem
O grupo mais grave de atos de improbidade adminis-
indevida, incide no artigo anterior. Exceto pela não per-
trativa se caracteriza pelos elementos: enriquecimento +
cepção da vantagem indevida, os tipos exemplificados se
ilícito + resultante de uma vantagem patrimonial indevi-
aproximam muito dos previstos nos incisos do art. 9°.
da + em razão do exercício de cargo, mandato, emprego,
c) Ato de Improbidade Administrativa Decorrentes
função ou outra atividade nas entidades do artigo 1° da
Lei nº 8.429/1992. de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício Fi-
O enriquecimento deve ser ilícito, afinal, o Estado não nanceiro ou Tributário (Incluído pela Lei Complementar nº
se opõe que o indivíduo enriqueça, desde que obedeça aos 157, de 2016)
ditames morais, notadamente no desempenho de função Uma das alterações recentes à disciplina do ISS visou
de interesse estatal. evitar a continuidade da guerra fiscal entre os municípios,
Exige-se que o sujeito obtenha vantagem patrimo- fixando-se a alíquota mínima em 2%.
nial ilícita. Contudo, é dispensável que efetivamente tenha Com efeito, os municípios não poderão fixar dentro de
ocorrido dano aos cofres públicos (por exemplo, quando sua competência constitucional alíquotas inferiores a 2%
um policial recebe propina pratica ato de improbidade ad- para atrair e fomentar investimentos novos (incentivo fis-
ministrativa, mas não atinge diretamente os cofres públi- cal), prejudicando os municípios vizinhos.
cos). Em razão disso, tipifica-se como ato de improbidade
Como fica difícil imaginar que alguém possa se enri- administrativa a eventual concessão do benefício abaixo da
quecer ilicitamente por negligência, imprudência ou im- alíquota mínima.
perícia, todas as condutas configuram atos dolosos (com d) Ato de improbidade administrativa que atente
intenção). Não cabe prática por omissão.45 contra os princípios da administração pública (artigo
b) Ato de improbidade administrativa que importe 11, Lei nº 8.429/1992)
lesão ao erário (artigo 10, Lei nº 8.429/1992) Nos termos do artigo 11 da Lei nº 8.429/1992, “cons-
O grupo intermediário de atos de improbidade admi- titui ato de improbidade administrativa que atenta contra
nistrativa se caracteriza pelos elementos: causar dano ao os princípios da administração pública qualquer ação ou
erário ou aos cofres públicos + gerando perda patrimo- omissão que viole os deveres de honestidade, imparciali-
nial ou dilapidação do patrimônio público. Assim como dade, legalidade, e lealdade às instituições [...]”. O grupo
o artigo anterior, o caput descreve a fórmula genérica e mais ameno de atos de improbidade administrativa se
os incisos algumas atitudes específicas que exemplificam caracteriza pela simples violação a princípios da admi-
o seu conteúdo46. nistração pública, ou seja, aplica-se a qualquer atitude do
Perda patrimonial é o gênero, do qual são espécies:
sujeito ativo que viole os ditames éticos do serviço público.
desvio, que é o direcionamento indevido; apropriação, que
Isto é, o legislador pretende a preservação dos princípios
é a transferência indevida para a própria propriedade; mal-
gerais da administração pública50.
baratamento, que significa desperdício; e dilapidação, que
O objeto de tutela são os princípios constitucionais.
se refere a destruição47.
O objeto da tutela é a preservação do patrimônio pú- Basta a vulneração em si dos princípios, sendo dispensáveis
blico, em todos seus bens e valores. O pressuposto exigível o enriquecimento ilícito e o dano ao erário. Somente é pos-
é a ocorrência de dano ao patrimônio dos sujeitos passivos. sível a prática de algum destes atos com dolo (intenção),
Este artigo admite expressamente a variante culpo- embora caiba a prática por ação ou omissão.
sa, o que muitos entendem ser inconstitucional. O STJ, no
REsp n° 939.142/RJ, apontou alguns aspectos da inconsti- 48 BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Improbidade admi-
nistrativa: desonestidade na gestão dos recursos públicos. Disponí-
tucionalidade do artigo. Contudo, “a jurisprudência do STJ
vel em: <http://www.stj.gov.br/portal_stj/publicacao/engine.wsp?tmp.
45 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São area=398&tmp.texto=103422>. Acesso em: 26 mar. 2013.
Paulo: Método, 2011. 49 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
46 Ibid. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
47 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 50 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. Paulo: Método, 2011.

52
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Será preciso utilizar razoabilidade e proporcionalidade Carvalho Filho52 tece considerações a respeito de algu-
para não permitir a caracterização de abuso de poder, dian- mas das sanções:
te do conteúdo aberto do dispositivo. Na verdade, trata- - Perda de bens e valores: “tal punição só incide sobre
-se de tipo subsidiário, ou seja, que se aplica quando o ato os bens acrescidos após a prática do ato de improbidade.
de improbidade administrativa não tiver gerado obtenção Se alcançasse anteriores, ocorreria confisco, o que restaria
de vantagem sem escora constitucional. Além disso, o acréscimo deve
Com efeito, os atos de improbidade administrativa não derivar de origem ilícita”.
são crimes de responsabilidade. Trata-se de punição na - Ressarcimento integral do dano: há quem entenda
esfera cível, não criminal. Por isso, caso o ato configure que engloba dano moral. Cabe acréscimo de correção mo-
simultaneamente um ato de improbidade administrativa netária e juros de mora.
desta lei e um crime previsto na legislação penal, o que - Perda de função pública: “se o agente é titular de
é comum no caso do artigo 9°, responderá o agente por mandato, a perda se processa pelo instrumento de cassa-
ambos, nas duas esferas. ção. Sendo servidor estatutário, sujeitar-se-á à demissão
do serviço público. Havendo contrato de trabalho (servido-
Em suma, a lei encontra-se estruturada da seguinte res trabalhistas e temporários), a perda da função pública
forma: inicialmente, trata das vítimas possíveis (sujeito pas- se consubstancia pela rescisão do contrato com culpa do
sivo) e daqueles que podem praticar os atos de improbida- empregado. No caso de exercer apenas uma função públi-
de administrativa (sujeito ativo); ainda, aborda a reparação ca, fora de tais situações, a perda se dará pela revogação
do dano ao lesionado e o ressarcimento ao patrimônio pú- da designação”. Lembra-se que determinadas autoridades
blico; após, traz a tipologia dos atos de improbidade ad- se sujeitam a procedimento especial para perda da função
ministrativa, isto é, enumera condutas de tal natureza; se- pública, ponto em que não se aplica a Lei de Improbidade
guindo-se à definição das sanções aplicáveis; e, finalmente, Administrativa.
descreve os procedimentos administrativo e judicial. - Multa: a lei indica inflexibilidade no limite máximo,
No caso do art. 9°, categoria mais grave, o agente ob- mas flexibilidade dentro deste limite, podendo os julga-
tém um enriquecimento ilícito (vantagem econômica inde- dos nesta margem optar pela mais adequada. Há ainda
vida) e pode ainda causar dano ao erário, por isso, deverá variabilidade na base de cálculo, conforme o tipo de ato
não só reparar eventual dano causado mas também colo- de improbidade (a base será o valor do enriquecimento ou
car nos cofres públicos tudo o que adquiriu indevidamente. o valor do dano ou o valor da remuneração do agente). A
Ou seja, poderá pagar somente o que enriqueceu indevida- natureza da multa é de sanção civil, não possuindo caráter
mente ou este valor acrescido do valor do prejuízo causado indenizatório, mas punitivo.
aos cofres públicos (quanto o Estado perdeu ou deixou de - Proibição de receber benefícios: não se incluem as
ganhar). No caso do artigo 10, não haverá enriquecimento imunidades genéricas e o agente punido deve ser ao me-
ilícito, mas sempre existirá dano ao erário, o qual será re- nos sócio majoritário da instituição vitimada.
parado (eventualmente, ocorrerá o enriquecimento ilícito, - Proibição de contratar: o agente punido não pode
devendo o valor adquirido ser tomado pelo Estado). Na hi- participar de processos licitatórios.
pótese do artigo 10-A, não se denota nem enriquecimento
ilícito e nem dano ao erário, pois no máximo a prática de 4) Responsabilidade civil do Estado e de seus ser-
guerra fiscal pode gerar. Já no artigo 11, o máximo que vidores
pode ocorrer é o dano ao erário, com o devido ressarci- O instituto da responsabilidade civil é parte integran-
mento. Além disso, em todos os casos há perda da função te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse-
pública. Nas três categorias, são estabelecidas sanções de quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera
suspensão dos direitos políticos, multa e vedação de con- para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen-
tratação ou percepção de vantagem, graduadas conforme to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal,
a gravidade do ato. É o que se depreende da leitura do quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano
artigo 12 da Lei nº 8.929/1992 como §4º do artigo 37, CF, deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res-
que prevê: “Os atos de improbidade administrativa im- taurando-se o equilíbrio social.53
portarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po-
função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressar- dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os
cimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, limites da herança, embora existam reflexos na ação que
sem prejuízo da ação penal cabível”. apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es-
A única sanção que se encontra prevista na Lei nº fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de
8.429/1992 mas não na Constituição Federal é a de mul- autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que
ta. (art. 37, §4°, CF). Não há nenhuma inconstitucionalidade uma absolvição por falta de provas não o faz).
disto, pois nada impediria que o legislador infraconstitu- A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
cional ampliasse a relação mínima de penalidades da Cons- cínio de que a principal consequência da prática de um ato
tituição, pois esta não limitou tal possibilidade e porque a ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
lei é o instrumento adequado para tanto51. 52 Ibid.
51 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 53 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9.
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

53
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dano, mediante o pagamento de indenização que se re- É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola os
fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às direitos humanos, porque o Estado é uma ficção formada
regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o por um grupo de pessoas que desempenham as atividades
ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo estatais diversas. Assim, viola direitos humanos não o Esta-
por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado do em si, mas o agente que o representa, fazendo com que
tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos o próprio Estado seja responsabilizado por isso civilmente,
danos que seus agentes causem durante a prestação do pagando pela indenização (reparação dos danos materiais
serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação e morais). Sem prejuízo, com relação a eles, caberá ação de
aos direitos humanos reconhecidos. regresso se agiram com dolo ou culpa.
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal:
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi-
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°). responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali-
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re-
se encontram no art. 186 do Código Civil: gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.

Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo- Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau-
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela-
ilícito. ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao
Este é o artigo central do instituto da responsabilidade qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re-
civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária gresso é justamente o direito de acionar o causador direto
(agir como não se deve ou deixar de agir como se deve), do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima,
culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma considerada a existência de uma relação obrigacional que
violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo se forma entre a vítima e a instituição que o agente com-
causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e põe.
o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma- te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
terial, econômico e não econômico). te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe- que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é condutas incompatíveis com o comportamento ético dele
o dano específico, individualizado, que atinge determina- esperado.54
da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul- A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
na circunstância específica possuía o dever de impedir o são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad-
assalto, como no caso de uma viatura presente no local - ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá o
muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito dever de indenizar.
humano reconhecido). Não obstante, agentes públicos que pratiquem atos
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- violadores de direitos humanos se sujeitam à responsabi-
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por lidade penal e à responsabilidade administrativa, todas
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os autônomas uma com relação à outra e à já mencionada
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo 125 da Lei
nários, empregados ou temporários) e os particulares em nº 8.112/90:
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário).
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
das prerrogativas do cargo, não agindo como um particu- entre si.
lar.
Sem estes três requisitos, não será possível acionar o No caso da responsabilidade civil, o Estado é direta-
Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por mente acionado e responde pelos atos de seus servido-
mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida. res que violem direitos humanos, cabendo eventualmente
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili- ação de regresso contra ele. Contudo, nos casos da res-
zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado ponsabilidade penal e da responsabilidade administrativa
por um agente público no exercício de suas funções e que aciona-se o agente público que praticou o ato.
exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es- 54 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São
tado. Paulo: Método, 2011.

54
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

São inúmeros os exemplos de crimes que podem ser II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
praticados pelo agente público no exercício de sua função cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar pela
que violam direitos humanos. A título de exemplo, pecula- sua remuneração;
to, consistente em apropriação ou desvio de dinheiro pú- III - investido no mandato de Vereador, havendo compa-
blico (art. 312, CP), que viola o bem comum e o interesse tibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu cargo,
da coletividade; concussão, que é a exigência de vantagem emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo
indevida (art. 316, CP), expondo a vítima a uma situação de eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a
constrangimento e medo que viola diretamente sua digni- norma do inciso anterior;
dade; tortura, a mais cruel forma de tratamento humano, IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
cuja pena é agravada quando praticada por funcionário exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
público (art. 1º, §4º, I, Lei nº 9.455/97); etc. contado para todos os efeitos legais, exceto para promo-
Quanto à responsabilidade administrativa, menciona- ção por merecimento;
-se, a título de exemplo, as penalidades cabíveis descritas V - para efeito de benefício previdenciário, no caso
no art. 127 da Lei nº 8.112/90, que serão aplicadas pelo de afastamento, os valores serão determinados como se no
funcionário que violar a ética do serviço público, como ad- exercício estivesse.
vertência, suspensão e demissão.
Evidencia-se a independência entre as esferas civil, pe- 6) Regime de remuneração e previdência dos servi-
nal e administrativa no que tange à responsabilização do dores públicos
agente público que cometa ato ilícito. Regulamenta-se o regime de remuneração e previdên-
Tomadas as exigências de características dos danos aci- cia dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da Consti-
ma colacionadas, notadamente a anormalidade, considera- tuição Federal:
-se que para o Estado ser responsabilizado por um dano,
ele deve exceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
exigir do Estado uma excepcional vigilância da sociedade Municípios instituirão conselho de política de administra-
e a plena cobertura de todas as fatalidades que possam ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
acontecer em território nacional. designados pelos respectivos Poderes. (Redação dada pela
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e aplicação suspensa
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de pela ADIN nº 2.135-4, destacando-se a redação anterior: “A
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios institui-
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- rão, no âmbito de sua competência, regime jurídico único e
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir planos de carreira para os servidores da administração pú-
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em blica direta, das autarquias e das fundações públicas”).
prejuízo dentro de sua previsibilidade. § 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
São casos nos quais se reconheceu a responsabilida- componentes do sistema remuneratório observará:
de omissiva do Estado: morte de filho menor em creche I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi-
municipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa dade dos cargos componentes de cada carreira;
de assalto a usuário do metrô resultando em morte, danos II -  os requisitos para a investidura;
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais III -  as peculiaridades dos cargos.
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- § 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamento
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. dos servidores públicos, constituindo-se a participação
Logo, não é sempre que o Estado será responsabili- nos cursos um dos requisitos para a promoção na carreira,
zado. Há excludentes da responsabilidade estatal, nota- facultada, para isso, a celebração de convênios ou contratos
damente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou força maior entre os entes federados.
(fato da natureza) fora dos alcances da previsibilidade do § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
dano; b) culpa exclusiva da vítima. público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a
5) Exercício de mandato eletivo por servidores pú- lei estabelecer requisitos diferenciados de admissão
blicos quando a natureza do cargo o exigir.
A questão do exercício de mandato eletivo pelo servi- §  4º O membro de Poder, o detentor de mandato
dor público encontra previsão constitucional em seu artigo eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais
38, que notadamente estabelece quais tipos de mandatos e Municipais serão remunerados exclusivamente por
geram incompatibilidade ao serviço público e regulamenta subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
a questão remuneratória: qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de
representação ou outra espécie remuneratória, obedecido,
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
direta, autárquica e fundacional, no exercício de mandato § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou a menor remuneração dos servidores públicos, obedecido,
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.

55
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§  6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário I -  portadores de deficiência;


publicarão anualmente os valores do subsídio e da II -  que exerçam atividades de risco;
remuneração dos cargos e empregos públicos. III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es-
§  7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física.
e dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos § 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição
orçamentários provenientes da economia com despesas serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no §
correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para 1º, III, a, para o professor que comprove exclusivamente
aplicação no desenvolvimento de programas de qualidade tempo de efetivo exercício das funções de magistério na
e produtividade, treinamento e desenvolvimento, educação infantil e no ensino fundamental e médio.
modernização, reaparelhamento e racionalização do serviço § 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos car-
público, inclusive sob a forma de adicional ou prêmio de gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada
produtividade. a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do
§ 8º A remuneração dos servidores públicos organizados regime de previdência previsto neste artigo.
em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º. §  7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de
pensão por morte, que será igual:
Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efetivos I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor fa-
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, lecido, até o limite máximo estabelecido para os benefícios
incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado regime do regime geral de previdência social de que trata o art. 201,
de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este
contribuição do respectivo ente público, dos servidores limite, caso aposentado à data do óbito; ou
ativos e inativos e dos pensionistas, observados critérios II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor
que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e o disposto no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o limite
neste artigo. máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de
§  1º Os servidores abrangidos pelo regime de previdência social de que trata o art. 201, acrescido de se-
previdência de que trata este artigo serão aposentados, tenta por cento da parcela excedente a este limite, caso em
calculados os seus proventos a partir dos valores fixados na atividade na data do óbito.
forma dos §§ 3º e 17: § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, confor-
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente me critérios estabelecidos em lei.
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao tempo de serviço correspondente para efeito de dispo-
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, ou nibilidade.
aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de lei § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
complementar; contagem de tempo de contribuição fictício.
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni- § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público e total dos proventos de inatividade, inclusive quando de-
cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposentado- correntes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
ria, observadas as seguintes condições: bem como de outras atividades sujeitas a contribuição para
a)   sessenta anos de idade e trinta e cinco de o regime geral de previdência social, e ao montante resul-
contribuição, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade tante da adição de proventos de inatividade com remunera-
e trinta de contribuição, se mulher; ção de cargo acumulável na forma desta Constituição, cargo
b)  sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses- em comissão declarado em lei de livre nomeação e exonera-
senta anos de idade, se mulher, com proventos propor- ção, e de cargo eletivo.
cionais ao tempo de contribuição. § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de
§  2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, previdência dos servidores públicos titulares de cargo
por ocasião de sua concessão, não poderão exceder a efetivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
remuneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em fixados para o regime geral de previdência social.
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
para a concessão da pensão. em comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
§  3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, ração bem como de outro cargo temporário ou de emprego
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as público, aplica-se o regime geral de previdência social.
remunerações utilizadas como base para as contribuições § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
do servidor aos regimes de previdência de que tratam este Municípios, desde que instituam regime de previdência
artigo e o art. 201, na forma da lei. complementar para os seus respectivos servidores
§  4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di- titulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos abran- aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo regime
gidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos de que trata este artigo, o limite máximo estabelecido
termos definidos em leis complementares, os casos de ser- para os benefícios do regime geral de previdência social
vidores: de que trata o art. 201.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 15. O regime de previdência complementar de que direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou posto
trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo em disponibilidade com remuneração proporcional ao tem-
Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus po de serviço.
parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades § 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade,
fechadas de previdência complementar, de natureza públi- o servidor estável ficará em disponibilidade, com remune-
ca, que oferecerão aos respectivos participantes planos de ração proporcional ao tempo de serviço, até seu adequado
benefícios somente na modalidade de contribuição definida. aproveitamento em outro cargo.
§ 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção, § 4º Como condição para a aquisição da estabilidade,
o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor é obrigatória a avaliação especial de desempenho por co-
que tiver ingressado no serviço público até a data da missão instituída para essa finalidade.
publicação do ato de instituição do correspondente regime
de previdência complementar. Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o ser-
§ 17. Todos os valores de remuneração considerados vidor nomeado para cargo de provimento efetivo ficará su-
para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão jeito a estágio probatório por período de 24 (vinte e quatro)
devidamente atualizados, na forma da lei. meses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão ob-
§ 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de jeto de avaliação para o desempenho do cargo, observados
aposentadorias e pensões concedidas pelo regime de que os seguinte fatores:
trata este artigo que superem o limite máximo estabeleci- I - assiduidade;
do para os benefícios do regime geral de previdência social II - disciplina;
de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabelecido III - capacidade de iniciativa;
para os servidores titulares de cargos efetivos. IV - produtividade;
§ 19. O servidor de que trata este artigo que tenha V - responsabilidade.
completado as exigências para aposentadoria voluntária § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do
estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer em estágio probatório, será submetida à homologação da
atividade fará jus a um abono de permanência equivalente autoridade competente a avaliação do desempenho do
ao valor da sua contribuição previdenciária até completar servidor, realizada por comissão constituída para essa
as exigências para aposentadoria compulsória contidas no finalidade, de acordo com o que dispuser a lei ou o
§ 1º, II. regulamento da respectiva carreira ou cargo, sem prejuízo
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime da continuidade de apuração dos fatores enumerados nos
próprio de previdência social para os servidores titula- incisos I a V do caput deste artigo.
res de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gesto- § 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
ra do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
disposto no art. 142, § 3º, X. anteriormente ocupado, observado o disposto no parágrafo
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo único do art. 29.
incidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo- § 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite quaisquer cargos de provimento em comissão ou funções
máximo estabelecido para os benefícios do regime geral de de direção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
previdência social de que trata o art. 201 desta Constituição, de lotação, e somente poderá ser cedido a outro órgão
quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de doen- ou entidade para ocupar cargos de Natureza Especial,
ça incapacitante. cargos de provimento em comissão do Grupo-Direção e
Assessoramento Superiores - DAS, de níveis 6, 5 e 4, ou
7) Estágio probatório e perda do cargo equivalentes.
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a § 4º Ao servidor em estágio probatório somente
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: poderão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo assim afastamento para participar de curso de formação
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- decorrente de aprovação em concurso para outro cargo na
mento efetivo em virtude de concurso público. Administração Pública Federal.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
I -  em virtude de sentença judicial transitada em jul- licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84, § 1o,
gado; 86 e 96, bem assim na hipótese de participação em curso
II -  mediante processo administrativo em que lhe de formação, e será retomado a partir do término do
seja assegurada ampla defesa; impedimento.
III -  mediante procedimento de avaliação periódica
de desempenho, na forma de lei complementar, assegurada O estágio probatório pode ser definido como um lapso
ampla defesa. de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor serão
§  2º Invalidada por sentença judicial a demissão do avaliadas de acordo com critérios de assiduidade, discipli-
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan- na, capacidade de iniciativa, produtividade e responsabili-
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem dade. O servidor não aprovado no estágio probatório será

57
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo anterior- O estado de sítio é decretado quando estado de defesa
mente ocupado. Não existe vedação para um servidor em não resolveu o problema, quando o problema atinge todo
estágio probatório exercer quaisquer cargos de provimen- o país, ou em casos de guerra.
to em comissão ou funções de direção, chefia ou assesso- A disciplina se encontra do artigo 136, CF ao artigo
ramento no órgão ou entidade de lotação. 141, CF, que seguem.
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a disci-
plina do estágio probatório mudou, notadamente aumen- Seção I
tando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista que a DO ESTADO DE DEFESA
norma constitucional prevalece sobre a lei federal, mesmo
que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir o dispos- Art. 136, CF. O Presidente da República pode, ouvidos o
to no artigo 41 da Constituição Federal. Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional,
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató- decretar estado de defesa para preservar ou prontamente
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado nos restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem
casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, notada- pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
mente: em virtude de sentença judicial transitada em jul- instabilidade institucional ou atingidas por calamidades
gado; mediante processo administrativo em que lhe seja de grandes proporções na natureza.
assegurada ampla defesa; ou mediante procedimento § 1º O decreto que instituir o estado de defesa
de avaliação periódica de desempenho, na forma de lei determinará o tempo de sua duração, especificará as áreas
complementar, assegurada ampla defesa (sendo esta lei a serem abrangidas e indicará, nos termos e limites da lei, as
complementar ainda inexistente no âmbito federal. medidas coercitivas a vigorarem, dentre as seguintes:
I - restrições aos direitos de:
8) Dos militares dos Estados, Distrito Federal e Ter- a) reunião, ainda que exercida no seio das associações;
ritórios b) sigilo de correspondência;
Prevê o artigo 42, CF: c) sigilo de comunicação telegráfica e telefônica;
II - ocupação e uso temporário de bens e serviços
Art. 42. Os membros das Polícias Militares e Corpos de
públicos, na hipótese de calamidade pública, respondendo
Bombeiros Militares, instituições organizadas com base na
a União pelos danos e custos decorrentes.
hierarquia e disciplina, são militares dos Estados, do Dis-
§ 2º O tempo de duração do estado de defesa não será
trito Federal e dos Territórios.
superior a trinta dias, podendo ser prorrogado uma vez,
§ 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito
por igual período, se persistirem as razões que justificaram
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei,
a sua decretação.
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142,
§ 3º Na vigência do estado de defesa:
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as
I - a prisão por crime contra o Estado, determinada
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. pelo executor da medida, será por este comunicada imedia-
§ 2º Aos pensionistas dos militares dos Estados, do tamente ao juiz competente, que a relaxará, se não for legal,
Distrito Federal e dos Territórios aplica-se o que for fixado facultado ao preso requerer exame de corpo de delito à au-
em lei específica do respectivo ente estatal. toridade policial;
II - a comunicação será acompanhada de declaração,
pela autoridade, do estado físico e mental do detido no
3 DEFESA DO ESTADO E DAS momento de sua autuação;
III - a prisão ou detenção de qualquer pessoa não poderá
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS.
ser superior a dez dias, salvo quando autorizada pelo Poder
Judiciário;
IV - é vedada a incomunicabilidade do preso.
Estado de defesa e Estado de sítio § 4º Decretado o estado de defesa ou sua prorrogação,
o Presidente da República, dentro de vinte e quatro horas,
O título V, intitulado “Da Defesa do Estado e Das Ins- submeterá o ato com a respectiva justificação ao Congres-
tituições Democráticas”, trabalha em seu capítulo I com o so Nacional, que decidirá por maioria absoluta.
Estado de Defesa e o Estado de Sítio. § 5º Se o Congresso Nacional estiver em recesso, será
Estado de defesa e estado de sítio são duas situações convocado, extraordinariamente, no prazo de cinco dias.
excepcionais decretadas pelo Chefe do Executivo Federal, § 6º O Congresso Nacional apreciará o decreto dentro
cumpridos determinados requisitos, visando preservar o de dez dias contados de seu recebimento, devendo conti-
próprio Estado e suas instituições democráticas. nuar funcionando enquanto vigorar o estado de defesa.
O estado de defesa é decretado para preservar ou § 7º Rejeitado o decreto, cessa imediatamente o estado
restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem de defesa.
pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente
instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de Da disciplina do Estado de Defesa no artigo 136, CF
grandes proporções na natureza. podem ser extraídos alguns aspectos relevantes.

58
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Primeiro, a finalidade do Estado de Defesa, que é a pre- I - obrigação de permanência em localidade deter-
servação ou restabelecimento em locais restritos e deter- minada;
minados a ordem pública e a paz social que estejam amea- II - detenção em edifício não destinado a acusados ou
çados por grave instabilidade institucional ou calamidade condenados por crimes comuns;
de grande proporção. III - restrições relativas à inviolabilidade da correspon-
Ainda, a especificidade que se percebe pela exigência dência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informa-
de determinação do local e do prazo de vigência (que não ções e à liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na
pode exceder 30 dias, prorrogáveis por mais 30 dias), bem forma da lei;
como pela delimitação de medidas. IV - suspensão da liberdade de reunião;
Nota-se que a natureza das medidas cabíveis ora se V - busca e apreensão em domicílio;
voltam ao estado de defesa por instabilidade institucional VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
(casos do inciso I do §1º, restringindo certos sigilos e o di- VII - requisição de bens.
reito de reunião) e ora se voltam ao estado de defesa por Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III
calamidade (caso do inciso II do §1º, com uso temporário a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados
de bens e serviços públicos). em suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respec-
Por fim, destaca-se que a decretação do Estado de De- tiva Mesa.
fesa, embora seja feita pelo Presidente da República, não é
um ato arbitrário porque ele deve ouvir a opinião do Con- No Estado de Sítio também é necessária a oitiva do
selho da República e do Conselho de Defesa Nacional e Conselho da República e do Conselho de Defesa Nacional,
depois submeter o decreto para aprovação pelo Congresso bem como a aprovação pelo Congresso Nacional. As hipó-
Nacional por maioria absoluta. teses são de grave comoção nacional, ineficácia do estado
de defesa e estado de guerra. Também há requisitos de
Seção II especificidade quanto ao tempo, áreas abrangidas e medi-
DO ESTADO DE SÍTIO das coercitivas a serem aplicados no Estado de Sítio. Entre
as medidas coercitivas cabíveis no Estado de Sítio, estão as
Art. 137, CF. O Presidente da República pode, ouvidos enumeradas no artigo 139, CF.
o Conselho da República e o Conselho de Defesa Na-
cional, solicitar ao Congresso Nacional autorização para
Seção III
decretar o estado de sítio nos casos de:
DISPOSIÇÕES GERAIS
 I - comoção grave de repercussão nacional ou ocorrên-
cia de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada
Art. 140, CF. A Mesa do Congresso Nacional, ouvidos os
durante o estado de defesa;
líderes partidários, designará Comissão composta de cinco
II - declaração de estado de guerra ou resposta a
de seus membros para acompanhar e fiscalizar a execução
agressão armada estrangeira.
Parágrafo único. O Presidente da República, ao solicitar das medidas referentes ao estado de defesa e ao estado de
autorização para decretar o estado de sítio ou sua prorroga- sítio.
ção, relatará os motivos determinantes do pedido, devendo o
Congresso Nacional decidir por maioria absoluta. Art. 141, CF. Cessado o estado de defesa ou o estado de
sítio, cessarão também seus efeitos, sem prejuízo da res-
Art. 138, CF. O decreto do estado de sítio indicará sua ponsabilidade pelos ilícitos cometidos por seus executores
duração, as normas necessárias a sua execução e as ga- ou agentes.
rantias constitucionais que ficarão suspensas, e, depois Parágrafo único. Logo que cesse o estado de defesa ou
de publicado, o Presidente da República designará o execu- o estado de sítio, as medidas aplicadas em sua vigência se-
tor das medidas específicas e as áreas abrangidas. rão relatadas pelo Presidente da República, em mensagem
§ 1º O estado de sítio, no caso do art. 137, I, não poderá ao Congresso Nacional, com especificação e justificação das
ser decretado por mais de trinta dias, nem prorrogado, providências adotadas, com relação nominal dos atingidos e
de cada vez, por prazo superior; no do inciso II, poderá ser indicação das restrições aplicadas.
decretado por todo o tempo que perdurar a guerra ou a
agressão armada estrangeira. O Congresso Nacional, mediante Comissão específica,
§ 2º Solicitada autorização para decretar o estado exerce atividade fiscalizatória das medidas coercitivas. Pra-
de sítio durante o recesso parlamentar, o Presidente do ticados atos atentatórios serão punidos mesmo após ces-
Senado Federal, de imediato, convocará extraordinaria- sado o estado de defesa ou de sítio.
mente o Congresso Nacional para se reunir dentro de cinco
dias, a fim de apreciar o ato. Forças armadas
§ 3º O Congresso Nacional permanecerá em
funcionamento até o término das medidas coercitivas. Já o capítulo II do título V aborda as forças armadas,
que exercem a defesa do Estado.
Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado
com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas
contra as pessoas as seguintes medidas:

59
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

CAPÍTULO II ções especiais dos militares, consideradas as peculiaridades


DAS FORÇAS ARMADAS de suas atividades, inclusive aquelas cumpridas por força de
compromissos internacionais e de guerra. 
Art. 142, CF. As Forças Armadas, constituídas pela Ma-
rinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições Art. 143, CF. O serviço militar é obrigatório nos ter-
nacionais permanentes e regulares, organizadas com mos da lei.
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade su- § 1º Às Forças Armadas compete, na forma da lei,
prema do Presidente da República, e destinam-se à defesa atribuir serviço alternativo aos que, em tempo de paz, após
da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por alistados, alegarem imperativo de consciência, entendendo-
iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem. -se como tal o decorrente de crença religiosa e de convicção
§ 1º Lei complementar estabelecerá as normas gerais filosófica ou política, para se eximirem de atividades de ca-
a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego ráter essencialmente militar. 
das Forças Armadas. § 2º As mulheres e os eclesiásticos ficam isentos do
§ 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições serviço militar obrigatório em tempo de paz, sujeitos, porém,
disciplinares militares. a outros encargos que a lei lhes atribuir. 
§ 3º Os membros das Forças Armadas são denominados
militares, aplicando-se-lhes, além das que vierem a ser fixa- As Forças Armadas são compostas por Marinha, Exér-
das em lei, as seguintes disposições:  cito e Aeronáutica e o chefe delas é o Presidente da Re-
I - as patentes, com prerrogativas, direitos e deveres pública. Por terem a finalidade de defender a pátria, a
a elas inerentes, são conferidas pelo Presidente da República Constituição, a lei e a ordem, são permanentes, regulares e
e asseguradas em plenitude aos oficiais da ativa, da reser- hierarquizadas, além de terem vedações como o direito de
va ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos e postos greve e o direito de sindicalização, bem como de filiação
militares e, juntamente com os demais membros, o uso dos a partidos políticos. Pela natureza diversa dos crimes pra-
uniformes das Forças Armadas;  ticados por estes militares, serão julgados por órgão pró-
II - o militar em atividade que tomar posse em cargo ou prio e perdem a garantia do habeas corpus. O alistamento
emprego público civil permanente, ressalvada a hipótese militar é obrigatório, ainda que seja dispensado, caso em
prevista no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’, será transferido para que ficará como reservista. A mulher não precisa prestar o
a reserva, nos termos da lei;  serviço militar obrigatório, mas pode ser convocada para a
III - o militar da ativa que, de acordo com a lei, tomar prestação de outros serviços para o Estado, assim como os
posse em cargo, emprego ou função pública civil tempo- eclesiásticos.
rária, não eletiva, ainda que da administração indireta,
ressalvada a hipótese prevista no art. 37, inciso XVI, alínea Segurança pública
‘c’, ficará agregado ao respectivo quadro e somente poderá, A segurança tem um duplo aspecto na Constitui-
enquanto permanecer nessa situação, ser promovido por an- ção Federal, a saber, o aspecto de direito e garantia in-
tiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para dividual e coletivo, por estar prevista no caput, do artigo
aquela promoção e transferência para a reserva, sendo de- 5º, da Constituição Federal (ao lado do direito à vida, da
pois de dois anos de afastamento, contínuos ou não, transfe- liberdade, da igualdade, e da propriedade), bem como o
rido para a reserva, nos termos da lei;  aspecto de direito social, por estar prevista no artigo 6º, da
IV - ao militar são proibidas a sindicalização e a gre- Constituição Federal. A segurança do caput, do artigo 5º,
ve;  CF, todavia, se refere à “segurança jurídica”. Já a segurança
V - o militar, enquanto em serviço ativo, não pode estar do artigo 6º, CF, se refere à “segurança pública”, a qual en-
filiado a partidos políticos; contra disciplinamento no artigo 144, da Constituição da
VI - o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado República.
indigno do oficialato ou com ele incompatível, por deci- Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua
são de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de que a educação e a saúde são “direitos de todos e dever
paz, ou de tribunal especial, em tempo de guerra; do Estado”, fala, por outro lado, que a segurança pública,
VII - o oficial condenado na justiça comum ou militar a antes mesmo de ser direito de todos, é um “dever do Esta-
pena privativa de liberdade superior a dois anos, por senten- do”. Com isso, isto é, ao colocar a segurança pública antes
ça transitada em julgado, será submetido ao julgamento de tudo como um dever do Estado, e só depois como um
previsto no inciso anterior;  direito do todos, denota o compromisso dos agentes esta-
VIII - aplica-se aos militares o disposto no art. 7º, incisos tais em prevenir a desordem, e, consequencialmente, evitar
VIII, XII, XVII, XVIII, XIX e XXV, e no art. 37, incisos XI, XIII, a justiça por próprias mãos.
XIV e XV, bem como, na forma da lei e com prevalência da Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Fede-
atividade militar, no art. 37, inciso XVI, alínea ‘c’;    ral, se afirma que “a segurança pública, dever do Estado,
IX -  (Revogado) direito e responsabilidade de todos, é exercida para a pre-
X - a lei disporá sobre o ingresso nas Forças Arma- servação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
das, os limites de idade, a estabilidade e outras condições e do patrimônio [...]”. Conforme enumera o próprio artigo
de transferência do militar para a inatividade, os direitos, 144, CF em seus incisos, os órgãos responsáveis pela ga-
os deveres, a remuneração, as prerrogativas e outras situa- rantia da segurança pública, compondo sua estrutura, são:

60
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

polícia federal; polícia rodoviária federal; polícia ferroviária pensionistas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e
federal; polícias civis; e polícias militares e corpos de bom- dos Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
beiros militares. respectivo ente estatal.
Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um
destes órgãos que devem garantir a segurança pública, Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e o
com suas respectivas competências: funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pú-
blica, de maneira a garantir a eficiência de suas atividades.
Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei
como órgão permanente, organizado e mantido pela União Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
e estruturado em carreira, destina-se a: guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
I - apurar infrações penais contra a ordem política e so- serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
cial ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, as- Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po-
sim como outras infrações cuja prática tenha repercussão liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo será
interestadual ou internacional e exija repressão uniforme, fixada na forma do § 4º do art. 39. 
segundo se dispuser em lei;
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para
drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo da a preservação da ordem pública e da incolumidade das pes-
ação fazendária e de outros órgãos públicos nas respectivas soas e do seu patrimônio nas vias públicas: 
áreas de competência; I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá- de trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
ria e de fronteiras; assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana eficien-
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju- te; e 
diciária da União. II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades exe-
Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão cutivos e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira,
permanente, organizado e mantido pela União e estruturado na forma da lei.
em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento
ostensivo das rodovias federais. EXERCÍCIOS

Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, ór- 1. (DPE/DF - Analista - Assistência Judiciária -
gão permanente, organizado e mantido pela União e estru- FGV/2014) Sobre os Princípios Fundamentais da República
turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao patrulha- Federativa do Brasil, à luz do texto constitucional de 1988,
mento ostensivo das ferrovias federais.  é INCORRETO afirmar que:
(A) a República Federativa do Brasil tem como funda-
Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de- mentos: a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa
legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a com- humana, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa e
petência da União, as funções de polícia judiciária e a apu- o pluralismo político.
ração de infrações penais, exceto as militares. (B) a República Federativa do Brasil tem como obje-
tivos fundamentais: construir uma sociedade livre, justa e
Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a po- solidária; garantir o desenvolvimento nacional, erradicar
lícia ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades
de bombeiros militares, além das atribuições definidas em sociais e regionais; promover o bem de todos, sem precon-
lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil. ceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras
formas de discriminação.
Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de (C) todo o poder emana do povo, que o exerce unica-
bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exército, mente por meio de representantes eleitos.
subordinam-se, juntamente com as polícias civis, aos Gover- (D) entre outros, são princípios adotados pela Repú-
nadores dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”. blica Federativa do Brasil nas suas relações internacionais,
Sendo que, nos termos do artigo 42, CF, “os membros das os seguintes: a independência nacional, a prevalência dos
Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, institui- direitos humanos e o repúdio ao terrorismo e ao racismo.
ções organizadas com base na hierarquia e disciplina, são (E) a autodeterminação dos povos, a não intervenção
militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territó- e a defesa da paz são princípios regedores das relações
rios. § 1º Aplicam-se aos militares dos Estados, do Distrito internacionais da República Federativa do Brasil.
Federal e dos Territórios, além do que vier a ser fixado em lei,
as disposições do art. 14, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, 2. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O art.
§§ 2º e 3º, cabendo a lei estadual específica dispor sobre as 5º da Constituição Federal trata dos direitos e deveres in-
matérias do art. 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos dividuais e coletivos, espécie do gênero direitos e garan-
oficiais conferidas pelos respectivos governadores. § 2º Aos tias fundamentais (Título II). Assim, apesar de referir-se,

61
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

de modo expresso, apenas a direitos e deveres, também II - Será concedido habeas data para a retificação de
consagrou as garantias fundamentais. (LENZA, Pedro. Di- dados, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
reito Constitucional Esquematizado, São Paulo: Saraiva, judicial ou administrativo.
2009,13ª. ed., p. 671). III - Em se tratando de registro ou banco de dados de
Com base na afirmação acima, analise as questões a entidade governamental, o sujeito passivo na ação de ha-
seguir e assinale a alternativa correta. beas data será a pessoa jurídica componente da adminis-
I - Os direitos são bens e vantagens prescritos na norma tração direta e indireta do Estado.
constitucional, enquanto as garantias são os instrumentos IV - O mandado de injunção serve para requerer à au-
através dos quais se assegura o exercício dos aludidos di- toridade competente que faça uma lei para tornar viável o
reitos. exercício dos direitos e liberdades constitucionais.
II - O rol dos direitos expressos nos 78 incisos e pa- V - O pressuposto lógico do mandado de injunção é a
rágrafos do art. 5º da Constituição Federal é meramente demora legislativa que impede um direito de ser efetivado
exemplificativo. pela falta de complementação de uma lei.
III - Os direitos e garantias expressos na Constituição (A) Todas as afirmações estão corretas.
Federal não excluem outros decorrentes do regime e dos (B) Apenas I, II e III estão corretas.
princípios por ela adotados, ou dos tratados internacionais (C) Apenas II, III e IV estão corretas.
em que o Brasil seja parte. (D) Apenas II, III e V estão corretas.
IV - São invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra (E) Apenas IV e V estão corretas.
e a imagem das pessoas, assegurado o direito à indeniza-
ção pelo dano material ou moral decorrente de sua viola- 5. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) O de-
ção. vido processo legal estabelecido como direito do cidadão
V - É inviolável a liberdade de consciência e de crença, na Constituição Federal configura dupla proteção ao indi-
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e víduo, pois atua no âmbito material de proteção ao direito
garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e de liberdade e no âmbito formal, ao assegurar-lhe paridade
suas liturgias. de condições com o Estado para defender-se.
(A) Apenas I, II e III estão corretas.
Com base na afirmação acima, analise as questões a
(B) Apenas II, III e IV estão corretas.
seguir e assinale a alternativa correta.
(C) Apenas III e V estão corretas.
I - Ninguém será processado nem sentenciado senão
(D) Apenas IV e V estão corretas.
pela autoridade competente.
(E) Todas as questões estão corretas.
II - A lei só poderá restringir a publicidade dos atos
processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
3. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Os re-
médios constitucionais são as formas estabelecidas pela social o exigirem.
Constituição Federal para concretizar e proteger os direitos III - São admissíveis, no processo, as provas obtidas por
fundamentais a fim de que sejam assegurados os valores meios ilícitos.
essenciais e indisponíveis do ser humano. IV - Ninguém será levado à prisão ou nela mantido,
Assim, é correto afirmar, exceto: quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem
(A) O habeas corpus pode ser formulado sem advo- fiança.
gado, não tendo de obedecer a qualquer formalidade pro- V - Não haverá prisão civil por dívida, nem mesmo a do
cessual, e o próprio cidadão prejudicado pode ser o autor. depositário infiel.
(B) O habeas corpus é utilizado sempre que alguém (A) Apenas I, II e IV estão corretas.
sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação (B) Apenas I, III e V estão corretas.
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso (C) Apenas III e IV estão corretas.
de poder. (D) Apenas IV e V estão corretas.
(C) O autor da ação constitucional de habeas corpus (E) Todas as questões estão corretas.
recebe o nome de impetrante; o indivíduo em favor do qual
se impetra, paciente, podendo ser o mesmo impetrante, e 6. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
a autoridade que pratica a ilegalidade, autoridade coatora. Sobre a Lei Penal, é CORRETO afirmar que
(D) Caberá habeas corpus em relação a punições dis- (A) não retroage, salvo para beneficiar o réu.
ciplinares militares. (B) não retroage, salvo se o fato criminoso ainda não
(E) O habeas corpus será preventivo quando alguém for conhecido.
se achar ameaçado de sofrer violência, ou repressivo, quan- (C) retroage, salvo disposição expressa em contrário.
do for concreta a lesão. (D) retroage, se ainda não houver processo penal ins-
taurado.
4. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) Ainda
em relação aos outros remédios constitucionais analise as 7. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014)
questões a seguir e assinale a alternativa correta. Sobre as garantias fundamentais estabelecidas na Consti-
I - O habeas data assegura o conhecimento de infor- tuição Federal, é CORRETO afirmar que
mações relativas à pessoa do impetrante, constantes de (A) a Lei Penal é sempre irretroativa.
registros ou banco de dados de entidades governamentais (B) a prática do racismo constitui crime inafiançável e
ou de caráter público. imprescritível.

62
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(C) não haverá pena de morte em nenhuma circuns- (D) podem ter a natureza jurídica de lei complemen-
tância. tar, desde que o Congresso Nacional venha a aprová-los
(D) os templos religiosos, entendidos como casas de com observância do processo legislativo ordinário;
Deus, possuem garantia de inviolabilidade domiciliar. (E) sempre terão a natureza jurídica de atos de direito
internacional, não se integrando, em qualquer hipótese, à
8. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) ordem jurídica interna.
NÃO figura entre as garantias expressas no artigo 5º da
Constituição Federal: 12. (OAB - Exame de Ordem Unificado - FGV/2014)
(A) a obtenção de certidões em repartições públicas. Pedro promoveu ação em face da União Federal e seu pedi-
(B) a defesa do consumidor, prevista em estatuto pró- do foi julgado procedente, com efeitos patrimoniais venci-
prio. dos e vincendos, não havendo mais recurso a ser interpos-
(C) o respeito à integridade física dos presos, garanti- to. Posteriormente, o Congresso Nacional aprovou lei, que
do pela lei de execução penal. foi sancionada, extinguindo o direito reconhecido a Pedro.
(D) a remuneração do trabalho noturno superior ao Após a publicação da referida lei, a Administração Pública
diurno, posto que contido na legislação ordinária trabalhis- federal notificou Pedro para devolver os valores recebidos,
ta. comunicando que não mais ocorreriam os pagamentos fu-
turos, em decorrência da norma em foco.
9. (PC/MG - Investigador de Polícia - FUMARC/2014) Nos termos da Constituição Federal, assinale a opção
A casa é asilo inviolável do indivíduo, podendo-se nela en- correta
trar, sem permissão do morador, EXCETO (A) A lei não pode retroagir, porque a situação versa
(A) em caso de desastre. sobre direitos indisponíveis de Pedro
(B) em caso de flagrante delito. (B) A lei não pode retroagir para prejudicar a coisa jul-
(C) para prestar socorro. gada formada em favor de Pedro.
(D) por determinação judicial, a qualquer hora. (C) A lei pode retroagir, pois não há direito adquirido
de Pedro diante de nova legislação.
10. (Prefeitura de Florianópolis/SC - Administrador (D) A lei pode retroagir, porque não há ato jurídico
- FGV/2014) Em tema de direitos e garantias fundamen- perfeito em favor de Pedro diante de pagamentos penden-
tais, o artigo 5º da Constituição da República estabelece tes.
que é:
(A) livre a manifestação do pensamento, sendo fo- 13. (SP-URBANISMO - Analista Administrativo - Ju-
mentado o anonimato; rídico - VUNESP/2014) João apresenta requerimento jun-
(B) assegurado o direito de resposta, proporcional ao to à Prefeitura do Município de São Paulo, pleiteando que
agravo, que substitui o direito à indenização por dano ma- lhe seja informado o número de licitações, na modalidade
terial, moral ou à imagem; pregão, realizadas pela São Paulo Urbanismo desde 2010.
(C) assegurado a todos o acesso à informação e res- O pleito de João
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício (A) não encontra previsão expressa como direito fun-
profissional; damental na Constituição Federal, mas, todavia, deverá ser
(D) livre a expressão da atividade intelectual, artística, acolhido em virtude do texto constitucional prever que a
científica e de comunicação, ressalvados os casos de cen- lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
sura ou licença; ameaça a direito
(E) direito de todos receber dos órgãos públicos in- (B) é constitucionalmente previsto, pois é a todos
formações de seu interesse particular, sendo vedada a ale- assegurado, mediante o pagamento de taxa, o direito de
gação de sigilo por imprescindibilidade à segurança da so- petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou
ciedade e do Estado. contra ilegalidade ou abuso de poder
(C) não encontra amparo constitucional, uma vez
11. (TJ-RJ - Técnico de Atividade Judiciária - que a obtenção de certidões em repartições públicas será
FGV/2014) A partir da Emenda Constitucional nº 45/2004, atendida apenas se o objeto do pedido for para defesa de
os tratados e convenções internacionais sobre direitos hu- direitos ou para esclarecimento de situações de interesse
manos: pessoal.
(A) sempre terão a natureza jurídica de lei, exigindo a (D) encontra amparo constitucional, pois todos têm
sua aprovação, pelo Congresso Nacional e a promulgação, direito a receber dos órgãos públicos informações de seu
na ordem interna, pelo Chefe do Poder Executivo; interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
(B) sempre terão a natureza jurídica de emenda cons- serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabili-
titucional, exigindo, apenas, que a sua aprovação, pelo dade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à
Congresso Nacional, se dê em dois turnos de votação, com segurança da sociedade e do Estado.
o voto favorável de dois terços dos respectivos membros; (E) é constitucionalmente previsto, devendo ser
(C) podem ter a natureza jurídica de emenda constitu- respondido em 48 (quarenta e oito) horas, pois a todos,
cional, desde que a sua aprovação, pelo Congresso Nacio- no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a
nal, se dê em dois turnos de votação, com o voto favorável razoável duração do processo e os meios que garantam a
de três quintos dos respectivos membros; celeridade de sua tramitação.

63
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

14. (TCE/PI - Assessor Jurídico - FCC/2014) A teoria 17. (TJ/MT - Juiz de Direito - FMP/2014) Assinale a
da reserva do possível alternativa correta.
(A) significa a inoponibilidade do arbítrio estatal à (A) O rol de direitos sociais nos incisos do art. 7º e
efetivação dos direitos sociais, econômicos e culturais. seguintes é exaustivo.
(B) gira em torno da legitimidade constitucional do (B) É vedada a redução proporcional do salário do
controle e da intervenção do poder judiciário em tema de trabalhador sob qualquer hipótese.
implementação de políticas públicas, quando caracterizada (C) É assegurado ao trabalhador o gozo de férias
hipótese de omissão governamental. anuais remuneradas com, no mínimo, um terço a mais do
(C) considera que as políticas públicas são reservadas que o salário normal.
discricionariamente à análise e intervenção do poder judi- (D) A licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
ciário, que as limitará ou ampliará, de acordo com o caso do salário, não está constitucionalmente prevista, mas é
concreto. determinada pela CLT.
(D) é sinônima, em significado e extensão, à teoria (E) O direito à licença paternidade, sem prejuízo do
emprego e do salário, não está constitucionalmente previs-
do mínimo existencial, examinado à luz da violação dos
to, mas é determinado pela CLT.
direitos fundamentais sociais, culturais e econômicos,
como o direito à saúde e à educação básica.
18. (TRT/16ª REGIÃO/MA - Analista Judiciário -
(E) defende a integridade e a intangibilidade dos di- FCC/2014) Pietro, nascido na Itália, naturalizou-se brasilei-
reitos fundamentais, independentemente das possibilida- ro no ano de 2012. No ano de 2011, Pietro acabou come-
des financeiras e orçamentárias do estado. tendo um crime de roubo, cuja autoria foi apurada apenas
no ano de 2013, sendo instaurada a competente ação pe-
15. (Prefeitura de Recife/PE - Procurador - nal, culminando com a condenação de Pietro, pela Justiça
FCC/2014) A Emenda Constitucional nº 72, promulgada Pública, ao cumprimento da pena de 05 anos e 04 meses
em 2 de abril de 2013, tem por finalidade estabelecer a de reclusão, em regime inicial fechado, por sentença tran-
igualdade de direitos entre os trabalhadores domésticos e sitada em julgado. Neste caso, nos termos estabelecidos
os demais trabalhadores urbanos e rurais. Nos termos de pela Constituição federal, Pietro
suas disposições, a Emenda (A) não poderá ser extraditado, tendo em vista a quan-
(A) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, tidade de pena que lhe foi imposta pelo Poder Judiciário.
dentre outros, dos direitos à remuneração do serviço ex- (B) não poderá ser extraditado, pois o crime foi come-
traordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento a tido antes da sua naturalização.
do normal e à proteção do mercado de trabalho da mulher, (C) poderá ser extraditado.
mediante incentivos específicos. (D) não poderá ser extraditado, pois não cometeu cri-
(A) instituiu vedação ao legislador para conferir tra- me hediondo ou de tráfico ilícito de entorpecentes e dro-
tamento diferenciado aos trabalhadores domésticos, em gas afim.
relação aos trabalhadores urbanos e rurais. (E) não poderá ser extraditado, pois a sentença con-
(B) não determinou a extensão ao trabalhador do- denatória transitou em julgado após a naturalização.
méstico, dentre outros, dos direitos à proteção em face da
automação e à proteção do mercado de trabalho da mu- 19. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014) É
lher, mediante incentivos específicos. privativo de brasileiro nato o cargo de
(C) determinou a extensão ao trabalhador doméstico, (A) Ministro do Supremo Tribunal Federal.
dentre outros, dos direitos à proteção em face da automa- (B) Senador.
(C) Juiz de Direito.
ção e ao piso salarial proporcional à extensão e à comple-
(D) Delegado de Polícia.
xidade do trabalho.
(E) Deputado Federal.
(D) não determinou a extensão ao trabalhador do-
méstico, dentre outros, dos direitos à remuneração do ser- 20. (PC/TO - Delegado de Polícia - Aroeira/2014)
viço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por No caso de condenação criminal transitada em julgado,
cento a do normal e ao piso salarial proporcional à exten- enquanto durarem seus efeitos, o condenado terá seus di-
são e à complexidade do trabalho. reitos políticos:
(A) mantidos.
16. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) (B) cassados.
Com referência à CF, aos direitos e garantias fundamen- (C) perdidos.
tais, à organização político-administrativa, à administração (D) suspensos.
pública e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e 21. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) No que
determina que cabe à lei definir os serviços ou atividades concerne às condições de elegibilidade para o cargo de
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessidades prefeito previstas na CRFB/88, assinale a opção correta.
inadiáveis da comunidade. (A) José, ex-prefeito, que renunciou ao cargo 120 dias
Certo ( ) antes da eleição poderá candidatar-se à reeleição ao cargo
Errado ( ) de prefeito.

64
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(B) João, brasileiro, solteiro, 22 anos, poderá candida- (E) As funções de confiança, exercidas exclusivamente
tar-se, pela primeira vez, ao cargo de prefeito. por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em
(C) Marcos, brasileiro, 35 anos e analfabeto, poderá comissão, a serem preenchidos por servidores de carreira
candidatar-se ao cargo de prefeito. nos casos, condições e percentuais mínimos previstos em
(D) Luís, capitão do exército com 5 anos de serviço, lei, destinam-se, apenas, às atribuições de direção, chefia e
mas que não pretende e nem irá afastar-se das atividades assessoramento.
militares, poderá candidatar-se ao cargo de prefeito.
26. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) “A ad-
22. (TJ/MT - Juiz - FMP-RS/2014) Assinale a alternati- ministração pública pode ser definida objetivamente como
va correta a respeito dos partidos políticos. a atividade concreta e imediata que o Estado desenvolve
(A) É vedado a eles o recebimento de recursos para a consecução dos interesses coletivos e subjetivamen-
financeiros por parte de empresas transnacionais. te como o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos
(B) É assegurado a eles o acesso gratuito à propaganda quais a lei atribui o exercício da função administrativa do
no rádio e na televisão, exceto aqueles que não possuam Estado”. (MORAES, Alexandre de, Direito Constitucional.
representação no Congresso Nacional. São Paulo: Atlas, 2007, 22. ed., p. 310)
(C) Os partidos devem, obrigatoriamente, ter caráter Com base no que determina a Constituição Federal a
nacional. respeito da administração pública é correto afirmar, exceto:
(D) Os partidos devem, após cada campanha, apresen- (A) A investidura em cargo ou emprego público de-
tar ao Congresso Nacional a sua prestação de contas para pende de aprovação prévia em concurso público de pro-
aprovação. vas e títulos, de acordo com a natureza e complexidade do
(E) Em razão de sua importante função institucional, cargo, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão.
os partidos políticos possuem natureza jurídica de direito (B) A Administração pública direta e indireta obede-
público. cerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
dade, publicidade e eficiência.
23. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - (C) O prazo de validade do concurso público será de
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à orga- até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período.
nização político-administrativa da República Federativa do (D) A Constituição Federal não veda a acumulação re-
munerada de cargos públicos.
Brasil.
(E) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição
ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas
Certo ( )
ações de ressarcimento.
Errado ( )
27. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Com
24. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária -
relação à competência privativa da União para legislar, é
CESPE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à orga-
INCORRETO afirmar que compete privativamente à União
nização político-administrativa da República Federativa do legislar sobre
Brasil. (A) registros públicos.
A despeito de serem entes federativos, os territórios fe- (B) comércio exterior e interestadual.
derais carecem de autonomia. (C) organização do sistema nacional de emprego e
Certo ( ) condições para o exercício de profissões.
Errado ( ) (D) direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho.
25. (TRT/23ª REGIÃO (MT) - Juiz Substituto - TRT (E) florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
23ªR/2014) Sobre a administração pública, assinale a alter- reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
nativa INCORRETA: meio ambiente e controle da poluição.
(A) A administração pública direta e indireta de qual-
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal 28. (AGU - Administrador - IDECAN/2014) Conside-
e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, rando as regras constitucionais sobre a administração pú-
moralidade, publicidade, eficiência e impessoalidade. blica, analise as afirmativas.
(B) É garantido ao servidor público civil o direito à livre I. Os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
associação sindical. do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
(C) A administração fazendária e seus servidores fis- pelo Poder Executivo.
cais terão, dentro de suas áreas de competência e jurisdi- II. A remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
ção, precedência sobre os demais setores administrativos, gos, funções e empregos públicos da administração direta,
na forma da lei. autárquica e fundacional, dos membros de qualquer dos
(D) A proibição de acumulação remunerada de cargos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
públicos se estende a emprego e funções, não abrangendo, Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos de-
pois, sociedades de economia mista. mais agentes políticos e os proventos, pensões ou outra

65
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

espécie remuneratória, percebidos cumulativamente ou (B) deve ser considerado abusivo se exercido por ser-
não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer outra vidores públicos em estágio probatório.
natureza, não poderão exceder o subsídio mensal, em es- (C) é constitucional, visto que previsto em norma
pécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal. da constituição federal com aplicabilidade imediata, não
III. É vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer necessitando de regulamentação, nem de integração
espécies remuneratórias para o efeito de remuneração de normativa, para que o direito nela previsto possa ser
pessoal do serviço público. exercido.
Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s): (D) é constitucional, devendo, no entanto, observar
(A) I, II e III. a regulamentação legislativa da greve dos trabalhadores
(B) I, apenas. em geral, que se aplica, naquilo que couber, aos servidores
(C) I e II, apenas. públicos enquanto não for promulgada lei específica para
(D) I e III, apenas. o exercício desse direito.
(E) II e III, apenas. (E) é constitucional e poderá ensejar convenção
coletiva em que seja prevista a majoração dos vencimentos
29. (TJ/RJ - Juiz Substituto - VUNESP/2014) Assinale dos servidores públicos.
a alternativa que está de acordo com o disposto na Cons-
tituição Federal. 32. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho -
(A) Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino FCC/2014) Certo Município editou lei municipal que dis-
fundamental e na educação infantil, enquanto os Estados e ciplinou o horário de funcionamento de farmácias e dro-
o Distrito Federal atuarão exclusivamente nos ensinos fun- garias. O sindicato dos empregados do comércio da região
damental e médio. pretende impugnar judicialmente a referida norma, sob o
(B) As pessoas físicas que praticarem condutas e ati- argumento de que o Município não teria competência para
vidades consideradas lesivas ao meio ambiente ficarão su- legislar sobre a matéria, mesmo na ausência de lei fede-
jeitas às respectivas sanções penais e administrativas, e as ral e estadual sobre o tema. Considerando a Constituição
pessoas jurídicas serão obrigadas, exclusivamente, a repa- Federal e a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
rar os danos causados ao meio ambiente. pretensão do sindicato
(C) As terras tradicionalmente ocupadas pelos índios
(A) não encontra fundamento constitucional, uma vez
destinam-se à sua posse permanente, cabendo-lhes o usu-
que cabe aos Municípios fixar o horário de funcionamen-
fruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos lagos
to desses estabelecimentos, inserindo-se a matéria na sua
nelas existentes.
competência para legislar sobre assuntos de interesse local.
(D) É vedado às universidades e às instituições de
(B) não encontra fundamento constitucional, uma vez
pesquisa científica e tecnológica admitir professores,
que, apesar da matéria se inserir na competência residual
técnicos e cientistas estrangeiros.
dos Estados, cabe aos Municípios suprir a ausência de lei
30. (SEAP/DF - Analista Direito - IADES/2014) Acer- estadual para atender as suas peculiaridades locais.
ca da organização do Estado, em consonância com a Cons- (C) encontra fundamento constitucional, uma vez que
tituição Federal, assinale a alternativa correta. a ausência de norma federal disciplinando a matéria não
(A) É competência comum da União, dos estados, do poderia ser suprida por lei estadual, nem por lei municipal.
Distrito Federal e dos municípios proporcionar os meios de (D) encontra fundamento constitucional, uma vez
acesso à cultura, à educação e à ciência. que, inexistindo lei federal a respeito, apenas os Estados
(B) É competência exclusiva da União proteger os poderiam legislar sobre a matéria para atender as suas pe-
documentos, as obras e outros bens de valor histórico, culiaridades.
artístico e cultural, os monumentos, as paisagens naturais (E) encontra fundamento constitucional, uma vez que
notáveis e os sítios arqueológicos. a matéria insere-se na competência residual dos Estados
(C) É competência exclusiva dos estados impedir a para legislar sobre as competências que não lhes sejam ve-
evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte dadas pela Constituição.
e de outros bens de valor histórico, artístico ou cultural.
(D) Compete, exclusivamente, à União legislar sobre a 33. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turísti- Compete privativamente à União legislar sobre
co e paisagístico. (A) produção e consumo.
(E) Compete, exclusivamente, aos estados legislar so- (B) assistência jurídica e defensoria pública.
bre educação, cultura, ensino e desporto. (C) trânsito e transporte.
(D) direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
31. (TRT/18ª REGIÃO/GO - Juiz do Trabalho - mico e urbanístico.
FCC/2014) O exercício do direito de greve pelos servidores (E) educação, cultura, ensino e desporto.
públicos civis da Administração direta
(A) deve ser considerado inconstitucional, até que 34. (PC/SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2014)
seja editada a lei definidora dos termos e limites em que Os atos de improbidade administrativa importarão, nos
possa ser exercido, a fim de preservar a continuidade da termos da Constituição Federal, dentre outros,
prestação dos serviços públicos. (A) a prisão provisória, sem direito à fiança.

66
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(B) a indisponibilidade dos bens. terial ou moral decorrente de sua violação”; o que faz tam-
(C) a impossibilidade de deixar o país. bém o item V com relação ao artigo 5º, VI, CF que diz que
(D) a suspensão dos direitos civis. “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo
(E) o pagamento de multa ao fundo de proteção so- assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garanti-
cial. da, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas
liturgias”. Sendo assim, todas afirmativas estão corretas.
35. (OAB XIII - Primeira Fase - FGV/2014) José é ci-
dadão do município W, onde está localizado o distrito de B. 3. Resposta: “D”. O habeas corpus é garantia previs-
Após consultas informais, José verifica o desejo da popula- ta no artigo 5º, LXVIII, CF: “conceder-se-á habeas corpus
ção distrital de obter a emancipação do distrito em relação sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer
ao município de origem. violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
De acordo com as normas constitucionais federais, ilegalidade ou abuso de poder”. A respeito dele, a lei bus-
dentre outros requisitos para legitimar a criação de um ca torná-lo o mais acessível possível, por ser diretamente
novo Município, são indispensáveis: relacionado a um direito fundamental da pessoa humana.
O objeto de tutela é a liberdade de locomoção; a propo-
(A) lei estadual e referendo.
situra não depende de advogado; o que propõe a ação é
(B) lei municipal e plebiscito.
denominado impetrante e quem será por ela beneficiado é
(C) lei municipal e referendo.
chamado paciente (podendo a mesma pessoa ser os dois),
(D) lei estadual e plebiscito.
contra quem é proposta a ação é a denominada autoridade
coatora; e é possível utilizar habeas corpus repressivamen-
36. (MPE/MG - Promotor de Justiça - MPE/2014) te e preventivamente. Por sua vez, a Constituição Federal
Assinale a afirmativa INCORRETA: prevê no artigo 142, §2º que “não caberá habeas corpus em
(A) O federalismo por agregação surge quando Esta- relação a punições disciplinares militares”.
dos soberanos cedem uma parcela de sua soberania para
formar um ente único. 4. Resposta: “A”. No que tange ao tema, destaque para
(B) O federalismo dualista caracteriza-se pela sujeição os seguintes incisos do artigo 5º da CF: “LXXI - conceder-
dos Estados federados à União. -se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma
(C) O federalismo centrípeto se caracteriza pelo forta- regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e
lecimento do poder central decorrente da predominância liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
de atribuições conferidas à União. nacionalidade, à soberania e à cidadania; LXXII - conceder-
(D) No federalismo atípico, constata-se a existência de -se-á habeas data: a) para assegurar o conhecimento de
três esferas de competências: União, Estados e Municípios. informações relativas à pessoa do impetrante, constantes
de registros ou bancos de dados de entidades governa-
RESPOSTAS mentais ou de caráter público; b) para a retificação de da-
dos, quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso,
1. Resposta: “C”. A democracia brasileira adota a mo- judicial ou administrativo”. Os itens “I” e “II” repetem o teor
dalidade semidireta, porque possibilita a participação po- do artigo 5º, LXXII, CF. Já o item “III” decorre logicamente
da previsão dos direitos fundamentais como limitadores da
pular direta no poder por intermédio de processos como
atuação do Estado, logo, as informações requeridas serão
o plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. Como são
contra uma entidade governamental da administração di-
hipóteses restritas, pode-se afirmar que a democracia indi-
reta ou indireta. Por sua vez, o item “IV” reflete o artigo
reta é predominantemente adotada no Brasil, por meio do 5º, LXXI, CF, do qual decorre logicamente o item “V”, posto
sufrágio universal e do voto direto e secreto com igual va- que a demora do legislador em regulamentar uma norma
lor para todos. Contudo, não é a única maneira de se exer- constitucional de aplicabilidade mediata, que necessita do
cer o poder (artigo 14, CF e artigo 1º, parágrafo único, CF). preenchimento de seu conteúdo, evidencia-se em risco aos
direitos fundamentais garantidos pela Constituição Fede-
2. Resposta: “E”. “I” está correta porque a principal di- ral.
ferença entre direitos e garantias é que os primeiros servem
para determinar os bens jurídicos tutelados e as segundas 5. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 5º, LIII, CF, “nin-
são os instrumentos para assegurar estes (ex: direito de li- guém será processado nem sentenciado senão pela autori-
berdade de locomoção – garantia do habeas corpus). “II” dade competente”, restando o item “I” correto; pelo artigo
está correta, afinal, o próprio artigo 5º prevê em seu §2º 5º, LX, CF, “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
que “os direitos e garantias expressos nesta Constituição processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse
não excluem outros decorrentes do regime e dos princípios social o exigirem”, motivo pelo qual o item “II” está correto;
por ela adotados, ou dos tratados internacionais em que a e prevê o artigo 5º, LXVI, CF que “ninguém será levado à
República Federativa do Brasil seja parte”, fundamento que prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a liberdade
também demonstra que o item “III” está correto. O item IV provisória, com ou sem fiança”, confirmando o item “IV”.
traz cópia do artigo 5º, X, CF, que prevê que “são inviolá- Por sua vez, o item “III” está incorreto porque “são inad-
veis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das missíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos”
pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano ma- (artigo 5º, LVI, CF); e o item “V” está incorreto porque a ju-

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

risprudência atual ainda aceita a prisão civil do devedor de tadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, res-
alimentos, sendo que o texto constitucional autoriza tanto salvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança
esta quanto a do depositário infiel (artigo 5º, LXVII, CF). da sociedade e do Estado”.

6. Resposta: “A”. Preconiza o artigo 5º, XL, CF: “XL - 14. Resposta: “B”. A teoria da reserva do possível bus-
a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu”. ca impedir que se argumente por uma obrigação infinita do
Assim, se vier uma lei posterior ao fato que o exclua do Estado de atender direitos econômicos, sociais e culturais.
rol de crimes ou que confira tratamento mais benéfico (di- No entanto, não pode ser invocada como muleta para im-
minuindo a pena ou alterando o regime de cumprimento, pedir que estes direitos adquiram efetividade. Se a invoca-
notadamente), ela será aplicada. ção da reserva do possível não demonstrar cabalmente que
o Estado não tem condições de arcar com as despesas, o
7. Resposta: “B”. Neste sentido, prevê o artigo 5º, XLII, Poder Judiciário irá intervir e sanar a omissão.
CF: “XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançá-
vel e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
15. Resposta: “C”. A Emenda Constitucional nº 72/2013,
da lei”, restando “B” correta. “A” é incorreta porque a lei pe-
que ficou conhecida no curso de seu processo de votação
nal retroage para beneficiar o réu; “C” é incorreta porque é
aceita a pena de morte para os crimes militares praticados como PEC das domésticas, deu redação ao parágrafo único
em tempo de guerra; “D” é incorreta porque igrejas não do artigo 7º, o qual estende alguns dos direitos enumera-
possuem inviolabilidade domiciliar. dos nos incisos do caput para a categoria dos trabalhado-
res domésticos, quais sejam: “IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI,
8. Resposta: “D”. Embora o direito previsto na alter- XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e,
nativa “D” seja um direito fundamental, não é um direito atendidas as condições estabelecidas em lei e observada
individual, logo, não está previsto no artigo 5º, e sim no a simplificação do cumprimento das obrigações tributárias,
artigo 7º, CF, em seu inciso IX (“remuneração do trabalho principais e acessórias, decorrentes da relação de trabalho
noturno superior à do diurno”). e suas peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdência so-
9. Resposta: “D”. A propósito, o artigo 5º, XI, CF dis- cial”. Os direitos descritos na alternativa “C” estão previstos
põe: “a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela nos incisos XXVII e XX do artigo 7º da Constituição, não
podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo estendidos aos empregados domésticos pela emenda.
em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar so-
corro, ou, durante o dia, por determinação judicial”. Sen- 16. Resposta: “Certo”. O artigo 9º, CF disciplina o direi-
do assim, não cabe o ingresso por determinação judicial a to de greve: “É assegurado o direito de greve, competindo
qualquer hora, mas somente durante o dia. aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-
-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
10. Resposta: C. Dispõe o artigo 5º, CF em seu inciso § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e
XIV: “é assegurado a todos o acesso à informação e res- disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis
guardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício da comunidade. § 2º Os abusos cometidos sujeitam os res-
profissional”. ponsáveis às penas da lei”.

11. Resposta: “C”. Estabelece o §3º do artigo 5º,CF: 17. Resposta: “C”. “A” está incorreta porque o rol de
“Os tratados e convenções internacionais sobre direitos direitos sociais do artigo 7º é apenas exemplificativo, não
humanos que forem aprovados, em cada Casa do Con- excluindo outros que decorram das normas trabalhistas,
dos direitos humanos internacionais e das convenções e
gresso Nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos
acordos coletivos; “B” está incorreta porque a redução pro-
dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas
porcional pode ser aceita se intermediada por negociação
constitucionais”. Logo, é necessário o preenchimento de
coletiva, evitando cenário de demissão em massa; “D” está
determinados requisitos para a incorporação. incorreta porque a licença-gestante encontra arcabouço
constitucional, tal como a licença-paternidade, restando “E”
12. Resposta: “B”. No que tange à segurança jurídica, também incorreta (artigo 7º, XVIII e XIX, CF. Sendo assim,
tem-se o disposto no artigo 5º, XXXVI, CF: “XXXVI - a lei “C” está correta, conforme disposto no artigo 7º: “gozo de
não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a
e a coisa julgada”. A coisa julgada se formou a favor de mais do que o salário normal” (artigo 7º, XVII, CF).
Pedro e não pode ser quebrada por lei posterior que altere
a situação fático-jurídica, sob pena de se atentar contra a 18. Resposta: “C”. Nos termos do artigo 5º, LI, CF, “ne-
segurança jurídica. nhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em
caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou
13. Resposta: “D”. Trata-se de garantia constitucio- de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe-
nal prevista no artigo 5º, XXXIII, CF: “todos têm direito a centes e drogas afins, na forma da lei”. Embora a condena-
receber dos órgãos públicos informações de seu interesse ção tenha ocorrido após a naturalização, o crime comum
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão pres- foi praticado antes dela, permitindo a extradição de Pietro.

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

19. Resposta: “A”. Conforme disciplina o artigo 12, § que não podem dele se desvincularem (atitudes neste sen-
3º, CF, “São privativos de brasileiro nato os cargos: I - de tido podem gerar intervenção federal por atentarem contra
Presidente e Vice-Presidente da República; II - de Presiden- o regime federativo). Logo, os Estados-membros possuem
te da Câmara dos Deputados; III - de Presidente do Senado autonomia relativa, limitada ao previsto pela Constituição,
Federal; IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; V e não possuem soberania.
- da carreira diplomática; VI - de oficial das Forças Armadas;
VII - de Ministro de Estado da Defesa”. O motivo da veda- 24. Resposta: “Errado”. Os Territórios, atualmente não
ção é que em determinadas circunstâncias o Ministro do existentes no país, se vierem a existir, possuem vinculação
Supremo Tribunal Federal pode assumir substitutivamente com a União e não a autonomia enquanto entes federati-
a Presidência da República. vos. Somente são entes federativos a União, os Estados, O
distrito Federal e os Municípios.
20. Resposta: “D”. Os direitos políticos nunca podem
ser cassados ou perdidos, mas no máximo suspensos. A
25. Resposta: “D”. O artigo 37, caput da Constituição
condenação criminal transitada em julgado justifica a sus-
Federal colaciona os cinco princípios descritos na alterna-
pensão dos direitos políticos, o que é disposto no artigo
tiva “A” como de necessária observância na Administração
15, III, CF: “é vedada a cassação de direitos políticos, cuja
perda ou suspensão só se dará nos casos de: [...] III - con- Pública em todas suas esferas e em todos os seus Poderes.
denação criminal transitada em julgado, enquanto durarem Já a alternativa “B” repete previsão expressa do artigo 37,
seus efeitos”. VI, CF; assim como a alternativa “C” traz a previsão do ar-
tigo 37, XVIII, CF; e a alternativa “E” repete o previsto no
21. Resposta: “B”. Prevê o artigo 14, § 3º, CF: São con- artigo 37, V, CF.
dições de elegibilidade, na forma da lei: [...] VI - a idade Somente resta a alternativa “D”, que contraria o teor do
mínima de: c) vinte e um anos para Deputado Federal, De- artigo 37, XVII, CF: “A proibição de acumular estende-se a
putado Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de empregos e funções e abrange autarquias, fundações, em-
paz”, de modo que João preenche o requisito etário para a presas públicas, sociedades de economia mista, suas subsi-
candidatura. “A” está errada porque a renúncia é exigida diárias, e sociedades controladas, direta ou indiretamente,
para cargo diverso (artigo 14, §6º, CF); “C” está errada por- pelo poder público”. Com efeito, as sociedades de econo-
que o analfabeto não pode se eleger (artigo 14, §4º, CF); mia mista não estão excluídas da proibição de acumulação
“D” está errada porque o afastamento neste caso é exigido remunerada de cargos, razão pela qual a alternativa é in-
(artigo 14, §8º, I, CF). correta.

22. Resposta: “C”. O artigo 17 da Constituição Federal 26. Resposta: “D”. A alternativa “A” colaciona a exi-
regulamenta os partidos políticos e coloca o caráter nacio- gência do artigo 37, II, CF; a alternativa “B” traz os clássicos
nal como preceito que deva necessariamente se observado: princípios da Administração Pública previstos no caput do
“É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de parti- artigo 37; em “C” percebe-se o prazo de validade de um
dos políticos, resguardados a soberania nacional, o regime concurso público e sua possibilidade de prorrogação nos
democrático, o pluripartidarismo, os direitos fundamentais moldes exatos do artigo 37, III, CF; e “E” repete o teor do
da pessoa humana e observados os seguintes preceitos: artigo 37, §5º, CF. Por sua vez, a vedação de acumulações
I - caráter nacional; II - proibição de recebimento de re- ao servidor público está prevista no artigo 37, XVI, CF: “é
cursos financeiros de entidade ou governo estrangeiros ou vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, ex-
ceto, quando houver compatibilidade de horários, obser-
de subordinação a estes; III - prestação de contas à Justiça
vado em qualquer caso o disposto no inciso XI: a) a de dois
Eleitoral; IV - funcionamento parlamentar de acordo com a
cargos de professor; b) a de um cargo de professor com
lei. § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para outro técnico ou científico; c) a de dois cargos ou empre-
definir sua estrutura interna, organização e funcionamento gos privativos de profissionais de saúde, com profissões
e para adotar os critérios de escolha e o regime de suas regulamentadas”.
coligações eleitorais, sem obrigatoriedade de vinculação
entre as candidaturas em âmbito nacional, estadual, distri- 27. Resposta: “E”. A competência descrita em “E” é
tal ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer nor- comum entre União, Estados e Distrito Federal: “Art. 24.
mas de disciplina e fidelidade partidária. § 2º Os partidos Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legis-
políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma lar concorrentemente sobre: [...] VI - florestas, caça, pesca,
da lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos re-
Eleitoral. § 3º Os partidos políticos têm direito a recursos cursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da
do fundo partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, poluição”. O artigo 22, CF descreve nos incisos XXV, VIII, XVI
na forma da lei. § 4º É vedada a utilização pelos partidos e I competências privativas da União que constam, nesta
políticos de organização paramilitar”. ordem, as alternativas “A”, “B”, “C” e “D”.

23. Resposta: “Errado”. A soberania é elemento intrín- 28. Resposta: “A”. O item I traz o teor do artigo 37,
seco ao Estado nacional, ou seja, à União. O Brasil, enquan- XII, CF: “os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e
to Estado Nacional, é soberano. Suas unidades federativas, do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos
por seu turno, não possuem o atributo da soberania, tanto pelo Poder Executivo”. O item II corresponde ao artigo 37,

69
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

XI, CF: “XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de 32. Resposta: “A”. Nos termos do artigo 30, I, CF,
cargos, funções e empregos públicos da administração di- “Compete aos Municípios: I - legislar sobre assuntos de in-
reta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer teresse local”. A questão é que o Município tem autonomia
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e para legislar sobre temas de seu particularizado interesse
dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos e não de forma privativa. A mera alegação de que se faz
demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou- necessária a existência de lei delimitando o interesse local
tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente do Município apresenta-se apenas como outra possibilida-
ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer de de atuação. Nada impede a elaboração de legislação
outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
definindo o que seria de interesse do Município, mas em
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do sua ausência, a Carta Constitucional conferiu-lhe autono-
Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mia para decidir o que seria de seu interesse.
mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito 33. Resposta: “C”. A competência privativa legislativa
do Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores da União está descrita no artigo 22 da Constituição e a pre-
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e visão da alternativa “C” é a do seu inciso XI. Sobre produção
cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em espé- e consumo, a competência é legislativa concorrente entre
cie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, no âmbito União, estados e Distrito Federal (artigo 24, V, CF), assim
do Poder Judiciário, aplicável este limite aos membros do como a de legislar sobre assistência jurídica e Defensoria
Ministério Público, aos Procuradores e aos Defensores Pú- Pública (artigo 24, XIII, CF), a de legislar sobre direito tri-
blicos”. O item III refere-se ao inciso XIII do artigo 37, CF: “é butário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico
vedada a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies (artigo 24, I, CF) e a de legislar sobre educação, cultura,
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal ensino e desporto (artigo 24, IX, CF).
do serviço público”. Logo, as três afirmativas estão corretas.
34. Resposta: “B”. Nos moldes do artigo 37, §4º, CF,
29. Resposta: “C”. A alternativa “C” traz o teor do arti-
go 231, §2º, CF: “As terras tradicionalmente ocupadas pelos “os atos de improbidade administrativa importarão a sus-
índios destinam-se a sua posse permanente, cabendo-lhes pensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
o usufruto exclusivo das riquezas do solo, dos rios e dos la- indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário,
gos nelas existentes”, restando correta. “A” está errada por- na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo da ação
que o artigo 211, §3º, CF prevê que “os Estados e o Distrito penal cabível”. Dentre as alternativas, somente “B” descreve
Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e previsão do dispositivo retro.
médio”, não exclusivamente nestes. “B” está errada porque
pessoas jurídicas se sujeitam também a sanções penais e 35. Resposta: “D”. Disciplina o artigo 18, §4º, CF: “§ 4º
administrativas (artigo 225, §3º, CF). “D” está incorreta por- A criação, a incorporação, a fusão e o desmembramento
que nestes casos estrangeiros podem ser admitidos (artigo de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro do perío-
207, §1º, CF). do determinado por Lei Complementar Federal, e depen-
derão de consulta prévia, mediante plebiscito, às popula-
30. Resposta: “A”. A alternativa “A” traz competência ções dos Municípios envolvidos, após divulgação dos Estu-
descrita no artigo 23, V, CF: “Art. 23. É competência comum dos de Viabilidade Municipal, apresentados e publicados
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municí- na forma da lei”.
pios: [...] V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à
educação e à ciência”. Todas as demais estão incorretas: “B” 36. Resposta: “B”. O federalismo dualista é caracte-
competência concorrente entre todos os entes federados rizado por uma rígida separação de competências entre o
(artigo 24, III, CF); “C” competência concorrente entre todos ente central (união) e os entes regionais (estados-mem-
os entes federados (artigo 24, IV, CF); “D” competência con- bros). Sendo assim, não há uma relação mais intensa de
corrente entre União, estados e DF (artigo 24, VII, CF); “E” submissão e sim de autonomia.
competência concorrente entre União, estados e DF (artigo
24, IX, CF).

31. Resposta: “D”. A greve é um direito do servidor


público, previsto no inciso VII do artigo 37 da Constituição
Federal de 1988, portanto, trata-se de um direito consti-
tucional. Nesse sentido já decidiu o Superior Tribunal de
Justiça ao julgar o recurso no Mandado de Segurança nº
2.677, que, em suas razões, aduziu que “o servidor público,
independente da lei complementar, tem o direito público,
subjetivo, constitucionalizado de declarar greve”. Esse di-
reito abrange o servidor público em estágio probatório,
não podendo ser penalizado pelo exercício de um direito
constitucionalmente garantido.

70
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1 Princípios.............................................................................................................................................................................................................................01
2 Regime jurídico Administrativo.................................................................................................................................................................................03
3 Poderes da Administração Pública..........................................................................................................................................................................06
4 Serviço Público.................................................................................................................................................................................................................10
5 Atos Administrativos......................................................................................................................................................................................................20
6 Contratos Administrativos e Licitação....................................................................................................................................................................25
7 Bens Públicos....................................................................................................................................................................................................................62
8 Administração Direta e Indireta................................................................................................................................................................................64
9 Controle da Administração Pública.........................................................................................................................................................................70
10 Responsabilidade do Estado....................................................................................................................................................................................77
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Prof. Ma. Bruna Pinotti Garcia Oliveira c) Princípio da moralidade: A posição deste princí-
pio no artigo 37 da CF representa o reconhecimento de
Advogada e pesquisadora. Doutoranda em Direito, Es- uma espécie de moralidade administrativa, intimamente
tado e Constituição pela Universidade de Brasília – UNB. relacionada ao poder público. A administração pública não
Mestre em Teoria do Direito e do Estado pelo Centro Uni- atua como um particular, de modo que enquanto o des-
versitário Eurípides de Marília (UNIVEM) – bolsista CAPES. cumprimento dos preceitos morais por parte deste parti-
Professora de curso preparatório para concursos e universi- cular não é punido pelo Direito (a priori), o ordenamento
tária (Universidade Federal de Goiás – UFG e Faculdade do jurídico adota tratamento rigoroso do comportamento
Noroeste de Minas – FINOM). Autora de diversos trabalhos
imoral por parte dos representantes do Estado. O princípio
científicos publicados em revistas qualificadas, anais de
da moralidade deve se fazer presente não só para com os
eventos e livros, notadamente na área do direito eletrônico,
dos direitos humanos e do direito constitucional. administrados, mas também no âmbito interno. Está indis-
sociavelmente ligado à noção de bom administrador, que
não somente deve ser conhecedor da lei, mas também dos
1 PRINCÍPIOS. princípios éticos regentes da função administrativa. TODO
ATO IMORAL SERÁ DIRETAMENTE ILEGAL OU AO MENOS
IMPESSOAL, daí a intrínseca ligação com os dois princípios
anteriores.
Princípios constitucionais expressos d) Princípio da publicidade: A administração pública
São princípios da administração pública, nesta ordem: é obrigada a manter transparência em relação a todos seus
Legalidade atos e a todas informações armazenadas nos seus ban-
Impessoalidade cos de dados. Daí a publicação em órgãos da imprensa e
Moralidade a afixação de portarias. Por exemplo, a própria expressão
Publicidade concurso público (art. 37, II, CF) remonta ao ideário de que
Eficiência todos devem tomar conhecimento do processo seletivo de
Para memorizar: veja que as iniciais das palavras for- servidores do Estado. Diante disso, como será visto, se ne-
mam o vocábulo LIMPE, que remete à limpeza esperada da gar indevidamente a fornecer informações ao administrado
Administração Pública. É de fundamental importância um
caracteriza ato de improbidade administrativa.
olhar atento ao significado de cada um destes princípios,
posto que eles estruturam todas as regras éticas prescritas No mais, prevê o §1º do artigo 37, CF, evitando que
no Código de Ética e na Lei de Improbidade Administrativa, o princípio da publicidade seja deturpado em propaganda
tomando como base os ensinamentos de Carvalho Filho1 e político-eleitoral:
Spitzcovsky2:
a) Princípio da legalidade: Para o particular, legali- Artigo 37, §1º, CF. A publicidade dos atos, programas,
dade significa a permissão de fazer tudo o que a lei não obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter
proíbe. Contudo, como a administração pública representa caráter educativo, informativo ou de orientação social,
os interesses da coletividade, ela se sujeita a uma relação dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
de subordinação, pela qual só poderá fazer o que a lei ex- caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servido-
pressamente determina (assim, na esfera estatal, é preciso res públicos.
lei anterior editando a matéria para que seja preservado o
princípio da legalidade). A origem deste princípio está na Somente pela publicidade os indivíduos controlarão
criação do Estado de Direito, no sentido de que o próprio a legalidade e a eficiência dos atos administrativos. Os
Estado deve respeitar as leis que dita. instrumentos para proteção são o direito de petição e as
b) Princípio da impessoalidade: Por força dos interes- certidões (art. 5°, XXXIV, CF), além do habeas data e - resi-
ses que representa, a administração pública está proibida dualmente - do mandado de segurança. Neste viés, ainda,
de promover discriminações gratuitas. Discriminar é tratar
prevê o artigo 37, CF em seu §3º: 
alguém de forma diferente dos demais, privilegiando ou
prejudicando. Segundo este princípio, a administração pú-
blica deve tratar igualmente todos aqueles que se encon- Artigo 37, §3º, CF. A lei disciplinará as formas de par-
trem na mesma situação jurídica (princípio da isonomia ou ticipação do usuário na administração pública direta e
igualdade). Por exemplo, a licitação reflete a impessoalida- indireta, regulando especialmente:
de no que tange à contratação de serviços. O princípio da I -  as reclamações relativas à prestação dos serviços
impessoalidade correlaciona-se ao princípio da finalidade, públicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços de
pelo qual o alvo a ser alcançado pela administração públi- atendimento ao usuário e a avaliação periódica, externa e
ca é somente o interesse público. Com efeito, o interesse interna, da qualidade dos serviços;
particular não pode influenciar no tratamento das pessoas, II -  o acesso dos usuários a registros administrativos e
já que deve-se buscar somente a preservação do interesse a informações sobre atos de governo, observado o disposto
coletivo. no art. 5º, X e XXXIII;
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- III -  a disciplina da representação contra o exercício ne-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na admi-
2 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São nistração pública.
Paulo: Método, 2011.

1
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) Princípio da eficiência: A administração pública Meirelles4 entende que o ato discricionário, editado sob
deve manter o ampliar a qualidade de seus serviços com os limites da Lei, confere ao administrador uma margem de
controle de gastos. Isso envolve eficiência ao contratar pes- liberdade para fazer um juízo de conveniência e oportuni-
soas (o concurso público seleciona os mais qualificados ao dade, não sendo necessária a motivação. No entanto, se
exercício do cargo), ao manter tais pessoas em seus cargos houver tal fundamentação, o ato deverá condicionar-se a
(pois é possível exonerar um servidor público por ineficiên- esta, em razão da necessidade de observância da Teoria
cia) e ao controlar gastos (limitando o teto de remunera- dos Motivos Determinantes. O entendimento majoritário
ção), por exemplo. O núcleo deste princípio é a procura da doutrina, porém, é de que, mesmo no ato discricionário,
por produtividade e economicidade. Alcança os serviços é necessária a motivação para que se saiba qual o caminho
públicos e os serviços administrativos internos, se referindo adotado pelo administrador. Gasparini5, com respaldo no
diretamente à conduta dos agentes. art. 50 da Lei n. 9.784/98, aponta inclusive a superação de
tais discussões doutrinárias, pois o referido artigo exige a
Outros princípios administrativos motivação para todos os atos nele elencados, compreen-
Além destes cinco princípios administrativo-constitu- dendo entre estes, tanto os atos discricionários quanto os
cionais diretamente selecionados pelo constituinte, podem vinculados.
ser apontados como princípios de natureza ética relaciona- c) Princípio da Continuidade dos Serviços Públicos:
dos à função pública a probidade e a motivação: O Estado assumiu a prestação de determinados serviços,
a) Princípio da probidade:  um princípio constitu- por considerar que estes são fundamentais à coletividade.
cional incluído dentro dos princípios específicos da licita- Apesar de os prestar de forma descentralizada ou mesmo
ção, é o dever de todo o administrador público, o dever delegada, deve a Administração, até por uma questão de
de honestidade e fidelidade com o Estado, com a popu- coerência, oferecê-los de forma contínua e ininterrupta.
lação, no desempenho de suas funções. Possui contornos Pelo princípio da continuidade dos serviços públicos, o Es-
mais definidos do que a moralidade. Diógenes Gasparini3 tado é obrigado a não interromper a prestação dos ser-
alerta que alguns autores tratam veem como distintos os viços que disponibiliza. A respeito, tem-se o artigo 22 do
Código de Defesa do Consumidor:
princípios da moralidade e da probidade administrativa,
mas não há características que permitam tratar os mesmos
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas,
como procedimentos distintos, sendo no máximo possível
concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra for-
afirmar que a probidade administrativa é um aspecto parti-
ma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços
cular da moralidade administrativa.
adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, con-
b) Princípio da motivação: É a obrigação conferida
tínuos.
ao administrador de motivar todos os atos que edita, ge-
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou
rais ou de efeitos concretos. É considerado, entre os demais
parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pes-
princípios, um dos mais importantes, uma vez que sem a soas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos
motivação não há o devido processo legal, uma vez que a causados, na forma prevista neste código.
fundamentação surge como meio interpretativo da decisão
que levou à prática do ato impugnado, sendo verdadeiro d) Princípios da Tutela e da Autotutela da Adminis-
meio de viabilização do controle da legalidade dos atos da tração Pública: a Administração possui a faculdade de re-
Administração. ver os seus atos, de forma a possibilitar a adequação destes
Motivar significa mencionar o dispositivo legal aplicá- à realidade fática em que atua, e declarar nulos os efeitos
vel ao caso concreto e relacionar os fatos que concreta- dos atos eivados de vícios quanto à legalidade. O sistema
mente levaram à aplicação daquele dispositivo legal. Todos de controle dos atos da Administração adotado no Brasil é
os atos administrativos devem ser motivados para que o o jurisdicional. Esse sistema possibilita, de forma inexorável,
Judiciário possa controlar o mérito do ato administrativo ao Judiciário, a revisão das decisões tomadas no âmbito
quanto à sua legalidade. Para efetuar esse controle, devem da Administração, no tocante à sua legalidade. É, portanto,
ser observados os motivos dos atos administrativos. denominado controle finalístico, ou de legalidade.
Em relação à necessidade de motivação dos atos ad- À Administração, por conseguinte, cabe tanto a
ministrativos vinculados (aqueles em que a lei aponta um anulação dos atos ilegais como a revogação de atos
único comportamento possível) e dos atos discricionários válidos e eficazes, quando considerados inconvenientes
(aqueles que a lei, dentro dos limites nela previstos, aponta ou inoportunos aos fins buscados pela Administração. Essa
um ou mais comportamentos possíveis, de acordo com um forma de controle endógeno da Administração denomina-
juízo de conveniência e oportunidade), a doutrina é unís- -se princípio da autotutela. Ao Poder Judiciário cabe so-
sona na determinação da obrigatoriedade de motivação mente a anulação de atos reputados ilegais. O embasa-
com relação aos atos administrativos vinculados; todavia, mento de tais condutas é pautado nas Súmulas 346 e 473
diverge quanto à referida necessidade quanto aos atos dis- do Supremo Tribunal Federal.
cricionários. 4 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
São Paulo: Malheiros, 1993.
3 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São 5 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 9ª ed. São
Paulo: Saraiva, 2004. Paulo: Saraiva, 2004.

2
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Súmula 346. A administração pública pode declarar a lares, numa relação de verticalidade, e para isto se utiliza
nulidade dos seus próprios atos. do princípio da supremacia, conjugado ao princípio da in-
disponibilidade, pois, tecnicamente, tal prerrogativa é irre-
Súmula 473. A administração pode anular seus próprios nunciável, por não haver faculdade de atuação ou não do
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque Poder Público, mas sim “dever” de atuação.
deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de Sempre que houver conflito entre um interesse indi-
conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adqui- vidual e um interesse público coletivo, deve prevalecer o
ridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. interesse público. São as prerrogativas conferidas à Admi-
nistração Pública, porque esta atua por conta de tal interes-
Os atos administrativos podem ser extintos por revo- se. Com efeito, o exame do princípio é predominantemente
gação ou anulação. A Administração tem o poder de rever feito no caso concreto, analisando a situação de conflito
seus próprios atos, não apenas pela via da anulação, mas entre o particular e o interesse público e mensurando qual
também pela da revogação. Aliás, não é possível revogar deve prevalecer.
atos vinculados, mas apenas discricionários. A revogação
se aplica nas situações de conveniência e oportunidade,
quanto que a anulação serve para as situações de vício de
legalidade. 2 REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO.

e) Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade:


Razoabilidade e proporcionalidade são fundamentos de Direito administrativo
caráter instrumental na solução de conflitos que se esta-
beleçam entre direitos, notadamente quando não há legis- 1) Origem
lação infraconstitucional específica abordando a temática “O Direito Administrativo, como sistema jurídico de
objeto de conflito. Neste sentido, quando o poder público normas e princípios, somente veio a lume com a instituição
toma determinada decisão administrativa deve se utilizar do Estado de Direito, ou seja, quando o Poder criador do
destes vetores para determinar se o ato é correto ou não, direito passou também a respeitá-lo. O fenômeno nasce
se está atingindo indevidamente uma esfera de direitos ou com os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu
se é regular. Tanto a razoabilidade quanto a proporciona- no final do século XVIII. Através do novo sistema, o Estado
lidade servem para evitar interpretações esdrúxulas mani- passava a ter órgãos específicos para o exercício da admi-
festamente contrárias às finalidades do texto declaratório. nistração pública e, por via de consequência, foi necessário
Razoabilidade e proporcionalidade guardam, assim, a o desenvolvimento do quadro normativo disciplinador das
mesma finalidade, mas se distinguem em alguns pontos. relações internas da Administração e das relações entre esta
Historicamente, a razoabilidade se desenvolveu no direito e os administrados. Por isso, pode considerar-se que foi a
anglo-saxônico, ao passo que a proporcionalidade se origi- partir do século XIX que o mundo jurídico abriu os olhos
na do direito germânico (muito mais metódico, objetivo e para esse novo ramo jurídico, o Direito Administrativo. [...]
organizado), muito embora uma tenha buscado inspiração Com o desenvolvimento do quadro de princípios e nor-
na outra certas vezes. Por conta de sua origem, a propor- mas voltados à atuação do Estado, o Direito Administrativo
cionalidade tem parâmetros mais claros nos quais pode ser se tornou ramo autônomo dentre as matérias jurídicas”6.
trabalhada, enquanto a razoabilidade permite um processo Logo, a evolução do Direito Administrativo acompanha a
interpretativo mais livre. Evidencia-se o maior sentido jurí- evolução do Estado em si. Conforme a própria noção de
dico e o evidente caráter delimitado da proporcionalidade limitação de poder ganha forças, surge o Direito Adminis-
pela adoção em doutrina de sua divisão clássica em 3 sen-
trativo como área autônoma do Direito apta a regular as
tidos:
relações entre Estado e sociedade.
- adequação, pertinência ou idoneidade: significa que
o meio escolhido é de fato capaz de atingir o objetivo pre-
tendido; 2) Objeto
- necessidade ou exigibilidade: a adoção da medida “O Direito Administrativo, como sistema jurídico de
restritiva de um direito humano ou fundamental somente é normas e princípios, somente veio a lume com a instituição
legítima se indispensável na situação em concreto e se não do Estado de Direito, ou seja, quando o Poder criador do
for possível outra solução menos gravosa; direito passou também a respeitá-lo. O fenômeno nasce
- proporcionalidade em sentido estrito: tem o sentido com os movimentos constitucionalistas, cujo início se deu
de máxima efetividade e mínima restrição a ser guardado no final do século XVIII. Através do novo sistema, o Estado
com relação a cada ato jurídico que recaia sobre um direito passava a ter órgãos específicos para o exercício da admi-
humano ou fundamental, notadamente verificando se há nistração pública e, por via de consequência, foi necessário
uma proporção adequada entre os meios utilizados e os o desenvolvimento do quadro normativo disciplinador das
fins desejados. relações internas da Administração e das relações entre esta
e os administrados. Por isso, pode considerar-se que foi a
f) Supremacia do interesse público sobre o priva- partir do século XIX que o mundo jurídico abriu os olhos
do: Na maioria das vezes, a Administração, para buscar de para esse novo ramo jurídico, o Direito Administrativo. [...]
maneira eficaz tais interesses, necessita ainda de se colocar 6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
em um patamar de superioridade em relação aos particu- ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.

3
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Com o desenvolvimento do quadro de princípios e nor- 3) Fontes


mas voltados à atuação do Estado, o Direito Administrativo A expressão fonte do direito corresponde aos elemen-
se tornou ramo autônomo dentre as matérias jurídicas”7. tos de formação da ciência jurídica ou de um de seus cam-
Logo, a evolução do Direito Administrativo acompanha a pos. Quando se fala em fontes do direito administrativo,
evolução do Estado em si. Conforme a própria noção de refere-se aos elementos que serviram de aparato lógico
limitação de poder ganha forças, surge o Direito Adminis- para a formação do direito administrativo.
trativo como área autônoma do Direito apta a regular as Fontes diretas: são aquelas que primordialmente
relações entre Estado e sociedade. influenciam na composição do campo jurídico em estudo,
Neste sentido, “o Direito é tradicionalmente dividido no caso, o direito administrativo. Apontam-se como fontes
em dois grandes ramos: direito público e direito privado. diretas a Constituição Federal e as leis. Ambas são nor-
O direito público tem por objeto principal a regulação dos mas impostas pelo Estado, de observação coativa.
interesses da sociedade como um todo, a disciplina das re-
O direito administrativo não se encontra compilado em
lações entre esta e o Estado, e das relações das entidades
um único diploma jurídico, isto é, não existe um Código de
e órgãos estatais entre si. Tutela ele o interesse público,
só alcançando as condutas individuais de forma indireta Direito Administrativo. O que existe é um conjunto de leis e
ou reflexa. [...] Em suma, nas relações jurídicas de direito regulamentos diversos que compõem a área. A base legal
público o Estado encontra-se em posição de desigualdade do direito administrativo, sem dúvidas, vem da Constitui-
jurídica relativamente ao particular, subordinando os inte- ção Federal, que trata de princípios do direito administrati-
resses deste aos interesses da coletividade, ao interesse pú- vo e estabelece a divisão de competências administrativas,
blico, representados pelo Estado na relação jurídica”8. Em entre outras questões. A partir da Constituição, emanam
se tratando de direito administrativo, se está diante de uma diversas leis que se inserem no campo do direito adminis-
noção de submissão ao interesse público. trativo, como a lei de licitações (Lei nº 8.666/1993), a lei
“O Direito Administrativo, como novo ramo autôno- do regime jurídico dos servidores públicos civis federais
mo, propiciou nos países que o adotaram diversos critérios (Lei nº 8.112/1990), a lei do processo administrativo (Lei nº
como foco de seu objeto e conceito. Na França, prevaleceu 9.784/1999), a lei dos serviços públicos (Lei nº 8.987/1995),
a ideia de que o objeto desse Direito consistia nas leis re- a lei de improbidade administrativa (Lei nº 8.429/1992), en-
guladoras da Administração. No direito italiano, a corrente tre outras.
dominante o limitava aos atos do Poder Executivo. Outros Fontes indiretas: são aquelas que decorrem das fontes
critérios foram ainda apontados como foco do Direito diretas ou que surgem paralelamente a elas. Por exemplo,
Administrativo, como o critério de regulação dos órgãos a doutrina e a jurisprudência estabelecem processos de
inferiores do Estado e o dos serviços públicos. À medida, interpretação da norma jurídica, no sentido de que inter-
porém, que esse ramo jurídico se desenvolvia, verificou-se pretam o que a lei e a Constituição fixam, conferindo rumos
que sua abrangência se irradiava para um âmbito maior, de para a aplicação das normas do direito administrativo. Já
forma a alcançar o Estado internamente e a coletividade a os costumes e os princípios gerais do Direito existiam
que se destina. Muitos são os conceitos encontrados nos antes mesmo da elaboração da norma, influenciando em
autores modernos de Direito Administrativo. Alguns levam sua gênese e irradiando esta influência em todo o processo
em conta apenas as atividades administrativas em si mes- de aplicação da lei.
mas; outros preferem dar relevo aos fins desejados pelo
Estado. Em nosso entender, porém, o Direito Administra-
Administração pública e governo
tivo, com a evolução que o vem impulsionando contem-
poraneamente, há de focar-se em dois tipos fundamentais “O conceito de Estado varia segundo o ângulo em que
de relações jurídicas: uma, de caráter interno, que existe é considerado. Do ponto de vista sociológico, é corpora-
entre as pessoas administrativas e entre os órgãos que as ção territorial dotada de um poder de mando originário;
compõem; outra, de caráter externo, que se forma entre sob o aspecto político, é comunidade de homens, fixada
o Estado e a coletividade em geral. Desse modo, sem ab- sobre um território, com potestade superior de ação, de
dicar dos conceitos dos estudiosos, parece-nos se possa mando e de coerção; sob o prisma constitucional, é pes-
conceituar o Direito Administrativo como sendo o conjunto soa jurídica territorial soberana; na conceituação do nosso
de normas e princípios que, visando sempre ao interesse Código Civil, é pessoa jurídica de Direito Público Interno
público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e ór- (art. 14, I). Como ente personalizado, o Estado tanto pode
gãos do Estado e entre este e as coletividades a que devem atuar no campo do Direito Público como no do Direito Pri-
servir. De fato, tanto é o Direito Administrativo que regula, vado, mantendo sempre sua única personalidade de Direi-
por exemplo, a relação entre a Administração Direta e as to Público, pois a teoria da dupla personalidade do Estado
pessoas da respectiva Administração Indireta, como tam- acha-se definitivamente superada. O Estado é constituído
bém a ele compete disciplinar a relação entre o Estado e de três elementos originários e indissociáveis: Povo, Terri-
os particulares participantes de uma licitação, ou entre o tório e Governo soberano. Povo é o componente humano
Estado e a coletividade, quando se concretiza o exercício do Estado; Território, a sua base física; Governo soberano,
do poder de polícia”9. o elemento condutor do Estado, que detém e exerce o
7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- poder absoluto de autodeterminação e auto-organização
ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. emanado do Povo. Não há nem pode haver Estado inde-
8 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito adminis- pendente sem Soberania, isto é, sem esse poder absoluto,
trativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. indivisível e incontrastável de organizar-se e de conduzir-
9 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- -se segundo a vontade livre de seu Povo e de fazer cum-
ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. prir as suas decisões inclusive pela força, se necessário. A

4
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vontade estatal apresenta-se e se manifesta através dos função típica de administrar – gerir a coisa pública e aplicar
denominados Poderes de Estado. Os Poderes de Estado, a lei – é do Poder Executivo; cabendo ao Poder Legislativo
na clássica tripartição de Montesquieu, até hoje adotada a função típica de legislar e ao Poder Judiciário a função
nos Estados de Direito, são o Legislativo, o Executivo e o típica de julgar. Em situações específicas, será possível que
judiciário, independentes e harmônicos entre si e com suas no exercício de funções atípicas o Legislativo e o Judiciário
funções reciprocamente indelegáveis (CF, art. 2º). A organi- exerçam administração.
zação do Estado é matéria constitucional no que concerne Destaca-se o artigo 41 do Código Civil:
à divisão política do território nacional, a estruturação dos
Poderes, à forma de Governo, ao modo de investidura dos Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
governantes, aos direitos e garantias dos governados. Após I - a União;
as disposições constitucionais que moldam a organização II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;
política do Estado soberano, surgem, através da legislação III - os Municípios;
complementar e ordinária, e organização administrati- IV - as autarquias;
va das entidades estatais, de suas autarquias e entidades V - as demais entidades de caráter público criadas
paraestatais instituídas para a execução desconcentrada e
por lei.
descentralizada de serviços públicos e outras atividades de
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pes-
interesse coletivo, objeto do Direito Administrativo e das
soas jurídicas de direito público, a que se tenha dado estru-
modernas técnicas de administração”10.
Com efeito, o Estado é uma organização dotada de tura de direito privado, regem-se, no que couber, quanto ao
personalidade jurídica que é composta por povo, territó- seu funcionamento, pelas normas deste Código.
rio e soberania. Logo, possui homens situados em deter-
minada localização e sobre eles e em nome deles exerce Nestes moldes, o Estado é pessoa jurídica de direito
poder. É dotado de personalidade jurídica, isto é, possui a público interno. Mas há características peculiares distintivas
aptidão genérica para adquirir direitos e contrair deveres. que fazem com que afirmá-lo apenas como pessoa jurídica
Nestes moldes, o Estado tem natureza de pessoa jurídica de direito público interno seja correto, mas não suficiente.
de direito público. Pela peculiaridade da função que desempenha, o Estado é
Trata-se de pessoa jurídica, e não física, porque o Esta- verdadeira pessoa administrativa, eis que concentra para
do não é uma pessoa natural determinada, mas uma estru- si o exercício das atividades de administração pública.
tura organizada e administrada por pessoas que ocupam A expressão pessoa administrativa também pode ser
cargos, empregos e funções em seu quadro. Logo, pode-se colocada em sentido estrito, segundo o qual seriam pes-
dizer que o Estado é uma ficção, eis que não existe em soas administrativas aquelas pessoas jurídicas que integram
si, mas sim como uma estrutura organizada pelos próprios a administração pública sem dispor de autonomia política
homens. (capacidade de auto-organização). Em contraponto, pes-
É de direito público porque administra interesses que soas políticas seriam as pessoas jurídicas de direito público
pertencem a toda sociedade e a ela respondem por desvios interno – União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
na conduta administrativa, de modo que se sujeita a um
regime jurídico próprio, que é objeto de estudo do direito
administrativo. Conceito Sentido amplo Sentido estrito
Em face da organização do Estado, e pelo fato deste Subjetivo, Órgãos Apenas órgãos
assumir funções primordiais à coletividade, no interesse orgânico ou governamentais e administrativos
desta, fez-se necessário criar e aperfeiçoar um sistema ju- formal administrativos
rídico que fosse capaz de regrar e viabilizar a execução de Objetivo, Funções políticas Apenas funções
tais funções, buscando atingir da melhor maneira possível material ou e administrativas administrativas
o interesse público visado. A execução de funções exclusi-
funcional
vamente administrativas constitui, assim, o objeto do Direi-
to Administrativo, ramo do Direito Público. A função admi-
Por sua vez, conceituando-se administração pública,
nistrativa é toda atividade desenvolvida pela Administração
“em sentido objetivo, material ou funcional, a administra-
(Estado) representando os interesses de terceiros, ou seja,
ção pública pode ser definida como a atividade concreta
os interesses da coletividade.
Devido à natureza desses interesses, são conferidos à e imediata que o Estado desenvolve, sob regime jurídico
Administração direitos e obrigações que não se estendem de direito público, para a consecução dos interesses coleti-
aos particulares. Logo, a Administração encontra-se numa vos”; ao passo que “em sentido subjetivo, formal ou orgâ-
posição de superioridade em relação a estes. nico, pode-se definir Administração Pública, como sendo
Se, por um lado, o Estado é uno, até mesmo por se o conjunto de órgãos e de pessoas jurídicas aos quais a
legitimar na soberania popular; por outro lado, é necessá- lei atribui o exercício da função administrativa do Estado”11.
ria a divisão de funções das atividades estatais de maneira Logo, o sentido objetivo volta-se à atividade administrativa
equilibrada, o que se faz pela divisão de Poderes, a qual em si, ao passo que o sentido subjetivo se concentra nos
resta assegurada no artigo 2º da Constituição Federal. A órgãos que a exercem.
10 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 11 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.
São Paulo: Malheiros, 1993. 23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Em ambos casos, a distinção do sentido amplo para o “O poder administrativo representa uma prerrogativa
restrito está nas espécies de atividades e órgãos que são especial de direito público outorgada aos agentes do Esta-
abrangidos. No sentido amplo, inserem-se as atividades do. Cada um desses terá a seu cargo a execução de certas
desempenhadas pelos órgãos de alto escalão no âmbito funções. Ora, se tais funções foram por lei cometidas aos
governamental, no exercício de funções essencialmente agentes, devem eles exercê-las, pois que seu exercício é
políticas; além das atividades tipicamente administrativas voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro
desempenhadas pelos diversos órgãos que compõem a dos limites que a lei traçou, pode dizer-se que usaram nor-
administração executando seus fins de interesse públi- malmente os seus poderes. Uso do poder, portanto, é a
co. No sentido estrito, excluem-se as atividades políticas, utilização normal, pelos agentes públicos, das prerro-
abrangendo-se apenas atividades administrativas. gativas que a lei lhes confere”12.
Neste sentido, “os poderes administrativos são ou-
Regime jurídico-administrativo torgados aos agentes do Poder Público para lhes permitir
Regime jurídico é uma expressão que designa o trata- atuação voltada aos interesses da coletividade. Sendo as-
mento normativo que o ordenamento confere a determi- sim, deles emanam duas ordens de consequência: 1ª) são
nado assunto. Com efeito, o regime jurídico administrativo eles irrenunciáveis; e 2ª) devem ser obrigatoriamente
corresponde ao conjunto de regras e princípios que estru- exercidos pelos titulares. Desse modo, as prerrogativas
turam o Direito Administrativo, atribuindo-lhe autonomia públicas, ao mesmo tempo em que constituem poderes
enquanto um ramo autônomo da ciência jurídica. No mais, para o administrador público, impõem-lhe o seu exercício
coloca-se o Estado numa posição verticalizada em relação e lhe vedam a inércia, porque o reflexo desta atinge, em úl-
ao administrado. tima instância, a coletividade, esta a real destinatária de tais
Logo, regime jurídico-administrativo é o conjunto de poderes. Esse aspecto dúplice do poder administrativo
princípios e regras que compõem o Direito Administrativo, é que se denomina de poder-dever de agir”13. Percebe-
conferindo prerrogativas e fixando restrições à Administra- -se que, diferentemente dos particulares aos quais, quando
ção Pública peculiares, não presentes no direito privado, conferido um poder, podem optar por exercê-lo ou não, a
bem como a colocando em uma posição de supremacia Administração não tem faculdade de agir, afinal, sua atua-
quanto aos administrados. ção se dá dentro de objetos de interesse público. Logo, a
Os objetivos do regime jurídico-administrativo são o abstenção não pode ser aceita, o que transforma o poder
de proteção dos direitos individuais frente ao Estado e de de agir também num dever de fazê-lo: daí se afirmar um
satisfação de interesses coletivos. poder-dever. Com efeito, o agente omisso poderá ser res-
Os princípios e regras que o compõem se encontram ponsabilizado.
espalhados pela Constituição e por legislações infraconsti- Os poderes da Administração se dividem em: vincula-
tucionais. A base do regime jurídico administrativo está nos do, discricionário, hierárquico, disciplinar, regulamen-
princípios que regem a Administração Pública. tar e de polícia.

1) Poder vinculado
3 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. No poder vinculado não há qualquer liberdade quanto
à atividade que deva ser praticada, cabendo ao administra-
dor se sujeitar por completo ao mandamento da lei. Nos
atos vinculados, o agente apenas reproduz os elementos
O Estado possui papel central de disciplinar a socie- da lei. Afinal, o administrador se encontra diante de situa-
dade. Como não pode fazê-lo sozinho, constitui agentes ções que comportam solução única anteriormente prevista
que exercerão tal papel. No exercício de suas atribuições, por lei. Portanto, não há espaço para que o administrador
são conferidas prerrogativas aos agentes, indispensáveis à faça um juízo discricionário, de conveniência e oportunida-
consecução dos fins públicos, que são os poderes admi- de. Ele é obrigado a praticar o ato daquela forma, porque a
nistrativos. Em contrapartida, surgirão deveres específicos, lei assim prevê. Ex.: pedido de aposentadoria compulsória
que são deveres administrativos. por servidor que já completou 70 anos; pedido de licença
Os poderes conferidos à administração surgem como para prestar serviço militar obrigatório.
instrumentos para a preservação dos interesses da coletivi-
dade. Caso a administração se utilize destes poderes para 2) Poder discricionário
fins diversos de preservação dos interesses da sociedade, Existem situações em que o próprio agente tem a pos-
estará cometendo abuso de poder, ou seja, incidindo em sibilidade de valorar a sua conduta. Logo, no poder discri-
ilegalidade. Neste caso, o Poder Judiciário poderá efetuar cionário o administrador não está diante de situações que
controle dos atos administrativos que impliquem em ex- comportam solução única. Possui, assim, um espaço para
cesso ou abuso de poder. exercer um juízo de valores de conveniência e oportuni-
Quanto aos poderes administrativos, eles podem ser dade.
colocados como prerrogativas de direito público conferi- 12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
das aos agentes públicos, com vistas a permitir que o Esta- ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
do alcance os seus fins. Evidentemente, em contrapartida a 13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
estes poderes, surgem deveres ao administrador. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Conveniência = condições em que irá agir Executivo criar obrigações subsidiárias, que se impõem
Oportunidade = momento em que irá agir ao administrado ao lado das obrigações primárias fixadas
Discricionariedade = oportunidade + conveniência na própria lei.
Caso ocorra abuso ao poder regulamentar, caberá ao
A discricionariedade pode ser exercida tanto quando o Congresso Nacional sustar o ato: “Art. 49, CF. É da compe-
ato é praticado quanto, num momento futuro, na circuns- tência exclusiva do Congresso Nacional: [...] V - sustar os
tância de sua revogação. atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do po-
Uma das principais limitações ao poder discricionário der regulamentar ou dos limites de delegação legislativa”.
é a adequação, correspondente à adequação da conduta Segundo entendimento majoritário, tanto os decretos
escolhida pelo agente à finalidade expressa em lei. O se- quanto os regulamentos podem ser autônomos (atos de
gundo limite é o da verificação dos motivos14. Neste senti- natureza originária ou primária) ou de execução (atos de
do, discricionariedade não pode se confundir com arbitra- natureza derivada ou secundária), embora a essência do
riedade – a última é uma conduta ilegítima e quanto a ela poder regulamentar seja composta pelos decretos e regu-
caberá controle de legalidade perante o Poder Judiciário. lamentos de execução. O regulamento autônomo pode ser
“O controle judicial, entretanto, não pode ir ao extremo editado independentemente da existência de lei anterior,
de admitir que o juiz se substituta ao administrador. Vale se encontrando no mesmo patamar hierárquico que a lei –
dizer: não pode o juiz entrar no terreno que a lei reservou por isso, é passível de controle de constitucionalidade. Os
aos agentes da Administração, perquirindo os critérios de regulamentos de execução dependem da existência de lei
conveniência e oportunidade que lhe inspiraram a conduta. anterior para que possam ser editados e devem obedecer
A razão é simples: se o juiz se atém ao exame da legalida- aos seus limites, sob pena de ilegalidade – deste modo, se
de dos atos, não poderá questionar critérios que a própria sujeitam a controle de legalidade.
lei defere ao administrador. [...] Modernamente, os doutri- Nos termos do artigo 84, IV, CF, compete privativamen-
nadores têm considerado os princípios da razoabilidade e te ao Presidente da República expedir decretos e regula-
da proporcionalidade como valores que podem ensejar o mentos para a fiel execução da lei, atividade que não pode
controle da discricionariedade, enfrentando situações que, ser delegada, nos termos do parágrafo único. Em que pese
embora com aparência de legalidade, retratam verdadeiro o teor do dispositivo que poderia dar a entender que a
abuso de poder. [...] A exacerbação ilegítima desse tipo de existência de decretos autônomos é impedida, o próprio
controle reflete ofensa ao princípio republicano da separa- STF já reconheceu decretos autônomos como válidos em
ção dos poderes”15. situações excepcionais. Carvalho Filho16, a respeito, afirma
Há quem diga que, por haver tal liberdade, não exis- que somente são decretos e regulamentos que tipicamen-
te o dever de motivação, mas isso não está correto: aqui, te caracterizam o poder regulamentar aqueles que são de
mais que nunca, o dever de motivar se faz presente, de- natureza derivada – o autor admite que existem decretos
monstrando que não houve arbítrio na decisão tomada e regulamentos autônomos, mas diz que não são atos do
pelo administrador. Basicamente, não é porque o admi- poder regulamentar.
nistrador tem liberdade para decidir de outra forma que A classificação dos decretos e regulamentos em au-
o fará sem cometer arbitrariedades e, caso o faça, incidirá tônomos e de execução é bastante relevante para fins de
em ilicitude. O ato discricionário que ofenda os parâmetros controle judicial. Em se tratando de decreto de execução, o
da razoabilidade é atentatório à lei. Afinal, não obstante a parâmetro de controle será a lei a qual o decreto está vin-
discricionariedade seja uma prerrogativa da administração, culado, ocorrendo mero controle de legalidade como re-
o seu maior objetivo é o atendimento aos interesses da gra – não caberá controle de constitucionalidade por ações
coletividade. diretas de inconstitucionalidade ou de constitucionalidade,
mas caberá por arguição de descumprimento de preceito
3) Poder regulamentar fundamental – ADPF, cujo caráter é mais amplo e permite
Em linhas gerais, poder regulamentar é o poder confe- o controle sobre atos regulamentares derivados de lei, tal
rido à administração de elaborar decretos e regulamen- como será cabível mandado de injunção. Em se tratan-
tos. Percebe-se que o Poder Executivo, nestas situações, do de decreto autônomo, o parâmetro de controle sempre
exerce força normativa, expedindo normas que se reves- será a Constituição Federal, possuindo o decreto a mesma
tem, como qualquer outra, de abstração e generalidade. posição hierárquica das demais leis infraconstitucionais,
Quando o Poder Legislativo edita suas leis nem sempre ocorrendo genuíno controle de constitucionalidade no
possibilita que elas sejam executadas. A aplicação prática caso concreto, por qualquer das vias.
fica a cargo do Poder Executivo, que irá editar decretos Outra observação que merece ser feita se refere ao
e regulamentos com capacidade de dar execução às leis conceito de deslegalização. O fenômeno tem origem na
editadas pelo Poder Legislativo. Trata-se de prerrogativa França e corresponde à transferência de certas matérias
complementar à lei, não podendo em hipótese alguma de caráter estritamente técnico da lei ou ato congênere
o Executivo alterar o seu conteúdo. Entretanto, poderá o para outras fontes normativas, com autorização do próprio
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- legislador. Na verdade, o legislador efetuará uma espé-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. cie de delegação, que não será completa e integral, pois
15 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 16 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ainda caberá ao Legislativo elaborar o regramento básico, “A expressão poder de polícia comporta dois sentidos,
ocorrendo a transferência estritamente do aspecto técnico um amplo e um estrito. Em sentido amplo, poder de po-
(denomina-se delegação com parâmetros). Há quem diga lícia significa toda e qualquer ação restritiva do Estado
que nestes casos não há poder regulamentar, mas sim po- em relação aos direitos individuais. [...] Em sentido estrito,
der regulador. É exemplo do que ocorre com as agências o poder de polícia se configura como atividade adminis-
reguladoras, como ANATEL, ANEEL, entre outras. trativa, que consubstancia, como vimos, verdadeira prer-
rogativa conferida aos agentes da Administração, consis-
4) Poder hierárquico tente no poder de restringir e condicionar a liberdade e a
“Hierarquia é o escalonamento em plano vertical dos propriedade”18.
órgãos e agentes da Administração que tem como objetivo No sentido amplo, é possível incluir até mesmo a ati-
a organização da função administrativa. E não poderia ser vidade do Poder Legislativo, considerando que ninguém é
de outro modo. Tantas são as atividades a cargo da Admi- obrigado a fazer ou deixar de fazer algo se a lei não impu-
nistração Pública que não se poderia conceber sua normal ser (artigo 5º, II, CF). No sentido estrito, tem-se a atividade
realização sem a organização, em escalas, dos agentes e da polícia administrativa, envolvendo apenas as prerro-
dos órgãos públicos. Em razão desse escalonamento firma- gativas dos agentes da Administração.
-se uma relação jurídica entre os agentes, que se denomina Em destaque, coloca-se o conceito que o próprio legis-
relação hierárquica”17. Nesta relação hierárquica, surge para lador estabelece no Código Tributário Nacional: “Conside-
a autoridade superior o poder de comando e para o seu ra-se poder de polícia a atividade da administração pública
subalterno o dever de obediência. que, limitando o disciplinando direito, interesse ou liber-
Com efeito, poder hierárquico é o poder conferido à dade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em ra-
administração de fixar campos de competência quanto às zão de interesse público [...]” (art. 78, primeira parte, CTN).
figuras que compõem sua estrutura. É um poder de auto- A atividade de polícia é tipicamente administrativa, razão
-organização. É exercido tanto na distribuição de compe- pela qual é estudada no ramo do direito administrativo.
tências entre os órgãos quanto na divisão de deveres entre Vale ressaltar, por fim, um dos principais atributos do
os servidores que o compõem. Se o ato for praticado por poder de polícia: a autoexecutoriedade. Neste sentido, a
órgão incompetente, é inválido. Da mesma forma, se o for administração não precisa de manifestação do Poder Ju-
praticado por servidor que não tinha tal atribuição.
diciário para colocar seus atos em prática, efetivando-os.
Por fim, ressalta-se que do poder hierárquico deriva
o poder de revisão, consistente no poder das autoridades
Polícia-função e polícia-corporação
superiores de revisar os atos praticados por seus subordi-
“Apenas com o intuito de evitar possíveis dúvidas em
nados.
decorrência da identidade de vocábulos, vale a pena real-
çar que não há como confundir polícia-função com po-
5) Poder disciplinar
lícia-corporação: aquela é a função estatal propriamente
Trata-se de decorrência do poder hierárquico, pois é a
hierarquia que permite aos agentes de nível superior fisca- dita e deve ser interpretada sob o aspecto material, indi-
lizar as ações dos subordinados. Assim, poder disciplinar cando atividade administrativa; esta, contudo, corresponde
é o poder conferido à administração para aplicar sanções à ideia de órgão administrativo, integrado nos sistemas de
aos seus servidores que pratiquem infrações disciplinares. segurança pública e incumbido de prevenir os delitos e as
Estas sanções aplicadas são apenas as que possuem condutas ofensivas à ordem pública, razão por que deve
natureza administrativa, não envolvendo sanções civis ou ser vista sob o aspecto subjetivo (ou formal). A polícia-
penais. Entre as penas que podem ser aplicadas, destacam- -corporação executa frequentemente funções de polícia
-se a de advertência, suspensão, demissão e cassação de administrativa, mas a polícia-função, ou seja, a atividade
aposentadoria. oriunda do poder de polícia, é exercida por outros órgãos
Evidentemente que tais punições não podem ser apli- administrativos além da corporação policial”19.
cadas sem alguns requisitos, como a abertura de sindicân-
cia ou processo disciplinar em que se garanta o contradi- Competência
tório e a ampla defesa (obs.: existem cargos que somente A competência para exercer o poder de polícia é, a
são passíveis de demissão por sentença judicial, que são os princípio, da pessoa administrativa que foi dotada de com-
vitalícios, como os de magistrado e promotor de justiça). petência no âmbito do poder regulamentar. Se a compe-
tência for concorrente, também o poder de polícia será
6) Poder de polícia exercido de forma concorrente.
É o poder conferido à administração para limitar, dis-
ciplinar, restringir e condicionar direitos e atividades Delegação e transferência
particulares para a preservação dos interesses da coleti- O poder de polícia pode ser exercido de forma origi-
vidade. É ainda, fato gerador de tributo, notadamente, a nária, pelo próprio órgão ao qual se confere a competên-
taxa (artigo 145, II, CF), não podendo ser gerador de tarifa cia de atuação, ou de forma delegada, mediante lei que
que se caracteriza como preço público e não podendo ser 18 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
cobrada sem o exercício efetivo do poder de polícia. ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
17 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 19 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

transfira a mera prática de atos de natureza fiscalizatória mesmo no exercício do poder de polícia. Neste sentido, a
(poder de polícia seria de caráter executório, não inovador) faculdade repressiva deve respeitar os direitos do cida-
a pessoas jurídicas que tenham vinculação oficial com en- dão, as prerrogativas individuais e as liberdades públi-
tes públicos. cas que são consagrados no texto constitucional.
Obs.: A transferência de tarefas de operacionalização, Para compreender a questão, interessante suscitar qual
no âmbito de simples constatação, não é considerada de- o caráter do poder de polícia, se discricionário ou vincula-
legação do poder de polícia. Delegação ocorre quando a do. A doutrina de Meirelles21 e Carvalho Filho22 recomenda
atividade fiscalizatória em si é transferida. Por exemplo, que quando o poder de polícia vai ter os seus limites fixa-
uma empresa contratada para operar radares não recebeu dos há discricionariedade (por exemplo, quando o poder
delegação do poder de polícia, mas uma guarda municipal público vai decidir se pode ou não ocorrer pesca num de-
instituída na forma de empresa pública com poder de apli- terminado rio), mas quando já existem os limites o ato se
car multas recebeu tal delegação. torna vinculado (no mesmo exemplo, não se pode decidir
por multar um pescador e não multar o outro por pesca-
Polícia judiciária e polícia administrativa rem no rio em que a pesca é proibida, devendo ambos se-
rem multados). Tal raciocínio é relevante para verificar, num
Uma das mais importantes classificações doutrinárias
caso concreto, se houve ou não abuso do poder de polícia.
corresponde à distinção entre polícia administrativa e po-
Vamos supor que a lei fixe os limites para o ato, mas que
lícia judiciária, assim explanada por Carvalho Filho: “ambos
na prática tais limites tenham sido ignorados: não haverá
se enquadram no âmbito da função administrativa, vale di- discricionariedade, então.
zer, representam atividades de gestão de interesses públi- Com efeito, os principais limites do Poder de Polícia
cos. A Polícia Administrativa é atividade da Administra- são:
ção que se exaure em si mesma, ou seja, inicia e se com- “- Necessidade – a medida de polícia só deve ser ado-
pleta no âmbito da função administrativa. O mesmo não tada para evitar ameaças reais ou prováveis de perturba-
ocorre com a Polícia Judiciária, que, embora seja atividade ções ao interesse público;
administrativa, prepara a atuação da função jurisdicional - Proporcionalidade/razoabilidade – é a relação entre
penal, o que a faz regulada pelo Código de Processo Pe- a limitação ao direito individual e o prejuízo a ser evitado;
nal (arts. 4º ss) e executada por órgãos de segurança (po- - Eficácia – a medida deve ser adequada para impedir
lícia civil ou militar), ao passo que a Polícia Administrativa o dano a interesse público. Para ser eficaz a Administração
o é por órgãos administrativos de caráter mais fiscalizador. não precisa recorrer ao Poder Judiciário para executar as
Outra diferença reside na circunstância de que a Polícia suas decisões, é o que se chama de autoexecutoriedade”23.
Administrativa incide basicamente sobre atividades dos Importante colocar, como limite, ainda, a necessidade
indivíduos, enquanto a Polícia Judiciária preordena-se ao de garantia de contraditório e ampla defesa ao adminis-
indivíduo em si, ou seja, aquele a quem se atribui o co- trado. Neste sentido, a súmula nº 312, STJ: “no processo
metimento de ilícito penal”20. Além disso, essencialmente, a administrativo para imposição de multa de trânsito, são ne-
Polícia Administrativa tem caráter preventivo (busca evi- cessárias as notificações da atuação e da aplicação da pena
tar o dano social), enquanto que a Polícia Judiciária tem decorrentes da infração”.
caráter repressivo (busca a punição daquele que causou
o dano social). 7) Deveres da Administração
Sobre os campos de exercício da polícia administrativa,
considerando que todos os direitos individuais são limita- Dever de agir
dos pelo interesse da coletividade, já se pode deduzir que O administrador possui um poder-dever de agir. Não
o âmbito de atuação do poder de polícia é o mais amplo se trata de mero poder, porque priorizam atender ao inte-
resse da coletividade e, em razão disso, o poder de agir é
possível. Entre eles, cabe mencionar, polícia sanitária, polí-
também um dever, que é irrenunciável e obrigatório. Ao
cia ambiental, polícia de trânsito e tráfego, polícia de pro-
administrador é vedada a inércia. Logo, poderá ser respon-
fissões (OAB, CRM, etc.), polícia de construções, etc. Neste
sabilizado por omissão ou silêncio, abrindo possibilidade
sentido, será possível atuar tanto por atos normativos (atos de obter o ato não realizado: pela via extrajudicial, notada-
genéricos, abstratos e impessoais, como decretos, regula- mente ao exercer o direito de petição; ou por via judicial,
mentos, portarias, instruções, resoluções, entre outros) e por intermédio de mandado de segurança, quando ferir di-
por atos concretos (voltados a um indivíduo específico e reito líquido e certo do interessado comprovado de plano,
isolado, que podem ser determinações, como a multa, ou ou por ação de obrigação de fazer.
atos de consentimento, como a concessão ou revogação ATENÇÃO: nem toda omissão do poder público é ilegal.
de licença ou autorização por alvará). As denominadas omissões genéricas, que envolvem prer-
rogativas de ação do administrador de caráter geral e sem
Liberdades públicas e poder de polícia prazo determinado para atendimento, inseridas em seu po-
Evidentemente, abusos no exercício do poder de po-
21 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
lícia não podem ser tolerados. Por mais que todo direito São Paulo: Malheiros, 1993.
individual seja relativo perante o interesse público, existem 22 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
núcleos mínimos de direitos que devem ser preservados, ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.
20 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 23 http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/direito-
ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. -administrativo/conceito-de-direito-administrativo

9
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

der discricionário, não autorizam a alegação de ilegalidade agindo conforme a lei. Um dos principais guias para de-
por violação do poder-dever de agir. Insere-se aqui a de- terminar se a ação está ou não em conformidade é o dos
nominada reserva do possível – por óbvio sempre existirão deveres administrativos.
algumas omissões tendo em vista a escassez de recursos Assim, além de poderes, os agentes administrativos,
financeiros. Ex.: deixar de reformar a entrada de um edifício, obviamente, detêm deveres, em razão das atribuições que
não construir um estabelecimento de ensino. São ilegais, exercem.
com efeito, as omissões específicas, que são omissões do
poder público mesmo diante de imposição expressa legal 9) Abuso de poder
e prazo fixado em lei para atendimento. Nestas situações, Havendo poderes, naturalmente será possível o abuso
caberá até mesmo responsabilização civil, penal ou admi- deles. Abuso de poder é a utilização inadequada por parte
nistrativa do agente omisso. dos administradores das prerrogativas a eles conferidas no
âmbito dos poderes da administração, por violação expres-
Dever de eficiência sa ou tácita da lei.
A atividade administrativa deve ser célere e técnica, “A conduta abusiva dos administradores pode decor-
mesclando qualidade e quantidade. Para tanto, é necessá- rer de duas causas: 1ª) o agente atua fora dos limites de
rio atribuir competências aos cargos conforme a qualifica-
sua competência; e 2ª) o agente, embora dentro de sua
ção exigida para ocupá-los; bem como desempenhar ati-
competência, afasta-se do interesse público que deve nor-
vidades com perfeição, coordenação, celeridade e técnica.
tear todo o desempenho administrativo. No primeiro caso,
Não significa que perfeccionismo em excesso seja valoriza-
do, pois ele afeta o elemento quantitativo do serviço, que diz-se que o agente atuou com ‘excesso de poder’ e no
também é essencial para que ele seja eficiente. segundo, com ‘desvio de poder’”26. Basicamente, havendo
abuso de poder é possível que se caracterize excesso de
Dever de probidade poder ou desvio de poder. No excesso de poder, o agente
Trata-se de um dos deveres mais relevantes, corres- nem teria competência para agir naquela questão e o
pondendo à obrigação do agente público de agir de forma faz. No abuso de poder, o agente possui competência
honesta e reta, respeitando a moralidade administrativa e o para agir naquela questão, mas não o faz em respeito
interesse público. A violação deste dever caracteriza ato de ao interesse público, ou seja, desvirtua-se do fim que de-
improbidade, punível, conforme artigo 37, §4º, CF e Lei nº veria atingir o seu ato, por isso o desvio de poder também
8.429/92, que se sujeita a diversas penas, como suspensão é denominado desvio de finalidade. A conduta abusiva é
de direitos políticos, perda da função pública, proibição de passível de controle, inclusive judicial.
contratar com o poder público, multa, além de restituição
ao erário por enriquecimento ilícito e/ou reparação de da- EXCESSO DE PODER = INCOMPETÊNCIA
nos causados ao erário. ABUSO DE PODER = COMPETÊNCIA = DESVIO DE
FINALIDADE
Dever de prestação de contas
Como o que é gerido pelo administrador não lhe per- “Pela própria natureza do fato em si, todo abuso de po-
tence, é seu dever prestar contas do que realizou à coleti- der se configura como ilegalidade. Não se pode conceber
vidade, isto é, informar em detalhes qual o destino dado que a conduta de um agente, fora dos limites de sua com-
às verbas e aos bens sob sua gestão. Este dever abrange petência ou despida da finalidade da lei, possa compatibi-
não só aqueles que são agentes públicos, mas a todos que lizar-se com a legalidade. É certo que nem toda ilegalidade
tenham sob sua responsabilidade dinheiros, bens ou inte- decorre de conduta abusiva; mas todo abuso se reveste de
resses públicos, independentemente de serem ou não ad- ilegalidade e, como tal, sujeita-se à revisão administrativa
ministradores públicos. ou judicial”27.
“A prestação de contas de administradores pode ser
Se é possível o excesso ou o abuso de poder, é claro
realizada internamente através dos órgãos escalonados em
que a legislação não apenas confere poderes ao adminis-
graus hierárquicos, ou externamente. Neste caso, o con-
trole de contas é feito pelo Poder Legislativo por ser ele trador, mas também estabelece deveres.
o órgão de representação popular. No Legislativo se situa,
organicamente, o Tribunal de Contas, que, por sua espe-
cialização, auxilia o Congresso Nacional na verificação de 4 SERVIÇO PÚBLICO.
contas dos administradores”24.

8) Uso do poder
Conforme Carvalho Filho, uso do poder “é a utilização Serviço público é todo aquele prestado pela admi-
normal, pelos agentes públicos, das prerrogativas que a lei nistração ou por particulares debaixo de regras de direito
lhes confere”25. Significa que se um agente toma suas ati- público para a preservação dos interesses da coletividade.
tudes dentro dos limites dos poderes administrativos, está A titularidade da prestação de um serviço público sem-
24 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 26 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
25 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- 27 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

10
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pre será da Administração Pública, somente podendo ser quando a Administração Pública passa a execução para
transferido a um particular a execução do serviço público. terceiros. Esses terceiros podem estar dentro ou fora da
As regras serão sempre fixadas unilateralmente pela Admi- Administração Direta.
nistração, independentemente de quem esteja executando
o serviço público. Qualquer contrato administrativo aos Serviços indelegáveis
olhos do particular é contrato de adesão. Existem serviços próprios do Estado, que são aqueles
Somente por regras de direito público é possível prestar que se relacionam intimamente com as atribuições do
serviços públicos. Para distinguir quais serviços são públi- Poder Público (Ex.: segurança, polícia, higiene e saúde
cos e quais não, deve-se utilizar as regras de competência públicas etc.) e para a execução dos quais a Administração
dispostas na Constituição Federal. Sempre que não houver usa da sua supremacia sobre os administrados, os quais
definição constitucional a respeito, devem-se observar as não podem ser delegados a particulares. Tais serviços,
regras que incidem sobre aqueles serviços, bem como o por sua essencialidade, geralmente são gratuitos ou de
regime jurídico ao qual a atividade se submete. Sendo re- baixa remuneração.
gras de direito público, será serviço público; sendo regras Todos os serviços públicos que não são próprios do
de direito privado, será serviço privado. Estado são delegáveis.
Com efeito, quem presta o serviço público pode ser a
Administração ou um particular, fazendo-o sob regras de Responsabilidade civil
direito público e com vistas a preservar o interesse público. Nos termos do artigo 25, quem responde é o conces-
sionário/permissionário. Responde por danos causados ao
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, di- poder concedente, aos usuários e a terceiros. Deve-se pri-
retamente ou sob regime de concessão ou permissão, sem- vilegiar a atividade que causou o dano (serviço público),
pre através de licitação, a prestação de serviços públicos. independente da vítima ser ou não usuária do serviço. Em
Parágrafo único. A lei disporá sobre: regra, a responsabilidade é objetiva, não cabendo provar a
I - o regime das empresas concessionárias e permissio- culpa ou dolo, bastando a prova do nexo de causalidade,
nárias de serviços públicos, o caráter especial de seu contrato do dano e da ação (artigo 37, §6º, CF), à exceção dos casos
e de sua prorrogação, bem como as condições de caducida- de omissão, em que a responsabilidade é subjetiva.
de, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
Descentralização: concessão e permissão (art. 2º,
II - os direitos dos usuários;
Lei nº 8.987/95)
III - política tarifária;
Concessão de Serviço Público: é a delegação da pres-
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
tação do serviço público feita pelo poder concedente, me-
diante licitação na modalidade concorrência, à pessoa jurí-
O referido artigo dispõe que a prestação dos serviços
dica ou consórcio de empresas que demonstrem capacida-
públicos é de titularidade da Administração Pública,
de de desempenho por sua conta e risco, com prazo deter-
podendo ser centralizada ou descentralizada. Sempre minado. Essa capacidade de desempenho é averiguada na
que a prestação do serviço público for descentralizada, fase de habilitação da licitação. Qualquer prejuízo causado
por meio de concessão ou permissão, deverá ser prece- a terceiros, no caso de concessão, será de responsabilidade
dida de licitação. As duas figuras, concessão ou permissão, do concessionário – que responde de forma objetiva (art.
surgem como instrumentos que viabilizam a descentraliza- 37, § 6.º, da CF) tendo em vista a atividade estatal desen-
ção dos serviços públicos, atribuindo-os para terceiros, são volvida, respondendo a Administração Direta subsidiaria-
reguladas pela Lei nº 8.987/95. mente. Trata-se de uma espécie de contrato administrativo.
Assim, a titularidade de um serviço público é sempre Permissão de Serviço Público: é a delegação a título
da Administração Pública, que possui competência para precário, mediante licitação feita pelo poder concedente
fixar as regras de execução do serviço e para fiscalizar o à pessoa física ou jurídica que demonstrem capacidade
cumprimento das mesmas, aplicando sanções em caso de de desempenho por sua conta e risco. Trata-se de um ato
descumprimento. administrativo precário, que pode ser desfeito a qualquer
A Administração Pública pode decidir executar ela momento.
mesma um serviço público através de órgãos que inte-
gram a sua Administração direta; ou então fazê-lo através Subconcessão
de uma pessoa que integre a sua Administração indireta Conforme artigo 26, é a transferência do objeto da
(autarquias, empresas públicas, sociedades de economia concessão para terceiros, sujeitando-se aos seguintes li-
mista e fundações públicas); além de poder resolver que a mites: autorização ou concordância do poder constituinte,
execução do serviço público será transferida a particulares, previsão contratual e licitação. Ocorre a sub-rogação de
cabendo escolher quem deles reúne a melhor condição por direitos e obrigações perante a Administração Pública. A
meio de licitação, isto é, permissão, concessão e autoriza- subconcessão pode ser parcial.
ção de serviço.
Os particulares, no máximo, assumem a execução do Permissão e autorização
serviço, mediante delegação do poder público. Logo, a Serviços concedidos são aqueles que o particular exe-
prestação pode ser centralizada quando a própria Admi- cuta em seu nome, por sua conta e risco, remunerados por
nistração Pública executa os serviços, ou descentralizada tarifa. A concessão dá-se por meio de contrato.

11
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os serviços permitidos são aqueles aos quais a Admi- b) Princípio da universalidade: significa que os serviços
nistração estabelece os requisitos para a sua prestação ao devem ser estendidos a todos administrados;
público e, por ato unilateral (termo de permissão), comete c) Princípio da impessoalidade: determina a vedação
a execução aos particulares que demonstrarem capacidade de discriminações entre os usuários;
para seu desempenho. A permissão é unilateral, precária e d) Princípio da continuidade: impossibilidade de inter-
discricionária. Serve para serviços de utilidade pública. rupção;
Por fim temos os serviços autorizados que são aque- e) Princípio da modicidade das tarifas: impõe tarifas
les que o Poder Público, por ato unilateral, precário e dis- módicas aos usuários;
cricionário, consente na sua execução pelo particular para f) Princípio da cortesia: prevê que os usuários devem
atender a interesses coletivos instáveis ou a emergência ser tratados com urbanidade;
transitória. g) Princípio da eficiência: estabelece que o serviço pú-
blico deve ser prestado de maneira satisfatória ao usuário;
Extinção h) Princípio da segurança: o serviço não pode ser pres-
As causas de extinção estão descritas no artigo 35: ter- tado de forma que coloque em risco a vida dos usuários.
mo, que é o término do prazo descrito; encampação, que é
a extinção por razões de interesse público; caducidade, que Continuidade da Prestação do Serviço Público
é a extinção por descumprimento de obrigações pelo con- Entre as regras do regime jurídico público, destaca-se o
cessionário; rescisão, que é a extinção durante a vigência princípio da continuidade de sua prestação.
pelo descumprimento das obrigações pelo poder público; Num contrato administrativo, quando o particular des-
anulação, que é a extinção por força da configuração de cumpre suas obrigações, há rescisão contratual. Se é a Ad-
ilegalidade; falência, que é a extinção por conta de falta de ministração, entretanto, que descumpre suas obrigações, o
condições financeiras para continuar arcando com as obri- particular não pode rescindir o contrato, tendo em vista o
gações do contrato; e morte, que é o falecimento da parte princípio da continuidade da prestação.
contratada em contrato personalíssimo. Essa é a chamada “cláusula exorbitante”, que visa dar
à Administração Pública uma prerrogativa que não existe
Reassunção e reversão para o particular, colocando-a em uma posição superior em
Reassunção, que é a retomada da execução de um ser- razão da supremacia do interesse público.
viço público pelo poder público uma vez extinta a conces- Quanto à continuidade da prestação do serviço públi-
são. co e o direito de greve, destaca-se que apesar da previsão
Reversão, que é a transferência de bens utilizados du- constitucional de que somente lei específica poderia de-
rante a concessão para o patrimônio público a partir da finir os termos e limites deste direito no setor público e
extinção da concessão. afins, diante da ausência de previsão, deve-se aplicar a lei
geral que regula o direito de greve. Contudo, a greve total
Classificação dos serviços públicos é inconstitucional, devendo-se manter serviços mínimos à
Meirelles28 apresenta a seguinte classificação dos ser- população.
viços públicos:
a) Quanto à essencialidade: Prestação de serviço adequado
- serviços públicos propriamente ditos – são aqueles O serviço deve ser regular, contínuo, eficaz, seguro,
prestados diretamente pela Administração para a comuni- módico, atual e cortês. O princípio básico é o da continui-
dade, por reconhecer a sua essencialidade e necessidade dade dos serviços públicos; entretanto, a prestação poderá
de grupo social. São privativos do Poder Público. ser interrompida em duas hipóteses (art. 6.º, § 3.º):
- serviços de utilidade pública – são os que a Adminis- - em situação de emergência, como no caso de atos de
tração, reconhecendo a sua conveniência para a coletivida- vandalismo de terceiros;
de, presta-os diretamente ou aquiesce que sejam presta- - com aviso prévio, por razões de ordem técnica ou de
dos por terceiros. segurança das instalações e em caso de inadimplemento
b) Quanto aos destinatários: do usuário (no caso de inadimplemento, o usuário deve ser
- serviços gerais ou uti universi – são aqueles que a notificado, conferindo-se a oportunidade de pagamento
Administração presta sem ter usuários determinados para antes da interrupção, bem como de defesa, alegando que
atender à coletividade no seu todo. Ex.: iluminação pública. não deve, que deve menos ou que precisa parcelar).
São indivisíveis, isto é, não mensuráveis. Daí por que devem Tarifa módica é aquela acessível ao usuário comum do
ser mantidos por tributo, e não por taxa ou tarifa. serviço.
- serviços individuais ou uti singuli – são os que pos- O art. 22 do Código de Defesa do Consumidor dispõe
suem usuários determinados e utilização particular e men- que “os órgãos públicos, por si ou suas empresas, conces-
surável para cada destinatário. São remunerados por taxa sionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de
ou tarifa. empreendimento, são obrigados a fornecer serviços ade-
quados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contí-
Princípios nuos”. Tem-se, então, um conflito entre a Lei n. 8.987/95 e o
a) Princípio da adaptabilidade: impõe a atualização e Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90). Se fos-
modernização na prestação do serviço público; sem seguidas as regras de interpretação, a Lei n. 8.987/95
28 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro.
prevaleceria sobre o Código de Defesa do Consumidor por
São Paulo: Malheiros, 1993. ser posterior e especial. Os Tribunais, entretanto, entendem

12
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que se o serviço é essencial, a prestação deve ser contínua, Art. 5º O poder concedente publicará, previamente ao
prevalecendo, então, o disposto no art. 22 do Código de edital de licitação, ato justificando a conveniência da outor-
Defesa do Consumidor. Assim, os serviços essenciais não ga de concessão ou permissão, caracterizando seu objeto,
podem ser interrompidos por inadimplemento. área e prazo.

LEI Nº 8.987, DE 13 DE FEVEREIRO DE 1995 Capítulo II


DO SERVIÇO ADEQUADO
Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
prestação de serviços públicos previsto no art. 175 da Cons- Art. 6º Toda concessão ou permissão pressupõe a presta-
tituição Federal, e dá outras providências. ção de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários,
conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- no respectivo contrato.
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: § 1º Serviço adequado é o que satisfaz as condições
de regularidade, continuidade, eficiência, segurança,
Capítulo I atualidade, generalidade, cortesia na sua prestação e
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES modicidade das tarifas.
§ 2º A atualidade compreende a modernidade das
Art. 1º As concessões de serviços públicos e de obras pú- técnicas, do equipamento e das instalações e a sua
blicas e as permissões de serviços públicos reger-se-ão pelos conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço.
termos do art. 175 da Constituição Federal, por esta Lei, pe- § 3º Não se caracteriza como descontinuidade do
las normas legais pertinentes e pelas cláusulas dos indispen- serviço a sua interrupção em situação de emergência ou
sáveis contratos. após prévio aviso, quando:
Parágrafo único. A União, os Estados, o Distrito Federal I - motivada por razões de ordem técnica ou de seguran-
e os Municípios promoverão a revisão e as adaptações ne- ça das instalações; e,
cessárias de sua legislação às prescrições desta Lei, buscando II - por inadimplemento do usuário, considerado o inte-
atender as peculiaridades das diversas modalidades dos seus resse da coletividade.
serviços.
Capítulo III
Art. 2º Para os fins do disposto nesta Lei, considera-se: DOS DIREITOS E OBRIGAÇÕES DOS USUÁRIOS
I - poder concedente: a União, o Estado, o Distrito Fede-
ral ou o Município, em cuja competência se encontre o ser- Art. 7º Sem prejuízo do disposto na Lei nº 8.078, de 11
de setembro de 1990, são direitos e obrigações dos usuários:
viço público, precedido ou não da execução de obra pública,
I - receber serviço adequado;
objeto de concessão ou permissão;
II - receber do poder concedente e da concessionária
II - concessão de serviço público: a delegação de sua
informações para a defesa de interesses individuais ou co-
prestação, feita pelo poder concedente, mediante licitação, letivos;
na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consór- III - obter e utilizar o serviço, com liberdade de escolha
cio de empresas que demonstre capacidade para seu desem- entre vários prestadores de serviços, quando for o caso, ob-
penho, por sua conta e risco e por prazo determinado; servadas as normas do poder concedente.
III - concessão de serviço público precedida da execução IV - levar ao conhecimento do poder público e da con-
de obra pública: a construção, total ou parcial, conservação, cessionária as irregularidades de que tenham conhecimento,
reforma, ampliação ou melhoramento de quaisquer obras de referentes ao serviço prestado;
interesse público, delegada pelo poder concedente, mediante V - comunicar às autoridades competentes os atos ilíci-
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica tos praticados pela concessionária na prestação do serviço;
ou consórcio de empresas que demonstre capacidade para VI - contribuir para a permanência das boas condições
a sua realização, por sua conta e risco, de forma que o in- dos bens públicos através dos quais lhes são prestados os
vestimento da concessionária seja remunerado e amortiza- serviços.
do mediante a exploração do serviço ou da obra por prazo
determinado; Art. 7º-A. As concessionárias de serviços públicos, de di-
IV - permissão de serviço público: a delegação, a título reito público e privado, nos Estados e no Distrito Federal, são
precário, mediante licitação, da prestação de serviços públi- obrigadas a oferecer ao consumidor e ao usuário, dentro do
cos, feita pelo poder concedente à pessoa física ou jurídica mês de vencimento, o mínimo de seis datas opcionais para
que demonstre capacidade para seu desempenho, por sua escolherem os dias de vencimento de seus débitos.
conta e risco.
Capítulo IV
Art. 3º As concessões e permissões sujeitar-se-ão à fisca- DA POLÍTICA TARIFÁRIA
lização pelo poder concedente responsável pela delegação,
com a cooperação dos usuários. Art. 8º (VETADO)

Art. 4º A concessão de serviço público, precedida ou não Art. 9º A tarifa do serviço público concedido será fixada
da execução de obra pública, será formalizada mediante pelo preço da proposta vencedora da licitação e preservada
contrato, que deverá observar os termos desta Lei, das nor- pelas regras de revisão previstas nesta Lei, no edital e no
mas pertinentes e do edital de licitação. contrato.

13
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º A tarifa não será subordinada à legislação específica VI - melhor proposta em razão da combinação dos cri-
anterior e somente nos casos expressamente previstos em térios de maior oferta pela outorga da concessão com o de
lei, sua cobrança poderá ser condicionada à existência de melhor técnica; ou
serviço público alternativo e gratuito para o usuário. VII - melhor oferta de pagamento pela outorga após
§ 2º Os contratos poderão prever mecanismos qualificação de propostas técnicas.
de revisão das tarifas, a fim de manter-se o equilíbrio § 1º A aplicação do critério previsto no inciso III só
econômico-financeiro. será admitida quando previamente estabelecida no edital
§ 3º Ressalvados os impostos sobre a renda, a de licitação, inclusive com regras e fórmulas precisas para
criação, alteração ou extinção de quaisquer tributos ou avaliação econômico-financeira.
encargos legais, após a apresentação da proposta, quando § 2º Para fins de aplicação do disposto nos incisos
comprovado seu impacto, implicará a revisão da tarifa, para IV, V, VI e VII, o edital de licitação conterá parâmetros e
mais ou para menos, conforme o caso. exigências para formulação de propostas técnicas.
§ 4º Em havendo alteração unilateral do contrato que § 3º O poder concedente recusará propostas
afete o seu inicial equilíbrio econômico-financeiro, o poder manifestamente inexequíveis ou financeiramente
concedente deverá restabelecê-lo, concomitantemente à incompatíveis com os objetivos da licitação.
alteração. § 4º Em igualdade de condições, será dada preferência
à proposta apresentada por empresa brasileira.
Art. 10. Sempre que forem atendidas as condições do
contrato, considera-se mantido seu equilíbrio econômico- Art. 16. A outorga de concessão ou permissão não terá
-financeiro. caráter de exclusividade, salvo no caso de inviabilidade téc-
nica ou econômica justificada no ato a que se refere o art.
Art. 11. No atendimento às peculiaridades de cada ser- 5º desta Lei.
viço público, poderá o poder concedente prever, em favor
da concessionária, no edital de licitação, a possibilidade de Art. 17. Considerar-se-á desclassificada a proposta que,
outras fontes provenientes de receitas alternativas, comple- para sua viabilização, necessite de vantagens ou subsídios
mentares, acessórias ou de projetos associados, com ou sem que não estejam previamente autorizados em lei e à dispo-
exclusividade, com vistas a favorecer a modicidade das tari- sição de todos os concorrentes.
fas, observado o disposto no art. 17 desta Lei. § 1º Considerar-se-á, também, desclassificada a
Parágrafo único. As fontes de receita previstas neste ar- proposta de entidade estatal alheia à esfera político-
tigo serão obrigatoriamente consideradas para a aferição do administrativa do poder concedente que, para sua
inicial equilíbrio econômico-financeiro do contrato. viabilização, necessite de vantagens ou subsídios do poder
público controlador da referida entidade.
Art. 12. (VETADO) § 2º Inclui-se nas vantagens ou subsídios de que
trata este artigo, qualquer tipo de tratamento tributário
Art. 13. As tarifas poderão ser diferenciadas em função diferenciado, ainda que em consequência da natureza
das características técnicas e dos custos específicos prove- jurídica do licitante, que comprometa a isonomia fiscal que
nientes do atendimento aos distintos segmentos de usuários. deve prevalecer entre todos os concorrentes.

Capítulo V Art. 18. O edital de licitação será elaborado pelo poder


DA LICITAÇÃO concedente, observados, no que couber, os critérios e as nor-
mas gerais da legislação própria sobre licitações e contratos
Art. 14. Toda concessão de serviço público, precedida ou e conterá, especialmente:
não da execução de obra pública, será objeto de prévia lici- I - o objeto, metas e prazo da concessão;
tação, nos termos da legislação própria e com observância II - a descrição das condições necessárias à prestação
dos princípios da legalidade, moralidade, publicidade, igual- adequada do serviço;
dade, do julgamento por critérios objetivos e da vinculação III - os prazos para recebimento das propostas, julga-
ao instrumento convocatório. mento da licitação e assinatura do contrato;
IV - prazo, local e horário em que serão fornecidos, aos
Art. 15. No julgamento da licitação será considerado um interessados, os dados, estudos e projetos necessários à ela-
dos seguintes critérios: boração dos orçamentos e apresentação das propostas;
I - o menor valor da tarifa do serviço público a ser pres- V - os critérios e a relação dos documentos exigidos para
tado; a aferição da capacidade técnica, da idoneidade financeira e
II - a maior oferta, nos casos de pagamento ao poder da regularidade jurídica e fiscal;
concedente pela outorga da concessão; VI - as possíveis fontes de receitas alternativas, comple-
III - a combinação, dois a dois, dos critérios referidos nos mentares ou acessórias, bem como as provenientes de pro-
incisos I, II e VII; jetos associados;
IV - melhor proposta técnica, com preço fixado no edital; VII - os direitos e obrigações do poder concedente e da
V - melhor proposta em razão da combinação dos crité- concessionária em relação a alterações e expansões a serem
rios de menor valor da tarifa do serviço público a ser presta- realizadas no futuro, para garantir a continuidade da pres-
do com o de melhor técnica; tação do serviço;

14
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

VIII - os critérios de reajuste e revisão da tarifa; § 2º A empresa líder do consórcio é a responsável


IX - os critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros a perante o poder concedente pelo cumprimento do
serem utilizados no julgamento técnico e econômico-finan- contrato de concessão, sem prejuízo da responsabilidade
ceiro da proposta; solidária das demais consorciadas.
X - a indicação dos bens reversíveis;
XI - as características dos bens reversíveis e as condições Art. 20. É facultado ao poder concedente, desde que pre-
em que estes serão postos à disposição, nos casos em que visto no edital, no interesse do serviço a ser concedido, de-
houver sido extinta a concessão anterior; terminar que o licitante vencedor, no caso de consórcio, se
XII - a expressa indicação do responsável pelo ônus das constitua em empresa antes da celebração do contrato.
desapropriações necessárias à execução do serviço ou da
obra pública, ou para a instituição de servidão administra- Art. 21. Os estudos, investigações, levantamentos, proje-
tiva; tos, obras e despesas ou investimentos já efetuados, vincu-
XIII - as condições de liderança da empresa responsável, lados à concessão, de utilidade para a licitação, realizados
na hipótese em que for permitida a participação de empre- pelo poder concedente ou com a sua autorização, estarão
sas em consórcio; à disposição dos interessados, devendo o vencedor da lici-
XIV - nos casos de concessão, a minuta do respectivo tação ressarcir os dispêndios correspondentes, especificados
contrato, que conterá as cláusulas essenciais referidas no art. no edital.
23 desta Lei, quando aplicáveis;
XV - nos casos de concessão de serviços públicos pre- Art. 22. É assegurada a qualquer pessoa a obtenção de
cedida da execução de obra pública, os dados relativos à certidão sobre atos, contratos, decisões ou pareceres relati-
obra, dentre os quais os elementos do projeto básico que vos à licitação ou às próprias concessões.
permitam sua plena caracterização, bem assim as garantias
exigidas para essa parte específica do contrato, adequadas a Capítulo VI
cada caso e limitadas ao valor da obra; DO CONTRATO DE CONCESSÃO
XVI - nos casos de permissão, os termos do contrato de
adesão a ser firmado. Art. 23. São cláusulas essenciais do contrato de conces-
são as relativas:
Art. 18-A. O edital poderá prever a inversão da ordem I - ao objeto, à área e ao prazo da concessão;
das fases de habilitação e julgamento, hipótese em que: II - ao modo, forma e condições de prestação do serviço;
I - encerrada a fase de classificação das propostas ou o III - aos critérios, indicadores, fórmulas e parâmetros de-
oferecimento de lances, será aberto o invólucro com os do- finidores da qualidade do serviço;
cumentos de habilitação do licitante mais bem classificado, IV - ao preço do serviço e aos critérios e procedimentos
para verificação do atendimento das condições fixadas no para o reajuste e a revisão das tarifas;
edital; V - aos direitos, garantias e obrigações do poder conce-
II - verificado o atendimento das exigências do edital, o dente e da concessionária, inclusive os relacionados às previ-
licitante será declarado vencedor; síveis necessidades de futura alteração e expansão do serviço
III - inabilitado o licitante melhor classificado, serão e consequente modernização, aperfeiçoamento e ampliação
analisados os documentos habilitatórios do licitante com a dos equipamentos e das instalações;
proposta classificada em segundo lugar, e assim sucessiva- VI - aos direitos e deveres dos usuários para obtenção e
mente, até que um licitante classificado atenda às condições utilização do serviço;
fixadas no edital; VII - à forma de fiscalização das instalações, dos equipa-
IV - proclamado o resultado final do certame, o objeto mentos, dos métodos e práticas de execução do serviço, bem
será adjudicado ao vencedor nas condições técnicas e econô- como a indicação dos órgãos competentes para exercê-la;
micas por ele ofertadas. VIII - às penalidades contratuais e administrativas a que
se sujeita a concessionária e sua forma de aplicação;
Art. 19. Quando permitida, na licitação, a participação IX - aos casos de extinção da concessão;
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes nor- X - aos bens reversíveis;
mas: XI - aos critérios para o cálculo e a forma de pagamen-
I - comprovação de compromisso, público ou particular, to das indenizações devidas à concessionária, quando for o
de constituição de consórcio, subscrito pelas consorciadas; caso;
II - indicação da empresa responsável pelo consórcio; XII - às condições para prorrogação do contrato;
III - apresentação dos documentos exigidos nos incisos V XIII - à obrigatoriedade, forma e periodicidade da pres-
e XIII do artigo anterior, por parte de cada consorciada; tação de contas da concessionária ao poder concedente;
IV - impedimento de participação de empresas consor- XIV - à exigência da publicação de demonstrações fi-
ciadas na mesma licitação, por intermédio de mais de um nanceiras periódicas da concessionária; e
consórcio ou isoladamente. XV - ao foro e ao modo amigável de solução das diver-
§ 1º O licitante vencedor fica obrigado a promover, gências contratuais.
antes da celebração do contrato, a constituição e registro Parágrafo único. Os contratos relativos à concessão de
do consórcio, nos termos do compromisso referido no serviço público precedido da execução de obra pública deve-
inciso I deste artigo. rão, adicionalmente:

15
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - estipular os cronogramas físico-financeiros de execu- tenha vínculo societário direto, para promover sua reestru-
ção das obras vinculadas à concessão; e turação financeira e assegurar a continuidade da prestação
II - exigir garantia do fiel cumprimento, pela concessio- dos serviços.
nária, das obrigações relativas às obras vinculadas à con- § 1º Na hipótese prevista no caput, o poder concedente
cessão. exigirá dos financiadores e dos garantidores que atendam
às exigências de regularidade jurídica e fiscal, podendo
Art. 23-A. O contrato de concessão poderá prever o em- alterar ou dispensar os demais requisitos previstos no
prego de mecanismos privados para resolução de disputas inciso I do parágrafo único do art. 27.
decorrentes ou relacionadas ao contrato, inclusive a arbitra- § 2º A assunção do controle ou da administração
gem, a ser realizada no Brasil e em língua portuguesa, nos temporária autorizadas na forma do caput deste artigo
termos da Lei nº 9.307, de 23 de setembro de 1996. não alterará as obrigações da concessionária e de seus
controladores para com terceiros, poder concedente e
Art. 24. (VETADO) usuários dos serviços públicos.
§ 3º Configura-se o controle da concessionária, para
Art. 25. Incumbe à concessionária a execução do servi- os fins dispostos no caput deste artigo, a propriedade
ço concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos resolúvel de ações ou quotas por seus financiadores e
causados ao poder concedente, aos usuários ou a terceiros, garantidores que atendam os requisitos do art. 116 da Lei
sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente ex- nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
clua ou atenue essa responsabilidade. § 4º Configura-se a administração temporária da
§ 1º Sem prejuízo da responsabilidade a que se refere concessionária por seus financiadores e garantidores
este artigo, a concessionária poderá contratar com terceiros quando, sem a transferência da propriedade de ações ou
o desenvolvimento de atividades inerentes, acessórias quotas, forem outorgados os seguintes poderes:
ou complementares ao serviço concedido, bem como a I - indicar os membros do Conselho de Administração,
implementação de projetos associados. a serem eleitos em Assembleia Geral pelos acionistas, nas
§ 2º Os contratos celebrados entre a concessionária sociedades regidas pela Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de
e os terceiros a que se refere o parágrafo anterior reger- 1976; ou administradores, a serem eleitos pelos quotistas,
se-ão pelo direito privado, não se estabelecendo qualquer nas demais sociedades;
relação jurídica entre os terceiros e o poder concedente. II - indicar os membros do Conselho Fiscal, a serem elei-
§ 3º A execução das atividades contratadas com terceiros tos pelos acionistas ou quotistas controladores em Assem-
pressupõe o cumprimento das normas regulamentares da bleia Geral;
modalidade do serviço concedido. III - exercer poder de veto sobre qualquer proposta sub-
metida à votação dos acionistas ou quotistas da concessio-
Art. 26. É admitida a subconcessão, nos termos previstos nária, que representem, ou possam representar, prejuízos
no contrato de concessão, desde que expressamente autori- aos fins previstos no caput deste artigo;
zada pelo poder concedente. IV - outros poderes necessários ao alcance dos fins pre-
§ 1º A outorga de subconcessão será sempre precedida vistos no caput deste artigo.
de concorrência. § 5º A administração temporária autorizada na
§ 2º O subconcessionário se sub-rogará todos os forma deste artigo não acarretará responsabilidade aos
direitos e obrigações da subconcedente dentro dos limites financiadores e garantidores em relação à tributação,
da subconcessão. encargos, ônus, sanções, obrigações ou compromissos
com terceiros, inclusive com o poder concedente ou
Art. 27. A transferência de concessão ou do controle empregados.
societário da concessionária sem prévia anuência do poder § 6º O Poder Concedente disciplinará sobre o prazo da
concedente implicará a caducidade da concessão. administração temporária.
§ 1º Para fins de obtenção da anuência de que trata o
caput deste artigo, o pretendente deverá: Art. 28. Nos contratos de financiamento, as concessioná-
I - atender às exigências de capacidade técnica, idonei- rias poderão oferecer em garantia os direitos emergentes da
dade financeira e regularidade jurídica e fiscal necessárias à concessão, até o limite que não comprometa a operacionali-
assunção do serviço; e zação e a continuidade da prestação do serviço.
II - comprometer-se a cumprir todas as cláusulas do
contrato em vigor. Art. 28-A. Para garantir contratos de mútuo de longo
§ 2º (Revogado). prazo, destinados a investimentos relacionados a contratos
§ 3º (Revogado). de concessão, em qualquer de suas modalidades, as conces-
§ 4º (Revogado). sionárias poderão ceder ao mutuante, em caráter fiduciário,
parcela de seus créditos operacionais futuros, observadas as
Art. 27-A. Nas condições estabelecidas no contrato de seguintes condições:
concessão, o poder concedente autorizará a assunção do I - o contrato de cessão dos créditos deverá ser registra-
controle ou da administração temporária da concessionária do em Cartório de Títulos e Documentos para ter eficácia
por seus financiadores e garantidores com quem não man- perante terceiros;

16
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - sem prejuízo do disposto no inciso I do caput des- XI - incentivar a competitividade; e


te artigo, a cessão do crédito não terá eficácia em relação XII - estimular a formação de associações de usuários
ao Poder Público concedente senão quando for este formal- para defesa de interesses relativos ao serviço.
mente notificado;
III - os créditos futuros cedidos nos termos deste artigo Art. 30. No exercício da fiscalização, o poder concedente
serão constituídos sob a titularidade do mutuante, indepen- terá acesso aos dados relativos à administração, contabili-
dentemente de qualquer formalidade adicional; dade, recursos técnicos, econômicos e financeiros da conces-
IV - o mutuante poderá indicar instituição financeira sionária.
para efetuar a cobrança e receber os pagamentos dos cré- Parágrafo único. A fiscalização do serviço será feita por
ditos cedidos ou permitir que a concessionária o faça, na intermédio de órgão técnico do poder concedente ou por
qualidade de representante e depositária; entidade com ele conveniada, e, periodicamente, conforme
V - na hipótese de ter sido indicada instituição financei- previsto em norma regulamentar, por comissão composta de
ra, conforme previsto no inciso IV do caput deste artigo, fica representantes do poder concedente, da concessionária e dos
a concessionária obrigada a apresentar a essa os créditos usuários.
para cobrança;
VI - os pagamentos dos créditos cedidos deverão ser de- Capítulo VIII
positados pela concessionária ou pela instituição encarre- DOS ENCARGOS DA CONCESSIONÁRIA
gada da cobrança em conta corrente bancária vinculada ao
contrato de mútuo; Art. 31. Incumbe à concessionária:
VII - a instituição financeira depositária deverá transferir I - prestar serviço adequado, na forma prevista nesta Lei,
os valores recebidos ao mutuante à medida que as obriga- nas normas técnicas aplicáveis e no contrato;
ções do contrato de mútuo tornarem-se exigíveis; e II - manter em dia o inventário e o registro dos bens
VIII - o contrato de cessão disporá sobre a devolução à vinculados à concessão;
concessionária dos recursos excedentes, sendo vedada a re- III - prestar contas da gestão do serviço ao poder conce-
tenção do saldo após o adimplemento integral do contrato. dente e aos usuários, nos termos definidos no contrato;
Parágrafo único. Para os fins deste artigo, serão conside- IV - cumprir e fazer cumprir as normas do serviço e as
rados contratos de longo prazo aqueles cujas obrigações te- cláusulas contratuais da concessão;
nham prazo médio de vencimento superior a 5 (cinco) anos. V - permitir aos encarregados da fiscalização livre aces-
so, em qualquer época, às obras, aos equipamentos e às ins-
Capítulo VII talações integrantes do serviço, bem como a seus registros
DOS ENCARGOS DO PODER CONCEDENTE contábeis;
VI - promover as desapropriações e constituir servidões
Art. 29. Incumbe ao poder concedente: autorizadas pelo poder concedente, conforme previsto no
I - regulamentar o serviço concedido e fiscalizar perma- edital e no contrato;
nentemente a sua prestação; VII - zelar pela integridade dos bens vinculados à pres-
II - aplicar as penalidades regulamentares e contratuais; tação do serviço, bem como segurá-los adequadamente; e
III - intervir na prestação do serviço, nos casos e condi- VIII - captar, aplicar e gerir os recursos financeiros neces-
ções previstos em lei; sários à prestação do serviço.
IV - extinguir a concessão, nos casos previstos nesta Lei Parágrafo único. As contratações, inclusive de mão-de-
e na forma prevista no contrato; -obra, feitas pela concessionária serão regidas pelas disposi-
V - homologar reajustes e proceder à revisão das tarifas ções de direito privado e pela legislação trabalhista, não se
na forma desta Lei, das normas pertinentes e do contrato; estabelecendo qualquer relação entre os terceiros contrata-
VI - cumprir e fazer cumprir as disposições regulamen- dos pela concessionária e o poder concedente.
tares do serviço e as cláusulas contratuais da concessão;
VII - zelar pela boa qualidade do serviço, receber, apurar Capítulo IX
e solucionar queixas e reclamações dos usuários, que serão DA INTERVENÇÃO
cientificados, em até trinta dias, das providências tomadas;
VIII - declarar de utilidade pública os bens necessários à Art. 32. O poder concedente poderá intervir na conces-
execução do serviço ou obra pública, promovendo as desa- são, com o fim de assegurar a adequação na prestação do
propriações, diretamente ou mediante outorga de poderes à serviço, bem como o fiel cumprimento das normas contra-
concessionária, caso em que será desta a responsabilidade tuais, regulamentares e legais pertinentes.
pelas indenizações cabíveis; Parágrafo único. A intervenção far-se-á por decreto do
IX - declarar de necessidade ou utilidade pública, para poder concedente, que conterá a designação do interventor,
fins de instituição de servidão administrativa, os bens neces- o prazo da intervenção e os objetivos e limites da medida.
sários à execução de serviço ou obra pública, promovendo-a
diretamente ou mediante outorga de poderes à concessioná- Art. 33. Declarada a intervenção, o poder conceden-
ria, caso em que será desta a responsabilidade pelas indeni- te deverá, no prazo de trinta dias, instaurar procedimento
zações cabíveis; administrativo para comprovar as causas determinantes da
X - estimular o aumento da qualidade, produtividade, medida e apurar responsabilidades, assegurado o direito de
preservação do meio-ambiente e conservação; ampla defesa.

17
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Se ficar comprovado que a intervenção não I - o serviço estiver sendo prestado de forma inadequada
observou os pressupostos legais e regulamentares ou deficiente, tendo por base as normas, critérios, indicado-
será declarada sua nulidade, devendo o serviço ser res e parâmetros definidores da qualidade do serviço;
imediatamente devolvido à concessionária, sem prejuízo II - a concessionária descumprir cláusulas contratuais ou
de seu direito à indenização. disposições legais ou regulamentares concernentes à con-
§ 2º O procedimento administrativo a que se refere o cessão;
caput deste artigo deverá ser concluído no prazo de até III - a concessionária paralisar o serviço ou concorrer
cento e oitenta dias, sob pena de considerar-se inválida a para tanto, ressalvadas as hipóteses decorrentes de caso for-
intervenção. tuito ou força maior;
IV - a concessionária perder as condições econômicas,
Art. 34. Cessada a intervenção, se não for extinta a con- técnicas ou operacionais para manter a adequada prestação
cessão, a administração do serviço será devolvida à conces- do serviço concedido;
sionária, precedida de prestação de contas pelo interventor, V - a concessionária não cumprir as penalidades impos-
que responderá pelos atos praticados durante a sua gestão. tas por infrações, nos devidos prazos;
VI - a concessionária não atender a intimação do poder
Capítulo X concedente no sentido de regularizar a prestação do serviço;
DA EXTINÇÃO DA CONCESSÃO e
VII - a concessionária não atender a intimação do poder
Art. 35. Extingue-se a concessão por: concedente para, em 180 (cento e oitenta) dias, apresentar
I - advento do termo contratual;
a documentação relativa a regularidade fiscal, no curso da
II - encampação;
concessão, na forma do art. 29 da Lei nº 8.666, de 21 de
III - caducidade;
junho de 1993.
IV - rescisão;
§ 2º A declaração da caducidade da concessão
V - anulação; e
VI - falência ou extinção da empresa concessionária e deverá ser precedida da verificação da inadimplência da
falecimento ou incapacidade do titular, no caso de empresa concessionária em processo administrativo, assegurado o
individual. direito de ampla defesa.
§ 1º Extinta a concessão, retornam ao poder § 3º Não será instaurado processo administrativo de
concedente todos os bens reversíveis, direitos e privilégios inadimplência antes de comunicados à concessionária,
transferidos ao concessionário conforme previsto no edital detalhadamente, os descumprimentos contratuais referidos
e estabelecido no contrato. no § 1º deste artigo, dando-lhe um prazo para corrigir as
§ 2º Extinta a concessão, haverá a imediata assunção falhas e transgressões apontadas e para o enquadramento,
do serviço pelo poder concedente, procedendo-se aos nos termos contratuais.
levantamentos, avaliações e liquidações necessários. § 4º Instaurado o processo administrativo e comprovada
§ 3º A assunção do serviço autoriza a ocupação das a inadimplência, a caducidade será declarada por decreto
instalações e a utilização, pelo poder concedente, de todos do poder concedente, independentemente de indenização
os bens reversíveis. prévia, calculada no decurso do processo.
§ 4º Nos casos previstos nos incisos I e II deste § 5º A indenização de que trata o parágrafo anterior,
artigo, o poder concedente, antecipando-se à extinção será devida na forma do art. 36 desta Lei e do contrato,
da concessão, procederá aos levantamentos e avaliações descontado o valor das multas contratuais e dos danos
necessários à determinação dos montantes da indenização causados pela concessionária.
que será devida à concessionária, na forma dos arts. 36 e § 6º Declarada a caducidade, não resultará para o poder
37 desta Lei. concedente qualquer espécie de responsabilidade em
relação aos encargos, ônus, obrigações ou compromissos
Art. 36. A reversão no advento do termo contratual far- com terceiros ou com empregados da concessionária.
-se-á com a indenização das parcelas dos investimentos
vinculados a bens reversíveis, ainda não amortizados ou Art. 39. O contrato de concessão poderá ser rescindido
depreciados, que tenham sido realizados com o objetivo de por iniciativa da concessionária, no caso de descumprimen-
garantir a continuidade e atualidade do serviço concedido. to das normas contratuais pelo poder concedente, mediante
ação judicial especialmente intentada para esse fim.
Art. 37. Considera-se encampação a retomada do servi- Parágrafo único. Na hipótese prevista no caput deste ar-
ço pelo poder concedente durante o prazo da concessão, por tigo, os serviços prestados pela concessionária não poderão
motivo de interesse público, mediante lei autorizativa espe- ser interrompidos ou paralisados, até a decisão judicial tran-
cífica e após prévio pagamento da indenização, na forma do sitada em julgado.
artigo anterior.
Capítulo XI
Art. 38. A inexecução total ou parcial do contrato acar- DAS PERMISSÕES
retará, a critério do poder concedente, a declaração de cadu-
cidade da concessão ou a aplicação das sanções contratuais, Art. 40. A permissão de serviço público será formalizada
respeitadas as disposições deste artigo, do art. 27, e as nor- mediante contrato de adesão, que observará os termos desta
mas convencionadas entre as partes. Lei, das demais normas pertinentes e do edital de licitação,
§ 1º A caducidade da concessão poderá ser declarada inclusive quanto à precariedade e à revogabilidade unilate-
pelo poder concedente quando: ral do contrato pelo poder concedente.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. Aplica-se às permissões o disposto nes- no instrumento de concessão antes celebrado ou, na
ta Lei. omissão deste, por avaliação de seu valor econômico ou
reavaliação patrimonial, depreciação e amortização de
Capítulo XII ativos imobilizados definidos pelas legislações fiscal e das
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS sociedades por ações, efetuada por empresa de auditoria
independente escolhida de comum acordo pelas partes.
Art. 41. O disposto nesta Lei não se aplica à concessão, § 5º No caso do § 4º deste artigo, o pagamento de
permissão e autorização para o serviço de radiodifusão so- eventual indenização será realizado, mediante garantia real,
nora e de sons e imagens. por meio de 4 (quatro) parcelas anuais, iguais e sucessivas,
da parte ainda não amortizada de investimentos e de
Art. 42. As concessões de serviço público outorgadas outras indenizações relacionadas à prestação dos serviços,
anteriormente à entrada em vigor desta Lei consideram-se realizados com capital próprio do concessionário ou de seu
válidas pelo prazo fixado no contrato ou no ato de outorga, controlador, ou originários de operações de financiamento,
ou obtidos mediante emissão de ações, debêntures e
observado o disposto no art. 43 desta Lei.
outros títulos mobiliários, com a primeira parcela paga até
§ 1º Vencido o prazo mencionado no contrato ou ato
o último dia útil do exercício financeiro em que ocorrer a
de outorga, o serviço poderá ser prestado por órgão ou
reversão.
entidade do poder concedente, ou delegado a terceiros,
§ 6º Ocorrendo acordo, poderá a indenização de que
mediante novo contrato. trata o § 5º deste artigo ser paga mediante receitas de novo
§ 2º As concessões em caráter precário, as que contrato que venha a disciplinar a prestação do serviço.
estiverem com prazo vencido e as que estiverem em vigor
por prazo indeterminado, inclusive por força de legislação Art. 43. Ficam extintas todas as concessões de serviços
anterior, permanecerão válidas pelo prazo necessário à públicos outorgadas sem licitação na vigência da Constitui-
realização dos levantamentos e avaliações indispensáveis ção de 1988.
à organização das licitações que precederão a outorga das Parágrafo único. Ficam também extintas todas as con-
concessões que as substituirão, prazo esse que não será cessões outorgadas sem licitação anteriormente à Constitui-
inferior a 24 (vinte e quatro) meses. ção de 1988, cujas obras ou serviços não tenham sido inicia-
§ 3º As concessões a que se refere o § 2º deste artigo, dos ou que se encontrem paralisados quando da entrada em
inclusive as que não possuam instrumento que as formalize vigor desta Lei.
ou que possuam cláusula que preveja prorrogação, terão
validade máxima até o dia 31 de dezembro de 2010, desde Art. 44. As concessionárias que tiverem obras que se en-
que, até o dia 30 de junho de 2009, tenham sido cumpridas, contrem atrasadas, na data da publicação desta Lei, apre-
cumulativamente, as seguintes condições: sentarão ao poder concedente, dentro de cento e oitenta
I - levantamento mais amplo e retroativo possível dos dias, plano efetivo de conclusão das obras.
elementos físicos constituintes da infra-estrutura de bens Parágrafo único. Caso a concessionária não apresen-
reversíveis e dos dados financeiros, contábeis e comerciais te o plano a que se refere este artigo ou se este plano não
relativos à prestação dos serviços, em dimensão necessária e oferecer condições efetivas para o término da obra, o poder
suficiente para a realização do cálculo de eventual indeniza- concedente poderá declarar extinta a concessão, relativa a
ção relativa aos investimentos ainda não amortizados pelas essa obra.
receitas emergentes da concessão, observadas as disposições
legais e contratuais que regulavam a prestação do serviço Art. 45. Nas hipóteses de que tratam os arts. 43 e 44 des-
ou a ela aplicáveis nos 20 (vinte) anos anteriores ao da pu- ta Lei, o poder concedente indenizará as obras e serviços rea-
lizados somente no caso e com os recursos da nova licitação.
blicação desta Lei;
Parágrafo único. A licitação de que trata o caput deste
II - celebração de acordo entre o poder concedente e o
artigo deverá, obrigatoriamente, levar em conta, para fins
concessionário sobre os critérios e a forma de indenização
de avaliação, o estágio das obras paralisadas ou atrasadas,
de eventuais créditos remanescentes de investimentos ain-
de modo a permitir a utilização do critério de julgamento
da não amortizados ou depreciados, apurados a partir dos estabelecido no inciso III do art. 15 desta Lei.
levantamentos referidos no inciso I deste parágrafo e au-
ditados por instituição especializada escolhida de comum Art. 46. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
acordo pelas partes; e ção.
III - publicação na imprensa oficial de ato formal de
autoridade do poder concedente, autorizando a prestação Art. 47. Revogam-se as disposições em contrário.
precária dos serviços por prazo de até 6 (seis) meses, renová-
vel até 31 de dezembro de 2008, mediante comprovação do Brasília, 13 de fevereiro de 1995; 174º da Independência
cumprimento do disposto nos incisos I e II deste parágrafo. e 107º da República.
§ 4º Não ocorrendo o acordo previsto no inciso
II do § 3º deste artigo, o cálculo da indenização de
investimentos será feito com base nos critérios previstos

19
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Fato administrativo é a “atividade material no exercí-


5 ATOS ADMINISTRATIVOS. cio da função administrativa, que visa a efeitos de ordem
prática para a Administração. [...] Os fatos administrativos
podem ser voluntários e naturais. Os fatos administrativos
voluntários se materializam de duas maneiras: 1ª) por atos
Fatos da administração, atos da administração e administrativos, que formalizam a providência dese-
atos administrativos jada pelo administrador através da manifestação da
O ato administrativo é uma espécie de fato administra- vontade; 2ª) por condutas administrativas, que refletem
tivo e é em torno dele que se estrutura a base teórica do os comportamentos e as ações administrativas, sejam ou
não precedidas de ato administrativo formal. Já os fatos
direito administrativo.
administrativos naturais são aqueles que se originam de
Por seu turno, “a expressão atos da Administração fenômenos da natureza, cujos efeitos se refletem na órbita
traduz sentido amplo e indica todo e qualquer ato que administrativa. Assim, quando se fizer referência a fato ad-
se origine dos inúmeros órgãos que compõem o sistema ministrativo, deverá estar presente unicamente a noção de
administrativo em qualquer dos Poderes. [...] Na verdade, que ocorreu um evento dinâmico da Administração”31.
entre os atos da Administração se enquadram atos que
não se caracterizam propriamente como atos adminis- Atos administrativos em espécie
trativos, como é o caso dos atos privados da Administra- a) Atos normativos: são atos gerais e abstratos visando
ção. Exemplo: os contratos regidos pelo direito privado, a correta aplicação da lei. É o caso dos decretos, regula-
como a compra e venda, a locação etc. No mesmo plano mentos, regimentos, resoluções, deliberações.
estão os atos materiais, que correspondem aos fatos ad- b) Atos ordinatórios: disciplinam o funcionamento da
ministrativos, noção vista acima: são eles atos da Adminis- Administração e a conduta de seus agentes. É o caso de
tração, mas não configuram atos administrativos típicos. instruções, circulares, avisos, portarias, ofícios, despachos
Alguns autores aludem também aos atos políticos ou de administrativos, decisões administrativas.
governo”29. c) Atos negociais: são aqueles estabelecidos entre Ad-
Com efeito, a expressão atos da Administração é mais ministração e administrado em consenso. É o caso de licen-
ampla. Envolve, também, os atos privados da Administra- ças, autorizações, permissões, aprovações, vistos, dispensa,
homologação, renúncia.
ção, referentes às ações da Administração no atendimento
d) Atos enunciativos: são aqueles em que a Administra-
de seus interesses e necessidades operacionais e instru-
ção certifica ou atesta um fato sem vincular ao seu conteú-
mentais agindo no mesmo plano de direitos e obrigações do. É o caso de atestados, certidões, pareceres.
que os particulares. O regime jurídico será o de direito pri- e) Atos punitivos: são aqueles que emanam punições
vado. Ex.: contrato de aluguel de imóveis, compra de bens aos particulares e servidores.
de consumo, contratação de água/luz/internet. Basicamen-
te, envolve os interesses particulares da Administração, que Classificação dos atos administrativos
são secundários, para que ela possa atender aos interesses Classificação quanto ao seu alcance:
primários – no âmbito destes interesses primários (inte- 1) Atos internos: praticados no âmbito interno da Ad-
resses públicos, difusos e coletivos) é que surgem os atos ministração, incidindo sobre órgãos e agentes administra-
administrativos, que são atos públicos da Administração, tivos.
sujeitos a regime jurídico de direito público. 2) Atos externos: praticados no âmbito externo da
Administração, atingindo administrados e contratados. São
Atos da Administração ≠ Atos administrativos. obrigatórios a partir da publicação.
Atos privados da Administração = atos da Adminis-
tração → regime jurídico de direito privado. Classificação quanto ao seu objeto:
Atos públicos da Administração = atos administra- 1) Atos de império: praticados com supremacia em
relação ao particular e servidor, impondo o seu obrigatório
tivos → regime jurídico de direito público.
cumprimento.
2) Atos de gestão: praticados em igualdade de condi-
Os atos administrativos se situam num plano superior ção com o particular, ou seja, sem usar de suas prerrogati-
de direitos e obrigações, eis que visam atender aos interes- vas sobre o destinatário.
ses públicos primários, denominados difusos e coletivos. 3) Atos de expediente: praticados para dar andamen-
Logo, são atos de regime público, sujeitos a pressupostos to a processos e papéis que tramitam internamente na ad-
de existência e validade diversos dos estabelecidos para ministração pública. São atos de rotina administrativa.
os atos jurídicos no Código Civil, e sim previstos na Lei de
Ação Popular e na Lei de Processo Administrativo Federal. Classificação dos atos quanto à formação (processo
Ao invés de autonomia da vontade, haverá a obrigatorie- de elaboração):
dade do cumprimento da lei e, portanto, a administração 1) Ato simples: nasce por meio da manifestação de
só poderá agir nestas hipóteses desde que esteja expressa vontade de um órgão (unipessoal ou colegiado) ou agente
e previamente autorizada por lei30. da Administração.
29 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.
ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015. 31 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
30 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São ministrativo. 28. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2015.

20
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

2) Ato complexo: nasce da manifestação de vontade Requisitos ou elementos


de mais de um órgão ou agente administrativo. 1) Competência: é o poder-dever atribuído a determi-
3) Ato composto: nasce da manifestação de vontade nado agente público para praticar certo ato administrativo.
de um órgão ou agente, mas depende de outra vontade A pessoa jurídica, o órgão e o agente público devem estar
que o ratifique para produzir efeitos e tornar-se exequível. revestidos de competência. A competência é sempre fixada
por lei.
Classificação quanto à manifestação da vontade: A Constituição Federal fixa atribuições para as diver-
Atos unilaterais: São aqueles formados pela manifesta- sas esferas do Poder Executivo. Entretanto, seria impossível
ção de vontade de uma única pessoa. Ex.: Demissão - Para impor que um único órgão as exercesse por completo. Por
Hely Lopes Meirelles, só existem os atos administrativos isso, tais atribuições são distribuídas entre os diversos ór-
unilaterais. gãos que compõem a Administração Pública. Esta divisão
Atos bilaterais: São aqueles formados pela manifesta- das atribuições entre os órgãos da Administração Pú-
ção de vontade de duas pessoas. blica é conhecida como competência.
Atos multilaterais: São aqueles formados pela vontade Conceitua Carvalho Filho33 que “competência é o círcu-
de mais de duas pessoas. lo definido por lei dentro do qual podem os agentes exer-
Ex.: Contrato administrativo. cer legitimamente sua atividade”, afirmando ainda que a
competência administrativa pode ser colocada em plano
Classificação quanto ao destinatário: diverso da competência legislativa e jurisdicional.
1) Atos gerais: dirigidos à coletividade em geral, com A competência é pressuposto essencial do ato ad-
finalidade normativa, atingindo uma gama de pessoas que ministrativo, devendo sempre ser fixada por lei ou pela
estejam na mesma situação jurídica nele estabelecida. O Constituição Federal. Vale ressaltar, no entanto, que a lei
particular não pode impugnar, pois os efeitos são para to- e a CF fixam as competências primárias, que abrangem o
dos. órgão como um todo; podendo existir atos internos de or-
2) Atos individuais: dirigidos a pessoa certa e deter- ganização que fixam as divisões de competências dentro
minada, criando situações jurídicas individuais. O particular
dos órgãos, em seus diversos segmentos.
atingido pode impugnar.
A competência se reveste de dois atributos essenciais:
Classificação quanto ao seu regramento: inderrogabilidade, pois não se transfere de um órgão a
1) Atos vinculados: são os que possuem todos os outro por mera vontade entre as partes ou por consen-
pressupostos e elementos necessários para sua prática e timento do agente público; e improrrogabilidade, pois
perfeição previamente estabelecidos em lei que autoriza a um órgão competente não se transmuta em incompetente
prática daquele ato. O administrador é um “mero cumpridor mesmo diante de alteração da lei superveniente ao fato.
de leis”. Também se denomina ato de exercício obrigatório. O ato praticado por sujeito incompetente prescinde de
2) Atos discricionários: são os atos que possuem pressuposto essencial para o ato administrativo, sendo ele
parte de seus pressupostos e elementos previamente considerado inexistente e incapaz de produzir efeitos.
fixados pela lei autorizadora. No mínimo, a competência, a É possível fixar os critérios de competência nos
finalidade e a forma estão previamente fixados na lei – são seguintes moldes:
os pressupostos vinculados. Aquilo que está em branco ou a) Quanto à matéria: abrange a especificidade da fun-
indefinido na lei será preenchido pelo administrador. Tal ção, por exemplo, entre Ministérios e Secretarias de diver-
preenchimento deve ser feito motivadamente com base sas especialidades.
em fatos e circunstâncias que somente o administrador b) Quanto à hierarquia: abrange a atribuição de ativi-
pode escolher. Contudo, tal escolha não é livre, os fatos dades mais complexas a agentes/órgãos de graus superio-
e circunstâncias devem ser adequados (razoáveis e res dentro dos órgãos.
proporcionais) aos limites e intenções da lei. c) Quanto ao lugar: abrange a descentralização terri-
Quanto ao grau de subordinação à norma, os atos ad- torial de atividades.
ministrativos se classificam em vinculados ou discricioná- d) Quanto ao tempo: abrange a atribuição de com-
rios. “Os atos vinculados são aqueles que tem o procedi- petência por tempo determinado, notadamente diante de
mento quase que plenamente delineados em lei, enquanto algum evento específico, como de calamidade pública.
os discricionários são aqueles em que o dispositivo norma- Nos termos do artigo 11 da Lei nº 9.784/1999, “a com-
tivo permite certa margem de liberdade para a atividade petência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos admi-
pessoal do agente público, especialmente no que tange nistrativos a que foi atribuída como própria, salvo os casos
à conveniência e oportunidade, elementos do chamado de delegação e avocação legalmente admitidos”.
mérito administrativo. A discricionariedade como poder Delegar é atribuir uma competência que seria sua a
da Administração deve ser exercida consoante determina- outro órgão/agente (pode ser vertical, quando houver su-
dos limites, não se constituindo em opção arbitrária para bordinação; ou horizontal, quando não houver subordi-
o gestor público, razão porque, desde há muito, doutrina nação) – A delegação é parcial e temporária e pode ser
e jurisprudência repetem que os atos de tal espécie são revogada a qualquer tempo. Não podem ser delegados os
vinculados em vários de seus aspectos, tais como a compe- seguintes atos: Competência Exclusiva, Edição de Ato de
tência, forma e fim”32. Caráter Normativo, Decisão de Recursos Administrativos.
32 http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_ 33 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=3741 ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

21
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Avocar é solicitar o que seria de competência de outro der de império ou extroverso, que regula a forma unilateral
para sua esfera de competência. Basicamente, é o oposto e coercitiva de agir da Administração, se extrai a imperati-
de delegar. Na avocação, o chefe/órgão superior pega para vidade dos atos administrativos.
si as atribuições do subordinado/órgão inferior. Como exi- 2) Autoexecutoriedade: em regra, a Administração
ge subordinação, toda avocação é vertical. pode concretamente executar seus atos independente da
2) Finalidade: é a razão jurídica pela qual um ato ad- manifestação do Poder Judiciário, mesmo quando estes
ministrativo foi abstratamente criado pela ordem jurídica. afetam diretamente a esfera jurídica de particulares.
A lei estabelece que os atos administrativos devem ser 3) Presunção de veracidade: todo ato editado ou pu-
praticados visando a um fim, notadamente, a satisfação do blicado pela Administração é presumivelmente verdadeiro,
interesse público. Contudo, embora os atos administrativos seja na forma, seja no conteúdo, o que se denomina “fé pú-
sempre tenham por objeto a satisfação do interesse públi- blica”. Evidente que tal presunção é relativa (juris tantum),
co, esse interesse é variável de acordo com a situação. Se mas é muito difícil de ser ilidida. Só pode ser quebrada
a autoridade administrativa praticar um ato fora da finali- mediante ação declaratória de falsidade, que irá argumen-
dade genérica ou fora da finalidade específica, estará prati- tar que houve uma falsidade material (violação física do
cando um ato viciado que é chamado “desvio de poder ou documento que traz o ato) ou uma falsidade ideológica
desvio de finalidade”. (documento que expressa uma inverdade).
3) Forma: é a maneira pela qual o ato se revela no 4) Presunção de legitimidade: Sempre que a Ad-
mundo jurídico. Usualmente, adota-se a forma escrita. ministração agir se presume que o fez conforme a lei. Tal
Eventualmente, pode ser praticado por sinais ou gestos (ex: presunção é relativa (juris tantum), podendo contudo ser
trânsito). A forma é sempre fixada por lei. ilidida por qualquer meio de prova.
4) Motivo (vontade): vontade é o querer do ato admi- Obs.: Todo ato administrativo tem presunção de vera-
nistrativo e dela se extrai o motivo, que é o acontecimento cidade e de legitimidade, mas nem todo ato administrativo
real que autoriza/determina a prática do ato administrati- é imperativo (pode precisar da concordância do particular,
vo. É o ato baseado em fatos e circunstâncias, que o ad- a exemplo dos atos negociais).
ministrador por escolher, mas deve respeitar os limites e
intenções da lei. Nem sempre os atos administrativos pos- O silêncio no direito administrativo
suem motivo legal. Nos casos em que o motivo legal não “Uma questão interessante que merece ser analisada
está descrito na norma, a lei deu competência discricioná- no tocante ao ato administrativo é a omissão da Adminis-
ria para que o sujeito escolha o motivo legal (o motivo deve tração Pública ou, o chamado silêncio administrativo. Essa
ser oportuno e conveniente). omissão é verificada quando a administração deveria ex-
Com efeito, a teoria dos Motivos Determinantes afirma pressar uma pronuncia quando provocada por adminis-
que os motivos alegados para a prática de um ato admi- trado, ou para fins de controle de outro órgão e, não o
nistrativo ficam a ele vinculados de tal modo que a prática faz. Para Celso Antônio Bandeira de Mello, o silêncio da
de um ato administrativo mediante a alegação de motivos administração não é um ato jurídico, mas quando produz
falsos ou inexistentes determina a sua invalidade. efeitos jurídicos, pode ser um fato jurídico administrativo.
“A teoria dos motivos determinantes está relacionada [...] Denota-se que o silêncio pode consistir em omissão,
a prática de atos administrativos e impõe que, uma vez ausência de manifestação de vontade, ou não. Em deter-
declarado o motivo do ato, este deve ser respeitado. Esta minadas situações poderá a lei determinar a Administra-
teoria vincula o administrador ao motivo declarado. Para ção Pública manifestar-se obrigatoriamente, qualificando
que haja obediência ao que prescreve a teoria, no entanto, o silêncio como manifestação de vontade. Nesses casos,
o motivo há de ser legal, verdadeiro e compatível com o é possível afirmar que estaremos diante de um ato admi-
resultado. Vale dizer, a teoria dos motivos determinantes nistrativo. [...] Desta forma, quando o silêncio é uma forma
não condiciona a existência do ato, mas sim sua validade”34. de manifestação de vontade, produz efeitos de ato admi-
5) Objeto (conteúdo): é o que o ato afirma ou declara, nistrativo. Isto porque a lei pode atribuir ao silêncio deter-
manifestando a vontade do Estado. A lei não fixa qual deve minado efeito jurídico, após o decurso de certo prazo. En-
ser o conteúdo ou objeto de um ato administrativo, restan- tretanto, na ausência de lei que atribua determinado efeito
do ao administrador preencher o vazio nestas situações. O jurídico ao silêncio, estaremos diante de um fato jurídico
ato é branco/indefinido. No entanto, deve se demonstrar administrativo”35.
que a prática do ato é oportuna e conveniente.
Obs.: Quando se diz que a escolha do motivo e do ob- Validade e eficácia do ato administrativo
jeto do ato é discricionária não significa que seja arbitrária, Destaca-se esquemática trazida por Baldacci36:
pois deve se demonstrar a oportunidade e a conveniência. - Quando todos os pressupostos especiais exigidos por
Mérito = oportunidade + conveniência lei estiverem presentes, falamos que o ato é perfeito (P).
- Quanto estes pressupostos preenchidos respeitarem
Atributos o que a lei exige, falamos que é válido (V).
1) Imperatividade: em regra, a Administração decreta - Quanto está apto a surtir seus efeitos próprios fala-
e executa unilateralmente seus atos, não dependendo da mos que é eficaz (E).
participação e nem da concordância do particular. Do po- 35 SCHUTA, Andréia. Breves considerações acerca do silêncio
34 https://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/2605114/em-que-con- administrativo. Migalhas, 24 jul. 2008.
siste-a-teoria-dos-motivos-determinantes-aurea-maria-ferraz-de- 36 BALDACCI, Roberto Geists. Direito administrativo. São
-sousa Paulo: Prima Cursos Preparatórios, 2004.

22
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1) P + V = E. Os atos perfeitos e válidos são eficazes portamentos que correspondem a condutas criminosas,
em regra. portanto, fora do possível jurídico e radicalmente vedadas
2) P + V = ineficaz. Os atos perfeitos e válidos podem pelo Direito”.
não ser eficazes se estiver pendente o implemento de con- O ato inexistente é aquele que não reúne os elementos
dição. necessários à sua formação e, assim, não produz qualquer
3) P + inválido = ineficaz. O ato perfeito e inválido é, consequência jurídica. Já o ato nulo é o ato que embora
em regra, ineficaz. reúna os elementos necessários a sua existência, foi prati-
4) P + inválido = eficaz. O ato perfeito e inválido pode cado com violação da lei, da ordem pública, dos bons cos-
ser eficaz se já tiver gerado efeitos próprios e for relevante tumes ou com inobservância da forma legal37.
para a segurança jurídica manter tais efeitos.
5) Imperfeito = inválido + ineficaz. O ato imperfeito Ato nulo
não é válido e nem eficaz. “Ato nulo é aquele que nasce com vício insanável, nor-
6) Imperfeito = inválido + eficaz. O ato imperfeito malmente resultante da ausência de um de seus elemen-
pode gerar efeitos impróprios, que não dependem da exe- tos constitutivos, ou de defeito substancial em algum deles
cução do ato, como o efeito impróprio reflexo (repercussão (por exemplo, o ato com motivo inexistente, o ato com ob-
em outros atos ou situações jurídicas) e o efeito impróprio jeto não previsto em lei e o ato praticado com desvio de
prodrômico (efeito de natureza procedimental que impli- finalidade). O ato nulo está em desconformidade com a lei
ca numa providência ou etapa necessária para aperfeiçoa- o com os princípios jurídicos (é um ato ilegal e ilegítimo)
mento do ato, como a manifestação de um segundo agen- e seu defeito não pode ser convalidado (corrigido). O ato
te ou órgão). nulo não pode produzir efeitos válidos entre as partes. [...]
7) Imperfeito = válido + ineficaz. O ato imperfeito Ato inexistente é aquele que possui apenas aparência de
pode preencher os requisitos de validade, mas se lhe faltar manifestação de vontade da administração pública, mas,
um pressuposto especial será imperfeito e, logo, ineficaz. em verdade, não se origina de um agente público, mas de
alguém que se passa por tal condição, como o usurpador
de função. [...] Ato anulável é o que apresenta defeito sa-
Vícios do ato administrativo
nável, ou seja, passível de convalidação pela própria ad-
Os vícios dos atos administrativos podem se referir a
ministração que o praticou, desde que ele não seja lesivo
sujeitos, notadamente: a) Vícios de incompetência do su-
ao interesse público, nem cause prejuízo a terceiros. São
jeito – pode restar caracterizado o crime de usurpação de
sanáveis o vício de competência quanto à pessoa, exceto
função (artigo 328, CP), gerando ato inexistente; pode ca-
se se tratar de competência exclusiva, e o vício de forma, a
racterizar excesso de poder, quando excede os limites da menos que se trate de forma exigida pela lei como condi-
competência que tem, o sujeito pode incidir no crime de ção essencial à validade do ato”38.
abuso de autoridade; pode se detectar função de fato,
quando quem pratica o ato está irregularmente investido Extinção dos atos administrativos: revogação, anu-
no cargo, emprego ou função – situação com aparência de lação e cassação
legalidade – ato considerado válido; b) Vícios de incapaci- A extinção do ato administrativo pode se dar nas se-
dade do sujeito – pode haver impedimento ou suspeição, guintes situações:
ambos casos de anulabilidade. 1) Cumprimento dos seus Efeitos: Cumprindo todos
Os vícios dos atos administrativos também podem se os seus efeitos, não terá mais razão de existir sob o ponto
referir ao objeto, quando ele for proibido por lei – ato ilegal de vista jurídico.
= nulo; diverso do previsto legalmente para o caso concre- 2) Desaparecimento do Sujeito ou do Objeto do
to; impossível (exemplo: a nomeação para cargo que não Ato: Se o sujeito ou o objeto perecer, o ato será conside-
existe); imoral; indeterminado (desapropriação de bem não rado extinto.
definido com precisão). 3) Retirada: Ocorre a edição de outro ato jurídico que
Os vícios podem atingir a forma, quando a lei expressa- elimina o ato. Pode se dar por anulação, que é a retirada
mente exige e não é respeitada, e ainda o motivo, quando do ato administrativo em decorrência de sua invalidade,
pressupostos de fato e/ou de direito não existem e/ou são reconhecida judicial ou administrativamente, preservando-
falsos. -se os direitos dos terceiros de boa-fé; por revogação, que
Por fim, tem-se os vícios relativos à finalidade, que são é a retirada do ato administrativo em decorrência da sua
desvio de poder ou desvio de finalidade, quando o agente inconveniência ou inoportunidade em face dos interesses
pratica ato administrativo sem observar o interesse público públicos, sendo o ato válido e praticado dentro da Lei, efe-
e/ou o objetivo (finalidade) previsto em lei. tuando-se a revogação na via administrativa; cassação, que
é a retirada do ato administrativo em decorrência do bene-
Ato inexistente ficiário ter descumprido condição tida como indispensável
A doutrina, de forma amplamente majoritária, nega re- para a manutenção do ato; contraposição ou derrubada,
levância jurídica aos chamados atos administrativos inexis- que é a retirada do ato administrativo em decorrência de
tentes sob o fundamento de que seriam equivalentes aos 37 http://www.tecnolegis.com/estudo-dirigido/auditor-fiscal-
atos nulos. -do-trabalho-2009/direito-administrativo-ato-administrativo-inexis-
Feita a ressalva, coloca-se a lição de Celso Antonio tente.html
Bandeira de Melo ao discorrer sobre os atos administra- 38 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito adminis-
tivos inexistentes no sentido de que “consistem em com- trativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

23
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ser expedido outro ato fundado em competência diversa Há alguns autores que não aceitam a convalidação dos
da do primeiro, mas que projeta efeitos antagônicos ao atos, sustentando que os atos administrativos somente po-
daquele, de modo a inibir a continuidade da sua eficácia; dem ser nulos. Os únicos atos que se ajustariam à convali-
caducidade, que é a retirada do ato administrativo em dação seriam os atos anuláveis.
decorrência de ter sobrevindo norma superior que torna Existem três formas de convalidação:
incompatível a manutenção do ato com a nova realidade - Ratificação: é a convalidação feita pela própria autori-
jurídica instaurada. dade que praticou o ato;
4) Renúncia: É a extinção do ato administrativo eficaz - Confirmação: é a convalidação feita por autoridade
em virtude de seu beneficiário não mais desejar a sua superior àquela que praticou o ato;
continuidade. A renúncia só tem cabimento em atos que - Saneamento: é a convalidação feita por ato de tercei-
concedem privilégios e prerrogativas. ro, ou seja, não é feita nem por quem praticou o ato nem
5) Recusa: É a extinção do ato administrativo ineficaz por autoridade superior.
em decorrência do seu futuro beneficiário não manifestar Não se deve confundir a convalidação com a conversão
concordância, tida como indispensável para que o ato do ato administrativo. Há um ato viciado e, para regulari-
pudesse projetar regularmente seus efeitos. Se o futuro zar a situação, ele é transformado em outro, de diferente
beneficiário recusa a possibilidade da eficácia do ato, esse tipologia. O ato nulo, embora não possa ser convalidado,
será extinto. poderá ser convertido, transformando-se em ato válido.
Em detalhes:
A cassação é a retirada do ato administrativo em de- Decadência administrativa
corrência do beneficiário ter descumprido condição tida Um dos poderes que a Administração possui é o da
como indispensável para a manutenção do ato. Embora autotutela administrativa, consistente no poder de rever os
legítimo na sua origem e na sua formação, o ato se tor- seus próprios atos administrativos independentemente de
na ilegal na sua execução a partir do momento em que precisar recorrer ao Judiciário, seja em razão de vícios de
o destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. ilegalidade, seja em razão de conveniência e oportunidade.
Por exemplo, uma pessoa obteve permissão para explorar É o que prevê a súmula 473 do Supremo Tribunal Fe-
o serviço público, porém descumpriu uma das condições deral: “a administração pode anular seus próprios atos,
para a prestação desse serviço. Vem o Poder Público e, a quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque
título de penalidade, procede a cassação da permissão. deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo
A anulação é a retirada do ato administrativo em de- de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
corrência de sua invalidade, reconhecida judicial ou admi-
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação
nistrativamente, preservando-se os direitos dos terceiros de
judicial”.
boa-fé. Trata-se da supressão do ato administrativo, com
Supondo que um ato administrativo contenha vício de
efeito retroativo, por razões de ilegalidade e ilegitimidade.
ilegalidade, é um poder-dever da Administração invalidá-
Cabe o exame pelo Poder Judiciário (razões de legalidade e
-lo, embora não possa fazê-lo por um período irrestrito de
legitimidade) e pela Administração Pública (aspectos legais
tempo caso um terceiro de boa-fé possa ser prejudicado,
e no mérito). Gera efeitos retroativos (ex tunc), invalida as
pois senão violaria o princípio da segurança jurídica. Ul-
consequências passadas, presentes e futuras.
A revogação é a retirada do ato administrativo em trapassado o prazo, para se rever o vício seria necessário
decorrência da sua inconveniência ou inoportunidade em recorrer ao Judiciário. Quanto à revisão por conveniência e
face dos interesses públicos, sendo o ato válido e praticado oportunidade, ultrapassado o prazo não mais caberá a re-
dentro da Lei, efetuando-se a revogação na via administra- visão, também em vista do princípio da segurança jurídica.
tiva. Trata-se da extinção de um ato administrativo legal e A prescrição administrativa é, neste sentido, a perda do
perfeito, por razões de conveniência e oportunidade, pela direito pela Administração de revisão dos seus atos pelo
Administração, no exercício do poder discricionário. O ato decurso do tempo (perda do direito de autotutela). Como
revogado conserva os efeitos produzidos durante o tempo se fala na perda de um direito, a terminologia mais ade-
em que operou. A partir da data da revogação é que cessa quada para o caso é decadência e não prescrição (afinal,
a produção de efeitos do ato até então perfeito e legal. Só prescrição é perda da pretensão e não perda do direito).
pode ser praticado pela Administração Pública por razões Isto é, decadência administrativa.
de oportunidade e conveniência, não cabendo a interven- São as regras do processo administrativo que irão de-
ção do Poder Judiciário. A revogação não pode atingir os terminar qual o prazo para revisão do ato até que a deca-
direitos adquiridos, logo, produz efeitos ex nunc, não re- dência administrativa ocorra. No âmbito federal, a questão
troage. é tratada pela Lei nº 9.784/99, que fixa o prazo de 5 anos
para anulação do ato administrativo de que decorram efei-
Convalidação tos favoráveis para os destinatários pela própria Adminis-
A convalidação é o ato administrativo que, com efei- tração.
tos retroativos, sana vício de ato antecedente, de modo a
torná-lo válido desde o seu nascimento, ou seja, é um ato
posterior que sana um vício de um ato anterior, transfor-
mando-o em válido desde o momento em que foi prati-
cado.

24
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

terão a garantia de imparcialidade no processo licitatório,


6 CONTRATOS ADMINISTRATIVOS E de outro lado a Administração conseguirá atrair um contra-
LICITAÇÃO. to mais vantajoso.
2) Alcançar a melhor proposta para o interesse público:
a finalidade da licitação deve ser sempre atender o interesse
público. Afinal, os agentes públicos são meros representan-
Licitações tes do Estado e jamais devem agir em prol de seus interes-
Conceito ses particulares (princípio da impessoalidade), sendo dever
Licitação é o processo pelo qual a Administração Pú- a preservação e proteção dos interesses públicos. Com efei-
blica contrata serviços e adquire bens dos particulares, evi- to, é dever do condutor da licitação buscar a proposta mais
tando-se que a escolha dos contratados seja fraudulenta e vantajosa, garantindo a igualdade de condições entre os
prejudicial ao Estado em favor dos interesses particulares concorrentes, respeitando todos os demais princípios res-
do governante. guardados pela constituição.
Segundo Carvalho Filho39, “não poderia a lei deixar ao 3) Servir de ferramenta de direito econômico: a licitação
exclusivo critério do administrador a escolha das pessoas é uma ferramenta que pode ser empregada para a interven-
a serem contratadas, porque, fácil é prever, essa liberdade ção estatal na economia, promovendo o desenvolvimento
daria margem a escolhas impróprias, ou mesmo a concer- e a tecnologia nacionais (tanto é verdade que empresas
tos escusos entre alguns administradores públicos inescru- nacionais poderão vencer a licitação mesmo que ofereçam
pulosos e particulares, com o que prejudicada, em última preço até 25% mais caro que empresas estrangeiras).
análise, seria a Administração Pública, gestora dos interes-
ses públicos”. Competência legislativa
Deste modo, Carvalho Filho40 conceitua licitação como A União tem competência privativa para legislar sobre
“o procedimento administrativo vinculado por meio do normas gerais licitatórias, conforme previsto no texto cons-
qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela titucional: “Art. 22. Compete privativamente à União legislar
controlados selecionam a melhor proposta entre as ofe- sobre: [...] XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
recidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a em todas as modalidades, para as administrações públicas
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Dis-
celebração de contrato, ou a obtenção do melhor trabalho
trito Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37,
técnico, artístico ou científico”.
XXI, e para as empresas públicas e sociedades de economia
Destaca-se a natureza de procedimento administrativo,
mista, nos termos do art. 173, § 1°, III”. Por normas gerais
pois apesar da Lei nº 8.666/93 se referir à licitação como
de licitação e contratação, entendam-se aquelas com ca-
ato administrativo, não se detecta verdadeiramente ato,
pacidade de criar, alterar ou extinguir modalidades, tipos e
que é um elemento formal que indica uma intenção de agir
princípios licitatórios.
da administração, mas sim um procedimento, diante do
Não significa que os Estados e municípios não possam
cumprimento de etapas previstas em lei para que se atinja legislar sobre licitações, apenas não podem se imiscuir nas
uma meta ou um objetivo. normas gerais. Os Estados e municípios podem regulamen-
Logo, a licitação é um procedimento administrativo tar questões instrumentais e de interesse local, mas não se
que tem por finalidade evitar práticas fraudulentas na Ad- trata de competência concorrente. Por isso mesmo, não po-
ministração Pública, garantindo a contratação do serviço dem ampliar os casos de dispensa e inexigibilidade, alterar
ou produto que melhor atenda às expectativas de custo- os limites de valor para cada modalidade de licitação ou
-benefício para o aparato público. reduzir os prazos de publicidade e dos recursos.
Objeto Destinatários
O objeto da licitação é a aquisição de bens e servi- Além do próprio Poder Público, também são destina-
ços pela Administração Pública, bem como a alienação do tários os licitantes interessados em contratar com o Poder
patrimônio dela, conforme a melhor proposta que atenda Público e qualquer pessoa interessada em saber sobre os
aos interesses públicos. Toda licitação que é aberta volta-se procedimentos públicos de licitação.
especificamente para isto, permitindo que a Administração Uma vez que o texto constitucional prevê a obrigato-
desempenhe suas atividades uma vez que dispõe dos bens riedade da licitação (artigo 37, XXVII, CF), estão obrigados a
e serviços necessários para tanto. licitar todos os entes estatais, incluindo-se a administração
direta (e o conjunto de órgãos que a compõem no âmbito
Finalidade/Objetivos do Executivo) e a administração indireta, além do Legislati-
1) Garantir a competição entre os interessados: todos vo e do Judiciário, bem como os órgãos independentes (Tri-
os concorrentes devem ter igualdade de condições quanto bunais de Contas, Defensoria Pública e Ministério Público) e
à possibilidade de contratar com o Poder Público. Trata-se os entes sociais autônomos (paraestatais).
de via de mão dupla, pois se de um lado os concorrentes Os particulares do terceiro setor que celebram com o
39 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- Estado contratos de convênio são obrigados a licitar para
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. gastar as verbas públicas recebidas, prestando contas nos
40 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- termos da Instrução Normativa nº 01 da Secretaria do Te-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. souro Nacional.

25
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ATENÇÃO: As empresas públicas e sociedades de eco- - Formalismo procedimental: correlato ao princípio


nomia mista desempenham operações peculiares de nítido da legalidade, pelo princípio do formalismo procedimental
caráter econômico, que estão vinculadas aos próprios ob- as regras do procedimento adotadas para a licitação de-
jetivos da entidade, ou seja, são suas atividades-fim. Ex.: vem seguir os parâmetros que a lei fixar;
Caixa Econômica Federal estabelece relações bancárias, - Vedação à oferta de vantagens: correlato ao prin-
Correios ofertam serviços de postagem. Tais operações cípio do julgamento objetivo, pelo princípio da vedação à
com caráter econômico relacionadas à atividade-fim da so- oferta de vantagens as regras de seleção devem ser adstri-
ciedade de economia mista ou da empresa pública não se tas aos critérios fixados no edital, não se admitindo a inter-
sujeitam às regras de licitação, sendo tratadas conforme venção de fatores adversos;
as regras comerciais comuns. As regras licitatórias apenas - Obrigatoriedade das licitações: consagrado no ar-
incidem quanto às atividades-meio. tigo 37, XXI, CF, determina que “ressalvados os casos es-
pecificados na legislação, as obras, serviços, compras
Princípios e alienações serão contratados mediante processo de
Entre outros, os princípios básicos que regem a lici- licitação pública que assegure igualdade de condições
tação são: legalidade, impessoalidade, moralidade, igual- a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
dade, publicidade, probidade administrativa, vinculação ao obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
instrumento convocatório e julgamento objetivo. da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
“- Legalidade: só é possível fazer o que está previsto exigências de qualificação técnica e econômica indispensá-
na Lei; veis à garantia do cumprimento das obrigações”.
- Impessoalidade: o interesse da Administração preva-
lece acima dos interesses pessoais; Obrigatoriedade e suas exceções
- Moralidade: as regras morais vigentes devem ser A obrigatoriedade das licitações está consagrada no
obedecidas em conjunto com as leis em vigor; artigo 37, XXI, CF, que determina que “ressalvados os ca-
- Igualdade: todos são iguais perante a lei e não sos especificados na legislação, as obras, serviços, com-
pode haver discriminação nem beneficiamento entre os pras e alienações serão contratados mediante processo
participantes da licitação; de licitação pública que assegure igualdade de condições
- Publicidade: a licitação não pode ser sigilosa e as a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam
decisões tomadas durante a licitação devem ser públicas, obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas
garantida a transparência do processo licitatório; da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as
- Probidade administrativa: a licitação deve ser pro- exigências de qualificação técnica e econômica indispen-
cessada por pessoas que tenham honestidade; sáveis à garantia do cumprimento das obrigações”. Logo,
- Vinculação ao instrumento convocatório: o Edital a não ser nos casos em que a lei expressamente fixe exce-
é a lei entre quem promove e quem participa da licitação, ções, a licitação é uma providência obrigatória para contra-
não podendo ser descumprido; tação de obras, serviços e compras e para a alienação do
- Julgamento objetivo: as propostas dos licitantes de- patrimônio da Administração.
vem ser julgadas de acordo com o que diz o Edital”41. O princípio da obrigatoriedade se repete no artigo 2º,
Entre os princípios correlatos, Carvalho Filho42 desta- caput, da Lei nº 8.666/93: “as obras, serviços, inclusive de
ca: publicidade, compras, alienações, concessões, permissões
- Competitividade: correlato ao princípio da igualda- e locações da Administração Pública, quando contratadas
de, pelo princípio da competitividade a Administração não com terceiros, serão necessariamente precedidas de licita-
pode criar regras que comprometam, restrinjam ou frus- ção, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei”.
trem o caráter competitivo da licitação; Com efeito, percebe-se que paralelamente à fixação
- Indistinção: correlato ao princípio da igualdade, pelo do princípio da obrigatoriedade das licitações é determi-
princípio da indistinção é vedado criar preferências ou dis- nado que a lei pode excepcionar quando tal princípio será
tinções relativas à naturalidade, à sede ou ao domicílio dos relativizado, o que acontece nas hipóteses de dispensa e
licitantes; inexigibilidade.
- Inalterabilidade do edital: correlato aos princípios Logo, em alguns casos, a maioria na verdade, a lici-
da publicidade e da vinculação ao instrumento convocató- tação será obrigatória; em outros, poderá ser dispensada
rio, pelo princípio da inalterabilidade do edital a Adminis- apesar de viável (dispensa), sendo possível ainda que se
tração está vinculada às regras que foram por ela própria enquadre numa exceção em que nem ao menos é exigida
divulgadas; (inexigibilidade) – ambos casos de contratação direta.
- Sigilo das propostas: correlato aos princípios da Todas as hipóteses de contratação direta são excepcionais
probidade administrativa e da igualdade, pelo princípio do ( justamente por serem peculiares).
sigilo das propostas todas as propostas devem vir lacradas
e só devem ser abertas em sessão pública devidamente Motivação da dispensa e da inexigibilidade
agendada; Sempre que o administrador enquadrar um caso em
41 http://www.sebrae.com.br/ dispensa ou em inexigibilidade deve motivar de forma clara
42 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- a sua decisão.
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

26
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17 e Art. 7º, § 5º. É vedada a realização de licitação cujo ob-
no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexigibi- jeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de marcas,
lidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas, e características e especificações exclusivas, salvo nos casos
o retardamento previsto no final do parágrafo único do art. em que for tecnicamente justificável, ou ainda quando o for-
8º43 desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três) necimento de tais materiais e serviços for feito sob o regime
dias, à autoridade superior, para ratificação e publica- de administração contratada, previsto e discriminado no ato
ção na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como convocatório.
condição para a eficácia dos atos.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibili- Acompanha-se o entendimento dominante, eis que a
dade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruí- expressão “salvo”, em destaque confere a ideia de restrição.
do, no que couber, com os seguintes elementos:
I - caracterização da situação emergencial ou calamito- Hipóteses de dispensa de licitação
sa que justifique a dispensa, quando for o caso; As hipóteses de dispensa de licitação se concentram
II - razão da escolha do fornecedor ou executante; no artigo 24 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicáveis para ca-
III - justificativa do preço; sos em que a disputa é, em tese, viável, mas o interesse
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa público é atendido de forma mais adequada se a disputa
aos quais os bens serão alocados. não ocorrer. Trata-se de causa de natureza discricionária,
pois o administrador decidirá se irá ou não licitar com base
Em algumas hipóteses de alienação de bens públicos e
em critérios de oportunidade e conveniência – afinal, pode
em outras hipóteses de contratação é dispensável a licita-
ção (o que parte da doutrina chama de licitação dispensá- não licitar. São hipóteses taxativas, não podendo o admi-
vel), da mesma forma que noutras situações ela nem mes- nistrador ampliar os casos em que a dispensa é permitida.
mo é exigida (o que parte da doutrina chama de licitação
dispensada). Contudo, caberá ao administrador motivar a Art. 24. É dispensável a licitação:
sua decisão pela dispensa ou pela inexigibilidade.
A não ser no caso de dispensa pelo critério do valor, a) Valor baixo
previstos no artigo 24, I e II, Lei nº 8.666/93, em que se I - para obras e serviços de engenharia de valor até
aceita uma motivação mais simples e objetiva, em todas 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”,
outras situações o administrador deve motivar em deta- do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a
lhes sua decisão, notadamente inserindo no processo de parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras
dispensa e inexigibilidade: caracterização da situação de e serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam
emergência ou calamidade em que houve dispensa, se for ser realizadas conjunta e concomitantemente;
o caso; motivo daquele fornecedor ou executante ter sido II - para outros serviços e compras de valor até 10%
escolhido; justificativa do preço que será pago; documento (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do in-
que aprove os projetos de pesquisa aos quais os bens se- ciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos pre-
rão alocados, se for o caso. vistos nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um
Não obstante, deve o administrador comunicar a si- mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que
tuação de dispensa em três dias à autoridade superior, ca- possa ser realizada de uma só vez;
bendo a esta ratifica-la e publicá-la na imprensa oficial em § 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
cinco dias, sendo tal publicação condição de eficácia do deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras,
ato. Também existe o dever de adotar este procedimento obras e serviços contratados por consórcios públicos, so-
em caso de retardamento na execução da obra ou serviço ciedade de economia mista, empresa pública e por au-
quando existir previsão orçamentária para a execução total. tarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, como
Agências Executivas.
Vedação da licitação
A legislação anterior, qual seja, o Decreto-lei nº
É a dispensa de licitação se o valor do objeto licitado
2.300/1986, previa a vedação do procedimento de licita-
ção, estabelecendo-se contratação direta, nos casos em for muito baixo de modo que a realização da licitação seria
que houvesse comprometimento da segurança nacional, mais onerosa do que a aquisição direta do bem ou serviço.
mas a disciplina não se repetiu no atual estatuto. Isso ocorre sempre que se referir a bens e serviços em
Contudo, há posicionamento de que o artigo 7º, §5º geral até R$80.000 e a obras e serviços de engenharia até
da Lei nº 8.666/1993 traz um caso remanescente de veda- R$150.000.
ção, mas predomina o posicionamento de Carvalho Filho44, Caso o contratante seja consórcio público, sociedade
segundo o qual não se trata de vedação, mas sim de restri- de economia mista, empresa pública ou por autarquia ou
ção. Prevê o dispositivo: fundação qualificadas o limite dobra: R$160.000 para bens
e serviços em geral e R$300.000 para obras e serviços de
43 “Artigo 8º, parágrafo único, Lei nº 8.666/93. É proibido o engenharia.
retardamento imotivado da execução de obra ou serviço, ou de suas Nos termos da Lei nº 11.107/05, que rege normas
parcelas, se existente previsão orçamentária para sua execução total,
gerais de contratação de consórcios públicos e dá outras
salvo insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem técni-
ca, justificados em despacho circunstanciado da autoridade a que se
providências, para as associações públicas por ela regidas
refere o art. 26 desta Lei”. o limite também é maior do que o fixado na regra geral:
44 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- nas associações formadas por até três entes estatais, o li-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. mite é dobrado (R$160.000 para bens e serviços em geral

27
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e R$300.000 para obras e serviços de engenharia); nas as- Obs.: Licitação deserta é diferente de licitação fracas-
sociações formadas por mais de três entes estatais o limi- sada. Na licitação fracassada aparecem candidatos, mas
te é triplicado (R$240.000 para bens e serviços em geral e nenhum deles preenche os requisitos e por isso ninguém
R$450.000 para obras e serviços de engenharia). pode ser contratado. Neste caso a lei não admite a dispen-
Obs.: Em regra, não é permitido fracionar o objeto da sa, cabendo ao administrador repetir a licitação.
licitação em contratações menores, pois assim o adminis-
trador estaria burlando os limites fixados pelo legislador d) Intervenção no domínio econômico
e induzindo dispensa ilícita. Contudo, é possível fracionar VI - quando a União tiver que intervir no domínio
caso exista vantagem ao interesse público, mas não caberá econômico para regular preços ou normalizar o abasteci-
a dispensa, cabendo adotar para cada fração a modalidade mento;
de licitação que seria empregada se não houvesse fracio-
namento. É possível intervir no domínio econômico para regula-
rizar preços e normalizar abastecimento, conforme o arti-
b) Situações excepcionais go 173, §4º, CF. Para Carvalho Filho45 apenas a União pode
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da or- dispensar licitação neste caso, pois apenas ela pode inter-
dem; vir no domínio econômico. Aliás, é o que se depreende do
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú- próprio texto.
blica, quando caracterizada urgência de atendimento de
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a e) Disparidade de propostas
segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e ou- VII - quando as propostas apresentadas consignarem
tros bens, públicos ou particulares, e somente para os bens preços manifestamente superiores aos praticados no
necessários ao atendimento da situação emergencial mercado nacional, ou forem incompatíveis com os fixa-
ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que dos pelos órgãos oficiais competentes, casos em que, ob-
possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento e servado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo
oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da a situação, será admitida a adjudicação direta dos bens
ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a prorro- ou serviços, por valor não superior ao constante do registro
gação dos respectivos contratos; de preços, ou dos serviços;

Quando se fala em estado de guerra e grave perturba- Na hipótese de disparidade de propostas os candida-
ção da ordem, pode-se depreender da doutrina que as dis- tos à contratação, geralmente em conluio, fixam preços
pensas nestes casos são aquelas destinadas ao estado de incompatíveis com as condições de mercado e manifesta-
guerra direta ou indiretamente, bem como as destinadas mente superiores a elas; ou então apresentam propostas
a atender graves perturbações da ordem, como protestos, com valor tão irrisório que seja impossível dar cumprimen-
manifestações e paralisações. to ao contrato. Nestes casos, será possível contratar direta-
O fundamento da urgência é o mesmo para os casos mente, dentro da faixa adequada de preços.
de emergências e calamidades públicas. Contudo, para a A verificação da disparidade de preços, se não houver
doutrina, não é possível fundamentar a dispensa em ur- órgão de registro, deve se dar dentro do próprio processo
gência se ela decorrer da omissão administrativa – pode administrativo. Deverá a administração dar um prazo de 8
até dispensar, porque não é possível deixar a população a dias úteis para a apresentação de propostas viáveis (artigo
mercê, mas o administrador poderá ser responsabilizado. 48, §3º, Lei nº 8.666/93) e, caso não sejam apresentadas,
Nas contratações por emergência e calamidade pública o poderá adjudicar diretamente os bens e serviços pelo valor
limite temporal é o necessário ao atendimento das circuns- adequado.
tâncias extraordinárias, pelo prazo máximo de 180 dias, im-
prorrogável. f) Em função do contratante ou do contratado: Po-
der público
c) Licitação deserta VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito pú-
V - quando não acudirem interessados à licitação an- blico interno, de bens produzidos ou serviços prestados
terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem por órgão ou entidade que integre a Administração Pú-
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas blica e que tenha sido criado para esse fim específico em
as condições preestabelecidas; data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contra-
tado seja compatível com o praticado no mercado;
Quando ocorre a chamada licitação deserta o que se XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direi-
percebe é o total desinteresse na contratação. Na licitação to público interno de insumos estratégicos para a saúde
deserta realiza-se a fase preparatória, publica-se o edital, produzidos ou distribuídos por fundação que, regimen-
mas nenhum interessado comparece para a disputa. A lei tal ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão
prevê que será necessário repetir o procedimento, mas se o da administração pública direta, sua autarquia ou fundação
legislador mostrar que a repetição irá prejudicar o interesse em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento
público, principalmente por causa da demora, será possí- institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação,
vel dispensar. No caso, o administrador poderá contratar inclusive na gestão administrativa e financeira necessária
quem quiser, mas deverá oferecer exatamente o mesmo 45 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
contrato ofertado na licitação que foi deserta. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam g) Contratação de entidade sem fim lucrativo
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o XIII - na contratação de instituição brasileira incumbi-
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII da regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino
deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim espe- ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição
cífico em data anterior à vigência desta Lei, desde que dedicada à recuperação social do preso, desde que a con-
o preço contratado seja compatível com o praticado no tratada detenha inquestionável reputação ético-profissio-
mercado. nal e não tenha fins lucrativos;
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade XX - na contratação de associação de portadores de
que integre a administração pública estabelecido no inciso deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou en- idoneidade, por órgãos ou entidades da Administração Pú-
tidades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no blica, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-
âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, confor- -de-obra, desde que o preço contratado seja compatível
me elencados em ato da direção nacional do SUS. com o praticado no mercado.
XXIV - para a celebração de contratos de prestação
Se foi criado antes da Lei nº 8.666/93 um órgão público de serviços com as organizações sociais, qualificadas no
ou entidade do poder público apenas para fornecer bens e âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
prestar serviços à Administração, fazendo-o em respeito ao contempladas no contrato de gestão.
preço praticado no mercado, será possível dispensar a lici- XXX - na contratação de instituição ou organização,
tação e contratá-lo de forma direta. Se o órgão ou entidade pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
ofertar produtos estratégicos no âmbito do SUS, pode ter prestação de serviços de assistência técnica e extensão rural
sido criado depois da Lei nº 8.666/93 e terá plena validade. no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica
Há entendimento da doutrina de Carvalho Filho46 no e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma
Agrária, instituído por lei federal.
sentido de que apenas se aplica o dispositivo se a dispen-
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem
sa se der entre órgãos do mesmo âmbito federativo, por
fins lucrativos, para a implementação de cisternas ou ou-
exemplo, não seria possível entre a União e uma entidade
tras tecnologias sociais de acesso à água para consumo
estadual; além do que apenas valeria entre pessoas jurídi-
humano e produção de alimentos, para beneficiar as famí-
cas de direito público e a entidade ou órgão contratado
lias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta re-
(excluídas as sociedades de economia mista e empresas
gular de água.
públicas).
Em todo os dispositivos apontados, exceto no inciso
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- XXX, exige-se a ausência de fins lucrativos. No artigo XXX,
lários padronizados de uso da administração, e de edições embora se aceite o fim lucrativo, se denota o propósito
técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de social da contratação, viabilizando a reforma agrária. O
informática a pessoa jurídica de direito público interno, por propósito social é essencial nas demais hipóteses, sempre
órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública, se fazendo presente nas OS e OSCIP, ou na própria causa
criados para esse fim específico; militada pela associação, como a questão da recuperação
social do preso, da inserção da pessoa com deficiência no
Embora também seja um caso de contratação direta da mercado de trabalho ou do acesso à água potável.
administração pela administração, neste caso dos diários Destaca-se que nem toda contratação de entes do ter-
oficiais, formulários padronizados e edições técnicas não ceiro setor é dispensável. Haverá dispensa principalmente
existe limite temporal, de modo que o órgão ou entidade para oferecer contratos de gestão, criando uma OS, ou ofe-
pode ter sido criado depois da Lei nº 8.666/93. recer termo de parceria, criando uma OSCIP (inciso XXIV);
bem como em serviços ou projetos em que o ente não tem
XXIII - na contratação realizada por empresa pública fins lucrativos e é especializado na atividade, impondo-se a
ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e este contratado uma contrapartida, isto é, o poder público
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, presta- não entra apenas com o dinheiro e cria verdadeira parceria.
ção ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado Se a participação estatal for exclusivamente econômica, em
seja compatível com o praticado no mercado. atividade que mais de uma organização ou associação é
especializada, deve se licitar.
Também independentemente de prazo limite, as em-
presas públicas e sociedades de economia mista podem h) Consórcios e convênios de cooperação
contratar diretamente com suas subsidiárias e controladas XXVI - na celebração de contrato de programa com
para adquirir e alienar bens e serviços em preço compatível ente da Federação ou com entidade de sua administra-
com o de mercado. A justificativa é que se tratam de pes- ção indireta, para a prestação de serviços públicos de forma
soas jurídicas de direito privado. Destaca-se que a contra- associada nos termos do autorizado em contrato de consór-
tação apenas por se der com suas subsidiárias e controla- cio público ou em convênio de cooperação.
das que foram criadas pela empresa pública ou sociedade
de economia mista. O dispositivo sobre consórcios e convênios de coo-
46 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- peração foi inserido pela Lei nº 11.107/05, tornando dis-
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. pensável a licitação no caso de ser celebrado contrato de

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

programa entre o consórcio público e a entidade da ad- m) Serviços de energia e gás


ministração para que prestem serviços públicos de modo XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento
associado. Justifica-se a hipótese pelo regime de parceria de energia elétrica e gás natural com concessionário, per-
missionário ou autorizado, segundo as normas da legislação
i) Gêneros perecíveis específica;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e ou-
tros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a rea-
Para energia e gás serão contratadas as concessioná-
lização dos processos licitatórios correspondentes, realizadas
diretamente com base no preço do dia; rias com dispensa licitatória, ainda que a região seja servida
A dispensa para a aquisição de gêneros perecíveis não por mais de um concessionário.
é permanente, devendo se realizar a licitação assim que
possível. Logo, também se trata de hipótese de dispensa n) Coleta de materiais recicláveis
em situação emergencial. XXVII - na contratação da coleta, processamento e
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
j) Obras de arte ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva
XV - para a aquisição ou restauração de obras de de lixo, efetuados por associações ou cooperativas forma-
arte e objetos históricos, de autenticidade certificada, des- das exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda re-
de que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou conhecidas pelo poder público como catadores de materiais
entidade. recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com as
normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
Na dispensa de licitação para adquirir ou restaurar
obras de arte a lei exige que o objeto tenha autenticidade
certificada e que os objetos adquiridos sejam compatíveis Trata-se de modalidade de dispensa que serve de in-
ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade, o que é centivo à formação de cooperativas e associações de reci-
o caso de museus, bibliotecas e escolas, não servindo os clagem e reutilização de resíduos sólidos compostas por
objetos adquiridos de adorno aos gabinetes das autorida- pessoas de baixa renda. É uma forma do poder público in-
des públicas. No caso de restauração de objeto que já é do centivar a organização e a união de catadores, retirando-os
patrimônio do órgão, cabível a dispensa. da marginalização. A hipótese de dispensa foi criada pela
Lei nº 11.445/07, que estabelece diretrizes nacionais para
k) Complementação de objeto saneamento básico.
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
ou fornecimento, em consequência de rescisão contra- o) Risco à segurança nacional
tual, desde que atendida a ordem de classificação da lici- IX - quando houver possibilidade de comprometimento
tação anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devida-
do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
mente corrigido;
Nacional;
Trata-se de hipótese de complementação de objeto, XXVIII - para o fornecimento de bens e serviços, pro-
possível quando a administração rescinde contrato anterior duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativa-
antes que a obra, serviço ou fornecimento se encerre, pro- mente, alta complexidade tecnológica e defesa nacio-
cedendo-se com a contratação direta daquele que sequen- nal, mediante parecer de comissão especialmente desig-
cialmente se classificou no certame, respeitadas as mesmas nada pela autoridade máxima do órgão.
condições de contratação. Se não for possível obedecer à
regra de contratação daquele que foi classificado na lici- Em ambos casos, prioriza-se a manutenção da segu-
tação anterior sequencialmente pelas mesmas condições, rança nacional e a defesa do país, prevendo-se a dispensa
nada resta senão promover nova licitação. da licitação. É necessário equilibrar os interesses, pois se o
propósito da licitação é atender ao interesse público, sem
l) Garantia técnica dúvidas deve ser dispensada quando a sua realização sig-
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de nificar o comprometimento deste interesse.
origem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção
de equipamentos durante o período de garantia técnica,
junto ao fornecedor original desses equipamentos, quando p) Navios, embarcações, aeronaves e tropas
tal condição de exclusividade for indispensável para a vi- XVIII - nas compras ou contratações de serviços para
gência da garantia; o abastecimento de navios, embarcações, unidades aé-
reas ou tropas e seus meios de deslocamento quando em
Dispensa-se a licitação para a compra de componentes estada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou
ou peças na garantia técnica. Logo, deve estar na vigência localidades diferentes de suas sedes, por motivo de movi-
da garantia. Após o prazo de garantia, a licitação é obriga- mentação operacional ou de adestramento, quando a
tória. Ainda, é preciso que o fornecedor original seja ex- exiguidade dos prazos legais puder comprometer a norma-
clusivo e tal exclusividade seja indispensável, por exemplo, lidade e os propósitos das operações e desde que seu valor
se ao comprar uma peça paralela a administração correr o não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso II do
risco de perder a garantia. art. 23 desta Lei:

30
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Trata-se de dispensa em caso de necessidade de abas- Há acordos internacionais que permitem condições
tecimento de navios, embarcações, aeronaves e tropas e de vantajosas para que sejam adquiridos bens e serviços, dis-
seus meios de deslocamento, quando houver estada even- pensando-se a licitação nestes casos. Contudo, tal acordo
tual de curto período em portos, aeroportos e outros locais internacional deve ter sido regularmente incorporado ao
diversos da sede. O valor não pode exceder a R$80.000, ordenamento brasileiro, com aprovação do Congresso Na-
pelo texto da lei, mas isso pode ser relativizado em uma cional e ratificação, promulgação e publicação pela Presi-
situação de emergência. dência da República.

q) Materiais de uso militar t) Pesquisa científica e tecnológica


XIX - para as compras de material de uso pelas For- XXI - para a aquisição ou contratação de produto
ças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de
e administrativo, quando houver necessidade de manter a obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento)
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de art. 23;
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
comissão instituída por decreto;
caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia,
XXIX - na aquisição de bens e contratação de serviços
seguirá procedimentos especiais instituídos em regula-
para atender aos contingentes militares das Forças Sin- mentação específica.
gulares brasileiras empregadas em operações de paz no § 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do
exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e à caput do art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo Co- XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
mandante da Força. disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de
dezembro de 2004, observados os princípios gerais de con-
A dispensa para materiais de uso militar apenas é as- tratação dela constantes.
segurada para insumos militares ou propriamente bélicos.
Neste sentido, bens de consumo, bens comuns e materiais Nos termos do inciso XXI, é dispensável a licitação no
de escritório deverão ser licitados. caso de aquisição de bens destinados exclusivamente à
pesquisa científica e tecnológica com recursos concedidos
r) Compra ou locação de imóvel pela CAPES, FINEP, CNPq e outras entidades de fomento
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao à pesquisa credenciadas pela última, exigindo-se que os
atendimento das finalidades precípuas da administra- recursos venham das entidades específicas e que os bens
ção, cujas necessidades de instalação e localização condi- sejam adquiridos exclusivamente para pesquisa científica e
cionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível tecnológica.
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia; Por motivos óbvios, não se proíbe que o autor do pro-
jeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica partici-
Quando a administração quer comprar ou alugar um pe, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução
imóvel, é preciso se ater às seguintes diretrizes: caso um de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles ne-
determinado bem privado esteja se opondo ao interesse cessários. Trata-se de preservação do direito autoral e de
público, caberá promover a desapropriação; caso a admi- garantia de que a pesquisa seja devidamente executada.
nistração possa motivar o interesse sobre um determinado A dispensa para obras e serviços de engenharias vol-
imóvel, embora não exista a oposição ao interesse público, tados a pesquisa e desenvolvimento se limita ao valor de
R$300.000, seguindo procedimento especial.
mas se faça presente a peculiaridade decorrente da loca-
lização ou das características do bem, é possível adquirir
u) Transferência de tecnologia
de forma direta mediante dispensa de licitação, desde que
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica
os preços sejam compatíveis com os de mercado; noutras e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a trans-
situações, deverá obrigatoriamente licitar. ferência de tecnologia e para o licenciamento de direito
Obs.: as operações imobiliárias entre entes estatais de uso ou de exploração de criação protegida.
não exige licitação e é classificada por parte da doutrina XXXII - na contratação em que houver transferência
como licitação dispensada (por exemplo, União empresta de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
imóvel para que município instale uma UPA – unidade de Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de
pronto-atendimento, ou doa tal imóvel sob a condição de setembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
que a UPA seja criada, em verdadeira doação modal; Esta- nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes
do compra imóvel de município para instalar sua secretaria produtos durante as etapas de absorção tecnológica.
estadual).
Há dispensa em caso de transferência de tecnologia
s) Negócios internacionais ou licença de uso/exploração de criação protegida, con-
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos ter- siderando esta como invenção, modelo de utilidade, de-
mos de acordo internacional específico aprovado pelo senho industrial, programa de computador ou qualquer
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas forem outro desenvolvimento tecnológico que resulte em novo
manifestamente vantajosas para o Poder Público; produto, processo ou aperfeiçoamento de natureza tec-

31
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nológica (conforme define a Lei nº 10.973/04, que criou o b) Serviços técnicos notoriamente especializados
inciso XXV). A dispensa também vale para transferência de II - para a contratação de serviços técnicos enume-
tecnologia de produto estratégico no âmbito do sistema rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com pro-
de saúde. fissionais ou empresas de notória especialização, vedada
a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;
Hipóteses de inexigibilidade de licitação Trata-se de caso de contratação de serviços singulares
As hipóteses de inexigibilidade de licitação se concen- de profissionais de notória especialização. O que diferencia
tram no artigo 25 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicáveis para dos demais serviços, que devem ser licitados, é a notória
casos em que a disputa nem ao menos é viável. Trata-se especialização, comprovada pelo reconhecimento no mer-
de causa de natureza vinculante, de forma que o adminis- cado, por publicações e patentes, etc. Ex.: para um órgão
trador não tem a liberdade de decidir se irá ou não licitar governamental contratar uma consultoria jurídica deve li-
– afinal, não deve licitar. citar, mas se a contratação necessária for de um advogado
Conforme o § 2º do artigo 25, é fixado um regime de de notório conhecimento em direitos humanos e justiça
responsabilização solidária pelo dano causado ao erário internacional será possível a inexigibilidade. De forma es-
entre fornecedor/prestador de serviços e agente público, pecífica, destaca-se o §1º do dispositivo:
nada excluindo outra sanção penal, civil ou administrati-
§ 1º Considera-se de notória especialização o profis-
va: “Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos de
sional ou empresa cujo conceito no campo de sua espe-
dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem
cialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, ex-
solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o for- periências, publicações, organização, aparelhamento, equi-
necedor ou o prestador de serviços e o agente público res- pe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas
ponsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis”. atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabi- objeto do contrato.
lidade de competição, em especial:
O rol é meramente exemplificativo, eis que a inexi- c) Profissional de setor artístico consagrado
gibilidade pode ser aceita em qualquer outra hipótese de III - para contratação de profissional de qualquer se-
inviabilidade da disputa (tanto é que o artigo 25 trata de tor artístico, diretamente ou através de empresário exclusi-
três hipóteses “em especial” e não “apenas”). vo, desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.
a) Unicidade Trata-se de caso de contratação de trabalhos artísti-
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê- cos de artistas renomados. A intenção é a de explorar o
neros que só possam ser fornecidos por produtor, empre- prestígio do sujeito. A expressão artista deve ser tomada
sa ou representante comercial exclusivo, vedada a prefe- genericamente, por exemplo, pode se encaixar um espor-
rência de marca, devendo a comprovação de exclusividade tista renomado ou um cientista renomado. O prestígio do
ser feita através de atestado fornecido pelo órgão de regis- artista deve existir em relação à população local.
tro do comércio do local em que se realizaria a licitação ou
a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confe- Modalidades
deração Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes; Prosseguindo o estudo, quanto às modalidades de li-
Trata-se de caso de unicidade, quando houver apenas citação, podem ser apontadas as seguintes modalidades:
um fabricante, fornecedor, produtor ou distribuidor. Esta Concorrência, tomada de preços, convite, concurso e leilão
unicidade deve ser provada por certidões das confedera- (artigo 22, Lei nº 8.666/1993). Dos parágrafos 1º a 5º, o
ções de indústrias, de comércio, juntas comerciais, etc. artigo 22 conceitua cada uma das modalidades:
É possível fixar uma determinada região do território
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre
nacional que admita participantes da licitação e, se
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação
houver apenas um participante possível se admite a
preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
inexigibilidade, não importando que existam participantes qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
em outras regiões porque as licitações podem ser usadas § 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação
como ferramenta de política econômica, incentivando a entre interessados devidamente cadastrados ou que atende-
economia local. rem a todas as condições exigidas para cadastramento até
Em regra, não se pode definir/fixar marca no edital por- o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
que poderia fraudar o caráter competitivo, mas é possível observada a necessária qualificação.
indicar a marca motivando-se pelo princípio da padroniza- § 3º Convite é a modalidade de licitação entre interes-
ção. Não é possível burlar a regra indicando especificações sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
que apenas uma marca pode concluir (ex.: PGR foi alvo de escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
críticas quando licitou tablets e, embora não mencionasse unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado,
em nenhum momento que deveriam ser iPads, faziam refe- cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais
rências a especificações técnicas que apenas os aparelhos cadastrados na correspondente especialidade que manifes-
da Apple poderiam conter). tarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e qua-
tro) horas da apresentação das propostas.

32
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais- Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do
quer interessados para escolha de trabalho técnico, científico procedimento somente poderá revogar a licitação por razões
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remunera- de interesse público decorrente de fato superveniente devi-
ção aos vencedores, conforme critérios constantes de edital damente comprovado, pertinente e suficiente para justificar
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou
45 (quarenta e cinco) dias. por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devi-
§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer damente fundamentado.
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para § 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo
a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei.
art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao § 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do
valor da avaliação. contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art.
59 desta Lei.
Por sua vez, a LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE § 3º No caso de desfazimento do processo licitatório,
2002, trabalha com uma modalidade adicional de lici- fica assegurado o contraditório e a ampla defesa.
tação, o pregão. É a modalidade de licitação voltada à § 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade de licitação.
possam ser objetivamente definidos no edital por meio de
especificações do mercado. Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos em
razão de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto, em
Tipos anulação de uma licitação, pressupõe-se a ilegalidade da
Em relação aos tipos de licitação, apontam-se no Esta- mesma, pois anula-se o que é ilegítimo. A licitação poderá
tuto: melhor preço, melhor técnica, técnica e preço, e me- ser anulada pela via administrativa ou pela via judiciária. A
lhor lance ou oferta. Os tipos licitatórios não passam de anulação de uma licitação pode ser total (se o vício atingir
critérios de julgamento para a escolha da proposta mais a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se o vício atingir
adequada aos interesses da Administração Pública. A disci- parte dos atos licitatórios).
plina encontra-se no caput e no §1º da Lei nº 8.666/1993: Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconve-
niente ou inoportuna. Desde o momento em que a lici-
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- tação foi aberta até o final da mesma, pode-se falar em
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo con- revogação. Após a assinatura do contrato, entretanto, não
vite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação, poderá haver a revogação da licitação. Somente se justifica
os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e a revogação quando houver um fato posterior à abertura
de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de da licitação e quando o fato for pertinente, ou seja, quando
maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos possuir uma relação lógica com a revogação da licitação.
órgãos de controle. Ainda deve ser suficiente, quando a intensidade do fato
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de justificar a revogação. Deve ser respeitado o direito ao con-
licitação, exceto na modalidade concurso: traditório e ampla defesa, e a revogação deverá ser feita
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
proposta mais vantajosa para a Administração determinar Logo, anulação e revogação estão previstos no artigo
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de 49 da lei nº 8.666/93. Revogação da licitação por interes-
acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar se público decorrente de fato superveniente devidamente
o menor preço; comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal con-
II - a de melhor técnica; duta, bem como a obrigatoriedade de sua anulação por
III - a de técnica e preço; ilegalidade, neste último caso podendo agir de oficio ou
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena- provocado por terceiros, mediante parecer escrito e devi-
ção de bens ou concessão de direito real de uso. damente fundamentado.
Revogação segundo Diógenes Gasparini “é o desfazi-
Procedimento mento da licitação acabada por motivos de conveniência
Do artigo 38 ao 53 da Lei nº 8.666/93 está descrito e oportunidade (interesse público) superveniente – art. 49
o procedimento a ser adotado nas licitações em geral. A da lei nº 8.666/93”47. Trata-se de um ato administrativo vin-
modalidade pregão tem procedimento próprio, previsto na culado, embora assentada em motivos de conveniência e
lei especial. oportunidade; e ainda, a lei referida, prevê que no caso de
desfazimento da licitação ficam assegurados o contraditó-
Anulação e revogação rio e a ampla defesa, garantia essa que é dada somente ao
No que tange à revogação e à anulação, ambas volta- vencedor, o único com efeitos interesses na permanência
das às consequências dos vícios no processo de licitação, desse ato, pois através dele pode chegar a contrato.
destaca-se a previsão do artigo 49: 47 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2006.

33
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Hely Lopes Meireles48 conceitua anulação como “é a resse coletivo, e sob a esfera do direito público, ficando o
invalidação da licitação ou do julgamento por motivo de particular contratado condicionado a suportar as cláusulas
ilegalidade, pode ser feita a qualquer fase e tempo antes da impostas pela administração, em razão do atendimento do
assinatura do contrato, desde que a Administração ou o Ju- interesse público.
diciário verifique e aponte a infringência à lei ou ao edital”. Não se pode confundir contrato administrativo com
Cabe ainda ressaltar que a anulação da licitação acarreta contrato da administração, visto que nos contratos da ad-
a nulidade do contrato (art. 49, § 2º). No mesmo sentido ministração, temos o ajuste firmando entre a administração
“a anulação poderá ocorrer tanto pela Via Judicante como pública e o particular, entretanto, o poder público não figu-
pela Via Administrativa”. ra utilizando-se de suas prerrogativas, sendo que tal aven-
ça é regida pelo direito privado.
Sanções administrativas
Em relação ao cumprimento as normas estabelecidas Características
pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos - Lei Em razão dos poderes e prerrogativas conferidos a
8.666/1993, caso haja alguma irregularidade, comprovação Administração Pública, fica autorizada a determinar altera-
da prática de atos ilícitos pela parte que causou o dano, ções e modificações nas prestações devidas pelo particular
além das responsabilidades civis, caberá também aplicação contratado, em razão das necessidades públicas, e ainda
das responsabilidades administrativas e judiciais. tem o poder de acompanhar e fiscalizar sistematicamente a
A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o execução, podendo impor sanções estipuladas previamen-
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, den- te quando irregularidades a ensejarem e a rescindir o con-
tro do prazo estabelecido pela Administração, caracteriza o trato de forma unilateral, quando houver legitimo interesse
descumprimento total da obrigação assumida, sujeitando- público.
-o às penalidades legalmente estabelecidas. Em suma, temos que os contratos administrativos
Isto não se aplica aos licitantes convocados, que não revelam-se na seguinte dualidade: inicialmente, temos a
aceitarem a contratação, nas mesmas condições propos- Administração Pública podendo gozar de todas as suas
tas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo prerrogativas e poderes indispensáveis a proteção aos di-
e preço.
reitos e interesses públicos, e de outro modo, temos que
Os agentes administrativos que praticarem atos em de-
é de competência do particular conferir integral garantia
sacordo com os preceitos definidos pela Lei de Licitações
aos interesses privados que ditaram sua participação nos
e Contratos Administrativos ou visando a frustrar os ob-
estreitos limites contratuais.
jetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas na lei
Assim, a doutrina administrativa identifica como prin-
licitatória e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das
cipais características pertinentes aos contratos administra-
responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar.
tivos seu caráter consensual, formais, onerosos, entre ou-
tros. Entretanto, merecem maiores esclarecimentos outras
Contratos administrativos
Contrato, sejam eles de caráter público ou privado, é a características, senão vejamos a seguir.
convenção estabelecida entre duas ou mais pessoas, com Contrato de Adesão: Os contratos administrativos
as respectivas manifestações de vontades, para constituir, têm a característica de serem típicos contratos de adesão,
regulamentar ou extinguir entre as partes uma relação ju- onde uma das partes (neste caso a Administração Pública)
rídica, sendo certo que para a validade do contrato exige propõe as cláusulas e a outra parte não pode propor alte-
acordo de vontades, agente capaz, objeto lícito e forma rações, supressões ou acréscimo, simplesmente aceita as
prescrita ou não proibida em lei. suas condições e cláusulas ou não.
Assim, segundo os ensinamentos do jurista Celso An- Formalismo: Em regras gerais, todos os contratos ad-
tônio Bandeira de Mello, temos o conceito de contratos ministrativos devem ser formais e escritos, sendo que todo
administrativos: o contrato deve mencionar obrigatoriamente os nomes das
partes e seus representantes legais, a finalidade do contra-
“É um tipo de avença travada entre a Administração e to, o ato administrativo que autorizou a sua celebração, o
terceiros na qual, por força de lei, de cláusulas pactuadas ou número do processo de licitação, da possível dispensa ou
do tipo do objeto, a permanência do vínculo e as condições inexigibilidade de licitação, a sujeição dos contratantes às
preestabelecidas assujeitam-se a cambiáveis imposições de normas específicas da Lei 8.666/93 e as cláusulas contra-
interesse público, ressalvado os interesses patrimoniais do tuais.
contratante privado”. Fiscalização: A execução do contrato deverá ser acom-
panhada e fiscalizada por um representante da Administra-
Em outras palavras, temos que contrato administrativo ção Pública especialmente designado para tal fim, permi-
é a convenção firmada pela Administração Pública, agindo tida a contratação de terceiros para assisti-lo e subsidiá-lo
nesta qualidade, com particulares ou então com outras en- de informações pertinentes a essa atribuição.
tidades administrativas mesmo, nos termos pactuados pela O representante da Administração anotará em registro
contratante (administração pública), de acordo com o inte- próprio todas as ocorrências relacionadas com a execução
48 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. do contrato, determinando o que for necessário à regulari-
São Paulo: Malheiros, 1993. zação das faltas ou defeitos por ele observados.

34
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

As decisões e providências que ultrapassarem a com- administração pública perante o particular, tendo em vista
petência do representante deverão ser solicitadas a seus que o contrato administrativo foi celebrado sob a esfera do
superiores em tempo hábil para a adoção das medidas direito público.
convenientes.
Pessoalidade: Os contratos administrativos são, em Do reequilíbrio econômico-financeiro
regra, contratos pessoais, e a execução dos termos con- A alteração do contrato administrativo se dará visando
tratados devem ser cumpridos pelas pessoas (físicas ou ju- o restabelecimento da que relação que as partes pactuaram
rídicas) que se obrigou diante o Poder Público. É imprescin- inicialmente entre encargos e remuneração, objetivando a
dível a pessoalidade nos contratos administrativos, tendo manutenção do equilíbrio da equação financeira inicial na
em vista que há celebração após a realização de licitação hipótese de sobrevirem fatos supervenientes, imprevisíveis
em que se busca não apenas a proposta mais favorável a ou previsíveis de consequências incalculáveis que possam
Administração Pública, mais também a selecionar a pessoa retardar ou impedir a execução do contrato em caso de
(física ou jurídica) que ofereça as condições necessárias de força maior, caso fortuito, fato do príncipe que configura
assegurar a execução do objeto contratado. uma alteração econômica extraordinária e extracontratual.
Entretanto, para que seja possível a identificação de
Vigência eventual desequilíbrio entre os valores pactuados no con-
A extinção do contrato pelo término de seu prazo é trato administrativo e a realidade praticada no mercado
a regra dos ajustes por tempo determinado. Necessário é, privado, é importante o acompanhamento e a gestão do
portanto, distinguir os contratos que se extinguem pela contrato, bem como a fiscalização sobre a boa execução
conclusão de seu objeto e os que terminam pela expiração das cláusulas e obrigações pactuadas.
do prazo de sua vigência: nos primeiros, o que se tem em Para tanto é conferida a Administração Pública as prer-
vista é a obtenção de seu objeto concluído, operando o rogativas e cláusulas exorbitantes, objetivando sempre a
prazo como limite de tempo para a entrega da obra, do supremacia do interesse coletivo sobre o interesse privado.
serviço ou da compra sem sanções contratuais; nos segun- Quando, durante a gestão e fiscalização do cumprimento
dos o prazo é de eficácia do negócio jurídico contratado, do contrato administrativo, a Administração Pública veri-
e assim sendo, expirado o prazo, extingue-se o contrato, ficar descumprimento de cláusula contratual, atrasos na
qualquer que seja a fase de execução de seu objeto, como execução dos serviços contratados, má execução de ser-
ocorre na concessão de serviço público, ou na simples lo- viços, entre outras situações que possam lesar o interesse
cação de coisa por tempo determinado. Há, portanto, pra- público, o Poder Público poderá adotar as providencias no
zo de execução e prazo extintivo do contrato. sentido de punir a empresa contratada.

Alterações contratuais Garantia contratual


Os contratos administrativos possuem características A garantia contratual não excederá a 5% (cinco por
peculiares, diferenciando-os dos contratos privados, que é cento) do valor do contrato e terá seu valor atualizado nas
a existência de cláusulas exorbitantes. mesmas condições pactuadas contratualmente.
Tais cláusulas decorrem de lei e conferem a administra- Entretanto, nos casos de obras, serviços e fornecimen-
ção publica prerrogativas especificas de direito público, são tos de grande vulto envolvendo alta complexidade técnica
denominadas de “exorbitantes” porque as cláusulas extra- e riscos financeiros consideráveis, demonstrados através
polam aquilo que seria admitido no direito privado. de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade com-
- Exigência de Garantia: A exigência de que os licitantes petente, o limite de garantia poderá ser elevado para até
e contratados prestem garantias, visa assegurar o adequa- 10% (dez por cento) do valor do contrato.
do adimplemento do contrato, ou nas hipóteses de inexe- A garantia prestada pelo contratado será liberada ou
cução do objeto contratado, facilitar o ressarcimento dos restituída após a execução do contrato e, quando em di-
prejuízos sofridos pela Administração Pública. nheiro, atualizada monetariamente. Nos casos de contratos
- Alteração Unilateral do Contrato: A possibilidade que importem na entrega de bens pela Administração, dos
de alteração unilateral do contrato efetuado entre a Ad- quais o contratado ficará depositário, ao valor da garantia
ministração e o contratado deve sempre ter o objetivo de deverá ser acrescido o valor desses bens.
sua adequação às finalidades do interesse coletivo, devem
ainda respeitar os direitos do administrado, principalmen- Extinção do contrato administrativo
te o direito ao restabelecimento do equilíbrio econômico- A extinção do contrato administrativo é o término do
-financeiro originalmente estabelecido em contrato. vínculo de obrigações assumidas entre a administração pú-
- Aplicação Direta de Sanções: A possibilidade de blica e o particular contratado. E extinção pode se dar em
aplicação de sanções administrativas pelo Poder Público, razão de da conclusão do objete contratado, ou então do
quando verificada irregularidades do particular na execu- termino do prazo previsto para a vigência do contrato, ou
ção do contrato , independe de prévia manifestação do ainda a ocorrência de anulação ou rescisão do contrato.
Poder Judiciário. - Anulação: A anulação de um contrato administrati-
- Possibilidade de Rescisão Unilateral do Contrato: A vo segue as regras análogas dos Atos Administrativos, ou
possibilidade de rescindir de maneira unilateral o contra- seja, um contrato administrativo deve ser anulado quando
to administrativo se dá diante da supremacia jurídica da constatado ilegalidades em sua celebração. A anulação de

35
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

contrato administrativo pode ser realizada pelo próprio Po- Capítulo I


der Público, de oficio ou quando provocado, ou então pelo DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Poder Judiciário, mediante prévia provocação e sempre por
motivo de ilegalidade ou ilegitimidade. Seção I
- Rescisão: As causas gerais que ensejam a rescisão de Dos Princípios
contrato administrativo estão descritas no artigo 78, e seus
incisos da Lei 8.666/93. Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licitações
Há hipóteses em que autorizam a rescisão unilateral e contratos administrativos pertinentes a obras, serviços, in-
pela administração do contrato administrativo, e outras clusive de publicidade, compras, alienações e locações no
que ensejam rescisão judicial ou rescisão consensual entre âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Fede-
os contratantes, havendo ainda causas de rescisão decor- ral e dos Municípios.
rentes de interesse público superveniente e de força maior Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
ou caso fortuito. Para tanto é necessário o estudo das hipó- além dos órgãos da administração direta, os fundos espe-
ciais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas pú-
teses previstas na Lei 8.666/93.
blicas, as sociedades de economia mista e demais entidades
controladas direta ou indiretamente pela União, Estados,
Sanção administrativa
Distrito Federal e Municípios.
- Do Atraso Injustificado: O atraso injustificado na exe-
cução do contrato sujeitará o contratado à multa de mora, Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade, com-
na forma prevista no instrumento convocatório ou no con- pras, alienações, concessões, permissões e locações da Admi-
trato. A aplicação da multa administrativa não impede que nistração Pública, quando contratadas com terceiros, serão
a Administração Pública promova a rescisão unilateral do necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hi-
contrato e ainda aplique demais sanções. póteses previstas nesta Lei.
A multa, aplicada após regular processo administrativo, Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se
será descontada da garantia do respectivo contratado, e contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou entidades
caso a multa for de valor superior ao valor da garantia pres- da Administração Pública e particulares, em que haja um
tada, além da perda desta garantia em favor da Adminis- acordo de vontades para a formação de vínculo e a estipu-
tração, responderá o contratado pela sua diferença, a qual lação de obrigações recíprocas, seja qual for a denominação
será descontada dos pagamentos eventualmente devidos utilizada.
pela Administração ou ainda, quando for o caso, cobrada
judicialmente. Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do
- Da Inexecução total ou parcial do Contrato: Pela ine- princípio constitucional da isonomia, a seleção da proposta
xecução total ou parcial do contrato a Administração pode- mais vantajosa para a administração e a promoção do de-
rá, sempre garantida a prévia defesa, aplicar ao contratado senvolvimento nacional sustentável e será processada e jul-
as seguintes sanções: gada em estrita conformidade com os princípios básicos da
a) Advertência; legalidade, da impessoalidade, da moralidade, da igualdade,
b) Multa, na forma prevista no instrumento convocató- da publicidade, da probidade administrativa, da vinculação
rio ou no contrato; ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos
c) Suspensão temporária de participação em licitação e que lhes são correlatos.
impedimento de contratar com a Administração, por prazo § 1º É vedado aos agentes públicos:
não superior a 2 (dois) anos; I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de convo-
d) Declaração de inidoneidade para licitar ou contratar cação, cláusulas ou condições que comprometam, restrinjam
ou frustrem o seu caráter competitivo, inclusive nos casos de
com a Administração Pública enquanto perdurarem os mo-
sociedades cooperativas, e estabeleçam preferências ou dis-
tivos determinantes da punição ou até que seja promovida
tinções em razão da naturalidade, da sede ou domicílio dos
a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou a
licitantes ou de qualquer outra circunstância impertinente
penalidade, que será concedida sempre que o contratado
ou irrelevante para o específico objeto do contrato, ressalva-
ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após do o disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da Lei
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso nº 8.248, de 23 de outubro de 1991;
anterior. II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza co-
mercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qualquer outra,
LEI Nº 8.666/1993 E SUAS ALTERAÇÕES entre empresas brasileiras e estrangeiras, inclusive no que se
refere a moeda, modalidade e local de pagamentos, mesmo
Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fede- quando envolvidos financiamentos de agências internacio-
ral, institui normas para licitações e contratos da Adminis- nais, ressalvado o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3º
tração Pública e dá outras providências. da Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991.
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de de-
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- sempate, será assegurada preferência, sucessivamente, aos
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: bens e serviços:

36
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - (Revogado) partir de processo isonômico, medidas de compensação


II - produzidos no País; comercial, industrial, tecnológica ou acesso a condições
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; vantajosas de financiamento, cumulativamente ou não, na
IV - produzidos ou prestados por empresas que invistam forma estabelecida pelo Poder Executivo federal.
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no País; § 12. Nas contratações destinadas à implantação, ma-
V - produzidos ou prestados por empresas que compro- nutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia
vem cumprimento de reserva de cargos prevista em lei para de informação e comunicação, considerados estratégicos em
pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser restrita
Social e que atendam às regras de acessibilidade previstas a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no País e pro-
na legislação. duzidos de acordo com o processo produtivo básico de que
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e aces- trata a Lei nº 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
síveis ao público os atos de seu procedimento, salvo quanto § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício
ao conteúdo das propostas, até a respectiva abertura.
financeiro, a relação de empresas favorecidas em
§ 4º (Vetado).
decorrência do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida
artigo, com indicação do volume de recursos destinados a
margem de preferência para:
cada uma delas.
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais
que atendam a normas técnicas brasileiras; e § 14. As preferências definidas neste artigo e nas
II - bens e serviços produzidos ou prestados por empre- demais normas de licitação e contratos devem privilegiar o
sas que comprovem cumprimento de reserva de cargos pre- tratamento diferenciado e favorecido às microempresas e
vista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado empresas de pequeno porte na forma da lei.
da Previdência Social e que atendam às regras de acessibili- § 15. As preferências dispostas neste artigo prevalecem
dade previstas na legislação. sobre as demais preferências previstas na legislação
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será quando estas forem aplicadas sobre produtos ou serviços
estabelecida com base em estudos revistos periodicamente, estrangeiros.
em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que levem em con-
sideração: Art. 4º Todos quantos participem de licitação promovida
I - geração de emprego e renda; pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º têm di-
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais reito público subjetivo à fiel observância do pertinente pro-
e municipais; cedimento estabelecido nesta lei, podendo qualquer cidadão
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados acompanhar o seu desenvolvimento, desde que não interfira
no País; de modo a perturbar ou impedir a realização dos trabalhos.
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados. nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja ele pra-
§ 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacio- ticado em qualquer esfera da Administração Pública.
nais resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica
realizados no País, poderá ser estabelecido margem de pre- Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas
ferência adicional àquela prevista no § 5º. licitações terão como expressão monetária a moeda corrente
§ 8º As margens de preferência por produto, serviço, nacional, ressalvado o disposto no art. 42 desta Lei, devendo
grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se referem os cada unidade da Administração, no pagamento das obriga-
§§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo federal, não ções relativas ao fornecimento de bens, locações, realização
podendo a soma delas ultrapassar o montante de 25% (vinte
de obras e prestação de serviços, obedecer, para cada fonte
e cinco por cento) sobre o preço dos produtos manufaturados
diferenciada de recursos, a estrita ordem cronológica das da-
e serviços estrangeiros.
tas de suas exigibilidades, salvo quando presentes relevantes
§ 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo
razões de interesse público e mediante prévia justificativa da
não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capacidade de
produção ou prestação no País seja inferior: autoridade competente, devidamente publicada.
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou § 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus
II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do valores corrigidos por critérios previstos no ato convocatório
art. 23 desta Lei, quando for o caso. e que lhes preservem o valor.
§ 10. A margem de preferência a que se refere o § 5º § 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo
poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens e ser- pagamento será feito junto com o principal, correrá à con-
viços originários dos Estados Partes do Mercado Comum do ta das mesmas dotações orçamentárias que atenderam aos
Sul - Mercosul. créditos a que se referem.
§ 11. Os editais de licitação para a contratação de bens, § 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos de-
serviços e obras poderão, mediante prévia justificativa correntes de despesas cujos valores não ultrapassem o limite
da autoridade competente, exigir que o contratado de que trata o inciso II do art. 24, sem prejuízo do que dispõe
promova, em favor de órgão ou entidade integrante da seu parágrafo único, deverão ser efetuados no prazo de até
administração pública ou daqueles por ela indicados a 5 (cinco) dias úteis, contados da apresentação da fatura.

37
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 5o-A.  As normas de licitações e contratos devem pri- a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
vilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às microem- fornecer visão global da obra e identificar todos os seus ele-
presas e empresas de pequeno porte na forma da lei.  mentos constitutivos com clareza;
b) soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
Seção II mente detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de
Das Definições reformulação ou de variantes durante as fases de elaboração
do projeto executivo e de realização das obras e montagem;
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: c) identificação dos tipos de serviços a executar e de ma-
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recupe- teriais e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas
ração ou ampliação, realizada por execução direta ou indi- especificações que assegurem os melhores resultados para o
reta; empreendimento, sem frustrar o caráter competitivo para a
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determi- sua execução;
nada utilidade de interesse para a Administração, tais como: d) informações que possibilitem o estudo e a dedução
demolição, conserto, instalação, montagem, operação, con- de métodos construtivos, instalações provisórias e condições
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competi-
servação, reparação, adaptação, manutenção, transporte,
tivo para a sua execução;
locação de bens, publicidade, seguro ou trabalhos técnico-
e) subsídios para montagem do plano de licitação e ges-
-profissionais; tão da obra, compreendendo a sua programação, a estraté-
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens para gia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros dados
fornecimento de uma só vez ou parceladamente; necessários em cada caso;
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens f) orçamento detalhado do custo global da obra, funda-
a terceiros; mentado em quantitativos de serviços e fornecimentos pro-
V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aquelas priamente avaliados;
cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cinco) vezes o X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos neces-
limite estabelecido na alínea “c” do inciso I do art. 23 desta sários e suficientes à execução completa da obra, de acordo
Lei; com as normas pertinentes da Associação Brasileira de Nor-
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel cum- mas Técnicas - ABNT;
primento das obrigações assumidas por empresas em licita- XI - Administração Pública - a administração direta e in-
ções e contratos; direta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e enti- cípios, abrangendo inclusive as entidades com personalidade
dades da Administração, pelos próprios meios; jurídica de direito privado sob controle do poder público e
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade con- das fundações por ele instituídas ou mantidas;
trata com terceiros sob qualquer dos seguintes regimes: XII - Administração - órgão, entidade ou unidade admi-
a) empreitada por preço global - quando se contrata a nistrativa pela qual a Administração Pública opera e atua
execução da obra ou do serviço por preço certo e total; concretamente;
b) empreitada por preço unitário - quando se contrata a XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação da
execução da obra ou do serviço por preço certo de unidades Administração Pública, sendo para a União o Diário Oficial
determinadas; da União, e, para os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
c) (Vetado). pios, o que for definido nas respectivas leis; (Redação dada
d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para peque- pela Lei nº 8.883, de 1994)
nos trabalhos por preço certo, com ou sem fornecimento de XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária do
instrumento contratual;
materiais;
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária
e) empreitada integral - quando se contrata um em-
de contrato com a Administração Pública;
preendimento em sua integralidade, compreendendo todas
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial,
as etapas das obras, serviços e instalações necessárias, sob criada pela Administração com a função de receber, exami-
inteira responsabilidade da contratada até a sua entrega ao nar e julgar todos os documentos e procedimentos relativos
contratante em condições de entrada em operação, atendi- às licitações e ao cadastramento de licitantes.
dos os requisitos técnicos e legais para sua utilização em XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos
condições de segurança estrutural e operacional e com as manufaturados, produzidos no território nacional de acordo
características adequadas às finalidades para que foi con- com o processo produtivo básico ou com as regras de origem
tratada; estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessários XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País,
e suficientes, com nível de precisão adequado, para carac- nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo federal;
terizar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços XIX - sistemas de tecnologia de informação e comuni-
objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos cação estratégicos - bens e serviços de tecnologia da infor-
estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade mação e comunicação cuja descontinuidade provoque dano
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do significativo à administração pública e que envolvam pelo
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da menos um dos seguintes requisitos relacionados às infor-
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução, de- mações críticas: disponibilidade, confiabilidade, segurança e
vendo conter os seguintes elementos: confidencialidade.

38
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, § 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administração
insumos, serviços e obras necessários para atividade de pes- Pública os quantitativos das obras e preços unitários de de-
quisa científica e tecnológica, desenvolvimento de tecnolo- terminada obra executada.
gia ou inovação tecnológica, discriminados em projeto de § 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que
pesquisa aprovado pela instituição contratante. couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de licita-
ção.
Seção III
Das Obras e Serviços Art. 8º A execução das obras e dos serviços deve pro-
gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus custos
Art. 7º As licitações para a execução de obras e para a atual e final e considerados os prazos de sua execução.
prestação de serviços obedecerão ao disposto neste artigo e, Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado
em particular, à seguinte sequência: da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas, se exis-
I - projeto básico; tente previsão orçamentária para sua execução total, salvo
II - projeto executivo; insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem
III - execução das obras e serviços. técnica, justificados em despacho circunstanciado da auto-
§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente ridade a que se refere o art. 26 desta Lei.
precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade com-
petente, dos trabalhos relativos às etapas anteriores, à ex- Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente,
ceção do projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido da licitação ou da execução de obra ou serviço e do
concomitantemente com a execução das obras e serviços, fornecimento de bens a eles necessários:
desde que também autorizado pela Administração. I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser licitados ou jurídica;
quando: II - empresa, isoladamente ou em consórcio, responsável
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade com- pela elaboração do projeto básico ou executivo ou da qual o
petente e disponível para exame dos interessados em parti- autor do projeto seja dirigente, gerente, acionista ou deten-
cipar do processo licitatório;
tor de mais de 5% (cinco por cento) do capital com direito a
II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex-
voto ou controlador, responsável técnico ou subcontratado;
pressem a composição de todos os seus custos unitários;
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra-
III - houver previsão de recursos orçamentários que as-
tante ou responsável pela licitação.
segurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras
§ 1º É permitida a participação do autor do projeto ou da
ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em
empresa a que se refere o inciso II deste artigo, na licitação
curso, de acordo com o respectivo cronograma;
IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas de obra ou serviço, ou na execução, como consultor ou técni-
metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata o art. co, nas funções de fiscalização, supervisão ou gerenciamen-
165 da Constituição Federal, quando for o caso. to, exclusivamente a serviço da Administração interessada.
§ 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção § 2º O disposto neste artigo não impede a licitação ou
de recursos financeiros para sua execução, qualquer que seja contratação de obra ou serviço que inclua a elaboração de
a sua origem, exceto nos casos de empreendimentos execu- projeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço
tados e explorados sob o regime de concessão, nos termos da previamente fixado pela Administração.
legislação específica. § 3º Considera-se participação indireta, para fins do
§ 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação, disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo de
de fornecimento de materiais e serviços sem previsão de natureza técnica, comercial, econômica, financeira ou tra-
quantidades ou cujos quantitativos não correspondam às balhista entre o autor do projeto, pessoa física ou jurídica,
previsões reais do projeto básico ou executivo. e o licitante ou responsável pelos serviços, fornecimentos e
§ 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto inclua obras, incluindo-se os fornecimentos de bens e serviços a es-
bens e serviços sem similaridade ou de marcas, caracterís- tes necessários.
ticas e especificações exclusivas, salvo nos casos em que for § 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos
tecnicamente justificável, ou ainda quando o fornecimento membros da comissão de licitação.
de tais materiais e serviços for feito sob o regime de admi-
nistração contratada, previsto e discriminado no ato convo- Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas
catório. seguintes formas:
§ 6º A infringência do disposto neste artigo implica a I - execução direta;
nulidade dos atos ou contratos realizados e a responsabili- II - execução indireta, nos seguintes regimes:
dade de quem lhes tenha dado causa. a) empreitada por preço global;
§ 7º Não será ainda computado como valor da obra ou b) empreitada por preço unitário;
serviço, para fins de julgamento das propostas de preços, a c) (Vetado).
atualização monetária das obrigações de pagamento, desde d) tarefa;
a data final de cada período de aferição até a do respectivo e) empreitada integral.
pagamento, que será calculada pelos mesmos critérios esta- Parágrafo único. (Vetado).
belecidos obrigatoriamente no ato convocatório.

39
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos fins Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:
terão projetos padronizados por tipos, categorias ou classes, I - atender ao princípio da padronização, que imponha
exceto quando o projeto-padrão não atender às condições compatibilidade de especificações técnicas e de desempe-
peculiares do local ou às exigências específicas do empreen- nho, observadas, quando for o caso, as condições de manu-
dimento. tenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
II - ser processadas através de sistema de registro de pre-
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de ços;
obras e serviços serão considerados principalmente os se- III - submeter-se às condições de aquisição e pagamento
guintes requisitos: semelhantes às do setor privado;
I - segurança; IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas neces-
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; sárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visan-
III - economia na execução, conservação e operação; do economicidade;
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate- V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos ór-
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local para gãos e entidades da Administração Pública.
execução, conservação e operação; § 1º O registro de preços será precedido de ampla pes-
V - facilidade na execução, conservação e operação, sem quisa de mercado.
prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; § 2º Os preços registrados serão publicados trimestral-
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de seguran- mente para orientação da Administração, na imprensa ofi-
ça do trabalho adequadas; cial.
VII - impacto ambiental. § 3º O sistema de registro de preços será regulamentado
por decreto, atendidas as peculiaridades regionais, observa-
Seção IV das as seguintes condições:
Dos Serviços Técnicos Profissionais Especializados I - seleção feita mediante concorrência;
II - estipulação prévia do sistema de controle e atualiza-
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços ção dos preços registrados;
técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: III - validade do registro não superior a um ano.
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
§ 4º A existência de preços registrados não obriga a
executivos;
Administração a firmar as contratações que deles poderão
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios,
III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias fi-
respeitada a legislação relativa às licitações, sendo assegu-
nanceiras ou tributárias;
rado ao beneficiário do registro preferência em igualdade de
IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
condições.
ou serviços;
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou adminis- § 5º O sistema de controle originado no quadro geral de
trativas; preços, quando possível, deverá ser informatizado.
VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal; § 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
VII - restauração de obras de arte e bens de valor his- preço constante do quadro geral em razão de incompatibili-
tórico. dade desse com o preço vigente no mercado.
VIII - (Vetado). § 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda:
§ 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, I - a especificação completa do bem a ser adquirido sem
os contratos para a prestação de serviços técnicos profis- indicação de marca;
sionais especializados deverão, preferencialmente, ser cele- II - a definição das unidades e das quantidades a serem
brados mediante a realização de concurso, com estipulação adquiridas em função do consumo e utilização prováveis,
prévia de prêmio ou remuneração. cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante
§ 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica- adequadas técnicas quantitativas de estimação;
-se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei. III - as condições de guarda e armazenamento que não
§ 3º A empresa de prestação de serviços técnicos espe- permitam a deterioração do material.
cializados que apresente relação de integrantes de seu corpo § 8º O recebimento de material de valor superior ao li-
técnico em procedimento licitatório ou como elemento de mite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade de
justificação de dispensa ou inexigibilidade de licitação, fica- convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mínimo,
rá obrigada a garantir que os referidos integrantes realizem 3 (três) membros.
pessoal e diretamente os serviços objeto do contrato.
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em órgão
Seção V de divulgação oficial ou em quadro de avisos de amplo aces-
Das Compras so público, à relação de todas as compras feitas pela Admi-
nistração Direta ou Indireta, de maneira a clarificar a identi-
Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada ficação do bem comprado, seu preço unitário, a quantidade
caracterização de seu objeto e indicação dos recursos orça- adquirida, o nome do vendedor e o valor total da operação,
mentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato podendo ser aglutinadas por itens as compras feitas com dis-
e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa. pensa e inexigibilidade de licitação.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do e) venda de bens produzidos ou comercializados por ór-
art. 24. gãos ou entidades da Administração Pública, em virtude de
suas finalidades;
Seção VI f) venda de materiais e equipamentos para outros ór-
Das Alienações gãos ou entidades da Administração Pública, sem utilização
previsível por quem deles dispõe.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, § 1º Os imóveis doados com base na alínea “b” do inciso
subordinada à existência de interesse público devidamente I deste artigo, cessadas as razões que justificaram a sua doa-
justificado, será precedida de avaliação e obedecerá às se- ção, reverterão ao patrimônio da pessoa jurídica doadora,
guintes normas: vedada a sua alienação pelo beneficiário.
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa § 2º A Administração também poderá conceder título de
para órgãos da administração direta e entidades autárqui- propriedade ou de direito real de uso de imóveis, dispensada
cas e fundacionais, e, para todos, inclusive as entidades pa- licitação, quando o uso destinar-se:
raestatais, dependerá de avaliação prévia e de licitação na I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública,
modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes qualquer que seja a localização do imóvel;
casos:
II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento
a) dação em pagamento;
ou ato normativo do órgão competente, haja implementado
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão
os requisitos mínimos de cultura, ocupação mansa e pacífica
ou entidade da administração pública, de qualquer esfera de
e exploração direta sobre área rural situada na Amazônia
governo, ressalvado o disposto nas alíneas f, h e i;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos Legal, superior a 1 (um) módulo fiscal e limitada a 15 (quin-
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; ze) módulos fiscais, desde que não exceda 1.500ha (mil e
d) investidura; quinhentos hectares);
e) venda a outro órgão ou entidade da administração § 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2o ficam dispen-
pública, de qualquer esfera de governo; sadas de autorização legislativa, porém submetem-se aos
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão seguintes condicionamentos:
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de bens I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten-
imóveis residenciais construídos, destinados ou efetivamente ção por particular seja comprovadamente anterior a 1o de
utilizados no âmbito de programas habitacionais ou de re- dezembro de 2004;
gularização fundiária de interesse social desenvolvidos por II - submissão aos demais requisitos e impedimentos do
órgãos ou entidades da administração pública; regime legal e administrativo da destinação e da regulariza-
g) procedimentos de legitimação de posse de que trata o ção fundiária de terras públicas;
art. 29 da Lei no 6.383, de 7 de dezembro de 1976, mediante III - vedação de concessões para hipóteses de exploração
iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração Pública não-contempladas na lei agrária, nas leis de destinação de
em cuja competência legal inclua-se tal atribuição; terras públicas, ou nas normas legais ou administrativas de
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces- zoneamento ecológico-econômico; e
são de direito real de uso, locação ou permissão de uso de IV - previsão de rescisão automática da concessão, dis-
bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de pensada notificação, em caso de declaração de utilidade, ou
até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) e in- necessidade pública ou interesse social.
seridos no âmbito de programas de regularização fundiária § 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:
de interesse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não su-
administração pública; jeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua explo-
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita ração mediante atividades agropecuárias;
ou onerosa, de terras públicas rurais da União na Amazônia II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais,
Legal onde incidam ocupações até o limite de 15 (quinze)
desde que não exceda mil e quinhentos hectares, vedada a
módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos hectares), para
dispensa de licitação para áreas superiores a esse limite;
fins de regularização fundiária, atendidos os requisitos le-
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área de-
gais;
corrente da figura prevista na alínea g do inciso I do caput
II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e de
licitação, dispensada esta nos seguintes casos: deste artigo, até o limite previsto no inciso II deste parágrafo.
a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de IV – (VETADO)
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e con- § 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei:
veniência sócio-econômica, relativamente à escolha de outra I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de
forma de alienação; área remanescente ou resultante de obra pública, área esta
b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou que se tornar inaproveitável isoladamente, por preço nunca
entidades da Administração Pública; inferior ao da avaliação e desde que esse não ultrapasse a
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa, 50% (cinquenta por cento) do valor constante da alínea “a”
observada a legislação específica; do inciso II do art. 23 desta lei;

41
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins re- quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por ór-
sidenciais construídos em núcleos urbanos anexos a usinas gão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Mu-
hidrelétricas, desde que considerados dispensáveis na fase nicipal, ou do Distrito Federal;
de operação dessas unidades e não integrem a categoria de III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
bens reversíveis ao final da concessão. também, se houver, em jornal de circulação no Município ou
§ 4º A doação com encargo será licitada e de seu ins- na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, for-
trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o pra- necido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Admi-
zo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob pena de nistração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros
nulidade do ato, sendo dispensada a licitação no caso de meios de divulgação para ampliar a área de competição.
interesse público devidamente justificado; § 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o donatário que os interessados poderão ler e obter o texto integral do
necessite oferecer o imóvel em garantia de financiamento, a edital e todas as informações sobre a licitação.
cláusula de reversão e demais obrigações serão garantidas § 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas
por hipoteca em segundo grau em favor do doador. ou da realização do evento será:
§ 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada ou I - quarenta e cinco dias para:
globalmente, em quantia não superior ao limite previsto no a) concurso;
art. 23, inciso II, alínea “b” desta Lei, a Administração poderá b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado con-
permitir o leilão. templar o regime de empreitada integral ou quando a licita-
§ 7º (VETADO). ção for do tipo “melhor técnica” ou “técnica e preço”;
II - trinta dias para:
Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imóveis, a) concorrência, nos casos não especificados na alínea
a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação do recolhi- “b” do inciso anterior;
mento de quantia correspondente a 5% (cinco por cento) da b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo “me-
avaliação. lhor técnica” ou “técnica e preço”;
Parágrafo único. (Revogado) III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos não
especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou leilão;
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, cuja IV - cinco dias úteis para convite.
aquisição haja derivado de procedimentos judiciais ou de § 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior serão
dação em pagamento, poderão ser alienados por ato da au-
contados a partir da última publicação do edital resumido
toridade competente, observadas as seguintes regras:
ou da expedição do convite, ou ainda da efetiva disponibili-
I - avaliação dos bens alienáveis;
dade do edital ou do convite e respectivos anexos, prevale-
II - comprovação da necessidade ou utilidade da alie-
cendo a data que ocorrer mais tarde.
nação;
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulgação
III - adoção do procedimento licitatório, sob a modalida-
pela mesma forma que se deu o texto original, reabrindo-se
de de concorrência ou leilão.
o prazo inicialmente estabelecido, exceto quando, inquestio-
Capítulo II navelmente, a alteração não afetar a formulação das pro-
Da Licitação postas.

Seção I Art. 22. São modalidades de licitação:


Das Modalidades, Limites e Dispensa I - concorrência;
II - tomada de preços;
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se III - convite;
situar a repartição interessada, salvo por motivo de interesse IV - concurso;
público, devidamente justificado. V - leilão.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá a § 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre
habilitação de interessados residentes ou sediados em outros quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação
locais. preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de
qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das § 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos interessados devidamente cadastrados ou que atenderem a
leilões, embora realizados no local da repartição interessa- todas as condições exigidas para cadastramento até o tercei-
da, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, ro dia anterior à data do recebimento das propostas, obser-
por uma vez: vada a necessária qualificação.
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de lici- § 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessa-
tação feita por órgão ou entidade da Administração Pública dos do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas par- escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela
cial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por unidade administrativa, a qual afixará, em local apropriado,
instituições federais; cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais

42
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cadastrados na correspondente especialidade que manifes- § 3º A concorrência é a modalidade de licitação cabível,


tarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e qua- qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na compra ou
tro) horas da apresentação das propostas. alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19,
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais- como nas concessões de direito real de uso e nas licitações
quer interessados para escolha de trabalho técnico, científico internacionais, admitindo-se neste último caso, observados
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remunera- os limites deste artigo, a tomada de preços, quando o órgão
ção aos vencedores, conforme critérios constantes de edital ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornece-
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de dores ou o convite, quando não houver fornecedor do bem
45 (quarenta e cinco) dias. ou serviço no País.
§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administração
interessados para a venda de bens móveis inservíveis para
poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a
a administração ou de produtos legalmente apreendidos ou
penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista no concorrência.
art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao § 5º É vedada a utilização da modalidade «convite»
valor da avaliação. ou «tomada de preços», conforme o caso, para parcelas
§ 6º Na hipótese do § 3º deste artigo, existindo na praça de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e
mais de 3 (três) possíveis interessados, a cada novo convite, serviços da mesma natureza e no mesmo local que possam
realizado para objeto idêntico ou assemelhado, é obrigató- ser realizadas conjunta e concomitantemente, sempre que
rio o convite a, no mínimo, mais um interessado, enquanto o somatório de seus valores caracterizar o caso de «tomada
existirem cadastrados não convidados nas últimas licitações. de preços» ou «concorrência», respectivamente, nos termos
§ 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto deste artigo, exceto para as parcelas de natureza específica
desinteresse dos convidados, for impossível a obtenção do que possam ser executadas por pessoas ou empresas de es-
número mínimo de licitantes exigidos no § 3o deste artigo, pecialidade diversa daquela do executor da obra ou serviço.
essas circunstâncias deverão ser devidamente justificadas no § 6º As organizações industriais da Administração Fe-
processo, sob pena de repetição do convite. deral direta, em face de suas peculiaridades, obedecerão aos
§ 8º É vedada a criação de outras modalidades de limites estabelecidos no inciso I deste artigo também para
licitação ou a combinação das referidas neste artigo. suas compras e serviços em geral, desde que para a aquisi-
§ 9º Na hipótese do parágrafo 2º deste artigo, a admi- ção de materiais aplicados exclusivamente na manutenção,
nistração somente poderá exigir do licitante não cadastrado
reparo ou fabricação de meios operacionais bélicos perten-
os documentos previstos nos arts. 27 a 31, que comprovem
habilitação compatível com o objeto da licitação, nos termos centes à União.
do edital. § 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde
que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é per-
Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem os mitida a cotação de quantidade inferior à demandada na
incisos I a III do artigo anterior serão determinadas em fun- licitação, com vistas a ampliação da competitividade, po-
ção dos seguintes limites, tendo em vista o valor estimado dendo o edital fixar quantitativo mínimo para preservar a
da contratação: economia de escala.
I - para obras e serviços de engenharia: § 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o dobro
a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil dos valores mencionados no caput deste artigo quando for-
reais); mado por até 3 (três) entes da Federação, e o triplo, quando
b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão e formado por maior número.
quinhentos mil reais);
c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão e Art. 24. É dispensável a licitação:
quinhentos mil reais); I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10%
II - para compras e serviços não referidos no inciso an- (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso I do
terior: artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas de uma
a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
mesma obra ou serviço ou ainda para obras e serviços da
b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
mesma natureza e no mesmo local que possam ser realiza-
cinquenta mil reais);
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e das conjunta e concomitantemente;
cinquenta mil reais). II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad- por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso II do ar-
ministração serão divididas em tantas parcelas quantas se tigo anterior e para alienações, nos casos previstos nesta Lei,
comprovarem técnica e economicamente viáveis, proceden- desde que não se refiram a parcelas de um mesmo serviço,
do-se à licitação com vistas ao melhor aproveitamento dos compra ou alienação de maior vulto que possa ser realizada
recursos disponíveis no mercado e à ampliação da competi- de uma só vez;
tividade sem perda da economia de escala. III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
§ 2º Na execução de obras e serviços e nas compras de IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública,
bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, a cada quando caracterizada urgência de atendimento de situação
etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço ou compra, há que possa ocasionar prejuízo ou comprometer a segurança
de corresponder licitação distinta, preservada a modalidade de pessoas, obras, serviços, equipamentos e outros bens, pú-
pertinente para a execução do objeto em licitação. blicos ou particulares, e somente para os bens necessários ao

43
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

atendimento da situação emergencial ou calamitosa e para XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu-
as parcelas de obras e serviços que possam ser concluídas no lários padronizados de uso da administração, e de edições
prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias consecutivos e técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de
ininterruptos, contados da ocorrência da emergência ou ca- informática a pessoa jurídica de direito público interno, por
lamidade, vedada a prorrogação dos respectivos contratos; órgãos ou entidades que integrem a Administração Pública,
V - quando não acudirem interessados à licitação an- criados para esse fim específico;
terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem XVII - para a aquisição de componentes ou peças de ori-
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas gem nacional ou estrangeira, necessários à manutenção de
as condições preestabelecidas; equipamentos durante o período de garantia técnica, jun-
VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco- to ao fornecedor original desses equipamentos, quando tal
nômico para regular preços ou normalizar o abastecimento; condição de exclusividade for indispensável para a vigência
VII - quando as propostas apresentadas consignarem da garantia;
preços manifestamente superiores aos praticados no mer- XVIII - nas compras ou contratações de serviços para
cado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pelos o abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
órgãos oficiais competentes, casos em que, observado o pa- ou tropas e seus meios de deslocamento quando em estada
rágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a situação, eventual de curta duração em portos, aeroportos ou locali-
será admitida a adjudicação direta dos bens ou serviços, por dades diferentes de suas sedes, por motivo de movimentação
valor não superior ao constante do registro de preços, ou dos operacional ou de adestramento, quando a exiguidade dos
serviços; prazos legais puder comprometer a normalidade e os pro-
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito pú- pósitos das operações e desde que seu valor não exceda ao
blico interno, de bens produzidos ou serviços prestados por limite previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei:
órgão ou entidade que integre a Administração Pública e XIX - para as compras de material de uso pelas Forças
que tenha sido criado para esse fim específico em data ante- Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e admi-
rior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja nistrativo, quando houver necessidade de manter a padroni-
compatível com o praticado no mercado; zação requerida pela estrutura de apoio logístico dos meios
IX - quando houver possibilidade de comprometimento navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de comissão
instituída por decreto;
da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
XX - na contratação de associação de portadores de
do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada ido-
Nacional;
neidade, por órgãos ou entidades da Administração Pública,
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-de-
atendimento das finalidades precípuas da administração,
-obra, desde que o preço contratado seja compatível com o
cujas necessidades de instalação e localização condicionem
praticado no mercado.
a sua escolha, desde que o preço seja compatível com o valor
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para
de mercado, segundo avaliação prévia;
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de
ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23;
desde que atendida a ordem de classificação da licitação XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento
anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo de energia elétrica e gás natural com concessionário, per-
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente missionário ou autorizado, segundo as normas da legislação
corrigido; específica;
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou
gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização sociedade de economia mista com suas subsidiárias e con-
dos processos licitatórios correspondentes, realizadas direta- troladas, para a aquisição ou alienação de bens, prestação
mente com base no preço do dia; ou obtenção de serviços, desde que o preço contratado seja
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida compatível com o praticado no mercado.
regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada serviços com as organizações sociais, qualificadas no âmbito
à recuperação social do preso, desde que a contratada dete- das respectivas esferas de governo, para atividades contem-
nha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha pladas no contrato de gestão.
fins lucrativos; XXV - na contratação realizada por Instituição Científica
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a trans-
de acordo internacional específico aprovado pelo Congresso ferência de tecnologia e para o licenciamento de direito de
Nacional, quando as condições ofertadas forem manifesta- uso ou de exploração de criação protegida.
mente vantajosas para o Poder Público; XXVI - na celebração de contrato de programa com ente
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte da Federação ou com entidade de sua administração indire-
e objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que ta, para a prestação de serviços públicos de forma associada
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entida- nos termos do autorizado em contrato de consórcio público
de. ou em convênio de cooperação.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

XXVII - na contratação da coleta, processamento e co- § 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade
mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou reu- que integre a administração pública estabelecido no inciso
tilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de lixo, VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou enti-
efetuados por associações ou cooperativas formadas exclu- dades que produzem produtos estratégicos para o SUS, no
sivamente por pessoas físicas de baixa renda reconhecidas âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, confor-
pelo poder público como catadores de materiais recicláveis, me elencados em ato da direção nacional do SUS.
com o uso de equipamentos compatíveis com as normas téc- § 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
nicas, ambientais e de saúde pública. caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia,
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços, produ- seguirá procedimentos especiais instituídos em regulamen-
zidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativamente, tação específica.
alta complexidade tecnológica e defesa nacional, mediante § 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do
parecer de comissão especialmente designada pela autori- caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
dade máxima do órgão.
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabili-
para atender aos contingentes militares das Forças Singula- dade de competição, em especial:
res brasileiras empregadas em operações de paz no exterior, I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê-
necessariamente justificadas quanto ao preço e à escolha do neros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa
fornecedor ou executante e ratificadas pelo Comandante da ou representante comercial exclusivo, vedada a preferência
Força. de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser feita
XXX - na contratação de instituição ou organização, pú- através de atestado fornecido pelo órgão de registro do co-
blica ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a presta- mércio do local em que se realizaria a licitação ou a obra ou
ção de serviços de assistência técnica e extensão rural no o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confederação Patro-
âmbito do Programa Nacional de Assistência Técnica e Ex- nal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
tensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária, II - para a contratação de serviços técnicos enumerados
instituído por lei federal. no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais
XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibili-
disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2 de dade para serviços de publicidade e divulgação;
dezembro de 2004, observados os princípios gerais de con- III - para contratação de profissional de qualquer setor
tratação dela constantes. artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
XXXII - na contratação em que houver transferência de desde que consagrado pela crítica especializada ou pela opi-
tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único de nião pública.
Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro § 1º Considera-se de notória especialização o profissio-
de 1990, conforme elencados em ato da direção nacional nal ou empresa cujo conceito no campo de sua especiali-
do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes produtos dade, decorrente de desempenho anterior, estudos, expe-
durante as etapas de absorção tecnológica. riências, publicações, organização, aparelhamento, equipe
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas ativi-
lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras tec- dades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indis-
nologias sociais de acesso à água para consumo humano e cutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto
produção de alimentos, para beneficiar as famílias rurais de do contrato.
baixa renda atingidas pela seca ou falta regular de água. § 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direi- de dispensa, se comprovado superfaturamento, respondem
to público interno de insumos estratégicos para a saúde solidariamente pelo dano causado à Fazenda Pública o for-
produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental necedor ou o prestador de serviços e o agente público res-
ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da ponsável, sem prejuízo de outras sanções legais cabíveis.
administração pública direta, sua autarquia ou fundação
em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimento Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art. 17
institucional, científico e tecnológico e estímulo à inovação, e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de inexi-
inclusive na gestão administrativa e financeira necessária gibilidade referidas no art. 25, necessariamente justificadas,
à execução desses projetos, ou em parcerias que envolvam e o retardamento previsto no final do parágrafo único do
transferência de tecnologia de produtos estratégicos para o art. 8º desta Lei deverão ser comunicados, dentro de 3 (três)
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso XXXII dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação na
deste artigo, e que tenha sido criada para esse fim específico imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como condição
em data anterior à vigência desta Lei, desde que o preço con- para a eficácia dos atos.
tratado seja compatível com o praticado no mercado. Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibili-
§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput dade ou de retardamento, previsto neste artigo, será instruí-
deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, obras do, no que couber, com os seguintes elementos:
e serviços contratados por consórcios públicos, sociedade de I - caracterização da situação emergencial ou calamito-
economia mista, empresa pública e por autarquia ou funda- sa que justifique a dispensa, quando for o caso;
ção qualificadas, na forma da lei, como Agências Executivas. II - razão da escolha do fornecedor ou executante;

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - justificativa do preço. e disponíveis para a realização do objeto da licitação, bem


IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa como da qualificação de cada um dos membros da equipe
aos quais os bens serão alocados. técnica que se responsabilizará pelos trabalhos;
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de que
Seção II recebeu os documentos, e, quando exigido, de que tomou
Da Habilitação conhecimento de todas as informações e das condições lo-
cais para o cumprimento das obrigações objeto da licitação;
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á dos IV - prova de atendimento de requisitos previstos em lei
interessados, exclusivamente, documentação relativa a: especial, quando for o caso.
I - habilitação jurídica; § 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II
II - qualificação técnica; do “caput” deste artigo, no caso das licitações pertinentes
III - qualificação econômico-financeira; a obras e serviços, será feita por atestados fornecidos por
IV – regularidade fiscal e trabalhista; pessoas jurídicas de direito público ou privado, devidamente
V – cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7º
registrados nas entidades profissionais competentes, limita-
da Constituição Federal.
das as exigências a:
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do li-
Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídica,
conforme o caso, consistirá em: citante de possuir em seu quadro permanente, na data pre-
I - cédula de identidade; vista para entrega da proposta, profissional de nível superior
II - registro comercial, no caso de empresa individual; ou outro devidamente reconhecido pela entidade compe-
III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vigor, tente, detentor de atestado de responsabilidade técnica por
devidamente registrado, em se tratando de sociedades co- execução de obra ou serviço de características semelhantes,
merciais, e, no caso de sociedades por ações, acompanhado limitadas estas exclusivamente às parcelas de maior rele-
de documentos de eleição de seus administradores; vância e valor significativo do objeto da licitação, vedadas
IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades as exigências de quantidades mínimas ou prazos máximos;
civis, acompanhada de prova de diretoria em exercício; II - (Vetado).
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa a) (Vetado).
ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, e ato b) (Vetado).
de registro ou autorização para funcionamento expedido § 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor
pelo órgão competente, quando a atividade assim o exigir. significativo, mencionadas no parágrafo anterior, serão defi-
nidas no instrumento convocatório.
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal e § 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão
trabalhista, conforme o caso, consistirá em: através de certidões ou atestados de obras ou serviços simi-
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas lares de complexidade tecnológica e operacional equivalente
(CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); ou superior.
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes esta- § 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a com-
dual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio ou sede provação de aptidão, quando for o caso, será feita através
do licitante, pertinente ao seu ramo de atividade e compatí- de atestados fornecidos por pessoa jurídica de direito público
vel com o objeto contratual; ou privado.
III - prova de regularidade para com a Fazenda Federal, § 5º É vedada a exigência de comprovação de atividade
Estadual e Municipal do domicílio ou sede do licitante, ou ou de aptidão com limitações de tempo ou de época ou
outra equivalente, na forma da lei;
ainda em locais específicos, ou quaisquer outras não
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social
previstas nesta Lei, que inibam a participação na licitação.
e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), de-
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
monstrando situação regular no cumprimento dos encargos
canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico espe-
sociais instituídos por lei.
V – prova de inexistência de débitos inadimplidos peran- cializado, considerados essenciais para o cumprimento do
te a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação de cer- objeto da licitação, serão atendidas mediante a apresenta-
tidão negativa, nos termos doTítulo VII-A da Consolidação ção de relação explícita e da declaração formal da sua dis-
das Leis do Trabalho, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de ponibilidade, sob as penas cabíveis, vedada as exigências de
1º de maio de 1943. propriedade e de localização prévia.
§ 7º (Vetado).
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técnica I - (Vetado).
limitar-se-á a: II - (Vetado).
I - registro ou inscrição na entidade profissional com- § 8º No caso de obras, serviços e compras de grande
petente; vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Administração
II - comprovação de aptidão para desempenho de ativi- exigir dos licitantes a metodologia de execução, cuja avalia-
dade pertinente e compatível em características, quantida- ção, para efeito de sua aceitação ou não, antecederá sempre
des e prazos com o objeto da licitação, e indicação das insta- à análise dos preços e será efetuada exclusivamente por cri-
lações e do aparelhamento e do pessoal técnico adequados térios objetivos.

46
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 9º Entende-se por licitação de alta complexidade téc- § 6º (Vetado).


nica aquela que envolva alta especialização, como fator de
extrema relevância para garantir a execução do objeto a ser Art. 32. Os documentos necessários à habilitação pode-
contratado, ou que possa comprometer a continuidade da rão ser apresentados em original, por qualquer processo de
prestação de serviços públicos essenciais. cópia autenticada por cartório competente ou por servidor
§ 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins da administração ou publicação em órgão da imprensa ofi-
de comprovação da capacitação técnico-profissional de cial.
que trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão partici- § 1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31
par da obra ou serviço objeto da licitação, admitindo-se a desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, nos
substituição por profissionais de experiência equivalente ou casos de convite, concurso, fornecimento de bens para pron-
superior, desde que aprovada pela administração. ta entrega e leilão.
§ 11. (Vetado). § 2º O certificado de registro cadastral a que se refere
§ 12. (Vetado). o § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados nos
arts. 28 a 31, quanto às informações disponibilizadas em sis-
Art. 31. A documentação relativa à qualificação econô- tema informatizado de consulta direta indicado no edital,
mico-financeira limitar-se-á a: obrigando-se a parte a declarar, sob as penalidades legais, a
I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do superveniência de fato impeditivo da habilitação.
último exercício social, já exigíveis e apresentados na forma § 3º A documentação referida neste artigo poderá ser
da lei, que comprovem a boa situação financeira da empresa, substituída por registro cadastral emitido por órgão ou enti-
vedada a sua substituição por balancetes ou balanços pro- dade pública, desde que previsto no edital e o registro tenha
visórios, podendo ser atualizados por índices oficiais quando sido feito em obediência ao disposto nesta Lei.
encerrado há mais de 3 (três) meses da data de apresentação § 4º As empresas estrangeiras que não funcionem no
da proposta; País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações inter-
II - certidão negativa de falência ou concordata expedi- nacionais, às exigências dos parágrafos anteriores median-
da pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou de execu- te documentos equivalentes, autenticados pelos respectivos
ção patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física; consulados e traduzidos por tradutor juramentado, devendo
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre- ter representação legal no Brasil com poderes expressos para
vistos no “caput” e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada a 1% receber citação e responder administrativa ou judicialmente.
(um por cento) do valor estimado do objeto da contratação. § 5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata este
§ 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstração artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolumentos, sal-
da capacidade financeira do licitante com vistas aos com- vo os referentes a fornecimento do edital, quando solicitado,
promissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o com os seus elementos constitutivos, limitados ao valor do
contrato, vedada a exigência de valores mínimos de fatu- custo efetivo de reprodução gráfica da documentação for-
ramento anterior, índices de rentabilidade ou lucratividade. necida.
§ 2º A Administração, nas compras para entrega futura § 6º O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art. 33
e na execução de obras e serviços, poderá estabelecer, no e no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações internacio-
instrumento convocatório da licitação, a exigência de capital nais para a aquisição de bens e serviços cujo pagamento
mínimo ou de patrimônio líquido mínimo, ou ainda as ga- seja feito com o produto de financiamento concedido por
rantias previstas no § 1º do art. 56 desta Lei, como dado ob- organismo financeiro internacional de que o Brasil faça par-
jetivo de comprovação da qualificação econômico-financeira te, ou por agência estrangeira de cooperação, nem nos casos
dos licitantes e para efeito de garantia ao adimplemento do de contratação com empresa estrangeira, para a compra de
contrato a ser ulteriormente celebrado. equipamentos fabricados e entregues no exterior, desde que
§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líquido a para este caso tenha havido prévia autorização do Chefe do
que se refere o parágrafo anterior não poderá exceder a 10% Poder Executivo, nem nos casos de aquisição de bens e ser-
(dez por cento) do valor estimado da contratação, devendo a viços realizada por unidades administrativas com sede no
comprovação ser feita relativamente à data da apresentação exterior.
da proposta, na forma da lei, admitida a atualização para § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a
esta data através de índices oficiais. 31 e este artigo poderá ser dispensada, nos termos de
§ 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos compro- regulamento, no todo ou em parte, para a contratação de
missos assumidos pelo licitante que importem diminuição produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que para
da capacidade operativa ou absorção de disponibilidade fi- pronta entrega ou até o valor previsto na alínea “a” do inci-
nanceira, calculada esta em função do patrimônio líquido so II do caput do art. 23. 
atualizado e sua capacidade de rotação.
§ 5º A comprovação de boa situação financeira da em- Art. 33. Quando permitida na licitação a participação
presa será feita de forma objetiva, através do cálculo de índi- de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguintes nor-
ces contábeis previstos no edital e devidamente justificados mas:
no processo administrativo da licitação que tenha dado iní- I - comprovação do compromisso público ou particular
cio ao certame licitatório, vedada a exigência de índices e de constituição de consórcio, subscrito pelos consorciados;
valores não usualmente adotados para correta avaliação de II - indicação da empresa responsável pelo consórcio que
situação financeira suficiente ao cumprimento das obriga- deverá atender às condições de liderança, obrigatoriamente
ções decorrentes da licitação. fixadas no edital;

47
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - apresentação dos documentos exigidos nos arts. 28 Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, suspenso
a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admitindo-se, ou cancelado o registro do inscrito que deixar de satisfazer
para efeito de qualificação técnica, o somatório dos quan- as exigências do art. 27 desta Lei, ou as estabelecidas para
titativos de cada consorciado, e, para efeito de qualifica- classificação cadastral.
ção econômico-financeira, o somatório dos valores de cada
consorciado, na proporção de sua respectiva participação, Seção IV
podendo a Administração estabelecer, para o consórcio, um Do Procedimento e Julgamento
acréscimo de até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos
para licitante individual, inexigível este acréscimo para os Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com a
consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e peque- abertura de processo administrativo, devidamente autuado,
nas empresas assim definidas em lei; protocolado e numerado, contendo a autorização respectiva,
IV - impedimento de participação de empresa consor- a indicação sucinta de seu objeto e do recurso próprio para a
ciada, na mesma licitação, através de mais de um consórcio despesa, e ao qual serão juntados oportunamente:
ou isoladamente; I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for o
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos atos caso;
praticados em consórcio, tanto na fase de licitação quanto II - comprovante das publicações do edital resumido, na
na de execução do contrato. forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do convite;
§ 1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangeiras III - ato de designação da comissão de licitação, do lei-
a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa brasileira, loeiro administrativo ou oficial, ou do responsável pelo con-
observado o disposto no inciso II deste artigo. vite;
§ 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, an- IV - original das propostas e dos documentos que as ins-
tes da celebração do contrato, a constituição e o registro do truírem;
consórcio, nos termos do compromisso referido no inciso I V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga-
deste artigo. dora;
VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a lici-
Seção III tação, dispensa ou inexigibilidade;
VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da sua
Dos Registros Cadastrais
homologação;
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos licitan-
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades
tes e respectivas manifestações e decisões;
da Administração Pública que realizem frequentemente li-
IX - despacho de anulação ou de revogação da licitação,
citações manterão registros cadastrais para efeito de habili-
quando for o caso, fundamentado circunstanciadamente;
tação, na forma regulamentar, válidos por, no máximo, um
X - termo de contrato ou instrumento equivalente, con-
ano. forme o caso;
§ 1º O registro cadastral deverá ser amplamente divul- XI - outros comprovantes de publicações;
gado e deverá estar permanentemente aberto aos interessa- XII - demais documentos relativos à licitação.
dos, obrigando-se a unidade por ele responsável a proceder, Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem
no mínimo anualmente, através da imprensa oficial e de como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem
jornal diário, a chamamento público para a atualização dos ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria ju-
registros existentes e para o ingresso de novos interessados. rídica da Administração.
§ 2º É facultado às unidades administrativas utilizarem-
se de registros cadastrais de outros órgãos ou entidades da Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma licitação
Administração Pública. ou para um conjunto de licitações simultâneas ou sucessivas
for superior a 100 (cem) vezes o limite previsto no art. 23,
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atuali- inciso I, alínea “c” desta Lei, o processo licitatório será inicia-
zação deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá os do, obrigatoriamente, com uma audiência pública concedida
elementos necessários à satisfação das exigências do art. 27 pela autoridade responsável com antecedência mínima de
desta Lei. 15 (quinze) dias úteis da data prevista para a publicação do
edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10 (dez)
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios previstos
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em gru- para a publicidade da licitação, à qual terão acesso e direito
pos, segundo a qualificação técnica e econômica avaliada a todas as informações pertinentes e a se manifestar todos
pelos elementos constantes da documentação relacionada os interessados.
nos arts. 30 e 31 desta Lei. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, consideram-
§ 1º Aos inscritos será fornecido certificado, renovável -se licitações simultâneas aquelas com objetos similares e
sempre que atualizarem o registro. com realização prevista para intervalos não superiores a
§ 2º A atuação do licitante no cumprimento de obriga- trinta dias e licitações sucessivas aquelas em que, também
ções assumidas será anotada no respectivo registro cadas- com objetos similares, o edital subsequente tenha uma data
tral. anterior a cento e vinte dias após o término do contrato re-
sultante da licitação antecedente.

48
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de XV - instruções e normas para os recursos previstos nes-
ordem em série anual, o nome da repartição interessada e ta Lei;
de seu setor, a modalidade, o regime de execução e o tipo da XVI - condições de recebimento do objeto da licitação;
licitação, a menção de que será regida por esta Lei, o local, XVII - outras indicações específicas ou peculiares da li-
dia e hora para recebimento da documentação e proposta, citação.
bem como para início da abertura dos envelopes, e indicará, § 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado
obrigatoriamente, o seguinte: em todas as folhas e assinado pela autoridade que o expedir,
I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara; permanecendo no processo de licitação, e dele extraindo-se
II - prazo e condições para assinatura do contrato ou cópias integrais ou resumidas, para sua divulgação e forne-
retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64 desta cimento aos interessados.
Lei, para execução do contrato e para entrega do objeto da § 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte in-
licitação; tegrante:
III - sanções para o caso de inadimplemento; I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o pro- partes, desenhos, especificações e outros complementos;
jeto básico; II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos e
V - se há projeto executivo disponível na data da publi- preços unitários;
cação do edital de licitação e o local onde possa ser exami- III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Adminis-
nado e adquirido; tração e o licitante vencedor;
VI - condições para participação na licitação, em confor- IV - as especificações complementares e as normas de
midade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de apresen- execução pertinentes à licitação.
tação das propostas; § 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se como
VII - critério para julgamento, com disposições claras e adimplemento da obrigação contratual a prestação do ser-
parâmetros objetivos; viço, a realização da obra, a entrega do bem ou de parcela
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios de destes, bem como qualquer outro evento contratual a cuja
comunicação à distância em que serão fornecidos elemen- ocorrência esteja vinculada a emissão de documento de co-
tos, informações e esclarecimentos relativos à licitação e às brança.
condições para atendimento das obrigações necessárias ao § 4º Nas compras para entrega imediata, assim enten-
cumprimento de seu objeto; didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da data
IX - condições equivalentes de pagamento entre empre- prevista para apresentação da proposta, poderão ser dispen-
sas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações interna- sadas:
cionais; I - o disposto no inciso XI deste artigo;
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e glo- II - a atualização financeira a que se refere a alínea “c”
bal, conforme o caso, permitida a fixação de preços máximos do inciso XIV deste artigo, correspondente ao período com-
e vedados a fixação de preços mínimos, critérios estatísticos preendido entre as datas do adimplemento e a prevista para
ou faixas de variação em relação a preços de referência, res- o pagamento, desde que não superior a quinze dias.
salvado o disposto nos parágrafos 1º e 2º do art. 48;
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor-
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de índices mas e condições do edital, ao qual se acha estritamente vin-
específicos ou setoriais, desde a data prevista para apresen- culada.
tação da proposta, ou do orçamento a que essa proposta se § 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar
referir, até a data do adimplemento de cada parcela; edital de licitação por irregularidade na aplicação desta Lei,
XII - (Vetado). devendo protocolar o pedido até 5 (cinco) dias úteis antes da
XIII - limites para pagamento de instalação e mobiliza- data fixada para a abertura dos envelopes de habilitação,
ção para execução de obras ou serviços que serão obrigato- devendo a Administração julgar e responder à impugnação
riamente previstos em separado das demais parcelas, etapas em até 3 (três) dias úteis, sem prejuízo da faculdade prevista
ou tarefas; no § 1o do art. 113.
XIV - condições de pagamento, prevendo: § 2º Decairá do direito de impugnar os termos do edital
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- de licitação perante a administração o licitante que não o
tado a partir da data final do período de adimplemento de fizer até o segundo dia útil que anteceder a abertura dos
cada parcela; envelopes de habilitação em concorrência, a abertura dos
b) cronograma de desembolso máximo por período, em envelopes com as propostas em convite, tomada de preços
conformidade com a disponibilidade de recursos financeiros; ou concurso, ou a realização de leilão, as falhas ou irregula-
c) critério de atualização financeira dos valores a serem ridades que viciariam esse edital, hipótese em que tal comu-
pagos, desde a data final do período de adimplemento de nicação não terá efeito de recurso.
cada parcela até a data do efetivo pagamento; § 3º A impugnação feita tempestivamente pelo licitante
d) compensações financeiras e penalizações, por even- não o impedirá de participar do processo licitatório até o
tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações de pa- trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
gamentos; § 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do seu
e) exigência de seguros, quando for o caso; direito de participar das fases subsequentes.

49
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o VI - deliberação da autoridade competente quanto à ho-
edital deverá ajustar-se às diretrizes da política monetária mologação e adjudicação do objeto da licitação.
e do comércio exterior e atender às exigências dos órgãos § 1º A abertura dos envelopes contendo a documenta-
competentes. ção para habilitação e as propostas será realizada sempre
§ 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro cotar em ato público previamente designado, do qual se lavrará
preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá fazer o ata circunstanciada, assinada pelos licitantes presentes e
licitante brasileiro. pela Comissão.
§ 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro eventual- § 2º Todos os documentos e propostas serão rubricados
mente contratado em virtude da licitação de que trata o pa- pelos licitantes presentes e pela Comissão.
rágrafo anterior será efetuado em moeda brasileira, à taxa § 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior, em
de câmbio vigente no dia útil imediatamente anterior à data qualquer fase da licitação, a promoção de diligência destina-
do efetivo pagamento. da a esclarecer ou a complementar a instrução do processo,
§ 3º As garantias de pagamento ao licitante brasileiro vedada a inclusão posterior de documento ou informação
serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante estrangei- que deveria constar originariamente da proposta.
ro. § 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência e,
§ 4º Para fins de julgamento da licitação, as propostas no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de preços e
apresentadas por licitantes estrangeiros serão acrescidas dos ao convite.
gravames conseqüentes dos mesmos tributos que oneram § 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concorrentes
exclusivamente os licitantes brasileiros quanto à operação (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III), não cabe
final de venda. desclassificá-los por motivo relacionado com a habilitação,
§ 5º Para a realização de obras, prestação de serviços salvo em razão de fatos supervenientes ou só conhecidos
ou aquisição de bens com recursos provenientes de finan- após o julgamento.
ciamento ou doação oriundos de agência oficial de coope- § 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência de
ração estrangeira ou organismo financeiro multilateral de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato superve-
que o Brasil seja parte, poderão ser admitidas, na respecti- niente e aceito pela Comissão.
va licitação, as condições decorrentes de acordos, protoco-
los, convenções ou tratados internacionais aprovados pelo Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão leva-
Congresso Nacional, bem como as normas e procedimentos rá em consideração os critérios objetivos definidos no edital
daquelas entidades, inclusive quanto ao critério de seleção ou convite, os quais não devem contrariar as normas e prin-
da proposta mais vantajosa para a administração, o qual cípios estabelecidos por esta Lei.
poderá contemplar, além do preço, outros fatores de avalia- § 1º É vedada a utilização de qualquer elemento,
ção, desde que por elas exigidos para a obtenção do finan- critério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado
ciamento ou da doação, e que também não conflitem com o que possa ainda que indiretamente elidir o princípio da
princípio do julgamento objetivo e sejam objeto de despacho igualdade entre os licitantes.
motivado do órgão executor do contrato, despacho esse rati- § 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem
ficado pela autoridade imediatamente superior. não prevista no edital ou no convite, inclusive financiamen-
§ 6º As cotações de todos os licitantes serão para entre- tos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço ou vantagem
ga no mesmo local de destino. baseada nas ofertas dos demais licitantes.
§ 3º Não se admitirá proposta que apresente preços
Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob- global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor zero,
servância dos seguintes procedimentos: incompatíveis com os preços dos insumos e salários de mer-
I - abertura dos envelopes contendo a documentação re- cado, acrescidos dos respectivos encargos, ainda que o ato
lativa à habilitação dos concorrentes, e sua apreciação; convocatório da licitação não tenha estabelecido limites mí-
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes nimos, exceto quando se referirem a materiais e instalações
inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde que de propriedade do próprio licitante, para os quais ele renun-
não tenha havido recurso ou após sua denegação; cie a parcela ou à totalidade da remuneração.
III - abertura dos envelopes contendo as propostas dos § 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se também
concorrentes habilitados, desde que transcorrido o prazo às propostas que incluam mão-de-obra estrangeira ou im-
sem interposição de recurso, ou tenha havido desistência ex- portações de qualquer natureza.
pressa, ou após o julgamento dos recursos interpostos;
IV - verificação da conformidade de cada proposta com Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de-
os requisitos do edital e, conforme o caso, com os preços cor- vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo con-
rentes no mercado ou fixados por órgão oficial competente, vite realizá-lo em conformidade com os tipos de licitação,
ou ainda com os constantes do sistema de registro de preços, os critérios previamente estabelecidos no ato convocatório e
os quais deverão ser devidamente registrados na ata de jul- de acordo com os fatores exclusivamente nele referidos, de
gamento, promovendo-se a desclassificação das propostas maneira a possibilitar sua aferição pelos licitantes e pelos
desconformes ou incompatíveis; órgãos de controle.
V - julgamento e classificação das propostas de acordo § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de lici-
com os critérios de avaliação constantes do edital; tação, exceto na modalidade concurso:

50
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

I - a de menor preço - quando o critério de seleção da orçamentos detalhados apresentados e respectivos preços
proposta mais vantajosa para a Administração determinar unitários e tendo como referência o limite representado pela
que será vencedor o licitante que apresentar a proposta de proposta de menor preço entre os licitantes que obtiveram a
acordo com as especificações do edital ou convite e ofertar valorização mínima;
o menor preço; III - no caso de impasse na negociação anterior, proce-
II - a de melhor técnica; dimento idêntico será adotado, sucessivamente, com os de-
III - a de técnica e preço. mais proponentes, pela ordem de classificação, até a conse-
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação cução de acordo para a contratação;
de bens ou concessão de direito real de uso. IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas
§ 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas, aos licitantes que não forem preliminarmente habilitados ou
e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, a que não obtiverem a valorização mínima estabelecida para
classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, em ato a proposta técnica.
público, para o qual todos os licitantes serão convocados, § 2º Nas licitações do tipo “técnica e preço” será adota-
vedado qualquer outro processo. do, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior, o se-
§ 3º No caso da licitação do tipo “menor preço”, entre os guinte procedimento claramente explicitado no instrumento
licitantes considerados qualificados a classificação se dará convocatório:
pela ordem crescente dos preços propostos, prevalecendo, no I - será feita a avaliação e a valorização das propostas
caso de empate, exclusivamente o critério previsto no pará- de preços, de acordo com critérios objetivos preestabelecidos
grafo anterior. no instrumento convocatório;
§ 4º Para contratação de bens e serviços de informáti- II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo
ca, a administração observará o disposto no art. 3o da Lei com a média ponderada das valorizações das propostas téc-
no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em conta os nicas e de preço, de acordo com os pesos preestabelecidos no
fatores especificados em seu parágrafo 2o e adotando obri- instrumento convocatório.
gatoriamente o tipo de licitação “técnica e preço”, permitido § 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos
o emprego de outro tipo de licitação nos casos indicados em neste artigo poderão ser adotados, por autorização expressa
decreto do Poder Executivo. e mediante justificativa circunstanciada da maior autoridade
§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação da Administração promotora constante do ato convocatório,
não previstos neste artigo. para fornecimento de bens e execução de obras ou prestação
§ 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão selecio- de serviços de grande vulto majoritariamente dependentes
nadas tantas propostas quantas necessárias até que se atinja de tecnologia nitidamente sofisticada e de domínio restrito,
a quantidade demandada na licitação. atestado por autoridades técnicas de reconhecida qualifica-
ção, nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções
Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc- alternativas e variações de execução, com repercussões sig-
nica e preço” serão utilizados exclusivamente para serviços nificativas sobre sua qualidade, produtividade, rendimento e
de natureza predominantemente intelectual, em especial na durabilidade concretamente mensuráveis, e estas puderem
elaboração de projetos, cálculos, fiscalização, supervisão e ser adotadas à livre escolha dos licitantes, na conformidade
gerenciamento e de engenharia consultiva em geral e, em dos critérios objetivamente fixados no ato convocatório.
particular, para a elaboração de estudos técnicos prelimina- § 4º (Vetado).
res e projetos básicos e executivos, ressalvado o disposto no
§ 4o do artigo anterior. Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e servi-
§ 1º Nas licitações do tipo “melhor técnica” será adotado ços, quando for adotada a modalidade de execução de em-
o seguinte procedimento claramente explicitado no instru- preitada por preço global, a Administração deverá fornecer
mento convocatório, o qual fixará o preço máximo que a obrigatoriamente, junto com o edital, todos os elementos e
Administração se propõe a pagar: informações necessários para que os licitantes possam ela-
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas téc- borar suas propostas de preços com total e completo conhe-
nicas exclusivamente dos licitantes previamente qualificados cimento do objeto da licitação.
e feita então a avaliação e classificação destas propostas de
acordo com os critérios pertinentes e adequados ao objeto Art. 48. Serão desclassificadas:
licitado, definidos com clareza e objetividade no instrumento I - as propostas que não atendam às exigências do ato
convocatório e que considerem a capacitação e a experiência convocatório da licitação;
do proponente, a qualidade técnica da proposta, compreen- II - propostas com valor global superior ao limite esta-
dendo metodologia, organização, tecnologias e recursos ma- belecido ou com preços manifestamente inexequíveis, assim
teriais a serem utilizados nos trabalhos, e a qualificação das considerados aqueles que não venham a ter demonstrada
equipes técnicas a serem mobilizadas para a sua execução; sua viabilidade através de documentação que comprove que
II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce- os custos dos insumos são coerentes com os de mercado e
der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitantes que os coeficientes de produtividade são compatíveis com a
que tenham atingido a valorização mínima estabelecida no execução do objeto do contrato, condições estas necessaria-
instrumento convocatório e à negociação das condições pro- mente especificadas no ato convocatório da licitação. (Reda-
postas, com a proponente melhor classificada, com base nos ção dada pela Lei nº 8.883, de 1994)

51
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste ar- § 2º A Comissão para julgamento dos pedidos de inscri-
tigo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso ção em registro cadastral, sua alteração ou cancelamento,
de licitações de menor preço para obras e serviços de será integrada por profissionais legalmente habilitados no
engenharia, as propostas cujos valores sejam inferiores a caso de obras, serviços ou aquisição de equipamentos.
70% (setenta por cento) do menor dos seguintes valores: § 3º Os membros das Comissões de licitação responderão
a) média aritmética dos valores das propostas superiores solidariamente por todos os atos praticados pela Comissão,
a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado pela adminis- salvo se posição individual divergente estiver devidamente
tração, ou fundamentada e registrada em ata lavrada na reunião em
b) valor orçado pela administração. que tiver sido tomada a decisão.
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágrafo § 4º A investidura dos membros das Comissões perma-
anterior cujo valor global da proposta for inferior a 80% nentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recondução da
(oitenta por cento) do menor valor a que se referem totalidade de seus membros para a mesma comissão no pe-
as alíneas «a» e «b», será exigida, para a assinatura do
ríodo subsequente.
contrato, prestação de garantia adicional, dentre as
§ 5º No caso de concurso, o julgamento será feito por
modalidades previstas no § 1º do art. 56, igual a diferença
uma comissão especial integrada por pessoas de reputação
entre o valor resultante do parágrafo anterior e o valor da
correspondente proposta. ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em exame,
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou servidores públicos ou não.
todas as propostas forem desclassificadas, a administração
poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias úteis para Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22
a apresentação de nova documentação ou de outras desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio, a ser
propostas escoimadas das causas referidas neste artigo, obtido pelos interessados no local indicado no edital.
facultada, no caso de convite, a redução deste prazo para § 1ºO regulamento deverá indicar:
três dias úteis. I - a qualificação exigida dos participantes;
II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do III - as condições de realização do concurso e os prêmios
procedimento somente poderá revogar a licitação por razões a serem concedidos.
de interesse público decorrente de fato superveniente devi- § 2º Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au-
damente comprovado, pertinente e suficiente para justificar torizar a Administração a executá-lo quando julgar conve-
tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou niente.
por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devi-
damente fundamentado. Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo a servidor designado pela Administração, procedendo-se na
de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado o forma da legislação pertinente.
disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. § 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do pela Administração para fixação do preço mínimo de arre-
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do art. matação.
59 desta Lei. § 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no per-
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, fica centual estabelecido no edital, não inferior a 5% (cinco por
assegurado o contraditório e a ampla defesa. cento) e, após a assinatura da respectiva ata lavrada no local
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se
do leilão, imediatamente entregues ao arrematante, o qual
aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibilidade
se obrigará ao pagamento do restante no prazo estipulado
de licitação.
no edital de convocação, sob pena de perder em favor da
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o contra- Administração o valor já recolhido.
to com preterição da ordem de classificação das propostas § 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela
ou com terceiros estranhos ao procedimento licitatório, sob à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
pena de nulidade. § 4º O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
principalmente no município em que se realizará.
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em registro
cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as propostas Capítulo III
serão processadas e julgadas por comissão permanente ou DOS CONTRATOS
especial de, no mínimo, 3 (três) membros, sendo pelo menos
2 (dois) deles servidores qualificados pertencentes aos qua- Seção I
dros permanentes dos órgãos da Administração responsá- Disposições Preliminares
veis pela licitação.
§ 1º No caso de convite, a Comissão de licitação, excep- Art. 54. Os contratos administrativos de que trata esta
cionalmente, nas pequenas unidades administrativas e em Lei regulam-se pelas suas cláusulas e pelos preceitos de di-
face da exigüidade de pessoal disponível, poderá ser substi- reito público, aplicando-se-lhes, supletivamente, os princí-
tuída por servidor formalmente designado pela autoridade pios da teoria geral dos contratos e as disposições de direito
competente. privado.

52
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Os contratos devem estabelecer com clareza e pre- § 1º Caberá ao contratado optar por uma das seguintes
cisão as condições para sua execução, expressas em cláusu- modalidades de garantia:
las que definam os direitos, obrigações e responsabilidades I - caução em dinheiro ou em títulos da dívida pública,
das partes, em conformidade com os termos da licitação e da devendo estes ter sido emitidos sob a forma escritural, me-
proposta a que se vinculam. diante registro em sistema centralizado de liquidação e de
§ 2º Os contratos decorrentes de dispensa ou de inexigi- custódia autorizado pelo Banco Central do Brasil e avaliados
bilidade de licitação devem atender aos termos do ato que pelos seus valores econômicos, conforme definido pelo Mi-
os autorizou e da respectiva proposta. nistério da Fazenda;
II - seguro-garantia;
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as III - fiança bancária.
que estabeleçam: § 2º A garantia a que se refere o caput deste artigo não
I - o objeto e seus elementos característicos; excederá a cinco por cento do valor do contrato e terá seu
II - o regime de execução ou a forma de fornecimento; valor atualizado nas mesmas condições daquele, ressalvado
III - o preço e as condições de pagamento, os critérios, o previsto no parágrafo 3o deste artigo.
data-base e periodicidade do reajustamento de preços, os § 3º Para obras, serviços e fornecimentos de grande vul-
critérios de atualização monetária entre a data do adimple- to envolvendo alta complexidade técnica e riscos financeiros
mento das obrigações e a do efetivo pagamento; consideráveis, demonstrados através de parecer tecnicamen-
IV - os prazos de início de etapas de execução, de con- te aprovado pela autoridade competente, o limite de garan-
clusão, de entrega, de observação e de recebimento definiti- tia previsto no parágrafo anterior poderá ser elevado para
vo, conforme o caso; até dez por cento do valor do contrato.
V - o crédito pelo qual correrá a despesa, com a indica- § 4º A garantia prestada pelo contratado será liberada
ção da classificação funcional programática e da categoria ou restituída após a execução do contrato e, quando em di-
econômica; nheiro, atualizada monetariamente.
VI - as garantias oferecidas para assegurar sua plena § 5º Nos casos de contratos que importem na entrega
de bens pela Administração, dos quais o contratado ficará
execução, quando exigidas;
depositário, ao valor da garantia deverá ser acrescido o valor
VII - os direitos e as responsabilidades das partes, as pe-
desses bens.
nalidades cabíveis e os valores das multas;
VIII - os casos de rescisão;
Art. 57. A duração dos contratos regidos por esta Lei
IX - o reconhecimento dos direitos da Administração, em
ficará adstrita à vigência dos respectivos créditos orçamen-
caso de rescisão administrativa prevista no art. 77 desta Lei;
tários, exceto quanto aos relativos:
X - as condições de importação, a data e a taxa de câm-
I - aos projetos cujos produtos estejam contemplados
bio para conversão, quando for o caso;
nas metas estabelecidas no Plano Plurianual, os quais pode-
XI - a vinculação ao edital de licitação ou ao termo que a rão ser prorrogados se houver interesse da Administração e
dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta do licitante desde que isso tenha sido previsto no ato convocatório;
vencedor; II - à prestação de serviços a serem executados de for-
XII - a legislação aplicável à execução do contrato e es- ma contínua, que poderão ter a sua duração prorrogada por
pecialmente aos casos omissos; iguais e sucessivos períodos com vistas à obtenção de preços
XIII - a obrigação do contratado de manter, durante toda e condições mais vantajosas para a administração, limitada
a execução do contrato, em compatibilidade com as obriga- a sessenta meses;
ções por ele assumidas, todas as condições de habilitação e III - (Vetado).
qualificação exigidas na licitação. IV - ao aluguel de equipamentos e à utilização de pro-
§ 1º (Vetado). gramas de informática, podendo a duração estender-se pelo
§ 2º Nos contratos celebrados pela Administração Pú- prazo de até 48 (quarenta e oito) meses após o início da
blica com pessoas físicas ou jurídicas, inclusive aquelas do- vigência do contrato.
miciliadas no estrangeiro, deverá constar necessariamente V - às hipóteses previstas nos incisos IX, XIX, XXVIII e
cláusula que declare competente o foro da sede da Admi- XXXI do art. 24, cujos contratos poderão ter vigência por até
nistração para dirimir qualquer questão contratual, salvo o 120 (cento e vinte) meses, caso haja interesse da adminis-
disposto no § 6o do art. 32 desta Lei. tração.
§ 3º No ato da liquidação da despesa, os serviços de § 1º Os prazos de início de etapas de execução, de con-
contabilidade comunicarão, aos órgãos incumbidos da ar- clusão e de entrega admitem prorrogação, mantidas as de-
recadação e fiscalização de tributos da União, Estado ou mais cláusulas do contrato e assegurada a manutenção de
Município, as características e os valores pagos, segundo o seu equilíbrio econômico-financeiro, desde que ocorra algum
disposto no art. 63 da Lei no 4.320, de 17 de março de 1964. dos seguintes motivos, devidamente autuados em processo:
I - alteração do projeto ou especificações, pela Adminis-
Art. 56. A critério da autoridade competente, em cada tração;
caso, e desde que prevista no instrumento convocatório, po- II - superveniência de fato excepcional ou imprevisível,
derá ser exigida prestação de garantia nas contratações de estranho à vontade das partes, que altere fundamentalmen-
obras, serviços e compras. te as condições de execução do contrato;

53
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

III - interrupção da execução do contrato ou diminuição Seção II


do ritmo de trabalho por ordem e no interesse da Adminis- Da Formalização dos Contratos
tração;
IV - aumento das quantidades inicialmente previstas no Art. 60. Os contratos e seus aditamentos serão lavrados
contrato, nos limites permitidos por esta Lei; nas repartições interessadas, as quais manterão arquivo cro-
V - impedimento de execução do contrato por fato ou nológico dos seus autógrafos e registro sistemático do seu
ato de terceiro reconhecido pela Administração em docu- extrato, salvo os relativos a direitos reais sobre imóveis, que
mento contemporâneo à sua ocorrência; se formalizam por instrumento lavrado em cartório de notas,
VI - omissão ou atraso de providências a cargo da Ad- de tudo juntando-se cópia no processo que lhe deu origem.
ministração, inclusive quanto aos pagamentos previstos de Parágrafo único. É nulo e de nenhum efeito o contrato
que resulte, diretamente, impedimento ou retardamento na verbal com a Administração, salvo o de pequenas compras
execução do contrato, sem prejuízo das sanções legais apli- de pronto pagamento, assim entendidas aquelas de valor
cáveis aos responsáveis. não superior a 5% (cinco por cento) do limite estabelecido
§ 2º Toda prorrogação de prazo deverá ser justificada no art. 23, inciso II, alínea “a” desta Lei, feitas em regime de
por escrito e previamente autorizada pela autoridade com- adiantamento.
petente para celebrar o contrato.
§ 3º É vedado o contrato com prazo de vigência Art. 61. Todo contrato deve mencionar os nomes das
indeterminado. partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato que
§ 4º Em caráter excepcional, devidamente justificado e autorizou a sua lavratura, o número do processo da licitação,
mediante autorização da autoridade superior, o prazo de da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos contratan-
que trata o inciso II do caput deste artigo poderá ser prorro- tes às normas desta Lei e às cláusulas contratuais.
gado por até doze meses. Parágrafo único. A publicação resumida do instrumento
de contrato ou de seus aditamentos na imprensa oficial, que
Art. 58. O regime jurídico dos contratos administrativos é condição indispensável para sua eficácia, será providencia-
instituído por esta Lei confere à Administração, em relação a da pela Administração até o quinto dia útil do mês seguinte
eles, a prerrogativa de: ao de sua assinatura, para ocorrer no prazo de vinte dias
I - modificá-los, unilateralmente, para melhor adequa- daquela data, qualquer que seja o seu valor, ainda que sem
ção às finalidades de interesse público, respeitados os direi- ônus, ressalvado o disposto no art. 26 desta Lei.
tos do contratado;
II - rescindi-los, unilateralmente, nos casos especificados Art. 62. O instrumento de contrato é obrigatório nos
no inciso I do art. 79 desta Lei; casos de concorrência e de tomada de preços, bem como
III - fiscalizar-lhes a execução; nas dispensas e inexigibilidades cujos preços estejam com-
IV - aplicar sanções motivadas pela inexecução total ou preendidos nos limites destas duas modalidades de licita-
parcial do ajuste; ção, e facultativo nos demais em que a Administração pu-
V - nos casos de serviços essenciais, ocupar provisoria- der substituí-lo por outros instrumentos hábeis, tais como
mente bens móveis, imóveis, pessoal e serviços vinculados ao carta-contrato, nota de empenho de despesa, autorização de
objeto do contrato, na hipótese da necessidade de acautelar compra ou ordem de execução de serviço.
apuração administrativa de faltas contratuais pelo contra- § 1º A minuta do futuro contrato integrará sempre o edi-
tado, bem como na hipótese de rescisão do contrato admi- tal ou ato convocatório da licitação.
nistrativo. § 2º Em “carta contrato”, “nota de empenho de despesa”,
§ 1º As cláusulas econômico-financeiras e monetárias “autorização de compra”, “ordem de execução de serviço” ou
dos contratos administrativos não poderão ser alteradas sem outros instrumentos hábeis aplica-se, no que couber, o dis-
prévia concordância do contratado. posto no art. 55 desta Lei.
§ 2º Na hipótese do inciso I deste artigo, as cláusulas § 3º Aplica-se o disposto nos arts. 55 e 58 a 61 desta Lei
econômico-financeiras do contrato deverão ser revistas para e demais normas gerais, no que couber:
que se mantenha o equilíbrio contratual. I - aos contratos de seguro, de financiamento, de locação
em que o Poder Público seja locatário, e aos demais cujo
Art. 59. A declaração de nulidade do contrato adminis- conteúdo seja regido, predominantemente, por norma de di-
trativo opera retroativamente impedindo os efeitos jurídicos reito privado;
que ele, ordinariamente, deveria produzir, além de descons- II - aos contratos em que a Administração for parte
tituir os já produzidos. como usuária de serviço público.
Parágrafo único. A nulidade não exonera a Administra- § 4º É dispensável o «termo de contrato» e facultada
ção do dever de indenizar o contratado pelo que este houver a substituição prevista neste artigo, a critério da
executado até a data em que ela for declarada e por outros Administração e independentemente de seu valor, nos
prejuízos regularmente comprovados, contanto que não lhe casos de compra com entrega imediata e integral dos bens
seja imputável, promovendo-se a responsabilidade de quem adquiridos, dos quais não resultem obrigações futuras,
lhe deu causa. inclusive assistência técnica.

54
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 63. É permitido a qualquer licitante o conhecimento § 1º O contratado fica obrigado a aceitar, nas mesmas
dos termos do contrato e do respectivo processo licitatório condições contratuais, os acréscimos ou supressões que se fi-
e, a qualquer interessado, a obtenção de cópia autenticada, zerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e cinco
mediante o pagamento dos emolumentos devidos. por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso
particular de reforma de edifício ou de equipamento, até o
Art. 64. A Administração convocará regularmente o in- limite de 50% (cinquenta por cento) para os seus acréscimos.
teressado para assinar o termo de contrato, aceitar ou retirar § 2º Nenhum acréscimo ou supressão poderá exceder os
o instrumento equivalente, dentro do prazo e condições es- limites estabelecidos no parágrafo anterior, salvo:
tabelecidos, sob pena de decair o direito à contratação, sem I - (VETADO)
prejuízo das sanções previstas no art. 81 desta Lei. II - as supressões resultantes de acordo celebrado entre
§ 1º O prazo de convocação poderá ser prorrogado uma os contratantes.
vez, por igual período, quando solicitado pela parte durante § 3º Se no contrato não houverem sido contemplados
o seu transcurso e desde que ocorra motivo justificado aceito preços unitários para obras ou serviços, esses serão fixados
pela Administração.
mediante acordo entre as partes, respeitados os limites esta-
§ 2º É facultado à Administração, quando o convocado
belecidos no § 1o deste artigo.
não assinar o termo de contrato ou não aceitar ou retirar o
§ 4º No caso de supressão de obras, bens ou serviços,
instrumento equivalente no prazo e condições estabelecidos,
convocar os licitantes remanescentes, na ordem de se o contratado já houver adquirido os materiais e posto no
classificação, para fazê-lo em igual prazo e nas mesmas local dos trabalhos, estes deverão ser pagos pela Administra-
condições propostas pelo primeiro classificado, inclusive ção pelos custos de aquisição regularmente comprovados e
quanto aos preços atualizados de conformidade com o ato monetariamente corrigidos, podendo caber indenização por
convocatório, ou revogar a licitação independentemente outros danos eventualmente decorrentes da supressão, des-
da cominação prevista no art. 81 desta Lei. de que regularmente comprovados.
§ 3º Decorridos 60 (sessenta) dias da data da entrega § 5º Quaisquer tributos ou encargos legais criados, alte-
das propostas, sem convocação para a contratação, ficam os rados ou extintos, bem como a superveniência de disposições
licitantes liberados dos compromissos assumidos. legais, quando ocorridas após a data da apresentação da
proposta, de comprovada repercussão nos preços contrata-
Seção III dos, implicarão a revisão destes para mais ou para menos,
Da Alteração dos Contratos conforme o caso.
§ 6º Em havendo alteração unilateral do contrato que
Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser aumente os encargos do contratado, a Administração de-
alterados, com as devidas justificativas, nos seguintes casos: verá restabelecer, por aditamento, o equilíbrio econômico-
I - unilateralmente pela Administração: -financeiro inicial.
a) quando houver modificação do projeto ou das especi- § 7º (VETADO)
ficações, para melhor adequação técnica aos seus objetivos; § 8º A variação do valor contratual para fazer face ao
b) quando necessária a modificação do valor contratual reajuste de preços previsto no próprio contrato, as atualiza-
em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de ções, compensações ou penalizações financeiras decorren-
seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei; tes das condições de pagamento nele previstas, bem como
II - por acordo das partes: o empenho de dotações orçamentárias suplementares até o
a) quando conveniente a substituição da garantia de limite do seu valor corrigido, não caracterizam alteração do
execução; mesmo, podendo ser registrados por simples apostila, dis-
b) quando necessária a modificação do regime de exe-
pensando a celebração de aditamento.
cução da obra ou serviço, bem como do modo de forneci-
mento, em face de verificação técnica da inaplicabilidade
dos termos contratuais originários; Seção IV
c) quando necessária a modificação da forma de pa- Da Execução dos Contratos
gamento, por imposição de circunstâncias supervenientes,
mantido o valor inicial atualizado, vedada a antecipação do Art. 66. O contrato deverá ser executado fielmente pelas
pagamento, com relação ao cronograma financeiro fixado, partes, de acordo com as cláusulas avençadas e as normas
sem a correspondente contraprestação de fornecimento de desta Lei, respondendo cada uma pelas consequências de
bens ou execução de obra ou serviço; sua inexecução total ou parcial.
d) para restabelecer a relação que as partes pactuaram
inicialmente entre os encargos do contratado e a retribuição Art. 66-A. As empresas enquadradas no inciso V do § 2o
da administração para a justa remuneração da obra, ser- e no inciso II do § 5o do art. 3o desta Lei deverão cumprir,
viço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equi- durante todo o período de execução do contrato, a reserva
líbrio econômico-financeiro inicial do contrato, na hipótese de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou
de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis porém de para reabilitado da Previdência Social, bem como as regras
consequências incalculáveis, retardadores ou impeditivos de acessibilidade previstas na legislação.
da execução do ajustado, ou, ainda, em caso de força Parágrafo único. Cabe à administração fiscalizar o
maior, caso fortuito ou fato do príncipe, configurando álea cumprimento dos requisitos de acessibilidade nos serviços e
econômica extraordinária e extracontratual. nos ambientes de trabalho.

55
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 67. A execução do contrato deverá ser acompanha- II - em se tratando de compras ou de locação de equi-
da e fiscalizada por um representante da Administração es- pamentos:
pecialmente designado, permitida a contratação de terceiros a) provisoriamente, para efeito de posterior verificação
para assisti-lo e subsidiá-lo de informações pertinentes a da conformidade do material com a especificação;
essa atribuição. b) definitivamente, após a verificação da qualidade e
§ 1º O representante da Administração anotará em re- quantidade do material e consequente aceitação.
gistro próprio todas as ocorrências relacionadas com a exe- § 1º Nos casos de aquisição de equipamentos de grande
cução do contrato, determinando o que for necessário à re- vulto, o recebimento far-se-á mediante termo circunstancia-
gularização das faltas ou defeitos observados. do e, nos demais, mediante recibo.
§ 2º As decisões e providências que ultrapassarem a § 2º O recebimento provisório ou definitivo não exclui a
competência do representante deverão ser solicitadas a seus responsabilidade civil pela solidez e segurança da obra ou
superiores em tempo hábil para a adoção das medidas con- do serviço, nem ético-profissional pela perfeita execução do
venientes. contrato, dentro dos limites estabelecidos pela lei ou pelo
contrato.
Art. 68. O contratado deverá manter preposto, aceito § 3º O prazo a que se refere a alínea “b” do inciso I deste
pela Administração, no local da obra ou serviço, para repre- artigo não poderá ser superior a 90 (noventa) dias, salvo em
sentá-lo na execução do contrato. casos excepcionais, devidamente justificados e previstos no
edital.
Art. 69. O contratado é obrigado a reparar, corrigir, re- § 4º Na hipótese de o termo circunstanciado ou a verifi-
mover, reconstruir ou substituir, às suas expensas, no total ou cação a que se refere este artigo não serem, respectivamente,
em parte, o objeto do contrato em que se verificarem vícios, lavrado ou procedida dentro dos prazos fixados, reputar-se-
defeitos ou incorreções resultantes da execução ou de mate- -ão como realizados, desde que comunicados à Administra-
riais empregados. ção nos 15 (quinze) dias anteriores à exaustão dos mesmos.
Art. 70. O contratado é responsável pelos danos causa- Art. 74. Poderá ser dispensado o recebimento provisório
dos diretamente à Administração ou a terceiros, decorrentes nos seguintes casos:
de sua culpa ou dolo na execução do contrato, não excluin- I - gêneros perecíveis e alimentação preparada;
do ou reduzindo essa responsabilidade a fiscalização ou o II - serviços profissionais;
acompanhamento pelo órgão interessado.
III - obras e serviços de valor até o previsto no art. 23, in-
ciso II, alínea “a”, desta Lei, desde que não se componham de
Art. 71. O contratado é responsável pelos encargos tra-
aparelhos, equipamentos e instalações sujeitos à verificação
balhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
de funcionamento e produtividade.
execução do contrato.
Parágrafo único. Nos casos deste artigo, o recebimento
§ 1º A inadimplência do contratado, com referência aos
encargos trabalhistas, fiscais e comerciais não transfere à será feito mediante recibo.
Administração Pública a responsabilidade por seu paga-
mento, nem poderá onerar o objeto do contrato ou restringir Art. 75. Salvo disposições em contrário constantes do
a regularização e o uso das obras e edificações, inclusive pe- edital, do convite ou de ato normativo, os ensaios, testes e
rante o Registro de Imóveis. demais provas exigidos por normas técnicas oficiais para a
§ 2º A Administração Pública responde solidariamente boa execução do objeto do contrato correm por conta do
com o contratado pelos encargos previdenciários resultantes contratado.
da execução do contrato, nos termos do art. 31 da Lei nº
8.212, de 24 de julho de 1991. Art. 76. A Administração rejeitará, no todo ou em parte,
§ 3º (Vetado). obra, serviço ou fornecimento executado em desacordo com
o contrato.
Art. 72. O contratado, na execução do contrato, sem
prejuízo das responsabilidades contratuais e legais, poderá Seção V
subcontratar partes da obra, serviço ou fornecimento, até o Da Inexecução e da Rescisão dos Contratos
limite admitido, em cada caso, pela Administração.
Art. 77. A inexecução total ou parcial do contrato en-
Art. 73. Executado o contrato, o seu objeto será recebido: seja a sua rescisão, com as consequências contratuais e as
I - em se tratando de obras e serviços: previstas em lei ou regulamento.
a) provisoriamente, pelo responsável por seu acompa-
nhamento e fiscalização, mediante termo circunstanciado, Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato:
assinado pelas partes em até 15 (quinze) dias da comunica- I - o não cumprimento de cláusulas contratuais, especi-
ção escrita do contratado; ficações, projetos ou prazos;
b) definitivamente, por servidor ou comissão designada II - o cumprimento irregular de cláusulas contratuais,
pela autoridade competente, mediante termo circunstancia- especificações, projetos e prazos;
do, assinado pelas partes, após o decurso do prazo de obser- III - a lentidão do seu cumprimento, levando a Adminis-
vação, ou vistoria que comprove a adequação do objeto aos tração a comprovar a impossibilidade da conclusão da obra,
termos contratuais, observado o disposto no art. 69 desta Lei; do serviço ou do fornecimento, nos prazos estipulados;

56
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - o atraso injustificado no início da obra, serviço ou Art. 79. A rescisão do contrato poderá ser:
fornecimento; I - determinada por ato unilateral e escrito da Adminis-
V - a paralisação da obra, do serviço ou do fornecimen- tração, nos casos enumerados nos incisos I a XII e XVII do
to, sem justa causa e prévia comunicação à Administração; artigo anterior;
VI - a subcontratação total ou parcial do seu objeto, a II - amigável, por acordo entre as partes, reduzida a ter-
associação do contratado com outrem, a cessão ou transfe- mo no processo da licitação, desde que haja conveniência
rência, total ou parcial, bem como a fusão, cisão ou incorpo- para a Administração;
ração, não admitidas no edital e no contrato; III - judicial, nos termos da legislação;
VII - o desatendimento das determinações regulares da IV - (Vetado).
autoridade designada para acompanhar e fiscalizar a sua § 1º A rescisão administrativa ou amigável deverá ser
execução, assim como as de seus superiores; precedida de autorização escrita e fundamentada da autori-
VIII - o cometimento reiterado de faltas na sua execução, dade competente.
anotadas na forma do § 1o do art. 67 desta Lei; § 2º Quando a rescisão ocorrer com base nos incisos XII
IX - a decretação de falência ou a instauração de insol- a XVII do artigo anterior, sem que haja culpa do contratado,
vência civil; será este ressarcido dos prejuízos regularmente comprova-
X - a dissolução da sociedade ou o falecimento do con- dos que houver sofrido, tendo ainda direito a:
tratado; I - devolução de garantia;
XI - a alteração social ou a modificação da finalidade II - pagamentos devidos pela execução do contrato até
ou da estrutura da empresa, que prejudique a execução do a data da rescisão;
contrato; III - pagamento do custo da desmobilização.
XII - razões de interesse público, de alta relevância e am- § 3º (Vetado).
plo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima § 4º (Vetado).
autoridade da esfera administrativa a que está subordinado § 5º Ocorrendo impedimento, paralisação ou sustação
o contratante e exaradas no processo administrativo a que do contrato, o cronograma de execução será prorrogado au-
se refere o contrato; tomaticamente por igual tempo.
XIII - a supressão, por parte da Administração, de obras,
Art. 80. A rescisão de que trata o inciso I do artigo an-
serviços ou compras, acarretando modificação do valor ini-
terior acarreta as seguintes consequências, sem prejuízo das
cial do contrato além do limite permitido no § 1o do art. 65
sanções previstas nesta Lei:
desta Lei;
I - assunção imediata do objeto do contrato, no estado e
XIV - a suspensão de sua execução, por ordem escrita da
local em que se encontrar, por ato próprio da Administração;
Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias,
II - ocupação e utilização do local, instalações, equipa-
salvo em caso de calamidade pública, grave perturbação da
mentos, material e pessoal empregados na execução do con-
ordem interna ou guerra, ou ainda por repetidas suspensões
trato, necessários à sua continuidade, na forma do inciso V
que totalizem o mesmo prazo, independentemente do paga- do art. 58 desta Lei;
mento obrigatório de indenizações pelas sucessivas e con- III - execução da garantia contratual, para ressarcimento
tratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações e da Administração, e dos valores das multas e indenizações
outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o a ela devidos;
direito de optar pela suspensão do cumprimento das obriga- IV - retenção dos créditos decorrentes do contrato até o
ções assumidas até que seja normalizada a situação; limite dos prejuízos causados à Administração.
XV - o atraso superior a 90 (noventa) dias dos paga- § 1º A aplicação das medidas previstas nos incisos I e
mentos devidos pela Administração decorrentes de obras, II deste artigo fica a critério da Administração, que poderá
serviços ou fornecimento, ou parcelas destes, já recebidos ou dar continuidade à obra ou ao serviço por execução direta
executados, salvo em caso de calamidade pública, grave per- ou indireta.
turbação da ordem interna ou guerra, assegurado ao contra- § 2º É permitido à Administração, no caso de concordata
tado o direito de optar pela suspensão do cumprimento de do contratado, manter o contrato, podendo assumir o
suas obrigações até que seja normalizada a situação; controle de determinadas atividades de serviços essenciais.
XVI - a não liberação, por parte da Administração, de § 3º Na hipótese do inciso II deste artigo, o ato deverá
área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou for- ser precedido de autorização expressa do Ministro de Estado
necimento, nos prazos contratuais, bem como das fontes de competente, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme
materiais naturais especificadas no projeto; o caso.
XVII - a ocorrência de caso fortuito ou de força maior, § 4º A rescisão de que trata o inciso IV do artigo ante-
regularmente comprovada, impeditiva da execução do con- rior permite à Administração, a seu critério, aplicar a medida
trato. prevista no inciso I deste artigo.
XVIII – descumprimento do disposto no inciso V do art.
27, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
Parágrafo único. Os casos de rescisão contratual serão
formalmente motivados nos autos do processo, assegurado
o contraditório e a ampla defesa.

57
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Capítulo IV § 2º A multa, aplicada após regular processo administra-


DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTELA tivo, será descontada da garantia do respectivo contratado.
JUDICIAL § 3º Se a multa for de valor superior ao valor da garantia
prestada, além da perda desta, responderá o contratado pela
Seção I sua diferença, a qual será descontada dos pagamentos even-
Disposições Gerais tualmente devidos pela Administração ou ainda, quando for
o caso, cobrada judicialmente.
Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em assi-
nar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente, Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato a
dentro do prazo estabelecido pela Administração, caracteri- Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar ao
za o descumprimento total da obrigação assumida, sujeitan- contratado as seguintes sanções:
do-o às penalidades legalmente estabelecidas. I - advertência;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica II - multa, na forma prevista no instrumento convocató-
aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o desta rio ou no contrato;
Lei, que não aceitarem a contratação, nas mesmas condições III - suspensão temporária de participação em licitação
propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao e impedimento de contratar com a Administração, por prazo
prazo e preço. não superior a 2 (dois) anos;
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contra-
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem atos tar com a Administração Pública enquanto perdurarem os
em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando a frus- motivos determinantes da punição ou até que seja promovi-
trar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas da a reabilitação perante a própria autoridade que aplicou
nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem prejuízo das res- a penalidade, que será concedida sempre que o contratado
ponsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar. ressarcir a Administração pelos prejuízos resultantes e após
decorrido o prazo da sanção aplicada com base no inciso
Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que sim- anterior.
plesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando servi- § 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da garan-
dores públicos, além das sanções penais, à perda do cargo, tia prestada, além da perda desta, responderá o contratado
emprego, função ou mandato eletivo. pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela Administração ou cobrada ju-
Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins desta dicialmente.
Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoriamente ou sem § 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo
remuneração, cargo, função ou emprego público. poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II, faculta-
§ 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta da a defesa prévia do interessado, no respectivo processo, no
Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em entidade pa- prazo de 5 (cinco) dias úteis.
raestatal, assim consideradas, além das fundações, empresas § 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de
públicas e sociedades de economia mista, as demais entida- competência exclusiva do Ministro de Estado, do Secretário
des sob controle, direto ou indireto, do Poder Público. Estadual ou Municipal, conforme o caso, facultada a defesa
§ 2º A pena imposta será acrescida da terça parte, quan- do interessado no respectivo processo, no prazo de 10 (dez)
do os autores dos crimes previstos nesta Lei forem ocupantes dias da abertura de vista, podendo a reabilitação ser reque-
de cargo em comissão ou de função de confiança em órgão rida após 2 (dois) anos de sua aplicação. (Vide art 109 inciso
da Administração direta, autarquia, empresa pública, socie- III)
dade de economia mista, fundação pública, ou outra entida-
de controlada direta ou indiretamente pelo Poder Público. Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo
anterior poderão também ser aplicadas às empresas ou aos
Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei pertinem profissionais que, em razão dos contratos regidos por esta
às licitações e aos contratos celebrados pela União, Estados, Lei:
Distrito Federal, Municípios, e respectivas autarquias, em- I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem,
presas públicas, sociedades de economia mista, fundações por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de quais-
públicas, e quaisquer outras entidades sob seu controle di- quer tributos;
reto ou indireto. II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os
objetivos da licitação;
Seção II III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar
Das Sanções Administrativas com a Administração em virtude de atos ilícitos praticados.

Art. 86. O atraso injustificado na execução do contrato Seção III


sujeitará o contratado à multa de mora, na forma prevista Dos Crimes e das Penas
no instrumento convocatório ou no contrato.
§ 1º A multa a que alude este artigo não impede que a Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte-
Administração rescinda unilateralmente o contrato e aplique ses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades
as outras sanções previstas nesta Lei. pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:

58
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. III - entregando uma mercadoria por outra;
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
tendo comprovadamente concorrido para a consumação da mercadoria fornecida;
ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou inexigibilidade ile- V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
gal, para celebrar contrato com o Poder Público. onerosa a proposta ou a execução do contrato:
Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combina-
ção ou qualquer outro expediente, o caráter competitivo do Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com
procedimento licitatório, com o intuito de obter, para si ou empresa ou profissional declarado inidôneo:
para outrem, vantagem decorrente da adjudicação do objeto Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e mul-
da licitação: ta.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que, de-
clarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com a Ad-
ministração.
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse
privado perante a Administração, dando causa à instaura- Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
ção de licitação ou à celebração de contrato, cuja invalida- inscrição de qualquer interessado nos registros cadastrais ou
ção vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: promover indevidamente a alteração, suspensão ou cancela-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e mul- mento de registro do inscrito:
ta. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e mul-
ta.
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98
em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na sen-
celebrados com o Poder Público, sem autorização em lei, no tença e calculada em índices percentuais, cuja base corres-
ato convocatório da licitação ou nos respectivos instrumen- ponderá ao valor da vantagem efetivamente obtida ou po-
tos contratuais, ou, ainda, pagar fatura com preterição da tencialmente auferível pelo agente.
ordem cronológica de sua exigibilidade, observado o dispos- § 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão
to no art. 121 desta Lei: ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a 5%
Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa. (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou celebrado
com dispensa ou inexigibilidade de licitação.
Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado
§ 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, con-
que, tendo comprovadamente concorrido para a consuma- forme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual ou Mu-
ção da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou se bene- nicipal.
ficia, injustamente, das modificações ou prorrogações con-
tratuais. Seção IV
Do Processo e do Procedimento Judicial
Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
qualquer ato de procedimento licitatório: Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação pe-
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e mul- nal pública incondicionada, cabendo ao Ministério Público
ta. promovê-la.

Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os efei-
procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o ensejo tos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, fornecendo-
de devassá-lo: -lhe, por escrito, informações sobre o fato e sua autoria, bem
Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa. como as circunstâncias em que se deu a ocorrência.
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal,
Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio de mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado pelo
apresentante e por duas testemunhas.
violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de vanta-
gem de qualquer tipo:
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co-
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa, nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais ou
além da pena correspondente à violência. Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se abs- do sistema de controle interno de qualquer dos Poderes ve-
tém ou desiste de licitar, em razão da vantagem oferecida. rificarem a existência dos crimes definidos nesta Lei, remete-
rão ao Ministério Público as cópias e os documentos neces-
Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, licita- sários ao oferecimento da denúncia.
ção instaurada para aquisição ou venda de bens ou merca-
dorias, ou contrato dela decorrente: Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária
I - elevando arbitrariamente os preços; da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal, aplican-
II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria do-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e 30 do Código
falsificada ou deteriorada; de Processo Penal.

59
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este o § 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais
prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa escrita, licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cinco)
contado da data do seu interrogatório, podendo juntar do- dias úteis.
cumentos, arrolar as testemunhas que tiver, em número não § 4º O recurso será dirigido à autoridade superior, por
superior a 5 (cinco), e indicar as demais provas que pretenda intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual poderá
produzir. reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco) dias úteis, ou,
nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, devidamente informado,
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da de- devendo, neste caso, a decisão ser proferida dentro do prazo
fesa e praticadas as diligências instrutórias deferidas ou or- de 5 (cinco) dias úteis, contado do recebimento do recurso,
denadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamente, o prazo de 5 sob pena de responsabilidade.
(cinco) dias a cada parte para alegações finais. § 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pedido
de reconsideração se inicia ou corre sem que os autos do
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos den- processo estejam com vista franqueada ao interessado.
tro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) dias para § 6º Em se tratando de licitações efetuadas na modali-
proferir a sentença. dade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos incisos I
e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de dois dias úteis.
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no
prazo de 5 (cinco) dias. Capítulo VI
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 108. No processamento e julgamento das infrações
penais definidas nesta Lei, assim como nos recursos e nas Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta
execuções que lhes digam respeito, aplicar-se-ão, subsidia- Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do vencimen-
riamente, o Código de Processo Penal e a Lei de Execução to, e considerar-se-ão os dias consecutivos, exceto quando
Penal. for explicitamente disposto em contrário.
Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re-
Capítulo V feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou na
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
entidade.
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da apli-
Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar,
cação desta Lei cabem:
premiar ou receber projeto ou serviço técnico especializado
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da
desde que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele re-
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de:
lativos e a Administração possa utilizá-lo de acordo com o
a) habilitação ou inabilitação do licitante;
b) julgamento das propostas; previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para sua
c) anulação ou revogação da licitação; elaboração.
d) indeferimento do pedido de inscrição em registro ca- Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra
dastral, sua alteração ou cancelamento; imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privilégio, a
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art. cessão dos direitos incluirá o fornecimento de todos os da-
79 desta Lei; dos, documentos e elementos de informação pertinentes à
f) aplicação das penas de advertência, suspensão tempo- tecnologia de concepção, desenvolvimento, fixação em su-
rária ou de multa; porte físico de qualquer natureza e aplicação da obra.
II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da in-
timação da decisão relacionada com o objeto da licitação ou Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a mais
do contrato, de que não caiba recurso hierárquico; de uma entidade pública, caberá ao órgão contratante, pe-
III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro de rante a entidade interessada, responder pela sua boa execu-
Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, ção, fiscalização e pagamento.
na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei, no prazo de 10 (dez) § 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação da
dias úteis da intimação do ato. qual, nos termos do edital, decorram contratos administra-
§ 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas tivos celebrados por órgãos ou entidades dos entes da Fede-
“a”, “b”, “c” e “e”, deste artigo, excluídos os relativos a adver- ração consorciados.
tência e multa de mora, e no inciso III, será feita mediante § 2º É facultado à entidade interessada o
publicação na imprensa oficial, salvo para os casos previstos acompanhamento da licitação e da execução do contrato.
nas alíneas “a” e “b”, se presentes os prepostos dos licitantes
no ato em que foi adotada a decisão, quando poderá ser feita Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con-
por comunicação direta aos interessados e lavrada em ata. tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será feito
§ 2º O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso pelo Tribunal de Contas competente, na forma da legislação
I deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autoridade pertinente, ficando os órgãos interessados da Administração
competente, motivadamente e presentes razões de interes- responsáveis pela demonstração da legalidade e regularida-
se público, atribuir ao recurso interposto eficácia suspensiva de da despesa e execução, nos termos da Constituição e sem
aos demais recursos. prejuízo do sistema de controle interno nela previsto.

60
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou I - quando não tiver havido comprovação da boa e regu-
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou aos ór- lar aplicação da parcela anteriormente recebida, na forma
gãos integrantes do sistema de controle interno contra irre- da legislação aplicável, inclusive mediante procedimentos de
gularidades na aplicação desta Lei, para os fins do disposto fiscalização local, realizados periodicamente pela entidade
neste artigo. ou órgão descentralizador dos recursos ou pelo órgão com-
§ 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes do petente do sistema de controle interno da Administração
sistema de controle interno poderão solicitar para exame, Pública;
até o dia útil imediatamente anterior à data de recebimen- II - quando verificado desvio de finalidade na aplicação
to das propostas, cópia de edital de licitação já publicado, dos recursos, atrasos não justificados no cumprimento das
obrigando-se os órgãos ou entidades da Administração inte- etapas ou fases programadas, práticas atentatórias aos prin-
ressada à adoção de medidas corretivas pertinentes que, em cípios fundamentais de Administração Pública nas contrata-
função desse exame, lhes forem determinadas. ções e demais atos praticados na execução do convênio, ou o
inadimplemento do executor com relação a outras cláusulas
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a conveniais básicas;
pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser pro- III - quando o executor deixar de adotar as medidas sa-
cedida sempre que o objeto da licitação recomende análise neadoras apontadas pelo partícipe repassador dos recursos
mais detida da qualificação técnica dos interessados. ou por integrantes do respectivo sistema de controle interno.
§ 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação será § 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados, se-
feita mediante proposta da autoridade competente, aprova- rão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de poupan-
da pela imediatamente superior. ça de instituição financeira oficial se a previsão de seu uso
§ 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigências for igual ou superior a um mês, ou em fundo de aplicação
desta Lei relativas à concorrência, à convocação dos interes- financeira de curto prazo ou operação de mercado aberto
sados, ao procedimento e à analise da documentação. lastreada em títulos da dívida pública, quando a utilização
dos mesmos verificar-se em prazos menores que um mês.
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir § 5º As receitas financeiras auferidas na forma do pará-
normas relativas aos procedimentos operacionais a serem
grafo anterior serão obrigatoriamente computadas a crédito
observados na execução das licitações, no âmbito de sua
do convênio e aplicadas, exclusivamente, no objeto de sua
competência, observadas as disposições desta Lei.
finalidade, devendo constar de demonstrativo específico que
Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo,
integrará as prestações de contas do ajuste.
após aprovação da autoridade competente, deverão ser pu-
§ 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex-
blicadas na imprensa oficial.
tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos financeiros
Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que remanescentes, inclusive os provenientes das receitas obti-
couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos das das aplicações financeiras realizadas, serão devolvidos à
congêneres celebrados por órgãos e entidades da Adminis- entidade ou órgão repassador dos recursos, no prazo impror-
tração. rogável de 30 (trinta) dias do evento, sob pena da imediata
§ 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos instauração de tomada de contas especial do responsável,
órgãos ou entidades da Administração Pública depende de providenciada pela autoridade competente do órgão ou en-
prévia aprovação de competente plano de trabalho proposto tidade titular dos recursos.
pela organização interessada, o qual deverá conter, no míni-
mo, as seguintes informações: Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações reali-
I - identificação do objeto a ser executado; zados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do
II - metas a serem atingidas; Tribunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no que
III - etapas ou fases de execução; couber, nas três esferas administrativas.
IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
V - cronograma de desembolso; Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios
VI - previsão de início e fim da execução do objeto, bem e as entidades da administração indireta deverão adaptar
assim da conclusão das etapas ou fases programadas; suas normas sobre licitações e contratos ao disposto nesta
VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de enge- Lei.
nharia, comprovação de que os recursos próprios para com-
plementar a execução do objeto estão devidamente assegu- Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas
rados, salvo se o custo total do empreendimento recair sobre e fundações públicas e demais entidades controladas direta
a entidade ou órgão descentralizador. ou indiretamente pela União e pelas entidades referidas no
§ 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repas- artigo anterior editarão regulamentos próprios devidamente
sador dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa ou à publicados, ficando sujeitas às disposições desta Lei.
Câmara Municipal respectiva. Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estrita artigo, no âmbito da Administração Pública, após aprovados
conformidade com o plano de aplicação aprovado, exceto pela autoridade de nível superior a que estiverem vinculados
nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão retidas até o os respectivos órgãos, sociedades e entidades, deverão ser
saneamento das impropriedades ocorrentes: publicados na imprensa oficial.

61
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser


anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que os 7 BENS PÚBLICOS.
fará publicar no Diário Oficial da União, observando como
limite superior a variação geral dos preços do mercado, no
período.
Bens públicos são todos aqueles pertencentes ao patri-
Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licitações mônio da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito
instauradas e aos contratos assinados anteriormente à sua Federal, suas autarquias e fundações públicas, que podem
vigência, ressalvado o disposto no art. 57, nos parágrafos ser móveis, imóveis ou semoventes (art. 65 do CC).
1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV do art. 78, bem assim
o disposto no “caput” do art. 5o, com relação ao pagamen- Classificação
to das obrigações na ordem cronológica, podendo esta ser
observada, no prazo de noventa dias contados da vigência Classificação dos bens públicos quanto à esfera a
desta Lei, separadamente para as obrigações relativas aos que pertencem
contratos regidos por legislação anterior à Lei no 8.666, de Os Bens públicos classificam-se em federais, estaduais
21 de junho de 1993. ou municipais, conforme a entidade política a que perten-
Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do pa- çam ou de acordo com a órbita do interesse do bem.
trimônio da União continuam a reger-se pelas disposições - Bens públicos federais: os que atualmente pertencem
do Decreto-lei no 9.760, de 5 de setembro de 1946, com suas à União e os que vierem a ser atribuídos – as terras devo-
alterações, e os relativos a operações de crédito interno ou lutas; os lagos, rios e correntes de água em terrenos de seu
externo celebrados pela União ou a concessão de garantia domínio, ou que banhem mais de um Estado ou sirvam de
do Tesouro Nacional continuam regidos pela legislação per- limites com outros países, bem como os terrenos marginais
tinente, aplicando-se esta Lei, no que couber. e as praias fluviais; as ilhas fluviais; as praias marítimas ; as
ilhas oceânicas e costeiras; os recursos naturais da platafor-
Art. 122. Nas concessões de linhas aéreas, observar-se- ma continental; o mar territorial e os terrenos de marinha
-á procedimento licitatório específico, a ser estabelecido no e seus acrescidos; os potenciais de energia hidráulica e os
Código Brasileiro de Aeronáutica. recursos minerais, inclusive os do subsolo; as cavernas e
sítios arqueológicos.
Art. 123. Em suas licitações e contratações administra- - Bens públicos estaduais: os que atualmente per-
tivas, as repartições sediadas no exterior observarão as pe- tencem aos Estados e os que vierem a ser atribuídos – as
culiaridades locais e os princípios básicos desta Lei, na forma águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e
de regulamentação específica. em depósito, ressalvadas as decorrentes de obras da União;
as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estiverem em
Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para seu domínio; as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes
permissão ou concessão de serviços públicos os dispositivos à União; as terras devolutas não compreendidas entre as
desta Lei que não conflitem com a legislação específica sobre da União.
o assunto. - Bens municipais: os que atualmente pertencem aos
Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II a Municípios e os que vierem a ser atribuídos – os que atual-
IV do § 2º do art. 7º serão dispensadas nas licitações para mente lhe pertencem e os que vierem a ser atribuídos; ruas
concessão de serviços com execução prévia de obras em que praças e áreas dominiais.
não foram previstos desembolso por parte da Administração
Pública concedente. Classificação dos bens públicos quanto à destinação
- Bens de uso comum: são os destinados ao uso da
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- coletividade como um todo. Geralmente são de utilização
cação. gratuita, como, por exemplo, ruas, praças, parques, estra-
das, mares; a exceção à gratuidade é o pedágio cobrado
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, espe- nas estradas.
cialmente os Decretos-leis nºs 2.300, de 21 de novembro de - Bens de uso especial: são aqueles destinados a ativi-
1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360, de 16 de setem- dades especiais relacionadas a um serviço ou a estabeleci-
bro de 1987, a Lei nº 8.220, de 4 de setembro de 1991, e o mentos públicos, como teatros, escolas, museus, quartéis,
art. 83 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. prédios de academia de polícia, aeroportos, cemitérios, en-
tre outros.
Brasília, 21 de junho de 1993, 172º da Independência e - Bens dominiais ou dominicais: não possuem desti-
105º da República. nação específica, como por exemplo, as terras devolutas
(áreas pertencentes ao Poder Público não destinadas a fins
administrativos específicos).
Os bens de uso comum e os de uso especial formam o
conjunto de bens do domínio público, submetendo-se ao
regime jurídico de direito público.

62
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Os bens dominicais compõem o chamado patrimônio Espécies


disponível do Estado – este exerce os direitos de proprie- Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo49 apontam como
tário, o que não acontece com as categorias anteriores. espécies de bens públicos:
Submetem-se ao regime jurídico de direito público, mas a) Terras devolutas – São todas aquelas que,
não em sua totalidade. pertencentes ao domínio público de qualquer das
entidades, não se acham utilizadas pelo Poder Público,
Características nem destinadas a fins administrativos específicos. As terras
devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das forti-
Inalienabilidade dos bens públicos ficações e construções militares, das vias federais de comu-
Em regra, os bens públicos não podem ser alienados, nicação e à preservação ambiental pertencem à União (CF,
pois são bens fora do comércio. A alienação se verifica artigo 20, II). As demais, pertencem aos Estados-membros
quando surge o interesse público. Requisitos: (CF, artigo 26, IV). Ou seja, se enquadram como bens do-
- interesse público caracterizado;
minicais, pois não são utilizadas para quaisquer finalidades
- desafetação (uso comum e especial);
específicas.
- avaliação prévia;
b) Terras marinhas – São as áreas banhadas pelas águas
- licitação (concorrência ou leilão, art. 17 da Lei n.
8.666/93); do mar ou dos rios navegáveis, em sua foz, se estendem à
- imóvel (autorização legislativa). distância de 33 metros para a área terrestre, contados da
Afetar é atribuir a um bem público uma finalidade es- linha do preamar médio de 1831. Segundo o artigo 20, III
pecífica. Desafetar é retirar do bem a finalidade que pos- da CF, os terrenos de marinha pertencem à União, por im-
suía. perativos de defesa e de segurança nacional.
Precisam ser desafetados os bens de uso comum e os c) Terrenos acrescidos – são os que se tiverem formado,
especiais, os dominiais não precisam. natural ou artificialmente, para o lado do mar ou dos rios
A avaliação prévia do bem é necessária para evitar que e lagoas, em seguimento aos terrenos de marinha. Os ter-
o bem público seja alienado a preço fora de mercado. A Lei renos acrescidos, agregados que são aos terrenos de mari-
nº 4.767/65 (que rege a Ação Popular) relaciona hipóteses nha, também pertencem à União.
de lesão a bens públicos, e o baixo valor da alienação é um d) Terrenos preservados – são aqueles que são banha-
deles. dos pelas correntes navegáveis, fora do alcance das marés,
É possível a privatização de bens públicos. se estendem até a distância de 15 metros para a parte da
terra, contados desde a linha média das enchentes ordi-
Impenhorabilidade dos bens públicos nárias.
Os bens públicos não podem ser dados em garantia e) Terras ocupadas pelos índios – são as terras habita-
para o cumprimento das obrigações contraídas pelo Poder das por eles tradicionalmente em caráter permanente, as
Público. utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindí-
Os débitos deverão ser saldados na forma do art. 100 veis à preservação dos recursos ambientais necessários a
da Constituição Federal, alterado pela Emenda Constitucio- seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e
nal n. 30/2000.As modificações efetuadas foram: cultural, segundo os usos, costumes e tradições. São bens
- acrescentou o § 5º ao art. 100 o responsável pela que- pertencentes à União, conforme o artigo 20, XI da CF, e por
bra da ordem cronológica de pagamento dos precatórios possuírem destinação especifica, são classificados como
incorre em crime de responsabilidade; bens de uso especial.
- inseriu o art. 78 às Disposições Transitórias, dispon-
f) Plataforma continental – é a extensão das áreas con-
do que o pagamento dos precatórios deve ocorrer em até
tinentais sob o mar até a profundidade de cerca de duzen-
10 anos, ressalvados os créditos alimentares e de pequeno
tos metros. A plataforma continental pertence à União, e
valor.
Créditos alimentares e de pequeno valor ficam fora da tal domínio é imprescindível para a proteção dos recursos
relação geral, formando uma lista à parte. Os créditos serão minerais e animais existentes nessa faixa. Os recursos na-
fixados pelas pessoas políticas respectivas. turais da plataforma continental, por força constitucional,
Precatório é o título emitido a partir do trânsito em também pertencem à União, conforme artigo 20, V da CF.
julgado de uma sentença que legitima os credores da Ad- g) Ilhas – podem ser marítimas, fluviais e lacustres,
ministração Pública. Devem ser apresentados até 1º de conforme estejam, respectivamente no mar, nos rios, e nos
julho de cada ano para que entrem no orçamento do ano lagos. As ilhas marítimas são oceânicas, quando localiza-
seguinte. das distante da costa e não têm relação geológica com o
O não-pagamento dos títulos enseja crime de respon- relevo do continente, ou costeiras, quando se formam do
sabilidade, em face do Governador e do Prefeito, e inter- próprio relevo da plataforma continental. Em regra, as ilhas
venção federal. marítimas pertencem à União, mas os Estados poderão ter
áreas das ilhas costeiras e oceânicas (artigo 20, IV CF). As
Imprescritibilidade ilhas fluviais e lacustres pertencem aos estados membros,
Imprescritibilidade é a impossibilidade de os bens pú- exceto se estiverem em zonas limítrofes, com outros países,
blicos serem adquiridos por usucapião – Súmula nº 340 do ou nos rios que banham mais de um estado, casos em que
Supremo Tribunal Federal, consolidada pelos arts. 183, § 49 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito adminis-
3.º, e 191, par. ún., da Constituição Federal. trativo descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008.

63
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pertencerão União (artigo 20, III da CF). Em regra, são clas- Uso dos bens públicos por particular
sificadas como bens dominicais, mas poderão enquadrar- Quem pode estabelecer regras quanto ao uso de bens
-se na definição de bens de uso comum do povo se tiverem públicos é o seu titular.
essa destinação específica. A principal obrigação dos titulares é a de conservar
h) Faixa de fronteiras – é a área de até 150 km de largu- o bem, segundo os arts. 23, inc. I, e 144, § 8.º, ambos da
ra, que corre paralelamente à linha terrestre demarcatória Constituição Federal.
da divisa entre o território nacional e países estrangeiros, Para a transferência de uso de bens podem ser usados
considerada fundamental para a defesa do território nacio- os seguintes instrumentos:
nal, artigo 20, §2º CF.
i) Águas públicas – são aquelas de que se compõem - Autorização de uso: é um ato administrativo unilate-
os mares, os rios e os lagos do domínio público. As águas ral, discricionário e precário, pelo qual a Administração, no
públicas podem ser de uso comum e dominicais. São con- interesse do particular, transfere o uso do bem público para
sideradas de uso comum: os mares territoriais; as correntes, terceiros por prazo de curtíssima duração, com dispensa de
canais e lagos navegáveis ou flutuáveis; as correntes de que licitação. Exemplos: transporte de carga inflamável pelas
se façam essas águas; as fontes e reservatórios públicos; as ruas do município, fechamento de rua para comemorações.
nascentes que, por si sós, constituem a nascente do rio; os - Permissão de uso: é um ato administrativo unilateral,
braços das correntes públicas quando influam na navega- discricionário e precário, pelo qual a Administração, no in-
bilidade ou flutuabilidade. Todas as demais águas públicas, teresse da coletividade, transfere o uso de um bem público
ou seja, aquelas que não se configurarem como de uso co- para terceiros, mediante licitação (quando houver mais de
mum, são consideradas águas dominicais. As águas públi- um interessado). Não há prazo certo e determinado. São
cas pertencem aos Estados Membros, exceto se estiverem exemplos de permissão de uso: instalação de bancas de
em terrenos da União, se banharem mãos de um Estado, jornal, colocação de mesas e cadeiras em calçadas, instala-
se fizerem limites com outros países ou se estenderem a ção de boxes em mercados municipais, barracas em feiras
território estrangeiro ou dele provierem, hipóteses em que livres. A doutrina admite a possibilidade de permissão de
pertencerão à União (artigo 20, III CF). uso qualificada – aquela que, possuindo prazo certo e de-
terminado, retira o caráter de precariedade.
Afetação e desafetação - Concessão de uso: é um contrato administrativo pelo
A afetação de um bem público ocorre quando o bem qual transfere-se o uso de um bem público para terceiros,
está sendo utilizado para um fim público determinado, seja para uma finalidade específica, mediante condições previa-
diretamente pelo Estado, seja pelo uso de particulares em mente estabelecidas. O contrato possui prazo certo e de-
geral. A afetação poderá se dar de modo explícito, através terminado e a precariedade desaparece. Exemplos: instala-
de lei, ou de modo implícito, não determinado por lei. Os ção de restaurante em aeroporto, lanchonete em parques.
bens de uso comum e os bens de uso especial são bens Trata-se de um ato bilateral; se a Administração rescindir o
afetados. contrato antes do término, caberá a ela indenizar.
A desafetação é a mudança da forma de destinação do - Concessão de direito real de uso (variante da con-
bem, ou seja, se deixa de utilizar o bem para que se possa cessão de uso): incide sobre bens públicos não-edificados,
dar à ele outra finalidade. Esta é feita mediante autorização para urbanização, edificação, industrialização.
legislativa, através de lei específica. A desafetação possibi- - Cessão de uso: é um contrato administrativo, em que
lita à Administração pública a alienação do bem, através de o uso de um bem público é transferido de um órgão para
licitação, nas modalidades de Concorrência ou Leilão. outro, dentro da própria Administração. É ato não precário
porque possui prazo certo e determinado. Para que a ces-
Formas de aquisição são de uso seja efetuada exige-se autorização legislativa.
As formas de aquisição de bens públicos são:
- Desapropriação;
- Confisco; 8 ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA.
- Doação;
- Dação;
- Compra (precedida de licitação).
Centralização, descentralização, concentração e
Formas de alienação desconcentração
Alienar é transferir a outrem, por ato voluntário, o do-
mínio de alguma coisa. Para as alienações é possível valer- Em linhas gerais, descentralização significa transferir
-se de institutos civilistas (com adaptações para atender a execução de um serviço público para terceiros que não
as peculiaridades do bem e do alienante) ou de institutos se confundem com a Administração direta; centralização
próprios do direito público. Entre os primeiros estão: ven- significa situar na Administração direta atividades que, em
da, a permuta, a doação e a dação em pagamento. Nos tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora dela;
últimos encaixam-se: a investidura, a legitimação de pos- desconcentração significa transferir a execução de um ser-
se, a concessão de domínio e a retrocessão. No âmbito de viço público de um órgão para o outro dentro da própria
programas de desestatização podem surgir institutos dife- Administração; concentração significa manter a execução
rentes, sujeitos a regras especiais, como as que se referem central ao chefe do Executivo em vez de atribui-la a outra
à privatização. autoridade da Administração direta.

64
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Passemos a esmiuçar estes conceitos: b) extinção de funções ou cargos públicos, quando


Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do vagos; 
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que são de VII - manter relações com Estados estrangeiros e
sua competência privativa. Neste sentido, o previsto na CF: acreditar seus representantes diplomáticos;
VIII - celebrar tratados, convenções e atos interna-
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da República cionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao X - decretar e executar a intervenção federal;
Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
União, que observarão os limites traçados nas respectivas de- gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislati-
legações. va, expondo a situação do País e solicitando as providências
que julgar necessárias;
Neste sentido: XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre: 
XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
a) organização e funcionamento da administração fe-
das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e
deral, quando não implicar aumento de despesa nem cria-
ção ou extinção de órgãos públicos;  da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va- -los para os cargos que lhes são privativos; 
gos;  XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os
Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei; Superiores, os Governadores de Territórios, o Procura-
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públicos dor-Geral da República, o presidente e os diretores do ban-
federais, na forma da lei; (apenas o provimento é delegável, co central e outros servidores, quando determinado em lei;
não a extinção) XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Minis-
tros do Tribunal de Contas da União;
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem op- XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta
ções de delegar parte de suas atribuições privativas para os Constituição, e o Advogado-Geral da União;
Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República ou o XVII - nomear membros do Conselho da República,
Advogado-Geral da União. O Presidente irá delegar com re- nos termos do art. 89, VII;
lação de hierarquia cada uma destas essencialidades dentro XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e
da estrutura organizada do Estado. Reforça-se, desconcen- o Conselho de Defesa Nacional;
trar significa delegar com hierarquia, pois há uma relação XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
de subordinação dentro de uma estrutura centralizada, isto autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele,
é, os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da República quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas
e o Advogado-Geral da União respondem diretamente ao mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobi-
Presidente da República e, por isso, não possuem plena dis- lização nacional;
cricionariedade na prática dos atos administrativos que lhe XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do
foram delegados. Congresso Nacional;
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições pri- XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar,
vativas da Administração pública direta no âmbito mais cen-
que forças estrangeiras transitem pelo território nacional
tral possível, isto é, diretamente pelo chefe do Poder Execu-
ou nele permaneçam temporariamente;
tivo, seja porque não são atribuições delegáveis, seja porque
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria-
se optou por não delegar.
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as pro-
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente da postas de orçamento previstos nesta Constituição;
República: XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional,
I - nomear e exonerar os Ministros de Estado; dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa,
II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a dire- as contas referentes ao exercício anterior;
ção superior da administração federal; XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais,
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos na forma da lei;
previstos nesta Constituição; XXVI - editar medidas provisórias com força de lei,
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem nos termos do art. 62;
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execu- XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta
ção; Constituição.
V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
VI - dispor, mediante decreto, sobre:  Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
a) organização e funcionamento da administração tatais para fora da estrutura da Administração direta, o que
federal, quando não implicar aumento de despesa nem é possível porque não se refere a essencialidades, ou seja,
criação ou extinção de órgãos públicos;  a atos administrativos que somente possam ser praticados

65
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pela Administração direta porque se referem a interesses que podem ser organizados por decretos autônomos do
estatais diversos previstos ou não na CF. Descentralizar é Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de personali-
uma delegação sem relação de hierarquia, pois é uma dade jurídica própria.
delegação de um ente para outro (não há subordinação Assim, os órgãos da Administração direta não possuem
nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, há apenas uma patrimônio próprio; e não assumem obrigações em nome
espécie de tutela ou supervisão por parte dos Ministérios – próprio e nem direitos em nome próprio (não podem ser
se trata de vínculo e não de subordinação). autor nem réu em ações judiciais, exceto para fins de man-
Basicamente, se está diante de um conjunto de pessoas dado de segurança – tanto como impetrante como quan-
jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para presta- to impetrado). Já que não possuem personalidade, atuam
rem serviços de interesse do Estado. Possuem patrimônio apenas no cumprimento da lei, não atuando por vontade
próprio e são unidades orçamentárias autônomas. Ainda, própria. Logo, órgãos e agentes públicos são impessoais
exercem em nome próprio direitos e obrigações, respon- quando agem no estrito cumprimento de seus deveres,
dendo pessoalmente por seus atos e danos. não respondendo diretamente por seus atos e danos.
Existem duas formas pelas quais o Estado pode efetuar Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
a descentralização administrativa: outorga e delegação. ponsabilidade a agentes públicos ou órgãos públicos que
A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade estejam exercendo atribuições da Administração direta é
e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado denominada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke,
serviço público e é conferida, em regra, por prazo indeter- que institui o princípio da impessoalidade.
minado. Isso é o que acontece quanto às entidades da Ad- Quanto se faz desconcentração da autoridade central
ministração Indireta prestadoras de serviços públicos. Nes- – chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara com
te sentido, o Estado descentraliza a prestação dos serviços, diversos níveis de órgãos, que podem ser classificados em
outorgando-os a outras entidades criadas para prestá-los, simples ou complexos (simples se possuem apenas uma
as quais podem tomar a forma de autarquias, empresas pú- estrutura administrativa, complexos se possuem uma rede
blicas, sociedades de economia mista e fundações públicas. de estruturas administrativas) e em unitários ou colegia-
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por dos (unitário se o poder de decisão se concentra em uma
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço, pessoa, colegiado se as decisões são tomadas em conjunto
para que o ente delegado o preste ao público em seu pró- e prevalece a vontade da maioria):
prio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Esta- a) Órgãos independentes – encabeçam o poder ou es-
do. A delegação é geralmente efetivada por prazo determi- trutura do Estado, gozando de independência para agir e
nado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de concessão não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles definir as
ou nos atos de permissão, pelos quais o Estado transfere políticas que serão implementadas. É o caso da Presidên-
aos concessionários e aos permissionários apenas a execu- cia da República, órgão complexo composto pelo gabinete,
ção temporária de determinado serviço. pela Advocacia-Geral da União, pelo Conselho da Repúbli-
Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis- ca, pelo Conselho de Defesa, e unitário (pois o Presidente
tração direta o desempenho de funções administrativas de da República é o único que toma as decisões).
interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser atri- b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão do
buídos a entes de fora da Administração por outorga ou poder, com autonomia funcional, porém subordinados po-
delegação. liticamente aos independentes. É o caso de todos os minis-
térios de Estado.
Administração Pública Direta c) Órgãos superiores – são desprovidos de autonomia
Administração Pública direta é aquela formada pelos ou independência, sendo plenamente vinculados aos ór-
entes integrantes da federação e seus respectivos órgãos. gãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Trabalho, vin-
Os entes políticos são a União, os Estados, o Distrito Fe- culada ao Ministério do Trabalho e Emprego; Departamen-
deral e os Municípios. À exceção da União, que é dotada to da Polícia Federal, vinculado ao Ministério da Justiça.
de soberania, todos os demais são dotados de autonomia. d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos acima
Dispõe o Decreto nº 200/1967: deles com plena subordinação administrativa. Ex.: órgãos
que executam trabalho de campo, policiais federais, fiscais
Art. 4° A Administração Federal compreende: do MTE.
I - A Administração Direta, que se constitui dos serviços ATENÇÃO: O Ministério Público, os Tribunais de Contas
integrados na estrutura administrativa da Presidência da Re- e as Defensorias Públicas não se encaixam nesta estrutura,
pública e dos Ministérios. sendo órgãos independentes constitucionais. Em verdade,
para Canotilho e outros constitucionalistas, estes órgãos
A administração direta é formada por um conjunto de não pertencem nem mesmo aos três poderes.
núcleos de competências administrativas, os quais já foram Conforme Carvalho Filho50, “a noção de Estado, como
tidos como representantes do poder central (teoria da re- visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es-
presentação) e como mandatários do poder central (teoria tado, na verdade, é considerado um ente personalizado,
do mandato). Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos ad- 50 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
ministrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

66
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, porque d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem atri-
além da pessoa jurídica central existem outras internas que buições em todo o território nacional, estadual, distrital e
compõem o sistema político. Sendo uma pessoa jurídica, municipal, e os locais, que atuam em parte do território.
o Estado manifesta sua vontade através de seus agentes, e) Quanto à posição estatal: são os que representam
ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus quadros. os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o Ju-
Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, compõe o Esta- diciário.
do um grande número de repartições internas, necessárias f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e compos-
à sua organização, tão grande é a extensão que alcança e tos. Os órgãos compostos são constituídos por vários ou-
tamanha as atividades a seu cargo. Tais repartições é que tros órgãos.
constituem os órgãos públicos”.
“Várias teorias surgiram para explicar as relações do Administração indireta
Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do A Administração Pública indireta pode ser definida
mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí- como um grupo de pessoas jurídicas de direito público ou
dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado, privado, criadas ou instituídas a partir de lei específica, que
que não tem vontade própria, pode outorgar o mandato”51. atuam paralelamente à Administração direta na prestação
A origem desta teoria está no direito privado, não tendo de serviços públicos ou na exploração de atividades eco-
como prosperar porque o Estado não pode outorgar man- nômicas.
dato a alguém, afinal, não tem vontade própria. “Enquanto a Administração Direta é composta de
Num momento seguinte, adotou-se a teoria da repre- órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se
sentação: “Posteriormente houve a substituição dessa con- compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de
cepção pela teoria da representação, pela qual a vontade entidades”53. Em que pese haver entendimento diverso
dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade do Es- registrado em nossa doutrina, integram a Administração
tado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras jurídicas indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a
que apontam para representantes dos incapazes. Ocorre saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Econo-
que essa teoria, além de equiparar o Estado, pessoa jurí- mia Mista e as Empresas Públicas.
dica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa jurídica do- Dispõe o Decreto nº 200/1967:
tada de capacidade plena), não foi suficiente para alicerçar
Art. 4° A Administração Federal compreende:
um regime de responsabilização da pessoa jurídica perante
II - A Administração Indireta, que compreende as se-
terceiros prejudicados nas circunstâncias em que o agente
guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
ultrapassasse os poderes da representação”52. Criticou-se
jurídica própria:
a teoria porque o Estado estaria sendo visto como um su-
a) Autarquias;
jeito incapaz, ou seja, uma pessoa que não tem condições
b) Empresas Públicas;
plenas de manifestar, de falar, de resolver pendências; bem
c) Sociedades de Economia Mista.
como porque se o representante estatal exorbitasse seus d) fundações públicas.
poderes, o Estado não poderia ser responsabilizado.
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
Giërke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos ad- prestam serviços públicos por delegação, embora não inte-
ministrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas grem os quadros da Administração, quais sejam, os permis-
que podem ser organizados por decretos autônomos do sionários, os concessionários e os autorizados.
Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de persona- Essas quatro pessoas integrantes da Administração
lidade jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro res- indireta serão criadas para a prestação de serviços públi-
ponde pelos atos que seus agentes praticam, mesmo se cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômicas,
estes atos extrapolam das atribuições estatais conferidas, como no caso das empresas públicas e sociedades de eco-
sendo-lhe assegurado o intocável e assustador direito de nomia mista, e atuam com o objetivo de aumentar o grau
regresso. de especialidade e eficiência da prestação do serviço públi-
Apresenta-se a classificação dos órgãos: co ou, quando exploradoras de atividades econômicas, vi-
a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais, dis- sando atender a relevante interesse coletivo e imperativos
tritais e municipais. da segurança nacional.
b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que são Com efeito, de acordo com as regras constantes do
aqueles que detêm condição de comando e de direção, artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só po-
e os subordinados, incumbidos das funções rotineiras de derá explorar atividade econômica a título de exceção, em
execução. duas situações, conforme se colhe do caput do referido ar-
c) Quanto à composição: singulares, quando integra- tigo, a seguir reproduzido:
dos em um só agente, e os coletivos, quando compostos Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons-
por vários agentes. tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo
51 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo.
Estado só será permitida quando necessária aos imperativos
23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010. de segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, con-
52 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo – esque- forme definidos em lei.
matizado, completo, atualizado, temas polêmicos, conteúdo dos prin- 53 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
cipais concursos públicos. 3. ed. São Paulo: Atlas editora, 2013. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras cons- A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias:
titucionais e em razão dos fins desejados pelo Estado, ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (In-
Poder Público não cumpre produzir lucro, tarefa esta de- cra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Departa-
ferida ao setor privado. Assim, apenas explora atividades mento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Conselho
econômicas nas situações indicadas no artigo 173 do Texto Administrativo de Defesa Econômica (CADE), Departamento
Constitucional. Quando atuar na economia, concorre em nacional de Registro do Comércio (DNRC), Instituto Nacio-
grau de igualdade com os particulares, e sob o regime do nal da Propriedade Industrial (INPI), Instituto Brasileiro do
artigo 170 da Constituição, inclusive quanto à livre concor- Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Iba-
rência, submetendo-se ainda a todas as obrigações cons- ma), Banco Central do Brasil (Bacen).
tantes do regime jurídico de direito privado, inclusive no Ainda sobra as autarquias:
tocante às obrigações civis, comerciais, trabalhistas e tri- Contam com patrimônio próprio, constituído a partir de
butárias. transferência pela entidade estatal a que se vinculam, por-
tanto, capital exclusivamente público.
Autarquias São dotadas, ainda, de autonomia financeira, planejan-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: do seus gastos e compromissos a cada exercício. A proposta
orçamentária é encaminhada anualmente ao chefe do Exe-
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com cutivo, que a inclui no orçamento fiscal da lei orçamentária
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para anual. A própria autarquia presta contas diretamente ao Tri-
executar atividades típicas da Administração Pública, que bunal de Contas.
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi- Podem pagar aos seus credores por meio de precató-
nistrativa e financeira descentralizada. rios e requisição de pequeno valor, tal como a Administra-
ção direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida ativa
As autarquias são pessoas jurídicas de direito público, de seus devedores.
de natureza administrativa, criadas para a execução de ser- Gozam de imunidade tributária recíproca em relação a
viços tipicamente públicos, antes prestados pelas entida- todas unidades da federação.
des estatais que as criam. Por serviços tipicamente públicos A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces-
entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados por lei e co- suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro para
mum monopólio do Estado. contestar e recorrer, além de reexame necessário da causa
“O termo autarquia significa autogoverno ou gover- em situações de condenação acima de certos valores.
no próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção se- Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e ex-
tintas por lei, que podem ser complementadas por atos do
mântica para ter o sentido de pessoa jurídica administrativa
Executivo, notadamente Decretos.
com relativa capacidade de gestão dos interesses a seu car-
As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais e
go, embora sob controle do Estado, de onde se originou.
municipais, contudo não podem ser interestaduais ou inter-
Na verdade, até mesmo em relação a esse sentido, o termo
municipais (não é permitida a associação de unidades fede-
está ultrapassado e não mais reflete uma noção exata do
rativas para a criação de autarquias).
instituto. [...] Pode-se conceituar autarquia como a pessoa Devem executar atividades típicas do direito público e,
jurídica de direito público, integrante da Administração In- notadamente, serviços públicos de natureza social e ativida-
direta, criada por lei para desempenhar funções que, des- des administrativas, com a exclusão dos serviços e ativida-
pidas de caráter econômico, sejam próprias e típicas do des de cunho econômico e mercantil.
Estado”54. O patrimônio da autarquia é formado por bens públi-
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somente, regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
ser prestadoras de serviços públicos, contando com capital que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
oriundo da Administração direta. O Código Civil, em seu oneração e de usucapião.
artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de direito Os agentes públicos das autarquias são concursados e
público, embora exista controvérsia na doutrina. estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não à
Carvalho Filho55 classifica quanto ao regime jurídico: CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e são
“a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) autar- nomeados e destituídos livremente pelo chefe do Executivo.
quias especiais (ou de regime especial). Segundo a pró-
pria terminologia, é fácil distingui-las: as primeiras esta- Agências reguladoras
riam sujeitas a uma disciplina jurídica sem qualquer es- São figuras muito recentes em nosso ordenamento ju-
pecificidade, ao passo que as últimas seriam regidas por rídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regime
disciplina específica, cuja característica seria a de atribuir especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com ca-
prerrogativas especiais e diferenciadas a certas autarquias”. pacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as regras
São exemplos de autarquias especiais aquelas criadas para das autarquias.
serviços especiais, como autarquias de ensino (ex.: USP) e O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
autarquias de fiscalização (ex.: CRM e CREA). a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que se
54 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez nomeado,
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. o dirigente passa a gozar de mandato com prazo determi-
55 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- nado e só pode ser destituído por processo com decisão
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. motivada.

68
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execução regidas integralmente por regras de direito público. Quan-
de serviços públicos. Elas não executam o serviço propria- do forem dotadas de personalidade de direito privado, se-
mente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com típica rão regidas por regras de direito público e direito privado.
função de controle da prestação dos serviços públicos e do Quando as fundações são criadas pelo Estado são co-
exercício de atividades econômicas, evitando a prática de nhecidas como fundações públicas, ou autarquias funda-
abusos por parte de entidades do setor privado. cionais ou fundações autárquicas. O estatuto da fundação,
São titulares da matéria técnica que regulam, de modo no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será criar e orga-
que somente elas podem disciplinar as regras e padrões nizar a fundação. As fundações públicas são regulamenta-
técnicos desta determinada seara. das por lei complementar. Sendo fundações públicas que
No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscali- adotam regime jurídico de direito público, se equiparam às
zar o cumprimento de contratos de concessões e o atingi- autarquias e se sujeitam às mesmas regras que elas.
mento de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o aten- Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma fun-
dimento a consumidores e usuários (inclusive recebendo dação pública que adote regime jurídico de direito privado,
e processando denúncias e reclamações, aplicando penas ou então um regime misto, caso em que seus servidores
administrativas e multas, bem como rescindindo contra- poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não será exclu-
tos), definir política tarifária e reajustá-la. sivamente oriundo de verbas estatais. A lei autorizadora
Entre as agências reguladoras inseridas no ordena- deve ser expressa neste sentido.
mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacional
de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a ANA- Empresas públicas
TEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela Lei nº Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petróleo, pela
Lei nº 9.478/1997. II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali-
dade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e
Agências executivas capital exclusivo da União, criado por lei para a exploração
Agência executiva é a qualificação conferida a autar- de atividade econômica que o Governo seja levado a exercer
quia, fundação pública ou órgão da administração direta por força de contingência ou de conveniência administrativa
que celebra contrato de gestão com o próprio ente po- podendo revestir-se de qualquer das formas admitidas em
lítico com o qual está vinculado. As agências executivas direito.
se distinguem das agências reguladoras por não terem
como objetivo principal o de exercer controle sobre par- Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Pri-
ticulares que prestam serviços públicos, que é o objetivo vado, criadas para a prestação de serviços públicos ou para
fundamental das agências reguladoras. Assim, a expressão a exploração de atividades econômicas, que contam com
“agências executivas” corresponde a um título ou qualifi- capital exclusivamente público, e são constituídas por qual-
cação atribuída à autarquia ou a fundações públicas cujo quer modalidade empresarial, após autorização legislativa
objetivo seja exercer atividade estatal. do ente federativo criador.
Sendo a empresa pública uma prestadora de serviços
Fundações públicas públicos, estará submetida a regime jurídico público, ainda
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: que constituída segundo o modelo imposto pelo Direito
Privado. Se a empresa pública é exploradora de atividade
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de persona- econômica, estará submetida a regime jurídico denomina-
lidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada do pela doutrina como semipúblico, ante a necessidade de
em virtude de autorização legislativa, para o desenvolvi- observância, ao menos em suas relações com os adminis-
mento de atividades que não exijam execução por órgãos trados, das regras atinentes ao regime da Administração, a
ou entidades de direito público, com autonomia administra- exemplo dos princípios expressos no “caput” do artigo 37
tiva, patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de da Constituição Federal.
direção, e funcionamento custeado por recursos da União e Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
de outras fontes. sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por um (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de São Pau-
patrimônio personalizado, destacado pelo seu instituidor lo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
para atingir uma finalidade específica, denominadas, em (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
latim, universitas bonorum. Entre estas finalidades, desta- Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen-
cam-se as de escopo religioso, moral, cultural ou de assis- ciam das sociedades de economia mista por: não possuí-
tência. rem fins lucrativos (o capital excedente não se transforma
Essa definição serve para qualquer fundação, inclusive em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem adotar
para aquelas que não integram a Administração indireta perfis empresariais diversos (LTDA, comandita, nome cole-
(não-governamentais). No caso das fundações que inte- tivo, S/A), o capital social é formado por recursos públicos
gram a Administração indireta (governamentais), quando e só admite sócios públicos (pode ter apenas um sócio –
forem dotadas de personalidade de direito público, serão unipessoalidade originária ou inicial).

69
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Sociedades de economia mista pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a necessi-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: dade de regras que impeçam o abuso do poder econômi-
co. Por exemplo, os Correios são uma empresa pública e
III - Sociedade de Economia Mista - a entidade dotada possuem isenção fiscal e impenhorabilidade de bens.
de personalidade jurídica de direito privado, criada por lei Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de
para a exploração de atividade econômica, sob a forma de economia mista são criadas por lei e a existência delas deve
sociedade anônima, cujas ações com direito a voto perten- ser fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam,
çam em sua maioria à União ou a entidade da Administra- ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus
ção Indireta. bens são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora
de serviço público e não exploradora de atividade econô-
As sociedades de economia mista são pessoas jurídi- mica). No entanto, não se sujeitam à falência ou à recupe-
cas de Direito Privado criadas para a prestação de servi- ração judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).
ços públicos ou para a exploração de atividade econômica, Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mí-
contando com capital misto e constituídas somente sob a nimo: licitar (exceto no que tange à prestação da ativida-
forma empresarial de S/A. de-fim), concursar (os agentes se sujeitam ao regime da
Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Esta- CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados
do que participa dela, existem acionistas a ela vinculados. mediante concurso público de provas ou provas e títulos),
Entretanto, o Estado deve ser o acionista controlador do prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de
direito a voto, mesmo que não seja o acionista majoritário remuneração (exceto no caso de sociedade de economia
(se o Estado for sócio, mas não for controlador, trata-se de mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, ape-
empresa comum, não sociedade de economia mista). nas com seus lucros).
Alguns exemplos de sociedade mista:
- Exploradoras de atividade econômica: Banco do Brasil
e Banespa. 9 CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.
- Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp,
Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habita-
cional Urbano). Controle da Administração Pública é o exercício de vi-
Estas sociedades de economia mista se caracterizam e gilância, orientação e revisão sobre a conduta funcional,
se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins exercido por um poder, órgão ou autoridade pública com
lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), relação a outro.
adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social “O controle do Estado pode ser exercido através de
é formado por recursos públicos e privados, os sócios são duas formas distintas, que merecem ser desde logo dife-
privados e públicos (Estado). renciadas. De um lado, temos o controle político, aquele
que tem por base a necessidade de equilíbrio entre os
Empresas públicas e sociedades de economia mis- Poderes estruturais da República – o Executivo, o Legisla-
ta: semelhanças tivo e o Judiciário. Nesse controle, cujo delineamento se
Embora a Constituição Federal reserve a atividade eco- encontra na Constituição, pontifica o sistema de freios e
nômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os pa- contrapesos, nele se estabelecendo normas que inibem o
péis de integração (integrar o Brasil na economia global), crescimento de qualquer um deles em detrimento de outro
regulação (definindo regras e limites na exploração da ati- e que permitem a compensação de eventuais pontos de
vidade econômica por particulares) e intervenção (fixação debilidade de um para não deixá-lo sucumbir à força de
de regras e normas para combater o abuso do poder eco- outro. São realmente freios e contrapesos dos Poderes po-
nômico) (conforme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se líticos. [...] O que ressalta de todos esses casos é a demons-
excepcionalmente que o Estado explore diretamente tração do caráter que tem o controle político: seu objetivo
atividades econômicas se houver um relevante interesse é a preservação e o equilíbrio das instituições democráticas
em matérias (serviços públicos em geral) ou atividades de do país. O controle administrativo tem linhas diversas.
soberania. Nele não se procede a nenhuma medida para estabilizar
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por poderes políticos, mas, ao contrário, se pretende alvejar os
meio de sociedades de economia mista e empresas pú- órgãos incumbidos de exercer uma das funções do Estado
blicas. Tais empresas são regidas por regime jurídico de – a função administrativa. Enquanto o controle político se
direito privado, o que evita que o próprio Estado possa relaciona com as instituições políticas, o controle admi-
abusar do poder econômico. Logo, o Estado não pode dar nistrativo é direcionado às instituições administrativas. [...]
às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tri- Podemos denominar de controle da Administração Pública
butários e trabalhistas. Além disso, em termos processuais, o conjunto de mecanismos jurídicos e administrativos
não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam. por meio dos quais se exerce o poder de fiscalização e
de revisão da atividade administrativa em qualquer das
ATENÇÃO: o impedimento de prerrogativas somente
esferas de Poder”56.
se aplica quando o Estado está explorando atividade eco-
nômica propriamente dita, não quando está ofertando ser- 56 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad-
viços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o Estado ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015.

70
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

O princípio da legalidade e o princípio das políticas b) Provocado: ocorre mediante provocação de tercei-
administrativas, juntos, fundamentam o Controle da Ad- ro, postulando a revisão do ato administrativo dito ilegal
ministração Pública. Neste sentido, “mais precisamente, a ou inconveniente.
ideia central, quando se fala em controle da Administração
Pública, reside no fato de que o titular do patrimônio pú- Conforme a origem ou a extensão do controle
blico (material e imaterial) é o povo, e não a Administração, a) Controle interno: é aquele realizado pelas autori-
razão pela qual ela se sujeita, em toda a sua atuação, sem dades no âmbito do próprio órgão ou entidade em que
qualquer exceção, ao princípio da indisponibilidade do in- atuam no âmbito da administração. Exemplo: chefe que
teresse público”57. na repartição controla os seus subordinados; corregedoria
que faz inspeção em um fórum.
Elementos e natureza jurídica do controle Basicamente, sempre se está diante de controle interno
Segundo Carvalho Filho58, dois são os elementos bási- quando um Poder exerce controle sobre ele mesmo, isto
cos do controle: a fiscalização e a revisão. “A fiscalização e a é, Judiciário fiscalizando Judiciário, Legislativo fiscalizando
revisão são os elementos básicos do controle. A fiscalização Legislativo e Executivo fiscalizando Executivo.
consiste no poder de verificação que se faz sobre a ativi- Quando, no exercício do controle interno, uma auto-
dade dos órgãos e dos agentes administrativos, bem como ridade ocultar uma irregularidade ou ilegalidade da enti-
em relação à finalidade pública que deve servir de objetivo dade responsável pelo controle externo, notadamente um
para a Administração. A revisão é o poder de corrigir as Tribunal de Contas, haverá responsabilidade solidária entre
condutas administrativas, seja porque tenham vulnerado a autoridade que praticou a ocultação e a autoridade que
normas legais, seja porque haja necessidade de alterar al- praticou o ilícito.
guma linha das políticas administrativas para que melhor b) Controle externo: é aquele realizado por um Poder
seja atendido o interesse coletivo”. que é diferente do Poder fiscalizado, exteriorizando um sis-
Para o autor, a natureza jurídica do controle é de prin- tema de freios e contrapesos. É o caso do controle de atos
cípio fundamental da administração pública, conforme do Executivo por decisões do Poder Judiciário, ou mesmo
teor do próprio Decreto-lei nº 200/1967, que assegura da sustação de ato normativo do Executivo pelo Legislati-
também que o controle deve ser exercido em todos níveis vo, além do julgamento de contas do Presidente da Repú-
blica pelo Congresso Nacional, e de auditorias do Tribunal
e em todos órgãos.
de Contas da União quanto ao Executivo federal.
c) Controle externo popular: realizado pelo contri-
Classificação das formas de controle
buinte pelo acesso das contas públicas (artigo 31, §3º, CF;
artigo 74, §2º, CF).
“O poder-dever de controle é exercitável por todos os
Poderes da República, estendendo-se a toda a atividade
Conforme o momento a ser exercido
administrativa (vale lembrar, há atividade administrativa em
a) Controle prévio ou preventivo: exercido antes do
todos os Poderes) e abrangendo todos os seus agentes. Por
início da prática ou antes da conclusão do ato administra-
esse motivo, diversas são as formas pelas quais o contro- tivo.
le se exercita, sendo, destarte, inúmeras as denominações b) Controle concomitante: exercido durante a reali-
adotadas” 59. zação do ato, verificando a sua validade enquanto ele é
praticado.
Conforme o âmbito da administração c) Controle posterior ou corretivo: busca rever os
a) Por subordinação: exercido por meio dos patama- atos já praticados, corrigindo, desfazendo ou confirmando.
res de hierarquia dentro da mesma Administração. Trata-se Envolve atos como os de aprovação, homologação, anula-
de controle tipicamente interno. ção, revogação ou convalidação.
b) Por vinculação: exercido por uma pessoa a qual são
atribuídos poderes de fiscalização e revisão em relação a Conforme a amplitude ou a natureza do controle
pessoa diversa. Trata-se de controle tipicamente externo. a) Controle de legalidade: verifica se o ato foi pratica-
do em conformidade com a lei. O controle pode ser interno
Conforme a iniciativa ou externo. O resultado final é a confirmação ou a rejeição
a) De ofício: executado pela própria Administração do ato, anulando-o.
quando está regularmente exercendo as suas funções. Afi- b) Controle de mérito: visa verificar a oportunidade
nal, a Administração tem a prerrogativa da autotutela, que e a conveniência administrativas do ato controlado. Trata-
a permite invalidar ou revogar suas condutas de ofício (sú- -se do controle sobre a atuação discricionária da Adminis-
mulas 346 e 473, STF). tração Pública, mantendo-o ou revogando-o. Diz-se que o
57 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Adminis-
Judiciário não pode fazer este controle, o que é verdade,
trativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. em termos: o Judiciário não pode controlar a atividade dis-
58 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad- cricionária que é legítima, mas se ela exceder parâmetros
ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. de razoabilidade e proporcionalidade pode fazê-lo. Nesta
59 ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Adminis- questão se insere a polêmica sobre o controle judicial de
trativo Descomplicado. 16. ed. São Paulo: Método, 2008. políticas públicas.

71
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Controle exercido pela administração pública tula, junto a órgãos da Administração, a revisão de deter-
É o controle exercido pela Administração quanto minado ato administrativo”. É necessário, para recorrer, que
aos seus próprios atos. Ou seja, é o exercido pelo Poder o interessado tenha tido a sua pretensão contrariada pela
Executivo, pelo Poder Legislativo e pelo Poder Judiciário administração, logo, é da essência do recurso a manifesta-
quanto aos seus próprios atos, tanto no que tange à ção de inconformismo, retratando ilegalidade ou abuso
legalidade quanto em relação à conveniência. É sempre um do poder público.
controle interno, que deriva do poder-dever de autotutela. Os principais recursos de administração são os seguin-
Entre os meios de controle, destacam-se: tes: representação, em que se faz denúncia de irregulari-
- Fiscalização Hierárquica: esse meio de controle é ine- dades feita perante o poder público; reclamação, em que
rente ao poder hierárquico, ocorrendo o exercício dos ór- há oposição expressa a atos da administração que afetam
gãos superiores em relação aos inferiores; direitos ou interesses legítimos do interessado; pedido de
- Controle ou Supervisão Ministerial: aplicável nas en- reconsideração, em que se solicita reexame à mesma au-
tidades de administração indireta vinculadas a um Ministé- toridade que praticou o ato; recurso hierárquico próprio,
rio, não havendo subordinação; que se dirige à autoridade ou instância superior do mesmo
- Recursos Administrativos: serve para provocar o ree- órgão administrativo em que foi praticado o ato; recur-
xame do ato administrativo pela própria Administração Pú- so hierárquico impróprio, que se dirige à autoridade ou
blica. órgão estranho à repartição que expediu o ato recorrido,
- Direito de petição: é um direito fundamental con- mas com competência julgadora expressa; e revisão, em
ferido a toda pessoa de defender seus direitos e noticiar que se busca a alteração de punição aplicada pela Admi-
ilegalidades e abusos (artigo 5º, XXXIV, CF). Pode ser exer- nistração no exercício do poder disciplinar diante do surgi-
cido por diversas vias, como representação (denúncia de mento de fatos novos, abrindo-se novo processo.
irregularidade perante a Administração, Tribunal de Con- Outra classificação relevante é a que separa os recur-
tas ou outro órgão de controle), reclamação administrativa sos mencionados em duas categorias: recursos inciden-
(oposição expressa a ato administrativo que ofenda direito tais, que são interpostos quando o processo administrati-
ou interesse legítimo, podendo ser interposta perante o vo está em curso e o inconformismo é contra um ato nele
Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo contra- praticado (enquadram-se aqui o pedido de reconsideração,
riar súmula vinculante), pedido de reconsideração (solici- o recurso hierárquico próprio e o recurso hierárquico im-
tação de mudança da decisão pela própria autoridade que próprio); recursos deflagradores ou autônomos, que são
praticou um ato), recurso hierárquico próprio (solicitação aqueles que formalizam a própria abertura de processo
de mudança da decisão por autoridade hierarquicamente (enquadram-se aqui a reclamação, a representação e a re-
superior àquela que praticou o ato), recurso hierárquico visão).
impróprio (solicitação de mudança da decisão por autori-
dade diversa, com competência especificada em lei, porém Vale apontar sobre os efeitos dos recursos administra-
não hierarquicamente superior àquela que praticou o ato), tivos: em regra, terão apenas efeito devolutivo, pois os
revisão (solicitação de alteração em punição aplicada pela atos administrativos têm em seu favor a presunção de le-
Administração no exercício do poder disciplinar diante do gitimidade; excepcionalmente, caso concedido pela autori-
surgimento de fatos novos). dade competente, terá efeito suspensivo. Vale destacar que
- Controle social: é aquele exercido pela própria socie- caso o recurso tenha efeito suspensivo, também o prazo
dade, em demanda emanada de grupos sociais, no exer- prescricional ficará suspenso, enquanto que se o efeito for
cício da atividade democrática que tem amparo constitu- apenas devolutivo irá continuar correndo.
cional notadamente na garantia pelo artigo 37, §3º, CF de
edição de lei que regule formas de participação do usuário Súmula 429, STF. A existência de recurso administrativo
na administração direta e indireta. Entre as formas que já com efeito suspensivo não impede o uso do mandado de
são trazidas por algumas leis, como a Lei nº 9.784/1999 segurança contra omissão da autoridade.
sobre o processo administrativo federal, estão as audiên-
cias e consultas públicas. Neste âmbito do controle social, é Ressalta-se, complementando o teor da súmula, que
possível fixar uma divisão entre controle natural, feito pela nada impede o uso simultâneo das esferas administrati-
população em si, e controle institucional, feito por órgãos va e judicial, considerando que são independentes entre
em atuação por legitimidade extraordinária, como o Minis- si. Aliás, apenas existem duas hipóteses em que o esgo-
tério Público e a Defensoria Pública. tamento dos recursos administrativos é imposto: trata-
-se de demanda perante a justiça desportiva, conforme
Recurso de administração o artigo 217, §1º, CF; se ocorre contrariedade de súmula
Recursos administrativos são meios hábeis que podem vinculante na via administrativa e o administrado pretende
ser utilizados para provocar o reexame do ato administra- invoca-la mediante reclamação, conforme artigo 7º, §1º,
tivo, pela PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. Conforme Lei nº 11.417/2006. Em todos os demais casos, tal exigên-
conceitua Carvalho Filho60, “são os meios formais de con- cia é proibida.
trole administrativo, através dos quais o interessado pos- Outra questão que merece ser abordada no campo dos
60 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad- recursos administrativos é a da reformatio in pejus, ou
ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. seja, da reforma da decisão tomada pela administração de

72
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

modo a agravar a situação do administrado. Devido a pre- IV – garantir a observância de acórdão proferido em jul-
visão expressa na Lei nº 9.784/1999, a reformatio in pejus gamento de incidente de resolução de demandas repetitivas
em recurso administrativo modificando a decisão recorri- ou de incidente de assunção de competência;
da é permitida, mas o recorrente deverá ter oportunidade § 1o A reclamação pode ser proposta perante qualquer
de manifestar-se antes dele ocorrer; já em se tratando de tribunal, e seu julgamento compete ao órgão jurisdicional
reformatio in pejus em processo de revisão, há vedação. cuja competência se busca preservar ou cuja autoridade se
Quanto à possibilidade de gravame na primeira hipótese, a pretenda garantir.
doutrina afirma que apenas é permitida a reformatio in pe- § 2o A reclamação deverá ser instruída com prova docu-
jus caso o ato inferior tenha sido praticado em desconfor- mental e dirigida ao presidente do tribunal.
midade com a lei, considerados critérios objetivos, sendo § 3o Assim que recebida, a reclamação será autuada e
assim proibida a reformatio in pejus caso seja feita apenas distribuída ao relator do processo principal, sempre que pos-
nova avaliação subjetiva. sível.
Último ponto que se coloca tange à coisa julgada § 4o As hipóteses dos incisos III e IV compreendem a apli-
administrativa, que basicamente é uma “situação jurídica cação indevida da tese jurídica e sua não aplicação aos casos
pela qual determinada decisão firmada pela Administra- que a ela correspondam.
ção não mais pode ser modificada na via administrativa”61, § 5º É inadmissível a reclamação:
embora o possa na via judicial; diferenciando-se da coisa I – proposta após o trânsito em julgado da decisão re-
julgada jurisdicional, cujo caráter definitivo impede a redis- clamada;
cussão da matéria em qualquer via. II – proposta para garantir a observância de acórdão de
recurso extraordinário com repercussão geral reconhecida
Reclamação ou de acórdão proferido em julgamento de recursos extraor-
Segundo Di Pietro62, “a reclamação administrativa é o dinário ou especial repetitivos, quando não esgotadas as ins-
ato pelo qual o administrado, seja particular ou servidor tâncias ordinárias.
público, deduz uma pretensão perante a Administração § 6o A inadmissibilidade ou o julgamento do recurso in-
Pública, visando obter o reconhecimento de um direito ou terposto contra a decisão proferida pelo órgão reclamado
a correção de um erro que lhe cause lesão ou ameaça de não prejudica a reclamação.
lesão”.
Art. 989.  Ao despachar a reclamação, o relator:
A primeira referência à reclamação no ordenamento
I - requisitará informações da autoridade a quem for
está no Decreto nº 20.910/1932, que fixa o prazo de 1 ano
imputada a prática do ato impugnado, que as prestará no
para que ocorra a prescrição:
prazo de 10 (dez) dias;
II - se necessário, ordenará a suspensão do processo ou
Art. 5º Não tem efeito de suspender a prescrição a de-
do ato impugnado para evitar dano irreparável;
mora do titular do direito ou do crédito ou do seu represen- III - determinará a citação do beneficiário da decisão im-
tante em prestar os esclarecimentos que lhe forem reclama- pugnada, que terá prazo de 15 (quinze) dias para apresentar
dos ou o fato de não promover o andamento do feito judicial a sua contestação.
ou do processo administrativo durante os prazos respectiva-
mente estabelecidos para extinção do seu direito à ação ou Art. 990.  Qualquer interessado poderá impugnar o pe-
reclamação. dido do reclamante.
Art. 6º O direito à reclamação administrativa, que Art. 991.  Na reclamação que não houver formulado, o
não tiver prazo fixado em disposição de lei para ser formu- Ministério Público terá vista do processo por 5 (cinco) dias,
lada, prescreve em um ano a contar da data do ato ou fato após o decurso do prazo para informações e para o ofereci-
do qual a mesma se originar. mento da contestação pelo beneficiário do ato impugnado.
Entretanto, a reclamação se torna um instrumento mais Art. 992.  Julgando procedente a reclamação, o tribunal
usual com a fixação em lei da possibilidade de sua apresen- cassará a decisão exorbitante de seu julgado ou determinará
tação ao Supremo Tribunal Federal se o ato administrativo medida adequada à solução da controvérsia.
contrariar súmula vinculante. As hipóteses de reclamação
são ampliadas pelo Código de Processo Civil de 2015: Art. 993.  O presidente do tribunal determinará o ime-
diato cumprimento da decisão, lavrando-se o acórdão pos-
Art. 988. Caberá reclamação da parte interessada ou do teriormente.
Ministério Público para:
I - preservar a competência do tribunal; Logo, a reclamação é uma forma bastante diferenciada
II - garantir a autoridade das decisões do tribunal; de controle da administração porque é exercido tipicamen-
III – garantir a observância de enunciado de súmula vin- te por órgão externo sem superioridade hierárquica, nota-
culante e de decisão do Supremo Tribunal Federal em con- damente, tribunal que componha o Poder Judiciário. Por
trole concentrado de constitucionalidade; isso, autores como Carvalho Filho63 afirmam que se trata
61 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito Ad-
mais de controle jurisdicional do que de controle adminis-
ministrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. trativo.
62 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 63 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad-
23. ed. São Paulo: Atlas editora, 2010. ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

73
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Pedido de reconsideração e recurso hierárquico perde o direito, o que ocorre na decadência, mas sim a pre-
próprio e impróprio tensão de postulá-lo. Pode ocorrer nos casos de perda de
Todos são espécies do gênero direito de petição, que prazo para recorrer de decisão tomada ou revisá-la (pres-
confere o direito fundamental de toda pessoa buscar pe- crição correndo contra o administrado e a favor da admi-
rante a administração a alteração de um ato administrativo nistração, convalidando seus atos), caso em que se segue a
ou representar a prática de ato ilegal ou abusivo. regra da prescrição quinquenal (5 anos) prevista no artigo
1º do Decreto nº 20.910; ou na hipótese de perda do prazo
Art. 5º, XXXIV, CF. São a todos assegurados, independen- para o exercício do poder punitivo (prescrição correndo a
temente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos favor do administrado e contra a administração, que não
Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade mais poderá aplicar a punição), que é a típica prescrição
ou abuso de poder; b) a obtenção de certidões em reparti- administrativa, e de perda de prazo para que seja adotada
ções públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de determinada providência administrativa (prescrição cor-
situações de interesse pessoal. rendo a favor do administrado e contra a administração,
que não mais poderá anular seus próprios atos dos quais
O direito de petição deve resultar em uma manifesta- decorram efeitos benéficos aos administrados, salvo prova
ção do Estado, normalmente dirimindo (resolvendo) uma de má-fé).
questão proposta, em um verdadeiro exercício contínuo - Poder punitivo de polícia – 5 anos (Lei nº 9.873/1999);
de delimitação dos direitos e obrigações que regulam a - Poder disciplinar funcional – no âmbito federal, 5
vida social e, desta maneira, quando “dificulta a aprecia- anos (infração grave), 2 anos (infração média) ou 180 dias
ção de um pedido que um cidadão quer apresentar” (mui- (infração leve), a contar do conhecimento de sua prática
tas vezes, embaraçando-lhe o acesso à Justiça); “demora (Lei nº 8.112/1990);
para responder aos pedidos formulados” (administrativa e, - Adoção de providência administrativa – 5 anos (Lei
principalmente, judicialmente) ou “impõe restrições e/ou nº 9.784/1999).
condições para a formulação de petição”, traz a chamada
insegurança jurídica, que traz desesperança e faz proliferar Representação e reclamação administrativas
as desigualdades e as injustiças. As representações e as reclamações administrativas
Dentro do espectro do direito de petição se insere, por são ambas formas de se exercer o direito de petição (art.
exemplo, o direito de solicitar esclarecimentos, de solicitar 5º, XXXIV, CF). Em sentido genérico são, ao lado dos recur-
cópias reprográficas e certidões, bem como de ofertar de- sos hierárquicos e do pedido de representação, espécies de
recursos administrativos, mas que se diferenciam daqueles
núncias de irregularidades. Contudo, o constituinte, talvez
por serem autônomos e não incidentais.
na intenção de deixar clara a obrigação dos Poderes Públi-
Assim, trata-se de exercício deste direito de forma ori-
cos em fornecer certidões, trouxe a letra b) do inciso, o que
ginária (recurso deflagrador), isto é, o ato administrativo
gera confusões conceituais no sentido do direito de obter
ilegal ou abusivo foi praticado e será denunciado pelo ad-
certidões ser dissociado do direito de petição.
ministrado. Será a primeira vez que a estão será levada à
Nas hipóteses de pedido de reconsideração, recurso
administração para a devida apreciação.
hierárquico próprio e recurso hierárquico impróprio deno- Na representação é feita uma denúncia de irregula-
ta-se que o processo administrativo ainda está em curso, ridade, ilegalidade ou abuso de poder perante a Admi-
pois uma autoridade tomou uma decisão administrativa nistração, Tribunal de Contas ou outro órgão de controle,
da qual se pretende recorrer (logo, trata-se de recurso in- como o Ministério Público.
cidental). A diferença entre as três modalidades está na Na reclamação administrativa se dá uma oposição ex-
autoridade que apreciará o pedido de alteração da decisão pressa a ato administrativo que ofenda direito ou interesse
administrativa. legítimo.
No pedido de reconsideração, será a própria autori-
dade que praticou um ato, reconsiderando nestes moldes Responsabilidades do parecerista e do administra-
a decisão que foi tomada. dor público pelas manifestações exaradas
No recurso hierárquico próprio, será a autoridade Para entender a controvérsia, basta pensar que se, por
hierarquicamente superior àquela que praticou o ato, um lado, se os atos administrativos são apenas aqueles que
tratando-se de clássico exercício do poder hierárquico ine- exteriorizam uma declaração de vontade do Estado, esta-
rente à estrutura escalonada da administração. Esta é a for- riam em regra excluídos os atos de juízo, conhecimento e
ma típica de se recorrer da decisão administrativa. opinião; por outro lado, se os atos administrativos abran-
No recurso hierárquico impróprio, será autoridade gem toda declaração do Estado, teoricamente poderiam
diversa, com competência especificada em lei, porém ser englobados os atos de juízo, conhecimento e opinião.
não hierarquicamente superior àquela que praticou o ato. Os pareceres nada mais são do que atos que exteriorizam
Na verdade, a reclamação administrativa perante o STF juízos, conhecimentos ou opiniões.
pode ser enquadrada nesta categoria. É possível classificar os pareceres em: parecer
facultativo, quando faculta algo a alguém (geralmente
Prescrição administrativa autoridade superior a inferior), não sendo obrigatória nem
Significa perda de prazo para apresentar uma preten- a sua solicitação e nem que se siga a opinião emanada;
são perante a Administração. No caso, o administrado não parecer técnico, que se diferencia do facultativo apenas

74
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no aspecto de emanar de um agente especializado, com ridade é que o Judiciário não pode controlar os critérios
habilidade técnica específica, sem relação de hierarquia; governamentais que direcionam a edição de atos políticos.
parecer obrigatório, cuja lei obriga a sua solicitação, mas Contudo, o controle de legalidade e o controle de consti-
não há obrigação em se seguir a opinião emanada; parecer tucionalidade são possíveis.
normativo, cujo caráter se torna genérico e abstrato b) Atos legislativos típicos: todos os atos que ema-
como uma lei; parecer vinculante, que nada mais é do nam do Poder Legislativo com caráter genérico, abstrato e
que um parecer de solicitação obrigatória e cuja opinião geral são passíveis de controle. Entretanto, se trata de con-
necessariamente deve ser seguida. trole de constitucionalidade, que se sujeita a regras especí-
Quanto à responsabilização daquele que emitiu o pa- ficas. O sistema brasileiro adota duas vias de realização de
recer, deverá ser considerada a natureza do parecer para tal controle, a via da exceção, com caráter difuso, exercida
determinar se há ou não responsabilidade solidária. No incidentalmente sem ação específica; e a via da ação, com
caso em que o parecer não vincula o administrador, poden- caráter concentrado, exercida por meio de ações específi-
do este praticar o ato seguindo ou não o posicionamento cas – ação direta de inconstitucionalidade, ação direta de
defendido e sugerido por quem emitiu o parecer, este não constitucionalidade, arguição de descumprimento de pre-
pode ser considerado responsável solidariamente com o ceito fundamental.
agente que possui a competência e atribuição para o ato c) Atos interna corporis: são os atos praticados dentro
administrativo decisório. Contudo, no caso de parecer vin- da competência interna e exclusiva dos diversos órgãos do
culante, há responsabilidade solidária64. Legislativo e do Judiciário; por exemplo, as competências
de elaboração de regimentos internos. Como os atos são
Controle judicial internos e exclusivos, não é possível fazer o controle sobre
O controle judicial é exercido pelo Judiciário sobre os as razões que levaram à elaboração. Contudo, o controle
atos administrativos praticados pelo Poder Executivo, pelo de vícios de ilegalidade e de inconstitucionalidade é ple-
Poder Legislativo ou pelo próprio Poder Judiciário, quan- namente válido.
do realiza atividades administrativas. Por ele, é possível Conforme prevê o próprio artigo 5º, XXXV, CF, “a lei
se decretar a anulação de um ato. Não cabe a revogação,
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
porque significaria análise de mérito, que o Judiciário não
ameaça a direito”. Logo, toda ofensa ou ameaça de ofensa
pode fazer.
a direitos dos administrados é passível de controle judicial.
“O controle judicial sobre atos da Administração é ex-
Ciente disso, o legislador cria inúmeros mecanismos espe-
clusivamente de legalidade. Significa dizer que o Judiciá-
cíficos para que tal controle seja realizado, como mandado
rio tem o poder de confrontar qualquer ato administrativo
de segurança, ação popular, ação civil pública, mandado de
com a lei ou com a Constituição e verificar se há ou não
injunção, habeas data, habeas corpus e as próprias ações
compatibilidade normativa. Se o ato for contrário à lei ou
à Constituição, o Judiciário declarará a sua invalidação de do controle de constitucionalidade. Entretanto, não se tra-
modo a não permitir que continue produzindo efeitos ilíci- ta de rol taxativo de formas pelas quais é possível exercer
tos. [...] O que é vedado ao Judiciário, como correntemente tais pretensões contra a Administração, porque em tese é
têm decidido os Tribunais, é apreciar o que se denomina possível utilizar qualquer tipo de ação judicial que venha a
normalmente de mérito administrativo, vale dizer, a ele é socorrer adequadamente à inibição de violação ou ameaça
interditado o poder de reavaliar os critérios de conve- a direito pela Administração. Sobre os meios específicos,
niência e oportunidade dos atos, que são privativos do aponta-se:
administrador público”, sob pena de se violar a cláusula a) Ação popular (artigo 5º, LXXIII, CF): é instrumento
fundamental da separação dos Poderes65. de exercício direto da democracia, permitindo ao cidadão
Quanto ao momento em que o controle judicial deve- que busque a proteção da coisa pública, ou seja, que vise
rá ocorrer, a regra impõe que seja feito de forma posterior, assegurar a preservação dos interesses transindividuais.
quando os atos administrativos já estão produzindo efeitos Trata-se de ação constitucional, que visa anular ato lesivo
no mundo jurídico. Em situações excepcionais o controle ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado par-
pode ser prévio, por exemplo, quando a lei autoriza a con- ticipe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
cessão de liminar diante de fumus boni iuris e periculum in patrimônio histórico e cultural. O legitimado ativo deve ser
mora. cidadão, ou seja, aquele nacional que esteja no pleno gozo
Existem atos que se sujeitam a controle especial, são dos direitos políticos. O legitimado passivo é o ente da Ad-
eles: ministração Pública, direta ou indireta, ou então a pessoa
a) Atos políticos: não são atos tipicamente adminis- jurídica que de algum modo lide com a coisa pública. A
trativos, mas verdadeiros atos de governo, emanados da regulação está na Lei nº 4.717/65.
cúpula política do país, no exercício de competências or- b) Ação civil pública (artigo 129, III, CF): Busca pro-
ganizacionais-administrativas constitucionais. A peculia- teger o patrimônio público e social, o meio ambiente e
outros direitos difusos e coletivos. A legitimidade ativa é
64 CRISTóVAM, José Sérgio da Silva; MICHELS, Charliane. O pa-
do Ministério Público, da Defensoria Pública, das pessoas
recer jurídico e a atividade administrativa: Aspectos destacados acer-
ca da natureza jurídica, espécies e responsabilidade do parecerista. jurídicas da administração direta e indireta e de associação
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XV, n. 101, jun. 2012. constituída há pelo menos 1 ano em área de pertinência te-
65 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito ad- mática. A legitimidade passiva é de qualquer pessoa, física
ministrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. ou jurídica, que tenha cometido dano ou tenha colocado

75
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sob ameaça o patrimônio público e social, o meio ambiente dos e universalidades/pessoas formais reconhecidas por
e outros direitos difusos e coletivos. A regulação está na Lei lei. Legitimado passivo é a autoridade coatora deve ser au-
nº 7.437/85. toridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício
c) Habeas corpus (artigo 5º, LXXVII, CF): ação que ser- de atribuições do Poder Público. Neste viés, o art. 6º, §3º,
ve para proteger a liberdade de locomoção. Apenas serve à Lei nº 12.016/09, preceitua que “considera-se autoridade
lesão ou ameaça de lesão ao direito de ir e vir. Trata-se de coatora aquela que tenha praticado o ato impugnado ou
ação constitucional de cunho predominantemente penal, da qual emane a ordem para a sua prática”. Encontra-se re-
pois protege o direito de ir e vir e vai contra a restrição ar- gulamentada pela Lei nº 12.016, de 07 de agosto de 2009.
bitrária da liberdade. Pode ser preventivo, para os casos de f) Mandado de segurança coletivo (artigo 5º, LXX,
ameaça de violação ao direito de ir e vir, conferindo-se um CF): Visa a preservação ou reparação de direito líquido e
“salvo conduto”, ou repressivo, para quando ameaça já tiver certo relacionado a interesses transindividuais (individuais
se materializado. Legitimado ativo é qualquer pessoa pode homogêneos ou coletivos), e devido à questão da legitimi-
manejá-lo, em próprio nome ou de terceiro, bem como o dade ativa, pertencente a partidos políticos e determinadas
Ministério Público (artigo 654, CPP). Impetrante é o que associações. Trata-se de ação constitucional de natureza ci-
ingressa com a ação e paciente é aquele que está sendo vil, independente da natureza do ato, de caráter coletivo. A
vítima da restrição à liberdade de locomoção. As duas fi- legitimidade ativa é de partido político com representação
guras podem se concentrar numa mesma pessoa. Legiti- no Congresso Nacional, bem como de organização sindical,
mado passivo é pessoa física, agente público ou privado. entidade de classe ou associação legalmente constituída e
Está regulamentado nos artigos 647 a 667 do Código de em funcionamento há, pelo menos, 1 (um) ano, em defesa
Processo Penal. de direitos líquidos e certos que atinjam diretamente seus
d) Habeas data (artigo 5º, LXXII, CF): serve para pro- interesses ou de seus membros. Encontra-se regulamenta-
teção do acesso a informações pessoais constantes de re- do pelo artigo 22 da Lei nº 12.016/09, que regulamenta o
gistros ou bancos de dados de entidades governamentais mandado de segurança individual.
ou de caráter público, para o conhecimento ou retificação g) Mandado de injunção (artigo 5º, LXXI, CF): os dois
(correção). Trata-se de ação constitucional que tutela o requisitos constitucionais para que seja proposto o man-
acesso a informações pessoais. Legitimado ativo é pessoa dado de injunção são a existência de norma constitucio-
física, brasileira ou estrangeira, ou por pessoa jurídica, de nal de eficácia limitada que prescreva direitos, liberdades
direito público ou privado, tratando-se de ação personalís- constitucionais e prerrogativas inerentes à nacionalidade,
sima – os dados devem ser a respeito da pessoa que a pro- à soberania e à cidadania; além da falta de norma regu-
põe. Legitimados passivos são entidades governamentais lamentadores, impossibilitando o exercício dos direitos, li-
da Administração Pública Direta e Indireta nas três esferas, berdades e prerrogativas em questão. Assim, visa curar o
bem como instituições, órgãos, entidades e pessoas jurídi- hábito que se incutiu no legislador brasileiro de não regu-
cas privadas prestadores de serviços de interesse público lamentar as normas de eficácia limitada para que elas não
que possuam dados relativos à pessoa do impetrante. Está sejam aplicáveis. Trata-se de ação constitucional que obje-
regulado pela Lei nº 9.507, de 12 de novembro de 1997. tiva a regulamentação de normas constitucionais de eficá-
e) Mandado de segurança individual (artigo 5º, LXIX, cia limitada. Legitimado ativo é qualquer pessoa, nacional
CF): Trata-se de remédio constitucional com natureza sub- ou estrangeira, física ou jurídica, capaz ou incapaz, que ti-
sidiária pelo qual se busca a invalidação de atos de autori- tularize direito fundamental não materializável por omis-
dade ou a suspensão dos efeitos da omissão administrativa, são legislativa do Poder público, bem como o Ministério
geradores de lesão a direito líquido e certo, por ilegalidade Público na defesa de seus interesses institucionais. Não se
ou abuso de poder. São protegidos todos os direitos líqui- aceita a legitimidade ativa de pessoas jurídicas de direito
dos e certos à exceção da proteção de direitos humanos público. Regulamentado pela Lei nº 13.300/2016.
à liberdade de locomoção e ao acesso ou retificação de
informações relativas à pessoa do impetrante, constantes Controle legislativo
de registros ou bancos de dados de entidades governa- Controle parlamentar ou legislativo é a prerrogativa
mentais ou de caráter público, ambos sujeitos a instrumen- atribuída ao Poder Legislativo de fiscalizar a Administração
tos específicos. A natureza é de ação constitucional de na- Pública sob os critérios político e financeiro. Deve se ater
tureza civil, independente da natureza do ato impugnado às hipóteses previstas na Constituição. Pode ser exercido
(administrativo, jurisdicional, eleitoral, criminal, trabalhista). quanto ao Executivo e ao Judiciário.
Pode ser preventivo, quando se estiver na iminência de vio- Entre os meios de controle, destacam-se:
lação a direito líquido e certo, ou reparatório, quando já - Controle Político: tem por base a possibilidade de
consumado o abuso/ilegalidade. Fundamenta-se na exis- fiscalização sobre atos ligados à função administrativa e
tência de direito líquido e certo, que é aquele que pode organizacional. Conforme artigo 49, X, CF, compete exclu-
ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída, sivamente ao Congresso Nacional “fiscalizar e controlar,
sem a necessidade de dilação probatória, isto devido à na- diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do
tureza célere e sumária do procedimento. A legitimidade Poder Executivo, incluídos os da administração indireta”.
ativa é a mais ampla possível, abrangendo não só a pessoa Do poder genérico de controle podem ser depreendidos
física como a jurídica, nacional ou estrangeira, residente ou outros poderes, como o poder convocatório, que permite
não no Brasil, bem como órgãos públicos despersonaliza- à Câmara ou Senado convocar Ministro de Estado ou au-

76
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

toridade relacionada ao Presidente (artigo 50, CF); o poder V - fiscalizar as contas nacionais das empresas su-
de sustação, que permite ao Congresso Nacional “sustar pranacionais de cujo capital social a União participe, de
os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do forma direta ou indireta, nos termos do tratado constitutivo;
poder regulamentar ou dos limites de delegação legislati- VI - fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos re-
va” (artigo 49, V, CF); e o controle das Comissões Parlamen- passados pela União mediante convênio, acordo, ajuste ou
tares de Inquérito – CPI (artigo 58, §3º, CF). outros instrumentos congêneres, a Estado, ao Distrito Fede-
- Controle Financeiro: a fiscalização contábil, finan- ral ou a Município;
ceira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e VII - prestar as informações solicitadas pelo Congres-
das entidades da administração direta e indireta, quanto so Nacional, por qualquer de suas Casas, ou por qualquer
à legalidade, legitimidade, economicidade, aplicação das das respectivas Comissões, sobre a fiscalização contábil, fi-
subvenções e renúncia de receitas, será exercida pelo Con- nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial e sobre
gresso Nacional, mediante controle externo, e pelo sistema resultados de auditorias e inspeções realizadas;
de controle interno de cada Poder. VIII - aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade
Quanto às áreas fiscalizadas, enquadram-se: contábil, de despesa ou irregularidade de contas, as sanções pre-
financeira, orçamentária, operacional e patrimonial no que vistas em lei, que estabelecerá, entre outras cominações,
se refere a legalidade, legitimidade, economicidade, sub- multa proporcional ao dano causado ao erário;
venções e renúncia de receitas. IX - assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
as providências necessárias ao exato cumprimento da
Tribunal de Contas da União lei, se verificada ilegalidade;
O Tribunal de Contas da União é órgão integrante do X - sustar, se não atendido, a execução do ato im-
Congresso Nacional que tem a função de auxiliá-lo no pugnado, comunicando a decisão à Câmara dos Depu-
controle financeiro externo da Administração Pública. No tados e ao Senado Federal;
âmbito estadual e municipal, aplicam-se, no que couber, XI - representar ao Poder competente sobre irregulari-
aos respectivos Tribunais e Conselhos de Contas, as normas dades ou abusos apurados.
sobre fiscalização contábil, financeira e orçamentária. § 1º No caso de contrato, o ato de sustação será ado-
As atribuições de controle do Tribunal de Contas da tado diretamente pelo Congresso Nacional, que solicita-
rá, de imediato, ao Poder Executivo as medidas cabíveis.
União encontram-se descritas no artigo 71 da Constituição,
§ 2º Se o Congresso Nacional ou o Poder Executivo, no
envolvendo notadamente o auxílio ao Congresso Nacional
prazo de noventa dias, não efetivar as medidas previstas
no controle externo (tanto é assim que o Tribunal não susta
no parágrafo anterior, o Tribunal decidirá a respeito.
diretamente os atos ilegais, mas solicita ao Congresso Na-
§ 3º As decisões do Tribunal de que resulte imputação
cional que o faça):
de débito ou multa terão eficácia de título executivo.
§ 4º O Tribunal encaminhará ao Congresso Nacional,
Artigo 71, CF. O controle externo, a cargo do Congresso
trimestral e anualmente, relatório de suas atividades.
Nacional, será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
da União, ao qual compete:
I - apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
10 RESPONSABILIDADE DO ESTADO.
sidente da República, mediante parecer prévio que deverá
ser elaborado em sessenta dias a contar de seu recebimento;
II - julgar as contas dos administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da adminis- A responsabilidade civil do Estado acompanha o ra-
tração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades ciocínio de que a principal consequência da prática de um
instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas ato ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de repa-
daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregu- rar o dano, mediante o pagamento de indenização que se
laridade de que resulte prejuízo ao erário público; refere às perdas e danos. Afinal, quem pratica um ato ou
III - apreciar, para fins de registro, a legalidade dos incorre em omissão que gere dano deve suportar as conse-
atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na admi- quências jurídicas decorrentes, restaurando-se o equilíbrio
nistração direta e indireta, incluídas as fundações instituídas social. Todos os cidadãos se sujeitam às regras da respon-
e mantidas pelo Poder Público, excetuadas as nomeações sabilidade civil, tanto podendo buscar o ressarcimento do
para cargo de provimento em comissão, bem como a das dano que sofreu quanto respondendo por aqueles danos
concessões de aposentadorias, reformas e pensões, ressalva- que causar. Da mesma forma, o Estado tem o dever de in-
das as melhorias posteriores que não alterem o fundamento denizar os membros da sociedade pelos danos que seus
legal do ato concessório; agentes causem durante a prestação do serviço, inclusive
IV - realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos De- se tais danos caracterizarem uma violação aos direitos hu-
putados, do Senado Federal, de Comissão técnica ou de in- manos reconhecidos.
quérito, inspeções e auditorias de natureza contábil, fi- “Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu no
nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial, nas mundo ocidental era a de que o Estado não tinha qualquer
unidades administrativas dos Poderes Legislativo, Execu- responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes.
tivo e Judiciário, e demais entidades referidas no inciso II; A solução era muito rigorosa para com os particulares em

77
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

geral, mas obedecia às reais condições políticas da época. Este é o artigo central do instituto da responsabilidade
O denominado Estado Liberal tinha limitada atuação, rara- civil, que tem como elementos: ação ou omissão voluntária
mente intervindo nas relações entre particulares, de modo (agir como não se deve ou deixar de agir como se deve),
que a doutrina de sua irresponsabilidade constituía mero culpa ou dolo do agente (dolo é a vontade de cometer uma
corolário da figuração política de afastamento e da equi- violação de direito e culpa é a falta de diligência), nexo
vocada isenção que o Poder Público assumia àquela época. causal (relação de causa e efeito entre a ação/omissão e
A ideia anterior, da intangibilidade do Estado, decorria da o dano causado) e dano (dano é o prejuízo sofrido pelo
irresponsabilidade do monarca, traduzida nos postulados agente, que pode ser individual ou coletivo, moral ou ma-
‘the king can do no wrong’ e ‘le roi ne peut mal faire’”66. terial, econômico e não econômico).
O instituto da responsabilidade civil é parte integran- Conforme o caso, a culpa será ou não considerada ne-
te do direito obrigacional, uma vez que a principal conse- cessária para reparar o dano. Pela teoria clássica, a culpa
quência da prática de um ato ilícito é a obrigação que gera é fundamento da responsabilidade, tanto que a teoria é
para o seu auto de reparar o dano, mediante o pagamen- conhecida como teoria da culpa ou subjetiva, pela qual não
to de indenização que se refere às perdas e danos. Afinal, havendo culpa, não há responsabilidade.
quem pratica um ato ou incorre em omissão que gere dano A lei impõe, no entanto, a certas pessoas, em determi-
deve suportar as consequências jurídicas decorrentes, res- nadas situações, a reparação de um dano cometido sem
taurando-se o equilíbrio social.67 culpa. Sempre que isso acontece, entende-se que a respon-
A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal, po- sabilidade é legal ou objetiva, não dependendo de culpa,
dendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até os bastando o dano e o nexo de causalidade (a culpa pode ou
limites da herança, embora existam reflexos na ação que não existir, mas nem é avaliada).
apure a responsabilidade civil conforme o resultado na es- Na responsabilidade subjetiva, provar a culpa é pressu-
fera penal (por exemplo, uma absolvição por negativa de posto do dano indenizável; enquanto que na responsabili-
autoria impede a condenação na esfera cível, ao passo que dade objetiva o elemento culpa é excluído (restam apenas
ação ou omissão, dano e nexo causal), sendo substituído
uma absolvição por falta de provas não o faz).
pelo risco.
A responsabilidade civil do Estado acompanha o racio-
Mesmo na responsabilidade objetiva, não se pode res-
cínio de que a principal consequência da prática de um ato
ponsabilizar quem não tenha dado causa ao evento, sendo
ilícito é a obrigação que gera para o seu auto de reparar o
imprescindível a demonstração do nexo causal.
dano, mediante o pagamento de indenização que se re-
Teorias da responsabilidade objetiva surgem por se
fere às perdas e danos. Todos os cidadãos se sujeitam às
entender que a culpa é insuficiente para regular todas as
regras da responsabilidade civil, tanto podendo buscar o situações de responsabilidade civil. A responsabilidade ob-
ressarcimento do dano que sofreu quanto respondendo jetiva não substitui a responsabilidade subjetiva, mas fica
por aqueles danos que causar. Da mesma forma, o Estado circunscrita aos seus próprios limites, notadamente, quan-
tem o dever de indenizar os membros da sociedade pelos do a atividade – por sua natureza – representar risco para
danos que seus agentes causem durante a prestação do os direitos de outrem.
serviço, inclusive se tais danos caracterizarem uma violação Logo, uma das teorias que justificam a responsabilida-
aos direitos humanos reconhecidos. de objetiva é a teoria do risco, pela qual toda pessoa que
Trata-se de responsabilidade extracontratual porque exerce alguma atividade cria um risco de dano para tercei-
não depende de ajuste prévio, basta a caracterização de ros e deve repará-lo caso ocorra (desloca-se a noção de
elementos genéricos pré-determinados, que perpassam culpa para a noção de risco).
pela leitura concomitante do Código Civil (artigos 186, 187 O Código Civil brasileiro filia-se à teoria subjetiva:
e 927) com a Constituição Federal (artigo 37, §6°).
É preciso lembrar que não é o Estado em si que viola Art. 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão volun-
os direitos, porque o Estado é uma ficção formada por um tária, negligência ou imprudência, violar direito e causar
grupo de pessoas que desempenham as atividades estatais dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
diversas. Assim, viola direitos o agente que o representa, ato ilícito”. Coloca-se no artigo a culpa lato sensu (sentido
fazendo com que o próprio Estado seja responsabilizado amplo), que envolve tanto o dolo quando a culpa stricto
por isso civilmente, pagando pela indenização (reparação sensu (sentido estrito, de negligência, imprudência ou im-
dos danos materiais e morais). Sem prejuízo, com relação a perícia).
eles, caberá ação de regresso se agiram com dolo ou culpa.
Genericamente, os elementos da responsabilidade civil Entretanto, em diversos dispositivos esparsos e legisla-
se encontram no art. 186 do Código Civil: ções específicas estabelecem casos em que não se aplicará
a responsabilidade subjetiva, mas a objetiva:
Artigo 186, CC. Aquele que, por ação ou omissão vo-
luntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
ilícito. Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
66 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito
independentemente de culpa, nos casos especificados em
Administrativo. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2015. lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo
67 GONÇALVES, Carlos Roberto. Responsabilidade Civil. 9. autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os di-
ed. São Paulo: Saraiva, 2005. reitos de outrem.

78
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

No caso da responsabilidade civil do Estado, o cons- Sem estes três requisitos, não será possível acionar o
tituinte viu por bem adotar como regra geral a teoria da Estado para responsabilizá-lo civilmente pelo dano, por
responsabilidade objetiva: mais relevante que tenha sido a esfera de direitos atingida.
Assim, não é qualquer dano que permite a responsabili-
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú- zação civil do Estado, mas somente aquele que é causado
blico e as de direito privado prestadoras de serviços pú- por um agente público no exercício de suas funções e que
blicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa exceda as expectativas do lesado quanto à atuação do Es-
qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- tado.
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Causas excludentes e atenuantes da responsabilida-
Logo, para que se caracterize a responsabilidade do de do Estado
Estado basta a comprovação dos elementos ação, nexo Não é sempre que o Estado será responsabilizado. Há
causal e dano, como regra geral. Contudo, tomadas as excludentes da responsabilidade estatal, aprofundadas
exigências de características dos danos acima colaciona- abaixo, notadamente: a) caso fortuito (fato de terceiro) ou
das, notadamente a anormalidade, considera-se que para o força maior (fato da natureza) fora dos alcances da previsi-
Estado ser responsabilizado por um dano, ele deve ex- bilidade do dano; b) culpa exclusiva da vítima.
ceder expectativas cotidianas, isto é, não cabe exigir do Todas estas excludentes geram a exclusão do ele-
Estado uma excepcional vigilância da sociedade e a plena mento nexo causal, que é o liame subjetivo entre a ação/
cobertura de todas as fatalidades que possam acontecer omissão e o dano, não do elemento culpa, que envolve o
em território nacional. aspecto volitivo da ação/omissão. Afinal, em regra, a res-
Diante de tal premissa, entende-se que a responsa- ponsabilidade civil do Estado é objetiva, de modo que a au-
bilidade civil do Estado será objetiva apenas no caso de sência de culpa ainda caracteriza a responsabilidade. Logo,
ações, mas subjetiva no caso de omissões. Em outras pa- caso se esteja diante de uma hipótese de responsabilidade
lavras, verifica-se se o Estado se omitiu tendo plenas con- civil do Estado subjetiva por omissão, também a ausência
dições de não ter se omitido, isto é, ter deixado de agir de culpa excluirá o dever de indenizar.
quando tinha plenas condições de fazê-lo, acarretando em
prejuízo dentro de sua previsibilidade. a) Fortuito
São casos nos quais se reconheceu a responsabilidade Hoje, fortuito e força maior são sinônimos. Trata-se de
omissiva do Estado: morte de filho menor em creche mu- fato externo à conduta do agente de natureza inevitável
nicipal, buracos não sinalizados na via pública, tentativa de (externabilidade + inevitabilidade), conforme artigo 393,
assalto a um usuário do metrô resultando em morte, danos parágrafo único, CC. Imprevisibilidade não é atributo de
provocados por enchentes e escoamento de águas pluviais caso fortuito (ex.: terremoto no Japão é previsível, mas é
quando o Estado sabia da problemática e não tomou pro- externo e inevitável, logo, o caso é fortuito).
vidência para evitá-las, morte de detento em prisão, incên- Fortuito interno é diferente de fortuito externo. Fortui-
dio em casa de shows fiscalizada com negligência, etc. to interno se relaciona com a atividade ordinária do cau-
sador do dano – há responsabilidade, por exemplo, falha
Requisitos para a demonstração da responsabilida- dos freios gerando acidente de ônibus. O fortuito externo
de do Estado não é introduzido pelo agente, por exemplo, assalto, infar-
1) Dano - somente é indenizável o dano certo, espe- to, chuva forte. No fortuito interno o risco é de dentro pra
cial e anormal. Certo é o dano real, existente. Especial é fora, no fortuito externo é de fora pra dentro. Apenas no
o dano específico, individualizado, que atinge determina- primeiro há dever de indenizar, isto é, mostra-se necessário
da ou determinadas pessoas. Anormal é o dano que ul- o vínculo com a atividade.
trapassa os problemas comuns da vida em sociedade (por Ex.: Para o STF, o banco tem o dever de dar segurança,
exemplo, infelizmente os assaltos são comuns e o Estado tudo o que ocorre nele é fortuito interno. Inclusive, o STJ
não responde por todo assalto que ocorra, a não ser que diz que fazem parte do risco da instituição financeira os
na circunstância específica possuía o dever de impedir o golpes que possa sofrer, por exemplo, subtração fraudu-
assalto, como no caso de uma viatura presente no local - lenta dos cofres em sua guarda (Informativo nº 468, STJ).
muito embora o direito à segurança pessoal seja um direito
humano reconhecido). b) Fato exclusivo da vítima
2) Agentes públicos - é toda pessoa que trabalhe den- Quem provocou o dano foi a própria vítima.
tro da administração pública, tenha ingressado ou não por Fato concorrente – Fenômeno da causalidade múltipla
concurso, possua cargo, emprego ou função. Envolve os ou autoria plural – 2 condutas concorrentes para produzir
agentes políticos, os servidores públicos em geral (funcio- um único dano. Somente reduz o montante de danos.
nários, empregados ou temporários) e os particulares em
colaboração (por exemplo, jurado ou mesário). c) Fato de terceiro
3) Dano causado quando o agente estava agindo nesta São casos em que a causa necessária para o dano não
qualidade - é preciso que o agente esteja lançando mão foi nem o comportamento do agente e nem o da vítima. O
das prerrogativas do cargo, não agindo como um particu- agente, na contestação, fará nomeação à autoria – gerando
lar. exclusão, não o futuro regresso da denunciação da lide.

79
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Terceiro não identificado – o agente não se responsa- A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
biliza, pois não teve um comportamento – act of God (do cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
inglês, ato de Deus) – fortuito externo. contraditório e ampla defesa. Trata-se de responsabilida-
de civil subjetiva ou com culpa. Havendo ação ou omis-
Reparação do dano são com culpa do servidor que gere dano ao erário (Ad-
Não é de hoje que o Direito é pacífico ao afirmar o fato ministração) ou a terceiro (administrado), o servidor terá
de que a prática de um ato ilícito gera um dever de repara- o dever de indenizar. Não obstante, agentes públicos que
ção. Há muito, o dever de reparação se dava pela causação pratiquem atos violadores de direitos humanos se sujeitam
de dano igual ao ofensor; nos ditames do direito moderno, à responsabilidade penal e à responsabilidade adminis-
o dever de reparação se consolida pela obrigação de inde- trativa, todas autônomas uma com relação à outra e à já
nizar (tanto pelo dano material quanto pelo dano moral). mencionada responsabilidade civil. Neste sentido, o artigo
Por um só fato pode caber dano patrimonial e dano 125 da Lei nº 8.112/90:
moral, se esta lesão gerar os 2 tipos de consequências –
súmula 37, STJ – pelo dano patrimonial busca-se a inde- Artigo 125, Lei nº 8.112/1990. As sanções civis, penais
nização (eliminar o dano) ou ressarcimento (pagamento e administrativas poderão cumular-se, sendo independentes
da coisa), o que coloca a vítima na situação financeira que entre si.
tinha antes do dano (retorno ao status quo ante); pelo dano
extrapatrimonial, como não há preço que repare a ofensa à Com efeito, no caso da responsabilidade civil, o Estado
dignidade, o que se busca é uma compensação ou satisfa- é diretamente acionado e responde pelos atos de seus ser-
ção (compensa-se pois o valor é uma resposta do Judiciário vidores que violem direitos, cabendo eventualmente ação
no sentido de que a ofensa não ficará impune; satisfação é de regresso contra ele. Contudo, nos casos da responsabili-
a postura do Estado de responder pela ofensa à dignidade). dade penal e da responsabilidade administrativa aciona-se
A palavra adequada para designar ambos é REPARAÇÃO o agente público que praticou o ato. Destaca-se a indepen-
(vide caput do artigo 948, que fala em outras reparações, dência entre as esferas civil, penal e administrativa no que
trazendo lucro cessante e dano emergente nos incisos). tange à responsabilização do agente público que cometa
O artigo 5º, X, CF constitucionalizou como direito fun- ato ilícito.
damental a reparação do dano moral. Hoje, não há dúvida
de que cabe ação pleiteando exclusivamente dano moral Responsabilidade primária e subsidiária
– é o dano moral puro, presente na expressão “ainda que O Estado responde diretamente pelos danos causados
exclusivamente moral” do artigo 186, CC. por seus agentes públicos, ou seja, por aqueles que estão
vinculados a qualquer dos órgãos da administração direta
Direito de regresso ou indireta: trata-se de responsabilidade primária, embora
Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: exista o direito de regresso.
Contudo, existem situações em que o Estado apenas
Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito públi- irá responder se o verdadeiro responsável pelo dano não
co e as de direito privado prestadoras de serviços públicos puder repará-lo, por exemplo, no caso de suas concessio-
responderão pelos danos que seus agentes, nessa quali- nárias e delegatárias de serviços públicos. No caso, tem-se
dade, causarem a terceiros, assegurado o direito de re- responsabilidade subsidiária.
gresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Responsabilidade do Estado por atos legislativos e
Este artigo deixa clara a formação de uma relação jurí- judiciais
dica autônoma entre o Estado e o agente público que cau- “Por atos (permissão, licença) ou fatos (atos materiais, a
sou o dano no desempenho de suas funções. Nesta rela- exemplo da construção de obras públicas) administrativos
ção, a responsabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá que causem danos a terceiros a regra é a responsabilidade
ao Estado provar a culpa do agente pelo dano causado, ao civil do Estado, mas por atos legislativos (leis) e judiciais
qual foi anteriormente condenado a reparar. Direito de re- (sentenças) a regra é a irresponsabilidade. Em princípio, o
gresso é justamente o direito de acionar o causador direto Estado não responde por prejuízos decorrentes de senten-
do dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, ça ou de lei, salvo se expressamente imposta tal obrigação
considerada a existência de uma relação obrigacional que por lei ou oriunda de culpa manifesta no desempenho das
se forma entre a vítima e a instituição que o agente com- funções de julgar e legislar.
põe. A lei e a sentença, atos típicos, respectivamente, do Po-
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen- der Legislativo e do Poder Judiciário, dificilmente poderão
te causar aos membros da sociedade, mas se este agen- causar dano reparável (certo, especial, anormal, referente
te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do a uma situação protegida pelo Direito e de valor econo-
que foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar micamente apreciável). Com efeito, a lei age de forma ge-
condutas incompatíveis com o comportamento ético dele ral, abstrata e impessoal e suas determinações constituem
esperado.68 ônus generalizados impostos a toda coletividade. Nesse
68 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São particular, o que já se viu foi a declaração de responsabili-
Paulo: Método, 2011. dade patrimonial do Estado por ato baseado em lei decla-

80
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

rada, posteriormente, como inconstitucional. Assim, a edi- b) supremacia do interesse público não consta como
ção de lei inconstitucional pode obrigar o Estado a reparar princípio expresso, mas informa a atuação da Administra-
os prejuízos dela decorrentes. Fora dessa hipótese, o que ção pública assim como os demais princípios, tais como
se tem é a não-obrigação de indenizar. eficiência, legalidade e moralidade.
A sentença não pode propiciar qualquer ressarcimen- c) os princípios da moralidade, legalidade, supremacia
to por eventuais danos que possa acarretar às partes ou a do interesse público e indisponibilidade do interesse públi-
terceiros. Devem ser ressalvadas as hipóteses de condena- co são expressos e, como tal, hierarquicamente superiores
ções pessoais injustas, cuja absolvição é obtida em revisão aos implícitos.
criminal (CF, art. 5º, LXXV). Observe-se, que nos casos em d) eficiência, moralidade, legalidade, impessoalidade
que o Juiz, a exemplo do que prevê o art. 133 do Código e indisponibilidade do interesse público são princípios ex-
de Processo Civil, responde, pessoalmente, por dolo, frau- pressos e, como tal, hierarquicamente superiores aos im-
de, recusa, omissão ou retardamento injustificado de atos plícitos.
ou providências de seu ofício, não se tem responsabilidade e) impessoalidade, eficiência, indisponibilidade do
patrimonial do Estado. A responsabilidade é do Juiz, não se interesse público e supremacia do interesse público são
princípios implícitos, mas de igual hierarquia aos princípios
transmitindo ao Estado”69.
expressos.
EXERCÍCIOS
04. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013)
O princípio administrativo que impõe o controle de resul-
01. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO - tados da Administração Pública, a redução do desperdício
FCC/2013) Na atuação da Administração Pública Federal, e a execução do serviço público com rendimento funcional
a segurança jurídica é princípio que; é denominado princípio da:
a) justifica a mantença de atos administrativos inváli- a) legalidade.
dos, desde que ampliativos de direitos, independentemen- b) impessoalidade.
te da boa-fé dos beneficiários. c) eficiência.
b) não impede a anulação a qualquer tempo dos atos d) publicidade.
administrativos inválidos, visto que não há prazos prescri- e) moralidade.
cionais ou decadenciais para o exercício de autotutela em
caso de ilegalidade. 05. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) A
c) justifica o usucapião de imóveis públicos urbanos de Constituição Federal e o ordenamento jurídico em geral
até duzentos e cinquenta metros quadrados, em favor da- consagram explicitamente alguns princípios orientadores
quele que, não sendo proprietário de outro imóvel urbano de toda a atividade da Administração Pública. Assinale a
ou rural, exerça a posse sobre tal imóvel por cinco anos, alternativa em que os dois princípios citados decorrem im-
ininterruptamente e sem oposição, utilizando-o para sua plicitamente do ordenamento jurídico:
moradia ou de sua família. a) Proporcionalidade e razoabilidade.
d) impede que haja aplicação retroativa de nova inter- b) Finalidade e motivação.
pretação jurídica, em desfavor dos administrados. c) Ampla defesa e contraditório.
e) impede que a Administração anule ou revogue atos d) Segurança jurídica e interesse público.
que geraram situações favoráveis para o particular, pois tal e) Autotutela e continuidade dos serviços públicos.
desfazimento afetaria direitos adquiridos.
06. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) “O interes-
02. (SMA-RJ – CONTADOR - FJG-RIO/2013) Segun- se público, sendo qualificado como próprio da coletivida-
de, não se encontra à livre disposição de quem quer que
do exposição doutrinária, o princípio da impessoalidade
seja, por inapropriáveis. Ao próprio órgão administrativo
não raramente é chamado de princípio da:
que o representa incumbe apenas guardá-lo e realizá-lo”.
a) igualdade legal
O texto refere-se ao:
b) razoabilidade dos meios a) Princípio da Legalidade.
c) finalidade administrativa b) Princípio da Eficiência.
d) subjetividade coletiva c) Princípio da Indisponibilidade do Interesse Público.
d) Princípio da Impessoalidade.
03. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) 07. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II -
Os princípios que regem a Administração pública po- IBFC/2013) O princípio da especialidade decorre dos prin-
dem ser expressos ou implícitos. A propósito deles é pos- cípios da:
sível afirmar que: a) Legalidade e da impessoalidade.
a) moralidade, legalidade, publicidade e impessoalida- b) Publicidade e da eficiência.
de são princípios expressos, assim como a eficiência, hie- c) Moralidade e da publicidade.
rarquicamente superior aos demais. d) Isonomia e da impessoalidade.
69 http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/903/Respon- e) Legalidade e da indisponibilidade do interesse pú-
sabilidade-Civil-do-Estado blico.

81
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

08. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO 11. (SMA-RJ – CONTADOR – FJG-RIO/2013) A pes-
- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) O artigo 37 da soa jurídica de direito privado, criada por autorização legal,
Constituição Federal dispõe que a Administração pública sob qualquer forma jurídica, para que o Governo exerça
deve obediência a uma série de princípios básicos, dentre atividades gerais de caráter econômico, corresponde à:
eles o da legalidade. É correto afirmar que a legalidade, a) sociedade de economia mista
como princípio de administração, significa que o adminis- b) agência reguladora
trador público, em sua atividade funcional, c) autarquia
a) pode fazer tudo que a lei não proíba, porque a Cons- d) empresa pública
tituição Federal garante que “ninguém será obrigado a fa-
zer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de 12. (SMA-RJ – CONTADOR – FJG-RIO/2013) Consti-
lei”. tui pessoa jurídica de Direito Público Interno:
b) está vinculado à lei, não aos princípios administra- a) o Estado Federal
tivos. b) a União
c) deve atuar conforme a lei e o direito, observando, c) a Presidência da República
inclusive, os princípios administrativos. d) o Governo Federal
d) está adstrito à lei, mas dela poderá afastar-se desde
que autorizado a assim agir por norma regulamentar. 13. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII -
e) está adstrito à lei, mas poderá preteri-la desde que PRIMEIRA FASE - FGV/2013) O Estado ABCD, com vistas
o faça autorizado por acordo de vontades, porque na Ad- à interiorização e ao incremento das atividades econômi-
ministração pública vige o princípio da autonomia da von- cas, constituiu empresa pública para implantar distritos in-
tade. dustriais, elaborar planos de ocupação e auxiliar empresas
interessadas na aquisição dessas áreas. Considerando que
09. (TJ-SP – JUIZ - VUNESP/2013) O princípio da au- esse objeto significa a exploração de atividade econômica
totutela administrativa, consagrado no Enunciado nº 473 pelo Estado, assinale a afirmativa correta.
das Súmulas do STF (“473 – a Administração pode anu- a) Não é possível a exploração de atividade econômica
lar seus próprios atos quando eivados de vícios que os por pessoa jurídica integrante da Administração direta ou
tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou indireta.
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, b) As pessoas jurídicas integrantes da Administração
respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos indireta não podem explorar atividade econômica.
os casos, a apreciação judicial”), fundamento invocado pela c) Dentre as figuras da Administração Pública indireta,
Administração para desfazer ato administrativo que afete apenas a autarquia pode desempenhar atividade econômi-
interesse do administrado, desfavorecendo sua posição ju- ca, na qualidade de agência reguladora.
rídica, d) A constituição de empresa pública para exercer ati-
a) confunde-se com a chamada tutela administrativa. vidade econômica é permitida quando necessária ao aten-
b) prescinde da instauração de prévio procedimento dimento de relevante interesse coletivo.
administrativo, pois tem como objetivo a restauração da
ordem jurídica, em respeito ao princípio da legalidade que 14. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
rege a Administração Pública. ÁREA JUDICIÁRIA - FCC/2013) Determinado ente inte-
c) exige prévia instauração de processo administrativo, grante da Administração indireta federal teve sua criação
para assegurar o devido processo legal. autorizada por lei, presta serviço público regularmente,
d) pode ser invocado apenas em relação aos atos ad- embora não tenha participado de licitação para outorga de
ministrativos ilegais. concessão, sujeita-se ao regime jurídico de direito privado,
embora com derrogações do regime jurídico de direito pú-
10. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO - blico. A descrição proposta é compatível com uma
FCC/2013) No tocante ao regime jurídico aplicável às so- a) autarquia.
ciedades de economia mista, que explorem atividade eco- b) fundação.
nômica em sentido estrito, é correto afirmar que; c) empresa pública reguladora.
a) dependem de autorização legislativa para alienação d) sociedade de economia mista.
de bens de seu patrimônio e) agência executiva.
b) gozam de privilégios processuais como o prazo em
quádruplo para contestar e em dobro para recorrer. 15. (SEAP-DF - PROFESSOR – SOCIOLOGIA -
c) não estão sujeitas à fiscalização pela Comissão de IBFC/2013) Segundo a Constituição da República, as
Valores Mobiliários. áreas de atuação de uma fundação serão definidas através
d) necessitam de autorização legislativa específica para _____________. Assinale a alternativa que completa correta-
criação de cada subsidiária. mente a lacuna.
e) são obrigadas a ter em sua estrutura um Conselho a) Do seu estatuto social.
de Administração, assegurada participação aos acionistas b) De decreto do Poder Executivo
minoritários. c) De lei complementar
d) Do seu regimento interno

82
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

16. (SEAP-DF - PROFESSOR - MATEMÁTICA- d) criação, por lei, de empresas públicas e sociedades
IBFC/2013) Segundo a Constituição da República, as de economia mista, esta última que, embora admita a par-
áreas de atuação de uma fundação serão definidas através ticipação privada, exige que o controle do capital votante
_____________. Assinale a alternativa que completa correta- seja de titularidade de ente público.
mente a lacuna. e) criação, por lei, de fundações de direito privado, as
a) Do seu estatuto social. quais, não obstante a natureza jurídica, submetem-se inte-
b) De decreto do Poder Executivo. gralmente ao regime jurídico de direito público.
c) De lei complementar.
d) Do seu regimento interno. 20. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO
- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) No que pertine à
17. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) Acerca das natureza dos entes que integram a Administração pública
entidades paraestatais, com base no Direito Administrativo e o regime jurídico a eles aplicável, é correto afirmar que:
brasileiro, analise as afirmativas a seguir. a) As autarquias compõem a Administração pública di-
I. A expressão abrange todos os entes da Administra- reta, porque se constituem em pessoas jurídicas de direito
ção Indireta, além das pessoas jurídicas de direito privado público sujeitas aos princípios informadores da Adminis-
autorizadas a realizar atividades de interesse coletivo ou tração pública.
público. b) As sociedades de economia mista não integram a
II. Os serviços sociais autônomos, por arrecadarem Administração pública descentralizada, porque se consti-
contribuições parafiscais, estão sujeitos à jurisdição da Jus- tuem em pessoas jurídicas de direito privado, enquanto às
tiça Federal. empresas públicas se aplicam as normas que compõem o
III. O Termo de Parceria é o instrumento passível de ser regime jurídico de direito público.
firmado entre o Poder Público e as entidades qualificadas c) As empresas públicas e as sociedades de economia
como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público mista integram a Administração pública indireta e se sujei-
destinado à formação de vínculo de cooperação entre as tam ao regime típico das empresas privadas; as autarquias
partes. e fundações compõem a Administração pública direta.
Assinale: d) As autarquias, empresas públicas e sociedades de
a) se somente a afirmativa II estiver correta. economia mista integram a Administração pública indireta
b) se somente a afirmativa III estiver correta. ou descentralizada, porque referidas pessoas jurídicas têm
c) se as afirmativas I e II estiverem corretas. personalidade de direito privado, sendo instituídos pelas
d) se as afirmativas I e III estiverem corretas. formas previstas na legislação civil.
e) se as afirmativas II e III estiverem corretas. e) As autarquias, empresas públicas e sociedades de
economia mista integram a Administração pública indireta
18. (TRE-RO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDI- ou descentralizada do Estado, sujeitas a princípios informa-
CIÁRIA - FCC/2013) Os Órgãos Públicos, quanto à esfera dores da Administração, tal como o que exige a realização
de ação, classificam-se em centrais e em locais. Constituem de concurso público para a investidura de servidores em
exemplos de órgãos públicos locais: cargo ou emprego público.
a) Secretarias de Estado.
b) Ministérios. 21. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO -
c) Delegacias de Polícia. FCC/2013) O exercício do poder de polícia administrativo,
d) Secretarias de Município. no âmbito da Administração Pública Federal,
e) Casas Legislativas. a) no que tange à aplicação de punições, está sujei-
to a prazo prescricional de 5 anos, exceto se a conduta a
19. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - ANALISTA JUDICIÁRIO ser sancionada constituir crime, aplicando-se nesse caso a
- ÁREA JUDICIÁRIA - FCC/2013) A Administração pública prescrição da legislação penal.
organiza-se também de forma descentralizada, do que é b) independe de previsão legal, haja vista a existência
exemplo a do poder regulamentar autônomo da Administração nesta
a) instituição, por lei, de autarquias, pessoas jurídicas matéria.
de direito público às quais pode ser transferida a titularida- c) pode ser delegado a entidade privada sem fins lucra-
de de serviços públicos para execução em substituição ao tivos instituída por particulares, desde que seja celebrado
ente federado que as criou. instrumento convenial, após prévia autorização legislativa.
b) instituição, por decreto regulamentar autônomo, de d) é atributo exclusivo de órgãos do Poder Executivo.
autarquias e fundações públicas, que se submetem inte- e) é sempre dotado dos atributos de imperatividade,
gralmente ao regime jurídico de direito público. discricionariedade e autoexecutoriedade.
c) autorização, por lei, para a criação de empresas pú-
blicas e sociedades de economia mista, que se submetem 22. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO -
ao regime jurídico de direito público, com exceção da nor- ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) Caracteriza-se o
ma constitucional que exige a realização de concurso pú- poder de polícia administrativa, de forma não exaustiva,
blico. pela prática de atos.

83
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) concretos e específicos, que envolvem fiscalização e c) Autotutela.


repressão, tal como a apreensão de mercadorias farmacêu- d) Ato Administrativo Complexo.
ticas armazenadas irregularmente. e) Poder Hierárquico.
b) impositivos de obrigações de não fazer, jamais im-
pondo obrigações positivas. 27. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) Com rela-
c) preventivos, no sentido de conformar a conduta dos ção aos Poderes da Administração Pública, analise as as-
administrados à lei, ficando os atos repressivos na esfera da sertivas abaixo.
polícia judiciária. I. Poder Hierárquico tem por objetivo ordenar, coor-
d) normativos gerais inovados, cuja finalidade é sem- denar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no
pre estabelecer as condutas esperadas dos administrados âmbito interno da Administração Pública.
e aquelas passíveis de reprimenda. II. Poder Disciplinar é aquele de que dispõe a Adminis-
e) repressivos, mediante provocação de administrados tração Pública para controlar o desempenho das funções e
diante de danos verificados, não havendo espaço para a das condutas internas de seus servidores, responsabilizan-
prática de atos de fiscalização preventiva. do-os pelas infrações que cometer.
III. Poder Regulamentar é a faculdade que permite ao
23. (TRT - 15ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - Chefe do Executivo de aclarar a lei para sua correta execu-
ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) A possibilidade ção.
de autoridade superior de órgão da Administração direta IV. Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a Ad-
revogar ou anular atos praticados por seus subordinados, ministração Pública para condicionar e restringir o uso e
nos termos da lei, é exteriorização do poder. gozo de bens, atividades e direitos individuais, em benefí-
a) de Tutela. cio da coletividade ou do próprio Estado.
b) Hierárquico. Está correto o que se afirma em:
c) Disciplinar. a) I, II, III e IV
d) Regulamentar. b) I, II e IV, apenas
e) Normativo. c) II e III, apenas.
d) I, III e IV, apenas
24. (RIOPREVIDÊNCIA - ESPECIALISTA EM PREVI-
DÊNCIA SOCIAL - CIÊNCIAS CONTÁBÉIS - CEPERJ/2013) 28. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II -
O Governo do Estado, apoiando o programa de criação das IBFC/2013) O desvio de finalidade caracteriza-se por in-
Unidades de Polícia Pacificadora, realiza várias outras in- termédio das seguintes condutas, EXCETO:
tervenções. Em relação aos pequenos comerciantes locais, a) Irracionalidade do procedimento, acompanhada da
atua na sua regularização para efeito de futuro recolhimen- edição do ato.
to de impostos, bem como da regularidade dos alimentos b) Motivação contraditória.
comercializados. Nesse caso, os agentes estaduais atuam c) Incerteza em relação aos destinatários.
em decorrência do seguinte tipo de poder: d) Camuflagem dos atos.
a) político e) Inadequação entre os motivos e os efeitos.
b) executivo
c) alimentar 29. (ANS - ATIVIDADE TÉC. DE SUPORTE – DIREI-
d) de polícia TO - FUNCAB/2013) Um superior hierárquico aplica uma
e) interventivo pena de suspensão ao servidor público que cometeu uma
infração. Isso é a expressão do poder:
25. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013) a) vinculado
Conforme tradicional classificação doutrinária, conside- b) de polícia.
ram-se atributos do poder de polícia: c) discricionário.
a) Legalidade, moralidade e impessoalidade. d) regulamentar.
b) Presunção da legitimidade, autoexecutoriedade e e) disciplinar.
imperatividade.
c) Discricionariedade, autoexecutoriedade e coercibili- 30. (ANS - ATIVIDADE TÉC. DE SUPORTE – DIREITO -
dade. FUNCAB/2013) No que tange ao poder de polícia, assinale
d) Necessidade, proporcionalidade e adequação. a alternativa correta.
e) Presunção de legitimidade, discricionariedade e im- a) O poder de polícia é exercido com exclusividade pe-
peratividade. los órgãos de segurança pública elencados na Constituição
Federal.
26. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) Decreto b) O consentimento de polícia é uma das fases do po-
expedido pelo Chefe do Poder Executivo, regulamentando der de polícia.
e estabelecendo limites à emissão de ruídos por casas no- c) O fechamento de estabelecimentos pelo Poder Pú-
turnas, consubstancia manifestação de blico não é manifestação do poder de polícia, ao contrário
a) Poder Disciplinar. da fiscalização que é eminentemente uma manifestação
b) Poder de Polícia. desse poder.

84
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) Atualmente, a delegação do poder de polícia pode b) presunção de validade entre as partes, somente po-
ser livremente realizada, ao contrário do que dispunha a dendo haver descumprimento mediante desconstituição
doutrina clássica. do ato no âmbito judicial.
e) A medida de salvaguarda contra o poder de polícia c) presunção de validade, que se consubstancia na
é o habeas libertatis consideração de que os atos administrativos, enquanto
existentes, são válidos e gozam de autoexecutoriedade.
31. (MPE-SE - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - d) exigibilidade, que garante a execução material dos
FCC/2013) O ato de delegação fruto do poder hierárquico, atos administrativos, independentemente de intervenção
poderá transferir atribuições judicial.
a) relacionadas à edição de atos de competência exclu- e) imperatividade, que atribui aos atos administrativos
siva atribuída ao delegante. a capacidade de imposição a terceiros, com ou sem sua
b) específicas, mediante prazo determinado e publica- concordância.
ção do ato de delegação por meio oficial.
c) correspondentes à totalidade das competências atri- 35. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO -
buídas ao delegante pela lei. ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013)
d) cometidas a qualquer órgão singular, uma vez que A discricionariedade pode ser qualificada como atribu-
não são passíveis de delegação as competências imputa- to dos atos administrativos em geral. Quando se fala que
das a órgãos colegiados. determinado ato tem essa característica significa que:
e) específicas e, mesmo quando praticadas pelo agente a) é manifestação de vontade legítima do administra-
delegado, considerar-se-ão editadas pelo delegante. dor, prevista ou não em lei, cuja edição configura direito
subjetivo do interessado.
b) foi editado levando em conta fatores externos e in-
32. (TRT - 1ª REGIÃO (RJ) - JUIZ SUBSTITUTO -
ternos do processo, sendo assim considerado ainda que
FCC/2013) Empresa privada obtém autorização de impor-
fosse a única decisão passível de ser tomada, nos termos
tação de material bélico. Posteriormente, alegando rele-
da lei.
vante interesse nacional, no tocante ao desenvolvimento c) é o resultado de opção do administrador, dentre al-
da indústria bélica nacional, o órgão competente da Admi- gumas alternativas, que a legislação lhe confere, proferi-
nistração Pública Federal revoga referida autorização. da no âmbito do exercício de seu juízo de oportunidade e
O ato revocatório em questão deve ser qualificado conveniência.
como: d) foi proferido como manifestação do juízo de opor-
a) concreto; composto; autoexecutório; emanado no tunidade e conveniência, inovando a ordem jurídica e pos-
exercício de poder hierárquico. sibilitando a autoexecutoriedade de seu conteúdo.
b) individual; constitutivo; restritivo; emanado no exer- e) foi proferido em estrito cumprimento de disposição
cício de poder discricionário. legal, exteriorizando direito subjetivo do interessado.
c) coercitivo; vinculado; declaratório; emanado no exer-
cício do poder de autotutela. 36. (SEAP-DF - PROFESSOR – SOCIOLOGIA -
d) ato de gestão; complexo; vinculado; emanado no IBFC/2013) Visando a execução de determinado decreto,
exercício de poder de polícia. o Ministro de Estado, no âmbito das suas competências,
e) ato de império; enunciativo; abstrato; emanado no poderá editar o seguinte ato:
exercício de poder disciplinar. a) Circular
b) Portaria.
33. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII - c) Resolução.
PRIMEIRA FASE - FGV/2013) O Estado X concedeu a Fu- d) Instrução.
lano autorização para a prática de determinada atividade.
Posteriormente, é editada lei vedando a realização daquela 37. (SEPLAG-MG – DIREITO - IBFC/2013) “É o atribu-
atividade. Diante do exposto, e considerando as formas de to do ato administrativo que autoriza sua imediata execu-
extinção dos atos administrativos, assinale a afirmativa cor- ção, ainda que arguido de vícios ou defeitos que possam
reta. levar a sua invalidade.” O texto refere-se ao atributo da:
a) Deve ser declarada a nulidade do ato em questão. a) Autoexecutoriedade.
b) Deve ser declarada a caducidade do ato em questão. b) Imperatividade.
c) O ato em questão deve ser cassado. c) Eficiência.
d) O ato em questão deve ser revogado. d) Presunção de legitimidade.

34. (TRT - 15ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - 38. (CAU-BR – ADVOGADO - IADES/2013) Assinale a
ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) Os atos adminis- alternativa correta quanto aos requisitos dos atos adminis-
trativos gozam de atributos específicos, dos quais não dis- trativos que podem estar no âmbito do poder discricioná-
põem os atos praticados sob a égide do regime jurídico de rio da Administração Pública.
direito privado. Dentre eles, a: a) Competência e Objeto.
a) presunção de exigibilidade, que possibilita a coação b) Motivo e Objeto.
material dos atos administrativos mediante autorização su- c) Finalidade e Competência.
perior. d) Forma e Motivo.
e) Objeto e Finalidade.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

39. (TRE-RO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- 44. (SEPLAG-MG - GESTOR GOVERNAMENTAL –
NISTRATIVA - FCC/2013) Considere as seguintes asserti- CONTADOR - IESES/2013) Qual das alternativas abaixo
vas: NÃO se trata de um ato negocial?
I. A Administração pública ao revogar um ato adminis- a) Atestado.
trativo assim o faz com efeitos ex tunc. b) Licença.
II. Mesmo anulado um ato administrativo, o princípio c) Admissão.
da boa-fé e a teoria da aparência resguardam os efeitos já d) Dispensa.
produzidos em relação aos terceiros de boa-fé.
III. A Administração pública ao convalidar um ato admi- 45. (TRE-RO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDI-
nistrativo assim o faz com efeitos ex nunc. CIÁRIA - FCC/2013) Sebastião, servidor público, pratica
Está correto o que consta em ato administrativo discricionário. No entanto, após a práti-
a) II, apenas. ca do ato, que, ressalte-se, é válido e em total consonância
b) I e II, apenas. com o ordenamento jurídico, decide revogá-lo por razões
c) I, apenas. de conveniência e oportunidade. Está correto afirmar que
d) I, II e III. a) Sebastião deveria ter anulado o ato e não se utiliza-
e) III, apenas. do do instituto da revogação.
b) A revogação não se dá por razões de conveniência e
40. (TRE-RO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- oportunidade, mas sim, por vício contido no ato.
NISTRATIVA - FCC/2013) A imperatividade dos atos ad- c) Inexiste ato administrativo discricionário, sob pena
ministrativos de uma atuação arbitrária da Administração pública.
a) é característica pela qual os atos administrativos d) O ato administrativo discricionário comporta tanto
impõem-se a terceiros independentemente de sua concor- revogação quanto anulação, esta última desde que haja ile-
dância. galidade no mesmo.
b) é característica presente também nos atos de direito e) O ato administrativo discricionário não admite ser
privado retirado do mundo jurídico, isto é, não comporta revoga-
c) significa o poder de executar os atos administrativos ção, nem anulação.
de forma autônoma pela Administração pública, isto é, sem
necessidade de intervenção do Judiciário. 46. (TRT - 5ª REGIÃO (BA) - TÉCNICO JUDICIÁRIO
d) não é considerada atributo de tais atos. - ÁREA ADMINISTRATIVA - FCC/2013) A presunção de
e) existe em todos os atos administrativos. legitimidade ou de veracidade é um dos atributos do ato
administrativo. Desta presunção decorrem alguns efeitos,
41. (TCE-BA - AGENTE PÚBLICO - FGV/2013) Tendo dentre eles a
em vista as hipóteses de extinção do ato administrativo, a) impossibilidade do Judiciário decretar a nulidade do
assinale a alternativa que apresenta apenas hipóteses de ato administrativo.
extinção volitiva dos atos administrativos. b) capacidade de imposição do ato administrativo a
a) Invalidação e extinção subjetiva. terceiros, independentemente de sua concordância.
b) Revogação e cassação. c) capacidade da Administração criar obrigações para o
c) Extinção subjetiva e objetiva. particular sem a necessidade de intervenção judicial.
d) Anulação e execução material d) capacidade da Administração empregar meios dire-
e) Extinção objetiva e execução material. tos de coerção, compelindo materialmente o administrado
a fazer alguma coisa, utilizando-se inclusive da força.
42. (TCE-BA - AGENTE PÚBLICO - FGV/2013) No que e) capacidade de produção de efeitos do ato adminis-
concerne à classificação dos atos administrativos, a respei- trativo enquanto não decretada a sua invalidade pela pró-
to do ato modificativo assinale a afirmativa correta. pria Administração ou pelo Judiciário.
a) Altera situações jurídicas preexistentes podendo ex-
tinguir essa situação jurídica. 47. (TJ-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINIS-
b) Reconhece apenas a existência de um fato ou de TRAÇÃO - FGV/2013) Ato administrativo é a declaração
uma situação jurídica anterior a ele. do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos
c) Tem o condão de criar uma nova situação jurídica jurídicos imediatos, com observância da lei, sob o regime
d) Altera situações jurídicas preexistentes, mas nunca jurídico de direito público e sujeito ao controle pelo Poder
provoca sua extinção. Público.
e) Reconhece situação jurídica futura. Assinale a alternativa que relaciona os elementos ou
requisitos do ato administrativo.
43. (SEPLAG-MG - GESTOR GOVERNAMENTAL – a) Legalidade, finalidade, forma, motivo e objeto ou
CONTADOR - IESES/2013) Referente à classificação dos conteúdo.
atos administrativos, quanto ao objeto, quando o Poder b) Competência, impessoalidade, forma, motivo e ob-
Público atua com supremacia sobre o administrado, coerci- jeto ou conteúdo.
tivamente e unilateralmente, temos descrito o ato de: c) Finalidade, competência, moralidade, motivo e efi-
a) Gestão. ciência.
b) Expediente. d) Competência, finalidade, forma, motivo, objeto ou
c) Vinculação. conteúdo.
d) Império. e) Forma, competência, finalidade, motivo e eficiência.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

48. (TJ-AM - ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINIS- 52. (TJ-PR - ASSESSOR JURÍDICO - TJ-PR/2013) Com
TRAÇÃO - FGV/2013) O atributo do ato administrativo, relação às licitações públicas, identifique como verdadeiras
considerado uma garantia para o particular porque impede (V) ou falsas (F) as seguintes afirmativas:
a Administração de agir de forma discricionária, é deno- ( ) A celebração de convênio não exige prévia realiza-
minado ção de procedimento licitatório.
a) Presunção de legitimidade e veracidade. ( ) Segundo a Lei Federal 8.666/93, é permitida a con-
b) Autoexecutoriedade. tratação direta por inexigibilidade de licitação quando se
c) Discricionariedade. tratar de serviços de publicidade e divulgação.
d) Imperatividade. ( ) É dispensável licitação para aquisição de obra de
e) Tipicidade. arte destinada a decorar gabinete de autoridade adminis-
trativa de alto escalão, desde que certificada a autenticida-
49. (ANVISA - TÉCNICO ADMINISTRATIVO - PROVA de da obra de arte.
ANULADA - CETRO/2013) No que se refere ao Ato Admi- ( ) A licitação é deserta quando todos os licitantes pre-
nistrativo, leia o trecho abaixo e assinale a alternativa que
sentes no certame são inabilitados ou desclassificados.
preenche correta e respectivamente as lacunas.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência corre-
Segundo o Professor Hely Lopes Meyrelles:
ta, de cima para baixo.
“O ___________ administrativo é toda manifestação uni-
lateral de vontade da Administração _________ que, agindo a) V – F – F – F.
nessa qualidade, tenha por fim _________ adquirir, resguar- b) F – V – V – F.
dar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou c) F – V – F – V.
impor obrigações aos seus administrados ou a si própria.” d) V – F – V – V.
a) ato/ pública/ imediato
b) ato ou fato/ direta/ imediato 53. (OAB - EXAME DE ORDEM UNIFICADO - XII -
c) ato ou fato/ direta/ mediato PRIMEIRA FASE – FGV/2013) A Administração Pública es-
d) ato ou fato/ pública/ mediato tadual pretende realizar uma licitação em modalidade não
e) ato/ pública/ mediato prevista na legislação federal.
Nesse caso, é correto afirmar que
50. (MPE-SP - ANALISTA DE PROMOTORIA II - a) a intenção é viável, pois o Estado tem ampla compe-
IBFC/2013) Indique a alternativa CORRETA, de acordo com tência para legislar sobre licitações.
o texto expresso da Constituição da República: b) a intenção somente é viável caso seja realizada a
a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí- combinação de modalidades de licitação já previstas na Lei
veis aos brasileiros que preencham os requisitos estabele- nº 8.666/93.
cidos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei. c) a intenção não é viável por expressa vedação da Lei
b) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí- n. 8.666/93.
veis aos brasileiros e estrangeiros que preencham os requi- d) a intenção é viável por expressa autorização da Lei
sitos estabelecidos em ato regulamentar, assim como aos n. 8.666/93.
estrangeiros, na forma da lei complementar.
c) Os cargos, empregos e funções públicas são aces- 54. (SESACRE – FISIOTERAPEUTA - FUNCAB/2013)
síveis somente aos brasileiros natos que preencham os São modalidades licitatórias:
requisitos estabelecidos em lei, sendo inacessíveis aos es- a) convite e sondagem.
trangeiros. b) concurso e promoção.
d) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí-
c) leilão e permissão.
veis aos brasileiros que preencham os requisitos estabele-
d) consulta e concessão.
cidos no edital do concurso, assim como aos estrangeiros,
e) pregão e concorrência.
na forma da lei complementar.
e) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí-
veis aos brasileiros natos que preencham os requisitos es- 55. (PC-RJ - OFICIAL DE CARTÓRIO - IBFC/2013)
tabelecidos na Constituição Federal, assim como aos brasi- Analise as assertivas abaixo com base na Lei Federal n°
leiros naturalizados e estrangeiros, na forma da lei. 8.666/93, que disciplina o procedimento licitatório:
I. A licitação é dispensável quando não acudirem inte-
51. (SUDECO - AGENTE ADMINISTRATIVO - FUN- ressados à licitação anterior e esta, justificadamente, não
CAB/2013) As obras, serviços, inclusive de publicidade, puder ser repetida sem prejuízo para a Administração,
compras, alienações, concessões, permissões e locações da mantidas, neste caso, todas as condições preestabelecidas.
Administração Pública, quando contratadas com terceiros, II. Quando a União tiver que intervir no domínio eco-
serão, via de regra, precedidas de: nômico para regular preços ou normalizar o abastecimen-
a) aprovação pelo Poder Legislativo to, a licitação é dispensável.
b) parecer favorável do Ministério Público. III. É dispensável a licitação para aquisição de materiais,
c) licitação. equipamentos, ou gêneros que só possam ser fornecidos
d) aprovação do Tribunal de Contas da União. por produtor, empresa ou representante comercial exclusi-
e) análise do Poder Judiciário vo, vedada a preferência de marca.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV. Haverá dispensabilidade de licitação para a contra- a) à apresentação de espetáculos artísticos


tação de serviços de natureza singular, com profissionais b) a serviços médicos.
ou empresas de notória especialização. c) a consultoria em saúde pública.
V. Para contratação de profissional de qualquer setor d) a serviço de meteorologia.
artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo, e) à elaboração de perícias.
desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública, será dispensável a licitação. 60. (TCE-BA - ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO -
Estão corretos apenas os itens: FGV/2013) No que se refere ao tema das licitações e con-
a) I e II. tratos administrativos, assinale a afirmativa incorreta.
b) I e III. a) Na hipótese legal de dispensa de licitação, a Admi-
c) II e V. nistração Pública pode realizar o certame.
d) III e IV. b) Na hipótese de inexigibilidade de licitação, a Admi-
e) IV e V. nistração Pública pode realizar o certame desde que exista
prévia autorização legislativa.
56. (IPSEMG - ANALISTA - TECNOLOGIA DA INFOR- c) O pregão é uma modalidade de licitação não pre-
MAÇÃO - FUNDEP/2013) No procedimento licitatório re- vista originalmente na Lei de Licitações e Contratos Admi-
gido pela Lei nº 8.666/93, faculta-se ao licitante desistir da nistrativos.
proposta, sem necessidade de justificação e sem que o ato d) A emergência fabricada não autoriza a dispensa de
possa resultar em responsabilização até a fase da licitação.
a) adjudicação. e) Encerrado o procedimento, com a escolha da pro-
b) classificação. posta mais vantajosa para a Administração Pública, a lici-
c) habilitação. tação pode ser revogada por razões de interesse público.
d) homologação.
RESPOSTAS
57. (IPSEMG - TÉCNICO – ENFERMAGEM - FUN-
DEP/2013) Determinada autarquia do Estado de Minas 01. Resposta: “D”. Para Dirley da Cunha Júnior, “o va-
Gerais pretende adquirir equipamentos cujo valor estima- lor segurança jurídica é consagrado por vários outros prin-
do é de R$ 12.000,00 (doze mil reais). cípios: direito adquirido, ato jurídico perfeito, coisa julgada,
Consoante o que dispõe a Lei nº 8.666/93, é CORRETO irretroatividade da lei entre outros. Este princípio enaltece
a ideia de proteger o passado (relações jurídicas já consoli-
afirmar que, no caso:
dadas) e tornar o futuro previsível, de modo a não infringir 
a) Configura-se hipótese de dispensa de licitação.
surpresas desagradáveis ao administrado. Visa à proteção
b) Configura-se hipótese de licitação dispensada.
da confiança e a garantia de certeza e estabilidade das re-
c) A realização de licitação é obrigatória, devendo ser
lações e situações jurídicas”.
utilizada a modalidade de tomada de preços.
d) A realização de licitação é obrigatória, devendo ser
02. Resposta: “C”. Para Hely Lopes Meirelles, o princí-
utilizada a modalidade de convite. pio da impessoal idade “nada mais é do que o clássico
princípio da finalidade, o qual impõe ao administrador
58. (AL-MT – PROCURADOR - FGV/2013) Com rela- público que só pratique o ato para seu fim legal. E o fim
ção à disciplina legal das licitações, é correto afirmar que legal é unicamente aquele que a norma de Direito
a) não se admite, no julgamento da licitação, qualquer indica expressa ou virtualmente como objetivo do ato,
preferência a empresas brasileiras. de forma impessoal”.
b) a contratação de serviços de publicidade deve ser
precedida de licitação. 03. Resposta: “B”. Os princípios da Supremacia do
c) a alienação de bens da Administração Pública será Interesse Público e da Indisponibilidade do Interesse Pú-
sempre precedida de avaliação e licitação. blico, apesar de implícitos no ordenamento jurídico, são
d) as obras, serviços, compras e alienações realizados tidos como pilares do regime jurídico-administrativo. Isto
pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário não são se deve ao fato de que todos os demais princípios da ad-
atingidos pela exigência de licitação. ministração pública são desdobramentos desses dois prin-
e) a modalidade de licitação entre interessados previa- cípios em questão, cuja relevância é tanta que são conheci-
mente cadastrados, convidados em número mínimo de 3 dos como supraprincípios da administração pública.
(três) pela unidade administrativa, é denominada convite. Letra “A”: incorreta. Não há hierarquia entre os princí-
pios, eles se resolvem por ponderação.
59. (TCE-ES - TODOS OS CARGOS - CONHECIMEN- Letra “C”: incorreta. O princípio da supremacia do inte-
TOS BÁSICOS - CESPE/2013) Na hipótese de determinado resse público e indisponibilidade do interesse público não
órgão da administração pública estadual contratar direta- são expressos.
mente um profissional de notória especialização para reali- Letra “D”: incorreta. O princípio da indisponibilidade
zar um serviço técnico especializado, de natureza singular, do interesse público não é um princípio expresso. Não há
essa contratação estará de acordo com a Lei de Licitações hierarquia entre os princípios expressos em relação aos im-
caso se refira plícitos.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Letra “E”: incorreta. Os princípios da impessoalidade e afastar-se da lei, o que existe é uma certa margem de dis-
eficiência são princípios expressos. cricionariedade que o legislador, às vezes, deixa à Adminis-
OBS: Cuidado porque algumas bancas consideram tração para decidir sobre alguns atos, o que não se con-
princípios expressos apenas o que estão previstos na Cons- funde com arbitrariedade, que é agir com conveniência e
tituição Federal e outras consideram que os princípios ad- oportunidade fora dos limites da lei.
ministrativos que estiverem escritos em lei são explícitos.
Proporcionalidade, razoabilidade, finalidade, motivação, 09. Resposta: “C”. O art. 5º, LV da Constituição Federal
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica e interes- garante o contraditório e ampla defesa aos litigantes em
se público constam expressamente no artigo 2º da Lei nº processo judicial ou administrativo (“aos litigantes, em pro-
9784/99. cesso judicial ou administrativo, e aos acusados em geral
são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os
04. Resposta: “C”. Segundo Alexandre Mazza: “Eco- meios e recursos a ela inerentes”). Cuidado com a palavra
nomicidade, redução de desperdícios, qualidade, rapidez, “prescinde” muito comum em questões de prova que sig-
produtividade e rendimento funcional são valores encare- nifica “dispensável”.
cidos pelo princípio da eficiência”.
10. Resposta: “E”. O amparo da reposta está no art.
05. Resposta: “E”. Tudo indica que a questão foi reti- 239 da Lei nº 6404/76: “As companhias de economia mista
rada da Lei nº 9784/99. Repare o que diz a Lei nº 9784/99, terão obrigatoriamente Conselho de Administração, asse-
no seu art. 2º: “A Administração Pública obedecerá, dentre gurado à minoria o direito de eleger um dos conselheiros,
outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, se maior número não lhes couber pelo processo de voto
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla de- múltiplo”.
fesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e
eficiência”. Observe que as letras “A”, “B”, “C” e “D” estão 11. Resposta: “D”. O conceito legislativo tem previsão
expressas nesta lei e os que não estão expressos são auto- no art. 5º, II, do Decreto-Lei nº 200/67: “empresas pú-
tutela e continuidade dos serviços públicos. blicas são entidades dotadas de personalidade jurídica
de direito privado, com patrimônio próprio e capital
06. Resposta: “C”. Alexandre Mazza ensina que “O exclusivo da União, criadas por lei para exploração
supraprincípio da indisponibilidade do interesse público de atividade econômica que o Governo seja levado a
exercer por força de contingência, ou de conveniência
enuncia que os agentes públicos não são donos do interes-
administrativa, podendo revestir-se de quaisquer das
se por eles defendido. Assim, no exercício da função admi-
formas admitidas em direito”.
nistrativa os agentes públicos estão obrigados a atuar, não
segundo sua própria vontade, mas do modo determinado
12. Resposta: “B”. O art. 41 do Código Civil estabelece
pela legislação. Como decorrência dessa indisponibilidade,
que: “São pessoas jurídicas de direito público interno: I - a
não se admite tampouco que os agentes renunciem aos
União; II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III
poderes legalmente conferidos ou que transacionem em - os Municípios; IV - as autarquias, inclusive as associações
juízo”. públicas; V - as demais entidades de caráter público criadas
por lei”.
07. Resposta: “E”. Maria Sylva Zanela di Pietro leciona:
“Dos princípios da legalidade e da indisponibilidade do in- 13. Resposta: “D”. O fundamento da resposta está no
teresse público, decorrem, dentre outros, o da especialida- art. 173, § 1º da Constituição Federal: “A lei estabelecerá o
de, concernente à ideia de descentralização administrativa. estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de eco-
Quando o Estado cria pessoas jurídicas públicas adminis- nomia mista e de suas subsidiárias que explorem atividade
trativas - as autarquias - como forma de descentralizar a econômica de produção ou comercialização de bens ou de
prestação de serviços públicos, com vistas à especialização prestação de serviços”.
de função, a lei que cria a entidade estabelece com preci-
são as finalidades que lhe incumbe atender, de tal modo 14. Resposta: “D”. O conceito legal de sociedade de
que não cabe aos seus administradores afastar-se dos ob- economia mista está previsto no art. 5º, III, do Decreto-
jetivos definidos na lei; isto precisamente pelo fato de não -Lei nº 200/67: “a entidade dotada de personalidade ju-
terem a livre disponibilidade dos interesses públicos”. rídica de di rei to privado, criada por lei para a explora-
ção de atividade econômica, sob a forma de sociedade
08. Resposta: “C”. O administrador está adstrito tanto anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua
ao princípio da legalidade quanto ao da moralidade, não maioria à União ou à entidade da Administração Indireta”.
bastando respeitar a lei estrita, sua atitude deve ser guiada
pelos demais princípios administrativos. 15. Resposta: “C”. O fundamento da resposta está no
Letra “A”: incorreta. Trata-se da legalidade para o par- art. 37, XIX, da Constituição Federal: “somente por lei espe-
ticular. cífica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição
Letra “B”: incorreta. A Administração Pública está, sim, de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
vinculada aos princípios administrativos também. fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso,
Letra “D” e “E”: incorretas. A Administração não pode definir as áreas de sua atuação”.

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

16. Resposta: “C”. De acordo com art. 37, XIX, da co – autarquia e a ela atribui a titularidade (não a plena,
Constituição Federal: “somente por lei específica poderá mas a decorrente de lei) e a execução de serviço público
ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa descentralizado.
pública, de sociedade de economia mista e de fundação, Letra “A”: incorreta. As autarquias compõe a Adminis-
cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as tração Pública indireta.
áreas de sua atuação”. Letra “B”: incorreta. As sociedades de economia mis-
ta integram a Administração Pública indireta. As empresas
17. Resposta: “B”. públicas estão sujeitas a regime jurídico de direito privado.
Item I: incorreto. Entidades paraestatais são pessoas ju- Letra “C”: incorreta. As autarquias e fundações com-
rídicas de direito privado que, sem fins lucrativos, realizam põem a Administração pública indireta.
projetos de interesse do Estado, prestando serviços não ex- Letra “D”: incorreta. As autarquias tem personalidade
clusivos e viabilizando o seu desenvolvimento. Por isso, re- jurídica de direito público.
cebe uma ajuda por parte dele, desde que preenchidos de-
terminados requisitos estabelecidos por lei específica para 21. Resposta: “A”. De acordo com o art. 1º da Lei nº
cada modalidade. Não integram a Administração Pública. 9873/99: “Prescreve em cinco anos a ação punitiva da Ad-
Item II: incorreto. Os serviços sociais autônomos, em- ministração Pública Federal, direta e indireta, no exercício
bora compreendidos na expressão entidade paraestatal, do poder de polícia, objetivando apurar infração à legisla-
são pessoas jurídicas de direito privado, categorizadas ção em vigor, contados da data da prática do ato ou, no
como entes de colaboração que não integram a Adminis- caso de infração permanente ou continuada, do dia em
tração Pública, mesmo empregando recursos públicos pro- que tiver cessado. §2º Quando o fato objeto da ação puniti-
venientes de contribuições parafiscais. Aplica-se, por ana- va da Administração também constituir crime, a prescrição
logia, a Súmula 516 do STF: “o Serviço Social da Indústria reger-se-á pelo prazo previsto na lei penal”.
- SESI - está sujeito à jurisdição da Justiça Estadual”.
Item III: correto. Termo de Parceria é uma metodologia 22. Resposta: “A”. Celso Antônio Bandeira de Mello
nova de relacionamento entre o poder público e a socieda- aduz que: “a atividade da Administração Pública, expres-
de civil, criada pela lei das OSCIPs. sa em atos normativos ou concretos, de condicionar, com
fundamento em sua supremacia geral e na forma da lei,
18. Resposta: “C”. Órgãos locais são os que atuam a liberdade e propriedade dos indivíduos, mediante ação
sobre uma parte do território, como as Delegacias Regionais ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, impondo
da Receita, Delegacias de Polícia e outros. Observe todos os coercitivamente aos particulares um dever de abstenção a
órgãos apontados nas assertivas. Sem dúvidas, a Delegacia fim de conformar-lhes os comportamentos aos interesses
de Polícia é o menos abrangente, pois nos municípios sociais consagrados no sistema normativo”.
maiores são várias e com circunscrições diversas na própria Alternativa “B”: incorreta. O poder de polícia não impõe
localidade. apenas obrigações de não fazer mas também obrigações
de fazer, como se verifica no art. 78 do Código Tributário
19. Resposta: “A”. As autarquias são clássico exemplo Nacional.
de descentralização administrativa, notadamente porque Alternativa “C” e “E”: incorretos. Como já mencionado o
possuem uma relevante autonomia no exercício de suas poder de polícia instrumentaliza-se ora por ação fiscaliza-
atribuições. dora, ora preventiva, ora repressiva.
Alternativa “B”: incorreta. As autarquias são criadas por Alternativa “D”: Segundo Alexandre Mazza: “normal-
lei específica e poderão adotar o regime jurídico público, mente o poder de polícia estabelece deveres negativos
enquanto que as fundações terão sua criação autorizada aos particulares, estabelecendo obrigações de não fazer.
por lei e poderão adotar o regime jurídico público ou pri- Em casos raros, pode gerar deveres positivos, por exemplo,
vado. na obrigação de atendimento da função social da proprie-
Alternativa “C”: incorreta, pois empresas públicas e so- dade”.
ciedades de economia mista submetem-se ao regime jurí-
dico de direito privado. 23. Resposta: “B”. José dos Santos Carvalho Filho ex-
Alternativa “D”: incorreta. As empresas públicas e so- plica: “Decorre também da hierarquia o poder de revisão
ciedades de economia mista não são criadas por lei. A sua dos atos praticados por agentes de nível hierárquico
instituição que é autorizada por lei. mais baixo. Se o ato contiver vício de legalidade, ou
Alternativa “E”: incorreta. As fundações não são criadas não se coadunar com a orientação administrativa, pode o
por lei. A sua instituição que é autorizada por lei. Além dis- agente superior revê-lo para ajustamento a essa orientação
so, quando são de direito privado adotam o regime jurídico ou para restaurar a legalidade”.
de direito privado e não de direito público. 
24. Resposta: “D”. Para Hely Lopes Meirelles, “poder
20. Resposta: “E”. A descentralização por serviços, de polícia é a faculdade de que dispõe a Administração
funcional ou técnica é a que se verifica quando o poder Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de
público (União, Estados, Distrito Federal ou Município) por bens, atividades e direitos individuais, em benefício da
meio de uma lei cria uma pessoa jurídica de direito públi- coletividade ou do próprio Estado”.

90
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

25. Resposta: “C”. Segundo os entendimentos de Ma- Letra “A”: incorreta. O poder de polícia é exercido pela
ria Sylvia Zanela di Pietro e Hely Lopes Meirelles, os atribu- Administração Pública, e não com exclusividade pelos ór-
tos do poder de polícia são: discricionariedade, autoexecu- gãos de segurança pública elencados na Constituição Fe-
toriedade e coercibilidade. deral.
Letra “C”: incorreta. O fechamento de estabelecimento
26. Resposta: “B”. Poder de polícia para Celso Antônio é, sim manifestação do poder de polícia. Vale lembrar que
Bandeira de Mello é: “a atividade da Administração Públi- um dos atributos do poder de polícia é a autoexecutorie-
ca, expressa em atos normativos ou concretos, de condicio- dade.
nar, com fundamento em sua supremacia geral e na forma Letra “D”: incorreta. A delegação do poder de polícia
da lei, a liberdade e propriedade dos indivíduos, mediante não é livremente realizada, pois apenas alguns atos mate-
ação ora fiscalizadora, ora preventiva, ora repressiva, im- riais de polícia podem ser delegados.
pondo coercitivamente aos particulares um dever de abs- Letra “E”: o poder de polícia não oferece perigo ao sta-
tenção a fim de conformar-lhes os comportamentos aos tus libertatis do indivíduo, já que não cerceia a liberdade
interesses sociais consagrados no sistema normativo”. ou direito de ir e vir do cidadão. Não existe mais prisão
administrativa. A medida cabível contra ato do poder pú-
27. Resposta: “A”. A título de complementação Mar- blico, que porventura, viesse a ameaçar o status libertatis
celo Alexandrino e Vicente Paulo trazem alguns conceitos é o Habeas corpus, um remédio constitucional. (José dos
importantes: a) defendem que a hierarquia caracteriza-se Carvalho Filho)
pela existência de graus de subordinação entre os diversos
órgãos e agentes do Executivo. Sendo o Poder Hierárquico 31. Resposta: “B”. Nos termos do artigo 14 da Lei nº
que permite à Administração estabelecer tais relações, dis- 9784/99, “o ato de delegação e sua revogação deverão ser
tribuindo as funções de seus órgãos e agentes conforme publicados no meio oficial. § 1º O ato de delegação es-
o escalonamento hierárquico; b) entendem que o Poder pecificará as matérias e poderes transferidos, os limites da
Disciplinar está intimamente relacionado com o Poder Hie- atuação do delegado, a duração e os objetivos da delega-
rárquico e traduz-se no poder-dever que possui a Admi- ção e o recurso cabível, podendo conter ressalva de exercí-
nistração de punir internamente as infrações funcionais de
cio da atribuição delegada”.
seus servidores e demais pessoas sujeitas à disciplina dos
Alternativa “A”: incorreta, com base no art. 13 da Lei nº
órgãos e serviços da Administração; c) defendem que ao
9784/99 não pode ser objeto de delegação as matérias de
Poder Executivo é conferida a prerrogativa de editar atos
competência exclusiva do órgão ou autoridade.
normativos gerais e abstratos; d) entendem que a Adminis-
Alternativa “C”: incorreta, pois como já mencionado a
tração exerce o Poder de Polícia sobre todas as atividade
lei veda a delegação de certas matérias (art. 13 da Lei nº
que possam, direta ou indiretamente, afetar os interesses
da coletividade. O Poder de Polícia é exercido por todas as 9784/99).
esferas da Federação, sendo, em princípio, da competência Alternativa “D”: incorreta, visto que o art. 12, §único da
da pessoa política que recebeu da Constituição a atribuição Lei nº 9784/99 prevê: “O disposto no caput deste artigo
de regular aquela matéria, cujo adequado exercício deve aplica-se à delegação de competência dos órgãos colegia-
ser pela mesma pessoa fiscalizado. dos aos respectivos presidentes”.
Alternativa “E”: incorreta, de acordo com o art. 14, § 3º
28. Resposta: “C”. O desvio de finalidade ou de poder da Lei nº 9784/99, “as decisões adotadas por delegação
é a modalidade de abuso em que o agente busca alcançar devem mencionar explicitamente esta qualidade e consi-
fim diverso daquele que a lei lhe permitiu, isto é, o interesse derar-se-ão editadas pelo delegado.
público.
32. Resposta: “B”. É ato individual porque possui
29. Resposta: “E”. Segundo Alexandre Mazza, “o po- destinatário certo; é constitutivo pois criou uma nova
der disciplinar consiste na possibilidade de a Administração situação jurídica; é restritivo, uma vez que limita a esfera
aplicar punições aos agentes públicos que cometam infra- de interesse do destinatário e é emanado no exercício
ções funcionais. Assim, trata-se de poder interno, não per- de poder discricionário, porque envolveu avaliação de
manente e discricionário. Interno porque somente pode conveniência e oportunidade da Administração.
ser exercido sobre agentes público, nunca em relação
a particulares, exceto quando estes forem contratados 33. Resposta: “B”. De acordo com Alexandre Mazza,
da Administração. É não permanente à medida que é caducidade consiste na extinção do ato em consequência
aplicável apenas se e quando o servidor cometer falta da sobrevinda de norma legal proibindo situação que o ato
funcional”. Como se trata de punição de servidor que co- autorizava. Funciona como uma anulação por causa super-
meteu falta infracional não resta dúvida de que se trata de veniente.
poder disciplinar.
34. Resposta: “E”. Segundo Alexandre Mazza, “o atri-
30. Resposta: “B”. O exercício do poder de polícia buto da imperatividade significa que o ato adminis-
sempre deve obedecer à seguinte sequência de atos: nor- trativo pode criar unilateralmente obrigações aos parti-
ma de polícia (legislação); permissão (consentimento) de culares, independentemente da anuência destes. É uma
polícia; fiscalização; sanção de polícia. capacidade de vincular terceiros a deveres jurídicos deri-

91
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vada do chamado poder extroverso. Ao contrário dos 41. Resposta: “B”. Anulação, revogação e a cassação
particulares, que só possuem poder de auto-obrigação são classificadas como formas do chamado desfazimento
(introverso), a Administração Pública pode criar deveres volitivo.
para si e também para terceiros”.
42. Resposta: “D”. É o que tem por finalidade alterar
35. Resposta: “C”. José dos Santos Carvalho Filho en- situações preexistentes, sem provocar sua extinção. O ato
sina que “diversamente sucede nos atos discricionários . modifica uma determinada situação jurídica a ele anterior,
Nestes é própria a lei que autoriza o agente a proceder mas não suprime direitos ou obrigações (entendimento de
a uma avaliação de conduta, obviamente tomando em Marcelo Alexadrino e Vicente Paulo).
consideração a inafastável finalidade do ato. A valoração
incidirá sobre o motivo e o objeto do ato, de modo que 43. Resposta: “D”. Atos de império são praticados
este, na atividade discricionária, resulta essencialmente pela Administração em posição de superioridade diante
da liberdade de escolha entre alternativas igualmente do particular. Atos de gestão são os expedidos pela
justas, traduzindo, portanto, um certo grau de subjeti- Administração em posição de igualdade perante o
vismo”. particular, sem usar de sua supremacia e regidos pelo
direito privado. Atos de expediente dão andamento
36. Resposta: “D”. Fernanda Marinela leciona a dife- a processos administrativos. São atos de rotina interna
rença destes institutos: praticados por agentes subalternos sem competência
“- Circular: é fórmula pela qual autoridades superiores decisória. (Alexandre Mazza). Na concepção de Helly Lopes
transmitem ordens uniformes a funcionários subordinados. Meirelles, “atos vinculados ou regrados são aqueles para
Portaria: são atos administrativos internos pelos quais os quais a lei estabelece os requisitos e condições de sua
os chefes de órgãos e repartições públicas expedem de- realização”.
terminações gerais ou especiais a seus subordinados, ou
designam servidores para funções e cargos secundários. 44. Resposta: “A”. Cumpre lembrar que o atestado
Resoluções: são atos normativos ou individuais, ema- é um ato enunciativo que comprova fatos ou situações
nados de autoridades de elevado escalão administrativo transitórias que não constem de arquivos públicos.
como, por exemplo, Ministros e Secretários de Estado ou
Municípios, ou pelos Presidentes de Tribunais, órgãos le- 45. Resposta: “D”. Conforme art. 53 da Lei nº 9.784/99:
“a Administração deve anular seus próprios atos, quando
gislativos e colegiados administrativos, para disciplinar ma-
eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por
téria de sua competência específica.
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados
Instrução :é fórmula de expedição de normas gerais e
os direitos adquiridos”. No mesmo sentido o teor da Súmu-
abstratas de orientação internadas repartições, emanadas
la 473 do STF: “a administração pode anular seus próprios
de seus chefes, a fim de prescrever o modo pelo qual seus
atos, quando eivados de vícios que os tornam ilegais,
subordinados deverão dar andamento aos seus serviços”.
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeita-
37. Resposta: “D”. De fato a presunção de legitimi-
dos os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os
dade autoriza a imediata execução do ato administrativo casos, a apreciação judicial”.
porque o ato é válido até prova em contrário. Trata-se de
uma presunção relativa. 46. Resposta: “E”. Maria Sylvia Zanella Di Pietro enten-
de que, “há cinco fundamentos para justificar a presun-
38. Resposta: “B”. Segundo Hely Lopes Meirelles, essa ção de legitimidade: a) o procedimento e as formalida-
margem de liberdade pode residir no motivo ou no objeto des que antecedem sua edição, constituindo garantia de
do ato discricionário. observância da lei; b) o fato de expressar a soberania do
poder estatal, de modo que a autoridade que expede o ato;
39. Resposta: “A”. Alexandre Mazza expõe: “Revoga- c) a necessidade de assegurar celeridade no cumprimen-
ção é a extinção do ato administrativo perfeito e eficaz, to das decisões administrativas; d) os mecanismos de
com eficácia ex nunc, praticada pela Administração Pública controle sobre a legal idade do ato; e) a sujeição da Ad-
e fundada em razões de interesse público (conveniência e ministração ao princípio da legalidade, presumindo-se que
oportunidade). Em princípio, a anulação de ato administra- seus atos foram praticados em conformidade com a lei”.
tivo não gera dever de indenizar o particular prejudicado,
exceto se comprovadamente sofreu dano especial para a 47. Resposta: “D”. Com base no art. 2º da lei de ação
ocorrência do qual não tenha colaborado. O ato convalida- popular, os elementos ou requisitos do ato administrati-
tório tem natureza vinculada (corrente majoritária), consti- vo são competência, finalidade, forma, motivo, objeto ou
tutiva, secundária e eficácia ex tunc”. conteúdo.

40. Resposta: “A”. A imperatividade implica que a im- 48. Resposta: “E”. A tipicidade diz respeito à necessi-
posição do ato independe da anuência do administrado. dade de respeitar-se a finalidade específica definida na lei
para cada espécie de ato administrativo.

92
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

49. Resposta: “A”. Segundo Hely Lopes Meirelles, “ato 55. Resposta: “A”.
administrativo é toda manifestação unilateral de vontade Item I: correto, conforme art. 24, V da Lei nº 8666/93.
da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, te- Item II: correto, consoante art. 24, VI da Lei nº 8666/93.
nha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modi- Item III: incorreto. O erro da assertiva consiste em
ficar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos afirmar que se trata de hipótese de licitação dispensável,
administrados ou a si própria”. quando na verdade é caso de inexigibilidade, segundo o
art. 25, I da Lei nº 8666/93.
50. Resposta: “A”. Os requisitos para que um brasilei- Item IV: incorreto. A contratação de serviços de nature-
ro acesse um cargo público se encontram, notadamente, za singular, com profissionais ou empresas de notória espe-
no artigo 5º da Lei nº 8.112/90. No entanto, o estrangei- cialização é hipótese de inexigibilidade e não de dispensa
ro pode ocupar cargo público conforme o §3º do mesmo (art. 25, II da Lei nº 8666/93).
dispositivo: “As universidades e instituições de pesquisa Item V: incorreto porque também é caso de inexigibili-
científica e tecnológica federais poderão prover seus car-
dade (art. 25, III da Lei nº 8666/93).
gos com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei”.
56. Resposta: “C”. Após a fase de habilitação, não
cabe desistência de proposta, salvo por motivo justo de-
51. Resposta: “C”. No art. 2º da Lei nº 8666/93 consta
que “as obras, serviços, inclusive de publicidade, compras, corrente de fato superveniente e aceito pela Comissão (art.
alienações, concessões, permissões e locações da Adminis- 43, §6º da Lei nº 8666/93).
tração Pública, quando contratadas com terceiros, serão
necessariamente precedidas de licitação, ressalvadas as hi- 57. Resposta: “D”. A hipótese em questão não se en-
póteses previstas nesta Lei”. caixa nas situações previstas para dispensa de licitação,
portanto ela é obrigatória, na modalidade de convite por-
52. Resposta: “A”. De fato a celebração de convênio que o art. 23, II da Lei nº 8666/93 prevê tal modalidade de
não exige prévia licitação, porquanto ela é dispensável nes- licitação para compras e serviços que não os de engenharia
te caso(art. 24, XXVI da Lei nº 8666/93), razão pela qual o para valores até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais).
item é verdadeiro.
O art. 25 da lei 8666/93 que enumera as hipóteses de 58. Resposta: “B”. A contratação de serviços de publi-
inexigibilidade de licitação, no inciso II diz que é vedada a cidade deve ser precedida de licitação porque o art. 25, II
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação, o da Lei nº 8666/93 excepciona a inexigibilidade para servi-
que faz com que o item seja falso. ços de publicidade.
É dispensável a licitação “para a aquisição ou Alternativa “A”: incorreta. O art. 2º, III da Lei nº 8666/93
restauração de obras de arte e objetos históricos, de estabelece que “em igualdade de condições, como critério
autenticidade certificada, desde que compatíveis ou de desempate, será assegurada preferência, sucessivamen-
inerentes às finalidades do órgão ou entidade” (art. 24, XV te, aos bens e serviços: II – produzidos no país; III – produ-
da Lei nº 8666/93), sendo assim o item é falso. zidos ou prestados por empresas brasileiras”.
Segundo Alexandre Mazza: “pressuposto fático é a exi- Alternativa “C”: incorreta, pois o art. 17, II da Lei nº
gência de comparecimento de interessados em participar 8666/93 elenca hipóteses de dispensa de licitação, então
da licitação. A ausência de pressuposto implica a autoriza- não é sempre que haverá avaliação prévia e licitação.
ção para contratação direta por dispensa de licitação em- Alternativa “D”: incorreta. O art. 117 da Lei nº 8666/93
basada na denominada licitação deserta. A previsão desta diz que “as obras, serviços, compras e alienações realizados
hipótese de dispensa de licitação consta do art. 24, V, da lei
pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário e do Tri-
8.666/93: É dispensável a licitação quando não acudirem
bunal de Contas regem-se pelas normas desta Lei, no que
interessados á licitação anterior e esta, justificadamente,
couber, nas três esferas administrativas”.
não puder ser repetida sem prejuízo para a Administração,
Alternativa “E”: incorreta. Convite é a modalidade de
mantidas neste caso, todas as condições preestabelecidas”.
licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu
53. Resposta: “C”. O art. 22, §8º da Lei nº 8666/93 dis- objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em
põe que “é vedada a criação de outras modalidades de número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa,
licitação ou a combinação das referidas neste artigo”. a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumen-
to convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na
54. Resposta: “E”. De acordo com Alexandre Mazza correspondente especialidade que manifestarem seu inte-
são 7 modalidades de licitação. São modalidades de lici- resse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da
tação, segundo o art. 22 da Lei nº 8666/93: concorrência, apresentação das propostas (art. 22, §3º da Lei nº 8666/93).
tomada de preços, convite, concurso, leilão. Além disso,
existem a consulta prevista na Lei nº 9472/97 e o pregão 59. Resposta: “E”. Assim prevê o art. 13, II da lei de
previsto na Lei nº 10520/02. Portanto a letra “E” é a alterna- licitações: “pareceres, perícias e avaliações em geral”. As
tiva que deve ser assinalada. demais atividades não estão elencadas em tal dispositivo.

93
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

60. Resposta: “B”. Na hipótese de inexigibilidade a


competição é inviável. Assim faltando pressuposto lógico
da licitação que é a existência de pluralidade de objetos e
ofertantes, não há que se fala em licitação.
Alternativa “A”: correta. Uma boa parte da doutrina en-
tende que dispensa é gênero da qual a licitação dispen-
sável e dispensada são espécies. Na licitação dispensável,
de fato a Administração Pública pode realizar o certame
porque os casos de dispensa (art. 24 da Lei nº 8666/93)
englobam situações em que a competição é possível, mas
sua realização pode não ser conveniente e oportuna para
a Administração e no caso de licitação dispensada a lei de
antemão dispensa a licitação. A questão deveria ter es-
pecificado melhor se se trata de licitação dispensada ou
dispensável, no entanto a alternativa “B” é mais incorreta,
devendo então ser assinalada.
Alternativa “C”: correta: O pregão encontra previsão na
Lei nº 10520/02.
Alternativa “D”: correta. Primeiramente, importante
conceituar o que é emergência fabricada: é a situação de
emergência que decorre da ação dolosa ou culposa do ad-
ministrador, seja ela consequência da falta de planejamen-
to, da desídia administrativa ou da má gestão dos recur-
sos públicos. Isto é, a emergência aqui é “fabricada” pelo
próprio agente público responsável. (conceito retirado do
artigo feito pelo procurador do Estado Moises Andrade). O
art. 24, IV da Lei nº 8666 apenas menciona “emergência”,
sem especificar mais nada, daí a polêmica. Pela letra da lei,
a emergência fabricada não autoriza dispensa de licitação,
razão pela qual foi considerada correta.
Alternativa “E”: correta, segundo o art. 49 da Lei nº
8666: “A autoridade competente para a aprovação do pro-
cedimento somente poderá revogar a licitação por razões
de interesse público decorrente de fato superveniente de-
vidamente comprovado, pertinente e suficiente para justifi-
car tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício
ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e
devidamente fundamentado”.

94
MATEMÁTICA

1 Modelos algébricos. ......................................................................................................................................................................................................01


2 Geometria das superfícies planas. ..........................................................................................................................................................................07
3 Padrões numéricos. .......................................................................................................................................................................................................13
4 Modelos lineares. ...........................................................................................................................................................................................................27
5 Modelos periódicos. .....................................................................................................................................................................................................39
6 Geometria dos sólidos..................................................................................................................................................................................................40
7 Modelos exponenciais e logarítmicos....................................................................................................................................................................47
8 Princípios de contagem. ..............................................................................................................................................................................................53
9 Análise de dados. ...........................................................................................................................................................................................................53
10 Geometria do plano cartesiano. ............................................................................................................................................................................62
11 Geometria do plano complexo...............................................................................................................................................................................69
MATEMÁTICA

Subtração
1 MODELOS ALGÉBRICOS.
Exemplo 1

Polinômios Subtraindo –3x2 + 10x – 6 de 5x2 – 9x – 8.


(5x2 – 9x – 8) – (–3x2 + 10x – 6) → eliminar os parênteses
Para polinômios podemos encontrar várias definições utilizando o jogo de sinal.
diferentes como: – (–3x2) = +3x2
Polinômio é uma expressão algébrica com todos os – (+10x) = –10x
termos semelhantes reduzidos. Polinômio é um ou mais – (–6) = +6
monômios separados por operações.
As duas podem ser aceitas, pois se pegarmos um 5x2 – 9x – 8 + 3x2 –10x +6 → reduzir os termos
polinômio encontraremos nele uma expressão algébrica e semelhantes.
monômios separados por operações. 5x2 + 3x2 – 9x –10x – 8 + 6
8x2 – 19x – 2
- 3xy é monômio, mas também considerado polinômio, Portanto: (5x2 – 9x – 8) – (–3x2 + 10x – 6) = 8x2 – 19x – 2
assim podemos dividir os polinômios em monômios
(apenas um monômio), binômio (dois monômios) e Exemplo 2
trinômio (três monômios).
Se subtrairmos 2x³ – 5x² – x + 21 e 2x³ + x² – 2x + 5
- 3x + 5 é um polinômio e uma expressão algébrica. teremos:
(2x³ – 5x² – x + 21) – (2x³ + x² – 2x + 5) → eliminando
Como os monômios, os polinômios também possuem os parênteses através do jogo de sinais.
grau e é assim que eles são separados. Para identificar o 2x³ – 5x² – x + 21 – 2x³ – x² + 2x – 5 → redução de
termos semelhantes.
seu grau, basta observar o grau do maior monômio, esse
2x³ – 2x³ – 5x² – x² – x + 2x + 21 – 5
será o grau do polinômio.
0x³ – 6x² + x + 16
Com os polinômios podemos efetuar todas as
– 6x² + x + 16
operações: adição, subtração, divisão, multiplicação,
Portanto: (2x³ – 5x² – x + 21) – (2x³ + x² – 2x + 5) = – 6x²
potenciação.
+ x + 16
O procedimento utilizado na adição e subtração
de polinômios envolve técnicas de redução de termos
Exemplo 3
semelhantes, jogo de sinal, operações envolvendo sinais
iguais e sinais diferentes. Observe os exemplos a seguir: Considerando os polinômios A = 6x³ + 5x² – 8x + 15, B
= 2x³ – 6x² – 9x + 10 e C = x³ + 7x² + 9x + 20. Calcule:
Adição a) A + B + C
(6x³ + 5x² – 8x + 15) + (2x³ – 6x² – 9x + 10) + (x³ + 7x²
Exemplo 1 + 9x + 20)
6x³ + 5x² – 8x + 15 + 2x³ – 6x² – 9x + 10 + x³ + 7x² +
Adicionar x2 – 3x – 1 com –3x2 + 8x – 6. 9x + 20
(x2 – 3x – 1) + (–3x2 + 8x – 6) → eliminar o segundo 6x³ + 2x³ + x³ + 5x² – 6x² + 7x² – 8x – 9x + 9x + 15 +
parênteses através do jogo de sinal. 10 + 20
+(–3x2) = –3x2 9x³ + 6x² – 8x + 45
+(+8x) = +8x
+(–6) = –6 A + B + C = 9x³ + 6x² – 8x + 45
x2 – 3x – 1 –3x2 + 8x – 6 → reduzir os termos semelhantes.
b) A – B – C
x2 – 3x2 – 3x + 8x – 1 – 6 (6x³ + 5x² – 8x + 15) – (2x³ – 6x² – 9x + 10) – (x³ + 7x²
–2x2 + 5x – 7 + 9x + 20)
Portanto: (x2 – 3x – 1) + (–3x2 + 8x – 6) = –2x2 + 5x – 7 6x³ + 5x² – 8x + 15 – 2x³ + 6x² + 9x – 10 – x³ – 7x² – 9x
– 20
Exemplo 2 6x³ – 2x³ – x³ + 5x² + 6x² – 7x² – 8x + 9x – 9x + 15 – 10
– 20
Adicionando 4x2 – 10x – 5 e 6x + 12, teremos: 6x³ – 3x³ + 11x² – 7x² – 17x + 9x + 15 – 30
(4x2 – 10x – 5) + (6x + 12) → eliminar os parênteses 3x³ + 4x² – 8x – 15
utilizando o jogo de sinal.
4x2 – 10x – 5 + 6x + 12 → reduzir os termos semelhantes. A – B – C = 3x³ + 4x² – 8x – 15
4x2 – 10x + 6x – 5 + 12 A multiplicação com polinômio (com dois ou mais
4x2 – 4x + 7 monômios) pode ser realizada de três formas:
Portanto: (4x2 – 10x – 5) + (6x + 12) = 4x2 – 4x + 7

1
MATEMÁTICA

Multiplicação de monômio com polinômio. • Polinômio é uma expressão algébrica racional e


Multiplicação de número natural com polinômio. inteira, por exemplo:
Multiplicação de polinômio com polinômio. x2y
As multiplicações serão efetuadas utilizando as 3x – 2y
seguintes propriedades: x + y5 + ab
- Propriedade da base igual e expoente diferente: an . • Monômio é um tipo de polinômio que possui apenas
a = a n+m
m
um termo, ou seja, que possui apenas coeficiente e parte
- Monômio multiplicado por monômio é o mesmo que literal. Por exemplo:
multiplicar parte literal com parte literal e coeficiente com a2 → 1 é o coeficiente e a2 parte literal.
coeficiente. 3x2y → 3 é o coeficiente e x2y parte literal.
-5xy6 → -5 é o coeficiente e xy6 parte literal.
Multiplicação de monômio com polinômio • Divisão de monômio por monômio
- Se multiplicarmos 3x por (5x2 + 3x – 1), teremos:
Ao resolvermos uma divisão onde o dividendo e o
3x . (5x2 + 3x – 1) → aplicar a propriedade distributiva.
divisor são monômios devemos seguir a regra: dividimos
3x . 5x2 + 3x . 3x + 3x . (-1)
coeficiente com coeficiente e parte literal com parte literal.
15x3 + 9x2 – 3x
Exemplos: 6x3 : 3x = 6 . x3 = 2x2 3x2
Portanto: 3x (5x2 + 3x – 1) = 15x3 + 9x2 – 3x
- Se multiplicarmos -2x2 por (5x – 1), teremos:                 
-2x2 (5x – 1) → aplicando a propriedade distributiva.
-2x2 . 5x – 2x2 . (-1) Observação: ao dividirmos as partes literais temos
- 10x3 + 2x2 que estar atentos à propriedade que diz que base igual na
divisão, repete a base e subtrai os expoentes.
Portanto: -2x2 (5x – 1) = - 10x3 + 2x2 Depois de relembrar essas definições veja alguns
exemplos de como resolver divisões de polinômio por
Multiplicação de número natural monômio.
Exemplo: (10a3b3 + 8ab2) : (2ab2)
- Se multiplicarmos 3 por (2x2 + x + 5), teremos:
3 (2x2 + x + 5) → aplicar a propriedade distributiva. O dividendo 10a3b3 + 8ab2 é formado por dois
3 . 2x2 + 3 . x + 3 . 5 monômios. Dessa forma, o divisor 2ab2, que é um monômio,
6x2 + 3x + 15. irá dividir cada um deles, veja:
(10a3b3 + 8ab2) : (2ab2)
Portanto: 3 (2x2 + x + 5) = 6x2 + 3x + 15.

Multiplicação de polinômio com polinômio


Assim, transformamos a divisão de polinômio por
- Se multiplicarmos (3x – 1) por (5x2 + 2) monômio em duas divisões de monômio por monômio.
(3x – 1) . (5x2 + 2) → aplicar a propriedade distributiva. Portanto, para concluir essa divisão é preciso dividir
3x . 5x2 + 3x . 2 – 1 . 5x2 – 1 . 2 coeficiente por coeficiente e parte literal por parte literal.
15x3 + 6x – 5x2 – 2

Portanto: (3x – 1) . (5x2 + 2) = 15x3 + 6x – 5x2 – 2

- Multiplicando (2x2 + x + 1) por (5x – 2), teremos:


(2x2 + x + 1) (5x – 2) → aplicar a propriedade distributiva.
2x2 . (5x) + 2x2 . (-2) + x . 5x + x . (-2) + 1 . 5x + 1 . (-2)
10x3 – 4x2 + 5x2 – 2x + 5x – 2
10x3+ x2 + 3x – 2

Portanto: (2x2 + x + 1) (5x – 2) = 10x3+ x2 + 3x – 2

Divisão ou

A compreensão de como funciona a divisão de Portanto, (10a3b3 + 8ab2) : (2ab2) = 5a2b + 4


polinômio por monômio irá depender de algumas Exemplo: (9x2y3 – 6x3y2 – xy) : (3x2y)
definições e conhecimentos. Será preciso saber o que é
um monômio, um polinômio e como resolver a divisão de O dividendo 9x2y3 – 6x3y2 – xy é formado por três
monômio por monômio. Dessa forma, veja a seguir uma monômios. Dessa forma, o divisor 3x2y, que é um monômio
breve explicação sobre esses assuntos. irá dividir cada um deles, veja:

2
MATEMÁTICA

Respostas

1) Resposta “13y reais”.


Solução: 4y + 6y + 3y =
Assim, transformamos a divisão de polinômio por = (4 + 6 + 3)y =
monômio em três divisões de monômio por monômio. = 13y
Portanto, para concluir essa divisão é preciso dividir Logo, as três juntas gastaram 13y reais.
coeficiente por coeficiente e parte literal por parte literal.
2) Resposta “36x4”.
Solução:
Área: (6x²)² = (6)² . (x)² = 36x4
Logo, a área é expressa por 36x4.

Portanto, 3) Resposta “7x + 3y”.


Solução:
7 cadernos a x reais cada um: 7x reais
3 cadernos a y reais cada um: 3y reais.
Portanto, a quantia que Noêmia gastará na compra
dos cadernos é expressa por:
Exercícios 7x + 3y → uma expressão algébrica que indica a adição
de monômios.
1. Um Caderno custa y reais. Gláucia comprou 4
cadernos, Cristina comprou 6, e Karina comprou 3. Qual é 4) Resposta “2,3x – 1,65xy + 0,8y”.
o monômio que expressa a quantia que as três gastaram Solução:
juntas? 0,3x – 5xy + 1,8y + 2x – y + 3,4xy =
= 0,3x + 2x – 5xy + 3,4xy + 1,8y – y = → propriedade
2. Suponha que a medida do lado de um quadrado
comutativa
seja expressa por 6x², em que x representa um número real
positivo. Qual o monômio que vai expressar a área desse = 2,3x – 1,65xy + 0,8y → reduzindo os termos
quadrado? semelhantes
Então: 2,3x – 1,65xy + 0,8y é a forma reduzida do
3. Um caderno de 200 folhas custa x reais, e um caderno polinômio dado.
de 100 folhas custa y reais. Se Noêmia comprar 7 cadernos
de 200 folhas e 3 cadernos de 100 folhas, qual é a expressão 5) Resposta “5x + 2xy – 4y”.
algébrica que irá expressar a quantia que ela irá gastar? Solução: 1˚ Modo:
(7x – 2xy – 5y) + (–2x + 4xy + y) =
4. Escreve de forma reduzida o polinômio: 0,3x – 5xy + = 7x – 2xy – 5y – 2x + 4xy + y =
1,8y + 2x – y + 3,4xy. = 7x – 2x – 2xy + 4xy – 5y + y =
= 5x + 2xy – 4y
5. Calcule de dois modos (7x – 2xy – 5y) + (-2x + 4xy + y) 2˚ Modo:
7x – 2xy – 5y
6. Determine P1 + P2 – P3, dados os Polinômios: – 2x + 4xy + y
-------------------------
P1 = 3x² + x²y² - 7y² 5x + 2xy – 4y
P2 = 2x² + 8x²y² + 3y²
P3 = 5x² + 7x²y² - 9y² 6) Resposta “–3x² + 2x²y² + 5y²”.
Solução:
7. Qual é o polinômio P que, adicionado ao polinômio (3x² + x²y² - 7y²) + (x² + 8x²y² + 3y²) – (5x² + 7x²y² - 9y²) =
2y5 – 3y4 + y² – 5y + 3, dá como resultado o polinômio 3y5 = 3x² + x²y² – 7y² – x² + 8x²y² + 3y² – 5x² – 7x²y² + 9y² =
– 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1? = 3x² – x² – 5x² + x²y² + 8x²y² – 7x²y² – 7y² + 3y² + 9y² =
= –3x² + 2x²y² + 5y²
8. Qual é a forma mais simples de se escrever o
polinômio expresso por: 2x(3a – 2x) + a(2x – a) – 3x(a + x)? Logo, P1 + P2 – P3 = –3x² + 2x²y² + 5y².

9. Qual a maneira para se calcular a multiplicação do 7) Resposta “y5 + y4 – 2y3 + y² + y – 2”.


seguinte polinômio: (2x + y)(3x – 2y)? Solução:
P + (2y5 – 3y4 + y² – 5y + 3) = (3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y
10. Calcule: (12a5b² – 20a4b³ + 48a³b4) (4ab). + 1). Daí:

3
MATEMÁTICA

P = (3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1) – (2y5 – 3y4 + y² – 5y + 3) = Termos semelhantes: são aqueles que possuem par-
= 3y5 – 2y4 – 2y3 + 2y² – 4y + 1 – 2y5 + 3y4 – y² + 5y – 3 = tes literais iguais ( variáveis )
= 3y5 – 2y5 – 2y4 + 3y4 – 2y3 + 2y² – y² – 4y + 5y + 1 – 3 = Ex: 2 x³ y² z e 3 x³ y² z » são termos semelhantes pois
= y5 + y4 – 2y3 + y² + y – 2. possuem a mesma parte literal.

Logo, o polinômio P procurado é y5 + y4 – 2y3 + y² + y – 2. Adição e Subtração de expressões algébricas


Para determinarmos a soma ou subtração de expres-
8)Resposta “5ax – 7x² – a²”. sões algébricas, basta somar ou subtrair os termos seme-
Solução: lhantes.
2x(3a – 2x) + a(2x – a) – 3x(a + x) = Assim: 2 x³ y² z + 3x³ y² z = 5x³ y² z ou 2 x³ y² z - 3x³
= 6ax – 4x² + 2ax – a² – 3ax – 3x² = y² z = -x³ y² z
= 6ax + 2ax – 3ax – 4x² – 3x² – a² =
= 5ax – 7x² – a² Convém lembrar dos jogos de sinais.
Na expressão ( x³ + 2 y² + 1 ) – ( y ² - 2 ) = x³ +2 y² +
9) Resposta “6x² – xy – 2y²”. 1 – y² + 2 = x³ + y² +3
Solução: Nesse caso podemos resolve de duas maneiras:
1˚ Maneira: (2x + y)(3x – 2y) = Multiplicação e Divisão de expressões algébricas
= 2x . 3x – 2x . 2y + y . 3x – y . 2y = Na multiplicação e divisão de expressões algébricas,
= 6x² – 4xy + 3xy – 2y² = devemos usar a propriedade distributiva.
= 6x² – xy – 2y² Exemplos:
1) a ( x+y ) = ax + ay
2˚ Maneira: 2) (a+b)(x+y) = ax + ay + bx + by
3x – 2y 3) x ( x ² + y ) = x³ + xy
x 2x + y
------------------- Para multiplicarmos potências de mesma base, conser-
6x² – 4xy vamos a base e somamos os expoentes.
Na divisão de potências devemos conservar a base e
+ 3xy – 2y²
subtrair os expoentes
---------------------
Exemplos:
6x² – xy – 2y²
1) 4x² : 2 x = 2 x
2) ( 6 x³ - 8 x ) : 2 x = 3 x² - 4
10) Resposta “3a4b – 5a³b² + 12a²b³”.
3) (x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2) :(x2 - 2x + 1) = x2 - 3x +2
Solução:
(12a5b² – 20a4b³ + 48a³b4) (4ab) =
Resolução:
= (12a5b² 4ab) – (20a4b³ 4ab) + (48a³b4 4ab) =
= 3a b – 5a³b² + 12a²b³
4 x4 - 5x3 + 9x2 - 7x+2 x2 - 2x + 1
-x4 + 2x3 - x2 x2 - 3x + 2
Cálculos Algébricos -3x + 8x -7x
3 2

3x3 - 6x2 -3x


Expressões Algébricas são aquelas que contêm nú- 2x2 - 4x + 2
meros e letras. -2x2 + 4x - 2
Ex: 2ax²+bx 0
Para iniciarmos as operações devemos saber o que são
Variáveis são as letras das expressões algébricas que termos semelhantes.
representam um número real e que de princípio não  pos- Dizemos que um termo é semelhante do outro quando
suem um valor definido. suas partes literais são idênticas.

Valor numérico de uma expressão algébrica é o nú- Veja: 


mero que obtemos substituindo as variáveis por números 5x2 e 42x são dois termos, as suas partes literais são x2
e efetuamos suas operações. e x, as letras são iguais, mas o expoente não, então esses
termos não são semelhantes. 
Ex: Sendo x =1 e y = 2, calcule o valor numérico (VN) 7ab2 e 20ab2 são dois termos, suas partes literais são ab2
da expressão: e ab2, observamos que elas são idênticas, então podemos
x² + y » 1² + 2 =3 Portando o valor numérico da dizer que são semelhantes.
expressão é 3.
Monômio: os números e letras estão ligados apenas Adição e subtração de monômios
por produtos. Só podemos efetuar a adição e subtração de
Ex : 4x monômios entre termos semelhantes. E quando os termos
Polinômio: é a soma ou subtração de monômios.   envolvidos na operação de adição ou subtração não forem
Ex: 4x+2y semelhantes, deixamos apenas a operação indicada.

4
MATEMÁTICA

Veja: 3 . ( - 5) . a2 . a . b . b3
Dado os termos 5xy2, 20xy2, como os dois termos são -15 a2 +1 b1 + 3
semelhantes eu posso efetuar a adição e a subtração deles. -15 a3b4
5xy2 + 20xy2 devemos somar apenas os coeficientes e
conservar a parte literal. Divisão de monômios
25 xy2
5xy2 - 20xy2 devemos subtrair apenas os coeficientes e Para dividirmos os monômios não é necessário que
conservar a parte literal. eles sejam semelhantes, basta dividirmos coeficiente
- 15 xy2 com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo
que quando dividirmos as partes literais devemos usar a
Veja alguns exemplos: propriedade da potência que diz: am : an = am - n (bases iguais
- x2 - 2x2 + x2 como os coeficientes são frações devemos na divisão repetimos a base e diminuímos os expoentes),
tirar o mmc de 6 e 9. sendo que a ≠ 0.

3x2 - 4 x2 + 18 x2 (-20x2y3) : (- 4xy3) na divisão dos dois monômios,


            18 devemos dividir os coeficientes -20 e - 4 e na parte literal
17x2 dividirmos as que têm mesma base para que possamos
18 usar a propriedade am : an = am – n.
- 4x2 + 12y3 – 7y3 – 5x2 devemos primeiro unir os termos
semelhantes. 12y3 – 7y3 + 4x2 – 5x2 agora efetuamos a soma -20 : (– 4) . x2 : x . y3 : y3
e a subtração. 5 x2 – 1 y3 – 3
-5y3 – x2 como os dois termos restantes não são 5x1y0
semelhantes, devemos deixar apenas indicado à operação 5x
dos monômios.
Potenciação de monômios
Reduza os termos semelhantes na expressão 4x – 5x 2
Na potenciação de monômios devemos novamente
-3x + 2x2. Depois calcule o seu valor numérico da expressão.
utilizar uma propriedade da potenciação:
4x2 – 5x - 3x + 2x2 reduzindo os termos semelhantes. 4x2 +
2x2 – 5x - 3x
(I) (a . b)m = am . bm
6x2 - 8x os termos estão reduzidos, agora vamos achar
(II) (am)n = am . n
o valor numérico dessa expressão.
Veja alguns exemplos:
Para calcularmos o valor numérico de uma expressão
(-5x2b6)2 aplicando a propriedade
devemos ter o valor de sua incógnita, que no caso do
exercício é a letra x. (I). (-5)2 . (x2)2 . (b6)2 aplicando a propriedade
Vamos supor que x = - 2, então substituindo no lugar (II) 25 . x4 . b12 25x4b12
do x o -2 termos:
Exercícios
6x2 - 8x
6 . (-2)2 – 8 . (-2) = 1. Determine o 7º termo do binômio (2x + 1)9, desen-
6 . 4 + 16 = volvido segundo as potências decrescentes de x.
24 + 16
40 2. Qual o termo médio do desenvolvimento de (2x +
3y)8?
Multiplicação de monômios
3. Desenvolvendo o binômio (2x - 3y)3n, obtemos um
Para multiplicarmos monômios não é necessário que polinômio de 16 termos. Qual o valor de n?
eles sejam semelhantes, basta multiplicarmos coeficiente
com coeficiente e parte literal com parte literal. Sendo 4. Determine o termo independente de x no desenvol-
que quando multiplicamos as partes literais devemos usar vimento de (x + 1/x )6.
a propriedade da potência que diz: am . an = am + n (bases
iguais na multiplicação repetimos a base e somamos os 5. Calcule: (3x²+2x-1) + (-2x²+4x+2).
expoentes).
6. Efetue e simplifique o seguinte calculo algébrico:
(3a2b) . (- 5ab3) na multiplicação dos dois monômios, (2x+3).(4x+1).
devemos multiplicar os coeficientes 3 . (-5) e na parte literal 7. Efetue e simplifique os seguintes cálculos algébricos:
multiplicamos as que têm mesma base para que possamos a) (x - y).(x² - xy + y²)
usar a propriedade am . an = am + n. b) (3x - y).(3x + y).(2x - y)

5
MATEMÁTICA

8. Dada a expressão algébrica bc – b2, determine o seu Temos no problema dado:


valor numérico quando b = 2,2 e c = 1,8. a=x
1
9. Calcule o valor numérico da expressão 2x3 – 10y, b=
x
quando x = -3 e y = -4.
n = 6.
Pela fórmula do termo geral, podemos escrever:
10. Um caderno curta y reais. Gláucia comprou 4 ca-
dernos, Cristina comprou 6 cadernos, e Karina comprou 3. Tp+1 = C6,p . x6-p . ( 1 )p = C6,p . x6-p . x-p = C6,p . x6-2p.
Qual é o monômio que expressa a quantia que as três gas- x
taram juntas? Ora, para que o termo seja independente de x, o ex-
poente desta variável deve ser zero, pois x0 = 1.
Respostas Logo, fazendo 6 - 2p = 0, obtemos p = 3. Substituindo
então p por 6, teremos o termo procurado. Temos então:
1) Resposta “672x3”. T3+1 = T4 = C6,3 . x0 = C6,3 = 6! = 6.5.4.3! =20
Solução: Primeiro temos que aplicar a fórmula do ter- [(6-3)!.3!]
mo geral de (a + b)n, onde: Logo, o termo independente de x é o T4 (quarto termo)
a = 2x que é igual a 20.
b=1
n=9 5) Solução:
(3x²+2x-1) + (-2x²+4x+2)
Como queremos o sétimo termo, fazemos p = 6 na fór-
3x² + 2x – 1 – 2x² + 4x + 2 =
mula do termo geral e efetuamos os cálculos indicados. x² + 6x + 1
Temos então:
T6+1 = T7 = C9,6 . (2x)9-6 × (1)6 = 9! ×(2x)3×1= 6) Solução:
[(9-6)! x6!]
9.8.7.6! (2x+3).(4x+1)
= ×8x³=672x³ 8x² + 2x + 12x + 3 =
3.2.1.6!
8x² + 14x + 3
Portanto o sétimo termo procurado é 672x3.
7) a - Solução:
2) Resposta “90720x4y4”. (x - y).(x² - xy + y²)
Solução: Temos: x³ - x²y + xy² - x²y + xy² - y³ =
a = 2x x³ - 2x²y + 2xy² - y³ =
b = 3y b - Solução:
(3x - y).(3x + y).(2x - y)
n=8
(3x - y).(6x² - 3xy + 2xy - y²) =
Sabemos que o desenvolvimento do binômio terá 9 (3x - y).(6x² - xy - y²) =
termos, porque n = 8. Ora sendo T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T9 os 18x³ - 3x²y - 3xy² - 6x²y + xy² + y³ =
termos do desenvolvimento do binômio, o termo do meio 18x³ - 9x²y - 2xy² + y³
(termo médio) será o T5 (quinto termo).
Logo, o nosso problema resume-se ao cálculo do T5. 8) Resposta “-0,88”.
Para isto, basta fazer p = 4 na fórmula do termo geral e Solução:
efetuar os cálculos decorrentes. Teremos: bc – b2 =
2,2 . 1,8 – 2,22 = (Substituímos as letras pelos valores
T4+1 = T5 = C8,4 . (2x)8-4 . (3y)4 = 8! . (2x)4 . (3y)4 = passados no enunciado)
[(8-4)! .4!] 3,96 – 4,84 =
= 8.7.6.5.4! . 16x4 . 81y4 -0,88.
(4!.4.3.2.1 Portanto, o valor procurado é 0,88.
Fazendo as contas vem: 
9) Resposta “-14”.
Solução:
T5 = 70.16.81.x4 . y4 = 90720x4y4 , que é o termo médio 2x3 – 10y =
procurado. 2.(-3)² - 10.(-4) = (Substituímos as letras pelos valores
do enunciado da questão)
3) Resposta “5”. 2.(27) – 10.(-4) =
Solução: Ora, se o desenvolvimento do binômio possui (-54) – (-40) =
16 termos, então o expoente do binômio é igual a 15. -54 + 40 = -14.
Logo, Portanto -14 é o valor procurado na questão.
3n = 15 de onde se conclui que n = 5.
10) Resposta “13y reais”.
4) Resposta “20”. Solução: Como Gláucia gastou 4y reais, Cristina 6y reais
Solução: Sabemos que o termo independente de x é e Karina 3y reais, podemos expressar essas quantias juntas
aquele que não depende de x, ou seja, aquele que não possui x. por:

6
MATEMÁTICA

4y + 6y + 3y = b) Ângulos congruentes: Dois ângulos são ditos


(4 + 6 + 3)y = congruentes se têm a mesma medida.
13y
c) Bissetriz de um ângulo: É a semirreta de origem no
Importante: Numa expressão algébrica, se todos os vértice do ângulo que divide esse ângulo em dois ângulos
monômios ou termos são semelhantes, podemos tornar congruentes.
mais simples a expressão somando algebricamente os coe-
ficientes numéricos e mantendo a parte literal. Perímetro: entendendo o que é perímetro.

Imagine uma sala de aula de 5m de largura por 8m de


comprimento.
2 GEOMETRIA DAS SUPERFÍCIES PLANAS. Quantos metros lineares serão necessários para
colocar rodapé nesta sala, sabendo que a porta mede 1m
A Geometria é a parte da matemática que estuda as de largura e que nela não se coloca rodapé?
figuras e suas propriedades. A geometria estuda figuras
abstratas, de uma perfeição não existente na realidade. Apesar
disso, podemos ter uma boa ideia das figuras geométricas,
observando objetos reais, como o aro da cesta de basquete
que sugere uma circunferência, as portas e janelas que
sugerem retângulos e o dado que sugere um cubo.

Reta, semirreta e segmento de reta

A conta que faríamos seria somar todos os lados da


sala, menos 1m da largura da porta, ou seja:
P = (5 + 5 + 8 + 8) – 1
P = 26 – 1
P = 25

Definições.
a) Segmentos congruentes.
Dois segmentos são congruentes se têm a mesma
medida.

b) Ponto médio de um segmento.


Um ponto P é ponto médio do segmento AB se pertence
ao segmento e divide AB em dois segmentos congruentes.

c) Mediatriz de um segmento.
É a reta perpendicular ao segmento no seu ponto
médio
Colocaríamos 25m de rodapé.
Ângulo A soma de todos os lados da planta baixa se chama
Perímetro.
Portanto, Perímetro é a soma dos lados de uma figura
plana.

Área

Área é a medida de uma superfície.


A área do campo de futebol é a medida de sua
superfície (gramado).
Se pegarmos outro campo de futebol e colocarmos
Definições. em uma malha quadriculada, a sua área será equivalente
a) Ângulo é a região plana limitada por duas semirretas à quantidade de quadradinho. Se cada quadrado for uma
de mesma origem. unidade de área:

7
MATEMÁTICA

Pegamos um retângulo e colocamos em uma malha


quadriculada onde cada quadrado tem dimensões de 1 cm.
Se contarmos, veremos que há 24 quadrados de 1 cm de
dimensões no retângulo. Como sabemos que a área é a
medida da superfície de uma figuras podemos dizer que
24 quadrados de 1 cm de dimensões é a área do retângulo.

Veremos que a área do campo de futebol é 70 unidades


de área.
A unidade de medida da área é: m² (metros quadrados),
cm² (centímetros quadrados), e outros.
Se tivermos uma figura do tipo: O retângulo acima tem as mesmas dimensões que o
outro, só que representado de forma diferente. O cálculo
da área do retângulo pode ficar também da seguinte forma:
A = 6 . 4 A = 24 cm²
Podemos concluir que a área de qualquer retângulo é:

Sua área será um valor aproximado. Cada é uma


unidade, então a área aproximada dessa figura será de 4 A=b.h
unidades.
No estudo da matemática calculamos áreas de figuras Quadrado
planas e para cada figura há uma fórmula pra calcular a É o quadrilátero que tem os lados congruentes e todos
sua área. os ângulos internos a congruentes (90º).

Retângulo

É o quadrilátero que tem todos os ângulos internos


congruentes e iguais a 90º.

Sua área também é calculada com o produto da base


pela altura. Mas podemos resumir essa fórmula:

No cálculo da área de qualquer retângulo podemos


seguir o raciocínio:

Como todos os lados são iguais, podemos dizer que


base é igual a e a altura igual a , então, substituindo na
fórmula A = b . h, temos:

A= .
A= ²

8
MATEMÁTICA

Trapézio Segundo: o dividimos em dois triângulos:


É o quadrilátero que tem dois lados paralelos. A altura
de um trapézio é a distância entre as retas suporte de suas
bases.

A área desse trapézio pode ser calculada somando as


áreas dos dois triângulos (∆CFD e ∆CEF).
Antes de fazer o cálculo da área de cada triângulo
Em todo trapézio, o segmento que une os pontos separadamente observamos que eles possuem bases
médios dos dois lados não paralelos, é paralelo às bases e diferentes e alturas iguais.
vale a média aritmética dessas bases.
Cálculo da área do ∆CEF:

A∆1 = B . h
2
Cálculo da área do ∆CFD:

A∆2 = b . h
2
Somando as duas áreas encontradas, teremos o cálculo
A área do trapézio está relacionada com a área do da área de um trapézio qualquer:
triângulo que é calculada utilizando a seguinte fórmula:
A = b . h (b = base e h = altura). AT = A∆1 + A∆2
2
Observe o desenho de um trapézio e os seus elementos AT = B . h + b . h
mais importantes (elementos utilizados no cálculo da sua 2 2
área):

AT = B . h + b . h → colocar a altura (h) em evi-


2
dência, pois é um termo comum aos dois fatores.

AT = h (B + b)
2

Um trapézio é formado por uma base maior (B), por Portanto, no cálculo da área de um trapézio qualquer
uma base menor (b) e por uma altura (h). utilizamos a seguinte fórmula:
Para fazermos o cálculo da área do trapézio é preciso
dividi-lo em dois triângulos, veja como: A = h (B + b)
Primeiro: completamos as alturas no trapézio: 2

h = altura
B = base maior do trapézio
b = base menor do trapézio

9
MATEMÁTICA

Losango

É o quadrilátero que tem os lados congruentes.

2) Em todo triângulo, a medida de um ângulo externo


é igual à soma das medidas dos 2 ângulos internos não
adjacentes.

Em todo losango as diagonais são:

a) perpendiculares entre si;

b) bissetrizes dos ângulos internos.

A área do losango é definida pela seguinte fórmula:


d .D Onde D é a diagonal maior e d é a menor.
S=
2 3) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3
Triângulo ângulos externos é 360º.

Figura geométrica plana com três lados.

4) Em todo triângulo isósceles, os ângulos da base


são congruentes. Observação - A base de um triângulo
isósceles é o seu lado diferente.

Ângulo externo. O ângulo externo de qualquer


polígono convexo é o ângulo formado entre um lado e o
prolongamento do outro lado.

Classificação dos triângulos.

a) quanto aos lados:


- triângulo equilátero. Altura - É a distância entre o vértice e a reta suporte do
- triângulo isósceles. lado oposto.
- triângulo escaleno.
Área do triangulo
b) quanto aos ângulos:
- triângulo retângulo.
- triângulo obtusângulo.
- triângulo acutângulo.

Propriedades dos triângulos

1) Em todo triângulo, a soma das medidas dos 3


ângulos internos é 180º.

10
MATEMÁTICA

Segmentos proporcionais 3. Qual é a medida da área de um paralelogramo cujas


medidas da altura e da base são respectivamente 10 cm e
Teorema de Tales. 2 dm?

Em todo feixe de retas paralelas, cortado por uma 4. As diagonais de um losango medem 10 cm e 15 cm.
reta transversal, a razão entre dois segmento quaisquer Qual é a medida da sua superfície?
de uma transversal é igual à razão entre os segmentos
correspondentes da outra transversal. 5. Considerando as informações constantes no triangulo
PQR, pode-se concluir que a altura PR desse triângulo mede:

Semelhança de triângulos a)5 b)6 c)7 d)8

Definição. 6. Num cartão retangular, cujo comprimento é igual ao


Dois triângulos são semelhantes se têm os ângulos dobro de sua altura, foram feitos dois vincos AC e BF, que
dois a dois congruentes e os lados correspondentes dois a formam, entre si, um ângulo reto (90°). Observe a figura:
dois proporcionais.

Definição mais “popular”.


Dois triângulos são semelhantes se um deles é a
redução ou a ampliação do outro.
Importante - Se dois triângulos são semelhantes, a
proporcionalidade se mantém constante para quaisquer
dois segmentos correspondentes, tais como: lados,
medianas, alturas, raios das circunferências inscritas, raios
das circunferências circunscritas, perímetros, etc.
Considerando AF=16cm e CB=9cm, determine:
a) as dimensões do cartão;
b) o comprimento do vinco AC

7. Na figura, os ângulos assinalados sao iguais, AC=2 e


AB=6. A medida de AE é:
a)6/5 b)7/4 c)9/5 d)3/2 e)5/4

Exercícios 8. Na figura a seguir, as distâncias dos pontos A e B à


reta valem 2 e 4. As projeções ortogonais de A e B sobre
1. Seja um paralelogramo com as medidas da base e da essa reta são os pontos C e D. Se a medida de CD é 9, a que
altura respectivamente, indicadas por b e h. Se construir- distância de C deverá estar o ponto E, do segmento CD,
mos um outro paralelogramo que tem o dobro da base e o para que CÊA=DÊB
dobro da altura do outro paralelogramo, qual será relação a)3
entre as áreas dos paralelogramos? b)4
c)5
2. Os lados de um triângulo equilátero medem 5 mm. d)6
Qual é a área deste triângulo equilátero? e)7

11
MATEMÁTICA

9. Para ladrilhar uma sala são necessários exatamente 7.


400 peças iguais de cerâmica na forma de um quadrado.
Sabendo-se que a área da sala tem 36m², determine:
a) a área de cada peça, em m².
b) o perímetro de cada peça, em metros.

10. Na figura, os ângulos ABC, ACD, CÊD, são retos. Se


AB=2 3 m e CE= 3 m, a razão entre as áreas dos triângu-
los ABC e CDE é:

a)6
b)4
c)3
d)2
e) 3
8.

Respostas

1. A2 = (2b)(2h) = 4bh = 4A1

2. Segundo o enunciado temos:


l=5mm

Substituindo na fórmula:
9.
l² 3 5² 3
S
= S
⇒= = 6, 25 3 ⇒ =
S 10,8
4 4

3. Sabemos que 2 dm equivalem a 20 cm, temos:


h=10
b=20

Substituindo na fórmula:

.h 20.10
S b=
= = 100cm
= ² 2dm² 10.

4. Para o cálculo da superfície utilizaremos a fórmula


que envolve as diagonais, cujos valores temos abaixo:
d1=10
d2=15

Utilizando na fórmula temos:


d1.d 2 10.15
S= ⇒ = 75cm ²
2 2
5. 4 6 36
= ⇒ PR = =6
PR 9 6

x 96.
= ⇒ x ² = 144 ⇒ x = 12
16 x
=a ) x 12(
= altura ); 2 x 24(comprimento)
b) AC = 9² + x ² = 81 + 144 = 15

12
MATEMÁTICA

3 PADRÕES NUMÉRICOS.

Raciocínio Lógico Matemático

Os estudos matemáticos ligados aos fundamentos lógicos contribuem no desenvolvimento cognitivo dos estudantes,
induzindo a organização do pensamento e das ideias, na formação de conceitos básicos, assimilação de regras matemáti-
cas, construção de fórmulas e expressões aritméticas e algébricas. É de extrema importância que em matemática utilize-se
atividades envolvendo lógica, no intuito de despertar o raciocínio, fazendo com que se utilize do potencial na busca por
soluções dos problemas matemáticos desenvolvidos e baseados nos conceitos lógicos.
A lógica está presente em diversos ramos da matemática, como a probabilidade, os problemas de contagem, as pro-
gressões aritméticas e geométricas, as sequências numéricas, equações, funções, análise de gráficos entre outros. Os fun-
damentos lógicos contribuem na resolução ordenada de equações, na percepção do valor da razão de uma sequência, na
elucidação de problemas aritméticos e algébricos e na fixação de conteúdos complexos.
A utilização das atividades lógicas contribui na formação de indivíduos capazes de criar ferramentas e mecanismos
responsáveis pela obtenção de resultados em Matemática. O sucesso na Matemática está diretamente conectado à curiosi-
dade, pesquisa, deduções, experimentos, visão detalhada, senso crítico e organizacional e todas essas características estão
ligadas ao desenvolvimento lógico.

Raciocínio Lógico Dedutivo

A dedução é uma inferência que parte do universal para o mais particular. Assim considera-se que um raciocínio lógico
é dedutivo quando, de uma ou mais premissas, se conclui uma proposição que é conclusão lógica da(s) premissa(s). A de-
dução é um raciocínio de tipo mediato, sendo o silogismo uma das suas formas clássicas. Iniciaremos com a compreensão
das sequências lógicas, onde devemos deduzir, ou até induzir, qual a lei de formação das figuras, letras, símbolos ou nú-
meros, a partir da observação dos termos dados.

Humor Lógico

Orientações Espacial e Temporal

Orientação espacial e temporal verifica a capacidade de abstração no espaço e no tempo. Costuma ser cobrado em
questões sobre a disposições de dominós, dados, baralhos, amontoados de cubos com símbolos especificados em suas
faces, montagem de figuras com subfiguras, figuras fractais, dentre outras. Inclui também as famosas sequências de figuras
nas quais se pede a próxima. Serve para verificar a capacidade do candidato em resolver problemas com base em estímulos
visuais.

Raciocínio Verbal

O raciocínio é o conjunto de atividades mentais que consiste na associação de ideias de acordo com determinadas
regras. No caso do raciocínio verbal, trata-se da capacidade de raciocinar com conteúdos verbais, estabelecendo entre eles
princípios de classificação, ordenação, relação e significados. Ao contrário daquilo que se possa pensar, o raciocínio verbal
é uma capacidade intelectual que tende a ser pouco desenvolvida pela maioria das pessoas. No nível escolar, por exem-

13
MATEMÁTICA

plo, disciplinas como as línguas centram-se em objetivos Progressão Geométrica: Multiplica-se constantemente
como a ortografia ou a gramática, mas não estimulam/in- um mesmo número.
centivam à aprendizagem dos métodos de expressão ne-
cessários para que os alunos possam fazer um uso mais
completo da linguagem.
Por outro lado, o auge dos computadores e das con-
solas de jogos de vídeo faz com que as crianças costumem Incremento em Progressão: O valor somado é que está
jogar de forma individual, isto é, sozinhas (ou com outras em progressão.
crianças que não se encontrem fisicamente com elas), pelo
que não é feito um uso intensivo da linguagem. Uma ter-
ceira causa que se pode aqui mencionar para explicar o fra-
co raciocínio verbal é o fato de jantar em frente à televisão.
Desta forma, perde-se o diálogo no seio da família e a arte Série de Fibonacci: Cada termo é igual a soma dos dois
de conversar. anteriores.
Entre os exercícios recomendados pelos especialistas
para desenvolver o raciocínio verbal, encontram-se as ana- 1 1 2 3 5 8 13
logias verbais, os exercícios para completar orações, a or- Números Primos: Naturais que possuem apenas dois
dem de frases e os jogos onde se devem excluir certos con- divisores naturais.
ceitos de um grupo. Outras propostas implicam que sigam/
respeitem certas instruções, corrijam a palavra inadequada 2 3 5 7 11 13 17
(o intruso) de uma frase ou procurem/descubram antôni-
mos e sinônimos de uma mesma palavra. Quadrados Perfeitos: Números naturais cujas raízes são
naturais.
Lógica Sequencial
1 4 9 16 25 36 49
Lógica Sequencial
Sequência de Letras
O Raciocínio é uma operação lógica, discursiva e As sequências de letras podem estar associadas a uma
mental. Neste, o intelecto humano utiliza uma ou mais série de números ou não. Em geral, devemos escrever
proposições, para concluir através de mecanismos de todo o alfabeto (observando se deve, ou não, contar com
comparações e abstrações, quais são os dados que levam k, y e w) e circular as letras dadas para entender a lógica
às respostas verdadeiras, falsas ou prováveis. Foi pelo proposta.
processo do raciocínio que ocorreu o desenvolvimento
do método matemático, este considerado instrumento ACFJOU
puramente teórico e dedutivo, que prescinde de dados Observe que foram saltadas 1, 2, 3, 4 e 5 letras e esses
empíricos. Logo, resumidamente o raciocínio pode ser números estão em progressão.
considerado também um dos integrantes dos mecanismos
dos processos cognitivos superiores da formação de ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTU
conceitos e da solução de problemas, sendo parte do
pensamento. B1 2F H4 8L N16 32R T64
Sequências Lógicas
Nesse caso, associou-se letras e números (potências de
As sequências podem ser formadas por números, 2), alternando a ordem. As letras saltam 1, 3, 1, 3, 1, 3 e 1
letras, pessoas, figuras, etc. Existem várias formas de se posições.
estabelecer uma sequência, o importante é que existam
pelo menos três elementos que caracterize a lógica de sua ABCDEFGHIJKLMNOPQRST
formação, entretanto algumas séries necessitam de mais
elementos para definir sua lógica. Algumas sequências Sequência de Pessoas
são bastante conhecidas e todo aluno que estuda lógica
deve conhecê-las, tais como as progressões aritméticas e Na série a seguir, temos sempre um homem seguido
geométricas, a série de Fibonacci, os números primos e os de duas mulheres, ou seja, aqueles que estão em uma
quadrados perfeitos. posição múltipla de três (3º, 6º, 9º, 12º,...) serão mulheres e
Sequência de Números a posição dos braços sempre alterna, ficando para cima em
uma posição múltipla de dois (2º, 4º, 6º, 8º,...). Sendo assim,
Progressão Aritmética: Soma-se constantemente um a sequência se repete a cada seis termos, tornando possível
mesmo número. determinar quem estará em qualquer posição.

14
MATEMÁTICA

Sequência de Figuras

Esse tipo de sequência pode seguir o mesmo padrão


visto na sequência de pessoas ou simplesmente sofrer
rotações, como nos exemplos a seguir.

O Partenon que foi construído em Atenas pelo célebre


arquiteto grego Fidias. A fachada principal do edifício, hoje
em ruínas, era um retângulo que continha um quadrado
de lado igual à altura. Essa forma sempre foi considerada
satisfatória do ponto de vista estético por suas proporções
sendo chamada retângulo áureo ou retângulo de ouro.

Sequência de Fibonacci

O matemático Leonardo Pisa, conhecido como


Fibonacci, propôs no século XIII, a sequência numérica:
(1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, …). Essa sequência tem
uma lei de formação simples: cada elemento, a partir do
terceiro, é obtido somando-se os dois anteriores. Veja: 1
+ 1 = 2, 2 + 1 = 3, 3 + 2 = 5 e assim por diante. Desde o
século XIII, muitos matemáticos, além do próprio Fibonacci,
dedicaram-se ao estudo da sequência que foi proposta,
e foram encontradas inúmeras aplicações para ela no
desenvolvimento de modelos explicativos de fenômenos
naturais.

Veja alguns exemplos das aplicações da sequência de Como os dois retângulos indicados na figura são
Fibonacci e entenda porque ela é conhecida como uma semelhantes temos: (1).
das maravilhas da Matemática. A partir de dois quadrados
de lado 1, podemos obter um retângulo de lados 2 e 1.
Se adicionarmos a esse retângulo um quadrado de lado Como: b = y – a (2).
2, obtemos um novo retângulo 3 x 2. Se adicionarmos Substituindo (2) em (1) temos: y2 – ay – a2 = 0.
agora um quadrado de lado 3, obtemos um retângulo
5 x 3. Observe a figura a seguir e veja que os lados dos Resolvendo a equação:
quadrados que adicionamos para determinar os retângulos
formam a sequência de Fibonacci.
em que não convém.

Logo:

Esse número é conhecido como número de ouro e


pode ser representado por:

Se utilizarmos um compasso e traçarmos o quarto de


circunferência inscrito em cada quadrado, encontraremos Todo retângulo e que a razão entre o maior e o menor
uma espiral formada pela concordância de arcos cujos lado for igual a é chamado retângulo áureo como o caso
raios são os elementos da sequência de Fibonacci. da fachada do Partenon.

15
MATEMÁTICA

As figuras a seguir possuem números que representam Multiplicar os números sempre por 3.
uma sequência lógica. Veja os exemplos: 1x3=3
3x3=9
Exemplo 1 9 x 3 = 27
27 x 3 = 81
81 x 3 = 243
243 x 3 = 729
729 x 3 = 2187
Exemplo 4

A sequência numérica proposta envolve multiplicações


por 4.
6 x 4 = 24
24 x 4 = 96
96 x 4 = 384
384 x 4 = 1536

Exemplo 2
A diferença entre os números vai aumentando 2
unidades.
24 – 22 = 2
28 – 24 = 4
34 – 28 = 6
42 – 34 = 8
52 – 42 = 10
64 – 52 = 12
78 – 64 = 14

QUESTÕES
A diferença entre os números vai aumentando 1
unidade. 01. Observe atentamente a disposição das cartas em
13 – 10 = 3 cada linha do esquema seguinte:
17 – 13 = 4
22 – 17 = 5
28 – 22 = 6
35 – 28 = 7

Exemplo 3

16
MATEMÁTICA

A carta que está oculta é: 05. Uma criança brincando com uma caixa de palitos
de fósforo constrói uma sequência de quadrados conforme
(A) (B) (C) indicado abaixo:

.............
1° 2° 3°

Quantos palitos ele utilizou para construir a 7ª figura?


(A) 20 palitos
(D) (E) (B) 25 palitos
(C) 28 palitos
(D) 22 palitos
06. Ana fez diversas planificações de um cubo e
escreveu em cada um, números de 1 a 6. Ao montar o cubo,
ela deseja que a soma dos números marcados nas faces

opostas seja 7. A única alternativa cuja figura representa a
planificação desse cubo tal como deseja Ana é:
02. Considere que a sequência de figuras foi construída
segundo um certo critério.
(A) (B)


(C) (D)

Se tal critério for mantido, para obter as figuras


subsequentes, o total de pontos da figura de número 15
deverá ser:
(A) 69 (E)
(B) 67
(C) 65
(D) 63
(E) 61

03. O próximo número dessa sequência lógica é: 1000, 07. As figuras da sequência dada são formadas por
990, 970, 940, 900, 850, ... partes iguais de um círculo.
(A) 800
(B) 790
(C) 780
(D) 770

04. Na sequência lógica de números representados nos


Continuando essa sequência, obtém-se exatamente 16
hexágonos, da figura abaixo, observa-se a ausência de um
círculos completos na:
deles que pode ser:
(A) 36ª figura
(B) 48ª figura
(C) 72ª figura
(D) 80ª figura
(E) 96ª figura

08. Analise a sequência a seguir:

(A) 76
(B) 10 Admitindo-se que a regra de formação das figuras
(C) 20 seguintes permaneça a mesma, pode-se afirmar que a
(D) 78 figura que ocuparia a 277ª posição dessa sequência é:

17
MATEMÁTICA

(A) (B) Segundo o padrão estabelecido, a figura que substitui


corretamente o ponto de interrogação é:


(C) (D)

(A) (B)

(C)

(E)

(D)
(E)
09. Observe a sequência: 2, 10, 12, 16, 17, 18, 19, ... Qual
é o próximo número? 13. Observe que na sucessão seguinte os números
(A) 20 foram colocados obedecendo a uma lei de formação.
(B) 21
(C) 100
(D) 200

10. Observe a sequência: 3,13, 30, ... Qual é o próximo


número?
(A) 4
(B) 20 Os números X e Y, obtidos segundo essa lei, são tais
(C) 31 que X + Y é igual a:
(D) 21 (A) 40
(B) 42
11. Os dois pares de palavras abaixo foram formados
(C) 44
segundo determinado critério.
(D) 46
LACRAÇÃO → cal
AMOSTRA → soma (E) 48
LAVRAR → ?
Segundo o mesmo critério, a palavra que deverá 14. A figura abaixo representa algumas letras dispostas
ocupar o lugar do ponto de interrogação é: em forma de triângulo, segundo determinado critério.
(A) alar
(B) rala
(C) ralar
(D) larva
(E) arval

12. Observe que as figuras abaixo foram dispostas,


linha a linha, segundo determinado padrão.

Considerando que na ordem alfabética usada são


excluídas as letra “K”, “W” e “Y”, a letra que substitui
corretamente o ponto de interrogação é:
(A) P
(B) O
(C) N
(D) M
(E) L

18
MATEMÁTICA

15. Considere que a sequência seguinte é formada pela Para que o mesmo critério seja mantido no triângulo
sucessão natural dos números inteiros e positivos, sem que da direita, o número que deverá substituir o ponto de
os algarismos sejam separados. interrogação é:
(A) 32
1234567891011121314151617181920... (B) 36
(C) 38
O algarismo que deve aparecer na 276ª posição dessa (D) 42
sequência é: (E) 46
(A) 9
(B) 8 18. Considere a seguinte sequência infinita de
(C) 6 números: 3, 12, 27, __, 75, 108,... O número que preenche
(D) 3 adequadamente a quarta posição dessa sequência é:
(E) 1 (A) 36,
(B) 40,
16. Em cada linha abaixo, as três figuras foram
(C) 42,
desenhadas de acordo com determinado padrão.
(D) 44,
(E) 48

19. Observando a sequência (1, , , , , ...) o


próximo numero será:

(A)

(B)

(C)

(D)

20. Considere a sequência abaixo:


Segundo esse mesmo padrão, a figura que deve
substituir o ponto de interrogação é: BBB BXB XXB
XBX XBX XBX
BBB BXB BXX
O padrão que completa a sequência é:
(A) (B)
(A) (B) (C)
XXX XXB XXX
XXX XBX XXX
(C) XXX BXX XXB
(D)
(D) (E)
XXX XXX
XBX XBX
(E) XXX BXX

17. Observe que, na sucessão de figuras abaixo, os 21. Na série de Fibonacci, cada termo a partir do
números que foram colocados nos dois primeiros triângulos terceiro é igual à soma de seus dois termos precedentes.
obedecem a um mesmo critério Sabendo-se que os dois primeiros termos, por definição,
são 0 e 1, o sexto termo da série é:
(A) 2
(B) 3
(C) 4
(D) 5
(E) 6

19
MATEMÁTICA

22. Nosso código secreto usa o alfabeto A B C D E F G 36 ♦ 4 ♣ 5 = 14


H I J L M N O P Q R S T U V X Z. Do seguinte modo: cada
letra é substituída pela letra que ocupa a quarta posição 48 ♦ 6 ♣ 9 = 17
depois dela. Então, o “A” vira “E”, o “B” vira “F”, o “C” vira 54 ♦ 9 ♣ 7 = ?
“G” e assim por diante. O código é “circular”, de modo que
o “U” vira “A” e assim por diante. Recebi uma mensagem Para que o resultado da terceira linha seja o correto, o
em código que dizia: BSA HI EDAP. Decifrei o código e li: ponto de interrogação deverá ser substituído pelo número:
(A) FAZ AS DUAS; (A) 16
(B) DIA DO LOBO; (B) 15
(C) RIO ME QUER; (C) 14
(D) VIM DA LOJA; (D) 13
(E) VOU DE AZUL. (E) 12

23. A sentença “Social está para laicos assim como 27. Segundo determinado critério, foi construída a
231678 está para...” é melhor completada por: sucessão seguinte, em que cada termo é composto de um
(A) 326187; número seguido de uma letra: A1 – E2 – B3 – F4 – C5 – G6
(B) 876132; – .... Considerando que no alfabeto usado são excluídas as
(C) 286731; letras K, Y e W, então, de acordo com o critério estabelecido,
(D) 827361; a letra que deverá anteceder o número 12 é:
(E) 218763. (A) J
(B) L
24. A sentença “Salta está para Atlas assim como 25435
(C) M
está para...” é melhor completada pelo seguinte número:
(D) N
(A) 53452;
(E) O
(B) 23455;
(C) 34552;
28. Os nomes de quatro animais – MARÁ, PERU, TATU
(D) 43525;
e URSO – devem ser escritos nas linhas da tabela abaixo,
(E) 53542.
de modo que cada uma das suas respectivas letras ocupe
25. Repare que com um número de 5 algarismos, um quadrinho e, na diagonal sombreada, possa ser lido o
respeitada a ordem dada, podem-se criar 4 números de nome de um novo animal.
dois algarismos. Por exemplo: de 34.712, podem-se criar o
34, o 47, o 71 e o 12. Procura-se um número de 5 algarismos
formado pelos algarismos 4, 5, 6, 7 e 8, sem repetição. Veja
abaixo alguns números desse tipo e, ao lado de cada um
deles, a quantidade de números de dois algarismos que
esse número tem em comum com o número procurado.

Número Quantidade de números de


dado 2 algarismos em comum
48.765 1 Excluídas do alfabeto as letras K, W e Y e fazendo cada
letra restante corresponder ordenadamente aos números
86.547 0
inteiros de 1 a 23 (ou seja, A = 1, B = 2, C = 3,..., Z = 23),
87.465 2 a soma dos números que correspondem às letras que
48.675 1 compõem o nome do animal é:
(A) 37
O número procurado é: (B) 39
(A) 87456 (C) 45
(B) 68745 (D) 49
(C) 56874 (E) 51
(D) 58746
(E) 46875 Nas questões 29 e 30, observe que há uma relação
entre o primeiro e o segundo grupos de letras. A mesma
26. Considere que os símbolos ♦ e ♣ que aparecem relação deverá existir entre o terceiro grupo e um dos cinco
no quadro seguinte, substituem as operações que devem grupos que aparecem nas alternativas, ou seja, aquele que
ser efetuadas em cada linha, a fim de se obter o resultado substitui corretamente o ponto de interrogação. Considere
correspondente, que se encontra na coluna da extrema que a ordem alfabética adotada é a oficial e exclui as letras
direita. K, W e Y.

20
MATEMÁTICA

29. CASA: LATA: LOBO: ? 36. Quantas vezes você usa o algarismo 9 para numerar
(A) SOCO as páginas de um livro de 100 páginas?
(B) TOCO
(C) TOMO 37. Quantos quadrados existem na figura abaixo?
(D) VOLO
(E) VOTO

30. ABCA: DEFD: HIJH: ?


(A) IJLI
(B) JLMJ
(C) LMNL
(D) FGHF 38. Retire três palitos e obtenha apenas três quadrados.
(E) EFGE

31. Os termos da sucessão seguinte foram obtidos


considerando uma lei de formação (0, 1, 3, 4, 12, 123,...).
Segundo essa lei, o décimo terceiro termo dessa sequência
é um número:
(A) Menor que 200.
(B) Compreendido entre 200 e 400.
(C) Compreendido entre 500 e 700. 39. Qual será o próximo símbolo da sequência abaixo?
(D) Compreendido entre 700 e 1.000.
(E) Maior que 1.000.

Para responder às questões de números 32 e 33, você


deve observar que, em cada um dos dois primeiros pares
de palavras dadas, a palavra da direita foi obtida da palavra
da esquerda segundo determinado critério. Você deve
descobrir esse critério e usá-lo para encontrar a palavra
que deve ser colocada no lugar do ponto de interrogação. 40. Reposicione dois palitos e obtenha uma figura com
cinco quadrados iguais.
32. Ardoroso → rodo
Dinamizar → mina
Maratona → ?

(A) mana
(B) toma
(C) tona
(D) tora
(E) rato
41. Observe as multiplicações a seguir:
33. Arborizado → azar 12.345.679 × 18 = 222.222.222
Asteroide → dias 12.345.679 × 27 = 333.333.333
Articular → ? ... ...
(A) luar 12.345.679 × 54 = 666.666.666
(B) arar
(C) lira Para obter 999.999.999 devemos multiplicar 12.345.679
(D) luta por quanto?
(E) rara
42. Esta casinha está de frente para a estrada de terra.
34. Preste atenção nesta sequência lógica e identifique Mova dois palitos e faça com que fique de frente para a
quais os números que estão faltando: 1, 1, 2, __, 5, 8, __,21, estrada asfaltada.
34, 55, __, 144, __...

35. Uma lesma encontra-se no fundo de um poço seco


de 10 metros de profundidade e quer sair de lá. Durante o
dia, ela consegue subir 2 metros pela parede; mas à noite,
enquanto dorme, escorrega 1 metro. Depois de quantos
dias ela consegue chegar à saída do poço?

21
MATEMÁTICA

43. Remova dois palitos e deixe a figura com dois 48. Tente dispor 6 moedas em 3 fileiras de modo que
quadrados. em cada fileira fiquem apenas 3 moedas.

49. Reposicione três palitos e obtenha cinco quadrados.

44. As cartas de um baralho foram agrupadas em


pares, segundo uma relação lógica. Qual é a carta que está
faltando, sabendo que K vale 13, Q vale 12, J vale 11 e A
vale 1?

50. Mude a posição de quatro palitos e obtenha cinco


triângulos.

45. Mova um palito e obtenha um quadrado perfeito.

Respostas

01. Resposta: “A”.


A diferença entre os números estampados nas cartas
1 e 2, em cada linha, tem como resultado o valor da 3ª
carta e, além disso, o naipe não se repete. Assim, a 3ª carta,
dentro das opções dadas só pode ser a da opção (A).

46. Qual o valor da pedra que deve ser colocada em 02. Resposta “D”.
cima de todas estas para completar a sequência abaixo? Observe que, tomando o eixo vertical como eixo de
simetria, tem-se:
Na figura 1: 01 ponto de cada lado  02 pontos no
total.
Na figura 2: 02 pontos de cada lado  04 pontos no
total.
Na figura 3: 03 pontos de cada lado  06 pontos no
total.
Na figura 4: 04 pontos de cada lado  08 pontos no
total.
Na figura n: n pontos de cada lado  2.n pontos no
total.
47. Mova três palitos nesta figura para obter cinco
triângulos. Em particular:
Na figura 15: 15 pontos de cada lado  30 pontos no
total.
Agora, tomando o eixo horizontal como eixo de
simetria, tem-se:
Na figura 1: 02 pontos acima e abaixo  04 pontos no
total.
Na figura 2: 03 pontos acima e abaixo  06 pontos no
total.

22
MATEMÁTICA

Na figura 3: 04 pontos acima e abaixo  08 pontos no 08. Resposta “B”.


total. A sequência das figuras completa-se na 5ª figura.
Na figura 4: 05 pontos acima e abaixo  10 pontos no Assim, continua-se a sequência de 5 em 5 elementos. A
total. figura de número 277 ocupa, então, a mesma posição das
Na figura n: (n+1) pontos acima e abaixo  2.(n+1) figuras que representam número 5n + 2, com n N. Ou seja,
pontos no total. a 277ª figura corresponde à 2ª figura, que é representada
pela letra “B”.
Em particular:
Na figura 15: 16 pontos acima e abaixo  32 pontos 09. Resposta “D”.
no total. Incluindo o ponto central, que ainda não foi A regularidade que obedece a sequência acima não se
considerado, temos para total de pontos da figura 15: Total dá por padrões numéricos e sim pela letra que inicia cada
de pontos = 30 + 32 + 1 = 63 pontos. número. “Dois, Dez, Doze, Dezesseis, Dezessete, Dezoito,
Dezenove, ... Enfim, o próximo só pode iniciar também com
03. Resposta “B”. “D”: Duzentos.
Nessa sequência, observamos que a diferença: entre
1000 e 990 é 10, entre 990 e 970 é 20, entre o 970 e 940 é 30, 10. Resposta “C”.
entre 940 e 900 é 40, entre 900 e 850 é 50, portanto entre Esta sequência é regida pela inicial de cada número.
Três, Treze, Trinta,... O próximo só pode ser o número Trinta
850 e o próximo número é 60, dessa forma concluímos que
e um, pois ele inicia com a letra “T”.
o próximo número é 790, pois: 850 – 790 = 60.
11. Resposta “E”.
04. Resposta “D”
Na 1ª linha, a palavra CAL foi retirada das 3 primeiras
Nessa sequência lógica, observamos que a diferença:
letras da palavra LACRAÇÃO, mas na ordem invertida. Da
entre 24 e 22 é 2, entre 28 e 24 é 4, entre 34 e 28 é 6, entre
mesma forma, na 2ª linha, a palavra SOMA é retirada da
42 e 34 é 8, entre 52 e 42 é 10, entre 64 e 52 é 12, portanto
palavra AMOSTRA, pelas 4 primeira letras invertidas. Com
entre o próximo número e 64 é 14, dessa forma concluímos isso, da palavra LAVRAR, ao se retirarem as 5 primeiras
que o próximo número é 78, pois: 76 – 64 = 14. letras, na ordem invertida, obtém-se ARVAL.
05. Resposta “D”. 12. Resposta “C”.
Observe a tabela: Em cada linha apresentada, as cabeças são formadas
por quadrado, triângulo e círculo. Na 3ª linha já há cabeças
Figuras 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª com círculo e com triângulo. Portanto, a cabeça da figura
Nº de Palitos 4 7 10 13 16 19 22 que está faltando é um quadrado. As mãos das figuras
estão levantadas, em linha reta ou abaixadas. Assim,
a figura que falta deve ter as mãos levantadas (é o que
Temos de forma direta, pela contagem, a quantidade de
ocorre em todas as alternativas). As figuras apresentam as 2
palitos das três primeiras figuras. Feito isto, basta perceber
pernas ou abaixadas, ou 1 perna levantada para a esquerda
que cada figura a partir da segunda tem a quantidade
ou 1 levantada para a direita. Nesse caso, a figura que
de palitos da figura anterior acrescida de 3 palitos. Desta
está faltando na 3ª linha deve ter 1 perna levantada para a
forma, fica fácil preencher o restante da tabela e determinar esquerda. Logo, a figura tem a cabeça quadrada, as mãos
a quantidade de palitos da 7ª figura. levantadas e a perna erguida para a esquerda.
06. Resposta “A”. 13. Resposta “A”.
Na figura apresentada na letra “B”, não é possível obter Existem duas leis distintas para a formação: uma para
a planificação de um lado, pois o 4 estaria do lado oposto a parte superior e outra para a parte inferior. Na parte
ao 6, somando 10 unidades. Na figura apresentada na superior, tem-se que: do 1º termo para o 2º termo, ocorreu
letra “C”, da mesma forma, o 5 estaria em face oposta ao uma multiplicação por 2; já do 2º termo para o 3º, houve
3, somando 8, não formando um lado. Na figura da letra uma subtração de 3 unidades. Com isso, X é igual a 5
“D”, o 2 estaria em face oposta ao 4, não determinando multiplicado por 2, ou seja, X = 10. Na parte inferior, tem-
um lado. Já na figura apresentada na letra “E”, o 1 não se: do 1º termo para o 2º termo ocorreu uma multiplicação
estaria em face oposta ao número 6, impossibilitando, por 3; já do 2º termo para o 3º, houve uma subtração de 2
portanto, a obtenção de um lado. Logo, podemos concluir unidades. Assim, Y é igual a 10 multiplicado por 3, isto é, Y
que a planificação apresentada na letra “A” é a única para = 30. Logo, X + Y = 10 + 30 = 40.
representar um lado.
14. Resposta “A”.
07. Resposta “B”. A sequência do alfabeto inicia-se na extremidade
Como na 3ª figura completou-se um círculo, para direita do triângulo, pela letra “A”; aumenta a direita para a
completar 16 círculos é suficiente multiplicar 3 por 16 : 3 . esquerda; continua pela 3ª e 5ª linhas; e volta para as linhas
16 = 48. Portanto, na 48ª figura existirão 16 círculos. pares na ordem inversa – pela 4ª linha até a 2ª linha. Na 2ª

23
MATEMÁTICA

linha, então, as letras são, da direita para a esquerda, “M”, 20. Resposta “D”.
“N”, “O”, e a letra que substitui corretamente o ponto de O que de início devemos observar nesta questão é a
interrogação é a letra “P”. quantidade de B e de X em cada figura. Vejamos:
BBB BXB XXB
15. Resposta “B”. XBX XBX XBX
A sequência de números apresentada representa a BBB BXB BXX
lista dos números naturais. Mas essa lista contém todos 7B e 2X 5B e 4X 3B e 6X
os algarismos dos números, sem ocorrer a separação.
Por exemplo: 101112 representam os números 10, 11 Vê-se, que os “B” estão diminuindo de 2 em 2 e que
e 12. Com isso, do número 1 até o número 9 existem 9 os “X” estão aumentando de 2 em 2; notem também que
algarismos. Do número 10 até o número 99 existem: 2 x os “B” estão sendo retirados um na parte de cima e um
90 = 180 algarismos. Do número 100 até o número 124 na parte de baixo e os “X” da mesma forma, só que não
existem: 3 x 25 = 75 algarismos. E do número 124 até o estão sendo retirados, estão, sim, sendo colocados. Logo
número 128 existem mais 12 algarismos. Somando todos a 4ª figura é:
os valores, tem-se: 9 + 180 + 75 + 12 = 276 algarismos. XXX
Logo, conclui-se que o algarismo que ocupa a 276ª posição XBX
é o número 8, que aparece no número 128. XXX
1B e 8X
16. Resposta “D”.
Na 1ª linha, internamente, a 1ª figura possui 2 21. Resposta “D”.
“orelhas”, a 2ª figura possui 1 “orelha” no lado esquerdo Montando a série de Fibonacci temos: 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8,
e a 3ª figura possui 1 “orelha” no lado direito. Esse fato 13, 21, 34... A resposta da questão é a alternativa “D”, pois
acontece, também, na 2ª linha, mas na parte de cima e na como a questão nos diz, cada termo a partir do terceiro é
parte de baixo, internamente em relação às figuras. Assim, igual à soma de seus dois termos precedentes. 2 + 3 = 5
na 3ª linha ocorrerá essa regra, mas em ordem inversa: é
a 3ª figura da 3ª linha que terá 2 “orelhas” internas, uma 22. Resposta “E”.
em cima e outra em baixo. Como as 2 primeiras figuras A questão nos informa que ao se escrever alguma
da 3ª linha não possuem “orelhas” externas, a 3ª figura mensagem, cada letra será substituída pela letra que ocupa
também não terá orelhas externas. Portanto, a figura que a quarta posição, além disso, nos informa que o código é
deve substituir o ponto de interrogação é a 4ª. “circular”, de modo que a letra “U” vira “A”. Para decifrarmos,
temos que perceber a posição do emissor e do receptor. O
17. Resposta “B”. emissor ao escrever a mensagem conta quatro letras à frente
No 1º triângulo, o número que está no interior do para representar a letra que realmente deseja, enquanto
triângulo dividido pelo número que está abaixo é igual à que o receptor, deve fazer o contrário, contar quatro letras
diferença entre o número que está à direita e o número atrás para decifrar cada letra do código. No caso, nos foi
que está à esquerda do triângulo: 40 5 21 13 8. dada a frase para ser decifrada, vê-se, pois, que, na questão,
A mesma regra acontece no 2º triângulo: 42 ÷ 7 = 23 ocupamos a posição de receptores. Vejamos a mensagem:
- 17 = 6. BSA HI EDAP. Cada letra da mensagem representa a quarta
Assim, a mesma regra deve existir no 3º triângulo: letra anterior de modo que:
? ÷ 3 = 19 - 7 VxzaB: B na verdade é V;
? ÷ 3 = 12 OpqrS: S na verdade é O;
? = 12 x 3 = 36. UvxzA: A na verdade é U;
DefgH: H na verdade é D;
18. Resposta “E”. EfghI: I na verdade é E;
Verifique os intervalos entre os números que foram AbcdE: E na verdade é A;
fornecidos. Dado os números 3, 12, 27, __, 75, 108, obteve- ZabcD: D na verdade é Z;
se os seguintes 9, 15, __, __, 33 intervalos. Observe que 3x3, UvxaA: A na verdade é U;
3x5, 3x7, 3x9, 3x11. Logo 3x7 = 21 e 3x 9 = 27. Então: 21 + LmnoP: P na verdade é L;
27 = 48.
23. Resposta “B”.
19. Resposta “B”. A questão nos traz duas palavras que têm relação
Observe que o numerador é fixo, mas o denominador uma com a outra e, em seguida, nos traz uma sequência
é formado pela sequência: numérica. É perguntado qual sequência numérica tem a
mesma ralação com a sequência numérica fornecida, de
Primeiro Segundo Terceiro Quarto Quinto Sexto maneira que, a relação entre as palavras e a sequência
numérica é a mesma. Observando as duas palavras dadas,
2x3 3x4= 4x5= 5x6 podemos perceber facilmente que têm cada uma 6 letras
1 1x2=2
=6 12 20 = 30 e que as letras de uma se repete na outra em uma ordem
diferente. Tal ordem, nada mais é, do que a primeira palavra

24
MATEMÁTICA

de trás para frente, de maneira que SOCIAL vira LAICOS. 29. Resposta “B”.
Fazendo o mesmo com a sequência numérica fornecida, Na 1ª e na 2ª sequências, as vogais são as mesmas:
temos: 231678 viram 876132, sendo esta a resposta. letra “A”. Portanto, as vogais da 4ª sequência de letras
deverão ser as mesmas da 3ª sequência de letras: “O”.
24. Resposta “A”. A 3ª letra da 2ª sequência é a próxima letra do alfabeto
A questão nos traz duas palavras que têm relação depois da 3ª letra da 1ª sequência de letras. Portanto, na 4ª
uma com a outra, e em seguida, nos traz uma sequência sequência de letras, a 3ª letra é a próxima letra depois de
numérica. Foi perguntado qual a sequência numérica que “B”, ou seja, a letra “C”. Em relação à primeira letra, tem-se
tem relação com a já dada de maneira que a relação entre uma diferença de 7 letras entre a 1ª letra da 1ª sequência
as palavras e a sequência numérica é a mesma. Observando e a 1ª letra da 2ª sequência. Portanto, entre a 1ª letra da
as duas palavras dadas podemos perceber facilmente que 3ª sequência e a 1ª letra da 4ª sequência, deve ocorrer o
tem cada uma 6 letras e que as letras de uma se repete mesmo fato. Com isso, a 1ª letra da 4ª sequência é a letra
na outra em uma ordem diferente. Essa ordem diferente “T”. Logo, a 4ª sequência de letras é: T, O, C, O, ou seja,
nada mais é, do que a primeira palavra de trás para frente, TOCO.
de maneira que SALTA vira ATLAS. Fazendo o mesmo com
a sequência numérica fornecida temos: 25435 vira 53452, 30. Resposta “C”.
sendo esta a resposta. Na 1ª sequência de letras, ocorrem as 3 primeiras
letras do alfabeto e, em seguida, volta-se para a 1ª letra
25. Resposta “E”. da sequência. Na 2ª sequência, continua-se da 3ª letra
Pelo número 86.547, tem-se que 86, 65, 54 e 47 não da sequência anterior, formando-se DEF, voltando-se
acontecem no número procurado. Do número 48.675, as novamente, para a 1ª letra desta sequência: D. Com isto,
opções 48, 86 e 67 não estão em nenhum dos números na 3ª sequência, têm-se as letras HIJ, voltando-se para a 1ª
apresentados nas alternativas. Portanto, nesse número a letra desta sequência: H. Com isto, a 4ª sequência iniciará
coincidência se dá no número 75. Como o único número pela letra L, continuando por M e N, voltando para a letra L.
apresentado nas alternativas que possui a sequência 75 é Logo, a 4ª sequência da letra é: LMNL.
46.875, tem-se, então, o número procurado.
31. Resposta “E”.
26. Resposta “D”.
Do 1º termo para o 2º termo, ocorreu um acréscimo
O primeiro símbolo representa a divisão e o 2º símbolo
de 1 unidade. Do 2º termo para o 3º termo, ocorreu a
representa a soma. Portanto, na 1ª linha, tem-se: 36 ÷ 4
multiplicação do termo anterior por 3. E assim por diante,
+ 5 = 9 + 5 = 14. Na 2ª linha, tem-se: 48 ÷ 6 + 9 = 8 +
até que para o 7º termo temos 13 . 3 = 39. 8º termo = 39 +
9 = 17. Com isso, na 3ª linha, ter-se-á: 54 ÷ 9 + 7 = 6
1 = 40. 9º termo = 40 . 3 = 120. 10º termo = 120 + 1 = 121.
+ 7 = 13. Logo, podemos concluir então que o ponto de
interrogação deverá ser substituído pelo número 13. 11º termo = 121 . 3 = 363. 12º termo = 363 + 1 = 364. 13º
termo = 364 . 3 = 1.092. Portanto, podemos concluir que
27. Resposta “A”. o 13º termo da sequência é um número maior que 1.000.
As letras que acompanham os números ímpares
formam a sequência normal do alfabeto. Já a sequência 32. Resposta “D”.
que acompanha os números pares inicia-se pela letra “E”, Da palavra “ardoroso”, retiram-se as sílabas “do” e
e continua de acordo com a sequência normal do alfabeto: “ro” e inverteu-se a ordem, definindo-se a palavra “rodo”.
2ª letra: E, 4ª letra: F, 6ª letra: G, 8ª letra: H, 10ª letra: I e 12ª Da mesma forma, da palavra “dinamizar”, retiram-se as
letra: J. sílabas “na” e “mi”, definindo-se a palavra “mina”. Com
isso, podemos concluir que da palavra “maratona”. Deve-
28. Resposta “D”. se retirar as sílabas “ra” e “to”, criando-se a palavra “tora”.
Escrevendo os nomes dos animais apresentados na
lista – MARÁ, PERU, TATU e URSO, na seguinte ordem: 33. Resposta “A”.
PERU, MARÁ, TATU e URSO, obtém-se na tabela: Na primeira sequência, a palavra “azar” é obtida pelas
letras “a” e “z” em sequência, mas em ordem invertida.
Já as letras “a” e “r” são as 2 primeiras letras da palavra
P E R U “arborizado”. A palavra “dias” foi obtida da mesma forma:
As letras “d” e “i” são obtidas em sequência, mas em ordem
M A R A invertida. As letras “a” e “s” são as 2 primeiras letras da
palavra “asteroides”. Com isso, para a palavras “articular”,
T A T U considerando as letras “i” e “u”, que estão na ordem
invertida, e as 2 primeiras letras, obtém-se a palavra “luar”.
U R S O
34. O nome da sequência é Sequência de Fibonacci.
O nome do animal é PATO. Considerando a ordem do O número que vem é sempre a soma dos dois números
alfabeto, tem-se: P = 15, A = 1, T = 19 e 0 = 14. Somando imediatamente atrás dele. A sequência correta é: 1, 1, 2, 3,
esses valores, obtém-se: 15 + 1 + 19 + 14 = 49. 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233...

25
MATEMÁTICA

35. 40.
Dia Subida Descida
1º 2m 1m
2º 3m 2m
3º 4m 3m
4º 5m 4m
5º 6m 5m
6º 7m 6m 41.
7º 8m 7m 12.345.679 × (2×9) = 222.222.222
12.345.679 × (3×9) = 333.333.333
8º 9m 8m ... ...
9º 10m ---- 12.345.679 × (4×9) = 666.666.666
Portanto, para obter 999.999.999 devemos multiplicar
Portanto, depois de 9 dias ela chegará na saída do poço. 12.345.679 por (9x9) = 81

36. 09 – 19 – 29 – 39 – 49 – 59 – 69 – 79 – 89 – 90 – 42.
91 – 92 – 93 – 94 – 95 – 96 – 97 – 98 – 99. Portanto, são
necessários 20 algarismos.

37.

= 16

43.
= 09

= 04
44. Sendo A = 1, J = 11, Q = 12 e K = 13, a soma de cada par
de cartas é igual a 14 e o naipe de paus sempre forma par com
o naipe de espadas. Portanto, a carta que está faltando é o 6 de
espadas.

45. Quadrado perfeito em matemática, sobretudo na


aritmética e na teoria dos números, é um número inteiro
=01 não negativo que pode ser expresso como o quadrado de
Portanto, há 16 + 9 + 4 + 1 = 30 quadrados. um outro número inteiro. Ex: 1, 4, 9...
No exercício 2 elevado a 2 = 4
38.

39. Os símbolos são como números em frente ao 46. Observe que:


espelho. Assim, o próximo símbolo será 88.
3 6 18 72 360 2160 15120

x2 x3 x4 x5 x6 x7

26
MATEMÁTICA

Portanto, a próxima pedra terá que ter o valor: 15.120 Exemplos


x 8 = 120.960 - São equações lineares:
x1 - 5x2 + 3x3 = 3
47. 2x – y + 2z = 1
0x + 0y + 0z = 2
0x + 0y + 0z = 0
- Não são equações lineares:
x3-2y+z = 3
(x3 é o impedimento)
2x1 – 3x1x2 + x3 = -1
48. (-3x1x2 é o impedimento)

2x1 – 3 3 + x3 = 0
x2
( 3 é o impedimento)
x2
Observação: Uma equação é linear quando os expoentes
das incógnitas forem iguais a l e em cada termo da equação
existir uma única incógnita.
49.
Solução de ama Equação Linear
Uma solução de uma equação linear a1xl +a2x2 +a3x3+...
anxn = b, é um conjunto ordenado de números reais α1, α2,
α3,..., αn para o qual a sentença a1{α1) + a2{αa2) + a3(α3) +...
+ an(αn) = b é verdadeira.

Exemplos
- A terna (2, 3, 1) é solução da equação:
50. x1 – 2x2 + 3x3 = -1 pois:
(2) – 2.((3) + 3.(1) = -1
- A quadra (5, 2, 7, 4) é solução da equação:
0x1 - 0x2 + 0x3 + 0x4 = 0 pois:
0.(5) + 0.(2) + 0.(7) + 0.(4) = 0

Conjunto Solução

Chamamos de conjunto solução de uma equação linear


o conjunto formado por todas as suas soluções.
4 MODELOS LINEARES. Observação: Em uma equação linear com 2 incógnitas, o
conjunto solução pode ser representado graficamente pelos
pontos de uma reta do plano cartesiano.
Sistema Linear
Assim, por exemplo, na equação
O estudo dos sistemas de equações lineares é de 2x + y = 2
fundamental importância em Matemática e nas ciências em geral.
Você provavelmente já resolveu sistemas do primeiro grau, mais Algumas soluções são (1, 0), (2, -2), (3, -4), (4, -6), (0, 2),
precisamente aqueles com duas equações e duas incógnitas. (-1,4), etc.
Vamos ampliar esse conhecimento desenvolvendo métodos Representando todos os pares ordenados que são
que permitam resolver, quando possível, sistemas de equações do soluções da equação dada, temos:
primeiro grau com qualquer número de equações e incógnitas.
Esses métodos nos permitirão não só resolver sistemas, mas
também classificá-los quanto ao número de soluções.

Equações Lineares
Equação linear é toda equação do tipo a1x1 + a2x2 +
a3x3+...anxn = b, onde a1, a2, a3,.., an e b são números reais e
x1, x2, x3,.., xn são as incógnitas.
Os números reais a1, a2, a3,.., an são chamados de
coeficientes e b é o termo independente.

27
MATEMÁTICA

Equação Linear Homogênea 1. Método da Substituição:


Uma equação linear é chamada homogênea quando o 2x + 3y = 8 (I)
seu termo independente for nulo. 
Exemplo x - y = - 1 (II)
2x1 + 3x2 - 4x3 + 5x4 - x5 = 0 Da equação (II), obtemos x = y -1, que substituímos
na equação (I)
Observação: Toda equação homogênea admite como
solução o conjunto ordenado de “zeros” que chamamos 2(y- 1) +3y = 8  5y = 10  y = 2
solução nula ou solução trivial. Fazendo y = 2 na equação (I), por exemplo, obtemos:
Exemplo Assim: S = {(1,2)}
(0, 0, 0) é solução de 3x + y - z – 0
2. Método da Adição:
Equações Lineares Especiais
2x + 3y = 8 (I)
Dada a equação: 
a1x1 + a2x2 +a3x3+...anxn = b, temos: x - y = - 1 (II)

Multiplicamos a equação II por 3 e a adicionamos,


- Se a1 = a2 = a3 =...= na = b = 0, ficamos com: membro a membro, com a equação I.
0x1 + 0x2 +0x3 +...+0xn, e, neste caso, qualquer
 2x + 3y = 8
seqüências (α1, α2, α3,..., αn) será solução da equação dada.  3 x − 3 y = −3

- Se a1 = a2 = a3 =... = an = 0 e b ≠ 0, ficamos com: 
5x = 5 ⇒ x = 5 = 1
0x1 +0x2 + 0x3 +...+0xn= b ≠0, e, neste caso, não existe  5
seqüências de reais (α1, α2, α3,...,αn) que seja solução da Fazendo x = 1 na equação (I), por exemplo, obtemos:
equação dada. Assim: S = {(1,2)}
Sistema Linear 2 x 2
Sistema Linear 2 x 2 com infinitas soluções
Chamamos de sistema linear 2 x 2 o conjunto de
Quando uma equação de um sistema linear 2 x 2 puder
equações lineares a duas incógnitas, consideradas
ser obtida multiplicando-se a outra por um número real, ao
simultaneamente.
tentarmos resolver esse sistema, chegamos numa igualdade
Todo sistema linear 2 x 2 admite a forma geral abaixo:
que é sempre verdadeira, independente das incógnitas. Nesse
a1 x + b1 y = c1 caso, existem infinitos pares ordenados que são soluções do
 sistema.
a2 + b2 y = c2 Exemplo
Um par (α1, α2) é solução do sistema linear 2 x 2 se, e ⎧2x + 3y = 8(I )
somente se, for solução das duas equações do sistema. ⎨
⎩−4x − 6y = −16(II )
Exemplo
(3, 4) é solução do sistema Note que multiplicando-se a equação (I) por (-2)
obtemos a equação (II).
⎧ x − y = −1 Resolvendo o sistema pelo método da substituição
⎨ temos:
⎩2x + y = 10 Da equação (I), obtemos y =
8 − 2x
, que substituímos
3
pois é solução de suas 2 equações: na equação (II).
(3)-(4) = -l e 2.(3) + (4) = 10  8 − 2x 
-4x-6.  3/ 
 =-16 →-4x-2(8-2x)=-16
Resolução de um Sistema 2 x 2
Resolver um sistema linear 2 x 2 significa obter o -4x-16+4x=-16→-16=-16
conjunto solução do sistema. - 16= -16 é uma igualdade verdadeira e existem
Os dois métodos mais utilizados para a resolução de infinitos pares ordenados que são soluções do sistema.
um sistema linear 2x2 são o método da substituição e o 5   8
método da adição. Entre outros, (1, 2), (4, 0),  ,1 e  0,  são soluções
2   3
Para exemplificar, vamos resolver o sistema 2 x 2 do sistema.
abaixo usando os dois métodos citados. Sendo a, um número real qualquer, dizemos que
⎛ 8 − 2α ⎞ é solução do sistema.
2x + 3y = 8 ⎜⎝ α ,
3 ⎠


x - y = - 1 (Obtemos 8 − 2α substituindo x =α na equação (I)).
3

28
MATEMÁTICA

Sistema Linear 2 x 2 com nenhuma solução


a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 + ... + a1n xn = b1
Quando duas equações lineares têm os mesmos a x + a x + a x + ... + a x = b
coeficientes, porém os termos independentes são  21 1 22 2 23 3 2n n 2

diferentes, dizemos que não existe solução comum para as a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 + ... + a3n xn = b3
duas equações, pois substituindo uma na outra, obtemos .........................................................
uma igualdade sempre falsa. 
Exemplo am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 + ... + amn xn = bm
2x+3y=6(I) e 2x+3y=5(II) Onde:
X1, x2, x3,…,xn são as incógnitas;
Substituindo 2x+3y da equação (I) na equação (II) aij, com 1 ≤ i ≤ m e 1 ≤ n, são os coeficientes das
obtemos: incógnitas; bi, com 1 ≤ i ≤ m, são os termos independentes.
6=5 que é uma igualdade falsa. Se num sistema Exemplos
2x2 existir um número real que, multiplicado por uma 1.
das equações, resulta uma equação com os mesmos  x − 2 y + 3z = 5
coeficientes da outra equação do sistema, porém com 
termos independentes diferentes, dizemos que não existe x + y − z + 2
par ordenado que seja solução do sistema. (sistema 2 x 3)
Exemplo
 x + 2 y = 5( I ) 2.
  x1 + 3 x2 − 2 x3 + x4 = 0
2 x + 4 y = 7( II ) 
Multiplicando-se equação (I) por 2 obtemos:
 x1 + 2 x2 − 3 x3 + x4 = 2
x − x + x + x = 5
2x+4y=10  1 2 3 4
Que tem os mesmo coeficientes da equação (II), porém (sistema 3 x 4)
os termos independentes são diferentes.
Se tentarmos resolver o sistema dado pelo método de 3.
substituição, obtemos uma igualdade que é sempre falsa, x + 2 y = 1
independente das incógnitas. 
x − y = 4
 x + 2 y = 5( I ) 2 x − 3 y = 0
 
2 x + 4 y = 7( II ) (sistema 3 x 2)
 5− x 
Da equação (I), obtemos ,  y = 2  que substituímos
 
na equação (II) Matriz Incompleta
Chamamos de matriz incompleta do sistema linear a
5 − x
2x- 4.   =7→2x+2(5-x)=7 matriz formada pelos coeficientes das incógnitas.
 2/ 

2x+10-2x=7→10=7
a a12 a13  a1n 
 11 
10=7 é uma igualdade falsa e não existe par ordenado  
que seja solução do sistema. a21 a22 a23  a2 n 
 
Classificação A = a31 a32 a33  a3n 
De acordo com o número de soluções, um sistema  
linear 2x2 pode ser classificado em: ..................................... 
- Sistema Impossíveis ou Incompatíveis: são os sistemas  
que não possuem solução alguma. am1 am 2 am 3  amn 
- Sistemas Possíveis ou compatíveis: são os sistemas  
que apresentam pelo menos uma solução. Exemplo
- Sistemas Possíveis Determinados: se possuem uma No sistema:
única solução. 
- Sistemas Possíveis Indeterminados: se possuem x − y + 2z = 1
infinitas soluções. 
x + z=0

Sistema Linear m x n − x + y = 5
Chamamos de sistema linear M x n ao conjunto de m 
equações a n incógnitas, consideradas simultaneamente,
que podem ser escrito na forma:

29
MATEMÁTICA

A matriz incompleta é: x + 2y – z - 1→ x = -2y + z - 1


Na equação (II)
  2(-2y + z - 1) – y + z = 5 → -5y + 3z = 7 (IV)
 1 −1 2  Na equação (III)
 
(-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)
A= 1 0 1
  Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e (V):
 
 − 1 1 0 ⎧⎪−5y + 3z = 7 (IV )
  ⎨
Forma Matricial
⎪⎩ y − z = −3 (V )
Consideremos o sistema linear M x n: Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na
a11 x1 + a12 x2 + a13 x3 +  + a1n xn = b1 equação (IV), temos:
 y – z = -3 → y = z - 3
a21 x1 + a22 x2 + a23 x3 +  + a2 n xn = b2 -5 (z - 3) + 3z = 7→ z = 4

a31 x1 + a32 x2 + a33 x3 +  + a3n xn = b3 Substituindo z = 4 na equação (V)
........................................................ y – 4 = -3 → y = 1
 Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I)
am1 x1 + am 2 x2 + am 3 x3 +  + amn xn = bm
 x + 2 (1) - (4) = -1 →x = 1
Assim:
Sendo A a Matriz incompleta do sistema chamamos, S={(1, 1, 4)}
respectivamente, as matrizes
2º) Resolver o sistema pelo método da substituição:
 x1   
  b1  ⎧ x + 3y − z = 1 (I)
 x2  b2 
  ⎪
X =  x3  e B = b3  ⎨ y + 2z = 10 (II)
    ⎪
    ⎩ 3z = 12 (III )
    Resolução
 xn  bm  Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas
de matriz incógnita e matriz termos independentes. equações (II) e (III), temos:
E dizemos que a forma matricial do sistema é A.X=B, ou seja:
x + 2y – z = -1 → x = -2y + z - 1
a11 a12 a13  a1n     
   x1  b1 
a   x2  b2  Na equação (II)
a22 a23  a2 n
 21      2(-2y + z - 1) – y + z = 5 →5y + 3z = 7 (IV)
   x3  b3 
a31 a32 a33  a3n       Na equação (III)
     
...................................      (-2y + z - 1) + 3y - 2z = -4 → y – z = -3 (V)
   xn  bm 
a
 m1 a m2 a m3  a mn  Tomando agora o sistema formado pelas equações (IV) e (V):
 
Sistemas Lineares – Escalonamento (I)
⎧⎪−5y + 3z = 7 (IV )

⎩⎪ y − z = −3 (V )
Resolução de um Sistema por Substituição
Resolvemos um sistema linear m x n por substituição, Isolando a incógnita y na equação (V) e substituindo na
do mesmo modo que fazemos num sistema linear 2 x 2. equação (IV), temos:
Assim, observemos os exemplos a seguir.
Exemplos y – z = -3 → y = z - 3
- Resolver o sistema pelo método da substituição. -5(z - 3) + 3z = 7 → z = 4
 x + 2 y − z = −1 ( I )
 Substituindo z = 4 na equação (V)
 y – 4 = -3 → y = 1
2 x − y + z = 5 ( II )

 x + 3 y − 2 z = −4( III ) Substituindo y = 1 e z = 4 na equação (I)
 x + 2(1) - (4) = -1 → x = 1
Resolução
Isolando a incógnita x na equação (I) e substituindo nas Assim:
equações (II) e (III), temos: S={(1, 1, 4)}

30
MATEMÁTICA

2º) Resolver o sistema pelo método da substituição: Existem dois tipos de sistemas escalonados:
⎧ x + 3y − z = 1 (I ) Tipo: número de equações igual ao número de
⎪ incógnitas.
⎨ y + 2z = 10 (II )

3z = 12 (III ) a11 x1 + a12 x2 + a13 x 3 +  + a1n xn = b1
⎩ 
Resolução  a22 x2 + a23 x3 +  + a2 n xn = b2
Na equação (III), obtemos: 
3z = 12 → z = 4 
Substituindo z = 4 na equação (II), obtemos:  a33 x33 +  + a3n xn = b3
y + 2 . 4 = 10 → y = 2 
Substituindo z = 4 e y = 2 na equação (I), obtemos: ...................................................
x + 3 . 2 – 4 = 1 → x = -1 
Assim: ann xn = bn
S{(-1, 2, 4)} 
Observação: Podemos observar que a resolução de sistemas Notamos que os sistemas deste tipo podem ser
pelo método da substituição pode ser demasiadamente longa e analisados pelo método de Cramer, pois são sistemas n x n.
trabalhosa, quando os sistemas não apresentam alguma forma Assim, sendo D o determinante da matriz dos coeficientes
simplificada como no primeiro exemplo. No entanto, quando o (incompleta), temos:
sistema apresenta a forma simples do segundo exemplo, que
denominamos “forma escalonada”, a resolução pelo método a11a12 a13  a1n
da substituição é rápida e fácil.
Veremos, a seguir, como transformar um sistema linear m x
0 a22 a23  a2 n
n qualquer em um sistema equivalente na “forma escalonada”.
D = 0 0 a33  a3n = D = a11 .a22 .a33 ..ann ≠ 0
Sistemas Lineares Escalonados
.................
Dizemos que um sistema linear é um sistema
escalonado quando: 0 0 0 ann
- Em cada equação existe pelo menos um coeficiente
não-nulo; Como D ≠ 0, os sistemas deste tipo são possíveis e
- O número de coeficiente nulos, antes do primeiro determinados e, para obtermos a solução única, partimos da
coeficiente não-nulo, cresce “da esquerda para a direita, de n-ésima equação que nos dá o valor de xn; por substituição
equação para equação”. nas equações anteriores, obtemos sucessivamente os
Exemplos valores de xn-1,xn-2,…,x3,x2 e x1.

2 x + y − z = 3 Exemplo
1º) 
 2 y + 3 z = 2 Resolver o sistema:
 ⎧2x + y − z + t = 5(I )
x + 2 y − 3z = 4 ⎪
2º) 

y + 2z = 3
⎪ y + z + 3t = 9(II )
 ⎨
 ⎪ 2z − t = 0(III )
 z =1 ⎪
 ⎩ 3t = 6(IV )

x+ y+ z+t =5
Resolução
3º) 

 y−t =2 Na equação (IV), temos:
3t = 6 → t = 2
 2 x1 + 3x2 − x3 + x4 = 1 Substituindo t = 2 na equação (III), temos:
 2z – 2 = 0 → z = 1

4º)  x 2 + x3 − x 4 = 0 Substituindo t = 2 e z = 1 na equação (II), temos:
 y + 1 +3 . 2 = 9 → y = 2
 3 x4 = 5
 Substituindo t = 2, z = 1 e y = 2, na equação (I), temos:
2x + 2 – 1 + 2 = 5 → x = 1
Assim:
S {(1, 2, 1, 2)}

31
MATEMÁTICA

Tipo: número de equações menor que o número de Sistema Lineares – Escalonamento (II)
incógnitas.
Para resolvermos os sistemas lineares deste tipo, Escalonamento de um Sistema
devemos transformá-los em sistemas do 1º tipo, do
seguinte modo: Todo sistema linear possível pode ser transformado
num sistema linear escalonado equivalente, através das
- As incógnitas que não aparecem no inicio de nenhuma transformações elementares a seguir.
das equações do sistema, chamadas variáveis livres, devem - Trocar a ordem em que as equações aparecem no sistema.
ser “passadas” para os segundos membros das equações. Exemplo
Obtemos, assim, um sistema em que consideramos incógnitas
apenas as equações que “sobraram” nos primeiros membros.
x + 3 y = 2 2 x − y = 5
(S ) =  ~ ( S1 )
- Atribuímos às variáveis livres valores literais, na 2 x − y = 5 x + 3 y = 2
verdade “valores variáveis”, e resolvemos o sistema por
substituição. - Inverter a ordem em que as incógnitas aparecem nas
Exemplo equações.

Resolver o sistema: Exemplo


 x + y + 2 z = 1  
 2y − z = 2 x + 2 y + z = 5 2 y + z + x = 5

 
(S ) =  x + 2 z = 1 ~ ( S1 ) 2z + x = 1
Resolução
A variável z é uma “variável livre” no sistema.
 
 3x = 5  3x = 5
Então:  
 x + y = 1 − 2 z - Multiplicar (ou dividir) uma equação por um número
 2y = 2 + z real não-nulo.

Fazendo z = α, temos: Exemplo

⎪⎧ x + y = 1− 2α x + 2 y = 3  x + 2 y = 3
⎨ ( S ) ~ ( S1 )
⎩⎪ 2y = 2 + α 3 x − y = 1 6 x − 2 y = 3
2 +α
2y = 2 + α → y =
2 Multiplicamos a 2ª equação de S por 2, para obtermos S1.
- Adicionar a uma equação uma outra equação do sistema,
Substituindo y =
2 + α na 1ª equação, temos: previamente multiplicada por um número real não-nulo.
2
2 +α
x+ = 1− 2α Exemplo
2
Agora para continuar fazemos o mmc de 2, e teremos: x + 3 y = 5  x + 3 y = 5
(S ) =  ~ ( S1 )
2x + 2α = 2(1-2α)
2x + 2α = 2 - 4α
2 x + y = 3  − 5 y = −7
4α + 2x + 2 + α - 2 = 0 Multiplicamos a 1ª equação do S por -2 e a adicionamos
5α + 2x = 0 à 2ª equação para obtermos s1.
2x = -5α
x = −5α Para transformarmos um sistema linear (S) em outro,
2 equivalente e escalonado (S1), seguimos os seguintes
Assim: passos.
⎧⎛ 5α 2 + α ⎞ ⎫ - Usando os recursos das três primeiras transformações
S = ⎨⎜ , , α ⎟ , α ∈R ⎬ elementares, devemos obter um sistema em que a 1ª
⎩ ⎝ ⎠ ⎭ equação tem a 1ª incógnita com o coeficiente igual a 1.
2 2
Observações: Para cada valor real atribuído a α, - Usando a quarta transformação elementar, devemos
encontramos uma solução do sistema, o que permite “zerar” todos os coeficientes da 1ª incógnita em todas as
concluir que o sistema é possível e indeterminado. equações restantes.
- A quantidade de variáveis livres que um sistema - “Abandonamos”a 1ª equação e repetimos os dois
apresenta é chamada de grau de liberdade ou grau de primeiros passos com as equações restantes, e assim por
indeterminação do sistema. diante, até a penúltima equação do sistema.

32
MATEMÁTICA

Exemplos

1º) Escalonar e classificar o sistema:


2 x + y + z = 5

3x − y 2 z = −2
x + 2 y − z = 1

Resolução

⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1
⎪ ⎪ ⎪
⎨ 3x − y − 2z = −2 ~ ⎨ 3x − y − 2z = −2 ← −3 ~ ⎨−7y + z = −5
⎪2x + y + z = 5 ⎪ ⎪
⎩ ⎩ 2x + y + z = 5 ← −2 ⎩−3y + 3z = 3 : −3

⎧ x + 2y − z = −1 ⎧ x + 2y − z = 1 ⎧ x + 2y − z = 1
⎪ ⎪ ⎪
⎨−7y + z = 5 ~ ⎨ y − z = −1 ~ ⎨ y − z = −1
⎪ y − z = −1 ⎪−7y + z = −5 ← 7 ⎪
⎩ ⎩ ⎩ − 6z = −12

O sistema obtido está escalonado e é do 1º tipo (nº de equações igual ao nº de incógnitas), portanto, é um sistema
possível e determinado.

2º) Escalonar e classificar o sistema:

3 x + y − z = 3

2 x − y + 3 z = 5
8 x + y + z = 11

Resolução

O sistema obtido está escalonado e é do 2º tipo (nº de equações menor que o nº de incógnitas), portanto, é um sistema
possível e indeterminado.

(*) A terceira equação foi eliminada do sistema, visto que ela é equivalente à segunda equação. Se nós não tivéssemos
percebido essa equivalência, no passo seguinte obteríamos na terceira equação: 0x+0z=0, que é uma equação satisfeita
para todos os valores reais de x e z.

3º) Escalonar e classificar o sistema:



2 x + 5 y + z = 5

 x + 2y − z = 3

4 x + 9 y − z = 8

33
MATEMÁTICA

Resolução Resolução

1 3
D= = a−6
2 a

D = 0⇒ a−6 = 0⇒ a = 6

Assim, para a≠6, o sistema é possível e determinado.


Para a≠6, temos:
 x + 3 y = 5 x + 3 y = 5
2 x + 6 y = 1 ~
 ← −2 0 x + 0 y = −9
O sistema obtido é impossível, pois a terceira equação que é um sistema impossível.
nunca será verificada para valores reais de y e z.
Assim, temos:
Observação a≠6 → SPD (Sistema possível e determinado)
Dado um sistema linear, sempre podemos “tentar” o a=6 → SI (Sistema impossível)
seu escalonamento. Caso ele seja impossível, isto ficará 02 – Discutir, em função de a, o sistema:
evidente pela presença de uma equação que não é satisfeita
por valores reais (exemplo: 0x + 0y = 3). No entanto, se o ⎧x + y − z = 1
sistema é possível, nós sempre conseguimos um sistema ⎪
escalonado equivalente, que terá nº de equações igual ao ⎨2x + 3y + az = 3
⎪ x + ay + 3z = 2
nº de incógnitas (possível e determinado), ou então o nº ⎩
de equações será menor que o nº de incógnitas (possível e Resolução
indeterminado).
Este tratamento dado a um sistema linear para a sua 1 1−1
resolução é chamado de método de eliminação de Gauss.
D2 3 1 = 9 + a − 2a + 3 − 6 − a 2
Sistemas Lineares – Discussão (I)
1 a 3
Discutir um sistema linear é determinar; quando ele é:
D=0 → -a2-a+6=0 → a=-3 ou a=2
- Possível e determinado (solução única);
- Possível e indeterminado (infinitas soluções);
- Impossível (nenhuma solução), em função de um ou Assim, para a≠-3 e a≠2, o sistema é possível e
mais parâmetros presentes no sistema. determinado.
Estudaremos as técnicas de discussão de sistemas com Para a=-3, temos:
o auxilio de exemplos.  x + y − z =1  
 x + y − z = 1 x + y − z = 1
  
Sistemas com Número de Equações Igual ao 2 x + 3 y − 3 z = 3

← −2 ~  y − z =1

~  y − z =1

Número de Incógnitas  x − 3 y + 3z = 2 ← −1 − 4 y + 4 z = 1 ←4  y + z = 5 sistema impossível
  

Quando o sistema linear apresenta nº de equações Para a=2, temos:


igual ao nº de incógnitas, para discutirmos o sistema, 
inicialmente calculamos o determinante D da matriz dos 

x + y − z =1 
x + y − z = 1  x + y − z =1
coeficientes (incompleta), e: 
2 x + 3 y + 2 z = 3 ← −2

~  y + 4z = 1

~
y + 4z = 1 sistema possível in det er min ado
1º) Se D ≠ 0, o sistema é possível e determinado.
  
 x + 2 y + 3 z = 2 ← −1  y + 4z = 1
2º) Se D = 0, o sistema é possível e indeterminado ou
 

impossível. Assim, temos:


Para identificarmos se o sistema é possível, a≠-3 e a ≠ 2 →SPD
indeterminado ou impossível, devemos conseguir um a=-3 → SI
sistema escalonado equivalente pelo método de eliminação a=2 → SPI
de Gauss.
Exemplos 03 – Discutir, em função de m e k, o sistema:
01 – Discutir, em função de a, o sistema: ⎧ mx + y = k

⎧ x + 3y = 5 ⎪⎩ x + my = k
2


⎩2x + ay = 1

34
MATEMÁTICA

Resolução Resolução
m 1
D= = m2 −1 ⎧ x+y= 3
1 m ⎪⎪
⎨2z + 3y = 8 → −2 ~
D=0 → m2-1=0→ m=+1 ou m=-1 ⎪
⎪⎩ x − my = 3 → −1
Assim, para m≠+1 e m≠-1, o sistema é possível e ⎧ x+y= 3 ⎧x + y = 3
determinado. ⎪⎪ ⎪
Para m=1, temos: ~⎨ y=2 ~ ⎨y = 2
⎪ ⎪0y = 2 + 2m
 x + y = K x + y = K ⎪⎩(−1− m)y = 0 → 1+ m ⎩
 x + y = K 2 ← −1 ~  2 2+2m=0→m=-1
 0 x + 0 y = − K + K
Assim, temos:
Se –k + k2=0, ou seja, k=0 ou k=1, o sistema é possível m≠-1→ SI
e indeterminado. m=-1→ SPD

Se –K+k2≠0, ou seja, k≠0 ou k≠1, o sistema é impossível. 02 – Discutir, em função de k, o sistema:
Para m=-1, temos:
⎧ x + 2y − z = 5

⎪2x + 5y + 3z = 12

⎪ 3x + 7y − 2z = 17
Se k2+k=0, ou seja, k=0 k=-1, o sistema é possível e ⎪5x + 12y + kz = 29
indeterminado. ⎩
Se k2+k≠0, ou seja, k≠0 k≠-1, o sistema é indeterminado. Resolução:

Assim, temos:
m = +1 e k = 0 ou k = 1 ⎫

ou ⎬ ⇒ SPI
m = −1 e k = 0 ou k = −1⎪⎪

m = +1 e k ≠ 0 ou k ≠ 1 ⎫

ou ⎬ ⇒ SI

m = −1 e k ≠ 0 ou k ≠ −1⎪

Sistemas com Número de Equações Diferente do Assim, para ∀k ∈ R , o sistema é possível e
Número de Incógnitas determinado.

Quando o sistema linear apresenta número de equa- Sistemas Lineares – Discussão (II)
ções diferente do número de incógnitas, para discuti-lo,
devemos obter um sistema escalonado equivalente pelo Sistema Linear Homogêneo
método de eliminar de Gauss.
Exemplos Já sabemos que sistema linear homogêneo é todo
01 – Discutir, em função de m, o sistema: sistema cujas equações têm todos os termos independentes
iguais a zero.
⎧x + y = 3 São homogêneos os sistemas:
⎪ 3 x + 4 y = 0
⎨2x + 3y = 8 01 
⎪ x − my = 3 x − 2 y = 0

x + 2 y + 2z = 0

02 3 x − y + z = 0
5 x + 3 y − 7 z = 0

35
MATEMÁTICA

Observe que a dupla (0,0) é solução do sistema 01 e a Teremos, então:


terna (0,0,0) é solução do sistema 02.
Todo sistema linear homogêneo admite como solução a + b + 2c = 0
uma seqüência de zero, chamada solução nula ou  b+c =0

solução trivial. Observamos também que todo sistema
homogênea é sempre possível podendo, eventualmente, Fazendo c=t, teremos:
apresentar outras soluções além da solução trivial, que são =-c→b=-t
chamadas soluções próprias. a-t+2t=0→a=-t

Discussão e Resolução Portanto:

Lembre-se que: todo sistema linear homogêneo S = {( −t,−t,t ) ,t ∈R}


tem ao menos a solução trivial, portanto será sempre Note que variando t obteremos várias soluções,
possível. inclusive a trivial para t=0.
Vejamos alguns exemplos:
03 – Determine K de modo que o sistema abaixo tenha
01 – Classifique e resolva o sistema: solução diferente da trivial.
3 x + y + z = 0 ⎧x + y + z = 0
 ⎪
x + 5 y − z = 0 ⎨ x − ky + z = 0
x + 2 y − z = 0 ⎪ kx − y − z = 0
 ⎩
Resolução
Resolução
3 1 1 O sistema é homogêneo e, para apresentar soluções
D = 1 5 − 1 = −12 diferentes da trivial, devemos ter D=0
1 1 1
1 2 −1
Como D≠0, o sistema é possível e determinado D = 1− k 1 = k 2 + 2k + 1 = (k + 1) 2 = 0 ⇒ k = −1
admitindo só a solução trivial, logo:
k −1−1
02 – Classifique e resolva o sistema:
Resposta: k=-1

a + b + 2c = 0 Exercícios

a − 3b − 2c = 0 2 x + 3 y = 8
2 a − b + c = 0 1. Resolver e classificar o sistema: 
 3 x − 2 y = −1
Resolução
2. Determinar m real, para que o sistema seja
1 1 2 possível e determinado: ⎧2x + 3y = 5

D = 1− 3 − 2 = 0 3 x − y + z = 5
⎩ x + my = 2

2 −1 1 3. Resolver e classificar o sistema:  x + 3 y = 7
2 x + y − 2 z = −4

Como D=0, o sistema homogêneo é indeterminado.
Fazendo o escalonamento temos: 4. Determinar m real para que o sistema seja
possível e determinado. ⎧ x + 2y + z = 5
 a + b + 2c = 0  a + b + 2c = 0 ⎪
   a + b + 2c = 0 ⎨2x − y + 2z = 5
   ⎪ 3x + y + mz + 0
a − 3b + −2c = 0 ~ 0 − 4b − 4c = 0 ~ 0 + b + 4c = 0 ⎩
  0 + 0 + 0 = 0 5. Se o terno ordenado (2, 5, p) é solução da equação
2a − b + c = 0 0 − 3b − 3c = 0 
  linear 6x - 7y + 2z = 5, qual o valor de p?

6. Escreva a solução genérica para a equação linear


5x - 2y + z = 14, sabendo que o terno ordenado ( ,
, ) é solução.

36
MATEMÁTICA

7.  Determine o valor de m de modo que o sistema Então, os valores reais de m, para que o sistema seja
de equações abaixo,  possível e determinado, são dados pelos elementos do
2x - my = 10 conjunto:
3x + 5y = 8, seja impossível. ⎧ 3⎫
⎨ m ∈R / m ≠ ⎬
8. Se os sistemas: ⎩ 2⎭
S1: x + y = 1 e S2: ax – by = 5
X – 2y = -5 ay – bx = -1 3) Resposta “ S = {(1, 2, 4)}”.
São equivalentes, então o valor de a2 + b2 é igual a: Solução: Calculemos inicialmente D, Dx, Dy e Dz
a) 1
b) 4
c) 5
d) 9
e) 10

9. Resolva o seguinte sistema usando a regra de


Cramer:
x + 3y - 2z = 3
2x - y + z = 12
4x + 3y - 5z = 6
2 x − y = 7
10. Resolver o sistema  .
 x + 5 y = −2
Respostas

1) Resposta “S= {(1, 2)}”.


Solução: Calculemos inicialmente D, Dx e Dy:

2 3
D= = −4 − 9 = −13
3 −2

8 3
Dx = = −16 + 3 = 13
−1 −2
Como D= -25 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e:
Dx −25 D −50 D 100
2 8 x= = = 1; y = y = = 2; z = z = =4
Dy = = −2 − 24 = −26 D −25 D −25 D −25
3 −1
Como D =-13 ≠ 0, o sistema é possível e determinado e: Assim: S = {(1, 2, 4)} e o sistema são possíveis e
determinados.
Dx −13 D −26
x= = =1 y = y = =2
D −13 e D −13 4) Resposta “ {m ∈R / m ≠ 3} ”.
Assim: S= {(1, 2)} e o sistema são possíveis e Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D ≠ 0.
determinados. Assim:
3
2) Resposta “ m ∈ R / m ≠  ”.
1 2 1
 2 D = 2 − 1 2 = −m + 12 + 2 + 3 − 2 − 4m
Solução: Segundo a regra de Cramer, devemos ter D
≠ 0, em que:
3 1 m
D = -5m + 15
2 3 Assim: -5m + 15 ≠ 0 → m ≠ 3
D= = 2m − 3 Então, os valores reais de m, para que o sistema seja
1 m possível e determinado, são dados pelos elementos do
conjunto:
3
Assim: 2m -3 ≠ 0 → m ≠ {m ∈R / m ≠ 3}
2

37
MATEMÁTICA

5) Resposta “14”. Substituindo o valor encontrado para b na equação em


Solução: vermelho acima (poderia ser também na outra equação em
Teremos por simples substituição, observando que x = azul), teremos:
2, y = 5 e z = p, 6 . 2 – 7 . 5 + 2 . p = 5.
Logo, 12 - 35 + 2p = 5. 2 a + (-3) = -1 \ a = 1.
Daí vem imediatamente que 2p = 28 e, portanto, p = 14. Portanto, a2 + b2 = 12 + (-3)2 = 1 + 9 = 10.

6) Solução: 9) Resposta “S = {(5, 2, 4)}”.


Podemos escrever: 5 α- 2 β + γ = 14. Daí, tiramos: γ = Solução: Teremos:
14 - 5 α + 2 β. Portanto, a solução genérica será o terno
ordenado (α,β, 14 - 5 α + 2 β). 1 3 −2
Observe que se arbitrando os valores para α e β, a ter-
Δ = 2 −1 1 = 24
ceira variável ficará determinada em função desses valores.
Por exemplo, fazendo-se α = 1, β= 3, teremos: 4 3 −5
γ = 14 - 5 α+ 2 β = 14 – 5 . 1 + 2 . 3 = 15,
ou seja, o terno (1, 3, 15) é solução, e assim, sucessivamente.
Verificamos, pois que existem infinitas soluções para a
1 3 −2
equação linear dada, sendo o terno ordenado (α, β, 14 - 5 Δx1 = 12 −1 1 = 120
α + 2β) a solução genérica. 6 3 −5

7) Solução:
Teremos, expressando x em função de m, na primeira 1 3 3
equação: Δx3 = 2 −1 12 = 96
x = (10 + my) / 2 4 3 6
Substituindo o valor de x na segunda equação, vem:
3[(10+my) / 2] + 5y = 8
Multiplicando ambos os membros por 2, desenvolven- 1 3 −2
do e simplificando, vem: Δx2 = 2 12 1 = 48
3(10+my) + 10y = 16 4 6 −5
30 + 3my + 10y = 16
(3m + 10)y = -14 Portanto, pela regra de Cramer, teremos:
y = -14 / (3m + 10) x1 = D x1 / D = 120 / 24 = 5
Ora, para que não exista o valor de y e, em consequência x2 = D x2 / D = 48 / 24 = 2
não exista o valor de x, deveremos ter o denominador igual x3 = D x3 / D = 96 / 24 = 4
a zero, já que , como sabemos, não existe divisão por zero. Logo, o conjunto solução do sistema dado é S = {(5, 2, 4)}.
Portanto, 3m + 10 = 0, de onde se conclui m = -10/3, para
que o sistema seja impossível, ou seja, não possua solução. 10) Solução:
8) Resposta “E”. ⎡ 2 −1 ⎤
Solução: Como os sistemas são equivalentes, eles pos- A=⎢ ⎥ ⇒ det A = 11
suem a mesma solução. Vamos resolver o sistema: ⎣ 1 5 ⎦
S 1: x + y = 1
x - 2y = -5
Subtraindo membro a membro, vem: x - x + y - (-2y) ⎡ 7 −1 ⎤
A1 = ⎢ ⎥ ⇒ det A1 = 33
= 1 - (-5). ⎣ −2 5 ⎦
Logo, 3y = 6 \ y = 2.
Portanto, como x + y = 1, vem, substituindo: x + 2 =
1 \ x = -1. ⎡ 2 7 ⎤
A2 = ⎢ ⎥ ⇒ det A2 = −11
O conjunto solução é, portanto S = {(-1, 2)}. ⎣ 1 −2 ⎦
Como os sistemas são equivalentes, a solução acima é
também solução do sistema S2. det A1 33
Logo, substituindo em S2 os valores de x e y encontra- x= = =3
dos para o sistema S1, vem: det A 11
a(-1) - b(2) = 5 → - a - 2b = 5 det A2 −11
a(2) - b (-1) = -1 → 2 a + b = -1 y= = = −1
Multiplicando ambos os membros da primeira equa- det A 11
ção por 2, fica:
-2 a - 4b = 10 Resposta: S={(3,-1)}
Somando membro a membro esta equação obtida
com a segunda equação, fica:
-3b = 9 \ b = - 3

38
MATEMÁTICA

5 MODELOS PERIÓDICOS.

Dízimas periódicas

Há frações que não possuem representações decimal exata. Por exemplo:

         
                   

Aos numerais decimais em que há repetição periódica e infinita de um ou mais algarismos, dá-se o nome de numerais
decimais periódicos ou dízimas periódicas.
Numa dízima periódica, o algarismo ou algarismos que se repetem infinitamente, constituem o período dessa dízima.
As dízimas classificam-se em dízimas periódicas simples e dízimas periódicas compostas.
Exemplos:

  (período: 5)  (período: 3)  (período: 12)

São dízimas periódicas simples, uma vez que o período apresenta-se logo após a vírgula.  

Período: 2 Período: 4 Período: 23


Parte não periódica: 0 Período não periódica: 15 Parte não periódica: 1

São dízimas periódicas compostas, uma vez que entre o período e a vírgula existe uma parte não periódica.
Observações:
Consideramos parte não periódica de uma dízima o termo situado entre vírgulas e o período. Excluímos portanto da
parte não periódica o inteiro.
Podemos representar uma dízima periódica das seguintes maneiras:

  

Geratriz de uma dízima periódica


É possível determinar a fração (número racional) que deu origem a uma dízima periódica. Denominamos esta fração
de geratriz da dízima periódica.
Procedimentos para determinação da geratriz de uma dízima:

Dízima simples

A geratriz de uma dízima simples é uma fração que tem para numerador o período e para denominador tantos noves
quantos forem os algarismos do período.
Exemplos:

  

39
MATEMÁTICA

Dizima Compostal Figuras Geométricas:


 
  A geratriz de uma dízima composta é uma fração da
forma   , onde

n é a parte não periódica seguida do período, menos a


parte não periódica.
d tantos noves quantos forem os algarismos do período
seguidos de tantos zeros quantos forem os algarismos
da parte não periódica.

Exemplos:

6 GEOMETRIA DOS SÓLIDOS.


O conceito de cone

Sólidos Geométricos
Para explicar o cálculo do volume de figuras geométri-
cas, podemos pedir que visualizem a seguinte figura:


Considere uma região plana limitada por uma curva
suave (sem quinas), fechada e um ponto P fora desse pla-
no. Chamamos de cone ao sólido formado pela reunião de
todos os segmentos de reta que têm uma extremidade em
P e a outra num ponto qualquer da região.
a) A  figura representa a planificação de um prisma reto;
b) O volume de um prisma reto é igual ao produto da Elementos do cone
área da base pela altura do sólido, isto é - Base: A base do cone é a região plana contida no
interior da curva, inclusive a própria curva.
V = Ab x a - Vértice: O vértice do cone é o ponto P.
- Eixo: Quando a base do cone é uma região que pos-
c) O cubo e o paralelepípedo retângulo são prismas; sui centro, o eixo é o segmento de reta que passa pelo
d) O volume do cilindro também se pode calcular da vértice P e pelo centro da base.
mesma forma que o volume de um prisma reto. - Geratriz: Qualquer segmento que tenha uma extre-
Os formulários seguintes, das figuras geométricas são midade no vértice do cone e a outra na curva que envolve
para calcular da mesma forma que as acima apresentadas: a base.
- Altura: Distância do vértice do cone ao plano da base.
- Superfície lateral: A superfície lateral do cone é a
reunião de todos os segmentos de reta que tem uma extre-
midade em P e a outra na curva que envolve a base.
- Superfície do cone: A superfície do cone é a reunião
da superfície lateral com a base do cone que é o círculo.
- Seção meridiana: A seção meridiana de um cone é
uma região triangular obtida pela interseção do cone com
um plano que contem o eixo do mesmo.

40
MATEMÁTICA

Classificação do cone Cones Equiláteros

Quando observamos a posição relativa do eixo em re- Um cone circular reto é um cone equilátero se a sua
lação à base, os cones podem ser classificados como retos seção meridiana é uma região triangular equilátera e neste
ou oblíquos. Um cone é dito reto quando o eixo é perpen- caso a medida da geratriz é igual à medida do diâmetro da
dicular ao plano da base e é oblíquo quando não é um base.
cone reto. Ao lado apresentamos um cone oblíquo.
A área da base do cone é dada por:
Observação: Para efeito de aplicações, os cones mais ABase=Pi R2
importantes são os cones retos. Em função das bases, os
cones recebem nomes especiais. Por exemplo, um cone é Pelo Teorema de Pitágoras temos:
dito circular se a base é um círculo e é dito elíptico se a (2R)2 = h2 + R2
base é uma região elíptica. h2 = 4R2 - R2 = 3R2

Assim:
h=R
Como o volume do cone é obtido por 1/3 do produto
da área da base pela altura, então:

V = (1/3) Pi R3
Como a área lateral pode ser obtida por:
ALat = Pi R g = Pi R 2R = 2 Pi R2
Observações sobre um cone circular reto então a área total será dada por:
1. Um cone circular reto é chamado cone de revolução ATotal = 3 Pi R2
por ser obtido pela rotação (revolução) de um triângulo
O conceito de esfera
retângulo em torno de um de seus catetos
A esfera no espaço R³ é uma superfície muito impor-
2. A seção meridiana do cone circular reto é a interse-
tante em função de suas aplicações a problemas da vida.
ção do cone com um plano que contem o eixo do cone. No
Do ponto de vista matemático, a esfera no espaço R³ é con-
caso acima, a seção meridiana é a região triangular limitada
fundida com o sólido geométrico (disco esférico) envolvido
pelo triângulo isósceles VAB.
pela mesma, razão pela quais muitas pessoas calculam o
volume da esfera. Na maioria dos livros elementares sobre
3. Em um cone circular reto, todas as geratrizes são
Geometria, a esfera é tratada como se fosse um sólido, he-
congruentes entre si. Se g é a medida de cada geratriz en- rança da Geometria Euclidiana.
tão, pelo Teorema de Pitágoras, temos: g2 = h2 + R2 Embora não seja correto, muitas vezes necessitamos fa-
lar palavras que sejam entendidas pela coletividade. De um
4. A Área Lateral de um cone circular reto pode ser ponto de vista mais cuidadoso, a esfera no espaço R³ é um
obtida em função de g (medida da geratriz) e R (raio da objeto matemático parametrizado por duas dimensões, o
base do cone):ALat = Pi R g que significa que podemos obter medidas de área e de com-
primento, mas o volume tem medida nula. Há outras esferas,
5. A Área total de um cone circular reto pode ser ob- cada uma definida no seu respectivo espaço n-dimensional.
tida em função de g (medida da geratriz) e R (raio da base Um caso interessante é a esfera na reta unidimensional:
do cone): So = {x em R: x²=1} = {+1,-1}
ATotal = Pi R g + Pi R2 Por exemplo, a esfera
S1 = { (x,y) em R²: x² + y² = 1 }
é conhecida por nós como uma circunferência de raio
unitário centrada na origem do plano cartesiano.

Aplicação: volumes de líquidos

Um problema fundamental para empresas que armazenam


líquidos em tanques esféricos, cilíndricos ou esféricos e cilíndri-
cos é a necessidade de realizar cálculos de volumes de regiões

41
MATEMÁTICA

esféricas a partir do conhecimento da altura do líquido colocado O disco esférico é o conjunto de todos os pontos do
na mesma. Por exemplo, quando um tanque é esférico, ele pos- espaço que estão localizados na casca e dentro da esfera.
sui um orifício na parte superior (pólo Norte) por onde é intro- Do ponto de vista prático, o disco esférico pode ser pen-
duzida verticalmente uma vara com indicadores de medidas. Ao sado como a reunião da película fina que envolve o sólido
retirar a vara, observa-se o nível de líquido que fica impregnado esférico com a região sólida dentro da esfera. Em uma me-
na vara e esta medida corresponde à altura de líquido contido lancia esférica, o disco esférico pode ser visto como toda
na região esférica. Este não é um problema trivial, como obser- a fruta.
varemos pelos cálculos realizados na sequência.
Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen-
tro da esfera pelo ponto (0,0,0), a equação da esfera é dada
por:
x² + y² + z² = R²

e a relação matemática que define o disco esférico é o


conjunto que contém a casca reunido com o interior, isto é:
x² + y² + z² < R²

Quando indicamos o raio da esfera pela letra R e o cen-


tro da esfera pelo ponto (xo,yo,zo), a equação da esfera é
dada por:
(x-xo)² + (y-yo)² + (z-zo)² = R²
A seguir apresentaremos elementos esféricos básicos e
algumas fórmulas para cálculos de áreas na esfera e volu- e a relação matemática que define o disco esférico é o
mes em um sólido esférico. conjunto que contém a casca reunido com o interior, isto é,
o conjunto de todos os pontos (x,y,z) em R³ tal que:
A superfície esférica (x-xo)² + (y-yo)² + (z-zo)² < R²
A esfera no espaço R³ é o conjunto de todos os pontos
do espaço que estão localizados a uma mesma distância
denominada raio de um ponto fixo chamado centro. Da forma como está definida, a esfera centrada na ori-
Uma notação para a esfera com raio unitário centrada gem pode ser construída no espaço euclidiano R³ de modo
na origem de R³ é: que o centro da mesma venha a coincidir com a origem do
sistema cartesiano R³, logo podemos fazer passar os eixos
S² = { (x,y,z) em R³: x² + y² + z² = 1 }
OX, OY e OZ, pelo ponto (0,0,0).
Uma esfera de raio unitário centrada na origem de R4
é dada por:
S³ = { (w,x,y,z) em R4: w² + x² + y² + z² = 1 }

Você conseguiria imaginar espacialmente tal esfera?


Do ponto de vista prático, a esfera pode ser pensada
como a película fina que envolve um sólido esférico. Em
uma melancia esférica, a esfera poderia ser considerada a
película verde (casca) que envolve a fruta.
É comum encontrarmos na literatura básica a definição
de esfera como sendo o sólido esférico, no entanto não
se devem confundir estes conceitos. Se houver interesse Seccionando a esfera x²+y²+z²=R² com o plano z=0,
em aprofundar os estudos desses detalhes, deve-se tomar obteremos duas superfícies semelhantes: o hemisfério
algum bom livro de Geometria Diferencial que é a área da Norte (“boca para baixo”) que é o conjunto de todos os
Matemática que trata do detalhamento de tais situações. pontos da esfera onde a cota z é não negativa e o hemis-
fério Sul (“boca para cima”) que é o conjunto de todos os
pontos da esfera onde a cota z não é positiva.
Se seccionarmos a esfera x²+y²+z²=R² por um plano
vertical que passa em (0,0,0), por exemplo, o plano x=0, te-
remos uma circunferência maximal C da esfera que é uma
circunferência contida na esfera cuja medida do raio coin-
cide com a medida do raio da esfera, construída no plano
YZ e a equação desta circunferência será:
x=0, y² + z² = R2
sendo que esta circunferência intersecta o eixo OZ nos
pontos de coordenadas (0,0,R) e (0,0,-R). Existem infinitas
circunferências maximais em uma esfera.

42
MATEMÁTICA

Se rodarmos esta circunferência maximal C em torno No que segue, usaremos esfera tanto para o sólido
do eixo OZ, obteremos a esfera através da rotação e por como para a superfície, “calota esférica” para o sólido en-
este motivo, a esfera é uma superfície de revolução. volvido pela calota esférica, a letra maiúscula R para en-
Se tomarmos um arco contido na circunferência ma- tender o raio da esfera sobre a qual estamos realizando
ximal cujas extremidades são os pontos (0,0,R) e (0,p,q) tal os cálculos, V será o volume, A(lateral) será a área lateral
que p²+q²=R² e rodarmos este arco em torno do eixo OZ, e A(total) será a área total.
obteremos uma superfície denominada calota esférica.
Algumas fórmulas (relações) para objetos esféri-
cos

Objeto Relações e fórmulas


Volume = (4/3) Pi R³
Esfera
A(total) = 4 Pi R²
R² = h (2R-h)
Calota esférica (altura h, A(lateral) = 2 Pi R h
Na prática, as pessoas usam o termo calota esférica raio da base r) A(total) = Pi h (4R-h)
para representar tanto a superfície como o sólido geomé- V=Pi.h²(3R-h)/3=Pi(3R²+h²)/6
trico envolvido pela calota esférica. Para evitar confusões,
R² = a² + [(r1² -r2²-h²)/2h)]²
usarei “calota esférica” com aspas para o sólido e sem as- Segmento esférico (altura A(lateral) = 2 Pi R h
pas para a superfície. h, raios das bases r1>r²) A(total) = Pi(2Rh+r1²+r2²)
A partir da rotação, construiremos duas calotas em Volume=Pi.h(3r1²+3r2²+h²)/6
uma esfera, de modo que as extremidades dos arcos se-
jam (0,0,R) e (0,p,q) com p²+q²=R² no primeiro caso (calo- Estas fórmulas podem ser obtidas como aplicações do
ta Norte) e no segundo caso (calota Sul) as extremidades Cálculo Diferencial e Integral, mas nós nos limitaremos a
dos arcos (0,0,-R) e (0,r,-s) com r²+s²=R² e retirarmos estas apresentar um processo matemático para a obtenção da
duas calotas da esfera, teremos uma superfície de revolu- fórmula do cálculo do volume da “calota esférica” em fun-
ção denominada zona esférica. ção da altura da mesma.

Volume de uma calota no hemisfério Sul


Consideremos a esfera centrada no ponto (0,0,R) com raio R.

De um ponto de vista prático, consideremos uma me-


lancia esférica. Com uma faca, cortamos uma “calota esfé-
rica” superior e uma “calota esférica” inferior. O que sobra
da melancia é uma região sólida envolvida pela zona esfé-
rica, algumas vezes denominada zona esférica. A equação desta esfera será dada por:
Consideremos uma “calota esférica” com altura h1 e x² + y² + (z-R)² = R²
raio da base r1 e retiremos desta calota uma outra “calota
esférica” com altura h2 e raio da base r2, de tal modo que A altura da calota será indicada pela letra h e o plano
os planos das bases de ambas sejam paralelos. A região que coincide com o nível do líquido (cota) será indicado
sólida determinada pela calota maior menos a calota me- por z=h. A interseção entre a esfera e este plano é dado
nor recebe o nome de segmento esférico com bases pa- pela circunferência
ralelas. x² + y² = R² - (h-R)²

Obteremos o volume da calota esférica com a altura h


menor ou igual ao raio R da esfera, isto é, h pertence ao
intervalo [0,R] e neste caso poderemos explicitar o valor de
z em função de x e y para obter:
z = R − R 2 − (x 2 + y 2 )

43
MATEMÁTICA

Para simplificar as operações algébricas, usaremos a Lançaremos mão de uma propriedade de simetria da
letra r para indicar: esfera que nos diz que o volume da calota superior assim
r² = R² - (h-R)² = h(2R-h) como da calota inferior somente depende do raio R da
A região circular S de integração será descrita por esfera e da altura h e não da posição relativa ocupada.
x²+y²<R² ou em coordenadas polares através de: Aproveitaremos o resultado do cálculo utilizado para a
0<m<R, 0<t<2Pi calota do hemisfério Sul. Tomaremos a altura tal que: h=2R
A integral dupla que representa o volume da calota -d, onde d é a altura da região que não contém o líquido.
em função da altura h é dada por: Como o volume desta calota vazia é dado por:
VC(d) = Pi d²(3R-d)/3
Vc(h) = ∫ ∫ s (h − z)dxdy
e como h=2R-d, então para h no intervalo [R,2R], po-
deremos escrever o volume da calota vazia em função de h:
ou seja VC(h) = Pi (2R-h)²(R+h)/3
Vc(h) = ∫ ∫ s (h − R + R 2 − (x 2 + y 2 ))dxdy Para obter o volume ocupado pelo líquido, em função
da altura, basta tomar o volume total da região esférica e
Escrita em Coordenadas Polares, esta integral fica na retirar o volume da calota vazia, para obter:
forma: V(h) = 4Pi R³/3 - Pi (2R-h)²(R+h)/3
2x R que pode ser simplificada para:
V(h) = Pi h²(3R-h)/3
Vc(h) = ∫ ∫ (h − R +
t=0 m=0
R 2 − m 2 )mdmdt

Independentemente do fato que a altura h esteja no


Após realizar a integral na variável t, podemos separá intervalo [0,R] ou [R,2R] ou de uma forma geral em [0,2R], o
-la em duas integrais: cálculo do volume ocupado pelo líquido é dado por:
R R V(h) = Pi h²(3R-h)/3
Vc(h) = 2π { ∫ (h − R)m dm + ∫ R 2 − m 2 mdm}
Poliedro
Poliedro é um sólido limitado externamente por planos
0 0

ou seja:
no espaço R³. As regiões planas que limitam este sólido são
as faces do poliedro. As interseções das faces são as arestas
R

Vc(h) = π {(h − R)R 2 − ∫ R 2 − m 2 (−2m)dm}


do poliedro. As interseções das arestas são os vértices do po-
liedro. Cada face é uma região poligonal contendo n lados.
0

Poliedros convexos são aqueles cujos ângulos diedrais for-


Com a mudança de variável u=R²-m² e du=(-2m)dm mados por planos adjacentes têm medidas menores do que
poderemos reescrever: 180 graus. Outra definição: Dados quaisquer dois pontos de
um poliedro convexo, o segmento que tem esses pontos como
R2

Vc(h) = π {(h − R)R 2 + ∫


u=0
u du}
extremidades, deverá estar inteiramente contido no poliedro.
Após alguns cálculos obtemos: Poliedros Regulares
VC(h) = Pi (h-R) [R² -(h-R)²] - (2/3)Pi[(R-h)³ - R³] Um poliedro é regular se todas as suas faces são re-
e assim temos a fórmula para o cálculo do volume da giões poligonais regulares com n lados, o que significa que
calota esférica no hemisfério Sul com a altura h no inter- o mesmo número de arestas se encontram em cada vértice.
valo [0,R], dada por:
VC(h) = Pi h²(3R-h)/3
Tetraedro Hexaedro (cubo) Octaedro
Volume de uma calota no hemisfério Norte
Se o nível do líquido mostra que a altura h já ultrapas-
sou o raio R da região esférica, então a altura h está no
intervalo [R,2R]

44
MATEMÁTICA

Áreas e Volumes Exemplos:


Poliedro regular Área Volume Um prisma triangular regular é um prisma reto cuja
Tetraedro a2 R[3] (1/12) a³ R[2] base é um triângulo equilátero.
Hexaedro 6 a2 a³ Um prisma quadrangular regular é um prisma reto cuja
Octaedro 2 a2 R[3] (1/3) a³ R[2] base é um quadrado.
(1/4) a³
Dodecaedro 3a2 R{25+10·R[5]}
(15+7·R[5]) Planificação do prisma
Icosaedro 5a R[3]
2
(5/12) a³ (3+R[5])

Nesta tabela, a notação R[z] significa a raiz quadra-


da de z>0.

Prisma
Prisma é um sólido geométrico delimitado por faces
planas, no qual as bases se situam em planos paralelos.
Quanto à inclinação das arestas laterais, os prismas podem
ser retos ou oblíquos.
Um prisma é um sólido formado por todos os pontos
Prisma reto do espaço localizados dentro dos planos que contêm as fa-
As arestas laterais têm o mesmo comprimento. ces laterais e os planos das bases. As faces laterais e as ba-
As arestas laterais são perpendiculares ao plano da base. ses formam a envoltória deste sólido. Esta envoltória é uma
As faces laterais são retangulares. “superfície” que pode ser planificada no plano cartesiano.
Tal planificação se realiza como se cortássemos com
Prisma oblíquo uma tesoura esta envoltória exatamente sobre as arestas
As arestas laterais têm o mesmo comprimento. para obter uma região plana formada por áreas congruen-
As arestas laterais são oblíquas ao plano da base. tes às faces laterais e às bases.
As faces laterais não são retangulares. A planificação é útil para facilitar os cálculos das áreas
Bases: regiões poligonais lateral e total.
congruentes Volume de um prisma
Altura: distância entre O volume de um prisma é dado por:
as bases
Arestas laterais Vprisma = Abase . h
paralelas: mesmas
medidas Área lateral de um prisma reto com base poligonal
Faces laterais: regular
paralelogramos A área lateral de um prisma reto que tem por base uma
Prisma reto Aspectos comuns Prisma oblíquo região poligonal regular de n lados é dada pela soma das
áreas das faces laterais. Como neste caso todas as áreas das
Seções de um prisma faces laterais são iguais, basta tomar a área lateral como:

Seção transversal
É a região poligonal obtida pela interseção do prisma
com um plano paralelo às bases, sendo que esta região
poligonal é congruente a cada uma das bases.

Seção reta (seção normal) Cilindros


É uma seção determinada por um plano perpendicular
às arestas laterais.
Princípio de Cavaliere
Consideremos um plano P sobre o qual estão apoiados
dois sólidos com a mesma altura. Se todo plano paralelo
ao plano dado interceptar os sólidos com seções de áreas
iguais, então os volumes dos sólidos também serão iguais. Seja P um plano e nele vamos construir um círculo de
raio r. Tomemos também um segmento de reta PQ que não
Prisma regular seja paralelo ao plano P e nem esteja contido neste plano P.
É um prisma reto cujas bases são regiões poligonais Um cilindro circular é a reunião de todos os segmen-
regulares. tos congruentes e paralelos a PQ com uma extremidade
no círculo.

45
MATEMÁTICA

Observamos que um cilindro é uma superfície no es- Volume de um “cilindro”


paço R3, mas muitas vezes vale a pena considerar o cilindro
com a região sólida contida dentro do cilindro. Quando Em um cilindro, o volume é dado pelo produto da área
nos referirmos ao cilindro como um sólido usaremos as- da base pela altura.
pas, isto é, “cilindro” e quando for à superfície, simples- V = Abase × h
mente escreveremos cilindro. Se a base é um círculo de raio r, então:
A reta que contém o segmento PQ é denominada ge- V = r2 h
ratriz e a curva que fica no plano do “chão” é a diretriz. Áreas lateral e total de um cilindro circular reto
Quando temos um cilindro circular reto, a área lateral
é dada por:
Alat = 2 r h
onde r é o raio da base e h é a altura do cilindro.
Atot = Alat + 2 Abase
Atot = 2 r h + 2 r2
Atot = 2 r(h+r)

Exercícios
Em função da inclinação do segmento PQ em relação
ao plano do “chão”, o cilindro será chamado reto ou oblí- 1. Dado o cilindro circular equilátero (h = 2r), calcular
quo, respectivamente, se o segmento PQ for perpendicu- a área lateral e a área total.
lar ou oblíquo ao plano que contém a curva diretriz.
2. Seja um cilindro circular reto de raio igual a 2cm e
Objetos geométricos em um “cilindro” altura 3cm. Calcular a área lateral, área total e o seu volu-
Num cilindro, podemos identificar vários elementos: me.
- Base É a região plana contendo a curva diretriz e
3. As áreas das bases de um cone circular reto e de um
todo o seu interior. Num cilindro existem duas bases.
prisma quadrangular reto são iguais. O prisma tem altura
- Eixo É o segmento de reta que liga os centros das
12 cm e volume igual ao dobro do volume do cone. Deter-
bases do “cilindro”.
minar a altura do cone.
- Altura A altura de um cilindro é a distância entre os
dois planos paralelos que contêm as bases do “cilindro”.
4. Anderson colocou uma casquinha de sorvete dentro
- Superfície Lateral É o conjunto de todos os pon-
de uma lata cilíndrica de mesma base, mesmo raio R e
tos do espaço, que não estejam nas bases, obtidos pelo
mesma altura h da casquinha. Qual é o volume do espaço
deslocamento paralelo da geratriz sempre apoiada sobre (vazio) compreendido entre a lata e a casquinha de sor-
a curva diretriz. vete?
- Superfície Total É o conjunto de todos os pontos
da superfície lateral reunido com os pontos das bases do Respostas
cilindro.
- Área lateral É a medida da superfície lateral do ci- 1) Solução: No cilindro equilátero, a área lateral e a
lindro. área total é dada por:
- Área total É a medida da superfície total do cilindro.
- Seção meridiana de um cilindro É uma região po- Alat = 2 r. 2r = 4 r2
ligonal obtida pela interseção de um plano vertical que Atot = Alat + 2 Abase
passa pelo centro do cilindro com o cilindro. Atot = 4 r2 + 2 r2 = 6 r2
Classificação dos cilindros circulares V = Abase h = r2. 2r = 2 r3
Cilindro circular oblíquo Apresenta as geratrizes
oblíquas em relação aos planos das bases.
Cilindro circular reto As geratrizes são perpendicula-
res aos planos das bases. Este tipo de cilindro é também
chamado de cilindro de revolução, pois é gerado pela ro-
tação de um retângulo.
Cilindro equilátero É um cilindro de revolução cuja
seção meridiana é um quadrado. 2) Solução:
Cálculo da Área lateral Alat = 2 rh=2 2.3 = 12
cm2
Cálculo da Área total Atot = Alat + 2 Abase Atot = 12 + 2
22 = 12 + 8 = 20 cm2
Cálculo do Volume V = Abase × h = r2 × h V = 22 ×
3 = × 4 × 3 = 12 cm33

46
MATEMÁTICA

3) Solução: que favorecia a definição de Euler em relação à de Leibniz


hprisma = 12 (veja aritmetização da análise). Mais para o final do sécu-
Abase do prisma = Abase do cone = A lo, os matemáticos começaram a tentar formalizar toda a
Vprisma = 2 Vcone Matemática usando Teoria dos conjuntos, e eles consegui-
A hprisma = 2(A h)/3 ram obter definições de todos os objetos matemáticos em
12 = 2.h/3 termos do conceito de conjunto. Foi Dirichlet quem criou a
h =18 cm definição “formal” de função moderna.

4) Solução: Função Exponencial

V = Vcilindro - Vcone Conta a lenda que um rei solicitou aos seus súditos
V = Abase h - (1/3) Abase h que lhe inventassem um novo jogo, a fim de diminuir o
V = Pi R2 h - (1/3) Pi R2 h seu tédio. O melhor jogo teria direito a realizar qualquer
V = (2/3) Pi R2 h cm3 desejo. Um dos seus súditos inventou, então, o jogo de
xadrez. O Rei ficou maravilhado com o jogo e viu-se obri-
gado a cumprir a sua promessa. Chamou, então, o inventor
do jogo e disse que ele poderia pedir o que desejasse. O
astuto inventor pediu então que as 64 casas do tabulei-
7 MODELOS EXPONENCIAIS E
ro do jogo de xadrez fossem preenchidas com moedas de
LOGARÍTMICOS. ouro, seguindo a seguinte condição: na primeira casa seria
colocada uma moeda e em cada casa seguinte seria colo-
Função Exponencial cado o dobro de moedas que havia na casa anterior. O Rei
Uma função é uma maneira de associar a cada valor do considerou o pedido fácil de ser atendido e ordenou que
argumento x um único valor da função f(x). Isto pode ser providenciassem o pagamento. Tal foi sua surpresa quando
feito especificando através de uma fórmula um  relaciona- os tesoureiros do reino lhe apresentaram a suposta conta,
mento gráfico entre diagramas representando os dois con- pois apenas na última casa o total de moedas era de 263,
juntos, e/ou uma regra de associação, mesmo uma tabela o que corresponde a aproximadamente 9 223 300 000 000
de correspondência pode ser construída; entre conjuntos 000 000 = 9,2233.1018. Não se pode esquecer ainda que o
numéricos é comum representarmos funções por seus grá- valor entregue ao inventor seria a soma de todas as moe-
ficos, cada par de elementos relacionados pela função de- das contidas em todas as casas. O rei estava falido!
A lenda nos apresenta uma aplicação de funções expo-
termina um ponto nesta representação, a restrição de uni-
nenciais, especialmente da função y = 2x.
cidade da imagem implica em um único ponto da função
As funções exponenciais são aquelas que crescem ou
em cada linha de chamada do valor independente x.
decrescem muito rapidamente. Elas desempenham papéis
Como um termo matemático, “função” foi introduzido
fundamentais na Matemática e nas ciências envolvidas com
por Leibniz em 1694, para descrever quantidades relacio-
ela, como: Física, Química, Engenharia, Astronomia, Econo-
nadas a uma curva; tais como a inclinação da curva ou um
mia, Biologia, Psicologia e outras.
ponto específico da dita curva. Funções relacionadas à cur-
vas são atualmente chamadas funções diferenciáveis e são
Definição
ainda o tipo de funções mais encontrado por não-matemá-
ticos. Para este tipo de funções, pode-se falar em limites e A função exponencial é a definida como sendo a inver-
derivadas; ambos sendo medida da mudança nos valores sa da função logarítmica natural, isto é:
de saída associados à variação dos valores de entrada, for-
mando a base do cálculo infinitesimal. logab = x ⇔ ax = b
A palavra função foi posteriormente usada por Euler
em meados do século XVIII para descrever uma expressão Podemos concluir, então, que a função exponencial é
envolvendo vários argumentos; i.e:y = F(x). Ampliando a definida por:
definição de funções, os matemáticos foram capazes de es-
tudar “estranhos” objetos matemáticos tais como funções y= ax , com 1 ≠ a > 0
que não são diferenciáveis em qualquer de seus pontos.
Tais funções, inicialmente tidas como puramente imaginá-
rias e chamadas genericamente de “monstros”, foram já no
final do século XX, identificadas como importantes para a
construção de modelos físicos de fenômenos tais como o
movimento Browniano.
Durante o Século XIX, os matemáticos começaram
a formalizar todos os diferentes ramos da matemática.
Weierstrass defendia que se construisse o cálculo infinite-
simal sobre a Aritmética ao invés de sobre a Geometria, o

47
MATEMÁTICA

Gráficos da Função Exponencial Função Logarítmica

Toda equação que contém a incógnita na base ou no


logaritmando de um logaritmo é denominada equação
logarítmica. Abaixo temos alguns exemplos de equações
logarítmicas:
log 2 x = 3
log x = 100 = 2
7 log 5 = 625x = 42
3log 2 x 64 = 9
log −6−x 2x = 1

Perceba que nestas equações a incógnita encontra-se


ou no logaritmando, ou na base de um logaritmo. Para
solucionarmos equações logarítmicas recorremos a mui-
tas das propriedades dos logaritmos.

Solucionando Equações Logarítmicas

Propriedades da Função Exponencial   Vamos solucionar cada uma das equações acima, co-
meçando pela primeira: log2 x = 3
Se a, x e y são dois números reais quaisquer e k é um Segundo a definição de logaritmo nós sabemos que:
número racional, então: log2 x = 3 ⇔ 23 = x
- ax ay= ax + y
- ax / ay= ax - y Logo x é igual a 8:23 = x ⇒ X = 2.2.2 ⇒ x= 8
- (ax) y= ax.y
- (a b)x = ax bx De acordo com a definição de logaritmo o logarit-
- (a / b)x = ax / bx mando deve ser um número real positivo e já que 8 é um
- a-x = 1 / ax   número real positivo, podemos aceitá-lo como solução da
Estas relações também são válidas para exponenciais equação. A esta restrição damos o nome de condição de
de base e (e = número de Euller = 2,718...) existência.
- y = ex se, e somente se, x = ln(y)
- ln(ex) =x logx 100 = 2
- ex+y= ex.ey
- ex-y = ex/ey Pela definição de logaritmo a base deve ser um núme-
- ex.k = (ex)k ro real e positivo além de ser diferente de 1. Então a nossa
  condição de existência da equação acima é que:
A Constante de Euler
Existe uma importantíssima constante matemática de- x ∈R+* − {1}
finida por
Em relação a esta segunda equação nós podemos es-
e = exp(1)
crever a seguinte sentença: logx 100 = 2 ⇔ x2 = 100
O número e é um número irracional e positivo e em
Que nos leva aos seguintes valores de x:
função da definição da função exponencial, temos que:
Ln(e) = 1 ⎧ x = −10
x 2 = 100 ⇒ x = ± 100 ⇒ ⎨
Este número é denotado por e em homenagem ao ma- ⎩ x = 10
temático suíço Leonhard Euler (1707-1783), um dos primei-
ros a estudar as propriedades desse número. Note que x = -10 não pode ser solução desta equa-
O valor deste número expresso com 40 dígitos deci- ção, pois este valor de x não satisfaz a condição de exis-
mais, é: tência, já que -10 é um número negativo.

e = 2,718281828459045235360287471352662497757 Já no caso de x = 10 temos uma solução da equação,


pois 10 é um valor que atribuído a x satisfaz a condição de
Se x é um número real, a função exponencial exp(.) existência, visto que 10 é positivo e diferente de 1.
pode ser escrita como a potência de base e com expoente 7log5 625x = 42
x, isto é: 
ex = exp(x)

48
MATEMÁTICA

Neste caso temos a seguinte condição de existência: mos perceber que a mesma não possui solução, já que
625x > 0 ⇒ x >
0
⇒x>0 nunca conseguiremos satisfazer as duas condições simul-
625 taneamente. O conjunto solução da equação é portanto S
Voltando à equação temos: = {}, já que não existe nenhuma solução real que satisfaça
7 log 5 625x = 42 ⇒ log 5 625x =
42
⇒ log 5 625x = 6 as condições de existência da equação.
7
Aplicando a mesma propriedade que aplicamos nos Função Logarítmica
casos anteriores e desenvolvendo os cálculos temos: A função logaritmo natural mais simples é a função y=-
f0(x)=lnx. Cada ponto do gráfico é da forma (x, lnx) pois a
Como 25 satisfaz a condição de existência, então S = {25}
ordenada é sempre igual ao logaritmo natural da abscissa.
é o conjunto solução da equação. Se quisermos recorrer
a outras propriedades dos logaritmos também podemos
resolver este exercício assim:

⇒ log5 x=2 ⇔ 52 = x ⇒ x = 25

Lembre-se que logb(M.N) = logb M + logb N e que log5


625 = 4, pois 54 = 625.
3log2x64 = 9

Neste caso a condição de existência em função da


base do logaritmo é um pouco mais complexa:
0
2x > 0 ⇒ x > ⇒x>0  
2
E, além disto, temos também a seguinte condição:
O domínio da função ln é R+ =]0,∞[ e a imagem é o
*

1 conjunto R+* =] − ∞,+∞[ . O eixo vertical é uma assíntota ao


2x ≠ 1 ⇒ x ≠ gráfico da função. De fato, o gráfico se aproxima cada vez
2
mais da reta x=0
⎧1 ⎫ O que queremos aqui é descobrir como é o gráfico de
Portanto a condição de existência é: x ∈R+ − ⎨ ⎬
*

⎩2 ⎭ uma função logarítmica natural geral, quando comparado


ao gráfico de y=ln x, a partir das transformações sofridas
Agora podemos proceder de forma semelhante ao por esta função. Consideremos uma função logarítmica
exemplo anterior: Como x = 2 satisfaz a condição de exis- cuja expressão é dada por y=f1(x)=ln x+k, onde k é uma
tência da equação logarítmica, então 2 é solução da equa- constante real. A pergunta natural a ser feita é: qual a ação
ção. Assim como no exercício anterior, este também pode da constante k no gráfico dessa nova função quando com-
ser solucionado recorrendo-se à outra propriedade dos parado ao gráfico da função inicial y=f0(x)=ln x ?
logaritmos: log-6-x 2x = 1 Ainda podemos pensar numa função logarítmica que
Neste caso vamos fazer um pouco diferente. Primeiro seja dada pela expressão y=f2(x)=a.ln x onde a é uma cons-
vamos solucionar a equação e depois vamos verificar quais tante real, a ≠ 0. Observe que se a=0, a função obtida não
são as condições de existência: Então x = -2 é um valor será logarítmica, pois será a constante real nula. Uma ques-
candidato à solução da equação. Vamos analisar as condi- tão que ainda se coloca é a consideração de funções lo-
ções de existência da base -6 - x: garítmicas do tipo y=f3(x)=ln(x+m), onde m é um número
Veja que embora x ≠ -7, x não é menor que -6, portan- real não nulo. Se g(x)=3.ln(x-2) + 2/3, desenhe seu gráfico,
to x = -2 não satisfaz a condição de existência e não pode fazendo os gráficos intermediários, todos num mesmo par
de eixos.
ser solução da equação. Embora não seja necessário, va-
y=a.ln(x+m)+k
mos analisar a condição de existência do logaritmando 2x:
2x > 0 ⇒ x > 0
Conclusão: Podemos, portanto, considerar funções lo-
Como x = -2, então x também não satisfaz esta con- garítmicas do tipo y = f4(x) = a In (x + m) + k, onde o coe-
dição de existência, mas não é isto que eu quero que você ficiente a não é zero, examinando as transformações do
veja. O que eu quero que você perceba, é que enquanto gráfico da função mais simples y = f0 (x) = In x, quando
uma condição diz que x < -6, a outra diz que x > 0. Qual fazemos, em primeiro lugar, y=ln(x+m); em seguida, y=a.
é o número real que além de ser menor que -6 é também ln(x+m) e, finalmente, y=a.ln(x+m)+k.
maior que 0?
Como não existe um número real negativo, que sendo Analisemos o que aconteceu:
menor que -6, também seja positivo para que seja maior - em primeiro lugar, y=ln(x+m) sofreu uma translação
que zero, então sem solucionarmos a equação nós pode- horizontal de -m unidades, pois x=-m exerce o papel que
x=0 exercia em y=ln x;

49
MATEMÁTICA

- a seguir, no gráfico de y=a.ln(x+m) ocorreu mudan-


ça de inclinação pois, em cada ponto, a ordenada é igual
àquela do ponto de mesma abscissa em y=ln(x+m) multi-
plicada pelo coeficiente a;
- por fim, o gráfico de y=a.ln(x+m)+k sofreu uma
translação vertical de k unidades, pois, para cada abscissa,
as ordenadas dos pontos do gráfico de y=a.ln(x+m)+k fi-
caram acrescidas de k, quando comparadas às ordenadas
dos pontos do gráfico de y=a.ln(x+m).

O estudo dos gráficos das funções envolvidas auxilia


na resolução de equações ou inequações, pois as opera-
ções algébricas a serem realizadas adquirem um signifi-
cado que é visível nos gráficos das funções esboçados no Ao lado temos o gráfico desta função logarítmica, no
mesmo referencial cartesiano. qual localizamos cada um dos pontos obtidos da tabela e
os interligamos através da curva da função: Veja que para
Função logarítmica de base a é toda função valores de y < 0,01 os pontos estão quase sobre o eixo
f : *+ →  , definida por f (x) = log a x com a ∈ + e a ≠ 1 das ordenadas, mas de fato nunca chegam a estar. Note
*

. também que neste tipo de função uma grande variação


Podemos observar neste tipo de função que a variável no valor de x implica numa variação bem inferior no va-
independente x é um logaritmando, por isto a denomina- lor de y. Por exemplo, se passarmos de x = 100 para x =
mos função logarítmica. Observe que a base a é um valor 1000000, a variação de y será apenas de 2 para 6. Isto
real constante, não é uma variável, mas sim um número porque:
real.
A função logarítmica de *+ →  é inversa da função ⎧ f (100) = log100 = 2
exponencial de  →  + e vice-versa, pois: ⎨
*

⎩ f (1000000) = log1000000 = 6
Representação da Função Logarítmica no Plano
Cartesiano Função Crescente e Decrescente
Podemos representar graficamente uma função loga- Assim como no caso das funções exponenciais, as
rítmica da mesma forma que fizemos com a função ex- funções logarítmicas também podem ser classificadas
ponencial, ou seja, escolhendo alguns valores para x e como função crescente ou função decrescente. Isto se
montando uma tabela com os respectivos valores de f(x). dará em função da base a ser maior ou menor que 1. Lem-
Depois localizamos os pontos no plano cartesiano e traça- bre-se que segundo a definição da função logarítmica
mos a curva do gráfico. Vamos representar graficamente a f : *+ →  , definida por f(x) = Loga x, temos que e a > 0
função f(x) = log x e como estamos trabalhando com um e a ≠1
logaritmo de base 10, para simplificar os cálculos vamos
escolher para x alguns valores que são potências de 10: Função Logarítmica Crescente
0,001, 0,01, 0,1, 1, 10 e 2.

Temos então a seguinte tabela:

x y = log x
0,001 y = log 0,001 = -3
0,01 y = log 0,01 = -2
0,1 y = log 0,1 = -1
1 y = log 1 = 0
10 y = log 10 = 1

Se a > 1 temos uma função logarítmica crescente,


qualquer que seja o valor real positivo de x. No gráfico
da função ao lado podemos observar que à medida que x
aumenta, também aumenta f(x) ou y. Graficamente vemos
que a curva da função é crescente. Também podemos ob-

50
MATEMÁTICA

servar através do gráfico, que para dois valor de x (x1 e x2), Grau de um polinômio
que log a x2 > log a x1 ⇔ x1 > x2 , isto para x1, x2 e a números
reais positivos, com a > 1. Em um polinômio, o termo de mais alto grau que possui
um coeficiente não nulo é chamado termo dominante e o
Função Logarítmica Decrescente coeficiente deste termo é o coeficiente do termo dominante.
O grau de um polinômio p = p(x) não nulo, é o expoente
de seu termo dominante, que aqui será denotado por gr(p).
Acerca do grau de um polinômio, existem várias
observações importantes:
- Um polinômio nulo não tem grau uma vez que não
possui termo dominante. Em estudos mais avançados,
define-se o grau de um polinômio nulo, mas não o faremos
aqui.
- Se o coeficiente do termo dominante de um polinômio
for igual a 1, o polinômio será chamado Mônico.
- Um polinômio pode ser ordenado segundo as suas
potências em ordem crescente ou decrescente.
- Quando existir um ou mais coeficientes nulos, o
polinômio será dito incompleto.
Se 0 < a < 1 temos uma função logarítmica decres- - Se o grau de um polinômio incompleto for n, o
cente em todo o domínio da função. Neste outro gráfico número de termos deste polinômio será menor do que n
podemos observar que à medida que x aumenta, y dimi- + 1.
nui. Graficamente observamos que a curva da função é de- - Um polinômio será completo quando possuir todas as
crescente. No gráfico também observamos que para dois potências consecutivas desde o grau mais alto até o termo
valores de x (x1 e x2), que log a x2 < log a x1 ⇔ x2 > x1 , isto constante.
para x1, x2 e a números reais positivos, com 0 < a < 1. É - Se o grau de um polinômio completo for n, o número
importante frisar que independentemente de a função ser de termos deste polinômio será exatamente n + 1.
crescente ou decrescente, o gráfico da função sempre cruza - É comum usar apenas uma letra p para representar a
o eixo das abscissas no ponto (1, 0), além de nunca cruzar função polinomial p = p(x) e P[x] o conjunto de todos os
o eixo das ordenadas e que o log a x2 = log a x1 ⇔ x2 = x1 , polinômios reais em x.
isto para x1, x2 e a números reais positivos, com a ≠ 1.
Igualdade de polinômios
Função Polinomial
Os polinômios p e q em P[x], definidos por:
Um polinômio (função polinomial) com coeficientes p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn
reais na variável x é uma função matemática f: R R q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn
definida por: p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn, onde
ao, a1, a2, ..., an são números reais, denominados coeficientes São iguais se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n:
do polinômio. O coeficiente ao é o termo constante. ak = bk
Se os coeficientes são números inteiros, o polinômio é
denominado polinômio inteiro em x. Teorema
Uma das funções polinomiais mais importantes é f: R
R definida por: Uma condição necessária e suficiente para que um
f(x) = a x² + b x + c polinômio inteiro seja identicamente nulo é que todos os
seus coeficientes sejam nulos.
O gráfico desta função é a curva plana denominada
parábola, que tem algumas características utilizadas em Assim, um polinômio: p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+
estudos de Cinemática, radares, antenas parabólicas e anxn será nulo se, e somente se, para todo k = 0,1,2,3,...,n: ak= 0
faróis de carros.
O valor numérico de um polinômio p = p(x) em x = a O polinômio nulo é denotado por po= 0 em P[x].
é obtido pela substituição de x pelo número a, para obter O polinômio unidade (identidade para o produto) p1 =
p(a). 1 em P[x], é o polinômio:

Exemplo p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ + ...+ anxn


tal que ao = 1 e ak = 0, para todo k = 1, 2, 3,..., n.
O valor numérico de p(x) = 2x² + 7x - 12 para x = 3 é
dado por:
p(3) = 2 × (3)² + 7 × 3 - 12 = 2 × 9 + 21 - 12 = 18 + 9 = 27

51
MATEMÁTICA

Soma de polinômio Elemento nulo


Existe um polinômio po(x) = 0 tal que
Consideremos p e q polinômios em P[x], definidos por: po · p = po, qualquer que seja p em P[x].
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +... + anxn
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +... + bnxn Elemento Identidade
Existe um polinômio p1(x) = 1 tal que
Definimos a soma de p e q, por: po · p = po, qualquer que seja p em P[x]. A unidade
(p + q)(x) = (ao + bo) + (a1 + b1)x + (a2 + b2)x² +... + (an + bn)xn polinomial é simplesmente denotada por p1 = 1.
Existe uma propriedade mista ligando a soma e o
A estrutura matemática (P[x],+) formada pelo conjunto produto de polinômios:
de todos os polinômios com a soma definida acima, possui
algumas propriedades: Distributiva

Associativa Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que:


Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: p · (q + r) = p · q + p · r
(p + q) + r = p + (q + r) Com as propriedades relacionadas com a soma e o
produto, a estrutura matemática (P[x],+,·) é denominada
Comutativa anel comutativo com identidade.
Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que:
p+q=q+p Exercícios

Elemento neutro 1. Considerando os polinômios –2x² + 5x – 2 e –3x³


Existe um polinômio po (x) = 0 tal que: + 2x – 1. Efetue a adição e a subtração entre eles.
po + p = p, qualquer que seja p em P[x].
2. Transforme o seguinte polinômio em monômio:
(3x2) x (5x3 + 8x2 – x).
Elemento oposto
Para cada p em P[x], existe outro polinômio q = -p em
3. Efetue a multiplicação de polinômio (x – 1) x
P[x] tal que
(x2 + 2x - 6)  por polinômio.
p+q=0
4. Qual o valor numérico do polinômio p(x) = x3 - 5x
Com estas propriedades, a estrutura (P[x],+) é
+ 2 para x = -1?
denominada um grupo comutativo.
5. Qual a soma dos coeficientes do polinômio T(x)
Produto de polinômios = (5x + 1)4?
Sejam p, q em P[x], dados por:
p(x) = ao + a1x + a2x² + a3x³ +...+ anxn 6. Sendo P(x) = Q(x) + x2 + x + 1 e sabendo que 2
q(x) = bo + b1x + b2x² + b3x³ +...+ bnxn é raiz de P(x) e 1 é raiz de Q(x) , calcule o valor de P(1)
- Q(2).
Definimos o produto de p e q, como outro polinômio
r em P[x]: 7. Qual o grau mínimo da equação P(x) = 0,
r(x) = p(x) · q(x) = co + c1x + c2x² + c3x³ +...+ cnxn sabendo-se que três de suas raízes são os números 5,   3
+ 2i  e   4 - 3i.
Tal que:
ck = aobk + a1bk-1 + a2 bk-2 + a3bk-3 +...+ ak-1 b1 + akbo 8. Multiplicando (2x2 + x + 1) por (5x – 2), teremos:

Para cada ck (k = 1, 2, 3,..., m+n). Observamos que para 9. Se multiplicarmos 3 por (2x2 + x + 5), teremos:
cada termo da soma que gera ck, a soma do índice de a
com o índice de b sempre fornece o mesmo resultado k. 10. Se multiplicarmos -2x2 por (5x – 1), teremos: 
A estrutura matemática (P[x],·) formada pelo conjunto
de todos os polinômios com o produto definido acima, Respostas
possui várias propriedades:
1) Solução: Adição
Associativa (–2x² + 5x – 2) + (–3x³ + 2x – 1) → eliminar os parênteses
Quaisquer que sejam p, q, r em P[x], tem-se que: fazendo o jogo de sinal
(p · q) · r = p · (q · r) –2x² + 5x – 2 – 3x³ + 2x – 1 → reduzir os termos
semelhantes
Comutativa –2x² + 7x – 3x³ – 3 → ordenar de forma decrescente de
Quaisquer que sejam p, q em P[x], tem-se que: acordo com a potência
p·q=q·p –3x³ – 2x² + 7x – 3.

52
MATEMÁTICA

Subtração 9) Resposta “6x2 + 3x + 15”.


(–2x² + 5x – 2) – (–3x³ + 2x – 1) → eliminar os parênteses Solução:
realizando o jogo de sinal 3 (2x2 + x + 5) → aplicar a propriedade distributiva.
–2x² + 5x – 2 + 3x³ – 2x + 1 → reduzir os termos 3 . 2x2 + 3 . x + 3 . 5
semelhantes 6x2 + 3x + 15.
–2x² + 3x – 1 + 3x³ → ordenar de forma decrescente de
acordo com a potência 10) Resposta “- 10x3 + 2x2”.
3x³ – 2x² + 3x – 1 Solução:
-2x2 (5x – 1) → aplicando a propriedade distributiva.
2) Resposta “15x5 + 24x4 – 3x3”.    -2x2 . 5x – 2x2 . (-1)
Solução: - 10x3 + 2x2
(3x2) x (5x3 + 8x2 – x) → aplicar a propriedade distributiva
da multiplicação 8 PRINCÍPIOS DE CONTAGEM.
15x5 + 24x4 – 3x3. 9 ANÁLISE DE DADOS.
3) Resposta “x³ + x² – 8x + 6”.
Solução: Análise Combinatória
(x – 1) . (x2 + 2x - 6) 
x2 . (x – 1) + 2x . (x – 1) – 6 . (x – 1) Análise combinatória é uma parte da matemática que
(x³ – x²) + (2x² – 2x) – (6x – 6) estuda, ou melhor, calcula o número de possibilidades, e
x³ – x² + 2x² – 2x – 6x + 6 → reduzindo os termos estuda os métodos de contagem que existem em acertar
semelhantes. algum número em jogos de azar. Esse tipo de cálculo
x³ + x² – 8x + 6. nasceu no século XVI, pelo matemático italiano Niccollo
Fontana (1500-1557), chamado também de Tartaglia.
4) Resposta “6”. Depois, apareceram os franceses Pierre de Fermat (1601-
Solução: Teremos, substituindo a variável x por x = 1665) e Blaise Pascal (1623-1662). A análise desenvolve
-1 → p(-1) = (-1)3 - 5(-1) + 2 = -1 + 5 + 2 = 6 métodos que permitem contar, indiretamente, o número
∴ p(-1) = 6. de elementos de um conjunto. Por exemplo, se quiser
saber quantos números de quatro algarismos são
5) Resposta “1296”. formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 9, é preciso
Solução: Teremos: aplicar as propriedades da análise combinatória. Veja quais
Para x = 1:  propriedades existem:
S = T(1) = (5.1 + 1)4 = 64 = 6 . 6 . 6 . 6 = 1296. - Princípio fundamental da contagem
- Fatorial
6) Resposta “10”. - Arranjos simples
Solução: Se 2 é raiz de P(x), então sabemos que P(2) = - Permutação simples
0 e se 1 é raiz de Q(x) então Q(1) = 0. - Combinação
Temos então substituindo x por 1 na expressão dada: - Permutação com elementos repetidos

P(1) = Q(1) + 12 + 1 + 1 ∴ Princípio fundamental da contagem: é o mesmo que


P(1) = 0 + 1 + 1 + 1 = 3. Então P(1) = 3. Analogamente, a Regra do Produto, um princípio combinatório que indica
poderemos escrever: quantas vezes e as diferentes formas que um acontecimento
pode ocorrer. O acontecimento é formado por dois estágios
P(2) = Q(2) + 22 + 2 + 1  0 = Q(2) + 7, caracterizados como sucessivos e independentes:
Logo Q(2) = -7.
Conclui-se que P(1) - Q(2) = 3 - (-7) = 3 + 7 = 10. • O primeiro estágio pode ocorrer de m modos distintos.
7) Resposta “5”. • O segundo estágio pode ocorrer de n modos distintos.
Solução: Pela propriedade P3, os complexos conjugados
3 - 2i e 4 + 3i são também raízes. Logo, por P1, concluímos Desse modo, podemos dizer que o número de formas
que o grau mínimo de P(x) é igual a 5, ou seja, P(x) possui diferente que pode ocorrer em um acontecimento é igual
no mínimo 5 raízes. ao produto m . n
Exemplo: Alice decidiu comprar um carro novo, e
8) Resposta “10x3 + x2 + 3x – 2”. inicialmente ela quer se decidir qual o modelo e a cor do
Solução: seu novo veículo. Na concessionária onde Alice foi há 3
(2x2 + x + 1) (5x – 2) → aplicar a propriedade distributiva. tipos de modelos que são do interesse dela: Siena, Fox e
2x2 . (5x) + 2x2 . (-2) + x . 5x + x . (-2) + 1 . 5x + 1 . (-2) Astra, sendo que para cada carro há 5 opções de cores:
10x3 – 4x2 + 5x2 – 2x + 5x – 2 preto, vinho, azul, vermelho e prata. Qual é o número total
10x3 + x2 + 3x – 2. de opções que Alice poderá fazer?

53
MATEMÁTICA

Resolução: Segundo o Principio Fundamental da Pode ocorrer: O conjunto A é formado por pontos e o
Contagem, Alice tem 3×5 opções para fazer, ou seja,ela problema é saber quantas retas esses pontos determinam.
poderá optar por 15 carros diferentes. Vamos representar 2. Quando se diferir tanto pela natureza quanto pela
as 15 opções na árvore de possibilidades: ordem de seus elementos, os problemas de contagem
serão agrupados e considerados distintos.
ac ≠ ca, neste caso os agrupamentos são denominados
arranjos.

Pode ocorrer: O conjunto A é formado por algarismos


e o problema é contar os números por eles determinados.

Fatorial: Na matemática, o fatorial de um número


natural n, representado por n!, é o produto de todos os
inteiros positivos menores ou iguais a n. A notação n! foi
introduzida por Christian Kramp em 1808. A função fatorial
é normalmente definida por:

Por exemplo, 5! = 1 . 2 . 3 . 4 . 5 = 120

Note que esta definição implica em particular que 0!


= 1, porque o produto vazio, isto é, o produto de nenhum
número é 1. Deve-se prestar atenção neste valor, pois
este faz com que a função recursiva (n + 1)! = n! . (n + 1)
Generalizações: Um acontecimento é formado por k funcione para n = 0.
estágios sucessivos e independentes, com n1, n2, n3, … , nk Os fatoriais são importantes em análise combinatória.
possibilidades para cada. O total de maneiras distintas de Por exemplo, existem n! caminhos diferentes de arranjar
ocorrer este acontecimento é n1, n2, n3, … , nk n objetos distintos numa sequência. (Os arranjos são
Técnicas de contagem: Na Técnica de contagem não chamados permutações) E o número de opções que podem
importa a ordem. ser escolhidos é dado pelo coeficiente binomial.

Considere A = {a; b; c; d; …; j} um conjunto formado por


10 elementos diferentes, e os agrupamentos ab, ac e ca”.

ab e ac são agrupamentos sempre distintos, pois se


diferenciam pela natureza de um dos elemento. Arranjos simples: são agrupamentos sem repetições
ac e ca são agrupamentos que podem ser considerados em que um grupo se torna diferente do outro pela ordem
distintos ou não distintos pois se diferenciam somente pela ou pela natureza dos elementos componentes. Seja A um
ordem dos elementos. conjunto com n elementos e k um natural menor ou igual
a n. Os arranjos simples k a k dos n elementos de A, são os
Quando os elementos de um determinado conjunto agrupamentos, de k elementos distintos cada, que diferem
A forem algarismos, A = {0, 1, 2, 3, …, 9}, e com estes entre si ou pela natureza ou pela ordem de seus elementos.
algarismos pretendemos obter números, neste caso, os Cálculos do número de arranjos simples:
agrupamentos de 13 e 31 são considerados distintos, pois
indicam números diferentes. Na formação de todos os arranjos simples dos n
Quando os elementos de um determinado conjunto A elementos de A, tomados k a k:
forem pontos, A = {A1, A2, A3, A4, A5…, A9}, e com estes pontos
pretendemos obter retas, neste caso os agrupamentos n → possibilidades na escolha do 1º elemento.
são iguais, pois indicam a mesma reta.
n - 1 → possibilidades na escolha do 2º elemento, pois
Conclusão: Os agrupamentos... um deles já foi usado.

1. Em alguns problemas de contagem, quando os n - 2 → possibilidades na escolha do 3º elemento, pois


agrupamentos se diferirem pela natureza de pelo menos um de dois deles já foi usado.
seus elementos, os agrupamentos serão considerados distintos. .
ac = ca, neste caso os agrupamentos são denominados n - (k - 1) → possibilidades na escolha do kº elemento,
combinações. pois l-1 deles já foi usado.

54
MATEMÁTICA

No Princípio Fundamental da Contagem (An, k), o abc abd acd bcd


número total de arranjos simples dos n elementos de A
(tomados k a k), temos: acb
bac
An,k = n (n - 1) . (n - 2) . ... . (n – k + 1) bca
(é o produto de k fatores)
cab
Multiplicando e dividindo por (n – k)! cba

Se trocarmos os 3 elementos das 4 combinações


obtemos todos os arranjos 3 a 3:

abc abd acd bcd


Note que n (n – 1) . (n – 2). ... .(n – k + 1) . (n – k)! = n! acb adb adc bdc
bac bad cad cbd
bca bda cda cdb
Podemos também escrever
cab dab dac dbc
cba dba dca dcb
Permutações: Considere A como um conjunto com n
elementos. Os arranjos simples n a n dos elementos de A, (4 combinações) x (6 permutações) = 24 arranjos
são denominados permutações simples de n elementos. De
acordo com a definição, as permutações têm os mesmos Logo: C4,3 . P3 = A4,3
elementos. São os n elementos de A. As duas permutações
diferem entre si somente pela ordem de seus elementos. Cálculo do número de combinações simples: O
Cálculo do número de permutação simples: número total de combinações simples dos n elementos de
A representados por C n,k, tomados k a k, analogicamente
O número total de permutações simples de n elementos ao exemplo apresentado, temos:
indicado por Pn, e fazendo k = n na fórmula An,k = n (n – 1) a) Trocando os k elementos de uma combinação k a k,
(n – 2) . … . (n – k + 1), temos: obtemos Pk arranjos distintos.
b) Trocando os k elementos das Cn,k . Pk arranjos
Pn = An,n= n (n – 1) (n – 2) . … . (n – n + 1) = (n – 1) distintos.
(n – 2) . … .1 = n!
Portanto: Cn,k . Pk = An,k ou
Portanto: Pn = n!
A
Combinações Simples: são agrupamentos formados C n,k = n,k
com os elementos de um conjunto que se diferenciam Pk
somente pela natureza de seus elementos. Considere A
Lembrando que:
como um conjunto com n elementos k um natural menor
ou igual a n. Os agrupamentos de k elementos distintos
cada um, que diferem entre si apenas pela natureza de seus
elementos são denominados combinações simples k a k,
dos n elementos de A.
Exemplo: Considere A = {a, b, c, d} um conjunto com Também pode ser escrito assim:
elementos distintos. Com os elementos de A podemos
formar 4 combinações de três elementos cada uma: abc –
abd – acd – bcd

Se trocarmos ps 3 elementos de uma delas: Arranjos Completos: Arranjos completos de n


elementos, de k a k são os arranjos de k elementos
Exemplo: abc, obteremos P3 = 6 arranjos disdintos. não necessariamente distintos. Em vista disso, quando
vamos calcular os arranjos completos, deve-se levar
em consideração os arranjos com elementos distintos
(arranjos simples) e os elementos repetidos. O total de
arranjos completos de n elementos, de k a k, é indicado
simbolicamente por A*n,k dado por: A*n,k = nk

55
MATEMÁTICA

Permutações com elementos repetidos 04. (UFTM) – João pediu que Cláudia fizesse cartões
com todas as permutações da palavra AVIAÇÃO. Cláudia
Considerando: executou a tarefa considerando as letras A e à como
diferentes, contudo, João queria que elas fossem
α elementos iguais a a, consideradas como mesma letra. A diferença entre o
β elementos iguais a b, número de cartões feitos por Cláudia e o número de
γ elementos iguais a c, …, cartões esperados por João é igual a
λ elementos iguais a l, (A) 720
(B) 1.680
Totalizando em α + β + γ + … λ = n elementos. (C) 2.420
(D) 3.360
Simbolicamente representado por Pnα, β, γ, …, λ o (E) 4.320
número de permutações distintas que é possível formarmos
com os n elementos: 05. (UNIFESP) – As permutações das letras da palavra
PROVA foram listadas em ordem alfabética, como se
fossem palavras de cinco letras em um dicionário. A 73ª
palavra nessa lista é
(A) PROVA.
(B) VAPOR.
Combinações Completas: Combinações completas de (C) RAPOV.
n elementos, de k a k, são combinações de k elementos (D) ROVAP.
não necessariamente distintos. Em vista disso, quando (E) RAOPV.
vamos calcular as combinações completas devemos levar
em consideração as combinações com elementos distintos 06. (MACKENZIE) – Numa empresa existem 10 diretores,
(combinações simples) e as combinações com elementos dos quais 6 estão sob suspeita de corrupção. Para que se
repetidos. O total de combinações completas de n analisem as suspeitas, será formada uma comissão especial
elementos, de k a k, indicado por C*n,k com 5 diretores, na qual os suspeitos não sejam maioria. O
número de possíveis comissões é:
(A) 66
(B) 72
(C) 90
QUESTÕES (D) 120
(E) 124
01. Quantos números de três algarismos distintos
podem ser formados com os algarismos 1, 2, 3, 4, 5, 7 e 8? 07. (ESPCEX) – A equipe de professores de uma escola
possui um banco de questões de matemática composto
02. Organiza-se um campeonato de futebol com 14 de 5 questões sobre parábolas, 4 sobre circunferências e 4
clubes, sendo a disputa feita em dois turnos, para que cada sobre retas. De quantas maneiras distintas a equipe pode
clube enfrente o outro no seu campo e no campo deste. O montar uma prova com 8 questões, sendo 3 de parábolas,
número total de jogos a serem realizados é: 2 de circunferências e 3 de retas?
(A)182 (A) 80
(B) 91 (B) 96
(C)169 (C) 240
(D)196 (D) 640
(E)160 (E) 1.280

03. Deseja-se criar uma senha para os usuários de um 08. Numa clínica hospitalar, as cirurgias são sempre
sistema, começando por três letras escolhidas entre as cinco assistidas por 3 dos seus 5 enfermeiros, sendo que, para
A, B, C, D e E, seguidas de quatro algarismos escolhidos uma eventualidade qualquer, dois particulares enfermeiros,
entre 0, 2, 4, 6 e 8. Se entre as letras puder haver repetição, por serem os mais experientes, nunca são escalados para
mas se os algarismos forem todos distintos, o número total trabalharem juntos. Sabendo-se que em todos os grupos
de senhas possíveis é: participa um dos dois enfermeiros mais experientes,
(A) 78.125 quantos grupos distintos de 3 enfermeiros podem ser
(B) 7.200 formados?
(C) 15.000 (A) 06
(D) 6.420 (B) 10
(E) 50 (C) 12
(D) 15
(E) 20

56
MATEMÁTICA

09. Seis pessoas serão distribuídas em duas equipes para 06. Se, do total de 10 diretores, 6 estão sob suspeita de
concorrer a uma gincana. O número de maneiras diferentes corrupção, 4 não estão. Assim, para formar uma comissão
de formar duas equipes é de 5 diretores na qual os suspeitos não sejam maioria,
(A) 10 podem ser escolhidos, no máximo, 2 suspeitos. Portanto, o
(B) 15 número de possíveis comissões é
(C) 20
(D) 25
(E) 30

10. Considere os números de quatro algarismos do


sistema decimal de numeração. Calcule:
a) quantos são no total;
b) quantos não possuem o algarismo 2; 07. C5,3 . C4,2 . C4,3 = 10 . 6 . 4 = 240
c) em quantos deles o algarismo 2 aparece ao menos uma vez;
d) quantos têm os algarismos distintos; 08.
e) quantos têm pelo menos dois algarismos iguais. I) Existem 5 enfermeiros disponíveis: 2 mais experientes
e outros 3.
Resoluções II) Para formar grupos com 3 enfermeiros, conforme o
enunciado, devemos escolher 1 entre os 2 mais experientes
01. e 2 entre os 3 restantes.
III) O número de possibilidades para se escolher 1 entre
os 2 mais experientes é
02. O número total de jogos a serem realizados é A14,2
= 14 . 13 = 182.

03.
IV) O número de possibilidades para se escolher 2
entre 3 restantes é
Algarismos

Letras V) Assim, o número total de grupos que podem ser


As três letras poderão ser escolhidas de 5 . 5 . 5 =125 formados é 2 . 3 = 6
maneiras.
Os quatro algarismos poderão ser escolhidos de 5 . 4 . 09.
3 . 2 = 120 maneiras.
O número total de senhas distintas, portanto, é igual a
125 . 120 = 15.000. 10.
a) 9 . A*10,3 = 9 . 103 = 9 . 10 . 10 . 10 = 9000
04. b) 8 . A*9,3 = 8 . 93 = 8 . 9 . 9 . 9 = 5832
I) O número de cartões feitos por Cláudia foi c) (a) – (b): 9000 – 5832 = 3168
d) 9 . A9,3 = 9 . 9 . 8 . 7 = 4536
e) (a) – (d): 9000 – 4536 = 4464

II) O número de cartões esperados por João era Binômio de Newton

Denomina-se Binômio de Newton , a todo binômio da


forma (a + b)n , sendo n um número natural .
Assim, a diferença obtida foi 2.520 – 840 = 1.680
Exemplo: 
05. Se as permutações das letras da palavra PROVA B = (3x - 2y)4 ( onde a = 3x, b = -2y e n = 4 [grau do
forem listadas em ordem alfabética, então teremos: binômio] ).

P4 = 24 que começam por A Exemplos de desenvolvimento de binômios de Newton :


P4 = 24 que começam por O
P4 = 24 que começam por P a) (a + b)2 = a2 + 2ab + b2
A 73.ª palavra nessa lista é a primeira permutação que b) (a + b)3 = a3 + 3 a2b + 3ab2 + b3
começa por R. Ela é RAOPV. c) (a + b)4 = a4 + 4 a3b + 6 a2b2 + 4ab3 + b4
d) (a + b)5 = a5 + 5 a4b + 10 a3b2 + 10 a2b3 + 5ab4 + b5

57
MATEMÁTICA

Nota: é denominado Número Binomial e Cn.p é o número de


combinações simples de n elementos, agrupados p a p, ou
Não é necessário memorizar as fórmulas acima, já que seja, o número de combinações simples de n elementos
elas possuem uma lei de formação bem definida, senão de taxa p.
vejamos: Este número é também conhecido como Número
Vamos tomar, por exemplo, o item (d) acima: Combinatório.
Observe que o expoente do primeiro e últimos termos
são iguais ao expoente do binômio, ou seja, igual a 5. Probabilidade
A partir do segundo termo, os coeficientes podem ser
obtidos a partir da seguinte regra prática de fácil memo- Ponto Amostral, Espaço Amostral e Evento
rização: Em uma tentativa com um número limitado de
Multiplicamos o coeficiente de a pelo seu expoente e resultados, todos com chances iguais, devemos considerar:
dividimos o resultado pela ordem do termo. O resultado Ponto Amostral: Corresponde a qualquer um dos
será o coeficiente do próximo termo. Assim por exemplo, resultados possíveis.
para obter o coeficiente do terceiro termo do item (d) aci- Espaço Amostral: Corresponde ao conjunto dos
ma teríamos: resultados possíveis; será representado por S e o número
5.4 = 20; agora dividimos 20 pela ordem do termo an- de elementos do espaço amostra por n(S).
terior (2 por se tratar do segundo termo) 20:2 = 10 que é Evento: Corresponde a qualquer subconjunto do
o coeficiente do terceiro termo procurado. espaço amostral; será representado por A e o número de
Observe que os expoentes da variável a decrescem de elementos do evento por n(A).
n até 0 e os expoentes de b crescem de 0 até n. Assim o
terceiro termo é 10 a3b2 (observe que o expoente de a de- Os conjuntos S e Ø também são subconjuntos de S,
cresceu de 4 para 3 e o de b cresceu  de 1 para 2). portanto são eventos.
Usando a regra prática acima, o desenvolvimento do Ø = evento impossível.
S = evento certo.
binômio de Newton (a + b)7 será:
(a + b)7 = a7 + 7 a6b + 21 a5b2 + 35 a4b3 + 35 a3b4 + 21
Conceito de Probabilidade
a2b5 + 7 ab6 + b7
Como obtivemos, por exemplo, o coeficiente do 6º
As probabilidades têm a função de mostrar a chance
termo (21 a2b5) ?
de ocorrência de um evento. A probabilidade de ocorrer
Pela regra: coeficiente do termo anterior = 35. Multi-
um determinado evento A, que é simbolizada por P(A), de
plicamos 35 pelo expoente de a que é igual a 3 e dividimos
um espaço amostral S ≠ Ø, é dada pelo quociente entre
o resultado pela ordem do termo que é 5.
o número de elementos A e o número de elemento S.
Então, 35 . 3 = 105 e dividindo por 5 (ordem do termo Representando:
anterior) vem 105:5 = 21, que é o coeficiente do sexto ter-
mo, conforme se vê acima.

Observações: Exemplo: Ao lançar um dado de seis lados, numerados


1) o desenvolvimento do binômio (a + b)n é um poli- de 1 a 6, e observar o lado virado para cima, temos:
nômio. - um espaço amostral, que seria o conjunto S {1, 2, 3,
2) o desenvolvimento de (a + b)n possui n + 1 termos . 4, 5, 6}.
3) os coeficientes dos termos equidistantes dos extre- - um evento número par, que seria o conjunto A1 = {2,
mos , no desenvolvimento De (a + b)n são iguais . 4, 6} C S.
4) a soma dos coeficientes de (a + b)n é igual a 2n . - o número de elementos do evento número par é
n(A1) = 3.
Fórmula do termo geral de um Binômio de Newton
- a probabilidade do evento número par é 1/2, pois
Um termo genérico Tp+1 do desenvolvimento de (a+b)
n
, sendo p um número natural, é dado por

⎛ n⎞ Propriedades de um Espaço Amostral Finito e Não


T p+1 = ⎜ ⎟ .a n− p .b p Vazio
⎝ p⎠ - Em um evento impossível a probabilidade é igual a
onde zero. Em um evento certo S a probabilidade é igual a 1.
Simbolicamente: P(Ø) = 0 e P(S) = 1.
⎛ n⎞ n! - Se A for um evento qualquer de S, neste caso: 0 ≤
P(A) ≤ 1.
⎜⎝ p ⎟⎠ = Cn. p = p!(n − p)!
- Se A for o complemento de A em S, neste caso: P(A)
= 1 - P(A).

58
MATEMÁTICA

Demonstração das Propriedades Eventos Exaustivos


Considerando S como um espaço finito e não vazio, Quando os eventos A1, A2, A3, …, An de S forem, de dois
temos: em dois, mutuamente exclusivos, estes serão denominados
exaustivos se A1 A2 A3 … An = S

Então, logo:

Portanto: P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... + P(An) = 1

Probabilidade Condicionada
Considere dois eventos A e B de um espaço amostral S,
União de Eventos finito e não vazio. A probabilidade de B condicionada a A é
Considere A e B como dois eventos de um espaço dada pela probabilidade de ocorrência de B sabendo que
amostral S, finito e não vazio, temos: já ocorreu A. É representada por P(B/A).

A
Veja:
B
S

Logo: P(A B) = P(A) + P(B) - P(A B) Eventos Independentes


Considere dois eventos A e B de um espaço amostral
Eventos Mutuamente Exclusivos S, finito e não vazio. Estes serão independentes somente
quando:
A
P(A/N) = P(A) P(B/A) = P(B)

Intersecção de Eventos
B Considerando A e B como dois eventos de um espaço
S amostral S, finito e não vazio, logo:

Considerando que A ∩ B, nesse caso A e B serão


denominados mutuamente exclusivos. Observe que A ∩ B =
0, portanto: P(A B) = P(A) + P(B). Quando os eventos A1, A2,
A3, …, An de S forem, de dois em dois, sempre mutuamente
exclusivos, nesse caso temos, analogicamente:

P(A1 A2 A3 … An) = P(A1) + P(A2) + P(A3) + ... + Assim sendo:


P(An)
P(A ∩ B) = P(A) . P(B/A)
P(A ∩ B) = P(B) . P(A/B)

59
MATEMÁTICA

Considerando A e B como eventos independentes, logo


P(B/A) = P(B), P(A/B) = P(A), sendo assim: P(A ∩ B) = P(A)
. P(B). Para saber se os eventos A e B são independentes,
podemos utilizar a definição ou calcular a probabilidade de
A ∩ B. Veja a representação:

A e B independentes ↔ P(A/B) = P(A) ou


A e B independentes ↔ P(A ∩ B) = P(A) . P(B)
(A) (B) (C) (D) (E)
Lei Binominal de Probabilidade
Considere uma experiência sendo realizada diversas 03. Retirando uma carta de um baralho comum de 52
vezes, dentro das mesmas condições, de maneira que cartas, qual a probabilidade de se obter um rei ou uma
os resultados de cada experiência sejam independentes. dama?
Sendo que, em cada tentativa ocorre, obrigatoriamente,
um evento A cuja probabilidade é p ou o complemento A 04. Jogam-se dois dados “honestos” de seis faces,
cuja probabilidade é 1 – p. numeradas de 1 a 6, e lê-se o número de cada uma das duas
Problema: Realizando-se a experiência descrita faces voltadas para cima. Calcular a probabilidade de serem
exatamente n vezes, qual é a probabilidade de ocorrer o obtidos dois números ímpares ou dois números iguais?
evento A só k vezes?
05. Uma urna contém 500 bolas, numeradas de 1 a 500.
Resolução: Uma bola dessa urna é escolhida ao acaso. A probabilidade
- Se num total de n experiências, ocorrer somente de que seja escolhida uma bola com um número de três
k vezes o evento A, nesse caso será necessário ocorrer algarismos ou múltiplo de 10 é
exatamente n – k vezes o evento A. (A) 10%
- Se a probabilidade de ocorrer o evento A é p e do (B) 12%
evento A é 1 – p, nesse caso a probabilidade de ocorrer k (C) 64%
vezes o evento A e n – k vezes o evento A, ordenadamente, (D) 82%
é: (E) 86%

06. Uma urna contém 4 bolas amarelas, 2 brancas e 3


bolas vermelhas. Retirando-se uma bola ao acaso, qual a
probabilidade de ela ser amarela ou branca?

- As k vezes em que ocorre o evento A são quaisquer 07. Duas pessoas A e B atiram num alvo com
entre as n vezes possíveis. O número de maneiras de probabilidade 40% e 30%, respectivamente, de acertar.
escolher k vezes o evento A é, portanto Cn,k. Nestas condições, a probabilidade de apenas uma delas
- Sendo assim, há Cn,k eventos distintos, mas que acertar o alvo é:
possuem a mesma probabilidade pk . (1 – p)n-k, e portanto a (A) 42%
probabilidade desejada é: Cn,k . pk . (1 – p)n-k
(B) 45%
(C) 46%
QUESTÕES
(D) 48%
01. A probabilidade de uma bola branca aparecer (E) 50%
ao se retirar uma única bola de uma urna que contém,
exatamente, 4 bolas brancas, 3 vermelhas e 5 azuis é: 08. Num espaço amostral, dois eventos independentes
A e B são tais que P(A U B) = 0,8 e P(A) = 0,3. Podemos
concluir que o valor de P(B) é:
(A) (B) (C) (D) (E) (A) 0,5
(B) 5/7
02. As 23 ex-alunas de uma turma que completou o (C) 0,6
Ensino Médio há 10 anos se encontraram em uma reunião (D) 7/15
comemorativa. Várias delas haviam se casado e tido filhos. A (E) 0,7
distribuição das mulheres, de acordo com a quantidade de
filhos, é mostrada no gráfico abaixo. Um prêmio foi sorteado
entre todos os filhos dessas ex-alunas. A probabilidade de
que a criança premiada tenha sido um(a) filho(a) único(a) é

60
MATEMÁTICA

09. Uma urna contém 6 bolas: duas brancas e quatro Dessa forma, p(B) = 50/500.
pretas. Retiram-se quatro bolas, sempre com reposição de A Ω B: o número tem 3 algarismos e é múltiplo de 10;
cada bola antes de retirar a seguinte. A probabilidade de só A Ω B = {100, 110, ..., 500}.
a primeira e a terceira serem brancas é: De an = a1 + (n – 1) . r, temos: 500 = 100 + (n – 1) . 10
→ n = 41 e p(A B) = 41/500

(A) (B) (C) (D) (E) Por fim, p(A.B) =

06.
10. Uma lanchonete prepara sucos de 3 sabores: Sejam A1, A2, A3, A4 as bolas amarelas, B1, B2 as brancas
laranja, abacaxi e limão. Para fazer um suco de laranja, são e V1, V2, V3 as vermelhas.
utilizadas 3 laranjas e a probabilidade de um cliente pedir Temos S = {A1, A2, A3, A4, V1, V2, V3 B1, B2} → n(S) = 9
esse suco é de 1/3. Se na lanchonete, há 25 laranjas, então A: retirada de bola amarela = {A1, A2, A3, A4}, n(A) = 4
a probabilidade de que, para o décimo cliente, não haja B: retirada de bola branca = {B1, B2}, n(B) = 2
mais laranjas suficientes para fazer o suco dessa fruta é:

(A) 1 (B) (C) (D) (E)


Respostas
Como A B = , A e B são eventos mutuamente
01. exclusivos;
Logo: P(A B) = P(A) + P(B) =
02.
A partir da distribuição apresentada no gráfico:
08 mulheres sem filhos.
07 mulheres com 1 filho.
07.
06 mulheres com 2 filhos.
Se apenas um deve acertar o alvo, então podem ocorrer
02 mulheres com 3 filhos.
os seguintes eventos:
(A) “A” acerta e “B” erra; ou
Comoas 23 mulheres têm um total de 25 filhos, a
probabilidade de que a criança premiada tenha sido um(a) (B) “A” erra e “B” acerta.
filho(a) único(a) é igual a P = 7/25. Assim, temos:
P (A B) = P (A) + P (B)
03. P(dama ou rei) = P(dama) + P(rei) = P (A B) = 40% . 70% + 60% . 30%
P (A B) = 0,40 . 0,70 + 0,60 . 0,30
P (A B) = 0,28 + 0,18
P (A B) = 0,46
P (A B) = 46%
04. No lançamento de dois dados de 6 faces, numeradas de 1 a
6, são 36 casos possíveis. Considerando os eventos A (dois números 08.
ímpares) e B (dois números iguais), a probabilidade pedida é: Sendo A e B eventos independentes, P(A B) = P(A) .
P(B) e como P(A B) = P(A) + P(B) – P(A B). Temos:
P(A B) = P(A) + P(B) – P(A) . P(B)
0,8 = 0,3 + P(B) – 0,3 . P(B)
0,7 . (PB) = 0,5
05. Sendo Ω, o conjunto espaço amostral, temos n(Ω) = 500 P(B) = 5/7.

A: o número sorteado é formado por 3 algarismos; 09. Representando por a


A = {100, 101, 102, ..., 499, 500}, n(A) = 401 e p(A) = probabilidade pedida, temos:
401/500
=
B: o número sorteado é múltiplo de 10;
B = {10, 20, ..., 500}. =
Para encontrarmos n(B) recorremos à fórmula do termo
geral da P.A., em que
a1 = 10
an = 500
r = 10
Temos an = a1 + (n – 1) . r → 500 = 10 + (n – 1) . 10 → n = 50

61
MATEMÁTICA

10. Supondo que a lanchonete só forneça estes três Dessa forma, associa-se a cada ponto da reta r um
tipos de sucos e que os nove primeiros clientes foram único número real, que será denominado abscissa (ou
servidos com apenas um desses sucos, então: coordenada) do ponto; a abscissa é positiva se, a partir
I- Como cada suco de laranja utiliza três laranjas, não é da origem, o ponto for marcado no sentido positivo, e é
possível fornecer sucos de laranjas para os nove primeiros negativa em caso contrário.
clientes, pois seriam necessárias 27 laranjas.
II- Para que não haja laranjas suficientes para o B O A r
próximo cliente, é necessário que, entre os nove primeiros,
oito tenham pedido sucos de laranjas, e um deles tenha
-2 3

pedido outro suco. A(3): ponto A de abscissa 3


A probabilidade de isso ocorrer é: B (-2): ponto B de abscissa -2

O conjunto {reta, origem, unidade, sentido} será


chamado eixo.

Notas
10 GEOMETRIA DO PLANO CARTESIANO.
1) A abscissa da origem é o número real 0 (zero).
2) Cada ponto de um eixo possui uma única abscissa, e
A Geometria Analítica é a parte da Matemática que reciprocamente para cada abscissa existe um único ponto
trata de resolver problemas cujo enunciado é geométrico, do eixo.
empregando processos algébricos. 3) Costuma-se indicar pela letra x a abscissa de um
Criada por René Descartes (1596-1650), a Geometria ponto.
Analítica contribui para a visão moderna da Matemática
como um todo, substituindo assim a visão parcelada Exemplo 1
das chamadas “matemáticas”, que colocava em Marcar sobre o eixo x, representado abaixo, os pontos
compartilhamentos separados Geometria, Álgebra e A(2), B(-3) e C .
Trigonometria.
Essa integração da Geometria com Álgebra é muito 0 1 x
rica em seus resultados, propriedades e interpretações.
São inúmeras as aplicações da Geometria Analítica nas
Ciências e na Técnica. Resolução
-3 0 ½ 1 2 x
1- Abscissa de um ponto
B C A

Considere-se uma reta r. Sobre ela, marque-se um 2- Segmento Orientado


ponto O arbitrário, que chamaremos de origem, e seja
adotada uma unidade (u) de comprimento com a qual Dado um segmento de reta AB, é possível associar a ele
serão medidos os segmentos contidos na reta r. o sentido de A para B ou o sentido de B para A. adotando-
se, por exemplo, o sentido de A para B, tem-se o segmento
O r orientado de origem A e extremidade B.
u
A B
Tome-se na reta r os pontos P à direita de O e P’ à
esquerda de O, tais que, relativamente a (u), os segmentos
3- Medida Algébrica
e tenham a mesma medida m.
P’ O P r Considere-se sobre um eixo r um segmento orientado
.
m m
r
O sentido de O para P será considerado positivo A B
e indicado por uma ponta de seta. Assim associa-se A medida algébrica de , que será indicada por
ao ponto P o número real positivo m e ao ponto P’, o , é definida pelo número XB – XA, onde XB e XA são
número –m. respectivamente as abscissas de B e de A.
Assim:
P’(-m) O P(m) r = XB – XA

62
MATEMÁTICA

Exemplo 2 Resolução
a) A(3)
Seja XC a abscisssa do ponto C:
= XB – XA = 10 – 3 = 7
B(10)

b) A(1)
= XB – XA = 1 – 8 = 7 Substituindo-se as coordenadas dos pontos:
B(8) XC – 1 = 3(9 - XC) → XC = 7
Resposta: C(7).
Observações
Exemplo 6
1) Quando o sentido de é o mesmo do eixo, a Dado o ponto A(3), determinar um ponto B que diste 5
medida algébrica é positiva; em caso contrário, é unidades do ponto A.
negativa. Nessas condições, se tem medida algébrica
positiva, então tem medida algébrica negativa. Resolução
2) O comprimento d de um segmento orientado ,é Seja XB a abscissa de B. Tem-se: = 5, ou seja, |XB -
o módulo (valor absoluto) da medida algébrica de , ou XA| = 5
seja, .
Em símbolos: XB – 3 = 5 → XB = 8
d= = |XB - XA| Então |XB – 3| = 5 ou
XB – 3 = -5 → XB = -2
Exemplo 3
a) O comprimento do segmento orientado , dados
De fato, existem dois pontos B que distam 5 unidades de A:
A(2) e B(11) é
= |XB - XA| = |11 – 2| = |9| = 9 -2 -1 0 1 2 3 4 5 6 7 8

b) O comprimento do segmento orientado , dados


B A B
A(3) e B(8) é 5 5
= |XB - XA| = |3 - 8| = |-5| = 5 Resposta: B(8) ou B(-2).
Exemplo 4 4- Ponto Médio
Na figura abaixo, os pontos A, B e C estão sobre o eixo
x de origem O. Considerem-se os pontos A(XA) e B(XB). Sendo M(XM) o
ponto médio de (ou de ), tem-se:
A O C B
x
-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

Calcular:
a)

b)
De fato,
c) XA XB

A B B
Resolução

Da figura, tem-se XA = -3, XB = 4 e XC = 2.


Assim,
a) = XC – XA = 2 – (-3) = 5

b) = XO – XB = 0 – 4 = -4 Portanto, a abscissa do ponto médio M do segmento


(ou de ) é a média aritmética das abscissas de A e
de B.
c)
Exemplo 7
Exemplo 5 Determinar o ponto médio M do segmento , nos
Dados os pontos A(1) e B(9), determinar o ponto C tal seguintes casos:
que . a) A(1) e B(7)

63
MATEMÁTICA

Resolução y

Resposta: M(4).
1 x
b) A(-3) e B(15) 0 1

Resolução

Resposta: M(6). A cada ponto P do plano corresponderão dois números: a


(abscissa) e b (ordenada), associados às projeções ortogo-
c) A(-1) e B(-12) nais de P sobre o eixo x e sobre o eixo y, respectivamente.
Assim, o ponto P tem coordenadas a e b e será indicado
Resolução analiticamente pelo par ordenado (a, b).
y

b • P

Resposta: M .
x
• •

0 a
Exemplo 8
Dados os pontos A(1) e B(16), obter os pontos que
dividem o segmento em três partes congruentes.
Exemplo 1
Resolução
Os pontos, no sistema cartesiano abaixo, têm suas
Considere-se a figura abaixo, onde R e S são os pontos
coordenadas escritas ao lado da figura.
pedidos.
A (3, 2)
1 16 B (0, 2)
A R S B C (-3, 2)
D (-3, 0)
Como são iguais, pode-se escrever
E (-3, -2)
, ou seja,
F (0, -2)
XS – XA = 2(XB – XS)
G (3, -2)
XS – 1 = 2(16 – XS) ∴ XS = 11
H (3, 0)
Sendo R o ponto médio de , vem:
O (0, 0) y

B A
Resposta: R(6) e S(11).
C 2

1 1 2 3 x
Sistema Cartesiano
-3 -2 -1

D 0 H
-1
1- Coordenadas de um ponto
-2
E F G
Sejam x e y dois eixos perpendiculares entre si e com
origem O comum, conforme a figura abaixo. Nessas
Nota
condições, diz-se que x e y formam um sistema cartesiano
Neste estudo, será utilizado somente o sistema
retangular (ou ortogonal), e o plano por eles determinado
cartesiano retangular, que se chamará simplesmente
é chamado plano cartesiano.
sistema cartesiano.
Eixo x (ou Ox): eixo das abscissas
Observações
Eixo y (ou Ou): eixo das ordenadas
1) Os eixos x e y dividem o plano cartesiano em quatro
O: origem do sistema
regiões ou quadrantes (Q), que são numeradas, como na
figura abaixo.

64
MATEMÁTICA

y y

2º Q 1º Q

-3 x
x 0

0 P -2

3º Q 4º Q
4) Todo ponto P(a, b) do 4º quadrante tem abscissa
2) Neste curso, a reta suporte das bissetrizes do 1º e positiva (a > 0) e ordenada negativa (B < 0) e reciprocamente.
3º quadrantes será chamada bissetriz dos quandrantes
ímapares e indica-se por bi.a do 2º e 4º quadrantes será P(a, b) 4º Q a>0eb<0
chamado bissetriz dos quadrantes pares e indica-se por bp.
y Assim P(3, -2) 4º Q
bp y
bi

x
3 x
0
0

-2
P
t2- Propriedades
5) Todo eixo das abscissas tem ordenada nula e
reciprocamente.
1) Todo ponto P(a, b) do 1º quadrante tem abscissa
positiva (a > 0) e ordenada positiva (b > 0) e reciprocamente.
P(a, b) Ox b=0
P(a, b) 1º Q a>0eb>0
Assim P(3, 0) Ox
Assim P(3, 2) 1º Q
y y

2 P
x P x
0 3 0 3

2) Todo ponto P(a, b) do 2º quadrante tem abscissa


negativa (a < 0) e ordenada positiva (B > 0) e reciprocamente.
6) Todo ponto do eixo das ordenadas tem abscissa nula
P(a, b) 2º Q a<0eb>0 e reciprocamente.

Assim P(-3, 2) 2º quadrante P(a, b) Oy a=0


y
Assim P(0, 3) Oy
P 2
x y
-3 0
3 P
3) Todo ponto P(a, b) do 3º quadrante tem
abscissa negativa (a < 0) e ordenada negativa (b < 0) e
reciprocamente.
x
P(a, b) 3º Q a<0eb<0 0

Assim P(-3, -2) 3º Q

65
MATEMÁTICA

7) Todo ponto P(a, b) da bissetriz dos quadrantes ímpares 3- Ponto Médio


tem abscissa e ordenada iguais (a = b) e reciprocamente.
Considerem-se os pontoa A(xA, yA) e B(xB, yB). Sendo
P(a, b) bi a=b M(xM, yM) o ponto médio de (ou ), tem-se:
Assim P(-2, -2) bi
e , ou seja,
y
o ponto médio é dado por:

-2 0 x

P -2

y
8) Todo ponto P(a, b) da bissetriz dos quadrantes pares
tem abscissa e ordenada opostas (a = -b) e reciprocamente.
B’’ (yB)
P(a, b) bp a = -b

Assim P(-2, 2) bp M’’ (yM)

y A’’ (yA)

P x
2
0 A’ (yA) M’ (yM) B’ (yB)

x
De fato:
-2 0 Se M é o ponto médio de (ou ), pelo teorema de
Tales, para o eixo x pode-se escrever:

Exemplo 2
Obter a, sabendo-se que o ponto A(4, 3ª -6) está no
eixo das abscissas.

Resolução Analogicamente, para o eixo y, tem-se


A Ox 3a – 6 = 0 ∴ a = 2

Resposta: 2.
Portanto, as coordenadas do ponto médio M do
Exemplo 3 segmento (ou ) são respectivamente as médias das
Obter m, sabendo-se que o ponto M(2m – 1, m + 3) abscissas de A e B e das ordenadas de A e B.
está na bissetriz dos quadrantes ímpares.
Exemplo 4
Resolução Obter o ponto médio M do segmento , sendo dados:
M bi 2m – 1 = m + 3 ∴ m = 4 A(-1, 3) e B(0, 1).
Resposta: 4.

66
MATEMÁTICA

Resolução Portanto, as coordenadas do baricentro de um triângulo


ABC são, respectivamente, as médias aritméticas das
abscissas de A, B e C e das ordenadas A, B e C.

Exemplo 5
Sendo A(1, -1), B(0, 2) e C(11, 5) os vértices de um
triângulo, obter o baricentro G desse triângulo.
Resposta: .
Resolução

4 – Baricentro

Seja o triângulo ABC de vértices A(xA, yA), B(xB, yB) e C(xC, Logo, G(4, 2).
yC). sendo G(xG, yG) o baricentro (ponto de encontro das
medianas) do triângulo ABC, tem-se:

5- Distância Entre Dois Pontos


ou seja, o ponto G é dado por
Considerem-se dois pontos distintos A(xA, yA) e B(xB, yB),
tais que o segmento não seja paralelo a algum dos eixos
coordenados.
Traçando-se por A e B as retas paralelas aos eixos
coordenados que se interceptam em C, tem-se o triângulo
ACB, retângulo em C.
y y

C
B

M d
G
A

C
A x
B x 0
A’(xA) G’(xG) M’(xM)
A distância entre os pontos A e B qie se indica por d é
0

tal que
De fato, considerando a mediana AM, o baricentro G é tal que

Pelo Teorema de Tales, para o eixo x podemos escrever


Portanto:

Observações
e, como , vem
1) Como (xB - xA)2 = (xA - xB)2, a ordem escolhida para a
diferença das abscissas não altera o cálculo de d. O mesmo
ocorre com a diferença das ordenadas.
ou seja,
2) A fórmula para o cálculo da distância continua válida
Analogamente, para o eixo y, tem-se se o segmento é paralelo a um dos eixos, ou ainda se os
pontos A e B coincidem, caso em que d = 0.

67
MATEMÁTICA

Exemplo 6 Exercícios

Calcular a distância entre os pontos A e B, nos seguintes 01- Dar as coordenadas dos pontos A, B, C, D, E, F e G
casos: da figura abaixo:
a) A(1, 8) e B(4, 12)
y
Resolução

B
C
b) A(0, 2) e B(-1, -1) A
1
D x
Resolução

F
G
Exemplo 7 E
Qual é o ponto da bissetriz dos quadrantes pares cuja
distância ao ponto A(2, 2) é 4? 02- Seja o ponto A(3p – 1, p – 3) um ponto pertencente
à bissetriz dos quadrantes ímpares, então a ordenada do
Resolução ponto A é:
Seja P o ponto procurado. a) 0
Como P pertence à bissetriz dos quadrantes pares (bp), b) –1
pode-se representá-lo por P(a, -a). c) –2
Sendo 4 a distância entre A e P, tem-se d)
e) –4

03- O ponto A(p – 2, 2p – 3) pertence ao eixo das


Quadrando ordenadas. Obter o ponto B’ simétrico de B(3p – 1, p – 5)
em relação ao eixo das abscissas.
(2 – a)2 + (2 + a )2 = 16
04- Um triângulo equilátero de lado 6 tem um vértice
a=2 no eixo das abscissas. Determine as coordenadas do 3º
4 – 4a + a2 + 4 + 4a + a2 = 16 ∴ a2 = 4 ou vértice, sabendo que ele está no 4º quadrante (faça a
a = -2 figura).

Assim se a = 2, tem-se o ponto (2, -2) 05- A distância entre dois pontos (2, -1) e (-1, 3) é igual a:
se a = -2, tem-se o ponto (-2, 2) a) zero
b)
c)
De fato, existem dois pontos P da bissetriz dos
d) 5
quadrantes pares (bp) cuja distância ao ponto A(2, 2) é 4.
e) n.d.a.
Observe-se a figura:

y 06- Sendo A(3,1), B(4, -4) e C(-2, 2) os vértices de um


triângulo, então esse triângulo é:
bp a) retângulo e não isósceles.
P 2 A b) retângulo e isósceles.
c) equilátero.
d) isósceles e não retângulo.
e) escaleno.

07- Achar o ponto T da bissetriz dos quadrantes ímpares


0 x
-2 2 que enxerga o segmento de extremindades A(2, 1) e B(5, 2)
sob ângulo reto.

-2
P 08- O paralelogramo ABCD tem lados , , e
. Sendo A(0, 0), B(4, 2) e D(8, 0), determine as coordenadas
do ponto C.

68
MATEMÁTICA

Respostas 07- Resposta; T1(2, 2) e T2(3, 3).

01- Resposta: A(5, 1); B(0, 3); C(-3, 2); D(-2, 0); E(-1, -4); Resolução
F(0, -2); G(4, -3). T∈ bissetriz dos quadrantes ímpares ⇒ T(x, x).
Se T enxerga sob ângulo reto, então o triângulo ATB
02- Resposta: E. é retângulo em T.
T
Resolução
Como A pertence à bissetriz dos quadrantes ímapres xA
= yA ⇒ 3p – 1 = p – 3 ⇒ p = 1. B
Logo, o ponto A(-4, -4) tem ordenada igual a -4.

03- Resposta: B’(5, 3). A

Resolução
Se A pertence ao eixo das ordenadas, temos que p – 2 =
0 ⇒ p = 2, logo, B(5, –3).
Como B’ é o simétrico de B em relação ao eixo das abscissas, ⇒
temos a mesma abscissa e a ordenada oposta, logo, B’(5, 3) é Assim:
o ponto procurado. [(x - 2)2 + (x - 1)2] + [(x – 5)2 (x – 2)2] = [(2 – 5)2 + (1 – 2)2]
X2 – 4x + 4 + x2 – 2x + 1 + x2 – 10x + 25 + x2 – 4x + 4 = 9 + 1
04- Resposta: C(3, ). 4x2 – 20x + 24 = 0
X2 – 5x + 6 = 0 ⇒ x = 2 ou x = 3.
Resolução
Lembrando que a altura do triângulo equilátero mede
08- Resposta: C(12, 2).
, temos: .
x Resolução
A (0, 0) B (6, 0) y

B (4,2) C(a, b)

C (3, )

A (0,0) D (8,0)

05- Resposta: D M é o ponto de encontro das diagonais, portanto ponto


médio dos segmentos e . Dados B e D, temos M(6, 1)
Resolução e agora temos A e M, logo:
Δx = 2 – (–1) = 3 e Δy = –1 –3 = –4

d=5 ⇒
06- Resposta: D

Resolução
11 GEOMETRIA DO PLANO COMPLEXO.

Quantas vezes, ao calcularmos o valor de Delta (b2- 4ac)


na resolução da equação do 2º grau, nos deparamos com
um valor negativo (Delta < 0). Nesse caso, sempre dizemos
ser impossível a raiz no universo considerado (normalmente
ee no conjunto dos reais- R). A partir daí, vários matemáticos
estudaram este problema, sendo Gauss e Argand os
que realmente conseguiram expor uma interpretação
geométrica num outro conjunto de números, chamado de
Portanto, o Δ ABC é isósceles e não retângulo. números complexos, que representamos por C.

69
MATEMÁTICA

Números Complexos z1.z2 = a.c + adi + bci + bdi2


Chama-se conjunto dos números complexos, e z1.z2= a.c + bdi2 = adi + bci
representa-se por C, o conjunto de pares ordenados, ou z1.z2= (ac - bd) + (ad + bc)i
seja: Observar que : i2= -1
z = (x,y)
onde x pertence a R e y pertence a R. Conjugado de um número complexo: Dado z=a+bi,
Então, por definição, se z = (x,y) = (x,0) + (y,0)(0,1) onde
define-se como conjugado de z (representa-se por z-) ==>
i=(0,1), podemos escrever que:
z-= a-bi
z=(x,y)=x+yi
Exemplos: Exemplo:
(5,3)=5+3i z=3 - 5i ==> z- = 3 + 5i
(2,1)=2+i z = 7i ==> z- = - 7i
(-1,3)=-1+3i z = 3 ==> z- = 3

Dessa forma, todo o números complexo z=(x,y) pode Divisão de números complexos: Para dividirmos dois
ser escrito na forma z=x+yi, conhecido como forma números complexos basta multiplicarmos o numerador e
algébrica, onde temos: o denominador pelo conjugado do denominador. Assim,
x=Re(z, parte real de z se z1= a + bi e z2= c + di, temos que:
y=Im(z), parte imaginária de z z1 / z2 = [z1.z2-] / [z2z2-] = [ (a+bi)(c-di) ] / [ (c+di)(c-di) ]

Igualdade entre números complexos: Dois números Módulo de um número complexo: Dado z = a+bi,
complexos são iguais se, e somente se, apresentam chama-se módulo de z ==> | z | = (a2+b2)1/2, conhecido como ro
simultaneamente iguais a parte real e a parte imaginária.
Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que: Interpretação geométrica: Como dissemos, no início,
z1=z2<==> a=c e b=d a interpretação geométrica dos números complexos é que
deu o impulso para o seu estudo. Assim, representamos o
Adição de números complexos: Para somarmos dois complexo z = a+bi da seguinte maneira
números complexos basta somarmos, separadamente,
as partes reais e imaginárias desses números. Assim, se
z=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1+z2=(a+c) + (b+d)

Subtração de números complexos: Para subtrairmos


dois números complexos basta subtrairmos, separadamente,
as partes reais e imaginárias desses números. Assim, se
z=a+bi e z2=c+di, temos que:
z1-z2=(a-c) + (b-d)

Potências de i
Se, por definição, temos que i = - (-1)1/2, então: Forma polar dos números complexos: Da
i0 = 1 interpretação geométrica, temos que:
i1 = i
i2 = -1
i3 = i2.i = -1.i = -i
i4 = i2.i2=-1.-1=1
i5 = i4. 1=1.i= i
i6 = i5. i =i.i=i2=-1 que é conhecida como forma polar ou trigonométrica
i7 = i6. i =(-1).i=-i ...... de um número complexo.
Operações na forma polar: Sejam z1=ro1(cos t11) e
Observamos que no desenvolvimento de in (n z2=ro1(cos t1+i sent1). Então, temos que:
pertencente a N, com n variando, os valores repetem-se
de 4 em 4 unidades. Desta forma, para calcularmos in basta a)Multiplicação
calcularmos ir onde r é o resto da divisão de n por 4.
Exemplo: i63 => 63 / 4 dá resto 3, logo i63=i3=-i
Divisão
Multiplicação de números complexos: Para
multiplicarmos dois números complexos basta efetuarmos
a multiplicação de dois binômios, observando os valores
das potência de i. Assim, se z1=a+bi e z2=c+di, temos que:

70
MATEMÁTICA

Potenciação Para a forma trigonométrica, temos que:


r = (1 + 1)1/2 = 21/2
sen t = -1/21/2 = - 21/2 / 2
Radiciação cos t = 1 / 21/2 = 21/2 / 2
Pelos valores do seno e cosseno, verificamos que t = 315º
Lembrando que a forma trigonométrica é dada por:
z = r(cos t + i sen t), temos que:
z = 21/2 (cos 315º + i sen 315º)
para n = 0, 1, 2, 3, ..., n-1
EXERCICIOS COMPLEMENTARES
Exercícios
1. (PREF. JUNDIAI/SP – ELETRICISTA – MAKIYA-
1 - Sejam os complexos z1=(2x+1) + yi e z2=-y + 2i. MA/2013) Dentre os nove competidores de um cam-
Determine x e y de modo que z1 + z2 = 0 peonato municipal de esportes radicais, somente os
quatro primeiros colocados participaram do campeo-
2 - Determine x, de modo que z = (x+2i)(1+i) seja nato estadual. Sendo assim, quantas combinações são
imaginário puro. possíveis de serem formadas com quatro desses nove
competidores?
3 - Qual é o conjugado de z = (2+i) / (7-3i)? A) 126
B) 120
4 - Os módulos de z1 = x + 201/2i e z2= (x-2) + 6i são C) 224
iguais, qual o valor de x? D) 212
E) 156
5 - Escreva na forma trigonométrica o complexo z =
(1+i) / i 9! 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
!!,! = = = 126
Respostas 5! 4! 5! ∙ 24
!
Resolução 01.
Temos que: RESPOSTA: “A”.
z1 + z2 = (2x + 1 -y) + (y +2) = 0
logo, é preciso que: 2. (PREF. LAGOA DA CONFUSÃO/TO – ORIENTA-
2x+1 - y =0 e y+2 = 0 DOR SOCIAL – IDECAN/2013) Renato é mais velho que
Resolvendo, temos que y = -2 e x = -3/2 Jorge de forma que a razão entre o número de anagra-
mas de seus nomes representa a diferença entre suas
idades. Se Jorge tem 20 anos, a idade de Renato é
Resolução 02.
A) 24.
Efetuando a multiplicação, temos que:
B) 25.
z = x + (x+2)i + 2i2
C) 26.
z= (x-2) + (x+2)i
D) 27.
Para z ser imaginário puro é necessário que (x-2)=0,
E) 28.
logo x=2
Anagramas de RENATO
Resolução 03.
______
Efetuando a divisão, temos que: 6.5.4.3.2.1=720
z = (2+i) / (7-3i) . (7+3i) / (7+3i) = (11 + 3i) / 58
O conjugado de Z seria, então z- = 11/58 - 13i/58 Anagramas de JORGE
_____
Resolução 04. 5.4.3.2.1=120
Então, |z1= (x2 + 20)1/2 = |z2 = [(x-2)2 + 36}1/2 720
Razão dos anagramas: = 6!
Em decorrência, 120
x2 + 20 = x2 - 4x + 4 + 36 Se Jorge tem 20 anos, Renato tem 20+6=26 anos
20 = -4x + 40
4x = 20, logo x=5 RESPOSTA: “C”.

Resolução 05.
Efetuando-se a divisão, temos:
z = [(1+i). -i] / -i2 = (-i -i2) = 1 – i

71
MATEMÁTICA

3. (PREF. NEPOMUCENO/MG – PORTEIRO – CONSUL- 7. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMINIS-


PLAN/2013) Uma dona de casa troca a toalha de rosto do TRATIVO – FCC/2014) São lançados dois dados e multiplicados
banheiro diariamente e só volta a repeti-la depois que já tiver os números de pontos obtidos em cada um deles. A quantida-
utilizado todas as toalhas. Sabe-se que a dona de casa dispõe de de produtos distintos que se pode obter nesse processo é
de 8 toalhas diferentes. De quantas maneiras ela pode ter A) 36.
utilizado as toalhas nos primeiros 5 dias de um mês? B) 27.
A) 4650. C) 30.
B) 5180. D) 21.
C) 5460. E) 18.
D) 6720. __
E) 7260. 6.6=36
_____ Mas, como pode haver o mesmo produto por ser dois
8.7.6.5.4=6720 dados, 36/2=18

RESPOSTA: “D”. RESPOSTA: “E”.

4. (PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO/2012) Leia o 8. (PREF. PAULISTANA/PI – PROFESSOR DE MATEMÁTICA


– IMA/2014) Quantos são os anagramas da palavra TESOURA?
trecho abaixo e, em seguida, assinale a alternativa que
A) 2300
preenche corretamente a lacuna.
B) 5040
Com a palavra PERMUTA é possível formar ____ ana-
C) 4500
gramas começados por consoante e terminados por vogal.
D) 1000
A) 120
E) 6500
B) 480
_______
C) 1.440 7.6.5.4.3.2.1=5040
D) 5.040 Anagramas são quaisquer palavras que podem ser for-
_______ madas com as letras, independente se formam palavras
P5.4.3.2.1 A=120 que existam ou não.
120.2(letras E e U)=240
RESPOSTA: “B”.
120+240=360 anagramas com a letra P
360.4=1440 (serão 4 tipos por ter 4 consoantes) 9. (PM/SP – SARGENTO CFS – CETRO/2012) Analise
as sentenças abaixo.
RESPOSTA: “C”. I. 4! + 3! = 7!
II. 4! ⋅ 3! = 12!
5. (PM/SP – CABO – CETRO/2012) Assinale a alter- III. 5! + 5! = 2 ⋅ 5!
nativa que apresenta o número de anagramas da palavra É correto o que se apresenta em
QUARTEL que começam com AR. A) I, apenas.
A) 80. B) II, apenas.
B) 120. C) III, apenas.
C) 240. D) I, II e III.
D) 720.
AR_ _ _ _ _ I falsa
5 ⋅ 4 ⋅ 3 ⋅ 2 ⋅ 1=120 4!=24
3!=6
RESPOSTA: “B”. 7!=5040
II falsa
6. (PM/SP – CABO – CETRO/2012) Uma lei de certo país 4! ⋅ 3! ≠12!
determinou que as placas das viaturas de polícia deveriam ter III verdadeira
3 algarismos seguidos de 4 letras do alfabeto grego (24 letras). 5!=120
Sendo assim, o número de placas diferentes será igual a 5!+5!=240
A) 175.760.000. 2 ⋅ 5!=240
B) 183.617.280.
C) 331.776.000. RESPOSTA: “C”.
D) 358.800.000.
10. (BNDES – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CES-
Algarismos possíveis: 0,1,2,3,4,5,6,7,8,9=10 algarismos GRANRIO/2013) Uma empresa de propaganda pretende
_ _ _ _ _ _ _ criar panfletos coloridos para divulgar certo produto. O
10 ⋅ 10 ⋅ 10 ⋅ 24 ⋅ 24 ⋅ 24 ⋅ 24=331.776.000 papel pode ser laranja, azul, preto, amarelo, vermelho ou
roxo, enquanto o texto é escrito no panfleto em preto,
RESPOSTA: “C”. vermelho ou branco.

72
MATEMÁTICA

De quantos modos distintos é possível escolher 4ª possibilidade:3 ventiladores e 4 lâmpadas


uma cor para o fundo e uma cor para o texto se, por !!
uma questão de contraste, as cores do fundo e do tex- !!,! = !!!! = 1
to não podem ser iguais?
A) 13 !!
B) 14 !!,! = !!!! = 1
C) 16
D) 17 !!,! ∙ !!,! = 1 ∙ 1 = 1
E) 18
!
__ Somando as possibilidades:12+3+4+1=20
6.3=18
RESPOSTA: “C”.
Tirando as possibilidades de papel e texto iguais:
P P e V V=2 possibilidades 12. (PREF. PAULISTANA/PI – PROFESSOR DE MA-
18-2=16 possiblidades TEMÁTICA – IMA/2014) Se enfileirarmos três dados
iguais, obteremos um agrupamento dentre quantos
RESPOSTA: “C”. possíveis.
A) 150
11. (PREF. NEPOMUCENO/MG – TÉCNICO EM B) 200
SEGURANÇA DO TRABALHO – CONSULPLAN/2013) C) 410
Numa sala há 3 ventiladores de teto e 4 lâmpadas, to- D) 216
dos com interruptores independentes. De quantas ma- E) 320
neiras é possível ventilar e iluminar essa sala manten-
do, pelo menos, 2 ventiladores ligados e 3 lâmpadas
!!,! ∙ !!,! ∙ !!,!
acesas?
A) 12. 6! 6.5!
B) 18. !!,! = = =6
C) 20. 1! 5! 5!
D) 24.
E) 36. 6 ∙ 6 ∙ 6 = 216
!
1ª possibilidade:2
!! ventiladores e 3 lâmpadas RESPOSTA: “D”.
!!,! = !!!! = 3
13. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ-
!! RIA E ADMINISTRATIVA – FAURGS/2012) Um técnico
!!!,! = =4 judiciário deve agrupar 4 processos do juiz A, 3 do juiz
!!!!
B e 2 do juiz C, de modo que os processos de um mes-
!!,! ∙ !!,! = 3 ∙ 4 = 12 mo juiz fiquem sempre juntos e em qualquer ordem. A
2ª possibilidade:2 ventiladores e 4 lâmpadas quantidade de maneiras diferentes de efetuar o agru-
!
!! pamento é de
!!,! = =3 A) 32.
!!!!
B) 38.
!! C) 288.
!!,! = =1 D) 864.
!!!!
E) 1728.
!!,! ∙ !!,! = 3 ∙ 1 = 3
Juiz A:P4=4!=24
! Juiz B: P3=3!=6
3ª possibilidade:3 ventiladores e 3 lâmpadas Juiz C: P2=2!=2
!! _ _ _
!!,! = !!!! = 1 24.6.2=288.P3=288.6=1728
A P3 deve ser feita, pois os processos tem que ficar jun-
!! tos, mas não falam em que ordem podendo ser de qual-
!!,! = !!!! = 4 quer juiz antes.
Portanto pode haver permutação entre eles.
!!,! ∙ !!,! = 1 ∙ 4 = 4
RESPOSTA: “E”.
!

73
MATEMÁTICA

14. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ- Para Batista


RIA E ADMINISTRATIVA – FAURGS/2012) O Tribunal de _ _ P2=2!=2
Justiça está utilizando um código de leitura de barras E pode haver permutação dos dois expositores:
composto por 5 barras para identificar os pertences de
uma determinada seção de trabalho. As barras podem 6.2.2=24
ser pretas ou brancas. Se não pode haver código com
todas as barras da mesma cor, o número de códigos RESPOSTA: “C”.
diferentes que se pode obter é de
A) 10. 17. (CRMV/RJ – AUXILIAR ADMINISTRATIVO –
B) 30. FUNDAÇÃO BIO-RIO/2014) Um anagrama de uma pa-
C) 50. lavra é um reordenamento de todas as suas letras. Por
D) 150. exemplo, ADEUS é um anagrama de SAUDE e OOV é um
anagrama de OVO. A palavra MOTO possui a seguinte
E) 250.
quantidade de anagramas:
_____
A)8
2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2 ⋅ 2=32 possibilidades se pudesse ser qual-
B)10
quer uma das cores C)12
Mas, temos que tirar código todo preto e todo branco. D)16
32-2=30 E)20
RESPOSTA: “B”. Como tem letra repetida:
!! !∙!∙!∙!
15. (PETROBRAS – TÉCNICO AMBIENTAL JÚNIOR !!! = !! = = 12
– CESGRANRIO/2012) Certa empresa identifica as dife- !
rentes peças que produz, utilizando códigos numéricos !
compostos de 5 dígitos, mantendo, sempre, o seguin- RESPOSTA: “C”.
te padrão: os dois últimos dígitos de cada código são 18. (TJ/PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRA-
iguais entre si, mas diferentes dos demais. Por exemplo, TIVA – FCC/2012) A palavra GOTEIRA é formada por sete
o código “03344” é válido, já o código “34544”, não. letras diferentes. Uma sequência dessas letras, em outra
Quantos códigos diferentes podem ser criados? ordem, é TEIGORA. Podem ser escritas 5040 sequências
A) 3.312 diferentes com essas sete letras. São 24 as sequências
B) 4.608 que terminam com as letras GRT, nessa ordem, e come-
C) 5.040 çam com as quatro vogais. Dentre essas 24, a sequência
D) 7.000 AEIOGRT é a primeira delas, se forem listadas alfabe-
E) 7.290 ticamente. A sequência IOAEGRT ocuparia, nessa lista-
_____ gem alfabética, a posição de número
9.9.9.1.1=729 A) 11.
São 10 possibilidades para os últimos dois dígitos: B) 13.
729.10=7290 C) 17.
D) 22.
E) 23.
RESPOSTA: “E”.
A_ _ _ GRT P3=3!=6
16. (DNIT – ANALISTA ADMINISTRATIVO –ADMI-
E_ _ _ GRT P3=3!=6
NISTRATIVA – ESAF/2012) Os pintores Antônio e Batis- IA_ _GRT P2=2!=2
ta farão uma exposição de seus quadros. Antônio vai IE_ _GRT P2=2!=2
expor 3 quadros distintos e Batista 2 quadros distintos. IOAEGRT-17ª da sequência
Os quadros serão expostos em uma mesma parede e
em linha reta, sendo que os quadros de um mesmo pin- RESPOSTA: “C”.
tor devem ficar juntos. Então, o número de possibilida-
des distintas de montar essa exposição é igual a: 19. (SEED/SP – AGENTE DE ORGANIZAÇÃO ESCO-
A) 5 LAR – VUNESP/2012) Um restaurante possui pratos
B) 12 principais e individuais. Cinco dos pratos são com peixe,
C) 24 4 com carne vermelha, 3 com frango, e 4 apenas com
D) 6 vegetais. Alberto, Bianca e Carolina pretendem fazer um
E) 15 pedido com três pratos principais individuais, um para
Para Antônio cada. Alberto não come carne vermelha nem frango,
_ _ _ P3=3!=6 Bianca só come vegetais, e Carolina só não come vege-
tais. O total de pedidos diferentes que podem ser feitos
atendendo as restrições alimentares dos três é igual a

74
MATEMÁTICA

A) 384. 7 vereadores se inscreveram nas 3.


B) 392. APENAS 12 se inscreveram em educação e saúde (o 12
C) 396. não deve ser tirado de 7 como costuma fazer nos conjuntos,
D) 416. pois ele já desconsidera os que se inscreveram nos três)
E) 432. APENAS 8 se inscreveram em saúde e saneamento básico.
São 30 vereadores que se inscreveram nessas 3 comis-
Para Alberto:5+4=9 sões, pois 13 dos 43 não se inscreveram.
Para Bianca:4 Portanto, 30-7-12-8=3
Para Carolina: 12 Se inscreveram em educação e saneamento 3 vereadores.
___
9.4.12=432

RESPOSTA: “E”.

20. (SAMU/SC – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –


SPDM/2012) O total de números de 3 algarismos que
terminam por um número par e que podem ser forma-
dos pelos algarismos 3,4,5,7,8, com repetição, é de:
A) 50
B) 100
C) 75 Só em saneamento se inscreveram: 3+7+8=18
D) 80
O último algarismo pode ser 4 ou 8 RESPOSTA: “C”.
___
22. (TRT 19ª – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014)
5.5.2=50
Dos 46 técnicos que estão aptos para arquivar docu-
mentos 15 deles também estão aptos para classificar
RESPOSTA: “A”.
processos e os demais estão aptos para atender ao pú-
blico. Há outros 11 técnicos que estão aptos para aten-
21. (CÂMARA DE SÃO PAULO/SP – TÉCNICO ADMI-
der ao público, mas não são capazes de arquivar do-
NISTRATIVO – FCC/2014) Dos 43 vereadores de uma ci-
cumentos. Dentre esses últimos técnicos mencionados,
dade, 13 dele não se inscreveram nas comissões de Edu-
4 deles também são capazes de classificar processos.
cação, Saúde e Saneamento Básico. Sete dos vereadores Sabe-se que aqueles que classificam processos são, ao
se inscreveram nas três comissões citadas. Doze deles se todo, 27 técnicos. Considerando que todos os técnicos
inscreveram apenas nas comissões de Educação e Saúde e que executam essas três tarefas foram citados anterior-
oito deles se inscreveram apenas nas comissões de Saúde e mente, eles somam um total de
Saneamento Básico. Nenhum dos vereadores se inscreveu A) 58.
em apenas uma dessas comissões. O número de vereado- B) 65.
res inscritos na comissão de Saneamento Básico é igual a C) 76.
A) 15. D) 53.
B) 21. E) 95.
C) 18.
D) 27. 15 técnicos arquivam e classificam
E) 16. 46-15=31 arquivam e atendem
4 classificam e atendem
Classificam:15+4=19 como são 27 faltam 8

RESPOSTA: “B”.

75
MATEMÁTICA

23. (METRÔ/SP – OFICIAL LOGISTICA –ALMOXARIFA- 25. (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGI-
DO I – FCC/2014) O diagrama indica a distribuição de atle- LÂNCIA EM SAÚDE NM – AOCP/2014) Con-
tas da delegação de um país nos jogos universitários por sidere dois conjuntos A e B, sabendo que
medalha conquistada. Sabe-se que esse país conquistou ! ∩ ! = {!}, ! ∪ ! = {!; !; !; !; !}!!!! − ! = {!; !},!!assi-
medalhas apenas em modalidades individuais. Sabe-se nale a alternativa que apresenta o conjunto B.
ainda que cada atleta da delegação desse país que ganhou A) {1;2;3}
uma ou mais medalhas não ganhou mais de uma meda- B) {0;3}
lha do mesmo tipo (ouro, prata, bronze). De acordo com o C) {0;1;2;3;5}
diagrama, por exemplo, 2 atletas da delegação desse país D) {3;5}
ganharam, cada um, apenas uma medalha de ouro. E) {0;3;5}

A intersecção dos dois conjuntos, mostra que 3 é ele-


mento de B.
A-B são os elementos que tem em A e não em B.
Então de A ∪ B, tiramos que B={0;3;5}.

RESPOSTA: “E”.

26. (TJ/BA – ANAISTA JUDICIARIO – BANCO DE


A análise adequada do diagrama permite concluir DADOS – FAPERP/2012) Foi realizada uma pesquisa,
corretamente que o número de medalhas conquistadas com um grupo de pessoas, envolvendo a preferência
por esse país nessa edição dos jogos universitários foi de por até duas marcas de carros dentre as marcas C1, C2 e
A) 15. C3. A pesquisa apresentou os seguintes dados:
B) 29. -59 preferem a marca C1
40 preferem a marca C2
C) 52.
-50 preferem a marca C3.
D) 46.
-17 preferem as marcas C1 e C2.
E) 40.
-12 preferem as marcas C1 e C3
-23 preferem as marcas C2 e C3
O diagrama mostra o número de atletas que ganharam
-49 não preferem nenhuma das três marcas.
medalhas.
No caso das intersecções, devemos multiplicar por 2 O número de pessoas que preferem apenas a marca
por ser 2 medalhas e na intersecção das três medalhas mul- C2 é igual a
tiplica-se por 3. A) 0
B) 15
Intersecções: C) 25.
6 ∙ 2 = 12
D) 40.
1∙2=2
4∙2=8
3∙3=9
!
Somando as outras:
2+5+8+12+2+8+9=46

RESPOSTA: “D”.

24. (PREF. CAMAÇARI/BA – TÉC. VIGILÂNCIA EM


SAÚDE NM – AOCP/2014) Qual é o número de elemen-
tos que formam o conjunto dos múltiplos estritamente O número de pessoas que preferem apenas a marca
positivos do número 3, menores que 31? C2 é zero.
A) 9
B) 10 RESPOSTA: “A”.
C) 11
D) 12 27. (TJ/PE – OFICIAL DE JUSTIÇA – JUDICIÁRIO E
E) 13 ADMINISTRATIVO – FCC/2012) Em um clube com 160
associados, três pessoas, A, B e C (não associados), ma-
A={3,6,9,12,15,18,21,24,27,30} nifestam seu interesse em participar da eleição para ser
o presidente deste clube. Uma pesquisa realizada com
10 elementos todos os 160 associados revelou que
− 20 sócios não simpatizam com qualquer uma destas
RESPOSTA: “B”. pessoas.

76
MATEMÁTICA

− 20 sócios simpatizam apenas com a pessoa A. 29. (METRÔ/SP – ENGENHEIRO SEGURANÇA DO


− 40 sócios simpatizam apenas com a pessoa B. TRABALHO – FCC/2014) Uma pesquisa, com 200 pes-
− 30 sócios simpatizam apenas com a pessoa C. soas, investigou como eram utilizadas as três linhas: A,
− 10 sócios simpatizam com as pessoas A, B e C. B e C do Metrô de uma cidade. Verificou-se que 92 pes-
soas utilizam a linha A; 94 pessoas utilizam a linha B e
A quantidade de sócios que simpatizam com pelo 110 pessoas utilizam a linha C. Utilizam as linhas A e B
menos duas destas pessoas é um total de 38 pessoas, as linhas A e C um total de 42
A) 20. pessoas e as linhas B e C um total de 60 pessoas; 26 pes-
B) 30. soas que não se utilizam dessas linhas. Desta maneira,
C) 40. conclui-se corretamente que o número de entrevista-
D) 50. dos que utilizam as linhas A e B e C é igual a
E) 60. A) 50.
B) 26.
C) 56.
D) 10.
E) 18.

A+B+C=90
Simpatiza com as três: 10
Não simpatizam com nenhuma 20
90+10+20 =120 pessoas
Como têm 160 pessoas:
X+Y+Z=160-120=40 pessoas
Portanto, a quantidade de sócios que simpatizam com
pelo menos 2 são 40 (dos sócios que simpatizam com duas
pessoas) + 10 (simpatizam com três)=50

RESPOSTA: “D”.
92-38+x-x-42+x+94-38+x-x-60+x+110-42+x-x
28. (EBSERH/HU-UFS/SE - TECNÓLOGO EM RADIO- -60+x+38-x+x+42-x+60-x+26=200
LOGIA - AOCP /2014) Em uma pequena cidade, circulam X=200-182
apenas dois jornais diferentes. O jornal A e o jornal B. X=18
Uma pesquisa realizada com os moradores dessa cidade
mostrou que 33% lê o jornal A, 45% lê o jornal B, e 7% RESPOSTA: “E”.
leem os jornais A e B. Sendo assim, quantos porcentos
não leem nenhum dos dois jornais? 30. (TJ/RS - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ-
A) 15% RIA E ADMINISTRATIVA – FAURGS/2012) Observando-
B) 25% se, durante certo período, o trabalho de 24 desenhistas
C) 27% do Tribunal de Justiça, verificou-se que 16 executaram
D) 29% desenhos arquitetônicos, 15 prepararam croquis e 3
E) 35% realizaram outras atividades. O número de desenhistas
que executaram desenho arquitetônico e prepararam
croquis, nesse período, é de
A) 10.
B) 11.
C) 12.
D) 13.
E) 14.

26+7+38+x=100
x=100-71
x=29%

RESPOSTA: “D”.

77
MATEMÁTICA

57-19-20+x+19-x+48-19-21+x+x+20-x+21-x+44-20-
21+x+19=120
X=120-108
X=12

RESPOSTA: “E”.

33. (MPE/ES – AGENTE DE APOIO-ADMINISTRATI-


VA – VUNESP/2013) No diagrama, observe os conjun-
tos A, B e C, as intersecções entre A e B e entre B e C, e
16-x+x+15-x+3=24 a quantidade de elementos que pertencem a cada uma
-x=24-34 das intersecções.
X=10

RESPOSTA: “A”.

31. (TJ/RS – OFICIAL DE TRANSPORTE – CE-


TRO/2013) Dados os conjuntos A = {x | x é vogal da pa-
lavra CARRO} e B = {x | x é letra da palavra CAMINHO},
é correto afirmar que A∩ B tem Sabe-se que pertence apenas ao conjunto A o do-
A) 1 elemento. bro do número de elementos que pertencem à inter-
B) 2 elementos. secção entre A e B. Sabe-se que pertence, apenas ao
C) 3 elementos. conjunto C, o dobro do número de elementos que per-
D) 4 elementos. tencem à intersecção entre B e C. Sabe-se que o núme-
E) 5 elementos. ro de elementos que pertencem apenas ao conjunto B
é igual à metade da soma da quantidade de elementos
Como o conjunto A é dado pelas vogais: A={A,O}, por- que pertencem à intersecção de A e B, com a quanti-
tanto A∩ B={A,O} dade de elementos da intersecção entre B e C. Dessa
maneira, pode-se afirmar corretamente que o número
RESPOSTA: “B”. total de elementos dos conjuntos A, B e C é igual a
A) 90.
32. (CGU – ADMINISTRATIVA – ESAF/2012) Em um B) 108.
grupo de 120 empresas, 57 estão situadas na Região C) 126.
Nordeste, 48 são empresas familiares, 44 são empre- D) 162.
sas exportadoras e 19 não se enquadram em nenhuma E) 180.
das classifi cações acima. Das empresas do Nordeste,
19 são familiares e 20 são exportadoras. Das empresas A=2.16=32
familiares, 21 são exportadoras. O número de empre- C=2.20=40
sas do Nordeste que são ao mesmo tempo familiares e B=(16+20)/2=18
exportadoras é A+B+C=32+40+18=90
A)21. 90+16+20=126.
B)14.
C)16. RESPOSTA: “C”.
D)19.
E)12. -x=500-550
X=50

RESPOSTA: “A”.

A-B ={1,3,5,9,11,12}

RESPOSTA: “A”.

78
CIÊNCIAS SOCIAIS

I HISTORIA GERAL, DO BRASIL E DE ALAGOAS


1 Primeiras civilizações. ......................................................................................................................................................................................... 01
2 Idade Média, Moderna e Contemporânea. ............................................................................................................................................... 08
3 Expansão do capitalismo. ................................................................................................................................................................................. 09
4 Brasil 500 anos. ..................................................................................................................................................................................................... 10
4.1 Estrutura econômica, política, social e cultural...................................................................................................................................... 10
4.2 Sociedade colonial. .......................................................................................................................................................................................... 10
4.3 Família real no Brasil e os períodos regenciais. .................................................................................................................................... 14
4.4 Período republicano. ....................................................................................................................................................................................... 17
4.5 Tenentismo. ........................................................................................................................................................................................................ 18
4.6 Crise de 1929. .................................................................................................................................................................................................... 18
4.7 Era Vargas. ........................................................................................................................................................................................................... 19
4.8 A nova republica e a globalização mundial. .......................................................................................................................................... 25
4.9 Aspectos históricos do Estado de Alagoas: colonização, povoamento, sociedade e indústrias. ..................................... 27

II GEOGRAFIA GERAL, DO BRASIL E DE ALAGOAS


1 Geografia politica do mundo atual. .............................................................................................................................................................. 30
2 Globalização. ......................................................................................................................................................................................................... 31
3 Aspectos gerais da população brasileira. ................................................................................................................................................... 31
4 Degradação do meio ambiente. .................................................................................................................................................................... 34
5 O Brasil no contexto internacional. ............................................................................................................................................................... 34
6 Formação do Brasil. ............................................................................................................................................................................................ 35
7 Território brasileiro atual. .................................................................................................................................................................................. 35
8 Problemas sociais urbanos no Brasil. ........................................................................................................................................................... 38
9 Estrutura fundiária brasileira. .......................................................................................................................................................................... 39
10 Qualidade de vida e alguns indicadores. ................................................................................................................................................. 39
11 Aspectos geográficos do estado de Alagoas.......................................................................................................................................... 40
CIÊNCIAS SOCIAIS

I HISTORIA GERAL, DO BRASIL E DE


ALAGOAS.
1 PRIMEIRAS CIVILIZAÇÕES.

As grandes civilizações e suas organizações

As primeiras civilizações se formaram a partir de quando o homem descobriu a agricultura e passou a ter uma vida
mais sedentária, por volta de 4.000 a.C. Essas primeiras civilizações se formaram em torno ou em função de grandes rios: A
Mesopotâmia estava ligada aos Rios Tigre e Eufrates, o Egito ao Nilo, a Índia ao Indo, a China ao Amarelo.
Foi no Oriente Médio que tiveram início as civilizações. Tempos depois foram se desenvolvendo no Oriente outras civi-
lizações que, sem contar com o poder fertilizante dos grandes rios, ganharam características diversas. As pastoris, como a
dos hebreus, ou as mercantis, como a dos fenícios. Cada um desses povos teve, além de uma rica história interna, longas e
muitas vezes conflituosas relações com os demais.

Mesopotâmia: o berço da civilização

A estreita faixa de terra localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates, no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque, foi
chamada na Antiguidade, de Mesopotâmia, que significa “entre rios” (do grego, meso = no meio; potamos = rio). Essa re-
gião foi ocupada, entre 4.000 a.C. e 539 a.C, por uma série de povos, que se encontraram e se misturaram, empreenderam
guerras e dominaram uns aos outros, formando o que denominamos povos mesopotâmicos. Sumérios, babilônios, hititas,
assírios e caldeus são alguns desses povos.
Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história.

Os sumérios (4000 a.C. – 1900 a.C.)

Foi nos pântanos da antiga Suméria que surgiram as primeiras cidades conhecidas na região da Mesopotâmia, como
Ur, Uruk e Nipur.
Os povos da Suméria enfrentaram muitos obstáculos naturais. Um deles era as violentas e irregulares cheias dos rios
Tigre e Eufrates. Para conter a força das águas e aproveita-las, construíram diques, barragens, reservatórios e também ca-
nais de irrigação, que conduziam as águas para as regiões secas. Atribui-se aos Sumérios o desenvolvimento de um tipo de
escrita, chamada cuneiforme, que inicialmente, foi criada para registrar transações comerciais.

1
CIÊNCIAS SOCIAIS

A escrita cuneiforme – usada também pelos sírios, hebreus e persas – era uma escrita ideográfica, na qual o objeto re-
presentado expressava uma idéia, dificultando a representação de sentimento, ações ou idéias abstratas, com o tempo, os
sinais pictóricos converteram-se em um sistema de sílabas. Os registros eram feitos em uma placa de argila mole. Utilizava-
se para isso um estilete, que tinha uma das pontas em forma de cunha, daí o nome de escrita cuneiforme.
Quem decifrou esta escrita foi Henry C. Rawlinson, através das inscrições da Rocha de Behistun. Na mesma época, outro
tipo de escrita, a hieroglífica desenvolvia-se no Egito.

Caracteres cuneiformes gravados na Suméria, por volta de 3200 a.C.

Na sociedade suméria havia escravidão, porém o número de escravos era pequeno. Grupos de nômades, vindos do
deserto da Síria, conhecidos como Acadianos, dominaram as cidades-estados da Suméria por volta de 2300 a.C.
Os povos da Suméria destacaram-se também nos trabalhos em metal, na lapidação de pedras preciosas e na escultura.
A construção característica desse povo é a zigurate, depois copiada pelos povos que se sucederam na região. Era uma torre
em forma de pirâmide, composta de sucessivos terraços e encimada por um pequeno templo.

Os Sumérios eram politeístas e faziam do culto aos deuses uma das principais atividades a desempenhar na vida. Quan-
do interrompiam as orações deixavam estatuetas de pedra diante dos altares para rezarem em seu nome.
Dentro dos templos havia oficinas para artesãos, cujos produtos contribuíram para a prosperidade da Suméria.
Os sumérios merecem destaque também por terem sido os primeiros a construir veículos com rodas.
As cidades sumérias eram autônomas, ou seja, cada qual possuía um governo independente. Apenas por volta de 2330
a.C., essas cidades foram unificadas.
O processo de unificação ocorreu sob comando do rei Sargão I, da cidade de Acad. Surgia assim o primeiro império
da região.
O império construído pelos acades não durou muito tempo. Pouco mais de cem anos depois, foi destruído por povos
inimigos.

Os babilônios (1900 a. C – 1600 a.C.)

Os babilônios estabeleceram-se ao norte da região ocupada pelos sumérios e, aos poucos, foram conquistando di-
versas cidades da região mesopotâmica. Nesse processo, destacou-se o rei Hamurabi, que, por volta de 1750 a.C., havia
conquistado toda a Mesopotâmia, formando um império com capital na cidade de Babilônia.
Hamurabi impôs a todos os povos dominados uma mesma administração. Ficou famosa a sua legislação, baseada no
princípio de talião (olho por olho, dente por dente, braço por braço, etc.) O Código de Hamurabi, como ficou conhecido, é
um dos mais antigos conjuntos de leis escritas da história. Hamurabi desenvolveu esse conjunto de leis para poder orga-
nizar e controlar a sociedade. De acordo com o Código, todo criminoso deveria ser punido de uma forma proporcional ao
delito cometido.

2
CIÊNCIAS SOCIAIS

Os babilônios também desenvolveram um rico e preciso calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais sobre as
cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para o desenvolvimento da agricultura. Excelentes observadores
dos astros e com grande conhecimento de astronomia, desenvolveram um preciso relógio de sol.
Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhecido por sua administração foi Nabucodonosor, respon-
sável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia, que fez para satisfazer sua esposa, e a Torre de Babel. Sob seu
comando, os babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de Jerusalém.

Jardins Suspensos da Babilônia Torre de Babel


 
Após a morte de Hamurabi, o império Babilônico foi invadido e ocupado por povos vindos do norte e do leste.

Os hititas (1600 a. C – 1200 a.C.)

Os Hititas foram um povo indo-europeu, que no 2º milênio a.C. fundaram um poderoso império na Anatólia Central
(atual Turquia), região próxima da Mesopotâmia. A partir daí, estenderam seus domínios até a Síria e chegaram a conquistar
a Babilônia.
Provavelmente, a localização de sua capital, Hatusa, no centro da Ásia Menor, contribuiu para o controle das fronteiras
do Império Hitita.
Essa sociedade legou-nos os mais antigos textos escritos em língua indo-européia. Essa língua deu origem à maior par-
te dos idiomas falados na Europa. Os textos tratavam de história, política, legislação literatura e religião e foram gravados
em sinais cuneiformes sobre tábuas de argila.
Os Hititas utilizavam o ferro e o cavalo, o que era uma novidade na região. O cavalo deu maior velocidade aos carros de
guerra, construídos não mais com rodas cheias, como as dos sumérios, mas rodas com raios, mais leves e de fácil manejo.
O exército era comandado por um rei, que também tinha as funções de juiz supremo e sacerdote. Na sociedade hitita,
as rainhas dispunham de relativo poder.
No aspecto cultural podemos destacar a escrita hitita, baseada em representações pictográficas (desenhos). Além desta
escrita hieroglífica, os hititas também possuíam um tipo de escrita cuneiforme.

Pictograma mostrando um guerreiro hitita.

3
CIÊNCIAS SOCIAIS

Assim como vários povos da antiguidade, os hititas se- Empreenderam a conquista da Babilônia, e a partir daí
guiam o politeísmo (acreditavam em várias divindades). Os começaram a alargar as fronteiras do seu Império até atin-
deuses hititas estavam relacionados aos diversos aspectos girem o Egito, no norte da África. O Império Assírio conhe-
da natureza (vento, água, chuva, terra, etc).  ceu seu período de maior glória e prosperidade durante o
Em torno de 1200 a.C., os hititas foram dominados pe- reinado de Assurbanipal.
los assírios, que, contando com exércitos permanentes, ti- Assurbanipal foi o último grande rei dos assírios. Du-
nham grande poderio militar. rante o seu reinado (668 - 627 a.C.), a Assíria se tornou a
A queda deste império dá-se por volta do século 12 a.C. primeira potência mundial. Seu império incluía a Babilônia,
a Pérsia, a Síria e o Egito.
Os assírios (1200 a. C – 612 a.C.) Ainda no reinado de Assurbanipal, os babilônios se li-
bertaram (em 626 a.C.) e capturaram Ninive. Com a morte
de Assurbanipal, a decadência do Império Assírio se acen-
tuou, e o poderio da Assíria desmoronou. Uma década
mais tarde o império caía em mãos de babilônios e persas.
O estranho paradoxo da cultura assíria foi o crescimen-
to da ciência e da matemática. Este fato pode em parte
explicado pela obsessão assíria com a guerra e invasões.
Entre as grandes invenções matemáticas dos assírios está a
divisão do círculo em 360 graus, tendo sido eles dentre os
primeiros a inventar latitude e longitude para navegação
geográfica. Eles também desenvolveram uma sofisticada
ciência médica, que muito influenciou outras regiões, tão
Legenda: Painel de pedra que decorava o palácio do distantes como a Grécia.
rei Assurbanipal, em Nínive, arqueiros assírios colocam em
fuga um contingente de árabes montados em camelos. Os caldeus (612 a. C – 539 a.C.)
Os assírios habitavam a região ao norte da babilônia e
A Caldéia era uma região no sul da Mesopotâmia, prin-
por volta de 729 a.C. já haviam conquistado toda a Meso-
cipalmente na margem oriental do rio Eufrates, mas muitas
potâmia. Sua capital, nos anos mais prósperos, foi Nínive,
vezes o termo é usado para se referir a toda a planície me-
numa região que hoje pertence ao Iraque.
sopotâmica. A região da Caldéia é uma vasta planície for-
mada por depósitos do Eufrates e do Tigre, estendendo-se
a cerca de 250 quilômetros ao longo do curso de ambos os
rios, e cerca de 60 quilômetros em largura.
Os Caldeus foram uma tribo (acredita-se que tenham
emigrado da Arábia) que viveu no litoral do Golfo Pérsico e
se tornou parte do Império da Babilônia. Esse império ficou
conhecido como Neobabilônico ou Segundo Império Babi-
lôncio. Seu mais importante soberano foi Nabucodonosor.
Em 587 a.C., Nabucodonosor conquistou Jerusalém.
Além de estender seus domínios, foram feitos muitos es-
cravos entre os habitantes de Jesuralém. Seguiu-se então
um período de prosperidade material, quando foram cons-
truídos grandes edifícios com tijolos coloridos.

Este povo destacou-se pela organização e desenvol-


vimento de uma cultura militar. Encaravam a guerra como
uma das principais formas de conquistar poder e desen-
volver a sociedade. Eram extremamente cruéis com os po-
vos inimigos que conquistavam, impunham aos vencidos,
castigos e crueldades como uma forma de manter respeito
e espalhar o medo entre os outros povos. Com estas atitu-
des, tiveram que enfrentar uma série de revoltas populares
nas regiões que conquistavam.

4
CIÊNCIAS SOCIAIS

Em 539 a.C., Ciro, rei dos persas, apoderou-se de Ba- A vida cotidiana na mesopotâmia
bilônia e transformou-a em mais uma província de seu gi-
gantesco império. Escravos e pessoas de condições mais humildes le-
vavam o mesmo tipo de vida. A alimentação era muito
A organização social dos mesopotâmios simples: pão de cevada, um punhado de tâmaras e um
pouco de cerveja leve. Isso era a base do cardápio diário.
Sumérios, babilônios, hititas, assírios, caldeus. Entre os Às vezes comiam legumes, lentilha, feijão e pepino ou,
inúmeros povos que habitaram a Mesopotâmia existiam ainda, algum peixe pescado nos rios ou canais. A carne
diferenças profundas. Os assírios, por exemplo, eram guer- era um alimento raro.
reiros. Os sumérios dedicavam-se mais à agricultura. Na habitação, a mesma simplicidade. Às vezes a casa
Apesar dessas diferenças, é possível estabelecer pon- era um simples cubo de tijolos crus, revestidos de barro. O
tos comuns entre eles. No que se refere à organização so- telhado era plano e feito com troncos de palmeiras e argila
cial, à religião e à economia. Vamos agora conhecê-las: comprimida. Esse tipo de telhado tinha a desvantagem de
deixar passar a água nas chuvas mais torrenciais, mas em
A sociedade tempos normais era usado como terraço.
As casas não tinham janelas e à noite eram iluminadas
por lampiões de óleo de gergelim. Os insetos eram abun-
As classes sociais - A sociedade estava dividida em
dantes nas moradias.
classes: nobres, sacerdotes versados em ciências e respei-
Os ricos se alimentavam melhor e moravam em casas
tados, comerciantes, pequenos proprietários e escravos.
mais confortáveis que os pobres. Mesmo assim, quando as
A organização social variou muito pelos séculos, mas
epidemias se abatiam sobre as cidades, a mortalidade era a
de modo geral podemos falar: mesma em todas as camadas sociais.
•  Dominantes: governantes, sacerdotes, militares e
comerciantes. Política e economia
•  Dominados: camponeses, pequenos artesãos e
escravos (normalmente presos de guerra). A organização política da Mesopotâmia tinha um so-
• Dominantes detinham o poder de quatro formas berano divinizado, assessorado por burocratas- sacerdotes,
básicas de manifestação desse poder: riqueza, política, mi- que administravam a distribuição de terras, o sistema de
litar e saber. Posição mais elevada era do rei que detinha irrigação e as obras hidráulicas. O sistema financeiro ficava
poderes políticos, religiosos e militares. Ele não era consi- a cargo de um templo, que funcionava como um verdadeiro
derado um deus, mas sim representante dos deuses. banco, emprestando sementes, distribuído um documento
• Os dominados consumiam diretamente o que semelhante ao cheque bancário moderno e cobrando juros
produziam e eram obrigados a entregar excedentes para sobre as sementes emprestadas.
os dominantes  Em linhas gerais pode-se dizer que a forma de produ-
ção predominante na Mesopotâmia baseou-se na proprie-
A religião dade coletiva das terras administrada pelos templos e pa-
lácios. Os indivíduos só usufruíam da terra enquanto mem-
Os povos mesopotâmicos eram politeístas, isto é, ado- bros dessas comunidades. Acredita-se que quase todos os
ravam diversas divindades, e acreditavam que elas eram meios de produção estavam sobre o controle do déspota,
capazes de fazer tanto o bem quanto o mal, não acredita- personificações do Estado, e dos templos. O templo era o
vam em recompensas após a morte, acreditavam em cren- centro que recebia toda a produção, distribuindo-a de acor-
ça em gênios, demônios, heróis, adivinhações e magia. do com as necessidades, alem de proprietário de boa parte
Seus deuses eram numerosos com qualidades e defeitos, das terras: é o que se denomina cidade-templo.
sentimentos e paixões, imortais, despóticos e sanguiná- Administradas por uma corporação de sacerdotes, as
rios. terras, que teoricamente eram dos deuses, eram entregues
aos camponeses. Cada família recebia um lote de terra e de-
Cada divindade era uma força da natureza como
via entregar ao templo uma parte da colheita como paga-
o vento, a água, a terra, o sol, etc, e do dono da sua
mento pelo uso útil da terra. Já as propriedades particulares
cidade. Marduk, deus de Babilônia, o cabeça de to-
eram cultivadas por assalariados ou arrendatários.
dos, tornou-se deus do Império, durante o reinado de
Entre os sumérios havia a escravidão, porém o número
Hamurabi. Foi substituído por Assur, durante o domí- de escravos era relativamente pequeno.  
nio dos assírios. Voltou ao posto com Nabucodonosor.
Acreditavam também em gênios bons que ajudavam os A agricultura
deuses a defender-se contra os demônios, contra as divin-
dades perversas, contra as enfermidades, contra a morte. A agricultura era base da economia neste período. A
Os homens procuravam conhecer a vontade dos deuses economia da Baixa Mesopotâmia, em meados do terceiro
manifestada em sonhos, eclipses, movimento dos astros. milênio a.C. baseava-se na agricultura de irrigação. Culti-
Essas observações feitas pelos sacerdotes deram origem vavam trigo, cevada, linho, gergelim (sésamo, de onde
à astrologia.

5
CIÊNCIAS SOCIAIS

extraiam o azeite para alimentação e iluminação), arvores matemático sexagesimal (baseado no número 60). Eles co-
frutíferas, raízes e legumes. Os instrumentos de trabalho nheciam os resultados das |multiplicações e divisões, raízes
eram rudimentares, em geral de pedra, madeira e barro. quadradas e raiz cúbica e equações do segundo grau. Os
O bronze foi introduzido na segunda metade do terceiro matemáticos indicavam os passos a serem seguidos nessas
milênio a.C., porem, a verdadeira revolução ocorreu com operações, através da multiplicação dos exemplos. Jamais
a sua utilização, isto já no final do segundo milênio antes divulgaram as formulas dessas operações, o que tornaria
da Era Cristã. Usavam o arado semeador, a grade e carros as repetições dos exemplos desnecessárias. Também divi-
de roda; diram o círculo em 360 graus, elaboraram tábuas corres-
pondentes às tábuas dos logaritmos atuais e inventaram
A criação de animais medidas de comprimento, superfície e capacidade de peso;

A criação de carneiros, burros, bois, gansos e patos era A medicina


bastante desenvolvida.
Os progressos da medicina foram grandes (cataloga-
O comércio ção das plantas medicinais, por exemplo). Assim como o
direito e a matemática, a medicina estava ligada a adivi-
Os comerciantes eram funcionários a serviço dos tem- nhação. Contudo, a medicina não era confundida com a
plos e do palácio. Apesar disso, podiam fazer negócios por simples magia. Os médicos da Mesopotâmia, cuja profissão
conta própria. A situação geográfica e a pobreza de ma- era bastante considerada, não acreditavam que todos os
térias primas favoreceram os empreendimentos mercantis. males tinham origem sobrenatural, já que utilizavam medi-
As caravanas de mercadores iam vender seus produtos e camentos à base de plantas e faziam tratamentos cirúrgi-
buscar o marfim da Índia, a madeira do Líbano, o cobre cos. Geralmente, o medico trabalhava junto com um exor-
de Chipre e o estanho de Cáucaso. Exportavam tecidos de cista, para expulsar os demônios, e recorria aos adivinhos,
linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes. para diagnosticar os males.
As transações comerciais eram feitas na base de troca,
criando um padrão de troca inicialmente representado pela As letras
cevada e depois pelos metais que circulavam sobre as mais
diversas formas, sem jamais atingir, no entanto, a forma de
moeda. A existência de um comércio muito intenso deu
origem a uma organização economia sólida, que realizava
operações como empréstimos a juros, corretagem e socie-
dades em negócios. Usavam recibos, escrituras e cartas de
crédito.
O comércio foi uma figura importante na sociedade
mesopotâmica, e o fortalecimento do grupo mercantil pro-
vocou mudanças significativas, que acabaram por influen-
ciar na desagregação da forma de produção templário-pa-
laciana dominante na Mesopotâmia.

As ciências a astronomia

Entre os babilônicos, foi a principal ciência. Notáveis


eram os conhecimentos dos sacerdotes no campo da as- Escrita cuneiforme gravada numa escultura do século
tronomia, muito ligada e mesmo subordinada a astrologia. XXII a.C. (Museu do Louvre, Paris).
As torres dos templos serviam de observatórios astronômi- A linguagem escrita é resultado da necessidade hu-
cos. Conheciam as diferenças entre os planetas e as estre- mana de garantir a comunicação e o desenvolvimento da
las e sabiam prever eclipses lunares e solares. Dividiram o técnica.
ano em meses, os meses em semanas, as semanas em sete
dias, os dias em doze horas, as horas em sessenta minu- A escrita
tos e os minutos em sessenta segundos. Os elementos da
astronomia elaborada pelos mesopotâmicos serviram de A escrita cuneiforme, grande realização sumeriana,
base à astronomia dos gregos, dos árabes e deram origem usada pelos sírios, hebreus e persas, surgiu ligada às ne-
à astronomia dos europeus. cessidades de contabilização dos templos. Era uma escri-
ta ideográfica, na qual o objeto representado expressava
A matemática uma idéia. Os sumérios - e, mais tarde os babilônicos e os
assírios, que falavam acadiano - fizeram uso extensivo da
Entre os caldeus, alcançou grande progresso. As neces- escrita cuneiforme. Mais tarde, os sacerdotes e escribas co-
sidades do dia a dia levaram a um certo desenvolvimento meçaram a utilizar uma escrita convencional, que não tinha
da matemática. Os mesopotâmicos usavam um sistema nenhuma relação com o objeto representado.

6
CIÊNCIAS SOCIAIS

As convenções eram conhecidas por eles, os encar-


regados da linguagem culta, e procuravam representar
os sons da fala humana, isto é, cada sinal representava
um som. Surgia assim a escrita fonética, que pelo menos
no segundo milênio a.C., já era utilizado nos registros de
contabilidade, rituais mágicos e textos religiosos. Quem
decifrou a escrita cuneiforme foi Henry C. Rawlinson. A
chave dessa façanha ele obteve nas inscrições da Rocha
de Behistun, na qual estava gravada uma gigantesca men-
sagem de 20 metros de comprimento por 7 de Altura.
A mensagem fora talhada na pedra pelo rei Dario, e
Rawlinson identificou três tipos diferentes de escrita (an-
tigo persa, elamita e acádio - também chamado de assírio
ou babilônico). O alemão Georg Friederich Grotefend e o
francês Jules Oppent também se destacaram nos estudos
da escrita sumeriana.
Legenda: inscrição do Código de Hamurabi.
A Literatura era pobre
As artes
Destacam-se apenas o Mito da Criação e a Epopeia
de Guilgamesh - aventura de amor e coragem desse herói A mais desenvolvida das artes, porém não era tão no-
semideus, cujo objetivo era conhecer o segredo da imor- tável quanto a egípcia. Caracterizou-se pelo exibicionismo
talidade. e pelo luxo. Construíram templos e palácios, que eram con-
siderados cópias dos existentes nos céus, de tijolos, por ser
O Direito escassa a pedra na região. O zigurate, torre de vários an-
dares, foi a construção característica das cidades-estados
O Código de Hamurabi, até pouco tempo o primeiro sumerianas. Nas construções, empregavam argila, ladrilhos
código de leis que se tinha notícia, não é original. É uma e tijolos.
compilação de leis sumerianas mescladas com tradições
semitas. Ele apresenta uma diversidade de procedimentos Escultura e a pintura
jurídicos e determinação de penas para uma vasta gama
de crimes. Tanto a escultura quanto a pintura eram fundamen-
Contém 282 leis, abrangendo praticamente todos os talmente decorativas. A escultura era pobre, representada
aspectos da vida babilônica, passando pelo comércio, pelo baixo relevo. Destacava-se a estatuária assíria, gigan-
propriedade, herança, direitos da mulher, família, adul- tesca e original. Os relevos do palácio de Assurbanipal são
tério, falsas acusações e escravidão. Suas principais ca- obras de artistas excepcionais. A pintura mural existia em
racterísticas são: Pena ou Lei de Talião, isto é, “olho por função da arquitetura.
olho, dente por dente” (o castigo do criminoso deveria ser
exatamente proporcional ao crime por ele cometido), de- A música e a dança
sigualdade perante a lei (as punições variavam de acordo
com a posição social da vitima e do infrator), divisão da A música na Mesopotâmia, principalmente entre os ba-
sociedade em classes (os homens livres, os escravos e um bilônicos, estava ligada à religião.
grupo intermediário pouco conhecido - os mushkhinum) Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em
e igualdade de filiação na distribuição da herança. louvor dos deuses, com acompanhamento de música. Esses
O Código de Hamurabi reflete a preocupação em dis- hinos começavam muitas vezes, pelas expressões: “ Glória,
ciplinar a vida econômica (controle dos preços, organiza- louvor tal deus; quero cantar os louvores de tal deus”, se-
ção dos artesãos, etc.) e garantir o regime de propriedade guindo a enumeração de suas qualidades, de socorro que
privada da terra. Os textos jurídicos mesopotâmicos invo- dele pode esperar o fiel.
cavam os deuses da justiça, os mesmos da adivinhação, Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamen-
que decretavam as leis e presidiam os julgamentos. tação: “aí de nós”, exclamavam eles, relembrando os sofri-
mentos de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas
que desabam sobre a cidade. Instrumentos sem dúvida de
sons surdos, acompanhavam essa recitação e no corpo des-
ses salmos, vê-se o texto interromper-se e as onomatopéias
“ua”, “ui”, “ua”, sucederem-se em toda uma linha. A massa
dos fiéis devia interromper a recitação e não retomá-la se-
não quando todos, em coro tivessem gemido bastante.

7
CIÊNCIAS SOCIAIS

A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimônias religiosas e mesmo as cerimônias civis. Sobre um
baixo-relevo assírio do British Museum que representa a tomada da cidade de Madaktu em Elam, a população sai da cidade
e se apresenta diante do vencedor, precedida de música, enquanto as mulheres do cortejo batem palmas à oriental para
compassar a marcha.
O canto também tinha ligações com a magia. Há cantos a favor ou contra um nascimento feliz, cantos de amor, de ódio,
de guerra, cantos de caça, de evocação dos mortos, cantos para favorecer, entre os viajantes, o estado de transe.
A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apóia em magia sobre leis da semelhança. Ela é mímica, aplica-se a todas
as coisas:- há danças para fazer chover, para guerra, de caça, de amor etc.
Danças rituais têm sido representadas em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-Ali, perto de Tee-
rã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa, cacos arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas,
dando-se as mãos, cabelos ao vento, executando uma dança. Em cilindros-sinetes vêem-se danças no curso dos festins
sagrados (tumbas reais de Ur).

O legado dos povos mesopotâmicos

Herdamos dos povos mesopotâmicos vários elementos de nossa cultura. Vejamos alguns:
• o ano de 12 meses e a semana de 7 dias;
• a divisão do dia em 24 horas;
• a crença nos horóscopos e os doze signos do zodíaco;
• a previsão dos eclipses.
• o hábito de fazer o plantio de acordo com as fases da lua;
• a circunferência de 360 graus; o processo aritmético das operações matemáticas; multiplicação, divisão, soma e
subtração além de raiz quadrada e cúbica.

2 IDADE MEDIA, MODERNA E


CONTEMPORÂNEA.

De acordo com a visão clássica e tradicional, a divisão da história da humanidade é feita em quatro grandes períodos,
também chamados de Idades. São eles:
• Idade Antiga
• Idade Média
• Idade Moderna
• Idade Contemporânea

8
CIÊNCIAS SOCIAIS

Divisões da História • Renascimento Cultural


• Reforma Protestante e Contrarreforma
Pré-História • Absolutismo
Todo o período que existiu antes da invenção da escrita • Iluminismo
é denominado Pré-história. Assim, a Pré-história corres-
ponderia a um período da humanidade, que abrange mi- Idade Contemporânea
lhões de anos, onde o homem aprendeu a viver em comu- A  Idade Contemporânea é estudada de 1789, épo-
nidade, a utilizar o fogo, a domesticar animais e a produzir ca da Revolução Francesa, até os dias atuais. Dentro desse
alimento, dando a origem à agricultura. período, vários acontecimentos políticos, econômicos e so-
Na pré-história o homem criou a linguagem como ciais, receberam influência da Revolução Francesa, como:
meio de comunicação e inventou a escrita. Além disso, • Independência do Brasil
criou a pintura, a cerâmica e as primeiras organizações so- • Revolução Industrial
ciais e políticas.
A Pré-história está dividida em três períodos: Fonte: https://www.todamateria.com.br/divisao-da
1. Paleolítico: também chamado de “Idade da Pedra -historia/
Lascada”, que se inicia há aproximadamente 4,4 milhões de
anos e se estende até 8000 a.C.
2. Neolítico: também chamado de “Idade da Pedra 3 EXPANSÃO DO CAPITALISMO.
Polida”, que vai de aproximadamente 8000 a.C. a 5000 a.C.
3. Idade dos Metais: período que se estende de
5000 a.C. até o surgimento da escrita pelos sumérios, em
4000 a.C.. Origens 
Tudo o que sabemos sobre a Pré-história devemos aos Encontramos a origem do sistema capitalista na passa-
fósseis e objetos encontrados nas escavações paleontoló- gem da Idade Média para a Idade Moderna. Com o renasci-
gicas, que ocorreram principalmente a partir do final do sé- mento urbano e comercial dos séculos XIII e XIV, surgiu na
culo XIX, estendendo-se até os dias atuais, frequentemente Europa uma nova classe social: a burguesia. Esta nova clas-
se social buscava o lucro através de atividades comerciais. 
apresentando novas descobertas.
Neste contexto, surgem também os banqueiros e cam-
bistas, cujos ganhos estavam relacionados ao dinheiro em
Idade Antiga
circulação, numa economia que estava em pleno desen-
Idade Antiga ou Antiguidade é o período da história
volvimento. Historiadores e economistas identificam nesta
que é contado a partir do desenvolvimento da escrita, pe-
burguesia, e também nos cambistas e banqueiros, ideais
los sumérios, mais ou menos 4000 anos a.C., até a queda do
embrionários do sistema capitalista: lucro, acúmulo de ri-
Império Romano do Ocidente, em 476 da era cristã. Dentre
quezas, controle dos sistemas de produção e expansão dos
os fatos históricos desse período da história se destacam:
negócios.
• Antiguidade Oriental, que compreende a civiliza-  
ção egípcia, a civilização mesopotâmica, as civilizações he- Primeira Fase: Capitalismo Comercial ou Pré-Capitalismo  
braica, fenícia e persa Este período estende-se do século XVI ao XVIII. Inicia-
• Grécia Antiga, das origens ao período arcaico se com as Grandes Navegações e Expansões Marítimas
• Roma Antiga e o Império Romano, até a sua que- Europeias, fase em que a burguesia mercante começa a
da, em 476 buscar riquezas em outras terras fora da Europa. Os co-
merciantes e a nobreza estavam a procura de ouro, prata,
Idade Média especiarias e matérias-primas não encontradas em solo eu-
A Idade Média é o período da história que tem início ropeu. Estes comerciantes, financiados por reis e nobres, ao
em 476 e vai até a tomada de Constantinopla, pelos turcos chegarem à América, por exemplo, vão começar um ciclo
otomanos, em 1453. Nesse período da história se destacam: de exploração, cujo objetivo principal era o enriquecimento
• Alta Idade Média e o acúmulo de capital. Neste contexto, podemos identi-
• Feudalismo ficar as seguintes características capitalistas: busca do lu-
• Baixa Idade Média cros, uso de mão-de-obra assalariada, moeda substituindo
• Cultura Medieval o sistema de trocas, relações bancárias, fortalecimento do
• Formação das Monarquias Nacionais poder da burguesia e desigualdades sociais.
 
Idade Moderna Segunda Fase: Capitalismo Industrial  
A Idade Moderna é o período da história que tem iní- No século XVIII, a Europa passa por uma mudança sig-
cio em 1453 e vai até o ano de 1789, data da Revolução nificativa no que se refere ao sistema de produção. A Revo-
Francesa. Dentro desse período da história se destacam: lução Industrial, iniciada na Inglaterra, fortalece o sistema
• Expansão Marítima Europeia capitalista e solidifica suas raízes na Europa e em outras
• Revolução Comercial e o Mercantilismo regiões do mundo. A Revolução Industrial modificou o sis-
• Colonialismo Europeu na América tema de produção, pois colocou a máquina para fazer o

9
CIÊNCIAS SOCIAIS

trabalho que antes era realizado pelos artesãos. O dono da


fábrica conseguiu, desta forma, aumentar sua margem de 4 BRASIL 500 ANOS
lucro, pois a produção acontecia com mais rapidez. Se por 4.1 ESTRUTURA ECONÔMICA, POLITICA,
um lado esta mudança trouxe benefícios (queda no preço
SOCIAL E CULTURAL.
das mercadorias), por outro a população perdeu muito. O
desemprego, baixos salários, péssimas condições de traba-
4.2 SOCIEDADE COLONIAL.
lho, poluição do ar e rios e acidentes nas máquinas foram
problemas enfrentados pelos trabalhadores deste período. 
O lucro ficava com o empresário que pagava um sa- O período colonial brasileiro pode ser dividido em pe-
lário baixo pela mão-de-obra dos operários. As indústrias, ríodo pré-colonial e período colonial.
utilizando máquinas à vapor, espalharam-se rapidamente
pelos quatro cantos da Europa. O capitalismo ganhava um 1.PERÍODO PRÉ-COLONIAL (1500/1530) 
novo formato.  
Muitos países europeus, no século XIX, começaram a Fase caracterizada por uma certa marginalização de
incluir a Ásia e a África dentro deste sistema. Estes dois Portugal em relação ao Brasil. O interesse português neste
continentes foram explorados pelos europeus, dentro de momento era o comércio com as Índias. Ademais, os portu-
um contexto conhecido como neocolonialismo. As popu- gueses não encontraram na área colonial -de imediato -pro-
lações destes continentes, foram dominadas a força e tive- dutos lucrativos. À exceção do pau-brasil, que seria extraído
ram suas matérias-primas e riquezas exploradas pelos eu- pelos indígenas.
ropeus. Eram também forçados a trabalharem em jazidas Neste período a Metrópole realizou algumas expedições
de minérios e a consumirem os produtos industrializados no litoral brasileiro, sem fins lucrativos ou colonizadores.
das fábricas europeias. Em 1501, sob o comando de Gaspar de Lemos, chegou uma
  expedição com o objetivo de reconhecimento geográfico.
Terceira Fase: Capitalismo Monopolista-Financeiro  Em 1503, uma nova expedição, sob o comando de Gon-
Iniciada no século XX, esta fase vai ter no sistema ban- çalo Coelho; prosseguiu o reconhecimento da nova terra. O
cário, nas grandes corporações financeiras e no mercado navegador italiano Américo Vespúcio acompanhava as duas
globalizado as molas mestras de desenvolvimento. Pode- expedições.
mos dizer que este período está em pleno funcionamento Além destas expedições de reconhecimento da nova
até os dias de hoje. terra, Portugal enviou outras duas expedições -em 1516
 Grande parte dos lucros e do capital em circulação e 1526 -com objetivos militares. Foram as chamadas ex-
no mundo passa pelo sistema financeiro. A globalização pedições guarda-costas, comandadas por Cristovão Jac-
ques, com a missão de aprisionar navios franceses e espa-
permitiu as grandes corporações produzirem seus produ-
nhóis, que praticavam o contrabando no litoral brasileiro.
tos em diversas partes do mundo, buscando a redução de
Estas expedições contribuíram para a fixação - em solo bra-
custos. Estas empresas, dentro de uma economia de mer-
sileiro dos primeiros povoadores brancos: degredados, em
cado, vendem estes produtos para vários países, manten-
sua maioria.
do um comércio ativo de grandes proporções. Os sistemas
informatizados possibilitam a circulação e transferência de
2. PERÍODO COLONIAL (1530/1822) 
valores em tempo quase real. Apesar das indústrias e do
comercio continuarem a lucrar muito dentro deste sistema, O início da colonização brasileira é marcada pela ex-
podemos dizer que os sistemas bancário e financeiro são pedição de Martim Afonso de Souza, que possuía três fi-
aqueles que mais lucram e acumulam capitais dentro deste nalidades: iniciar o povoamento da área colonial, realizar a
contexto econômico atual. exploração econômica e proteger o litoral contra a presença
de estrangeiros.
Fonte: http://www.suapesquisa.com/capitalismo/ Para efetivar o povoamento, Martim Afonso de Souza
fundou a vila de São Vicente, em 1532 e o primeiro engenho:
Engenho do Governador. Também iniciou a distribuição de
sesmarias, isto é, grandes lotes de terra para pessoas que se
dispusessem a explorá-los. Com este expedição, o sistema
de capitanias hereditárias começou a ser adotado, iniciando
efetivamente o processo de colonização do Brasil.

ADMINISTRAÇÃO COLONIAL

A administração colonial portuguesa no Brasil girou en-


tre dois eixos: o centralismo político - caracterizado por uma
grande intervenção da Metrópole, para um melhor controle
da área colonial; e o localismo político -marcado pela des-
centralização e atendia os interesses dos colonos, em virtu-
de da autonomia dos poderes locais para com a Metrópole.

10
CIÊNCIAS SOCIAIS

1. AS CAPITANIAS HEREDITÁRIAS  Tomé de Souza (1549/1553) 


-fundação de Salvador, em 1549, primeira cidade e ca-
Implantadas em 1534, por D. João III, objetivavam ga- pital do Brasil;
rantir a posse colonial e compensar as sucessivas perdas -criação do primeiro bispado do Brasil (1551);
mercantis do comércio com as Índias. Pelo sistema, o ônus -vinda dos primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da
da ocupação, exploração e proteção da colônia era trans- Nóbrega, e início da catequese dos índios; -ampliação da
ferido para a iniciativa privada. Semelhante processo de distribuição de sesmarias;
colonização já fora adotado pelos lusitanos nas ilhas do -política de incentivos aos engenhos de açúcar;
Atlântico. -introdução das primeiras cabeças de gado;
O Brasil foi dividido em 14 capitanias que foram en- -proibição da escravidão indígena e início da adoção
tregues as 12 donatários. O sistema de donatárias possuía da mão-de-obra escrava africana.
sua base jurídica em dois documentos: 
Duarte da Costa (1553/1558) 
-conflitos entre colonos e jesuítas envolvendo a escra-
-Carta de Doação: documento que estabelecia os
vidão indígena;
direitos e deveres do donatário e outorgava a posse das
-invasão francesa no Rio de Janeiro, em 1555 pelo hu-
terras ao capitão donatário. É importante notar que o do-
guenotes (protestantes), e fundação da França Antártica;
natário não possuía a propriedade da terra, mas sim a pos-
-fundação do Colégio de São Paulo, no planalto de Pi-
se, o usufruto; cabendo ao rei o poder ou não de tomar a ratininga pelos jesuítas José de Anchieta e Manuel de Paiva;
capitania de volta. -conflito do governador com o bispo Pero Fernandes
Sardinha, em virtude da vida desregrada de D. Álvaro da
-Foral: documento que estabelecia os direitos e obri- Costa, filho do governador;
gações dos colonos. Pelo regime das donatárias, os capi-
tães donatários possuíam amplos poderes administrativos, Mem de Sá (1558/1572) 
jurídicos e militares, sendo por isto caracterizado como um -aceleração da política de catequese, como forma de
sistema de administração descentralizado. efetivar o domínio sobre os indígenas;
-início dos aldeamentos indígenas de jesuítas, as cha-
FRACASSO DO SISTEMA  madas missões;
-restabelecimento das boas relações com o bispado;
O sistema de capitanias hereditárias, de um modo ge- -expulsão dos franceses e fundação da Segunda cida-
ral, fracassou. Na maioria dos casos, a falta de recursos fi- de do Brasil, São Sebastião do Rio de Janeiro, em 1565.
nanceiros para a exploração lucrativa justifica o insucesso. Com a morte de Mem de Sá, a Metrópole dividiu a ad-
Duas capitanias prosperaram: São Vicente e Pernambuco, ministração da colônia entre dois governos: D. Luís de Bri-
ambas graças ao sucesso da agricultura canavieira. to, que se instalou em Salvador, a capital do Norte,e; ao sul,
Além do cultivo da cana, a capitania de São Vicente D. Antônio Salema, instalado no Rio de Janeiro.
mantinha contatos com a região do Prata e iniciaram uma
nova atividade comercial: a escravidão do índio. UNIÃO IBÉRICA ( 1580/1640) 
Um outro fator para justificar o fracasso do sistema
era a ausência de um órgão político metropolitano para D. Sebastião, rei de Portugal, morreu em 1578 durante
um maior controle sobre os donatários. Este órgão será o a batalha de Alcácer-Quibir contra os mouros sem deixar
Governo-Geral, criado com o intuito de coordenar a explo- herdeiros diretos. Entre 1578 e 1580 o reino de Portugal foi
ração econômica da colônia. governado por D. Henrique, tio-avó de D. Sebastião - que
também morreu sem deixar herdeiros.
Foi neste contexto que o rei da Espanha, Filipe II, neto
2. O GOVERNO-GERAL 
de D. Manuel invadiu Portugal com suas tropas e assumiu o
trono, iniciando o período da União Ibérica, onde Portugal
Com a criação do Governo-Geral em 1548, pelo cha-
ficou sob domínio da Espanha até 1640.
mado Regimento -documento que reafirmava a autori- Com o domínio espanhol sob Portugal, as colônias
dade e soberania da Coroa sobre a colônia, e definia os portuguesas ficaram sob a autoridade da Espanha. Este do-
encargos e direitos dos governadores-gerais -o Estado mínio implicou mudanças na administração colonial: houve
português assumia a tarefa de colonização, sem extinguir um aumento da autoridade do provedor-mor para reprimir
o sistema de capitanias hereditárias. as corrupções administrativas; houve uma divisão da co-
O Governador-Geral era nomeado pelo rei por um perío- lônia em dois Estados: o Estado do Maranhão ( norte ) e o
do de quatro anos e contava com três auxiliares: o provedor- Estado do Brasil ( sul ), com o objetivo de exercer um maior
mor, encarregado das finanças e responsável pela arrecadação controle sobre a região.
de tributos; o capitão-mor, responsável pela defesa e vigilância Outras consequências da União Ibérica: suspensão
do litoral e o ouvidor-mor, encarregado de aplicar a justiça. temporária dos limites impostos pelo Tratado de Torde-
A seguir, os governadores-gerais e suas principais rea- silhas, contribuindo para a chamada expansão territorial;
lizações: invasão holandesa no Brasil.

11
CIÊNCIAS SOCIAIS

RESTAURAÇÃO ( 1640)  ECONOMIA COLONIAL 

Movimento lusitano pela restauração da autonomia do A primeira atividade econômica na colônia foi a extra-
reino de Portugal, liderado pelo duque de Bragança. Após a ção do pau-brasil ( período pré-colonial ). A extração era
luta contra o domínio espanhol, inicia-se uma nova dinastia efetuada pelos indígenas e em troca do trabalho, os euro-
em Portugal -a dinastia de Bragança. peus davam produtos manufaturados de baixa qualidade.
O domínio espanhol arruinou os cofres portugueses Esse comércio é chamado de escambo.
e levou Portugal a perder importantes áreas coloniais, co- A atividade econômica que efetivou a colonização bra-
locando Portugal em séria crise econômico-financeira. D. sileira foi o cultivo da cana-de-açúcar.
João IV intensifica a exploração colonial criando um órgão
chamado Conselho Ultramarino. EMPRESA AGRÍCOLA COMERCIAL -A CANA-DE
Através do Conselho Ultramarino, o controle sobre a -AÇÚCAR
colônia não era apenas econômico, mas também político:
as Câmaras Municipais tiveram seus poderes diminuídos e No contexto do antigo Sistema Colonial, o Brasil foi
passaram a obedecer ordens do rei e dos governadores. uma colônia de exploração. Sendo assim, a economia co-
D. João IV também oficializou a formação da Compa- lonial brasileira será de caráter complementar e especia-
nhia Geral do Brasil, que teria o monopólio de todo o co- lizada, visando atender às necessidades mercantilistas. A
mércio do litoral brasileiro e o direito de cobrar impostos exploração colonial será uma importante fonte de riquezas
de todas as transações comerciais. Após pressões coloniais, para os Estados Nacionais da Europa.
a Companhia foi extinta em 1720. Portugal não encontrou, imediatamente, os metais
preciosos na área colonial. Para efetivar a posse colonial e
AS CÂMARAS MUNICIPAIS  exploração da área, a Metrópole instala no Brasil a coloni-
zação baseada na lavoura da cana-de-açúcar com trabalho
Os administradores das vilas, povoados e cidades re- escravo.
uniam-se na Câmaras Municipais, que garantiam a partici- Por que açúcar?
pação política dos senhores de terra. As Câmaras Munici- O açúcar era um produto muito procurado na Europa
pais eram compostas por vereadores, chamados “homens e, além disto, Portugal já tinha uma experiência anterior
bons” ( grandes proprietários de terra e de escravos). A
nas ilhas do Atlântico. Contribuiu também o clima e solo
presidência da Câmara ficava a cargo de um juíz.
favoráveis na colônia.
As Câmaras Municipais representavam o localismo po-
lítico na luta contra o centralismo administrativo português.
Estrutura de produção 
Para atender as necessidades do mercado consumi-
A IGREJA E A COLONIZAÇÃO 
dor europeu a produção teria de ser em larga escala, daí a
existência do latifúndio (grande propriedade) e do trabalho
A igreja Católica teve um papel de destaque na coloni-
escravo.
zação americana.
Várias ordens religiosas atuaram no Brasil -carmelitas, Latifúndio monocultor, escravista e exportador formam
dominicanos, beneditinos entre outras -com destaque para a base da economia colonial, também denominado PLAN-
a Companhia de Jesus, os jesuítas. TATION.
A Companhia de Jesus, criada em 1534, por Inácio de As unidades açucareiras agro-exportadoras eram co-
Loyola, surgiu no contexto da Contra-Reforma e com o ob- nhecidas por engenhos e estavam assim constituídas:
jetivo de consolidar e ampliar a fé católica pela catequese -terras para o plantio da cana;
e pela educação. -a casa-grande, que era a moradia do proprietário;
A ação catequista dos jesuítas na colônia gerou um in- -a senzala, que abrigava os escravos;
tenso conflito com os colonos, que queriam escravizar os -uma capela;
índios. A existência de um grande número de índios nos -a casa de engenho, onde se concentrava a principal
aldeamentos de índios - as Missões, atraía a cobiça dos co- tarefa produtiva de transformação da cana-de-açúcar.
lonos, que destruíam as Missões e vendiam os índios como A casa de engenho, por sua vez, era formada pela
escravos. moenda, onde a cana era esmagada, extraindo-se o caldo;
A Companhia de Jesus, pela catequese, não tinha exa- a casa das caldeiras, onde o caldo era engrossado ao fogo
tamente intensões humanitárias, pois dominavam cultural- e, finalmente, a casa de purgar em que o melaço era cola-
mente os índios, facilitando sua submissão à colonização e do em formas para secar. O açúcar, em forma de “pães de
impondo um novo modo de vida. O excedente de produ- açúcar” era colocado em caixas de até 750 Kg e enviado
ção - realizado pelo trabalho indígena - era comercializado para Portugal.
pelos jesuítas. A catequização do índio fortaleceu e incenti- Havia dois tipos de engenhos. Engenhos reais eram
vou a escravidão negra, pelo tráfico negreiro. aqueles movimentados por força hidráullica; e Engenhos
Trapiches -mais comuns -movidos por tração animal. A
produção de aguardente, utilizada no escambo de escra-
vos, era realizada pelos “molinetes” ou “engenhocas”.

12
CIÊNCIAS SOCIAIS

Muitos fazendeiros não possuíam engenhos, sendo ADMINISTRAÇÃO DAS MINAS 


obrigados a moer a cana em outro engenho e pagando
por isto, eram os chamados senhores obrigados. Para administrar a região mineradora foi criada, em
Deve-se destacar a intensa participação dos holan- 1702, a Intendência das Minas, diretamente subordinada a
deses na atividade açucareira no Brasil. Eram os respon- Lisboa. Era responsável pela fiscalização e exploração das
sáveis pelo financiamento na montagem do engenho do minas. Realizava a distribuição de datas -lotes a serem ex-
açúcar, transporte do açúcar para a Europa, refino e sua plorados, e pela cobrança do quinto ( 20% do ouro encon-
distribuição. trado).
Apesar do controle metropolitano, a prática do con-
TRÁFICO NEGREIRO  trabando era muito comum e, para coibi-la, a Coroa criou
no ano de 1720, as Casas de Fundição- transformavam o
A implantação da escravidão na área colonial serviu ouro bruto ( pó ou pepita ) em barras já quintadas, ou seja,
de elemento essencial no processo de acumulação de ca- extraído o quinto pertencente à Coroa.
pitais. A criação das Casas de Fundição gerou violentos pro-
Os negros eram capturados na África e conduzidos testos, culminando com a Revolta de Filipe dos Santos.
para o Brasil em navios ( navios negreiros ), chamados de Quando ocorre o esgotamento da exploração aurífe-
tumbeiros. Quando chegavam ao Brasil era exibidos como ra, o governo português fixa uma nova forma de arrecadar
mercadorias nos principais portos. o quinto: 100 arrobas anuais de ouro por município. Para
A mão-de-obra africana contribui para a acumula- garantir a arrecadação é instituída a derrama -a popula-
ção de capitais no tráfico -como mercadoria; em seguida, ção completaria as 100 arrobas com seus bens pessoais.
como força de trabalho na produção do açúcar. Este imposto trará um profundo sentimento de insatisfação
para com a Metrópole.
ATIVIDADES SUBSIDIÁRIAS 
FORMAS DE EXPLORAÇÃO DAS MINAS.
O mundo do açúcar será possível graças a existência
de outras atividades econômicas que contribuem para a Havia dois tipos de exploração do ouro:
viabilidade da produção açucareira: a pecuária, o tabaco e -as lavras: a grande empresa mineradora, com utiliza-
a agricultura de subsistência. ção de trabalho escravo, ferramentas e aparelhos;
Pecuária-atividade econômica essencial para a vida -a faiscação: a pequena empresa, que explorava o tra-
colonial. O gado era utilizado como força motriz, trans- balho livre ou escravos alforriados
porte e alimentação.
Atividade econômica voltada para atender as necessi- OS DIAMANTES
dades do mercado interno, a pecuária contribuiu para a in-
teriorização colonial e usava o trabalho livre ( o boiadeiro ). As primeiras descobertas de diamantes no Brasil ocor-
Tabaco-atividade econômica destinada ao escambo reram em 1729, no Arraial do Tijuco, atual Diamantina. A
com as regiões africanas, onde era trocado por escravos. A dificuldade em se quintar o diamante levou a Metrópole a
principal área de cultivo era a Bahia. A produção do tabaco criar o Distrito Diamantino expulsão dos mineiros da região
era realizada com mão-de-obra escrava. e a exploração passou a ser privilégio de algumas pessoas
Lavoura de subsistência-responsável pela produção - os contratadores - que pagavam uma quantia fixa para
da alimentação colonial: mandioca e hortaliças. A força de extrair o diamante. Em 1771, o próprio governo português
trabalho era livre ( mestiços ). assumiu a exploração do diamante, estabelecendo a real
A economia açucareira entra em crise a partir do sécu- extração.
lo XVIII, dada a concorrência das Antilhas e da produção
de açúcar na Europa, a partir da beterraba. No entanto, o CONSEQÊNCIAS DA MINERAÇÃO 
açúcar sempre foi importante para a economia portugue-
sa, obedecendo ciclos de alta e baixa procura no mercado A atividade mineradora no Brasil, como já dissemos,
consumidor. provocou uma alteração na estrutura colonial, ou seja, pro-
vocou mudanças econômicas, sociais, políticas e culturais.
A ECONOMIA MINERADORA 
As mudanças econômicas
A descoberta de ouro vai provocar uma profunda mu- Para começar, a mineração mudou o eixo econômico
dança na estrutura do Brasil colonial e auxilia Portugal a da vida colonial -do litoral nordestino para a região Cen-
solucionar alguns de seus problemas financeiros. tro-Sul; incentivou a intensificação do comércio interno,
A descoberta dos metais preciosos está relacionada uma vez que fazia-se necessário o abastecimento da re-
com a expansão bandeirante entre os séculos XVII e XVIII. gião das minas - aumento da produção de alimentos e da
As primeiras descobertas datam do final do século XVII na criação de gado; surgimento de rotas coloniais garantindo
região de Minas Gerais. a interligação da região das minas com outras regiões do
Brasil.

13
CIÊNCIAS SOCIAIS

Por estas rotas, as chamadas tropas de mulas, levavam Sendo assim, para pagar os produtos manufaturados
e traziam mercadorias. Entre estas mercadorias, destaque que vinham da Inglaterra, Portugal vai utilizar o ouro en-
para o negro africano, transportado da decadente lavoura contrado no Brasil. O afluxo de ouro brasileiro para a In-
açucareira para a região das minas. glaterra contribui para o processo da Revolução Industrial,
Houve também um enorme estímulo a importação de daí o ditado de que “a mineração serviu para fazer buracos
artigos manufaturados, em decorrência do aumento popu- no Brasil, construir igrejas em Portugal e enriquecer a In-
lacional e da concentração de riquezas. glaterra”.

As mudanças sociais O RENASCIMENTO AGRÍCOLA 

Como dito acima, houve um enorme aumento popula- No final do século XVIII, o Brasil conhece um período
cional nas regiões das minas. Tal crescimento demográfico denominado Renascimento Agrícola, marcado pela deca-
altera a composição e estrutura da sociedade. A sociedade dência da atividade mineradora e pelo retorno das ativida-
passa a ter um caráter urbano e multiplica-se o número de des agrícolas para o processo de acumulação de capitais.
comerciantes, intelectuais, pequenos proprietários, funcio-
A seguir os fatores deste renascimento agrícola:
nários públicos, artesãos. A sociedade mineradora passa a
-esgotamento da exploração aurífera e decadência da
apresentar uma certa flexibilidade e mobilidade - algo que
região da minas;
não existia na sociedade açucareira. Inicia-se o processo de
-processo de independência dos EUA ( 1776 );
uma relativa distribuição de riquezas.
A sociedade torna-se mais politizada, graças a vinda -processo da Revolução Industrial na Inglaterra;
de imigrantes e, com eles, a entrada das ideias iluministas- -política de fomento agrícola patrocinada pelo mar-
liberdade, igualdade e fraternidade. quês de Pombal.

As mudanças políticas A partir da Revolução industrial, a Inglaterra aumenta


suas necessidades de algodão -matéria prima para a in-
A Europa do século XVIII foi marcada pelo movimen- dústria têxtil; sua principal área fornecedora declara inde-
to filosófico denominado Iluminismo. As ideias iluministas pendência ( as treze colônias inglesas ), iniciando a guerra
chegavam ao Brasil pelos imigrantes sedentos pelo ouro de independência. Foi neste contexto que o Brasil passou
ou trazidas pelos filhos dos grandes proprietários que fo- a produzir algodão para atender as necessidades inglesas.
ram estudar na Europa.  O cultivo do algodão será no Maranhão, utilizando a mão
Alguns nomes merecem destaque, como Tomás Antô- de obra escrava.
nio Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Inácio Alvarenga Além do algodão, outros produtos merecem desta-
Peixoto, entre outros. Estes nomes estão relacionados ao ques neste período: o açúcar, o cacau e o café.
primeiro movimento de caráter emancipacionista da histó- Para encerrar, uma atividade econômica serviu para a
ria do Brasil: a Inconfidência Mineira. ocupação do interior do Brasil- assim como a pecuária-
trata-se da extração das “drogas do sertão”, guaraná, aniz
As mudanças culturais e pimenta.

Toda esta dinâmica econômica, política e social favore- Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/arti-


ceu uma intensa atividade intelectual na região das minas. cles/4433/1/BRASIL-COLONIA/Paacutegina1.html
A intensa riqueza extraída das minas também incentiva a
produção cultural, tais como a música (Joaquim Emérico
Lobo de Mesquita, padre José Maurício Nunes Garcia); a
literatura (o Arcadismo); a arquitetura e a escultura. Nesta 4.3 FAMÍLIA REAL NO BRASIL E OS
área destaque para Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho PERÍODOS REGENCIAIS.
e para mestre Valentim.

AS CONTRADIÇÕES DA ECONOMIA MINERADORA 

A descoberta do ouro, como dissemos, auxilia Portugal A Família Real no Brasil


a solucionar alguns de seus problemas financeiros, princi-
palmente seu saldo devedor para com a Inglaterra. No início do século XIX, a Europa estava agitada pe-
Em 1703 Portugal assinou com a Inglaterra um acordo las guerras. Inglaterra e França disputavam a liderança no
denominado Tratado de Methuen. Através dele, Portugal continente europeu. Em 1806, Napoleão Bonaparte, im-
conseguia benefícios alfandegários para a venda de vinhos perador da França, decretou o Bloqueio Continental, proi-
na Inglaterra e ficavam obrigados a comprar manufatura- bindo que qualquer país aliado ou ocupado pelas forças
dos ingleses sem qualquer taxa aduaneira. Assim, o Tratado francesas comercializasse com a Inglaterra. O objetivo do
de Methuen vai inibir o desenvolvimento da manufaturas bloqueio era arruinar a economia inglesa. Quem não obe-
em Portugal e torná-lo dependente da Inglaterra. decesse, seria invadido pelo exército francês.

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CIÊNCIAS SOCIAIS

Portugal viu-se numa situação delicada. Nessa épo- “Príncipe Regente”, mas que o povo logo traduziu como
ca, Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, “Ponha-se na Rua”. Prédios públicos, quartéis, igrejas e
pois sua mãe, a rainha D. Maria I, enlouquecera. D. João conventos também foram ocupados. A cidade passou por
não podia cumprir as ordens de Napoleão e aderir ao Blo- uma reforma geral: limpeza de ruas, pinturas nas fachadas
queio Continental, pois tinha longa relação comercial com dos prédios e apreensão de animais.
a Inglaterra, por outro lado o governo português temia o As mudanças provocaram o aumento da população na
exército francês. cidade do Rio de Janeiro, que por volta de 1820, somava
Sem outra alternativa, Portugal aceitou o Bloqueio, mais de 100 mil habitantes, entre os quais muitos eram
mas, continuou comercializando com a Inglaterra. Ao des- estrangeiros – portugueses, comerciantes ingleses, corpos
cobrir a trama, Napoleão determinou a invasão de Portu- diplomáticos – ou mesmo resultado do deslocamento da
gal em novembro de 1807. Sem condições de resistir à in- população interna que procurava novas oportunidades na
vasão francesa, D. João e toda a corte portuguesa fugiram capital.
para o Brasil, sob a proteção naval da marinha inglesa. A As construções passaram a seguir os padrões euro-
Inglaterra ofereceu escolta na travessia do Atlântico, mas peus. Novos elementos foram incorporados ao mobiliário;
em troca exigiu a abertura dos portos brasileiros aos na- espelhos, bibelôs, biombos, papéis de parede, quadros,
vios ingleses. instrumentos musicais, relógios de parede.
A corte portuguesa partiu às pressas de Lisboa sob as Com a Abertura dos Portos (1808) e os Tratados de
vaias do povo, em 29 de novembro de 1807. Na comitiva Comércio e Navegação e de Aliança e Amizade (1810) es-
vinha D. João, sua mãe D. Maria I, a princesa Carlota Joa- tabelecendo tarifas preferenciais aos produtos ingleses, o
quina; as crianças D. Miguel, D. Maria Teresa, D. Maria Isa- comércio cresceu. O porto do Rio de Janeiro aumentou
bel, D. Maria Assunção, D. Ana de Jesus Maria e D. Pedro, o seu movimento que passou de 500 para 1200 embarca-
futuro imperador do Brasil e mais cerca de 15 mil pessoas ções anuais.
entre nobres, militares, religiosos e funcionários da Coroa. A oferta de mercadorias e serviços diversificou-se. A
Trazendo tudo o que era possível carregar; móveis, objetos Rua do Ouvidor, no centro do Rio, recebeu o cabeleireiro
de arte, jóias, louças, livros, arquivos e todo o tesouro real da Corte, costureiras francesas, lojas elegantes, joalherias
imperial. e tabacarias. A novidade mais requintada era os chapéus,
Após 54 dias de viagem a esquadra portuguesa che- luvas, leques, flores artificiais, perfumes e sabonetes.
gou ao porto de Salvador na Bahia, em 22 de janeiro de Para a elite, a presença da Corte e o número crescen-
1808. Lá foram recebidos com festas, onde permaneceram te de comerciantes estrangeiros trouxeram familiaridade
por mais de um mês. com novos produtos e padrões de comportamento em
Seis dias após a chegada D. João cumpriu o seu acor- moldes europeus.  As mulheres seguindo o estilo francês;
do com os ingleses, abrindo os portos brasileiros às na- usavam vestidos leves e sem armações, com decotes aber-
ções amigas, isto é, a Inglaterra. Eliminando em parte o tos, cintura alta, deixando aparecer os sapatos de saltos
monopólio comercial português, que obrigava o Brasil a baixos. Enquanto os homens usavam casacas com golas
fazer comércio apenas com Portugal. altas enfeitadas por lenços coloridos e gravatas de renda,
 Mas o destino da Coroa portuguesa, era a capital da calções até o joelho e meias. Embora apenas uma pequena
colônia, o Rio de Janeiro, onde D. João e sua comitiva de- parte da população usufruísse desses luxos. Sem dúvida,
sembarcaram em 8 de março de 1808 e onde foi instalada a vinda de D. João deu um grande impulso à cultura no
a sede do governo. Brasil.
 Na chegada ao Rio de Janeiro, a Corte portuguesa foi Em abril de 1808, foi criado o Arquivo Central, que re-
recebida com uma grande festa: o povo aglomerou-se no unia mapas e cartas geográficas do Brasil e projetos de
porto e nas principais ruas para acompanhar a Família Real obras públicas. Em maio, D. João criou a Imprensa Régia
em procissão até a Catedral, onde, após uma missa em e, em setembro, surgiu a Gazeta do Rio de Janeiro. Logo
ação de graças, o rei concedeu o primeiro «beija-mão». vieram livros didáticos, técnicos e de poesia. Em janeiro
 A transferência da corte portuguesa para o Rio de Ja- de 1810, foi aberta a Biblioteca Real, com 60 mil volumes
neiro provocou uma grande transformação na cidade.  D. trazidos de Lisboa.
João teve que organizar a estrutura administrativa do go-  Criaram-se as Escolas de Cirurgia e Academia de
verno. Nomeou ministros de Estado, colocou em funciona- Marinha (1808), a Aula de Comércio e Academia Militar
mento diversas secretarias públicas, instalou tribunais de (1810) e a Academia Médico-cirúrgica (1813). A ciência
justiça e criou o Banco do Brasil (1808). também ganhou com a criação do Observatório Astronô-
Era preciso acomodar os novos habitantes e tornar a mico (1808), do Jardim Botânico (1810) e do Laboratório
cidade digna de ser a nova sede do Império português. de Química (1818).
O vice-rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito cedeu  Em 1813, foi inaugurado o Teatro São João (atual João
sua residência, O Palácio dos Governadores, no Lago do Caetano). Em 1816, a Missão Francesa, composta de pin-
Paço, que passou a ser chamado Paço Real, para o rei e sua tores, escultores, arquitetos e artesãos, chegaram ao Rio
família e exigiu que os moradores das melhores casas da de Janeiro para criar a Imperial Academia e Escola de Belas
cidade fizessem o mesmo. Duas mil residências foram re- -Artes. Em 1820, foi a vez da Real Academia de Desenho,
quisitadas, pregando-se nas portas o “P.R.”, que significava Pintura, Escultura e Arquitetura-civil.

15
CIÊNCIAS SOCIAIS

 A presença de artistas estrangeiros, botânicos, zoólo- Introdução 


gos, médicos, etnólogos, geógrafos e muitos outros que O Período Regencial é uma época da História do Bra-
fizeram viagens e expedições regulares ao Brasil, trouxe sil entre os anos de 1831 e 1840. Quando o imperador D.
informações sobre o que acontecia pelo mundo e também Pedro I abdicou do poder em 1831, seu filho e herdeiro do
tornou este país conhecido, por meio dos livros e artigos trono D. Pedro de Alcântara tinha apenas 5 anos de idade. A
em jornais e revistas que aqueles profissionais publicavam. Constituição brasileira do período determinava, neste caso,
Foi uma mudança profunda, mas que não alterou os costu- que o país deveria ser governado por regentes, até o her-
mes da grande maioria da população carioca, composta de deiro atingir a maioridade (18 anos).
escravos e trabalhadores assalariados. Regentes que governaram o Brasil no período:
Com a vitória das nações europeias contra Napoleão - Regência Trina Provisória (1831): regentes Lima e Silva,
em 1815, ficou decidido que os reis de países invadidos, Senador Vergueiro e Marquês de Caravelas.
pela França deveriam voltar a ocupar seus tronos. - Regência Trina Permanente (1831 a 1835): teve como
 D. João e sua corte não queriam retornar ao empo- regentes José da Costa Carvalho, João Bráulio Moniz e Fran-
brecido Portugal. Então o Brasil foi elevado à categoria de cisco de Lima e Silva.
Reino Unido de Portugal e Algarves (uma região ao sul de
- Regência Una de Feijó (1835 a 1837): teve como re-
Portugal). O Brasil deixava de ser Colônia de Portugal, ad-
gente Diogo Antônio Feijó.
quiria autonomia administrativa.
- Regência Interina de Araújo Lima (1837): teve como
 Em 1820, houve em Portugal a Revolução Liberal do
Porto, terminando com o Absolutismo e iniciando a Mo- regente Pedro de Araújo Lima.
narquia Constitucional. D. João deixava de ser monarca ab- - Regência Una de Araújo Lima (1838 a 1840): teve
soluto e passava a seguir a Constituição do Reino. Dessa como regente Pedro de Araújo Lima.
forma, a Assembleia Portuguesa exigia o retorno do mo- Um período tumultuado
narca. O novo governo português desejava recolonizar o O Brasil passou por uma grave crise política e diversas
Brasil, retirando sua autonomia econômica. revoltas durante o período regencial.
Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às pres-  
sões, volta a Portugal, deixando seu filho D.Pedro como Crise politica
príncipe regente do Brasil. A crise política deveu-se, principalmente, a disputa
Se o que define a condição de colônia é o monopó- pelo controle do governo entre diversos grupos políticos:
lio imposto pela metrópole, em 1808 com a abertura dos Restauradores (defendiam a volta de D. Pedro I ao poder);
portos, o Brasil deixava de ser colônia. O monopólio não Moderados (voto só para os ricos e continuação da Monar-
mais existia. Rompia-se o pacto colonial e atendia-se as- quia) e Exaltados (queriam reformas para melhorar a vida
sim, os interesses da elite agrária brasileira, acentuando as dos mais necessitados e voto para todas as pessoas).
relações com a Inglaterra, em detrimento das tradicionais  
relações com Portugal. Revoltas
Esse episódio, que inaugura a política de D. João VI no As revoltas ocorrem basicamente por dois motivos: más
Brasil, é considerado a primeira medida formal em direção condições de vida de grande parte da população (mais po-
ao “sete de setembro”. bres) e vontade das elites locais em aumentar seu poder e
Há muito Portugal dependia economicamente da In- serem atendidas pelo governo.
glaterra. Essa dependência acentua-se com a vinda de D.  
João VI ao Brasil, que gradualmente deixava de ser colônia Principais revoltas do período:
de Portugal, para entrar na esfera do domínio britânico. - Cabanagem (1835 a 1840) – motivada pelas péssimas
Para Inglaterra industrializada, a independência da Améri- condições de vida em que vivia a grande maioria dos mora-
ca Latina era uma promissora oportunidade de mercados,
dores da província do Grão-Pará.
tanto fornecedores, como consumidores.
- Balaiada (1838 – 1841) – ocorreu na província do Ma-
Com a assinatura dos Tratados de 1810 (Comércio e
ranhão. A causa principal foi a exploração da população
Navegação e Aliança e Amizade), Portugal perdeu definiti-
vamente o monopólio do comércio brasileiro e o Brasil caiu mais pobre por parte dos grandes produtores rurais.
diretamente na dependência do capitalismo inglês. - Sabinada (1837-1838) – ocorreu na província da Bahia.
Em 1820, a burguesia mercantil portuguesa colocou Motivada pela insatisfação de militares e camadas médias e
fim ao absolutismo em Portugal com a Revolução do Por- ricas da população com o governo regencial.
to. Implantou-se uma monarquia constitucional, o que deu  
um caráter liberal ao movimento. Mas, ao mesmo tempo, Golpe da Maioridade e fim do Período Regencial
por tratar-se de uma burguesia mercantil que tomava o Os políticos brasileiros e grande parte da população
poder, essa revolução assume uma postura recolonizadora acreditavam que a grave crise que o país enfrentava era fru-
sobre o Brasil. D. João VI retorna para Portugal e seu fi- to, principalmente, da falta de um imperador forte e com
lho aproxima-se ainda mais da aristocracia rural brasileira, poderes para enfrentar a situação.
que sentia-se duplamente ameaçada em seus interesses: a  Em 23 de julho de 1840, com apoio do Partido Liberal, foi
intenção recolonizadora de Portugal e as guerras de inde- antecipada pelo Senado Federal a maioridade de D. Pedro II
pendência na América Espanhola, responsáveis pela divi- (antes de completar 14 anos) e declarado o fim das regências.
são da região em repúblicas. Esse episódio ficou conhecido como o Golpe da Maioridade.

16
CIÊNCIAS SOCIAIS

Foi uma forma encontrada pelos políticos brasileiros de dar Política do Café-com-Leite
poder e autoridade ao jovem imperador para que as revoltas A maioria dos presidentes desta época eram políticos
pudessem ser debeladas e a ordem restaurada no Brasil. de Minas Gerais e São Paulo. Estes dois estados eram os
Fonte: http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/ mais ricos da nação e, por isso, dominavam o cenário polí-
periodo_regencial.htm tico da república. Saídos das elites mineiras e paulistas, os
presidentes acabavam favorecendo sempre o setor agrícola,
principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A po-
lítica do café-com-leite sofreu duras críticas de empresários
4.4 PERÍODO REPUBLICANO.
ligados à indústria, que estava em expansão neste período.
Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou
e favoreceu o crescimento da agricultura e da pecuária na
Introdução região Sudeste, por outro, acabou provocando um abando-
 O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a no das outras regiões do país. As regiões Nordeste, Norte
República Velha. Este período da História do Brasil é marca- e Centro-Oeste ganharam pouca atenção destes políticos e
do pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulis- tiveram seus problemas sociais agravados.
tas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador  
de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área Política dos Governadores
social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos Montada no governo do presidente paulista Campos
quatro cantos do território brasileiro. Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias.
  Em suma, era uma troca de favores políticos entre governa-
A República da Espada (1889 a 1894) dores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos
Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos
da República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. davam suporte à candidatura presidencial e também duran-
Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. te a época do governo.
Deodoro da Fonseca tornou-se Chefe do Governo Provisó-  
rio. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice-presi- O coronelismo
dente Floriano Peixoto.  A figura do “coronel” era muito comum durante os anos
O militar Floriano, em seu governo, intensificou a re- iniciais da República, principalmente nas regiões do interior
pressão aos que ainda davam apoio à monarquia.
do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava
 
seu poder econômico para garantir a eleição dos candida-
A Constituição de 1891 ( Primeira Constituição Repu-
tos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, em que o
blicana)
coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo a violên-
Após o início da República havia a necessidade da ela-
cia para que os eleitores de seu “curral eleitoral” votassem
boração de uma nova Constituição, pois a antiga ainda se-
nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto,
guia os ideais da monarquia. A constituição de 1891 garan-
os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas
tiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas
limitações, pois representava os interesses das elites agrá- do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O
rias do pais. A nova constituição implantou o voto universal coronel também utilizava outros “recursos” para conseguir
para os cidadãos (mulheres, analfabetos, militares de baixa seus objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos
patente ficavam de fora). A constituição instituiu o presi- fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.
dencialismo e o voto aberto.  
  O Convênio de Taubaté
República das Oligarquias Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo repu-
O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo blicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de
governo de presidentes civis, ligados ao setor agrário. Estes crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo
políticos saiam dos seguintes partidos: Partido Republicano federal comprava o excedente de café e estocava. Espera-
Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Estes va-se a alta do preço do café e então os estoques eram
dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no po- liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal
der de maneira alternada. Contavam com o apoio da elite produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros
agrária do país. dos fazendeiros de café.
Dominando o poder, estes presidentes implementaram  
políticas que beneficiaram o setor agrário do país, principal- A crise da República Velha e o Golpe de 1930
mente, os fazendeiros de café do oeste paulista. Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de
Surgiu neste período o tenentismo, que foi um movi- acordo com a política do café-com-leite, era a vez de as-
mento de caráter político-militar, liderado por tenentes, que sumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Repu-
faziam oposição ao governo oligárquico. Defendiam a mo- blicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um
ralidade política e mudanças no sistema eleitoral (implanta- político paulista, Júlio Prestes, a sucessão, rompendo com o
ção do voto secreto) e transformações no ensino público do café-com-leite. Descontente, o PRM se junta com políticos
país. A Coluna Prestes e a Revolta dos 18 do Forte de Co- da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Li-
pacabana foram dois exemplos do movimento tenentista. beral ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas. 

17
CIÊNCIAS SOCIAIS

Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, Enfraquecimento do tenentismo 
deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que ale- O movimento tenentista perdeu força após a Revolu-
gam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, polí- ção de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder. Vargas
ticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam conseguiu produzir uma divisão no movimento, sendo que
a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início importantes nomes do tenentismo passaram a atuar como
da Era Vargas. interventores federais. Outros continuaram no movimento,
Galeria dos Presidentes da República Velha: Marechal fazendo parte, principalmente, da Coluna Prestes.
Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891), Mare-
chal Floriano Peixoto (23/11/1891 a 15/11/1894), Pru- Fonte: http://www.suapesquisa.com/historiadobrasil/
dente Moraes (15/11/1894 a 15/11/1898), Campos Salles tenentismo.htm
(15/11/1898 a  15/11/1902) , Rodrigues Alves (15/11/1902
a 15/11/1906), Affonso Pena (15/11/1906 a 14/06/1909),
Nilo Peçanha (14/06/1909 a 15/11/1910), Marechal Hermes
da Fonseca (15/11/1910 a 15/11/1914), Wenceslau Bráz
4.6 CRISE DE 1929.
(15/11/1914 a 15/11/1918), Delfim Moreira da Costa Ribei-
ro (15/11/1918 a 27/07/1919), Epitácio Pessoa (28/07/1919
a 15/11/1922), Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926), Após a primeira guerra mundial (1918), os EUA eram o
Washington Luiz (15/11/1926 a 24/10/1930). país mais rico do planeta. Além das fábricas de automóveis,
os EUA também eram os maiores produtores de aço, comi-
Fonte: http://www.suapesquisa.com/republica/ da enlatada, máquinas, petróleo, carvão....
Nos 10 anos seguintes, a economia norte-americana
continuava crescendo causando euforia entre os empresá-
rios. Foi nessa época que surgiu a famosa expressão “Ame-
4.5 TENENTISMO. rican Way of Life” (Modo de Vida Americano). O mundo
invejava o estilo de vida dos americanos.
A década de 20 ficou conhecida como os “Loucos Anos
Introdução  20”. O consumo aumentou, a indústria criava, a todo ins-
O tenentismo foi um movimento social de caráter po- tante, bens de consumo, clubes e boates viviam cheios e o
lítico-militar que ocorreu no Brasil nas décadas de 1920 e cinema tornou-se uma grande diversão.
1930, período conhecido como República das Oligarquias. Os anos 20 foram realmente uma grande festa! Nessa
Contou, principalmente, com a participação de jovens te- época, as ações estavam valorizadas por causa da euforia
nentes do exército. econômica. Esse crescimento econômico (também conhe-
  cido como o “Grande Boom”) era artificial e aparente, por-
O que defendiam  tanto logo se desfez.
Este movimento contestava a ação política e social dos De 1920 até 1929, os americanos iludidos com essa
governos representantes das oligarquias cafeeiras (coro- prosperidade aparente, compraram várias ações em diver-
nelismo). Embora tivessem uma posição conservadora e sas empresas, até que no dia 24 de outubro de 1929, co-
autoritária, os tenentes defendiam reformas políticas e so- meçou a pior crise econômica da história do capitalismo.
ciais. Queriam a moralidade política no país e combatiam Vários fatores causaram essa crise:
a corrupção.  - Superprodução agrícola: formou-se um excedente de
  produção agrícola nos EUA, principalmente de trigo, que
O movimento tenentista defendia as seguintes mudanças:  não encontrava comprador, interna ou externamente.
- Fim do voto de cabresto (sistema de votação baseado - Diminuição do consumo: a indústria americana cres-
em violência e fraudes que só beneficiava os coronéis); ceu muito; porém, o poder aquisitivo da população não
- Reforma no sistema educacional público do país; acompanhava esse crescimento. Aumentava o número de
- Mudança no sistema de voto aberto para secreto. indústrias e diminuía o de compradores. Em pouco tempo,
  várias delas faliram.
Revoltas  - Quebra da Bolsa de Nova York: de 1920 a 1929, os
Os tenentistas chegaram a promover revoltas como, americanos compraram ações de diversas empresas. De
por exemplo, a revolta dos 18 do Forte de Copacabana. repente o valor das ações começou a cair. Os investidores
Nesta revolta, ocorrida em 5 de julho de 1922, foi durante quiseram vender as ações, mas ninguém queria comprar.
combatido pelas forças oficiais. Outros exemplos de revol- Esse quadro desastroso culminou na famosa “Quinta-Feira
tas tenentistas foram a Revolta Paulista (1924) e a Comu- Negra” (24/10/1929 - dia que a Bolsa sofreu a maior baixa
na de Manaus (1924). A Coluna Prestes, liderada por Luis da história).
Carlos Prestes, enfrentou poucas vezes as forças oficiais. Se o valor das ações de uma empresa está desabando,
Os participantes da coluna percorreram milhares de qui- o empresário tem medo de investir capital nessa empresa.
lômetros pelo interior do Brasil, objetivando conscientizar Se ele investe menos, produzirá menos; se produz menos,
a população contra as injustiças sociais promovidas pelo então, não há motivo para tantos empregados, o que leva-
governo republicano. rá o empresário a demitir o pessoal.

18
CIÊNCIAS SOCIAIS

Muitos empresários não sobreviveram à crise e foram


à falência, assim como vários bancos que emprestaram
4.7 ERA VARGAS.
dinheiro não receberam de volta o empréstimo e faliram
também.
A quebra da bolsa trouxe medo, desemprego e fa-
lência. Milionários descobriram, de uma hora para outra, A Segunda República Ou Era Vargas
que não tinham mais nada e por causa disso alguns se
suicidaram. O número de mendigos aumentou. A chamada Era Vargas está dividida em três momentos:
A quebra da bolsa afetou o mundo inteiro, pois a Governo Provisório, Governo Constitucional e Estado Novo.
economia norte-americana era a alavanca do capitalismo O período inaugurou um novo tipo de Estado, denominado
mundial. Para termos uma idéia, logo após a quebra da “Estado de compromisso”, em razão do apoio de diversas
bolsa de Nova York, as bolsas de Londres, Berlin e Tóquio forças sociais e políticas: as oligarquias dissidentes, classes
também quebraram. médias, burguesia industrial e urbana, classe trabalhadora
A crise fez com que os EUA importassem menos de e o Exército. Neste “Estado de compromisso” não existia
outros países, como consequência os outros países que nenhuma força política hegemônica, possibilitando o for-
talecimento do poder pessoal de Getúlio Vargas.
exportavam para os EUA, agora estavam com as merca-
dorias encalhadas e, automaticamente, entravam na crise.
Governo Provisório (1930/1934).
Em 1930, a crise se agravou. Em 1933, Roosevelt foi
eleito presidente dos EUA e elaborou um plano chama- Aspectos políticos e econômicos
do New Deal. O Estado passou a vigiar o mercado, dis- No plano político, o governo provisório foi marcado
ciplinando os empresários, corrigindo os investimentos pela Lei Orgânica, que estabelecia plenos poderes a Var-
arriscados e fiscalizando as especulações nas bolsas de gas. Os órgãos legislativos foram extintos, até a elaboração
valores. de uma nova constituição para o país. Desta forma, Vargas
Outra medida foi a criação de um programa de obras exerce o poder executivo e o Legislativo. Os governadores
públicas. O governo americano criou empresas estatais perderam seus mandatos – por força da Revolução de 30 –
e construiu estradas, praças, canais de irrigação, escolas, seus nomeados em seus lugares os interventores federais
aeroportos, portos e habitações populares. Com isso, as (que eram escolhidos pelos tenentes). A economia cafeeira
fábricas voltaram a produzir e vender suas mercadorias. receberá atenções por parte do governo federal. Para su-
O desemprego também diminuiu. Além disso, o New Deal perar os efeitos da crise de 1929, Vargas criou o Conselho
criou leis sociais que protegiam os trabalhadores e os de- Nacional do Café, reeditando a política de valorização do
sempregados. café ao comprar e estocar o produto. O esquema provo-
Para acabar com a superprodução, o governo apli- cou a formação de grandes estoques, em razão da falta de
cava medidas radicais que não foram aceitas por muitas compradores, levando o governo a realizar a queimados
pessoas: comprava e queimava estoques de cereais, ou excedentes. Houve um desenvolvimento das atividades in-
então, pagava aos agricultores para que não produzissem. dustriais, principalmente no setor têxtil e node processa-
O New Deal alcançou bons resultados para a econo- mento de alimentos. Este desenvolvimento explica-se pela
mia norte-americana. chamada política de substituição de importações.
Essa terrível crise que atravessou a década ficou co-
nhecida como Grande Depressão. A composição do Governo Provisório
Os efeitos econômicos da depressão de 30 só fo-
ram superados com o inicio da Segunda Guerra Mundial, Depois de criar um Tribunal Especial - cuja ação foi nula
quando o Estado tomou conta de fato sobre a economia - com o objetivo de julgar “os crimes do governo deposto”,
o novo governo organizou um ministério que, pela compo-
ajudando a ampliar as exportações. A guerra foi então,
sição, nos mostra o quanto Getúlio estava compromissado
uma saída natural para a crise do sistema capitalista.
com os grupos que lhe apoiaram na Revolução:
Na década de 30, ocorreu a chamada “Política de
- general Leite de Castro - ministro do Exército;
Agressão (dos regimes totalitários – Alemanha, Itália e - almirante Isaías Noronha - ministro da Marinha;
Japão) e Apaziguamento das Democracias Liberais (Ingla- - Afrânio de Melo Franco (mineiro) - ministro do Ex-
terra e França)”. terior;
A política de agressão culminou em 1939 quando a - Osvaldo Aranha (gaúcho) - ministro da Justiça;
Alemanha nazista invadiu a Polônia dando por iniciada a - José Américo de Almeida (paraibano) - ministro da
Segunda Grande Guerra. Viação;
Fonte: http://www.infoescola.com/historia/crise-de- - José Maria Whitaker (paulista) - ministro da Fazenda;
1929-grande-depressao/ - Assis Brasil (gaúcho) - ministro da Agricultura.
Dentro ainda da ideia de compromisso, foram criados
dois novos ministérios:
- Educação e Saúde Pública - o mineiro Francisco Campos;
- Trabalho, Indústria e Comércio - o gaúcho Lindolfo
Collor.

19
CIÊNCIAS SOCIAIS

Para Juarez Távora, pela sua admirável participação re- Em maio de 1932 houve uma manifestação contra Ge-
volucionária e pelo seu prestígio como homem de ação, túlio que resultou na morte de quatro manifestantes: Mar-
foi criada a Delegacia Regional do Norte. Pela chefia políti- tins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Iniciou-se a radicaliza-
ca dos estados brasileiros do Espírito Santo ao Amazonas, ção do movimento, sendo que o MMDC passou a ser o
Juarez Távora foi chamado de O Vice-Rei do Norte. símbolo deste momento marcado pela luta armada. Após
três meses de combates as forças leais a Vargas forçaram
A política cafeeira da Era Vargas os paulistas à rendição. Procurando manter o apoio dos
paulistas, Getúlio Vargas acelerou o processo de redemo-
O capitalismo passava por uma de suas violentas crises cratização realizando eleições para uma Assembleia Cons-
de superprodução. Essas crises cíclicas do capitalismo eram tituinte que deveria elaborar uma nova constituição para
o resultado da ausência de uma planificação, o que produ- o Brasil.
zia a anarquia da produção social.
As nações industriais com problemas de superprodu- A constituição de 1934.
ção acirravam o imperialismo, superexplorando as nações
agrárias, restringindo os créditos e adotando uma política Promulgada em 16 de novembro de 1934 apresentan-
protecionista, sobretaxando as importações. do os seguintes aspectos:
Neste contexto o café conheceu uma nova e violenta - A manutenção da República com princípios federa-
crise de superprodução, de mercados e de preços, que caí- tivos;
ram de 4 para 1 libra nos primeiros anos da década de 30. - Existência de três poderes independentes entre si:
Como o café era à base da economia nacional, a cri- Executivo, Legislativo e Judiciário;
se poderia provocar sérios problemas para outros setores - Estabelecimento de eleições diretas para o Executivo
econômicos, tais como a indústria e o comércio, o que seria e Legislativo;
desastroso. - As mulheres adquirem o direito ao voto;
Era preciso salvar o Brasil dos efeitos da crise mundial - Representação classista no Congresso (elementos
de 1929. Era necessário evitar o colapso econômico do País. eleitos pelos sindicatos);
Para evitá-lo, o governo instituiu uma nova política cafeei- - Criado o Tribunal do Trabalho;
ra, visando o equilíbrio entre a oferta e a procura, a eleva- - Legislação trabalhista e liberdade de organização
ção dos preços e a contenção dos excessos de produção, sindical;
pois a produção cafeeira do Brasil era superior à mundial. - Estabelecimento de monopólio estatal sobre algu-
Para aplicar esta política, Vargas criou, em 1931, o CNC mas atividades industriais;
(Conselho Nacional do Café), que foi substituído em 1933 - Possibilidade da nacionalização de empresas estran-
pelo DNC (Departamento Nacional do Café). Dentro desta geiras;
nova política tornou-se fundamental destruir os milhares - Instituído o mandato de segurança, instrumento ju-
de sacas de café que estavam estocadas. O então ministro rídico dos direitos do cidadão perante o Estado. A Cons-
da Fazenda, Osvaldo Aranha, através de emissões e impos- tituição de 1934 foi inspirada na Constituição de Weimar
tos sobre a exportação, iniciou a destruição do excedente preservando o liberalismo e mantendo o domínio dos pro-
do café através do fogo e da água, prietários visto que a mesma não toca no problema da
De 1931 a 1944, foram queimadas ou jogadas ao mar, terra.
aproximadamente, 80 milhões de sacas. Proibiram-se no-
vas plantações por um prazo de três anos e reduziram-se Governo Constitucional (1934/1937).
as despesas de produção através da redução dos salários e Período marcado pelos reflexos da crise mundial de
dos débitos dos fazendeiros em 50%. 1929:
Por ter perdido o poder político e pelo fato de ter de - crise econômica,
se submeter às decisões econômicas do governo federal, - desemprego,
as oligarquias cafeeiras se opuseram à política agrária da - inflação e
Era Vargas. - carestia.

Revolução constitucionalista de 1932 Neste contexto desenvolvem-se, na Europa, os regi-


mes totalitários (nazismo e fascismo) – que se opunham
Movimento ocorrido em São Paulo ligado à demora de ao socialismo e ao liberalismo econômico. A ideologia
Getúlio Vargas para reconstitucionalizar o país, a nomea- nazifascista chegou ao Brasil, servindo de inspiração para
ção de um interventor pernambucano para o governo do a fundação da Ação Integralista Brasileira (AIB), liderada
Estado (João Alberto). Mesmo sua substituição por Pedro pelo jornalista Plínio Salgado. Movimento de extrema di-
de Toledo não diminuiu o movimento. O movimento teve reita, anticomunista, que tinha como lema “Deus, pátria,
também como fator a tentativa da oligarquia cafeeira re- família”. Defendia a implantação deum Estado totalitário e
tomar o poder político. O movimento contou com apoio corporativo. A milícia da AIB era composta pelos “camisas
das camadas médias urbanas. Formou-se a Frente Única verdes”, que usavam de violência contra seus adversários.
Paulista, exigindo a nomeação de um interventor paulista e Os integralistas receberam apoio da alta burguesia, do cle-
a reconstitucionalização imediata do país. ro, da cúpula militar e das camadas médias urbanas.

20
CIÊNCIAS SOCIAIS

Por outro lado, o agravamento das condições de vida A constituição de 1937.


da classe trabalhadora possibilitou a formação de um mo-
vimento de caráter progressista, contando com o apoio de Foi outorgada em 10 de novembro de 1937 e redigida
liberais, socialista, comunistas, tenentes radicais e dos sin- por Francisco Campos. Baseada na constituição polonesa
dicatos – trata-se da Aliança Nacional Libertadora (ANL). (daí o apelido de “polaca”) apresentava aspectos fascistas.
Luís Carlos Prestes, filiado ao Partido Comunista Brasileiro Principais características: centralização política e fortaleci-
foi eleito presidente de honra. A ANL reivindicava a sus- mento do poder presidencial; extinção do legislativo; su-
pensão do pagamento da dívida externa, a nacionaliza- bordinação do Poder Judiciário ao Poder Executivo; insti-
ção das empresas estrangeiras e a realização da reforma tuição dos interventores nos Estados e uma legislação tra-
agrária. Colocava-se contra o totalitarismo e defendia a balhista. A Constituição de 1937 eliminava a independência
democracia e um governo popular. sindical e extinguia os partidos políticos. A extinção da AIB
A adesão popular foi muito grande, tornando a ANL deixou os integralistas insatisfeitos com Getúlio. Em maio
uma ameaça ao capital estrangeiro e aos interesses oligár- de 1938 os integralistas tentaram um golpe contra Vargas
quicos. Procurando conter o avanço da frente progressista – o Putsch Integralista – que consistiu numa tentativa de
o governo federal - por meio da aprovação da Lei de Se- ocupar o palácio presidencial. Vargas reagiu até a chegada
gurança Nacional – decretou o fechamento dos núcleos a polícia e Plínio Salgado precisou fugir do país.
da ANL. A reação, por parte dos filiados e simpatizantes,
foi violenta e imediata. Movimentos eclodiram no Rio de Política Trabalhista
Janeiro, Recife, Olinda e Natal – episódio conhecido como
Intentona Comunista. O Estado Novo procurou controlar o movimento tra-
balhador através da subordinação dos sindicatos ao Minis-
O golpe do Estado Novo tério do Trabalho. Proibiram-se as greves e qualquer tipo
de manifestação. Por outro lado, o Estado efetuou algumas
No ano de 1937 deveriam ocorrer eleições presiden- concessões, tais como, o salário mínimo, a semana de tra-
ciais para a sucessão de Getúlio Vargas. A disputa presi- balho de 44 horas, a carteira profissional, as férias remu-
dencial foi entre Armando de Sales Oliveira – que conta- neradas. As leis trabalhistas foram reunidas, em 1943, na
va com o apoio dos paulistas e de facções de oligarquias Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), regulamentando
de outros Estados. Representava uma oposição liberal ao as relações entre patrões e empregados. A aproximação
centralismo de Vargas. A outra candidatura era a de José de Vargas junto a classe trabalhadora urbana originou, no
Américo de Almeida, apoiado pelo Rio Grande do Sul, pe- Brasil, o populismo – forma de manipulação do trabalhador
las oligarquias nordestinas e pelos Partidos Republicanos urbano, onde o atendimento de algumas reivindicações
de São Paulo e Minas Gerais. Um terceiro candidato era não interfere no controle exercido pela burguesia.
Plínio Salgado, da Ação Integralista.
A posição de Getúlio Vargas era muito confusa – não Política Econômica
apoiando nenhum candidato. Na verdade a vontade de
Getúlio era a de continuar no governo, em nome da esta- O Estado Novo iniciou o planejamento econômico,
bilidade e normalidade constitucional; para tanto, contava procurando acelerar o processo de industrialização brasi-
com apoio de alguns setores da sociedade. O continuísmo leiro. O Estado criou inúmeros órgãos com o objetivo de
de Vargas recebeu apoio de uma parte do Exército – Góes coordenar e estabelecer diretrizes de política econômica.
Monteiro e Eurico Gaspar Dutra representavam a alta cú- O governo interveio na economia criando as empresas
pula militar – surgindo a ideia de um golpe, sob o pretexto estatais – sem questionar o regime privado. As empresas
de garantira segurança nacional. O movimento de “salva- estatais encontrava-se em setores estratégicos, como a si-
ção nacional” – que garantiu a permanência de Vargas no derurgia (Companhia Siderúrgica Nacional), a mineração
poder – foi a divulgação de um falso plano de ação comu- (Companhia Vale do Rio Doce), hidrelétrica (Companhia Hi-
nista para assumir o poder no Brasil. Chamado de Plano drelétrica do Vale do São Francisco), mecânica (Fábrica Na-
Cohen, o falso plano serviu de pretexto para o golpe de cional de Motores) e química (Fábrica Nacional de Álcalis).
10 de novembro de 1937, decretando o fechamento do
Congresso Nacional, suspensão da campanha presidencial Política administrativa.
e da Constituição de 1934. Iniciava-se o Estado Novo.
Procurando centralizar e consolidar o poder político, o
O Estado Novo (1937/1945). governo criou o DASP (Departamento de Administração e
Serviço Público), órgão de controle da economia. O outro
O Estado Novo – período da ditadura de Vargas – instrumento do Estado Novo foi a criação do DIP (Departa-
apresentou as seguintes características: intervencionismo mento de Imprensa e Propaganda), que realizava a propa-
do Estado na economia e na sociedade e um centralização ganda do governo. O DIP controlava os meios de comuni-
política nas mãos do Executivo, anulando o federalismo re- cação, por meio da censura. Foi o mais importante instru-
publicano. mento de sustentação da ditadura que, ao lado da polícia
secreta, comandada por Filinto Muller, instaurou no Brasil

21
CIÊNCIAS SOCIAIS

o período do terror: prisões, repressão, exílios, torturas etc. A concentração industrial no Nordeste
Como exemplo de propaganda tem-se a criação da Hora A distribuição espacial da indústria brasileira, com
do Brasil – que difundia as realizações do governo; o exem- acentuada concentração em São Paulo, foi determinada pelo
plo do terror fica por conta do caso de Olga Benário, mu- processo histórico, pois no momento do início da efetiva in-
lher de Prestes, que foi presa e deportada para a Alemanha dustrialização, o estado tinha, devido à cafeicultura, os prin-
(grávida). Foi assassinada num campo de concentração. cipais fatores para instalação das mesmas, podendo citar:
Há tempos, as indústrias vêm conquistando seu es- capital, mercado consumidor, mão-de-obra e transportes.
paço no território brasileiro, tornando-se muitas vezes um Além disso, a atuação estatal através de diversos pla-
dos elementos mais básicos de uma região. Trazem consi- nos governamentais, como o Plano de Metas, acentuou
go, sempre a característica marcante da mudança, tanto na esta concentração no Sudeste, destacando novamente São
cultura como na economia, ou até mesmo no espaço que Paulo. A partir desse processo industrial e, respectiva con-
ela ocupa e no impacto que ela causará no meio ambiente. centração, o Brasil, que não possuía um espaço geográfico
A seguir, veremos um pouco mais sobre as indústrias, nacional integrado, tendo uma estrutura de arquipélago
como e porque um lugar que comporta uma ou várias in- econômico com várias áreas desarticuladas, passa a se in-
dústrias se modifica, e modifica a vida de sua população e tegrar. Esta integração reflete nossa divisão inter-regional
como os meios de transporte e comunicação podem in- do trabalho, sendo tipicamente centro-periferia, ou seja,
fluenciar para a industrialização de uma determinada re- com a região Sudeste polarizando as demais.
gião. A exemplo do que ocorre em outros países industria-
Porque as indústrias tendem a se concentrar mais em lizados, existe no Brasil uma grande concentração espacial
uma determinada região? Como fica o desenvolvimento de da  indústria no Sudeste. A concentração industrial nesta
uma região pouco industrializada? Essas e outras questões, região é maior no Estado de São Paulo, por motivos his-
serão abordadas, tendo como principal objetivo entender tóricos. O processo de industrialização, entretanto, não
melhor o papel desta gigante, chamada INDÚSTRIA! atingiu toda a região Sudeste, o que produziu espaços
geográficos diferenciados e grandes desigualdades dentro
Nacionalismo da própria região. A cidade de São Paulo, o ABCD (Santo
André, São Bernardo do Campo, São Caetano e Diadema)
- Respeito pela formação natural dos povos, ligados e centros próximos, como Campinas, Jundiaí e São José
por laços étnicos, linguísticos e por outros laços culturais; dos Campos possuem uma superconcentração industrial,
- Direito de todos os povos lutarem por sua indepen- elaborando espaços geográficos integrados à região me-
dência como nação; tropolitana de São Paulo. Esta área se tornou o centro da
- Direito dos povos de viverem, com autodetermina- industrialização, que se expandiu nas direções: da Baixada
ção, num território unificado. Santista, da região de Sorocaba e do Vale do Paraíba – Rio
de Janeiro e interior, alcançando Ribeirão Preto e São José
A distribuição espacial das indústrias no Brasil do Rio Preto.

A  atividade industrial, antes muito concentrada no As atividades econômicas e industriais nas 5 regiões
Sudeste brasileiro, vem sendo melhor distribuída entre as do Brasil
diversas regiões do país. Atualmente, seguindo uma ten-
dência mundial, o Brasil vem passando por um processo Sudeste
de descentralização industrial, chamada por alguns autores Como descrito anteriormente, a região Sudeste é a que
de  desindustrialização, que vem ocorrendo intra-regio- possui a maior concentração industrial do país.
nalmente e também entre as regiões. Nesta área, os principais tipos de indústrias são: au-
Dentro da região Sudeste, essa desindustrialização tomobilística, petroquímica, alimentares, de minerais não
está ocorrendo no ABCD Paulista, sendo que as indús- metálicos, têxtil, de vestuário, metalúrgica, mecânica, etc. É
trias buscam menores custos de produção do interior um centro industrial bem desenvolvido, marcado pela va-
paulista, como no Vale do Paraíba e ao longo da Rodo- riedade e volume de produção.
via Fernão Dias, que liga São Paulo a Belo Horizonte. Estas Várias empresas multinacionais operam nos setores
áreas oferecem, além de incentivos fiscais, menores custos automobilísticos de máquinas e motores, produtos quí-
de mão-de-obra, transportes menos congestionados e, por micos, petroquímicos, etc. As empresas governamentais
tratarem-se de cidades-médias, melhor qualidade de vida, atuam principalmente nos setores de siderurgia. Petróleo
o que é vital para polos tecnológicos. e metalurgia, enquanto empresas nacionais ocupam áreas
A  desconcentração industrial entre as regiões vem diversificadas.
determinando o crescimento de cidades-médias dotadas O grande interesse de empresas multinacionais é prin-
de boa infraestrutura e com centros formadores de mão- cipalmente pela mão-de-obra mais barata, pelo forte mer-
de-obra qualificada, geralmente universidades. Além dis- cado consumidor e pela exportação dos produtos indus-
so, percebe-se um movimento de indústrias tradicionais, triais a preços mais baixos. Quem observa a saída de navios
de uso intensivo de mão-de-obra, como a de calçados e dos portos de Santos e do Rio de Janeiro tem oportunida-
vestuários para o Nordeste, atraídas sobretudo, pela mão- de de verificar quantos produtos industriais saem do Brasil
de-obra extremamente barata. para outros países.

22
CIÊNCIAS SOCIAIS

A cidade do Rio de Janeiro, caracterizada durante mui- dústrias do sul, que passaram a exportar seus produtos
to tempo como capital administrativa do Brasil até a criação tradicionais como calçados e produtos alimentares, para
de Brasília, possui também um grande parque industrial. o exterior. Com as transformações espaciais ocasionadas
Porém, não possui as mesmas características de alta pro- pela expansão da soja, o Sul passou a ter investimentos
dução e concentração como a São Paulo. Constitui-se tam- estrangeiros em indústrias de implementos agrícolas.
bém, de empresas de vários tipos, destacando-se as indús- A indústria passou a se diversificar para produzir bens
trias de refino de petróleo, estaleiros, indústria de material intermediários para as indústrias de São Paulo. Nesse sen-
de transporte, tecelagem, metalurgia, papel, têxtil, vestuá- tido, o Sul passou a complementar a produção do Sudeste.
rio, alimentos, etc. Daí considerarmos o Sul como sub-região do Centro-Sul.
Minas Gerais, tem um passado ligado à mineração, e, Objetivando a integração brasileira com os países do
devido a isso, assumiu importância no setor metalúrgico Mercosul, a indústria do Sul conta com empresas no setor
após a 2 Guerra Mundial e passou a produzir principalmen- petroquímico, carboquímico, siderúrgico e em indústrias
te aço, ferro-gusa e cimento para as principais fábricas do de ponta.
Sudeste. A cidade de Belo Horizonte tornou-se um centro A reorganização e modernização da indústria do
industrial diversificado, com indústrias que vão desde o ex- Sul necessita também de uma política nacional que pos-
trativismo até setor automobilístico. sibilite o aproveitamento das possibilidades de integração
Além do triângulo São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Ho- da agropecuária e da indústria, à implantação e cresci-
rizonte, existem no Sudeste outras áreas industriais, a maio- mento da produção de bens de capital e de indústrias de
ria apresentando ligação direta com algum produto ou com ponta em condições de concorrência com as indústrias de
a ocorrência de matéria-prima. É o caso de Volta Redonda, São Paulo.
Ipatinga, Timóteo, João Monlevade e Ouro Branco, entre
outras, ligadas à siderurgia. Outros centros industriais estão Nordeste
ligados à produção local, como Campos e Macaé, Três Co- A industrialização dessa região vem se modificando,
rações, Araxá e Itaperuna, Franca e Nova Serrana, Araguari modernizando, mas sofre a concorrência com as indústrias
do Centro-Sul, principalmente de São Paulo, que utilizam
e Uberlândia, entre outras.
um maquinário tecnologicamente mais sofisticado.
O estado do Espírito Santo é o menos industrializado
A agroindústria açucareira é uma das mais impor-
do Sudeste, tendo centros industriais especializados como:
tantes, visando, sobretudo, a exportação do açúcar e do
Aracruz, Ibiraçu, Cachoeiro de Itapemirim. Vitória, a capital
álcool.
do Estado, tem atividades econômicas diversificadas, rela-
As indústrias continuam a tendência de intensificar a
cionadas à sua situação portuária e às indústrias ligadas à
produção ligada à agricultura e as novas indústrias meta-
usina siderúrgica de Tubarão.
lúrgicas, químicas, mecânicas e outras.
No Sudeste, outras atividades estão muito ligadas à vida
A exploração petrolífera no Recôncavo Baiano trouxe
urbana e industrial: comércio, serviço público, profissionais para a região indústrias ligadas à produção, refino e utili-
liberais, educação, serviços bancários, de comunicação, de zação de derivados do petróleo.
transporte, etc. Quanto maior a cidade, maior variedade de Essa nova indústria de alta tecnologia e capital inten-
profissionais aparecem ligados às atividades urbanas. so, não absorve a mão-de-obra que passa a se subempre-
Como em São Paulo, Rio e Belo Horizonte concentram- gar na área de serviços ou fica desempregada.
se a maior produção industrial do país, a circulação de As indústrias estão concentradas nas mãos de poucos
pessoas e mercadorias é muito intensa na região. Milhares empresários e os salários pagos são muito baixos, acarre-
de pessoas estão envolvidas na comercialização, transporte tando o empobrecimento da população operária.
e distribuição dos produtos destinados à industrialização, O  sistema industrial do Nordeste, concentrado na
ao consumo interno ou à exportação. Considerada também Zona da Mata, tem pouca integração interna. Encontra-
o centro cultural do país, a região possui uma vasta rede se somente em alguns pontos dispersos e concentra-se,
de prestação de serviços em todos os ramos, com grande sobretudo, nas regiões metropolitanas: Recife, Salvador e
capacidade de expansão, graças ao crescimento de suas ci- Fortaleza.
dades. Com vistas à política do Governo Federal para o Pro-
grama de Corredores da Exportação, instituído no final da
Sul década de 70, com o intuito de atender o escoamento da
A industrialização do Sul, tem muita vinculação com a produção destinada ao mercado externo, foram realiza-
produção agrária, visa o abastecimento do mercado interno das obras nos terminais açucareiros dos portos de Recife
e as exportações. e Maceió.
O imigrante foi um elemento muito importante no iní- A rede rodoviária está mais integrada a outras regiões
cio da industrialização como mercado consumidor e no do que dentro do próprio Nordeste. A construção da ro-
processo industrial de produtos agrícolas, muitas vezes em dovia, ligando o Nordeste ao Sudeste e ao Sul, possibilitou
estrutura familiar e artesanal. o abastecimento do Nordeste com produtos industrializa-
A industrialização de São Paulo implicou na incorpo- dos no Sudeste e o deslocamento da população nordesti-
ração do espaço do Sul como fonte de matéria-prima. Im- na em direção ao mesmo.
plicou também na incapacidade de concorrência das in-

23
CIÊNCIAS SOCIAIS

Centro-Oeste frutas, o esmagamento de sementes para fabricação de


Na década de 60, a industrialização a nível nacional óleos, a destilação de essências florestais, prensagem de
adquire novos padrões. As indústrias de máquinas e in- juta, etc. Tais atividades, além de aumentarem o valor final
sumos agrícolas, instaladas no Sudeste, tiveram mercado da matéria-prima, geram empregos.
consumidor certo no Centro-Oeste, ao incentivarem o cul- As principais regiões industriais são Belém e Manaus.
tivo de produtos para exportação em grandes áreas meca- Na Amazônia não acontece como no Centro-sul do país, a
nizadas. criação de áreas industriais de grandes dimensões.
A partir da década de 70, o Governo Federal implantou Mais adiante veremos sobre a criação da Zona Franca
uma nova política econômica visando à exportação. Para de Manaus.
atender às necessidades econômicas brasileiras e a sua
participação dentro da divisão internacional do trabalho, Como a implantação de uma indústria pode alterar
caberia ao Centro-Oeste à função de produtor de grãos e a cultura e as relações de trabalho na região em que foi
carnes para exportação. implantada
Com tudo isso, o Centro-Oeste tornou-se a segunda Já é do conhecimento de todos nós, que quando uma
região em criação de bovinos do País, sendo esta a ativida- indústria é implantada em determinada região, várias mu-
de econômica mais importante da sub-região. Sua produ- danças acontecem, dentre elas, mudanças no espaço geo-
ção de carne visa o mercado interno e externo. gráfico, mudanças culturais, e, principalmente, mudanças
Existem grandes matadouros e frigoríficos que indus- na economia.
trializam os produtos de exportação. O abastecimento re- A implantação de uma indústria, modifica a cultura,
gional é feito pelos matadouros de porte médio e mata- pois, um trabalho que artesanalmente era executado pelo
douros municipais, além dos abates clandestinos que não povo, e tido como tradição, cede seu lugar, muitas vezes,
passam pela fiscalização do Serviço de Inspeção Federal. as máquinas pesadas, que exercem sozinhas e em pouco
Sua industrialização se baseia no beneficiamento de tempo, o serviço que muitas vezes era desempenhado por
matérias-primas e cereais, o que contribui para o maior várias pessoas e em um período de tempo muito maior.
Assim, milhares de postos de trabalho se extinguiam, fa-
valor de sua produção industrial. As outras atividades in-
zendo com que aumentasse o número de empregos infor-
dustriais são voltadas para a produção de bens de consu-
mais surgidos nessa região.
mo, como: alimentos, móveis, entre outros. A indústria de
Além de mudanças na cultura e economia, surgem
alimentos, a partir de 1990, passou a se instalar nos polos
também, mudanças no espaço geográfico. Em alguns ca-
produtores de matérias-primas, provocando um avanço
sos, as indústrias são implantadas, sem maior avaliação
na agroindústria do Centro-Oeste. A CEVAL, instalada em
dos danos que ela poderá causar, acarretando consequên-
Dourados MS, por exemplo, já processa 50% da soja na
cias gravíssimas posteriormente.
própria área.
No estado de Goiás, por exemplo, existem indústrias A Zona Franca de Manaus
em Goiânia, Anápolis, Itumbiara, Pires do rio, Catalão, Goia- A Zona Franca de Manaus (ZFM) foi criada em 1957,
nésia e Ceres. Goiânia e Anápolis, localizadas na área de originalmente através da Lei 3.173, com o objetivo de es-
maior desenvolvimento econômico da região, são os cen- tabelecer em Manaus um entreposto destinado ao benefi-
tros industriais mais significativos, graças ao seu mercado ciamento de produtos para posterior exportação. Em 1967,
consumidor, que estimula o desenvolvimento industrial. a ZFM foi subordinada diretamente ao Ministério do Inte-
Enquanto outras áreas apresentam indústrias ligadas rior, através da SUFRAMA (pelo Decreto-Lei n 288). O de-
aos produtos alimentares, minerais não metálicos e madei- creto estabelecia incentivos com vigência até o ano 1997.
ra, esta área possui certa diversificação industrial. Contu- Ao longo dos anos 70, os incentivos fiscais atraíram
do, os produtos alimentares representam o maior valor da para a Zona Franca de Manaus investimentos de empre-
produção industrial. sas nacionais e estrangeiras anteriormente instaladas no
sul do Brasil, bem como investimentos de novas ET, princi-
Norte palmente da indústria eletrônica de consumo. Nos anos 80,
A atividade industrial no Norte, é pouco expressiva, a Política Nacional de Informática impediu que a produção
se comparada com outras regiões brasileiras. Porém, os de computadores e periféricos e de equipamentos de tele-
investimentos aplicados, principalmente nas últimas déca- comunicações se deslocasse para Manaus e a ZFM mante-
das, na área dos transportes, comunicações e energia pos- ve apenas o segmento de consumo da indústria eletrônica.
sibilitaram a algumas áreas o crescimento no setor indus- A Constituição de 1988 prorrogou a vigência dos incen-
trial, visando à exportação. tivos fiscais da União para a Zona Franca de Manaus até
Grande parte das indústrias está localizada próxima à o ano de 2013, mas com a abertura da economia, nos anos
fonte de matérias-primas como a extração de minerais e 90, esses incentivos perderam eficácia. Simultaneamente,
madeiras, com pequeno beneficiamento dos produtos. os produtos fabricados na ZFM passaram a enfrentar a
A agroindústria regional dedica-se basicamente ao be- concorrência com produtos importados no mercado do-
neficiamento de matérias-primas diversas, destacando-se méstico brasileiro. As empresas estabelecidas em Manaus
a produção de laticínios, o processamento de carne, ossos promoveram um forte ajuste com redução do emprego e
e couro, a preservação do pescado, a extração de suco de aumento do conteúdo importado dos produtos finais.

24
CIÊNCIAS SOCIAIS

Governo do marechal Costa e Silva ( 1967/1969)


4.8 A NOVA REPUBLICA E A GLOBALIZAÇÃO
MUNDIAL. Fazia parte da chamada “linha dura” – setor do Exército
que exigia medidas mais enérgicas e repressivas para man-
ter a ordem social e política.
Em seu governo, no ano de 1967, formou-se a Frente
O golpe militar de 1964 foi efetivado com o objetivo Ampla, grupo de oposição ao regime militar – liderada por
de evitar a ameaça comunista. O regime militar foi marcado Carlos Lacerda e JK. A Frente exigia a anistia política, elei-
pelas restrições aos direitos e garantias individuais e pelo ções diretas em todos os níveis e a convocação de uma
uso da violência aos opositores do regime. Assembléia Constituinte.
O modelo político do regime militar foi caracterizado As agitações internacionais de 1968 tornou a esquerda
pelo fortalecimento do Executivo que marginalizou o Le- mais radical, defendendo a luta armada para a redemocra-
gislativo (através da cassação de mandatos) e interferiu nas tização do país. O movimento estudantil crescia e exigia
decisões do Judiciário (como por exemplo a publicação dos democracia.
atos institucionais); pela centralização do poder, tornando Da mesma forma, os grupos de direita também se ra-
o princípio federativa letra morta constitucional; controle dicalizavam. O assassinato do estudante Edson Luís pela
da estrutura partidária, dos sindicatos e demais represen- polícia, na Guanabara, provocou um enorme ato de pro-
tações; pela censura aos meios de comunicação e intensa testo – a passeata dos cem mil. Em dezembro de 1968, o
repressão política – os casos de tortura eram sistemáticos. deputado pelo MDB, Márcio Moreira Alves fez um pesado
O modelo econômico do regime militar foi marcado discurso e atacando as Forças Armadas.
pelo processo de concentração de rendas e abertura exter- O ministro da Justiça, Gama e Silva, procurou processar
na da economia brasileira. o deputado; porém o Congresso garantiu a imunidade do
parlamentar. Como resposta, Costa e Silva decretou o ato
Governo do marechal Castello Branco ( 1964/67) institucional n5 – o mais violento de todos. Pelo AI-5 esta-
beleceu-se, entre outros: o fechamento do Legislativo pelo
Foi eleito por vias indiretas, através do ato institucional
presidente da República, a suspensão dos direitos políticos
n 1, em 10 de abril de 1964.
e garantias constitucionais, inclusive a do habeas-corpus;
Em seu governo foi criado o Serviço Nacional de In-
intervenção federal nos estados e municípios.
formação (SNI). Seu governo é marcado por uma enorme
Através do AI-5 as manifestações foram duramente
reforma administrativa, eleitoral, bancária, tributária, habi-
reprimidas, provocando o fechamento total do regime mi-
tacional e agrária. Criou-se o Cruzeiro Novo, o Banco Cen-
litar. Segundo o historiador Boris Fausto: “Um dos muitos
tral, Banco Nacional da Habitação e o Instituto Nacional
aspectos trágicos do AI-5 consistiu no fato de que refor-
da Previdência Social (INPS). Criou-se também o Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço. çou a tese dos grupos de luta armada.” Semelhante tese
Em outubro de 1965 foi assinado o ato institucional n2, transformou-se em realidade com a eleição (indireta) de
ampliando o controle do Executivo sobre o Legislativo, ex- um novo presidente – Emílio Garrastazu Médici –pois Costa
tinguindo os partidos políticos – inaugurando o bipartida- e Silva sofreu um derrame cerebral.
rismo no Brasil. De um lado o partido governista a ARENA
(Aliança Renovadora Nacional) e, de outro lado, a oposição, Governo do general Médici ( 1969/1974)
reunida no MDB (Movimento Democrático Brasileiro). Este
mesmo ato determinou que as eleições para presidente se- Período mais repressivo de todo regime militar, onde
riam diretas. a tortura e repressão atingiram os extremos, bem como a
Em fevereiro de 1966 foi decretado o ato institucio- censura aos meios de comunicação. O pretexto foi a inten-
nal n 3 estabelecendo eleições indiretas para governador e sificação da luta armada contra o regime.
para os municípios considerados de “segurança nacional”, A luta armada no Brasil assumiu a forma de guerra de
incluindo todas as capitais. Em 1967, mediante o ato insti- guerrilha (influenciada pela revolução cubana, pela guerra
tucional n4, foi promulgada uma nova Constituição. Nela do Vietnã e a revolução chinesa). Os focos de guerrilha no
mantinha-se o princípio federativo e os princípios dos atos Brasil foram: na serra do Caparaó, em Minas Gerais – des-
institucionais – eleições indiretas para presidente e gover- truído pela rápida ação do governo federal; um outro foco
nadores. foi no vale do Ribeira, em São Paulo, chefiado pelo ex-capi-
A Constituição fortalecia os poderes presidenciais, tão Carlos Lamarca – foco também reprimido pelo governo
permitindo ao presidente decretar estado de sítio, efeti- rapidamente.
var intervenção federal nos Estados, decretar recesso no O principal foco guerrilheiro foi no Araguaia, no Pará.
Congresso Nacional, legislar por decretos e cassar ou sus- Seus participantes eram ligados ao Partido Comunista do
pender os direitos políticos. Antes de deixar a presidên- Brasil e conseguiram apoio da população local. O modelo
cia, Castello Branco instituiu a Lei de Segurança Nacional, teórico dos guerrilheiros seguia as propostas de Mao Tsé-
sendo um conjunto de normas que regulamentava todas tung. O foco, descoberto em 1972, foi destruído em 1975.
as atividades sociais, estabelecendo severa punições aos Ao lado da guerrilha rural, desenvolveu-se também a guer-
transgressores. rilha urbana.

25
CIÊNCIAS SOCIAIS

Seu principal organizador foi Carlos Marighella, líder O ano de 1977 foi muito agitado politicamente – em
da Aliança de Libertação Nacional. Para combater a guerri- razão da crise mundial do petróleo – resultando em cassa-
lha urbana o governo federal sofisticou seu sistema de in- ções de mandatos e diversas manifestações estudantis em
formação com os DOI-CODI (Destacamento de Operação e todo o país. No ano de 1978 houve uma greve de metalúr-
Informações-Centro de Operações de Defesa Interna), que gicos no ABC paulista, sob a liderança de Luís Inácio da Sil-
destruíram os grupos de guerrilha da extrema esquerda. va, o Lula. No final de seu governo, Geisel revogou o AI-5.
Os DOIs-CODIs tinham na tortura uma prática corriqueira.
O governo do general Figueiredo (1979/1985)
O MILAGRE ECONÔMICO
Durante o governo de João Baptista Figueiredo houve
Período do governo Médici de grande crescimento fortes pressões, da sociedade civil, que exigiam o retorno
econômico e dos projetos de grandes impactos (como a ao estado de direito, uma anistia política, justiça social e a
Transamazônica e o Movimento Brasileiro de Alfabetiza- convocação de uma Assembleia Constituinte.
ção-MOBRAL), em razão do ingresso maciço de capital es- Em março de 1979, uma greve de metalúrgicos no ABC
trangeiro. paulista mobilizou cerca de 180 mil manifestantes; em abril
Houve uma expansão do crédito, ampliando o padrão de 1981, uma nova greve, que mobilizou 330 mil operários,
de consumo do país e gerando uma onda de ufanismo, por 41 dias. Neste contexto é que se destaca o líder sindical
como no slogan “este é um país que vai prá frente”. O regi- Luís Inácio da Silva – Lula. A UNE reorganizou-se no ano de
me utiliza este período de otimismo para ocultar a repres- 1979 e, neste mesmo ano, o presidente Figueiredo aprovou
são política – aproveita-se inclusive das conquistas espor- a Lei da Anistia – que beneficiava exclusivamente os presos
tivas da década de 70, como o tricampeonato de futebol. políticos. Alguns exilados puderam voltar ao país.
O ideólogo do “milagre” foi o economista Delfim Netto Ainda em 1979 foi extinto o bipartidarismo, forçando
usando como atrativo ao capital estrangeiro as baixas taxas uma reforma partidária. Desta reforma surgiram o PSD
de juros utilizadas no mercado internacional. No entanto, (Partido Social Democrático), herdeiro da antiga Arena;
a modernização e o crescimento econômico brasileiro não o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro),
beneficiou as camadas pobres. No período do “milagre” as composto por políticos do antigo MDB; o PTB (Partido Tra-
taxas de mortalidade infantil subiram e, segundo estimati- balhista Brasileiro), controlado por Ivete Vargas e formado
vas do Banco Mundial, no ano de 1975 70 milhões de bra- por setores da antiga ARENA; PDT (Partido Democrático
sileiros eram desnutridos. Trabalhista), fundado por Leonel Brizola e PT (Partido dos
Trabalhadores), com propostas socialistas. Em 1983 a so-
O governo do general Ernesto Geisel (1974/79) ciedade civil participou intensamente do movimento das
Diretas-já.
O presidente Geisel tomou posse sob a promessa do Em 1984 foi apresentada a Emenda Dante de Oliveira,
retorno ‘a democracia de forma “lenta, gradual e segu- que propunha o restabelecimento das eleições diretas para
ra”. Seu governo marca o início do processo de abertura presidente da República. A emenda foi rejeitada pelo Con-
política. gresso Nacional.
Em novembro de 1974 houve eleições parlamentares e No ano de 1985, em eleições pelo Colégio Eleitoral, o
o resultado foi uma expressiva vitória do MDB. Preocupado candidato da oposição- Tancredo Neves derrotou o candi-
com as eleições municipais, no dia 1 de julho de 1976 foi dato da situação – Paulo Maluf. Tancredo Neves não che-
aprovada a Lei Falcão, que estabelecia normas gerias para gou a tomar posse – devido a problemas de saúde veio a
a campanha eleitoral através do sistema de radiodifusão: falecer em 21 de abril de 1985. O vice-presidente, José Sar-
exibição da fotografia do candidato, sua legenda e seu nú- ney assumiu a presidência, iniciando um período conheci-
mero. Apresentação do nome e seu currículo. Semelhantes do como Nova República.
regras forçava o candidato a conquistar o voto no contato
direto com o eleitor. A Nova República
No dia 1 de abril de 1977, o presidente – utilizando o
AI-5 – decretou o recesso do Congresso Nacional. Foi pro- Governo de José Sarney (1985/1990)
mulgando, então, o pacote de abril, estabelecendo man-
dato de seis anos para presidente da República, manuten- O mandato de José Sarney foi marcado pelos altos ín-
ção das eleições indiretas para governador, diminuição da dices inflacionários e pela existência de vários planos eco-
representação dos estados mais populosos no Congresso nômicos: Plano Cruzado (1986), Plano Bresser (1987) e Pla-
Nacional e criada a reserva de um terço das vagas do Sena- no Verão (1989).
do para nomes indicados pelo governo (senador biônico). O plano de maior repercussão foi o Plano Cruzado, que,
Embora a censura aos meios de comunicação tenha di- procurando conter a inflação determinou: congelamento
minuído o regime continuava fechada e a repressão existia. de todos os preços por um ano; abono salarial de 8%, e
Como exemplo, a morte do jornalista da TV Cultura, Vladi- reajustados após um ano, ou quando a inflação atingisse
mir Herzog, nas dependências do DOI-CODI paulista (1975) 20%; extinção da correção monetária e o cruzeiro perdia
e o “suicídio” do operário Manuel Fiel Filho em 1976. três zeros e passava ser chamado de cruzado.

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CIÊNCIAS SOCIAIS

Por ser um governo de transição democrática, impor- confirmou a manutenção da república presidencialista. No
tantes avanços políticos ocorreram, como a convocação de aspecto econômico o mais importante foi a aplicação do
uma Assembleia Constituinte que elaborou e promulgou a Plano Real, que buscava combater a inflação e estabilizar a
Constituição de 1988 – “Constituição Cidadã”- que estabe- economia nacional. O Plano pregava a contenção dos gas-
leceu as eleições diretas em todos os níveis; a legalização tos públicos, a privatização de empresas estatais, a redução
dos partidos políticos de qualquer tendência; instituição do do consumo mediante o aumento da taxa de juros e maior
voto facultativo aos analfabetos, jovens entre 16 e 18 anos abertura do mercado aos produtos estrangeiros.
e pessoas acima de 70 anos; fim da censura; garantido o O Plano contribuiu para a queda da inflação e aumen-
direito de greve e a liberdade sindical; ampliação dos direi- to do poder aquisitivo e da capacidade de consumo – em
tos trabalhistas; intervenção do Estado nos assuntos eco- razão da queda dos preços dos produtos face à concor-
nômicos e nacionalismo econômico ao reservar algumas rência estrangeira. A popularidade do Plano Real auxiliou o
atividades às empresas estatais. ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique
Cardoso, a vencer as eleições em outubro de 1994.
As eleições presidenciais de 1989
O governo de Fernando Henrique Cardoso
Em dezembro de 1989 foram realizadas as primeiras (1995/2002)
eleições diretas para a Presidência da República desde
1960. Três candidatos destacaram-se na disputa: Fernando Fernando Henrique Cardoso foi o primeiro presidente
Collor de Mello, do pequeno Partido da Renovação Nacio- do Brasil a conseguir uma reeleição
nal (PRN); Leonel Brizola do Partido Democrático Brasileiro – através de uma mudança constitucional. Seus dois
(PDT) e Luís Inácio “Lula” da Silva, do Partido dos Trabalha- mandatos são caracterizados pela aceleração do proces-
dores (PT). so de globalização: a criação do Mercosul e a eliminação
A disputa foi para o segundo turno entre Fernando das barreiras alfandegárias entre Brasil, Argentina, Uruguai
Collor e Lula, cabendo ao primeiro a vitória nas eleições e Paraguai ( a formação do bloco obedece várias etapas).
– graças à imagem de “caçador de marajás”, e de uma pla- Em termo de organização social destaque para a questão
taforma de luta contra a corrupção, na modernização do fundiária do país e a atuação do MST (Movimento dos Tra-
Brasil e de representar os pobres e marginalizados – os balhadores Rurais Sem Terra), que, através da ocupação de
“descamisados”. terras procura agilizar o processo de reforma agrária no país.
Os anos de FHC como presidente foram marcados pela
O governo de Fernando Collor de Mello (1990/92)
hegemonia do neoliberalismo e antigos e urgente proble-
mas não foram solucionados, tais como a exclusão social, a
Aplicou o plano econômico denominado de Plano Bra-
imensa concentração fundiária e empresarial, a corrupção e
sil Novo, o qual extinguiu o cruzado novo e retornou o cru-
os descasos administrativos, ausência de uma política edu-
zeiro; congelou preços e salários; bloqueio boa parte do
cacional, desfaçatez na área da saúde e previdência social,
dinheiro de aplicações financeiras e de poupanças por 18
a violência urbana, o desemprego, crescimento do subem-
meses. Houve grande número de demissões no setor pú-
blico, redução nas tarifas de importação e um tumultuado prego, concentração de rendas e injustiça social...
processo de privatizações. Somente através do conhecimento histórico podemos
No entanto, as denúncias de corrupção envolvendo o analisar, entender e transformar a nossa história. Somente
alto escalão do governo levou o Congresso a formar uma ela (a História) pode conscientizar a todos nós, para que
Comissão Parlamentar de Inquérito. O relatório final da CPI juntos – ou individualmente – possamos transformar nossa
apontou ligações do presidente com Paulo César Farias – dura, triste e fascinante realidade.
amigo pessoal e tesoureiro da campanha presidencial. Fonte: http://www.mundovestibular.com.br/arti-
O envolvimento de Collor no chamado “esquema PC”, cles/4373/1/DA-REPUBLICA-MILITAR-A-NOVA-REPUBLI-
que envolvia troca de favores governamentais por dinhei- CA-1964---1985/Paacutegina1.html
ro, gerou o processo de impeachment – ou seja, o afasta-
mento do Presidente da República. Fernando Collor pro-
curou bloquear o processo, porém a população foi às ruas 4.9 ASPECTOS HISTÓRICOS DO ESTADO DE
exigindo seu afastamento (“os caras-pintadas”). ALAGOAS: COLONIZAÇÃO, POVOAMENTO,
O presidente renunciou em 30 de dezembro de 1992, SOCIEDADE E INDUSTRIAS.
após decisão histórica do Congresso Nacional no dia ante-
rior pelo seu afastamento. O vice-presidente Itamar Franco
assumiu o cargo.
A história de Alagoas se inicia antes do descobrimen-
O governo de Itamar Franco ( 1992/1995) to do Brasil pelos portugueses, quando o atual território
do estado era povoado pelos índios caetés. A costa do
Realização de um plebiscito em 1993 que deveria es- atual Estado de Alagoas, reconhecida desde as primeiras
tabelecer qual o regime político (monarquia ou república) expedições portuguesas, desde cedo também foi visitada
e qual a forma de governo (presidencialismo ou parla- por embarcações de outras nacionalidades para o escam-
mentarismo). No dia 21 de abril o resultado do plebiscito bo de pau-brasil (Caesalpinia echinata).

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CIÊNCIAS SOCIAIS

Quando da instituição do sistema de Capitanias Heredi- Sem sombra de dúvida, nas décadas seguintes,
tárias (1534), integrava a Capitania de Pernambuco, e a sua os franceses andaram pela costa alagoana, no tráfico
ocupação remonta à fundação da vila do Penedo (1545), às do  pau-brasil  com os nativos dos arredores. Até hoje,
margens do rio São Francisco, pelo donatário Duarte Coe- o porto do Francês documenta a presença, ali, daquele
lho Pereira, que incentivou a fundação de engenhos na re- povo.
gião. Palco do naufrágio da Nau Nossa Senhora da Ajuda Duarte Coelho, primeiro donatário da capitania de
e subsequente massacre dos sobreviventes, entre os quais Pernambuco, realizou uma excursão ao sul; não há docu-
o Bispo D.  Pero Fernandes Sardinha, pelos  Caeté  (1556), mentos que a comprove, mas há evidências de que tenha
o episódio serviu de justificativa para a guerra de exter- sido realizada em 1545 e de que dela resulte a fundação
mínio movida contra esse grupo indígenas pela Coroa de Penedo, às margens do rio São Francisco.
portuguesa. Ao se iniciar o século XVII, além da lavoura de Em 1556, voltava da Bahia para Portugal o bispo
cana-de-açúcar, a região de Alagoas era expressiva produ- dom Pero Fernandes Sardinha, quando seu navio nau-
tora regional de farinha de mandioca, tabaco, gado e pei- fragou defronte da enseada do hoje pontal do Coruripe.
xe seco, consumidos na Capitania de Pernambuco. Durante Sardinha foi morto e devorado pelos caetés, uma das nu-
as invasões holandesas do Brasil (1630-1654), o seu litoral merosas tribos indígenas então existentes na região.  Per-
se tornou palco de violentos combates, enquanto que, nas dura a crença popular de que a ira divina secou e este-
serras de seu interior, se multiplicaram os quilombos, com rilizou todo o chão manchado pelo sangue do religioso.
os africanos evadidos dos engenhos de Pernambuco e da Para vingá-lo, Jerônimo de Albuquerque comandou uma
Bahia. Palmares, o mais famoso, chegou a contar com vinte expedição guerreira contra os caetés, destruindo-os qua-
mil pessoas no seu apogeu. Constituiu-se em a Comar- se completamente e escravizando os sobreviventes.
ca de Alagoas em 1711, e foi desmembrado da Capitania Em 1570, uma segunda bandeira enviada por Duarte
de Pernambuco (Decreto de 16 de setembro de 1817), em Coelho, comandada por Cristóvão Lins, explorou o norte
consequência da Revolução Pernambucana daquele ano. de Alagoas, onde fundouPorto Calvo e cinco engenhos,
O seu primeiro governador, Sebastião Francisco de Melo e dos quais subsistem dois, o Buenos Aires e o Escurial. Nes-
Póvoas, assumiu a função a 22 de janeiro de 1819. te último repousou, em 1601, o corsárioinglês Anthony
Durante o  Brasil Império  (1822-1889), sofreu os re- Knivet, que viajara por terra após fugir da Bahia, onde es-
flexos de movimentos como a  Confederação do Equa- tivera prisioneiro dos portugueses.
dor (1824) e a Cabanagem (1835-1840). A Lei Provincial de
9 de dezembro de 1839 transferiu a capital da Província da A GUERRA HOLANDESA
cidade de Alagoas (hoje Marechal Deodoro), para a vila de No princípio do século XVII, Penedo, Porto Calvo e Ala-
Maceió, então elevada a cidade. goas já eram freguesias, admitindo-se que tais títulos lhes
A primeira Constituição do Estado foi assinada em 11 tivessem sido conferidos ainda no século anterior. Foram
de junho de 1891, em meio a graves agitações políticas vilas, porém, em 1636. Repousando a economia regional
que assinalaram o início da vida republicana. Os dois pri- na atividade açucareira, tornaram-se os engenhos de açú-
meiros presidentes da República do Brasil, Deodoro da car os núcleos principais da ocupação da terra. A partir de
Fonseca e Floriano Peixoto, nasceram no estado. 1630, Alagoas, atingida pela invasão holandesa, teve po-
voados, igrejas e engenhos incendiados e saqueados. 
PRIMEIROS HABITANTES Os portugueses reagiram duramente. Batidos por su-
Por volta do ano 1000, o litoral do atual estado de Ala- cessivos reveses, os holandeses já desanimavam, pensan-
goas foi invadido por povos de língua tupi procedentes do em retirar-se, quando para eles se passa o mamelu-
da Amazônia. Eles expulsaram os antigos habitantes, fa- co Domingos Fernandes Calabar, de Porto Calvo. Grande
lantes de línguas do  tronco linguístico  macro-jê, para o conhecedor do terreno, orientou os holandeses em uma
interior do continente. No século 16, quando os primeiros nova expedição a Alagoas. Os invasores aportaram à Bar-
europeus chegaram ao litoral de Alagoas, ele era habitado ra Grande, de onde passaram a vários pontos, sempre
pela nação tupi dos caetés. com bom êxito.  Em Santa Luzia do Norte, a população,
prevenida, ofereceu resistência.   Após encarniçada pe-
DESCOBRIMENTO PELOS EUROPEUS leja, os  holandesesrecuaram e retornaram a  Recife. Mas,
Barra Grande deve ter sido o primeiro ponto do terri- caindo em seu poder o arraial do Bom Jesus, entre Reci-
tório das Alagoas visitado pelos descobridores portugue- fe e Olinda, obtiveram várias vitórias. 
ses, por ocasião da viagem de Américo Vespúcio, em 1501. Alagoas, Penedo e Porto Calvo: eis os pontos princi-
Embora não haja referência àquele porto, excelente para a pais onde se trava a luta em terras alagoanas.  Por fim,
acolhida de navios, como a expedição vinha do norte para os portugueses retomaram Porto Calvo e aprisionaram
o sul, cabe crer que tenha ocorrido ali o primeiro contato Calabar, que morreu na forca em 1635. Clara Camarão,
com a terra alagoana. A 29 de setembro, Vespúcio assina- uma porto-calvense de sangue indígena, também se sa-
lou um rio a que chamou São Miguel, no território percor- lientou na luta contra os holandeses. Acompanhou o ma-
rido; a 4 de outubro, denominou São Francisco o rio então rido, o índio Filipe Camarão, em quase todos os lances
descoberto, hoje limite de Alagoas com Sergipe. e arregimentou outras mulheres, tomando-lhes a frente.

28
CIÊNCIAS SOCIAIS

Por volta de 1641, afirmava um chefe holandês estar CRIAÇÃO DA COMARCA


quase despovoada a região. Maurício de Nassau pensou Já então apresentavam as Alagoas indícios de prospe-
em repovoá-la,  mas o projeto não foi adiante. Na época ridade e desenvolvimento, quer do ponto de vista econô-
também se produzia fumo em Alagoas, considerado de ex- mico, quer do cultural. Sua principal riqueza era o açúcar,
celente qualidade o de Barra Grande. Em 1645, a população sendo além disso produzidos, embora em menor esca-
participou da reação nacionalista, integrando-se na luta la, mandioca, fumo e milho; couros, peles e pau-brasil
sob o comando de Cristóvão Lins, neto e homônimo do eram exportados. As matas abundantes forneciam madei-
primeiro povoador de Porto Calvo. Expulsos os holandeses ra para a construção de naus. Nos conventos de Penedo e
do território alagoano, em setembro de 1645,  prossegue das Alagoas os franciscanos mantinham cursos e publica-
a população em sua luta contra eles, já agora, todavia, em vam sermões e poesias. Tudo isso justificou o ato régio de
território pernambucano. 9 de outubro de 1710, criando a comarca das Alagoas, que
Em fins do século XVII intensificam-se as lutas contra somente se instalou em 1711. Daí em diante, a organiza-
os quilombos negros reunidos nos Palmares.20 Frustradas ção judiciária restringia o arbítrio feudal dos senhores, e
as primeiras tentativas de Domingos Jorge Velho, sobretu- até o dos representantes da metrópole. A comarca desen-
do em 1692, dois anos depois o quilombo é derrotado, com volvia-se.  Já em 1730 o governador de Pernambuco, pro-
o ataque simultâneo de três colunas: uma, dos paulistas de pondo a el-rei a extinção da decadente capitania da Paraí-
Domingos Jorge; outra, de pernambucanos, sob o coman- ba, assinalava a prosperidade de Alagoas, com seus quase
do de Bernardo Vieira de Melo; e a terceira, de alagoanos, cinquenta engenhos, dez freguesias, e apreciável renda
comandados por Sebastião Dias. Palmares começara a for- para o erário real.  Ao lado do açúcar, incrementou-se
mar-se ainda nos fins do século XVI, e resistiu a sucessivos a cultura do algodão. Seu cultivo foi introduzido na déca-
ataques durante quase um século.  da de 1770; em 1778, já se exportavam para Lisboa amos-
Um dos maiores redutos de escravos foragidos do Bra- tras de algodão tecido nas Alagoas.  Em Penedo e Porto
Calvo, fabricava-se pano ordinário, para uso, sobretudo,
sil colonial, Palmares ocupava inicialmente a vasta área que
de escravos. Em 1754, frei João de Santa Ângela publicou,
se estendia, coberta depalmeiras, do cabo de Santo Agos-
em Lisboa, seu livro de sermões e poesias; é a primeira
tinho ao rio São Francisco. A superfície do quilombo, pro-
obra de um alagoano.  A população crescia, distribuindo-
gressivamente reduzida com o passar do tempo, concen-
se em várias atividades. Um cômputo demográfico man-
trar-se-ia, em fins do século XVII, na ainda extensa região
dado realizar em 1816 pelo ouvidor Antônio Ferreira Bata-
delimitada pelas vilas de Una e Serinhaém, em Pernambu-
lha registrava uma população de 89.589 pessoas. 
co, e Porto Calvo, Alagoas e São Francisco (Penedo), em Ala-
goas. Os escravos haviam organizado no reduto um verda-
CAPITANIA INDEPENDENTE
deiro estado, segundo os moldes africanos, com o quilom-
Três anos depois, em 1819, novo recenseamento acu-
bo  constituído de povoações diversas (mocambos), pelo sou uma população de 111 973 pessoas. Contavam-se, en-
menos 11, governadas por oligarcas, sob a chefia suprema tão, na província, oito vilas. Alagoas já se constituíra capi-
do rei Ganga-Zumba. A partir de 1667, amiudaram-se as tania independente da de Pernambuco, criada pelo alvará
entradas contra os negros, a princípio com a finalidade de de 16 de setembro de 1817. A repercussão da Revolução
recapturá-los, em seguida com a de conquistar as terras Pernambucana desse ano contribuiu para facilitar o pro-
de que se haviam apoderado.  As investidas do sargento- cesso de emancipação. O ouvidor Batalha foi o principal
mor Manuel Lopes (1675) e de Fernão Carrilho (1677) se- mentor da gente alagoana. Aproveitando-se da situação
riam desastrosas para os quilombolas, obrigados a aceitar a e infringindo as próprias leis régias, desmembrou a co-
paz em condições desfavoráveis. Apesar desse revés, a luta marca da jurisdição de Pernambuco e nela constituiu um
prosseguiria, liderada por Zumbi, sobrinho de Ganga-Zum- governo provisório. Esses atos foram suficientes para abrir
ba, contra cujas hostes aguerridas, em seguida a uma pri- caminhos que levaram D. João a sancionar o desmembra-
meira expedição punitiva, em 1679, e a diferentes entradas mento. Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, governador
sem maiores consequências, se voltaria finalmente o ban- nomeado, só assumiu o governo a 22 de janeiro de 1819. 
deirante paulista Domingos Jorge Velho, para tanto con- Acentuou-se a partir de então o surto de prosperida-
tratado pelo governador de Pernambuco, João da Cunha de de Alagoas.  Em 17 de agosto de 1831 apareceu o Íris
Souto Maior. Nos primeiros meses de 1694, aliado a des- Alagoense, primeiro jornal publicado na província, assim
tacamentos alagoanos e pernambucanos, sob o comando, considerada a partir da independência do Brasil e organi-
respectivamente, de Sebastião Dias e Bernardo Vieira de zação do império. É certo que os primeiros anos de inde-
Melo, Velho liquidaria a derradeira resistência do quilom- pendência não foram fáceis. Uma sequência de movimen-
bo. Zumbi lograria escapar, arregimentando novos comba- tos abalou a vida provincial: em 1824, a Confederação do
tentes, mas, traído, ver-se-ia envolvido por forças inimigas, Equador; em 1832-1835, a Cabanada; em 1844, a rebelião
com cerca de vinte de seus homens, perecendo em luta, a conhecida como Lisos e Cabeludos; em 1849, a repercus-
20 de novembro de 1695. Desaparecia, após mais de ses- são da revolução praieira.
senta anos, o quilombo dos Palmares, “o maior protesto ao
despotismo que uma raça infeliz traçou à face do mundo”,
no dizer de Craveiro Costa. 

29
CIÊNCIAS SOCIAIS

MUDANÇA DA CAPITAL
Em 1839 a capital, então situada na velha cidade das II GEOGRAFIA GERAL, DO BRASIL E DE
Alagoas, foi transferida para a vila de Maceió, localizada ALAGOAS. 1 GEOGRAFIA POLITICA DO
à beira-mar, no caminho entre o norte, o centro e o sul
MUNDO ATUAL.
da província.37 No processo de mudança defrontaram-se
as duas facções políticas mais importantes, uma chefiada
pelo mais tarde  visconde de Sinimbu, outra pelo juiz  Ta-
vares Bastos,29 pai do futuro pensador Tavares Bastos, Geopolítica pode ser definida como o conjunto de
nascido, aliás, nesse ano de 1839.38 Naquele momento a ações e práticas realizadas no âmbito do poder, geralmente
província possuía oito vilas. Desde 1835 funcionava a as- envolvendo os Estados Nacionais no sentido de promover
sembleia provincial.29 o gerenciamento e o controle de seus territórios. No en-
No governo da província sucediam-se os presiden- tanto, podemos perceber que essas relações muitas vezes
tes nomeados pelo imperador, nem sempre interessados vão além da própria noção de Estado, como a constituição
pelos destinos da terra, outras vezes envolvidos por lu- de organizações regionais e mecanismos internacionais, a
tas partidárias. A província, contudo, progredia. No cam- exemplo da ONU (Organização das Nações Unidas) e da
po da economia, vale salientar a fundação, em 1857, da OTAM (Organização do Tratado do Atlântico Norte), que
primeira fábrica alagoana de tecidos, a Companhia União constituem territórios supranacionais.
Mercantil, no distrito de Fernão Velho.  Idealizou-a o ba-
rão de Jaraguá, contribuindo dessa forma para o fomento “Geopolítica” é o mesmo que “Geografia política”?
da economia regional. Trinta anos mais tarde, fundou-se a Apesar de essas duas formas de conhecimento se-
rem geralmente encaradas de forma sobreposta e quase
Companhia Alagoana de Fiação e Tecidos, que em 15 de
sempre se interseccionarem, podemos considerar que
outubro de 1888 se instalou em Rio Largo.  Seguiu-se a
são ramos diferentes do saber. A diferença entre ambas
esta, em 30 de setembro de 1892, a fundação da Compa-
as expressões encontra-se, grosso modo, na abordagem
nhia Progresso Alagoano, em Cachoeira.  Dessa atividade
que cada uma realiza: enquanto a Geografia política
têxtil surgiram, com grande prestígio nacional, as toalhas
preocupa-se com as relações e caracterizações espaciais
da Alagoana.
relacionadas ao poder do Estado, a Geopolítica pauta-se
O ensino recebeu incentivo com a instalação em 1849,
nas estratégias e relações internacionais envolvendo os
do Liceu Alagoano, destinado ao nível médio; é hoje o Co-
Estados, suas soberanias e relações de poder. Mas, como
légio Estadual de Alagoas.    O  ensino primário, já benefi- já ressaltamos, muitos vezes esses interesses se inter-re-
ciado em 1864 pelo estabelecimento de uma escola nor- lacionam, sendo difícil dizer onde termina uma aborda-
mal, hoje funcionando sob a denominação de Instituto de gem e inicia-se a outra.
Educação, recebeu expressivo impulso com a criação de
novas escolas. Com a fundação, em 1869, do Instituto Ar- Como surgiram a Geografia Política e a Geopolítica?
queológico e Geográfico Alagoano, hoje Instituto Históri- A expressão Geografia Política é muito atribuída a
co e Geográfico de Alagoas, desenvolveram-se os estudos F. Ratzel, com a elaboração e difusão de sua obra “Poli-
históricos e geográficos.  Do final do império ao início da tische Geographie”, publicada em 1987. No entanto, essa
república, incrementou-se o movimento para a construção forma de conhecimento já existia antes dele, só que com
de engenhos centrais e aperfeiçoamento técnico da fabri- um outro significado. Antes, a Geografia política era um
cação de açúcar, o que iria dar origem às usinas, a primeira termo utilizado para qualquer análise envolvendo as leis
delas constituída, todavia, já no período republicano.  ou as relações diplomáticas relacionadas ao Estado. Com
Os movimentos abolicionista e republicano dos últi- as proposições ratzelianas, esse termo ganhou uma nova
mos anos da monarquia atingiriam a província, o primeiro roupagem, passando a conceder uma maior ênfase aos fe-
deles através da Sociedade Libertadora Alagoana  e dos nômenos e estruturas espaciais, tanto ambientais quanto
jornais Gutenberg e Lincoln. A campanha abolicionista mo- sociais. Posteriormente, muitos estudiosos dedicaram os
bilizou a intelectualidade alagoana, sem entretanto chegar seus estudos a esse campo do conhecimento, realizados,
aos excessos da violência. Professores e jornalistas atraí- principalmente, para atender aos interesses dos governos
ram a mocidade para a campanha, e após a abolição, em e suas políticas nacionalistas.
1888, foi um mestre como Francisco Domingues da Silva Já a expressão Geopolítica foi elaborada pelo jurista
que teve a iniciativa da criação de um instituto de ensino suíço R. Kjéllen, que somente deu nome a uma forma de
profissional, destinado aos filhos dos ex-escravos.  conhecimento há muito tempo existente, cujo significado
já ressaltamos. Além disso, ao contrário da Geografia Polí-
Fonte: http://programacidadania.com.br/historia- tica, geralmente mais científica, a Geopolítica estabelecia-
de-alagoas/ se em um caráter mais militar, comportando-se como uma
verdadeira estratégia de posse, dominação e ampliação
das fronteiras territoriais. Os principais nomes da Geopo-
lítica, além do Kjéllen, são: H. MacKinder, A. Mahan e K.
Haushofer.

30
CIÊNCIAS SOCIAIS

O que podemos encontrar nesta seção? Os sistemas de informação são essenciais à globalização
A presente seção foi elaborada no sentido de englobar As principais beneficiadas pela globalização são as
textos com informações básicas e didáticas concernentes empresas transnacionais, haja vista que esse fenômeno faz
às relações políticas e estratégicas no plano internacional, com que elas continuem com suas matrizes em um país
com ênfase aos acontecimentos contemporâneos. Vale (desenvolvido), mas atuem com filiais em outros (em de-
lembrar que a preocupação com a dinâmica e as transfor- senvolvimento), expandindo seu mercado consumidor. Elas
mações do espaço geográfico deverá estar sempre presen- se aproveitam da mão de obra barata, além de benefícios
te nas análises realizadas. (isenção de imposto, doação de terreno, etc.) proporciona-
Assim, o nosso objetivo é o de promover um local de dos pelos governos dos países em desenvolvimento, visan-
estudos com temas voltados para o vestibular e também do ao aumento da lucratividade.
para a compreensão de temas básicos, tais como a Nova Além de fatores econômicos e sociais, a globalização
Ordem Mundial e as relações de poder que envolvem o também interfere nos aspectos culturais de uma determi-
mundo contemporâneo. nada população. O grande fluxo de informações obtidas
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra- por meio de programas televisivos e, principalmente, pela
fia/geopolitica.htm Internet, exerce influência em alguns hábitos humanos.
A instalação de redes de fast food é outro elemento que
pode promover uma mudança nos costumes locais. En-
tretanto, elementos da cultura local perduram em meio à
2 GLOBALIZAÇÃO. população, promovendo, assim, a diferenciação entre as
culturas existentes. 
Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geogra-
A globalização é um assunto que se encontra em des- fia/o-que-globalizacao.htm
taque nos meios de comunicação e, principalmente, nos
livros de Geografia. No entanto, muitas análises relaciona-
das ao tema são pouco esclarecedoras e acabam gerando
certa dificuldade de compreensão acerca do assunto.
3 ASPECTOS GERAIS DA POPULAÇÃO
O processo de globalização é um fenômeno do mode-
lo econômico capitalista, o qual consiste na mundialização
BRASILEIRA.
do espaço geográfico por meio da interligação econômi-
ca, política, social e cultural em âmbito planetário. Porém,
esse processo ocorre em diferentes escalas e possui con- População Brasileira
sequências distintas entre os países, sendo as nações ricas População é o conjunto de pessoas que residem em
as principais beneficiadas pela globalização, pois, entre ou- determinado território, que pode ser uma cidade, um esta-
tros fatores, elas expandem seu mercado consumidor por do, um país ou mesmo o planeta como um todo. Ela pode
intermédio de suas empresas transnacionais. ser classificada segunda sua religião, nacionalidade, local
O desenvolvimento e a expansão dos sistemas de co- de moradia (urbana e rural), atividade econômica (ativa
municação por satélites, informática, transportes e telefo- ou inativa) e tem seu comportamento e suas condições de
nia proporcionaram o aparato técnico e estrutural para a vida retratados através de indicadores sociais, como taxas
intensificação das relações socioeconômicas em âmbito de natalidade, mortalidade, expectativa de vida, índices de
mundial. Esse processo é uma consequência da Terceira analfabetismo, participação na renda, etc.
Revolução Industrial, também conhecida como Revolução O Brasil, em 2013, ultrapassou a casa dos 200 milhões
Técnico-Científico-Informacional, uma vez que, por meio de habitantes. (aproximadamente 201 milhões). É um
dos avanços tecnológicos obtidos, foi possível promover país populoso, o quinto maior do planeta, porém, não é
maior integração econômica e cultural entre regiões e paí- densamente povoado (densidade demográfica de apro-
ses de diferentes pontos do planeta. ximadamente 23,6 hab/km2. Segundo o IBGE, o país tem
atualmente 201,032 milhões de habitantes, contra 199,242
milhões em 2012, um crescimento de cerca de 1 por cento.
Em 2000, a população brasileira era de 177,448 milhões de
habitantes.
Antes da colonização, a população do atual território
brasileiro era, segundo estimativas, de dois a cinco milhões
de índios, pertencentes a vários grupos. Os grupos mais
numerosos, e que ocupavam as maiores extensões territo-
riais, eram o jê e o tupi-guarani.
O crescimento vegetativo ou natural corresponde à di-
ferença entre as taxas de natalidade e de mortalidade. No
Brasil, embora essas duas taxas tenham declinado no pe-
ríodo de 1940-1960, foi somente a partir da década de 60
que o crescimento vegetativo passou a diminuir.

31
CIÊNCIAS SOCIAIS

A partir da década de 60, com a urbanização acelerada no Brasil, a taxa de natalidade passou a cair de forma mais
acentuada que a taxa de mortalidade. Consequentemente, o crescimento vegetativo começou a diminuir, embora ainda
apresentasse valores altos, típicos de países subdesenvolvidos.

O início oficial da imigração no Brasil ocorreu em 1808, com a assinatura, por D. João VI, de um decreto que permitia
a posse de terra por estrangeiro. Quando esse decreto foi assinado, o Brasil tinha 1,2 milhão de brancos e 2 milhões de
negros.
Apesar da imigração livre e oficial ter se iniciado em 1808, poucos imigrantes entraram no Brasil até 1850. O elevado
contingente de escravos e a facilidade do tráfico negreiro desestimularam a vinda de imigrantes.
De fato, foi somente a partir de 1850, com a proibição do tráfico negreiro e a expansão da cafeicultura e principal-
mente a partir de 1888 (Abolição da Escravatura) que a imigração se intensificou.
No período de 1808 a 1980, o Brasil recebeu cerca de 5,5 milhões de imigrantes, dos quais cerca de 4,2 milhões
permanecem no país.
O principal motivo da não-fixação definitiva de 1,3 milhão de imigrantes foi o contraste entre a propaganda enga-
nosa que o Brasil fazia no exterior para atrair o imigrante e as reais condições de vida e de trabalho que o imigrante
encontrava no país.
De acordo com a nacionalidade, os cinco grupos mais numerosos de imigrantes que entraram no Brasil até o final
dos anos 2000 foram, pela ordem: portugueses, italianos, espanhóis, alemães e japoneses.
Atualmente, o cenário imigração/emigração apresenta informações importantes. A crise econômica a partir de 2008
gerou graves problemas econômicos em diversos países que constantemente recebiam brasileiros, como Japão, EUA e
diversos da Europa. Essa dificuldade em conseguir empregos e salários esperados fez com que o fluxo de brasileiros para
o exterior reduzisse significativamente.

32
CIÊNCIAS SOCIAIS

Ademais, o Brasil passou a receber um fluxo signifi- Aqui é importante considerar que quanto maior o nível
cativo de imigrantes. Destaque para imigrantes de países do atraso socioeconômico de um país, maior é a população
da própria América do Sul, como bolivianos e paraguaios. ativa no setor primário. À medida que o país vai se indus-
Ainda, um assunto de bastante destaque na mídia atual- trializando e se urbanizando, vão aumentando os ativos nos
mente é a entrada de imigrantes haitianos, que fogem das setores secundário e terciário.
condições sociais complexas em seu país. Ressalta-se que Nos países subdesenvolvidos é muito comum o fenô-
esses imigrantes (haitianos, bolivianos, paraguaios etc.) por meno do inchaço do terciário. Trata-se de um crescimento
diversas vezes fazem parte de fluxos clandestinos, atuando exagerado ou irreal deste setor, pois na verdade a população
em trabalhos não assistidos por leis, muitos em condições nele empregada não corresponde ao seu crescimento real –
inadequadas. Os especialistas discutem que o Brasil precisa muitas estão empregadas ou subempregadas mas poucas de
de um maior controle fronteiriço, regularizando a entrada fato trabalhando. O Brasil se encaixa de certa forma nessas
desses imigrantes e garantindo, se for o caso de incentivar condições.
tais fluxos, condições mais dignas de vida e trabalho. Nesses países, o intenso êxodo rural não foi acompa-
Com relação à estrutura por sexo e idade, até a década nhado por uma oferta de empregos equivalente. Além disso,
de 1930, principalmente por causa do predomínio da imi- como a atividade industrial é geralmente restrita e não elás-
gração masculina sobre a feminina, havia mais homens do tica, as indústrias não absorvem os grandes contingentes de
que mulheres no Brasil. Em 1872, por ocasião do primeiro migrantes.
censo, a proporção entre os sexos era a seguinte: homens, Se dividirmos a população ativa por setores econômicos,
veremos que uma grande maioria está no setor Terciário, exis-
51,5%; mulheres, 48,5%.
tindo um equilíbrio entre a população do setor Primário e do
A partir do censo de 1940, a população feminina pas-
setor Secundário.
sou a predominar sobre a masculina, embora com pequena
A população brasileira apresenta distribuição geográfica
diferença. Em todas as grandes regiões brasileiras ocorre o
bastante irregular, mostrando de início um enorme contras-
predomínio de mulheres sobre homens. As maiores dife-
te entre a fachada litorânea, onde se encontra o grosso da
renças a favor das mulheres são encontradas nas regiões
população, e o interior do país, muito vasto mas fracamente
Norte, por causa da elevada mortalidade masculina, Nor-
povoado.
deste, por causa da saída de homens e Sudeste, pela eleva-
Duas razões são importantes para explicar este fato:
da emigração e mortalidade masculina. 1 – A condição do Brasil como ex-colônia e a consequen-
A razão principal do predomínio feminino está na te dependência econômica e necessidade de contato com o
maior mortalidade masculina, seguida pela emigração. A exterior.
estimativa aponta que o Brasil tem 99,336 milhões de ho- 2 – A concentração das principais atividades e da urbani-
mens e 101,695 milhões de mulheres. (dados de 2013). zação na porção oriental do país (próximas à faixa litorânea).
Quanto à questão da produção ou do trabalho, a po- Do ponto de vista etário costuma-se dividir a população
pulação de um país pode ser dividida inicialmente, em dois nas seguintes faixas: jovens (0 a 19), adultos (20 a 59) e idosos
principais grupos: a população economicamente ativa e a (60 ou mais).
população economicamente não ativa. A estrutura etária é um importante indicador do nível
A população economicamente ativa é a parcela que de desenvolvimento socioeconômico dos países. Nos países
compreende as pessoas com 10 anos ou mais de idade, de que apresentam uma estrutura com elevado predomínio de
ambos os sexos, que exercem atividades extradomésticas adultos idosos, vamos encontrar um maior desenvolvimento
e remuneradas. socioeconômico. Por outro lado, estrutura etária com pre-
A população não economicamente ativa é a parcela domínio de população jovem caracteriza países com menor
que não exerce atividade remunerada ou que não está em- desenvolvimento socioeconômico. O Brasil, atualmente, vem
penhada na procura de trabalho remunerado, como crian- passando por um processo de transição, com uma diminuição
ças, estudantes, donas-de-casa, etc. na população jovem e um aumento na população idosa.
No Brasil, a participação da população economicamen- Em 2013, importantes dados foram apresentados sobre
te é crescente, mas ainda inferior à de muitos países desen- a evolução da dinâmica populacional brasileira. A população
volvidos. este ano ultrapassa a marca de 200 milhões de habitantes,
De acordo com a atividade que exerce, a população de acordo com estimativa IBGE divulgada em setembro, que
ativa é classificada nos seguintes setores: projeta um pico populacional em 2042 antes de começar a
- Primário: abrange as seguintes atividades: agricultura, recuar nos anos seguintes.
pecuária, silvicultura, caça e pesca. O ritmo de crescimento da população vem diminuindo
- Secundário: abrange as seguintes atividades: indús- nos últimos anos, segundo o IBGE, devido à menor fecun-
trias de transformação, construção civil e extração mineral didade e à maior esperança de vida. Com isso, a população
complexa. deve atingir seu pico em 2042, com estimadas 228,4 milhões
- Terciário: abrange diversas atividades relacionadas à de pessoas. A partir deste ano, haverá um processo de re-
prestação de serviços e comércio, tais como: lojas, bancos, dução da população do país. A redução esperada do nível
funcionalismo público, atividades liberais, transportes, co- de crescimento da população estará associada, sobretudo, à
municação, educação etc. queda do número médio de filhos por mulher, que vem
decrescendo desde a década de 1970.

33
CIÊNCIAS SOCIAIS

A projeção do IBGE mostra que o número médio de O movimento conservacionista é mais consciente, exal-
filhos por mulher é de 1,77 em 2013. Em 2020, esse índice tando o amor à natureza e ao meio ambiente aliado ao uso
chegará a 1,61 filho em média por mulher, recuando para racional de matéria-prima e bens naturais, concorrendo
1,5 filho em 2030, o menor a ser observado. Isso, também, com o auxílio e manejo criterioso pelos seres humanos.
porque as mulheres tenderão a retardar a chegada dos fi- Fazendo com que possamos nos perceber como parte in-
lhos. Em 2013, a média gira em torno dos 26,9 anos. Pelas tegrante desta mesma natureza e do processo gestor des-
projeções, atingirá 28 anos em 2020 e 29,3 anos em 2030. tes recursos. Esse modo de pensar é muitas vezes visto
A esperança de vida ao nascer atingiu 71,2 anos para como o meio termo entre o preservacionismo e o desen-
homens e 74,8 para mulheres em 2013. Em 2060, espera-se volvimento capitalista inicial (COMISSÃO MUNDIAL SOBRE
um significativo aumento (77,8 anos para homens e de 81
MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 1988).
anos para mulheres, configurando um ganho médio de 6,6
Caracterizando assim, como pensamento da maioria
anos de vida para homens e de 6,2 anos para mulheres).
dos movimentos ambientalistas sérios e responsáveis, que
Segundo o IBGE, a caracterizada transição demográfica
altera significativamente a estrutura etária da população. acreditam e aplicam o desenvolvimento sustentável com
A queda da fecundidade, acompanhada do aumento na qualidade de vida e conservação dos atributos essenciais
expectativa de vida, vem provocando um envelhecimento para uma natureza saudável e sem excessos capitalistas e
acelerado da população brasileira, representado pela redu- irresponsáveis por parte dos seres humanos.
ção da proporção de crianças e jovens, frente a um aumen- A reciclagem, a mudança dos padrões de consumo ca-
to na proporção de idosos na população. pitalistas, a igualdade social com justiça, o uso de energias
Após atingir o pico em 2042, o IBGE projetou que em renováveis, o respeito à biodiversidade e principalmente a
2060 a população brasileira recuará para 218,173 milhões inclusão das políticas ambientais nos processos de toma-
de pessoas, sendo 106,1 milhões de homens e 112 milhões das de decisões no âmbito político, empresarial e mundial
de mulheres. são princípios defendidos pelo modo de agir proposto
O interior do país, formado basicamente pelas regiões pelo conservacionismo.
Norte e Centro-Oeste, constitui um imenso vazio demográ- A criação de áreas de preservação responsáveis para
fico. A maior parte da Região Norte tem densidade demo- ecossistemas frágeis e que contenham grande número de
gráfica inferior a 1 hab/Km2. espécies em perigo de extinção é uma das ações defendi-
das pela corrente conservacionista.
Artigo por Colunista Portal - Educação - quinta-feira,
4 DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE. 14 de março de 2013.
Fonte: http://www.portaleducacao.com.br/biologia/
artigos/38694/conservacao-e-preservacao-do-meio-am-
Conceito biente-conceitos-e-definicoes
Os termos conservação e preservação são utilizados mui-
tas vezes como sinônimos, mas esse é um erro que precisamos
corrigir conhecendo a significação correta destas duas palavras. 5 O BRASIL NO CONTEXTO INTERNACIONAL
Foi nos Estados Unidos, por volta do final do século XIX que
surgiram estas duas correntes ideológicas conhecidas como
conservacionismo e preservacionismo (ECKHOLM, 1982).
O preservacionismo prega a preservação da natureza Ao longo da história as nações se confrontaram na luta
da forma como essa é em seu estado natural e relaciona para conquistar e manter espaços tanto territoriais quanto
o ser humano como um ser extremamente daninho para o econômicos, financeiros, culturais e até mesmo religiosos.
meio ambiente. Esta corrente de pensamento tem em seus Na verdade as guerras de conquistas ocorriam e ocor-
preceitos que a natureza deve ser mantida sem nenhuma rem com a finalidade de garantir o suprimento de maté-
interferência do ser humano. Devem ser criados parques rias primas e também de um mercado consumidor cativo.
nacionais estáticos de proteção ao meio ambiente, ou seja, Alguns estudiosos baseados em dados empíricos que
com o intuito explicitamente protetor, estes santuários into-
lhes dão base, afirmam que esta seria a origem dos im-
cáveis estariam livres da exploração, degradação, consumo
périos que surgiram, floresceram, entraram em decadên-
e até estudos feitos pelo ser humano.
cia e desaparecem ou foram substituídos por outros que
Este tipo de pensamento preservacionista, atualmente
é considerado muitas vezes como radical, e as pessoas que conseguiram avanços tanto na arte da Guerra quanto nos
pensam desta forma são apelidadas hoje pelos cientistas e seus sistemas produtivos, onde as descobertas de novos
pessoas que trabalham seriamente com a natureza de eco- produtos, novas metodologias e relações de trabalho e de
loucos. Esse pensamento evidencia-se por meio de estudos, produção ocorriam em decorrência de inovações e tam-
comprovando que o meio ambiente pode ser resguardado bém de um sistema educacional e de gestão que atendiam
e explorado de maneira racional, como prega o desenvol- aos desafios da modernidade em cada época. Quem assim
vimento sustentável, e sabe-se também que cada vez mais não agia ou não age estava e está fadado a ser derrotado
são encontradas formas para que o ser humano viva em nos campos de batalha ou na luta pelo domínio politico,
harmonia com a natureza. econômico, cultural, social e religioso.

34
CIÊNCIAS SOCIAIS

Ao redor do mundo, as crianças, adolescentes e jovens


aprendem pelo estudo da história como esses impérios se
6 FORMAÇÃO DO BRASIL.
formaram e também como desapareceram ou perderam
espaços para seus concorrentes e competidores. O que não 7 TERRITÓRIO BRASILEIRO ATUAL.
conseguimos entender é como esses estudantes quando
chegam `as posições de liderança em suas respectivas áreas
profissionais, inclusive na vida política, não conseguem apro- Os estudos da Divisão Regional do IBGE tiveram início
veitar os conhecimentos disponíveis e contribuir para que em 1941 sob a coordenação do Prof. Fábio Macedo Soares
seus países possam encarar com seriedade os desafios que Guimarães. O objetivo principal de seu trabalho foi de sis-
têm no contexto das relações internacionais e domésticas. tematizar as várias “divisões regionais” que vinham sendo
O Brasil está incluído entre os dez países com característi- propostas, de forma que fosse organizada uma única Di-
cas que lhe dão condições de ser um ator de primeira grandeza visão Regional do Brasil para a divulgação das estatísticas
no cenário mundial. Em termos de território somos o quinto brasileiras. Com o prosseguimento desses trabalhos, foi
país; em população também ocupamos a quinta posição e em aprovada, em 31/01/42, através da Circular nº1 da Presi-
economia (PIB) o sétimo lugar e possuímos uma grande abun- dência da República, a primeira Divisão do Brasil em re-
dância de recursos naturais. Todavia em exportações caímos giões, a saber: Norte, Nordeste, Leste, Sul e Centro-Oeste.
para a 23a. posição, participando com apenas 1,4% do merca-
A Resolução 143 de 6 de julho de 1945, por sua vez, esta-
do mundial exportador, situação praticamente inalterada pelos
belece a Divisão do Brasil em Zonas Fisiográficas, baseadas
últimos 40 anos. O mesmo acontece com nossa participação
em critérios econômicos do agrupamento de municípios.
nas importações onde ocupamos a 21a.posição, com uma fatia
insignificante de 1,2% do total das importações mundiais. Estas Zonas Fisiográficas foram utilizadas até 1970 para a
Por mais que nossos governantes ou até mesmo inúme- divulgação das estatísticas produzidas pelo IBGE e pelas
ras instituições e pesquisadores nacionais, cheios de ufanis- Unidades da Federação. Já na década de 60, em decor-
mo, costumem alardear o crescimento espetacular de nosso rência das transformações ocorridas no espaço nacional,
comércio internacional, a realidade tem demonstrado que foram retomados os estudos para a revisão da Divisão Re-
nossos concorrentes estão crescendo e continuam a crescer gional, a nível macro e das Zonas Fisiográficas.
tanto em termos de PIB quanto de comércio exterior muito Hoje, nos parece tão óbvio que o Brasil seja dividido
mais do que o Brasil. em cinco regiões, que nem paramos para perguntar por
Um país que exporta basicamente produtos primários ou que ele foi organizado desse jeito. Da mesma forma, não
semi-industrializados, com baixo valor agregado, que pos- questionamos por que um estado pertence a determinada
sui uma indústria que a cada ano enfrenta mais dificuldades região e não a outra. O Brasil é o maior país da América do
para sobreviver no mercado interno e também no mercado Sul. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geo-
externo, que não consegue melhorar sua produtividade e seu grafia e Estatística (IBGE), sua área é de 8.515.767,049 km2,
poder de concorrência em termos de qualidade e preço, está publicado no DOU nº 234 de 08/12/2015, conforme Re-
fadado a, paulatinamente, perder espaço nos aspectos eco- solução Nº 07, de 4 de dezembro de 2015. Apenas quatro
nômicos, financeiros e geoestratégicos. países no mundo inteiro -- Rússia, Canadá, China e Estados
Para que um país possa se transformar em uma potên- Unidos -- têm território maior do que o brasileiro. Dividir
cia, seja econômica, científica e tecnológica ou militar precisa o Brasil em regiões facilita o ensino de geografia e a pes-
que seu PIB cresça em ritmo e índices superiores não apenas quisa, coleta e organização de dados sobre o país, o seu
`as medias mundial ou regional, mas também de seus con- número de habitantes e a idade média da população.
correntes mais próximos, por décadas seguidas. A razão é simples: os estados que formam uma grande
Sem crescimento forte e contínuo do PIB um país não região não são escolhidos ao acaso. Eles têm característi-
tem condições de gerar recursos para investimentos e na cas semelhantes. As primeiras divisões regionais propostas
melhoria da qualidade de vida da população e enfrentar de- para o país, por exemplo, eram baseadas apenas nos as-
safios como ter uma infraestrutura e sistema logístico com-
pectos físicos -- ou seja, ligados à natureza, como clima,
patível com a grandeza de sua economia e com sua inserção
vegetação e relevo. Mas logo se começou a levar em conta
no cenário internacional.
também as características humanas -- isto é, as que resul-
Relatórios recentes de vários organismos internacionais
têm demonstrado que também em diversas outras áreas tam da ação do homem, como atividades econômicas e
como educação, saúde, cuidados com o meio ambiente, pro- o modo de vida da população, para definir quais estados
dutividade econômica e gestão pública o Brasil continua mal fariam parte de cada região.
na foto. Esses gargalos em termos econômicos fazem parte Então, se os estados de uma região brasileira têm mui-
do chamado custo Brasil, que ao invés de diminuir tem au- to em comum, o que é mais útil: estudá-los separadamen-
mentado ultimamente. Entra governo, sai governo e parece te ou em conjunto? Claro que a segunda opção é melhor.
que estamos parados no tempo, quando comparados com Para a pesquisa, coleta e organização de dados, também.
nossos concorrentes diretos. Já passou a hora de mudar tudo Assim é possível comparar informações de uma região com
isso, a começar pelos nossos governantes! as de outra e notar as diferenças entre elas. Dessa forma,
por exemplo, os governantes podem saber em qual região
Fonte:http://www.sonoticias.com.br/opiniao-do-leitor/o- há mais crianças fora da escola. E investir nela para resolver
-brasil-no-contexto-internacional o problema.

35
CIÊNCIAS SOCIAIS

Pequeno retrato das grandes regiões Maranhão e Piauí - que atualmente fazem parte da re-
Atualmente o Brasil possui 27 Unidades Federativas, gião Nordeste - foram incluídos na região Norte, junto com
divididas em 26 estados e um Distrito Federal, distribuídos o território do Acre e os estados do Amazonas e do Pará.
em cinco regiões. E você já sabe que para fazer parte de No Nordeste, ficavam Ceará, Rio Grande do Norte, Paraí-
uma mesma região os estados precisam apresentar carac- ba, Pernambuco e Alagoas. Não existia a região Sudeste,
terísticas comuns. Na região Norte, Acre, Amazonas, Ama- mas, sim, uma região chamada Este, onde se localizavam
pá, Rondônia, Roraima, Pará e Tocantins têm em comum o os estados de Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Na região
fato de serem, em sua maior parte, cobertos pela Floresta Sul, veja só, estavam o Rio de Janeiro - que, na época, era
Amazônica. Grande parte da população vive na beira de a capital do país - e São Paulo, que hoje fazem parte da re-
rios e a atividade econômica que predomina é a extração gião Sudeste. Além deles, ficavam na região Sul os estados
vegetal e de minerais, como o ferro, a bauxita e o ouro. Já do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A região
os estados da região Sudeste - Espírito Santo, Minas Gerais, Centro-Oeste não existia, mas, sim, a região chamada Cen-
Rio de Janeiro e São Paulo - são os que mais geram rique- tro, onde estavam Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais, que
zas para o país, reunindo a maior população e produção hoje em dia localiza-se na região Sudeste. Como a divisão
industrial. Na região Centro-Oeste, a vegetação predomi- proposta em 1913, esta organização do território brasilei-
nante é o cerrado, que está sendo ocupado por plantações ro não era oficial. Mas, em 1936, o Instituto Brasileiro de
de soja e pela criação de gado. Na região Nordeste, o clima Geografia e Estatística (IBGE) foi criado. E começou uma
que predomina no interior é o semiárido, embora no litoral, campanha para adotar uma divisão regional oficial para o
onde as principais atividades econômicas são o cultivo de Brasil.
cana-de-açúcar e de cacau, o clima seja mais úmido. Na
região Sul - que apresenta o clima mais frio do país, desta- Divisão para valer
ca-se o cultivo de frutas, como uva, maçã e pêssego, além Após fazer estudos e analisar diferentes propostas, o
da criação de suínos e de aves. IBGE sugeriu que fosse adotada a divisão feita em 1913
com algumas mudanças nos nomes das regiões. A escolha
Brasil dividido = pequenos ‘brasis’
foi aceita pelo presidente da República e adotada em 1942.
A primeira divisão do território do Brasil em grandes
Logo ela seria alterada com a criação de novos Territórios
regiões foi proposta em 1913, para ser usada no ensino
Federais. Em 1942, o arquipélago de Fernando de Noronha
de geografia. Os critérios usados para fazê-la foram físi-
foi transformado em território e incluído na região Nordes-
cos: levou-se em consideração o relevo, o clima e a vegeta-
te. Em 1943, foram fundados os territórios de Guaporé, Rio
ção, por exemplo. Não foi à toa! Na época, a natureza era
Branco e Amapá - todos parte da região Norte, o território
considerada duradoura e as atividades humanas, mutáveis.
Considerava-se que a divisão regional deveria ser baseada de Iguaçu foi anexado à região Sul e o de Ponta Porã, colo-
em critérios que resistissem por bastante tempo. Observe cado na região Centro-Oeste. É bom lembrar que a divisão
o mapa e veja que interessante: em grandes regiões tinha de acompanhar as transforma-
Em 1913, o território nacional foi dividido em cinco ções que estavam ocorrendo na divisão em estados e terri-
“brasis” e não em regiões. O Brasil Setentrional ou Amazô- tórios do país. Assim, a divisão regional do Brasil em 1945
nico reunia Acre, Amazonas e Pará. Maranhão, Piauí, Ceará, era a seguinte:
Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas for- Na região Norte, estavam os estados do Amazonas e
mavam o Brasil Norte Oriental. O Brasil Oriental agregava Pará, os territórios do Acre, Amapá, Rio Branco e Guaporé.
Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro - onde ficava A região Nordeste foi dividida em ocidental e oriental. No
o Distrito Federal, a sede do governo brasileiro - e Minas Nordeste ocidental, encontravam-se Maranhão e Piauí. No
Gerais. São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do oriental, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco
Sul faziam parte do Brasil Meridional. E Goiás e Mato Gros- e Alagoas, além do território de Fernando de Noronha. Ain-
so, do Brasil Central. da não existia a região Sudeste, mas uma região chamada
A forma como foi feita a divisão revela que, na épo- Leste, dividida em setentrional e meridional. Sergipe e Bah-
ca, havia uma preocupação muito grande em fortalecer a ia estavam na parte setentrional. Na meridional, ficavam
imagem do Brasil como uma nação, uma vez que a Re- Minas Gerais, Espírito Santo e Rio de Janeiro (na época,
pública havia sido proclamada há poucos anos, em 15 de sede do Distrito Federal). A região Sul incluía os estados de
novembro de 1889. A divisão em grandes regiões proposta São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul, além
em 1913 influenciou estudos e pesquisas até a década de do território de Iguaçu. E, na região Centro-Oeste, os esta-
1930. Nesse período, surgiram muitas divisões do território dos de Mato Grosso e Goiás e o território de Ponta Porã.
do Brasil, cada uma usando um critério diferente. Acontece Em 1946, os territórios federais de Iguaçu e Ponta Porã
que, em 1938, foi preciso escolher uma delas para fazer o foram extintos. Em 1960, Brasília foi construída e o Distrito
Anuário Estatístico do Brasil, um documento que contém Federal, capital do país, foi transferido para o Centro-Oes-
informações sobre a população, o território e o desenvolvi- te. Na região Leste, o antigo Distrito Federal tornou-se o
mento da economia que é atualizado todos os anos. Mas, estado da Guanabara. Em 1969, uma nova divisão regional
para organizar as informações, era necessário adotar uma foi proposta porque a divisão de 1942 já não era consi-
divisão regional para o país. Então, a divisão usada pelo derada útil para o ensino de geografia ou para a coleta e
Ministério da Agricultura foi a escolhida. Observe o mapa e divulgação de dados sobre o país. Veja como ficou o mapa
note quantas diferenças! do Brasil em 1970:

36
CIÊNCIAS SOCIAIS

Na região Norte, estão os estados do Acre, Amazonas territórios de Roraima c do Amapá foram transformados
e Pará; Territórios de Rondônia, Roraima e Amapá. Na re- em estados; Fernando de Noronha foi anexado ao estado
gião Nordeste, os estados de Maranhão, Piauí, Ceará, Rio de Pernambuco; o estado de Tocantins foi desmembrado
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe do estado de Goiás e incorporado à região Norte.
e Bahia, e o Território de Fernando de Noronha. A região O Brasil é formado por cinco diferentes regiões: Norte,
Leste sumiu! Quem a substituiu foi a região Sudeste, for- Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. A região Sudeste é
mada por Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, es- a mais populosa e desenvolvida, e é onde está situada as
tado da Guanabara e São Paulo. Na região Sul, localiza- cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. O nordeste é turisti-
vam-se Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Na camente conhecido por suas praias, e possui duas grandes
região Centro-Oeste, Goiás, Mato Grosso e Distrito Federal cidades: Salvador e Recife. Historicamente a região Nor-
(a cidade de Brasília). deste foi a mais rica, exportando cana-de-açúcar e madeira
Atualmente, continua em vigor essa proposta em (principalmente o pau-brasil). A região Norte é a menos
1970. Apenas algumas alterações foram feitas. Em 1975, desenvolvida e populosa de todas, e onde está situada a
o estado da Guanabara foi transformado em município do Floresta Amazônica, conhecida mundialmente por sua ex-
Rio de Janeiro. Em 1979, Mato Grosso foi dividido, dando tensão e grande quantidade de rios. Suas cidades mais
origem ao estado do Mato Grosso do Sul. A Constituição importantes são: Manaus e Belém. A Região Centro-Oeste
Federal de 1988 dividiu o estado de Goiás e criou o estado abriga a cidade de Brasília, capital do país, que foi construí-
de Tocantins, que foi incluído na Região Norte. Com o fim da na década de 60 pelo presidente Juscelino Kubitchek,
dos territórios federais, Rondônia, Roraima e Amapá tor- e projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer. A região sul é
naram-se estados e Fernando de Noronha foi anexado ao marcada pela imigração italiana e alemão (principalmente),
estado de Pernambuco. possui diversas cidades com grande influência da cultura
República Federativa do Brasil, com 26 estados e l Dis- desses países europeus. Possui apenas três estados, e as
trito Federal, nosso país teve outros sistemas de organiza- três capitais são cidades importantes: Porto Alegre no Rio
ção político-administrativa: capitanias hereditárias (1534- Grande do Sul, Florianópolis em Santa Catarina e Curitiba
1548), governo-geral (1549-1808), vice-reino (1808-1822), no Paraná.
monarquia (1822-1889) e república (de 1889 até hoje).
Desde a década de 1940 existe um centro de estudos e Estados e Capitais
pesquisa especializado em “descobrir” nosso país, o Ins-
Região Norte
tituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Recen-
- Amapá – AP (Capital: Macapá)
temente, acompanhamos a divulgação pela mídia de que
- Acre - AC (Capital: Rio Branco)
o Brasil ultrapassou os 169 milhões de habitantes. Essas
- Roraima - RR (Capital: Boa Vista)
informações e outras, como. por exemplo, sobre desem-
- Rondônia – RO (Capital: Porto Velho)
penho econômico ou mortalidade infantil, são de respon-
- Amazonas – AM (Capital: Manaus)
sabilidade do IBGE.
- Pará - PA (Capital: Belém)
- Tocantins - TO (Capital: Palmas)
O IBGE e a divisão regional do Brasil
Foi com o objetivo de conhecer o território nacional e Região Nordeste
os dados estatísticos da população brasileira que Getúlio - Bahia – BA (Capital: Salvador)
Vargas fundou o IBGE em 1938. Para realizar essa tarefa, - Sergipe - SE (Capital: Aracaju)
era preciso considerar as grandes diferenças existentes - Alagoas - AL (Capital: Maceió)
entre as diversas áreas do país. Dessa forma, entre 1941 e - Paraíba - PB (Capital: João Pessoa)
1945 foram feitas as duas primeiras divisões regionais do - Pernambuco – PE (Capital: Recife)
Brasil, baseadas no critério de região natural. Compreen- - Rio Grande do Norte – RN (Capital: Natal)
de-se por região natural uma determinada área geográfica - Maranhão - MA (Capital: São Luís)
que passa a ser caracterizada segundo um ou mais aspec- - Piauí - PI (Capital: Teresina)
tos naturais, como o clima, o relevo ou a vegetação, Veja - Ceará - CE (Capital: Fortaleza)
como o IBGE dividiu inicialmente o Brasil.
Apenas em 1969, o IBGE elaborou uma nova divisão Região Centro-Oeste
regional, adorando dessa vez o critério de regiões homo- - Goiás - GO (Capital: Goiânia)
gêneas. O conceito de região homogênea é mais abran- - Mato Grosso - MT (Capital: Cuiabá)
gente do que o de região natural, pois vai além dos as- - Mato Grosso do Sul - MS (Capital: Campo Grande)
pectos criados pela natureza, E definido pelo conjunto - Distrito Federal – DF
de elementos naturais, sociais e econômicos da região. A
principal modificação em relação à divisão anterior foi a Região Sudeste
criação da região Sudeste, em virtude da cristalização des- - São Paulo – SP (Capital: São Paulo)
sa área como o “coração econômico do país”. A divisão - Rio de Janeiro - RJ (Capital: Rio de Janeiro)
regional de 1969 continua vigorando, apesar de a Cons- - Espírito Santo - ES (Capital: Vitória)
tituição de 1988 ter aprovado algumas modificações; os - Minas Gerais - MG (Capital: Belo Horizonte)

37
CIÊNCIAS SOCIAIS

Região Sul Para essas regiões, é preciso promover medidas de


- Paraná – PR (Capital: Curitiba) adequação das moradias, remanejamento dos que habitam
- Rio Grande do Sul – RS (Capital: Porto Alegre) áreas de risco e reurbanização dessas favelas e moradias
- Santa Catarina – SC (Capital: Florianópolis). irregulares, com vistas a garantir a esses cidadãos alguns
direitos básicos, tais como luz elétrica, saneamento básico,
Censos Demográficos creches, escolas e outros.
Os censos populacionais produzem informações im- Em muitos casos, os problemas relacionados com o
prescindíveis para a definição de políticas públicas e a toma- déficit habitacional estão circunscritos à questão da segre-
da de decisões de investimento, sejam eles provenientes da gação socioespacial, fenômeno responsável pela “expul-
iniciativa privada ou de qualquer nível de governo, e cons- são” ou afastamento progressivo da população de baixa
tituem a única fonte de referência sobre a situação de vida renda para as zonas mais periféricas do espaço urbano. As
da população nos municípios e em seus recortes internos, áreas consideradas centrais do espaço geográfico da cida-
como distritos, bairros e localidades, rurais ou urbanas, cujas de, por contarem com mais infraestruturas públicas e pri-
realidades dependem de seus resultados para serem conhe- vadas, possuem um alto preço na demarcação do solo, o
cidas e terem seus dados atualizados. A realização de um que contribui para impedir ou dificultar a permanência das
levantamento como o Censo Demográfico representa o de- classes menos abastadas ao seu redor.
safio mais importante para um instituto de estatística, sobre- Todavia, à medida que o tempo passa e a cidade ex-
tudo em um país de dimensões continentais como o Brasil. pande-se, novas áreas centrais ou de grandes investimen-
tos constituem-se, valorizando áreas anteriormente não
centrais e, novamente, “empurrando” a população pobre
para áreas ainda mais segregadas. Esse aumento do preço
8 PROBLEMAS SOCIAIS URBANOS NO
do solo, na maioria dos casos, está associado à especu-
BRASIL. lação imobiliária, em que o preço de terrenos e imóveis
passa a crescer muito acima do ritmo de desenvolvimento
da economia e da renda geral dos trabalhadores.
O Brasil conheceu, ao longo do século XX, um rápido O espaço geográfico – nesse caso, a sua dimensão ur-
e intensivo processo de urbanização, que fez com que o bana – sempre revela em suas paisagens as problemáticas
país, a partir da década de 1960, já se tornasse predo- acima apresentadas, a exemplo das próprias favelas e mo-
minantemente urbano, isto é, com a população urbana radias irregulares, que muitas vezes surgem pela tentativa
maior do que a rural. Atualmente, mais de 90% de todos da população pobre em ocupar espaços não tão afastados
os habitantes do país residem em cidades com mais de das áreas nobres e comerciais (onde há mais emprego).
10 mil habitantes, o que nos ajuda a perceber a grandeza Além do mais, esses espaços quase sempre são a única op-
desse cenário. ção viável para aquela parte da população que não conta
Não diferentemente da maioria dos países subdesen- com uma renda e uma estabilidade individual viável para
volvidos e em desenvolvimento (e até alguns países de- garantir uma emancipação em termos de condições de
senvolvidos), existem vários problemas sociais urbanos no vida, vivendo à margem da sociedade.
Brasil. Entre eles, merecem destaque: o déficit habitacional Não por acaso, é justamente nas áreas mais pobres
(invasões e favelas), a segregação espacial, a ausência de e nas habitações irregulares que outro problema urbano
mobilidade e a falta de infraestrutura. A maioria desses ganha força: a violência e a criminalidade, embora – obvia-
casos resulta da forma acelerada com que a urbanização mente – esse processo não esteja exclusivamente presente
aconteceu e também da ausência de medidas governa- no espaço das cidades. Além de contar com uma menor se-
mentais para garantir a todos os cidadãos um melhor di- gurança, é nas áreas pobres que há os menores índices de
reito à cidade. renda, educação e saúde, o que contribui para a inserção,
O déficit habitacional é entendido como o número de principalmente de jovens, no mundo do crime. Portanto,
pessoas que residem em áreas precárias, geralmente em mesmo que medidas de punição e repressão existam, não
locais irregulares e/ou favelas. Nesse caso, as áreas de mo- há como imaginar uma sociedade segura sem a garantia de
radia inadequadas são aquelas cujas residências precisam direitos básicos para os habitantes mais pobres.
ser remanejadas ou reconstruídas por terem sido construí- Por fim, podemos citar um último problema social das
das em locais irregulares (como morros muito inclinados e cidades brasileiras: a ausência de mobilidade urbana, que
regiões de alagamentos constantes) ou por apresentarem se resume à dificuldade de locomoção entre os diferentes
um material de construção muito ruim ou frágil, a exemplo espaços de uma mesma área. Como as grandes cidades
das casas de lona e papelão. no Brasil, sobretudo as capitais e suas áreas metropolita-
No Brasil, o déficit habitacional, segundo dados do nas, crescem muito rapidamente, o trânsito vai cada vez se
IPEA, está em quase 5,5 milhões de residências, o equiva- tornando mais intenso. Contribuem para intensificar esse
lente a cerca de 8,5% da população do país. Na maioria cenário o aumento do poder aquisitivo da população de
dos casos, esses problemas encontram-se nas periferias classe média baixa e o consequente aumento no número
das grandes cidades, que surgiram a partir do rápido cres- de veículos, o que se soma à baixa qualidade do transporte
cimento horizontal dos centros urbanos, que, por sua vez, público. O resultado é o crescimento do número de con-
deflagrou o processo de favelização em muitas metrópoles gestionamentos e o tempo cada vez maior para deslocar-
brasileiras. se entre uma região e outra de uma mesma cidade.

38
CIÊNCIAS SOCIAIS

Diante de tantas dificuldades, as cidades brasileiras A distribuição teve início ainda no período colonial
precisam de medidas para reverter essa situação a curto com a criação das capitanias hereditárias e sesmarias, ca-
e longo prazo, com o objetivo de garantir uma maior qua- racterizada pela entrega da terra pelo dono da capitania a
lidade de vida para a população urbana. Os debates para quem fosse de seu interesse ou vontade, em suma, como
possíveis soluções são extensos, mas passam pela melhoria no passado a divisão de terras foi desigual os reflexos são
da realidade social e da distribuição de renda, bem como a percebidos na atualidade e é uma questão extremamente
descentralização dos serviços, o que é um desafio não ape- polêmica e que divide opiniões. 
nas socioespacial, mas sobretudo histórico e econômico. Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geo-
Fonte: http://alunosonline.uol.com.br/geografia/pro- grafia/estrutura-fundiaria-brasil.htm
blemas-sociais-urbanos-no-brasil.html

10 QUALIDADE DE VIDA E ALGUNS


9 ESTRUTURA FUNDIÁRIA BRASILEIRA. INDICADORES.

A estrutura fundiária corresponde ao modo como as Segundo a Organização Pan-americana da Saúde


propriedades rurais estão dispersas pelo território e seus (2001), indicadores são “medidas síntese que contêm
respectivos tamanhos, que facilita a compreensão das de- informação relevante sobre determinados atributos e
sigualdades que acontecem no campo.  dimensões do estado de saúde, bem como do desem-
A desigualdade estrutural fundiária brasileira configura penho do sistema de saúde”. Em conjunto, indicam a si-
como um dos principais problemas do meio rural, isso por tuação sanitária de uma população e podem contribuir
que interfere diretamente na quantidade de postos de tra- para a vigilância das condições de vida. Para isso, são tra-
balho, valor de salários e, automaticamente, nas condições dicionalmente analisados indicadores demográficos, so-
de trabalho e o modo de vida dos trabalhadores rurais. cioeconômicos, de mortalidade, de morbidade e fatores
de risco, e de recursos e cobertura.
No caso específico do Brasil, uma grande parte das ter-
Nos últimos anos, discute-se o uso de indicadores
ras do país se encontra nas mãos de uma pequena parcela
para mensurar qualidade de vida, tema difícil em virtude
da população, essas pessoas são conhecidas como latifun-
da complexidade de seu conceito, que abrange significa-
diários. Já os minifundiários são proprietários de milhares
dos que refletem conhecimentos, experiências e valores
de pequenas propriedades rurais espalhadas pelo país, al-
de indivíduos e coletividades. A qualidade de vida está
gumas são tão pequenas que muitas vezes não conseguem
relacionada a fatores objetivos, incluindo as necessida-
produzir renda e a própria subsistência familiar suficiente. 
des materiais para o atendimento a necessidades básicas,
Diante das informações, fica evidente que no Brasil ocorre
bem como fatores subjetivos, a exemplo do relaciona-
uma discrepância em relação à distribuição de terras, uma
mento com outras pessoas, a formação de uma identi-
vez que alguns detêm uma elevada quantidade de terras e dade social e o sentimento de integração social e com a
outros possuem pouca ou nenhuma, esses aspectos carac- natureza.
terizam a concentração fundiária brasileira.  Portanto, a qualidade de vida não deve ser entendida
É importante conhecer os números que revelam quan- como um conjunto de bens, confortos e serviços, e sim
tas são as propriedades rurais e suas extensões: existem como a capacitação para alcançar funcionalidades (abri-
pelo menos 50.566 estabelecimentos rurais inferior a 1 go, alimentação, saúde) e tomar parte na vida da comuni-
hectare, essas juntas ocupam no país uma área de 25.827 dade. A dificuldade em encontrar um indicador adequa-
hectares, há também propriedades de tamanho supe- do é que este, idealmente, deve ser objetivo o suficiente
rior a 100 mil hectares que juntas ocupam uma área de para identificar problemas e subsidiar propostas de po-
24.047.669 hectares.  líticas públicas para melhoria das condições de vida. Por
Outra forma de concentração de terras no Brasil é pro- outro lado, o indicador não deve deixar de lado aspectos
veniente também da expropriação, isso significa a venda de subjetivos essenciais para apontar uma evolução no sen-
pequenas propriedades rurais para grandes latifundiários tido da autonomia, do atendimento das necessidades e
com intuito de pagar dívidas geralmente geradas em em- da realização dos projetos de vida individuais e da co-
préstimos bancários, como são muito pequenas e o nível munidade.
tecnológico é restrito diversas vezes não alcançam uma Propõe-se o uso do Índice de Desenvolvimento Hu-
boa produtividade e os custos são elevados, dessa forma, mano (IDH) para mensurar a qualidade de vida. Este
não conseguem competir no mercado, ou seja, não obtêm índice é uma medida resumida de progresso em longo
lucros. Esse processo favorece o sistema migratório do prazo considerando três dimensões básicas do desen-
campo para a cidade, chamado de êxodo rural.  volvimento humano – renda, educação e saúde. Todavia,
A problemática referente à distribuição da terra no Bra- segundo alguns autores, o IDH falha por não incorporar a
sil é produto histórico, resultado do modo como no passa- dimensão ambiental, importante elemento da qualidade
do ocorreu a posse de terras ou como foram concedidas.  de vida no meio urbano.

39
CIÊNCIAS SOCIAIS

Camfield e Skevington (2008) analisaram a relação entre saúde, economia, bem-estar e qualidade de vida e obser-
varam que não existe um padrão, visto que algumas economias com alta taxa de crescimento apresentaram aumento na
qualidade de vida (ex: Coreia do Sul, Taiwan), enquanto no Brasil, por exemplo, o crescimento da economia não foi acom-
panhado por aumento semelhante. Estudos indicam que onde existe injustiça social há pior qualidade de vida, portanto
esta variável poderia ser um indicador mais preciso do que a renda.
Na área da saúde, a qualidade de vida também pode ser definida como a análise subjetiva do impacto da doença e
de seu tratamento sobre domínios físicos, psicológicos e sociais. Para sua avaliação, foram desenvolvidos diversos ques-
tionários. Em geral, estes instrumentos investigam a presença de sintomas (ex: dor) e efeitos colaterais do tratamento
(ex: náuseas, vômitos). Aspectos emocionais e a percepção geral de saúde e vitalidade também compõem os escores. A
escolha do instrumento depende de fatores como a doença em questão, a qualidade metodológica e o idioma em que
foi publicado.
De maneira geral, ainda é necessário compreender a dimensão do conceito de qualidade de vida para identificar um
indicador apropriado, avaliando-se indivíduos e comunidades para obter uma perspectiva mais abrangente.

Fonte: http://www.atribunamt.com.br/2013/11/indicadores-de-qualidade-de-vida/

11 ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO ESTADO DE


ALAGOAS.

Alagoas é o segundo menor estado brasileiro com uma área de 27.848,158 km². O estado é delimitado ao sul pela foz
do rio São Francisco, na divisa com Sergipe; ao norte pelo Planalto da Borborema, na divisa com Pernambuco; a oeste pelo
Lago Moxotó, na divisa com a Bahia; e a leste pelo Oceano Atlântico. O relevo alagoano está estruturado sobre a Bacia
Sedimentar de Alagoas e pode ser caracterizado como predominantemente baixo, sendo dividido em: planície litorânea
(leste), planalto (norte) e depressão (centro-oeste). Há ainda porções mais altas no extremo oeste alagoano, onde se situa
o ponto mais alto do estado: a Serra da Onça.

40
CIÊNCIAS SOCIAIS

Tipos de Estrutura Geomorfológica do Estado de Ala- 02) As reformas pombalinas, no período colonial, fo-
goas. Fonte: Governo de Alagoas. (clique para ampliar) ram um conjunto de medidas decretadas pelo governo
A planície litorânea, no leste de Alagoas, é pouco de- português, que, entre outras mudanças, acarretaram a
senvolvida, em virtude da variação do nível do mar e dos A. fundação das companhias de comércio como a
agentes erosivos que provocam o acúmulo de sedimentos Companhia das Índias Ocidentais, para incrementar a ex-
marinhos e fluviais. A faixa costeira se estende por cerca ploração colonial e as trocas comerciais.
de 220 km, entre o alto de Maragogi e a foz do rio São B. proibição da instalação de manufaturas, a fim de
Francisco, e é formada por colinas e tabuleiros areníticos revitalizar o Pacto Colonial e reforçar o poder português
que não ultrapassam os 100 metros. Com aproximada- sobre a colônia, em plena atividade mineradora.
mente 40 km de largura, sua deposição teve início apenas C. expulsão da Companhia de Jesus do território colo-
no Quaternário. Na porção sul do estado, especialmente nial brasileiro sob acusações de conspiração, e o confisco
nas proximidades do rio São Francisco, a planície costeira é de seus bens pelo Estado.
mais desenvolvida, opondo-se ao restante do litoral. D. centralização do poder sobre a colônia pela Coroa
Os tabuleiros costeiros, localizados entre o litoral e o portuguesa mediante a extinção de órgãos administrativos
oeste do estado, possuem topografia levemente ondulada, e de cargos importantes, como o de vice-rei.
constituída basicamente através de formação sedimentar. E. flexibilização da cobrança de impostos em troca de
Sua altitude atinge limites de apenas 150 metros. Os vales, maior apoio político da elite colonial, a fim de evitar o con-
que cortam os tabuleiros, são estreitos, mas se alongam trabando e a sonegação fiscal.
conforme se aproximam do litoral. Ainda no Agreste Ala-
goano, na divisa com Pernambuco, concentra-se a encosta Resposta: C
meridional do Planalto da Borborema. A mais importante
feição geomorfológica do Nordeste tem seus fragmentos 03) A proclamação da independência garantiu, de um
distribuídos pelo território alagoano com altitudes que po- lado, a autonomia brasileira em relação a Portugal, invia-
dem chegar a 600 metros. bilizando a recolonização que ameaçava os interesses das
Já na porção oeste do estado, destaca-se o Pediplano elites nacionais; de outro, transformou D. Pedro I, no eixo
do Baixo São Francisco, uma região marcada tanto por de- da ordem política que nascia sem as amarras do dirigismo
pressões como por maiores altitudes. Na microrregião do das cortes portuguesas. Neste período (Primeiro Reinado)
Sertão do São Francisco, por exemplo, é possível encontrar da história brasileira,
vales de paredes abruptas (cânions) e terrenos com fortes A. deu-se basicamente a consolidação da independên-
desníveis (serras). Enquanto isso, no extremo oeste, mais cia e a inserção da nova nação ao sistema internacional,
precisamente na microrregião da Serra do São Francisco, que também havia sofrido profundos abalos, sem os entra-
encontram-se os pediplanos mais ondulados. Constituídos ves colonialistas.
por embasamentos cristalinos (gnaisses, granitos, xistos), B. observa-se a intensificação das lutas políticas e so-
sua formação data do período Pré-Cambriano. É nesta por- ciais pelo predomínio político no cenário nacional, com a
ção do território que está situado o ponto mais alto de vitória das forças oligárquicas, que passaram a controlar a
Alagoas, a Serra da Onça, no município de Mata Grande. estrutura de poder no Brasil.
Sua altitude é de 1016 metros. C. consolida-se o domínio oligárquico ao se estabele-
Fonte: http://www.infoescola.com/geografia/geogra- cer um governo de conciliação dos dois partidos dominan-
fia-de-alagoas/ tes no Império e aglutinar a burocracia estatal e os fazen-
deiros ligados à lavoura de exportação.
Exercícios D. verifica-se uma modificação nas relações de depen-
dência entre o país e o núcleo capitalista liderado pela In-
01) No período republicano no Brasil, o governo de glaterra e um rearranjo econômico incentivado pelas forças
Juscelino Kubitschek produtivas ligadas à lavoura açucareira.
A. reduziu a dependência brasileira dos Estados Uni- E. percebe-se que o poder público era um meio através
dos da América ao aumentar a dependência em relação à do qual os interesses e lucros particulares eram maximi-
Inglaterra. zados e visto como forma de impedir a participação dos
B. instituiu política econômica nacional-desenvolvi- setores populares na vida política do país.
mentista, que aliava o Estado, a empresa privada e a indus-
trialização. Resposta: A
C. passou por um golpe entendido como preventivo,
em virtude da falta de governabilidade no Congresso Na-
cional.
D. adotou prática de contenção da industrialização em
benefício da agricultura cafeeira.
E. revogou o programa de metas estabelecido durante
o segundo governo de Getúlio Vargas.

Resposta: B

41
CIÊNCIAS SOCIAIS

EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES A organização do movimento das quebradeiras de


SOBRE: HISTÓRIA coco de babaçu é resultante da
(A) constante violência nos babaçuais, na confluên-
01. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO cia de terras maranhenses, piauienses, paraenses e to-
- INEP/2012) Próximo da Igreja dedicada a São Gonça- cantinenses, região com elevado índice de homicídios.
lo nos deparamos com uma impressionante multidão (B) falta de identidade coletiva das trabalhadoras,
que dançava ao som de suas violas. Tão logo viram o migrantes das cidades e com pouco vínculo histórico
Vice-Rei, cercaram-no e o obrigaram a dançar e pular, com as áreas rurais do interior do Tocantins, Pará, Ma-
exercício violento e pouco apropriado tanto para sua ranhão e Piauí.
idade quanto posição. Tivemos nós mesmos que en- (C) escassez de água nas regiões de veredas, am-
trar na dança, por bem ou por mal, e não deixou de ser bientes naturais dos babaçus, causada pela construção
interessante ver numa igreja padres, mulheres, frades, de açudes particulares, impedindo o amplo acesso pú-
cavalheiros e escravos a dançar e pular misturados, e blico aos recursos hídricos.
a gritar a plenos pulmões “Viva São Gonçalo do Ama- (D) progressiva devastação das matas dos cocais,
rante”. (Barbinais, Le Gentil. Noveau Voyage au tour du em função do avanço da sojicultura nos chapadões do
monde. Apud: TINHORÃO, J. R. As festas no Brasil Colo- Meio-Norte brasileiro.
nial. São Paulo: Ed. 34, 2000 - adaptado). (E) dificuldade imposta pelos fazendeiros e possei-
O viajante francês, ao descrever suas impressões so- ros no acesso aos babaçuais localizados no interior de
bre uma festa ocorrida em Salvador, em 1717, demons- suas propriedades.
tra dificuldade em entendê-la, porque, como outras
manifestações religiosas do período colonial, ela A Lei de Terras de 1850, no período do 2º Reinado, per-
(A) seguia os preceitos advindos da hierarquia ca- mitiu o acesso à terra mediante a compra. Essa lei originou-
tólica romana. -se em um parlamento composto por grandes proprietá-
(B) demarcava a submissão do povo à autoridade rios de terras e, assim, dificultava o acesso às pequenas e
constituída. médias propriedades, importantes para a fixação do pe-
(C) definia o pertencimento dos padres às camada queno camponês no campo e garantir-lhe a sobrevivência.
populares. Por isso, muitos dos que se utilizavam de terras no interior
(D) afirmava um sentido comunitário de partilha da não mais puderam fazê-lo, pois elas tornaram-se proprie-
devoção. dade privada. O período republicano pouco ou nada mu-
(E) harmonizava as relações sociais entre escravos dou quanto ao acesso à terra, apesar das incipientes avan-
e senhores. ços da reforma agrária. A luta pela terra ainda se mantém,
como por exemplo, as das quebradeiras de babaçu.
As comemorações religiosas no Brasil Colônia nos re-
velam bem mais do que a crença e os costumes religiosos; RESPOSTA: “E”..
podem nos dar conhecimento maior sobre as estruturas
e relações sociais da época. A religião tinha função agre- 03. (INEP- ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO
gadora e promovia a interação entre os membros de uma MÉDIO - 2012)Em um engenho, sois imitadores de Cris-
sociedade que compartilhassem da mesma fé, conforme to crucificado, porque padeceis em um modo muito se-
nos mostra o texto apresentado. melhante o que o mesmo Senhor padeceu na sua cruz e
em toda a sua paixão. A sua cruz foi composta de dois
RESPOSTA: “D”.. madeiros, e a vossa em um engenho é de três. Também
ali não faltaram as canas, porque duas vezes entraram
02. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO na Paixão: uma vez servindo para o cetro de escárnio,
- INEP/2012) As mulheres quebradeiras de coco-baba- e outra vez para a esponja em que lhe deram o fel. A
çu dos Estados do Maranhão, Piauí, Pará e Tocantins, na Paixão de Cristo parte foi de noite sem dormir, parte
sua grande maioria, vivem numa situação de exclusão foi de dia sem descansar, e tais são as vossas noites e os
e subalternidade. O termo quebradeira de coco assume vossos dias. Cristo despido, e vós despidos; Cristo sem
o caráter de identidade coletiva na medida em que as comer, e vós famintos; Cristo em tudo maltratado, e vós
mulheres que sobrevivem dessa atividade e reconhe- maltratados em tudo. Os ferros, as prisões, os açoites,
cem sua posição e condição desvalorizada pela lógica as chagas, os nomes afrontosos, de tudo isto se compõe
da dominação, se organizam em movimentos de resis- a vossa imitação, que, se for acompanhada de paciên-
tência e de luta pela conquista da terra, pela libertação cia, também terá merecimento de martírio. (VIEIRA, A.
dos babaçuais, pela autonomia do processo produtivo. Sermões. Tomo XI. Porto: Lello & Irmão, 1951 - adap-
Passam a atribuir significados ao seu trabalho e as suas tado).
experiências, tendo como principal referência sua con- O trecho do sermão do Padre Antônio Vieira esta-
dição preexistente de acesso e uso dos recursos natu- belece uma relação entre a Paixão de Cristo e
rais. (ROCHA, M. R. T. A luta das mulheres quebradeiras (A) a atividade dos comerciantes de açúcar nos por-
de coco-babaçu, pela libertação do coco preso e pela tos brasileiros.
posse da terra. In: Anais do VII Congresso Latino-Ameri- (B) a função dos mestres de açúcar durante a safra
cano de Sociologia Rural, Quito, 2006 - adaptado). de cana.

42
CIÊNCIAS SOCIAIS

(C) o sofrimento dos jesuítas na conversão dos 05. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉ-
ameríndios. DIO - INEP/2012) Torna-se claro que quem descobriu
(D) o papel dos senhores na administração dos en- a África no Brasil, muito antes dos europeus, foram os
genhos. próprios africanos trazidos como escravos. E esta des-
(E) o trabalho dos escravos na produção de açúcar. coberta não se restringia apenas ao reino linguístico,
estendia-se também a outras áreas culturais, inclusive
O trabalho escravo no Brasil tem sido objeto de per- à da religião. Há razões para pensar que os africanos,
guntas nas mais variadas provas. O Padre Antônio Vieira, quando misturados e transportados ao Brasil, não de-
personagem importante do período barroco brasileiro, e moraram em perceber a existência entre si de elos cul-
representante emblemático em relação à atuação da Igreja turais mais profundos. (SLENES, R. Malungu, ngoma
Católica no país colonial, aborda, em seus Sermões, temas vem. África coberta e descoberta do Brasil. Revista USP, n.
12, dez./jan./fev. 1991-92 - adaptado).
que permeiam a sociedade daquela época, para tecer cri-
Com base no texto, ao favorecer o contato de indi-
ticas, sejam elas nas relações religiosas, sociais, políticas,
víduos de diferentes partes da África, a experiência da
econômicas ou culturais. No texto apresentado, Vieira com- escravidão no Brasil tornou possível a
para o sacrifício vicário de Cristo ao trabalho escravo. Fica (A) formação de uma identidade cultural afro-bra-
também patente uma crítica velada a essa referida prática. sileira.
(B) superação de aspectos culturais africanos por
RESPOSTA: “E”.. antigas tradições
europeias.
04. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO (C) reprodução de conflitos entre grupos étnicos
- INEP/2012) Fugindo à luta de classes, a nossa organi- africanos.
zação sindical tem sido um instrumento de harmonia (D) manutenção das características culturais especí-
e de cooperação entre o capital e o trabalho. Não se ficas de cada etnia.
limitou a um sindicalismo puramente “operário”, que (E) resistência à incorporação de elementos cultu-
conduziria certamente a luta contra o “patrão”, como rais indígenas.
aconteceu com outros povos. (FALCÃO, W. Cartas sindi-
cais. In: Boletim do Ministério do Trabalho, Indústria e É necessário, para responder à questão, que se com-
Comércio. Rio de Janeiro, 10 (85), set. 1941 - adaptado). preenda bem as diferenças conceituais existentes entre
Nesse documento oficial, à época do Estado Novo Cultura e Nação. A primeira refere-se ao conjunto de valo-
res, comportamentos, crenças e heranças, que, via de regra
(1937-1945), é apresentada uma concepção de organi-
transcendem o conceito de etnia. No caso dos africanos
zação sindical que
trazidos para a América para trabalhar como escravos, tam-
(A) elimina os conflitos no ambiente das fábricas. bém eles pertenciam a tribos diferentes e a construção de
(B) limita os direitos associativos do segmento pa- uma nova identidade cultural provém das senzalas, do ca-
tronal. tiveiro. Nação já pressupõe uma identidade cultural entre
(C) orienta a busca do consenso entre trabalhado- os habitantes de uma mesma comunidade. Portanto, en-
res e patrões. quanto formadores de uma nova comunidade, os africanos
(D) proíbe o registro de estrangeiros nas entidades “ganham” uma “nova” identidade conforme os lugares em
profissionais do país. que foram habitar como escravos.
(E) desobriga o Estado quanto aos direitos e deve-
res da classe trabalhadora. RESPOSTA: “A”..

O presidente Getúlio Vargas recebeu do DIP-Departa- 06. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉ-
mento de Imprensa e Propaganda a alcunha de “Pai dos DIO - INEP/2012) Após o retorno de uma viagem a
Pobres”, transfigurando-se no governante preocupado Minas Gerais, onde Pedro I fora recebido com grande
com os menos favorecidos, que precisavam ser tutelados; frieza, seus partidários prepararam uma série de mani-
afinal, o bom trabalhador é o bom cidadão. É bem verdade festações a favor do imperador no Rio de Janeiro, ar-
que esta foi a forma encontrada pelo governo para admi- mando fogueiras e luminárias na cidade. Contudo, na
noite de 11 de março, tiveram início os conflitos que
nistrar o conflito gerado pelo Capital x Trabalho, e adaptar
ficaram conhecidos como a Noite das Garrafadas, du-
o universo do trabalho às propostas políticas, vinculando-
rante os quais os “brasileiros” apagavam as fogueiras
-as as atividades sindicais ao Estado via Ministério do Tra- “portuguesas” e atacavam as casas iluminadas, sendo
balho, da Indústria e do Comércio. Nasce, dessa relação, o respondidos com cacos de garrafas jogadas das janelas.
fenômeno denominado “peleguismo”- resultante da arti- (VAINFAS, R. Org.. Dicionário do Brasil Imperial. Rio de
culação da liderança sindical com o governo, sendo o Esta- Janeiro: Objetiva, 2008 - adaptado).
do o árbitro maior nas situações de embates. Os anos finais do I Reinado (1822-1831) se caracte-
rizaram pelo aumento da tensão política. Nesse senti-
RESPOSTA: “C”.. do, a análise dos episódios descritos em Minas Gerais e
no Rio de Janeiro revela

43
CIÊNCIAS SOCIAIS

(A) estímulos ao racismo. 08. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO


(B) apoio ao xenofobismo. - INEP/2012)
(C) críticas ao federalismo.
(D) repúdio ao republicanismo.
(E) questionamentos ao autoritarismo.

Para que se entenda bem a proposta, é preciso que se


saiba que os termos “portugueses” e “brasileiros” não se
referem à nacionalidades, mas nomeiam os partidários e
opositores do governo de Pedro I. A política do governante
em questão voltava-se mais para os interesses de Portugal
o que desagradava os grandes proprietários de terra, que
apoiaram e lutaram pela independência do país, e que es-
peravam uma política de modelo mais liberal (mesmo com
restrições) a um modelo autoritário referendado pelo poder
Moderador instituído pela Constituição de 1824. Noite das
Garrafadas foi um momento de confronto entre “portugue-
ses” e “brasileiros”, que não trazia em seu bojo qualquer ma-
nifestação xenofóbica muito menos racista.

RESPOSTA: “E”.. Cartaz da Revolução Constitucionalista.


Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em:
07. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO 29 jun. 2012.
- INEP/2012) “Diante dessas inconsistências e de outras
que ainda preocupam a opinião pública, nós, jornalistas, Elaborado pelos partidários da Revolução Constitu-
estamos encaminhando este documento ao Sindicato cionalista de 1932, o cartaz apresentado pretendia mo-
dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo, bilizar a população paulista contra o governo federal.
para que o entregue à Justiça; e da Justiça esperamos a Essa mobilização utilizou-se de uma referência históri-
realização de novas diligências capazes de levar à com- ca, associando o processo revolucionário
pleta elucidação desses fatos e de outros que porventura (A) à experiência francesa, expressa no chamado à
vierem a ser levantados.” (Em nome da verdade. In: O Es- luta contra a ditadura.
tado de São Paulo, 3 fev. 1976. Apud. FILHO, I. A. Brasil, (B) aos ideais republicanos, indicados no destaque
500 anos em documentos. Rio de Janeiro: Mauad, 1999) à bandeira paulista.
A morte do jornalista Vladimir Herzog, ocorrida du- (C) ao protagonismo das Forças Armadas, represen-
rante o regime militar, em 1975, levou a medidas como tadas pelo militar que empunha a bandeira.
o abaixo-assinado feito por profissionais da imprensa de (D)ao bandeirantismo, símbolo paulista apresenta-
São Paulo. A análise dessa medida tomada indica a: do em primeiro plano.
(A) certeza do cumprimento das leis. (E) ao papel figurativo de Vargas na política, enfati-
(B) superação do governo de exceção. zado pela pequenez de sua figura no cartaz.
(C) violência dos terroristas de esquerda. A Revolução Constitucionalista de São Paulo, em 1932
(D) punição dos torturadores da polícia. tinha, como escopo, a elaboração de uma nova Consti-
(E) expectativa da investigação dos culpados.
tuição para o Brasil, e reduzir o autoritarismo de Getúlio
Lutava-se contra os que praticavam a tortura, nos órgãos
Vargas, o qual prometia “retirar as oligarquias rurais do
de controle social do regime, como o DOI-CODI; investigava-
poder”, sobretudo as paulistas, como parte de um projeto
-se os culpados e buscava-se o fim do regime então vigente.
As opções B, D e E trazem ideias corretas sobre as expec- industrializante para o País. Pretendiam, ainda, recolocar
tativas da oposição para com o regime militar, o que pode São Paulo em lugar de destaque no cenário político bra-
gerar dúvidas quanto à resposta correta. Porém, apenas a sileiro. O cartaz apresenta a figura de um Bandeirante, fi-
opção “E” está de acordo com o trecho apresentado. O texto gura emblemática no desbravamento dos sertões, a partir
vincula-se a um momento específico - a morte do jornalis- da Capitania de São Paulo, imobilizando Vargas, com uma
ta Vladimir Herzog, a qual colocou em xeque o que ocorria bandeira paulista ao fundo.
no interior do DOI-CODI. As autoridades declararam que a
morte fora em decorrência de suicídio. A comunidade judaica RESPOSTA: “D”..
também abalou-se, pois, sendo ele um judeu suicida, não po-
deria, conforme determinam os preceitos judaicos, ser sepul-
tado nos limites do campo santo. Henry Sobel manifestou,
publicamente, sua descrença quanto ao suicídio do jornalista.
A comunidade judaica e outros setores da sociedade civil
reagiram contra o regime e à tortura de presos políticos.

RESPOSTA: “E”..

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CIÊNCIAS SOCIAIS

9. (ENEM - EXAME NACIONAL DO ENSINO MÉDIO EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


- INEP/2012) A experiência que tenho de lidar com al- SOBRE: GEOGRAFIA
deias de diversas nações me tem feito ver, que nunca
índio fez grande confiança de branco e, se isto sucede
com os que estão já civilizados, como não sucederá o 01. (ENEM – TREINEIROS - 2014) -O Brasil possui
mesmo com esses que estão ainda brutos. (NORONHA, mais de 6 milhões de quilômetros quadrados de bacias
M. Carta a J. Caldeira Brant. 2 jan.1751. Apud CHAIM, sedimentares, dos quais 4,8 milhões de quilômetros
M. M. Aldeamentos indígenas (Goiás: 1749-1811). São quadrados são continentais. Essas bacias sedimenta-
Paulo: Nobel, Brasília: INL, 1983 - adaptado). res correspondem a 64% das terras emersas brasileiras.
Em 1749, ao separar-se de São Paulo, a capitania Elas são importantes do ponto de vista econômico, pois
de Goiás foi governada por D. Marcos de Noronha, que abrigam jazidas de minerais que são usados como fonte
atendeu às diretrizes da política indigenista pombalina de energia, caso do petróleo, do gás natural e do car-
que incentivava a criação de aldeamentos em função vão mineral. Este último, mesmo sendo raro em nosso
(A) das constantes rebeliões indígenas contra os país, é explorado nos estados de:
brancos colonizadores, que ameaçavam a produção de A) São Paulo e Santa Catarina.
ouro nas regiões mineradoras. B) Paraná e Mato Grosso do Sul.
(B) da propagação de doenças originadas do conta- C) Santa Catarina e Bahia.
to com os colonizadores, que dizimaram boa parte da D) Minas Gerais e Santa Catarina.
população indígena. E) Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
(C) do empenho das ordens religiosas em proteger
o indígena da exploração, o que garantiu a sua supre- Todos os estados citados exploram petróleo, porém
macia na administração colonial. neste ano, devido as recentes descobertas, Santa Catarina
(D) da política racista da Coroa Portuguesa, contrá- e o Rio Grande do Sul (pré-sal) estão em destaque.
ria à miscigenação, que organizava a sociedade em uma
hierarquia dominada pelos brancos.
RESPOSTA: “E”.
(E) da necessidade de controle dos brancos sobre a
população indígena, objetivando sua adaptação às exi-
gências do trabalho regular. 02. (ENEM – TREINEIROS - 2014) -O afloramento
dos escudos cristalinos correspondem a 36% do terri-
O texto apresentado pode não dar segurança quan- tório brasileiro. São áreas ricas em ocorrências minerais
to à escolha da alternativa correta, embora o assunto seja de grande valor comercial. Esses minerais podem ser
clássico no que compete aos estudos sobre as relações en- não metálicos, como o granito e as pedras preciosas,
tre os nativos e os colonizadores. Os nativos sempre foram ou metálicos, como o ferro e a bauxita. Os minerais
considerados rebeldes, por não serem capazes de trabalhar metálicos são abundantes no Brasil e encontrados prin-
na agricultura. Entretanto é bom ressaltar que os coloniza- cipalmente em rochas que se formaram durante a Era
dores pouco ou nada conheciam da cultura dos nativos. Proterozóica.
Não levavam em conta, por exemplo, que aos homens indí- Quanto a essa temática, leia as informações a se-
genas cabiam a guerra e a caça; a agricultura, considerada guir:
rudimentar, cabia às mulheres. Quanto à questão religiosa, I – O Ferro é explorado principalmente no Quadrilá-
a administração pombalina teve, como um de seus objeti- tero Ferrífero (MG) e na Serra dos Carajás (PA).
vos, o enfraquecimento da atuação da Igreja Católica, pois II – Manganês: as principais jazidas situam-se no
o trabalho de catequese dos jesuítas dava-lhes, de certa maciço e na Serra de Urucum (MS) e na Serra do Navio
forma, o controle sobre as aldeias. Pombal almejava que a (PA), porém, com grande extração em Conselheiro La-
Coroa tivesse o controle de todas as atividades lucrativas. faiete (MG) e Serra dos Carajás (PA).
III – A Bauxita é explorada no Vale do rio Trombetas
RESPOSTA: “E”.. (PA), Serra do Navio (AP), Maciço de Urucum (MS) e
Barreiras (BA).
Das afirmações abordadas:
A) todas estão corretas.
B) somente a i e a ii estão corretas.
C) somente a ii e a iii são falsas.
D) somente a ii é falsa.
E) somente a ii está correta.

Por se tratar de uma estrutura geológica muito anti-


ga, os escudos cristalinos apresentam grande quantidade
de recursos minerais. As áreas que apresentam formação
mais antigas são ricas em minerais não metálicos como,
por exemplo, granito, diorito, quartzo, ardósia, magnesita,
amianto e feldspato.

45
CIÊNCIAS SOCIAIS

Já nas áreas de formação mais recente (Proterozoico), chamados paleoclimas, ou seja, os fatores climáticos pas-
ou menos antiga, os minerais metálicos estão mais presen- sados, que contribuem para explicar o modelado do pre-
tes. Os principais são: minério de ferro, ouro, cobre, man- sente. Com base no estudo dos processos fisiológicos que
ganês, chumbo, bauxita, estanho, cromo, cobalto e níquel. envolveram as rochas que compõem as estrutura geológi-
Escudos cristalinos no Brasil ca de brasileira Aziz A’b classificou o relevo brasileiro em
No território brasileiro, os escudos cristalinos corres- dois tipos de macro unidades geomorfológicas: Planaltos e
pondem a 36% da crosta terrestre (relativo às terras emer- Planície. Além de aumenta de 8 unidades para 10 unidades
sas). São antigos, ou seja, formados na era Pré-Cambriana. de relevo.
Apresentam altitudes medianas, em torno de 600 metros.
São áreas com grande presença de recursos minerais, prin- RESPOSTA: “D”.
cipalmente minerais metálicos (minério de ferro, estanho,
manganês, bauxita, cobre e ouro). Este fato faz do Brasil 04. (ENEM – TREINEIROS - 2014) -A prioridade da
um dos principais produtores e  exportadores de minerais produção agropecuária brasileira sempre foi o merca-
metálicos do mundo. do externo. Com o advento da cafeicultura na segun-
da metade do século XIX, o Brasil definitivamente se
RESPOSTA: “B”. transformou em um grande exportador desse alimen-
to. Dessa maneira, ao longo do tempo, as atividades
03. (ENEM – TREINEIROS - 2014) -No final da dé- ligadas direta ou indiretamente ao campo vêm ga-
cada de 1950, o professor Aziz Ab’Saber aperfeiçoou nhando importância e formando uma ampla rede de
a divisão do professor Aroldo de Azevedo, introduzin- negócios em todo o país. Esse setor é conhecido hoje
do critérios geomorfológicos, especialmente as noções como agronegócios. Também é nítida a dependência da
de ____________ e ___________. Assim, nas áreas nas quais agropecuária em relação à indústria. Assim, a alternati-
o processo de ____________ é mais intenso do que o de va que mais identifica a plenitude dessa integração da
____________ foram chamadas de planalto. Por sua vez, agroindústria é:
aqueles em que o processo de _______________ supera o A) a combinação das indústrias que vendem à agro-
de ____________ foram denominados de planícies. pecuária os insumos (adubos, sementes…) com as in-
Das alternativas a seguir, qual apresenta, respecti- dústrias que compram a produção.
vamente, uma sequência lógica para preencher as lacu- B) a interação das indústrias que compram a pro-
nas da frase? dução agropecuária e as empresas que comercializam
A) erosão/sedimentação; erosão/sedimentação; os produtos.
erosão/sedimentação. C) a combinação entre as empresas que comerciali-
B) erosão/sedimentação; sedimentação/erosão; zam os produtos agropecuários e as empresas que ven-
erosão/sedimentação. dem os insumos.
C) sedimentação/erosão; sedimentação/erosão; se- D) a cadeia de produção entre o agropecuarista e o
dimentação/erosão. homem do campo.
D) sedimentação/erosão; erosão/sedimentação; se- E) a interação entre as indústrias de insumos com
dimentação/erosão. as indústrias que compram a produção agropecuária e,
E) sedimentação/erosão; erosão/erosão; sedimen- ainda, com as empresas que comercializam.
tação/sedimentação. O Programa de Agroindústria apoia a inclusão dos
agricultores familiares no processo de agroindustrialização
Aziz Ab’Sáber em seu trabalho sobre a classificação do e comercialização da sua produção, de modo a agregar va-
relevo brasileiro levou em consideração em estudo sobre lor, gerar renda e oportunidades de trabalho no meio rural,
o relevo apenas a atuação conjunta dos agentes internos e garantindo a melhoria das condições de vida das popula-
externos que atuam sobre a gêneses do modelado da su- ções beneficiadas direta e indiretamente pelo Programa.
perfície terrestre, ou seja, dos elementos da natureza como: Podem participar agricultores familiares, pessoas físicas
clima, solo, hidrografia, vegetação etc. ) principalmente da e jurídicas formada por no mínimo 90% destes agricultores
ação do clima nos diferentes tipos de rochas. Juntamen- e com no mínimo 70% da matéria-prima própria. As pes-
te com a influência interna representada pelo tectonismo. soas jurídicas que industrializam leite têm regras próprias.
Segundo esse estudo o relevo brasileiro tem sua formação A valorização da agroindústria familiar incentiva a fa-
antiga e resulta principalmente da ação das forças internas mília rural a sair do anonimato através da organização em
da terra e da sucessão de ciclos climáticos. A alternância de associações e cooperativas, viabilizando sua qualificação e
climas quentes e úmidos com áridos ou semiáridos favore- agregando valor ao produto. Também leva o consumidor
ceu o processo de erosão e explicam a formação do atual a reconhecer as especificações e qualidades do produto
modelado do relevo brasileiro. da Agroindústria familiar. Sempre com respeito à cultura,
Nessa perspectiva, Aziz A’b saber observou a evolução às tradições, o saber local e a compreensão do meio rural
do clima(paleoclimas), para realizar a classificação do rele- como meio de vida. Também ocorre a interaç ão entre a
vo brasileiro, isto é, as dramáticas alterações ocorridas ao indústria de insumos com a agropecuária.
longo do tempo geológico no território brasileiro. Portan-
to, a análise do relevo atual envolveu também o estudo dos RESPOSTA: “E”.

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