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GAY, Peter. Freud: uma vida para nosso tempo. Tradução Denise Bottmann. São Paulo: Cia.

das
Letras, 1989.

A natureza humana em atividade

p. 475 – “Para Freud, a aplicabilidade da psicanálise, fosse empreendida junto ao divã ou à


escrivaninha, era universal”.

O que está em jogo em O mal-estar na civilização? Diferentemente dos dados clínicos, Freud
procurou reconstruir as origens da civilização a partir de materiais especulativos e escassos, algo
que escapava dos dados clínicos. Ele, ao contrário, misturou os dados psicanalíticos com outras
áreas: artes, política e, até mesmo, pré-história.

p. 477 – Freud, religião e ateísmo: “Fora um ateísta coerente e militante desde os dias de estudante,
zombando de Deus e da religião, não poupando o deus e a religião de sua família”. Acredita que não
era o ateísmo, mas a crença religiosa que deveria ser explicada.

p. 478 – Neurose e religião: impõe práticas defensivas e autoprotetoras

p. 493 – Mal-estar na civilização: um dos textos de maior influência de Freud

“O Mal-estar na civilização é o livro mais sombrio de Freud, e em alguns aspectos também o mais
inseguro. Ele detinha-se constantemente para protestar que sentia, mais do que nunca, que estava
dizendo às pessoas coisas que eles já sabiam, desperdiçando seu material de escrita e, finalmente, o
tempo e a tina dos editores”.

“Freud estava abordando a miséria humana com absoluta seriedade. Como que aproveitando a
deixa, o mundo ofereceu uma confirmação espetacular de quão terrível podia ser tal miséria. Cerca
de uma semana antes que Freud enviasse o manuscrito de O Mal-estar na Civilização à gráfica –
em 29 de outubro, a 'Terça-Feira Negra' – a Bolsa de Valores de Nova York quebrou, e as
repercussões espalharam-se rapidamente por todo o mundo. Havia começado o que logo passaria a
ser chamado de Grande Depressão”.

Entrelaçamento entre a psicanálise da cultura e a psicanálise da religão: Mal-estar da civilização se


abre com uma reflexão sobre a crença.

p. 494 – Os seres humanos, para Freud, são infelizes: os nossos corpos adoecem e decaem, a
natureza exterior nos ameaça com a destruição e as nossas relações com outras pessoas são fonte de
infortúnio e infelicidade. Fazemos, então, os esforços mais desesperados para escapar dessa
infelicidade.

A religião seria, então, apenas uma fonte pouco eficaz para escaparmos dessas afetações. Para
Freud, sob esse aspecto, o trabalho seria a fonte mais bem-sucedida, sobretudo a atividade escolhida
livremente. Todavia, argumenta que o trabalho não é visto pelos humanos como uma fonte de
caminho para a felicidade.

O que está em jogo no argumento de Freud? O ódio à civilização.

Cristianismo: deu pouco valor à vida terrena.

Época das explorações: os viajantes, não entendendo as culturas aparentemente não civilizadas, as
interpretaram equivocadamente, fazendo críticas ao modo de vida ocidental.
Inovações técnicas: o desenvolvimento técnico moderno não trazia felicidade, apenas tristeza por
nos tornar excessivamente neuróticos.

Metáfora: o homem é um “deus protético”.

Freud, em o Mal-estar na civilização, associou-se ao pensamento de Thomas Hobbes.

homo homini lupus: “o homem é o lobo do homem”. “A humanidade precisa ser domada pelas
instituições [porque, como argumentou Hobbes três séculos antes,] na falta de coerções irresistíveis,
a humanidade está fadada a mergulhar numa guerra civil perpétua, na qual a vida é solitária, pobre,
grosseira, brutal e de curta duração. A humanidade só entrou em relações humanas civilizadas por
meio de um contrato social que conferiu o monopólio da coerção ao Estado”.

Seguindo essa tradição hobbesiana, Freud argumentou que “o importante passo para a cultura foi
dado quando a comunidade assumiu o poder, quando os indivíduos renunciaram ao direito de fazer
justiça com as próprias mãos”.

Porém, o que ocorre quando essa renúncia faz parte do contrato social? É como se tudo se passasse
num quadro em que o mal-estar fosse presente em todas as sociedades, pois tal decisão implicava
no contingenciamento dos desejos individuais, produzindo a supressão e a repressão dos instintos
que, embora negados em sociedade, manifestam-se no inconsciente.

Freud refle sobre a política a partir da ideia das paixões reprimidas pela cultura.

Ponto: “Essa perspectiva dá a O Mal-estar na civilização sua força e originalidade: trata-se de uma
teoria psicanalítica da política, formulada de maneira sucinta”. Ou seja, uma análise das vidas social
e política nessa perspectiva estão vinculadas à teoria da natureza humana que é própria de Freud.

Para compreender O mal-estar na civilização é interessante considerar o pensamento psicanalítico


de Freud, até porque

p. 196 - “O ensaio traça o contorno do homem freudiano na cultura – qualquer cultura. É um


homem assediado por necessidades inconscientes, com sua incurável ambivalência, seus amores e
ódios primitivos e apaixonados, mal contido por coerções externas e sentimentos de culpa internos.
As instituições sociais são muitas coisas para Freud, mas são sobretudo barreiras contra o
assassinato, o estupro e o incesto”.

Uma teoria da civilização que considera a vida em sociedade como um compromisso imposto,
algo que é, portanto, um transe fundamentalmente insuperável.

Paradoxo dessa questão: As instituições que nós criamos, isto é, aquelas instituições que deveriam
proteger a sobrevivência humana, também geram o mal-estar.
Consequências: Consciente dessa questão, Freud mantinha poucas expectativas sobre o
aperfeiçoamento humano e, por isso mesmo, estava disposto a conviver com as imperfeições.

Questão histórica e contextual: Dito isso acima, é interessante que Freud, após o fim da Primeira
Guerra e o declínio do império germânico, manifestasse satisfação de ver o bolchevismo, ligado à
Revolução Russa de 1917, rejeitado na Alemanha que nascia.

Antiutopista (questão do radicalismo do pensamento de Freud): O socialismo não era atraente para
Freud porque, a seu ver, ele só se considera crítico da sociedade burguesa a partir do
questionamento do domínio da sexualidade.
p. 496-497 - “Mas invadir este domínio brandido manifestos revolucionários era um gesto
profundamente subversivo: os costumes sexuais, tanto em termos ideais como práticos, afetam a
quintessência da política. Ser um reformador da sexualidade era ser um crítico da sociedade
burguesa, tal como Freud a percebia, mas também, e ainda mais, das ditaduras ascéticas que
fincaram suas garras no mundo durante os últimos anos de vida de Freud”.

Cultura: reflexo, em grande escala, dos conflitos individuais. Dilema: os homens não podem viver
sem civilização, mas não podem viver felizes nela. Portanto, paz, serenidade e ausência de
conflitos estão fora de alcance, porque sempre haverá deslocamentos gerados entre as paixões mais
instintivas e as limitações culturais que criamos para reprimi-las.

Com isso, então, a felicidade não está nos planos da criação. O máximo que acontece é seres
humanos sensatos conseguirem criar uma trégua entre desejo e controle.

A vida civilizada está atravessada por esse dilema, inclusive o amor.

Ananké: a necessidade não é a única genitora da civilização

Eros: o amor é o outro genitor.

Movimento para fora de si: fundação da amizade e, também, de grupos de afeição e autoridades,
ambos tão fundamentais quanto a família. Ou seja, quando a força instintiva erótica impele os seres
humanos a buscarem fora si os objetos sexuais, mas que, ao ser restringida, produz laços outros que
constroem os fundamentos da civilização.

Dilema: o amor resiste aos interesses da cultura enquanto a cultura, com suas restrições, ameaça o
amor. Trata-se de proteger-se daquilo que vem de fora, pois famílias e casais sentem-se ofendidos
com intrusos que não foram convidados. Enquanto isso, a civilização e a cultura regulam as
relações afetivas, estabelecendo as regras sociais que as definem.

Antagonismo irremediável: o homem, então, tenta recusar essa contradição.

p. 497 – Amar o próximo como a ti mesmo: esse dito cristão, para Freud, soa irrealista. “Amar a
todos é não amar muito a ninguém”, diz Gay. Esse é um apelo cristão que, ao olhar de Freud,
mostra mais a predisposição dos seres humanos para a crueldade e a agressividade do que para a
compaixão. Uma tentativa, então, de estabelecer algo universal para barrar nossos princípios
destrutivos.
Exemplos: os hunos, os mongóis, os cruzados e a Primeira Guerra Mundial. Porém, algo que Freud,
como os demais europeus, parece esquecer propositalmente é a escravidão moderna.

p. 498 – Freud e a crítica ao comunismo: Como a agressividade é um dos dotes essenciais do


animal humano, o comunismo russo, isto é, a chamada experiência soviética – que marcou a
geração de intelectuais do período de Freud, mesmo depois dos expurgos stalinistas, não poderia
poderiam modificar esse sentimento. Ocorre que, como diz Gay, para Freud “a abolição comunista
da propriedade privada brotava de uma idealização equivocada da natureza humana”, ainda que ele
também criticasse a relação capitalista com a propriedade tendo, anteriormente, lembremos,
prenunciado que uma possível alteração no estatuto da propriedade trouxesse mais alívio ao mal-
estar da modernidade de modo mais eficiente do que a ética e a cultura.

No caso do comunismo, como a agressão não foi criada pela propriedade, não era abolindo esta que
os socialistas eliminariam aquela. Até porque, como vimos, a agressividade é uma fonte de prazer
e, nós, os seres humanos, relutam em renunciá-los ao experimentá-los.
Agressividade e amor combinam-se: “os laços libidinais que unem os membros de um grupo no
afeto e na cooperação serão fortalecidos, se o grupo tiver pessoas de fora a quem possam odiar”.

Esse ódio, em Freud, tem nome: narcisismo das pequenas diferenças. É como se tudo se passasse
numa tentativa de encontra um gosto especial pelo ódio e pela perseguição dos nossos vizinhos
mais próximos.

Método compensatório e imperfeito: concentrar o ódio numa vítima escolhida.

Exemplo: na União Soviética os bolcheviques perseguiam a burguesia na tentativa de sustentar


psicologicamente uma nova cultura.

Por quê é tão difícil a vida em civilização? Imposição de sacrifícios da sexualidade e das
tendências agressivas.

Grandes antagonismos: “amor e ódio, lutam pelo controle da vida social do homem, de forma
idêntica à luta pelo seu inconsciente, de maneira parecida, com táticas muito semelhantes”.

p. 499 – Para Freud, a luta vital da espécie humana é a luta pela evolução cultural.

Preocupação: como a cultura inibe a agressão? O processo de internalização em que o indivíduo


força a volta dos sentimentos agressivos para a sua mente, local de origem. É o superego cultural
que inibe comportamentos agressivos: “esse desenvolvimento psicológico do indivíduo se reproduz
com frequência na história de uma sociedade. Culturas inteiras podem se tornar carregadas de
culpa”.

Questões paradoxais: pois indivíduos tratados brandamente têm, às vezes, superegos exigentes. O
fato é que os sentimentos de culpa, sobretudo, aqueles inconscientes, são fonte de angústia.

A ideia é que esse superego cultural permitisse falar em culturas neuróticas que pudessem, de
alguma forma, receber recomendações terapêuticas, mas, como advertiu, a analogia entre o
indivíduo e a sua cultura, ainda que profícua, é apenas uma analogia.

A civilização poderia conter a agressão e a destruição humanas? Freud exalta a tecnologia


moderna, mas adverte o perigo que ela coloca à vida humana, com a possibilidade de destruição em
massa.

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