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RIBEIRO, K. S.; GUIMARÃES, A. L. A.

O uso de medicamentos à base de plantas medicinais por médicos do SUS no município de


Teresópolis/RJ. Revista Agrogeoambiental, Pouso Alegre, Edição Especial n. 1, p. 61-65, ago. 2013.

O uso de medicamentos à base de plantas


medicinais por médicos do SUS no município
de Teresópolis/RJ

Karine da Silva Ribeiro1


André Luis de Alcantara Guimarães2

1 | Introdução
A prática de utilizar elementos da natureza fitoterapia, que significa tratamento pelas
com finalidade de auxiliar o homem já é bas- plantas. Dessa forma, a utilização de plantas
tante antiga. Desde os tempos primitivos, medicinais se tornou constante na vida do ho-
plantas, animais e elementos químicos fazem mem, sendo uma grande parte dos fármacos
parte dos “medicamentos” que o homem uti- compostos de matéria prima vegetal, pois sur-
liza. O uso das plantas está há muito tempo na giram do isolamento de alguns extratos vege-
vida do ser humano não só como medicamen- tais (ALONSO, 2008).
tos, mas também para rituais e alimentação. O aumento da utilização dos fitoterápicos
Na história, há achados de 2600 A.C. falando criou a necessidade de uma legislação que re-
da utilização de plantas como medicamento gulamentasse essa prática. Assim, surgiram no
na Mesopotâmia, com relatos da utilização de Brasil as RDC’s (Resolução da Diretoria Colegia-
Cedrus sp. (cedro), Glycyrrhiza glabra (alcaçuz) da) da ANVISA, especificamente a RDC nº 48
e Papaver somniferum L. (papoula), que são uti- de 18/03/2004 que regulamenta o uso dos fito-
lizados até hoje (LEITE, 2009). Com o tempo, terápicos, e os divide em três categorias: Me-
a utilização de inúmeras plantas para a con- dicamento Fitoterápico Novo, Medicamento
tribuição na melhoria da saúde foi ganhando Fitoterápico Tradicional e Medicamento Fitote-
espaço em todo o mundo, surgindo a necessi- rápico Similar. Além disso, a RDC nº 48 explicita
dade cada vez maior de estudos sobre o tema. as exigências para o controle de qualidade des-
Em 1815, surgiu o termo farmacognosia, criado ses fármacos, incluindo a avaliação toxicológica
por Seylder em sua Analecta Pharmacognosti- e farmacológica, para garantir ao profissional
ca, que se entende pela ciência que estuda a de saúde a segurança e a eficácia do produto
utilização de matérias de origem natural para o (ALONSO, 2008). De acordo com a portaria
tratamento de enfermidades. Com o passar do 06/95 da ANVISA, fitoterápico pode ser defi-
tempo e o aprendizado adquirido com a prática nido como “todo medicamento tecnicamente
na utilização de plantas medicinais, a humani- obtido e elaborado, empregando-se, exclusi-
dade aprendeu a diferenciar plantas benéficas vamente, matérias primas ativas vegetais com
das que eram tóxicas e faziam mal a saúde, a finalidade profilática, curativa ou para fins de
e assim surgiu a ciência denominada como diagnóstico, com benefício para o usuário”.

1 Universidade Candido Mendes. Pós-graduação em Gestão Ambiental Av. Alberto Torres, Número 915 - Alto – Teresópolis/
RJ, CEP: 21710-250. Telefone: (21) 2642-0749 - e-mail: karine.s.ribeiro@hotmail.com
2 Centro Universitário Serra dos Órgãos. Curso de Graduação em Ciências Biológicas Estrada da Prata, s.n., Prata,
Teresópolis/RJ, CEP 25976-340. Telefone: (21) 27435300 – email: andreluis.guimaraes@gmail.com

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O Brasil dispõe de uma megabiodiversida- contexto, muitas plantas ganharam nomes ofi-
de, 25% da biodiversidade do planeta Terra ciais, baseados nos seus usos medicinais ou em
se encontra em terras brasileiras, com isso é suas propriedades empiricamente descobertas
possível concluir que o Brasil possui um gran- ao longo dos anos (LORENZI; MATOS, 2008).
de potencial de produção de fármacos a partir O uso de plantas medicinais tem recebido da
da extração de princípios ativos de plantas. Em Organização Mundial de Saúde (OMS) incen-
países industrializados, há um alto índice de tivos, de acordo com a resolução WHA 31.33
prescrição de medicamentos que se utilizam (1987) e 40.33 (1987), que incentivam a criação
da grande biodiversidade vegetal. Segundo de programas em todo o mundo, que validem o
Leite (2009), “a utilização racional dos recur- uso dessas plantas, ressaltando a identificação,
sos naturais para a obtenção de medicamentos a preparação, o cultivo e a conservação dessas
fitoterápicos oriundos da flora brasileira, pode plantas de muitíssima importância para a me-
assegurar, por um lado, enorme vantagem dicina tradicional, visando assegurar o controle
competitiva no mercado global para países da qualidade dos fitoterápicos. De acordo com
com megabiodiversidade, como o Brasil; por o próprio programa nacional de plantas medi-
outro lado pode também, proporcionar grande cinais, o Brasil contém a maior biodiversidade
benefício para a saúde com o oferecimento de do planeta Terra, e entre essa biodiversidade
fármacos seguros e eficazes”. encontramos muitas plantas medicinais que
Atualmente, a utilização dos fitoterápicos são matérias-primas para a fabricação não só
ganhou um espaço de discussão no que diz res- dos fitoterápicos, como de outros medicamen-
peito à política e à economia não só no Brasil, tos (BRASIL, 2009). Levando em consideração
mas em todo o mundo. Nesse contexto, a OMS a megabiodiversidade que o Brasil possui, é
(Organização Mundial de Saúde) vê no uso da necessário que haja um programa que regula-
fitoterapia uma solução viável e de extrema mente as plantas medicinais, visto o alto poten-
importância para populações de países subde- cial de utilização de plantas medicinais, tanto
senvolvidos e em desenvolvimento, devido ao no uso popular como na produção de medica-
baixo custo da fitoterapia. mentos fitoterápicos. Em 22 de junho de 2006,
através da portaria Ministerial GM/MS nº 971
foi aprovada pelo decreto nº 5.813, a Política
2 | O Programa Nacional de Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos,
Plantas Medicinais que tem por objetivo garantir o uso racional e o
acesso seguro, e promover o uso sustentável da
O reino vegetal sempre esteve ao dispor do biodiversidade e o desenvolvimento da cadeia
ser humano, não só para a cura das enfermi- produtiva e da indústria nacional. A política
dades, como para fins ritualísticos, alimenta- Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos
ção, entre outros. Com o decorrer do tempo, tem em seu Grupo de Trabalho interministerial
foi criado um banco de informações a partir do instituído por Decreto Presidencial de 17 de fe-
conhecimento intuitivo do homem em saber vereiro de 2005 parte importante das políticas
diferenciar plantas tóxicas e benéficas. Os co- públicas de saúde, meio ambiente, desenvolvi-
nhecimentos descobertos foram passando de mento social e econômico, a fim de promover
geração em geração, e o que era empregado melhorias na qualidade de vida da população
de forma empírica e intuitiva acabou por des- brasileira. Em dezembro de 2008, foi aprovado
pertar o interesse de estudiosos que tinham através da portaria Interministerial nº 2.960,
por objetivo comprovar a segurança e a efi- o Programa Nacional de Plantas Medicinais e
cácia de seu uso. O uso empírico de plantas o Comitê Nacional de Plantas medicinais e fi-
medicinais, que por tempos se imaginou bas- toterápicos, que tem por objetivo monitorar e
tante distante da lógica científica, passa a ser avaliar o programa.
de fundamental importância para a produção De acordo com Firmino e Bensfield (2012),
de novos fármacos (LEITE, 2009). A partir do “o Programa Nacional de Plantas Medicinais
aparecimento das ciências naturais, e do mé- e Fitoterápicos possibilitará o crescimento de
todo cientifico, no começo do século XIX, os toda a cadeia produtiva de plantas medicinais
medicamentos à base de plantas medicinais e fitoterápicos para garantir a eficácia e se-
tornaram-se foco da análise científica. Nesse gurança e qualidade desses produtos”. Dessa

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forma, baseados na importância do potencial atendimentos por mês. Foram entrevistados 18
da diversidade vegetal, com fomento do go- médicos, sendo dez do sexo masculino e oito
verno brasileiro, através do Programa Nacional do sexo feminino das seguintes especialida-
de Plantas Medicinais, o presente estudo tem des: Cirurgia plástica, Cirurgia Geral e Torácica,
por finalidade investigar a prescrição de trata- Clinica médica, Ortopedia, Ginecologia, Car-
mentos à base de plantas medicinais e medi- diologia, Pneumologia, Nutrição e Pediatria.
camentos fitoterápicos por médicos do SUS na Com idades entre 25 e 64 anos. Todos os médi-
cidade de Teresópolis, RJ. Assim, esperamos cos entrevistados responderam positivamente
obter dados que demonstrem o estado atual quando questionados se apoiam a implemen-
da implantação do programa em Teresópolis e tação de programas que incentivem o uso de
a importância do mesmo para a população, es- fitoterápicos por pacientes do SUS, levando
pecialmente aquela que tem o SUS como única em consideração o seu baixo custo, compara-
alternativa terapêutica. do aos sintéticos. Dessa forma, nota-se que a
importância do uso das plantas medicinais está
consolidada. Além disso, não há grandes restri-
3 | Método ções de implantação por parte dos médicos.
Já sobre o programa nacional de plantas
Para a realização deste trabalho, foram usadas medicinais, a maioria, 94%, diz não conhecer
metodologias descritiva e quantitativa, e todos o programa, que é exatamente o que regula-
os entrevistados assinaram o termo de consen- menta o uso de plantas medicinais, e possui
timento livre esclarecido. Para a quantificação um “banco de dados” das plantas que tem sua
da implantação do uso de tratamentos à base “confiabilidade” verificada. Esta informação
de plantas medicinais, foi elaborado um ques- nos leva a uma preocupação, pois, 28% diz in-
tionário com perguntas sobre a prescrição e a dicar o uso de algumas plantas medicinais em
utilização de fitoterápicos por alguns médicos forma de chá, tintura, compressa, entre outras
do ambulatório do UNIFESO (Centro Univer- formas, para seus pacientes. Foi verificado
sitário dos Órgãos), de diferentes especialida- também que médicos com mais tempo na pro-
des, além de um questionário específico para a fissão, 72%, têm uma tendência maior a pres-
administração do ambulatório, para obter da- crever fitoterápicos do que os médicos recém-
dos sobre os atendimentos ali realizados. Para formados. Em relação à indicação do uso de
a descrição qualitativa, e foram analisados arti- plantas medicinais em forma de chá, compres-
gos científicos, disponíveis no Scielo (Scientific sa, tintura e etc., conforme a Tabela 2, apenas
Electronic Library Online), monografias, dis- 28% respondeu indicar plantas com fins medi-
sertações de mestrado e teses de doutorado cinais. Desse percentual (28%), a especialidade
que tratam o tema Fitoterapia, no período de que mais se destaca é a clinica médica como
Agosto a Novembro de 2012, preferencialmen- poderemos ver na Figura 1.
te publicados nos últimos 10 anos, para utilizar Como podemos perceber através da Figura
como base do referencial teórico da pesquisa. 1, apenas 3 (três) das 10 (dez) especialidades
disseram ter o hábito de prescrever o uso de
plantas medicinais em formas de chá, com-
4 | Resultados e Discussão pressas, tintura e etc., para seus pacientes.
Dentre as mais indicadas estão a “Arnica” em
O ambulatório UNIFESO se localiza na Rua Te- forma de tintura, que não foi dito o uso indica-
nente Luiz Meireles, nº 789, Bairro São Pedro, do, o “Louro” em forma de chá indicado para
Tere­sópolis/RJ. É especializado em atendimen- náuseas, o Guaco também em forma de chá
tos para o SUS, pertence ao Hospital das Clíni- indicado para a tosse, além da “Erva Cidreira”
cas Constantino Ottaviano. Possui 97 médicos e “Camomila”, como calmantes.
de staff e médicos residentes, divididos em 34 Percebemos que muitos médicos de dife-
especialidades, dentre elas as mais procuradas rentes especialidades prescrevem medicamen-
são: Cardiologia, Pediatria, Ginecologia, Clinica tos fitoterápicos, em média, ao menos um de
médica, Ortopedia, Reumatologia e Neurope- cada especialidade, porém poucos disseram
diatra. O ambulatório realiza em média 800 que tem o hábito constante, e apenas 12 medi-
atendimentos por semana e uma faixa de 3.200 camentos foram relatados: Hedera Helix, Pas-

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siflora, Cimifuga Herbarium, Isoflavona, Vitex registrados pela ANVISA (Agencia Nacional de
Herbarium, Wildyam, Pasalix, Silimarina, Mu- Vigilância Sanitária) e se levarmos em conside-
lungu, Ágar-ágar, Valeriane e Garcinia. Entre- ração o número de especialidades analisadas e
tanto, este número pode ser considerado pe- de atendimentos como demonstra a Figura 2.
queno, se comparado à lista de medicamentos

Especialidades que prescrevem Especialidades que prescrevem


plantas medicinais medicamentos fitoterápicos

7,7%
15,4%
20%
23,1%
20% 60% 23,1%

15,4%
7,7%
7,7%

Clínica médica Cardiologia


Ginecologia Clínica médica
Pneumologia Ginecologia
Nutrição
Figura 1: Relação de indicação Figura 2: Relação da prescri-
Ortopedia
de plantas medicinais por especialidade ção de medicamentos fito-
Fonte: Elaboração própria Pediatria terápicos por especialidade.
Pneumologia Fonte: Elaboração própria

5 | Conclusão do nosso país necessita do SUS, portanto é de


grande importância que haja alternativas vi-
Nosso país possui grande parte da megabiodi- áveis para a satisfação da população em ter-
versidade do planeta, e a cidade de Teresópolis mos de custos, levando em consideração que
apresenta em seu entorno, boa parte da vege- muitos necessitam de uso constante de medi-
tação da Mata Atlântica. Com isso, observa-se camentos, e consideram o uso da fitoterapia
o uso de plantas medicinais como uma alterna- uma alternativa mais barata e segura. Grande
tiva de tratamento, mas para isso é de extrema parte da população do planeta pertence aos
importância que os médicos não só do ambu- países economicamente menos desenvolvi-
latório, como todos os outros que atendem a dos, que apresentam dificuldades em oferecer
população de Teresópolis e do SUS no Brasil um bom atendimento em relação à saúde. Se-
inteiro, tenham informações confiáveis sobre gundo a OMS, 80% da população mundial uti-
o uso destas plantas para podê-las indicarem liza plantas medicinais como único tratamento
como uma forma de alternativa viável. É im- terapêutico (LEITE, 2009). Desta forma, consi-
portante que os médicos tenham mais acesso derando o grande crescimento populacional,
às informações fornecidas não só pelo progra- a falta de recursos e a necessidade elevada
ma nacional de plantas medicinais, mas tam- de medicamentos caros, a fitoterapia se des-
bém às ações que incentivem o uso seguro de taca como uma ótima alternativa. O progra-
plantas medicinais e medicamentos fitoterá- ma nacional de plantas medicinais diz ver no
picos. É visível que grande parte da população uso da fitoterapia uma ampliação das opções

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terapêuticas viáveis ofertadas aos usuários do Referências bibliográficas
SUS, e garante o acesso às plantas medicinais
e fitoterápicos com segurança, eficácia e quali- ALONSO, J. R. Fitomedicina: um curso
dade (BRASIL, 2009). Além disso, é de extrema para profissionais da área da saúde. [s.l.]:
importância que se crie ações de incentivo ao Pharmabooks, 2008.
uso de medicamentos fitoterápicos por usu-
ários do SUS, levando em consideração seu BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de
baixo custo. De acordo com algumas respostas Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos.
citados pelos médicos na realização da pesqui- Departamento de Assistência Farmacêutica.
sa, é necessário também que o assunto plantas Política Nacional de Plantas Medicinais e
medicinais e, principalmente, medicamentos Fitoterápicos. Brasília: Ministério da Saúde,
fitoterápicos, tenha maior consideração nos 2009.
cursos de graduação e especialização, pois
muitos poderão trabalhar atendendo a popula- FIRMINO, F. C.; BINSFELD, P. C.
ção pelo SUS, e a falta de conhecimento sobre Biodiversidade Brasileira como fonte de
o programa nacional de plantas medicinais e medicamentos para o SUS. 2012.
seus inúmeros benefícios podem comprome- Disponível em: <www.cpgls.ucg.br/6mostra/
ter sua implantação e a melhoria do próprio artigos/SAUDE/FABIANA%20COSTA%20
SUS. Atualmente, alguns fitoterápicos já são FIRMINO.pdf> .
utilizados. Dados indicam que entre os 252 fár- Acesso em: 10 out. 2012.
macos e fármacos essenciais selecionados pela
Organização Mundial da Saúde, 11% são de LEITE, J. P. V. Fitoterapia: bases científicas
origem exclusivamente vegetal e uma parcela e tecnológicas. São Paulo: Editora Atheneu,
significativa é preenchida por medicamentos 2009.
semi-sintéticos, obtidos a partir de precurso-
res naturais (RATES, 2001). Mas para que es- LORENZI, H.; MATOS, F. J. A. Plantas
ses medicamentos sejam prescritos com mais medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2 ed.
frequência e com segurança, é necessário que Nova Odessa: Instituto Plantarum, 2008.
haja conhecimento sobre os medicamentos a
serem indicados. Percebe-se então, a grande RATES, S.M.K. Promoção do uso racional
importância que o programa nacional de plan- de fitoterápicos: uma abordagem no ensino
tas medicinais possui. Através dele, algumas in- de farmacognosia. Revista Brasileira de
seguranças apresentadas pelos médicos entre- Farmacognosia. 11: 57-69, 2001
vistados seriam sanadas. Pois dentre as ações
do programa nacional, destacam-se garantir a
eficácia e qualidade dos medicamentos à base
de plantas medicinais. Neste sentido, como o
Brasil trata-se de um país em desenvolvimen-
to, médicos e governantes da área da saúde
deveriam incentivar a utilização e a prescrição
de fitoterápicos, principalmente devido ao bai-
xo custo que o mesmo oferece a população.

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