Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
ABSTRACT
1
Ciências Contábeis. Doutor. Universidade Federal do Piauí (UFPI). E-mail: valmarbraga@bol.com.br
I INTRODUÇÃO
2
Os dados constam do 11º Relatório de Monitoramento Global de Educação para Todos, divulgado pela UNESCO,
em 29 de janeiro de 2014.
3
A PNAD-Contínua substituiu a PNAD Anual e a Pesquisa Mensal de Emprego (PME). Trata-se de uma pesquisa
mais abrangente: enquanto a PME reúne dados de seis regiões metropolitanas, a PNAD Contínua traz o cenário
do emprego em quase 3,5 mil municípios (AZEVEDO, 2014 apud CARDOSO, 2014).
4
http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2017-01/desemprego-atinge-123-milhoes-de-pessoas-e-e-
maior-taxa-desde-2012.
O Brasil tem problemas graves de segurança pública. É elevada a quantidade
de roubos e furtos, acidentes de carros, homicídios e violência contra a mulher. Dados
do Mapa da Violência 2014, revelaram que, em 2012, 56.337 pessoas perderam a
vida assassinadas, num aumento de 7% sobre 2011 (WAISELFISZ, 2014, p. 24).
Levantamentos mais recentes (de 2016) revelaram que em 2014 mais 59,5 mil
pessoas perderam a vida através de mortes violentas5 (OLIVEIRA, 2016).
A assistência médica prestada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) também
não é eficiente, sendo constantes das denúncias na mídia de pessoas sem
atendimento ou mal atendidas nos hospitais públicos brasileiros de todas as regiões.
Segundo os números do Ministério de Desenvolvimento Social e Agrário
(MDS), em dezembro de 2016 o Brasil possuía 24.456.063 famílias inscritas no
Cadastro Único dos Programas Sociais (CadÚnico), o que correspondia a 77.878.526
pessoas cadastradas. A distribuição das famílias conforme a renda mensal declarada
era: a) 11.720.302 com renda per capita familiar de até R$ 85,00; b) 3.849.178 com
renda entre R$ 85,01 a 170,00; c) 5.841.322 entre R$ 170,01 e meio salário mínimo;
e d) 5.042.251 com renda acima de meio salário mínimo. O Programa Bolsa Família
(PBF) beneficiou no mês de fevereiro de 2017, 13.660.175 famílias, que receberam
benefício médios de R$ 179,62. O valor total transferido pelo governo federal em
benefícios às famílias alcançou R$ 2.453.677.326,00 (BRASIL, 2017).
5
http://oglobo.globo.com/brasil/mapa-da-violencia-2016-mostra-recorde-de-homicidios-no-brasil-18931627
Zero para unificação de quatro Programas de Transferência de Renda (PTR)6. A partir
de 2011 passou a ser um dos eixos estratégicos de transferência de renda dentro do
Plano Brasil Sem Miséria (PBSM).
A característica principal do PBF é a articulação entre a transferência monetária
e o acesso a direitos sociais básicos, como saúde, alimentação, educação e
assistência social tendo como objetivos básicos combater a miséria e a exclusão
social e promover a emancipação das famílias mais pobres (WEISSHEIMER, 2006).
O PBF tem um papel importante no contexto social e econômico, porque
representa um fluxo de renda contínuo e regular, ajudando a população de baixa renda
a manter ou mesmo a melhorar o nível de vida, bem como estimula a demanda,
promovendo o comércio e o desenvolvimento local, pois os recursos do Bolsa Família,
apesar de representarem menos de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro,
contribuem para que as pessoas possam consumir mais, comprar mais, e esse fluxo
estimula o desenvolvimento econômico. Nesse contexto, baseados em diversos
estudos realizados, atesta-se que o programa brasileiro é um exemplo capaz de
amenizar a fome, melhorar a escolaridade e a assistência à saúde devido às
condicionalidades impostas para ter acesso ao benefício. É salutar a adoção de
semelhante política por parte de outros países, haja vista seus efeitos indiretos como
queda da mortalidade e desnutrição infantis, a emancipação da mulher e a redução
da violência conjugal, além da melhoria dos indicadores da educação, redução do
analfabetismo e aumento da longevidade.
Os programas sociais implementados no Brasil têm historicamente
apresentado êxito limitado no que se refere ao alcance das populações a que se
destinam. Entretanto, a focalização do PBF nas famílias pobres e extremamente
pobres tem apresentado avanços significativos quanto ao atendimento desse público-
alvo.
É por essa abrangência que autores como Araújo (2007), Codes (2008), Sen
(2000), Silva (2002), Yazbeck (1995) apresentam pensamentos ora semelhantes, ora
diferentes, para analisar e caracterizar a pobreza. As Ciências Sociais construíram
análises sustentadas por abordagens que veem a pobreza tanto pelo aspecto
econômico, quanto pelo político. No aspecto econômico, relaciona-se à privação
material, motivada principalmente pela insuficiência de renda e pela carência de
direitos sociais e no político à “ausência de consciência de classe”, o que dificulta a
formação de uma criticidade contrária à postura das classes dominantes (ARAÚJO,
2007, p. 44). Assim,
[...] a pobreza precisa ser considerada como uma categoria histórica e socialmente
construída, a fim de que a mesma não seja tomada como um fenômeno natural,
expresso por uma única concepção, em geral legitimada pelo pensamento
dominante (ARAÚJO, 2007, p. 44).
7 “[...] São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos
desamparados, na forma desta Constituição” (Constituição Federal, art. 6º).
Por conseguinte, as referências indicadas, apontam para a complexidade, a
historicidade e a multidimensionalidade da pobreza, na verdade um produto da forma
como a sociedade se organiza para produzir e distribuir a riqueza acumulada o que
gera dois polos opostos: pobreza e riqueza.
IV CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Cleonice C. Pobreza e programas de transferência de renda:
concepções e significados. 2007. 278 f. Tese (Doutorado em Políticas Públicas).
Universidade Federal do Maranhão, São Luís, 2007.
______. Classes subalternas e assistência social. 7 ed. São Paulo: Cortez, 2009.