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ALIENAÇÃO
(ADAPTADO PARA A DISCIPLINA DE FHTM I )
Currículo: Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(1988). Pós - Doutorado em Fundamentos Políticos das Idéias Contemporâneas pela
Universidade de São Paulo (2002). Professora associada da PUC/SP no Programa de Pós-
Graduação em Serviço Social, onde coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre
Identidade. Professora visitante no curso de Pós-Graduação da Universidad Nacional de La
Plata, Argentina. Avaliadora e consultora externa de agencias de pesquisas nacionais e
internacionais. Membro de conselhos editoriais e científicos de revistas acadêmicas nacionais
e internacionais. Pesquisadora em projetos apoiados pelo CNPQ/CAPES, com produção nas
áreas de Fundamentos do Serviço Social, Prática, Formação e Identidade Profissional. Autora
de livros, capítulos e artigos publicados em revistas especializadas de Serviço Social e
Ciências Sociais no país e no exterior. (Fonte:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787931U6 )
INTRODUÇÃO
Pensar o Serviço Social: eis a tarefa
Objeto da pesquisa:
[...] era o próprio Serviço Social enquanto existente em si e suas relações com a sociedade
capitalista em que teve sua origem e desenvolvimento com prática social institucionalizada.
(p. 15)
Objetivos:
Hipóteses:
- [...] os agentes tinham consciência de que, operando com tal identidade, suas ações
profissionais passavam a constituir respostas aos interesses do capitalismo, contribuindo para
a reprodução das relações capitalistas e para a expansão do capital? (p. 16);
- [...] estava claro para os agentes que, ao sucumbirem à lógica do capital, era o próprio ser
dialético, sua consciência social, sua identidade profissional que sucumbia, para dar lugar a
um “não-ser”, a um ser sem efetividade, a uma categoria sem identidade e reprodutora de uma
prática reificada6, produzida pela cultura dominante, e sem nenhum potencial de
transformação da realidade?
3 Mudança de estado.
5 Encerrado / fechado.
6 Reduzida.
- [...] a ausência de identidade profissional fragiliza a consciência social da categoria
profissional, determinando um percurso alienado, alienante e alienador da prática profissional.
Tese:
[...] somente no momento em que a profissão alcança sua identidade especifica e distinta é
que atinge sua autonomia cientifica. (p. 16)
O Capitalismo Comercial alavancou-se A segunda fase do capitalismo é Para muitos, essa é a atual fase do capitalismo, marcada pelo
graças ao início da formação do sistema chamada de Capitalismo Industrial por protagonismo exercido pela especulação financeira e pela bolsa de
capitalista e a consequente expansão do ter sido um efeito direto da emergência, valores, que passou a ser uma espécie de “termômetro” sobre a
comércio internacional no contexto da expansão e centralidade exercida pelas economia de um país. Basicamente, essa fase do capitalismo
Europa. Essa fase ficou marcada pela fábricas graças ao processo de Revolução estrutura-se com a formação do mercado de ações e a sua
expansão marítima comercial e também Industrial iniciado em meados do século especulação em termos de valores, taxas, juros e outros.
colonial, com a formação de colônias XVIII na Inglaterra. Com isso, a luta por Em algumas abordagens, diz-se que no Capitalismo Financeiro
europeias em várias partes do mundo, matérias-primas, transformadas depois houve uma espécie de fusão entre capital bancário e capital
com destaque para as Américas e em mercadorias industrializadas, industrial. Isso ocorreu porque as empresas passaram a ser
também para o continente africano. intensificou-se ao longo do globo, e a divididas em ações negociadas com base em valores e calculadas a
Nesse período, intensificou-se a prática Divisão Internacional do Trabalho foi partir do potencial de lucratividade oferecido por tais empresas.
do mercantilismo, um sistema econômico assim estruturada: de um lado, as Alguns críticos alcunham esse período de Capitalismo
geralmente concebido como “um colônias atuando como fornecedoras de Monopolista, pois uma de suas competências é a possibilidade de
conjunto de práticas” não planejadas. matérias-primas e produtos primários em união (fusão, também chamada detruste) entre uma ou mais
Esse sistema era calcado na busca e geral; do outro lado, as metrópoles e empresas, ou até mesmo a compra de uma pela outra através do
controle de matérias-primas e metais países industrializados como investimento em ações. Nesse sentido, boa parte do mercado, em
preciosos (metalismo), além da intensiva fornecedores de mercadorias. vez de ser gerida pela lei da livre concorrência, estaria condenada
troca comercial internacional, em que Nos países desenvolvidos, notadamente ao monopólio ou ao oligopólio, embora as grandes fusões do
cada Estado procurava manter uma na Europa e em algumas partes da mercado atual não tenham extinguido a competição.
balança comercial favorável. América do Norte, as cidades Um exemplo de fusão entre duas empresas foi a união entre
Outro desenvolvimento importante conheceram um boom populacional, a Sadia e aPerdigão, ou a compra da Yahoo e da Nokia pela
durante essa fase do capitalismo foi a marcado pelo intensivo êxodo rural e Microsoft, além de inúmeros outros casos. Tal configuração
manufatura, o que foi mais tarde pela expansão desordenada das periferias também permitiu a expansão de algumas marcas pelo mundo todo,
desenvolvido a partir das revoluções em locais como Londres e Paris. A empresas essas chamadas de multinacionais ou globais.
industriais. O resultado sobre o espaço grande quantidade de trabalhadores O principal efeito dessa dinâmica sobre o espaço geográfico foi a
geográfico foi a constituição de muitas empregados nas fábricas e a difusão do industrialização dos países emergentes, com uma consequente e
cidades e o crescimento de algumas pensamento econômico liberal, acelerada urbanização ao longo do século XX, a exemplo do Brasil
outras, embora a população continuasse desenvolvido por Adam Smith, também e dos chamados Tigres Asiáticos. Alguns países periféricos
majoritariamente rural tanto nos países foram elementos característicos desse também estão se industrializando, muito em função da migração
imperialistas centrais quanto nas colônias contexto, que se estendeu até o final do dessas empresas estrangeiras para suas áreas em busca de impostos
e nações menos desenvolvidas. século XIX e o início do século XX. mais baratos, fácil acesso a matérias-primas, uma mão de obra
mais barata e uma mais ampla contemplação ao mercado
consumidor.
BIBLIOGRÁFIA
PENA, Rodolfo F. Alves. "Fases do capitalismo"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/fases-do-capitalismo.htm>. Acesso
em 25 de abril de 2016.
- [...] A revolução industrial inaugura e consolida, através de seu intento, embora intermitente
fluxo revolucionário, uma nova fase do capitalismo – o capitalismo industrial [...] que teve
início com o aparecimento das maquinas movidas por energia não humana e não animal,
demandava uma rápida recomposição do cenário social, pois sua continuidade histórica
dependia da consolidação do modo capitalista de produção, fundado essencialmente na
compra e venda da força de trabalho. (p. 38-39)
- [...] o sistema capitalista vai presentificando-se [...] arrastando em sua esteira a pauperização
da extensa camada da população. [...] Ao passo que o capitalismo se consolidava, irá abrir
uma grande fratura na sociedade, se expressando através de múltiplas fragmentações que lhe
são características: a divisão da sociedade em classes, a divisão social do trabalho, a desigual
distribuição das atividades e do produto das mesmas, características estas que se acentuavam
marcantemente [...] (p. 42).
- [...] Assim, as novas formas de prática social e suas estratégias operacionais, de acordo com
os interesses burgueses, tinham de constituir mecanismos que dessem uma aura de
legitimidade à ordem social burguesa, tornando-a inquestionável e, em consequência,
aceitável pelo proletariado. Portanto, a busca de racionalização da prática social desejada pela
burguesia tinha objetivos muito claros, relacionando-se diretamente ao seu projeto
hegemônico de domínio de classe. Racionalizar a assistência nessa fase da primeira metade
do século XIX, quando a Europa era uma vasta república burguesa, após as derrotas dos
trabalhadores, significava transformá-la em um instrumento auxiliar do processo de
consolidação do modo de produção capitalista, em uma ilusão necessária à eterna
reprodução das relações capitalistas de produção. (p. 62-63).
- Na Inglaterra, nessa época, nas décadas iniciais da segunda metade do século XIX,
especialmente durante os anos de 1850-1860, em face de suas circunstancias históricas e
sociais, marcadas por uma verdadeira explosão da pobreza, membros da alta burguesia,
ligados à Igreja Evangélica, incentivados pelas autoridades locais, haviam se unido em grupo
com o objetivo de estudar a reforma do sistema de assistência pública inglês. [...]
Autodenominando-se os “reformistas sociais”, esses filantropos, retomando o clássico lema
medieval de assistência, “Fazer bem o bem” [...], pretendiam desenvolver formas de
atendimento aos problemas sociais que incidiam sobre a numerosa classe trabalhadora e que
repercutiam na totalidade do processo social. [...]. A esperança da burguesia era que a ação
dos reformistas viesse a constituir um significativo instrumento auxiliar do processo de
consolidação do modo de produção capitalista. Assim como havia cooptado o Estado Burguês
para promover, ao longo do tempo, medidas políticas de proteção ao capital, a burguesia
tratou de fortalecer a aliança com os filantropos, transformando-os em importantes agentes
ideológicos, responsáveis pela socialização do “modo capitalista de pensa”. (p. 64).
- Era para criar tais “bases de sustentação”, capazes de garantir a irreversibilidade do
capitalismo, que a burguesia desejava utilizar a prática social dos filantropos, entre outras
estratégias. Utilizando-se da facilidade do acesso desses agentes à família operária, a classe
dominante pretendia transformá-la em um expressivo veículo de sujeição do trabalhador às
exigências da sociedade burguesa constituída, em um instrumento de desmobilização de suas
reivindicações coletivas. [...]. (p. 65);
- Ocultando suas reais intenções em um abstrato discurso humanitário, baseado na igualdade e
na harmonia entre as classes, a prática social burguesa procurava gerar a ilusão de que havia,
por parte da sociedade, um real interesse pelas condições de vida da família operária, por seu
salário, por suas condições de habitação, saúde, educação. Assim, atendendo as determinações
da burguesia, colocando-se a seu serviço, os reformistas, eles próprios membros da classe
burguesa, proporcionaram todas as condições para que a prática social fosse plasmada de
acordo com seus interesses de classe, fazendo da face da prática social a face da burguesia,
que era, na verdade, a face dominante da sociedade europeia durante toda a primeira metade
do século XIX. (p. 65);
- Burguesia, Igreja e Estado uniram-se em um compacto e reacionário bloco político, tentando
coibir as manifestações dos trabalhadores eurocidentais, impedir suas práticas de classe e
abafar sua expressão política e social. Na Inglaterra, o resultado material e concreto dessa
união foi o surgimento da Sociedade de Organização da Caridade em Londres, em 1869,
congregando os reformistas sociais que passavam agora a assumir formalmente, diante da
sociedade burguesa constituída, a responsabilidade pela racionalização e pela normatização da
prática da assistência. Surgiam, assim, no cenário histórico os primeiros assistentes sociais,
como agentes executores da prática da assistência social, atividade que se profissionalizou sob
a denominação de “Serviço Social”, acentuando seu caráter de prática de prestação de
serviços. (p. 66);
- A origem do Serviço Social como profissão tem, pois, a marca do capitalismo [...] nasce
articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, gestada sob o manto de uma
grande contradição que impregnou suas entranhas [...] colocada permanentemente a seu
serviço, como uma importante estratégia de controle social, uma ilusão necessária para,
juntamente com muitas outras ilusões por ele criadas, garantir-lhe a efetividade e a
permanência histórica. O Serviço Social já surge, portanto, no cenário histórico com uma
identidade atribuída, que expressa uma síntese das práticas sociais pré-capitalista –
repressoras e controlistas – e dos mecanismos e estratégias produzidos pela classe dominante
para garantir a marcha expansionista e a definitiva consolidação do sistema capitalista. (p. 66-
67)
- Fetichizado misticamente como uma prática a serviço da classe trabalhadora, o Serviço
Social era, pois na verdade, um importante instrumento da burguesia, que tratou de imediato
de consolidar sua identidade atribuída, afastando-o da trama das relações sociais, do espaço
social mais amplo da luta de classes e das contradições que as engendram e são por ela
engendradas. (p. 67)
- Transitando contraditoriamente entre as demandas do capital e trabalho, e operando sempre
com a identidade que lhe fora atribuída pelo capitalismo, o Serviço Social teve roubadas as
possibilidades de construir formas peculiares e autênticas de prática social, expressando-se
sempre como um modo de aparecer típico do capitalismo, em sua fase industrial. Assim, o
conjunto de expressões que se tem como manifestações específicas de sua prática são
exteriorizações de sua identidade atribuída. Envolvendo seus agentes na ilusão de servir e os
destinatários de sua prática na ilusão de que eram servidos, a classe dominante procurava
mascarar as reais intenções do sistema capitalista, impedindo que este se tornasse
transparente. [...]. (p. 67).