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SERVIÇO SOCIAL: IDENTIDADE E

ALIENAÇÃO
(ADAPTADO PARA A DISCIPLINA DE FHTM I )

Professor: Me. Thiago Agenor dos Santos de Lima


AUTORA: MARIA LÚCIA MARTINELLI

Autora: Maria Lúcia Martinelli

Currículo: Doutora em Serviço Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(1988). Pós - Doutorado em Fundamentos Políticos das Idéias Contemporâneas pela
Universidade de São Paulo (2002). Professora associada da PUC/SP no Programa de Pós-
Graduação em Serviço Social, onde coordena o Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre
Identidade. Professora visitante no curso de Pós-Graduação da Universidad Nacional de La
Plata, Argentina. Avaliadora e consultora externa de agencias de pesquisas nacionais e
internacionais. Membro de conselhos editoriais e científicos de revistas acadêmicas nacionais
e internacionais. Pesquisadora em projetos apoiados pelo CNPQ/CAPES, com produção nas
áreas de Fundamentos do Serviço Social, Prática, Formação e Identidade Profissional. Autora
de livros, capítulos e artigos publicados em revistas especializadas de Serviço Social e
Ciências Sociais no país e no exterior. (Fonte:
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4787931U6 )
INTRODUÇÃO
Pensar o Serviço Social: eis a tarefa

Objeto da pesquisa:

[...] era o próprio Serviço Social enquanto existente em si e suas relações com a sociedade
capitalista em que teve sua origem e desenvolvimento com prática social institucionalizada.
(p. 15)

Objetivos:

- [...] compreender o real significado da profissão na sociedade do capital, sua participação no


processo de reprodução das relações sociais. (p. 15);
- [...] saber até que ponto tal trajetória favorecera ou impedira o desenvolvimento da
identidade profissional e a consciência social dos agentes profissionais. (p. 15);
- [...] saber como a alienação1 penetrava tão fortemente no interior da categoria profissional,
permitindo que o fetiche2 da prática aderisse firmemente a ela, chegando a transfigurá-la3,
dando-lhe a conotação4 de uma prática alienadora, enclausurada5 nas instituições e distanciada
da luta de classes. (p. 15-16);
- saber até que ponto os agentes tinham consciência de que a burguesia estava assumindo
progressivamente o controle de sua prática, transformando-a em uma estratégia de domínio de
classe, em um instrumento de reprodução das relações sociais de produção capitalista. (p. 16);
- saber se os agentes se davam conta de que ao longo deste processo sua própria identidade
estava sendo consumida pela sociedade burguesa que se constituía. Mas do que consumida,
sua identidade estava sendo, na verdade, plasmada artificialmente pela burguesia para servir-
lhe como estratégia de consolidação de seu domínio de classe. (p. 16).

Hipóteses:

- [...] os agentes tinham consciência de que, operando com tal identidade, suas ações
profissionais passavam a constituir respostas aos interesses do capitalismo, contribuindo para
a reprodução das relações capitalistas e para a expansão do capital? (p. 16);
- [...] estava claro para os agentes que, ao sucumbirem à lógica do capital, era o próprio ser
dialético, sua consciência social, sua identidade profissional que sucumbia, para dar lugar a
um “não-ser”, a um ser sem efetividade, a uma categoria sem identidade e reprodutora de uma
prática reificada6, produzida pela cultura dominante, e sem nenhum potencial de
transformação da realidade?

1 A alienação é a diminuição da capacidade dos indivíduos em pensar ou agir por si próprios.

2O fetiche é um elemento fundamental da manutenção do modo de produção capitalista. Consiste


numa ilusão que naturaliza um ambiente social específico, revelando sua aparência de igualdade e
ocultando sua essência de desigualdade.

3 Mudança de estado.

4 Atributos específicos no significado de algo.

5 Encerrado / fechado.
6 Reduzida.
- [...] a ausência de identidade profissional fragiliza a consciência social da categoria
profissional, determinando um percurso alienado, alienante e alienador da prática profissional.

Tese:

[...] somente no momento em que a profissão alcança sua identidade especifica e distinta é
que atinge sua autonomia cientifica. (p. 16)

Categoria Identidade profissional: [...] é a identidade da profissão em si mesma considerada


como elemento definidor de sua participação na divisão social do trabalho e na totalidade do
processo social. Portanto, mais do que uma categoria filosófica, dotada de estatuto lógico e
ontológico7, a identidade profissional está sendo pensada dialeticamente, como uma categoria
política e sócio-histórica que se constrói na trama das relações sociais, no espaço social mais
amplo da luta de classes e das contradições que a engendram e são por ela engendradas. (p.
17).

7 A investigação teórica do ser.


I
Serviço Social: a ilusão de servir

Capitalismo industrial e polarização social

- [...] o capital é uma relação social e o capitalismo um determinado modo de produção,


marcado não apenas pela troca monetária, mas essencialmente pela dominação do processo de
produção do capital (p. 29);
- [...] a sua marca peculiar, o capitalismo como modo de produção passa a se assentar em
relações sociais de produção capitalista, marcadas fundamentalmente pela compra e venda da
força de trabalho, tornada mercadoria como qualquer outra, pois essa é a base desse sistema
que traz como exigências implícitas a existência de meios de produção sob a forma de
mercadoria e o trabalho livre assalariado. (p. 29);
- [...] A historia do capitalismo é a história das classes sociais; estas constituem o elemento
fundamental para se compreender tanto o capitalismo em si mesmo considerado quanto à
marcha histórica da humanidade, profundamente relacionada com seus conflitos,
antagonismos e lutas, estas ultimas em especial verdadeiras forças motrizes daquela marcha.
(p. 30);
- Nesse contexto, em que o modo de produção e as relações sociais dele decorrentes tornam-
se os indicativos do itinerário de busca, temos de considerar como inicio do período
capitalista aquele em que se expressam de forma estável as características que marcam esse
sistema. Dentre estas, é fundamental localizar aquele que represente o elemento definidor do
capitalismo, seu traço distintivo essencial: a posse privada dos meios de produção por uma
classe e a exploração da força de trabalho daqueles que não os detém. (p. 31);
- Nas sociedades medievais, com sua economia natural, as relações de troca eram simples, e
tal subordinação não ocorria de forma contratual, e muito menos compulsiva. [...] (p. 31);
- o feudalismo imerge em graves crises, de um lado decorrentes da intensa difusão das
transações monetárias em seu interior e de outro da desintegração da estrutura feudal em
função do amadurecimento de suas próprias contradições internas.
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS FASES DO CAPITALISMO8

Iniciamos o debate a partir da tabela abaixo:

Capitalismo comercial Capitalismo Industrial Capitalismo Financeiro

O Capitalismo Comercial alavancou-se A segunda fase do capitalismo é Para muitos, essa é a atual fase do capitalismo, marcada pelo
graças ao início da formação do sistema chamada de Capitalismo Industrial por protagonismo exercido pela especulação financeira e pela bolsa de
capitalista e a consequente expansão do ter sido um efeito direto da emergência, valores, que passou a ser uma espécie de “termômetro” sobre a
comércio internacional no contexto da expansão e centralidade exercida pelas economia de um país. Basicamente, essa fase do capitalismo
Europa. Essa fase ficou marcada pela fábricas graças ao processo de Revolução estrutura-se com a formação do mercado de ações e a sua
expansão marítima comercial e também Industrial iniciado em meados do século especulação em termos de valores, taxas, juros e outros.
colonial, com a formação de colônias XVIII na Inglaterra. Com isso, a luta por Em algumas abordagens, diz-se que no Capitalismo Financeiro
europeias em várias partes do mundo, matérias-primas, transformadas depois houve uma espécie de fusão entre capital bancário e capital
com destaque para as Américas e em mercadorias industrializadas, industrial. Isso ocorreu porque as empresas passaram a ser
também para o continente africano. intensificou-se ao longo do globo, e a divididas em ações negociadas com base em valores e calculadas a
Nesse período, intensificou-se a prática Divisão Internacional do Trabalho foi partir do potencial de lucratividade oferecido por tais empresas.
do mercantilismo, um sistema econômico assim estruturada: de um lado, as Alguns críticos alcunham esse período de Capitalismo
geralmente concebido como “um colônias atuando como fornecedoras de Monopolista, pois uma de suas competências é a possibilidade de
conjunto de práticas” não planejadas. matérias-primas e produtos primários em união (fusão, também chamada detruste) entre uma ou mais
Esse sistema era calcado na busca e geral; do outro lado, as metrópoles e empresas, ou até mesmo a compra de uma pela outra através do
controle de matérias-primas e metais países industrializados como investimento em ações. Nesse sentido, boa parte do mercado, em
preciosos (metalismo), além da intensiva fornecedores de mercadorias. vez de ser gerida pela lei da livre concorrência, estaria condenada
troca comercial internacional, em que Nos países desenvolvidos, notadamente ao monopólio ou ao oligopólio, embora as grandes fusões do
cada Estado procurava manter uma na Europa e em algumas partes da mercado atual não tenham extinguido a competição.
balança comercial favorável. América do Norte, as cidades Um exemplo de fusão entre duas empresas foi a união entre
Outro desenvolvimento importante conheceram um boom populacional, a Sadia e aPerdigão, ou a compra da Yahoo e da Nokia pela
durante essa fase do capitalismo foi a marcado pelo intensivo êxodo rural e Microsoft, além de inúmeros outros casos. Tal configuração
manufatura, o que foi mais tarde pela expansão desordenada das periferias também permitiu a expansão de algumas marcas pelo mundo todo,
desenvolvido a partir das revoluções em locais como Londres e Paris. A empresas essas chamadas de multinacionais ou globais.
industriais. O resultado sobre o espaço grande quantidade de trabalhadores O principal efeito dessa dinâmica sobre o espaço geográfico foi a
geográfico foi a constituição de muitas empregados nas fábricas e a difusão do industrialização dos países emergentes, com uma consequente e
cidades e o crescimento de algumas pensamento econômico liberal, acelerada urbanização ao longo do século XX, a exemplo do Brasil
outras, embora a população continuasse desenvolvido por Adam Smith, também e dos chamados Tigres Asiáticos. Alguns países periféricos
majoritariamente rural tanto nos países foram elementos característicos desse também estão se industrializando, muito em função da migração
imperialistas centrais quanto nas colônias contexto, que se estendeu até o final do dessas empresas estrangeiras para suas áreas em busca de impostos
e nações menos desenvolvidas. século XIX e o início do século XX. mais baratos, fácil acesso a matérias-primas, uma mão de obra
mais barata e uma mais ampla contemplação ao mercado
consumidor.
BIBLIOGRÁFIA
PENA, Rodolfo F. Alves. "Fases do capitalismo"; Brasil Escola. Disponível em <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/fases-do-capitalismo.htm>. Acesso
em 25 de abril de 2016.

8Marcos realizados para afim de compreensão perante a responsabilidade do Professor Thiago


Agenor dos Santos de Lima.
- [...] Com o desenvolvimento do capitalismo mercantil, sobretudo a partir da primeira metade
do século XV, as relações de produção no campo são invadidas pela variável comercial, as
trocas se tornam cada vez mais complexas, pois passam a ter como objetivo a acumulação e a
riqueza e o lucro. A separação entre os camponeses e a terra, entre os produtos e os meios de
produção, vai infiltrando sorrateiramente, fazendo-se acompanhar do seu habitual corolário, a
divisão social do trabalho. [...] Aquela economia natural da sociedade medieval entra em
compasso de descaracterização progressiva, sendo aceleradamente substituída por novas
formas de troca, que acentuam a separação entre o proprietário e o produtor. (p. 31);
- [...] Quanto mais acumulam riqueza, maior é o seu poder político, o que permite aos
burgueses manter um controle exclusivo sob o governo urbano [...] O trabalho assalariado e a
subordinação do trabalhador ao capital mercantil tornam-se usuais e freqüentes. (p. 32);
- O intenso desenvolvimento do capitalismo, em sua fase mercantil, se faz acompanhar da
criação de uma força de trabalho assalariada e destituída de meios de produção [...] o ciclo de
vida do capital, cujo inicio vínhamos buscando, pode ser localizado, portanto, em termos de
Europa Ocidental, e em especial na Inglaterra, na segunda metade do século XVI. A essa
altura, o modo de produção legado da sociedade feudal já havia se subordinado plenamente ao
capital, produzindo uma nova estrutura social e um novo contexto político, parametrados
pelas concepções e pelos objetivos da burguesia. (p. 32-33);
- [...] O emprego de trabalho assalariado significava para a burguesia uma forma de obter
lucro, de acumular capital. A produção subordinava-se cada vez mais ao capital e a influência
do capital mercantil tornava-se relevante, ligando-se progressivamente ao modo de produção.
Nessa fase há uma crescente necessidade de mão-de-obra, pois tanto no campo quanto na
cidade importantes modificações estavam processando-se. (p. 33);
- Expulsos da terra, os camponeses acabavam por se subordinar às exigências dos donos do
capital, que protegidos pela legislação Tudor podiam recrutar mão-de-obra sob compulsão e
denunciar às autoridades aqueles que recusassem o trabalho em virtude das suas condições ou
da exigüidade do salário legal. (p. 33);
- Com a mesma ênfase com que protegia a burguesia, tal legislação oprimia os trabalhadores.
A Lei do Assentamento, de 1563, impedi-os de se mudar de aldeia sem permissão do senhor
local, e a Lei dos Pobres, de 1597, declarava indigentes e retirava o direito de cidadania
econômica daqueles que fossem atendidos pelo sistema de assistência publica. Assim,
recrutando coercitivamente o trabalhador, a burguesia cuidava para expandir seu capital. Ao
trabalhador, poucas alternativas restavam senão ingressar no mercado através do trabalho
assalariado. (p. 33).
- No período que vai do século XVII ao XIX, quando se desenvolve o capitalismo
concorrencial, em sua fase mercantil e industrial, a articulação de tais circunstancias e fluxos
cria condições muito favoráveis para o desenvolvimento da sociedade capitalista (p. 34);
- Esse período também foi marcado por algumas revoluções:
 A primeira foi a revolução Francesa, faz emergir alguns impactos importantes para os
trabalhadores, sendo: Ampla Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão,
aprovadas em Paris na história da Assembleia Nacional de 26.08.1789, estabelecendo
os princípios sobre os quais deveria se assentar a nova sociedade, despertou muitas
ideias de luta, porém os trabalhadores constituíam um grupo bastante heterogêneos e
ainda sem consciência de classe, nessa fase. (p. 35);
 A segunda será a Revolução Industrial (início na Inglaterra): constituiu uma
transformação essencial, uma vez que transformou o modo de produção [...]
substituindo o homem pela máquina [...] ampliando grandes unidades fábris [...]
sacrificando a vida dos operários, em nome da acumulação do capital e da mais valia
[...] criando também a concentração dos operários junto as cidades industriais [...]
Trabalhando juntos na fábrica em um processo de intensão divisão do trabalho, sob
rigoroso mando do dono do capital, vivendo nas mesmas localidades e sofrendo as
mesmas agruras da vida operária, os trabalhadores começam a superar a
heterogeneidade e aos poucos vão definindo e assumindo estratégias que configuram a
sua forma de protestos, a recusa a serem destruídos pela máquina, devorados pelo
capitalismo. (p. 35-37)

Ascensão do capitalismo e manifestações operárias

- [...] A revolução industrial inaugura e consolida, através de seu intento, embora intermitente
fluxo revolucionário, uma nova fase do capitalismo – o capitalismo industrial [...] que teve
início com o aparecimento das maquinas movidas por energia não humana e não animal,
demandava uma rápida recomposição do cenário social, pois sua continuidade histórica
dependia da consolidação do modo capitalista de produção, fundado essencialmente na
compra e venda da força de trabalho. (p. 38-39)
- [...] o sistema capitalista vai presentificando-se [...] arrastando em sua esteira a pauperização
da extensa camada da população. [...] Ao passo que o capitalismo se consolidava, irá abrir
uma grande fratura na sociedade, se expressando através de múltiplas fragmentações que lhe
são características: a divisão da sociedade em classes, a divisão social do trabalho, a desigual
distribuição das atividades e do produto das mesmas, características estas que se acentuavam
marcantemente [...] (p. 42).

A marcha do proletariado e a contramarcha da burguesia: o surgimento do Serviço Social

- Com o capitalismo se institui a sociedade de classes e plasma um novo modo de relações


sociais, mediatizadas pela posse privada de bens (p. 54).
- Ocorre nesse cenário inglês (Inglaterra) a implantação de vários dispositivos, a primeira é a
Lei Tudor “restringia a liberdade de circulação do trabalhador” (p. 55), em seguida será o
Estatuto dos Aprendizes, “baixado pelo parlamento inglês em 1563, tendo como objetivo
impedir qualquer tipo de associação entre os aprendizes de ofícios, complementntava-se
através do Estatuto dos Residentes e da Lei do Assentamento, ambos do século XIV, através
dos quais o trabalhador ficava inteiramente subordinado ao senhor feudal e impedido de se
deslocar de sua aldeia sem permissão da autoridade local, por escrito. (p. 55). A lei dos
Pobres, promulgadas em 1597, era ainda mais perigosa, determinando que todos os atendidos
pelo sistema de assistência pública vivessem confinados em locais tão-somente a eles
destinados. Nesses locais, denominados de Casa de Correção, pois a pobreza era considerada
geneticamente um problema de caráter, eram obrigados a realizar todo tipo de trabalho
independentemente de salário, uma vez que o atendimento pela Lei dos Pobres implicava a
destituição da cidadania econômica. (p. 55-56);
- Revelando o caráter utilitarista de sua relação com o trabalhador, os donos do capital vão
pressionar o Estado para revogar aqueles dispositivos que impediam a expansão do seu
capital, porém mantendo inalterados aqueles que o beneficiavam. As primeiras alterações
legislativas do início do século XIX eram, na verdade, medidas de proteção do capital e aos
seus possuidores. (p. 56);
- Nesse cenário, alguns dispositivos foram sendo implantados, destacando-se para:
a) Estatuto dos trabalhadores: proibia reclamações de salários e de organização do processo de
trabalho-, excluía o trabalhador das decisões sobre sua própria vida trabalhista. A atribuição
do salário, de acordo com aquele Estatuto, era privativa da autoridade local e independente de
qualquer negociação. Assim também o recrutamento da força de trabalho, de acordo com o
mesmo Estatuto, podia ser feito de forma coercitiva, sendo proibido homem ou a mulher de
até 60 anos de idade, não-inválidos, sem meios de sustento próprios, recusar trabalho,
qualquer que fosse o salário (p. 57);
b) A Lei dos Pobres foi alterada em 1834, que nada perdeu seu caráter rigoroso e excludente,
foram criadas as Casas de Trabalho e instituídas as Casas dos Pobres, para concessão de
auxilio semanal ou mensal. Tanto o acesso às Casas de Trabalho como a concessão de auxílio
dependiam de rigoroso inquérito da vida pessoal e familiar dos solicitantes. [...]. O
atendimento implicava assumir-se como dependente do poder público e, portanto, preso a
uma vida controlada por normas e regulamentos. (p. 58).
c) A regulamentação da jornada de trabalho infantil e a extensão da lei das dez horas para
todos os operários fabris ingleses, em 1850, foram campanhas vitoriosas. (p. 59);
d) Em 1850, tanto na França como na Inglaterra foram criados alguns tribunais de Oficio para
cuidar de causas trabalhistas, especialmente daqueles envolvendo menores. (p. 59);
e) Em 1870, como resultado de uma prolongada luta, os trabalhadores ingleses conseguiram
que o Estado assumisse a educação básica elementar. (p. 59);

- [...] Assim, as novas formas de prática social e suas estratégias operacionais, de acordo com
os interesses burgueses, tinham de constituir mecanismos que dessem uma aura de
legitimidade à ordem social burguesa, tornando-a inquestionável e, em consequência,
aceitável pelo proletariado. Portanto, a busca de racionalização da prática social desejada pela
burguesia tinha objetivos muito claros, relacionando-se diretamente ao seu projeto
hegemônico de domínio de classe. Racionalizar a assistência nessa fase da primeira metade
do século XIX, quando a Europa era uma vasta república burguesa, após as derrotas dos
trabalhadores, significava transformá-la em um instrumento auxiliar do processo de
consolidação do modo de produção capitalista, em uma ilusão necessária à eterna
reprodução das relações capitalistas de produção. (p. 62-63).

- Na Inglaterra, nessa época, nas décadas iniciais da segunda metade do século XIX,
especialmente durante os anos de 1850-1860, em face de suas circunstancias históricas e
sociais, marcadas por uma verdadeira explosão da pobreza, membros da alta burguesia,
ligados à Igreja Evangélica, incentivados pelas autoridades locais, haviam se unido em grupo
com o objetivo de estudar a reforma do sistema de assistência pública inglês. [...]
Autodenominando-se os “reformistas sociais”, esses filantropos, retomando o clássico lema
medieval de assistência, “Fazer bem o bem” [...], pretendiam desenvolver formas de
atendimento aos problemas sociais que incidiam sobre a numerosa classe trabalhadora e que
repercutiam na totalidade do processo social. [...]. A esperança da burguesia era que a ação
dos reformistas viesse a constituir um significativo instrumento auxiliar do processo de
consolidação do modo de produção capitalista. Assim como havia cooptado o Estado Burguês
para promover, ao longo do tempo, medidas políticas de proteção ao capital, a burguesia
tratou de fortalecer a aliança com os filantropos, transformando-os em importantes agentes
ideológicos, responsáveis pela socialização do “modo capitalista de pensa”. (p. 64).
- Era para criar tais “bases de sustentação”, capazes de garantir a irreversibilidade do
capitalismo, que a burguesia desejava utilizar a prática social dos filantropos, entre outras
estratégias. Utilizando-se da facilidade do acesso desses agentes à família operária, a classe
dominante pretendia transformá-la em um expressivo veículo de sujeição do trabalhador às
exigências da sociedade burguesa constituída, em um instrumento de desmobilização de suas
reivindicações coletivas. [...]. (p. 65);
- Ocultando suas reais intenções em um abstrato discurso humanitário, baseado na igualdade e
na harmonia entre as classes, a prática social burguesa procurava gerar a ilusão de que havia,
por parte da sociedade, um real interesse pelas condições de vida da família operária, por seu
salário, por suas condições de habitação, saúde, educação. Assim, atendendo as determinações
da burguesia, colocando-se a seu serviço, os reformistas, eles próprios membros da classe
burguesa, proporcionaram todas as condições para que a prática social fosse plasmada de
acordo com seus interesses de classe, fazendo da face da prática social a face da burguesia,
que era, na verdade, a face dominante da sociedade europeia durante toda a primeira metade
do século XIX. (p. 65);
- Burguesia, Igreja e Estado uniram-se em um compacto e reacionário bloco político, tentando
coibir as manifestações dos trabalhadores eurocidentais, impedir suas práticas de classe e
abafar sua expressão política e social. Na Inglaterra, o resultado material e concreto dessa
união foi o surgimento da Sociedade de Organização da Caridade em Londres, em 1869,
congregando os reformistas sociais que passavam agora a assumir formalmente, diante da
sociedade burguesa constituída, a responsabilidade pela racionalização e pela normatização da
prática da assistência. Surgiam, assim, no cenário histórico os primeiros assistentes sociais,
como agentes executores da prática da assistência social, atividade que se profissionalizou sob
a denominação de “Serviço Social”, acentuando seu caráter de prática de prestação de
serviços. (p. 66);

- A origem do Serviço Social como profissão tem, pois, a marca do capitalismo [...] nasce
articulada com um projeto de hegemonia do poder burguês, gestada sob o manto de uma
grande contradição que impregnou suas entranhas [...] colocada permanentemente a seu
serviço, como uma importante estratégia de controle social, uma ilusão necessária para,
juntamente com muitas outras ilusões por ele criadas, garantir-lhe a efetividade e a
permanência histórica. O Serviço Social já surge, portanto, no cenário histórico com uma
identidade atribuída, que expressa uma síntese das práticas sociais pré-capitalista –
repressoras e controlistas – e dos mecanismos e estratégias produzidos pela classe dominante
para garantir a marcha expansionista e a definitiva consolidação do sistema capitalista. (p. 66-
67)
- Fetichizado misticamente como uma prática a serviço da classe trabalhadora, o Serviço
Social era, pois na verdade, um importante instrumento da burguesia, que tratou de imediato
de consolidar sua identidade atribuída, afastando-o da trama das relações sociais, do espaço
social mais amplo da luta de classes e das contradições que as engendram e são por ela
engendradas. (p. 67)
- Transitando contraditoriamente entre as demandas do capital e trabalho, e operando sempre
com a identidade que lhe fora atribuída pelo capitalismo, o Serviço Social teve roubadas as
possibilidades de construir formas peculiares e autênticas de prática social, expressando-se
sempre como um modo de aparecer típico do capitalismo, em sua fase industrial. Assim, o
conjunto de expressões que se tem como manifestações específicas de sua prática são
exteriorizações de sua identidade atribuída. Envolvendo seus agentes na ilusão de servir e os
destinatários de sua prática na ilusão de que eram servidos, a classe dominante procurava
mascarar as reais intenções do sistema capitalista, impedindo que este se tornasse
transparente. [...]. (p. 67).

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