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CENTRO UNIVERSITÁRIO PADRE ANCHIETA

DIRETORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO


PROGRAMA INSTITUCIONAL DE PESQUISA E INICIAÇÃO CIENTÍFICA

RELATÓRIO FINAL

Suicídio, como se constitui um ambiente social de risco?

JUNDIAÍ - SP
Ago-2018
ALUNO: Marcio Jose Pícolo

CURSO: Psicologia

ORIENTADOR: Dra. Daniela Vilarinho Rezende

MODALIDADE: BIC

SUICÍDIO, COMO SE CONSTITUI UM AMBIENTE SOCIAL DE RISCO?

Relatório Final apresentado ao Programa


Institucional de Pesquisa e Iniciação
Científica, para análise do Comitê Interno de
Pesquisa e Parecer Final da Diretoria de
Graduação, Pesquisa e Extensão do Centro
Universitário Padre Anchieta.

JUNDIAÍ - SP
SUMÁRIO

RESUMO ................................................................................................................. 4

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 5

2. OBJETIVOS......................................................................................................... 7

3. METODOLOGIA .................................................................................................. 8

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ....................................................................... 10

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS. .............................................................................. 14

6. REFERÊNCIAS. ................................................................................................ 16
4

RESUMO

O objetivo do trabalho é identificar como são formados os ambientes sociais


coercitivos mais comuns e que predispõem a pessoa ao suicídio, utilizando para isso
os conceitos fundamentados no Behaviorismo Radical. Foi realizada uma revisão
bibliográfica da literatura nas bases de dados SciELO (Scientific Eletronic Library
Online – Portal Regional) e nos aglutinadores BVS (Biblioteca Virtual em Saúde) e
Capes (Banco de Teses e Dissertações), utilizando os seguintes descritores:
ambiente social de suicídio; comportamento social e suicídio; fatores sociais de
suicídio; e relações sociais de suicídio. O objetivo deste trabalho é entender como se
constitui esses ambientes que potencializam a incidência de suicídio nestes fatores,
fornece subsídios para assim promover ações preventivas mais efetivas, favorecer a
formação e a prática de profissionais da psicologia e demais áreas que lidam com o
tema no exercício de sua função. Através de uma analise dos materiais coletados os
resultados apontam para relevância do ambiente social na predisposição ao suicídio,
estabelecido através da relação de dominação e poder, gratificação e punição,
aprendidas a partir da infância e desenvolvidas culturalmente ao longo da vida, no
entanto, para a viabilidade de estratégias de prevenção, requer maiores estudos
empíricos neste tema.

Palavras-chave: suicídio, ambiente social coercitivo, comportamento verbal, fatores


sociais de risco.
5

1. INTRODUÇÃO

Estamos vivenciando os maiores índices de suicídio da história da


humanidade, nos últimos anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
por ano são mais de 800 mil mortes no mundo, o que traz um índice absurdo de a
cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida, a incidência já superou o numero
de mortes em guerras e assassinatos¹.
A OMS classifica os fatores relacionados às causas de suicídio,
representados em macro grupos, são eles: fatores culturais: sócio econômico e nível
de educação; genéticos: dor física e complicações fisiológicas; psicossociais: stress
social, pouca competência para lidar com problemas, falta de controle da
impulsividade, histórico de abuso; e ambientais: exposição ao suicídio de outras
pessoas, acontecimentos destrutivos, violentos e catastróficos, etc².
Existem várias definições para suicídio, uma delas segundo *Hayes, Strosahl
e Wilson seria a “retirada deliberada, consciente e proposital da própria vida”³, pouco
importando a natureza intrínseca dos atos que produz esse resultado, um fenômeno
coletivo, um fato social específico que predispõe o indivíduo a se matar4. De acordo
com Sidman5, “o próprio suicídio é uma forma de coerção a outras pessoas, algumas
vezes não intencionada, mas frequentemente deliberada”, esta ultima infere numa
causalidade maior. Segundo o autor coerção são classes de consequências, reais
ou potenciais que controlam nosso comportamento, especificamente reforçamento
negativo e punição, sendo o fato do comportamento ser controlado, identificado
como sendo contra a nossa vontade5.
Moreira6 afirma que o comportamento é sempre a variável dependente, para
que ele ocorra ou deixe de ocorrer deve estar em função de algum outro evento,
chamado de variável independente, que estão relacionadas ao ambiente. O conceito
de ambiente neste caso é caracterizado de maneira que os eventos, público
(observável) e privado (observável apenas para quem o acessa) são eventos
naturais e possuem as mesmas propriedades, diferem apenas sobre quem os
acessa. Estes eventos, como são comuns em toda ciência são aqueles atribuídos a
organismos vivos e atendem os critérios científicos por serem observáveis, ou seja,
localizáveis no tempo e no espaço7.
*
Hayes SC, Strosahl KD, Wilson KG. Acceptance and commitment therapy: an experiential approach to
behavior change. New York: The Guilford Press. 1999. Apud (3)
6

Segundo Todorov8, comportamento não pode ser entendido isolado do


contexto em que ocorre. O ambiente está em constante interação com os
organismos e como comportamento, tem significados demasiados amplos e para
esta pesquisa, será trabalhado aspectos relacionados apenas ao ambiente social,
que pode ser entendido como o ambiente comum que envolve a relação de duas ou
mais pessoas em conexão à outra ou em conjunto9.
Alguns autores divergem sobre as principais causas do suicídio, Sidman 5 ao
afirmar que o suicídio esta relacionado ao comportamento de fuga e esquiva e
*
Hayes, Strosahl e Wilson, afirmando que o suicídio está sob controle do
comportamento verbal, isto é, ao comportamento governado por regras, baseado na
construção de contingências imaginarias, como por exemplo: tirando a minha vida, o
sofrimento acaba, minha família terá acesso ao seguro, etc3.
Para Sidman5 fuga é quando nos comportamos para escapar de um evento
aversivo ou de uma punição, esquiva é comparada a uma prevenção a possível
conversão, impedindo que um evento indesejável aconteça, tornando a fuga
desnecessária.
De acordo com Catania10, ordens, leis, conselhos o comportamento
governado verbalmente ou por regras é determinado por antecedentes verbais, suas
propriedades difere do comportamento governado por consequências, pois substitui
as contingencias naturais por antecedentes verbais, seguir instruções é uma classe
de ordem superior de comportamentos, isto é, condicionado para produzir uma
resposta não natural, sendo quase sempre consequências verbais e sociais.
Para Moreira6 ambientes sociais se caracterizam principalmente pela
importância do “outro” como integrante fundamental desses ambientes, apresenta
todos os aspectos de um ambiente não social, antecedentes e consequências,
podendo ser mediado por outras pessoas. Todo aprendizado é individual no sentido
de consistir da relação entre o individuo e o ambiente. Quando esse ambiente é
formado por varias pessoas se comportando conjuntamente, há a geração de uma
pratica social.
**Skinner, afirma que as culturas ocidentais foram embasadas em uma busca
de reforçadores imediatos a fim de produzirem satisfação e prazer ao invés de

*Hayes SC, Strosahl KD, Wilson KG. Acceptance and commitment therapy: an experiential approach to
behavior change. New York: The Guilford Press. 1999. Apud (3)
** Skinner BF. What is Wrong with Daily Life in the Western World? Em: B. F. Skinner. Upon
Further Reflection (pp.15-31). Englewood Clifs, NJ: Prentice Hall. 1987. Apud (11)
7

fortalecerem comportamentos, tentam evitar contingências que poderiam criar


situações aversivas e assim ignora também contingências que possibilitariam trazer
uma série de reforçadores e modelar um conjunto de repertórios de tolerância à
frustração, do contrário, por ela não ter sido modelada para o enfrentamento, falta-
lhe repertório adequado11.
Sentimentos e emoções como tristeza, angústia e ansiedade no contexto em
que vivemos, são vistos como problemas e como algo que deve ser evitados.
Quando o individuo esquiva do contato com suas emoções, ele perde possíveis
benefícios como é o caso do autoconhecimento, haja vista que as emoções nos
mostram o tipo de contingência em operação, seja de reforçamento, que aumenta a
probabilidade do comportamento voltar a ocorrer, seja de punição, diminuindo a
probabilidade de sua ocorrência11.
Entender como se estabelece esses ambientes que potencializam a
incidência de suicídio nestes fatores, poderá promover subsídios para uma ação
preventiva mais efetiva, essa é a finalidade desse trabalho.

2. OBJETIVOS

O presente projeto tem como objetivo geral identificar, por meio de revisão
bibliográfica da literatura, como são formados os ambientes sociais coercitivos mais
comuns e que podem predispor a pessoa ao suicídio, utilizando para isso as
definições conceituais de autores fundamentados no Behaviorismo Radical.
Como objetivos específicos, pretende-se: (a) comparar os ambientes sociais
coercitivos relacionados ao suicídio em diferentes faixas etárias, crianças,
adolescente, adultos e idosos e (b) analisar as mudanças nos contextos sociais que
influenciam o fenômeno do suicídio.
Portanto, identificar quais aspectos do convívio social tem colaborado para a
ocorrência do comportamento suicida atual pretende desta forma propor um
caminho de prevenção que possa minimizar as estatísticas de suicídio e demonstrar
que para um mundo capitalista, muito mais que recuperar pessoas, promover
relações saudáveis pode ser lucrativo. O conhecimento construído nesse estudo
poderá favorecer a formação de profissionais da psicologia para lidarem com o tema
no exercício de sua função.
8

3. METODOLOGIA

Este projeto consiste em uma revisão integrativa da literatura em que foram


analisadas produções científicas, nacionais e internacionais que, de alguma
maneira, tratam sobre o suicídio. As buscas aconteceram no mês de setembro e
outubro de 2017, de artigos publicados em periódicos, de dissertações e teses,
realizadas na base de dados SCIELO (Scientific Eletronic Library Online – Portal
Regional), nos aglutinadores (BVS) Biblioteca Virtual em Saúde e (Capes) Portal de
Periódicos, por serem referência e abrangerem produções nacionais e internacionais
relacionadas à temática em questão.
Os termos de busca utilizados foram os seguintes: fatores sociais de suicídio,
relações sociais de suicídio, ambiente social de suicídio e comportamento social e
suicídio, pesquisados e selecionados a partir de três filtros: ano, idioma e texto
completo e disponível.
A partir da leitura dos resumos dos estudos encontrados por meio da busca
nos bancos de dados, os artigos, dissertações e teses foram selecionados de acordo
com os critérios pré-estabelecidos (descritores) e que atenderam os objetivos
definidos para o presente estudo.
Os critérios, para fins de inclusão, requerem que o estudo apresente fatores
relativos a eventos de vida que estão relacionados ao suicídio e, portanto, busquem
explicar o comportamento suicida em crianças, adolescentes, adultos e idosos com
relação ao ambiente social. Além disso, foi necessário que se trate de trabalhos
empíricos, incluindo estudos de caso e autópsias psicológicas, uma vez que o
objetivo é avaliar, à luz do Behaviorismo Radical, as contingências sociais que
podem predispor a pessoa ao suicídio.
Outro critério de inclusão estabelece que os estudos selecionados devessem
ter sido publicados nos últimos 10 anos, entre 2007 e 2017. Quanto aos critérios de
exclusão, estudos em que não haviam referência aos fatores descritos como critério
de inclusão, trabalhos redigidos em outros idiomas que não o português, espanhol e
inglês, publicado antes do ano de 2007 e artigos repetidos ou não disponíveis foram
excluídos.
Foram catalogados mais de dois mil artigos e selecionados para leitura dos
resumos, destes apenas 47 atendem aos critérios de seleção definidos na pesquisa
para leitura do texto na integra.
9

A base de pesquisa mais relevante e com maior número de pesquisas


selecionadas foi o aglutinador BVS, conforme mostra a tabela 1, o número de
resultados também foi maior que os demais.

Tabela 1 - Resultados por Base de pesquisa


Total de Artigos que atendem
artigos aos critérios
BVS 1235 24
CAPES 823 17
SCIELO 59 6
Total Geral 2117 47

A tabela 2 mostra que para o critério “Comportamento social e suicídio”


embora tivesse um índice alto de artigos encontrados este retrata com maior ênfase
aspectos epidemiológicos e individuais, muito importante, mas que desvia da
temática das relações e da questão de pesquisa.

Tabela 2 - Resultados por descritor


Total de Artigos que atendem
artigos aos critérios
Ambiente social de suicidio 616 15
Comportamento social e suicidio 1087 14
Fatores sociais de suicidio 264 7
Relações sociais de suicidio 150 11
Total Geral 2117 47

Na tabela 3, traz os artigos selecionados por idioma, a maior parte dos


artigos, 56% foi encontrada no idioma português, 33% em inglês e 12% em
Espanhol.

Tabela 3 - Resultados por idioma


Total
Espanhol 6
Idioma

Inglês 16
Português 25
Total Geral 47
10

Após a seleção dos estudos, foi realizada a leitura completa apenas dos
artigos, dissertações e teses que atenderam aos critérios de inclusão (47 artigos) e
após a leitura, categorizados através dos seguintes tópicos: nome do artigo, autores,
objetivo, delineamento da pesquisa, participantes, instrumentos, análise de dados,
principais resultados e principal conclusão. Aos artigos teóricos, tópicos como
delineamento da pesquisa, participantes, instrumentos e analise de dados não foram
preenchidos.
Ao término da leitura completa, foram selecionados para este trabalho apenas
os artigos que referem especificamente ao tema da pesquisa, sendo como principais
critérios de exclusão, artigos que destacavam dados epidemiológicos, individuais,
psicopatologias, que não relacionavam ambiente social e/ou suicídio.

Tabela 4 - Itens considerados na pesquisa


Idioma
Descritor ES EN PT Total Geral
Ambiente social de suicidio 3 4 3 10
Comportamento social e suicidio 1 2 4 7
Fatores sociais de suicidio 2 2 4
Relações sociais de suicidio 1 8 9
Total Geral 4 9 17 30

Foram excluídos 17 itens, 30 artigos foram utilizados nos resultados desta


pesquisa. De acordo com a Tabela 4, ambiente social e relações sociais são os
descritores que tiveram um número maior de artigos selecionados, os percentuais
em relação aos idiomas se mantiveram.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Analisar os resultados a partir dos conceitos do behaviorismo radical não tem


a intenção de analisar funcionalmente cada um dos ambientes sociais levantados,
mesmo porque a complexidades de cada ambiente e a disponibilização das
informações não são suficientes para uma adaptação de certa relevância e
veracidade. Baseado nos princípios apresentados na introdução, este trabalho
buscou avaliar os principais contextos sociais nas mais diferentes faixa etária
11

(crianças, adolescentes, adulto e idoso), baseados nas definições apresentadas


para suicídio3,5.

Tabela 5 - Artigos selecionados por faixa etaria


Faixa Etária Artigos Total
12,13,14
Criança (0-12 anos) 3
15,16,17,18,19,20,21,22,23,24,25,26,27,28,29,30
Adolescente (12-18 anos) 16
31,32,33,34,35,36,37,38 8
Adulto (18-65 anos)
39,40,41 3
Idoso (acima de 65 anos)
Total Geral 30

De acordo com a tabela 5, há o destaque para os artigos que abordam os


públicos de adolescentes e adultos, com maior número de pesquisas e estudos
sobre o ambiente social do suicídio, 24 dos 30 estudos selecionados,
consequentemente são as faixas com maiores índices de suicídios registrados1.

Crianças

Os fatores sociais relacionados ao ambiente familiar e escolar são


preeminentes nesta faixa etária12,13,14. A espécie humana ao nascer, diferentemente
de outras espécies, é a mais inapta ao meio, dependente do processo de
aprendizagem, este ocorre por gratificação (reforço) e castigo (punição), o que
caracteriza a sua racionalidade através de relações de dominação, de indefesos e
dependentes, aprendem e são discriminados, não por motivos biológicos, mas por
motivos sociais. Desta maneira o ser humano mesmo saudável biologicamente,
pode estar enfermo socialmente12.
O ser humano é o único animal que se autodomina, diferente dos animais que
apresentam uma aprendizagem pouco mediada por agentes externos. Gratifica-se e
se castiga, significa que existe um poder que altera suas faculdades. Por meio
dessas relações, a sociedade naturalmente não é de competição ou cooperação,
mas de natureza convencional, determinadas por relações de poder e de
dominação12.
A agressividade desta forma também é uma construção social, são
aprendidas mediante estas relações. Conflitos familiares, problemas na escola como
o bullying estão associados ao suicídio na infância. Esta ultima compreende
12

diferentes formas de agressão, proposital e repetida, adotadas por um ou mais


indivíduos contra outro(s) em uma relação desigual de poder14.
Pesquisas apontam a necessidade de priorizar estratégias de prevenção do
bullying nas instituições de ensino. É essencial para isso a adoção de medidas de
intervenções dos profissionais da saúde e da educação14.
Adicionalmente, aumentar o número de pesquisas no âmbito nacional acerca
da temática do suicídio pode contribuir para a visibilidade desse tema e instauração
de programas de prevenção e promoção da saúde (biológica e social)13.

Adolescentes

Para essa faixa etária, assim como identificada anteriormente, as relações


são estabelecidas através da instituição do poder e dominação, é construída a partir
de uma sociedade acostumada a apoiar a intimidação, o maltrato e o assédio,
exercidos pelos indivíduos mais poderosos, reforçando as representações sociais
que justificam a agressão fatalista. Como é o caso das construções sociais de
masculinidade entre os adolescentes onde a resistência ao poder heteronormativo
tem sido difícil e tem possibilitado a instalação da violência16,19,26.
Durante a última década, um número surpreendentemente grande de estudos
empíricos foi publicado sobre fatores sociais e suicídio entre jovens e adolescentes.
Os resultados desses estudos mostraram a importância das variáveis sociais,
integração social, percepções de apoio familiar e parental, abuso ou negligência
infantil e vitimização, para a compreensão da ideação e comportamento suicida
entre adolescentes28,22.
Bulling, contagio suicida, abuso sexual, mídias sociais (cyberbulling),
orientação sexual, violência verbal estão fortemente associados, o abuso sexual em
primeiro lugar, é o fator com maior correlação ao suicídio, o que aponta várias
pesquisas com jovens universitarios17,15,23. Ambientes familiares permeados por
conflitos, a desestruturação familiar, atuam de forma direta na escolha pelo
suicídio20.
O preconceito mostra o quão difícil é enfrentar a família e a sociedade após a
tentativa de suicídio. Além de não conseguir transpor os problemas que levaram a
pessoa a buscar o suicídio, o adolescente ainda convive com a desconfiança, com o
desprezo, com a exclusão e a punição das pessoas que estão ao seu redor. Por
13

mais que o jovem não goste de relembrar o passado, ele está incrustado em seu
presente20.
No que se refere aos fatores do ambiente social de proteção do suicídio do
jovem adolescente, são os mesmos conhecidos na prevenção de outras iniquidades,
pesquisas destacam os seguintes: pessoas que possuem bons vínculos afetivos;
sensação de estar integrado a um grupo ou comunidade; religiosidade; estar casado
ou com companheiro fixo; ter filhos pequenos21,24,25. As escolas onde os estudantes
relataram um clima escolar mais positivo tiveram menos estudantes com problemas
de uso de álcool e menos estudantes envolvidos em violência e comportamentos de
risco25.
Fatores estressores de media a baixa exposição são considerados normais e
necessários sendo de fundamental importância prevenir a vitimização grave no início
da vida27. A compreensão que se deve ao estado dinâmico de tensão entre
indivíduos, famílias, comunidades e culturas, não sendo um estado permanente do
ser é o desenvolvimento característico definido como resiliência18.

Adultos

As atitudes em relação ao significado da vida e o valor que colocamos na vida


são fundamentos culturais do comportamento, composto por quase metade da
população do país em 2000, adeptos da religião católica são os que possuem as
menores taxas de suicídio, considerando que 12% da população que professou
"Nenhuma afiliação religiosa" teve uma taxa duas vezes maior37,38.
Fatores sociais que envolvem adultos podem ser explicados a partir do
desajuste afetivo e emocional que fragmenta a vida habitual, em termos de suas
relações interpessoais e intrapessoais, onde ausência de comunicação positiva e
estresse, tensão moral e psicológica, apontam para o estágio inicial de um individuo
com maior risco de tentativa de suicídio36,35.
A vulnerabilidade dos homens é agravada por sua socialização, que os
condiciona à posição de dominador, institui a violência como um atributo próprio da
sua natureza e os aprisiona na condição de vítimas e autores de violência. Essa
condição, por sua vez, reforça os padrões da moderna dinâmica macrossocial de
dominação32.
14

Aspectos ligados à autonomia e a proteção da pessoa, cabe contribuir para a


redução de preconceitos e julgamentos equivocados, passíveis de estigmatizar um
ser humano que, levado ao extremo sofrimento, acaba por atentar contra a própria
vida34.
A desumanização no trabalho ao custo do lucro e produtividade faz com que
a vida passe a gravitar em torno dos objetivos e ao discurso da empresa 31.
Questiona-se o conceito de assédio moral, intimamente relacionado à
intencionalidade dos sujeitos, em contrapartida, estudos propõem o conceito de
violência interpessoal, isto é, o ato de agredir o sujeito física e/ou discursivamente
e/ou por atitudes e/ou comportamentos prejudiciais, sejam propositais ou não33.

Idosos

Entre os principais fatores sociais que compõem o ambiente social do idoso,


a dificuldade de aceitar o envelhecimento frente ao forte estigma social e o
preconceito que existe, além da fragilidade do idoso ao impacto das crises
econômicas. A fragilização cumulativa de recursos pessoais e sociais no ciclo vital
revela que o risco do suicídio em idosos exige cuidados permanentes de saúde
pública41.
Além das dificuldades cotidianas de se gerenciar as necessidades de todos,
há ainda conflitos de valores, de mentalidades e de comportamentos que opõem
velhos e jovens. Por tudo isso, as famílias brasileiras precisam ser apoiadas por
políticas e programas sociais e de saúde, para que possam oferecer o devido
cuidado a seus idosos40. Tornam-se necessários o olhar abrangente e o ouvir
reflexivo sobre o idoso por parte dos agentes sociais, familiares, amigos e diversos
setores 39.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS.

A complexidade da temática ambiente social e sua predisposição ao


comportamento suicida envolvem além das conexões que se estabelece, a
particularidade constitutiva de cada individuo e seu repertório de aprendizagens e
vivencias o que dificulta as pesquisas experimentais neste contexto.
Entre as faixas-etária estudadas, o conceito de poder e dominação são
transversais no ciclo vital como um todo e também determinantes das relações e
15

ambientes sociais. Outro fator importante observado são que as duas definições
para suicídio, tanto a de Sidman5, fuga e esquiva, e a de *Hayes, Strosahl e Wilson3,
comportamento verbal e Durkein4,30, o suicídio como um produto da sociedade e a
sociedade industrial como altamente repressora, podem ser observados e
adaptados nos resultados apresentados na pesquisa
O reconhecimento de problemas sociais como fatores que predispõem
indivíduos ao comportamento suicida, sendo aqui considerada a ideação, tentativa e
consumação do ato, é apontado e evidenciado neste trabalho, no entanto falta uma
analise mais minuciosa sobre o estabelecimento e manutenção dessas relações.
A pesquisa teve como foco de revisão o ambiente social, por isso não ficou
concentrado há uma fase do desenvolvimento específica, faixa etária, cultura, país
ou classificação dos maiores índices de suicídio. Devido ao processo de
aprendizagem, eventos aversivos determinarão nossos comportamentos
aumentando ou diminuindo a probabilidade deles se repetirem em situações
semelhantes. Sendo o fator que possibilitará cada individuo agir impulsivamente
contra a própria vida a sua sensibilidade a exposição e a intensidade das vivências
aversivas experienciadas ao longo da vida.
Embora haja uma grande quantidade de pesquisas sobre o tema ambiente
social e suicídio, há uma escassez de pesquisas empíricas que estudam como
esses ambientes são estabelecidos e mantidos, assim como publicações na
abordagem da psicologia analítica comportamental.
Identificar aspectos do convívio social que tem colaborado para a ocorrência
do comportamento suicida sugere um caminho que possa minimizar as estatísticas
de suicídio. O conhecimento construído nesse estudo esta relacionado a
contribuição da psicologia ao país, como descreve no site do CFP Brasil sobre a
atuação do órgão: “[...] propõe a luta pelo fim de todas as formas de violência
presentes nas instituições, nos locais de isolamento, na intolerância à diversidade
cultural, religiosa, sexual e racial e na criminalização dos movimentos sociais”42.
A mudança neste contexto é desafiadora, complexa e de longo prazo, mas
para que se perpetue e de fato colabore para uma maior humanização das relações,
começa por ações cotidianas, individuais, desde questionamentos a pesquisas que

*
Hayes SC, Strosahl KD, Wilson KG. Acceptance and commitment therapy: an experiential approach to
behavior change. New York: The Guilford Press. 1999. Apud (3)
16

deem visibilidade necessária e aponte novos caminhos para uma sociedade mais
sustentável em todas as suas vertentes.

6. REFERÊNCIAS.

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[2017 abril 14]. Disponível em: http://www.who.int/mental_health/suicide-
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conselheiros. 2006. Acessado em [2017 abril 24]. Disponível em:
http://www.who.int/mental_health/media/counsellors_portuguese.pdf

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Guilhardi HJ, Madi MBBP, Queiroz PP, Scoz MC. Sobre comportamento e
cognição: expondo a variabilidade. 1ed. Santo André: ESETEC; 2001. P. 210-
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Ed. Porto Alegre: Artmed; 2006.

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2012.

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literatura sobre suicídio na infância. 2017. [Acessado em: 2018 janeiro 01].
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