Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
direito
bancário
Catalogação na Publicação:
Biblioteca Universitária Mario Osorio Marques – Unijuí
CONHECENDO A PROFESSORA.................................................................................................5
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................7
2.1.1 – Geral.........................................................................................................................13
2.1.2 – Nacional...................................................................................................................14
UNIDADE 3 – BANCOS................................................................................................................21
REFERÊNCIAS .............................................................................................................................73
EaD
Conhecendo a Professora
direito bancário
5
EaD
Apresentação
direito bancário
Observe-se que em grande parte são justamente os bancos que, conjugando os elementos
identificadores da atividade mercantil (intermediação, habitualidade e fins lucrativos), mediante
recursos que captam de terceiros ou de recursos próprios, intermediam, com habitualidade e fins
lucrativos, operações creditícias, propiciando às empresas, aos entes públicos e aos particulares,
o crédito tão necessário.
7
EaD
Unidade 1
direito bancário
DIREITO BANCÁRIO
Seção 1.1
Conceito
Segundo Nelson Abrão (2010, p. 33), o Direito Bancário é conceituado como “ramo do
Direito Empresarial (ainda que o artigo 119 do CCom tenha sido revogado pelo Código Civil em
vigor) que regula as operações de banco e as atividades daqueles que as praticam em caráter
profissional”.
Embora figure como ramo do Direito Empresa-
rial, submetido às regras do direito privado diante da
importância da atividade bancária para a sociedade,
o que determina o controle estatal sobre ela, o Direito
Bancário se submete, também, às regras do direito
público, representadas pelo Direito Administrativo e
Direito Econômico.
1
Disponível em: <http://www.bond.adv.br/page_1197749145625.html>. Acesso em: 30 set. 2012.
9
EaD
Etiane Barbi Köhler
Seção 1.2
Fontes
As genéricas são:
1. Direito Empresarial – antigo Direito Comercial, entendido como conjunto de normas (regras e
princípios) que regulam as relações derivadas das atividades econômicas privadas de produ-
ção e circulação de bens ou de serviços, considerada a unificação do Direito das Obrigações
ocorrida a partir do Código Civil de 2002 (CC);
As específicas, por sua vez, compreendem as leis sobre matéria bancária, decisões dos
órgãos reguladores e os usos e costumes bancários assentados na Junta Comercial por terem
força probante (Lei nº 8.934, de 18 de novembro de 1994, artigo 8o, VI).
Seção 1.3
Importância
O Direito Bancário tem importante função econômica. Sua relevância está diretamente rela-
cionada ao papel que a atividade bancária desempenha junto a comunidade socioeconômica.
Grande parte das atividades produtivas, o progresso, a expansão das atividades econômicas
e desenvolvimento, depende do crédito.
10
EaD
direito bancário
Síntese da Unidade 1
11
EaD
Unidade 2
direito bancário
Seção 2.1
Breve Histórico (Geral e Nacional)
Aqui será verificado como surgiu e se desenvolveu o regime de controle estatal da atividade
bancária num âmbito geral e, após, nacional.
2.1.1 – Geral
Com os Gregos chamados trapezistas e os Romanos, argentarii, todavia, é que se torna co-
nhecida grande parte das operações em uso modernamente, como aceitar depósitos de moedas
ou valores, fazer empréstimos a juros, com garantia ou a descoberto; interpor-se em pagamentos
em praças distantes, assumir obrigações por conta de clientes, etc.
13
EaD
Etiane Barbi Köhler
Com as cruzadas medievais, por meio dos templários, surgem as primeiras formas institu-
cionalizadas de financiamento, voltadas para o incentivo daquelas.
A Casa di San Giorgio (Gênova), fundada em 1408, banco notório da época medieval,
constitui-se na primeira sociedade anônima conhecida.
Com a Idade Moderna e a descoberta de novas terras pelas expedições marítimas, ocorre a
intensificação do tráfico mercantil, a multiplicação das feiras, abundância de metais preciosos e
o consequente aumento do apelo dos Estados ao crédito. Nesta época, verifica-se uma alteração
das funções dos bancos, que passam da cobrança, pagamento e câmbio para a intermediação do
crédito (chega-se ao banco moderno).
É na era moderna, ante os apelos feitos ao crédito pelo Estado e da insolvência de algumas
instituições bancárias (necessidade de tutelar a poupança obtida junto ao público – interesse
público), que se inaugura um regime intervencionista, a cargo dos órgãos estatais, caracterizado
pela sistematização e controle das instituições financeiras.
2.1.2 – Nacional
2
Disponível em: <http://www.advariovaldo.com.br/dir_bancario.php>. Acesso em: 30 set. 2012.
14
EaD
direito bancário
No ano de 1858 ocorre a primeira crise bancária do Brasil e, em 1860, 22 de agosto, é edi-
tada a Lei nº 1.083 (regulamentada pelo Dec. nº 2.711, de 19/12/1860) – primeira lei específica
em matéria bancária – a partir da qual se verifica a instauração de um regime tutelar dos bancos
a cargo do Poder Público.
No mesmo ano, alguns dias após, mais propriamente em 20 de setembro, é criado o Dec. nº
3.309, estabelecendo normas especiais de liquidação forçada, decretada por decisão judicial das
empresas bancárias, tendo como justificativa as consequências que a falência destas entidades
poderiam acarretar para a ordem econômica e pública da nação.
15
EaD
Etiane Barbi Köhler
Seção 2.2
Organização
Sua função, segundo o artigo 2o da Lei nº 4.595/64, é formular a política brasileira da moeda
e do crédito, objetivando o progresso econômico e social do país.
Com sua política, o CMN objetiva adaptar o volume dos meios de pagamento às reais ne-
cessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento; regular o valor interno da
moeda; regular o valor externo da moeda e o equilíbrio de pagamento do país; orientar a aplica-
ção dos recursos das instituições financeiras; propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos
16
EaD
direito bancário
instrumentos financeiros; zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras bem como
coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e
externa (artigo 3º, Lei nº 4.595/64).
Nos artigos 9º e 11 da mesma lei, são encontradas atribuições de natureza não privativa,
ou seja, que também competem a outras instituições públicas cumprir.
O Banco Central se relaciona exclusiva-
mente com as instituições financeiras, públicas
ou privadas, não operando com o público em
geral, salvo com as pessoas jurídicas expressa-
mente autorizadas por lei.
Segundo Nelson Abrão (2010, p. 76), atualmente a grande discussão relacionada ao Ban-
co Central diz respeito à independência e autonomia do órgão no estabelecimento da política
livre e dirigida por profissionais que saibam o momento certo de intervir no mercado, uma vez
3
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/economia/bc-e-mp-investigam-fraudes-no-banco-schahin>. Acesso
em: 30 set. 2012.
17
EaD
Etiane Barbi Köhler
que o menor erro poderá pôr em risco toda a estruturação da economia e, consequentemente,
implicar perda de recursos necessários à manutenção da estabilidade da moeda. Diante disso,
é de se admitir certa responsabilidade objetiva na presença do Banco Central na condução de
sua política e nas tomadas de decisão que prejudiquem o mercado em geral e o consumidor
individualmente.
O Banco Central, na condução de sua atuação, deveria priorizar uma maior transparência
nas suas políticas públicas e fiscalização mais direta das instituições públicas e privadas com
o saneamento do mercado. Para tanto, todavia, é necessário operacionalidade e capacidade
técnico-profissional.
Mencionando ainda Nelson Abrão (2010, p. 79), considerada a evolução tecnológica alcan-
çada em nossos dias, com o monitoramento on-line de operações financeiras, o Banco Central,
com seu poder fiscalizador, tem sua atuação direcionada no sentido da busca da estabilidade da
moeda e contenção do processo inflacionário.
São as pessoas jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou
acessória a coleta, intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros,
em moeda nacional ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.
O Banco do Brasil, pessoa jurídica do tipo sociedade de economia mista, sujeita ao controle
da União e supervisão do CMN, constituída sob a forma societária de uma sociedade por ações,
tem como função precípua servir de agente financeiro do Tesouro Nacional e principal executor
dos serviços bancários de interesse do governo federal e de suas autarquias.
Sua composição, forma de indicação, eleição e nomeação de membros dos órgãos colegia-
dos é ditada pelo Dec. nº 3.905, de 31 de agosto de 2001.
18
EaD
direito bancário
Relata Nelson Abrão (2010, p. 79) que o Banco do Brasil S.A., na sua conjuntura, enfrenta
a adversidade de contar com volume expressivo de endividamento, fruto de uma política sem
maiores análises.
São os bancos públicos mantidos pelos governos federal ou estadual, estando encarregados
da execução da política creditícia dos respectivos governos.
Segundo Nelson Abrão (2010, p. 80), “a prática da atividade bancária pelas instituições
financeiras públicas é a manifestação mais concreta do intervencionismo estatal no setor”.
São formadas pelos bancos comerciais em geral, devendo se constituir sob a forma de so-
ciedades anônimas, excetuado as cooperativas de crédito que possuem forma jurídica própria.
Segundo prevê o artigo 29 da Lei nº 4.595/64, elas deverão aplicar, preferencialmente, nada
menos do que 50% dos depósitos que captarem do público na respectiva Unidade Federativa ou
Território.
Síntese da Unidade 2
19
EaD
Unidade 3
direito bancário
BANCOS
• Ao conceituar o Direito Bancário, vimos que o seu objeto é regular as operações de banco e
as atividades daqueles que as praticam em caráter profissional. Importa agora, para melhor
compreensão da temática, explicitar o que seja banco e como ele se classifica.
Seção 3.1
Conceito
Segundo Cesare Vivante, citado por Nelson Abrão (2010, p. 51), “o banco é o estabeleci-
mento comercial que recolhe os capitais para distribuí-los sistematicamente com operações de
crédito”.
Para Fran Martins (1990, p. 497), por sua vez, os bancos são “empresas comerciais que
têm por finalidade realizar a mobilização do crédito, principalmente mediante o recebimento,
em depósito, de capitais de terceiro, e o empréstimo de importâncias, em seu próprio nome, aos
que necessitam de capital”.
21
EaD
Etiane Barbi Köhler
Sobre a atuação dos bancos, Arnaldo Rizzardo (2003, p. 16-17) refere que “O banco promove
a industrialização do crédito, o favorecimento da circulação de riquezas e enseja as condições
de consolidação das poupanças individuais. [...] No tocante à atividade creditícia, age com re-
cursos próprios e de terceiros, corporificados os últimos através de depósitos e conseguidos em
função da confiança do público. Promove, ainda, o banco, a coleta das poupanças individuais e
transforma-as em recursos de giro”.
Além desta atividade, os bancos realizam uma série de operações consideradas acessórias,
almejando sempre viabilizar a principal, antes mencionada.
Por fim, há de se dizer que banco é gênero de instituição financeira, muito embora o artigo
17 da Lei nº 4.595/64, ao definir o que se considera instituição financeira, acabe por equiparar
gênero a espécie.
Seção 3.2
Classificação
A classificação clássica apresentada pela doutrina leva em conta o objeto, a atividade de-
sempenhada, as operações praticadas pelos bancos, muito embora Nelson Abrão (2010, p. 55)
alerte que tal distinção está desaparecendo a partir da configuração do banco universal, que
realiza todas as espécies de operações bancárias, sem especialização.
22
EaD
direito bancário
I – Bancos de Emissão – São os chamados bancos dos bancos. Entre nós assume tal con-
dição o Banco Central do Brasil, que, segundo visto, pratica operações bancárias exclusivamente
com instituições financeiras, tendo como tarefa privativa emitir moeda-papel e moeda-metálica,
segundo previsto no artigo 10, inc. I, da Lei no 4.595/64.
Tais bancos precisam se constituir sob a forma de sociedade anônima e ter na sua deno-
minação a expressão “banco”.
V – Bancos de Crédito Industrial – Bancos que tem por escopo auxiliar a indústria nacional
por meio da concessão de empréstimos a longo prazo para a respectiva atividade.
23
EaD
Etiane Barbi Köhler
Seção 3.3
As Caixas Econômicas são empresas públicas bancárias, federais ou estaduais, com patri-
mônio próprio, que se destinam a recolher e movimentar a poupança popular.
Segundo Nelson Abrão (2010, p. 66), “As Caixas Econômicas, em geral, possuem uma
função social na destinação de seus recursos financeiros, principalmente no que concerne aos
órgãos oficiais, emprestando-lhes dinheiro a juros subsidiados para a realização de obras de
interesse da comunidade.”
Seção 3.4
Cooperativas de Crédito
São sociedades de pessoas de natureza sempre civil, hoje sociedades simples (artigo 982
do Código Civil), regidas pela Lei de Cooperativismo e tendo por objetivo servir ao seu grupo
de associados, sem intenção lucrativa.
As cooperativas de crédito foram criadas para oferecer soluções financeiras ao seu quadro
social, como instrumento para possibilitar o acesso facilitado ao crédito e a produtos e serviços
adaptados às necessidades e condições financeiras dos seus associados.
24
EaD
direito bancário
Síntese da Unidade 3
25
EaD
Unidade 4
direito bancário
OPERAÇÕES BANCÁRIAS
• Mediante operações bancárias os bancos desenvolvem sua atividade principal. Seu conceito,
características, classificação, tutela do consumidor e espécies, serão o objeto de estudo desta
Unidade.
Seção 4.1
Conceito
Nelson Abrão (2010, p. 84) comenta que, “Colimando a realização de seu objeto, os bancos
desempenham, em relação as seus clientes, uma série de atividades negociais, que tomam o
nome técnico de operações bancárias”.
As operações bancárias, a teor do que prescreve o artigo 966 do CC, se enquadram como ati-
vidade profissional econômica organizada para a prestação de serviços por parte dos bancos.
27
EaD
Etiane Barbi Köhler
Assim, nas operações bancárias dois aspectos podem ser mencionados: o econômico (eco-
nomicamente as operações bancárias envolvem uma prestação de serviços no setor creditício
que redunda em proveito tanto do banco quanto do cliente) e o jurídico (juridicamente, o aper-
feiçoamento das operações bancárias depende de um acordo de vontades entre cliente e banco,
contrato – acordo de vontades para criar, regular ou extinguir uma relação jurídica que tenha por
objeto a intermediação/mobilização do crédito –, pelo que se inserem no campo contratual).
Seção 4.2
Características
Nelas a complexidade é inerente, com novas relações jurídicas entre bancos e clientes
surgindo a todo instante, até para acompanhar o ritmo do mundo dos negócios.
28
EaD
direito bancário
Seção 4.3
Classificação
A classificação a ser trabalhada parte da importância do ato praticado. Segundo tal crité-
rio, as operações bancárias podem ser classificadas em essenciais, fundamentais e acessórias
(Abrão, 2010, p. 91-94).
Tais operações dividem-se em passivas e ativas. Nas primeiras, o banco se torna devedor do
cliente. Pelas operações passivas o banco realiza a captação de recursos financeiros, a exemplo
do que ocorre nas operações de depósito, conta corrente e o redesconto.
Nas operações essenciais ativas, de outra feita, o banco se torna credor do cliente, uma
vez que distribui e emprega a favor deste, os recursos que obteve nas operações passivas, con-
cedendo empréstimos, financiamentos, abertura de crédito, realizando desconto, antecipação
de valores, etc.
II – Operações acessórias – São aquelas que não implicam nem na concessão de crédito,
nem no recebimento de dinheiro. Têm caráter de prestação de serviços secundários, disponibi-
lizados a fim de chamar a clientela.
Exemplos de operações acessórias que podem ser mencionados são a custódia de valores,
cofres de segurança, cobrança de títulos, etc.
29
EaD
Etiane Barbi Köhler
Seção 4.4
Tutela do Consumidor
Se a operação bancária envolver cliente pessoa física, não empresária, por força do artigo
2º (consumidor standard – padrão), combinando com artigo 3º e § 2º do CDC, deve-se aplicar
sua tutela em razão da caracterização da relação de consumo.
Neste caso, se estabelece presunção juris tantum de que o cliente do banco, pessoa física
não empresária, é destinatário final do crédito e, portanto, consumidor. Esta presunção pode,
todavia, ser afastada pelo banco, que tem o ônus de fazer esta prova, quer por se tratar de pre-
sunção, quer por aplicação do artigo 6º, VIII, do CDC (Rizzardo, 2003, p. 23-24).
Relativamente às pessoas físicas empresárias ou pessoas jurídicas, o tema tem sido trata-
do pela doutrina e jurisprudência conforme se enquadre o empresário, cliente do banco, como
destinatário final (observadas as divergências entre corrente finalista e corrente maximalista),
consumidor, se aplicando, neste caso, a tutela do CDC, ou como consumidor equiparado, caso
em que também tem sido aplicada a respectiva tutela em razão da vulnerabilidade dele diante
do banco, considerada a celebração entre ambos de contratos de adesão, quando normalmente
são encontradas cláusulas abusivas (artigo 29, CDC).
Quando, todavia, a operação bancária for estabelecida com cliente empresário, não enqua-
drado na definição de consumidor, nem de forma equiparada, em igualdade de condições com
o banco, também empresário, não há de se falar em aplicar o CDC.
Os contratos entre empresários ou estão regulados pelo regime cível ou pelo de tutela dos consumi-
dores.
Por sua vez, submetem-se ao direito do consumidor, caracterizado por normas cogentes sobre as
obrigações das partes, os contratos entre empresários em que um deles é consumidor (figura como
destinatário final, sob o ponto de vista econômico e não físico, da mercadoria ou serviço) ou se encontra
em situação análoga à de consumidor (vulnerabilidade econômica, social ou cultural).
30
EaD
direito bancário
Acerca da divergência instaurada e para fins de conclusão, deve-se ter em mente que, a
princípio, todo consumidor é vulnerável (artigo 4º, I, CDC) – traduz-se em presunção juris tan-
tum. O consumidor profissional ou pessoa jurídica, nestas condições, para que possa gozar da
tutela consumeirista, deve ser considerado vulnerável, sendo importante que esteja consumindo
fora de sua área de atividade, ou seja, parte-se para uma interpretação nem tão restrita quanto
a proposta pela corrente finalista e nem tão ampla quanto a dos maximalistas.
Ressalte-se que as operações bancárias são realizadas, de regra, por meio de contratos
de adesão, em que o princípio da autonomia da vontade fica reduzido à aceitação do conteúdo
do contrato; daí a ideia de vulnerabilidade que acompanha o aderente, seja pessoa física não
profissional ou profissional, seja pessoa jurídica.
Ademais, toda relação contratual deve estar alicerçada nos princípios da boa-fé objetiva
e do equilíbrio das relações, se não por aplicação do CDC, por aplicação do Código Civil, que
adota tais princípios basilares.
Os dispositivos do CDC, cuja aplicação tem sido verificada nas operações bancárias são:
artigo 6º, inc. IV, V e VIII; art. 39, IV, V e XI e art. 51, IV, § 1º, III.
Ainda: artigo 46; 54, § 3º; art. 52, II e III e art. 51, I.
Seção 4.5
Espécies
As operações bancárias são das mais variadas espécies, segundo o objeto almejado, con-
forme será visto a seguir.
31
EaD
Etiane Barbi Köhler
a) Conceito
O depósito bancário consiste em operação passiva dos bancos, quando o banco aparece
como depositário e o cliente como depositante.
Trata-se de operação passiva porque nela o banco depositário, que recebe valores em de-
pósito efetuado pelo cliente depositante, se obriga a restituí-los quando solicitado por este.
Fábio Ulhoa Coelho (2007, p. 128), referindo que a operação de depósito bancário é o mais
comum dos contratos bancários, o conceitua como “contrato pelo qual uma pessoa (depositante)
entrega valores monetários ao banco, que se obriga a restituí-los quando solicitados.”
b) Características
Real, porque só se aperfeiçoa com a entrega do dinheiro ao banco, a partir do que se ini-
ciam os efeitos do contrato, quais sejam, a transferência da propriedade do dinheiro ao banco e
a obrigação dele de restituir.
Unilateral, na medida em que gera obrigações apenas para o banco, depositário dos valores.
O banco deve restituir o dinheiro quando solicitado, observadas as condições estabelecidas.
É operação que pode se revestir de onerosidade ou não, conforme haja ou não pagamento
de juros e outros benefícios para o depositante.
c) Modalidades
32
EaD
direito bancário
No depósito à vista o depositante pode efetuar o saque dos valores depositados a qualquer
tempo. No depósito a prazo, o depositante só saca depois de um determinado prazo, levando
ele ao direito de receber uma remuneração em juros e correção monetária e, no depósito de
poupança, sistema de captação de recursos populares, a cada 30 dias são creditados juros e
correção monetária.
Considerada a forma do depósito bancário, tem-se que ele pode ser simples, quando re-
presentado por uma única operação de ingresso e retirada, cabível somente no a prazo, ou de
movimento, que permite o fluxo contínuo de ingresso e retirada mediante ordens de pagamento
emitidas ou cheques.
Finalmente, quanto à titularidade, o depósito pode ser individual e conjunto, podendo nes-
te ser simples, quando cada titular tem sua cota, ou solidário, quando os titulares podem fazer
retiradas sozinhos de todo o valor.
a) Conceito
A conta corrente bancária é a operação pela qual o banco, assumindo o serviço de caixa
do cliente, se obriga, numa espécie de mandato de conteúdo indeterminado, ao cumprimento
de atos e negócios jurídicos solicitados pelo correntista.
Para tanto o cliente, correntista, deve prestar os fundos necessários por meio de depósitos
dele ou de terceiros em seu favor, ou pelas operações ativas que o banco realiza em seu benefício,
como cobrança de valores.
A movimentação da conta ocorre mediante o serviço de caixa colocado pelo banco à dis-
posição do cliente, podendo este movimentar a conta de várias formas, alimentando-a, conforme
mencionado, ou realizando o seu desfrute pelo pagamento de cheques emitidos ou por saque
com cartão em caixas eletrônicos ou autorizados.
Comenta Arnaldo Rizzardo (2003, p. 28-29) que a conta corrente bancária se presta a con-
fusões com o depósito bancário, antes estudado, e esclarece que:
Acontece, no entanto, que depósito envolve custódia, guarda, proteção, enquanto a conta corrente
nada mais representa que os lançamentos de todas as movimentações, ou extratos das movimentações,
desde as retiradas até as novas entradas, ordens de pagamento, transferências etc. Através desta,
executa o banco o mero papel de registrador dos lançamentos, recebendo dinheiro ou pagando dentro
das disponibilidades da conta.
33
EaD
Etiane Barbi Köhler
A conta corrente bancária também não se confunde com a conta corrente comum, ordinária,
ante a ausência de reciprocidade das remessas verificada naquela. A faculdade de dar impulso
à relação é do correntista e não do banco, o qual se limita a cumprir ordens dele recebida; nem
os creditamentos que o banco faz na conta podem ser considerados remessas dele, uma vez que
resultam do cumprimento das obrigações por ele assumidas.
Outra diferença entre a conta corrente bancária e a comum, que pode ser mencionada,
decorre da disponibilidade que o cliente tem sobre a base do saldo apurado diariamente – cré-
dito resultante da conta –, saldo provisório sobre o qual o cliente pode emitir cheques, sendo,
inclusive, admitida sua penhora. Na ordinária os créditos anotados na conta se tornam inexigí-
veis e indisponíveis até o encerramento da própria conta, sendo destinados à compensação com
eventuais créditos da contraparte.
b) Características
c) Modalidades
A conta corrente coletiva, ademais, pode ser indivisível quando movimentável só por todos
os titulares, que pode ocorrer mediante procuração, havendo solidariedade passiva de todos para
com o banco, ou conjunta, quando pode ser movimentada por qualquer dos titulares, havendo
solidariedade ativa e passiva entre eles.
d) Extinção
34
EaD
direito bancário
a) Conceito
É operação bancária pela qual o banco entrega ao cliente uma determinada soma em
dinheiro (adiantamento/antecipação), mediante prévia constituição de uma garantia real, inci-
dente em títulos, mercadorias, documentos representativos destas, cujo valor está em relação
constante com dita soma.
Segundo Arnaldo Rizzardo (2003, p. 87), “Na prática, em várias atividades é praticável a
antecipação. Na produção agrária, o banco adianta ou antecipa um determinado valor, recebendo
como garantia a própria produção, o que se formaliza através do penhor. Quanto à garantia por
meio de títulos, é suficiente a entrega dos mesmos ao banco”.
b) Características
Real: Só se aperfeiçoa com a entrega da soma de dinheiro pelo banco ao cliente, mediante
o penhor de mercadorias ou títulos deste.
A tradição (inerente ao penhor) das garantias pode ser real ou simbólica, sendo possível
que o cliente antecipado permaneça na posse direta do bem, transferindo somente a posse in-
direta. O banco, para sua garantia, deve realizar uma constatação e avaliação do bem, para fins
de evitar que seja pego de surpresa em caso de inadimplemento do cliente e necessidade de
execução das garantias.
35
EaD
Etiane Barbi Köhler
Bilateral: Gera obrigações para ambas as partes envolvidas. O banco antecipante se obriga
à guarda e conservação da garantia, fazendo as vezes de depositário, bem como à devolução
da garantia após cumprida a obrigação de pagamento do cliente antecipado. Este, por sua vez,
deve efetuar a devolução do principal que lhe fora antecipado acrescido de juros, comissões e
despesas de custódia das coisas, inclusive seguro.
Oneroso: Traz vantagens para ambas as partes contratantes: o banco, que percebe juros e
comissões pela antecipação; o cliente, que consegue dinheiro sem precisar alienar seus bens.
c) Modalidades
d) Extinção
A extinção do contrato se verifica pelo pagamento, ainda que antecipado, por parte do
cliente.
a) Conceito
Operação pela qual o banco, com prévia dedução de juros, comissão e despesas, antecipa
ao cliente a importância de um crédito, não vencido, contra terceiro, mediante cessão do próprio
crédito (Abrão, 2010, p. 173).
36
EaD
direito bancário
Segundo tal conceito, em tese, pode ser objeto de desconto bancário qualquer crédito
que possa ser cedido em troca do adiantamento pecuniário que o banco faz ao descontário. Na
prática, todavia, o que se tem observado é a utilização em grande escala do desconto bancário
envolvendo títulos de crédito, em especial duplicatas e “cheques pré-datados”, representativos
do crédito do empresário derivado de venda a prazo realizada.
A expressão utilizada para designar a operação objeto de estudo tem duplo significado: a
de operação bancária e a de dedução feita sobre o valor do título.
b) Características
O desconto bancário é operação de caráter real porque sua perfeição decorre da transfe-
rência do título de crédito do descontário ao banco descontante, mediante a entrega do dinheiro
correspondente deste àquele, com dedução de juros, comissão e despesas.
Pelo desconto bancário de título de crédito, o banco torna-se credor do crédito representado
no título que lhe foi transferido mediante endosso do descontário.
[...] consequentemente o banco se torna endossatário, legitima-se pelo protesto, cuja disciplina vem
dada pelo diploma normativo n. 9.492, de 10 de setembro de 1997, com as alterações sobrevindas, ao
exercício da ação cambial, que é a mais conveniente na espécie, por estar dotada de força executória,
contra o devedor cedido, o cedente e qualquer outro coobrigado, para a formatação da relação dos
devedores solidários inadimplentes.
37
EaD
Etiane Barbi Köhler
Interessante notar que, normamente, o banco descontante, havendo fundos na conta cor-
rente que o cliente descontário mantém junto a ele, acaba efetuando, conforme lhe autoriza o
contrato, o débito em conta do valor do título acrescido das despesas do protesto e outras despe-
sas efetuadas para a sua cobrança, devolvendo ao descontário o respectivo título para que este
possa agir regressivamente contra o devedor principal, cobrando-lhe o que precisou desembolsar
a favor do banco.
a) Conceito
É a operação pela qual o banco entrega certa quantia em dinheiro ao cliente, que, por
sua vez, assume a obrigação de restituí-la, no prazo ajustado, no mesmo gênero, quantidade e
qualidade, acrescida de juros e comissões, conforme previamente acordado.
O empréstimo bancário, de regra, envolve dinheiro, mas pode ter como objeto títulos (em-
préstimo de títulos representativos de valores pecuniários) ou firma (empréstimo de firma).
A devolução, no caso de empréstimo de títulos, não se dá nos mesmos títulos, mas em outros
equivalentes, ou à cifra monetária que representam.
O empréstimo de firma, por sua vez, se concretiza por meio de uma garantia fidejussória,
que pode ser fiança, aval ou carta de garantia. O cliente do banco consegue uma garantia pessoal
do banco, relativamente a uma obrigação pecuniária que assume. Tal empréstimo é utilizado
para garantir cumprimento de contrato de construção de obras públicas; garantir o pagamento
de imposto cobrado sobre produtos importados e depositados em armazéns do porto, por exi-
gência da alfândega (questionamento do valor do imposto); e para garantir a instância nas vias
administrativas em recursos de decisões contra tributos fiscais como IPI, ICMS, etc.
O empréstimo bancário se aproxima do mútuo, regrado no Código Civil nos artigos 586
a 592, uma vez que envolve bens fungíveis, consumíveis, implicando transferência do domínio
quando da entrega da coisa mutuada, devendo o mutuário devolver coisa de mesmo gênero,
38
EaD
direito bancário
quantidade e qualidade. Por tal aproximação, alguns autores, como Fábio Ulhoa Coelho (2007,
p. 130) e Ricardo Negrão (2010, p. 367), o designam de mútuo bancário. Nelson Abrão (2010, p.
127 et seq.), por sua vez, o designa de mútuo mercantil.
Assevera Arnaldo Rizzardo (2003, p. 34) que “O empréstimo bancário constitui um mútuo,
com a especialidade de ser concedido por uma entidade creditícia submetida à disciplina da Lei
4.595, de 31.12.1964.”
Se o empréstimo tem destinação específica, por exemplo, atividade rural, industrial, comer-
cial, diz-se financiamento e o crédito do banco pode ser representado por cédula de crédito rural,
industrial ou comercial, emitida pelo financiado a favor da instituição financeira, considerada
título de crédito com força executiva no caso de inadimplemento.
b) Características
Real, porque pressupõe a entrega do dinheiro, da coisa objeto de empréstimo para que se
aperfeiçoe.
Além dessas obrigações, poderá o mutuário ser obrigado a amortizar o valor devido segun-
do os prazos estabelecidos (poderá ocorrer a amortização parcelada dos encargos ou dos juros,
ou a amortização do capital emprestado; os prazos de amortização podem ser, ainda, mensais,
bimestrais, trimestrais, semestrais e anuais); dar ao valor recebido o destino consignado no pe-
dido, como no caso dos financiamentos agrícolas, industriais ou comerciais; e permitir ao banco
a verificação ou comprovação das atividades atendidas pelo valor emprestado.
39
EaD
Etiane Barbi Köhler
c) Modalidades
De acordo com o reembolso, o empréstimo bancário pode ser simples, com devolução numa
única vez, ou amortizável, quando a devolução se processa em prestações sucessivas (mensal,
trimestral ou semestral).
Por fim, de acordo com a garantia, o empréstimo pode ser sem garantia ou com garantia,
real, incidente sobre bens móveis ou imóveis, ou fidejussória, por intermédio de fiança.
d) Prazo e forma
O empréstimo bancário é convencionado, de regra, por prazo certo. Caso, todavia, ocorra
omissão relativamente ao termo do contrato, aplica-se o que dispõe o Código Civil, segundo lição
de Nelson Abrão (2010, p. 132):
40
EaD
direito bancário
Na antecipação do pagamento, se for aplicado o CDC, caberá o desconto dos juros acordados,
não sendo este o caso mesmo que o tomador antecipe o pagamento não há direito a desconto.
a) Conceito
Enquadra-se a operação no rol das negociações ativas praticadas pelos bancos, um vez
que o banco utiliza de seu capital e dos recursos que lhe são aportados por terceiros, por meio de
depósitos e aplicações, para suprir as necessidades de numerário das empresas e particulares,
prestando-lhes dinheiro.
Mediante contrato de abertura de crédito em conta corrente, o banco abre crédito, em valor
fixado no contrato, destinado a constituir ou reforçar a provisão de fundos da conta corrente do
cliente. Tem, assim, o cliente, a sua disposição, pelo prazo ajustado, um certo crédito, sendo-lhe
facultado efetuar, ou não, as retiradas de que necessita.
Não se trata de entregar uma quantia em dinheiro ao cliente, o que caracterizaria um con-
trato de empréstimo propriamente dito, mas sim de pôr à disposição do interessado um crédito
aberto até limite prefixado, podendo ele utilizá-lo de acordo com suas necessidades (Rizzardo,
2003, p. 49).
Apenas quando o cliente do banco exerce a disposição do crédito é que ele se converte em
devedor do banco (Rizzardo, 2003, p. 49). Uma vez utilizado o crédito, fica o cliente vinculado à
restituição ao banco do respectivo valor, com juros e demais encargos.
41
EaD
Etiane Barbi Köhler
Pelo contrato de abertura de crédito em conta corrente, segundo Arnaldo Rizzardo, “é pos-
sível a compensação das retiradas com as entradas, de sorte a não se anular a disponibilidade,
ou que fique ela em níveis inconvenientes” (2003, p. 51).
A movimentação dos valores postos à disposição do creditado pelo banco é feita com a emis-
são de cheques contra o banco ou mesmo saques em caixa, podendo o banco, ainda, mediante
autorização, pagar, por meio de débito em conta, as dívidas contraídas pelo creditado, bem como
debitar na conta os débitos oriundos do próprio contrato.
Ressalte-se que alguns bancos somente fornecem talão de cheques para movimentação
financeira da conta corrente de seus clientes, se o contrato estabelecido com eles for o de aber-
tura de crédito em conta corrente.
A abertura do crédito pode ser garantida por meio de caução real (penhor, hipoteca) ou
fidejussória (fiança), ou mesmo ser a descoberto, quando o creditador somente tem como garantia
genérica o patrimônio do creditado.
Embora de larga utilização, o contrato de abertura de crédito em conta corrente não goza
de definição legal em nossa legislação.
Diante disso, tem o creditado o direito de exigir, a qualquer momento, que o creditador
ponha a sua disposição o valor do crédito contratado, sem que possa o creditador recusar-se a
entregar o que lhe for exigido.
42
EaD
direito bancário
Empregado o crédito concedido pelo banco, nada impede, posto que a abertura de crédito
está conjugada à conta corrente, que o creditado faça o reembolso dos valores e torne novamente
a utilizá-lo, mantendo sempre a disponibilidade do crédito.
Pela utilização do crédito, obriga-se o creditado a pagar juros e outros encargos ao banco,
devendo-se tomar por base para o cálculo do valor devido o período envolvido entre a data da
retirada e a da respectiva devolução, fazendo incidir o juro somente sobre o valor efetivamente
usado.
b) Características
Arnaldo Rizzardo refere que “é suficiente a promessa feita ao cliente de poder contar com
a disponibilidade do valor, porquanto objeto do contrato é o crédito e não o dinheiro.” (2003, p.
53).
É contrato definitivo, vez que não se promete contratar, manifestada a vontade das partes,
já se contratou.
É contrato que tem caráter oneroso, uma vez que estabelece sacrifício patrimonial a ambas
as partes, e, em contrapartida, vantagens, também, para elas.
Por ensejar obrigações para ambos os contratantes, seu caráter é de contrato comutativo.
43
EaD
Etiane Barbi Köhler
É, por fim, considerado contrato intuitu personae, uma vez que o banco, para conceder o
crédito, leva em consideração a pessoa do creditado.
O contrato de abertura de crédito em conta corrente pode ser ajustado por prazo determi-
nado ou indeterminado.
Sendo o contrato por prazo determinado, podem as partes, antes que ele chegue a seu
termo, prorrogá-lo. A prorrogação do contrato pressupõe a existência da relação jurídica de
abertura de crédito.
Pontes de Miranda assinala: “As garantias somente se estendem ao trato de tempo que se
aditou se foi estabelecido no negócio jurídico de garantia. Se foi o creditado que deu, é de se
entender que prorrogou também o prazo de garantia. Se a garantia foi dada, mesmo por terceiro,
por tempo em que cabem o tempo do contrato e da prorrogação, a garantia abrange, obviamente,
o tempo de prorrogação” (1984, p. 192).
Sendo o contrato extinto, que se quer renovar, do tipo garantido, deve-se observar, quanto
à garantia, se havia sido dada pelo creditado ou por terceiro. Tendo, a garantia, sido dada pelo
próprio creditado, deve-se observar o contrato para saber se houve sua renovação também.
Sendo caso de renovação de contrato garantido por terceiro, segundo Pontes de Miranda,
“o que se há de entender, salvo cláusula em contrário, ou pacto adjecto que se refira à renovação,
é que a garantia cessou com o contrato extinto. Se, todavia, foi fixado tempo maior e nele cabe
o contrato de renovação, o terceiro está vinculado” (1984, p. 193).
d) Extinção
Pode ocorrer pelo decurso do prazo, se por prazo determinado. Se por prazo indeterminado,
pode se extinguir por denúncia de qualquer das partes. Se a denúncia partir do banco, deverá
ser concedido um prazo ao creditado para restituição do saldo devedor, se houver.
44
EaD
direito bancário
trato em questão não se presta à execução, segundo prescreve a Súmula 233: “O contrato de
abertura de crédito, ainda que acompanhado de extrato da conta corrente, não é título execu-
tivo”.
Tal entendimento se deve ao fato de que a constituição dos registros nos extratos se dá de
forma unilateral por parte do banco.
A referida lei prevê, em seu artigo 28, que a cédula de crédito bancário é título executivo
extrajudicial e representa dívida em dinheiro, certa, líquida e exigível, seja pela soma nela in-
dicada, seja pelo saldo devedor demonstrado em planilhas de cálculo, ou nos extratos da conta
corrente elaborados conforme disposições encontradas na lei.
Assim, representada a dívida pela cédula de crédito bancário, poderá ela ser executada
pelo saldo devedor demonstrado em planilhas ou extratos elaborados pelo banco credor segundo
exigido na lei.
O banco, outrossim, pode ser obrigado, por intermédio de ação de prestação de contas, a
prestar contas ao cliente, visando, com isso, a obter decisão judicial acerca da correção ou incor-
reção de tais lançamentos e registros efetuados pelo banco. A ação de prestação de contas segue
o rito especial de jurisdição contenciosa previsto nos artigos 914 a 919 do Código de Processo
Civil.
45
EaD
Etiane Barbi Köhler
a) Conceito
É a operação bancária mediante a qual “o banco se obriga, por conta de seu cliente com-
prador, junto ao vendedor, que será o beneficiário, a pagar, aceitar ou negociar letras de câmbio,
duplicatas, contra a apresentação de documentos convencionados e relativos à compra e venda,
ao transporte ou ao frete e ao seguro” (Rizzardo, 2003, p. 94).
Nelson Abão (2010, p. 203) comenta que “o crédito documentado é operação bancária
consistente em uma técnica que assegura o cumprimento recíproco das obrigações na compra e
venda internacional, eliminando os riscos do pagamento e da entrega da mercadoria”.
46
EaD
direito bancário
b) Modalidades
As operações de crédito documentado, segundo Nelson Abão (2010, p. 205), podem ser de
natureza diversa, de acordo com seu elemento essencial. Diante disso, pode ele ser revogável
ou irrevogável; este, de outra feita, confirmado ou não confirmado.
Crédito documentado irrevogável, por sua vez, é aquele que constitui para o banco emis-
sor um compromisso firme, que não pode sofrer contraordem, seja por parte do banco, seja por
parte do ordenante.
47
EaD
Etiane Barbi Köhler
a) Conceito
É a operação bancária mediante a qual uma instituição financeira (emissora) se obriga (no
limite de crédito concedido) perante uma pessoa física ou jurídica (titular) a pagar o crédito con-
cedido a esta por um terceiro, empresário credenciado por aquela (fornecedor), por decorrência
de compras de bens e serviços.
– Emissor – instituição financeira que realiza um serviço de caixa ao cliente, sendo intermediária
entre os outros dois figurantes, titular e fornecedor. Pelo serviço que realiza, o emissor recebe
taxas do titular e comissão, percentual sobre as vendas, do fornecedor.
– Titular do cartão ou aderente – tem a seu favor um crédito aberto pelo emissor. Torna-se de-
vedor do emissor pelo reembolso do preço das compras de bens e serviços realizadas junto a
um fornecedor e autorizadas no cartão ou saques em dinheiro realizados. Não pode opor ao
emissor eventuais exceções que tenha contra o fornecedor, devendo reembolsar o emissor que
é quem efetua o pagamento ao fornecedor. Além do reembolso, deve pagar ao emissor uma
taxa, normalmente anual e parcelada em três vezes, pelo serviço prestado.
– Fornecedor/conveniado – não pode recusar um cartão, devendo conceder o mesmo preço que
aos demais compradores. Tem uma espécie de garantia do emissor, com quem é conveniado,
pelo recebimento do preço do produto ou serviço comercializado junto ao titular do cartão. O
fornecedor recebe o valor objeto da venda do emissor cedendo o seu crédito a este.
O emissor, em caso de parcelamento do débito do cartão, tem o direito de cobrar juros, que
normalmente se mostram bastante elevados.
No caso de extravio, furto ou roubo do cartão, o titular deve comunicar com a maior bre-
vidade possível o emissor. Nelson Abrão (2010, p. 229), citando jurisprudência do STF, comenta
que, a partir do momento em que o emissor recebe o aviso, o titular se exonera.
48
EaD
direito bancário
b) Extinção
Tal operação é contratada por prazo determinado, admitindo-se sua renovação por con-
dução tácita.
Nos casos de extinção mencionados, não há prejuízo ao fornecedor pelas vendas autori-
zadas anteriores à resilição.
O titular, por sua vez, pode unilateralmente e a qualquer momento, resilir o contrato, sem
necessidade de manifestar justa causa.
Síntese da Unidade 4
49
EaD
Unidade 5
direito bancário
SIGILO BANCÁRIO
• O sigilo bancário está diretamente ligado à privacidade e à intimidade da pessoa, razão porque
se objetiva no estudo desta quinta Unidade verificar sua origem, conceito e sistemas legais
existentes, bem como o sistema legal adotado no Brasil.
Seção 5.1
Origem
Difícil é definir, com exatidão, a origem do sigilo bancário. Nelson Abrão (2010, p. 95)
relaciona o seu surgimento com a própria origem da atividade bancária:
[...] alguns autores pretendem situá-lo em tempos imemoriais, afirmando que “o segredo bancário tem
raízes profundas na tradição”. Dessa imprecisão temporal se dessume que, metodologicamente, é inviável
a adoção da disquisição histórica para atingir-se o nascedouro do instituto, pelo que remanesce o critério
lógico ou dogmático como o único a balizar a via investigatória. Por ele verificamos que o sigilo surgiu com
o próprio dealbar das atividades bancárias, que por seu caráter de discrição, dele não podem se separar.
51
EaD
Etiane Barbi Köhler
Tal vedação é observada desde o longínquo Código de Hamurabi, na Babilônia, onde era
estabelecida possibilidade restrita ao banqueiro de revelar, perante a justiça, em caso de litígio
instaurado com clientes, o “livro sagrado”, que continha as anotações referentes às movimenta-
ções de débitos e créditos realizadas entre ambos.
Em Roma, refere Nelson Abrão (2010, p. 96), “o banqueiro romano – argentarius – deveria
possuir um livro secreto de “deve e haver”, o Codex, conservado em segredo e só exibível na
justiça em caso de litígio com o próprio cliente”.
Destaca-se, assim, a importância do sigilo bancário desde a Antiguidade, tanto nas civi-
lizações Babilônica, Hebreia, Egípcia e Greco-Romana (a chamada “fase embrionária”), sendo
preservado também na Idade Média e até os dias atuais, uma vez considerado
característico dos países democráticos, como expressão de liberdades individuais que o interesse social
assegura, instrumento da confiança que preside as relações financeiras, representando fundamento
essencial para boa captação da poupança e para a saúde do sistema bancário, derivado dos direitos da
personalidade e entroncado nas garantias constitucionais, é indispensável o sigilo – ensina GERALDO
DE CAMARGO VIDIGAL – em razão do interesse público, em que se confie no sistema financeiro
(apud Queiroz, 1995, p. 45).
O caráter sigiloso das informações bancárias, assim, consolida-se nos tempos atuais como
decorrência de sua natureza, sendo de frisar, todavia, que decorre ele hoje também de ajuste
tácito entre banco e cliente.
Seção 5.2
Conceito
O sigilo bancário, de um lado, representa serviço oferecido pelos bancos, de outro, é con-
siderado pelos particulares (clientes) como um direito que visa a proteger a intimidade e a vida
privada.
Sigilo tem relação com segredo, sendo variações gráficas com um mesmo significado.
Segundo o dicionário de língua portuguesa, o segredo é tido como “1 O que não se revela ou
não se deve revelar a outrem; [...] 5 Confidência; sigilo” (Michaelis, 2010, p. 779), enquanto que
sigilo corresponde a “1 Segredo absoluto; mistério. 2 Discrição” (p. 795).
52
EaD
direito bancário
mesmo tempo um direito individual do cliente, que não quer divulgar fatos comerciais, financeiros ou
familiares, reconhecidos como uma projeção de sua personalidade (direito à privacidade e à intimida-
de); um dever do profissional (banqueiro) à discrição, e ao mesmo tempo, um direito à reserva quanto
aos nomes dos clientes, segredo comercial que integra o seu fundo de comércio e, finalmente, uma
garantia de interesse público, em favor do sistema bancário e de crédito, assim como de segurança do
Nelson Abrão destaca que o sigilo bancário representa uma benesse do particular e um ônus
para a instituição bancária, que pode até vir a ser punida, no caso de inobservância deste:
Destarte, o sigilo bancário se caracteriza como sendo a obrigação do banqueiro – a benefício do cliente
– de não revelar certos fatos, atos, cifras ou outras informações de que teve conhecimento por ocasião
de sua atividade bancária e notadamente aqueles que concernem a seu cliente, sob pena de sanções
Sérgio Carlos Covello define sigilo bancário como a “obrigação que têm os bancos de não
revelar, salvo justa causa, as informações que venham a obter em virtude de sua atividade pro-
fissional” (Belloque, 2003, p. 66).
Do que foi dito, é possível concluir que o sigilo bancário nada mais é do que o direito que
tem o particular de ver resguardada toda sua movimentação financeira, de tal sorte que esta fique
protegida da “cobiça” e intromissão de terceiros em fatos que unicamente a si dizem respeito;
enquanto que a instituição financeira tem o dever de manter sob o mais rigoroso sigilo estes
fatos, que, na verdade, representam uma relação bilateral entre as instituições bancárias e os
usuários de seus serviços.
53
EaD
Etiane Barbi Köhler
6
instrução processual penal.”
Celso Ribeiro Bastos e Ives Granda Martins referem que esta foi “uma inovação da Cons-
tituição” de 1988, destacando que
Um ponto importante da abrangência deste direito é o seguinte: é preciso compreender-se que não
se trata de um direito que só proíbe a violação ou a devassa, mas inclui também o dever em que se
encontram os terceiros que estejam no seu domínio de divulgá-lo.
Com efeito, pelo recebimento da missiva, o destinatário torna-se o seu proprietário. Isto não significa,
contudo, que seja senhor absoluto da sua publicação ou divulgação. Há de ater-se a certas regras que
decorrem da natureza particular da matéria, que, como se está vendo, diz de perto com a preservação
da intimidade (1989, p. 73).
Essa espécie de sigilo que, pelas instituições financeiras, é tida como uma obrigação e
pelos particulares como um direito, portanto, é resguardada pela Constituição, com a finalidade
de proteção das relações financeiras, íntimas e privadas entre particulares e empresas.
Por se tratar de direito fundamental orientado nos princípios que regem o Estado Demo-
crático de Direito, o sigilo bancário não pode ser excepcionado de qualquer forma; sua “quebra”,
por exigência da Constituição Federal, artigo 5º, LIV, deve observar o devido processo legal
(Lima, 2000, p. 147).
O sigilo bancário, por mais que esteja assegurado na CF/88, não representa direito absoluto,
sendo admitida sua “quebra” na forma e com observância do procedimento estabelecido em lei
e com respeito ao princípio da razoabilidade (RE 2/9.780-5-PE, 2ª T., Rel. Min. Carlos Velloso,
j. 13-4-1999).
54
EaD
direito bancário
A quebra do sigilo bancário exige, assim, cuidados, até porque se está entrando na esfera
íntima dos particulares, devendo-se observar rigorosamente os limites legais a fim de não ca-
racterizar prova ilícita. A existência de justa causa e a configuração da medida como necessária
e última possível, uma vez que esgotados todos os meios de prova moralmente legítimos, são
pressupostos essenciais.
Verifica-se, assim, que o sigilo bancário está diretamente ligado à intimidade e privacida-
de das pessoas, não significando, todavia, direito absoluto, uma vez que pode ser rompido em
determinadas situações excepcionais. Sua finalidade é respeitar a dignidade da pessoa humana,
propiciando segurança jurídica nas relações financeiras, primando pela preservação da intimidade
e privacidade das partes envolvidas em um litígio, procurando não alastrar os danos e desgastes
causados por um eventual processo, e, sobretudo, visando a assegurar o devido processo legal.
Seção 5.3
Sistemas Legais
O grupo da Europa continental reconhece o sigilo bancário como um direito relativo, isto
é, existe proteção legal ao sigilo, mas ela pode ser excepcionada. Os países que adotaram este
sistema veem o sigilo bancário como um dever de segredo profissional.
Segundo este sistema, a inobservância do dever de segredo pode acarretar sanções penais
àqueles que não o observarem. É o sistema mais usado no mundo, sendo o Brasil um dos países
que integram este grupo.
55
EaD
Etiane Barbi Köhler
O grupo do sigilo bancário reforçado adotou um sistema de controle rígido para o instituto
do sigilo bancário, quando é quase impossível quebrar o sigilo bancário dos cidadãos e das em-
presas, e os países de maior expressão que adotaram este sistema são a Suíça e o Líbano.
Sergio Carlos Covello comenta que “Tradicionalmente, a Suíça tem sido, por esse espírito
de veneração à liberdade, por sua neutralidade política e por sua estabilidade administrativa,
uma das nações preferidas pelos refugiados políticos do mundo inteiro, atraindo grandes somas
de dinheiro para os cofres de seus estabelecimentos de créditos” (2001, p. 56).
Segundo este sistema, o sigilo bancário é visto como um direito quase que absoluto.
Seção 5.4
Como mencionado na seção anterior, o Brasil integra o grupo dos países da Europa conti-
nental, tratando a matéria do sigilo bancário como segredo profissional.
Nelson Abrão comenta que “no que concerne a depoimento, o Código Civil (art. 229, I), o
Código de Processo Civil (art. 406, II) e o Código de Processo Penal (art. 207) vedam-no aos que
conhecem de fatos por força de função, ministério, ofício ou profissão. E o art. 154 do Código
Penal capitula como delito a revelação desses fatos sem justa causa. [...] No referente à exibição
de documento, o art. 363, IV, Do Código de Processo Civil resguarda o sigilo profissional” (2010,
p. 112).
Observando seus dispositivos, verifica-se que ele autorizava o erário a invadir a privaci-
dade do particular ou da empresa atrás das informações pretendidas, quando este faltasse com
o dever de informar.
56
EaD
direito bancário
Segundo Cid Heraclito de Queiroz, “tal diploma legal, editado há quase cinqüenta anos,
observava, à toda evidência, o clássico princípio do due process of law, para excepcionar o dever
de resguardar-se o sigilo fiscal” (1995, p. 52).
Quinze anos após sobreveio a Lei nº 3.470, publicada no Diário Oficial da União em 28
de novembro de 1958. A referida lei alterou a legislação do Imposto de Renda, reafirmando e
mantendo a regra sobre o sigilo bancário.
Esta nova lei, em seu artigo 54, in fine, apenas ratificou, com claras palavras, aquilo que
já era conhecido por todos, ou seja, a regra do sigilo e as exceções cabíveis.
Em 1964, foi dada nova regulamentação para o sigilo bancário por meio da Lei nº 4.595,
publicada no Diário Oficial da União em 31 de dezembro de 1964. Esta lei, como foi visto na
Unidade 2, foi editada com o objetivo de estruturar e organizar o Sistema Financeiro Nacional, e,
em seu artigo 38, tratou de disciplinar a matéria, elencando exaustivamente, em seus parágrafos,
as possibilidades excepcionais de quebra deste direito.
O artigo 198 do CTN, por sua vez, “reafirma o princípio do sigilo dos dados sobre a si-
tuação econômica e a natureza e o estado dos negócios ou atividades dos contribuintes ou de
terceiros, disponíveis nos órgãos fiscais, ressalvada a requisição regular da autoridade judicial,
no interesse da justiça” (Queiroz, 1995, p. 52). O artigo 199, do mesmo diploma, complementa
os artigos mencionados.
57
EaD
Etiane Barbi Köhler
Após a Constituição Federal de 1988, sobreveio a Lei nº 8.021, publicada no Diário Oficial
da União, em 12 de abril de 1990. Esta lei, em seu artigo 8º, liberava o erário de observar o dis-
posto no artigo 38 da Lei nº 4.595/64, quando as informações sobre a movimentação financeira
dos particulares fossem solicitadas junto as instituições bancárias, após a instauração de proce-
dimento fiscal. Essa lei foi logo declarada inconstitucional.
Esta possibilidade de romper o sigilo, sem apresentar justa causa, incluindo a penalidade
de multa diária aos que omitissem informações, tornou-se objeto de controvérsias entre os juris-
tas brasileiros, uma vez que não observava o devido processo legal nem respeitava as garantias
individuais asseguradas pela Constituição de 1988 aos particulares.
Nesse mesmo ano foi publicada a Lei Orgânica do Ministério Público, Lei nº 8.625/93,
que concedeu a possibilidade de membros do Ministério Público solicitarem a quebra do sigilo
bancário junto às instituições financeiras (artigo 26, II), enquanto que o § 2º responsabilizava
o membro do Ministério Público que usasse indevidamente as informações adquiridas com a
quebra do sigilo. Desta forma, o legislador objetivou tornar o Ministério Público um “guardião”
do sigilo bancário, juntamente com a autoridade judiciária.
Atualmente, o instituto do sigilo bancário está regulado pela Lei Complementar nº 105,
que dispõe sobre o sigilo de operações realizadas pelas instituições financeiras. A referida lei foi
publicada no Diário Oficial da União, em 10 de janeiro de 2001, reafirmando o direito ao sigilo
e tratando das possibilidades de quebra dele, conferindo agora também ao erário a posição de
“guardião” do sigilo bancário, juntamente com as instituições financeiras, as autoridades judi-
ciárias e o Ministério Público.
58
EaD
direito bancário
A referida lei admite o rompimento do sigilo somente nos casos de terrorismo, de tráfico
ilícito de substâncias entorpecentes, de contrabando ou tráfico de armas, extorsão mediante se-
questro, crimes contra o Sistema Financeiro Nacional, ou contra a Administração Pública, bem
como contra a ordem tributária e a previdência social, e, ainda, lavagem de dinheiro ou ocultação
de bens, direitos e valores e crimes praticados por organizações criminosas.
A lei supracitada foi complementada pelo Decreto nº 3.724/01, que regulamenta o artigo
6º daquela, relativamente à requisição, acesso e uso, pela Secretaria da Receita Federal, de in-
formações referentes a operações e serviços das instituições financeiras e das entidades a elas
equiparadas.
Após foi editado o Decreto nº 4.545/02, que dispõe sobre a prestação de informações de
que trata o Decreto nº 4.489, de 28 de novembro de 2002, e, finalmente, o Decreto nº 4.553/02,
alterado em 2004 pelo Decreto nº 5.301, que veio regular a salvaguarda de dados, informações,
documentos e materiais sigilosos de interesse da segurança da sociedade e do Estado, no âmbito
da Administração Pública Federal.
A quebra do sigilo bancário autorizada na referida lei é justificada como medida necessária
à garantia da devida fiscalização tributária por meio do conhecimento de parcela do patrimônio
eventualmente oculta pelo contribuinte, visando a dar efetividade ao princípio da capacidade
contributiva; bem como é justificada no interesse público que a utilização da medida atende,
uma vez que interessa à sociedade que cada qual contribua para os cofres públicos de forma
justa, dentro e na medida de sua capacidade contributiva.
Existe, no entanto, discenso com relação à operacionalidade da quebra, haja vista que,
tanto a doutrina (parcela amplamente majoritária) quanto o Supremo Tribunal Federal (STF),
costumam apontar para a necessidade de instauração de processo judicial para a quebra do sigilo
bancário. Nessa linha de entendimento, exige-se que a quebra do sigilo bancário se dê mediante
autorização judicial devidamente fundamentada.
59
EaD
Etiane Barbi Köhler
Síntese da Unidade 5
60
EaD
Unidade 6
direito bancário
ENCARGOS FINANCEIROS
• Objetiva-se no estudo desta última Unidade conhecer os encargos financeiros incidentes nas
operações bancárias ativas realizadas pelos bancos junto a seus clientes, quais sejam os juros
remuneratórios, correção monetária, comissão de permanência e multa, bem como o posicio-
namento de nossos tribunais acerca da possibilidade de revisão judicial deles.
Seção 6.1
Correção Monetária
61
EaD
Etiane Barbi Köhler
A instituição da correção monetária deu-se para manter constante no tempo o valor do di-
nheiro, protegendo-o contra os efeitos da inflação. A inflação, por sua vez, é medida por órgãos
como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que anuncia índices oficiais como
o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), ou o Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), anunciado pela Fundação Ge-
tulio Vargas (FGV).
Neste sentido, o voto seguido pela quarta turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ)
proferido pelo Ministro Luis Felipe Salomão, no Agravo Regimental no Agravo de Instrumento
nº 993805/RS, julgado em 21/6/2011, apresenta:
Esta Corte Superior firmou entendimento no sentido de ser possível a aplicação da Taxa Referencial –
TR na atualização do saldo devedor de contrato vinculado ao Sistema Financeiro da Habitação desde
que prevista ou, ainda, quando pactuada no mesmo índice aplicável à caderneta de poupança.
7
Disponível em: <http://sindicacau.blogspot.com.br/2011/02/defesa-do-consumidor-pede-mais-uma-vez.html#!/2011/02/
defesa-do-consumidor-pede-mais-uma-vez.html>. Acesso em: 30 set. 2012.
62
EaD
direito bancário
retratando o custo de vida, preços gerais de bens, mercadorias, serviços e outros componentes da
economia. Sua utilização, diante disso, levaria à situação absurda de, até em tempos de deflação
ou inflação contida, ter-se “correção monetária”.
A fim de ilustrar, cita-se trecho do voto proferido no Recurso Especial nº 829608/GO, Relator
Ministro Ari Pargendler, Segunda Seção do STJ, julgado em 8/6/2011:
A Taxa Referencial como índice de correção monetária no período contratual constitui encargo abusivo;
é que a Taxa Referencial embute juros remuneratórios, desqualificando-se como índice que atualiza
o valor da moeda. Por outro lado, o contrato já prevê a exigibilidade dos juros remuneratórios, e a
correção monetária é uma das parcelas da taxa praticada a tal título.
Seção 6.2
Comissão de Permanência
Em 1986, pela Resolução nº 1.129, o Banco Central do Brasil veio a confirmar a possibili-
dade de exigência da comissão de permanência, inclusive paralelamente à correção monetária.
Segundo tal resolução, a comissão de permanência tem em mira a remuneração de serviços
prestados pelo estabelecimento creditício pela cobrança de títulos, assim como também serve
como encargo compensatório pelo atraso no pagamento de débitos vencidos.
Ocorre, todavia, que, se vencido e não pago o débito, cabe a cobrança de juros moratórios
e correção monetária do valor; e pela inadimplência há a multa, nada justificando a cobrança de
comissão, mesmo que ela seja utilizada para a remuneração de operações e serviços bancários,
no sentido de comissão mesmo.
63
EaD
Etiane Barbi Köhler
Repita-se, pela permanência do dinheiro com o cliente sem que ele restitua-o ao banco
no prazo e condições ajustadas – daí a expressão comissão de permanência – já se paga juros e
multa. A comissão de permanência, assim, não tem causa; as causas que a tem justificado já são
utilizadas para a cobrança de outros encargos.
No voto proferido pelo Ministro Massami Uyeda, nos autos do Recurso Especial nº
1.042.903 – RS (2008/0065702-7), acompanhado por unanimidade pela 3ª Turma do STJ, julgado
em 3/6/2008, é encontrada a seguinte menção:
Presente a incidência de quaisquer desses encargos após a caracterização da mora, devem ser afastados,
mantendo-se tão-somente a comissão de permanência (cfr: AgRg no AgRg no REsp. n.º 805.874/RS, relator
Ministro Aldir Passarinho Júnior, DJ de 19.6.2006 e AgRg no REsp. n.º 828290/RS, relatora Ministra Nancy
Andrighi, DJ de 26.6.2006), o que torna, inclusive, prejudicada a análise de quaisquer desses encargos.
Do exposto, é possível afirmar que, após o vencimento da dívida, o banco não poderá cobrar
comissão de permanência mais outros encargos da mora, tais como multa, correção monetária
ou juros, devendo cobrar um ou os outros, sob pena de caracterizar cobrança em duplicidade
passível de revisão judicial.
Seção 6.3
Juros Remuneratórios
64
EaD
direito bancário
perda da disponibilidade temporária para o cliente de um bem que era seu. Representando
o fruto, ou remuneração do capital emprestado, incidem desde o momento da entrega do
capital.
Os juros moratórios, por sua vez, representam a prestação devida pelo atraso na devolução
do capital emprestando, incidindo desde a mora do devedor.
O Decreto nº 22.626, de 7 de abril de 1933, também chamado Lei de Usura, em seu artigo
1º, veda a estipulação de juros superiores ao dobro da taxa legal, que é 12% ao ano, segundo
artigo 406 do CC.
Neste sentido, destaca-se o contido na súmula 596 do STF, assim redigida: “As disposições
do Decreto 22.626 de 1933 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados nas
operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro
nacional.”
Na realidade, a taxa de juros cobrada nas operações bancárias ativas está relacionada às
oportunidades de investimento disponíveis ao investidor e ao risco de que o devedor honre sua
dívida no prazo pactuado, obedecendo ao termômetro da economia e do mercado como tal.
8
Disponível em: <http://www.sincomerciovc.com.br/v1/?p=676>. Acesso em: 30 set.
65
EaD
Etiane Barbi Köhler
Nelson Abrão chama a atenção, todavia, para o fato de que diante da atual conjuntura, da
redução nas taxas de juros observada no exterior e, em especial, do desaquecimento gradual no
mercado, o abuso na exigência de juros elevados não mais se justifica (2010, p. 136).
Assim, embora seja correto afirmar que a taxa de juros nas operações bancárias ativas re-
alizadas pelos bancos não está limitada, isso não significa dizer que as instituições financeiras
têm plena liberdade para cobrar a taxa que bem entenderem, devendo a prática ser analisada
cuidadosamente caso a caso, não sendo admitida a cobrança indiscriminada.
Sobre o assunto, o ministro Massami Uyeda, do STJ, assim se pronunciou nos autos do
Recurso Especial nº 1.042.903 – RS (2008/0065702-7), julgado em 3/6/2008, voto esse acompa-
nhado pela 3ª Turma:
Em referência aos juros remuneratórios, a Segunda Seção deste egrégio Superior Tribunal entende
que não incide a limitação a 12% ao ano, prevista no Decreto nº 22.626/33, salvo hipóteses legais
específicas, visto que as instituições financeiras, integrantes do Sistema Financeiro Nacional, são
regidas pela Lei nº 4.595/64. Nota-se que cabe ao Conselho Monetário Nacional limitar tais encargos,
aplicando-se a Súmula nº 596 do STF. Veja-se, mais, que este entendimento não foi alterado após a
vigência do Código de Defesa do Consumidor, cujas normas também se aplicam aos contratos firmados
por instituições bancárias. E a fim de se harmonizarem os referidos diplomas legais, aquele Órgão
Julgador consagrou a manutenção dos juros no percentual avençado pelas partes, desde que não reste
sobejamente demonstrada a exorbitância do encargo (ut AgRg no REsp 987.697/RS, relatora Ministra
Nancy Andrighi, DJ de 12.12.2007).
Ademais, a autorização do Conselho Monetário Nacional para a livre contratação dos juros remune-
ratórios só se faz necessária em hipóteses específicas, decorrentes de expressa exigência legal, tais
como nas cédulas de crédito rural, industrial ou comercial. Assim, resta dispensada a prova de prévia
autorização do CMN para fixar a taxa de juros além do patamar legal no caso em concreto (v.g. AgRg
nos EDcl no Resp 492.936/RS, Rel. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 22.11.2004).
Aliás, este mesmo Tribunal já firmou a interpretação sumulada no verbete nº 382 no senti-
do de que “A estipulação de juros remuneratórios superiores a 12% ao ano, por si só, não indica
abusividade.”
Assim, é preciso estar atento ao fato de que, na fixação das taxas de juros, um somatório
de elementos diversos, componentes do custo final do dinheiro, precisa ser observado, tais como
o custo de captação, a taxa de risco, custos administrativos (pessoal, estabelecimento, material
de consumo, etc.) e tributários e, finalmente, o lucro do banco.
Nesta linha de raciocínio não se pode dizer abusiva a taxa de juros só com base na esta-
bilidade econômica do país, desconsiderando todos os demais aspectos que compõem o sistema
financeiro e o preço do empréstimo.
66
EaD
direito bancário
A par disso é que nas ações revisionais de contratos bancários, quando constatados verda-
deiros excessos, tem se verificado a aplicação, por parte dos Tribunais, da taxa média de merca-
do, do que é exemplo a recente decisão do STJ, proferida no Agravo Regimental no Agravo em
Recurso Especial 167924/RS, relator ministro Sidnei Benetti, 3ª Turma, julgado em 26/6/2012,
cuja ementa se transcreve:
1.– Os Embargos de Declaração são corretamente rejeitados se não há omissão, contradição ou obs-
curidade no acórdão embargado, tendo a lide sido dirimida com a devida e suficiente fundamentação;
apenas não se adotando a tese do recorrente.
2.– Mantém-se a limitação dos juros remuneratórios à taxa média de mercado quando comprovada, no
caso concreto, a significativa discrepância entre a taxa pactuada e a taxa de mercado para operações
da espécie.
3.– Tendo o acórdão reconhecido a ausência de expressa pactuação a respeito da capitalização mensal
de juros, não há como acolher a pretensão do banco recorrente, ante o óbice das Súmulas 05 e 07 do
Superior Tribunal de Justiça.
6.– Este Superior Tribunal já firmou entendimento de que não é necessária, para que se determine a com-
pensação ou a repetição do indébito em contrato como o dos autos, a prova do erro no pagamento.
Com efeito, a limitação da taxa de juros praticada pelo banco, referente à suposta abu-
sividade, pressupõe análise criteriosa, somente tendo razão diante de demonstração cabal da
excessividade do lucro da intermediação financeira, um dos componentes do spread bancário,
ou de desequilíbrio contratual.
67
EaD
Etiane Barbi Köhler
Seção 6.4
Capitalização de Juros
Ocorre, todavia, que a partir da edição da Medida Provisória nº 2.170-36, de 2001, as ins-
tituições financeiras estão autorizadas a operar na remuneração do seu capital fazendo incidir
capitalização mensal de juros. E isto porque o artigo 5º da medida estabelece: “Art. 5º Nas ope-
rações realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é admissível a
capitalização de juros com periodicidade inferior a um ano.”
Diante disso, desde que convencionada, não é cabível a exclusão de capitalização mensal
de juros nas operações ativas realizadas pelos bancos.
Seção 6.5
Multa
A multa, segundo menciona Arnaldo Rizzardo (2003, p. 365), configura um encargo por
inadimplemento da obrigação principal, medida coercitiva ou intimidativa com natureza de cláu-
sula penal que objetiva reforçar o vínculo obrigacional, prefixando as perdas e danos decorrentes
do inadimplemento, e que adere à obrigação principal, dela passando a fazer parte.
68
EaD
direito bancário
Relativamente ao percentual de multa admitido, tem-se que, se aplicando o CDC nas ope-
rações de crédito celebradas pelos bancos, conforme visto anteriormente, resta assente que as
multas incidentes sobre as mesmas, não podem ultrapassar 2%, a teor do que dispõe a referida
lei. Neste sentido, a decisão proferida pelo STJ é exemplo, cuja ementa se transcreve:
2. Incidência em relação aos contratos celebrados após sua vigência. Precedentes específicos.
Outrossim, como já mencionado na seção 6.1, caso haja cobrança de comissão de perma-
nência, descabe a cobrança cumulada de multa e outros encargos, do que é exemplo mais esta
decisão do STJ:
1. Ausente a fixação de respectiva taxa no contrato, os juros remuneratórios ficam limitados à média
de mercado. Precedentes.
3. A capitalização dos juros somente é admissível nas hipóteses em que tiver sido expressamente
contratada pelas partes. Precedentes.
4. É legal a cobrança de comissão de permanência, calculada pela taxa média de mercado apurada
pelo Banco Central do Brasil, limitada à taxa do contrato, sendo vedada, entretanto, a sua cumulação
com juros remuneratórios, correção monetária, juros moratórios ou multa contratual. Precedentes.
5. A multa de mora é admitida no percentual de 2% sobre o valor da quantia inadimplida, nos termos
do art. 52, § 1º, do CDC, desde que não caracterizada a indevida cumulação com a comissão de per-
manência. Precedentes.
69
EaD
Etiane Barbi Köhler
Por fim, caso o inadimplemento decorra de ilegalidade das cláusulas contratuais, entende-
se que não cabe a cobrança de multa.
Seção 6.6
Designa-se ação revisional de contrato bancário a demanda movida por cliente de instituição
financeira, com o fim de questionar a validade ou a aplicabilidade de determinadas cláusulas
contratuais consideradas ilegais e/ou abusivas, requerendo a invalidação ou modificação delas
ou buscando a resolução do ajuste contratual. As cláusulas mais comumente discutidas nestas
ações tratam justamente dos encargos financeiros cobrados pelos bancos nas operações ativas
que realizam junto a seus clientes, do que foram exemplos as várias decisões citadas no decorrer
do estudo desta última Unidade.
Questão que precisa ainda ser analisada é a relativa à possibilidade de revisão de contratos
bancários novados.
A prática de novar contratos bancários é muito comum atualmente, até como uma forma
de o cliente bancário honrar a obrigação contratada. Ocorre, todavia, que tem sido comum,
igualmente, que, após diversas novações, o cliente bancário se veja impossibilitado de adimplir
o contratado e busque guarida junto ao Poder Judiciário na revisão dos encargos financeiros
cobrados pelo banco.
Diante de tais situações, a discussão que se apresenta diz respeito a possibilidade da revisão
recair sobre toda a operação, desde o início, ou somente sobre o último negócio realizado.
70
EaD
direito bancário
II. A conclusão de que a contratação anterior não foi quitada não pode ser elidida sem que se proceda
ao exame dos contratos e da matéria fática, para declarar a inocorrência de continuidade negocial que
viabilizaria a revisão apenas da confissão de dívida, o que é vedado ao STJ, nos termos das Súmulas
n. 5 e 7.
Do que foi visto, verifica-se que existem tanto cobranças ilegais praticadas pelos bancos
quanto legais, sendo necessária uma análise detida de cada contrato para se poder concluir pelo
excesso ou ilegalidade e buscar a tutela jurisdicional por intermédio de ação revisional.
Síntese da Unidade 6
71
EaD
Referências
direito bancário
ABRÃO, Nelson. Direito bancário. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
BASTOS, Celso Ribeiro; MARTINS, Ives Granda. Comentários à Constituição Federal do Brasil.
São Paulo: Saraiva, 1989. V. 2.
BELLOQUE, Juliana Garcia. Sigilo bancário: análise crítica da LC 105/2001. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2003.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 7. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007.
V. 3.
COVELLO, Sergio Carlos. O sigilo bancário. 2. ed. São Paulo: Liv. e Ed. Universitária de Direito,
2001.
DERZI, Misabel Abreu Machado; COELHO Sacha Calmon Navarro. Direito tributário aplicado.
Belo Horizonte: Del Rey, 1997.
LIMA, Rogério. Pode o fisco, por autoridade própria, quebrar o sigilo bancário do contribuinte?
Revista Tributária de Finanças Públicas, São Paulo: Revista dos Tribunais, n. 34, set./out. 2000.
MARTINS, Fran. Contratos e obrigações comerciais. 11. ed. rev. Rio de Janeiro: Forense, 1990.
MICHAELIS. Dicionário escolar língua portuguesa. 3. ed. 6. impr. São Paulo: Editora Melhora-
mentos, 2010.
MIRANDA, Pontes de. Tratado de direito privado. 3. ed. São Paulo: RT, 1984. XLII v.
QUEIROZ, Cid Heraclito de. O sigilo bancário. Revista Forense, Rio de Janeiro: Forense, v. 329,
jan./fev./mar. 1995.
NEGÃO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de empresa. São Paulo: Saraiva, 2010. V. 2.
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de crédito bancário. 6. ed. rev. atual. ampl. São Paulo: RT,
2003.
73