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Vocacionais
As
Nove
Maneiras
de São Domingos
Rezar
APRESENTAÇÃO
(p.3)
I
(p.6)
II III
(p.7)
(p.8)
IV
(p.9)
V
(p.10)
VI
(p.11)
VIII
VII (p.13) IX
(p.12)
(p.14)
Ilustrações: ‘Modos de Orar’ de Marta Muniz, 19.......
Projeto gráfico: adamodesign (11) 5062-8962
Tiragem: 1.000 exemplares
Ele observava estas práticas de AS NOVE MANEIRAS DE REZAR
devoção, quando viajava de um
país a outro, particularmente
DE SÃO DOMINGOS
quando se encontrava numa região Fr. Eduardo Quirino de Oliveira
solitária. A sua grande alegria
estava em entregar-se à meditação
e em reencontrar a contemplação.
Por que nove maneiras de cio da Igreja, em Jerusalém. Além
Pelos caminhos, às vezes dizia a seu
rezar? Trata-se, evidentemente, de disso, oriundo da experiência do
companheiro: “Está escrito no
uma questão pessoal do Santo clero da Catedral, achava-se na
profeta Oséias: 'conduzirei minha
Patriarca. Ele encontrou, para si, condição de conhecedor das
esposa ao deserto e lhe falarei ao
um meio prático, de manter seu Sagradas Escrituras e, desde aí, ele
coração'” (Os 2,14). Por isso
diálogo de amor com Deus, com desvela seus nove modos de rezar.
mesmo, afastava-se de seu
quem sempre falava ou de quem Esses modos, então, servem para
companheiro, precedendo-o ou
falava, aos outros. nos estimular a rezar e não para
seguindo-o a curta distância.
serem imitados, já que serviram
Assim, caminhava sozinho e
São Domingos, portanto, com fre- unicamente para a experiência do
rezava; e ao fogo de sua caridade
quência, segue tanto o exemplo de santo de Caleruega. Examinando,
hauria na meditação um acréscimo
Jesus, que se retirava muitas vezes desta feita, as nove maneiras de
14 3
A segunda maneira, consequên- permite fazer ouvir nas palavras
cia da primeira, mostra o Santo Pai, das Sagradas Escrituras. São
o qual reconhece a grandeza de Domingos conversava com Deus,
Deus e confia no Seu perdão, por- não somente no convento; mas,
que só quem é poderoso pode per- também, nas viagens. Ele sempre
doar por amor. São Domingos, reservava um tempo para oração.
dessa forma, tem certeza do per- Que exemplo!
dão. Certeza essa, que se expressa
na oração confiante e, ao mesmo Com mãos levantadas para o céu
tempo, marcada pela consciência ou com braços estendidos em cruz,
de sua fragilidade (cf. Sl 50,5 e Lc
18,13;).
São Domingos, na sexta maneira,
praticava a oração de intercessão e
súplica pelos outros. Momento
Nosso pai São Domingos tinha
VIII
Senhor dirigindo-lhe a palavra:
Na terceira maneira, chorar os extremamente importante, em que
pecados e se penitenciar fisicamen- pedia graças especiais (1Rs 17,21), ainda outra maneira de rezar, cheia “Ouvirei a palavra que o Senhor
te é um ato amoroso que faz parte orando com o Salmo 87,10. de beleza, de devoção e de encanto. Deus dirá dentro de meu coração”
da oração penitencial, porém confi- A ela recorria depois das horas canô- (Sl. 84,9).
ante (Sl 17,36). Hoje, há muitos Na sétima maneira, São Domin- nicas e depois da ação de graças que
Enquanto lia na solidão, venerava o
modos de se penitenciar sem recor- gos tomava atitudes que demons- segue ordinariamente as refeições.
seu livro; inclinando-se para ele,
rer a correntes e chicotes. Há gol- travam o sentido de suas preces. Este pai Domingos, admirável de beijava-o com amor, sobretudo
pes morais e psíquicos, os quais Corpo levantado, mãos juntas, alça- sobriedade e transbordando do quando se tratava do livro dos evan-
podem doer muito mais do que das acima da cabeça como uma espírito de devoção, do qual se dei- gelhos e quando lia as palavras que
aqueles físicos. flecha, ou abertas como para rece- xara impregnar pelas palavras divi- o próprio Jesus pronunciou com
ber algo, indicavam que sua oração nas que se deixara impregnar pelas sua boca.
Como filho que se lança aos braços se dirigia a Deus, tal como uma palavras divinas que se cantavam
do Pai, São Domingos – na quarta apresentação das necessidades de Às vezes, escondia o seu rosto
no coro ou no refeitório, procurava
maneira – olhando para o crucifixo, sua comunidade: a Igreja. Os fra- cobrindo-o com a capa, ou a sua
um lugar solitário, ou cela ou qual-
se permite preencher de contrição des ouviam-no dizer: "Escutai, cabeça com o capuz. Ele derramava
quer outro lugar para ler e rezar,
e, também, reconhece confiante a Senhor, a voz de minha súplica, copiosas lágrimas ou erguia-se um
recolhido em si mesmo e preso em
misericórdia divina. quando clamo para vós, quando pouco fazendo a inclinação de cabe-
Deus. Sentava-se em paz, e depois
elevo minhas mãos para o vosso ça, como se quisesse agradecer um
de ter feito o sinal da cruz, lia algum
Na quinta maneira – em pé dian- templo santo" (Sl 27,2). É o sacerdo- grande benefício recebido. Depois,
livro aberto diante dele; sua alma
te do altar – procurando emular o te que implora a Deus pelo povo e continuava a leitura.
experimentava então uma suave
exemplo do Senhor (cf. Lc 4,16), oferece ao povo o que recebe de emoção, como se ouvisse o próprio
orava com Ele e como Ele, que se Deus.
4 13
VII A oração perseverante prolon-
gava-se – com a oitava maneira –
em lectio divina. Sua alma experi-
menta uma suave emoção, como se
Muitas vezes via-se Domingos ouvisse o próprio Senhor dirigin-
erguer-se com todo o seu corpo em do-lhe a palavra: "Ouvirei a palavra
direção ao céu, à maneira de uma que o Senhor Deus dirá dentro de
flecha que um arco lança para o meu coração" (Sl 84,9).
azul. Elevava acima da cabeça às
mãos completamente estendidas, Na nona maneira, por fim, São
unidas uma à outra, ou ligeiramen- Domingos observava essas práticas
te aberta, como se estivesse rece- nas várias circunstâncias em que se
bendo alguma coisa do céu. encontrava: Eis a alegria na medita-
Nesses momentos, o santo pai pare- ção e no encontro da contemplação!
cia penetrar, como que às escondi- Costumava dizer a seu companhei-
das, no Santo dos Santos, chegando ro de viagem: “Está escrito no pro-
até o terceiro céu. Depois de uma feta Oséias: 'conduzirei minha espo-
oração como essa, se tivesse de cor- sa ao deserto e lhe falarei ao cora-
deste modo, repetindo-lhes o salmo ção'” (Os 2,14). Oração e contem- incitam a um diálogo de amor com
rigir algo, dar um aviso ou pregar,
“Bendizei o Senhor, vós todos os plação para penetrar nos segredos Deus e a buscar, desde esse coló-
ele se comportava realmente como
meus servos” (Sl. 133); e este outro: das Sagradas Escrituras; e, ainda, quio amoroso, uma série de tantas
um profeta. O santo pai não rezava
“Senhor, a vós eu clamo, ouvi-me, para se encontrar com Deus e se virtudes essenciais para a que se
muito tempo desta maneira e, ao
inclinai vossos ouvidos à minha preparar para o ministério da pre- vida plenamente.
retomar posse de si mesmo, parecia
chegar de uma região longínqua, voz, quando vos invoco. Que gação.
assemelhando-se a um estrangeiro. minha oração suba diante de vós
como o incenso e a elevação de Esses modos, destarte, encon-
Algumas vezes, os frades o ouviam minhas mãos como a oferenda ves- tram, hoje, sua serventia na medida
rezar em voz alta e dizer como o pertina” (Sl. 140,1-2). em que, como já apresentado, nos
profeta: “Escutai, Senhor, a voz de estimulam a rezar. Não se os devem
minhas súplicas, quando clamo imitar, já que emanam da experiên-
para vós, quando elevo minhas cia particular do Fundador. Ainda
mãos para o vosso templo santo” assim, evidenciam uma experiência
(Sl. 27,2). de vida evangélica, a qual se funda-
Por sua palavra e seu exemplo, não menta, sobremodo, no Cristo e nos
cessava de ensinar os frades a rezar primeiros cristãos; e, também, nos
12 5
VI
O apostólico pai Domingos era
visto também, outras vezes, rezan-
do com as mãos abertas e os braços
6 11
Outras vezes, de pé, ele juntava
as mãos, mantendo-as fortemente
unidas diante dos olhos ou à altura
II
dos ombros. Com esse gesto, pare-
cia apurar os ouvidos para melhor
escutar uma palavra que lhe vinha
do altar. Vendo essa devoção de
Domingos, as pessoas tinham a Muitas vezes também, o bem alma se acha humilhada até o pó,
impressão de que ele conversava aventurado Domingos rezava inte- meu corpo se acha ligado à terra”
com os anjos ou com o próprio iramente estendido no chão com o (Sl. 43,5); ou então estas em outras
Deus. rosto colocado na terra. Nessas oca- palavras: “Minha alma está acor-
siões, seu coração se enchia de ver- rentada à terra, ó meu Deus, resti-
Em viagem, reservava em segre-
V
Quando estava no convento, o
do o tempo necessário para a ora-
ção, e seus acompanhantes muitas
vezes ouviam algumas palavras
que ele pronunciava com extrema
dadeiros sentimentos de compun-
ção. Ele pronunciava em alta voz,
esta palavra do Evangelho: “Ó
Deus, tende piedade de mim que
tui-lhe a vida, segundo a vossa pala-
vra” (Sl. 118,25).
Ele exortava também os frades
mais novos: “Se não puderdes cho-
santo pai Domingos, às vezes, fica- sou um pecador” (Lc. 18,13). E com
doçura e delicadeza. rar vossos pecados, por não os ter,
va em oração em pé, de frente para temor e piedade repetia esse versí-
pensai no grande número de peca-
o altar, sem procurar apoio, com as Os frades ficavam maravilhados culo: “Sim, pequei e cometi a iniqui-
dores que podem ser preparados à
mãos estendidas diante do peito, ao com esse testemunho de Domin- dade” (Sl. 50,5). Ele chorava e solta-
misericórdia e à caridade. Por eles,
modo de um livro aberto. Assim gos, e com o exemplo do pai e mes- va grandes gemidos.
gemeram os profetas e os apósto-
procedia quando ficava de pé e mer- tre, crescia-lhes um fervor que os
Em seguida ele exclamava: los; por eles também, Jesus que os
gulhado na oração, viam-no medi- arrastava à oração admirável, cons-
“Não sou digno de erguer os meus traspassava com seu olhar, chorou
tar a Palavra de Deus. Adotara esse tante e piedosa.
olhos para o céu, por causa do tama- dolorosamente”.
costume para imitar o Senhor: “se- nho do meu pecado, porque provo-
gundo o seu costume, Jesus entrou quei a vossa cólera, Senhor, e fiz o
na sinagoga, em dia de sábado e se que é mal aos vossos olhos”. Depo-
levantou para fazer a leitura” (Lc. is, recitava com devoção: “Minha
4,16).
10 7
podeis curar-me” (Mt. 8,2).
Nascia então em nosso pai São
Domingos, um grande sentimento
de confiança na misericórdia de
Deus para com ele mesmo, para
com os pecadores e para a perseve-
rança dos frades mais novos. Ele,
muitas vezes, não conseguia repri-
mir a sua voz, e os frades escuta-
vam-no gritar: “É para voz que eu
clamo, meu Deus, não fiqueis surdo
à minha voz, pois se guardardes o
silencio, tenho medo de me asseme-
lhar aos que descem ao abismo” (Sl.
III
27,1).
Outras vezes, ele falava para
dentro de si mesmo e sua voz não
IV
era ouvida. Ficava muito tempo de
E para chorar seus pecados e os penitência, quer por seus pecados
joelhos, com a alma arrebatada em
dos outros, como sequência natural pessoais, que pelos de seus benfei-
Deus. E parecia que sua inteligência
do segundo modo de rezar, Domin- tores, de cujas esmolas viviam.
penetrava o céu e, cheio de gozo
gos se levantava para tomar a disci-
Por isso, nenhum dos frades, por Depois da mortificação corporal celestial, enxugava as lágrimas que
plina com uma corrente de ferro,
mais inocente que fosse, poderia em razão dos pecados, São Domin- lhe corriam pela face. E, por seu
dizendo: “Vossa disciplina corri-
fugir a esta prática. gos caminhava ou para o altar ou exemplo, mais do que por palavras,
giu-me até o fim” (Sl. 17,36).
para a sala capitular. Ali, com os ensinava aos frades essa maneira
Eis porque a Ordem determinou olhos fixos no crucifixo, ele o con- de rezar.
que todos os frades, em memória templava com incomparável pene-
deste exemplo de São Domingos, tração. Diante da imagem do cruci-
recebessem nos dias feriais, depois ficado, fazia diversas genuflexões,
das Completas, a disciplina com muitas vezes, desde as Completas
vergas sobre os ombros desnudos; e até o meio da noite, ora se erguia,
enquanto durasse, eles deveriam ora se ajoelhava. Tal como o leproso
recitar devotamente o salmo Mise- do Evangelho, dizia com os joelhos
rere ou o De Profundis. Fariam esta em terra: “Senhor, se quiserdes,
8 9
podeis curar-me” (Mt. 8,2).
Nascia então em nosso pai São
Domingos, um grande sentimento
de confiança na misericórdia de
Deus para com ele mesmo, para
com os pecadores e para a perseve-
rança dos frades mais novos. Ele,
muitas vezes, não conseguia repri-
mir a sua voz, e os frades escuta-
vam-no gritar: “É para voz que eu
clamo, meu Deus, não fiqueis surdo
à minha voz, pois se guardardes o
silencio, tenho medo de me asseme-
lhar aos que descem ao abismo” (Sl.
III
27,1).
Outras vezes, ele falava para
dentro de si mesmo e sua voz não
IV
era ouvida. Ficava muito tempo de
E para chorar seus pecados e os penitência, quer por seus pecados
joelhos, com a alma arrebatada em
dos outros, como sequência natural pessoais, que pelos de seus benfei-
Deus. E parecia que sua inteligência
do segundo modo de rezar, Domin- tores, de cujas esmolas viviam.
penetrava o céu e, cheio de gozo
gos se levantava para tomar a disci-
Por isso, nenhum dos frades, por Depois da mortificação corporal celestial, enxugava as lágrimas que
plina com uma corrente de ferro,
mais inocente que fosse, poderia em razão dos pecados, São Domin- lhe corriam pela face. E, por seu
dizendo: “Vossa disciplina corri-
fugir a esta prática. gos caminhava ou para o altar ou exemplo, mais do que por palavras,
giu-me até o fim” (Sl. 17,36).
para a sala capitular. Ali, com os ensinava aos frades essa maneira
Eis porque a Ordem determinou olhos fixos no crucifixo, ele o con- de rezar.
que todos os frades, em memória templava com incomparável pene-
deste exemplo de São Domingos, tração. Diante da imagem do cruci-
recebessem nos dias feriais, depois ficado, fazia diversas genuflexões,
das Completas, a disciplina com muitas vezes, desde as Completas
vergas sobre os ombros desnudos; e até o meio da noite, ora se erguia,
enquanto durasse, eles deveriam ora se ajoelhava. Tal como o leproso
recitar devotamente o salmo Mise- do Evangelho, dizia com os joelhos
rere ou o De Profundis. Fariam esta em terra: “Senhor, se quiserdes,
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Outras vezes, de pé, ele juntava
as mãos, mantendo-as fortemente
unidas diante dos olhos ou à altura
II
dos ombros. Com esse gesto, pare-
cia apurar os ouvidos para melhor
escutar uma palavra que lhe vinha
do altar. Vendo essa devoção de
Domingos, as pessoas tinham a Muitas vezes também, o bem alma se acha humilhada até o pó,
impressão de que ele conversava aventurado Domingos rezava inte- meu corpo se acha ligado à terra”
com os anjos ou com o próprio iramente estendido no chão com o (Sl. 43,5); ou então estas em outras
Deus. rosto colocado na terra. Nessas oca- palavras: “Minha alma está acor-
siões, seu coração se enchia de ver- rentada à terra, ó meu Deus, resti-
Em viagem, reservava em segre-
V
Quando estava no convento, o
do o tempo necessário para a ora-
ção, e seus acompanhantes muitas
vezes ouviam algumas palavras
que ele pronunciava com extrema
dadeiros sentimentos de compun-
ção. Ele pronunciava em alta voz,
esta palavra do Evangelho: “Ó
Deus, tende piedade de mim que
tui-lhe a vida, segundo a vossa pala-
vra” (Sl. 118,25).
Ele exortava também os frades
mais novos: “Se não puderdes cho-
santo pai Domingos, às vezes, fica- sou um pecador” (Lc. 18,13). E com
doçura e delicadeza. rar vossos pecados, por não os ter,
va em oração em pé, de frente para temor e piedade repetia esse versí-
pensai no grande número de peca-
o altar, sem procurar apoio, com as Os frades ficavam maravilhados culo: “Sim, pequei e cometi a iniqui-
dores que podem ser preparados à
mãos estendidas diante do peito, ao com esse testemunho de Domin- dade” (Sl. 50,5). Ele chorava e solta-
misericórdia e à caridade. Por eles,
modo de um livro aberto. Assim gos, e com o exemplo do pai e mes- va grandes gemidos.
gemeram os profetas e os apósto-
procedia quando ficava de pé e mer- tre, crescia-lhes um fervor que os
Em seguida ele exclamava: los; por eles também, Jesus que os
gulhado na oração, viam-no medi- arrastava à oração admirável, cons-
“Não sou digno de erguer os meus traspassava com seu olhar, chorou
tar a Palavra de Deus. Adotara esse tante e piedosa.
olhos para o céu, por causa do tama- dolorosamente”.
costume para imitar o Senhor: “se- nho do meu pecado, porque provo-
gundo o seu costume, Jesus entrou quei a vossa cólera, Senhor, e fiz o
na sinagoga, em dia de sábado e se que é mal aos vossos olhos”. Depo-
levantou para fazer a leitura” (Lc. is, recitava com devoção: “Minha
4,16).
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VI
O apostólico pai Domingos era
visto também, outras vezes, rezan-
do com as mãos abertas e os braços
6 11
VII A oração perseverante prolon-
gava-se – com a oitava maneira –
em lectio divina. Sua alma experi-
menta uma suave emoção, como se
Muitas vezes via-se Domingos ouvisse o próprio Senhor dirigin-
erguer-se com todo o seu corpo em do-lhe a palavra: "Ouvirei a palavra
direção ao céu, à maneira de uma que o Senhor Deus dirá dentro de
flecha que um arco lança para o meu coração" (Sl 84,9).
azul. Elevava acima da cabeça às
mãos completamente estendidas, Na nona maneira, por fim, São
unidas uma à outra, ou ligeiramen- Domingos observava essas práticas
te aberta, como se estivesse rece- nas várias circunstâncias em que se
bendo alguma coisa do céu. encontrava: Eis a alegria na medita-
Nesses momentos, o santo pai pare- ção e no encontro da contemplação!
cia penetrar, como que às escondi- Costumava dizer a seu companhei-
das, no Santo dos Santos, chegando ro de viagem: “Está escrito no pro-
até o terceiro céu. Depois de uma feta Oséias: 'conduzirei minha espo-
oração como essa, se tivesse de cor- sa ao deserto e lhe falarei ao cora-
deste modo, repetindo-lhes o salmo ção'” (Os 2,14). Oração e contem- incitam a um diálogo de amor com
rigir algo, dar um aviso ou pregar,
“Bendizei o Senhor, vós todos os plação para penetrar nos segredos Deus e a buscar, desde esse coló-
ele se comportava realmente como
meus servos” (Sl. 133); e este outro: das Sagradas Escrituras; e, ainda, quio amoroso, uma série de tantas
um profeta. O santo pai não rezava
“Senhor, a vós eu clamo, ouvi-me, para se encontrar com Deus e se virtudes essenciais para a que se
muito tempo desta maneira e, ao
inclinai vossos ouvidos à minha preparar para o ministério da pre- vida plenamente.
retomar posse de si mesmo, parecia
chegar de uma região longínqua, voz, quando vos invoco. Que gação.
assemelhando-se a um estrangeiro. minha oração suba diante de vós
como o incenso e a elevação de Esses modos, destarte, encon-
Algumas vezes, os frades o ouviam minhas mãos como a oferenda ves- tram, hoje, sua serventia na medida
rezar em voz alta e dizer como o pertina” (Sl. 140,1-2). em que, como já apresentado, nos
profeta: “Escutai, Senhor, a voz de estimulam a rezar. Não se os devem
minhas súplicas, quando clamo imitar, já que emanam da experiên-
para vós, quando elevo minhas cia particular do Fundador. Ainda
mãos para o vosso templo santo” assim, evidenciam uma experiência
(Sl. 27,2). de vida evangélica, a qual se funda-
Por sua palavra e seu exemplo, não menta, sobremodo, no Cristo e nos
cessava de ensinar os frades a rezar primeiros cristãos; e, também, nos
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A segunda maneira, consequên- permite fazer ouvir nas palavras
cia da primeira, mostra o Santo Pai, das Sagradas Escrituras. São
o qual reconhece a grandeza de Domingos conversava com Deus,
Deus e confia no Seu perdão, por- não somente no convento; mas,
que só quem é poderoso pode per- também, nas viagens. Ele sempre
doar por amor. São Domingos, reservava um tempo para oração.
dessa forma, tem certeza do per- Que exemplo!
dão. Certeza essa, que se expressa
na oração confiante e, ao mesmo Com mãos levantadas para o céu
tempo, marcada pela consciência ou com braços estendidos em cruz,
de sua fragilidade (cf. Sl 50,5 e Lc
18,13;).
São Domingos, na sexta maneira,
praticava a oração de intercessão e
súplica pelos outros. Momento
Nosso pai São Domingos tinha
VIII
Senhor dirigindo-lhe a palavra:
Na terceira maneira, chorar os extremamente importante, em que
pecados e se penitenciar fisicamen- pedia graças especiais (1Rs 17,21), ainda outra maneira de rezar, cheia “Ouvirei a palavra que o Senhor
te é um ato amoroso que faz parte orando com o Salmo 87,10. de beleza, de devoção e de encanto. Deus dirá dentro de meu coração”
da oração penitencial, porém confi- A ela recorria depois das horas canô- (Sl. 84,9).
ante (Sl 17,36). Hoje, há muitos Na sétima maneira, São Domin- nicas e depois da ação de graças que
Enquanto lia na solidão, venerava o
modos de se penitenciar sem recor- gos tomava atitudes que demons- segue ordinariamente as refeições.
seu livro; inclinando-se para ele,
rer a correntes e chicotes. Há gol- travam o sentido de suas preces. Este pai Domingos, admirável de beijava-o com amor, sobretudo
pes morais e psíquicos, os quais Corpo levantado, mãos juntas, alça- sobriedade e transbordando do quando se tratava do livro dos evan-
podem doer muito mais do que das acima da cabeça como uma espírito de devoção, do qual se dei- gelhos e quando lia as palavras que
aqueles físicos. flecha, ou abertas como para rece- xara impregnar pelas palavras divi- o próprio Jesus pronunciou com
ber algo, indicavam que sua oração nas que se deixara impregnar pelas sua boca.
Como filho que se lança aos braços se dirigia a Deus, tal como uma palavras divinas que se cantavam
do Pai, São Domingos – na quarta apresentação das necessidades de Às vezes, escondia o seu rosto
no coro ou no refeitório, procurava
maneira – olhando para o crucifixo, sua comunidade: a Igreja. Os fra- cobrindo-o com a capa, ou a sua
um lugar solitário, ou cela ou qual-
se permite preencher de contrição des ouviam-no dizer: "Escutai, cabeça com o capuz. Ele derramava
quer outro lugar para ler e rezar,
e, também, reconhece confiante a Senhor, a voz de minha súplica, copiosas lágrimas ou erguia-se um
recolhido em si mesmo e preso em
misericórdia divina. quando clamo para vós, quando pouco fazendo a inclinação de cabe-
Deus. Sentava-se em paz, e depois
elevo minhas mãos para o vosso ça, como se quisesse agradecer um
de ter feito o sinal da cruz, lia algum
Na quinta maneira – em pé dian- templo santo" (Sl 27,2). É o sacerdo- grande benefício recebido. Depois,
livro aberto diante dele; sua alma
te do altar – procurando emular o te que implora a Deus pelo povo e continuava a leitura.
experimentava então uma suave
exemplo do Senhor (cf. Lc 4,16), oferece ao povo o que recebe de emoção, como se ouvisse o próprio
orava com Ele e como Ele, que se Deus.
4 13
Ele observava estas práticas de AS NOVE MANEIRAS DE REZAR
devoção, quando viajava de um
país a outro, particularmente
DE SÃO DOMINGOS
quando se encontrava numa região Fr. Eduardo Quirino de Oliveira
solitária. A sua grande alegria
estava em entregar-se à meditação
e em reencontrar a contemplação.
Por que nove maneiras de cio da Igreja, em Jerusalém. Além
Pelos caminhos, às vezes dizia a seu
rezar? Trata-se, evidentemente, de disso, oriundo da experiência do
companheiro: “Está escrito no
uma questão pessoal do Santo clero da Catedral, achava-se na
profeta Oséias: 'conduzirei minha
Patriarca. Ele encontrou, para si, condição de conhecedor das
esposa ao deserto e lhe falarei ao
um meio prático, de manter seu Sagradas Escrituras e, desde aí, ele
coração'” (Os 2,14). Por isso
diálogo de amor com Deus, com desvela seus nove modos de rezar.
mesmo, afastava-se de seu
quem sempre falava ou de quem Esses modos, então, servem para
companheiro, precedendo-o ou
falava, aos outros. nos estimular a rezar e não para
seguindo-o a curta distância.
serem imitados, já que serviram
Assim, caminhava sozinho e
São Domingos, portanto, com fre- unicamente para a experiência do
rezava; e ao fogo de sua caridade
quência, segue tanto o exemplo de santo de Caleruega. Examinando,
hauria na meditação um acréscimo
Jesus, que se retirava muitas vezes desta feita, as nove maneiras de
14 3
APRESENTAÇÃO
(p.3)
I
(p.6)
II III
(p.7)
(p.8)
IV
(p.9)
V
(p.10)
VI
(p.11)
VIII
VII (p.13) IX
(p.12)
(p.14)
Ilustrações: ‘Modos de Orar’ de Marta Muniz, 19.......
Projeto gráfico: adamodesign (11) 5062-8962
Tiragem: 1.000 exemplares
Cadernos
Vocacionais
As
Nove
Maneiras
de São Domingos
Rezar