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DIALOGO
Este primeiro número de DIÁLOGO UNIVERS[TÁ·
RIO está sendo publicado simultaneamente em quatro edi·
ções paralelas (inglês, francês, português e espanhol) sob
o patrocínio da Comissão de Apoio a Universitários e Pro-
fissionais Adventistas (CAUPA), organ ismo da Conferên·
cia Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, 6840 Eastern
Ave. NW, Washington D. C. 20012, EUA .
Copyright © da CA UPA. Todos os direitos reserva·
dos. Parte alguma desta publicação pode ser reproduzida
sem a prévia permissão da CAUPA.
Os pontos de vista expressos em DlÁLOGO correspon·
COMISSÃO INTERNACIONAL
Calvin B. Rock, Presidente
George H. Akers e George Knowles, Vicc-presidentes
Jsrael Leito e Humberto M. Rasi, Secretários
REPRESENTANTES REGIONAIS
DIVISÃO ÁFRI CA-OCEANO ÍNDICO
Representante: Ph ineas Bahimba
Endereço: C id ~x 03 C 84, Riviera 1, Abidjan, Coso
ta do Mar rim, Africa Ocidental
DIVISÃO DA ÁFRICA ORIENTAL
Representante: Tommy H. Nkungula
Endereço: P. O. Box 14756, Nairobi, Quénia, Áfri·
ca Oriental
DIVISÃO EURO-AFRICANA
Representante : Pietro Copiz
Endereço: p , O. Box 219, 3000 Berne 32, Suíça
DIVISÃO DO EXTREMO ORIENTE
Representante: Jonathan Kuntara r
Endereço: 800 Thomson Road, Cingapura 1129,
República de Cingapura
DIVISÃO INTERAMERICANA
Representantes: Alfredo Garcia·Marenko e [·Ier·
hert F letcher
Endereço: p, O, Box 140760, Miami, Florida 33114·
0760, EUA
DIVISÃO NORTE-AMERICANA
Representantes: Gordon Madgwick e Ted Wick
Endereço: 6840 Eastern Ave, NW, Washington
D, C, 20012, EUA
DIVISÃO DO SUL DO PACÍFICO
Representantes : Gerald Clifford e Barr)' Gane
Endereço: 148 Fox Valley Road, Wahroonga, N,
S, W, 2076, Austrália
2 DIÁLOGO 1 -
T A • o
dem ao pensamento independente dos autores, e não neces-
sariamente representam o que pensam os membros da Co-
missão de Apoio a Ulu versitários e Profissionais Adventis-
tas.
Correspondência editorial: deve ser dirigida a um dos
Secretários da CAUPA: 6840 Eastern Avennue NW, Wa·
shington D. C. 20012, EUA.
Correspondê nc ia Sobre Circulação: deve ser dirigi-
da ao Representante Regional da CAUPA na região em
que resid e o leitor. Os nomes e endereços destes repre-
sentantes encontram-se abaixo.
Membros: Graham Binghmn, Clarenee E. Bmcebridge, Lo·
renzo Grant, Gordon Madgwick , Esther Rosado e Ted
Wick .
DIVISÃO SUL-AMERICANA
Representantes: Nevi l Gorski e Jorge de Sousa
Matias
Endereço: Caixa Postal 12-2600, 70279 Brasilia,
DF, Brasil
DIVISÃO SUL-ASIÁTICA
Representantes: Lowell C. Cooper e John M, Fowler
Endereço: Post Box 15, Poona 411001 , índia
DIVISÃO TRANS-EUROPÉIA
Representantes : James M. Huzzey e Orville
Woolford
Endereço: 191 St, Pete r' s Street, Sl, Albans
Herts" Ali 3EY, Grã·B retanha
UNIÃO AFRICANA DO SUL
Representantes: F, N, Case e G, B, Vaze
Endereço: f . O, Box 46061, Orange Grove 2119
Transvaal, Arrica do Sul
UNIÃO DO ORIENTE MÉDIO
Representante: Svein Johansen
Endereço: p , O, Box 2043, Nicosia, Chip"e
UNIÃO SUL-AFRICANA
Representantes: p, W, Coetser e B. E. Sterley
E ndereço: p, O, Box 468, Bloemronlein 9300,
Orange Free State, África do Sul
1989
 Conteúdo
Editorial 3 Logos
Artigos em Destaque
Missão na Tecnópole G. Oosterwal ........ 4 Comissão
Bioética Cristã J. W. Provonsha ..... 8 O Salmo do Físico
Fé, Razão e
Vulnerabilidade M. Pearson ......... 11
Cristianismo e Ciência Dei Ratszch ......... 14
Perfis
Helen Ward Thompson R. Weismeyer ...... 16
Clayton Rossi H. M. Rasi ......... 18
Editorial
,
E crescente o número de moços e moças adventis-
tas do sétimo dia que estão efetuando estudos uni-
versitários em diversas partes do mundo. Ao passo que
desenvolvem seus talentos, preparam-se para maior utili-
dade à igreja de Deus, à sua terra natal e à humanidade
como um todo.
Em breve estes jovens adultos tornar-se-ão professo-
res, ministros, cientistas, empresários, especialistas no tra-
tamento da saúde, artistas e profissionais dos mais varia-
dos ramos. Alguns decidirão oferecer seu tempo integral
à obra denominacional; outros trabalharão em setores go-
vernamentais, na indústria, no comércio, ou como profis-
sionais liberais. Independentemente de suas opções pro-
fissionais, serão eles indivíduos que desempenharão um
papel-chave na condução da Igreja Adventista do Sétimo
Dia ao grande evento da segunda vinda de Cristo ... ou,
então, ao Século XXI, adentro. (Leia mais a este respeito
à página 33.)
Se você é estudante de nível superior, DIÁLOGO foi
preparada especialmente para você. Enquanto viajamos
e encontramos nossos jovens nas igrejas, nos acampamen-
tos e nos ambientes universitários, tornamo-nos mais e
mais familiarizados com os seus sonhos e com as suas preo-
cupações. Com base naquilo que temos ouvido de vocês,
reconhecemos que, na qualidade de jovens adventistas, vo-
cês almejam basicamente três coisas:
1. Conhecer Melhor a Sua Fé. De que modo relacio-
nam-se os ensinamentos bfulicos com os complexos assun-
tos que vocês encontram em seus estudos e na sociedade
da qual vocês constituem parte? Como lhes seria possIvel
compreender mais profundamente o caráter de Deus e Sua
mensagem para o nosso tempo? O que poderão vocês rea-
lizar a fim de crescer tanto em conhecimento quanto na
fé? De que maneira lhes será possIvel tomar decisões éti-
cas consistentes com as suas convicções religiosas?
2. Viver Melhor a Sua Fé. Porventura existem formas
de alguém ser ativo e útil no mundo sem chegar a tor-
nar-se mundano? Qual a relevância dos princIpios cristãos
para a vida diária - para os seus. estudos, tempo de lazer,
família, finanças, igreja e futura profissão ou atividade co-
mercial? De que modo poderão vocês constituir um ponto
DIÁLOGO 1 - 1989
A Outra Grande
James Cox .... 20
Albert E. Smith 21
Vida Universitária
Vinho Novo e Odres Novos Paul Jensen ... 22
Em Ação .. ............... 26
Associações Profissionais ................ 28
Para Sua Informação
CAUPA: Um Ministério Especial .............. 33
Ellen G. White e os Estudantes
Universitários 34
de diferença neste mundo enquanto se preparam e ajudam
outros a preparar-se para o retorno de Jesus? Existem pro-
fissionais adventistas em vossos campos de atividade, com
os quais seja possIveI manter relacionamento proveitoso?
3. Compartilhar Sua Fé. O que tem a $ão adventista
do sétimo dia acerca do mundo a dizer diante de nossa cul-
tura crescentemente secularizada? Quais são a.lgumas das
maneiras pelas quais vocês poderão comunicar eficazmente
as suas crenças aos outros - aos seus amigos, professores
e vizinhos? De que modo poderão vocês contribuir para que
a igreja local se torne mais vigorosa, ao mesmo tempo que
estiverem cooperando com sua missão global?
Neste primeiro número de DIÁLOGO - que está sendo
publicado em português, inglês, espanhol e francês - ten-
tamos tratar algumas destas desafiadoras questões. Até que
ponto logramos êxito? Por bondade, reserve alguns minu-
tos para responder à "Pesquisa Junto a Leitores" que apa-
rece neste número. A seguir, destaque-a e remeta-a pelo cor-
reio, de acordo com as instruções que a acompanham. Sua
resposta será cuidadosamente analisada e contribuirá para
que decidamos pelo melhor caminho no futuro.
Caso você já tenha ultrapassado os estudos universi-
tários e se encontre no desempenho de alguma profissão,
certamente encontrará também nesta revista vários as-
pectos sobre os quais refletir e, posteriormente, para uti-
lizar como profissional adventista do sétimo dia. Caso vo-
cê seja capelão em algum campus universitário ou pastor
de uma congregação na qual existam estudantes ou pro-
fissionais de nível superior, cremos que este número tam-
bém será valioso e lhe prestará apoio no desempenho de
seu ministério.
Agora, leia-a para informar-se, sentir-se estimulado in-
telectualmente e desafiado. Comunique-se com outros ad-
ventistas que estejam igualmente refletindo e agindo com
base em sua fé. Depois de fazê-lo, compartilhe sua pró-
pria reação com os representantes relacionados à página
2. Queremos ouvi-lo I!0 exato momento em que estamos
começando nosso DIALOGO.
Os Editores
3
 MISSÃO NA
TECNÓPOLE
Progresso Adventista Num Mundo em Transformação
V ivemos num mundo que está
experimentando aceleradas
transformações. Os últimos 200
anos - durante os quais o Pro-
testantismo e o Adventismo do
Sétimo Dia estabeleceram suas
missões - caracterizaram-se pe-
lo predomínio global dos países
ocidentais, por Uma economia
agrária e pela fé religiosa. Tudo
isso está se alterando. O próprio
termo missão está sendo visto
por muitos como um ranço da já
superada época colonial.
Neste artigo consideraremos
os desafios à missão adventista
que estão sendo produzidos pelas
dramáticas mudanças que hoje
vivemos: de um estilo de vida
orientado para a comunidade lo-
cal, com suas feições rurais, seus
valores e tradições religiosas, pa-
ra nosso atual sistema social: ur-
bano, secular, dominado pela ciên-
cia e tecnologia.
Que significam estes desafios
para a nossa igreja em termos
gerais, e particularmente para os
profissionais e estudantes univer-
sitários adventistas?
Três Estágios no
Desenvolvimento do
Pensamento Humano
As transformações básicas que
hoje vivencia nossa sociedade,
encontram suas raízes num mo-
do de pensar radicalmente novo,
..0 qual influi sobre nossas atitu-
des, valores e estilo de vida. A
compreensão desta nova realida;.
de do pensamento é essencial pa-
ra que seja eficaz o evangelismo
4 DIÁLOGO 1 -1989
Gottfried Oosterwal
na moderna tecnópole. O filóso-
fo cristão, Cornelius Van Peur-
sen, num artigo fascinante, deli-
neia três estágios históricos no
desenvolvimento de nossa atual
maneira de pensar. 1
O primeiro estágio é identifica-
do por Van Peursen como o Pe-
ríodo do Mito, no qual os seres
humanos vêem-se a si próprios
como parte integral do mundo.
Tudo o que neste exi~te - ani-
mais, pessoas, as forças da natu-
reza - forma parte de um siste-
. ma coerente, que obtém seu sig-
nificado e identidade da crença
em um poder ou poderes que são
a fonte de todo conhecimento e
existência. Esta compreensão re-
ligiosa dos seres humanos e de
seu ambiente encontra a mais vi-
gorosa expressão nos mitos, e es-
tes manifestam-se através de ri-
tuais.
O segundo estágio de Van
Peursen é o Período Ontológico.
Neste, as pessoas adquirem
maior controle sobre seu próprio
ambiente, via compreensão mais
racional do mesmo. Isto coloca o
ser humano numa posição de re-
lacionamento diferente com aqui-
lo que o cerca. A visão comum da
ordem cósmica nesse período, é
a de uma escada. No topo da es-
cada encontram-se os seres celes-
tiais, que obedecem determinada
ordem hierárquica, com Deus no
mais alto ponto. As coisas mate-
riais da vida situam-se no degrau
inferior da escada. No meio da
mesma acha-se a humanidade, o
que indica sua dependência em
relação ao mundo dos seres celes-
tiais acima, e seu controle sobre
o mundo material, abaixo. Embo-
ra o ser humano e suas obras se-
jam claramente .diferenciados
diante de outras realidades - e
este é um passo-chave no proces-
. so de secularização - os huma-
nos continuam ainda a represen-
tar parte de um cosmo coerente,
o que lhes provê um sentimento
de segurança e identidade, e uma
clara perspectiva para (j uso de
sua capacidade de raciocínio.
Nesta ordem hierárquica cada
elemento ocupa o lugar que lhe
foi designado por Deus. .
Tudo isso desaparece no tercei-
ro estágio, que agora estamos co-
meçando: o Estágio Funcional.
Nesta nova era desmantela-se to-
do o arcabouço da compreensão
totalizadora da vida, caracterís-
tica do estágio anterior. O mun-
do vem sendo compartimentali-
zado em miríades de partes, de
acordo com o seu papel e função.
Religião, caso persista de alguma
forma, é algo a ser relegado a
apenas um dos compartimentos,
com suas funções especializadas.
Ela não mais representa o centro
da vida, o cimento unificador de
todas as coisas, a base de todo
pensamento e comportamento
humanos, tal como no primeiro
estágio~ Tampouco prossegue ela
sendo o fator integrativo e con-
troladorque representou o signi-
ficado da existência humana no
segundo período. A crescente ca-
pacidade das pessoas em com-
preender e controlar seu ambien-
te sem valer-se do sobrenatural,
levou-as a crer que elas s~o os
verdadeiros dirigentes de seu
próprio habitat. Não mais neces-
 sitam de outra fonte de poder.
Efetivamente, os indivíduos pas-
saram a questionar seriamente a
existência de qualquer outra rea-
lidade que não aquela natural-
mente perceptível.
A secularização, portanto, re-
.presenta o processo pelo qual o
ser humano perde o senso de es-
tar vivendo num mundo coeren-
te, que pode ser compreendido
mediante a razão humana, embe-
bida na - e informada pela - fé
e ritual religiosos. Os passos que
constituíram este processo po-
dem ser assim resumidos: no Pe-
ríodo do Mito, a questão primor-
dial era que ezistia algo como
fonte e móvel propulsor de tudo
aquilo que existe. No Período On-
tológico, a questão deslocara-se
para o que constituía esta outra
realidade, com o que ela se asse-
melharia. No Período Funcional,
a questão básica é: "Isto funcio-
na?" ou, ainda: "De que modo is-
to funciona?"
Consideremos, por exemplo, o
conceito de verdade, tão funda-
mental no pensamento e missão
do adventismo. Durante o Perío-
do Ontológico, ao longo do qual
surgiu a Igreja Adventista, consi-
derava-se como verdade aquilo
que se harmonizava com o siste-
ma de pensamento então vigen-
te. Os adventistas compartilha-
vam com outras igrejas cristãs
certas convicções acerca de Deus,
de Jesus Cristo e das Escrituras
Sagradas. Sobre esta base nossos
pregadores estavam habilitados a
demonstrar a veracidade de nos-
sas crenças distintivas, tais como
o verdadeiro sábado, o santuário
celestial ou o estado dos mortos.
Semelhante abordagem jaz ainda
hoje no coração de muitos esfor-
ços evangelísticos empreendidos
pela igreja.
Para os modernos seres huma-
nos, contudo, verdade é uma ex-
periência, e não uma abstração
racionaI. E algo em que podemos
confiar pelo fato de que funciona.
Levar as pessoas a aceitar, e até
mesmo a ouvir, as verdades bíbli-
cas neste Período Funcional, de:-
pende de nossa habilidade em de-
monstrar as diferenças - para
melhor - que tais verdades pro-
duzem no viver diário dos seres
humanos, na rotina do trabalho
mecanizado, ou no vácuo de sen-
tido que se verifica em nossa
existência secularizada. O mesmo
aplica-se às noções de Deus, Je-
sus Cristo, igreja e salvação que
desejamos comunicar. Estas de-
veriam tornar-se palavras funcio-
nais no evangelismo adventista,
corporificadas na experiência co-
tidiana de cada membro da igre-
ja. Neste Período Funcional o
evangelho não será apresentado
principalmente por meio de argu-
mentos racionais expostos por es-
pecialistas, senão mediante o tes-
temunho convincente da vida e
das palavras de cada crente pa-
ra quem Deus e o evangelho
constituem realidades funcionais.
Porventura não é isto que nos
ensina a Bíblia? Nas Escrituras
a palavra 'Verdade refere-se so-
bretudo àquilo em que se pode
confiar, e não tanto àquilo que
pode ser racionalmente com-
preendido. E uma relação da qual
o ser humano participa, e não
meramente uma proposição que
pode ser captada pela mente. No
Período Ontológico, Deus era vis-
to principalmente em Seus atri-
butos. Os debates em torno des-
tas "verdades" eram interminá-
veis. No Período Funcional, tais
proposições racionais perderam
muito de seu impacto. Para nos-
sos contemporâneos Deus Se tor-
na conhecido através de um en-
contro pessoal - não por meio
daquilo que Ele é, mas através
daquilo que Ele faz e do modo co-
mo age.
A natureza pragmática e fun-
cional do pensamento do século
20 adapta-se bastante bem à re-
velação bíblica. Os cristãos que
mantêm a atitude corresponden-
te ao Período Ontológico vêem-se
confrontados com a árdua tarefa
de aprender a ler a Bíblia sem as
lentes racionalistas às quais estão
habituados, e que no passado pro-
viam a estrutura básica através
da qual compreendiam as coisas.
Nossa aproximação à mentalida-
de funcional de nossos dias deve
basear-se na compreensão do
evangelho eterno como sendo
uma relação. pessoal com Deus,
DIÁLOGO 1 -1989
como uma realidade funcionaI e
viva que nossos contemporâneos
possam ver e aceitar.
Da Tribo à Vila e Desta à
Tecnópole
o ensaio de Van Peursen e ou-
tros trabalhos posteriores têm
estimulado o pensamento de vá-
rios teólogos, historiadores e so-
ciólogos cristãos, levando-os a re-
fletir sobre o significado das mu-
danças que ocorrem em nosso
tempo e o significado das mes-
mas como desafio à missão do
evangelho. Um destes pensado-
res é Harvey Cox, teólogo de
Harvard. Em seu poderoso livro,
"The Secular City: Seculariza-
tion and Urbanization in Theolo-
gical Perspective" [A Cidade Se-
cular: Secularização e Urbaniza-
ção Sob a Perspectiva Teológi-
ca], 2 Cox substitui as categorias
Mítica, Ontológica e FuncionaI de
Peursen por categorias sociológi-
cas: Tribo, Vila e Cidade.
Durante o Período da Tribo (o
Período Mítico de Van Peursen),
a vida centraliza-se na farnflia ou
na comunidade aldeã, onde as
pessoas vivem em constante re-
lacionamento face-a-face. Em vis-
ta de sua tecnologia primitiva, as
pessoas deste período dependem
fundamentalmente dos recursos
naturais para a sobrevivência.
Como resultado, vivem em con-
tato íntimo com seu ambiente. A
tradição é vigorosa, as relações
são pessoais, e a religião consti-
tui o cerne e o foco da vida comu-
nal. Ela representa a base para
o pensamento e o comportamen-
to, encontrando-se i~separavel­
mente entretecida com a condu-
ta da comunidade. No presente,
cerca de cinco por cento da popu-
lação mundial (em números apro-
ximados, cerca de 250 milhões de
pessoas) vivem ainda exclusiva-
mente no Período da Tribo.
Cox vê o Período da Vila (cor-
respondente ao Estágio Ontol6-
gico de Peursen) como uma épo-
ca de transformações fundamen-
tais na história. Neste período, as
pessoas rompem com os laços do
parentesco tribal a fim de desen-
5
volver comunidades menos isola-
das e mais abertas, onde crescem
as liberdades individuais, a espe-
cialização e a diferenciação, e on-
de predomina uma visão mais ra-
cional do mundo. Tal espécie de
sociedade emergiu pela primeira
vez nas planícies da Mesopotâ-
mia. Caracterizou também as an-
tigas civilizações da Índia, China,
Grécia e Roma, México, Guate-
mala e Peru; suas características
estendem-se ainda à vida na Eu-
ropa e América do Norte até qua-
se o final do século dezenove.
Ainda hoje, cerca de 35 a 40 por
cento da população mundial (al-
go em tomo de 2 bilhões de pes-
soas) pertencem a estas socieda-
des camponesas, sobretudo em
áreas da América Latina, África
e Ásia.
Dentre as características dis-
tintivas da sociedade do Período
da Vila, destacam-se sua depen-
dência da agricultura e sua pro-
ximidade em relação à natureza.
Suas cidades são principalmente
centros de administração e co-
mércio (cidades-mercados), inse-
paravelmente associados à eco-
nomia agrária. A maioria destas
economias são um tanto estáti-
cas, vinculadas à tradição e ba-
seadas no parentesco e outras
formas fechadas de organização
social.
Düerentemente do Período da
Tribo, onde a religião ocupava o
centro do pensamento e da con-
duta, a religião da Era da Vila
torna-se organizada e institucio-
nalizada. Ela se dissocia de ou-
tras esferas da vida. Desenvol-
vem-se as igrejas e as teologias,
e aparecem as várias classes de
especialistas religiosos (sacerdo-
tes, ministros). Ainda assim, nes-
tas sociedades pré-industriais,
orientadas para a comunidade e
agrárias, a religião prossegue
sendo o fator social aglutinante,
que dá significado à existência.
Tudo isto se altera radical-
mente com o advento da moder-
na Cidade (o Período Funcional
de Van Peursen), que nós identi-
ficaremos como Tecnópole. Esti-
mulada pelas novas descobertas
e pelo desenvolvimento da ciên-
cia e da tecnologia, esta era
6 DIÁLOGO 1 - 1989
emergiu inicialmente na Europa
e América do Norte. As mudan-
ças trazidas à lume pela indus-
trialização e urbanização surgi-
ram lentamente a princípio, e de-
pois explodiram, lançando a so-
ciedade moderna nos braços de
vertiginosas modificações. Em
não mais que umas poucas déca-
das esta civilização da Tecnópo-
le espalhou-se por todo o mundo.
Atualmente cerca de 55 a 60 por
cento da população mundial (cer-
ca de 3 bilhões de habitantes) es-
tão sendo fortemente afetados
por ela. Em virtude do crescen-
te contato entre as nações e a rá-
pida industrialização e urbaniza-
ção do Terceiro Mundo, podemos
imaginar que por volta do ano
2000 aproximadamente 75 por
cento da população mundial cons-
tituirá parte da nova civilização
da Tecnópole. Isso representa,
sem dúvida, a mais poderosa for-
ça que move a história em dire-
ção ao desenvolvimento de uma
cultura global, com as pessoas
participando de uma cosmovisão
única.
Quais são algumas das caracte-
rísticas da nova cultura "tecnopo-
litana"? Em seu livro, Naming the
Whirlwind /Dando Nome ao Fu-
racão/, 3 Langdon Gilkey capta o
humor dominallte em Tecnópole
a partir destas quatro facetas:
contingência, autonomia, tempo-
ralidade e relatividade. Contin-
gência refere-se à noção segundo
a qual tudo aquilo que existe foi
causado por algum fenômeno na-
tural anterior, não deixando as-
sim lugar para Deus ou uma ex-
planação religiosa das origens. O
mundo passa a ser construído pe-
lo homem, sendo este o centro da
vida, o criador de seu próprio des-
tino e a única norma para definir
o que é certo ou não. A humani-
dade é responsável unicamente
perante si mesma. Não existem
valores absolutos. Toda a vida é
temporária. Não existe o além,
nem mundo futuro, de tal modo
que o pensamento e as ações do
homem carecem de transcendên-
cia. A morte representa o fim de
tudo, e afinal de contas tudo terá
de morrer.
Ainda que esta postura seja re-
volucionária (e compreendê-la
significa condição sine qua non
para poder ajudar as pessoas a
ouvir o evangelho e conduzi-las a
Cristo), a maioria das pessoas da
Tecn6pole não possuem clara
consciência da mesma. Elas vi-
vem sua cultura, mais do que
pensam a respeito dela. E o que
vivem como resultado é uma so-
ciedade de massa, onde as pes-
soas se vinculam mediante cone-
xões funcionais e contratos im-
pessoais, em vez de simples laços
de sangue ou comunitários. A vi-
da em Tecnópole é altamente
complexa, grandemente móvel,
especializada e sob constantes
mudanças. Ela é manipulativa,
materialista e em grande medida
orientada para o eu e o sucesso.
Para viver em tal mundo a pes-
soa não pode deixar-se subjugar
pela tradição ou guiar-se por va-
lores religiosos absolutos. A pes-
soa deve ser pragmática e indi-
vidualista. Em tal civilização, a
religião e a igreja, tal como hoje
as conhecemos, deixam de exer-
cer influência. A teologia torna-
se obsoleta, e os papéis tradicio-
nalmente desempenhados pelo
ministro ou sacerdote, passam
agora às mãos do especialista:
conselheiros matrimoniais, edu-
cadores na área de saúde, soció-
logos e psicoterapeutas. Esta
mudança parece irreversível. Co-
mo resultado, a religião institu-
cional, como fator modelador da
vida humana, prosseguirá em de-
clínio. Os valores humanos esva-
ziam-se de sua santidade, a fé so-
fre erosão e as instituições reli-
giosas perdem sua função e au-
toridade.
Igreja e Missão na
Tecnópole
Como deveríamos nós, adven-
tistas do sétimo dia, responder a
este processo de secularização?
Devemos reconhecer que ele se
encontra nas mãos de Deus. O
Senhor está conduzindo a histó-
ria humana ao :fim por Ele pre-
tendido. Estas mudanças consti-
tuem parte da grande controvér-
sia entre Satanás e Cristo. A des-
 peito de seus aspectos demonía-
cos, o processo revela igualmen-
te elementos positivos. Ele libe-
ra as pessoas do controle de sis-
temas de pensamento que até
agora as impediram de ouvir o
evangelho. Mais que isto, a for-
ma funcional de pensamento que
é desenvolvido pelas pessoas da
Tecnópole, em muitos aspectos
está mais próxima da revelação
bíblica concernente à vida e à
verdade, do que a abordagem ra-
cionalista do Período Ontológico.
Tudo isto abre as portas a novas
possibilidades para ~s missões e
o evangelismo efetivo. Disto são
abundantes as evidências - den-
tre as quais o renovado interesse
pela leitura da Bíblia na seculari-
zada Europa, o surgimento de
movimentos populares em dire-
ção a Cristo em grande número
de sociedades agrárias e o apare-
cimento de muitos movimentos
messiânicos.
Não podemos negar, todavia,
de que Tecnópole apresenta mui-
tas dificuldades à religião. Dos
tempos bíblicos até o presente, a
religião e a fé têm estado intima-
mente vinculadas à economia
agrária, ao estilo rural de vida e
pensamento e, especialmente, à
existência em comunidades de pe-
queno tamanho, onde os relacio-
namentos são pessoais, a orienta-
ção é grupal e existem normas
morais. A alteração fundamental
que estamos presenciando - de
um estilo de vida comunitário pa-
ra o de uma sociedade diversifi-
cada - despoja a religião de seu
contexto e função básicos. A
ameaça à religião na Tecnópole,
portanto, não advém primaria-
mente do ateísmo agressivo, mas
da própria sociedade, com suas
atitudes e pressuposições subja-
centes. Algumas das tendências
recentes dentro da Igreja Adven-
tista atestam muito bem esta rea-
lidade. Contudo, Deus não aban-
donou este mundo à sua pr6pria
sorte. Tecn6ROle é sem dúvida o
Seu mundo. E Seu desejo que to-
das as pessoas se salvem e che-
guem ao conhecimento do evan-
gelho (veja I Timóteo 2:4).
Como deveremos responder a
esta nova situação? Reconhecen-
do a realidade deste processo de
secularização, suas conseqüên-
cias sobre a vida e o pensamento
do homem, reflexionando quan-
to a seu significado à luz da Pa-
lavra de Deus. O processo possui
tanto dimensões positivas quan-
to negativas, demoníacas e divi-
nas. Constitui parte da grande
controvérsia através da qual
Deus está conduzindo a história
a seu final. Cristo convida Sua
igreja a restaurar o Seu reino
nesta geração. Isto demanda
uma resposta de pleno coração de
nossa parte, a renovação de nos-
sa fé e comprometimento, bem
como uma nova forma de missão,
que se caracterize por levar em
conta os recentes acontecimentos
e suas conseqüências.
A nova missão na Tecn6pole
deverá possuir as seguintes ca-
racterísticas: em primeiro lugar,
a igreja terá de aprender a identi-
ficar-se com a cultura de Tecn6-
pole, tal como teve de fazê-lo em
seu passado desenvolvimento
missionário mundial. Nosso gran-
de modelo é o próprio Senhor Je-
sus, que em todas as coisas tor-
nou-Se semelhante às pessoas
que veio resgatar. O mesmo fez
o ap6stolo Paulo, cujo conselho
foi que nos tornássemos urbani-
zados face aos habitantes urba-
nos, de modo a salvar para Cris-
to o maior número deles (veja I
Coríntios 9:19 a 23). Esta repre-
senta, provavelmente, a parcela
mais difícil de nossa missão na
Tecn6pole, uma vez que muitos
adventistas têm considerado a ci-
dade como símbolo do mal e têm
insistido em que devemos sepa-
rar-nos dela.
Em segundo lugar, a igreja de-
verá identificar-se com as neces-
sidades das pessoas que vivem na
Tecn6pole, e assim proclamar o
evangelho de uma forma que se
relacione com as necessidades do
povo. Dentre tais necessidades
podemos citar a busca de relacio-
namentos pessoais e comunitá-
rios, o sentimento de certeza e
segurança, valores básicos para
o norteamento da conduta huma-
na, senso de dignidade, a expe-
riência da salvação, esperança
quanto ao futuro, a certeza de
DIÁLOGO 1 - 1989
paz, justiça e liberdade, aceitação
social e trabalho significativo.
Em terceiro lugar, a igreja de-
verá reconhecer que Tecn6pole
não é um todo monolítico, senão
um colorido mosaico de pessoas.
Nenhuma forma padronizada de
evangelismo será capaz de atin-
gir todas elas. Em nossa socieda-
de diferenciada e pluralista, a mis-
são também deverá ser multidi-
mensional e diversa. Portanto, o
evangelismo deverá ser tanto pú-
blico quanto pessoal, e endereça-
do às necessidades humanas. Pa-
ra os profissionais e universitários
adventistas, isto abre muitas pos-
sibilidades de alcance pessoal fa-
ce a seus colegas que operam na
cultura "tecnopolitana".
Finalmente, a igreja - todos
n6s - deve implementar consis-
tentemente a idéia de que missão
é trabalho leigo, empreendido
através dos dons particulares que
Deus outorgou a todos os cren-
tes, e de modo particular no con-
texto da vida diária do crente in-
dividual.
Talvez demore algum tempo
até que esta missão na Tecn6po-
le alcance plena maturidade.
Afortunadamente, vários líderes
eclesiásticos, em diversas partes
do mundo, estão desenvolvendo
estratégias em resposta a este
novo desafio vivido pela missão
adventista. Nossa lealdade à
mensagem que nos foi confiada
como igreja, requer que esteja-
mos plenamente abertos à dire-
ção do Espírito Santo e ansiosos
por prestar-Lhe obediência en-
quanto Ele nos estiver conduzin-
do nesta fase crucial da missão
divina aqui na Terra.
NOTAS
1. Cornelius Van Peursen, "Man and Rea-
lity: The History oi Human Thought", Tke Stu-
dent World, ne.! 1 (1963).
2. Harvey Cox, The Secular City: Seculari-
zation and Urbanizaticm in TkeoU>gical Pers-
pective (New York: Macmillan, 1965)_
3. Langdon Gilkey, Naming the Wkirlwind
(New York: Bobbs-Merrill, 1969), página 71.
Gottfried Oosterwal obteve títulos dou-
torais em estudos religiosos e antropolo-
gia junto à Universidade de Utreckt, em
sua terra natal, Holanda. Desde 1969 ele
é o diretor do Seventhrday Adventist 1m-
titute ofWorld Mission, junto à Univer-
sidade Andrews, em BerrienSprings, Mi-
chigan, EUA.
7
 BIOÉTICA CRISTÃ
Decisões Racionais em Questões de Vida ou Morte
E m outubro de 1984, umaequi-
pe médica da Universidade
de Loma Linda, liderada pelo Dr.
Leonard Bailey, substituiu o co-
ração malformado de uma garo-
tinha de doze dias de idade, pelo
coração de um macaco. Esta ci-
rurgia sem precedentes - o pri-
meiro transplante de um órgão
pertencente a outra espécie bio-
lógica para um recém-nascido hu-
mano - conseguiu prolongar a
vida da pequena por mais vinte
dias e popularizou o nome de
Baby Fae em todo o mundo.
Como resultado desta operação
extraordinária, recebemos mui-
tas cartas interessantes, tratan-
do de questões éticas. "Como vo-
cês se atrevem a misturar o san-
gue de um macaco com o de um
ser humano?" quis saber uma se-
nhora, que a seguir citava um
texto bíblico: "Nem toda carne é
a mesma; porém uma é a carne
dos homens, outra a dos animais,
outra a das aves e outra a dos pei-
xes" (I Corfntios 15:39). Em vis-
ta dessa explícita declaração bí-
blica, dizia-nos ela, o transplan-
te do coração de um macaco es-
tava condenado ao fracasso des-
de o começo. Outro indivíduo ci-
tava a problemática declaração
de 'Ellen G. White a respeito da
"amalgamação entre homens e
bestas" 1, como se o xenotrans-
plante houvesse convertido Baby
Fae em uma combinação híbrida
de macaco e ser humano!
No outro extremo dessa discus-
são bioética encontram-se moder-
nos secularistas que rejeitam a
autoridade das Escrituras. "A
Bíblia reflete meramente a mora-
lidade das pessoas que a escreve-
ram", dizem eles. "Não aceita-
mos estas antigas autoridades re-
ligiosas. Basearemos nossas de-
cisões éticas sobre princípios ra-
8 DIÁLOGO 1 -1989
Jack W. Provonsha
cionais." É bem verdade que os
escritores bíblicos jamais pensa-
ram em assuntos como fertiliza-
ção invitro, mães que gestam em
seu ventre o filho de outra mu-
lher (maternidade sub-rogada),
engenharia genética, e a retira-
da ou desligamento de aparelhos
que mantêm artificialmente a vi-
da de pacientes terminais. Em
parte alguma alude ela a estas
questões. Seria a razão, neste ca-
so, a única orientação sobre a
qual podemos basear nossas de-
cisões bioéticas? Caso utilizemos
a Bíblia, qual a relação a ser man-
tida entre a sua autoridade e
aquilo que aprendemos racional-
mente por meio da ciência?
Estas são as questões que eu
apreciaria trazer à discussão ao
longo deste artigo.
Decisões Éticas
Baseadas na Natureza
Três métodos racionais, todos
baseados em a natureza, domina-
ram a maior parte das decisões
éticas tomadas ao longo dos últi-
mos séculos.
A Lei Natural. Santo Tomás
de Aquino (1224-1274) foi, indu-
bitavelmente, um dos grandes
pensadores da história cristã.
Embora reconhecesse que os se-
res humanos necessitavam da re-
velação divina para compreender
algumas verdades morais, cria
ele que "certos axiomas ou pro-
posições são universalmente
auto-evidentes". Referiu-se a es-
tas "leis naturais" como "aque-
las coisas às quais o homem se in-
clina naturalmente ... atuando de
acordo com o seu raciocínio". 2
Praticamente todo o pensa-
mento católico contemporâneo
em questões éticas tem sido con-
dicionado pelos pontos de vista
de Santo Tomás de Aquino no t0-
cante a estas "leis naturais", in-
clusive as atitudes concernentes
a anticoncepcionais e outros as-
suntos relacionados com a repro-
dução humana. Embora baseada
na razão e na observação da na-
tureza, a ética de Tomás de Aqui-
no carrega consigo o peso da au-
toridade da igreja.
Utilitarismo. Com o advento
do Iluminismo - cuja influência
têm-se observado ac, longo dos úl-
timos três séculos - apareceu
uma ética adaptada ao pensa-
mento da época: indutiva, "cien-
tífica", racionaI e oposta à auto-
ridade religiosa. O utilitarismo
foi concebido neste contexto. Tra-
tou-se de uma tentativa "cientí-
fica" de estabelecimento de prin-
cípios morais com base em obser-
vações racionais, pela qual se ten-
tava descobrir o que "deveria
ser" a partir daquilo que "é".
O pensamento utilitário poderia
expressar-se mais ou menos da
seguinte forma: quando observa-
mos o que os seres humanos pra-
ticam na vida diária, descobrimos
que, acima de tudo o mais, eles
procuram a felicidade e evitam a
infelicidade e a dor. Esta deveria
ser a nossa premissa ética.
O utilitarismo foi preeminente
durante o século dezoito e porção
inicial do século dezenove. À me-
dida que a ciência parecia escla-
recer as lacunas de nossa com-
preensão, Deus passou a ser con-
siderado como desnecessário. Tu-
do que agora faltava, era expli-
car de que modo a natureza é au-
to-suficiente; em sendo isto pos-
sível, o naturalismo passaria a
preencher plenamente o papel de
base da ética.
Sobrevivência do Mais Capaz.
Charles Darwin, em seu livro Ori-
 gem das Espécies, providenciou
tal descrição, vindo a tornar-se a
base para o materialismo huma-
nístico e raciomuista. Como re-
sultado, apareceu o mais abran-
gente dos "naturalismos" morais
até então '- e, por certo, aquele
de mais pavorosas conseqüên-
cias. O correto foi definido como
tudo aquilo que favorecesse a so-
brevivência da espécie e promo-
vesse os interesses dos indivíduos
mais "aptos" a sobreviver. Me-
diante a simples observação do
mundo natural, dizia-se, os cien-
tistas poderiam determinar "o
que deve ser".
Marx e Engels - que à época
estavam desenvolvendo suas teo-
rias econômicas - entusiasma-
ram-se ao ler estas exposições.
Pediram a Darwin que lhes per-
mitisse usar seu nome no prefá-
cio de Das Kapital; ele, para seu
próprio crédito, declinou polida,;
mente da solicitação.
Os Devastadores
Conceitos de Nietzsche
Friedrich Nietzsche ....:. um dos
mais influentes pensadores do
mundo ocidental - levou Darwin
muito a sério no tocante a assun-
tos morais. Tal fato transpira cla-
ramente da leitura de seu livro
Der Antichrist [O Anticristo], um
, título que reflete sua crença de
qUe ,o judaísmo e o cristianismo fo-
ram responsáveis pela maioria das
mazelas do mundo, especialmente
em termos sociais. Aqui estão as
gélidas palavras dé Nietzsche:
Que é o bem? Tudo aqUilo que
faz crescer o sentimento de p0-
der do homem, sua ganância de
poder, o próprio poder.
O que é mal? Tudo aquilo
que é gerado pela fraqueza-
Em que consiste a felicidade?
Em sentir que o poder cresce,
que a resistência está sendo
vencida. Não a resignação, e
sim o poder; não a paz, senão
a guerra; não a virtude, mas a
aptidão .... O que é mais dano-
so do que qualquer vício? A
piedade ativa em favor dos
fracassados e débeis: ou seja,
o cristianismo ...
Qual o tipo de homem que
deveremos gerar e desejar,
por ser de mais valor, mais
digno de viver, mais seguro
quanto a seu futuro? Mesmo
no passado este tipo superior
aparec~u com certa freqüência
- mas como um feliz aciden-
te, como uma exceção, e ja-
mais como algo que se tenha
buscado. Efetivamente, esse
tipo de indivíduo tem sido te-
mido - e como resultado des-
se temor, a humanidade tem
desejado, gerado e produzido
o animal domesticado, o ani-
mal de rebanho, o enfermo
animal humano - o cristão ....
O cristianismo é identificado
como a religião da piedade.
Ocorre que a piedade se en-
contra em oposição às emo-
ções revigorantes que promo-
vem nossa vitalidade; ela exer-
ce efeito depressor. A compai-
xão contradiz a lei do desen-
volvimento biológico, que é a
lei da seleção. Ela preserva
aquilo que está maduro pata
ser destruído; defende aqueles
que foram abandonados e con-
denados pela vida; e pelo fato
de serem abundantes os fra-
cassos de todas as espécies
que ela preserva com vida, es-
ta apresenta-se com um aspec-
to melancólico e questionável.
Sempre que os Instintos dos
teólogos têm prevalecido, os
julgamentos de valor têm pro-
vindo de suas cabeças e os con-
ceitos de "verdadeiro" e "fal-
so" têm sido necessariamente
invertidos:' tudo aquilo que é
mais danoso à vida tem sido
identificado como "verdade";
tudo aquilo que a eleva, en-
grandece, afirma e justifica,
tornando-a triunfante, é iden-
tificado como "falso".3
De onde obteve Friedrich Nie-
tzsche estas idéias? As palavras-
chave por ele utilizadas dão-nos
a pista: "desejo de poder", "auto-
preservação" e "lei da seleção".
Elas provêm diretamente de 0ri-
gem das Espécies: os peixes gran-
des engolem os pequenos, e estes
se alimentam dos menores. Os in-
divíduos aptos sobrevivem na lu-
ta pela existência pelo fato de
possuírem maior astúcia, mús-
culos mais fortes e unhas máis
DIÁLOGO 1 - 1989
compridas. De acordo com tal
ponto de vista, o nome do jogo da
sobrevivência é poder - poder
sobre o fraco, e a disposição de
utilizá-lo. Esta é a lei da nature-
za, e os seres humanos - partes
que são da natureza ~ revelam-
se mais autênticos quando se
comportam de modo semelhante
ao resto dos animais.
'As idéias têm conseqüências.
Ainda que fosse injusto atribuir
às idéias de Nietzsche maior cré-
dito do que elas merecem, exis-
tem fortes evidências de que es-
te filósofo forneceu a maior par-
te do substrato filosófico subja-
cente às duas grandes guerras
mundiais. Diz-se que Hitler dor-
mia com a obra de Nietzsche sob
o travesseiro. Por certo a seme-
lhança entre o ser humano supe-
rior de Nietzsche, este que "de-
veremos gerar e desejar, por ser
de mais valor, mais digno de vi-
ver, mais seguro quanto a seu fu-
turo", e a super-raça ariana de
Hitler não é meramente aciden-
tal. Atitudes similares encontra-
vam-se no cerne da guerra inicia-
da pelo Kaiser.
Natureza e Razão:
Constituem Elas
Orientações Adequadas?
A razão humana procura resol-
ver os dilemas éticos mediante a
observação das operações da na-
tureza. Santo Tomás de Aquino
afirmara que pelo menos algumas
das soluções eram "auto-evidentes
para a razão desejada/' 4 Nietzs-
che e Hitler nos obrigam a reava-
liar esta conclusão. Contudo, se a
razão humana, por si SÓ, não é ca-
paz de manusear todos os proble-
mas humanos, a única alternativa
é a orientação sobrenatural.
Entretanto, Deus deciciu não
nos outorgar orientação explíci-
ta para a solução dos mais intrin-
dicados dilemas que a tecnologia
tem colocado diante de nós. Por
exemplo: qual o ponto das Escri-
turas Sagradas ao qual' possamos
recorrer para solucionar as ques-
tões surgidas com a inseminação
artificial, fertilização in vitro e
maternidade sub-rogada? Qual o
capítulo e versículo que deveria-
9
mos consultar a fim de obter
orientações morais no tocante à
engenharia genética? Em que
ponto da Bíblia existem orienta-
ções quanto ao momento em que
se devem iniciar procedimentos
que prolongam a vida, ou quan-
do cessar os mesmos, e sob quais
circunstâncias?
Razão e Revelação
Gostaria de sugerir que existe
apenas uma forma para alcançar-
mos respostas satisfatórias dian-
te destas difíceis questões: obser-
vação e razão. Contudo, de que
modo evitaremos os riscos de se
empregar unicamente a razão hu-
mana, sem outra orientação pa-
ra resolver os dilemas éticos'
A resposta a esta pergunta,
creio eu, repousa na identificação
da fonte do erro de Nietzsche: os
dados em que ele se baseou. Ain-
da que nosso processo racional se-
ja inquestionável, as conclusões às
quais cheguemos serão tão boas
- ou tão más - quanto os dados
sobre os quais nos baseamos.
Os naturalistas estavam essen-
cialmente corretos ao derivar "o
que deve ser" daquilo que "é".
Seu fracasso consistiu em identi-
ficar corretamente o que "é". A
bioética cristã, particularmente
naquelas áreas que a Bíblia não
analisa, deve basear-se primaria-
mente na criação de Deus, em vez
de fazê-lo sobre pronunciamentos
morais específicos da revelação.
Não devemos esquecer, contu-
do, que é a revelação que nos fa-
miliariza com a criação. Aquilo
que hoje "é", pode não ser o mes-
mo que "era" na criação. O es-
quema original da criação não se
acha disponível para nós nos dias
de hoje, mesmo que pesquisemos
ativamente no laboratório, à sua
procura. A natureza decaída for-
neceu a base para o sistema mo-
ral racional de Nietzsche. Uma
vez que ele rejeitou qualquer ou-
tra espécie de natureza, suas con-
clusões vieram a apresentar-se
inevitavelmente erradas.
A ética cristã deve basear-se
sobre a criação antes da queda.
O primitivo "é" forma a base ver-
dadeira para o presente "deve
10
ser". Todavia, este quadro da
criação original só nos está dis-
ponível mediante a revelação. So-
mente o relato inspirado é capaz
de oferece~-nos um quadrq, au-
têntico do Eden, do futuro Eden
restaurado e do caráter do Cria-
dor, manifestado em Cristo; so-
mente neles podemos basear-nos
confiantemente quanto ao "deve
ser" atual.
Retornando, agora, à nossa per-
gunta inicial, torna-se claro que
somente o cristão que conhece e
aceita a revelação divina pode
exercer uma ética racional coe-
rente, uma vez que só ele tem a
seu dispor os dados que lhe per-
mitirão atingir conclusões váliaas.
A bioética racional cristã, por-
tanto, proverá destaque à restau-
ração e cumprimento das inten-
ções originais do Criador, à me-
dida que tais intenções possam
ser estabelecidas mediante as
fontes inspiradas. Desta forma,
qualquer engenharia biológica
que restaure a criação original,
deve ser apoiada, ao mesmo tem-
po que nos oporemos a tudo aqui-
lo que se encaminhe na direção
proposta por Nietzsche. Devere-
mos saudar alegremente aquelas
inovações de fertilização e repro-
dução que contribuam para que
se alcance o que Deus tinha em
mente ao criar a primeira famí-
lia. Em contrapartida, tudo aqui-
lo que ameace a família deve re-
ceber a nossa oposição. Qualquer
ação cujo efeito final seja de al-
guma forma diminuir a criação
original, é imoral.
A criação tem-se tornado co:'
nhecida aos humanos através da
revelação. O Criador outorgou
também à mente a capacidade de
perceber a verdadeira natureza
desta criação, desde que os seres
humanos se esforcem com persis-
tência e dedicação e não rejeitem
a maior de todas as fontes de ver-
dade, a Bíblia. Inspiração e razão
dedicada e persistentemente apli-
cada, sob a orientação do Espíri-
to Santo, são capazes de condu-
zir à verdade moral.
Antes da Queda, provavelmen-
te a razão por si só teria sido ca-
p,az de chegar à verdade moral. O
'é" daqueles dias era bom, per-
DIÁLOGO 1 -1989
feito e sem distorções. A ética p0-
deria ter sido um empreendimen-
to cientifico. A pessoa poderia ha-
ver descoberto a verdade relacio-
nada com o comportamento, da
mesma forma como hoje descobri-
mos a verdade no tocante aos áto-
mos, plantas e estrelas. As leis da
natureza eram as leis de Deus, e
não havia um compartimento es-
pecial reservado à ética, separa-
do da verdade natural. Num mun-
do ideal como esse, a resposta à
pergunta: "Pode a bioética cristã
ser construída apenas com base
na razão?", deveria ser: "Sim, evi-
dentemente!"
A bioética cristã de nossos dias
necessita basear-se na criação. Os
cristãos poderão descobrir esta
bioética através do uso da razão,
desde que não separada da reve-
lação, antes, alimentada por esta.
Neste mundo as pessoas necessi-
tam de ajuda para poderem esta-
belecer premissas corretas, se é
que desejam chegar a conclusões
acertadas mediante o uso da razão.
NOTAS
1. Ellen G. White, Spiritual
Gifts (Washington, D. C.: Review
and Herald, 1945), volume 3, pá-
ginas 64 e 75.
2. Anton C. Pegis, editor, Ba-
sic Writings of St. Thomas Aqui-
nas (New York: Randon House),
volume 2, páginas 774 a 775 e 777.
3. Friedrich Nietzsche, Der
Antichrist, in Walter Kaufman,
editor, The Portable Nietzsche
(New York: The Viking Press,
1954), páginas 570 a 572 e 576.
4. Ibidem.
Jack W. Provonsha completou
estudos doutorais em, medicina e
ética. É também ministro orde-
nado e autor de três livros. Em
1989, foi um dos fundadores do
Center for Christian Bioethics
[Centro de Bioética Cristã], jun-.
to à Universidade de Loma Lin-
da, na Calif6rnia. Recentemente
ele foi nomeado Professor E~­
to de Filosofia da Religião e Eti-
ca Cristã nesta mesma institui-
ção universitária. O presente ar-
tigo é uma versão publicada do
conteúdo de conferências proferi-
das pelo Dr. Provonsha.
 FÉ, RAZÃO E
VULNERABILIDADE
O relato bíblico de nossas origens
afirma que fomos criados
imagem de Deus, o que - dentre ou-
à
tras coisas - implica em que recebe-
mos autoridade sobre o reino animal.
Efetivamente, muitos pensadores
têm asseverado que é precisamente
a posse de uma mente que nos dis-
tingue do reino animal e nos carac-
teriza como humanos. Nosso valor
superior reside na capacidade de as-
sumir decisões inteligentes, na habi-
lidade para aceitar responsabilida-
des, na facilidade de expressar, atra-
vés de símbolos, os pensamentos e as
emoções. Nossa singularidade no
contexto da criação deriva desta ra-
cionalidade que Deus nos conferiu ao
efetuar a nossa criação.
Entretanto, em outros textos bí-
blicos somos informados de que pos-
suímos mais uma capacidade que nos
torna singulares enquanto seres hu-
manos: esta é a capacidade da fé.
Exercemos esta capacidade quando
nos aproximamos de Deus, em res-
posta a Suas iniciativas à nossa pro-
cura. Em grau menor, também a co-
locamos em prática quando estabe-
lecemos relações íntimas com outros
seres humanos.
Ocorre, entretanto, que muitas ve-
zes estas duas capacidades que nos
tornam as criaturas especiais que so-
mos, entram em conflito entre si.
Aliás, pode-se dizer, efetivamente,
que este conflito é, de per si, urna ca-
racterística distintiva da condição hu-
mana. Nosso desejo de confiar, de es-
tabelecer relacionamentos, é mode-
rado por nossas faculdades racionais
críticas. Essas duas capacidades por
vezes nos conduzem a direções opos-
tas; lutam entre si, à procura de nos-
sa lealdade.
Segundo muitos pensadores obser-
varam ao longo dos séculos, o exem-
plo clássico deste conflito é a histó-
ria de Abraão e Isaque. Na intimida-
Michael Pearson
de de seu relacionamento com Deus,
Abraão sentiu que deveria transfor-
mar seu filho !saque numa oferta sa-
crifical. Entretanto, tal ação parecia
contrariar todos os ditames da lógi-
ca e dos códigos morais. Qual pode-
ria ser o sentido de sacrificar o lon-
gamente esperado filho da promes-
sa? Por certo uma tal ação poderia
tão-somente constituir violenta
agressão a uma consciência sensível.
O desejo de ser fiel a Deus, por um
lado, e a força da lógica, por outro,
pareciam ditar cursos de ação intei-
ramente opostos.
Conflito de semelhante ordem foi
aquele com o qual tive de defrontar-
me nos anos iniciais de meu curso na
Universidade de Londres. Era meu
desejo prosseguir crendo e confian-
do em Deus. Contudo, os procedi-
mentos racionais nos quais eu esta-
va sendo diariamente treinado na
Universidade, recomendavam-me
cautela. Recebia instruções no sen-
tido de submeter todas as alternati-
vas ideológicas que se me apresen-
tassem, a cuidadoso escrutínio, antes
de aceitar qualquer uma delas. As-
sim, eu desejava crer, mas ao mes-
mo tempo não queria tornar-me ví-
tima de um engodo. Não queria des-
cobrir, anos mais tarde, que meu de-
sejo de segurança me houvera con-
duzido a conclusões erradas. Não de-
sejava também que meu desejo de
conforto distorcesse a visão que eu
possuía acerca do que era a verdade.
Os parágrafos seguintes consti-
tuem um relato abreviado da forma
como tentei reconciliar as exigências
conflitantes que se me apresenta-
vam. Esta não é uma resposta final,
mas ainda assim representa algo vi-
vo para mim.
Definição de Termos
Antes de apresentar a matéria,
DIÁLOGO 1 - 1989
creio ser conveniente definir breve-
mente os termos que empregaremos.
Pouco importa que, em uso normal,
você prefira utilizá-los de modo dife-
rente. Necessitamos deixar claro co-
mo eles serão empregados ao longo
desta análise. Em primeiro lugar de-
sejo contrastar crença e ccmhemmen-
to, ao afirmar que para saber ou co-
nhecer algo, o objeto de nosso conhe-
cimento deve ser verdadeiro. Apesar
disso, alguém poder crer em qual-
quer coisa, até mesmo irreal ou fal-
sa. Também devemos deixar clara a
diferença entre prova e e1Jid.ência. A
evidência tende a corroborar uma
afirmação específica, ao passo que a
prova é incontestável. O adjetivo ver-
dadeiro indica que determinada de-
claração descreve com certeza a con-
vicção psicológica de uma pessoa; por
outro lado, existem muitos que estão
seguros em relação a coisas que dian-
te de nós aparecem como patente-
mente falsas. Por fim, devemos con-
trastar dúvida e incredulidade. In-
credulidade é o estado mental que re-
jeita determinada afirmação por con-
siderá-la falsa; dúvida (que deriva da
mesma raiz que duplo) denota ambi-
valência mental, a qual considera
duas ou mais opções como suscetíveis
de aceitação.
Havendo obtido acordo quanto ao
modo como utilizaremos estas pala-
vras, podemos prosseguir com a
apresentação do tema. Minha tese é
que em todos os assuntos importan-
tes da vida - o que inclui a religião
- não podemos saber, senão apenas
crer. Não dispomos de provas; neces-
sitamos contentar-nos com evidên-
cias. Não seremos capazes de chegar
a um ponto em que nos seja possível
demonstrar que determinada decla-
ração é inquestionavelmente verda-
deira, ainda que estejamos certos de
que ela o é. Necessitamos admitir
que por vezes enfrentamos dúvidas,
11
mas podemos resistir à increduli-
dade.
Interpretação das Evidências
Alguém poderá criticar minhas c0-
locações, dizendo que elas são exces-
sivamente tentativas, que elas pare-
cem não permitir a espécie de dedi-
cação total que o evangelho deman-
da, que de alguma forma elas redu-
zem o comprometimento. De modo
algum! Em todos os aspectos impor-
tantes da vida as coisas ocorrem tal
como as situei.
Em política, o primeiro-ministro e
o líder da oposição muitas vezes es-
tão em desacordo, não tanto em re-
lação aos fatos, senão quanto ao mo-
do de interpretá-los. No campo da
moral e da estética, a diferença fun-
damental entre defensores de postu-
ras contrárias deve-se ao modo como
cada grupo interpreta as evidências.
Em assuntos de economia, os propo-
nentes do livre mercado e os que de-
fendem a vigorosa intervenção go-
vernamental em assuntos econômi-
cos, ao analisarem o mesmo quadro
fiscal de um país, chegarão a conclu-
sões radicalmente diferentes quanto
aos remédios para as mazelas nacio-
nais, exatamentepor causa dos pon-
tos de vista pré-concebidos que estão
subjacentes a uma e a outra oposição.
Os educadores apóiam diferentes es-
pécies de reformas em virtudes de
suas diferenças básicas quanto ao
modo de compreender a natureza hu-
mana. Os administradores conflitam
entre si quanto às decisões a serem
tomadas, já que o esquema de prio-
ridades de uns e de outros são dife-
rentes.
Algo parecido ocorre em assuntos
religiosos. As pessoas que atuam em
todas estas esferas, assemelham-se
muito mais aos membros de um júri
- que depois de haverem analisado
as evidências chegam a estabelecer
um juízo de grupo, baseado em infor-
mações, mas ainda assim talvez im-
perfeito - do que a um cientista que
realiza experiências no laboratório e
ao final apresenta seus resultados
com base em levantamentos estatís-
ticos. Em cada um desses campos os
seres humanos necessitam tomar de-
cisões e assumir compromissos, ten-
do de enfrentar oposição e por vezes
até mesmo perder a vida pelo fato de
12
se manterem fiéis a suas convicções.
O caso de Copérnico, que refutou a
concepção ptolemaica do Universo,
constitui exemplo clássico do que es-
tamos dizendo.
Um dos problemas que enfrenta-
mQs quando desejamos integrar fé e
razão na experiência religiosa, deri-
va parcialmente da autoridade espú-
ria que atribuímos à ciência. Parece-
nos por vezes que a tarefa cientifica
consiste em descobrir, através de
meios experimentais, dados que po-
dem ser acrescentados à montanha
do conhecimento, e esta se manterá
como uma massa monolítica, inamo-
vível por toda a eternidade. Isto
constitui, entretanto, uma imagem
distorcida da ciência. Na verdade, os
cientistas procuram estabelecer da-
dos confiáveis, que logo depois serão
interpretados com base num deter-
minado esquema que lhes será impos-
to. A explicação científica que requer
a nossa aceitação, é aquela que incor-
pora o menor número de anomalias
ou exceções. Contudo, em toda teo-
ria e explicação científica sempre
existirão anomalias. Isto significa
que a ciência sempre envolverá inter-
pretação, e desta forma ela não é es-
sencialmente diferente do discurso
moral, econômico ou político. Portan-
to, não estaremos sendo sábios se
tentarmos tornar nossas reivindica-
ções religiosas tão "respeitáveis"
quanto supomos serem as reivindica-
ções cientificas. Em vez disso, deve-
ríamos reconhecer que as declara-
ções científicas compartilham da
mesma subjetividade encontrada em
áreas como a religião, a moral ou a
política.
Alguns indivíduos, quer seja entre
os fervorosamente religiosos, quer
seja entre os defensores da comuni-
dade científica, sem qualquer dúvi-
da se sentirão desconfortáveis dian-
te desse modelo, já que ele propõe
que talvez a pessoa "saiba" muito
menos do que imagina. Talvez essa
idéia os faça sentirem-se insegu-
ros. Ainda assim creio que em todas
as atividades importantes que na vi-
da nos impomos, necessitamos cons-
truir um modelo com base nos da-
dos brutos que nos chegam às mãos,
de tal modo que o esquema adotado
inclua o menor número possível de
exceções ou anomalias. Ou, para
expressá-lo em outras palavras, exi-
DIÁLOGO 1 - 1989
ge-se que formemos a nossa própria
cosmovisão.
Apliquemos agora o modelo espe-
cificamente a nossas crenças cristãs.
Se imaginarmos que estas consti-
tuem um círculo, deveremos reco-
nhecer que certas áreas de ativida-
de racional, certas disciplinas acadê-
micas, suprem-nos de evidências que
necessitam ser levadas em conside-
ração, ou seja, devem ser acomoda-
das dentro de nossa visão particular
do mundo. (Figura 1)
FIGURA 1 História
Ciências Flslcu
As alegaç6es estabelecidas pelos crlslaos afetam vá-
rias áreas da Investigação humana; portanto, os cris-
tãos devem levar seriamente em consideração as evi-
dências fornecidas por essas dlsclpllnas.
A filosofia, por exemplo, coloca
questões embaraçosas, cuja validade
nos cumpre reconhecer. Como adep-
tos de uma religião histórica, os cris-
tãos devem reconhecer as evidências
providas pelos historiadores. Deve-
mos reconhecer, também, que os
cientistas sociais têm importantes
contribuições a oferecer à compreen-
são da origem e manutenção do com-
portamento religioso. A evidência da
filologia (ou lingüística) diz coisas im-
portantes a respeito da época e cons-
trução dos livros canônicos. E assim
por diante.
Nossa tarefa consiste em avaliar
as evidências que se impõem, embo-
ra possam ser parciais, acomodando-
as à nossa cosmovisão particular. De-
vemos examinar onde se encontra o
peso das evidências; devemos estar
dispostos a operar alterações em nos-
sa visão do mundo. Caso esta visão
seja substancialmente correta, nada
temos a temer diante de semelhante
espécie de investigação. Este proce-
dimento possui a virtude de habilitar-
nos a descobrir parcelas de evidên-
cias que nos causam perplexidades,
sem que deitem por terra a estrutu-
ra de nossas crenças básicas. Sempre
existirão anomalias. Nossa convicção
depende do peso das evidências. Por
outro lado, devemos estar dispostos
- em princípio, ao menos - a aban-
donar nossas convicções, caso as evi-
dências cheguem a apresentar-nos
tantas anomalias, a ponto de ser-nos
impossível conservar a nossa cosmo-
visão anterior. Isto é bastante razoá-
vel, já que não representa mais do
que aquilo que pedimos que façam as
outras pessoas!
Alguém poderia objetar que este
método possui o potencial de levar-
nos a desenvolver crenças instáveis,
o que contrariaria o conceito do "no-
vo nascimento" exposto por Cristo.
Parece-me, todavia, que toda pessoa
genuinamente decidida a encontrar
e manter uma visão coerente do
mundo, provavelmente não se deixa-
rá envolver por tal frivolidade. A Bí-
blia nos exorta a "julgar todas as coi-
sas e reter o que é bom" (I Tessalo-
nicenses 5:21), o que não é a mesma
coisa que "provar algumas coisas e
conservar apenas aquilo que é tradi-
cional."
Assumindo Compromissos
Aqui necess!tamos dar um passo
significativo. E importante que, co-
mo seres racionais, reconheçamos
que muitas de nossas decisões e de
nossos compromissos se baseiam em
fatores que longe estão de serem ra-
cionais. Ainda que por vezes ofere-
çamos explicações plausíveis para
justificar nossas racionalizações, com
freqüência essas decisões respondem
a impulsos intuitivos, emocionais e
volitivos; neste caso, temos que ad-
mitir, bem no profundo de nosso ser,
que estamos sendo muito menos ra-
cionais do que pretendemos ser. Par-
te importante de nosso desenvolvi-
mento intelectual envolveo exercício
intuitivo da imaginação.
Nosso comprometimento com de-
terminado estilo religioso depende-
rá em grande medida de nosso con-
teúdo emocional. No caso dos cris-
tãos ele dependerá de o caminho de
Jesus - e do modo particular em que
este é apresentado em nossa igreja
- satisfazer nossos mais íntimos an-
seios. Aqui, o emocional se limita
com o estético, quando decidimos que
a visão total da realidade, segundo
apresentada pelas Escrituras, nos
parece esteticamente satisfatória.
Também afeta a nossa decisão a ma-
neira pela qual nossa igreja aplica es-
ses ensinamentos, e se esta aplicação
nos parece adequada e satisfatória.
Além disso, queremos estar conven-
cidos de que os imperativos éticos en-
carnados por Jesus nos são aceitá-
veis, tanto em teoria quanto na prá-
tica. Por outro lado a vontade afeta
nossa fé quando decidimos, por
exemplo, servir a outros em vez de
sermos servidos. A fé também é afe-
FIGURA 3
Racionai
Emocionai
• •
Social
Volltlvo
• •
Estético
• a reprimir
•
Espiritual
A fé é a resposta de todo o nosso
tada por fatores sociais, de modo que
temos de indagar o ser social que
dentro de nós existe. Porventura nos
satisfaz o ambiente particular de nos-
sa igreja? E assim sucessivamente.
(Figura 2)
FIGURA 2 estético
o racionai é apenas um dos vários nlveis aos quais
nós respondemos quando vivemos a vida de fé.
Em outras palavras, ao aceitarmos
o cristianismo como convicção reli-
DIÁLOGO 1 - 1989
giosa, indicamos que nos sentimos
prazerosos diante de tudo aquilo que
Cristo representa.
Permitam-me expor outro modelo,
que parece incorporar tudo aquilo
que foi dito até aqui. Nossa fé cristã
pode ser comparada a uma bola que
está sendo impulsionada em determi-
nada direção (Figura 3). Omomento
da fé é sustentado pelo ímpeto pro-
vido por nosso intelecto, nossas emo-
ções, nossos desejos, nossa posição
social e assim por diante. Entretan-
to, o momento reduz-se a partir de
MOMENTO
Forças que, em
vários nivers,
tendem
•
a fé
ser. Seu desenvolvimento por vozes encontra resistências.
quando encontra resistência prove-
niente de várias fontes. Objeções in-
telectuais podem criar atrito, de mo-
do a reduzir o momento de fé. Todos
os demais tipos de reservas íntimas,
o desejo de aceitação, a indisposição
de exercer a vontade e outros fato-
res podem fazer com que se reduza
o momento de fé.
Portanto, nossa fé apresenta vá-
rios componentes: intelectual, emo-
cional, social, volitivo, estético, éti-
co e talvez mais alguns. A fé é o es-
tado de prontidão para agir em de-
terminada direção, nossa disposição
para agir como se nossa visão do
mundo fosse verdadeira.
Há que se observar, ainda, que a
fé possui um componente especial
que não pode ser assimilado por ne-
nhum outro, ao qual eu chamaria de
"espiritual". Creio que o bom Espí-
rito de Deus está agindo incessante-
mente, procurando gerar o momen-·
to da fé no coração de todos os ho-
Continua na pág. 27
13
 CRISTIANISMO E
CIÊNCIA
E mbora muitos cristãos tenham
aceitado e praticado a ciên-
cia, sendo que até mesmo muitos
dos mais conhecidos cientistas fo-
ram historicamente cristãos, ou-
tros têm imaginado que a ciência
não é uma atividade própria pa-
ra um cristão. O que tem estado
por detrás desta rejeição?
Em primeiro lugar, alguns cris-
tãos crêem que não devemos
ocupar-nos das coisas deste mun-
do, e que outras atividades mais
diretamente relacionadas com a
missão do cristianismo devem re-
ceber prioridade - o testemunho
evangélico, por exemplo. É cer-
to que a propagação do evange-
lho é tarefa da mais elevada im-
portância, e se tivéssemos que
decidir entre esta e a prática da
ciência, por certo a ciência deve-
ria ser relegada a segundo plano.
Mas a questão não se reduz a op-
tar entre uma ou outra posição
para a comunidade cristã como
um todo, e em geral nem mesmo
para o indivíduo. A vida cristã é
uma vida completa, abundante, e
nela existem espaços para o pes-
cador, o médico, o fabricante de
tendas, o cobrador de impostos ...
e .o cientista.
Em segundo lugar, alguns cris-
tãos consideram que a ciência é,
talvez inerentemente, contrária
ao cristianismo. Não é éerto, por-
ventura, que a ciência pressupõe
o determinismo (com o que é eli-
minada a responsabilidade moral
do indivíduo) e a estrita uniformi-
dade de causa-efeito (com o que
se nega a possibilidade de Deus
agir miraculosamente no Univer-
so)? Porventura não foram os
cientistas que propuseram teo-
rias como a da origem espontâ-
14
São Compatíveis?
DeI Ratzsch
nea do Universo e a da evolução,
que são contrárias ao que a Bíblia
ensina? Duas observações devem
ser aqui introduzidas. Em primei-
ro lugar, o que freqüentemente
causa problemas é a generaliza-
ção das (supostas) pressuposições
da ciência, estendendo-as ao
mundo como um todo, em vez de
mantê-Ias limitadas e restritas ao
uso científico propriamente dito.
Em segundo lugar, mesmo que a
ciência por vezes produza teorias
individuais que contrariam as Es-
crituras, condenar todo o proje-
to científico diante desse fato se-
ria mais ou menos como conde-
nar toda a arte culinária pelo fa-
to de às vezes as pessoas serem
envenenadas por utilizarem al-
gum alimento preparado sob con-
dições sanitárias impróprias. Má
cozinha não torna a cozinha má.
Em ambos os casos seria mais
apropriado que condenássemos
as técnicas incorretas do que con-
denarmos todo o projeto.
Em terceiro lugar, alguns cris-
tãos crêem que as ciências se
imiscuem em assuntos que não
pertencem à alçada humana, já
que procuram descobrir coisas
ocultas. Entretanto, não nos diz
Provérbios 25:2 que "a glória de
Deus é encobrir as coisas, mas a
glória ..dos reis é esquadrinhá-
las"? E a glória dos reis tentar
pesquisar algum assunto! Não me
parece muito sábio imaginar que
seja impróprio tentar descobrir
os segredos da criação!
Razões Para Praticar
a Ciência
Pelo simples fato de algo ser
DIÁLOGO 1 - 1989
permissível, não quer isto dizer
que existem boas razões para efe-
tivamente se fazê-lo. Porventura
existem, para o cristão, boas ra-
zões para praticar a ciência? Por-
ventura a ciência possui algum
valor distintivo e compensador
para o cristão?
Muitos cristãos têm respondi-
do positivamente a estas pergun-
tas, e ampla variedade de justifi-
cativas têm sido oferecidas como
apoio. Por exemplo, Deus nos
concedeu a tarefa de cuidar do
mundo depois que este foi criado
(Gênesis 2:15). Entretanto, a
mordomia responsável requer
que tomemos conhecimento de
como funciona aquilo que nos foi
confiado, conhecimento relacio-
nado com a forma apropriada de
se utilizar as coisas que foram co-
locadas sob o nosso domínio. A
ciência pode ser um veículo me-
diante o qual se adquirirá o refe-
rido conhecimento.
Adicionalmente, muitos cristãos
crêem que a ordem divina de que
o homem subjugasse a terra (Gê-
nesis 1:28) ainda se encontra em
vigor (ao passo que outros admi-
tem que ela não mais prossegue
.sendo válida após a queda.) Sub-
jugar a terra também é algo que
requer conhecimento, justificando
novamente o papel da ciência.
A maioria dos cristãos acredi-
ta que Deus nos criou como seres
inteligentes. Parece que os seres
humanos estão sempre querendo
conhecer e compreender as coi-
sas. Somos teorizantes invetera-
dos, e a ciência é o canal formal
mais evidente, pelo qual podemos
dar vasão a este aspecto de nos-
sa natureza, em relação às obras
da criação.
 Têm sido igualmente apresen-
tadas razões adicionais, de cará-
ter mais teológico. Por exemplo,
a natureza é a criação de Deus,
e muitos cristãos têm visto a na-
tureza como reveladora do cará-
ter de Deus. Ao estudarem a na-
tureza, esperam eles não apenas·
conhecer aquilo que Deus criou,
como também conhecer o próprio
Deus. A natureza tem sido por
vezes mencionada como um livro
de revelações, e é através da
ciência que aprendemos a ler es-
te livro. 1 Crêem alguns cristãos
que praticar a ciência, empreen-
der novas descobertas, explorar
os aspectos intrincados da natu-
reza e chegar a apreciar os deta-
lhes da criação, são formas de se
glorificar a Deus. Foi o próprio
Deus que considerou boa a Sua
criação (Gênesis 1:31). Este fato,
por si só, é considerado por al-
guns como suficiente para que se
busque conhecer melhor esta boa
criação.
Finalmente, fomos instruídos
especificamente no sentido de
ajudar o enfermo, o faminto e o
pobre. Certamente estaremos em
melhor posição para ajudar nes-
tes casos se conhecermos as cau-
sas da doença, o adequado trata-
mento das enfermidades, como
produzir melhores colheitas, e as-
sim por diante. A ciência pode
ajudar-nos a bem cumprir as ta-
refas que nos foram atribuídas.
Evidentemente, a ciência tem
desempenhado um papel igual-
mente destacado no processo de
destruição em que os seres huma-
nos estão permanentemente en"
gajados. De fato, pode-se consta-
tar historicamente que as exigên-
cias militares têm sido a maior
força propulsora por detrás de
vários tipos de pesquisa, bem co-
mo grande fonte de apoio finan-
ceiro à ciência e aos cientistas. O
mesmo papel tem sido desempe-
nhado pela ganância (em alguns
casos de pesquisa científica em-
presarial), o desejo de fugir às
conseqüências da ação da :pessoa
(por exemplo, certas pesqwsas na
área das técnicas de aborto) e
uma ampla variedade de motiva-
ções não muito elegantes.
Assim, embora a ciência pare-
ça uma tarefa permissível ao cris-
tão, e ainda que existam razões
distintivas pelas quais um cristão
deseje praticar a ciência, e mes-
mo que a ciência e seus resulta-
dos possam ser de valor especial
para o cristão, ainda asSIm os
cristãos que estão envolvidos
com a ciência devem sentir-se sob
a profunda obrigação de exami-
nar suas razões particulares pa-
ra a prática da mesma. Devem
eles considerar o potencial de da-
no e rebelião contra Deus que seu
trabalho particular poderá de-
mandar, e devem eles agir no
sentido de envidar esforços para
que a ciência por eles praticada
se enquadre nos parâmetros mais
amplos da obediência de Deus.
Fora de tal contexto, o trabalho
de um cientista - mesmo daque-
le que diz estar comprometido
com Cristo - pode ser desastro-
so em mais de um sentido.
Cristianismo e os
Fundamentos da Ciência
Vários autores têm argumen-
tado que a crença num Criador
pessoal representou, se não um
pré-requisito para o surgimento
da moderna ciência, pelo menos
um enorme apoio ao seu desen-
volvimento. Embora outras cul-
turas apregoem possuir mais tra-
dição histórica e tecnológica, foi
na Europa Ocidental, com sua
forte tradição cristã, que emer-
giu a moderna ciência.
Alguns gregos da antiguidade
tendiam a ver o mundo material
como indigno de estudo. Noutras
antigas culturas pagãs, a nature-
za era vista como uma divindade,
o que levava as pessoas a imagi-
nar que a especulação desta na-
tureza(querexperimental, quer
empiricamente) era inapropriada
e até mesmo perigosa. Muitas
culturas orientais viam a realida-
de como sendo dirigida por ne-
cessidades rígidas, tornando su-
pérflua a investigação empírica.
Outras viam o acaso ou o caos co-
mo o princípio governante, tor-
nando a investigação da nature-
za sem sentido e inevitavelmen-
te fadada ao fracasso.
DIÁLOGO 1 - 1989
Os cristãos, contudo, viam o
mundo como resultado de uma
criação (portanto ordenado e uni-
forme) de uma Pessoa (portanto
racional), e que foi criado livre-
mente (requerendo, portanto, in-
vestigação empírica), não confi-
nado a nossos preconceitos e ex-
pectativas (requerendo, assim,
investigação de mentes esclare-
cidas e abertas). Assim, o caráter
básico da ciência desenvolveu-se
a partir daquilo que se poderia
considerar como uma visão cris-
tã. Isto não quer dizer que se po-
deria deduzir os lineamentos bá-
sicos do método científico a par-
tir do cristianismo, mas estes li-
neamentos por certo se ajustam
bem à doutrina cristã. Ao IMO de
temas mais genéricos, existem
outras características específicas
e pressuposições da ciência que o
cristianiEfrno antecipa ou para as
quais provê justificação.
A ciência pressupõe, de modo
geral, que existe uma realidade
objetiva e independente de nós
mesmos, que pode ser estudada
(contrariamente ao que afirmam
as várias formas de idealismo e
relativismo). Isto é exatamente o
que alguém .poderia esperar, se a
natureza estudada pela ciência é
o produto de uma criação. Deus
criou independentemente de nós,
de acordo com Seu pIano, e sem
o nosso auxílio ou consentimento.
Outra pressuposição básica é a
da uniformidade e previsibilida-
de dos fenômenos naturais, a
qual também provê o ~poio para
a exigência usual de que os resul-
tados científicos possam ser re-
produzidos. As Escrituras, por
outro lado, nos falam da fidelida-
de de Deus na condução do Uni-
verso. Uniformidade é o que po-
deríamos esperar de uma criação
estabelecida por um Deus que é
fiel e governa com base em Seus
próprios editos.
Outra pressuposição da ciência
é a de que a natureza é' com-
preensível, de que podemos en-
tendê-la. Isto é o que poderíamos
esperar de um Deus que nos
criou com sabedoria e nos dotou
de raciocínio capaz de compreen-
Continua na pág.31
15

HELEN WARD THOMPSON
Diálogo com a Vice-presidente Acadêmica da Universidade de Loma Linda
H elen Ward Thompson comple-
tou seus estudos pós-secundá-
rios no Walla Walla College, em Col-
lege Place, Washington. Graduou-se
em Inglês e Educação Física, inician-
do sua carreira profissional como
professora de inglês e \~ce-precepto-
O ra- Thompson, você acredi-
ta que sua posição atual
abre espaço para outras mulhe-
res adventistas? Existe alguma
vantagem em que uma senhora
ocupe esta posição?
Raramente penso a esse respei-
to_ Quando isto ocorre, entretan-
to, duas idéias me vêm à mente.
Ao perceber que sou a única mu-
lher participando de um Conse-
lho Deliberativo, sinto que minha
indicação é única_ Por outro lado,
percebo que para muitos de meus
colegas o fato de terem de rela-
cionar-se com uma senhora nes-
ta posição, é uma experiência no-
va_ De modo geral, as pessoas
com as quais me relaciono estão
mais interessadas na qualidade
de meu trabalho do que no fato
de eu ser mulher.
Aprendi a distinguir entre a
avaliação crítica de minha efi-
ciência como vice-presidente e
o preconceito que pode surgir pe-
lo fato de eu ser mulher. Ser-me-
ia mais fácil ficar pensando que,
ao alguém não concordar comigo,
isto ocorre porque sou mulher.
Tenho procurado precaver-me
16
PERFIL
ra no La Sierra College, Califórnia.
Obteve seu Mestrado em Inglês na
Universidade de Stanford em 1955,
e no mesmo ano tornou-se precepto-
ra e professora de Inglês no Walla
Walla College. Desempenhou estas
funções durante dez anos, sendo que
em 1965 obteve o Doutorado em In-
glês em Stanford. A partir daí lide-
rou o Departamento de Inglês do
Walla Walla College durante onze
anos.
Em 1976 ela aceitou o posto de de-
cana acadêmica junto ao Southwes-
tem Adventist College, em Keene,
Texas. Após seu casamento, em
1979, com o Dr_ Thomas Thompson,
retornou ao Walla Walla College, a
fim de desempenhar-se como direto-
ra de assuntos estudantis. Em 1984
tornou-se vice-presidente de assun-
contra essa tentação.
Não sei se a minha posição diz
muito acerca das possibilidades
de outras mulheres_ Embora, co-
mo igreja, estejamos progredin-
do no sentido de empregar as
pessoas mais habilitadas para a
função, o progresso é lento. Pa-
ra que uma mulher chegue a qua-
lificar-se para assumir funções de
lideranças, é necessário que lhe
seja permitido ter acesso às opor-
tunidades de crescimento pes-
soal. Isto se relaciona parcial-
mente com a qualidade de seu
trabalho. Entretanto, quando
penso nas muitas mulheres com-
petentes que tenho conhecido ao
longo dos anos, percebo que o su-
cesso feminino também está re-
lacionado com a disposição dos Ir-
deres masculinos em colocar mu-
lheres nas posições de responsa-
bilidade.
Uma instituição educacional -
de fato, qualquer tipo de institui-
ção - recebe vantagens ao dis-
por de uma administração cen-
t ral com participação mista. As
mullleres são bastante francas ao
dizer-me que se sentem felizes
DIÁLOGO 1 - 1989
tos acadêmicos na Universidade de
Loma Linda.
Em anos recentes esta instituição,
com seu belo campus situado no sul
da Califórnia, vem-se destacando no
noticiário mundial em virtude do
transplante de coração efetuado em
Baby Fae, além de outros procedi-
mentos pioneiros no campo da cil-ur-
gia. Reconhecida como centro de pes-
quisas que exerce liderança em vá-
rias áreas da medicina, saúde e éti-
ca, a Universidade de Loma Linda é
a instituição-líder do sistema global
de saúde mantido pelos adventistas.
Quando O Conselho Deliberativo da
Universidade indicou a Dm. Helen
Thompson como vice-presidente de
assuntos acadêmicos, tornou-se ela a
mulher a ocupar a mais elevada posi-
ção no mundo acadêmico adventista.
por eu ocupar esta posição, e que
isto lhes traz uma perspectiva di-
ferente daquela que existiria se'
um homem ocupasse o cargo.
Aqui e no Southwestern College,
os alunos e o corpo docente apre-
ciaram uma perspectiva femini-
na a nível administrativo, a com-
preensão especial da mulher e de
suas necessidades_Uma vez que
a maioria dos redutos universitá-
rios adventistas conta com mais
de 50 por cento de mulheres (aqui
na Universidade de Loma Linda
a porcentagem de mulheres é de
51), é necessário que elas estejam
representadas no topo da hierar-
quia administrativa.
Como você chegou a tornar-
se adventista do sétimo dia?
Enquanto eu freqüentava um
colégio público no Estado de
Washington, uma vizinha me le-
vava regularmente à escola saba-
tina, junto com suas filhas. De-
pois prossegui estudando a Bíblia
por mim mesma e lendo livros ad-
ventistas, até que decidi batizar-
me_ Ao terminar os estudos se-
cundários, tomei a decisão de
prosseguir estudando numa ins-
 tituição de nível superior perten-
cente à igreja.
Em que medida as suas cren-
ças influenciam suas decisões e
planos? Você agiria de modo di-
ferente se estivesse num am-
biente não-adventista?
Minhas crenças desempenham
papel da maior importância em
minhas decisões e planos. Parto
da premissa de que trabalho nu-
ma universidade adventista. Des-
te modo, todas as decisões e pla-
nos relacionam-se com esta posi-
ção. Desejamos que saiam daqui
pessoas com boa formação, inte-
ressadas em prestar serviço, e
comprometidas com a igreja. Cla-
ro que eu agiria de forma diferen-
te num ambiente não adventista.
Quais os aspectos de seu tra-
balho que lhe fornecem as
maiores satisfações?
Sinto-me impressionada com a
qualidade do corpo estudantil.
Em ambos os campus os alunos
são capazes, estudantes ávidos, e
eu aprecio esta qualidade. Na
maioria dos casos eles também
são cristãos conscientes.
Aprecio o contato com o corpo
docente. São verdadeiros erudi-
tos e excelentes professores. Meu
trabalho com os decanos das fa-
culdades é particularmente com-
pensador. Eles são administrado-
res dedicados, profundamente
comprometidos em prover a ex-
celência acadêmica e em promo-
ver os valores cristãos e adven-
tistas a seus alunos.
De que modo a Universidade
de Loma Linda provê apoio à
missão da Igreja Adventista, em
termos nacionais e estrangeiros?
Estamos produzindo forman-
dos capacitados em seu campo de
atuação, e eles são orientados no
sentido de servir a igreja e com-
prometer-se com ela. A qualquer
lugar que eu vá, encontro gradua-
dos por Loma Linda que se acham
profundamente envolvidos com
sua profissão, com suas comunida-
des e com suas igrejas. Várias de
nossas faculdades - tais como a
de Saúde, Odontologia e Medicina
- possuem programas no Exte-
rior. Adicionalmente, o Colégio
Adventista de Hong Kong é afilia-
do a nós, de modo que certos alu-
nos de lá podem obter créditos da
Universidade de Loma Linda.
Nossa Faculdade de Educação
oferece cursos em vários locais da
Divisão Norte-Americana, assim
como na Austrália e na Costa Ri-
ca. O programa educacional Sa'Ú-
dJJ Familiar é oferecido na Aus-
trália, e a Terapia Respirat6ria,
na Arábia Saudita.
Refletindo sobre o caso Baby
Fae, você acredita que ele foi
positivo para a Universidade de
Loma Linda e a igreja?
O programa de transplantes
cardíacos certamente trouxe a
Universidade e a igreja a um pla-
no de atenção mundial. No mo-
mento a Universidade de Loma
Linda desenvolve projetos de
pesquisa da ordem de 5 milhões
de dólares. Esperamos elevar es-
te montante a 10 milhões ou
mais, nos próximos anos. Além
do Dr. Leonard Bailey, um bom
número de nossos pesquisadores
são bastante conhecidos no mun-
do científico. Dr. Lawrence Lon-
go e seu grupo, Dr. Brian BulI,
os pesquisadores da Escola de
Saúde e muitos outros estão de-
senvolvendo uma ativa base. de
pesquisas aqui. A nível da admi-
nistração, estamos envidando to-
dos os esforços possíveis a fim de
estimular nossa comunidade de
pesquisadores.
Como você consegue manter o
equibõrio entre suas atividades
profissionais e a vida doméstica?
Nem sempre é fácil. Ocorre
que meu esposo me oferece gran-
de apoio, e tomou junto comigo
a decisão de aceitar este cargo.
Trabalho intensamente da ma-
nhã de segunda-feira até à meia-
tarde de sexta-feira. Contudo,
procuro cuidadosamente reser-
var os finais de semana para a vi-
da familiar.
De que forma você mantém
viva a sua atividade espiritual?
Onde você encontra tempo pa-
ra isto?
O ponto alto da semana, para
mim, é o sábado. Thomas e eu
usualmente praticamos uma lon-
ga caminhada, depois vamos à
Escola Sabatina, e então ao cul-
to divino. Durante as tardes de
sábado, escolhemos dentre as
DIÁLOGO 1 - 1989
muitas atividades e discussões de
grupo que aqui existem. Adicio-
nalmente, ambos lemos com afin-
co e mantemos boas conversas
um com o outro e também com
amigos, a respeito desta vida e da
que está no porvir. Muitas das
pessoas que vivem em nosso am-
biente universitário são eruditos
em teologia e no pensamento
cristão. Sentimos que os debates
com eles são muito proveitosos.
Além de tudo, oro bastante.
A sua posição atuallhe per-
mite oportunidades de compar-
tilhar pessoalmente de sua fé
com outros? De que modo con-
segue fazê-Io?
Estamos numa instituição ad-
ventista cujo compromisso é com
a vida espiritual e as necessida-
des da humanidade. Valores e
conceitos espirituais ocupam
sempre um lugar central em nos-
so trabalho. Esforçamo-nos por
lembrar sempre este fato. Por
exemplo, constituímos uma co-
missão especial na universidade
a fim de revisar as maneiras pe-
las quais a nossa religião poderá
ser melhor estruturada dentro do
currículo, a fim de promover o
enriquecimento espiritual dos
alunos. A congregação universi-
tária inclui os resultados do tra-
balho desta comissão na agenda
do retiro anual de Il:0sso pessoal
docente. Adicionalmente, os de-
safios da administração provêem
muitas oportunidades para com-
partilhar da segurança e regozi-
jo que desfrutamos em Jesus.
Qual seria o seu conselho a
mulheres mais jovens, que as-
piram a desempenhar-se com
êxito no mundo acadêmico?
Façam um bom trabalho. Man-
tenham a disciplina acadêmica. Se
você, pessoalmente, deseja in-
gressar na administração, conver-
ta-se numa especialista em admi-
nistração - em sua teoria e em
sua prática. Aprenda as habilida-
des administrativas mediante o
envolvimento ao nível da estru-
tura que estiver a seu dispor.
Disponha-se a oferecer serviço
pleno e ainda mais que isto. Fi-
nalmente, aprenda a desfrutar do
prazer de uma tarefa bem feita.
Richard Weismeyer
17

elA VTON ROSSI
Diálogo com um Procurador da República do Brasil
nesde 1967 Clayton Rossi ocupa
J...I o cargo de procurador da Re·
pública do Brasil. Como tal, assesso·
D r. Rossi, de que maneira
você descobriu sua vocação
para as leis?
Quando eu tinha 10 ou 11 anos
de idade, meu pai começou a
levar·me ao tribunal local, em mi·
nha cidade natal de Pouso Ale·
gre. Sentia·me fascinado ao ou-
vir o advogado defensor e o pro-
motor público enquanto estes
apresentavam seus argumentos
dIante dos sete membros do júri.
A seguir, ouvia o veredicto quan-
do este era pronunciado e o juiz
aplicava a lei.
O que atraiu você ao estudo
e à prática da advocacia?
Creio que o fato de vários de
meus parentes serem advogados,
influiu em minha decisão. Basica-
mente, contudo, fui conduzido pe·
lo contInuo desafio da profissão
de advogado, e pela possibilida-
de de contribuir para a aplicação
da justiça na vida real.
Algumas pessoas acreditam
que é praticamente impossível
ser um bom cristão e um bom
advogado ao mesmo tempo.
Qual a sua opinião a este res-
peito?
Com base em minha própria
experiência, não posso concor
dar. Na qualidade de jurista e
professor de Direito, penso que
18
PERFIL
ra e defende o governo em Brasüia,
em causas legais que se originam
dentro ou fora do pars. Além disso,
leciona Direito Penal na Universida·
de de Brasrlia.
Nascido em 1930, o advogado Ros·
si obteve seu bacharelado em 1957,
na Universidade Federal de Minas
Gerais, cidade de Belo Horizonte.
Antes de chegar a ocupar o cargo
atual, exerceu a profissão na vida
particular e foi também procurador
de um departamento público civil.
O Dr. Rossi tem apresentado mui·
tas palestras sobre assuntos éticos,
ao mesmo tempo que se mantém ati·
vamente envolvido em questões re·
a aplicação consistente dos p1'Ín-
cípios cristãos verdadeiramente
favorece o exercrcio de nossa pro-
fissão. Em minhas aulas falo fre·
qüentemente da validade dos
princlpios éticos do cristianismo
para a prática do Direito. Gosto
de dizer, por exemplo, que se to·
dos compreendessem e aplicas·
sem a declaração de Paulo, de
que havia aprendido a sentir-se
contente em todas as situações,
haveria uma tremenda redução
nos casos que atulham os nossos
tribunais.
Como ocorreu o seu contato
com os adventistas do sétimo
d·Ia•. . autêntica piedade cristã que pra-
Nasci e fui educado no seio de
uma tradicional famflia católica
I'Omana. Em minha adolescência
mamãe começou a ler o livro Pa-
17-iarcas e P?'ofetas, da autoria de
ElIen G. White, o qual fora parar
providencialmente em meu lar.
Ela sentiu-se muito impressiona-
da com a relevância do sábado do
sétimo dia, como o dia designa-
do por Deus para a adoração, re-
pouso e serviço. Durante vários
anos ela encontrou respostas sa-
tisfatórias a suas perguntas em
M
meio a seus contatos com católi-
cos e presbiterianos. A esta altu-
ra a famrlia Rocco, constituída
DIÁLOGO 1 - 1989
lacionadas com liberdade religiosa e
dependência de drogas. Tem partici·
pado de muitas conferências interna·
cionais de Direito e recebeu várias
distinções, incluindo a Comenda Pre·
sidencial, que lhe foi outorgada por
sua pátria em 1977.
Clayton Rossi foi um dos membros
fundadores da Igreja Adventista
Central de Brasrlia, tendo sido o seu
primeiro ancião desde aquela época
até o presente. Sua esposa, Dejani·
ra, é professora. O casal tem duas fi·
lhas, uma das quais empreende um
curso superior na área de Psicologia,
e a outra está completando seus es·
tudos a nrvel de segundo grau.
por devotos adventistas, mudou-
se para a nossa vizinhança e co-
meçou a visitá-Ia.
Que ocorreu a seguir?
Achava-me eu, nesta ocasião,
com 18 ou 19 anos de idade, e es-
tudava fora de casa, em São Pau-
lo. Minha mãe contou-me numa
de suas cartas, que começara a
estudar a Blblia em profundida-
de. Mais tarde fiquei sabendo que
ela e meu irmão haviam sido ba-
tizados na Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Foi quando eu pró-
prio me encontrei com os Rocco
e senti-me impressionado com o
seu conhecimento da Brblia e a
ticavam.
Qual o papel desempenhado
pela Bíblia em sua conversão?
Sem dúvida, um papel muito
importante. Ela me ajudou a
compreender, por exemplo, que
a salvação é um dom gratuito de
Deus, recebido por meio da fé em
Cristo, e não algo que podemos
adquil;r por meio de nossas ati-
vidades e rituais. Devo admitir,
contudo, que a princfpio a Bíblia
pareceu-me muito difícil de ser
compreendida. Foi a famflia Roc-
co que me aj udou a pesquisar os
Evangelhos, os Salmos, Provér-
bios e as Eprstolas do Novo Tes-
tamento. Aos poucos comecei a
compreender e a apreciar a Bíblia.
Quanto tempo levou você pa-
ra unir-se à Igreja Adventista?
Foi um processo que demorou
aproximadamente três anos. Ti-
nha eu muitos amigos e achava-
me um tanto envolvido pela vida
social. Uma vez, porém, que o
Espírito Santo me conduziu a
uma decisão favorável, comecei a
efetuar mudanças em minha
perspectiva e estilo de vida. O sá-
bado demonstrou-se importante,
como ocasião especial para fami-
liarizar-me com o plano de Deus
para a minha vida. Adaptei meus
hábitos de alimentação e bebida
aos padrões da Palavra de Deus.
Passei a separar o dízimo de
meus modestos rendimentos, an-
tes mesmo de ser batizado. Des-
ta forma, fui efetuando mudan-
ças à medida que compreendia a
necessidade de efetuá-Ias, ava-
liando e aplicando à minha vida
pessoal aquilo que ia aprendendo.
Minha família, os Rocco e, espe-
cialmente, as Sagradas Escritu-
ras, todos eles desempenharam
uma parte em minha conversão.
Hoje considero a Bíblia como um
Livro extraordinário, a genuína
mensagem de Deus para nós.
Esta convicção levou-o a tor-
nar-se bastante ativo dentro da
Sociedade Bíblica do Brasil.
É verdade. Servi esta entida-
de como vice-presidente durante
dois anos, e como presidente en-
tre os anos 1980 e 1984. Desen-
volvemos vários projetos impor-
tantes. A cada ano, em coopera-
ção com outros cristãos envolvi-
dos nesse ministério, promove-
mos distribuições maciças das
Escrituras em nosso país, pro-
vendo incentivo para leitura das
mesmas, e erigindo monumentos
"em honra à Bíblia em várias ci-
dades do Brasil. Patrocinamos
também o desenvolvimento de
uma nova tradução da Bíblia pa-
ra o português, destinada ao lei-
tor comum. Este projeto começa
agora a produzir frutos.
De que modo mantém você o
equilíbrio entre os interesses
de sua profissão, de sua vida es-
piritual e de sua família?
Não é fácil, mas pode-se fazê-
lo. Sempre que percebo que mi-
nhas obrigações profissionais e
sociais estão ocupando demasia-
do espaço em minha agenda, de-
liberadamente reservo tempo ex-
tra para as atividades espirituais:
cultos matutinos, estudo da lição
da Escola Sabatina, leitura siste-
mática da Bíblia, meditação e
oração. Considero essencial man-
ter o equilíbrio entre a adoração
particular, familiar e pública. Es-
tas atividades capacitam-me a de-
sempenhar com eficiência as de-
mais responsabilidades.
Você considera ser difícil de-
sempenhar o cargo de procura-
dor da República e ao mesmo
tempo conservar-se ativo como
membro da Igreja Adventista?
Não, penso que não. Quando
ainda estudava Direito, tive de
tomar algumas decisões difíceis
entre a guarda do sábado e a
prestação de exames escolares
nesse dia. Dou graças a Deus, p0-
rém, pelo fato de sempre haver
conseguido resolver satisfatoria-
mente a situação, quer através
da abordagem direta do profes-
sor envolvido, quer por meio das
autoridades educacionais corres-
pondentes. Agora, na qualidade
de funcionário público, vivo a si-
tuação favorável de aos sábados
não existir expediente, de modo
que posso observar o dia santo
num clima de perfeita liberdade
religiosa.
Você tem tido a oportunida-
de de prestar assistência a seus
irmãos e a sua igreja, a partir
do cargo oficial que ocupa?
Sim, muitas vezes, mas sempre
dentro dos mais claros princípios
éticos. Recentemente tive de
apresentar nosso caso quando fo-
ram programadas eleições para o
dia de sábado. Também existem
ocasiões em que meu conselho é
procurado por parte dos líderes
da igreja. Creio que grandes re-
sultados podem ser alcançados
quando as lideranças denomina-
cionais e leigas operam conjunta-
mente, uns apoiando os outros.
Talvez o caso mais dramático que
eu tenha vivido, envolvendo um
membro da igreja, tenha sido
quando um missionário brasilei-
ro foi preso injustamente no país
DIÁLOGO 1 - 1989
estrangeiro em que servia, du-
rante um período de agitação po-
lítica que ali se desenrolava. Após
negociações delicadas, por meio
de contatos estabelecidos junto
aos mais elevados níveis adminis-
trativos de nosso país e de outras
agências internacionais, tivemos
a felicidade de obter a libertação
de nosso irmão e seu retorno, em
segurança e em companhia da fa-
mília, a seu país natal.
Você encontra oportunidades
para testemunhar de sua fé?
Sim, freqüentemente, com co-
legas, juízes e autoridades gover-
namentais, bem como junto a
meus alunos na universidade.
Entretanto, isso deve ser feito
com muito tato e após se orar, pe-
dindo a intervenção do Espírito
Santo. Há alguns anos vivi uma
experiência emocionante. Um an-
tigo aluno meu fez-me parar no
meio da rua e disse, excitadamen-
te, que desejava compartilhar
duas novidades comigo. "Fui re-
centemente nomeado juiz em mi-
nha cidade natal, de modo que
você pode orgulhar-se de mim",
disse ele. "Mais que isto, uni-me
à Igreja Adventista do Sétimo
Dia. Agora sou seu irmão!"
Finalmente, qual seria a sua
recomendação a um jovem -
moço'ou moça - adventista do
sétimo dia, que esteja conside-
rando a possibilidade de seguir
carreira em Direito, e talvez no
serviço público?
Com base em minha experiên-
cia aqui no Brasil, gostaria de es-
timular estes jovens a desenvol-
verem uma sólida base no tocan-
te à fé. Deveriam estabelecer ele-
vados alvos em termos de estu-
dos e ao mesmo tempo permane-
cer fiéis a suas convicções. De-
pois, como profissionais, por
meio de análise e pesquisa cuida-
dosa de cada caso, poderão com-
pensar a restrição que porventu-
ra enfrentem por não quererem
lançar mão de expedientes legais
questionáveis. A fidelidade aos
princípios de Deus em todas as
suas atividades, certamente lhes
fará alcançar plena realização na
vida.
Humberto M. Rasi
19

A OUTRA GRANDE COMISSÃO
A o aproximar-se o final do mi-
nistério terrestre de Jesus,
começou Ele a preparar os discí-
pulos para o desafio de pregar o
evangelho a todos os povos da
Terra: Poucos dias antes da as-
censão, atribuiu-lhes Ele uma ta-
refa que eu decidi identificar co-
°mo "a outra grande comissão".
Quando ouvimos referências à
comissão evangélica, quase ins-
tintivamente pensamos na me-
morável declaração de Jesus,
usualmente identificada como "A
Grande Comissão", com a qual
Mateus encerra o seu Evangelho:
Toda autoridade no céu e
na terra me foi dada. Portan-
to, ide, fazei discípulos entre
todas as gentes, batizai-os em
nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo, e ensinai-os a
observar todos os Meus man-
damentos. Podeis contar com
Minha presença dia após dia
(literalmente, "todos os
dias") - até o último dia des-
ta era escatológica (Mateus
28:18 a 20).1
Esta é sem dúvida uma gran-
de comissão. Repousa so~re a au-
toridade final de Deus. E global
quanto à visão, nobre quanto às
aspirações e rica em suas pro-
messas. Observe, ainda, a repe-
tição aparentemente intencional
e com propósito definido, do qua-
lificativo: "Toda autoridade, to-
das as gentes, todos os Meus
mandamentos, todos os dias."
Esta comissão consiste de:
Uma grande declaração: "To-
da autoridade no Céu e na Terra
Me foi dada."
Quatro grandes ordens: "Ide,
fazei discípulos, batizai-os, en-
sinai-os."
Uma grande promessa: "Po-
deis contar com Minha presença
20
LOGOS
James Cox
dia após dia - até o último dia
desta era escatológica."
Por outro lado, quando ouvi-
mos referências à comissão evan-
gélica, raramente - se é que al-
guma vez - pensamos nas pala-
vras de Jesus, com as quais João
emoldura um dos últimos movi-
mentos de seu Evangelho. Ali en-
contramos "a outra grande co-
missão".
"Assim como o Pai Me enviou,
Eu vos envio ... Recebei o Espí-
rito Santo ... Os pecados que per-
doardes serão perdoados, e aque-
les que retiverdes serão retidos"
(João 20:21 a 23).
Esta passagem também regis-
tra uma "grande" comissão de
Jesus. Ela consiste de:
Uma grande missão: "As-
sim como o Pai Me enviou, Eu
vos envio."
Um grande convite: "Recebei
o Espírito Santo."
Uma grande responsabilida-
de: "Os pecados que perdoardes
se,rão perdoados, e aqueles que
retiverdes serão retidos."
Tarde no domingo da ressur-
reição, conta-nos João, Jesus unill-
Se a Seus fiéis (porém temerosos)
discípulos, saudando-os de um
modo tipicamente palestino: sha-
lcnn alekem (paz seja convosco).
Ali Ele os comissionou com as pa-
lavras: "Assim como o Pai Me
enviou, Eu vos envio."
Ao apresentar Sua grande ora-
ção intercessória swno-sacerdotal,
Jesus utilizou palavras extrema-
mente semelhantes: "Assim como
Tu [ó Pai] Me enviaste ao mundo,
assim Eu os envio" (João 17:18).
Indubitavelmente, João tencio-
nava que seus leitores perguntas-
sem: "De que modo enviou o Pai
ao Filho?" Pouca dúvida pode ha-
ver, também, que o apóstolo es-
DIÁLOGO 1 - 1989
perava que os leitores recordas-
sem a resposta a esta pergunta,
já registrada antes por ele pró-
prio: "Deus não enviou Seu Filho
ao mundo para condenar a este.
Pelo contrário [Ele O enviou] pa-
ra salvar o mundo" e "Não vim
para condenar o mundo. Bem ao
contrário, vim para salvá-lo"
(João 3:17; 12:47).2 João deseja-
va também que seus leitores com-
preendessem que a função dos
seguidores de Cristo era salvar o
mundo, e não condená-lo. (Con-
denar é prerrogativa pertencen-
te a Deus.)
Jesus prosseguiu com Sua co-
missão ao tornar ainda mais ex-
plícito qual deveria ser o cerne do
serviço salvífico para o qual Ele
estava chamando os discípulos.
Havendo-os convidado a recebe-
rem o Espírito Santo, sem o qual
eles não teriam o poder necessá-
rio para cumprir a missão rece-
bida, Ele acrescentou: "Os peca-
dos que perdoardes serão perdoa-
dos, e aqueles que retiverdes se-
rão retidos."
Em vista de todo o debate - a
maior parte do qual irrelevante
- que se produziu em torno des-
tas cortantes palavras, nós tam-
bém olvidamos facilmente o pon-
to central. Em primeiro lugar,
devemos lembrar que aqui apare-
ce um paralelismo semítico, o que
significa que a força negativa da
segunda linha reforça a expres-
são positiva da primeira linha. É
como se Jesus houvesse declara-
do: "Assim como Eu o fui, vocês
também devem ser condutos
através dos quais o perdão de
Deus fluirá para o mundo. Não é
parte de sua comissão condenar
o mungo. Deus Se engarregará
disso. E sua responsabilidade co-
municar o Seu perdão.

Quero ter a certeza de que vocês
entenderam isso. Portanto, eu não conhecemos; Deus quer que nos apercebamos de Sua presença, não
os considerarei como responsá- em meio aos problemas sem solução, e sim naqueles que foram resolvi-
veis se vocês fracassarem."
A história da mulher apanhada
em adultério representa notória
ilustração deste ponto (veja João
8:2 a 11). Depois que os escribas
e fariseus haviam tentado conde-
nar a pobre mulher com base nu-
ma interpretação legalista da To-
rab, Jesus, aplicando as intenções
do Evangelho, ofereceu a ela exa-
tamente o oposto - o perdão di-
vino. Ele disse: "Nem Eu te con-
deno. Vai, e não peques mais."
Deus nos alcança através de
Seu filho, de Seu Espírito, de Seu
povo, e oferece perdão ao mun-
do. Efetivamente, em nome do
Filho e sob a orientação e estímu-
lo do Espírito Santo, é nossa mis-
são comunicar ao mundo o per-
dão - e não a condenação - de
Deus.
Se esta é verdadeiramente a
nossa missão, devemos fazer uma
pausa e colocar algumas questões
pertinentes. De que modo pode-
remos comunicar a disposição
perdoadora de Deus se nós mes-
~os não a aceitamos, quer no pla-
no individual, quer como grupo?
Ellen White, numa carta ende-
reçada a G. I. Butler (à época,
presidente da Associação Geral),
escreveu estas comoventes pala-
vras: "Temo sancionar o pecado
e temo perder o pecador ... Se ti-
vermos de errar, que o façamos
pelo lado da misericórdia e não
pelo da condenação."3 Certa-
mente a sua observação achava-
se sintonizada com a atitude de
Jesus, revelada no quarto evan-
gelho. Certamente a declaração
é também relevante aqui.
Uma das razões por que temos
tanta dificuldade em comunicar
o perdão de Deus, é que temos
também muita dificuldade em
aceitar este mesmo perdão em
nossa vida. Outra razão é a noção
incorreta de que reconhecermos
o perdão de Deus estendido aos
outros, implica em nossa aprova-
ção ao pecado.
o SALMO DO FÍSICO
"Devemos encontrar a Deus naquilo que conhecemos, e não no que
dos... Ele deve ser reconhecido como o centro da vida."
Dietrich Bonhoeffer
Toda a terra está cheia da glória de Deus.
Ela pode ser vista por todos os que possuem olhos e ouvidos,
Que receberam a bênção do dom da compreensão.
Para os que pensam e trabalham com as coisas, é bom que
ofereçam graças e louvores.
É apropriado expressar adoração em meio ao mundo que nos
rodeia.
Louvemos a Deus no laboratório.
Louvemos a Deus com o telescópio e o microscópio,
com prismas e pipetas.
Ouçamos o rurdo de louvor do motor e da bomba d'água.
Louvemos a Deus com medidas à décima casa decimal.
Rendamos-Lhe homenagem com termômetros e ciclotrons,
com osciloscópios e "microchips".
Louvemos a Deus com idéias.
Louvemo-Lo com as leis da conservação e os princípios
da simetria.
Sobre o quadro-negro e no papel, em fitas de computador e
telas de vídeo.
Em equações e gráficos, mediante estatísticas e integrais.
Em meio à atividade e nos momentos de quietude, seja a sua
glória expressa pela obra das mãos e das mentes.
Louvemos a Deus com coisas, visíveis ~ invisíveis; com o
comum e com o que escassamente poderíamos imaginar.
Motores e polias, bolhas e fótons,
Junto com o neutrino e o frsico, o quark e o quasar,
Coisas ocultas e coisas reveladas - tudo é Sua criação.
O vazio e a plenitude, microssegundo e o século são Seus.
Ele é o Oculto, o Criador; que todas as nossas obras se
juntem para louvá-Lo.
Louvemos a Deus com expressões de admiração e surpresa.
Louvemo-Lo com a sensação da vastidão do espaço e o vazio
do núcleo,
Em presença da estabilidade e da mudança, da simetria
e do caos.
As incertezas Suas são, e nEle o infinito pode ser medido.
Que as maravilhas e a admiração e a glória sejam expressas
com paradoxo e harmonia, em números e unidades.
Todo o Universo está cheio da glória de Deus.
Que tudo aquilo que existe, seja um instrumento de louvor
a Ele!
Albert E. Smith
Albert E. Smith (Ph. D. pela Michigam State University) leciona
física no campus La Sierra da Universidade de LO'ma Linda.
DIÁLOGO 1 - 1989 21

VINHO NOVO E ODRES NOVOS
Respondendo às Necessidades Humanas Através de Pequenos Núcleos
O que estão bebendo nos dias
de hoje os estudantes de
instituições públicas? Não me re-
firo ao que é vendido nos bares
favoritos do campus. Em vez dis-
so, refiro-me ao que os estudan-
tes estão fazendo para mitigar a
sede íntima, inerente ao ser hu-
mano. Chuck Miller, diretor do
Barnabas Ministries, identifica
cinco tipos básicos de sede entre
os jovens: amor, segurança, reco-
nhecimento, libertação da culpa
e a necessidade de novas expe-
riências. Eu acrescentaria a inte-
gração intelectual, propósito e
poder.
João 4 descreve o dramático
encontro entre Jesus e uma jo-
vem senhora que estava à pro-
cura de realização fora dos parâ-
metros sociais e religiosos de sua
cultura. Jesus passou por alto as
barreiras sociais e raciais que O
separavam da mulher samarita-
na, e identificou sua sede insatis-
feita, que a conduzira de um ca-
so amoroso a outro. Sem conde-
ná-la, o Senhor reconheceu que
os anseios da mulher eram legí-
timos, ainda que até então mal
encaminhados. Ela necessitava
saciar sua sede, e Ele o sabia.
Foi em virtude disto que Jesus
lhe fez a surpre,endente promes-
sa, de que Ele era capaz de satis-
fazer a sede interior de qualquer
pessoa, em qualquer cultura ou
oportunidade, desde que o seden-
to bebesse o que Ele tinha para
oferecer. Quando ela expressou
o anelo de receber aquilo que lhe
aplacaria a sede, Ele revelou
quão bem conhecia a insatisfação
daquela vida. Disse-lhe também
que era o Messias prometido:
"Sou Eu, Aquele que fala conti-
go" (João 4:26).
No momento em que creu, a vi-
22
VIDA UNIVERSITÁRIA
Paul Jensen
da da mulher foi radicalmente
modificada. Como resultado, to-
da a sua cidade natal, Sicar, foi
transformada por aquilo que sa-
ciara a sua própria sede.
Oito Tipos de Sede Humana
Na qualidade de aluno de uma
faculdade ou universidade públi-
ca, que espécie de sede você sen-
te? De que modo a fé em Jesus
Cristo poderia saciar esta sede,
de modo a fazer sentido no am-
biente de seu campus? Porventu-
ra os seus colegas são atraídos
por aquilo que vêem em sua vida?
Talvez você possa considerar co-
mo úteis as seguintes questões,
ao analisar de que modo você e
outros em seu ambiente univer-
sitário se relacionam com as es-
pécies de sede já mencionadas.
1. Amor. Você desfruta de re-
lacionamentos em que o compro-
misso é incondicional e perma-
nente? Muitas vezes as relações
envolvem atitudes e ações que di-
zem: "Cuidarei de você se ... " ou
"Interesso-me por você por-
que ... ", em vez de: "Tenho inte.;
resse em você, e ponto final."
2. Segurança. O que possui
você, que não lhe pode ser toma-
do? Quanto maior o risco, mais
vulnerável é você. A segurança
exige proteção.
3. Reconhecimento. Quem re-
conhece você e suas realizações,
e qual é a base para tal aprecia-
ção? Porventura o reconhecimen-
to tem feito com que você sinta
que é capaz de significar uma
grande diferença na vida das pes-
soas? Como você se sente em re-
lação àquilo que tem feito para
obter reconhecimento?
4. Libertação da culpa. De
que modo lida você com os fra-
DIÁLOGO 1 - 1989
cassos em praticar o que é certo?
De que forma consegue você vi-
ver em paz com o passado, de tal
modo que não reprima o erro mas
permita-lhe viver livre e criativa-
mente no presente, assim prosse-
guindo rumo ao futuro? Como vo-
cê se relaciona com aqueles a
quem prejudicou?
5. Necessidade de novas ex-
periências. Sua vida se encontra
em crescimento e expansão? Em
quais áreas você está apenas so-
brevivendo? A rotina pode ser
destrutiva, caso não conduza à
satisfação ou a novas descober-
tas. Você aprende e se toma mais
sensível quando necessita enfren-
tar dor e sofrimento? .Você se
sente mais vinculado(a) à vida do
que há cinco anos?
6. Integração intelectual.
Qual a sua visão do mundo? Vo-
cê procura reunir tudo aquilo que
conhece num campo unificado de
compreensão, que faça sentido?
Você acredita que as questões e
problemas presentes em sua for-
ma de pensar poderão contribuir
para novas compreensões me-
diante estudo adicional? Você
procurou examinar honestamen-
te várias formas de ver o mundo,
de modo a descobrir qual delas
satisfaz mais plenamente a sua
compreensão do mundo, tanto fí-
sico quanto metafísico?
7. Propósito. O que você gos-
taria de produzir na vida? Seria
capaz de morrer em favor de al-
guma causa? Qual? Alguém dis-
se que a pessoa ainda não viveu
realmente, se não descobriu algo
em favor do que seria capaz de
depor a vida.
8. Poder. A que fontes de po-
der, fora de você, tem recorrido
a fim de tomar-se mais do que
você é hoje? Existe um vácuo de
poder entre aquilo que as pessoas
gostariam de ser e aquilo que ho-
je efetivamente são. Você gosta-
ria de influenciar outros? Quais
os princípios que norteiam a for-
ma em que você utiliza a influên-
cia e o poder?
Vinho Novo: Bebendo-o na
Casa dos Barkley
Há algum tempo dirigi um pe-
queno grupo de estudos bíblicos
orientado para estudantes, casais
e jovens profissionais. Nosso gru-
po participou de uma série de
reuniões sociais para não-cris-
tãos, sob o patrocínio de Don
Barldey, diretor de programas
missionários na Associação do
Sul da Califórnia. Aquilo que
aconteceu nestas reuniões sociais
ilustra a diferença que a fé cris-
tã representa para a sede huma-
na. Durante várias semanas nos-
so grupo estudou os princípios
que deveriam nortear o relacio-
namento com amigos que não co-
nhecem a Cristo, orou por eles,
compilou uma lista de convidados
e preparou as reuniões sociais.
Todos os debates iniciaram sob
três premissas:
1. Toda questão a respeito da
vida ou de Deus será bem-vinda
e tornar-se-á objeto de análise.
2. A discussão limitar-se-á a
uma hora. (Os convidados rece-
biam algo para beber antes e de-
pois do debate.)
3. O líder estimulará o debate,
em vez de apresentar uma aula.
Ele oferecerá uma perspectiva
bíblica para a consideração do
grupo quando este estiver tratan-
do de assuntos relacionados com
a Bíblia.
No primeiro encontro Jesse, jo-
vem médico e agnóstico, que le-
ra amplamente no campo da as-
trofísica, declarou que não conse-
guia encontrar evidências impe-
lentes para crer em Deus. Gasta-
mos a maior parte da tarde tra-
tando com várias cosmomsões,
que negam a existência de Deus.
Durante o debate Jesse admitiu
algo incrível: "Eu gostaria de
crer em Deus, mas não o consi-
go. Se eu conseguisse crer, cor-
reria por todo o mundo em Seu
favor" (sede dos tipos 1, 6 e 7).
Após cada debate, a conversa-
ção prosseguia em pequenos gru-
pos, enquanto cristãos e não-
cristãos compartilhavam do re-
fresco e discutiam assuntos
quaisquer. Durante o último en-
contro Mike, um iraniano que
crescera na fé islâmica, pergun-
tou por que alguns de nós éramos
cristãos. Vários cristãos apresen-
taram suas razões. Marty decla-
rou eloqüentemente que era cris-
tão em virtude dos milagres.
Contou que havia sobrevivido
quando o carro em que viajava se
lançara abaixo, com todos os ocu-
pantes bêbados, caindo de uma al-
tura de mais de 60 metros. Ele
não apenas sobrevivera, como
também fora capaz de sair do hos-
pital na manhã seguinte e acom-
panhar a polícia até o local do aci-
dente. Ele tinha mais de dois me-
tros de altura e explicou que a
adulação de que era alvo depois
de vencer as partidas de basque-
te, jamais haviam sido capazes de
preencher o vazio que trazia den-
trode si. Ele nos contou o modo
como, no ano anterior, chegara a
desenvolver genuína e permanen-
te fé em Jesus Cristo, a certeza
do perdão divino e a garantia da
salvação, as quais preencheram o
vazio que sentia no íntimo, de um
modo como nada conseguira an-
tes fazê-lo (sede dos tipos 1 a 4 e
6 a 8). Houve uma prolongada
pausa quando ele terminou seu
testemunho.
Foi Mike quem rompeu o silên-
cio, por fim. "Marty' , disse ele,
"até hoje à noite eu mesmo não
seria capaz· de explicar por que
me encontrava participando des-
sas discussões, mas agora eu o
sei. Ouvir o que você disse, apro-
ximou-me bastante de tomar
uma decisão ao lado de Jesus
Cristo. Você é a razão pela qual
eu deveria estar presente aqui".
Mike ainda não se tomou cristão.
Ele prossegue a pesquisa. Â
questão que mais o atormenta é
a divindade de Cristo (sede dos ti-
pos 6 a 8).
Roger, o chefe de Marty, é um
bem-sucedido analista e progra-
mador de computadores. Ele veio
participar das reuniões pelo fato
DIÁLOGO 1 - 1989
de Marty e sua esposa, Laurie,
haverem desenvolvido em rela-
ção a ele uma autêntica amizade.
A nova fé do casal raramente era
objeto de conversação, mas o re-
lacionamento crescia em calor
humano e franqueza. Naqueles
dias Roger estava experimentan-
do a dor do rompimento senti-
mental com sua noiva. Durante
as reuniões sociais, Roger desco-
briu convincentes evidências co-
mo base para a fé cristã e chegou
a compreender os requisitos de
Jesus Cristo e do evangelho. Cer-
ca de dois meses mais tarde ele
entregou sua vida a Jesus e pas-
sou a freqüentar um pequeno
grupo de estudos bíblicos com
Marty e Laurie. No Natal seguin-
te, Roger uniu-se a outras 160
pessoas na festa que o nosso mi-
nistério organiza para os delin-
qüentes juvenis do Condado de
Orange. Ele participou de um dos
oito grupos que trataram de tor-
nar o Natal um pouco mais agra-
dável para cerca de 160 juvenis
problemáticos e perturbados. A
experiência comoveu-o tanto, que
decidiu oferecer-se como voluntá-
rio para visitar regularmente a
instituição de reeducação juvenil,
gastando nisto várias horas por se-
mana (sede dos tipos 1, 2, 6 e 7).
Odres Novos
Jesus declarou que poderia sa-
ciar a mais profunda sede da pes-
soa que bebesse aquilo que Ele
oferecia. Marty, Laurie e um nú-
mero incontável de estudantes
chegaram a descobrir que tal
afirmação é verdadeira, tanto
histórica quanto experimental.
Jesus utilizou a metáfora da água
e do vinho para ilustrar o que Ele
oferece: o Espírito Santo opera
no crente com poder e produz no-
va vida, e Sua morte é capaz de
perdoar e purificar todos aqueles
que vêm a Ele e confessam suas
necessidades.
Ele falou, porém, de uma ten-
são que se cria entre vinho novo
e odres velhos. Vinho novo é o
símbolo da nova vida q}le Ele ofe-
rece aos crentes. Os odres velhos
representam os antigos padrões,
tanto em sua vida particular quan-
23
to em seu relacionamento com a
comunidade secular e espiritual.
"E ninguém põe vinho novo em
odres velhos, pois que o vinho no-
vo romperá os odres; entornar-
se-á o vinho novo e os odres se es-
tragarão. Pelo contrário, vinho
novo deve ser posto em odres no-
vos" (Lucas 5:37 e 38).
George Webber, autor de The
Congregation ín Mission, escre-
veu: "Nenhum relacionamento
de amor se desenvolverá, se não
existirem estruturas sobre as
quais ele possa crescer." O pa-
drão dos seres humanos, tanto na
sociedade quanto na igreja, é
construir estruturas decadentes,
as quais refletem o egoísmo de
nossas naturezas pecaminosas.
Mas o novo vinho que Cristo ofe-
rece é o amor serviçal, e devemos
medir continuamente a efetivida-
de de nossas estruturas sociais
cristãs a partir do amor que nu-
trimos uns pelos outros (veja
João 15:12).
Uma pergunta significativa pa-
ra o estudante cristão é: Que es-
pécie de odre é mais compatível
com o evangelho em nosso am-
biente universitário? Muitas es-
truturas são apropriadas, mas
para nós a mais útil vem sendo a
de pequenos grupos. Isto tem si-
do verdade em muitos movimen-
tos reformatórios ao longo da his-
tória. Os morávios e os wesleia-.
nos do século dezoito constituem
dois exemplos notáveis. Em seu
excelente livro, The Problem of
Wineskins [O Problema dos
Odresl, Howard Snyder cita vá-
rias vantagens dos pequenos gru-
pos. Eles são flexíveis, móveis, in-
clusivos e pessoais. Podem cres-
cer através de divisão, tornando-
se um meio efetivo de evangelis-
mo. Requerem um mínimo de li-
derança profissional, e são adap-
táveis à igreja institucional.
Grupos Evangelizadores
Nosso estudo bíblico de sextas-
feiras à noite era conhecido como
"grupo celular". Aqui estão os al-
vos que formulamos inicialmente:
Desenvolver a maturidade es-
piritual, o que envolve:
1. Apreciação da morte e res-
24
surreição de Cristo como a base
para (a) nossa aceitação incondi-
cional diante de Deus, (b) nossa
adoração oferecida a Deus e (c)
nosso crescimento pessoal nEle.
2. Cultivo de crescente amor a
Cristo, mediante o emprego de
tempo adequado a sós com Ele,
e amando-O e obedecendo-Lhe
em todas as áreas de nossa vida.
Desenvolver verdadeira cama-
radagem cristã, o que envolve:
1. Começar com nossos fami-
liares e outras pessoas, no lugar
em que vivemos.
2. Transformar nosso relacio-
namento com outros membros do
"grupo celular" em algo prioritá-
rio, reservando tempo uns para
os outros fora dos horários de
reuniões.
Prestar serviço através de re-
lacionamento com pessoas des-
crentes, o que envolve:
1. Orar em favor de nossos
amigos descrentes, pedindo a
. Deus que nos conceda portas
abertas, amor, ousadia, clareza e
sensibilidade (veja Efésios 6:19;
Colossenses 4:2 a 6).
2. Estreitar laços de amizade
com não-cristãos ao reservar
tempo para nossos amigos des-
crentes, convidando esses amigos
para eventos como grupos do-
mésticos de debate, reuniões so-
ciais e programas em beneficio
da comunidade, onde as pessoas
possam ser expostas ao cristia-
nismo prático, sem se sentirem
pressionadas ou ameaçadas.
Embora existam outros tipos
de grupos em nosso ministério,
com diferentes objetivos, estes
foram os alvos que o nosso gru-
po celular adotou. As necessida-
des daqueles que compõem o gru-
po devem determinar os alvos e
agenda do grupo. A estrutura
grupal deve constituir um auxí-
lio - e não um obstáculo - à
atuação do Espírito de Deus no
trato com a sede e a necessidade
das pessoas.
Comece Você o Seu
Próprio Grupo
As sugestões seguintes pode-
rão ajudar você a montar o seu
próprio "grupo celular".
DIÁLOGO 1 - 1989
• Comece com oração. Se vo-
cê sente que Deus lhe está pro-
vendo ânimo para começar um
grupo ou fazer parte de algum,
peça ao Senhor que envie ao seu
encontro outras pessoas que te-
nham a mesma idéia. Ore regular-
mente, abrindo sua própria vida
à direção do Espírito Santo. Não
se surpreenda ao encontrar opo-
sição. Mantenha-se em oração.
• Não seja impaciente. Gasta-
se bastante tempo em formar um
grupo a partir do nada. Caso seja
necessário, deixe que decorram
dois ou três meses nessa tarefa.
• Não se preocupe com o ta-
manho. Um dos mais significati-
vos grupos de que alguma vez
participei, era constituído por
três membros. Caso você dispo-
nha de apenas um colega cristão,
já é o suficiente para que se de-
senvolva companheirismo.
• Convide outros cristãos a
meditarem sobre a possibilida-
de de se integrarem ao grupo .
Conceda-lhes tempo para pensar
e orar a respeito da idéia. Faça-
os saber que você aceitará a de-
cisão deles, seja ela qual for.
• Quando houver um número
suficiente de pessoas, reúna-as
e passe a considerar com elas as
seguintes questões:
Quais são os alvos e propósitos
do grupo? O que os membros gos-
tariam de ver acontecer?
Qual deveria ser a composição
do grupo? Deveria haver provi-
sões para o seu crescimento e ex-
pansão?
Quando, onde e durante quan-
to tempo deverão realizar-se as
reuniões?
Quanto tempo deverá durar o
compromisso grupa1? Pode ser es-
tabelecida uma data-limite, quan-
do deverá ocorrer uma avaliação
e então se poderá tomar uma de-
cisão quanto ao possível prossegui-
mento do compromisso grupal.
Qual deverá ser o nível do tes-
temunho cristão?
Quais serão as normas de dis-
ciplina do grupo (confidencialida-
de, horários de início e término,
avisar se a pessoa não puder es-
tar presente, etc.)?
Quem liderará o grupo? A lide-
rança será rotativa?
 * Ponha o acordo no papel.
Tendo em vista a clareza e tam-
bém a possibilidade de avaliação
ao final do projeto, poderá ser
útil que o grupo transfira para o
papel aquilo que foi combinado.
* O programa das reuniões
deve incluir certos ingredientes.
Compartilhar a Palavra de
Deus, enfatizando o que ela diz,
o seu significado, e como aplicá-
la à vida pessoal de cada um.
Compartilhar a história da vi-
da de cada um, as circunstâncias
presentes e os sonhos futuros.
Dedicar tempo de modo natu-
ral à oração, não forçando-a. Nes-
tes momentos os membros po-
dem regoZijar-se com as Escritu-
ras e orar em favor das necessi-
dades e relacionamentos dos de-
mais membros.
* Aceite as pessoas assim co-
mo elas são. Você não pode mo-
dificar as pessoas. Somente elas
pr6prias, com a ajuda de Deus,
podem tomar a decisão de mu-
dar. Seu papel é ensinar, estimu-
lar e aceitar as pessoas no ponto
em que elas se encontram.
* Desenvolva relacionamento
entre as reuniões. O cristianismo,
em algumas culturas ocidentais,
tende a centralizar-se em eventos.
Certifique-se de que as expressões
de apreço e interesse não se limi-
tem apenas aos encontros.
• Planeje um equilíbrio entre
os que dão e os que recebem
apoio. Algumas pessoas possuem
necessidades emocionais tão
grandes, que pouco são capazes
de oferecer a outros. Um grupo
que s6 apresente "recebedores"
e não tenha "ofertantes", certa-
mente não funcionará.
• Não tenha temor de dissol-
ver o grupo ao final do período
estabeleCIdo. Se o grupo concor-
dou em se reunir apenas durante
um período estabelecido, ninguém
necessitará sentir-se mal se o gru-
po se dissolver. Alguns poderão
desejar reorganizá-lo para funcio-
nar durante mais algum tempo, e
isto é prerrogativa deles.
* Se você é quem lidera, evi-
te o desgaste excessivo. Temos
constatado que na maioria dos
grupos de atividades formados
por estudantes, a liderança exer-
cida por um pequeno grupo é es- universitárias, sob os auspícios
sencial para que se evite a sobre- do College and Career Ministries
carga de uma s6 pessoa. (P. O. Box 2471, Orange, Calif6r-
* Evite que se crie um grupo nia 92669, EUA).
fechado. Em termos finais, se se
deseja que o grupo conserve a vi- A Outra Grande ..
talidade, deve ele exercer sua in- Continuação da pág. 21
fluência sobre outros.., fora de
seus limites pr6prios. E fácil con- um conduto através do qual o
verter-se num "punhado de san- perdão de Deus flui livremente
tos" voltados para si mesmos. para o mundo. Aceitemos tam-
• Leia acerca de pequenos bém o Seu perdão em relação às
grupos. muitas oportunidades em que
Estes princípios têm funciona- fracassamos - face a nosso lega-
do na América do Norte, e a lismo e intolerância - em repar-
maior parte deles funcionarão tir o Seu perd~ ao mundo.
igualmente bem em outras cultu-
ras. Eles poderão habilitar você a NOTAS
descobrir agora aquilo que os cris- 1. Todas as citações dos Evan-
tãos têm aprendido em ambientes gelhos foram traduzidas direta-
universitários ao redor do mundo mente do texto grego.
e ao longo da história - que Je- 2. A tradução literal de João
sus Cristo Se encontra presente 3:17 deveria ser: "Pelo contrário,
a fim de capacitar Seu povo a vi- (Ele O enviou) para que o mundo
ver de forma prática o Seu amor pudesse ser salvo por Ele."
em meio a pessoas sedentas da 3. Veja a Carta 16, 21 de abril
água e do vinho que Ele, por Sua de 1887.
morte, Se habilitou a oferecer.
"Nisto conhecerão os homens que James Cox é Ph. D. pela Uni-
sois Meus discípulos, se vos amar- versidade Harvard. Nasceu na
des uns aos outro" (João 13:35). Nova Zelândia e serviu CQ'TYU) pre-
sidente do A vondale College, na
Paul Jensen oferece cursos de Austrália. Atualmente ele é vice-
capacitação em liderança e pes- presidente do Washington Insti-
quisa, e consulto ria para pasto- tute ofContemporary Issues, em
res e capelães de instituições Washington, D. C., EUA.
Recursos Úteis
Ministério Universitário
O National Council of Churches [Concílio Nacional de Igrejas] pu-
blicou em 1986 uma coleção de ensaios e um guia de estudos de 205
páginas, intitulado: Invitation to Dialogue: The Theology of College
Chaplaincy and Campus Ministry [Convite ao Diálogo: A Teolo-
gia da Capelania e Ministério em Ambiente Universitário]. Cópias
podem ser obtidas por US$ 4,00 cada, escrevendo-se para: Education
in the Society, NCC; 475 Riverside Drive, Room 710; New York, NY
10115, EUA.
Resposta ao Secularismo
A Comissão Sobre Secularismo da Associação Geral publicou, atra-
vés da editora da Universidade Andrews, uma seleção de ensaios e
seu relatório final sobre o assunto. O livro de 206 páginas, que inclui
bibliografia selecionada, intitula-se Meeting the Secular Mind: Some
Adventist Perspectives [Enfrentando a Mentalidade Secular: Algumas
Perspectivas Adventistas] (editado por Humberto M. ·Rasi e Fritz Guy),
2~ edição, 1987. Número limitado de cópias pode ser obtido a US$ 5,00
cada, escrevendo-se para: Education Department - Room 342; 6840
Eastern Ave. NW; Washington, D. C. 20012, EUA.
DIÁLOGO 1 - 1989 25

Divisão Euro-Africana
Existem várias associações de
universitários adventistas no ter-
ritório de nossa divisão. A maio-
ria também inclui entre seus
membros os profissionais adven-
tistas. Segue aqui um resumo de
suas atividades.
Itália. A associação nacional
de universitários e profissionais
adventistas (AUDA) realiza uma
convenção anual, geralmente por
volta da Páscoa. As reuniões cos-
tumam focalizar um tema espe-
cífico, como a drogadição, criação
versus evolução, ou o secularis-
mo. AUDA publica um periódico,
L 'Opinione. O Instituto Adven-
tista Vila Aurora, de Florença,
oferece em setembro de cada ano
um programa especial para jo-
vens que estão a ponto de inicIar
estudos nas universidades públi-
cas. Este programa desenvolve-
se ao longo de quatro semanas.
Espanha. A associação de es-
tudantes graduados e profissio-
nais adventistas (AUGUAE) rea-
liza uma convenção anual, man-
tendo reuniões mais freqüentes a
nível regional. Em 1987 o prin-
cipal orador da convenção foi o
Dr. Robert Olson, secretário-exe-
cutivo do White State. A associa-
ção também publica um boletim
informativo.
Suíça. Estudantes universitá-
rios e profissionais adventistas
reúnem-se uma vez ao ano no cha-
lé da juventude, situado próximo
a St. Stefan, e as reuniões são con-
duzidas em francês e alemão. Den-
tre os oradores recentes, destaca-
ram-se a filósofa Jeanne Hersch
e o notável médico-escritor Paul
Tournier.
Alemanha Ocidental. Aproxi-
madamente 150 universitários
adventistas se reúnem a cada
mês de novembro a fim de consi-
derar tópicos de interesse. Os jo-
vens que planejam empreender
estudos em universidades públi-
cas são estimulados a fazê-lo em
uma que conte com estrutura de
26
EM AÇÃO
apoio aos adventistas. Usualmen-
te o pastor adventista da congre-
gação local também atua como
capelão universitário.
Os estudantes ministeriais de
nossos seminários participam da
maioria destas reuniões. Deste
modo se estabelecem laços de ami-
zade que mais tarde facilitarão a
cooperação entre os pastores e os
profissionais da igreja local.
Nosso departamento procura
manter-se em contato com o ele-
vado número de universitários ad-
ventistas existentes nos países em
que não existem associações orga-
nizadas. Desejamos atender suas
necessidades espirituais e intelec-
tuais, prevenindo assim a erosão
da fé que a solidão pode causar,
assim como o impacto do pensa-
mento secular e a influência ge-
ral das universidades públicas.
Um dos desafios adicionais que
enfrentamos é localizar o grande
número de estudantes adventis-
tas que chegam à Europa proce-
dentes de outros países, muitas
vezes sob o patrocínio dos respec-
tivos governos, sendo que procu-
ramos ainda prover-lhes acompa-
nhamento depois que eles retor-
nam a seus países de origem. So-
mente uma ativa instituição in-
terdivisão poderá ajudar-nos a
evitar a perda de muitos destes
capacitados futuros líderes da
igreja.
Pietro Copiz
Divisão Sul-Americana
Cerca de 10.000 estudantes ad-
ventistas freqüentam instituições
educacionais de nível superior no
território de nossa divisão. Des-
tes, por volta de 6.000 estudam
em universidades não-adventis-
tas. Nas cidades em que o núme-
ro é elevado, têm sido organiza-
das associações de universitários,
tendo como conselheiro o pastor
local ou o diretor de educação da
associação.
Existem associações desse tipo
em centros nacionais importan-
DIÁLOGO 1 -1989
tes, como Belém, Rio de Janeiro,
São Paulo e Maringá, no Brasil;
Córdoba, Tucumán e Buenos Ai-
res, na Argentina; Lima, Cuzco e
Juliaca, no Peru; e Guaiaquil, no
Equador. Em Belém e Concep-
ción mantemos residências para
15 a 20 de nossos universitários.
A nível de divisão, o diretor de
educação trabalha conjuntamen-
te com o diretor associado de mi-
nistérios da igreja para assuntos
jovens, coordenando o apoio aos
estudantes. Nosso escritório pu-
blica uma revista ocasional em
português e espanhol, intitulado
O Universitário Adventista, cuja
distribuição é gratuita. Além dis-
so, a divisão repassa às uniões um
fundo para ajudar um seleto nú-
mero de estudantes universitá-
rios. A cada ano, cerca de 150 uni-
versitários recebem este auxílio.
Embora não se tenha designa-
do nenhum pastor ou capelão pa-
ra a responsabilidade especial de
apoiar estes estudantes, em al-
guns territórios o diretor de edu-
cação da união ou da associação
atende-os em suas necessidades.
Quando nos reunimos com os uni-
versitários, constatamos que a
maioria deles participa ativamen-
te da vida da igreja local, seja co-
o mo anciãos, seja como diretores
de jovens, professores da Escola
Sabatina, diáconos ou diretores
de coral e música. Também orga-
nizam Seminários do Apocalipse
para grupos seletos. Muitos pas-
tores distritais consideram que
essa participação é em extremo
proveitosa para o desenvolvimen-
to e crescimento da igreja.
Durante vários anos os jovens
universitários do Sul do Brasil
patrocinaram o Projeto Prisma.
Este consistia na organização de
pequenos grupos missionários de
estudantes avançados de medici-
na, enfermagem, teologia e edu-
cação, os quais eram enviados a
regiões necessitadas do país a ca-
da verão, a fim de prover ajuda
durante o dia e a realização de
campanhas evangelfsticas à noi-
te. Os resultados foram muito p0-
sitivos, tanto para os participan-
tes quanto para os beneficiados
pelo programa.
Nevil Gorski
Divisão Sul-Asiática
Quando Meshach Nymiaka On-
guti começou a estudar Odonto-
logia na Univ~rsidade de Mani-
paI, no sul da India, mal seria al-
guém capaz de imaginar que ali
estavam se abrindo as portas da
oportunidade para a Igreja Ad-
ventista do Sétimo Dia.
Onguti faz parte de uns 400
universitários adventistas da
.Mrica OrientaI, que estudam na
India. Saiu do Quênia, sua terra
natal, a fim de obter preparo pro-
fissional em Manipal, a cª,pital
cultural da costa oeste da India,
onde se pode obter preparo em
várias especialidades, como me-
dicina, odontologia, engenharia e
artes liberais, todas sustentadas
por fundações privadas. Conse-
qüentemente, a universidade
atrai estudantes de várias partes
do mundo.
Quando Onguti começou a es-
tudar na Faculdade de Odontolo-
gia - nos últimos anos da déca-
da de 70 - era ele o único aluno
adventista da instituição. Desde
o primeiro momento, contudo,
nosso jovem irmão determinou-se
a tomar conhecidos os adventis-
tas perante o mundo acadêmico
de Manipal.
Durante a primeira semana de
aulas, Onguti. faltou às horas de
estudo da sexta-feira à noite,
bem como esteve ausente das au-
las do sábado. Seus colegas per-
ceberam a diferença, e seus pro-
fessores observaram sua ausên-
cia das atividades acadêmicas.
Em breve começaram as pergun-
tas movidas pela curiosidade, e
logo seguiram-se as ameaças.
Não lhe seria permitido efetuar
exames se ele prosseguisse fal-
tando às aulas.
Onguti, contudo, permaneceu
fiel a suas convicções. Comoes-
tudava com muita dedicação, ob-
tinha boas notas. Por volta do fi-
Continua na pág. 33
Fé, Razão •••
Continuação da pág. 13
mens e mulheres. Por vezes o Espí-
rito satisfará nosso intelecto, outras
vezes Ele (uso este pronome pessoal
dada a ausência de outro melhor) nu-
trirá nossas emoções, outras vezes
galvanizará nossas vontades. Atra-
vés da leitura meditativa das Escri-
turas, de nossa vida de oração, nos-
so compartilhar com outros de nos-
sas convicções religiosas, nossos atos
de adoração em companhia de outros
crentes, concedemos ao Espírito de
Deus a oportunidade de manter nos-
so momento de fé. Outras vezes, con-
tudo, Ele agirá independentemente
de tudo isso. O certo é que Ele não
deixará de explorar nenhum canal
pelo qual Lhe seja possível gerar em
nós esta resposta de confiança que
identfficamos como fé.
Quando dois jovens se sentem mu-
tuamente atraídos pela primeira vez,
expressarão cautelosamente seus
sentimentos, esperando que o outro
responda de modo semelhante, a me-
nos que tenham a tendência de "tra-
zer o coração nas mãos". Deste mo-
do vão expressando gradualmente, e
com clareza cada vez maior, as suas
emoções e confiança mútua. Se o fi-
zessem desde o início com maior
franqueza, estariam se expondo à re-
jeição e. subseqüente dor.
Pois bem: o Deus dos cristãos é um
Deus vulnerável, um Deus que Se ex-
põe, por assim dizer. Uma vez que fo-
mos criados à imagem de Deus, nós
também estamos sujeitos à vulnera-
bilidade: o risco de sustentar nossas
crenças por vezes face a paradoxos
sem solução aparente, a necessidade
de manter nossa confiança apesar da
dor emocional que experimentamos,
o dever de exercitar a vontade quan-
do muito anelamos uns momentos de
pausa.
Assumindo Riscos
A vida de fé é uma vida de vulne-
rabilidade, que traz consigo tanto ale-
grias quanto amarguras. A vida de
Jesus oferece amplo testemunho nes-
te sentido. Cada um de nós necessi-
ta escolher suas próprias certezas.
Não existe outro caminho. Admira-
DIÁLOGO 1 - 1989
velmente, Deus confia tanto em nós,
que nos permite fazê-Io.
Aquele que nos criou com a capa-
cidade da razão e do exercício da con-
fiança, não nos deixou entregues à
nossa própria sorte no tocante à ex-
ploração deste potencial. Pelo con-
trário, Ele nos proveu recurso pelo
qual possamos desenvolver a nossa
fé - a evidência das Escrituras, o
testemunho de Seu bom e santo Es-
pírito operando na vida de seres hu-
manos, a vida de Jesus, a Palavra
transformada em carne na vida de
nossos amigos, intrincado projeto do
cosmo, nossas próprias experiências
de tristeza e felicidade. Ele ·decidiu
não deixar o assunto em termos am-
bíguos. Existem evidências a serem
pesadas, julgamentos a serem esta-
belecidos, comprometimentos a se-
rem formados. Em termos finais,
contudo, temos de aceitar a respon-
sabilidade por nossas escolhas: estas
devem ser genuinamente nossas.
Quanto a mim, decidi seguir o ca-
minho de Jesus. Melhor dizendo, con-
tinuo escolhendo este caminho, pois
às vezes minhas forças esmorecem e
necessito tomar a decisão de retomar
a marcha. Ao encontrar novas evi-
dências de qualquer tipo - pessoais,
racionais ou de outra natureza -
com disposição mental inteiramente
aberta, devo reacender meu compro-
metimento a decidir novamente se-
guir o caminho de Jesus. Este é o ca-
minho rumo ao ideal a ser correta-
mente perseguido pelos adventistas
- inteireza pessoal. A abordagem
que aqui sugiro envolve risco, mas es-
te sempre esteve presente no disci-
pulado.
Pessoalmente, cada um de nós
deve tomar decisões tão transcen-
dentais quanto aquelas defrontadas
por Abraão. Nunca devemos temer
a ordem de "examinar tudo e reter
o bem".
Michael Pearson é Doutor em
Filosofia pela Universidade de
Oxford e leciona filosofia e ética
junto ao Newbold College, na
Grã-Bretanha. Seu livro, Millen-
nial Dreams and Moral Dilemmas
[Sonhos Milenares e Dilemas Mo-
rais] será publicado em 1989 pe-
la Cambridge University Press.
27
 ASSOCIAÇÕES PROFISSIONAIS

U ma das medidas da vitalidade e maturidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia é o elevado número
de seus membros que se dedicam com êxito a carreiras profissionais. Muitos deles formaram associa-
ções em seus respectivos ~mpos de atuação, à procura de companheirismo e aplicação dos princípios cris-
tãos a suas profissões. DIALOGO está fornecendo esta relação de associações com o propósito de apoiar
as atividades das mesmas e ampliar sua esfera de ação.
Estimulamos os universitários adventistas que estejam obtendo preparo em qualquer destas áreas a
estreitarem laços de amizade com seus colegas. Poderão contatar os presidentes das respectivas associa-
ções a fim de obter informações adicionais.
Os dirigentes de associações de profissionais adventistas que não tenham sua presença aqui registrada,
estão convidados a prover as informações pertinentes a um dos secretários da CAUPA (veja a página
2), para futura inclusão em nosso indicador.

na área de agronomia, bem como

Advogado.s
O Escritório de Assuntos Le-
gais da Associação Geral mantém
um diretório dos advogados ad-
ventistas e publica JD, um anuá-
rio em inglês, com temas de in-
teresse profissional. Estudantes
de direito e advogados adventis-
tas são convidados a enviar seus
nomes e a solicitarem um exem-
plar de JD, escrevendo para: Of-
fice of General Counsel; 6840
Eastern Ave. NW; Washington,
D. C. 20012, EUA.
Agrônomos
Professional Agricultural Ma-
nagement Association
Presidentes
Estados Unidos (Leste):
David Nelson
Andrews University
Berrien Springs, MI 49104,
EUA
Estados Unidos (Oeste):
Fred L. Webb
Loma Linda University
4601 Pierce Street
Riverside, CA 92505, EUA
Membros: Podem ser sócios os
adventistas que se dedicam a al-
guma atividade relacionada com
a agricultura, o planejamento e
cuidado de jardins em institui-
ções adventistas ou da ASI (As-
sociação de Serviços e Indústrias
Leigos Adventistas), ao ensino
os que se interessem por essas
atividades, sob voto da comissão
diretora. Quota: US$ 10,00 a ca-
da dois anos.
Reuniões: a cada dois anos.
Bibliotecários
Association of Seventh-day
Adventist Librarians
Presidente
Keith Clouten
Canadian Union College
Box 430, College Heights
Alberta, Canadá TOC OZ
Membros: Regulares - profis-
sionais adventistas com título em
biblioteconomia. Associados -
bibliotecários sem título profis-
sional e estudantes de bibliote-
conomia. Quota: US$ 10,00 por
ano para os membros regulares;
US$ 5,00 por ano para os mem-
bros associados.
Publicações: ASDAL ACTION
"Classification for Adventist and
Ellen White" - Modificação do
catálogo da Biblioteca do Con-
gresso BX 6101-6189.
Capelães
o Serviço de Capelania da As-
sociação Geral mantém um dire-
tório dos capelães que prestam
serviços nas Forças Armadas dos
Estados Unidos, e também em
hospitais e clínicas, penitenciá-
rias, indústrias, empresas comer-
ciais e universidades.
Os capelães adventistas e pes-
soas interessadas neste minis-
erio são convidados a dirigir-se
ao diretor: Pastor Clarence E.
Bracebridge; 6840 Eastern Ave.
NW; Washington, D.C, 20012
EUA.
Publicação: The Adventist
Chaplain, trimestral. Valor da
subscrição: US$ 10,00.
Reuniões: Uma reunião anual
para os capelães especializados
dos Estados Unidos, e uma reu-
nião a nível internacional a cada
cinco anos, com todos os capelães
adventistas.
Conselheiros e
Psicólogos
Coordenadora
Selma A. Chaij
Andrews University
Berrien Springs, MI 49104,
EUA
Membros: Convida-se a todos
os profissionais adventistas em
psicologia educacional e clínica,

28 DIÁLOGO 1 -1989
os conselheiros e orientadores,
bem como os professores e estu-
dantes avançados destas discipli-
nas a que enviem seu nome, en-
dereço e ur.n breve cUlTfc~o à
Dra. Selma Chaij.
Publicação: Uma vez que a as-
sociação se organize oficialmen-
te pretende-se publicar ur.na cir-
cular com os temas de maior in-
teresse profissional.
Dentistas
National Association of Se-
venth-day Adventist Dentists.
Presidente
Robert Dery, D. D. S.
139 Port S. Lucie Blvd. SW
St. Lucie, FL 33452, EUA
Membros: Dentistas adventis-
tas, em uma das seguintes cate-
gorias: ativo, vitalício, afiliado,
associado, estudante e honorário.
Para maiores informações, comu-
nique-se com o presidente da en-
tidade. As quotas são anuais e va-
riam entre US$ 48,00 e US$ 1,00
segundo a categoria.
Dietistas
Seventh-day Adventist Diete-
tic Association
Presidente
Ed Noseworthy
Box 75
Loma Linda, CA 92354, EUA
Membros: Podem ser sócios os
dietistas adventistas diplomados,
os que trabalham em serviços de
nutrição ap6s haverem completa-
do os estudos da especialidade, os
estudantes avançados de dietéti-
ca e os dietistas não adventis-
tas que trabalham em institui-
ções denominacionais. Quotas:
US$ 20,00 por ano para os dietis-
tas formados; US$ 8,00 por ano
para os estudantes avançados;
um ano gratuito para os que se
estão preparando para o exame
final de habilitação.
Publicações e Materiais: Se-
venth-day Dietetic Association
News, SDADADietManual, Ve-
getarian Meal Plan, "Eating for
Life" (videocassete que promove
o vegetarianismo), Eat for Life
(folheto que acompanha o vídeo).
Reuniões: anuais.
Editores e Redatores
International Association of
Seventh-day Adventist Editors
Presidente
J. David Newman
6840 Eastern Ave. NW
Washington, D. C. 20012,
EUA
Membros: Podem ser sócios os
redatores das publicações de-
nominacionais, os estudantes
avançados de jornalismo e os re-
datores jubilados. Quota anual:
US$ 25,00 (membros regula-
res); US$10,00 (associados e s6-
cios residentes fora dos Estados
Unidos).
Publicações: IASDAE News-
letter.
Reuniões: Anuais, nos Esta-
dos Unidos, durante a convenção
da Associated Church Press.
Educadores
Association of Seventh-day
Adventist Educators
Presidente
A. C. Segovia
6840 Eastern Ave. NW
Washington, D. C. 20012,
EUA
Membros: Professores adven-
tistas com tft~o profissional;
educadores adventistas que ensi-
nam em instituições públicas ou
privadas; estudantes avançados
da ciência da educação e educa-
dores aposentados.
Existem representantes regio-
nais em cada uma das divisões
mundiais (veja a lista à página 2).
Publicações: The Journal of
Adventist Education, cinco nú-
meros por ano. Subscrição:
US$ 12,25. Existe o projeto de se
DIÁLOGO 1 - 1989
publicar uma seleção de artigos
sobre educação em espanhol,
francês e português.
Engenheiros e
Arquitetos
Association of Seventh-day
Adventist Engineers and Archi-
tects
Secretário-tesoureiro Executivo
F. R. Bennett
36 Tremont Drive
College Place, WA 99324, EUA
Membros: Podem ser sócios os
estudantes adventistas de enge-
nharia e arquitetura, assim como
os profissionais destas áreas que
desempenham suas atividades em
consonância com os princípios da
igreja.
Quotas: US$ 25,00 anuais pa-
ra os membros regulares; US$
3,00 anuais para os estudantes.
Publicação: Adventist Engi-
neer, semestral.
Empresários e
Industriais
Adventist-Laymen's Services
and Industries
Diretor Executivo
W. C. Arnold
6840 Eastern Ave. NW
Washington, D. C. 20012, EUA
Membros: A Associação de
Serviços e Indústrias de Leigos
Adventistas agrupa os empresá-
rios e industriais independentes
que levam a cabo suas atividades
empresariais de acordo com os
princípios da Igreja. A quota anual
é estabelecida de acordo com o vo-
lume comercial da empresa.
Publicação: ASI News, seis
vezes ao ano; os membros da as-
sociação recebem-na gratuita-
mente.
Reuniões: convenções anuais
nos Estados Unidos.
Enfermeiros
Association of Seventh-day
Adventist Nurses, Inc.
29
Presidente
Anna May Vaughan
6840 Eastern Ave. NW
Washington, DC 20012, EUA
Membros: Podem ser sócios os
enfermeiros e enfermeiras ad-
ventistas ativos, jubilados e es-
tudantes. A quota anual é de
US$ 30,00 para os primeiros e de
US$ 15,00 para os dois últimos.
Publicações: ASDAN Forun,
trimestral; ASDAN Network, bi-
mestral.
Físicos
Association of Adventist Phy-
sicists
Presidente
Terry L. Anderson
Walla Walla College
College Place, WA 99324,
EUA
Membros: Podem ser sócios os
físicos e professores adventis-
tas de física, assim como os estu-
dantes avançados desta área, por
decisão da comissão diretiva.
Quota anual: US$ 10,00.
Publicação: Newsletter, tri-
mestral.
Reuniões: anuais, nos Estados
Unidos, durante a convenção
conjunta da American Associa-
tion of Physics Teachers e da
American Physics Society.
Historiadores
Association of Seventh-day
Adventist Historians
Presidente
Richard Osborn
5427 Twin Knolls Rd.
Columbia, MD 21045, EUA
Membros: Podem ser sócios os
professores e estudantes avança-
dos de história, assim como ou-
tros adventistas interessados na
disciplina.
Quota anual: US$ 5,00.
Publicação: ASDAH News-
letter.
Reuniões: anuais, nos Estados
Unidos, durante a convenção da
American Historical Association,
em dezembro.
30
Médicos
Adventist International Medi-
cal Society
Presidente
William Wagner
11530 Richardson Street
Loma Linda, CA 92354, EUA
Membros: Podem ser sócios
da Associação Médica Adventis-
ta Internacional (AIMS) os médi-
cos interessados em manter con-
tato com colegas de outros paí-
ses, em cooperar com o evange-
lismo da saúde e em participar de
projetos missionários.
Publicação: AIMS Journal,
trimestral.
Músicos
International Adventist Musi-
cians Association
Presidente
Dan M. Schulz
Walla Walla College
College Place, W A 99324,
EUA
Membros: Podem ser sócios os
músicos adventistas e os profes-
sores de música interessados em
cooperar com os objetivos da as-
sociação.
Quota anual: US$ 15,00.
Publicações: The lAMA Jour-
nal e The lAMA Newsletter.
Reuniões: anuais, nos Estados
Unidos, durante a convenção da
National Association of Schools
of Music.
Pastores
Secretário Internacional
Floyd Bresee
DIÁLOGO 1 - 1989
6840 Eastern Ave. NW
Washington, D C. 20012, EUA
Membros: Podem ser sócios
da Associação Ministerial Adven-
tista os pastores ordenados e li-
cenciados da Igreja. Cada uma
das divisões mundiais, cuja lista
aparece à página 2, conta com
um secretário regional da asso-
ciação.
Publicações: Ministry, revis-
ta mensal para os pastores, suas
esposas e estudantes ministe-
riais. A edição em português (O
Ministério Adventista) é publica-
da a cada dois meses.
Professores de
Economia Doméstica
Home Economics Association
of Seventh-day Adventists
Presidente
F. Colleen Steck
Andrews University
Berrien Springs, MI 49104,
EUA
Membros: Podem ser sócios os
que hajam completado estudos
avançados de economia domésti-
ca, assim como os estudantes da
área.
Quotas: US$ 10,00 por ano ou
US$ 25,00 por três anos.
Publicação: HEASDA News-
letter, dois números ao ano.
Reuniões: anuais, nos Estados
Unidos, durante a convenção da
American Rome Economics As-
sociation, em junho.
Professores de
Inglês
Adventist English Association
Presidente
Delmer Davis
Andrews University
Berrien Springs, MI 49104,
EUA
Membros: Podem ser sócios os
estudantes avançados de inglês,
professores de inglês e adventis-
tas que tenham interesse nesta
disciplina. As quotas anuais va-
riam desde US$ 2,50 (individual)
até US$ 50,00 para instituições
com mais de 3.000 alunos.
Publicação: The Adventist En-
glish Newsletter, semestral.
Reuniões: gerais, a cada qua-
tro anos, nos Estados Unidos. A
próxima ocorrerá na Universida-
de Andrews, de 6 a 9 de agosto
de 1989.
Professores de
Línguas Modernas
Adventist Language Teachers
Association
Presidente
Margarete Hilts
Department of Modern
Languages
Loma Linda University
Riverside, CA 92515, EUA
Membros: Podem ser sócios os
professores ou estudantes avan-
çados de línguas modernas. A
quota é de US$ 5,00 por ano.
Publicação: Alta Vox, semes-
tral.
Reuniões: anuais, nos Estados
Unidos, durante a convenção da
Modern Language Association,
em dezembro.
Professores de
Técnicas Secretariais
Seventh-day Adventist Busi-
ness Education Association
Presidente
Bernelda Cash
Union College
3800 South 48th St.
Lincoln, NE 68506, EUA
Membros: Podem ser sócios os
professores adventistas de técni-
cas secretariais e os estudantes
avançados dessa disciplina.
Quota anual: US$ 5,00.
Publicação: The President's
N ewsletter, trimestral.
Reuniões: anuais, nos Estados
Unidos, durante a convenção da
National Business Education As-
sociation.
Cristianismo e ...
Continuação da pág.15
der a realidade natural que Ele
mesmo trouxe à existência.
Valores Epistemológicos
Os valores epistemológicos têm
sido vistos, em anos recentes, co-
mo cruciais às teorias da racionali-
dade científica. Existem justifica-
tivas cristãs para o formato de al-
guns conceitos emergentes, concer-
nentes à racionalidade científica.
Vários dentre estes valores pa-
recem ser aspectos düerentes de
uma mesma intuição - de que a
natureza é o cosmo. Portanto, po-
demos antecipar que as teorias
que propõem esquemas lógicos
em vez de meras coincidências,
têm maior probabilidade de se-
rem corretas, e isto é o próprio
cerne da noção de simplicidade.
Também podemos imaginar que
as teorias que propõem esquemas
abrangedores de amplas áreas da
realidade estão mais próximas da
verdade do que aquelas que se
restringem a pequenos espaços.
Este é o cerne do principio da
amplitude. Podemos ainda pres-
supor que as teorias que revelam
novos esquemas da realidade, ou
que apresentam esquemas anti-
gos sob uma nova perspectiva,
até então oculta, aproximam-se
mais do que é correto do que
aquelas que não conseguem fazê-
lo. Este é o conceito da fertilida-
de. Finalmente, uma vez que par-
timos da idéia de um cosmo or-
denado - que exclui o caos fun-
damental - insistimos em acei-
tar teorias que são auto-consis-
tentes; uma vez que nos inclina-
mos em favor de esquemas am-
plos e unificados, esperamos que
as teorias que se aproximam da
verdade sejam compatfveis entre
si. O cristão dispõe de poderosas
razões para acreditar que vive-
mos num cosmo. É a criação de
Deus que, segundo Suas próprias
palavras, revela o Seu caráter.
Assim, nossa expectativa é em
favor de simetria e unidade. Es-
peramos ordem e regularidade.
Os esquemas do cosmo podem
ser profundos. Talvez não os
DIÁLOGO 1 - 1989
compreendamos. Mantemos, to-
davia, a expectativa de que eles
estejam ali. Poderemos até mes-
mo encontrar justificativas para
alguns assuntos epistemológicos
mais básicos. Por que devería-
mos, por exemplo, confiar em
nossos sentidos, conforme exige
todo labor empírico? Por que
acreditamos que outros possuem
experiências e realizam inferên-
cias semelhantes às nossas, o que
nos permite verificar mutuamen-
te e de modo objetivo as expe-
riências que são levadas a cabo
na comunidade cientifica? A res-
posta que o cristão pode dar a to-
das estas perguntas é que Deus
nos criou como seres racionais, a
fim de que neste mundo exerci-
temos as nossas faculdades. Isto
não garante a nossa infalibilida-
de epistemológica, mas por cer-
to nos assegura sólido fundamen-
to epistemológico, e isto é algo
que muitas epistemologias secu-
lares não são capazes de oferecer
- nenhuma delas, talvez.
Realismo
Embora o cristianismo não nos
obrigue a fazê-lo, favorece, por
certo, que nos inclinemos em di-
reção a uma perspectiva realista.
Deus nos criou com faculdades
racionais e sensoriais, e muitos
cristãos têm afirmado que nossos
sentidos e nossa razão são apro-
priados para serem congruentes
com a realidade, desde que cor-
retarnente utilizados. Se as coisas
são assim, e se utilizarmos corre-
tarnente nossas habilidades, sere-
mos capazes de aprender verda-
des, até mesmo verdades ocultas,
a respeito da natureza. 2
Se não existisse tal conexão en-
tre nossas faculdades e a realida-
de, seria inevitável aceitar algum
tipo de anti-realismo. Uma evo-
lução puramente naturalista, por
exemplo, não seria capaz de pro-
ver-nos tal conexão. A evolução
não necessariamente seleciona
em favor da verdade dos concei-
tos. Sobrevivência e aptidão de-
pendem de se possuir determina-
das características e do envolvi-
mento em comportamento ade-
quado, independentemente da-
31
quilo que alguém pense estar fa-
zendo. O próprio Darwin reco-
nheceu isto, e durante determi-
nada etapa de sua vida chegou a
temer que a teoria por ele siste-
matizada viesse a subverter por
completo a confiança na raciona-
lidade da mente humana. Afinal
de contas, perguntava-se ele,
quão a sério podemos levar as
conjecturas da mente de um sí-
mio evoluído? 3
Assim, é possível que o natura-
lismo puro não seja suficiente pa-
ra justificar o realismo que histo-
ricamente tem predominado no
trabalho dos cientistas e que na
atualidade segue exercendo in-
fluência prioritária. O fato de Deus
haver-nos criado para este mundo
e na qualidade de seres racionais,
por certo oferece um ponto de par-
tida para tal justificativa.
Esta justificativa também cria-
ria a possibilidade de nos aproxi-
marmos de' verdades teóricas.
Nossa condição pecaminpsa ex-
plica parcialmente o fato de não
t.ermos garantia de poder alcan-
çar tais verdades.
Atitudes e Conduta
Existem várias atitudes que
são requeridas .para que se exer-
ça apropriadamente a ciência, e
o cristianismo oferece apoio a to-
das elas.
Respeito à natureza. Por exem-
plo, o cristianismo promove o
adequado respeito à natureza,
que é requerido pela boa prática
científica.4 Para o cristão, o
mundo e tudo o que nele está con-
tido pertence ao Senhor, e con-
seqüentemente deve ser respei-
tado e tratado adequadamente.
Não temos o direito de abusar da
natureza. Este respeito deve ser
mantido em equilíbrio com o fa-
to de Deus haver-nos assegurado
o uso da natureza e com a reali-
dade, revelada por Deus, de que
ela é, afinal de tudo, uma criação.
Nosso respeito a ela não necessi-
ta (e não deve, na verdade) che-
gar ao extremo da adoração, já
que tal atitude significaria o pró-
prio fim da ciência.
Virtudes e Princípios Morais.
Também existem princípios mo-
32
rais essenciais à ciência. Se os
cientistas demonstrarem falta de
integridade em relação a seus co-
legas, falta de honestidade rela-
cionada com seu trabalho, falta
de humildade diante dos resulta-
dos de suas pesquisas, mesqui-
nhez no compartilhamento de in-
formações, ausência de auto-
controle diante da frustração, fal-
ta de perseverança diante de fra-
cassos experimentais e reduzida
paciência em épocas em que o
progresso é pequeno, existirá
pouca ciência digna desse nome.
Entretanto, as Escrituras desta-
cam estas virtudes, oferecem au-
xílio para que a pessoa as desen-
volva e lhes provê uma base fun-
damental através dos manda-
mentos da lei de Deus.
Devemos conservar em mente
que a objetividade da ciência acha-
se protegida, em parte, pelo fato
de ser ela de natureza comunitá-
ria. Por que é necessária esta pro-
teção? Uma das razões é que nem
sempre todas as virtudes citadas
acima são honradas, de modo que
a comunidade científica necessita
de proteção corltra as falhas. Con-
tudo, os eventuais fracassos por
parte de cientistas, em termos de
aplicação dessas virtudes, não de-
veria surpreender o cristão fami-
liarizado com o claro ponto de vis-
ta das Escrituras no tocante a
nosso estado, nossas inclinações e
tendências.
Perspectiva. Em resumo, o
cristianismo oferece justificati-
vas para muitos aspectos do ca-
ráter das ciências naturais, seus
métodos e pressuposições. Além
disso, porém, o cristianismo co-
loca a ciência sob perspectiva cor-
reta: ela é valiosa, mas não de va-
lor absoluto; é competente, mas
não onipotente; constitui parte
importante da vida humana, mas
não é tudo; é algo que os huma-
nos fazem, mas não representa a
mais alta prossecução dos mes-
mos; provê solução para alguns
problemas, mas não cons~gue fa-
zê-lo em relação ao maior de to-
dos os problemas humanos, a
alienação face ao nosso'Criador.
A perda da perspectiva em
qualquer destas áreas gera uma
distorção da realidade e a nega-
DIÁLOGO 1 - 1989
ção dos fatos simples da vida hu-
mana. A perda desta última pers-
pectiva distorce os fatos relativos
à Vida.
NOTAS
1. Veja, por exemplo, Ber-
nard Ramm, The Christian View
of Science and Scripture (Lon-
don: Paternostér Press, 1955),
página 25.
2. Considerável número de
pontos desta seção foram sugeri-
dos por observações do Professor
Alvin Plantinga.
3. "Ao descobrir o segredo
da origem humilde da humanida-
de, Darwin havia perdido a con-
fiança na capacidade da razão e
intuição humana para penetrar
os enigmas do Universo. Confes-
sou que tinha a 'íntima convicção'
de que o Universo não era resul-
tado do acaso. 'Entretanto -
acrescentava ele - resta-me a
horrível dúvida quanto a se as
convicções da mente humana,
que evoluiu a partir de animais
inferiores, têm algum valor ou
até mesmo são dignas de confian-
ça. Acaso poderíamos confiar nas
convicções de um símio, se é que
existem em sua mente tais con-
vicções?'" (John C. Greene, The
Death ofAdam [Ames: Iowa Sta-
te University Press, 1959], pági-
na 336). A citação interna pro-
vém de uma carta enviada por
Darwin a William Graham, emi-
tida em Down, aos 3 de julho de
1881, e colhida de Francis Dar-
win, editor: The Life anel Letters
of Charles Darwin Including an
Autobiographical Chapter (New
York, sem identificação de edito-
ra, 1898), 1:285.
4. Idéias do Professor Nicho-
las Wolterstorff.
Del Ratzsch é Doutor em Filo-
sofia pela Universidade de Mas-
sachusetts e leciona Filosofia no
Calvin College, Michigan, EUA.
Este artigo foi extraído de seu li-
vro Philosophy and Science: The
Natural Sciences in Christian
Perspective [Filosofia e Ciência:
As Ciências NaJ:urais Sob a Pers-
pectiva Cristã] (Downers Grave,
Illinois: Inter Varsíty Press,
1986). Usado com permissão.
 CAUPA: UM MINISTÉRIO ESPECIAL
A dinâmica do adventismo es-
timula muitos moços e mo-
ças a cursar estudos superiores.
As estimativas atuais indicam
cerca de 80.000 universitários ad-
ventistas em todo o mundo. Apro-
ximadamente a metade estuda
em nossos colégios superiores e
universidades; a outra metade,
por certo, freqüenta instituições
não pertencentes à igreja.
Alguns estudantes deste último
grupo poderiam estudar em nos-
sas escolas superiores, mas deci-
diram não fazê-lo por. razões co-
mo a situação familiar, a distân-
cia do lar, ou falta de recurso~ fi-
nanceiros. A maioria, contudo, es-
tuda em instituições seculares pe-
lo fato de não lhes oferecennos os
programas nos quais eles estão in-
teressados, ou pelo simples fato
de não existirem em seus países
natais quaisquer escolas adventis-
tas de nível superior.
Os jovens que vivem em nossos
90 colégios superiores e univer-
sidades, desfrutam de vários be-
nefícios: ambiente cristão, aulas
de Bíblia, cultos regulares, pro-
gramas missionários e apoio es-
piritual dos capelães. Em cons-
traste, os que empreendem seus
estudos em outras instituições
têm de enfrentar vários desafios:
a influência de professores des-
crentes, o estilo de vida livre que
predomina, as pressões políticas,
e por vezes exames aos. sábados.
Ainda assim, eles também des~
frutam de oportunidades únicas
no sentido de compartilhar sua fé
com colegas e professores.
Coletivamente, ambos os gru-
pos representam um setor talen-
toso e altamente motivado de nos-
so conjunto de membros, e to-
mam decisões críticas em suas vi·
das. Dentro de poucos anos eles
começarão a definir o rumo de
nosso movimento, na qualidade
de líderes leigos das congregações
locais e no desempenho de fun-
ções junto a nossas escolas, insti-
tuições de saúde, centros adminis-
trativos e outros serviços especia-
lizados da igreja como um todo.
Vários líderes denominacionais
sensíveis, em muitas partes do
mundo, reconhecem os desafios
especiais que os universitários
adventistas têm de enfrentar, e
assim procuram prestar-lhes au-
xílio mediante o' apoio de cape-
lães, bolsas escolares, retiros es-
pirituais, associações estudantis
. e progr~mas destinados a mantê-
los ativos no ambiente da igreja.
Ainda assim, nem sempre os seus
esforços têm sido apoiados ou
mais amplamente imitados.
Em vista desta realidade, três
departamentos da Associação
Geral - Capelania, Educação e
Ministérios da Igreja - estão
unindo forças para prover apoio
. aos líderes que desejam satisfa-
zer as necessidades espirituais,
intelectuais e sociais deste setor
de nossa igreja. A Comissão de
Apoio a Universitários e Profis-
sionais Adventistas (CAUPA) -
cuja diretoria aparece na segun-
da página deste número - tem
à sua disposição alguns fundos
para levar avante um programa
que, inicialmente, se propõe a:
1. Apoiar as divisões mundiais
que desejam organizar seminá-
rios e retiros espirituais para uni-
versitários adventistas.
2. Cooperar com as divisões
que oferecerem escritórios de tra-
balho para capelães e pastores de
igreja em centros universitários.
3. Preparar materiais que for-
taleçam a vida espiritual dos .uni-
versitários e os animem a com-
partilhar sua fé. Este primeiro
número de DIÁLOGO é parte
deste programa.
Foi sugerido que em cada divi-
são da igreja mundial se estabe-
leça uma entidade paralela à
DIÁLOGO 1 - 1989
CAUPA, encarregada de coorde-
nar o programa a nível regional.
Os universitários, capelães, pro-
fissionais e outras pessoas inte-
ressadas neste ministério espe-
cial podem comunicar seus co-
mentários e sugestões com res-
peito a esta primeira fase do pro-
grama. Devem dirigir sua corres-
pondência ao representante re-
gional da CAUPA, cujo nome
aparece à página 2.
Em Ação
Continuação da pág. 27
nal do primeiro ano, sua fé e es-
tilo de vida haviam logrado pro-
duzir impressão mui favorável
em seus colegas e professores.
Foi então que ele decidiu convi-
dar os dirigentes da igreja para
que oferecessem cursos gratuitos
.para deixar de fumar, visando a
beneficiar estudantes e professo-
res. O díretor de saúde e tempe-
rança da Divisão Sul-Asiática, R.
N. Baird, foi o primeiro a dirigir
tal espécie de curso na U niversi-
dade. Seu êxito foi notável, não
apenas porque vários deixaram
de fumar, como também porque
a comunidade reconheceu que os
adventistas vivem e ensinam a vi-
ver a vida mais abundante.
Na atualidade, a Igreja Adven-
tista· está mantendo um acordo
com a Faculdade de Medicina de
Manipal, de modo que a cada ano
podemos inscrever cinco de nos-
sos melhores estudantes nessa
prestigiosa instituição. Por sua
vez, a Faculdade envia seus pro-
fessores para cursos de especia-
lização na Universidade de Loma
Linda, Califórnia.
Meshach Onguti - estudante
adventista numa universidade
não adventista - foi um· genuí-
no pioneiro.
John Fowler
33
Ellen G. White e os Estudantes Universitários
Ellen G. White foi cofundado-
ra da Igreja Adventista do Séti-
mo Dia e escritora inspirada. Es-
creveu amplamente nas áreas de
educação, saúde, família, a Bíblia
e cristianismo prático. Ela esti-
mulou moços e moças a desenvol-
verem plenamente as habilidades
recebidas de Deus, através de es-
tudos avançados, conforme de-
monstram os trechos que a se-
guir selecionamos.
Alturas Que Podem
Ser Atingidas
Querida mocidade, qual é o al-
vo e propósito de vossa vida?
Tendes a ambição de educar-vos
para poderdes ter nome e posição
no mundo? Tendes pensamentos
que não ousais exprimir, de po-
derdes um dia alcançar as alturas
da grandeza intelectual; de po-
derdes assentar-vos em conse-
lhos deliberativos e legislativos,
cooperando na elaboração de leis
para a nação? Nada há de errado
nessas aspirações. Podeis, cada
um de vós, estabelecer um alvo.
Não vos deveis contentar com
realizações mesquinhas. Aspirai
à altura, e não vos poupeis tra-
balhos para alcançá-la.
O temor do Senhor está à base
de toda verdadeira grandeza. A in-
tegridade, a inabalável integrida-
de, é o princípio que sempre pre-
cisais levar convosco em todas as
relações da vida. Levai convosco
a religião em vossa vida escolar,
em vossa pensão, em todas as vos-
sas prossecuções. A importante
questão convosco é agora como es-
colher e aperfeiçoar vossos estu-
dos de maneira a conservar a so-
lidez e pureza de imaculado cará-
ter cristão, mantendo todas as exi-
gências e interesses temporais em
sujeição aos reclamos mais eleva-
dos do evangelho de Cristo...
34
Amparados pelos princípios re-
ligiosos, podeis atingir qualquer
altura que desejardes. Alegrar-
nos-ia ver-vos elevando-vos à no-
bre altura que Deus quer que al-
canceis. I
Progresso Contínuo
Mais elevado do que o sumo
pensamento humano pode atin-
gir, é o ideal de Deus para com
Seus filhos. A santidade, ou se-
ja, a semelhança corp. Deus, é o
alvo a ser atingido. A frente do
estudante existe aberta a senda
de um contínuo progresso. Ele
tem um objetivo a realizar, uma
norma a alcançar, os quais in-
cluem tudo que é bom, puro e no-
bre. Ele progredirá tão depressa,
e tanto, quanto for possível em
cada ramo do verdadeiro conhe-
cimento. 2
Oportunidades e Perigos
Os valdenses ingressavam nas
escolas do mundo como estudan-
tes. Eles não tinham pretensões;
aparentemente, não davam aten-
ção a pessoa alguma; mas prati-
cavam o que criam. Nunca sacri-
ficavam algum princípio, e seus
princípios logo se tornaram co-
nhecidos. Isso era diferente de
tudo que os outros estudantes ti-
nham visto, e eles começaram a
perguntar para si mesmos: Que
significa tudo isso? Por que esses
homens não podem ser induzidos
a desviar-se de seus princípios? ...
Os que têm o Espírito de Deus,
estando plenamente imbuídos da
verdade, devem ser animados a
ingressar em faculdades, e viver
a verdade, como Daniel e Paulo
o fizeram. Cada um deve procu-
rar ver qual é a melhor maneira
de introduzir a verdade na esco-
DIÁLOGO 1 - 1989
la, para que a luz possa difundir-
se. Mostrem eles que respeitam
todas as regras e regulamentos
da escola~ O fermento começará
a atuar; pois podemos confiar
muito mais no {>?der de Deus ma-
nifestado na VIda de Seus filhos
do que em quaisquer palavras que
sejam proferidas. Mas eles tam-
bém devem falar aos indagadores,
numa linguagem bem simples,
das singelas doutrinas da Bíblia.
Há os que, depois de estarem
estabelecidos, arraigados e fun-
damentados na verdade, deviam
ingressar nessas instituições de
ensino como estudantes. Eles po-
dem manter os vivos princípios
da verdade e observar o sábado,
e terão também a oportunidade
de trabalhar para o Mestre lan-
çando sementes da verdade em
corações e mentes. Sob a influên-
cia do Espírito Santo, essas se-
mentes irão brotar e produzir
fruto para a glória de Deus, e re-
sultarão na salvação de almas....
Não devem ser suscitadas contro-
vérsias abertas, mas haverá
oportunidade para fazer pergun-
tas sobre doutrinas bíblicas, e a
luz será projetada em muitas
mentes. Será despertado um es-
pírito de investigação.
Mas eu quase não ouso apre-
sentar este método de trabalho;
pois há o perigo de que os que
não têm ligação com Deus se co-
loquem nessas escolas, e, em vez
de corrigir o erro e difundir a luz,
eles mesmos sejam desencami-
nhados. Mas essa obra precisa
ser realizada, e será efetuada pe-
los que são guiados e ensinados
por Deus. 3
NOTAS
1. Mensagens aos Jovens,
págs. 36 e 37.
2. Educação, págs. 18 e 19.
3. Mensagens Escolhidas, voI.
3, págs. 233 e 234.
 E S P E C I A L

"Portanto, ide
a todas as
"
naçoes... ,.."

Ass im falou J esus há quase d o is

mil an os. Suas palavras a inda
co ntinuam a co nvida r um gr upo
se leto de cristãos. Gente esp ec ial.
H o mens e mu lh ere s bem
capacitados e dispostos a ser vir co m
sac rifí cio.
Se você é um Adventista d o Sétimo Dia que ama
verdadeiramente a J esus e desej a con sagrar a Ele seu s talentos,
a igreja pode necess ita r se us préstimos, es pec ialme nte se fala
o id io ma ingl ês o u fra ncês.
Em mui tas pa n es d o mund o a o bra das m issões
necessita de gente es p ecial: admin istrad ores e avi ad o res,
dentistas e dietistas, e nferm e iras e eletri cistas, méd icos
e professores . A lista é bastante longa .
Para obter ma io r info rmação sobre as necess id ades
alUais de pessoal pa ra as m issões adventistas, esc reva-n os uma
carta incl uindo a segui nte inJo r mação p essoal :
• Nome completo
• Endereço e te lefo ne
• Idade e estado civ il
• Estudos rea lizad os
• Pro fi ssão e expe riência profission al
Dirij a-se à : Secre ta r ia, Associação Geral d a I AS D ,
684 0 Eastern Ave . N W, Washing-to n, De 2001 2, EUA.
Conquiste novos
horizontes!
VIAGENS - UII <HW ao Se rvi ço Voluntário dos

Jovens Adventis tas c vi.!je por lug-arc:, fascinantes cio mundu

inteiro. Enqu<lmo você passa um aliO no ex ter ior, pode conhet:er

pessoalmente lima (: uhura c.o, tran gc ira e aprender lima no va

língua. _ AMIZADE - Não é fácil

deixar () lar paterno l' os amigos por

um allo illl('iro. rvlas \'ale a pena. Ao

sa ir par;\ ;ü udar a outros você

desenvo lver;'! ' !Illitadcs Illl1ilO

especiais COIII as pessoas a quem serve c. ac im a de [udo, com Deus.

3 AVENTURA - Osjovcns advelllistas volullt{.rios traba lh am

ardU<UIlClllC. Porem, eles encontram (cmpo para <I\'Cl1luras

tambêm,liulIo no trilbalho cm favor de outros ( ' 01110 no Iai'er sad io

você encontrará mane iras de

dCSC II\olver IIIll Glril tcr equilibrado.

Poderá LOrnar~se um líder cri!\tàn seguro de si e possuidor el<: Ulll

bom-senso de oriclllí.l\,;\O. NÃO PODE SA I R DE CASA? -

o Serv iço VOIUIl I{lrio dos .I(I"cns Adw; ll tistas necessita de jo"ens
inteligemes, cheios de c nergia, e dedicados p;lra se r virern como

voluntários. Pessoas CO IIIO voce. Sc

por a lguma raz:lo você nflO puder sa ir

de casa este aliO. lembre-se qu e

poderá contribuir COI1l ii sua própria

igreja, comu llidade. ou país. Emre

cm contato COIll o Oepanamemo dos r\'linislerios da Igreja da SlIiI

Divisão h(~j c mesmo e descubra rlluilo mais aCCI'Gl de COlllO

participar do Scrvi(o Voluntário dosJ()ve ns Adventistas.

SERViÇO VOLUNTÁR IO DOSJOVf.NS ADVENTISTAS

Oepanamemo dos Ministi;rios da Igrt:ja