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maureenkoutoulas@yahoo.com.br
KOUTOULAS, Maureen Tatiana1
BELLARDO, Waldirene S.2
RESUMO
Este Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intenta explicitar o papel dos Conselhos
Municipais de Educação (CME) na definição e proposição das políticas educacionais do
Sistema Municipal de Ensino, bem como as possibilidades emanadas desse órgão para
o exercício de uma gestão mais participativa no âmbito desse Sistema. Para ilustrar tais
possibilidades (ou não) tomou-se como objeto de análise o Conselho Municipal de
Ensino de Curitiba; no entanto, cabe destacar que não se trata de um estudo de caso,
apenas de uma aproximação inicial aos trabalhos desse órgão. O Conselho Municipal
de Educação de Curitiba é um órgão normativo do Sistema Municipal da Educação.
Conhecer sua estrutura e funcionamento foi condição indispensável para entender
algumas das políticas públicas educacionais praticadas nesse município. Além dessa
aproximação ao CME de Curitiba – o qual se deu por meio de entrevistas informais e do
conhecimento prévio da pesquisadora, que atuou como estagiária nesse CME – esse
TCC utilizou-se, metodologicamente, da análise documental, especialmente dos
Cadernos do Pró-Conselho de 2004, 2005 e 2007; do Regimento do Conselho
Municipal de Educação de Curitiba; da Constituição Federal e da legislação vigente.
Para analisar a possibilidade de efetivar-se uma gestão mais democrática e/ou
participativa sob a égide do CME, esse estudo também apresenta um breve
„comparativo‟ entre os três modelos mais evidentes de gestão escolar: gestão de
qualidade total, gestão compartilhada e gestão democrática. A pesquisa bibliográfica
que fundamentou as análises iniciais acerca do tema apresentado nesse TCC teve
como principais autores SOUZA (2010), CURY (2010), BORDIGNON (2009),
BORDIGNON (2010), VIEIRA (2009) e SAVIANI (2007).
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Aluna do Curso de Pedagogia FACINTER. Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso,
no Curso de Pedagogia da Faculdade Internacional de Curitiba – FACINTER, 1-2010.
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Waldirene Sawozuk Bellardo, Mestre em Educação e professora do Curso de Pedagogia na Faculdade
Internacional de Curitiba - FACINTER
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INTRODUÇÃO
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A pesquisadora foi funcionária/estagiária do Conselho Municipal de Educação de Curitiba (CME/Ctba) e
acompanhou suas primeiras atuações.
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A „falta de autonomia‟ do CME de Curitiba é tomada como premissa, nesse TCC, a partir da atuação da
pesquisadora nesse órgão do Sistema Municipal de Ensino de Curitiba. A pesquisadora vivenciou, em
diferentes momentos, a falta de autonomia financeira (infraestrutura) e na tomada de decisão como órgão
que compõe o Sistema Municipal de Ensino, o qual não deve caracterizar-se como uma extensão da
Secretaria Municipal de Ensino.
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Para compreender como os princípios da administração permeiam as atividades educativas, faz-se
necessário identificar as características dos fundamentos da Teoria Geral da Administração que surgiram
a partir da 1ª Revolução Industrial.
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fiscalizam e participam do processo com o intuito de que, aquele que foi eleito, respeite
e de continuidade ao que todos propuseram. Assim, para Lima,
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O artigo “Reflexão sobre a gestão compartilhada no Estado do Paraná”, apresenta análise comparativa
entre escolas que participaram desse modelo de gestão. DALL‟IGNA, Marta Beatriz dos Santos. A
historicidade da educação do governo Jaime Lerner no estado do Paraná (1995-2002): a
simbologia e a efemeridade das práticas escolares na gestão compartilhada. Disponível em:
<http://www.histedbr.fae.unicamp.br/acer_histedbr/jornada/jornada5/trabalhos/gt8_p_escolares/11/811.pd
f> Acesso em: 25 ABR 2010.
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TORRES, Rosa M. Melhorar a qualidade da educação básica? As estratégias do Banco Mundial. Neste
trabalho a autora apresenta as análises feitas nos documentos produzidos pelo Banco Mundial referente
à política educativa a ser implementada nos países em desenvolvimento, inclusive no Brasil.
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Alguns estudos de Carnoy e Castro, citados por Souza (2005, p. 4), apresentam
como objetivos principais da descentralização
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Embora esse ainda não esteja constituído, faz parte da proposta da CONAE 2010, para o próximo
Plano Nacional de Educação.
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Programa Nacional de Capacitação de Conselheiros Municipais de Educação. Ministério da Educação.
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Função mobilizadora:
Função deliberativa:
Nos anos de 2008 e 2009, foram cinco Deliberações emitidas pelo CME de
Curitiba:
Essas funções, dirigidas aos Conselhos Municipais de Ensino pelo MEC, definem
a amplitude deste órgão, ou melhor, a amplitude que ele pode adquirir, pois não
precisam, obrigatoriamente, assumir todas elas. Por exemplo, a Lei nº. 12.081/2006
explicita em seu artigo 4º as funções do Conselho Municipal de Educação de Curitiba
como:
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No que tange ao desempenho das funções dos CME, este órgão deverá exercer
atribuições que definem o seu papel de acordo com a sua natureza, podendo ser de
categoria técnico-pedagógica ou de participação social.
Referente à categoria de natureza técnico-pedagógica, suas atribuições podem
ser de normas educacionais ou de planejamento e políticas educacionais. As
atribuições de natureza relativa à participação social são
A segunda mãe entrou em 1995 na Prefeitura, disse que a participação dos pais
é pequena na escola e considera sua participação no conselho importante por esse
motivo também, pois ser conselheira é uma responsabilidade muito grande, afinal
estará discutindo o que vai influenciar na educação de Curitiba. Deve cuidar para não
ser tendenciosa para o lado do servidor.
A terceira mãe era presidente da APF. Entrou na prefeitura em 1994 e trabalhava
na FAS. Solicitou o Regimento e Estatuto do CME, pois já havia participado em outros
conselhos. Considerou uma grata surpresa por ter sido convidada para participar do
CME.
A quarta mãe era presidente da APPF há doze anos. Gostaria que outros pais
tivessem a mesma experiência, pois sempre quis estar envolvida na escola. Por esse
motivo já participou de diversas reivindicações: fez parte da Comissão Eleitoral dos
Diretores, representou os pais em Salvador e participa do Conselho de pais na escola
estadual. Falou da força e representação dos pais para conseguir alguma mudança na
escola.
Ao final da apresentação a presidente comentou sobre a dificuldade de fazer
uma escolha, pois todas foram bem indicadas e salientou sobre a importância da
presença desses conselheiros, pois fazem parte da Câmara de Gestão, explicando
sobre a participação tanto do titular quanto do suplente nas reuniões. Após a votação
foram escolhidas duas mães para representar o segmento no Conselho.
Esses depoimentos, descritos a partir do olhar da pesquisadora, retratam a
importância e a dificuldade de se constituir um CME realmente participativo, mesmo nas
grandes capitais do país. Tal dificuldade pode ser decorrente da falta de exercício
democrático na sociedade e no interior das escolas, bem como de determinados
interesses relacionados ao controle e ao poder local.
Assim, para ampliar as discussões acerca do CME – seja para democratizá-lo ou
para legitimá-lo como instância de poder - em abril de 2009, esteve em Curitiba o doutor
em educação Carlos Roberto Jamil Cury, que atuou como presidente da Câmara de
Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, presidente da Coordenação de
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e presidente do Conselho
Municipal de Belo Horizonte, como preletor da primeira ação da Conferência Municipal
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Há vários autores, dentre eles, Saviani, que fundamentam as desigualdades educacionais geradas no
país pela ausência de um sistema Nacional de Educação, pois os diferentes sistemas de ensino, algumas
vezes, caminham em direções opostas, dispersando forças e ações concretas na definição de políticas
dirigidas a melhoria da qualidade do ensino.
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O SICME é um instrumento que também permite o aperfeiçoamento do processo de
capacitação de conselheiros, a partir de informações atualizadas sobre a organização e o funcionamento
dos conselhos. O sistema possibilita, ainda, o monitoramento do Programa Nacional de Capacitação de
Conselheiros Municipais de Educação (Pró-Conselho) quanto ao seu impacto na criação e fortalecimento
dos CMEs.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Grande parte dos países da Europa e América do Norte, bem como alguns
países da América do Sul, resolveram os dois maiores problemas educacionais já na
virada do século XIX para o século XX – a erradicação do analfabetismo e a
universalização da Educação Básica – construindo um Sistema Nacional (unificado) de
Educação. Já estamos no século XXI e o Brasil ainda não conseguiu criar o seu
Sistema Nacional de Educação, ainda que a CONAE (Conferência Nacional de
Educação) tenha empenhado-se em concretizar tal projeto.
Desse modo, a organização do ensino em nosso país continua a ser definida
pelas ações, políticas e programas desenvolvidos nos e pelos diferentes sistemas de
ensino (municipal, estadual e federal). Tal fato pode representar – em alguns casos – a
possibilidade de avançar em direção a um modelo de gestão democrática e participativa
ou constituir-se num empecilho à sua concretização. Os Conselhos Municipais de
Educação são órgãos cuja competência participa diretamente da direção a ser dada em
seu respectivo sistema de Ensino.
O Sistema Municipal de Educação é responsável por todas as escolas
municipais e escolas do ensino privado de educação infantil. Faz parte desse Sistema
um órgão normativo e um órgão executivo. O Conselho Municipal de Educação de
Curitiba – CME, órgão normativo do Sistema, constitui-se como instância de diferentes
segmentos sociais comprometidos com uma educação de qualidade e com o exercício
pleno da cidadania.
Esse estudo apresentou as limitações desse órgão para constituir-se como
autônomo em relação à Secretaria Municipal da Educação, embora ambos façam parte
do Sistema Municipal de Educação.
Segundo a assessora técnico-pedagógica do Conselho Municipal de Educação
de Curitiba, é de extrema importância a criação de um sistema próprio para
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Por melhor que seja a intenção, até mesmo quem preside o Conselho Municipal
de Educação de Curitiba interfere em sua autonomia, pois, reitera os dados
apresentados nessa pesquisa:
REFERÊNCIAS
SOUZA, Ângelo Ricardo. 2006. Perfil da Gestão Escolar no Brasil. Tese de doutorado
(Educação). São Paulo: PUC-SP. Disponível em:
<http://www.nupe.ufpr.br/angelotese.pdf> Acesso em 8 FEV 2010.
VIEIRA, Sofia Lerche. Educação Básica: política e gestão da escola. Brasília: Liber
Livro, 2009.