Sunteți pe pagina 1din 169

CONTABILIDADE FINANCEIRA I

Texto de Apoio
Exercícios Resolvidos
e Propostos
(Uso exclusivo dos alunos)

Ana Fialho
António Guerreiro
José Biléu Ventura

Escola de Ciências Sociais


Departamento de Gestão

2017/2018
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

 Texto de Apoio
 Exercícios Resolvidos
 Exercícios Propostos

Ana Fialho
António Guerreiro
José Biléu Ventura

 Escola de Ciências Sociais 


Departamento de Gestão
2017/2018
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Índice
Nota Prévia .................................................................................................................................. 3

1. Introdução ............................................................................................................................. 5

1.1. A Empresa e a Contabilidade ...................................................................................................... 5


1.2. O Sistema Contabilístico Português: breve evolução histórica ................................................. 14
1.3. O Sistema de Normalização Contabilística e a Estrutura Conceptual ....................................... 16
1.4. O Código de Contas e as Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) .................. 20
1.5. A Profissão de Contabilista: Ética e Deontologia ...................................................................... 23
2. Conceitos Fundamentais ...................................................................................................... 27
2.1. O Património ............................................................................................................................. 28
2.2. Os Factos Patrimoniais ............................................................................................................. 30
2.3. A Equação Fundamental da Contabilidade ............................................................................... 32
2.4. O método de registo contabilístico ............................................................................................ 33
2.5. O Balanço e a Demonstração de Resultados ........................................................................... 39
3. Transações correntes e outras operações .......................................................................... 51
3.1. Meios financeiros líquidos ......................................................................................................... 52
3.2. Clientes e Fornecedores ........................................................................................................... 57
3.3. Pessoal, Prestadores de Serviços e Estado ............................................................................. 72
3.4. Gastos e Rendimentos .............................................................................................................. 83
3.5. Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) ............................................................................... 84
4. Inventários ............................................................................................................................ 98
4.1. Movimentação de inventários .................................................................................................. 100
4.2. Sistemas de inventário ............................................................................................................ 107
4.3. Critérios de valorimetria .......................................................................................................... 110
5. Operações não correntes ................................................................................................... 119
5.1. Investimento em Ativos Fixos Tangíveis e Intangíveis ............................................................ 122
5.2. Desinvestimento em Ativos Fixos Tangíveis e Intangíveis ...................................................... 126
5.3. Constituição de sociedades .................................................................................................... 134
6. O Encerramento do exercício ............................................................................................ 138
6.1. Acréscimos e Diferimentos ...................................................................................................... 141
6.2. Outros lançamentos de regularização ..................................................................................... 148
6.3. Apuramento dos Resultados ................................................................................................... 152
6.4. Demonstrações Financeiras .................................................................................................... 154

2
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Nota prévia

Após mudanças profundas, nos contextos nacional e internacional, no que respeita aos referenciais
contabilísticos vive-se um período de consolidação das novas regras e normas. Contudo, foram
recentemente introduzidas novas alterações pelo Decreto-lei nº 98/2015, de 2 de junho, que visam a
transposição, para o normativo nacional, da Diretiva 2013/34/UE. O Sistema de Normalização
Contabilístico (SNC) foi reajustado, foram publicados novos instrumentos legais para proceder às
adequações necessárias, que entraram em vigor em 2016. O atual SNC é já uma realidade
perfeitamente aceite e interiorizada, quer no seio dos profissionais da área, quer no mundo
académico: as entidades nacionais elaboram e divulgam a informação financeira de acordo com este
normativo e o ensino das matérias tem subjacente este enquadramento contabilístico.

O objetivo geral deste texto é apoiar os alunos na aprendizagem de um conjunto de técnicas e


instrumentos, no domínio da contabilidade financeira, que os irão auxiliar quer ao longo da
licenciatura, quer, mais tarde, no exercício da sua atividade profissional. Especificamente, pretende-
se que os alunos compreendam e assimilem os conceitos e que saibam aplicar corretamente os
métodos e critérios contabilísticos necessários à preparação, elaboração e divulgação da informação
contabilística de acordo com as exigências do normativo nacional: o SNC.

O texto inclui, para além de breves exposições teóricas sobre os temas, os diapositivos que serão
apresentados nas aulas e um conjunto dos exercícios práticos que cobrem os conteúdos constantes
no programa da unidade curricular de Contabilidade Financeira I lecionada aos cursos de
licenciatura de Gestão e de Economia, da Escola de Ciências Sociais, da Universidade de Évora.
Alguns dos exercícios práticos estão resolvidos e outros são propostos e deverão ser resolvidos pelos
alunos quer em sala de aula, com o apoio dos docentes, quer fora da sala de aula, com base nos
elementos fornecidos pelos docentes e na bibliografia adicional recomendada.

O caderno está organizado em seis tópicos correspondentes aos pontos do programa da disciplina.
O primeiro ponto é introdutório, expõe a importância da contabilidade na gestão das empresas,
iniciando-se com a identificação e classificação dos fluxos resultantes das operações realizadas pelas
empresas. Neste primeiro ponto apresenta-se ainda uma breve evolução histórica do sistema
contabilístico português, da evolução do normativo e a importância atual da profissão de contabilista
e das questões éticas e deontológicas, em torno do seu exercício.

No segundo ponto são apresentados os conceitos fundamentais da contabilidade financeira, cuja


compreensão é essencial para o acompanhamento dos restantes conteúdos lecionados. Começa-se
pelas noções de património e massas patrimoniais, seguindo-se a identificação de factos patrimoniais
e do equilíbrio fundamental da contabilidade; neste ponto, apresentam-se ainda as duas peças
fundamentais, o Balanço e a Demonstração dos Resultados, e termina-se com a explicação do
método de registo contabilístico.

3
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

No terceiro ponto tratam-se contabilisticamente um conjunto de operações correntes, nomeadamente


compras e vendas, cálculo, registo e apuramento do IVA e outros impostos, processamento e
pagamento das remunerações ao pessoal e a prestadores de serviços diversos e outras operações
que envolvam o registo de gastos e rendimentos resultantes das atividades operacionais.

Apesar de se tratarem também de operações correntes, o movimento contabilístico e extra-


contabílistico dos inventários, resultante das transações de compras e vendas e todas as outras com
estas relacionadas, é tratado separadamente, no quarto ponto, devido não só à sua especificidade
como também a alguma complexidade.

No quinto ponto são tratadas algumas operações não correntes tais como o investimento e o
desinvestimento bem como, apresentado de forma simplificada, o tratamento contabilístico da
constituição de empresas e a movimentação da conta de capital, assuntos que virão a ser
desenvolvidos no segundo semestre, no âmbito da Contabilidade Financeira II.

Por último, são apresentados no sexto ponto, o conjunto das operações que compõem o trabalho
contabilístico de encerramento de contas, efetuado no final do exercício económico. São
especificamente tratados os acréscimos e diferimentos, outras operações de regularização, o
apuramento de resultados, a construção dos balancetes retificado e final e, por último, a construção
do Balanço e da Demonstração dos Resultados por Natureza.

Évora, setembro de 2017

Ana Fialho
António Guerreiro
José Biléu Ventura

4
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

1. Introdução

1.1. A Empresa e a Contabilidade

Pretende-se, neste ponto introdutório, demonstrar a importância da contabilidade como instrumento


de apoio à tomada de decisão e, consequentemente, como uma ferramenta de gestão, indispensável
em qualquer tipo de Empresa (Entidade). A partir do conceito de Empresa introduz-se a ideia da
utilidade da informação produzida pela contabilidade na gestão das organizações. Em seguida,
identificam-se os diferentes utilizadores da informação contabilística internos e externos
(stakeholders) à Entidade para se definirem dois tipos de contabilidade: a Financeira e a de Gestão.
Apresenta-se a Contabilidade Financeira como instrumento, predominantemente, de apoio à decisão
dos utilizadores externos e a Contabilidade de Gestão como uma ferramenta de apoio à gestão dos
utilizadores internos: gestores, executivos, administradores, etc.

Algumas das decisões que os stakeholders têm que tomar devem ser suportadas por informação
facultada pela contabilidade, nomeadamente informação que deve constar das Demonstrações
Financeira, em particular, ou do Relatório e Contas, no geral, da Empresa. A informação procurada
pode diferir de utilizador para utilizador, por exemplo o investidor quer saber se deve ou não investir
nesta ou naquela empresa., o cliente quer saber se a empresa tem capacidade de garantir as suas
encomendas, o fornecedor procura garantir o recebimento dos seus créditos, os financiadores avaliam
a capacidade da empresa cumprir com os seus compromissos e a Administração Fiscal apura se a
empresa tem, ou não, que pagar impostos e o respetivo montante.

Para ser útil à tomada de decisão, seja dos utilizadores internos seja dos externos, a informação deve
ter as seguintes características: compreensibilidade, fiabilidade, comparabilidade, relevância e
materialidade. A informação deve ser compreensível por quem a utiliza caso contrário não poderá ser
útil; deve ainda ser fiável e credível para poder suportar as decisões e comparável com outra
informação de períodos anteriores ou com empresas concorrentes, por exemplo. A relevância e a
materialidade são características igualmente importantes pois a informação deve ser adequada e
oportuna (relevante) e suficientemente importante (material) para apoiar as decisões a tomar.

Por fim, este ponto termina introduzindo um conjunto de conceitos cuja compreensão será
fundamental para o adequado acompanhamento de todas as questões que se seguirão ao longo do
semestre: os fluxos gerados pelas operações realizadas pelas empresas no desenvolvimento da sua
atividade, quer no dia-a-dia, quer mais pontualmente.

5
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Conceitos
Empresa, Gestão e Contabilidade

EMPRESA
(Entidade)

Tomada de decisão

Informação Contabilidade

6
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O sistema contabilístico constitui um verdadeiro sistema de informação (ou subsistema) dentro da


empresa, sendo a informação disponibilizada pelo mesmo extremamente importante para a tomada
de decisão, quer no plano interno quer por agentes externos à empresa, mas que nela detém qualquer
tipo de interesse, direto ou indireto (tais entidades são vulgarmente designadas por stakeholders).

Assim, a Contabilidade Financeira produz informação útil para a tomada de decisões internas mas,
de forma algo limitada dado tratar-se de informação com um nível de agregação muito elevado (por
exemplo: vendas globais, gastos com pessoal globais, resultados globais, etc.). Porém, este tipo de
contabilidade produz informação muito útil para um conjunto de entidades externas à empresa:
 Fornecedores – avaliam o risco de crédito nas vendas que efetuem à empresa e o risco de
continuidade das operações com a mesma;
 Bancos – avaliam o risco no reembolso de eventuais empréstimos que a empresa solicite;
 Investidores – decidem se devem investir ou desinvestir em tal empresa (comprar ou vender
ações, por exemplo);
 Clientes – quando a empresa é um fornecedor de tal forma importante que o seu
encerramento pode colocar em causa a normal continuidade das operações do cliente;
 Trabalhadores – para monitorizarem a estabilidade previsível do seu posto de trabalho;
 Administração Tributária e Segurança Social – controle e cálculo dos impostos e taxas a
cobrar;
 Entidades responsáveis pela elaboração de estatísticas nacionais (Instituto Nacional de
Estatística e Banco de Portugal) – recolhem informação que as habilite a produzir
informações estatísticas sobre a economia nacional.

7
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Por sua vez, a Contabilidade de Gestão (ou Analítica) apresenta a informação (rendimentos, gastos,
resultados) desagregada por linha de produção, ou por mercado, ou por produto, ou por
estabelecimento… Assim, a informação disponibilizada pela Contabilidade de Gestão será a mais
utilizada pelos diferentes níveis de gestão e pela administração da entidade, para tomar decisões que
visem manter a rentabilidade da entidade e que podem passar, por exemplo, pela descontinuação de
uma linha de produtos, pelo desinvestimento num mercado, pela racionalização dos gastos de um
estabelecimento, entre muitas outras decisões possíveis.

De acordo com a Estrutura Conceptual as características qualitativas da informação financeira são os


atributos que tornam a informação útil aos seus utilizadores.

Objetivo da Contabilidade

O objetivo da contabilidade é fornecer informações úteis aos diversos grupos de


utilizadores (internos e externos) para os auxiliar na tomada de decisão. A informação
contabilística é uma ferramenta de apoio à gestão nas organizações.

UTILIDADE da
Informação =ƒ (Características Qualitativas da Informação)
Compreensibilidade Representação
fidedigna
Fiabilidade
Substancia sob a
forma
Comparabilidade
Neutralidade
Relevância
Materialidade Plenitude

A Contabilidade Financeira tem como missão o registo de todas as operações que ocorrem numa
empresa, ao longo do seu ciclo de vida, e que são suscetíveis de modificar o seu valor ou, pelo menos,
a composição do seu património.

Aqueles registos iniciam-se quando a empresa é criada (constituída), desenvolvem-se ao longo de


toda a vida da empresa (período de funcionamento, que é fragmentado em períodos de um ano para
efeitos de apuramento de resultados e de valorização do património) e terminam com a liquidação
(encerramento) da empresa.

8
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Deve salientar-se que os registos relativos ao período de funcionamento podem ser de dois tipos, no
que respeita à relação que se estabelece entre a empresa e o meio envolvente:
 registos relativos a operações externas – quando se referem a relações estabelecidas entre
a empresa e outros agentes do meio envolvente (por exemplo: compras, vendas,
pagamentos, recebimentos);
 registos relativos a operações internas – quando se referem ao registo de operações que
não envolvem agentes externos à empresa (por exemplo: transferências de dinheiro entre
caixas da empresa, transferências de mercadorias entre armazéns, reafectação de
mercadorias a ativos fixos tangíveis e vice-versa).

É possível distinguir, em qualquer entidade, duas naturezas de fluxos:


 Fluxos reais – associados à movimentação (compra, venda, incorporação na produção) de
bens e serviços; e,
 Fluxos monetários – os que se relacionam com a movimentação de valores monetários
(dinheiro, cheques, transferências) para pagamento dos recursos utilizados pela entidade e
como recebimento das receitas geradas pela entidade.

9
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

No que respeita ao seu impacto é possível analisar os fluxos sob três óticas ou perspetivas:
i) Ótica Financeira – avalia os fluxos em função de os mesmos criarem endividamento da
entidade perante o exterior ou do exterior perante a entidade. Nesta ótica encontram-se dois
tipos de fluxos:
 Despesas – são as obrigações geradas pela aquisição dos recursos ou fatores de
produção de que a entidade precisa – matérias-primas, mercadorias, mão-de-obra,
serviços diversos, crédito, etc;
 Receitas – são os direitos resultantes, essencialmente, das vendas e prestações de
serviços efetuadas pela entidade ao exterior.
ii) Ótica Económica – analisa os fluxos na perspetiva da produção de bens ou prestação de
serviços, nomeadamente, avalia os seguintes fluxos:
 Gastos - relativos à incorporação/consumo dos fatores de produção para produção de
bens ou prestação de serviços;
 Rendimentos – ocorrem aquando da obtenção dos bens ou serviços aptos para venda
ou no momento da realização da venda dos bens ou da prestação de serviços.
iii) Ótica Monetária – considera os fluxos na perspetiva do seu impacto na tesouraria da
entidade:
 Recebimentos – entrada de valores monetários e;
 Pagamentos - saída de valores monetários da entidade.

10
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

11
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido
Exercício nº 1.1.

A empresa Cortisul, Lda, com sede em Évora, dedica-se à produção e comercialização de rolhas de
cortiça natural. A Cortisul adquiriu, em 6/10/N, 2 arrobas de cortiça ao preço de € 35,00/arroba, para
proceder à sua transformação. A dívida resultante desta aquisição foi paga em 10/11/N. Durante o
mês de Novembro efetuou a transformação de apenas de 1 arroba, sendo as rolhas de cortiça
resultantes desta transformação (10.000 unidades) vendidas a € 0,10 cada unidade, em 3/1/N+1,
recebendo-se o valor desta venda em 10/1/N+1.

Pretende-se que identifique os valores e as datas de registo:


a) Da Despesa e correspondente Pagamento;
b) Dos Gastos e correspondentes Rendimentos;
c) Da Receita e correspondente Recebimento.

Resolução:

Valor Data
a) Despesa 70,00 € 6/10/N
Pagamento 70,00 € 10/11/N

b) Gastos 35,00 € …/11/N


Rendimentos 1.000,00€ 3/1/N+1

c) Receita 1.000,00€ 3/1/N+1


Recebimento 1.000,00€ 10/1/N+1

12
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos

Exercício nº 1.2.

A empresa Queijalto, Lda, com sede em São Manços, dedica-se à produção e comercialização de
queijos frescos. A Queijalto adquiriu, em 28/02/N, 10.000 Kg de cereais, para alimentar as cabras que
produzem o leite utilizado no fabrico dos queijos frescos, por um valor total de € 5.000. A dívida
resultante desta compra foi paga em 30/03/N. Durante o mês de março foram consumidos apenas
5.000Kg de cereal e foi vendida a totalidade da produção do mês, 5.000 queijos a € 0,50 cada um,
em 3/04/N. O valor desta venda foi recebido em 10/05/N.

Pretende-se que identifique os valores e as datas de registo:


a) Da Despesa e correspondente Pagamento;
b) Dos Gastos e correspondentes Rendimentos;
c) Da Receita e correspondente Recebimento.

Exercício nº 1.3.

A sociedade comercial SuperBit, Lda. comercializa equipamentos e consumíveis de informática.

No dia 5 de setembro de N adquiriu 10 computadores portáteis ao preço unitário de 400 euros. Esta
aquisição, devido às condições da campanha em que foi concretizada, foi paga de imediato.

Em 16 de setembro de N vendeu 4 daqueles computadores por 600 euros cada um; 2 deles foram
pagos de imediato pelos clientes e nos restantes foi concedido um prazo de pagamento de 30 dias.

Pretende-se:

Que identifique a data e o valor dos fluxos ocorridos durante o mês de setembro de N.

13
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

1.2. O Sistema Contabilístico Português: breve evolução histórica

Neste ponto pretende-se apresentar uma síntese da evolução histórica do sistema contabilístico
português desde a instituição da 1ª Comissão de Normalização Contabilística e aprovação do 1º Plano
de Contabilidade até ao momento atual, incluindo os mais recentes desenvolvimentos,
nomeadamente, a transposição para o normativo nacional da Diretiva Comunitária 2013/34/UE. São
ainda identificados os vários níveis de regulamentação em vigor e as entidades reguladoras nacionais.

No slide seguinte estão os principais marcos históricos do normativo contabilístico desde 1974, data
da instituição da Democracia em Portugal, até às mais recentes alterações legislativas.

SISTEMA CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS


Marcos Históricos

1975 - 1986 – Aprovação 2005 – Adopção das IAS /IFRS nos


Instituição da do Código das grupos económicos com títulos
Comissão de Sociedades admitidos à cotação em bolsas
Normalização Comerciais sediadas na UE
Contabilística
(CNC) 1989 – Adaptação
2010 – Adopção do novo
do POC às
Sistema de Normalização
directivas
Contabilística (SNC) em
1977 – Aprovação do comunitárias
Portugal
primeiro Plano Oficial
de Contabilidade (POC) 1991 –
Obrigatoriedade de 2015 – Transposição da
preparar contas Diretiva 2013/34/UE
consolidadas

1986 2009 2013


25 de Abril 2002 2015
Portugal torna-se Decreto-Lei Diretiva
de 1974 Regulamento Dec-Lei
membro da UE 158/2009 2013/34/UE
Revolução 1606/02, da UE 98/2015
de Abril

14
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

SISTEMA CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS


Níveis de Regulamentação

O Governo publicou o Sistema de Normalização Contabilística (SNC) – DL


2009 158/2009, de 13 de Julho – que altera o normativo anterior, composto pelo
POC e pelas Diretrizes Contabilísticas (DC).

Inclui
• Bases para a apresentação das DF’s
(BADF)
• Código de Contas (CC).
5 Níveis de Normalização • Modelos das Demonstrações
Financeiras (DF)
NIC adoptadas pelo
1. Sociedades Cotadas: Regulamento 1606/2002 • Normas Contabilísticas e de Relato
IAS e IFRS do IASB Financeiro (NCRF)
• NCRF – PE
Sociedades não Cotadas: • NCRF ESNL
• NC-ME
2. Pequenas entidades
• Normas Interpretativas (NI)
4. Microentidades 3. Outras entidades

Estrutura Concetual (EC)


5. Entidades do sector
não lucrativo Documento autónomo

SISTEMA CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS


Níveis de Regulamentação

O Governo publicou o DL 98/2015, de 2 de junho – que transpõe para o normativo


2015
nacional a Diretiva Comunitária 2013/34/UE. Entrou em vigor no ano 2016.

Não ultrapassam 2 dos 3 limites: • Aviso_8254_2015_29Julho (EC)


a) Total do Balanço ≤ € 20.000.000; • Portaria_218_2015_23Julho (CC).
Médias
b) Volume de Negócios liquido • Portaria_220_2015_24Julho (DF)
entidades
≤ € 40.000.000; • Aviso_8256_2015_29Julho(NCRF)
c) Nº de trabalhadores ≤ 250.

Não ultrapassam 2 dos 3 limites:


a) Total do Balanço ≤ € 4.000.000;
Categorias das Entidades Pequenas entidades
b) Volume de Negócios liquido
≤ € 8.000.000;
c) Nº de trabalhadores ≤ 50.

Não ultrapassam 2 dos 3 limites:


a) Total do Balanço ≤ € 350.000;
Microentidades b) Volume de Negócios líquido
≤ € 700.000;
c) Nº médio de empregados ≤ 10.

15
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

SISTEMA CONTABILÍSTICO PORTUGUÊS


Normalização Contabilística em Portugal

ENTIDADES REGULADORAS:
Comissão de Normalização Contabilística (CNC)
Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)
Banco de Portugal (BP)
Instituto Português de Seguros (ISP)

1. A CNC é a responsável pela elaboração, emissão e harmonização das


normas contabilísticas;
2. A CMVM regulamenta a preparação e divulgação da informação
contabilística das sociedades cotadas em bolsa;
3. O Banco de Portugal é a entidade que regula as instituições
financeiras.

1.3. O Sistema de Normalização Contabilística e a Estrutura Conceptual


Neste ponto é apresentado, de modo genérico, o Sistema de Normalização Contabilística (SNC) e a
Estrutura Conceptual, em vigor desde 2010, bem como as recentes alterações ocorridas na sequência
da transposição para o normativo nacional da Diretiva 2013/34/UE, com a publicação do Decreto-lei
nº 98/2015, de 2 de junho, aplicáveis aos períodos iniciados em ou após 1 de janeiro de 2016.

16
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O Sistema de Normalização Contabilística


SNC

O Governo publicou o Sistema de Normalização Contabilística (SNC) – DL


2009 158/2009, de 13 de julho – que veio substituir o normativo anterior,
composto pelo POC e pelas Directrizes Contabilísticas (DC).

2015 É publicado o DL 98/2015, de 2 de junho que vem alterar o DL 158/2009.

O SNC É COMPOSTO PELOS SEGUINTES INSTRUMENTOS:


• Bases para a apresentação das Demonstrações Financeiras (BADF)
• Modelos das Demonstrações Financeiras (MDF)
• Código de Contas (CC)
• Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)
• NCRF para pequenas entidades (NCRF-PE)
• NCRF para microentidades (NCRF-ME)
• NCRF para entidades do setor não lucrativo (NCRF-ESNL)
• Normas Interpretativas (NI)

A Estrutura Conceptual (EC) constitui um documento autónomo

17
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Estrutura Conceptual

Conjunto completo de Demonstrações Financeiras


8 da EC

Demonstração dos Demonstração


Demonstração
Resultados por das alterações no
BALANÇO Naturezas dos fluxos
Capital Próprio
de caixa
D.R. (DACP)
(DFC)

Objetivo das DF’s ( 12 a 21 da EC)


Posição financeira NOTAS
Desempenho; e outros elementos

Alterações na posição financeira.

18
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Estrutura Conceptual

Objetivos das Demonstrações Financeiras: prestar informação útil


à tomada de decisão sobre:
a posição financeira [Balanço] é útil para:
Prever as necessidades futuras de financiamento e decidir como os lucros
e fluxos de caixa futuros serão distribuídos ao longo do tempo.

 Prever a capacidade da empresa satisfazer os seus compromissos


financeiros à medida que se vencerem, através informação acerca da
liquidez e da solvência.

O desempenho [D.R.] é útil para:


 Prever a capacidade da empresa gerar resultados no futuro.

as alterações da posição financeira [D.F.C.] é útil para:


Avaliar as operações de investimentos, financiamento e operacionais;
 Prever a capacidade da empresa gerar caixa e seus equivalentes no futuro
e decidir sobre as utilizações que lhes poderá dar.

Estrutura Conceptual

UTENTES E SUAS NECESSIDADES DE INFORMAÇÃO


9 DA EC

Investidores Mutuantes
Fornecedores
Empregados e outros

Clientes
Governo Público

19
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

1.4. O Código de Contas e as Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF)


Neste ponto apresentam-se aos alunos as Classes que constam do Código de Contas do SNC e
explica-se a lógica de organização das principais contas que estão incluídas em cada Classe.
Apresenta-se também a lista das Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro constantes do
Decreto-Lei 98/2015, SNC. Os documentos oficiais estão disponíveis para consulta no site da
Comissão de Normalização Contabilística (http://www.cnc.min-financas.pt/).
.

20
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Estas contas são chamadas de “Contas de Balanço”, na medida em que representam os elementos
que constituem o património da entidade (direitos, obrigações e capital ou recursos próprios) e, como
tal, são apresentadas, se tiverem saldo, no Balaço da entidade.

21
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Estas contas são designadas genericamente por “Contas de Resultados”, sendo evidenciadas na
Demonstração dos Resultados por Naturezas, da entidade. A subconta 818 (Resultado líquido do
período) e a conta 89 (Dividendos antecipados), se tiver saldo, podem ainda aparecer no Balanço da
entidade.

As Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro (NCRF) tratam temas específicos da contabilidade,


apresentam os conceitos relacionados com o tema tratado, o tratamento contabilístico a considerar
no reconhecimento, as questões relacionadas com a mensuração inicial e subsequente, determinam
a informação a apresentar e as divulgações a efetuar nas demonstrações financeiras. As NCRF são
uma importante ferramenta de apoio ao trabalho contabilístico, cujas regras e devem ser aplicadas e
respeitadas pelos profissionais da contabilidade.

22
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

1.5. A Profissão de Contabilista: Ética e Deontologia


Apesar de ser atualmente reconhecida como uma profissão de interesse público nem sempre assim
foi, dado que a profissão de contabilista apenas foi regulada no final do século XX. Apresenta-se,
neste ponto, uma breve evolução histórica da profissão e do código deontológico que rege o seu
exercício.

Recentemente foi aprovado o novo Estatuto dos Contabilistas Certificados pela Lei nº 139/2015, de 7
de setembro. Neste novo estatuto é alterada a designação de Técnico Oficial de Contas para
Contabilista Certificado, passado a ordem profissional a designar-se por Ordem dos Contabilistas
Certificados. Também foram introduzidas algumas alterações no que respeita à inscrição na Ordem
e consequente acesso à profissão, passando este a ser mais restrito relativamente às habilitações
académicas exigidas.

A Lei nº 139/2015 aprovou também alterações ao Código Deontológico que havia sido publicado
em 2009 e que definia um conjunto de direitos e deveres, princípios gerais orinetadores do exercício
da profissão de Contabilista Certificado.

23
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

24
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

25
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Questão para reflexão


Qual o impacto potencial de erros materiais na contabilidade financeira de uma entidade nas decisões
dos utilizadores internos e externos da informação produzida pela mesma? Sustente a sua resposta
com exemplos.

26
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

2. Conceitos Fundamentais

Para cumprir com os seus objetivos, apresentação de informação financeira que sirva de apoio à
tomada de decisão dos vários utilizadores, a contabilidade vai registar todas as operações realizadas
pela empresa num determinado período de tempo. As operações que a empresa realiza provocam
alterações no seu património e o que se pretende através da contabilidade é conhecer o impacto
dessas alterações, quer nos fluxos financeiros (Balanço), quer nos fluxos económicos (Demonstração
dos Resultados), quer nos fluxos monetários (Demonstração dos Fluxos de Caixa).

Assim, neste ponto tratar-se-á de todos os conceitos fundamentais associados ao trabalho


contabilístico e ao método de registo contabilístico que permite obter a informação contabilística e
financeira que as empresas, e outras entidades, estão obrigadas a apresentar no final de cada
período.

É apresentado, em primeiro lugar, o conceito de património da empresa: conjunto de bens, direitos


e obrigações (elementos patrimoniais), que no início da atividade tem uma determinada composição
e um dado valor. Em seguida, apresentam-se as massas patrimoniais que resultam da agregação
dos elementos patrimoniais com características semelhantes: os bens mais os direitos constituem o
Ativo da empresa e as obrigações o seu Passivo.

As operações que a empresa realiza dão origem aos factos patrimoniais, que têm diferentes
implicações no património, quer ao nível da sua composição, quer no seu valor. Quando apenas se
altera a composição do património e não ocorre alteração no valor o facto patrimonial é apenas
permutativo, há uma permuta entre elementos patrimoniais; quando ocorre uma alteração no valor
do património o facto patrimonial é modificativo, modifica a relação entre as massas patrimoniais,
altera-se a situação patrimonial, ou líquida, da empresa e há lugar a um resultado. Os efeitos das
alterações no Património da empresa provocadas pelos factos patrimoniais são analisados, quer na
perspetiva financeira, no Balanço, quer na perspetiva económica, na Demonstração dos Resultados.

Na sequência destes conceitos é apresentada aos alunos a Equação Fundamental da


Contabilidade, que servirá de suporte à explicação do método de registo contabilístico dos factos
patrimoniais. O registo dos factos patrimoniais exige, atualmente, a existência de um suporte
informático com um sistema de contas. As contas são a base do método contabilístico e é nelas que
se reproduzem os factos patrimoniais, cuja movimentação é apresentada com o detalhe necessário
à sua compreensão. A movimentação das contas difere segundo a sua natureza; os registos não são
iguais para todos os tipos de contas (do ativo, do passivo, de capital próprio, de gastos, de
rendimentos ou de resultados); em qualquer caso, os registos obedecerão sempre ao método das
partidas dobradas introduzido pela 1ª vez no século XV pelo Luca Pacioli, frade franciscano que
escreveu um compêndio de matemática nele incluindo um capítulo onde apresentou o método que
persiste até aos dias de hoje.

No final, a terminar este ponto, apresenta-se o conceito de saldo contabilístico, explica-se a sua
natureza e a ligação entre as contas, os seus saldos e as Demonstrações Financeiras,
nomeadamente o Balanço e a Demonstração dos Resultados.

27
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

2.1. Património

O Património de qualquer entidade é composto por bens, direitos e obrigações. Estes elementos
patrimoniais agrupam-se em duas massas patrimoniais: o Ativo (constituído por bens e direitos) e o
Passivo (que corresponde ao conjunto das obrigações).

Os bens correspondem aos elementos patrimoniais, propriedade da empresa, de que esta pode
dispor a qualquer momento, para os efeitos que entender; a maior parte deles tem forma física. São
exemplos de bens: as mercadorias, os equipamentos, o dinheiro em caixa ou no banco sob a forma
de depósitos.

Os direitos são elementos patrimoniais, propriedade da empresa, imateriais ou contingentes, de que


a empresa só pode dispor mediante o cumprimento de outras entidades; as dívidas de terceiros para
com a empresa e as participações noutras entidades são exemplos deste tipo de ativos.

As obrigações correspondem às dívidas da empresa para com entidades externas, incluindo os


suprimentos dos detentores do seu capital, mas excluindo as outras operações de financiamento com
aqueles, que constituam rúbricas de Capital Próprio.

Em termos de valor do património da empresa, os bens e os direitos constituem elementos positivos,


na medida em que a sua adição faz aumentar o seu valor; por sua vez, as obrigações constituem, na
mesma perspetiva, elementos negativos, na medida em que a sua adição faz diminuir o valor do
património.

28
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O Património de uma entidade pode ser analisado em termos de composição, ou seja, natureza e
quantidade dos elementos que o compõem. Porém, a medida mais comum para avaliar o património
de uma entidade é o seu valor, que implica a atribuição de valor a todos os elementos patrimoniais
ativos e passivos, e cujo somatório nos conduzirá ao valor do património, abstraindo outras
valorizações de natureza subjetiva, que é a quantia de que é necessário dispor para adquirir o
património de uma entidade. Em linguagem técnica (contabilística) o valor do património é designado
habitualmente por Capital Próprio, Situação Líquida ou Património Líquido.

Assim o Capital Próprio ou a Situação Líquida são a diferença entre o valor das duas massas
patrimoniais (Ativo – Passivo), e podem ter três tipos de valor ou natureza:
 Ativa quando o valor do ativo é superior ao valor do passivo;
 Passiva quando o valor do passivo supera o valor do ativo;
 Nula, hipótese teórica, quando os valores do ativo e do passivo são iguais.

29
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

2.2. Factos Patrimoniais

Qualquer operação que modifique a composição (natureza e/ou quantidade dos elementos
patrimoniais) do património de uma entidade e / ou o seu valor é designado por facto patrimonial, quer
resulte de relações com entidades externas ou apenas de operações internas. Os factos patrimoniais
permutativos não alteram o valor do património, ou seja, a relação (ou diferença) entre ativo e passivo
após a sua ocorrência apenas se altera a composição do Património mantendo-se o seu valor
inalterado. Pelo contrário, os factos patrimoniais modificativos modificam não só a composição como
também o valor do património da entidade face ao que era antes da sua ocorrência.

30
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

31
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

2.3. Equação Fundamental da Contabilidade

Os factos patrimoniais modificativos implicam, na generalidade, a ocorrência de gastos e/ou


rendimentos, ou seja conduzem a alterações no resultado da entidade dado que os resultados são
calculados como a diferença entre rendimentos e gastos (Resultados = Rendimentos – Gastos).

Os resultados contabilísticos de uma entidade podem ser:


 Positivos – situação em que se fala de lucro (Rendimentos > Gastos);
 Negativos – configuram um prejuízo (Gastos > Rendimentos);
 Nulos – situação que raramente ocorre (Gastos = Rendimentos).

Os resultados apurados num determinado período traduzem-se em capital próprio adquirido pelo que
os resultados fazem aumentar ou diminuir a situação líquida ou valor do património, conforme sejam,
respetivamente, positivos ou negativos. Após o apuramento de resultados, que ocorre
periodicamente, ter-se-á que verificar a igualdade entre o Ativo e o Passivo mais ou menos o Capital
Próprio, relação que traduz a igualdade que se designa por Equação Fundamental da Contabilidade.

32
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

2.4. O método de registo contabilístico

Os objetivos básicos da Contabilidade Financeira são, através do registo dos factos patrimoniais:
 dar a conhecer o desempenho económico da entidade, num determinado período (o resultado
e a sua composição);
 evidenciar a situação financeira da entidade, no final de um período, ou seja o valor e a
composição do seu património de forma agregada.

33
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O registo contabilístico é baseado nos documentos que sustentam os factos patrimoniais, que são
classificados e registados (ou lançados) nas contas adequadas, por sua vez agregadas em “livros”
(diário e razão). Todo o processo está informatizado podendo, a partir dos lançamentos, obter-se
informação com maior ou menor detalhe, nomeadamente através de balancetes, da demonstração
dos resultados que demonstra o desempenho económico e do balanço que representa a situação
financeira ou patrimonial da entidade.

34
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

A movimentação das contas pode ser resumida do seguinte modo:

35
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

36
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

37
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

38
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

2.5. O Balanço e a Demonstração de Resultados

O Balanço é elaborado, obrigatoriamente, com referência a 31 de dezembro de cada ano.

No ativo os elementos são apresentados por ordem crescente de liquidez, ou seja, em primeiro os
elementos menos líquidos (os que mais dificilmente se podem transformar em meios financeiros
líquidos) – o ativo não corrente – até terminar com os meios financeiros líquidos Caixa e Bancos.

No Passivo a ordem de apresentação dos elementos é a ordem crescente de exigibilidade, do menos


exigível par ao mais exigível, pelo que aparece em primeiro lugar as obrigações a pagar no médio e
longo prazo e termina com as obrigações a liquidar imediato.

No Capital Próprio, os elementos são apresentados por cronológica de constituição, ou seja, começa
com o elemento mais antigo, o capital com que a entidade é constituída até ao mais recente o
resultado líquido apurado no período a que respeita o balanço.

Numa perspetiva de conteúdo de cada um dos membros do balanço, é comum identificar:


 no 2º membro, as origens de fundos, próprias e alheias, ou seja, as fontes de financiamento
onde se obtém os meios necessários ao funcionamento da entidade;
 no 1º membro, as aplicações de fundos, ou seja, bens e direitos que resultam da aplicação
dos fundos obtidos, quer internamente (próprios) quer externamente (alheios).

39
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

40
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

A Demonstração dos Resultados (DR) visa relatar o desempenho económico da entidade em relação
a um determinado período. Tal como o Balanço, a DR é obrigatoriamente elaborada com referência
a 31 de dezembro de cada ano, reportando-se ao desempenho nos 12 meses precedentes.

No SNC estão previstos dois modelos de DR:


 por Naturezas – que visa evidenciar que rendimentos e gastos da empresa contribuíram, e
em que medida, para a formação do resultado. Este modelo é obrigatório para todas as
entidades.
 por Funções – que apresenta a contribuição de cada função da entidade para a formação
do resultado. Este modelo é facultativo.

41
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O Resultado líquido do período é apurado anualmente na D.R. e constitui parte do Capital Próprio da
Entidade, traduzindo-se em Capital Próprio adquirido anualmente. Esta é a única rubrica que é comum
às duas peças contabilísticas fundamentais, o Balanço e a Demonstração dos Resultados.

42
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 2.1.
Em 31/12/N, a empresa Gestejo Lda., cuja actividade se insere no Comércio de Material Informático,
possuía os seguintes elementos patrimoniais (em euros):

ELEMENTOS PATRIMONIAIS VALOR


Dinheiro e cheques em caixa € 2.650
Dívida do cliente X € 2.500
Dívida à Segurança Social € 1.000
Dívida ao Estado € 250
Máquina registadora € 200
Empréstimo Bancário € 1.000
Equipamento Administrativo € 1.500
20 impressoras € 1.000
Expositores de material diverso € 5.000
10 computadores € 3.500
Dívida ao fornecedor W € 1.500
Veículo automóvel ligeiro € 15.000
Depósito à ordem no Banco Z € 15.000
Armazém € 50.000
Pretende-se que:
a) Identifique a natureza de cada elemento patrimonial (bem, direito e obrigação);
b) Determine o valor do Ativo, Passivo e do Capital Próprio.

Resolução:
a)
ELEMENTOS PATRIMONIAIS VALOR B/D/O ATIVO PASSIVO
Dinheiro e cheques em caixa 2.650 € BEM 2.650,00
Dívida do cliente X 2.500 € DIREITO 2.500,00
Dívida à Segurança Social 1.000 € OBRIGAÇÃO 1.000,00
Dívida ao Estado por IRS retido 250 € OBRIGAÇÃO 250,00
Máquina registadora 200 € BEM 200,00
Empréstimo obtido no Montepio 1.000 € OBRIGAÇÃO 1.000,00
Equipamento Administrativo 1.500 € BEM 1.500,00
20 impressoras 1.000 € BEM 1.000,00
Expositores de material diverso 5.000 € BEM 5.000,00
10 computadores 3.500 € BEM 3.500,00
Dívida ao fornecedor W, Lda. 1.500 € OBRIGAÇÃO 1.500,00
Veículo automóvel ligeiro 15.000 € BEM 15.000,00
Depósito à ordem no Montepio 15.000 € BEM 15.000,00
Armazém 50.000 € BEM 50.000,00

b) Ativo = 96.350,00€ Passivo= 3.750,00€


Capital Próprio= Ativo – Passivo= 92.600,00€

43
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Proposto

Exercício nº 2.2.

Considere os seguintes elementos patrimoniais (em euros), constantes do património da empresa


Gemas d’Ovos, Lda., que se dedica ao fabrico e comercialização de doçaria regional, em Arraiolos.

ELEMENTOS PATRIMONIAIS VALOR


Matérias-primas € 2.500
Mercadorias € 1.200
Dívida ao Fornecedor X € 2.500
Dívida ao Contabilística € 600
Empilhador € 12.000
Financiamento do IAPMEI (QREN) € 25.000
Carrinha de transporte mercadoria € 15.500
Equipamento informático € 3.000
Embalagens em cartão € 1.200
Equipamento fabril € 3.500
Depósito Bancário € 5.000
Espaço Comercial € 25.000

Pretende-se que:

a) Identifique a natureza de cada elemento patrimonial (bem, direito e obrigação);


b) Determine o valor do Ativo, Passivo e do Capital Próprio.

44
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 2.3.

Durante o mês de janeiro do ano N a empresa ECO & GES, Lda, incorreu nos gastos e obteve os
rendimentos que a seguir se descriminam:

Operações (em euros)


Remunerações ao pessoal 15.000
Juros do empréstimo bancário 1.000
Consumo da água e da eletricidade 750
Vendas de mercadorias 60.000
Apuramento do custo das mercadorias vendidas 40.000
Juros dos depósitos a prazo 250
Consumo de combustíveis 400
Honorários ao advogado 500
Reparação da viatura ao serviço do gerente 600
Assistência técnica prestada a um cliente 1.250
Publicidade no jornal " MATINAL” 1.500
Seguro para acidentes de trabalho 750
Consumo de material de escritório (papel, clips, agrafes) 100
Donativo a uma IPSS 150

Pretende-se que:
a) Que identifique as componentes positivas (rendimentos) e negativas (gastos) dos
resultados;
b) Determine o Resultado do período.

Resolução:
DESCRIÇÃO GASTOS RENDIMENTO
Gastos c/ pessoal Pagamento das remunerações ao pessoal 15.000,00
Gastos e perdas de financiamento Pagamento de juros do empréstimo bancário 1.000,00
FSE Pagamento da água e da eletricidade 750,00
Vendas Vendas de mercadorias 60.000,00
CMVMC Custo das mercadorias vendidas 40.000,00
Rendimentos e ganhos de
financiamento Recebimento dos juros dos depósitos à ordem 250,00
FSE Consumo de combustíveis 400,00
FSE Pagamento dos honorários ao advogado 500,00
FSE Reparação da viatura ao serviço do gerente 600,00
Prest. Serviços Assistência técnica prestada a um cliente 1.250,00
FSE Publicidade no jornal " MATINAL” 1.500,00
FSE Pagamento do seguro automóvel 750,00
Compra de material de escritório (papel, clips,
FSE agrafes) 100,00
Gastos e perdas de financiamento Pagamento dos juros aos fornecedores 150,00
TOTAL 60.750,00 61.500,00
Resultado do período 750,00

45
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Proposto

Exercício nº 2.4.

A empresa TocaGastar, Lda. dedica-se à comercialização de Software Contabilístico. Durante o mês


de janeiro do ano N efetuou os seguintes movimentos nas contas de gastos e rendimentos:

1. Fatura-Recibo da Portugal Telecom relativa ao consumo de telefone no valor de € 61,50;


2. Fatura enviada ao cliente X, relativa a serviços prestados no valor de € 1.845,00;
3. Fatura Recibo da oficina relativa à reparação da viatura ligeira no valor de €120,00;
4. Pagamento com cartão multibanco de uma refeição com um cliente no valor de € 55,00;
5. Compra a pronto pagamento de material diverso de escritório no valor de € 40,00;
6. Fatura-Recibo da Seguradora Eseg relativa ao seguro da viatura ligeira no valor de € 300,00;
7. Fatura-Recibo da empresa Solimpa relativa ao serviço de limpeza, no valor de € 369,00;
8. Fatura-Recibo referente ao fornecimento de gasóleo no valor de € 80,00;
9. Fatura da empresa Contarica, relativa a serviços contabilísticos, no valor de € 350,55;
10. Carregamento por Multibanco do telemóvel do sócio gerente no valor de € 50,00.

Pretende-se:

a) Que identifique os gastos e rendimentos;

b) Determine o Resultado do período.

46
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 2.5.

Considere as seguintes operações e proceda ao seu registo, no Razão esquemático, considerando


as regras de movimentação definidas para cada tipo de conta. Identifique o tipo de fluxos associado
a cada operação:

1. Faturas enviadas a clientes por serviços prestados


2. Obtenção de um financiamento bancário
3. Cheques recebidos de clientes
4. Liquidação, em dinheiro, dos gastos de telefone e fax
5. Liquidação, por débito em conta, de juros de um empréstimo bancário
6. Pagamento em dinheiro de uma multa por atraso na entrega da declaração de IRC
7. Entrega de cheque a um fornecedor
8. Compra de mercadorias a crédito
9. Recibo do advogado relativo a serviços prestados
10. Aquisição de uma viatura a crédito

REGRAS DE MOVIMENTAÇÃO FLUXOS

A Débito de um ativo I Gasto


B Crédito de um ativo II Rendimento
C Débito de um passivo III Despesas
D Crédito de um passivo IV Receita
E Débito de um gasto V Pagamento
F Crédito de um gasto VI Recebimento
G Débito de um rendimento
H Crédito de um rendimento

Resolução:

1. Faturas enviadas a clientes por serviços prestados A H II IV


2. Obtenção de um financiamento bancário A D VI III IV
3. Cheques recebidos de clientes B A VI
4. Liquidação, em dinheiro, dos gastos de telefone e fax E B I V III
5. Liquidação, por transferência bancária, dos juros
do empréstimo E B I V III
6. Pagamento em dinheiro de uma multa E B I III V
7. Entrega de cheque a um fornecedor C B V
8. Compra de Mercadorias a crédito A D III
9. Fatura/Recibo do advogado E B I III V
10. Aquisição de uma viatura a crédito A D III

47
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Proposto

Exercício nº 2.6.

A sociedade AlémConta, Lda., efetuou durante o mês de fevereiro de N as seguintes operações:

1. Depósito do cheque nº 123456 que se encontrava na caixa da empresa;


2. Venda a crédito de mercadorias com margem de 20% sobre o valor de custo;
3. Aquisição a crédito de mercadorias ao Fornecedor W;
4. Pagamento ao Fornecedor W, com cheque nº 12345;
5. Recebimento do cliente X;
6. Pagamento da factura da EDP, por transferência bancária;
7. Aquisição a crédito de um computador e de uma impressora.

Proceda ao registo, no Razão esquemático, considerando as regras de movimentação definidas


para cada tipo de conta. Identifique o tipo de fluxos associado a cada operação e o tipo de facto
patrimonial.

REGRAS DE MOVIMENTAÇÃO FLUXOS FACTOS PATRIMONIAIS

A Débito de um ativo I Gasto X Permutativo


B Crédito de um ativo II Rendimento Y Modificativo
C Débito de um passivo III Despesas
D Crédito de um passivo IV Receita
E Débito de um gasto V Pagamento
F Crédito de um gasto VI Recebimento
G Débito de um rendimento
H Crédito de um rendimento

48
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 2.7.
Considere os seguintes valores retirados das Demonstrações Financeiras Intercalares da Deb & Cre, S.A.
reportados a 30/06/N. Com base na Equação Fundamental da Contabilidade e utilizando formulação adequada
determine o valor da incógnita X.
1. Janeiro N 30. Junho N
- Total do Ativo - Total do Ativo
2.750.000 2.500.000
- Total do Passivo - Total do Passivo
1.800.000 1.600.000

Movimento durante o período:


 Total dos Rendimentos
255.000
 Total dos Gastos
X
- Variações Patrimoniais não refletidas no resultado do período
+ 10.635

Resolução:

CPinicial = 2.750.000 - 1.800.000 = 950.000


CPfinal = 2.500.000 - 1.600.000 = 900.000

Rendimentos = 255.000
Gastos = X

Variações patrimoniais (nrrp) = 10.635

l CPfinal= CPinicial + Resultados + Variações patrimoniais (nrrp)


900.000 = 950.000 + (255.000 - X) + 10.635
X = 315.635

49
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Proposto

Exercício nº 2.8.
Das demonstrações financeiras das sociedades A e B reportadas a 31/12/N, retirou-se a informação
(em euros) abaixo apresentada. Considerando a expressão matemática que traduz o equilíbrio
patrimonial e utilizando formulação adequada determine o valor das incógnitas X e Y.

RUBRICAS SOC. A SOC. B

Situação em 1/1/N
- Ativo 30.000 25.000
- Passivo X 10.000
Situação em 31/12/N
- Ativo 35.000 Y
- Passivo 15.000 14.000
Movimento durante o ano
- Variações patrimoniais não refletidas
no resultado do exercício:
- Positivas 10.000 6.000
- Negativas 15.000 1.500

- Rendimentos 90.000 43.000


- Gastos 75.000 45.000

Questão para reflexão


A existência de um total do ativo substancialmente superior ao total do passivo nem sempre é garantia
de disponibilidade financeira da empresa nem da sua sustentabilidade a longo prazo. Concorda com
a afirmação? Justifique a sua opinião.

50
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

3. Transações correntes e outras operações

Neste ponto será apresentado o tratamento contabilístico das operações que mais frequentemente
ocorrem no dia-a-dia das Entidades. As transações correntes mais frequentes estão relacionadas com
compras e vendas, pagamentos e recebimentos, gastos e rendimentos todos decorrentes do exercício
da atividade principal.

A sequência pela qual as operações são apresentadas está relacionada com a ordem das Classes
de contas previstas no Código de Contas do SNC. Assim, começa-se com algumas operações no
âmbito da Classe 1 Meios financeiros líquidos, nomeadamente pagamentos e recebimentos
decorrentes de operações correntes realizadas em qualquer tipo de entidade. Pretende-se, nesta
primeira abordagem, exercitar a aplicação do método de registo contabilístico, anteriormente
apresentado, com exemplos de simples interpretação e execução.

Este ponto prossegue com o tratamento contabilístico das operações no âmbito da Classe 2 Contas
a receber e a pagar, que, na generalidade, tem implicações nas Classes de Gastos e Rendimentos.
São tratadas as despesas e receitas, os gastos e rendimentos associados às compras e aos
fornecedores e às vendas e aos clientes. É ainda explicado o tratamento contabilístico de todas as
operações relacionadas com as compras e vendas, a pronto pagamento e a crédito, adiantamentos
monetários efetuados e recebidos, descontos financeiros concedidos e obtidos.

Em seguida tratam-se as questões contabilísticas associadas ao Pessoal ao serviço da empresa,


nomeadamente processamento e, posterior, pagamento das remunerações e respetivos encargos
sociais e ainda outros gastos e pagamentos decorrentes dos fornecimentos e prestações de serviços
de terceiros, necessários ao normal funcionamento das empresas.

Este ponto termina com o cálculo, apuramento e tratamento contabilístico do Imposto sobre o Valor
Acrescentado (IVA), que, em regra, é inerente às operações tratadas anteriormente.

51
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

3.1. Meios Financeiros Líquidos

Na conta 11 Caixa devem ser reconhecidos todos os meios de pagamento (dinheiro, cheques, vales
de correio) que entram na empresa, enquanto lá permanecerem, ou seja, até serem depositados no
banco ou utilizados para fazer pagamentos. Quando tais valores sejam em moeda estrangeira são
registados ao câmbio do dia da sua entrada em Caixa; se no final do ano ainda estiverem em Caixa
devem ser revalorizados ao câmbio de 31.dezembro, podendo esta operação originar diferenças
cambiais favoráveis ou desfavoráveis, que devem ser então reconhecidas como gastos ou
rendimentos do exercício.

52
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

A conta 12 Depósitos à ordem é utilizada para reconhecer os movimentos (entradas e saídas) em


contas bancárias tituladas pela empresa, que não estão sujeitas a qualquer restrição de
movimentação (daí a designação “à ordem”). A conta 13 Outros depósitos bancários tem utilização
idêntica, mas para contas cuja movimentação pode obedecer a requisitos distintos das contas à
ordem (exº: depósitos a prazo). Em ambos os casos as contas devem ser subdivididas por entidade
bancária e por número de conta; no caso da segunda, deve ser previamente dividida por tipo de
depósito (exº: 13x Depósitos a prazo; 13xy Banco BBBBBB; 13xyz Conta nº wwwwwww).

Todas as entradas de “dinheiro” naquelas contas, independentemente da sua natureza (depósitos,


transferências de terceiros, recebimentos relativos a cartões bancários de clientes, juros pagos pelo
banco) devem ser movimentadas a débito destas contas; de igual forma, todas as saídas devem ser
movimentadas a crédito (levantamentos de dinheiro, emissão de cheques ou de transferências para
pagamento, pagamentos por cartão bancário da empresa, ordens permanentes de pagamento,
despesas cobradas pelo banco, juros cobrados pelo banco, etc.).

Se houver contas em moeda estrangeira, deverão ter um tratamento cambial similar ao explicitado
para a conta 11 Caixa.

53
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

54
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 3.1.
A Sociedade Evocash, S.A., que se dedica ao comércio de produtos de papelaria e equipamento de
escritório, apresentava, em 1/12/N os seguintes saldos nas contas da Classe 1 Meios Financeiros
Líquidos:
Código Designação Saldo Devedor
11 Caixa € 500,00
12.1 Depósitos à ordem – Banco X € 5.000,00

Durante o mês de Dezembro realizaram-se as seguintes operações com implicações na Classe 1:


a) Vale de Caixa do Sr. Peixe, motorista da empresa__________________________ €250,00
b) Depósito no banco de valores em Caixa _________________________________ €150,00
c) Compra de 50 moedas, por multibanco, comemorativas dos Jogos Olímpicos ____€500,00
d) Entrada em Caixa do cheque nº 378 do Cliente Zen_________________________€145,50
e) Depósito no Banco do Cheque nº 378 recebido do Cliente ZEN________________€145,50
f) Devolução do Banco, por falta de provisão, do cheque nº 378 _________________€145,50
g) Recebimento dos Juros relativos a uma aplicação financeira da empresa________€230,00
h) Pagamento das despesas bancárias de uma transferência para o estrangeiro______€5,00

Pretende-se que:
a) Efetue os lançamentos no razão e no diário dos movimentos indicados;

Resolução:

Contas movimentadas
Nº Descrição Valor
A débito A crédito
2322 -
(Adiantamentos) Ao
a) Vale de caixa pessoal 11 - Caixa 250,00 €
Depósito de valores 12.1 - Dep. Bancários -
b) em caixa Banco X 11 - Caixa 150,00 €
Compra de moedas 12.1 - Dep. Bancários - Banco
c) comemorativas 311 - Mercadorias X 500,00 €
Recebimento de
d) cheque 11 - Caixa 2111 - Clientes Gerais 145,50 €
Depósito do cheque 12.1 - Dep. Bancários -
e) recebido Banco X 11 - Caixa 145,50 €
Devolução do cheque 12.1 - Dep. Bancários - Banco
f) pelo banco 2111 - Clientes gerais X 145,50 €
12.1 - Dep. Bancários - 7912 - (Juros obtidos) De
g) Recebimento de juros Banco X outras… 230,00 €
Despesas de 6227 - Serviços 12.1 - Dep. Bancários - Banco
h) transferência bancários X 5,00 €

55
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Proposto

Exercício nº 3.2.
Considere as informações, do mês de setembro de N, da empresa Mensagens, S.A:

A) Movimentos com o Banco EVOBANK:

Saldo Inicial € 5.000,00


1- Emissão de cheque nº 100 para reforço de caixa € 500,00
2- Emissão do cheque nº 123 para liquidação da fatura nº 8 do fornecedor X € 1.000,00
3- Aviso de débito bancário nº 20 relativo a constituição de depósito a prazo € 1.250,00
4- Aviso de crédito bancário nº 60 relativo a transferência de um cliente € 600,00
5- Pagamento por transferência bancária do consumo de água € 420,00
6- Aviso de débito bancário nº 25 relativo a aquisição de livro de cheques € 5,00
7- Aviso de débito bancário nº 32 referente à mensalidade do serviço netbanking € 25,00
8- Aviso de débito bancário nº 33 referente a pagamento ao fornecedor Y € 1.500,00

B) Outros movimentos:

1- Pagamento, por multibanco, da Fatura da EDP relativa ao consumo de € 160,00


eletricidade no mês de agosto
2- Cheque enviado pelo cliente C45 para pagamento da n/ fatura nº 200 € 500,00
3- Depósito no Banco EVOBANK do cheque recebido do cliente C45

Pretende-se que:
a) Efetue os lançamentos, no razão e no diário, dos movimentos indicados;
b) Apure o valor e a natureza do saldo da conta, no final do mês de setembro.

56
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

3.2. Clientes e Fornecedores (Compras e Vendas)

As operações de compra geram despesas e pagamentos que podem coincidir no tempo ou não, se a
compra for realizada a pronto pagamento a despesa e o pagamento coincidem mas se for realizada
a crédito verificasse um desfasamento temporal entre a despesa e o respetivo pagamento. Assim é
possível registar compras sem registar pagamento; o mesmo ocorre com a venda, esta operação gera
receita que poderá ou não coincidir com o recebimento. A venda implica a receita e o rendimento, nas
óticas financeira e económica, mas a tesouraria poderá não acompanhar os movimentos resultantes
desta operação e apenas mais tarde se registará o respetivo fluxo monetário. O gasto apenas será
reconhecido quando forem consumidos os fatores produtivos e, na perspetiva da Contabilidade
Financeira, só serão reconhecidos no momento em que ocorre a venda ou prestação do serviço
relativamente ao qual se reportam. Assim, compreende-se o quão importante é perceber as
consequências de uma operação nestas diferentes perspetivas e o seu impacto quer nas massas
patrimoniais do Balanço quer no desempenho económico da Entidade.

Todas as operações para serem objeto de tratamento contabilístico terão que ter um documento de
suporte, no caso das compras e vendas são, em regra, utilizados os seguintes documentos:

57
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Todas as operações de compra e venda, e outras relacionadas, são registadas em contas das
Classes 1 Meios Monetários, 2 Contas a receber e a pagar e 3 Inventários. Neste ponto serão
apresentadas algumas das contas da Classe 2 que são movimentadas no âmbito destas operações,
nomeadamente, as contas de Clientes e de Fornecedores.

58
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

A conta 21 Clientes serve para registar as relações com clientes, no que respeita a créditos
concedidos e a regularizações desses créditos (através de pagamentos, de notas de crédito emitidas
pela empresa, de devolução de vendas, do aceite e reforma de letras comerciais ou do
reconhecimento como incobráveis), servindo ainda para registar as perdas por imparidade,
relativamente às dívidas cuja possibilidade de cobrança seja duvidosa.

A conta 22 Fornecedores serve para registar as relações com fornecedores, no que respeita a
créditos obtidos nas compras e a regularizações desses créditos (através de pagamentos, de notas
de crédito emitidas pelo fornecedor, de devolução de compras ou do aceite e reforma de letras
comerciais), servindo ainda para registar as perdas por imparidade, relativamente a adiantamentos a
fornecedores cuja possibilidade de ressarcimento seja duvidosa.

59
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O registo contabilístico de uma aquisição de mercadorias, ou outro tipo de material, para armazenar
e/ou utilização imediata no processo produtivo da empresa, determina um registo a débito na conta
31 Compras e um registo a crédito:
 na conta 12 Depósitos à ordem ou na conta 11 Caixa, conforme a aquisição seja paga, de
imediato, através de um instrumento bancário ou em dinheiro, respetivamente (saliente-se
que, em regra, os pagamentos das empresas devem ser feitos através de instrumentos
bancários, havendo inclusive restrições legais aos pagamentos em dinheiro – artº 63º-C da
Lei Geral Tributária); ou,
 na conta 22 Fornecedores, se a aquisição for feita a crédito, ou seja, não for paga de
imediato.

Quanto à venda, o registo deverá ser feito a crédito na conta 71 Vendas e a débito:
 na conta 12 Depósitos à ordem ou na conta 11 Caixa, conforme a venda seja recebida, a
pronto, através de uma transferência bancária ou em dinheiro / cheque / vale de correio,
respetivamente; ou,
 na conta 21 Clientes, quando se trate de uma venda a crédito.

No slide seguinte apresenta-se um exemplo simplificado, com o registo contabilístico deste tipo de
operações:

O Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) é calculado sobre o valor da transação e acresce a este
na fatura. Tratar-se-á mais adiante este imposto, contudo é importante que o mesmo seja desde já
considerado quando se apresentam as operações de compra e venda dado que está, na maioria dos
casos, associado a estas operações.

60
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O SNC prevê uma conta (243) para registo das operações relacionadas com o IVA.

61
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

As empresas podem ter interesse, por razões várias, em negociar com os seus clientes e/ou com os
seus fornecedores a realização de um adiantamento sobre uma transação futura. Os adiantamentos
podem ser efetuados numa fase inicial da negociação, quando ainda não está definido o preço final
da transação, neste caso o adiantamento será monetário, com reflexo na tesouraria, ou podem ocorrer
numa fase mais adiantada quando já são conhecidas todas as condições inerentes à transação
nomeadamente o seu valor final, neste caso existe já uma maior certeza de que a operação se
concretizará e o adiantamento é não monetário e tem impacto na Classe 3 de Inventários.

Assim, a contabilização de adiantamentos relativos a compra de mercadorias é efetuada em contas


distintas, consoante se trate ou não de adiantamentos monetários:
 Movimenta-se a conta 228 Adiantamentos a fornecedores a débito, quando se realiza um
adiantamento monetário (no momento em que é feito o preço final da mercadoria ainda não
está fixado); ou,
 Movimenta-se a conta 39 Adiantamentos por conta de compras a débito, quando se efetua
um adiantamento não monetário (quando ocorre o preço final da transação já está fixado).

Estes adiantamentos são regularizados quando é concretizada a transação (quando é recebida a


mercadoria e a respetiva fatura).

62
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

63
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Tal como acontece nas compras, a contabilização de adiantamentos relativos a venda de mercadorias
é efetuada em contas distintas, consoante se trate ou não de adiantamentos monetários:
 Movimenta-se a conta 218 Adiantamentos de clientes a crédito, quando se recebe um
adiantamento monetário (no momento em que é recebido o preço final da mercadoria ainda
não está fixado); ou,
 Movimenta-se a conta 276 Adiantamentos por conta de vendas a crédito, quando se
recebe um adiantamento não monetário (quando ocorre o preço final da transação já está
fixado).

Estes adiantamentos são regularizados quando é concretizada a transação e é emitida a fatura.

64
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

65
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

No dia-a-dia das empresas é também habitual a negociação de descontos ou abatimentos nas


operações de compras e vendas, quer no momento inicial quando ocorre a operação quer
posteriormente quando ocorre a liquidação da respetiva fatura. Os descontos relacionados com o
valor a pagar são designados como descontos financeiros e terão o respetivo tratamento contabilístico
consoante o momento em que ocorrem, na emissão da fatura ou depois aquando da emissão do
recibo, no momento do pagamento.

66
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Compra com desconto financeiro

1º Desconto 5% obtido, na fatura (IVA à tx. 23%)

11 Caixa / 12 DO 31 Compras 2432x IVA dedutível


1.168,50 1.000,00 218,50*

782 Descontos p.p


50,00
* (1000*95%)*23%= 218,50
2º Desconto de 5% obtido, fora da fatura (IVA à tx. 23%)

221 Fornecedores 782 Descontos p.p 2434y IVA regularizações


61,50 50,00 11,50

O valor a pagar corresponde ao saldo da conta do fornecedor

Contabilidade Financeira I 3.2 Clientes e Fornecedores 23

Venda com desconto financeiro

1º Desconto (5%) concedido ao cliente, na fatura (IVA à tx. 23%)

11 Caixa/12 DO 682 Descontos p.p. 71 Vendas 2433 IVA liquidado

5.842,50 250,00 5.000,00 1.092,50*

*(5.000-250)*23%= 1.092,50

2º Idem, fora da fatura (IVA à tx. 23%)

211 Clientes 682 Descontos p.p. 2434x IVA regularizações

307,50 250,00 57,50

O valor a receber corresponde ao saldo da conta do cliente

Contabilidade Financeira I 3.2 Clientes e Fornecedores 24

67
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Relativamente às perdas por imparidade em dívidas (PPI) a receber, referidas no slide anterior,
importa referir que, no final de cada ano, compara-se o saldo credor da conta respetiva
(219/229/239/269//279/…) com o montante que a empresa considera adequado (seguindo o critério
fiscal, previsto nos artºs 28º-A e 28º-B do Código do IRC, ou outro) e é a diferença que deverá
determinar o reforço do saldo da conta ou a sua redução (reversão). Para clarificar, se o montante de
PPI julgado adequado for superior ao saldo da conta em análise (219/229/239/269//279/…) deve ser
efetuado um registo de reforço, pela diferença entre aqueles valores (lançamento à esquerda no
slide); caso contrário, a diferença será registada como uma reversão de PPI (lançamento à direita no
slide).

68
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício 3.3.

A Sociedade Eborense de Comércio, Lda. efetuou, no mês de agosto, as seguintes operações:


1. Aquisição de 100 unidades da mercadoria G, ao preço unitário de € 10 (sujeito a IVA à taxa
normal). Pagamento por cheque, beneficiando de um desconto de 5% de pronto pagamento.

2. Venda a pronto de 50 unidades da mercadoria H, ao preço unitário de € 50 (sujeito a IVA à taxa


reduzida). Concedeu-se um desconto de pronto pagamento no montante de 50 euros. Valor
recebido por cheque.

3. Aquisição de mercadoria I, a pronto pagamento, por transferência bancária no valor de


10.961,00€, após dedução de um desconto financeiro de 3% e o cálculo do IVA à taxa intermédia,
de acordo com as condições de compra.

4. Venda de mercadoria G por € 1.000 (sujeito a IVA à taxa reduzida). O cliente pagou de imediato,
por transferência bancária, tendo-se concedido um desconto financeiro de 5%.

Pretende-se que efetue o registo no Diário dos factos patrimoniais apresentados.

Resolução:
A A
Nº Descrição Valor (€)
Débito Crédito
1 Aquisição de mercadoria 311 1.000,00
desconto financeiro na fatura 782 50,00
iva à taxa normal 23% 2432 218,50
121 1.168,50
2 Venda a pronto 711 2.500,00
desconto financeiro na fatura 682 50,00
IVA à taxa reduzida 6% 2433 147,00
11/12 2.597,00
3 Aquisição de mercadoria 311 10.000,00 11.300/1,13
desconto financeiro na fatura 782 300,00 10000*3%
IVA à taxa intermédia 13% 2432 1.261,00 (10000*97%)*13%
121 10.961,00
4 Venda a pronto 711 1.000,00
desconto financeiro na fatura 682 50,00
iva à taxa normal 23% 2433 218,50
121 1.168,50

69
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos

Exercício 3.4.

Considere as seguintes operações da Sociedade de Comércio Épico, Lda. realizadas durante o mês
de outubro (as mercadorias transacionadas por esta empresa estão sujeitas a IVA à taxa normal):

Dia 1 – Compra a crédito, a Adamastor & Cª, de 150 unidades da mercadoria M ao preço unitário de
€ 420 (IVA dedutível não incluído).

Dia 2 – Venda ao cliente Luís Vaz, com vencimento a 90 dias, relativa ao fornecimento de 100
unidades da mercadoria P, ao preço unitário de € 500 (IVA liquidado não incluído).

Dia 3 - Emissão de um cheque ao fornecedor Infante, Lda., no valor de € 18.450, relativo ao


adiantamento para fornecimento da mercadoria K, cujo preço não está ainda fixado.

Dia 6 – Adiantamento, por transferência bancária, do cliente Império, Lda. no valor de € 24.600 (inclui
o IVA), para a venda de 200 unidades da mercadoria Q ao preço unitário de € 150.

Dia 8 – Nossa fatura nº 26 sobre Império, Lda., relativa ao fornecimento de 200 unidades da
mercadoria Q, a que se refere o adiantamento de dia 6 (IVA liquidado).

Dia 12 – O fornecedor Infante, Lda. (sua fatura nº 206) fornece as mercadorias, a que se refere o
adiantamento efetuado no dia 3, no valor total de € 24.080 (IVA dedutível não incluído).

Pretende-se que:
a) Efetue o registo das operações referidas no diário da Sociedade de Comércio Épico, Lda.;
b) Interprete o saldo das contas de clientes e de fornecedores, resultante destas operações.

70
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício 3.5.

A sociedade comercial CF XXI, Lda. dedica-se à prestação de serviços de contabilidade e à


comercialização de equipamentos e materiais de escritório, sujeitos a IVA à taxa normal. Durante o
mês de setembro do corrente ano realizou, entre outras, as seguintes operações:
1. Emissão da fatura nº 545 relativa a serviços de contabilidade prestados ao cliente Alfa, no
valor de € 369, IVA liquidado incluído.
2. Aquisição de papel para revenda, ao fornecedor Zeta, s/ fatura nº 340, no valor total de €
2.460, IVA dedutível incluído.
3. Emissão da fatura nº 546, relativa à venda de material de escritório ao cliente Omega, no
valor de € 1.845, IVA liquidado incluído.
4. Aquisição de toner, para revenda, ao fornecedor Zeta, s/ fatura-recibo nº 341, no valor de
total € 1.722, IVA dedutível incluído.
5. Recebimento, por transferência bancária, de € 1.845, relativo ao pagamento pelo cliente
Omega da nossa fatura nº 546.
Pretende-se que:
Efetue o registo das operações referidas no diário da empresa CF XXI, Lda.

71
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

3.3. Pessoal, prestadores de serviços e Estado

Os trabalhadores e os órgãos sociais (administração e órgãos fiscalizadores) exercem funções que


são remuneradas. O processamento e pagamento de tais remunerações, bem como outras operações
com o pessoal, constituem factos patrimoniais que devem ser registados em contas adequadas,
estando prevista, para o efeito, no SNC, a conta 23 Pessoal e respetivas subcontas.

As relações com o Estado, no que respeita a impostos e taxas, de que resultam direitos e obrigações
para a empresa, devem ser reconhecidas contabilisticamente na conta 24 Estado e Outros Entes
Públicos. Serão analisados alguns desses impostos e taxas, nomeadamente, o IVA, já apresentado,
bem como impostos e taxas associados às remunerações do pessoal e dos prestadores de serviços,
o Imposto sobre o Rendimento das pessoas Singulares (IRS), a taxa social única que é uma
contribuição, repartida entre trabalhadores e entidades patronais, para a Segurança Social e o
Imposto sobre o Rendimento das pessoas Coletivas (IRC), que incide sobre a matéria coletável
resultante da atividade das empresas, formada a partir dos lucros, de componentes de gastos não
aceites fiscalmente e de outros sujeitos a tributações autónomas.

72
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Sobre os rendimentos pagos pela empresa a terceiros – nomeadamente sobre as remunerações do


trabalho dependente e do trabalho independente, sobre os dividendos pagos e sobre as rendas pagas
– deve ser calculado e retido imposto (IRS ou IRC, conforme o beneficiário desses rendimentos seja
uma pessoa singular ou coletiva, respetivamente). Tais retenções devem, posteriormente, ser
entregues ao Estado (à Autoridade Tributária), até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que são
retidas. Para registar tais retenções está prevista, no SNC, a conta 242 Retenção de impostos sobre
rendimentos; para organização interna das retenções, por forma a permitir o seu controlo e o melhor
preenchimento das declarações fiscais, as empresas devem subdividir aquela conta por tipo de
rendimento a que se referem as retenções (apresenta-se, a título exemplificativo, uma proposta de
subdivisão da conta 242).

73
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Sobre os rendimentos do trabalho dependente, além de outros eventuais descontos facultativos


(sindicatos, seguros, quotas de ordens profissionais, etc.) recai ainda um outro tipo de desconto: a
taxa social única. Esta taxa é paga parcialmente pelo trabalhador (deduzida na sua remuneração
bruta) e parcialmente, como encargo adicional, pela entidade patronal. As taxas mais comuns para a
generalidade das situações são as indicadas. Porém, há um conjunto de outras taxas para situações
menos comuns (órgãos sociais, trabalhadores domésticos, etc.).

74
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

O processamento e pagamento de remunerações e dos descontos e encargos associados é uma


operação que ocorre, regularmente, em todas as entidades.

O trabalho contabilístico relacionado com o processamento e pagamento das remunerações, ocorre


em 3 fases, por esta ordem cronológica:
 1ª fase (A) – o processamento dos ordenados ou salários e de outras remunerações
(subsídio de alimentação, abono para falhas, ajudas de custo, subsídios de férias e de natal,
etc. – com exceção das duas primeiras, não ocorrem, em regra, com regularidade mensal e
mesmo aquelas estão condicionadas à prestação efetiva de trabalho) – é efetuado em regra
até cerca do dia 20 de cada mês, por forma a permitir o pagamento das remunerações
líquidas até final do mês. Desta fase resultam gastos e obrigações para a empresa, da
remuneração líquida a pagar e dos descontos retidos ao pessoal a entregar ao Estado.
 1ª fase (B) – o processamento dos encargos sobre remunerações – este processamento
ocorre em simultâneo com o anterior e corresponde, em regra, à contribuição da entidade
patronal para a Segurança Social, calculada como uma percentagem da remuneração ilíquida
processada (estão isentos, dentro de alguns limites, alguns abonos como, por exemplo, o
subsídio de alimentação, o abono para falhas e as ajudas de custo). Desta fase resultam
igualmente gastos e obrigações para a empresa.
 2ª fase – pagamento das remunerações líquidas – deve ocorrer, em regra, até final do mês
a que respeitam. Consiste em emitir meios de pagamento a favor do pessoal que trabalha na
empresa saldando parcialmente as obrigações registadas na 1ª fase (1) nas contas 2311 e
2312, como pode ser visualizado no slide seguinte.
 3ª fase – pagamento às diversas entidades das retenções efetuadas ao pessoal e das
contribuições da entidade empregadora – as retenções de IRS devem ser entregues à
Autoridade Tributária até ao dia 20 do mês seguinte àquele em que foram deduzidas (nº 3 do
artº 98º do CIRS); as retenções da taxa social única, juntamente com a contribuição da
entidade patronal, devem ser entregues entre os dias 10 e 20 do mês seguinte àquele a que
se reportam as remunerações; outras retenções deverão ser pagas nos prazos estabelecidos
pelas entidades beneficiárias. Consiste em emitir meios de pagamento a favor das diversas
entidades, saldando as restantes obrigações registadas na 1ª fase (1 e 2), como pode ser
visualizado no slide seguinte.

75
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Processamento das Remunerações

1ª Fase (A) – Pelo processamento dos ordenados, salários e outras


remunerações, no mês a que respeitam.

2311 / 2312 631 / 632


RL RI
242 RI – Remunerações Ilíquidas
IRS RL – Remunerações Líquidas (de descontos)
IRS – Retenção do Imposto s/ Rendimentos das
245 pessoas Singulares
SS(T) SS(T) – Contribuições p/ Segurança Social da
responsabilidade do trabalhador
278 QS – Retenção da Quota para o Sindicato, quando
aplicável.
QS
3.3. Pessoal, Prestadores de serviços
Contabilidade Financeira I e Estado 6

76
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

A entidade empregadora pode ainda efetuar adiamentos ao pessoal ou aos órgãos sociais, por
motivos particulares (adiantamento sobre remunerações futuras) ou para deslocações em serviço.

A regularização de tal adiantamento será feita da seguinte forma:


 adiantamento sobre remunerações – o valor será deduzido em remunerações líquidas
futuras, transferindo o saldo devedor da conta 2322 para débito da conta 2312, no mês em
que ocorrer a regularização do adiantamento pelo trabalhador;
 adiantamento por conta de despesas em serviço – a regularização será efetuada com a
entrega, pelo trabalhador, dos documentos de despesa e, eventualmente, da entrega do
remanescente; neste caso os documentos de despesa serão registados nas contas de gastos
adequadas, o remanescente será registado em Caixa e será saldada a conta 2322.

77
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

78
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

79
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício 3.6.

Considere os seguintes elementos preparados para o processamento das remunerações do pessoal


da 4Win, Lda. em outubro de 2013 (valores em Euros):

Descontos Contribuição da
Remuneração Remuneração empresa para a
Nome do empregado Segurança Total de
Base IRS Líquida Seg. Social
Social (11%) Descontos
(23,75%)
Carlos Mesquita 2.500,00 500,00
Ricardo Fabiano 1.500,00 160,00
Total 4.000,00 660,00 440,00 1.100,00 2.900,00 950,00

Considere ainda que a empresa pagou por cheque, no mesmo mês, os honorários do seu advogado
no valor de 400 euros, tendo efetuado a retenção de IRS à taxa de 21,5%.

Pretende-se que:
a) Complete a última linha do quadro anterior;
b) Efetue, no Diário, o registo contabilístico do processamento das remunerações (1), da
contribuição da empresa para a Segurança Social (2) e do pagamento da remuneração
líquida e das retenções por transferência bancária (3);
c) Efetue o registo contabilístico dos honorários (4).

Resolução:
b)
Nº Descrição A Débito A Crédito Valor (€)
1 Processamento de remunerações 632 4.000,00
2421 660,00
245 440,00
2312 2.900,00
2 Processamento da contribuição p/ S.S. 635 245 950,00
3 Pagamento da remuneração líquida 2312 12 2.900,00
Pagamento das retenções 2421 660,00
245 1.390,00
12 2.050,00

c)
Nº Descrição A Débito A Crédito Valor (€)
4 Honorários do advogado 6224 400,00
2422 86,00
12 314,00

80
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos

Exercício 3.7.

O Joaquim Estudante e a Maria Caloira decidiram criar o seu próprio emprego e formaram BioBur,
Lda que se dedica à comercialização de hambúrgueres biológicos, com serviço de entrega ao cliente.
A empresa realizou durante o mês de setembro, as seguintes operações com o pessoal, prestadores
de serviços, Estado e outros:

03/09: Depósito no Banco X dos valores em caixa……………………………………………350,00 €

08/09: Processamento de remunerações:


 Remunerações base................................................................................. 2.500 €
 Retenções na fonte de IRS à taxa média de ………………………………………15%
 Contribuições para a Segurança Social por conta do trabalhador …………….11%
 Contribuições para a Segurança Social (por conta da entidade patronal)….23,75%

10/09: Adiantamento ao Sr. Acelera, motorista da empresa no valor de 200,00 €, por conta da
remuneração do mês de setembro;
15/09: Aviso de débito bancário nº 3, do Banco X, relativo à mensalidade do serviço
netbanking……………………………………………………………………................................ 30,00€

18/09: Pagamento, por transferência bancária, da fatura relativa ao consumo de eletricidade de 14/07
a 14/09 no valor de € 246,00 com IVA incluído à taxa normal;

19/09: Pagamento ao Estado e à Segurança Social dos valores retidos por conta das remunerações
do mês de agosto, cujos valores são iguais ao do mês de Setembro;

21/09: Aviso de crédito bancário nº 7 relativo a Juros de uma aplicação financeira da empresa (valor
isento de Imposto s/ rendimento) ………………………………………………………………….15,00€

25/09: Pagamento das remunerações ao pessoal;

27/09: Liquidação de recibo da empresa de consultoria informática referente à criação da página web
da BioBur, no valor líquido de € 400,00. Retenção na fonte de IRC à taxa de 20%. Isento de IVA.

30/09: Pagamento da fatura relativa ao consumo de gasóleo no valor de 1230,00 €, IVA incluído à
taxa normal.

Pretende-se que registe no Diário todos factos patrimoniais apresentados.

81
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício 3.8.

A sociedade Docemar, S.A., realizou as seguintes operações nos meses de outubro e novembro:

1. Dia 8/10: Processamento de remunerações a pagar ao pessoal da empresa:


 Remunerações base................................................... € 9.500
 Retenções na fonte de IRS ....................................... € 955
 Contribuições para a Segurança Social por conta
do trabalhador ............................................................ 11%
 Contribuições para a Segurança Social
(por conta da entidade patronal) .............................. 23,75%
2. Dia 9/10: Liquidação de recibo do advogado referentes a serviços prestados, no valor de € 314,00
(montante líquido). Retenção na fonte de IRS à taxa de 21,5%. Isento de IVA.
3. Dia 10/10 Liquidação do recibo da renda das instalações administrativas no valor ilíquido de €
1.200 à sociedade Lynx, Lda. Retenção na fonte à taxa de 16,5%.

4. Dia 12/10: Processamento da remuneração, do vogal do Conselho de Administração, pessoa


coletiva, na quantia de € 3.000. Retenção na fonte de IRC à taxa de 21,5%.

5. Dia 25/10: Pagamento das remunerações ao pessoal e aos órgãos sociais.

6. Dia 15/11: Entrega ao Estado e à Segurança Social dos valores retidos.

Pretende-se o registo no diário da sociedade Docemar, S.A. das operações referidas.

82
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

3.4. Gastos e Rendimentos


Algumas das operações que se acabou de tratar, operações correntes, implicam o registo de gastos
em que as entidades têm que incorrer para o desenvolvimento da sua atividade ou o registo de
rendimentos auferidos na sequência do desenvolvimento dessa atividade. Assim, o SNC prevê as
Classes 6 Gastos e 7 Rendimentos que incluem um conjunto de contas onde se deverão fazer os
registos deste tipo de operações.

A regra de movimentação destas contas, apresentada anteriormente, determina que os gastos são
debitados quando ocorrem e os rendimentos são creditados.
83
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

3.5. Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA)

Quase todas as transações de bens e serviços estão sujeitas, em Portugal, à tributação em sede de
Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA). Estão ainda sujeitas à liquidação de IVA as aquisições
feitas por sujeitos passivos (empresas) a entidades de outros países, desde que o bem ou o serviço
em causa esteja sujeito a IVA no território nacional. O IVA tem as seguintes características:
 É um imposto que recai sobre o consumo de bens e serviços, pelo que é considerado um
imposto indireto (não depende diretamente do rendimento de quem o paga):
 É o consumidor final que suporta a totalidade do imposto, ainda que ele seja entregue ao
Estado faseadamente, ao longo do ciclo económico entre produtor e consumidor, pelos
diferentes agentes económicos que intervém no mesmo (com exceção do consumidor);
 Em regra, é neutro para as empresas, na medida em que não constitui um gasto para as
mesmas, ou seja, as empresas entregam ao Estado o IVA que liquidam aos seus clientes,
deduzido do que pagam aos seus fornecedores (há exceções ou limites à dedução, em caso
de bens cuja utilização em prol da formação de rendimentos pela empresa pode ser duvidosa
– esta matéria será desenvolvida mais adiante).

As regras relacionadas com este imposto estão consolidadas no Código do IVA (CIVA).
Suplementarmente existe um Regime do IVA nas Transações Intracomunitárias (RITI).

Os bens e serviços isentos de IVA são atualmente em número muito reduzido, destacando-se os
serviços médicos e de diagnóstico e tratamento na área da saúde, bem como alguns serviços na área
do ensino, entre outros (artº 9º do CIVA).

Os restantes bens e serviços estão sujeitos a IVA, a uma das três taxas previstas:
 Taxa reduzida (6%, atualmente) – aplicável a alguns bens alimentares, frescos, como, por
exemplo: pão, carne, peixe, cereais e respetivos derivados, jornais, medicamentos,
equipamentos relacionados com a saúde humana (Lista I, anexa ao CIVA).
 Taxa intermédia (13%, atualmente) – aplicável a conservas de produtos alimentares e
refeições pré-cozinhadas, água engarrafada, vinho, entre outros constantes da Lista II anexa
ao CIVA);
 Taxa normal (23%, atualmente) – os restantes.

84
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

85
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

86
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

87
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

88
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

89
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

90
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

91
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício 3.9.

A empresa WPTO, Lda. comercializa um vasto leque de mercadorias na sua unidade de Évora,
efetuando operações sujeitas a IVA e com direito a dedução. A empresa encontra-se no regime
trimestral de IVA. Considere-se a seguinte informação contabilística relativa à conta 24 EOEP, com
referência a 30/09/N:
(€)
Código Descrição Débito Crédito
241 Imposto s/ o rendimento 850
2421 Trabalho dependente 250
2422 Trabalho Independente 150
2423 Capitais 60
2432 IVA Dedutível
24321 IVA Dedutível – Inventários 3.600
24322 IVA Dedutível – Investimentos 2.200
24323 IVA Dedutível – Out. bens e serviços (1) X
2433 IVA Liquidado
24331 IVA Liquidado – Operações Gerais 6.250
24332 IVA Liquidado – Auto consumos e operações 170
gratuitas
2434 IVA Regularizações
24341 IVA Regularizações – a favor da empresa 50
24342 IVA Regularizações – a favor do estado 180
2437 IVA a recuperar 10
244 Outros Impostos 25
245 Contribuições para a Segurança Social 2.500

(1) Este valor corresponde ao IVA deduzido, no trimestre, na compra 6.150 € de gasóleo (IVA incluído,
à taxa de 23%).

Pretende-se que:
Efetue o apuramento do IVA, no Diário, relativamente ao 3º trimestre do ano.

92
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Resolução:

Contas
Nº Descrição Valor
Debitadas Creditadas
Transfª saldo da conta
1 2435 - IVA - Apuramento 2437 - IVA a recuperar 10,00 €
2437
2435 - IVA - Apuramento 6.375,00 €
24321 - IVA Dedutível -
Transfª saldo 3.600,00 €
Inventários
2 das sub contas da 24322 - IVA Dedutível -
conta 2432 2.200,00 €
Investimentos
24323 - IVA Dedutível -
575,00 €
O.B.S.
24331 - IVA Liquidado - Op.
6.250,00 €
Gerais
Transfª IVA Liquidado 24332 - IVA Liquidado -
3 170,00 €
(2433) Autoconsumos…
2435 - IVA - Apuramento 6.420,00 €

24341 - IVA Regularizações -


4 Transfª conta 24341 2435 - IVA - Apuramento 50,00 €
a favor da empresa

24342 - IVA Regularizações - a


5 Transfª Conta 24342 2435 - IVA - Apuramento 180,00 €
favor do Estado

6 Apuramento 2435 - IVA - Apuramento 2436 - IVA a pagar 165,00 €

Cálculo de X
Valor do Gasóleo, líquido de IVA: 5000
IVA: 1150
IVA dedutível: 575
Gasóleo a considerar como gasto: 5575

93
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos

Exercício 3.10.

As transações realizadas pela BioBur, Lda, estão sujeitas a IVA à taxa reduzida e com direito a
dedução. A empresa encontra-se no regime trimestral de IVA. Da contabilidade retirou-se a seguinte
informação relativamente à conta 24 EOEP com referência a 30/09/2013:
(valores em € )
Código Descrição Débito Crédito
241 Imposto s/ o rendimento 750,00
2421 Trabalho dependente 375,00
2422 Trabalho Independente
2429 Outros 116,00
2432 IVA Dedutível
24321 IVA Dedutível – Inventários 2.450,00
24323 IVA Dedutível – Out. bens e serviços (1) ?
2433 IVA Liquidado
24331 IVA Liquidado – Operações Gerais 3.560,00
24332 IVA Liquidado – Auto consumos e operações
gratuitas 90,00
2434 IVA Regularizações
24341 IVA Regularizações – a favor da empresa 230,00
24342 IVA Regularizações – a favor do estado 180,00
2437 IVA a recuperar 60,00
244 Outros Impostos
245 Contribuições para a Segurança Social 868,75
(1) Este valor corresponde ao IVA deduzido, no trimestre, nas faturas liquidadas relativas ao consumo
de € 1.230 de gasóleo (IVA incluído, à taxa de 23%) e aos gastos de vigilância e segurança no valor
de € 2.000 (sujeitos a IVA à taxa de 23%).

Pretende-se o apuramento do IVA, no razão, relativamente ao 3º trimestre do ano.

Questão para reflexão


Na Classe 2 do SNC é comum encontrarem-se contas mistas, ou seja, contas com saldos
simultaneamente devedores e credores. O que entende por contas mistas e porque acontece a
situação descrita anteriormente? Sustente a sua resposta com exemplos.

94
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Assunto: Gastos e Rendimentos correntes

Exercício 3.11.

A sociedade comercial Aikon, Lda. dedica-se à comercialização de equipamentos de


telecomunicações, sujeitos a IVA à taxa normal. Durante o mês de outubro do corrente ano realizou
as seguintes operações:

1. Emissão da fatura nº 752 para o cliente Alfa, referente à venda de uma central telefónica no
valor de € 8.000, sujeito a IVA.

2. Emissão da fatura nº 753, no valor total de € 2.460, IVA incluído, relativa a assistência técnica
ao cliente Omega.

3. Registo da fatura-recibo mensal relativa à aquisição de gasóleo, no valor de € 369, IVA


incluído à taxa normal.

4. Emissão da nota de crédito nº 20, no valor de € 1.230, relativa à anulação parcial do valor
faturado ao cliente Omega na operação 2., por lapso de duplicação no nº de horas de
assistência.

5. Aquisição de telemóveis para revenda, ao fornecedor Zeta, s/ fatura nº 205, no valor de €


1.200, sujeito a IVA à taxa normal.

6. Aquisição de papel A4, para utilização própria, ao fornecedor Ro, fatura-recibo nº 206, no
valor de € 233,7 que inclui a dedução do desconto de pronto pagamento de 5% e IVA à taxa
normal.

7. Fatura-recibo da Contamais, Lda., no valor de € 270,60, IVA incluído à taxa normal, relativa
prestação de serviços de assessoria contabilística e fiscal.

8. Recebimento, por transferência bancária, de € 1.205,40, relativo ao pagamento antecipado


pelo cliente Omega da nossa fatura nº 753. Foi emitida a nota de crédito nº 25 relativa ao
desconto financeiro concedido (2%).

9. Registo e pagamento por débito em conta da fatura da eletricidade do mês de setembro no


valor de € 184,50, IVA incluído.

10. Fatura-recibo da Câmara Municipal, no valor de € 10,60, IVA incluído à taxa de 6%, relativa
ao consumo de água do mês anterior.

Pretende-se que:
a) Registe tais factos patrimoniais no Diário;
b) Efetue o apuramento do IVA mensal, no razão esquemático, considerando que o saldo da
conta 2437 no início do mês era de € 570,00.
95
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Assunto: Exercícios diversos

Exercício 3.12.

O Sr. Razão, contabilista da sociedade comercial Seara Dourada, Lda., que tem sede em Évora,
descobriu que, por lapso seu, não estavam registados na contabilidade os seguintes gastos e
pagamentos, relativos ao mês de novembro:

Dia 07/11: Pagamento da renda das instalações comerciais do mês de agosto com emissão de
cheque no valor de € 720,00. O valor mensal da renda está sujeito à retenção na fonte de IRS à
taxa de 28%. (Operação isenta de IVA).

Dia 10/11: Processamento das remunerações dos funcionários da empresa:


a) Remuneração ilíquida (ou bruta): € 8.000
b) IRS: 20%
c) Segurança social a suportar pelo trabalhador: 11%
d) Contribuição para a Segurança Social por parte da empresa: 23, 75%;

Dia 17/11: Transferência bancária, no valor de € 510,00, para a conta do funcionário, relativa a
um adiantamento a regularizar no pagamento de vencimentos do corrente mês.

Dia 21/11: Pagamento, por transferência bancária, à Energias do Sul, Lda., da fatura relativa ao
consumo de eletricidade efetuado no mês de outubro, no valor de € 80,00 (sujeito a IVA à taxa
de 23%);

Dia 25/11: Transferência bancária no valor de € 490,00 (retenção de IRS à taxa de 25%) para
pagamento dos honorários ao advogado por serviços prestados (operação sujeita a IVA à taxa
de 23%);

Dia 28/11: Aviso de débito bancário do Banco Yatchim, no valor de € 21,60 relativo ao pagamento
da requisição de livro de cheques efetuada pela empresa (isento de IVA);

Dia 30/11: Pagamento aos funcionários das remunerações líquidas processadas.

O Sr. Razão contratou-o como estagiário da empresa e pediu-lhe:

a) O Registo dos movimentos em falta no diário da empresa;


b) O apuramento do saldo da conta de 12 - Depósitos à Ordem em 30 de novembro,
considerando que o saldo inicial era de € 11.655,00.
c) Sabendo que hoje, dia 09 de dezembro, se pretendem transferir para o Estado todos os
valores retidos no mês de novembro, que determine o valor a transferir e informe o Sr. Razão
se existe saldo suficiente para fazer a transferência.

96
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício 3.13.

Durante o mês de outubro do ano N, na sociedade comercial Capas Negras, Lda. ocorreram os
seguintes factos patrimoniais, ainda não registados:

1. Pagamento, por transferência bancária para a Câmara Municipal, da água consumida no mês
anterior, no valor de € 50,00.

2. Recebimento da dívida de um cliente, através de cheque, no valor de € 1.511.

3. Pagamento de despesas bancárias, por débito em conta, no valor de € 20 (isentas de IVA).

4. Depósito do cheque referido em 2.

5. Emissão de um cheque, no valor de € 500, para adiantamento a um empregado, a regularizar


no pagamento de vencimentos do corrente mês.

6. Emissão de um cheque, no valor de € 235,5, para pagar os honorários do TOC da empresa;


o valor referido encontra-se deduzido da retenção de IRS à taxa de 21,5%.

7. Processamento dos vencimentos dos trabalhadores da empresa


e) Remuneração base: € 10.000
f) IRS: € 1500
g) Segurança social a suportar pelo trabalhador: 11%
h) Contribuições para a Segurança Social por parte da empresa: 23,75%

8. As remunerações líquidas foram pagas em 28 de outubro de N.

9. Processamento e pagamento, por cheque, da renda das instalações administrativas relativa


ao próximo mês. O valor mensal da renda é de € 1.000, sujeito a retenção na fonte de IRS à
taxa de 16,5%.

Considere ainda que:


10. As retenções e os encargos sobre remunerações foram pagos no dia 20 de novembro de N.

Pretende-se:
d) O registo, dos factos patrimoniais descritos, no diário esquemático.
e) O apuramento do saldo da conta de Depósitos à Ordem em 31 de outubro de n, considerando
um saldo inicial (em 1 de outubro) de € 16.032,50.

97
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

4. Inventários

Os Inventários pertencem à Classe 3 do Código de Contas e são tratados, especificamente, na Norma


Contabilística e de Relato Financeiro nº 18 (NCRF 18) do SNC. A classificação dos Inventários
depende da atividade desenvolvida pela empresa. Neste ponto do programa serão tratadas todas as
questões relacionadas com estes Ativos, nomeadamente com as mercadorias, dado que os exemplos
apresentados são, essencialmente, de empresas com atividade comercial; esta opção prende-se com
o facto de noutra unidade curricular – Contabilidade de Gestão – serem abordadas, em grande
detalhe, as questões relacionadas com outros tipos de inventários.

Serão, assim, abordados os conceitos e apresentadas as operações associadas aos Inventários tais
como: critérios de valorimetria (atribuição do valor), movimentação dos inventários no que respeita às
entradas e saídas de armazém e, por fim, os sistemas de registo contabilístico desta Classe de Ativos.
São apresentados os critérios de valorimetria à entrada no armazém, no momento da compra, e,
posteriormente, à saída do armazém, no momento da venda. São ainda apresentados os critérios
atualmente em vigor, de acordo com o SNC e a NCRF 18, no final de cada exercício, para a
mensuração (medição do valor) dos inventários em armazém, e é apresentado o tratamento
contabilístico a efetuar no caso da necessidade de reconhecimento de imparidades, perdas de valor,
ou posterior reversão dessas perdas de valor.

São tratadas contabilisticamente todas as operações relacionadas com os Inventários: compras,


vendas, descontos comerciais, devoluções, quebras, ofertas e sobras. É explicada a movimentação
dos inventários quer em termos de registo físico, através da ficha de armazém, quer na contabilidade,
através dos sistemas contabilísticos previstos: o permanente e o periódico. São expostas as
implicações da adoção de um ou outro sistema contabilístico na valorização contabilística dos
inventários em armazém e no custo das mercadorias vendidas e consumidas, quer ao nível dos saldos
das contas, quer nas Demonstrações Financeiras. Importa salientar que, com a publicação do
Decreto-Lei nº 158/2009, de 13 de julho, que aprovou o SNC, o inventário permanente tornou-se
obrigatório, subsistindo as exceções previstas no artº 12º daquele diploma, nomeadamente para as
pequenas entidades e para alguns setores de atividade.

98
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Como abordado em capítulo anterior, as contas de Inventários são contas do Ativo. A abordagem
aqui feita vai centrar-se, especialmente, tal como evidenciado na figura seguinte, no tratamento das
operações que conduzem à movimentação de algumas contas da Classe 3 Inventários e ativos
biológicos, nomeadamente as contas Compras, Mercadorias, Reclassificação e Regularização
de Inventários e Adiantamentos por Conta de Compras.

99
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Quando se aborda a temática e as questões concretas dos Inventários deve ter-se particular atenção
à atividade principal (objeto social) desenvolvida pela empresa, pois ela vai influenciar a classificação
dos bens adquiridos pela empresa como inventários e não, por exemplo, como bens de investimento.

4.1. Movimentação dos Inventários

A conta 31 Compras é de utilização obrigatória, pelo que todas as operações que se traduzem em
entradas e saídas de armazém de bens de inventário efetuadas pelas entidades devem nela ser
registadas e não nas restantes contas da Classe 3.

100
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Considere-se, em seguida, o movimento contabilístico da conta de Mercadorias, que representa o


armazém da Entidade na sua contabilidade:

101
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Não deve confundir-se o registo da venda de mercadorias, com o registo do custo da mercadoria
vendida, os quais podem ocorrer em simultâneo, ou não, dependendo do sistema de inventário
utilizado pela entidade.

No dia-a-dia do mundo dos negócios as Entidades recorrem com frequência a vários instrumentos
com o objetivo último de obter melhor desempenho económico ou performance financeira. Um desses
instrumentos são os descontos comerciais que são distintos dos anteriormente abordados descontos
financeiros. Os descontos comerciais são descontos de quantidade ou associados a promoções
específicas (lançamento de um novo produto, por exemplo) e, em regra, alteram o valor unitário dos
bens transacionados.

102
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Considere-se o seguinte exemplo:

Caso esse mesmo desconto seja concedido pelo fornecedor em momento posterior ao da transação
ou simplesmente após a emissão da fatura, será emitida a respetiva nota de crédito.

Nesta situação haverá duas operações a registar, em momentos distintos, a fatura e a nota de crédito.
Esta última poderá dar origem a uma regularização de IVA se estiver expressa no documento essa
mesma situação.

103
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Considere-se agora o tratamento dos descontos comercias nas Vendas.

Suponha-se que uma dada empresa vendeu a crédito 5.000€ de mercadorias e concedeu ao seu
cliente um desconto comercial de 10%. Se esse desconto comercial foi concedido na fatura, esta é
movimentada pelo seu valor líquido, tal como evidenciado na figura seguinte.

Caso esse mesmo desconto seja concedido ao cliente em momento posterior ao da transação ou
simplesmente após a emissão da fatura, será emitida a respetiva nota de crédito.

Nesta situação haverá duas operações a registar, em momentos distintos, a fatura e a nota de crédito.
Esta última poderá dar origem a uma regularização de IVA se estiver expresso no documento essa
mesma situação.

104
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

105
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Em determinadas situações podem ocorrer devoluções de compras ao fornecedor ou devoluções de


vendas, do cliente. De acordo com a figura seguinte deverão ser registadas estas operações nas
subcontas apropriadas, de compras ou de vendas, havendo lugar a regularização de IVA.
.

Para além da movimentação de armazém de inventários motivada por vendas, podem ocorrer outras
operações que originem impacto no valor e na quantidade dos bens que a empresa possui nos seus
armazéns tais como ofertas, sobras e sinistros.

106
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

4.2. Sistemas de Inventário

Considerando que o registo contabilístico nas contas de inventários é feito tendo em conta os
seguintes objetivos:
1. conhecer o valor dos inventários em armazém;
2. apurar o Custo da Mercadoria Vendida e da Matéria Consumida (CMVM) e;
3. apurar o resultado obtido com as vendas, prestação de serviços ou produção;
as entidades podem optar por um de dois sistemas de registo dos bens armazenáveis (sistemas de
inventário).

107
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

No sistema de inventário intermitente os registos efetuados ao longo do período não passam pela
conta 32 Mercadorias sendo apenas movimentadas as contas 31 Compras e 38 Regularizações, tal
como se exemplifica no slide seguinte. Todos os registos implicam o registo do IVA tratado em capítulo
anterior, por simplificação dos movimentos apresentados omite-se aqui esse tratamento.

No final do período são transferidos os saldos das contas 31 Compras e 38 Reclassificação e


Regularização de Inventários para a conta 32 Mercadorias; após esta transferência de saldos
calcula-se o Custo da Mercadoria Vendida e da Matéria Consumida recorrendo-se às fichas de
armazém para identificar o valor dos Inventários Finais e por fim procede-se ao registo, do valor
calculado, a débito da respetiva conta de gastos (61) e a crédito da conta 32 Mercadorias, cujo saldo
representará o valor dos inventários finais em armazém, a constar no Balanço da entidade.

108
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

No sistema de inventário permanente há que proceder à transferência dos valores registados na


conta 31 Compras e na conta 38 Reclassificação e Regularização de Inventários imediatamente
a seguir a cada movimento, para a conta 32 Mercadorias, o que implica que aquelas contas se
encontram permanentemente saldadas e o saldo da conta Mercadorias corresponde ao valor dos
inventários em armazém. Quando ocorre a venda é feito o registo do CMVMC. Assim, a empresa tem
informação permanente sobre o Custo das Mercadorias Vendidas e das Matérias Consumidas e pode
apurar o resultado das vendas em cada momento em que se concretiza a venda.

109
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

4.3. Critérios de Valorimetria

A Norma Contabilística e de Relato Financeiro 18 determina os critérios para a valorização ou


mensuração dos Inventários, quer no momento da compra (inicial) quando ocorre a entrada em
armazém, quer quando se realiza a venda que implica a saída de armazém e no final do exercício
(para os inventários que ficam em armazém no final do exercício), quando se encerram as contas e
se elaboram as Demonstrações Financeiras (subsequente).

110
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

111
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

112
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 4.1.
A empresa Dupond & Dupont, Lda. dedica-se ao comércio do guarda-chuva do modelo “Scotland
Yard”, efetuando operações sujeitas a IVA à taxa de 23% e com direito a dedução. A empresa apura
o Custo das Mercadorias Vendidas mensalmente e utiliza a fórmula do Custo Médio Ponderado
(CMP) na mensuração dos seus inventários. No final do ano N-1 a empresa apurou, por contagem,
1000 unidades de mercadoria em armazém, todas pertencentes ao mesmo lote. A conta 32
Mercadorias apresentava, em 31/12/N-1, os seguintes valores acumulados (após apuramento do
CMVMC):
32 Mercadorias
= € 737.500 = € 725.000

Nas suas vendas a empresa aplica normalmente uma margem de 50% sobre o preço de custo.
Durante o mês de janeiro do ano N, a empresa efetuou as seguintes operações:
Dia 2: Compra, por transferência bancária, de 1200 guarda-chuvas pelo preço unitário de € 13,00
(valor sujeito a IVA). Obtenção de um desconto financeiro de 3% por pronto pagamento.
Dia 3: Entrega de um cheque, no valor de € 3.075, ao fornecedor TimTim, por conta de um
adiantamento para a compra de mercadoria cujo preço foi fixado de imediato.
Dia 10: Compra a crédito, ao fornecedor Prof. Girassol de 1000 guarda-chuvas por € 13.750 (valor
sujeito a IVA). Obtenção de um desconto comercial de 10% do valor da mercadoria. Adicionalmente
foram pagas de imediato à Transportadora do Sul, Lda, as despesas de transporte da mercadoria no
valor de € 525,00 (valor isento de IVA).
Dia 14: Venda a crédito ao cliente Capitão Haddock de 1400 guarda-chuvas. Foi concedido na fatura
um desconto comercial de 10%.
Dia 15: Devolução do cliente Capitão Haddock de 100 guarda-chuvas relativos à venda efetuada na
operação anterior.
Dia 20: Fatura definitiva para o cliente Obama, residente num país fora da União Europeia, relativa à
venda de 500 guarda-chuvas.
Dia 22: Oferta de 10 guarda-chuvas aos empregados.
Dia 30: Compra a crédito ao fornecedor TimTim, s/fatura nº2, de 1000 guarda-chuvas ao preço
unitário de € 13,25 (valor sujeito a IVA ), regularização do adiantamento efectuado no dia 3.
Pretende-se que:
a) Elabore a ficha de armazém utilizando o CMP;
b) Registe no diário os factos patrimoniais ocorridos em janeiro do ano N.
c) Apure e registe o CMVMC e o valor do Inventário no final de janeiro do ano N.

113
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Guarda Chuva "Scotland Yard " - Custo Médio Ponderado


Ficha de armazém
DATA DESCRIÇÃO ENTRADAS SAÍDAS INVENTÁRIOS
Operação QUANT. P.UNIT. VALOR QUANT. P.UNIT. VALOR QUANT. P.UNIT. VALOR
31-dez Existência 1000 12,50 12.500,00
1 Guia de entrada por compra 1200 13,00 15.600,00 2200 12,77 28.100,00

3 Guia de entrada por compra 1000 12,90 12.900,00 3200 12,81 41.000,00

4 Guia de saída por venda 1400 12,81 17.937,50 1800 12,81 23.062,50

5 Guia de entrada por devolução 100 12,81 1.281,25 1900 12,81 24.343,75

6 Guia de saída por venda 500 12,81 6.406,25 1400 12,81 17.937,50

7 Guia de saída por oferta 10 12,81 128,13 1390 12,81 17.809,38

8 Guia de entrada por compra 1000 13,25 13.250,00 2390 13,00 31.059,38

INVENTÁRIO FINAL 31.059,38


Contabilidade Financeira I Texto de apoio

DIÁRIO do mês de janeiro do ano N


dia DESCRIÇÃO DÉBITO CRÉDITO VALOR
2 Compra a dinheiro 311 15.600,00
24321 3.480,36
12 18.612,36
782 468,00
3 Adiantamento C/preço 39 2.500,00
previamente estabelecido 24321 575,00
12 3.075,00
10 Compra a crédito c/ desconto 311 12.900,00
comercial de 10% + despesas 24321 2.846,25
transporte 221 15.221,25
12 525,00
14 Venda a crédito 211 29.785,22
c/ desconto comercial 711 24.215,63
concedido 24331 5.569,59
15 Devolução do cliente 717 1.730,00
24341 397,90
211 2.127,90
20 Fatura p/ cliente A 211 9.609,38
711 9.609,38
22 Oferta de inventários 6884 157,60
382 128,13
24342 29,47
30 Compra a crédito 311 13.250,00
24321 3.047,50
221 16.297,50
Regularização do adiantamento 39 2.500,00
24342 575,00
221 3.075,00
31jan. Transferência das compras 32 311 41.750,00
Transferência da reg.exist. 382 32 128,13
Custo Merc.vendidas 611 32 23.062,50

+ Inventário inicial= 12.500,00


+ Compras= 41.750,00
+ ou - Reg Inventários= 128,13
- Inventário final= 31.059,38
= CMVMC = 23.062,50

Questão para reflexão


Qual o impacto da seleção de cada um dos critérios de valorimetria de saídas de armazém por uma dada
empresa que opere numa economia com inflação, nos seus lucros e no valor final dos seus inventários?
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos:

Exercício nº 4.2.

A empresa Obélix e Companhia, Lda., dedica-se à comercialização do famoso Javali Gaulês


ultracongelado. As operações que realiza estão sujeitas a IVA à taxa 23% e tem direito à dedução. A
empresa utiliza o critério do FIFO na valorimetria das saídas de armazém e adota o sistema de
inventário permanente. Existiam em armazém em 1 de dezembro 80 javalis gauleses ultracongelados,
pertencentes a um único lote, com o valor global de 20 mil euros.

O movimento do mês de dezembro de N foi o seguinte:


Dia 2: Pagamento por multibanco do almoço com o cliente Júlio César, no valor de €123,00 (IVA
incluído à taxa de 23%), conforme fatura - recibo do restaurante
Dia 3: N/ fatura nº 104/97 ao cliente Júlio César, referente à venda de 40 javalis ultracongelados gauleses,
ao preço unitário de € 300, valor sujeito a IVA.
Dia 4: Compra a crédito ao fornecedor Brutus de 15 javalis por € 3.450, valor sujeito a IVA.
Dia 7: Nota de crédito s/ cliente Júlio César relativa a um desconto comercial de 5% que, por lapso, não
tinha sido considerado na n/ fatura 104/97 regularização do respetivo IVA).
Dia 9: Compra a p/p, por transferência bancária, ao fornecedor Brutus de 10 javalis por € 2.200, valor
sujeito a IVA.
Dia 12: Pagamento por multibanco de 50% da compra efetuada no dia 4, obtenção de um desconto
financeiro de 2%.
Dia 20: Devolução ao fornecedor, de 5 javalis gauleses com prazo de validade expirado, comprados no
dia 09, com regularização do respetivo IVA.
Dia 23: Venda a pronto pagamento de 57 javalis gauleses ultracongelados ao cliente Amérix no valor total
de € 21.033 (valor do IVA incluído).
Dia 24: Pagamento por multibanco da Fatura/Recibo nº 402/97 da Gasolineira do Sul S.A., referente ao
fornecimento de gasóleo no valor de € 984 (inclui IVA à taxa de 23%).
Dia 28: Um corte de energia provocou a deterioração de 2 javalis gauleses que se encontravam em
armazém numa das câmaras frigoríficas.
Pretende-se que:
a) Elabore a Ficha de Armazém;
b) Registe as operações no Diário;
c) Calcule o CMVMC e o valor do Inventário Final em armazém.

116
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício nº 4.3.

A BioBur, Lda comercializa os hambúrgueres biológicos em caixas de 100 unidades com serviço de
entrega ao cliente. As operações que a empresa realiza estão sujeitas a IVA à taxa de 6% e tem direito à
dedução, é utilizado o Sistema de Inventário Intermitente com apuramento do custo das vendas
mensal e, na valorimetria das saídas de armazém, adota-se o Critério FIFO.

Do balancete referente ao final do mês de outubro recolheu-se a seguinte informação:

Valor acumulado dos débitos da conta 32 4.050 €


Valor acumulado dos créditos da conta 32 2.700.€

A firma dispunha a esta data de um lote de 27 caixas de hambúrgueres biológicos em armazém.

Durante o mês de novembro realizaram-se as seguintes operações:

04 Oferta ao cliente Biulogicus de 2 caixas de hambúrgueres biológicos.

07 Compra a crédito (fornecedor Verduns) de 50 caixas de hambúrgueres biológicos por 2.915€ (IVA
incluído à taxa de 6%).

09 Recebimento do cheque nº 1234 no valor de 1060€ do cliente Biulogicus sobre o Banco ECO por conta
de um adiantamento de para compra de caixas de hambúrgueres biológicos ao preço unitário de 100€.

12 N/ fatura nº 112 ao cliente Biulogicus, referente a 50 caixas de hambúrgueres biológicos, ao preço


unitário de 100€, sujeito a IVA à taxa de 6%, tendo sido concedido um desconto comercial de 10%.

15 Verificou-se um furto de 5 caixas de hambúrgueres biológicos que se encontravam em armazém.

20 Pagamento antecipado ao Fornecedor Verduns por transferência bancária, com um desconto financeiro
de 10%.

25 N/ nota de crédito nº789 por devolução do cliente Biulogicus, de 10 caixas de hambúrgueres biológicos
(do lote adquirido ao fornecedor Verduns) impróprias para consumo, referentes ao dia 12, com
regularização do respetivo IVA.

28 S/ nota de crédito nº567 por devolução ao fornecedor Verduns, da mercadoria entretanto devolvida pelo
cliente Biulogicus, com regularização do respetivo IVA.

Pretende-se que:
a) Elabore a Ficha de Armazém;
b) Registe as operações no Diário;
c) Calcule o custo da mercadoria vendida no final do mês..

117
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício nº 4.4.

A sociedade comercial Lava Mais Branco, Lda. comercializa detergentes para a roupa junto de retalhistas. Entre
as mercadorias comercializadas destaca-se, por ser representado em exclusivo para Portugal, o inovador detergente
em pastilhas Clarex. A empresa vende o detergente em caixas de 20 embalagens, cada uma das quais com 25
pastilhas.
Sabe-se que a empresa utiliza o Sistema de Inventário Intermitente, com periodicidade mensal, e o critério FIFO
na valorização das suas mercadorias à saída do armazém. A empresa está enquadrada no regime geral de IVA,
que confere direito à sua dedução, e às transações do Clarex aplica-se a taxa normal de IVA.
No fim de outubro de 2016 verificou-se que existiam 200 caixas de detergente em armazém, todos pertencentes ao
mesmo lote e que a conta 32x, relativa à mercadoria anteriormente referida, apresentava os seguintes valores
(conforme extrato do balancete de verificação):
(€)
Cód. Conta Débito Crédito Saldo

32x Mercadorias – Clarex 25.000 21.000 ?

Durante o mês de novembro de 2016, relativamente a transações desta mercadoria, verificaram-se os seguintes
factos patrimoniais:
Dia
04 Aquisição, a pronto pagamento, de 500 caixas de Clarex, ao preço unitário de € 22 (sujeito a IVA). O
fornecedor concedeu um desconto financeiro de 5%.

07 Devido a um derrame acidental de água, duas caixas de detergente foram danificadas.

09 Transferência bancária do cliente Alfa, no valor de € 1.845, por conta da venda de 220 caixas de Clarex,
cujo preço ainda não tinha sido fixado.

11 Nossa Fatura nº 360, ao cliente Alfa, relativa à venda referida no dia 09, ao preço de € 30 cada caixa.
Sobre o preço faturado foi concedido um desconto de quantidade de 10%.

15 Emissão do cheque nº 723456, sobre o Banco Gama, no valor de € 2 460, a favor do Fornecedor Omega,
a título de adiantamento para compra de 600 caixas de Clarex, ao preço de € 20 por caixa.

17 Devolução de 10 caixas pelo cliente Alfa, por não apresentarem a qualidade requerida.

21 Recebimento, por transferência bancária, do valor em dívida relativo à nossa Fatura nº 360.

26 Fatura nº 390, do fornecedor Omega, relativa à compra de 600 caixas de detergente, ao preço unitário de
€ 20 (sujeito a IVA).

28 Devolução de 50 caixas de detergente ao fornecedor Omega, por não apresentarem a qualidade requerida.

Pretende-se:

1. Elabore a Ficha de Armazém (movimento de novembro)


2. Registe, no Diário, de todas as operações relativas ao movimento do mês de novembro, considerando
que a empresa adota o Sistema de Inventário Periódico.
3. Calcule e registe contabilisticamente o Custo da Mercadoria Vendida no final do mês. Proceda também à
regularização da conta 32x, efetuando os registos adequados no fim do período de inventário (utilize, para
este efeito, o espaço identificado com o dia 31 no Diário disponibilizado na alínea anterior).

118
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

5. Operações não correntes


Neste ponto analisam-se contabilisticamente algumas operações realizadas pelas empresa com
carácter mais pontual: operações não correntes. Consideram-se primeiro as operações de
investimento e, posteriormente, de desinvestimento em Ativos Fixos Tangíveis (AFT) e em Ativos
Intangíveis (AI) e na última parte apresentam-se o tratamento contabilístico da constituição de
sociedades.

O Investimento implica registos na Classe 4 Investimentos do Código de Contas do SNC, e


pressupõe a aquisição de um determinado tipo de Ativos: os Ativos Fixos Tangíveis que são tratados
de acordo com a NCRF 7 (ou a NCRF 9, se “adquiridos” através de um contrato de locação financeira)
e os Ativos Intangíveis segundo a NCRF 6. Neste ponto apresentam-se os conceitos, os critérios de
valorimetria adotados no momento inicial, quando se concretiza a aquisição e os métodos de
valorização subsequente, no final de cada exercício económico.

Trata-se também o desinvestimento em AFT e em AI, apresentando o tratamento contabilístico a


adotar quando se procede ao abate, à troca ou à substituição deste tipo de ativos. As operações
associadas ao Investimento, Classe 4 do Código de Contas, terminam com uma referência aos
adiantamentos efetuados por conta de futuras aquisições de AFT e/ou AI.

Em seguida apresentam-se os registos contabilísticos a efetuar no momento inicial, quando da


constituição da empresa, nomeadamente o movimento da conta de Capital, da Classe 5 Capital,
Reservas e Resultados Transitados, do Código de Contas, e da conta dos detentores de capital,
Acionistas e Sócios, da Classe 2 Contas a Receber e a Pagar.

Não sendo objetivo desta unidade curricular o tratamento contabilístico das operações relacionadas
com a Classe 5 Capital, Reservas e Resultados Transitados (esta é matéria tratada na
Contabilidade Financeira II, no 2º semestre), apenas é tratado o movimento da conta de Capital no
momento da abertura ou inicio de atividade de uma empresa. Considera-se ser importante explicitar
aqui os registos contabilísticos relativos à Constituição das Sociedades, que são, na prática, os
primeiros realizados na contabilidade de qualquer empresa.
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

120
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

As contas da Classe 4 Investimentos são contas onde se registam valores relativos a ativos da
empresa e são movimentadas do seguinte modo:

121
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

5.1. Investimento em Ativos Fixos Tangíveis e Intangíveis

Os Ativos Fixos Tangíveis e os Intangíveis são mensurados no momento inicial (quando são
adquiridos) pelo seu valor de aquisição mais as despesas adicionais em que a empresa deva incorrer
para colocar o ativo ao seu serviço (despesas de transporte, trabalhos de adaptação, técnicos
necessários à instalação, despesas com testes, despesas de desenvolvimento de protótipos, etc.);
São ainda consideradas como acréscimo ao valor inicial as benfeitorias (grandes reparações) que
aumentem a vida útil do bem ou, mesmo que tal não aconteça, sejam essenciais para manter a sua
atividade. Finalmente, devem ainda ser reconhecidos como acréscimo do valor inicial, os custos
estimados e atualizados com a remoção do bem no fim da sua vida útil.

Os Ativos Fixos Tangíveis e Intangíveis são detidos pela empresa para que nela permaneçam por um
período superior a um ano pelo que existem um conjunto de conceitos associados a este tipo de ativos
cuja compreensão é necessária para proceder à valorização no final de cada exercício económico.

122
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

A mensuração subsequente de um Investimento é realizada através da depreciação no caso dos


Ativos Fixos Tangíveis e da Amortização nos Intangíveis e tem como objetivos fundamentais:
 repartir o gasto associado à aquisição do ativo por toda a sua vida útil, dado que a despesa
com a sua aquisição não se traduz em benefícios económicos (rendimentos resultantes da
sua utilização) apenas nesse momento ou nesse ano, pelo que o correspondente gasto
também não pode ser reconhecido num único exercício (este procedimento pode ser
excecionado para bens de reduzido valor);
 refletir o desgaste “natural” do bem ao longo da sua vida útil e a consequente perda de valor.

123
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

124
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

125
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

5.2. Desinvestimento em Ativos Fixos Tangíveis e Intangíveis

Quando um AFT ou um AI é alienado ou abatido, por não se esperarem benefícios económicos do


seu uso ou alienação no futuro, os registos contabilísticos relativamente a tal ativo devem ser
desreconhecidos, ou seja, os mesmos devem ser suprimidos da contabilidade de modo a deixarem
de afetar os saldos das respetivas contas.

Este processo de alienação, ou abate, vulgarmente conhecido por desinvestimento, pode conduzir a
um ganho ou uma perda para a empresa (em caso de abate, sem alienação, só pode conduzir a perda
ou a resultado nulo). Tal ganho ou tal perda devem ser reconhecidos na contabilidade da entidade,
nos seguintes termos:
 ganhos ou perdas resultantes de alienações devem ser reconhecidos, respetivamente, nas
contas 7871 (subconta de 787 Rendimentos e ganhos em investimentos não financeiros) ou
6871 (subconta de 687 Gastos e perdas em investimentos não financeiros);
 ganhos ou perdas resultantes de sinistros (situações em que a compensação do seguro
ultrapassa ou fica aquém do valor contabilístico do bem perdido) devem ser reconhecidos,
respetivamente, nas contas 7872 ou 6872;
 perdas resultantes de abates devem ser reconhecidas na conta 6873.

126
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

É necessário perceber como se calcula e regista o ganho ou a perda que surgem como resultado de
uma operação de desinvestimento que pode surgir na sequência de diferentes operações:
 alienação;
 sinistros; ou,
 abate dos ativos.

Na abordagem aqui apresentada considerar-se-á o desinvestimento provocado pela alienação de um


AFT ou AI. O resultado da alienação corresponde à diferença entre o preço obtido na venda do ativo
(líquido de IVA, se aplicável) e o seu valor contabilístico. Tal resultado pode ser positivo (situação em
que existe um ganho ou mais-valia), nulo quando se igualam os valores em questão, ou negativo
(situação em que se verifica uma perda ou menos-valia).

Por sua vez, entende-se por valor contabilístico a diferença entre o valor de aquisição (ainda que
revalorizado ou acrescido de benfeitorias) e o valor das depreciações acumuladas (ou amortizações
acumuladas) do ativo em causa.

Após o cálculo do resultado, e escolhida a conta de gastos ou de rendimentos em função daquele e


do tipo de operação que conduz ao desinvestimento, inicia-se o processo de desreconhecimento
contabilístico do ativo. Tal processo é explicado nos slides seguintes.

127
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

128
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

É frequente as empresas procederem a adiantamentos por conta de Investimentos a adquirir no


futuro. Este tipo de operação pode ser realizada como forma de garantir o fornecimento do ativo ou
pode ser uma exigência do fornecedor como garantia da concretização da posterior venda. Tal como
nos inventários também existe a possibilidade de efetuar o adiantamento antes de o valor final estar
definido ou ser conhecido ou quando o mesmo já está acordado entre o fornecedor e a empresa.

129
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício 5.1.

A sociedade ASDF, Lda. que se dedica ao engarrafamento e comercialização de azeite, que compra
a granel, resolveu iniciar um processo de modernização e expansão da sua atividade, de forma a
tornar-se mais competitiva e a aumentar a sua quota de mercado.

Durante o mês de outubro do ano N, efetuou as seguintes aquisições a crédito (valores sujeitos a IVA
à taxa normal):
1. Programa de gestão de stocks, com um custo de aquisição de € 2.600, cuja vida útil se estima
em 4 anos.
2. Novo equipamento de engarrafamento para uma linha de produtos prestige, com um custo de €
20.000 e uma vida útil de 8 anos.
3. Automóvel ligeiro de passageiros, para utilização pelos vendedores da empresa, cujo preço foi
de € 20.000 e com uma vida útil de 4 anos.

Resolveu ainda trocar alguns equipamentos antigos, nas seguintes condições:


4. Aquisição de um novo equipamento para engarrafar os produtos tradicionais, pelo valor de €
32.000, com uma vida útil esperada de 8 anos.
Para pagamento foi entregue ao fornecedor, pelo seu valor contabilístico, o equipamento
antigo, adquirido em N-6 por 16.000€ e depreciado à taxa de 12,5%; a diferença foi liquidada
através de uma transferência bancária.
5. Aquisição de um novo veículo para distribuição, com a caixa de carga climatizada, cujo custo de
aquisição foi de € 60.000, com uma vida útil esperada de 6 anos.
Relativamente a esta aquisição tinha sido previamente feito um adiantamento, no valor de €
5.000, num momento em que o preço final ainda não era conhecido.
Para saldar a dívida foi entregue um veículo usado, que havia sido adquirido por 40.000€,
completamente depreciado, pelo valor de € 2.000; a diferença foi paga por cheque.

A empresa efetuou ainda um adiantamento, no valor de € 10.000, por conta da construção de um


armazém, cujo valor total será de € 100.000, e que será entregue à empresa em meados de N+1.

Pretende-se que:
a) Registe no Diário os factos descritos, relativos ao ano N.

130
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Resolução:
Nº /
Descrição A Débito A Crédito Valor (€)
Data
1 Aquisição de software 443 2.600,00
24322 598,00
2711 3.198,00
Equipamento para
2 engarrafamento 433 20.000,00
24322 4.600,00
2711 24.600,00
3 Automóvel ligeiro de passageiros 434 2711 24.600,00
4 Aquisição de equipamento 433 32.000,00
24322 7.360,00
2711 39.360,00
Entrega do equipamento usado 2711 4.920,00
433 16.000,00
4383 12.000,00
24331 920,00
Pagamento da diferença 2711 12 34.440,00
Aquisição de veículo de
5 distribuição 434 60.000,00
24322 13.800,00
2711 73.800,00
Anulação do adiantamento 2711 6.150,00
2713 5.000,00
24342 1.150,00
Abate de veículo usado 4384 434 40.000,00
Entrega do veículo usado 2711 2.460,00
7871 2.000,00
24331 460,00
Pagamento da diferença 2711 12 65.190,00
6 Adiantamento 455 10.000,00
24322 2.300,00
12 12.300,00

131
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos

Exercício 5.2.

A BioBur, Lda, com sede em Évora, dedica-se à comercialização de hambúrgueres biológicos. A


empresa decidiu expandir o negócio e vai abrir uma nova unidade na cidade de Badajoz, em Espanha.
Para enfrentar este novo desafio foi necessário proceder à renovação e aquisição de alguns
equipamentos.

Durante o mês de Novembro do ano N, a empresa efetuou as seguintes aquisições a crédito (todos
os valores estão sujeitos a IVA à taxa normal):
1. Duas arcas frigoríficas, por 50.000,00€ e com uma vida útil de 20 anos.
2. Um Empilhador cujo preço foi de 12.000,00€ e com uma vida útil de 5 anos. Foram pagas as
despesas de transporte do equipamento no valor de 500,00€
3. Um programa informático de gestão de inventários, com um custo de aquisição de 7.400€,
cuja vida útil se estima em 3 anos. Foram pagos 100,00€ pela deslocação do técnico de
informática para a instalação deste novo programa.

A BioBur, Lda efetuou ainda um adiantamento, no valor de € 5.000 (sujeito a IVA), para a aquisição
e remodelação de um espaço comercial onde se instalará a nova loja, cujo valor total será de € 50.000
e estará disponível em N+1.

Em Dezembro foi substituído um computador que havia sido adquirido em N-2, por 4.000€ e com uma
vida útil estimada de 4 anos, por um novo computador comprado por 5.000€, sujeito a IVA à tx. normal,
com uma vida útil esperada de 5 anos. Para liquidação do valor em divida foi entregue o computador
usado pelo seu valor contabilístico e a diferença foi liquidada através de uma transferência bancária.

Pretende-se que:
Registe no Diário da BioBur, Lda os factos relativos à aquisição e renovação dos ativos, ocorridos
em novembro e dezembro do ano N;

132
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício 5.3.
1. A empresa da indústria de calçado SPO, Lda., comprou, em 10/09/N, uma máquina de corte por
€ 9.840 tendo pago metade com cheque e comprometendo-se a liquidar o restante dentro de 1
ano. A fatura inclui IVA à taxa de 23%. A empresa pagou a pronto, em 20/09/N, as seguintes despesas
relacionadas com esta compra:
 Transporte com IVA incluído à taxa de 23%: € 738,00
 Seguro: € 100,00
 Instalação da máquina no local: € 861,00 com IVA incluído à taxa de 23%
 Deslocação de um técnico para instalação: € 984,00 com IVA incluído à taxa de 23%.
Pretende-se que proceda aos registos contabilísticos no Diário relativos a esta operação.

2. Do Balancete do Razão Geral da empresa XTW, Lda., referente a 31/12/N, foram extraídos, entre
outros, os seguintes saldos:

 Equipamento administrativo …………….. 25.000,00 euros


 Equipamento de transporte ……………… 22.500,00 euros
 Outros ativos fixos tangíveis …………….. 5.490,00 euros
 Outros ativos intangíveis ………………… 999,60 euros

Pretende-se que efetue o registo contabilístico, no Diário, das depreciações e amortizações


referentes ao exercício N, sabendo que a empresa adota o método da linha reta e que as vidas úteis
estimadas são as seguintes:

 Equipamento administrativo …………….. 5 anos


 Equipamento de transporte ……………… 4 anos
 Outros ativos fixos tangíveis …………….. 4 anos
 Outros ativos intangíveis ………………… 3 anos

3. A Sociedade HIP, Lda., vendeu em 15/12/N, a crédito, por € 1.500 (sujeito a IVA à taxa de 23%),
uma máquina de fotocopiar. A referida máquina havia sido adquirida em 20/03/N-2, por € 3.000,
e tinha uma vida útil estimada de 5 anos.

Registe no Diário os lançamentos relativos a esta operação, considerando que a empresa não
regista as depreciações por duodécimos, registando a depreciação anual para o equipamento (com
valor contabilístico) presente em 31 de dezembro de cada ano.

4. A empresa TPR, Lda., trocou um computador adquirido para o escritório há 2 anos por 2.500
euros (acrescidos de IVA a 23%) e com uma vida útil de 4 anos por um computador novo cujo
preço foi de 3.500 euros (acrescido de IVA à taxa 23%). Para liquidação da operação foi entregue
um cheque.

Registe no Diário a operação descrita, considerando que a empresa não calcula as depreciações
por duodécimos, registando a depreciação anual para o equipamento (com valor contabilístico)
presente em 31 de dezembro de cada ano.

133
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

5.3. Constituição de sociedades

Os primeiros registos contabilísticos de uma sociedade comercial com um determinado capital,


disponibilizado pelos sócios ou acionistas, ocorrem aquando da sua constituição. Tais registos são
divididos em duas fases, que podem ocorrer em simultâneo, ou não:
 Subscrição de capital – Traduz o compromisso por parte dos detentores do capital para com
a empresa de entregarem um determinado valor correspondente à parte detida. O registo
pretende identificar quem subscreve o capital da empresa e em que montante, dado que a
realização pode não ser feita integralmente no ato de constituição da sociedade, pelo que é
importante saber quem ainda não realizou o capital e em que montante. Saliente-se que, por
contrapartida de um registo a crédito na conta 51 Capital será movimentada a débito a conta
261 Acionistas c/ subscrição (no caso de se tratar de uma sociedade anónima) ou a conta
262 Quotas não liberadas (no caso da constituição de uma sociedade por quotas).
 Realização do capital subscrito – Ocorre quando se cumpre o compromisso assumido
anteriormente. Esta fase corresponde ao “pagamento” pelo sócio ou acionista do capital que
subscreveu e pode ser efetuada num único momento ou parcialmente ao longo de várias
etapas. A situação mais comum é o capital ser realizado em dinheiro, numa única etapa;
porém, o pacto de sociedade pode prever situações diferentes, nomeadamente, a realização
parcial do capital subscrito e a entrega de outros valores (bens, direitos e obrigação
eventualmente associados a uma atividade comercial similar desenvolvida previamente pelo
subscritor do capital), desde que a diferença entre os ativos e os passivos entregues sejam,
pelo menos, iguais ao valor do capital subscrito.

134
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

135
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Questão para reflexão


Qual a importância da utilização de um critério adequado de amortizações e depreciações para que
a contabilidade esteja conforme com as características qualitativas da informação definidas pela
Estrutura Conceptual?

136
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Proposto

Exercício 5.4.

A sociedade Trumpete & Companhia, Lda. tem por objeto social a transformação de rochas ornamentais,
tendo sido constituída em 16 de Janeiro de N com um capital social inicial de 400.000 euros integralmente
realizado pelos sócios do seguinte modo:
 Sr. Trumpete: € 250.000;
 Sr. Pudim: € 150.000;
Todos os valores foram depositados na conta à ordem da empresa no próprio dia da constituição.
Em 30 de Janeiro de N a empresa adquiriu junto de uma empresa inglesa uma máquina de corte por 80.000
libras esterlinas (£ 1 = € 1,20), tendo pago de imediato 50% do valor da dívida (por simplificação considere a
operação isenta de IVA). Foram suportadas e pagas de imediato, por cheque, 4.000 euros de despesas
alfandegárias (isento de IVA).
Sabe-se que em 31 de Dezembro de N se mantinha a dívida à empresa inglesa e que a taxa de câmbio era a
essa data de £ 1 = € 1,25.
Em 10 de Março de N+3 a empresa decide trocar a máquina de corte adquirida em N a que é atribuído um
valor de retoma de € 65.000, tendo adquirido uma nova máquina a pronto pagamento por € 100.000 (sujeito a
IVA à taxa de 23%). Sabe-se que a empresa utiliza o método da linha reta e que não calcula depreciações por
duodécimos. A máquina de corte adquirida em N tinha uma vida útil estimada de 8 anos não se encontrando
definido qualquer valor residual para a mesma. A liquidação da dívida foi efetuada por transferência bancária.

Pretende-se:
1. Os lançamentos de constituição da sociedade.
2. Registo da aquisição da viatura em N.
3. Tratamento contabilístico da dívida à empresa inglesa em 31.12.N de acordo com o estipulado pela NCRF
23.
4. Registo da troca da máquina de corte em 10.03.N+3.

137
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

6. O encerramento do exercício

Este texto de apoio termina com as operações contabilísticas necessárias ao encerramento das
contas no final do exercício económico. O trabalho de encerramento, ou fecho de contas, tem uma
sequência que começa com a comparação dos dados do Balancete de Verificação de 31.12. com as
informações obtidas extracontabilisticamente, que dá origem a um conjunto de registos contabilísticos
a que se chamam os Lançamentos de Regularização.

Os lançamentos de regularização são indispensáveis à retificação dos saldos contabilísticos e são de


natureza diversa:
 Correção de algumas falhas, erros ou omissões, ou de saldos;
 Lançamentos de acréscimos e diferimentos, que dão cumprimento ao pressuposto
subjacente, contemplado na Estrutura Concetual, do Regime do Acréscimo;
 Cálculo e registo das depreciações e amortizações do exercício dos ativos fixos tangíveis e
dos ativos intangíveis (quando tal não é feito mensalmente, por duodécimos);
 Cálculo e registo das provisões, ajustamentos e imparidades, se forem identificadas situações
de riscos potenciais, de perdas de valor, ou de reversão de perdas registadas anteriormente,
na mensuração subsequente dos ativos; e,
 Regularização dos inventários, no caso de as empresas utilizarem o sistema de inventário
periódico ou intermitente e de diferenças entre inventário físico e registos contabilísticos (seja
qual for o sistema de inventário utilizado).

Depois de regularizados todos os saldos contabilísticos, é emitido o Balancete Retificado, a partir do


qual se podem construir a Demonstração dos Resultados por Natureza e por Funções e a
Demonstração dos Fluxos de Caixa. Em seguida ter-se-á que proceder aos registos conducentes ao
apuramento dos resultados, o que implica saldar as todas contas de Gastos e Rendimentos, para se
poder emitir o Balancete Final, a partir do qual se elabora o Balanço Final, a Demonstração de
Alterações no Capital Próprio e o Anexo.

Todo este trabalho de encerramento das contas e de elaboração das Demonstrações Financeiras é
apresentado e elaborado manualmente, de modo a que a aluno aprenda a registar cada operação e
perceba como a partir das contas e dos seus saldos se constroem
às DF’s, de acordo com os modelos atualmente em vigor.

138
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

139
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Alguns destes lançamentos de regularização serão objeto de análise mais detalhada ao longo das
próximas páginas. Relativamente a outros, já analisados anteriormente (depreciações e amortizações
e regularização de inventários), será feita apenas uma breve referência.

Porém, importa aqui dizer algo sobre as correções de diferenças detetadas. Tais correções ocorrem
quando, na sequência de inventários físicos à caixa, na sequência de reconciliações bancárias, na
sequência de circularizações de terceiros ou de inventários às mercadorias, se encontram diferenças
entre os saldos contabilísticos das respetivas contas e os valores identificados naqueles processos;
quando tal acontece deve ser promovida a correção dos saldos das contas, o que será concretizado
através dos registos contabilísticos adequados.

140
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

6.1. Acréscimos e Diferimentos

141
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

142
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

143
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

As contas de Acréscimos e Diferimentos são contas mistas que constam do Balanço quer no 1º
membro, no Ativo, quer no 2º membro, no Passivo, consoante a natureza do seu saldo, que pode ser
devedor, para valores a receber, ou credor, no caso de valores a pagar.

144
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 6.1.

No início do mês de janeiro do ano N+1 a empresa Kuasenofim, Lda. iniciou os trabalhos
contabilísticos de encerramento do exercício N. Após a emissão do balancete de verificação de
dezembro verificou-se que estavam por registar e/ou regularizar as seguintes operações:

1. O pagamento da renda do mês de janeiro de N+1 no valor bruto de € 1.150, sujeito a retenção
na fonte à taxa 15%; efetuado por transferência bancária no dia 6 de dezembro.
2. O consumo de eletricidade do mês de dezembro no valor de € 694,95, (valor do IVA incluído
à taxa de 23%) a pagar até ao final de janeiro de N+1;
3. Os juros semestrais no valor de € 1.800 a pagar em 28/2/N+1, relativos a um financiamento
bancário;
4. O Seguro de acidentes de trabalho relativo ao período de 1/12/N a 31/5/N+1 no valor de €
1.200 (valor isento de IVA) a pagar no início de março de N+1;
5. O pagamento dos encargos previstos com as férias e subsídio de férias relativos ao ano N, a
processar no ano N+1, no valor de € 10.500, a Segurança Social por conta da empresa é
calculada à taxa de 23,75% e por conta dos empregados 11%.
6. Regularização do rendimento, registado em outubro do ano N, referente a juros semestrais
de depósitos bancários no valor total de € 450,00, recebidos antecipadamente e relativos ao
período de 1/10/N a 31/3/N+1.
7. Do material de escritório, adquirido e registado em dezembro, não foram consumidos os
seguintes valores:
 Resmas de papel: € 87,20
 Tinteiros para as impressoras:€ 61,50
 Toner para a fotocopiadora: € 196,80

Pretende-se que efetue os lançamentos de regularização no Diário da empresa.

Resolução:
Contas
Nº Descrição Valor
Debitadas Creditadas
281 Gastos a reconhecer € 1.150,00
1 Pagamento da Renda 2424 Retenção de IR (Prediais) € 172,50
12 Depósitos à ordem € 977,50

2 Eletricidade de dezembro 6241 Eletricidade 2722 Credores por acrésc. gastos € 565,00

3 Juros a pagar 6911 Juros de financ. obtidos 2722 Credores por acrésc. gastos € 1.200,00

4 Seguro de acid. trabalho 636 Seguros de acid. trabalho e … 2722 Credores por acrésc. gastos € 200,00
5 Férias e subsídio de férias 632 Remunerações do pessoal € 10.500,00
635 Encargos sobre remunerações € 2.493,75
2722 Credores por acrésc. gastos € 12.993,75

6 Juros a reconhecer 7911 (Juros obtidos) De depósitos 282 Rendimentos a reconhecer € 225,00

7 Material não consumido 281 Gastos a reconhecer 6233 Material de escritório € 345,50
145
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos

Exercício nº 6.2.
Aproxima-se o final do ano N e o Técnico Oficial de Contas (TOC) da Capas Negras, Lda começou
a preparar o encerramento do exercício. Ao reunir a informação necessária o TOC encontrou por
registar e/ou regularizar as seguintes operações:

1. O Seguro multirriscos das instalações relativo ao período de 1/12/N-1 a 30/11/N no valor de


€ 1.800 (valor isento de IVA), valor pago no início do contrato por transferência bancária. Esta
operação foi objeto de registo contabilístico em N-1 em obediência ao regime do acréscimo,
não tendo tido em N nenhum tratamento contabilístico até à presente data;
2. N/ fatura nº 77112 datada de 02/12 ao cliente AAUE, referente a 150 trajes académicos, ao
preço unitário de € 500, tendo sido concedido um desconto comercial na fatura de 10%;
3. O recebimento, por transferência bancária no dia 08/12, da renda de um armazém na zona
industrial, relativo ao mês de janeiro de N+1, no valor de € 1.400,00 (rendimento isento de
IVA e de retenção na fonte);
4. Compra a pronto pagamento (p/p), no dia 14/12, ao fornecedor Agulhas & Dedal, de 50 capas
negras. A empresa obteve um desconto financeiro de p/p de 10%, tendo emitido um cheque
no valor de 3.044,25 euros;
5. Juros do depósito bancário a 6 meses que se vence em 28/2/N+1; serão recebidos, nessa
data, € 300,00 de juros;
6. O valor estimado da fatura do gás natural, relativo ao consumo do mês de dezembro, é de €
246,00 (IVA incluído à taxa normal), a pagar até ao final de janeiro de N+1;
7. Foram pagos os juros semestrais, no valor de € 900,00, em 30/4/N, relativos a um
financiamento bancário obtido. Esta operação foi objeto de registo contabilístico em N-1 em
obediência ao regime do acréscimo, não tendo tido em N nenhum tratamento contabilístico
até à presente data;
8. Foi emitida uma fatura ao cliente AE-IPS, no dia 12/12, no valor total de € 1.845,00, relativa
à venda de 10 capas negras que só serão entregues na segunda semana de janeiro de N+1.

Pretende-se que efetue os lançamentos de regularização no Diário da empresa tendo em conta que
as operações que a empresa realiza estão sujeitas a IVA à taxa de 23% com direito à dedução e que
é utilizando o Sistema de Inventário Intermitente

146
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício nº 6.3.

Ao iniciar os procedimentos necessários ao encerramento de contas de 2016, a empresa wPortugal, Lda.


verificou que estavam por regularizar ou por registar alguns factos patrimoniais:
1. Não tinha sido registado ainda qualquer gasto com as férias e o subsídio de férias a pagar em 2017
ao pessoal presente na empresa em 31.dez.2016. O valor mensal da remuneração base dos
trabalhadores da empresa é de € 25.000 e a segurança social por conta da entidade patronal é de
23,75%.
2. A empresa pagou, em 30.set.2016, e registou totalmente como gastos de 2016, o seguro das
instalações, no montante de € 1.200 e relativo ao período de 1.out.2016 a 31.mar.2017.
3. As prestações de serviços a clientes, ainda não concluídas em 31.dez.2016, representam gastos já
reconhecidos pela empresa, na sua contabilidade, no montante de € 6.000. Estas prestações de
serviços serão faturadas em 2017.
4. Foi recebido por cheque, em 5.dez.2016, o montante de € 1.500 (acrescido de IVA à taxa de 23%)
relativo à renda de jan.2017 de um armazém da empresa (e do respetivo equipamento) que foi
disponibilizado a terceiros. Por haver dúvidas quanto à forma de registo, este recebimento não estava
ainda contabilizado.

Pretende-se que proponha os registos a efetuar, no Diário da empresa, decorrentes desta informação.

147
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

6.2. Outros lançamentos de regularização

148
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

149
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

150
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Proposto
Exercício nº 6.4.
A empresa Xegámosaofim, S.A., pretende encerrar as contas relativas ao exercício N e elaborar o
respetivo relatório e contas, para apresentação na Assembleia-geral Ordinária marcada para
20/03/N+1. Para o efeito dispõe da seguinte informação:

BALANCETE DE VERIFICAÇÃO DO RAZÃO EM 31/12/N (valores em euros)


SALDO
CÓDIGO CONTA DEVEDOR CREDOR
(Euros) (Euros)
11.1 Caixa A 150,00
12.1 Banco K 9.350,00
21.11 Clientes gerais 16.000,00
21.9 Perdas por imparidade acumuladas 1.000,00
24.11 Pagamentos por conta 500,00
24.12 Retenções na fonte efetuadas por terceiros 250,00
31.1 Compras de mercadorias 30.000,00
32.1 Mercadorias 4.000,00
43.3 Equipamento básico 20.000,00
43.8 Depreciações acumuladas 10.000,00
51.1 Capital 15.000,00
62 Fornecimentos e serviços externos 4.000,00
63 Gastos com o pessoal 10.000,00
69 Gastos e perdas de financiamento 750,00
71 Vendas 60.000,00
72 Prestações de serviços 7.500,00
79 Rendimentos e ganhos de financiamento 1.500,00
TOTAL 95.000,00 95.000,00

Do inventário realizado em 31/12/N, foi possível obter os seguintes elementos:


1. Na caixa A encontram-se apenas € 125,00. A diferença, relativamente à contabilidade, diz
respeito a um donativo para uma IPSS ainda não foi contabilizado.
2. O Banco K enviou-nos um extrato, com data de 31/12/N, com um saldo de € 9.600. A
diferença, relativamente à contabilidade, respeita a juros de depósitos à ordem ainda não
contabilizados.
3. Os Ativos Fixos Tangíveis são depreciados pelo método da linha reta, à taxa de 10%; não
há AFT completamente depreciados.
4. O montante das dívidas dos clientes em atraso era repartido segundo os seguintes prazos:
- em atraso até 120 dias .................... .... € 5.000
- em atraso a 210 dias ......................... € 4.000
- em atraso a 380 dias .........................€ 3.500
- em contencioso ..................................... € 900
A empresa admite que, do ponto de vista contabilístico, o critério fiscal, quanto à constituição das
perdas por imparidade em dívidas a receber se ajusta à evidência do risco.
5. Os Inventários de mercadorias em armazém eram, em 31/12/N, de € 5.000.

Pretende-se que: Registe no diário as operações de regularização que julgar necessárias.

151
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

6.3. Apuramento de resultados

152
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

153
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

6.4. Demonstrações Financeiras

Questão para reflexão


Nos lançamentos de regularização devem ser cumpridos, sempre que aplicáveis, os critérios fiscais
relativamente aos gastos a contabilizar? Justifique a sua resposta.
154
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício Resolvido

Exercício nº 6.5.
O balancete de verificação em 31/12/N da sociedade Frog & Friends, Lda., que se dedica à comercialização
de material de iluminação, apresentava a seguinte informação (extrato, em euros):

Cód. Designação da Conta SALDOS


Conta DEVEDOR CREDOR
11 Caixa 1.540,00 0
12 Depósitos à ordem 48.950,00 0
21 Clientes 86.500,00 0
21(9) Clientes (Perdas por imparidade) 0 1.200,00
22 Fornecedores 0 45.000,00
24 Estado e outros entes públicos 20.100,00 15.620,00
25 Financiamentos obtidos 0 20.000,00
27 Outras contas a receber e a pagar 0 1.000,00
28 Diferimentos 500,00 0
31(1) Compras (Mercadorias) 214.400,00 0
32 Mercadorias 40.000,00 0
43 Ativos fixos tangíveis 120.000,00 0
43(8) Ativos fixos tangíveis (Depreciações) 0 30.000,00
51 Capital 0 19.000,00
62 Fornecimentos e serviços externos 54.500,00 0
63 Gastos com pessoal 42.000,00 0
68 Outros gastos e perdas 3.000,00 0
69 Gastos e perdas de financiamento 7.610,00 0
71 Vendas (Mercadorias) 0 480.000,00
72 Prestações de serviços 0 25.000,00
78 Outros rendimentos e ganhos 0 2.200,00
79 Juros, dividendos e outros rend. Similares 0 80,00
TOTAL 639.100,00 639.100,00
Após a comparação entre este balancete e os dados fornecidos pelo Inventário ou resultantes de análise
contabilística, o TOC da empresa verificou que era necessário proceder à regularização das seguintes
operações:
1. No saldo da conta 11Caixa estava incluído o cheque de um cliente, no valor de € 500, devolvido pelo
banco por falta de provisão.
2. O inventário físico das mercadorias em armazém apurou um valor a 31/12 de € 44.000,00.
3. Todos os elementos do ativo fixo tangível da empresa têm uma vida útil de 8 anos; não há ativos
totalmente depreciados e não há ativos com valor residual atribuído. A empresa adopta o método de
depreciação da linha reta.
4. As dívidas de clientes em atraso tinham a seguinte repartição em 31/12/N:
 até 6 meses = € 1.000,00;
 até 8 meses = € 2.000,00;
 até 21 meses = € 4.000,00;
 Em contencioso = € 750.
5. No extrato bancário do último dia do ano o saldo da conta 12 Depósitos à Ordem é de € 48.897,00;
verificou-se que a diferença, em relação à contabilidade, respeitava ao pagamento da fatura da água (IVA
incluído à taxa de 6%) que ainda não estava contabilizada.

155
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Pretende-se:

a) Face à informação anterior, registe no Diário as operações de regularização que


considerar necessárias e complete o Balancete Retificado nos campos sombreados.

Balancete retificado

Cód. Designação da Conta SALDOS


Conta DEVEDOR CREDOR
11 Caixa 0
12 Depósitos à ordem 0
21 Clientes 0
21(9) Clientes (Perdas por imparidade) 0
22 Fornecedores 0 45.000,00
24 Estado e outros entes públicos 15.620,00
25 Financiamentos obtidos 0 20.000,00
27 Outras contas a receber e a pagar 0 1.000,00
28 Diferimentos 500,00 0
31(1) Compras (Mercadorias) 0 0
32 Mercadorias 0
43 Ativos fixos tangíveis 120.000,00 0
43(8) Ativos fixos tangíveis (Depreciações) 0
51 Capital 0 19.000,00
0
62 Fornecimentos e serviços externos 0
63 Gastos com pessoal 42.000,00 0
0
0
68 Outros gastos e perdas 3.000,00 0
69 Gastos e perdas de financiamento 7.610,00 0
71 Vendas (Mercadorias) 0 480.000,00
72 Prestações de serviços 0 25.000,00
78 Outros rendimentos e ganhos 0 2.200,00
79 Juros, dividendos e outros rend. Similares 0 80,00
TOTAL 657.150,00 657.150,00

b) Registe no Razão o Apuramento dos Resultados (considere uma taxa de IRC de 30%).

c) Elabore a Demonstração dos Resultados por Naturezas para o ano N.

156
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Resolução:

Lançamento Contas a movimentar Valores


Nº Descrição A débito A crédito (€)
a) Cheque devolvido 2111 11 500

b) Transferência das compras 32 31 214.400


Registo do CMVMC 611 32 210.400

c) Depreciações do exercício 642 438 15.000

d) Perdas por imparidade 6511 219 3.050

e) Água 6243 50
24323 3
12 53

Cálculos auxiliares:
b) CMVMC = Ii + Compras – If = 40.000 + 214.400 – 44.000 = 210.400
c) Qd = VA / n = 120.0000 / 8 = 15.000
d) PPI necessárias = 25% x 2.000 + 75% x 4.000 + 750 = € 4.250
PPI a reforçar = € 4.250 – € 1.200 = € 3.050

157
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Cód. Designação da Conta SALDOS


Conta DEVEDOR CREDOR
11 Caixa 1.040,00 0
12 Depósitos à ordem 48.897,00 0
21 Clientes 87.000,00 0
21(9) Clientes (Perdas por imparidade) 0 4.250,00
22 Fornecedores 0 45.000,00
24 Estado e outros entes públicos 20.103,00 15.620,00
25 Financiamentos obtidos 0 20.000,00
27 Outras contas a receber e a pagar 0 1.000,00
28 Diferimentos 500,00 0
31(1) Compras (Mercadorias) 0 0
32 Mercadorias 44.000,00 0
43 Ativos fixos tangíveis 120.000,00 0
43(8) Ativos fixos tangíveis (Depreciações) 0 45.000,00
51 Capital 0 14.000,00
56 Resultados transitados 0 5.000,00
61 CMVMC 210.400,00 0
62 Fornecimentos e serviços externos 54.550,00 0
63 Gastos com pessoal 42.000,00 0
64 Gastos de depreciação e de amortização 15.000,00 0
65 Perdas por imparidade 3.050,00 0
68 Outros gastos e perdas 3.000,00 0
69 Gastos e perdas de financiamento 7.610,00 0
71 Vendas (Mercadorias) 0 480.000,00
72 Prestações de serviços 0 25.000,00
78 Outros rendimentos e ganhos 0 2.200,00
79 Juros, dividendos e outros rend. Similares 0 80,00
TOTAL 657.150,00 657.150,00

158
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Apuramento dos Resultados (considere uma taxa de IRC de 30%)

61 62 63
i) 210.400 i) 54.550 i) 42.000

64 65 68
i) 15.000 i) 3.050 i) 3.000

69 71 72
i) 7.610 ii) 480.000 ii) 25.000

2413 78 79
iv) 51.501 ii) 2.200 ii) 80

811 812 818


i) 335.610 ii) 507.280 iv) 51.501 v) 51.501 v) 51.501 iii) 171.670
iii) 171.670

Demonstração dos resultados por naturezas


(Euros)
Código
das contas Exercício N Exercício N-1

Rendimentos e Gastos

71+72 Vendas e serviços prestados 505 000,00


61 CMVMC -210 400,00
62 Fornecimentos e serviços externos -54 550,00
63 Gastos com o pessoal -42 000,00
651 Imparidade de dívidas a receber -3 050,00
78 Outros rendimentos e ganhos 2 200,00
68 Outros gastos e perdas -3 000,00
Resultado antes de depreciações,
gastos de financiamento e impostos 194 200,00

64 Gastos de depreciação e de amortização -15 000,00


Resultado operacional 179 200,00

79 Juros e rendimentos similares obtidos 80,00


69 Juros e gastos similares suportados -7 610,00
Resultado antes de impostos 171 670,00

8121 Imposto sobre o rendimento do período -51 501,00


818 Resultado líquido do período 120 169,00

159
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercícios Propostos

Exercício nº 6.6.

Com base no enunciado do exercício 6.3. e considerando uma taxa de IRC de 20% efetue o
apuramento dos resultados no Razão da empresa.

Exercício nº 6.7.

No dia 31 de dezembro de N a empresa Fecho & Fechadura, Lda. apresentava o seguinte Balancete
Retificado (valores em euros):

Cód. Designação da Conta SALDOS


Conta DEVEDOR CREDOR
11 Caixa 100,00
12 Depósitos á ordem 1.660,00
21 Clientes 60.500,00
22 Fornecedores 30.500,00
24 Estado e Outros Entes Públicos 11.900,00 15.320,00
25 Financiamentos obtidos 75.000,00
32 Mercadorias 67.660,00
43 Ativos Fixos Tangíveis 25.000,00
44 Ativos Fixos Intangíveis 29.000,00
51 Capital 50.000,00
61 CMVMC 265.000,00
62 Fornecimentos e Serviços Externos 89.500,00
63 Gastos com Pessoal 96.560,00
64 Gastos de depreciação e amortização 12.000,00
68 Outros gastos e perdas 3.000,00
69 Gastos e perdas de financiamento 1.800,00
71 Vendas de Mercadorias 480.660,00
72 Prestações de Serviços 10.000,00
78 Outros rendimentos e ganhos 2.200,00
TOTAL 663.680,00 663.680,00

Pretende-se que:

a) Construa a Demonstração dos resultados por natureza a 31/12/N;


b) Registe, no razão, o apuramento dos resultados, sabendo que a empresa é tributada em
sede de IRC à taxa de 20%;
c) Construa o Balancete Final a 31/12/N;
d) Elabore o Balanço final a 31/12/N.

160
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício nº 6.8.

O balancete de verificação em 31/12/N da sociedade comercial Komes & Bebes, Lda., que se dedica
à comercialização de bebidas e produtos alimentares, apresentava a seguinte informação (extrato),
em euros:

Cód. SALDOS
Designação da Conta
Conta DEVEDOR CREDOR
11 Caixa 1.980,00 0
12 Depósitos à ordem 48.450,00 0
21 Clientes 106.000,00 0
21(9) Clientes (Perdas por imparidade) 0 1.200,00
22 Fornecedores 0 77.000,00
24 Estado e outros entes públicos 20.100,00 15.320,00
25 Financiamentos obtidos 0 25.000,00
27 Outras contas a receber e a pagar 0 1.000,00
28 Diferimentos 700,00 0
32 Mercadorias 44.000,00 0
43 Ativos fixos tangíveis 80.000,00 0
43(8) Ativos fixos tangíveis (Depreciações) 0 20.000,00
51 Capital 0 45.000,00
56 Resultados transitados 0 10.000,00
61 Custo das mercadorias vendidas e mat.cons. 232.400,00
62 Fornecimentos e serviços externos 74.500,00 0
63 Gastos com pessoal 57.000,00 0
68 Outros gastos e perdas 3.000,00 0
69 Gastos e perdas de financiamento 4.400,00 0
71 Vendas (Mercadorias) 0 471.710,00
72 Prestações de serviços 0 4.000,00
78 Outros rendimentos e ganhos 0 2.200,00
79 Juros, dividendos e outros rend. similares 0 100,00
TOTAL 672.530,00 672.530,00

Da comparação entre este balancete e os dados fornecidos pelo Inventário ou resultantes de análise
contabilística, o TOC da empresa verificou que era necessário proceder à regularização das seguintes
operações:
1. A contagem do saldo de caixa revelou uma diferença de 100 euros para menos relativamente
ao seu saldo contabilístico; tal diferença deve-se à aquisição em 23 de dezembro de selos de
correio (isentos de IVA) sem que a Fatura-Recibo dos CTT tenha sido ainda contabilizada.
2. A vida útil de todos os elementos do ativo fixo tangível da empresa é de 8 anos; no final de
N-1 não havia elementos completamente depreciados. Não há qualquer elemento com valor
residual atribuído. Sabe-se que a empresa utiliza o método da linha reta, e que não calcula
depreciações por duodécimos.
3. As dívidas de clientes em mora tinham a seguinte repartição em 31/12/N:
 Atraso de 8 meses = € 2.000,00;
 Atraso de 21 meses = € 4.000,00;
 Em contencioso = € 2.500,00.
161
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

4. Os juros a receber em 31.mar.N+1, relativos a um depósito a prazo de 6 meses, efetuado em


1.out.N ascendem a € 200. O depósito a prazo, no valor de € 10.000, tinha sido constituído
por contrapartida da conta de depósitos à ordem.
a) Face à informação anterior, registe no Diário as operações de regularização que
considerar necessárias e complete o Balancete Retificado nos campos sombreados.

Nº Descrição Débito Crédito Valor (€)


1

Cálculos auxiliares:

162
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Balancete retificado

Cód. SALDOS
Designação da Conta
Conta DEVEDOR CREDOR
11 Caixa 0
12 Depósitos à ordem 0

21 Clientes 106.000,00 0
21(9) Clientes (Perdas por imparidade) 0
22 Fornecedores 0 77.000,00
24 Estado e outros entes públicos 20.100,00 15.320,00
25 Financiamentos obtidos 0 25.000,00
27 Outras contas a receber e a pagar
28 Diferimentos
32 Mercadorias 44.000,00 0
43 Ativos fixos tangíveis 80.000,00 0
43(8) Ativos fixos tangíveis (Depreciações) 0
51 Capital 0 45.000,00
56 Resultados transitados 0 10.000,00
61 Custo das mercadorias vendidas e mat.cons. 232.400,00
62 Fornecimentos e serviços externos 0
63 Gastos com pessoal 57.000,00 0

68 Outros gastos e perdas 3.000,00 0


69 Gastos e perdas de financiamento 4.400,00 0
71 Vendas (Mercadorias) 0 471.710,00
72 Prestações de serviços 0 4.000,00
78 Outros rendimentos e ganhos 0 2.200,00
79 Juros, dividendos e outros rend. similares 0
TOTAL 687.430,00 687.430,00

163
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

b) Registe no Razão o Apuramento dos Resultados (considere uma taxa de IRC de 20%).

164
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

c) Apresente a Demonstração dos Resultados por Naturezas relativa ao período findo em


31.dez.N

Demonstração dos resultados por naturezas


(Euros)
Código
das Rendimentos e Gastos Período N Período N-1
contas

71+72 Vendas e serviços prestados


75 Subsídios à exploração
74 Trabalhos para a própria entidade
61 CMVMC
62 Fornecimentos e serviços externos
63 Gastos com o pessoal
652/7622 Imparidade de inventários (perdas/reversões)
651/7621 Imparidade de dívidas a receber (perdas/reversões)
67/763 Provisões (aumentos/reduções)
78 Outros rendimentos e ganhos
68 Outros gastos e perdas
Resultado antes de depreciações, gastos de
financiamento e impostos

64 Gastos de depreciação e de amortização


Resultado operacional

79 Juros e rendimentos similares obtidos

69 Juros e gastos similares suportados

Resultado antes de impostos

8121 Imposto sobre o rendimento do período


818 Resultado líquido do período

165
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Exercício nº 6.9.

Considere o seguinte balancete final:


Balancete Final da Tricas & Trocos, Lda. em 31/12/N
(€)
SALDOS
Cód.
Designação da Conta
Conta DEVEDOR CREDOR

11 Caixa 840,00
12 Depósitos à ordem 47 500,00
13 Outros depósitos bancários 20 000,00
21 Clientes 152 500,00
219 Clientes (Perdas por imparidade) 10 000,00
22 Fornecedores 144 200,00
24 Estado e outros entes públicos 2 500,00 24 040,00
25 Financiamentos obtidos 10 000,00
27 Outras contas a receber e a pagar 15 000,00 40 000,00
28 Diferimentos 5 000,00 4 000,00
32 Mercadorias 32 000,00
329 Perdas por imparidade acumuladas 1 500,00
43 Ativos fixos tangíveis 120 000,00
438 Ativos fixos tangíveis (Depreciações) 40 000,00
44 Ativos intangíveis 7 500,00
448 Ativos intangíveis (Amortizações) 1 500,00
51 Capital 80 000,00
56 Resultados transitados 32 500,00
818 Resultado líquido 15 100,00
TOTAL 402 840,00 402 840,00

Apresente o Balanço da empresa em 31/12/N.

166
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Balanço
(Euros)
Código
das Rubricas 31.dez.N 31.dez.N-1
contas
ATIVO
Ativo não corrente
43 Ativos fixos tangíveis
42 Propriedades de investimento
44 Ativos intangíveis

Ativo corrente
32 Inventários
21 Clientes
228+39 Adiantamentos a fornecedores
24 Estado e outros entes públicos
26 Acionistas/Sócios
27 Outras contas a receber
28 Diferimentos
11+12+13 Caixa e depósitos bancários

Total do Ativo

CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO

Capital Próprio
51 Capital realizado
52 Ações (quotas) próprias
54 Prémios de emissão
551 Reservas legais
552 Outras reservas
56 Resultados transitados
58 Excedentes de revalorização
59 Outras variações no capital próprio

818 Resultado líquido


Total do capital próprio

Passivo
Passivo não corrente
29 Provisões
25 Financiamentos obtidos
27 Outras contas a pagar

Passivo corrente
22 Fornecedores
218+276 Adiantamentos de clientes
24 Estado e outros entes públicos
26 Acionistas/Sócios
25 Financiamentos obtidos
27 Outras contas a pagar
28 Diferimentos
Total do passivo

Total do capital próprio e do passivo

167
Contabilidade Financeira I Texto de apoio

Bibliografia

Livros

Borges, António; Rodrigues, Azevedo e Rodrigues, Rogério – Elementos de Contabilidade


Geral, 26ª edição, Áreas Editora, 2014;
Mullis, Darrel e Orlof, Judith – O Jogo da Contabilidade, Iniciação à contabilidade, Edições
Centro Atlântico, Coleção Desafios, 2009;

Legislação

Código do IRC

Código do IRS

Código do IVA

Lei nº 139/2015 de 7 de Setembro, Estatuto dos Contabilistas Certificados;

Sistema de Normalização Contabilística (SNC), Porto Editora, 6ª Edição, março 2016;

168

S-ar putea să vă placă și