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INICIAÇÃO

AOS

ESTUDOS LITERÁRIOS

9º ANO – REME

Prof. Me. Lucas Tadeu de Oliveira


Maciel
1º BIMESTRE

Linguagem, língua e fala


Linguagem verbal e não-verbal
Elementos da comunicação
Arte e Literatura
Polissemia
Conotação e Denotação
Subjetividade e Objetividade
Texto literário e não-literário
AULA 1: O que é literatura e o que esperar da disciplina?- discussão e boas-vindas
AULA 2: LINGUAGEM, LÍNGUA E FALA

LINGUAGEM
É a capacidade restrita aos seres humanos de expressar sentimentos, sensações, transmitir
informações, opiniões ou mesmo expressar sentimentos e desejos proporcionando a troca de dados entre
pessoas de diferentes tradições e localidades.
TIPOS DE LINGUAGEM
A linguagem pode ser:
1) verbal;
2)não-verbal e;
3) mista:

1) Linguagem verbal
Utiliza o código da língua escrita, as palavras:
SILÊNCIO!
OI, TUDO BEM?!

2) Linguagem não-verbal
Linguagem não-verbal: símbolos ou sinais ( gestos) e figuras que servem como ponte para a
comunicação sem o uso de palavras:
• Placas informativas;
• placas de trânsito;
• Gestos;
• Sinais;
• Pintura;
• Dança;
• Notas musicais:

3) Linguagem mista
Utiliza a linguagem verbal e a não-verbal juntas para comunicar algo:
PROPAGANDAS, PLACAS,
ANÚNCIOS, RECEITAS,
CARTAZES, TIRINHAS

LÍNGUA
É um conjunto de sinais ( palavras) e de leis que se combinam. É por meio dela que as pessoas de uma
comunidade se comunicam e interagem. Somos falantes de língua portuguesa e, portanto, pertencemos à comunidade
de falantes de língua portuguesa.
Atualmente, o português é língua oficial de oito países (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau,
Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste)

A LÍNGUA E OS CÓDIGOS
Código: é um conjunto de sinais e regras utilizados por
uma comunidade para se comunicar. Os códigos verbais são as
línguas.
Exemplos: língua do PÊ:Pevopecê pejá peinpevenpetou
pealpegum pecópedipego pesepecrepeto ?

COMUNICAÇÃO
• A comunicação acontece da seguinte forma:
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
EMISSOR: De quem sai a mensagem
DESTINATÁRIO: Para quem se dirige a mensagem
MENSAGEM+ CÓDIGO: O que se quer comunicar + como fazer ( palavras, gestos, sons)
CONTATO: Momento em que acontece a comunicação
CONTEXTO: Onde, quando, por quê?
AULA 3-( teste) ATIVIDADE DE INICIAÇÃO AOS d) defesa da qualificação profissional.
ESTUDOS LITERÁRIOS – PROF LUCAS MACIEL
e) reação ao controle do pensamento coletivo.

1.  Através da linguagem não verbal, o artista gráfico
polonês Pawla Kuczynskiego aborda a triste realidade
do   trabalho   infantil.   O   artista   gráfico   polonês   Pawla
Kuczynskiego   nasceu   em   1976   e   recebeu   diversos
prêmios por suas ilustrações. Nessa obra, ao abordar o
trabalho infantil, Kuczynskiego usa sua arte para:
a) difundir a origem de marcantes diferenças sociais.
b) estabelecer uma postura proativa da sociedade.
c) provocar a reflexão sobre essa realidade.
d) propor alternativas para solucionar esse problema.
e) retratar como a questão é enfrentada em vários 
países do mundo.

3. Ao   aliar   linguagem   verbal   e   não   verbal,   o


cartunista   constrói   um   interessante   texto   com
elementos   da   intertextualidade.   Sobre   o   cartum   de
Caulos, assinale a proposição correta:
I.   A   linguagem   verbal   é   desnecessária   para   o
entendimento do texto;
II. Linguagem verbal e não verbal são necessárias para
2. A   linguagem   não   verbal   pode   produzir   efeitos a construção dos sentidos pretendidos pelo cartunista;
interessantes, dispensando assim o uso da palavra. O III.   O   cartunista   estabelece   uma   relação   de
cartum faz uma crítica social. A figura destacada está intertextualidade com o poema “No meio do caminho”,
em oposição às outras e representa a: de Carlos Drummond de Andrade;
a) opressão das minorias sociais. IV.   O   cartum   é   uma   crítica   ao   poema   de   Carlos
b) carência de recursos tecnológicos. Drummond de Andrade, já que o cartunista considera o
c) falta de liberdade de expressão. poeta pouco prático.
a) Apenas I está correta.
b) II e III estão corretas.
c) I e IV estão corretas.
d) II e IV estão corretas.

4. Sobre as linguagens verbal e não verbal, estão 
corretas, exceto:
a)   a   linguagem   não   verbal   é   composta   por   signos
sonoros ou visuais, como placas, imagens, vídeos etc.
b) a linguagem verbal diz respeito aos signos que são
formados por palavras. Eles podem ser sinais visuais e
sonoros.
c)   a   linguagem   verbal,   por   dispor   de   elementos 6. Sobre a tirinha de Garfield, é correto afirmar que:
linguísticos concretos, pode ser considerada superior à a) A linguagem verbal é o elemento principal para o 
linguagem não verbal. entendimento da tirinha.
d) linguagem verbal e não verbal são importantes, b) O uso da linguagem verbal não faz diferença para a
e   o   sucesso   na   comunicação   depende   delas,   ou compreensão da tirinha.
seja, quando um interlocutor recebe e compreende c) O uso simultâneo das linguagens verbal e não verbal
uma   mensagem   adequadamente. colabora para o entendimento da tirinha.
d)   A   sequência   cronológica   dos   fatos   relatados   nas
imagens não influencia na compreensão da tirinha.

7.   Sobre   as   linguagens   verbal   e   não   verbal,   é


INCORRETO afirmar que:
a) A linguagem verbal utiliza qualquer código para se
expressar,   enquanto  a   linguagem   não  verbal   faz   uso
apenas da língua escrita.
b) São utilizadas para criar atos de comunicação que
nos permitem dizer algo.
c)   A   linguagem   não   verbal   é   aquela   que   utiliza
qualquer   código   que   não   seja   a   palavra,   enquanto   a
5. Mineiro   de   Araguari,   o   cartunista   Caulos   já linguagem verbal utiliza a língua, seja oral ou escrita,
publicou seus trabalhos em diversos jornais, entre eles para estabelecer comunicação.
o   Jornal   do   Brasil   e   o   The   New   York   Times.   No d)   Linguagem   verbal   e   não   verbal,   quando
cartum apresentado, o significado da palavra escrita é simultâneas, colaboram para o entendimento do texto.
reforçado   pelos   elementos   visuais,   próprios   da
linguagem   não   verbal.   A   separação   das   letras   da
palavra   em   balões   distintos   contribui   para   expressar
principalmente a seguinte ideia:
a) dificuldade de conexão entre as pessoas
b) aceleração da vida na contemporaneidade
c) desconhecimento das possibilidades de diálogo
d) desencontro de pensamentos sobre um assunto

8. Gráficos são exemplos de utilização simultânea das
linguagens verbal e não verbal. É preciso analisar as inverso à quantidade de pessoas que se casam nessa
duas ocorrências para a compreensão do texto. faixa etária.
Nos   gráficos,   os   elementos   visuais   e   os   elementos c)   Apresenta   dados   para   o   leitor   que   comprovam   o
textuais são fundamentais para o entendimento total da aumento   no   número   de   casamentos   entre   pessoas
mensagem   transmitida.   No   gráfico   em   questão,   a acima de 60 anos, assim como o aumento da inserção
linguagem verbal e a linguagem não verbal têm como de pessoas acima de 60 anos no mercado de trabalho.
intenção mostrar ao leitor que: d)   Apresenta   a   preocupação   com   a   diminuição   no
a) O número de casamentos entre pessoas acima de 60 número de casamentos entre pessoas de várias faixas
anos diminuiu em um período de cinco anos. etárias   da   população   brasileira,   assim   como   a
b) O número de pessoas acima de 60 anos que estão dificuldade dessas pessoas para conseguir emprego no
inseridas no mercado de trabalho é proporcionalmente mercado de trabalho.
GABARITO da aula 3: C- E-B-C-A-C-A-C

AULA 4- O que é ARTE e o que é Literatura ( Slides)


Assim como a música, a pintura e a dança, a Literatura é considerada uma arte. Através dela temos
contato com um conjunto de experiências vividas pelo homem sem que seja preciso vivê-las.

A Literatura é um instrumento de comunicação, pois transmite os conhecimentos e a cultura de


uma comunidade, porém a definição de literatura não é unânime, podemos descrevê-la como a arte
da palavra. O texto literário nos permite identificar as marcas do momento em que foi escrito.

As obras literárias nos ajudam a compreender sobre nós mesmos e sobre as mudanças do
comportamento do homem ao longo dos séculos; e, a partir dos exemplos, ajudam-nos a refletir
sobre nós mesmos.

O texto literário apresenta:

-Ficcionalidade: os textos não fazem, necessariamente, parte da realidade.

- Função estética: o artista procura representar a realidade a partir da sua visão.

- Plurissignificação: nos textos literários as palavras assumem diferentes significados, linguagem


conotativa e polissêmica.

- Subjetividade: expressão pessoal de experiências, emoções e sentimentos.

As obras literárias são divididas em escolas literárias, pois cada obra apresenta um estilo de época,
ou seja, um conjunto de características formais e de seleção de conteúdo evidente na obra de
escritores e poetas que viveram em um mesmo momento.

Conceitos-chave:

Subjetividade: expressão pessoal de sentimentos, experiências, emoções.


Objetividade: expressão direta, clara e objetiva de fatos e acontecimentos.

Exemplo:

1- Naquele dia fazia uma tarde cinza e as nuvens pareciam pesadelos flutuantes que
pairavam sob nossas cabeças enlouquecendo aos amantes e deixando raivosos àqueles que já
estavam descrentes do poder que um olhar pode ter. Era tudo esperança, magia, eu sentia as mãos
formigarem eu meu coração quase que nem batia direito. O vento batia na pele dando a impressão
da saudade e da necessidade de alguém para aquecer a alam.

2- Fazia uma tarde de chuva e frio e eu sozinho no meio do nada.

Em 1 temos um exemplo de texto subjetivo e em 2 o mesmo texto escrito de forma objetiva.


AULA 5 – DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
(Texto 1) Descuidar do lixo é sujeira
Diariamente, duas horas antes da chegada do caminhão da prefeitura, a gerência de uma das filiais do 
McDonald’s deposita na calçada dezenas de sacos plásticos recheados de papelão, isopor, restos de 
sanduíches. Isso acaba propiciando um lamentável banquete de mendigos. Dezenas deles vão ali revirar 
o material e acabam deixando os restos espalhados pelo calçadão. (Veja São Paulo, 23­29/12/92)

(Texto 2) O bicho 
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos. 
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem. 
(Manuel Bandeira. Em Seleta em prosa e verso. Rio de Janeiro: J. Olympio/MEC, 1971, p.145)

Explicação oral seguida de anotação dos conceitos­chave:

O   primeiro   texto   –   "Descuidar   do   lixo   é   sujeira" –   se   propõe   a   dar   uma   informação   sobre   o   lixo
despejado nas calçadas, bem como o que acontece com ele antes de o caminhão do lixo passar para
recolhê­lo. É um texto informativo e, portanto, não literário. 
O   texto   não   literário   apresenta   linguagem   objetiva,   clara,   concisa,   e   pretende   informar   o   leitor   de
determinado assunto. Para isso, quanto mais simples for o vocabulário e mais objetiva for a informação,
mais fácil se dará a compreensão do conteúdo: foco do texto não literário. 
São   exemplos   de   textos   não   literários:   as   notícias,   os   artigos   jornalísticos,   os   textos   didáticos,   os
verbetes de dicionários e enciclopédias, as propagandas publicitárias, os textos científicos, as receitas
culinárias, os manuais, etc.
 Linguagem Denotativa: usada conforme seu significado usual.

O segundo texto – “O bicho” – é um poema. Sabemos disso principalmente por sua forma. O poema é
construído em versos e estrofes e apresenta uma linguagem carregada de significados, ao que chamamos
de plurissignificação. Cada palavra pode apresentar um sentido diferente daquele que lhe é comum. 
No texto literário, a expressividade é o mais importante. O conteúdo, nesse caso, fica em segundo plano.
O vocabulário bem selecionado transmite sensibilidade ao leitor. O texto é rico de simbologia e de
beleza artística. 
O texto literário deve assemelhar­se a uma ação de desnudamento. O escritor revela ao escrever, revela
o mundo, e em especial o Homem, aos outros homens.
Podemos citar como exemplos de textos literários o conto, o poema, o romance, peças de teatro, novelas
e crônicas.
 Linguagem Conotativa: usada fora do contexto significativo usual.

Exercícios para fazer juntos:
1. Assinale o segmento em que NÃO foram usadas palavras em sentido figurado/conotativo:

a) Lendo o futuro no passado dos políticos (...)
b) As fontes é que iam beber em seus ouvidos.
c) Eram 75 linhas que jorravam na máquina de escrever com regularidade mecânica.
d) Antes do meio­dia, a coluna estava pronta.
e) (...) capaz de cortar com a elegância de um golpe de florete.

2. Assinale a alternativa cujo termo grifado NÃO é linguagem conotativa:

a) “... mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço ”
b) “Acresce que chovia ­ peneirava ­ uma chuvinha miúda, triste”
c) “A natureza parece estar chorando a perda irreparável ...”
d) “... no discurso que proferiu à beira da minha cova.”

3. O item em que o termo sublinhado está empregado no sentido denotativo é:

a) “Além dos ganhos econômicos, a nova realidade rendeu frutos    políticos.”
b) “...com percentuais capazes de causar inveja
    ao presidente.”
c) “Os genéricos estão abrindo as portas
    do mercado...”
d) “...a indústria disparou
    gordos investimentos.”
e) “Colheu uma revelação surpreendente:...”

4. Marque a alternativa cuja frase apresenta palavra(s) empregada(s) em sentido figurado:

a) O homem procura novos caminhos na tentativa de fixar suas raízes.
b) “Mas lá, no ano dois mil, tudo pode acontecer. Hoje, não.”
c) “... os planejadores fizeram dele a meta e o ponto de partida.”
d) “Pode estabelecer regras que conduzam a um viver tranquilo ...”
e) “Evidentemente, (...) as transformações serão mais rápidas.”
5. Assinale a alternativa em que NÃO há palavra empregada em sentido figurado:

a) “O estrangeiro ainda tropeça com muita frequência na incompreensão das sociedades por onde 
passa.”
b) “Quando a luz estender a roupa nos telhados, seremos, na manhã, duas máscaras calmas.”(Mário 
Quintana)
c) “Vejo que o amor que te dedico aumenta seguindo a trilha de meu próprio espanto.”
d) Não, eu te peço, não te ausentes / Porque a dor que agora sentes / Só se esquece no perdão.”
e) “Sinto que o tempo sobre mim abate sua mão pesada.” (Carlos Drummond de Andrade)
  
Gabarito
1. D   2. D    3. B   4. A   5. D

AULA 6: TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO-LITERÁRIOS

A forma de linguagem e a apresentação da informação estão entre as diferenças do texto literário
do não literário.
O texto literário é aprestado em uma linguagem pessoal, envolta em emoção, emprego de lirismo
e valores do autor ou do ser (ou objeto) retratado.
Já o texto não­literário tem como marca a linguagem referencial e, por isso, também é chamado
de texto utilitário.
Em resumo, o texto literário é destinado à expressão, com a realidade demonstrada de maneira
poética, podendo haver subjetividade.
O texto não literário, contudo, é marcado pelo retrato da realidade desnuda e crua. É possível tratar
sobre o mesmo assunto nas duas formas de texto e apontar o tema ao receptor sem prejuízo a
informação.
Diferenças

Texto Literário Texto Não Literário

A linguagem empregada é de conteúdo Uso da linguagem


pessoal, cheia de emoções e valores do impessoal, objetiva em
emissor e há o emprego da subjetividade linha reta

Emprego da linguagem multidisciplinar e


Linguagem denotativa
cheia de conotações
Texto Literário Texto Não Literário

Linguagem poética, lírica, expressa com


objetivos estéticos na recriação da Representação da
realidade ou criação de uma realidade realidade tangível
intangível, somente literária

Atenção, prioridade à
Primor da expressão
informação

Exemplo de Texto Não Literário

História ­ Seca, fenômeno secular na vida dos nordestinos
A história das secas na região Nordeste é uma prova de fogo para quem lê ou escuta os relatos
que vêm desde o século 16.
As duras consequências da falta de água acentuaram um quadro que em diversos momentos
da biografia do semiárido chega a ser assustador: migração desenfreada, epidemias, fome,
sede, miséria.
Os relatos de pesquisadores e historiadores datam da época da colonização portuguesa na
região.
Até a primeira metade do século 17, quem ocupava as áreas mais interioranas do semiárido
brasileiro era a população indígena. Uma das primeiras secas que se tem notícia aconteceu
entre 1580 e 1583.
(Revista Ipea, Ano 6. Edição 48 ­ 10/03/2009, por Pedro Henrique Barreto).
Exemplo de Texto Literário

Asa Branca (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira ­ 1947)
Quando olhei a terra ardendo
Qual fogueira de São João
Eu perguntei, ai
Meu Deus do céu, ai
Por que tamanha
Judiação
Que braseiro,
Que fornalha,
Nenhum pé de plantação
Por falta d'água
Perdi meu gado
Morreu de sede
Meu alazão
Até mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Então eu disse:
Adeus, Rozinha
Guarda contigo
Meu coração
E hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva
Cair de novo
Pra eu voltar
Pro meu sertão
Quando o verde dos teus olhos
Se espalhar na plantação
Eu te asseguro
Não chores não, viu
Que eu voltarei, viu
Meu coração
Eu te asseguro
Eu te asseguro
Meu coração
Eu te asseguro
Eu voltarei
Pro meu sertão
AULA 7- ATIVIDADE DE I.E.L
Este açúcar veio nem escola,
da mercearia da esquina e homens que não sabem ler e
O açúcar tampouco o fez o Oliveira, dono morrem de fome
O branco açúcar que adoçará meu da mercearia. aos 27 anos
café Este açúcar veio plantaram e colheram a cana
nesta manhã de Ipanema de uma usina de açúcar em que viraria açúcar.
não foi produzido por mim Pernambuco
nem surgiu dentro do açucareiro por ou no Estado do Rio Em usinas escuras,
milagre. e tampouco o fez o dono da homens de vida amarga
usina. e dura
Vejo-o puro produziram este açúcar
e afável ao paladar Este açúcar era cana branco e puro
como beijo de moça, água e veio dos canaviais extensos com que adoço meu café esta
na pele, flor que não nascem por acaso manhã em Ipanema.
que se dissolve na boca. Mas este no regaço do vale.
açúcar Fonte: “O açúcar” (Ferreira
não foi feito por mim. Em lugares distantes, onde Gullar. Toda poesia. Rio
não há hospital

TEXTO II
A cana-de-açúcar
Originária da Ásia, a cana-de-açúcar foi introduzida no Brasil pelos colonizadores portugueses no século XVI. A
região que durante séculos foi a grande produtora de cana-de-açúcar no Brasil é a Zona da Mata nordestina, onde
os férteis solos de massapé, além da menor distância em relação ao mercado europeu, propiciaram condições
favoráveis a esse cultivo. Atualmente, o maior produtor nacional de cana-de-açúcar é São Paulo, seguido de
Pernambuco, Alagoas, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Além de produzir o açúcar, que em parte é exportado e em
parte abastece o mercado interno, a cana serve também para a produção de álcool, importante nos dias atuais como
fonte de energia e de bebidas. A imensa expansão dos canaviais no Brasil, especialmente em São Paulo, está ligada
ao uso do álcool como combustível.

1) Para que um texto seja literário:


a) basta somente a correção gramatical; isto é, a expressão verbal segundo as leis lógicas ou naturais..
b) deve fugir do inexato, daquilo que confunda a capacidade de compreensão do leitor.
c) deve assemelhar-se a uma ação de desnudamento. O escritor revela ao escrever, revela o mundo, e em especial o
Homem, aos outros homens.
c) deve revelar diretamente as coisas do mundo: sentimentos, ideias, ações.
2) Sobre o textos I e II, só é possível afirmar que:
I. O texto I é literário também pela forma com que se apresenta.
II. O texto II não poderia ser literário pois é objetivo e traz informações.
III. Pela pluralidade significativa da linguagem, só é possível afirmar que o literário é o texto II.
Está(ao) correta(s) apenas:
a) a I e a II
b) a II e a III
c) a I e a III
d) apenas a II

3) Ainda com relação ao textos I e II, assinale a opção incorreta:


a) No texto I, em lugar de apenas informar sobre o real, ou de produzi-lo, a expressão literária é utilizada
principalmente como um meio de refletir e recriar a realidade.
b) No texto II, de expressão não-literária, o autor informa o leitor sobre a origem da cana-de-açúcar, os lugares
onde é produzida, como teve início seu cultivo no Brasil, etc.
c) O texto I, a expressão literária desconstrói hábitos de linguagem, baseando sua recriação no aproveitamento de
novas formas de dizer.
d) O texto II não é literário porque, diferentemente do literário, parte de um aspecto da realidade, e não da
imaginação.
4) Identifique qual dos textos abaixo é literário e qual não é literário e explique como você chegou a esta
conclusão.

Texto 1:
O golpe de 1964 e a instauração do regime militar
Na madrugada do dia 31 de março de 1964, um golpe militar foi deflagrado contra o governo
legalmente constituído de João Goulart.
A falta de reação do governo e dos grupos que lhe davam apoio foi notável. Não se conseguiu
articular os militares legalistas.
Também fracassou uma greve geral proposta pelo Comando Geral dos Trabalhadores (CGT)
em apoio ao governo. (CPDOC ­ FVG ­ O Golpe de 1964)

Texto 2:
Trilogia Macabra: III – A Parafernália da Tortura

Nos instrumentos da tortura ainda subsistem, é verdade,
alguns resquícios medievais
como cavaletes, palmatórias, chicotes
que o moderno design
não conseguiu ainda amenizar
assim como a prepotência, chacotas
cacoetes e sorrisos
que também não mudaram muito.
Mas o restante é funcional
polido metálico
quase austero
algo moderno
com linhas arrojadas
digno de figurar
em um museu do futuro.
Portanto,
para o pesar dos velhos carrascos nostálgicos,
não é necessário mais rodas, trações,
fogo lento, azeite fervendo
e outras coisas
mais nojentas e chocantes.
Hoje faz­se sofrer a velha dor de sempre
hoje faz­se morrer a velha morte de sempre
com muito maior urbanidade,
sem precisar corar as pessoas bem educadas,
sem proporcionar crises histéricas
nas damas da alta sociedade
sem arrefecer os instintos
desta baixa saciedade.

GABARITO DA AULA 7:

1) Resposta:
C – Esta alternativa está correta,
pois ela remete ao caráter
reflexivo do autor de um texto
literário, ao passo em que ele
revela a às pessoas o “seu mundo”
de maneira peculiar.
2) Resposta:
A – A I e a II estão corretas,
no entanto, a III fala
justamente o contrário
do esperado: o texto literário
é o I e o não-literário o II.

3) Resposta:
D – o texto I também fala da
realidade, mas com um cunho
diferente do texto II.
No primeiro há uma colocação
diferenciada por parte do autor
em que o objetivo não é
unicamente passar informação,
existem outros “motivadores”
por trás desta escrita.
2º BIMESTRE
Prosa e Poesia
Tipologia textual
Gênero Épico ou Narrativo
Gênero Lírico
Gênero Dramático
AULA 1: PROSA E POESIA 
Slides

Prosa, poesia, poema, verso, estrofe... Você já ouviu alguma dessas palavras pelo menos uma vez
na sua vida, estou certo? Mas, qual o significado delas? Prosa e poesia são a mesma coisa? Poesia
e poema são sinônimos? Leia o texto no próximo slide, depois conversaremos sobre as definições
disso tudo.
DORME RUAZINHA… É TUDO ESCURO!…  (Mário Quintana)

Dorme ruazinha… É tudo escuro…
E os meus passos, quem é que pode ouvi­los? O vento está dormindo na calçada,
Dorme teu sono sossegado e puro, O vento enovelou­se como um cão…
Com teus lampiões, com teus jardins tranquilos… Dorme, ruazinha… Não há nada…

Dorme… Não há ladrões, eu te asseguro… Só os meus passos… Mas tão leves são,
Nem guardas para acaso perseguí­los… Que até parecem, pela madrugada,
Na noite alta, como sobre um muro, Os da minha futura assombração…
As estrelinhas cantam como grilos…

Do livro: Antologia poética para a infância e a juventude, Ed. Henriqueta Lisboa, Rio de janeiro,
INL:1961
Nesse   texto   percebemos   a  expressão   dos   sentimentos,   a  visão   particular   de   mundo,   que
revelam as emoções. 

É exatamente por este motivo que o classificamos como “poesia”, pois o autor fala da realidade de
dentro para fora. Isto quer dizer que cada leitor pode interpretá­la de modo diferente, pois ela se
constitui de um aspecto único – a  subjetividade, ou seja, as diferentes opiniões que as pessoas
possuem sobre um determinado assunto. 

Seu objetivo é o de produzir emoção a linguagem poética, sob o aspecto auditivo e melódico se
caracteriza pelo ritmo, bem mais acentuado que na prosa e pela eventual utilização da rima.

Poema: estrutura formada por versos e estrofes.
Sendo assim, o texto lido é um poema e, ao mesmo tempo, poesia.

Poema x Poesia
Poema: refere­se à forma ou estrutura 
Poesia: refere­se ao conteúdo. 
A poesia possui uma  voz interna, que chamamos de eu poético ou eu lírico, e que expressa o
estado de alma proposto pelo autor.

Atenção! Não confunda eu lírico com autor!
Autor: está na realidade
Eu lírico: está na ficção do texto literário

Leia o texto abaixo:

Claridade
(Maria Lúcia Simões)

  A mulher chegou para o marido com o rosto completamente iluminado e ele se irritou porque há
muito se esquecera como e onde se acendia a luz. E por mais que se esforçasse não conseguiu se
lembrar.
   A   mulher   iluminada   foi   se   deitar   ao   seu   lado   e   ele   passou   a   noite   sem   dormir   porque   se
acostumara ao escuro.

SIMÕES, Maria Lúcia. Contos contidos. Introdução Valmiki Vilela Guimarães. 2. ed. Rio de
Janeiro: Léo Christiano Editorial, 1990, p. 11

O texto do slide anterior percebemos, que apesar de não ser uma história verdadeira, ela tem uma
lógica mais completa, pois o desenrolar dos acontecimentos acompanha uma sequência (começo,
meio e fim). Outro aspecto é que o autor escreve a partir da sua observação de fora para dentro,
por isso podemos considerar que se trata de um texto totalmente objetivo, pois ele não permite que
façamos múltiplas interpretações, somente uma.

A prosa literária compõe­se de frases que se organizam em um ou mais parágrafos que formam
um texto.
Da mesma maneira que a poesia pode ser expressa em um texto em prosa, a prosa também pode
manifestar­se em um poema.
   Há muito tempo, quando a forma poética predominava como expressão literária, as histórias
eram registrada por escrito na forma de versos. Eram as epopeias, que narravam grandes feitos
heroicos.  As epopeias gregas mais famosas são Ilíada e Odisseia, e a da língua portuguesa é Os
Lusíadas.
  Não são mais formas de narração tão comuns atualmente, mas ainda existe no Nordeste brasileiro
uma prática denominada literatura de cordel, que narra história por meio de versos.
Tolerância zero  Vim aqui me confessar. 
Lunga tava na parada
Ismael Gaião) Com Renata perto dele.
Eu vou falar de Seu Lunga Esse ônibus vai pra praia?
Um cabra muito sincero, Ela perguntou a ele.
Que não tolera burrice Ele, então, disse à mulher:
Nem gosta de lero­lero. ­ Só se a Senhora tiver
Tem sempre boas maneiras, Um biquini que dê nele!
Mas se perguntam besteiras, (...)Pagando contas no Banco
Sua tolerância é zero!  Lunga viveu um dilema
Ao entrar num restaurante Pois com um talão nas mãos,
Logo depois de sentar, Ouviu de Pedro Jurema:
Um garçom lhe perguntou: O Senhor vai usar cheque?
O Senhor vai almoçar? ­ Ele disse: não, moleque,
Lunga disse: não Senhor! Vou escrever um poema. 
Chame o padre, por favor,

Resumindo,
Texto em prosa é aquele que conta uma história, narra um fato, tem personagens e ação.
Texto em verso( poesia) traz sentimentos, proposições, sensações, escrito  em versos  para
serem lidos ou cantados, com ou sem rimas.
AULA 2 e 3: TIPOLOGIA TEXTUAL 

Grosso modo, gênero é nome que damos a um tipo específico de texto.
Tipologia textual refere­se a escrita do texto em si e pode ser:

1. Descrição­>   descreve,   define,   conceitua,   cria   uma   imagem   mental.


Apresenta características principais de um objeto, lugar ou pessoa. 
Exemplo:
Alguns dados sobre Rudy Steiner
“Ele era oito meses mais velho do que Liesel e tinha pernas ossudas, dentes afiado, olhos 
azuis esbugalhados e cabelos cor de limão. Como um dos seis filhos dos Steiner, estava sempre
com fome. Na rua Himmel, era considerado meio maluco ...”
2. Narração­> conta, narra, relata acontecimentos
Personagens (com quem/ quem vive a história – reais ou imaginários) 
Enredo (o que/ como – fatos reais ou imaginários) 
Espaço (onde? /quando? )

Exemplo:

Minha vida de menina
Faço hoje quinze anos. Que aniversário triste! Vovó chamou­me cedo, ansiada como está,
coitadinha   e   disse:   "Sei   que   você   vai   ser   sempre   feliz,   minha   filhinha,   e   que   nunca   se
esquecerá de sua avozinha que lhe quer tanto". As lágrimas lhe correram pelo rosto abaixo e
eu   larguei   dos   braços   dela   e   vim   desengasgar­me   aqui   no   meu   quarto,   chorando
escondida.Como eu sofro de ver que mesmo na cama, penando com está, vovó não se esquece
de mim e de meus deveres e que eu não fui o que deveria ter sido para ela! Mas juro por tudo,
aqui nesta hora, que eu serei um anjo para ela e me dedicarei a esta avozinha tão boa e que
me quer tanto.

3. Dissertação­> Dissertar é expor os conhecimentos que se tem sobre um assunto ou defender 
um ponto de vista sobre um tema, por meio de argumentos.

← ARGUMENTATIVA
← EXPOSITIVA
Predomínio   do   uso   de   argumentos,
← ← Predomínio   da
visando   o   convencimento,   à   adesão   do
exposição, explicação
leitor.

← ← Apresentação   do Apresentação do assunto sobre o qual se
Intro assunto sobre o qual se escreve escreve (apresentação da tese) e do ponto
dução (Apresentação da tese). de vista assumido em relação a ele.

← Exposição   das
A   fundamentação   do   ponto   de   vista   e
Desenvolvim informações e conhecimentos a
sua defesa com argumentos. (Defende­se
ento respeito   do   assunto   (é   o
a tese proposta)
momento da discussão da tese)

← ← Finalização   do
Retomada do ponto de vista para fechar
Concl texto,   com   o   encerramento   do
o texto de modo mais persuasivo
usão que foi dito

Exemplo:

Redução da maioridade penal, grande falácia

O   advogado   criminalista   Dalio   Zippin   Filho   explica   por   que   é  contrário   à   mudança   na
maioridade penal.

Diuturnamente o Brasil é abalado com a notícia de que um crime bárbaro foi praticado por
um adolescente, penalmente irresponsável nos termos do que dispõe os artigos 27 do CP, 104
do   ECA   e   228   da   CF.   A   sociedade   clama   por   maior   segurança.   Pede   pela   redução   da
maioridade penal, mas logo descobrirá que a criminalidade continuará a existir, e haverá
mais discussão, para reduzir para 14 ou 12 anos. Analisando a legislação de 57 países,
constatou­se   que   apenas   17%   adotam   idade   menor   de   18   anos   como   definição   legal   de
adulto.

Se aceitarmos punir os adolescentes da mesma forma como fazemos com os adultos, estamos
admitindo que eles devem pagar pela ineficácia do Estado, que não cumpriu a lei e não lhes
deu a proteção constitucional que é seu direito. A prisão é hipócrita, afirmando que retira o
indivíduo infrator da sociedade com a intenção de ressocializá­lo, segregando­o, para depois
reintegrá­lo. Com a redução da menoridade penal, o nosso sistema penitenciário entrará em
colapso.

Apresentar   propostas   legislativas   visando   à   redução   da   menoridade   penal   com   a


modificação do disposto no artigo 228 da Constituição Federal constitui uma grande falácia,
pois o artigo 60, § 4º, inciso IV de nossa Carta Magna não admite que sejam objeto de
deliberação de emenda à Constituição os direitos e garantias individuais, pois se trata de
cláusula pétrea.
A prevenção à criminalidade está diretamente associada à existência de políticas sociais
básicas e não à repressão, pois não é a severidade da pena que previne a criminalidade, mas
sim   a   certeza   de   sua   aplicação   e   sua   capacidade   de   inclusão   social. 
Dalio Zippin Filho é advogado criminalista. 10/06/2013 

4.   Exposição­>  Neste   tipo   de   texto   são   apresentadas   informações   sobre   assuntos   e   fatos
específicos; expõe ideias; explica; avalia; reflete. Tudo isso sem que haja interferência do
autor, sem que haja sua opinião a respeito. Faz uso de linguagem clara, objetiva e impessoal.
A maioria dos verbos está no presente do indicativo.

5. Injunção­>  são textos que expressão ordem, normas, instruções tem como característica
principal a utilização de verbos no imperativo. Pode ser classificado de duas formas:

­Instrucional: O texto apresenta apenas um conselho, uma indicação e não uma ordem.

­Prescrição: O texto apresenta uma ordem, a orientação dada no texto é uma imposição.

AULA 4: GÊNEROS LITERÁRIOS – ÉPICO 
SLIDES – LÍRICO , ÉPICO E DRAMÁTICO 

Gêneros textuais são os nomes que os textos levam: receita, bula, fábula, poema, cantiga, música,
etc. Hoje estudaremos os gêneros da literatura.

Gênero Épico ou Narrativo

A nomenclatura gênero épico tem sofrido alterações ao longo dos anos. Atualmente, privilegia­se
a substituição da nomenclatura gênero épico para gênero narrativo, considerada mais atual.

Neste gênero, é feita a narração de uma história através de uma sequência de várias ações reais ou
imaginárias. Essa sucessão de acontecimentos é contada por um narrador e está estruturada em
introdução, desenvolvimento e conclusão. Ao longo dessa estrutura narrativa são apresentados os
principais elementos da narração: espaço, tempo, personagem, enredo e narrador.

Características do gênero narrativo

 É escrito maioritariamente em prosa;
 A ação é contada por um narrador;
 Ocorre a narração de uma sucessão de acontecimentos reais ou imaginários;
 Apresenta a estrutura básica de introdução, desenvolvimento e conclusão;
 A ação se desenrola num tempo e num espaço;
 Pode ser utilizado um discurso direto, indireto ou indireto livre.

Subgêneros do gênero narrativo

Romance: Narrativa em prosa, extensa e complexa, sobre personagens fictícias que vivenciam
acontecimentos   imaginários   num   determinado   espaço   e   tempo.   Além   de   relatar   aventuras,   os
romances  habitualmente  traçam perfis psicológicos  de personagens, caracterizam uma época e
criticam costumes sociais.

Novela:   Narrativa   em   prosa   mais   breve   do   que   o   romance   e   mais   extensa   do   que   o   conto.
Normalmente, apresenta o desenvolvimento sequencial de vários enredos interligados, sendo uma
narração dinâmica.

Conto: Narrativa em prosa mais breve do que o romance e a novela, cujo enredo  é intenso e
rápido,  ocorrendo  uma  ou  poucas   ações,  vivenciadas  num  curto  espaço  de  tempo  por  poucas
personagens, que são superficialmente caracterizadas.

Epopeia ou poesia épica: Narrativa em verso, extensa e complexa, sobre atos heroicos de uma
personagem  ou  conjunto   de  personagens  em   acontecimentos  extraordinários,   dignos   de  serem
imortalizados.

Fábula: Narrativa em verso ou em prosa sobre personagens e fatos fantásticos. Apresenta duas
características   marcantes:  ser  protagonizada   principalmente   por  animais   e  ter   como  finalidade
transmitir uma lição de moral, possuindo um cunho educativo.

Crônica: Narrativa em prosa, sucinta e informal, que aborda temas simples e cotidianos. Faz uma
crítica a acontecimentos do dia a dia, recorrendo ao humor. Tem como objetivo analisar e criticar
a realidade social, política ou cultural. Dos textos literários é o que mais se aproxima do texto
jornalístico.

Ensaio:   Narrativa   breve   e   impessoal,   em   prosa,   cuja   finalidade   é   apresentar   ideias,   críticas,
reflexões e pontos de vista sobre um assunto. Possui um cunho didático.

ATIVIDADE:
Produção de um texto narrativo que apresente as 4 partes:

1. Situação Inicial
2. Conflito
3. Clímax
4. Desfecho

AULA 5: GÊNEROS LITERÁRIOS – LÍRICO

Gênero Lírico (Poético)

A principal característica do gênero em questão é a subjetividade, os sentimentos. Por meio da
poesia, o autor revela suas impressões ligadas ao mais profundo “eu”, extravasando emoções e
sentimentos   pela   expressão   verbal   rítmica   e   melodiosa.
Cultuado   desde   os   tempos   da   Antiguidade,   era   representado   pelo   canto,   forma   pela   qual   as
composições poéticas eram apresentadas, acompanhadas do som de uma lira – um instrumento
musical   de   cordas   mais   popular   daquela   época.   A   musicalidade   era   concebida   como   fonte
inspiradora e criativa de todo o sentimentalismo em ascendência.

ESTRUTURA DA POESIA:
 É FEITA EM VERSO­ É cada linha de um poema. ESTROFE­ É o conjunto de versos. RIMA­
sons parecidos das palavras. RITMO­ composição que gera melodia, musicalidade na poesia. 
“EU­LÍRICO”, a própria voz que fala no poema, ou a personagem do poema, expressa pelas
emoções e pelo sentimentalismo, no qual o eu–poético não mantém nenhuma ligação com o artista
(o poeta).
  Como   forma   de   representá­las,   vejamos   os   exemplos   mais   comuns:

 Soneto – De origem italiana, surgido no século XIII, é um poema composto por quatro estrofes,
sendo as duas primeiras  com quatro versos (quartetos) e as duas  últimas  com três (tercetos).  

Elegia – Originado na Grécia, trata­se de um poema no qual a temática pauta­se pela morte ou
outros   acontecimentos   tristes. 

Écloga –   poema   que   retrata   a   vida   bucólica,   os   acontecimentos   ligados   à   vida   pastoril.

Idílio –   Retratado   sob   a   forma   de   diálogos,   também   traduz   a   temática   campesina.

Ode ­  É   um   poema   originário   da   Grécia,   exaltando   valores   nobres   sob   um   tom   entusiástico.

Hino – ode destinada à exaltação dos deuses da pátria.
Quadra ou quadrinha – Quatro versos rimados
Haicai­ Possui apenas três versos
ATIVIDADE  DA AULA 5

Leia os poemas e diga se são sonetos, haicais, hinos, elegias, quadrinhas ou odes:

1. Amor é fogo que arde sem se ver

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar­se de contente;

É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões

2. Um gosto de amora
comida com sol. A vida
chamava­se: "Agora"
Guilherme de Almeida

3. Eu coloquei meu nome,
No teu relógio, querida,
Faça agora o que quiser,
Das horas da minha vida.
AULA 6: GÊNEROS LITERÁRIOS – DRAMÁTICO

Gênero dramático

Origem
Desde   a   Antiguidade   o   gênero   dramático,   originário   na   Grécia,   eram   textos   teatrais   encenados
essencialmente como culto aos deuses, os quais eram representados nas festas religiosas.
Entre os principais autores do gênero dramático (tragédia e comédia) na Grécia antiga estão: Sófocles (496­
406 a.C.), Eurípedes (480­406 a.C.) e Ésquilo (524­456 a.C.).

Principais Características
Encenação cênica (linguagem gestual e sonoplastia)
Presença de diálogos e monólogos
Predomínio do discurso em segunda pessoa (tu, vós)
A fala do narrador aparece em legendas e não no meio da peça teatral. 

Estrutura Dramática
Os autores desse tipo de texto são chamados de dramaturgos, que junto aos atores (que encenam o texto),
são os emissores, e por sua vez, os receptores são o público.
Assim,   os   textos   dramáticos,   além   de   serem   constituídos   de personagens (protagonistas,   secundárias   ou
figurantes), são compostos pelo espaço cênico (palco teatral e cenários) e o tempo.
Geralmente, os textos destinados ao teatro possuem uma estrutura interna básica, a saber:
Apresentação: faz­se a exposição tanto dos personagens quanto da ação a ser desenvolvida.
Conflito: o momento em que surge as peripécias da ação dramática.
Desenlace: Momento de conclusão, encerramento ou desfecho da ação dramática.
Além da estrutura interna inerente ao texto dramático, tem­se a estrutura externa do gênero dramático, tal
qual   os atos e cenas,   de   forma   que   o   primeiro   corresponde   à   mudança   dos   cenários   necessários   para   a
representação, enquanto o segundo, designa as mudanças (entrada ou saída) dos personagens. Observe que
cada cena corresponde a uma unidade da ação dramática.

Exemplos de Textos Dramáticos
Tragédia: representação de acontecimentos trágicos. Os temas explorados pela tragédia são derivados das
paixões humanas, do qual fazem parte personagens nobres e heroicas, sejam deuses ou semideuses.
Comédia: representação de textos humorísticos que levam ao riso da plateia. São textos de caráter crítico,
jocoso e satírico. 
Tragicomédia: união de elementos trágicos e cômicos na representação teatral.
Farsa: surgida por volta do século XIV, a farsa designa uma curta peça teatral de caráter crítico, formada por
diálogos simples.
Auto: surgido na Idade Média, os autos são textos curtos  de temática cômica,  os quais são geralmente
formados por um único ato.

AULA 7: ATIVIDADE DA AULA 6
FILME ROMEU E JULIETA – OBRA DE SHAKESPEARE – RESUMO PARA ENTREGAR

3º BIMESTRE
Figuras de Linguagem
Funções da Literatura
AULA 1 E AULA 2: FUNÇÕES DA LINGUAGEM

FUNÇÕES DA LITERATURA

As obras literárias carregam dentro de si uma riqueza tal que enriquece a quem as manuseia ou lê.

No seu livro Poética, Aristóteles dá a entender que a literatura tem três funções: a cognitiva, a estética e a
catártica. Outros estudiosos acrescentaram uma quarta função: a político­social.

FUNÇÃO COGNITIVA

A função cognitiva se refere à aquisição do conhecimento. Em Literatura, o escritor tem uma percepção
(conhecimento)   pessoal  da  realidade  que  o  rodeia.  A  essa percepção  costuma­se chamar  de  inspiração,
estalo,   insight…   Impulsionado   por   esse   estímulo,   ele   (o   escritor)   produz   textos   que   comunicam   esse
conhecimento ou percepção, onde sentimento e razão se fundem. A obra literária, por conseguinte, exprime
esse seu conhecimento intuitivo e estético a respeito da realida que o rodeia.

No texto abaixo, Dois e dois: quatro, de Ferreira Gullar, o poeta revela seu conhecimento sobre a vida, que
apesar de expressar uma percepção bem pessoal, acaba  apresentando aquilo  que a maioria  das pessoas
percebem da vida.

Dois e dois: quatro

Como dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Embora o pão seja caro 
E a liberdade pequena. 
Como teus olhos são claros
E a tua pele, morena
Como é azul o oceano
E a lagoa, serena
Como um tempo de alegria
Por trás do terror me acena
E a noite carrega o dia
No seu colo de açucena
­ sei que dois e dois são quatro
Sei que a vida vale a pena
Meso que o pão seja caro
E a liberdade pequena.

É isso que faz com que um texto se torne uma obra­prima, pois o poeta não usa argumentos científicos ou
filosóficos para comunicar o que pensa. Se vale da sua experiência e da sua sensibilidade, utilizando os
princípios da métrica.

FUNÇÃO ESTÉTICA

Por ser a Literatura uma arte, ela nos remete à nossa capacidade de apreciar o belo, o bonito, ao prazer que
sentimos diante das coisas agradáveis, que tocam os nossos sentidos, as nossas emoções, o nosso intelecto.

No caso da Literatura, isso se relaciona ao emprego adequado da metrificação, do ritmo, da rima, das figuras
de linguagem, da articulação dos personagens, da estruturação do enredo, entre outros elementos.

Olavo Bilac, um dos poetas brasileiros que mais se esmerou em utilizar uma perfeita técnica na arte literária,
expressou   seu   ideal   de   escritor   no   poema Profissão   de   Fé,   onde   ele   compara   o   trabalho   do   poeta   ao
artesanato de um ourives na produção de uma jóia.

Invejo o ourives quando escrevo:
Imito o amor
Com que ele, em ouro, o alto relevo
Faz de uma flor.
Por isso, corre, por servir­me,
Sobre o papel
A pena como em prata firme
Corre o cinzel.
Torce, aprimora, alteia, lima
A frase: e, enfim,
No verso de ouro engasta a rima
Como um rubim.
Quero que a estrofe cristalina
Dobrada ao jeito
Do ourives saia da oficina
Sem defeito:
Assim procedo. Minha pena
Segue esta norma,
Por te servir, Deusa serena,
Serena Forma!

FUNÇÃO CATÁRTICA

A palavra catártica vem de catarse (do grego catharse), que significa purificação, purgação. Foi usada por
Aristóteles ao afirmar que as tragédias (representações teatrais) purificam as emoções.
Em Literatura, podemos entender que a catarse é uma espécie de descarga emocional que provoca no leitor
ou no escritor um certo alívio da tensão ou da ansiedade psicológica ou moral.

Ao vivenciar  as  emoções  e tensões  transmitidas  pelos  personagens  das  narrativas  (seja  da prosa ou da
poesia), o leitor ou o escritor estaria descarregando sua próprias tensões, medos, frustrações e assim se
libertando (purificando) dessas emoções negativas.

No caso do escritor, o ato de escrever pode se constituir em uma catarse, porque muitas vezes, ele escreve
para desabafar, pôr para fora suas tensões e sublimar suas frustrações.

Portanto,   a   Literatura,   ao   provocar   essa   sensação   de   alívio   emocional   e   purificação   moral   está
desempenhando sua função catártica.

Manoel Bandeira, poeta brasileiro, confessa que foi nessas condições de tensão que escreveu seu famoso
poema Vou­me embora pra Pasárgada:

“Vou­me   embora   pra   Pasárgada foi   o   poema   de   mais   longa   gestação   em   toda   a   minha   obra.   Vi   pela
primeira vez esse nome de Pasárgada quando tinha os meus dezesseis anos e foi num autor grego (…). Esse
nome de Pasárgada, que significa “campo dos persas” ou “tesouro dos persas” suscitou na minha imaginação
uma paisagem fabulosa, um país de delícias (…). Mais de vinte anos depois, quando eu morava só, na minha
casa da Rua do Curvelo, num momento de fundo desânimo, da mais aguda sensação de tudo o que eu não
tinha   feito   na   minha   vida   por   motivo   de   doença,   saltou­me,   de   súbito,   do   subconsciente,   esse   grito
estapafúrdio: “Vou­me embora pra Pasárgada!” Senti na redondilha, a primeira célula de um poema e tentei
realizá­lo, mas fracassei. (…). Alguns anos depois, em idênticas circunstâncias de desalento e tédio, me
ocorreu o mesmo desafio de evasão da “vida besta”. Desta vez o poema saiu sem esforço, como se já
estivesse pronto dentro de mim. Gosto desse poema porque vejo nele, em escorço, toda a minha vida; e
também  porque parece  que nele  soube transmitir  a tantas  outras  pessoas  a visão e promessa da minha
adolescência – essa Pasárgada onde podemos viver pelo sonho o que a vida madrasta não nos quis dar. Não
sou arquiteto, como meu pai desejava, não fiz nenhuma casa, mas reconstruí, e “não como forma imperfeita
neste mundo de aparências”, uma cidade ilustre, que hoje não é mais a Pasárgada de Ciro, e sim a “minha
Pasárgada”.
Vamos ao poema:

Vou­me embora pra Pasárgada Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
Vou­me embora pra Pasárgada  E como farei ginástica
Lá sou amigo do rei  Andarei de bicicleta
Lá tenho a mulher que eu quero  Montarei em burro brabo
Na cama que escolherei  Subirei em pau­de­sebo
Vou­me embora pra Pasárgada  Tomarei banhos de mar!
Vou­me embora pra Pasárgada  Deito na beira do rio
Aqui eu não sou feliz  Mando chamar a mãe d’água
Lá a existência é uma aventura  Pra me contar as histórias
De tal modo inconsequente  Que no tempo de eu menino
Que Joana, a Louca, da Espanha  Rosa vinha me contar
Rainha e falsa demente  Vou­me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo mais triste de não ter jeito
É outra civilização Quando de noite me der
Tem um processo seguro Vontade de me matar
De impedir a concepção Vou­me embora pra Pasárgada
Tem telefone automático ­ Lá sou amigo do rei ­
Tem alcalóide à vontade Terei a mulher que eu quero
Tem prostitutas bonitas Na cama que escolherei
Para a gente namorar Vou­me embora pra Pasárgada
E quando eu estiver mais triste

FUNÇÃO POLÍTICO­SOCIAL

A   obra   literária   também   serve   de   instrumento   de   conscientização   das   pessoas   e   de   transformação   da


sociedade. Por isso, a Literatura atua como um agente de participação nos movimentos e lutas sociais de
uma   época   e   de   um   povo   nos   quais   o   escritor   se   acha   inserido.   Muitos   chamam   a   isso   de   “literatura
engajada”.
São exemplos de obras  com essa função político­social:
 o poema O Navio Negreiro, de Castro Alves, denunciando a escravidão e incitando o povo a acabar
com ela;
 o romance O Cortiço, de Aluiso Azevedo, apontando a miséria material e moral dos moradores desse
tipo de habitação;
 o poema Morte e Vida Severina, de João Cabral  de Melo Neto, denunciando   a vida sofrida do
sertanejo e a exploração do seu trabalho pelos donos de terras no Nordeste Brasileiro.
Com o advento da Sétima Arte (o cinema) várias obras literárias ganharam cor, forma e imagem nas telas
dos cinemas, como foi o caso de “Morte e Vida Severina”. Abaixo apresentamos um trecho desse poema
que foi musicado por Chico Buarque e encenado no Teatro da Universidade Católica de   São Paulo, na
década de 60.

Morte e Vida Severina

(No trecho, o retirante Severino assiste ao enterro de um trabalhador de uma plantação de cana e ouve o que
dizem os amigos do morto que o levaram ao cemitério):
­ Essa cova em que estás,                    – É uma cova grande
com palmos medida,                            para teu defunto parco
é a conta menor                                   porém mais que no mundo
que tiraste da vida.                              te sentirás largo,
­ É de bom tamanho,                           ­ É uma cova grande
nem largo, nem fundo,                         para tua carne pouca,
é a parte que te cabe                            mas a terra dada
deste latifúndio.                                    não se abre a boca,
­ Não é cova grande,                            – Viverás, e para sempre
é cova medida,                                      na terra que aqui aforas:
é a terra que querias                              e terás enfim tua roça.
ver dividida.                                          – Aí ficarás para sempre,
­ É uma cova grande                             livre do sol e da chuva,
para teu pouco defunto,                        criando tuas saúvas.
mas estarás mais ancho                         – Agora trabalharás
que estavas no mundo.                          só para ti, não a meias
como antes em terra alheia.
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AULA 3: EXERCÍCIO

Leia atentamente  os textos  a seguir. Analise­os sob o ponto de vista das funções literárias  estudadas  e


indique que função eles manifestam. O mesmo texto pode apresentar uma ou mais funções, mas aponte a
que mais se destaca.

Texto 1   Que o operário faz a coisa A UM POETA (Olavo Bilac)


O   operário   em E a coisa faz o operário.
construção (Vinícius   de De forma que, certo dia Longe do estéril turbilhão da 
Moraes) À mesa, ao cortar o pão rua,
O operário foi tomado Beneditino, escreve! No 
Era ele que erguia casas De uma súbita emoção aconchego
Onde antes só havia chão. Ao constatar assombrado Do claustro, na paciência e no 
Como um pássaro sem asas Que tudo naquela mesa sossego,
Ele subia com as casas ­ garrafa, prato, facão Trabalha, e teima, e lima, e 
Que lhe brotavam da mão. Era ele quem os fazia sofre, e sua!
Mas tudo desconhecia Ele, um humilde operário, Mas que na forma se disfarce o
Da sua grande missão: Um operário em construção. emprego
Não sabia, por exemplo Olhou em torno: gamela Do esforço; e a trama viva se 
Que a casa de um homem é um Vidro, parede, janela construa
templo Casa, cidade, nação! De tal modo, que a imagem 
Um templo sem religião Tudo, tudo o que existia fique nua,
Como tampouco sabia Era ele quem o fazia Rica mas sóbria, como um 
Que a casa que ele fazia Ele, um humilde operário templo grego.
Sendo a sua liberdade Um operário que sabia Não se mostre na fábrica o 
Era a sua escravidão. Exercer a profissão. suplício
De fato, como podia Ah, homens de pensamento Do mestre. E, natural, o efeito 
Um operário em construção Não sabereis nunca o quanto agrade,
Compreender por que um  Aquele operário humilde Sem lembrar os andaimes do 
tijolo Soube naquele momento! edifício:
Valia mais do que um pão? Naquela casa vazia Porque a Beleza, gêmea da 
Tijolos ele empilhava Que ele mesmo levantara Verdade,
Com pá, cimento e esquadria Um mundo novo nascia Arte pura, inimiga do artifício,
Quanto ao pão, ele o comia… De que sequer suspeitara. É a força e a graça na 
Mas fosse comer tijolo! O operário emocionado simplicidade.
E assim o operário ia Olhou sua própria mão
Com suor e com cimento Sua rude mão de operário TEXTO 3   
Erguendo uma casa aqui De operário em construção SE EU MORRESSE 
Adiante um apartamento E olhando bem para ela AMANHÃ! (Álvares de 
Além uma igreja, à frente Teve num segundo a  Azevedo)
Um quartel e uma prisão: impressão
Prisão de que sofreria De que não havia o mundo Se eu morresse amanhã, viria 
Não fosse eventualmente Coisa que fosse mais bela ao menos
Um operário em construção (…) Fechar meus olhos minha triste
Mas ele desconhecia irmã;
Esse fato extraordinário: TEXTO 2     
Minha mãe de saudades  Eu perdera chorando essas  Se eu morresse amanhã!
morreria, coroas, Mas essa dor da vida que 
Se eu morresse amanhã! Se eu morresse amanhã! devora
Quanta glória pressinto em  Que sol! Que céu azul! Que  A ânsia da glória, o dolorido 
meu futuro! doce n’alva afã…
Que aurora de porvir e que  Acorda a natureza mais loucã! A dor no peito emudecera ao 
manhã! Não me batera tanto amor no  menos,
peito Se eu morresse amanhã!

AULA 4 e 5: FIGURAS DE LINGUAGEM

Figuras de linguagem são recursos de expressão, utilizados por um escritor, com o objetivo de ampliar o
significado de um texto literário ou também para suprir a falta de termos adequados em uma frase
Metáfora
A   metáfora   ocorre   quando   é   utilizada uma   substituição   de  termos   que   possuem   significados   diferentes,
atribuindo a eles o mesmo sentido. Veja o exemplo abaixo:
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.”
Na frase acima o autor dá o sentido de “pensamento” ao termo “rio subterrâneo”, que nada têm em comum,
mas passam a ter na oração.
Comparação
Na comparação (ou símile) ocorre, como o nome indica, a comparação entre elementos que apresentam uma
característica em comum. São utilizados conectivo comparativo (como, feito, tal qual, que nem, igual a,…).
 “Meu   coração   tombou   na   vida/tal   qual   uma   estrela   ferida/pela   flecha   de   um   caçador.”   (Cecília
Meireles)
 “A Via Láctea se desenrolava/Como um jorro de lágrimas ardentes.” (Olavo Bilac)
Metonímia
Metonímia é o uso da parte pelo todo. Ocorre quando o autor substitui uma palavra por outra próxima. É
utilizada para evitar a repetição de palavras em um texto. Por exemplo:
– “Os meus braços precisam dos teus”
Na frase acima, Vinicius de Morais se refere à necessidade que ele tem de ter a presença de outra pessoa e
não somente dos braços.
– “Eu adoro ler Maurício de Souza”
Na frase acima, a pessoa está querendo dizer que gosta de ler as obras de Maurício de Souza, e não ler o
autor, o que seria impossível.
Tipos de metonímia
­ O efeito pela causa (ou a causa pelo efeito)
Exemplos: Não respeitam nada, nem ninguém. Não respeitam meus cabelos brancos. (idade avançada)
­ A parte pelo todo (ou o todo pela parte)
Exemplos: Vou sair de casa de meus pais e ter meu próprio teto. (casa)
­ O autor pela obra
Exemplos: Estou lendo Jorge Amado. (um livro de Jorge Amado)
­ O concreto pelo abstrato (ou o abstrato pelo concreto)
Exemplos: Qual será o futuro da humanidade? (dos seres humanos)
­ A marca pelo produto
Exemplos: Vou pedir à empregada para arear essas panelas com bombril.(esponja de aço)
­ O singular pelo plural
Exemplos: O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. (todos os alunos)
­ O continente pelo conteúdo
Exemplos: Meu filho comeu um prato de arroz com feijão e bebeu um copode groselha. (o arroz com feijão 
que estava no prato e a groselha que estava no copo)
­ A classe pelo indivíduo (ou o indivíduo pela classe)
Exemplos: Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. (os seres humanos)
­ O instrumento pelo utilizador
Exemplos: Os computadores trabalhavam incessantemente, dia e noite. (os informáticos)
­ A matéria pelo objeto
Exemplos: Usou todo o ouro que tinha para impressionar os convidados. (as joias de ouro)
­ O sinal pela coisa significada
Exemplos: A coroa espanhola está sendo comentada nas redes sociais. (a família real espanhola)
­ O proprietário pela propriedade
Exemplos: Vou ao veterinário com minha cadela. (ao consultório do veterinário)
­ O lugar pelo produto
Exemplos: Vamos beber um Porto? (vinho do Porto)
Pleonasmo
No   pleonasmo   (ou   redundância)   ocorre   repetição   de   ideias,   havendo   um   uso   excessivo   de   palavras   na
transmissão de uma mensagem. Sendo um pleonasmo literário, a repetição de ideias é intencional, visando
intensificar o valor expressivo das palavras.
 “Ó mar salgado, quanto do teu sal/ São lágrimas de Portugal!” (Fernando Pessoa)
 “E rir meu riso e derramar meu pranto” (Vinicius de Morais)
Pleonasmo vicioso ou tautologia :
Repetição errônea e desnecessária:
Vou subir para cima, descer para baixo...
Eufemismo
No eufemismo ocorre a utilização de palavras  agradáveis  em substituição  de outras mais  chocantes, de
forma a suavizar o discurso e evitar assuntos desagradáveis.
 “Quando a Indesejada das gentes chegar (…)” (Manuel Bandeira)
 “Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela que um dia enfim... Descolorirá”. (Vinicius de
Moraes)
 Ela faleceu, bateu as botas...
Onomatopeia
Onomatopeias são palavras que reproduzem sons, indicando de forma escrita os ruídos produzidos pelo ser
humano, pelos animais, por objetos e na natureza.
 O bum da explosão foi ouvido em toda a cidade.
 O ovo caiu da mesa e fez ploft no chão.
Ironia
Através da ironia transmite­se, de forma intencional,  o oposto do que se pretende realmente transmitir,
visando satirizar uma determinada situação.
 “Moça   linda   bem   tratada,/três   séculos   de   família,/burra   como   uma   porta:   um   amor!”   (Mário   de
Andrade)
 “A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar crianças.” (Monteiro Lobato)
Hipérbole
Na hipérbole ocorre a intensificação de uma sentimento ou ação, que se traduz num grande exagero da
realidade.
 “Rios te correrão dos olhos, se chorares!.” (Olavo Bilac)
 Já te disse um milhão de vezes para irmos embora.
 Estou morrendo de fome.
Antítese
Na antítese ocorre a aproximação de conceitos contrários, sendo enfatizada essa relação de antagonismo.
 “Tristeza não tem fim,/Felicidade, sim.” (Vinicius de Moraes)
 “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Prosopopeia ou personificação
Na prosopopeia ou personificação ocorre   a atribuição de características, sentimentos e ações humanas a
seres inanimados e/ou irracionais.
 “O   cipreste   inclina­se   em   fina   reverência/e   as   margaridas   estremecem,   sobressaltadas.”   (Cecília
Meireles)
 “A água não pára de chorar.” (Manuel Bandeira)
Catacrese
Na catacrese são utilizadas palavras no seu sentido figurado por falta de outra palavra que corresponda ao
conceito   que   se   pretende   nomear.   Frequentemente   são   atribuídas   características   de   seres   vivos   a   seres
inanimados.
 “Dobrando o cotovelo da estrada, [...]” (Graciliano Ramos)
 Você não retirou a pele do tomate?

AULA 6: EXERCÍCIO

1.  Classifique as figuras de linguagem presentes nos fragmentos abaixo:

a) Você é o sol da minha vida.

b) O pé do vaso está quebrado.

c) Seus olhos brilham como estrelas.

d) O tilintar dos metais me acordou.

e) Esse homem é uma fera!

f) Meu coração é um almirante louco.

g) Já lhe disse isso um milhão de vezes.
h) Bebeu dois copos cheios.

i) O tique­taque dos relógios.

j) O livro está cheio de orelhas.

k) As árvores são imbecis: se despem justamente quando começa o inverno.

l) Quase morri de estudar.

m) Vi tudo com os meus próprios olhos.

n) Ele está lendo Jorge amado.

o) Ele é bravo como um leão.

p) Ele comprou um Ford.
4º BIMESTRE

Leitura Literária;
Autores clássicos da literatura mundial: Edgar Alan Poe, Dostoiévsky, Kafka, Fernando Pessoa;
Autores clássicos da literatura brasileira: Machado de Assis, Clarice Lispector, Caio Fernando Abreu,
Manuel de Barros.
AULA1: Produção textual­ conto de horror, terror, bárbaro.

Solicitar que os alunos componham um texto médio que verse sobre temas de terror, medo, ações bárbaras e 
vis.

AULA 2: Biografia seguida de Leitura do conto de Edgar Alan Poe. 

Edgar Alan Poe

Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos
primeiros escritores americanos de contos e é geralmente considerado o inventor do
gênero ficção policial, também recebendo crédito por sua contribuição ao emergente
gênero de ficção científica.[3] Ele foi o primeiro escritor americano conhecido por tentar
ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira
financeiramente difíceis.
Foi um autor, poeta, editore crítico literário americano, integrante do movimento
romântico americano
Nascimento: 19 de janeiro de 1809, Boston, Massachusetts, EUA
Falecimento: 7 de outubro de 1849, Church Home and Hospital, Baltimore, Maryland, EUA
Contos: O Coração Revelador, O Gato Preto, MAIS
Poemas: The Raven, Annabel Lee, The Bells, Lenore, MAIS
Filmes: Muralhas do pavor, Túmulo sinistro.

O GATO PRETO­ EDGAR ALAN POE

Não espero nem peço que acreditem nesta narrativa ao mesmo tempo estranha e despretensiosa que estou
a ponto de escrever. Seria realmente doido se esperasse, neste caso em que até mesmo meus sentidos rejeitaram a
própria evidência. Todavia, não sou louco e certamente não sonhei o que vou narrar. Mas amanhã morrerei e
quero   hoje   aliviar   minha   alma.   Meu   propósito   imediato   é   o   de   colocar   diante   do   mundo,   simplesmente,
sucintamente   e   sem   comentários,   uma   série   de   eventos   nada   mais   do   que   domésticos.   Através   de   suas
consequências, esses acontecimentos me terrificaram, torturaram e destruíram. Entretanto, não tentarei explicá­
los nem justificá­los. Para mim significaram apenas Horror, para muitos parecerão menos terríveis do que góticos
ou grotescos. Mais tarde, talvez, algum intelecto surgirá para reduzir minhas fantasmagorias a lugares­comuns –
alguma   inteligência   mais   calma,   mais   lógica,   muito   menos   excitável   que   a   minha;   e   esta   perceberá,   nas
circunstâncias  que  descrevo  com espanto,  nada  mais  que  uma  sucessão  ordinária  de causas e  efeitos  muito
naturais. 
Desde a infância observaram minha docilidade e a humanidade de meu caráter. A ternura de meu coração
era de fato tão conspícua que me tornava alvo dos gracejos de meus companheiros. Gostava especialmente de
animais e, assim, meus pais permitiam que eu criasse um grande número de mascotes. Passava a maior parte de
meu tempo com eles e meus momentos mais felizes transcorriam quando os alimentava ou acariciava. Esta
peculiaridade   de   caráter   cresceu   comigo   e,   ao   tornar­me   homem,   prossegui   derivando   dela   uma   de   minhas
principais fontes de prazer. Todos aqueles que estabeleceram uma relação de afeto com um cão inteligente e fiel
dificilmente precisarão que eu me dê ao trabalho de explicar a natureza da intensidade da gratificação que deriva
de   tal   relacionamento.   Existe   alguma   coisa   no   amor   altruísta   e   pronto   ao   sacrifício   de   um   animal   que   vai
diretamente ao coração daquele que teve ocasiões frequentes de testar a amizade mesquinha e a frágil fidelidade
dos homens. 
Casei­me cedo e tive a felicidade de encontrar  em minha esposa uma disposição que não era muito
diferente da minha. Observando como gostava de animais domésticos, ela não perdeu oportunidade para me
trazer   representantes   das   espécies   mais   agradáveis.   Tínhamos   pássaros,   peixinhos   dourados,   um   belo   cão,
coelhos, um macaquinho e um gato. 
Este último era um animal notavelmente grande e belo, completamente preto e dotado de uma sagacidade
realmente admirável. Ao falar de sua inteligência, minha esposa, cujo coração não era afetado pela mínima
superstição,   fazia   frequentes   alusões   à   antiga   crença   popular   de   que   todos   os   gatos   pretos   eram   bruxas
disfarçadas. Não que ela jamais mencionasse esse assunto seriamente – e se falo nele é simplesmente porque me
recordei agora do fato. 
Pluto – esse era o nome do gato – era minha mascote favorita e era com ele que passava mais tempo. Era
só eu que o alimentava e o animal me acompanhava em qualquer parte da casa em que eu fosse. De fato, era
difícil impedi­lo de sair à rua comigo e acompanhar­me. 
Nossa amizade perdurou desta forma por diversos anos, durante os quais meu temperamento geral e meu
caráter – devido à interferência da Intemperança criada pelo Demônio – tinham (meu rosto se cobre de rubor ao
confessá­lo) sofrido uma mudança radical para pior. A cada dia que se passava eu ficava mais mal­humorado,
mais irritável, menos interessado nos sentimentos alheios. Permitia­me usar linguagem grosseira com minha
própria esposa. Após um certo período de tempo, cheguei a torná­la alvo de violência pessoal. Naturalmente,
minhas mascotes sentiram a diferença em minha disposição. Não apenas as negligenciava, como chegava a tratá­
las mal. Mas com relação a Pluto, entretanto, eu ainda conservava suficiente consideração para conter­me antes
de maltratá­lo, ao passo que não tinha escrúpulos em judiar dos coelhos, do macaco e até mesmo do cão quando,
por acidente ou até mesmo por afeição, eles se atravessavam em meu caminho. Porém minha doença cresceu
cada vez mais – pois que doença é pior que o vício do alcoolismo? – e, finalmente, até Pluto, que estava agora
ficando velho e, em consequência, um tanto impertinente, até Pluto começou a experimentar os efeitos de meu
mau humor. 
Uma noite, ao chegar em casa bastante embriagado, depois de um de meus passeios sem destino através
da cidade, imaginei que o gato estava evitando minha presença. Agarrei­o à força; e então, assustado por minha
violência, ele infligiu uma pequena ferida em minha mão com os dentinhos. A fúria de um demônio possuiu­me
instantaneamente. Nem sequer conseguia reconhecer a mim mesmo. Minha alma original parecia ter fugido
imediatamente de meu corpo; e uma malevolência mais do que satânica, alimentada pelo gim, assumiu o controle
de cada fibra de meu corpo. Tirei um canivete do bolso de meu colete, abri a lâmina, agarrei a pobre besta pela
garganta   e   deliberadamente   arranquei   da   órbita   um   de   seus   olhos.   Encho­me   de   rubor   e   meu   corpo   todo
estremece enquanto registro esta abominável atrocidade. 
Quando a manhã me trouxe de volta à razão – depois que o sono tinha apagado a maior parte do fogo de
minha   orgia   alcoólica   –,   experimentei   um   sentimento   misto   de   horror   e   de   remorso   pelo   crime   que   havia
cometido.   Mas   este   sentimento   foi   no   máximo   débil   e   elusivo   e   a   alma   permaneceu   intocada.   Novamente
mergulhei em meus excessos e logo afoguei na bebida toda lembrança de minha má ação. 
Enquanto isso, o gato lentamente se recuperou. A órbita vazia do olho perdido apresentava, naturalmente,
uma aparência assustadora, mas ele não parecia estar sofrendo mais nenhuma dor. Andava pela casa, como de
costume, mas, como se poderia esperar, fugia de mim em extremo terror cada vez que chegava perto dele. Ainda
me restava uma certa parte de meu ânimo anterior e a princípio lamentei que agora me detestasse tanto uma
criatura que já me havia amado. Mas este sentimento logo deu lugar à irritação. E então fui acometido, como se
fosse para minha queda final e irrevogável, pelo espírito da Perversidade. A própria filosofia não estudou este
espírito.   E   todavia,   assim   como   tenho   certeza   de   possuir   uma   alma   vivente,   é   minha   convicção   que   a
perversidade é um dos impulsos primitivos do coração humano – uma das faculdades primárias e indivisíveis, um
dos sentimentos que dão origem e orientam o caráter do Homem. Quem já não se flagrou uma centena de vezes a
cometer uma ação vil ou meramente tola por nenhuma razão exceto sentir que não devia? Não temos todos nós
uma   inclinação   perpétua   e   contrária   a   nosso   melhor   julgamento   para   violar   as   Leis,   simplesmente   porque
compreendemos que são obrigatórias? Pois foi este espírito de Perversidade, digo eu, que veio a causar minha
queda final. Foi este anseio insondável da alma, que anela por prejudicar a si mesma, por oferecer violência à sua
própria natureza, por praticar o mal pelo amor ao mal e nada mais, que me impulsionou a prosseguir e finalmente
consumar a injúria que tinha infligido sobre a pequena besta inofensiva. Uma manhã, a sangue­frio, passei­lhe
um laço ao redor da garganta e o pendurei no galho de uma  árvore – enforquei­o com lágrimas nos olhos,
sentindo ao mesmo tempo o remorso mais amargo em meu coração –, assassinei o pobre gato porque sabia que
ele me tinha amado e porque eu entendia muito bem que ele não me tinha dado razão alguma de queixa – matei­o
porque sabia que ao fazê­lo estava cometendo um pecado – um pecado mortal que iria manchar minha alma
imortal ao ponto de colocá­la – se isso fosse possível – fora do alcance até mesmo da infinita misericórdia do
Deus Mais Misericordioso e Mais Terrível. 
Na noite seguinte ao dia em que pratiquei esta ação cruel, fui despertado do sono por gritos de “Fogo!”.
As cortinas de meu leito estavam em chamas. A casa inteira estava ardendo. Foi com grande dificuldade que
minha esposa, uma criada e eu mesmo escapamos da conflagração. A destruição foi completa. Todos os meus
bens materiais foram consumidos e a partir desse momento entreguei­me ao desespero. 
Estou  acima   da  fraqueza  de  tentar  estabelecer   uma sequência  de  causa  e  efeito  entre   o desastre  e  a
atrocidade. Mas estou detalhando um encadeamento de fatos – e não desejo deixar imperfeito um só dos elos da
corrente. No dia que se seguiu ao incêndio, visitei as ruínas. Todas as paredes tinham desabado, à exceção de
uma única. Esta exceção foi a de um aposento interno, uma parede não muito grossa, que se erguia mais ou
menos na metade da casa, justamente aquela contra a qual descansava a cabeceira de minha cama. O próprio
reboco tinha ali, em grande parte, resistido à ação do fogo – segundo julguei, porque era feito de argamassa nova,
talvez ainda um pouco úmida. Em torno desta parede estava reunida uma grande multidão; e muitas pessoas
pareciam estar examinando um trecho especial dela, com minuciosa atenção. As palavras “estranho”, “singular”
e outras semelhantes excitaram­me a curiosidade. Aproximei­me e vi, como se estivesse gravado em bas relief
[1] sobre a superfície branca, a figura de um gato gigantesco. A imagem estava desenhada com uma precisão
realmente maravilhosa. Havia uma corda esboçada ao redor do pescoço do animal. 
Da primeira vez que contemplei esta aparição – porque dificilmente poderia chamá­la de algo menos
assombroso –, meu espanto e meu terror foram extremos. Mas, finalmente, o raciocínio e a reflexão vieram em
meu amparo. O gato, segundo recordava, tinha sido enforcado em um jardim adjacente  à casa. Logo que fora
dado o alarme de incêndio, este jardim ficou imediatamente cheio de basbaques, um dos quais provavelmente
tinha cortado a corda que prendia à arvore o gato e jogado o animal dentro de meu quarto através de uma janela
aberta. Talvez até mesmo a intenção fosse boa, quem sabe queriam acordar­me do sono e lançassem o animal
janela adentro para esse fim. A queda das outras paredes tinha comprimido a vítima de minha crueldade na
própria substância do reboco recém­aplicado; o cal contido nele, misturado à amônia proveniente da carcaça,
com o calor das chamas, tinha então realizado o retrato que contemplava agora. 
Embora   eu   satisfizesse   minha   razão   assim   rapidamente,   se   bem   que   não   tivesse   podido   acalmar
totalmente minha consciência e tentasse desse modo descartar o fato assombroso que acabei de descrever, isso
não impediu que produzisse forte impressão sobre minha imaginação. Durante meses não conseguia livrar minha
visão interna do fantasma do gato; e, durante esse período, retornou a meu espírito uma espécie de sentimento
que se assemelhava a remorso, mas não era exatamente isso. Cheguei ao ponto de lamentar a perda do animal e a
procurar, nos ambientes ordinários que agora habitualmente frequentava, outra mascote da mesma espécie, cuja
aparência fosse semelhante e pudesse ocupar o vazio deixado pela primeira. 
Uma noite eu estava sentado, entorpecido de tanto beber, em um botequim da pior espécie, quando minha
atenção   foi   subitamente   atraída   para   um   objeto   preto   que   repousava   sobre   a   tampa   de   uma   das   imensas
bordalesas   de   gim   ou   de   rum   que   constituíam   o   principal   mobiliário   da   peça.   Há   vários   minutos   eu   já
contemplava fixamente a tampa desse barril, e o que agora me causava surpresa era o fato de que não houvesse
percebido antes o objeto que se encontrava sobre ele. Aproximei­me a passos vacilantes, estendi a mão e toquei­
o. Era um gato preto – um animal muito grande –, tão grande quanto Pluto e extremamente parecido com ele em
todos os detalhes, salvo um: Pluto não tinha um pelo branco sequer em qualquer porção de seu corpo; mas este
gato tinha uma mancha branca bastante grande, embora de formato indefinido, cobrindo­lhe quase inteiramente o
peito. 
Assim que o toquei, o animal ergueu­se imediatamente, ronronou bem alto, esfregou­se contra minha mão
e   pareceu   encantado   com   minha   atenção.   Tinha   encontrado   a   própria   criatura   que   vinha   procurando.
Imediatamente fui falar com o taverneiro e ofereci­me para comprar o bichano, mas ele disse que o animal não
lhe pertencia – que nunca o tinha visto antes e que não fazia a menor ideia de onde tinha vindo ou a quem
pudesse pertencer. 
Continuei com minhas carícias, e, quando me dispus a ir para casa, o animal demonstrou estar disposto a
me acompanhar. Permiti­lhe que o fizesse; de fato, durante o caminho, ocasionalmente parava, curvava­me e
fazia­lhe carícias. Quando chegamos à casa em que agora eu morava, ele familiarizou­se de imediato, adquirindo
em seguida as boas graças de minha esposa. 
Quanto a mim, para meu desapontamento, logo descobri que não gostava do animal. Isto era justamente o
reverso do que havia antecipado; porém – não sei como nem por que – o evidente prazer que o gato achava em
minha   companhia   me   aborrecia   e   enojava.   Lenta   e   progressivamente,   estes   sentimentos   de   desgosto   e
aborrecimento se transformaram em rancor e ódio. Evitava a criatura, sempre que podia; uma certa sensação de
vergonha e a lembrança de meu antigo feito de crueldade evitaram que eu o machucasse fisicamente. Durante
algumas semanas, eu não bati nele nem o maltratei violentamente; mas gradualmente – muito gradualmente –
comecei a encará­lo com uma repugnância indescritível e a fugir silenciosamente de sua presença odienta, como
se estivesse tentando escapar do sopro sufocante de um pântano ou do hálito pestilento de uma praga. 
Sem a menor dúvida, o que originou meu rancor pelo animal foi a descoberta, logo na manhã seguinte à
noite em que o trouxe para casa, de que ele, exatamente como Pluto, também tivera um dos olhos arrancado. Esta
circunstância, entretanto, só levou minha esposa a gostar ainda mais dele, a qual, conforme relatei anteriormente,
possuía em alto grau aquela humanidade de sentimentos que em épocas passadas fora também um de meus traços
característicos e a fonte de muitos de meus prazeres mais simples e puros. 
À   medida   que   aumentava   minha   aversão   pelo   gato,   seu   amor   por   mim   parecia   crescer   na   mesma
proporção. Seguia meus passos com uma pertinácia que seria difícil fazer o leitor compreender. Onde quer que
me   assentasse,   vinha   enroscar­se   embaixo   de   minha   cadeira   ou   saltar   sobre   meus   joelhos,   cobrindo­me   de
carinhos nojentos. Se eu me erguesse para caminhar, ele se intrometia entre meus pés e quase me fazia cair; ou,
então, cravava suas unhas longas e afiadas em minhas roupas e procurava, desta forma, trepar até chegar a meu
peito. Nessas ocasiões, embora eu ansiasse por rebentá­lo à pancada, ainda me sentia incapaz de fazê­lo, em parte
pela recordação de meu crime anterior, mas especialmente – confessarei de imediato – porque tinha absoluto
pavor daquele animal. 
Este pavor não era exatamente um temor da possibilidade de algum dano físico, todavia não sou capaz de
defini­lo de outra forma. Estou quase envergonhado de admitir – sim, mesmo nesta cela de condenado tenho
quase vergonha de admitir – que o terror e horror que o animal me inspirava tinham sido muito aumentados por
uma das mais ilusórias quimeras que teria sido possível conceber. Minha esposa me tinha chamado a atenção,
mais de uma vez, para o caráter da mancha de pelo branco que já mencionei e que constituía a única diferença
aparente entre o estranho animal e aquele que eu tinha morto. O leitor há de lembrar que esta marca, embora
grande, era originalmente muito indefinida; porém, muito lentamente, de uma forma quase imperceptível, uma
forma que por muito tempo minha Razão lutou para considerar como meramente fantasiosa, acabou por assumir
um contorno rigorosamente distinto. Era agora a representação de um objeto tal que a simples ideia de mencioná­
lo me faz tremer. Era por isso, acima de tudo, que eu detestava e temia tanto aquele monstro e teria me livrado
dele, se ao menos eu ousasse. Essa imagem, escrevo agora, era a imagem de uma coisa horrível, uma coisa
apavorante... a imagem de uma FORCA! Ah, melancólico e terrível instrumento de Horror e de Crime – de
Agonia e de Morte! 
E agora eis que me encontrava realmente desgraçado, um miserável além da desgraça e da miséria da
natureza humana. E era um animal sem alma, cujo companheiro eu tinha destruído com desprezo, era um animal
sem alma que originava em mim – eu, que era um homem, criado à imagem do Deus Altíssimo – tanta angústia
intolerável! Ai de mim! Nem de dia, nem de noite eu era mais abençoado pelo Repouso! Durante o dia a criatura
não me deixava por um único momento; e, de noite, eu me acordava de hora em hora, despertado de sonhos
cheios de um pavor indescritível, para encontrar a respiração quente daquela coisa soprando diretamente sobre
meu rosto e seu enorme peso – um pesadelo encarnado do qual eu não poderia jamais me acordar, oprimindo e
esmagando eternamente o meu coração! 
Sob a pressão de tormentos assim, os débeis traços que restavam de minha boa natureza sucumbiram
totalmente. Os maus pensamentos se tornaram meus amigos íntimos, meus únicos amigos, logo os pensamentos
mais   ímpios   e   mais   maléficos.   O   mau   humor   de   minha   disposição   habitual   transformou­se   em   um   rancor
indefinido voltado para todas as coisas e para toda a humanidade; e os acessos de fúria súbitos, frequentes e
incontroláveis aos quais eu agora me abandonava cegamente e sem o menor remorso eram descarregados – ai de
mim! – precisamente sobre minha esposa, a sofredora mais paciente e mais constante, que nunca emitia sequer
uma palavra de queixa ou de revolta contra mim. 
Um dia ela me acompanhou, com a intenção de executar alguma tarefa doméstica, ao porão do velho
edifício em que nossa pobreza atual nos obrigava a morar. O gato me seguiu pelos degraus  íngremes e, quando
me fez tropeçar e quase me levou a cair escada abaixo, deixou­me exasperado a ponto de enlouquecer. Erguendo
um machado, esquecido em minha cólera do medo infantil que até então havia impedido que levantasse um dedo
contra ele, dirigi um golpe ao animal que, sem a menor dúvida, teria sido fatal se tivesse acertado onde eu queria.
Porém a machadada foi impedida pela mão de minha esposa a segurar­me o braço. Esta interferência me lançou
em uma raiva mais  do que demoníaca: arranquei o braço de seu aperto e, com um  único golpe, enterrei  o
machado na cabeça dela. Ela caiu morta no mesmo lugar, sem soltar um único gemido. 
Tendo cometido este assassinato pavoroso, imediatamente, sem remorsos e da maneira mais deliberada
possível, voltei­me para a tarefa de esconder o corpo. Sabia que não podia removê­lo da casa, tanto de dia como
de noite, sem correr o risco de ser observado pelos vizinhos. Uma série de projetos passou por minha cabeça.
Durante algum tempo, pensei em cortar o corpo em minúsculos fragmentos que depois destruiria no fogo. Depois
pensei em cavarlhe uma cova no chão do porão. Também me passou pela cabeça jogar o cadáver no poço que
ficava no pátio; ou colocá­lo dentro de uma caixa, como se fosse uma mercadoria, aplicando todos os cuidados
que   em   geral   se   dedica   à   preparação   de   tais   volumes   e   contratando   um   carregador   para   retirá­lo   da   casa.
Finalmente, imaginei o que me pareceu ser um expediente melhor que qualquer um desses. Resolvi emparedá­lo
em um dos cantos do porão – conforme dizem que os monges da Idade Média costumavam fazer com suas
vítimas. 
O   porão   estava   perfeitamente   adaptado   para   esse   propósito.   Suas   paredes   tinham   sido   muito   mal­
construídas e há pouco tempo tinham sido novamente rebocadas com uma argamassa grosseira, que a umidade
do ambiente não deixara endurecer. Além disso, em uma das paredes havia uma projeção, causada por uma falsa
chaminé ou lareira que tinha sido preenchida com tijolos na intenção de assemelhá­la ao restante das paredes do
porão. Não tinha dúvidas de que poderia facilmente retirar os tijolos neste ponto, enfiar o cadáver e depois
restaurar   a   parede   inteira   ao   estado   anterior,   de   tal   modo   que   olhar   algum   poderia   detectar   qualquer   coisa
suspeita. 
Não me enganava neste ponto. Com um pé de cabra retirei facilmente os tijolos e, depois de depositar o
corpo cuidadosamente contra a parede interna, ergui­o de modo a deixá­lo em pé, apoiado contra a parede. Com
pouca dificuldade recoloquei os tijolos e deixei a estrutura precisamente da maneira em que se achava antes.
Tendo trazido cal, areia e uma porção de pelos de animais retirados de couros, como era costume na  época,
preparei, com todas as precauções possíveis, uma argamassa que não podia ser  diferente da que recobria o
restante da parede e com esta reboquei muito cuidadosamente os tijolos que havia recolocado. Ao terminar,
sentia­me satisfeito com a perfeição do trabalho. A parede não apresentava o menor sinal de que tinha sido
modificada. Recolhi a caliça do chão com o cuidado mais minucioso. Olhei ao meu redor triunfantemente e
congratulei­me: “Pelo menos desta vez não trabalhei em vão”. 
Minha próxima tarefa era a de procurar a besta que tinha sido a causa de tamanha desgraça, porque tinha,
finalmente,  a  firme   resolução de  matá­la.  Se  nesse  momento  tivesse  podido encontrá­la, seu destino  estaria
selado, mas aparentemente o animal ardiloso tinha pressentido alguma coisa ou se amedrontado com a violência
de   minha   raiva   anterior,   evitando   apresentar­se   diante   de   mim   enquanto   durasse   minha   má   disposição.   É
impossível descrever ou imaginar a sensação de alívio profunda e abençoada que a ausência da detestada criatura
causou em meu peito. Melhor ainda, o gato não apareceu nessa noite – e assim, ao menos por uma noite, desde
que o desgraçado se introduzira em minha casa, dormi profunda e tranquilamente; sim, dormi o sono dos justos,
mesmo que tivesse agora o peso de um assassinato em minha alma! 
Passaram­se o segundo e o terceiro dias e meu atormentador não regressou. Novamente eu respirava
como um homem livre. O monstro tinha fugido aterrorizado e deixado para sempre minha companhia! Nunca
mais iria vê­lo! Minha felicidade era suprema! O remorso ocasionado por minha ação tão negra e perversa
praticamente não me perturbava. Algumas perguntas haviam sido feitas, mas fora fácil responder. Até mesmo
havia   sido   feita   uma   busca   pela   polícia,   mas   naturalmente   não   haviam   descoberto   nada.   Pensei   que   minha
felicidade futura estava assegurada. 
Mas no quarto dia depois do assassinato, uma patrulha da polícia retornou, muito inesperadamente, entrou
em minha casa e recomeçou a fazer uma investigação rigorosa do prédio. Achava­me seguro, todavia, devido à
impenetrabilidade do lugar em que escondera o cadáver, e assim não me senti nem um pouco constrangido pela
busca. Os policiais ordenaram­me que os acompanhasse enquanto procuravam. Não deixaram nem canto nem
escaninho sem explorar. Finalmente, pela terceira ou quarta vez, desceram ao porão. Não senti estremecer nem
um só de meus músculos. Meu coração batia calmamente como o de alguém perfeitamente inocente. Caminhei
de ponta a ponta do porão. Cruzei os braços e fiquei andando de um lado para outro. A polícia finalmente
satisfez­se e estava a ponto de partir, desta vez em definitivo. A alegria em meu coração era grande demais para
ser contida. Ansiava para dizer ao menos uma palavra de triunfo e queria garantir­me duplamente de que eles me
julgavam inocente. 
– Cavalheiros – disse finalmente, enquanto o grupo subia as escadas –, estou encantado por ter desfeito
todas as suas suspeitas. Desejo a todos uma boa saúde e um pouco mais de cortesia. A propósito, cavalheiros esta
casa, esta casa é muito bem­construída. (Tomado de um violento desejo de aparentar a maior naturalidade, falava
sem prestar muita atenção no que dizia.) Posso até dizer que é uma casa excelentemente bem­construída. Estas
paredes – já estão de partida, cavalheiros? –, estas paredes são muito sólidas. 
E foi neste ponto que, tomado por um estúpido frenesi de bravata, bati pesadamente com uma bengala que
tinha na mão justamente sobre aquela porção da parede atrás da qual jazia o cadáver da esposa que tinha apertado
tantas vezes contra o peito. Possa Deus escudar­me e proteger­me das presas do Pai dos Demônios! Tão logo a
reverberação dos golpes que havia dado desapareceu no silêncio, foi respondida por uma voz de dentro do
túmulo! – respondida por um grito, a princípio abafado e entrecortado, como os soluços de uma criança, mas
rapidamente se avolumando em um grito longo, alto e contínuo, totalmente anormal e desumano – um uivo –, um
guincho lamentoso, meio de horror e meio de triunfo, tal como só poderia ter subido das profundezas do inferno,
um berro emitido conjuntamente pelas gargantas de centenas de condenados à danação eterna, torturados em sua
agonia, e pelos demônios que exultam em sua condenação. 
É tolice tentar descrever meus pensamentos. Sentindo­me desmaiar, cambaleei até a parede oposta. Por
um instante, o grupo de policiais que subia as escadas permaneceu imóvel, em um misto de espanto e profundo
terror. No momento seguinte, uma dúzia de braços robustos esforçava­se por esboroar a parede. Ela caiu inteira.
O   cadáver,   já   bastante   decomposto   e   coberto   de   sangue   coagulado,   estava   ereto   perante   os   olhos   dos
espectadores, na mesma posição em que eu o deixara. Mas sobre sua cabeça, com a boca vermelha escancarada e
uma chispa de fogo no único olho, sentava­se a besta horrenda cujos ardis me tinham levado ao assassinato e cuja
voz denunciadora agora me levaria ao carrasco. Eu havia emparedado o monstro dentro do túmulo!

AULA 3 e 4: Apresentação do filme “A metamorfose “de Franz Kafka seguida de sua Biografia. (1’23” de 
filme­ Youtube)
Foi   um escritor  de   língua   alemã,   autor   de romances e contos,   considerado   pelos   críticos   como   um   dos
escritores mais influentes do século XX. A maior parte de sua obra, como A Metamorfose, O Processo e O
Castelo, está repleta de temas e arquétipos de alienação e brutalidade física e psicológica, conflito entre pais
e filhos, personagens com missões aterrorizantes, labirintos burocráticos e transformações místicas.

Nascimento: 3 de julho de 1883, Praga, República Checa
Falecimento: 3 de junho de 1924, Kierling, Klosterneuburg, Áustria
Contos: A Metamorfose, O Veredicto, Na Colônia Penal, MAIS
Peças: O guardião do túmulo, The Metamorphosis, A Hunger Artist
Filmes: O Processo, Relações de Classe, A Metamorfose
Obras principais: A metamorfose, O processo, Um artista da fome, O castelo.

Após a exposição do filme realizar comparações entre a obra de Kafka e o conto de Edgar Alan Poe.

1. No que as duas histórias se parecem?
2. Em quais pontos são diferentes?
3. O que chama mais atenção em cada uma delas?
4. A obra de Kafka pode ser considerada uma grande metáfora da vida moderna, por quê?
5. O que leva uma pessoa a sofrer uma metamorfose?
6. Uma metamorfose é sempre algo ruim?
AULA 5: Biografia e leitura de um conto de Clarice Lispector

Foi uma escritora e jornalista nascida na Ucrânia e naturalizada brasileira — e declarava,


quanto a sua brasilidade, ser pernambucana —, autora de romances, contos e ensaios,
sendo considerada uma das escritoras brasileiras mais importantes do século XX e a
maior escritora judia desde Franz Kafka. Sua obra está repleta de cenas cotidianas
simples e tramas psicológicas, sendo considerada uma de suas principais características
a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano.
Nasceu em uma família judaica da Rússia que perdeu suas rendas com a Guerra Civil
Russa e se viu obrigada a emigrar em decorrência da perseguição a judeus que estava
sendo pregada então, resultando em diversos extermínios em massa. Clarice chegou ao
Brasil , ainda pequena, em 1922, com seus pais e duas irmãs. [nota 1] A escritora dizia não ter
nenhuma ligação com a Ucrânia - "Naquela terra eu literalmente nunca pisei: fui
carregada de colo" - e que sua verdadeira pátria era o Brasil. Inicialmente, a família
passou um breve período em Maceió, até se mudar para o Recife, onde Clarice cresceu e
onde, aos oito anos, perdera a mãe. Aos quatorze anos de idade, transfere-se com o pai e
as irmãs para o Rio de Janeiro, onde a família estabilizou-se, e onde o seu pai viria a
falecer, em 1940.[1]
Estudou direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro, conhecida como Universidade
do Brasil, apesar de, na época, ter demonstrado mais interesse pelo meio literário, no qual
ingressou precocemente como tradutora, logo se consagrando como escritora, jornalista,
contista e ensaísta, tornando-se uma das figuras mais influentes da literatura brasileira e
do modernismo e sendo considerada uma das principais influências da nova geração de
escritores brasileiros. É incluída pela crítica especializada entre os principais autores
brasileiros do século XX.
Suas principais obras marcam cada período de sua carreira. Perto do coração
selvagem foi seu livro de estreia; Laços de família, A paixão segundo G.H., A hora da
estrela e Um sopro de vida são seus últimos livros publicados. Faleceu em 1977, um dia
antes de completar 57 anos, em decorrência de um câncer de ovário. Deixou dois filhos e
uma vasta obra literária composta de romances, novelas, contos e crônicas.
Nascimento: 10 de dezembro de 1920, Oblast de Vinnitsa, Ucrânia
Falecimento: 9 de dezembro de 1977, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro
Nacionalidade: Brasileiro
Nome completo: Chaya Pinkhasovna Lispector

Mineirinho
Clarice Lispector

É, suponho que é em mim, como um dos representantes do nós, que devo procurar por
que está doendo a morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze tiros
que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha cozinheira o que pensava
sobre o assunto.  Vi no seu rosto a pequena convulsão de  um conflito, o mal­estar  de não
entender   o  que  se   sente,   o  de   precisar   trair   sensações   contraditórias   por  não   saber   como
harmonizá­las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a violenta compaixão da
revolta.   Sentir­se   dividido   na   própria   perplexidade   diante   de   não   poder   esquecer   que
Mineirinho era perigoso e já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. 
A cozinheira se fechou um pouco, vendo­me talvez como a justiça que se vinga. Com
alguma raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu sinto não
serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era criminoso? Mas tenho certeza de que
ele se salvou e já entrou no céu”. Respondi­lhe que “mais do que muita gente que não matou”.
Por que? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não
matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e
assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.
Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com
um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o
sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror,
no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de
Deus, no décimo segundo chamo meu irmão. O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu
sou o outro. Porque eu quero ser o outro.
Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto
isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais.
Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que
eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa
estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa
poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos.
Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais — vinte e oito anos
depois que Mineirinho nasceu ­ que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei
que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e
eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu
espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se
abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva.
Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver. Como não amá­lo, se ele viveu até o
décimo­terceiro tiro o que eu dormia? Sua assustada violência. Sua violência inocente — não
nas consequências, mas em si inocente como a de um filho de quem o pai não tomou conta.
Tudo o que nele foi violência é em nós furtivo, e um evita o olhar do outro para não
corrermos o risco de nos entendermos. Para que a casa não estremeça.
A violência rebentada em Mineirinho que só outra mão de homem, a mão da esperança,
pousando sobre sua cabeça aturdida e doente, poderia aplacar e fazer com que seus olhos
surpreendidos se erguessem e enfim se enchessem de lágrimas. Só depois que um homem é
encontrado inerte no chão, sem o gorro e sem os sapatos, vejo que esqueci de lhe ter dito:
também eu.
Eu não quero esta casa. Quero uma justiça que tivesse dado chance a uma coisa pura e
cheia de desamparo em Mineirinho — essa coisa que move montanhas e é a mesma que o fez
gostar “feito doido” de uma mulher, e a mesma que o levou a passar por porta tão estreita que
dilacera a nudez; é uma coisa que em nós é tão intensa e límpida como uma grama perigosa de
radium, essa coisa é um grão de vida que se for pisado se transforma em algo ameaçador — em
amor pisado; essa coisa, que em Mineirinho se tornou punhal, é a mesma que em mim faz com
que eu dê água a outro homem, não porque eu tenha água, mas porque, também eu, sei o que é
sede; e também eu, que não me perdi, experimentei a perdição.
A justiça prévia, essa não me envergonharia. Já era tempo de, com ironia ou não, sermos
mais divinos; se adivinhamos o que seria a bondade de Deus é porque adivinhamos em nós a
bondade, aquela que vê o homem antes de ele ser um doente do crime. Continuo, porém, espe­
rando que Deus seja o pai, quando sei que um homem pode ser o pai de outro homem.
E continuo a morar na casa fraca. Essa casa, cuja porta protetora eu tranco tão bem,
essa casa não resistirá à primeira ventania que fará voar pelos ares uma porta trancada. Mas
ela está de pé, e Mineirinho viveu por mim a raiva, enquanto eu tive calma.
Foi fuzilado na sua força desorientada, enquanto um deus fabricado no último instante
abençoa   às   pressas   a   minha   maldade   organizada   e   a   minha   justiça   estupidificada:   o   que
sustenta as paredes de minha casa é a certeza de que sempre me justificarei, meus amigos não
me justificarão, mas meus inimigos que são os meus cúmplices, esses me cumprimentarão; o
que me sustenta é saber que sempre fabricarei um deus à imagem do que eu precisar para
dormir tranquila e que outros furtivamente fingirão que estamos todos certos e que nada há a
fazer.
Tudo isso, sim, pois somos os sonsos essenciais, baluartes de alguma coisa. E sobretudo
procurar não entender.
Porque quem entende desorganiza. Há alguma coisa em nós que desorganizaria tudo —
uma coisa que entende. Essa coisa que fica muda diante do homem sem o gorro e sem os
sapatos,   e   para   tê­los   ele   roubou   e   matou;   e   fica   muda   diante   do   São   Jorge   de   ouro   e
diamantes. Essa alguma coisa muito séria em mim fica ainda mais séria diante do homem
metralhado. Essa alguma coisa é o assassino em mim? Não, é desespero em nós. Feito doidos,
nós o conhecemos, a esse homem morto onde a grama de radium se incendiara. Mas só feito
doidos, e não como sonsos, o conhecemos. 
É como doido que entro pela vida que tantas vezes não tem porta, e como doido com­
preendo o que é perigoso compreender, e só como doido é que sinto o amor profundo, aquele
que se confirma quando vejo que o radium se irradiará de qualquer modo, se não for pela
confiança,   pela   esperança   e   pelo   amor,   então   miseravelmente   pela   doente   coragem   de
destruição. Se eu não fosse doido, eu seria oitocentos policiais com oitocentas metralhadoras, e
esta seria a minha honorabilidade.
Até que viesse uma justiça um pouco mais doida. Uma que levasse em conta que todos
temos que falar por um homem que se desesperou porque neste a fala humana já falhou, ele já é
tão mudo que só o bruto grito desarticulado serve de sinalização.
Uma justiça prévia que se lembrasse de que nossa grande luta é a do medo, e que um
homem que mata muito é porque teve muito medo. Sobretudo uma justiça que se olhasse a si
própria, e que visse que nós todos, lama viva, somos escuros, e por isso nem mesmo a maldade
de um homem pode ser entregue à maldade de outro homem: para que este não possa cometer
livre e aprovadamente um crime de fuzilamento.
Uma justiça que não se esqueça de que nós todos somos perigosos, e que na hora em que
o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem querendo eliminar um criminoso, ele
está   cometendo   o   seu   crime   particular,   um   longamente   guardado.   Na   hora   de   matar   um
criminoso ­ nesse instante está sendo morto um inocente. Não, não é que eu queira o sublime,
nem as coisas que foram se tornando as palavras que me fazem dormir tranquila, mistura de
perdão, de caridade vaga, nós que nos refugiamos no abstrato.
O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno.

AULA 6: Leitura de contos diversos de autores nacionais, locais e estrangeiros.

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