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I- DOS FATOS
Ocorre que na data de 03 de fevereiro de 2018, a atuada teria sido presa em seu
comércio (que fica na sua casa) por Policial Militar, sem mandado judicial ou qualquer outra
autorização que seja. Na oportunidade o policial, por ordem do Ministério Público (segundo o
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seu depoimento), adentrou o comércio e deu voz de prisão à autuada sob acusação de
associação para o tráfico (art. 35, Lei nº 11.343/06).
Porém, cumpre salientar, que não há um indicio que seja de que a autuada tenha
participação efetiva no comercio, transporte, distribuição ou qualquer outro dos núcleos dos
tipos previstos no art. 33, caput e § 1º e 34 da Lei nº 11.343/06.
(Processo Penal), Paulo Rangel (Direito Processual Penal) e Vicente Greco Filho (Manual de
Processo Penal).
II – DO DIREITO
previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste
Código.
Os critérios previstos no art. 282, a que se refere o art. 321, do CPP, são, em
primeiro lugar, a proporcionalidade, traduzida em adequação (aptidão para a produção dos
efeitos desejados) e necessidade (impossibilidade de obtenção de tais efeitos por outro meio).
Nos termos do art. 282, I, do CPP, as medidas cautelares devem ser aplicadas quando forem
necessárias “para aplicação da lei penal, para a investigação ou a instrução criminal e, nos
casos expressamente previstos, para evitar a prática de infrações penais”. Além disso, como
dispõe o art. 282, II, do CPP, devem ser aplicadas tendo em conta “a adequação da medida à
gravidade do crime, circunstâncias do fato e condições pessoais do indiciado ou acusado”.
Como, em princípio, ninguém dever ser recolhido à prisão senão após a sentença
condenatória transitada em julgado, procura-se estabelecer institutos e medidas que assegurem
o desenvolvimento regular do processo com a presença do acusado sem sacrifício de sua
liberdade, deixando a custódia provisória apenas para as hipóteses de absoluta necessidade.
O Requerente não apresenta e não ocasionará nenhum risco para a ordem pública,
cabendo ressaltar que é no seio da família, núcleo social de suma importância para a redução
da criminalidade, que o Requerente pretende se estabelecer e dar continuidade sua vida
cotidiana, razão pela qual não se pode cometer a injustiça de presumir uma periculosidade
inexistente.
O mesmo tem requisitos legais para estar em liberdade e responder a todo ato
processual dessa forma, nada mais justo é que seja concedido através da postulada, em sede
revogação da prisão preventiva, para assim, seja efetuada a justiça consagrada na Constituição
Federal de 1988.
1.1), Chinesa (art. 38) e Espanhola (art. 10), entre tantas, assentam ser inviolável a dignidade
da pessoa humana.
A Carta magna de 88: "Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos
termos seguintes:
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir a
liberdade provisória, com ou sem fiança;
Vale dizer, não há mais como cogitar da liberdade divorciada da justiça social,
como também infrutífero pensar na justiça social divorciada da liberdade.
De outra, é certo que a ordem pública não será burlada e nem afetada com a
soltura do acusado, pois não se justifica nenhum argumento como o de que com a soltura
poderia voltar a delinquir, já que o mesmo é trabalhador, tem residência fixa e meios lícitos de
sobrevivência.
No caso em tela, vale ressaltar que não pode haver, quanto aos pressupostos para a
decretação da prisão preventiva, qualquer tipo de presunção.
Ademais, a prisão cautelar deve ocorrer somente nos casos em que é necessária,
em que é a única solução viável -ultima ratio - onde se justifica a manutenção do infrator fora
do convívio social devido à sua periculosidade e à probabilidade, aferida de modo objetivo e
induvidoso, de voltar a delinquir, o que certamente não é o caso presente.
Ademais, MM. Juiz, não se pode ignorar o espírito da lei, que na hipótese da
prisão preventiva ou cautelar visa a garantia da ordem pública, a conveniência da instrução
criminal ou, ainda, para assegurar a aplicação da lei penal, que no presente caso, pelas razões
anteriormente transcritas, encontram-se plenamente garantidas.
DOS PEDIDOS
Por todo o exposto, requer seja revogada a prisão preventiva, por ausentes os
requisitos dos artigos 311 de 312 do Código de Processo Penal, com devida expedição de
alvará de soltura em favor do acusado, como medida de INTEIRA JUSTIÇA.
Se V. Exa entender de outra forma, que seja aplicada outra medida diversa da
prisão.
Nesses Termos,
Pede Deferimento.
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ADVOGADO OAB/RS