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OBSERVAÇÃO IMPORTANTE
AULA 12
Olá pessoal!
O tema da aula de hoje é Bens Públicos. Estudaremos os seguintes
assuntos:
SUMÁRIO
Aos estudos!
BENS PÚBLICOS
1 Diferentemente do conceito de Hely Lopes Meirelles, a definição do Código Civil exclui os bens das
privado que prestam serviços públicos. Embora os bens destas entidades que
estejam diretamente empregados na prestação do serviço se submetam ao
regramento próprio dos bens públicos, incluindo as proteções características
– em especial a impenhorabilidade e a não onerabilidade –, nem por isso tais
bens passam a ser bens públicos. E isso pelo simples fato de pertencerem a
uma pessoa jurídica de direito privado. Tais bens continuam sendo bens
privados, mas com características de bens públicos.
Gabarito: Certo
QUANTO À TITULARIDADE
Bens Federais
O art. 20 Constituição Federal enumera de forma exemplificativa os
bens da União. São eles:
Gabarito: Certo
Bens Municipais
Os Municípios não foram contemplados na partilha
constitucional de bens públicos. Porém, isso não significa que eles não
possuem bens. Como regra, as ruas, praças e os jardins públicos
pertencem aos Municípios. Também integram seus bens os edifícios
públicos onde funciona a administração municipal.
Ademais, com a EC 46/2005, o art. 20, IV da Constituição passou a
ter a seguinte redação:
QUANTO À DESTINAÇÃO
Bens dominicais.
Bens dominicais
Segundo o Código Civil, os bens dominicais são os que constituem o
patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal ou real de cada uma dessas entidades.
Note que essa definição do Código não é nada esclarecedora, não é
mesmo? Então guarde o seguinte: bens dominicais são todos aqueles que
não têm uma destinação pública definida e que, por isso, constituem
o patrimônio disponível do Estado (podem ser alienados para fazer
renda). Sendo assim, o beneficiário direto dos bens dominicais é o
próprio Estado, pois inexiste utilização imediata pelo cidadão.
São exemplos as terras devolutas e todas as terras que não possuam
uma destinação pública específica; os terrenos de marinha; os prédios
públicos desativados; os móveis inservíveis; a dívida ativa etc.
5 Os bens de uso comum podem ser submetidos a um tipo de uso especial quando existe alguma restrição
a sua utilização. Cuidado, porém, para não confundir com os bens de uso especial tratados no item
seguinte, que são uma espécie de bem diferente dos bens de uso comum.
QUANTO À DISPONIBILIDADE
Essa classificação tem por fim distinguir os bens públicos no que diz
respeito à sua disponibilidade em relação às pessoas de direito público a
que pertencem. Vejamos.
INALIENABILIDADE RELATIVA
6 Veremos que, para ocorrer a desafetação, de regra, não é necessário um rito ou ato específico. Basta, por
exemplo, a ocorrência de um fato administrativo, como, por exemplo, o início do processo de venda pelo
Poder Público.
9. (Cespe – OAB 2010) Com relação aos bens públicos, assinale a opção
correta.
a) Por terem caráter tipicamente patrimonial, os bens de uso comum do povo podem
ser alienados.
b) Os bens dominicais são indisponíveis.
c) A lei que institui normas para licitações e contratos da administração pública (Lei
n.º 8.666/1993) define regras para a alienação dos bens públicos móveis e imóveis.
d) Ocorre a desafetação quando um bem público passa a ter uma destinação pública
especial de interesse direto ou indireto da administração.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. Segundo o art. 100 do Código Civil, “os bens públicos de uso
comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem
a sua qualificação, na forma que a lei determinar”. Para que possam ser
alienados, os bem de uso comum do povo devem ser desafetados, vale dizer,
devem deixar de ter uma destinação pública.
b) ERRADA. Os bens dominicais, ao contrário do que afirma o quesito,
são disponíveis, ou seja, podem ser alienados, uma vez que não estão
afetados a uma finalidade pública.
c) CERTA. A inalienabilidade dos bens públicos não é absoluta. Os bens
de uso comum e dos de uso especial podem ser alienados desde que percam
essa qualificação, ou seja, desde que sejam desafetados. Já os bens
dominicais podem ser regularmente alienados, afinal, por definição, já são
bens desafetados.
IMPENHORABILIDADE
IMPRESCRITIBILIDADE
11. (FGV – OAB 2012) Sobre os bens públicos é correto afirmar que
a) os bens de uso especial são passíveis de usucapião.
b) os bens de uso comum são passíveis de usucapião.
c) os bens de empresas públicas que desenvolvem atividades econômicas que não
estejam afetados a prestação de serviços públicos são passíveis de usucapião.
d) nenhum bem que pertença à pessoa jurídica integrante da administração pública
indireta é passível de usucapião.
Comentários: De forma geral, os bens públicos, seja qual for a sua
natureza, são insuscetíveis de aquisição por decurso de prazo, vale dizer, não
podem ser objeto de usucapião. É a característica da imprescritibilidade.
9De fato, os bens públicos não estão sujeitos à usucapião; no entanto, os bens particulares de posse do
Estado poderão, cumpridos os requisitos da Legislação Civil, ser objeto de prescrição aquisitiva. Em outras
palavras, o Estado poderá adquirir bens de particulares por usucapião.
10Inclusive, para o STJ, a ocupação irregular, sem qualquer autorização da Administração, implica para o
particular o dever de indenizar o Poder Público pelo uso, além de indenizar eventuais prejuízos que tenha
causado ao patrimônio público do Estado ou coletividade (STJ REsp 425.416)
11 Súmula 340.
12. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) Consoante o disposto na CF, os bens
públicos são passíveis de aquisição por meio de usucapião.
Comentário: Ao contrário do que afirma o quesito, os bens públicos,
qualquer que seja a sua qualificação – uso comum, especial ou dominical –
são imprescritíveis, ou seja, não são passíveis de aquisição por meio de
usucapião. Assim, mesmo que um particular tenha a posse pacífica de um bem
público por qualquer período de tempo, não adquirirá direito de propriedade
sobre esse bem.
Gabarito: Errado
13. (Cespe – CNJ 2013) A ocupação de bem público, ainda que dominical, não
passa de mera detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção
possessória contra o órgão público.
Comentário: Trata-se de verbete da jurisprudência do STJ. Vejamos:
REsp 146.367
Ementa: INTERDITO PROIBITÓRIO. OCUPAÇÃO DE ÁREA PÚBLICA,
PERTENCENTE À COMPANHIA IMOBILIÁRIA DE BRASÍLIA TERRACAP.
INADMISSIBILIDADE DA PROTEÇÃO POSSESSÓRIA NO CASO. A ocupação de
bem público, ainda que dominical, não passa de mera detenção, caso em que se
afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra o órgão público.
Não induzem posse os atos de mera tolerância (art. 497 do CC/1916 ). Recurso
especial não conhecido.
14. (ESAF – SUSEP 2010) Sobre o tema "bens públicos", é correto afirmar:
a) bens dominicais precisam ser desafetados antes de serem alienados.
b) o uso comum dos bens públicos pode ser oneroso, caso assim determine lei da
pessoa jurídica à qual o bem pertença.
15. (ESAF – MIN 2012) Uma das características dos bens públicos é a sua
imprescritibilidade, o que significa dizer que tais bens não podem
a) ser alienados.
b) ser usucapidos.
c) ser penhorados.
d) ter destinação para uso particular.
e) ser objeto de ações por cobranças de dívidas.
Comentário: A imprescritibilidade impede que os bens públicos sejam
objeto de usucapião (opção “b”). Ou seja, não é possível a um particular
FORMAS DE AQUISIÇÃO
Contratos
Como qualquer particular, o Estado pode celebrar contratos para
adquirir bens. Além dos contratos de compra e venda, o Poder Público
também pode celebrar contratos de doação, de permuta e de dação em
pagamento.
Assim, por exemplo, é possível que uma entidade privada faça
doação de bens ao Município ou que um contribuinte em débito com
tributos estaduais celebre com o Estado um ajuste de dação em
pagamento. Ingressando no acervo das pessoas de direito público, tais
bens passarão a ter a qualificação de bens públicos.
Ressalte-se que os contratos de aquisição de bens podem ser tanto
de direito privado como de direito público. Os contratos de doação e dação
13 Carvalho Filho (2014, p. 1174)
Usucapião
Embora os bens públicos não possam ser objeto de usucapião, é
perfeitamente possível que as pessoas de direito público (União,
Estados, DF, Municípios e respectivas autarquias e fundações públicas)
adquiram bens por usucapião. Basta que sejam observados os
requisitos legais exigidos para os particulares em geral, como a posse do
bem por determinado período, a boa-fé e a sentença declaratória da
propriedade. Esses bens, uma vez consumado o processo aquisitivo,
tornar-se-ão bens públicos.
Desapropriação
Desapropriação é o procedimento pelo qual o Poder Público, fundado
na necessidade pública, utilidade pública ou interesse social,
compulsoriamente, transfere para si a propriedade de terceiro,
mediante justa e prévia indenização.
Os bens desapropriados transformam-se em bens públicos tão logo
ingressem no patrimônio do ente expropriante.
Registre-se que a doutrina classifica a desapropriação como forma
originária de aquisição de propriedade, porque não provém de nenhum
título anterior.
AFETAÇÃO E DESAFETAÇÃO
17. (FGV – OAB 2015) O prédio que abrigava a Biblioteca Pública do Município de
Molhadinho foi parcialmente destruído em um incêndio, que arruinou quase metade
do acervo e prejudicou gravemente a estrutura do prédio. Os livros restantes já
foram transferidos para uma nova sede. O Prefeito de Molhadinho PRETENDE
alienar o prédio antigo, ainda cheio de entulho e escombros.
Sobre o caso descrito, assinale a afirmativa correta.
a) Não é possível, no ordenamento jurídico atual, a alienação de bens públicos.
b) O antigo prédio da biblioteca, bem público de uso especial, somente pode ser
alienado após ato formal de desafetação.
c) É possível a alienação do antigo prédio da biblioteca, por se tratar de bem público
dominical.
d) Por se tratar de um prédio com livre acesso do público em geral, trata-se de bem
público de uso comum, insuscetível de alienação.
Comentários: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. A inalienabilidade dos bens públicos não é absoluta. Com
efeito, segundo o art. 100 do Código Civil, os bens públicos de uso comum do
povo e de uso especial são inalienáveis, porém, só enquanto estiverem
afetados à destinação pública. Logo, a partir da desafetação, os bens poderão
ser alienados, observadas as condições previstas na Lei de Licitações.
PERMISSÃO DE USO
CONCESSÃO DE USO
A concessão de uso é um contrato administrativo pelo qual a
Administração Pública faculta ao particular a utilização privativa de bem
público, para que a exerça conforme a sua destinação23.
Daí já se vê a principal diferença entre as concessões de uso, de um
lado, e as autorizações e permissões de uso de bens públicos, de outro:
enquanto a primeira é formalizada por contrato, as demais o são por ato
administrativo.
Conforme ensina Maria Sylvia Di Pietro, o contrato de concessão de
uso é “de direito público, sinalagmático 24 , oneroso ou gratuito,
comutativo e realizado intuitu personae”.
Sendo contrato, a concessão, sem dúvida alguma, deve ser
precedida de licitação (exceto nos casos de dispensa e inexigibilidade),
não é precária, é sempre outorgada por prazo determinado e só
admite rescisão (e não revogação) nas hipóteses previstas em lei.
Ainda segundo a autora, a concessão deve ser empregada
preferencialmente à permissão nos casos em que a utilização do bem
público objetiva o exercício de atividades de maior vulto, em que o
particular assume obrigações e encargos financeiros mais elevados.
A forma contratual seria mais adequada nesses casos, pois permite
estabelecer o equilíbrio econômico-financeiro do ajuste e também fixar as
condições em que o uso se exercerá, entre as quais a finalidade, o prazo,
a remuneração, a fiscalização, as sanções etc. Em outras palavras, as
hipóteses que recomendam a concessão de uso são aquelas em que o
particular necessita de segurança jurídica, que não lhe é conferida pelo
ato administrativo de autorização e permissão.
Como exemplo de concessão de uso de bem público pode-se citar a
concessão para exploração de mina de água, para lavra de jazida mineral,
para exploração de estacionamento em aeroportos ou para instalação de
restaurantes destinados aos servidores em prédios públicos.
18. (FGV – OAB 2015) Manoel da Silva é comerciante, proprietário de uma padaria
e confeitaria de grande movimento na cidade ABCD. A fim de oferecer ao público um
serviço diferenciado, Manoel formulou pedido administrativo de autorização de uso
de bem público (calçada), para a colocação de mesas e cadeiras. Com a autorização
concedida pelo Município, Manoel comprou mobiliário de alto padrão para colocá-lo
na calçada, em frente ao seu estabelecimento. Uma semana depois, entretanto, a
Prefeitura revogou a autorização, sem apresentar fundamentação.
A respeito do ato da prefeitura, que revogou a autorização, assinale a afirmativa
correta.
A) Por se tratar de ato administrativo discricionário, a autorização e sua revogação
não podem ser investigadas na via judicial.
B) A despeito de se tratar de ato administrativo discricionário, é admissível o controle
judicial do ato.
C) A autorização de uso de bem público é ato vinculado, de modo que, uma vez
preenchidos os pressupostos, não poderia ser negado ao particular o direito ao seu
uso, por meio da revogação do ato.
D) A autorização de uso de bem público é ato discricionário, mas, uma vez deferido
o uso ao particular, passa-se a estar diante de ato vinculado, que não admite
revogação.
Comentário: vamos analisar cada alternativa:
a) ERRADA. O art. 5º, XXXV da CF consagra o princípio da
inafastabilidade da jurisdição ao preceituar que “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Sendo assim, caso
o interessado se sinta lesado por um ato discricionário praticado pela
Administração, poderá se socorrer junto ao Poder Judiciário. Ressalte-se,
contudo, que embora o controle judicial também possa incidir sobre atos
discricionários, ele deve se restringir a exercer controle de legalidade e de
legitimidade e não de mérito.
b) CERTA. Como afirmado anteriormente, o controle judicial também pode
incidir sobre atos discricionários. No caso, o Judiciário poderia verificar, por
exemplo, a razoabilidade da revogação do ato sem fundamentação ou, ainda,
um eventual direito a indenização, caso a autorização tenha sido concedida
por prazo certo.
c) ERRADA. A autorização de uso de bem público é ato discricionário, de
modo que, mesmo sendo preenchidos os pressupostos, a Administração
poderia negar ao particular o direito ao seu uso, por meio da revogação do ato.
d) ERRADA. A autorização de uso possui caráter precário, ou seja, ela
pode ser revogada a qualquer tempo.
Gabarito: alternativa “b”
19. (FGV – OAB 2012) A autorização de uso de bem público por particular
caracteriza-se como ato administrativo
(A) discricionário e bilateral, ensejando indenização ao particular no caso de
revogação pela administração.
(B) unilateral, discricionário e precário, para atender interesse predominantemente
particular.
(C) bilateral e vinculado, efetivado mediante a celebração de um contrato com a
administração pública, de forma a atender interesse eminentemente público.
(D) discricionário e unilateral, empregado para atender a interesse
predominantemente público, formalizado após a realização de licitação.
Comentários: Segundo Maria Sylvia Di Pietro, a autorização de uso é um
ato administrativo unilateral e discricionário, pelo qual a Administração
consente, a título precário, que o particular se utilize de bem público com
exclusividade, procurando atender predominantemente o interesse do
particular (opção b”).
Nas alternativas “a” e “c”, o erro é a palavra “bilateral”, sendo que, na
opção “c”, a palavra “vinculado” também está errada. Já na alternativa “d”, o
erro é que a autorização de uso é empregada para atender a interesse
predominantemente particular, e não público.
Gabarito: alternativa “b”
20. (Cespe – Bacen 2013) A concessão de uso de bem público constitui ato
administrativo de caráter unilateral, por meio do qual a administração pública outorga
o uso privativo de bem público a determinado particular.
Comentários: A concessão de uso de bem público é formalizada mediante
contrato administrativo, de caráter bilateral, e não por ato unilateral, daí o erro.
A autorização e a permissão de uso, por sua vez, são instituídas por ato
administrativo.
Gabarito: Errado
a) autorização.
b) permissão.
c) delegação.
d) convênio.
e) concessão.
Comentário: Como se trata de um evento temporário, de curta duração, o
instrumento jurídico adequado para permitir a utilização privativa do bem
público é a autorização.
Gabarito: alternativa “a”
27§ 3o A concorrência é a modalidade de licitação cabível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto na
compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado o disposto no art. 19, como nas concessões de direito real
de uso e nas licitações internacionais, admitindo-se neste último caso, observados os limites deste artigo, a
tomada de preços, quando o órgão ou entidade dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou o
convite, quando não houver fornecedor do bem ou serviço no País.
28 IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens ou concessão de direito real de uso.
contrato, do qual constarão expressamente as condições estabelecidas, entre as quais a finalidade da sua
realização e o prazo para seu cumprimento, e tornar-se-á nula, independentemente de ato especial, se ao
imóvel, no todo ou em parte, vier a ser dada aplicação diversa da prevista no ato autorizativo e conseqüente
termo ou contrato.
JURISPRUDÊNCIA
1. A aplicação dos arts. 10, 11 e 15 da Lei n. 6.830/80 e 656 do CPC deve ser
feita com razoabilidade, especialmente quando está em jogo a consecução do
interesse público primário (transporte), incidindo na espécie o art. 678 do CPC.
2. Por isso, esta Corte Superior vem admitindo a penhora de bens de
empresas públicas (em sentido lato) prestadoras de serviço público
apenas se estes não estiverem afetados à consecução da atividade-fim
(serviço público) ou se, ainda que afetados, a penhora não comprometer
o desempenho da atividade. Essa lógica se aplica às empresas privadas
que sejam concessionárias ou permissionárias de serviços públicos
(como ocorre no caso). Precedentes.
3. O Tribunal de origem, soberano para avaliar o conjunto fático-probatório,
considerou que eventual restrição sobre os bens indicados pela agravante
comprometeria a prestação do serviço público, o que é suficiente para
desautorizar sua penhora.
8. O Tribunal de origem consignou que o bem foi ocupado, por mais de oito anos,
irregularmente e sem qualquer autorização expressa, válida e inequívoca da
Administração, o que implica dever de o particular indenizar o Poder Público pelo
uso. Incabível, portanto, o argumento recursal de ter havido condenação sem
comprovação de dano.
9. Quem ocupa ou utiliza ilicitamente bem público, qualquer que seja a
sua natureza, tem o dever de, além de cessar de forma imediata a
apropriação irregular, remunerar a sociedade, em valor de mercado, pela
ocupação ou uso e indenizar eventuais prejuízos que tenha causado ao
patrimônio do Estado ou da coletividade.
10. Recurso Especial não provido.
*****
RESUMÃO DA AULA
BENS PÚBLICOS
Bens públicos: são aqueles pertencentes às pessoas jurídicas de DIREITO PÚBLICO (União, Estados, DF e
Municípios, e respectivas autarquias e fundações públicas).
➢ Os bens das entidades administrativas de direito privado NÃO são bens públicos, mas podem possuir as
prerrogativas dos bens públicos (em especial, a impenhorabilidade e a não onerabilidade) caso sejam
empregados diretamente na prestação de serviços públicos.
✓ Domínio eminente do Estado: poder para disciplinar todas as coisas que se situam em seu território.
Expressão da soberania nacional.
✓ Domínio público: poder de propriedade que o Estado exerce sobre o seu patrimônio (domínio
patrimonial). O termo também designa o conjunto de bens públicos.
▪ Federais: por exemplo, terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras; lagos e
rios que banhem mais de um Estado; ilhas fluviais e lacustres nas fronteiras; ilhas
oceânicas e marítimas (exceto as que sejam sede de Municípios); plataforma
Quanto à continental; terrenos de marinha; mar territorial; terras indígenas.
titularidade ▪ Estaduais: por exemplo, ilhas marítimas; ilhas fluviais e lacustres; terras devolutas;
todos, desde que não pertençam à União.
▪ Municipais: não há previsão na CF. Mas são municipais, como regra, as ruas e praças, e
também as ilhas marítimas que sejam sede de Município (ex: Floripa e Ilha Bela).
▪ Bens de uso comum do povo: destinam-se à utilização geral pela coletividade. O uso
pode ser gratuito ou oneroso. Ex: ruas, praças, mares, praias, rios navegáveis etc.
▪ Bens de uso especial: destinam-se à execução dos serviços administrativos e dos
Quanto à serviços públicos em geral. Ex: edifícios públicos, escolas, hospitais, cemitérios públicos,
destinação terras indígenas, veículos oficiais, material de consumo etc.
▪ Bens dominicais: não têm uma destinação pública específica; constituem o patrimônio
disponível do Estado (podem ser alienados para fazer renda). Ex: terras devolutas;
prédios públicos desativados; móveis inservíveis etc.
▪ Bens indisponíveis por natureza: não têm valor patrimonial e, por isso, não podem ser
alienados. Ex: bens de uso comum.
Quanto à ▪ Bens indisponíveis: possuem valor patrimonial mas não podem ser alienados por estarem
disponibilidade afetados a uma destinação pública específica. Ex: bens de uso especial.
▪ Bens disponíves: possuem valor patrimonial e podem ser alienados, por não estarem
afetados a uma destinação pública específica. Ex: bens dominicais.
9. (Cespe – OAB 2010) Com relação aos bens públicos, assinale a opção correta.
a) Por terem caráter tipicamente patrimonial, os bens de uso comum do povo podem ser
alienados.
b) Os bens dominicais são indisponíveis.
c) A lei que institui normas para licitações e contratos da administração pública (Lei n.º
8.666/1993) define regras para a alienação dos bens públicos móveis e imóveis.
d) Ocorre a desafetação quando um bem público passa a ter uma destinação pública
especial de interesse direto ou indireto da administração.
11. (FGV – OAB 2012) Sobre os bens públicos é correto afirmar que
a) os bens de uso especial são passíveis de usucapião.
b) os bens de uso comum são passíveis de usucapião.
c) os bens de empresas públicas que desenvolvem atividades econômicas que não estejam
afetados a prestação de serviços públicos são passíveis de usucapião.
d) nenhum bem que pertença à pessoa jurídica integrante da administração pública indireta
é passível de usucapião.
12. (Cespe – Juiz Federal TRF5 – 2013) Consoante o disposto na CF, os bens públicos
são passíveis de aquisição por meio de usucapião.
13. (Cespe – CNJ 2013) A ocupação de bem público, ainda que dominical, não passa de
mera detenção, caso em que se afigura inadmissível o pleito de proteção possessória contra
o órgão público.
14. (ESAF – SUSEP 2010) Sobre o tema "bens públicos", é correto afirmar:
a) bens dominicais precisam ser desafetados antes de serem alienados.
b) o uso comum dos bens públicos pode ser oneroso, caso assim determine lei da pessoa
jurídica à qual o bem pertença.
15. (ESAF – MIN 2012) Uma das características dos bens públicos é a sua
imprescritibilidade, o que significa dizer que tais bens não podem
a) ser alienados.
b) ser usucapidos.
c) ser penhorados.
d) ter destinação para uso particular.
e) ser objeto de ações por cobranças de dívidas.
17. (FGV – OAB 2015) O prédio que abrigava a Biblioteca Pública do Município de
Molhadinho foi parcialmente destruído em um incêndio, que arruinou quase metade do
acervo e prejudicou gravemente a estrutura do prédio. Os livros restantes já foram
transferidos para uma nova sede. O Prefeito de Molhadinho PRETENDE alienar o prédio
antigo, ainda cheio de entulho e escombros.
Sobre o caso descrito, assinale a afirmativa correta.
a) Não é possível, no ordenamento jurídico atual, a alienação de bens públicos.
b) O antigo prédio da biblioteca, bem público de uso especial, somente pode ser alienado
após ato formal de desafetação.
c) É possível a alienação do antigo prédio da biblioteca, por se tratar de bem público
dominical.
d) Por se tratar de um prédio com livre acesso do público em geral, trata-se de bem público
de uso comum, insuscetível de alienação.
18. (FGV – OAB 2015) Manoel da Silva é comerciante, proprietário de uma padaria e
confeitaria de grande movimento na cidade ABCD. A fim de oferecer ao público um serviço
diferenciado, Manoel formulou pedido administrativo de autorização de uso de bem público
(calçada), para a colocação de mesas e cadeiras. Com a autorização concedida pelo
Município, Manoel comprou mobiliário de alto padrão para colocá-lo na calçada, em frente
ao seu estabelecimento. Uma semana depois, entretanto, a Prefeitura revogou a
autorização, sem apresentar fundamentação.
A respeito do ato da prefeitura, que revogou a autorização, assinale a afirmativa correta.
A) Por se tratar de ato administrativo discricionário, a autorização e sua revogação não
podem ser investigadas na via judicial.
19. (FGV – OAB 2012) A autorização de uso de bem público por particular caracteriza-se
como ato administrativo
(A) discricionário e bilateral, ensejando indenização ao particular no caso de revogação pela
administração.
(B) unilateral, discricionário e precário, para atender interesse predominantemente particular.
(C) bilateral e vinculado, efetivado mediante a celebração de um contrato com a
administração pública, de forma a atender interesse eminentemente público.
(D) discricionário e unilateral, empregado para atender a interesse predominantemente
público, formalizado após a realização de licitação.
20. (Cespe – Bacen 2013) A concessão de uso de bem público constitui ato
administrativo de caráter unilateral, por meio do qual a administração pública outorga o uso
privativo de bem público a determinado particular.
22. (Cespe – AGU 2013) Permissão de uso de bem público é o contrato administrativo
pelo qual o poder público confere a pessoa determinada o uso privativo do bem, de forma
remunerada ou a título gratuito.
23. (Cespe – PGE/BA 2014) Para a utilização de espaço de prédio de autarquia para o
funcionamento de restaurante que atenda aos servidores públicos, é obrigatória a realização
de licitação e a autorização de uso de bem público.
Referências:
Alexandrino, M. Paulo, V. Direito Administrativo Descomplicado. 22ª ed. São Paulo:
Método, 2014.
Bandeira de Mello, C. A. Curso de Direito Administrativo. 32ª ed. São Paulo: Malheiros,
2015.
Borges, C.; Sá, A. Direito Administrativo Facilitado. São Paulo: Método, 2015.
Carvalho Filho, J. S. Manual de Direito Administrativo. 27ª ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Di Pietro, M. S. Z. Direito Administrativo. 28ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2014.
Furtado, L. R. Curso de Direito Administrativo. 4ª ed. Belo Horizonte: Fórum, 2013.
Knoplock, G. M. Manual de Direito Administrativo: teoria e questões. 7ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2013.
Justen Filho, Marçal. Curso de direito administrativo. 10ª ed. São Paulo: Revista dos
Tribunais, 2014.
Meirelles, H. L. Direito administrativo brasileiro. 41ª ed. São Paulo: Malheiros, 2015.
Scatolino, G. Trindade, J. Manual de Direito Administrativo. 2ª ed. JusPODIVM, 2014.