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“Sem obstáculos não há êxito”

“Ninguém sabe o que há no fundo do mar”


“Um homem sábio salva seu povo”
“Só entendemos as coisas quando elas terminam”
“Enquanto a águia viver, o canário não será rei”
“Respeito aos ancestrais mantém nossa sabedoria”
“Antes a morte que a desonra”
“É com a cabeça que o martelo marca sua presença”
“Há quem arranca um olho para ver o outro cego”

Irosun Méjì
1
Ìròsùn Méjì

Ìròsùn teve que voltar ao îrun Oníwèéré, o rei que mudou a própria sorte
Ìròsùn salva os babalawo da prisão
Ìròsùn recusa-se a fazer ëbö por seus filhos
O filho ilegítimo de Ìròsùn
Ìròsùn quase fica cego
Antes de prosperar, Ìròsùn era vendedor de ëkï
Ìròsùn finalmente encontra a prosperidade
Ìròsùn salva sua casa de uma grande epidemia
Osún conhece nossos segredos e nosso passado
Mulher fútil é desaconselhada a casar.
A princesa e o awo
A moça que preferia Mau Caráter
Ñàngó e Îñun se tornam sócios e prosperam
Leão torna-se belo, poderoso e famoso
Îrúnmìlà escapa da armadilha dos conselheiros reais
Òñàlá abdica de uma coroa em favor de Îrúnmìlà
Há quem fura um olho para ver seu próximo cego
Nascem os jogos de azar
Öröiyàn chama Àgánjù de volta para casa
O príncipe e a caverna obstruída
Obì passa um susto, mas encontra riquezas
Nascem os vaga-lumes
Ìròsùn ganha presentes e se torna popular
Ìgbà casa-se com a princesa de Îyï
Homem faz ëbö para conhecer seus verdadeiros amigos
A família de Îrúnmìlà o auxilia
A saga de Ûjù Îkîmi
O crocodilo adquire suas presas e sua couraça
Peixes e preás se proliferam em abundância
As escolhas sentimentais de Kókò
Olówù, o rei que era esposo de uma Àjý
Macaco do Mato e o homem de sombreiro
Os feitiços contra Onijaye
Îrúnmìlà faz um empréstimo
Graças a Èñù e a sua mãe, Onidèrè torna-se rei
O pescador que encontrou um corpo
A saga de Ajíbílù
O menino que queria saber como nascera
Ráfia (Ikò) herda o oyè de seu pai
Galo recusa-se a oferecer sua crista como ëbö
Ègbè Îpû, o filho de Àgbönnírègún
2
Ìròsùn Méjì

Essência

a) Nasce a humildade; Ègbè Îpû, a palmeira sagrada de Ìfá; as tumbas; os mensageiros de Osún e Òdùdúwà; as
exéquias; o àñë dos ûdùn arà; o manto (geologia); o hábito de viver em outros países, as garras do leão; o hábito de
enterrar tesouros, e também as posteriores descobertas; as garras do leão; os vaga-lumes.

b) - Kafere fun Ñàngó, Îñun, Îsànyìn, Èñù, Òdùdúwà, Ölïfin, Îrúnmìlà, Osún, Öbàtálá, Öröiyàn, Àgánjù, Îñïsì.

c) Quando em ire, Ìfá diz que esse Odù representa a realização ou concretização de um potencial, da mesma forma que
uma única célula se transformará num complexo organismo. Como será visto, a “mensagem ancestral (aqui simbolizada
pelo material genético) será essencial para que o processo em questão se concretize.

b) Quando em ibi, Ìfá fala sobre os obstáculos que impedem a concretização de sonhos, projetos ou potenciais. Esses
obstáculos podem ser internos (limitações, insipiência, etc.) ou externos (inimigos, dificuldades, empecilhos, etc.). A
possibilidade de estar envolvido num complexo círculo vicioso também deve ser considerado, além é claro do gasto
excessivo de àñë em questões fadadas ao insucesso.

Ire

1) Ìfá nos ensina que a manifestação de Ìròsùn Méjì em ire atrai presentes inusitados e generosos. Ìfá diz que após um
ëbö, os governantes para quem Ìròsùn divinava sentiram desejo inexplicável de expressar sua gratidão, mesmo que
tardiamente, e o fizeram através de inúmeros e valorosos presentes. Ìfá diz que mesmo que não sejamos devidamente
reconhecidos agora, o seremos no futuro, se mantivermos uma nobre conduta e seguirmos sabiamente os conselhos
aqui expostos.

2) Ìfá nos avisa que haverá fama e reconhecimento quando Ìròsùn se manifestar em ire. Esse Odù gozou de grande
prestígio entre os reis depois que fez as oferendas necessárias para ser reconhecido e afamado. A pessoa para quem
Ìròsùn se manifesta também poderá gozar da mesma sorte, se fizer as oferendas e seguir as demais orientações que
Ìfá lhe dar.

3) Ìfá revela que após passar por grandes dificuldades em sua vida, Ìròsùn finalmente conseguiu riquezas, família,
seguidores e prestígio. Essas bênçãos certamente se manifestarão na vida da pessoa sábia para quem esse Odù se
manifesta, mas o importante aqui é salientar que antes que sua vida fosse abençoada dessa forma, Ìròsùn teve outra
ocupação sua vida, a venda de ûkî. Ìfá nos avisa aqui que estamos destinados a uma vida grandiosa, mas antes nos
depararemos com dificuldades e não devemos hesitar em aceitar ou desempenhar funções aparente “menores”. Tais
situações não só nos ajudarão a valorizar os dias abençoados que virão, mas também lapidarão nosso caráter, pois Ìfá
ensina que se alguém tem riquezas e não tem bom caráter, na verdade é como se não possuísse nada.
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4) Ìròsùn Méjì pressagia bênção de filhos a uma pessoa que está preocupada com sua prole. Ìfá prescreve aqui o
tratamento adequado para um casal que deseja ter um filho. É através desse Odù que Ìfá explica por que os peixes e
os preás são símbolos de fecundidade e sempre geram muitos filhos. Numa interpretação menos literal, esse aspecto
de Ìròsùn Méjì pode representar bênçãos generalizadas e abundantes, visto que se Ìfá assim confirmar, “filhos” podem
ter esse significado num àtûfá.

5) Mesmo em momentos de dificuldades Ìfá nos aconselha a não desanimarmos, pois se formos pacientes, fiéis e
devotos aparecerão as oportunidades para a reversão da situação. Ìfá nos aconselha a fazer ëbö sempre, pois aqui uma
situação de dificuldade ou escassez pode mudar de uma hora para outra, às vezes de forma consideravelmente
inusitada, pois Ìròsùn é Odù de ire mötarì.

6) Ìròsùn Méjì fala sobre afrouxamento de regras. Aqui as normas de uma determinada situação podem se afrouxar ou
até mesmo mudar de uma hora para outra. Ìfá nos aconselha a realizarmos as oferendas necessárias para que essas
mudanças nos beneficiem, se tornando assim numa oportunidade única de bênçãos, prosperidade e até mesmo
longevidade.

7) A figura materna merece destaque em Ìròsùn Méjì, principalmente no que diz respeito à geração de oportunidades
de sucesso para os filhos. Aqui a mãe se preocupa, se esforça e faz tudo o que estiver a seu alcance para assegurar
maiores chances de sucesso para sua descendência. No âmbito simbólico, a figura materna aqui pode representar
aspectos da Ancestralidade ou até mesmo uma Divindade a ser cultuada.

8) Em Ìròsùn Méjì nasce a fama do leão. Ìfá diz que a pessoa para quem esse Odù se apresenta será famosa e poderosa,
se seguir seus conselhos e fizer as oferendas necessárias. Ele fala sobre um destino grandioso, de conquista e
reconhecimento. O mito que expõe essa questão não cita o fato de que na vida real, o leão é substituído ou morto
quando sua idade avança. A observação desse fato sugere que a fama em questão não durará para sempre, por isso
deve ser aproveitada com sabedoria enquanto persistir. A fama pode não ser duradoura, mas as sementes que se
plantam enquanto ela estiver presente darão frutos mesmo quando ela não mais existir.

9) Ìfá nos fala aqui sobre uma viagem ou uma jornada que será abençoada. Nessa viagem encontraremos felicidade,
que pode se manifestar em nossa vida através de amor, dinheiro e oportunidades. Ìfá nos aconselha a fazer as oferendas
necessárias para que essa realidade abençoada de fato se manifeste. Quanto às questões do coração inerentes a essa
situação, Ìfá nos aconselha a não sermos fúteis a ponto de rejeitarmos um bom relacionamento devido a uma
característica física da pessoa que nos deseja, pois de tal relacionamento outras bênçãos se manifestarão.

10) Nos caminhos desse Odù nasce Ègbè Îpû, a palmeira sagrada de Ìfá. No contexto de tal acontecimento, Ìfá avisa
que as maiores chances de sucesso para a pessoa a quem esse Odù se revela está na entrega à arte divinatória. Versar-
se no aprendizado do complexo mundo de Ìfá certamente conduzirá o bom devoto ao caminho da realização profissional,
financeira e pessoal. Se o consulente optar ou já estiver em outra carreira, será imprescindível que passe pelos rituais
necessários para ter seu próprio Ìfá, a fim de, ao realizar as devidas oferendas periódicas, atraia para sua própria vida
as bênçãos de sucesso inerente a esse Odù.

Ibi
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1) Elénìnì (a Divindade dos obstáculos) tem um “apreço” por esse Odù. Ìròsùn a enganou no îrun, por isso ela o
persegue no àiyé. É por isso que a manifestação desse Odù sugere consideráveis negatividades até que se consiga
vislumbrar situações mais abençoadas. A própria Eleninì disse que garantiria que antes de obter algum triunfo em sua
vida, Ìròsùn se deparasse com dificuldades. Analogicamente pode-se dizer o mesmo à pessoa para quem esse Odù se
manifesta. O importante é salientar que tais dificuldades não são intransponíveis, pois ëbö, paciência, sabedoria e
merecimento com certeza as vencerão.

2) Sob circunstâncias muito específicas, Ìròsùn fala sobre uma situação complexa em que alguém se passa por morto,
mas na verdade não está. Essa idéia pode ser aplicada à vida de diversas formas, por isso o awo deve ser paciente e
cuidadoso antes de aplicar essa informação de Ìròsùn Méjì à vida de seu consulente.

3) Ìfá nos adverte sobre a possibilidade de não termos nosso valor reconhecido, e o que é pior, sermos traídos por
aqueles a quem muito nos esforçamos para auxiliar. Aqui nossos esforços para o bem estar alheio não nos protegerão
de sermos traídos por aqueles a quem ajudarmos. A traição pode ocorrer desde uma ingratidão até o desejo de
possuírem o que é nosso, inclusive nossa esposa.

4) Ìfá ensina que antes de desenvolver profunda sabedoria, Ìròsùn recusou-se a fazer as oferendas necessárias para
que seus filhos não passassem por grandes dificuldades no àiyé. Em razão desse mito, os afilhados desse Odù costumam
se deparar com tribulações antes que suas vidas se encaminhem para o sucesso. Além das questões mitológicas, Ìfá
aconselha aos pais que façam tudo o que puderem para amenizar a carga de sofrimentos que seus filhos certamente
encontrarão no àiyé. Como já foi visto, Ìròsùn fala sobre a herança genética, e especificamente nesse caso, sobre a
necessidade dos pais passarem aos filhos tudo o que puderem para favorecê-los em suas vidas.

5) Ìròsùn Méjì é um Odù que, depois de consideráveis dificuldades iniciais, favorece seus afilhados com oportunidades
claras de prosperidade e até riqueza. Mas um aspecto negativo desse Odù que precisa ser considerado é a possibilidade
de uma pessoa (ou linhagem) perder tudo o que possui e cair no ostracismo, depois de ter vivido dias de fama e
felicidade. Para complicar ainda mais a situação, doenças e outros sofrimentos podem se abater sobre a pessoa em
questão e toda sua casa. Ìfá aconselha prudência e previdência, principalmente quando nossa vida estiver próspera e
agradável, pois esse será o momento para realizar as grandes oferendas que impedirão a manifestação dos infortúnios
aqui citados.

6) Um dos assuntos que devem ser considerados quando Ìròsùn se apresenta em ibi é a Ûwîn (a Prisão). Aqui vários
babalawo foram presos a mando de Ölïfin por não cumprirem suas responsabilidades a contendo. Similarmente Ìfá nos
orienta a sermos extremamente corretos e éticos em nossas ocupações profissionais, pois o não cumprimento de nossos
deveres pode nos jogar atrás das grades. A conivência com o errado também poderá gerar os mesmos infortúnios.

7) Àgànjú está ativo em Ìròsùn Méjì. Nesse Odù recebemos de Ìfá aviso sobre calamidades que podem encurtar nossa
vida de uma hora para outra. Existem obras específicas que podem nos livrar dessa sorte, e Ìfá nos aconselha a realizar
todas elas.

8) Em se tratando de negócios, Ìròsùn Méjì fala sobre o sócio que quer jogar tudo para o alto, pois está descontente
com sua sociedade. Ìfá avisa a essa pessoa que não aja dessa forma; pois ëbö e paciência resolverão a situação. Depois

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de feitas as oferendas aparecerão novas oportunidades profissionais, e um negócio aparentemente condenado se
reerguerá para a prosperidade.

9) Ìròsùn Méjì fala sobre os perigos que podem ser gerados por conselheiros, diretorias e associações semelhantes. Ìfá
nos orienta a estarmos preparados para o lado ruim da política, que prejudica um indivíduo em nome do “bem maior”.
A realização das oferendas prescritas garantirá proteção contra aqueles que visam manipular as leis ou normas
estabelecidas para deliberadamente nos prejudicar.

10) Ìròsùn Méjì fala sobre disputas por posições. Ìfá nos avisa sobre as batalhas que disputaremos por uma melhor
posição na vida. Infelizmente ele também nos avisa que nossos adversários poderão usar de subterfúgios para nos
prejudicar, a fim de nos eliminar das disputas em questão. A realização das oferendas prescritas atrairá a proteção das
Divindades, que não permitirão nosso prejuízo em tais questões.

11) Ìfá nos fala aqui sobre um grupo de herdeiros que deve fazer ëbö, para que não aconteça que apenas um receba a
herança em questão. O lado bom da situação é que fica caracterizado que o fator “herança” está presente em Ìròsùn,
mas com considerável negatividade envolvida no contexto. Essa negatividade será aplacada pelo herdeiro sábio que
realizar suas oferendas antes que sofrimentos ou calamidades o impeçam de receber o que lhe caberia por direito.

12) Ìfá nos avisa que sob a influência desse Odù em ibi, filhos podem tentar seguir os passos dos pais e falharem. Ìfá
avisa aos pais em questão que façam as oferendas necessárias para “desbloquearem” os caminhos de seus filhos e
também para protegê-los de inimigos. Se esses cuidados não forem tomados haverá uma sequência de derrotas; um
após o outro os filhos falharão em ocupar as posições desejadas por seus pais. Ìfá nos aconselha a fazer o ëbö
rapidamente, caso contrário apenas o mais novo entre nossos filhos terá reais oportunidades de sucesso em sua vida.

13) Ìfá nos fala aqui sobre um trabalho, um posto ou um cargo que está vago e poderá ser ocupado pela pessoa para
quem Ìròsùn Méjì se apresenta. O detalhe é que esse posto está vago devido a maquinações preparadas pelas pessoas
diretamente relacionadas a ele. Ìfá fala que há embustes, tramóias ou perigos envolvendo essa ocupação. Ele nos
aconselha a fazermos as oferendas apropriadas para que as pessoas envolvidas na situação não nos manipulem nem
nos destruam a partir do momento que aceitarmos o posto em questão. As oferendas apropriadas, unidas a um
comportamento prudente, garantirão a nós o sucesso que faltou a muitos, e poderemos usufruir dos benefícios do cargo
em questão pelo tempo que considerarmos adequado.

14) Quando em ibi, Ìròsùn Méjì nos fala sobre uma pessoa que se deixa dominar pela inveja. Esse sentimento pode ser
tão forte nesse Odù, a ponto de alguém deliberadamente se autoprejudicar, simplesmente por que assim prejudicará
ainda mais um desafeto. Ìfá diz que a pessoa que se permite dominar pela inveja destina a si mesmo um futuro de
constantes insatisfações. Se esse Odù aparecer para alguém que foi profundamente prejudicado por uma inveja, Ìfá diz
que Òrìñànlá se apiedará dessa pessoa e mitigará suas dores.

15) Ìfá avisa à pessoa para quem esse Odù se manifesta que ela deve se esforçar para atingir ire ìbùjokò. Aqui alguém
é atormentado em sua moradia, por que há quem deseje expulsá-lo ou atormentá-lo. Ìfá nos aconselha a fazermos as
oferendas apropriadas para que as pessoas nos respeitem e nos deixem viver em paz em nossa própria casa. Mas além
da oferenda, Ìfá avisa que teremos que ser duros na defesa de nossa integridade física e moral. Pusilanimidade apenas
tornará uma situação crítica ainda pior.

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16) Quando Ìròsùn Méjì se manifesta, Ìfá nos aconselha a sermos previdentes e usarmos as armas que estiverem ao
nosso alcance para descobrirmos quem de fato é nosso amigo. Aqui as pessoas se sentam à nossa mesa, mas não
perdem a oportunidade de nos criticar em nossa ausência. Conhecer quem é um amigo sincero pode evitar consideráveis
sofrimentos ou decepções no futuro.

17) Nos caminhos desse Odù nascem os jogos de azar. Ìfá nos fala aqui sobre os conhecidos sofrimentos que costumam
acompanhar tal prática. Quando em ibi, o desespero, a angústia, a dependência e compulsividade devem ser
consideradas, pois tais infortúnios caracterizam a vida do indivíduo que sofre desse mal. Por outro lado, em
circunstâncias específicas, alguém pode se salvar ou alcançar uma grande sorte através de um jogo de azar.

18) Kànbùrùkù também pode se apresentar quando Ìròsùn Méjì se mostrar em ibi. O problema é que aqui há uma
enorme tendência dessa situação não merecer a devida atenção, ou até mesmo das pessoas envolvidas não acreditarem
que estão sobre a influência de energias negativas. Ìfá nos aconselha a passarmos pelas cerimônias necessárias para
nos livrarmos desse mal, antes que negatividades ainda maiores se manifestem em nossas vidas.

Comportamento

1) Ìròsùn Méjì representa o sangue menstrual, e consequentemente está relacionado à herança genética e ancestral.
Ìfá ensina que receber tais heranças assegurará maiores chances de sucesso a uma pessoa ligada a esse Odù; ao
mesmo tempo em que renegar tal herança atrairá diversos infortúnios, visto que o insucesso é quase certo quando não
se pode contar com o apoio dos Ancestrais. Apenas esclarecendo, o sangue ao qual Ìròsùn está relacionado é o
intrauterino, aquele que permanece no interior do útero quando ali está um óvulo fecundado. O sangue que se esvai no
processo de menstruação está relacionado a outro Odù.

2) Ainda numa associação com o sangue menstrual, Ìròsùn representa o potencial de vida, pois é desse sangue que o
embrião se nutrirá para se transformar num novo ser. Ou seja, Ìròsùn está diretamente associado ao potencial; à
transformação e evolução de um ser (ou projeto) àquilo que ele está destinado a se tornar. Quando em ibi, as coisas
se mantêm como potencial e não evoluem para realidade objetiva.

3) Como todo Odù Méjì, Ìròsùn era sacerdote de Ìfá e divinou para vários seres no îrun e no àiyé. Mas quando aqui
chegou e se deparou com as dificuldades intransponíveis geradas pela falta do àñë das oferendas que ele negligenciou.
Ìròsùn se desestimulou com as adversidades e despachou seus ìkìn. Eis aqui o clássico exemplo do devoto que desiste
da devoção quando se depara com dificuldades aparentemente intransponíveis. O detalhe a ser considerado é que tal
atitude não o ajudou em nada; pelo contrário. Enquanto ele não retomou suas atividades religiosas e não voltou ao
îrun para concluir suas oferendas as coisas não melhoraram para ele. Ìfá nos orienta aqui a não fugirmos de nossos
problemas, pois os mesmo não fugirão de nós. Devemos encará-los com sabedoria e iniciativa, pois só assim
enxergaremos suas verdadeiras raízes e poderemos arrancá-las. Desestímulo perante dificuldades é uma característica
desse Odù quando em ibi. Num ponto de vista mais simplista e relacionado ao Candomblé, Ìròsùn fala sobre as pessoas
que abandonam a religião por falta de fé, estímulo ou simplesmente por decepções.

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4) Ìròsùn Méjì foi o Odù de Ìfá que encontrou mais dificuldades para prosperar no àiyé. Isso aconteceu por ele ter
negligenciado parte das oferendas que deveria ter realizado no îrun antes de vir para o àiyé. Na prática, esse fato
representa que dificuldades estarão presentes quando esse Odù se manifestar, mas Ìfá diz que essas mesmas
dificuldades se devem a erros pessoais, ao desejo de queimar fazes ou criar atalhos quando o ideal é fazer as coisas
com dedicação, comprometimento e paciência.

5) Apesar de suas derrotas estarem associadas à sua negligência em relação às oferendas prescritas, os mitos dizem
que Ìròsùn continuava insistindo em trilhar caminhos fechados, ou invés de se preocupar em descobrir o que fazer para
abri-los. Essa insistência numa situação fadada ao fracasso faz desse Odù o “senhor dos ciclos viciosos”. Aqui se gasta
considerável energia na tentativa de fazer funcionar o que nunca funcionará; de fazer dar certo o que está fadado ao
fracasso. Ìfá nos aconselha aqui a fazer uma regressão, olharmos para trás para vermos o momento em que as coisas
começaram a dar errado. Esse será o ponto em que devemos rever nossas atitudes e conceitos, pois sem essa revisão
não poderemos fugir dos caminhos que constantemente nos arrastam para o sofrimento ou dificuldades sem sentido.

6) Ìfá nos orienta aqui a contestarmos situações que em nossa julgamento parecem sem sentido ou erradas. Ìròsùn é
conhecido por ter contestado uma certa afirmação inverídica, quando muitos outros awo não o fizeram pelos mais
diversos motivos. Se achamos que algo está errado, devemos dizer e arcar com as conseqüências de nossa postura. Ìfá
fala sobre oportunidades de ajudar outras pessoas e a nós mesmos através de uma postura corajosa e caridosa, mesmo
que a princípio corramos algum risco por fazer o que é certo.

7) Ìròsùn é um Odù que estimula à prática constante do bem, pois ao contrário de muitos outros, nesse Odù haverá
reconhecimento pelos acertos que cometemos em nossa vida. Pode demorar muitos anos, mas a semente de bondade
plantada germinará e nos abençoará com seus frutos. Atos bondosos do passado poderão nos salvar no futuro.

8) Ìfá avisa que algumas situações da vida podem nos forçar a contrair empréstimos. Ele diz que com parte desse
empréstimo deveremos colocar em dia nossas oferendas e responsabilidades espirituais. Dessa forma atrairemos para
nossa vida oportunidades claras de crescimento e prosperidade. Ìfá também fala sobre a importância de honrar o
empréstimo em questão, para que as oferendas realizadas possam ser abençoadas pelo îrun. Quanto ao pagamento
do empréstimo, se não pudermos realizá-lo simplesmente com dinheiro, poderemos encontrar em nossas próprias
qualidades profissionais os meios adequados de manter a honra imaculada.

9) Nesse Odù recebemos de Ìfá a orientação para sermos cordiais. Demonstrar educação e respeito atrairá a simpatia
daqueles que de uma maneira ou de outra poderão nos ajudar ou nos livrar de futuros problemas ou sofrimentos. Ìròsùn
Méjì fala sobre um bom coração, e a cordialidade deve ser entendida como uma forma desse bom coração mostrar seu
valor. A simpatia demonstrada às pessoas atrairão futuros benefícios para nossa própria vida.

10) É sob a influência desse Odù que as crianças começam a demonstrar curiosidade sobre a vida sexual. Ìfá aconselha
aos pais a lidarem com o problema de forma clara e verdadeira, para evitar constrangimentos ou em casos extremos,
sofrimentos consideráveis no âmbito da família. Sob certas circunstâncias, Ìròsùn Méjì também fala sobre o jovem que
não conhece os segredos de sua origem e exige dos pais que os revelem.

11) Ìfá nos fala aqui sobre a recusa de Galo em oferecer sua crista como ëbö, mesmo sabendo que essa oferenda lhe
salvaria a vida. Quando em ibi, Ìròsùn nos fala sobre o comportamento típico daqueles que preferem morrer (ou sofrer

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consideravelmente) ao invés de adotarem hábitos que lhe ofereceriam vida e bem estar. Esse triste aspecto de Ìròsùn
pode ser aplicado em diversas áreas, como saúde, relacionamentos, negócios, etc. Também sob certos aspectos a
impossibilidade de renunciar a uma situação prazerosa e prejudicial deve ser considerada. Mais uma vez é importante
salientar que esse Odù fala sobre os ciclos viciosos; a repetição dos mesmos erros que não nos favorecem em nada.

12) Ìfá revela que quando Orí chegou ao àiyé, se questionava se conseguiria bênçãos para sua vida. Para resolver essa
questão, ele foi instruído a fazer oferendas a Osún. Essa Divindade é conhecida por ser uma espécie de guardião da
memória Ancestral. Oferendas a Osún reativam em nosso inconsciente as mensagens trazidas do îrun e que devem
nortear nossa passagem pelo àiyé. Intuitivamente tendo acesso a tais informações, uma pessoa não se perderá na vida
nem se desviará dos caminhos originalmente traçados no îrun, e que certamente a conduzirão à felicidade no àiyé. Por
se tratar de um îpá, Osún está diretamente associado à Ancestralidade, sendo em certas circunstâncias considerado
um “mensageiro” da mesma. Osún também é conhecido por zelar da saúde mental do babalawo. Sabendo que Ìròsùn
ficou tremendamente desestimulado devido as dificuldades que encontrou no àiyé, oferendas a Osún também serão
úteis para nos ajudar a manter os estados mentais necessários para o sucesso.

13) Nesse Odù nascem os vaga-lumes, incumbidos por Ölïfin a levar luz por onde passassem. Similarmente Ìfá avisa à
pessoa para quem esse Odù aparece que sua missão é iluminar as almas que encontrar em sua jornada pelo àiyé.
Devemos nos esforçar para sermos sempre úteis e também a fazer uma diferença positiva na vida dos que nos cercam.

14) Aqui Îrúnmìlà estava sem pessoas para lhe ajudar, e conseguiu a ajuda que precisou quando se casou e começou
a ter filhos. A manifestação desse Odù sugere que é momento de reforçar os vínculos familiares. Como já foi visto,
Ìròsùn Méjì está associado à Ancestralidade num aspecto todo particular; a transmissão do material genético (cultural,
espiritual) de uma geração a outra. Ìfá nos avisa aqui que o fortalecimentos dos vínculos familiares é vital por que
enfrentaremos desafios ou dificuldades que só poderão ser satisfatoriamente vencidos através do auxílio dos entes
queridos.

15) Nesse Odù recebemos de Ìfá a seguinte orientação; “Um homem sábio salva seu povo”. Ìfá fala sobre um grupo de
pessoas que está descontente com seu atual líder. Esse mesmo líder em breve perderá o poder e se afastará (ou será
afastado). O fato é que o povo perceberá que sem o líder as coisas piorarão, e isso se deve ao fato de que o necessário
na verdade não é uma liderança, e sim sabedoria. Se cada uma das pessoas se esforçarem para desenvolver sabedoria,
para perceber as coisas da vida como elas são, para encontrar soluções práticas e harmoniosas para a resolução dos
problemas, também perceberão que um líder, por mais influente que seja, não pode comandar um povo que por si
mesmo não esteja disposto a se melhorar. Por último, Ìfá avisa a um líder que seu comprometimento é com o bem
estar de seus comandados. Se esse mesmo líder perceber que uma pessoa mais sábia está mais apta à liderança, então
deverá ceder o poder (total ou parcialmente) a essa pessoa.

16) Quando em ibi, Ìròsùn Méjì fala sobre futilidade e preocupação exagerada com a aparência externa e outros detalhes
mundanos. Ìfá avisa à pessoa que assume tal comportamento que nada de bom advirá dessa situação. Essa mesma
pessoa deve evitar o casamento (ou outro grande comprometimento) até que perceba a futilidade de suas ações e
pensamentos. Engajar-se em situações sérias para alguém desprovido de seriedade é prenúncio de insucesso.

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Relacionamentos

1) Ìròsùn Méjì é conhecido por ser um Odù “quente”, onde relacionamentos intensos e paixões estão presentes.
Infelizmente essa situação favorece as infidelidades, também tão comuns nos caminhos desse Odù. Ìfá avisa a um
cônjuge que devido suas exigências profissionais fica muito tempo fora de casa que reavalie sua conduta, pois sua
ausência será um incentivo para a infidelidade de seu companheiro.

2) Ìfá nos fala aqui sobre situações inusitadas e negativas, que podem comprometer ou até terminar com um noivado
ou um relacionamento consideravelmente sério. Dentre diversos tipos de possibilidades que se encaixam no padrão
exposto, merecem destaques às que estão relacionadas a doenças.

3) Como já foi visto, Ìròsùn Méjì fala sobre paixões e sentimentos intensos. Ìfá nos fala aqui sobre alguém cujos amigos
lhe traem a confiança, cortejando sua esposa ou companheira sempre que têm oportunidade.

4) Ìròsùn Méjì fala sobre paixões envolvendo pessoas de diferentes classes sociais. Aqui os ricos tentarão artifícios (ou
até maldades) para impedir que seus filhos se relacionem com pessoas pobres. Ìfá também diz a um casal que se
encaixe no perfil aqui exposto que de fato se amem, se auxiliem e façam ëbö. Se esses conselhos forem seguidos o
casal em questão conseguirá vencer as dificuldades e oposições, e poderão viver seu romance se assim o quiserem.

5) Ìròsùn Méjì fala sobre múltiplos pretendentes. Ìfá nos avisa que apesar de várias pessoas representarem opções
sentimentais para a pessoa a quem esse Odù se revela, a mesma deverá tomar suas decisões seguindo alguns critérios.
Apesar das paixões estarem presentes nesse Odù, as decisões sentimentais devem se basear na racionalidade. Ìfá nos
orienta a escolhermos a pessoa que melhor favorece nosso bem estar onírico, e não apenas aquela que nos concede
mais prazer. Ìfá também avisa que serão maiores as chances de felicidade com uma pessoa de pele mais escura.

6) Ìfá nos avisa aqui a tratarmos nossos companheiros com amor e respeito. Se não pudermos fazê-lo, então o melhor
seria liberar essa pessoa para que a mesma tenha oportunidade de encontrar quem o faça. Estar com alguém e não
demonstrar amor através de ações e atitudes despertará a ira, a revolta e a maldade da pessoa má amada. Ìfá diz que
sob essas condições poderemos ser consideravelmente prejudicados pela pessoa cujo coração está ferido. Ìròsùn Méjì
é Odù de retaliação; aqui paixão pode rapidamente se transformar em ódio. A pessoa para quem esse Odù se manifesta
deverá saber se nesse caso é ela que negligencia o amor alheio, ou se seu amor está sendo desdenhado. No segundo
caso, as oferendas a ajudarão a resistir ao impulso de prejudicar a outra pessoa, pois um dia o Universo exigirá a
reparação devida.

7) Ìròsùn Méjì é um Odù de más escolhas sentimentais. Aqui há uma pessoa (provavelmente uma moça) que é cortejada
por um bom rapaz, mas infelizmente essa mesma pessoa não valoriza tais sentimentos e se sente atraída por pessoas
de mau caráter. Ìfá nos inspira aqui a reavaliarmos nossas opções sentimentais, para que não aconteça de abrirmos
mão de uma sorte em nome de um prazer fugaz e mentiroso. Infelizmente há magias que podem auxiliar uma pessoa
a enxergar com clareza suas opções sentimentais, favorecendo assim uma escolha sábia e abençoada.

8) Ìròsùn Méjì é o Odù da pessoa fútil, que passa muito tempo à frente de um espelho, como se esse pudesse iluminar
sua mente. Ìfá avisa a uma pessoa fútil que evite comprometer-se seriamente, pois seu comportamento é um prenúncio
de insucesso sentimental. Quando em ire, Ìfá pode estar avisando a uma pessoa que não se encaixe no perfil aqui
10
exposto a evitar relacionamentos mais sérios com alguém que se encaixe, pelo menos até que esse alguém perceba a
importância de alterar seu comportamento.

Saúde e bem estar

1) Ìròsùn Méjì pode representar um presságio de dificuldades em gestações, especialmente no momento do parto. Ìfá
nos aconselha a fazermos as oferendas necessárias e também a limparmos nossas mentes, pois aqui o peso de nossos
erros pode gerar bloqueios tão intensos em nossa mente, a ponto de nosso corpo não responder adequadamente às
duras necessidades do parto. Confessar nossas falhas pode ser essencial para a manutenção da saúde, e talvez essa
questão não se limite a um trabalho de parto.

2) Ìròsùn Méjì nos fala sobre a hipótese de àbìkú. Além de todos os cuidados que essa situação exige, Ìfá nos aconselha
a propiciarmos nossos Ancestrais, para que os mesmos acompanhem os espíritos àbìkú no àiyé, protegendo-os de
cometer os atos que selarão o pacto feito com os Ûmûrû.

3) Ìfá nos orienta a sermos cuidadosos com nossos olhos, pois problemas de visão tendem a se manifestar quando
Ìròsùn Méjì se apresenta. Dentre diversos tipos de problemas, merecem destaque os que estão relacionados a profissões
específicas ou atividades profissionais que possam colocar em risco a saúde ou integridade das córneas.

4) Quando em ibi, Ìròsùn nos fala sobre doenças epidêmicas que podem se abater sobre toda uma região. Se as grandes
oferendas forem realizadas antes de tal calamidade, toda uma família se livrará dos infortúnios aqui citados. Além da
óbvia bênção de saúde e vida longa, a proteção espiritual da família em questão lhe renderá fama e prestígio, pois as
pessoas reconhecerão tal família como portadora de grande àñë.

5) Ìfá nos fala aqui sobre a importância de toda uma linhagem realizar as oferendas necessárias para assegurar vida
longa. Quando em ibi, Ìròsùn fala sobre uma família ou um grupo de indivíduos que historicamente sofrem morte
precoce. Essa triste situação poderá evitada se os conselhos de Ìfá forem fielmente seguidos.

6) Como já foi visto em “comportamento”, muitas vezes a saúde dependerá da renúncia a maus hábitos para prevalecer.

Ìfá diz.

- Esse Odù fala sobre popularidade e estima por parte de amigos ou conhecidos.
- Alude à necessidade de cuidados com saúde, especialmente com a cabeça.
- Fala sobre a possibilidade de sentir desânimo e falta de interesse em tudo que se faz.
- Odù de complicações amorosas e dificuldades materiais. Oferendas trarão auxílio.
- Evitar ceder a maus sentimentos (raiva, rancor ou outros males) abrirá caminhos.
- Aqui os pais ser recusam a fazer os sacrifícios necessários em nome da felicidade dos filhos.
- Por isso o início da vida de uma pessoa pode ser muito difícil, com dificuldades para se manter e prosperar.

11
- Manda fazer uma análise profunda e sábia do futuro, tendo em mente do que o “homem propõe, Deus dispõe”.
- Odù de forte ancestralidade. Cerimônias anuais são feitas, e os pais são louvados, quer estejam no àiyé ou não.
- É preciso ter consciência sobre a necessidade de desenvolver paciência, pois nenhuma condição é permanente.
- A mulher que busca um filho o terá. Há chances de ser menino com missão espiritual.
- Tendência a deixar assuntos inacabados. Fugir dos problemas acarretará vergonha.
- Círculo vicioso. Fala Osún, que zela pela memória de fatos já ocorridos, para que tais círculos sejam quebrados.
- Devido ao fator “memória do passado”, a ancestralidade é forte nesse Odù.
- Devemos nos preparar para sermos os ancestrais do futuro.
- Ìròsùn ensina que períodos de abundância e dificuldades são cíclicos.
- Para tudo há um tempo certo.
- Escolhas erradas levarão ao fracasso e à pobreza.
- Ìròsùn atrai a generosidade das pessoas.
- Ìfá revela que antes de prosperar, essa pessoa passará por dificuldades e provações.
- Esse Odù rege sangue, fígado e artérias. Deficiências cerebrais, oftalmológicas e enfermidades desconhecidas.
- Odù ligado ao fogo. Incêndios.
- Aborda uma família abandonada
- Um ëbö pendente ou um erro do passado impede essa pessoa de prosperar. Odù de dificuldades financeiras.
- Quando os assuntos pendentes (religiosos ou não) forem resolvidos, haverá consideráveis melhoras.
- Há a simpatia de Ñàngó. Proteção de Îñun, Èñù e Òñàlá.
- Aconselha a ouvir os conselhos do cônjuge.
- Inclinação a fazer as coisas do jeito mais difícil e se envolver com quem não presta.
- Esse Odù alude à necessidade de enormes sacrifícios para evitar um sofrimento.
- Algumas situações simplesmente não compensam.
- Fala sobre despreparo e necessidade de se dar valor ao que se tem.
- Ìròsùn Méjì é o chefe dos ladrões.
- Ìfá fala sobre mágoas e ressentimentos familiares, que dificultam uma vida harmoniosa e feliz.
- Ensina que Ûlà é a Providência.
- Afirma que muitos dependerão dessa pessoa.
- Curiosidade excessiva pode gerar problemas, ou até mesmo tragédias.
- Há boas idéias e humildade.
- Aborda a necessidade de esforços para abandonar a futilidade.
- Não se assume compromissos enquanto ela estiver presente.
- Inimigos, armadilhas, inveja. Mantenha-se atento.
- Depois de dificuldades, filhos conseguirão boa posição na vida.
- Não amaldiçoe para não perder sua sorte.
- Nesse Odù troca-se o algo por nada.
- Afirma que um homem será salvo por uma mulher.
- Assinala a presença de paixões, múltiplos pretendentes, ciúme e infidelidade.
- Ìròsùn favorece descobertas.
- Evita-se escombros ou construções abandonadas.
- Dificuldade para acreditar nas pessoas.
- Ìfá fala sobre uma pessoa ou uma linhagem que não possui vida longa.
- Há a necessidade de inteligência para conviver num ambiente de disputas e intrigas.

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- Ìfá fala sobre alguém que precisa aprender a se defender, para que finalmente possa se impor.
- É preciso defender nosso espaço (emprego, moradia, relacionamentos, etc.).
- Ìfá fala sobre uma mulher que deseja ter filhos.
- Aqui há o desejo de sair de um relacionamento, pois há curiosidade pelo que não se experimentou.
- Descontentamento sentimental. A pessoa acredita que seu casamento é quente demais, ou frio demais, etc.
- O homem pode ter que assumir um filho que não é seu. Ìròsùn é Odù de infidelidade.
- Os Antepassados zelam por uma criança para que ele não se meta em situações perigosas.
- Um relacionamento pode acabar, devido limitações físicas de uma das partes.
- Aqui a mulher é assediada por “amigos” do marido.
- A ingratidão será a paga por esforços em nome do bem estar alheio.
- É preciso tomar cuidado, pois uma mulher mal amada pode nos levar à perdição.
- Títulos ou promoções esperam por essa pessoa. Para consegui-los é preciso ëbö e segredo.
- Revelar planos ou pretensões só chamará a atenção de inimigos para si.
- Alguém corre um risco de ser atacado ou sofrer uma traição, mas essa pessoa não se permite ser ajudada.
- Ìfá fala sobre a necessidade de se criar um meio em que seja possível ajudar alguém que está em perigo.
- Aqui a pessoa tem inimigos, mas não acredita nisso, pelo simples fato de não vê-los.
- Ìfá aconselha fazer o que deve ser feito enquanto há recursos para tal.
- Esse Odù ajuda uma pessoa a conseguir um empréstimo.
- Ìfá fala sobre a necessidade de usar as habilidades pessoais para resolver problemas financeiros.
- Recebe-se prêmios por reaver posses alheias (encontrar objetos, pessoas, etc.).
- Ìfá fala sobre um corpo desaparecido.
- Aqui se recebe premiações por encontrar objetos perdidos;

Obras de Ìròsùn Méjì

1) Realizaremos oferendas às Divindades indicadas por Ìfá para que:

a) Nosso potencial se transforme em realidade objetiva e abençoada;


b) Possamos romper com os ciclos viciosos que nos conduzem às perdas, infortúnios e consequente desânimo:
c) Livrar inocentes da prisão;
d) Tenhamos coragem de fazer o que é certo, mesmo quando as eventuais conseqüências não nos agradam;
e) Nosso cônjuge desista da idéia de nos ser infiel;
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f) As pessoas que ajudamos ou para quem trabalhamos nos presenteiem abundantemente;
g) Obtenhamos honra, reconhecimento e fama por nossos serviços e ações;
h) Para que nossos filhos não passem por sofrimentos desnecessários no àiyé;
i) Possamos passar de um emprego modesto para um caminho grandioso, que favoreça nossa real prosperidade;
j) Pessoas de diferentes classes sociais possam se amarem, apesar das oposições que encontrão;
l) Possamos ser bem orientados e tomar as melhores decisões no âmbito sentimental de nossa vida;
m) Possamos receber ire mötarì, especialmente em momentos de grande dificuldade;
n) Não sejamos prejudicados por conselheiros, diretorias ou associações semelhantes;
o) Mudanças em leis, regras ou normas nos sejam favoráveis;
p) Possamos receber uma herança abençoada, e não uma maldição que possa nos encurtar a vida;
q) Nossos filhos possam vencer as dificuldades e os inimigos que possam impedi-los de sucesso na vida;
r) Uma viagem pode se transformar em sinônimo de oportunidades financeiras e sentimentais;
s) Possamos nos livrar da ação negativa de Kànbùrùkù.

2) Èñù e Eleninì receberão oferendas para nos livrar de situações que nos atam ao sofrimento, ao atraso e consideráveis
dificuldades que nos impedem o desenvolvimento.

3) Èñù, Orí e Ûlûdà receberão oferendas para assegurar nossas oportunidades de crescimento, desenvolvimento,
prosperidade e felicidade nesse mundo.

4) Èsà receberão oferendas para proteger um àbìkú de cumprir seu pacto com os Ûmûrû.

5) Îsànyìn receberá oferendas para abençoar as folhas que usaremos para tratar problemas de visão.

6) Onílû receberá uma grande oferenda para que enfermidades, miséria e sofrimentos não conduzam uma família inteira
à perdição, miséria e ostracismo.

7) Èñù e Èsà receberão oferendas para finalmente favorecerem nossa prosperidade, abundância e felicidade.

8) Ìfá nos aconselha a fazermos todas as oferendas necessárias e também a zelarmos por nosso comportamento, para
que uma pessoa mal amada (por nós mesmos) não venha a nos prejudicar. Se a pessoa má amada for o indivíduo para
quem esse Odù aparece, as oferendas o ajudarão a resistir ao desejo de prejudicar a outra parte, e assim ter que arcar
com as sérias conseqüências dessa atitude.

9) Uma sopa será consumida pelo casal que deseja um filho. Se Ìfá assim confirmar, esse mesmo preparo poderá atrair
diversas outras bênçãos, e não apenas filhos.

10) Um îpá será preparado nos caminhos de Àgànjú para evitar morte precoce.

11) Îñun e Ñàngó (ou Àirá) receberão oferendas para ajudar um negociante cujos negócios não estejam bem.

12) Òñàlá receberá oferendas para abençoar toda uma linhagem com longevidade.

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13) Èñù receberá oferendas para nos proteger de situações de disputa em que nossos concorrentes desejem nos
prejudicar. As mesmas oferendas aumentarão consideravelmente as chances de sucesso nas disputas em questão.

14) Èñù e Îrúnmìlà receberão oferendas para nos protegerem quando formos assumir um novo posto, cargo ou
emprego, para que pessoas maldosas não nos manipulem, prejudiquem ou destruam.

15) Èñù, Ûlûdà, Èsà e Îrúnmìlà receberão oferendas adequadas para nos garantir vida longa, próspera e feliz. As
oferendas também nos ajudarão a alcançar grande fama e reconhecimento.

16) Osún receberá oferendas para proteger nossa mente da loucura e do desânimo, e também para nos lembrar sobre
nosso destino, nos ajudando a enxergar os melhores caminhos e oportunidades para a felicidade.

17) Ölïfin receberá oferendas para mitigar as dores de uma pessoa que foi prejudicada pela inveja alheia.

18) Magias serão realizadas com um lenço e um pilão para que uma pessoa deixe de se sentir atraída por alguém de
má índole e passe a apreciar pessoas de bom coração.

19) Ölïfin receberá oferendas para nos inspirar a encontrarmos meios de auxiliarmos e iluminarmos aqueles que nos
cercam.

20) Egún receberá oferendas para nos ajudar a descobrirmos quem de fato é nosso amigo.

21) Oke Ìpîrí receberá oferendas para garantir vida longa.

22) Îrúnmìlà e Òrìñà ìdílé receberão oferendas para nos ajudar a estreitar os vínculos familiares; imprescindíveis para
que determinados desafios ou dificuldades sejam vencidos.

23) Îrúnmìlà e um Òrìñà funfun receberão oferendas para inspirar e liderar ao sucesso e organização um povo que está
descontente e desorganizado.

24) Orí e Ûlûdà receberão oferendas para promover o crescimento espiritual de uma pessoa fútil, totalmente incapacitada
de se enganar seriamente em relacionamentos ou outras situações complexas. As mesmas oferendas também auxiliarão
alguém que esteja prestes a se envolver com uma pessoa cujo comportamento adéqua-se ao aqui exposto.

25) Um ògùn deve ser preparado para tratar problemas da visão.

26) Antes de oferecer algum animal aos Ancestrais, os mesmos devem ser amarrados a um àkòkò.

27) Oferendas anuais serão realizadas aos Ancestrais para que um recém nascido e sua linhagem recebam proteção.

28) Ûfun é amplamente usado para aplacar a negatividade desse Odù.

29) Um îpá do tamanho do interessado será preparado e ritualmente sepultado (ire àikú).

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30) Para incrementar a libido, se faz uma sopa com os testículos de cabritos oferecidos a Òrìñà, acrescentado iyëfá de
Ògúndá Méjì (potencial sexual).

31) Se faz ëbö com um lenço e um pilão invertido para mudar o pensamento de uma pessoa.

32) Para evitar morte súbita, é feito um àtin com sal; as folhas torradas da Baphia Nitida, Leguminosae Papilionoideae,
Carpolobia Lutea, Polygalaceae, Scadoxus Cinnabarinus, Amaryllidaceae e uma bala encravada numa Chlorophora
Excelsa, Moraceae (ìrokò). Tudo será queimado e o Odù será riscado no pó preto, que deverá ser consumido com àkàsà
frio após o jantar.

Ikú kì í gun orí igi osùn nífû A morte nunca sobe na árvore osùn em Ìfû
Níjï tí ikú bá gun orí igi osùn ni ikú sùn lö Quando Ìkú na árvore osùn, cai em sono profundo
Îsúnsún ni òun yóò fi máa ibi síwájú É îsúnsún que ele usará para empurrar o mal adiante
Arýhìnkosùn kì í rí jà Ñînpîná Arýhìnkosùn nunca experimenta a fúria de Ñînpîná
Iyî ni òun yóò fi yö gbogbo ibi náà jáde O sal é o que usamos para extrair todo o mal
Öta inú ìrókò lòun ó fi kó gbogbo ibi kúrò. A bala recolhida no ìrokò recolherá o mal e o mandará embora

33) Para que a menstruação se apresente, se faz àtin com as folhas moídas das seguintes plantas: Folha de LAWSONIA
INERMIS, Lythraceae (hena); a flor, a folha e o fruto da CANNA INDICA (vermelha), Cannaceae (cana-de-jardim). O
Odù será riscado no àtin, que deverá ser consumido à noite com ûkî quente.

34) Para tratar varíola, prepara-se àtin com as folhas PLEIOCARPA PYCNANTHA, Apocynaceae; PEPEROMIA PELLUCIDA,
Piperaceae (jabuti-membeca) e SENECIO BIAFRAE, Compositae. As folhas devem ser queimadas e o Odù será riscado
no àtin. O preparo será lambido junto com azeite de dendê.

Eléwé öbû ní í bë ìgbònà Eléwé öbû pacifica a varíola


Rinrin kì í gbóná Rinrin nunca fica quente
Ûrî ni ti wîrîwï. Wîrîwï é calma

35) Será preciso passar pelos rituais adequados para adquirir o Ìfá pessoal, a fim de obter sucesso profissional, e
consequente bem estar financeiro.

16
Ìròsùn tem que voltar ao îrun

“As tribulações de um sábio não serão eternas”;


“Sua pobreza lhe trará prosperidade e ele rirá de seus infortúnios”.
Ìfá foi criado para Ìròsùn,
No dia que ele veio do îrun para o àiyé.
Aconselharam-no a oferecer um galo,

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E uma tartaruga à Divindade dos Obstáculos;
Assim como um cabrito a Èñù,
E uma galinha d’angola a Orí;
Mas Ìròsùn recusou-se a fazer tais oferendas.
Então ele veio ao àiyé e começou a praticar Ìfá;
Mas devido sua pobreza não conseguiu casar-se nem ter filhos.
A vida tornou-se muito dura para ele,
A ponto dele despachar seus ìkìn.
Então um dia ele teve um sonho;
Seu Òkè Ìpînrí apareceu e disse que seus infortúnios,
Deviam-se à sua irresponsabilidade;
À sua postura de não fazer as oferendas necessárias,
Em nome de sua própria boa sorte.
Quando Ìròsùn acordou,
Foi atrás de seu Ìfá e rapidamente fez o que seus anciães lhe aconselharam.
Ele ofereceu o cabrito a Èñù,
E voltou ao îrun para reportar a Olódúmarè,
Os motivos de seu fracasso no àiyé.
Para essa viagem Ìfá aconselhou-o a levar um galo,
Uma tartaruga,
Inhame,
Água,
Dendê,
Pimenta,
Quiabo e fumo.
Quando Ìròsùn aproximou-se do îrun,
Seguiu para a cidade de Iyeyemuwò,
Divindade do Infortúnio, Mãe dos Obstáculos.
Quando ele a encontrou ajoelhou-se,
E disse que estava ali para renovar seu pedido de boas bênçãos.
Iyeyemuwò disse, “É muito cedo para fazer pedidos”;
Ela disse, “O almoço nem está pronto”.
Imediatamente Ìròsùn mostrou a comida que trouxe consigo.
Ela disse, “Ah! Aqui não se pode ajoelhar diretamente sobre o chão”.
Então Ìròsùn ajoelhou-se sobre a tartaruga que levara consigo.
Para cada dificuldade que ela criava,
Ìròsùn mostrava-se preparado.
Então ele pode fazer seus pedidos,
Aos quais Olódúmarè abençoou, batendo seu cetro.
Quando Iyeyemuwò ouviu o som do cetro de Olódúmarè,
Foi para a cozinha preparar alimentos.
Foi aí que Èñù disse, “Você, Ìròsùn. Volte para o àiyé antes que ela retorne”.
Quando Iyeyemuwò voltou da cozinha,

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Viu que Ìròsùn não estava mais ali.
Ela perguntou a Olódúmarè, “Por que o senhor não o instruiu a pedir todas as bênçãos”?
Olódúmarè disse que não interferia nos desejos de seus filhos.
Foi aí que Iyeyemuwò percebeu que tinha sido enganada,
E persegui Ìròsùn no caminho que levava ao àiyé.
Quando ela percebeu que não o alcançaria,
Esticou seu braço e com suas garras machucou as costas de Ìròsùn.
Ela disse, “Assim como os olhos não veem as costas”;
Ela disse, “As pessoas não realizarão seus desejos”,
Ela disse, “Sem primeiro tatearem no escuro por um bom tempo”,
Ela disse, “E experimentarem grande sofrimento”.
A dor do ferimento deixou Ìròsùn inconsciente;
Quando ele acordou estava em sua cama,
Não se lembrava do acontecido.
Esse é o estado de escuridão da vida intra-uterina,
Durante o qual se perde a lembrança do que se deve fazer no àiyé.
Depois de tudo isso, os demais Odù Agbà,
Eles se apiedaram de Ìròsùn,
E cada um deu a ele um pouco de suas riquezas.
Ìròsùn conseguiu muitos presentes, tornou-se abastado.
Ele dançava e regozijava;
Louvava os awo, que louvavam Ìfá,
Pois a palavra mostrara-se verdadeira.

Ìròsùn salva os babalawo da prisão

Ìfá foi criado para Ìròsùn,


No dia que Ölïfin prendeu todos os babalawo.
Baba os chamava e quando eles chegavam a sua casa,
Uma mulher mostrava um caixão e dizia que ali jazia Ölïfin.
Se o babalawo não contestasse tal afirmação, era preso.

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Um a um eles foram chamados e presos.
Quando Ìròsùn foi chamado,
Correu para consultar Ìfá.
Ele foi instruído a fazer ëbö com quatro galinhas;
Quando ele saiu de casa deparou-se com um mendigo,
Que lhe pediu esmola;
Ìròsùn deu-lhe uma das galinhas.
Durante o trajeto à casa de Ölïfin,
Ele cruzou com mais três mendigos;
E a cada um deles deu uma galinha.
Foi o quarto mendigo que disse, “No local para onde você está indo”;
Ele disse, “Conteste aquilo que lhe disserem”,
Ele disse, “Um morto não estará morto, até seu cadáver ser visto”.
Quando Ìròsùn chegou à casa de Ölïfin,
Disseram que Baba havia morrido.
Mostraram o caixão a Ìròsùn, mas ele não acreditou.
Foi aí que Ölïfin apareceu e disse, “Esse é um verdadeiro awo”!
Ele disse, “O que me pedires, realizarei”.
Ìròsùn disse, “Que os awo sejam libertados”;
E Ölïfin os libertou.

O filho ilegítimo de Ìròsùn

Ìfá foi criado para a esposa de Moròmopè,


A esposa de Ìròsùn,
Quando ela teve problemas de parto.
Sim, em virtude das maldições lançadas por Iyeyemuwò,
Ìròsùn encontrava dificuldades em seu dia a dia,
Por isso precisava se ausentar de casa,
Para divinar por diversos lugares.
Quando ele saía para fazer isso,
Sua esposa ficava flertando,
Até que finalmente ela engravidou.

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Quando chegou a hora da criança nascer,
Ìròsùn não estava em casa,
Por isso chamaram um awo de nome Adáwàra;
Que era famoso por fazer predições que se realizavam quase imediatamente.
Quando ele criou Ìfá para Moròmopè,
Disse que ela não conseguiria trazer à luz aquela criança,
Até que confessasse que Ìròsùn não era o pai.
Sem opções ela confessou, e assim a criança nasceu.
Foi o mesmo Adáwàra que fez o ìkòmîjadè da criança;
Ele disse que era preciso oferecer um galo e um cabrito,
Para minimizar os problemas que dificultariam,
Para que a criança tivesse uma vida melhor;
Também foi dito que ao crescer,
A criança não deveria adentrar à mata sozinho nos dias de descanso,
Para evitar o risco de encontrar espíritos que lá habitam.
Também foi dito que os Antepassados deveriam receber oferendas,
Para que pudessem acompanhar a criança,
E impedi-la de quebrar seus èwî.
Tudo isso eles ouviram, e fizeram.

Ìròsùn quase fica cego

Ìfá nos fala aqui sobre a bondade de Ìròsùn Méjì,


Que sempre ajudava quem o procurava.
Certa vez ele foi procurado por um caçador,
Que não conseguia caçar nada há tempos;
E também foi procurado por um granjeiro,
Cuja granja quase não produzia nada;
Ìròsùn consultou e fez ëbö para os dois.
Durante os rituais para o caçador,
O fogo feriu seus olhos e ele quase ficou cego.
Durante os rituais para o granjeiro,

21
O Sol incidiu sobre seus olhos,
Prejudicando definitivamente sua visão.
Embora passasse por essas dificuldades,
Isso não o impediu de cumprir seus deveres,
Favorecendo a prosperidade daqueles dois.
Mas os clientes de Ìròsùn lhe pagaram com traição;
Aproveitaram que ele quase não enxergava,
E cortejaram sua noiva.
A moça não cedeu às investidas dos pilantras,
Mas sentiu que não poderia se casar com um quase cego.
Então ele desfez o noivado com Ìròsùn,
Mas não se lhe falar a verdade sobre seus clientes falsos.
Ìròsùn ficou muito triste com a situação,
E naquela noite sonhou que fazia ëbö,
Usando um cabrito e algumas folhas.
As folhas ele fez ògùn,
E lavou a cabeça e os olhos por sete dias.
Quando acordou fez tudo aquilo que viu em sonho.
Ao final do sétimo dia sua visão retornara;
Ele parecia mais forte e jovial que nunca.
Ele foi atrás de sua antiga noiva,
Que imediatamente consentiu em voltar ao relacionamento.
Quando Ìròsùn reencontrou o caçador e o granjeiro,
Ele disse, “Você, caçador”;
Ele disse, Seus olhos serão sempre sensíveis à claridade”.
Ele disse, “Você, granjeiro”;
Ele disse, “Não conseguirá lucro nenhum sem antes ser queimado pelo sol”.
É por isso que caçadores e granjeiros sofrem em suas profissões até hoje.

Ìròsùn ganha presentes e se torna popular

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Awo Adayokò criou Ìfá para Ìròsùn,
No dia que ele quis saber o que poderia se feito,
Para que ele se tornasse popular nas cortes de todos os reis.
Foi dito que ele deveria fazer um ëbö.
Ele disse, “O que vai nesse ëbö”?
Disseram, “Um cabrito, sete galos, sete galinhas”;
Disseram, “Sete peixes, sete preás”;
Disseram, “Três cães e um bom dinheiro”.
Ìròsùn ouviu e fez a oferenda.
Depois que Ìròsùn fez o ëbö,
Todos os serviços que ele já tinha prestado,
Os reis começaram a lhe mandar vários presentes.
Ìròsùn recebeu vacas,
Recebeu escravos,
Recebeu esposas,
Recebeu dinheiro.
De tudo que havia de bom ele recebeu;
Ele tornou-se rico e popular.
Ìròsùn dançava e regozijava.

Antes de prosperar, Ìròsùn era vendedor de ëkï

“Não viva às pressas;


Não aceite um oyè afoitamente;
Há outra vida depois dessa;
Que é muito doce,
Como uma pessoa lambendo mel”. Há quem defenda o pensamento que esse verso justifica o uso de mel durante a imolação de alguns animais
Ìfá foi criado para Ëlýkö (vendedor de ûkö, Ìròsùn),
Da cidade de Idèrè,
Que era um dos filhos do povo de Îyï.
O que ele deveria fazer para se tornar uma pessoal honrada,

23
A quem todos respeitassem?
Disseram que ele deveria oferecer um ëbö.
O que ele deveria oferecer?
Disseram que ele deveria oferecer vinte e oito búzios,
Deveria oferecer quatro pombos,
Deveria oferecer quatro galos,
Deveria oferecer a roupa que estivesse usando.
Ëlýkö juntou e ofereceu o ëbö;
Ele apaziguou as Divindades.
Depois disso, sua vida começou a ficar agradável;
Ele se tornou o rei de Îyï.
Ele dançava e regozijava;
Louvava os awo, que louvavam Ìfá,
Pois a palavra mostrou-se verdadeira.

Ìròsùn salva sua casa de uma grande epidemia

Ìfá nos conta aqui,


Que depois de se tornar próspero e famoso;
Depois de ter muitas esposas, filhos e seguidores,
Ìròsùn foi se consultar com um de seus afilhados.
O awo recomendou-lhe ëbö,
Para que toda sua sorte não se perdesse,
E ele e sua casa não caíssem esquecidos num poço sem fim.
O ëbö era composto por uma vaca,
Três garrotes,
Um cabrito e três rodilhas.

24
Ìròsùn ouviu e fez o ëbö.
Então aconteceu que uma grande epidemia,
Se abateu sobre aquelas terras.
Muitas e muitas pessoas adoeceram,
Mas ninguém caiu na casa de Ìròsùn.
O porquê de tal mortandade?
Ah! Onílû reclamava que em seu quintal havia um enorme buraco;
Seu descontentamento gerava todas aquelas doenças.
Èñù pegou a grande oferenda feita por Ìròsùn,
E com ela tapou o buraco no quintal de Onílû
Ela acalmou-se e a epidemia desapareceu.
Quando as pessoas souberam,
Que ninguém na casa de Ìròsùn tinha adoecido,
Viram que ele tinha muito àñë.
Assim Ìròsùn foi lembrado durante muito tempo,
Mesmo depois de retornar ao îrun.

A princesa e o awo

Ìròsùn nos fala sobre uma princesa,


Que era apaixonada por um awo,
Embora esse não lhe prestasse atenção.
Um dia o rei quis testar esse awo,
E deu a ele uma joia,
Para que fosse devolvida no terceiro dia.
O awo guardou a joia,
Mas o que ele não sabia,
É que o rei ordenara a seus homens que a roubassem.
Quando chegou o dia de devolver a joia,

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O awo não a encontrou,
E pediu ao rei um prazo de mais três dias.
O rei concedeu, só para ver o que aconteceria.
Bem, a princesa sabia onde o rei guardara a joia recuperada.
Ela a pegou e a deu ao awo.
Ao terceiro dia, o awo devolveu a joia.
O rei impressionou-se com o fato,
E permitiu o casamento entre o awo e sua filha,
Pois queria vê-la casada como alguém poderoso.

Ìròsùn finalmente encontra a prosperidade

Ìfá foi criado para Ìròsùn,


No dia que ele foi avisado que suas dificuldades só desapareceriam,
Quando ele oferecesse duzentos preás e um porco como ëbö.
Ele perguntou como isso seria possível,
Visto que não possuía recursos para tal.
Bem, ele vivia pelo mundo consultando Ìfá para quem o procurasse;
Uma dessas pessoas foi a rainha do Benin,
Que não conseguia engravidar de jeito nenhum.
Ìròsùn disse que para engravidar ela precisaria fazer ëbö;
E que nesse ëbö ia um cabrito,

26
Um galo,
Uma galinha,
Um pato e algum dinheiro.
A rainha juntou as coisas necessárias e fez seu ëbö;
Ela voltou para o Benin e Ìròsùn continuou levando a vida.
Depois de um tempo a rainha gerou um varão,
Que herdou o trono do pai.
Passados alguns anos,
Ìròsùn resolveu visitar o Benin,
E quando a rainha soube de sua chegada, foi recebê-lo.
Ao vê-lo, ela cumprimentou-o humildemente;
Quando o rei ficou sabendo,
Mandou que lhe trouxessem a mãe e o novo babalawo.
Ele perguntou à mãe, “Por que se curvas diante de uma pessoa comum e pobre”?
A rainha respondeu, “Se hoje você tem uma coroa”;
Ela disse, “Agradeça a esse homem, cujo àñë permitiu-me engravidar”.
Então o rei ficou sabendo de toda a história,
E resolveu mostrar sua gratidão a Ìròsùn.
Ele disse, “O que posso fazer por ti”?
Ìròsùn lembrou-se de seu ëbö pendente,
E pediu ao rei os preás e o porco.
Naquele tempo não havia porcos domésticos,
Mas o rei determinou que tudo fosse arranjado como Ìròsùn queria.
Mas ele impôs uma condição para a permanência de Ìròsùn na cidade;
Ele perguntou, “Esse ëbö melhorará sua vida”?
Ìròsùn disse, “Sim”;
Ele disse, “Finalmente serei próspero e feliz”.
O rei disse, “Se assim acontecer em três dias, poderás ficar aqui”
Já no outro dia tudo estava pronto;
Ìròsùn ofereceu os preás como ëbö a Èñù e seus Ancestrais;
Ele prendeu o porco na árvore da vida (Akóko),
Que havia nos fundos do palácio,
Para fazer outro sacrifício no outro dia.
Durante aquela noite choveu muito,
Deixando a terra solta e macia.
O porco começou a cavoucar a terra,
Revelando um tesouro ali enterrado por um rei da antiguidade.
Depois de muito esforço,
O animal conseguiu romper a corda e voltou para o mato.
Pela manhã, quando Ìròsùn foi pegar o animal para imolá-lo,
Não o encontrou.
Em seu lugar estavam as riquezas por ele desencavadas.
Então ele comprou uma bela roupa,

27
Escravos e um cavalo;
Foi assim que ele se apresentou ao rei no terceiro dia;
O rei percebeu que a prosperidade chegara para Ìròsùn,
Assim como ele havia previsto.
Então o rei o nomeou babalawo real,
E nunca mais faltou bons clientes,
Dinheiro e alegria na vida de Ìròsùn.

Ìròsùn recusa-se a fazer ëbö por seus filhos

Okaraka Idasegberegbrewe ako,


Foi ele que criou Ìfá para Ìròsùn,
No dia que ele desejou ter um filho.
Disseram que a vida da criança seria dura;
Disseram que também seria difícil para eles, pais,
Encontrar os meios para sustentá-la.
Disseram que para reverter essa situação,
Seria preciso oferecer dois ìgbín.
Ìròsùn ouviu, mas não fez o ëbö.
É por isso que a vida dos filhos de Ìròsùn é difícil em seu início.

Ègbè Îpû, o filho de Àgbönnírègún

Gentilmente, Ahéré, o casarão da fazenda;


Você é único na fazenda.
Abà, o celeiro, aquele que não teme o deserto;
No dia em que as chuvas são esperadas,
O casarão terá vários companheiros.
Essas foram as declarações de Ìfá para Ègbè Îpû,
O apoio da Palmeira Santa,
Quando ele estava vindo do îrun para o àiyé.
Aqui, ele se tornaria filho de Îrúnmìlà,
Mas antes de sair do îrun,
28
Ele foi à casa dos sacerdotes já citados,
Para saber sobre suas chances de sucesso nesse mundo.
Ele teria vida longa?
Conseguiria alcançar todas as coisas boas do àiyé?
Essas eram as questões,
Que incomodavam a mente de Ègbè Îpû.
Os awo asseguraram que ele alcançaria idade avançada;
Que ele seria muito próspero e influente;
Que ele conseguiria as coisas boas desse mundo.
Mas ele também foi informado que,
Como carreira no àiyé,
Olódúmarè havia escolhido para ele o caminho de babalawo.
Se ele sancionasse a escolha Divina,
Seria extremamente bem sucedido em sua passagem pelo àiyé.
Ele foi orientado a fazer ëbö com três pombos brancos e dinheiro;
Ele também deveria oferecer uma cabra madura a seu Ìfá.
Ègbè Îpû ouviu, e fez o ëbö.
Quando aqui chegou,
Desde criança Ègbè Îpû começou a aprender Ìfá.
Quando completou vinte anos,
Já era bem versado na arte divinatória.
Quando Îrúnmìlà, seu pai,
Deu-lhe permissão para viver por conta própria,
Ègbè Îpû já era um babalawo formado.
Ele passou a ser conhecido e respeitado,
Tanto na vizinhança como em terras longínquas.
Ele foi bem sucedido em tudo que se propunha a fazer,
Através de sua reputação de competente babalawo.

Ahéré o kú Gentilmente, Ahéré


Íwö níkàn soño ninu oko Você é o único na fazenda
Ûru ò ba abà ni’jù Abà, o celeiro, aquele que não teme o deserto
Ó di’jï òjò bá rî No dia em que as chuvas são esperadas
Kí ahéré ó tóó di ëlëni o O casarão terá vários companheiros
Día fún Ègbè Îpû Ìfá foi criado para Ègbè Îpû
Tíí ñ’ömö bibi inú Àgbönnírègún Que era filho de Àgbönnírègún
Njý òwò ti n ó ñe là n’Ìfá O negócio ao qual me dedicarei é Ìfá
B’Ìfá bá hu Méjì Se Ìfá deixar dois
Ma të ïkan Eu marcarei um
Njý òwò ti n ó ñe là n’Ìfá O negócio ao qual me dedicarei é Ìfá
B’Ìfá bá hu îkan Se Ìfá deixar um
Ma të èjí Eu marcarei dois

29
Peixes e preás se proliferam em abundância

Ìfá foi criado para Preá e Peixe,


No dia que eles quiseram ter abundante prole no mundo.
Disseram que para isso,
Seria preciso fazer ëbö;
Eles ouviram fizeram as oferendas.
Desde então esses animais se proliferam em abundância,
E não sofrem de infertilidade.
Devemos oferecer uma galinha a Ìfá;
Com essa galinha e inhame prepararemos uma sopa;
Nessa sopa também vão as folhas indicadas por Ìfá;
Essa é a sopa que uma mulher e seu marido devem tomar,
Para que tenham abundante prole no àiyé.

30
Oníwèéré, o rei que mudou a própria sorte

Oníwèéré, o rei de Ìwéré,


Foi ele que se consultou com Ìfá,
No dia que chorava por não ter as bênçãos necessárias em sua vida.
Oníwèéré era um rei pobre;
Com exceção de sua coroa,
Ele não possuía mais nada na vida.
Não tinha dinheiro; esposas;
Filhos, autoridades, ou sequer boa saúde.
Ninguém levava a sério o que ele dizia;
Suas ordens eram simplesmente ignoradas.
Cansado dessa situação,
Ele resolveu se consultar.
Ele disse, “Poderei comandar e ser respeitado por meus súditos”?
Ele disse, “Serei próspero em minha vida”?
Ele disse, “Terei minhas próprias esposas”?
Ele disse, “Se tiver esposas, também terei filhos”?
Ele disse, “Terei boa saúde”?
Ele disse, “Alcançarei idade avançada”?
Os awo asseguraram que Oníwèéré;
Ele seria abençoado com todas as coisas boas da vida;
Disseram que seu sucesso seria maior,
Do que seu sonho mais promissor a respeito.
Ele foi instruído a oferecer dois pombos,
Duas galinhas,

31
Duas galinhas-d’angola,
Dois galos,
Quatro preás,
Quatro peixes e dinheiro.
Com muita dificuldade,
Ele juntou todo o material e fez a oferenda.
Depois disso,
Todos os chefes que haviam abandonado seu reino,
Voltaram para pagar suas homenagens.
Todas as vilas ao redor de seu reino,
Começaram a pagar seus tributos.
Rapidamente, Oníwèéré enriqueceu.
Alguns de seus chefes trouxeram esposas para ele;
E essas esposas logo geraram filhos.
Seu palácio se encheu de novos súditos;
Sua saúde melhorou consideravelmente;
Ele recebeu cavalos para usar quando precisasse;
Ele permaneceu por muitos anos no trono de seus Ancestrais;
E quando chegou o momento de seu retorno ao îrun,
Era reconhecido como um grande rei.

Akerese Îwínní Akerese é Îwínní


Îwínní náà Akerese Îwínní é Akerese
Díá fun Oníwèéré Ìfá foi criado para Oníwèéré
Ömö òjò òwúrò Filho da chuva matinal
Ti nb’olówó n’inú Que enfurece o âmago do rico
Njý Ajé wö’lé mi wá o Agora, a Riqueza entra em minha casa
Akerese Îwínní Akerese é Îwínní
Îwínní náà Akerese Îwínní é Akerese
Aya wö’lé mi wá o Esposas entram em minha casa
Akerese Îwínní Akerese é Îwínní
Îwínní náà Akerese Îwínní é Akerese
Ömö wö’le mi wá o Filhos entram em minha casa
Akerese Îwínní Akerese é Îwínní
Îwínní náà Akerese Îwínní é Akerese
Ire gbogbo wö’lé mi wá o Todas as bênçãos entram em minha casa

32
Îrúnmìlà honra o empréstimo feito

Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,


No dia que ele passava por dificuldades financeiras.
Havia um homem rico que fazia empréstimos,
Mas em troca exigia que seu devedor trabalhasse para ele.
Îrúnmìlà recorreu a esse homem,
Que lhe perguntou, “O que farás para me pagar”?
Îrúnmìlà disse que cultivaria a terra,
Subiria em árvores e carregaria fardos de lenha.
Então o homem emprestou o dinheiro a Îrúnmìlà,
E disse que ele voltasse em oito dias para trabalhar.
Assim que chegou em casa,
Îrúnmìlà consultou Ìfá,
E com o dinheiro comprou o que precisava para um grande ëbö.
Ele ofereceu comida e bebida a vários Òrìñà;
Quando o oitavo dia chegou,
Îrúnmìlà se apresentou à casa de seu credor;
Quando o homem o mandou cultivar a terra,
Îrúnmìlà disse que não poderia,
Pois nunca fizera aquilo.
Quando o homem mandou-o colher frutas das árvores altas,
Îrúnmìlà disse que nunca subira numa árvore antes.
Quando o homem mandou-o carregar lenha,
Îrúnmìlà disse que não tinha força para aquilo.
O homem disse, “Como então me pagarás”?

33
Îrúnmìlà disse, “O cavalo que você perdeu”,
Ele disse, “É só seguir por essa estrada que o encontrará”.
Îrúnmìlà disse, “Para que sua esposa não aborte novamente”;
Ele disse, “Que ela faça ëbö o quanto antes”.
Então o credor percebeu que Îrúnmìlà era muito mais valioso como awo,
E resolveu usar seus até que a dívida estivesse paga.

As escolhas sentimentais de Kókò

Ìfá nos fala sobre uma mulher,


E que há quatro pessoas brigando por ela;
E que a pessoa negra deveria ser sua escolha.
Que duas das pessoas que estão brigando por ela,
Deveriam oferecer um ëbö a Ñàngó;
E também deveriam oferecer oito búzios,
Um tecido levemente tingido,
Quatro pombos.
Você vê o porquê de Ìfá falar assim?
Havia Kókò (uma espécie de rã), que queria ter um marido;
Ela levou as mãos à cabeça e resolveu se consultar;
Os awo disseram que ela deveria oferecer um ëbö;
“Cabeça quente; fogo na cabeça não queima o añö”;
“Cabeça quente; lama encharcada”.
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Kókò,
Que estava indo para Okiti Ûfîn para começar a ter filhos.
Fogo estava apaixonado por Kókò;
Sol estava apaixonado por Kókò;
Chuva estava apaixonado por Kókò.
Lama estava apaixonado por Kókò.
De todos esses, Chuva e Lama e que estavam mais apaixonados;
Disseram que ela deveria oferecer ëbö;
O que ela deveria oferecer?
Disseram que ela deveria oferecer oito búzios,
Quatro galinhas,

34
Quatro pombos,
Água fria,
Um tecido e uma roupa levemente tingidos.
Kókò juntou e ofereceu o ëbö;
Fogo ouviu dizer que ela estava indo casar-se com Lama;
Sol ouviu dizer que ela estava indo casar-se com Lama;
Chuva ouviu dizer que ela estava indo casar-se com Lama.
Os três foram atrás dela;
No meio do caminho,
Chuva alcançou Sol e o matou.
Depois ela alcançou Fogo, e o matou.
Quando chuva alcançou Kókò,
Ela já estava sentada em Lama;
Ela não se levantou mais,
E passou a ter seus filhos.
Kókò dançava e regozijava;
Ela louva os awo, que louvavam Ìfá,
Pois a palavra mostrou-se verdadeira.
Ela dizia,

Ao invés de casar com Fogo,


Eu quis casar-me com Chuva.
Mas eu não casarei com Chuva;
Fogo ficou desapontado;
Sol ficou desapontado;
Eu não casarei com nenhum deles.

Isso é quando Ìfá diz que essa pessoa,


Não deve se casar com alguém de pele vermelha.

35
Olówù, o rei que era esposo de uma Àjý

Ìfá foi criado para Olówù (rei de Òwú),


No dia que ele estava em guerra com Îyï.
Disseram que aquela seria uma guerra muito difícil,
E que ele deveria fazer ëbö para não ser derrotado.
Disseram também que outro ëbö deveria ser feito,
Para que ele não tivesse problemas com uma mulher.
Olówù disse, “Que tipo de problema uma mulher pode me gerar”?
Ele negou-se a fazer o ëbö.
Então aconteceu que Olówù não prestava atenção a uma de suas mulheres;
Ah! Essa mulher era Àjý!
Ela disse que aquilo não ficaria por isso mesmo...
Quando Olówù dormiu com suas tropas,
A mulher fez um encantamento poderoso,
E todos caíram num sono pesadíssimo.
Quando as tropas de Îyï chegaram,
Não houve resistência alguma;
Todos foram capturados, inclusive Olówò.
Quando ele foi levado ao rei de Îyï,
O monarca achou por bem não matá-lo;
Disse que ele poderia voltar para casa,
Desde que lhe pagasse tributos.
Olówù orgulhosamente disse, “Não tenho mais casa para voltar”.
Então ele fez um encantamento de autodestruição,
E morreu imediatamente.
Isso é quando Ìfá nos aconselha fazer oferendas,

36
Para que uma mulher não nos leve a perdição.

O pescador que encontrou um corpo

Ìfá foi criado para Pescador,


No dia que as coisas estavam difíceis para ele;
Há tempos ele não conseguia uma boa pesca;
O que ele poderia fazer para melhorar sua situação?
Disseram que ele deveria fazer ëbö,
Com tudo o que pegasse no mar,
E alguma comida de sua casa.
Disseram que tudo isso ele deveria oferecer a Olókun.
Pescador ouviu e fez o ëbö;
Quando ele lançou a oferenda ao mar,
Viu que um corpo boiava;
O homem o recolheu e o levou para a terra.
Quando lá chegaram,
Descobriram que o corpo pertencia a um homem rico,
Que se afogara e estava desaparecido,
A família oferecera um prêmio a quem encontrasse o corpo.
Pescador recebeu o prêmio,
E nunca mais passou por tantas dificuldades em sua vida.

37
Macaco do Mato e o homem de sombreiro

Ìfá foi criado para Macaco do Mato,


No dia que ele quis ajudar um homem.
Sim, esse homem era conhecido,
Por não tirar seu chapéu para cumprimentar a ninguém;
Não havia quem o fizesse agir cordialmente,
E retirar seu chapéu para cumprimentar outra pessoa.
Îrúnmìlà instruiu Macaco do Mato a fazer ëbö,
Que entre outras coisas continha vários coquinhos.
Macaco do Mato ouviu e fez o ëbö;
Os awo devolveram os coquinhos a Macaco;
Quando mais uma vez o homem passou,
Sob a árvore em que Macaco do Mato estava,
Os coquinhos do ëbö,
Ele atirou sobre o homem.
Ah! O homem não conseguia olhar para cima com seu largo chapéu;
Ele teve que retirá-lo.
Quando ele viu Macaco do Mato, disse, “Por que fizeste isso ”?
Macaco do Mato respondeu, “Todos os dias você passa aqui”;
Ele disse, “Mas nunca olha para mim”;
Ele disse, “Eu sou o único que posso de ajudar”;
Ele disse, “Pois no caminho que você toma sempre há serpentes venenosas”;
Ele disse, “Mas como posso te avisar se você nunca olha para ninguém”?
Então a partir daquele dia,
O homem sempre tirava seu chapéu,
E cumprimentava Macaco do Mato quando o via.

38
Öröiyàn chama Àgánjù de volta para casa

Ìfá nos fala sobre o dia,


Em que Öröiyàn se perguntou:
“O que faz meu filho (Àgánjù) na superfície, se ninguém o quer por lá”?
Então Öröiyàn tremeu,
E trouxe seu filho de volta para casa.
Ìfá nos fala que essa pessoa não tem ire àikú;
Devemos preparar um öpá do seu tamanho,
E colocar numa cova aberta no quintal.
Limparemos essa pessoa com dois pombos,
E os imolaremos ao öpá, em nome de Öröiyàn.
Isso tudo nós faremos,
Para que ela aceite seu filho de volta,
E essa pessoa possa ter vida longa.

39
Ñàngó e Îñun se tornam sócios e prosperam

Ìfá foi criado para Ñàngó,


No dia que seus negócios não iam bem.
Ñàngó quis largar tudo e ir embora dali,
Mas seus familiares disseram, “Por que você não consulta Ìfá”,
Disseram, “Antes de tomar uma decisão assim”?
Foi isso que Ñàngó fez.
Os awo aconselharam-no a fazer ëbö,
E colocar o ërù numa praça.
Ñàngó fez como lhe orientaram.
Quando ele chegou à praça,
Foi Îñun que ele encontrou ali.
Eles conversaram e Îñun o convidou,
A tocar um negócio de venda de animais com ela.
Ah! Esse era o negócio a qual Ñàngó se dedicava naquele momento!
Eles ficaram sócios e em pouco tempo prosperaram.
Ñàngó dançava; Îñun regozijava;
Isso é quando Ìfá nos aconselha a fazer ëbö por nossos negócios.

40
O menino que queria saber como nascera

Ìfá foi criado para um pai,


No dia que seu filho quis saber como ele viera ao mundo.
Ele foi instruído a fazer oferendas,
Para que seu filho não fosse o estopim de uma grande tragédia.
Ele ouviu, mas não fez o ëbö.
Bem, o pai não esperava por aquela pergunta tão cedo,
Por isso esquivou-se de responder ao filho.
Então o menino foi fazer a mesma pergunta à mãe,
Que era reconhecidamente tímida e casta.
Diante da negativa da mãe em responder,
O menino começou a fazer um escândalo.
Todos o ouviam gritando e perguntando sobre sua origem;
A mãe sentiu uma vergonha tão grande,
Que achou que não poderia encarar as pessoas novamente,
Por isso se matou.
Quando o pai ficou sabendo o que aconteceu,
Lembrou-se da palavra de Ìfá.
Conforme os anos se passaram o menino (agora rapaz),
Culpava o pai pela morte da mãe;
Dizendo que nada de ruim teria acontecido,
S ele (o pai) o tivesse instruído.
Por sua vez o pai culpava o filho,
Dizendo que na verdade foi sua curiosidade que vitimara sua esposa.

41
Graças a Èñù e a sua mãe, Onidèrè torna-se rei

Àpïn, babalawo de Añà” (Àpïn e Añà são aves africanas);


Añà, babalawo de Àpïn;
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Onidèrè,
Ölïpïn que não morria.
Ìfá diz que essa pessoa deve oferecer um ëbö por oyè,
Mas que deve estar atenta,
Para que um escravo não tome seu posto.
Quando estava chegando a hora da sucessão do rei,
O filho de um escravo era a pessoa mais velha;
Antigamente, o mais velho era escolhido como novo líder.
O que Onidèrè poderia fazer para que o mais velho fosse embora,
E outra pessoa pudesse ser escolhida como o novo rei?
A mãe de Onidèrè vivia sozinha;
Ìfá diz que essa pessoa deve prestar atenção à sua mãe,
Deve ser muito boa para ela.
Então decidiram que o rei seria aquele,
Que chegasse ao topo da colina,
E permanecesse lá por quatro dias.
Onidèrè disse, “Tudo bem. Como é que se chega na colina”?
Disseram, “É por ali que se chega à colina”.
Então Onidèrè e os outros concorrentes foram para a colina.
A mãe de Onidèrè disse, “Há! Eu nunca vi um oyè ser entregue dessa maneira”.
Ela foi aos awo; e eles disseram que ela deveria oferecer um ëbö.
O que ela deveria oferecer?
Disseram que ele deveria oferecer vinte e oito búzios,

42
Um galo,
Um pombo;
Deveria oferecer uma escada com quatro degraus;
Algodão,
Um estribo de cavalo,
Uma pedra.
A mãe de Onidèrè juntou e ofereceu o ëbö;
Ela apaziguou as Divindades.
Disseram que ela deveria colocar o ëbö aos pés da colina;
Os quatro degraus da escada;
Èñù os transformou em dezesseis;
Do algodão; Èñù fez dezesseis fardos.
Ele pôs a escada encima de tudo isso,
E a escada chegou ao topo da colina.
Quando os concorrentes chegaram num desfiladeiro,
Onidèrè sentou-se numa cabaça;
Vieram por trás e o empurraram para baixo.
Os pés de Onidèrè ficaram presos na escada,
E ele caiu sentado em cima dos fardos de algodão.
A comida que a mãe de Onidèrè havia preparado,
Èñù deu a comida a ele.
Ao final do quarto dia, vieram até a colina e chamaram por Onidèrè.
Ele respondeu.
“Há! Ele não morreu!”.
Os concorrentes ficaram tristes, mas Onidèrè foi coroado rei.
Ele tornou-se Ölïpïn;
Ele dançava e regozijava;
Louvava os awo, que louvavam Ìfá,
Pois a palavra mostrou-se verdadeira.
Ìfá diz que essa pessoa não deve comentar o que está fazendo,
Pois poderão matá-la.
Para ela não morrer, e para que não possam conquistá-la,
Ela deve oferecer um ëbö.

Galo recusa-se a oferecer sua crista como ëbö

Ìfá foi criado para Galo,


No dia que lhe disseram que Ìkú o procurava.
Disseram que para escapar dessa situação,
Ele deveria oferecer seu gorro vermelho (sua crista).
Galo ouviu, mas disse que não ofereceria esse ëbö.
Disseram que dessa forma ele morreria;
43
Ele disse que seria impossível retirar seu gorro,
Sem correr um grande risco.
Ele aceitou a realidade da morte;
É por isso que as coisas são difíceis para os filhos de Ìròsùn.

Ráfia (Ikò) herda o oyè de seu pai

Oliyebe criou Ìfá para Fogo (Iná),


Fruto da palmeira (Eyín),
E Ráfia (Ikò);
Que eram filhos do mesmo pai.
Eles foram aconselhados a fazer ëbö,
Com uma esteira e um tecido amarelo.
Desses três, apenas Ráfia fez a oferenda.
Quando o pai deles retornou ao îrun,
Iná quis o oyè de seu pai,
Mas Chuva veio e o apagou.
Eyín quis o oyè de seu pai,
Mas Chuva caiu e o destruiu.
Quando o oyè chegou a Ikò,
Chuva também quis destruí-lo,
Mas ele usou a esteira do ëbö para se proteger.
Dessa forma Ikò tornou-se rei;
Ele dançava e regozijava.

Nascem os vaga-lumes

Ìfá foi criado para Vaga-lume,


No dia que ele veio do îrun para o àiyé.
Instruíram-no a faze ëbö para que ele fosse útil,
Onde quer que fosse.
44
Vaga-lume ouviu e ofereceu o ëbö.
Quando ele chegou ao àiyé,
Ölïfin o abençoou para que ele sempre levasse luz,
Aos lugares mais escuros.
Ìfá nos fala aqui sobre uma certa pessoa,
Cuja vida trará bênçãos a muitas outras.

O príncipe e a caverna obstruída

Ìfá foi criado para o terceiro filho de uma mesma mãe,


No dia que ele partiu para ocupar um oyè.
Bem, um rei possuía três filhos,
E mandou o primeiro ocupar um posto num local distante,
Mas ele nunca chegou lá.
Então o rei mandou o segundo,
Que também não chegou.
Quando ele quis mandar o terceiro,
A mãe ficou desesperada.
Ela consultou Ìfá e foi instruída a fazer ëbö,
Para que não acontecesse novamente uma tragédia com seu filho.
Ela ouviu e fez o ëbö.
O ërù, ela colocou no mar;
Depois de alguns dias o príncipe partiu;
E no caminho encontrou uma extensa caverna,
Que precisava ser atravessada.
Quando ele começou a atravessá-la,
Seus inimigos fecharam as duas extremidades da caverna,
Da mesma forma que já tinham feito,
Com os dois príncipes anteriores.
Mas aí o mar começou a agitar-se,
E as ondas bateram nas rochas que eles usaram para bloquear a caverna.
Bateram e bateram, até desobstruí-la.
O príncipe conseguiu atravessar a caverna,
E ocupar o oyè a mando de seu pai.

45
Îrúnmìlà escapa da armadilha dos conselheiros reais

Ìfá foi criado para Îrúnmìlà,


No dia que ele recebeu uma coroa.
Naquela cidade, quando alguém era coroado rei,
Em pouco tempo os conselheiros o matavam.
Îrúnmìlà disse, “O que posso fazer para que minha sorte seja diferente”?
Disseram que ele deveria oferecer um ëbö,
E que não deveria ser o primeiro a entrar nos quartos que conhecesse.
Îrúnmìlà fez o ëbö e seguiu os conselhos de Ìfá.
Bem, depois que ele foi coroado,
Quiseram mostrar-lhe as dependências do palácio.
Ah! Em um dos quartos havia um buraco com estacas ao fundo;
Quando mandaram Îrúnmìlà entrar no quarto para conhecê-lo,
Ele lembrou-se da palavra de Ìfá, e recusou-se.
Por mais que tentassem,
Sabedoria e ëbö protegiam Îrúnmìlà.
Não puderam matá-lo;
Îrúnmìlà foi rei por quanto tempo quis.

46
Leão torna-se belo, poderoso e famoso

A toca do preá está sempre quente;


Um verme rastejará para sempre;
Se tûtûregún for ao rio,
Afundará suas raízes na água.
Ìfá foi criado para Leão,
Que possuía um pelo lustroso.
Ele disse, “Será que serei famoso”?
Disseram que sua fama seria grande se fizesse ëbö; e ele o fez.
Ofereceu dez navalhas,
E uma roupa lustrosa.
As navalhas que ele ofereceu,
Os awo a martelaram em suas patas;
É o que ele usa para ensinar os outros animais.
A roupa oferecida,
Eles usaram para cobri-lhe o corpo.
Leão transformou-se num belo animal;
Ela dançava e regozijava;
Louvava os awo, que louvavam Ìfá,
Pois a palavra mostrara-se verdadeira.
Ìfá foi criado para Leão Lustroso,
O animal que recebe a fêmea sozinho;
Foram os Òrìñà que o tornaram famoso

47
Osún conhece todos os nossos segredos

Se alguém se sente bem,


É porque tem boa conduta.
Esse foi o awo que criou Ìfá para Orí,
No dia que ele veio para o àiyé.
Disseram que ele deveria fazer ëbö, e Orí o fez.
Quando ele veio para o àiyé,
Temia que não houvesse abundância para ele.

Osún, é você que me ouve e que cuida de mim;


Você é aquele para quem revelo meu destino;
Ìfá, faça de mim um homem rico nessa vida;
Orí pensou que nunca teria boas esposas;
Ìfá, deixe-me ter boas esposas nesse mundo;
Orí veio ao àiyé pensando que não teria bênçãos;
Osún, é para você que revelo meus segredos;
Ìfá, deixe-me ter todas as coisas boas nessa vida.

48
Há quem fura um olho para ver seu próximo cego

Quando Ìròsùn aparece,


Ìfá nos aconselha a fazer ëbö,
Para que a inveja alheia não nos prejudique.
Você vê por que Ìfá nos diz isso?
Havia Soldado Invejoso;
Sempre que ele conseguia algo do rei,
Outro soldado conseguia o dobro.
Se ele obtinha uma honra,
O outro obtinha duas.
Se ele ganhava um presente,
O outro ganhava dois.
O rei sabia que isso incomodava o invejoso,
E quis se divertir à custa dele.
O rei o chamou e disse, “Me faça um pedido, e eu o realizarei”.
Soldado Invejoso falou, “Quero que me arranque um olho”;
Ele disse “E depois me mande para uma terra de cegos”;
Ele disse, “Para que eu possa ser rei”.
O rei fez como Soldado Invejoso pediu,
E ao outro soldado mandou arrancar-lhe os dois olhos
Soldado Invejoso começou a governar entre os cegos,
Mas não foi feliz,
Por que seus súditos não lhe serviam adequadamente.
Quanto ao soldado que ficou cego,
Ölïfin apiedou-se dele,
E levou para morar consigo.

49
A moça que preferia o Mau Caráter

Ìfá foi criado para Bom Rapaz,


No dia que ele disputou uma moça com Mau Caráter.
Essa moça, ela preferia Mau Caráter.
O que Bom Rapaz poderia fazer para mudar-lhe a idéia?
Disseram, “Um pilão, um galo, um tecido e dinheiro”;
Disseram, “Esse é o seu ëbö”.
Bom Rapaz ouviu e fez a oferenda.
Os awo inverteram o pilão,
E imolaram o galo ao fundo.
O tecido (um lenço) eles amarraram ao pilão.
Esse foi o tecido que Bom Rapaz usou para presentear a moça.
Depois de um tempo,
Como um jogo; como uma brincadeira;
A moça mudou de idéia e preferiu Bom Rapaz.

50
O crocodilo adquire suas presas e sua couraça

A pantera atravessa a lavoura;


A hiena sobe suavemente o caminho da colina;
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Wààkà (um crocodilo),
Quando ele estava prestes a vir para o àiyé,
E se tornar J’oyè oníbú (Senhor das águas profundas).
Todos os peixes, Kînkî e Îpîlï (duas espécies de sapos),
Estavam desafiando Wààkà.
O que ele deveria fazer para que pudesse subjugá-los?
Disseram que Wààkà deveria oferecer um ëbö;
O que ele deveria oferecer?
Disseram que ele deveria oferecer vinte e seis búzios,
Três ëmï, três pombos,
Coquinhos de palmeira, conchas de ìgbín;
Deveria oferecer três pregos de ferro.
Wààkà juntou e ofereceu o ëbö.
Èñù disse, “Abra sua boca”.
Ele fixou os pregos de ferro;
Èñù disse, “Deite-se”, e Wààkà deitou-se.
Èñù colocou àñë nas nozes de palmeira,
E as fixou às costas de Wààkà.
Os peixes não incomodaram mais Wààkà;
Kînkî e Îpîlï não o incomodaram mais.
Se um peixe viesse incomodar Wààkà,
Ele batia seus ferros contra ele e o cortava em dois.
Ninguém podia mais tirar Wààkà do rio,
E ele se tornou o rei de todos.
Wààkà está chegando,
Filhos de Oníbú.
Quem pode destronar Wààkà?
Quem pode tirar de um pai a sua criança?
Isso é quando Ìfá fala sobre uma bênção de um lugar para morar.

51
Ìgbà casa-se com a princesa de Îyï

Ìfá foi criado para Ìgbà,


No dia que ele viajou para Îyï.
Disseram que lá ele faria algo maravilhoso,
E que retornaria à sua terra com alegria.
Instruíram-no a fazer ëbö com uma flauta,
Quiabo e terra de formigueiro.
Ìgbà ouviu e fez o ëbö;
Depois ele partiu para Îyï.
Quando lá chegou, a mãe do rei estava acamada.
Disseram que um genro lhe ajudaria,
Mas sua filha recusava-se a casar.
Ela dizia que não se sentia atraída por ninguém.
Ìfá diz que cada um que vem ao àiyé tem seu tempo;
A princesa tinha um defeito físico;
Bem, quando Ìgbà chegou a Îyï,
Começou a tocar sua flauta.
A princesa ouviu aquilo e levantou-se;
Ela mandou que buscassem o tocador de flauta.
Quando Ìgbà chegou e ela o viu,
Ela disse, “Îyï é a terra de meus ancestrais, mas hoje eu partirei com você”.
Foi assim que Ìgbà casou-se com a princesa,
E recebeu um excelente dote do rei,
Que em troca ficou com a flauta de Ìgbà,
Para lembrar-se da filha sempre que a tocava.

52
O homem que fez ëbö para conhecer seus verdadeiros amigos

Ìfá foi criado para um homem,


No dia em que ele quis conhecer seus verdadeiros amigos.
Disseram a ele que oferecesse frutas azedas,
Carnes quase cruas e grãos mal cozidos,
E que chamasse aqueles a quem pensava ser amigos,
Para comerem com ele.
O homem ouviu e fez o ëbö.
Bem, quando os amigos começaram a comer,
Ficou evidente que ninguém estava gostando.
O homem ficou olhando o semblante dos convidados,
Mas ninguém disse absolutamente nada.
Quando o homem levantou-se, escondeu-se atrás da porta.
Ele ouviu as pessoas comentando, “Ele é louco”?
Elas diziam, “Que tipo de anfitrião oferece comidas dessa qualidade”?
Os convidados falaram e falaram;
Até que o homem reapareceu na porta.
Ali ele soube que ninguém ali era de fato seu amigo.

53
Nascem os jogos de azar

Ìfá foi criado para Pássaro Degbawè,


No dia que Ìkú foi buscá-lo.
Ele disse que se Ìkú o vencesse no jogo de ayö,
Ele iria imediatamente;
Disse que não faria nem ëbö por vida longa.
Como Ìkú estava com pressa,
Aceitou o desafio.
Pássaro Degbawè jogou e derrotou Ìkú no jogo de ayö.
Quando Ìkú quis levá-lo,
Ele disse: “Quem vence deve receber um prêmio”;
Ele disse, “Vida longa, esse é o prêmio que eu quero”!
Ah! Ìkú não pode levá-lo naquele dia.
Pássaro Degbawè cantava e regozijava.
Ìfá nos ensina aqui como começaram os jogos de azar.

A família de Îrúnmìlà o auxilia

“O fogo morreu e foi coberto com cinzas”;


“A lua morreu e deixou a estrela para trás”;
“A estrela não depende da lua;”
Esses foram os awo que criaram Ìfá para Îrúnmìlà,
No dia que ele foi instruído a fazer rituais de oferendas aos Ìrúnmîlû.
Quando acabou de fazer o ëbö,
Nasceu um filho para ele (realizou o que almejava).
Ele começou a louvar os awo, que louvavam Ìfá.
Ele disse, “A esposa tem o tabuleiro de obì;
“O filho tem o tabuleiro de pimenta”;
“Enquanto a esposa carrega o obì, o filho carrega a pimenta”.

54
Òñàlá abdica de uma coroa em favor de Îrúnmìlà

Ìròsùn Méjì fala sobre um povo que era governado por Òñàlá,
Mas que já não o queria como soberano.
Diziam que ele era velho,
Que seu governo já não era bom.
As pessoas começaram a demonstrar má vontade para com ele.
Foi aí que Òñàlá resolveu partir sem falar com ninguém
Quando as pessoas perceberam,
Começaram a festejar.
Mas em pouco tempo começaram as confusões,
Pois todos queriam reinar ali.
As coisas pioraram tanto,
Que as pessoas desejaram Òñàlá de volta,
Mas ninguém sabia onde ele estava.
Îrúnmìlà apiedou-se daquele povo e consultou Ìfá para eles.
Ìfá aconselhou a fazer ëbö com ìgbín,
E jogar as cascas pelo caminho.
Îrúnmìlà fez como Ìfá orientou;
Quando ele passou por uma ribanceira,
Atirou uma das cascas.
Ah! Ele acertou a cabeça de Òñàlá,
Que se isolara ali para meditar.
Então Îrúnmìlà convenceu Baba a voltar à cidade;
Quando Òñàlá retornou,
Todos lhe demonstraram gratidão.
Ao ver aquilo Òñàlá disse, “Esse povo precisa de sabedoria, não de um rei”;
Ele disse, “Você, Îrúnmìlà; é você que deve governá-los”.
É assim que Ìfá nos conta,
Como Òñàlá abdicou de uma coroa em favor de Îrúnmìlà

55
Mulher fútil é desaconselhada a casar

“Não se pode perceber o futuro através de um espelho”;


Essa foi a mensagem de Ìfá para Espelho,
Quando ele aspirava as coisas boas da vida.
Ele foi aconselhado a fazer ëbö e concordou.
Ìfá diz que não há verdade como a que o espelho mostra.
Ìfá fala de uma senhora que se preocupa demais com sua aparência,
E que seria melhor se ela não se casasse,
Até que mudasse sua postura perante a vida.
Ela deveria começar a pensar em filhos,
Ao invés de se preocupar apenas com sua imagem,
Ou seus perfumes.

56
Obì passa um susto, mas encontra riquezas

Ìfá foi criado para Obì,


No dia que ela procurava por saúde e prosperidade.
Disseram que ele deveria preparar um ëbö,
E colocá-lo aos pés de uma árvore velha.
Disseram que ela passaria por um susto,
Mas que não se incomodasse,
E continuasse o que estivesse fazendo.
Obì ouviu e ofereceu o ëbö como lhe instruíram.
Quando ela estava colocando o ërù aos pés de uma árvore velha,
Sentiu que a árvore começou a tremer.
Obì assustou-se e fugiu;
Foi aí que ela lembrou das palavras de Ìfá,
E voltou para terminar o rito.
Quando Obì lá chegou,
A árvore velha havia tombado sobre o ëbö.
O que foi que Obì encontrou às raízes da árvore?
Riquezas!
Riquezas foi o que ela encontrou!
Obì dançava e regozijava,
Pois a palavra de Ìfá mostrara-se verdadeira.

57
Os feitiços contra Onijaye

Aquele que chama é superior;


Aquele que responde é inferior.
Ìfá foi criado para Onijaye,
Filho de “Aquele que usa nozes para adivinhar”.
Disseram que Onijaye deveria fazer ëbö;
O que ele deveria oferecer?
Disseram que ele deveria oferecer vinte e oito búzios,
Quatro pombos,
Deveria oferecer quatro galinhas,
E quatro galos.
Disseram, “Onijaye!”.
Ele respondeu, “O que vocês querem”?
Disseram, “Fique atento”;
Disseram, “Estão te chamando com preparos (feitiço)”.
Onijaye não fez o ëbö;
Ele não escutou ninguém.
Disseram que ele não deveria usar as nozes para divinar;
Mas ele continuou a divinar.
Lá veio a guerra!
Èñù dançava e regozijava.
Ele disse, “Oferecer ëbö é o que ajuda alguém; não oferecer, não ajuda ninguém”.
Ìfá faz as coisas acontecerem, como um sonho;
Ìfá diz que se chamarem essa pessoa com preparos (feitiços),
Ela deve estar atenta.

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