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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DO PARANÁ

COMARCA DE FOZ DO IGUAÇU


1º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DE FOZ DO IGUAÇU - PROJUDI
Avenida Pedro Basso, 1001 - Centro - Foz do Iguaçu/PR - CEP: 85.863-756 - Fone: 3308
8000

Autos nº. 0009674-95.2017.8.16.0030

Processo: 0009674-95.2017.8.16.0030
Classe Processual: Procedimento do Juizado Especial Cível
Assunto Principal: Indenização por Dano Moral
Valor da Causa: R$15.000,00
Polo Ativo(s): CLEONICE DOS SANTOS DIAS (RG: 5791972 SSP/PR e CPF/CNPJ:
085.212.379-52)
Rua Padre Cícero, 340 - Jardim Guaira - FOZ DO IGUAÇU/PR
Polo Passivo(s): COPEL DISTRIBUICAO S.A. (CPF/CNPJ: 04.368.898/0001-06)
Rua Doutor Alastair Munro, 220 - Jardim Eldorado - FOZ DO IGUAÇU/PR - CEP:
85.853-050
I. RELATÓRIO
Dispensado, conforme autoriza o artigo 38 da Lei nº.9.099/95.
Sessão conciliatória infrutífera, evento 13.1.
Audiência de Instrução ocorrida no evento 17, foram ouvidos a parte reclamante e o preposto
da reclamada.
A parte reclamada dispensou o depoimento pessoal da reclamante. Pelo MM. Juiz foi colhido o
depoimento pessoal da parte reclamante, sendo gravado pelo sistema de mídia digital,
conforme art. 13, par. 3º da lei 9.099/95, contudo, após a inquirição pelo juízo, a parte
reclamada pretendeu realizar perguntas as quais foram indeferidas ante a preclusão do direito
de produzir tal prova nos autos.
Pleitearam as partes ainda em sede de audiência de instrução pela utilização do instituto da
prova emprestada, indeferido com fundamento no artigo 33 da lei dos Juizados Especiais, as
provas devem ser produzidas na própria audiência de instrução ou até a mesma, não estando
elencadas nos autos até o momento da audiência de instrução, entendo pela preclusão da
produção da prova.
Ademais, as provas que estão nos autos são suficientes para a solução da controvérsia
instalada nos autos.
Decido.
II. FUNDAMENTAÇÃO
Cuida-se de reclamação proposta pela senhora Cleonice dos Santos Dias contra a
concessionaria de energia elétrica Copel Distribuição S.A, pleiteando a obrigação de fazer
consubstanciada na determinação de que a reclamada proceda com investimentos e
providencias adequadas para que as interrupções da energia elétrica deixem de ocorrer, e,
indenização por danos morais, porque as interrupções ocorreram incessantemente por mais de
um ano sem providencia.
O pedido é parcialmente procedente.
Inegável que a relação jurídica estabelecida entre as partes é regida pelo Código de Defesa do

consumidor que estabelece como direito básico deste, na defesa de seu direito em Juízo, a
consumidor que estabelece como direito básico deste, na defesa de seu direito em Juízo, a
possibilidade de inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII). A inversão do ônus da prova em favor
do consumidor é estabelecida a critério do Juiz, com base na verossimilhança da alegação ou
diante da hipossuficiência do consumidor, segundo as regras de experiência. Não há dúvida
alguma que a reclamante tem direito à inversão do ônus da prova, posto que sua
hipossuficiência em face da parte contrária é evidente, mormente considerando o porte
econômico da parte reclamada. Outrossim, verifica-se que as alegações da parte reclamante
apresentam-se verossímeis, tendo em vista a prova documental acostada a inicial, bem como a
ratificação pela parte reclamada acerca da interrupção do fornecimento de energia elétrica.
Uma vez operada a regra de julgamento relativa a inversão do ônus da prova, caberia a
reclamada comprovar a ocorrência de fato extintivo, modificativo ou impeditivo do direito da
reclamante, entretanto, de tal ônus não se desincumbiu.
Por outro lado, dúvida não há de que a reclamada subsume-se ao conceito de fornecedora de
serviço público, de modo que a responsabilidade do fornecedor de serviço público é objetiva,
independendo de culpa, nos termos do artigo 37 parágrafo 6º, da Constituição Federal e artigo
14 do Código de Defesa do Consumidor.
A questão fática envolve matéria decorrente de problemas com a interrupção do fornecimento
de energia na rede elétrica administrada pela reclamada, e a omissão no restabelecimento do
serviço, portanto, há responsabilidade da concessionária de energia elétrica, em caso de queda
de energia elétrica. Assim, essa questão eminentemente jurídica é incontroversa nos autos.
É incontroverso nesses autos, a ocorrência das interrupções habituais, além da expressiva
demora para o restabelecimento do fornecimento do serviço. A parte reclamada colacionou nos
Evento 15, sequencial 15.3 e 15.4, o relatório das alegadas interrupções, que demonstra a
interrupção do fornecimento de energia elétrica por mais de 8 horas por dia, diversas vezes no
período de janeiro de 2016 a 30/04/2017.
Em sua defesa a reclamada sustenta, em síntese, a exclusão de sua responsabilidade fundada
em culpa de terceiro, qual seja, a proximidade da residência da reclamante ao assentamento
precário (BUBAS), que por sua vez, ante não dispõe de fornecimento de energia elétrica
porquê da precariedade da ocupação, e a necessidade básica de utilização e energia elétrica
captam energia elétrica da rede , através de “ganchos”, emendas, e materiais que acarretam
sobrecarga da rede ocasionando a interrupção do fornecimento de energia.
Aduz, ainda em sua defesa, que medidas para a retirada dos fios denominado culturalmente
por “gato” foram diminuindo com o passar do tempo, isto porque, os agentes da reclamada
passaram a sofrer ameaças dos moradores da invasão.
Acerca da questão da ocupação irregular da área privada é preciso esclarecer nesse momento
alguns pontos importantes.
Não existe qualquer óbice formal à prestação de serviços de fornecimento de energia elétrica
em assentamentos precários, eis que se trata de obrigação propter persona, ou seja, a
responsabilidade acompanha a pessoa e não o bem de raiz.
Destaca-se que a Resolução Normativa 414/2010 da Agencia Nacional de Energia Elétrica
sobre Condições Gerais de Fornecimento de energia Elétrica, estabelecendo direitos e deveres
dos consumidores, assegura a universalização do atendimento, para as áreas ocupadas
irregularmente, inclusive prevê modo diferenciado para a população de baixa renda.
Artigo 52 da Resolução Normativa da Aneel:
Art. 52 - A distribuidora pode atender, em caráter provisório, unidades
consumidoras de caráter não permanente localizadas em sua área de
concessão, sendo o atendimento condicionado à solicitação expressa do
interessado à disponibilidade de energia e potência.
(...)
§ 2° Para o atendimento de unidades consumidoras localizadas em
assentamentos irregulares ocupados predominantemente por população de
baixa renda, devem ser observadas as condições a seguir:
I – deve ser realizado como forma de reduzir o risco de danos e acidentes a
pessoas, bens ou instalações do sistema elétrico e de combater o uso
irregular da energia elétrica;
II – a distribuidora executará as obras às suas expensas, ressalvado o
disposto no § 8° do art. 47, devendo, preferencialmente, disponibilizar aos
consumidores opções de padrões de entrada de energia de baixo custo e de
fácil instalação;
III – em locais que não ofereçam segurança à prestação do serviço público de
distribuição de energia elétrica, a exemplo daqueles com dificuldades para a
realização de medição regular, leitura ou entrega de fatura, o atendimento à
comunidade pode utilizar o sistema de pré-pagamento da energia elétrica ou
outra solução julgada necessária, mediante apresentação das devidas
justificativas para avaliação e autorização prévia da ANEEL; e
IV – existência de solicitação ou anuência expressa do poder público
competente.
O fornecimento de energia elétrica é imprescindível para uma vida digna. É impossível
sobreviver minimamente confortável em uma residência desprovida de energia elétrica,
especialmente no tocante a conservação de alimentos que necessitam de resfriamento.
Nesse exato sentido temos pacificado o entendimento jurisprudencial acerca da matéria:
CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO CUMULADA COM OBRIGAÇÃO DE FAZER.
PEDIDO DEFORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA - ALEGAÇÃO DE
IMPOSSIBILIDADE -LOTEAMENTO IRREGULAR -AUTORIZAÇÃO -
DECLARAÇÃO EMITIDA PELO MUNICÍPIO-CUSTOS DE INSTALAÇÃO -
RESPONSABILIDADE DA CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇOPÚBLICO. MULTA
COMINATÓRIA - INTIMAÇÃO PESSOAL - REALIZAÇÃO POR OFICIAL
DEJUSTIÇA - RECEBIMENTO - REPRESENTANTE LEGAL DA EMPRESA
-VALIDADE.IMPOSSIBILIDADE DE CUMPRIMENTO DA LIMINAR NO PRAZO
CONCEDIDO-PRECLUSÃO DA MATÉRIA. RECURSO PARCIALMENTE
CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJPR -11ª Cível -AC -972811-0 -Foz do Iguaçu
-Rel.: Ruy Muggiati -Unânime --J. 28.08.2013).DE OBRIGAÇÃO DE FAZER
FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA IMÓVEIS SITUADOSEM
LOTEAMENTO IRREGULAR SERVIÇO ESSENCIAL. 1 Prestação de serviço
essencial. Irregularidade na constituição do loteamento que não deve ser
imputada aos adquirentes e não impede a prestação de serviço de energia
elétrica, face à sua essencialidade e aos prejuízos decorrente de sua falta.
RECURSO IMPROVIDO. (Processo: APL 30007380320138260447
SP3000738-03.2013.8.26.0447, Relator (a): Maria Lúcia Pizzotti,
Julgamento:08/04/2015 Órgão Julgador: 30ª Câmara de Direito Privado,
Publicação: 10/04/2015).
A alegação da reclamada no sentido de tratar-se de local com alto índice de criminalidade, não
prospera para este juízo porque desprovido de prova concreta. O que tenho das alegações da
reclamante, infelizmente, é a marginalização e criminalização daqueles assentados.
Ainda que se reitere incessantemente que se trata do maior assentamento do Estado do
Paraná, é preciso ter nítido, que a reclamada é a concessionaria EXCLUSIVA do fornecimento
de energia elétrica.
de energia elétrica.
A outra justificativa aventada, qual seja, tratar-se de propriedade privada ocupada
irregularmente, não merece consideração, eis que a Dignidade da Pessoa Humana se
sobrepõe a lei infraconstitucional, no caso em tela, o Código Civil.
Ora, se é assente nos Tribunais superiores de todos os Estados da Federação, inclusive no
STJ que é obrigatória a prestação de serviço de energia elétrica em loteamentos situados em
área de preservação ambiental, posto a essencialidade do serviço de energia elétrica ao
indivíduo, quiçá em área privada.
Diante dos motivos supra expostos, este juízo, entende que o assentamento denominado
“Bubas”, não serve de justificativa para a má prestação de serviços a consumidores regulares,
como no caso desses autos.
A reclamada em sua defesa técnica, busca transferir seu ônus de fornecer energia elétrica para
os assentados precariamente para os consumidores regulares, é a conclusão que se chega
após verificar-se nos autos que a reclamada aguardou mais de um ano para substituir o
transformador existente para um com maior capacidade, momento em que as interrupções
reduziram significativamente.
Portanto, percebe-se que houve interrupção indevida de modo habitual e reiterado, e, por mais
de uma vez por mais de oito horas, o que caracterizou falha na prestação do serviço e a prática
de ato ilícito.
O art. 186 do CC, prescreve que: aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligencia ou
imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete
ato ilícito. Determina o artigo 927 da mesma norma que: aquele que por ato lícito (ar. 186 e
187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
É inegável a caracterização do dano moral promovido pela parte reclamada contra a parte
reclamante, em virtude dos incontáveis prejuízos advindos da interrupção do fornecimento do
serviço de energia elétrica pela reclamada.
O assunto já está pacificado no Tribunal de Justiça do Paraná, eis que tem-se os seguintes
enunciados sobre o assunto:
Enunciado N.º 6.1– Interrupção de corrente elétrica: A interrupção de corrente de
energia elétrica caracteriza falha na prestação do serviço e o dever de indenizar por
eventuais danos (morais e materiais) causados ao consumidor, visto que se trata de
responsabilidade objetiva
Enunciado N.º 8.4 – Concessionárias de serviço público – responsabilidade objetiva.
Nas relações de consumo, a responsabilidade dos concessionários de serviço público é
objetiva, mesmo quando fundada em ato omissivo.
Enunciado N.º 12.11- Suspensão do fornecimento de serviço essencial: O corte
indevido de serviço essencial pela concessionária de serviço público enseja a
reparação por dano moral.
Ainda, tem-se que a suspensão de energia por período superior ao previsto na Resolução da
ANEEL gera o dever de indenizar, cuida-se do dano in re ipsa.
Para a fixação do dano moral, necessário e justo tomar como critério de aferição, além da
gravidade do fato, também a situação econômico-financeira dos litigantes, sempre com o
cuidado de não proporcionar, por um lado, um valor que para o autor se torne inexpressivo e,
por outro, que seja uma causa de enriquecimento injusto, nunca se olvidando, ainda, do efeito
inibitório que deverá desempenhar a sanção pecuniária perante o agente ofensor.
É preciso ter em vista que a empresa reclamada detém o monopólio da distribuição de energia,

de modo que, a contrapartida de seus serviços deve ser adequada ao tamanho do seu poder
de modo que, a contrapartida de seus serviços deve ser adequada ao tamanho do seu poder
econômico, ora, não é razoável manter os consumidores reféns de uma única distribuidora de
energia elétrica que não se digna a encaminhar um profissional para averiguação dos danos.
A reclamante é pessoa física, cidadã humilde e trabalhadora, a experiência tem demonstrado
que os fornecedores, têm preferido suportar o ônus dos pagamentos isolados a implementar
políticas que efetivamente estanquem a produção de danos aos consumidores.
Assim, considerando as circunstâncias do caso concreto e a necessidade de evitar o
enriquecimento ilícito, bem como o fim de promover a pretendida indenização e coibir a
reiteração da conduta, entendo que o valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) é suficiente para
reparar os danos sofridos pelo reclamante.
III. DISPOSITIVO.
Diante do exposto, JULGO PARCIALMENTE PROCEDENTE o pedido inicial para fins de
condenar a ré a pagar a reclamante a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a parte
reclamante, sob o título de danos morais, com a correção monetária através do INPC, a partir
desta sentença, e juros de mora de 1% ano mês, a partir da citação (Enunciado 12.13, “a”, das
Turmas Recursais).
Julgo procedente o pedido de obrigação de fazer para o fim de determinar que a reclamada
providencie medida preventivas e eficazes para que as interrupções do fornecimento de
energia elétrica não voltem a ocorrer na unidade consumidora (UC) de titularidade da
reclamante.
Deixo de condenar em custas e honorários conforme determina o artigo 55 da Lei nº 9.099/95.
Cumpram-se as disposições do Código de Normas da douta Corregedoria-Geral da Justiça.
Nos termos do artigo 40 da Lei nº. 9.099/95, remetam-se os autos ao MM. Juiz de Direito
Supervisor deste Juizado Especial Cível.

Foz do Iguaçu, 03 de novembro de 2017.

Camilla Ariete Vitorino Dias Soares


Juíza Leiga

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