Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
De acordo com Lima et all (2010) a áudio-descrição pode ser considerada como ferramenta
pedagógica de acessibilidade quando a sua aplicação tiver por objetivo, entre outros,
permitir que todas as ilustrações, imagens, figuras, mapas, desenhos e demais
configurações bidimensionais, presentes nos livros didáticos, fichas de exercícios, provas,
comunicados aos pais, cartazes, circulares internas etc., também sejam disponibilizadas
através da áudio-descrição.
No Consórcio Cederj3 os materiais didáticos são elaborados pelos conteudistas, que são
bolsistas com perfil de formação mínima em mestrado na área correlata ao curso de
graduação oferecido, e pelos designers instrucionais que são funcionários concursados da
Fundação Cecierj4. Após a criação de todo o material é realizada uma adaptação para
arquivos digitais no formato .txt para que alunos cegos possam acessar via softwares de
leitura como DOSVOX. Essas adaptações incluem a organização de dados gráficos e
tabulares para um formato compreensível pelo programa que, consequentemente,
tornam-se compreensíveis para o aluno cego. As figuras, no entanto, não são descritas
porque no momento não existe equipe suficiente e qualificada para tal tarefa. O aluno cego
1
Designer Instrucional da Fundação Cecierj e Membro do Comitê de Acessibilidade do Consórcio Cederj
2
Professora do Instituto de Biologia da Universidade Federal Fluminense. Subcoordenadora e
Orientadora do Curso de Mestrado Profissional em Diversidade e Inclusão.
3
Parceria formada entre o Governo do Estado do Rio de Janeiro e sete instituições públicas de Ensino Superior
(Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca – CEFET; Universidade do Estado do Rio
de Janeiro – UERJ; Unversidade Estadual do Norte fluminense – UENF; Universidade Federal Fluminense –
UFF; Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro –UNIRIO; Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UFRJ; e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ)
4
Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro
tem acesso apenas a legenda da figura e precisa do apoio do tutor presencial para entender
do que se trata.
"No caso específico da áudio-descrição de imagens estáticas que aparecem nos livros
didáticos, é necessário que o docente esteja atento a algumas particularidades, dentre elas,
a de que deve-se partir de uma visão mais geral da imagem, apresentando uma espécie de
resumo do que é visto e em seguida detalhar as minúcias, tendo como ponto de partida a
percepção dos elementos situados da esquerda para a direita, do plano mais próximo para o
mais distante." (SILVA et all, 2010)
Fotocomposição com duas imagens apresentando a transformação da Praça Mauá entre os anos de
1921 e 2015. Imagem A - Fotografia em preto e branco da Praça Mauá em plano geral. Composta
por amplas ruas e poucas vegetações, tem como centro o Palacete Dom João VI que abrigava a
sede da Inspetoria de Portos Rios e Canais. A esquerda aparece um trecho do cais do porto.
Imagem B - Fotografia em cores da Praça Mauá em plano lateral. A esquerda algumas pessoas
estão sentadas no gramado. Ao centro o letreiro #cidadeolimpica é cercado de pessoas que
observam e tiram fotos. Ao fundo um edifício comercial estilo Art-Decó que foi sede do jornal A
NOITE no final da década de 1930. A direita do prédio o Museu de Arte do Rio - Mar com as suas
duas edificações: O antigo Palacete que foi todo restaurado se une a uma edificação modernista.
Após a realização de ajustes a partir das considerações do professor, o texto foi enviado
para um consultor cego que fez importantes observações a respeito de questões
semânticas e didáticas da audio-descrição, dentre elas:
● a palavra "amplas" pode vir seguida de "tal qual uma avenida, maior que uma
avenida, menor que uma avenida" para dar ideia de tamanho.
● a palavra "vegetações" pode ser floresta, cerrado, etc. Então deve-se descrever o
tipo de vegetação para criar na mente do sujeito a imagem correta no que está
sendo descrito.
A partir das observações do consultor, o texto final da áudio-descrição teve como seguinte
resultado:
Fotocomposição com duas imagens da transformação da Praça Mauá entre os anos de 1921 e
2015. Imagem A - Fotografia em preto e branco da Praça Mauá em plano geral. Ruas amplas como
a avenida Presidente Vargas porém vazias. Ao redor alguns canteiros com árvores. Ao centro a
fachada do Palacete Dom João VI. À direita, o cais do porto. Imagem B - Fotografia em cores da
Praça Mauá em plano lateral. À esquerda algumas pessoas sentadas no gramado. Ao centro o
letreiro #cidadeolimpica é cercado de pessoas que observam e tiram fotos. Ao fundo um edifício
comercial estilo Art-Decó. A direita do edifício, o Museu de Arte do Rio - Mar com as suas duas
edificações: O antigo Palacete ao lado de uma edificação modernista.
Após a análise de todas as etapas do trabalho realizado podemos elencar algumas regras
que visam orientar e facilitar o trabalho de áudio-descrição:
Foi identificada a necessidade da participação de um consultor cego para avaliar o que foi
áudio-descrito. De acordo com o Audio Description Guidelines and Best Practices
(SNYDER, 2009) este é um dos critérios que se referem às áudio-descrições de imagens
estáticas como podemos ver a seguir:
_________________________________________________________________________
SILVA, Fabiana Tavares dos Santos et all. REFLEXÕES SOBRE O PILAR DA
AUDIO-DESCRIÇÃO: DESCREVA O QUE VOCÊ VÊ. Revista Brasileira de Tradução Visual
(RBTV) 2010. Disponível em <http://www.rbtv.associadosdainclusao.com.br> Acesso: 28 de
maio de 2016.