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Princípios e
Manejo Ortopédico
Figura 1.1 A classificação das fraturas. As fraturas segmentares e em asa de borboleta são tipos específicos de fraturas cominutivas.
ta com base no movimento do fragmento distal em • A distração é o termo usado quando o deslocamento
relação ao fragmento proximal. Na prática clínica, estiver no eixo longitudinal do osso (i.e., os fragmen-
contudo, é mais comum usar o termo “deslocamento” tos ósseos estão “separados”) (Fig. 1.3C).
para descrever a translação. Por exemplo, a fratura na • A deformidade rotacional pode ocorrer em qualquer
Figura 1.3A é descrita como estando 50% deslocada fratura, embora seja comum após as fraturas espirais.
em direção lateral. Pode ser clinicamente detectada quando as radiogra-
• A aposição em baioneta está presente quando os frag- fias revelam uma fratura não deslocada, mas a extre-
mentos não estão apenas 100% deslocados, mas tam- midade parece anormal (p. ex., um dedo que aponta
bém sobrepostos (Fig. 1.3B). Isso é frequentemente na direção errada). Radiograficamente, uma defor-
visto nas fraturas da diáfise femoral e do úmero. midade rotacional sutil pode ser observada ao notar
Estabilidade
• Fratura estável: Uma fratura que não tenha tendência
A. Bom alinhamento
20º para deslocar após a redução. As fraturas transversas
B. Angulação são frequentemente fraturas estáveis.
• Fratura instável: Uma fratura que tende a deslocar
Figura 1.2 A descrição das fraturas é de acordo com a relação
após a redução. As fraturas cominutivas, oblíquas e
do segmento distal com o proximal. A. Não existe angulação e
isso é chamado de bom alinhamento das extremidades fratura- espirais são mais comumente instáveis.
das. B. Existe angulação lateral do segmento distal de 20º.
Mecanismo de lesão
• As forças diretas causam uma fratura que será trans-
versa, oblíqua ou cominutiva. Um exemplo de uma
força direta que causa fratura é aquela causada por
um golpe direto na ulna. Uma fratura cominutiva
após uma lesão por esmagamento e uma fratura por
um projétil de alta velocidade também são causadas
por impacto direto.
• As forças indiretas também podem induzir uma fra-
tura, transmitindo energia ao osso. Uma fratura por
avulsão é pela tração ligamentar (Fig. 1.4A). Uma
força, como um estresse em valgo no joelho, pode
resultar em uma fratura por compressão ou depressão
do côndilo tibial (Figs. 1.4B e 1.4C). Uma força rota-
cional (i.e., de torção) aplicada no eixo longo de um
osso resulta em fratura espiral (Fig. 1.5). Uma fratura
de estresse, às vezes chamada de fratura de fadiga, re-
sulta de estresse indireto repetido aplicado a um osso.
A. Aposição B. Deslocada com
Algumas fraturas de estresse são causadas por trauma
parcial aposição em direto repetido.
baioneta C. Distraída
A. Avulsão
A. Luxação B. Subluxação
B. Compressão C. Depressão
C. Diástase
Figura 1.4 O mecanismo de lesão em geral pode ser deduzido
pelo aspecto da fratura. A. Fratura de avulsão devido ao ligamen- Figura 1.6 Lesões articulares. A. A luxação é a separação com-
to deltoide tracionando o maléolo medial, a partir de um estresse pleta dos dois ossos que compõem a articulação. B. A subluxa-
em eversão. B. Fratura de compressão causada pelo côndilo fe- ção indica o deslocamento parcial das extremidades ósseas. C.
moral contactando o côndilo tibial, após um estresse em valgo A diástase é a separação em uma articulação sindesmótica.
na perna. Esse é um tipo de fratura de impactação, mas o termo
compressão não apenas diz que é uma fratura de impactação,
mas também o mecanismo pelo qual ela ocorreu. C. Depressão
do côndilo devido a uma quantidade maior de força.
A B C
A quantidade de contato entre as extremidades ósseas (apo- mais difusos se houver lesão significativa de tecidos moles
sição e distração) e as lesões nos tecidos moles associadas associada. A perda da função normal pode ser notada, mas
afetam de forma adversa a velocidade de consolidação, pois em pacientes com fraturas incompletas (p. ex., uma fratura
a armação para o reparo ósseo fica comprometida. de estresse) a deficiência funcional pode ser mínima. Quan-
A localização da fratura pode impactar a probabilidade do as extremidades fraturadas estão em aposição ruim, a mo-
de não união. O osso cortical encontrado nas diáfises ósseas bilidade anormal e a crepitação podem ser produzidas. Esses
tubulares cura em uma velocidade mais lenta que o osso es- achados não devem ser buscados, contudo, já que aumentam
ponjoso nas epífises e metáfises devido às diferenças no su- a chance de dano adicional dos tecidos moles. Aqueles pa-
primento vascular e na celularidade. Os ossos que têm inci- cientes com deformidade grosseira ou crepitação devem ser
dência mais alta de não união incluem a diáfise tibial distal, imediatamente imobilizados antes de serem movimentados
o escafoide e a diáfise proximal do quinto metatarsal. ou que quaisquer radiografias sejam executadas.
Outras causas de não união incluem a interposição de A sensibilidade dolorosa em um ponto deve ser no-
tecidos moles, a distração óssea por tração ou fixação inter- tada sempre que for produzida. Uma fratura de estresse
na, a infecção, a idade, as fraturas em ossos patológicos e pode ser diagnosticada ou suspeitada com base na sensi-
os medicamentos. A idade do paciente é um fator, já que as bilidade dolorosa óssea, embora uma fratura possa não ser
crianças apresentam uma afinidade mais alta para a rápida vista nas radiografias por 10 a 14 dias. De forma similar,
remodelação óssea. A consolidação de fraturas intra-articu- ao avaliar um paciente com lesão na articulação, conside-
lares é inibida pela exposição ao fluido sinovial. O fluido rar uma fratura osteocondral como a causa da dor.
sinovial contém fibrinolisinas que retardam o estágio inicial Nenhum exame de um paciente com suspeita de fra-
da consolidação da fratura, devido à lise do coágulo. Certos tura é completo sem um exame neurovascular. A lesão em
medicamentos, como os corticosteroides, o hormônio da ti- nervos e vasos deve ser documentada e abordada conforme
reoide em excesso e a nicotina da fumaça do cigarro inibem apropriado antes de quaisquer tentativas de redução. Além
a velocidade de consolidação. Estudos em animais aponta- disso, devem ser pesquisados os sinais de síndrome com-
ram que a hipoxia crônica inibe a consolidação óssea. partimental, como a dor fora de proporção, compartimen-
A pseudoartrose resulta de uma não união não tratada tos tensos ou a dor com amplitude passiva de movimento.
e grosseiramente móvel. Na pseudoartrose, uma articula- Um exame atento da pele é necessário para excluir uma
ção falsa, com uma cápsula revestida com sinovial, apare- fratura exposta. A lesão da pele pode parecer inócua, mas,
ce, envolvendo as extremidades da fratura. quando presente próximo ao local de uma fratura e a base da
ferida não puder ser identificada, a lesão deve ser conside-
rada uma fratura exposta até prova em contrário (Fig. 1.8).
Características clínicas
A evidência de bolhas sobre um local de fratura não é
A dor e a sensibilidade são as queixas de apresentação mais incomum quando o edema for intenso. As bolhas da fratu-
comuns de um paciente com fratura. Estes sintomas estão ra podem aparecer em até 6 horas depois de uma fratura.
habitualmente bem localizados na fratura, mas podem ser Elas podem ser claras ou hemorrágicas, e o tipo preenchido
A B
Figura 1.9 Bolhas da fratura. A. Bolha de fratura serosa em um paciente após uma fratura bimaleolar do tornozelo. B. Bolhas de
fratura hemorrágicas em um paciente com fratura da tíbia distal.
com sangue indica desinserção entre as camadas dérmicas teroposterior e lateral) é o mínimo a ser obtido. Isto serve
e epidérmicas e um prognóstico pior associado (Fig. 1.9). para melhorar a taxa de diagnóstico de fratura e dar ao
As bolhas da fratura são mais comuns em áreas com proe- profissional uma compreensão completa do deslocamento
minências ósseas, como o cotovelo, o pé ou a tíbia distal. de uma fratura (Figs. 1.10 e 1.11). As vistas adicionais
A redução e a estabilização precoce das fraturas diminuem devem ser solicitadas em algumas situações. As vistas
a incidência de formação de bolhas, embora elas possam oblíquas, por exemplo, são particularmente úteis nas ex-
se formar mesmo quando os cuidados tiverem sido ideais. tremidades distais (p. ex., mão, punho, pé).
O controle do edema com compressão, elevação e criote- As fraturas aparecem como uma ruptura da cortical
rapia também é útil. O tratamento das bolhas de fratura é lisa do osso, com uma linha radioluzente delineando os
controverso, embora a maioria dos especialistas deixe-as
intactas, cobertas com iodo povidona, pomada de antibió-
ticos ou curativo com sulfadiazina de prata. A sua presença
frequentemente retarda o reparo operatório, pois elas do-
bram a taxa de infecção e de deiscência da ferida.
O sangramento é outro potencial problema após as
fraturas, especialmente em ossos longos, como os fêmures
ou a pelve. Uma quantidade significativa de perda sanguí-
nea pode ocorrer depois de uma fratura fechada e a quanti- E
dade de sangramento em geral não é apreciada (Tab. 1.1). C E
Um paciente com fratura pélvica significativa pode apre- U C
sentar choque por perda sanguínea. Isso é especialmente U
verdadeiro em idosos, que são menos capazes de fazer va-
soconstrição para o suporte da sua pressão sanguínea.
Radiografias
As radiografias simples são habitualmente suficientes
para o diagnóstico de fratura. Duas vistas ortogonais (an-
DIREITA
A B
Figura 1.14 O desenho original da tala de tração de Thomas com anel completo.
Por esta razão, o médico da emergência deve guiar-se pela no contexto pré-hospitalar. Depois de uma fratura do fêmur,
diretriz de que se houver trauma significativo e sensibili- o osso sobreposto resulta em uma perda de tensão de teci-
dade dolorosa óssea focal suspeita para uma fratura, deve dos moles na coxa e um potencial espaço aumentado para
ser tratado como tal. hemorragia. Até 1 litro de sangue pode distender os tecidos
Existem algumas regiões onde as fraturas ocultas são moles da coxa. Uma tala de tração da extremidade inferior
bastante comuns e com frequência passam despercebidas. O mantém a tensão nos tecidos moles, diminui a quantidade de
1
escafoide é um exemplo notório pelas fraturas ocultas (10 a hemorragia, e subsequentemente melhora o desfecho.
20%) que não são radiograficamente visíveis por várias se- Talvez a tala de tração de extremidade inferior mais
manas depois da lesão. As fraturas ocultas do quadril ocor- antiga conhecida seja a tala de Thomas (Fig. 1.14). Esta
rem em aproximadamente 5% dos pacientes idosos com tala tem sido usada desde o final do século XIX e ficou fa-
trauma, dor no quadril e radiografias iniciais negativas. mosa durante a Primeira Guerra Mundial, quando a mor-
Quando uma fratura oculta for suspeitada, o profissional talidade foi reduzida em 50% depois de sua introdução no
1,2
deve considerar outros exames diagnósticos, como a resso- campo de batalha. Uma modificação desta tala é a tala
nância magnética nuclear (RMN) ou a tomografia computa- de tração de Hare, na qual um meio-anel compõe a por-
dorizada (TC). Estas técnicas de imagens têm sensibilidade ção mais proximal (Fig. 1.15). Estas talas fornecem tração
muito mais alta para a detecção de fraturas. Foi demonstrado dos fragmentos da fratura, mas causam grande desconfor-
que a RMN tem sensibilidade próxima de 100% para diag- to durante o transporte. A tala não deve ser removida antes
nosticar fraturas ocultas do escafoide ou do quadril. Quando da avaliação radiográfica.
um exame de imagens adicional não for obtido no atendi- A tala de tração de Sager (Minto Research and De-
mento de emergência, imobilizar o paciente com a simples velopment, Inc.) é mais recomendada para imobilização
suspeita de tal fratura, mesmo que não radiograficamente de emergência de todas as fraturas do fêmur proximal e
visível, e organizar um acompanhamento ortopédico. da diáfise femoral, tanto no grupo pediátrico como no
grupo adulto (Fig. 1.16). A tala de Sager tem uma has-
Tratamento te única que é colocada no aspecto interno da perna, mas
pode ser aplicada no lado externo da perna se uma fratu-
Imobilização pré-hospitalar ra pélvica estiver presente. A tala não tem um meio-anel
1
Uma fratura instável deve ser estabilizada com alguma posteriormente, o que tem duas vantagens importantes:
2
forma de imobilização ou tração externa antes de movi- alivia qualquer pressão no nervo ciático e reduz a flexão
mentar o paciente. A imobilização própria no contexto do quadril (que ocorre em até 30º na tala de Hare), elimi-
pré-hospitalar reduz a dor e previne a lesão adicional de nando a angulação no local da fratura.
tecidos moles pelos fragmentos da fratura. Um exame Outras talas de extremidades comercialmente dis-
®
neurovascular deve ser feito tanto antes da imobilização poníveis incluem a tala SAM , a tala de Fox, as talas em
®
como imediatamente após. grelha e as talas infláveis. A tala SAM (SAM Medical
Uma tala de tração da extremidade inferior para fratura Products, Inc.), feita de alumínio maleável recoberto de
do fêmur é uma das talas mais importantes a ser colocada espuma, é leve, fácil de usar, e se conforma bem à ex-
Figura 1.15 A. A tração de Hare é aplicada conforme demonstrado, por tração e elevação do membro inferior, com o joelho man-
tido em extensão. B. A tala é então inserida sob o membro, e o pé fixado no aparato de tração.
Manopla de tração
Suspensor do tornozelo
Figura 1.16 A tala de tração de Sager. O medidor distal diz a quantidade de peso que está sendo aplicado às correias do tornozelo
para distração. A tala pode ser aplicada no lado externo da perna nos pacientes com lesões na virilha ou fraturas pélvicas que tam-
bém apresentam uma fratura femoral.
tremidade. A tala de Fox (Compliance Medical, Inc.) da inflação excessiva (isquemia do membro) ou a infla-
consiste em papelão e espuma de borracha, no entanto, ção deficiente (imobilização ineficaz).3 Estas talas não
carece de maleabilidade. Também são usadas as talas devem ser aplicadas sobre a roupa, já que podem causar
infláveis feitas de uma dupla camada de polivinil e gre- lesão de pele.
lha de fio moldável, mas não elas não têm a nossa prefe- Se a atenção médica ainda não tiver chegado, uma
rência. As talas infláveis têm as desvantagens potenciais tala pode ser adaptada com materiais encontrados na
Talas
As talas diferem dos gessados porque não são circunfe-
renciais e permitem o inchaço da extremidade sem um au-
mento significativo na pressão do tecido. As compressas
de gelo podem ser aplicadas ao local da lesão, já que a tala
permitirá a penetração do frio para maximizar o seu efei-
to. Por estas razões, as talas são mais usadas como meio
A B
inicial de imobilização no setor de emergência. Uma vez
Figura 1.17 A. Um travesseiro pode ser uma tala temporária que o edema tenha diminuído, o gessado é feito, pois as
excelente para o manejo pré-hospitalar de uma fratura do tor- talas permitem mais movimento e fornecem menos estabi-
nozelo, do pé ou da tíbia distal. B. Uma fratura na perna pode lidade que uma fratura reduzida precisa para ser mantida
ser estabilizada embrulhando toalhas com firmeza em torno do em posição fixa.
membro e então aplicando dois pedaços de madeira nas late- Talas (e gessados) são reforçados por um ou dois dife-
rais e fixando-os à extremidade.
rentes materiais: gesso ou fibra de vidro. Os rolos de ges-
so ou as placas usadas nos gessados são endurecidos por
maioria das casas. Um exemplo é a tala com travesseiro dextrose ou goma e impregnados com sulfato de cálcio
(Fig. 1.17A). Esta tala é aplicada enrolando firmemente semi-hidratado. Quando a água é adicionada ao sulfato de
um travesseiro comum ao redor de uma fratura da extre- cálcio, ocorre uma reação que libera calor, que é percebi-
midade inferior, fixando-o com alfinetes de segurança. da pelo paciente e pelo médico que aplica o gessado.
Alternativamente, uma tala pode ser feita com toalhas en-
roladas em torno do membro e apoiada em um dos lados CaSO4 + H2O → H2O CaSO4 · H2O + Calor
por pedaços de madeira (Fig. 1.17B). O mesmo tipo de Substâncias aceleradoras são adicionadas às banda-
tala pode ser usado na extremidade superior com a adição gens para permiti-las endurecer em velocidades diferen-
de uma tipoia para apoiar o antebraço. tes. O sal de cozinha comum pode ser usado para retardar
Os pacientes que se apresentam com fraturas expos- o endurecimento do gesso, se isso for desejado, simples-
tas devem ser imobilizados de maneira similar; contudo, mente adicionando sal à água. A aceleração do endure-
o local da lesão de pele deve ser coberto com um curativo cimento ocorre pelo aumento da temperatura da água.
estéril. Deve haver o cuidado de não recolocar qualquer Quanto mais fria for a temperatura da água, mais tempo o
fragmento ósseo exposto de volta na ferida, para evitar gesso leva para endurecer.
contaminação adicional. Para as talas gessadas, uma malha tubular é colocada
na extremidade distal e proximal da extremidade onde a
Imobilização no setor de emergência tala for aplicada (Fig. 1.18). A seguir, uma camada mole
Uma fratura é imobilizada no setor de emergência para de acolchoamento (p. ex., algodão laminado) é circunfe-
permitir a consolidação, o alívio da dor e para estabili- rencialmente colocada em torno da extremidade, com cui-
zar as fraturas instáveis. A presença de uma fratura, en- dado especial no acolchoamento extra em áreas onde as
tretanto, não deve ser automaticamente igualada com a protuberâncias ósseas sejam mais proeminentes (i.e., nos
necessidade de imobilização (p. ex., uma fratura da cla- maléolos, no calcanhar). O gesso é medido e cortado (ou
vícula). As regras fundamentais das talas e dos gessados rasgado) no comprimento apropriado. Para a resistência
são idênticas. De forma ideal, pelo menos uma articulação máxima, 8 a 10 camadas devem ser usadas. As camadas
acima e abaixo da fratura deve ser imobilizada. Em geral, de gesso são então submersas em água morna, alisadas
a extremidade deve ser colocada na posição de função an- para reforço da resistência, e aplicadas à extremidade.
tes de ser imobilizada, embora haja exceções a esta regra, Uma tira de acolchoamento gessado pode ser aplicada
dependendo da lesão (Tab. 1.2). sobre a superfície exterior do gesso, de forma que a ata-
A B C
D E
Figura 1.19 Aplicação de um gessado. A. A malha tubular é usada para cobrir as extremidades proximais e distais da área a ser imobili-
zada. B. Um material de acolchoamento macio é usado sob o rolo de gesso. C. O gesso é aplicado com o rolo mantido contra o membro
pela mão esquerda. A mão direita é usada para alisar o gesso e para puxar e dobrar os cantos superiores, que são produzidos pela mudan-
ça na circunferência do membro. D. O rolo de gesso, uma vez aplicado, é alisado com a eminência tenar e as palmas de ambas as mãos
são usadas para selar os interstícios e dar suporte adicional. E. O passo final é dobrar de volta a malha e aplicar o último rolo de gesso.
A. Correto B. Incorreto
Figura 1.22 Uma luva gessada com o punho em 15 a 20º de Verificando os gessados
extensão e os dedos livres na articulação metacarpofalângica. Qualquer paciente com um gessado circunferencial deve
receber instruções escritas descrevendo os sintomas da
síndrome compartimental com um gessado apertado. Au-
Uma janela pode ser aberta em um gessado quando
mento da dor, edema, frieza ou alteração na cor da pele
uma fratura é acompanhada de uma laceração ou qualquer
das porções distais da extremidade são os sinais de que
lesão de pele que precise de cuidados durante o tratamen- um gessado está muito apertado e o paciente deve ser
to da fratura. As janelas são feitas cobrindo-se a ferida com instruído para retornar imediatamente. Como regra, re-
um pedaço volumoso de gaze estéril sendo, então, aplicado comendamos que qualquer gessado circunferencial seja
o gessado sobre o curativo da maneira normal. Depois de verificado no dia seguinte, buscando sinais de comprome-
completar o gessado, uma janela é cortada acima da “pro- timento do aparelho circulatório. O paciente deve receber
tuberância” criada pelo curativo de gaze (Fig. 1.23). O de- instruções para elevar o membro para evitar problemas.
feito deve sempre ser coberto com um curativo volumoso e Se o paciente reclamar de desconforto em qualquer
firmemente seguro com uma atadura para evitar a herniação momento após a aplicação do gessado, é melhor removê-lo
de tecidos moles e subsequente edema e ulceração de pele. para verificar se há síndrome compartimental, escaras de
Os gessados não são usados com tanta frequência no pressão ou lesão do nervo periférico. Como alternativa, o
setor de emergência como as talas. A colocação de um gessado pode ser cortado dividido em ambos os lados (i.e.,
gessado circunferencial no contexto agudo pode ser pro- bivalvado) para diminuir a pressão. Se as queixas do pa-
blemática se o edema adicional produzir uma síndrome ciente persistirem, o gessado deve ser removido.
compartimental. Se um gesso for colocado no setor de A Figura 1.24 demonstra a técnica apropriada para re-
emergência e o edema adicional for antecipado, o gessa- mover ou dividir um gessado. A serra oscilante usada para
dividir o gessado é geralmente segura, mas pode cortar a pele
se não for usada com o devido cuidado. Deve-se lembrar de
não dividir apenas o gesso, mas também o acolchoamento
interno, para reduzir significativamente a pressão. Isto foi
bem demonstrado em um estudo no qual nenhuma redução
significativa na pressão ocorria quando apenas o gesso era
aberto. A divisão do gesso e do acolchoamento resultou em
redução significativa na pressão dos tecidos moles.5
A B
Figura 1.24 A remoção de gesso usando A. serra oscilante e B. afastador e tesoura de segurança.
sentes ou enchimento capilar retardado, sendo que a lesão requerem redução imediata somente quando a extre-
vascular pode ocorrer depois de qualquer fratura desloca- midade estiver sem pulso e perfusão ausente.
da ou luxação. Uma extremidade não perfundida tem um
A preparação de um paciente para a redução da fratu-
período limitado de tempo antes que ocorra morte nervosa
ra depende do tipo de lesão e do contexto clínico. Expli-
e muscular. Por esta razão, a redução deve ocorrer assim
que o procedimento para o paciente e obtenha o consen-
que possível. Quanto mais cedo a perfusão for recuperada,
timento. Ao executar a redução, o paciente deve estar em
melhor é a chance de evitar necrose tecidual.
decúbito dorsal sempre que possível. A extremidade en-
A redução no setor de emergência é contraindicada
volvida deve estar completamente exposta e qualquer pe-
em vários casos:
daço de roupa ou acessórios, tanto proximal como distal à
1. A extremidade está perfundida e o paciente necessi- lesão, ser removido. Se a fluoroscopia for usada, deve ser
tará de tratamento operatório imediato. Uma fratura movida para a posição. Com frequência, o material para
exposta em uma extremidade perfundida, por exem- tala é montado antes de iniciar o procedimento, de forma
plo, deve ser reduzida na sala de cirurgia, onde pode que pode ser imediatamente aplicado à extremidade após
ocorrer uma lavagem cirúrgica adequada. a redução. Isso é especialmente útil no contexto de uma
2. Antecipa-se que a remodelação ou a fratura conso- fratura instável.
lidará de forma adequada sem redução. A remode- Os princípios básicos para reduzir as fraturas são si-
lação, especialmente em crianças, pode corrigir de- milares, e podem ser divididos em quatro passos:
formidades de modo gradual com a consolidação e 1. Distração
torna desnecessária a redução dolorosa ou o risco de
2. Desencaixe
sedação. No esqueleto do adulto, as fraturas da diáfise
umeral e as fraturas do colo do quinto metacarpal são 3. Reaposição
exemplos de ossos em que algum grau de angulação 4. Liberação
residual não causará impacto na função, tornando a A distração envolve a criação de uma força longitu-
redução desnecessária. dinal para tracionar e separar os fragmentos ósseos. Esse
3. A sedação para o procedimento é inadequada ou mui- passo é feito gradualmente e pode exigir tempo para ser
to arriscada. Se a analgesia adequada não puder ser efetivo, superando o espasmo muscular. A distração tam-
fornecida devido à condição médica do paciente ou bém é importante quando as extremidades fraturadas do
pela incapacidade em monitorar de forma apropriada osso estiverem sobrepostas. A distração pode ser aplicada
o paciente, a redução no setor de emergência não deve manualmente, com a ajuda de um assistente, ou usando
ser executada. pesos.
4. A lesão vascular pode piorar com a redução fechada. O desencaixe das extremidades ósseas da fratura per-
Quando haver suspeita de lesão vascular em um pa- mite a desimpactação adicional do osso, mais além da dis-
ciente com luxação da articulação esternoclavicular tração. É possível alcançar o desencaixe por rotação do
posterior, por exemplo, a redução é mais adequada- fragmento distal ou “recriando a deformidade da fratura”.
mente executada na sala de cirurgia com um cirur- Alivia a tensão nos tecidos moles para permitir que os
gião cardiotorácico disponível, pois a clavícula distal fragmentos da fratura se reposicionem.
pode estar tamponando um vaso subclávio lacerado. A reaposição é alcançada revertendo as forças que
Em uma forma similar, as fraturas supracondilianas causaram a lesão, proporcionando o alinhamento aos
A B
C D
Figura 1.27 Tração esquelética. A. Representação esquemática de um fio de tração através do fêmur distal. B. Radiografia de um
paciente com um fio de tração na tíbia proximal e fratura do fêmur distal. C. Fotografia clínica da perna do paciente. D. O aparato
inteiro com bolsas d’água usadas como pesos.
alinhar as fraturas do úmero. Os locais comuns para a co- portante que o médico da emergência tenha alguma fa-
locação do fio na extremidade inferior incluem o fêmur miliaridade com esses dispositivos e reconheça as suas
distal, a tíbia proximal, a tíbia inferior e o calcâneo (Vídeo complicações potenciais. As complicações mais comuns
1.2). As complicações incluem infecções no trajeto do fio incluem a falha do implante (i.e., a quebra), a perda da
e a superdistração da fratura. fixação e as infecções.
A placa e os parafusos colocam as extremidades da
Dispositivos ortopédicos fratura em alinhamento aceitável para permitir a consoli-
Uma variedade de dispositivos é usada cirurgicamente dação. Se a fratura não consolidar de forma espontânea, a
para estabilizar uma fratura instável (Fig. 1.28). É im- placa eventualmente quebra ou os parafusos se afrouxam.
D
A B
E
E
C D
Figura 1.28 Dispositivos ortopédicos para estabilização de fraturas. A. Placa e parafusos. B. Parafusos. C. Haste intramedular rígi-
da. D. Hastes intramedulares flexíveis (continua).
D
MV
G H
Figura 1.28 (Continuação) E. Fios percutâneos F. Fios com banda de tensão. G. Fixador externo. H. Prótese total de quadril.
A consolidação ocorre sem a formação de calo que é vista a haste seja colocada, os parafusos de bloqueio são adi-
com o gessado. Os parafusos podem também ser usados, cionados para fornecer estabilidade rotacional. As hastes
independentemente de uma placa. Os exemplos incluem intramedulares flexíveis são mais comuns na população
a estabilização de um escorregamento da epífise capital pediátrica, podendo ser inseridas através da porção me-
femoral, ou de uma fratura deslocada do escafoide. A tafisária do osso e evitando uma lesão na placa de cresci-
complicação mais comum deste tipo de fixação interna é mento. As hastes são mecanicamente mais fortes que uma
a infecção da ferida. placa ou os parafusos, mas podem quebrar se a fratura não
As hastes intramedulares são rígidas ou flexíveis. consolidar. A infecção é menos comum do que com placa
As hastes intramedulares rígidas são usadas para tratar e parafusos. As hastes intramedulares flexíveis e as rígi-
as fraturas em ossos longos. A formação do calo no local das não bloqueadas podem migrar para fora do osso e nos
de fratura é mais acentuada, pois a fratura não é mantida tecidos moles.
em alinhamento tão rígido como ocorre com uma placa e Os fios percutâneos são usados para as fraturas dos
parafusos. A consolidação de fratura é habitualmente ex- ossos pequenos da mão e do pé. Como diz o nome, o fio
celente, porque o periósteo e o hematoma da fratura não é diretamente inserido através da pele e pode então ser
são perturbados quando a haste é colocada. Uma vez que cortado, de forma que somente uma porção pequena do
fio fique exposta. Esses fios de aço inoxidável também texto rural, por exemplo, sugere um prognóstico pior, com
são chamados de fios de Kirschner ou fios K, depois que taxas mais altas de contaminação, do que uma queda de
Martin Kirschner os introduziu em 1909. As complica- baixa energia na calçada urbana. O profissional deve exe-
ções desses dispositivos incluem infecções no trajeto do cutar um exame neurovascular e reduzir a fratura imedia-
fio, migração ou quebra. tamente apenas quando for associada à perfusão ausente
Os fios com banda de tensão são utilizados para reali- na extremidade distal.
nhar as fraturas que sofrem forças de distração devido aos O exame do tecido dentro e em torno da ferida
músculos. Os exemplos incluem as fraturas do olécrano, deve ser executado, notando quaisquer contaminantes.
do tubérculo maior do úmero proximal e da patela. Nes- Não deve haver nenhuma tentativa de explorar digital-
sa técnica, os fragmentos de fratura são alinhados por fios mente a ferida no setor de emergência, já que pouca infor-
percutâneos que também agem como uma âncora para uma mação será fornecida, resultando em aumento do risco de
laçada de fio flexível que segura os fragmentos juntos. As infecção. Se houver dúvida sobre uma ferida pequena que
complicações desses dispositivos incluem a quebra, a bur- está acima de uma fratura, é possível verificar com segu-
site do olécrano e a perfuração da pele pelo fio. rança a ferida com um instrumento estéril não penetrante
A fixação externa tem uma armação que é suportada por para ver se o osso é tocado.
fios colocados através dos fragmentos proximais e distais da As radiografias ajudam no diagnóstico se ar for visto
fratura. Estes dispositivos são usados preferencialmente no dentro dos tecidos moles em pacientes que sofreram uma
contexto de fraturas expostas, já que permitem a monitora- lesão recente. Se ainda não estiver claro que a fratura é ex-
ção dos tecidos moles e a redução da infecção. Eles também posta, o manejo prudente é tratar considerando-a exposta
são usados para estabilizar temporariamente as fraturas da e debridar a ferida na sala de cirurgia.
pelve e, algumas vezes, para o tratamento das fraturas distais Gustilo e Anderson classificaram as fraturas expostas
do rádio. As infecções no trajeto do fio e o afrouxamento do pela gravidade do dano de tecidos moles e o grau associa-
dispositivo são as complicações mais comuns. do de contaminação da ferida. Esse sistema de classifica-
As próteses articulares estão disponíveis para quase ção é amplamente usado e permite ao médico da emergên-
cada articulação do corpo. Elas são consideradas como cia comunicar-se de maneira eficaz com um especialista
uma artroplastia total (completa) se ambos os lados da ar- em ortopedia.
ticulação forem substituídos, e uma hemiartroplastia (par-
• O Grau I descreve uma ferida aberta devido a uma
cial) se somente um lado da articulação for substituído.
lesão de baixa energia. A ferida tem < 1 cm de com-
No quadril, a artroplastia total é mais usada para artrite,
primento e não mostra qualquer evidência de conta-
enquanto apenas a hemiartroplastia pode ser necessária 6
minação. As fraturas nas feridas de grau I são ha-
para uma fratura deslocada do colo do fêmur. O tipo mais
bitualmente simples, transversas ou oblíquas curtas,
comum de prótese total de quadril usa uma prótese femo-
com cominução mínima. Essas feridas costumam ser
ral de metal que se articula com uma copa acetabular de
causadas por um fragmento de fratura que perfura a
plástico. A copa de plástico é fixada ao acetábulo por um
pele pelo lado de dentro.
apoio de metal. A denominação “restrita” é usada quando
• As feridas de Grau II envolvem uma quantidade mo-
as duas porções da articulação protética são bloqueadas
derada de lesão nos tecidos moles. Alguma cominu-
juntas, em vez de serem estabilizadas pelos ligamentos e
ção da fratura e um grau moderado de contaminação
tendões intrínsecos do paciente. Os dispositivos restritos 7
podem estar presentes. As fraturas expostas de grau
têm mais probabilidade de afrouxar. Outra complicação é
II são caracterizadas por uma ferida que tem > 1 cm.
a luxação, que pode ocorrer com as articulações protéti-
Nenhum tecido mole foi desnudado do osso.
cas restritas e não restritas. A redução de um dispositivo
restrito deslocado é raramente bem-sucedida no setor de • O Grau IIIA é uma ferida grande (habitualmente > 10
emergência, e a tentativa pode causar danos ao dispositi- cm). O grau de contaminação é alto e a quantidade de
vo. A outra complicação catastrófica de uma articulação lesão de tecidos moles é grave; contudo, existe cober-
protética é a infecção. A avaliação é aconselhada em todos tura adequada de tecidos moles no osso. A cominução
os casos de suspeita de infecção na articulação protética. da fratura associada costuma estar presente.
• O Grau IIIB é uma ferida grande (> 10 cm), com
desnudamento periosteal e exposição óssea. Nessa
Fraturas expostas subclasse, o grau de lesão de tecidos moles é tal que
Uma fratura exposta ocorre quando uma ruptura na pele e uma cirurgia de reconstrução é muitas vezes neces-
nos tecidos moles comunica-se diretamente com uma fra- sária para cobrir a ferida. A contaminação maciça e
tura e seu hematoma. Embora o diagnóstico seja direto na uma fratura gravemente cominutiva são notadas nessa
7
maioria dos casos, pode ser difícil quando houver alguma subclasse.
distância entre os fragmentos da fratura e a ferida aberta. • O Grau IIIC é similar à lesão IIIB, mas está associado
A história deve ser obtida em relação ao mecanismo e ao achado adicional de lesão arterial significativa, que
8
à localização da lesão. Uma lesão de alta energia no con- exige reparo para salvação da extremidade.
O tratamento no contexto pré-hospitalar consiste em são ainda as mais comumente vistas; entretanto, as feridas
cobrir a ferida com um curativo estéril e imobilizar a ex- por armas de velocidade mais alta (p. ex., M-16, AK-47)
tremidade. No setor de emergência, corpos estranhos ou estão se tornando mais comuns. Os dados demonstram
fragmentos óbvios devem ser removidos de forma estéril, que as armas de alta velocidade respondem por 16% dos
manualmente ou com uma pinça. A profilaxia do tétano homicídios na cidade de Nova York.13
é administrada quando indicado. Da ferida pode ser co- As espingardas são armas de baixa velocidade dife-
letado um esfregaço para cultura, a pedido do cirurgião rentes das pistolas, pois impulsionam centenas de pelo-
ortopedista; entretanto, existe evidência de que as culturas tas de chumbo (Fig. 1.29). Por ter uma alta eficácia de
pré-debridamento teriam pouco valor.9 transferência de energia à queima-roupa, a espingarda
Os antibióticos de amplo espectro contra organismos causa dano de tecidos moles e lesão óssea significativos.
gram-positivos e gram-negativos são recomendados para As explosões de espingarda à queima-roupa podem ser
o uso em fraturas expostas. Os antibióticos devem ser ini- determinadas pela medida do diâmetro do espalhamento
ciados tão logo quanto possível depois da lesão. Foi de- do chumbo no paciente. Uma ferida com um diâmetro de
13
monstrado que um retardo de mais de 3 horas aumenta < 7 cm sugere uma lesão de espingarda à queima-roupa.
a taxa de infecção.10,11 O organismo produtor de infecção Ao avaliar um paciente com ferimento por arma de
mais comum é o Staphylococcus aureus. A ferida da fratu- fogo nas extremidades, o profissional deve primeiro abor-
ra exposta mais suscetível à infecção secundária é aquela dar os ABCs dos cuidados de trauma com avaliação primá-
decorrente de um disparo de arma de fogo à queima-roupa. ria completa. Em relação à extremidade atingida, a priori-
Todos os pacientes com fraturas expostas devem ser dade inicial é a condição neurovascular dessa extremidade.
submetidos a um debridamento na sala de cirurgia. Se o Em pacientes com sinais de lesão vascular, a angiografia e/
6,8
paciente for levado à sala de cirurgia para irrigação e de- ou a exploração intraoperatórias são necessárias.
bridamento formal dentro de 1 a 2 horas da lesão, o curati- A maioria das feridas por arma de fogo de baixa ve-
vo estéril e a tala devem ser reaplicados depois de os frag- locidade e sem evidência de lesão vascular pode ser trata-
mentos óbvios serem removidos. Se houver retardo em da seguramente com cuidados locais na ferida, profilaxia
levar o paciente para a sala de cirurgia além de 2 horas, do tétano e manejo ambulatorial. O uso de antibióticos é
a ferida deve ser irrigada com 1 a 2 litros de soro fisio- controverso, mas a maioria dos autores recomenda a pro-
lógico antes de o curativo estéril ser reaplicado. Observe filaxia de rotina com três dias de antibióticos orais (ci-
14-16
que manter úmida uma ferida aberta aumenta a umidade profloxacino, cefalexina ou dicloxacilina). As fratu-
da superfície, um fator importante na cicatrização. Além ras associadas são tratadas de acordo com os protocolos
disso, os curativos oclusivos facilitam a cicatrização local aceitos para fraturas similares em pacientes com outros
por elevar a temperatura da ferida.12 tipos de trauma. As lesões são tratadas como se fossem
fraturas “fechadas”. A irrigação é seguida pela aplicação
de um curativo estéril. A ferida é deixada aberta e a fra-
Feridas por arma de fogo
tura é imobilizada apropriadamente. Os pacientes que se
As feridas por arma de fogo são comuns na nossa socieda- apresentam > 8 horas depois da lesão podem se beneficiar
de, com até 500.000 casos ocorrendo a cada ano somente do debridamento cirúrgico, pois o cuidado local da ferida
13
nos Estados Unidos. Muitos pacientes com essas lesões se é menos eficaz.
apresentam no setor de emergência com fraturas associa- As lesões de alta velocidade, as lesões à queima-roupa
das. As feridas por arma de fogo são divididas em dois ti- e as feridas grosseiramente contaminadas requerem irriga-
pos – de baixa velocidade e de alta velocidade. As feridas ção e debridamento cirúrgico. Essas feridas são tratadas
infligidas por armas de baixa velocidade (p. ex., pistolas) como fraturas expostas. Os antibióticos intravenosos estão
A B
Figura 1.30 Lesão por pistola de pregos. A. Este trabalhador da construção acidentalmente descarregou a sua pistola através da sua bota
de segurança e em seu pé. B. As radiografias revelaram que o prego estava dentro do calcâneo. Observar a rebarba presente no prego.
Pelve 1,6%
Fêmur 7,2%
Figura 1.32 Lesão lítica do úmero com fratura patológica.
(Contribuição de J. Wanggaard, NP.)
Tíbia 49%
Fíbula 6,6% para uma fratura completa, que pode ser complicada por
não união ou necrose avascular. A fratura de estresse de
Tarsais 25%
alto risco mais comum é do colo do fêmur. Esses pacien-
Metatarsais 8,8% tes devem ser tratados como se tivessem uma fratura agu-
da e não devem apoiar o peso.21 A intervenção cirúrgica
Sesamoides 0,9%
é frequentemente necessária. Outras fraturas de estresse
de alto risco incluem a cortical anterior da tíbia, o tálus, o
Figura 1.31 A distribuição e a frequência das fraturas de estresse. maléolo medial, o navicular tarsal e o quinto metatarsal.
Se a fratura de estresse não for de alto risco, o trata-
mento conservador envolve diminuição na atividade até o
fratura. Em geral, a dor começa quatro semanas depois do ponto em que a dor não esteja mais presente. Raramente é
aumento na atividade física. A dor progride em intensida- necessário eliminar as atividades da vida diária, mas se a
de durante a atividade, até que o exercício seja desconti- dor persistir, o paciente é mantido sem carga. Alguns au-
nuado. O momento do diagnóstico é variável, e pode ser tores recomendam o treinamento cruzado imediato, como
de várias semanas a vários meses em alguns casos.20,22 ciclismo, patinação ou hidroginástica.24 É necessário ces-
O exame físico varia conforme a localização da fra- sar a atividade precipitante por um mínimo de quatro se-
tura de estresse. Uma fratura de estresse do fêmur proxi- manas. Depois desse período, o paciente pode retomar aos
mal revela achados clínicos mínimos. A dor está habitual- poucos as atividades anteriores. Os medicamentos anti-in-
mente presente na região anterior da virilha. O movimento flamatórios não esteroides (AINEs) são evitados devido
do quadril, em especial os extremos da rotação interna e aos seus efeitos negativos sobre a consolidação óssea.25
externa, exacerba a dor.21 Além disso, a dor é produzida
quando é solicitado ao paciente para apoiar-se e pular na
Fraturas patológicas
extremidade afetada (teste do pulo).22
As radiografias simples iniciais revelam fratura em As fraturas patológicas ocorrem em ossos que estejam anor-
somente 10% dos casos.20,23 A cintilografia óssea é mais malmente enfraquecidos por uma condição preexistente.26
sensível para detectar novas fraturas de estresse. Deve ser A osteoporose é a causa mais comum de fratura patológica,
notado, contudo, que a cintilografia óssea positiva é um seguida pelas lesões metastáticas (Fig. 1.32). A Tabela 1.3
achado não específico, e pode ocorrer em outras condi- lista outras causas de fraturas patológicas. Os locais mais
ções. Outras opções para confirmar o diagnóstico quando comuns para metástases ósseas são a coluna vertebral, as
as radiografias simples iniciais forem negativas incluem a costelas, a pelve, o fêmur e o úmero. As fraturas patológicas
sua repetição, RMN ou TC. metastáticas raramente ocorrem distalmente ao joelho e ao
O tratamento das fraturas de estresse é conservador, cotovelo. Os encondromas são tumores benignos que comu-
a menos que a localização seja considerada de alto risco mente ocorrem nos metacarpais e nas falanges.
TABELA 1.3 Causas de fraturas patológicas anormal da articulação. A cicatrização subsequente ocorre
Condições sistêmicas nas entorses de segundo grau, desde que a articulação seja
Osteoporose inicialmente imobilizada e protegida de estresses mecâni-
Doença de Paget cos adicionais por aproximadamente seis semanas.
Osteogênese imperfeita As entorses de terceiro grau são caracterizadas pela
Osteopetrose ruptura completa do ligamento e pelo movimento anormal
Osteomalacia da articulação. O edema significativo ocorre logo depois
Hiperparatireoidismo da lesão, e a incapacidade funcional é prontamente apa-
Deficiência de vitamina D (Raquitismo) rente. Os testes de estresse perpendicular ao plano normal
Lesões locais
de movimento articular distinguem as lesões de segundo
Lesões metastáticas
Mama, próstata, pulmão, rim, tireoide
das de terceiro grau.27 Em pacientes com entorses de ter-
Osteomielite ceiro grau, a instabilidade grosseira sem dor é frequente-
Doenças benignas primárias mente demonstrada. Em contraste, é causada dor intensa
Encondroma quando um ligamento parcialmente danificado é estirado,
Cistos ósseos unicamerais e o grau de abertura da articulação é limitado.
Condroblastoma Nas entorses de terceiro grau, a aposição direta das
Condromixofibroma duas extremidades divididas de um ligamento resultará
Tumores de células gigantes em desfecho melhor, com tecido cicatricial mínimo, do
Fibroma não ossificante que se as extremidades do ligamento não forem suturadas.
Doenças malignas primárias A aposição das extremidades do ligamento apressa a co-
Mieloma múltiplo
lagenização e restaura o tecido ligamentar normal. Os li-
Sarcoma de Ewing
Condrossarcoma
gamentos divididos e não imobilizados curam com uma
Fibrossarcoma lacuna. Os ligamentos suturados, testados sob tensão em
Histiocitoma fibroso maligno comparação àqueles não suturados, mostram-se mais for-
tes. Os ligamentos não suturados falham na cicatriz. Por
estas razões, os autores preconizam o reparo da maioria
Qualquer fratura que ocorra por um trauma trivial das rupturas de terceiro grau (completas) dos principais
deve ser considerada patológica. Os pacientes podem per- ligamentos de suporte ao redor de articulações de carga
ceber dor óssea generalizada ou até edema indolor sobre dentro da primeira semana após a lesão.
o local da fratura patológica. As lesões benignas são ha-
bitualmente assintomáticas antes da fratura. A dor óssea Bursite e tendinite
prévia à fratura sugere que a lesão seja, mais provavel- As bolsas são sacos achatados, revestidos com membra-
mente, maligna. na sinovial e preenchidos com uma camada fina de fluido
O limiar para obter radiografias simples deve ser mais sinovial. Eles funcionam limitando a fricção criada pelos
baixo em pacientes com quaisquer das condições listadas na movimentos dos tendões e dos músculos sobre as proemi-
Tabela 1.3. Na radiografia, deve-se procurar por osteopenia nências ósseas. Existem aproximadamente 160 bolsas ao
generalizada, reação periosteal, afilamento das corticais, e longo do corpo. As forças excessivas de fricção, o trau-
alterações no padrão trabecular em torno do local da fratu- ma ou as doenças sistêmicas, como artrite reumatoide
ra. Quanto mais grave for a lesão periosteal, mais provável ou gota, podem causar inflamação dentro de uma bolsa
haver associação com malignidade. Por fim, a fratura deve e resultar em bursite. A forma mais comum de bursite é
ser imobilizada e, dependendo da suspeita de malignidade, a subacromial (subdeltóidea). Outras formas comumente
o paciente deve ser hospitalizado para investigação diagnós- encontradas incluem a trocantérica, a do olécrano, a cal-
tica adicional. caneana, a anserina e a pré-patelar. O tratamento consiste
em evitar a atividade agravante, o repouso da extremidade
PRINCÍPIOS DE TECIDOS MOLES envolvida, AINEs e injeção local de esteroides.
A tendinite é um processo inflamatório circunscrito ao
Lesão ligamentar
tendão e envolve a inserção do tendão no osso. A tendinite
As lesões ligamentares são divididas em entorses de pri- pode resultar de uso excessivo crônico ou de um episódio
meiro, segundo e terceiro graus. Uma entorse de primeiro único de atividade vigorosa. A tendinite crônica resulta em
grau é uma ruptura de somente algumas fibras e é caracte- atrofia das fibras do tendão. Do ponto de vista clínico, a
rizada por edema mínimo, nenhuma incapacidade funcio- tendinite se apresenta com dor durante a amplitude de mo-
nal e movimento articular normal. vimento ativa e sensibilidade dolorosa puntiforme próxima
Uma entorse de segundo grau é a ruptura parcial do à sua inserção óssea. A contração forçada do músculo com
ligamento. As entorses de segundo grau se apresentam pressão sobre a inserção do tendão exacerba a dor. A ten-
com edema, sensibilidade dolorosa e incapacidade fun- dinite calcificada está associada com inflamação crônica e
cional; contudo, em geral não existe nenhum movimento deposição de cálcio dentro do tendão, podendo ser detecta-
da em radiografias simples. As formas comuns de tendinite dos tendões extensores das mãos ocorre em pacientes com
incluem a patelar, do quadríceps, do manguito rotador, do artrite reumatoide. Os medicamentos como esteroides e
calcâneo, a epicondilite lateral (cotovelo de tenista), e a te- fluoroquinolonas também têm sido associados com inci-
nossinovite de Quervain. Tal como a bursite, o tratamento dência mais alta de ruptura de tendão.28-30
consiste em repouso, medicamentos anti-inflamatórios não As avulsões tendíneas nas inserções ósseas envolvem
esteroides e injeção local de esteroides. um fragmento de fratura ou tendão que pode ser reinseri-
A injeção local de esteroides para bursite e tendinite do por meio de cirurgia. As rupturas parciais dos tendões
requer que o médico esteja familiarizado com a anatomia habitualmente cicatrizam bem se uma lesão adicional for
da extremidade afetada. Se usados da forma correta, os cor- prevenida. As rupturas completas de tendão são reparadas
ticosteroides diminuem a inflamação e a dor, promovendo cirurgicamente, pois as lacunas entre as junções musculo-
a cura. As contraindicações para a injeção local de esteroi- tendíneas diminuem a força do tendão depois da cicatriza-
des incluem celulite sobrejacente, suspeita de artrite sépti- ção. A ruptura na junção musculotendíneas é mais difícil
ca, coagulopatia ou mais do que três injeções em um ano. de reparar por cirurgia do que a ruptura no local da inser-
As preparações de corticosteroides disponíveis para ção óssea devido à impossibilidade de prever o desfecho
injeção estão listadas na Tabela 1.4. A triancinolona he- da sutura do tendão ao músculo.
xacetonida a triancinolona acetonida são os preferidos, Os tendões flexores da mão são os tendões mais co-
já que são preparações potentes com longa duração de mumente lacerados. Essas lacerações criam um desafio
ação. Os efeitos locais desses agentes podem durar me- ímpar, porque os tendões passam por bainhas revestidas
ses. A quantidade de esteroide a ser injetada depende da de sinóvia e por polias fibrosas. As aderências nessas es-
indicação. Para os grandes espaços, como o subacromial,
olécrano e bolsas trocantéricas, uma dose de 20 a 30 mg
de acetato de metilprednisolona ou o seu equivalente é
apropriado. As bainhas tendíneas, como na tenossinovite
de Quervain, requerem uma dose menor, de 5 a 15 mg de
acetato de metilprednisolona ou o seu equivalente.
A adição de um anestésico local à preparação de es-
teroide fornece dois propósitos úteis. O paciente recebe
alívio imediato da dor e ao médico é garantido que a lo-
calização da injeção esteja anatomicamente correta. A li-
docaína, a bupivacaína, ou a mepivacaína são os agentes
anestésicos mais usados.
Ruptura do tendão
Os tendões podem ser lesionados ou por avulsão ou por
laceração. As lacerações ocorrem mais comumente do
que a avulsão do tendão. A avulsão do tendão ocorre no
local da inserção óssea ou na junção entre o músculo e o
tendão. Os quatro tendões mais comumente avulsionados
incluem o do calcâneo, o do quadríceps, o bíceps e os ten-
dões do manguito rotador (Fig. 1.33). O tendão fibular e Figura 1.33 Ruptura do tendão do bíceps. Observar o amon-
o patelar também se rompem com frequência. A ruptura toamento do músculo bíceps no braço.
truturas, mesmo quando o tendão estiver cirurgicamente torno muito precoce à atividade pode resultar em nova lesão
32
reparado, limitam a sua função e restringem o movimento. e em incapacidade significativamente prolongada.
Se as suturas estiverem muito tensas, elas podem restrin-
gir a microcirculação do tendão e prejudicar a cicatriza- Herniação muscular
ção. A técnica de Bunnell de sutura cruzada, comumente O músculo hernia através de um defeito na fáscia sobreja-
31
usada, é bastante invasiva. A mobilização controlada de- cente. Um “tumor” mole pode ser palpado no defeito, não
pois do reparo do tendão reduz as aderências e promove a sendo aderido à pele sobrejacente. O paciente pode recla-
cicatrização, mas o carregamento excessivo pode resultar mar de edema ou protuberância do músculo quando con-
em nova lesão. traído, e uma fraqueza pode ser notada. Um estalo audível
associado com dor intensa durante uma contração forte
Lesão nervosa pode ser observado. A massa é reduzida por compressão
quando o músculo estiver em repouso. Os músculos mais
Podem ocorrer três tipos de lesões nervosas. Uma contusão
comumente envolvidos nesta condição são o bíceps, o reto
simples de um nervo é chamada neuropraxia e é tratada
femoral e o gastrocnêmio. O tratamento é dependente dos
por observação isolada; o retorno à função normal é notado
sintomas. Se houver sintomas significativos, o paciente
após algumas semanas ou meses. Uma axonotmese é uma
deve ser encaminhado para reparo da lesão.
ruptura mais significativa, seguida de degeneração. O tem-
po de cura é prolongado. A divisão completa de um nervo Distensão muscular
é chamada de neurotmese, que requer o reparo cirúrgico.
A distensão muscular ocorre secundariamente ao uso (dis-
tensão crônica) ou ao estresse excessivos (distensão agu-
Distúrbios musculares da). Embora a distensão possa ocorrer em qualquer ponto
Os músculos são lesionados por trauma direto e indire- dentro do músculo, a localização mais comum é na junção
to. Um golpe forte pode causar contusão localizada, he- musculotendínea distal. Os músculos que cruzam duas arti-
matoma ou laceração da fáscia sobrejacente, resultando culações e consistem em fibras de contração rápida (p. ex.,
em herniação. Os mecanismos indiretos de lesão mus- gastrocnêmio, quadríceps e isquiotibiais) são mais suscetí-
cular ocorrem por hiperdistensão e resultam em ruptura veis às distensões.32 As distensões são divididas em primei-
das fibras musculares, com hemorragia e perda parcial ro (leve), segundo (moderado) e terceiro (grave) graus, com
da função – estiramento muscular. As complicações da base na quantidade de dor, no espasmo e na incapacidade.
lesão muscular grave são vistas precocemente (p. ex., ra-
bdomiólise) e tardiamente (p. ex., miosite ossificante trau- Distensão de primeiro grau. O paciente reclama de dor
mática). A lesão muscular também pode resultar de uma localizada leve, cãibras ou rigidez com movimento ou
resposta inflamatória sistêmica na forma de miosite. tensão muscular. A dor frequentemente não está presente
até depois de a atividade ter cessado. O espasmo leve e a
Contusão muscular sensibilidade dolorosa localizada podem estar presentes.
A capacidade de ferir de um objeto que atinge um múscu- A função de rotina do músculo fica preservada, com leve
lo é diretamente proporcional à sua massa e ao quadrado limitação. Por exemplo, na extremidade inferior, o pacien-
de sua velocidade. O trauma não penetrante direto em um te consegue deambular.
músculo resulta em ruptura parcial das fibras musculares e O paciente é aconselhado a colocar compressas de
em ruptura capilar. A equimose é vista externamente. Uma gelo sobre o músculo ferido e descansar por alguns dias.
resposta inflamatória e a formação de edema são notadas. A mobilização pode ser seguramente começada conforme
As contusões são classificadas como leves, modera- a tolerância. O uso de um agente anti-inflamatório não es-
das e graves. Uma contusão leve retém a amplitude de mo- teroide está indicado no contexto agudo.32
vimento normal e, quando ocorre na extremidade inferior,
não afeta a marcha. A sensibilidade dolorosa localizada Distensão de segundo grau. Uma contração ou estiramen-
está presente, mas não existe nenhum edema aparente. As to muscular mais forte resulta em ruptura maior das fibras
contusões moderadas são caracterizadas pela redução na musculares. O edema e a equimose estão frequentemente
amplitude de movimento pelo edema óbvio e pelos dis- presentes, em adição à sensibilidade dolorosa e ao espasmo
túrbios da marcha. As contusões musculares graves resul- muscular (Fig. 1.34). A dor é de aparecimento imediato em
tam em redução significativa na amplitude de movimento. relação à atividade. Quando a lesão for na extremidade infe-
Sensibilidade dolorosa intensa, edema e claudicação ób- rior, ela limita de forma significativa a deambulação.
via estão presentes. Se o sangramento for intenso, forma- Em pacientes com distensões de segundo grau, o mús-
-se um hematoma muscular. culo lesionado deve ser imobilizado, o membro elevado e
O tratamento envolve a restrição da amplitude de movi- compressas de gelo aplicadas nas primeiras 24 a 48 horas.
mento para minimizar o risco de hemorragia. Gelo, elevação Depois disso, o músculo deve ser “colocado em repouso”,
e compressão também são empregados na fase aguda. A res- usando muletas para deambulação (extremidade inferior)
tauração do movimento ocorre de forma gradual, já que o re- ou uma tipoia (extremidade superior) até que o edema e a
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