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Michael Laitman, Ph.D.

Como Um
Feixe
de Juncos
Porque a Unidade e a Garantia Mútua
são as Necessidades do Momento
Como um Feixe
de Juncos
Porque a Unidade
ea
Garantia Mútua
são as
Necessidades do
Momento

L A I TM A N
KA BBA L A H
P U BL I SH E R S

Michael Laitman, PhD


Como um Feixe de Juncos
Porque a unidade e a garantia mútua
são as necessidades do momento
Copyright © 2013 by Michael Laitman

Todos os direitos reservados


Publicado por Laitman Kabbalah Publishers
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2009 85th Street #51, Brooklyn, New York, 11214, USA

Impresso no Canadá

Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida


por qualquer meio sem a permissão por escrito
da editora exceto no caso de citações breves
em resenhas ou críticas de livros.

ISBN: 978-1-897448-82-3
Livraria do Congresso Catalogação na Data da Publicação:
2013934876

Pesquisa: Norma Livne, Masha Shayovich, Sarin David, David


Melnitchuk, Christiane Reinstrom, Kristian Dawson,
Dr. David Martino, Ciro Grossi
Tradução para o Português: Bnei Baruch Portugal
Revisão: Bnei Baruch Brasil
Layout e Arte: Nícolas Bággio
Editora: Andie Sheppard
Pós Produção: Uri Laitman

PRIMEIRA EDIÇÃO: OUTUBRO DE 2014


Primeira Impressão
ÍNDICE

Prefácio: Espectro e Espírito ........................................... 5


Introdução .......................................................................... 13
CAPÍTULO 1: Uma Nação Nasce ...................................... 23
CAPÍTULO 2: Quero, Logo Sou ......................................... 37
CAPÍTULO 3: Correções através das Eras ........................ 47
CAPÍTULO 4: Uma Nação numa Missão .......................... 63
CAPÍTULO 5: Exilados......................................................... 79
CAPÍTULO 6: Dispensáveis................................................. 91
CAPÍTULO 7: Sinos Misturados.........................................113
CAPÍTULO 8: Juntos para Sempre.....................................141
CAPÍTULO 9: Pluralmente Falando ..................................153
CAPÍTULO 10: Vivendo num Mundo Integrado ........... 175
Posfácio .............................................................................. 209
Notas .................................................................................. 213
O Autor e Sua Obra ......................................................... 219
PREFÁCIO

O Espectro e o
Espírito
Como eu vim a escrever este livro

N asci em Agosto de 1946 na cidade de Vitebsk,


Bielorrússia. Era o segundo verão depois do fim
da Segunda Guerra Mundial, minha vida era
preguiçosa, lentamente mancando para trás em direção à
afável monotonia da normalidade. Sendo o filho
primogénito de um pai dentista e uma mãe ginecologista,
tive uma infância despreocupada, convenientemente
crescendo num bairro suburbano, não tendo preocupações
materiais que a maioria dos meus amigos de infância
tinha.
E todavia, uma sombra me perseguia pela minha
infância e até durante a minha adolescência: o espectro do
Holocausto, esse fantasma que muitos nunca escolhem
mencionar, embora esteja sempre lá. Nomes de familiares
ou amigos que pereceram foram mencionados num tom
sombrio lhes dando uma presença estranha, como se ainda
estivessem conosco, embora soubesse que nunca
estiveram.
-5-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

E mais estranha ainda era o asco dos meus colegas


Russos dos Judeus. Crianças com as quais cresci odiavam
Judeus simplesmente porque eram Judeus. Elas sabiam o
que tinha acontecido aos seus vizinhos Judeus há apenas
um ano atrás, mas eram tão sarcásticas e insensíveis como
antes da guerra, o que me foi contado pelos mais idosos.
Isto, eu não conseguia entender. Porque eram eles tão
odiados? Que mal imperdoável os Judeus fizeram? E de
onde tinham eles aprendido essas histórias de horror sobre
as coisas que os Judeus podiam fazer?

Como seria de esperar do filho de pais em profissões


de medicina, eu, também, assumi a profissão médica como
minha carreira “de escolha.” Estudei bio-cibernética, uma
ciência que explora os sistemas do corpo humano, e
tornei-me um cientista, um investigador no Instituto de
Pesquisa do Sangue de São Petersburgo. E enquanto
fantasiava comigo mesmo radiando orgulho sobre o
púlpito em Estocolmo na Suécia, vencedor de um
Prémio Nobel, uma paixão profunda que já nutria e que
vinha à superfície da minha consciência.

“Eu quero compreender o sistema”, comecei a pensar,


“saber como tudo funciona.” Mas mais que tudo, comecei
a ponderar porque tudo era da maneira que era.

Enquanto cientista de coração, comecei a pesquisar


respostas cientificas que pudessem explicar tudo, não só
como calcular a massa de um objeto ou a aceleração de sua
queda, mas o que causava esse objeto a existir em primeiro
lugar.

-6-
P REFÁCIO: O E SPECTRO E O E SPÍRITO

E dado que não consegui achar uma resposta na


ciência, decidi avançar. Depois de ser um refusenik (Judeus
soviéticos a quem era negada permissão para emigrar para
o estrangeiro) durante dois anos, finalmente obtive a
minha licença e parti para Israel em 1974.
Em Israel, continuei a procurar o sentido e a razão por
trás de tudo. Dois anos depois de ter chegado a Israel,
comecei a estudar Cabalá. Mas não foi até Fevereiro de
1979 que encontrei o meu professor, o Rabash, o filho
primogénito e sucessor do Rav Yehuda Leib HaLevi
Ashlag, conhecido como Baal HaSulam (Dono da
Escada) pelo seu comentário Sulam (Escada) sobre O
Livro do Zohar.
Finalmente, minhas orações foram respondidas! Cada
dia, cada hora , novas revelações despertavam em mim. As
peças do quebra cabeça da realidade caíram em seu lugar
uma de cada vez e uma imagem coerente do mundo
começou a se formar perante mim, como se o nevoeiro em
si mesmo estivesse se formando diante de meus olhos
atônitos.
Minha vida havia sido transformada e eu submergia a
mim mesmo nos estudos e em assistir o Rabash da
maneira que conseguia. Era sortudo o suficiente para ser
capaz de suportar a minha família com apenas algumas
horas de trabalho todos os dias e dedi cava o resto do meu
tempo a absorver a sabedoria tanto e quão profundamente
podia.
Para mim, vivia numa realidade de sonho. Tive uma
maravilhosa família, vivia num país onde me sentia
realmente livre, tinha uma boa vida com facilidade e
tinha encontrado as respostas às minhas perguntas
vitalícias.
-7-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Uma dessas perguntas persistentes era aquela sobre o


ódio aos Judeus. Na Cabalá, descobri porque acontece,
porque é tão persistente e mais importante, o que deve ser
feito para o curar. Certamente, antissemitismo é uma
ferida no coração da humanidade, um eco de uma dor não
curada que o mundo carrega há praticamente 4000 anos,
desde Abraão, nosso Patriarca, ter deixado a Babilônia.
A Cabalá ensinou-me que Abraão tinha proposto ao
seu povo se unir e ser uma vez mais de “uma língua e uma
fala” (Génesis 11:1), e que Rei Nimrod, governante da
Babil ônia nessa altura, tinha proibido Abraão de circular
a sua ideia. Gradualmente, vi que o que o mundo agora
precisa é dessa mesma união, essa camaradagem e
responsabilidade mútua que Abraão havia desenvolvido
com seu grupo e descendência e que Rei Nimrod o tinha
impedido de doar aos seus irmãos e irmãs Babilônios.

Em uma aula matinal, meu professor, o Rabash,


ensinou-me a “Introdução ao Livro do Zohar,” de Baal
HaSulam. No final dele, Baal HaSulam escreveu que a
menos que os Judeus doassem ao mundo o conhecimento
e orientação para a união, as nações do mundo
desprezariam os Judeus, os humilhariam, os expulsariam
para fora da terra de Israel e os atormentariam onde quer
que estivessem. Havia lido esse ensaio insondável
anteriormente, mas nessa manhã teve um impacto mais
profundo em mim. Senti outra fase no meu
desenvolvimento a emergir por dentro.
Mais tarde nesse dia, fomos até Kfar Sába, uma
pequena cidade perto de Telavive, a um Kolel (seminário
judaico) com o nome do meu estimado mentor. Na cave, o

-8-
P REFÁCIO: O E SPECTRO E O E SPÍRITO

Rabash mostrou-me uma caixa de cartão de tamanho


médio cheia até à borda de pequenos pedaços de papel.
Ele perguntou-me se o levaria para o carro e o traria para a
sua casa.

Coloquei a caixa na mala do carro e no caminho de


volta perguntei -lhe o que eram esses papeis na caixa. Sem
a menor cerimónia ele murmurou, “Alguns velhos
manuscritos de Baal HaSulam.” Eu olhei para ele, mas ele
olhou diretamente para a estrada à frente e manteve-se
silencioso todo o caminho de volta.
Nessa noite, as luzes estavam acesas na cozinha de
Baruch Ashlag toda a noite. Fiquei lá e li meticulosamente
cada pedaço de papel até que descobri um que não me
deixaria procurar mais. Era a peça do quebra cabeça que
procurava sem sequer o saber. Era o capeamento, o
primeiro passo na marcha que estava prestes a tomar
doravante.
O papel que tinha encontrado, que é agora parte de
“Os Escritos da Última Geração” de Baal HaSulam,”
contava um conto de agonia e sede, amor e amizade,
libertação e compromisso. Aqui estão as palavras que
descobri: “Há uma alegoria sobre amigos que estavam
perdidos no deserto, esfomeados e sedentos. Um deles
havia encontrado um acampamento abundantemente
cheio de cada delicia. Ele lembrou -se dos seus pobres
irmãos, mas ele já se havia afastado deles e não sabia onde
estavam. ...Ele começou a gritar alto e a soprar o chifre,
talvez seus pobres, amigos esfomeados escutassem sua voz,
se aproximassem e viessem a esse acampamento
abundantemente cheio de cada delícia.

-9-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

“Assim é a questão perante nós: nós nos perdemos no


terrível deserto juntamente com toda a humanidade e
agora encontramos um grande e abundante tesouro,
nomeadamente os livros da Cabalá. Eles preenchem
nossas ansiosas almas e nos preenchem abundantemente
com exuberância e acordo.
“Somos saciados e há mais, mas a memória dos
nossos amigos deixados desesperadamente no terrível
deserto permanece fundo dentro dos nossos corações. A
distância é grande e palavras não conseguem abrir
caminho entre nós. Por esta razão, temos de montar esta
trombeta para soprar com força para que nossos irmãos
possam escutar e se aproximar e serem tão felizes como
nós.
“Saibam, nossos irmãos, nossa carne, que a essência
da sabedoria da Cabalá consiste de conhecimento de como
o mundo desceu do seu lugar elevado e celestial ao nosso
estado ignóbil. ...É desta forma muito fácil descobrir na
sabedoria da Cabalá todas as correções futuras destinadas
a vir dos mundos perfeitos que nos precedem. Através
dela saberemos como corrigir nossas maneiras doravante.
“. . .Imaginem, por exemplo, que certo livro histórico
fosse descoberto hoje, que descreve as últimas gerações
milhares de anos a frente, descrevendo o comportamento
tanto dos indivíduos como sociedade. Nossos líderes
procurariam cada conselho para organizar a vida aqui
correspondentemente, e nós não chegaríamos às
manifestações nas praças. Corrupção e o terrível
sofrimento cessariam e tudo chegaria pacificamente ao seu
lugar.

-10-
P REFÁCIO: O E SPECTRO E O E SPÍRITO

“Agora, distintos leitores, este livro encontra -se aqui


diante de vocês, em um armário. Ele afirma explicitamente
a inteira sabedoria do estadismo e as condutas da vida
privada e pública que virão a existir no fim dos dias. Eles
são os livros da Cabalá, onde os mundos corrigidos estão
dispostos. Abram estes livros e encontrarão todos os
bons comportamentos que virão a aparecer no fim dos
dias e encontrarão dentro deles as boas lições pelas quais
ordenar as questões mundanas hoje também.
“...Não consigo mais me conter. Resolvi divulgar as
condutas da correção do nosso futuro definitivo que
descobri pela observação e pela leitura nestes livros. Decidi
sair ao povo do mundo com esta trombeta e acredito e
estimo que ela será suficiente para reunir todos aqueles
que merecem começar a estudar e a mergulhar nos
livros. Assim eles se sentenciarão a si mesmos e ao
mundo inteiro a uma escala de mérito.”1
Cerca de um ano depois de descobrir estes artigos,
publiquei os meus primeiros tr ês livros com a orientação
e apoio do meu professor. Tenho publicado livros desde
então e circulei a Cabalá por numerosos outros meios,
também.
A realidade de hoje é muito dura, e as pessoas
frequentemente não têm paciência ou desejo de
mergulhar em livros, como Baal HaSulam imaginara.
Mas a essência da sabedoria, o amor, e a união que são as
fundações da realidade e que a Cabalá instiga nos seus
praticantes, permanecem tão verdadeiras como sempre
foram.

-11-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Além do mais, desde o virar do século, o


antissemitismo tem aumentado uma vez mais, desta vez
por todo o mundo. O espectro e o ódio aos Judeus
enraizaram-se mundialmente. Se espalhando furtiva e
venenosamente, ele ameaça infestar nações inteiras com
fobia de judeus e repetir os horrores do passado.
Mas agora sabemos qual é a cura. Cada vez que os
Judeus se unem, a serpente esconde a sua cabeça. O
espírito de camaradagem e responsabilidade mútua que
sempre foram a nossa “arma,” nosso escudo contra a
adversidade. Agora devemos reunir esse espírito, nos
vestirmos com ele e deixar que o seu calor curativo nos
rodeie. E assim que o tenhamos feito, devemos partilhar
esse espírito com o resto do mundo, pois esta é a nossa
vocação, a essência do nosso ser “uma luz para as nações.”
E assim, porque todos precisamos de respostas para as
nossas perguntas mais profundas, porque bem fundo
todos os Judeus querem saber a cura para o
antissemitismo e porque é o legado do meu professor e de
seu pai e grande professor. Decidi detalhar o que significa
ser um Judeu, o que significa ser comprometido e o que
significa partilhar. Mas acima de tudo, eles me ensinaram
o que significa amar o Criador.

-12-
INTRODUÇÃO

Se uma pessoa pegasse num feixe de juncos, ela não


os conseguiria quebrar todos de uma vez. Mas se
pegasse um de cada vez, até uma criança os
quebraria. Assim também, Israel não será redimida
até que todos sejam um feixe.”
(Midrash Tanhumá, Nitzavim, Capítulo 1)

D
urante a história do povo Judeu, união e
garantia mútua (conhecida como
responsabilidade mútua) têm sido os emblemas
de nossa nação. Inumeráveis sábios e líderes espirituais
escreveram sobre o significado destas duas marcas
registradas, as hasteando como o coração e alma da nossa
nação, e declarando que salvação e redenção podem
chegar somente quando houver união em Israel.
Na realidade, o conceito de união tem sido tão
proeminente que excedeu o da devoção ao Criador e a
observação dos mandamentos. Um número considerável
de líderes espirituais Judeus e escrituras sagradas
durante as gerações sublinham a importância da união
acima de tudo. Masechet Dérech Eretz Zuta, escrito
aproximadamente na mesma época do Talmude, é uma

-13-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

das numerosas declarações escritas nesse espírito: “Mesmo


quando Israel adora ídolos e há paz entre o povo, o Senhor
diz, ‘Eu não tenho desejo de lhes fazer mal.’ ... Mas se eles
são contestados, o que se diz sobre eles? ‘Seu coração está
dividido, agora eles carregarão sua culpa’”.2
Depois da ruína do Segundo Templo, a proeminência
da união e amor fraterno alcançaram um pico. O Talmude
Babilônico, entre muitas outras fontes, ensina-nos que a
razão pela qual o Segundo Templo foi arruinado foi ódio
sem fundamento e a divisão dentro de Israel. As fontes até
declaram que ódio sem fundamento é tão prejudicial, que
ele equivale ao impacto dos três grandes males que
causaram a ruína do Primeiro Templo, todos juntos:
idolatria, incesto e derramamento de sangue. Masechet
Yomá ensina-nos essa lição muito claramente: “O Segundo
Templo... porque foi ele arruinado? Foi porque havia ódio
sem fundamento nele, ensinando-vos que ódio sem
fundamento é igual a todas as três transgressões, idolatria,
incesto e derramamento de sangue, combinadas.”3
Evidentemente, união, fraternidade, e responsabilidade
mútua não estão somente no ADN da nossa nação, elas são
a substância da linha da vida que nos poupou de aflições
quando as tivemos, e permitiu que aflições se revelassem
quando não as tínhamos. Nestes tempos difíceis de
benefício próprio e narcisismo, precisamos de união mais
que nunca, todavia ela parece mais inacessível que em
qualquer outro tempo na história.
Há cerca de quatrocentos séculos atrás, no sopé do
Monte Sinai, nos encontramos como um homem com um
coração, e ao fazer isso nos tornamos uma nação. Deste
então, a união nos sustentou através da chuva e sol, como o
reconhecido orador e escritor, Rabi Kalonymus Kalman

-14-
I NTRODUÇÃO

Halevi Epstein, descreve em sua aclamada composição,


Maor va Shemesh (Luz e Sol): “Embora a geração de Ahab
fossem idolatras, eles se envolveram em guerra e venceram
porque havia união entre eles. É ainda mais quando há
união em Israel e eles se envolvem na Torá pelo Seu bem ...
Com isso, eles subjugam todos aqueles que estão contra
eles, e a tudo o que eles dizem com suas bocas, o Senhor
concede seus desejos”4
Seguindo Moisés, chegamos a Canaã, a conquistamos,
e a tornamos A Terra de Israel, então fomos exilados uma
vez mais, desta vez para Babel. E assim que M ordecai nos
uniu em Babel, regressamos, embora com praticamente
duas das doze tribos originais, e estabelecemos o Segundo
Templo. Enquanto mantivemos nossa união, também
mantivemos nossa soberania e o Templo. Mas assim que
renunciamos ao amor fraterno, fomos esmagados pelo
inimigo e fomos exilados nos séculos que se seguiram.
Todavia, divisão e ódio sem fundamento, que
causaram a ruína do Segundo Templo e o exílio da nação
da sua terra, não aprisionaram nosso desenvolvimento
enquanto em exílio. Através de muito dos últimos dois
milénios e pouco, mantivemo-nos para nós mesmos,
mantendo relativa separação da vida cultural das nações
nas quais residíamos.
Mas desde o Iluminismo, gradualmente adotamos
uma cultura que hasteia distinção pessoal e realização
individual, e tolera a exploração dos fracos e
necessitados. Nas últimas várias décadas, sobressaímos
tanto na cultura do interesse pessoal e do benefício pessoal
que nos tornamos o oposto completo da comunidade
preocupada e humana que nutríamos no começo de nossa
nação.
-15-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

No mundo de hoje, o tom e atmosfera predominantes


são os do benefício pessoal e egoísmo até ao ponto do
narcisismo. No seu livro perspicaz, A Epidemia do
Narcisismo: Viver na Era do Benefício Pessoal, os
psicólogos Jean M. Twenge e Keith Campbell descrevem ao
que se referem como “O crescimento incansável do
narcisismo na nossa cultura”,5 e os problemas que causa.
Eles explicam que “Os Estados Unidos presentemente
sofrem de uma epidemia de narcisismo. …traços de
personalidade narcisista aumentaram tão rápido como
a obesidade”.
Pior ainda, eles continuam, “O aumento no narcisismo
está acelerando, com resultados crescendo mais rápido nos
anos 2000 que nas décadas anteriores. Em 2006, um de
quatro estudantes de liceu concordavam com a maioria dos
itens numa med ida padronizada de traços narcisistas”.6
E a maioria de nós Judeus, progenitores do princípio,
“Ama teu próximo como a ti mesmo,” não só nos
sentamos e vemos enquanto o egoísmo celebra, mas
também nos juntamos à festa, muitos de nós até liderando o
grupo, tomando os espólios onde quer que possamos.
Abraçamos a máxima, “Quando em Roma, faça como os
Romanos,” com entusiasmo espetacular, e ao fazer assim,
muitos nomes Judeus se tornaram sinônimos de riqueza e
poder. Não há dúvida que não perseguimos riqueza e
poder para apresentar nossa herança como superior a
dos outros. Contudo, quando os Judeus ganham
notoriedade pelas mencionadas duas distinções, eles são
notados não só pelos seus ganhos, mas também por sua
herança.

-16-
I NTRODUÇÃO

Por muito injusto que possa parecer, Judeus e o estado


Judeu não são vistos da mesma maneira que são os outros
países e nações. Eles são tratados como especiais, tanto
positiva como negativamente.
Mas há uma boa razão porque isto assim é. Quando
Abraão descobriu a força singular que conduz o mundo,
aquele a que nos referimos como “o Criador,” “Deus,”
“HaShem, HaVaYaH (Yud-Hey-Vav-Hey, o “Senhor”), ele
desejou contar ao mundo inteiro sobre isso. Enquanto
babilônio e de elevado estatuto social e espiritual, filho de
um fazedor de ídolos e estátuas, ele estava numa posição
para ser escutado. Foi somente quando o Rei Nimrod o
tentou matar e mais tarde o expulsou da Babilônia que ele
foi para outro lugar, eventualmente chegando a Canaã.
Todavia, Rav Moshé Ben Maimon (Maimônides)
descreve a toda a hora a maneira como ele continuava à
procura de almas gémeas com quem partilhar sua
descoberta: “Ele começou a clamar ao mundo inteiro, para
alertar que há um Deus para o mundo inteiro... Ele
clamava, vagando de cidade em cidade e de reino em reino,
até que ele chegou à terra de Canaã… E uma vez que eles
[pessoas nos lugares onde ele vagava] se reuniam ao seu
redor e lhe perguntavam sobre suas palavras, ele ensinou
todos…até que ele os trouxe de volta ao caminho da
verdade. Finalmente, milhares e dezenas de milhares se
reuniram ao seu redor, e eles são o povo de ‘a casa de
Abraão.’ Ele plantou seu princípio nos seus corações,
compôs livros sobre isso, e ensinou seu filho, Isaac. E Isaac
se sentou, e ensinou, alertou, e informou Jacó, e o nomeou
professor, para sentar e ensinar... E Jacó o Patriarca
ensinou todos seus filhos, e separou Levi e o nomeou a
cabeça, e o fez sentar e aprender o caminho de Deus”…7

-17-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

De Jacó em diante, narra a reconhecida composição,


O Kozari, “Divindade é revelada numa assembleia, e
desde então é a contagem pela qual contamos os anos
dos antepassados, de acordo com o que foi dado na lei de
Moisés [Torá], e sabemos o que se desdobrou desde
Moisés até este dia”.8
Assim, a união se tornou uma condição para alcançar
a percepção de Deus, ou o Criador, como os Cabalistas
frequentemente se referem a Ele (por razões que não
descreveremos aqui, pois isso está além da amplitude deste
livro). Sem união, a realização era simplesmente
impossível. Aqueles que foram capazes de se unir, se
tornaram o povo de Israel e alcançaram o Criador, a força
singular que cria, governa, e conduz o todo da realidade.
Aqueles que não foram capazes de fazê-lo permaneceram
sem essa percepção, todavia com uma sensação de que os
Israelitas sabiam algo que eles não, e tinham algo que lhes
pertencia, também, mas que eles não podiam ter.
Esta é a raiz do ódio a Israel, que mais tarde se tornou
antissemitismo. É uma sensação de que os Judeus têm algo
que não estão compartilham com o mundo, mas que têm
que compartilhar.
Certamente, os Judeus devem partilhá-lo com o
mundo. Tal como Abraão tentou partilhar sua descoberta
com todos os seus semelhantes babilônios, os Judeus, seus
descendentes, devem fazer o mesmo. Este é o significado
de ser “Uma luz para as nações”.
Esta é a obrigação para a qual o grande Rav Kook, o
primeiro Rabino Chefe de Israel se referiu no seu estilo
eloquente e poético quando escreveu, “O movimento
genuíno da alma Israelita na sua grandiosidade é expresso
somente pela sua força sagrada e eterna, que flui de dentro

-18-
I NTRODUÇÃO

de seu espírito. Foi isso que a fez, a faz, e a fará ainda uma
nação que se encontra como uma luz para as nações, como
redenção e salvação para o mundo inteiro para seu próprio
propósito especifico, e pelos propósitos globais, que estão
interligados.
Este compromisso também é ao que Rav Yehuda Leib
Arie Altar se referiu com suas palavras, “Os filhos de Israel
são fiadores no sentido que eles receberam a Torá em prol
de corrigir o mundo inteiro, as nações, também”.10
E o que é que estamos obrigados a transmitir as nações
exatamente? É a união, que um descobre a força única,
singular e criadora da vida, o Senhor, ou Deus. Nas palavras
de Rabi Shmuel Bornstein, autor de Shem MiShmuel [Um
Nome A Partir de Samuel], “A meta da Criação foi para que
todos fossem uma associação ... Mas devido ao pecado, a
matéria tornou-se tão estragada que até os melhores nessas
gerações foram incapazes de se unirem juntos para servir o
Senhor, mas foram somente u ns poucos.”11
Por esta razão, continua Rabi Bornstein, somente
aqueles que se podiam unir o fizeram, enquanto o resto os
abandonou até que fossem capazes de se juntar à união. Nas
suas palavras, “A correção começou ao fazer uma reunião e
associação de pessoas para servir o Criador, começando
com Abraão o Patriarca e seus descendentes, para que eles
fossem uma comunidade consolidada pela obra de Deus.
Sua ideia [do Criador] em separar os povos foi que primeiro
Ele causou separação na raça humana, no tempo da
Babilônia, e todos os malfeitores foram dispersados...
Subsequentemente começou a reunião em prol de servir do
Criador, à medida que Abraão o Patriarca foi e clamou pelo
nome do Senhor até que uma grande comunidade se reuniu
na sua direção, que havia sido chamada ‘o povo da casa de

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C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Abraão.’ A matéria continuou a crescer até que se tornou a


assembleia da congregação de Israel ... e o fim da correção
será no futuro, quando todos se tornem uma associação
em prol de fazer Vossa vontade com todo o coração.”12
Considerando as presentes circunstâncias globais,
parece urgente que todos saibam sobre o conceito de
união como um meio para alcançar o Criador. Assim
que todos nós saibamos e aceitemos esse princípio, paz e
fraternidade naturalmente prevalecerão.
Na realidade, de acordo com o reconhecido Cabalista,
Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam
[Dono da Escada] pelo seu comentário Sulam [Escada]
sobre O Livro do Zohar, a necessidade de conhecer o
Criador tem sido urgente há praticamente um século até
agora. Em “Paz no Mundo,” um ensaio que data do
princípio dos anos 30, Baal HaSulam explica que porque
somos todos interdependentes, devemos aplicar as leis de
responsabilidade mútua ao mundo inteiro. Enquanto o
termo, “globalização,” não era ubíquo em tratados do seu
tempo, suas palavras claramente ilustram sua necessidade
urgente de tornar o mundo uma única unidade
solidificada.
Aqui está a descrição de globalização e
interdependência de Baal HaSulam: “Não fique surpreso
se eu misturar juntos o bem-estar de um coletivo
particular com o bem-estar do mundo inteiro, porque
certamente, já chegamos a tal grau que o mundo
inteiro é considerado um coletivo e uma sociedade. Isto é,
porque cada pessoa no mundo extrai sua essência e
vivacidade da vida de todas as pessoas no mundo, um é
coagido a servir e cuidar do bem-estar do mundo inteiro.

-20-
I NTRODUÇÃO

“...Desta forma, a possibilidade de levar condutas boas,


felizes e pacificas num país é inconcebível quando não é
assim em todos os países no mundo, e vice -versa. No nosso
tempo, os países estão todos ligados na satisfação de suas
necessidades da vida, como os indivíduos estavam nas suas
famílias em tempos anteriores. Desta forma, não podemos
mais falar ou lidar somente com condutas que garantam o
bem-estar de um país ou uma nação, mas somente com o
bem-estar do mundo inteiro porque o benefício ou dano de
toda e cada pessoa no mundo depende e é medido pelo
benefício de todas as pessoas no mundo.”13
Contudo, para o mundo alcançar essa união, essa
garantia mútua, ele precisa de um modelo exemplar, um
grupo ou coletividade que possa implementar a união,
alcançar o Criador, e através de exemplo pessoal,
pavimentar o caminho para o resto da humanidade. Porque
nós Judeus já estivemos nesse ponto, e o mundo sente isso
subconscientemente, é nosso dever reacender esse amor
fraterno entre nós, alcançar essa força singular, e passar
ambos o método de união e a realização do Criador ao resto
do mundo. Este é o papel dos Judeus: trazer a luz do
Criador para o mundo, ser uma luz para as nações.
Em “O Amor a Deus e o Amor ao Homem”, Baal
HaSulam descreve claramente esse modus operandi: “A
nação Israelita já foi estabelecida como uma transi ção. À
mesma medida que os próprios Israel são purificados ao
manter a Torá [a lei (de união), que dissemos na introdução
ser uma condição prévia para a realização do Criador], eles
transmitem seu poder ao resto das nações. E quando o
resto das nações também sentenciam a si mesmas a uma
escala de mérito [se unem e alcançam o Criador], o
Messias [a força que nos puxa para fora do egoísmo] será
revelado.”14
-21-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Rav Yehuda Altar similarmente descreve o papel dos


Judeus em respeito ao resto das nações: “Pareceria que os
filhos de Israel, os recipientes da Torá, são os mutuários e
não os fiadores, exceto que os filhos de Israel se tornaram
responsáveis pela correção do mundo inteiro através do
poder da Torá. É por isso que lhes foi dito, ‘E vós sereis
para Mim um reino de sacerdotes e uma nação
sagrada’. ...E foi a isso que eles responderam, ‘Isso que o
Senhor disse, nós faremos’, corrigir o todo da
Criação. ...Na verdade, tudo depende dos filhos de Israel.
Tanto quanto eles se corrigem a si mesmos, todas as
criações os seguem. Como os estudantes seguem o Rav
[professor] que corrige a si mesmo ... em semelhança, o
todo da Criação segue os filhos de Israel.”15

-22-
CAPÍTULO 1

Uma Nação Nasce


O Nascimento do Povo de Israel

A
ntes de mergulharmos no significado e posição
do povo de Israel no mundo, precisamos olhar
para a razão pela qual a nação Israelita se
formou, e como essa formação se revelou. Vamos, por um
momento, viajar praticamente seis mil milhas para o leste,
e praticamente quatro mil anos no passado, para a antiga
Mesopotâmia, o coração do Crescente Fértil, o berço da
civilização. Situada dentro de um vasto e exuberante
trecho de terra entre os rios Tigre e Eufrates, no que hoje é
o Iraque, a cidade-estado Babilônia representava-se
anfitriã para uma civilização florescente. Explodindo com
vida e ação, ela era o centro de comércio do mundo antigo.
Babilônia, o coração dessa civilização dinâmica, era
uma panela de pressão, um substrato ideal sobre o qual uma
miríade de sistemas de crença e ensinamentos cresceram e

-23-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

floresceram. Os Babilônios praticavam muitos tipos de


idolatria. O Sefer HaYashar [O Livro do Justo] descreve a
vida dos Babilônios nessa altura, e como eles adoravam:
“Todas as pessoas da terra fizeram, cada uma, seu próprio
deus nesses dias, deuses de madeira e pedra. Eles os
adoravam, e se tornaram deuses para eles. Nesses dias, o rei
e todos seus servos, e T erah [pai de Abraão] e seu inteiro
agregado, foram os primeiros entre os adoradores de
madeira e pedra. ... [Terah] os adoraria e se dobraria a eles,
e assim fez o todo dessa geração. Todavia, eles haviam
abandonado o Senhor, que os havia criado, e não havia um
único homem em toda a terra que conhecesse o Senhor...”16
Ainda assim, o filho de T erah, Abraão, que então
ainda era chamado pelo nome de Abrão, possuía uma
certa qualidade que fazia dele único: ele era invulgarmente
perceptivo, com um zelo cientifico pela verdade. Abraão
era também uma pessoa preocupada, que reparou que o
povo da sua cidade estava tornando-se crescentemente
infeliz. Quando ele refletiu sobre isso, descobriu que a
causa da sua infelicidade era o crescente egoísmo e
alienação que se apoderavam deles. Dentro de um período
de tempo relativamente curto, eles declinaram a união e
preocupação mútua, tendo sido “De uma língua e uma
fala” (Génesis 11:1), para a vaidade e alienação, dizendo
“Vinde, construamos uma cidade, e uma torre, com seu
topo nos céus, e façamos para nós mesmos um
nome” (Génesis, 11:4).
Na realidade, eles estavam tão preocupados em
construir sua torre de orgulho que se esqueceram
completamente das pessoas que lhes eram em
tempos parentes. A composição, Pirkey de Rabi Eliezer
(Capítulos de Rabi Eliezer), um dos Midrashim sobre a

-24-
C APÍTULO 1: U MA N AÇÃO N ASCE

Torá (Pentateuco), oferece uma descrição vivida não só da


vaidade dos Babilônios mas também da alienação com a
qual eles se consideravam uns aos outros. O livro escreve,
“Nimrod disse a seu povo, ‘Construamos uma grande
cidade e moremos nela, caso contrário ficaremos dispersos
pela terra como os primeiros, e construamos uma grande
torre dentro dela, subindo em direção aos céus ... e
façamos para nós um grande nome na terra...’
“Eles a construíram alta ... aqueles que trariam os
tijolos a subiam pelo seu lado oriental, e aqueles que
desciam dela, desciam pelo seu lado ocidental. Se uma
pessoa caísse e morresse, eles não se preocupariam com ela.
Mas se um tijolo caísse, eles se sentariam e chorariam e
diriam, ‘Quando virá outro em seu lugar’”.17
A atitude dos conterrâneos de Abraão uns para com os
outros o incomodava, e ele iria até lá e observaria a conduta
dos construtores. Pirkey de Rabi Eliezer continua a
descrever suas observações da sua animosidade de uns
para os outros: “Abraão, filho de Terah, passou e os viu
construir a cidade e a torre”. Ele tentou falar com eles e lhes
contar sobre o Criador, a força governante da união que ele
havia descoberto, para atestar que as coisas seriam ótimas
somente se eles seguissem a lei da união, também. “Mas eles
abominaram suas palavras”, o livro descreve. Em vez disso,
“Eles desejaram falar a língua uns dos outros”, como antes,
quando ainda eram de uma língua, “Mas eles não sabiam a
língua uns dos outros. Que fizeram eles? Cada um deles
pegou sua espada e lutou com o outro até à morte.
Certamente, metade do mundo morreu ali pela espada.”18
À luz da grave situação do seu povo, Abraão decidiu
espalhar o princípio que ele havia encontrado,
independentemente dos riscos. Na sua composição, HaYad

-25-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

HaChazaká (A Mão Poderosa), também conhecida como


Mishnê Torá (Repetição da Torá), o reconhecido acadêmico
do século XII, Maimonides (o RAMBAM), descreve a
determinação de Abraão e esforços para descobrir as
verdades da vida: “Desde que este firme foi desmamado, ele
começou a questionar. ...Ele come çou a ponderar dia e
noite, e ele questionava -se como era possível que esta roda
sempre rodasse sem um condutor? Quem a roda, pois ela
não se pode rodar a si mesma? Ele não tinha nem professor
nem tutor. Em vez disso, ele foi cunhado em Ur dos
Caldeus entr e os idolatras iletrados, com sua mãe e pai, e
todas as pessoas que adoravam as estrelas, e ele, adorava
com eles.”19
Na sua busca, Abraão descobriu a união, a unicidade
da realidade, essa força singular criativa que cria, sustenta
e conduz toda a realidade para a sua meta. Nas palavras de
Maimonides, “[Abraão] alcançou o caminho da verdade ...
com sua sabedoria correta, e sabia que havia um Deus que
conduz… que Ele criou tudo, e que em tudo o que há, não
há outro Deus senão Ele.”20
Para compreender precisamente o que é que Abraão
alcançou, mantenha em mente que quando os Cabalistas
falam de Deus, eles não se referem a um ser todo-poderoso
ou a uma força que você deve adorar, agradar e apaziguar,
que em retorno recompensa os devotos adoradores com
saúde, riqueza, longa vida e outros benefícios terrenos. Em
vez disso os Cabalistas identificam Deus com a Natureza, o
todo da Natureza.
Rav Yehuda Ashlag, conhecido como Baal HaSulam
(Dono da Escada), fez várias afirmações inequívocas sobre
o sentido do termo, “Deus”. Sucintamente, ele explica que
Deus é sinônimo de Natureza. No ensaio, “A Paz”, Baal
HaSulam escreve (num excerto ligeiramente editado),
-26-
C APÍTULO 1: U MA N AÇÃO N ASCE

“Para evitar de ter que usar ambas as línguas daqui em


diante, ‘Natureza’ e um ‘Supervisor’, entre os quais,
como demonstrei, não há qualquer diferença…é melhor
para nós … aceitarmos as palavras dos Cabalistas que
HaTeva [A Natureza] é o mesmo…que Elokim [Deus].
Então, serei capaz de chamar às leis de Deus ‘mandamentos
da Natureza’, e vice-versa, pois eles são um e o mesmo, e
não precisamos discutir mais.”21
“Aos quarenta anos de idade”, escreve
Maimonides, “Abraão veio a conhecer seu Fazedor”, a
lei singular da Natureza, que cria todas as coisas. Mas
Abraão não manteve sua descoberta para si mesmo: “Ele
começou a fornecer respostas ao povo de Ur dos Caldeus,
a conversar com eles e a lhes contar que o caminho
sobre o qual eles caminhavam não era o caminho da
verdade.”22 Assim, Abraão foi confrontado pelo
estabelecimento, que neste caso era Nimrod, rei de Babel.
O Midrash Rabá, escrito no século V da E.C.,
apresenta uma descrição vivida da confrontação de
Abraão com Nimrod, um vislumbre das dificuldades que
Abraão sofreu por sua descoberta e sua dedicação à
verdade. Ele também fornece uma divertida visão no
fervor de Abraão. “Terah [Pai de Abraão] era um
adorador de ídolos [que ganhava sua vida fazendo e
vendendo estátuas na loja da família]. Uma vez, ele foi a
certo lugar e disse a Abraão que ficasse em seu lugar para
ele. Um homem entrou e quis comprar uma estátua.
[Abraão] perguntou -lhe, ‘Quão velho sois vós? ‘E o
homem respondeu, ‘Cinquenta ou Sessenta’, Abraão disse-
lhe: ‘Ai daquele que tem sessenta e tem de adorar uma
estátua de um dia.’ O homem ficou envergonhado e partiu.

-27-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

“Outra vez, uma mulher entrou com uma taça de


semolina. Ela disse-lhe, ‘Aqui, sacrifica perante as
estátuas’, Abraão levantou-se, pegou no martelo, quebrou
todas as estátuas, então colocou o martelo nas mãos da
maior. Quando seu pai regressou, ele perguntou- lhe,
‘Quem fez isto’? [Abraão] respondeu, ‘Uma mulher
entrou. Ela trouxe-lhes uma taça de semolina e pediu-me
que sacrificasse perante elas. Eu sacrifiquei e uma disse,
‘Eu comerei primeiro’, e a outra disse, ‘Eu comerei
primeiro’. A maior levantou-se, pegou o martelo, e as
quebrou’. Seu pai disse, ‘Estás tu a enganar-me? O que
sabem elas’? E Abraão respondeu-lhe, ‘Tuas orelhas
escutam o que tua boca diz’?”23

Nesse ponto, Terah sentiu que não conseguia mais


disciplinar seu filho descarado. “[Terah] levou [Abraão]
e entregou-o a Nimrod [o rei, mas também a autoridade
espiritual mais alta da Babilônia]. [Nimrod] disse-lhe,
‘Adora o fogo’. Abraão respondeu, ‘Talvez deva adorar a
água, que extingue o fogo’? Nimrod respondeu, ‘Adora a
água’! [Abraão] disse-lhe: ‘Então talvez deva adorar a
nuvem, que transporta a água’? [Nimrod] disse-lhe,
‘Adora a nuvem’!
“[Abraão] disse-lhe: ‘Nesse caso, devo eu adorar o
vento que dispersa as nuvens’? Ele disse-lhe, ‘Adora o
vento’! [Abraão] disse-lhe, ‘E devemos nós adorar o
homem, que sofre do vento’? [Nimrod] disse-lhe: ‘Tu falas
demasiado, eu adoro somente o fogo. Eu jogar-te-ei nele, e
deixarei que o Deus que adoras te venha salvar dele!
“Harã [irmão de Abraão] lá se encontrava. Ele disse,
‘Se Abraão vencer, eu direi que concordo com Abraão, e se
Nimrod vencer, eu direi que concordo com Nimrod’.
Quando Abraão desceu à fornalha e foi salvo, eles
-28-
C APÍTULO 1: U MA N AÇÃO N ASCE

eles perguntaram [Harã], ‘Com quem estais’? Ele disse-


lhes: ‘Eu estou com Abraão’. Eles o levaram e o jogaram no
fogo, e ele morreu na presença de seu pai. Assim foi dito,
‘E Harã morreu na presença de seu pai Terah’.”24
Assim Abraão resistiu Nimrod, mas foi expulso da
Babilônia e partiu para a terra de Harã (pronunciada
Charan, para distingui-la de Harã, filho de Terah). Mas
Abraão não deixou de circular sua descoberta só porque ele
estava exilado da Babilônia. As descrições elaboradas de
Maimônides contam-nos, “Ele começou a clamar ao
mundo inteiro, para os alertar que há um Deus para o
mundo todo... Ele clamou, vagueando de cidade em cidade
e de reino em reino, até que chegou à terra de Canaã…
“E uma vez que eles [pessoas nos lugares onde ele
vagava] se reuniam ao seu redor e lhe perguntavam sobre
suas palavras, ele ensinava a todos…até que ele os trouxe
de volta ao caminho da verdade. Finalmente, milhares e
dezenas de milhares se reuniram ao seu redor, e eles são o
povo da casa de Abraão. Ele colocou seu princípio nos seus
corações, compôs livros sobre isso, e ensinou seu filho
Isaac. E Isaac se sentou e ensinou e alertou, e informou
Jacó, e o nomeou professor, para se sentar e ensinar... E
Jacó o Patriarca ensinou todos os seus filhos. Ele separou
Levi e o nomeou a cabeça, e o fez sentar e aprender o
caminho de Deus…”25
Para garantir que a verdade se transportaria pelas
gerações, Jacó “ordenou a seus filhos que não parassem de
nomear nomeado após nomeado de entre os filhos de Levi,
para que o conhecimento não fosse esquecido. Isto
continuou e se expandiu nos filhos de Jacó e naqueles que
os acompanharam.”26
-29-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

ISRAEL—O MAIS PROFUNDO ANSEIO

O resultado surpreendente dos esforços de Abraão foi o


nascimento de uma nação que conhecia as leis mais
profundas da vida, a derradeira Teoria de Tudo, ou nas
palavras de Maimônides: “Uma nação que conhece o
Senhor foi feita no mundo.”27
Certamente, Israel não é meramente o nome de um
povo. Em Hebraico, a palavra, Ysrael (Israel), consiste de
duas palavras: Yashar (direto), e El (Deus). Assim, Israel
designa uma mentalidade de querer descobrir a lei da vida,
um desejo de alcançar ou perce ber o Criador. Nas
palavras de Rabi Meir Ben Gabai, “No significado do
nome ‘Israel’ há também Yashar El [direito a Deus]” .28
Em semelhança, no seu Drush [sermão escrito] a respeito
da Oração do Viajante, o grande Ramchal escreveu
simplesmente, “Israel — Yashar El”.
Colocando-o diferentemente, Israel não é uma
atribuição genética, mas em vez disso o nome, ou direção
do desejo que conduziu Abraão à s suas descobertas.
Geneticamente, os primeiros Israelitas foram Babilônios
ou membros de outras nações que se juntaram ao grupo
de Abraão. O significado de seu nome era claro para os
antigos Israelitas. Como Maimônides escreveu, eles
tiveram seus professores, os Levitas, e eles foram
ensinados a seguir as leis essenciais da vida.
Hoje, contudo, estamos inconscientes do fato de que
“Israel” na realidade se refere ao desejo de conhecer a lei
básica da vida, o Criador, e ele não faz alusão a uma

-30-
C APÍTULO 1: U MA N AÇÃO N ASCE

linhagem genética. Quase 2000 anos de ocultação da


verdade desde a ruína do Segundo Templo praticamente
obliteraram a verdade de que a descoberta de Abraão era
dirigida para todas as pessoas no mundo, tal como o
próprio Abraão o pretendia para todas as pessoas na
Babilônia, e mais tarde “começou a clamar ao mundo
inteiro”, para citar Maimônides.
Com o passar dos anos, somente os Cabalistas
mantiveram esta verdade viva. Cabalistas tais como
Elimelech de Lizhensk,29 Shlomo Ephraim Luntschitz,30
Chaim Iben Attar,31 Baruch Ashlag32 e muitos outros
escreveram em palavras simples: Ysrael significa Yashar
El (diretamente a Deus).
Além do mais, a necessidade de descobrir esta força é
mais pertinente hoje que nunca. Nada mudou na Natureza
desde o tempo de Abraão, e o Criador ainda é a força una
que cria, governa e sustenta a vida.
O que mudou é que hoje precisamos de verdadeiro
conhecimento do Criador mais que nunca. No tempo de
Abraão, a humanidade teve numerosos outros caminhos
a seguir além do caminho da verdade de Abraão. Os
caminhos sociais de hoje, contudo, estão gradualmente a
se provar a si mesmos ineficazes em solucionar a nossa
moral e coesão social em declínio.
Certamente, a seu tempo, a cultura Babilônia se
dissipou e as pessoas se dispersaram pelo mundo. Sua
alienação e discórdia social, que causaram sua queda,
representadas pela queda da torre, se tornaram discretas e
comedidas. As pessoas realojaram -se em novos lugares,
trazendo com elas a cultura e atitude Babilônia,
inconscientes de que transportavam seus costumes de
-31-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Agora que temos uma comunidade global, cada crise é


numa escala global. Os erros que fizermos fazem sua
cobrança no mundo inteiro, tornando a descoberta de
uma única força de Abraão informação soberana e salva-
vidas que deve ser somada aos nossos cálculos e planos se
desejamos sobreviver.

UNIÃO—E DESSE MODO, IGUALDADE

Hoje, nossa única esperança é nos unirmos, porque a


união, como veremos abaixo, é a direção da força que
conduz toda a vida. Nosso desafio, desta forma, é
aprender como nos unirmos. É possível e é plausível, mas
num tempo de crises, isso exigirá reconhecer a força da
vida e gerar um esforço mútuo para cooperar e colaborar
para que possamos viver pelas prescrições desta lei.
Deve ser notado, contudo, que união não exige
paridade ou semelhança. Em vez disso, ela exige
disparidade, sobre a qual nos unirmos. Hoje, por exemplo,
há muitas denominações dentro da religião Judaica, bem
como Judeus não afiliados. União Judaica significaria que
sem mudar nossos costumes, sem convergir para uma
única denominação, nos uniríamos e aprenderíamos a
valorizar, e eventualmente nos preocuparmos
verdadeiramente uns pelos outros.
Isso pode parecer impossível, considere uma família
com várias crianças. Numa família normativa, cada
criança tem sua personalidade única. Mais
frequentemente que o contrário, essas personalidades
colidem, como nossas memórias das nossas brigas de
infância com nossos parentes testemunham.
-32-
C APÍTULO 1: U MA N AÇÃO N ASCE

Frequentemente pensamos de nossos irmãos e irmãs em


tais termos como, “Se ele/ela não fosse meu irmão/irmã,
nunca estaria perto dele/dela”. Mas, precisamente esse
fato de que estamos juntos com nosso parente muito
diferente prova que quando há amor, podemos unir-nos
acima das diferenças.
É precisamente o que precisamos fazer, nos unir
acima de nossas diferenças. Desse modo intensamente
sentiremos tanto nossa diversidade, frequentemente
qualidades opostas, e a união que cavalga acima delas.
Quando isso acontecer, seremos capazes de usar nos sas
diferenças para o melhor, pois cada um de nós contribui
perspectivas, ideias e modos de ação que mais ninguém
consegue, assim formando um todo mais forte. Tal como
nossos corpos precisam de diferentes órgãos para nos
manter saudáveis, precisamos permanecer diferentes e
nos unir acima das diferenças por uma meta comum de
realizar o papel do povo Judeu, trazer a luz da união às
nações.
Seguindo a partida de Abraão da Babilônia,
regressando ao nosso tópico anterior, a cidade continuou
a cultivar a despreocupação egocêntrica. E embora não
haja nada de errado com prazer e diversão, quando é
absolutamente egocêntrico, no fim é autodestrutivo. O
verdadeiro propósito da vida, Abraão descobriu, é
nos tornarmos semelhantes à força singular da vida,
experimentar a unicidade com tudo. Nossos sábios
chamam a essa união e unicidade, Dvekút [adesão], e o
que pretendem eles dizer com essa palavra e que
eventualmente devemos adquirir as qualidades do
Criador e nos tornarmos similares, ou até iguais a Ele.

-33-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Para citar as palavras de Rabi Meir Ben Gabai, “Sobre


a parte da Dvekút [adesão] com as forças do Grande Nome
e Suas qualidades, você apega -se ao Senhor seu Deus, pois
Ele é Seu nome, e Seu nome é Ele, pois você está
relacionado e é semelhante a Ele, e Dvekút com Ele é a
verdadeira vida”. 33 Em semelhança, o Sagrado Shlah
escreveu em Toldot Adam [As Gerações do Homem],
“Nossos sábios disseram (Sotá 14a), ‘E vós que vos apegais
ao Senhor’, apegai-vos a Suas qualidades, e então ele é
chamado Adam [homem], como em, adamé la Elyon [Eu
serei como o mais alto]”.34
No século XX, Baal HaSulam elaborou extensamente
sobre o termo, Dvekút, o definindo como “equivalência de
forma”, ou seja adquirir a “forma” (qualidades) do
Criador. Na sua “Introdução ao Prefácio à Sabedoria da
Cabalá”, ele escreveu, “Assim, [a alma] será digna de
receber toda a abundância e prazer incluídos no
Pensamento da Criação, e também estará em completa
Dvekút (adesão) com Ele, em equivalência de forma.35
Em “Introdução ao O Livro do Zohar”, Baal HaSulam
acrescenta, “Assim, uma pessoa compra a completa adesão
com Ele, pois adesão espiritual é senão equivalência de
forma, como nossos sábios disseram, ‘Como é possível se
apegar a Ele? Em vez disso, apegai - vos a Suas
qualidades’”.36
Com o tempo, como mencionado acima, o grupo de
Abraão tornou-se uma nação, e a necessidade de um
novo método de união surgiu. Os ensinamentos de
Abraão mantiveram-se enquanto todos em Israel podiam
ser ensinados. Mas no tempo em que o povo de Israel saiu
do Egito, eles atingiram o número de 600.000 homens e
algumas três milhões de pessoas ao todo. Era impossível

-34-
C APÍTULO 1: U MA N AÇÃO N ASCE

ensinar todos eles da mesma maneira que se aprende de um


professor.
A solução encontrava -se no sopé do Monte Sinai. Lá,
nesse ponto essencial da história de nosso povo, o princípio
mais fundamental da nossa Torá foi dado, e é dado ainda
hoje, cada dia e em cada momento. Esse princípio, como
Rabi Akiva o colocou, é “Ama teu próximo como a ti
mesmo”.
No sopé do Monte Sinai, explica o grande acadêmico e
intérprete RASHI, recebemos a Torá, as leis pelas quais nos
uniremos, porque lá concordamos com todo o coração
assim fazer. Nas suas palavras, “‘E Israel acampou lá’, como
um homem com um coração”.37 Desse momento em diante,
união tem sido o principal bem do p ovo Judeu, o meio pelo
qual alcançamos o Criador, adquirimos Suas qualidades, e
obtemos Dvekút, equivalência de forma (qualidades) com
Ele.
O Midrash Tanah De Bei Eliyahu escreve, “O Senhor
disse para eles, para Israel: ‘Meus filhos, careci Eu de algo
que vos deva pedir? E que vos posso pedir? Somente que
vos amais uns aos outros, vos respeitais uns aos outros, e
vos temais uns aos outros, e não haverá transgressão, roubo,
e feiura entre vós”.”38
Com o tempo, união tornou-se tão crucial que
substituiu qualquer outro mandamento em termos de sua
importância. Ela tornou -se a una e única chave para a
redenção espiritual de Israel e salvação de seus inimigos. O
Midrash Tanhumá escreve, “Se uma pessoa pegar num feixe
de juncos, ela não os consegue quebrar a todos. Mas se ela
pegar um de cada vez, até uma criança os quebra.
Similarmente, Israel não serão redimidos até que eles sejam
todos um feixe.”39

-35-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

No mesmo espírito, Masechet Derech Eretz Zutá


escreve, “Assim Rabi Eleazar ha- Kappar diria, ‘Amai a
paz, e desprezai a divisão. Grande é a paz, pois até quando
Israel pratica idolatria, e há paz entre eles, o Criador diz,
‘Eu não lhes desejo tocar [magoar] ‘, como está escrito
(Oséias, 4:17), ‘Efraim está junto aos ídolos, deixai-o
sozinho’. Se há divisão entre eles, o que se diz sobre eles
(Oséias, 10:2)? ‘Seu coração está dividido, agora eles
carregarão sua culpa’”.40
E todavia, por tudo o que acaba de ser dito sobre a
importância da união, quando olhamos ao nosso redor é
evidente que a maioria das pessoas nem se deseja unir,
nem encontra qualquer benefício na união, certamente
não com seus próximos, como o princípio dita. Para
compreender como tal princípio se tornou tão supremo
para a existência de nosso povo, e agora para o mundo
inteiro, precisamos de examinar a evolução da realidade de
um ponto de vista diferente do que aquele que a ciência
frequentemente toma. Precisamos olhar para a realidade
como uma evolução de desejos. Quando vemos a realidade
como tal, a razão por trás da proeminência do desejo de
unir, e a consequente aquisição da qualidade do Criador,
se tornarão claras como o cristal. Desta forma, a evolução
dos desejos será o tópico do próximo capítulo.

-35-
CAPÍTULO 2

Quero,
Logo Sou
A Vida como uma Evolução de Desejos

N
o capítulo anterior, dissemos que o nome, Ysrael
(Israel), combina as palavras Yashar (direito) e
El (Deus). Estabelecemos que o nome surgiu
quando Abraão reuniu pessoas que desejavam alcançar o
Criador, descobrir Deus, e que foram chamadas
“Israel” segundo esse desejo. Neste capítulo discutiremos a
formação dos desejos em geral, e a formação do desejo
pelo Criador, nomeadamente Israel, em particular. Para
fazer isso, precisamos de examinar a realidade como uma
evolução de desejos.
Em 1937, Baal HaSulam publicou Talmude Êsser
HaSefirot (O Estudo das Dez Sefirot), um comentário
monumental sobre os escritos do ARI, autor de A Árvore
da Vida. No comentário, o autor entra em grande detalhe
para explicar que na base da realidade reside o desejo de
dar, a que ele chama “a vontade de doar,” que então criou
a vontade de receber. Esta é a razão porque, explica Baal
HaSulam, nossos sábios testemunham que “Ele é bom e faz
-37-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

o bem”41 e falam de “Seu desejo de fazer o bem às Suas


criações”.42
Na Parte 1 de O Estudo das Dez Sefirot, Baal HaSulam
explica porque a vontade de doar necessariamente criou a
vontade de receber, e porque os dois desejos estão na base
do todo da Criação. Nas suas palavras, “Assim que Ele
contemplou a criação em prol de deleitar Suas criaturas,
esta Luz [prazer] imediatamente se prolongou e expandiu
d’Ele na completa medida e forma dos prazeres que Ele
havia contemplado. Tudo está incluído nesse pensamento, a
que chamamos ‘O Pensamento da Criação’. ...O Ari disse
que no princípio, uma Luz superior e simples havia
preenchido o todo da realidade. Isto significa que uma vez
que o Criador contemplou deleitar as criações, e a Luz se
expandiu e partiu d’Ele, o desejo de receber Seus Prazeres
foi imediatamente impresso nesta Luz”.43
Para sublinhar a suposição de que a vontade de doar, o
Criador, criou a vontade de receber em prol de lhe dar
prazer, Baal HaSulam categoriza essa seção, “A vontade de
doar no Emanador necessariamente gera a vontade de
receber no emanado, e ela [a vontade de receber] é o vaso
na qual o emanado recebe Sua Abundância”.44
Ashlag não foi o primeiro a se referir à criação da
vontade de receber pela vontade de doar, por isso ele o fez
mais implicitamente. Rabi Isaiah HaLevi Horowitz (O
Sagrado Shlah) também escreveu que “Uma vez que Ele
favoreceu fazer o bem às Suas criações, Ele as desejou
beneficiar com o verdadeiro benefício, como com a matéria
da criação da inclinação do mal [desejo de receber,
egoísmo], que é a favor das criações”.45

-38-
C APÍTULO 2: Q UERO, L OGO SOU

Semelhante aos dois mencionados acima os sábios,


Rabi Nathan Sternhertz escreve em Likutey Halachot
[Regras Sortidas], “O Senhor aumenta Suas misericórdias e
gentileza, pois Ele desejou beneficiar Suas criações no
melhor possível de todo o melhor”.46
Assim, a vontade de doar, o Criador, deseja doar sobre
nós, Suas criações, e é suposto recebermos esse benefício, a
doação. Todavia, o que é esse benefício, o bem que é
suposto recebermos?
Na sua “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, Baal
HaSulam escreve que o benefício que é suposto recebermos
é alcançar o Criador, tal como Abraão fez há praticamente
4000 anos atrás. Nas palavras de Ashlag, “[quando
alcançamos] sente -se o maravilhoso benefício contido no
Pensamento da Criação, que é deleitar Suas criaturas com
Sua mão completamente bondosa e generosa. Devido à
abundância do benefício que se alcança, amor maravilhoso
aparece entre uma pessoa e o Criador, incessantemente
derramando sobre ela pelos próprios trilhos e canais
através dos quais o amor natural aparece. Contudo, tudo
isto chega a uma pessoa a partir do momento em que ela
alcança e daí em diante.”47
Para alcançar o Criador, temos de ter qualidades
semelhantes às Suas, ou nos termos de Baal HaSulam,
temos de obter “equivalência de forma” com Ele. Na
“Introdução ao Livro, Panim Meirot uMasbirot [Face
Brilhante e Acolhedora] “, Ashlag escreve, “Assim, como
pode-se alcançar a Luz ... quando se está separado e em
completa oposição de forma ... e há grande ódio entre eles
[Criador e pessoa]? ...Desta forma, a pessoa ... lentamente
purifica e inverte a forma de recepção para ser em prol de
doar. Você descobrirá que a pessoa equaliza sua forma
com o sistema de santidade, e a equivalência e amor entre
-39-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

eles regressa ... Assim, se é recompensado com a Luz ...


uma vez que se entrou na presença do Criador.”48

QUATRO NÍVEIS DE DESEJO


MOLDAM A REALIDADE

Quando examinando a realidade da perspectiva da


evolução de desejos, os Cabalistas descobriram que a
vontade de receber que acabamos de descrever contém
quatro níveis distintos, imóvel (inanimado), vegetativo
(flora), animado (fauna), e falante (humano). Desde que o
ARI mencionou a divisão da realidade nesses quatro níveis
no século XVI,49 numerosos acadêmicos e Cabalistas
discutiram esses quatro níveis. O MALBIM (Meir Leibush
ben Iehiel Michel Weiser),50 Rabi Pinhas HaLevi
Horovitz,51 e o RABaD (Rabi Avraham Ben David), que
escreveram, “Todas as criaturas do mundo são imóveis,
vegetativas, animadas e falantes”,52 são senão três de
numerosos sábios que se referem à realidade como
consistindo desses quatro níveis.
Todavia, nenhum sábio ou acadêmico é tão descritivo
como Baal HaSulam. Seus escritos, que explicitamente
pretendeu que todos lessem e compreendessem, sistemática
e elaboradamente detalham a estrutura da realidade da
maneira que os Cabalistas e acadêmicos Judeus a percebiam
durante as eras. Em seu ensaio, “A Liberdade”, ele explica
a estrutura dos desejos imóvel, vegetativo, animado e falante
sob a seção, “Lei da Causalidade”. Ele explica que todos os
elementos da realidade estão ligados e emergem uns dos
outros. Nas suas palavras, “É verdade que há uma ligação
geral entre todos os elementos da realidade perante nós, que
se regem pela lei da causalidade, por meio de causa e efeito,

-40-
C APÍTULO 2: Q UERO, L OGO SOU

avançando em frente. E como o todo, assim cada item em


si mesmo, ou seja que toda e cada criatura no mundo dos
quatro tipos, imóvel, vegetativo, animado e falante, se rege
pela lei da causalidade por meio de causa e efeito.

“Além do mais, cada forma particular de um


comportamento particular, que uma criatura segue
enquanto neste mundo, é empurrada por causas antigas, a
obrigando a aceitar mudança nesse comportamento e não
outro que se pareça. Isto é aparente a todos aqueles que
examinam os caminhos da Natureza de um ponto de vista
puramente cientifico e sem uma migalha de influência.
Certamente, devemos analisar esta matéria para nos
permitirmos a nós mesmos examiná -la de todos os
lados.”53

OS QUATRO NÍVEIS DENTRO DE NÓS

Mas há mais, nossos sábios afirmam, os níveis de imóvel,


vegetativo e falante não são exclusivos à natureza externa.
Eles existem dentro de todo e cada um de nós, formando a
base dos nossos desejos e até da estrutura interior de cada
desejo. Rabi Nathan Neta Shapiro escreve, “Há quatro
forças no homem, inanimado, vegetativo, animado e
falante, e Israel têm ainda outra, quinta parte, pois eles são
o Divino falante.”54
Baal HaSulam fornece uma explicação mais elaborada
da maneira como e stes níveis de desejos funcionam
dentro de nós: “Nós distinguimos quatro divisões na
espécie falante [humanos], ordenadas em gradações uma
sobre a outra. Essas são as Massas, os Fortes, os Ricos, e os
Sagazes. Elas são iguais aos quatro graus no todo da
realidade, chamados ‘Inanimado’, ‘Vegetativo’, ‘Animado’,
e ‘Falante’.
-41-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

“O inanimado ... suscita as três propriedades,


vegetativo, animado, e falante. ... A mais pequena força
entre elas é a vegetativa. A flora opera ao atrair o que é
benéfico para ela e rejeitando o prejudicial muito da
mesma maneira que os humanos e a nimais. Contudo, não
há sensação individual nela, mas uma força coletiva,
comum a todas as plantas no mundo...
“Sobre elas está o animado. Cada criatura sente a si
mesma, atraindo o que é benéfico a ela e rejeitando o
prejudicial. ...Esta força sensível no Animado é muito
limitada em tempo e espaço, uma vez que a sensação não
opera sequer a mais curta distância fora de seu corpo.
Também, ele não sente nada fora de sua própria estrutura
temporal, ou seja no passado ou no futuro, mas somente
no presente momento.
“Acima delas está o falante, consistindo de uma força
emocional e uma força intelectual juntas. Por esta razão,
seu poder em atrair o que é bom para ele e rejeitar o
que é prejudicial e ilimitado no tempo e lugar, como é no
animado. Devido à ciência, que é uma faculdade
intelectual, ilimitada pelo tempo e lugar, se consegue
ensinar a outros onde quer que eles estejam no todo da
realidade, no passado ou no futuro, e no decorrer das
gerações.”55

ONDE NÓS SOMOS LIVRES PARA ESCOLHER

Tal como aprendemos de Baal HaSulam, a diferença entre


o nível falante da realidade e os outros três níveis, tanto
na sua natureza geral e dentro de nós, é que nós somos
ilimitados em tempo e lugar enquanto escolhendo o que
aproximar a nós e o que repelir. Colocando-o
diferentemente, no todo da Natureza, a raça humana é a

42
C APÍTULO 2: Q UERO, L OGO SOU

única espécie que tem liberdade de escolha. Enquanto


todas as outras criaturas seguem as ordens da
Natureza involuntariamente, nós podemos escolher se as
seguimos ou não. Lamentavelmente, como é evidenciado
pelas crises globais de hoje, quando escolhemos ir contra
as ordens da Natureza sem completo conhecimento das
implicações de nossas ações, sofremos duras
consequências pelos nossos erros.
E uma vez que interiormente consistimos dos mesmos
quatro níveis, a mesma regra se aplica dentro de nós, e
somente aqueles desejos e qualidades dentro de nós que
pertencem ao nível falante são aquelas nas quais temos
liberdade de escolha.
Dentro de nós, os desejos básicos naturais, para
reprodução e continuação da espécie, por abrigo e por
alimentação, correspondem aos primeiros três níveis de
desejos na Natureza, inanimado, vegetativo, e animado. O
quarto nível, “falante,” manifesta dentro de nós desejos
por prosperidade além das nossas necessidades, poder,
fama, respeito e conhecimento. A diferença fundamental
entre os três níveis inferiores e o do topo é que os três
inferiores existem em cada criatura na terra. Cada criatura
procura assegurar a existência da sua própria espécie e
manter sua descendência a salvo num abrigo adequado.
Inversamente, o quarto nível de desejos, que definiremos
rudemente como “desejos por riqueza, honra e
conhecimento,” são exclusivamente humanos.
Tal como na sua natureza geral, os três níveis inferiores
funcionam automaticamente, de acordo com as ordens da
Natureza. A única faculdade na qual há liberdade de escolha
é o nível falante de desejos. Desta forma, devemos primeiro

-43-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

aprender os funcionamentos da nossa natureza interior


antes que tentemos satisfazer os desejos do nível superior.
Para sermos capazes de trabalhar com o quarto nível de
desejos, precisamos de saber o que afeta esses desejos e o
propósito de sua existência dentro de nós. Com efeito, há
outro nível de desejos dentro de nós que “suplanta” todos
os quatro níveis, e que existe somente nos humanos.

O PONTO NO CORAÇÃO

Este é o nível a que Rabi Nathan Shapiro chamou, “o


Divino falante”. Ele é este desejo que nos propulsiona a
explorar como este mundo funciona, o que o faz funcionar
e como ele o faz, e porquê. Ele é o desejo a que chamamos
“Israel”, Yashar El (direito ao Criador). Em Abraão, esse
desejo apareceu como o anseio de saber “Como era possível
que esta roda sempre rodasse sem um condutor? Quem a
roda, pois ela não se pode rodar a si mesma?”56

Baal HaSulam chamou a esse desejo de conhecer o


Criador, “o ponto no coração”. Na sua “Introdução de O
Livro do Zohar”, ele explica que o coração pode ser visto
como o todo dos nossos desejos, e que “o ponto no
coração” é o desejo dentro de nós que aponta para o
Criador.57 Meu professor, o Rav Baruch Shalom HaLevi
Ashlag (o Rabash), o filho primogênito de Baal HaSulam e
seu sucessor, explicou que o “ponto no coração” é o desejo
chamado “Israel”. Nas suas palavras, “Há também Israel
numa pessoa ... mas ela é chamada ‘um ponto no
coração’.”58
Agora podemos ver porque Abraão estava tão
determinado a partilhar o que ele havia descoberto. Ele

-44-
C APÍTULO 2: Q UERO, L OGO SOU

sabia que os desejos humanos estavam evoluindo, e ele


sabia que quanto mais eles evoluem, mais eles se voltarão
para adquirir prosperidade, poder, dominação sobre os
outros e conhecimento. Era claro para ele que sem adquirir
o conhecimento da natureza dos desejos humanos, as
pessoas não seriam capazes de se gerir a si mesmas e suas
sociedades adequadamente.
Assim que Nimrod teve sucesso em impedir os
esforços de Abraão de circular seu conhecimento aos
Babilônios, esse homem sábio juntou aqueles que o seguiam
e saiu da Babilônia para espalhar sua mensagem no
exterior. Certamente, o legado de Abraão para nós é que
aqueles que compreenderam o que ele havia ensinado
deviam partilhar o conhecimento com quem quer que
estivesse disposto a escutar. Nas palavras de O Livro do
Zohar, “Abraão cavou esse poço [Beer Sheba]. Ele
descobriu-o porque ele havia ensinado a todas as pessoas
no mundo a servir o Criador. E assim que ele o cavou, ele
emite águas vivas que nunca cessam.”59
O povo de Israel de hoje são os descendentes dos
estudantes de Abraão, pessoas com pontos nos seus
corações, o ponto de Israel dentro delas. E embora esse
ponto agora esteja enterrado por baixo de séculos de
esquecimento, ele existe e aguarda ser reacendido. Nas
palavras do Sagrado Shlah, “Israel são chamados a
‘Assembleia de Israel’, pois embora abaixo eles estejam
separados uns dos outros, todavia, acima, na raiz de suas
almas, eles são uma unidade, e estão congregados, pois são
a parte do Senhor. Os ramos [o povo de Israel] que desejam
regressar a suas raízes devem seguir o exemplo de suas
raízes, ou seja se unirem abaixo também. Quando a

-45-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

separação está entre eles, aparentemente causam separação


e divisão acima, vejam quão longe a questão se prolonga.
Desta forma, o todo da casa de Israel deve perseguir a paz e
ser um, em paz e completude, sem um defeito, para se
assemelhar a seu Fazedor [estarem em equivalência de
forma com Ele], pois assim é o nome do Senhor, ‘Paz’.”60
Assim que Israel se una e assim se corrigirá, a si
mesmos, eles podem concretizar sua vocação e serem
“Uma luz para as nações” (Isaías 42:6). Nas palavras de
Rabi Naftali Tzvi Yehuda Berlin (O NATZIV de Volojin),
“A principal razão pela qual maioria de nós vive em exílio
é que o Senhor divulgou a Abraão Nosso Pai que seus
filhos foram feitos para serem uma luz para as nações, que
é impossível a menos que estejam dispersos no exílio.
Assim foi Jacó, Nosso Pai, quando ele chegou ao Egito,
onde a maioria do povo estava. Com isso, Seu nome se
tornou grande, quando eles viram Sua providência sobre
Jacó e seus descendentes.”61
Falando da evolução dos desejos, a raça humana
constitui o quarto e mais alto nível de desejo, o único que
permite o livre arbítrio. Mas para tomar as escolhas certas,
as pessoas precisam saber como tudo funciona a partir da
sua raiz. O povo Israelita re presenta o desejo de conhecer
a raiz, e desta forma é sua responsabilidade estudar a raiz,
e transmitir seus discernimentos e percepções ao resto da
humanidade. Assim, todos saberão como fazer com que
suas escolhas funcionem para seu benefício.
Para obter esse conhecimento, Abraão formou um
método de estudo que os sábios durante as eras nutriram
e desenvolveram. O próximo capítulo descreverá a
evolução desse método, que desde que foi escrito O Livro
do Zohar, tem sido referido como “Cabalá”.

-46-
CAPÍTULO 3

Correções
através das
Eras
A Evolução do
Método de Correção

N
o capítulo anterior, dissemos que os desejos
crescem de inanimado, a vegetativo, a animal, a
falante. Dissemos que esta progressão ocorre
tanto externamente, na natureza geral, e internamente,
dentro de nós. Também dissemos que somente no nível
falante dentro de nós temos nós uma escolha livre, mas
que para tomar escolhas que nos são benéficas, temos
primeiro de aprender como a Natureza opera na sua raiz.
Finalmente, dissemos que Israel representa o desejo
de conhecer a raiz, o Criador, o Fazedor de tudo o que
há, e que Abraão foi o primeiro a descobrir esta raiz. Ele
tentou ensinar seus contemporâneos, e os Judeus de hoje,
os descendentes desse desejo, devem levar a cabo a
vocação de Abraão e completar a sua tarefa.
O que Abraão descobriu foi que o único problema
com os seus conterrâneos foi seus egos crescentes. Eles
estavam tornando-se demasiado egocêntricos para manter

-47-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

uma sociedade sustentável. Eles costumavam ser de “Uma


língua e uma fala,” mas devido a seus egos crescentes se
tornaram alienados e incomunicáveis. Eles tornaram-se tão
indiferentes uns para os outros, tão descuidados e
preocupados em se auto explorar que, como mencionado
no capítulo anterior, “Se uma pessoa caia e morresse
[enquanto construindo a torre de Babel] eles não se
preocupariam com ela. Mas se um tijolo caísse no eles se
sentariam e chorariam e diriam, ‘Quando virá outro que se
encontre no seu lugar.’”62
Pior ainda, Abraão descobriu que o crescente ego não
estava prestes a parar de crescer. Ele era um traço inerente
na natureza humana, uma característica distinta do nível
falante que o ego deve crescer constantemente porque ele
é alimentado pela inveja dos outros. Na sua “Introdução
ao Livro, Panim Meirot uMasbirot (Face Iluminada e
Acolhedora) “, Baal HaSulam escreve, “O Criador instigou
três inclinações nas massas [pessoas], chamadas, ‘inveja,’
‘cobiça,’ e ‘honra.’ Devido a elas, as massas desenvolvem-
se grau após grau para induzir uma face de um homem
inteiro”. 63 Por outras palavras, inveja não é má em si
mesma, e contudo temos de lidar com ela, corrigi -la, e
apontá-la para uma direção construtiva.

A INCLINAÇÃO(NÃO
NECESSARIAMENTE)AO MAL

Quando nossos sábios escrevem sobre Yetzer HaRá


(inclinação ao mal), referem-se à maneira como usamos a
inveja para prejudicar os outros ou beneficiar às suas
custas. Mas se usarmos as já mencionadas inveja, cobiça e
honra adequadamente, tornam-se o nosso próprio meio
-48-
C APÍTULO 3: C ORREÇÃO A TRAVÉS DAS E RAS

de correção. Foi isto que o Sagrado Shlah escreveu, “As


piores qualidades são inveja, ódio, avareza, cobiça e assim
por diante, que são as qualidades da inclinação ao mal - as
próprias com as quais ele servirá o Criador”64
E todavia, inerentemente, usamos essas inclinações
negativamente, como está escrito (Génesis, 8:21), “A
inclinação do coração do homem é má desde sua
juventude”. Similarmente, “Não há mal senão a inclinação
ao mal,” escreveu Shimon Ashkenazi,65 e séculos antes, o
Midrash Rabá estabeleceu que “As pessoas estão
inundadas em inclinação do mal, como se diz, ‘Pois a
inclinação do coração do homem é má desde a sua
juventude’”.66
Abraão descobriu que de todas as criações, somente as
pessoas possuem uma inclinação ao mal. Foi por isso que o
grande Ramchal escreveu, “Não há outra criação que possa
fazer mal como o homem. Ele pode pecar e se revoltar e a
inclinação do coração do homem é má desde sua
juventude, que não é assim com qualquer outra criatura.”67
Baal HaSulam escreve que a inclinação do mal é a
vontade de receber.68 Todavia, em anteriores capítulos
dissemos que a vontade de receber é o todo da Criação, e o
homem constitui o quarto e mais desenvolvido nível da
vontade de receber. Por que então é a nossa vontade de
receber a origem de todo o mal?
O problema é que a vontade de receber no nível falante
não é estática. Ela está constantemente crescendo e
constantemente buscando mais. Nas palavras de nossos
sábios, “Não se abandona o mundo com metade dos seus
desejos na sua mão, pois aquele que tem cem deseja
duzentos; aquele que tem duzentos deseja quatrocentos”.69
Porque procuramos constantemente mais, estamos sempre
-49-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

carentes. Similarmente, o Sagrado Shlah diz, “Aquele que


não está contente sempre carece,”70 e está desta forma
constantemente infeliz e insatisfeito. Olhando para a
nossa sociedade consumista, podemos ver que se
sucumbirmos a esse elemento na nossa natureza, seremos
jogados para uma “caça ao prazer” interminável que não
pode terminar e que não nos faz felizes, também.
Assim, Abraão percebeu que a inclinação do mal, o
ódio e alienação que aparecia m entre os Babilônios,
causavam todos os problemas entre eles, e que não havia
esperança que este fermentar abrandasse por si mesmo.
Contudo, ele também percebeu que ter uma vontade de
receber intensa era necessário para o propósito da
Criação, para o homem alcançar Dvekút [adesão,
equivalência de forma] com o Criador. Nas palavras de
Ramchal, completando a citação acima, “Mas por outro
lado, quando ele [homem] é corrigido e complementado,
ele se eleva acima de todos, e ele merece aderir [apegar] a
Ele, e todas as outras criações são dependentes dele”.71
Desta forma, em vez de tentar aniquilar a inclinação ao
mal. Abraão desenvolveu um método pelo qual as pessoas
se corrigiriam, ou “domariam” suas inclinações, ou seja seus
egos, e assim beneficiariam do seu crescimento. Assim que
ele concebeu o método, ele começou a partilhá-lo com
todos, não abrindo exceções, como Maimônides
testemunha, “Ele começou a clamar ao mundo inteiro”.72
Como mencionamos na Introdução, Maimônides
escreveu que Abraão “plantou seu princípio [que há um
Deus, uma força no mundo] nos seus corações, compôs
livros sobre isso, e ensinou seu filho, Isaac”.
Contudo, o método de Abraão era adequado somente
aos seus contemporâneos. Ele não podia ser, nem era
-50-
C APÍTULO 3: C ORREÇÃO A TRAVÉS DAS E RAS

suposto ser adequado a gerações posteriores. Porque a


inclinação ao mal no nível falante - a vontade de
recebermos para nós mesmos, também conhecida como
“egoísmo” - está sempre crescendo e se desenvolvendo, na
altura em que o povo de Israel havia se tornado uma nação
e saiu do Egito, um novo método de correção era
necessário.
Os três milhões ou assim que saíram do Egito eram
diferentes das setenta almas que haviam entrado nele dois
séculos mais cedo. No Egito, a vontade de receber de Israel
aumentou tremendamente, e precisava de um conjunto
muito explicito de instruções com o objetivo de a corrigir.

MOISÉS DIZ, “UNAM-SE!”

A solução veio na forma da Torá de Moisés, mas também


uma nova condição prévia para a execução de qualquer
correção desse tempo em diante. Para receber a Torá,
escreve o grande comentador, RASHI, o povo de Israel se
encontrou no sopé do Monte Sinai “como um homem
com um coração”.73 Essa absoluta e completa unidade
mais tarde evoluía numa das características mais
proeminentes de Israel - garantia mútua- o nobre traço
que distinguia Israel de todas as nações desse tempo.
Sob sua aceitação da condição de serem como um
homem com um coração, Israel receberam a Torá, a
instrução, o código de leis que os ajudaria a dominar o ego.
Com ela, eles tornaram-se uma sociedade onde cada
membro - homem, mulher e criança - alcançou o Criador e
vivia pela lei de garantia mútua, em equivalência de forma
com o Deus (ou força) una que Abraão havia descoberto. O
Talmude Babilónio escreve, “Eles verificaram de Dan a Beer

-51-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Sheva e nenhum ignorante [pessoa não corrigida] foi


encontrado de Gevat a Antipris, e nenhum menino ou
menina, homem ou mulher foi encontrado que não
versasse cuidadosamente nas leis da pureza e impureza
[correções de acordo com a lei de Moisés].”74
Com sua recentemente adquirida unidade, Israel
conquistou Canaã - da palavra Kenia’a (render)75 - e
tornou-a a “Terra de Israel” - um lugar onde o desejo pelo
Criador governa. O Templo que Israel estabeleceu na terra
representava seu alto nível de realização, onde eles
continuaram a desenvolver e a implementar o método de
Moisés.
E ainda assim, como nossos sábios escrevem, “A
inclinação ao mal nasce com o homem, e cresce com ele
sua vida inteira,”76 e “A inclinação no coração do homem é
má desde sua juventude, e sempre cresce em todas as
cobiças”.77 Ainda assim, o método de Moisés de correção,
as leis a que chamamos “a Torá,” permaneceu intact o
durante o primeiro e segundo Templos, e até durante o
exílio em Babel.
Mas à medida que o declínio espiritual de Israel
continuou, o povo achou cada vez mais difícil se segurar à
sua unidade e conexão com o Criador. Como resultado, o
Segundo Templo era num grau espiritual inferior (nível de
conexão, ou equivalência de forma com o Criador) que o
primeiro.
O Cabalista Rabi Behayei Ben Asher Even Halua
explica, “Desde o dia em que a Divindade estava
presente em Israel, sob a doação da Torá, ela não se moveu
de Israel até à ruína do Primeiro Templo. Uma vez que
desde a ruína do Primeiro Templo ... ela não estava
presente permanentemente, como durante o Primeiro
Templo.”78 -52-
C APÍTULO 3: C ORREÇÃO A TRAVÉS DAS E RAS

Eventualmente, o nível de egoísmo aumentou no povo


de Israel a tamanha extensão que ele os separou por
completo uns dos outros e do Criador. Certamente, foi a
separação uns dos outros que causou sua separação do
Criador, da percepção da força fundamental da vida. Isto,
por sua vez, resultou na ruína do Segundo Templo, e o
último e mais longo exílio.
No seu livro, Netzá Yisrael [O Poder de Israel], Rabi
Yisrael Segal descreve a queda da graciosidade de Israel:
“No Segundo Templo havia uma virtude especial, que Israel
não estavam divididos em dois; havia somente união entre
eles. Desta forma, o Primeiro Templo foi arruinado por
transgressões que são Tum’á [impureza], e o Senhor não
mora entre eles no meio de sua Tum’á. Mas o Segundo
Templo foi arruinado por ódio gratuito, que revoga sua
união, que era sua virtude no Segundo Templo”.79
Similarmente, o grande acadêmico e poeta, Rabi
Avraham Ben Meir Ibn Ezra, escreveu, “‘E vós pisareis nos
seus altos lugares,’ ‘E eu vos deixarei montar nos altos
lugares da terra,’ e a razão é que o ódio gratuito que estava
presente no Segundo Templo até que ele gerasse o exílio
sobre Israel”.80

A GRANDE QUEDA,
E AS SEMENTES DA REDENÇÃO

O exílio após a ruína do Segundo Templo derivou de


ódio gratuito, mas ela também serviu um propósito
duplo. O primeiro foi que o exílio foi um incentivo para
desenvolver mais o método de correção. Uma vez que a
Torá de Moisés não era mais suficiente para manter o
nível espiritual da nação, era hora de adaptar o método à
presente condição do povo - estando em exílio, e mais

-53-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

egoísta que durante o tempo de Moisés. O segundo


propósito do exílio foi que Israel se misturasse com outras
nações, para espalhar o “gene espiritual” pelo mundo, e
assim permitir a correção da humanidade inteira, como
Abraão pretendia inicialmente.
Na altura da ruína do Segundo Templo, dois corpos
seminais foram compostos. Um foi o Mishná, e o outro foi
O Livro do Zohar. O anterior, juntamente com a Bíblia,
tornou-se a fundação de virtualmente toda a sabedoria
Judaica desse dia em diante. O último, por outro lado, foi
escondido pouco depois de ser escrito, e permaneceu
escondido durante mais de mil anos, até ter aparecido nas
mãos de Rabi Moshé de Leon.
Os autores do Mishná, a Gemará, e o resto dos
escritos de nossos sábios forneceram ao povo exilado de
Israel a orientação tanto nos níveis espirituais como
físicos. Enquanto os escritos narram estados espirituais,
eles podem também ser prontamente percepcionamos
como mandamentos físicos.
Porque as leis que nossos sábios instruíram se
originaram de leis espirituais, elas foram aplicáveis à vida
física, tal como Israel as havia aplicado antes da ruína do
Templo. Desta maneira, os Judeus mantiveram certo nível
de conexão com o nível espiritual do passado sem o
próprio alcance da fonte e origem das leis.
Rabi Menahem Nahum de Chernobyl escreveu em
respeito da desconexão de Israel do nível espiritual e perda
de alcance do Criador. “A razão do exílio é a ruína do
Templo em geral e em particular. Israel se [tornaram] tão
corrompidos que causaram a expulsão da Shechiná
[Divindade] do Templo geral. Este Templo particular
[pessoal] está dentro de seus corações ... e através da
-54-
C APÍTULO 3: C ORREÇÃO A TRAVÉS DAS E RAS

partida do Templo [Divindade] particular ... [eles]


abandonaram o Templo geral e o exílio chegou”.81
No mesmo espírito, Jonathan Ben Natan Netah
Eibshitz escreveu, “No Primeiro Templo, Divindade não
se moveu do Templo porque o exílio foi durante um curto
tempo. Mas na segunda ruína, que é durante um período
prolongado de tempo, a Shechiná [Divindade] partiu por
completo”.82
E enquanto a maioria dos Judeus se concentrou em
manter uma ligação com a espiritualidade no nível
instruído a eles pelos sábios do Mishná e Gemará,
houveram sempre alguns poucos excepcionais que
simplesmente não conseguiam permanecer com a
observação cega de mandamentos. As questões que
conduziram Abraão a descobrir o Criador ardiam dentro
deles; seus pontos no coração não haviam sido saciados, e
eles foram conduzidos ao mais profundo de todos os
estudos, a sabedoria da Cabalá.

UMA NOVA ERA, UMA NOVA ABORDAGEM

Os Cabalistas mantiveram seus estudos secretos. Nos


seus quartos secretos desenvolveram um método de
correção que seria adequado a todos, quem quer que
precisasse. Em pequenos grupos, por vezes sozinhos, eles
estudavam e alcançavam, mas mantinham o que haviam
aprendido e escreviam na maioria das vezes para si
mesmos.
Mas um dia no século XVI, um jovem homem com o
nome de Isaac Luria veio à cidade Cabalista de Tzfat no
Norte de Israel. Sua chegada marcou o começo de uma
nova era na evolução do método de correção. Através do
seu principal estudante, Chaim Vital, Isaac Luria - hoje
-55-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

conhecido como o Sagrado ARI - detalhou uma abordagem


completamente nova à sabedoria da Cabalá. Suas
explicações aparentemente técnicas da estrutura do sistema
espiritual e suas descrições sistemáticas precisas
gradualmente se tornaram o método de estudo prevalecente
entre os Cabalistas.
O principal discípulo do ARI, Rabi Chaim Vital,
diligentemente escreveu o que seu professor havia ditado.
Depois do falecimento de Rabi Vital, seu filho começou a
publicar esses escritos, os mais notáveis dos quais são
rvore da Vida e Oito Porões. Nesse tempo, essas
composições tornaram-se a base do método predominante
de estudo de Cabalá, a Cabalá Luriânica, nomeada segundo
Isaac Luria, o ARI.

PERMISSÃO PARA SE ENVOLVER

Juntamente com a crescente predominância da Cabalá


Luriânica, uma gradual emergência do sigilo começou
assim que mais e mais Cabalistas sentiram que o tempo
era certo para divulgar o método pelo qual o mundo
alcançaria sua correção final.
No seu livro, Luz do Sol, o Cabalista Rabi Avraham
Azulai escreveu, “A proibição do Alto a se refrear do
estudo aberto da sabedoria da verdade [Cabalá] foi durante
um período limitado de tempo, até ao fim de 1490. Desta
forma, é considerada a última geração, na qual a proibição
foi levantada e a permissão foi dada para se envolver em
O Livro do Zohar. E desde o ano 1540, tem sido um grande
Mitzvá (mandamento, boa ação, correção) para as massas
estudarem, velhos e novos. E uma vez que o Messias está
destinado a vir como resultado, e por nenhuma outra
razão, é desapropriado ser negligente”.83
-56-
C APÍTULO 3: C ORREÇÃO A TRAVÉS DAS E RAS

Embora o ARI não permitisse a ninguém senão Chaim


Vital a estudar seus ensinamentos, o último escreveu
profusamente sobre a importância de estudar a Cabalá. “Ai
das pessoas que afrontam a Torá. Elas não se envolvem na
sabedor ia da Cabalá, que honra a Torá, pois elas
prolongam o exílio e todas as aflições que estão prestes a
vir ao mundo,” escreveu ele na sua introdução à Árvore da
Vida.84
Nos séculos que se seguiram, numerosos rabinos,
Cabalistas, e acadêmicos afirmaram que o estudo da
Cabalá era vital para nossa redenção, até para a
sobrevivência da nação. No meio do século XVIII, o Gaon
de Vilna (GRA), escreveu explicitamente, “Redenção
depende do estudo da Cabalá”.85
No início do século XIX, os Cabalistas começaram a
proclamar que até crianças deviam estudar a Cabalá,
explicitamente revogando o estudo antes dos quarenta
anos de idade. O Rabi de Kormano escreveu, “Tivesse meu
povo me escutado nesta geração, em que a heresia
prevalece, eles se mergulhariam no estudo de O Livro do
Zohar e os Tikunim [Correções], contemplando-as com
crianças de nove anos de idade”.86
No início de 1900, o Rav Isaac HaCohen Kook, que
mais tarde se tornou o primeiro Rabino Chefe de Israel,
abertamente chamou o estudo da Cabalá, bem como o
regresso dos Judeus à terra de Israel. Em Orot (Luzes), ele
escreveu, “Os segredos da Torá trazem a redenção, eles
trazem Israel de volta a sua terra”.87
Em numerosas ocasiões, Rav Kook escreveu muito
flagrantemente que cada Judeu tem que estudar a Cabalá,
embora ele raramente usasse o termo explicito e
frequentemente se refere a ela pelos seus conhecidos
-57-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

epítetos, “a sabedoria da verdade,” “a sabedoria do oculto,”


“a interioridade da Torá,” ou “os segredos da Torá”. Nas
suas palavras, “Perante nós está uma obrigação a expandir
e estabelecer o envolvimento no lado interno da Torá, em
todos os seus assuntos espirituais, que, no seu sentido mais
amplo, incluem a ampla sabedoria de Israel, cujo ápice é o
conhecido de Deus em verdade, de acordo com a
profundidade dos segredos da Torá. Nestes dias, ela requer
elucidação, escrutínio e explicação e torná-la mais clara
que nunca e mais expansiva entre a nossa nação inteira.”88

AGORA, TODOS JUNTOS


A maior fase na evolução do método de correção começou
no princípio de 1900 e está somente agora a apanhar
ritmo. Porque somos parte dessa fase, é aquela que têm o
maior significado para nós.
Como discutido na Introdução, quando Abraão
primeiro descobriu que uma força governa e conduz o
mundo, ele começou a espalhar seu conheci mento. Sua
meta era circulá-la a todas as pessoas, nenhuma excluída.
Contudo, Nimrod, rei da Babilônia, o preveniu de alcançar
seu objetivo e Abraão teve de partir, finalmente chegando à
terra de Canaã, que ele tornou Israel (segundo o desejo de
alcançar Yashar El, diretamente pelo Criador).
Esse objetivo não mudou durante os séculos. “Noach foi
criado para corrigir o mundo no estado em que ele estava
nessa altura ...e eles [seus contemporâneos] também
receberam correção dele,” escreve o Ramchal.89 Também,
no seu comentário sobre a Torá, o Ramchal escreve,
“Moisés desejava completar a correção do mundo nessa
altura. Foi por isso que ele tomou a multidão misturada, pois
ele pensava que assim seria a correção do mundo que será
feita no fim da correção ... Contudo, ele não teve sucesso
devido às corrupções que ocorreram no caminho”.90
-58-
C APÍTULO 3: C ORREÇÃO A TRAVÉS DAS E RAS

Depois da ruína do Segundo Templo, os Cabalistas


escolheram esconder a sabedoria de todos, Judeus e não-
Judeus em semelhança, até o tempo do ARI, quando
começaram a sentir que o tempo era maduro para a revelar
a todos. Nesse ponto, eles começaram a ensinar e a circular
a sabedoria numa maneira que se tornou mais direta e
explicita a cada geração.
No início do século XX, todas as inibições haviam
saído, e os Cabalistas abertament e clamavam pela
disseminação da sabedoria e a ensiná-la a todas as nações.
Rav Kook exprimiu esta mentalidade muito claramente
numa das suas cartas: “Eu concordei divulgar todos os
segredos do mundo, uma vez que é hora de fazer pelo
Criador, como é necessário nesta altura. Maiores e
melhores que eu, sofreram pela nação escárnio por tais
questões, pois seus espíritos puros os pressionaram pelo
bem de corrigir a geração para falar novas palavras e revelar
o oculto, ao qual o intelecto das massas não estava
acostumado.”91
Durante a Primeira Guerra Mundial, Rav Kook sentiu -
se impelido a sublinhar a ligação que ele viu entre os
problemas do mundo e o reacender da força espiritual de
Israel através da união. No seu livro, Orot (Luzes), ele
escreveu, “A construção do mundo, que é presentemente
amassada pelas terríveis tempestades de uma espada
sangrenta, que amassa em antecipação de uma força de
unidade e sublimidade, e tudo o que está na alma da
Assembleia de Israel.”92
Seu contemporâneo, Baal HaSulam, escreveu
profusamente e com frequência flagrantemente, sobre a
necessidade de divulgar a sabedoria da Cabalá a todos,
especialmente hoje. No seu ensaio, “O Shofar do Messias,”
ele escreveu, “Saiba que é isto o que significa que os filhos

-59-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

de Israel são redimidos somente após a sabedoria do oculto


ser revelada a grande extensão, como está escrito em O
Zohar, ‘Com esta composição, os filhos de Israel são
redimidos do exílio.’
“...Na minha avaliação, estamos em uma geração que se
encontra precisamente no limiar da redenção, se soubermos
como espalhar a sabedoria do oculto às massas.
“...Há outra razão para isso: Aceitamos que há uma
condição prévia para a redenção - que todas as nações do
mundo reconheçam a lei de Israel [de doação], como está
escrito, ‘E a terra estará cheia do conhecimento.’ É como no
exemplo do êxodo do Egito, onde houve uma condição
prévia que Faraó, também, reconheceria o verdadeiro Deus
e Suas leis, e os permitiria partir.
“...Você deve compreender de onde as nações do
mundo chegam a tamanha noção e desejo. Saiba que é
através da verdadeira sabedoria, para que eles vejam
evidentemente o verdadeiro Deus e a verdadeira lei [da
doação]. E a disseminação da sabedoria nas massas é
chamada ‘um Shofar [um clarim, ou um chifre de carneiro
festivo].’ Como o Shofar, cuja voz viaja uma grande
distância, o eco da sabedoria se espalhará pelo mundo”.93
Certamente, o legado desses titãs espirituais foi
concretizado, e hoje qualquer pessoa que deseje pode
estudar “a sabedoria do oculto” independentemente da
religião, idade, ou género, pois ela não está mais escondida.
Como Abraão visionou, nossa Babilônia global pode agora
estudar a lei fundamental da vida que a cria e sustenta, e
não há limitações que se pareçam.
Mas se tudo está certo, porque há tanto de errado com
o mundo? Porque há tantas pessoas sofrendo, e porque o
número de pessoas na miséria parece crescer? Se a lei

-60-
C APÍTULO 3: C ORREÇÃO A TRAVÉS DAS E RAS

é o Criador, e podemos deste modo concertar tudo,


porque não estão todos correndo para aprender?
Para responder a estas perguntas precisamos de
compreender as rotas pelas quais a sabedoria se espalha, e
especificamente o papel do povo Judeu em espalhar a
Cabalá, e o que significa ser uma luz para as nações.
Correspondentemente no próximo capítulo discutiremos o
papel do povo Judeu através dos olhos da Cabalá.

-61-
CAPÍTULO 4

Uma Nação em Missão


O Papel do Povo Judeu

“Abraão foi recompensado com a bênção de ser


como as estrelas dos céus, Isaac, a bênção da areia e
Jacó, como a poeira da terra, pois os filhos de Israel
foram criados para corrigir o todo da Criação”.

Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur),


Sefat Emet [Lábio Veraz], Bamidbar [Números].

N
o fim do capítulo anterior perguntamos, “Se
tudo está certo, porque há tanto de errado com o
mundo”? E “Se a lei fundamental da vida pode
ser conhecida por todos, como tão poucos a conhecem,
especialmente agora que estamos em uma perda no que
tange lidar com as múltiplas crises que engolem a
sociedade humana?” Dissemos que para responder a essas
questões, precisamos compreender como o conhecimento
da lei se espalha e como os Judeus estão relacionados com
sua divulgação.
Você pode recordar-se que na Introdução,
estabelecemos que uma vez que Abraão descobriu que
uma única força conduzia o mundo, ele se apressou a
-63-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

contar a seus conterrâneos sobre sua descoberta. Ele não


apresentou condições prévias; ele desejava partilhar seu
conhecimento recentemente achado com todos. Acontece
que, nem seu rei, Nimrod, nem o povo estavam prontos
para aceitar a noção de que a força governante da vida era
uma força de doação e que sua meta na vida, como
dissemos no Capítulo 1, é de a revelar ao ser semelhante,
ou até igual a ela. Os Babilônios do tempo de Abraão
estavam demasiado preocupados em construir sua torre e
tentar deificar as leis da Natureza.
Enquanto Abraão vagava pelo que agora é o Próximo
e Médio Oriente no seu caminho a Canaã, ele reuniu na
sua tenda, a princípio, todos aqueles que eram capazes
de compreender suas noções, se comprometer à
autotransformação do egoísmo à doação. Essas pessoas
mais tarde se tornaram a nação de Israel, nomenclada
segundo o desejo de alcançar diretamente o Criador.
E todavia, os quatro níveis da vida - inanimado,
vegetativo, animal e falante - são uma constante. Eles
devem ser atualizados na totalidade, e todos aqueles que
fisicamente pertencem ao nível falante devem
eventualmente alcançá -lo espiritualmente, também. O
fato de que nem todos os Babilônios estavam prontos para
se comprometer, a mudar a si mesmos no tempo de
Abraão, não muda nada em termos do propósito final para
o qual a raça humana existe. Assim, aqueles que estavam
prontos e dispostos a se comprometer, se tornaram os
“guardiões” do conhecimento, confiados em manter e
nutri-lo para a posteridade.
No seu ensaio, “A Arvut (garantia mútua),” Baal
HaSulam escreveu, “[O Criador disse] ‘Vós serei Meu
Segulá [remédio/virtude] dentre todos os povos.’ Isto
significa que vós sereis Meu remédio, e centelhas de
-64-
C APÍTULO 4: U MA N AÇÃO EM M ISSÃO

purificação e limpeza do corpo passarão através de vós para


todos os povos e nações do mundo. As nações do mundo
ainda não estão prontas para isso, e preciso de pelo menos
uma nação com que começar agora, pois ela será já como
um remédio para todas as nações”. 94
Esta citação, acompanhada pelas palavras de Rabi
Altar, citadas no princípio deste capítulo, “Os filhos de
Israel foram criados para corrigir o todo da Criação,” e
juntas com as citações abaixo neste capítulo, deixam poucas
dúvidas sobre a visão dos líderes espirituais Judeus durante
as eras a respeito do papel pelo qual os Judeus existem no
mundo.
Quando Moisés conduziu o povo de Israel para fora do
Egito, ele pretendia primeiro e antes e acima de tudo lhes
passar a lei que ele mesmo havia aprendido, a lei que
Abraão havia aprendido antes dele. Sua meta era terminar,
ou pelo menos avançar a missão que Abraão havia
começado gerações antes. Rav Moshe Chaim Luzzatto, o
grande Ramchal, escreveu sobre isso, “Moisés desejou
completar a correção do mundo nessa altura. Foi por isso
que ele juntou a multidão misturada [pessoas
egocêntricas, sem desejos corrigidos], pois ele pensou que
assim seria a correção do mundo que será feita no fim da
correção ... Contudo, ele não teve sucesso devido às
corrupções que ocorreram no caminho.”95
Apesar das dificuldades, escreve Rabi Isaac Wildman,
“Essa foi a oração e bênção de Moisés para a geração do
deserto, que eles fossem o princípio da correção do
mundo.”96
Todavia, o mundo não teve desejo de correção. As
nações não estavam prontas para abdicar do amor-próprio
e abraçar o altruísmo - dar - como sua principal qualidade.
Então no entretanto, a nação Israelita continuou a “polir”
-65-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

sua própria correção esperando que o resto das nações


estivessem prontas e dispostas. Nas palavras de Ramchal,
“Vós deveis saber ... que a Criação como um todo não será
completada até que o todo da nação escolhida seja ordenada
na ordem certa, completada em todas as suas decorações,
com a Shechiná [Divindade] aderida a ela.
Consequentemente, o mundo alcançará o estado
completo. ...Devemos chegar a um estado em onde a nação
é totalmente complementada em todas as necessárias
condições, e o todo da Criação recebe sua completude, e
então o mundo será estabelecido permanentemente no
estado corrigido.”97
Segue-se que a nação Israelita serve como um canal
pelo qual a correção, nomeadamente a qualidade de doação,
deve alcançar seus recipientes pretendidos: as nações do
mundo. Em estilo eloquente, florido, o Rav Kook detalha
como ele vê o papel dos Judeus a respeito do resto das
nações. “Assim que a vocação de Israel, sendo a nação do
Senhor, esteja presente, completa, aparente, duradoura e
ativa no mundo, é um testemunho válido para o mundo
para toda a posteridade complementar a forma da raça
humana, a manter suas características, e a elevá-la pelos
degraus da santidade adequados a ela ... que o Senhor
determinou. E uma vez que nossa própria vocação é
permanecer sempre, acompanhando a vocação do todo da
Natureza - cuja lei é completar todas as criações e as trazer
ao ápice da perfeição - devemos guardá-la devotadamente
pela vida de todos nós, que é mantida dentro dela, e pelo
todo da humanidade e seu desenvolvimento moral, cujo
destino depende do destino da nossa existência.”98
Como demonstrado na Introdução a este livro, o Rav
Kook vai até tão longe ao dizer, “O movimento genuíno da
alma Israelita na sua grandiosidade é expresso somente pela
-66-
C APÍTULO 4: U MA N AÇÃO EM M ISSÃO

sua força sagrada e eterna, que flui dentro de seu


espírito. É aquilo que a fez, e a faz, e a fará permanecer
ainda uma nação que permanece como uma luz para as
nações.”99
No seu livro, Ein Ayá [O Olho de Um Falcão], o Rav
Kook acrescenta mais: “Dentro de Israel está uma santidade
escondida de elevar o valor da própria vida através da
Divindade que está presente em Israel. A alma nacional da
Assembleia de Israel aspira pelo mais sublime e exaltado,
agir na vida pelo valor mais exaltado e Divino, por esse
mesmo valor que fará que nenhuma pessoa seja capaz de
questionar, ‘Qual é o propósito desta tal vida’? Tendo visto
a glória e a sublimidade da sua agradabilidade e
magnificência. Em absoluta completude será ela
completada dentro da casa de Israel, e a partir dela, ela
brilhará para a terra e para o mundo inteiro, ‘para um
convénio do povo, para uma luz das nações.’”100
Similarmente, Rabi Naftali Tzvi Yehuda Berlin
(conhecido como “O TATZIV de Volojin”) escreveu,
“Isaías o profeta disse, ‘Eu vos tomarei pela mão e vos
manterei; Eu vos darei um convénio para o povo, uma luz
para as nações,’ ou seja, para corrigir o convênio, que é a fé,
para cada nação. Eles jogarão fora a fé em ídolos e
acreditarão em um Deus. Certamente, o convênio com
Abraão nosso Pai foi assinado sobre essa questão.”101

MISTURAR E MESCLAR

E ainda assim, como é que a correção fluirá para as


nações? Se a nação de Israel se corrige a si mesma, como
isso afetará a qualquer das outras nações?
Quando Abraão primeiro descobriu o Criador, ele
descreveu-o a quem quer que escutasse, e aqueles que se
-67-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

juntavam a ele se tornavam as primeiras pessoas


corrigidas. Essas pessoas então foram para o Egito e
finalmente emergiram dele em números muito maiores,
uma nação inteira, essa nação recebeu a Lei da Correção,
nomeadamente a Torá, e se corrigiu a si mesma. No
Primeiro Templo, a nação Judaica alcançou seu mais alto
nível de conexão com o Criador, como demonstrado no
capítulo anterior. A partir daqui, a nação começou a
declinar até que seu povo foi exilado para Babel. Quando
regressaram à Terra de Israel, a maioria da nação Judaica
escolheu per manecer na Diáspora e se assimilar.
Certamente, é assim que a passagem da mensagem
começou. Quando as pessoas que foram inicialmente
corrigidas - que transcenderam o interesse pessoal e
descobriram o Criador - se misturaram com aquelas que
nunca tiveram tais pensamentos, aquelas ideias nobres
começaram a se espalhar dentro da sociedade anfitriã e
ajudaram a instigar pensamentos mais humanos nas
mentes das pessoas. Enquanto esses pensamentos não
corrigidos derivados das mentes que haviam
transcendido o egoísmo, as noções de universalismo e
humanismo independentemente se começaram a segurar
às mentes das pessoas.
Certamente, durante o Renascimento, vários
acadêmicos reconhecidos mantinham que os Gregos
haviam adoptado pelo menos alguns dos seus conceitos
do Judeus, neste caso especificamente da Cabalá.
Johannes Reuchlin (1455-1522), por exemplo, o
conselheiro político do Chanceler, escreveu em De Arte
Cabalística (Sobre a Arte da Cabalá):
“Independentemente, sua proeminência [de Pitágoras]
não derivou dos Gregos, mas novamente dos
-68-
C APÍTULO 4: U MA N AÇÃO EM M ISSÃO

Judeus. ...Ele mesmo foi o primeiro a converter o nome


Cabalá, desconhecido aos Gregos, no nome Grego
filosofia.”102
Em 1918, um pastor Francês, Charles Wagner, foi
citado como tendo escrito, “Nenhum dos nomes
resplandecentes na história - Egito, Atenas, Roma - se
consegue comparar à grandiosidade eterna de Jerusalém.
Pois Israel deu à humanidade a categoria da santidade.
Somente Israel conheceu a sede pela justiça social e essa
santidade interior que é a fonte da justiça.”103
Mais recentemente, o historiador Cristão, Paul
Johnson, escreveu em Uma História dos Judeus: “O impacto
Judaico na humanidade foi proteico. Na antiguidade eles
foram os grandes inovadores na religião e moral. Na Idade
das Trevas e a inicial Europa medieval eles foram ainda um
povo avançado transmitindo escasso conhecimento e
tecnologia. Gradualmente eles foram empurrados da
vanguarda e caíram para trás; no fim do século dezoito eles
foram vistos como sujos e obscurantistas, retaguarda
na marcha da humanidade civilizada. Mas então veio uma
segunda explosão surpreendente de criatividade.
Rompendo fora de seus guetos, eles uma vez mais
transformaram o pensamento humano, desta vez na
esfera secular. Muita mobília mental do mundo
moderno é também de fabricação Judaica.”104
Similarmente, Em Os Presentes dos Judeus: Como uma
Tribo de Nómadas do Deserto Mudou a Maneira Como
Todos Pensam e Sentem, do autor Thomas Cahill, antigo
diretor de publicações religiosas na Doubleday, descreve
a contribuição dos Judeus para o mundo, que, na sua
visão, começou durante o exílio na Babilônia. “Os Judeus
originaram o tudo”, escreve ele, “e com ‘o’ pretendo dizer
tantas muitas das coisas com que nos preocupamos, os
-69-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

valores subjacentes que perfazem todos nós, Judeu e


Gentio, crente e ateu, funcionam. Sem os Judeus, veríamos
o mundo através de olhos diferentes, escutaríamos com
ouvidos diferentes, até sentiríamos sentimentos
diferentes... Pensaríamos com uma mente diferente,
interpretaríamos todas as nossas experiências
diferentemente, tiraríamos diferentes conclusões das coisas
que caem sobre nós. E definiríamos um percurso diferente
para nossas vidas.”105
Curiosamente, alguns líderes Judeus reconhecidos
também escreveram sobre o espalhar (e estragar) da
sabedoria Judaica depois da ruína do Primeiro Templo. Rabi
Shmuel Bernstein de Sochatchov, por exemplo, escreveu,
“Os Gregos tiveram a sabedoria da filosofia, que se originou
dos escritos de Rei Salomão que vieram à sua posse depois
da ruína do Primeiro Templo. Contudo, eles foram
estragados por eles com subtrações, adições, e substituições
até que visões falsas se misturaram com eles. E ainda assim, a
própria sabedoria é boa, mas as partes do mau se
misturaram com ela.”106
Baal HaSulam escreveu similarmente em “A Sabedoria
da Cabalá e a Filosofia”: “Sábios da Cabalá observam a
teologia filosófica e queixam-se de que roubaram a casca
superior de sua sabedoria, que Platão e seus predecessores
haviam adquirido enquanto estudando com os discípulos
dos profetas em Israel. Eles roubaram elementos básicos da
sabedoria de Israel e usaram uma capa que não lhes
pertence.”107

O LEGADO DOS JUDEUS

Os Judeus que permaneceram na Babilônia depois da


ruína do Primeiro Templo desapareceram, não deixando
-70-
C APÍTULO 4: U MA N AÇÃO EM M ISSÃO

rasto senão as noções que haviam transmitido aos seus


anfitriões. Mais tarde, quando o Segundo Templo foi
arruinado, o povo Judeu inteiro foi exilado e apresentou
ao mundo os dois princípios que se tornariam a base de
todas as três predominantes, apropriadamente
denominadas religiões “Abrahamicas”: “Ama ao próximo
como a ti mesmo”, e o “monoteísmo,” ou seja que há
somente um Deus, uma força governadora no mundo. Estas
noções são comparáveis ao sucesso da correção da
humanidade porque quando entendidas corretamente, a
anterior define o modo pelo qual alcançaremos a correção -
através de amar os outros, e não parentescos, mas nossos
próximos, ou seja estranhos. A última define a essência de
nossa realização assim que estejamos corrigidos - a força
singular da realidade.
Correspondentemente, o Professor T.R. Glover da
Universidade de Cambridge escreveu em O Mundo Antigo,
“É estranho que as religiões vivas do mundo sejam
edificadas sobre ideias religiosas derivadas dos Judeus”.108
Similarmente, Herman Rauschning, Um Revolucionário
Alemão Conservador que brevemente se juntou aos
Nazis ant es de romper com eles, escreveu em A Besta do
Abismo: “Judaísmo, independentemente ... é um
componente inalienável da nossa civilização Cristã
Ocidental, o eterno ‘chamado a Sinai’ contra o qual a
humanidade novamente se revolta”.109
O exílio do povo Judeu da Terra de Israel foi um longo
processo pelo qual os Judeus, e desta forma os valores
Judaicos, foram gradualmente absorvidos pelas suas
nações anfitriãs. Yosef Ben Matityahu, melhor conhecido
como Flavio Josefo, o historiador Judaico - Romano,
descreve a expulsão dos Judeus pelos Romanos no princípio
do exílio. Em As Guerras dos Judeus, Flavio escreve, “E
-71-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

como ele se recordou que a décima legião havia aberto


caminho aos Judeus, sob Cestius seu general, ele os
expulsou de toda a Síria, pois eles se haviam rendido
anteriormente em Rafania, e os mandou embora para um
lugar chamado Meletina, perto de Eufrates, que é nos
limites da Arménia e Capadócia.”110
No Capítulo 3, Flavio elabora, “Pois enquanto a
nação Judaica está amplamente dispersa por toda a terra
habitada entre seus habitantes, também está ela muito
misturada com a Síria, pela razão de sua vizinhança e
tiveram as grandes multidões em Antioquia p ela razão
da maior cidade, onde os reis, depois de Antíoco, os
acolheram numa habitação com a maior tranquilidade
sem incómodos.”111
Hoje, narra o autor Yaakov (Jacó) Leschzinsky em A
Dispersão Judaica, que os Judeus espalharam pelo mundo
todo e num ritmo surpreendente, “Quando
esquadrinhamos a Diáspora da Judiaria pelo globo inteiro
e pelo inteiro mundo civilizado,” escreve ele, “ficamos
surpresos ao ver que esta nação, que é a mais antiga no
mundo, é na verdade a mais jovem em termos da terra
sob seus pés e o céu sobre sua cabeça. Devido às
intermináveis perseguições e expulsões forçadas, maioria
dos Judeus são nada mais que recentes novatos às suas
respectivas terras de residência. Noventa por cento das
pessoas Judias não viveram nos seus lares mais que
cinquenta a sessenta anos! (Os Judeus) estão dispersos em
mais de 100 terras de todos os cinco continentes.”112
Curiosamente, sua mistura com outras nações é
precisamente o que foi necessário para completar as
correções de Moisés. Embora seja verdade que,
embora Israel sejam separados das outras nações, os
-72-
C APÍTULO 4: U MA N AÇÃO EM M ISSÃO

princípios mencionados anteriormente no coração do


Judaísmo não puderam ser tingidos, é também verdade
que os Judeus tinham muito a ganhar do seu exílio entre as
nações. É por isso que no Livro dos Salmos (106:35) nos
conta que os Judeus foram exilados para “Se misturarem a
si mesmos com as nações e aprenderem de suas ações”.

ADAM—O PRIMEIRO HOMEM,


A ALMA COLETIVA

O ARI explica que na verdade, somos todos partes de uma


única alma, conhecida aos Cabalistas como Adam HaRishon
(o primeiro homem), e à maioria de todos os outros como
Adam. O exílio, diz o ARI, ocorreu como uma
continuação do processo de correção. Em Shaar HaPsukim
[Portão aos Versículos], ele escreveu, “Adam HaRishon
[Adam] incluiu todas as almas e incluiu todos os mundos.
Quando ele pecou, todas essas almas caíram dele para as
Klipót [cascas, formas de egoísmo], que se dividem em
setenta nações. Israel deve se exilar lá, em toda e cada nação,
e reunir os lírios das almas sagradas que haviam se espalhado
entre esses espinhos, como nossos sábios escreveram no
Midrash Rabá, ‘Porque foram Israel exilados entre as
nações? Para acrescentar estranhos a si mesmos.’”113

Nesse respeito, O NATZIV de Volojin escreveu, “Seu


princípio foi no Monte Ebal ... mas eles completaram esta
questão exaltada somente através do exílio e dispersão.”114
É por uma boa razão que o exílio é necessário para
completar a correção dos Judeus, e daí em diante o mundo
inteiro. Anteriormente dissemos que quando Abraão
ofereceu o método de correção aos seus conterrâneos
Babilônios, eles o rejeitaram porque estavam demasiado
-73-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

ocupados sendo egocêntricos e egoístas. E todavia, se todos


somos partes de uma alma coletiva, como o ARI sublinhou,
eventualmente todos nós teremos de alcançar correção,
pela qual descobriremos o Criador e nos tornaremos
como Ele. Este é o benefício, como descrito no Capítulo
2, que Ele pretendeu dar à humanidade.
Assim, a correção de Abraão foi somente o princípio
do processo, certamente não o seu fim. Num ensaio longo
e elaborado intitulado, “E Eles Construíram Cidades-
Armazém”, Baal HaSulam escreve, “Devemos também
compreender o que Abraão o Patriarca perguntou, ‘Onde
saberei eu que o herdarei’’ (Génesis 15:8)? O que
respondeu o Criador? Está escrito, ‘E Ele disse para
Abraão: Sabei com uma certeza que tua semente será
estranha numa terra que não lhe pertence’”.115 Baal
HaSulam explica que com esta resposta, o Criador
promete a Abraão que todas as pessoas alcançaram
correção através da mistura da nação corrigida - Israel -
com as nações não corrigidas - neste caso representadas
pelo Egito.
Surpreendentemente, em resposta a esta questão, o
Criador promete a Abraão exílio. E não somente isso,
escreve Baal HaSulam, que Abraão “...o aceitou como uma
garantia da herança da terra”.116 Certamente, Abraão
sabia que a mistura dos desejos - representada pelas
diferentes nações do mundo - era necessária em prol de
completar a correção da humanidade. Considerando que
cada uma das nações representa uma parte da alma a ser
apresentada ao método da correção e que essa parte da
alma eventualmente o adote. Foi por isso que Israel teve de
ser exilada e se espalhar pelo mundo.
Como parte da expansão do processo de correção na
humanidade, Abraão foi para o exílio no Egito, onde sua
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C APÍTULO 4: U MA N AÇÃO EM M ISSÃO

tribo havia se tornado uma nação. E quando a nação se


exilou depois da ruína do Primeiro e Segundo Templos,
ela apresentou o método de correção ao mundo inteiro.
Embora o método claramente não tivesse sido
adotado pelo resto da humanidade, ele
independentemente plantou os princípios já
mencionados, princípios que formam uma base comum
sobre a qual iniciar o processo de correção assim que as
pessoas o comecem a procurar.
Em “A Arvut [Garantia Mútua], “Baal HaSulam
detalha o processo pelo qual a nação Israelita corrige a si
mesma primeiro, de modo a transmitirem a correção ao
resto das nações. Por outras palavras, “Rabi Elazar, filho de
Rashbi (Rabi Shimon Bar-Yochai), clarifica este conceito
da Arvut ainda mais. Não é suficiente para ele que todos
de Israel sejam responsáveis uns pelos outros, mas que o
mundo inteiro está incluído nessa Arvut.
...Cada um admite que para começar, é suficiente
começar com uma n ação com a observação da Torá
[lei da doação} para o princípio da correção do
mundo. Foi impossível começar com todas as nações de
uma vez, como eles dizem que o Criador foi com a Torá a
cada nação e língua, e eles não a quiseram receber. Por
outras palavras, eles estavam imersos em ... amor
próprio ... até que foi impossível conceber nesses dias
sequer questionar se eles concordavam se retirar do amor
próprio.
“...Mas o fim da correção do mundo será somente ao
trazer todas as pessoas do mundo sob Sua obra, como está
escrito, ‘E o Senhor será Rei sobre toda a terra; nesse dia
será o Senhor Um, e Seu nome um’ (Zacarias, 14:9) ... ‘E
-75-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

todas as nações fluirão para ele’ (Isaías, 2:2).


“Mas o papel de Israel para o resto do mundo se
assemelha ao papel de nossos Sagrados Pais para a nação
Israelita. Tal como a retidão de nossos pais nos ajudou a
desenvolver e purificar para nos tornarmos dignos de
receber a Torá [lei da doação] ... cabe à nação Israelita se
qualificar a si mesma e a todas as pessoas do mundo através
de Torá e Mitzvot [correções do egoísmo], para se
desenvolverem até que eles tomem sobre si mesmos esse
trabalho sublime do amor aos outros, que é a escada para o
propósito da Criação, sendo Dvekút [similaridade/
equivalência de forma] com Ele”.117
Similarmente, no seu ensaio, “Uma Criada que É
Herdeira a Sua Senhora”, Baal HaSulam escreve, “O povo
de Israel, que foi escolhido como um operador do
propósito geral e correção ... contém a preparação
necessária para crescer e se desenvolver até que ele
movimente as nações dos mundos, também, para
alcançarem a meta comum.”118
Baal HaSulam e seu filho, o Rabash podem ter sido os
últimos Cabalistas a afirmar que o papel de Israel no
mundo é trazer o método de correção ao resto das
nações, mas certamente não foram os primeiros.
Incontáveis rabinos, Cabalistas e acadêmicos, desde
praticamente a ruína do Segundo Templo, o afirmaram em
semelhança.
Assim, o Midrash Rabá afirma que “Israel trazem a luz
ao mundo”, 119 e o Talmude Babilônico acrescentou, “O
Criador agiu em retidão para Israel, os tendo dispersado
entre as nações”.120 Rabi Yehuda Altar, o ADMOR de Gur
escreveu, “Qualquer exílio no qual os filhos de Israel entre
é somente para suscitar centelhas sagradas dentro das
nações [semelhante às palavras acima citadas de Baal
-76-
C APÍTULO 4: U MA N AÇÃO EM M ISSÃO

HaSulam]. Os filhos de Israel são os garantidores de que


receberam a Torá em prol de corrigir o mundo inteiro, as
nações, também.”121
Similarmente, Rabi Hillel Tzaitlin escreve, “Se Israel é
a verdadeira redentora do mundo inteiro, ela deve ser
digna dessa redenção. Israel deve primeiro redimir sua
própria alma, a santidade da sua alma, a santidade da sua
Shechiná [Divindade].
...Para esse propósito, desejo estabelecer com este livro
a ‘união de Israel’ ... Se fundada, a unificação de indivíduos
será pelo propósito de ascensão interior e uma invocação
para correções de todos os males da nação e do mundo.”122
Gostaria de concluir este capítulo com mais algumas
palavras de Baal HaSulam, que em alguns parágrafos
detalha o propósito da Criação, o direito da humanidade a
ele, e o papel de Israel para alcança-lo. Nas suas palavras:
“Porque foi a Torá dada à nação Israelita sem a
participação de todas as nações do mundo? Na verdade, o
propósito da Criação aplica-se à raça humana inteira,
nenhu m excluído. Contudo, devido À baixeza da natureza
da Criação [sendo egoísta] e seu poder sobre as pessoas,
foi impossível que as pessoas compreendessem,
determinassem e concordassem se elevar acima dela. Eles
não demonstraram o desejo de abdicar do amor próprio e
chegar a equivalência de forma, que é adesão com Seus
atributos, como nossos sábios disseram, ‘Como Ele é
misericordioso, tu sê misericordioso também’.
“Assim, devido a seu mérito ancestral [os exemplos
dados por Abraão, Isaac e Jacó], Israel tiveram sucesso ... e
se tornaram qualificados e se sentenciaram a si mesmos a
uma escala de mérito [se corrigiram a si mesmos a se
tornarem como o Criador]. Todo e cada membro da
nação concordou amar seu semelhante [que é como
-77-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

eles alcançaram a correção].


“...Contudo, a nação Israelita era para ser uma
‘transição’ ou seja que à extensão que Israel purificam a si
mesmos ao manter a Torá [leis da doação], eles passam seu
poder ao resto das nações. E quando o resto das nações
também se sentenciam a si mesmas a uma escala de mérito
[se corrigirem a si mesmas ao abdicar do egoísmo], o
Messias [correção final] será revelado. É por isso que o
papel do Messias não é de qualificar somente Israel à meta
derradeira de adesão com Ele, mas ensinar os caminhos de
Deus [doação] a todas as nações, como está escrito, ‘E todas
as nações fluirão para Ele.’”123

-78-
CAPÍTULO 5

Exilados
As Raízes do Antissemitismo

N
o decorrer da história, nunca houve uma nação
mais perseguida que os Judeus. No decorrer da
história, nunca uma nação sobreviveu a toda e
cada perseguição e emergiu cada vez mais forte.
A aparente indestrutibilidade dos Judeus levantou
muitas perguntas, claramente mais entre não-Judeus que
entre Judeus, pois os Judeus estavam demasiado
preocupados com a sobrevivência. O reconhecido escritor
Alemão, Johann Wolfgang von Goethe, exprimiu seu
espanto com a tenacidade dos Judeus no seu livro, Wilhelm
Meisters Lehrjahre [A Aprendizagem de Wilhelm Meister]:
“Cada Judeu, não importa quão insignificante, está
envolvido em certa decisiva e imediata perseguição de
uma meta… É o povo mais perpétuo na terra.”124
Semelhante a Goethe, o professor de Cambridge, T.R.
Glover, sublinha o enigma da existência Judaica em O
Mundo Antigo: “Nenhum povo da antiguidade teve uma
história mais estranha que os Judeus... A história de
-79-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

nenhum povo antigo deve ser tão valiosa, se a pudéssemos


ao menos recuperar e compreender. ...Mais estranha ainda,
a antiga religião dos Judeus quando todas as religiões de
cada raça antiga do mundo pré-Cristão desapareceram … A
questão não é ‘O que aconteceu’? Mas, ‘Porque aconteceu’?
Porque vive o Judaísmo”?125
Similarmente, Ernest van den Haag, professor de
Jurisprudência e Política Pública na Universidade de
Fordham, escreveu, “Num mundo onde os Judeus são
somente uma minúscula percentagem da população, qual é
o segredo da importância desproporcional que os Judeus
tiveram na história da cultura ocidental?”126
O matemático, físico, inventor e filósofo Francês Blaise
Pascal, era fascinado com a antiguidade do povo Judaico. No
seu livro, Pensees, ele escreveu, “Este povo não é eminente
somente pela sua antiguidade, mas são também singulares
pela sua duração, que sempre continuou da sua origem até
agora. Pois, enquanto as nações da Grécia e da Itália, de
Lacedemônia, de Atenas e de Roma, e outras que vieram
muito depois, há muito pereceram, estes permanecem
sempre, e apesar dos empreendimentos de muitos Reis
poderosos que tentaram uma centena de vezes os
destruir...eles foram independentemente preservados.”127
Certamente, como inumeráveis indivíduos
reconhecidos durante as eras anotaram, os Judeus não
conseguem ser aniquilados. Os Judeus têm uma missão para
concretizar, e até que o façam, a Natureza, Deus, o Criador,
Jeová, ou como quer que escolha O chamar, não o deixará
acontecer. E todavia, enquanto os Judeus continuam
evitando assumir sua tarefa pretendida, eles certamente
podem, e foram, e serão torturados e mortos
praticamente até à extinção. Para desenterrar as raízes da

-80-
C APÍTULO 5: E XILADOS

Via Dolorosa Judaica durante a história, precisamos de


viajar para trás no tempo para o começo da Criação.
No Capítulo 2 tomamos nota que o Criador tem senão
um desejo - fazer o bem às Suas criações, nomeadamente a
nós humanos. Mas porque presentemente não temos
percepção d’Ele, não conseguimos receber d’Ele.
Quando queremos dar um presente a um amigo,
aproximamo -nos desse amigo e lhe damos. Tem que
haver contato entre o dador e o receptor. De igual modo,
para que Ele nos dê, o Criador e a Criação têm que se
conectar. E na conexão, como citamos Baal HaSulam,
“Sente-se o maravilhoso benefício contido no Pensamento
da Criação, que é deleitar Suas criaturas com Sua completa,
boa e generosa mão. Devido à abundância do benefício que
um alcança, maravilhoso amor aparece entre uma pessoa e
o Criador, incessantemente derramando sobre a pessoa
pelas próprias rotas e canais através dos quais o amor
natural aparece. Contudo, tudo isto vem a uma pessoa a
partir do momento em que ela alcança e daí em diante.”128
Isto, dissemos no Capítulo 2, suscita a necessidade de
“equivalência de forma,” ou seja, ser como o Criador, ter
uma natureza de dar. Lamentavelmente, a vasta maioria
de nós não tem desejo por isso; veementemente nos
ressentimos de dar a menos que tenhamos lucro
subjacente, um motivo anterior para o fazer. RASHI, o
grande comentador sobre a Bíblia, escreveu que o
versículo, “A inclinação do coração do homem é má desde
sua juventude” (Génesis 8:21), significa que “Assim que se
é agitado para fora do ventre de sua mãe, Ele [o Criador]
planta nele a inclinação ao mal,” a qual, como dito no
Capítulo 3, é egoísmo, o desejo de recebermos para nós
-81-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

mesmos.
Desta forma, considerar que o Criador é benevolente
e que nós somos opostos, a colisão entre o homem e Deus
parece inevitável. Como alguma vez O podemos alcançar
se Ele nos fez naturalmente opostos a Ele? O remédio do
egoísmo reside no que descrevemos anteriormente como
“o ponto no coração”. Essa sede de compreender do que se
trata a vida, e sobre o que faz o mundo girar (e não é
dinheiro), é o anseio que permitiu a Adam, Abraão e seus
descendentes, Moisés, e a nação inteira que surgiu dos
exila dos da Babilônia, a desenvolver um método de
correção que torna a inclinação do mal em bondade.

SÍMBOLOS DE UMA COLISÃO INTERNA

Uma pessoa pode argumentar se a Bíblia, o Antigo


Testamento, é uma documentação histórica genuína de
eventos. Mas os grandes sábios de Israel durante as eras
não tinham preocupação pela relevância histórica da
Bíblia. Em vez disso eles viam-na como uma alegoria que
retrata os processos internos espirituais que se
experimenta durante o caminho da correção. Para eles,
Nimrod, rei da Babilônia, representa meridá [Hebraico:
rebelião], desafio contra a qualidade de doação o Criador;
Faraó significa a epítome da inclinação ao mal e também
Hamã, embora numa fase tardia do nosso
desenvolvimento espiritual.
É por isso que RASHI interpreta o Talmude
Babilônico como se segue: “Seu nome era Nimrod pois
ele himrid [incitava] o mundo inteiro contra o
Senhor”.129
A respeito de Faraó, Maimônides explica
afetuosamente, “Vós deveis saber, meu filho, que
Faraó, o rei do Egito, é na realidade a inclinação ao
-82-
C APÍTULO 5: E XILADOS

mal”130 Similarmente, Elimelech de Lizhensk, do autor de


Noam Elimelech (A Agradabilidade de Elimelech), escreveu
simplesmente, “...Faraó, que é chamado ‘a inclinação ao
mal.’”131
Rabi Jacob Joseph Katz acrescentou profundidade à
distinção a respeito de Faraó. Ele acrescentou que as
palavras, “Faraó havia deixado o povo ir” (Êxodo 13:17),
designam a fase no nosso desenvolvimento espiritual em
que uma pessoa se liberta dos pesados grilhões da
inclinação ao mal. Nas suas palavras, “‘E quando Faraó
havia deixado o povo ir’ - quando os nossos órgãos escapam
à autoridade da inclinação ao mal, como durante o êxodo
do Egito, eles saem dos quarenta e nove portões de Tum’á
[impureza, egoísmo] para a santidade [doação]”.132
Dentro do mesmo livro, Rabi Katz acrescenta suas
visões a respeito de Hamã: “A instrução de Hamã de
fazer uma forca de cinquenta cúbitos de altura é o conselho
da inclinação ao mal”.133 Similarmente, Rabi Jonathan
Eibshitz escreve no seu livro Yaarot Devash [Colméias]
sobre “Hamã, que é a inclinação ao mal…”134
Mais recentemente, Cabalistas e acadêmicos Judaicos
começaram a sentir que o tempo era fugidio e que a Era
da Correção se aproximava. Eles começaram a acrescentar
chamados implícitos e por vezes explícitos para a ação nas
suas palavras. Assim, Rav Yehuda Ashlag, sentindo que a
aplicação do método de correção era urgentemente
necessária, fez um elo direto entre superar a inclinação ao
mal e o modo como deve ser alcançado hoje - através de
união. Num ensaio intitulado, “Há Um Certo Povo”, Baal
HaSulam conta-nos, “‘Há um certo povo espalhado no
estrangeiro e disperso entre os povos.’ Hamã disse isso na
sua visão, que nós [o povo de Hamã] teremos sucesso em
destruir os Judeus porque eles estão separados uns dos
-83-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

outros, então nossa força contra eles certamente


prevalecerá, porque isto [separação entre eles] causa
separação entre o homem e Deus.”135 Isto é, o egoísmo dos
Judeus os separa da qualidade de doação, o Criador, então a
força do ego, a inclinação ao mal, “certamente prevalecerá”.
“É por isso que,” continua Baal HaSulam, “Mordecai foi
para corrigir esse defeito, como é explicado no versículo,
‘Os Judeus se reuniram...’ para se reunirem a si mesmos, e
para defender suas vidas. Isto significa que eles se haviam
salvo ao se unirem’.”136
Podemos desta forma concluir que quer Nimrod,
Faraó, Balaque ou Hamã tivessem na realidade existido ou
não é de importância menor. O que é importante é que os
traços retratados por estes personagens existem dentro de
nós e a Bíblia só narra alegoricam ente as fases pelas quais
os podemos superar.
Quando prevalecemos sobre essas qualidades de
egoísmo, somos recompensados com a redenção - a
qualidade de doação, a equivalência de forma com o
Criador. E porque o Criador nos deseja fazer bem, assim
que tenhamos corrigido estes traços dentro de nós, eles
não nos assombrarão mais, uma vez que fomos redimidos
do egoísmo e adquirimos Sua qualidade de doação.
Se qualquer um destes exemplos de egoísmo
vivesse hoje, certamente os categorizaríamos como anti-
Semitas da pior espécie. Para esse efeito, o Rav Kook fez
uma previsão ameaçadora (e verdadeira) enquanto
traçando um elo direto entre os antissemitas modernos e
os bíblicos. Numa afirmação algo pouco ortodoxa ele
escreve, “Amaleque, Petlura [Líder ucraniano suspeito de
ser antissemita], Hitler, e assim por diante, despertaram
por redenção. Aquele que não escutou a voz do primeiro
Shofar [um símbolo do chamado para a redenção], ou a
-84-
C APÍTULO 5: E XILADOS

voz da segunda ... pois suas orelhas estavam bloqueadas,


escutará a voz do Shofar impuro, o imundo [não kosher].
Ele escutará contra sua vontade.”137

DOIS CAMINHOS—UM
DOCE, UM DOLOROSO

O estado da redenção completa - a realização do Criador


por toda a humanidade - é mandatária. Baal HaSulam diz
que há dois caminhos pelos quais a conseguimos alcançar: o
caminho da Torá, quando voluntariamente adoptamos a lei
da doação como nosso modo de vida, ou o caminho do
sofrimento, onde a realidade nos impele a
independentemente adotar a Lei da Doação como nosso
modo de vida.138
Por muito compulsórias as palavras desses dois sábios
contemporâneos possam soar, elas repousam sobre uma
base sólida. O Talmude escreve, “Rabi Eliezer diz, ‘Se Israel
se arrependem, eles são redimidos. Se não, eles não são
redimidos.’ Rabi Yehoshua disse para eles, ‘Se eles não se
arrependem, eles não são redimidos, mas o Senhor
colocará sobre eles um rei cujos decretos são tão duros
como os de Hamã, Israel se arrependerá, e Ele os
reformará’.”139
Até nessa ocasião importante no sopé do Monte Sinai,
quando coletivamente recebemos a Torá com um
espetáculo espetacular audiovisual, aparentemente não foi
tão alegre ou tão festivo como foi descrito. O Talmude
conta-nos que as circunstâncias foram tais que não houve
muito mais que pudéssemos fazer senão a receber. Na
terminologia de hoje, diríamos que o Criador nos deu uma
oferta que não podíamos recusar: “Está escrito, ‘E eles
estiveram no fundo da montanha’. Rav Dimi Bar Hamã

-85-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

disse que isso significa que o Senhor forçou a montanha


sobre Israel como um cofre, e disse para el es: ‘Se vós
aceitais a Torá [Lei da Doação], muito bem, mas se não, lá
será vossa sepultura’.”140

Certamente, ninguém disse que é fácil ter a


primogenitura. Mas os Judeus, os descendentes do clã
de Abraão, são precisamente isso. Eles foram os primeiros
a alcançar o propósito da Criação; assim, cabe-lhes
naturalmente a eles conduzir o caminho para o resto da
humanidade. Enquanto evitarmos essa tarefa,
encontraremos rejeição por todas as nações.

OS MÉDICOS DO MUNDO

Imagine que descobriu uma série de exercícios que podem


curar o câncer e o prevenir de alguma vez regressar.
Imagine que havia contado ao mundo sobre isso, como
Abraão o fez na Babilônia, mas foi rejeitado porque os
exercícios eram monótonos e cansativos e ninguém
realmente se sentia indisposto.
Agora imagine que anos mais tarde, biliões de pessoas
pelo mundo têm câncer. Elas vagamente se recordam que
você disse que tinha uma cura, e que no seu desespero elas
voltam-se para você, rogando que lhes salve as vidas.
Mas você se esqueceu completamente disso. Você sabe
que a cura existe, você sabe que muitas pessoas disseram
que era um remédio poderoso (Segulá), mas uma vez que
se sente forte e saudável, não vê razão porque deve
reaprender esses exercícios, muito menos os ensinar a
biliões de pessoas. Pode imaginar como o mundo se
sentiria acerca de você, o que as pessoas pensariam, e o
que fariam elas?
-86-
C APÍTULO 5: E XILADOS

É precisamente aqui que os Judeus se encontram em


relação ao mundo. O mundo está começando a se sentir
indisposto e as pessoas estão começa ndo a procurar uma
saída da sua miséria. Elas sabem que somos o povo
escolhido, e que somos aqueles que se supõe trazer a
redenção. As pessoas podem não saber que a redenção
envolve mudar sua natureza para a doação, mas elas
sabem que a redenção é desejável.
Tais versículos do Novo Testamento como “Vós
adorais o que não conheceis, nós adoramos o que
conhecemos, pois a salvação é dos Judeus”,141 e “Que
vantagem tem o Judeu? ...Grande de todas as maneiras.
Primeiro de tudo, a eles foram confiados com os oráculos
de Deus”,142 são somente duas das incontáveis menções
da posição e papel únicos do papel, como descrito pelos
escritos Cristãos. Quando não levamos a cabo nossa
missão, inadvertidamente nos aproximamos do perigo e
ódio, que se traduzem no que agora conhecemos como
antissemitismo.
Que somos diferentes e únicos está documentado na
história, nas páginas das nossas escrituras, naquelas do
Cristianismo e do Islão, e nos escritos de uma
miríade de acadêmicos e estadistas. Abaixo estão alguns
dos inumeráveis excertos de indivíduos bem conhecidos
exprimindo suas visões sobre a singularidade dos Judeus:
Winston Churchill, Primeiro Ministro do Reino
Unido durante a 2ª Guerra Mundial: “Algumas pessoas
gostam dos Judeus, e algumas não. Mas nenhum homem
preocupado consegue negar o fato de que eles são, além de
qualquer questão, a raça mais formidável e mais marcante
que apareceu no mundo.”143

-87-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Lyman Abbott, um Congressista Americano, teólogo,


editor e escritor “Quando por vezes nossos preconceitos
não cristãos se inflamam contra o povo Judeu, recordemo-
nos que todos nós temos e tudo o que devemos, sob Deus,
ao que o Judaísmo nos deu.”144
Huston Smith, um professor de estudos religiosos
nos Estados Unidos, autor de As Religiões do Mundo,
que vendeu mais de duas milhões de cópias: “Há um ponto
chocante que corre pela história Judaica como um todo. A
civilização ocidental nasceu no Médio Oriente, e os Judeus
estavam na sua encruzilhada. No apogeu de Roma, os
Judeus eram próximos do centro do Império. Quando o
poder derivou para o leste, o centro Judaico era na
Babilônia; quando ele saltou para Espanha, lá novamente
estavam os Judeus. Quando na Idade Média o centro da
civilização se moveu para a Europa Central, os Judeus
esperavam por isso na Alemanha e Polônia. O levantar dos
Estados Unidos para conduzir o poder mundial encontrou
o Judaísmo lá concentrado. E agora, hoje, quando o
pêndulo parece balançar de volta ao Mundo Antigo e o
Oriente se levanta para importância renovada, lá
novamente estão os Judeus em Israel…”145
Liev Tolstói, o romancista Russo, autor de Anna
Karenina: “O que é um Judeu? Que espécie de criatura
única é que todos os governantes de todas as nações do
mundo desgraçaram e esmagaram e expeliram e
destruíram, perseguiram, queimaram e afogaram, e
que, apesar de sua cólera e sua fúria, continua a viver e
florescer. O que é este Judeu que eles nunca tiveram
sucesso em atiçar com todos os atiçamentos no mundo,
cujos opressores e perseguidores só sugeriram que ele
negue (e renegue) sua religião e lance para o lado a
lealdade aos seus antepassados?!
-88-
C APÍTULO 5: E XILADOS

“O Judeu é o símbolo da eternidade. ...Ele é aquele que


há muito guardou a mensagem profética e a transmitiu a
toda a humanidade. Um povo tal como este nunca pode
desaparecer. O Judeu é eterno. Ele é a incorporação da
eternidade.”146
Certamente somos o símbolo da eternidade, como
Tolstói disse porque a qualidade de benevolência do
Criador está nos nossos “genes espirituais”. E todavia, não
seremos deixados em paz até que, como no exemplo com o
câncer e o exercício curativo, conscientemente nos
elevemos a nós mesmos ao nível espiritual e elevemos o
todo da humanidade imediatamente posteriormente.
Como foi afirmado e acima citado, agora é a hora da
correção geral. Em tal tempo, os eventos tornam-se
inclusivos, globais. Tal como foi o caso com a 1ª Guerra
Mundial, e tanto quanto o mais com a 2ª Guerra Mundial,
as atrocidades da qual estão embutidas na nossa memória
coletiva para nos recordar quem nós somos, e o que é
suposto que concretizemos.
Para evitar tais cataclismos no futuro, precisamos de
ter uma observação cuidada em algumas sugestões e
afirmações dadas anteriores, e posteriores ao Holocausto.
O próximo capítulo sublinhará essas afirmações e sua
pertinência a nossas vidas hoje. Assim que saibamos o que
foi dito, seremos capazes de valorizar o que precisamos de
fazer para nos ajudarmos a nós mesmos e ajudar o mundo.

-89-
CAPÍTULO 6

Dispensáveis
Antissemitismo Contemporâneo

N
o Capítulo 1, dissemos que Abraão descobriu
que a natureza humana de egoísmo inerente é
uma tendência constante de expressão. O
método que ele concebeu não se dirigia a refrear esse
egoísmo porque ele sabia que isto era impossível, pois o
homem foi criado para receber ilimitadamente. Sua
questão, desta forma, era de como receber esse tesouro
pretendido. Abraão descobriu um método onde, ao
estudar e almejarem se unir, as pessoas subiam a um novo
nível de percepção. Assim, elas adquiriam a natureza do
Criador–benevolência–e podiam deste modo receber
esse prazer ilimitado sem se tornarem demasiado
indulgentes e perigosas para si mesmas ou para o meio
ambiente.
O êxodo do Egito e a formação da nação de Israel
marcou uma fase de uma formação de cinco séculos.
Durante esse tempo, Israel foram de ser um grupo feito
-91-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

de família e estudantes a uma nação inteira cuja meta era


alcançar o Criador.
Enquanto tentando subir ao mais alto nível espiritual,
os Hebreus nunca recuaram de sua intenção original,
oferecer suas percepções ao todo da humanidade. Esta
seria sua contribuição para as nações, a “luz” que
supostamente eles deveriam dar. Através das gerações,
esse presente da “luz” é o que as nações têm tentado
receber dos Judeus, e a carência da qual tem sido a causa
de nossas aflições pela s nações.
No prólogo a este livro, Uma História dos Judeus, o
romancista e historiador Cristão, Paul Johnson,
eloquentemente descreve as questões que conduziram
Abraão a suas descobertas, as mesmas questões que
conduzem a humanidade até este dia. Johnson retrata sua
reverência pela habilidade dos Judeus de descobrirem as
respostas a essas perguntas, viverem por suas leis
consequentes e seus esforços de as ensinarem aos outros.
Nas suas palavras, “O livro deu -me a chance de
reconsiderar objetivamente, na luz de um estudo cobrindo
praticamente 4000 anos, a mais intratável de todas as
perguntas humanas: para que estamos nesta terra? É a
história meramente uma série de eventos cuja soma é a
insignificância? Não há diferença fundamental moral
entre a história da raça humana e a história de, digamos,
as formigas? Ou há um plano providencial de porque
somos, embora humildemente, os agentes? Nenhum povo
alguma vez insistiu mais firmemente que os Judeus que a
história tem um propósito e que a humanidade tem um
desti no. Numa fase muito inicial da sua existência
coletiva eles acreditavam que haviam detectado um
esquema divino para a raça humana, do qual sua própria

-92-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

sociedade seria um piloto. Eles representaram seu papel em


imenso detalhe. Eles seguraram-se a ele com persistência
heroica em face de sofrimento selvagem. Muitos deles
ainda acreditam nele. Outros o transmutaram para
empreendimentos de Prometeu de elevar nossa condição
por meios puramente humanos. A visão Judaica tornou -
se o protótipo para muitos semelhantes grandes desígnios
para a humanidade, tanto divinos como fabricados pelo
homem. Os Judeus, desta forma, encontram-se
precisamente no centro da tentativa perene de dar à vida
humana a dignidade de um propósito.”147

OS ESCRITOS NO MURO

E todavia, no começo do século XX, os Judeus haviam


crescido tão longe da sua pretendida vocação que eles ou
se tornaram absolutamente preocupados com meticulosa
observação dos mandamentos práticos, se esquecendo
ou rejeitando seu significado interno, ou totalmente
absortos em desejos mundanos e materiais, se esquecendo
ou rejeitando sua vocação irrevogável. Num tempo em que
o egoísmo atingiu níveis que ameaçaram a paz mundial,
nenhuma das avenidas era desejável, e alguns dos grandes
líderes espirituais da nação começaram a alertar que o
tempo era fugidio, que tínhamos de despertar para nossa
missão e a levar a cabo antes que a calamidade se revelasse.
O grande acadêmico humanista, e Cabalista, Rav
Avraham Yitzhak HaCohen Kook, desesperadamente
tentou alertar os Judeus do crescente antissemitismo. Ele
alertou-os que nenhum país no mundo seria seguro para
eles, e que Israel era a única opção segura. Em
retrospectiva, o conteúdo de sua premonição é alarmante,
nos dando um vislumbre nas profundezas da clareza de
visão de tais pessoas. O tratado no qual ele suplicou aos
-93-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Judeus que viessem para Israel foi chamado, “O Grande


Chamamento pela Terra de Israel”. Tome nota não só de
seu pedido, mas também do seu aviso a respeito do futuro
possível dos Judeus nas suas pátrias: “Venham para a terra
de Israel, doces irmãos, venham para a terra de Israel.
Salvem nossas almas, as almas das nossas gerações, e a
alma de nossa nação inteira. Salvem-na da desolação e do
esquecimento; salvem-na da decadência e degradação;
salvem-na da sujidade e maldade, de cada problema e
peste que possa cair em todos os países das nações sem
exceção.
“‘Venham à terra de Israel’! Clamaremos com uma alta
e terrível voz, com o som do trovão e uma grande voz, uma
voz que agita tempestade e abala os céus e a terra, uma vez
que rasga toda a parede no coração. Corram por vossas
vidas e venham para a terra de Israel. A voz do Senhor nos
chama, Sua mão está esticada para nós, Seu espírito está nos
nossos corações, e Ele reúne-nos, encoraja-nos e impele-
nos a clamar alto com uma terrível e poderosa voz:
‘Nossos irmãos, filhos de Israel, queridos e amados
irmãos, venham para a terra de Israel. Reúnam-se um a
um, não esperem palavras e ordens formais; não esperem
permissões dos reconhecidos. Façam o que puderem,
fujam e reúnam-se, venham para a terra de Israel.
Pavimentem o caminho para nossa amada e oprimida
nação. Mostrem-lhe que seu caminho já está pavimentado,
esticado perante ela. Ela não deve repousar, ela não nada
que exigir; ela não tem muitos caminhos e rotas. Há um
caminho perante ela, e é este aquele em que ela marchará; é
aquele que ela deve marchar, especificamente para a terra
de Israel”.”148

-94-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

O Rav Kook não estava só na sua preocupação. Na


Polônia, um brilhante e jovem dayan (juiz ortodoxo) em
Varsóvia - no tempo da maior e mais proeminente
comunidade Judaica na Europa - Rav Yehuda Ashlag, que
mais tarde se tornou um comentador reconhecido sobre O
Livro do Zohar, não se contentou apenas em anunciar
publicamente que todos os Judeus devem fugir da Europa.
Ele organizou a compra de 300 cabanas de madeira da
Suécia e um lugar para eles serem erguidos na Terra de
Israel (que era então chamada “Palestina”).
Mas eis que, seu plano foi impedido pela oposição dos
líderes da congregaçã o Judia na Polônia. A consequência
trágica do fracasso de Ashlag de trazer seus
companheiros Judeus com ele foi de todos os Judeus que
contemplaram vir com Ashlag, somente Ashlag e sua
família eventualmente emigraram. O resto das famílias
permaneceu na Polônia e pereceu no Holocausto.149
Tanto o Rav Kook e Rav Ashlag (Baal HaSulam)
exprimiram como eles perce biam a subida do Nazismo
ao poder, e especificamente Hitler. Mantendo em mente
que Rav Kook morreu em 1935, quatro anos antes que 2ª
Guerra Mundial irr ompesse. Abaixo estão as palavras
editadas de Rav Kook (para as tornar mais amigáveis ao
leitor, devido ao tamanho do texto e seu estilo
anacrônico), seguidas das palavras de Baal HaSulam.
O profeta previu um grande Shofar da redenção.
[Um Shofar é um chifre de carneiro usado para o
sopro festivo, mas também um clarim]. Oramos
especificamente pelo sopro do grande Shofar. Há
vários graus num Shofar da redenção - um grande
Shofar, um Shofar médio e um pequeno Shofar. O
Shofar do Messias é considerado o Shofar de Rosh
-95-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Hashaná [A Noite de Fim de Ano Judia]. A Halachá


[Lei Judaica] distingue entre três graus no Shofar de
Rosh Hashaná: 1) Um Shofar de Rosh Hashaná que é
feito de um chifre de carneiro; 2) Em retrospectiva,
todos os Shofarot são kosher, 3) Um Shofar de uma
besta impura, bem como um Shofar de bestas de
idolatria de um gentio não-kosher. Contudo, se um
homem soprou tal Shofar, fez o seu dever.
É permitido soprar qualquer Shofar, kosher ou
não, desde que um não abençoe sobre ele, e os graus
explicados na lei do Shofar de Rosh Hashaná
coincidem com os graus do Shofar da redenção.
Todavia, o que é um Shofar da redenção? Pelo
termo, “Shofar do Messias,” referimo-nos ao
despertar e confiança que causam a reanimação e
redenção do povo de Israel. É este despertar que
reúne os perdidos e os rejeitados, e os trás para a
montanha da santidade em Jerusalém.
Durante as gerações, houveram aqueles em
Israel que sentiram o despertar que deriva do desejo
de fazer a vontade de Deus, que é a redenção
completa de Israel [trazer todos de Israel à
qualidade de doação]. Este é o delicado e grande
Shofar, o desejo do povo ser redimido.
Por vezes o desejo esmorece e o zelo pelas
noções sublimes da santidade não é tão fervente.
Contudo, a natureza humana saudável permanece,
e desencadeia um simples desejo na nação para
estabelecer seu governo na sua terra. Esse desejo
natural é o Shofar médio, comum, que está presente
em todo o lugar. Esse, também, é ainda um Shofar
kosher.

-96-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

Porém, há um terceiro grau ao Shofar do


Messias, que independentemente é comparável ao
Shofar de Rosh Hashaná: ele é o Shofar pequeno,
não-kosher, que é soprado somente se um Shofar
kosher não puder ser encontrado.
Assim, se o zelo pela santidade e anseio pela
redenção que derivam dele desapareceram por
completo, e se o desejo natural nacional por uma
vida nacional diminuiu, também, e nenhum Shofar
kosher se encontre pelo qual soprar, os inimigos de
Israel vêm e sopram nos nossos ouvidos pela nossa
redenção. Eles forçam-nos a escutar a voz do Shofar;
eles alertam e chocalham nos nossos ouvidos, e não
nos dão repouso no exílio.
[Esta parte está citada em completo]. “Assim, o
Shofar da besta imunda torna-se o Shofar do
Messias. Amaleque, Petlura [Líder Ucraniano
suspeito de ser antissemita], Hitler, e assim por
diante, despertam pela redenção. Aquele que não
escutou a voz do primeiro Shofar, ou a voz do
segundo ... pois seus ouvidos estavam bloqueados,
escutará a voz do Shofar impuro, o imundo [não-
kosher]. Ele escutará contra sua vontade. ...Embora
haja redenção nesse chicote, também, nos apuros
dos Judeus, um não deve abençoar sobre tal
Shofar.150
Baal HaSulam, também, fez várias referências ao
Nazismo, incluindo como ele acreditava que ele
podia ser derrubado. Nas suas palavras, “É
impossível derrubar o Nazismo senão através de
uma religião de altruísmo.”151

-97-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Tome nota que quando Baal HaSulam fala de


“religião de altruísmo,” ele não pretende dizer que
devemos realizar certos rituais ou observar condutas
particulares.
Em vez disso, com “religião de altruísmo” ele
pretende dizer uma que mudou a nossa natureza
para aquela do altruísmo. Ao mesmo tempo, as
pessoas escolherão se ficam ou não nas suas
denominações formais, independentemente desta
transformação.
Baal HaSulam também disputa a noção de que a
Alemanha Nazi fora um evento único na história.
Ele pode ter sido o primeiro, mas ele acreditava que
a menos que façamos o que devemos, ele não será o
último. Nas suas palavras, “Acontece que as pessoas
pensam erradamente que o Nazismo é apenas um
rebento da Alemanha ... todas as nações são iguais
nisso, e é absolutamente fútil esperar que os Nazis
pereçam com a vitória dos Aliados, pois amanhã os
Anglo-Saxões abraçarão o Nazismo”.152

À luz do pico no antissemitismo a nível mundial,


seria sábio considerar seriamente as palavras destes
homens sábios. Afinal, podemos ver evidentemente que o
antissemitismo não desapareceu, nem o Nazismo ou o
chamamento para se livrarem dos Judeus.

O QUE ELES PRECISAM E O QUE DAMOS

À face dele, parece que o mundo é ingrato pelas


contribuições feitas pelos Judeus para o benefício da
humanidade na ciência, educação, economia, sociologia,
psicologia e virtualmente todo o reino da vida. Contudo,
-98-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

essa ingratidão ostensível deve servir como indicação que o


que estamos a dar não é necessariamente o que eles
precisam de nós. Na realidade, as pessoas realmente
reconhecem a singularidade do povo Judeu, mas somos nós
que usamos mal essa singularidade ao dar o que queremos
dar, em vez do que eles querem receber.
Para entender melhor o que o mundo precisa de nós,
devemos olhar para alguns dos documentos mais agudos
escritos sobre Judeus. Um grande exemplo de tais
documentos é o infame livro de Henry Ford (fundador
da Ford Motor Company), O Judeu Internacional - O
Principal Problema Do Mundo. Enquanto fazendo
grosseiras generalizações, o livro frequentemente estabelece
pontos que são van tajosos tomar em consideração. Para
isso, contudo, devemos colocar de parte nossa afronta, e
olhar verdadeiramente para os argumentos de Ford (ênfase
em itálico é do editor): “Cada Judeu devia também saber
que em cada igreja Cristã onde as antigas profecia s são
recebidas e estudadas, há um grande renascimento do
interesse no futuro dos Povos Antigos. Não está esquecido
que certas promessas foram feitas a eles a respeito de sua
posição no mundo, e é mantido que estas profecias serão
concretizadas.
O futuro do Judeu ... está intimamente ligado ao futuro
deste planeta, e a igreja Cristã em ampla parte ... vê um
Restauro do Povo Escolhido ainda por vir. Se a massa de
Judeus soubesse quão compreensiva e simpaticamente
todas as profecias que lhes dizem respeito estão a ser
estudadas na Igreja, e a fé que existe que estas profecias
encontrarão preenchimento e que elas resultarão em
grande serviço Judaico à sociedade como um todo, eles
provavelmente considerariam a Igreja com outra mente.”153

-99-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Inicialmente no livro, Ford escreve, “O inteiro


propósito profético em referência a Israel parece ter a
iluminação moral do mundo através de sua agência”. 154
E noutro lugar, ele acrescenta, “A sociedade tem uma
grande reivindicação contra [o Judeu] que ele ... comece
a concretizar [o que], em um sentido, sua exclusividade
nunca ainda o permitiu concretizar - a antiga profecia que
através dele todas as nações da terra sejam abençoadas”.155
John Adams, o segundo Presidente dos Estados
Unidos, também comentou sobre o que ele acreditava que
os Judeus haviam dado ao mundo. Nas suas palavras, “Os
Hebreus fizeram mais para civilizar os homens que
qualquer outra nação. Se eu fosse um ateu, e acreditasse
em destino cego eterno, deveria ainda assim acreditar que
esse destino havia ordenado os Judeus a serem o
instrumento mais essencial para civilizar as nações. Se eu
fosse um ateu de outra seita, que creio, ou finjo acreditar
que tudo é ordenado por acaso, devo acreditar que a
chance havia ordenado os Judeus preservassem e
propagassem a toda a humanidade a doutrina de um
supremo, inteligente, sábio, todo -poderoso soberano do
universo, que creio ser o grande e essencial princípio de
toda a moralidade, e consequentemente de toda a
civilização.”156
Samuel Langhorne Clemens, melhor conhecido pelo
seu pseudónimo, Mark Twain, reconhece a distinção
Judia em todos os reinos de envolvimento humano,
mas ele, também, acaba por ponderar a origem dessa
proeminência: “...Se as estatísticas estão certas, os Judeus
constituem apenas um por cento da raça humana. Isso
sugere um fosco e nebuloso sopro de poeira das estrelas
perdido na labareda da Via Láctea. Adequadamente, o
Judeu pouco se devia ouvir falar dele, mas ele é escutado,
-100-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

foi escutado. Ele é tão proeminente no planeta como


qualquer outro povo, e sua importância comercial é
extravagantemente fora de proporção com a pequenez de
sua massa. Suas contribuições à lista mundial dos grandes
nomes na literatura, ciência, arte, música, finanças,
medicina e aprendizagem confusa são também de longe
fora de proporção com a fraqueza de seus números. Ele
combateu maravilhosamente neste mundo, em todas as
eras; e o fez com suas mãos atadas atrás dele. Ele podia ser
vaidoso de si mesmo, e ser desculpado disso.
“O Egípcio, o Babilónio e o Persa, preencheram o
planeta com som e esplendor, então esvaeceram em coisas
sonhadoras e faleceram; os Gregos e os Romanos se
seguiram, e fizeram amplo alarido, e foram-se. Outros
povos nasceram e mantiveram sua tocha alta por um
tempo, mas ela se apagou, e eles já estão sentados no
crepúsculo agora, ou desapareceram. O Judeu os viu a
todos, os venceu a todos, e é agora o que sempre foi, não
exibindo decadência, nem enfermidades da idade,
enfraquecimento de suas partes, nem abrandamento de
suas energias, ou enfadar de seu alerta e mente agressiva.
Todas as coisas são mortais menos o Judeu; todas as outras
forças passam, mas ele permanece. Qual é o segredo de sua
imortalidade”?157
E finalmente, há aqueles que não reconhecem que os
Judeus são especiais no sentido espiritual, mais que no
corpóreo, mas até detalham a essência dessa espiritualidade:
união. Tal foi o caso do Primeiro Ministro do Reino Unido
durante a 2ª Guerra Mundial, Sir Winston Churchill.

-101-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Em Churchill e os Judeus, o autor Martin Gilbert cita


Churchill: “Os Judeus foram uma comunidade sortuda
porque eles tinham esse espírito empresário, o espírito de
sua raça e fé. [Churchill] não ... lhes pediria para usar esse
espírito em qualquer sentido estreito ou de clãs, a se
isolarem a si mesmos dos outros ... longe de seu humor e
intenção, longe dos conselhos que lhes foram dados por
aqueles mais intitulados a aconselhar. Esse poder pessoal e
especial que eles possuíam lhes permitiu trazer vitalidade
para suas instituições, que nada mais traria. [Churchill
acreditava sinceramente que] Um Judeu não pode ser um
bom Inglês a menos que ele seja um bom Judeu”.158
Podemos desta forma ver que o que as nações querem
dos Judeus não é excelência em ciência, finanças, ou
qualquer dos outros reinos mencionados nas acima
citações. O que o mundo precisa de nós é espiritualidade,
nomeadamente a habilidade de se conectar ao Criador.
Esta é a única coisa que possuímos, e que nenhuma outra
nação tem, teve, pode, ou está destinada a possuir a menos
que o reacendamos dentro de nós e o passemos como uma
luz para as nações. Enquanto nos abstivermos de levar a
cabo essa missão, as nações irão amplamente nos
considerar dispensáveis, se não diretamente
injuriosamente, e certamente, como Ford afirmou, “O
principal problema do mundo.

EM DESUSO

Para demonstrar quão dispensáveis o mundo pode pensar


que somos, consideremos os seguintes fatos: Em 1938,
Adolf Hitler estava disposto para enviar Judeus Alemães e
Austríacos para quem quer que os quisesse. Ninguém quis.
-102-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

Hitler declarou que ele “só podia ter esperança e esperar


que o outro mundo, que tem tamanha profunda simpatia
por estes criminosos [Judeus], seria pelo menos generoso o
suficiente para converter esta simpatia em ajuda prática.
Nós [Alemanha Nazi], da nossa parte, estamos prontos para
colocar todos estes criminosos à disposição destes países,
no que me importa, até em navios de luxo.”159
E todavia, as nações unanimemente recusaram
receber os Judeus. Em Julho de 1938, representantes de
maioria dos países do mundo livre se reuniram em Évian
-les-Bains, uma cidade turística na costa Sul do antigo
Lago Léman, na França. Sua meta foi discutir, e encontrar
soluções para o “problema Judeu,” nomeadamente os
Judeus que desejavam fugir da Alemanha e Áustria antes
que fosse demasiado tarde. Os Judeus Alemães e
Austríacos estavam muito esperançosos com a
conferência. Eles acreditavam que os países participantes
genuinamente procurariam ajudá -los e lhes ofereceriam
um porto de abrigo. Eles foram amargamente desiludidos.
Enquanto os delegados da conferência exprimiam
empatia pelos apuros dos Judeus sob o regime Nazi, eles
não fizeram compromissos e não ofereceram soluções. Em
vez disso retrataram a conferência como um mero
começo, que nunca foi continuado. Diplomaticamente, os
delegados afirmaram que, “A emigração involuntária de
pessoas em grandes números tornou-se tão grande que ela
torna os problemas raciais e religiosos mais agudos,
aumenta agitação internacional e pode prejudicar
seriamente os processos do apaziguamento nas relações
internacionais.”160
Contudo, desde a conferência, convocada pelo
Presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt,
reuniu -se sob uma condição prévia que “nenhum país
-103-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

seria forçado a mudar suas quotas de emigração, mas em


vez disso seria pedido a voluntariamente mudar,”161 para a
surpresa de ninguém, as resoluções da conferência
ofereceram aos Judeus desesperados da Alemanha e Áustria
pouca esperança.
De acordo com a Yad Vashem, o Centro Mundial
para a Pesquisa, Documentação, Educação e
Comemoração sobre o Holocausto, “À medida que a
conferência progredia, delegado após delegado desculpava
seu país de aceitar refugiados adicionais. O delegado dos
Estados Unidos, Myron C. Taylor, afirmou que a
contribuição do seu país faria a quota de imigração Alemã
e Austríaca, que até a esse tempo havia permanecido por
preencher, totalmente disponível. O delegado Britânico
declarou que seus territórios além mar eram amplamente
desadequados para a habitação Europeia, exceto em
partes da África do Leste, que podiam oferecer
possibilidades para números limitados. A própria
Bretanha, sendo totalmente habitada e sofrendo de
desemprego, também indisponível para imigração; e ele
excluiu a Palestina da discussão em Evian inteiramente.
O delegado francês afirmou que a França havia
alcançado ‘o ponto extremo de saturação em respeito à
admissão de refugiados.’ Os outros países Europeus
ecoaram este sentimento, com variações menores. A
Austrália não podia encorajar a imigração de refugiados
porque, ‘uma vez que não temos um verdadeiro problema
racial, não estamos desejosos de importar um.’ Os
delegados da Nova Zelândia, Canadá e as nações Latino -
Americanas citaram a Depressão como a razão pela qual
não podiam aceitar refugiados. Somente a minúscula
-104-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

Republica Dominicana se voluntariou para contribuir


amplas áreas embora não especificadas para a colonização
agrícola.”162 Alguns meses depois da conferência, as portas
se haviam fechado e o destino da Judiaria Europeia estava
selado.

ANTISSEMITISMO DISFARÇADO

Enquanto as atrocidades do Holocausto ajudaram o


estabelecimento Judaico em Israel a ganhar
reconhecimento e compaixão, e o Estado Judeu de Israel
tivesse sido fundado em 1948, ele fez muito pouco para
desenraizar o antissemitismo. Em vez disso, o
antissemitismo adquiriu uma nova forma: “antisionismo”.
Há aqueles que argumentam que o antisionismo
difere do antissemitismo. Baal HaSulam, pelo contrário,
afirma que o ódio aos Judeus é precisamente isso,
independentemente da forma que assuma. No seu estilo
sucinto e direto, ele escreve, “É um fato de que Israel é
odiada por todas as nações, seja por razões religiosas,
razões raciais, razões capitalistas, razões comunistas, ou
razões cosmopolitas. É assim porque o ódio precede
todas as razões, mas cada [pessoa] resolve meramente
sua repugnância de acordo com a sua própria
psicologia.”163
Mas como é frequentemente o caso com os Judeus,
nossos melhores advogados vêm de entre as nações. Cerca
de um ano antes da Guerra dos Seis Dias de 1967, o
escritor social americano, Eric Hoffer, a quem foi atribuída
a Medalha Presidencial da Liberdade, e em cuja honra o
Prémio Eric Hoffer foi estabelecido, publicou uma carta
-105-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

aberta no Los Angeles Times. Talvez fosse o fato de Sr.


Hoffer não ser Judeu que o permitiu escrever tão
candidamente sobre o estado dos Judeus no mundo.
“Os Judeus são um povo peculiar”, começa ele.
“Coisas permitidas a outras nações são proibidas aos
Judeus. Outras nações expulsam milhares, até milhões de
pessoas, e não há problema de refugiados. A Rússia o
fez-, a Polônia e a Checoslováquia fizeram-no. A Turquia
expulsou um milhão de Gregos e a Algéria um milhão de
Franceses. A Indonésia expulsou sabe Deus quantos
Chineses e ninguém diz uma palavra sobre refugiados.
Mas no caso de Israel, os Árabes deslocados tornaram-se
refugiados eternos. Todos insistem que Israel deve receber
todo e cada Árabe.
“[O historiador Britânico] Arnold Toynbee chama
à deslocalização dos Árabes uma atrocidade maior que
qualquer uma cometida pelos Nazis.
“Outras nações, quando vitoriosas no campo de
batalha, ditam os termos de paz. Mas quando Israel é
vitoriosa, ela deve pedir pela paz. Todos esperam que os
Judeus sejam os únicos Cristãos verdadeiros neste mundo.
“Outras nações - quando são derrotadas - sobrevivem
e recuperam, mas caso Israel fosse derrotada, ela seria
destruída. Tivesse Nasser [Presidente do Egito durante a
Guerra dos Seis Dias de 1967] triunfado em Junho
passado ele teria apagado Israel do mapa e ninguém
levantaria um dedo para salvar os Judeus. Nenhum
compromisso aos Judeus por qualquer governo,
incluindo o nosso [Governo Americano], vale o papel
em que está escrito.

-106-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

“Há um grito de revolta por todo o mundo quando


morrem pessoas no Vietnam ou quando dois Negros são
executados na Rodésia. Mas quando Hitler assassinou
Judeus ninguém protestou com ele. Os Suecos, que estão
prontos para romper relações diplomáticas por causa do
que fizemos no Vietnam, não soltaram um pio quando
Hitler matava Judeus. Eles enviaram à escolha de Hitler
minério de ferro e rolamentos de esferas, e serviram às
suas tropas comboios para a Noruega.
“Os Judeus estão sozinhos no mundo. Se Israel
sobrevive é somente devido aos esforços Judaicos, e
recursos Judaicos. Todavia neste momento Israel é o nosso
único aliado confiável e incondicional. Podemos contar
mais em Israel que Israel pode contar conosco. E um só
tem de imaginar o que aconteceria no verão passado
tivessem os Árabes e seus apoiantes Russos vencido a
guerra para perceber quão vital é a sobrevivência de Israel
para a América e para o Ocidente em geral.
“Tenho uma premonição que não me deixará; como
for com Israel assim será com todos nós. Caso Israel
pereça o holocausto será sobre nós”.164
Outro exemplo marcante de simpatia relata desta vez
o debate sobre aquele que se opõe ao Sionismo também se
opõe aos Judeus. Abaixo estão as extraordinárias palavras
do Reverendo Martin Luther King Jr., que, numa carta a
um amigo, defende os Judeus em geral, e o estado Judeu
em particular, em tamanha eloquência constrangedora que
os Ministros dos Negócios Estrangeiros de Israel só podem
invejar.
Aqui está a “Carta a um Amigo Antissionistas” de
Martin Luther King: “...Tu declaras, meu amigo; que não
odeias os Judeus, que és meramente ‘antissionista.’ E eu

-107-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

digo, deixa que a verdade soe em diante dos altos cumes das
montanhas, deixa que ela ecoe através dos vales da terra
verde de D-us: Quando as pessoas criticam o Sionismo, elas
querem dizer Judeus - esta é a verdade própria de D-us.
“Antissemitismo, o ódio do povo Judeu, foi e
permanece uma mancha na alma da humanidade. Nisto
estamos completamente de acordo. Então sabe também
isto: anti s- sionismo é inerentemente antissemita, e sempre
o será.
“Porque isso? Tu sabes que o sionismo é nada menos
que o sonho e ideal do povo Judeu regressar para viver na
sua própria terra. O povo Judeu, as Escrituras contam-nos,
em tempos desfrutavam de uma riqueza comum florescente
na Terra Santa. Disto foram expulsos pelo tirano Romano,
os mesmos Romanos que cruelmente assassinaram nosso
Senhor. Empurrados de sua pátria, sua nação em cinzas,
forçados a vaguear pelo globo, o povo Judeu nova e
novamente sofreu o chicote de qualquer que fosse o tirano
que governasse sobre eles.
“...Quão fácil seria, que qualquer um que tenha como
caro este direito inalienável de toda a humanidade, de
compreender e apoiar o direito do Povo Judeu a viver na
sua antiga Terra de Israel. Todos os homens de boa vontade
exultarão a concretização da promessa de D-us que Seu
povo deve regressar em alegria para reconstruir sua
saqueada terra. Isto é sionismo, nada mais, nada menos.
“E o que é antissionismo? É a negação ao povo Judeu
um direito fundamental que justamente reivindicamos para
o povo de África e concordamos livr emente para todas as
outras nações do mundo. É discriminação contra Judeus,
meu amigo, porque eles são Judeus. Abreviadamente, é
antissemitismo.

-108-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

“O antissemita rejubila em qualquer oportunidade de


desafogar esta malícia. Os tempos tornaram-no impopular,
no Ocidente, proclamar abertamente ódio aos Judeus.
Sendo este o caso, o antissemita deve constantemente
procurar novas maneiras e fóruns para seu veneno. Como
deve se deve ele deleitar no novo baile de máscaras! Ele não
odeia os Judeus, ele é apenas ‘antissionista!’
“Meu amigo, eu não te acuso de antissemitismo
intencional. Sei que sentes, tanto quanto eu, um profundo
amor à verdade e justiça e repulsa pelo racismo, preconceito
e discriminação. Mas sei que foste enganado - como outros
foram - a pensar que podes ser ‘antissionista’ e ainda
permanecer verdadeiro a aqueles princípios sentidos que tu
e eu partilhamos. Deixa que minhas palavras ecoem nas
profundezas de tua alma: Quando as pessoas criticam o
sionismo, elas querem dizer judeus - não te enganes
nisso”.165
Aproximadamente desde a viragem do século, temos
testemunhado um aumento no antissemitismo por todo o
mundo. Um relatório executivo emitido pelo Departamento
Estatal dos EUA confirma que “A frequência crescente e
severidade de incidentes antissemitas desde o começo do
século XXI ... obrigou a comunidade internacional a se
concentrar no antissemitismo com vigor renovado. ...Em
recentes anos, incidentes foram mais direcionados em
natureza com os infratores parecerem ter intenção
especifica de atacar os Judeus e o Judaísmo”.166
Em alguns casos, há antissemitismo onde não há
Judeus de todo! Um relatório intitulado, “Antissemitismo
sem Judeus”, pela escritora, editora e fotografa Ruth
Ellen Gruber, detalha a prevalência do antissemitismo na
Europa, até onde não há Judeus que se pareça. De acordo
com Gruber, “Foi-me pedido para discutir o fenômeno do

-109-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

‘antissemitismo sem Judeus’ em termos históricos, mas


também dentro do contexto do que foi chamado o ‘novo
antissemitismo’ que se manifestou a si mesmo na Europa -
e, certamente, noutro lugar ... Eu tenho de dizer que não
estou realmente confortável com o termo ‘novo
antissemitismo.’ Como o London Jewish Chronicle o
colocou num editorial no ano passado, o
antissemitismo tem o ‘sono leve’, fácil de despertar. É
também frequentemente referido como um vírus, um
vírus proteico que, como as viroses causadoras de doenças
no corpo humano, é capaz de se mutar de uma maneira
oportunista para derrotar quaisquer defesas ou anticorpos
que possam ser edificados contra ele. Isso foi feito tantas
vezes, até em países Pós-Holocausto cuja população
Judaica é praticamente invisível. E o está a fazer agora”.167
Talvez menos surpreendente, mas ainda assim
inquietante, é o fenômeno do antissemitismo formal da
Malásia. Em 6 de Outubro de 2012, Robert Fulford
do Canadian National Post, publicou uma história sobre o
antissemitismo na Malásia, afirmando que na Malásia,
“Políticos e funcionários públicos devotam uma
quantidade de tempo surpreendente para pensar sobre
Israel, a 7,612 km [4730 milhas] de distância. Por vezes
parecem ser obcecados com isso. A Malásia nunca teve
uma disputa com Israel, mas o governo encoraja os
cidadãos a odiarem Israel e também a odiarem Judeus se
eles são Israelitas ou não”.168
“Poucos Malaios puseram olhos num Judeu; a
minúscula comunidade Judaica emigrou há décadas
atrás”, escreve Fulford. “Independentemente, a Malásia
tornou -se um exemplo de um fenômeno chamado
‘Antissemitismo sem Judeus.’ Em passado Março, por
exemplo, o Departamento de Território Federal de
-110-
C APÍTULO 6: D ISPENSÁVEIS

Assuntos Islâmicos enviou um sermão oficial para ser


lido em todas as mesquitas, afirmando que ‘Muçulmanos
devem entender que os Judeus são o maior inimigo
dos Muçulmanos como provado pelo seu comportamento
egoísta e assassinatos realizados por eles’.
“Em Kuala Lumpur, é rotina culpar os Judeus por tudo
desde fracassos econômicos à má imprensa que a Malásia
recebe em jornais estrangeiros (‘Mantidos por Judeus’)”.169
Evidentemente, até o Holocausto não mudou as
mentes das pessoas em relação aos Judeus. Como escrevi
no Prefácio a este livro, “desde a virada do século, o
antissemitismo tem aumentado uma vez mais, desta vez por
todo o mundo. O espectro do ódio aos Judeus enraizou-se
mundialmente”. A simpatia que tivemos após a 2ª Guerra
Mundial foi evidentemente de pouca duração, e agora uma
nova onda, ainda mais ampla que sempre de antissemitismo
está aumentando.
No Capítulo 2 citamos as palavras de Rabi Nathan
Shapiro: “Há quatro forças no homem - inanimado,
vegetativo, animal e falante - e Israel têm ainda outra quinta
parte, pois eles são o Divino falante”.170 Se mantivermos em
mente que a meta da criação é que todos alcancem o último
grau, que somente Israel tem, e que Abraão havia
pretendido dar a todos os seus conterrâneos Babilônios,
veremos que o que precisamos dar ao mundo é uma coisa
muito simples - a qualidade de doação, incorporada na
máxima, “Ama teu próximo como a ti mesmo”. Quando o
egoísmo prospera pelo mundo, esta qualidade é o único
remédio que consegue compensar uma colisão global
de proporções sem precedentes.

-111-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Os Judeus, desta forma, devem reacender esse traço


dentro deles enquanto indivíduos e enquanto nação e
conduzir o caminho para o todo da humanidade.
Certamente, adquirir a qualidade de doação é comparável
à revelação do Criador através de equivalência de forma.
Lamentavelmente, como o próximo capítulo irá
demonstrar, frequentemente tentamos evitar essa missão,
seja porque não estamos conscientes disso, ou porque não
temos desejo por isso. Assim, em vez de abraçar nossa
vocação e pavimentar o caminho para a luz para toda
humanidade, tentamos nos assimilar a nós mesmos até à
extinção e ser como todas as outras nações.

-112-
CAPÍTULO 7

Sinos Misturados
Ser Judeu,

ou Não Ser Judeu,

Eis a Questão!

U
ma das mais importantes orações em Yom Kipur
(Dia do Perdão) é conhecida como o Maftir Yoná
(Jonas)171, durante a qual o livro inteiro de Jonas
é lido. A história do profeta Jonas simboliza mais que
alguma coisa a ambivalência que o nosso povo sente para
com o seu papel no mundo.
Reconhecidamente, não é uma tarefa agradável ser
uma coisa desanimadora eternamente. Até com nossa
própria nação, os profetas raramente tinham uma vida
fácil ou eram tratados com gratidão por nos salvarem da
calamidade e aflição. Todavia, os profetas sempre levaram
a cabo suas tarefas. Eles eram impelidos a fazer pelo pavor
do tormento que inversamente cairia sob seus confiantes
irmãos, então eles não podiam ficar quietos.
Jonas tentou ao seu máximo evitar sua missão. Ele
escondeu sua identidade como Hebreu e entrou a bordo
-113-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

de um navio que velejou para Tarshish, longe de Ninevê,


onde o Criador lhe havia dito profetizar. Mas como
sabemos, o Criador o encontrou no navio e os marinheiros
descobriram sua identidade e o jogaram pela borda fora,
onde ele foi atormentado nas entranhas de um peixe.
Finalmente, ele se arrependeu (orando das entranhas do
peixe), ele foi para Ninevê e profetizou. Graças ao
arrependimento de Jonas, os residentes de Ninevê
aprenderam sobre a correção necessária deles, a
executaram, a cidade foi poupada e seu povo foi perdoado.
Curiosamente, Ninevê não era uma cidade Hebraica.
Ela era a cidade mais populosa no Império Assírio e um
eixo de comércio próspero. Todavia, o Senhor ordenou
Jonas a profetizar para eles para que melhorassem suas
maneiras e evitassem a aflição. Isto, novamente, indica o
caminho da correção e que a realização do Criador não era
destinada somente aos Judeus, mas para toda a
humanidade. Quão simbólico é que leiamos esta história
no dia mais Judaico do ano - Yom Kipur, O Dia do Perdão.
Assim, a história de Jonas resume o dilema do povo
Judeu durante as gerações. Por um lado, somos o povo
escolhido, destinado a demonstrar o caminho para a lu z à
todas as nações. Por outro lado, insistente e
infrutuosamente tentamos evitar o nosso destino porque a
mensagem de responsabilidade mútua e união é
desagradável ao ego do ouvinte, uma vez que todos nós
nascemos egocêntricos e queremos permanecer dessa
maneira.
Quando os Judeus regressaram do exílio em Babel
para construir o Segundo Templo, aqueles que ficaram
para trás se assimilaram tanto entre suas nações anfitriãs
que desapareceram inteiramente. A Enciclopédia
Judaica172 escreve que assim que libertos do cativeiro na
-114-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

Babilônia, os Judeus gradualmente se espalharam para a


Síria, Egito e Grécia - principalmente como escravos, mas
algo desadequados, então não tiveram problemas em
serem resgatados e libertos.
“Além do mais”, informa A Enciclopédia Judaica,
“devendo a solidariedade próxima, que é uns dos traços
duradouros da raça Judia, eles não tiveram dificuldade em
encontrar correligionários dispostos a pagar a quantia de
seu resgate”.173 Contudo, continua a enciclopédia, “Os
Judeus então libertos, em vez de regressarem à Palestina,
frequentemente permaneceram na terra de sua anterior
escravatura, e lá, em conjunto com seus irmãos de fé,
estabeleceram comunidades. De acordo com o antigo
testemunho de Filo (Legatio ad Caium, §23), a
comunidade Judaica em Roma devia sua origem aos
prisioneiros de guerra libertos”.174 A partir de Roma, os
Judeus continuaram a se espalhar pelo resto da Europa.
Assim que liberada da Babilônia, contudo, a minoria
dos Hebreus que não regressou à Terra de Israel se tornou
o que hoje é conhecido como “o povo Judeu”. Depois da
ruína do Segundo Templo, eles, também, se desejaram
assimilar. Todavia, ao contrário de seus anteriores irmãos,
os Judeus que foram exilados de Jerusalém e da Judeia
nunca lhes foi permitido pelas nações se misturarem até ao
ponto do desaparecimento. Tivesse isso acontecido, o
propósito para o qual os Judeus existem, nomeadamente a
revelação do Criador ao resto das nações, teria sido
derrotado.
Talvez seja por isso que notáveis historiadores e
teólogos escreveram palavras semelhantes às do Professor
Emérito de Judaísmo na Universidade de Gales, Dan
Cohn-Sherbok: “O paradoxo da vida Judaica é que o ódio
e a sobrevivência Judaica têm estado interrelacionados

-115-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

durante milhares de anos, e sem antissemitismo, podíamos


estar condenados à extinção”.175
Certamente, apesar de frequentes tentativas de
misturar e assimilar, somos sempre recordados de nossa
herança e ou somos duramente conduzidos de volta ao
Judaísmo, ou permanecemos como exilados nas nossas
novas religiões. Hoje, muitos Judeus ainda tentam
assimilar nas suas culturas anfitriãs, mas por todo o
sucesso aparente em alguns países, a história demonstra
que isso nunca teve sucesso, e a tarefa Judaica manda que
nunca tenha.
Exemplos particularmente notáveis de assimilação e
rejeição Judia tomaram lugar na Espanha dos séculos XIV
e XV, e na Alemanha, antes e durante a 2ª Guerra Mundial
e o Holocausto, resultando no extermínio de virtualmente
a inteira Judiaria Europeia. Embora muito tenha sido dito
e escrito sobre essas duas épocas da história Judaica, é
vantajoso notar algumas similaridades que podem apontar
para uma tendência repetitiva que podemos usar como
augúrio. Corresponderemos a esses dois períodos um de
cada vez, e concluiremos com reflexões sobre a Judiaria
mais proeminente fora de Israel - a dos Estados Unidos.
ESPANHA, A TRÁGICA HISTÓRIA DE AMOR

Flávio Josefo escreveu do caloroso acolhimento com o qual


os expatriados foram recebidos na Síria e Antíoco depois de
sua expulsão pelos Romanos. Os Judeus foram “muito
misturados,” ele escreveu, e viveram “com a tranquilidade
mais imperturbável”.176 Ele também escreveu sobre como o
Imperador Romano, Titus Flavius, “os expulsou de toda
Síria”.177 Nas Antiguidades dos Judeus, ele citou o geógrafo
Grego Strabo dizendo, “Este povo já fez seu caminho para
-116-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

toda a cidade, e não é fácil encontrar qualquer lugar no


mundo habitável que não tenha recebido esta nação e que
não tenha feito seu poder sentido”.178
A maneira vacilante na qual os Judeus foram
inicialmente calorosamente acolhidos, então rejeitados,
então repelidos uma vez mais, se não por completo
destruídos, se repetiu numerosas vezes desde a ruína do
Primeiro Templo.179 Contudo, muitos, se não a maioria
dos Judeus que foram exilados depois da ruína do
Segundo Templo são ainda reconhecidos como tais, pelo
menos por herança se não por algum nível de prática.
Houveram muitas tentativas de converter os Judeus
ao Islamismo ou Cristianismo, e eles frequentemente o
desejaram fazer, e ativamente tentaram se converter. E
todavia, na maioria, essas tentativas ou falharam ou foram
somente marginalmente bem sucedidas.
O Professor e investigador de História Judaica na
Universidade de Wisconsin, Norman Roth, detalha tanto
as tentativas massivas dos Judeus se converterem, e as
consequências trágicas que resultaram dessas tentativas.
Em Judeus, Visigodos, e Muçulmanos na Espanha
Medieval: cooperação e conflito, ele escreve, “Nos séculos
catorze e quinze, milhares de Judeus se converteram,
principalmente por sua própria livre vontade e não sob
qualquer dureza, ao Cristianismo. O papel destes
conversos [Judeus que se converteram ao Cristianismo] na
sociedade conduziu a feroz hostilidade contra eles no
século quinze, finalmente resultando em verdadeiro estado
de guerra. O antissemitismo racial, emergiu pela primeira
vez na história de uma larga escala e os estatutos de
limpieza de sangre [pureza de sangue] foram erguidos
[distinguindo os Velhos Cristãos puros daqueles com
antepassados Muçulmanos ou Judeus]. Finalmente, a
-117-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Inquisição foi reanimada entre falsas acusações da


‘insinceridade’ dos conversos, e muitos foram queimados.
Nada disto, contudo, teve alguma coisa a ver com os Judeus,
que na maioria continuaram suas vidas, e suas relações
normais com os Cristãos, como anteriormente.”180
Certamente, não só os Judeus que mantiveram sua fé
não foram prejudicados, mas eles até nutriam um laço
único com os seus anfitriões Espanhóis. De acordo com
Roth, “Tão invulgar, se pode dizer única, era a natureza
desse relacionamento [entre Judeus e Cristãos] que um
termo especial é usado que não tem tradução precisa
noutras línguas, convivência [dificilmente significando,
“viver juntos em afinidade”]. Na verdade, a verdadeira
extensão de convivência na Espanha medieval Cristã não
havia sido totalmente revelada”.181
O estudo de Roth salienta que enquanto os Judeus
permaneciam leais a sua herança e não se tentavam
assimilar em culturas estrangeiras, eles eram bem-vindos
para permanecer, ou era pelo menos deixados em paz. E
especificamente na Espanha, em tempos o calor e
intensidade do relacionamento verdadeiramente se
assemelhava a uma história de amor, completa com todas
as provações e tribulações que as grandes histórias de amor
exibem. Contudo, quando os Judeus se tentavam misturar
com outras nações e se tornarem como elas, essas nações
os rejeitariam e os forçariam de volta ao Judaísmo, ou os
forçariam a converter, mas de uma maneira depreciativa e
coagida.
Jane S. Gerber, uma especialista na história Sefardita
na Universidade da Cidade de Nova Iorque,
eloquentemente detalha a extensão à qual os Judeus
conversos Espanhóis se imergiam a si mesmos na vida
cultural e secular Espanhola (ênfases são do editor).
-118-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

“Profundamente enraizados na península ibérica desde a


aurora da sua dispersão”, escreve Gerber, “estes Judeus
ferventemente nutriam um amor pela Espanha e sentiam
uma profunda lealdade à sua língua, regiões e tradições
(...) De fato, Espanha havia sido considerada uma
segunda Jerusalém.
“Quando o decreto de expulsão de Rei Fernando e
Rainha Isabel foi promulgado para 31 de Março, [1492]
ordenando que os 300.000 Judeus de Espanha partissem
dentro de quatro meses, os Sefarditas reagiram com
choque e descrença. Seguramente, eles sentiram, a
proeminência de seu povo de todos os caminhos da vida, a
clara longevidade de suas comunidades (...) e a presença
de tantos Judeus e Cristãos de linhagem Judia (conversos)
nos círculos internos da corte, municipalidades e até a
igreja Católica forneceria proteção e evitaria o decreto.
“...Judeus Espanhóis eram especialmente orgulhosos
da sua longa linha de poetas, cujas ... canções
continuaram a ser recitadas. Seus filósofos foram
influentes até entre os acadêmicos do Ocidente, seus
gramáticos inovadores ganharam um lugar duradouro
como pioneiros da língua Hebraica, e seus matemáticos,
cientistas e inumeráveis físicos haviam ganho aclamação.
A desenvoltura e serviço público dos diplomatas
Sefarditas também preencheu os anais de muitos reinos
Muçulmanos. Na realidade, eles não só residiam em
Espanha; eles haviam coexistido lado a lado com
Muçulmanos e Cristãos, levando a noção de viverem
juntos (la convivencia) com absoluta seriedade.
“A experiência dos Sefarditas levanta o problema da
aculturação e assimilação como nenhuma outra
comunidade Judaica o fez. Durante muitos séculos, a
civilização Judia pediu emprestado livremente da cultura
-119-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Muçulmana. ...Quando perseguições sobrecarregaram os


Sefarditas em 1391 e lhes foi oferecida a escolha da
conversão ou a morte, os números de convertidos
excederam o número considerável de mártires. A própria
novidade desta conversão em massa, única à experiência
Judia, induziu acadêmicos a procurar causalidade no alto
grau de aculturação alcançada pelos Sefarditas”.182
E todavia, não foi a aculturação que causou os
Espanhóis a se voltarem contra os Judeus. Foi na
realidade o abandono dos Judeus da coesão social e
garantia mútua, traços que haviam (na maioria) lhes
ganho a estima inconsciente das suas nações anfitriãs.
“Comentadores medievais especialmente”, continua
Gerber, “gostavam de colocar a culpa pelo rompimento
da disciplina comunal sobre a aculturação Judia, e alguns
dos maiores historiadores Judaicos modernos, tais como
Itzhak Baer, citaram em acréscimo o impacto corrosivo
da filosofia averroísta e o cinismo da classe Judia
assimilada cortesã. Mas na onda das conversões massivas
e os agudos conflitos comunais, não foram somente os
filósofos que sucumbiram na face da perseguição”.183 Em
vez disso, a comunidade inteira sofreu.
Assim, conscientes ou não, os Judeus foram
afligidos, e foram eventualmente expulsos da Espanha
porque se haviam tornado demasiado desunidos,
esquecendo os poderes e o benefício que a união lhes
pode trazer, e que nossos sábios ensinaram a nossos
antepassados durante gerações. O Livro do Zohar escreve
sobre a panaceia da união: “Porque eles são de um
coração e uma mente ... eles não falharão ao fazer o que
lhes é intencionado fazer, e não há ninguém que os possa
impedir”.184
-120-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

Mas O Livro do Zohar, que ressurgiu em Espanha


praticamente alguns séculos antes da expulsão, não podia
salvar os Judeus. Eles eram estavam simplesmente
demasiado espiritual e culturalmente assimilados para se
unirem e levarem a cabo seu intencionado papel de serem
uma luz para as nações. E uma vez que não ajustaram seu
curso por sua própria vontade, a Lei da Doação da
Natureza, o Criador, o fez através das suas imediações, os
Cristãos Espanhóis, a quem os Judeus admiravam.
O classicista Inglês, escritor e professor na
Universidade de Cambridge, Michael Grant, observou a
incapacidade dos Judeus de se misturarem: “Os Judeus
provaram-se não assimilados, mas inassimiláveis. …A
demonstração que isto era assim provou um dos pontos de
mudança mais significativos na história Grega, devendo a
influência gigantesca exercida durante as eras subsequentes
à sua religião, que não só sobreviveu intacta, mas
subsequentemente deu à luz o Cristianismo”.185
Similarmente, o bispo do século XVIII, Thomas
Newton, escreveu sobre os Judeus: “A preservação dos
Judeus é realmente um dos atos mais sinalizadores e ilustres
da Providência divina… e o quê senão um poder
sobrenatural teria os preservando de tal maneira como
nenhuma outra nação sobre a terra havia sido preservada.
Nem é a providência de Deus menos marcante com a
destruição de seus inimigos, que na sua preservação… Nós
vemos que os grandes impérios, que por sua vez
subjugaram e oprimiram o povo de Deus, todos chegaram à
ruína… E se tal foi o fim fatal dos inimigos e opressores dos
Judeus, que sirva de aviso a todos aqueles, que em qualquer
tempo ou sobre qualquer ocasião sejam a favor de levantar
um clamor e perseguição contra eles”.186
-121-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Porque, como mencionado no Capítulo 4, os Judeus


representam no nosso mundo a parte da alma de Adam que
alcançou união de corações e assim conexão com o Criador,
e porque seu papel espiritual é o de espalhar essa união e
conexão resultante ao resto das nações, as nações rejeitam as
tentativas dos Judeus tentarem se parecer a elas. Não é um
ato de escolha consciente, mas um impulso compulsivo que
vem sobre elas do próprio pensamento da Criação. Isto só
raramente chega à superfície da consciência dos
perpetradores de aflição, mas eles executam-no
infalivelmente.
Um incidente marcante do pensamento da Criação a
surgir na consciência do perpetrador tomou lugar numa
fadada e trágica noite em 1492. Em O Judeu no Mundo
Medieval: Um Livro de Estudo: 315-1791, o acadêmico de
história Judia, Rabi Jacob Rader Marcus detalha os eventos
que ele descobriu que haviam tomado lugar. “O acordo os
permitindo [Judeus] a permanecer no país [Espanha] sobre
o pagamento de uma grande soma de dinheiro era
praticamente completado quando era frustrado pela
interferência de um prio r que era chamado o Prior de Santa
Cruz. [Lenda relata que Torquemada, Prior do convento de
Santa Cruz, trovoou, com crucifixo em cima, o Rei e a
Rainha: ‘Judas Iscariotes vendeu seu mestre por trinta peças
de prata. Sua Alteza o venderia novamente por tri nta mil.
Aqui está ele, leve-o, e leiloe-o para longe’]”.187 O que
aconteceu a seguir ilustra que o que quer que aconteça, os
Judeus estão obrigados a serem o que são, e fazerem o que
devem. “Então a Rainha deu uma resposta aos
representantes dos Judeus, semelhante ao dizer do Rei
Salomão [Provérbios 21:1]: ‘O coração do rei está na terra do
Senhor, como os rios de água. Ele tornava -a no que quer
que Ele quisesse’. Ela adiantou: ‘Acreditais que isto vem
-122-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

sobre vós de nós? O Senhor havia colocado esta coisa no


coração do rei’”.188
Certamente, os Judeus foram expulsos não só por
terem deixado de ter valor econômico aos Espanhóis. Os
Judeus haviam sido reconhecidos como um bem econômico
durante séculos. Na realidade, quando foram forçados para
fora de Espanha, muitos deles fugiram para a Turquia, que
os acolheu precisamente devido a sua contribuição para a
economia de seu país anfitrião. Correspondentemente, o
Sultão Otomano, Bayezid II, estava tão deleitado com a
expulsão dos Judeus de Espanha e sua chegada à Turquia
que é relatado que ele “sarcasticamente agradeceu a
Fernando por lhe enviar alguns dos seus melhores súditos,
assim empobrecendo suas próprias terras enquanto
enriquecendo as suas (de Bayezid)”.189 Outra fonte relata
que “quando o Rei Fernando que expeliu os Judeus de
Espanha foi mencionado na sua presença [de Bayezid], ele
disse: ‘Como podeis considerar o Rei Fernando um sábio
governante quando ele empobreceu sua própria terra e
enriqueceu a nossa?’”190
Nova e novamente, descobrimos que não é a nossa
astúcia que nos concede o favor da nação. Em vez disso, é
nossa união, pois a nossa união projeta sobre eles a luz, ou
em vez disso o deleite que eles supostamente receberiam
através de nós no pensamento da Criação. Nas palavras do
escritor e pensador, Rabi Hillel Tzaitlin, “Se Israel é o
verdadeiro redentor do mundo inteiro, deve primeiro
redimir sua própria alma ... Mas como redimirá sua
alma? ...Irá a nação, que está em ruínas tanto em matéria e
em espírito, se tornar uma nação feita inteiramente de
redentores? ...Para esse propósito, desejo estabelecer com
-123-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

este livro a ‘união de Israel’ ... Se fundada, a unificação de


indivíduos será pelo propósito da ascensão interior e uma
invocação para correções para todos os males da nação e
do mundo”.191
Certamente, até se clamarmos todo o Prémio Nobel
daqui até ao Juízo Final, por todos os benefícios que as
concretizações cientificas trazem à humanidade, não
ganharemos crédito mas aversão. Podemos produzir os
melhores físicos, os mais ilustres economistas, os mais
brilhantes cientistas, e os mais inovadores empresários,
mas até que produzamos a luz, o poder que suscitamos
através da união, as nações nunca nos aceitarão, e nós
nunca justificaremos nossa existência neste planeta.

ALEMANHA NAZI:
HORROR PARA ALÉM DAS PALAVRAS

Como salientado anteriormente no capítulo, outro


exemplo notável da assimilação e rejeição Judia tomou
lugar na Alemanha, precedendo e durante a 2ª Guerra
Mundial. As consequências horrendas do desdobrar que
tomou lugar na Alemanha foram cuidadosamente
discutidas e analisadas, e não há muito a acrescentar sobre
o que tomou lugar. O que devemos salientar, contudo, é a
repetição dos culpados que afetaram a Inquisição
Espanhola e derradeira expulsão da Espanha.
Historicamente, a Judiaria Alemã não desfrutou da
liberdade e afinidade com que seus ducados anfitriões e
alemães e cidades como fizeram os Judeus na Espanha. Em
vez disso, durante séculos eles vagueariam de cidade em
cidade, residindo onde permitido, sempre sob duras
restrições e discriminação, e por vezes, tais como durante as
Cruzadas, sofrendo perseguição, expulsão e até massacres.

-124-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

E todavia, começando do século XVI, em tandem com


o Renascimento, os Judeus na Alemanha desfrutaram de
paz relativa. Enquanto não receberam estatuto igual ou
cidadania de suas cidades anfitriãs ou ducados, foram
deixados para conduzir suas próprias vidas relativamente
ininterruptamente e separados do resto da sociedade
Alemã.
“Por trás de suas paredes do gueto”, escreve Sol
Scharfstein em Compreendendo a História Judaica: Do
Renascimento ao Século XXI, “seguindo suas próprias
tradições e seu próprio modo de vida, os Judeus
enfrentavam as tempestades dos séculos que seguiram, as
contendas entre Cristãos, entre igrejas e príncipes, e as
guerras e revoluçõ es desencadeadas pelas novas condições
e novas ideias.
“... [o Papa] João Paulo IV argumentou que era tolo
que os Cristãos fossem amigos de um povo que não havia
aceito Cristo como seu salvador. Numa bula papal ele
decretou que Judeus que viviam em áreas controladas pela
igreja fossem confinados aos guetos. Eles seriam permitidos
abandonar o gueto durante o dia para ir trabalhar, mas
proibidos de estar fora nos outros tempos. Os portões do
gueto seriam fechados à noite e em feriados Cristãos”, e os
portões foram “...guardados por vigilantes não-Judeus que
controlavam a entrada e saída daqueles aprisionados lá
dentro”.192
Mas contrária à crença popular, inicialmente os guetos
Judeus não eram obrigatórios. Isso veio mais tarde, assim
que os Judeus já estavam concentrados nas suas áreas de
residência. O reconhecido historiador, Salo Wittmayer
Baron, escreveu que “Os Judeus tinham menos deveres e
mais direitos que a grande massa da população. ...Eles
podiam mover-se livremente de lugar para lugar com
-125-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

algumas exceções, podiam casar com quem quer que


quisessem, tinham seus próprios tribunais e eram
julgados de acordo com suas próprias leis. Até em casos
misturados com não-Judeus, não no tribunal local mas
frequentemente um juiz especial nomeado pelo rei ou
certo alto oficial tinha competência”193
Algumas páginas mais tarde, continua Prof. Wittmayer
Baron, “...A comunidade Judaica desfrutava de completa
autonomia interna. Complexa, isolada, num sentido
estranha, foi deixada mais severamente sozinha pelo Estado
que maioria das empresas. Assim, a comunidade Judia dos
dias pré-Revolucionários tinha mais competência sobre
seus membros que o Estado Federal moderno, e os
governos Municipais combinados [relevante para 1928, ano
da publicação]. Educação, administração da justiça entre
Judeu e Judeu, taxação para propósitos comunitários,
saúde, mercados, ordem pública, estavam todos dentro da
jurisdição da comunidade-empresa, e em acréscimo, a
comunidade Judia era o manancial do trabalho social de
uma qualidade geralmente superior ao de fora da Judiaria.
“...Uma fase desta existência empresarial geralmente
considerada pela Judiaria emancipada como um mal não
mitigado era o Gueto. Mas não deve ser esquecido que o
Gueto cresceu voluntariamente como resultado da
autogovernação Judia, e que foi somente num
desenvolvimento tardio que a lei pública interferiu e tornou
-o uma obrigação legal que todos os Judeus vivessem num
distrito isolado”.194
Assim, dependendo uns dos outros para sua
subsistência, os Judeus se aproximaram, cultivaram sua
própria literatura e viviam modesta e piamente.
-126-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

Novamente, vemos que quando os Judeus se unem, eles


estão desarmados. E novamente, vemos que quando coesão
e união não são as escolhas dos Judeus na vida,
circunstâncias o impõem sobre eles do exterior. Embora
coagida, é sempre união que os mantém seguros.
E todavia, apesar da segurança fornecida pela união, e o
fato de que os Judeus, como Prof. Grant anotou, são
“inassimiláveis,” assim que a porta abre e os Judeus
recebem permissão ao exterior, eles começam a se misturar
da mesma maneira que trouxe sobre eles a calamidade na
Espanha - assimilação cultural, e, pior ainda, assimilação
religiosa. De algum modo, sempre parecemos esquecer as
palavras de nossos sábios, que repetidamente afirmam,
“Quando eles [Israel] são como um homem com um
coração, eles são como um muro fortificado contra as forças
do mal”.195 Certamente, como demonstramos através deste
livro, a negligência da união foi o que causou a ruína do
Templo e a dispersão do povo da sua terra, e certamente
toda a calamidade que atingiu os Judeus desde então.
À medida que a emancipação Judia progrediu e os
Judeus Alemães foram permitidos na sociedade Alemã
Cristã, eles gradualmente se tornaram distantes de suas
raízes espirituais. Perto do final do século XVIII, eles
estavam tão dispostos a ser admitidos na sociedade Cristã
que virtualmente fariam tudo para ser aceitos. Assim, de
acordo com os professores em cultura e história Judaica,
Steven J. Zipperstein da Universidade de Stanford e
Jonathan Frankel da Universidade Hebraica de Jerusalém,
em 1799, só alguns anos depois do começo da emancipação
Judaica, David Friedlander, um dos líderes mais
proeminentes da comunidade Judaica, foi tão longe ao
sugerir que os Judeus de Berlim se converteriam ao
-127-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Cristianismo em massa.196
Mas sequer sem converterem, os Judeus Alemães
estavam dispostos a abdicar de tudo o que os seus
antepassados tinham como sagrado. “Em prol de provar a
lealdade absoluta dos Judeus ao estado e país,” escreve
Zipperstein e Frankel mais tarde no seu livro, “[os Judeus]
estavam prontos para remover do livro de orações
qualquer referência à antiga esperança de um regresso à
antiga pátria na Palestina e interpretar a dispersão dos
Judeus pelo mundo não como Exílio mas como um valor
positivo, como um modo para os Judeus transportarem a
mensagem da ética monoteísta a toda a humanidade,
como uma missão divinamente ordenada. Assim, o
movimento Reformista tornou possível afirmar que os
Judeus constituíam uma comunidade rigidamente
religiosa despojada de todos os atributos nacionais, que
eram Alemães (ou Polacos ou Franceses, como pode ser o
caso) do ‘Mosaico da persuasão.’ Deste modo, o Judaísmo
reformista tornou-se o símbolo, como ele foi, de uma
prontidã o para comerciar crenças da antiguidade em
troca de igualdade civil e aceitação social”.197
A abdicação da conexão dos Judeus a Sião, a terra de
Israel e o desejo pelo Criador - a Lei da Doação, simboliza
mais que qualquer outra coisa a extensão à qual os Judeus
Alemães haviam se alienado da sua herança. Como vimos
muitas vezes, e como aprendemos dos ensinamentos dos
nossos sábios durante a história, assim que os Judeus
abandonam voluntariamente o seu papel, eles são forçados
de volta a ele pelas próprias nações dentro das quais eles
almejam se misturar.
Acontece que, os Judeus Alemães não sabiam deste
fato. Eles estavam em exílio, banidos da qualidade de
doação e esquecidos da sua tarefa. Eles foram ignorantes
-128-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

no seu erro que no minuto em que trocaram coesão pela


aceitação da sociedade geral, colocavam seu futuro e o
futuro de seus filhos no caminho danoso. Embora ninguém
pudesse prever a magnitude do horror que cairia sobre eles,
o caminho para ele havia sido pavimentado, e sua conduta
continuou a sustentá-lo.
Desde aproximadamente 1780 até 1869, apesar de
vários atrasos, o avanço gradual da emancipação Judaica
tomou lugar. Eventualmente, “A lei da igualdade foi
passada pelo Parlamento na Confederação da Alemanha do
Norte em 3 de Julho, 1869. Com a extensã o desta lei aos
estados unidos dentro do Império Alemão, a luta dos
Judeus Alemães pela emancipação alcançou o sucesso”.198
Mas o preço do sucesso foi o completo abandono de
tudo o que havia mantido os Judeus juntos. De acordo com
Werner Eugen Mosse, Professor Emérito de História
Europeia na Universidade de Anglia do Leste, “Em 1843, a
primeira sociedade de Reformismo radical - rejeitando
circuncisão e evocando a mudança do Shabat Judaico para
o Domingo - veio à existência em Frankfurt. ...Nas duas ou
três décadas seguintes, o movimento religioso de
Reformismo reestruturaria o serviço religioso na maioria
das grandes comunidades e desenvolveria o movimento
religioso Liberal que dominou a Judiaria Alemã do século
vinte.
“...A pressão de integração social na sociedade geral
conduziu muitos a abandonar práticas que eles sentiam que
levantavam uma barreira contra as relações sociais (por
exemplo as leis dietéticas), enquanto a necessidade de ser
economicamente competitivo forçou muitos a fazer
negócios no sábado, o Shabat Judaico. Em acréscimo,
muitos Judeus aculturados se encontraram a si mesmos

-129-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

repelidos pelo serviço tradicional Judaico por razões


estéticas”.199
“Outro aspecto do Reformismo proximamente ligada à
educação”, continua o Prof. Eugen Mosse, “foi a nova
cerimónia da confirmação. Esta cerimónia, baseada em
modelos Cristãos, destinava-se a suplementar (ou mais
raramente, substituir) o tradicional Bar Mitzvá. Tantas
meninas como meninos, ao se formarem na escola religiosa,
lhes era dada uma prova oral pública sobre as bases da
religião Judaica e eram então abençoados pelo rabino e
formalmente introduzidos ao Judaísmo”.200
Assim, tal como aconteceu na Espanha alguns quatro
séculos antes, os Judeus Reformistas estavam com efeito se
tornando “conversos Ashkenazi”. De acordo com Donald L.
Niewyk, Professor Emérito de História na SMU, “A vasta
maioria dos Judeus era apaixonadamente comprometido ao
bem-estar da sua única Pátria, a Alemanha”.201
E tal como aconteceu na Espanha, quando a maré
começou a se virar contra os Judeus, e o antissemitismo
começa a aumentar na República de Weimar da Alemanha,
os Judeus foram alegremente esquecidos aos alarmes
soantes. “Nem uns poucos viram o antissemitismo como
um benefício positivo que podia impedir os Judeus da
gradual amalgamação com a sociedade maior e derradeiro
desaparecimento como um grupo religioso distinto,” narra
o Prof. Niewyk.202 Sem reparar que deixar as nações nos
mantem juntos em vez de o fazermos nós mesmos traz
inimagináveis consequências, Dr. Kurt Fleischer, o líder dos
Liberais na Assembleia da Comunidade Judaica de Berlim,
argumentou em 1929 que “Antissemitismo é o flagelo que
Deus nos enviou em prol de nos conduzir juntos e nos
manter juntos”.203 Isto, novamente, prova certas as
anteriormente citadas palavras do Prof. Cohn-Sherbok: “O
-130-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

paradoxo da vida Judaica é que ... sem antissemitismo,


podemos estar condenados à extinção”.204 Certamente,
quão tragicamente todas elas são.
Como acabou por ser, Hitler, também, pensou que o
Criador usava os Nazis para fazer a Sua obra. Em Mein
Kampf, ele escreveu palavras semelhantes à afirmação
mencionada acima de Isabel, rainha da Espanha, sobre o
Senhor punir os Judeus através do rei: “A Natureza Eterna
inexoravelmente vinga a infracção dos seus mandamentos.
Assim hoje acredito que estou a gindo de acordo com a
vontade do Todo-Poderoso Criador: ao defender a mim
mesmo contra o Judeu, estou lutando pela obra do
Senhor”.205
Uma vez que o Criador é a qualidade do amor e
doação, o surgimento dos Judeus dos guetos expôs seu
exílio dessa qualidade. Consequentemente, em vez de
trazer solidariedade e responsabilidade mútua a suas
sociedades anfitriãs, eles espalhavam egoísmo, que é
ruinoso a qualquer sociedade, e desta forma foram
encontrados com intolerância e repulsa pouco depois da
sua aceitação. O filósofo e antropólogo Alemão, Ludwig
Feuerbach, liga os Judeus ao egoísmo da seguinte maneira:
“Os Judeus foram mantidos na sua peculiaridade até este
dia. Seu pri ncípio, seu Deus, é o princípio mais prático no
mundo - nomeadamente egoísmo. E além do mais,
egoísmo na forma de religião. Egoísmo é o Deus que não
deixa seus servos chegarem à vergonha. Egoísmo é
essencialmente monoteísta, pois ele só tem um, único eu,
como o seu fim”.206
Certamente, quem acolheria tamanha ameaça para a
sociedade? É precisamente esse egoísmo que causa que
toda e cada nação dentro da qual vivemos a repensar, e
-131-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

eventualmente se arrepender e repelir sua abertura.


A única coisa que tornou os judeus únicos e
poderosos nos tempos antigos foi sua união, seu altruísmo,
e como demonstramos, essa foi a única coisa que Abraão e
Moisés desejavam dar ao mundo. Inicialmente as nações
acolhem-nos no seu meio, subconscientemente esperando
que partilhemos com elas essa qualidade. Mas ao descobrir
que lhes estamos a dar o oposto, sua alegria torna -se
desilusão e cólera. Enquanto continuarmos a desiludir as
nações, continuaremos a receber o mesmo tratamento, e a
tendência demonstra que os meios pelos quais elas
mostrarão sua desilusão se tornarão cada vez mais duros.

A TERRA DAS
POSSIBILIDADES ILIMITADAS

Assim que impregnado como uma força principal na


Alemanha, o Judaísmo Reformista espalhou-se para os
Estados Unidos, Hungria e u m número de países na
Europa Ocidental. Este foi um resultado da emancipação
da Judiaria Alemã.207 Um processo semelhante de
dispersão ocorreu com o Judaísmo Conservador,208 e as
duas denominações se tornaram as forças religiosas
predominantes na Judiaria dos Estados Unidos a meio dos
anos 1800.
Em Resposta à Modernidade: Uma História do
Movimento do Reformismo no Judaísmo, o Professor
Michael A. Meyer da HUC escreve que o Judaísmo
Reformista na Alemanha constantemente teve de se
defender a si mesmo de tanto o estabelecimento Ortodoxo
impregnado e da intervenção governamental, estes
impedimentos não existiam nos EUA. “Verdadeiramente,
individual e coletivamente, os Americanos não eram
-132-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

inteiramente livres do preconceito”, Meyer acrescenta,


“mas nos Estados Unidos não havia controle
governamental sobre a religião, nenhuma igreja
conservadora estabelecida para definir o padrão da vida
religiosa”.209
Em Resposta à Modernidade: Uma História do
Movimento do Reformismo no Judaísmo, o Professor
Michael A. Meyer da HUC escreve que o Judaísmo
Reformista na Alemanha constantemente teve de se
defender a si mesmo de tanto o estabelecimento Ortodoxo
impregnado e da intervenção governamental, estes
impedimentos não existiam nos EUA. “Verdadeiramente,
individual e coletivamente, os Americanos não eram
inteiramente livres do preconceito”, Meyer acrescenta, “mas
nos Estados Unidos não havia controle governamental
sobre a religião, nenhuma igreja conservadora estabelecida
para definir o padrão da vida religiosa”.209
Assim, o Judaísmo Reformista e Conservador encontra
na América uma terra de possibilidades ilimitadas. A
mentalidade da amalgamação com a sociedade anfitriã,
predominantemente Cristã, finalmente encontrou solo fértil
no qual crescer. De acordo com o Prof. Meyer, “Judeus
Alemães nunca conseguiram sentir que eram realmente
parceiros em moldar o destino da nação com a qual eles
tanto se identificaram. Os Estados Unidos eram diferentes
neste respeito também. Como todas as principais nações
Europeias tinha achado seu próprio sentido profundo de
missão, mas essa missão repousava sobre um destino não só
não concretizado mas nem sequer totalmente determinado.
Na América, os Judeus Reformistas podiam sentir que seu
próprio conceito de missão podia ser cozido num sentido de
propósito nacional rudimentar ainda maior”.210

-133-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Certamente, com a óbvia exceção de Israel, a


contribuição dos Judeus para a formação de uma nação
nunca foi mais substancial do que foi, e ainda é nos Estados
Unidos. Seja na economia, entretenimento, educação,
política ou qualquer outro aspecto da vida Americana, os
Judeus desempenham um papel principal, se não condutor.
Nunca em toda a história estiveram os Judeus numa
posição melhor para concretizar o papel para o qual foram
escolhidos. Eles estão embutidos em cada canto da vida
pública Americana e impregnados nos meios que
determinam o discurso público e a opinião pública.
Considerando a predominância da cultura Americana
mundialmente, os Judeus conseguem agora afetar
mudanças que impactarão o mundo inteiro.
Colocando-o diferentemente, apesar do antagonismo
para os Estados Unidos vindo de outras nações poderosas, a
cultura global - e desta forma os padrões sociais - são ainda
predominantemente Americanos. Os filmes dominantes
vêm da América, a música pop vem principalmente da
América, os principais canais de notícias vêm da América, e
a Internet é dominada por empresas Americanas tais como
a Google, Facebook, Microsoft, e Apple. Neste sentido, a
América é para o mundo o que Nova Iorque é para a
América - se você conseguir lá, conseguirá em qualquer
lugar.
Os Judeus Americanos, desta forma, transportam uma
responsabilidade maior por oferecer o que devem que
qualquer outra Judiaria, talvez excluindo a do estado de
Israel. Se a Judiaria Americana se une e projeta os valores
da garantia mútua, o resto da sociedade Americana seguirá.
Hoje, muitos Americanos não compreendem que os
princípios sobre os quais o Sonho Americano foi formado
já não são verdadeiros. O egoísmo feroz e um sentido
-134-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

excessivo de benefício pessoal consumiram tudo o que era


bom sobre a liberdade de dizer o que se pensa, iniciar,
trabalhar duro e ter sucesso e viver pela sua fé.
Há tanta violência, desconfiança, competição e
exploração na sociedade americana que a menos que uma
grande mudança ocorra muito em breve, a sociedade vai
implodir. E se isso acontecer, os Judeus, como sempre, serão
tidos como culpados. Argumentos sobre a contribuição
Judaica para a ciência, cultura e economia serão refutados, e
os Judeus serão os óbvios malfeitores aos olhos de todos.
Antissemitismo que sempre esteve latente durante várias
gerações rugirá para a superfície, e a repetição dos horrores
da Alemanha Nazi não podem ser descartados.
Como vimos no decorrer deste livro, Judeus e não-
Judeus em semelhança são profundamente conscientes de
que os Judeus são essencialmente uma força de ação, uma
unidade construída para uma missão muito específica. Em
1976 na Conferência Central de Rabinos Americanos
(CCAR) adoptou uma plataforma que era intitulada,
“Judaísmo Reformista: Uma Perspectiva Centenária”. Nessa
plataforma a conferência anunciava, “Aprendemos que a
sobrevivência do povo Judeu é a mais alta prioridade e que
ao levar a cabo nossas responsabilidades Judaicas, ajudamos
a mover a humanidade para sua concretização
messiânica”.211
Certamente, atualmente, o povo Judeu são a única
nação dentro da qual coesão e subsequente revelação,
realização e aquisição da qualidade do Criador, a qualidade
da doação, são possíveis. Nossa “concretização messiânica,”
quer as delegações da conferência estivessem conscientes
disso ou não, é para que todas as nações obtenham as
qualidades supra mencionadas e desfrutarem de seus
benefícios. Até que concretizemos nosso papel o mundo
-135-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

continuará a culpar-nos de cada adversidade e apuro que


cai sobre ele. E quanto mais evitamos nossa missão, mais
duramente eles nos forçarão de volta a ele.
O profeta Jonas deve ser um lembrete para cada Judeu
que nossa vocação está pré- ordenada e não é negociável.
Podemos segui-la voluntariamente e colher seus
benefícios, ou segui-la involuntariamente e colher as
punições do mundo, como a história provou tantas vezes.
Num espírito muito disposto, a seção final da
plataforma é adequadamente intitulada, “Esperança:
Nossa Obrigação Judaica”, Nessa secção, a CCAR assume
um compromisso soberano (ênfases são do editor):
“...nosso povo sempre recusou desesperar. Os
sobreviventes do Holocausto, sendo concedidos com a
vida, seguravam-na, nutriam-na, e, se elevando acima da
catástrofe, demonstraram à humanidade que o espírito
humano é indominável. O Estado de Israel ... demonstra o
que um povo unido consegue concretizar na história. A
existência do Judeu é um argumento contra o desespero; a
sobrevivência Judaica é uma garantia para a esperança
humana.
“Nós permanecemos testemunhas de Deus de que a
história não é sem sentido. Nós afirmamos que com a
ajuda de Deus as pessoas não são impotentes para afetar
seu destino. Nós nos dedicamos a nós mesmos, como
fizeram as gerações de Judeus que vieram antes de nós, de
trabalhar e esperar esse dia em que ‘Eles não magoarão ou
destruirão de todo Minha montanha sagrada pois a terra
estará cheia do conhecimento do Senhor como as águas
cobrem o mar”.212
Certamente, a história, especialmente a história
Judaica, não é sem sentido. Ela tem um propósito
educativo: nos ensinar nosso papel na vida e nos mostrar o
-136-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

caminho certo a partir do caminho errado, o caminho


doce do doloroso. Todavia, é nossa escolha por que
caminho queremos avançar.
Na sua “Introdução ao Livro do Zohar”, o Cabalista do
século XX, Baal HaSulam, relaciona-se especificamente ao
papel do povo Judeu deste tempo: “Tenha em mente que
em tudo há interioridade e exterioridade. No mundo em
geral, Israel, os descendentes de Abraão, Isaac e Jacob, são
considerados a interioridade do mundo [mais próximos ao
Criador], e as setenta nações [o resto das nações] são
consideradas a exterioridade do mundo. ...Também, há
interioridade em cada pessoa de Israel - a Israel no interior
- que é o ponto no coração [desejo pelo Criador, pela
doação] e há exterioridade - as Nações interiores do Mundo
[todos os outros desejos]...
“Quando uma pessoa de Israel aumenta e dignifica a
sua interioridade, que é a Israel nessa pessoa, sobre a
exterioridade, que são as Nações do Mundo nela ... ao assim
fazer, um faz os filhos de Israel pairar acima em
interioridade, e exterioridade do mundo também. Então as
nações do mundo ... reconhecem e admitem o valor dos
filhos de Israel.
“E se, Deus proíba, for ao contrário, e um indivíduo de
Israel aumenta e valoriza a sua exterioridade, que são as
nações do mundo nele, mais que a Israel interior nele, como
está escrito (Deuteronômio 28), ‘O estranho que está no
meio de vós’. Ou seja a exterioridade nessa pessoa sobe e
paira, e você mesmo, a interioridade, o Israel em si, se
afunda? Com estas ações, se causa a exterioridade do
mundo em geral - as nações do mundo - a pairarem cada
vez mais alto e superarem Israel, os degradando até ao chão,
e os filhos de Israel, a interioridade do mundo, a mergulhar
no fundo.
-137-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

“Não fique surpreso que as ações de uma pessoa tragam


elevação ou declínio ao mundo inteiro, pois é uma lei
inquebrável que o geral e o particular são tão idênticos
como duas ervilhas numa vagem. E tudo o que se aplica ao
geral, se aplica ao particular, também. Além do mais, as
partes perfazem o qu e se encontra no todo, pois o geral
pode aparecer somente após a aparição das partes nele,
correspondendo à quantidade e qualidade das partes.
Evidentemente, o valor de uma ação de uma parte eleva ou
declina o todo inteiro”.213
Além do mais, continua Baal HaSulam, “Quando se
aumenta o trabalho na interioridade da Torá e seus segredos
[esforço para alcançar o Criador], a essa extensão a pessoa
faz a virtude da interioridade do mundo - que são Israel -
pairar alto acima da exterioridade do mundo, que são as
Nações do Mundo. E todas as nações reconhecerão e
admitirão o mérito de Israel sobre elas, até à realização das
palavras, ‘E o povo os tomará, e os trará ao seu lugar: e a
casa de Israel os possuirá na terra do Senhor’ (Isaías 14, 2), e
também ‘Assim disse o Senhor Deus, Eis, Eu levantarei
minha mão para as nações, e definirei meus padrões aos
povos: e elas vos trarão vossos filhos nos seus braços, e
vossas filhas serão transportadas nos seus ombros’ (Isaías
49:22).
“Mas se, Deus proíba, é ao contrário, e uma pessoa de
Israel degrada a virtude da interioridade da Torá e seus
segredos, que lida com a conduta de nossas almas e seus
graus [realização do Criador e a transmissão dessa
realização] ... [as nações] humilharão e desgraçarão os filhos
de Israel, e considerarão Israel como supérflua, como se o
mundo não tivesse necessidade deles”.214

-138-
C APÍTULO 7: S INOS M ISTURADOS

Quando isso acontece, acrescenta ele, “a exterioridade


do mundo inteiro, sendo as Nações do Mundo, se
intensificam e revogam os Filhos de Israel - a interioridade
do mundo. Em tal geração, todos os destruidores do Mundo
levantam suas cabeças e desejam principalmente destruir e
matar os Filhos de Israel, como está escrito (Yevamot 63),
‘Nenhuma calamidade vem ao mundo senão por Israel. ‘
Isto significa que, como está escrito acima nas correções,
que eles causam pobreza, ruína, roubo, assassínio e
destruição do mundo inteiro.”215
Em conclusão, se levarmos a cabo nosso papel e
passarmos a luz da benevolência ao mundo, a qualidade do
Criador, a interioridade de que Baal HaSulam fala, então “a
interioridade das Nações do Mundo, os Justos das Nações
do Mundo, dominarão e submeterão sua exterioridade, que
são os destruidores. E a interioridade do mundo, também,
que é Israel, subirá no seu mérito e virtude sobre a
exteriorida de do mundo, que são as nações. Então todas as
nações do mundo reconhecerão e admitirão o mérito de
Israel sobre elas.
“E eles seguirão as palavras (Isaías 14:2), ‘E as pessoas
os tomarão, e os trarão ao seu lugar: e a casa de Israel os
possuirá na terra do Senhor”. E também (Isaías 49:22), “E
eles trarão vossos filhos nos seus braços, e vossas filhas
serão carregadas nos seus ombros”.216 (Repetição das
citações está no texto original.)
Pode parecer uma tarefa robusta para um número tão
pequeno de pessoa s fazerem diferença tão grande no
mundo, mas na verdade, o sucesso enquanto uma nação e
no sucesso de nossa missão, o próximo capítulo será
dedicado às palavras de nossos sábios durante as eras como
eles descrevem seus pensamentos sobre união.
Subsequentem ente, examinaremos o meio pelo qual
podemos alcançar essa união.
-139-
CAPÍTULO 8

Juntos para Sempre


União, União e União Novamente

C
omo foi dito no decorrer do livro, união tem sido
o “seguro” de Israel contra todos os males, a
derradeira panaceia. E todavia, por agora nosso
egoísmo evoluiu tanto que não conseguimos manter mais
a união a menos que nossa própria sobrevivência dependa
dela. Este defeito foi reparado por amigos e inimigos em
semelhança.
Num jornal que ele publicou em Junho de 1940, Baal
HaSulam sublinhou que nossos problemas vêm da falta
de união. Ele escreveu que nós somos “como uma pilha
de nozes, unidas num único corpo apenas por fora,
dentro de um saco que as embrulha e agrega”.217
Contudo, ele continua, “Essa medida de união não faz
deles um corpo uniforme, e até o mais ligeiro movimento
do saco inflige algazarra e separações entre eles, pelas
quais eles chegam a constantes unificações e separações
-141-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

parciais. Tudo o que falta é a unificação natural de dentro,


e o poder de sua uniã o deriva de situações externas. A
respeito de nós, é uma questão muito dolorosa”.218
No Capitulo 5 mencionamos o ensaio de Baal
HaSulam, “Há Um Certo Povo,” no qual ele escreve que
Hamã dependia da separação dos Judeus uns dos outros
como a chave para seu triunfo sobre eles. Hamã sabia que a
separação entre eles significava que eles eram também
separados do Criador, a qualidade de doação, a força que
cria a realidade. Por esta razão, Hamã acreditava que ele
podia explorar a fraqueza dos Judeus para se livrar deles.
Para muito seu arrependimento, Mordecai percebeu esse
perigo tão bem como Hamã, e “foi corrigir esse defeito,
como é explicado no versículo, ‘os Judeus se reuniram,’ etc.,
‘para reunirem a si mesmos juntos, e se ergueram por suas
vidas’. Isto é, eles se salvaram a si mesmos ao se unirem.”219
Um “Hamã,” mais contemporâneo, Adolf Hitler,
também notou o traço de união nos Judeus, e notou a falta
dele entre nós hoje. Em Mein Kampf, Hitler escreveu, “O
Judeu só está unido quando um perigo comum o força a
estar ou uma pilhagem comum o atiça, se estes dois
terrenos estão em falta, as qualidades do mais grosseiro
egoísmo se tornam suas próprias, e no piscar de um olho o
povo unido se torna uma horda de ratos, lutando
sangrentamente entre si mesmos”.220
Desta forma, antes de avançarmos para discutir como
podemos nós alcançar união e assim prevenir futuras
calamidades tais como aquelas que nosso povo
experimentou durante as gerações, dedicaremos este
capítulo a excertos de rabinos e acadêmicos Judeus de todas
as gerações. Estes nos recordarão do amplo acordo a
respeito da soberana importância da união e solidariedade.
Uma vez que nossa substância essencial é a vontade de
-142-
C APÍTULO 8: J UNTOS PARA S EMPRE

receber, para termos sucesso em nos unirmos, é vital que


primeiro queiramos a união, até se for meramente como
um escudo contra aflições, antes de sairmos por aí para
estabelecê-la. Abaixo estão as palavras inspiradoras de
nossos sábios.

U N I Ã O — O CO R A Ç Ã O E AL M A DE
ISRAEL

Embora Beit Shamai e Beit Hillel fossem disputadas, elas


tratavam-se uma à outra com afeição e amizade, para
manter o que foi dito (Zacarias 8), “Amor verdade e paz”.
Talmude Babilónio, Yevamot, Capitulo 1, par. 14b

Em Israel está o segredo da união do mundo. É por isso


que eles são chamados “homens”.
Rav Avraham Yitzhak HaCohen Kook (O Raiá),
Orot HaKodesh [Luzes da Santidade], Vol. 2, p 415

Foi estabelecido em Monte Sinai que os filhos de Israel se


tornaram uma nação. É por isso que está escrito, “Eu,” na
forma singular, porque à extensão da união entre eles, Sua
Santidade está presente sobre os filhos de Israel.
Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur), Sefat Emet
[Lábios Sinceros], VaYikra [Levítico], Parashat BeHar
[Porção, No Monte], TARLAV (1893)

É sabido que da perspectiva da mente, cada pessoa é um


indivíduo ... mas da perspectiva do coração, há união em
Israel.
Rabi Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel
[Um Nome de Samuel], Shemot [Êxodo], TAR’AH (1915)

-143-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Quando Israel entraram na terra, eles eram completamente


uma nação. A prova disso que e enquanto Israel não
atravessaram o Jordão e não chegaram à terra, eles não
foram punidos ... até que atravessaram e se tornaram
responsáveis uns pelos outros.
Assim, Israel não se tornaram responsáveis uns pelos
outros porque um é chamado Arev [fiador/responsável
por] quando um está Meorav [misturado/mesclado] com
outro, e Israel não se tornaram conectados para serem
inteiramente uma nação até que chegassem à terra e
estivessem juntos na terra, e tivessem um lugar, a terra de
Israel. E através da terra de Israel, eles são completamente
uma nação.
Judah Loewe ben Bezalel (o Maharal de Praga),
Caminhos Eternos, “Caminho da Retidão”, Capítulo 6

Porque as 600.000 almas de Israel estão todas atadas uma à


outra como uma corda entrelaçada, unidas como uma sem
separação, caso você abane o princípio da corda apertada,
você abanará toda ela. Desta forma, caso um homem
peque, cólera estará sobre a inteira congregação. A razão é
que todos de Israel são responsáveis um pelo outro.
...Aquele que mancha, mancha todas as almas de
Israel até que ele regresse para remendar o que ele havia
corrompido na sua alma. ...Isso significa que até que as
partes se relacionem umas às outras, elas não serão
separadas.
Rabi Eliyahu Di Vidash, Princípio da Sabedoria,
“Portão do Temor”, Capítulo 14

A alma ascende e se torna completa principalmente


quando todas as almas se misturam e se tornam uma, pois
então elas sobem para a santidade, pois santidade e
una. ...Desta forma, primeiro, a pessoa deve tomar sobre si
-144-
C APÍTULO 8: J UNTOS PARA S EMPRE

mesmo o mandamento, “Ama teu próximo como a ti


mesmo”, como nosso Rav escreveu que é impossível
proferir palavras de oração senão pela paz, quando um se
conecta com todas as almas de Israel.
Rabi Nathan Sternhertz, Likutey Halachot
[Regras Sortidas], “Regras da Sinagoga,” Regra nº. 1

Embora os corpos do todo de Israel estejam divididos,


suas almas são uma única união na raiz. ...É por isso que
Israel estão ordenadas à união dos corações, como está
escrito, “E Israel acamparam lá”, em forma singular [em
Hebraico], que significa que eles correspondiam abaixo,
ou seja que tinham união.
Rabi David Solomon Eibenschutz,
Salgueiros do Ribeiro, Nassô [Tomai]

A Israel não foi dada a Torá [Lei da Doação] antes que eles
tivessem adquirido completa união, como escrevemos a
respeito do versículo (Êxodo 19:2), “E Israel lá acamparam
perante a montanha”. Moisés também não receberia de
todo, como nossos sábios disseram, (Berachot [Bênçãos],
32a) que o Criador disse a Moisés a respeito do bezerro,
“Descei de tua grandeza, pois Eu te dei grandeza somente
por Israel”.
Rabi Moshe Alsheich, A Lei de Moisés,
sobre Deuteronômio, 33:4-5.

Quando Israel têm união, não há fim para seu alcance.


Rabi Elimelech Weisblum de Lizhensk,
Noam Elimelech [A Agradabilidade de Elimelech], Pinchas

-145-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

“Jerusalém que é construída como uma cidade que está


unida em conjunto” (Salmos, 122:3) — uma cidade que faz
todos de Israel amigos.
Talmude de Jerusalém, Hagigá, Capítulo 3, Regra 6

Vós, os amigos que aqui estão, como estivestes em afeição


e amor anteriormente, doravante não partireis um do
outro, até que o Senhor rejubile convosco e declare paz
sobre vós. E pelo vosso mérito haverá paz no mundo,
como está escrito, “Pelo bem de meus irmãos e amigos Eu
falarei, ‘Que paz esteja convosco’”.
Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam),
O Livro do Zohar com o Comentário Sulam,
Acharei Mot [Depois da Morte], item 66

UNIÃO — A SALVAÇÃO DE ISRAEL

A principal defesa contra a calamidade é amor e unidade.


Quando há amor, união e amizade entre cada um em
Israel, nenhuma calamidade pode vir sobre eles. ...Até se
adorarem ídolos, mas há conexão entre eles, e nenhuma
separação de corações, eles têm paz e quietude, e nenhum
Satã ou malfeitor, e todas as maldições e sofrimento são
removidas com isso [união].
Este é o significado do que se diz, “Vós estais de pé
este dia, todos vós”. Isto significa que embora haveis
escutado todas as ameaças da aliança que estão escritas
acima, vós estais de pé independentemente, e vós tereis
reanimação pelos vossos chefes, juízes, anciãos, oficiais e
todos os homens de Israel sendo todos com um coração e
amor... Através da conexão sereis capazes de caminhar
pelas ameaças e elas não vos alcançarão ou prejudicarão de
todo.
-146-
C APÍTULO 8: J UNTOS PARA S EMPRE

“Que Ele vos estabeleça hoje como Seu povo” significa


que com isso tereis reanimação, vós sereis salvos de todas
as calamidades. Posteriormente Ele lhes disse, “Agora não
somente convosco estou Eu a fazer esta aliança”, ou seja
que serem salvos de qualquer mal pela conexão não foi
prometido somente à geração de Moisés. Em vez disso,
“Mas com aqueles que se levantam aqui conosco hoje ... e
com aqueles que não estão aqui hoje conosco” ou seja que
a todas as gerações futuras lhes foi prometido — passar
através de todas as ameaças da aliança, e elas não serão
magoadas, através da união e conexão que estarão entre
elas.
Rabi Kalonymus Kalman Halevi Epstein,
Maor VaShemesh [Luz e Sol], Nitzavim [Levante].

Somos ordenados em cada geração a fortalecer a união


entre nós para que nossos inimigos não governem sobre
nós.
Rabi Eliyahu Ki Tov,
O Livro da Consciência, Capítulo 16

O Senhor disse para David: “Quando problemas caem


sobre Israel por suas iniquidades, deixai-os se encontrar
perante Mim numa associação e confessar suas
iniquidades perante Mim... Quando Israel se reúnem
perante Mim e se encontram perante Mim em uma
associação, e dizem perante Mim uma oração por perdão,
Eu lhes conced erei”.
Tanna Devei Eliyahu Zuta, Capítulo 13

Quando um se inclui a si mesmo com todos de Israel e


união é feita, o Senhor está presente na união. Nessa altura
nenhum mal virá até vós.
Rabi Menahem Nahum de Chernobyl,
Maor Eynaim [Luz dos Olhos], VaYetzê [E Jacó Saiu]

-147-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Quando eles [Israel] querelam e há união entre eles


independentemente, então união é mais preciosa. Foi por
isso que “Moav estava em grande temor do povo”, pois
embora ele estivesse a querelar, ele ainda é Ele (forma
singular), daí o “grande temor”.
Rabi Moshe Taitelboim,
Yishmach Moshe [Rejubile Moisés], Balak, par. 71b

Desta forma, ele disse, “Reúnam-se juntos e escutem, vós


filhos de Jacob” precisamente “Reúnam-se juntos”, pois ele
revelou para eles que o principal elemento da correção é o
conselho de se reunirem juntos, ou seja que lá haverá
união, amor e paz em Israel, que eles se reunirão juntos
para falarem um ao outro do propósito final. Assim eles
serão recompensados com completude do conselho, pois
Israel e a Torá [Lei da Doação] são todos um, à extensão
da paz e união em Israel.
Rabi Nathan Sternhertz,
Likutey Halachot [Regras Sortidas],
“Regras do Nove de Av e Jejuns”, Regra nº. 4

Assim, Israel são uma congregação sagrada e uma


associação, como um homem com um coração. Então,
quando união restaurar Israel como antes, Satã não terá
lugar no qual colocar erro e forças externas. Quando eles
são como um homem com um coração, pois eles são como
uma muralha fortificada contra as forças do mal.
Rabi Shmuel Bornstein,
Shem MiShmuel [Um Nome de Samuel], VaYakhel
[E Moisés Reuniu], TAR’AV (1916)

Esta é a responsabilidade mútua sobre a qual Moisés


trabalhou tão arduamente antes de sua morte, para unir os
filhos de Israel. Todos de Israel são os fiadores
C APÍTULO 8: J UNTOS PARA S EMPRE

[responsáveis] uns dos outros, ou seja que quando todos


estão juntos, eles veem somente o bem.
Rabi Simcha Bonim Bonhart de Peshischa,
Uma Voz Transmissora, Parte 1, Balak

Todas as almas de Israel estão em completa união e no


mesmo nível, como uma caravana que viaja no deserto
entre bestas malditas sem braços com armas e outras
tácticas, mas as bestas malditas têm medo de se aproximar
deles. Mas quando eles viajaram do lugar de onde haviam
parado, e um homem lá ficou sozinho, e ele foi
prontamente condenado à morte pelos animais pois ele
havia se separado de seu grupo.
Rabi David Solomon Eibenschutz, Salgueiros do Ribeiro
(sobre Rosh Hashaná que ocorre no Shabat)

A base da impiosidade do mau Hamã, sobre a qual ele


havia edificado seu pedido ao rei para lhe vender os
Judeus ... é que ele havia começado a argumentar, “Há um
certo povo espalhado no estrangeiro e disperso”, etc. Ele
lançou sua imundice dizendo que essa nação merece ser
destruída, pois separação governa sobre eles, eles são todos
cheios de contendas e querelas, e seus corações estão longe
uns dos outros. Contudo, Ele colocou o curativo antes do
golpe [tomou medidas preventivas] ... ao acelerar Israel a
se unirem e aderirem uns aos outros, para todos serem
um, como um homem, e isto foi o que os salvou, como no
versículo, “Vão, reúnam juntos todos os Judeus”.
Rabi Azarya Figo, Biná LeItim
[Compreensão para Ocasiões], Parte 1, Sermão 1 para Purim

Porque eles pecaram, essa força de união foi tirada dos


ímpios e foi da da aos filhos de Israel. Esta foi a grande
misericórdia que sempre nos devemos de recordar.
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Também, devemos confiar nela porque nossa intenção é


boa, estamos certos de ter sucesso, uma vez que a força da
união ... nos assiste.
Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur),
Sefat Emet [Lábios Sinceros], Bereshit [Gênesis],
Parashat Noach [Porção, Noé], TARLAV (1875)

A questão da união social, que pode ser a fonte de cada


alegria e sucesso, se aplica particularmente entre corpos e
questões corpóreas nas pessoas, e a separação entre elas é a
fonte de cada calamidade e infortúnio.
Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam),
Os Escritos de Baal HaSulam, “A Liberdade,” pg. 426

UNIÃO SIGNIFICA REDENÇÃO

Elias vem somente para corrigir a carência que estava


presente no tempo de sua chegada. E por isso que Elias
vem principalmente para resolver a disputa, pois isso
certamente une e ata Israel como um, até que eles sejam
dignos de redenção do exílio. Isso assim é porque Israel
não são redimidos do exílio até que eles sejam
completamente como um, como se diz no Midrash, que
Israel não são redimidos até que sejam como um.
Judah Loewe ben Bezalel (o Maharal de Praga),
Inovações de Lendas, Parte 4, Masechet Matrimônio, pg. 63

É uma coisa maravilhosa que dois profetas profetizaram


uma profecia muito significativa a respeito do tempo da
redenção: “E Eu lhes darei um coração” (Jeremias, 32:39,
Ezequiel, 11:19). Certamente, eles sabiam o que estavam a

-150-
C APÍTULO 8: J UNTOS PARA S EMPRE

profetizar, o diabo da separação do coração tem espreitado


a nossa nação desde tempos imemoriais.
Avraham Kariv, Atará LeYoshná [Restaurar a Glória Antiga],
“O Estado e o Espírito”, pg. 251

É também claro que o imenso esforço necessário de nós na


estrada acidentada à frente exige união tão forte e tão sólida
como o aço, de todas as facções da nação sem quaisquer
exceções. Se não sairmos com fileiras unidas para as
poderosas forças que se encontram no nosso caminho
então estamos condenados antes de sequer termos
começado.
Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam),
Os Escritos de Baal HaSulam, “A Nação”, pg. 487

-151-
CAPÍTULO 9

Pluralmente Falando
Afetando a Coesão Social

através do

Meio Social

P
erseguição e antissemitismo, ou seu termo mais
contemporâneo, Judeu fobia, têm sido a quota de
nosso povo durante (pelo menos) os passados dois
milênios. E todavia, como vimos pelo livro, o ódio aos
Judeus não nasceu do ar. Ele está enraizado na
fundamental embora normalmente inconsciente exigência
de cada ser humano sendo que os Judeus têm e os
empurrarão para a realização do propósito da vida: de
receber deleite ilimitado e prazer.
Até então discutimos a meta e o papel da nação
Judaica, e a razão para nossa angústia durante as eras.
Doravante discutiremos os princípios que precisamos de
seguir em prol de alcançar nossa meta, que coincide com a
meta da humanidade.

-153-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

O IMPULSO PELA SUPERIORIDADE

No Capitulo 2 apresentamos as palavras de nossos sábios a


respeito dos desejos fundamentais e a base da Criação, e os
quatro níveis que perfazem o desejo de receber.
Abreviadamente, dissemos que a realidade consiste de um
desejo de doar prazer e um desejo de receber. Aprendemos
desses sábios que o desejo de receber prazer está dividido
em quatro níveis, conhecidos como “inanimado”,
“vegetativo”, “animado” e “falante”. Contudo, ele ainda é
essencialmente um desejo que veste uma vestimenta
diferente em diferentes níveis de desenvolvimento.
Por exemplo, o desejo mais básico da existência é de
se sustentar a si mesmo. No nível humano, esse desejo
apareceria como estando contente com um abrigo, que
seja até uma pequena cabana, e o meio para se manter
quente, vestido e alimentado. Este é o nível inanimado do
desejo. Tal como os materiais inanimados que mantêm
seus átomos e moléculas juntos mas fazem muito pouco
mais, tal pessoa só desejará se sustentar a si mesma,
aparentemente “mantendo seus átomos e moléculas
juntas” e muito pouco mais.
No nível vegetativo do desejo, uma pessoa quererá
sustentar a si mesma no mesmo nível que todos os outros.
Como todas as plantas de certo tipo florescem e murcham
ao mesmo tempo, tal pessoa quererá fazer o mesmo que
todos na sua cidade ou aldeia ou seguir a última tendência
vista na TV. Se todos são pobres, essa pessoa não se sentirá
pobre enquanto que seu padrão de vida esteja a par com
aquele do meio ambiente social. E se a nova tendência em
roupa é usar o sapato esquerdo no pé direito, e vice-versa,
a pessoa do nível vegetativo estará mais confortável ao
-154-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

usar o sapato errado no pé errado, desde que ele ou ela


esteja alinhada com a tendência prevalecente na moda.
A pessoa do nível animado difere da do nível
vegetativo em que ele ou ela procura a buscar expressão
própria. Tal pessoa não se interessa mais em ser como
todas as outras, mas precisa de estabelecer a sua
individualidade. Na maioria, este nível conduz a
criatividade aumentada e distinção no assunto de escolha
da pessoa.
O nível falante (humano) é o mais complexo e
enganador. Aqui não é suficiente se exprimir. Neste nível,
o desejo é de ser superior. Este é o desejo que faz as
pessoas, quererem ser reconhecidas como especiais, até
únicas. Por outras palavras, nesse nível constantemente
nos comparamos aos outros.
Além do mais, nos nossos dias não nos contentamos
ser os melhores em algo, almejamos ser os melhores,
sempre. Pense nas estatísticas desportivas sobre as quais
escutamos constantemente: a ambição de Michael Phelps
de quebrar o recorde de Mark Spitz de sete medalhas de
ouro em natação nos Jogos Olímpicos de 1972, ou os
jogadores de basquetebol se compararem a si mesmos a
Michael Jordan, ou o impulso de Roger Federer de
continuar vencendo títulos do tênis, embora ele já tenha
ganho mais torneios Grand Slam que qualquer outro antes
dele. E todavia, ele ainda fica incomodado pelo fato de que
não tenha vencido uma medalha de ouro Olímpica.221
O desporto pode ser um exemplo notável, mas
certamente não é a exceção, ele é em vez disso a norma. O
filme que ganhou mais dinheiro na sua primeira semana, o
álbum que vendeu mais cópias, a empresa que vende mais
telefones/ computadores/ automóveis, competição e
-155-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

comparações estão em todo o lado. Pergunte a um


estudante do ensino médio, “Você vai bem na escola?” E
provavelmente vai obter uma resposta dentro das linhas
de, “Estou no top 5% da minha turma” (assumindo que
questionou um bom estudante). Assim, ser bom já não é o
suficiente, superioridade tornou -se o lema de nossas vidas.
A isso chamamos de “ser alguém”. Ser eu mesmo, não é
bom o suficiente, se não sou alguém, sou um João-
ninguém.
Há um conto Chassídico sobre Rabi Meshulam Zusha
de Hanipol (Anipoli), irmão do reconhecido Rabi
Elimelech de Lizhensk, um dos fundadores da Chassidut.
Rabi Zusha costumava dizer, “Quando for para os céus, se
for questionado, ‘Porque não foste tu Elimelech (o irmão
estimado de Zusha), eu saberei o que dizer. Mas se me for
questionado ‘Porque não foste tu Zusha’, eu não saberei o
que dizer”.222 A moral é clara, seja você mesmo e atualize o
seu potencial, é isto o que precisa fazer na vida.
Mas Rabi Zusha viveu no século XVIII. Hoje, tal
moral seria inaceitável porque o que importa é não quem
você é, mas quem você é em comparação aos outros, sua
posição na percentagem divisória das classes. Quando o
principal lema na sociedade é tão alienante e antissocial,
não é de se admirar que nossa sociedade esteja se
desmoronando.

DE EU, A NÓS, A UM

Com nosso presente conhecimento da natureza


humana, não podemos evitar esta atitude competitiva e
alienante porque ela vem de dentro de nós, uma ditadura
do quarto nível falante do desejo, e não conseguimos
-156-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

parar a evolução dos desejos, tal como não


conseguimos parar a evolução do todo da Natureza. Além
do mais, se vamos alcançar o propósito da criação de nos
tornarmos semelhantes ao Criador, precisamos de um
desejo robusto como o combustível que nos empurra para
a frente, que significa que não devemos diminuir ou
oprimir nossos desejos, ou não alcançaremos a meta da
nossa vida.
E todavia, não sermos capazes de parar o aumento de
nossos desejos egocêntricos não significa que nós devemos
render a uma tendência do piorar das relações humanas
em todos os níveis. Nossa sociedade não tem que declinar
até a um ponto em que tudo o que conseguimos fazer é
acumular mantimentos, procurarmos abrigo e nos
deitarmos esperando que certo milagre nos venha salvar
dos nossos semelhantes homens e mulheres.
Na realidade, até se escolhermos nos proteger a nós
mesmos, a fúnebre história de nossa nação indica, e a lei
da Natureza dita que as nações não nos permitirão
permanecer passivos. Quando problemas se acumulam,
está garantido que os Judeus serão culpados por isso uma
vez mais e consequentemente atormentados, talvez pior
que nunca. Contudo, contrariamente às provações
passadas, há muito que podemos fazer para prevenir isto
de se revelar.

RECORDAR O PRIMEIRO “GUERREIRO DO EGO”

Quando o nível falante de desejos inicialmente irrompeu


como egoísmo, a Babilônia estava no seu pico, e Abraão
foi aquele enfrentado por tentar solucionar o mistério do
declínio social do seu povo. Seus conterrâneos estavam tão
imersos em construir sua torre que abandonaram
-157-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

completamente sua camaradagem. Eles não eram mais “de


uma língua e uma fala” (Génesis 11:1), tudo com que se
preocupavam era a torre.
O livro, Pirkey de-Rabbi Eliezer (Capítulos de Rabi
Eliezer), retrata o desanimo de Abraão com a nova paixão
do seu povo: “Rabi Pinhas diz que não haviam pedras lá [na
Babilônia] para construir a cidade e a torre. O que fizeram
eles? Eles formaram tijolos e os queimaram como artesãos
até que eles a construíram [a torre] com sete milhas de
altura. Aqueles que levantariam os tijolos subiam do leste, e
os que desciam o faziam pelo ocidente. E se um homem
caísse e morresse eles não se importariam com ele. Mas se
um tijolo caísse, eles se sentariam em lamuria dizendo,
‘Quando virá outro em seu lugar’? Quando Abraão, filho de
Terah, passou e os viu construindo a cidade e a torre, ele os
amaldiçoou em nome de Deus”.223
Mas Abraão fez mais que amaldiçoar os construtores.
Primeiro, ele tentou remendar a divergência e reunir seu
povo novamente. O Midrash Rabá conta-nos que Abraão
reuniu todo o povo no mundo,224 e Rabi Behayei Ben
Asher conta -nos como ele expôs a pretensão de Nimrod
dos poderes celestiais. No seu Midrash, Rabeinu [nosso
Rav] Behayei, ele escreve, “[Nimrod] disse para ele, ‘Eu criei
a terra e os céus com meu poder’. Abraão respondeu,
‘...quando saí da caverna, vi o sol se levantar no Leste e se
pôr no Oeste. Fazei-o levantar no Oeste e se pôr no Leste, e
eu me dobrarei perante vós. Caso contrário, aquele que deu
a minha mão a força de queimar estátuas me dará a força e
eu te matarei’. Nimrod disse a seus conselheiros, ‘Qual será
a sentença deste’? Eles responderam, ‘Ele é aquele de quem
dissemos, ‘Uma nação virá em diante dele e herdará este
mundo e o mundo vindouro’. E agora, como a sentença que
ele havia decretado, assim lhe será feito. Prontamente, eles o
-158-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

jogaram na fornalha. Nessa altura o Senhor cheio de


misericórdia sobre ele o salvou, como está escrito, ‘Eu sou
o Senhor, que te trouxe para fora de Ur dos Caldeus’”225
Depois de seu caloroso debate com o rei, Abraão
levou sua família, seus estudantes e suas posses e fugiu da
Babilônia. No caminho ele reuniu para sua comitiva
pessoas que concordavam com sua mensagem — “Quando
enfrentados com egoísmo, unam-se acima dele”. Por
outras palavras, quando o ódio irrompe entre amigos,
tornem a meta comum de revelar o Criador — a qualidade
de doação, a força fundamental que cria a realidade —
mais importante que as partes rivais, e assim se unam
acima da rivalidade. Os bônus de tais ações são união
aumentada, aquisição subsequente da qualidade de doação
pelos anteriores adversários, e consequentemente, a
revelação do Criador.
A frase acima descreve a essência da fusão, o
remendar da divergência com a qual Abraão tentou cobrir
seus conterrâneos. E essa essência, união acima das
diferenças aumenta coesão e (se quiser) revela o Criador,
nunca mudou. Na realidade, ela nunca mudará, pois ela é
a Lei de Doação da Natureza.
Como detalhado na Introdução a este livro, o grupo
de Abraão teve sucesso em se unir e cresceu no que se
tornou o povo de Israel, uma nação cujo traço comum é o
desejo pelo Criador. Através da união acima das
diferenças, como explicado no Capítulo 1, Israel
desenvolveram um método pelo qual mudar o nosso
pensamento do modo “eu” para o modo “nós”, assim
percebendo o “Uno”, o Criador.

-159-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Assim, enquanto Israel andavam de força em força ao


empregar união sobre o egoísmo, o resto do mundo
experimentava episódios de fluxo e refluxo, com impérios
se levantando e caindo e a cultura hedónica de comodismo
assumindo predominância. Por esta razão, até hoje, na era
mais hedónica de todas, o monoteísmo de Abraão é a noção
predominante de divindade, enquanto a Torre da Babilônia
é um símbolo de presunção e folia humana.
É por isso que os únicos que podem educar o mundo
de modo a que um se possa tornar tão sábio como Abraão
são aqueles que foram seus estudantes, os filhos de Israel,
conhecidos mundialmente como Judeus. Esta sabedoria foi
o legado de Abraão para eles, e a transmitir como ele fez é
sua obrigação para o mundo.

O LEGADO DO GUERREIRO
DEIXADO À SUA DESCENDÊNCIA

Hoje, pessoas suficientes compreendem que o único modo


de evitar uma catástrofe global é se unirem. Isso pode ser
chamado por outros termos, tais como “colaboração,”
“coordenação,” ou “consideração,” mas qualquer que seja
o termo, é justo dizer que já compreendemos que somos
interdependentes e interligados. Esta realidade cria uma
situação onde estamos de fato unidos em todos os nossos
sistemas globais. Contudo, à extensão de que estamos
conectados, estamos também emocionalmente alienados e
rancorosos com a situação.
Uma maneira de resolver este contraste é ao tentar nos
“desglobalizar” a nós mesmos. Embora não haja dúvida que
desmontar a corrente de abastecimento dos países em
desenvolvimento e produzir tudo nacional causaria desafios
enormes econômicos e financeiros, alguns dizem que valeria
-160-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

o preço. Talvez, valha a pena ou não, ninguém nega que


o isolacionismo teria uma robusta etiqueta do seu preço.
Além do mais, aos olhos de alguns, esta noção é
completamente irrealista. O Economista Mark Vitner,
em primeiro lugar, descreveu tentar desatar a
interligação global como “tentar reconstituir ovos
mexidos. Não pode ser feito facilmente”.226
A opção contrária à desglobalização é a de abraçar a
globalização, a expandir, coordenar, aperfeiçoar, e ao
mesmo tempo aprender a gostarmos uns dos outros para
que todos beneficiem da prosperidade. Tudo o que
precisamos em prol de o alcançar é o método pelo qual
mudamos nossos padrões de pensamento de eu
(concentrado em mim mesmo), para nós (concentrado em
todas as outras pessoas), para um (concentrado na
sociedade como uma entidade).
Hoje, praticamente 4000 anos depois da fuga de
Abraão da Babilônia o mundo está pronto para escutar.
Sofremos o suficiente, e tornamo-nos demasiado espertos
ao pensar que conseguimos safar-nos sozinhos, que
podemos à Mãe Natureza, ou a Deus, que não precisamos
dela porque somos mais fortes e espertos.

POR QUÊ FORMAR UMA SOCIEDADE


QUE PROMOVE A COESÃO?

No Capítulo 1, discutimos o conceito de “equivalência de


forma” dizendo que se você é semelhante a algo, você
consegue vê-lo, identificá-lo, revelá-lo. Será mais fácil para
nós compreender esse conceito se considerarmos como os
rádios funcionam. Um rádio consegue apanhar ondas
somente quando ele cria ondas idênticas dentro dele.
Similarmente, detectamos coisas que existem de modo
-161-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

aparente no exterior, mas somente de acordo com o que


criamos por dentro. É assim que descobrimos o Criador, a
qualidade de doação, ao formar essa qualidade dentro de
nós, assim também a descobrindo fora de nós.
Foi este princípio, “equivalência de forma,” que
tornou o método de Abraão tão bem sucedido. Seu grupo
criou essa qualidade entre eles mesmos e assim descobriu
o Criador. Isto é, ao mudar do modo “eu” para o modo
“nós,” eles descobriram o modo “um,” o Criador, o único
modo que na realidade existe.
No mundo de hoje, obter coesão social é de suprema
importância para nossa sobrevivência. Podemos
considerar que a revelação do Criador é um “acessório” de
espécie, se não fosse o fato do Criador ser a qualidade de
doação, um traço sem o qual nunca alcançaremos união, e
assim nunca remendaremos a falésia global que ameaça
dobrar o mundo numa confrontação global. É por isso que
é vital que aceleremos a divulgação do método de Abraão
para alcançar união através de equivalência de forma.
Para fazer isso, primeiro devemos abandonar uma
crença comum da nossa sociedade, a ideia de que temos
“livre arbítrio”. A ciência demonstra que não há tal coisa,
pelo menos não da maneira que pensamos normalmente
nela, que fazemos o que queremos pela nossa própria livre
escolha. Em recentes anos, dados que provam a nossa
dependência da sociedade se têm acumulado. Estes
estudos demonstram que não só nosso sustento depende
da sociedade, mas até nossos pensamentos, aspirações e
chances de sucesso na vida. Na realidade, até a própria
definição de sucesso é sujeita às vontades da sociedade. E
por último mas não menos importante, a uma grande
extensão, nossa saúde física é significativamente afetada
pela sociedade.
-162-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

Em 10 de Setembro, 2009, O New York Times publicou


uma história chamada, “Os Seus Amigos Estão Lhe
Tornandolo Gordo”? Por Clive Thompson.227 Na sua
história, Thompson descreve uma experiência fascinante
realizada em Framingham, Massachusetts. Na experiência,
que mais tarde foi publicada no celebrado livro, Conectados:
O Surpreendente Poder das Nossas Redes Sociais e Como
Elas Moldam as Nossas Vidas - Como os Amigos dos Amigos
dos Amigos dos Seus Amigos Afetam Tudo o Que Você Sente,
Pensa e Faz — as vidas de 15.000 pessoas foram
documentadas e registadas periodicamente durante quinze
anos. A análise dos dados dos professores Nicholas
Christakis e James Fowler revelou descobertas
surpreendentes sobre como nos afetamos uns aos outros em
todos os níveis, físico, emocional e mental, e como ideias
podem ser tão contagiosas como vírus.
Christakis e Fowler haviam descoberto que havia uma
rede de interligações entre mais de 5000 dos participantes.
Eles descobriram que na rede, as pessoas se afetavam
reciprocamente umas às outras. “Ao analisar os dados de
Framingham”, Thompson escreveu, “Christakis e Fowler
dizem que pela primeira vez conseguiram descobrir certa
base sólida para uma teoria potencialmente poderosa na
epidemiologia: que bons comportamentos, como deixar de
fumar ou estar em forma ou ser feliz — passam de amigo
para amigo praticamente como se fossem vírus contagiosos.
Os participantes de Framingham, sugerem os dados,
influenciaram a saúde uns dos outros só ao socializar. E o
mesmo foi verdadeiro sobre maus comportamentos —
aglomerações de amigos pareceram se ‘infectar’ uns aos
outros com obesidade, infelicidade e tabagismo. Ficar
saudável não é só uma questão dos seus genes e sua dieta,
aparenta. Boa saúde é também um produto, em parte, da
sua clara proximidade a outras pessoas saudáveis”.228
-163-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Ainda mais surpreendente foi a descoberta dos


pesquisadores que estas infecções podiam “saltar” conexões.
Eles descobriram que pessoas podiam se afetar umas às
outras mesmo sem conhecer umas às outras! Além do mais,
Christakis e Fowler descobriram provas destes efeitos até em
três graus de distância (amigo de um amigo de um amigo).
Nas palavras de In Thompson, “Quando um residente de
Framingham se tornou obeso, seus amigos eram 57 por
cento mais propensos a se tornarem obesos, também. Ainda
mais surpreendente… isso parecia saltar elos. Um residente
de Framingham era rudemente 20 por cento mais propenso
a se tornar obeso se o amigo de um amigo se tornasse obeso,
até se o amigo conector não tivesse ganho um único quilo.
Certamente, o risco de obesidade de uma pessoa subiu cerca
de 10 por cento se um amigo de um amigo ganhasse
peso”.229
Citando o Professor Christakis, Thompson escreveu,
“Em certo sentido podemos começar a compreender as
emoções humanas como a felicidade da maneira que
podemos estudar a debandada dos búfalos. Você não
pergunta a um búfalo individual, ‘Porque você corre para a
esquerda’? A resposta é que a manada inteira corre para a
esquerda”.230
Mas há mais sobre o contágio social que observar a
nossa condição de peso ou coração. Numa palestra na TED,
o Professor Christakis explicou que nossas vidas sociais, e
logo — julgando pelos parágrafos anteriores — muito das
nossas vidas físicas, dependem da qualidade e força das
nossas redes sociais e o que corre pelas veias dessa rede. Nas
suas palavras, “Formamos redes sociais porque os benefícios
de uma vida conectada superam os custos. Se eu fosse
sempre violento para você ... ou o fizesse triste ... você
cortaria os laços comigo e a rede se desintegraria. Então o
-164-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

espalhar de coisas boas e valiosas é necessária para


sustentar e nutrir redes sociais. Similarmente, redes sociais
são necessárias para o espalhar de coisas boas e valiosas
como amor, e gentileza, e felicidade, e altruísmo, e
ideias. ...Penso que redes sociais estão fundamentalmente
relacionadas à bondade, e o que penso que o mundo
precisa mais agora são mais ligações”.231
Mas não somos somente afetados pelas pessoas ao
nosso redor. Somos significativamente afetados pelas
mídias, pela política, tanto nacional como internacional, e
somos afetados pela economia. Em Mundo em Fuga:
Como a Globalização Está Reformando Nossas Vidas, o
reconhecido sociólogo Anthony Giddens sucinta mente,
embora com exatidão, exprime nossa presente
conectividade e confusão: “Para o melhor ou para o pior,
estamos sendo promovidos para uma ordem global que
ninguém compreende totalmente, mas que está a fazendo
seus efeitos serem sentidos sobre todos nós”.232
Em recentes anos, o mundo corporativo pegou a
noção, e cursos e treinamentos abundantes surgiram na
Internet, oferecendo alavancar da nova tendência:
contágio social. Em Homo Imitans: A Arte da Infecção
Social: Mudança Viral em Ação, o psiquiatra e consultor
de liderança de negócios, Dr. Leandro Herrero, oferece um
sumário astuto da natureza humana com respeito à
influência do meio ambiente social: “Nós somos máquinas
copiadoras intelectualmente complexas, racionalmente
elegantes, altamente iluminadas e simples”.233 E para
completar sua ironia sobre os méritos da natureza
humana, ele escreve, “Os cordéis da rica tapeçaria de
comportamentos do Homo Sapiens são feitos de imitação
e influência”.234

-165-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Contudo, o problema não está com nosso


comportamento de uns para os outros ou para a Terra, não
que haja muito a nos orgulharmos em respeito a nosso
tratamento de uns para os outros e para a Mãe Terra. E
todavia, nosso comportamento é um sintoma de uma
mudança profunda, uma explosão de egoísmo no nível do
desejo, para a qual ninguém tem uma solução.
Com isso dito, muitas pessoas já compreendem que a
mudança tem que vir de dentro de nós. Pascal Lamy,
Diretor-geral da Organização Mundial do Comércio
(OMC), afirmou que “O verdadeiro desafio hoje é tentar
mudar nosso pensamento, não apenas nossos sistemas,
instituições ou políticas. Nós precisamos da imaginação
para perceber a imensa promessa, e desafio, do mundo
interligado que criamos. ...O futuro reside em mais
globalização, não menos, mais cooperação, mais interação
entre os povos e culturas, e ainda maior partilha de
responsabilidades e interesses. É união na nossa diversidade
global de que hoje precisamos”.235
Certamente, Lamy está certo em muitos aspectos. Em
recentes anos os neurocientistas têm estado ativos a respeito
de uma descoberta relativamente nova, neurônios-espelho.
Abreviadamente, neurônios-espelho são células localizadas
numa região entre os córtices pré-frontal e motor do
cérebro, e estão envolvidas em preparar e executar o movim
ento dos membros. Contudo, de acordo com uma história
publicada no Psychology Today, eles também representam
um papel vital na nossa interligação social. “En 2000,
Vilayanur Ramachandran, o carismático neurocientista, fez
uma previsão audaz: ‘neurônios-espelho farão pela
psicologia o que o ADN fez pela biologia’. ...Durante muitos
anos, eles vieram a representar tudo o que nos faz humanos.
-166-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

“Para o seu livro de 2011, O Cérebro Contador de


Histórias, Ramachandran levou suas afirmações mais
longe. ...ele argumenta que neurônios-espelho subjazem à
empatia, permitindo nos imitar outras pessoas, que eles
aceleraram a evolução do cérebro, que eles ajudam a explicar
a origem da linguagem, e mais impressionante de tudo, que
eles promoveram o grande salto para a frente na cultura
humana que aconteceu há cerca de 60.000 atrás. ‘Poderíamos
dizer que os neurônios-espelho serviram o mesmo papel na
evolução humana inicial como a Internet, Wikipedia e
blogar fazem hoje’, conclui ele.
“Ramachandran não está sozinho. Escrevendo para The
Times (Londres) em 2009 sobre o nosso interesse nas vidas
das celebridades, o filósofo eminente, A.C. Grayling,
rastreou tudo a esses neurônios-espelho. ‘Nós temos uma
grande dádiva para a empatia’, escreveu ele. ‘Esta é uma
capacidade biologicamente evoluída, como demonstrado
pela função dos ‘neurônios-espelho’. No mesmo jornal este
ano, Eva Simpson escreveu sobre porque as pessoas ficaram
tão emocionadas quando o campeão de Ténis Andy Murray
se desfez em lágrimas. ... ‘Culpando os neurônios-espelho,
células cerebrais que nos fazem reagir da mesma maneira
que alguém que estamos observando’. Num artigo do New
York Times em 2007, sobre as ações heroicas de um homem
para salvar outro, essas células apareceram novamente: ‘as
pessoas têm ‘neurônios-espelho, ‘‘Cara Buckley escreveu,
‘que as fazem sentir o que outra pessoa está a
experimentar’.236
De acordo com Jarrett, parece que “ neurônios-espelho
desempenham um papel causal (enfatizando a origem) em
nos permitir compreender as metas por trás das ações das
outras pessoas. Ao representar as ações de outras pessoas nos
caminhos dos movimentos do nosso próprio cérebro, assim
-167-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

conta a razão, estas células fornecem-nos uma


simulação instantânea das suas intenções, uma base
altamente eficaz para a empatia”. 237
Embora encontramos muitos dissidentes para as
teorias que rodeiam os neurônios- espelho, está claro que
nossos cérebros dedicam porções do cérebro
explicitamente para a comunicação com os outros, sem ter
contato físico com eles, mas somente contato visual. Num
sentido, estas células validam as palavras de Christakis e
Fowler, “O grande projeto do século vinte e um,
compreender como o todo da humanidade vem a ser
maior que a soma de suas partes, é só o princípio. Como
uma criança que desperta, o superorganismo humano está
se tornando autoconsciente, e isto seguramente nos
ajudará a alcançar nossas metas.”238

COESÃO NUMA ESCALA GLOBAL

Regressando por um momento ao nosso antepassado


comum monoteísta, depois da expulsão da Babilônia,
Abraão estabeleceu uma sociedade isolada que se
movimentou como um grupo e funcionava em garantia
mútua. Ele criou um meio social que reforçava conexão,
união e coesão, e anexava todos esses elementos à
aquisição da qualidade de doação, o Criador. Nossa tarefa
hoje é de fazer precisamente isso, mas numa escala global.
Porque temos realmente de nos tornar conscientes de
que somos um superorganismo, claramente, precisamos
funcionar como um, em reciprocidade e responsabilidade
mútua uns para os outros. Mas uma vez que não
conseguimos ensinar o mundo inteiro como funcionar
desta maneira, precisamos de demonstrar ao mundo um
exemplo, e o mundo fará o resto através de nossa
-168-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

habilidade de ter empatia, ou como Dr. Herrero colocou,


pela “imitação e influência”. Afinal de contas, quando as
pessoas veem uma boa ideia elas abraçam-na naturalmente.
Desta forma, quando as pessoas virem que os Judeus
têm algo que poderia funcionar também para elas, e que os
Judeus desejam partilha-la, elas não só nos apoiarão, mas se
juntarão a nós. Isto, como mencionado na Introdução, é
como Abraão reuniu mais e mais pessoas para sua
companhia enquanto viajava da Babilônia a Canaã, como
“milhares e dezenas de milhares se reuniram ao seu redor, e
eles são o povo de ‘a casa de Abraão”.239

QUATRO FATORES DE INFLUÊNCIA

No seu ensaio, “A Liberdade”,240 Baal HaSulam discute


extensamente a estrutura da psique humana, e no que nós
precisamos de concentrar em prol de alcançar uma
mudança duradoura nas nossas sociedades. Através de
uma longa análise da ação recíproca entre a herança e o
meio ambiente, Ashlag explica que quatro fatores se
combinam para nos fazerem quem nós somos:
1. Genes;
2. A maneira como nossos genes se manifestam
durante a vida
3. O ambiente direto, tal como família e amigos
4. O ambiente indireto, tal como a media, a
economia, ou os amigos dos amigos.

Uma vez que não escolhemos nossos pais, não


conseguimos controlar o conjunto genético. Mas nossos
genes são meramente o “nós potencial,” não o “nós real”
que eventualmente se manifesta quando somos adultos. O
“nós” real consiste de todos os quatro fatores. Além do
-169-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

mais, os últimos dois, que se relacionam ao ambiente,


afetam e mudam nossos genes para se adequarem ao
ambiente.
Vamos examinar o seguinte exemplo maravilhoso de
como o ambiente muda os genes, como é relatado por
Swanne Gordon da Universidade da Califórnia num ensaio
intitulado, “Evolução Pode Ocorrer em Menos De Dez
Anos”, publicado no Science Daily. “Gordon e seus colegas
estudaram guppies — peixes pequenos de água doce... Eles
introduziram os guppies no próximo Rio Damier, numa
secção acima da cascata de barreira que excluía todos os
predadores. Os guppies e seus descendentes também
colonizaram a porção inferior do rio, abaixo da cascata de
barreira, que continua predadores naturais. Oito anos mais
tarde…, os investigadores descobriram que os guppies no
ambiente de baixa predação…se haviam adaptado a seu
novo meio ao produzir maior ou menor descendência com
cada ciclo de reprodução. Tal adaptação não foi vista nos
guppies que colonizaram o ambiente de elevada predação…
‘Fêmeas de elevada predação investem mais recursos na
atual reprodução porque uma elevada taxa de mortalidade,
impulsionada pelos predadores, significa que estas fêmeas
podem não ter outra chance de se reproduzir’, explicou
Gordon. ‘Fêmeas de baixa predação, por outro lado,
produzem embriões maiores porque beb ês maiores são
mais competitivos nos meios ambientes de recursos
limitados típicos de espaços de baixa predação. Além do
mais, fêmeas de baixa predação produzem menos embriões
não só porque têm embriões maiores mas também porque
investem menos recursos na atual reprodução”.241
O Dr. Lars Olov Bygren, um especialista de saúde
preventiva, documentou um exemplo ainda mais
surpreendente de como os genes mudam através dos efeitos
-170-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

ambientais. John Cloud da Time Magazine descreveu a


pesquisa de Dr. Bygren sobre os efeitos a longo prazo que os
anos de fome e fartura tiveram sobre os residentes da aldeia
Sueca isolada de Norrbotten. Contudo, Dr. Bygren
observou não só os efeitos das oscilações dietéticas tinham
sobre as pessoas que as atravessavam. Ele também
examinou “se esse efeito podia começar ainda antes [ênfase
acrescentada] gravidez: Podiam as experiências dos pais no
princípio de suas vidas de algum modo mudar os traços que
eles passavam a seus descendentes?”242 “Era uma ideia
herege”, escreve Sr. Cloud. “Afinal, tivemos um acordo
prolongado com a biologia: sejam quais forem as escolhas
que tomemos durante nossas vidas que arruínem nossa
memória a curto-prazo ou nos tornem gordos ou acelerem
a morte, mas elas não mudarão nossos genes — o nosso
próprio ADN. Isso significava que quando todos tivéssemos
filhos nossos, a lousa genética estaria limpa.
“Há mais, quaisquer tais efeitos da criação (ambiente)
sobre a natureza de uma espécie (genes) não era suposto
acontecer tão rapidamente. Charles Darwin, cujo Sobre a
Origem das Espécies... nos ensinou que as mudanças
evolucionárias tomam lugar durante muitas gerações e
durante milhares de anos de seleção natural. Mas Bygren e
outros cientistas agora haviam amassado a evidência
histórica sugerindo que condições ambientais mais
poderosas ... conseguem de algum modo deixar uma
impressão sobre o material genético em ovos e esperma.
Estas impressões genéticas conseguem fazer curto - circuito
na evolução e transmitir novos traços numa única
geração”.243
Baal HaSulam, regressando ao seu ensaio, “A
Liberdade”, sugeriu um conceito muito semelhante que se
alinha com os achados de Dr. Bygren. Na seção, “O
-171-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Ambiente como um Fator”, ele escreve (ênfase


acrescentada), “É verdade que o desejo não tem liberdade.
Em vez disso, ele é operado pelos mencionados quatro
fatores [Genes; como eles se manifestam, ambiente direto,
ambiente indireto]. E se está obrigado a pensar e a
examinar como eles sugerem, negados de qualquer força
para criticar ou mudar”...244
Na seção subsequente, “A Necessidade de Escolher
um Bom Ambiente”, Baal HaSulam acrescenta, “Como
nós vimos, é uma coisa simples, e deve ser observada por
todo e cada um de nos. Pois embora cada um tenha a sua
própria origem, as forças são reveladas abertamente
somente através do ambiente em que a pessoa se
encontra”.245
Isto pode soar determinista porque se somos
completamente governados pelos nossos meios ambientes,
pareceria que não teríamos livre arbítrio. E todavia,
escreve Baal HaSulam, que podemos e devemos escolher
nosso ambiente muito cuidadosamente. Nas suas palavras,
“Há liberdade para a vontade de inicialmente escolher tal
ambiente ... que conceda à pessoa bons conceitos. Se ela
não fizer isso, mas está disposta a entrar em qualquer meio
que apareça..., esta pessoa está destinada a cair num mau
ambiente... Como consequência, será forçada a conceitos
imundos...” Tal pessoa, conclui ele, “certamente será
punida, não devido aos seus maus pensamentos ou ações,
nos quais não se tem livre arbítrio, mas por não escolher
estar num bom ambiente, pois nisso há definitivamente
uma escolha. Desta forma, aquele que almeja
continuamente escolher um ambiente melhor é digno de
louvor e recompensa. Mas aqui, também, não é devido aos
seus bons pensamentos e ações, ...mas devido aos seus
esforços para adquirir um bom ambiente, que traz ... bons
pensamentos”.246
-172-
C APÍTULO 9: P LURALMENTE F ALANDO

Vemos desta forma que todos somos potencialmente


demoníacos, tal como somos potencialmente angélicos. A
escolha de agirmos de um extremo ou do outro, ou
qualquer mistura dos dois, depende não se escolhemos ser
de uma maneira ou da outra, mas do ambiente social sobre
o qual nos colocamos a nós mesmos, ou que formamos para
nós mesmos.
Enquanto pais, instintivamente alertamos nossas
crianças a se afastarem de más crianças no bairro, e de maus
estudantes na escola. Assim, a consciência da influência do
ambiente é inerente nos nossos genes parentais, por assim
dizer. Agora devemos expandir essa consciência e perceber
que não é suficiente ver que nossos filhos andam com as
crianças “certas”. Devemos começar a desenhar um novo
paradigma de pensamento para nós mesmos, bem como
para nossos filhos. Ele é um paradigma no qual a
responsabilidade mútua representa um papel líder,
preocupação mútua e camaradagem assumem a ribalta, e o
discurso público muda correspondentemente.
Em outras palavras, a máxima conhecida de Rabi
Akiva, “Ama teu próximo como a ti mesmo” deve tomar
forma e ser moldada como um modo de vida para a
sociedade. Esse paradigma social é o ADN do nosso povo,
nosso legado para o mundo, e é o que o mundo, até
inconscientemente, espera que transmitamos.
Numa era de consecutivas e sobrepostas crises globais,
o mundo tem numa necessidade desesperada de uma corda
salva-vidas, uma lasca de esperança. Nós Judeus somos os
únicos que lhes podemos oferecer essa esperança, que é
chamada “garantia mútua”. O próximo capítulo esboçará os
conceitos básicos da implementação da garantia mútua
como o paradigma social predominante.

-173-
CAPÍTULO 10

Vivendo num
Mundo Integrado
Um Mundo Integrado

Requer a Educação Integral

N
o capítulo anterior, citamos as palavras de Baal
HaSulam do seu ensaio, “A Liberdade”,
afirmando que estamos “obrigados a pensar e
examinar como eles [o meio social] sugerem”, e que nós
somos “negados de qualquer força para criticar ou
mudar”.247 Baal HaSulam concluiu que para evitar um
destino predeterminado, podemos mudar o ambiente, que
por sua vez nos mudará e nossos destinos. Nas suas
palavras, “Aquele que se esforça por continuamente
escolher um bom ambiente é digno de louvor e
recompensa ... não devido aos seus bons pensamentos e
ações ...mas devido aos seus esforços para adquirir um
bom ambiente, que traz... bons pensamentos”.248
Para o colocar em termos mais contemporâneos, em
prol de canalizarmos nossas vidas e as vidas dos nossos
filhos numa direção mais positiva, precisamos de nutrir
valores sociais que promovam a direção positiva que
-175-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

desejamos instar. Precisamos nos educar a nós mesmos,


nossos filhos, e a sociedade como um todo em direção à
garantia mútua, responsabilidade mútua e eventualmente
para a união e coesão. Como foi demonstrado pelo livro,
essa é nossa vocação enquanto Judeus.
Não precisamos de conceber qualquer novo meio de
educação para alcançar esta meta. Tudo o que precisamos
é mudar o meio que já usamos—os meios de comunicação
de massa, a Internet, o sistema de educação, nossos laços
sociais e familiares—com o objetivo de promover a
afinidade e mútua responsabilidade ao invés de prevalecer
a narrativa de separação e alienação.
Embora mais frequente que o inverso, os traços de
união e afinidade, e acima de tudo, de responsabilidade
mútua, estão dormentes dentro de nós Judeus, é nosso
dever, certamente nossa vocação os despertar e os oferecer
como nossa dádiva ao mundo. Como foi demonstrado
repetidamente neste livro, união é a dádiva dos Judeus, a
qualidade que nos torna únicos, e a qualidade que
devemos doar ao resto do mundo. Ela é a qualidade que o
mundo precisa hoje, e somos nós que estamos obrigados a
nutri-la por dentro, e então a entregar ao mundo.
Há duas maneiras de transmitir responsabilidade
mútua e a qualidade de doação. A primeira, dirigida a
aqueles com “pontos no coração,” como mencionado
anteriormente no livro, é o estudo direto da Cabalá. De
acordo com o nosso nível de interesse, isso pode ser feito
em variados níveis de intensidade, desde assistir
programas de TV a estudar atentamente (e intensamente)
com um grupo e um professor. A outra maneira é um
método de educação direcionada à união dirigido a
-176-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

induzir coesão e um sentido de responsabilidade mútua


dentro da sociedade. Elaborarei sobre estas maneiras uma
de cada vez.

O CAMINHO DO “PONTO NO CORAÇÃO”

Para alguns de nós, a maneira de chegar à união é


relativamente simples. Já mencionamos o “ponto no
coração,” essa sede de compreender do que se trata a vida,
o que faz o mundo girar, o anseio que permitiu a Adão,
Abraão, Isaac, Jacob, Moisés e a nação inteira que surgiu
dos exilados da Babilônia a desenvolver um método de
correção que torna a inclinação ao mal em bondade.
Aqueles que têm esse ponto no coração podem começar a
estudar os textos que os Cabalistas deixaram para nós
como um meio de alcançar o Criador, a qualidade de
doação. No caminho eles aprenderão como se unirem em
um nível profundo e estarão prontos para passar essa
união aos outros.
Na nossa geração, os textos mais instrumentais para
alcançar esses propósitos são O Livro do Zohar com o
comentário Sulam (Escada) de Baal HaSulam, os escritos
do ARI, preferencialmente com os comentários de Baal
HaSulam, publicados em seu Talmude Esser Sefirot (O
Estudo das Dez Sefirot), bem como os outros escritos de
Baal HaSulam, publicados em Os Escritos do Baal
HaSulam, para tornar estes textos e outros mais acessíveis,
estabelecemos uma biblioteca online gratuita de textos
autênticos Cabalísticos, traduzidos em dezenas de línguas.
No Hebraico original, podem ser encontrados em
www.kab.co.il, e traduções de muitos dos textos, incluindo
até uma versão de O Livro do Zohar, intitulada, Zohar para
Todos, que consolida o texto de Rabi Shimon Bar Yochai
(Rashbi) com o comentário de Baal HaSulam — existem
-177-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

em Inglês bem como em www.kabbalah.info, a custo zero e


sem quaisquer condições prévias.
Também disponíveis nos endereços web acima
citados, estão os escritos de meu professor, Rav Baruch
Shalom Ashlag (o Rabash), o primogênito de Baal
HaSulam, e sucessor. Embora poucos dos seus escritos
tenham sido traduzidos para Inglês, todos os seus ensaios
que ensinam aos estudantes como promover união em
grupo s de estudantes foram publicados em Inglês no livro,
Os Escritos Sociais do Rabash. Para aqueles que preferem
cópias originais dos textos, todas as mencionadas
publicações existem impressas, e podem ser adquiridas em
www.kabbalahbooks.info ou em amazon.com e outras lojas
online.
Adicionalmente, estudantes veteranos estabeleceram
um Centro de Educação que ensina as bases da Cabalá e
como a implementar para que ela se torne parte da nossa
vida diária, complementando o nosso crescimento pessoal
para obter as nossas metas na vida. Para estudantes mais
avançados, lecciono uma aula de três horas diária
transmitida ao vivo em www.kab.tv, com simultâneas
interpretações para todas as principais línguas—Inglês,
Espanhol, Francês, Russo, Alemão, Português e outras. Em
três aulas, procuro avançar os estudantes tão rápido quanto
o possível e facilmente enquanto aderindo aos modos de
ensino que recebi do meu professor veterano, o Rabash.
Nos últimos anos, também temos transmitido
programas em canais de televisão americanos tais como
JLTV e a Shalom TV, principalmente aos fins-de-semana.
Naturalmente, estes programas não são estudos “hardcore”
de Cabalá, mas certamente são uma grande referência para
qualquer pessoa que deseje “molhar os seus pés” e ver do
que se trata este estudo.
-178-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

EDUCAÇÃO INTEGRAL
DIRECIONADA À UNIÃO

Estudar Cabalá é uma maravilhosa maneira de alcançar


união. Ela é um método construído especificamente para
esse propósito. Contudo, maioria das pessoas não têm um
“ponto no coração” vigoroso que exija respostas. Portanto,
é improvável que a maioria das pessoas queira se envolver
nestes estudos. E todavia, a necessidade de estabelecer uma
sociedade coesa é uma necessidade global, não uma
necessidade pessoal, Judaica, ou até relacionada a um país.
Dave Sherman, um líder em estratégia de negócios e
perito em sustentabilidade descreveu o presente
predicamento global no filme, Crossroads: Dores de Parto
de uma Nova Visão Mundial: “O último Relatório de
Riscos Globais, publicado pelo Fórum Econômico
Mundial, apresenta um mapa de interligação de riscos
surpreendente. Ele revela claramente como todos os riscos
globais estão inter-relacionados e entrelaçados, de modo
que riscos econômicos, ecológicos, geopolíticos, sociais e
tecnológicos são interdependentes. Uma crise em
determinada área rapidamente conduzirá a uma crise em
outras áreas. A interligação e complexidade deste mapa
comparou para nossa surpresa o impacto e velocidade das
recentes crises financeiras ilustrando a discórdia que existe
entre todos os sistemas que construímos, e demonstra
precisamente quão desconexos nos tornamos. Nossas
tentativas de gerir estes sistemas são fragmentadas e
simplistas, e não estão à altura dos desafios que hoje
enfrentamos”.249
Para responder precisamente a esse contraste entre
nossa própria desconexão e a interligação dos sistemas que
construímos, precisamos desenvolver um pensamento
-179-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

interligado, e percepção inclusiva do nosso mundo. A


Educação Integral (EI), a anteriormente mencionada
“educação direcionada à união,” responde precisamente a
esses pontos.
O termo, “integral”, de acordo com Thomas J. Murray
da Escola de Educação na Universidade de Massachusetts,
“significa muitas coisas para muitas pessoas, e o mesmo é
verdadeiro para Educação Integral”.250 A percepção mais
comum da EI, é descrita na Wikipedia, é que ela é “a
filosofia e a prática da educação para a criança inteira:
corpo, emoções, mente, alma e espírito”.251
Relacionar-se à criança inteira no processo de
educação é certamente recomendado. Contudo, no mundo
interligado de hoje, simplesmente não é suficiente. Como
demonstramos no capítulo anterior, aprendemos
principalmente, senão somente através do ambiente. Desta
forma, o foco da educação deve estar em formar um
ambiente que incite nossos valores escolhidos e
informação para crianças e adultos de maneira igual.

ESCOLA PARA ADULTOS: UM GUIA PARA


OS PERPLEXOS

Além do nível falante e humano da Natureza, todos os


outros níveis, inanimado, vegetativo e animado, operam
em garantia mútua. Homeostase, como definida no
Dicionário Webster, corresponde perfeitamente à
descrição de garantia mutua em todos os níveis abaixo do
falante: “Um estado relativamente estável de equilíbrio ou
uma tendência para tal estado entre os diferentes mas
interdependentes elementos ou grupos de elementos de
um organismo, população ou grupo”.252

-180-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

Nossa presente sociedade, predominantemente


capitalista, afasta -se do equilíbrio, zomba da tendência
para ele, e tem pavor de interdependência. Na realidade,
patrocinamos e lutamos pelo oposto. Louvamos
concretizações individuais no desporto, neg ócios,
políticas e no ensino, e idolatramos aqueles no topo.
Negligenciamos aqueles que contribuem para o bem estar
do coletivo e acarinhamos o individualismo e
independência.
Mas uma sociedade que funcione desta maneira não
consegue durar muito tempo. Pe nse em corpos humanos.
Se nossos corpos se conduzissem a si mesmos pelos
valores que predominam nossa sociedade, não duraríamos
além da diferenciação celular inicial na fase do embrião.
Assim que as células começassem a formar diferentes
órgãos, elas começariam a lutar umas com as outras pelos
recursos e o embrião se desintegraria. A vida não seria
possível se qualquer parte dela abraçasse os valores
individualistas que acabamos de descrever. É por causa da
vida, isto é a Natureza, adere às regras da homeostase que
nós podemos desenvolver e sustentar a nós mesmos, e
evoluímos até ao ponto em que podemos ponderar a
natureza e propósito de nossa existência.
Certamente, não só os organismos, mas nosso
ecossistema planetário inteiro, até o cosmos, estão num
estado de homeostase. Quando o equilíbrio se desmorona,
problemas em breve se seguem. Um relatório revelador
submetido ao Departamento da Educação Americano em
Outubro de 2003 por Irene Sanders e Judith McCabe
claramente demonstra o que acontece quando
desequilibramos um ecossistema do seu estado
homeostático. “Em 1991, uma orca, baleia assassina, foi
-181-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

vista comendo uma lontra. As orcas e lontras normalmente


coexistem pacificamente. Então, o que aconteceu? Os
ecologistas descobriram que o sebastes e arenque também
estavam declinando. As orcas não comem esses peixes, mas
focas e leões marinhos sim. E focas e leões marinhos são o
que as orcas normalmente comem, e sua população
também declinou. Então privadas de suas focas e leões
marinhos, as orcas começaram a se voltar às brincalhonas
lontras marinhas para seu jantar.
“Então as lontras desapareceram devido aos peixes, que
elas nunca comeram em primeiro lugar, desapareceram.
Agora, a ondulação espalha -se. As lontras já não estão lá
para comer os ouriços do mar, então a população de
ouriços do mar explodiu. Mas os ouriços do mar vivem de
florestas de algas do fundo do mar, então eles estão
matando as algas. As algas foram o lar para os peixes que
alimentam as gaivotas e águias. Como as orcas, as gaivotas
podem encontrar outra comida, mas as águias não
conseguem e estão em apuros.
“Tudo isto começou com o declínio do sebastes e
arenque. Porquê? Bem, os caçadores de baleias japoneses
têm matado a variedade de baleias que comem os mesmos
organismos microscópicos que alimentam o pollock [um
tipo de peixe carnívoro]. Com mais peixe para comer, o
pollock floresce. Eles por sua vez atacam o sebastes e
arenque que eram alimento para as focas e leões marinhos.
Com o declínio na população de leões marinhos e focas, as
orcas têm de se voltar para as lontras”.253
Pense na maneira que nos comportamos em relação
aos outros. Somos competitivos, alienados, isolados uns dos
outros, e aspiramos sobressair sobre os outros. Mantenha
em mente que esta não é a exceção, mas a regra, os valores
que ensinamos aos nossos filhos como a maneira “certa” de
ser. É por isso que uma escola adulta, um guia para o adulto
perplexo, é necessária.
-182-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

A maneira na qual esta escola vai operar deve variar


de lugar para lugar e de país para país. Cada nação e pais
tem a sua própria mentalidade e cultura, um nível
diferente de avanço tecnológico e meios de comunicação, e
tradições pelas quais as pessoas aprendem. Por esta razão,
cada país, por vezes cada cidade terá de desenvolver seu
próprio método de instrução. Contudo, o conteúdo
fundamental, os princípios que todos estes sistemas de
educação adulta vão leccionar devem ser os mesmos. Caso
contrário o resultado será disparidade no compromisso
populacional para a responsabilidade mútua e
compreensão da sua importância nas nossas vidas.
Vamos examinar alguns dos princípios fundamentais
que a educação para a responsabilidade mútua deve
conter.

Mídia Pró-social

Nos Escritos de Baal HaSulam, Ashlag afirma, “O


maior de todos os imagináveis prazeres é ser favorecido
pelas pessoas. É vantajoso desperdiçar toda a nossa energia
e prazeres corpóreos para obter uma certa quantia dessa
doce coisa. Este é o íman que atraiu os maiores de todas as
gerações, e pelo qual eles trivializaram a vida da carne”.254
Desta forma, para alterar nosso comportamento
social, nós devemos mudar o nosso meio social de um que
promove individualidade para um que promova
mutualidade. Praticamente falando, podemos usar as
mídias para demonstrar como o trabalho em grupo rende
melhores resultados que o trabalho individual, e como a
competição é prejudicial à nossa felicidade e saúde. Assim
que percebemos que há uma recompensa maior na
conduta cooperativa que no individualismo, será fácil
colaborar e partilhar.
-183-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Em seu livro inspirador, A Sabedoria das Equipes:


Criar a Organização de Alta-Performance, os autores Jon
R. Katzenbach e Douglas K. Smith descrevem uma história
de sucesso que vale a pena mencionar no contexto das
vantagens do trabalho de equipe. A Burlington Northern
Railroad era uma empresa bem sucedida de transportes, e
é atualmente parte de uma grande corporação detida pela
Berkshire Hathaway, que é controlada pelo investidor
Warren Buffett. Em 1981, a Burlington Northern Railroad
sofreu uma revolução por sete homens — Bill Greenwood,
Mark Cane, Emmett Brady, Ken Hoepner, Dave Burns,
Bill Dewitt, e Bill Berry — que usaram a desregulação
Americana da indústria ferroviária para acelerar a entrega
de fretes e minimizar o custo da entrega. É assim que
Katzenbach e Smith descrevem o espírito com o qual eles
levaram a cabo essa revolução: “Todas as verdadeiras
equipes partilham um compromisso com seu propósito
comum. Mas somente membros de equipe excepcionais ...
também se tornam profundamente dedicados uns aos
outros. Os sete homens desenvolveram uma preocupação
e compromisso um pelo outro tão profundas como sua
dedicação à visão que estavam tentando concretizar. Eles
procuraram o bem estar uns dos outros, apoiaram-se uns
aos outros quando quer e como quer que fosse necessário
e trabalharam constantemente uns com os outros para
fazer o que fosse necessário fazer”.255
Tal história podia ser um advogado poderosos para o
caso da união sobre a competição. O único problema é que
no nosso mundo muito competitivo, até a união é usada
para ganhar alavanca pessoal para o grupo que a pratica
(ou devemos dizer, que a comete, devido ao seu mau uso).
No mundo interligado e interdependente de hoje, este tipo
de união é instável.
-184-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

Na nossa sociedade egocêntrica, união durará somente


enquanto for lucrativa para os indivíduos envolvidos. No
capítulo anterior, na secção, “De Eu, a Nós, a Um”,
descrevemos os efeitos doentes da competição. Ao mesmo
tempo, reconhecemos que “com nosso presente
conhecimento da natureza humana, não podemos evitar
esta atitude competitiva e alienante porque ela vem de
dentro de nós, uma ditadura do quarto nível falante de
desejo, e não podemos parar a evolução dos desejos”.
Contudo, já dissemos que não precisamos de impedir
nossa evolução, só mudar para uma direção construtiva
para todos. O meio mais instrumental para concretizar isto
é através dos meios de comunicação de massa. Se
desenvolvermos conteúdo de mídia pró-social e nos
bombardearmos a nós mesmos com ele tanto quanto
atualmente nos bombardeamos com anúncios e
informativos que visam esgotar nossas contas bancárias,
nos encontraremos vivendo numa sociedade muito
diferente da atual.
Os meios domésticos contemporâneos das pessoas
contêm uma grande dose de entretenimento das mídias,
seja através da TV ou via a Internet. Uma pu blicação pelo
Departamento de Educação Americano intitulada, “Guia
das Mídias—Como Ajudar Seus Filhos No Começo da
Adolescência”, afirmou, “É difícil compreender o mundo
dos jovens adolescentes sem considerar o enorme impacto
dos meios de comunicação de massa nas suas vidas. Eles
competem com a família, amigos, escolas, e comunidades
na sua habilidade de moldar os interesses, atitudes e valores
dos jovens”. 256 Lamentavelmente, a maioria dos interesses
que a mídia molda são antissociais.
Por exemplo, uma publicação online pela Universidade
do Sistema de Saúde de Michigan declara que "Literalmente
-185-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

milhares de estudos desde os anos 50 questionaram se há


um elo entre a exposição à violência da mídia e o
comportamento violento. Todos senão 18 responderam,
‘Sim’. …De acordo com a AAP (Academia Americana de
Pediatras), ‘Extensiva evidência de pesquisas indica que a
violência da mídia pode contribuir para o comportamento
agressivo, dessensibilização à violência, pesadelos e medo
de ser magoado’”.257
Para compreender quanto a violência as jovens
mentes absorvem, considere esta informação da
publicação acima mencionada: “Uma criança mediana
Americana verá 200.000 ações violentas e 16.000
assassinatos na TV pelos 18 anos de idade”.258 Se este
número não parece alarmante, considere que há 6.570 dias
em dezoito anos. Isto significa que em média, pelos
dezoito anos de idade uma criança terá sido exposta a
ligeiramente mais de trinta ações de violência na TV, 2.4
dos quais são assassinatos, todos os dias da sua vida jovem.
Na mesma nota, no seu livro, Desenvolvimento
Durante a Vida: Uma Abordagem Psicológica, publicado
em 2008, Barbara M. Newman, PhD, e Philip R. Newman
descrevem como “Exposição a muitas horas de violência
na televisão aumenta o reportório de comportamento das
jovens crianças e aumenta a prevalência de sentimentos de
cólera, pensamentos e ações. Estas crianças são apanhadas
na fantasia violenta, tomando parte na situação televisiva
enquanto assistem”.259 Se nos recordarmos dos neurônios-
espelho, e considerarmos quanto nós, e especialmente
crianças, aprendem por imitação, podemos só imaginar
que dano irreversível que a violência lhes causa, e já
estamos sentindo os efeitos desta educação enferma.

-186-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

Desta forma, desenvolver mídias que sejam pró-


sociais e de pró-responsabilidade mútua é imperativo para
nossa sobrevivência enquanto sociedade habitável. Isso
deve desempenhar um papel chave na mudança da
atmosfera pública de alienação para camaradagem. As
mídias fornecem-nos praticamente tudo o que sabemos
sobre o nosso mundo. Até a informação que recebemos de
amigos e da família frequentemente chega via mídias — a
versão moderna da parreira.
Mas as mídias não nos fornecem simplesmente
informação. Também nos oferecem petiscos sobre pessoas
que aprovamos ou desaprovamos, e formamos nossas
visões baseando-nos no que vemos, escutamos, ou lemos.
Porque seu poder sobre o público não tem rival, se as
mídias mudam para a convergência e união, eles também
mudarão a visão mundial de maioria das pessoas para
esses valores.
Presentemente, as mídias focam-se em indivíduos
bem sucedidos, magnatas da media, mega estrelas pop, e
indivíduos ultra bem sucedidos que fizeram milhões às
costas dos seus rivais. Em tempos de crise, tais como
depois do Furacão Sandy, ou durante inundações, as
pessoas unem-se em prol de se ajudarem umas às outras.
Em tais tempos estas histórias, que as mídias transmitem
abundantemente, ajudam a levantar a moral e dão-nos
esperança de que o espírito humano não seja mau de todo.
Mas, assim que o próximo item de notícias aparece, as
mídias correm atrás dessa história e desaparece, levando
com ela a fé no espírito humano. Em vez disso, sensações
de suspeita e alienação reavêm o horário nobre.
Para instalar uma mudança duradoura e fundamental
na nossa visão mundial, para nos fazer desejar a qualidade
de doação, as mídias devem apresentar a imagem completa
-187-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

da realidade, e nos informar da sua estrutura interligada e


interdependente. Para este fim, devem produzir programas
que demonstrem como essa qualidade afeta todos os níveis
da Natureza — inanimado, vegetativo, animado, e falante —
e encorajar as pessoas a emulá- la com o objetivo de
equalizar nossa sociedade com os traços da Natureza ou
seja, mutualidade e homeostase. Em vez de programas de
entrevistas que idolatram pessoas que têm sucesso, estes
programas devem louvar pessoas que ajudaram outras a ter
sucesso.
Se as mídias mostram pessoas se preocupando umas
com as outras e as colocam num pedestal principalmente
porque suas ações coincidem com a lei da Natureza, a Lei da
Doação, isso gradualmente mudará o desejo do público de
egocêntrico para a camaradagem. As pessoas começarão a
sentir que há ganho pessoal em ser altruísta, possivelmente
muito mais que o ganho onde há egoísmo, se há algum
ganho nele de todo.
Hoje, a mensagem predominante que as mídias devem
retratar é, “União é divertida, e ela também é boa para você,
junte-se”! Há várias e amplas maneiras pelas quais podemos
demonstrar que a união é uma dádiva.
Embora todo o cientista saiba que nenhum sistema na
Natureza opera em isola mento, e que interdependência é o
nome do jogo, a maioria de nós está inconsciente disso.
Quando vemos como cada órgão físico funciona para
beneficiar o corpo inteiro, como as abelhas colaboram em
colmeias, como um cardume de peixes nada em uníssono
que pode ser confundido com um único peixe gigante, e
como os chimpanzés ajudam outros chimpanzés, ou até
humanos, sem qualquer recompensa em retorno, saberemos
que a principal lei da Natureza é a da harmonia e
coexistência.
-188-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

As mídias devem mostrar-nos tais exemplos muito


mais frequentemente que o fazem. Quando percebermos
que é assim que a Natureza funciona, espontaneamente
examinaremos nossas sociedades e nos esforçaremos para
emular essa harmonia entre nós. Se nossos pensamentos
começarem a mudar nesta direção, eles criarão uma
atmosfera diferente e introduzirão um espírito de
esperança e força nas nossas vidas, até antes deles
implementarem esse espírito na realidade, uma vez que
estaremos alinhados com a força da vida da Natureza — o
Criador.
Porque, tal como acabamos de afirmar, nosso maior
prazer é o de ganhar a aprovação das pessoas, se outros
aprovarem nossas ações e visões nos sentiremos bem
acerca de nós mesmos. Se eles desaprovarem o que
fazemos ou dizemos, sentimo-nos mal acerca de nós
mesmos e tendemos a esconder ou modificar nossas ações
para nos ajustarmos à norma social. Em outras palavras,
porque é tão importante para nós nos sentirmos bem
conosco mesmos, as mídias estão numa posição única para
mudar as ações e visões das pessoas.
Não surpreendentemente, os políticos são as pessoas
mais dependentes de votos na sociedade, pois suas
carreiras e a própria vivacidade dependem da sua
popularidade. Se lhes mostrarmos que mudamos nossos
valores, eles mudarão os seus para seguir nossa conduta. E
uma das maneiras mais fáceis e mais eficazes de lhes
contarmos o que valorizamos é lhes mostrar o que
queremos ver na TV! Se dermos elevadas classificações a
programas que promovem união e camaradagem, os
políticos irão se sintonizar nesse espírito e legislarão
correspondentemente. Porque os políticos querem manter
sua posição, precisamos lhes mostrar isso, para reterem
-189-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

suas posições, eles têm que promover o que nós queremos


que eles promovam — união.
Quando formos capazes de criar uma mídia que
promova união e colaboração em vez da glorificação de
celebridades, criaremos um meio que nos persuada que
união e responsabilidade mútua são boas.

AS CHAVES PARA A UNIÃO


Para desenhar uma sociedade mais coesa, cujos membros
são responsáveis uns pelos outros, as pessoas precisam
cultivar algumas regras básicas.
1) Alimentação e outras necessidades: Primeiro e mais
importante, as pessoas precisam ter segurança alimentar.
Sem a confiança de que podem alimentar seus filhos e a si
mesmas, as pessoas não sentirão que são partes integrais da
sociedade porque constantemente estarão lutando por
alimentos (se não física, então mentalmente).
Adicionalmente, é imperativo que as pessoas tenham
segurança suficiente a respeito de serviços médicos,
habitação, vestuário e educação. Todos os mencionados
variarão dependendo da média do padrão de vida em cada
localidade, mas sustento básico deve ser provido a todos
num nível que preserve sua dignidade enquanto seres
humanos e como membros integrais da sociedade.
Em retorno por garantir sustento básico, todos os
membros da sociedade passarão por certa forma de
treinamento, que os ajudará a compreender a natureza
interligada e interdependente do nosso mundo — que é o
porquê de eles estarem a receber estes serviços. Eles
aprenderão que estar em uma sociedade que garante seu
bem-estar também envolve alguns deveres. Estes se
relacionarão às atitudes das pessoas umas para as outras,
bem como sua contribuição de tempo ou serviços pelo bem
comum. -190-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

Por exemplo, se certificarem que todas as crianças


recebem educação básica não tem que custar ao estado um
tostão. Isso pode ser feito através de professores
desempregados que trabalham voluntariamente em troca
de seu sustento básico. Esta medida contribuirá
significativamente para a coesão social da comunidade, e
juntamente com o treinamento notarão que estão
tomando parte na formação de um mundo melhor, assim
dando às pessoas outro incentivo positivo para se
esforçarem pela comunidade.
2) O treinamento: Já mencionamos o treinamento que
ajudará as pessoas a compreender a natureza interligada e
interdependente do nosso mundo. O paradigma social da
Educação Integral sugere que cada cidadão, até mesmo
cada residente do país tome parte neste treinamento.
O treinamento tem um propósito duplo — um social
e um econômico. O propósito econômico, que é mais um
benefício suplementar que uma meta real em si mesma, é
de equipar as pessoas com o conhecimento necessário para
se apoiarem mutuamente em tempos de magro
vencimento. Essa parte do treinamento incluirá educação
para o consumidor (finanças pessoais), para que as pessoas
possam gerir seus gastos de uma maneira
economicamente viável usando recursos limitados.
A outra, parte mais extensiva do curso incluirá tópicos
que dizem respeito à percepção de uma pessoa como parte
de um todo maior que compartilha uma meta comum.
Esta percepção é imperativa para a coesão da sociedade.
Sem ela, será cada homem por si mesmo, uma sociedade
muito competitiva.
A crescente dissonância entre este tipo de sociedade e
a direção agregadora da realidade de hoje sem dúvida
aumentam a já excessiva pressão sobre o funcionamento
-191-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

social das pessoas, e o resultado será o desmoronar da


sociedade. Se isso acontecer, como a história comprova e
descreveu em anteriores capítulos, os Judeus serão
culpados, as consequências de tal são como quiser
adivinhar.
Desta forma, abaixo estão tópicos que acredito que
devem ser incluídos no treinamento de EI com o objetivo
de impulsionar as pessoas para uma visão do mundo mais
coesa e desta forma sustentável:

• Interligação na economia, cultura e sociedade e o


que isso significa para cada um de nós. Este
tópico detalhará a evolução dos desejos e como
no quarto nível, desejamos desfrutar de riqueza,
poder e fama, ou seja prazeres egocêntricos e que
estes desejos nos conduzem a conectar, embora
negativamente, em prol de nos usarmos uns aos
outros.

• Interdependência — porque nos tornamos


interdependentes e como isso deve afetar nossas
relações nos níveis pessoal, social e político. Este
tópico deve continuar a explicação da evolução
dos desejos e demonstrar porque nossos desejos
de nos explorarmos uns aos outros nos tornam
mais dependentes uns dos outros. Porque estes
desejos nos fazem envolver em relações cada vez
mais apertadas, enquanto albergando intenções
naturalmente enfermas uns para os outros,
estamos nos tornando cada vez mais interligados
porque queremos usar uns aos outros. Todavia,
somos igualmente interdependentes porque
somos dependentes dos outros para a satisfação
das nossas vontades.
-192-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

• Melhorar as capacidades sociais, emocionais e


mentais:
o Aprender como lidar com o desemprego e
a resultante insuficiência financeira, stress
e depressão.
o As aptidões de comunicação tais como
aprender a escutar, como exprimir nossas
emoções e necessidades claramente,
respeitar -nos uns aos outros e como ler a
linguagem corporal. A meta aqui é
desarmar a agressão e estabelecer melhor
entendimento mútuo.
o Resolver conflitos domésticos de uma
maneira não-violenta.
o Socializar como um meio de
aprendizagem, auto enriquecimento,
mitigar tensões e restaurar a autoestima.
• Consumo das mídias: Como afirmado acima, os
meios de comunicação de massa são a
ferramenta mais poderosa para formar nossas
visões e valores. Por esta razão, o consumo sábio
das mídias consegue reduzir tendências
agressivas, encorajar comportamento pró-social
e fornecer informação essencial e entendimento
do mundo e nosso lugar dentro dele. Para nos
certificarmos, o termo, “mídia,” não se relaciona
somente à TV e rádio, mas também à Internet,
jornais e algumas formas da cultura pop, tais
como filmes e música popular.

-193-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

• Aptidões de gestão de tempo: Aprender a usar o


nosso tempo para enriquecimento pessoal,
expansão dos círculos sociais, adquirir novas
aptidões ou melhorar aptidões profissionais e
nutrir laços familiares mais sólidos.
• Qualificar estagiários como instrutores para
futuros cursos e treinamentos.
Também, a frequência física é possível, o
treinamento será dado através de atividades sociais,
simulações, trabalho em grupo, jogos e apresentações
multimídia. A aprendizagem não será num formato
frontal tradicional professor/aula. Em vez disso, o
professor e os estudantes se sentarão num círculo e
conversarão como iguais, assim aprendendo através de
enriquecimento e partilha mútuos. Onde a participação
física não é possível, a estrutura educativa será
amplamente interativa, com exemplos e atividades
desenhadas principalmente para a e-educação.
Os resultados de tal treinamento devem ser: 1)
compreender como gerir a nossa vida pessoal no meio
social volátil e instabilidade econômica de hoje; 2)
compreender que há uma lei natural que galvaniza esta
revelação, que essa lei é tão severa e inexorável como a
gravidade, e que devemos desta forma dominar estes
novos meios de lidar para o nosso próprio bem.
Embora todos tenhamos que saber como nos gerir a
nós mesmos sob a Lei da Interdependência imposta pela
Lei da Doação, o Criador, isso não significa que todos
tenham de estudar Cabalá. Aqueles que desejam estudar
podem fazê-lo, mas aqueles que não têm desejo de
alcançar o Criador contribuirão precisamente o mesmo
para o “superorganismo da humanidade,” para usar as
palavras de Christakis e Fowler, ao viver simplesmente a
-194-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

Da mesma forma você não precisa de ser um


eletricista qualificado para ligar a luz com sucesso e
seguramente, nem todos têm que ser Cabalistas, ou um
“perito no funcionamento da Lei da Doação,” para usar
fraseado mais contemporâneo, sucessiva e seguramente
aplicar a Lei da Doação às suas vidas. Afinal, esta lei existe
com a meta de fazer o bem às Suas criações, como
aprendemos no Capítulo 2. Desta forma, tudo o que
precisamos de aprender é como usá -la adequadamente, tal
como aprendemos a usar a eletricidade, gravidade,
magnetismo e qualquer outra lei natural ou força para
nosso benefício.
Dito isso, tal como os eletricistas constroem os
sistemas que todos usam seguramente sem qualquer
conhecimento profissional, os Cabalistas têm que
construir os sistemas sociais e de ensino que inculcam a
qualidade de doação na sociedade, para que todos possam
usar estes sistemas beneficamente, até sem qualquer
conhecimento da Cabalá.
3) A mesa redonda: Um meio que é de principal
importância, e assim merece um item em por si mesma, é
o formato de discussão da mesa redonda. Neste tipo de
discussão, t odos os participantes são de estatuto igual e
representam visões diferentes, frequentemente opostas
sobre assuntos que são críticos para o bem-estar e
sanidade da comunidade, cidade, estado, ou país.
A meta da deliberação não é de reconciliar diferenças
ou induzir compromisso. Em vez disso, a meta é encontrar
um denominador comum que se encontre acima dos
conflitos e disputas. O resultado de encontrar tal elemento
é que os tópicos em disputa subitamente parecem menos
importantes que anteriormente, e pálidos em comparação
à união e calor que os participantes agora sentem uns para
-195-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

os outros. Subsequentemente, soluções são facilmente


encontradas para conflitos anteriormente persistentes
num espírito de boa-fé, devido ao recentemente
descoberto interesse comum.
Em Israel, várias organizações e movimentos
implementaram o formato de discussão da mesa redonda.
O movimento Arvut (garantia mútua), por exemplo,
implementou este meio de deliberação centenas de vezes e
cada vez que este formato foi usado, foi relatado como um
grande sucesso pelos próprios participantes. Desta
maneira, problemas que não haviam sido resolvidos
durante anos foram resolvidos numa questão de horas.
Até agora em Israel, isto foi experimentado em
grandes cidades, aldeias e kibbutzim, em aldeias Árabes e
Druzas, reunindo os colonos da mais extrema direita da
Judeia e Samária com Árabes da Cisjordânia, na Knesset
(Parlamento Israelita), e dentro de populações em
conflito tais como emigrantes da Etiópia e antiga União
Soviética. Estes eventos terminaram com uma profunda
sensação de união e calor 100 por cento das vezes. Para
testemunhos registados em vídeo e mais detalhes sobre as
discussões da mesa redonda visite http://www.arvut.org/
en/round-table.
Discussões de mesa redonda foram conduzidas pelo
mundo, também. Nova Iorque e São Francisco (EUA),
Toronto (Canadá), Frankfurt e Nuremberga (Alemanha),
Roma (Itália), Barcelona (Espanha), São Petersburgo e
Perm (Rússia), são só alguns dos muitos lugares onde esta
forma de discussão foi implementada, todos desfrutando
do mesmo sucesso que em Israel.
No espírito da igualdade, as atuais deliberações
também envolvem o público e seguem este procedimento:
Um painel de indivíduos de diversas áreas do
-196-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

conhecimento e agendas frequentemente conflituosas


sentam-se à volta da mesa principal. Os palestrantes
exprimem suas visões sobre um tópico declarado pelo
anfitrião do evento. Seguidamente, o público faz perguntas
aos palestrantes, às quais um ou mais deles responde. É
uma regra inquebrável que os palestrantes não devem
reprovar outros palestrantes ou interferir com suas
palavras. Crítica pessoal é também estritamente proibida.
Deste modo, o público escuta uma variedade de visões que
não se opõem uma à outra, mas em vez disso se
complementam uma à outra.
Subsequentemente, o público divide-se em múltiplas
mesas redondas e discute perguntas apresentadas pelo
anfitrião da mesma maneira e espírito demonstrados pelo
painel. Finalmente, as mesas reúnem-se novamente numa
assembleia geral e cada mesa apresenta suas conclusões,
bem como partilha suas impressões do evento como um
todo.
Recentemente, até algumas discussões de mesa redonda
online foram experimentadas, e elas, também, foram muito
bem sucedidas. Naturalmente, cada lugar tem sua
mentalidade única, e cada veículo, um evento ao vivo, um
encontro online, ou uma transmissão de TV , tem suas
vantagens e desvantagens. Desta forma, não há dois eventos
iguais. Todavia, o espírito da camaradagem e o
compromisso à responsabilidade mútua que se encontram
na base de toda tal discussão garantem o sucesso destas
deliberações únicas. Embora a ampla maioria das
sociedades esteja ainda muito longe de viver a partir dos
conceitos da garantia mútua, estas discussões, como os
registos de vídeo demonstram, conseguem introduzir um
sentido genuíno do que é viver em garantia mútua.

-197-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

CRIANÇAS INTEGRALMENTE EDUCADAS


Enquanto adultos devem assumir responsabilidade por
mudar seus meios sociais positivamente, a situação é
muito mais complicada no que diz respeito a crianças e
jovens. Aqui é a responsabilidade dos adultos, professores
e educadores, seja a través de iniciativas privadas ou com o
apoio do governo, construir este meio de indução de
coesão.
O presente sistema de educação promove competição
sem diminuição. Por si mesma, a competição é natural e
não é naturalmente negativa. Mas se considerarmos a
cultura competitiva de hoje e o que ela nos está fazendo, e
tanto quanto o mais aos nossos filhos, é claro que estamos
empregando mal esse traço.
Em Sem Concurso: O Caso Contra a Competição, Alfie
Kohn, um conhecido dissidente da competição, citou o
psicólogo, Elliot Aronson: “Desde o jogador de futebol da
Pequena Liga que irrompe em lágrimas depois de sua
equipa perder, aos estudantes de segundo grau no estado de
futebol a cantar ‘Somos o número um!’; desde Lyndon
Johnson, cujo juízo foi quase certamente distorcido pelo seu
desejo frequentemente afirmado de não ser o primeiro
Presidente Americano a perder uma guerra, a um aluno da
terceira classe que despreza seu colega de turma por uma
performance superior num teste de aritmética,
manifestamos uma vacilante obsessão cultural pela
vitória”.260
Certamente, bibliotecas e a Internet são abundantes de
estudos que indicam que a competição e individualismo são
maus e a colaboração e cooperação são bons, tanto no
trabalho como na escola. Jeffrey Norris publicou uma

-198-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

história no Centro Noticioso da UCSF, intitulada, “O


Prémio Nobel de Yamanaka Salienta o Valor do
Treinamento e Colaboração”. Nessa história, argumentou
Norris, “O solitário cientista trabalhando até tarde à noite
para completar uma experiência inova dora que conduz a
um momento Eureka de alegria solitária é uma cena
comum dos filmes de Hollywood, mas na ciência da
realidade é um envolvimento altamente social”.261 Mais
tarde, na secção, “Colaboração Sinérgica Impulsiona o
Progresso”, ele acrescenta, “Nos moldes abertos dos
edifícios modernos de laboratório, cada investigador
cientifico principal trabalha com vários colegas pós-
doutorados, estudantes graduados e técnicos e um visitante
não sabe dizer onde um laboratório termina e outro
começa. Ideias cientificas e camaradagem são nutridas no
meio interactivo”.262
E semelhante na escola. Numerosas experiências foram
já conduzidas sobre os benefícios da colaboração no sistema
de educação. Num ensaio chamado, “Uma História de
Sucesso da Psicologia Educativa: Teoria da
Interdependência Social e Aprendizagem Cooperativa”, os
professores da Universidade do Minnesota, David W.
Johnson e Roger T. Johnson apresentam o caso para a
teoria da “interdependência social”. Nas suas palavras,
“Mais de 1200 estudos de investigação foram conduzidos
nas passadas 11 décadas sobre esforços cooperativos,
competitivos e individualistas. Achados destes estudos
validaram, modificaram, refinaram e prolongaram a
teoria”.263
Os autores avançaram para detalhar o qu e estes
estudos haviam descoberto. Os pesquisadores compararam
a eficácia da aprendizagem cooperativa à frequentemente
usada aprendizagem individual e competitiva. Os resultados
foram inequívocos. Em termos de responsabilidade
-199-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

individual e responsabilidade pessoal, eles concluíram, “A


interdependência positiva que liga grupos de membro
juntos está postulada a resultar em sentimentos de
responsabilidade por (a) completar nossa quota do
trabalho e (b) facilitar o trabalho de outros membros do
grupo. Além do mais, quando a performance de uma
pessoa afeta o resultado dos colaboradores, a pessoa sente-
se responsável pelo bem-estar dos colaboradores bem
como o seu próprio. Falhar por si só é ruim, mas falhar
para com os outros é pior”.264 Por outras palavras,
interdependência positiva torna pessoas individualistas em
preocupadas e colaboradoras, o completo oposto da
presente tendência de crescente individualismo até ao
ponto do narcisismo.265
Os Johnson e Johnson distingue entre
interdependência positiva e interdependência negativa. A
do tipo positivo envolve “…uma correlação positiva entre
as metas e realizações dos indivíduos; os indivíduos
percebem que podem alcançar suas metas se e somente se
os outros indivíduos com os quais estão cooperativamente
ligados alcançam suas metas”.266 A negativa significa que
“indivíduos percebem que podem obter suas metas se e
somente se os outros indivíduos com os quais estão
competitivamente ligados falharem de obter suas
metas”.267
Para demonstrar os benefícios da colaboração, os
investigadores mediram as concretizações de estudantes
que colaboraram em comparação com aqueles que
competiram. Em seus achados, “A pessoa mediana
cooperativa foi descoberta concretizar cerca de dois terços
de um desvio padrão acima da pessoa mediana a atuar
dentro de uma situação competitiva ou individualista”.268

-200-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

Para compreender o sentido de tal desvio acima da


média, considere que se uma criança é um aluno de nota
D, ao cooperar, as notas desse aluno vão saltar para uma
deslumbrante nota A+. Também, os Johnsons escreveram,
“Cooperação, quando comparada com esforços
competitivos e individualistas, tem tendência de promover
maior retenção a longo-prazo, elevada motivação
intrínseca e expectativas de sucesso, mais pensamento
criativo… e mais atitudes positivas para a tarefa e a
escola.”269 Em outras palavras, não só as crianças se
beneficiam desta atitude pró-social, mas a sociedade como
um todo ganha impulso.
No princípio de 2012, escrevi em conjunto com o
Professor de Psicologia e terapeuta Gestalt, Dr. Anatoly
Ulianov, um livro intitulado, A Psicologia da Sociedade
Integral. O livro detalha os essenciais da EI, com
referências específicas à sociedade competitiva de hoje. Em
essência, o livro sugere que uma vez que a competição é
inerente à natureza humana, como detalhado
anteriormente neste livro em respeito à aspiração falante
por riqueza, poder e fama, não a devemos inibir. Em vez
disso, ao invés de competir para ser rei (ou rainha) do meu
bairro, por assim dizer, podemos nutrir uma atmosfera
social que promova a competição para a pessoa que
contribui mais para as outras.
Especificamente, aqueles que deviam ser declarados
vencedores são indivíduos que fizeram mais para
tornarem os outros melhores. Num sentido, é uma
competição para ser aquele que ama mais os outros.
Assim, o impulso natural das crianças de sobressair, e
especificamente, sobressair às outras, não é inibido,
permitindo que elas atualizem seu completo potencial
enquanto o canalizando para beneficiar a sociedade em
-201-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

em vez de a si mesmas, uma vez que a única maneira


de vencer este tipo de competição é serem as melhores ao
serem boas. Desta maneira, a competição torna -se uma
ferramenta para alcançar a qualidade de doação nas
crianças.
Para criar este tipo de atmosfera saudável, relações
colega-a-colega e relações de professor-a-aluno devem
refletir estes valores pró-sociais. Isto envolve algumas
modificações no estilo tradicional de ensino. A premissa
na EI é que o desafio principal de hoje na educação não é a
transmissão de informação, mas em vez disso inculcar
capacidades com as quais adquirir informação
rapidamente e de uma maneira que serve melhor as várias
metas dos estudantes.
Esta é uma mudança do paradigma tradicional, que
resulta do fato de que a vida de hoje é muito diferente do
tempo da Revolução Industrial, durante a qual o conceito
do leccionar frontal de informação foi concebido. Na Era
da Informação, dados acumulam - se tão rápido que as
passadas experiências só podem servir como uma base
para posterior aprendizagem. Em preparação para o
mundo de adulto de hoje, as crianças escolares precisam
de aprender como aprender mais do que precisam de
absorver informação.
Adicionalmente, devido à natureza interligada e
interdependente do mundo de hoje, desde cedo as crianças
precisam compreender que o interesse pessoal sozinho
não conduzirá à felicidade. Em vez disso, como Johnson e
Johnson demonstram, a consideração mútua e abertura
aos outros promoverão melhor suas chances de sucesso e
felicidade.
Mas as crianças precisam de experimentar sua
interligação do mundo na vida real, e não escutar somente
ou falar sobre isso. Uma maneira prática de alcançar isto é
-202-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

ao transformar a sala de aula num microcosmo, um


pequeno ambiente, uma pequena família onde todos se
preocupam uns com os outros.
Para esse fim, a EI propõe que estudantes e
professores, ou “educadores,” como eles são referidos na
EI, se sentem em círculos, e a aprendizagem tomará lugar
através de discussões animadas, sobre o assunto estudado.
Os círculos colocam o educador e estudantes no mesmo
nível, para que o educador possa gentilmente guiar a
discussão para a aprendizagem, e ainda mais importante,
para o entendimento mútuo sem ser arrogante ou
dominador.
Outro assunto importante é o currículo escolar. Isto
deve refletir a natureza interligada do mundo. O currículo
também deve apoiar a integração dos tópicos. Assim, o
campo de estudo tal como a matemática, física e biologia
não serão leccionados separadamente, mas dentro do
contexto da Natureza como um todo, que é como as leis
das três disciplinas na realidade funcionam.
Integração deve ser inerente ao próprio estudo, e é
muito provável ver estudantes aplicarem das leis da
biologia aos seus estudos nas humanidades. Afinal, a
humanidade foi rotulada como “um superorganismo,”
então aplicar as leis da biologia à sociedade humana
parece uma evolução natural.
Também notável é o ponto de que na EI, os
educadores não são professores, mas estudantes mais
velhos. Isto aumenta a coesão geral e camaradagem entre
estudantes de diferentes grupos etários, a desenvolver
aptidões verbais e pedagógicas dos jovens educadores e
induz uma assimilação muito mais profunda de
informação nos tutores porque eles a têm que ensinar.
-203-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Mas acima de tudo, quando os jovens tutores ensinam


em vez de professores a dultos, problemas de disciplina se
tornam virtualmente obsoletos. Porque crianças mais
novas naturalmente aspiram a crianças que são mais
velhas que elas em dois ou três anos, em vez de ressentir os
educadores, como frequentemente sentem com os
professores adultos, elas procuram favorecê-los e
concorrem para ser o melhor estudante aos olhos do tutor.
Casar essa aspiração com o desejo de ser o melhor ao ser
bom, e você tem nas suas mãos uma atmosfera escolar
para as qual as crianças terão prazer de ir de manhã, e na
qual elas crescerão para se tornarem adultos confiantes e
pró-sociais.
Condizendo aos propósitos da EI, a própria
aprendizagem tomará lugar em grupos, pois ela é a forma
mais vantajosa de estudo para nutrir aptidões sociais e
para inculcar informação, de acordo com os mencionados
estudos da Johnson e Johnson. Assim, a avaliação de um
estudante não se relacionará à sua habilidade de
memorizar e recitar num teste padronizado. Em vez disso,
avaliações serão dadas aos grupos, em vez de indivíduos.
Isto aumentará ainda mais a sensação de responsabilidade
do grupo e responsabilidade mútua entre os estudantes.
Com isso dito, professores e educadores regularmente
enviarão relatórios aos pais e administradores escolares a
respeito do progresso social e educativo das crianças.
Porque os professores estarão muito mais próximos dos
estudantes do que os métodos de ensino de hoje
permitem, eles verão que um problema surge com uma
criança antes que ele se deteriore numa grande crise.
Uma vez por semana, os estudantes devem abandonar
o edifício escolar e saírem em excursões. Para conhecerem
-204-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

o mundo em que vivem, o sistema educativo deve fornecer-


lhes em primeira mão o conhecimento das instituições que
afetam suas vidas, as autoridades governamentais, a história
e natureza dos lugares em que elas vivem. Tais excursões
devem incluir museus, passeios em parques próximos,
visitas a comunidades agrárias, visitas a fábricas, hospitais e
excursões a instituições governamentais, estações de polícia
e assim por diante.
Cada uma destas excursões irá necessitar de preparação
que equipará os estudantes com conhecimento prévio do
lugar que estão prestes a visitar, o papel desse lugar na
sociedade, do que ele contribui, possíveis alternativas e as
origens desse lugar ou instituição.
Por exemplo, antes de uma excursão à esquadra de
polícia local, os estudantes pesquisarão o tópico da polícia
na Internet, se possível com informação específica sobre a
esquadra que estão prestes a visitar. Eles aprenderão como a
polícia chegou ao seu presente modo de ação, como ela se
encaixa dentro do tecido da vida na nossa sociedade e que
alternativas para a polícia podemos imaginar.
Desta maneira, as crianças aprenderão sobre o mundo
em que vivem, desenvolverão pensamento criativo para
imaginar um futuro mais desejável, praticarão trabalho de
equipe, e melhorarão suas aptidões de aprendizagem.
Depois da excursão, maiores discussões permitirão aos
estudantes partilhar o que aprenderam, tirar conclusões,
fazer sugestões e comparar o que descobriram com as
noções que tinham a respeito do tópico em discussão antes
da excursão.
Há muito mais a dizer sobre as escolas de EI, tal como
em respeito das relações de pais - escola-estudante,
abordagem aos trabalhos-de-casa, horas escolares
recomendadas, feriados, políticas de punição ou não, etc.
-205-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Desenvolver mais este tópico está além da amplitude deste


livro, mas a ideia ao redor da EI deve ficar clara: as
crianças precisam aprender em ambiente interligado e
experimentar em primeira mão os benefícios e diversão
associados a viver em tal ambiente.

NOSSO PRIVILÉGIO, NOSSO DEVER,


NOSSO TEMPO

Uma última coisa precisa de ser mencionada a respeito da


educação de adultos, jovens e crianças. Nenhuma forma de
Educação Integrada terá sucesso se ela visar melhorar
somente nossas vidas materiais. Embora esta seja uma
meta desejável, ela não será alcançada sem um profundo
entendimento de que toda a humanidade está avançando
para uma era de interligação e interdependência porque
esta é a Lei da Natureza.
As pessoas não precisam de lhe chamar “o Criador”.
Não há necessidade de alguém aspirar para alcançar um
nível superior, mais profundo, mais amplo de percepção a
menos que esteja na sua vontade. Contudo, pessoas terão
de saber que equivalência de forma, ser como a Lei da
Natureza, ou seja interligação, nos impulsiona para
adaptarmos nosso modo de vida correspondentemente.
Aqueles que dispõem o currículo e desenham os
programas de estudo terão de ser tal como descrito, ou seja
Cabalistas. Com isso dito, estudos de Cabalá nunca serão
mandatários porque somente aqueles que se desejam
transformar a si mesmos, dedicar a si mesmos ao serviço
dos outros e genuinamente desejam adquirir a qualidade
de doação se devotarão a esta vocação.
Certamente, tal transformação social é uma tarefa
robusta. E todavia, nós Judeus já fomos anteriormente
transformados, e quer esteja dormente ou desperta, a
-206-
C APÍTULO 10: V IVENDO NUM M UNDO I NTEGRAL

reminiscência dessa transformação existe dentro de todos


nós. A nenhuma outra nação foi dada a tarefa de redimir a
humanidade, como aos Judeus, e a nenhuma outra nação
foram dadas as ferramentas inerentes para fazer isso. É
nosso chamado, é nosso privilégio, é nosso dever e é nossa
hora. É a partir desse sentido de compromisso que o
método sugerido de educação foi concebido.
Pode soar como um método um pouco ortodoxo, mas
suas fundações estão profundamente enraizadas dentro de
nossa história e dentro de nossas almas, e seus “princípios”
foram testados com sucesso por outras doutrinas. Ele terá
sucesso se nos unirmos, e ele fracassará se não o fizermos.
Como nossos sábios disseram, “Grande é a paz, pois até
quando Israel idolatram mas há paz entre eles, o Criador
diz, ‘É como se eu não os conseguisse governar porque há
paz entre eles’”.270
Gostaria de terminar com uma referência às palavras
de Baal HaSulam no fim da sua “Introdução ao Livro do
Zohar”. Ele conclui sua introdução com uma afirmação de
que se Israel levem a cabo sua missão e tragam felicidade ao
mundo através da união e aquisição da qualidade de
doação, as palavras do Profeta Isaías se realizarão, e as
nações se juntarão a nós e nos ajudarão na nossa missão.
Como Baal HaSulam cita, “Assim disse o Senhor Deus: ‘Eis,
Eu levantarei minha mão para as nações, e definirei meus
padrões aos povos, e eles trarão vossos filhos nos seus
braços, e vossas filhas serão carregadas sobre seus
ombros’” (Isaías 49:22).

-207-
POSFÁCIO

A humanidade merece estar unida em uma única


família. Nessa altura todas as discussões e a má
vontade que derivam de divisões de nações e suas
fronteiras cessarão. Contudo, o mundo necessita de
mitigação, através da qual a humanidade será
aperfeiçoada através das características únicas de cada
nação. Esta carência é o que a Assembleia de Israel
complementará.
O Rav Kook,
Orot HaRaiá [Luzes de Raiá], Shavuot, pg. 70

N
ão foi fácil escrever este livro. Escrevi dezenas de
livros, mas nenhum foi tão emocionalmente
exigente ou intelectualmente desafiante. Durante
muitos anos até então, que conheço a tarefa que se
encontra perante nós, mas sempre hesitei acerca de
escrever diretamente aos meus irmãos Judeus. Não desejo
ser percebido como condescendente ou arrogante, e ser
tediosamente maçador ou repreensivo não está
propriamente na minha lista de “coisas a fazer”.
E todavia, os meus estudos de Cabalá com o Rabash
ensinaram-me que a direção na qual o mundo está se
movendo está alinhada para acabar em mutilação. Foi por
isso que o pai do Rabash, Baal HaSulam, bem como seu
filho, estavam mais propensos a circular a sabedoria oculta
como uma cura para o crescente egoísmo da humanidade
que qualquer outro Cabalista anterior.
-209-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Baal HaSulam estava ansioso com a crescente


interdependência global no princípio dos anos 30, quando
poucas pessoas no mundo estavam sequer conscientes do
processo. Ele sabia que isso conduziria a uma crise
insolúvel se a humanidade não apoiasse essa dependência
mútua com garantia mútua, que a natureza humana não
seria capaz de tolerar o contraste entre interdependência e
aversão mútua.
Ao mesmo tempo, até na fase inicial da nossa
globalização, Baal HaSulam percebeu que o processo era
irreversível, que porque somos partes de uma única alma,
um único desejo, estamos naturalmente conectados. Ele
também sabia, como todos os sábios citados neste livro,
que a meta para a qual fomos criados não foi para que as
pessoas fossem estranhas e odiosas, mas para se
conectarem e se unirem através da qualidade de doação.
Hoje vemos quão certo ele estava. Estamos
desesperadamente ligados de forma enferma, e
veementemente rancorosos acerca disso. Nossos sistemas
sociais, tais co mo a economia, saúde e educação,
assumem que a má vontade é a base das relações humanas,
e desta forma cada entidade cobre-se a si mesma através
de regulamentações, legislações e solicitadores.
Mas este modus operandi é insustentável. Como as
boas famílias assumem a boa vontade entre membros da
família, todos os membros da humanidade têm de
aprender a confiar uns nos outros.
Contudo, como demonstrado no decorrer do livro,
porque nossos egos evoluem constantemente e enfatizam
nossa singularidade em vez de no ssa união, precisamos de
um método para nos ajudar a alcançar união acima de
nossa disparidade, sem a suprimir ou anular. Esse método
está enraizado no património espiritual de nosso povo, e
-210-
P OSFÁCIO

ele é a dádiva dos Judeus à humanidade, a salvação que


todas as nações esperam dos Judeus.
A dádiva que pode ser entregue através da sabedoria da
Cabalá, através da Educação Integral, pelo meio que Baal
HaSulam sugeriu em A Nação, ou por qualquer outro meio
que renda uma mudança fundamental na natureza humana
da divisão para a união, da animosidade para a empatia e
preocupação. Se alcançarmos essa união, então quanto mais
diferirmos na nossa personalidade, mais forte e quente será
nosso laço. Como Rabi Nathan Sternhertz o descreveu,
“Depende principalmente do homem, que é o coração da
Criação, e sobre o qual tudo depende. É por isso que ‘Ama
teu próximo como a ti mesmo’ é a grande klal [“regra”, mas
também “coletivo”] da Torá, para incluir nela união e paz,
que é o coração da vitalidade, persistência, e correção do
todo da criação, pelas pessoas de visões diferentes sendo
incluídas juntas em amor, união e paz”.271
Certamente, a beleza de nosso povo está na sua união,
sua coesão. Nossa nação começou como um grupo de
indivíduos que compartilharam um desejo comum: de
descobrir a força essencial da vida. Nós descobrimos que ela
era, numa palavra, “amor”, e nós a descobrimos porque
desenvolvemos essa qualidade dentro de nós. Essa força de
amor nos uniu, e no espírito do amor, procuramos
compartilhar nossa descoberta com qualquer um que o
quisesse.
Com o tempo, perdemos nossa conexão, primeiro uns
com os outros, então com a força que havíamos descoberto
através de nosso laço. Mas agora o mundo precisa que
reacendamos esse laço, primeiro entre nós, e
subsequentemente entre o todo da humanidade.
Somos uma nação abençoada, uma nação com a dádiva
do amor, que é a qualidade do Criador. Receber esta dádiva
é a meta para a qual a humanidade foi criada, e nós somos a
-211-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

única conduta pela qual este amor pode fluir para todas as
na ções. Desde a aurora da humanidade, “nunca tão
poucos deveram tanto a tantos, para parafrasear as
palavras de Winston Churchill. E contudo, nunca tão
poucos foram capazes de dar tanto a tantos.
Certamente, como Baal HaSulam diz, “Cabe à nação
Israelita qualificar a si mesma e a todas as pessoas do
mundo ... a se desenvolverem até que tomem sobre si
mesmas essa obra sublime do amor aos outros, que é a
escada para o propósito da Criação, que é Dvekút
[equivalência de forma] com Ele”.272

-212-
NOTAS

1 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal


HaSulam, “Os Escritos da Última Geração” (Ashlag Research Institute:
Israel, 2009), 813-814.
2 Masechet Derech Eretz Zuta, Capítulo 9.
3 Masechet Yoma, p 9b.
4 Rabbi Kalonymus Kalman Halevi Epstein, Maor va Shemesh (Luz e
Sol), Parashat (Porção) Balak
5 Jean M. Twenge and W. Keith Campbell, A Epidemia do Narcisismo:
Vivendo da Era do Direito (New York: Free Press, A Division of Simon &
Schuster, Inc. 2009), 1.
6 Jean M. Twenge and W. Keith Campbell, A Epidemia do Narcisismo, 1-2.
7 Rav Moshe Ben Maimon (Maimônides), Mishneh Torah (Repetição
da Torá, a.k.a. Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Part 1, “O Livro da
Ciência,” Capítulo 1, Item 3.
8 Rabbi Yehuda HaLevi, O Kozari, “Primeiro Ensaio,” item 31, 60.
9 HaRav Avraham Yitzchak HaCohen Kook, Cartas de RAAIAH 3
(Mosad HaRav Kook, Jerusalém, 1950), 194-195.
10 Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR of Gur), Sefat Emet [Lábios
Verdadeiros], Parashat Yitro [Porção, Jetro], TARLAZ (1876).
11 Rabbi Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [Um Nome de Samuel],
Haazinu [Ouça], TARAP (1920).
12 ibid.
13 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “Paz no Mundo,” 464-5.
14 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “O Amor de DEus e o Amor dos Homens” 486.
15 Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR of Gur), Sefat Emet [Lábios
Verdadeiros], Parashat Yitro [Porção, Jetro], TARLAZ (1876).

-213-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

16 Sefer HaYashar [O Livro do Superior], Porção Noé, Parasha 13, item 3.


17 Pirkey de Rabbi Eliezer [Capítulos of Rabbi Eliezer], Chapter 24
18 ibid.
19 Rav Moshe Ben Maimon (Maimonides), Mishneh Torah (Yad HaChaza-
kah (A Mão Poderosa), Part 1, “O Livro da Ciência”, Capítulo 1, Item 1. 20
Maimonides, Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Parte 1, “O Livro da
Ciência,” Capítulo 1, Item 3.
21 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “Paz no Mundo”, 406-7.
22 Maimonides, Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Part 1, “O Livro da
Ciência,” Capítulo 1, Item 3.
23 Midrash Rabbah, Beresheet, Porção 38, Item 13.
24 ibid.
25 Maimonides, Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Part 1, “O Livro da
Ciência,” Capítulo 1, Item 3.
26 ibid.
27 ibid.
28 Rabbi Meir Ben Gabai, Avodat HaKodesh [O Trabalho Sagrado], Parte
3, Capítulo 27.
29 Elimelech of Lizhensk, Noam Elimelech (A Afabilidade de Elimelech),
Likutei Shoshana (“Coleçãode A Rosa”) (Publicada em Levov, Ucrânia,
1788), URL: http://www.daat.ac.il/daat/vl/tohen.asp?id=173. 30 Shlomo
Ephraim Luntschitz, Keli Yakar [Vaso Precioso] , Relativo à Beresheet
[Genesis], 32:29.
31 Chaim ibn Attar, em Ohr HaChaim [Luz da Vida], Bamidbar
[Numeros], Capítulo 23, Item 8, https://sites.google.com/site/
magartoratemet/tanach/orhahaym.
32 Baruch Shalom Ashlag (Rabash), Os Escritos de Rabash, Vol. 1, Artigo
no. 9, 1988-89 (Israel: Ashlag Research Institute, 2008), 50, 82, 163.
33 Rabbi Meir Ben Gabai, Avodat HaKodesh [O Trabalho Santo], Parte 2,
Capítulo 16.
34 Rabbi Isaiah HaLevi Horowitz (O Santo Shlah), Toldot Adam [As
Gerações do Homem, “A Casa de David” 7.

-214-
N OTAS
35 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos deBaal HaSulam,
“Introdução à Sabedoria da Cabalá,” 155.
36 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“Introdução ao Livro do Zohar,” 432.
37 Rabbi Shlomo Ben Yitzhak (RASHI), A Interpretação do Rashi da
Torá, “Relativo ao Êxodo,” 19:2.
38 Midrash Tanah De Bei Eliyahu Rabah, Capítulo 28.
39 Midrash Tanhuma, Nitzavim, Capítulo 1.
40 Ithak Eliyahu Landau, Rabbi Shmuel Landau, Masechet Derech Eretz
Zutah, Capítulo 9, itens 28-29 (Vilna: Printer: Rabbi Hillel, 1872), 57-58.
41 Talmude Babilônico, Masechet Berachot [Tratado das Bençãos] p
44a; Maimonides, Mishneh Torah, “Regras das Bênçãos”, Capítulo 8,
Regra 14; Rav Moshe Cordovero (o Ramak), Um Pomar de Romãs,
Portão 23, Capítulo 5; e numerosos outros.
42 Rabbi Isaiah HaLevi Horowitz (O Santo Shlah), Masechet Pesachim,
Sexta Interpretação, (27); Rabbi Menachem Nachum of Chernobyl,
Maor Eynaim [Olhos Brilhantes], Lech Lecha [Siga Em Frente], Rabbi
Tzadok HaCo-hen of Lublin, Os Pensamentos do Diligente, item 19, e
muitos outros.
43 Yehuda Ashlag, Talmud Eser HaSefirot [O Estudo das Dez Sefirot],
Parte 1, Histaklut Pnimit (Reflexão Interior), Capítulo 2, itens 10-11
(Jerusalém: M. Klar, 1956), 17.
44 ibid.
45 Rabbi Isaiah HaLevi Horowitz (O Santo Shlah), Masechet Pesachim,
Sexta Interpretação, (27).
46 Rabbi Nathan Sternhertz, Likutey Halachot [Regras Sortidas],
“Regras de Tefilat Arvit [Oração Noturna],” Regra no. 4.
47 Yehuda Ashlag,Talmud Eser HaSephirot [O Estudo das Dez Sefirot],
Parte 1, “Introdução ao Estudo das Dez Sefirot,” itens 104- 105
(Jerusalém: M. Klar, 1956), 31.
48 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “Introdução ao Livro, Panim Meirot uMasbirot [Face
Brilhante eAcolhedora]” (Ashlag Research Institute, Israel, 2009), 150.
49 Rabbi Itzchak Luria (o Santo ARI), A Árvore da Vida, Portão 39, Artigo no. 3.
50 Rabbi Meïr Leibush ben Iehiel Michel Weiser (O MALBIM),
Relativo a 1 Rei, 8:10, Seção, “Explanação da Matéria.”

-215-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

51 Rabbi Pinhas HaLevi Horovitz, Sefer HaMikneh [A Ação da


Compra], Masechet Kidhushin [Treatise Betrothal], p 82a.
52 Rabbi Abraham Ben David, (The RABaD), The RABaD Comentário
sobre o Livro da Criação, Capítulo 2, Estudo no. 2.
53 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “A Liberdade”, 415.
54 Rabbi Nathan Neta Shapiro, Revela Coisas Profundas, Parashat
Shemot [Êxodo].
55 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “Introdução ao Livro, Panim Meirot uMasbirot [Face
Brilhante e Acolhedora],” 134.
56 Maimonides, Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Part 1, “O Livro
da Ciência ” Capítulo 1, Item 1.
57 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “Introdução ao Livro do Zohar,” items 43-44, 444.
58 Rav Baruch Shalom Ashlag (o Rabash), Os Escritos do Rabash, “Em
Minha Cama a Noite” (Ashlag Research Institute, Israel, 2008), 129.
59 Rabbi Shimon Bar Yochai (Rashbi), O Livro do Zohar (com o
Comentário Sulam [Escada] de Baal HaSulam, Novo Zohar,
Parashat Toldot, vol. 19, item 31 (Jerusalém), 8-9.
60 Rabbi Isaiah HaLevi Horowitz (O Santo Shlah), Masechet Sukkah
[Tratado, Sukkah], Capítulo, “Torá, Luz” (13).
61 Rabbi Naphtali Tzvi Yehuda Berlin (O NATZIV de Volojin),
Haamek Davar [Investigação Profunda na Matéria] sobre Beresheet
[Gênesis], Capítulo 47:28.
62 Pirkey de Rabbi Eliezer [Capítulos de Rabbi Eliezer], Capítulo 24.
63 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “Introdução ao Livro, Panim Meirot uMasbirot [Face
Brilhante e Acolhedora],” 134.
64 Rabbi Isaiah HaLevi Horowitz (O Santo Shlah), Em Dez
Pronunciamentos, “Sexto Pronunciamento.”
65 Rabbi Shimon Ashkenazi, Yalkut Shimoni [A Antologia Shimoni ],
Micah, Capítulo 7, continuação da Intimação. 556.
66 Midrash Rabah, Shemot [Êxodo], Porção 30, Parágrafo 17.
67 Ramchal (Rav Moshe Chaim Lozzatto), Daat Tevunot, 154, 165.

-216-
N OTAS

68 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal


HaSulam, Shamati [Eu Ouvi], Artigo no. 5, “Lishmá É Um Despertar de
Cima, E Porquê Precisamos de Um Despertar de Baixo”, 518.
69 Midrash Rabah, Kohelet [Eclesiastes], Porção 1, Parrágrafo 34.
70 Rabbi Isaiah HaLevi Horowitz (O Santo Shlah), “O Portão das Letras,”
Item 60, “Satisfação.”
71 Ramchal (Rav Moshe Chaim Lozzatto), Daat Tevunot, 154, 165.
72 Maimonides, Yad HaChazakah (A Mão Poderosa), Parte 1, “O Livro da
Ciência,” Capítulo1, Item 3.
73 Rabbi Shlomo Ben Yitzhak (RASHI), A Interpretação de RASHI sobre a
Torá, “Referente ao Êxodo, 19:2.”
74 Talmude Babilônico, Masechet Sanhedrin, p 94b.
75 “É Chamado ‘A Terra de Canaã’ porque todos os que desejam nela
habitar deve ser subjugado pelo sofrimento todos seus dias” (Rav
Chaim Vital (Rachu), O Livro do Conhecimento do Bem, Bo [Vem]).
76 Midrash Tehilim [Psalms], Psalm no. 34.
77 Rabbi Chaim Thirer, Um Poço de Águas Vividas, Toldot [Gerações],
Capítulo 25 (contd.).
78 Rabbi Behayei Ben Asher Even Halua, Rabeinu Behayei, Em relação a
Beresheet [Gênesis], 46:27.
79 Rabbi Yisrael Segal, Netzah Yisrael [O Poder de Israel], Capítulo 5. 80
Rabbi Abraham Ben Meir Ibn Ezra, Ibn Ezra, Em Relação à Canção das
Canções, 7:3.
81 Rabbi Menahem Nahum de Chernobyl, Maor Eynaim [A Luz dos
Olhos], Beresheet [Gênesis].
82 Jonathan ben Natan Netah Eibshitz, Yaarot Devash [Favos], Part 1,
Tratado no. 13 (contd.).
83 Abraham Ben Mordechai Azulai, Introdução ao livro, Ohr Ha-Chama
(Luz do Sol), 81.
84 Rav Chaim Vital,Os Escritos do Ari, A Árvore da Vida, Parte Um, “Rav
Introdução de Chaim Vital,” 11-12
85 The Vilna Gaon (GRA), Even Shlemah [Um Peso Justo e Perfeito],
Capítulo11, Item 3.

-217-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

86 Rav Yitzhak Yehuda Yehiel of Komarno, Notzer Hesed [Observando a


Misericórdia], Capítulo 4, Ensinamento 20.
87 Rav Yitzhak HaCohen Kook ( O Raiah), Orot [Luzes], 95.
88 Rav Yitzhak HaCohen Kook (the Raiah), Otzrot HaRaiah [Tesouros
do Raiah], 2, 317.
89 Rav Moshe Chaim Lozzatto (Ramchal), Adir BaMarom [O
Poderoso Acima], “Explicação do Sonho de Daniel" (Warsaw, 1885).
90 Rav Moshe Chaim Lozzatto (Ramchal), O Comentário de Ramchal
sobre a Torá, BaMidbar [Números].
91 Rav Yitzhak HaCohen Kook (O Raiah), Cartas do Raiah vol. 2, 34.
92 Rav Yitzhak HaCohen Kook (O Raiah), Orot [Lights], 16.
93 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal
HaSulam, “O Shofar do Messias,” 457.
94 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de
Baal HaSulam, “A Arvut [Garantia Mútua],” item 28, 397.
95 Ramchal, O Comentário de Ramchal sobre a Torá, BaMidbar
[Números].
96 Yitzhak Isaac Hever Wildman, Beit Olamim [A Casa da
Eternidade] (Varsóvia, 1889), 130a.
97 Rav Moshe Chaim Lozzatto (Ramchal), Ensaio dos Princípios,
(Oyber-visha (Felsövisó) Romania, 1928), 15. URL: http://
www.hebrewbooks. org/33059.
98 Rav Abraham Isaac HaCohen Kook (Raaiah) (apareceu em HaPeles,
uma revista rabínica, Berlim, Alemanha, 1901) (A vocação de Israel e
sua Nacionalidade, Capítulo 1, p 26).
99 HaRav Avraham Yitzchak HaCohen Kook, Letras do RAAIAH 3,
194-195.
100 Rav Abraham Isaac HaCohen Kook (Raaiah), Ein Ayah [Um olho
de Falcão], Shabat 1, p 188.
101 Rabbi Naphtali Tzvi Yehuda Berlin (O NATZIV de Volojin), Haamek
Davar [Aprofunde na matéria], Com relação a Devarim
[Deuteronômio], Capítulo 27:5.
102 Johannes Reuchlin, De Arte Cabalistica (Hagenau, Alemanha:
Tomas Anshelm, March, 1517), 126.

-218-
N OTAS

103 Um Livro de Pensamentos Judaicos, ed. J. H. Hertz (London:


Oxford University Press, 1920), 134.
104 Paul Johnson, A História dos Judeus (New York: First Perennial
Li-brary, 1988), 585-6.
105 Thomas Cahill, A Dádiva dos Judeus: Como uma Tribo do Deserto
dos Nômades Mudou a Forma que Todos Pensam e Sentem (New York:
Nan A. Talese/Anchor Books (imprints of Doubleday), 1998), 3.
106 Rabbi Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [Um Nome de Samuel],
Miketz [No Fim], TARPA (1921).
107 Rav Yehuda Leib HaLevi Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de
Baal HaSulam, “A Sabedoria da Cabalá e Filosofia”, 38.
108 Terrot Reavely (T.R.) Glover, O Mundo Antigo (US: Penguin Books,
1944), 184-191.
109 Herman Rauschning, A Besta do Abismo (UK: W. Heinemann,
1941), 155-56.
110 Josephus Flavius, As Guerras dos Judeus, Capítulo 1, traduzido
por William Whiston nas Obras do Flávio Josefo (UK: Armstrong and
Plaskitt AND Plaskitt & Co., 1835), 564.
111 William Whiston, As Obras do Flávio Josefo, 565.
112 Yaakov (Jacob) Leschzinsky, A Disperção Judaica (Israel, World
Zionist Organization, 1961), 9.
113 O Santo ARI, Oito Portões, Shaar HaPsukim [Portão aos
Versículos], Parashat Shemot [Porção, Êxodo].
114 Rabbi Naphtali Tzvi Yehuda Berlin (O NATZIV de Volojin), Haamek
Davar [Se aprofunde na Questão] sobre Devarim [Deuteronômio],
Capítulo 27:5.
115 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“Artigos do Shamati [Eu Ouvi]”, artigo no. 86, “E Eles construíram
cidades-armazéns”, 591.
116 ibid.
117 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“A Arvut [Garantia Mútua],” 393.
118 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“Uma Escrava que é Herdeira de Sua Senhora”, 454.
119 Midrash Rabah, “Cântico dos Cânticos”, Parasha no. 4, 2º parágrafo.

-219-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

120 Talmud Babilônico, Masechet Pesachim, p 87b.


121 Yehuda Leib Arie Altar (ADMOR de Gur), Sefat Emet [Lábios
Verazes], Parashat Yitro [Porção, Jetro], TARLAZ (1876).
122 Hillel Tzaitlin, O Livro de uns Poucos (Jerusalém, 1979), 5.
123 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, “O
Amor de Deus e o Amor do Homem”, 486.
124 Johann Wolfgang von Goethe, Wilhelm Meisters Lehrjahre (Berlin
(Germany), Johann Friedrich Unger, 1795-1796), 359.
125 Glover, O Mundo Antigo, 184-191.
126 Ernest van den Haag, A Mística Judaica (US, Stein & Day, 1977), 13.
127 Blaise Pascal, Pensees, trans. W.F. Trotter, Introdução por T.S. Eliot
(Benediction Books, 2011), 205.
128 Ashlag, Talmud Eser HaSefirot (O Estudo das Dez Sefirot), Part 1,
“Introdução ao Estudo das Dez Sefirot”, 31.
129 Talmud Babilônico, Masechet Hulin, p 89a.
130 Maimônides, Os Escritos de Rambam [Maimônides], “A Ética do
Rambam ao Seu Filho, Rabbi Abraham”.
131 Elimelech de Lizhensk, Noam Elimelech (A Agradabilidade de
Elimelech), Parashat Beshalach [Porção, “Quando Faraó Enviou”].
132 Rabbi Jacob Joseph Katz, Toldot Yaakov Yosef [As Gerações de Jacó
José], BeShalach [Quando Faraó Enviou], item 1.
133 Rabbi Katz, Toldot Yaakov Yosef [As Gerações de Jacó José], Acharei
[Após a Morte], item 1.
134 Jonathan ben Natan Netah Eibshitz, Yaarot Devash [Favos], Parte 2,
Tratado no. 10.
135 Rav Yehuda Ashlag, Shamati [Eu Ouvi], artigo no. 144, “Há certas
pessoas” (Canada, Laitman Kabbalah Publishers, 2009), 300. 136 ibid.
137 Rav Avraham Kook (Raaiah), Artigos de Raaiah, vol. 1, pp 268-
269.
138 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“A Liberdade”, 420.
139 Talmud Babilônico, Masechet Sanhedrin, 97b.

-220-
N OTAS
140 Talmud Babilônico, Masechet Avodah Zarah [Idolatry], 2b.
141 Novo Testamento, João 4:22.
142 Novo Testamento, Romanos 3:1-2
143 Martin Gilbert, Churchill e os Judeus (UK, Simon & Schuster, 2007),
38.
144 Livro de Pensamentos Judaicos, ed. J. H. Hertz (Oxford University
Press, 1920), 131.
145 Professor Huston Smith, As Religiões do Homem (New York: Harper-
Collins, 1989).
146 Leo Tolstoy, “O que é o Judeu?” citado em A Resolução Final, p 189,
impresso no periódico Jewish World, 1908.
147 Paul Johnson, Uma História dos Judeus (New York, First Perennial
Library, 1988), 2.
148 Rav Yitzhak HaCohen Kook (o Raiah), Artigos do Raaiah, vol. 2, “O
Grande Chamado pela Terra de Israel” 323.
149 Aaron Soresky, “O ADMOR, Rabbi Yehuda Leib Ashlag ZATZUKAL
—Baal HaSulam: 30º Anivesário de seu Falecimento” Hamodia, 9,
Tishrey, TASHMAV (September 24, 1985).
150 Rav Avraham Kook (Raaiah), Artigos do Raaiah, vol. 1, pp 268-269.
151 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“Os Escritos da Última Geração”, 853.
152 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“Os Escritos da Última Geração”, 841.
153 Henry Ford, O Judeu Internacional—O Problema Mais Importante
do Mundo (The Noontide Press: Books On-Line), 40.
154 Henry Ford, O Judeu Internacional—O Problema Mais Importante
do Mundo (The Noontide Press: Books On-Line), 8.
155 Henry Ford, O Judeu Internacional—O Problema Mais Importante
do Mundo (The Noontide Press: Books On-Line), 28.
156 John Adams, em uma carta ao F. A. Vanderkemp (16 February
1809), como citado em As Raízes da Ordem Americana (1974) por Russel
Kirk.
157 Mark Twain, Os Artigos Completos de Mark Twain, “Sobre os
Judeus” (published in Harper’s Magazine, 1899), Doubleday, [1963], pg.
249. -221-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

158 Martin Gilbert, Churchill e os Judeus (UK, Simon & Schuster,


2007), 16.
159 Ronnie S. Landau, O Holocausto Nazista: Sua História e
Significado (US: Ivan R. Dee, 1994), 137.
160 “As decisões tomadas na Conferência de Evian Sobre
Refugiados judeus” (July 14, 1938), Jewish Virtual Library, url: http://
www.jewishvirtualli-brary.org/jsource/Holocaust/evian.html.
161 Yad Vashem, Shoah Resource Center, “Conferência de Evian,” url:
http://www1.yadvashem.org/odot_pdf/Microsoft%20Word%20-%
206305.pdf.
162 Yad Vashem, “Related Resources, Conferência de Evian,” url:
http://www1.yadvashem.org/yv/en/exhibitions/this_month/
resources/evian_conference.asp.
163 Baal HaSulam, Os Escritos de Baal HaSulam, “Os Escritos da
Última Geração,” 832-833.
164 Eric Hoffer, Los Angeles Times, May 26, 1968.
165 From M.L. King Jr., “Carta a um amigo Anti-Sionista,” Saturday Re-
view XLVII (Agosto 1967), p. 76 Re-impresso em M.L. King Jr., “Isso Eu
Acredito: Seleção dos Escritos do Dr. Martin Luther King Jr.”), url: http://
www.internationalwallofprayer.org/A-022-Martin-Luther-King-Zionism.
html.
166 U.S. Departamento de Estado, “Relatório Sobre o Antissemitismo
(5 de Janeiro , 2005), url: http://www.state.gov/j/drl/rls/40258.htm.
167 Ruth Ellen Gruber, “Anti-Semitism without Jews,” url: http://www.
annefrank.org/ImageVaultFiles/id_11774/cf_21/Gruber.pdf.
168 Robert Fulford, “Antissemitismo sem judeus na Malaysia,” Na-
tional Post (6 de outubro de 2012), url: http://
fullcomment.nationalpost. com/2012/10/06/robert-fulford-anti-
semitism-without-jews-in-malaysia/.
169 ibid.
170 Rabbi Nathan Neta Shapiro, Revela Coisas Profundas, Parashá
Shemot [Êxodo].
171 A leitura da Haftará (partida) segue a leitura da Torá em cada
Shabat e em Festas Judaicas e Dias de Jejum. O leitor da haftará é
chamado Maftir.
172 “Diáspora,” A Enciclopédia Judaica, url: http://www.jewishencyclo-
pedia.com/articles/5169-diaspora.

-222-
N OTAS

173 ibid.
174 ibid.
175 Dan Cohn-Sherbok, O Paradoxo do Anti-Semitismo (UK:
Continuum International Publishing Group, 2006), XIV (Prefácio).
176 William Whiston, As Obras de Flávio Josefo, 565.
177 ibid.
178 Flávio Josefo, Antiguidades dos Judeus, XIV, 115.
179 “Diaspora,” A Enciclopédia Judaica, url: http://www.jewishencyclo-
pedia.com/articles/5169-diaspora.
180 Norman Roth, Judeus, Visigodos, e Muçulmanos na Espanha
Medieval: cooperação e conflito (The Netherlands, E.J. Brill, 1994), 2.
181 ibid.
182 Jane S. Gerber, Os Judeus da Espanha:A História da Experiência
Sefaradita (New York, Free Press; November 2, 1992), Kindle edition.
183 ibid.
184 Rabbi Shimon Bar Yochai (Rashbi), O Livro do Zohar (Com o
Comentário Sulam [Escada] de Baal HaSulam, Noé, vol. 3, item 385
(Jerusalem), 132.
185 Michael Grant, De Alexandre a Cleópatra: O Mundo Helenístico
(New York: Charles Scribner & Sons, 1982), 75.
186 Citado em Citações Preciosas, Religiosas e Espirituais (US:
Readers Digest, January 1, 1994), 280.
187 Jacob Rader Marcus, O Judeu no Mundo Medieval: Um Livro de
Fontes: 315-1791, (US: Hebrew Union College Press, 1999), 60-61.
188 ibid.
189 Dr. Erwin W Lutzer with Steve Miller, A Cruz à Sombra do
Crescente: Uma Resposta Informada à Guerra do Islamismo com o
Cristianismo (Harvest House Publishers, Oregon, 2013), 65.
190 Israel Zinberg, História da Literatura Judaica: O Centro da Cultura
Judaica no Império Otomano, Vol 5 (New York, Ktav Pub. House, 1974),
17.
191 Hillel Tzaitlin, O Livro de Poucos (Jerusalem, 1979), 5.
192 Sol Scharfstein, Entendendo a História Judaica: Da Renascença ao
Século 21(Impresso em Hong Kong, Ktav Publishing House, 1997),
163-164.
-223-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

193 Salo W. Baron, O Erário da Menorá: Colheita de Meio Século, “Gueto e


Emancipação: Deveríamos Revisar os Pontos de Vistas
Tradicionais?” (Philadelphia: Jewish Publication Society of America, 1964),
52.
194 Salo W. Baron, O Erário da Menorá: Colheita de Meio Século, “Gueto e
Emancipação: Deveríamos Revisar os Pontos de Vistas Tradicionais?”, 54-55.
195 Rabbi Shmuel Bornstein, Shem MiShmuel [Um Nome de Samuel],
VaYakhel [E Moisés Reuniu], TAR’AV (1916).
196 Assimilação e Comunidade: Os Judeus do Século 19 na Europa, Ed:
Jonathan Frankel, Steven J. Zipperstein (UK, Cambridge Uni-versity
Press, 1992), 8.
197 Assimilação e Comunidade: Os Judeus do Século 19 na Europa, Ed:
J. Frankel, S.J. Zipperstein, 12.
198 “Emancipação”, Biblioteca Virtual Judaica, url: http://www.jewishvirtu-
allibrary.org/jsource/judaica/ejud_0002_0006_0_05916.html.
199 Werner Eugen Mosse, Revolução e Evolução: 1848 na Alemanha-
História Judaica (Germany, J.C.B. Mohr (Paul Siebeck) Tubingen,
1981), 255-256.
200 Eugen Mosse, Revolução e Evolução: 1848 na Alemanha-
História Judaica , 260.
201 Donald L. Niewyk, Os Judeus em Weimar Alemanha (New Jersey,
Trans-actions Publishers, New Brunswick, 2001), 95.
202 Niewyk, Os Judeus em Weimar Alemanha , 84.
203 ibid.
204 Cohn-Sherbok, O Paradoxo do Antissemitismo, XIV (Prefácio).
205 Adolf Hitler, Mein Kampf (US: Noontide Press, 2003), 51.
206 Ludwig Feuerbach, A Essência do Cristianismo, trans. Marian
Evans (London: John Chapman, 1843), 113.
207 Assimilação e Comunidade: Os Judeus do Século 19 na Europa, Ed:
Jonathan Frankel, Steven J. Zipperstein, 12.
208 “Judaísmo Conservador”, A Enciclopédia Britânica, url: http://
www.britannica.com/EBchecked/topic/133461/Conservative-Judaism.
209 Michael A. Meyer, Resposta à Modernidade: A História do
Movimento de Reforma no judaísmo (Detroit, US: Wayne State
University Press, 1995), 226.

-224-
N OTAS

210 Meyer, Resposta à Modernidade: A História do Movimento de Reforma no


judaísmo , 227.
211 Judaísmo Reformista: Uma Perspectiva Centenária, adotada em São Francisco
– 1976 (Oct. 27, 2004), url: http://ccarnet.org/rabbis-speak/platforms/
reform-judaism-centenary-perspective/.
212 ibid.
213 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“Introdução ao Livro do Zohar”, 450-453.
214 ibid.
215 ibid.
216 ibid.
217 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“A Nação”, 489.
218 ibid.
219 Rav Yehuda Ashlag, Shamati [Eu Ouvi], artigo nº. 144, “Há certas
pessoas” (Canada, Laitman Kabbalah Publishers, 2009), 300.
220 Adolf Hitler, Mein Kampf (The Noontide Press: Books On-Line), 219, url:
www.angelfire.com/folk/bigbaldbob88/MeinKampf.pdf.
221 “Roger Federer: 2016 Jogos Possíveis”, Associated Press, July 26, 2012,
url: http://espn.go.com/olympics/summer/2012/tennis/story/_/id/8202865/
roger-federer-leaning-competing-rio-2016-body-holds-up.
222 “School for Culture Education, Be’eri Program,” Shalom Hartman
Institute, June 26, 2011. url: http://medaon.org/files/zehutariel.pdf.
223 Pirkey de-Rabbi Eliezer (Capítulos de Rabbi Eliezer), Chapter 24.
224 Midrash Rabah, Beresheet [Gênesis], Parasha 39, Parágrafo nº. 3.
225 Rabbi Behayei Ben Asher Iben Haluah, Rabeinu [nosso Rav] Behayei,
Beresheet [Gênesis] 15:6.
226 Associated Press, “Recessão será provavelmente mais longa na era do
pós-guerra”, MSNBC (March, 2009), http://www.msnbc.msn.com/
id/29582828/wid/1/page/2/.
227 Clive Thompson, “Estão seus amigos fazendo você engordar?”, The New
York Times (September 10, 2009), http:// www.nytimes.com/2009/09/13/
magazine/13contagion-t.html?_r=1&th&emc=th.
228 ibid.

-225-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

229 ibid.
230 ibid.
231 “Nicholas Christakis: A influência oculta das redes sociais” (uma
conversa televisiva, citação tomada do minuto 17:11), TED 2010,
http://www. ted.com/talks/
nicholas_christakis_the_hidden_influence_of_social_ networks.html.
232 Anthony Giddens, Mundo em fuga: Como a Globalização Está
Reformulando Nossas Vidas (N.Y., Routledge, 2003), 6-7.
233 Dr. Leandro Herrero, Homo Imitans: A Arte da Infecção Social:
Alteração Viral em Ação (UK: Meetingminds Publishing, 2011), 4.
234 ibid.
235 Pascal Lamy “Lamy sublinha necessidade de "unidade na nossa
diversidade mundial,’” World Trade Organization (WTO) (June 14, 2011),
http://www.wto. org/english/news_e/sppl_e/sppl194_e.htm.
236 Christian Jarrett, Ph.D, “Neurônios Espelho: o conceito mais badalado
em Neurociências?” Psicologia Hoje (10 de Dezembro, 2012), url: http://
www.psychologytoday.com/blog/brain-myths/201212/mirror-neu-rons-
the-most-hyped-concept-in-neuroscience.
237 ibid.
238 Nicholas A. Christakis, James H. Fowler, Conectados: O Poder
Surpreendente De Nossas Redes Sociais E Como Elas Moldam Nossa Vida -
Como Os Amigos, Dos Amigos Dos Seus Amigos Afetam Tudo O Que Você
Sente, Pensa, E Faz (USA, Little, Brown and Company, January 12, 2011), 305.
239 Maimonides, Yad HaChazakah [A Mão Poderosa], Part 1, “O Livro
da Ciência”, Capítulo 1, Item 3.
240 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“A Liberdade” (Israel: Ashlag Research Institute, 2009), 414.
241 “A Evolução pode ocorrer em menos de dez anos”, Ciência Diária
(June 15, 2009), http://www.sciencedaily.com/releas-
es/2009/06/090610185526.htm.
242 John Cloud, “Por Que Seu DNA Não É O Seu Destino” Time
Magazine (January 06, 2010), url: http://www.time.com/time/
magazine/ar-ticle/0,9171,1952313,00.html.
243 ibid.

-226-
N OTAS

244 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,


“A Liberdade”, 419.
245 ibid.
246 ibid.
247 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“A Liberdade”, 419.
248 ibid.
249 Citado Do Filme, Crossroads: Dores Do Parto De Uma Nova Visão
Do Mundo, por Joseph Ohayon, publicado em 31 de Dezembro de
2012, no Youtube, url: https://www.youtube.com/watch?
v=5n1p9P5ee3c, 2:53 from the be-ginning.
250 Thomas J. Murray, Ed.D., “Qual é o Integral na Educação Integral?
Da Pedagogia Progressiva à Pedagogia Integral”, Integral Review (June
2009), Vol. 5, No. 1, p 96.
251 http://en.wikipedia.org/wiki/Integral_education.
252 http://www.merriam-webster.com/dictionary/homeostasis.
253 T. Irene Sanders and Judith McCabe, PhD, O Uso da Complexidade
Ciência: uma Pesquisa de departamentos e agências federais, fundações
privadas, universidades e Educação Independente e Centros de Pesquisa,
Oc-tober 2003, Washington Center for Complexity & Public Policy,
Wash-ington, DC. url: www.hcs.ucla.edu/DoEreport.pdf.
254 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam, 44.
255 Jon R Katzenbach & Douglas K Smith, A Sabedoria dos Times:
Criando Uma Organização de Alto Desempenho (US: Harvard Business
School Press, January 1, 1992), 37-38.
256 U.S. Department of Education, “Guia de Mídia - Ajudando o seu
filho pelo início Adolescência” http://www2.ed.gov/parents/
academic/help/adolescence/index.html.
257 University of Michigan Health System, “Televisão e Crianças”,
http://www.med.umich.edu/yourchild/topics/tv.htm.
258 ibid.
259 Barbara M. Newman and Philip R. Newman, Desenvolvimento
através da vida: Uma Abordagem Psicossocial (Belmont, CA: Wadsworth
Cengage Learn-ing, 2008), 250.

-227-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

260 Elliot Aronson, O Animal Social, pp 153-54, citado em: Alfie Kohn,
Sem Contestar: O Caso Contra a Concorrência (NY: Houghton Mifflin
Com-pany, 1986), 2.
261 Jeffrey Norris, “Prêmio Nobel de Yamanaka Destaca o valor do
treinamento e da colaboração”, UCSF News Section (October 11, 2012),
url: http://www.ucsf.edu/news/2012/10/12949/yamanakas-nobel-
prize-high-lights-value-training-and-collaboration.
262 ibid.
263 David W. Johnson and Roger T. Johnson, “Uma História de
Sucesso da Psicologia Educacional : teoria da interdependência
social e Aprendizagem Cooperativa”, Educational Researcher 38
(2009): 365, doi: 10.3102/0013189X09339057.
264 Johnson and Johnson, “Uma História de Sucesso da Psicologia Educacional”, 368.
265 Livros sobre o narcisismo na sociedade norte-americana não
faltam. Bons exemplos são: Jean M. Twenge e W. Keith Campbell, A
Epidemia do Narcisismo: Vivendo na Era da Titularidade (New York: Free
Press, A Divi-sion of Simon & Schuster, Inc. 2009), e Christopher Lasch,
A Cultura do Narcisismo: A vida Americana na Era de expectativas
decrescentes (USA: Norton & Company, May 17, 1991).
266 ibid.
267 ibid.
268 Johnson e Johnson, “Uma História de Sucesso da Psicologia Educacional”, 371.
269 ibid.
270 Midrash Rabah, Beresheet (Gênesis), Porção 38, Parágrafo 6.
271 Rabbi Nathan Sternhertz, Likutey Halachot [Regras Sortidas],
“Regras de Tefilat Arvit [Oração da Noite]”, Regra nº. 4.
272 Rav Yehuda Ashlag (Baal HaSulam), Os Escritos de Baal HaSulam,
“A Arvut [Garantia Mútua],” item 28 (Ashlag Research Institute, Israel,
2009), 393.

-228-
O Autor
e
Sua Obra

P
rofessor de Ontologia e Teoria do Conhecimento,
PhD em Filosofia e Cabalá, e mestrado em
Cibernética Médica, Michael Laitman é dedicado
para promover mudanças positivas nas políticas
educacionais e práticas através de ideias inovadoras e
soluções para a maioria dos problemas sociais, culturais e
educativas prementes da nosso tempo. Ele introduziu uma
nova abordagem para a educação, incorporação de modos
de pensar que derivam de nossa realidade interdependente
e interligado.
Em seus encontros com a Sra. Irina Bokova, Diretora
Geral da UNESCO, e com o Dr. Asha -Rose Migiro Vice-
Secretário-Geral da ONU, ele discutiu atual desafios
globais e sua visão para a sua solução . em recente anos, ele
tem trabalhado em estreita colaboração com muitas
instituições internacionais e tem participado como orador
-229-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

principal em diversos eventos internacionais em Tóquio


(com o Goi Peace Foundation), Arosa (Suíça), e
Düsseldorf (Alemanha), e com o Fórum Internacional de
Culturas em Monterrey (México). Estes eventos foram
organizados com o apoio da UNESCO.
Dr. Michael Laitman tem sido destaque na seguinte
publicações, entre outros : Corriere della Sera, o Chicago
Tribune, o Miami Herald, The Jerusalem Post, e The Globe
e na RAI TV e na TV Bloomberg.
Dr. Laitman passou toda a sua vida explorando
humano natureza e da sociedade , buscando respostas para
o sentido da vida em nosso mundo moderno . A
combinação de sua acadêmica fundo e amplo
conhecimento faz dele um soughtafter pensador mundo e
alto-falante. Dr. Laitman escreveu mais de 40 livros que
foram traduzidos para 18 idiomas, tudo com o objetivo de
ajudar as pessoas a alcançar a harmonia entre si e com o
ambiente ao seu redor.
PUBLICAÇÕES NOTÁVEIS
Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era da Globalização:
Como a sociedade pode transformar interesse próprio em
benefício mútuo
Interesse Próprio vs. Altruísmo na Era da Globalização
apresenta uma nova perspectiva dos desafios mundiais,
considerando-os como consequências necessárias do
crescente egoísmo da humanidade, ao invés de uma série
de erros. Neste espírito, o livro sugere maneiras de usar
nossos egoísmos pelo benefício da sociedade, ao invés de
tentar suprimi-los.

-230-
O A UTOR E S UA O BRA

...Afirmando que o futuro da sociedade depende da


cooperação de pessoas para trabalhar em conjunto
para a sociedade , afirmando que grande parte da
degradação da sociedade nas últimas décadas tem
sido o resultado do narcisismo e da ganância,
Interesse Próprio vs. Altruísmo é uma leitura curiosa
e recomendada.
James A. Cox, Editor Chefe, Midwest Book Review

A Psicologia da Sociedade Integral


O livro apresenta uma série de diálogos entre professores
Michael Laitman e Anatoly Ulianov. Juntos, eles lançar luz
sobre os princípios de uma abordagem de abrir os olhos
para educação. Ausência de concorrência, a criação dos
filhos através o ambiente social , peer igualdade ,
premiando os doadores, e uma maquiagem dinâmica de
grupo e instrutores são apenas alguns dos novos conceitos
introduzidos neste livro. Psicologia da Sociedade Integral é
um must-have para todos os que deseja se tornar melhores
pais, melhores professores e melhor pessoas da realidade
integrada do século 21.

“O que está expresso em A Psicologia da Integral A


sociedade deve levar as pessoas a pensar em outras
possibilidades. Ao resolver qualquer problema
difícil, todos perspectivas precisam ser exploradas.
Gastamos muito tempo competindo e tentando
obter uma vantagem que o conceito de
simplesmente trabalhar juntos sons inovador em si”.

Peter Croatto, ForeWord Magazine

-231-
C OMO UM F EIXE DE J UNCOS

Um Guia para o Novo Mundo: Como a responsabilidade


mútua é a chave para nossa saída da crise global

Por que 1% da população mundial possui 40% da riqueza?


Por que os sistemas de educação em todo o mundo
produzindo crianças infelizes e mal educadas? Por que há
fome? Por que os preços dos alimentos sobem quando há
mais do que suficiente para todos? Por que há ainda países
onde a dignidade humana e a justiça social são
inexistentes? Quando e como estes erros serão corrigidos?
Essas questões tocaram os corações de milhões de
pessoas em todo o mundo. O grito por justiça social tornou-
se uma demanda em torno da qual todos podem se unir.
Todos queremos uma sociedade onde possamos nos sentir
seguros, confiar em nossos vizinhos, e garantir o futuro de
nossos filhos. Nesta sociedade todos irão cuidar de todos, e
serem responsáveis pelo bem estar de todos.
Apesar de todos os desafios, acreditamos que a
mudança é possível e que podemos encontrar uma maneira
de para fazê-la. Portanto, o livro que você está segurando em
suas mãos é positivo e otimista. Nós temos agora uma
oportunidade única para alcançar a transformação global de
forma pacífica e agradável. Um guia para o Novo Mundo
tenta nos ajudar a pavimentar o caminho para esse objetivo.

Conectados pela Lei da Natureza


Nossa sociedade não é como era há alguns anos atrás.
Temos crescido à parte, nos tornamos "viciados" em
inovações tecnológicas, e muitos dos nossos laços sociais
se resumem em "amizades" on-line. Parece que a
preocupação mútua e bondade a estranhos desapareceram.
Infelizmente, sem eles nós não temos nenhuma sociedade,
e por isso eles devem retornar. A única pergunta é: "Como
fazer isso acontecer?"
-232-
O A UTOR E S UA O BRA

Conectados pela Lei da Natureza é um livro inovador


sobre a consciência social. Apresentando um quadro
abrangente da realidade e o processo que a humanidade está
passando, o livro oferece ferramentas para utilizar nas
gandes mudanças pessoais e sociais pelas quais estamos
passando para o nosso benefício.
O livro sugere um "programa de saúde para a
humanidade" através da solidificação dos laços entre nós em
todos os níveis, família, comunidade, nacional e
internacional. Quanto mais rápido implementemos o
programa, mais rápido nos encontraremos desfrutando uma
vida tranquila, feliz e significativa.

O Livro do Zohar:
Anotações ao comentário do Ashlag
O Livro do Zohar é uma fonte de sabedoria eterna e base
para toda a literatura cabalista. Desde seu aparecimento
há quase 2.000 anos atrás, ele tem sido a fonte primária, e
muitas vezes a única, usada pelos Cabalistas.
Escrito em uma linguagem metafórica e única, O Livro
do Zohar enriquece nossa compreensão da realidade, além
de expandir a nossa visão de mundo. O comentário único
Sulam (Escada) do Rav Yehuda Ashlag nos permite
compreender os significados ocultos do texto e “escalar”
pelas percepções lúcidas e pelos insights que o livro mantém
para aqueles que o estudam.

-233-
Informação de Contato

Para Consultas e informações


contact@bundleofreeds.com
www.bundleofreeds.com

USA
2009 85th St., Suite 51
Brooklyn NY, USA -11214
Tel. +1-917-6284343

CANADÁ
1057 Steeles Avenue West
Suite 532
Toronto, ON – M2R 3X1 Canada
Tel. +1 416 274 7287

234
Como Um Feixe de Juncos
Porque a Unidade e a Garantia Mútua
São as Necessidades do Momento
Porque a Unidade e a Garantia Mútua São as Necessidades do
Momento lança luz sobre algumas das questões mais difíceis e
misti cadoras dos judeus: Qual é o nosso papel neste planeta? Será
que somos verdadeiramente "o povo escolhido"? Se somos, Para
que fomos escolhidos? O que causa o antissemitismo, e pode ser
curado?
Usando inúmeras citações e referências de sábios e historiadores
de todos os tempos judaicos, o livro oferece um roteiro para a
realização de um dos objetivos judaicos mais procurados, mas
ardiloso: a coesão social e unidade. De fato, a unidade é o único
presente que os judeus podem dar ao mundo, e é isto que o mundo
espera com impaciência. Quando nos unirmos e compartilharmos
a nossa unidade com todos, em seguida, a paz, o amor fraternal, e
felicidade para sempre prevalecerão em todo o mundo.

"Este livro é profundamente inteligente, bem-arredondado, e de


fácil leitura sondando sérias questões de nossa época: o papel dos
judeus na história, a relação entre a individualidade e a
comunidade, a onipresença do antissemitismo, e sua metamorfose
contínua em novas formas malignas ".
—Kalman J. Kaplan, Ph.D.
Professor de Psicologia Clínica
Diretor, Programa em Religião, Espiritualidade, e Saúde Mental
Departmento de Psiquiatria,
Universidade de Illinois Na Faculdade de Medicina de Chicago

www.kabbalah.info
1-866-LAITMAN

ISBN 978-1-897448-82-3

LAITMAN
KABBALAH
Publishers

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