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ENCANTOS DA CULTURA NEGRA

E AÇÃO EDUCATIVA LIBERTADORA

Obertal Xavier Ribeiro*

RESUMO: Crenças e saberes se articulam numa perspectiva científica e cultural, oferecendo


elementos significativos e construtivos para a educação e a religião, rompendo preconceitos,
valorizando religiosidade e conhecimentos da história e cultura do povo negro. O texto apresenta
contribuições das crenças e religiosidade, saberes e conhecimentos, história e cultura afro-brasileira
para o pensamento e reflexão científica numa perspectiva exegética e hermenêutica, destacando
experiências vivenciadas em espaços diferenciados da atuação do povo negro. Aspectos na
perspectiva de uma releitura bíblico-teológica, se encontram na história dos negros no Brasil, e se
abrem para o contato com tradições africanas presentes na história e expressões de educação para
jovens na elaboração de textos. Do Carnaval que relata o Mito da Criação, segue-se para a
experiência da educação e construção de redações com a história da africana que viveu no Brasil,
lutou e conquistou a liberdade. Considera-se a universalidade da luta pela sobrevivência na
compreensão da cosmovisão da criação apresentada com a beleza da cultura e a originalidade do
samba resgatando crenças antigas do povo africano. A importância das relações entre os sujeitos
destaca-se na perspectiva da educação com a apresentação do conteúdo da redação. Resgatando a
figura histórica e feminina de Luiza Mahin no processo de construção da história do Brasil, assim
como da educação na atualidade com o cumprimento e implementação da lei 10639/03 que torna
obrigatório o ensino da história da África e dos Afrodescendentes.

PALAVRAS-CHAVE: Cultura, Tradição. Negro.

INTRODUÇÃO

As crenças sempre motivam a história de libertação dos povos, assim como


os saberes se articulam numa perspectiva científica e cultural oferecendo elementos

*
Mestre - FACULDADES EST -ribeiro.obertal@gmail.com

CONGRESSO ESTADUAL DE TEOLOGIA, 2, 2015, Santo Ângelo.


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significativos e construtivos para a educação e a religião. Considera-se na


atualidade a importância do resgate desses saberes e crenças para a construção
histórica do povo negro. Os elementos da cultura do povo africano e dos afro-
descentes são considerados de fundamental importância para educação e a
construção identitária do povo brasileiro.
Afirma-se assim a necessidade de romper os preconceitos, valorizando
religiosidade e conhecimentos da história e do povo negro, presentes na cultura
popular e na criatividade do processo educativo.

Rompendo os preconceitos

As contribuições das crenças e da religiosidade, dos saberes e do


conhecimento, da história e da cultura afro-brasileira para o pensamento e reflexão
científica colocam-se numa perspectiva exegética e hermenêutica, destacando
experiências vivenciadas em espaços diferenciados da atuação do povo negro, no
samba e na sala de aula.
Aspectos na perspectiva de uma releitura bíblico-teológica se encontram na
história dos negros no Brasil, e se abrem para o contato com tradições africanas
presentes nas expressões culturais. A elaboração de novos saberes emanam da
arte e da beleza da construção do povo nos barracões das escolas de samba.
Práticas educativas exitosas destacam a atuação docente e discente e são
pensados como novos protagonismos e resgate da história e de valores advindos
das lutas e conquistas dos negros e negras que construíram a história e a libertação
em nossas terras.

Valorizando a religiosidade

Cantando e encantando com a beleza do samba de enredo a Escola de


Samba Beija Flor, localizada na Baixada Fluminense, município de Nilópolis, no
Estado do Rio de Janeiro apresentou no ano de 1978 “A criação do mundo na
tradição Nagô. O papel reservado aos Òrisà-funfun na criação do universo e a
importância de conservar a existência do mundo, são magnificamente ilustrados pela

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história-mítica sobre a criação do mundo na tradição africana. Assim afirmado em


Os nagô e a morte, duas histórias, itàn, mantidas vivas pela tradição oral, contam a
criação de Sánmò, o céu atmosfera, consequência da separação do òrun1. Mitos e
histórias, crenças e liturgias, saberes e oralidades que se tornam populares e
culturais resgataram figuras e representações das princesas africanas da sagrada
Bahia. Criação – mito nagô, se apresentam numa demonstração de sabedoria e de
beleza, mas que fundamentalmente expressam a crença e a fé, traduzidas em
cultura, arte e beleza. Segue como ilustração a letra e o conteúdo do que encantou e
encanta a tantas pessoas que valorizam e reconhecem os valores culturais e
religiosos que estão contados também na Bíblia Sagrada Cristã. Eis a criação, um
canto de alegria, em uma tradição que chegou no Brasil que possibilita pensar uma
hermenêutica a partir da cultura e tradição africana, das lutas e vitórias, construção
histórica do povo negro na oralidade e gêneros literários próprios.

Samba de Enredo do terceiro título da Beija-Flor de Nilópolis, 1978


A criação do mundo na tradição Nagô.
Compositores: Neguinho da Beija-flor, Mazinho e Gilson.

Bailou no ar
O ecoar de um canto de alegria
Três princesas africanas
Na sagrada Bahia
Iyá Kalá, Iyá Detá, Iyá Nassô
Cantaram assim a tradição Nagô
(Olurun)

Olurun! Senhor do infinito!


Ordena que Obatalá
Faça a criação do mundo
Ele partiu, desprezando Bará
E no caminho, adormecido, se perdeu
Odudua
A divina senhora chegou
E ornada de grande oferenda
Ela transfigurou

Cinco galinhas d'Angola e fez a terra


Pombos brancos criou o ar
Um camaleão dourado
Transformou em fogo
E caracóis do mar

1
SANTOS, Juliana Elbein dos. Os Nagô e a morte. Pàde, Asèsè e o culto Égun na
Bahia. Petrópolis, Vozes, 2007, p.54.

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Ela desceu, em cadeia de prata


Em viagem iluminada
Esperando Obatalá chegar
Ela é rainha
Ele é rei e vem lutar

(Ierê)
Iererê, ierê, ierê, ô ô ô ô
Travam um duelo de amor
E surge a vida com seu esplendor

Afirma-se a importância e necessidade de resgatar a linguagem e o


vocabulário da tradição africana no cantar e contar a história da criação, em que o
Deus Criador de todos os povos é reconhecido também na história e cultura
africana, na tradição nagô. A possibilidade de pensar o feminino como participante
da obra divina, a harmonia dos seres criados, o feminino e o masculino participando
juntos, ou seja, em condição de igualdade “ela é rainha, ele é rei e vem lutar”.
Trava-se um duelo de amor, o extremamente humano, para que a vida surja no seu
esplendor, entendido como beleza.
Considera-se com isso uma hermenêutica bíblica que dialoga com outras
vozes. Vozes da cultura e da arte do povo negro que supera a releitura da eleição de
uma etnia como povo de Deus, para assumir a Bíblia como surgida da experiência
concreta de fé dos marginalizados e marginalizadas. O que se pensa na ótica do
povo negro se compreende num contexto amplo que possibilita reinterpretar a
Palavra a partir de sujeitos determinados. Assim já afirmado: “A leitura da Bíblia na
perspectiva negra é uma das leituras que surgem na América Latina buscando
ressignificar a Bíblia a partir de novas perguntas, de novos lugares interpretativos e
de novos sujeitos”.2 A partir desta nova leitura, se descobre na Bíblia que o critério
para participar deste povo não é a pertença a uma etnia, mas a uma categoria social
de excluídos e excluídas que reconstrói o significado de sua pertença na história do
povo de Deus, assim como da criação e recriação do mundo e seus significados.
Desta forma constata-se a exclusão de outras experiências, de outros
saberes, de outras vozes não oficializadas, mas que possibilitam vivências religiosas
diferenciadas e até mesmo referências de releitura da Palavra na formação bíblica e

2
SILVA, Silvia Regina de Lima. Despertando as forças transformadoras do
corpo e do texto: Bíblia e Negritude. In Negra sim, negro sim, como Deus criou –
leitura da Bíblia na perspectiva da negritude. EST – grupo identidade e CEB. São
Leopoldo – RS, Con-texto, 2006, p.29.

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humana, no fazer teológico. Possibilita hoje o buscar novos paradigmas em que a


Bíblia, de acordo com a experiência das comunidades negras, pode ser cantada e
encantadora no cotidiano da cultura e formação do povo brasileiro. Oralidades e
cantorias se destacam entre outras vozes possíveis que legitimam a experiência
africana e afro-brasileira, quando é possível afirmar que antes da Bíblia já existia a
vida, então, o primeiro é a vida contada na oralidade e cantada na arte e na beleza.
Se falando de outras vozes, se afirma a necessidade de dialogar com o povo negro
que está nos terreiros, nos barracões, nas ruas e nas passarelas do samba. A
Palavra se torna então, mais um momento, evidenciando a importância de dialogar
com a realidade do povo negro, relendo a cultura, os símbolos e as práticas de vida.
Disso decorrem novas formas de experiência de Deus, pois considera-se que
não há uma só experiência de Deus. Nas práticas de fé, nas várias manifestações
religiosas, na vida cotidiana, no enfrentamento com uma sociedade de exclusão, há
também lugares de experiência de Deus na arte e na beleza. Um Deus que não só
se revela e cria só no masculino, mas também com o feminino, como terra, com os
animais, que é irmã e irmão, amiga e amigo. Um Deus que come e se faz comida,
dança, festeja, celebra a vida e luta, se manifesta na natureza e na vida simbólica.
Esta maneira, muito rica e simples, de viver e expressar as experiências de Deus,
nos ensina a não absolutizar a experiência cristã como única experiência de Deus e
sim a dialogar com outras vozes. Levando em conta a experiência dos povos negros
percebe-se que a mensagem da Bíblia tem sentido, se legitima na luta pela vida e
pelos valores culturais das comunidades negras que com sabedoria, fé e encanto
fazem ecoar novas vozes do saber e fazer história. A luta pela sobrevivência na
compreensão da cosmovisão da criação apresentada com a beleza da cultura e a
originalidade do samba resgata crenças antigas do povo africano.

Valorizando o saber da história

Do Carnaval que relata o Mito da Criação, segue-se para a experiência da


educação e construção de redações com a história da africana que viveu no Brasil,
lutou e conquistou a liberdade, Luiza Mahin. Esta construção apresenta-se como
vivência do belo no espaço escolar com a produção de redações por alunos do Rio
de Janeiro e de São Paulo promovida pelo CEAP (Centro de Articulação de

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Populações Marginalizadas), registradas na publicação Luiza Mahin: lições de


liberdade (CEAP, 2012)3. Docentes e discentes vivenciando e pensando novos
protagonismos, em que novas vozes se fazem ouvir e suas produções são lidas
evidenciando a elaboração de conhecimentos de base. Estas que comumente não
são ouvidas e lidas, considera-se a universalidade do conhecimento. A importância
das relações entre os sujeitos destaca-se na perspectiva da educação com a
apresentação do conteúdo da redação, que pode chegar a diversos leitores sendo
protagonizado na escola, no processo educativo.
Resgatando a figura histórica e feminina de Luiza Mahin no processo de
construção da história do Brasil, assim como da educação na atualidade com o
cumprimento e implementação da lei 10639/03 torna obrigatório o ensino da história
da África e dos Afrodescendentes, escrevendo e encantando, entre outras tantas
belas produções destaca-se a redação de aluno do Complexo do Alemão. Saberes
como possibilidade da construção de conhecimentos universais oferece uma
qualidade de vida diferenciada a partir da escola. Vozes que ecoam da periferia para
o universo cultural amplo e diversificado. A redação que segue apresenta essa
possibilidade, de vozes que somam a outras no processo de reconstrução histórica e
da libertação. Fio condutor de historicidade a partir de local determinado, dos
pequenos e dos pobres excluídos.
Ao mesmo tempo entende-se o processo de cidadania em que a Lei 10639/03
está sendo implementada, construção da democracia pelas bases da educação,
protagonismos de docentes e discentes construindo uma nova história e cultura se
desenvolvendo a partir de um novo referencial que produz a beleza das redações.
Isso nos leva a pensar que os conhecimentos e reflexões se tornam vozes
universais. Podem ser referenciais na luta pela sobrevivência do planeta, da
recriação do universo e na busca de uma qualidade nas relações entre sujeitos,
grupos e sociedades, enfim, a construção de valores a partir da História e Cultura do
Povo Negro. Segue o que se construiu no ano de 2011 no trabalho histórico,
pedagógico, cultural na escola na escuta de vozes criativas.

A LUZ DE DAHOMÉ

3
RIBEIRO. Obertal Xavier, COSTA. Jorge Damião Venâncio da (orgs.). Luiza
Mahin: lições de liberdade. Rio de Janeiro: CEAP, 2012.

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Guilherme Estevão de Lima Maciel

A insubmissa candace da Nação Mina JeJe, Luiza Mahin é fruto da semente


africana plantada em terras brasileiras, que se tornou uma frondosa árvore cuja raiz
se expandiu por todo território e de seus galhos brotaram lindas flores, evidenciadas
no ébano da pele do povo. A negra guerreira não se limitou a ser, apenas, um
símbolo da África no Brasil, mas tornou-se um emblema na luta dos negros por seus
direitos, na participação feminina na história do país e na propagação do ideal de
igualdade na antiga colônia.
A trajetória de vida de Luiza Mahin é o retrato da luta africana contra as
amarras da escravidão no Brasil. Aprisionada no Sudão, brotaram em seus pulsos,
nos porões doentios do Negreiro, as algemas da dor. Posteriormente, os grilhões do
sofrimento tornaram-se um princípio de luta e conduziram a trajetória dessa
guerreira em solo brasileiro. A “mui” bela e formosa pretinha capitaneou a luta de
centenas de negros, disseminando doces ideais de igualdade a seus irmãos de cor,
através dos quitutes que comercializava pelas ruas de Salvador.
Essa rainha Nagô fincou seu nome na trajetória da participação das mulheres
na construção da história do Brasil. Tal fato é resultado do uso de sua aura feminina
soberana na condução do movimento dos negros malês, sobretudo em busca de
tolerância religiosa e liberdade. Essa mobilização pode não ter conquistado, de
imediato, os direitos a que reivindicava, mas borrifou pelos ares uma essência de
luta fundamental para as conquistas obtidas à posteriori e consolidou o nome da
Antígona africana na história.
Luiza Mahin não adquiriu o papel de protagonista na história apenas pelo
rastro de dignidade que demarcou em terras brasileiras, mas também por trazer ao
mundo, através de seu bendito ventre, um herói e mártir dos escravos: Luiz Gama.
O igualmente insubmisso poeta mestiço herdou o sangue indócil de sua mãe e,
valendo-se de seus versos românticos e de sua formação em Direito, lutou para que
os negros tivessem o direito à voz, mantendo hasteada a bandeira cosida por sua
mãe.
Ressalta-se, então, a importância da constante exaltação desse símbolo de
valentia, nomeado como Luiza Mahin, a fim de reavivar parte rica da memória do
país, que se oculta em favorecimento da glorificação de outros fatos e personagens

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que não carregam consigo tamanha relevância cultural. Em meio aos espinhos da
opressão, Luiza floresceu com uma Camélia da liberdade. Quando se fazia presente
nesse mundo, iluminou o caminho de seus irmãos e ao se tornar luz, a Luz de
Dahomé, conclamou, com axé e ao som dos atabaques dos divinos Alabês, os anjos
da liberdade.

Pré – Vestibular Social CEDERJ


Polo Complexo do Alemão – Rio de Janeiro
Professora orientadora: Luise Campos da Silva

As práticas educativas e culturais vividas pelas iniciativas nas escolas são os


espaços onde podemos apreender e conviver, de forma dialógica, na busca do
fortalecimento de valores que contribuam na formação de processos identitários e
pedagógicos. Essas são novas vozes que despertam a possibilidade da construção
de uma sociedade diferente pensada a partir da historicidade, de uma compreensão
diferenciada do valor da raça, da beleza e da realeza negada a tantos africanos aqui
chegados no tempo da escravidão. De repensar o protagonismo dos que lidam com
o direito na sociedade atual. Revisitar a construção da poesia e de criatividades
afrodescendentes. De considerar a perspectiva da ancestralidade que vem da
criação do ventre da Mulher Negra, da Luiza que possibilitou a continuidade da
história e da cultura, da luta e das conquistas no seu filho. De considerar os
símbolos que ressaltam a identidade do povo negro e sua expressividade. De
valorizar a memória centrada no texto que evidencia a relação de gênero, que
reaviva o eco de vozes marcadas pela oralidade e neste texto assumindo novo jeito
de expressar voz, pela escrita de uma redação. Novas vozes são possíveis quando
se considera a história e o potencial de construção no cotidiano escolar.

Direitos humanos na escola e sociedade

O avanço da história da educação, do movimento social e das lutas do povo


negro no Brasil, inseridas no contexto da implementação da lei 10639/03 no
currículo escolar, mostra que as experiências feitas em coordenadorias, em escolas
(corpo docente e discente), da real aplicação da temática e implementação da
referida lei é um processo de construção de valores. A elaboração de novos

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paradigmas e padrões da educação brasileira considera necessariamente o


processo social democrático, de novas vozes e interlocutores. Trata-se do processo
evolutivo e sua diversidade no contexto educacional de transformação da história
brasileira, que inegavelmente a cultura e os valores impulsionam o processo
educativo. Ao referir-se à lei na sua relação com o que é afirmado que “a maioria
dos profissionais da equipe pedagógica (96%) afirma a importância de estudar a
história e a cultura afro-brasileira e africana na escola4. O como é feito é que revela
os novos atores sociais e as vozes emergentes de afrodescendentes. A influência
histórica que se realiza fora do espaço acadêmico a partir do movimento social,
indica o quanto este contribui como conteúdo formador e acadêmico. É um fato
inegável a evidência dos grupos e organizações sociais representativas com suas
lutas para o reconhecimento da diversidade cultural, valorizando o referencial étnico-
racial como elemento determinante para a elaboração de um novo conhecer, o que
entende-se por novas vozes na luta pelos direitos humanos de respeito e igualdade.
Este saber que se constrói a partir da academia, tem sua relação com o conjunto da
sociedade que é plural nas suas expressões identitárias, como se afirma na
perspectiva histórica construída a partir de novos paradigmas.
Percebe-se hoje a urgência da elaboração do pensamento educacional em
sua prática como possibilidade de abordagem teórica para construção de conteúdos
no campo da educação inclusiva que considera a diversidade racial e cultural como
direito na educação.

Um diagnóstico de como os materiais e as formações chegam às escolas


pode dar pistas importantes para o aperfeiçoamento deles. Como
discutiremos em “Conhecendo as recomendações dos atores
educacionais”, com informações extraídas da consulta, o conteúdo e a
qualidade das formações são condições sine qua non para a
implementação da Lei 10639/2003, e uma das frentes abordada é a que se
refere ao uso dos materiais de apoio de forma que estes sejam de fato
apropriados pela equipe pedagógica e demais trabalhadores da educação
(SOUZA e CROSS. 2007, p. 60).

O momento atual é marcado pelo tema da liberdade, desafio para o pensar


direitos humanos diante das diversas contradições sociais. A diversidade cultural é
tema de fundamental importância para construção da democracia e direitos de

4
SOUZA. Ana Lucia Silva e CROSS. Camila. Igualdade das relações étnico-raciais na
escola. Possibilidades e desafios para a implementação da Lei nº 10.639/2003. São Paulo:
Petrópolis. AÇÃO EDUCATIVA, CEAFRO e CEERT, 2007, p. 34).

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cidadania. A abordagem cultural em todos os tempos e lugares considera também


elementos plurais.

No mundo inteiro tem-se assistido ao recrudescimento da intolerância racial


e étnica e a manifestações xenófobas. Talvez, no caso brasileiro,
tivéssemos que refletir profundamente sobre o que somos, como fomos
formados, e como têm sido historicamente as nossas relações etnorraciais.
Mais que tudo, refletir sobre o preço que tem sido pago pelo ideal de nos
apresentarmos como uma democracia racial sem o sermos de fato (SILVA.
2009, p.37).

O modelo de educação institucionalizado na história do Brasil desconsiderou


vários elementos do conhecimento e da cultura, da ética e dos valores, das
expressões e da beleza e do encanto da história e expressões afro-brasileiras como
herança cultural. Os projetos de formação e as políticas educacionais delimitaram
manifestações e avanços das culturas ditas subalternas. O pensamento de alguns
setores da sociedade brasileira coloca em questão temas que se desenvolvem e ao
serem tratados na educação provocaram o surgimento de novas posturas e
concepções. Estes lançam para a elaboração do conhecimento, a necessidade de
revisitar a construção histórica e perceber o protagonismo dos negros, a resistência
no cenário sociopolítico de desenvolvimento de novas ideias, conceitos e
ensinamentos da cultura emergente. Assim é afirmado no Plano Nacional de
Implementação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das relações
étnicorraciais e para o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana.

Sabe-se hoje que há correlação entre pertencimento etnicorracial e


sucesso escolar, indicando, portanto, que é necessária firme determinação
para que a diversidade cultural brasileira passe a integrar o ideário
educacional não como um problema, mas como um rico acervo de valores,
posturas e práticas que devem conduzir ao melhor acolhimento e maior
valorização dessa diversidade no ambiente escolar. (MEC. SEPPIR. 2009,
p.7).

O confronto com os movimentos em que há quebra do monopólio da


educação, assim como as mudanças sociais e econômicas próprias da história do
Brasil desafiam outros protagonismos na elaboração cultural e do pensamento e na
defesa dos direitos dos negros. Há possibilidade de construção cultural plural na
realidade educacional e do diálogo intercultural como elaboração científica e desafio
para o saber na universidade, na contemporaneidade. É papel da universidade
abordar essa temática e pesquisá-la na construção educacional e cultural atual,

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frente ao tema do ensino diverso e plural que se quer desenvolver o respeito e a


valorização da dignidade deste povo.

Considerações Finais

Duas Escolas, a de samba e da instituição de educação, e uma só tradição, a


nagô que se encontram. A primeira na passarela e a segunda na sala de aula. Uma
em meio aos instrumentos musicais, a dança e as cores, outra na pesquisa e nos
livros. Em comum, o encanto. Cultura popular e redação escolar, as duas são de
encantar.
São espaços onde podemos apreender e conviver, de forma dialógica, na
busca do fortalecimento de valores que contribuam na formação de processos
identitários e pedagógicos. Compreender como crenças e saberes podem ser
aplicados como conhecimentos de forma inter e transdisciplinar, como diálogo de
novas vozes. São os desafios e fios condutores da realização dos direitos humanos
e deste texto.

REFERÊNCIAS

Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das Relações Étnico-Raciais e para


o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana.
http//portal.mec.gov.br/clmdocuments/cnecp_003.pdf

PLANO NACIONAL DE IMPLEMENTAÇÃO DAS DIRETRIZES CURRICULARES


NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO DAS REALAÇÕES ÉTNICORRACIAIS E PARA
O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA.
http:www.seppir.gov.br/.arquivos/leiafrica.pdf

RIBEIRO. Obertal Xavier, COSTA. Jorge Damião Venâncio da (orgs.). Luiza Mahin:
lições de liberdade. Rio de Janeiro: CEAP, 2012.

SANTOS, Juliana Elbein dos. Os Nagô e a morte. Pàde, Asèsè e o culto Égun na
Bahia. Petrópolis, Vozes, 2007.

SILVA, Jorge da. Guia de luta contra a intolerância religiosa e o racismo. Rio de
Janeiro: CEAP, 2009.

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SILVA, Silvia Regina de Lima. Despertando as forças transformadoras do corpo


e do texto: Bíblia e Negritude. In Negra sim, negro sim, como Deus criou – leitura
da Bíblia na perspectiva da negritude. EST – grupo identidade e CEB. São Leopoldo
– RS, Con-texto, 2006.

SOUZA. Ana Lucia Silva e CROSS. Camila. Igualdade das relações étnico-raciais na
escola. Possibilidades e desafios para a implementação da Lei nº 10.639/2003. São
Paulo: Petrópolis. AÇÃO EDUCATIVA, CEAFRO e CEERT, 2007.

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