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Caro leitor, EDITORIAL

A construção do planejamento e do projeto


ISSN 1982-2898 político-pedagógico da escola sempre foram temas
recorrentes nas páginas da Direcional Educador. Paulo
Diretores
Sônia Inakake Padilha, nosso entrevistado desta edição, lembra que na
Almir C. Almeida edição 48 da revista, em janeiro de 2009, ele já destacou
em entrevista o conceito de Projeto Eco-politico-
EDITORA
Luiza Oliva
pedagógico (PEPP). A entrevista faz parte também
do livro Encontros com Educadores: 50 entrevistas
COLUNISTAS publicadas pela Revista Direcional Educador (Luiza
Claudio Castro Sanches
Oliva, Grupo Direcional), publicado em 2010. Padilha se
Emilia Cipriano
Maria Irene de Matos Maluf recorda de outras oportunidades em que pode abordar
Nílson José Machado o tema na Direcional Educador, como os módulos 8 e
9 do curso sobre Educação Cidadã, Educação Integral,
COLABORARAM NESTA EDIÇÃO
Alan Villela Barroso escrito por Padilha e Ângela Antunes, do Instituto Paulo
Alex Sandro Pereira de Oliveira Freire: “Discutimos a problemática e recebemos muitas
Aline Devicari Francisco cartas como retorno das publicações, entre 2009 e 2010.
Breno Trajano de Almeida
E na edição comemorativa de número 100 da revista,
Elisete Regina Morelli Pedrosa
Fabiana França Barbosa em maio passado, homenageando Paulo Freire, escrevi
Gustavo Teixeira sobre ‘Paulo Freire: educação integral, planejamento e
Hamilton Werneck currículo’, mais uma vez refletindo a questão, desta feita
Maria Helena Negreiros
Paulo Padilha aproximando o PEPP da discussão sobre currículo e educação integral. De fato, a Direcional Educador
Roberval Angelo Furtado está de parabéns por, nestes anos todos, dar tanta atenção a um assunto tão importante e que, por isso
mesmo, exige formação continuada sobre ele.”
Direção de Arte
Jonas Coronado
Além da entrevista deste mês, Padilha continuará abordando planejamento e PEPP em nossas
revistas de janeiro e fevereiro de 2014. “Agradeço à revista o novo convite. É para nós uma honra e um
ASSISTENTE DE ARTE prazer caminharmos juntos. Não é por acaso que a missão do Instituto Paulo Freire, inspirada em Paulo
André Akira
Freire, é ‘educar para transformar’. Como dizia Freire, enquanto houver oprimidos e esfarrapados no
Karla Dias
Sergio Willian mundo, precisamos insistir na defesa de seus direitos e revisitarmos temas a eles relacionados.”
Outros dois artigos desta edição se dedicam à abordagem do Planejamento e do Projeto Político-
Atendimento ao leitor e circulação pedagógico da escola. Roberval Angelo Furtado, superintendente de Políticas de Educação da Secretaria
Claudiney Fernandes
de Estado de Educação de Mato Grosso do Sul, assina O Projeto Político Pedagógico da escola:
Jornalista Responsável identidade e participação coletiva, e Breno Trajano de Almeida, especialista em gestão pública, escreve
Luiza Oliva Planejamento: elemento promotor de mudanças.
MTB 16.935
Um tema atual e que tem levantado discussões entre os educadores é a exposição de crianças e
luiza@grupodirecional.com.br
jovens nas redes sociais. O suicídio de duas adolescentes em novembro, uma em Veranópolis (RS) e outra
Impressão em Parnaíba (PI), infelizmente torna o assunto obrigatório. Até que ponto nossos filhos e alunos sabem
Prol gráfica prever a consequência da exposição de seus atos e imagens na internet ou, ainda, dos atos e imagens de
amigos? A psicopedagoga Maria Irene Maluf se dedica justamente às regras necessárias para conviver
com a tecnologia nos dias atuais. Confira na seção Página do Psicopedagogo, à página 29.
A equipe da revista Direcional Educador deseja a todos os seus leitores e colaboradores um Feliz
Filiada à Natal e que 2014 seja repleto de alegrias. No próximo ano, nossa revista seguirá sempre com novidades,
acompanhando os educadores em seus momentos de formação profissional.
Nos vemos em janeiro!

Revista Direcional Educador


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Um abraço,
Apoio
Direcional
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Luiza Oliva
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Direcional Educador, Dezembro 13


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www.direcionaleducador.com.br de espaço e a programação das edições. 3
SUMÁRIO SUMÁRIO

Dezembro 13
06
ENTREVISTA
Paulo Padilha 44
Por Luiza Oliva NOSSOS ALUNOS E AS DROGAS
29 Como saber se meu filho ou aluno
21 PÁGINA DO PSICOPEDAGOGO
Limites, mais uma vez...
está usando drogas?
TETRAEDRO Por Gustavo Teixeira
Por Maria Irene Maluf
Liberdade
10 Por Nílson José Machado
CAPA
O Projeto Político Pedagógico da
escola: identidade e participação
coletiva 30 46
Por Roberval Angelo Furtado INCLUSÃO EDUCAÇÃO INTEGRAL
22 Interações de crianças em uma
escola infantil (Parte 2)
Desafios e perspectivas da Educação
OPINIÃO DO PEDAGOGO Integral: a Escola e sua relação com o
Por Elisete Regina Morelli Pedrosa Conhecimento
O que a escola empreendedora
faz Por Maria Helena Negreiros
Por Hamilton Werneck
14
CAPA
Planejamento: elemento promo-
tor de mudanças 35
Por Breno Trajano de Almeida FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Educação Escolar Brasileira: acre- 49
24 ditar ou se habituar?
Por Alan Villela Barroso
AGENDA
APRENDIZAGEM
Gestão Escolar e o combate à de-
fasagem de aprendizagem-leitura
16 e escrita no Ensino Fundamental
EDUCAÇÃO INFANTIL Por Aline Devicari Francisco
Aprendendo a cooperar: a co-
operação através de atividades
lúdicas 38 50
Por Alex Sandro Pereira de Oli- EDUCAÇÃO INFANTIL LIVROS
veira Projeto: luz, sombra, imaginação!
Por Fabiana França Barbosa

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CAPA CAPA

funcionários e estudantes, dos processos de “Plano de Trabalho Anual” (PTA) - ou


rígidos e autoritários de organização e seja, o planejamento do ano, onde a
gestão, o fraco compromisso com o escola estabelece o que fará no ano le-
projeto pedagógico, entre outros’ (gri- tivo. Trata-se do planejamento do ano
fo meu)”. seguinte, que geralmente começa a ser
Padilha reconhece que, apesar de realizado no final do ano anterior. Por
tantos esforços, ainda é limitado o com- exemplo, em novembro e em dezembro
promisso dos diversos segmentos esco- devemos avaliar o que se passou no ano
lares, falando de Brasil como um todo, em curso, já nos antecipando em relação
no processo de elaboração do projeto a como será o ano seguinte. O resultado
político-pedagógico da escola. “Estamos deste processo é o que chamei de Plano
no caminho certo, pois mais do que um
tema, estamos diante de uma temáti-
de Trabalho Anual. Este “plano” pode ser
publicado virtualmente e ser impresso
“Planejamento
ca complexa e desafiadora, lembrando para toda a escola. Trata-se de um ver-
que associo temática a floresta e, tema, dadeiro Guia sobre o que acontecerá na que não
a uma árvore dentro da floresta”, com- escola no ano seguinte. E geralmente
para. Nesta entrevista, Padilha esclarece
sobre planejamento, PPP e PEPP.
é discutido e referendado pela unida-
de educacional no início do ano letivo,
entra na sala
quando acontece a famosa semana de
DIRECIONAL EDUCADOR - A cons-
trução do Projeto Político-Pedagógi-
planejamento da escola.
Mas agora entro na questão prin-
de aula não
“pega”, não
PAULO PADILHA
co da escola deve vir antes do Plane- cipal de sua pergunta: o PEPP pode
jamento anual? “começar” a ser construído a qualquer
PAULO PADILHA - A elaboração do momento durante o ano, e isso depende
projeto político-pedagógico da escola é
um processo sempre associado ao pla-
da experiência da escola. Supondo que a
unidade educacional não possua, ainda,
convence, não
apaixona... e
nejamento anual das escolas. Foi preo- nenhum processo sistematizado sobre
cupado com este entendimento e com o que fará nos próximos dois anos, nos
este tipo de distinção que, em 2001, próximos cinco anos ou nos próximos 10

Fim de ano, início de um ara Paulo Roberto Padilha, pe- professoras, da direção da escola, alunas
publiquei o livro Planejamento dialógi-
co: como construir o projeto político-
anos, só para falarmos em planejamen-
tos referenciais de curto, médio e longo
sem paixão
dagogo, mestre e doutor em e alunos, familiares, de toda a comuni- -pedagógico da escola (8ª ed., 2009), prazos, ela poderá, então, propor uma
novo período letivo, é tem- Educação pela Faculdade de dade. São eles que podem de fato tornar esclarecendo e separando temas que, agenda de sua construção democrática não acontece
Educação da USP, além de diretor peda- o PPP um processo a favor da educação até na LDB, aparecem de forma confusa. e participativa. Isso leva tempo, geral-
po de planejar. Nesta edi-
ção, dedicamos um espaço
gógico e palestrante do Instituto Paulo
Freire, é mais do que oportuno revisitar
de todas as pessoas que estão na escola”,
afirma Padilha.
Lá procurei apresentar uma tipologia de
termos relacionados ao planejamento. E
mente um ano ou mais. E evidentemen-
te nesse processo são realizadas muitas
educação.”
agora o tema do planejamento e da cons- O diretor do Instituto Paulo Freire em 2007, em meu livro Educar em Todos atividades envolvendo toda a comuni-
especial ao planejamento. trução do projeto político-pedagógico da completa ainda que, em tempos de Con- os Cantos, fui mais além: escrevi um ca- dade escolar, muitas delas previstas no
escola. “Considero que enquanto houver ferência Nacional de Educação, a Conae pítulo inteiro, o quinto, diferenciando e PTA. Ou seja, ao mesmo tempo em que a
A discussão começa nesta dúvidas sobre a elaboração do projeto 2014, que acontecerá em fevereiro pró- dando exemplos concretos sobre projeto escola executa as atividades previstas no
político-pedagógico da escola, enquanto ximo, em Brasília, é pertinente e relevan- eco-político-pedagógico (PEPP), plano seu plano de trabalho anual, ela orga-
entrevista de Paulo Padi-
não conseguirmos que as escolas do nos- te retomar o assunto. “No documento- de trabalho anual (PTA) e proposta peda- niza uma agenda de trabalho específica
lha, diretor pedagógico do so Brasil o elaborem de forma participa- -referência da CONAE 2014 do MEC, se gógica (PP). Claro, são conceitos comple- para a elaboração processual do PEPP.
tiva, democrática e consistente, fazendo reconhece, em seu item 391, que ‘ganha mentares e integrados, mas que têm as Agendas complementares, não antagô-
Instituto Paulo Freire.

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com que o assunto vire tema, método e relevância o enfrentamento dos graves suas especificidades práticas e teóricas. nicas. Prazerosas, não burocráticas. E aí,
conteúdo nas salas de aula, cabe a todos problemas que afetam o cotidiano das Para responder claramente à sua sim, podemos pensar num processo de
nós insistirmos no assunto. Mas desde já instituições educacionais, decorrentes pergunta, explico melhor e em detalhe: planejamento que realmente entra na
Por Luiza Oliva lembrando: o que faz a diferença na esco- das condições de trabalho, da violência o que se chama, por exemplo, na LDB, de vida cotidiana da escola, dos alunos, dos
Foto: Juliana Avona la é a ação concreta dos professores e das nas escolas, que atingem os professores, planejamento anual, é o que eu chamei familiares, etc. O mais importante: que

6 7
CAPA CAPA

tudo que se faz na escola, que chama- de ser a nossa casa, somos nós próprios. bém já valorizam a presença da edu- desigual e, por conseguinte, para a pró- crática não é apenas aquela que possui aspectos, somos também semelhantes
mos de planejamento, possa fazer parte Eu sou Terra, vocês, leitoras e leitores, cação ambiental associada a outros pria destruição do planeta. E não basta um Conselho de Escola e que democracia em muitos outros. Tanto as diferenças
da vida cotidiana das pessoas. Aí sim, ele são também Terra. Somos o planeta. Ao processos educativos. Isso é o que ter consciência da realidade. É preciso precisa ser vivida na sala de aula, na sala como as semelhanças, reconhecidas e
ganha sentido e significado para os que enfatizarmos o “Eco” do PEPP estamos mais importa. querer transformá-lo para que mudan- dos professores, no refeitório, no recreio, valorizadas, aproximam e fortalecem a
participam de sua elaboração e os con- propondo transformar a dimensão am- ças aconteçam. E aí entra a necessidade na relação com a comunidade, na sala da convivência. Por conseguinte, fica mais
teúdos, as metodologias utilizadas nesse biental em tema gerador de todo pro- E se a escola não tem seu Projeto de projetarmos dialogicamente o futuro. direção, na reunião de pais, na reunião fácil trabalharmos juntos. E fazer tudo
processo participativo, passam a ganhar jeto político-pedagógico da escola. Até construído, como planejar? Quem não sonha, não realiza mudanças. do Conselho de Classe, no currículo, no isso, em termos metodológicos, fazendo
a sala de aula e a fazerem parte do cur- porque, convenhamos: de que adianta Você disse bem. A escola pode até Nós, que sonhamos e trabalhamos projeto eco-político-pedagógico. A cada com que o nosso diálogo mobilize dife-
rículo da escola. Planejamento que não falarmos de PPP se, na própria escola, ou não ter um projeto construído e, sequer, por uma educação transformadora, for- início de ano geralmente as escolas es- rentes dimensões de nossa humanidade
entra na sala de aula não “pega”, não nas nossas casas, continuarmos a viver a consciência da necessidade de sua pla- madora de cidadãs e de cidadãos ativos, colhem os membros de seus conselhos. E – particularmente a música e as diversas
convence, não apaixona... e sem paixão sem cuidarmos do planeta e, portanto, nificação. Mas, na verdade, ela já tem um defensores de uma vida mais feliz e jus- reformulam também os seus regimentos, manifestações artístico-culturais, pois, já
não acontece educação. da nossa própria vida? De que adianta projeto eco-político-pedagógico, mes- ta para todos e de uma sociedade mais o que pode ser um exercício de demo- aprendemos que a arte nos emociona e,
termos projeto nas escolas se desperdi- mo que nada tenha sido ainda escrito, democrática, efetivamente e não só no cracia e participação que contribui para emocionados aprendemos mais e me-
Importante fazer a distinção entre çamos água, merenda, se não cuidamos sistematizado. discurso – defendemos que as escolas, a construção da educação com a qual lhor. Assim é possível falarmos em obje-
PPP e Projeto Eco-Político-Pedagógi- adequadamente dos resíduos sólidos Explico melhor. Pela experiência sem burocratizarem os seus processos, in- sonhamos. Mas dependendo de como tivos, em metas, em indicadores de qua-
co. O conceito de Projeto Eco-Políti- não orgânicos, se não plantamos hortas, acumulada das pessoas que trabalham, vistam na construção de um projeto eco- organizamos este processo, também po- lidade sociocutural e socioambiental da
co-Pedagógico é novo? se não cultivamos flores (sem agrotóxi- estudam e convivem nas escolas, com -político-pedagógico humanizado, hu- demos afirmar processos não democráti- educação e do currículo. Sigamos juntos!
Sim, o conceito de PEPP é novo. Eu cos!), árvores, se não andamos mais a pé, base nas orientações das suas respecti- manizante e preocupado com a “vida de cos, centralizados, sejam eles no âmbito
o apresentei pela primeira vez no ano se não cultivamos relações críticas, cria- vas secretarias de educação, as escolas qualidade” e não apenas com a suposta da escola, ou no âmbito das Secretarias
Contatos com Paulo Padilha:
de 2007 em meu livro Educar em To- tivas e políticas em relação ao meio am- “tocam o barco” e organizam, às vezes “qualidade de vida”, tão difundida numa de Educação.
padilha@paulofreire.org
dos os Cantos: reflexões e canções por biente e, portanto, se não cuidamos bem de forma não sistemática, as suas ativi- perspectiva consumista e mercantil de Enfim, atentos a tais processos par-
uma educação intertranscultural (2007; das nossas relações humanas e destas dades. Mesmo sem explicitá-lo, elas pos- mundo e de existência humana. O PEPP ticipativos, criamos condições concretas
2012). Mas quero lembrar que, da mes- com todos os ecossistemas? suem um PEPP, pois são a favor ou con- organiza, sistematiza, antecipa e nos per- para que tanto a elaboração, execução
ma forma que ainda há resistências em Em seu livro Pedagogia da es- tra os oprimidos, trabalham com mais mite aprender, processualmente, planejar e avaliação do Plano de Trabalho Anu- Para saber mais
se utilizar PPP, enfatizando a dimensão perança Paulo Freire nos ensina que ou menos envolvimento da comunidade, e viabilizar um futuro mais feliz e menos al (planejamento anual da escola) e do FREIRE, Paulo. Pedagogia da
política do projeto, incluir e dimensão “enquanto projeto, enquanto desenho realizam um currículo comprometido injusto, com convivências alegres, curio- PEPP, sejam efetivamente exitosos. Mas esperança. Um reencontro
“eco” nesse processo é uma ousadia que do 'mundo' diferente, menos feio, o com um mundo mais justo ou injusto, sas e aprendentes, como gosto de dizer. isso poderemos discutir nos dois me- com a Pedagogia do oprimi-
temos tido do Instituto Paulo Freire em sonho é tão necessário aos sujeitos com uma sociedade mais ou menos par- ses seguintes, quando pretendemos dar do. 3 ed., Rio de Janeiro, Paz
projetos desenvolvidos junto a diferen- políticos, transformadores do mun- ticipativa, e assim por diante. Evidente- Como fazer com que o Planejamento exemplos mais práticos e concretos so- e Terra, 1994.
tes redes de ensino, felizmente, com do e não adaptáveis a ele, quanto, mente, uma escola que, historicamente, formalizado no início do ano letivo bre isso. GADOTTI, Moacir & ROMÃO,
muito êxito. permita-me a repetição, fundamental não organiza formalmente o seu projeto tenha continuidade e seja genuina- José Eustáquio. Autonomia
Mas qual o significado do “eco” do é, para o trabalhador, que projete em e que, possivelmente, trabalhe mais com mente realizado durante o decorrer Quem deve participar da construção da escola: princípios e pro-
PEPP? Ele sinaliza e enfatiza a indispen- seu cérebro o que vai executar antes o improviso do que com o planejamento do ano? do Planejamento escolar? E como en- postas. São Paulo, Cortez,
sável atenção à educação ambiental, mesmo da execução”. (1994, p. 92). dialógico, pode correr o risco – e geral- Primeiro, fazendo, de fato, um pla- volver a comunidade/ famílias nesse 1997.
ecológica, ecopedagógica em todos os Quando defendemos, então, o PEPP, mente isso acaba acontecendo – de con- nejamento que começa com uma “leitu- processo? PADILHA, Paulo Roberto.
processos educacionais. Com isso, va- estamos ainda na dimensão de um tribuir para a manutenção do status quo, ra de mundo” participativa e democrá- Todos os segmentos devem partici- Plannejamento dialógico:
lorizamos a sustentabilidade ambiental, sonho, quase uma utopia – “alavan- de uma sociedade injusta, de um mundo tica. Ou seja, envolvendo as pessoas no par: alunos/as, familiares, funcionários como construir o projeto po-
econômica, cultural, sexual, entre outras, ca dos sonhos” - mas que já estamos desumanizado, enfim, de uma perspec- processo, convidando à participação e ao de apoio da escola, professores/as, dire- litico-pedagógico da escola.
as nossas relações com todo o ecossis- conseguindo alcançar em alguns mu- tiva de mundo até mesmo reacionária, conhecimento aprofundado da própria ção, comunidade escolar, supervisores da São Paulo, Cortez/ Instituto
tema (toda forma de vida existente no nicípios, em algumas cidades, e com porque não problematiza as suas prá- realidade. Avaliar juntos o que já fizemos escola e seus vários parceiros. E tudo de Paulo Freire. 2001. (8 ed.,
planeta). Isso nos ajuda a ressignificar as a vantagem de estimularmos a inter- ticas, não busca a participação ativa e e planejar com base no conhecimento forma organizada. Ou seja, é preciso pla- 2009).
nossas práticas em relação a tudo aqui- setorialidade, aproximando e unindo democrática da comunidade. Não há coletivo dos nossos desafios das nossas nejar o próprio processo de planejamen- PADILHA, Paulo Roberto.
lo que tem a ver com o processo edu- esforços de pessoas e instituições da neutralidade. Ou somos a favor ou con- possibilidades. to. E, conforme tenho defendido, envol- Educar em Todos os Cantos;
cacional. Sempre me pergunto: como é educação, do meio ambiente, da cul- tra um determinado projeto de mundo Conforme tem nos ensinado, com vendo a comunidade por meio de uma reflexões e canções por uma

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possível educar e nos educarmos, sobre- tura, da área da saúde, entre outras. e de sociedade. Se não organizarmos o tanta propriedade, a diretora pedagógica relação que chamo de intertranscultural: educação intertranscultural.
tudo na atualidade, sem garantirmos um Estamos caminhando. E, felizmente, nosso trabalho na perspectiva de outros do Instituto Paulo Freire, professora Dra. respeitando a sua cultura, os seus sa- São Paulo, Cortez, 2007; Edi-
futuro sustentável para a humanidade e sem chamar exatamente de PEPP, a mundos possíveis e de outras educações Ângela Antunes, planejar exige diálogo beres prévios, valorizando e convivendo tora e Livraria Instituto Pau-
para todos os ecossistemas do planeta? própria Conae2014 e outras iniciati- possíveis, é grande a chance de contri- e envolvimento do Conselho de Escola. com a diferença cultural e reconhecen- lo Freire, 2012.
Sabemos, hoje, que o planeta Terra, além vas educacionais em nosso país tam- buirmos para um mundo mais injusto e Mas ela afirma que uma escola demo- do que, além de diferentes em vários

8 9
CAPA CAPA

VII - informar pai e mãe, conviven- pluralidade. Para Gadotti:

O Projeto Político
tes ou não com seus filhos, e, se for Projetar significa tentar quebrar
o caso, os responsáveis legais, sobre a um estado confortável para arriscar-
frequência e rendimento dos alunos, -se, atravessar um período de instabi-

Pedagógico da escola:
bem como sobre a execução da pro- lidade e buscar uma nova estabilidade
posta pedagógica da escola (BRASIL, em função da promessa que cada pro-
1996). jeto contém de estado melhor do que

identidade e participação coletiva Para elaboração desse documento,


a própria legislação sinalizou a obriga-
ção de todos os profissionais envolvi-
o presente. Um projeto educativo pode
ser tomado como promessa frente a
determinadas rupturas. As promessas
Por Roberval Angelo Furtado dos no processo educacional nas es- tornam visíveis os campos de ação
colas participarem na construção dos possível, comprometendo seus atores
preceitos e da linha diretriz do fazer e autores. (1994, p. 579)
pedagógico, como assegura a LDB: Seguindo essa perspectiva nos de-
Os sistemas de ensino definirão paramos com a inquietude de todos
as normas da gestão democrática do aqueles que orbitam na esfera edu-
ensino público na educação básica, de cacional, pois ao tempo em que se
acordo com as suas peculiaridades e deve cumprir com a proposição legal,
conforme os seguintes princípios: essa traz implícita em si uma gama
I - participação dos profissionais de fatores e relações dos sujeitos que
da educação na elaboração do proje- constituem o ambiente escolar interno
sociedade brasileira está aprendendo a lidar com a democracia em todos os seus
to pedagógico da escola [...] (BRASIL, e externo. Essa situação requer enca-
desdobramentos. Nas escolas não é diferente. A democracia não tardou chegar e
1996, art. 14). minhamentos e posicionamentos que
reproduzir na realidade escolar as conquistas advindas da história recente do nos-
Nessa concepção, o que nos leva podem ser cruciais para determinar os
so País. Assim, escolher diretores, elencar prioridades para recursos e tantas outras questões
a refletir, ao longo desses anos, é que caminhos pelos quais aquele lócus de
antes delegadas ao órgão central passaram a ser decididas, via de regra, nessas instituições
esse documento, forjado por ato legal, promoção de conhecimento e de rela-
com a participação direta da sua comunidade. No campo pedagógico, são imensuráveis os
passou a ter profunda relevância nas ção dos sujeitos pode seguir.
avanços promovidos com a participação do coletivo e que atestam que a escola deixou de
políticas educacionais quando analisa- Nesse sentido, é mister destacar-
ser passiva frente aos acontecimentos que coadunam com a sua finalidade direta, qual seja,
do sob a ótica da necessidade de cada mos a importância do Projeto Político
educar.
instituição se caracterizar na oferta de Pedagógico na realidade das escolas.
Tal autonomia, associada a investimentos cada vez mais presentes na educação e à ele-
uma educação equânime e igualitária, Não podemos nos distanciar que a
vação dos níveis de formação dos profissionais que nela atuam, não tem se refletido na parte
atendendo aos pressupostos legais e norma deu a possibilidade da escola se
documental, tão requerida legalmente e necessária para a sustentação didático-pedagógica
demais orientações institucionais – organizar de maneira sólida e orgâni-
de uma instituição de ensino. Não raro, nos deparamos com propostas de ensino totalmente
quando se trata das redes públicas – ca por meio de um documento que a
díspares daquelas registradas em documentos oficiais ou, ainda, escolas que na esteira da
sem perder o foco no atendimento aos retratasse na sua plenitude. Não só o
proposição pedagógica de suas respectivas redes de ensino não são capazes de efetivar uma
estudantes, que são os maiores benefi- retrato da atualidade, mais que retrato
prática que atenda as expectativas e direitos de aprendizagens de seus alunos, apontando
ciários de todo o processo educacional essa escola teria no futuro. Reflexão e
que o Projeto Político Pedagógico ainda necessita da real importância que tem para a pro-
promovido pelos educadores. O grande ação devem permear a práxis daque-
moção de uma educação de qualidade.
desafio imposto às escolas é o de con- les que estão incumbidos de liderar ou
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9.394/96) trouxe em seu arcabouço
ciliar normas, orientações e currículo participar do processo de elaboração
a necessidade premente das instituições de ensino organizarem-se e promoverem o registro
em rede às especificidades locais, com ou implementação desse documento
formal de um documento que caracterizasse a oferta do ensino no âmbito das suas finalida-
vistas ao fortalecimento e preservação na escola, quais sejam todos os seg-
des e prerrogativas institucionais. Assim, coube a toda e qualquer escola – pública ou privada
da identidade cultural e atendimento mentos que nela atuam.
– a responsabilidade pela discussão, elaboração e divulgação de sua proposta pedagógica (ou
ao perfil socioeconômico da comuni- Ademais, é inevitável não se discu-
projeto político pedagógico), como forma de, no cumprimento legal, atentar-se a sistemati-

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Direcional Educador, Dezembro 13

dade escolar. Daí a necessidade de um tir o processo de concepção, elabora-


zação dos serviços educacionais da sua competência, como preconizam os incisos I e VII, do
projeto, no qual a escola irá projetar- ção e implementação do Projeto Polí-
artigo 12, da Lei em pauta, os quais apontam:
-se na busca contínua pela melhoria tico Pedagógico. Esse processo requer
Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de
constante das ações desenvolvidas que a comunidade escolar seja ampla-
ensino, terão a incumbência de:
no espaço escolar abarcando toda sua mente envolvida nas questões educa-
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; [...]
10 11
CAPA CAPA

Referências bibliográficas
cionais da escola. Todos, independentemente vem ser qualitativas e quantitativas, possam indicar o retrato daquela insti- cularem e criarem uma terra sem lei na escola. BRASIL. Congresso Nacional. Constituição
da função que ocupam, são partícipes do pro- ou seja, ao passo que se busca saber tuição e suas metas e aspirações. Esse Devemos zelar por esses detalhes, sempre! da República Federativa do Brasil. Brasília:
cesso educativo, cada um em seu momento e como está a qualidade do processo de texto pode ser escrito por um grupo Assembleia Nacional Constituinte/Con-
com sua contribuição. Professores, coordena- ensino e aprendizagem na escola, com com base nas discussões do coletivo e Indagações e reflexões finais gresso Nacional, 1988.
dores, diretores, funcionários administrativos, base nos indicadores de aprovação/re- ser levado para apreciação e aprovação ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educa-

com a participação da comunidade externa, provação/evasão, IDEB, avaliações do de todos. O importante é que todos co- Entre o cumprimento da norma e a efe- ção Nacional. Lei n. 9394, de 20/12/1996.
Brasília: Congresso Nacional, 2007.
têm muito a discutir para que o processo de próprio sistema de ensino, etc., faz-se, nheçam, opinem e discutam e, sobre- tivação do Projeto Político Pedagógico, que
______. Ministério da Educação Resolu-
ensino e aprendizagem seja melhorado, sem- também, um detalhado trabalho de tudo, saibam as suas diretrizes. Nesse perpassa pelo processo de concepção e ela-
ção CNE/CEB n. 4, de 13 de julho de 2010.
pre com vistas ao pleno desenvolvimento dos pesquisa para traçar o perfil da comu- sentido, a educadora Medel afirma que: boração desse documento, está toda a engre-
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais
alunos. Desse modo, MELLO et al assevera: nidade escolar. Esse perfil nos mostra Um PPP vivo, construído coletiva- nagem da instituição escola, cercada por seu
Gerais para a Educação Básica. Brasília:
[...] a escola é a principal responsável pela muito do que acontece em nossas es- mente, que contemple as tensões entre cotidiano e sujeitos. Nesse sentido, algumas CNE/CEB, 2010.
construção deste documento norteador, dei- colas, pois acrescenta elementos que a pluralidade cultural e os critérios e indagações surgem como ancoradouro de no- GADOTTI, Moacir. Pressupostos do projeto
xando e evidenciando a sua intencionalida- ajudam a compreender a trajetória dos padrões inerentes às perspectivas polí- vas discussões relacionadas ao tema em pauta: pedagógico. In: MEC, Anais da Conferência
de e clareza, do processo decorrente da ação estudantes no contexto escolar. ticas públicas sobre a escola, pode ser • Nossas escolas estão sabendo utili- Nacional de Educação para Todos. Brasília,
educativa. [...] construir o Projeto Político-Pe- Ao término dessa etapa, é hora de um instrumento central para balizar o zar da autonomia que lhes é atribuída? 28/8 a 2/9/94.
dagógico não é tarefa das secretarias de edu- juntar forças e discutir as informações, cotidiano escolar. Pode servir de ponto • Nossas escolas estão sabendo dife- MEDEL, Cássia Ravena Mulin de Assis. Pro-
cação, dos secretários de educação e diretores analisar os dados para, em seguida, se- de referência para decisões que dizem renciar autonomia de soberania? jeto Político Pedagógico: construção e im-
isolados em suas salas, mas sim de todos os rem repassados para todos os segmen- respeito ao funcionamento da escola, • Será que estamos provocando as plementação na escola. Campinas: Autores

envolvidos na unidade escolar, discutindo, re- tos da escola, inclusive os conselhos à qualidade do trabalho docente e ao devidas discussões no ambiente escolar com Associados, 2008.
MELO, Neilton Falcão de; DIAS, Robson
fletindo superando condições, consensuando e que nela atuam. Essa forma de elabo- desempenho discente, à função social toda a comunidade, com vistas à promoção
Cledson de Jesus; JESUS, Vanusa Silva
decidindo juntos (2012, pág. 04). ração inicial já remete a uma produção da escola em relação à comunidade e à do conhecimento e melhoria da aprendizagem
de. O Coordenador Pedagógico frente à
Coordenar um grupo tão diverso requer coletiva que caminha para que o do- sociedade (2008, pág. 6). dos alunos que nela estudam?
Construção do Projeto Político Pedagó-
habilidades que são características das pessoas cumento seja a síntese do pensamento A sua implementação deve ser • Nossas escolas têm o registro formal da
gico da Escola. VI Colóquio Internacional
que sabem ouvir, acalmar debates calorosos, do grupo daquela escola, em acordo pauta constante, uma vez que a esco- sua realidade e sua proposta de ensino, devidamen- de Educação e Contemporaneidade. São
centrar as discussões e, principalmente, defen- com as normas vigentes e suas expec- la é dinâmica, viva e constantemente te associada às normas educacionais vigentes? Cristóvão/SE/Brasil, 20 a 22 de setembro
der o pleno direito dos alunos em ter acesso tativas e desafios. absorve novas concepções e ideias que • Discutimos nossos indicadores de de 2012.
ao conhecimento e aprender sempre. O fato Nesse processo, não se pode, em precisam compor seus registros for- qualidade e de inserção social? VEIGA, Ilma Passos Alencastro (org.) Pro-
de o Projeto Político Pedagógico ser um do- hipótese alguma desconsiderar ques- mais. Por isso, não podemos afirmar • Quem é (são) o(s) responsável(eis) jeto Político Pedagógico da Escola: uma
cumento cujo principal objetivo seja retratar tões elementares do contexto escolar que um documento tão importante pelo Projeto Político Pedagógico na escola em construção possível. 13ª Ed., Editora Papi-
e apresentar as propostas da escola e que esse como a melhoria do processo ensino e quanto o Projeto Político Pedagógico que eu atuo? rus: Campinas, São Paulo, 2001.
corresponda aos anseios da sua comunidade aprendizagem, valorização dos profis- só possa ser atualizado a cada dois • Se compararmos o cotidiano escolar
não significa que não se deva zelar para que sionais da educação, respeito à insti- anos, um ano. Se afirmamos que esse ao contexto social em que vivemos, podemos
R o b e r -
seja garantido aos alunos os seus direitos ele- tuição escola e avanço nos indicadores documento tem que ser o retrato fiel afirmar que avançamos democraticamente na val Angelo
mentares: acesso, promoção ao conhecimento de qualidade da educação. Para tanto, da escola, ele não pode estar desatua- construção de uma escola participativa? Furtado é
e inserção social a todos. um espaço de estudos deve ser propor- lizado. Nesse sentido, cada instituição Enfim, temos muitas reflexões e muitos Pedagogo;
Especialista
A elaboração de um documento dessa en- cionado para que esses temas possam ou mantenedora estabelece as normas desafios. Parece tarefa difícil – muitas vezes em Gestão
vergadura requer conhecimento do contexto ser amplamente debatidos e discuti- específicas para a atualização desse impossível! Mas não é. Quando se assume a Educacio-
ao qual a escola está inserida e quais os prin- dos, culminando em proposições cuja documento de forma que ele se apre- concepção de uma escola literalmente orga- nal; Pro-
fessor e Especialista em Edu-
cipais beneficiários desse projeto. O melhor execução coadune com a prática pe- sente fielmente como as escolas são. nizada, antenada e descolada (como dizem os
cação da Rede Municipal de
caminho é dividir as tarefas. Levantamentos dagógica da escola. Se falamos tanto em legitimi- jovens), devidamente caracterizada e cumpri- Ensino de Campo Grande/MS.
preliminares, diagnósticos e pesquisas são os Para legitimar a elaboração do dade, não podemos nos esquecer de dora das suas atribuições, a elaboração cole- Atualmente é Superintenden-
primeiros passos para saber aonde se chega- Projeto Político Pedagógico é de suma que os documentos escolares se dia- tiva e implementação constante do Projeto te de Políticas de Educação da

Direcional Educador, Dezembro 13


Secretaria de Estado de Edu-
Direcional Educador, Dezembro 13

rá. Esse trabalho não precisa (e não deve!) ser importância que, a partir da coleta de logam. Projeto Político Pedagógico e Político Pedagógico é um bom começo para
cação de Mato Grosso do Sul
executado por uma única pessoa e sim por dados e das devidas discussões, sejam Regimento Escolar, de certa forma, se tudo isso. e Conselheiro do Conselho Es-
aqueles que demonstram essas habilidades registrados os itens que, minimamen- encontram, se intertextualizam. Não Sintam-se todos convidados a contribuir tadual de Educação/MS.
ou desejam contribuir. Essas informações de- te, compõem um documento e que podem de maneira alguma se desarti- no âmbito das suas escolas! E-mail: robervalfurtado@
hotmail.com

12 13
CAPA CAPA

Para tanto, é extremamente ne- senta bons projetos em seu currículo, o minimizar as causas que, anualmente,

Planejamento: elemento cessário e urgente o envolvimento da


comunidade, dos pais, das organizações
planejamento é encarado como priori-
dade máxima, sem o qual os objetivos
conduzem a indicadores negativos.
Por essas e outras considera-
não governamentais e dos órgãos do e os rumos ficariam desconectados e ções é que os poderes locais não se

promotor de mudanças governo em prol de um planejamen-


to estratégico na gestão educacional
a instituição seria destituída de toda e
qualquer qualidade, que a conduzisse à
podem indispor de caminhar para
formas de gestão menos centraliza-
como um todo e, nisso, estão implíci- excelência do ensino. das, mais flexíveis, integradas, com
Por Breno Trajano de Almeida tos vários subsídios educacionais que a Não se pode mais conviver com a maior aproximação dos diversos
comunidade escolar deve incorporar às distância entre os entes federados, o que, segmentos, de forma a impulsionar
“Existem duas formas de olhar o futuro: uma é se preocupar,
ações cotidianas da escola, de forma a segundo especialistas, afeta drastica- e potencializar esforços para erguer
a outra é planejar. Preocupação é uma reação, planejamento é
contemplar uma linha de ação partilha- mente o dia a dia da educação. Para isso, um sistema público universal e de
uma ação. Planejar é voltar à atenção para o futuro de modo sis-
da, para que se consolide a gestão par- é preciso aperfeiçoar e avançar cada vez qualidade comprovada.
temático e afirmativo, organizando a ação para atingir objetivos e
ticipativa e democrática, que em mui- mais nas ações e políticas já implemen- Numa sociedade de mudanças
prevenir o indesejado”. (Vasconcelos, 1999)
tas escolas existe apenas na teoria e na tadas, envolvendo as três esferas gover- aceleradas, as possibilidades educa-
escrita redundante dos planos de aula, namentais no atendimento à população, cionais que se abrem são imensas. O
que nem de um ano para outro são mo- em todas as etapas e modalidades de en- que não se pode admitir é a inércia.
dificados para atender às diversidades sino, regulamentando a responsabilidade No entanto, o que fará a diferença
educação brasileira vive, nos últimos tempos, um clima de intensa de uma nova demanda matriculada, de cada uma, mas sempre numa visão de será a capacidade concreta de se
efervescência, possibilitando a ampliação do debate entre todos os fato este que é constante, por falta de ser parte de um todo. O planejamento promover um planejamento racio-
segmentos da sociedade, na perspectiva de buscar novos paradig- uma gestão que conduza as mudanças deve se consolidar, de fato, como uma nal, competente e exequível, quer
mas que enfrentem a fragmentação das atuais políticas públicas, que insistem em bater de forma competente e eficaz. política de estado e não de governo e ter nas instituições que regem as es-
à porta das nossas escolas. Situações que necessitam de pla- por objetivo emancipar os munícipes, por colas ou nas próprias escolas, onde
Ante as realidades próprias de um país extremamente diverso, a sociedade se divide nejamento surgem a todo instante, meio de ações articuladas entre as diver- se concentra o cerne da problemá-
nas mais diferentes opiniões. Há quem diga que a educação é um desastre e que as sempre no escopo de dar respostas a sas esferas administrativas. tica que aflige a educação. Só assim
nossas instituições estão defasadas. E não é preciso ir muito longe para comprovar um problema, atingir metas previs- No cenário atual, percebe-se que os poderemos diminuir a discrepância
tal situação. Basta apresentar estatísticas que reforçam o abismo que nos separa dos tas. Padilha (2001, p. 30) acrescenta planos de educação, sejam eles nacio- que há entre o Brasil oficial e o Bra-
melhores do mundo na sala de aula. que planejamento é “um processo de nal, estaduais ou municipais, são vistos sil real, como bem disse o compe-
Dizer e provar que a escola brasileira é burocrática e, por isso, engessada, também busca de equilíbrio entre meios e fins, como instrumentos legais para promo- tente educador Anísio Teixeira.
não é difícil. A lentidão de muitos gestores pode ser justificada pelo cipoal de normas, entre recursos e objetivos, visando ao ver a inclusão educacional e social dos
melhor funcionamento de empresas, educandos. Embora os avanços sejam
Referências bibliográficas
leis, portarias e decretos. BRASIL, Ministério da Educação. Avaliação do
Mas, ao contrário de todas as análises citadas, se quisermos afirmar que a educação instituições, setores de trabalho, orga- inegáveis, a educação brasileira ainda Plano Nacional de Educação. Brasília: INEP,
está avançando e que temos muitas escolas inovadoras Brasil afora, é só observarmos nizações grupais e outras atividades apresenta indicadores alarmantes, prin- 2010;
a história de municípios que têm focado no trabalho educacional, de forma a decifrar humanas. Planejar é sempre proces- cipalmente quando nos reportamos aos FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes
so de reflexão, de tomada de decisão, índices de abandono, evasão e repetên- necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e
os caminhos que conduzem à excelência do ensino.
sobre a ação; processo de previsão de cia. É notório que ainda há um longo Terra, 2011;
Debruçar-se sobre os índices educacionais brasileiros é viver o paradoxo evidencia-
PADILHA, R. P. Planejamento dialógico. São Pau-
do no encontro entre o atraso, a burocracia e o avanço, que dividem tantas opiniões necessidades e racionalização de em- caminho a ser percorrido.
lo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001.
acerca da qualidade da educação ofertada pelas nossas escolas. prego de meios (materiais) e recursos O planejamento deve, pois, contem- VASCONCELOS, Celso: Planejamento. Projeto de
Um fato chama atenção em meio a tantas análises: o que faz a diferença numa (humanos) disponíveis, visando à con- plar o conceito de inclusão educacional, Ensino Aprendizagem e Projeto Político Pedagó-
instituição para que ela se apresente com um ensino comprovadamente eficiente? cretização de objetivos, em prazos de- que compreenda a busca ao atendimen- gico, São Paulo, Libertad,1999

Podemos elencar inúmeros motivos que perpassam por essas mudanças, desde a terminados e etapas definidas, a partir to das necessidades de todas as crianças,
dos resultados das avaliações”. jovens e adultos, independentemente de Breno Tra-
qualificação até a remuneração dos profissionais da educação. Mas, não é possível
jano de
concentrar todos os esforços para que, de fato, a educação aconteça como queremos, Em outras palavras, pensar em pla- classe social, racial, étnica, orientação re-
Almeida é
se as cidades, escolas, os profissionais da área, enfim, a sociedade, não se dispuserem, nejamento é se preocupar com o “para ligiosa, gênero ou de aptidões físico-mo- mestrando
como prioridade, ao planejamento das ações educacionais. onde ir” e “como chegar”, de modo que toras. E principalmente, trabalhar com em educa-

Direcional Educador, Dezembro 13


ção, Psico-
Direcional Educador, Dezembro 13

A educação é um processo que engloba todos os segmentos da sociedade e não a improvisação seja dispensada e que persistência os índices que conduzem a
pedagogo e
apenas o staff da escola. Em qualquer situação ou durante todo o tempo de nossas se estabeleça uma trajetória que possa educação a um patamar pífio no cenário
especialista
vidas, estamos educando ou sendo educados. Paulo Freire, educador nordestino e pa- nortear a execução de todas as ações. mundial, reconduzindo aqueles que fo- em gestão pública.
trono da educação brasileira, nos ensinou que “educar-se é impregnar de sentido cada Subsidiando toda a conjuntura ram excluídos de forma drástica do sis- E-mail: breno_trajano@hot-
educacional de uma escola que apre- tema educacional, buscando identificar e mail.com
momento da vida, cada ato cotidiano”.

14 15
EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO INFANTIL

ouvir, respeitar a opinião do próximo, Da próxima vez, ao ver uma forma- Quanto mais a criança brinca,

APRENDENDO A COOPERAR:
entre outros. ção de gansos voando, lembre-se que é mais ela se desenvolve. Podemos dizer
Estudiosos insatisfeitos com a pe- uma recompensa, um desafio e um pri- que a brincadeira não é apenas uma
dagogia tradicional pesquisaram uma vilégio “Ser parte de uma Equipe”. dinâmica interna da criança, mas uma
prática alternativa que vem se desen- atividade com muito significado social.

A COOPERAÇÃO ATRAVÉS DE ATIVIDADES LÚDICAS volvendo amplamente: a Aprendiza-


gem Cooperativa (Cooperative Lear- A IMPORTÂNCIA DAS BRINCADEIRAS
Nesse sentido o objetivo é focar e
fazer perceber quanto se faz necessário
ning). É uma abordagem estrutural na que os educadores entendam a impor-
Por Alex Sandro Pereira de Oliveira LÚDICAS NO DESENVOLVIMENTO
qual há a criação, análise e aplicação tância do brincar. Bebês engatinham,
sistemática de “estruturas cooperati- INFANTIL E NO PROCESSO DE ENSINO andam, manipulam objetos, brincam
“Pegue um sorriso e doe-o a quem jamais o teve...
vas” que podem ser usadas para qua- de esconde e esconde com adultos e
Pegue um raio de sol e faça-o voar lá onde reina a noite...
se todas as matérias, nas diferentes APRENDIZAGEM irmãos mais velhos e quando atingem
Pegue uma lágrima e ponha no rosto de quem jamais chorou...
séries e em vários momentos de uma O brincar deve ser olhado, sobre- uma idade mais velha passam a usar o
Pegue a coragem e ponha-a no ânimo de quem não sabe lutar...
aula. Uma abordagem que permite a tudo, como extrapolação das emoções faz de conta, cantam, dançam, dispu-
Descubra a vida e narre-a a quem não sabe entendê-la...
aprendizagem de conteúdos curricula- (boas ou ruins) que, na maioria das ve- tam objetos, ouvem histórias usando a
Pegue a esperança e viva na sua luz...
res, aliada a aprendizagem de valores e zes, transforma-se em alívio e, conse- fantasia, a imaginação no interpretar
Pegue a bondade e doe-a a quem não sabe doar...
atitudes cooperativas. quentemente, trazem satisfação. as histórias que ouviram, planejam
Descubra o amor e faça-o conhecer o mundo...”
Para ilustrar a importância da Brincar é tão importante para a festas (batizado de bonecas, aniversá-
Mahatma Gandhi
cooperação, Brotto (2001), apresen- criança como trabalhar é para o adul- rio de algum bichinho de pelúcia, etc.).
ta um texto titulado “Voando em to. É o que a torna ativa, criativa, e Educar a criança é criar condições
Equipe”, de autor desconhecido, que lhe dá oportunidades de relacionar-se para que ela se aproprie de formas de
transcrevo a seguir: com os outros, também a faz feliz, por agir, de sentir, expressar-se, segundo
isso, mais propensa a ser bondosa, a o meio social que interage. Ao brincar
“Quando os gansos selvagens amar o próximo, a ser solidária. a criança desenvolve sua afetividade,
Introdução voam em formação “V”, eles o fa- Brincando, a criança desenvolve motricidade, imaginação, raciocínio e
zem a uma velocidade 70% maior do potencialidades, ela compara, analisa, linguagem, formando um autoconcei-
O presente artigo tem por objetivo incentivar o professor a utilizar a linguagem
que se estivessem voando sozinhos. nomeia, mede, cria, deduz. to positivo em relação a si mesma.
lúdica para trabalhar valores como amizade, socialização, respeito, solidariedade, pa-
Eles partilham a liderança. Quan- O brincar também tem suas etapas Este desenvolvimento através da
ciência, exercício dos direitos e deveres e protagonismo. Nesse sentido, serão abor-
do o ganso que estiver no ápice do de desenvolvimento. A criança começa brincadeira vai facilitar o desenvolvi-
dadas alfabetização e Aprendizagem Cooperativa: princípios, procedimentos e pro-
“V” se cansar, ele (ela) passa para a brincar sozinha, manipulando obje- mento da leitura, da escrita, do pen-
cessos; discussão sobre Cooperação X Competição; A Importância das brincadeiras
trás da formação e outro se adianta tos. Posteriormente, procurará compa- samento lógico, a análise-síntese, o
no desenvolvimento infantil e processo de ensino-aprendizagem e Brincadeiras que
para assumir a liderança. Os gansos nheiros para as brincadeiras paralelas ritmo, coordenação motora fina (em
auxiliam no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem na Educação In-
acompanham os fracos. Quando um (cada um com seu brinquedo). A partir especial quando brincam na areia e
fantil; Jogos e Brinquedos Cooperativos; Jogos de Faz de conta, Construção e Regras.
deles, por doença ou fraqueza, sai da daí, desenvolverá o conceito de grupo formam seus desenhos com as pontas
formação, outro no mínimo, se junta e descobrirá o prazer e frustrações de dos dedos), quando ouvem e reprodu-
ALFABETIZAÇÃO COOPERATIVA OU APRENDIZAGEM COOPERATIVA para ajudá-lo e protegê-lo. brincar com os outros, crescendo emo- zem histórias vão desenvolver a me-
Alfabetização Cooperativa e/ou Aprendizagem Cooperativa é um método de en- Sendo parte de uma equipe, nós cionalmente. Brincar em grupo evita mória sinestésica e a linguagem oral.
sino que se refere a grupos pequenos e heterogêneos de alunos trabalhando em con- também podemos produzir muito que a criança se desestimule, mesmo As brincadeiras de amarelinha,
junto para alcançarem objetivos em comum e que são responsáveis não somente pelo mais, mais rapidamente e melhor. quando ainda não sabe brincar junto. caracol, por exemplo, propiciam o
seu próprio aprendizado, bem como de seus colegas de grupo. Palavras de encorajamento e apoio Ela aprende a esperar sua vez e a in- desenvolvimento da lateralidade,
Estudos no mundo demonstraram que quando se aprende utilizando as técnicas de (quando os gansos grasnam lá atrás) teragir de forma mais organizada, res- orientação espacial, coordenação viso
Aprendizagem Cooperativa, não ocorrem apenas melhores resultados acadêmicos, mas inspiram e energizam aqueles que es- peitando regras e cumprindo normas. motora, bem como, as atividades que
também melhores resultados sociais. Os ganhos dos alunos aumentam, os com maiores tão na linha de frente, ajudando-os a A atividade lúdica produz entu- estimulam a percepção, esquema cor-
dificuldades de aprendizado apresentam um maior desenvolvimento e a discrepância se manter no comando, mesmo com siasmo. A criança fica alegre, vence poral, ritmo, análise e síntese visual e

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Direcional Educador, Dezembro 13

entre alunos com altas notas e com notas baixas diminui, aumentando a motivação as pressões e o cansaço do dia a dia. obstáculos, desafia seus limites, des- auditiva, memória.
intrínseca dos alunos que passam a querer cooperar e participar das aulas, aumentando E, finalmente, mostrar compaixão pende energias, desenvolve a coorde- A Educação Infantil deve ter as
assim sua autoestima. As relações étnicas melhoram e o “bullying” diminui, pois os e carinho afetivo por nossos seme- nação motora e o raciocínio lógico, brincadeiras livres e dirigidas como
alunos passam a se relacionar com todos e não somente com os mesmos colegas de lhantes, membros da equipe mais im- adquirindo mais confiança em si e uma fonte inesgotável do desen-
sempre, passam a aprender valores sociais como respeito, cortesia, generosidade, saber portante: a Humanidade. aprimorando seus conhecimentos. volvimento da criança, estimular os

16 17
EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO INFANTIL

jogos para que ela aprenda regras, crianças. ças, etc. O objetivo do grupo será man- colaborado com o enredo. dando mais 1 (um) minuto para que
JOGOS, BRINCADEIRAS, BRINQUEDOS
divisão de tarefas, contato entre si, o • Jogos de regras: Pega-pega, ter a bexiga o maior tempo possível sem Objetivos: Estimular a cooperação, os educandos coletem os autógrafos,
desenvolvimento do repartir, da con- E SITUAÇõES LÚDICAS lenço-atrás, passa anel, futebol, etc. cair. Depois de algum tempo juntar os reforçar o trabalho em grupo e desen- mas antes de iniciar o segundo tempo,
cessão, do respeito. auxiliam no desenvolvimento de re- grupos ate formar um só. volver a criatividade. solicita que todos parem para pensar
• Jogos e brinquedos coope-
A importância do desenvolvi- gras sociais, aprendendo que em um Objetivos: integrar-se ao meio so- Valor humano: humildade. juntos. No final, questiona sobre os
rativos: Um dos aspectos essenciais
mento das habilidades básicas deve jogo há sempre perdedores e ganha- cial, aprimorar o trabalho em grupo e fatores que facilitam o jogo. A compa-
presentes nos Jogos Cooperativos é
ser vista e trabalhada pelo educador dores. estimular a cooperação. 5- O bote salva vidas ração dos fatores, os que dificultam e
a possibilidade de ampliarmos nossa
como pré-requisito para a aprendi- consciência sobre a Cooperação. Nesse • Brincadeiras que auxiliam o Valor humano: verdade. os que facilitam, mostrará que o grupo
zagem sistematizada e a preparação desenvolvimento no processo de Material: folhas de jornais, e apa- iniciou a tarefa em conflito e depois,
tipo de jogo podemos nos dar conta
para as séries do Ensino Fundamental, aprendizagem na Educação Infan- 3- Fila relho de som (CD). utilizando a cooperação, conseguiu re-
dos padrões competitivos que muitas
e neste aspecto o professor deve ser til: Cabra-cega, Queimada, Balança Espaço necessário: sala, quadra, alizar a tarefa.
vezes adotamos como se fossem a úni-
o facilitador deste processo. Muitas Caixão, Estátua, Batata quente, Barra Material: nenhum. pátio ou outro espaço. Objetivos: estimular a cooperação,
ca alternativa de relacionamento com
vezes há a angustia por alfabetizar manteiga, Caracol, Passa passa três Espaço necessário: sala, quadra, Disposição: Todos à vontade pelo integração, e conhecimento do outro.
o outro e com o mundo. Dessa forma,
na primeira infância, deixando que vezes, Passa anel, Vivo ou Morto. pátio ou outro espaço. espaço destinado para o jogo, dançan- Valor humano: amizade.
expandimos nossas percepções sobre a
a criança deixe de ter a oportunida- Disposição: todos os participantes do em volta das folhas de jornais colo-
importância de praticarmos um “saber
de de desenvolver suas habilidades e fazer coletivo” que inclua a prática de MAIS JOGOS, BRINCADEIRAS E formando uma fila, um atrás do outro, cadas no solo pelo facilitador. 7- Pessoa pra Pessoa
preparar-se para a Alfabetização. mão esquerda sobre o ombro esquerdo Desenvolvimento: Todos dançando
atitudes e comportamentos colabora-
É nestas interações criadas nos SITUAÇÕES LÚDICAS do companheiro à frente e a mão di- imaginando estar num grande transa- Material: nenhum
tivos para o melhor exercício de con-
jogos e brincadeiras que a criança ex- 1- Abraço musical reita agarrando o pé direito do mesmo. tlântico navegando pelo oceano, só que Espaço: sala ou outro espaço.
vivência e o aprimoramento das reali-
põe seus saberes e tem a possibilidade Desenvolvimento: Quando todos o nome deste navio é “Titanic” e cada vez Desenvolvimento: Inicia-se incen-
zações coletivas. E você se lembra das
de ampliá-los. O papel do professor Material: aparelho de som / Es- estivem nessa posição, o participan- que a música parar, devem se colocar so- tivando as pessoas a caminhar livre e
brincadeiras e brinquedos dos tempos
deve ser neste momento o de organi- paço necessário: sala ou outro espaço. te que estiver no início da fila deverá bre as folhas de jornais que representam criativamente pelo ambiente: andar
de criança? Muitas delas são puramente
zar, oferecendo materiais diversos para Disposição: à vontade pelo espa- agarrar o que estiver no final da mes- os botes salva-vidas. A cada parada o fa- com passo de gigante, de formiguinha,
cooperativas, como brincar na gangorra
que a criança possa ter autonomia nas ço destinado ao jogo, dançando ao ma. Todos deverão saltar num só pé ao cilitador deve retirar uma folha de jornal, como se o chão estivesse pegando
do parquinho, subindo e descendo com
suas escolhas e a participação dela em som da música. mesmo tempo. O objetivo é formar um até que só reste uma, onde todo o grupo fogo, com um tique nervoso, etc. De-
o amiguinho, fazer currupio segurando
várias atividades em um mesmo dia. Desenvolvimento: quando o fa- grande círculo com todos ajudando terá que inventar uma solução criativa pois de poucos minutos, o mediador
firme nas mãos uns dos outros, brincar
cilitador parar a música, todos devem para que o grupo tenha equilíbrio. para abrigar a todos. indica, em voz alta, duas partes do
com o vai-e-vem confiando em ter do
O brincar ludicamente desenvolve: se abraçar em duplas, volta a músi- Objetivos: Incentivar o espírito de Objetivos: estimular a cooperação, corpo: mão na testa, dedo no nariz,
outro lado alguém, jogar frescobol na
• Princípios: Coexistência, coope- ca e todos continuam dançando. A equipe, reforçar o trabalho em equipe reforçar o trabalho em grupo e apri- orelha com orelha, cotovelo na barri-
praia desfrutando juntos da brisa do
ração e comunidade. música para, e agora se abraçam em e adquirir hábitos saudáveis de rela- morar a criatividade. ga, etc. Então todos devem formar as
mar.
• Procedimentos: O círculo e o trios, depois em quartetos e assim ções interpessoais. Valor humano: solidariedade. duplas e tocar, um no outro, as partes
• Jogos de faz de conta: Estas
centro; o ensino cooperativo: convi- sucessivamente. Valor humano: felicidade. indicadas, o mais rápido possível! Por
brincadeiras vão levar à representa-
vência, consciência, transcendência, Até o final quando todo o grupo 6- Autógrafos exemplo: se a indicação for “mão na
ção, e com isto ao desenvolvimento
do mais simples para o mais complexo; deve dar um grande abraço coletivo. 4- Histórias em grupo testa”, cada pessoa deverá encontrar
da percepção, do desenvolvimento da
focalizando a cooperação; começar e Objetivos: integrar-se ao meio Material: folha de papel um par e tocar com a mão na testa do
linguagem oral. Estas brincadeiras não
terminar com todos juntos. social e adquirir hábitos saudáveis de Material: nenhum. Espaço necessário: sala ou outro outro e vice-versa. Quando todos esti-
devem ter a intervenção do adulto e
• Processos: Há muito tempo, a relações interpessoais. Espaço necessário: sala, quadra, espaço. verem em duplas e se tocando, o me-
sim permitir que desenvolvam as falas
humanidade vem desenvolvendo es- Valor humano: Amor pátio ou outro espaço. Desenvolvimento: cada educan- diador reinicia o processo, propondo a
como: brincar de casinha; escolinha;
tratégias colaborativas para favorecer Disposição: formando um grande do recebe uma folha de papel em que caminhada livre e criativa. Após duas
feirante.
sua própria evolução e a do meio em 2- Bexigas círculo. deverá ao sinal de comando do edu- ou três dessas combinações o media-
• Jogos de construção: Aconte-
que vive. Muitos desses processos es- Desenvolvimento: O mediador cador, conseguir o maior número de dor diz em voz alta o nome do jogo:
cem quando as crianças usam, trans-
tão sendo sistematizados como uma Material: bexigas. deve escolher um tema para se iniciar autógrafos de seus colegas, no tempo Pessoa pra pessoa. Nesse momento,
formam objetos e materiais variados
nova linguagem pedagógica, combi- Espaço necessário: sala, pátio, a história, também o grupo poderá su- de 1 (um) minuto. Não vale autógrafo todos, inclusive o mediador, devem
(blocos ou sucatas, por exemplo) e
nando a sabedoria de toda nossa an- quadra ou outro espaço. gerir um tema. O objetivo do grupo será repetido. Após esse minuto, o educa- formar uma nova dupla e abraçar um
criam novos produtos. Nestes jogos as

Direcional Educador, Dezembro 13


Direcional Educador, Dezembro 13

cestralidade com os recursos de nossa Disposição: grupos de seis parti- criar uma história com início, meio e dor solicita que os educandos iden- ao outro, bem agarradinho para ga-
crianças começam a entrar em conta-
modernidade imaginando desvendar cipantes. fim. Uma pessoa inicia dizendo algumas tifiquem os fatores que dificultam a rantir o encontro. Com a entrada do
to com o mundo social e a desenvolver
um caminho que nos guie em direção Desenvolvimento: manter no ar palavras e a pessoa seguinte terá que realização do objetivo do jogo (conse- mediador diretamente no jogo, alguém
níveis mais complexos de inteligên-
à contínua e infinita eterna-idade. a bexiga, utilizando partes do corpo, dar continuidade à história e assim por guir os autógrafos dos colegas). Depois ficará sem par. E o que fazer com quem
cias. Estes jogos possibilitam maiores
tais como: mãos, pés, ombros, cabe- diante, até que todos do círculo tenham desse debate, inicia o segundo tempo, sobra? Diferente dos jogos convencio-
oportunidades na cooperação entre as

18 19
EDUCAÇÃO INFANTIL TETRAEDRO

LIBERDADE
nais, aquele que sobra não será casti- Valores humanos: amizade, cari-
gado e nem excluído. Quem sobra vira nho, amor, respeito, solidariedade, etc.
fiscalizador e reinicia o jogo servindo
ao grupo, ao invés de servido por ele. 9- Dança das cadeiras cooperativa Por Nílson José Machado
Objetivos: despertar a atenção, Referências bibliográficas
tempo de reação, diminuir a distância Material: Cadeiras. BROTTO, Fábio Otuzi. Jogos cooperativos: se o im-
1 – LIBERDADE E AUTONOMIA
entre as pessoas, promover o conta- Espaço necessário: sala, quadra, portante é competir, o fundamental é cooperar.
A ideia de liberdade como ausência de vínculos ou constrangi- termos conceituais, o espaço de manobra iria da anarquia,
to, desfazer preconceitos, incentivar pátio ou outro espaço. 5. ed. Santos: Projeto Cooperação, 2001.
mentos para nossa ação é uma ficção sem sentido. Somos sempre ou a ausência de governo (em grego, arché é poder), até
a criatividade, exercitar a liderança, Desenvolvimento: Colocar em cír- ___________________ Jogos Cooperativos: O
limitados pela presença do outro em nossas vidas; sujeito é quem os modelos coletivistas, em que o Estado nos trata como
contato (toque) e liderança, trabalhar Jogo e o Esporte como um Exercício de Convi-
culo um número de cadeiras menor se submete a isso e age em sintonia com tal fato. formigas ou abelhas. Nenhum anarquista sério pretende a
vência. Santos: Projeto Cooperação, 2001.
a questão do poder, exercitar a aproxi- que a metade do número de partici- As leis ordenam a vida em sociedade e nos constrangem a to- ausência de governo: o tamanho e as funções do Estado
SOLER, Reinaldo. SOLER, Sylvia Syrdahl. Alfabeti-
mação e a empatia. pantes. Em seguida propor o objetivo dos: somos iguais diante delas. Mas nós é que fazemos as leis que é que estão em questão. Uma obra clássica de R. Nozick
zação Cooperativa. Rio de Janeiro: Sprint, 2008.
Participação: Um único grupo, sem comum: terminar o jogo com todos nos regulam, se não diretamente, por meio de nossos representan- (Anarquia, Estado e Utopia, 1974) pode ser suficiente para
__________, Jogos cooperativos. Rio de Janeiro:
limite de participantes, mas composto os participantes sentados nas cadeiras tes. Quando consideramos justa uma lei, então a fazemos nossa, é esclarecer tal fato.
Sprint, 2002.
por um número ímpar de pessoas. que sobrarem. Colocar música para to- como se a tivéssemos feito; quando a lei nos parece injusta, agimos A limitação no número de leis e no tamanho do Estado
__________, Jogos cooperativos para educação
Variação: Propor contatos em dos dançarem. Quando a música parar, no sentido de mudá-la. A ideia de justiça não é simples, mas nos é fundamental para garantir um espaço de liberdade dos
infantil. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
trios, quartetos ou em grupos maiores. TODOS devem sentar usando as ca- acercamos dela por meio da percepção de seu oposto, a injustiça, cidadãos, mas é preciso manter vivo o conselho de Einstein:
__________, Brincando e aprendendo na educa-
Valores humanos: amizade, amor, mais fácil de ser apreendida. Tudo deveria ser feito da maneira mais simples possível: não
deiras (e os colos uns dos outros). Em ção física especial. Rio de Janeiro: Sprint, 2002.
Na vida cotidiana, liberdade não significa, pois, ausência de mais simples do que isso.
respeito, integridade. seguida o educador tira uma ou duas __________, Educação física escolar. Rio de Ja-
constrangimentos, mas existência de autonomia. Em grego, nomos
cadeiras (e assim sucessivamente). neiro: Sprint, 2003.
é lei, e autonomia quer dizer obedecer a lei que nós fizemos ou que 4 – SOBRE A NECESSIDADE DE LEIS
8- Transporte sem mãos Ninguém sai do jogo e a dança conti- __________, Brincando e aprendendo com jogos
Na vida cotidiana, algumas práticas são incorporadas como
fizemos nossa.
nua até nova parada (e assim por dian- cooperativos. Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
Nas palavras de Octavio Paz, a liberdade consiste na escolha hábitos, certas proibições ou prescrições tornam-se tão naturais
Material: objetos diversos, desde __________, Educação física inclusiva na escola.
te). O jogo prossegue até restar uma da necessidade. que esquecemos as motivações e os contextos que as geraram, e
Rio de Janeiro: Sprint, 2005.
naturais como frutas (laranjas, maçãs, cadeira, ou mesmo sem cadeira (vai até podemos até considerar desnecessárias as leis que as regulam. São
__________, Educação física: uma abordagem
etc.) até objetos manufaturados como onde o grupo desejar). 2 – LIBERDADE POSITIVA E NEGATIVA bem conhecidas situações em que somente a consciência da perda
cooperativa. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.
arcos, blocos de esponja, bolas, etc. Objetivos: Liberar dos velhos, des- Segundo Montesquieu, a liberdade consiste em agir segundo as leis relembra ou revela o valor do que, tacitamente, se desfrutava.
__________, Aprendizado estimulado pela ale-
Espaço: sala ou outro espaço. necessários e bloqueadores “padrões e poder fazer tudo o que elas não proíbem. Modernamente, pensadores Sexto Empírico, médico e filósofo que viveu em Alexandria
gria. Revista Coleção Educativa. São Paulo: Minu-
Desenvolvimento: os jogadores competitivos”, desprender antigos hábi- como Berlin e Bobbio caracterizam dois tipos de liberdade: a positiva e a nos dois primeiros séculos da era cristã, descreve uma estratégia
ano, ano II, nº 01, pg. 4 -11.
juntam-se aos pares. Cada par deve negativa. A liberdade negativa consistiria, respeitadas as leis vigentes, em interessante dos antigos persas, para provocar uma reflexão
tos, resgatar e fortalecer a expressão do
não se poder obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer algo; a liberdade sobre o sentido das leis. Quando morria um rei, promovia-se um
transportar ou passar a outro par um “potencial cooperativo” de jogar e viver.
Alex Sandro positiva seria o direito de poder orientar as próprias vontades para interregno em que todas as leis eram temporariamente revogadas
mínimo de quatro objetos diferen-
Pereira de Oli- objetivos específicos e tomar decisões pessoais, nos limites da lei. As duas durante um período de cinco dias. Relata o filósofo que tal hiato
tes, mas sem utilizar as mãos (só ao CONCLUSÃO era apavorante, uma espécie de vale tudo no qual o sentido de cada
veira é Pós- se interceptam e pressupõem a existência de uma zona neutra, entre as
princípio, quando se pega no objeto). Brincar não é um ato sem impor- lei era revigorado. Ou não.
-graduado prescrições e as proscrições, um território não regulamentado por leis em
As estratégias de transporte também tância e sim a socialização e o preparo É difícil imaginar, nos dias atuais, uma medida semelhante.
com Especia- que prevalece o livre arbítrio.
são livres: caminhar dois a dois com para o convívio social. De fato, nem tudo na vida pode ou deve ser regulado por leis. Uma experiência de pensamento, no entanto, já parece suficiente
lização em
o objeto frente a frente; ombro com Brincar significa equilibrar sen- A estética e a religiosidade são exemplos de espaços em que não como reflexão sobre tal tema.
Gestão Escolar
ombro; peito com peito; traseiro com timentos, ações e, por conseguinte, prevalecem prescrições ou proscrições. As leis regulam os espaços
(administração escolar, supervi-
traseiro; etc. Logo que os objetos te- prepará-los para melhor desempenho da igualdade; quem as cumpre, conquista o direito fundamental de
são escolar, orientação escolar, Nílson José Machado é professor
nham sido passados, trocam-se os pa- e desenvolvimento dos processos de alimentar diferenças pessoais e vivenciar a liberdade positiva. titular da Faculdade de Educação
inspeção educacional e planeja-
res e continua-se o jogo. O jogo pode aprendizagem das crianças. da USP, onde também coordena
mento educacional). Pedagogo e 3 – LEIS DEMAIS OU LEIS DE MENOS? dois grupos de estudo de frequência
realizar-se depois com grupos de mais É de suma importância que os
Assistente de Diretor de Escola A vida em sociedade pressupõe a existência de leis livre: os Seminários de Estudo em
elementos e também se podem intro- educadores entendam que brincar é
da Rede Municipal de Ensino de reguladoras. Uma questão interessante é se existem leis Epistemologia e Didática - SEED, e os

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duzir novas regras. uma atividade inerente da criança e Seminários de Ensino de Matemática
São Paulo na EMEI Zélia Gattai – demais ou leis de menos. Numa discussão séria, nem a
Objetivos: estimular a cooperação, é através deste mundo imaginativo e – SEMA. É autor de diversos livros,
Prefeitura de São Paulo/SME. inexistência de leis, nem a meta de absoluta regulação entre eles Educação – Microensaios
integração, conhecimento do outro, lúdico que construímos e solidificamos
E-mail: assistentedediretor_ale- parecem pertinentes. Uma vida ética exige um espaço de em mil toques (volumes I, II e lll, pela Editora Escrituras).
as relações interpessoais, exercitar a o adulto de amanhã. livre arbítrio. www.nilsonjosemachado.net
xsandro@yahoo.com.br
aproximação e a empatia. Um tema similar é o das formas de governo. Em

20 21
OPINIÃO DO PEDAGOGO OPINIÃO DO PEDAGOGO

dade conviverá. Como já se passaram sam toda a vida produtiva dentro das veria ser buscada, dentro de um prazo
dois anos dessa conferência, restam- escolas como se estivessem mortos razoável de uma década, quando a
-nos oito anos! porque não lhes avisaram de tal fato. pressão da população já não seria tão
O que as escolas ensinam em Isso ocorre, por exemplo, em Portu- forte demandando vagas em núme-
relação ao futuro é muito pouco. gal, não me consta que exista isso no ro maior. Nossa população está com
Precisam investir nesse campo. Ele é Brasil ou outro país latino”. crescimento vegetativo em baixa tor-
atraente e desafiador. Isso é mais im- Empreender depende da mudança nando a base da pirâmide significati-

O QUE A ESCOLA portante que incutir medo nos alunos


em relação às provas que serão apli-
cadas. (Werneck, 2003).
do fluxo do aprendizado. Se a tradi-
ção determina que tudo chega de
fora para dentro é preciso inverter
vamente menor. Tudo isso viabilizará,
para governos e entidades particula-
res de ensino, a volta à experiência de

EMPREENDEDORA FAZ
Com a ideia de que o conheci- essa situação para se chegar ao co- uma escola de tempo integral com o
mento é riqueza e que os alunos de- nhecimento, senão ficamos, apenas, desenvolvimento de projetos acom-
vem estar preparados para ultrapassar na informação. O principal fluxo é panhados pelos professores e demais
situações ainda desconhecidas, essa de dentro para fora, pois demonstra orientadores. Podemos ter estudos e
Por Hamilton Werneck escola estará segura quando trocar a interesse, motivação e adesão ao que preparação de projetos em todos os
certeza pela ambiguidade. Por sua vez está sendo proposto. turnos dependendo da série, do está-
essa ambiguidade parte do indivíduo, Essa força que vem de dentro das gio de desenvolvimento do educando
de suas características próprias, suas pessoas garante os avanços dos pro- e de seus interesses. Um aluno, ao fi-
diferenças e sua capacidade de inven- jetos em vários setores. Se as discipli- nal do curso, estará muito mais bem
tar. nas lecionadas dão suporte a vários preparado para a vida que a nossa
Todas as escolas têm os seus projetos, cada projeto indicará aos sociedade requer e, para a satisfação
laboratórios. Se eles não existem em alunos quais disciplinas estarão sendo dos que desejam ingressar no ensino
salas especiais, encontram-se na vida necessárias e quais partes delas de- superior, atravessar a barreira dos
e no ambiente em que as pessoas vi- vem ser buscadas para que o projeto vestibulares não será uma façanha
vem. se realize. As disciplinas existem para impossível. Mais motivado por esse
ntre a linearidade e a educacional com vistas às transfor- 2000). O resultado conhecemos: Explore isso e dê ênfase aos an- facilitar o desenvolvimento dos vários tipo de escola, certamente o educan-
complexidade, a esco- mações muda a pessoa, muda o meio um dos funcionários, o turco Orkut seios dos alunos! empreendimentos. do estudará muito mais.
la empreendedora fica e está aberto às diferenças imprevi- iniciou um site de relacionamento Entre um “paper” e as experiên- Cada empreendimento devida- Perguntar será, então, o aspecto
com a segunda opção, sabendo que síveis que se apresentarem durante conhecido no mundo inteiro pelo cias das pessoas (professores, pais, mente acompanhado poderá ser forte dos professores e alunos. Fazer
o mundo é complexo, caótico-estru- o processo. Uma escola assim estará nome de seu criador. (Telles, 2006). vizinhos da escola, profissionais con- avaliado em cada um de seus passos, perguntas e questionamentos em
turado, cheio de fatos recorrentes, mais fixada no processo que, propria- Esta empresa fez o que as es- vidados e voluntários), a escola em- demonstrando que a avaliação em reuniões, aulas e momentos de plane-
intenso, dialético e muito parecido mente, no produto. colas deveriam fazer: ensinar a ser preendedora escolhe as experiências processo é um fato a se tornar corri- jamento será visto como algo normal
com as experiências de Illia Prigogi- Outro pensamento importante é criativo no ócio e a ser especiali- pessoais. Os educandos começarão queiro. (Hoffmann, 2003). porque os envolvidos no processo não
ni que resultaram na Lei da Preces- o de Buda: “aprender é mudar”. zado no que não existe. Portanto a ver que muita coisa, além do que Mas, qual seria o tempo satisfató- terão respostas prontas. Saber per-
são. (Yus, 2003). (Lama, 2000). uma escola empreendedora deve aprenderam, construíram por conta rio para se dar conta de tantas tare- guntar, para uma escola empreende-
Entende a escola empreende- Por outro lado, a escola nessa trabalhar além das matérias a se- própria, empreenderam e suas ativi- fas numa escola empreendedora? Um dora, sempre será tido como melhor
dora, embora nossa realidade seja forma em que está sendo apresen- rem lecionadas. O que mais inte- dades e projetos deram certo. tempo integral ou semi-integral. Não que saber responder.
repleta de faces lineares, que a aula, tada, não pode ser uma “fábrica de ressa é ser capaz de entender a A razão mostra o caminho, mas podemos pensar numa escola de tem-
expressão máxima dessa linearidade conhecimento”, entendendo-se essa metadisciplina. a emoção o impulsiona. Sem emoção po integral para os alunos receberem
precisa ter uma função supletiva, de fábrica como o meio capitalista de Empreender dentro das esco- não há educação. (Werneck, 2005). O um ensino propedêutico, com aulas e Hamilton Wer-
suporte e, não, de centralidade didá- produzir, isso para lembrarmos uma las inclui duas coisas importantes que faz o aluno buscar solução, ficar provas durante seis ou oito horas por neck é peda-
tica. (Demo, 2004). das críticas feitas à universidade em nossa consideração: ser capaz na escola além do horário, ler autores dia. Tal ensino já está sendo criticado
gogo, escritor
Num processo empreendedor e americana por Aronowitz (2000, in de atender às exigências curricula- diferentes dos indicados pelos pro- quando se trata da “geração digital”
e palestrante.
complexo as pessoas podem deixar Demo, 2004). res fazendo constantes adaptações fessores, realizar um projeto mesmo que se apresenta como desejosa de
de ser as mesmas após uma confe- Uma escola empreendedora sabe e ultrapassando-as para garantir a É autor de,
nos feriados, é a emoção. Quando se mais aprendizado e, não, simplesmen-
rência ou curso devido ao choque de de suas obrigações legais, porém, tem preparação ante o futuro desafia- entre outros
trabalha a nota como simples moeda te, instrucionismo. (Tapscott, 1998).
ideias ali verificado, como também certeza de que precisa abrir espaços dor. de troca esta escola está morta e não Aumentaríamos o tempo das aulas e livros, Ensina-
vale a afirmação atribuída à Madre para a criatividade. Ela precisa agir Há dois anos, o senhor Bill Ga- sabe. Parece estarmos diante de uma não transformaríamos a escola. Ver- mos demais, aprendemos de me-

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Tereza de Calcutá: “ninguém tem o como a empresa que oferecia aos seus tes fez uma conferência e “profeti- realidade exposta numa conferên- bas governamentais ou mensalidades nos e Se você finge que ensina,
direito de sair de perto do outro sem empregados 20% do tempo da sema- zou” diante da plateia que nos pró- cia em Ribeirão Preto pelo Professor maiores não representariam retorno eu finjo que aprendo (ambos pela
deixá-lo melhor”. na para inventar. Nesse tempo não se ximos dez anos estavam por surgir José Pacheco da Escola da Ponte: “os social. Editora Vozes).
A suposição básica de uma esco- produzia, pensava-se no futuro, era oito dentre as mais importantes professores portugueses morrem aos Uma escola empreendedora de www.hamiltonwerneck.com.br
la empreendedora é de que este ato um tempo para o ócio criativo (Masi, carreiras com as quais a humani- 20 anos e são sepultados aos 70. Pas- tempo integral ou semi-integral de-

22 23
APRENDIZAGEM APRENDIZAGEM

Gestão Escolar e o Combate à


vancar estudos posteriores. A aprendiza- Existe uma distância enorme entre a
gem de Leitura e Escrita do educando é lei e a prática, pois a gestão escolar ainda
apenas um estágio, sendo necessário ga- não oferece respostas educativas e con-

Defasagem de Aprendizagem-Leitura
rantir que os mesmos aprendam melhor cretas que atendam as necessidades bási-
e vejam significados no que se aprende. cas para a aprendizagem desses alunos no
Ensinar é instruir, é informar, é orien- dia a dia escolar.

e Escrita no Ensino Fundamental1 tar, é conduzir, é repetir de diferentes ma-


neiras até fazer aprender. Mas o que fazer
quando nota-se que o aluno não está
Assim, a gestão escolar é responsável
pela identificação dos alunos que possuem
defasagem na aprendizagem e necessida-
atingindo os objetivos básicos previstos des educativas especiais sejam elas con-
Por Aline Devicari Francisco
no ensino? Será um problema de saúde? dutas típicas de síndrome neurológicas,
Será falta de capacitação do docente? psiquiátricas, psicológicas graves ou não.
Será o método de ensino? Como a gestão A verificação da causa da defasagem
escolar enfrenta a defasagem na aprendi- de aprendizagem é muito delicada e deve
zagem no Ensino Fundamental? tomar-se a partir da avaliação feita atra-
O Brasil possui uma série de nor-
mas e leis que servem de base para os
vés de métodos específicos normalmente
realizados pela coordenadora pedagógica
Ensinar crianças
educandos portadores de algum tipo de
defasagem de aprendizagem, garantindo
que desenvolve um trabalho intenso, sen-
do responsável por orientar sua equipe
com dificuldade
Resumo. de aprendizagem
Introdução uma educação inclusiva, por conseguinte, pedagógica que deve estar preparada
fornecem serviços especializados que será para acompanhar o desenvolvimento in-
A educação no Brasil passa por um processo de transformação viabilizada através da escola e de seu en- tegral dos educandos.
O presente artigo analisa a causa da defa- diante da situação atual no cotidiano escolar. Percebemos a busca con- caminhamento, oportunidades de desen- Necessita-se urgentemente que a es- requer por parte
tínua por respostas práticas que atendam às necessidades da gestão volvimento, garantia dos direitos próprios cola garanta o tratamento adequado ao
sagem de Leitura e Escrita especificamente no escolar em relação ao combate das dificuldades de aprendizagem de
Leitura e Escrita, especificamente no Ensino Fundamental no dia a dia
da criança e do adolescente e acima de
tudo garantindo-lhes um padrão de qua-
educando, identificando todos os obstá-
culos que dificultam seu aprendizado.
do professor uma
Ensino fundamental. Busca mostrar respostas das aulas e conteúdos.
A dificuldade de aprendizagem constitui-se como uma das áreas
lidade em seu ajustamento social.
No entanto, é preocupante encontrar Organização da equipe docen-
investigação de
práticas e concretas nas quais o Coordenador
como cada criança
mais complexas de serem conceituadas em decorrência da variedade no cotidiano escolar uma quantidade sig- te para trabalhar com alunos
de teorias, modelos e definições que visam esclarece-la. Logo, a hete- nificativa de alunos com dificuldade ou que apresentam Dificuldades
Pedagógico saiba orientar sua equipe docente
rogeneidade referida confere, por si só, grande complexidade ao estu- distúrbio de aprendizagem em leitura e de Aprendizagem
para combater adequadamente as necessidades do de tais dificuldades que, somada à realidade educacional brasileira,
torna-se um grande desafio não só àqueles que fazem parte do sistema
escrita ao longo do desenvolvimento edu-
cacional no Ensino Fundamental. Ensinar crianças com dificuldade de
aprende
encontradas, com o objetivo de proporcionar educacional, mas à sociedade como um todo. Para Zorzi (2003), aprendizagem requer por parte do pro-
Torna-se imperativo pensar em perspectivas para uma nova dimen- O número de alunos em escolas priva- fessor uma investigação de como cada
uma educação que promova o desenvolvimento são da educação, é fundamental que se encontre propostas, teorias e das e, principalmente, em escolas públicas criança aprende. O professor deve estar
principalmente práticas que levem base e sustentação para a gestão es- com “dificuldades” de aprendizagem da atento a todas as habilidades e fraquezas
integral do educando, trabalhando as dimensões colar enfrentar a defasagem na aprendizagem no Ensino Fundamental. escrita tem sido tão grande que nos leva a de cada criança, não apenas em Leitura e
A pesquisa foi elaborada a partir de discussão bibliográfica, pesqui- um questionamento fundamental: seriam Escrita, mas também em todos os meios
de cidadania, ética, política e estética.
sa de campo, e uma entrevista realizada com a Coordenadora Pedagó- todas essas crianças portadoras de distúr- de aprendizado como percepção, audição,
gica e os alunos de uma escola localizada na Cidade Líder, município de bios de aprendizagem, confirmando uma visão e memória, dependendo de como
São Paulo, tendo como foco principal as dificuldades de aprendizagem espécie de epidemia, ou estaria a maioria cada educando aprende.
Palavras-Chave: Dificuldade de Aprendiza- de Leitura e Escrita, especificamente no Ensino Fundamental. delas sofrendo as consequências de mé- A relação estabelecida entre professor
todos e propostas que não estão dando e aluno torna o mesmo capaz ou incapaz.

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gem, Educação, Coordenadora Pedagógica, Lei- Dificuldade de Aprendizagem conta de atingir seus objetivos? Ou, até Se o professor tratá-lo como incapaz, não
O momento atual na Educação caracteriza-se pela crise de defa- mesmo, não estariam os problemas na será bem sucedido, não permitirá a sua
tura e Escrita. sagem na aprendizagem em específico a Leitura e a Escrita dos alunos definição dos objetivos? Em outras pa- aprendizagem e o seu desenvolvimento.
do Ensino Fundamental. Estamos sendo surpreendidos pelos insucessos lavras, estamos frente a deficiências do Se o professor mostrar-se despreparado
dos estudantes em adquirir conhecimentos básicos que possam ala- aprendiz ou a deficiência do ensino? (p. 5) para lidar com o problema apresentado,
24 25
APRENDIZAGEM APRENDIZAGEM

mais chance terá de transferir suas difi- ra saudável, valorizando a formação do Ao analisar essas respostas, também torno bipolar do humor (Psicose Manía- instigar e causar no educando o devido No último dia desse projeto Pedro
culdades para o aluno. professor e a sua, desenvolvendo habili- entrevistei a Coordenadora Pedagógica co-Depressiva). O Transtorno Bipolar do interesse pelo estudo como: revistas, chegou muito feliz à escola. Trouxe nas
É necessário orientar o aluno, dades para lidar com as diferenças com o da escola perguntando quais eram as Humor, antigamente denominado de jornais, letras móveis, jogos, músicas, mãos um pedaço de papel e disse: “Pro-
família e principalmente o professor, para objetivo de ajudar efetivamente na cons- principais dificuldades encontradas na psicose maníaco-depressiva, é caracteri- poesia e pinturas. Com o passar dos dias fessora Aline, obrigada por tudo, sentirei
que juntos, possam buscar orientações trução de uma educação de qualidade. escola para alfabetizar 70% dos alunos zado por oscilações ou mudanças cíclicas percebíamos a evolução significativa de sua falta e esse é o meu presente!”
para lidar com alunos/filhos, que apresen- que apresentavam dificuldades. de humor. Estas mudanças vão desde Pedro, que oralmente produzia poemas e Carta escrita por Pedro:
tem dificuldades, buscando a intervenção Relação Professor e Aluno A declaração da Coordenadora Peda- oscilações normais, como nos estados de
de um profissional especializado. A cada dia há uma nova aprendiza- gógica foi concreta e dura: “a equipe não alegria e tristeza, até mudanças patoló-
Dessa forma, o desafio que a escola gem em nossa vida. Ao ensinar aprende- está preparada, primeiro deveria capacitar gicas acentuadas e diferentes do normal,
enfrenta atualmente exige do Coordena- mos e com essa aprendizagem, ensinamos os professores, funcionários, adquirir re- como episódios de MANIA, HIPOMANIA,
dor Pedagógico uma competência técni- melhor. Isso sempre se transforma num cursos e materiais diferenciados, pois te- DEPRESSÃO e MISTOS.
ca e política que o habilite a participar da círculo contínuo e, o melhor, produtivo. mos turmas muito cheias com alunos que É uma doença de grande impacto na
construção da autonomia escolar cons- Nas diversas faculdades da vida apresentam dificuldades sociais, emocio- vida do paciente, de sua família e socie-
truída a partir da autonomia garantida aprende-se que o aluno vem até o pro- nais e físicas. Torna-se impossível tornar dade, causando prejuízos frequentemen-
pela lei em vigor, preparando sua equipe fessor no intuito de aprender e que o pro- 70% dos alunos em 100% alfabetizados.’’ te irreparáveis em vários setores da vida
docente para o trabalho com os alunos fessor deve estar preparado para ensinar. (04/ Março/2011) do indivíduo, como nas finanças, saúde,
que apresentem dificuldades. Dessa forma, como observado na pesqui- Ao concluir sua resposta, ofereceu- reputação, além do sofrimento psicológi-
Assim o professor da atualidade deve sa realizada na escola denominada Nova -me um estágio em uma sala de 5º ano do co. É relativamente comum, acometendo
ter a mente mais aberta, preparado para Esperança, localizada no município de Ensino Fundamental para desenvolver um aproximadamente oito a cada 100 indi-
tomar decisões individuais ou em grupo, São Paulo, no qual 70% dos alunos apre- projeto experimental de leitura e escrita víduos, manifestando-se igualmente em
pensar, refletir, criar, desenvolver, e estar sentam dificuldades na aprendizagem, e para trabalhar especificamente com um mulheres e homens. (ABC da Saúde).
preparado para lidar com os imprevistos os educadores não sabem como interce- aluno e depois, após receber os resulta- Aceitei o desafio e desenvolvi um
do dia a dia. Dessa forma, o professor der nesse processo, não existe a troca de dos, a possibilidade de ampliar para os de- projeto chamado: Recuperação Paralela-
deve perceber as necessidades do aluno, experiências, não existe aprendizado de mais alunos com dificuldades. Denomina- -Desenvolvimento da Competência Leito-
como ele aprende e ensina ao mesmo ambas as partes, educador e educando. do como Pedro Moura, nascido em 24 de ra e Escritora no ciclo II do Ensino Funda-
tempo, sempre intervindo no problema Nota-se uma resistência e um forte pre- fevereiro de 1997, na cidade de São Paulo. mental, que foi aprovado pela Secretaria
de aprendizagem apresentado por cada conceito por parte da equipe docente em Atualmente estudante da unidade escolar de Educação Leste 4.
um, preparado para lidar com o aluno que promover novas ações que contribuam Nova Esperança, grande apreciador das O objetivo principal do projeto era
sofre, tem problemas, alegrias, ri e chora, no processo Ler e Escrever dos alunos. artes, pois faz poesias e músicas oralmen- alfabetizar Pedro Moura e em segundo
pois a cada novo ano o professor recebe Para o desenvolvimento da pesquisa te com muita criatividade e dedicação. No plano, desenvolver a capacidade de uso
um público diferente, portanto sempre entrevistei 100 alunos, para verificar se os ano de 2011 iniciou um trabalho parale- da linguagem oral e escrita em situa-
haverá um novo desafio. mesmos apresentavam dificuldades em lo para desenvolver suas habilidades em ções múltiplas ampliando a compre-
Segundo Karl (1997), admitidamente, Leitura e Escrita. Das respostas apontadas leitura e escrita, processos que ainda não ensão, a interpretação e a análise dos
todos nos esforçamos por evitar erros; e 70% dos educandos apresentavam inú- dominava, com a Coordenadora Pedagó- diversos textos existentes na sociedade, fábulas, fazia pinturas e até mesmo a re- O projeto obteve ótimos resultados,
deveríamos ficar tristes ao cometer um meras dificuldades que impossibilitavam gica Claudia Santos. respeitando as variedades linguísticas e solução de contas. Durante a sondagem foi ampliado e atualmente está sendo
engano. Todavia, evitar erros é um ideal ser alfabetizados. O aluno foi diagnosticado com trans- tendo a leitura como fonte de informa- verificamos que Pedro já iniciava seu pro- aplicado com outras crianças com dificul-
pobre; se não ousamos atacar problemas ção e ampliação de seu conhecimento, cesso de alfabetização. Sua avaliação foi dades. Esse é o primeiro passo para garan-
tão difíceis que o erro seja quase inevi- desenvolver a capacidade crítica e as um processo contínuo que forneceu uma tir o direito de toda criança, adolescente e
tável, então não haverá crescimento do habilidades de produção espontânea, reflexão sobre as estratégias utilizadas e jovem de ser alfabetizado, o que ampliará
conhecimento. De fato, é com as nossas procurando avançar em suas hipóteses seu efeito. o acesso à cidadania e à empregabilidade.
teorias mais ousadas, inclusive as que são sobre leitura e escrita capaz de reivindi- Ao final desse trabalho Claudia reu- O projeto poderá ser replicado em outros
errôneas, que mais aprendemos. Ninguém car direitos e deveres, perante a socieda- niu-se com sua equipe docente e relatou municípios de todo o Brasil. Além disso,
está isento de cometer enganos; a grande de em que vive, sabendo relatar, analisar, todo o processo, os pontos positivos e ne- desenvolverá a troca de experiências e a
coisa é aprender com eles. comparar, pesquisar dados relevantes gativos, pois observamos claramente que melhoria contínua do projeto e ampliação

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Enfim, o Coordenador Peda- contidos nos referenciais do progra- a principal mudança deve ocorrer princi- dos resultados.
gógico é a peça fundamental no espaço ma escolar, que atendam os requisitos palmente no ser humano, na sua busca O processo de organização e mudan-
escolar, pois busca integrar os envolvidos básicos na educação como um todo. constante por mudanças, pois só assim ças exige a participação de toda a equipe
no processo ensino-aprendizagem man- Durante esse processo foram utili- estará pronto para enfrentar as dificulda- escolar. É necessário uma capacitação
tendo as relações interpessoais de manei- zados inúmeros recursos no sentido de des encontradas na educação. para o docente que atribua conhecimento

26 27
APRENDIZAGEM PÁGINA DO PSICOPEDAGOGO

específico para exercer com ética e amor problemas de ensino e aprendizagem é CUNHA, Luiz Antônio. Os Parâmetros Curriculares
para o Ensino Fundamental: Convívio Social
sua função, pois educar hoje não é uma necessário um planejamento que inclua e Ética. São Paulo, 1996. Cadernos de Pesquisa n.
ação individual, mas sim uma atividade atividades diversificadas, individuais, es- 99.
coletiva que deve ser realizada por toda
equipe de trabalho - diretores, coordena-
dores, professores, funcionários, alunos e
tudo constante, dedicação e muita com-
petência, pois será necessário investigar
as teorias de aprendizagem e colocá-las
FRANÇA, C. Um novato na Psicopedagogia. In:
SISTO, F. et al. Atuação psicopedagógica e
aprendizagem escolar. Petrópolis, RJ: Vozes, 1996.
LIBERATI, Wilson Donizete. Comentários ao Esta-
Limites, mais uma vez...
comunidade -, buscando o comprometi- em prática, conhecendo também a his-
tuto da criança e do adolescente. 4ª. ed. São Pau- Por Maria Irene Maluf
lo: Malheiros Editores, 1997.
mento de todos com o trabalho realiza- tória familiar do educando. Uma grande MENEZES, Djanira Jacinto de; BARROS, Márcia L.
do, com os propósitos discutidos e com a oportunidade para os acadêmicos das di- N. L. A criança com síndrome de Down e
as dificuldades de aprendizagem. Pátio: Artmed,
adequação dos mesmos às características ferentes licenciaturas desenvolverem sua ano 22, n° 52, p.48-50, Nov, 2009.
sociais e culturais da realidade escolar. É habilidade docente em uma população MIRANDA, M. I. Crianças com problemas de
aprendizagem na alfabetização: contribuições
nessa dimensão que o Coordenador Pe- com características desafiadoras, assesso- da teoria piagetiana. Araraquara, São Paulo: JM
dagógico deve atuar e organizar no cole- rados por uma equipe de trabalho dispos- s modificações trazidas pela tecnologia à vida da maioria das famílias e das pes- Ao contrário das fotos de seus avós
Editora, 2000.
tivo os objetivos, conteúdos e critérios de ta, motivada, ágil, criativa e competente. MOOJEN, S. Dificuldades ou transtornos de apren- soas, sem dúvida alguma ultrapassaram qualitativa e quantitativamente qualquer que passavam por um crivo de aprovação
dizagem? In: Rubinstein, E. (Org.). Psicopedagogia: expectativa que tivesse sido aventada em meados do século XX. Assim também, familiar antes de serem multiplicadas, em
avaliação da Unidade Escolar. Coordenador Pedagógico, professor, uma prática, diferentes estilos. São Paulo: Casa do
Enfim, pode-se dizer que nossa es- aluno, funcionário e comunidade, todos Psicólogo, 1999. originaram alguns aspectos inusitados, que poucos estudiosos dessas questões geral, as imagens que entram nas redes
cola e sociedade precisam com urgência os envolvidos, somando esforços de for-
PCNs: introdução aos Parâmetros Curriculares puderam antever, tanto em termos educacionais, como familiares e sociais. têm infelizmente como característica jus-
Nacionais. Secretaria de Educação Fundamen-
que todos acolham essa nova proposta de ma harmoniosa, constroem uma civiliza- Ao lado das facilidades que encurtaram o tempo e a distância e promoveram o acesso às tamente o contrário: muito de sensacio-
tal, Brasília, MEC/SEF, 1997.
trabalhar com os alunos com dificuldades ção qualificada e rica, pois a escola tem ROMERO, J. F. Os atrasos maturativos e as dificul- mais recentes informações advindas de toda parte do planeta, substituindo com vantagens nalismo e pouco de respeito ao próximo:
dades de aprendizagem. In: COLL. C., PALACIOS, crescentes os meios anteriormente utilizados, criou-se uma série de necessidades de ordena- nunca o cyberbulling foi tão presente, pos-
de aprendizagem, e busquem constante- a função de conscientizar a população MARCHESI, J. A. Desenvolvimento psicológico e
mente o resgate de valores sadios e fun- que existe um mundo melhor. Os alunos educação: necessidades educativas espe- ções, de regras de usos, de (nova) educação cibernética, de cuidados peculiares que tiveram vá- sível e violento.
damentais para o futuro da humanidade. muitas vezes não acreditam em uma vida
ciais e aprendizagem escolar. Porto Alegre, Artes rios desdobramentos, à medida que o progresso dessa área das ciências se acelerou e interligou Uma antiga orientação se faz mais do
Médicas, 1995. (v.3)
Os professores precisam ser capacitados, melhor devido a realidade a que estão ex- com outros campos do conhecimento humano, ampliando ainda mais seu leque de aplicações que nunca necessária e atual: a de ensinar
SCOZ, B. Psicopedagogia e realidade escolar, o
os alunos precisam de apoio, as famílias postos. A escola todos os dias tem a mis- problema escolar e de aprendizagem. Petrópolis, e concomitantemente aumentando a necessidade de pontuar normas de uso. o autocuidado, a preservação, pois não é
RJ: Vozes, 1994. Se pensarmos nas pessoas adultas nascidas por volta dos anos 1950, buscando nos dias atuais mais possível cometer um pequeno deslize
de assistência, a escola de especialistas são social de envolver a comunidade para GURGEL, Thais. Inclusão, só com aprendizagem.
que auxiliem na defasagem. Portanto, que acreditem que existe uma vida me- Nova Escola: Abril, ano 22, n° 206, p.38-46, seus amigos da infância e da juventude, sabemos que com uma boa dose de sorte os encontrarão hoje, sem correr o risco de causar uma ava-
esta proposta é apenas o primeiro passo lhor, que é adquirida somente através da
out, 2007. via internet, de uma ou outra forma, pelo nome, por indicação de algum colega, ou até em grupos lanche dentro da própria vida no futuro.
VIEIRA, Jair Lot. Leis de diretrizes e bases da edu-
em uma longa caminhada para obter a Educação. Portanto sem união não será que se formaram com o propósito justamente de reencontrar antigos companheiros. Mas, a não E, cabe como sempre às famílias, a
cação nacional: Lei n° 10.172, de 10 de janeiro
"sonhada Educação de Qualidade” satis- possível sanar os frequentes problemas de 2001 e legislação correlata e complementar. 3. ser que alguém tenha guardado fotos e as tenha postado na net, estas não estarão facilmente responsabilidade de orientar, supervisionar
ed. Bauru, São Paulo, EDIPRO, 2006. (Série Legis- disponíveis, e certamente não serão numerosas e dificilmente serão vexatórias. e cuidar que seus filhos aprendam, para o
fatória no ambiente escolar. das escolas, é necessário unir esforços lação)
para adquirir futuras vitórias. ZORZI, Jaime Luiz. Aprendizagem e Distúrbios da Já os filhos dessa geração, hoje na faixa dos 35 anos, conviveram com o computador desde bem deles mesmos, a respeitar os limites.
Conclusão
Linguagem Escrita: Questões Clínicas e Educacio- a pré-escola de modo mais tímido do que seus filhos o fazem hoje, mas certamente de forma
nais. Porto Alegre: Artmed, 2003.
O presente artigo pode contribuir de Referências bibliográficas menos comprometedora e arriscada.
Assembleia Geral das Nações Unidas. Resolução nº
forma bastante significativa para a dis- AQUINO, Júlio Groppa. Erro e fracasso na escola: 217 A: Declaração Universal dos Direitos Huma- As crianças do século XXI são as primeiras a se confrontarem com um mundo virtual extre- Maria Ire-
alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Sum- nos. http://www.direitoshumanos.usp.br. Acesso mamente próximo à sua realidade diária. Mas, as regras de convívio seguro nesses dois mundos ne Maluf
cussão sobre as dificuldades de apren- mus, 1997. em 15 Julho 2011. é Especia-
dizagem apresentadas por crianças que ________, Júlio Groppa (Org.). Diferenças e Pre- têm aspectos muito similares e ao mesmo tempo muito díspares e, dada a rápida mudança,
1 Artigo apresentado à Universidade Cidade de São Paulo, curso de Lato
lista em
conceito na escola – Alternativas Sensu em Gestão Escolar, sob a orientação da Profa. Dra. Valéria Aparecida seus avós e mesmo seus pais nem sempre estão atentos o bastante para os perigos que rondam Psicopeda-
compõem uma parcela significativa da Teóricas e Práticas. 2ª ed. São Paulo: Summus. Alves como exigência parcial para conclusão do curso. Dezembro de 2011.
cada clic não supervisionado devidamente, não orientado previamente, da mesma forma que gogia,  Edu-
população que não conseguem apreender 2003
BONFIM, Benedito Calheiros. Comentários à se espera que a família faça quando deixa o filho pequeno sair sozinho à rua pela primeira vez. cação Es-
as habilidades necessárias para o domínio pecial  e
Constituição Federal. Rio de Janeiro: Um mundo de possibilidades se abre em cada tela e não falo apenas dos perigos como
da leitura e escrita. É necessário operacio- Edições Trabalhistas, 1992. Aline Devica- Neuroaprendizagem. É  edito-
nalizar uma prática pedagógica que refli- BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. São ri Francisco é pedofilia, prostituição, crimes, que por si só já bastariam, é claro. Mas falo de um outro aspecto, ra da revista Psicopedagogia
Paulo: Saraiva, 2000. graduada em que é a dificuldade juvenil de prever a consequência futura do excesso de exposição de seus da ABPp, Coordenadora do
ta coletivamente sobre a proposta peda- _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Núcleo Sul/Sudeste do Curso
Letras e pós- atos, pensamentos e imagem do próprio corpo na internet, numa idade em que não se é capaz
gógica das escolas, sobre o planejamento Lei n.9.394/96 de Especialização em Neuroa-
_______. Plano Nacional da Educação/ Lei -graduada em de mensurar as consequências que isso poderá ter no futuro. prendizagem, Transtornos do
das atividades educativas, sobre as estra-
n.10.172/2001. Gestão Escolar Acontece que na atualidade, diferentemente dos avós e pais, principalmente as crianças e Aprender e Psicopedagogia

Direcional Educador, Dezembro 13


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tégias e recursos de ensino-aprendizagem CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras


pela Universi- adolescentes estão permanentemente expostos a câmeras, a fotos, gravações e filmagens de - Instituto Saber/Núcleo de
e de avaliação com um enfoque ao ensino para a aprendizagem: educação inclusiva. 2ª
ed. Porto Alegre: Meditação, 2000. dade Cidade de São Paulo. Estudos em Psicopedagogia e
e aprendizagem e avaliação visando ga- quem quer que seja e todo comportamento um pouco mais exaltado, ou fora do que se pode
COLLARES, C. A. L; MOYSÉS, M. A. A. A História E-mail: aline_devicari@hotmail. Neuroaprendizagem/FTP.
rantir que todos os alunos aprendam. não Contada dos Distúrbios de Aprendizagem.
chamar de socialmente adequado, pode causar uma exposição cibernética bastante imprópria, Site: www.irenemaluf.com.br
com
Campinas, São Paulo: Papirus, 1993. Cadernos CE- que não tem mais como ser contida ou apagada, hoje ou futuramente. E-mail: irenemaluf@uol.com.br
Acredito que para a superação dos
DES n. 28, p.31-48.

28 29
INCLUSÃO INCLUSÃO

intenso, mas, sem nenhum ruído, como derruba algumas revistas, recolhe, coloca-
um choro silencioso. A professora passou -as no lugar, afasta-se da mesa, não quer
a justificar sua atitude, dizendo que preci- mais ouvir história.

Interações de crianças em uma


sava tratá-lo igual aos outros, para que se Aqui percebemos que a função do
sentisse parte do grupo. professor como mediador está, inclusive,
Pietro descobriu um apontador e permeada de afetividade, o que permite

escola infantil* (Parte 2) começou a correr pela sala segurando o


objeto nas mãos, sem demonstrar mais
nenhum interesse pela atividade. Um co-
compartilhar signos (VIGOTSKY, 1987a,
1987b). Porém, conclui-se que a profes-
sora, embora estivesse imbuída de afeto,
lega, aparentemente incomodado com a não apresentava o suporte necessário
Por Elisete Regina Morelli Pedrosa
A verdadeira situação de Pietro, ofereceu para ele uma
moto pequena, que encontrou em uma
para o desenvolvimento cognitivo de Pie-
tro.
caixa de brinquedos no fundo da sala. De acordo com Orrú (2003), uma situ-
educação, segundo Pietro imediatamente aceitou e passou
a movimentar uma das rodas, bastante
ação de aprendizagem com base na teoria
da EAM (Experiência de Aprendizagem

Vigotsky, consiste compenetrado com o novo objeto; a pro-


fessora não percebeu este momento, pois
Mediada) a ser proposta para o aluno com
autismo, deveria priorizar a adequação
dos diversos aspectos envolvidos nesta
em despertar na
estava ocupada passando nova atividade
às crianças. situação às necessidades de transforma-
Esta possibilidade de relacionamento ção das estruturas cognitivas da criança

criança aquilo que pode trazer oportunidades de aprendiza-


gem, através da mediação de outra pes-
autista.
Pietro dirigiu-se ao lugar onde esta-

ela já possui dentro


soa da mesma idade e que compartilha va o papel higiênico e cortou um longo
experiências (VIGOTSKY, 1998). pedaço, passou a fazer movimentos cir-
Na ‘Hora da história’, as crianças de- culares sobre a mesa, como se estivesse

de si, ajudando-a monstraram bastante interesse. No fundo


da sala, fica uma pequena estante com
suja, em seguida jogou o papel no lixo.
Dirigiu-se a uma janela no fundo da sala,

a evoluir e a livros coloridos e temas variados. Pietro a


princípio se recusa a guardar os brinque-
fazendo movimentos rápidos ao abri-la e
fechá-la; a professora, sentada em posi-

[...] Entre tantas atividades propos-


orientar o seu
dos, porém quando percebe a profes-
sora sentando na mesa onde ele deve-
ção contrária a janela, estava impossibi-
litada de enxergar Pietro, causando apre-
tas aos alunos, a massinha traz às crian-
ria estar, corre e senta-se, observando ensão nas demais crianças que passaram
ças grande diversão e aprendizado, pois
ativa a criatividade e imaginação. Pietro
escolheu uma única cor (azul), da qual
desenvolvimento o grande livro aberto, com figuras co-
loridas, que chamaram a sua atenção.
a chamar a professora para tirá-lo de lá,
pois poderia machucar-se.
Um momento único. Aos poucos Pietro Um colega de Pietro foi correndo ao
não possuía quantidade suficiente para
todos, mas, ele insistiu em querer todas, em uma encosta-se na professora, que delica-
damente o puxa para o seu colo, coisa
banheiro, a professora não pode acom-
panhá-lo, a classe estava agitada, pois
foi de mesa em mesa recolhendo as mas-
sas azuis dos colegas. Alguns deixavam e
diziam: - Ele é doente, deixa ele coitado!
determinada que segundo ela nunca foi possível, ele
aceita a acolhida e presta muita aten-
desejavam que a professora terminasse
o momento da história. Pietro entrou de-
ção ao que a professora está lendo, sesperado na sala, pois também já havia
Outros, porém manifestavam sua indig-
nação, e não permitiam que ele lhes tiras- direção. não permite que os amigos cheguem
perto, como se somente ele estivesse
saído, puxou o avental da ‘prô’, que correu
com ele para o banheiro, pois lembrou-se
se a massinha.
ali, querendo da ‘prô’, como é chamada do aluno que lá estava. A criança estava
A professora interveio, chamando
pelos alunos, atenção exclusiva. toda suja, não deu tempo de fazer suas
Pietro do lado e disse: - Você não pode ti-
A pesquisadora procura auxiliar, con- necessidades no vaso, o cheiro entrou na
rar dos colegas o material que estão utili-
tando histórias em outras mesas, bus- sala de aula, pois o menino vestiu-se sem
zando, pois já estava com eles, você pode
cando trabalhar este momento com as fazer a devida higiene. A professora voltou
até pedir que dividam com você, mas, não
demais crianças, porém, Pietro expressa com ele ao banheiro, levando a muda de

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pode ter todos, concorda? Pietro largou as


sua tristeza quando a professora o afasta roupa que todos trazem de casa, lavou-o,
massinhas dos colegas, mas não se inte-
de seu colo e diz que precisa contar his- trocou suas roupas, penteou seus cabelos
ressou mais por nenhuma delas, foi para
tória para os outros colegas; novamente e em seguida voltou à sala. Durante este
um canto com uma expressão de insatis-
a mesma expressão de choro contido e período, a classe ficou com a pesquisado-
fação no rosto, uma expressão de choro
fisionomia de desespero, corre na sala, ra, pois não há auxiliar de classe.

30 31
INCLUSÃO INCLUSÃO

Pietro pareceu bastante incomoda- é trocada, existe uma preocupação da escolher a cor dos canudos, cortar o bar- neste caminho da inclusão que assusta a
do com o acontecimento, não queria professora quanto a sua saúde, bastante bante e enfiar o barbante por dentro dos tantos.
brincar, emburrado em um canto da frágil, segundo informações relatadas pedaços de canudo. Era uma atividade que Vigotsky fala da ação mediada que
sala, mexendo com a roda de um carri- na agenda escolar pela mãe. exigia muita concentração e coordenação permite avanços no que diz respeito a su-
nho. Embora seja relevante considerar a Permanece longo tempo brincando motora e muitos, na metade da ativida- plantar a sombra da deficiência no aspec-
ausência de uma professora auxiliar de com a terra, usando um balde vermelho, de, já queriam desistir. Pietro nem olhou to social, principalmente no ambiente de
sala, é oportuno observar que o acon- o de sempre, fica fazendo bolinhos de para a atividade, permaneceu mexendo aprendizado, onde as crianças passariam
tecimento despertou o auxílio do cole- barro, não presta atenção a nada em em uma caixa de brinquedos, buscando a ser notadas por suas habilidades e não
ga Pietro, dinamizando a solidariedade seu redor, pelo menos aparentemente; algo com que pudesse brincar; as crianças por suas limitações.
entre o grupo. Novamente, pensamos algumas colegas sentam ao seu lado, espontaneamente, passaram a chamá-lo Ficou bem claro nesta observação
na questão da aprendizagem como fazem bolinhos também, mas ele não para juntos realizarem a atividade, mos- que a professora estava envolvida com
processo de mediação, levando a uma lhes dirige nenhuma palavra. travam seus colares semi-prontos, pois a proposta de educação inclusiva, o mais
transmissão dos símbolos, elementos É importante refletir sobre a neces- para muitos era algo difícil de concretizar. importante, o fato de desejar conhecer o
da aprendizagem cultural (VIGOTSKY, sidade premente de ações específicas Inesperadamente, Pietro aproximou-se de outro, compartilhar as diferenças e con-
1983): apesar do autismo, Pietro conse- em relação à criança com deficiência. uma das mesas e curioso pegou alguns viver muito bem com elas, apesar de suas
guiu estabelecer um processo solidário,
indo em busca da professora para so-
No caso Pietro precisa ser assistido ade-
quadamente, porém é nítida a ausência
canudos já cortados e um barbante caído
no chão, num movimento muito rápido
próprias limitações; entender que existem
outras possibilidades e estas adicionadas
Seria necessária
correr o colega em dificuldades.
[...] Dia de sol, as crianças iniciaram
de mecanismos para fazê-lo, conforme
proposto por Vaistman (1995).
conseguiu enfiar vários canudos rapida-
mente, em sequência e sem errar, o que
ao cuidar e dedicar-se em seu trabalho,
podem abrir outros horizontes às suas uma preparação
É importante o período muito alegres, pois o sol sig-
nifica parque; correm, pulam, balançam,
No dia das mães, as crianças fo-
ram orientadas na atividade direcio-
despertou surpresa nos colegas que o cer-
caram em volta da mesa. Um dos colegas
expectativas.
Percebe-se claramente o que ainda é
prévia a toda
refletir sobre
cavam e volvem a terra e outras brinca- nada a escolher uma imagem de mu- disse: - Olha! O Pietro conseguiu melhor necessário desenvolver para alcançar um
deiras. Pietro, como sempre corre de um
lado para o outro, está alegre, mesmo
lher (recortes de revistas) que mais se
parecesse com sua mãe, em seguida,
que todo mundo! Vamos bater palmas
pra ele! A professora aproximou-se e dis-
nível estável na proposta de uma edu-
cação que trabalha com a diversidade e equipe escolar,
a necessidade porque no ano anterior era privado deste
contato com a natureza e do momento
desenhar o corpo, completando assim
a imagem. Pietro escolheu a imagem
se: - O Pietro é muito esperto, viram como
ele aprendeu rápido?
aprende com ela.
No caso da criança observada, pare- antes do início das
premente de ações da brincadeira.
Observa-se neste aspecto que a pro-
de uma mulher de chapéu, mas não
quis desenhar o corpo e nem terminar
A confiança em um trabalho sério e
responsável é um dos mecanismos a ser
ce que conseguiu transmitir satisfação
em estar no convívio com seus colegas
aulas, trazendo-
fessora do período anterior privava Pietro a atividade. Nenhuma atividade lhe é explorado pela escola que acolhe a pro- e a professora e, embora encontre pro-
específicas em de brincar, envolver-se com os colegas,
correr riscos, lanchar juntos, certamente
cobrada, seu caderno está incompleto,
não há outra opção de trabalho para
posta de inclusão. Acreditar em respostas
quando se oferece estratégias, onde a
blemas com as emoções e sentimentos,
ficou nítido seu prazer em estar ali, mes- lhes segurança
relação à criança causando-lhe tristeza e impedindo a sua
interação, que provavelmente facilitaria
que ele pudesse realizar.
Podemos afirmar, com Cardoso
interação destas crianças com o meio em
que estão envolvidas são desafiadoras,
mo porque para ele era uma experiência
nova, pois no ano anterior não lhe havia
em receber todas
seu desenvolvimento. (2003), que as necessidades especiais atraentes e eficazes, certamente estas ati- sido permitido participar de atividades,
com deficiência. A verdadeira educação, segundo Vi-
gotsky (1984), consiste em despertar na
pressupõem também recursos especiais;
como não há conhecimento da especifi-
tudes só poderão trazer benefícios a todos
os segmentos, e terão ainda condições de
como parque, passeios, lanche e danças.
A autonomia oferecida por sua professora as crianças, com
criança aquilo que ela já possui dentro cidade das necessidades, não há recur- sanar os possíveis fracassos, quando estes foi benéfica para desenvolver responsa-
de si, ajudando-a a evoluir e a orientar
o seu desenvolvimento em uma deter-
sos disponíveis para resolvê-las.
O momento é de ressignificação
existirem (TZURIEL, 1999).
Vigotsky postula que o professor
bilidade, solidariedade e acima de tudo,
permitir que pudesse aprender a brincar,
deficiência ou não.
minada direção. “Não uma direção de para a educação, principalmente refe- deve ser um mediador entre o sujeito motivo principal de sua alegria, simples-
mão única, mas que contemple possi- rindo-se à proposta de inclusão. que aprende e o conhecimento. “Mediar mente, porque é criança.
bilidades de construção, desconstrução Nunca foi tão importante criar como consiste nas ações de um agente interme- Encontrar a professora desta sala,
e reconstrução tal como ocorre na arte, em nossos tempos. Os mecanismos de diário em uma relação” (VIGOTSKY, 1987, perceber sua aflição em cuidar de seus
mas sempre em interação social” (VI- controle não são fixos e padronizados, p. 96). alunos, a transparente confissão ‘não sei
GOTSKY, 2003, p. 201). mas sim oscilantes e difusos, exigindo Analisando os estudos de Vigotsky a o que fazer com Pietro, não sei o que é o
Pietro é pequeno, olhos miúdos, as estratégias de enfrentamento capazes respeito da criança com deficiência, nota- autismo!’, sua disponibilidade, são possi-
crianças tropeçam nele, empurram, mas de ensejar múltiplas ações, singulares e -se a contribuição positiva com respeito bilidades de esperança de que há profis-
ele parece não ligar, parece gostar deste versáteis (VIGOTSKY, 2003, p.53). sionais dispostos a participar ativamente

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às experiências educacionais concretas,
Direcional Educador, Dezembro 13

momento, incomoda-se um pouco com a Neste mesmo dia (atividade para as que podem, sem sombra de dúvida, ser desta proposta de inclusão, ou melhor,
camiseta molhada, consequência de sua mães), foi proposta às crianças a confec- adicionadas para desenvolver a autono- entendem que várias mudanças devem
‘visita’ à torneira que existe no canto do ção de um colar, feito com barbante e mia das pessoas em questão. Seu trabalho ocorrer e que a participação deles é indis-
parque. A professora chama sua atenção, canudos de plástico; as crianças ficaram vem dar luz e incrementar estratégias de pensável.
ele acha graça, não diz nada, sua camiseta interessadas na atividade, passaram a aprendizagem a fim de se obter sucesso Em uma unidade escolar composta

32 33
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
INCLUSÃO

por crianças com variadas necessidades, é gem obtiver efeitos consistentes, como diferenças na escola. Pátio – Revista Pedagógica,
ano V, n.20, fevereiro/abril, p. 18 -23, 2002.
necessário o apoio de uma equipe com- um trabalho de reconhecimento dos ma-

EDUCAÇÃO ESCOLAR BRASILEIRA:


ORRÚ, S. E. A formação de professores e a educação
prometida com este trabalho. Percebe-se teriais necessários para as crianças com de autistas. Revista Iberoamericana de Educacíon
deficiência, onde além de serem úteis, tra- (Online), Espanha, v. 31, p. 01-15, 2003. Disponível
este entrave claramente, como os proble- em: htpp//www.rieoei.org./deloslectores/391Orru.
mas que Pietro enfrenta com a funcioná- riam novas possibilidades para o trabalho pdf. Acesso em 10 set. 2008.
ria do refeitório, a falta de habilidade em dos professores e funcionários da unidade SAAD, S. N. Preparando o caminho da inclusão: dis-

acreditar ou se habituar?
solvendo mitos e preconceitos em relação à pessoa
chamar sua atenção, até mesmo porque escolar; alcançando uma prática pedagó- com síndrome de Down. Revista Brasileira de Edu-
ela desconhece as reais necessidades da gica que visualize a proposta ‘inclusão’, cação Especial, Marília, v. 9, nº. 1, p. 57-58, 2003. Por Alan Villela Barroso
SILVA, S.C.; ARANHA, M.S.F. Interação entre profes-
criança. Ou, por exemplo, na ‘hora da his- tornando-se compromissada com o de- sora e alunos em salas de aula com proposta pe-
tória’, a falta de um ‘professor mediador’, senvolvimento de todas as crianças, onde dagógica de educação inclusiva. Revista Brasileira
de Educação Especial, v. 11, n.3, p. 373 -394, 2005.
para naquele momento desenvolver as mecanismos reais sejam efetivamente ex- VIGOTSKY, L. S. Fundamentos de defectologia. Ma-
habilidades de Pietro, demonstra a fragi- plorados, satisfazendo as necessidades de dri: Visor, 1983.
VIGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo:
lidade da assistência pedagógica vigente.
Seria necessária uma preparação pré-
cada um e beneficiando todo grupo, em
interação.
Martins Fontes, 1984.
VIGOSTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São
RESUMO
via a toda equipe escolar, antes do início Ferreira e Guimarães (2003) dizem ser Paulo: Martins Fontes, 1987a. Este artigo procura analisar o papel das Universidades na formação de professores, ao traçar
VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São questionamentos acerca das experiências de estágios vivenciadas nos cursos de licenciatura. São
das aulas, norteando todos os participan- necessário deixar de pensar a educação Paulo: Martins Fontes, 1987b
tes de um projeto, anteriormente elabo- sob uma perspectiva simplista e reducio- VIGOTSKY, L. S., O desenvolvimento psicológico da analisadas as dificuldades encontradas por professores recém-formados ao deixarem a Universi-
infância. Trad. Cláudia Berliner. São Paulo: Martins dade e ao se depararem com a realidade da educação escolar brasileira.
rado, trazendo-lhes segurança em receber nista, passando a compreendê-la sob uma Fontes, 1998.
todas as crianças, com deficiência ou não, ótica em que o acesso e a permanência VIGOTSKY, L. S. La imaginación y la arte em la in- PALAVRAS-CHAVE: Estágio Universitário, Educação Escolar, Realidade Educacional.
fância. 6ª ed. Madrid: Akal, 2003.
onde as ‘surpresas’ para os professores de na escola ocorram dentro de condições TZURIEL, D. Parent-child mediated learning inte-
sala não ocorressem ao receber crianças viáveis e satisfatórias para a educação e ractions as determinants of cognitive modifiability:
formação de todo e qualquer aluno, cons- Recent researchers and future directions. Genetic,
com limitações que eles próprios desco- Social and General Psychology Monographs, v.125,
nhecem. tituindo-se então em um direito espon- n. 2, p.109-156, 1999.
Os estudos encontrados que tra- tâneo e natural, uma responsabilidade da VAISTMAN, J. Subjetividade e paradigma de conhe-
cimento. Boletim Técnico do Senac, São Paulo, n 2, INTRODUÇÃO
tam de mudanças de concepções em sociedade, do estado e de todo cidadão. p. 1-9, 1995. As licenciaturas nas Universidades visam dizado e a construção do conhecimento
relação à inclusão (GAMBARO, 2002; à formação de professores que sejam capa- para aqueles que serão futuros professores.
PEREIRA, 2002; ORTIZ, 2003; ROSA, Referências bibliográficas No geral, os cursos de licenciatura for-
AMORIM, E. Educar versus cuidar. In: UNESCO. O zes de facilitar a construção do conhecimen-
2003) se referem às mudanças de con- cotidiano no centro de educação infantil. Brasília, *Esse texto é continuação do to dentro e fora da sala de aula, utilizando mam professores que sejam capazes de atu-
ceitos observadas após a realização de 2005. texto publicado na edição de no-
BLANCO, R.; DUCK, C. A integração dos alunos estratégias pedagógicas baseadas em abor- ar dentro e fora das salas de aula, em escolas
trabalhos de intervenção com profes- com necessidades especiais na região da América vembro e é parte da Dissertação de dagens teóricas que sejam coerentes com a públicas, privadas ou instituições de ensino
sores, incluindo cursos de capacitação Latina e Caribe: situação atual e perspectivas. In: Mestrado da autora: Interações de não formal. Em teoria, a Universidade ofe-
MANTOAN, M.T.E. A integração de pessoas com
realidade histórico-social dos alunos.
para a inclusão, programas e reuniões deficiência: contribuições para uma reflexão so- Crianças com Deficiência no Cotidia- Com o aporte da Universidade e o corpo rece o aporte necessário para que o aluno,
para orientação, discussão e acompa- bre o tema. São Paulo: Mennon Editora SENAC, no Escolar “Inclusivo”, defendida na docente dos cursos de licenciatura, é possível após a conclusão de seu curso, seja capaz de
p. 184 -195, 1997.
nhamento do professor. Universidade Presbiteriana Macken- que os estudantes saiam do espaço univer- exercer a sua profissão como professor de
BRASIL. Portaria nº 1793, de dezembro de 1994.
A verdadeira educação, segundo Vi- Considera a necessidade de complementar os zie em agosto de 2010. sitário e realizem estágios nas mais variadas maneira construtiva.
gotsky, consiste em despertar na crian- currículos de formação de docentes e outros pro-
fissionais que interagem com portadores de ne- instituições de ensino, formal e não formal, Porém, pode ocorrer a situação em que
ça aquilo que ela já possui dentro de si, cessidades especiais. Disponível em: <htpp:/www. público e privado, podendo, finalmente, co- o aluno irá compreender os aportes ofer-
ajudando-a a evoluir e a orientar o seu portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/portaria1793.
pdf>. Acesso em: 12 mai. 2008. locar em prática a teoria que é absorvida e tados pela Universidade como uma base
desenvolvimento em uma determinada Elisete Re-
discutida na sala de aula. Nas mais variadas única para orientar-se. Da mesma forma, as
direção, “não uma direção de mão úni- BREGANTINI, E. C. O. Mito da dificuldade de gina Morelli instituições universitárias podem fazer com
aprendizagem e da deficiência. Revista Psicope-
vezes, o aluno escolhe a instituição de ensino
ca, mas que contemple possibilidades de dagogia, São Paulo, v. 19, n. 56, p. 27-34, 2001.
Pedrosa tem que mais condiz com suas necessidades ou que o aluno se torne dependente do corpo
construção, desconstrução e reconstru- CACCIARI, F.R.; LIMA, F.T.; BERNARDI, M.R. Ressig- Mestrado em perspectivas de educação. docente e das disciplinas por eles oferecidos.
nificando a prática: um caminho para a inclusão.
ção tal como ocorre na arte, mas sempre Distúrbios do Mas, diante das dificuldades, dúvidas ou Diante desta situação de dependência
Consultoria Psicopedagógica, v. 13, n. 10, p. 35-
em interação social” (VIGOTSKY, 2003, 42, 2005. Desenvolvi- situações recorrentes durante as experiên- de ambas as partes, o professor Roberto Ca-
p.201). FREITAS, N. K. Inclusão Sócio Educativa na esco-
la: Avaliação do processo e dos alunos. Ensaio: mento, é pro- cias de estágios, esses alunos retornam para valcanti conclui que muitos alunos:
Já no final dessas considerações, cabe Avaliação Política Educacional. v.16, n. 60, Jul./ fessora de História e Geografia a Universidade com uma extensa gama de Terão dificuldades para se adaptar às
concluir que uma proposta de educação Set. 2008.
GAMBARO, J. C. Capacitação de professor de clas- do Colégio Futuro e Coordena- questionamentos e aprendizagens, possibili- condições diferentes encontradas fora das
totalmente envolvida com a inclusão

Direcional Educador, Dezembro 13


tando a troca de saberes com seus colegas Universidades, terão sua autoestima ferida
Direcional Educador, Dezembro 13

se Inclusiva: efeitos sobre as atividades frente ao dora Pedagógica da E.E. Nello Lo-
pode parecer um sonho distante, por par- aluno com deficiência auditiva, 138f. Dissertação
e professores, sanando dúvidas, comparti- pela percepção tardia das deficiências de
(Mestrado em Educação especial). São Carlos: renzon, em São Paulo (SP) e Pro-
te de todos os envolvidos neste caminho Universidade Federal de São Carlos, 2002. lhando situações que sejam semelhantes e seus treinamentos e poderão inclusive estar
fessora Tutora da Universidade
ainda incerto; porém, existe a possibili- GOFFMAN, E. Estigma: Notas sobre a manipulação dialogando acerca da educação em nosso despreparados para buscar a solução para
dade deste sonho deixar de ser utópico, da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de Janeiro, UNIP- EAD.
LTC, 1963. país. Essas trocas entre docentes e discentes elas. (CAVALCANTI, s/p, 1999).
quando o processo de ensino aprendiza- MANTOAN, M. T. E. Ensinando a turma toda, as E-mail: profelisete@ig.com.br
é fundamental para o crescimento do apren- Diante disto, voltamos exclusivamente
34 35
FORMAÇÃO DE PROFESSORES FORMAÇÃO DE PROFESSORES

nossos questionamentos para a educação as teorias de aprendizagem e, por conse- Tornam-se crianças preocupadas com EDUCAÇÃO ESCOLAR: ACREDITAR E CONSIDERAÇÕES FINAIS Referências bibliográficas
escolar infantil, foco de interesse deste ar- quente, possuem estratégias pedagógicas os problemas familiares, ou que entram em TRANSFORMAR O ensino e a aprendizagem é um BARBOSA, Márcia Silvana Silveira. O Papel da
tigo, e nos perguntamos: será que no coti- mais desorganizadas. uma fase muito precoce de descoberta da Diante destes questionamentos aqui le- processo muitas vezes complexo e, por Escola: obstáculos e desafios para uma edu-
diano vivenciado dentro das salas de aula, Para a professora Lúcia Maria de Resen- sexualidade ou que possuem como realidade vantados, retorno nosso pensamento para o ser assim, ele não deve ser construído cação transformadora. Dissertação de Mestra-
conseguiremos colocar em prática parte de, são diversas as situações que impedem a cultural e social a ausência do diálogo. papel das Universidades na formação de pro- sozinho, com uma abordagem unila- do em Educação. Universidade Federal do Rio
das teorias aprendidas durante o período de evolução e a melhora da educação escolar. De outro lado, professores já desgasta- fessores e pergunto: e o que acontece quando teral. Ele precisa de força e compro- Grande do Sul. Porto Alegre, 2004. Disponível
em: <http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/han-
formação universitária, sendo elas suficientes Entre elas: dos com as qualidades precárias oferecidas concluímos nossa formação no ensino superior metimento de alunos, professores e da
dle/10183/6668/000488093.pdf>. Acessado em
para superarmos parte das dificuldades e dos pela educação escolar brasileira, seja a condi- embasada em teorias construtivistas, huma- comunidade escolar para que susten-
18 de agosto de 2013.
desafios impostos pela educação brasileira? Os autoritarismos, os improvisos, as ção salarial ou as extensas horas de trabalho, nistas, cognitivistas, etc., e nos deparamos com tem esse processo no decorrer de sua
CAVALCANTI, Roberto de Albuquerque. A apren-
mesmices, os comodismos, os imobilismos assim como a estrutura física problemática uma realidade que irá nos permitir o uso do construção. Aprender no âmbito edu- dizagem nos adultos. Revista de Clínica Cirúrgica
A COMPLEXIDADE DA EDUCAÇÃO e as resistências infundadas são os ingre- das salas de aula e a demanda que é exigida grito na sala de aula e da barganha para que o cacional: da Paraíba, nº 6, ano 4, julho de 1999. Disponível
ESCOLAR NO BRASIL: UM DESAFIO dientes perfeitos para que uma escola vol- dos alunos supracitados, fazendo com que aluno preste atenção na matéria? em: <http://www.slideshare.net/Vicentana/an-
DE EDUCADORES E EDUCANDOS tada para a maioria da população não se os professores não possuam perspectivas Não sei. E gostaria de não ter que saber, Supõe sujeitos diferenciados à bus- dragogia-a-aprendizagem-nos-adultos> Acessa-
A escola sozinha não faz a transfor- concretize em projeto viável, ao contrário, positivas para o exercício de sua profissão. pois acredito em uma educação baseada no di- ca de se entenderem sobre si mesmos do em: 16 de agosto de 2013.
mação da sociedade, mas uma educação continue sendo só utopia de alguns. (RE- Percebemos, então, que um dos grandes álogo entre professores e alunos para que o co- e sobre seus mundos e que, desde suas DALLABONA, Sandra Regina; MENDES, Sueli
crítica, radical e libertadora é um dos ins- SENDE, p. 90, 1995). problemas da educação escolar brasileira nhecimento seja construído e praticado, como situações desiguais, progridem na dire- Maria Schmitt. O Lúdico na Educação Infantil:
trumentos necessários ao aglutinamento vem de fora para dentro. Do núcleo familiar dito pelo professor Mário Osório Marques, “a ção da igualdade da relação política, em jogar, brincar, Uma forma de educar. Revis-
de forças transformadoras e gestadoras do A tarefa de ser um educador nos exige dos alunos e professores, da comunidade, aprendizagem realiza-se nas relações face a que se constituam em cidadãos – sujei- ta de divulgação técnico-científica do ICPG,
vol. 1, nº 4, jan-mar- 2004, ISSN 1415-6396.
trabalho de formação de seres com cons- muito mais do que uma boa formação e da sociedade como um todo, e adentram as face, ou melhor, ouvido a ouvido de alunos e tos singularizados capazes de conduzi-
Disponível em: <http://www.slideshare.net/
ciências críticas. experiências de estágios. Será no cotidiano salas de aula das nossas escolas. Resende re- professores postos à escuta das vozes que os rem-se com a autonomia exigida por
brinquedotecajoanadarc/o-ldico-na-educao-
Márcia Silvana Silveira Barbosa vivenciado dentro das salas de aula que ire- afirma esta situação ao dizer que: interpelam”. (MARQUES, p. 149, 1995). suas corresponsabilidades. (MARQUES,
-infan-tiljogar-brincar-uma-forma-de-educar>.
mos construir estratégias pedagógicas que A educação deve possibilitar aos alunos a p. 149, 1995). Acessado em: 19 de agosto de 2013.
Ao nos tornarmos professores, é pos- sejam consistentes, planejadas, dialogadas A escola luta contra outras mazelas, pois sua descoberta pessoal e a descoberta do mun- FREIRE, Paulo. Medo e ousadia: o cotidiano do
sível encontrarmos uma realidade escolar com a realidade dos alunos. Essas estratégias está inserida em uma sociedade não menos do em que vivem, oferecendo os aportes neces- São estas abordagens e perspecti- professor. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
que, muitas vezes, impossibilitará desen- só poderão ser estabelecidas por meio de um problemática. Entre tantas indefinições e sários para que eles atuem como agentes mo- vas de educação que nos fazem acredi- MARQUES, Mário Osório. Escola, Aprendizagem
volvermos o básico da aprendizagem processo de ensino e aprendizagem, durante incertezas com o processo educativo e, por dificadores sociais. Essa educação não pode ser tar no papel de ser educador. São estas e Docência: Imaginário Social e Intencionalida-
com os alunos, não permitindo, também, uma descoberta de diálogos entre alunos e que não dizer, decepções com os próprios distante e excludente. Ela necessita ser próxima, as teorias e concepções que aprende- de Política. In VEIGA, Ilma Passos (Org.). Projeto
que desenvolvam as suas próprias habi- professores, que irão nos mostrar quais serão poderes constituídos, a matriz teórica de refletida na realidade dos alunos de forma a mos durante a formação universitária Político-Pedagógico da Escola: Uma construção
lidades e construam o seu conhecimen- as abordagens e as teorias pedagógicas mais cada educador acaba sendo descaracteriza- convidá-los a estarem dentro da sala de aula. e nos apegamos a elas, pois confiamos. Possível. Campinas, São Paulo: Papirus, 1995.
to pessoal nessa trajetória de ensino. Da condizentes com a nossa própria realidade e da, como a desesperança da maioria dos bra- A educação precisa ser libertária, aquela que é Mas, dentro de uma realidade edu- RESENDE, Lúcia Maria Gonçalves de. Paradigma –
Relações de Poder – Projeto Político-Pedagógico:
mesma forma, poderemos perceber que a realidade da escola. sileiros com a melhoria da própria qualidade capaz de transformar socialmente e ideologi- cacional complexa, a construção do co-
Dimensões Indissociáveis do Fazer Educativo. In
essas mesmas dificuldades presentes no Porém, na grande maioria das vezes, de vida. (RESENDE, p. 63, 1995). camente todos os envolvidos em seu processo. nhecimento torna-se desafiadora. Essa
VEIGA, Ilma Passos (Org.). Projeto Político-Peda-
cotidiano de ser um educador podem a realidade da educação escolar pública é Esta educação propõe indiscutivelmente educação que nos é apresentada nos
gógico da Escola: Uma construção Possível. Cam-
fazer com que as abordagens de ensino/ um choque grande e desestruturado, sen- Esses fatores transformam muitas es- que os educadores considerem o contexto diz, por vezes, o contrário daquilo que pinas, São Paulo: Papirus, 1995.
aprendizagem dos professores venham se do diversos os responsáveis por essa deses- colas em instituições de ensino baseadas histórico e social das salas de aula como fa- aprendemos e esperamos, fatalmen-
modificando, ao ponto de não condize- truturação. em repressão e intimidação, tanto de pro- tor primordial para planejarem suas práticas te causando o que muitos professores
rem mais com as teorias pedagógicas que Parte é a realidade social dos alunos que, fessores para alunos, quanto de alunos para pedagógicas. Nela, o professor não assume temem: ter que deixar de acreditar. Alan Villela
estudamos e tanto acreditamos em nosso muitas vezes, faz com que as crianças ama- professores, deixando de lado o fator pri- o papel de “tio”, mas sim de educador. Esta Diante disto, o que podemos fazer para Barroso é gra-
período de formação. dureçam no período destinado para brincar, mordial exercido pela instituição escolar, que educação transforma a escola em um espaço continuarmos acreditando na educação duado em li-
Diante de problemas e limitações, se- vivenciar sua infância e ludicidade, como é a construção do conhecimento de maneira de referência para que os professores possam escolar brasileira quando, muitas vezes, cenciatura em
jam elas advindas da escola ou do cotidiano afirmado no artigo “O lúdico na Educação conjunta e a formação de pessoas capazes exercer suas aprendizagens e se realizarem a nossa própria sociedade não acredita Artes Cênicas
familiar, poderemos nos deparar com alu- Infantil”, de Dallabona e Mendes: de dialogar, questionar e construir uma so- enquanto pessoa. em nossa educação? – Universida-
nos que possuem dificuldades em dialogar ciedade mais igualitária. Diante disto, percebo que a educação pre- Acredito que a resposta para essa de Federal de
com o outro, em saber ouvir e opinar, em Boa parte das crianças brasileiras en- Para Paulo Freire, a educação também cisa passar por um viés que permita a aproxi- pergunta possa ser construída por meio Ouro Preto, pós-graduando em
ceder a sua vez para que o colega possa se frenta um cotidiano bastante adverso que as deve começar do lado de fora, já que “as ra- mação de professores, alunos e a comunidade de um diálogo entre todos os que es-
Tecnologias na Aprendizagem –

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Direcional Educador, Dezembro 13

expressar, tornando mais complicado o co- conduz desde muito cedo a precárias condi- ízes do problema estão muito além da sala escolar, possibilitando a transformação dentro tão envolvidos na tarefa de educar e se
SENAC São Paulo e Instrutor de
tidiano da sala de aula. ções de vida, ao trabalho infantil, ao abuso e de aula, estão na sociedade e no mundo”. e fora da escola. Mas nós ainda vivenciamos educar, professores, alunos, pais. A so-
Artes e Cultura do SESC Minas
Também observamos professores can- exploração por parte de adultos. (DALLABO- (FREIRE, p. 63, 2011). Para ele, o contexto da o contrário, ou seja, uma educação unilateral, ciedade precisa dialogar, buscando um
sados da rotina escolar e de seus desafios e NA & MENDES, p. 109, 2004). transformação social também encontra-se repleta de coação por parte daqueles que “de- equilíbrio entre o saber ouvir e o saber Gerais.
que, aos poucos, começam a desconsiderar fora da escola. têm” o conhecimento. se expressar. E-mail: alanvillelab@gmail.com

36 37
EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO INFANTIL

Projeto:
participar das conversas. Porém, um prio corpo e de diferentes objetos vendo momentos de observação, in-
ponto importante que destaquei nas causada pelo bloqueio da luz do sol vestigação e participação, respeitan-
crianças foi a curiosidade. Sempre e da luz artificial do o tempo de cada um. É importante
querendo descobrir algo, desmon- • Explorar movimentos da destacar que antes de iniciar qualquer
tando brinquedos para ver por den- luz através de movimentos com as atividade, sempre havia a preocupa-
tro, buscando desafios e mesmo sem lanternas ção com a organização da sala, a fim

luz, sombra, imaginação!


utilizar a fala, demonstravam através • Favorecer a interação en- de que ela se tornasse um espaço
do olhar curioso que queriam saber, tre as crianças por meio de brinca- adequado para a aprendizagem. Tudo
conhecer, descobrir. deiras e explorações que se encontrava naquele espaço no
Por Fabiana França Barbosa Partindo dessa curiosidade, pro- momento da atividade era para que
curei algo que trouxesse às crianças Conteúdos fosse explorado pelas crianças. Dessa
uma vivência diferente das que estão O documento oficial da Prefei- forma, os materiais estavam disponí-
acostumadas em casa ou na escola, tura de São Paulo para a Educação veis, o espaço arrumado, o mobiliário
podendo a partir daí, ampliar o re- Infantil - as “Orientações Curricu- organizado e os professores sempre
pertório de brincadeiras e, junto com lares: Expectativas de aprendiza- acessíveis para mediar as aprendiza-
o prazer de descobrir, pudessem criar gens e orientações didáticas” -, traz gens e interagir com as crianças.
situações e se apropriar de conceitos como uma das aprendizagens as ex-
práticos, produzindo dessa forma sua periências de exploração da nature- Atividade: bolinha de sabão
cultura, construindo e reconstruindo za e da cultura. Este bloco propõe Organização do espaço: sala es-
diferentes noções, permitindo com- um trabalho de investigação com cura com Datashow ligado apenas na
Fotos: Fabiana França Barbosa

preender o mundo em que vivem. as crianças, onde elas podem parti- lâmpada e bolinha de sabão.
Também pensei no encantamen- cipar das atividades propostas e se A luz azul do Datashow refletida
to que as luzes, seus movimentos apropriar de diferentes formas de no telão trouxe um efeito diferente
e efeitos trazem para os pequenos, pensar o mundo em que vivem. às bolinhas de sabão. As crianças, que
promovendo dessa forma experiên- A proposta de exploração de sempre tiveram a curiosidade de co-
cias e possibilidades de pensar sobre luz e sombra permitiu essa inves- locar a mãozinha em frente à luz re-
aspectos diversos do mundo que os tigação, a partir de alguns pontos fletida tiveram no momento da ativi-
cerca. importantes que podem ser consi- dade a oportunidade de explorar esse
Síntese da experiência derados conteúdos de ordem con- movimento e de curtir as bolinhas de
A criança está inserida em um crianças de Minigrupo I e idade en- Objetivos ceitual, procedimental ou mesmo sabão.
ambiente e dele se apropria atra- tre dois e três anos no CEI Rio Pe- A partir da observação inicial da atitudinal:
vés das interações. A experiência queno II, localizado na Av. Benedito turma, a proposta de trabalho foi or- • Observação e apreciação Atividade: dança com luzes
humana acumulada historicamente de Lima, 405, na Zona Oeste de São ganizada permitindo que as crianças das experiências Organização do espaço: sala escu-
precisa fazer parte da sua vivência o Paulo, bairro do Rio Pequeno. A sala, fossem as protagonistas no projeto • Interação com os objetos ra, música e lanternas.
quanto antes a fim de promover que composta por 30 crianças de período do início ao fim, construindo co- • Mediações do professor Iniciei a proposta de “dança das
ela reflita sobre o mundo em que integral, possuía três professoras no nhecimentos e produzindo cultura. • Trocas de informações nas luzes” explicando como seria a ativi-
vive e tente entendê-lo. período da manhã e três no período Para isso procurei oferecer além dos rodas de conversa dade e ofereci as lanternas convidan-
O projeto “Luz, sombra, imagina- da tarde. Esse projeto foi desenvol- meios, a mediação. Os objetivos fo- • Elaboração de novas ideias do as crianças para entrar na sala e
ção!” foi pensado com o propósito vido pelas professoras do período ram propostos a fim de permitir às sobre o assunto tratado conhecer essa nova experiência. Não
de oferecer às crianças, mesmo tão da tarde. Minhas parceiras Carmen crianças: • Oportunidade de construir havia uma lanterna para cada crian-
pequenas, pesquisas e explorações e Wanda fizeram toda a diferença e • Utilizar-se do imaginário problemas de investigação ça intencionalmente, pois poderiam
acerca do tema com luzes que tan- foram colaboradoras durante todo o nas situações de investigação duran- • Testes de diferentes hipó- manusear a lanterna ou apenas ob-
to atraem a curiosidade das crianças projeto. te as atividades teses, buscando informações nas servar os movimentos das luzes pela
desde muito cedo. Através dessas Diante das primeiras observa- • Perceber que a sombra se pesquisas do espaço e do ambiente sala. Enquanto faziam movimentos
descobertas, da interação com os co- ções, percebi que as crianças não dá através do bloqueio da luz ou nas situações de aprendizagem com as lanternas, espantavam-se com
legas e com os adultos, poderão bus- tinham o hábito de questionar ou • Despertar a curiosidade e o organizadas pelo professor. a “dança” das luzes. Aproximavam e
car meios de atribuir significados aos levantar hipóteses sobre assuntos prazer através das explorações afastavam a lanterna na parede, no
conhecimentos adquiridos. do cotidiano e muitas ainda esta- • Observar as ações causadas Desenvolvimento das ativida- chão, procuravam cantos como em-

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vam na fase da repetição. Quando pelos efeitos da luz e da sombra des baixo da mesa, canto da sala, uma
Contextualização / Justificativa uma falava algo, as demais seguiam • Conhecer e diferenciar a luz As atividades foram planejadas criança entrou dentro do armário, de-
O Projeto Luz, sombra, imagi- o coro e reproduziam o que ouviam. natural da luz artificial e identificá- para ser trabalhadas quinzenalmen- monstrando que a pesquisa estava in-
nação! foi realizado entre os meses Esse é um procedimento natural da -las te, havendo assim uma sequência teressante. As descobertas apareciam
de agosto a novembro de 2012 com idade, quando estão aprendendo a • Observar a sombra do pró- didática e uma repetição, promo- a cada instante, nos olhares investi-

38 39
EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO INFANTIL

gativos, nos sorrisos e expressões


curiosas. Não houve disputa por lan-
da experiência. Uns queriam tocar
nas figuras, outros queriam pegar as
vão se organizando, enfim, cada
uma tem seu momento de apren-
aproximaram, fizeram poses, mostran-
do suas descobertas. Ficaram surpresos
A proposta de
ternas. Eles se revezavam, e quando
queriam, pediam para as professoras
sombras na parede. Percebemos que
cada criança, focada na sua explora-
dizagem e descoberta que deve ser
respeitado.
com as silhuetas formadas. Muitos até
já haviam visto as sombras, mas o di- trabalho foi
e eram orientados a negociar com ção, fazia suas descobertas atenta- ferencial naquele momento foi poder
algum amigo ou esperar a disponi-
bilidade. Muitas crianças dançavam
mente. Rodas de conversa
Na roda de conversa, as crian-
observar com olhar investigativo, com-
preendendo e interpretando um uni-
organizada
sem as lanternas, outras acompa-
nhavam as pesquisas dos colegas.
Atividade: exploração de caixas
temáticas
ças relataram as experiências da
atividade com as caixas. As experi-
verso de descobertas. Desenhamos as
silhuetas das crianças com giz no chão permitindo que as
Um ponto interessante foi o silêncio Organização do espaço: sala es- ências vividas tiveram que ser ela- e depois eles pintaram com giz colo-
durante as investigações, não pro-
curando a companhia dos colegas,
cura, caixas grandes encapadas e
dentro cenários diversos como de
boradas para os relatos.
Gabriel: Eu vi a borboleta.
rido. Fizeram poses sozinhos, com os
colegas, sentados, em roda, etc. Depois
crianças fossem as
apenas atentos às suas explorações e
descobertas. Encerramos a atividade
animais, carros, etc., cilindros com
luzes piscantes, retroprojetor com
Julio: Naquela rodinha tinha
uma luz que “bilha, bilha”.
de observar as silhuetas dos colegas, as
crianças brincaram de imitar os dife- protagonistas no
e no dia seguinte conversamos sobre figuras. Giovana: Eu vi uma aranha. É, rentes desenhos no chão.
a experiência.
Na roda de conversa, as crianças
Organizei a sala e convidei-os
para entrar. Não tiveram explicações
e era da bruxa!... E também tinha
uma “amadilha” (quis dizer arma-
Interessante foi observar que após
esta atividade as crianças ficaram mais
projeto do início ao
lembraram dos momentos com ale-
gria. Contavam sobre as descobertas
do que haveria, apenas que faría-
mos uma atividade na sala escura
dilha)
Natália, que não tem o hábito
atentas às sombras e sempre chama-
vam a atenção nos dias de Sol. Quando fim, construindo
que haviam feito ainda com pouco novamente. Entraram com olhares de falar, fez cara de surpresa e com uma nuvem aparecia, olhavam e di-
repertório. Falavam: “tem luz”, “a luz
brilha”, “a sala ‘tava’ escura”, “o Ga-
curiosos e logo foram observando o
que havia de novidade. No momento
entusiasmo disse: Tinha um carri-
nho.
ziam algo que vivenciaram com essa
experiência.
conhecimentos e
briel balançava a lanterna assim ó”
(dizia uma criança mexendo com a
em que descobriram como explorar
as caixas, logo chamaram a atenção
Kevin: Eu vi um dinossauro. E
ele era desse tamanhão assim. (dis- Atividade: cabaninha e casa do
produzindo cultura.
mão). O próximo passo então era dis- dos colegas que se aproximaram, se abrindo os braços) Lobo
cutir além da exploração, estimular a observaram a pesquisa e também Ester: É... E tinha um macaco Organização do espaço: cabanas
criança não só para as observações, repetiram, relatando as surpresas pendurado na árvore... E ele saiu de montadas com mesas e tecidos, sala
mas para que tipo de descoberta encontradas. Ficaram eufóricos. lá, e foi comer uma banana. Quase escura, lanternas e objetos diferentes
cada investigação traria. Apreciaram muito a atividade e as que o caçador pega ele. E a onçona para exploração.

O projeto foi
explorações. correu atrás dele. – Perguntei se Quando já estávamos em agra-
Atividade: Contação de histó- Na roda de conversa sobre as ela tinha visto tudo isso na caixa. dáveis explorações e descobertas e já
rias com sombras caixas, as crianças contaram o que Respondeu que sim. Outros colegas havíamos contagiado a maioria das

pensado com Organização do espaço: sala es-


cura, retroprojetor e figuras de per-
viram e dependendo da posição da
lanterna e do lado que a criança
confirmaram seu relato. crianças da escola com nossas ativida-
des, em uma atividade de sala ambien-

o propósito
sonagens e objetos da história. olhava, era possível observar um ani- Atividade: a luz do Sol te, as professoras da outra turma de
Contamos a história dos Três mal diferente e de posição também Organização do espaço: pá- Mini grupo I montaram cabanas com
Porquinhos com retroprojetor e si- diferente. Chamei a atenção deles tio aberto com sol e espaços com as lanternas e as crianças curtiram
de oferecer às lhuetas dos personagens. Primeiro
observaram atentos a contação da
para essa descoberta, assim, propus
que em outra oportunidade verifi-
sombra.
Como a proposta era trabalhar
muito. Fizeram a casa do lobo no es-
curo, dramatizando a situação, a casa

crianças, mesmo história. Depois sugerimos que as


crianças a recontassem a partir das
cassem as cenas de lados diferentes.
Essa atividade merece ser repetida
não apenas com a luz artificial,
mas também com a luz natural,
dos porquinhos, enfim, criaram muitas
brincadeiras nas cabaninhas, utilizan-
imagens dos personagens. A propos- devido a riqueza de detalhes e de fizemos uma roda de conversa no do-se do imaginário, sendo mediadas
tão pequenas, ta não era que se prendessem a ela,
mas que observassem a projeção da
observações que as crianças podem
dela tirar em diferentes momentos
pátio em uma tarde de sol entre
nuvens. Apontamos para o Sol e
pelos professores e estimulando a cria-
tividade e a criação a partir dos ele-

pesquisas e sombra na parede. E foi exatamente


isso que fizeram. Ficaram deslumbra-
com diversos olhares.
Um ponto importante a se consi-
observamos o espaço que estáva-
mos. Perguntei o porquê, no local
mentos oferecidos.
É importante lembrar que as lan-
dos com o efeito das silhuetas colo- derar com crianças nesta faixa etá- que estávamos sentados havia ternas oferecidas nos dias de atividade
explorações acerca cadas no retroprojetor lançando a ria é a repetição da atividade, para sombra e mais adiante estava sol. dirigida também estavam nas prate-

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Direcional Educador, Dezembro 13

sombra na parede. As falas durante o que elas possam ter a oportunidade Eles pensaram bastante e discu- leiras e faziam parte dos brinquedos,

do tema com luzes reconto da história não apareceram,


pois a curiosidade naquele momento
de fazer sua releitura. Umas crianças
observam primeiro para depois in-
timos por alguns minutos sobre a
luz do sol e a sombra. Depois suge-
podendo pegar nos momentos de brin-
cadeira livre. Mesmo assim o interes-
estava voltada apenas para a som- teragir, outras primeiro mexem em ri que fossem até o lado que batia se pelas crianças não diminuiu e era
bra. Todas as crianças participaram tudo sem critérios e com o tempo sol para explorarem. As crianças se possível se observar nesses momentos

40 41
EDUCAÇÃO INFANTIL EDUCAÇÃO INFANTIL

as investigações que faziam sem di- grupo. Durante todo o projeto procu- Como forma de registro, utilizei através de algo concreto, de algo que o todo. Assim, destaca ainda:
recionamento, apenas pelo prazer de rei focar nos meus objetivos, o que eu fotos, filmagens e relatos de algumas seja significativo. Muitos aspectos “Desse modo, se acreditamos
descobrir. queria com a atividade proposta. Meu falas das crianças. Esses registros são são observados e é importante que que a criança aprende em intera-
foco principal era tornar a criança importantes, pois captam as emoções se caminhe a favor da aprendizagem ções com outras crianças, em um
Encerramento do Projeto: Apre- protagonista na construção de co- do momento e permitem que recor- e respeitando as habilidades de cada meio que é eminentemente social,
sentação na Mostra Cultural nhecimento. Para mim não há um demos o momento como se estivés- um, integrando as atividades e ofe- como consequência, a forma como
Nossa sequência de atividades resultado satisfatório se não houver semos nele. recendo oportunidades a todos de dispomos os móveis e os objetos na
encerrou-se com uma mostra onde durante todo o processo o envolvi- maneira geral. Harlan (2002, p. 29) sala de aula, assim como os relacio-
as crianças puderam vivenciar as mento das crianças, pois é isso que Referencial teórico destaca: namentos que se estabelecem, serão
experiências junto com as famílias. garante que cada uma a seu modo O ensino de ciências na Educação “Ao integrarmos experiências fatores determinantes no desenvol-
Montei a sala para a mostra cultural está criando formas de interpretar Infantil pretende abordar não apenas científicas com outras áreas do currí- vimento infantil.”
que aconteceu em novembro e todos o mundo, de aprender a se comuni- aspectos científicos, mas também culo, ajudamos as crianças a aumen- Colocar a criança no papel de
os pais puderam curtir as descobertas car, de explicar o que para elas tem a interação entre professor/aluno, tarem seu desempenho mental. À protagonista, permitindo que crie
das crianças e as suas também. A ideia sua explicação de acordo com a sua aluno/aluno, escola/família, fatores medida que enriquecemos a varieda- e descubra diante da oferta de de-
era trazer nessa vivência um momen- lógica. Acredito que durante todas sociais, emocionais, cognitivos, bus- de de conexões e relações entre dife- safios e recursos, favorece e amplia
to de integração e de participação as atividades planejadas, as crianças cando formas de conhecer o mundo, rentes estilos de absorção, associação os espaços para a aprendizagem. As
dos pais nas atividades desenvolvidas puderam construir conhecimentos a produzindo e construindo culturas. O e aplicação de informações, as crian- discussões e relatos sugeridos após
com as crianças na escola. Foi mui- partir das suas explorações e tam- trabalho está voltado para o aprendi- ças formam vias neurológicas mais as atividades desenvolvidas nas ro-
to interessante ver a curiosidade dos bém das investigações dos colegas. zado das crianças de maneira lúdica. sofisticadas em seus cérebros, au- das de conversa permitem que as
pais, que observavam atentos dentro As trocas de experiências ocorreram É através de vivências e experiências mentando a retenção de conceitos.” crianças elaborem o pensamento,
das caixas e queriam olhar de todos em todos os momentos, seja durante que vão elaborando e procurando Para nós adultos, às vezes é mais estruturando e reorganizando as ex-
os ângulos. Interessaram-se pelas fi- a atividade ou mesmo nas rodas de compreender o mundo que vivem fácil apresentar algo pronto para a periências vividas. Para Horn (2004),
guras no retroprojetor e alguns pais conversa que possibilitaram às crian- relacionando-as com situações co- criança do que permitir que ela des- “quando educadores adotam a au-
se arriscaram a inventar histórias ças participar de forma crítica e re- tidianas. Piaget já colocava que a cubra, investigue. Pois é aí que entra tonomia como objetivo da educa- Referências bibliográficas
a partir dos personagens que lá se flexiva, organizando o pensamento e criança constrói o conhecimento in- o olhar do professor que tem como ção, tudo o que fazem é afetado por BRUNER, Jerome S. O processo da educação. 7ª
construindo explicações sobre o que propósito permitir que a criança esse princípio. As crianças aprendem ed. Ed. Nacional 1978.
encontravam. Outros até contaram ternamente interagindo com o mun-
HARLAN, Jean D. Ciências em Educação Infantil:
histórias para o filho fazendo figuras vivenciaram. do para aprender como ele funciona aprenda não através de uma trans- a tomar decisões, tomando decisões;
uma abordagem integrada. Porto Alegre: Art-
com o movimento das mãos, do cor- Os objetivos específicos estavam e para ressignificá-lo. Bruner, 1978 missão de conhecimentos, mas bus- aprendem a jogar, jogando”.
med, 2002.
po, dançando com a sombra do re- voltados para cada atividade propos- coloca: cando a observação do outro, dos Para propiciar esse espaço de
HORN, Maria da Graça Souza. Sabores, cores,
troprojetor, enfim, criaram diferentes ta. Durante todo o projeto, as inves- O primeiro objeto de aprendiza- objetos, das diferentes situações, aprendizagem, é fundamental que o sons, aromas: a organização dos espaços na Edu-
possibilidades de explorar a sombra e tigações das crianças foram constan- gem, acima e além do prazer que nos apoiando-se em ambientes organiza- educador esteja disposto a oferecer cação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2004.
as luzes. Ao mesmo tempo que viven- tes, e assim procurei observar o que possa dar, é o que deverá servir-nos dos, na mediação do professor para ao grupo as diferentes possibilidades
ciaram a experiência também assis- falavam ou coisas que perguntavam, no presente e valer-nos no futuro. produzir conhecimentos, pois é na de exploração e aceitar as respostas
tiam ao vídeo das crianças exploran- procurando entender significados Aprender não deve apenas levar-nos relação com o outro que o indivíduo que nem sempre serão as que estão
do as atividades, projetado em uma que a cada experiência eram cons- até algum lugar, mas também permi- aprende e se apropria da cultura. Essa de acordo com seus pré-conceitos. Fabiana Fran-
das paredes através do Datashow. truídos por eles e as relações que es- tir-nos, posteriormente, ir além de cultura, historicamente acumulada, Isso implica rever a maneira de se ça Barbosa
Depois da visita, os pais comen- tabeleciam, comparações que faziam, maneira mais fácil. (BRUNER, Jerome precisa ser apresentada pela escola, ensinar, que passa por uma cons- é Pedagoga,
tavam o quanto gostaram dessa in- enfim, de que forma estavam proces- S. O processo da educação. 7ª ed. Ed. uma vez que o saber do cotidiano é trução e não por uma transmissão. pós-graduada
teração com os filhos. Durante toda a sando aquelas vivências. Pude regis- Nacional 1978) aprendido em qualquer ambiente em Participar ativamente desse proces- em mídias
mostra as professoras permaneceram trar as crianças retomando assuntos A imaginação origina-se de ex- que a criança esteja, e quanto mais so através da mediação, levando a
na Educação,
na sala dando atenção aos pais, ex- tratados no estudo em momentos de periências anteriores acumuladas e, cedo proporcionarmos isso, mais ra- criança a refletir sobre suas des-
Supervisão
plicando como ocorreu o projeto e as brincadeira, como observar e me re- dessa forma, quanto mais rica é a pidamente ela vai atribuindo sentido cobertas, buscando respostas para
Educacional e Educação Espe-
interações das crianças, deixando-os latar que a nuvem que cobriu o Sol experiência, mais rica também deve próprio e específico ao que observa. seus questionamentos e pesquisan-
cial. Trabalha na educação há 19
ainda mais maravilhados. também fez sombra no parque, que ser a imaginação. Assim, todas as A preocupação com as diferentes do cada vez mais os materiais e es-
o avião passou na frente do Sol e es- experiências vividas pelas crianças organizações de espaço proporcio- paços oferecidos. A valorização das anos. Atualmente leciona em sala
Avaliação condeu-o. Crianças brincando com a são fundamentais para que tenham naram diferentes vivências às crian- competências das crianças traz em de Berçário na Prefeitura Muni-
Faz parte do trabalho da Educa- sombra em tecidos, outras desenhan- elementos imaginativos e a partir daí ças que tiveram ao alcance das suas seu contexto a afirmação de que são cipal de São Paulo e na equipe
ção Infantil a observação do profes- do a silhueta das mãos ou o próprio possam estruturar a aprendizagem mãos todos os materiais disponíveis capazes e permitem que construam de formação pedagógica da Se-

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sor, que permite fazer a verificação colega deitado no chão. Essas são al- das linguagens significativas, cons- para exploração e pesquisa. Horn imagens positivas sobre si, sobre o cretaria Municipal de Taboão da
do que foi alcançado com a ativi- gumas das descobertas que as crian- truindo os símbolos. (2004, p. 98) coloca que os espaços e mundo que estão descobrindo e so- Serra (SP).
dade, os avanços das crianças como ças fizeram a partir das experiências, As experiências vividas pelas os elementos que nele se encontram bre as pessoas, organizando assim E-mail: fabiana.barbosa@globo.
também se o que foi proposto estava atribuindo significados importantes crianças possuem uma linguagem fazem parte de uma rede e que mo- seu pensamento e sua autoestima. com
ou não adequado à faixa etária e ao para elas do que foi aprendido. própria da infância que é aprender dificar um desses elementos modifica

42 43
NOSSOS ALUNOS E AS DROGAS NOSSOS ALUNOS E AS DROGAS

Como saber se meu filho ou aluno mal-estar, além de perda de cuidados com
higiene pessoal ou abandono dos esportes
A seguir, são enumeradas 32 pergun-
tas que todos os pais, familiares, amigos
16. Se nega a dar informações so-
bre aonde vai e com qual companhia?

está usando drogas?


podem ser sinais sugestivos também. e professores devem responder sobre o 17. Tem vendido objetos pessoais?
Fatores associados ao uso de álcool e comportamento atual do adolescente. 18. Itens de valor desapareceram
outras drogas: Elas podem servir de pistas na investiga- de sua residência?
• Adolescência ção de um possível envolvimento com ál- 19. Trocou de grupo de amigos?
• Pais usuários de drogas e álcool cool e outras drogas, uma vez que diversas 20. A maioria de seus amigos são
• Atividades delinquenciais mudanças físicas e comportamentais fre- usuários de drogas?
• Baixa religiosidade quentemente são observadas entre jovens 21. Antigos amigos mostram-se
• Depressão que estão fazendo uso de drogas. Vale a preocupados com seu comportamento?
Por Gustavo Teixeira • Baixa autoestima pena lembrar que estas mudanças não são 22. Tem apresentado prejuízos aca-
• Transtornos disruptivos do regras e não significam necessariamente dêmicos?
comportamento que o jovem esteja envolvido com drogas, 23. Tem “matado aula”?
• Transtorno de déficit de aten- mas servem de alerta para uma possível 24. Tem apresentado problemas
ção/hiperatividade investigação atenta de seu comportamen- com professores e coordenadores da es-
• Fácil acesso a drogas ilícitas to e atitudes. cola?
• Inicialização precoce ao consu- 25. Frequentemente é suspenso
mo de cigarro e álcool das aulas?
• Amigos que consomem álcool, 32 PERGUNTAS QUE TODOS OS PAIS 26. Abandonou os estudos?
tabaco ou maconha E PROFESSORES DEVEM RESPONDER 27. Abandonou os esportes?
• Baixo desempenho acadêmico 28. Tem se isolado de todos?
• Transtornos comportamentais 1. O jovem piorou sua aparência 29. Apresenta-se sem motivação
presentes pessoal e seus hábitos de higiene? para fazer nada?
sta é provavelmente uma das grandes perguntas que todos os
• Ambiente doméstico conturba- 2. Utiliza roupas com slogans de 30. Apresenta mudanças súbitas de
pais e professores devem se fazer quando percebem que há
do apologia às drogas? humor?
algo de diferente no comportamento de seus filhos e alunos.
• Problemas de hierarquia em 3. Escuta músicas ligadas ao tráfi- 31. Apresenta-se deprimido?
Mas o que exatamente podemos supor que apareça quando a droga
casa co ou de apologia às drogas? 32. Tem falado em suicídio?
está entrando na vida de uma criança ou adolescente? Quais são os si-
4. Fala que fumar maconha ou
nais de alerta ou pistas que podem auxiliar pais e professores na identi-
Fatores de proteção ao uso de álcool e beber não faz mal à saúde?
ficação desse problema?
outras drogas: 5. Está fumando cigarro?
Não existem regras, mas comumente são observadas algumas mu-
• Rede de apoio familiar saudável 6. Está chegando bêbado em
danças comportamentais comuns entre jovens que iniciam o uso de
• Boa relação entre pais e filhos casa?
drogas. Importante enfatizar que a suspeita irá ocorrer na presença de
• Adolescentes “amigos” dos pais 7. Está frequentando festas raves? Gustavo Tei-
vários comportamentos, além da presença, logicamente, de prejuízos
• Monitoramento ao invés de 8. Está dirigindo bêbado? xeira é Médico
acarretados por essas mudanças. Uma das primeiras observações são
controle rígido e autoritário 9. Apresenta-se mentindo, rou- Psiquiatra In-
alterações de personalidade e de humor. Esse adolescente pode passar
• Religiosidade bando ou enganando outras pessoas? fantil, Profes-
a se apresentar constantemente irritado, com baixo limiar de frustra-
• Boa autoestima 10. Tem se envolvido em brigas? sor Visitante
ção e impulsivo. Sintomas disruptivos, como quebra de regras, brigas
• Ausência de transtornos com- 11. Tem entrado em atrito familiar do Department
frequentes com pais, comportamento irresponsável acompanhado de
portamentais infantis constantemente?
falta de motivação pelas atividades e baixa autoestima também ocorrem of Special Edu-
• Bom desempenho acadêmico 12. Apresenta-se agressivo, revol-
frequentemente. cation - Bridgewater State Uni-

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• Evitação de amigos usuários de tado ou nervoso?
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Na escola pode haver perda de interesse, queda de rendimento es- versity e Mestre em Educação
cigarro ou maconha 13. Apresenta fala arrastada?
colar, atitude negativista, atrasos e faltas injustificáveis, problemas de - Framingham State University
• Boa rotina esportiva e acadê- 14. Retorna para casa com os olhos
disciplina, envolvimento com colegas usuários de drogas, grande mu- Contato:
mica avermelhados?
dança na aparência física, vestimentas e apresentação pessoal. Sinto- www.comportamentoinfantil.com
• Equilíbrio entre afeto e limite 15. Fica acordado a madrugada
mas físicos como fadiga, problemas de sono, dores de cabeça, enjoos,
no ambiente doméstico toda, dormindo durante o dia?

44 45
EDUCAÇÃO INTEGRAL EDUCAÇÃO INTEGRAL

Desafios e
ses aspectos com o espaço e tempo da como um conjunto de conteúdos quais-
escola na busca por ações mais eficien- quer.
tes quando se pretende garantir mais Uma das entrevistadas na pesquisa

Perspectivas
tempo de permanência na escola, o que reconhece os avanços todos pelos quais
não significa necessariamente que haja a Educação já trilhou, mas identifica um

da Educação
confinamento de crianças e jovens den- momento crucial para a Educação Bra-
tro dos muros da escola. sileira ao dizer que estamos na berlinda
De todos os pontos levantados, e isso parece estar relacionado ao fato

Integral:
quero atribuir maior atenção a um es- de que a desigualdade socioeconômica
pecificamente e sobre ele passo a tra- brasileira não passa à margem da esco-
tar agora. Há uma preocupação com o la, muito pelo contrário, ela a influen-
A Escola e sua relação com o Conhecimento lugar do conhecimento na escola, no cia, a compromete e aumenta a sua
trabalho pedagógico e com as chances responsabilidade com a situação destes
deste conhecimento ganhar reforços, estudantes.
quando se amplia a jornada escolar. Hoje, até mesmo setores mais
Mais tempo precisa significar mais que conservadores do espectro político re-
apenas estar entre os pares enquanto conhecem que os graves problemas
os últimos dois anos tive a oportunidade de desenvolver uma nova giram os ponteiros do relógio, ainda que sociais extraescolares interferem nega-
pesquisa de Mestrado em Ciências Humanas e Sociais. Nesta pesqui- isso possa ser prazeroso e interessante. tivamente no acesso, na trajetória e no
sa, pretendia investigar os desafios dos dirigentes públicos de educação É preciso prever algumas garantias, en- desempenho dos alunos procedentes de
na implementação de políticas públicas de educação integral. Para realizar essa pesquisa, tre elas, a relação qualificada com o co- famílias de baixa renda, que não foram
identifiquei cinco dirigentes públicos por quem nutria respeito e admiração por conta do nhecimento. Mas, algumas palavras são prioridade nem em políticas públicas,
trabalho desenvolvido em suas redes de ensino, neste programa e em outros que pude tão empregadas que podem gerar uma nem na ação de significativos segmen-
conhecer ou acompanhar. série de interpretações distorcidas ou tos das elites. Desse modo, ao não ig-
Contatar as histórias de vida de professores, ainda que estejam atualmente em outra superficiais. Logo, pode ser interessante norar a situação socioeconômica de
atividade é um exercício permanente de reflexão sobre as próprias vivências e escolhas pensar um pouco mais sobre o senti- desigualdade, recupera-se a correlação
pedagógicas. Souza1 (2006, p. 102) destaca que: do desta palavra: CONHECIMENTO e a sociedade e Educação e seu impacto
A arte de lembrar remete o sujeito a observar-se numa dimensão genealógica, como um partir deste termo buscar suas relações sobre o ensino/aprendizagem. Com isso
processo de recuperação do eu, a memória narrativa marca um olhar sobre si em diferentes com as propostas de educação integral. evita-se exigir da ou até inculpar a es-
tempos e espaços, os quais articulam-se com as lembranças e as possibilidades de narrar Young2, quando problematiza para cola pelo que não é de sua responsabili-
as experiências. O tempo é memória, o tempo instala-se nas vivências circunscritas em que servem as escolas, faz considera- dade (CURY, 2008, p.218)3.
momentos; o tempo é o situar-se no passado e no presente. ções importantes e destaca o papel que Ainda que o autor relativize a exi-
ela tem na relação com conhecimentos gência normalmente imputada à escola
O resultado do processo, tão recente, me ensinou muito mais do que eu poderia prever. que não são obtidos em outros lugares. pela garantia do direito de aprender,
Aprendi sobre percursos, trajetórias humanas que merecem todo o respeito e admiração Sobre esses conhecimentos próprios da reforça os aspectos que são de sua
que eu já sentia. Aprendi que é possível manter os pés no chão da escola e trilhar os cami- escola, afirma que “a escolaridade en- responsabilidade, apesar das questões
nhos da direção, da gestão, da implementação complexa e desafiadora das políticas públi- volve o acesso ao conhecimento espe- da desigualdade socioeconômica e das
cas. Aprendi sobre esses ‘passeios’ possíveis nas estradas da educação e que os encontros cializado incluído em diferentes domí- influências e impactos que isso possa
são singulares e imprescindíveis quando se constitui uma identidade profissional. nios” (2007, p.1295). trazer.
Nesses aprendizados pretendidos e encontrados, pude observar a preocupação cons- Se a escola tem esse importante pa- Por outro lado, o reconhecimento
tante das pessoas entrevistadas com o desafio da infraestrutura, da integração curricular, pel na relação com um conhecimento do condicionamento socioeconômico
da diversidade de oportunidades, do envolvimento com a comunidade, com as questões do que não pode ser encontrado ou abor- sobre a Educação não significa negar

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financiamento. Essas questões se revelam como desafios nacionais, ou seja, as escolas do dado da mesma forma em outro lugar, ou mascarar a dinâmica interna, res-
país, em sua maioria, não foram pensadas para o trabalho que se pretende atualmente. Aní- estar mais tempo nesse espaço é uma ponsabilidade própria das escolas e
sio Teixeira com as ‘Escolas-Parque’ e Darcy Ribeiro com os CIEPs nos deram pistas do que importante oportunidade de ampliação suas consequências na trajetória e no
deveriam ser escolas com novas leituras de espaço, tempo e relação com o conhecimento. de oportunidades de acesso ao conhe- desempenho dos estudantes e de seus
Um outro desafio observado nos relatos era estabelecer relações, conexões de todos es- cimento, mas que não pode ser tratado agentes como empenho profissional,

46 47
EDUCAÇÃO INTEGRAL AGENDA

EVENTOS
VI COLÓQUIO DE POLÍTICAS E PRÁTICAS CURRICULARES IV CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE PROFESSORADO PRINCIPIANTE E
Tema: “Currículo: (re) construindo sentidos de educação e de ensino” INSERÇÃO PROFISSIONAL À DOCÊNCIA
Data: 5 a 7 de dezembro de 2013 Data: 19 a 21 de fevereiro de 2014
Local: UFPB - Universidade Federal da Paraíba - Campus I - João Pessoa - PB Local: Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Curitiba - PR
Realização: UFPB - Grupo de Estudos e Pesquisas em Políticas e Práticas Realização: Depto de Educação da UTFP e Grupo de Investigação Idea - Univ de Sevilha
- Espanha
projeto pedagógico, atualização de sa- possam adquirir conhecimento podero- Curriculares - GEPPC
Site: http://www.congreprinci.com.br
Informações: (83) 3216-7479
beres e responsividade social e profis- so?”. Para crianças de lares desfavoreci- Site: http://www.vicoloquio.com.br
Email: congreprinci@utfpr.edu.br
sional (CURY, 2008, p.218). dos, a participação ativa na escola pode Email: aepppc@gmail.com
II CONGRESSO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES
As questões apontadas reforçam o ser a única oportunidade de adquirirem XXII CONGRESSO ESTADUAL DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES
DIDÁTICA DO ENSINO DE HISTÓRIA PARA SURDOS COM USO DA ESCRITA
papel da escola nos processos de apren- conhecimento poderoso e serem ca- Tema: “Por uma revolução no campo da formação de professores”
DE SINAIS Data: 7 a 9 de abril de 2014
dizagem e acesso ao conhecimento por pazes de caminhar, ao menos intelec- Data: 6 de dezembro de 2013, das 14 às 17 horas Local: Hotel Majestic - Águas de Lindóia - SP
parte dos estudantes. Essas questões tualmente, para além de suas circuns- Local: Unicamp - Salão Nobre - Campinas - SP. Realização: Pró-Reitoria de Graduação da Unesp
Realização: Grupo de Estudos Surdos - GES e Grupo de Estudos e Pesquisas - Informações: (11) 5627-0578 - 5627-0385
relevantes recaem sobre os dirigentes tâncias locais e particulares. Não há DIS - Faculdade de Educação - Unicamp Site: http://www.geci.ibilce.unesp.br
públicos como aqueles que têm a res- nenhuma utilidade para os alunos em Site: http://www.fe.unicamp.br/servicos/eventos Email: congressoeducadores@reitoria.unesp.br
Email: dirfe@unicamp.br
ponsabilidade de identificar as priorida- se construir um currículo em torno da
IV CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA
des, para definir programas que façam sua experiência, para que este currículo VII SEMINÁRIO NACIONAL DIÁLOGOS COM PAULO FREIRE EDUCAÇÃO
parte de políticas capazes de garantir possa ser validado e, como resultado, XXII CONGRESSO ESTADUAL DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES VII CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA
Tema: “A educação do(a) trabalhador (a)” EDUCAÇÃO
condições gerais para que os planos de deixá-los sempre na mesma condição
Data: 6 a 7 de dezembro de 2013 Tema: “Políticas e Práticas de Administração e Avaliação na Educação Ibero-Americana”
governo cumpram com esses e outros (YOUNG, 2007, p 1297) Local: Furg - RS - Universidade Federal do Rio Grande - RS Data: 14 a 16 de abril de 2014
objetivos. Carvalho4 (2006, p.10) com- É esse conhecimento que empode- Av Itália, Km 8 - Carreiros - Rio Grande - RS Local: Escola Superior de Educação, do Instituto Politécnico do Porto - Porto - Portugal.
Realização: FURG - Universidade Federal do Rio Grande - RS Realização: ANPAE - Associação Nacional de Política e Administração Escolar
plementa a abordagem sobre políticas ra, que amplia o repertório e desafia a Site: http://dialogoscompaulofreire2013.blogspot.com.br Site: http://www.anpae.org.br/IBERO_AMERICANO_IV
para Educação, apontando o seu cará- ordem vigente que estamos falando. 1. SOUZA, Elizeu C., O conhecimento de si. Estágio e Narrativas Email: dialogoscompaulofreire@gmail.com Email: iberoamericano4@anpae.org.br
de Formação de Professores. Rio de Janeiro: DP&A. Salvador,
ter ampliado como política social. Do conhecimento que não se encolhe, Bahia: UNEB, 2006.
2. YOUNG, Michael. Para que servem as escolas? Revista Educ. TISE 2013 - XVIII CONFERÊNCIA INTERNACIONAL SOBRE INFORMÁTICA INTERDIDÁTICA - 10ª FEIRA INTERNACIOANL DE TECNOLOGIA EDUCACIONAL
Não se quer mais uma política de que alimenta a condição do sujeito para Soc., Campinas, vol. 28, n. 101, p. 1287-1302, set./dez. 2007. Dis- NA EDUCAÇÃO Data: 15 a 17 de abril de 2014
ponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v28n101/a0228101.pdf
Educação centrada apenas em sistemas além das condições imediatas. Acesso em 02 de Novembro de 2013 às 22h. Data: 9 a 11 de dezembro de 2013 Local: Palácio de Exposições do Anhembi - SP
3. CURY, C. R. J. A Educação escolar, a exclusão e seus destina- Local: PUC-RS - Teatro do Prédio 40 Realização: Interdidática - Tecnologia da Educação Ltda.
formais de ensino (escolas). A Educação Se nos processos de implementação tários. Educação em Revista: Belo Horizonte, n. 48. P. 205-222 Informações: (11) 5525-8222
. Dez. 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/edur/n48/ Av. Ipiranga, 6.681 - Porto Alegre - RS
tem presença e investimento em ou- da educação integral cuidarmos de re- a10n48.pdf Acesso em 15 de novembro de 2013. Realização: Centro de Computação e Comunicação para a Construção do Site: http://www.interdidatica.com.br
4. CARVALHO, M. C. B., O lugar da educação integral na política Email: contato@interdidatica.com.br
tras políticas setoriais (cultura, esporte, visitar o lugar deste conhecimento na social. Caderno CENPEC, 2006. N.º 02. P.07-11. Conhecimento - Departamento de Ciências da Computação da Universidade
do Chile, Faculdade de Informática da Pontifícia Universidade Católica do Rio
meio ambiente...). Ela ganha efetividade escola, na relação com meninos e me- XI CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
Grande Sul (PUCRS) e Programa de Pós-Graduação em Informática na Educação
quando integrada a um projeto retota- ninas, teremos dado um passo impor- Data: 21 a 23 de maio 2014
(PPGIE) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
Maria Hele- Informações: (51) 3320-3558
Local: Poços de Caldas - MG
lizador da política social. tante no processo de transformação de
na Negreiros é Site: http://www.tise.cl/2013
Realização: GSC Eventos Especiais e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Com isso, voltamos à importância propostas e perspectivas de transfor- Mestre em Edu- do Sul de Minas Gerais
Email: tise@c5.cl
cação pela Uni- Informações: (35) 3697-1551
do conhecimento como parte essencial mação do país, por meio da Educação. O
Site: http://www.meioambientepocos.com.br/portal
do papel da escola e com isso, é preci- desafio não é simples, mas, se apresenta versidade Me- 29º CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - FIEP 2014
Email: contato@gsceventos.com.br
todista de São XI CONGRESSO CIENTÍFICO LATINO-AMAERICANAO DA FIEP
so pensar no currículo, no seu sentido, a cada um de nós como um convite a Paulo. Mestre XI CONGRESSO BRASILEIRO CIENTÍFICO DA FIEP 31º CONGRESSO MUNDIAL DE EDUCAÇÃO MUSICAL DA ISME
na sua organização, no que o compõe reconstruções possíveis. em Ciências Hu- Data: 11 a 15 de janeiro de 2014 Data: 20 a 25 de julho de 2014
e desafia. Gostaria de lidar com a questão manas e Sociais Local: UDC Colégio Ed Dinâmica - Foz do Iguaçu - PR Locais: Auditório Araújo Vianna - UFRGS - PUCRS, Theatro São Pedro, Teatro da Bourbon
pela Universidade Federal do ABC, Realização: FIEP - Federação Internacional de Educação Física Country - Porto Alegre - RS
Quanto à necessidade de reflexão como um convite, mas, preciso pensá- Informações: (45) 3523-0039
tendo pesquisado sobre políticas Realização: International Society for Music Education e Universidade Federal do Rio
sobre o currículo, Young (2007) faz uma -la como uma convocação, talvez seja públicas de educação integral. Pe- Site: http://www.congressofiep.com Grande do Sul
Email: atendimento@congressofiep.com Site: http://www.isme.org/isme2014
provocação sobre uma importante per- a decisão mais acertada. Sendo assim, dagoga, psicopedagoga e especia-
lista em Educação Especial e Gestão Email: performinggroups@isme.org
gunta que precisa ser feita, ao pensar o sinto-me convocada. Quanto a você, se CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO - CONAE 2014
Pública. Professora universitária e
papel da escola na vida dos sujeitos, e, já está pensando a respeito ou aceitou
autora do livro Leitura e Lazer: uma
Tema: “O PNE na articulação do Sistema Nacional de Educação: participação CURSO
popular, cooperação federativa e regime de colaboração” Curso de Extensão: Dislexia e Dificuldades na Leitura e Escrita
nesse sentido, da ampliação de jornada o convite para refletir sobre a questão alquimia possível. Tem experiência Data: 17 a 21 de fevereiro de 2014 Prof. Dr. Rafael Silva Pereira - Doutor pela Universidade de Extremadura

Direcional Educador, Dezembro 13


Direcional Educador, Dezembro 13

como forma de garantia da Educação já me sentirei parte desse time inquieto na área de Educação, com ênfase Local: Brasília - DF Local: Transamérica Higienópolis - Rua Alagoas, 974 – São Paulo
integral, ainda que o autor não tenha que vê na Educação a importância que em Educação Inclusiva, Diversidade Realização: Ministério da Educação Data: 01 e 02 de fevereiro de 2014
e Políticas Públicas. Informações: (61) 2022-7959 Organização e certificado: Núcleo de Estudos em Dificuldades de Aprendizagem,
tratado especificamente desse tema. ela tem na construção de novos capítu- E-mail: Site: http://conae2014.mec.gov.br Psicopedagogia e Neuroaprendizagem
As escolas devem perguntar: “Este los para nossa História. Para isso conto helena.negreiros@gmail.com Email: conae2014@mec.gov.br Coordenação: Irene Maluf
Informações e Matrículas: irenemaluf@uol.com.br
currículo é um meio para que os alunos com você!

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LIVROS

Confira nossas boas dicas de livros para alunos e professores.


Por Luiza Oliva
POEMAS PROBLEMAS
Texto e ilustrações: Renata Bueno
Editora: Editora do Brasil
40 páginas
R$ 39,10
www.editoradobrasil.com.br
A artista plástica, arquiteta e escritora Renata Bueno transforma problemas matemáticos em poemas e vice-versa. O livro foi o primeiro
colocado na categoria Didático e Paradidático no 55º Prêmio Jabuti. Nesta entrevista, a autora fala sobre o processo de criação da obra,
sua relação com as linguagens escrita e imagética e com a literatura.
Como foi o processo de elaboração de Poemas Problemas? Como surgiu a ideia do livro?
Poemas Problemas está totalmente ligado a minha história. Minha mãe (Ana Maria Bueno) é professora de matemática e, quando eu estava na quarta série (hoje, quinto ano), ela
foi professora da minha turma! Na época, ela fazia uma atividade junto com outra Ana, querida professora de português. As crianças criavam problemas de matemática com rimas!
Quando minha mãe me mostrou isso, muito tempo depois, aqueles papéis amarelados me encantaram... Que ideia maluca e, ao mesmo tempo, deliciosa! Passei a criar, já adulta,
muitos e muitos problemas com rimas. Daí surgiu a ideia do livro e do nome: Poemas Problemas. Claro que minha mãe leu e releu cada problema e deu muitas sugestões também.

Além de escrever, você é também ilustradora. Como funciona essa dupla linguagem? O que vem antes: o texto ou a imagem?
Considero-me uma artista visual. Sempre gostei das imagens. Pintar, desenhar, recortar, carimbar, serigrafar. Divirto-me muito com as cores, as formas, as linhas. Quando percebi
que também podia brincar com as palavras, foi uma descoberta muito importante. Hoje escrevo e ilustro, mas gosto de trabalhar com projetos em que as duas coisas conversam
e uma enriquece a outra, criando novos significados. Na concepção de Poemas Problemas, por exemplo, as rimas, recheadas de dados (coleção da minha mãe), foram nascendo
junto com as ilustrações.

O que a levou a escrever livros para o público infantil?


Sempre fui louca por livro infantil. Aliás, livro infantil? Que coisa esquisita, né? Pra mim, livros lindos não têm idade. Quando meu filho nasceu, a aproximação com esse universo se
ampliou. Ler com ele, viver a experiência de participar das descobertas de uma criança, é uma delícia!

O livro foi concebido inicialmente apenas para divertir as crianças ou o objetivo foi também
ensinar matemática?
Minha mãe sempre me mostrou como é importante ensinar divertindo. Jogando, brincando... Educar com
prazer! As crianças nos ensinam muito e sempre. Nos meus livros, tento trocar experiências com elas. A
matemática na minha casa sempre foi divertida, fez parte do nosso dia a dia. Jogos, brincadeiras, charadas.
No Poemas Problemas, tentei transmitir essa diversão também.

Sabe-se que no Brasil lê-se pouco. Em sua opinião, como a leitura poderia ser mais estimulada?
Ler com nossos filhos, compartilhar esse momento que é tão especial, trocar livros na escola e nas praças,
ampliar o repertório do professor.

IDEIAS GENIAIS NA MATEMÁTICA – MARAVI- LEMBRANÇAS DE MENINA – MOMENTOS


LHAS, CURIOSIDADES, ENIGMAS E SOLUÇÕES MARCANTES
BRILHANTES DA MAIS FASCINANTE DAS CIÊN- Ilustrações: Ana Maria Moura
CIAS Editora: Paulinas
Texto: Surendra Verma 50 páginas
Editora: Gutenberg R$ 45,40
200 páginas www.paulinas.com.br
R$ 34,90 Um livro-álbum no qual são relatados momen-
www.editoragutenberg.com.br tos marcantes da vida de Tatiana Belinky e suas
O autor, o divulgador científico indiano Surendra Verma, é conhecido mundialmen- lembranças da meninice. Ao escrever essa obra, a autora divide com seu leitor um
pouco do muito que viveu ao longo de seus 94 anos de vida. Considerado por ela

Direcional Educador, Dezembro 13


Direcional Educador, Dezembro 13

te por seus textos de fácil compreensão e desmistificação de temas considerados


complexos. No livro, ele mostra como a matemática pode ser fascinante e muito uma autobiografia, a obra traz à tona os principais acontecimentos de sua vida re-
divertida, mesclando anedotas, citações, rimas e poemas, conduzindo o leitor a um contados em forma de crônicas. Essa obra póstuma também propicia ao leitor o
passeio pelas teorias, teoremas, curiosidades, regras, fórmulas e enigmas. contato com uma série de manuscritos que foram selecionados por ela mesma, que
pertencem ao álbum que ganhou quando fez 15 anos. São dedicatórias de familia-
res, admiradores, colegas e professores.

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