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Introdução ao

Quarto Evangelho -
o Evangelho joanino
Orção a são João Evangelista
de um antigo camponês de Éfeso

Ku,rie( su. o` Qeo.j o` swth.r h`mw/n


kai. agie Eiwa,nnh euvagelhsta. autou/ kai. qeolo,ge
boh,qh mi tw/| dou/lw,| sou a`martwlw/|

«Ó Senhor, Deus e Salvador nosso,


e tu João, o santo Evangelista e “Teólogo”
vem em meu socorro, teu servo pecador»

grafite do peregrino Nicolau sobre uma coluna


da basílica de São João em Ayasoluk
(sublinhadas as letras «não corrigidas» por causa do itacismo)
(Ephesos, IV/3, p. 280, 18)
Oração sobre uma coluna
Semelhante àquela de
Nicolau

KE BOIQH
GEORGIO
+ TO SO DOULO
(?)
S[enho]r ajuda o teu servo
Georgio (?)
en ar c h hn o logo j

Incipit
do Quarto Evangelho
no Códex Vaticano
Clemente alexandrino (+ 215) chamou o Quarto Evangelho de
“evangelho espiritual”:
«... Iwa,nnhn pneumatiko.n poih/sai euvagge,lion»
(cf. Eusebio de Cesareia, Hist. eccl. 6,14,7; PG 9, 749.C)
No cristianismo antigo, para o Quarto Evangelista,
foram dados títulos que falam da grande veneração
da qual o evangelista foi sempre objeto:
Além dos títulos de “Apóstolo” “Evangelista” “Testemunha”
“Discípulo do Senhor” “Didáskalo” “Presbítero”
e além daquele surpreendente de “filho de três mães”
Os mais significativos são:
- “o Teólogo - o` qeo,logoj”
- o auscutador do peito “evpisth,qioj”
Cf. I. de la Potterie, «Il discepolo che Gesù amava», in L.
Padovese, ed., I Simposio di Efeso su S. Giovanni
Apostolo, Roma 1991, p.38 .
Os títulos
dados
pela tradição ao
quarto evangelista

o` a[gioj Iwa,nnhj
o` qeo,logoj

São João
«o Teólogo»
«Segundo a interpretação mais comum
a razão pela qual João foi chamado “o teólogo”
foi porque ele escreveu o prólogo
no qual se proclama a divindade de Cristo.
Os Padres gregos compreenderam bem o valor simbólico
do gesto de João durante a última Ceia
que deram ao evangelista o título honorífico
de evpisth,qioj
A partir de Jo 13,25 se desenvolveu, de fato,
toda uma tradiçção mística
segundo a qual João tirou a doutrina do seu Evangelho
daquela fonte de graça
que foi o peito (sth,qoj) do Mestre» (I. de la Potterie, in G.
Rinaldi - P. De Benedetti, ed., Introduzione al NT, Brescia
1971, p.867);
Cf. também e F.F. Bruce, «St. John at Ephesus», in Bulletin of
the John Rylands University Library 60 (1978), pp. 339-361.
Iconografia joanina

[ a iconografia é considerada
por alguns como uma espécie
de exegese devocional e
popular ]
o` mustiko.j dei/pnoj – a ceia mistica

o` evpisth,qioj
Aquele que (recostou a cabeça) sobre o peito»
Esteto-scopio
= instrumento médico
que olha (skope,w)
no peito (sth,qoj)
«Foi para assegurar
aos próprios fieis a chegada
no tranquilo porto da vida (…)
que o evangelista João
repousou sobre o peito de
Cristo…

e auriu,
como de uma fonte,
do peito do Senhor,
para expô-la a nós
a verdade sublime
do Verbo
que no princípio
estava junto de Deus»
(Agostinho, Comentário
ao evangelho segundo João 124, 7)
Episth,qioj
Gregorio Nazianzeno ( 390 aprox.)
João Crisostomo ( 407)
Pseudo-Clemente (fim séc. IV)
Eusebio Alexandrino (V sec.)
João Damasceno ( 749)
Georgio monge e cronógrafo (IX sec.)
Focio de Costantinopla ( 891)
e o manuscrito em minusculo 1775.

Não o título grego,


mas o conceito se encontra
também nos padre latinos:
Agostinho (354-430) PL 35, 1975
PL 38, 674; PL 42, 147
Paulino de Nola ( 431) PL 61, 252
Primasio de Hadrumetum ( 558 circa),
PL 68,795.C
Isidoro de Sevilha ( 636) PL 83, 151, 952
Beda o Venerável ( 735) PL 92, 931
Ambrosio Autperto ( 784): CChr. CM 27,
Praef. 152-170
Walafrido Strabone ( 849) PL 114, 355.B
Ruperto de Deutz (1130) PL 169, 685, 853
Joaquim de Fiore ( 1202)
Martinho de León (XIII secolo) PL 209, 253.
João, «o teólogo»

João com o anjo


Ou a pomba
da inspiração
O evangelista que
escreve o seu evangelho
procurando a inspiração
do ceu
O evangelista
que chama a
atenção
sobre seu evangelho
«Aquila autem Ioannes est
qui nativitatem Verbi
velut ortum solem
perspicatiter aspectat -
A Águia é João que contempla
o nascimento do Verbo
qual fonte do sol
Beda o Venerável
Os bestiários relatam que a
águia fosse o único animal
capaz de olhar para o sol
João
o evangelista
e jovem apóstolo
chorando aos
pés da cruz
João que mostra o
cálice

Um cálice com uma bebida venenosa


(cujo sinal é dado por uma serpente
que passeia ao seu redor)
é um distintivo do evangelista João
G.Heinz-Mohr, Lexico de iconografia cristã
[da Internet]

«São João, o Evangelista, é pintado segurando um cálice,


uma alusão ao fato dele ter sido posto à prova
pelo sumo sacerdote do Templo de Diana em Éfeso
O sumo sacerdote lhe disse: “Se você quiser que eu acredite em seu
Deus, eu lhe darei veneno para beber e, se ele não lhe fizer mal,
significa que o seu Deus é o verdadeiro Deus”
Assim, a pintura mostra São João fazendo o gesto de abençoar
que foi para neutralizar o veneno, saindo do cálice
na forma de um dragão de dupla cabeça
Ele foi, então, capaz de beber o veneno, segundo a lenda
A estória se popularizou
através da Lenda Dourada de Jacobus de Voragine
mas foi inspirada pela palavra dos Evangelhos
Em São Mateus, Jesus diz a São João e a seu irmão:
“De fato bebereis do meu cálice» (Mt 20,23)
Legendario das vidas dos santos … popularmente dito: “Lenda aurea”
de Jacobus de Varagine (= «Varazze») para 28 dezembro, festa de S. João
João que abençoa o cálice
coisas antigas

… e coisas novas
O evangelho de João na história
Cf. F.-M. Brown, «L’Evangile de saint Jean et
l’ancienne catéchèse romaine»,
in Revue Thomiste 56 (1956), pp. 643-658.
O Evangelho de João na época patrística

No sec. II foi Mt que exerceu influxo mais profundo


entre todos os escritos neotestamentários:
com seus cinco grandes discursos.

O primeiro Evangelho servia sobretudo


para definir a identidade do discípulo
e para iluminar a relação do NT com o AT.

Quanto ao quarto Evangelho, ele é (talvez) conhecido


por Inacio de Antioquia, mártir em Roma depois de 110 d.C.
Inácio por exemplo usa o termo sa,rx (= carne)
para falar da Eucaristia como faz João
enquanto os sinóticos usam sw/ma (= corpo).
Mesmo não citando expressamente Jo,
Justino mártir (150 d.C.)
se baseia sobre o Lo,goj para reivindicar
a racionalidade da fé cristã:
o lo,goj está também nos discursos dos filósofos pagãos
mas o Cristo é evidentemente superior.
Melitão de Sardes (fim sec. II)
fala do Cordeiro
cujos ossos não foram quebrados,
aludindo a Jo 19,36.
Em Roma por volta de 150 d.C.
o episódio da Samaritana, do paralítico, de Lázaro etc.
são figurados nas catacumbas.
Os papiros P52 P66 P75 (= sec. II e III)
contém textos fragmentários de Jo
e documentam a difusão do quarto Evangelho no Egito
em época antiquíssima.
As primeiras citações explícitas e formais são de ±180 d.C:
feitas por Teófilo de Antioquia da Síria
(segundo o qual João é um dos homens inspirados
que fala do Lo,goj, Ad Autolycum 2, 22)
E por Ireneu de Lião (Adv. haer. 2,22,5, e 3,1,1).
Retro do papiro 52
(papiro Rylands)
com o diálogo
da multidão com Pilatos

Aquirido em 1920 no Egito


pelo papirólogo britânico
Greenfeld
Publicado em 1935 por Roberts

Altura 9 cm e largura de 6cm


Escrito no verso e no anverso
Folha completa calculável
em cm 21x20
Datável em 125 d.C.
O mais antigo papiro do NT
P52 (ou Papiro Rylands)

No verso do Papiro 52
está Jo 18,31-33
e no anverso Jo 18,37-38

verso anverso

Os judeus...a nós... (para isso) eu nasci...


ninguém...de forma mundo para dar
que a palavra... testemunho...
disse indicando... da verdade.
morrer. Entrou... Lhe disse...
pretório Pilatos e isto...
e disse... os judeus...
dos judeus. nenhuma...
Quem usou Jo em grande escala foram os gnósticos:
Jo servia a eles para fundar a sua concepção cosmológica
(= este mundo inferior está separado
da plenitude do mundo superior)
e antropológica (= prisioneiro neste mundo,
o homem deve encontrar o caminho através do Redentor
para voltar ao mundo superior).
Heraclião, gnóstico valentiniano, foi provavelmente o primeiro
a escrever um comentário completo ao Evangelho de João
(dos 51 fragmentos de Heraclião que chegaram até nós,
48 se encontram em Orígenes
que um século mais tarde polemizará contra ele).
A biblioteca gnóstica descoberta em 1945 em Nag Hammadi,
(a antiga Chenoboskion; Egito, entre Siut e Luxor),
contém o “Evangelho de Verdade”
que é uma espécie de meditação
sobre a obra do salvador (gnóstico) da humanidade
inspirado no Evangelho de João,
e no “Evangelho (gnóstico) de Filipe” etc.
Taciano (metade do sec. II d.C.)
havia imposto à atenção das Igrejas o quarto Evangelho
tendo-o posto como texto-base do seu Diatessaron
(= “evangelho unificado” ou “harmonia dos evangelhos”).
Foi depois sobretudo Ireneu de Lião (180 d.C.)
quem reivindicou e recuperou à grande Igreja o 4º Evangelho
contra o uso que os gnósticos haviam feito dele.
Desde então, «do sec. III em diante, a catequese batismal em Roma
se apoia sobre leituras joaninas
e o Prólogo exercerá uma influência dominante
sobre a formulação da fé cristológica antes e depois de Niceia»
(E. Cothenet)
Já foi difundida, mas errada (!) a ideia que o 4º Evangelho
foi feito exatamente pela Grande Igreja
só a partir de Ireneu de Lião
e, portanto, ao fim do segundo século d.C.
De fato, ao redor de 150 d.C., nas catacumbas romanas
estão figuradas muitas cenas tiradas do 4º Evangelho.
«A samaritana ao poço de Jacó pintada 5 vezes;
O paralítico, provavelmente da piscina probática, 20 vezes;
O cego de nascença, sete vezes;
A resurreição de Lázaro, 53 vezes;
O sinal de Caná, 5 vezes.
Os afrescos da Samaritana, de Lázaro e do paralítico
na catacumba de S. Calisto seriam da segunda metade
do segundo século [= entre 150 e 200 d.C.]
Os afrescos da samaritana e de Lázaro
no cemitério de Pretestato
seriam ainda mais antigos» (F.-M. Braun)
Antes de serem pintadas nas paredes das catacumbas
é inevitável pensar que estas cenas fossem
lidas, comentadas, caras aos cristãos de Roma
e que em Roma, portanto, o 4º Evangelho era conhecido
já na primeira metade do séc. II
a ressurreição de Lázaro (Jo 11)
nos afrescos das catacumbas
Episódio da Samaritana ao poço
(Jo 4)
nos afrescos das catacumbas
Comentadores antigos: gregos, siríacos e latinos

Do séc. III ao XIX o quarto Evangelho


teve acolhida pacífica e fecunda na Igreja
que fez dele amplo uso na catequese e na liturgia.
Os comentadores antigos do 4º Evangelho foram:
- em língua grega
Orígenes de Alexandria (PG 14, 15-830)
Cirilo Alexandrino (PG 73, 9 - 74, 756)
João Crisóstomo (PG 59, 23-482)
Teodoro de Mopsuestia (fragmentos em PG 66, 728-785)
Nono di Panópolis (poeta grego pagão! Paráfrase em versos, PG 53, 749-920)
Amônio de Alexandria (fragmentos em PG 85,1392-1524)
Teofilato de Ocrida (PG 123, 1127 - 124, 318)
Eutimio Zigabeno (PG 129, 1105-1502)
- em língua siríaca
Efrém de Nisibi (CSCO 137, 145)
Gregório Barebreo (1226-1286), séc. XIII.
- em língua latina:
Agostinho de Tagaste (PL 34, 1379 - 35, 1976)
Gregório Magno (PL 79, 1239-1270)
Beda o Venerável (PL 92, 633-938)
Walafrido Strabone (PL 114, 355-426)
Bruno de Asti (PL 165, 451-604)
Alcuino, conselheiro de Carlos Magno (PL 100, 743-1008)
Tomás de Aquino (traduzido em português)
São Boaventura (traduzido em francês)
Época do estudo crítico
A tradição cristã secular
sempre considerou o 4º Evangelho obra de João, filho de Zebedeu,
apóstolo e testemunha ocular.
Depois, na época do estudo crítico, levataram dúvidas
sobre a origem apostólica e palestinense.
Assim, para K.G. Bretschneider (1820),
uma testemunha ocular não pode ter referido os discursos de Jesus
assim tão diferentes daqueles contidos nos Sinóticos.
E por conta do estádio evoluído da sua teologia
o 4º Evangelho foi considerado de tardia composição:
para F.C. Baur (1847) o 4º Ev teria sido composto em 170 d.C.
como síntese entre judeu-cristianismo das origens
e etnico-cristianismo paulino.
Começou-se depois a elencar as fraturas e as aporias
que perturbam o texto jaonino (E. Schwartz 1907)
E o quarto Evangelho foi seccionado
em partes primitivas e acréscimos posteriores:
J. Wellhausen (1908), por exemplo, fez a hipótese
de uma Grundschrift (= texto base)
arruinada por um redator com acréscimos e deformações.
Negou-se cada valor histórico, seja dos relatos
seja sobretudo dos discursos (M. Goguel 1924).
A escola comparativa fez derivar o 4°Ev do helenismo
da gnose egípcia etc.
R. Bultmann o fez derivar do ambiente batista
hipotetizando que fosse composto
de ao menos três textos pre-existentes
e que um redator final tivesse introduzido
a teologia sacramentária da grande Igreja
num Evangelho que era anti-sacramental.
O ‘new look’ no período depois da 2ª guerra
(expressão usada pelo bispo John A.T. Robinson)

No período depois da 2ª guerra, mesmo sob o impulso


das descobertas arqueológicas e papirológicas,
estudou-se o quarto Evangelho
segundo um “novo modo de ver (new look)”
para o qual:
(i) a tradição joanina está bem radicada em solo palestinense
(ii) e radicada no judaísmo anterior a 70 d.C.
(iii) o quarto Evangelho foi escrito entre o séc. I e séc. II
como demonstra o papiro P52 que é da época de Adriano
(Adriano foi imperador de 117 a 138 d.C.).
(iv) Aquilo que antes se pensava de ter que explicar
a partir de textos e correntes de pensamento do séc. II
agora pode ser explicado com os textos de Qumran
seguramente pre-cristãos
(v) Sem negar contatos com o helenismo e (pre-)gnosticismo
o IV Ev deve ser ambientado sobretudo no judaísmo bíblico
e rabínico
(vi) O IV Evangelho passou através de algumas etapas
redacionais de composição
As caraterísticas literárias do
Evangelho de João
Estilo, desenvolvimento do pensamento e vocabulário

O estilo
O estilo é definido por muitos como monótono
e, ao mesmo tempo, solene
O IV Ev não é vivaz como Mc, nem elegante como Lc.
«Não há um só período elegante que seja
digno do grego clássico, exceção talvez para Jo 13,1» (E.-B. Allo,
«Jean (Evangile de Saint)», in Dictionnaire de la Bible, Supplément,
vol. IV, col. 826). [A este texto, merece ser acrescentado Jo 20,30-31].
No IV Ev, Jesus fala de modo abstrato, uniforme
e os seus diálogos se transformam insensivelmente em monólogos
de modo que a um certo ponto não se sabe mais se quem fala
seja ainda Jesus, ou se é o evangelista
que expõe o seu pensamento:
um caso exemplar é o diálogo com Nicodemos em Jo 3
“Mesmo assim «João é um dos escritores mais pessoais do NT
O estilo de João é inconfundível
É tão pessoal que ninguém confundiria
um texto do Quarto Evangelho com um texto dos Sinóticos”
(E. Cothenet)
O desenvolvimento do pensamento

João tem algo de estático e ao mesmo tempo dinâmico:


de um lado se retorna sempre ao tema
da manifestação do Verbo
De outro lado, a sua luz se revela sempre mais.
«O pensamento joanino pode ser comparado a uma espiral:
os pensamentos giram, retornando e progredindo
e ao mesmo tempo, rumo ao alto» (R. Schnackenburg).
«Uma outra imagem é aquela das ondas da maré que sobe:
cada onda recobre a precedente
e, todavia, chega mais adiante sobre a praia» (I. De La Potterie).
O vocabulário

O vocabulário joanino é pobre:


O IV Ev contém somente 1011 palavras diferentes uma da outra
contra as 1345 de Mc (que tem só 16 cap., enquanto Jo tem 21)
contra as 1691 de Mt e as 2055 de Lc.

Os termos temáticos mais recorrentes são aqueles que falam


da verdade (= a revelação trazida pelo Verbo): avlh,qeia
avlhqh,j avlhqino,j (Mt 2x; Jo 46x)
da vida: zwh, zw|opoie,w zw/n (Mc 7x - Jo 56x)
do testemunho: marture,w marturi,a martu,rion (47 vezes)
cf. também me,nein (permanecer), ko,smoj (mundo), do,xa
(glória)
pneu/ma (Espírito), Ioudai,oi (os judeus), ginw,skw (conhecer).
Transmissão do texto e variantes textuais
Os manuscritos do quarto evangelho
O quarto evangelho não só é contido nas Bíblias do séc. IV
(códex Vaticano e códex Sinaítico)
Mas é atestado também em papiros que remontam ao séc. II.
O papiro mais antigo é de 120-130 d.C.: é o P52 (Rylands 457)
que contém Jo 18,31-33 no anverso
e Jo 18,37-38 no verso.
O P66 , Bodmer (175-225 d.C.), contém Jo 1,1-14,15
(falta 6,12-34) e outros fragmentos de Jo 15 a 21.
O P75 (175-200 d.C.) contém Lc e Jo em seguida
[= portanto continha os 4 evangelhos]
em particular contém Jo 1-15
com a indicação inicial: kata. Iwa,nnhn
EUAGGELION
KA[T]A [IWANNHN]

Papiro 66
(Bodmer 2)
Aprox. 200 d.C.
Conservado em Cologny
(Suiça)

Folha 1
com o início
do evangelho de Jo
EUAGGELION
KATA IWANNHN

Papiro 75
Início do séc. III
Conservado em Cologny
(Suiça)

Folha 44r
com o final
do evangelho de Lucas
e o início
do evangelho de Jo
EUAGGELION
KATA IWANNHN

Papiro 75
(detalhe)
Papiro 90
séc. II

(de Oxyrrinco,
Egito
Conservado em
Oxford)
Jo 18,36-19,7
(com grandes
lacunas)
As principais variantes textuais

As principais variante de um manuscrito ao outro


são aquelas que dizem respeito a:
1. O relato da adúltera (7,53-8,11):
falta nos papiros P66, P75 e nos códices
Vaticano (B), Sinaítico (alef), e Alexandrino (A) ...
Alguns manuscritos colocam esse texto no final de Jo
outros depois de Lc 21,38.
“É um texto acrescentado e acolhido no curso do séc. III
como diz a maioria dos estudiosos
ou, ao invés, foi tirado no séc. II porque muito “indulgente”
em relação ao adultério (P. Sacchi)?”

Cf. discussão em B.M. Metzger, A Textual Commentary on the


Greek New Testament, Stuttgart 21994, pp. 187-189, e em
R.L. Omanson, A Textual Guide to the Greek New Testament,
Stuttgart 2006, pp. 183-184.
2. Os versículos de Jo 5,3-4
- o v. 4 falta nos papiros P55, P75... (= um anjo descia
para mover as águas medicianais da piscina)
É uma glossa que entrou sucessivamente no texto?
- O topônimo é Bhqzaqa? Bhqesda? ou Bhqsaida?
cf. D. Wieand, «John 5,2 and the Pool of Bethesda», in NTS 12 (1965-
1966), pp. 392-404.

3. Em Jo 1,13 o verbo está no plural?


evgennh,qhsan, ao plural
= “foram gerados”, os crentes!
cf. o papiro P75 e todos os manuscritos gregos!
ou no singular? = natus est, “nasceu”, o Verbo!
= concepção virginal também em Jo (alguns textos latinos)?

4. Jo 13,10: das muitas variantes, a mais importante de Jo 13,10


diz respeito à expressão: eiv mh. tou.j po,daj
Homogeneidade de estilo e de teologia
incoerências na composição

Se se faz exceção do Prólogo


[importantes termos teológicos do Prólogo
não mais retornarão no evangelho:
Lo,goj-Verbo, ca,rij-graça, plh,rwma -plenitude...]

e, em medida menor, de Jo 21
o quarto evangelho se apresenta homogêneo
quanto a vocabulário, estilo, pensamento e teologia
(E. Ruckstuhl, 1951, e E. Schweizer, 1951).

Todavia, em muitos pontos o IV Ev apresenta fraturas,


incoerências, “defeitos” de composição:
(1) No Prólogo os vv. 1,6-8.15 (= duas menções de João Batista)
interrompem e perturbam a fluidez do hino ao Lògos

(2) Em 2,11 é assinalado um primeiro ‘sinal’


e, depois que em 2,23 se falou de outros sinais,
em 4,54 se fala do ‘segundo’ sinal:
depois a contagem não prossegue mais

(3) Durante todo o cap. 3 Jesus permanece em Jerusalém –


território da Judeia. PORÉM, no meio do capítulo (em 3,22)
se diz que Jesus partiu com seus discípulos para a terra da
Judeia.
(4) Se se invertem os capítulos 5 e 6 se obtem
uma melhor sucessão seja cronológica seja geográfica

ordem atual dos capítulos


Jo 4 - Jesus está em Caná da Galileia, cura o filho do oficial - Galileia
Jo 5 - Jesus sobe a Jerusalem para a festa dos Judeus (5,1)
à piscina cura o paralítico - Jerusalem
Jo 6 - Jesus está no lago da Galileia (multiplicação dos pães) - Galileia
a festa de Páscoa está iminente (6,4)
Jo 7 - Jesus está em Jerusalem para a festa das Tendas - Jerusalem

texto com inversão dos capítulos:


Jo 4 - Jesus está em Caná da Galileia para o filho do oficial - Galileia
Jo 6 - Jesus está no lago da Galileia (multiplicação dos pães) - Galileia
a festa da Páscoa está iminente (6,4)
Jo 5 - Jesus sobe a Jerusalem para a festa dos Judeus (5,1)
à piscina cura o paralítico - Jerusalem
Jo 7 - Jesus está em Jerusalem para a festa das Tendas - Jerusalem
(5) Em Jo 7, 3-5 os ‘irmãos’ falam a Jesus
como se Jesus não tivesse jamais operado milagres na Judeia
cf. ao invés em Jo 5 a cura do paralítico de Bethzata

(6) Em Jo 14,31 Jesus diz: «Levantai-vos, vamo-nos»


mas depois só em 18,1 (!) se diz: «Dito isto
saiu com os discípulos além do Cedron»

(7) Em Jo 16,5 Jesus diz: «Ninguém me pergunta: “onde vais?”»


mesmo assim em 13,36 Pedro lhe dirigiu exatamente
essa pergunta: “Senhor, para onde vais?”
(8) Jo 20,30-31 é sem dúvida uma conclusão
que explica o escopo e o conteúdo do evangelho
e todavia segue um outro capítulo
com uma outra conclusão (21,24-25)

J.-O Tuñí - X. Alegre, Scritti giovannei e lettere cattoliche


(Introduzione allo studio della Bibbia 8), Paideia, Brescia1997, 25:
«Entre os textos pouco congruentes com relação ao que precede,
destaca-se o cap. 21. O final do Evangelho se encontra em 20,30-
31. Neste texto não só se enuncia a finalidade da obra como
assinala também a conclusão. Tal parece ser o significado “daquilo
que foi escrito” e a finalidade do trabalho de seleção que o
caracterizou. Em particular a palavra “livro” confere a estas
afirmações o valor de conclusão e completamento da obra.
Parece, portanto, que o cap. 21 é um apêndice acrescentado
depois da conclusão da obra».
(8) No evangelho são muitas as repetições:
5,26-30 (escatologia final) repete 5,19-25 (escatologia realizada)
6,35-50 (Revelação= Pão da vida) repetido em 6,51-58 (Corpo=
Pão de vida
14,1-31 está quase repetido em 16,4-33
10,40-42 está quase repido em 12,37-43

Sobre a dificuldade que vem de Jo 14,31 cf. J. Beutler, «”Levatevi,


partiamo di qui” (Gv 14,31). Un invito a un itinerario spirituale?»,
in A. Passoni Dell’Acqua, ed., Il vostro frutto rimanga. Miscellanea
per il LXX compleanno di Giuseppe Ghiberti, (Supplementi a
Rivista biblica 46), EDB, Bologna 2005, 133-143 (con status
quaestionis).
Soluções propostas pela crítica literária
1.

* Taciano (±175 d.C.) no Diatessaron inverteu Jo 5 e 6;

* Nos tempos modernos a mesma inversão foi proposta


pela primeira vez por Samuel Petit (1632)
depois por R. Bultmann, R. Schnackenburg, X. Léon-Dufour etc.
* J.H. Bernard e R. Bultmann deslocam também alguns versículos
* Uma primeira proposta de solução é, portanto,
aquela da transposição acidental de algumas folhas
as quais se põe reparo invertendo ou deslocando capítulos ou
versículos
Esta solução é quase impossível
do ponto de vista técnico:
basta pensar, por exemplo, que nos nossos livros
raramente as páginas terminam com o ponto,
enquanto os dois capítulos que deveriram ser invertidos
têm conclusões muito lógicas
Justamente C.H. Dodd afirma (“The interpretation of the
fourth Gospel”) que é preciso «aplicar-se em compreender o
Evangelho como está»
Também porque com as transposição não se resolve tudo
E a forma literária do quarto evangelho permanece ‘difícil’.
2.
Outra solução é a hipótese
de fontes combinadas de modo descuidado:
R. Bultmann fez a hipótese que o quarto evangelho
foi montado combinando 3 fontes pre-existentes:
(a) uma fonte para os discursos (Offenbarungsreden)
(b) uma fonte para os milagres (Semeiaquelle)
(c) uma fonte para Paixão e Ressurreição
Mas estudiosos como E. Schweizer e E. Ruckstuhl
mostraram que o IV Ev é estilisticamente homogêneo
e C.H. Dodd evidenciou que os milagres e os discursos
são estreitamente entrelaçados.
3.
R. Bultmann também acusou um redator eclesiástico
de ter interpolado acréscimos redacionais
sobretudo de temas sacramentais
(Jo 6,51-58 e Jo 19,34-35 para a eucaristia
Jo 3,5 para o batismo)
e de tema escatológico
(Jo 5,28-29 e Jo 12,48).

Mas também estes textos são joaninos.


É possível (tudo é possível!) que se trata de acréscimos,
Mas, nesse caso, teriam vindo da escola joanina,
preocupada em não deixar perder fragmentos veneráveis
que não foram inseridos na primeira composição do evangelho.
4.
A solução à qual se orienta a crítica mais recente
é aquela de reconstruir, como para os Sinóticos,
as etapas da formação do evangelho
e de manter que ao Quarto Evangelho tenha faltado
uma reelaboração e uma edição definitiva.

A. Wikenhauser - J. Schmid escrevem:


«O quarto evangelho parece uma obra incompleta»

cf. A. Wikenhauser - J. Schmid, Introduzione al NT, 371


Ultima conferência em Marburg

Memória na tumba Rudolf Bultmann (1884 -1976)


Fases de formação e composição do IV Ev

O pressuposto de fundo é que o ambiente e a tradição


na qual o IV Ev se formou
sejam não multíplices e contrastantes, mas unitários,
como se extrai da unidade de estilo e de inspiração.
Quem deu a forma atual ao IV Ev estava condicionado
pela autoridade de quem havia escrito antes dele.
Isso pode ser percebido pelo fato que ele respeitou
aquilo que encontrou:
por exemplo não suprimiu a conclusão
que se encontra em Jo 20,30-31.
(FASE I)
Na origem da tradição joanina e do IV Ev
está uma testemunha ocular que no evangelho
é chamado “Discípulo Amado” [= D.A.].
Em 21,24 os últimos editores,
depois de ter referido um episódio sobre o D.A.,
dizem dele que é testemunha e garante
e que escreveu coisas que viu.
Em 19,35 se diz que
quem viu dá testemunho
em benefício da fé dos leitores:
«… para que vós acrediteis»
Provavelmente aquela testemunha não definia a si mesmo
com o título de « Discípulo Amado ».
mas talvez com o pronome “eu” (R. Schnackenburg),

OU com a expressão “o outro discípulo”


que recorre em 1,37ss; 18,15ss; 20,2ss (G. Segalla).
(FASE II)
A tradiççao do D.A. se desenvolveu
paralelamente à tradição sinótica.
Com a tradição sinótica o IV Ev tem algum material em comum
(tradições sobre o Batista, multiplicação dos pães
o caminhar sobre as águas, a unção de Betânia, o ingresso em
Jerusalem, a última ceia, a paixão),
mas também muitas diferenças
(não há: exorcismos, parábolas;
não há o vocabulário da “conversão”,
não há transfiguração, nem leprosos,
nem procura pelos pecadores ...)
Sobre a ausência de exorcismos em Jo cf: E.K. Broadhead, «Echoes of
an exorcism in the Fourth Gospel?», in Zeitschrift für die
Neutestamentliche Wissenschaft 86 (1995), 111-119; E. Plumer,
«The Absence of Exorcisms in the Fourth Gospel», in Biblica 78
(1997), 350-368.
A tradição do IV Ev tomou forma na Palestina
precedente à guerra de 66-70 – Atestam isso:

Os contatos de vocabulário e de teologia com Qumran


(Qumran foi destruído em 68!).
O conhecimento do templo e das festas judaicas
(destruição do templo no ano 70).
O conhecimento da topografia palestinense e de Jerusalem
(piscina de Bethzata e de Siloé, pórtico de Salomão:
tudo destruído no ano 70).
O bom conhecimento da Samaria e dos Samaritanos
(cf. Jo 4,1-42).
Uma quinzena de termos aramaicos (rabi, Messias, Kefas,
Siloam, Thomas, Gabbatha, Golgotha, manna …).
O conhecimento de um ministério de Jesus de 3 anos
(cf as três Páscoas de 2,23; 6,4 e 11,55).
Sobre a geografia palestinense
• cf. C.H.H. Scobie, «Johannine Geography», in Studies in
Religion 11 (1982), 77-84;
• G. Segalla, «Luoghi della memoria del discepolo amato (Gv
1,28; 3,23; 10,40-42)», in A. Passoni Dell’Acqua, ed., Il vostro
frutto rimanga. Miscellanea per il LXX compleanno di
Giuseppe Ghiberti, (Supplementi a Rivista biblica 46), EDB,
Bologna 2005, 85-98.
• I. de la Potterie, «Vocabolario spaziale e simbolismo
cristologico in san Giovanni», in L. Padovese, a cura di, Atti
del III simposio di Efeso su S. Giovanni Apostolo, Roma 1993,
19, nota 1
(FASE III)
Uma primeira edição do evangelho
é testemunhada pela conclusão de Jo 20,30-31
e segundo ela o evangelho refere os “sinais” de Jesus
e quer levar à fé em Jesus como Messias e Filho de Deus.
Nesta primeira edição há já
o vocabulário e a teologia que são caraterísticas
do quarto evangelho como existe agora.
Foi feita em ambiente greco: cf. o vocabulário (Lo,goj...),
o interesse pelos Gregos (7,35 e 12,20),
e sobretudo a tradução em grego de palavras aramaicas
(rabbi, 1,38; Messi,aj 4,25; Khfa,j 1,42; Silwa,m 9,7...).
Foi feita em alguma polêmica com grupos
que identificavam o Messias com João Batista.
Sobre o interesse do Quarto Evangelho pelos gregos veja-se:

• H. B. Kossen, «Who were the Greeks of John XII 20?», in Studies


in John. FS J.N. Sevenster, (Supplements to Novum Testamentum
24), Leiden 1974, 97-110;

• J. Beutler, «Greeks Come to See Jesus (John 12,20f)», in Biblica 71


(1990), 333-347.
Foi feita em tempos de difícil relação
com o judaísmo ambiental:
cf. o tema da excomunhão e expulsão da sinagoga:
avposuna,gwgoj em Jo 9,22; 12,42 e 16,2
cf. a insistência sobre as polêmicas de Jesus com os Judeus.
(É, talvez, o tempo da inserção [= anos 80 d.C.]
na «oração das 18 bençãos»
da maldição contra os nazarenos e minim = apóstatas).
(FASE IV)
Um problema muito discutido é aquele das relações
desta “primeira edição” do IV Ev com os evangelhos sinóticos.
Muitos são convictos que João depende dos Sinóticos
do momento em que:
i./ contém a multiplicação dos pães
com os particulares das 5.000 pessoas (Mc 6,44 e Jo 6,10)
da erva (Mc 6,39, e Jo 6,10)
dos 5 pães e 2 peixes (Mc 6,38 e Jo 6,9)
dos 200 denários (Mc 6,39 e Jo 6,7)
ii./ liga a multiplicação dos pães
com o caminhar sobre as águas (Mc 6,45-51 e Jo 6,16-21)
com a frase: «Sou eu, não temais» (Mc 6,50 e Jo 6,20).
iii./ refere a unção de Jesus em vista da sua sepultura
usando, como Mc 14,3, o termo pistiko,j (= genuino: 12,3)
«num senso que não recorre em outro lugar
em toda a literatura grega [= genuino]»
(Wikenhauser – Schmid. Introduzione al
NT, 362).
iv/ conhece Marta e Maria de Betânia
protagonistas também em Lc 10,38-39
v./ o relato da Paixão é muito próximo
ao dos Sinóticos
vi./ contém frases que recordam expressões sinóticas:
os laços das sandálias (Jo 1,27)
o batismo do Espírito (1,33)
a destruição e reedificação do templo (2,19)
o profeta rejeitado na sua pátria (4,44) ...
[Opiniões sobre a relação entre os Sinóticos e o IV Ev]

(i) Houve contato direto entre João e [alguém dos] Sinóticos:

«O quarto evangelista conhecia não somente alguém dos sinóticos, mas


os três evangelhos sinóticos» (R.H. Lightfoot. St John’s Gospel: a
Commentary, Oxford 1956, 29)
«O quarto evangelista é dependente de fontes,
Incluindo ao menos um dos evangelhos sinóticos» (J.A.T. Robinson. «The
new Look», 1959)
« ... Pode-se afirmar que João tenha lido Marcos, e ...
algumas declarações de João podem ser satisfatoriamente explicadas se
ele era familiar com Lucas» (C.K. Barrett. The Gospel according to St.
John, London 1955, 21978, 34)
«Não falta indícios para hipotetizar que
também a relação certa de ao menos um desses (Marcos?)
fosse presente ao autor do IV Ev durante a última fase
do seu trabalho de composição» (G. Ghiberti. , in Logos, Corso di Studi
biblici 7: Opera Giovannea, Torno-Leumann 2003, 84)
(ii) Houve contato só durante a transmissão oral:

«que o autor do Quarto Evangelho tivesse os três


Sinóticos diante de si quando ele compôs seu evangelho
é muito improvável...
Mas que ele fosse familiar com o material sinótico
e mesmo com sua forma, é certo» (E.C. Hoskins)
«enquanto há alguma relação entre a tradição
incorporada nos sinóticos e aquela de João,
não há válida razão para sustentar
que a conexão é escrita.
É muito mais provável que seja oral» (L. Morris)
«Na maior parte do material narrativo
comum a João e os sinóticos, a evidência não [é] a favor
da dependência joanina dos sinóticos ou das suas fontes.
João auriu de uma sua fonte autônoma
se bem que semelhante às fontes que estão na base dos sinóticos.
A tradição joanina primitiva era próxima sobretudo
à tradição pre-marcana mas continha também elementos
que se encontram nas fontes peculiares a Mt e Lc» (R.E. Brown)
«[R. Schnackenburg] sustenta que o autor do IV Ev é autônomo
dos sinóticos enquanto não o capta nem o integra ou o completa
nem o corrige e muito menos o suprime;
Todavia o evangelista João pressupõe
algum conhecimento da tradição evangélica comum
com a atividade taumatúrgica de Jesus, a sua paixão
e a atividade batismal do Batista» (R. Fabris)
(iii) Não houve contato mas independência entre Jo e os Sinóticos:

«Eu ainda acho mais fácil de explicar as similaridades


entre João e os Sinóticos com a hipótese de que o
Quarto Evangelista não conhecia os outros do que
explicar as largas divergências de vários tipos na hipótese
de que ele conhecia os sinóticos…
O IV Ev representa círculos cristãos indepedentes
nos quais a controvérsia sinagogal era problema dominante»
(D. Moody Smith)
«Não há razão para supôr que João
re-escreveu os Sinóticos
Mas manteve a seu modo uma tradição cristã
paralela à dos sinóticos» (S.S. Smalley)
(iv) Alguma edição não-final do IV Ev influiu sobre Lucas
«Lucas foi influenciado por alguma forma antiga
da tradição joanina em desenvolvimento
ou talvez mesmo por um antigo esboço
da edição original de João…
A possibilidade que Lucas conhecia e foi influenciado
por alguma forma antiga da tradição joanina
é uma hipótese que merece ser tomada em
consideração pelos estudiiosos do NT»
(F. Lamar Cripps)
(FASE V)
Depois da morte da Testemunha
- morte que deve ter sido um trauma para aquela comunidade
(21,20-23) -
foi feita uma nova edição para dizer que, mesmo morto,
o Discípulo Amado permanecia e permanece, não fisicamente
mas sim com o seu testemunho (cf. 21,23).
A segunda edição é provada pela presença do cap. 21
depois da primeira conclusão (20-30-31)
e da nova, segunda conclusão (21,24-25).
Nesta ulterior edição se recuperam
materiais joaninos não utilizados na primeira
(certamente Jo 21, talvez Jo 15-16 ...).
Talvez foi introduzida a denominação “o Discípulo Amado”
no lugar da fórmula com a qual a testemunha havia se auto-
designado e talvez se integrou no evangelho o hino inicial.
*
Jo 20,30-31 diz, em termos explícitos,
as intenções da primeira edição.
e Jo 9 (sobretudo com o adjetivo avposuna,gwgoj = expulso da
sinagoga, do v. 22) ilustra o clima de tensão com o mundo
judaico daquele tempo.
Com os acenos à morte de Pedro e do Discípulo Amado,
e com a sua segunda conclusão Jo 21 ilustra, ao invés, a segunda
e última, mas ainda imperfeita, edição.
Fase formação e composição do IV Ev
resumo

1. A tradição joanina vem de uma testemunha ocular


e da Palestina antes de 66 d.C.
2. Tradição oral joanina paralela
à tradição sinótica aantes e depois de 66 d.C.
3. Primeira edição em ambiente grego, em clima polêmico
entre Igrejas joaninas e Sinagogas
4. Relação do quarto evangelho coom os sinóticos
direta ou indireta, através da transmissão oral
5. Uma segunda edição com acréscimos
com relação à primeira, venerável edição
depois da morte da testemunha
FIM

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